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OPINIÃO PÁG. 21 Novo Macau Chan Wai Chi comenta as eleições ENSINO POR CÁ TODOS BEM Apesar das várias oportunidades que as universidades locais oferecem para os jovens poderem continuar os estudos além fronteiras, poucos são os que ousam sair de Macau. AS COIMAS passam de 600 para 1000 a 2000 patacas para as infracções ao “ruído quotidiano”. Sobre o horário das obras ainda não há consenso entre os deputados e cabe agora ao Governo decidir. TIAGO ALCÂNTARA Poluição sonora MULTAS PESADAS AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 11 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3129 hojemacau REFERENDO AS VOZES DO CONTRA O referendo das três associações locais continua a suscitar as mais variadas reacções. Depois do Governo e de Pequim condenarem a iniciativa, outras vozes se indignam. Violação da Lei Básica, influência na economia ou instabilidade na harmonia são algumas das declarações emitidas por várias personalidades de peso. PÁGINA 6 PUB MUNDIAL ÚLTIMA BATALHA PELO TRONO CENTRAIS POLÍTICA PÁGINA 5 CONTRALTO DRAMATICO ´ REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3

Hoje Macau 11 JUL 2014 #3129

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Hoje Macau N.º3129 de 11 de Julho de 2014

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Page 1: Hoje Macau 11 JUL 2014 #3129

OPINIÃO PÁG. 21

Novo MacauChan Wai Chi comenta as eleições

ENSINO

POR CÁ TODOS BEMApesar das várias oportunidades queas universidades locais oferecem para os jovens poderem continuaros estudos alémfronteiras, poucos sãoos que ousam sairde Macau.

AS COIMAS passam de 600 para 1000 a 2000 patacas para as infracções ao “ruído quotidiano”. Sobre o horário das obras ainda não há consenso entre os deputados e cabe agora ao Governo decidir.

TIAG

O AL

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Poluição sonoraMULTAS PESADAS

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 1 1 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 2 9

hojemacauREFERENDO AS VOZES DO CONTRA

O referendo das três associações locais continuaa suscitar as mais variadas reacções. Depois do Governo

e de Pequim condenarem a iniciativa, outras vozes se indignam. Violação da Lei Básica, influência na economia ou instabilidade na harmonia são algumas das declarações

emitidas por várias personalidades de peso.

PÁGINA 6

PUB

MUNDIALÚLTIMA BATALHA PELO TRONO

CENTRAIS POLÍTICA PÁGINA 5

CONTRALTO DRAMATICO´

REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau sexta-feira 11.7.20142 REPORTAGEM

ANDREIA SOFIA [email protected]

N EIL Wong não esquece o ano em que viveu e estudou na cidade

das bicicletas. Em Amester-dão, na Holanda, encontrou uma cidade “mais confor-tável para viver do que em Macau”. Alice, que fez a licenciatura de comércio in-ternacional, estudou durante um ano na Califórnia, nos

ENSINO SÓ 2 A 3% DOS ALUNOS LOCAIS FAZEM PROGRAMAS DE INTERCÂMBIO

Na casa mãe é que se está bem

Estados Unidos, em 2010, e recorda uma cidade “muito bonita, com uma quantidade incrível de chineses a viver”.

Neil e Alice foram estu-dantes da Universidade de Macau (UM) e dos poucos estudantes locais que quise-ram vivenciar um período de estudos no estrangeiro, aproveitando os programas de intercâmbio de que dispõe a universidade.

O HM contactou as cinco principais universidades do

território – três públicas e duas privadas – para saber até que ponto os estudantes de licenciatura optam por deixar a RAEM e fazer um semestre ou um ano numa ou-tra universidade. São poucos

aqueles que o fazem - cerca de 2% a 3% de entre o total de estudantes de licenciatura.

No caso da UM, que possui actualmente cerca de sete mil alunos, apenas 160 estudaram em países como

a Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia ou França, de um total de 144 programas de cooperação.

Já o Instituto Politécnico de Macau (IPM) teve 80 dos seus alunos a estudar no estrangeiro, sendo que, se-gundo o seu relatório anual, referente ao ano lectivo de 2012/2103, possui apenas 2516 estudantes locais.

O Instituto de Formação Turística (IFT) levou para fora apenas 30 dos seus

alunos, sendo que tem ac-tualmente 1594 estudantes. No caso da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) os números descem um pouco mais, já que, dos 8763 alunos de licenciatura, apenas 61 estudaram lá fora. Na Universidade de São José (USJ), a percentagem também é baixa, a rondar os 4%.

A CULPA É DA ECONOMIANum território onde não faltam bolsas de intercâmbio e os apoios financeiros, o de-senvolvimento económico acaba por ser o grande entra-ve a uma maior adesão aos programas de intercâmbio.

“Esses 160 alunos é um número que tem vindo a crescer, porque antes era muito menor. Mas ainda assim não é significativo”, defende Rui Martins, vice--reitor da UM, ao HM. “A situação em Macau faz com que os alunos consigam fa-cilmente arranjar emprego.

Macau é muitas vezes o local escolhido por alunos de fora para fazerem os seus cursos superiores, mas até que ponto os jovens locais optam por estudar lá fora? Dados das cinco principais universidades revelam que poucos ousam ir além fronteiras

“A situação em Macau faz com que os alunos consigam facilmente arranjar emprego”RUI MARTINS Vice-reitor da UM

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3 reportagemhoje macau sexta-feira 11.7.2014

“Quem estuda só aqui tem muitas vezes uma falta de noção do mundo e assim que soube que havia uma oportunidade de estudar no estrangeiro sem pagar propinas, pensei que seria uma excelente oportunidade para vivenciar esse mundo...”NEIL WONG Estudante, de 22 anos, com licenciaturaem Ciências da Computação

Os alunos tentam acabar o curso o mais depressa possível e [os programas de intercâmbio] não são muito atractivos para eles, apesar de todos os apoios. Há sempre algum atraso na obtenção das equivalências e estudar em locais onde a economia está em crise pode não ter importância para oci-dentais, mas para a realidade de Macau tem”, disse ainda o vice-reitor.

Paula Mota, responsá-vel pelo Departamento de Relações Internacionais da USJ, fala de números “bas-tante pequenos”, ainda que a universidade “não tenha muitos alunos”.

“Há uma tendência de aumento e alguns alunos têm uma preferência espe-cífica por universidades em Taiwan ou na Coreia, por exemplo. Mas normalmente os alunos têm imensas ques-tões e a primeira reacção é quererem muito [ir para fora], mas depois também

pensam muito”, disse a responsável ao HM.

“Muitos alunos têm um emprego em part-time e pensam sempre nisso. Há sempre esse receio [em sair e demorar mais a terminar o curso], porque em Macau

o mercado de trabalho é bastante bom. Há casos de alunos que optam por acabar o trabalho em part-time e preferem adiar o programa de intercâmbio”, disse ainda.

Alvis Lo, presidente da Associação Nova Juven-tude Chinesa de Macau (ANJCM), refere conhecer melhor a situação na China, onde muitos estudantes do ensino superior vão para o estrangeiro para terem a experiência de estudar num ambiente diferente.

“Quem estude, por exemplo, na área da Econo-mia e Finanças pensa que, se acabar o curso rapidamente e encontrar logo emprego, isso poderá ajudar numa evolução mais rápida da sua carreira. Depois, já com emprego e dinheiro, podem viajar. Mas penso que estu-dar no estrangeiro é melhor do que fazer essas viagens, são coisas completamente diferentes”, garantiu ao HM.

“Talvez as universidades possam providenciar mais soluções, porque estudar no estrangeiro é uma coisa muito boa e importante para os jovens. É bom para o seu desenvolvimento social. Talvez alguns alunos não tenham oportunidade de ir para fora, mas penso que actualmente é possível criar--se mais contactos, até junto de associações”, disse ainda.

A ANJCM providencia alguma informação sobre o assunto, mas Alvis Lo garan-te não ter nenhum contacto com entidades fora do con-tinente. “A associação tem um programa de curto prazo para estudantes, na China, num projecto de desenvolvi-mento social, mas não temos mais recursos nem ligações com o estrangeiro.”

Tanto o IPM, como o IFT garantem notar um aumento dos alunos à procura de uma experiência interna-cional, quando comparado com anos anteriores. Mas a MUST reconhece que “o número de locais [a estudar lá fora] tem vindo a crescer de forma positiva este ano”, mas assegura que ainda há “muito trabalho a fazer para incentivar os estudantes que possam beneficiar desta experiência internacional”.

“UMA ESPÉCIE DE PRIVILÉGIO”Neil Wong, de 22 anos, terminou a licenciatura em Ciências da Computação e está a pensar fazer um mestrado. Na UM, chegou a liderar uma associação estudantil. Ao HM, diz não

entender porque é que mais alunos não saem de Macau para estudar.

“Estudar no estrangeiro é uma espécie de privilégio que os estudantes da UM têm, uma vez que há imen-sos programas. É fácil ter essa oportunidade, que nos vai dar mais do podemos imaginar. Penso que todos os estudantes se podiam candidatar, porque não? Quem estuda só aqui tem muitas vezes uma falta de noção do mundo e assim que soube que havia uma oportunidade de estudar no estrangeiro sem pagar pro-pinas, pensei que seria uma excelente oportunidade para vivenciar esse mundo des-conhecido, então entreguei a minha candidatura sem pensar muito no assunto.”

Alice refere não saber porque é que os jovens não

vão estudar mais vezes para fora, porque, diz, “é muito bom” ter esta experiência. “Talvez a percentagem dos alunos que vão estudar para fora dependa da estrutura do curso e das vagas, por-que nem todos podem ser seleccionados. Só temos de pagar as propinas do nosso curso e claro que é muito mais barato do que pagar as propinas de um curso nos Estados Unidos. Penso que as universidades podiam providenciar mais informa-ção”, defendeu ao HM.

No caso de Neil Wong, a experiência correu tão bem que até recebeu propostas. “Gostei muito de estudar em Amesterdão e recebi mesmo uma carta de recomendação do meu professor, o que me ajudou a receber ofertas do Reino Unido para os meus estudos de pós-graduação.

Amesterdão tem infra-es-truturas bem desenvolvidas, um bom sistema de ensino e um bom panorama cultural. Todas estas experiências reforçaram as minhas capa-cidades de comunicação e deram-me a possibilidade de estudar em vários ambientes e culturas”, recordou.

Todas as universidades contactadas pelo HM pro-metem não ficar por aqui no que diz respeito ao au-mento do leque de ofertas em termos de programas de intercâmbio, com vista a proporcionar um ambiente internacional aos seus alu-nos. Já a UM estabeleceu, o ano passado, 25 novos programas de cooperação, sendo que este ano já foram criados mais 12.

Tanto Neil Wong, como Alice frisam que a UM lhes deu todo o apoio em termos de bolsas de estudo e resolução de burocracias, frisando que o valor da bolsa é suficiente para cobrir todas as despesas. Para atrair mais alunos para a experiência es-trangeira, só mesmo através de uma associação, como defendeu o aluno de Ciên-cias da Computação. “A UM pode fazer mais para mostrar as experiências de quem já estudou fora. Poderia até ser criada de uma associação que poderia servir para esse objectivo.”

“Talvez as universidades possam providenciar mais soluções, porque estudar no estrangeiro é uma coisa muito boa e importante para os jovens”ALVIS LO Presidente da Associação Nova Juventude Chinesade Macau

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4 hoje macau sexta-feira 11.7.2014POLÍTICA

ANDREIA SOFIA [email protected]

O alerta chegou dos assessores jurídi-cos da Assembleia Legislativa (AL):

a proposta de Lei do Salário Mínimo para Trabalhadores da Limpeza e da Segurança de Edifícios poderá trazer desigual-dades no mercado de trabalho e mesmo à luz da lei.

“Se utilizamos uma lei para garantir o salário mínimo a duas profissões, será que isto vai causar problemas a outros sec-tores? Provavelmente existem trabalhadores noutros sectores que também auferem baixos ren-dimentos. Claro que não vamos questionar o Governo no sentido desta proposta de lei violar a Lei Básica, mas de facto existe este

O deputado e presidente da Associa-ção de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) quer

saber se o Governo pensa rever a Lei de Actividade Publicitária, em vigor desde 1989, quando Carlos Melancia ocupava lugar no antigo Palácio do Governador. A justificação dada por Pereira Coutinho para a necessidade de reformulação do referido diploma é o facto deste se encontrar obso-leto e não se coadunar com a realidade de Macau actual.

“A legislação reguladora da actividade publicitária remonta aos finais dos anos 80, para além de se encontrar desfasada da realidade, é lacunosa, imperfeita e desactua-lizada. (...) necessita de ser urgentemente revista para defesa não só dos interesses gerais dos consumidores, como também das agências de publicidade”, explica. O deputado afirma que têm sido recebidas várias queixas por parte dos residentes no que toca à forma “agressiva” como as con-cessionárias publicitam o jogo e atraem os turistas para os casinos, com especial ênfase em zonas de entradas e saída do território, como nas Portas do Cerco, por exemplo.

Em interpelação escrita, Pereira Couti-nho questionou o Executivo sobre se está pensada uma modernização do diploma, uma vez que, na opinião do deputado, o regulamento actual não vai ao encontro da realidade vigente. No documento, Pereira Coutinho quer ainda saber se a aplicação da lei passará para as mãos de uma única entidade, ao invés de estar sob alçada de quatro serviços públicos, como acontece hoje em dia.

Pereira Coutinho não é o único a pedir esta revisão, sendo que são muitos os de-putados que já questionaram o Executivo sobre o mesmo assunto. – L.S.M.

Rede móvel 4G Chan Meng Kam lança critica aos atrasos O deputado Chan Meng Kam entregou uma interpelação escrita ao Governo onde fala do atraso da implementação da rede móvel 4G em Macau. Segundo o deputado, o Executivo disse que iria apresentar a proposta de emissão de licença no primeiro semestre deste ano, mas recentemente a Direcção dos Serviços para a Regulação de Telecomunicações (DSRT) afirmou que seria melhor lançar a rede experimental no próximo ano. Contudo, a nova operadora, a MTEL, vai começar a operar e Chan Meng Kam pede ao Governo que haja medidas por forma a promover o desenvolvimento do serviço de telecomunicações. O deputado pede ainda ao Executivo para apresentar um calendário para a emissão da licença da rede móvel, exigindo ainda uma responsabilização dos detentores dos altos cargos sobre este atraso.

Regime de Previdência Central Ella Lei questiona eficácia A deputada Ella Lei questiona na sua mais recente interpelação escrita a eficácia do Regime de Previdência Central, uma vez que as contribuições não são obrigatórias e não se sabe como incentivar os patrões a participar. A deputada que representa a Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) defende que, maioria das situações, os empregados não conseguem o pagamento das contribuições por parte dos patrões, pois existe a ideia de que esses montantes reduzem a possibilidade de poupar na velhice. Ella Lei pede, portanto, ao Governo para fornecer mais explicações sobre a matéria.

A proposta de Lei do Salário Mínimo para os Trabalhadores da Limpeza e Segurança começou ontem a ser analisada no hemiciclo, tendo os deputados referido a hipótese de “transformar esta lei numa lei geral”, uma vez que existem “desigualdades”. Dúvidas e mais dúvidas enchem a AL

DEPUTADOS QUEREM SALÁRIO MÍNIMO UNIVERSAL

Desigualdades em questão

“Se utilizamos uma lei para garantir o salário mínimo a duas profissões, será que isto vai causar problemas a outros sectores?”

“Em Singapura, por exemplo, não se fixa o salário mínimo mas dá-se uma garantia aos trabalhadores.”CHEANG CHI KEONG Deputado

LEI PUBLICITÁRIA COUTINHOPELA REVISÃO DE DIPLOMA

Publicidade agressiva

problema”, disse Cheang Chi Keong, deputado que preside à 3.ª Comissão Permanente da AL, encarregue da análise do diploma na especialidade.

Desta forma, os deputados colocaram a possibilidade de se alargar o salário mínimo a todo o mercado laboral, mas a decisão cabe agora ao Executivo, que deverá ir à AL esta quinta-feira fornecer mais explicações.

“Primeiro há que saber se existe a possibilidade de transformar esta proposta de lei numa lei geral. Pode ser uma solução”, garantiu Cheang Chi Keong. “A revisão desta futura lei é competência do Governo.

Tudo depende de qual será a solução mais benéfica para aqueles que auferem baixos rendimentos”, acrescentou o deputado.

Apesar dos deputados terem levantado a questão do salário mínimo universal, também foi debatida a possibilidade dos subsídios de baixos rendimen-tos, medida criada em 2008, servirem de substituição ao salário mínimo.

“Será que é possível utilizar esta medida em substituição da fixação do salário mínimo? Outros países adoptam esta medida. Em Singapura, por exemplo, não se fixa o salário mínimo mas dá-se uma garantia

aos trabalhadores. Definindo-se 30 patacas por hora, por exem-plo, se o cidadão não auferir este montante pode pedir apoio ao Governo. Mas será que esta situação é adequada a Macau? Está em causa a utilização do erário público”, explicou Cheang Chi Keong.

QUEM ACTUALIZAO SALÁRIO MÍNIMO? A reunião entre deputados e as-sessoria jurídica, que decorreu ontem durante a manhã, serviu ainda para a análise de mais “alertas”. Um deles prende-se com a necessidade de unifor-mizar conceitos com a actual Lei das Relações do Trabalho.

“Esta proposta de lei faz re-ferência ao salário como sendo de 30 patacas por hora, o que dá 7200 patacas por mês. Mas na lei só se prevê um valor que não deve ser inferior a 6240 patacas e a contagem desse salário é feita com base em 26 dias e não 30 dias. Provavelmente o Governo tem vindo a adoptar uma outra fórmula para o cál-culo desse salário mínimo, que não é a fórmula de oito horas a multiplicar por 30 dias. É uma questão muito importante e temos de pedir mais esclareci-mentos”, explicou o deputado.

A proposta de lei que está a ser analisada diz ainda que o salário mínimo será alvo de uma actualização anual, algo que também gerou dúvidas.

“A assessoria entende que este mecanismo não está cla-ramente definido. Não se sabe se é um mecanismo de consulta pública ou quem vai fazer essa actualização. Será que vai implicar um aumento anual?”, questionou Cheang Chi Keong.

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5 políticahoje macau sexta-feira 11.7.2014

LEONOR SÁ [email protected]

C ONTINUA sem haver consenso no seio da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa

(AL), no que toca ao horário de duração das obras de construção, questão que é discutida no âmbito da proposta de Lei de Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental.

O diploma, que tem vindo a ser discutido na especialidade, foi pensado para regulamentar o nível de poluição sonora de obras de construção e da vida quotidiana.

De acordo com Kwan Tsui Hang, presidente da comissão, os deputados continuam a discordar em alguns pontos, principalmente no que diz respeito ao horário legal permitido para o início e final de obras de construção civil. Ficou, no entanto, definido que os trabalhado-res iniciariam as obras às 9 horas da

O deputado Leong Veng Chai quer saber se o Go-verno vai tomar posições

referentes à reciclagem de resíduos em Macau depois de, segundo o re-latório de trabalho sobre o Planea-mento da Protecção Ambiental, a taxa de reciclagem de resíduos não ter atingido os valores definidos.

Numa interpelação escrita entregue no final do mês passado, o deputado pergunta ao Executivo se estão previstas medidas, tendo como exemplo países de sucesso, que permitam a “promoção da política de desenvolvimento sus-tentável”, incentivando assim a população à prática da reciclagem de resíduos.

Na mesma interpelação, o de-putado dedica-se ao caso dos moto-ristas que transportam os resíduos urbanos e que reclamam que não lhes é facultada a informação do peso da carga pelos responsáveis das zonas de aterro, pelo que são

O grupo Macau Consciên-cia entregou uma petição ao Chefe do Executivo

pedindo que “as violações às li-berdade académicas, de imprensa e de expressão” sejam alvo de investigação.

Numa carta dirigida ao Chefe do Executivo e entregue ontem por Jason Chao, presidente da Macau Consciência, o grupo propõe a criação de uma comissão

1000a 2000patacas por cada infracção ao “ruído quotidiano”

A discussão entre os deputados sobre a poluição sonora provocada pelas obras continua, sem que se chegue a um consenso. Assim sendo, a bola passa para as mãos do governo

LEI DO RUÍDO DISCÓRDIA SOBRE HORÁRIO DE OBRAS PERSISTE

Muito barulho para nada

POLUIÇÃO DEPUTADOS PEDEM MEDIDAS

Deixem-nos respirarLIBERDADE ACADÉMICA MACAU CONSCIÊNCIA PEDE INVESTIGAÇÃO

Em perseguição de direitos fundamentais dos cidadãosobrigados a pagar multas quando

se verifica a existência de excesso de peso. Leong Veng Chai interpela o Governo sobre se este tomará medidas correctas para alterar o cenário a “fim de não prejudicar o direito à informação” por parte dos motoristas.

Também Ho Ion Sang ques-tionou ontem o Governo sobre a emissão de gás poluentes dos veículos, dos serviços de repa-ração e limpeza de automóveis e dos estabelecimentos de comida. O deputado aponta que o aumen-to de veículos motorizados, os exaustores dos estabelecimentos de comida e os pulverizadores das lojas de reparação e limpeza de automóveis não causam apenas grande poluição no ar, mas também ameaçam a saúde da população. Ho questiona quando é que será concluída a legislação de controlo da população causada por estas vias. - F.A. com F.F.

manhã, ainda que não se saiba para já a hora de saída: alguns preferem manter as 20 horas como hora de saída, outros afirmam que deveria

ser mais cedo, “pelo menos às 19 horas”. O parecer final da comissão – entregue ao Governo - aponta para um horário das 9 às 18 horas.

A discórdia no seio dos depu-tados da comissão fez com que a decisão do horário de saída ficasse a cargo do Governo, que deverá optar por manter as 20 horas actuais ou diminuir o tempo de trabalho.

MULTAS MAIS PESADASOutra das questões tem a ver com as multas a aplicar aos infractores

da lei, no que toca ao “ruído quo-tidiano”. O pagamento passará de 600 para 1000 a 2000 patacas por cada infracção.

A multa será definida por um júri e dependerá do tipo de viola-ção cometida, estando já pensados casos de reincidência.

Os crimes de desobediência foram igualmente discutidos e também já têm lugar no diploma. “No caso de um crime de desobe-diência, o infractor não paga só multa, é mais do que isso. A polícia

pode instaurar um processo contra o infractor”, explicou a presidente da 1ª Comissão da AL.

OBRAS URGENTESOutro dos assuntos em cima da mesa é a questão das obras urgen-tes. É que, de acordo com o diploma actualmente em vigor, é proibida a execução de toda e qualquer obra aos feriados e a comissão afirma que há casos “urgentes” que podem precisar de reparação imediata, po-dendo a mesma calhar a um feriado. “Numa situação muito especial, a pessoa [trabalhador] pode pedir licença ao Governo e à Direcção dos Serviços de Protecção Ambien-tal para realizar obras ao feriado”, explicou a presidente da comissão. No entanto, esta alínea apenas diz respeito a obras fora de habitações, tendo Kwan questionado como se deve proceder no caso de haver um problema com os esgotos em casa de alguém. “Não existe nenhum mecanismo de pedido de obras urgentes ao Governo e à DSPA, no caso das habitações”, alegou Kwan, que considera que o di-ploma deveria incluir este tipo de excepção. “Pedimos ao Governo para ponderar a situação da criação de um meio pelo qual as pessoas possam pedir autorização” para reparações urgentes em casa, por exemplo.

Para já, Kwan assegurou que a versão actual da proposta de lei foi já entregue ao Governo, estando a comissão apenas a aguardar a versão final por parte do Executi-vo. “Vamos tentar concluir ainda nesta sessão legislativa”, informou a presidente.

independente que tenha compe-tências para investigar os casos de violação de liberdades tornadas públicas nas últimas semanas. Na mesma linha de pensamento, é também pedido que as autori-dades judiciais investiguem pos-síveis casos de infracção da Lei Laboral relativamente ao casos dos professores das universidades que não conseguiram renovar seus contratos de trabalho depois de, alegadamente, incentivarem os alunos a ter uma posição po-lítica e social activa.

A Macau Consciência coloca ainda sobre a mesa a possibi-lidade da interposição de uma acção no Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), que permita perceber se as universidades agi-ram em conformidade com a lei.

O grupo defende que as en-

tidades de educação devem ter uma postura de encorajamento à liberdade e, por isso, defende a criação de sindicatos que permi-tam proteger alunos e professores das possíveis perseguições das universidades.

Para além do caso de Eric Sau-tedé – despedido da Universidade de São José devido aos comen-tários políticos – e de Bill Chou – suspenso da Universidade de Macau sem razões conhecidas -, a carta tem como base o incidente com uma aluna e um ‘jornalista’ da Macau Concelears – publica-ção da Associação Novo Macau - que foram forçados a abandonar a Cerimónia de Graduação da UM, depois da aluna finalista ter exibido um cartaz apelando a que se parasse de perseguir académicos. - F.A.

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6 política hoje macau sexta-feira 11.7.2014

FLORA [email protected]

R EPRESENTANTES da Assembleia Popular Na-cional, delegados de Ma-cau no Comité Nacional

da Conferência Política do Povo Chinês e directores de várias associações declaram-se contra a realização do referendo não-oficial sobre o sufrágio universal para as eleições do Chefe do Executivo em 2019 e acreditam que viola a Lei Básica, além de – como já disse o próprio Governo e o Gabinete de Ligação da RPC em Macau – “não ter fundamento legal”.

Para Lao Ngai Leong e Lionel Leong, representantes de Macau à Assembleia Popular Nacional, não há dúvidas: ambos se mostram “absolutamente” contra o refe-rendo planeado pela Associação Juventude Dinâmica de Macau, Macau Consciência e Sociedade Aberta de Macau.

O docente de Ciência Polí-tica Eric Sau-

tedé, envolvido num processo de despedi-mento na Universidade de São José (USJ), vai dar uma palestra na Universidade de Coim-bra (UC), em Portugal, no próximo dia 25, intitulada “A ligação que falta: a ausência de partidos políticos em Macau e as suas conse-quências”. Sautedé irá falar na mesa redonda “Estudos de Macau” ao lado de outros académi-cos locais.

Jorge Godinho, do-cente da Universidade

de Macau (UM), vai falar sobre a evolução e regulação do sector do jogo, enquanto que Eilo Yu, professor de Ciência Política tam-bém da mesma insti-tuição, irá debater o tema “Mobilização social na RAEM: das acções laborais colec-tivas ao movimento de preservação do pa-trimónio”. Alex Choi, também da UM, falará sobre o trabalho nos casinos, enquanto que Penny Yim, da mesma universidade, abordará a “Transformação da indústria de turismo de Macau e o crescimento

do capitalismo dos casinos”.

No dia 26, Jorge Godinho vai ainda mo-derar o debate, também na UC, focado no tema “Macau no contexto regional”, que irá contar com a presença de Bill Chou, docente da UM – actualmente suspen-so -, que irá debater as políticas da China para Macau, ao lado de aca-démicos do continente.

A língua cantonense será também debatida na mesa redonda “Ma-cau e a sua conexão com a região - o passado e o presente”, onde estarão presentes Eilo Yu e Lou

Shenghua, docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), entre outros. Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM) é outro dos con-vidados e vai participar num debate virado para a cultura.

Os painéis de discus-são sobre Macau surgem no âmbito da XX con-ferência da Associação Europeia de Estudos Chineses, tendo também lugar também na cida-de de Braga. Carmen Amado Mendes e Sun Lam são os académicos organizadores do even-to. - A.S.S.

Lei sobre corrupção no comércio externo sem consulta públicaA proposta de lei do Regime de Prevenção e Repressão da Corrupção no Comércio Externo não vai passar por consulta pública, ainda que os deputados estejam disponíveis para receber “opiniões dos empresários ou partes interessadas por carta ou encontro agendado”. Isso mesmo explicou ontem Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que analisa a proposta na especialidade. “É importante para nós perceber a opinião antes de finalizar o parecer”, explicou. O Regime de Prevenção e Repressão da Corrupção no Comércio Externo aplica-se a funcionários públicos de fora de Macau e tem de estar concluído até ao final do ano, de forma a fazer cumprir a convenção internacional assinada por Macau nesta área. Para Chan Chak Mo, a actual proposta vem tapar um vazio legal no Código Penal. - F.A.

REFERENDO REPRESENTANTES DE DIVERSOS SECTORES DECLARAM-SE CONTRA

“Um desafio directo” ao poder de Pequim

[O referendo] “causa confusão à sociedade e influencia a economia”LEI HEONG IOK Presidente do Instituto Politécnico de Macau

COIMBRA ERIC SAUTEDÉ DEBATE AUSÊNCIA DE PARTIDOS EM MACAU

Da RAEM para Portugal

Lao defende que o sufrágio uni-versal é contrário ao valor “nuclear” da lei que Macau tem de cumprir.

Lionel Leong considera mes-mo que a realização do referendo não-oficial é um “desafio directo à autoridade do Governo Central”. Leong diz que a existência de um sufrágio universal é uma coisa mui-to séria e que só a lei ou um “órgão supremo” que pode decidir. “Nin-guém de Macau tem qualificação para criar um referendo. Acredito que a maioria da população se opõe a qualquer actividade que viole as disposições da Lei Básica e desafie

directamente a autoridade do Go-verno Central”, referiu.

Também o presidente do Institu-to Politécnico de Macau, Lei Heong Iok, diz que a população “deve apreciar os esforços da RAEM e do apoio do Governo Central no desenvolvimento próspero da eco-nomia” e defende que a realização do referendo “causa confusão à sociedade e influencia a economia”.

Ng Siu Lai, membro do Con-selho Consultivo Político do Povo Chinês e presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, defende, lado a lado com Kou Hoi In, deputado e director da Associação Comercial de Macau, que a intenção das associações não é mais do que perturbar a harmonia.

O primeiro diz que as pessoas vão pensar que este referendo tem como objectivo apoiar os poderes de Hong Kong – onde foi levado a cabo um referendo semelhante – para “tentar derrubar o sistema político existente”. O segundo assegura que as associações só propuseram agora o referendo – na altura da eleição para o líder

do Governo – propositadamente para “agitar a ordem de Macau”.

Também Si Ka Lon, deputado, não concorda com o referendo. “As associações criam [a ideia] de um sufrágio [universal] para a eleição do Chefe do Executivo como se fosse uma brincadeira de criança. Concordo que o Governo tenha dito que é ilegal. Um sufrágio universal deve ganhar primeiramente consen-so da sociedade e devemos cami-nhar nessa direcção gradualmente.”

MEDOS EXAGERADOS?Recorde-se que o Governo consi-derou o referendo como um desafio e foi imediatamente apoiado pelo Gabinete de Ligação. Contudo, diversos juristas já disseram que não há qualquer violação à lei com a realização do referendo, uma vez que este não passa, no fundo, de uma sondagem não-oficial.

As associações organizadoras garantem que não vão desistir e José Pereira Coutinho, deputado, também já veio a público mani-festar a sua opinião: a reacção do Governo é exagerada e o referendo não deixa de ser uma boa oportuni-dade de educação civil, “ajudando a população a pensar e a dar atenção a assuntos sociais”.

O deputado diz mesmo que o Governo “não tem de ficar assusta-do”, até porque não há nada ilegal a acontecer.

CONSULTA E FÓRUM PÚBLICOS PARA REFERENDOA Comissão organizadora do referendo relativo ao sufrágio universal para as eleições do Chefe do Executivo lançou ontem uma consulta pública que deverá durar até 19 de Julho. Além da consulta pública, a comissão vai ainda acolher, às 15 horas de domingo, um fórum aberto ao público para debate sobre a auscultação e o referendo. O fórum vai realizar-se no Centro Pastoral Diocesano da Juventude.

Quem está contra o referendo assegura que este viola a Lei Básica, que é um desafio à autoridade do Governo Central e vai causar instabilidade na harmonia social de Macau. Mas há quem diga que a reacção do Governo está a ser demasiado exagerada

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hoje macau sexta-feira 11.7.2014 7SOCIEDADECECÍLIA L [email protected]

O Governo deci- diu ajustar o planeamento antigo para a

zona A dos novos aterros, junto à Areia Preta, e vai permitir a construção de mais 14 mil fracções do que as inicialmente planeadas. O anúncio foi feito ontem pelo Conselho Executivo em con-ferência de imprensa e surge depois das últimas duas fases de consulta pública sobre os novos aterros.

O novo projecto passa, assim, a permitir a construção de 32 mil fracções habitacio-nais, quando antes o Governo planeava que fossem cons-truídas apenas 18 mil.

Entre estas fracções, 28 mil vão ser apartamentos de habitação pública – 87,5% - e só quatro mil vão ser dedica-das a imobiliário privado. O projecto vai estar em consulta pública entre hoje e 9 de Agosto e, no fim do ano, o Governo vai realizar a tercei-ra fase de consulta do projecto geral dos novos aterros.

O Executivo explicou que, segundo os resultados dos últimos Censos, a popu-lação de Macau já chegou às 614 mil pessoas, número previsto apenas para 2016. O crescimento da população foi uma das causas para as alterações ao plano.

“Como este número che-

Panda Relatório à mortede Sam Sam no final do mêsO Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) anunciou na quarta-feira à noite que o relatório final da morte do panda fêmea Sam Sam precisa de mais tempo para ser feito. Inicialmente apontado para duas a três semanas, o instituto diz agora que os trabalhos de exame no laboratório se atrasaram pelo que o resultado final só deverá sair no final de Julho. Leong Kun Fong, o membro do Conselho de Administração do IACM, explicou que como Sam Sam era um animal sob protecção nacional, vai também ser preservado, pelo que precisa de um tratamento mais rigoroso para ser embalsamado, algo que é um procedimento mais complicado. Sam Sam, recorde-se, foi oferecido a Macau pela China. O panda morreu com cinco anos devido ao que terá sido uma falha renal.

Creches 600 vagaspara mais de 1300 crianças Cinco creches da Associação de Beneficência Tong Sin Tong uniram-se para realizar um sorteio de vagas para creches já no próximo ano lectivo. Ao todo, 1355 crianças competem para 652 vagas das cincos creches da associação. A responsável da associação, Fok Lai Si, referiu que, no ano passado, foram acrescentadas mais 200 vagas na quinta creche da associação, mas a inscrição deste ano foi muito superior.

O S acidentes de trabalho em Macau aumen-

taram 9% relativamente a 2012. A Direcção dos Serviços para os Assun-tos Laborais (DSAL) registou um total de 7228 acidentes de trabalho, 19 deles resultando em mor-te e 33 em incapacidade permanente de voltar a trabalhar. A grande maioria dos acidentes registou apenas danos leves, incapacitando as vítimas apenas de forma temporária. Os dados ontem lançados pela DSAL, contudo, apon-tam para um aumento progressivo do número de pessoas incapacita-das de trabalhar a título permanente.

HABITAÇÃO NOVOS ATERROS RECEBEM 32 MIL FRACÇÕES

Mais do que o prometido“Como este número chegou mais cedo que o esperado, temos de ajustar o nosso plano e decidimos construir mais casas nos novos aterros da Zona A”EDDIE WONG Membrodo Conselho Executivo,sobre o crescimentoda população

7228acidentes de trabalho

em 2013

TRABALHO AUMENTAM ACIDENTES E MORTES

Perigos laborais

gou mais cedo que o espera-do, temos de ajustar o nosso plano e decidimos construir mais casas nos novos aterros da Zona A”, explicou Eddie Wong, membro do Conselho Executivo e arquitecto.

MENOS COMÉRCIO, MELHORES CONDIÇÕESA alteração ao projecto implica, contudo, a redu-

ção do espaço inicialmente destinado a comércio. Mas o Executivo garante que ha-verá lugar a lojas nos pódios dos prédios habitacionais e espaços comerciais a rendas acessíveis, destinados a ajudar as pequenas e médias empresas.

O Governo espera que o aterro esteja pronto em 2016 e acredita que, em finais de

2019, os residentes possam participar no concurso para o primeiro lote de habitações públicas. Cerca de três anos depois, deverá arrancar uma segunda fase.

Prometido também fi-cou uma melhoria na quali-dade das casas. A qualidade das habitações públicas tem merecido críticas por parte da população e, por isso, o Governo garante a introdução de melhorias, não só nas condições das casas, mas na tipologia dos apartamentos.

O Chefe do Gabinete do Secretário para os Transpor-tes e Obras Públicas, Wong Chan Tong, explicou que a

área dos novos aterros da Zona A tem 138 hectares, sendo que serão principal-mente T2 que serão cons-truídos.

Se cada fracção tiver três pessoas, cerca de 70 mil residentes podem ser benefi-ciados por este planeamento.

MAIS TERRASDE ESPERANÇAAlém dos novos aterros, já foi anunciada a caducidade da concessão de mais de 20 terrenos que, após a sua recuperação, verão altera-das a sua finalidade inicial, passando a ser terrenos de reserva para a construção de habitação pública. Contudo, o Conselho Executivo ex-plica que, como os terrenos estão em tribunal, é ainda difícil criar um projecto ime-diato para construir casas públicas.

Além disso, Leong Heng Teng, porta-voz do Con-selho Executivo, revelou que, ao mesmo tempo, o Governo da RAEM procu-rará envidar esforços para promover a reorganização dos bairros antigos, de for-ma a aumentar a oferta de habitações. Por outro lado, há ainda a possibilidade de serem cedidos por arrenda-mento mais terrenos da Ilha de Montanha, aumentando assim as possibilidade da RAEM de poder contar com mais terrenos para desenvolvimento.

87,5%das fracções são públicas

No que diz respeito às causas dos acidentes laborais, 21,4% deram--se quando os trabalha-dores ficaram presos em máquinas, seguindo-se o choque com objec-tos (20,8%) e esforço excessivo, que afectou 19,4% dos lesados. As mãos, pés e tronco foram as zonas do corpo mais afectadas.

O número de aci-dentes laborais teve ligeiras oscilações, quando comparando os dados da DSAL de

anos anteriores. Em 2009, foram 37 as vítimas que ficaram permanentemente inca-pacitadas de trabalhar, mas o número diminuiu em 2010 para voltar a aumentar para 58, em 2011. O primeiro re-latório da DSAL deste ano aponta para 1619 acidentes de trabalho só durante os primeiros três meses de 2014, dos quais resultaram 1468 pessoas temporaria-mente incapacitadas e cinco mortes, os restan-tes casos continuando ainda em investigação. A grande maioria dos acidentes foi causada pela queda de andares altos, perfazendo 352 feridos. - L.S.M.

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8 sociedade hoje macau sexta-feira 11.7.2014

JOANA [email protected]

O terreno onde está actualmente a Central Termoeléctrica de Macau – pertencente

à Companhia de Electricidade de Macau (CEM) – vai ser utilizado para habitação pública. Isso mes-mo garantiu Jaime Carion, director das Obras Públicas e Transportes, ao deputado Au Kam San.

Numa resposta a uma inter-pelação escrita, datada do início de Junho mas só agora disponível em português, Carion explica que vai ser mantida apenas a Central

O Comissariado Con-tra a Corrupção (CCAC) está a in-

vestigar a concessão de um terreno a uma empresa sub-sidiária da Wynn Resorts, junto ao Macau Dome.

“Começámos a ana-lisar alguns elementos e já estamos a dar todo o acompanhamento. Só posso dizer isso, até aqui, sobre esse caso porque não convém entrar na fase de investigação. O CCAC está, portanto, impedido de revelar mais informações”, disse o comissário Vasco Fong, citado pela Rádio Macau, à margem de um encontro com a 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa.

Ainda na quarta-feira, uma resposta do Governo ao HM garantia que a con-cessão do terreno no Cotai

CEM TERRENO NA AREIA PRETA VAI PARA HABITAÇÃO PÚBLICA

À espera de reunir condições

WYNN CCAC INVESTIGA CONCESSÃO DE TERRENO

Afinal em que ficamos?onde vai ser construído o novo resort da Wynn foi feita de forma legal, sendo que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes garantia que nem sequer ouviu falar do assunto.

“No processo de conces-são de terreno da DSSOPT não constam as informações relativas à Companhia de Diversões e Investimento Tien Chiao”, dizia a resposta ao HM. “As informações relativas ao prazo de con-cessão do terreno e demais cláusulas fixadas no contrato de concessão de terreno ce-lebrado com a Wynn Resort (Macau) S.A foram tituladas

[por despacho] de 2012”, refere ainda.

O despacho mostra que a Wynn recebeu o terreno através de duas outras socie-dades – a Cotai Desenvolvi-mento Imobiliário, S.A. e a Palo Real Desenvolvimento Imobiliário, S.A. -, pelo facto de a segunda “possuir maior legitimidade para soli-citar a concessão do terreno com dispensa de concurso público em virtude de ser subsidiária da sociedade Wynn Resorts”.

Esta semana, a União Internacional de Engenhei-ros Operacionais do Nevada (IUOE, na sigla inglesa) pediu ao Governo que en-

tregue documentos “públi-cos” sobre transacções da Wynn com a Tien Chiao Entertainment. O pedido chegou depois da suspeita de que a operadora de jogo

tenha de ter pago ao grupo de Pequim para poder ficar com o terreno no Cotai.

No entanto, a IUOE cita notícias que dão conta que não se foi “capaz de locali-zar registos que indiquem que a terra foi alguma vez propriedade” da empresa.

De acordo com notícia publicada em 2012 pelo Jor-nal Tribuna de Macau, Steve

Wynn admitiu o pagamento à Tien Chiao, a quem estava “prometido” um terreno para a construção de uma “Taiwan House”, mas nega a relação da empresa a mem-bros do Governo.

O HM quis saber se o Exe-cutivo recebeu os pedidos da IUOE e se as alegações eram verdadeiras, mas a única resposta que obteve foi que tudo foi feito dentro da lei e que não constam informações do grupo de Pequim.

Da mesma ideia não parece partilhar o CCAC, que investiga, então, o caso.

Ainda de acordo com a Rádio Macau, o comissário Vasco Fong assegura que tem em mãos vários proces-sos, mas que o CCAC só não emitiu novos relatórios nos últimos meses porque estão a ser ouvidos especialistas de diversas áreas. - J.F.

de Ká Hó “como única instalação termoeléctrica em termos de pro-dução de electricidade”.

“Segundo as condições urba-nísticas inicialmente definidas, o terreno situado na Rua dos Pescadores, onde actualmente se encontra construída a Central, será reservado para a construção de habitação pública”, pode ler-se na resposta do responsável das Obras Públicas a que o HM teve acesso.

Não há, contudo, calendário para tal, até porque é preciso fazer alguns trabalhos antes. “O terreno não poderá ser aproveitado em cur-to espaço de tempo, devido a certos factores, mas independentemente

disso, a Administração irá procurar agilizar com a maior brevidade possível estes procedimentos e dar início à elaboração do projecto de concepção das infra-estruturas.”

A demolição do edifício da CEM – que já vinha a ser falada há algum tempo – ainda está a ser planeada pelo Governo, a par da desocupação do terreno. A CEM já apresentou uma proposta para

a devolução do terreno no ano passado, mas até agora, aponta Au Kam San, nada foi feita pelo Governo, ainda que este continue “a chorar por terrenos para habi-tação pública”.

CENTRAL COMO RESERVAAu Kam San aponta que a central está desactualizada e que “nem sequer tem a missão de produzir

electricidade” devido ao estado das máquinas – com 40 anos – e que o Governo poderia aproveitar o terreno “de imediato”. Contudo, Jaime Carion assegura que, antes de se desactivar completamente a central da Areia Preta, há mais coisas a fazer. “Será primeiramente necessário proceder à melhoria e estabilização da rede e das infra-estruturas de distribuição de electricidade, no sentido de aumentar a distribuição da energia eléctrica. Actualmente, estão em curso as obras de reformulação estrutural da rede de distribuição de electricidade local e, antes da sua conclusão, a Central vai ser a um gerador de reserva em caso de emergência, no sentido de garantir um fornecimento seguro e estável de electricidade”, pode ler-se na resposta ao deputado.

Para já, uma coisa é certa: o terreno vai ser revertido à RAEM, ainda que depois do corte de uma parcela, onde fica, actualmente, o edifício do jornal Ou Mun.

Não vão ser construídas mais centrais termoeléctricas em Ma-cau, ficando apenas a de Ká Hó em funcionamento. O Executivo assume que “só quando estiverem reunidas as condições” é que o terreno da Rua dos Pescadores será aproveitado. O local poderá dar origem à construção de cerca de mil apartamentos de habitação pública.

A CEM já quis devolver o terreno quetem na Rua dos Pescadores no ano passado, mas o Governo diz que o local ainda não pode ser aproveitado para já. Quando puder, vai dar origem a cercade mil fracções de habitação pública

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hoje macau sexta-feira 11.7.2014 9CHINA

O embaixador chinês na Grã-Bretanha ad-vertiu na quarta-feira para o cenário de

“caos” em Hong Kong se os pró--democratas mantiverem o plano de ocupar o centro da cidade, rejeitando os apelos para uma nomeação pública dos candidatos a Chefe do Executivo.

O descontentamento em Hong Kong atingiu este ano o seu nível mais elevado quanto à alegada in-terferência por parte da China nos assuntos do território e a insistência de Pequim em validar os candida-tos antes da próxima eleição para o chefe do Executivo em 2017. O movimento pró-democracia “Oc-cupy Central” prometeu ocupar o distrito financeiro da antiga colónia britânica se o Governo não permitir a reforma eleitoral.

“Se não ficarem satisfeitos, eles ameaçam ‘Ocupar Central’ e arras-tar a economia de Hong Kong para

Maioria dasprovíncias retiram política de filho único No total, 29 das 31 regiões provinciais na parte continental chinesa retiraram a política de filho único que entrou em vigor há décadas, permitindo que os casais tenham uma segunda criança se um dos pais for filho único, disse na quinta-feira um alto funcionário de planeamento familiar, informa a rádio China. A Província de Zhejiang, leste da China, foi uma das primeiras a dar o sinal verde, abrandando a política em 17 de Janeiro, enquanto Xinjiang e o Tibete ainda não adoptaram a medida, disse Yang Wenzhuang, funcionário da Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar, em conferência de imprensa. No final de Maio deste ano, cerca de 271.600 casais solicitaram poder ter mais que uma criança, com 241.300 dos pedidos aprovados, segundo Yang. Em Dezembro do ano passado, o Comité Permanente da Assembleia Popular, o mais alto órgão legislativo da China, adoptou a política e confiou às assembleias provinciais e aos seus comités permanentes para que façam os seus próprios planos de implementação.

Excedente comercial sobe 16,4% em Junho O excedente comercial da China aumentou 16,4% em Junho para 31,6 mil milhões de dólares, indicam dados oficiais ontem divulgados. As exportações da segunda maior economia mundial cresceram 7,2% para 186,8 mil milhões de dólares, enquanto as importações aumentaram 5,5%, também em termos anuais, para 155,2 mil milhões de dólares, de acordo com dados da Administração-Geral das Alfândegas da China. No cômputo dos primeiros seis meses, as exportações da China subiram 0,9%, ao passo que as importações aumentaram 1,5%, com o excedente comercial da China a cair 4.4% para 102,8 mil milhões de dólares. A China tornou-se a maior potência comercial do mundo em 2013, ultrapassando os Estados Unidos, com um volume de exportações de 2,21 biliões de dólares, mais 259,76 mil milhões de dólares do que as importações. Em 2013, a China registou um excedente comercial de 259,75 mil milhões de dólares e o seu Produto Interno Bruto (PIB) um crescimento de 7,7%.

REINO UNIDO EMBAIXADOR CHINÊS ALERTA PARA CAOS

Achas para a fogueira

“Se não ficarem satisfeitos, eles ameaçam ‘Ocupar Central’ e arrastar a economia de Hong Kong para o caos”LIU XIAOMING

o caos”, escreveu Liu Xiaoming num artigo publicado quarta-feira no Financial Times. “Qualquer tentativa para destabilizar Hong Kong através da política de rua não vai certamente ganhar os corações e mentes das pessoas da cidade. Recentes desenvolvimentos em alguns países demonstram uma verdade simples: a política de rua não traz democracia mas incorre no tumulto e caos”, acrescentou.

A imprensa oficial chinesa considerou o movimento “Occupy Central” ilegal e disse que a inicia-tiva poderia prejudicar a economia da cidade.

“PROVOCAÇÕES”Um referendo informal realizado em Junho em Hong Kong, que atraiu a participação de quase 800.000 pessoas, também irritou Pequim. O referendo foi seguido da tradicional marcha de 1 de Julho (aniversário da transição de Hong Kong para

a China), que colocou a tónica no sufrágio universal e na condenação da alegada interferência de Pequim na governação da cidade.

Pequim prometeu deixar os re-sidentes de Hong Kong escolherem o seu próximo líder em 2017 por voto directo - metodologia que colocaria fim ao sistema actual de eleição do chefe do Executivo as-sente num comité eleitoral de 1.200 pessoas - mas com a condição de que os candidatos sejam aprovados por um comité de nomeação, algo

que os pró-democratas contestam, alegando que assim só os candi-datos pró-Pequim terão luz verde.

Os activistas também pedem que a votação siga os padrões inter-nacionais, mas Liu contra-atacou: “Os sistemas eleitorais variam, não há um padrão internacional’”, escreveu. O embaixador chinês relacionou o patriotismo que Pe-quim considera ser um requisito necessário para qualquer chefe do Executivo com o juramento feito na tomada de posse pelos presidentes dos Estados Unidos.

Receios com a influência de Pequim aumentaram em Junho quando o Governo central publicou um controverso “Livro Branco” sobre o futuro de Hong Kong, que é visto por uma larga franja da população como um aviso à cidade para não exceder limites. O Livro Branco também refere que o amor à China constitui um “requisito político básico” para qualquer futuro líder.

Hong Kong beneficia de liber-dades não garantidas no interior da China, incluindo liberdade de expressão e o direito ao protesto, mas o medo de que estas liberdades estejam a ser postas em causa tem vindo a aumentar.

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10 china hoje macau sexta-feira 11.7.2014

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Petróleo Pequim e Washington assinam acordo

A Administração Estatal de Energia da China anunciou

ontem que o órgão e o Depar-tamento de Energia dos EUA assinaram um documento intitu-lado Memória de Entendimento sobre Cooperações de Reservas Estratégicas de Petróleo.

O documento foi assinado pelo vice-director da Comissão Estatal de Desenvolvimento e Reforma e director da Admi-nistração Estatal de Energia da China, Wu Xinxiong, e o secretário de Energia norte--americano, Ernest Moniz.

Os dois representantes encontraram-se em Pequim e trocaram opiniões sobre coo-perações no sector de energia. Wu sublinhou que a China e os EUA têm muitas oportunidades de cooperações estratégicas na área da energia e que os dois lados devem acelerar e ampliar as cooperações.

Moniz ressalvou que os dois países devem reforçar coo-perações e procurar resoluções para as questões revelantes, durante Diálogo Estratégico e Econômico.

U M grupo de pira-tas informáticos chineses acedeu a informações de

funcionários do Governo dos Estados Unidos, em Março deste ano, revelou ontem a edição digital do New York Times.

Os piratas informáticos pretendiam aceder a fichei-ros referentes a dezenas de

milhares de empregados que solicitaram autoriza-ções de segurança secretas, segundo fontes oficiais não identificadas pelo jornal.

Os piratas acederam às bases de dados do Departa-mento de Gestão de Pessoal antes de as autoridades dos EUA detectarem a ameaça e bloquearem o acesso à rede informática, adianta-

ram as fontes. Os EUA acu-saram recentemente cinco militares chineses de aces-so indevido a informação de algumas companhias norte-americanas com o fim de roubarem segredos empresariais.

O presidente dos EUA, Barack Obama, expressou quarta-feira o seu interesse num “novo modelo” de

relações com a China, ali-cerçado numa cooperação cada vez mais pragmática e na “gestão construtiva” das diferenças.

Esta informação é co-nhecida ao mesmo tempo que se realiza a sexta ronda do Diálogo Económico Estratégico bilateral entre os EUA e a China, em Pequim.

Cem mil milhõesde patacas em ajuda internacional A China anunciou ontem ter distribuído 89,3 mil milhões de yuan em ajuda internacional entre 2010 e 2012. A assistência – prestada nomeadamente sob a forma de subvenções ou empréstimos sem juros – foi canalizada para 121 países, incluindo 12 europeus, refere um relatório do Conselho de Estado chinês. Não foram, porém, especificados os países europeus que receberam ajuda de Pequim. Do universo de nações contempladas, 51 ficam em África, 30 na Ásia, 19 na América Latina e nove na Oceânia, segundo o documento ontem divulgado, em que se indica que organizações internacionais, incluindo a União Africana, também beneficiaram da ajuda. O relatório destaca que a ajuda externa por parte da China tem vindo a crescer nos últimos anos, mas não são facultados dados comparativos directos.

PIRATAS INFORMÁTICOS ATACAM DADOS DOS EUA

Guerra dos mundos

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11REGIÃOhoje macau sexta-feira 11.7.2014

O Programa da ONU para o Desenvolvi-mento vai apoiar pela primeira vez uma zona

económica exclusiva, a criar em Timor-Leste, através de uma par-ceria que prevê a capacitação insti-tucional nas áreas de planeamento, implementação e monitorização.

A parceria foi ontem apresen-tada em Díli, numa cerimónia que contou com a participação do an-tigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, que lidera o projecto da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM), a ser implementado no enclave de Oecussi e em Ataúro, e do director regional para a Ásia e Pacífico do Programa da ONU para o Desen-volvimento (PNUD), Haoliang Xu.

“Esta é a primeira vez que um escritório do PNUD faz uma parceria com um governo sobre uma inicia-tiva de zona económica exclusiva e estamos satisfeitos por termos sido convidados pela liderança do país

U MA jovem de 14 anos foi violada na Índia por ordem de um conselho local porque

o seu irmão tinha abusado de outra mulher no Estado de Jharkhand, no leste do país, informou uma fonte policial na quarta-feira.

Os factos ocorreram no passa-do domingo quando um homem violou uma mulher na localidade de Gulgulia Dhoram, algo que foi denunciado ao conselho local pela família da vítima, disse o comissá-rio Virender Kumar.

O conselho - denominado “panchayat”, um sistema de justiça

paralela - decidiu que a irmã do agressor fosse violada pelo mari-do da mulher agredida, de acordo com a fonte citada pela agência espanhola Efe. A polícia deteve o irmão da jovem violada, o marido da mulher agredida e o dirigente do conselho local.

Muitas localidades da Índia mantêm um sistema de conselhos rurais que fazem justiça nas costas da polícia e dos tribunais, e que reivindicam legitimidade paralela. As suas decisões baseiam-se em tra-dições que são incompatíveis com a justiça indiana, como os “crimes de

honra”, a proibição de matrimónios entre pessoas da mesma localidade ou sentenças de exílio.

As denúncias por violação na Índia aumentaram 35 por cento em 2013 relativamente ao ano anterior, um incremento desencadeado pela violação e assassínio de uma estu-dante de 23 anos em Nova Deli, em Dezembro de 2012. Essa agressão provocou protestos e um debate sem precedentes pela situação da mulher e desde então a imprensa indiana informa continuamente acerca de delitos sexuais contra as mulheres.

Tufão Neoguri obrigaà retirada de 30 mil pessoas O tufão Neoguri, que se converteu em tempestade tropical, fez pelo menos três mortos e 45 feridos no Japão, obrigando ontem à retirada de cerca de 30 mil pessoas na ilha de Kyushu (sudoeste), onde, ontem de madrugada, tocou terra. Neoguri, o oitavo tufão da temporada no Pacífico, tocou terra perto da localidade de Akune, na prefeitura de Kagoshima, cerca das 07:00 locais, informou a Agência Meteorológica do Japão. As fortes chuvas causaram repetidos ‘apagões’, com a cadeia televisiva pública NHK a indicar que pelo menos 8.000 casas permanecem sem electricidade nas ilhas de Kyushu e Okinawa. Segundo os dados mais recentes, em Kagoshima foram retiradas 28.500 por causa das fortes chuvas, mantendo-se a recomendação para os residentes procurarem refúgio em instalações municipais para outras 945.000 perante o risco de inundações e deslizamentos de terras, um fenómenofrequente na região.

“Esta é a primeira vez que um escritório do PNUD faz uma parceria com um governo sobre uma iniciativa de zona económica exclusiva...”MARI ALKATIRI

ONU PRIMEIRA ZONA ECONÓMICA EXCLUSIVA EM TIMOR-LESTE

Estímulo inédito

ÍNDIA JOVEM DE 14 ANOS VIOLADA POR ORDEM DE CONSELHO LOCAL

E não se pode exterminá-los?

para apoiar este esforço multidi-mensional”, afirmou o responsável.

Segundo o PNUD, o apoio visa reforçar a capacidade institucional do gabinete da Zona Especial de Economia Social de Mercado para “lançar as bases para uma administração regional eficiente, eficaz e ágil”.

“Enquanto zonas económicas especiais são utilizadas por países de todo o Mundo para estimular o crescimento, criação de emprego e de investimento, o ZEESM representa um afastamento dos modelos habituais ao propor uma abordagem integrada para o desen-volvimento sustentável, social e económico”, referiu Haoliang Xu.

Este projecto da ZEESM está orçado em 9,5 milhões de dóla-res, sendo que 9,2 milhões são da responsabilidade do governo timorense e 275 mil do CNUD. O apoio do CNUD durará até 2017.

“A ZEESM visa transformar as vidas das pessoas com uma abordagem integrada. Vamos fazer isso, investir na formação, educação e saúde do povo de Oe-

cussi, e ao mesmo tempo investir em infra-estruturas vitais, como estradas, pontes, escolas e muito mais para ajudar a construir uma economia regional dinâmica”, afirmou Alkatiri.

A parceria foi estabelecida no âmbito da visita ao país do director regional para a Ásia e Pacífico do PNUD, que chegou na terça-feira a Díli para encontros

com as autoridades timorenses e discutir o programa da agência da ONU para o período entre 2015-2019.

Em Abril, o governo de Timor--Leste aprovou a proposta de lei para a criação da Região Admi-nistrativa Especial de Oecussi, que está a ser liderado pelo antigo primeiro-ministro timorense e secretário-geral da Frente Revo-lucionária do Timor-Leste Inde-pendente (Fretilin), Mari Alkatiri.

A Zona Especial de Economia Social de Mercado pretende incen-tivar o desenvolvimento regional integrado através da criação de zonas estratégicas nacionais atrac-tivas para investidores nacionais e estrangeiros.

O objectivo é retirar a Oecussi o estatuto de enclave e conferir-lhe o estatuto de pólo de desenvolvi-mento nacional, sub-regional e regional, ficando Ataúro, no âmbito deste pólo, direccionado para o turismo integrado.

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LUSA

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JOGOALEMANHA – ARGENTINAEstádio Maracanã, 03:00

• HISTORIALJ V E D GM GS20 6 5 9 28 28

MUNDIAL hoje macau sexta-feira 11.7.2014

MARCO [email protected]

A LEMANHA e Ar-gentina decidem ao início da madru-gada de segunda-

-feira o nome do sucessor da Espanha na lista das selecções campeãs mundiais de futebol. Agendado para as 16 horas locais, 4 da manhã de Macau, o desafio pauta o reencontro de ambas as formações no encontro decisivo da mais cobiçada das competições futebolísticas do planeta. O duelo tornar-se-à, de resto, o mais repetido na história das decisões do Campeonato do Mundo: Alemanha e Argentina já se encontraram por duas vezes no mais apetecido dos encontros da prova, com uma vitória a sorrir à Mannschaft e outra ao onze alvi-celeste. Até agora o Alemanha-Argentina dividia honras com o Brasil--Itália, que serviu também para decidir por duas ocasiões o nome do campeão mundial:

Em fases finais do Cam-peonato do Mundo, Alemanha e Argentina já se encontraram

Enzo Peréz Agradecimento a PortugalO médio do Benfica agradeceu ao clube e ao futebol português por lhe ter proporcionado a presença numa final do Campeonato do Mundo. «Se hoje estou aqui é porque o futebol português me deu essa possibilidade, no clube onde eu estou, o Benfica. Agradeço a todos os dirigentes, ao corpo técnico, aos companheiros. Estou orgulhoso», disse no final do jogo com a Holanda, no qual se estreou a titular como substituto do lesionado Di María. «Era preciso ter responsabilidade. A confiança que me deram os meus companheiros e a equipa técnica foi fundamental. Não estava nervoso mas sim ansioso. Queria desfrutar porque o mais difícil já tinha passado no jogo anterior e sabia que um Mundial não se joga todos os dias.»

Ronaldo Brasil tem obrigação ficar em 3.ºRonaldo, máximo responsável pelo último título do Brasil (2002), defende que a selecção canarinha tem a obrigação de garantir o 3.º lugar do Mundial 2014. O ex-futebolista brasileiro Ronaldo lamentou o sofrimento dos seus compatriotas perante a goleada sofrida frente à Alemanha, nas meias-finais do Mundial 2014, e afirmou que o Brasil tem a obrigação de conquistar o terceiro lugar, no sábado. “A selecção pagou um preço muito caro pelos seus erros e agora tem a obrigação conquistar o terceiro lugar”, disse o segundo melhor marcador em fases finais de Mundiais, a seguir ao alemão Miroslav Klose, que bateu o recorde do brasileiro, ao marcar o seu 16.º golo, mais um do que Ronaldo. Ronaldo lamentou, ainda, o sofrimento dos adeptos, que são “quem mais sofre com as frustrações que as derrotas criam”, e reiterou a “obrigação dos jogadores” brasileiros venceram o jogo que falta e conquistarem o terceiro lugar.

Van Gaal «Fui eu que ensinei Romero a defender penalties…»Van Gaal, desta vez, não foi feliz na resolução por penalties. Após a derrota com a Argentina no desempate por grandes penalidades, o seleccionador holandês lamentou: «Fui eu que ensinei o Romero a defender penalties... Trouxe-o Romero para a Europa quando estava no AZ, era um grande talento». De facto, o actual seleccionador holandês, e futuro treinador do Manchester, dirigiu o guarda-redes argentino quando ambas passaram pelo Alkmaar, clube holandês. Sobre o facto de não ter posto, desta vez, Tim Krul para a decisão por penalties, Van Gaal lembrou: «Não tive essa opção, já tinha feito as três substituições.» E quanto às críticas feitas à exibição da Holanda, foi curto e grosso: «Não me importo com o que dizem e escrevem sobre mim e a minha equipa»

ALEMANHA E ARGENTINA DECIDEM NOME DO CAMPEÃO DO MUNDO

Guerra dos Tronos, parte três

DADOS DO JOGO

por seis ocasiões. Mais rigo-rosos e menos fantasistas, o onze germânico levou a melhor sobre o adversário sul-americano por três oca-siões, tendo empatado dois jogos e concedido um triunfo à formação argentina. A Ale-manha levou a melhor sobre o adversário há quatro anos, na África do Sul, impedindo que Lionel Messi e companhia atingissem as meias-finais da prova. Antes, em 1990, já tinham garantido um dos mais saborosos triunfos da sua história, ao garantirem a conquista do seu terceiro campeonato do mundo de futebol às custas da Argenti-na do mago Diego Armando Maradona.

O primeiro triunfo germâ-nico ocorreu em 1958, num desafio a contar para a fase de

grupos da prova e foi necessá-rio esperar quase três décadas para que a Argentina saldasse a derrota. O único triunfo da selecção alvi-celeste sobre a Mannschaft foi porventura o mais importante da história do futebol argentino. A 29 de Junho de 1986, no Estádio Azteca, uma Argentina per-fumada levou a melhor sobre a racional Alemanha de Rudi Voller e companhia, numa das mais emocionantes finais de

todos os tempos. Disputada, a partida terminou com o triunfo da selecção sul-americana por três bolas a duas. Para a Argentina marcaram José Luis Brown, Jorge Valdano e Jorge Burruchaga. A Alemanha ainda conseguiu esgrimir uma reacção à maior eficácia argen-tina, mas os tentos apontados por Karl-Heinz Rummenigge e por Voller não se afiguraram suficientes para impedir o triunfo dos argentinos.

PERCURSOS PARALELOSA história dos frente-a-frente entre as selecções da Argenti-na e da Alemanha também se faz de dois empates (em 1966 e em 2006, em partida a contar para os quartos-de-final do Mundial) e por percursos estranhamente paralelos. Depois de terem triunfado

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LUSA

13 mundial

OS NÚMEROS

71 número de golos apontados por Miroslav Klose com a camisola da selecção alemã. Dezasseis dos tentos apontados pelo dianteiro da Lazio com a camisola da Mannschaft tiveram como palco fases finais do campeonato do mundo de futebol. O avançado vestiu até agora a camisola da selecção alemã por 136 ocasiões.

34 número de golos apontados por Diego Armando Maradona nas noventa e uma partidas que disputou com a camisola alvi-celeste da Argentina. Em comparação, Lionel Messi já marcou por 42 vezes ao serviço da selecção. No fim-de-semana, Messi deve vestir pela nonagésima terceira vez a camisola da formação sul-americana.

hoje macau sexta-feira 11.7.2014

O seleccionador da Coreia do Sul, Hong Myung-bo,

anunciou ontem a sua de-missão apenas uma sema-na depois de a Federação de Futebol sul-coreana ter recusado o pedido, moti-vado por críticas à rápida eliminação da equipa no Mundial de futebol.

Hong Myung-bo assu-miu ontem, durante uma conferência de imprensa em Seul, a responsabili-dade pela decepcionante prestação da equipa no Mundial do Brasil e confir-mou que não se irá manter aos comandos da selecção.

O anúncio surge ape-nas sete dias depois de a Federação Sul-coreana de Futebol (KFA, na sigla em inglês) ter manifestado o seu apoio a voto Hong Myung-bo, revelando que o técnico manter-se-ia no cargo de seleccionador pelo menos até Janeiro de 2015.

A Coreia do Sul ter-minou no último lugar do Grupo H da primeira fase, atrás de Bélgica, Argélia e

Rússia, conseguindo ape-nas um ponto, graças ao empate 1-1 com a Rússia, logo na jornada inaugural.

Hong Myung-bo apre-sentou a sua demissão pela primeira vez após a derrota frente à Bélgica, mas a KFA recusou aceitar o pedido, tendo o presiden-te do organismo, Chung Mong-gyu, convencido o treinador a ficar.

Desde que assumiu os comandos da selecção da Coreia do Sul, em Junho do ano passado, Hong Myung-bo dirigiu 19 jo-gos, os quais se saldaram em cinco vitórias, quatro empates e dez derrotas.

Já no seu percurso como futebolista, foi um dos jogadores mais em-blemáticos da selecção sul-coreana. É o recordista de internacionalizações (135) e foi o capitão da seleção que chegou às meias-finais do Mundial de 2002, sendo um dos jogadores que contribuiu para a eliminação prema-tura de Portugal, logo na primeira fase.

ALEMANHA E ARGENTINA DECIDEM NOME DO CAMPEÃO DO MUNDO

Guerra dos Tronos, parte três

COREIA DO SUL SELECCIONADOR HONG MYUNG-BO DEMITE-SE

Mea culpa

no frente-a-frente que lhes garantiu a conquista do úl-timo título mundial, as duas formações votaram-se a uma quase travessia do deserto no que diz respeito à conquista de grandes competições internacionais. A Alemanha não vence a maior prova mundial de futebol desde 1990 (uma grande penalidade cobrada por Andreas Brehme a cinco minutos dos noventa dilacerou as esperanças dos adeptos argentinos) e desde 1996 que não levanta o troféu referente ao Campeonato da Europa de Futebol. No caso da Argentina, o extenso período de jejum tem contornos ainda mais latos. Os argentinos conquistaram pela última vez o Campeonato do Mundo de Futebol em 1986 e a Taça América sete anos depois.

A travessia do deserto pelo qual enveredaram ambas as formações deverá favorecer o espectáculo: com ganas de regressar ao Olimpo do futebol mundial nenhuma das formações deverá vender barata a derrota, ainda que a Alemanha parta para o mais cobiçado dos desafios da vigé-sima edição do Campeonato do Mundo como inequivoca-mente favorita. Um favoritis-mo que não se deve apenas à escandalosa vitória alcançada sobre o Brasil, mas também às referências com que chega ao Maracanã. O último desafio disputado entre alemães e argentinos, nunca é demais referir, acabou em goleada. Há quatro anos, na África do Sul, a Alemanha atropelou sem apelo nem agravo a selec-ção sul-americana, vencendo

por quatro bolas a zero com golos de Miroslav Klose (2), de Thomas Muller e de Arne Friedrich. Dos onze jogadores alemães que entraram em campo a 3 de Julho de 2010, apenas o defesa Friedrich não integra os seleccionados de Joachim Low. Na Argentina, os defesas Otamendi, Bur-disso e Heinze e o avançado Carlos Tevez não foram con-

vocados para o Mundial do Brasil e no banco, a selecção argentina conta agora com Alejandro Sabella no lugar do meterórico Diego Armando Maradona. Há quatro anos, a Alemanha dominou por completo a partida, teve mais posse de bola, rematou mais e, mais do que tudo, anulou por completo Lionel Messi. No Rio de Janeiro como será?

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14 DESPORTO hoje macau sexta-feira 11.7.2014

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SÉRGIO FONSECACHEUNG CHI [email protected]

A segunda e decisi-va jornada dupla de apuramento dos pilotos de

carros de turismo locais para a 61ª edição do Grande Pré-mio de Macau tem lugar este fim-de-semana no Circuito Internacional de Guangdong (GIC, na sigla inglesa). Neste

Benfica Victor Andradeem LisboaO avançado de 18 anos aterrou ontem de manhã em Lisboa, vindo de São Paulo, depois de se ter desvinculado do Santos. «Estou muito feliz», disse o jogador, citado pelo Record. Victor Andrade já passou pelo Benfica em 2007, clube ao qual agora regressa. Nascido a 30 de Setembro de 1995, Victor Andrade foi internacional por todas as camadas jovens das selecções brasileiras e torna-se no quarto reforço dos encarnados a transferir-se do futebol brasileiro para a Luz nesta época: César, Luís Felipe e Talisca são os outros.

Jardim pode tirar Hulk a Villas BoasLeonardo Jardim apontou Hulk como o alvo a atacar pelo Mónaco se James Rodríguez deixar o clube gaulês neste mercado de transferências. Escreve o Le 10 Sport que o avançado brasileiro, pupilo de André Villas Boas no Zenit, é o alvo prioritário do treinador português para colmatar a eventual saída do internacional colombiano para o Real Madrid. Adianta a mesma fonte que o Mónaco só admite negociar James Rodríguez com os merengues por valores na ordem dos 85 milhões de euros, verba que seria canalizada para a contratação do Incrível.

EUA Jogador acusado dematar árbitroUm jogador amador nos Estados Unidos, Baseel Abdul-Amir Saad, foi formalmente acusado de homicídio em segundo grau, por causar a morte do árbitro John Bieniewicz. Bieniewicz, de 44 anos, faleceu oito dias depois de ter sido agredido por Baseel Abdul-Amir Saad em pleno jogo, depois de ter visto um cartão vermelho. «Foi especialmente trágico porque ocorre quando o Mundial de futebol domina as nossas televisões. O presumível acto não pode ser tolerado e a nossa legislatura deve assegurar que haja penas severas quando isto acontece em desportos organizados», afirmou o procurador Kym Worthy. O jogador, de 36 anos, está actualmente em liberdade condicional, mas deverá comparecer em tribunal esta quinta-feira para responder perante a acusação.

“Para muitos, este será o último fôlego e hipótese rumo à grande corrida.”

APURAMENTO PARA O GP DE MACAU TERMINA ESTE FIM-DE-SEMANA

Última chamadasegundo e último evento do Campeonato de Macau de Carros de Turismo (MTCS, na sigla inglesa) vão definir--se as entradas directas dos pilotos do território nas

corridas “Taça de Carros de Turismo de Macau” e “Macau Road Sport Chal-lenge”. Para muitos, este será o último fôlego e hipó-tese rumo à grande corrida.

Wong Wan Long, Leong Ian Veng e Cheong Chi On, por esta ordem, dominaram os acontecimentos nas duas pri-meiras corridas da categoria “Macau Roadsport Challen-ge” em Junho, naquela que não foi uma jornada de boa memória para os pilotos de matriz portuguesa na catego-ria. Hélder Assunção ocupa o sétimo lugar no campeonato e é o melhor posicionado dos lusófonos. O mês passado, Jerónimo Ba-daraco fez um 10º lugar na pri-meira corrida e Sérgio Lacerda foi 11º classifi-cado na segun-da, mas ambos precisam de um resultado no “Top-10” para assegura-rem a entrada no Grande Prémio por esta porta. Em pior lençóis estão o vetera-no Belmiro Aguiar e Filipe Souza. Este último teve imensos problemas no Suba-ru alugado em Hong Kong, mas o macaense não deverá preocupar-se muito com o resultado do fim-de-semana, pois o seu objectivo para o Grande Prémio de Macau é novamente a Corrida Guia. Entre os aflitos também se encontram Un Wai Kai, campeão da categoria em 2012, e os dois ex-pilotos de F3, Michael Ho e Lei Kit Meng. Na categoria “AAMC Challenge”, que este ano se apresentou com cara lavada

e um polémico regulamento técnico novo, a indefinição é maior. Um terceiro e um segundo lugar na ronda inaugural permitem a Álvaro Mourato qualificar-se para a grande prova de Novem-bro. Contudo, o piloto do Peugeot RCZ ainda pode vencer a competição liderada por Lui Man Kit, que soma dois triunfos. Graças a dois quintos lugares, Luciano La-

meiras também tem o apura-mento selado. Dos 29 concor-rentes, quinze regressarão à RAEM com o visto para o Grande Prémio no bolso. Hél-der Rosa e Rui Valente, déci-mo segundo e décimo tercei-

ro actualmente na tabela de pontos, jogarão uma cartada em importante. Esta jornada dupla será decisiva para Chou Keng Kuan, multi--vencedor do saudoso Troféu Hotel Fortuna e dominador da extinta categoria N2000 nos últimos anos, que teve uma passagem para esquecer pelo GIC em Junho, e Henry Ho, que foi desclassificado na jornada inaugural. As primeiras corridas das duas categorias decorrem na tar-de de Sábado, a partir das 16h10, enquanto as segundas mangas estão agendadas para domingo após as 12h30. Todas as quatro corridas são compostas por 15 voltas.

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Thomas Lim*

OS SEGREDOS DE UM ACTORCapítulo IV – Escolas de formação de actores e técnicas de representação

*actor e realizador

ARTE

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hoje macau sexta-feira 11.7.2014

ARTE

S, L

ETRA

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“As instituições de ensino são excelentes para estabelecer contactos, pois as relações aí cria-das com directores e realizadores podem acom-panhá-lo para toda a vida”

A S escolas de formação de actores são locais ideais para aprender as técnicas necessárias para quem quer

ter uma carreira de actor, ainda que a verdadeira formação seja obtida com a prática real. No entanto, as institui-ções de ensino são excelentes para es-tabelecer contactos, pois as relações aí criadas com directores e realizadores podem acompanhá-lo para toda a vida.

Estudei representação na Rose Bru-ford College de Londres, que é consi-derada como uma das cinco melhores universidades de Inglaterra na área. An-tes disso, já tinha trabalhado dois anos como actor profissional em Singapura, mas foi em Londres que me apercebi das diferenças e das questões a considerar antes de escolher uma escola.

A primeira coisa a ter em linha de conta é se é melhor estudar no seu país de residência ou no estrangeiro. Como

já referi, uma das principais vantagens de frequentar um estabelecimento de ensino é a rede de contactos que pode daí advir. Assim, pode ser mais vantajo-so estudar no local onde pretender vir a trabalhar. Uma boa escola de cinema ou de teatro está normalmente ligada à indústria local e convida profissionais do ramo para leccionar os seus cursos, proporcionando aos alunos contactos para uma futura carreira profissional.

No entanto, ao mesmo tempo, as técnicas aí ensinadas são aplicáveis ao país ou continente a que pertencem. No meu caso, aprendi em Londres mui-tas técnicas de representação europeias que, infelizmente, não eram apreciadas ou utilizadas por realizadores asiáticos. Ainda assim, estudar num continente diferente ajudou-me a identificar o meu lugar no circuito global e a desenvolver as técnicas necessárias para ter sucesso nos palcos internacionais. Frequentar uma boa escola na Europa ou nos Es-tados Unidos aumenta as hipóteses de obter audições na Ásia, sem as quais um actor não tem sequer oportunidade de mostrar o seu talento.

Para actores que pretendam traba-lhar no seu país de origem, pode ser melhor opção frequentar uma escola local, visto os professores poderem ajudá-lo a estabelecer contactos na in-dústria local. Aí também será mais fá-cil encontrar papéis apropriados à sua etnia, linguagem e competência pro-fissional, pois, de um modo geral, as personagens de um filme são baseadas em residentes locais. Se estiver a estu-dar no estrangeiro e aparecer uma vaga para um actor estrangeiro, aí terá ob-viamente menos competição da parte dos actores locais. Mas essas situações não ocorrem com frequência e dizem

respeito, normalmente, a papéis secun-dários.

Um outro problema a considerar é o custo dos cursos. Na minha opi-nião, as melhores escolas de cinema do mundo são a NYU Tisch School of the Arts, em Nova Iorque, e a USC Uni-versity of Southern Califórnia, em Los Angeles. Infelizmente são ambas muito caras e a maioria das pessoas não tem oportunidade de as poder frequentar.

Seja como for, o melhor sítio para se formar como actor é no ‘set’ de um filme, fazendo parte de uma produção real. Numa escola é tudo pré-planeado, não havendo possibilidade de lidar com os imprevistos e as pressões do mundo real. Há, por isso, muitos actores que obtêm grande sucesso nas escolas, mas depois não conseguem adaptar-se ao mercado de trabalho. É por isso que considero essencial um actor saber pre-parar-se bem para as audições e saber promover-se. Tópicos que continuare-mos a explorar nos capítulos seguintes.

“O MELHOR SÍTIO

PARA SE FORMAR COMO

ACTOR É NO ‘SET’

DE UM FILME, FAZENDO

PARTE DE UMA

PRODUÇÃO REAL.”

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hoje macau sexta-feira 11.7.201416 h

O primeiro japonês a visitar a Europa foi provavel-mente Bernardo, natural de Satsuma, mas para

a História ficaram os jovens nobres japoneses que integraram a primeira embaixada do Japão a Roma, organi-zada pelos dáimios (senhores feudais) cristãos sob proposta de Alexandre Valignano, S.J..

S. Francisco Xavier tinha aportado no dia 15 de Agosto de 1549 em Ka-goshima, Satsuma, no Japão. Quando deixou o Japão em 20 de Novembro de 1551 levou dois dos seus criados japoneses, que tinha convertido ao catolicismo. Um deles morreu em Goa e o outro, cujo nome de baptis-mo era Bernardo, natural de Satsuma, morreu em Coimbra.

Os comerciantes portugueses an-davam no Japão desde 1543 e a eles se juntaram desde 1549 os missioná-rios jesuítas, quando S. Francisco Xa-vier aí chegou. Depois, ano após ano,

José simões morais

UMA EMBAIXADA DO JAPÃO À EUROPA

o número de padres da Companhia de Jesus rapidamente aumentou e por isso, as suas actividades passaram a ser acompanhadas por um Visitador da Ordem, que periodicamente inspec-cionava as missões e redigia as cartas com as informações por ele recolhi-das directamente. Assim temos como Visitador das Missões do Oriente en-tre 1573 a 1606, Alexandre Valigna-no, S.J. que, durante a sua primeira es-tadia no Japão, fundou três seminários para a formação de um clero nativo: um em Arima, outro em Quioto e um

terceiro no Bungo onde, para além do colégio em Funai, deixou um novicia-do em Usuki.

Amigo dos missionários jesuítas, Oda Nobunaga (1534-1582) procura-va unificar o Japão, que estava dividido em 67 feudos e tinha como temíveis adversários os bonzos budistas, com os seus grupos armados e mosteiros bem fortificados. Talvez por isso, os missionários jesuítas contaram para os defender com Oda Nobunaga, que ti-nha começado por ser um dáimio e em 1573, como general e já fazendo uso

das espingardas introduzidas no Japão trinta anos antes pelos portugueses, marchou em direcção a Quioto para derrotar Ashikaga Yoshiaki (1537-1597). Este era o décimo quinto e úl-timo shogun do shogunato Ashikaga, que governou o Japão entre 1568 e 1573. Como o shogun Yoshiaki, em Quioto, não tinha nenhum poder, disperso pelos dáimios (senhores feu-dais), concedeu a Oda Nobunaga o título de Udaijin (grande ministro de Estado) e este tomou nas suas mãos os destinos do Japão. O Shogun Yoshiaki ficou como governante fantoche do shogunato, dando início ao período Azuchi-Momoyama. Assim, Oda No-bunaga, na tarefa de unificar o país, expulsou Yoshiaki para fora de Quio-to, mas manteve-o na posição nominal até 1588, apesar do shogunato Ashi-kaga ter sido abolido.

Wenceslau de Moraes no livro “Re-lance da História do Japão” fala-nos desse período escrevendo: “O que o

“AMIGO DOS MISSIONÁRIOS JESUÍTAS, ODA

NOBUNAGA (1534-1582) PROCURAVA UNIFICAR O

JAPÃO, QUE ESTAVA DIVIDIDO EM 67 FEUDOS E

TINHA COMO TEMÍVEIS ADVERSÁRIOS OS BONZOS

BUDISTAS”

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 11.7.2014

“...OS PADRES

TINHAM CONSIGO

UM PRETINHO, QUE

CAUSOU GRANDE

ESPANTO AOS

JAPONESES, POR NUNCA

TEREM VISTO UM

HOMEM ASSIM”WENCESLAU DE MORAES, EM “RELANCE DA HISTÓRIA DO JAPÃO”

Japão reclamava, havia longos anos, como condição indispensável para a sua existência, era que um braço de ferro se erguesse, esmagando, embora à custa de muito sangue, todas as pequeninas intri-gas, todas as mínimas ambições, reinte-grando as forças da pátria. E foi o que se fez, embora lentamente; e foram três os braços de ferro que se ergueram, em vez de um; o que não era demais, tendo em vista a gravidade da tarefa.

Nobunaga aparece em cena em primeiro lugar, auxiliado subsequente-mente por Hideyoshi e Iyeyasu, como seus generais. Órfão de pai aos quinze anos, inicia então a sua carreira, come-çando por alargar os escassos domínios que lhe couberam por herança. A ideia predominante, entre os vários dáimio poderosos, consistia então principal-mente em aproximarem-se de Kiôto, a capital, intimidarem com a sua pre-sença o xôgun Ashikaga Yoshiteru, ad-quirirem influência junto dele e conse-guirem que este legalizasse com o seu consentimento os actos de espoliação, feitos e por fazer, em próprio benefício, nos feudos de outros daimio. Nobuna-ga cuida de frustrar os intuitos daque-les daimio ambiciosos; indo, mais am-bicioso do que eles, ao seu encontro, agredindo-os, derrotando-os, apossan-do-se dos bens. E vai-o conseguindo, em sucessivas batalhas, brilhantemente ganhas; bastando dizer-se que, no fim da sua curta existência de quarenta e oito anos, das trinta e oito províncias em que então se dividia o império, trin-ta e duas haviam caído em seu poder.” Oda Nobunaga era temido por todos os senhores feudais.

“No entanto, em Kiôto, o xôgun Yoshiteru é atacado, na sua residência, por forças em revolta; suicida-se, na im-possibilidade de salvar-se. Nomeou-se uma criança de três anos para substituí--lo no poder; mas a sanção imperial foi recusada. Yoshiaki, irmão de Yoshiteru, pretende o lugar. Para o efeito, solicita a protecção de vários senhores feudais, que lha recusam; por último dirige-se a Nobunaga, que lha dá. Nobunaga en-tra em Kiôto com o seu protegido, que consegue elevar ao cargo de xôgun, reservando para si o cargo de vice--xôgun. Este Yoshiaki mostra-se dentro em pouco como um homem dissoluto, de maus propósitos; e, quando No-bunaga lhe reprova o procedimento, cuida então de obter de alguns dáimio poderosos que lhe dêem cabo do incó-modo protector. Nobunaga, informado do plano, depõe o xôgun do seu cargo e desterra-o.”

A ESCOLHA DOS EMBAIXADORES JAPONESES

O padre Valignano/Valegnani em 1581 foi recebido em Quioto por Oda

Nobunaga, que ficou muito impres-sionado tanto com a estatura do pa-dre (mais de seis pés de altura) como com o seu escravo negro, que lhe fora dado.

Sobre este escravo trazido do Cabo da Boa Esperança, Wenceslau de Mo-raes escreveu uma nota interessante: “...os padres tinham consigo um pretinho, que causou grande espanto aos japone-ses, por nunca terem visto um homem assim. O próprio Nobunaga quis vê-lo; duvidando de que fosse natural aque-la cor, mas sim efeito de pintura, en-quanto não se convenceu da verdade, mandando-o despir e raspando com as suas próprias unhas a pele do moço. Os padres fizeram-lhe presente do pre-tinho. Quando Nobunaga morreu e o seu corpo foi consumido no incêndio, com toda a gente que o acompanhava, só o pretinho encontrou artes de fugir,

correndo a refugiar-se em casa dos pa-dres, que era cerca.”

Nos finais de 1581, Valignano em Nagasáqui fazia o balanço com todos os missionários dos três anos (1579-1582) da sua primeira estadia no Japão como Visitador. Trocou por um novo o catecismo feito no Japão por S. Fran-cisco Xavier, que fora traduzido para japonês por Jandiro, este mais ade-quado à realidade social japonesa. Os jesuítas encontravam boas condições para prosseguir com a evangelização dos japoneses, contando com vários dáimio baptizados e outros como ami-gos, como era o caso de Oda Nobu-naga.

O Visitador Alexandre Valignano S.J., já no final da primeira estadia no Japão, ainda pôs em acção um plano para os japoneses enviarem uma em-baixada à Europa, a fim de visitar o Papa e dar aos jovens nobres japoneses de Kyushu uma visão da vivência oci-dental. Pretendia com isso, revelar na Europa os êxitos na conversão e con-seguir apoios mais fortes dos católicos para a Missão do Japão e através dos relatos dos embaixadores japoneses no seu país, dar a conhecer o deslumbran-te luxo cultural da vida do Ocidente e o seu poder civilizacional.

Os senhores feudais, dáimio de Bun-go, Otomo Yoshishige (1550-1562), o dáimio de Arima, D. Protásio Haruno-bu e o de Omura, D. Bartolomeu Sumi-tada, convertidos todos ao catolicismo, escutaram com grande receptividade a proposta do jesuíta Valignano do envio à Europa de uma embaixada japonesa. Assim, em nome destes dáimio se pre-pararam os emissários escolhidos den-tro das suas casas reais.

Tinham que ser jovens, com idades

compreendidas entre os 15 e 16 anos, pois eram estes quem melhor aguenta-vam as longas viagens por mar e a mu-dança de climas, assim como, vivendo largos anos perpetuariam por muito e longo tempo os seus testemunhos.

Para essa embaixada japonesa, ra-pidamente organizada, fora escolhido como representante do Bungo, Jeró-nimo Ito, um dos sobrinhos do seu grande e idoso amigo Sorin, chama-do Yoshishige quando foi Otomo de Bungo, que tinha ensinado a Valigna-no muito sobre a vida e a maneira de pensar japonesa. Como Jerónimo se encontrava no Seminário de Azuchi e não houve tempo de esperar por ele, foi assim substituído pelo seu primo, Mancio Itó Sukematsu, filho de Itó Shurinosuke, do dáimio de Fiunga e neto via materno do grande Otomo Yoshishige, (que fora amigo também do P. Francisco Xavier), dáimio de Bungo. Outro dos jovens escolhidos para embaixador foi Miguel Chijiwa Seizayemon, filho de D. João Chiji-wa Naokazu (governador de Takaku), um irmão de D. Bartolomeu (Senhor de Omura) e sendo Miguel também neto de Arima Haruzumi, era por isso representante dos dáimio de Arima (Protásio Harunobu) e de Omura (D. Bartolomeu Sumitada).

Para acompanhar os dois embaixa-dores outros dois jovens da aristocracia japonesa (filhos de vassalos de Omura, dois barões do Reino de Fizen), que iam como adidos: Julião Nakaura, fi-lho de um nobre senhor do castelo de Nakaura na península de Nishi-Sonogi e Martinho Hara Maruchino (ou Na-cazucara), filho do senhor duma forta-leza nos confins de Hirada e Omura, um dos principais vassalos de Omura. Como assistentes, seguiam os japone-ses Constantino Dourado e o irmão Jorge Loyola, S.J., assim como os pa-dres Diogo Mesquita e Valignano.

Oda Nobunaga

Page 18: Hoje Macau 11 JUL 2014 #3129

18 EVENTOS hoje macau sexta-feira 11.7.2014

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

OS SOBREVIVENTES (DE SÉRGIO GODINHO) • B Fachada (Minta/João Correia)Bernardo Fachada e Sérgio Godinho conhe-ceram-se pela melhor das razões: por uma canção. Sem grande parcimónia e ainda menos cerimónia, o primeiro tinha em meados de 2010 composto ‘Os Discos do Sérgio Godinho’, uma irónica e divertida vinheta que se referia metaforicamente à centralíssima importância do segundo na crónica moderna da música nacional. Sérgio Godinho reagiu ao mimo da

melhor e mais bem-humorada forma possível: não só fez chegar os parabéns a Fachada pela canção como se disponibilizou para, caso se propiciasse a ocasião, interpretá-la num dueto. Foi o que acabou por acontecer, primeiro a 26 de Maio de 2010, num “encontro improvável” patrocinado pela Nokia, filmado e transmitido em streaming no site da marca e posteriormen-te disponibilizado em plataformas gratuitas como o YouTube, e, depois, a 3 de Dezembro do mesmo ano, quando Fachada convidou

Godinho para uma actuação conjunta no cinema São Jorge, no âmbito do festival Super Bock em Stock. Meses depois, a preparar o lança-mento de “Mútuo Consentimento”, o disco de originais que celebrava igualmente os seus 40 anos de carreira, Godinho lembrou-se de que seria interessante desafiar músicos de outra (mais nova) geração a pegar nas canções do seu primeiro álbum e averiguar da sua eventual validade estética. Com a memória da recente colaboração com Bernardo e Francisca ainda

fresca, mencionou-lhes a ideia, colocando-os à vontade para sugerirem em que contexto tal se daria – num single para as rádios, numa aparição em concerto, numa versão num próximo disco de Fachada ou Minta, etc. Claro que não se fez a coisa por menos, e, convocando João Correia (fundador dos Julie & The Carjackers e baterista com experiência em variadas e excelentes bandas, da de Nancy Vieira à de Manuel Paulo), produziu-se uma versão integral do pioneiro LP.

RICARDO [email protected]

A mostra de Crystal Chan, ‘Living in the Memo-ries of the Future Self’ (Vivendo nas Memó-

rias do Meu Eu Futuro), inaugura hoje, pelas 18:00 horas, na Galeria da Livraria Portuguesa.

Em conversa com o Hoje Macau, a artista local confessou que é uma pessoa que “sente constantemente necessidade de mudança” e que “adora viajar”. Isto leva-a a conhecer muita gente e a ter de dizer muitos adeus, o que gera um misto de senti-mentos, entre a felicidade e a tristeza. E daí nasce o nome da mostra, a sua primeira a título individual.

Os cerca de 30 trabalhos que vai apresentar incluem esboços, aguare-las e pinturas - compostos na maior parte por retratos que são “memórias e expressões de sentimentos”. Crystal define o seu próprio estilo como “cru e muito impulsivo”, até “um pouco escuro”, que reflecte a imperfeição da natureza humana.

Apesar de ter sempre sentido uma fascínio pelas artes, foi sempre contrariada, “nunca fui encorajada a seguir a minha paixão”, sendo em vez disso pressionada pela família para “seguir uma carreira mais lucrativa”.

Isto levou-a a ir estudar design de interiores para Taiwan aos 18 anos, o que veio a revelar-se um fracasso. Ao tentar “conciliar a sua paixão pelas artes com a necessi-

Apreciação vocalsem barreiras Tendo como objectivo a promoção da arte vocal, a Associação Vocal de Macau apresenta o concerto “Bel Canto” na galeria da Fundação Rui Cunha, pelas 17:00 horas deste sábado. O concerto contará com a presença do barítono Lau Zi Wai e a soprano Lei Ji Lei, ambos formados pela Escola de Música do Conservatório de Macau. Vão ser interpretadas músicas como “Non t’accostarall’urna” de F. Schubert, “Torna, vezzosa Fillide” de V. Bellini, assim como Non t’amo più” e “In van preghi” de F. P. Tosti. De maneira a dar a conhecer ao público a história por detrás destas composições, a organização vai facilitar detalhes sobre as mesmas em chinês e em inglês. O evento está aberto ao público, tendo entrada livre.

Fogo de artifícioLusos dão corao céu de MacauOs portugueses Pyrofel são uma das dez equipas que este ano vão colorir o céu de Macau com espectáculos pirotécnicos no 26.º Concurso Internacional de fogo de artifício, entre 8 de Setembro e 1 de Outubro, foi ontem anunciado. Esta será a terceira vez que os Pyrofel - Pirotecnia, Lda participam no concurso, tendo vencido uma das edições. Além de Portugal, marcam presença no concurso equipas de Taiwan, China, Croácia, França, República da Coreia, Polónia, Austrália, Itália e Espanha. O concurso pirotécnico, que é promovido como um dos pontos altos do cartaz turístico de Macau nomeadamente em feiras de turismo e exposições na região e internacionais, vai decorrer nos dias 8, 13, 20 e 27 de Setembro, e 1 de Outubro, na zona ribeirinha em frente à Torre de Macau. “Ao longo das 25 edições passadas o evento tem logrado o apoio de companhias de fogo-de-artifício de renome, provenientes de várias partes do mundo, transformando o concurso num dos nossos principais eventos anuais, que todos os anos atrai milhares de visitantes e residentes,” disse a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes.

EXPOSIÇÃO RETRATOS DE CRYSTAL CHAN NA LIVRARIA PORTUGUESA

Entre o passado e o futuroA jovem artista de Macau mostra a partir de hoje os seus trabalhos na Livraria Portuguesa. São cerca de 30 obras, esboços, aguarelas e pinturas, que a própria define como “memórias e expressões de sentimentos”

“Nunca fui encorajada a seguir a minha paixão”

dade de encontrar uma carreira que a família aceitasse” acabou por escolher o curso errado, o que a levou a desistir dos estudos e das artes em geral. “Na altura prometi a mim mesmo nunca mais voltar a perder tempo com lides artísticas”,

adiantou. Mas foi durante esta viagem que descobriu o trabalho do artista austríaco Egon Schiele, por quem “se apaixonou imedia-tamente” e que veio a revelar-se como a sua maior inspiração.

REGRESSO À TERRADe volta a Macau inscreveu-se num curso de Gestão Hoteleira no Instituto de Formação Turística. Enquanto estudava, surgiu a opor-tunidade de fazer um intercâmbio na Grécia, onde passou seis me-ses, sempre “alimentando a sua enorme curiosidade”. Fruto das suas viagens pela Europa, acabou por editar um livro de fotografia - ‘Something About’ - em parceria com Wong Kei Cheong.

Uma vez acabado o curso aca-bou por ir trabalhar num casino local, mas “não se sentia realizada”. Nos últimos quatro anos “tem sido encorajada pelos amigos”, e voltou a investir na sua grande paixão pelo desenho. Participou em exposições colectivas organizadas pelo Festival Rota das Letras e pela AFA (Art for All Society). Foi com esta asso-ciação que realizou uma viagem a Nova Iorque no ano passado para participar na ‘Affordable Arts Fair’. Aí consegui vender um trabalho a um desconhecido completo, o que “achou maravilhoso” e a fez “acre-ditar no seu próprio talento”. Decide então apostar a sério nas artes, o que a levou a inscrever-se na School of Visual Arts de Nova Iorque, onde pretende estudar belas-artes “para aprender as bases”, visto ser na verdade uma auto-didacta.

Se conseguir recolher os fundos necessários tenciona partir para os Estados Unidos já em Setembro. Candidatou-se a uma bolsa do

Instituto Cultural, mas mesmo que a obtenha isso “cobrirá apenas um quinto das despesas”. Seja como for, Crystal não tenciona voltar a desistir dos seus sonhos, e acha que Nova Iorque será o local ideal para o fazer, visto ser uma cidade que “aprecia a criatividade e oferece liberdade para ser ela própria”.

A exposição está aberta diaria-mente entre as 11:00 e as 19:00 horas até ao dia 31 de Julho, tendo entrada livre.

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 33 HUM 70-95% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 11 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

Margaret Thatcher tomaposse como primeira-ministra de Inglaterra• Um dos grandes símbolos da emancipação política das mulheres, Margaret Thatcher tomou posse como primeira--ministra a 11 de Julho de 1979. A ‘Dama de Ferro’, crítica do projecto da União Europeia, foi eleita por três vezes para a chefia do governo britânico. Hoje, assinala-se também o Dia Mundial da População.Hoje é dia de recordar Margaret Hilda Thatcher, que nasceu em Lincolnshire, a 13 de Outubro de 1925. Estudou ciências químicas na Universidade de Oxford, mas destacou-se graças a uma carreira política invejável.E esse percurso iniciou-se bem cedo, nas eleições gerais de 1959 no Reino Unido, em que Thatcher foi eleita representante parlamentar pela região de Finchley. Viria a ser nomeada secretária do Departamento de Educação e Habilidades no executivo de Edward Heath, em 1970.Cinco anos mais tarde, é eleita líder do Partido Conservador, tornando-se na primeira mulher a liderar um dos principais partidos do Reino Unido. Em 1979, é eleita chefe do governo, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo. Nunca uma mulher fora chamada para ocupar o cargo, em toda a Europa.Margaret Thatcher morou no n.º 10 de Downing Street entre 1979 e 1990. Durante os seus mandatos, estava determi-nada em inverter o que considerava ser o declínio nacional de Inglaterra. Centrou a sua acção na desregulamentação do sector financeiro, flexibilizando o mercado de trabalho e privatizando as empresas estatais.Perdeu popularidade durante a recessão provocada pela crise do petróleo de 1979, mas a vitória britânica na Guerra das Malvinas e a recuperação económica ajudaram à sua reeleição, em 1983.Sobreviveu a uma tentativa de homicídio em 1984 e ganhou a alcunha de ‘Dama de Ferro’. Viria a ser reeleita para um terceiro mandato em 1987, mas sua visão crítica sobre a criação da União Europeia levou-a a perder o apoio do partido. Margaret Thatcher renuncia aos cargos de primeira-ministra e líder do partido em 1990.

C I N E M ACineteatro

hoje macau sexta-feira 11.7.2014 (F)UTILIDADES 19

TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION

Banco, para que te quero?Nestes últimos dias, tenho-me questionado bastante sobre a questão do furto de dados em multibancos. Não é que duas das pessoas que conheço receberam uma mensagem a dizer que tinham utilizado os cartões de débito em máquinas ATM com vírus? Sim, os criminosos – que nem eram de Macau nem nada – instalaram vírus para “adoentar” as máquinas multibanco e mais tarde conseguir levantar dinheiro que não é deles. Isto pôs-me a pensar: será então seguro deixar o dinheiro no banco, essa tão grande e poderosa instituição que (aparentemente) garante os ordenados, poupanças e depósitos? As pessoas andam aqui descansadas, a trabalhar e a dormir, pensando sempre que têm as suas pequenas fortunas amealhadas... Mas afinal não. Nem sempre e, pelos vistos, todo o cuidado é pouco. Voltaram os estilos de lifestyle ‘vintage’, ‘hipster’ e ‘pin-up’ e, pelo andar da coisa, voltaram também os tempos de se porem as poupanças debaixo do colchão. Vejamos pelo lado positivo: ficam todos com uma caminha mais confortável, mais alta e mais fofinha. A verdade é que todos têm medos e os piores são aqueles que não se conseguem controlar. Como o caso de um banco perder todo o nosso dinheiro, por exemplo. Nesse caso, treme-se por dentro, receando poder perder a casa por não conseguir pagar a renda, não conseguir comer... Numa última instância, é sempre o medo de morrer que guia os nossos receios – ouvi em qualquer lado, não me perguntem onde. Bem, embora um dos bancos afectados já tenha vindo confirmar que os problemas foram todos resolvidos e não há perigo de “contágio”, eu cá prefiro acho melhor que poupem pelo seguro e guardem tudo debaixo da mesa de cabeceira e do colchão... É que estas ATM constipadas dão cabo de nós.

SALA 1HUNGRY GHOST RITUAL [C]Um filme de: Nick CheungCom: Nick Cheung, Annie Liu, Carrie Ng14.30, 16.30, 19.30, 21.30

TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing14.30, 21.00

SALA 2TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing18.00

SALA 3HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [A](falado em cantonês)Um filme de: Dean DeBlois14.15, 16.00, 19.30

HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [3D] [A](falado em cantonês)Um filme de: Dean DeBlois17.45

TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing21.15

João Corvo fonte da inveja

A sombra da tua alma caminha ao lado da minha.

Vem de Singapura e canta muito em língua inglesa, mas ficou mais co-nhecida com o seu primeiro disco “A Girl Meets Bossanova”, estreado em 2005 e que a fez saltar para a fama no Japão. Foi quando participou no concurso de canto de Taiwan ‘One Million Star’ que Olivia Ong foi muito elogiada e saltou para a ribalta, tornando-se cantora profissional em Taiwan até agora. O disco com o mesmo nome - “Olivia” - traz músicas originais criadas pela cantora, como “You and me” e “ Bittersweet” e traz uma nova e mais fresca interpretação de canções populares dos anos 70 e 80, como “ I feel the earth move” e “ Luka”. - Flora Fong

OLIVIA ONG(OLIVIA, 2010)

U M D I S C O H O J E

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20 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 11.7.2014

O custo do capital aumentou com efeito, o qual arre-fecerá o investimento e permanecerá o esforço ao crescimento. Prevê-se, face ao futuro, que o crescimen-to mundial aumentará de 3 por cento em 2013 para 3,6 por cento em 2014 e 3,9 por cento em 2015, o que não

representa grandes alterações no referente às previsões de Outubro de 2013.

O crescimento aumentaria a aproximada-mente 2,25 por cento no biénio 2014 – 2015

O fantasma de nova crise global (Parte II)

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

“A recuperação mundial ainda é frágil, apesar da melhoria das perspectivas, mas continuam a existir antigos e novos riscos”

nas economias avançadas, ou seja, melhora cerca de 1 por cento em comparação com 2013. Os principais factores dessa mudança são a aplicação de políticas fiscais menos restritivas, com excepção do Japão, e a decisão de manter condições monetárias extremamente acomodatícias.

O crescimento mais forte registar-se--á nos Estados Unidos e será de cerca de 2,75 por cento. Prevê-se um crescimento positivo mas variável na zona euro; mais forte no seu núcleo e mais débil nos países com elevado nível de dívida (tanto pública como privada) e fragmentação financeira,

The Consequences of the Global Financial Crisis: The Rhetoric of Reform and Regulation Wyn Grant and Graham K. Wilson

factores que actuarão como fundamento para a procura interna. Quanto às economias dos mercados emergentes e em desenvolvi-mento, prevê-se que o crescimento crescerá lentamente de 4,7 por cento em 2013 para aproximadamente 5 por cento em 2014 e 5,25 por cento em 2015.

O crescimento será suportado pelo forta-lecimento da procura externa das economias avançadas, ainda que a degradação das condições financeiras abrandará o aumento da procura interna. A China, espera que o

crescimento se mantenha em cerca de 7,5 por cento em 2014, dado que o governa tenta arrefecer o crédito e promover reformas, assegurando ao mesmo tempo uma transição pausada para uma trajectória de crescimento mais equilibrada e sustentável.

A recuperação mundial ainda é frágil, apesar da melhoria das perspectivas, mas continuam a existir antigos e novos riscos quanto a uma possível queda, sendo de considerar os novos riscos geopolíticos surgidos. Quanto aos anti-gos riscos, os relacionados com as economias de mercados emergentes agravaram-se com a evolução das condições externas.

A normalização inesperadamente rápida da política monetária americana ou novas crepitações de forte aversão ao risco por parte dos investidores poderiam agravar a turbu-lência financeira. Isso poderia traduzir-se em difíceis ajustes em algumas economias de mercados emergentes, com um risco de contágio e tensão financeira generalizada, e portanto de contracção do crescimento. Nas economias avançadas, os riscos para a actividade relacionados com um nível de inflação muito baixo passaram a primeiro plano, especialmente na zona euro, onde as grandes quebras do PIB contribuíram para o baixo nível de inflação

O FMI previne sobre uma nova crise global, pois a desproporção que se observa em muitos países entre o salário médio e preço da habitação indica que o mundo parece estar próximo de outra crise imobiliária, com as consequências vividas da crise financeira internacional. O FMI acendeu uma luz amarela e publicou a 11 de Junho de 2014 um relatório cujos indicadores mostram uma aceleração nos preços globais da habitação, cujos altos níveis ameaçam a estabilidade económica do mundo.

O mais interessante é o relatório afirmar que embora os instrumentos para conter os preços das habitações não estejam comple-tamente desenvolvidos, isso não deveria ser usado como desculpa para a inacção. Os preços das habitações mantêm-se muito acima das médias históricas numa grande maioria de países em relação aos rendi-mentos e rendas. O novo índice de preços imobiliários globais do FMI mostra uma nova aceleração, com preços até 3,1 por cento no referente a 2013.

Os preços das habitações estão a subir de forma mais rápida nos mercados emer-gentes, com uma subida até 10 por cento no respeitante a 2013 nas Filipinas, 9 por cento na China e 7 por cento no Brasil. Com a re-cessão global, os bancos centrais reduziram as taxas de juros a mínimos históricos, o que elevou os preços das habitações a níveis que representam um risco significativo para economias tão diversas como as de Hong Kong e Israel. Mas a habitação também está acima da sua média histórica em países como a Austrália, Bélgica, Canadá, Reino Unido, Noruega e Suécia. Os governos devem tomar medidas imediatas para combater o perigo de criação de outra borbulha, ao qual nenhum país se encontra isento.

“The economic and financial instability that has rocked Europe and North America since 2008 has been a disaster for millions of people who have lost jobs, homes, and savings. Clearly in retrospect, governments were mistaken in this. Failures to regulate effectively

allowed financial institutions to build houses of cards that would soon collapse. Governments tolerated the creation of a bubble in the housing market sustained by vast amounts of easy credit, perhaps linked to global financial imbalances.”

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hoje macau sexta-feira 11.7.2014

A Associação Novo Macau mudou de direcção no dia 6 de Julho, e como um dos seus membros participei activamente na eleição dos novos corpos dirigentes, na esperança de poder ajudar na for-mação dos seus novos membros. No passado

presidi a esta associação e fui mesmo elei-to à Assembleia Legislativa através dela, situação que não consegui repetir neste ano.

Para os leitores que acompanharam este processo através do Facebook, certamente notaram que esta eleição foi marcada por uma luta renhida e por discursos empolga-dos, havendo mais pessoas a concorrer para os cargos. No passado não se realizavam ataques pessoais para angariar votos, e os membros que não compareciam em pessoa não tinham por hábito autorizar outros a votar por si. Porque motivo estão estas tácticas a ser agora utilizadas e quais são os problemas que a associação tem de enfrentar?

Eu próprio não me candidatei a nenhum lugar na nova direcção e decidi participar apenas para garantir que a associação conti-nuaria a ser liderada eficazmente. Em 2010, a

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertoPAUL CHAN WAI CHI*

Filosofias antiquadas na Novo Macauassociação decidiu passar a liderança para os seus membros mais novos. Quando fui presi-dente da direcção em 2007, já havia alertado para o facto de os corpos dirigentes já serem todos de idade avançada, especialmente os sócios fundadores, e que era necessário introduzir sangue novo na liderança. Na altura mencionei que se não fossem feitas alterações nos próximos 10 anos, corríamos o risco de não ter pessoal para continuar o projecto. Dizem que Roma não foi feita num dia, e da mesma maneira é preciso

tempo para preparar os membros mais novos para assumir a liderança de associação de uma maneira competente. Cabe assim aos membros mais velhos a responsabilidade de os apoiar e encorajar, sendo necessário ser tolerante para com estes.

Na eleição da terceira legislatura da As-sembleia Legislativa em 2009, a associação tentou garantir que os novos membros par-

ticipassem no processo. Quando se mudou a direcção em 2010, eu decidi abandonar o cargo de presidente para ceder o lugar a Jason Chao, conforme planeado. Nos últimos quatro anos, Jason trabalhou incessantemen-te nos projectos da associação e introduziu novas filosofias, tendo-se verificado grandes progressos. Apesar de não concordar sempre com a maneira como Jason lida com alguns assuntos, reconheço que conseguiu introdu-zir novos membros na associação e até um dinamismo novo na sociedade de Macau.

Estes membros mais jovens usaram ideias inovadoras para envolver a comuni-dade em movimentos sociais e para renovar a associação. Apesar disso, alguns membros da associação mostram-se relutantes em aceitar estas mudanças, preferindo reger-se por filosofias antiquadas e pela influência dos deputados da associação à Assembleia Legislativa. Estes membros ainda acham

que o desenvolvimento da associação devia seguir o modelo de ‘Democracy Salon’. Na realidade, esta diferença de teorias podia ser resolvida através de uma troca de ideias, mas é difícil convencer aqueles que estão habituados a estar nos corredores do poder a abandonar as suas convicções. Uma falta de comunicação e de tolerância acabou por gerar uma série de conflitos, rejeições e exclusões.

A eleição para a nova direcção teve lugar numa maré de disputas. A geração mais nova continua a liderar a associação e a desenvolver novas estratégias apesar de várias tentativas para os impedir. Continuarei a apoiá-los como membro da associação, contribuindo assim para a democracia e a construção de um novo Macau. Todos nós temos de enfrentar filosofias antiquadas durante o nosso desenvolvimento pessoal. Mais cedo ou mais tarde esta maneira de pensar tem que ser abandonada, de modo a ser mais pragmático e ultrapassar convicções irrealistas. É preciso abordar novas maneiras de fazer as coisas para ser capaz de construir um novo Macau.

“Todos nós temos de enfrentar filosofias antiquadas durante o nosso desenvolvimento pessoal. Mais cedo ou mais tarde esta maneira de pensar tem que ser abandonada...”

21 opinião

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22 opinião hoje macau sexta-feira 11.7.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

contramãoISABEL [email protected]

cartoon por Stephff

À boleia de Hong Kong e com um timing interessan-te, três movimentos pró--democracia anunciaram que vão fazer um referendo informal sobre o sistema político de Macau, a pro-pósito das eleições para o Chefe do Executivo. A notícia chega num momen-

to de invulgar formigueiro na vida política de Macau – a gente sabe que andam por aí movimentações, num lado e no outro, há um burburinho estranho no silêncio da cidade. Ele foi a manifestação de 25 de Maio, ele é a perseguição a académicos com pensamento político, ele é a ideia – nem sempre palpável – de que isto está a mudar e de o que vem a seguir poderá não ser melhor.

Os movimentos pró-democracia anun-ciam um referendo informal e cai o Carmo e a Trindade. O Governo pronuncia-se sobre o assunto. O Gabinete de Ligação também. Um e outro condenam a iniciativa, ouvem-se e lêem-se argumentos difíceis de compreen-der: o acto é ilegal, põe em causa o Estado de direito, a lei eleitoral, a Lei Básica e as disposições divinas. É em momentos como este que me apetece pensar que houve um mal-entendido qualquer, um problema de tradução. Mas não houve. O que me leva a pensar naquilo que não quero.

Não referendarás

Não vou entrar em considerações jurídicas sobre o referendo – já foram feitas por quem entende muito mais da matéria do que eu. A legalidade de um referendo informal – uma expressão que até há bem pouco tempo não

fazia parte do nosso léxico, mas que mais não é do que uma sondagem feita em moldes pouco comuns – não pode ser colocada em causa. Venha daí o jurista que me explique o contrário, que me explique os argumentos do Governo

O Governo de Macau age quando o melhor seria ficar à espera e fica à espera quando devia agir. Bem sei que existe a teoria do medo. Se a tese corresponder à verdade, então o caso é mais grave

daqui e do Governo Central, que gostava de conseguir compreendê-los. A secretária para a Administração e Justiça diz que quem sabe do assunto vai explicar por que não se pode utili-zar o termo “referendo”. Fico pacientemente à espera das fundamentações de tal proibição de ordem lexical.

O que me surpreende em tudo isto, mais uma vez – e viva o facto de ainda conseguir ser surpreendida – é o barulho todo que se cria, desnecessariamente, em torno de algo que poderia ser apenas aquilo que é, mas que ganhou desde já uma nova dimensão política. Ao tomar uma posição oficial sobre este re-ferendo informal, este referendo não oficial, este referendo de faz-de-conta, o Governo fez um favor aos movimentos que o promovem: a iniciativa ganhou espaço na imprensa, nos telejornais, na rádio. Um assunto que podia ter morrido logo ali, para ser ressuscitado apenas no final do próximo mês, passou a ser um tema bastante mais interessante.

O Governo de Macau age quando o me-lhor seria ficar à espera e fica à espera quando devia agir. Bem sei que existe a teoria do medo: a organização do referendo informal entende que, com esta tomada de posição, o Executivo pretende assustar eventuais par-ticipantes na votação marcada para Agosto, mesmo ali nas vésperas da real reeleição de Chui Sai On. Se a tese corresponder à verdade, então o caso é mais grave.

É certo que esta iniciativa dos pró--democratas é, desde já, um incómodo para quem governa Macau. A notícia multiplicou--se e o assunto ganhou espaço na imprensa internacional. Depois de Maio, é difícil fazer previsões sobre a adesão da população a este género de iniciativas, é difícil perceber até que ponto as pessoas estão dispostas a manifestar o que lhes vai na alma. É difícil dizer se este referendo informal vai ou não ser um problema acrescido para o Governo de Macau, para o segundo mandato de Chui Sai On. Mas o que o Governo de Macau não pode – ou não deve – é fazer as interpretações que lhe apetece, utilizar as palavras para tentar dar a volta ao texto, induzir em erro quem ainda o ouve. É de liberdade que se fala. É a liberdade que está em causa. E a Lei Básica, by the way.

Há alturas em que é mesmo melhor ficar à espera. Apesar do formigueiro que se sente e desse burburinho estranho.

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hoje macau sexta-feira 11.7.2014 23PERFIL

RITA LEITÃO, DESIGNER

“O BRILHO DOS CASINOS FASCINA-ME”

Rita Leitão é designer e saltou de Lisboa para Milão. Veio para Macau há um ano em regime de estágio para um ateliê de arquitectos e gostou do que viu. Confessa que a cidade pode ser um pouco sufocante mas isso é deixado para trás quando, à noite, as luzes se acendem

LEONOR SÁ [email protected]

R ITA trabalha, hoje, num dos maiores projectos de construção do território, o casino e hotel Parisian, estando tam-

bém envolvida na decoração do St. Regis, igualmente em construção. Antes do grande projecto no qual trabalha presentemente, a jovem portuguesa esteve, durante quase um

ano, a colaborar num ateliê de arquitectura de um profissional português. De certa forma - e embora tenha gostado bastante de parti-cipar nos vários projectos da empresa lusa -, admite que sente ter passado “da piscina dos pequeninos para a dos grandes”, quando olha para a grandiosidade dos projectos em que actualmente trabalha.

Sempre quis seguir Design de Interiores, mas foi só depois de acabar o secundário no Colégio Alemão, em Lisboa, que decidiu ir para fora. O bichinho do estrangeiro deu--lhe a volta e acabou por se inscrever num concurso artístico. Os concorrentes dos três primeiros lugares teriam direito a uma bolsa de estudo no Instituto Europeo di Design, na cidade italiana de Milão. “Na altura, pensei em ir para Londres e até me inscrevi em algumas faculdades, mas depois falaram-me de uma faculdade óptima em Milão. Fui lá passar um fim de semana para ver como era o ambiente e as instalações... E adorei”, explicou Rita ao HM.

Fez os três anos de licenciatura em Itália, onde depois ficou a estagiar num ateliê de de-sign durante quatro meses. A fluência na língua de Miguel Ângelo ficou pelo caminho, mas Rita não esquece nada assim tão facilmente. Lembra-se de grande parte do vocabulário e, se puxarem por ela, talvez consiga manter uma conversa sem trocar para inglês ou português.

Neste momento, está feliz com o que faz, mas admite que gostaria de continuar

os estudos em breve. “Fazer um mestrado em Gestão de Design, por exemplo”. Depois disso, nem a jovem designer sabe.

Rita diz-nos apenas que gostaria de continuar a viver fora de Portugal por mais uns tempos, desta vez optando por ficar pela Europa, para estar mais perto da família. “Macau é muito longe”.

Ao HM, Rita diz que, no ateliê onde tra-balhava, sentia que podia soltar mais o seu “lado artístico”, mas nem por isso as suas tarefas actuais deixam de lhe ser aprazíveis. “Ao trabalhar no Parisian, apercebi-me que a parte de gestão é também bastante engraçada, não fazia ideia de que este gosto existia. Gosto muito e por isso é que julgo que vou optar por fazer o mestrado na área de ‘Business’, uma vez que já sou licenciada em Design de Interiores”.

É que na verdade, o que Rita quer é poder ter “um leque muito maior de escolhas” no que diz respeito às actividades que pode desenvolver e tarefas que consegue cumprir. Um dos sonhos seria abrir, eventualmente, o seu próprio ateliê de design em Portugal. “Não sei se é isso que vai acontecer. Por outro lado - e agora que trabalho no Parisian -, também me vejo a colaborar no estrangeiro com uma multinacional, na equipa de design de interiores”, confessa ao HM.

Mas, Rita tem outro projecto, ainda que este seja mais pessoal. “Gostava de criar uma colecção de garrafas de [Absolut]

vodka porque acho que é uma garrafa gira e que toda a gente adora. Sempre que sai uma nova, há sempre alguém que compra, por mais cara que a garrafa às vezes seja. Confesso que eu própria já fiz isso.”

Na Ásia pela primeira vez, a jovem tem também o sonho de desenhar máquinas de café da marca Nespresso. “Para além de fazerem dos melhores cafés de sempre, já não são aqueles trambolhos de antigamente. Hoje em dia, consegue-se ter uma máquina na sala ou onde se quiser, precisamente por ser uma peça elegante”, diz.

Uma coisa é certa: tal como a grande maioria dos jovens, também Rita tem um futuro risonho à frente e depois de experien-ciar o modo de viver de Macau, confessa-se preparada para viver em qualquer lado. Gosta muito de Macau mas, ao contrário de muitos outros portugueses, o que mais a impressiona e fascina é “o brilho dos casi-nos”, nunca descurando o facto do território ter também zonas antigas bonitas. Na sua opinião, “estas casas em formato de gaiolas autênticas” deviam ser restauradas para dar, diz, outro aspecto à cidade.

Ao HM, não deixou de frisar a atenção que todos os dias a prende à zona do Cotai, onde trabalha, ajudando na edificação daque-le que será, muito provavelmente, uma das construções mais emblemáticas e marcantes do território. Quem diria que Macau teria uma Torre Eiffel?

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hoje macau sexta-feira 11.7.2014

L OURENÇO Aroso e Fre-derico Morgado vão ini-ciar hoje, ao final da tarde,

a aventura de fazer a travessia entre Macau e Hong Kong de bicicleta. A parcial falta de acessos para viaturas é um dos principais obstáculos, mas Lourenço assume que “calor, chuva e a barreira linguística” também são factores que po-dem dificultar a viagem.

“Desde que vim para Ma-cau [há cerca de dois anos] que queria fazer uma viagem do género, mas inicialmente tinha pensado em ir até Guan-gzhou”, contou Lourenço ao HM. Os dois amigos da cidade do Porto tinham já feito várias viagens do género,

Ryuichi Sakamoto Compositor japonês diagnosticado com cancroO conhecido compositor japonês Ryuichi Sakamoto padece de cancro na garganta, informou ontem a sua gravadora. Ryuichi Sakamoto, de 62 anos, é um dos mais respeitados pianistas e compositores do Japão, com um passado na música electrónica, em particular no projecto vanguardista do final da década de 1970 Yellow Magic Orchestra, que o catapultou para a fama. Em comunicado, citado pela agência AFP, o pianista pediu desculpa aos fãs por ter que fazer uma pausa, mas prometeu vencer a doença. “Fui diagnosticado com cancro na garganta em Junho e vou submeter-me de imediato a tratamento”, disse Sakamoto. “Peço profundas desculpas aos meus fãs e a todos os envolvidos nos meus projectos actuais por ter de tomar esta inevitável decisão”, declarou. “Tenho a certeza de que vou recuperar totalmente e depois regressar”, acrescentou o músico, que compõe com regularidade para cinema, mas é quase sempre referido pelo sucesso da banda sonora para “Merry Christmas, Mr. Lawrence” (1983), de Nagisa Oshima, que protagonizou ao lado de David Bowie. Sakamoto vai submeter-se a tratamento nos Estados Unidos, segundo indicou a sua filha Miu na sua página no Facebook.

Frederico (à direita) e Lourenço (segundo da esquerda) são os dois aventureiros

JOVENS VÃO DE BICICLETA DE MACAU ATÉ HONG KONG

“Vai ser uma aventura”

incluindo travessias entre a cidade nortenha e Santiago de Compostela ou Fátima. A ideia de ir até Hong Kong foi

primeiramente considerada uma “loucura”, mas depois de alguma ponderação e planea-mento, Lourenço e Frederico

consideraram-na exequível. Embora não levem qualquer equipa de apoio logístico ou médico, sabem que têm gente em Macau com quem podem contar, nomeadamente cole-gas chineses do hotel onde Frederico trabalha. “Já temos os contactos deles, se precisar-mos de comunicar com algum local a meio do caminho”, explicou o aventureiro.

Os dois tencionam per-correr os 250 quilómetros que separam as ilhas de Ma-cau e Central em dois dias e meio, partindo do território ao final do dia de hoje e vol-tando no domingo, de ferry. O planeamento da viagem foi essencialmente feito via Google Maps e a travessia será feita com “muitas garrafas de água, duas mudas de roupa, telemóveis e localizadores de GPS”, esclareceu um dos dois viajantes. - L.S.M.