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Kelvin Ho, director da segunda maior agência imobiliária de Macau, acha que o Governo não deve intervir no sector. Mais terrenos é a solução que preconiza para os actuais problemas. PUB Ter para ler REFERENDO POLÍTICA PÁGINA 5 Os sonhos e a realidade são coisas diferentes AGÊNCIA COMERCIAL PICO28721006 PUB Lei Heong Iok Presidente do IPM defende completa liberdade académica. Sem pressões nem limites à expressão. IMOBILÁRIO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 14 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3130 hojemacau NG DA A CARA ´ ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3 DESPORTO PÁGINA 12 SOCIEDADE PÁGINA 7 FUTEBOL DE MACAU Os melhores do ano PUB

Hoje Macau 14 JUL 2014 #3130

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Hoje Macau N.º3130 de 14 de Julho de 2014

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Kelvin Ho, director da segunda maior agência imobiliária de Macau, acha que o Governo não deve intervir no sector. Mais terrenos é a solução que preconiza para os actuais problemas.

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Ter para ler

REFERENDO

POLÍTICA PÁGINA 5

Os sonhos e a realidade são coisas diferentes

AGÊNCIA COMERCIAL PICO•28721006

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Lei Heong IokPresidente do IPM defende completa

liberdade académica. Sem pressões nem limites à expressão.

IMOBILÁRIO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 1 4 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 3 0

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ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3 DESPORTO PÁGINA 12 SOCIEDADE PÁGINA 7

FUTEBOL DE MACAUOs melhoresdo ano

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HOJE

MAC

AU

hoje macau segunda-feira 14.7.20142 ENTREVISTA

CECÍLIA L [email protected]

As medidas lançadas pelo Governo para controlar o mercado imobiliário afectaram as agências imobiliárias?Não foi só nos últimos dois meses, mas também durante todo o ano. O negócio caiu e foi muito baixo por causa das políticas do Governo. No que toca a ser um intermediário no negócio do imobiliário, é a sobrevivência do mais forte [que impera] e elimina--se os mais fracos. Quando o negócio enfraqueceu, há menos negócio para fazer e nem todos podem sair bene-ficiados.

Muitas agências imobi-liárias fecharam por não estar em edifícios comer-ciais, assim que a nova Lei de Mediação Imobiliária entrou em vigor. Como vê esta situação?Temos que ver que, antes, Macau tinha muitas “agên-cias imobiliárias” que não eram profissionais. São, por exemplo, comerciantes e pequenos empresários que têm outros tipos de negócio e fazem, a tempo parcial, a compra e venda de casas. Contudo, como hoje em dia o preço das habitações é tão alto, os clientes precisam de um serviço mais profissional, por exemplo, a ANZAC não ajuda apenas a procurar uma casa e a vender aos clientes,

KELVIN HO, DIRECTOR-EXECUTIVO DA AGÊNCIA IMOBILIÁRIA ANZAC MACAU

“Sem trabalhadores não-residentes, ninguém pensa em auto-formação”

mas analisa também a van-tagem e desvantagem das casas. As recomendações profissionais aos clientes são úteis. Seja como for, são necessárias algumas alterações e ajustes [à lei], porque, para as pequenas agências ou intermediários individuais, é muito devas-tador as consequências de ter uma agência num espaço que não é comercial.

Considera que as políticas lançadas pelo Governo es-tão a pressionar o mercado imobiliário?Absolutamente. A situação actual foi criada pelo Go-verno.

Contudo, por um lado, há queixas de que o Governo deveria intervir no merca-do, os residentes queixam--se de que o Governo não tem políticas eficazes para baixar o preço das casas privadas, como aconteceu em Hong Kong...O preço das casas em Hong Kong não caiu por causa das políticas do Governo. Macau e Hong Kong querem ambos estabilizar o mercado imobi-liário, porque antes houve um período em que o preço das casas privadas subiu muito rápido. Os governos queriam controlar os preços, a fim de combater a especulação. Mas, de facto, se o preço de habitação cair, não vai haver benefícios à maioria dos residentes. Sim, agora,

há um grupo de residentes a queixarem-se de que não conseguem comprar uma casa privada, mas a maioria dos residentes já têm casa própria e não os ouvimos queixarem--se de nada. A situação difere entre Hong Kong e Macau: [lá] há sempre oferta de terre-nos, há sempre prédios novos para oferecer no mercado. A oferta de terrenos aumentou sempre nos últimos anos. O que é preciso é apenas uma relação simples entre oferta e procura. Contudo, pelo con-trário, em Macau, o Governo

também lançou algumas polí-ticas, mas, ao mesmo tempo, também parou de construir prédios. Por isso é que é difícil fazer baixar os preços.

Acha que há alguma me-dida que o Governo possa tomar para resolver este problema?Todo o mercado considera que o Governo fez algo nega-tivo, quando este quis ajudar [com as novas políticas], porque queria controlar os preços, mas não emitia mais aprovação para obras de

construção. A procura ainda é sempre maior do que a oferta. Os residentes que não conse-guiram comprar uma casa há três anos, até hoje ainda não conseguem comprar uma casa. Por isso, o Governo implementou o “remédio” errado. Não é preciso mais nenhuma política para fazer uma intervenção no mercado imobiliário. O papel do Go-verno é apenas o de oferecer mais casas para os residentes que têm necessidades e deixar o mercado livre regular-se por si próprio.

Então, não são precisas ajudas do Governo para controlar o mercado imo-biliário, na sua opinião?Acho que o Governo não precisa de avançar com mais políticas de apoio para o mercado imobiliário, mas também não deve combatê--lo mais. É preciso deixar o mercado ter um desenvolvi-mento saudável. É preciso oferecer mais terrenos, ao mesmo tempo que se fazem aprovações [de obras] o mais rápido possível. É simples: a habitação pública pode ser construída mais rápido do que os prédios privados.

Mas os Serviços de Solos, Obras Públicas e Trans-portes responderam aos deputados que as aprova-ções estão a ser feitas mais rapidamente...Dizem isso da boca para fora. Além disso, também dizem que há mais cinco mil aparta-mentos que vão ficar prontos. Porém, sabe-se que a maioria destas fracções já foi vendida há três anos e, em dois anos, não vão ser muitas as fracções construídas. Ou seja, não há fracções novas no mercado. Os residentes de Macau vão ficar cada vez mais ricos e, se não há fracções para oferecer, o preço apenas pode subir, porque a procura é maior do que a oferta.

Como é o mercado de segunda mão e de arren-damento de casas?A procura de casa para arrendar é muito grande. Enquanto houver casas para arrendar, há sempre pessoas a procura-las. Mas, de novo, no mercado da compra e venda, há mais vendedores do que compradores.

E como avalia a situação das rendas, que estão cons-tantemente a subir? Não há solução para isso. A curto prazo, a renda não vai cair, porque o mercado em Macau já é muito mais barato

O director-executivo da agência imobiliária ANZAC, Kelvin Ho, assegura que o Governo não deve intervir no mercado imobiliário privado e pede mais terrenos para resolver os problemas actuais. O neto de Ho In e sobrinho de Edmundo Ho, analisa ainda as políticas, para referir, por exemplo, que quem discorda da importação de TNR não está a pensar bem

“Acho que o Governo não precisa de avançar com mais políticas de apoio para o mercado imobiliário, mas também não deve combatê-lo mais”

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3 entrevistahoje macau segunda-feira 14.7.2014

do que o de Hong Kong. A situação de Macau vai ser pior quando o preço por pé--quadrado subir, porque as áreas de habitação são maio-res do que as de Hong Kong.

O Governo lançou recente-mente a ideia de implemen-tar o Plano de Aquisição de Imóveis para Habitação por Residentes de Macau. Como avalia esta política? O Governo tem vários planos. Contudo, acho que o Governo não tem um plano claro para a habitação pública. Alguém disse que podemos apren-der com Singapura, onde a maioria dos residentes mora em habitação pública. Con-tudo, é preciso perceber que os residentes de Singapura precisam de pagar impos-tos muito altos. Mas, aqui em Macau os impostos são muito baixos. Se o Governo da RAEM é rico, então, tal-vez precisemos de aprender com o Dubai e oferecer casa a todos os residentes? Tudo isto precisa de ser analisado pelo Governo, de forma a haver uma política de ha-bitação a longo-prazo. Na minha opinião, e como sou do mercado privado, preferia que o Governo dividisse o mercado público e o privado. Tudo bem que, para ser um Governo responsável, tem a responsabilidade de dar um tecto aos residentes, mas isso não significa que tenha de dar uma casa a cada pessoa.

Há alguma medida que o Governo tenha lançado que, na sua opinião, precisa de ser cancelada?A política de proibir a venda de casa dois anos após a compra... o mercado já estava habituado. Se for para limitar aos estrangeiros a comprar casas, acho que têm razão em fazer isto, mas, nos outros países, não existe esta políti-ca. O Governo não deveria intervir no mercado livre. O que precisa de fazer é oferecer mais terrenos.

Mas o Governo queixa-se sempre que não há mais terrenos para oferecer.Depende da determinação do Governo. Claro não quere-mos danificar as montanhas de Coloane. Mas, acho que além dos novos aterros, na península de Macau ainda há muitos lugares. Os bairros antigos, por exemplo... há muitos prédios velhos e dani-ficados. São feios e perigosos. Se se reordenar essa zona, tornar os prédios em vários andares - para vinte e três an-dares -, já podem aproveitar o

espaço e aumentar três vezes o número de fracções.

Ou seja, seria uma maneira fácil de criar habitação, reconstruir os prédios an-tigos?Claro. O Governo pode in-centivar os proprietários das casas privadas a reconstruir os prédios antigos. Nem todos os prédios antigos são património e durante a época de chuvas vão causar muitos acidentes.

Está optimista quanto ao futuro do mercado imobi-liário?Estou cautelosamente opti-mista. Temos de expandir a nossa escala, porque temos de ocupar quota de mercado. Quando as pequenas agên-cias não conseguirem mais sobreviver, os funcionários podem vir [trabalhar] para a nossa agência. Se um nosso concorrente ficar forte, tam-bém não ficamos fracos.

Mas acha que há ainda um grande mercado para as agências imobiliárias de Macau?Sim, antes quando se pensava nas agências imobiliárias, pensava-se apenas na Cen-taline Property, Midland Realty e Ricacorp Proper-ties. Agora a nossa agência, ANZAC Macau, já ficou no segundo lugar nas estatísticas de Macau, quando o primeiro é a Centaline. Também so-mos a primeira agência com investimento local. Trabalha-va em Hong Kong, só há sete antes é que voltei a trabalhar em Macau. Quando voltei, a primeira coisa que tive de pensar foi em procurar uma casa em Macau. Mas foi-me sugerido procurar ajuda da Centaline. Senti-me estranho por, quando em Macau, ainda precisar de depender de uma agência de Hong Kong. Além disso, vi que o mercado de agente de intermediário não é muito especializado. Muitos intermediários apenas têm uma chave de casa de uma vizinha que precisa de vender a casa, mas ainda lhes falta um sistema de formação. Há cinco anos, consegui fundar a ANZAC Macau e, feliz-mente, conseguimos um bom negócio depois, por causa da prosperidade do mercado. Agora há mais agências de

Macau que foram fundadas ao mesmo tempo, o que é bom. Não estão a dizer não deixar as empresas de Hong Kong vir para Macau, mas podemos ver que, quando a economia não for boa, as sucursais das agências de Hong Kong vão fechar e despedir os empregados. Os patrões de Macau, contudo, vão sempre promover a eco-nomia de Macau.

Actualmente há quantos in-termediários na ANZAC?Há mais de 70, quando no mercado de Macau em geral há cerca de dez mil interme-diários. Investimos numa outra companhia de agência imobiliária neste ano e, no total temos cerca de 140 intermediários.

Falando mais na área po-lítica, apoia a importação dos trabalhadores não--residentes? Acho que a importação de trabalhadores é necessária. Aqui em Macau, já não há mais pessoas desempregadas. A população no desempre-go inclui as donas de casa. Para as pequenas e médias empresas (PME), se se não importar mais trabalhadores não-residentes, mais tarde dei-xar de haver PME. Ninguém quer trabalhar nas PME com um salário baixo, mas se se aumentar o salário, também não podem suportar.

Porque é que sente que os trabalhadores não-residen-tes são necessários? Os residentes tornam-se mui-to preguiçosos. Já é possível ver desemprego em pessoas de média idade. Eles não têm nenhuma capacidade profissional e para lavar louça ainda pedem 16 mil patacas por mês, só porque têm o BIR. Os que são contra a importação dos trabalha-dores não-residentes não pensam que, se esta situação se manter, nenhum residente vai pensar na auto-formação. Além disso, se não se tiver os trabalhadores-não residentes, como é que os trabalhadores locais são promovidos? Como Ambrose So disse antes, não é o não querer promover os residentes locais, mas quando os promover, quem vai fazer o trabalho deles?

Considera que o salário mínimo traz desvantagens, como se tem vindo a dizer?Acho que, quando se au-mentar o salário de alguns cargos, outros preços vão subir, por exemplo, o preço do condomínio. Tudo isso tem vantagens e desvanta-gens e o Governo precisa de pensar mais profundamente na situação.

Podemos concluir que vê que a mentalidade dos jovens ainda não é aberta, tem alguma sugestão para mudar isso?Não, não há solução para mudar. Precisam de ser eles próprios a entender que preci-sam de se auto-formarem. Só pensam nisso os que querem ter um desafio na sua carreira, ou, no caso de haver uma

situação que ninguém quer ver, quando a economia de Macau cair, quando o negócio dos casinos não correr bem. Sei que na minha vida não vamos, nem queremos, ver esta situação acontecer. O mundo em paz faz com que os residentes não pensam no perigo.

Pode haver jovens que não queiram a auto-formação, mas há muitos jovens que querem participar nas indústrias criativas e cul-turais ou que querem ser empreendedores. O Gover-no tem planos para isso...Este plano [para os jovens empreendedores] é inútil. Es-tas 300 mil patacas são muito fáceis de perder. Isso faz com que mais pessoas voltem a trabalhar nos cargos anterio-res que tinham. Os sonhos e a realidade são coisas diferen-tes. O Fundo das Indústrias Criativas e Culturais pode ajudar nalguns projectos, mas temos ver que, atrás de um designer de sucesso, por exemplo, há muitos outros que não conseguem ser um designer de sucesso.

Então, hoje em dia os jovens sem uma plataforma onde recorrer não conseguem obter sucesso?Muita gente pensa que tenho

mais recursos do que os outros, contudo, no início, a ANZAC tinha apenas cinco trabalhadores. Mesmo com a escala de agora, também falhamos em alguns outros sectores. Acho que o sucesso precisa de muitos elementos, tal como a visão política e o investimento. Quando começámos a fazer negócio de agência imobiliária, não havia mais ninguém que tinha coragem de participar neste mercado.

Recentemente há algumas notícias negativas sobre o seu tio, o antigo Chefe do Executivo Edmund Ho. Como comenta os artigos, são verdadeiros?Nunca acredito nas histórias da imprensa de Hong Kong (sorri). Se houve, de facto, qualquer problema, as au-toridades já teriam tomado acções. Além disso, a im-prensa de Hong Kong nunca é simpática para Macau.

Então como avalia o traba-lho dele no seu mandato, por exemplo, como a aber-tura do mercado do jogo?Nunca comentei sobre o antigo Chefe do Executivo. Contudo, acho que o Governo anterior tomou uma decisão muito inteligente. Mas tam-bém, era uma decisão que ti-nha de fazer, se não, não havia mais saída para a economia de Macau, naquela época.

Este ano vai ter lugar a elei-ção do Chefe do Executivo. Como avalia o trabalho do líder do Governo actual, pensa que vai ter mais candidatos a concorrer com ele?Por causa da minha família, conheço o Chefe do Executi-vo há muito tempo. Acho que ele é uma pessoa boa e fez o seu trabalho nos últimos cin-co anos. Não apenas eu, mas os democratas também dizem que, com este resultado do trabalho ainda não poder ser reeleito, não é possível então.

Mas depois da polémica do Regime de Garantias, já há vozes a pensar que a reeleição de Chui Sai On não é tão estável...Apenas vinte mil residentes estão contra... Mas, depois, acho que Chui também fez estas vozes baixar. Acho que, qualquer Governo que age, que [trabalha], pode cometer erros. Para mim, este Regime é racional, só que, no início, o Governo não auscultou qual seria a reacção do povo. Precisava de fazer consultas públicas sobre o Regime.

“Nunca acredito nas histórias da imprensa de Hong Kong”A PROPÓSITODAS NOTÍCIAS SOBRE EDMUND HO

“A situação de Macau vai ser pior quando o preço por pé-quadrado subir, porque as áreas de habitação são maiores do que as de Hong Kong”

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4 hoje macau segunda-feira 14.7.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

CECIL IA L [email protected]

“N ÃO é propaganda”, assegura Chui Sai On, “mas necessida-de”. É o que afirma o

Chefe do Executivo sobre o anún-cio da semana passada de virem a ser construídas mais habitações públicas nos novos aterros da Zona A, na Areia Preta.

O Governo decidiu reajustar o plano, permitindo quase o dobro das fracções públicas prometidas para a zona, mas Chui Sai On afirma que a intenção é responder ao aumento da procura destas habitações por parte da sociedade. Mesmo que o anúncio tenha sido feito dois meses antes das eleições para Chefe do Executivo.

“C OMO é que um apar-tamento T2 pode ser suficiente para uma

família com dois filhos ou mais?” A questão foi feita pela deputada Kwan Tsui Hang que, em declarações ao jornal Ou Mun, exigiu ao Governo que construa mais apartamentos T3 na zona A dos novos aterros.

As declarações surgem depois do Executivo ter avançado que nessa zona vão ser construídas 32 mil casas, sendo que 28 mil serão destinadas à habitação pública. (ver peça acima). Kwan Tsui Hang pede, por isso, um melhor planeamen-to, por comparação ao actual panorama da habitação pública, onde os T1 e T2 estão em maioria.

Comércio 149 áreas entre Macaue Guangdong liberalizadas

KWAN TSUI HANG MAIS T3 DE HABITAÇÃO PÚBLICA

Uma casa para a família

O Chefe do Executivo veio a público dizer que o aumento de fracções na Areia Preta é apenas uma medida que pretende ir de encontro às necessidades da população e que não tem nada a ver com as eleições que se aproximam

ATERROS CHUI SAI ON DIZ QUE SÃO PRECISAS MAIS CASAS PÚBLICAS

Isto “não é propaganda” “O Governo tem recebido,

ultimamente, muitas opiniões que apontam para um aumento da procura de habitação pública e as obras de aterro da Zona A vão ser as primeiras a fica prontas. Por isso, o Governo decidiu aumentar a quantidade de fracções de habi-tação pública, para dar resposta às necessidades da sociedade e da população em geral, em termos de habitação.”

Chui Sai On voltou a dizer que a aposta do Governo é nos recursos de terrenos, de forma a construir mais habitação pública.

Estavam 18 mil apartamentos previstos para os novos aterros, mas agora estão planeados 32 mil. Destes, 87,5% são de habitação pública.

PLANO BEM-VINDOA intervenção de Eddie Wong, arquitecto e membro do Conselho Executivo, não é, assegura ainda Chui Sai On, necessária no pro-jecto final, sendo que o arquitecto está apenas a prestar “sugestões profissionais”.

O plano reajustado do Governo está a causar boa impressão entre os deputados. Chan Meng Kam, por exemplo, já disse que, como a Zona A dos novos aterros é a maior, “é também a mais impor-tante” e este ajuste vai trazer “uma esperança” maior aos jovens que querem comprar casa.

“Já escrevi várias interpelações sobre o assunto, porque acompa-nhada com a construção do Ponte Hong Kong, Macau e Zhuhai, a

zona tem de ter uma imagem boa, se não, a imagem global não vai ser muito boa. Espero que o Governo conclua as obras o mais breve pos-

ZHAO Yufang, vice-go-vernadora da província de

Guangdong, garantiu que 149 áreas de comércio estabeleci-do entre esta região e Macau já se encontram totalmente liberalizadas. No âmbito de um seminário sobre liberaliza-ção do comércio entre as duas regiões, Zhao Yufang disse ainda que “há possibilidades de alargar e aprofundar o âmbito, bem como melhorar o sistema e mecanismo”, pode ler-se num comunicado oficial. Para este ano está pensada a “implementação da liberalização antecipada de comércio e serviços, de forma a que os efeitos positivos decorrentes dessa cooperação sejam maximizados, resul-tando num aperfeiçoamento e intensificação no domínio do comércio de serviços de Guangdong e Macau”, disse

ainda a vice-governadora da província.

Francis Tam, Secretário para a Economia e Finanças, frisou ainda “dar grande im-portância à liberalização do comércio de serviços entre Guangdong e Macau”, pre-tendendo “dar continuidade ao fomento da cooperação com Guangdong, de for-ma mais alargada, criando condições mais favoráveis para o desenvolvimento dos sectores”, lê-se no mesmo comunicado.

O seminário sobre a liberalização antecipada do comércio de serviços Guangdong-Macau foi or-ganizado pelos governos das duas regiões e realizou-se na sexta-feira, tendo contado com a presença de mais de 20 associações comerciais locais.

A deputada da Fede-ração das Associações de Operários de Macau (FAOM) referiu que o planeamento para a zona A corresponde a uma necessi-dade urgente da população no que diz respeito à ha-bitação. Kwan Tsui Hang lembrou, contudo, que a primeira parte das casas só deverá estar concluída em 2022 ou 2023. Apesar do atraso, o plano “trouxe esperança à população”.

Mas com mais casas T2, o plano dos novos aterros será apenas, na opinião da deputada, para satisfazer a procura de casa e não as reais necessidades. “Este não é um planeamento ideal, nem sequer é huma-no. As famílias com dois

filhos são o padrão, e o Governo tem de pensar nas necessidades reais da popu-lação”, disse ainda Kwan Tsui Hang ao Ou Mun.

A deputada lembrou ainda que o Governo não pode pensar que a cons-trução de casas públicas na zona A pode resolver o pro-blema da falta de habitação a curto prazo. Kwan Tsui Hang não concorda que

sejam arrendados terrenos na Ilha de Hengqin para a construção de mais prédios residenciais.

“Em Macau há terrenos, porque não se aproveitam os terrenos desocupados para construir mais habi-tação? Isso iria melhorar a gestão dos terrenos, e não era necessário gastar mais dinheiro a arrendar terrenos”, disse.

Também ao jornal Ou Mun, Wong Chung Yuen, vice-presidente da Asso-ciação de Arquitectos de Macau, lembrou que, em relação às casas nos novos aterros, há que ter em conta o planeamento do trânsito, incluindo a criação de espa-ços necessários e possíveis ligações subterrâneas à península. O especialista prevê que a zona A seja visitada por muitos turistas, uma vez que estará perto da nova ponte Hong Kong – Macau – Zhuhai. - F.F.

sível, porque é muito importante para o futuro de Macau. A meu ver, pode haver mais ou menos 80 mil residentes que vivam lá, por isso é muito importante, especialmente para os residentes que ainda não adquiriram casas.”

Au Kam San partilha da mesma opinião. O deputado democrata diz aceitar o novo plano, desde que este consiga “cumprir com a promessa” o mais cedo possível e mantenha as fracções privadas garantidas para os residentes de Macau.

A interligação dos novos ater-ros com os bairros antigos – que o Governo pretende reordenar - é ainda dada como sugestão por outros dois membros do hemiciclo.

Lau Veng Seng, por exemplo, considera que o número de novas fracções apresentadas pelo Exe-cutivo mostra que o Governo tem uma “resposta activa às grandes necessidades da população”. Algo que o deputado assegura saber, por ser do sector imobi-liário. “Já expressei que Macau tem muita falta de terrenos e já esgotamos os espaços para construir habitação.

A Zona A é maior e aproxima--se da zona norte, que tem mais pessoas. Também é perto da ilha artificial, da Ponte Hong Kong, Macau e Zhuhai. Esta grande zona para construir habitação vai beneficiar também a população, por trazer mais vantagens”, disse Lau Veng Seng que, à semelhança de Zheng Anting considera que as casas nos novos aterros podem vir a albergar as pessoas que moram nos bairros antigos, quando estes estiverem a ser reconstruídos e até à sua conclusão.

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5 políticahoje macau segunda-feira 14.7.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

FLORA [email protected]

O deputado e figura his-tórica da Associação Novo Macau (ANM) defendeu, num fórum

realizado no sábado, a realização do “referendo civil”, convocado por outras associações. O fórum, organizado pela Comissão do Refe-rendo Civil (CRC) para a eleição do Chefe do Executivo, perto do Mer-cado Vermelho, esteve a meio-gás por ter poucos participantes, pouco mais que uma dezena. Contudo, acabou por ter relevância política porque marca a posição de Ng Kuok Cheong e da sua associação em relação ao evento.

O deputado à Assembleia Le-gislativa (AL) começou por referir que a realização de um referendo não oficial “não é uma coisa rara no mundo”, sendo “uma forma de recolher opiniões e para a popula-ção poder expressar as suas ideias”.

“Trata-se de uma eleição civil, e as três associações organizadoras já disseram que o referendo não é obrigatório, não envolve nenhuma actividade ilegal nem vai influen-ciar os resultados nem o processo de eleição do Chefe do Executivo. Em Macau não existe nenhuma lei que impeça este tipo de expressão de opiniões”, disse o deputado, fundador da ANM.

E RA quem faltava pro-nunciar-se sobre o re-ferendo: Chui Sai On,

Chefe do Executivo, disse, na sexta-feira, que o referen-do não-oficial que está a ser levado a cabo pela Macau Consciência, Associação Juventude Dinâmica de Macau e Sociedade Aberta de Macau é “ilegal” e “viola a Lei Básica”.

Chui garantiu que o Governo estaria totalmente disponível para ouvir as opiniões dos residentes, mas que estas têm de ser “manifestadas por meios pacíficos e legais”.

O líder do Governo diz que ainda não é hora de julgar se os actos são ou não legais “porque estes

Ng Kuok Cheong veio no sábado abençoar o referendo de Jason Chao. E, no processo, colar a sua associação e a sua reputação à iniciativa

FUNDADOR DA ANM APOIA REFERENDO

A bênção de Ng

“ACTIVISMO NÃO É UMA ACTIVIDADE LUCRATIVA”

GOVERNO DIZ QUE REFERENDO VIOLA CONSTITUIÇÃO DA RPC

“Devemos dar graças” à China

“A população tem o direito a expressar-se e, com o desenvolvi-mento de Macau, queremos esco-lher se se deve manter um sistema eleitoral com base num círculo fechado ou se devemos avançar para o sufrágio universal. Acho que esta possibilidade de escolha

é significativa para a população de Macau porque, se escolher o sufrá-gio, devemos avançar já próxima eleição do Chefe do Executivo (2019)”, disse ainda.

Ng Kuok Cheong falou ainda de um “referendo” realizado pela ANM em 2012, quando do pro-

ainda não aconteceram”, mas admite que as entidades judiciais poderão ter de se envolver.

Mas Chui Sai On não é o único. Também Alexis Tam, Chefe do Gabinete de Chui Sai On e porta-voz do Governo, voltou a reiterar que o Executivo se opõe firmemente ao “referendo do povo” e apelou à população para “ter em apreço a con-juntura estável e harmoniosa de Macau”.

Alexis Tam utilizou o anúncio da mais recente

Reunião Ministerial do Tu-rismo da APEC, para alertar a população. “A China é uma das economias-membro da APEC, mas Macau não é. Assim, devemos dar graças por termos a oportunidade de organizar uma reunião internacional de tão grande envergadura, só possível com a delegação de poderes e o forte apoio do país.”

Chui Sai On deixou tam-bém um alerta à população: que esta “respeite e cumpra a metodologia de eleição definida na Lei Básica” e

que manifeste as suas opi-niões ao Governo através das “diferentes formas e canais” que o Governo providencia.

“De acordo com a Lei Básica, Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo e instruções da Comissão de Assuntos Eleitorais do Che-fe do Executivo, são claros o conteúdo e procedimentos do regime eleitoral do Chefe do Executivo de Macau ac-tualmente em vigor, pelo que o dito ‘referendo do povo’ constitui uma violação à Lei

Básica e ao regime legal em vigor”, frisou Chui.

Alexis Tam também pediu que a sociedade pon-dere sobre a harmonia de Macau, salientando até que a posição do Governo face ao referendo visa defender a conjuntura estável e harmo-niosa do território, porque o “desenvolvimento de Macau alcançado durante 15 anos após o regresso à Pátria não foi fácil”.

O porta-voz assegura que o referendo viola não só a Lei Básica, como a própria

Constituição chinesa, “que é omissa sobre o referendo”. Assim, diz, “qualquer grupo ou individualidade que ten-cione organizar o alegado referendo do povo significa que vai contra a Constituição nacional.”

O Chefe do Executivo concorda e diz que, além do método actual para eleger o líder do Governo, tudo o resto são “desvios sem base legal”.

“Desvios” que Alexis Tam aponta como sendo um acto de desafio ao Re-gime Eleitoral e à eleição do 4º Chefe do Executivo da RAEM. “Ninguém pode alterar tal regime através de um referendo do povo”, sublinhou. - J.F.

cesso de reforma política, frisando que não existe ilegalidade nesta iniciativa.

“Esta actividade é boa para as pessoas que têm falta de co-nhecimentos sobre a política em democracia, sejam residentes ou membros do Governo. Quando uma pessoa não conhece bem o sistema, diz que é algo ilegal. Mas asseguro que este referendo não tem nada de ilegal e até é uma forma de desobediência social”, concluiu Ng Kuok Cheong.

Durante a semana passada, por ocasião da eleição do novo presi-dente da ANM, emergiu alguma dissidência no seio da associação entre os “conservadores”, alega-damente ligados a Au Kam San e Ng Kuok Cheong, e os “radicais”, liderados por Jason Chao e Bill Chou, cujos métodos de acção nem sempre agradariam aos primeiros. Isto para além de estarem sepa-rados por questões fracturantes, como o casamento gay.

É por isso entendido como relevante que Ng Kuok Cheong tenha surgido ao lado de Jason Chao na questão do “referendo civil”, eventualmente garantindo o apoio de todas as franjas da ANM à iniciativa.

O EFEITO POLÍTICO, DIZ CHAOJá antes do começo do fórum, Jason Chao tinha comentado as declarações do Governo que, através do seu porta-voz, Alexis Tam, fez saber que considera o referendo ilegal. O presidente da Macau Consciência pediu para o

Executivo mostrar as provas dessa ilegalidade, frisando que na Lei Bá-sica não existem referências de que esta medida possa ir contra a lei.

“Apesar do referendo não ter efeito legal, tem um efeito político. Posso dizer que as frases de Alexis Tam são como uma intimidação verbal para nós. Se o Governo encontra algum tipo de ilegalida-de na nossa acção, que nos diga directamente, e que pare com este tipo de intimidação verbal”, disse Jason Chao.

Na fase de perguntas e res-postas apenas dois jovens levan-taram questões. Scott Chiang, vice-presidente da ANM, disse que os residentes têm o direito a esforçar-se e a expressarem as suas ideias, frisando que, desta forma, a sociedade será melhor no futuro e isso irá levar a uma educação das próximas gerações.

Uma jovem lembrou que os adolescentes com 16 anos talvez não tenham suficiente consciência política para participarem neste re-ferendo, porque as escolas ensinam coisas básicas. A mesma jovem espera que as escolas melhorem a educação a nível político.

O ex-presidente da ANM, Jason Chao, foi questionado sobre as recentes declarações de Virgínia Cheang Mio San (mulher de Au Kam San, deputado e membro da direcção da ANM), que falou da possibilidade de uma mudança mais “radical” na ANM. Jason Chao frisou apenas

que o grupo Macau Consciência não pretende ter lucros ou benefícios com as actividades que faz, muito menos ter poder dentro da ANM. “Respeito o seu ponto de vista, mas tenho de clarificar a minha posição: o activismo não é uma actividade lucrativa e é apenas para beneficiar a

sociedade.” Em relação à continuação do financiamento da revista Macau Consciência por parte da ANM, Jason Chao não quis comentar. “Isso depende do presidente da direcção da ANM. Já não sou mais membro da direcção e não tenho autoridade para comentar isso.”

“Acho que esta possibilidade de escolha é significativa para a população de Macau porque, se escolher o sufrágio, devemos avançar já próxima eleição do Chefe do Executivo (2019)”NG KUOK CHEONG Deputadoe fundador da ANM

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hoje macau segunda-feira 14.7.20146 SOCIEDADE

JOANA [email protected]

CECÍLIA L [email protected]

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Pú-blicas e Transportes (DSSOPT) e a Wynn

dizem não ter conhecimento da investigação que está a ser levada a cabo pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre a concessão do terreno da operadora no Cotai.

Numa resposta ao HM, a em-presa assegura que não recebeu qualquer pedido de informação sobre o caso. Se tal vier a aconte-cer, admite a Wynn, irá fornecer todas as informações necessárias e colaborar no que for preciso para com o CCAC.

Foi na quinta-feira – após a União Internacional de Enge-

Q UASE quatro de-zenas de pessoas colocaram termo à

vida nos primeiros seis meses deste ano, número inferior ao período homólogo de 2013 que atingiu os 42 mortos.

Até ao início do presente mês, 37 pessoas comete-ram suicídio em Macau. As razões nem sempre são conhecidas, mas como tem sido constante, uma grande parte deriva do problemas de saúde, nomeadamente, depressão e jogo, como contou ao HM um porta-voz da Polícia Judiciária (PJ).

O género masculino é o que se destaca nesta fatalida-de, sendo que mais de 75% das vítimas são homens. “Nos primeiros seis meses do ano 28 homens suicida-ram-se”, informa, contras-tando com um número bem reduzido de mulheres, nove.

As vítimas entre os 50 e 70 anos estão em maior nú-

MP Dois homens detidos por tráfico de droga e rouboDois homens ficarão em prisão preventiva por crimes de tráfico de droga e de roubo, respectivamente. Em comunicado à imprensa o Ministério Público explica que o primeiro caso remota para o início do presente mês, em que depois de uma investigação foram capturados 96 gramas de Ketamina, na residência do suspeito. O episódio envolvia mais duas pessoas, em que uma confessou ter comprado a substância ao suspeito para consumo próprio e a outra disse não saber nada sobre a droga encontrada no apartamento. O segundo caso refere-se ao roubo de um telemóvel, no valor de cinco mil patacas, segundo o comunicado, a um estudante universitário local de 19 anos. A vitima foi assaltada na zona perto do Tap Seac no dia 15 de Junho, tendo o suspeito conseguido fugir. “Depois de examinadas as imagens captadas pelas câmaras de vigilância e por ajuda da testemunha ocular”, a polícia conseguiu identificar o suspeito interceptando-o no dia 2 de Julho. Os suspeitos aguardam agora o julgamento no Estabelecimento Prisional de Macau.

WYNN EMPRESA E DSSOPT “NÃO SABEM” DE INVESTIGAÇÃO DE CCAC

O telefone não tocou

SUICÍDIOS NÚMEROS INDICAM DIMINUIÇÃO

O desespero fatal

nheiros Operacionais do Nevada (IUOE, na sigla inglesa) ter lança-do a suspeita – que Vasco Fong, comissário do CCAC, disse que o caso estava a ser investigado. Caso que diz respeito ao alega-do pagamento de 50 milhões de dólares americanos que a Wynn terá feito a um grupo de Pequim para ficar com o terreno no Cotai, porque o terreno já estaria prome-tido à Tien Chao, uma empresa da China.

A DSSOPT negou ter sequer ouvido o nome da Tien Chao e assegura que a Wynn recebeu a concessão de forma legal e através da Palo Alto Real Estate, de acordo com o que está no Boletim Oficial. Um dia depois do comunicado das Obras Públicas, Vasco Fong diz investigar o caso. No dia seguin-te, a mesma resposta das Obras Públicas. “As autoridades não receberam nenhumas informações sobre a Companhia de Diversões e Investimento Tien Chiao”, disse Wong Chan Tong, Chefe do Gabi-nete do Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Lau Si Io. O responsável negou que o CCAC tenha contactado com o gabinete ou avisado da investigação.

Lau Si Io não comenta sequer o

caso, mas faz suas as palavras trazi-das pelo comunicado da DSSOPT.

FAMÍLIAS INFLUENTES A IUOE é accionista da Wynn e diz ter já começado a investigar transacções. “A Wynn Resorts teve

de negociar com o grupo de Ho Ho para obter os seus próprios direitos de desenvolvimento do terreno”, escreveu a União em duas cartas enviadas ao Governo de Macau.

No entanto, a IUOE cita notí-cias que dão conta que “o compro-

misso entre Tien Chiao e o Governo nunca foi oficial” e que não se foi “capaz de localizar registos que indiquem que a terra foi alguma vez propriedade” da empresa.

Em 2012, o Wall Street Journal dava conta que o negócio – feito de acordo com as Leis Anti-Cor-rupção dos EUA, de acordo com Steve Wynn – teria sido sugerido anos antes pelo então Chefe do Executivo, Edmund Ho. “O ne-gócio foi pago a uma empresa de Macau com ligações a uma de um associado de Ho e a membros de famílias influentes de Pequim”, dizia o jornal.

Foi a própria Wynn Resorts quem deu a conhecer o negócio em 2009. Steve Wynn disse estar a “chatear” o líder do Governo para conseguir um terreno no território e declarou que Edmund Ho “é que lhe falou num lote que tinha sido reservado para um indivíduo da China” continental. “O senhor Ho descreveu este indivíduo e os seus associados como sendo de famílias influentes de Pequim”, diz o Wall Street, citando Steve Wynn.

A Tien Chao será detida em 90% por estes homens de Pequim, Ho Ho e Zhang Luchuan, e 10% por uma empresa que pertence a José Cheong, de Macau.

O novo resort da Wynn no Cotai está agendado para abrir em 2016. A empresa assegura ainda não estar preocupada com atrasos nas obras de construção que esta investiga-ção poderia causar, por acreditar que isso não vai acontecer.

Táxis DSAT e PSP aliam forças para combater infracçõesA Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) e a PSP vão apertar o certo às infracções cometidas por taxistas. A informação surgiu em comunicado das duas entidades, que prometem aumentar o número de fiscais e de operações de inspecção. Deram início, na passada quinta-feira, a operações de combate em várias paragens de táxi, nomeadamente no ZAPE, postos fronteiriços e zona do Cotai. O mesmo documento diz ainda que, no primeiro semestre deste ano, as operações conjuntas da PSP e da DSAT serviram para detectar quase 400 casos de infracção por parte de taxistas do território, com a cobrança abusiva de tarifas e a recusa de transporte de passageiros a encabeçarem a lista de má conduta. Foram ainda detectados casos de não colocação ou colocação inadequada da carteira profissional e outro tipo de infracções. Até quinta-feira passada, os dados apontam para cerca de 300 infractores multados pelas infracções mencionadas e outras relacionadas com a Lei do Trânsito Rodoviário. O diploma actual prevê uma multa de mil patacas para os taxistas que se recusarem a transportar passageiros ou cobrarem uma tarifa mais elevada do que a estipulada, mas na semana passada, a PSP anunciou que tenciona aumentar o valor das multas até 5000 patacas e colocar agentes à paisana disfarçados de clientes. - L.S.M.

O CCAC diz estar a investigar o caso, mas nem a DSSOPT, nem a empresa sabem disso. A Wynn já disse estar disposta a colaborar no que for preciso

37casos no 1ºsemestre de 2014

mero, apresentando um total de 14 mortos, seguindo-se as idades entre 30 a 49 com 11 casos, nove com idade inferior a 29 e três com mais de 70.

Em 2013 foram regis-tados 58 casos, sendo que destes, 42 tiveram lugar apenas nos primeiros seis meses do ano, tendo sido os jovens entre os 25 e os 34 anos as maiores vítimas. Nesse mesmo ano percebeu-se que o número de chamadas na linha de apoio da instituição Caritas aumentou devido a problemas emocionais, no-meadamente, a solidão.

Apesar disso, segundo da-dos públicos, 2011 foi o pior ano, registando 81 suicídios. A relevância para os dados, desta feita, é atribuída pelo Instituto de Acção Social (IAS) ainda que recorrendo às informações disponibiliza-das pelo Gabinete do Coor-denador da Segurança, ao informar que 14.7 pessoas em 100 mil cometeram suicídio em 2011 “o que levantou o alerta de alto risco, sugerida pela Organização Mundial de Saúde”.

No que respeita à nacio-nalidade a PJ informou que 33 dos casos eram naturais de Macau, dois da China Continental e dois da Coreia do Sul e Suécia, respectiva-mente. Os dados disponibi-lizados pela força policial indicam que as duas formas mais comuns da prática do suicídio no território são a queda de edifícios (14 pes-soas) e o enforcamento (11), seguindo-se o afogamento, queima por carvão e corte das veias.

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7 sociedadehoje macau segunda-feira 14.7.2014

O presidente do Insti-tuto Politécnico de Macau (IPM) ga-rantiu que não existe

qualquer tipo de pressão sobre o pessoal docente, depois dos casos de demissão e suspensão ocorridos na Universidade de São José (USJ) e Universidade de Macau (UM).

“No campus do IPM não existe esta pressão. Quanto a outras instituições não faço comentários, mas cá garanto essa liberdade aca-démica. Alguns professores fazem comentários sobre a politica local e nunca proibimos ou tomámos me-

LEONOR SÁ [email protected]

O comité de avaliação dos Prémios de Ciência e Tec-nologia de Macau 2014

considerou que a Universidade de Macau (UM) atingiu um nível de reconhecimento internacional nas áreas da Medicina Chinesa e da Microelectrónica, para além de ter também bons resultados na área de pesquisa de protecção ambiental. De acordo com o jornal Macau Daily News, a UM foi nomeada para mais de dez prémios este ano, nas categorias

Reclusos Finalistas completam ensino na prisão Terminou o ano lectivo 2013-2014 no Estabelecimento Prisional masculino de Macau (EPM). A cerimónia que decorreu na passada sexta-feira contou com a participação de 73 alunos que concluíram o ensino recorrente primário e 99 o secundário, perfazendo um total de 172 alunos finalistas. Os cursos, que funcionam desde 1993, são uma “forma de encorajar os reclusos a aperfeiçoarem-se ou a adquirirem técnica nas respectivas áreas de trabalho, como preparação para a futura reinserção social”, explica a direcção em comunicado. Contando com a colaboração da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), o EPM tem organizado momentos recreativos no sentido de “despertar a atenção dos cidadãos em relação aos reclusos”, exemplo disso foi a exposição de artesanato “Amar a Sociedade. A próxima actividade, agendada para os dias 18 e 19 de Julho no átrio do Fórum de Macau, intitula-se “Exposição de Artesanato dos Reclusos”em que os reclusos terão a oportunidade de expor ao público artefactos confeccionados pelos menos.

Chumbos Sociedade está dividida

A Associação de Educação de Ma-cau e a Universidade Normal do

Sul da China de Xangai realizaram um inquérito sobre o sistema de chumbos de Macau.

O resultado mostra que metade de 3000 entrevistados concordam em manter o regime de reprovação. Os especialistas de educação consideram que o Governo não deve eliminar o regime de reprovação sem que haja o consenso das escolas, professores, alunos e pais.

O chefe do departamento acadé-mico da Associação de Educação de Macau, Chan Chi Fong, o professor da Universidade Normal do Sul da China, Yan Guangcai e outros especialistas publicaram na sexta-feira o resultado do inquérito efectuado.

Foram entrevistados estudantes, professores e pais de 14 escolas locais tendo sido recolhidos 3000 questionários. O inquérito revela que 50% dos professores, 35% dos estu-dantes, e 47% dos pais entrevistados concordam em preservar o regime de reprovação.

Os especialistas sublinharam que a questão dos chumbos há muito tempo que afecta Macau, e concluíram que o problema tem origem nos conceitos tradicionais e culturais, e que ainda faltam conceitos de avaliação diver-sificados com base nos alunos. - F.F.

Nem pressões nem limitações à liberdade de expressão, é a política defendida pelo presidente do Instituto Politécnico de Macau, que não comenta o que se passa nas outras instituições

LEI HEONG IOK LIBERDADE ACADÉMICA É “IMPORTANTE”

IPM não faz pressão

“A liberdade académica para uma instituição superior é vital. É importante para garantir a qualidade do ensino e da investigação”LEI HEONG IOK Presidente do Instituto Politécnico de Macau

didas para controlar. A liberdade académica para uma instituição superior é vital. É importante para garantir a qualidade do ensino e da investigação”, disse Lei Heong Iok, em declarações reproduzidas pela TDM.

Os comentários sobre a li-berdade académica foram feitos à margem de uma cerimónia de entrega de diplomas de uma formação destinada a professores de português de universidades do continente. Segundo a agência Lusa, Lei Heong Iok pretende que esses docentes venham a frequentar acções de formação na Universidade de Coimbra (UC), Portugal.

“Neste momento talvez seja um sonho meu realizar este curso (de formação para professores) na UC. Coimbra é o berço da língua e cultura portuguesa. Porque não fazer parte deste curso de forma-ção de docentes em Macau, que é a ponte, e depois na fonte, em Coimbra? Penso que para eles é útil, é importante”, garantiu o presidente do IPM.

O académico disse que o aspecto económico será o maior obstáculo à concretização do objectivo, atendendo a que a maior parte dos formandos que se deslocam ao IPM vem de vários pontos do interior da China, mas que a ideia é “possível”.

“Se o Governo (de Macau) nos apoiar, e também com o apoio da Fundação Macau, penso que iremos conseguir”, reforçou. Lei Heong Iok destacou que o curso de formação de docentes “tem uma

grande importância para Macau, para a China e para a lusofonia”.

TEMPO DE EXPANDIRJá o director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do IPM, Carlos André, falou tam-bém na possibilidade de uma das semanas do curso de formação dos docentes das universidades chinesas poder vir a ser em Xangai.

Lei Heong Iok referiu ainda que o instituto tem “planos de expan-são”, os quais abrangem também o Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa, mas que para isso é preciso mais “espaço”.

“Pedimos ao Governo que nos conceda mais espaço. A UM vai sair totalmente do actual campus (na Taipa) e o IPM quer instalar-se lá em pelo menos dois edifícios”, afirmou. Carlos André apoia o sonho de Lei Heong Iok, que por enquanto ainda não teve resposta do Executivo de Macau.

“Já não temos lugar para instalar os nossos docentes todos, se quisermos fazer formação não temos salas, se quisermos ter uma biblioteca de apoio não temos sítio para a colocar, se quisermos produzir meios auxiliares não temos onde os colocar, portanto, estamos a precisar de crescer. E se perspectivarmos que o centro não é esta estrutura pequena que é agora, obviamente que precisamos de espaço”, afirmou.

Dedicado à formação de pro-fessores, o Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa deverá ver o seu quadro aumentar de três para cinco docentes até ao final do ano, acrescentou o director.

14premiados

UM UNIVERSIDADE COM RECONHECIMENTO INTERNACIONAL

Mais de uma dúzia de prémiosde Ciências Naturais, Inovação Tecnológica e Progresso Cientí-fico e Tecnológico. Além disso, a instituição de ensino superior tem a possibilidade de ganhar a grande maioria dos galardões pela segunda vez consecutiva. O comité de avaliação analisou 41 projectos diferentes e, depois do processo de votação, foi decidido que 14 deles deviam ser premiados na edição deste ano, incluindo três

segundos lugares e três terceiros na categoria de Ciências Natu-rais, entre outros. A sugestão dos premiados por parte do comité terá que passar pela aprovação do Chefe do Executivo. Caso seja aprovada, será publicada em Boletim Oficial. A notícia avança ainda que a UM foi a universidade do território a levar mais galardões para casa no ano passado.

No entanto, estas não parecem ter sido as únicas conquistas da instituição este ano. De acordo com notícia publicada no website oficial da UM, três estudantes de licenciatura da Faculdade de Artes

e Humanidades e da Faculdade de Ciências Sociais venceram o primeiro, segundo e terceiro prémios num fórum internacional de literatura, história e sociedade, realizado na capital de Taiwan, Taipé. O evento contou com a participação de 75 estudantes de 15 universidades estrangeiras e Macau esteve presente através do departamento de História da UM. Macau foi ainda reconhecido na área do desporto, com a estudante da UM, Choi Sut Ian – membro da equipa de natação de Macau – a levar para casa duas medalhas de ouro no 4º Campeonato de Nata-ção de Singapura na categoria de natação sincronizada feminina. A estudante competiu, entre 4 e 6 de Julho, com mais 60 concorrentes de diferentes países, incluindo Austrália, Malásia e China.

41projectos avaliados

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8 sociedade hoje macau segunda-feira 14.7.2014

O S Serviços de Saúde (SS) e a Organi-zação Mundial de

Saúde (OMS) vão criar, em conjunto, acções de forma-ção e estágios nas áreas de saúde pública, política da saúde e gestão para profis-sionais de saúde do territó-rio. As duas entidades estão também a discutir a vinda de consultores especializados em medicina tradicional para realizar formações téc-

SAÚDE SS E OMS FORMAM PROFISSIONAIS DE MACAU

Urgência em especializarAREIA PRETA METRO OCUPA 10 % DO JARDIM

Presente envenenado

nicas destinadas a profissio-nais de saúde já empregados.

Recorde-se que no dia 30 do mês passado foi pu-blicada uma notícia relativa ao número de internamento existentes no território. O relatório deste ano dos SS relativo ao número de camas disponíveis e de médicos e enfermeiros no activo reve-lou que a média do número de camas continua bastante abaixo da estabelecida pela

OMS, tal como em anos passados. Já o número de médicos e enfermeiros em-pregados e consultas realiza-das nos centros de saúde e hospitais de Macau aumen-tou exponencialmente.

A futura colaboração entre os SS e a OMS surgiu durante um encontro entre as duas entidades, que teve lugar à margem da Confe-rência Internacional sobre Capacidade Nuclear nas Fronteiras, durante os dias 5 e 6 deste mês, na cidade chi-nesa de Nigbo. A iniciativa teve como objectivo estudar a prevenção e controlo de doenças transmissíveis em zonas de fronteira e contou com a presença de repre-sentantes da Organização Mundial de Saúde e de vários países, incluindo Austrália, Estados Unidos, Rússia e Alemanha. - L.S.M.

R EPRESENTANTES do Gabinete para as Infra-estruturas

de Transportes (GIP), da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), da Direcção dos Serviços dos Assuntos de Trânsito (DSAT) e de outros depar-tamentos do Governo rea-lizaram a primeira palestra pública no sábado passado, onde apresentaram as obras do traçado da Avenida 1 de Maio do segmento norte do Metro Ligeiro. De acordo com o planeamento inicial das autoridades, foi assegu-rado que o jardim não vai ser completamente des-mantelado. A conclusão do metro ocupará apenas 10% da área, e como vão haver dois pontos de paragem no jardim irá ser reconstruída a biblioteca e os espaços de

exposição no subterrâneo, ao mesmo tempo que serão adicionados 450 lugares de estacionamento de au-tomóveis.

No entanto, a ́ bondade´ do Governo não recebeu grande aceitação da maio-ria de residentes presentes. Várias pessoas levantaram cartões contra a passagem do metro no jardim, o único do bairro. Os moradores disseram que não querem ver o metro a passar por cima, sem puderem apa-nhar sol, nem ar fresco, nem ver as árvores.

As autoridades res-ponderam que irão tentar equilibrar as necessidades de recreação da população com as obras, não fazendo do jardim um local de cons-trução, pensando dividir 4 ou 5 segmentos do local para obras. - F.F.

Um inquérito efectuado apenas no Bairro Iao Hon revela inúmeras dúvidas sobre a legitimidade dos proprietários. Questões como a sucessão, o registo predial e casos de divórcio são alguns dos problemas detectados

JOANA [email protected]

M UITOS dos aparta-mentos de edifícios dos bairros antigos não tem proprietá-

rio conhecido. De acordo com o Conselho Consultivo de Reor-denamento dos Bairros Antigos (CCRBA), cerca de 40 fracções – de um total de 2428 – possuem

BAIRROS ANTIGOS FRACÇÕES COM “PROPRIEDADE DUVIDOSA”

Reordenamento por um canudo

uma propriedade “duvidosa” ou têm essa possibilidade.

“Durante um inquérito ao domicílio a sete conjuntos de edifícios do Bairro Iao Hon, o Conselho Consultivo constatou que muitas fracções destes têm direito de propriedade duvidosa, especialmente a questão de suces-são, percentagem da titularidade dos direitos de propriedade neces-sária ao início da reconstrução e direitos e interesses de proprie-tário”, começa por explicar o comunicado do Conselho.

Os problemas residem, sobre-tudo, na questão da sucessão, de registo predial e de divórcio. “Os casos relacionados com os mora-

dores são complicados e variados: os herdeiros não completaram as formalidades de sucessão mortis causa, não têm familiares direc-tos ou cônjuges para suceder à propriedade, a propriedade é ocupada por pessoas que o pro-prietário conhece há vários anos, tais como afilhados. No que se refere ao problema de divórcio, as formalidades de distribuição dos bens não estão completa-mente cumpridas. Quanto ao problema de registo predial, há casos em que os moradores se declaram proprietários, mas não constam do registo predial ou não ultimaram as formalidades de transmissão da titularidade

ou têm problemas com os seus documentos comprovativos”, informa o CCRBA.

Por agora, o inquérito aos mora-dores foi feito apenas no Bairro do Iao Hon, em cerca de uma dezena de prédios, mas há mais lugares que o Governo pretende renovar, principalmente nas zonas antigas da zona norte. A política do reor-denamento dos bairros antigos já foi pensada há muito tempo pelo Governo, mas este nunca conseguiu implementá-la, tendo inclusive retirado a proposta de Lei de Reordenamento dos Bairros Antigos da Assembleia Legislativa.

Este diploma voltou a nova discussão, sem que haja um ca-lendário previsto para as futuras construções e o Governo, agora, admite ainda mais dificuldades. “[Sem identificar o proprietário], pode causar grave impacto aos trabalhos da futura construção.”

Para já, a solução do Executivo foi enviar o CCRBAM e a Direc-ção dos Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ) dar palestras sobre o Direito das Sucessões, no Iao Hon, de forma a que para que os moradores estejam informados e “tratarem, o mais cedo possível, do seu direito de propriedade, contri-buindo para a futura reconstrução” dos bairros antigos.

Padre Albino morre aos 73 anos O padre Albino Bento Pais, antigo director do semanário católico “O Clarim”, faleceu em Mafra, vítima de doença prolongada. O sacerdote tinha 73 anos de idade. Nascido em Alcaria (concelho do Fundão), o padre Albino foi ordenado pela Igreja Católica em Agosto de 1967. Quase duas décadas depois, em 1985, chegou a Macau, onde assumiu a direcção do jornal durante 28 anos. Em 2007, o sacerdote sofreu um acidente de viação, que causou o progressivo agravamento do estado de saúde. Há cerca de um ano, acabou por regressar a Portugal e, nos últimos meses, estava internado na Casa de Repouso de São Domingos.

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RTHK

hoje macau segunda-feira 14.7.2014 9CHINACorrupção Detido popular apresentador de televisão

Um popular apresen-tador do canal estatal chinês CCTV foi detido por alegada corrupção, informou este fim de semana a revista chinesa Caixin.

O jornalista e apre-sentador do programa “Notícias Económicas” Rui Chenggang foi de-tido juntamente com o sub-director do canal financeiro da CCTV, Li Yong, e um produtor, na sexta-feira.

Sem avançar deta-lhes, a revista Caixin, citada pela Efe, refere que as detenções foram realizadas no âmbito de uma campanha antifrau-de lançada pelas autori-dades chinesas, na qual também foram detidos outros responsáveis do canal estatal CCTV.

Durante as investiga-ções foram apreendidos cerca de um milhão de yuan em numerário no escritório de Li Yong. Com mais de 20 anos de experiência na CCTV, Li Yong tinha previsto cobrir a viagem à Amé-rica Latina do Presidente chinês, Xi Jinping, que inclui o Brasil, nesta semana.

Rui Chenggang, de 36 anos, trabalhava no canal chinês desde 2003. Há alguns anos ficou conhecido por ter con-duzido uma campanha contra um café Starbucks instalado dentro da Cida-de Proibida, em Pequim, argumentando que preju-dicava a imagem da cul-tura chinesa, e conseguiu que o estabelecimento fosse encerrado. - Lusa

D EPUTADOS liga-dos ao campo da pró-democracia em Hong Kong

criticaram na sexta-feira a Grã-Bretanha sobre o conteúdo de um relatório parlamentar que dizem não demonstrar qualquer “com-promisso” para com a cidade e ser um esforço para evitar embaraços perante Pequim.

O relatório semestral do parlamento britânico sobre Hong Kong surge numa altura em que aumentam as tensões sobre alegadas ingerências de Pequim em Hong Kong.

Numa reacção ao rela-tório, divulgado na quinta--feira, o ministro dos Negó-cios Estrangeiros britânico, William Hague, disse que “o quadro único constitucional da cidade tem funcionado bem” e que não há um “mo-delo perfeito” para a reforma eleitoral. “O importante é que os residentes de Hong Kong tenham uma escolha genuína e sintam que têm uma participação real no resultado”, disse.

Mas os deputados da ala pró-democracia criticam o relatório. “Penso que o Go-verno do Reino Unido está a levar os aspectos económicos muito mais em consideração do que as diferenças políti-cas”, disse à AFP Claudia Mo, do Partido Cívico.

A Grã-Bretanha e a

O regime norte-co-reano lançou ontem dois mísseis balísti-

cos de curto alcance para o Mar do Japão, seguindo uma série de lançamentos nas últimas semanas, informou o exército sul-coreano.

Os dois lançamentos foram, segundo o exército sul-coreano, realizados a partir da cidade fronteiriça de Kaesong, a cerca de 20

...o Reino Unido “devia ser condenado” por não ter emitido uma posição forte contra o “Livro Branco”EMILY LAU Presidentedo Partido Democrata

Os deputados apontam o dedo ao governo britânico acusando-o de dar mais importância ao aspectos económicos, ignorando os factores políticos

HONG KONG DEPUTADOS PRÓ-DEMOCRACIA CRITICAM GRÃ-BRETANHA

Relatório ignora “compromisso” para com a antiga colónia britânica

REGIÃOCOREIA DO NORTE LANÇADOS DOIS MÍSSEIS DE CURTO ALCANCE

Aviso à navegaçãoquilómetros da zona des-militarizada entre as duas Coreias, e de acordo com um porta-voz da Defesa de Seul, os projécteis poderiam ter um alcance de 500 qui-lómetros.

Esta é a 14.ª que o regime de Kim Jong-un leva a cabo lançamentos de projécteis este ano e a sexta vez desde Janeiro que utiliza mísseis balísticos.

Os lançamentos de on-

tem, os segundos do mesmo tipo no espaço de cinco dias, ocorreram depois de Pyongyang ter protesta-do energicamente contra a chegada à Coreia do Sul do porta-aviões norte-

-americano USS George Washington, que participará em manobras conjuntas na próxima semana.

Depois de meses de relativa calma na península coreana, desde o passado 26 de Junho, Pyongyang realizou testes com vários projécteis de curto alcance em direcção ao Mar do Japão.

Os Estados Unidos man-têm cerca de 28.000 militares na Coreia do Sul no âmbito de acordos de defesa com o parceiro asiático. - Lusa

China assinaram acordos de comércio no valor de 24 mil milhões de dólares em Junho, durante a visita a Londres do primeiro--ministro chinês Li Keqiang.

Hague afirmou que, en-quanto “algumas vozes” in-vocam que o “Livro Branco”

representa uma ameaça para a autonomia de Hong Kong, ele nota que “ambos os go-vernos de Hong Kong e de Pequim foram explícitos ao indicarem que o documento não comporta mudanças na política”.

A presidente do Partido

Democrata, Emily Lau, dis-se que o Reino Unido “devia ser condenado” por não ter emitido uma posição forte contra o “Livro Branco”, segundo o South China Morning Post. Já o deputado do Partido Democrata Albert Ho considerou que o Reino

Unido deve a Hong Kong “a obrigação moral de garantir que o princípio “Um país, dois sistemas” é efectiva-mente implementado”.

Hong Kong vai anunciar amanhã o resultado de uma consulta pública oficial so-bre a reforma política.

Esta consulta segue um referendo informal realizado em Junho, em que quase 800 mil pessoas votaram sobre a forma como o próximo chefe do Executivo da antiga colónia britânica deve ser eleito em 2017.

A China prometeu ins-taurar o sufrágio universal directo para a eleição do che-fe do Executivo em 2017 e para o Conselho Legislativo (parlamento) em 2020. Mas todos os candidatos devem ser aprovados por um comité de nomeação, premissa que é recusada pelos democratas em Hong Kong. - Lusa

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LUSA

10 MUNDIAL hoje macau segunda-feira 14.7.2014

A linha de continuidade na selecção alemã, que vai de 2006 a 2014, é

uma evidência reconhecida por Schweinsteiger. No entanto, numa declaração que teria eco, alguns minutos mais tarde, nas palavras de Joachim Löw, o médio do Bayern admitiu que esta Alemanha tem influências vindas de fora: «Depois do mau Euro 2004, a equipa foi muito rejuvenescida, num trabalho feito por Löw e Klinsmann. Ao longo desse percurso fomos capazes de formar jogadores como Özil, Müller, Reus e Goet-ze, e agora estamos a beneficiar dessa colheita. Mas é verdade que treinadores como Van Gaal

BRASIL PERDE COM A HOLANDA E TERMINA MUNDIAL NO 4.0 LUGAR

Outra surra ou uma desgraça nunca vem só

Salvio “Ádrian, que penanão teres vindo para Lisboa”Salvio, do Benfica, e Adrián, novo jogador do FC Porto, trocam mensagens de desportivismo antes de passarem de amigos a rivais. Salvio e Adrián López, ex-colegas no Atlético de Madrid, preparam-se para ser rivais pela primeira vez nas suas carreiras, pois o avançado espanhol é o mais recente reforço do FC Porto. O extremo benfiquista, no Twitter, aproveitou para deixar uma mensagem ao agora adversário. “Adrián, amigo, desta vez serás meu rival. Que pena não teres vindo para Lisboa [risos]. Um abraço”, escreveu o argentino. Adrián respondeu: “Será um prazer enfrentarmo-nos, Toto. Um grande abraço.”

Gary Lineker «David Luiz não é,nem nunca será, um defesa» O antigo ponta-de-lança inglês e actual comentador, Gary Lineker, foi tudo menos meigo para a selecção brasileira e para David Luiz em particular, numa observação que fez após o jogo do escrete frente à Holanda. Através do Twitter, Lineker salientou: “O Brasil joga como uma equipa de amadores e, lamento dizê-lo PSG, mas o David Luiz não é, nem nunca será, um defesa.” A referência o Paris Saint-Germain surge porque o clube francês pagou 50 milhões de euros ao Chelsea para contratar o internacional brasileiro.

Matthaus «Os jogadores brasileiroschoram por tudo e por nada»O antigo internacional alemão Lothar Matthaus reconheceu que não compreende o comportamento dos jogadores brasileiros, isto porque alega que choram por tudo e por nada e que deviam de mostrar que são fortes. «Não compreendo porque um jogador de futebol chora. Os brasileiros choram sempre. Começa a dar o hino, eles choram; eliminam o Chile, choram; perdem frente à Alemanha, choram; Eles têm que mostrar que são homens, que são fortes. Nunca vi nada tão mau com a linguagem corporal dessa selecção», afirmou Matthaus, em declarações ao Le Journal du Dimanche. A antiga referência da selecção alemã também não compreende as desculpas do Brasil pelas ausências frente à Alemanha. «Mas eles têm medo... O que isso da camisola de Neymar? A França também não contou com Ribéry e não ouvi nada. O mesmo com a Colômbia e Falcao ou a Alemanha e Reus. Em vez de choramingarem, os brasileiros deveria ter demonstrado o que podem fazer sem Neymar. A sua ausência era a única preocupação antes da meia-final. Fiquei surpreendido. Ele não está morto, que saiba. Está lesionado e num lance feio, que lamento, mas uma equipa tem de ser mais forte que um jogador.»

Holanda Novo recorde à beira do fimA Holanda tornou-se a primeira selecção a utilizar 23 jogadores num Campeonato do Mundo. Louis van Gaal voltou a substituir o guarda-redes, mas desta vez não foi a pensar nas grandes penalidades. A poucos minutos do final do jogo com o Brasil, de atribuição do terceiro lugar do Mundial2014, o seleccionador holandês tirou Cilessen e lançou Vorm, que era o único jogador que ainda não tinha sido utilizado. Só a partir do Mundial2002 é que as convocatórias passaram a ter 23 elementos, e a Holanda é a primeira selecção a utilizar todos. A França em 1978 e Grécia e Rússia em 1994 utilizaram também todos os jogadores, mas não eram tantos.

SCHWEINSTEIGER «VAN GAAL E GUARDIOLA ABRIRAM-NOS OS HORIZONTES»

Excelente colheitae Giardiola nos expandiram os horizontes. Aprendemos muito com eles, e parte do que aprendemos foi introduzido na selecção nacional», admitiu.

Já em relação ao jogo de domingo, manter a cabeça fria parece ser a principal preocu-pação colectiva dos alemães, pelo menos a avaliar pela in-tervenção de Schweinsteiger na antevisão da final: a expressão foi por ele usada quatro ou cinco vezes. Ainda assim, o jogador

do Bayern rejeitou que a equipa pudesse sentir alguma ansie-dade: «Há muita expectativa e vontade de ir para o campo, mas não falaria em pressão. Temos muitos jogadores nos 23 que já disputaram finais de topo, além de Klose, que já jogou uma final de Campeonato do Mundo em 2002. Sabemos o que fazer: manter a cabeça limpa e o foco nos nossos pontos fortes», definiu.

As memórias de um jogo

LUSA

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11 mundialhoje macau segunda-feira 14.7.2014

DADOS DO JOGOMARCO [email protected]

O Brasil não con-seguiu exorcizar o desaire frente à Alemanha e,

na madrugada de ontem, na capital federal voltou a somar nova derrota constrangedo-ra, na partida que definiu o terceiro e quarto classifica-dos da vigésima edição do Campeonato do Mundo de Futebol. Pouco complacente e eficaz, a Holanda derrotou os anfitriões por três golos sem resposta, garantindo um lugar no pódio numa partida que se decidiu antes ainda da marca dos vinte minutos.

A entrada forte da selecção de Louis van Gaal no desafio foi determinante para o que se viria a passar posteriormente, com o Brasil a repetir erros de-fensivo crassos e desatenções quase infantis. Notoriamente abalada pela goleada sofrida frente à Mannschaft, a forma-ção “canarinha” acabaria por pagar um preço demasiado alto pela falta de consistência com que se apresentou em campo. O primeiro golo da partida surgiu logo aos três minutos, num lance iniciado no meio campo. Com David Luiz nas suas costas, Robben tocou

BRASIL PERDE COM A HOLANDA E TERMINA MUNDIAL NO 4.0 LUGAR

Outra surra ou uma desgraça nunca vem só

de cabeça para Van Persie. O avançado do Manchester United devolveu para o mesmo Robben, que rodou e deixou o central brasileiro aos papéis. O extremo do Bayern de Muni-que isolou-se e acabou por ser travado em falta à entrada da área por Thiago Silva.

As regras do futebol man-davam que se assinalasse livre-directo à entrada da área, quase em cima da linha de demarcação do último re-duto brasileiro, mas o árbitro argelino Djamel Haimoudi cometeu dois erros de enfiada: primeiro assinalou grande penalidade, que Robin van Persie converteu, e depois mostrou o cartão amarelo a Thiago Silva quando o verme-lho se fazia justificado.

MADRUGADA AMARGAO tento madrugador voltou a lançar a desorganização no processo defensivo brasilei-ro, com erros posicionais, precipitação injustificada no tempo de entrada aos lances e múltiplos episódios de infantil desconcentração. A Holanda fez o que lhe competia e aproveitou bem as facilidades concedidas pelos adversários para chegar ao segundo golo aos dezassete minutos. A for-mação europeia exponenciou um dos muitos disparates per-petrados por David Luiz – o central brasileiro teve tempo e espaço para aliviar a bola de cabeça para além da barra da baliza de Jefferson e acabou por cortar para terreno proi-bido – e chegou ao segundo com invulgar facilidade, numa iniciativa concluída por Daley Blind.

As saídas de David Luiz da sua posição, já comprome-tedoras em jogos anteriores, revelaram-se uma constante, abrindo buracos no eixo da defesa que não eram devi-

damente compensados. O mau jogo do antigo jogador do Benfica deixam perceber alguma ausência de liderança na equipa técnica face à não correcção dos excessos do central vendido pelo Chelsea ao Paris Saint-Germain por 50 milhões de euros.

A aposta de Scolari em médios do corredor central – Luis Gustavo, Paulinho, Óscar, Ramires e Willian – foi outra das questões de natureza técnica que facilitou o trabalho defensivo dos holandeses, que jogaram desde o início num 3-5-2 e colocaram no eixo central a sua maior concentração de unidades. É certo que Óscar e Willian foram posicionados a título teórico nas alas, mas o facto de privilegiarem a maior parte das vezes diagonais inte-riores, agravou o povoamento no corredor central, onde a Holanda parava sem grandes problemas os lances de ataque do Brasil.

Por outro lado, a Holanda voltou a contar com um Arjen Robben muito inspirado nas transições ofensivas e o Bra-sil viu-se e desejou-se para

conseguir travar o endiabrado holandês até ao intervalo.

SEM SOLUÇÕESNa segunda parte, Scolari lan-çou Fernandinho para marcar directamente Robben, com instruções para secar e entrar rijo sobre o holandês, que sofreu algumas entradas duras e perdeu algum fulgor, mas o problema de afunilamento do jogo sub-sistiu e a “canarinha” nunca evidenciou soluções para abrir espaços na defesa holandesa.

Seria ainda a Holanda a che-gar ao terceiro golo, no primeiro minuto do período de descontos. Marcou Wijnaldum, já depois de Luiz Felipe Scolari ter lançado Hernanes e Hulk na tentativa de pelo menos alcançar, no estádio Mané Garrincha, o tento de hon-ra do escrete. Estava feito o três a zero, a segunda pior derrota de sempre do Brasil em campeo-natos do Mundo de Futebol. Frente à Holanda , a selecção “canarinha” igualou o resultado averbado na final do Mundial de 98, frente à anfitriã França. Pior só mesmo o massacre de há cinco dias frente à Alemanha, os inesquecíveis 1-7 do Mineirão.

SCHWEINSTEIGER «VAN GAAL E GUARDIOLA ABRIRAM-NOS OS HORIZONTES»

Excelente colheitaintenso no Mundial 2006, que acabou com um princípio de batalha campal, e da golea-da aplicada pelos alemães aos argentinos, em 2010, não servem de referência a Schweinsteiger, que aprovei-tou para deixar fortes elogios ao adversário: «A Argentina é uma excelente equipa, que merece estar aqui. Tem joga-dores de classe mundial, como Messi, Di Maria, Aguero e Mascherano. O desarme que Mascherano fez a Robben, no jogo com a Holanda, resume o tipo de atitude que eles têm. Perante quem se aplica assim, nunca será fácil ganhar. Mas podemos fazê-lo, se nos

concentrarmos no essencial, mantendo a calma e jogando de forma paciente», repetiu.

Elogiando a gestão de grupo levada a efeito por Joachim Löw, Schweinsteiger diz nunca ter duvidado de que tinha condições para chegar ao patamar mais alto apesar da lesão que o manteve em dúvida até ao terceiro jogo: «Depois das lesões, e das operações no joelho, estou muito feliz que tudo tenha acabado bem. O treinador deu-me tempo para recuperar, escolheu pessoas capazes para este grupo e eu pude recuperar a cem por cento, até jogar os primeiros minutos com o Gana», lembrou.

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12 DESPORTO hoje macau segunda-feira 14.7.2014

MARCO [email protected]

B RUNO Brito me-lhor jogador, Bru-no Álvares melhor treinador e Pang

Chi Hang o atleta revela-ção. A Associação de Fute-bol de Macau procedeu na última sexta-feira à eleição dos melhores jogadores da última edição da Liga de Elite e distinguiu alguns dos atletas que mais se evidenciaram nos relvados do território ao longo da última temporada.

O organismo que chama a si a tutela do desporto-rei em Macau convocou todos os jogadores e técnicos com registo associativo para participar na eleição por via electrónica e os resultados da votação não surpreenderam. Bruno Brito, médio ofensivo que empurrou o Sporting Clube de Macau para o vice--campeonato foi o atleta que mais votos recolheu junto dos seus pares, ao convencer 7,03 por cento dos votantes das suas apetências enquan-to jogador.

O capitão do Spor-ting relegou o brasileiro

MONTE CARLO COLOCA CINCO ATLETAS NO MELHOR ONZE

Brunos que convencemWilliam Carlos Gomes - melhor marcador do cam-peonato com 16 golos, em ex-aequo com o compatrio-ta Rodrigo Carmo - para a segunda posição da lista dos mais votados. Encerrou a contagem do “top three” Pang Chi Hang, jovem médio que se destacou ao serviço da frágil formação do Lai Chi e que foi consi-derado pelos votantes como a maior revelação do cam-peonato, superando Lei Ka Him e Chu Kai Wang.

Apesar de não ter con-seguido ir além da terceira posição da tabela, o Clube Desportivo Monte Carlo foi o emblema que mais atletas conseguiu colocar no topo da lista dos jogadores mais votados. Nos onze melhores da época, o onze “cana-rinho” coloca Chan Man, Rodrigo do Carmo, Paulo Cheang, Leong Ka Hang e Rafael Medeiros. Para

além de William Gomes, o Benfica está ainda represen-tado por dois outros atletas, o defesa Filipe Duarte e o avançado Bruno Martinho. Completa a lista dos onze melhores o brasileiro Adil-son Silva, jogador que na última temporada vestiu a camisola do Ka I.

A formação orientada por Chan Man Kin acres-centa à lista dos treze me-lhores o médio Hou Man Hou, num pecúlio que fica completo com o nome de Luís Carlos Ferreira, avan-çado do Sporting Clube de Macau conhecido nos relvados do território pela alcunha de Jardel.

Na votação que distin-guiu o melhor guarda-redes a actuar no território na última temporada, Rui Nibra levou a melhor so-bre o veterano Domingos Chan, numa corrida em que também Lou Weng Hou foi considerado. Na eleição do treinador do ano, Bruno Álvares foi o distinguido, à frente do técnico leonino, João Maria Pegado e de Ku Chan Kuong. O filipi-no Vani foi considerado o melhor árbitro.

Bruno Brito, médio ofensivo que empurrou o Sporting Clube de Macau para o vice-campeonato, foi o atleta que mais votos recolheu junto dos seus pares, ao convencer 7,03 por cento dos votantes das suas apetências enquanto jogador

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ARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

hoje macau segunda-feira 14.7.2014

ARTE

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ETRA

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IDEI

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hpróximo oriente Hugo Pinto

“U MA imagem é uma vis-ta que foi recriada ou reproduzida. É uma aparência, ou um con-

junto de aparências, que foi isolada do local e do tempo em que primeiro se deu o seu aparecimento, e conser-vada - por alguns momentos ou por uns séculos.” É assim que, no sempre didáctico “Modos de Ver”, John Ber-ger nos fala da imagem enquanto algo nascido da mão humana, como uma pintura ou uma fotografia. Mas a ideia de “construção” pode ser usada tam-bém a propósito da “imagem” como “noção”. Essas “imagens” (bom aluno, menino bem comportado ou menino mau, pai extremoso, político honesto, etc.), explica Pierre Guiraud, mais do que palavras e signos constituem mi-tologias que exprimem uma visão da humanidade e do mundo onde estão latentes os significados de uma orga-nização social ou, até, do cosmos. E é adequado imaginar um universo de símbolos e não de pessoas - um vasto espaço em que não existem fulanos nem sicranos, mas apenas as suas ima-gens com as quais nos relacionamos e às quais reagimos.

Talvez nenhum outro pensador te-nha dedicado tanto do seu trabalho a desmistificar as nossas mitologias como Roland Barthes. Na sua “crítica ideológica da linguagem da dita cul-tura de massa”, o autor francês afirma que “a mitologia participa na constru-ção do mundo”, uma espécie de “fal-sa Natureza” sujeita a ser confundida com a outra, a verdadeira. Na colec-ção de ensaios intitulada “Mitologias”, Barthes escreve: “É indubitável que a mitologia é uma concordância com o mundo, não como ele é, mas como pretende ser”.

Barthes colocava-nos perante um objectivo que era, ao mesmo tempo, um problema: “(...) uma reconciliação entre o real e os homens, a descrição e a explicação, o objecto e o saber”, res-salvando que “caminhamos incessante-mente entre o objecto e a sua desmisti-ficação, incapazes de lhe conferir uma totalidade: pois, se penetramos o ob-jecto, libertamo-lo, mas destruímo-lo; e, se lhe deixamos o peso, respeitamo--lo, mas devolvemo-lo ainda mistifica-do”.

A dificuldade de resolver este dile-ma que deriva da particular natureza intrínseca das mitologias ajuda à sua preservação e pouca resistência lhe

FAZER DE CONTA

“MAS AINDA QUE UMA

MERA RECOLHA DE

OPINIÃO, OBVIAMENTE,

NÃO TENHA EFEITOS

VINCULATIVOS,

NÃO DEIXA DE TER

SIGNIFICADO.”

pode ser oposta. Nenhuma revolução parece capaz da “dilaceração do mun-do social”.

Talvez por isso as mitologias sobre-vivam.

Por excelência, Macau sempre foi um lugar “mitológico”, no sentido em que lhe estão associados discursos e narrativas que explicam um mundo que não existe. Pelo menos, tal e qual.

Nesta terra não faltam “imagens” e “mensagens” que mais não são do que manipulações, umas legadas pela histó-ria, outras de criação mais recente. Os exemplos, gastos, estão aí: hoje, como ontem, Macau é um lugar de “encontro de culturas” ou, de forma ligeiramente menos genérica, de contacto entre o Ocidente e o Oriente, mas apesar de pioneira e duradoura, a convivência não elimina o profundo desconheci-mento entre as várias comunidades que aqui vivem há 500 anos; hoje, como ontem, Macau é uma “ponte” ou uma “porta de entrada” para a China, mas apesar de infra-estruturas obsoletas e imagens gastas, delapidadas, nada im-pede que sejam usadas, por exemplo, na criação de organizações ou na to-mada de decisões, medidas e políticas que, inevitavelmente, limitar-se-ão a sublinhar a mitologia de que Macau

serve a ligação entre duas partes. A “harmonia” e a “prosperidade”, que cos-tumeiramente são usadas nos discursos oficiais a propósito de tudo e de nada, são outras mitologias, como qualquer assistente social ou economista não de-morarão a demonstrar.

Mas apesar da “consciência semioló-gica”, para usar a expressão de Guiraud, apesar de sabermos que estamos perante mitologias e despertos inclusivamente para a sua “natureza e poder”, ou precisa-mente por causa disso mesmo, nada faze-mos para as “dilacerar”. Ou nada podemos a não ser fazer de conta, entrar no mundo da fantasia e acreditar no imaginário. No fundo, suspender a descrença, algo par-ticularmente útil para não nos sentirmos

completamente alienados e fazermos par-te de uma espécie de realidade inventada. Que não deixa de ser outra alienação.

E talvez a “consciência semiológica” explique também o receio que parece estar na origem da insistente oposição ao referendo informal, de fazer de con-ta, que os activistas pró-democracia de Macau querem organizar sobre a elei-ção do Chefe do Executivo por sufrá-gio universal.

As associações envolvidas no pro-cesso sabem bem que estão relegadas a um exercício que, no limite, mais não será do que um estudo de opinião, uma sondagem, e não uma “votação”- o que não será ilegal, como os “tradicionais” (outra mitologia) pretendem fazer crer, mas sim apenas desprovido de “efeito jurídico”, como o jurista António Ka-tchi explicou. Sabem, enfim, que só podem brincar à democracia.

Mas ainda que uma mera recolha de opinião, obviamente, não tenha efeitos vinculativos, não deixa de ter significado. Previsivelmente, o maior e mais evidente é o receio que inspira de que, à semelhança do que acontece com as outras mitologias, fique exposto que não só a mentira é uma realidade, como também a realidade é uma men-tira. Mesmo que seja a fazer de conta.

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hoje macau segunda-feira 14.7.201414 h

José Pacheco Pereira IN PUBLICO

À partida, faço uma prevenção e uma precisão iniciais. A prevenção é que a designa-ção de “direita” e a dualida-

de “direita/esquerda” não são nos dias de hoje termos muito precisos e úteis do ponto de vista analítico, mas uso aqui o termo “direita” por facilidade e comodidade, num mero sentido descri-tivo. Designa essencialmente o PSD e o CDS, mas, e aqui já se revela por que razão o termo é ambíguo, podia-se in-cluir também o PS nesta matéria.

A precisão é que uso o termo “patrio-tismo” num sentido vago de um senti-

A DIREITA DEIXOU DE SER PATRIÓTICA

mento comum de partilha a uma mesma comunidade com identidade histórica e nacional, linguística, cultural, territorial, que define fronteiras e interesses co-muns e que pressupõe que esses interes-ses têm que ser defendidos num quadro de competição ou conflitualidade com

outros interesses. É o sentimento de ris-co permanente, logo de defesa activa, dos interesses de uma comunidade na-cional, que é o elemento dinâmico da-quilo que se possa chamar patriotismo. Penso que isto chega para não entrar em grandes discussões identitárias.

A chave deste processo de aban-dono da noção de Pátria encontra--se no PSD, porque é aí que há uma significativa mudança. O CDS segue por arrasto, embora no caso do PSD a crise patriótica seja a da sua compo-nente partidária e no CDS seja mais institucional e do Estado. Mas a mu-dança política centra-se no PSD (e no PS), acompanhando a evolução do “internacionalismo” clássico da tradi-ção comunista para um “europeísmo”, muito evidente no Livre e em parte do Bloco. Por uma daquelas ironias em que a história é fértil, o PCP, perdida

“A CHAVE DESTE PROCESSO DE ABANDONO DA

NOÇÃO DE PÁTRIA ENCONTRA-SE NO PSD, PORQUE

É AÍ QUE HÁ UMA SIGNIFICATIVA MUDANÇA”

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15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 14.7.2014

a referência internacionalista da URSS e do comunismo mundial, acaba por ser nos dias de hoje o mais patriótico dos partidos e aquele que mais resis-te à deslocação dos centros de poder nacionais para o quadro europeu. Fê--lo e fá-lo por razões políticas instru-mentais, mas não só. Na história do PCP, o quadro nacional sempre esteve presente na ideologia e na política e o que é muito importante, no imagi-nário da “indústria nacional”, do “pão português”, muitas vezes o reverso do “trigo” das Campanhas do Trigo do Es-tado Novo. A questão é que nessa tra-dição também estava o PSD e deixou de estar.

As mudanças do PSD com a ascen-são ao poder de um aparelho profissio-nalizado e de carreira, com origem nas “jotas”, e que no poder, e com o poder, atrai alguns jovens intelectuais ultra-conservadores, são muito relevantes. O PSD foi na sua origem um partido que foi buscar ao socialismo modera-do, à social-democracia, à doutrina so-cial da Igreja, a sua âncora para evitar colocar-se à direita do espectro políti-co, onde não queria que o colocassem, e onde não queria estar. Esta intenção é tão evidente nos seus fundadores, que nem vale a pena perder muito tem-po a nomeá-la. Não foi instrumental para acompanhar a viragem à esquer-da do sistema político pós-ditadura, como hoje se diz, podendo ser deita-da pela borda fora logo que a situação mudasse. Foi substancial e de fundo e impregnou o PSD de uma tradição, de uma linguagem e uma simbólica, que ainda hoje atrapalham os seus próceres “neoliberais”.

Mas o nascente PPD não se teria tornado popular se se ficasse apenas por esta estratégia de afirmação ideo-lógica, com origem em profissionais liberais e intelectuais, e não fosse mergulhar no tecido social português profundo, onde encontrou uma identi-dade que fez a sua história. É por isso que o programa identitário do PSD é o da sua génese no PPD inicial e feito por Sá Carneiro e é o “programa não escrito”, a sua história. E aí outras reali-dades emergiram. Duas são do “contra” e uma é do “pró”.

As do “contra” são fáceis de iden-tificar: uma é o anticomunismo, outra é a hostilidade à Maçonaria. Ambas têm ambiguidades, principalmente a segunda, dado que houve sempre ma-ções no PSD, a começar por uma parte do republicanismo e oposicionismo histórico mais conservador que ade-riu ao partido, a nível nacional e local. Mas se havia mações, da Maçonaria tradicional do Grande Oriente Lusi-tano, essa era uma opção individual,

mantida com uma enorme discrição e que em nada marcava o  rank and file partidário, que detestava a Maçonaria.

Esta é uma grande diferença com a actualidade, em que uma parte impor-tante da direcção política e do apare-lho do partido pertence à Maçonaria, e de forma muito significativa às novas obediências maçónicas surgidas nas úl-timas décadas. A Loja Mozart é apenas um caso, unindo o líder parlamentar do PSD, outros membros do PSD, com o dono da Ongoing, e antigos e actuais elementos dos serviços de informação, envolvidos num conjunto de escânda-los públicos. Mas distritais inteiras do PSD são constituídas por membros das novas maçonarias, que funcionam como estrutura horizontal para criar redes de poder e de negócios. Quanto à componente antimaçónica do PSD estamos conversados. Está defunta.

II

Mesmo falando de Pátria na sua forma mais minimalista – quase só a defesa dos interesses dos portugueses como portugueses e não como cidadãos da Europa, a defesa da comunidade na-cional como história, língua e cultura –, provoca uma enorme irritação nos círculos do poder, PSD e CDS e tam-bém no PS.

Este nervoso é, em muitos casos, sentimento de culpa, noutros medo de que uma certa desfaçatez no que se está a fazer não seja aceite pela maioria dos portugueses, se for apre-sentado sem disfarces, usando os no-mes que as coisas têm e falando delas sem as vestes do engano. Querem os portugueses ser uma região da Europa com menos poderes que um länder ale-mão, com uma política externa, uma política de defesa (Portugal aceitou que aspectos da sua política das Forças Armadas viessem no memorando), e a sua política interna, a começar pelo orçamento e a continuar por uma go-vernação que pouco mais faz do que aplicar “directivas” europeias, seja de-finida em Bruxelas e em Berlim? Uma parte importante da direita portugue-sa que antes enchia o peito com o pa-

triotismo responde sim, nalguns casos por necessidade, noutras por vontade, noutras por serviço.

Há dois aspectos em que este aban-dono do patriotismo por parte do ac-tual poder político é muito evidente. Um, é o modo como se actua em re-lação às Forças Armadas, que é mais um sintoma do que uma causa; outra, a política tão deliberada como dolosa de cedência de soberania a instâncias in-ternacionais em que Portugal não tem nenhuma voz, entra mudo e sai calado, como o primeiro-ministro em muitos Conselhos Europeus.

Não vou perder tempo com duas questões que aparecem sempre como justificações, mas que não estão no cerne daquilo que quero discutir. Uma, no que concerne às Forças Armadas, é a denúncia do corporativismo dos mi-litares, que os leva a quererem manter privilégios e estatuto, inaceitáveis no actual (des)equilíbrio social. Sim, é verdade, há corporativismo nas Forças Armadas, mas isso não legitima o que o actual poder está a fazer com elas, in-dependentemente daquilo que possam ser resistências corporativas. A outra é a combinação de uma espécie de realismo cínico, que diz que Portugal nunca foi independente nos últimos quatrocentos anos (as datas variam) e por isso é hipocrisia estar agora a achar anormal aquilo que sempre existiu.

É o argumento de que se Portugal é dependente de facto, por que razão se preocupar por o ser de jure? Até é mais “verdade”, mais transparente que se as-suma que os portugueses não mandam nada e que por isso qual é problema que o Parlamento português perca po-deres para a Europa? Um subproduto deste raciocínio é que hoje a natureza das nações europeias é partilharem so-berania nas instituições da União Eu-ropeia, pelo que é um modo de pensar arcaizante, para não dizer antiquado, considerar que as “velhas” ideias de so-berania possam ter qualquer papel nos dias de hoje. Seriam, aliás, apenas ma-

nifestações de um nacionalismo vulgar e perigoso.

A questão das Forças Armadas é que, estando como estão e como vão estar daqui a uns anos da mesma po-lítica, elas não servem mesmo para nada. Não será difícil então apontá-las a dedo como um peso inútil no orça-mento. Já o escrevi e repito: os actuais governantes, a começar pelo ministro da Defesa, fechariam o exército, a ma-rinha e a aviação, amanhã se pudessem e iria o Conselho de Ministros vanglo-riar-se da grande reforma que fez e do dinheiro que poupou. Mas como não pode fazer isso, estraga.

O PSD e o PS têm grande respon-sabilidade no caminho de progressiva destruição das nossas Forças Armadas. Foi por pressão das “jotas”, com relevo para a JSD, que acabou o Serviço Mili-tar Obrigatório, abrindo caminho para umas Forças Armadas profissionais, que eram mais caras e que rapidamen-te se tornaram a primeira vítima de cortes, sempre que havia necessidade. As Forças Armadas eram e são, para o actual poder,expendable mesmo quan-do os governantes se passeiam de pei-to cheio nas paradas e se dizem umas fases muito patrióticas nos discursos.

No fundo, a questão da Pátria re-sume-se a uma posição simples: o que não fizermos por nós, ninguém o fará. Podem ajudar-nos, como é suposto aju-darmos os nossos vizinhos, mas o zelo e a dedicação que vem daquele “nós” só nós o temos, ou deveríamos ter. Basta um exemplo. Num falso arroubo de patriotismo, o Governo patrocinou um mapa de Portugal que enchia meio mundo no hemisfério Norte, dominan-do o Oceano Atlântico a enorme área ocupada pelas ilhas e a sua zona eco-nómica exclusiva. Portugal seria assim a grande potência do Atlântico Norte, da costa africana junto de Marrocos, passando pelo pequeno enclave das Canárias, até junto da costa americana. E, na verdade, esse é o nosso território, mas a outra verdade é que só a muito custo conseguimos manter responsabi-lidades internacionais pela busca e sal-vamento, pela segurança das importan-tes rotas marítimas que o atravessam, ou proteger os nossos bens. Estamos por um fio no quadro dos mínimos dos mínimos das nossas obrigações. Uma avaria num helicóptero, uma avaria num avião, um problema de tripulação e um salvamento pode não ser feito, já para não falar do controlo eficaz dessa parte de mar que enche o mapa oficial, em termos de segurança, em termos de exploração de recursos, em termos de defesa do nosso património estratégi-co. Talvez se pudesse vender, como as praias e as ilhas gregas?

“O PSD E O PS

TÊM GRANDE

RESPONSABILIDADE

NO CAMINHO

DE PROGRESSIVA

DESTRUIÇÃO DAS

NOSSAS FORÇAS

ARMADAS”

“NO FUNDO, A QUESTÃO

DA PÁTRIA RESUME-SE A

UMA POSIÇÃO SIMPLES:

O QUE NÃO FIZERMOS

POR NÓS, NINGUÉM O

FARÁ”

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16 EVENTOS hoje macau segunda-feira 14.7.2014

O Festival Juve-nil Internacio-nal de Dança 2014, organi-

zado pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, em colaboração com o IACM e o Fórum de Educação da Ásia-Pequim, vai-se realizar entre 18 e 24 de Julho

Com início em 1987 e uma periodicidade bianual, o festival pretende criar uma plataforma para os jovens entusiastas de dança de diferentes países e regiões do mundo desenvolverem um intercâmbio cultural, dando-lhes uma oportu-nidade de aprender novas técnicas e aumentar o seu nível artístico, além de dar a conhecer culturas diferentes ao público local, informa o comunicado de imprensa da organizacão.

A edição deste ano conta com um total de 25 equipas. De entre estas, 15 são equipas não locais

provenientes da Austrália, Bélgica, Coreia, Estados Unidos da América, Fin-lândia, Grécia, China, Hong Kong, Indonésia, Madagáscar, Nova Ze-lândia, Rússia, Singapura, Sri Lanka e Turquia. As 10 equipas locais parti-cipantes incluem os gru-pos de danças da Escola Cham Son de Macau, da Escola Choi Nong Chi Tai, da Escola Hou Kong, da Escola Kao Yip, da Escola dos Moradores de Macau, do Colégio do Sagrado Coração de Jesus, o Grupo de Dança Juvenil - Conservatório de Macau, da Associação de Dançarinos Regina, da Associação de Danças e Cantares Portugueses “Macau no Coração” e da Associação de Dança de Música Pop de Macau.

DANÇAR NA RUAO festival inclui um des-file, exibições de abertura

e encerramento e ainda espectáculos ao ar livre. O desfile terá lugar no dia 19 de Julho, pelas 17:30. Mais de 600 dançarinos estarão presentes nas Ruínas de S. Paulo para dar início ao desfile que vai passar pela Rua de S. Paulo, Rua da Palha, Rua de São Domingos e Igreja de São Domingo, terminando no Largo do Senado. Já as exibições de abertura e de encerramento serão realizadas no dia 21 e 24 de Julho, pelas 20:00, no Pavilhão I do Fórum de Macau. Por sua vez, as exibições ao ar livre serão realizadas no dia 22 de Julho, às 19:30, na Praça do Tap Seac.

Os bilhetes para as exibições de abertura e de encerramento serão distri-buídos a partir das 14:30 de hoje, podendo cada pessoa levantar um máximo de dois bilhetes para cada espectáculo.

Velhas glórias do futebol em destaqueA Fundação Rui Cunha vai apresentar, entre 21 e 26 de Julho, a exposição fotográfica “Velhas Glórias de Futebol de Macau”, de maneira a comemorar o 15º aniversário da Associação dos Veteranos de Futebol de Macau. A inauguração terá lugar às 12:00 horas do dia 21 e a entrada é livre.

Moda local no VenetianO Festival de Moda de Macau 2014 vai ter lugar durante a 19ª Feira Internacional de Macau (MIF), a realizar entre 23 e 26 de Outubro, no Venetian. A organização espera que desta maneira o evento tenha mais exposição, ajudando os produtores locais a estabelecer contactos com clientes ou designers de outras bandas e fortalecendo a criação de moda no território. O evento vai contar com uma zona especial destinada à moda, onde se vão realizar desfiles de criadores locais assim como seminários com especialistas da China, Taiwan e Hong Kong. Os seminários vão decorrer no dia 23 e 24 (entre as 14:00 e as 15:30), enquanto que os desfiles vão ter lugar no dia 24 (16:30-17:00) e 25 (14:30-15:00 e 17:00-17:30). No dia 26, e a fechar, terá lugar um desfile das criações dos alunos do Curso de Design de Moda do CPTTM (ano lectivo 2013/2014), pelas 15:00 horas. A entrada é livre.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

12.12.12 • Vários autoresO retrato social, político e económico de um dos mais difíceis anos do pós-25 de Abril é a proposta de um grupo de fotógrafos portugueses, que percorreu o país, incluindo ilhas, para registar em imagens o ano de 2012. O projecto leva o nome de ’12.12.12’ e reúne duas gerações de profissionais da área do jornalismo e documental, que se propõem fazer a sua própria leitura da crise portuguesa. As imagens recolhidas e seleccionadas foram depois objecto da interpretação de várias individualidades da sociedade portuguesa, que aceitaram associar-se a este projecto, compondo uma narrativa para o trabalho de cada um dos fotógrafos. Ana Cristina Pereira, Luís Afonso, Vicente Jorge Silva, Graça Morais, José Luís Peixoto, Fernando Alves, Carvalho da Silva, Ana Sá Lopes e Frei Fernando Ventura foram alguns dos nomes escolhidos. O prefácio é do sociólogo António Barreto.

A CÂMARA CLARA • Roland BarthesObra derradeira do espírito criador de Roland Barthes, A Câmara Clara é uma reflexão sobre a imagem foto-gráfica – expressa, aliás, no próprio subtítulo, «nota sobre a fotografia»; mas é, também, uma apaixonada e dramática meditação sobre a vida e a morte.

DANÇA FESTIVAL INTERNACIONAL

Toca a dançarA edição deste ano do Festival Juvenil conta com um total de 25 equipas provenientes da Ásia, América do Norte, Oceânia, Europa e África, traduzindo uma maior cobertura de regiões em relação às edições anteriores

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17 eventoshoje macau segunda-feira 14.7.2014

A fim de permitir aos participantes

aprofundarem os co-nhecimentos sobre o tema, incluindo a sua história, técnicas e ten-dências, o Museu de Macau convidou Wong Ho Sang, a proferir uma palestra sobre “Colódio Húmido – Estética de Imagens Nostálgicas Contemporâneas”, no

dia 19 de Julho, pelas 15:00 horas, informa a nota de imprensa da organização.

Esta técnica, capaz de produzir imagens de elevada resolução, era considerada a mais avançada no séc. XIX, e permitiu resolver o problema de nitidez na impressão de imagens processadas através de

métodos tradicionais. Os interessados no se-minário, que vai ser con-duzido em cantonense, devem inscrever-se para reservar o seu lugar. Os participantes poderão visitar gratuitamente o Museu de Macau no dia, bem como parti-cipar num jogo sobre “O Segredo do Colódio Húmido”, podendo os

vencedores receber um conjunto de postais de “Fotografias Antigas de Macau”, limitado ao sto-ck existente. A palestra faz parte da exposição “Colotipia•Retorno—Perspectivas Conver-gentes de John Thom-son e Wong Ho Sang”, patente no Museu de Macau até ao dia 31 de Agosto.

Capuchinhas

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

HOJE NA CHÁVENA

Nome botânico: Tropaeolum majus L.Família: Tropaeolaceae.Nomes populares: Chagas; Chaguei-ra; Flor-de-pavão; Flor-do-paraíso; Flor-do-sangue; Mastruço-do-Peru; Nastúrcio.

Trepadeira que pode chegar aos 3 metros de altura, a Capuchinha é nativa do Peru. Muito ornamental, é cultivada nos jardins onde nos presenteia com as suas vistosas flores do amarelo ao laranja forte, contrastando com o verde das suas folhas arredondadas. Perante a sua beleza, os conquistadores espanhóis trouxeram-na para a Europa após os Descobrimentos, onde se aclimatou desde o século XVII.Muito utilizada pelos Incas, a Capuchinha integra a medicina tradicional andina sendo empregue para desinfetar e cicatrizar feridas e ainda como expetorante na tosse. As suas propriedades antibióticas já foram devidamente validadas pela ciência. São usadas as folhas e flores.

COMPOSIÇÃOUm glucosinolato (glucotropaeoli-na), uma enzima (mirosina) e um óleo essencial; flavonoides, vitamina C em elevado teor e ácido oxálico. Sabor fresco e picante, semelhante ao do Agrião, devido à presença do glucosinolato.Quando a planta é partida ou tritu-rada, a enzima é libertada e reage com o glucosinolato originando um óleo essencial sulfuroso de potente ação antibiótica. Ingerida a planta, este óleo essencial é transportado pelo sangue, sendo eliminado pelas vias respiratórias e urinárias onde exerce a sua ação mais intensa.

ACÇÃO TERAPÊUTICACom atividade antibiótica com-provada, a Capuchinha é uma das plantas mais eficazes nas infeções do trato respiratório e urinário, impedindo o crescimento e mul-tiplicação de diversas estirpes bacterianas enquanto estimula as defesas do organismo para o com-bate à infeção; é ainda depurativa, facilitando a eliminação das toxinas geradas pelos estados infecciosos, tónica e revigorante e, ao contrário dos antibióticos de síntese, não des-trói a flora bacteriana existente no intestino nem provoca desarranjos intestinais ou reações alérgicas. Além do seu poder antimicrobiano, desfaz as mucosidades e facilita a

expetoração, acalmando a tosse e descongestionando as vias respira-tórias, sendo igualmente antialér-gica; é indicada na rinite, sinusite, amigdalite, faringite, bronquite, constipação e gripe e, em geral, nos catarros do trato respiratório. Com propriedades diuréticas, a Capuchinha tem sido igualmente usada com sucesso no tratamento das infeções urinárias, prevenindo ainda a sua recorrência. Consta que é afrodisíaca, propriedade a que alude discretamente o seu nome popular “Flor-do-paraíso”!

OUTRAS PROPRIEDADESExternamente, a Capuchinha de-sinfeta, combate a inflamação, regenera os tecidos e cicatriza, favorecendo a drenagem da pele, sendo empregue nas feridas e úl-ceras, contusões, erupções da pele, pequenas queimaduras superficiais, peles secas e inflamadas, e micoses. É um estimulante do bolbo piloso, revitalizando o cabelo e prevenindo a sua queda, sendo indicada na alopecia e ainda em caso de prurido e descamação do couro cabeludo.

COMO TOMARUSO INTERNO:• Infusão: 1 colher de sobremesa das flores e folhas por chávena de água fervente. Nas infeções, tomar uma chávena de 4 em 4 horas.• Suco das folhas frescas: 1 colher de sopa, 3 vezes por dia.• Em gotas ou comprimidos, geral-mente em fórmulas para aumentar as defesas ou combater as infeções urinárias.• As flores e folhas tenras podem ser adicionadas a saladas ou orna-mentar pratos. Em alguns países, as flores conservadas em vinagre são usadas como as Alcaparras.• As sementes, picantes, reduzidas a pó podem ser usadas em substi-tuição da Pimenta.USO EXTERNO:• Decocção: 30 gramas de flores e folhas por litro de água. Aplicar em lavagens, compressas ou fricções.• Em champôs e loções capilares.

PRECAUÇÕESContraindicada na úlcera gastrin-testinal e doenças renais. Doses elevadas podem originar irritação na mucosa do trato gastrintestinal e rins. Em uso externo pode provo-car alergias em pessoas sensíveis. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

A PÓS uma fase mais vol-tada para a recuperação do património, hoje é

sobretudo ao nível da promoção da língua e da cultura portuguesa que a Fundação Oriente entende estar a desenvolver “uma acção muito importante” em Goa.

O papel que a Fundação Oriente (FO) tem em Goa, onde conta com uma delegação desde 1995, é “diverso”, diz Eduardo Kol de Carvalho, há três anos e meio no cargo de delegado da instituição naquele estado india-no que deixou de ser português há mais de meio século. “Temos uma acção muito importante que é a promoção da língua portu-guesa. Desde 1999 que apoiamos

professores do ensino secundá-rio”, cujo currículo contempla o português como língua opcional do 8.º ao 12.º ano, abrangendo um total de 848 alunos e damos prémios aos melhores de cada ano”, explicou Eduardo Kol de Carvalho, em declarações à agência Lusa.

A FO dirige a sua acção para o secundário enquanto o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua para o ensino universitá-rio e, “nesse sentido, há também uma boa colaboração”.

Mais do que nas salas de aula, o português conheceu um novo fôlego com o “Vem Cantar” - concurso da canção portuguesa -, que granjeou indiscutível popu-

laridade. “Quando estava em Lis-boa pensei que era uma coisa que valia a pena acabar, mas, muito pelo contrário, é uma iniciativa muito interessante”, realçou Kol de Carvalho, que chegou a Goa depois de 15 anos no Japão, onde leccionou e exerceu funções de conselheiro cultural da embaixa-da de Portugal. A última edição do concurso, a 15.ª, cuja grande final encheu uma sala com mais de mil lugares, bateu o recorde de adesão com 52 solos e 33 grupos.

Também presente em Macau e em Timor-Leste, a FO desen-volve outras acções designada-mente no domínio da formação, facultando diferentes programas de bolsas de estudo.- Lusa

GOA FUNDAÇÃO ORIENTE COM ACÇÃO “MUITO IMPORTANTE”

A apostar na língua e cultura portuguesas

Técnicas de fotografia por colódio húmido

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18 (F)UTILIDADES hoje macau segunda-feira 14.7.2014

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 27 MAX 33 HUM 70-95% • EURO 10.8 BAHT 0 .2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 14 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

(In)gratidão Todos nós temos aquele amigo, normalmente amiga, que nunca está contente com nada, ou porque chove ou está demasiado sol. Reclama porque o café está mal servido ou a torrada tem pouca manteiga. Quem não o(a) tem? Que é um facto que há pessoas refilonas, sempre insatisfeitas e em constante postura negativa, isso ninguém o nega, mas também não se torna mentira que só alimenta relações desta tipologia quem quer.Este fim de semana fui descontraidamente relaxar num dos bancos espalhados por ai. Fazia sol e Macau brindava os atentos com uma subtil brisa rejuvenescedora. Eu estava ali, esticado ao sol e a sentir-me um privilegiado. O momento de contemplação rapidamente foi interrompido por duas meninas de origem portuguesa que, penso eu, passeavam por um dos nossos jardins. Vinham com ar satisfeito e não escondiam a cumplicidade de quem fez asneira na noite anterior. Sentam-se e continuam o seu jogo de sedução a quem as olhava atentamente, eu. O momento mágico é interrompido quando a mais ousada diz:- A minha camisola cheira a comida com uma mistura de incenso, estes chineses não têm cuidado nenhum. Viste como é que eles estavam a comer aquela coisa esquisita? Bizarro. - (silêncio) – bem e este calor? Insuportável. Não se está bem em lado nenhum, nem na piscina, e ainda por cima Macau nem sequer tem uma praia em condições. Já para não falar da humidade! Estamos no fim do mundo.Pensei no país que viu esta menina partir, nos progenitores que carregam a dor de ver a sua cria longe porque a sua terra não tem capacidade de lhe proporcionar uma “vida digna”. Um ser que foi recebido por um continente em expansão para que a criatura ganhe “uns tostões para conhecer o mundo” ou simplesmente para estoirar em roupas e acessórios que, pensa ela, lhe vão trazer notoriedade. Ao abandonar o banco que me recebia, passei bem perto das meninas e distraidamente deixei cair um pequeno papel, lá estava escrito: 忘恩負義.Pode ser que ela perceba.

Nasce Ingmar Bergman,o cineasta romântico• Ernst Ingmar Bergman nasceu em Uppsala, a 14 de Julho de 1918. Foi um dramaturgo e cineasta sueco, cuja obra mereceu reconhecimento mundial, bem representado nas dezenas e dezenas de prémios que recebeu. Hoje é dia de recordar Bergman.Reunir a gigantesca obra de Ingmar Bergman num texto curto é impossível. E por isso se torne obrigatório citar Jean-Luc Godard, que foi mais além e conseguiu, em menos palavras do que um curto texto, homenagear este cineasta sueco de forma apaixonante.“O cinema não é um ofício. É uma arte. O cinema não é um trabalho de equipa. O realizador está só, diante de uma página em branco. Para Bergman, estar só é fazer perguntas a si próprio. E filmar é encontrar as respostas. Nada poderia ser mais romântico”, afirmou Godard, em 1958.Bergman estudou na Universidade de Estocolmo, onde se interessou por teatro e, mais tarde, por cinema. Iniciou a carreira em 1941, escrevendo a peça ‘Morte de Kasper’, três anos antes de criar o seu o primeiro argumento, para o filme ‘Hets’. A estreia de Ingmar Bergman como realizador dá-se em 1945, com a película ‘Kris’.Os trabalhos de Bergman centraram-se, regra geral, em questões existenciais, como a mortalidade, a solidão e a fé. As influências literárias provêm do teatro, de Henrik Ibsen e de August Strindberg.Ao longo da sua carreira, conquistou três Óscares, na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira, além de duas mãos cheias de nomeações para as estatuetas douradas. Inúmeros outros prémios realçam a nobreza da sua obra. Morre em Fårö, a 30 de Julho de 2007.

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata14.15

HUNGRY GHOST RITUAL [C]Um filme de: Nick CheungCom: Nick Cheung, Annie Liu, Carrie Ng16.45, 18.15, 19.45, 21.30

SALA 2TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing14.30, 21.00

TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael Bay

Com: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing18.00

SALA 3HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Dean DeBlois14.15, 16.00, 19.30

HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [3D] [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Dean DeBlois17.45

THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata21.00

O futebol é um dos poucos meios que os paíseshoje têm para existir.

FOR EMMA, FOREVER AGOBON IVER

Nem sempre os sons melódicos nos transportam para locais tristes e sombrios. O falsete característico de Justin Vernon, as letras emotivas e o casamento perfeito dos instrumentos com a voz, fazem o ouvinte voar para além do imaginável. “Flume”, “Lump Sum”, “Skinny Love”, “The Wolves (Act I and II)”, “Blindsided”, “Creature Fear”, “Team”, “For Emma” e “re:Stacks” não perfazem apenas um conjunto de músi-cas, são hinos à felicidade. Carregando o mito que Vernon ultrapassava um momento difícil da sua vida, o álbum For Emma, Forever Ago foi o resultado de três meses de “hibernação” do artista. Com sete anos de existência a álbum continua a invadir as nossas casas tornando-as num verdadeiro espaço de harmonia. - F.A.

U M D I S C O H O J E

THE TALE OF THE PRINCESS KAGUYA

Page 19: Hoje Macau 14 JUL 2014 #3130

hoje macau segunda-feira 14.7.2014 19OPINIÃO

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

cartoon por Stephff A BOTA

J Á leu por acaso o livro ‘Public Enemies’? Esta história verídica acerca de um assalto veio mais tarde a ser transformada num filme com o mesmo nome. Nela, desco-brimos que John Dilinger roubou um banco e foi preso pela polícia em 1934. Uma vez encarcerado, John usou umas madeiras para criar uma réplica de uma arma, que

pintou de preto. Munido desta arma falsa, o criminoso consegui escapar da prisão e ainda roubar um carro a um polícia. Este caso fez com que John Dilinger ficasse famoso nos Estados Unidos da América.

Como o caso já aconteceu há mais de 80 anos, como seria possível prever que John ainda era visto como um herói por um prisioneiro em Inglaterra?

O website hk.apple.nextmedia.com anunciou no dia 1 de Julho que um prisio-neiro, aqui descrito como X e detido na prisão de Bedford, no Reino Unido, era um grande fã de Dilinger. Inspirado pela história deste, o prisioneiro decidiu fazer uma arma de sabão, que posteriormente pintou de preto para tentar fugir da prisão. Apesar de ter conseguido enganar um guarda e usá-lo como refém, acabou por perder a coragem e render-se, acabando detido mais uma vez.

Na semana passada discutimos o tema da pena de morte, tendo considerado os prós e contras deste tipo de sentença. Um dos mé-ritos deste castigo é impedir que o infractor venha a reincidir, havendo porém aqueles que discordam da sua aplicação, defendendo que é uma prática cruel e inumana.

A história discutida acima demonstra que os prisioneiros não querem perder a sua liberdade. Podemos até argumentar que, para algumas pessoas, uma sentença que os coloque numa cadeia pode ser até pior do que perder a própria vida.

Independentemente de concordarmos ou não com a pena de morte, o encarceramento é a única outra opção disponível para castigar um criminoso culpado de um delito grave. A lógica por trás do encarceramento viabi-liza uma discussão séria. No nosso artigo de 27 de Janeiro deste ano, intitulado “A Liberdade de um Prisioneiro”, discutimos alguns destes temas.

A pergunta interessante aqui é: quanta liberdade é que os nossos prisioneiros têm? A resposta é obvia e está descrita na lei. Mas as leis são feitas por nós, por isso temos que pensar sobre a questão base, que é: quantas das liberdades de um prisioneiro é que as leis têm de retirar? Apenas a liberdade física? Ou retiramos todas as liberdades a um prisio-neiro? Ou damos liberdades diferentes aos prisioneiros? A sociedade deve considerar todas estas questões.

No nosso artigo de Janeiro mencionamos que as liberdades concedidas a um prisio-neiro têm de obedecer à lei. Alguns dos exemplos aí mencionados foram:

- a liberdade de sair da prisão por um curto período de tempo se tal for justificado;

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

Fugir da prisão

“Independentemente de concordarmos ou não com a pena de morte, o encarceramento é a única outra opção disponível para castigar um criminoso culpado de um delito grave.”

- a liberdade de ver os seus trabalhos pu-blicados;- a liberdade de receber remuneração da publicação dos seus trabalhos.

A lei pode fornecer várias liberdades aos prisioneiros. Ao mesmo tempo, pode tam-bém tirar-lhe todas as liberdades. Uma vez estipulado por lei os direitos ou liberdades a ser concedidos aos prisioneiros, todos temos de obedecer à lei, quer concordemos com ela ou não. Mas quais são os princípios legais

usados para determinar as liberdades a ser concedidas a um recluso? Para responder a esta questão, vamos abordá-la de três pontos de vista diferentes: o do Governo, o do prisioneiro e o da vítima, assim como os seus familiares.

Em Hong Kong, o departamento respon-sável pela gestão dos prisioneiros é o ‘Hong Kong Correctional Services’, enquanto que em Macau essa tarefa fica a cargo do Esta-belecimento Prisional de Coloane. Cabe a estas instituições a custódia dos prisioneiros, mesmo aqueles sujeitos a prisão perpétua (que se habilitam a estar presos até à sua morte). Aliás, sobem de ano para ano os reclusos castigados com penas de prisão perpétua, fruto da prática de crimes graves. Pode-se mesmo afirmar que, regra geral, o número destes prisioneiros só reduz quando um deles morre. Considerando que um ser humano vive em média 60 anos, os governos vêem-se assim obrigados a construir cada vez mais prisões para albergar estes prisioneiros, o que gera mais encargos públicos. Será isto bom para a sociedade?

Do ponto de vista dos prisioneiros sujei-tos a prisão perpétua, não há diferença para

estes se obedecerem aos guardas prisionais ou não. A desobediência não pode alargar ainda mais a sua sentença. Sendo assim, que motivação têm eles para acarretar as ordens dos guardas?

A consequência desta maneira de pensar é o aumento dos problemas criados por estes prisioneiros, o que os torna mais difícil de gerir na prisão. Para resolver este problema, certas liberdades adicionais podem vir a ser concedidas. O melhor exemplo destas é a liberdade condicional.

Vamos agora imaginar que você foi víti-ma de um homicídio, tendo assim falecido. Acha que os seus familiares concordariam que o culpado viesse a ter a possibilidade de sair da prisão? Discutimos estas questão no nosso artigo do dia 26 de Maio, de nome “Liberdade Condicional”. Se uma mulher for morta por um criminoso, será que o seu pai concordaria em ver o culpado sair da prisão? A resposta a estes assuntos continua a gerar debate.

Tendo considerado três pontos de vista diferentes, fica a cargo dos legisladores en-contrar o equilíbrio necessário entre todos. Esta questão vai continuar a ser discutida, visto não ser possível distinguir qual das soluções está correcta e qual está errada.

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