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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 32 HUMIDADE 55-95% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUINTA-FEIRA 19 DE JULHO DE 2012 ANO XI Nº 2655 PUB Ter para ler ATÉ AGORA BASTAVAM DOIS Audição a membros do Executivo só com cinco deputados PÁGINA 2 IR DE MACAU AO VIETNAME Uma viagem sem hipótese de compra online PÁGINA 5 APESAR DE ANTENEIROS TV Cabo quer novo contrato com Governo PÁGINA 6 Os e-mails vindos a público na investigação norte-americana podiam ser o argumento de um filme. Com o grupo Sands como cenário, o consultor jurídico Luís Melo é a personagem idealista que sucumbe ao realismo de Macau. Heróis e finais felizes só mesmo em Hollywood. PÁGINA 3 A história de Luís Melo, o outro advogado da RAEM na reportagem que ataca Leonel Alves Melo drama

Hoje Macau 19 JUL 2012 #2655

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Edição do Hoje Macau de 19 de Julho de 2012 • Ano X • N.º 2655

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Page 1: Hoje Macau 19 JUL 2012 #2655

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 32 HUMIDADE 55-95% • CÂMBIOS EURO 9.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUINTA-FEIRA 19 DE JULHO DE 2012 • ANO XI • Nº 2655

PUB

Ter para ler

ATÉ AGORA BASTAVAM DOIS

Audição a membrosdo Executivo sócom cinco deputados

PÁGINA 2

IR DE MACAU AO VIETNAME

Uma viagemsem hipótesede compra online

PÁGINA 5

APESAR DE ANTENEIROS

TV Cabo quer novo contrato com Governo

PÁGINA 6

Os e-mails vindos a público na investigação norte-americana podiam ser o argumento de um filme. Com o grupo Sands como cenário, o consultor jurídico Luís Melo é a personagem idealista que sucumbe ao realismo de Macau. Heróis e finais felizes só mesmo em Hollywood. PÁGINA 3

A história de Luís Melo, o outro advogado da RAEMna reportagem que ataca Leonel Alves

Melo drama

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2 política quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

Joana [email protected]

É considerado pelos deputados o meio mais importante para monitorizar o

Governo, mas agora limita--se a existir “apenas pelo nome”. A possibilidade de audição – contemplada na Resolução nº 4/2000 sobre o Regulamento das Audições – vai ser apenas possível com a apresentação do pedido feita por cinco deputados. Note-se que, habitualmente, os pedi-dos de audição são sempre feitos apenas pela bancada democrata – que congrega três deputados – e apoiados por Pereira Coutinho.

Neste momento, segundo Au Kam San, está a ser estu-dada a hipótese de aumentar o limite para pedir uma audição a membros do Governo – de dois para cinco deputados.

INSATISFEITO com as jus-tificações do jornal Ou Mun,

que reagiu às acusações da associação Novo Macau ale-gando nunca ter arrendado o 12º piso do prédio construído no terreno cedido pelo Governo, o deputado José Pereira Coutinho interpelou o terreno na passada semana.

Quer perceber se o Exe-cutivo vai investigar através da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) se o espaço onde se encontra o Centro de Estudo do Desenvolvimento

Resposta da Autoridade da Aviação Civil a Chan Meng KamO presidente da Autoridade de Aviação Civil (AAC), Chan Weng Hong, respondeu à interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam ontem, explicando a diversificação da captação de turistas e a abertura de rotas. Chan Weng Hong disse que no início do desenvolvimento do sector da aviação civil, a maioria passageiros vinha de Taiwan. Hoje, o sector de aviação civil tem principalmente os viajantes internacionais: 35% de Taiwan, 29% de Continente e 35% de outras origens no mercado asiático. O tráfego de passageiros nos primeiros cinco meses deste ano aumentou 7,5%, em comparação ao período homólogo. A aviação civil também vai expandir o negócio na província de Guangdong. A Air Macau tem a franquia de empresa de aviação até 2020, sem limite de desenvolvimento de rede de rotas. Chan Weng Hong não explicou foi como resolver a dívida da Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau. - C.L.

Aumentado limite de deputados para pedido de audição de membros do Executivo

Venham mais cincoFong Chi Keong em formato viralNo plenário da AL desta segunda-feira, os democratas Ng Kuok Cheong, Paul Chan Wai Chi e Au Kam Sam e José Pereira Coutinho foram acusados por Fong Chi Keong de não quererem o sucesso da política de “um país, dois sistemas”. “Estão sempre contra a decisão do Governo e do Governo Central, sempre a falar de conluios, mas nunca têm provas para acusar que isso exista entre o Governo e os empresários. Os indirectos também representam o povo, não só os directos.”Fong Chi Keong, que com mais esta intervenção continua a somar pontos nas redes sociais – o vídeo da circulou rapidamente pelo Facebook, pejado de comentários críticos dos utilizadores -, diz mesmo que estes deputados têm de deixar a história de 4 de Junho e olhar para o futuro. “Florinda, não se preocupe, vou sempre apoiá-la e defendê-la”, grita a dada altura Fong Chi Keong, falando para a secretária para a Administração e Justiça. Au Kam Sam defende que os democratas são os únicos que têm capacidade de pensar de forma individual, não sendo controlados por ninguém.

Coutinho quer ouvir Governo sobre alegado arrendamento feito pelo Ou Mun

“Qual o valor da renda mensal?”de Qualidade dos Cidadãos de Macau está de facto a ser arrendado. E, a comprovar--se, quer saber “qual o valor da renda mensal”.

A Novo Macau avançou que o jornal Ou Mun está a receber 120 mil patacas pela cedência do espaço, não ape-nas para “pagamento de des-pesas” mas de arrendamento. O problema é que o terreno cedido pelo Governo ao jornal não permite arrendamentos.

Por sua vez, o deputado Lee Chong Cheng, presidente

do referido Centro, garantiu que as regras impostas pela Fundação Macau - que fi-nanciou a instituição em dez milhões de patacas - estão a ser cumpridas.

O deputado Pereira Couti-nho pretende ainda perceber qual a política de apoio na concessão de terrenos aos outros jornais diários chi-neses, ingleses e portugue-ses. Ou, caso não exista, se este foi um caso de ordem excepcional de “concessão especial”. - R.M.R.

discutido na sexta-feira, em sede de comissão.

Recorde-se, por exem-plo, que o conhecido caso das campas foi alvo de um pedido de audição da parte da bancada democrata, também sem sucesso.

A Associação Novo Macau mostrou-se ontem contra esta alteração, que diz transformar o “meio mais importante para fis-calizar o Executivo” numa possibilidade sem valor, que existe apenas no nome.

A associação, da qual faz parte o deputado Au Kam San, assegura que o trabalho de monitorização é um dos trabalhos mais importantes da Assembleia Legislativa (AL), um local onde se pode utilizar ape-nas as interpelações e o debate como outras formas de fiscalização.

Mas, se as formas de in-

terpelação – oral e escrita – podem ser apresentadas pe-los deputados, têm apenas respostas “redundantes” do Executivo. “Pelo contrário, o debate e a audição, espe-cialmente a audição, pode chamar os funcionários a explicar os casos.”

Contudo, tanto o de-bate, como a audição têm de começar pelo apoio de metade dos deputados da AL, o que providencia a maior parte das vezes que isso seja um impedimento.

NUNCA APROVADADesde a transferência de soberania que nenhuma

audição conseguiu ser aprovada. “Será que a po-lítica de Macau e a trans-parência que o Governo tanto evoca não deixam qualquer assunto merecer uma audição?”, pergunta Au Kam San.

Houve diversos pedidos para audições, segundo o deputado, que eram do interesse do público mas foram rejeitados na AL. “Isso mostra que os directos não conseguem reflectir a esperança dos cidadãos. Agora, com este aumento do limite para que um pedido de audição seja feito por pelo menos

cinco deputados, significa que nunca vai ser possível começar uma audição no futuro.”

O texto da proposta de alteração foi recebido pelo deputado Au Kam Sam nesta terça-feira e vai ser

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3políticaquinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

Segundo os e-mails apresentados pela investigação norte--americana, Alves e Melo travaram uma guerra dentro do universo Sands. O primeiro ficou, o segundo saiu

Joana [email protected]

LUÍS Melo, ex-con-sultor jurídico da Venetian Macau, é um nome que

surge com frequência nos e-mails citados na recente investigação apresentada pelo canal de TV norte--americano PBS, num caso de alegada corrupção da Sands China. Fontes ouvidas pelo Hoje Macau apontam que divergências entre Melo e Leonel Alves - dois advo-gados do território que apa-recem citados na reportagem – colocaram o ex-consultor da Venetian como hipotética

O patrão da Las Vegas Sands prepara mais uma

possível investida contra os democratas dos EUA. Desta vez, a luta não se faz via do-ações de dinheiro – Sheldon Adelson apoia Romney, do Partido Republicano, nas presidenciais -, mas através da ameaça de processar o Comité do Partido Democrata porque os seus membros acusaram--no de ter uma estratégia de prostituição em Macau.

A acusação foi feita pri-meiro por Steve Jacobs, ex--director executivo da Sands. Disse que Adelson autorizou pessoalmente uma rede de prostituição para os seus clientes nos casinos de Macau.

Os democratas terão re-forçado as acusações, afir-mando que o magnata estava

FOI dito num e-mail de Steve Jacobs que o

contacto de Leonel Alves em Pequim é Ng Lap Seng, empresário de Macau e membro do território na Conferência Política do Povo Chinês. O seu nome aparece como sendo o in-termediário entre Alves e as autoridades chinesas para resolver os diferendos sobre a venda dos apartamentos do Four Seasons. Mas quem é o homem que Leonel Alves “não confirma, nem desmente” como sendo o seu intermediário?

Ng Lap Seng é um empresário considerado “de sucesso” no território, estando envolvido em diversas obras do sector imobiliário, como a infra-

-estrutura do fecho da Baía da Praia Grande e a ponte Flor de Lótus. Membro da Comissão Eleitoral do Che-fe do Executivo, Ng Lap Seng foi também accionista e membro do Conselho de Administração da TDM – onde ficou com a posição de Edmund Ho, antes da transferência de soberania. É o dono do Hotel Fortuna e o rosto do Banco da China.

O empresário esteve ainda envolvido num es-cândalo das presidenciais norte-americanas de 1996, onde terá apoiado com “centenas de milhares de dólares” Bill Clinton, como candidato democrata – uma curiosidade relativamente a Sheldon Adelson, que investe nos partidos repu-

blicanos. O dinheiro terá saído do território através de uma conta do Banco da China, do qual ele faz parte.

O empresário nunca foi formalmente acusado, mas uma fotografia ao lado do casal Clinton comprova a cumplicidade entre o empresário e o antigo pre-sidente dos EUA. Ng Lap Seng está ainda apontado como sendo o intermediário para resolver o conflito da Sands com um empresário de Taiwan e a saga dos apar-tamentos do Four Seasons, mediante o pagamento de 300 mil dólares americanos.

Para Leonel Alves, que falou sobre Ng Lap Seng à Rádio Macau, o empresário é um homem “sério” e “honesto”. - J.F.

Reportagem que ataca Leonel Alves tem outro advogado da RAEM. Sabe quem é Luís Melo?

A personagem secundáriafonte a divulgar a corres-pondência trocada entre os protagonistas do caso. Pela investigação do Hoje Ma-cau, isso não se confirma: a única certeza é que se trata de um rumor que corre entre os meios jurídico e político de Macau, podendo isso vir a prejudicar Luís Melo.

Quanto às supostas di-vergências entre Leonel Alves e Luís Melo, publi-camente não há registo que o comprove. No entanto, a julgar pelos e-mails vindos a público – não desmentidos por qualquer um dos advo-gados – torna-se óbvio que existem.

O Hoje Macau tentou contactar com Leonel Al-ves, mas tal revelou-se impossível. Já Luís Melo escusou-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto. O jornal sabe, porém, que este advogado garante não ter acesso aos e-mails que aparecem na investigação norte-americana, desde que deixou a Venetian Macau, em 2010.

O nome de Luís Melo – consultor da empresa entre 2008 e 2010 – aparece por diversas vezes nas trocas de correspondência. Segundo o

que se pode ler nos e-mails providenciados pela repor-tagem norte-americana, terá sido Luís Melo a contestar junto da firma de advogados de Leonel Alves um mon-tante cobrado, que não cor-responderia ao previamente combinado.

MUITOS DÓLARESO valor seria de 700 mil dó-lares americanos e, segundo a empresa de Leonel Alves, devia-se a quatro meses de trabalho. “As facturas que enviou não estão de acordo com o combinado no contra-to”, pode ler-se num e-mail enviado à firma, por Luís Melo, em Outubro de 2009.

Na altura, Al Gonzalez era consultor da Las Vegas Sands e Steve Jacobs o director-executivo da Sands China. Os dois surgem várias vezes nos e-mails apresenta-dos pela reportagem norte--americana. Gonzalez terá também recebido o e-mail sobre o montante cobrado por Alves, reencaminhado por Melo. Respondeu de-monstrando preocupação. “O Steve [Jacobs] deveria pedir uma explicação deta-lhada sobre este aumento. (…) Se este valor estiver

correcto, vai exigir que mui-to seja explicado, tendo em conta o que as nossas outras firmas estão a pagar.”

Esse pagamento não foi feito e Alves despediu-se da empresa em Fevereiro de 2010.

Um mês depois, uma nova proposta do advogado macaense terá chegado até ao e-mail de Luís Melo. Alves pedia um milhão de patacas por mês, a não obrigação de providenciar facturas detalhadas, exclusi-vidade e a total competência sobre os serviços jurídicos. “Falei com o Steve [Jacobs] e a opinião dele é que isto é algo que não pode acontecer. O Steve disse-me que ia falar com o SGA [Sheldon G. Adelson]”, lê-se noutro correio electrónico, enviado de Melo para Gonzalez.

DECISÃO POR CUMPRIRAl Gonzalez, num e-mail de resposta a Alves, com conhecimento de Jacobs, considera o pedido “ultra-jante” e diz que não se pode avançar com a contratação de Leonel Alves. Jacobs concorda e avisa Melo sobre a escolha. “Luís, escolhe quem precisares projecto a

projecto e depois falamos sobre uma substituição para consultoria externa.”

Só que a decisão do então director-executivo da Sands não foi avante. Mais tarde, Jacobs alega ter sido instru-ído por Sheldon Adelson, o patrão da Las Vegas Sands, para efectuar o pagamento a Leonel Alves e encerrar o assunto. É nesta fase que Gonzalez avisa sobre a possibilidade de a contrata-ção poder violar a lei anti--corrupção norte-americana.

Em Julho de 2010, Steve Jacobs é despedido. Um mês depois, Luís Melo também é dispensado do cargo de con-

sultor. No Outono, Leonel Alves entra como consultor externo da Sands China.

“SEM CUSTOS”As divergências entre Melo e Alves são fundamentadas, segundo o que se lê nos e-mails, com o que Steve Jacobs afirma ter sido a causa do seu despedimento: “ordens ilegais” da parte de Sheldon Adelson, “que incluíam a substituição de Luís Melo pelo advogado macaense”, depois de Le-onel Alves ter oferecido “sem custos” os serviços do seu escritório para fazer o trabalho de Melo.

Magnata da Sands ameaça processar Partido Democrata

Outra saga de AdelsonE-mail de Steve Jacobs aponta empresário

de Macau como intermediário de Alves

Quem é Ng Lap Seng?

Sands e Governo em acordoA Sands China estaria a entrar em acordo com o Governo, para receber autorização de venda dos apartamentos do Four Seasons. A notícia, avançada pelo jornal Macau Business Daily, afirma que o acordo ficou, contudo, suspenso devido às recentes informações reveladas pelo norte-americano Wall Street Journal – indicam uma alegada tentativa de suborno da operadora. “O acordo poderia ter rendido à empresa mais de sete mil milhões de patacas”, lê-se no jornal em língua inglesa de Macau.

a financiar os candidatos republicanos com dinheiro precisamente da prostituição. O advogado de Adelson, Lewis Clayton, exigiu aos democratas que “recuem nas acusações, falsas e difamató-rias, e peçam desculpa”. Asse-gura que o partido de Obama está, maliciosamente, a rotular Adelson de proxeneta. “Estas falsas acusações permitem que Adelson seja compensado.”

Numa altura em que nos EUA só se ouve falar das presidenciais e que Adelson tem sido visto como um dos principais financiadores das campanhas republicanas – cujo objectivo é retirar Obama da presidência -, Adelson assegura que não se opõe a um debate políti-co honesto, mas que nunca tolerará ataques a si ou à sua família. - J.F.

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4 sociedade quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

O próximo ano lectivo vai ter uma baixa de professores no ensino privado devido à entrada do novo articulado. Os professores terão de trabalhar menos mas farão mais horas extra pagas

Rita Marques [email protected]

A mensagem de Wong Kin Mou, chefe do depar-tamento de estu-

dos e recursos educativos da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) foi clara. “Há falta de 700 docentes este ano”, adiantou após a reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior. “Temos recrutado 300 professores novos a cada ano. E [com o Quadro Geral de Pessoal Docente das Escolas Particulares do

O Governo vai propor às es-colas registarem nas fichas

de classificação os serviços de voluntariado desenvolvido pelos alunos, no âmbito do “Planeamento para os Próximos 10 Anos para o Desenvolvimento do Ensino Não Superior”. Desta forma, vai ser lan-çado um projecto-piloto este ano lectivo, denominado “Somos todos voluntários, ajudar é divertido” com a participação de 10 escolas.

A ideia é atribuir mais compe-tências aos alunos no âmbito do seu Curriculum Vitae para ajudar os alunos nas candidaturas ao ensino estrangeiro.

“[Serve] para o caso de segui-rem estudos em universidades es-trangeiras, que já as contam como actividades extra-curriculares. Assim têm a necessidade de fazer uma reformação”, explica Chan

Novo quadro de pessoal leva a escassez de professores

“Há falta de 700 docentes este ano”

Projecto-piloto será lançado em 10 escolas este ano

Voluntariado vai constar na caderneta do aluno

550 milhões para as escolasO Fundo de Desenvolvimento Educativo 2012 vai ser maior do que o de 2011. As verbas destinadas para construção, reconstrução, remodelação do edifício escolar, do equipamento informático da escola e das instituições e associações da educação contínua vão ser de 550 milhões de patacas, mais 70 milhões do que no ano anterior. No último ano, foram 100 escolas apoiadas para mais de 1337 projectos no âmbito do “Plano de Desenvolvimento das Escolas”.

maior aposta em cursos de formação para professores, já que a DSEJ prevê que esta seja também uma medida ne-cessária e as escolas têm-se mostrado receptivas à ideia.

Na segunda metade deste ano vai entrar em vigor também o Conselho Profissional de Pessoal Docente, de acordo com o novo Quadro Geral.

Ensino Não Superior] po-demos continuar a recrutar novos professores mas não é muito viável recrutar mais 700 professores num ano.”

A ideia é caminhar “pas-so a passo” até alcançar o número pretendido de do-

garante Wong Kin Mou, isso é da responsabilidade das escolas, que chegarão a con-senso com os professores.

AUMENTO DOS SALÁRIOSDe acordo com o novo arti-culado, 70% dos orçamentos das escolas - que ainda estão a ser distribuídos de modo a garantir a execução do novo quadro geral - tem de ser canalizado para o pa-gamento das remunerações do seu corpo docente o que, segundo indicam, pode ser um factor motivador para atrair mais pessoal docente qualificado (ver quadro).

Mas ainda há espaço para aumentar mais o rendimento dos professores, garantiu Wong Kin Mou. “No ano de 2013 com o novo quadro vai haver um aumento porque assim podemos atrair mais pessoas para a área de do-cência e do ensino.”

Segundo informa a DSEJ, o número de candi-datos a professores já tem vindo a aumentar. “Há cada vez mais interessados”, ga-rante Wong Kin Mou. “Ain-da não sabemos a situação de recrutamento de cada escola. No fim de Agosto vão-nos entregar estes planos e sa-beremos mais.”

Vai haver também uma

Mais de três mil desistentesO número de docentes nos últimos 10 anos tem vindo a diminuir exponencialmente. De acordo com um estudo estatístico desenvolvido pela DSEJ no início de 2012, mais de quatro mil pessoas saíram da área de educação, de acordo com as pessoas qualificadas registadas no sistema do organismo. “Alguns necessariamente por aposentação, ou seja, três mil e tal saíram da carreira de docência. Portanto, têm qualificações para serem professores mas não o são.” No entanto, Wong Kin Mou não pode ainda supor se com as novas condições, expressas no Quadro Geral, os mesmos desistentes voltarão a ingressar no ensino. “Com o aumento do rendimento, se eles vão voltar a ingressar depende das escolas e do desenvolvimento do mercado.” No entanto, ressalva, “há cada vez mais pessoas a frequentar cursos de educação”.

Iok Wai, chefe de divisão da For-mação e do Apoio do Associativis-mo Juvenil da DSEJ, no encontro com a imprensa após a reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior.

As escolas vão então criar grupos de trabalho para prestação de serviço voluntário - na escola, Governo e comunidade - junto de alunos do secundário e primário embora a participação não seja obrigatória.

“A participação é feita em serviços voluntários em concursos realizados nas escolas entre outros apoios voluntários. Muitas escolas têm um grupo de serviço volun-tário e essa participação pode ser registado na caderneta.”

DESPESAS AINDA INCERTASO orçamento dispensado para este programa ainda não é conhecido

pela DSEJ. “Estamos a fazer um estudo sobre as despesas e o tempo necessário para este projecto e as horas para cada trabalho”, afirmou Chan Iok Wai.

No entanto, acredita que as “42 escolas secundárias de Macau já têm vindo a desenvolver trabalhos de voluntariado em grupo” pelo que será um programa bem suce-dido. De resto, a iniciativa serve para formar o espírito de ajuda aos outros, de auto-ajuda, criando um ambiente mais favorável para o crescimento saudável dos jovens.

No entanto, o responsável fez questão de salientar, que para o ano lectivo de 2012/2013 foram apreciados mais de 700 projectos de voluntariado de associações com uma verba total de 360 mi-lhões de patacas, maior do que no último ano. - R.M.R.

centes porque as vagas não podem ser todas preenchidas de uma vez. “Nos próximos 3 a 4 anos vamos dar resposta a essa procura de mercado”, estima Wong Kin Mou.

No entanto, diz também, esta falta de recursos huma-

nos “não é muito grave”. “A proporção de professores está adequada. [As escolas] têm de fazer a distribuição de professores apropriada-mente.”

O novo diploma, apro-vado em finais de Fevereiro deste ano, pressupõe uma diminuição de horas lectivas de docência por semana. “Com o novo quadro o número de aulas baixa de 22 para 18 ou 16 sessões”, explicou. “No ano lectivo passado os professores fa-ziam 24, 25 e 26 sessões por semana. Os professores em vez de 24 sessões passam a fazer 20 e a pouco e pouco vão chegar às 18.”

Na opinião dos responsá-veis da DSEJ, as horas que os professores devem vir a leccionar podem ajudar a “diminuir o stress” dos professores.

Para já, com a falta de vagas ainda por preencher, é inevitável que as escolas venham a pedir aos docentes que façam horas extraordi-nárias. “Há professores que terão de trabalhar [mais]ses-sões mas são compensados monetariamente pelas horas extraordinárias.” Não há um critério estabelecido para os professores que venham a fazê-las porque, segundo

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5sociedadequinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected]

JÁ pensou em viajar de Macau até ao Vietname? Pois bem, se quiser adquirir uma viagem com partida do

Aeroporto Internacional de Macau terá de fazer alguma ginástica. Supostamente em vigor desde Junho passado, as viagens para Da Nang, naquele país, podem fazer--se às quartas e quintas-feiras, e ao domingo por preços na ordem das 4.000 patacas. O problema é que o voo, operado pela Vietname Airlines, tem especificidades que nem a Autoridade de Aviação Ci-vil de Macau (AACM) consegue explicar. Já lá vamos.

O Hoje Macau quis reservar um voo para Da Nang. Fomos até à página na Internet do Aeroporto Internacional de Macau e consta-támos que ontem, por exemplo, o voo – VN597 - para Da Nang, no Vietname, foi operado pela Viet-name Airlines. Até aqui tudo bem.

Depois de dissipada a primeira dúvida resolvemos comprar o voo através do portal da companhia aé-rea vietnamita. Para nosso espanto não é possível comprar “online” um voo directo de Macau para Da Nang, apesar de este existir. A garantia foi dada pelo “helpdesk” da Vietname Airlines que, no início da conversa, até nos disse não ter voos de e para Macau. “Não voa-mos para Macau. A sua pergunta é estranha. Os nossos aviões só vão para Hong Kong”, referiu a operadora. Depois ainda deu o dito por não dito e acabou a conversa num “nim” misterioso. As dúvidas adensaram-se.

Contactada pelo Hoje Macau, a AACM confirmou a operaciona-lidade do voo e explicou que as viagens só podem ser adquiridas nas agências de turismo. “Trata-

A Wynn Macau anunciou ontem uma quebra de

7,1 por cento nas receitas do segundo trimestre do ano para 907,6 milhões de dólares, mas os lucros subiram 83,36% para 220,6 milhões de dólares.

Os dados da Wynn Ma-cau entregues na bolsa de Hong Kong, onde a empre-sa está listada, indicam que entre Abril e Junho, face ao mesmo período de 2011,

a operadora de casinos em Macau viu as receitas operacionais cair 7,1% para o equivalente a 741,6 milhões de euros, com a maior queda a verificar-se nas receitas dos casinos que registaram uma descida de 7,4% para o equivalente a 698,5 milhões de euros.

Já os quartos dos hotéis Wynn e Encore geraram receitas de 3,5 milhões de euros, mais 1,19% do que

no mesmo trimestre de 2011, enquanto as receitas oriundas dos restaurantes caíram 1,3% para 4,58 milhões de euros, e dos espaços comerciais subi-ram 0,26% para 35 milhões de euros.

Apesar da quebra das receitas, a Wynn Resorts conseguiu equilibrar as contas com uma quebra de 20,1% dos custos opera-cionais para 556,5 milhões

de euros, resultando num lucro operacional de 185,5 milhões de euros, mais 82,3%.

O lucro líquido subiu, contudo 83,36% para 180,4 milhões de euros.

Na explicação ao mer-cado, a Wynn Resorts atribui a subida do lucro líquido ao facto de em 2011 ter inscrito um donativo de 107,5 milhões de dólares (88 milhões de euros ao

câmbio actual), dinheiro que foi entregue à Univer-sidade de Macau (UMAC).

Nas contas da empre-sa é ainda referido que a Wynn Macau pagou menos impostos de jogo, fruto de menores receitas - menos 7,9% para 359,9 milhões de euros - e gastou mais 11,24% com custos de pessoal para um total equivalente a 60,4 milhões de euros.

Viagens de Macau para o Vietname sem compra online. Só em algumas agências de viagem

O mistério de Da Nang

Wynn Resorts regista quebra de receitas mas aumenta lucros líquidos

Uma coisa assim-assim

-se de uma questão comercial e não de ordem técnica”, começou por dizer fonte ligada às relações públicas do organismo. “A AACM aprovou a rota e ela existe. Con-tudo temos a informação que as viagens só podem ser compradas em agências de turismo, uma vez que a maioria dos passageiros que usam esse destino são chineses e jogadores de casinos, e estão habituados a comprar as viagens nas agências.”

XIAMEN OU VIETNAME?A compra da viagem estava, por esta altura, a tornar-se num acon-tecimento quase épico. Ou não,

quiçá caricato. A próxima fase seria contactar agências de viagem. E quais? Difícil, sabendo que existem às centenas no território.

Numa primeira fase, optamos por contactar uma que falasse português para dissipar quaisquer dúvidas acerca do que se estava a falar. Escolhemos a Agência de Viagens Turísticas Luís Chou que nos disse, numa primeira abordagem, não ter a referida viagem em carteira. “Aliás posso dizer-lhe que existia uma rota no passado mas que foi cancelada há uns anos.”

Contudo, a operadora turística achou estranho as perguntas do

Hoje Macau e quis, ela própria saber mais sobre o assunto, prome-tendo novidades para mais tarde. “Olhe, afinal a rota está a vigorar novamente desde Junho deste ano com voos às quartas e quintas--feiras, e domingo. Soubemos que uma das agências que trata da viagem está no Aeroporto de Macau e chama-se Xiamen Airli-nes. Nós não a podemos vender.” Bom, agora é que deixámos de entender. “Xiamen, na China?”, perguntamos. “Sim, é uma com-panhia chinesa.”

Mas, se o Aeroporto Interna-cional de Macau refere que quem viaja para o Vietname a partir de

Macau é a Vietname Airlines, o que tem a Xiamen Airlines a ver com a história? Essa resposta ninguém nos quis dar, nem a própria Xiamen Airlines. Deduzimos, logo, que talvez haja algum tipo de acordo entre as companhias, quiçá, em “coaching”.

Tentámos ainda outra agência de viagens, desta vez chinesa, – a World Wide – que também nos garantiu vender bilhetes para Da Nang, com voos da Vietname Airlines. Em ambos os casos, a viagem terá um custo final de cerca de 4.000 patacas, com taxas inclu-ídas. Os voos partem de Macau às 21h05, dos dias já referidos.

Confrontadas com algumas perguntas, as agências, reservadas ao direito de escusa, não quiseram comentar o facto de as viagens só serem compradas através delas, nem tampouco desvendaram que tipo de público usufrui da rota que liga o território ao Vietname. Com tanta dificuldade, Da Nang fica, assim, para outra oportunidade.

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6 sociedade quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

O contrato de concessão de dois anos celebrado entre o Governo e a TV Cabo termina em 2014,

mas a empresa pretende continuar essa ligação. A garantia foi dada por Ângela Lam, directora-executiva da TV Cabo, durante a cerimónia de celebração dos 12 anos da em-presa. “Já começámos a informar o Governo de que temos intenções de renovar o contrato. Temos as nossas infra-estruturas e podemos servir bem o Governo e os cidadãos. Es-pero que tenham confiança em nós.”

Contudo, as relações neste momento não são as melhores com o Executivo, que está a ser processado pela TV Cabo desde 2011, por nada ter feito face à trans-missão dos jogos da liga inglesa por parte dos anteneiros, cujos direitos pertenciam à TV Cabo.

“Se o fizemos é porque nos úl-timos anos temos procurado várias maneiras de resolver o problema. Até que o contrato seja renovado, temos de proteger os direitos da nossa empresa. Providenciámos muitas soluções, não compreendo como é que não foi resolvido.”

Face aos anteneiros, a empresa já recorreu da decisão do Tribunal

Andreia Sofia [email protected]

Cecília Lincecí[email protected]

OS consumidores de Ma-cau têm cada vez menos

confiança na economia, segundo um estudo apre-sentado pela Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST, na sigla inglesa).

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) respei-tante ao segundo trimestre deste ano situa-se nos 84,87, tendo diminuído 3,53 pontos face aos primeiros três me-ses do ano. Olhando para a escala apontada pelo estudo, abaixo de 100 significa que existe “falta de confiança” e que “a confiança dos con-sumidores têm entrado em declínio”.

Nos seis itens em análi-se, aquele que revela uma

Empresa diz ter perdido 180 milhões por causa dos anteneiros. Mas não desiste

TV Cabo quer renovar com o Governo

Consumidores cada vez menos confiantes, diz estudo da MUST

“Macau tem de gerir os efeitos da inflação”Mesmo estando acima dos 100 pontos, o responsável pelo estudo considera que são níveis que “continuam em declínio, o que significa que há que ter atenção a este ponto”.

A confiança face aos preços registou o índice de 56,68 pontos, tendo aumen-tado 0,50%, o que significa que “ainda é fraca”. Já o índice para o padrão de vida situa-se nos 92,27%, tendo diminuído 2,12%, sendo uma consequência “da pres-são causada pela inflação”.

O docente da MUST encontra mais explicações. “O Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu para 7,6% no segundo trimestre, e é a primeira vez que acontece. Nos últimos três anos o PIB esteve sempre acima dos 8%. Já o Índice de Preços do Consumidor do Continente foi de 2,2% em Junho, o mais baixo dos últimos 29 meses. A crise da dívida europeia tem causado dificuldades na recuperação da economia a nível global”.

pior posição diz respeito à compra da habitação, cujo índice caiu 12,78% face ao trimestre anterior. Liu Chengkun, responsável pelo estudo e professor associado de Gestão e Administração da MUST, explica que a causa para esta quebra “diz respeito à elevada procura que existe no mercado imobiliário e aos preços dos imóveis, o que origina um fraco desejo de compra por parte do consumidor”.

O estudo foi realizado entre 22 e 29 de Junho, tendo sido inquiridas via telefone 1.019 pessoas. O trabalho recebeu financiamento da Fundação Macau.

INFLAÇÃO, UM PROBLEMA Liu Chengkun não tem dú-vidas na hora de analisar as causas para estes resultados. “Macau tem de consolidar

a gestão dos efeitos da in-flação, bem como reduzir a pressão dos cidadãos que é causada por essa inflação. Deve ainda facilitar o equi-líbrio na oferta e procura de habitação, por forma a aumentar a confiança dos consumidores.”

A escala que mede os resultados é feito com base no número 100. Acima de 100 é sinónimo de confiança, enquanto abaixo representa falta de confiança. Olhando para outras áreas, verifica-se que o índice para a economia local é de 109,62 pontos, menos 4,53%. Já índice do emprego é de 119,58, tendo registado uma quebra de 3,35%.

Segundo o docente, sig-nifica que “há mais cautela na procura de emprego”, dado que existem receios no panorama económico.

se encontra na barra dos tribunais. “O litígio deve ser considerado como uma violação dos direitos de autor e é estritamente um problema entre os donos dos direitos e as companhias de antena.”

180 MILHÕES PARA O LIXOA luta com as companhias de an-tena, ou anteneiros, tem custado caro à TV Cabo, que nos últimos 10 anos tem registado perdas acumu-ladas num valor de 180 milhões de patacas, segundo os seus cálculos. Mas Ângela Lam está confiante, tendo dito ainda que a empresa registou “um ligeiro crescimento” no primeiro semestre, sendo que nos últimos dois anos o negócio tem crescido graças a mais serviços providenciados a hotéis e zonas residenciais.

No dia em que fez 12 anos, a TV Cabo assinou um acordo de 100 milhões de patacas com duas entidades bancárias. “Queremos crescer e para isso precisamos de desenvolver mais as infra-estrutu-ras. Por isso assinámos o acordo.”

Vai também existir um foco maior nas plataformas digitais, graças à parceria com uma empresa de Cantão. Mais canais em HD e três novos que se juntam ao actual pacote de 10 disponibilizados pela empresa são outras novidades.

Judicial de Base (TJB), exigindo 60 milhões de patacas por 10 anos de perdas. “Do nosso ponto de vista, e também dos advogados, estamos aqui a defender os direitos de autor. Os anteneiros não estão a infrin-

gir a concessão do contrato, mas sim os direitos de transmissão.” A directora-executiva mostra-se confiante. “Acredito que podemos ganhar porque, no caso, estão em causa os direitos de autor.”

Numa resposta enviada recen-temente ao Hoje Macau, a Direcção dos Serviços de Regulação de Te-lecomunicações (DSRT) não quis providenciar muitos esclarecimen-tos, por ser um assunto que ainda

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7nacionalquinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

OS salários ainda estão a aumen-tar na China e muitas empresas

sentem dificuldade para preencher as suas vagas, apesar do declínio acentuado da economia — evidência de uma escassez estrutural de mão de obra que pode ajudar a China a ajustar-se ao crescimento mais lento, sem causar instabilidade política e estimular o apetite do consumidor por produtos estrangeiros.

Reflectindo o aperto na oferta de mão de obra, os salários das famílias urbanas aumentaram 13% no primei-ro semestre, em comparação com o período homólogo de 2011, e a média do salário mensal de trabalhadores migrantes subiu 14,9%, de acordo com dados do Órgão Nacional de Estatística da China.

Uma pesquisa do Mi-nistério do Trabalho em 91 cidades no primeiro trimes-tre mostrou também que a procura por trabalhadores excedeu a oferta num nível recorde, indicando baixo desemprego.

A escassez de trabalha-dores, que contrasta com o nível preocupante do desem-prego nos Estados Unidos e na Europa, ajuda a explicar por que Pequim não está a correr para repetir os pro-gramas de estímulo maciços que pôs em prática em 2009.

Naquela época, o co-lapso do comércio mundial forçou demissões em larga escala nas fábricas ao longo da costa, - cerca de 20 mi-lhões de trabalhadores mi-grantes voltaram para suas casas no interior. Os temores de agitação social que isso gerou levaram o governo a gastar generosamente em caminhos de ferro para comboios rápidos, estradas e outros projectos de estímulo ao crescimento.

Até agora, a desacele-ração não se mostrou tão severa quanto em 2009, quando a economia mundial mergulhou na recessão. Sheng Laiyun, um porta--voz da Agência Nacional de Estatística, disse que cerca de seis milhões de novos empregos foram criados nas cidades chinesas no primeiro semestre e os números do emprego de migrantes tam-bém subiram.

ALGUNS RISCOSMas salários em alta também têm os seus riscos. Na China, os salários ainda estão a par-tir de uma base muito baixa,

Ajuda inesperada para minorar efeitos do crescimento mais lento da economia

Vantagens dos salários altos

mas têm subido depressa. Às taxas actuais, os salários do sector privado de manufac-tura vão duplicar entre 2011 e 2015, e triplicar até 2017, corroendo a competitividade e prejudicando as exporta-ções, as quais tiveram um papel fundamental no cres-cimento inicial da China.

O Boston Consulting Group calcula que os sa-lários na China podem ultrapassar os do México este ano, quando se leva em consideração as diferenças de produtividade entre os dois países.

A transição para uma economia de altos salários, onde a produção do sector de serviços e o consumo doméstico têm um papel maior, não será tão linear. Ainda há decisões difíceis a tomar, incluindo a aber-tura de partes críticas do sector de serviços — como o segmento bancário e o de telecomunicações — a uma concorrência maior. Algumas dessas decisões

requerem confrontar grupos de interesse poderosos como empresas estatais e governos locais. O processo vai se desenrolar por anos, não somente meses.

TRABALHADORES GANHAMOs resultados terão conse-quências para aqueles que ganham e perdem com as rápidas mudanças na eco-nomia da China. O mesmo aumento nos salários que começou a elevar os preços dos produtos da China no mercado mundial também deve levantar a procura por bens de consumo impor-tados.

Os principais beneficiados com o rápido crescimento da China até agora foram expor-tadores de commodities como a Austrália, rica em minério de ferro, e fabricantes de máquinas avançadas como a Alemanha. No futuro, os pro-dutores de bens de consumo de primeira linha nos EUA e na Europa podem ganhar uma fatia maior do bolo.

O movimento de alta dos salários tem sido moldado por mudanças na população e nas políticas do governo. O tamanho da força de tra-balho estabilizou, dizem os especialistas em demografia, e começará encolher na metade da década, acirrando a competição por trabalha-dores.

A China comprometeu--se a aumentar substancial-mente o salário mínimo, o que pressiona os empre-gadores a subir os salários dos funcionários mais qua-lificados. Pequim também elevou as indemnizações aos demitidos. Isso desencoraja demissões, a não ser que haja uma queda drástica nos negócios.

A PERDER FÔLEGONo passado, o crescimento estonteante — em que o produto interno bruto subiu numa média de cerca de 10% ao ano, nos últimos 30 anos — foi necessário para criar empregos para os milhões

de jovens trabalhadores que inundavam o mercado todos os anos. Agora, esse fluxo está a perder fôlego, no mesmo momento em que a China dá prioridade ao crescimento do sector de serviços.

Essa dinâmica ajuda a explicar por que há poucos casos de despedimentos, ainda que o crescimento do PIB tenha sido de 7,6% no segundo trimestre de 2012, quase metade do pico de 14,8% atingido no segundo trimestre de 2007. Explica também por que os líderes chineses parecem mais optimistas quanto a um crescimento mais len-to. “A taxa de crescimento potencial da China dimi-nuiu”, disse Chen Dongqi, um experiente analista do governo, acrescentando que “7% a 8% agora é o normal”.

FALTA DE MÃO DE OBRAO desemprego oficial da China foi de 4,1% no fim

do primeiro trimestre, embora os dados cubram somente os trabalhadores urbanos e sejam consi-derados pouco fiáveis pela maioria. A taxa de desemprego nos EUA foi de 8,2% em Junho, sendo que os salários cresceram 1,7% no primeiro trimestre de 2012, comparado com o ano anterior. Na zona do euro, o desemprego atingiu 11,1% em Maio, o nível mais alto desde a criação da moeda comum.

O vigor do mercado de trabalho na China vem das profundas mudanças demográficas. A política do filho único, introduzida no país em 1980, começa a corroer o suprimento de trabalhadores. Em 2005, havia 120,7 milhões de chineses entre os 15 e 19 anos, segundo estimativas das Nações Unidas. Em 2010, esse número tinha caído para 105,3 milhões, e deve chegar a 94,9 milhões até 2015.

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8 nacional quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

O francês Patrick Devillers, preso no Cambodja à margem do caso

de Bo Xilai (dirigente acusa-do de corrupção), foi liberta-do e viajou até à China para ajudar na investigação sobre o alto funcionário chinês, in-dicou ontem um funcionário da polícia do Cambodja.

O arquitecto, que tinha sido preso no dia 13 de Ju-nho a pedido da China, foi colocado em liberdade na segunda-feira, disse à AFP o chefe-adjunto da polícia nacional cambojana, Sok Phal. “Ontem (terça-feira)

OS bancos mundiais registaram lucros re-

corde nas suas operações chinesas no ano passado, com muitos analistas es-trangeiros a preverem um crescimento anual de cerca de 20% até 2015, de acordo com uma pesquisa divul-gada na terça-feira pela PricewaterhouseCoopers (PwC).

Os lucros líquidos com-binados de 181 bancos estrangeiros cresceram de 7,78 milhões de patacas em 2010 para 16,73 mil milhões em 2011, impul-sionados pelo crescimento dos investimentos multina-cionais na China, de acordo com a pesquisa feita com chefes executivos, gerentes de alto nível e presidentes de agências de 41 bancos estrangeiros.

Os activos desses ban-cos estrangeiros na China cresceram 24% anualmen-te, para 2,15 biliões de patacas no ano passado, disse PwC no relatório da pesquisa.

“O desafio fundamental para os bancos estrangeiros nos próximos três anos será equilibrar o investimento e as necessidades do mercado chinês, que é dinâmico e de

O primeiro-ministro chi-nês, Wen Jiabao, aler-

tou ontem que a China vai enfrentar uma situação de emprego “mais difícil” devido à desaceleração da economia chinesa.

Wen referiu que a China criou 98 milhões de novos empregos entre 2003 e 2011, mas terá que trabalhar agora mais duramente para criar empregos para a crescente força de trabalho, princi-palmente os 250 milhões

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, reuniu-se ontem com o presidente

chinês, Hu Jintao, antes de o Conselho de Segurança votar um projecto de resolução apresentado pelos americanos e europeus, ameaçando sanções contra a Síria.

O projecto apresentado por França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Esta-dos Unidos ameaça Damasco com sanções económicas se o regime não renunciar à utilização de armas pesadas contra a oposi-ção, prolongando por 45 dias a missão dos observadores da ONU na Síria.

A Rússia já garantiu de forma clara que vetará a proposta e espera-se que a China faça o mesmo, uma vez que os dois países já bloquearam dois projectos de resolução do

Conselho para proteger o seu aliado desde o início do conflito, em Março do ano passado.

A questão síria não foi discutida por Ban Ki-moon na presença de Hu Jintao perante os jornalistas.

Ban Ki-moon apelou no sábado ao mi-nistro chinês dos Negócios Estrangeiros, Yang Jiechi, para pedir a Pequim para “usar a sua influência” no sentido de se aplicar o plano de paz de Kofi Annan e a declaração do Grupo de Acção sobre a Síria, que prevê uma transição política em Damasco.

Mas o Diário do Povo, do Partido Co-munista Chinês, opôs-se na terça-feira num editorial a qualquer intervenção estrangeira na Síria, reiterando a posição já manifestada por Pequim.

Francês preso no Cambodja, com relação ao caso de Bo Xilai, foi para a China

Arquitecto vai testemunhar

Apesar da desaceleração económicaresultados na China foram enormes

Bancos estrangeiros com recorde de lucros

Wen alerta para situação mais difícil do emprego

“Complicada e grave”

Líderes reuniram antes do voto da ONU sobre a Síria

A conversa de BanKi-moon com Hu Jintao

de migrantes chineses e 40 milhões de licenciados.

“A partir de agora, a si-tuação do emprego na China vai tornar-se mais compli-cada e grave”, afirmou Wen num comunicado divulgado no site do governo na Inter-net. “Atingir pleno emprego é um processo muito difícil, mas precisamos de trabalhar mais duramente. Aumentar o emprego é melhorar a vida das pessoas ao torná-las mais seguras e é considerado

uma prioridade principal para o comité do partido e todos os níveis do governo.”

As declarações de Wen surgiram horas depois de a China ter anunciado que o investimento directo es-trangeiro diminuiu 3% na primeira metade do ano. A teoria das vantagens do aumento dos salários e a possível falta de mão de obra (artigo na página anterior) não são, pelos vistos, pontos considerados por Wen.

rápido desenvolvimento, no meio das limitações de uma economia desace-lerada nos seus países de origem”, disse o Parceiro Consultivo de Serviços da PwC, William Yung, no relatório.

MENOS RESTRIÇÕESDesde o primeiro trimestre de 2011, a economia da China diminuiu por seis trimestres sucessivos, com

partiu em direcção à China por sua própria vontade. Dis-se que ia para testemunhar. A embaixada da França esteve 100 por cento de acordo com isso.”

Não foi possível obter informações da embaixada francesa em Phnom Penh até ontem. “Não faremos comentários”, sustentou um porta-voz da embaixada de França em Pequim.

A França exigiu esclare-cimentos depois da prisão de Devillers, que tinha relações de negócios e de amizade com Bo Xilai, cujo caso causou grande impacto

dentro do Partido Comunista Chinês (PCC).

CAÍDO EM DESGRAÇAA carreira deste funcionário chinês, chefe do gigantesco município de Chongqing, desmoronou desde que foi suspenso, no início deste ano, do Bureau Político e do Comité Central do PCC.

Bo Xilai é alvo de uma investigação interna por corrupção. A mulher, Gu Kailai, uma famosa advo-gada, é suspeita no caso do assassinato de um britânico com o qual ela e Bo tinham relações de negócios. Gu Kailai e Patrick Devillers

o seu produto interno bruto a crescer apenas 7,6% no segundo trimestre deste ano, o ritmo mais lento em três anos.

Os bancos estrangei-ros estão mais dedicados aos seus investimentos chineses agora do que em 2008, à medida que a China continua a liberalizar a sua moeda e as restrições no seu sistema financeiro, segundo a pesquisa.

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9regiãoquinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

Timor Embaixador pede “cautela”O embaixador de Portugal em Timor-Leste voltou hoje a aconselhar “cautela” aos portugueses residentes em Díli, apesar de a situação estar agora mais calma após os distúrbios, que na noite de domingo causaram um morto e vários feridos. Na terceira mensagem escrita à comunidade local, enviada por telemóvel ao final da tarde de ontem em Díli, Luís Barreira de Sousa adianta que “os incidentes voltaram a diminuir”, mas acrescenta que, à noite, “os que vivem em Díli e precisarem de se deslocar deverão ainda ter cautela”. A nova mensagem enviada pelo embaixador Luís Barreira de Sousa à comunidade portuguesa de Díli surge na sequência de distúrbios que, no domingo, provocaram a destruição de 58 carros e ferimentos em “três ou quatro” pessoas, uma das quais acabou por morrer no hospital.

Singapura Oito feridos em acidente no metroDuas pessoas estão desaparecidas e outras oito ficaram feridas na sequência do colapso de um andaime durante a construção de uma nova estação de metro em Singapura, informou ontem a imprensa local. As autoridades de Singapura indicaram que o acidente ocorreu na futura estação de Bugis, cerca das 6h50 locais. “Oito dos trabalhadores que estavam na parte superior da estrutura sofreram ferimentos e foram enviados ao hospital”, indicou um porta-voz do metro de Singapura, citado pelo diário Straits Times. “Dois outros trabalhadores continuam desaparecidos.”

Coreia do Norte Kim promovido a marechalO líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, foi promovido a marechal do Exército, o mais alto posto militar do país, consolidando assim o seu poder naquele regime comunista, informou hoje a agência noticiosa oficial KCNA. O título de marechal pertencia anteriormente ao pai de Kim Jong-un, Kim Jong-il, a quem foi outorgado em Fevereiro o título de “generalíssimo” após a sua morte, em Dezembro do ano passado. Kim Jong-un já ostentava o título de “comandante supremo” do Exército Popular da Coreia do Norte, com cerca de 1,1 milhões de efectivos, sendo um dos mais numerosos do mundo e sobre o qual se baseia o poder da dinastia Kim, que governa o país desde 1948.

AS acções do banco Hong Kong and Shanghai Banking Corporation (HSBC) caíram ontem

mais de 2% em Hong Kong após a demissão de um executivo do grupo, na sequência da falha de fiscalização de possíveis operações de branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo.

O valor das acções do banco britânico HSBC caiu 2,3%, para 66,35 dólares de Hong Kong, na sessão de ontem da Bolsa de Hong Kong.

O HSBC reconheceu “falhas” e apresentou publicamente descul-pas, diante do Senado norte-ameri-cano, por lacunas na aplicação da legislação contra o branqueamento de capitais.

O banco britânico foi acusado pelos senadores norte-americanos – do comité que investiga o caso -, durante uma audição pública na terça-feira, de poder ter dado ao Irão, a terroristas e a traficantes de droga acesso ao sistema financeiro dos EUA. O director do serviço de controlo do banco desde 2002, David Bagley, foi testemunhar e anunciou a sua demissão, em pleno Senado.

INVESTIGAÇÃO EXAUSTIVAO Senado divulgou o relatório de uma investigação de um ano onde demonstra que o banco operava nos EUA, através das suas filiais, com fundos presumivelmente pro-venientes dos cartéis mexicanos de tráfico de droga e de países como o Irão e a Síria, que estão sujeitos a sanções do Governo norte-americano.

A investigação incidiu sobre as actividades do HSBC entre 2006

DUAS organizações cristãs de Hong Kong recusam-se a in-

troduzir a controversa disciplina de educação nacional nos programas do ensino primário do próximo ano letivo, noticiou ontem o South China Morning Post.

A oposição surge numa altu-ra em que as escolas primárias da antiga colónia britânica têm vindo a ser encorajadas a fa-cultar a controversa disciplina de educação nacional - que visa inculcar o orgulho nacional e a responsabilidade civil - já a partir de Setembro, numa política que deve ser aplicada pelas escolas

secundárias no ano lectivo se-guinte e que tem sido contestada.

A Sheng Kung Hui e a Evan-gelical Lutheran Church de Hong Kong são as primeiras organi-zações a recusar a introdução da disciplina, que deverá tornar-se obrigatória nos ensinos primário e secundário já em 2015 e 2016, respectivamente.

“Não introduzir a disciplina agora não é o fim do mundo”, afirmou Timothy Ha Wing-ho, conselheiro para a educação da Sheng Kung Hui, que administra cerca de 150 escolas, advogando que “os grupos religiosos estão já a

contribuir em muito para promover valores morais”.

“INSTILAÇÃO IRRACIONAL”Já o responsável da educação da Evangelical Lutheran Church, Wong Kwok-kong, afirmou que as sete escolas primárias que adminis-tra “certamente” não vão iniciar o ensino da disciplina no ano lectivo que se inicia em Setembro.

“Opomo-nos à instilação irra-cional de valores”, apontou Wong Kwok-kong. “Precisamos de olhar para os assuntos a partir de perspec-tivas universalmente aceites, tais como direitos humanos, liberdade

e igualdade. Os docentes não estão preparados para a disciplina.”

O sindicato de professores de-fendeu que a posição demonstrada por parte dos dois grupos religiosos demonstra que existe uma grande necessidade de repensar a educação nacional, estando, neste momento, a recolher assinaturas junto dos profes-sores na tentativa de forçar as autori-dades de Hong Kong a suspender o arranque da disciplina em Setembro.

Nas salas de aula sob admi-nistração da Associação Budista e da Escola Primária Islâmica, a educação nacional vai avançar já em Setembro, como previsto.

Banco HSBC desce mais de 2% após suspeitas de branqueamento

Queda na Bolsa de Hong Kong

e 2010, tendo sido analisados 1,4 milhões de documentos e entre-vistados 75 dirigentes de topo do banco, bem como reguladores do sector da banca dos EUA.

Os senadores apuraram que o HSBC realizou 25 mil transacções

secretas com o Irão, entre 2001 e 2007, num montante de 16 mil milhões de dólares americanos, acusando os responsáveis do banco de estarem ao corrente e de nada terem feito.

No documento acusa-se ainda

Escolas cristãs de Hong Kong opõem-se a disciplina controversa

Educação nacional recusada

o HSBC de expor o sistema fi-nanceiro norte-americano a pos-síveis operações de lavagem de dinheiro dos cartéis mexicanos, ao transferir sete mil milhões de dólares físicos do México para os EUA.

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10 quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mointernet

Andreia Sofia [email protected]

SE fosse dono de todos os pon-teiros do relógio, Miguel de Senna Fernandes escreveria mais vezes no espaço que tem

na internet. O blogue “Filo di quim” (www.filodiquim.blogspot.com), em patuá, é a forma que este macaense encontra para exprimir ideias e refle-xões. Mas mais do que isso, para falar da cultura que o viu nascer.

Como ele, há muitas pessoas que dedicam horas a escrever em blogues que abordam a cultura macaense. Ro-gério P. De Luz, nascido em Macau em 1950 e residente no Brasil, é autor do “Crónicas Macaenses”, criado em 2006, e que considera ser uma “exten-são” do website “Memória Macaense”, que no ano passado ganhou o Prémio Identidade, concedido pelo Instituto Internacional de Macau (IIM). A escrita online começou por mera “curiosi-dade”. “Após a transição, morto de saudades da era portuguesa, queria criar um site que lembrasse os tempos da Macau portuguesa, a bandeira do Leal Senado e as fotografias antigas da terra, muitas guardadas em gavetas sem terem sido compartilhadas com os conterrâneos.” Mas nesse tempo um senhor chamado Mark Zucker-berg ainda não tinha revolucionado o mundo. “Não havia as redes sociais como o Facebook, e de vez em quando mandava e-mails com uma espécie de boletim, precariamente elaborado, falando dessas coisas. Porém, sentia boa receptividade dos destinatários, com elogios que me incentivavam a ter um site”, conta.

Hoje, Rogério não tem duvidas de que há informação suficiente. “Há farta divulgação de Macau e da sua gente, tanto da actualidade como do passado. Poderia até encerrar as actividades do meu site, mas não saberia acabar com um trabalho que construí com tanto carinho por 9 anos.”

O QUE DIZEM OS MACAENSESMiguel Senna Fernandes costuma ler blogues, mas não quer dizer quais. “Muitas vezes leio e não fixo os no-mes. Há vários blogues em Macau, e também faço a minha selecção, há uns com maior qualidade, outros com me-nos”. Já Carlos Marreiros não é leitor destas plataformas, porque também lhe falta o domínio do relógio. “Sou um utilizador fortuito, não costumo ler por falta de tempo, mas há muita informação”, assume.

Ambos acreditam na importância que a blogosfera tem neste âmbito.

“Como macaense acho que no caso concreto de Macau é importante divul-gar a realidade e criar estas plataformas”, diz o arquitecto. Miguel Senna Fernan-des acredita que têm de ser utilizadas “todas as formas possíveis para que a cultura chegue aos seus destinatários. É importante ceder à informação e ter acesso a uma cultura através de meios alternativos. A blogosfera é uma nova cultura e ajuda na divulgação de ideias, é um material de leitura simples e diária. Um blogue serve de rastilho para que

se tenham outras ideias a uma escala maior e isso é bom”, conta o advogado.

O PAPEL DO IIMRufino Ramos é secretário-geral do IIM, organismo presidido pelo filho da terra Jorge Rangel, e que distinguiu o projecto “Memória Macaense”. Ao Hoje Macau, Rufino acredita que os blogues se tornaram hoje na melhor forma de tratar a cultura macaense por tu. “São muito importantes para permitir que o público aceda num lapso de tempo a informações sobre fac-tos, imagens, acções ou produtos como músicas ou receitas de culinária. Essas informações podem constituir uma exten-são da sua memória colectiva.”

Na hora de destacar os melhores, Rufino Ramos destaca o site de Rogério P. De Luz, porque “une os elementos de uma comunidade na diáspora, através de pequenas recolecções de acontecimentos que ilustram a nossa mocidade ou a vi-vência da nossa terra natal”. Além disso, há o “Macanese Families”, de Henrique d’Assumpção, que “faz o registo genea-lógico das famílias macaenses”. “Ambos foram galardoados ex-aequo com o prémio de 2011, numa decisão colectiva dos ór-gãos sociais do IIM”, acrescenta Rufino Ramos, que não tem ainda uma data concreta para a próxima edição do prémio.

Embora o IIM tenha vindo a apoiar “uma ou outra página electrónica”, Ru-fino Ramos explica que “não é a única entidade que trabalha nesse âmbito”. N página electrónica da entidade, en-contra-se informação “constantemente actualizada” sobre eventos, actividades e blogues que façam este trabalho de dinamização. Mas há novidades. “Es-tamos a preparar uma página específica para a venda de livros e revistados editados por nós, no sentido de permitir ao público residente no estrangeiro o acesso a essas informações”.

APOIOS INSTITUCIONAISJoão Botas já é conhecido da comunidade por ser o autor do blogue Macau Antigo, mas é das suas mãos que as memorias sobre o antigo Liceu saem para a internet. O blogue “Antigos alunos do Liceu de Macau” foi criado em 2010 e serviu para manter vivos “tempos que não voltam mais”. O autor conta que os seus dois projectos continuam a ser muito vistos pelo público e não tem duvidas de que já deixaram o seu legado para a preservação da cultura. “Tendo em conta que muitos projectos na internet acabam por desapa-recer em pouco tempo, ao fim destes anos todos o blogue continua a existir e, mais do que isso, continua a bater recordes de visitas. É a prova de que a internet tem de ser considerada uma ferramenta essencial – mais uma – para ajudar a preservar e a divulgar a cultura macaense.”

Olhando para o trabalho dos organis-mos oficiais, João Botas destaca, além do IIM, o Turismo de Macau. Contudo, deixa criticas. “Gostaria que outras (en-tidades) com responsabilidades directas na preservação da história estivessem como parceiros de um projecto feito a pensar no mundo em rede e que pretende ser transversal nas abordagens. Só com o envolvimento institucional poderá ser dado um outro passo em termos de ‘upgrade’ do projecto”, aponta.

Esqueçam os livros ou as conferências com especialistas. A cultura de Macau é muitas vezes transmitida através de plataformas online que há muito se tornaram comuns: os blogues.O Hoje Macau esteve à conversa com autores e macaenses, que falaram da importânciada blogosfera para dinamizar a sua cultura

Histórias da terra à distância de um clique

Macau na blogosfera

Page 11: Hoje Macau 19 JUL 2012 #2655

11quinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo internet

Esqueçam os livros ou as conferências com especialistas. A cultura de Macau é muitas vezes transmitida através de plataformas online que há muito se tornaram comuns: os blogues.O Hoje Macau esteve à conversa com autores e macaenses, que falaram da importânciada blogosfera para dinamizar a sua cultura

Histórias da terra à distância de um clique

Macau na blogosferaHISTÓRIAS ONLINE

• MACAU ANTIGOUma “fonte indispensável”

Começou a funcionar em Março de 2009 e, segundo

João Botas, o blogue “Macau Antigo” (macauantigo.

blogspot.com) “continua com o mesmo entusiasmo da

primeira hora, e todos os dias disponibilizo um novo

tema”. Com mais de 400 mil leitores, este espaço

pode, segundo o seu autor, “numa fonte indispensável

para quem vier a fazer a história de Macau no século

XX”. João Botas recebe comentários positivos e até já

faz estatísticas. “O que os leitores mais gostam são

temas relacionados com a iconografia e o quotidiano

macaense. A maioria dos conteúdos são reproduções

das mais diversas fontes, mas também disponibilizo

alguns artigos da minha autoria”. “ Posso falar dos

exemplos relacionados com pessoas que já saíram de

Macau há várias décadas e que de repente, por qual-

quer motivo, pretendem saber mais sobre um familiar

que já morreu. São quase sempre avós ou bisavós.

É aí que o blogue funciona com uma plataforma de

‘boas-vontades’”

• ANTIGOS ALUNOS DO LICEU“Tempos que não voltam”

Antes de existir o blogue já João Botas tinha lançado o

livro “Liceu de Macau 1893 – 1999”. Todo o material

que sobrou acabou por ficar disponível nesta plataforma

online (liceudemacau.blogspot.com) dedicada aos antigos

estudantes. O autor não poderia estar mais satisfeito.

“Com pouco mais de 4 anos de existência o número de

visitantes já está a caminho dos 500 mil. Em média todos

os meses passam pelo blogue mais de 10 mil pessoas”.

Talvez porque aborda “tempos que não voltam mais”. “Em

1999 terminou a história de uma instituição centenária,

pelo que tudo o que puder ser feito para perpetuar a

memória deve ser feito”.

• “CRÓNICAS MACAENSES”• “MEMÓRIA MACAENSE”Os veteranos

A história começou em 2003 e ainda dura. Foi há 9 anos que o

projecto “Memória Macaense”, de Rogério P. De Luz, nasceu,

tendo já sido distinguido o ano passado pelo IIM. Actualmente

funciona no endereço www.memoriamacaense.org/projectome-

moriamacaense, tendo já gerado um filho, o blogue “Crónicas

Macaenses” (www.cronicasmacaenses.com). “Tenho-o desde

2006, mas só em Abril de 2011 decidi experimentar fazer

publicações mais frequentes, mesclando temas sobre Macau

e os macaenses com outros assuntos. Um dos últimos posts

fala sobre a Macau localizada no norte do Brasil, que pretendo

conhecer em 2013.” Passados tantos anos, Rogério sente-se

com o dever cumprido. “Vivo a sensação de ter cumprido o meu

papel num determinado período de carência de publicações

como o projecto Memória Macaense.”

• TEMPOS DO ORIENTEDe João Guedes

É no endereço www.temposdoriente.wordpress.com que o

jornalista da TDM continua a contar histórias de um território

que habita há quase 30 anos.

• CADERNO DO ORIENTEO lugar da fotografia

O autor assina como MJ e prefere esconder-se atrás das

objectivas que mostram imagens de uma Macau que já não

existe. Para visitar em (www.caderno-do-oriente.blogspot.com).

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12 vida quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

NUMA infeliz confe-rência de imprensa em 1984, a então secretária de Saúde dos EUA,

Margaret Heckler, previu ousa-damente que uma vacina eficaz contra a SIDA estaria disponível em dois anos. Mas uma série de tentativas frustradas - incluindo um teste em 2007 com uma vacina da farmacêutica Merck que parecia tornar as pessoas mais vulneráveis à infecção, ao invés de protegê-las - lançou uma sombra duradoura sobre as pesquisas nesse campo.

Em 2009, um teste clínico na Tai-lândia foi o primeiro a mostrar que seria possível evitar a contaminação pelo vírus HIV em humanos. Desde então, as descobertas apontam para vacinas ainda mais poderosas usan-do anticorpos que combatem o vírus.

Agora, os cientistas acham que o licenciamento de uma vacina acontecerá em breve. “Conhece-

mos o rosto do inimigo”, disse Barton Haynes, da Universidade Duke, na Carolina do Norte, que até recentemente dirigiu o Centro de Imunologia para a Vacina do HIV/SIDA.

Esse consórcio de pesquisas foi fundado em 2005 pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA para identificar e superar obstáculos que surgem no desenvolvimento de vacinas contra o HIV. Em Junho, o instituto suspendeu as verbas para o consórcio.

Ao contrário de muitos vírus causadores de doenças infecciosas, o HIV é um alvo móvel, gerando continuamente versões ligeira-mente diferentes de si mesmos, e com estirpes diferentes afectando populações diferentes em todo o mundo. O vírus é especialmente pernicioso por atacar o sistema imunológico, ou seja, o mecanis-mo que o corpo usaria para reagir

à infecção. “O vírus é bem mais astuto do que pensávamos”, disse Haynes, que apresentará um relato sobre os progressos na pesquisa das vacinas durante a conferência anual da Sociedade Internacional da SIDA, entre 22 e 27 de Julho em Washington.

Graças a medicamentos capazes de controlar o vírus durante décadas, a SIDA não é mais uma sentença de morte. As novas infecções caíram 21% desde o auge da pandemia, em 1997, e avanços na prevenção - através de programas voluntários de circuncisão, prevenção da trans-missão vertical (de mãe para filho) e tratamento precoce - prometem reduzir ainda mais a incidência.

Ainda assim, estima-se que haja até 34 milhões de seropositivos no mundo. E, com 2,7 milhões de casos só em 2010, especialistas dizem que a vacina continua a ser a maior esperança de erradicação da SIDA.

A Coreia do Sul decidiu renun-ciar ao controverso projecto de

regresso à caça à baleia, que indig-nou a comunidade internacional, afirma esta terça-feira a agência sul-coreana Yonhap, que cita um alto responsável do Governo. “As negociações entre os ministérios estão concluídas de forma a aban-donar o projecto de caça à baleia nas águas ao longo das costas” do país, declarou à Yonhap este alto responsável que pediu para não ser identificado.

“Mesmo sendo para investi-gações científicas, devemos estar conscientes que é um assunto delicado no estrangeiro e aqui”, adiantou o responsável.

Seul provocou a indignação dos defensores do ambiente ao anunciar no início de Julho o regresso a curto prazo das campanhas de caça à baleia ao longo das costas sul-coreanas, que esteve suspensa 26 anos.

Como o Japão, a Coreia do Sul justificou a decisão explicando que

Cientistas dizem que vacina contra SIDA está ao alcance

Uma luz ao fundo de um longo túnel

Coreia do Sul decide renunciar a controverso projecto

Caça à baleia nunca maisde subsistência – como acontece no Alasca e Sibéria, por exemplo. Mas só agora o Japão utiliza a situação de excepção prevista: fins científicos. E, ao contrário do que acontece com a caça aboríge-ne, esta excepção não precisa de aprovação da CBI.

Muitos coreanos consideram a carne de baleia uma iguaria. Antes da moratória de 1986, Seul caçava 600 baleias por ano, segundo autoridades citadas pela Reuters. Ainda que a caça à baleia seja punível com penas de prisão e multas existe carne disponível, a maioria de baleias-anãs apanhadas alegadamente por acidente nas redes de pesca ou que dão à costa.

As baleias-anãs que a Coreia do Sul pretendia caçar estão ame-açadas, diz a organização WWF (Fundo Mundial da Natureza), acrescentando que não há provas de que as baleias estejam a esgotar os stocks piscícolas e a ameaçar a actividade pesqueira no país.

estas campanhas tinham como ob-jectivo a “investigação científica”. Posteriormente a carne deveria ser consumida.

Actualmente, apenas três pa-íses caçam oficialmente baleias. O Japão por razões alegadamente científicas e a Noruega e a Islândia que não respeitam a proibição. A caça da baleia também é praticada e autorizada a vários povos indí-genas em todo o mundo.

26 ANOS APÓS A SUSPENSÃOA caça comercial à baleia é proibida desde 1986 por uma moratória da Comissão Baleeira Internacional (CBI) que pretende garantir a recu-peração destes cetáceos, ainda que alguns países tenham permissão para a chamada caça aborígene

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13vidaquinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

NÃO é novo que o Google tenha chegado à Antárctida. Isso já tinha acontecido em

2010 através do Street View. A novidade agora é que a empresa norte-americana adicionou novas imagens panorâmicas de locais históricos da Antárctida. As ima-gens serão incluídas na colecção especial no site World Wonders, no qual será possível conhecer a his-tória da Exploração do Pólo Sul.

Num ‘post’ colocado no blogue oficial do Google por Alex Starns, technical program manager do Street View, pode ler-se que “com a ajuda do Centro de Informação Geoespacial da Antárctida na Universidade do

Minnesota e do New Zealand Antarctic Heritage Trust” foram alargadas agora as imagens de 360 graus da Antártida, “dis-ponibilizando a utilizadores de todo o mundo imagens de locais relevantes como o Telescópio do Pólo Sul, Cabana Shackleton, Cabana Scott e as rochas do Cabo Royds com pinguins de Adélia”. “Com esta tecnologia, é possível entrar em locais como a cabana de Shackleton e outras pequenas construções em madeira que ser-viam de bases e a partir das quais os exploradores lançavam as suas expedições (...). Agora, qualquer utilizador poderá explorar estas cabanas e conhecer como estes homens viviam durante vários

meses”, acrescenta Alex Starns no seu ‘post’.

“O objectivo destes esforços é disponibilizar a investigadores, viajantes e entusiastas de todo o mundo imagens precisas e de alta resolução destes locais históricos (...) Geólogos podem registar e olhar as camadas sedimentares dos vales secos da Antártida a partir do con-forto das suas casas ou secretárias”, avança ainda o mesmo ‘post’.

O Google captou estas ima-gens através de uma câmara leve e equipada com lentes olho de peixe. “Trabalhámos com esta tecnologia devido à sua portabi-lidade, fiabilidade e à facilidade de utilização”, revela a empresa americana.

CENTENAS de papagaios, catatuas e outras aves exóticas

foram exportadas sobre registos ilegais das ilhas Salomão nos úl-timos 10 anos, denuncia o último relatório da Traffic, entidade res-ponsável pela supervisão mundial do comércio da vida selvagem.

As Ilhas Salomão, que recen-temente se juntaram à convenção do comércio mundial dos animais selvagens (CITES), foram usadas nos últimos anos, segundo a des-crição da Traffic, para um esquema de “lavagem” de aves exóticas. “Exportar pássaros, declarando--os como criados em cativeiro preenche todas as características de um esquema fraudulento para contornar os regulamentos in-ternacionais de comércio”, disse Chris Shepherd, vice-director da Traffic para o Sudeste Asiático, na apresentação do relatório.

Segundo o último relatório da Traffic, que avaliou o estado do comércio de aves exóticas nas ilhas Salomão, foram encontra-

das 35 espécies de aves exóticas diferentes a ser a exportadas das Ilhas Salomão. Algumas destas aves pertencem à lista vermelha das espécies ameaçadas.

Por exemplo, a Catatua de Crista Amarela (catatua sulphurea), classificada como criticamente em perigo, está presente. No entanto, de acordo com a regulamentação da CITES o comércio de Cacatuas de Crista Amarela é proibido.

Cerca de 54.000 aves foram exportadas das ilhas Salomão, no período 2000-2010, 13.000 das quais, eram originárias de outros locais, como a Indonésia e a Papua Nova-Guiné. Contudo, não foram encontrados registos das espécies importadas independentemente do fim: reexportação ou iniciar um pro-grama de reprodução em cativeiro.

A Traffic, surgiu de uma parce-ria entre a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e a Fundação Mundial para Vida Selvagem (WWF), e trabalha com a CITES sobre várias questões.

Marcelo Jacobs-Lorena e a sua equipa, da Universidade Johns Hopkins (EUA), tendo introduzido na bactéria Pantoea Agglomerans genes que a fazem segregar proteínas letais para o ‘Plasmodium Falciparum’, mas inofensivas para os mosquitos e os seres humanos, concluíram, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, que estas bactérias transgénicas conseguem inibir até 98% a reprodução do ‘Plasmodium Falciparum’ no organismo dos mosquitos. Num comunicado da Universidade, Jacobs-Lorena sustenta que é mais simples modificar geneticamente as bactérias do que os mosquitos. O objectivo é, um dia, impedir totalmente que estes mosquitos transmitam a malária aos seres humanos. O ‘Plasmodium

Google mostra a Antárctida em todo o seu esplendor

Imagens históricasNos últimos 10 anos as ilhas Salomão

estão no mapa pelas piores razões

Centro de tráfico de aves exóticas

Malária Bactéria intestinal de mosquito impede transmissão da doença

Falciparum’ é o principal parasita responsável pela propagação da malária, matando, em todo o mundo, mais de 800 mil pessoas por ano. Cientistas norte-americanos descobriram que, manipulando geneticamente uma bactéria intestinal do mosquito anófele, o parasita da malária (‘Plasmodium Falciparum’) não sobrevive no sistema digestivo destes insectos.

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14 cultura quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

NO meio de uma floresta tropical da Guatemala parece pouco

provável que a água tenha sido um problema para o crescimento de uma civiliza-ção. Mas foi - e a engenharia é que permitiu à cidade de Tikal, uma das mais impor-tantes da civilização maia, abastecer as suas casas, os seus palácios e templos ao longo de 1500 anos, utilizan-do um sistema de recolha e transporte de água comple-xo. A última prova desses feitos de engenharia está na descoberta da maior barra-gem construída pelos maias, revelada na última edição da revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences. Era a Barragem do Palácio.

As ruínas de Tikal podem ser visitadas, revelando a imponência da antiga cidade-Estado dos maias, que misteriosamente entrou em declínio no final do século IX d.C. Mas quem não soubesse dificilmente encontraria hoje as ruínas da cidade perdida no meio da floresta luxuriante, no Norte da Guatemala, com alguns templos em forma da pirâmide a ultrapassarem a altura da vegetação.

Maior barragem descoberta na cidade de Tikal

O último grito dos Maiasquando se iniciou uma época mais seca. Provavel-mente, esta adaptação aju-dou Tikal e outros centros urbanos a sobreviver, en-quanto muitos outros foram abandonados”, explicam os cientistas no artigo.

O trabalho também per-mitiu descobrir que o sis-tema tinha vários tanques de filtragem - com areia -, para limpar a água, embora os investigadores pensem que seria depois fervida pela população.

Apesar de todo este sis-tema de abastecimento estar muito longe da tecnologia actual, Scarborough defen-de que é importante olhar-mos para estas construções maias para reflectir sobre a forma como esta civiliza-ção resolveu um problema essencial: a necessidade de ter água potável. “As regiões tropicais podem ser especialmente complicadas devido ao grande número de doenças infecciosas que aparecem quando a água não é filtrada. No entanto, os antigos maias desenvolve-ram um sistema inteligente de recolha e transporte de água. Logo desde o início da ocupação, estavam pre-ocupados em recolher e ter água potável.”

Antes dos problemas sociais ou de anos seguidos de seca terem esgotado a resistência desta e de outras cidades maias - duas das possíveis causas do declí-nio desta civilização, que séculos mais tarde ainda teve de enfrentar a chegada dos espanhóis -, estima--se que 120.000 pessoas tenham chegado a viver na região central de Tikal, num círculo com um raio de 12 quilómetros.

E ONDE PÁRA A ÁGUA POTÁVEL?Como é que esta cidade se abastecia de água potável? O antropólogo Vernon Scarborough e colegas, da Universidade de Cincin-nati, nos Estados Unidos, e da Universidade de San Carlos da Guatemala, entre outros, procuraram uma resposta. Tikal fica no meio da floresta de Petén, na Península do Iucatão, numa zona de grutas, onde a água se infiltra facilmente

e desaparece terra adentro. Os maias tiveram de se adaptar a essa situação e construíram um sistema de recolha e transporte de água. “O sistema de água de Tikal foi um dos maiores, mas não sabemos se foi o maior [da civilização maia]. Funcio-nava por gravidade e tinha uma série de reservatórios, tanques de assoreamento, sistemas de filtragem, bar-ragens e pequenos canais”, explicou ao jornal Público Vernon Scarborough.

O sistema dependia completamente das chuvas. Perto do centro da cidade, o depósito de água mais alto que a equipa estudou, o Reservatório do Templo, ficava a quase 250 metros de altura. Tinha capaci-dade para 27.140 metros cúbicos, o equivalente a um cubo com 30 metros de lado. “As grandes su-perfícies pavimentadas do centro ficavam no topo de um monte. Pátios reboca-dos, praças, campos onde

se jogava à bola, pirâmides, todas estas construções foram concebidas para a água escorrer para antigos poços de pedreiras, que foram convertidos em reservatórios”, descreve o antropólogo. “Deste modo, a água era contida nestes tanques, situados em alti-tude, e depois era libertada na encosta, para abastecer os residentes durante as temporadas de seca.”

TIKAL DESDE600 ANTES DE CRISTOA ocupação de Tikal ter-se--á iniciado por volta de 600 a.C. e manteve-se durante mais de um milénio, com um período de crise pelo meio, também devido à falta de água, no século III d.C., quando a civilização maia passou do chamado período pré-clássico para o clássico.

Aquela região, refere o artigo científico, poderá ter atraído os primeiros habitantes da cidade devido às nascentes de água nas

regiões de maior altitude. Depois, a urbanização terá alterado a paisagem.

Entre os seis reservató-rios estudados, um deles, o do Palácio, é o segundo mais alto de Tikal, a quase 240 metros de altitude. E foi ao escavar esta zona que os cientistas encontraram aí aquela que é a maior barragem maia conhecida até agora. Os maias apro-veitaram uma escarpa para construir a Barragem do Palácio, com pedras, cal e terra. Atingia dez metros de altura e armazenaria 14.000 metros cúbicos de água.

RESERVATÓRIOS CONTRA A SECAA equipa quis perceber como era utilizado cada um dos reservatórios durante a ocupação maia, analisan-do para tal os sedimentos depositados ao longo dos tempos. “O sistema de reservatórios e de desvios de água ficou concluído no fim do período pré-clássico,

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15desportoquinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

AVISOCONCURSO PÚBLICO N.º 20/P/2012

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 29 de Junho de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de Material de Consumo Especial para Equipamento de Esterilização de Baixa Temperatura de Tipo “Sterrad” aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos encontram à disposição dos interessados desde o dia 18 de Julho de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato sita na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $39,00 (trinta e nove patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 13 de Agosto de 2012. O acto público deste concurso terá lugar no dia 14 de Agosto de 2012, pelas 10,00 horas, na sala do «Auditório» situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $ 24 000,00 (vinte e quatro mil pa-tacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 6 de Julho de 2012 O Director dos Serviços, Lei Chin Ion

AVISOCONCURSO PÚBLICO N.º 21/P/2012

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 4 de Julho de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de perfusão intravenosa e líquido para diálise peritoneal aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos encontram à disposição dos interessados desde o dia 18 de Julho de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato sita na Cave 1 do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $56,00 (cinquenta e seis patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 10 de Setembro de 2012. O acto público deste concurso terá lugar no dia 11 de Setembro de 2012, pelas 10,00 horas, na sala do «Auditório» situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $ 100 000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 12 de Julho de 2012 O Director dos Serviços, Lei Chin Ion

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Marco [email protected]

A Associação dos Co-mités Olímpicos de Língua Oficial Por-tuguesa confirmou

na semana passada o estado in-diano de Goa como o território anfitrião da terceira edição dos Jogos da Lusofonia. O principal certame desportivo do círculo dos países e regiões em que a língua de Camões é falada só no início de Novembro de 2013 passa do plano das intenções ao plano das concretizações, mas a mais de um ano de distância já se dão a conhecer novidades. A estreia da selecção de fute-bol do Brasil na competição deverá ser um dos principais factores de atracção dos Jogos organizados por Goa.

A Confederação Brasileira de Futebol não autorizou a participação da selecção “ca-narinha” nem na edição inau-gural dos Jogos da Lusofonia, realizada em Macau, nem na segunda edição do evento, organizado pelo Comité Olím-pico de Portugal. Sem a temida oposição da representação bra-sileira, o torneio de futebol dos Jogos da Lusofonia – destinado a selecções de Sub-23 – acabou por ser ganho em 2006 por Portugal. Em 2009, a jogar em casa, os campeões em título foram surpreendidos por Cabo Verde, terminando o torneio na segunda posição.

Depois de não ter mostrado

NBA Knicks desistem de Jeremy LinA equipa de Nova Iorque deixou sair uma das suas jovens estrelas por não poder competir com a proposta de Houston Rockets. Jeremy Lin, base que fez sensação entre os adeptos dos Knicks, está de saída de Nova Iorque, depois de uma proposta tentadora feita pelos Houston Rockets. Depois de terem analisado a questão, os Knicks decidiram não igualar a oferta no valor de 25,1 milhões de dólares norte-americanos e três temporadas. A decisão em abrir mão de Lin prendeu-se exclusivamente com razões financeiras. O norte-americano, com origens em Taiwan, aceitou receber cinco milhões de dólares anuais durante os dois primeiros anos e 15 milhões no terceiro ano. Com os 23,4 milhões de Stoudemire, os 23,5 de Carmelo Anthony e os 14,5 de Chandler, a situação tornou-se insustentável para os Knicks. Lin regressa agora aos Rockets, por onde passou depois dos Warriors.

Ronaldo comentapenalties frente à EspanhaO capitão da Selecção Nacional, Cristiano Ronaldo, analisou o tema, que fez correr muita tinta, em torno da razão de ter sido escolhido para apontar a quinta grande penalidade frente à Espanha e não a primeira. “Estão a falar do último penalty contra a Espanha? São decisões. Recordo que frente ao Bayern, para a Liga dos Campeões, durante o jogo marquei, mas nas grandes penalidades falhei. Nessa partida, estava decidido que ia marcar o quinto castigo máximo, mas podia acontecer alguma coisa. Perguntam porque não marquei o primeiro, que é o mesmo que dizer porque não apontei o segundo ou terceiro. São decisões”, afirmou Ronaldo, em entrevista ao Thailand Morning News.

Messi quer Bola de Ouro no balneário do BarcelonaO internacional argentino Lionel Messi reconheceu que gostaria que fosse um jogador do Barcelona a conquistar a próxima edição da Bola de Ouro. “Gostaria que a Bola de Ouro ficasse no balneário do Barcelona”, afirmou Messi. Ainda assim, o internacional argentino reconheceu que Iker Casillas, do Real Madrid, também estará na corrida pelo troféu: “Casillas também pode ganhar o troféu. É mais um jogador que está entre as hipóteses.” Durante o Europeu o nome de Messi foi gritado para irritar Cristiano Ronaldo: “Não tenho nada a dizer sobre esse assunto. Não é algo que possa controlar. É coisa dos adeptos.”

O mais velho dos irmãos Schleck anunciou que vai pedir a contra-análise e acredita que pode ter sido vítima de envenenamento. Foi através de um comunicado, difundido pela televisão RTL, que Frank Schleck anunciou a intenção de pedir a contra-análise, esperando com isso provar a sua inocência. O ciclista da RadioSchack acusou positivo num controlo anti-doping realizado no dia 14 de Julho e ainda ontem foi afastado, por decisão da equipa, da Volta à França. “Nego categoricamente ter tomado qualquer substância

proibida. Não consigo explicar o resultado da análise e insisto que vou pedir contra-análise, aliás, como é meu direito”, lê-se no comunicado. Frank Schleck vai mais longe e levanta a hipótese de ter sido envenenado. “Se esta análise confirmar o primeiro resultado, uma queixa vai ser apresentada contra uma pessoa não identificada por envenenamento”, referiu. Frank Schleck, terceiro classificado no Tour do ano passado e 12º no momento em que foi obrigado a desistir, acusou um composto diurético conhecido por Xipamide.

“Canarinha”comprometeu-se a jogar em Goa

Futebol brasileiro reforça Lusofonia

interesse em competir nas duas primeiras edições dos Jogos, a selecção “canarinha” deve estrear-se no evento no final do próximo ano. A garantia é dada pelos responsáveis pelo Comité Organizador da 3ª edição dos Jogos da Lusofonia, depois de terem obtido em Lisboa garantias preliminares

de que a mais premiada das selecções de futebol do mundo vai mesmo competir em Goa: “Conseguimos convencer a ACOLOP e os nossos par-ceiros na organização que a presença da selecção brasileira é fundamental para o sucesso dos Jogos. Estámos a inves-tir muito dinheiro para criar

infra-estruturas desportivas de grande nível e elas têm de ser valorizadas. A presença da selecção brasileira ajuda tam-bém a vender a imagem dos Jogos, uma vez que o Brasil é um iman para eventuais patro-cinadores”, explicou o Director Executivo da Autoridades dos Desportos de Goa, Elvis Go-mes, ao jornal “Times of India”.

APENAS SUB-23O torneio de futebol dos Jogos da Lusofonia destina-se a selec-ções de Sub-23 e é disputado nos mesmos moldes em que é disputado o Torneio Olímpico da modalidade, com a orga-nização a permitir a inscrição de três jogadores com idade superior a 23 anos.

A terceira edição dos Jogos da Lusofonia arranca a 2 de Novembro do próximo ano e durante mais de uma semana coloca frente a frente em Goa mais de um milhar de atletas de países e regiões como Angola, o Brasil, Macau, Moçambique, a Guiné Equatorial ou o Sri Lanka.

Volta à França Frank Schleck foi envenenado?

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16 publicidade quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

Edital no: 74/E/2012 Processo no: 616/BC/2012/F, 617/BC/2012/F Assunto: Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Locais: Rua Central da Areia Preta no 183, Edf. Polytec Garden (Bloco 1), fracção 31º andar H, Macau. Rua Central da Areia Preta no 183, Edf. Polytec Garden (Bloco 1), corredor comum do 31º andar (junto às fracções G e H), Macau.

Chan Pou Ha, Subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), no 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, faz saber por este meio aos donos das obras e aos proprietários, cujas identidades se desconhecem, o seguinte:

1 Processo no 616/BC/2012/F. Local da obra: Rua Central da Areia Preta no 183, Edf. Polytec Garden (Bloco 1), fracção 31º andar H, Macau.

O agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Situação da obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1 Instalação de 3 gaiolas metálicas na fachada do edifício junto às janela e varanda da fracção.

Concluída Infracção ao no 12 do artigo 8o, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.2 Construção de um compartimento não autorizado com janela em caixilharia de alumínio, gradeamento e cobertura metálicos no pátio da fachada do edifí-cio junto à janela da fracção

Concluída Infracção ao no 12 do artigo 8o, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

2 Processo no 617/BC/2012/F. Local da obra: Rua Central da Areia Preta no 183, Edf. Polytec Garden (Bloco 1), corredor comum do 31º andar (junto às fracções G e H), Macau.

O agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Situação da obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição

2.1 Instalação de portão metálico Concluída Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacuação.

3 Sendo as escadas e corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o dis-posto no no 4 do artigo 10o do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei no 24/95/M, de 9 de Junho. Além disso, a janela e a varanda referidas do processo no 616/BC/2012/F são consideradas como pontos de penetração para realização operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podem ser as mesmas dificultadas com elementos fixos ( gaiolas, grelhagens, etc.), de acordo com o disposto no no 12 do artigo 8o. As alterações introduzidas pelos infractores nos referidos espaços, descritas nos pontos 1 e 2 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto camin-hos de evacuação, e ponto(s) de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terão necessariamente de ser determinadas pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

4 Nos termos do no 3 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 4 do artigo 10o é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas, e nos termos do no 7 do mesmo artigo, a infracção ao disposto no no 12 do artigo 8o, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o no 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício.

5 Considerando a matéria referida nos pontos 3 e 4 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no no 1 do artigo 95o do RSCI.

6 Os processos podem ser consultados durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.o 33, 15.º andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 13 de Julho de 2012

A Subdirectora dos Serviços

Engª Chan Pou Ha

EDITAL

Page 17: Hoje Macau 19 JUL 2012 #2655

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO19:00 Resistirei20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle22:15 Aquarela do Brasil23:00 TDM News23:35 Reportagem Sic00:10 Telejornal (Repetição)00:45 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Poplusa15:30 Cenas de Casamento - SIC16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisão Final18:00 Vingança18:30 Moda Portugal 2 19:20 Liberdade 21 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 Ler +, Ler Melhor21:30 O Preço Certo22:15 Verão Total - Lisboa

ESPN13:00 Unlikely Heroes 213:30 Host City London14:30 Open Championship 201215:00 Sportscenter At The Open Championship16:00 (LIVE) The Open Championship 2012 1st Round19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 (LIVE) The Open Championship 2012 1st Round

STAR Sports13:00 Mobil 1 The Grid 2012

13:30 Smash 201214:00 International Motorsport News 201215:00 Sports Max 2012/1316:00 IRB Junior World Championship 2012 Argentina vs. South Africa18:00 Living The Dream19:00 Asian Olympic Qualifiers Oman vs. Korea Republic21:00 Total Rugby21:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 Inside Grand Prix 201222:30 2 Wheels23:00 When The Games Begin

FOX Movies12:10 The Sixth Sense14:00 X-Men15:50 Crazy On The Outside17:30 Dear John19:20 Diary Of A Wimpy Kid21:00 X2: X-Men United23:15 Insidious

HBO12:00 The Social Network13:55 Open Season 315:10 The Lord Of The Rings18:05 Game Change20:05 From Russia, With Love22:00 Game Of Thrones00:05 Wedding Crashers

Cinemax12:00 Cruel Intentions13:35 Robin Hood16:00 Kaleidoscope18:00 Christine19:45 Hollywood Buzz20:15 Tremors22:00 Cop Out23:45 Spartacus: Vengeance

17futilidadesquinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-Partida rápida e precipitada. Torno lindo. 2-Vagar, osacião. Coube em sorte. 3-Perfeita. Labutar. 4-Bolo de farinha e sal, usado pelos Romanso nos sacrifícios. Género de mamíferos da ordem dos prosímios. (Zool.). 5-Chefe político na Etiópia. Terrenos onde se cultivam flores para adorno (pl.). 6-Descanso, feriado. 7-O m. q. orégão (planta). Está acostumado. 8-Antigas habitantes da Ibéria. Rebanho de gado miúdo. 9-Tremer com frio, medo ou fome. (Pop.). Ilha de Ingalterra. 10-Porção de água do mar, que se eleva. Povoações de maior categoria que as aldeias. 11-Soalheira. Pessoas notáveis.

VERTICAIS:1-Imensidão (Fig.). Oitavos. 2-Antiga nota musical. O m. q. danubiano. 3-Corcovados. Produto anual que se tira de bens imóveis. 4-Afeição profunda de uma pessoa a outra. Relativo aos dias de semana. 5-A parte mais carnuda da perna da rês. Arriscar ao jogo. Parta. 7-Terreiro, praça. Nota música. 8-Nome de mulher. Traje para solenidades. 9-Flutuai. Vasos onde se depositavam as cinzas dos mortos. 10-Conhecimento das doenças, por observação dos seus sintomas. Condição. 11-Naipe das cartas de jogar. Solto. ais, gemo.

HORIZONTAIS:1-FUGA. ALINDO. 2-TEMPO. SAIU. 3-M. BOA. LIDAR. 4-ADOR. GALAGO. 5-RAS. JARDINS. 6-N. FOLGA. O. 7-OUREGÃO. USA. 8-IBERAS. GREI. 9-TINIR. MAN. O. 10-ONDA. VILAS. 11-SOALHA. ASES.VERTICAIS:1-F. MAR. OITOS. 2-UT. DANUBINO. 3-GEBOS. RENDA. 4-AMOR. FERIAL. 5-PA. JOGAR. H. 6-AO. GALÃS. VA. 7-L. LARGO. MI. 8-ISILDA. GALA. 9-NADAI. URNAS. 10-DIAGNOSE. SE. 11-OUROS. AIO. S.

O MEDO, SENHORES.(OU A PREGUIÇA)Miguel Gonçalves Mendes, autor de documentários como “Autografia” e “José e Pilar” associou-se recentemente a uma causa política que roça, digamos, uma questão social. Miguel, que já se tornou uma cara bem conhecida junto da comunidade portuguesa em Macau, organizou mais uma manifestação via Facebook para tirar o ministro Miguel Relvas do Governo. Há muito que Relvas se tornou uma anedota nacional para todos aqueles que se matam anos e anos a estudar para ter formação superior e mais oportunidades de emprego. Depois de muitos comentários nas redes sociais e notícias, parece que alguém tinha tido a coragem de avançar para uma atitude concreta. Contudo, tal acabou por ficar remetida ao silêncio.Isto porque das cerca de três mil pessoas que confirmaram a presença em frente à Assembleia da República, apareceram 500. Então, um movimento que tinha tudo para fazer com que, pelo menos, a massa politica pensasse nas consequências sociais que isto pode ter, acabou por se tornar numa leve brisa no deserto. Eu não pude gatinhar até Portugal para ir à manifestação. Mas tenho muita pena que o medo impere na hora de agir. Estamos em crise, senhores, mas mais do que uma crise onde não temos dinheiro para pagar as contas, existe uma crise social. As pessoas não agem, calam-se, vivem de cunhas, encostam-se. E se as pessoas vêem políticos a “estudarem” desta maneira, vão a correr fazer igual. Se vêem os políticos a ser corruptos, então pensem “que se lixe, também posso fazer”. Porque é que existe tanto medo na hora de sair à rua clamar por justiça? Mas pior do que isso, é a preguiça. Aquela mesma preguiça que faz com que as pessoas não votem só porque é domingo e está calor, o que dá um belo dia de praia. Se não houvesse esta preguiça, que domina os cérebros, que mata quaisquer atitudes cívicas de valor, muitas atitudes politicas poderiam ser tomadas e pensadas de outra maneira. Quando houve a manifestação da Geração à Rasca (e nessa eu fiz questão de ir, quase levado por uma onda de indignação geral), havia milhões de pessoas nas ruas. Não havia sinais de medo ou preguiça. Mas a certa altura eu comecei a pensar se não seria mais um motivo para uma bebedeira colectiva, para curtir o som dos Kumpania Algazarra, ou ainda para ouvir as piadas do Gel, Falâncio e companhia. Depois o movimento cívico calou-se nas ruas do Bairro Alto, onde o álcool acabou por matar a sede de justiça.

Pu Yi

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A NINFA INCONSTANTE • Guillermo Cabrera InfanteEstela não tem dezasseis anos nem sequer um metro e sessenta. Nem tão pouco consegue entender o discurso desse crítico de cinema que se apaixonou por ela e que tem uma mulher que já não fica acordada à espera dele. Mas esta não é outra dessas histórias de amor em que um intelectual maduro cai na armadilha da beleza de uma ingénua adolescente. Estela tem um plano que é tudo menos inocente. Em pano de fundo, os boleros de uma Havana ruidosa e sensual.

A LITERATURA NAZI NAS AMÉRICAS • Roberto BolañoUma enciclopédia ficcional composta de pequenas biografias de autores pan-americanos imaginários. Estes nazis literários - fascistas, fanáticos e reaccionários - são retratados numa galeria de medíocres alienados, snobes, oportunistas, narcisistas e criminosos. Numa entrevista, Roberto Bolaño referiu-se aos seus autores nazis na América como uma metáfora do mundo das letras, às vezes heróico, outras desprezível. E, na verdade, ainda que inventados, estes escritores são personagens de histórias, essas sim reais, de grandes nomes da Literatura das Américas.

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SALA 1THE DARK NIGHT RISES [C]Um filme de: Christopher NolanCom: Cjristian Bale, Anne Hathaway, Gary Oldman, Liam Neeson14.30, 18.00, 21.00

SALA 2ICE AGE 4: CONTINENTAL DRIFT [3D] [A]FALADO EM CANTONENSEUm filme de: Steve Martino, Mike Thurrneier14.30, 16.15, 18.00, 19.45, 21.30

SALA 2THE AMAZING SPIDER-MAN [3D][B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield,, Emma Stone14.30, 19.15

SALA 3PAINTED SKIN II [C]FALADO MANDARIM LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: WuershanCom: Chen Kun, Zhou Xun, Mini Yang 16.45, 21.30

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da estre laCarlos M. Cordeiro

18 opinião quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

O ano de 1973 passei por uma rua de Coimbra e fiquei chocado. Um homem na casa dos sessenta anos, de traje sujo e rasgado, cabelo comprido e sujo, procurava algo para comer num caixote de lixo.

Aquela imagem acompanhou-me durante a vida e, talvez por isso, nunca gostei de estragar alimentos. Pensei que a situação em Portugal haveria de melhorar com a primavera do professor Marcelo Caetano e que a pobreza extrema iria diminuir num país onde se falava em desenvolvimento. Com a abrilada de 1974 é que fiquei abso-lutamente convencido que não veria mais um concidadão a procurar comida num qual-quer receptáculo de lixo. Com os milhões de euros que a União Europeia entregou a Cavaco Silva para construir auto-estradas e sabe-se lá mais o quê, é que me mentalizei que o número de pobres em Portugal seria reduzido drasticamente. Debalde.

A panóplia de preocupações dos ricos não insere no seu paradigma humano a divisão de bens com os desamparados pelo destino e pela sorte. Dir-me-ão que os pobres fazem parte do mundo e que nunca irão acabar. Mas, não será possível evitar o agravamento, quando simultaneamente brotam milhares de fortunas nos mais variados “off-shores”? Em Portugal, a pobreza entrou em níveis deploráveis com os números do Eurostat a apontar para quase 30 por cento de portugueses em risco de pobreza. Mais de três milhões de portugueses estão em maus lençóis, com 1,4 milhões de pensionistas

O Governo diz que tem soluções para os problemas do país. De outra forma, não estaria lá a fazer nada. Mas como acreditar em governantes que permitem o agravamento da pobreza? Um país com centenas de pessoas a chafurdar em caixotes de lixo procurando por comida não é um país, é uma lixeira

Há mais pobrestodos os dias em Portugal

a ganhar menos de 500 euros por mês e um valor recorde de trabalhadores a serem pagos pelo mínimo legal – 550 mil ganham 485 euros por mês. O verdadeiro retrato da pobreza em Portugal pode estar aquém daquele que é dese-nhado partindo de rácios e variáveis do Instituto Nacional de Estatística e do Eurostat. Todos os dias há casais jovens que vão viver para casa dos pais. Todos os dias se entregam casas aos bancos por incumprimento da mensalidade. Todos os dias decresce o número de inscritos nos estabelecimentos de ensino. Todos os dias emigram licenciados para França, Estados Uni-dos da América, Alemanha ou mesmo Macau. A pobreza está a alastrar de forma assustadora e já há quem pense que desta vez a situação poderá ser resolvida com violência. As ruas de Lisboa, Porto e principais cidades recolhem cada vez mais os chamados “sem-abrigo”. As instituições de benemerência dizem-se impo-tentes para manter o apoio social. Há milhares de desempregados sem qualquer subsídio ou rendimento vivendo de uma mão amiga ou do salário ou pensão recebidos pelo cônjuge. 550 mil trabalhadores ganham os 485 euros de mínimo que a Lei obriga, que nas estatísticas acabam por não ser considerados em risco de

pobreza – já que mesmo depois de pagarem a Segurança Social levam para casa 431,6 euros, acima dos 421 euros do limiar da pobreza. Isto numa altura em que o custo de vida disparou com sucessivos aumentos nos transportes, luz, gás e aumento da carga fiscal sobre o consumo e o trabalho. Somando apenas os 1,5 milhões de reformados com pensões inferiores a 500 euros – 1,4 milhões dos quais da Segurança Social –, os 416 mil desempregados de longa duração e, portanto sem acesso ao subsídio de desemprego, os 335 mil beneficiários do rendimento social de inserção e os 668 mil trabalhadores a tempo parcial no país – a maior taxa de sempre em relação ao total de trabalhadores empregados –, contabilizam--se pelo menos 2,9 milhões de portugueses em situação precária. A este valor podiam juntar-se também os 400 mil desempregados que ainda estão abrangidos pelo subsídio de desemprego. O Governo diz que tem soluções para os problemas do país. De outra forma, não estaria lá a fazer nada. Mas como acreditar em governantes que permitem o agravamento da pobreza? Um país com centenas de pessoas a chafurdar em caixotes de lixo procurando por comida não é um país, é uma lixeira.

N

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19opiniãoquinta-feira 19.7.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Em Lisboa saúda-se a inauguração da nova estação de metro do aeroporto. É assim uma daquelas coisas sobre as quais se diz: “Ah... Não havia metro até a um aeropor-to que é praticamente dentro da cidade... pois...”, ou seja, foi finalmente feito o que há muito devia ter sido feito. Não é caso para foguetório: nalguns casos Portugal deve ater-se a alguma normalidade.

Ora o metro de Lisboa, diga-se, é excelen-te. Mais: o metro de Lisboa é bonito. Desde que se decidiu convidar artistas para decorar as estações que é um prazer estético descobri--las e apreciá-las. Curiosamente, esta coisa da arte tem um estranho sentido de oportunidade para retratar a sociedade que a produz. E é o caso da estação do Aeroporto, entregue à imaginação do cartoonista António.

Como seria de esperar, o que hoje pode-mos ver nas paredes da estação são cartunes de 50 e tal personagens da nossa História, Artes e Cultura. Fernando Pessoa, Amália, Carlos Paredes, Almada Negreiros, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, são alguns dos representados, através de uma caricatura, en-tre muitos outros nomes de relevo. Perfeito.

Com efeito, nada poderia ser incisivo na representação do Portugal de hoje: uma caricatura de país, onde os nossos maiores aparecem distorcidos e como berloques, enfeites, dos discursos oficiais de quem tudo arrasta para a ignomínia dos interesses instalados. Um país inchado, ressacado, amodorrado por anos e anos de um inte-resse governativo que não foi outro senão o enriquecimento de cliques, à sombra dos rituais esvaziados e ridículos das várias maçonarias, transformadas em associações de malfeitores.

António acertou no alvo. O que somos nós senão um país reduzido a uma caricatura de si mesmo? E o seu homónimo Costa acer-tou ao convidá-lo: é bom que os estrangeiros tenham imediatamente uma percepção, ainda que subtil, da nação a que chegaram.

*

Por Macau, com origem nos States, continua a série “O meu email é maior que o teu”, protagonizando personagens venezianos, o advogado/deputado/membro do Conselho Executivo/representante na Conferência Consultiva do Povo Chinês/ presidente da Casa do Benfica Leonel Alves e outros obs-curos personagens, em parte certa e incerta, como convém para dar suspense.

Os emails rebentam da terra como cogu-melos, daquela terra empapada pelo facto de

Há mais pobrestodos os dias em Portugal

edi tor ia lCarlos Morais José

Caricaturas

Os emails rebentam da terra como cogumelos, daquela terra empapada pelo facto de Sheldon Adelson ser o principal financiador de um dos candidatos à presidência da pátria de Charles Manson e Timothy McVeigh. Vale tudo e Leonel Alves não passa, como é apanágio nas ianques guerras, de um dano colateral

Sheldon Adelson ser o principal financiador de um dos candidatos à presidência da pátria de Charles Manson e Timothy McVeigh. Vale tudo e Leonel Alves não passa, como é apanágio nas ianques guerras, de um dano colateral.

Ora enquanto o Chefe do Executivo se mostrou de uma vasta compreensão, os deputados grunhiram e a sociedade local assobiou para o lado, já os benfiquistas se mostram justamente preocupados com todo este caso.

Como é que, perguntam-se, com tantos milhões a circular, a malta nem uma sede condigna tem onde assar umas febras, jogar uns matrecos, lamber uma bisca e trocar umas chalaças sobre lagartos e andrades? Tá mal, senhor presidente.

Não fosse a Associação de Alentejanos e não teríamos onde ser homens e benfiquis-tas de verdade. Essa é que essa... De facto, a betaria nunca se deu muito bem com o vermelho. Nem na China.

O senhor ri-se dos américas mas, agora que estamos a ver a equipa de futebol por um canudo, a malta não encontra muita razão

para arreganhar a dentuça. E ainda bem que não veio a equipa de basquete porque, con-venhamos, se trata de um desporto muito... americano.

Cá para mim, todos estes problemas relacionados com casinos, jogo, negócios, americanos e quejandos são uma fonte do mal. Não digam que não avisei há muito tempo, ainda as galinhas tinham dentes e o PIB de Macau crescia de forma ordeira e tímida. Mas – perguntamos como perguntava o Vladimiro Ulyanov – o que fazer?

Quanto ao caso em si, resta esperar para ver o próximo email. A fonte é, desde ontem, mais visível que a do Wynn. E não é que a Sands, como tive a felicidade de antes escrever, não parece ter mão naquela sua compulsão para agitar as águas em Macau. Comparada com todo este sururu, a praia artificial do Galaxy não passa de um tanquezito. A cousa vai continuar e aceitam--se apostas sobre quem vai ser o próximo dano colateral. Sim, porque quando o mal é distribuído pelas aldeias acaba por ser mais divertido. E talvez assim Leonel Alves tenha mais tempo, ao invés de ter de andar a justificar emails, para se dedicar ao que realmente interessa: o Benfica.

*

A diatribe de Au Kam San contra a Fundação Macau tem e não tem razão de ser. Tem por-que, de facto, esta sociedade é o que é. Não tem porque, de facto, esta sociedade é o que é. O leitor que tire as habituais e amáveis conclusões. Mas o facto é que um deputado gritou “lobo” e do outro lado deu-se por uma reacção que obviamente obviará. É bom que o deputado grite sazonalmente “lobo” para todos sabermos que o seu nome é Pedro.

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quinta-feira 19.7.2012www.hojemacau.com.mo

car toonpor Steff

O ESCÂNDALO HSBC

CicloneLamber a mão de quem lhe dá de comeré mais triste do que mordê-la. POR FERNANDO

Soares condena licenciatura de RelvasMário Soares considerou que o caso da licenciatura do ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, é impensável. O antigo Presidente da República disse ainda que os portugueses reclamam um novo Governo. “Há muita coisa, basta ver o que se está a passar a propósito do Relvas e do não Relvas para ver que o Governo não está bem a saber o que está a fazer e as pessoas têm esse sentimento”, existindo “realmente um grande descontentamento”, sublinhou ontem, numa palestra na Ordem dos Médicos sobre o futuro da Europa. “Eu não sei classificar [o caso Relvas] porque para mim é uma coisa impensável, tirar um curso sem lá ir e ainda por cima depois vangloriar-se não é possível, para mim não é possível”, afirmou, classificando a licenciatura atribuída pela Lusófona ao ministro “uma coisa que é inaceitável para qualquer pessoa de bem”.

Homem com maior pénis do mundoretido em aeroportoJonah Falcon, considerado o homem com o maior pénis do mundo, viveu uma situação desconfortável no aeroporto de San Francisco, quando foi retido devido a uma alegada “embalagem volumosa” dentro das calças. As primeiras impressões dos funcionários do aeroporto relacionavam o volume suspeito com uma eventual ameaça biológica, até que o homem esclareceu que nada mais tinha dentro das calças a não ser os seus genitais avantajados. Mas a explicação não convenceu facilmente os funcionários, que colocaram um pó nas suas calças, “provavelmente um teste para explosivos”, como revelou Falcon ao Huffington Post. “Era de esperar que os seguranças do aeroporto de San Francisco tivessem experiência com tipos dotados, mas parece que não”, acrescentou Jonah Falcon, que foi considerado o homem com o maior pénis do mundo (cerca de 22 centímetros flácido e 34 centímetros erecto) após um documentário do canal HBO, em 1999. Apesar de não ter perdido o voo, Falcon coloca a hipótese de surgir de calções de ciclismo das próximas vezes que resolver viajar, para dissipar as dúvidas em relação ao seu físico.

Lady Gaga despiu-se pelo perfume A cantora Lady Gaga tirou as roupas para promover o seu novo perfume, ´Fame´, que diz conter “sangue e sémen”. A artista surge nua no cartaz publicitário, vestindo apenas sapatos de salto alto e uma máscara preta na cara. A fotografia foi tirada pelo fotógrafo Steven Klein e divulgada por Lady Gaga na sua conta na rede social Twitter. As partes íntimas estão tapadas por representações de homens em miniatura. A fragrância, que será comercializada em Setembro e será o primeiro perfume de cor preta no mercado. Num programa televisivo de 2011 Gaga disse que o perfume cheirava a “prostituta de luxo” e continha nos seus ingredientes “sangue e sémen”.

Moçambicanos atentos à Guiné e à fome Moçambique vai destacar as questões da segurança alimentar e da normalização da situação política na Guiné-Bissau durante a presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a partir de 20 de Julho. O país vai assumir a presidência rotativa da organização dos oito países lusófonos na cimeira que se realiza em Maputo, sob o lema “A CPLP e os desafios na Segurança Alimentar e Nutrição”. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Balói, considerou a segurança alimentar “um tema transversal, que faz o alinhamento com a Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP aprovada em 2011”, sendo o objectivo “contribuir para a erradicação da fome e pobreza na comunidade, através do reforço da coordenação entre os estados-membros e da melhor gestão das políticas e programas sectoriais de segurança alimentar e nutricional”. Também a questão da crise na Guiné-Bissau será um dos pontos fortes a destacar durante a liderança moçambicana na CPLP.

Síria Ministroda Defesa morto O ministro da Defesa sírio, o general Daoud Rajha, morreu, esta quarta-feira, na sequência de um atentado suicida em Damasco, revelou a cadeia Al-Jazeera. Não houve ainda confirmação oficial. O governante foi morto num ataque perpetrado contra o edifício da Segurança Nacional, no bairro de Rawda, na capital síria, onde estava a decorrer uma reunião de ministros. Segundo a televisão árabe, o ministro do Interior e o chefe dos serviços de informação do país ficaram gravemente feridos. A informação também foi veiculada pela televisão estatal do país. “O atentado suicida deixou feridos entre os participantes da reunião, alguns deles em estado grave”, indicou a televisão. A Segurança Nacional é dirigida pelo general Hisham Ijtiar.

Gonçalo Lobo [email protected]

LEONOR Mel nasceu aparentemente saudá-vel. Pelo menos não houve complicações

quer no parto de cesariana quer durante a gestação. Contudo com o passar do tempo, e sem nada que o previsse, o seu peso regrediu dia após dia, o cansaço na sucção era notório e, aos dois meses, os seus olhos passaram a convergir.

Numa reportagem no canal de televisão SIC, a mãe, Inês Teixeira, desabafou ao mundo sobre o estado de saúde da sua filha. O Hoje Macau também quis saber mais sobre o estado de Leonor e que doença padece. A mãe Inês explicou. “A minha filha nasceu com uma doença rara e ainda sem diagnóstico, não vê, não anda, não fala, não come sozinha, possui dificuldades de respiração, tem dois anos e o

Criança portuguesa tem doença rara sem diagnóstico

A esperança de Leonorpeso dum bebé de quatro meses e altura de um de nove. Dentro do espectro das doenças raras esta atinge o limite e toca especial-mente, pois é uma criança, um ser vivo, que pede para viver.”

Leonor é dependente da mãe em todos os momentos e esta família precisa da ajuda. Para já, e “não descartando a qualidade dos médicos portugueses”, Inês Teixeira pretende levar a filha a um Centro de Investigação Bioquími-ca e Genética de categoria topo.

“Não é por falta de compe-tências dos nossos médicos, mas porque podem não ter meios suficientes para investigação da Leonor”, diz Inês. “Prova-velmente tratar-se-á de um erro metabólico desconhecido ao nível mundial, um caso mesmo muito raro, e gostava de poder levá-la para outra equipa poder colaborar com o grupo científico do Hospital de Santa Maria.”

O desejo esbarra na quantia precisa para os exames: 30

mil euros. “Infelizmente os nossos órgãos estatais não nos apoiam, nem com o mínimo que deveriam”, desabafa Inês, que trabalhava na empresa da área farmacêutica MTN e acabou por ser despedida, por não ter qualquer apoio domici-liário nos cuidados da Leonor. “Por exemplo, a Leonor apenas tem uma vaga para fisioterapia uma vez por semana e deveria ter todos os dia. Já para não falar de terapia ocupacional e terapia da fala.”

PEDIDO DE AJUDAA mãe de Leonor Mel está assim, “entre a espada e a parede”. Tal como disse na reportagem que a SIC realizou, “um filho não nasce para merecer ficar assim”.

Qualquer ajuda pode ser feita para a conta de Leonor Mel Ahrens Teixeira Ferreira, aberta na Caixa Geral dos Depósitos, com o NIB: 0035 0386 0001 5736 4008 0.