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Hoje Macau 2 JUL 2013 #2883

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2883 de 2 de Julho de 2013

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Page 1: Hoje Macau 2 JUL 2013 #2883

AgênciA comerciAl Pico • 28721006 D irector carlos morais josé • terça-feira 2 de julho de 2013 • Ano Xi i • nº 2883

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Venham mais cinco (séculos)

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aguaceiros min 24 max 29 hum 80-98% • euro 10.4 baht 0.2 yuan 1.3

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ministério público investiga caso dos seis detidos

ida à penha pode valer queixacontra a acção da polícia

página 2

O anúncio foi feito em Boletim Oficial. A partir de Setembro, o “Peónia” - um dos dois jardins de infância que leccionam português na RAEM - vai fechar portas por não ter instalações condignas para acolher o número de alunos. Os cerca de 50 alunos estão a ser, aos poucos, transferidos para outros estabelecimentos de ensino e a DSEJ refere que caberá agora aos encarregados de educação escolher “o ideal” para os seus filhos. Com a extinção, apenas sobreviverá o “Girassol” que manterá assim o sistema bilingue de ensino das duas línguas oficiais do território. página 5

Jardim de infância luso-chinês encerra portas em setembro

menos português• caso da etar

Testemunha afirma desconhecer papel de Pedro Chiang

página 3

• Hong Kong

Milhares nas ruas pedem democracia e renúncia do CE

última

solidariedade nas ruínas de são paulo página 6comunidade brasileira

educaÇÃo

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terça-feira 2.7.2013política2 www.hojemacau.com.mo

Os seis activistas detidos no domingo à noite na Colina da Penha, após manifestação contra Florinda Chan, foram libertados ontem às 15 horas. O Ministério Público garante que o caso está “sob investigação”. Ontem, Jason Chao, um dos manifestantes, garantiu que “vai fazer queixa contra a actuação da polícia por abuso de poder”

Rita Marques [email protected]

Os manifestantes não se conformam com a actuação da polícia no domingo, após uma

manifestação que pedia a demissão de Florinda Chan, secretária da Administração e Função Pública. No seu entender, não houve razão justificada para a prisão dos seis manifestantes - scott Chiang, sou Ka Hou, Lei Kuok Keong, Lei Kin

Manifestação MP investiga o caso dos seis detidos. Activistas preparam queixa contra a polícia

Um “passeio” à Penha que correu mal

Celas individuaisBill Chou, académico da Universidade de Macau, foi um dos seis detidos ontem à noite. Nos relatos sobre a estadia na prisão, onde diz terem permanecido até às 16h45, foram-lhes providenciadas celas individuais de modo a não haver qualquer comunicação entre eles, já que foram acusados de agressões à polícia. Sobre os agressões de que dizem ter sido alvo, o activista explicou que ficou com ferimentos nas mãos, Sou Ka Ho com marcas na cabeça e Hong Man com ferimentos na barriga.

Yun, Bill Chou e Hong Man - que, segundo explicou ontem a Polícia de segurança Pública (PsP) ao Hoje Macau, foram acusados de “agressão às autoridades”, de “danificar o equipamento” e de “resistência e coação”, segundo o artigo 311.º do Código Penal (CP).

Jason Chao, porta-voz dos manifestantes, responde com contra-acusações. “Violaram o artigo 345.º do CP ao bloquearem a passagem do deputado Au Kam san, além de terem interdito a passagem legítima de cidadãos comuns, ou seja, cometeram abu-so de poder conforme consta do artigo 347.º [...] e excederam as suas competências, de acordo com a lei 2/93M, ao terem obrigado os manifestantes a andar pelo passeio quando apenas deve ser limitada a demonstração a uma via da estra-da”, explicou ontem, numa con-ferência de imprensa convocada num dos escritórios da Associação Novo Macau, no Iao Hon. Por essa razão, vão apresentar queixa no Ministério Público (MP) “contra a actuação da polícia por abuso de poder, depois de organizarem as suas provas, provavelmente ainda esta semana “.

O MP, entretanto, recebeu a queixa policial contra os seis manifestantes - libertados do 2.º Comissariado da PsP, na zona do Fai Chi Kei, pelas 15h30 de ontem, segundo comunicou um porta-voz da PsP ao Hoje Macau, em direc-ção ao MP, onde permaneceram até

perto das 17h. “O caso está agora sob investigação”, explicou um porta-voz do organismo ao Hoje Macau.

De visita à PenhaOntem, na conferência de impren-sa, Jason Chao explicou como foi notificado o percurso da manifes-tação - previsto inicialmente entre o Tap seac e o Jardim da Penha (onde, perto, fica localizada a re-

sidência de Florinda Chan) - e qual a reacção das autoridades policiais. “Quinta-feira recebi um despacho pelo Comissário da PsP, Lei sio Peng, que dizia que teríamos de fi-car no Praça de Recreação do Lago Nam Van. Entreguei um recurso na manhã de sexta-feira ao Tribunal de Última Instância (TUI), que pediu também uma justificação ao comis-sário, depois entregue no sábado às 15h. Infelizmente, no domingo, pelas 10h, recebi uma notificação em como não iam processar o meu caso [por falta de tempo para ‘reunir, discutir, deliberar e redigir decisão fundamentada’]”, detalhou o também presidente da Associação Novo Macau, agora candidato às eleições legislativas como cabeça de lista da “Liberais de Nova Macau”.

Como não foi deferido o recur-so, os manifestantes seguiram com o trajecto acordado e, chegados ao destino, “despiram-se” dos materiais de protesto (cartazes, altifalantes, camisolas) e seguiram até à Colina da Penha. No entanto, os 50 que prosseguiram caminho já como “civis” foram “escoltados” pela polícia, que ao pé do Jardim da Penha montou um cerco policial,

bloqueando a estrada apenas ao grupo e à passagem de veículos. “Não estávamos a protestar. Não houve qualquer demonstração (...) se este sítio convida a turistas porque não aos cidadãos também? Não temos obrigação de pedir per-missão para ir até lá. (...) Fomos de visita ao Jardim, tem bonitas vistas e atracções turísticas”, frisou.

“Pedimos explicações. A po-lícia não nos deu. Au Kam san mostrou o seu cartão de identidade como deputado, que lhe dava ga-rantia de passagem à área restrita mas a polícia não cedeu”, explicou Chao. “Às 21 horas, os cidadãos insistiram em entrar no jardim e Igreja da Penha e os seis correram, sendo circundados por um grupo de polícias, tendo sido atirados para o chão. Bill Chou e sou Ka Jo ficaram por isso feridos”, relatou.

Recorde-se que a “União contra Florinda Chan” foi criada online recentemente e é composta por membros da Associação Novo Macau, Associação Juventude Dinâmica, Macau Consciência e vários outros activistas. Chao expli-cou que próximas acções do grupo para “exigir a demissão de Florinda Chan” serão anunciadas em breve.

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3políticaterça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo

Manifestação MP investiga o caso dos seis detidos. Activistas preparam queixa contra a polícia

Um “passeio” à Penha que correu mal

Joana [email protected]

FOI a quinta audiên-cia do julgamento do caso das ETAR de Coloane e do

Parque Transfronteiriço, que tem como principais arguidos Pedro Chiang e Luc Vriens. Na manhã de ontem, a primeira testemunha do dia, Yan Yuan, foi o gerente--geral da Waterleau Macau, a empresa subsidiária da Waterleau da Bélgica, que venceu o concurso para a construção e operação da ETAR do Parque Industrial Transfronteiriço e da segun-da fase da ETAR de Coloane.

À semelhança da audiên-cia anterior – em que o Tri-bunal Judicial de Base (TJB) ouviu o gerente da Waterleou Global Water Technology, Ronny Gerards -, também Yan Yuan confirmou que Pe-dro Chiang era responsável da Best Choice – empresa detida por Ao Man Long, ex-secretário acusado de

Cecília [email protected]

As agências promete-ram e cumpriram. A

Lei de Mediação Imobiliá-ria entrou em vigor ontem e, no mesma dia, cerca de 1500 agentes do sector imobiliário manifestaram--se desde a Praça de sintra, com faixas que diziam que seria melhor manter a situa-ção actual do que criar uma lei que obrigue os agentes a ter que ter licença. Algu-mas agências imobiliárias fecharam a loja por um dia

para protestarem contra o Governo.

Para o porta-voz da manifestação, Cliff Yu, “as novas disposições influen-ciam muito” os agentes. “Não estamos a contra a lei, mas algumas disposições irracionais têm que ser canceladas. Espero que o Governo pode dar atenção aos nossos pedidos. Não estamos a criar conflitos, nem temos motivos políti-cos, mas é um símbolo para salvar o nosso negócio.”

Cliff Yu considera que os negócios não vão correr

bem no futuro porque os proprietários não vão querer dar informações suficientes sobre os imóveis.

Quando o grupo chegou à frente da sede do Gover-no, cinco representantes do sector, incluindo o deputado José Pereira Coutinho e o candidato pela via directa William Kuan, entregaram uma carta com assinaturas e requisitos ao Governo, bem como uma tigela com a inscrição “emprego” em chinês, simbolizando que o sector entregou o seu futuro ao Governo.

ETAR Defesa aponta testemunha como consultor e contraria depoimentos

Confusão instalada no tribunal

imobiliário 1500 pessoas do sector manifestam-se contra nova lei

Lojas fechadas

Mais uma testemunha confirmou em tribunal que Pedro Chiang era o representante da Best Choice, mas contrariou um testemunho anterior que apontava o empresário como consultor que recebia dinheiro por isso

corrupção passiva – e detinha 20% da Waterleau Macau. Contudo, e desalinhado com o que disse Gerards – que tinha Chiang como consul-tor -, veio o testemunho de que o empresário de Macau teria ajudado previamente ao concurso que concedeu ao consórcio Waterleau Global/Atal Engineering/Companhia de Construção e Engenharia Civil China a construção e operação das duas ETAR, apenas como parceiro local.

Enquanto Ronny Gerar-ds confirmou que sabia que Chiang estava a ser pago de-vido a taxas de consultado-ria, já Yuan admite não saber de quaisquer pagamentos à Best Choice ou a Pedro Chiang. “Não sei o papel do Pedro Chiang nem antes, nem depois, não sei se ele prestou consultadoria por-que era mais o Luc [Vriens] ou o Gills que falavam com ele”, começou por dizer. “sei que para informações jurídicas e assim falava-se

com ele. Ele abria contas nos bancos, parecia patrão, mas não era bem, porque não detinha muitas acções, e o patrão mesmo era o Luc.”

Yan Yuan confirmou perante os tribunais que não tinha contacto com as em-presas de Ao Man Long, mas diz que “quando se encon-trou uma ou duas vezes com Chiang era como represen-tante da Best Choice”. Para ele, diz ainda, Pedro Chiang era “alguém que conseguia angariar investidores”, mas

que não participava na ges-tão. “Nunca ouvi que ele fosse consultor.”

ConsULtoR és tUJá anteriormente, a defesa de Pedro Chiang tinha Ronny Gerards como uma testemunha confusa e ontem esta adjectivação não faltou. Joana Teixeira e João Miguel Barros contestaram o facto de Yuan dizer que terá sido o empresário de Macau a passar uma procuração “para lhe administrar poderes” da

Waterleau Macau, quando a Best Choice só detinha 20% dessa empresa. “Como é que um sócio sem poderes passa procurações?” questionou a defesa. “Isto está uma gran-de confusão.”

Tanto João Miguel Bar-ros como Joana Teixeira ten-taram demonstrar que Yan Yuan é que foi o consultor da Waterleau, contrariando o que disse na sessão anterior Ronny Gerards.

Também o gerente-geral da Waterleau Macau confir-

mou ter sido contactado por Luc Vriens antes da candi-datura ao concurso para as ETAR, tendo estado envol-vido nas propostas. “Dei a minha opinião técnica, porque posso dizer que sou o melhor desta área em Ma-cau. Quando saiu o resultado do concurso, posso dizer que forneci bons conhecimen-tos, estou orgulhoso. Além disso apresentámos o preço mais baixo.” Yuan afirmou que nunca ouviu dizer que terá sido devido a Chiang que a Waterleau Global venceu o concurso e “não estranhou a participação” do empresário, pelo menos, até descortinados os factos.

Recorde-se que Pedro Chiang está acusado de quatro crimes de corrup-ção passiva e um crime de branqueamento de capi-tais, enquanto Luc Vriens enfrenta acusações de um crime de corrupção activa e outro de branqueamento de capitais. A acusação as-segura que subornos a Ao Man Long estão na origem da adjudicação da constru-ção e operação das ETAR. À semelhança da audiência anterior, a defesa de Luc Vriens traça o perfil do seu arguido, para explicar que a Waterleou Global foi esco-lhida para as ETAR devido à experiência de Vriens numa empresa semelhante à Waterleau – a sagars -, que esteve nos anos 90 nas ETAR de Coloane e da Taipa e ainda devido às invenções de Vriens na área da tecnologia do tratamento de águas residuais. O jul-gamento continua amanhã.

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4 política terça-feira 2.7.2013www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

Os orçamentos de 2013 de três organismos foram reforçados em mais de 80 milhões de

patacas. A instituição mais dotada foi o Fundo de Desenvolvimento Educativo (77,990,274 de pata-cas), logo seguida do Fundo dos Pandas, com mais de dois milhões de patacas. Em terceiro lugar aparece o Fundo de serviços de Administração Pública de Macau (786,990,274 de patacas). Os valores foram ontem publicados

MAi Man ieng é novamente o es-

colhido para presidir à Assembleia de Apura-mento Geral das eleições legislativas, tal como aconteceu no sufrágio anterior, em 2009. O Procurador-Adjunto do Ministério Público presi-de assim a uma comissão composta ainda por Kuok Kin Hong, delegado do Procurador, um repre-

Mak Soi Kun preocupado com idososO deputado Mak Soi Kun entregou uma interpelação escrita ao Governo onde manifesta as suas preocupações com a saúde dos mais velhos. Segundo o deputado, o tempo médio que os idosos ficam à espera no hospital varia entre três a seis horas. “Obviamente que as medidas de resposta do Governo, que tem um departamento especifico para tratar dos assuntos dos idosos, não basta para alterar a situação”, escreve no documento. Mak Soi Kun apela ao Governo para estabelecer um plano especifico para os que têm mais de 65 anos de idade, e para que torne públicos o andamento da construção do hospital das ilhas. Isto porque, uma vez construído, “pode trazer uma grande melhoria para os problemas actuais”.

Ng Kuok Cheng quer rever leis sobre habitaçãoO tema da habitação pública volta a ser central em mais uma interpelação escrita do deputado Ng Kuok Cheong, que insiste que devem ser criadas soluções a curto e longo prazo. “A longo prazo é preciso aproveitar os novos aterros e alocar os recursos financeiros para responder às necessidades. A curto prazo é urgente usar os terrenos recuperados para construir mais habitação pública.” Os terrenos a que o deputado se refere são os que estão envolvidos no caso La Scala e que foram recuperados pelo Executivo. Ng Kuok Cheong exorta ainda o Governo a rever as legislações sobre a habitação.

Criado Conselho para os Assuntos Médicos Foi concluída a discussão, por parte do Conselho Executivo, do projecto para a criação do regulamento administrativo que irá criar o Conselho para os Assuntos Médicos. A decisão foi tornada pública ontem através de um comunicado, e visa “promover o desenvolvimento da actividade profissional de saúde na RAEM.” Com 43 elementos, o referido conselho será “um organismo consultivo do Governo da RAEM”, podendo pronunciar-se a actividade profissional no sector da saúde, elaborar relatórios e recomendações a nível deontológico, entre outros assuntos.

CCAC organiza votação onlineO Comissariado contra a Corrupção (CCAC) vai realizar uma votação online para que possam ser seleccionados os melhores trabalhos no concurso que irá servir para elaborar o slogan “Defendemos eleições limpas”. A votação pode ser feita até ao dia 19 de Julho e os trabalhos distinguidos já estão disponíveis na página electrónica do CCAC. Este organismo recebeu 1708 trabalhos criados por 885 participantes. Os dez trabalhos mais votados online vão ser premiados com um certificado do CCAC, podendo os prémios variar entre mil a cinco mil patacas.

Orçamento Dinheiro continua a ser distribuído para fundos públicos

Dois milhões para estudar pandasMais de 80 milhões de patacas foram distribuídos a três fundos da Administração Pública, entre os quais o Fundo dos Pandas que teve direito a dois milhões de patacas. Os montantes são atribuídos como orçamentos suplementares, os primeiros do ano para estes organismos

Eleições Mai Man Ieng preside à Assembleia de Apuramento Geral

Organismos a postos

organismos e serviços, é gerido exclusivamente por este fundo que agora foi engrossados em mais de 77 milhões de patacas.

No ano passado, já tinha sido atribuída uma verba extraordiná-ria ao orçamento inicial, no valor de mais de 71 mil patacas, menos de metade do financiamento ago-ra disponibilizado.

Este ano outros organismos públicos também viram as suas verbas aumentadas, entre os quais, o Fundo de Turismo, a Uni-versidade de Macau (UMAC), os serviços de saúde (ss) e o Gabinete do Procurador.

À Assembleia de Apu-ramento Geral cabe anun-ciar o resultado final da contagem de votos das eleições, que devem ser validados por critérios da Assembleia Geral de Apuramento. Quando seja necessário, a As-sembleia de Apuramento Geral pode convocar os membros das mesas para estarem presentes na reu-nião. - R.M.R.

sentante da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, que será posteriormente designado pelo organis-mo, e um secretário, de-signado pelo Presidente da Assembleia de Apura-mento Geral, sem direito a voto. Os nomes foram ontem tornados públicos pelo Boletim Oficial, em despacho do Chefe do Executivo.

em Boletim Oficial (BO), por despacho do Chefe do Executivo.

O Fundo dos Pandas, criado aquando da chegada em 2010 de Hoi Hoi e sam sam, tem por objectivo o financiamento ao desenvolvimento da educação, estudos e projectos no âmbito da conservação dos pandas (Hoi Hoi e sam sam). Agora, vê assim acrescida a sua verba deste ano, por meio de um orçamento clas-sificado como dotação provisio-nal, o que significa que pode ser utilizado como verba para novas acções de elevada prioridade e urgência ou como reforço da

verba de acções já iniciadas. O mesmo financiamento é gerido por um conselho administrati-vo, constituído pelo presidente do instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (iACM).

O Fundo de Desenvolvimento Educativo acrescenta agora ao seu orçamento inicial de 690 milhões de patacas, mais 77 milhões. O valor poderá servir para o Plano de Desenvolvimento das Escolas, que no ano passado financiou mais de 720 projectos de 100 escolas.

O edifício da Administração Pública, que agrega em si muitos

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5terça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo sociedade

Rita Marques Ramos*[email protected]

Um dos dois úni-cos jardins de infância luso--chineses vai

ser extinto em Setembro. O anúncio foi feito ontem e publicado em Boletim Oficial (BO). Segundo explicou a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), em resposta ao Hoje ma-cau, o Peónia, instituição que data de Setembro de 1990, não tem instalações condignas para acolher o número de alunos, que por si é já insuficiente para manter operacional o estabelecimento de ensino. “A escola tem apenas 52 alunos e fica situada num edifício multifuncional, onde existem outros ser-viços a operar”, começa por explicar o organismo tutelado por Leong Lai. “Por outro lado, as escolas vizinhas têm um ‘campus’ maior e um melhor am-biente, tendo capacidade de acolhimento de mais alunos, por isso, a DSEJ tomou esta decisão.”

O organismo fez ainda saber que a meia centena

OS responsáveis das Obras Públicas descobriram diver-

sas obras ilegais num edifício habitacional considerado de luxo na zona da Areia Preta, denomi-nado The Residence. Segundo um comunicado do organismo, a descoberta terá acontecido no dia 24 de Junho e as obras terão resultado na “danificação dos pi-lares, vigas e paredes estruturais, raspando profundamente o betão até à exposição da armadura de aço, na tentativa de aumentar a sua área de utilização”, pode ler-se no documento.

A entidade liderada por Jaime Carion decretou a suspensão da obra no passado dia 28, dada a “gravidade desta rara situação” e também para “evitar o agrava-mento desta situação, para que não venha a afectar a segurança

Ensino Jardim de Infância Luso-chinês “Peónia” vai ser extinto em Setembro

Educação em português-chinês a cair

Obras ilegais DSSOPT descobriu situações “graves” no edifício The Residence

menosprezar a estrutura do prédio

Não há falta de vagas no ensino primárioEste ano 2013/2014, lembra a DSEJ, existem 5.100 aptas a integrar o ensino infantil de primeiro ano e as escolas de Macau têm lugares de sobra. “As escolas de Macau podem oferecer 5.800 lugares vazios para estas crianças. Entre estes lugares vazios, cerca de 4.800 em Macau, Taipa tem cerca de 1.000 lugares”, explica o organismo, por meio de resposta ao Hoje Macau. Desta forma, garante, há estabelecimentos suficientes de 1.º ciclo para acolher as crianças de Macau mas por colmatar fica a falta de estabelecimentos (e vagas) em jardins infantis, numa altura em uma destas instituições se fecha.

de alunos já tem o seu pro-cesso de transferência em andamento. “Vinte e oito já foram transferidos para a escola pública, entre os quais onze vão ser alunos do primeiro ano da escola primária e outros dezassete serão encaminhados para o jardim infantil (...) Outros 24 vão para as escolas privadas. “, salienta, sem especificar o nome destas instituições.

“Os processos de trans-ferência começaram a ser feitos este ano, em março, sendo que os pais enten-dem a situação da escola.” A DSEJ salienta ainda que, desta forma, foram sugeri-das e aconselhadas outras escolas aos encarregados de educação, de modo a que pudessem escolher “a ideal” para os seus filhos.

Quanto aos professores e restantes funcionários do Peónia, já está também delineada uma solução. “O pessoal que se encontre a prestar serviço na data de entrada em vigor da presente ordem executiva, é integrado, de imediato, nos diversos organismos dependentes e subunidades orgânicas da Direcção dos Serviços de Educação e Ju-

ventude, adiante designada por DSEJ, sem alteração da sua situação jurídico-fun-cional”, segundo consta da Ordem Executiva, também confirmada pelo organis-mo público responsável pelo ensino da RAEm.

Por outro lado, “os bens móveis afectos ao Jardim de Infância Luso-Chinês Peónia, incluindo os arqui-vos, são transferidos para a DSEJ que, observado o competente procedimento administrativo, os pode redistribuir pelos seus diversos organismos de-pendentes e subunidades orgânicas”, destaca a nota oficial, numa preocupação sobre o património. “A DSEJ pode ainda propor a doação dos bens móveis a entidades públicas e pri-vadas, sem fins lucrativos, nomeadamente, a insti-tuições educativas parti-culares ou o seu abate à carga, quando aqueles não possam ser aproveitados.”

Com a extinção do Peónia, sobrevive apenas o “Girassol” enquanto jardim-de-infância que mantém o sistema bilin-gue de ensino das línguas oficiais, o chinês e o por-tuguês. - *com Cecília Lin

da estrutura do edifício”. Para as Obras Públicas, trata-se de um “caso grave de raro menospre-zo pelo interesse público”. “É proibida a realização de modifi-cações que afectem a estrutura do edifício e é proibida a alteração do sistema de água e esgoto sem licença de obra”, refere o comunicado.

Para já, os Serviços de Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) avisam que caso as obras conti-nuem o edifício poderá vir a ser vedado. É ainda aconselhado aos proprietários a contratação de técnicos inscritos na DSSOPT “para a entrega do projecto de restauração”. O organismo garante que vai tratar este caso de forma “prioritária e prudente” e “censurar este acto egoísta que menospreza o interesse público”.

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6 sociedade terça-feira 2.7.2013www.hojemacau.com.mo

A fasquia não passou as 30 pessoas, mas a solidariedade para com as manifestações que estão a acontecer no Brasil esteve bem presente na iniciativa “Brasileiros solidários: vem pra rua”. Quem cá mora fala dos problemas de um país que pertence aos BRIC

Andreia Sofia [email protected]

No Brasil não há educa-ção. No Brasil morrem pessoas nos corredores dos hospitais porque

não há infra-estruturas. No Brasil há uma corrupção que não é punida. No Brasil calam-se os pobres com bolsas de todo o tipo. As críticas são dos brasileiros que há muito escolheram Macau para viver e que ontem resolveram organizar uma iniciativa de apoio aos protestos

os casinos de Macau en-cerram o mês de Junho

com 28.269 milhões de pa-tacas de receitas brutas num mês que ficou marcado pela queda da Wynn Resorts para o último lugar do ‘ranking’ de operadores.

Com os valores de Ju-nho, o quarto melhor mês de sempre na história dos casinos de Macau, as re-ceitas do primeiro semestre somam 171.447 milhões de patacas, mais 15,3 % do que no mesmo período de 2012, indicam dados oficiais divulgados pelos serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (sICJ).

os números do primeiro

Comunidade brasileira Acção nas Ruínas de são Paulo pelos protestos no Brasil

Longe mas em sintonia com compatriotas

Jogo Receitas dos casinos de Macau em alta

steve Wynn cai para último

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de um conjunto de taxas e licenças, a Administração de Macau cobra aos seis operadores de jogo de Macau um imposto directo de 35% sobre as receitas brutas do sector que é pago no mês seguinte ao mês de referência e que em termos orçamentais é contabiliza-do entre Dezembro de um ano até Novembro do ano seguinte. - Lusa

semestre apenas se referem às receitas brutas apuradas nos casinos de Macau, não contabilizando outras apos-tas como corridas de cavalos e cães, apostas em jogos de futebol e basquetebol e lotarias e que, normalmen-te, traduzem pouco mais de mil milhões de patacas anualmente.

As receitas de Junho traduzem um aumento ho-mólogo de 21,1%, a segunda maior subida em termos

homólogos do ano depois de em Março, mês que se tradu-ziu num recorde de receitas com 31.336 milhões de pa-tacas, o aumento registado ter sido de 25,4 por cento.

Dados compilados pela agência Lusa junto de ope-radores como a sands China, do norte-americano sheldon Adelson, indicam que a so-ciedade de Jogos de Macau (sJM), fundada por stanley Ho se manteve líder dos operadores de casino com

uma quota de quase 24,5% das receitas.

o segundo e terceiro lu-gares foram, respectivamente, ocupados pela sands China, com quase 20,5% e pela Ga-laxy Resorts, de interesses de Hong Kong, liderados por Lui Che Woo, com pouco mais de 19 por cento.

Na segunda metade da tabela de operadores e com a Melco Crown, que conta como accionista com La-wrence Ho, filho de Stanley Ho, com pouco mais de 14,5% de quota de mercado, a surpresa surge na troca de cadeiras entre o quinto e o sexto lugares com a MGM, liderada por Pansy Ho, filha de stanley Ho, a conquistar 11% de mercado e a Wynn Resorts, do norte-americano steve Wynn, a cair para o último lugar com pouco mais de 10% de quota.

o sector do jogo em casino

é a principal fonte de receita da administração de Macau tendo encerrado 2012 com um recorde global de cerca de 305.235 milhões de patacas.

Além de um imposto indirecto de cerca de 4% e

A corrupção é tanta, desviam tanto dinheiro dos hospitais, das escolas, do sistema, e colocam no bolso deles. A violência no Brasil está muito grande e falta emprego, policiamento, segurança e infra--estruturas”, aponta a brasileira, oriunda da zona do Rio Grande do sul.

Mas como resolver todos os problemas numa altura em que o Brasil é visto como uma das princi-pais economias mundiais, fazendo parte dos chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)? Angélica Nascimento diz que tudo não passa de “fama”. “o Governo brasileiro mascara muita coisa. Há vários tipos de bolsas e as pessoas juntam esse conjunto de bolsas e não vão atrás do seu emprego. Isso para mim é populismo, é um esquema para os pobres calarem a boca.”

Com o recuo nas tarifas e na polémica lei PEC 37, que retirava poderes de investigação ao Mi-nistério Público, as manifestações parecem estar a ter efeito. “A pre-sidente já começou a falar e dizem que vão investir mais nas causas sociais”, diz Jane Martins. Mas o padre Pedro Reguelim deixa o alerta: “o efeito tem de ser a longo prazo. o importante é que haja uma continuidade”.

que neste momento estão a decorrer no Brasil. O sinal 3 içado ao final do dia não impediu as cerca de 30 pessoas de seguraram as bandeiras do país e de envergarem camisolas azuis e verdes. Foram segurados cartazes com frases de apoio e nem faltou o hino, cantado duas vezes.

Jane Martins, presidente da Casa do Brasil em Macau, foi uma das primeiras a chegar às Ruínas de são Paulo. Há mais de 20 anos que reside deste lado do mundo com o marido e filhos. Não pensa voltar, mas olha para o estado do seu país com preocupação. “Apesar de mo-

rarmos longe somos brasileiros, e por causa do amor que temos pelo Brasil também queremos que tudo dê certo por lá. Queremos que ele saibam que estamos apoiando essa causa no Brasil.”

Já o padre Pedro Reguelim, há 17 anos em Macau em missão missionária junto da comunidade chinesa, falou da grande razão da iniciativa: a solidariedade. “o facto de estar fora não quer dizer que estamos isolados. Temos uma realidade fora do Brasil, mas que-remos acompanhar o movimento e as lutas.”

o padre Pedro fala de uma “contribuição, mesmo que seja pequena”, e que já aconteceu em outras cidades chinesas, nomeada-mente Xangai.

CALAR A boCA do pobRe Jane Martins confessa que o au-mento das tarifas dos autocarros no Brasil foi a “gota de água” que fal-tava “para o povo se revoltar contra o tudo o que estava acontecendo há muito tempo”. E o que tem vindo, de facto, a acontecer? Angélica Nascimento, em Macau há seis anos, enumera várias questões. “Pagamos impostos altíssimos e não temos nada. os hospitais são precários, não há infra-estruturas.

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7sociedadeterça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

A Companhia de Deco-ração San Kei Ip foi a seleccionada para pôr de pé a primeira de três

zonas de um plano de intervenção que colocará de pé um acesso pedo-nal aéreo entre a Zona dos Aterros do Porto Exterior (ZAPE) e a Guia, por forma a acabar com as barreiras arquitectónicas. A celebração do contrato foi ontem aprovada em despacho do Chefe do Executivo, publicado em Boletim Oficial (BO), que indica um orçamento de cerca de 29,791,881 patacas, escalonado entre 2013 e 2014, numa obra que não deverá estender-se por muito mais do que um ano.

O “Embelezamento da Rua da Encosta e Acesso pedonal

Acesso pedonal ZAPE e Guia vão estar ligados em finais de 2014

Obra orçada em 30 milhões de patacasA Companhia de Decoração San Kei Ip, Ltd. foi a seleccionada, entre oito empresas, para construir o acesso pedonal superior que ligará a ZAPE e a Guia. Uma obra que durará aproximadamente um ano e terá um orçamento de cerca de 30 milhões de patacas

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ASSOCIAÇÃO GERAL DE AUTOMÓVEL DE MACAU - CHINA

Aos pilotos de Macau que queiram participar na corrida de “Macau

GT Cup” do 60º Grande Prémio de Macau, têm que participar

no mínimo de uma das provas dos seguintes eventos, e que seja

classificado no resultado final.

- Audi R8 LMS CUP 2013

- Ferrari Challenge Asia Pacific 2013

- GT Asia Series 2013

- Lamborghini Super Trofeo Asia Series 2013

- Porsche Carrera Cup Asia 2013

Em caso de dúvidas favor de ligar para 28726578 durante o horário

de expediente ou enviar e-mail para [email protected] para

informações.

Open Tender Notice

Request for Proposal – MIA - Replacement Works of Sliding Door Systems (Phase 2) – RFQ-142

1. Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM)2. Tendering method: Open tendering3. Objective: To select a qualified contractor to replace the old automatic

sliding doors with new automatic sliding doors and modify various existing door frames for improving their water-proof and wind-proof capabilities.

4. Request for tender documents: Tender Notice and Tender Document can be downloaded from the website www.macau-airport.com and www.camacau.com until 7 days prior to the deadline for submission of Bidders’ tenders. Please regularly check the website for any clarification or changes/modification/amendment of the Tender Document.

5. Location and deadline for submission of Bidders’ tenders: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 4th Floor, CAM Office Building, Av. Wai Long, Taipa, Macau Before 17:00 on 2 Sept 2013 (Macau Time)The addressee of the tender shall be Mr. Deng Jun – Chairman of the Executive Committee The tenders received after the stipulated date and time will not be accepted.

6. CAM reserves the right to reject any tender in full or in part without stating any reasons.

-END-

entre ZAPE e Guia” foi apresen-tado em Julho do ano passado, procedendo-se ao concurso pú-blico da empreitada em Janeiro, que contou com oito candidatos ao projecto, cujos orçamentos

variaram entre as 29 e 38 milhões de patacas, pelo que a proposta de San Kei Ip representou o valor mais em conta.

Aquando da apresentação por parte da Direcção dos Serviços de

Solos, Obras Públicas e Transpor-tes (DSSOPT) sobre o plano que visava uma intervenção para alterar o ambiente pedonal entre o ZAPE e a Colina da Guia, avançaram-se a possibilidade de criação de uma série de estruturas de ligação entre a Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues e a zona do cemitério dos Parses, perto das instalações da Autoridade Monetária de Macau, incluindo um elevador. Também na altura, o projecto atendia à necessidade de se criarem zonas verdes, como a construção de um jardim com 1200 metros quadrados.

ObRa nasce cOM uM jaRdiMA primeira fase abrange uma área de sete mil metros quadrados, local onde vai nascer o jardim e ser construída, no sopé da colina,

uma torre para elevadores, bem como uma passagem superior para peões. Os trabalhos vão servir também, de acordo com fontes oficiais, para estabilizar o talude. O projecto implica também limpar a área neste mo-mento ocupada em parte por uma enorme sucata e por construções ilegais, trabalho que estava pre-visto para o ano passado.

Depois de lançada a obra principal, é dado início às duas outras zonas. A Rua da Encosta, junto ao Colégio Santa Rosa de Lima, vai ser prolongada, e onde hoje se encontram umas escadas vai ser instalado mais um ele-vador. Vão ser ainda feitas duas passagens inferiores para peões. No entanto, à data, ainda não se sabe quando estará pronto o plano de intervenção na íntegra.

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terça-feira 2.7.2013nacional8 www.hojemacau.com.mo

Se fosse um país, o Partido Comunista Chinês (PCC) seria hoje o 15.º mais po-

puloso do planeta, à frente de todas as nações europeias.

O número de filiados do PCC excedeu 85,13 milhões no final de 2012, informou a imprensa oficial chinesa on-tem, dia do 92.º aniversário da fundação do partido.

Cerca de 3,2 milhões de chineses aderiram ao PCC ao longo do ano passado e no total, cerca de um quinto dos militan-tes (20,27 milhões) são mulhe-res, revelou o Departamento de Organização do partido.

O país europeu mais po-puloso, a Alemanha, tem 81,5 milhões de habitantes, e no resto do mundo apenas 14 países têm mais de 85 milhões (China, Índia, estados Unidos, Indonésia, Brasil, Paquistão, Nigéria, Bangladesh, Rússia, Japão, México, Filipinas, Vie-tname e etiópia).

Fundado em Xangai no dia 1 de Julho de 1921, num con-gresso que reuniu 13 delegados representativos dos cerca de 50 militantes organizados em toda a China, o PCC é também um dos partidos políticos que se mantém há mais tempo no poder.

RePReSeNtANteS da China e da As-

sociação das Nações do Sueste Asiático (ASEAN) vão reunir-se em Setembro para tentar aliviar a tensão causada pelas persistentes disputas territoriais no Mar do Sul da China, disse ontem a imprensa filipina

Expansão da actividade industrial chinesa cai em JunhoA actividade de manufactura na China, segunda maior economia mundial, continuou a expandir-se em Junho, apesar de ter apresentado um ritmo menor do que o registado no mês anterior, segundo os dados oficiais publicados esta segunda-feira. O Índice Gerente de Compras (PMI) elaborado pela Federação da China de Logística e Compras ficou em Junho nos 50,1 pontos, uma queda em relação aos 50,8 pontos de Maio. O indicador mantém-se acima da barreira dos 50 pontos, o que revela uma expansão da indústria, enquanto se estivesse abaixo desse nível evidenciaria uma contracção. Trata-se do nono mês consecutivo em que os números oficiais indicam uma expansão da actividade industrial na China.

Preço médio das casas na China aumentou 7,4%O preço médio dos imóveis nas principais cidades chinesas aumentou 7,4% em termos anuais em Junho, revela um estudo ontem divulgado, apesar das restrições que o governo chinês tem imposto. O custo médio das casas novas em 100 grandes cidades da China é agora de cerca de 10.280 patacas por metro quadrado, refere o estudo. O mês de Junho marca também o sétimo mês consecutivo de aumentos no preço das casas embora a subida mensal de 0,77% tenha sido menos acentuada do que os 0,81% apurados em Maio dado que os bancos restringiram o crédito ao sector imobiliário devido a menor fluxo de liquidez. Apesar do aumento, os valores apurados na China são apenas cerca de 10% do valor de mercado em Macau e Hong Kong onde o metro quadrado de um apartamento tem um custo médio de quase 100.000 patacas, segundo os últimos dados de Maio.

Partido Comunista Chinês já tem mais de 85 milhões de filiados

À frente das nações europeias

Diplomacia Pequim e ASEAN vão debater tensão no Mar do Sul da China

Pela paz e pela amizade

Quando o PCC proclamou a República Popular da China, em Outubro de 1949, tinha 4,5 milhões de filiados.

Constituída hoje por cerca de 4,2 milhões de células, a organiza-ção do PCC está “implantada em quase todos os órgãos do governo, empresas estatais e privadas e organizações sociais”, referiu a mesma fonte.

Mais de um quarto dos militan-tes têm menos de 35 anos e cerca de 40 % (34 milhões) têm curso superior.

No dia-a-dia, o PCC é dirigido por Comité Permanente do Polit-buro, a cúpula do poder, composta apenas por sete elementos e enca-beçada pelo secretário-geral do partido, Xi Jinping.

Xi Jinping, 60 anos, assumiu o cargo em Novembro passado, juntamente com o de presidente da Comissão Militar Central, a liderança política das Forças Ar-madas chinesas.

Há quatro meses, a Assem-bleia Nacional Popular elegeu-o também presidente da República, completando a transferência de poderes para a chamada “quinta geração de líderes da Nova China”.

Mao Zedong, um dos funda-dores do PCC, falecido em 1976, representa a primeira geração, seguindo-se Deng Xiaoping (1904-1997), Jiang Zemin e Hu Jintao.

O ministro chinês dos Negócios estrangeiros, Wang Yi, declarou ontem no Brunei que Pequim concorda com a realização de “consultas oficiais” com os países da região para que o Mar do Sul da China se converta “num mar de paz, amizade e cooperação”.

As consultas decor-rerão em Setembro na China, onde a ASeAN apresentará um “Código de Conduta” para a dis-putada área, disse o diário Inquirer.

Vários arquipélagos do Mar do Sul da China, que Pequim considera

parte integrante do seu território, são parcial ou totalmente reivindicados pelo Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei, seis dos dez países que com-põem a ASeAN.

Além de potencial-mente ricas em petróleo e gás natural, as águas

do Mar do Sul da China ocupam uma posição es-tratégica na navegação entre os oceanos Indico e Pacífico.

A ASeAN inclui também a Birmânia, Cambodja, Indonésia, Laos, Singapura e tai-lândia.

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terça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo 9nacional

Partido Comunista Chinês já tem mais de 85 milhões de filiados

À frente das nações europeias

exalada por centenas de destilarias locais, o odor inconfundível da Moutai, considerada a aguardente

nacional da China, enche o ar da cidade que lhe dá o nome, na mon-tanhosa província de Guizhou, sul do país. É o cheiro do poder.

Dos tempos em que os revo-lucionários do Exército Vermelho usavam a bebida para desinfectar ferimentos e levantar o moral,

Um antigo responsável governamental chinês,

protagonista de um vídeo pornográfico divulgado ‘online’, foi condenado a 13 anos de prisão por cor-rupção, noticiou no fim-de--semana a imprensa estatal chinesa.

Um tribunal de Chon-gqing (centro) sentenciou Lei Zhengfu, antigo respon-sável do maior e mais popu-loso dos quatro municípios chineses com estatuto de províncias, disse a agência oficial Nova China, sem outros pormenores.

Lei tornou-se famoso depois do jornalista Zhu Ruifeng ter divulgado, no

Moutai Aguardente ícone da Revolução Comunista torna-se símbolo de ostentação

O cheiro do poder no Império do Meio

Corrupção Responsável chinês condenado a 13 anos de prisão

Protagonista de um vídeo pornográfico

até ao actual status de produto de luxo, a Moutai é a versão etílica das transformações pelas quais a China passou no último século.

Nenhuma marca chinesa está tão associada à história moderna do país e às suas contradições como esta bebida fermentada à base de sorgo.

Na histórica visita do ex-pre-sidente dos eUA Richard Nixon à China de Mao Tse-tung, em 1972,

banquetes regados a Moutai ajuda-ram a selar a aproximação entre os dois países.

Quatro décadas depois, a tra-dição foi mantida pelo presidente chinês, Xi Jinping, que na sua recente visita aos EUA ergueu um brinde ao colega Barack Obama.

A gigantesca destilaria estatal, que ocupa dois terços da área de Moutai, dá a dimensão que a bebida ocupa como monumento nacional.

É quase uma cidade dentro da ci-dade, com um jornal e um canal de televisão próprios, hotel para visitas ilustres e uma equipa de futebol que está entre as melhores do país.

O prestígio e benefícios conce-didos aos funcionários --entre eles seis garrafas anuais do precioso líquido--, tornam um emprego na fábrica alvo de cobiça.

O salário médio dos 20 mil funcionários, de cerca de 10.000 patacas, é quatro vezes a média da população local.

em frente ao prédio que abriga a administração da destilaria, há uma enorme estátua dourada do comandante revolucionário e ex--primeiro-ministro Chou enlai, com os dizeres: “pai do vinho nacional”.

Os registos históricos indicam que a bebida é produzida na região há cerca de 2.000 anos.

As credenciais revolucioná-rias foram conquistadas a partir de 1935, quando soldados do exército Vermelho procuraram em Moutai um refúgio do cerco dos inimigos nacionalistas.

Mais tarde, Chou enlai eter-nizaria a mística da aguardente ao dizer que o sucesso da retirada comunista, conhecida como a Grande Marcha, ocorreu em parte graças à Moutai.

Após a revolução comunista, em homenagem ao seu líder, o nome da cidade mudou de Moutai para Moutai.

A bebida tornou-se um símbolo de estatuto e de poder.

Nas listas anuais dos produtos mais apreciadas pelos mais ricos, o Moutai disputa os primeiros lugares com marcas como a Louis Vuitton e Rolex.

É um dos presentes mais apre-ciados pela elite política e uma das moedas correntes de suborno em transacções de negócios que precisam de um empurrãozinho.

Não há banquete que se preze sem Moutai, nos quais os dirigentes comunistas fazem brindes em série e os empresários fecham negócios despejando num só gole inúmeros cálices da aguardente com 53% de teor alcoólico.

Os abstémios sofrem: na eti-queta chinesa, recusar o brinde não é de bom tom.

O luxo não é para qualquer um. O choque de frugalidade imposto pela nova liderança comunista para conter os excessos da elite política até levou a uma queda recente nos preços, mas estes continuam astronómicos.

Uma garrafa de meio litro de Moutai original não sai por me-nos de cerca de 1.700 patacas. A mais cara, de 80 anos, chega ao incrível preço de cerca de 370 mil patacas.

A produção limitada e os preços elevados levaram à proliferação de falsificações e à farta produção paralela em Moutai. “Faz bem à alma e ajuda a circulação”, diz o farmacêutico Zhan Xiaowen, 46 anos, quarta geração de produtores da bebida.

final do ano passado, um vídeo em que o ex-respon-sável mantinha relações sexuais com a amante, jun-tamente com pormenores de um esquema de subornos e chantagens.

Outros acusados de envolvimento no esquema, que tornou evidentes as re-lações entre sexo, dinheiro e poder na China, foram também condenados a pe-nas de prisão, acrescentou a Nova China.

Zhu divulgou o vídeo depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter anunciado como prioridade o combate à corrupção, que afirmou tratar-se de uma

ameaça ao futuro do Partido Comunista.

Mais tarde, o jornalista foi detido pela polícia, juntamente com outros activistas que exigiram aos responsáveis governamen-tais que divulgassem uma lista de bens.

A “pequena” corrupção, entre os funcionários de menor estatuto, tem vindo a ser denunciada, na sequência das declarações de Xi, mas vários analistas conside-raram já que o Presidente não estará muito disposto a revelar os mesmos crimes nas esferas mais “altas” do regime, apoio fundamental de Xi no partido.

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terça-feira 2.7.201310 união europeia www.hojemacau.com.mo

Croácia é, desde domingo, o mais novo membro

Um país sem medo da criseA antiga república da Jugoslávia já faz parte da União Europeia, sendo o primeiro país da zona dos Balcãs a fazê-lo, depois da Eslovénia. Uma reportagem da Reuters fala do passado comunista, do presente recessivo e do futuro com a moeda única

A entrada da Croácia na União Europeia (UE), formalizada à meia noite deste

domingo, ficou imortalizada com fogos de artificio, tiros de canhão e a Ode à Alegria, de Beethoven. Duas décadas depois do fim da Jugoslávia, o país celebra agora uma nova fase económica e política.

As celebrações fizeram-se com milhares de pessoas na praça Ban Jelacic, na capital, Zagreb, que, perante a entrada do 28º Estado-Membro, es-queceram, por momentos, os problemas económicos que o país atravessa. Os sinos soaram da catedral de Zagreb e dois homens vestidos de branco empunharam a bandeira da UE. “Isto vai mudar a vida desta nação para melhor. Acolho-vos com todo o meu coração”, disse à multidão Herman Van Rompuy, presi-dente do Conselho Europeu, citado pela agência Reuters.

No total, passaram por Za-

greb 170 funcionários públicos estrangeiros, 15 chefes de Es-tado e 13 primeiros-ministros. Mas Angela Merkel, chanceler da Alemanha, foi a ausência mais notada.

Com uma maioria católica e com 4,4 milhões de habi-tantes, a Croácia torna-se no segundo dos sete países saídos da antiga Jugoslávia a entrar na UE, depois da Eslovénia o ter feito em 2004.

Trata-se de um marco fundamental na recuperação de uma região marcada por

conflito étnicos e religiosos, tal como a Guerra dos Balcãs em 1990. A “limpeza étnica” matou mais de 120 mil pes-soas, sendo que 20 mil delas eram croatas.

Trata-se também da pri-meira expansão da UE para a zona leste da Europa desde que, em 2007, se deu a adesão da Roménia e da Bulgária. A crise económica global tendo vindo a colocar, desde então, desafios sem precedentes para a unidade do bloco de leste.

A entrada para a UE tem

trazido muitas dúvidas aos croatas face ao futuro do país dentro do antigo bloco comu-nista, mas é encarada como uma forma de estabilização dos Balcãs. “Eu estava com inveja dos outros que aderi-ram primeiro que nós”, disse Ivan Borovec, um dos muitos habitantes que estiveram na praça de Zagreb a festejar e que esperava na fila para passar os apertados controlos de se-gurança. “Teria sido melhor se tivéssemos aderido em 2004, mas espero que seja melhor

agora, principalmente para os nossos filhos”, disse à Reuters.

Sete anoS de reformaSTomislav Nikolic, presidente sérvio, feroz defensor da ide-ologia da “Grande Sérvia”, que alimentaria os conflitos na Croácia e na vizinha Bósnia, esteve em Zagreb e não esque-ceu de frisar as mudanças que a região tem sofrido nos últimos anos. “Nós não queremos que a Europa pare nas nossas fronteiras, devem ser abertas a outros países”, disse, durante a

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Os vizinhOs da CrOáCia que esperam pela ue

11terça-feira 2.7.2013 união europeiawww.hojemacau.com.mo

• AlbâniA Com um forte regime comunista

liderado pelo ditador Enver Hoxha,

a Albânia entrou em colapso

em 1991. Com três milhões

de habitantes o país aderiu

à Organização do Tratado do

Atlântico norte (nATO) em 2009.

nesse mesmo ano, em Abril, o país

solicitou o estatuto de adesão à

UE, tendo sido recusado por duas

vezes. Contudo, foi-lhe concedida

a isenção de visto um ano

depois, o que permitiu à Albânia

pertencer ao espaço Schengen.

A adesão à UE tem sido travada

pelas preocupações existentes

face ao sistema político, ao crime

organizado e corrupção. bruxelas

falou na existência de deficiências

no funcionamento das instituições

democráticas, como o Parlamento

ou os tribunais.

• bóSniAFalta-lhe a candidatura de adesão à

UE. Desde o conflito bélico de 1992

a 1995 que o país de 3,8 milhões

de habitantes encontra-se dividido

em duas regiões autónomas,

com supervisão internacional. O

progresso da bósnia permanece

paralisado devido à rivalidade entre

sérvios, croatas e as comunidades

muçulmanas, cujos líderes políticos

não conseguiram implementar

reformas constitucionais

determinadas pela UE e pelo

Tribunal Europeu dos Direitos

Humanos. Desde 2010 que não é

necessário visto para entrar na

bósnia.

• KOSOvOÉ o país mais jovem da Europa,

com uma população de apenas

1,8 milhões de habitantes. Depois

do ser reconhecido como Estado,

espera poder aderir à UE. A

declaração de independência

aconteceu em 2008, algo que já

foi reconhecido por 100 países.

O problema permanece dentro

da própria Europa, já que apenas

22 dos 27 estados-membros

reconhecem a existência do

Kosovo. O país continua a ser

patrulhado pelas forças da nATO

e a ser dominado pelo crime

organizado, corrupção e tensões

contínuas entre a população de

maioria albanesa e a minoria

sérvia. Recentemente bruxelas

recomendou a abertura das

negociações entre essas duas

frentes, por forma a se chegar a

um acordo de estabilização que

permita ao Kosovo dar mais passos

para a UE.

• MACEDóniA País candidato a aderir à nATO e

também à UE, a Macedónia tem

estado envolvida em disputas

territoriais com a zona sul da

Grécia. O Governo Macedónico

tem vindo a assumir uma

postura nacionalista, algo que os

especialistas apontam como sendo

a origem de hostilidades entre a

Grécia e a UE.

• MOnTEnEGROnum país com cerca de 700 mil

pessoas o estatuto de candidato

à UE chegou em 2010, tendo as

negociações para a adesão sido

iniciadas o ano passado. O segundo

capítulo chegou ao fim em Abril

deste ano, mas permanecem

questões por resolver, ligadas à

corrupção e forças militares.

• SÉRviAJaneiro é a data apontada para

serem iniciadas as negociações

de adesão deste país à UE,

considerado o maior mercado

dos balcãs, com 7,3 milhões

de habitantes. A integração na

UE estava bloqueada devido às

questões com o Kosovo, algo que

chegou ao fim em Abril, quando o

governo socialista-nacionalista

assinou um acordo com o Kosovo

mediado pelas instituições

europeias. bruxelas já veio dizer

que o reconhecimento do Kosovo

como país não significa uma

condição prévia de adesão, tendo

sublinhado que ambos os países

devem normalizar as relações.

cerimónia, o presidente croata Ivo Josipovic.

Para entrar na UE, a Croácia passou por um duro período de reformas que durou sete anos. Deu-se a extradição de mais de uma dúzia de croatas, líderes políticos e militares croatas e bósnios, acusados de crimes de guerra. Foi lançada uma luta contra a corrupção, que culmi-nou na prisão do ex-primeiro--ministro, Ivo Sanader.

Considerado um país turís-tico, com 10 milhões de visi-tantes por ano graças à presen-ça da costa do Mar Adriático, a Croácia é também um país com dificuldades económicas. Hoje um em cada cinco croatas vive o drama do desemprego, numa taxa recorde de 21%.

Apesar de posta a espe-rança no mercado comum, os croatas não deixam de recear o futuro. “A Europa é só tra-balho, trabalho, trabalho, sem alegria, sem calor. Quando ouvimos que alguns países querem sair da UE, que não

têm dinheiro, não podemos ser optimistas”, disse Agata Miletic, mãe de sete filhos.

Já o pensionista Pavão Brkanovic disse que “basta olhar para o que está a acon-tecer na Grécia e em Espanha. É este o caminho para onde estamos a ir?”

Mesmo não tendo estado presente, Merkel deixou bem claro que o país precisa de reformas. “Há muitos passos a tomar, especialmente na área jurídica e no combate à corrupção”, disse na semana passada aos media.

Apesar dos receios de muitos, outros encaram a en-trada na UE como uma quase bênção. “A UE não é perfeita, mas é a única opção para a Cro-ácia. Precisamos por razões financeiras e económicas, e precisamos para o bem da paz e da estabilidade. Pertencemos a uma região que ainda é volá-til”, disse, num portal online, o popular romancista Slavenka Drakulic Ilic. - A.S.S. com agências

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terça-feira 2.7.2013publicidade12 www.hojemacau.com.mo

Page 13: Hoje Macau 2 JUL 2013 #2883

pub

terça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo 13www.hojemacau.com.mo vida

Em declarações ao jornal Ou Mun, a associação de farmácias de medicina chinesa de Macau diz que muitos jovens com 30 anos já sofrem de uma patologia que afecta subitamente todas as funções cerebrais

Cecília [email protected]

A Associação de Far-mácias de Medicina Chinesa de Macau (AFMCM) afirmou ao

jornal Ou Mun que em Macau há uma tendência crescente para que os jovens sofram de apoplexia. Segundo Seak Chong Weng, pre-

A campanha de verão que visa a redução do con-

sumo de energia no Japão arrancou ontem num alerta que se repete desde o acidente da central nuclear de Fukushi-ma que obrigou à paragem da maioria dos reactores atómi-cos do país, escreve a Lusa. O plano, que apenas exclui a prefeitura de Okinawa, foi activa pela maior utilização do ar condicionado que acontece no húmido e asfixiante verão japonês, prolongando-se até 30 de Setembro.

Pela primeira vez desde o acidente de Fukushima o governo escusou-se a fixar metas de poupança nas re-giões que recebem energia das nove das centrais de produção dado que empresas e particulares parecem estar mais conscientes e modera-dos no consumo de energia. O governo japonês apelou à poupança diária entre segun-da e sexta-feira das 9 às 20h.

Depois do acidente de

Lançada revista sobre animais domésticosO grupo People Press lançou ontem a revista “Pets and Hugs”, uma publicação gratuita bimestral que versa sobre os animais de estimação, tratando-se da primeira publicação do género a surgir em Macau. Com 55 páginas, a revista terá distribuição gratuita. Segundo um comunicado, a revista “pretende não só dar voz aos amigos dos animais e às instituições que os defendem mas também dar a conhecer quem, em Macau, tem como amigo um animal de estimação”. A publicação conta com o apoio institucional da ANIMA (Sociedade Protectora dos Animais de Macau), sem esquecer “grupos e empresas de Macau”. O número zero tem como capa Janet Tracy, mulher do patrão da Sands China, Edward Tracy, que apresenta o seu cão Shu Mai. Mónica Leong e Nuno Pereira são os responsáveis editoriais pela revista, que pretende “contribuir para um maior conhecimento e defesa dos animais de estimação em Macau” e que possuir um “carácter pedagógico”.

Apoplexia Hábitos alimentares e pouco desporto são as causas

Doença afecta os mais jovens

Energia Plano deixa prefeitura de Okinawa de fora

Japão quer reduzir consumo

sidente da entidade, há cada vez mais jovens com 30 e 40 anos que sofrem dessa patologia, algo que poderá estar ligado aos maus hábi-tos alimentares e à falta da prática de desporto, diz o responsável.

Segundo Seak Chong Weng, a maioria dos casos ocorridos a

nível mundial acontece apenas nas pessoas mais velhas, e nor-malmente os pacientes têm entre 60 a 70 anos de idade. Mas os que possuem entre 30 a 40 anos também estão sujeitos. “Acredito que a falta de atenção aos hábitos alimentares pode resultar em

casos de hipertensão, sem esque-cer a ausência do desporto. Os residentes precisam de dar mais atenção a isso como forma de pre-venção, fazendo mais desporto e reduzindo os alimentos ricos em gorduras.”

QuanDO já é tarDE DEmaisZhang Zhuangtao, um especia-lista da universidade de Cantão, afirmou ao mesmo jornal que muitos pacientes que sofrem de hipertensão não são conscientes quanto à prevenção da apople-xia. “É importante a prevenção, porque a apoplexia pode causar a morte ou a deficiência. Depois desse episódio os pacientes podem ficar paralisados e a cura é muito difícil.”

Zhang Zhuangtao disse ainda que a acupunctura pode ser uma das formas de tratamento para a recuperação de todas as funções vitais, sem bem que não será total. Quanto à recuperação psicológica também é importante, aponta o especialista.

Fukushima e da paragem dos reactores das centrais nucleares do país, apenas os reactores 3 e 4 da central de Oi, na prefeitura de Fukui, oeste, voltaram a funcionar devido ao receio de falhas no abastecimento naquela importante região.

Okinawa está liberta de campanhas de poupança dado ser a única prefeitura onde não existe qualquer central nucle-ar que antes do acidente do Fukushima forneciam cerca de um terço de toda a energia consumida no Japão.

PrODuzir mais Painéis sOLarEs Entretanto, o diário económi-co Nikkei, citado pela Lusa,

avançou que os principais fabricantes de painéis solares do Japão, entre os quais a Sharp, Kyocera ou Panaso-nic, planeiam aumentar a sua produção em mais de 37% no actual ano fiscal.

Concretamente, as cin-co principais empresas do sector dos painéis solares no país, estimam distribuir no corrente ano fiscal, que termina em Março de 2014, aparelhos capazes de produ-zir 4,7 milhões de quilowat-ts, mais 37,2% em termos anuais e que cerca de 90% do equipamento se destinará ao mercado interno.

Desde que em Março de 2011 o acidente na central nuclear de Fukushima levou à paragem da grande maioria dos reactores nucleares do país, que forneciam cerca de 30% da energia consumida, que os consumidores no Ja-pão procuram outras alterna-tivas de fornecimento como, por exemplo, a energia solar.

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terça-feira 2.7.2013www.hojemacau.com.mocultura14

Era dado a excessos e, di-zem biógrafos e amigos, não costumava deixar opiniões e comentários

pela metade. Talvez isto explique as gravações, agora reveladas, em que Orson Welles critica alguns dos seus colegas - actores e reali-zadores – sem poupar adjectivos nem comparações.

Estas gravações, explica o semanário britânico The Obser-ver, foram feitas em conversas descontraídas com um amigo, em cuja garagem ficaram guardadas desde a morte do actor e realizador de O Mundo a seus Pés, em Outu-bro de 1985, aos 70 anos. Welles tencionava editá-las para uma autobiografia que estava a preparar e uma das conversas decorreu mes-mo dias antes do ataque cardíaco que lhe seria fatal. Nessa, como nas outras, o seu interlocutor era o realizador Henry Jaglom, com quem também gostava de trocar ideias sobre política e literatura.

É ao amigo que diz que não suporta olhar para Bette Davis, que James Stewart é um “mau

O brasileiro Maurício de Sousa, está a celebrar os 50 anos da

sua banda desenhada da Turma da Mónica, afirmou no domingo à Lusa na amadora que as personagens são inspiradas em alguns dos seus dez filhos, amigos e familiares.

De visita a Portugal, onde inau-gura o primeiro parque temático da Turma da Mónica fora do Brasil, Maurício de Sousa, o autor da BD de maior sucesso do espaço da lusofonia, disse que as suas publicações “falam da vida de crianças, de sonhos e de esperança”, histórias que asseguram um império de milhões de vendas em mais de 40 países.

Na China, no Japão ou na In-donésia, os mais pequenos, mas também os pais, já se habituaram às aventuras da turma da Mónica, a menina destemida, conhecida por dar bastonadas com o seu coelho de peluche nas personagens do Ceboli-nha e do Cascão, o menino que não gosta de tomar banho. “Dez filhos ajudam em tudo, porque tive que trabalhar muito e porque aprendemos

com eles, porque cada criança é um professor para qualquer criativo. Cada um deles tem personalidade diferente, então pude aprender muito mais de linguagem, porque em cinquenta anos conversando com os dez filhos, cada um com a sua linguagem, vamos acompanhando o desenvolvimento da língua, das gírias”, disse.

O pai da BD de maior sucesso de língua portuguesa disse que a Maurício Produções atravessa hoje em dia “um dos momentos mais explosivos em termos de crescimento” da sua história.

além das tradicionais histórias aos quadradinhos, publicadas em livros ou em jornais, a empresa opera em mercados como desenhos animados para televisão, videojogos, teatro e dentro em breve, no cinema. “Vamos entrar no cinema daqui a dois ou três anos, em 3D, com toda a tecnologia. E estamos a terminar uma série grande de desenhos animados e vamos entrar nas televisões de diversos países. Fal-tava isto, se estivermos fortes na TV e agora também a partir da internet, estaremos num patamar para compe-

tirmos com as grandes empresas do mundo”, disse.

O crescimento da empresa tem acompanhado o crescimento eco-nómico do Brasil e, de acordo com Maurício de Sousa, o sucesso tem sido tal nos últimos tempos que tem sido difícil encontrar desenhadores em número suficiente para fazer face às necessidades. “Temos nos nossos estúdios cerca de 400 pessoas. E faltam-me desenhadores, gostaria de ter mais. Falta mão-de-obra especia-lizada, tenho serviço para vender e faltam-me profissionais. Tenho a ideia de os buscar no exterior, talvez até em Portugal, onde existem bons desenha-dores e podem treinar o nosso estilo e desenho e com a vantagem de hoje, através da internet, não precisarem se deslocar até ao Brasil”, afirmou.

O antigo jornalista, difusor da língua portuguesa por todo o mundo, esteve na amadora, concelho onde já arrancaram as obras de construção de um parque temático, no qual figurarão as personagens das suas histórias aos quadradinhos.

O Centro Cultural de Macau apresenta de 5 a 7 de Julho,

no palco do Pequeno auditório, “Vermelho”, uma peça de teatro da companhia Teatro repertório de Hong Kong.

a peça transporta o públi-co para o universo de Mark rothko, conhecido expressio-nista abstracto do século XX que aceitou um convite para criar um conjunto de murais únicos para o restaurante Four Seasons em Nova Ior-que. Enquanto trabalhavam no projecto rothko e Ken, o seu jovem assistente, tive-ram acaloradas discussões que levantaram uma série de questões: o conflito entre a arte e o comércio, o impacto da juventude nos idosos, o sentido da existência e da morte, informa o comunicado de imprensa da organização.

Escrito pelo dramaturgo norte-americano John Lo-gan, o guião está repleto de metáforas sobre a mudança dos tempos e a forma como os jovens rejeitam os modelos

mais antigos e no entanto não podem ignorar aquilo que as gerações passadas conseguiram, acrescenta a nota de imprensa. Logan é autor de mais de uma dezena de peças de teatro e guiões cinematográficos incluindo filmes como Gladiador e O aviador e mais recentemente, Hugo realizado por Martin Scorsese.

“Vermelho” foi distinguida como “Melhor Drama” pelos Tony awards em 2010 e foi apresentada pelo Teatro re-pertório de Hong Kong no ano passado na sua estreia asiática numa adaptação que lhe valeu o prémio de Melhor Encenador e quatro nomeações para a 22.ª edição dos Prémios de Teatro de Hong Kong.

Vermelho é representado em cantonense e legendado em inglês. Numa actividade paralela, o espectáculo será antecedido por uma tertúlia moderada pelo encenador Fung Wai Hang no dia 6 de Julho.

Cinema as gravações esquecidas dos insultos de Orson Welles

O homem por detrás da máscara

BD Personagens da Turma da Mónica inspiram-se em alguns dos filhos do autor

Milhões de vendas em mais de 40 países

Espectáculo Teatro Repertório de Hong Kong no CCM

arte em debate

actor”, que Spencer Tracy é “odioso” e que Laurence Olivier é simplesmente “estúpido”. Quanto aos talentos interpretativos de Joan Fontaine resume-os a “duas expressões faciais”, para Charles Chaplin reserva o adjectivo “ar-rogante” e à actriz Jennifer Jones chama “desesperante”.

Parte do conteúdo das conversas entre os dois amigos, gravadas em almoços regulares a partir de 1983, vai ser publicado a 16 de Julho em My Lunches with Orson. Peter Biskind, um dos maiores historiado-res de cinema americanos que a elas teve acesso, garantiu ao semanário inglês que as gravações mostram Orson Welles na intimidade, falan-do sem constrangimentos dos altos e baixos da sua carreira e das pessoas com quem se cruzou, de Marilyn Monroe, que levava para a festas quando ainda ninguém sabia quem ela era, a Elizabeth Taylor, que não quis conhecer. Com Henry Jaglom, diz o historiador, Welles sentia-se “à vontade para coscuvilhar”, para ser homofóbico e racista, romântico e cínico.

É por isso que conta a Jaglom o episódio em que trocou Liz Taylor por um almoço em sossego: o actor richard Burton, outro dos titãs de Hollywood, que Welles criticava por ter trocado o talento por uma vida com dinheiro e o casamento com uma celebridade (Liz, é claro,

a quem o realizador raramente se referia usando a palavra “actriz”), aproximou-se da sua mesa num restaurante, cumprimentou-o e perguntou-lhe se poderia apre-sentar-lhe a mulher, que gostaria de o conhecer; e a resposta que recebeu do intempestivo actor

foi “Não. Como pode ver, estou a meio do almoço”. “Burton tinha um talento enorme. Mas deu cabo dos seus dons”, diz nas gravações que serão reveladas em breve o homem que ficará para sempre ligado à transmissão radiofó-nica de A Guerra dos Mundos. “Transformou-se numa piada com uma celebridade por mulher. agora só trabalha por dinheiro e faz as piores merdas.”

Nas gravações, há ainda espaço para as suas impressões de grandes personalidades como Franklin De-lano roosevelt ou Winston Chur-chill e para aprofundar o desalento dos últimos anos de vida, afastado da indústria de Hollywood devi-do à defesa obsessiva que fazia dos seus projectos, muitas vezes afastados das fórmulas comerciais dos estúdios, e sempre preocupado com a falta de financiamento para os seus filmes.

O historiador por trás de My Lunches with Orson resume assim o retrato de Orson Welles que sai destas gravações inéditas e do seu novo livro: “Ouvir Welles e Jaglom é [como] estar sentado à mesa [com eles]… Welles acaba por se revelar um amontoado de contradições, às vezes combativo, outras de uma vulnerabilidade in-fantil… Um homem tímido que se escondia… por trás de máscaras, mas que adorava expor-se.”

Page 15: Hoje Macau 2 JUL 2013 #2883

15culturaterça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

Três pinturas de grande dimensão e mais onze quadros de tamanho reduzido compõem o

leque de obras da autoria do pintor local Denis Murell, que a partir de amanhã estarão patentes no espaço “signum Living store”, localizado perto do tempo de A-Má.

O projecto conta com o impulso da revista mensal Macau Closer e, ao Hoje Macau, Denis Murell explica como tudo aconteceu. “O Museu de Arte de Macau (MAM) fez uma exposição com os meus trabalhos há alguns meses. O proprietário do signum veio à inauguração, viu os meus quadros e sugeriu, ele próprio, fazer uma exposição. O signum costuma apresentar uma exposição de um

UMA artista da famosa companhia caiu de

uma altura de cerca de 15 metros, acabando por morrer pouco depois, durante um espectáculo em Las Vegas no sábado passado. sarah Guillot-Guyard, de 31 anos, trabalhava com o Cirque du soleil há cerca de sete anos e estava a ser içada durante uma cena do espectáculo “Ka” quando escorregou e caiu.

segundo descrevem alguns espectadores, ini-cialmente pensaram que a queda se tratava de uma parte do espectáculo. Po-rém quando viram sarah em queda livre e a aterrar no fosso do palco, perceberam que algo errado se passava. “Foi apenas um instante. Ela caiu, atingiu o chão,

Pintura Exposição de Denis Murell inaugurada amanhã

Liberdade na pintura abstracta

O espaço “Signum Living Store”, em cooperação com a revista Macau Closer, vão promover uma exposição com trabalhos do artista local Denis Murell. Ao Hoje Macau, o pintor levanta a ponta do véu do que poderá ser visto

artista de Macau a cada três meses e, desta vez, os responsáveis da Macau Closer tiveram abertura su-ficiente para providenciar alguma cooperação nesta abertura.”

No espaço poderão ser vistas obras com temas “muito abstractos e misturados”. Como não tem, de momento, um estúdio fixo para

desenvolver o seu trabalho, Denis Murell optou por levar mais qua-dros pequenos do que grandes. A maioria foram feitos recentemente.

A pinturA AbStrActAQuestionado sobre as reacções que o público poderá ter perante o seu trabalho, Denis Murell aponta

cirque du Soleil tragédia no espectáculo “Michael Jackson OnE”

Artista morre após queda em palcoe pudemos ouvir os gritos”, afirmou uma espectadora ao “Los Angeles Times”.

Após a queda, a música do espectáculo continuou a ser tocada ainda durante alguns minutos, enquanto os artistas suspensos foram sendo colo-cados no chão, perante uma audiência em silêncio.

A acrobata foi levada para o hospital, onde acabou por morrer pouco depois. Esta foi a primeira morte durante um espectáculo na história do Cirque du soleil, que conta com 29 anos.

Guy Laliberté, o funda-dor da companhia, declarou

através de um comunicado estar destroçado, e consi-derou a queda um acidente. “Estamos completamente devastados com esta notícia. Lembra-nos, com grande humildade e respeito, os nossos artistas são extra-ordinários todas as noites”, afirma citado pelo “Los Angeles Times”.

Esta não é a primeira morte que acontece no seio da companhia. Em 2009, um artista morreu na sequência de lesões provocadas pela queda de um trampolim, durante os treinos em Mon-treal, no Canadá.

As exibições de “Ka” foram canceladas até aviso em contrário e o Cirque do soleil anunciou que os espectadores teriam direito a um reembolso.

que as reacções são sempre muito variadas. “Os que estão familiari-zados com o meu trabalho podem ver uma continuação do que eu tenho vindo a fazer e podem notar, talvez, novas direcções. Todos os que não viram o meu trabalho antes poderão ter muitas questões para fazer sobre a textura, que obvia-

mente está presente em todos os meus trabalhos.”

Contudo, o artista frisa que o foco central do seu trabalho passa pelos “temas simples”. “Posso ain-da falar de como a pintura abstracta providencia uma grande quantidade de liberdade a um artista, e espero que possam entender.”

Page 16: Hoje Macau 2 JUL 2013 #2883

terça-feira 2.7.2012desporto16

Marco [email protected]

A natação em pisci-na curta era uma das principais apostas da comi-

tiva que representa Macau na edição de 2013 dos Jogos Asiáticos em Recinto Cober-to, mas os trunfos do territó-rio para o assalto às piscinas de Incheon acabaram por se revelar demasiadamente débeis para contrariar o favoritismo de atletas de países como a Tailândia, a República Popular da China ou a anfitriã Coreia do Sul.

Em quinze finais já dis-putadas no Centro Aquáti-co de Dowon, as cores do território pontificaram em apenas uma. Leong On Kei salvou a face da natação da RAEM ao concluir, ao fim da tarde de domingo, a manga decisiva da prova dos 50 metros livres femi-ninos na quinta posição. A “menina bonita” da natação do território necessitou de 25 segundos e 82 cen-tésimos para concluir a distância, quedando-se a 59 centésimos de segundo do pódio e das medalhas. A

Natação Lei On Kei quinta nos 50 metros livres

Macau à deriva em Incheon

pub

competição foi ganha por Srisa-Ard Jenjira. A atleta tailandesa levou a melhor sobre Sze Hang Yu, de Hong Kong por um escasso centésimo de segundo. A cazaque Elmira Aigaliyeva concluiu as contas do pó-dio, ao completar a prova com dois centésimos de atraso para a vencedora.

Srisa-Ard Jenjira já tinha brilhado na manga elimi-natória em que Lei On Kei havia conseguido garantir a presença na grande final dos cinquenta metros livres. A atleta do território foi segunda na terceira prova disputada na piscina curta do Centro Aquático de Dowon, ao concluir a eliminatória atrás de Srisa-Ard Jenjira e à frente de Wang Siqi.

Menos feliz, a outra representante de Macau na prova feminina dos cin-quenta metros livres ficou pelo caminho logo na pri-

meira eliminatória. Choi Weng Tong foi sexta na manga de apuramento em que participou, a quase três segundos da vencedora, a atleta da vizinha RAEHK, Sze Hang Yu.

do do vencedor, Liu Junwu. Kei Cheok Fong foi sétimo na quarta pré-eliminatória, numa prova ganha pelo cazaque Yevgeniy Azariev.

Na prova feminina dos cinquenta metros costas, ontem disputada, as re-presentantes do território falharam por pouco a qualificação para a grande final da distância. Kuan Weng I e Erica Man Wai Vong concluíram ambas as respectivas séries de qua-lificação no quarto lugar, em provas ganhas respecti-vamente por Stephanie Au Hoi Sun, de Hong Kong, e por Zhou Yanxin, da Re-pública Popular da China.

Se em termos individu-ais a prestação dos atletas do território esteve longe do brilhantismo, em termos colectivos Macau não este-ve melhor. Constituída por Erica Man Wai Vong, por Lei On Kei, por Choi Weng Tong e por Tan Chi Yan, a selecção de Macau que disputou a prova decisiva da estafeta dos 4 x 50 me-tros não conseguiu evitar o oitavo e último lugar da classificação, numa prova ganha pela Coreia do Sul.

Nos 50 metros mascu-linos, o melhor que Macau conseguiu foi um quinto lugar numa das provas de qualificação. Lao Kuan Fong superiorizou-se a Lei Cheok Fong no duelo

pelo estatuto de melhor representante da RAEM nas provas masculinas. Lao terminou a segunda manga de qualificação para a final na quinta posição da tabela, a 69 centésimos de segun-

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17terça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo futilidades

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

Aqui há gato

[Tele]visão

Pu Yi

SoluçõeS do problema

HORIZONTAIS: 1-CAVALA. FADA. 2-ANALISE. HEM. 3-MO. I. LI. MU. 4-AVO. DOR. 5-COM. BELA. 6-PI. AEREO. IR. 7-AMAR. MOR. 8-SEM. SOB. 9-MI. RO. AV. NO. 10-ARA. SOLIDEZ. 11-RARO. SALAME.VERTICAIS: 1-CAMA. PASMAR. 2-ANO. CIMEIRA. 3-VA. DO. AM. AR. 4-ALI. MAR. 5-LISA. SOS. 6-AS. VERÃO. 7-ELO. BALA. 8-BOM. VIL. 9-AH. DE. OH. DA. 10-DEMOLIR. NEM. 11-AMURAR. DOZE.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUçÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1 – Peixe da família dos Escombrídeos, espécie de sarda; entidade fantástica dotada de poder sobrenatural. 2 – Exame de cada parte de um todo; como assim? (interj.). 3 – Pedra circular e rotativa de moinho ou de lagar; nona letra do alfabeto (pl.); medida itinerária chinesa; filho de burro e égua ou de cavalo e burra. 4 – Fracção de unidade, quando dividida em mais do que 10 partes alíquotas, que não sejam potência de dez; sofrimento físico ou moral. 5 – Prep. que indica várias relações, como companhia, instrumento, ligação, modo, oposição, etc.; linda. 6 – Nome da letra grega que corresponde ao P latino; distraído; mover-se de um sítio para outro. 7 – Desejar; red. de maior. 8 – Prep. designativa de falta, exclusão, ausência, condição, excepção; debaixo de. 9 – Terceira nota da escala musical; nome da letra grega que corresponde ao R latino; avenida (abrev.); contr. da prep. em com o art. def. o. 10 – Altar cristão; firmeza. 11 – Pouco espesso; espécie de paio, para se comer cru.

VERTICAIS: 1 – Lugar ou objecto sobre o qual as pessoas ou animais se podem deitar; espantar. 2 – Espaço de 12 meses; conferência entre chefes de Estado ou líderes de organizações. 3 – Caminhe; contr. da prep. de com o art. def. o; amerício (s.q.); fluido gasoso, transparente e invisível que constitui a atmosfera. 4 – Acolá; grande massa e extensão de água salgada. 5 – Plana; sinal radiotelegráfico internacional para pedir socorro. 6 – Aquelas; estação do ano imediata à Primavera e anterior ao Outuno; aqueles. 7 – Gavinha; projéctil de arma de fogo. 8 – Que tem bondade; mesquinho. 9 – Interj. que exprime admiração, dor, alegria, etc.; prep. que designa diferentes relações, como posse, matéria, lugar, providência, etc., interj. designativa de espanto, alegria, dor, repugnância, etc.; oferece. 10 – Destruir; e não. 11 – Alar as amuras das velas; dez mais dois.

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360° (Diferido)18:10 Cougar Town - S.118:30 TDM Desporto19:30 Vingança20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Donas de Casa Desesperadas S.822:15 Escrito nas Estrelas23:00 TDM News23:30 Portugal Aqui tão Perto00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO INFORMAçÃO TDM RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:40 Portugal Selvagem

15:05 World Corporate Golf Challenge Portugal15:30 O Nosso Tempo16:00 Bom Dia Portugal17:00 Anticrise17:35 Portugal Aqui Tão Perto18:30 O Teu Olhar (Telenovela)19:15 Nada a Esconder20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:05 Santos de Portugal22:35 Verão Total

30 - FOX Sports13:00 NASCAR Sprint Cup Series 201314:00 NASCAR Nationwide Series 2013

15:00 FIA World Touring Car Championship 201315:30 MLB Regular Season 2013 New York Yankees vs. Minnesota Twins18:30 Golf Focus 201319:00 The Football Review 2012-201319:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 (LIVE) The Championships, Wimbledon 2013 Ladies’ Singles Quarterfinals

31 - STAR Sports09:00 The Championships, Wimbledon 2013 Round Of 1618:30 The Championships, Wimbledon 2013 Daily Highlights Day #719:30 (LIVE) The Championships, Wimbledon 2013 Ladies’ Singles Quarterfinals

40 - FOX Movies12:50 Chronicle14:15 Did You Hear About The Morgans?16:00 Confessions Of A Shopaholic17:45 The Sitter19:10 What To Expect When You;Re Expecting21:00 Shark Night22:30 Once Upon A Time23:20 Cat 8 - Part 1 Of 200:55 21 Jump Street

41 - HBO13:00 One Nation Under Dog14:20 Save The Last Dance16:15 One Day18:05 Dolphin Tale 20:00 Constantine22:00 The Rock00:15 In The Land Of Blood And Honey

42 - Cinemax12:15 Dead Birds14:00 Breakdown16:00 The 3 Worlds Of Gulliver18:00 Masters Of The Universe20:00 Bending The Rules22:00 Xiii22:45 Flight Of The Conchords23:45 K-911

Sala 1man of Steel [b]Um filme de: Zack SnyderCom: Henry Cavill, Russel Crowe, Amy Adams, Kevin Costner14.30, 19.00

World War z [c]Um filme de: Marc ForsterCom: Brad Pitt, Marc Forster, Mireille Enos17.00, 21.30

Sala 2 World War z [3d] [c]Um filme de: Marc ForsterCom: Brad Pitt, Marc Forster, Mireille Enos14.30, 19.30

man of Steel [3d] [b]Um filme de: Zack SnyderCom: Henry Cavill, Russel Crowe, Amy Adams, Kevin Costner16.30, 21:30

Sala 3epic [3d] [a](Falado em cantonês)Um filme de: Lee Hwan-gyeongCom: Shin Chinawut, Namcha Sheranat, Sean Jindachote14.30, 18.00

epic [a](Falado em cantonês)Um filme de: Lee Hwan-gyeongCom: Shin Chinawut, Namcha Sheranat, Sean Jindachote16.15, 19.45

noW you See me [b]Um filme de: Louis LeterrierCom: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Mélanie Laurent21.30

VAmoS PArA A ruA?

Ser gato é, por vezes, uma seca. Tenho de ficar sempre em casa. Quando saio do escritório, começam logo a gritar preocupados para que volte para dentro. “Não, Pu Yi” ou “Sai daí, Pu Yi” são algumas das frases que, recorrentemente, ouço. É neste dilema, chato, que me revejo ultimamente. Para o meu bem, se calhar, é melhor ficar sossegado, fechado no jornal, e cingir-me a ficar junto à janela a ver o mundo lá fora. As pessoas a passar, a chuva a cair, o dia a nascer e a noite a cair.É pela janela que vejo as manifestações que passam pelas ruas, as longas filas em dias de promoções no New Yaohan, o fogo-de-artifício na Torre de macau, a competição dos Barcos-Dragão, entre outras coisas.Na verdade, eu não vivo os verdadeiros problemas da sociedade. Por estar aqui fechado não tenho preocupações com o trânsito, por exemplo. mas se olhar ao meu redor, no seio da redacção, vejo que a vida não é bem assim. Quem vai à rua sofre. A chuva ou o calor; a polémica ou o conflito; o caos do trânsito ou a falta de condições para o turismo. Seja como for, o pessoal do jornal trata-me bem. Dá-me festinhas, cuida de mim, serve-me comidinha...Sair à rua? Nã... Vou deixar de pensar nisso. Vou ficar aqui e desfrutar do conforto que, se não fosse este gente, muito possivelmente não estaria a usufruir. obrigado. miau!

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Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

A ÚLTIMA CANçãO DA NOITE • Francisco CamachoJack Novak – o conceituado guitarrista dos Bitters que há muito conquistou o respeito das elites e o coração das massas – desaparece misteriosamente durante uma digressão da banda pela Europa de Leste, numa madrugada pródiga em estranhos acontecimentos. o incidente dá, por isso, origem a uma onda de especulações e deixa uma multidão de fãs na expectativa de uma verdade que, todavia, tarda em chegar. um desses admiradores é o português David Almodôvar, crítico de música desempregado e caído em desgraça, que atravessa uma crise existencial e tem um desafio quase impossível pela frente: descobrir o paradeiro de Vera e dar-lhe a derradeira prova de amor que ela lhe exige. Quando os destinos destes dois homens se cruzam, David vê-se confrontado com as motivações de dois desaparecimentos – o da mulher que ama e o do músico que idolatra – e empreenderá uma viagem que lhe permitirá conhecer um segredo que Jack já desistiu de guardar e, ao mesmo tempo, resolver o tremendo impasse em que se encontra. Com um ritmo imparável, diálogos sublimes e uma história surpreendente que decorre em geografias tão distintas como o deserto de Marrocos ou a cidade de Berlim, “A Última Canção da Noite” é um romance de contrastes sobre os dilemas e as paixões que moldam a nossa vida quando a noção de mortalidade nos atinge de forma inescapável.

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terça-feira 2.7.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

José António sArAivAin Sol

o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril dizia-se que o Ministério da Educação tinha sido tomado pelo Partido Comunista.

Acrescentava-se que um militar que ocupou a pasta nessa altura – José Emílio da Silva – era afecto ao mesmo partido e tinha responsabilidades nesse processo.

A questão era séria, pois a Educação aparecia como uma área absolutamente crucial, que iria formar as novas gerações.

Ainda por cima, o Ministério era mastodôntico, mexia com muita coisa, envolvendo uma legião de funcionários, milhares de professores, escolha de livros escolares, gestão de edifícios, etc.

Falei com vários ministros que esti-veram à frente da Educação desde esse período e todos me confirmaram que uma das grandes dificuldades era a máquina pesadíssima do Ministério, que consu-mia imensas energias e tinha uma inércia gigantesca.

O domínio do Ministério da Educação por parte do PCP fazia-me alguma confu-são na altura – e hoje faz-me muita.

Os professores, pela sua função específica, devem ser pessoas abertas, não dogmáticas, arejadas e mentalmente disponíveis.

Ora, o PCP é o contrário disso: é um partido ideologicamente intoleran-te, nada aberto à mudança, sectário e inflexível.

Não percebo como é que a maioria dos professores se tem mantido ao longo de quase 40 anos ligada a uma força política com estas características.

Mas o facto é que quem continua, sobretudo, a falar em nome deles é Má-rio Nogueira, um comunista que nunca escondeu a sua filiação e cujo sectarismo se vê logo no modo como fala.

Nesta questão da greve em tempo de exames, confesso que fiquei estupefacto com a posição tomada pela comissão arbitral (e por alguns comentadores), defendendo que o Ministério deveria adiar a data de uma prova.

Eu pergunto: mas a greve não foi marcada já depois de se saber que havia exame nesse dia?

Se, por absurdo, tivesse havido um equívoco, um lapso, se o Governo tivesse marcado um exame e o sindicato tivesse marcado uma greve para a mesma data sem saberem um do outro, ainda podia pôr-se a questão: quem vai alterar o dia? Muda o Ministério ou muda o sindicato?

A greve e os exames: quem tem razão?

Mas, marcando o sindicato uma greve expressamente para um dia de exame, tinha a intenção explícita de boicotar o exame.

Era um gesto deliberadamente hostil.

Ora, se o Governo desmarcasse o exame, além de estar a ‘premiar o infractor’, criava um precedente gravíssimo: daqui para a frente, os sindicatos passariam a privilegiar os dias de exames para fazerem greves, sabendo que com isso aumentariam a pressão sobre o Governo.

Se cedesse uma vez, o Governo teria de ceder sempre – e aí teríamos o Ministério da Educação a reboque dos sindicatos, que na prática decidiriam quando é que os exames poderiam ou não realizar-se.

Em suma, o Governo tornar-se-ia um ‘Executivo-banana’, do qual toda a gente faria gato-sapato.

Não percebo, sinceramente, como é que uma comissão arbitral e comenta-dores supostamente experientes podem ter defendido uma tal solução.

Acresce que marcar exames não é uma coisa que se faça de ânimo leve, em cima do joelho.

Há provas que estão dependentes umas das outras, há o acesso às univer-sidades, há o bom senso que aconselha a espaçar no tempo as disciplinas mais trabalhosas, há os feriados, etc. – pelo que planear exames é um processo complexo; e mexer num exame acaba por ter implicações em todos.

Ora, se a isto viéssemos juntar os ‘caprichos’ dos sindicatos, seria um inferno.

O ministro actuou, portanto, a meu ver bem.

Quanto aos sindicatos, fazem a sua guerra – que tem uma componente políti-ca forte, que Nogueira aliás não esconde.

O que mais me intriga nesta história são mesmo os professores.

Percebo que eles têm razões de queixa, que vivem sobre brasas, que têm muitas incertezas e angústias.

Mas deixarem-se instrumentalizar por um partido fechado e dogmático como o PCP, que desde o 25 de Abril de 1974 os tem muitas vezes usado como tropa de choque da luta política, isso faz-me imensa confusão.

PS – A antecipação dos exames marcados para o dia da greve geral foi uma decisão hábil do ministro. Se adiasse as provas, a greve seria vista positivamente pelos alunos, que teriam mais dias para estudar. Assim, é vista negativamente – pois têm menos um dia para preparar o exame.

Page 19: Hoje Macau 2 JUL 2013 #2883

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19opiniãoterça-feira 2.7.2013 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Soraia Zhou[estagiária] Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

à f lor da peleHelder Fernando

al como a velha cristandade que há muito não existe em África, de-signadamente na parte subsariana, muitos outros valores estão a ser espezinhados naquele con-tinente. Dirigentes com décadas

no poder, para onde entraram humildes e remediados, alapam-se obsessivamente ao poder, sem eleições reais, sem verdadeiro debate político, permanecem ali nos dias de hoje, agarrados a riquezas acumuladas, sem qualquer legitimidade democrática, perdida há muito a suposta legitimidade revolucionária, protegidos por exércitos sem piedade. São poderes medonhos sem qualquer razão de existência, nem sequer tra-dicional. Durante décadas, reproduziram-se governantes e respectivas famílias, cobertos de ouro, gente da mais rica do planeta. ao mesmo tempo que o fosso social em relação à pobreza e até à miséria absoluta, é cada vez maior e mais cruel.

O que se sabe é o encolher de ombros da comunidade internacional, o pavor em apontar o dedo ao rei novo-super-ricalhaço africano, em travar a repressão atroz sobre quem critica e denuncia. O exemplo de Mandela não foi considerado no continente africano, pelos seus irmãos, alguns a darem--lhe vivas, a chorarem lágrimas e saudades de crocodilo. Mandela que foi um lutador extraordinário, que não tinha paciência para rodriguinhos discursivos e palavrinhas man-sas sem qualquer significado prático. Man-dela que soube esperar e sair sem ódios de quase 30 anos encafuado em celas infernais.

Com a partida de Nelson Mandela, de-saparece sem nunca ter nascido, uma África que Madiba sonhou, mas que morre sem nunca ter existido.

GuilHerme de meloHá três dias morreu em lisboa com 82 anos, Guilherme José de Melo carismático jornalista e escritor que há cerca de uma década deixara de escrever, pelo menos publicamente. Português natural de Mo-çambique, branco de olhos claros - como Mia Couto - África, também para ele, era de todas as cores, de todas as lágrimas, de todos os sorrisos, de todos os anseios justos, de todas as lutas leais. África, particular-mente Moçambique, vivia-a o jornalista e escritor, o poeta e o cidadão, praticando essa abrangência de tudo para todos. Menos para os hipócritas, os falsos moralistas e, em determinado tempo, os violentos das cliques elitistas do oportunismo.

Guilherme de Melo fez o que lhe foi pos-sível fazer num tempo de ditadura colonial. Não tinha cliques sociais ou ideológicas, ou

Não bastavam já as engraçadas fantasias com algumas hipotéticas pré-candidaturas locais como, por exemplo, aquela em que o cabeça de lista inventou ser mandatário dele próprio

Morre a África que nunca existiu

outras, a apoiá-lo e a protegê-lo. Deu a mão a vezes sem conta a muitos que necessitaram de um emprego, de uma ajuda qualquer, ou de uma palavra. Muito discretamente, ajudou e defendeu gente humilde, da mais humilde mesmo.

Sonhou “viver toda a vida” na sua terra natal, mas como não era homem para aceitar ser pau mandado, manipulador-manipulado, quatro meses após a Independência, voou definitivamente para Portugal. Estou certo que de consciência tranquila e tão indepen-dente como se pode ser na vida em geral, mas particularmente em situações de radical transformação política, cultural e social. Tal-vez somente quem tenha vivido bastante por dentro esse tipo de transformações, nomea-damente as vindas de guerras de anos, sentirá como é duro ser vertical nessas situações.

Vivem em Macau pelo menos dois distin-tos jornalistas que, a partir da segunda me-tade dos anos 70, por certo testemunharam a tranquila grandeza de Guilherme de Melo, pois com ele terão convivido no Diário de Notícias em Portugal, José Rocha Dinis e Rogério Beltrão Coelho. Escreveu milhares de páginas de ouro no jornalismo de língua portuguesa, tanto em Moçambique, como depois da Independência, em Portugal - em reportagens, em crónicas, em entrevistas, em editoriais. Deixa-nos um acervo de uns 15 ou 16 livros, alguns deles agitando as falsas moralidades, mesmo depois de abril de 74 - como, por exemplo, “a Sombra dos Dias” (Círculo dos leitores, 1981) - que na época ainda influenciavam aquele País. (Diga-se que nos dias de hoje, lá estão

de novo a tentar abafar a inteligência do próximo, embora felizmente haja quem os desmistifique). Também foi editado pelo menos um CD com poemas seus ditos pelo actor Vítor de Sousa.

ainda em 1965, Guilherme de Melo via o seu “Raízes do Ódio” ser retirado à pressa das livrarias e da editora, pelos ser-ventes encasacados do regime. Um pouco antes, em 1961, a censura pidesca proibia a publicação no “Notícias” de lourenço Marques, do documento legal, assinado por adriano Moreira, então Ministro do Ultramar, abolindo o regime do indigenato que tinha criado, entre outras aberrações coloniais, os “assimilados”, dividindo o povo em castas. a reacção de Guilherme de Melo e do “Notícias”, foi a de preencherem toda a primeira página do jornal com anúncios de um concurso chamado “Pegue na Tesoura e Corte”. Resultado: suspensão do “Notícias” por vários dias e Guilherme de Melo com três dias nas celas da PIDE.

a série de reportagens em vários terrenos da guerra, juntamente com o fotógrafo Carlos alberto, publicadas na segunda metade dos anos 60 no “Notícias” de lM, foram reunidas no livro “Moçambique, Norte - Guerra e Paz”. alguma elite requintadamente insta-lada na oposição intelectual em lourenço Marques, ensaiou um olhar de esguelha para aquelas reportagens. Ficava-lhe bem. No entanto, foi nas mãos de Guilherme de Melo que, naquele inesquecível e conturba-díssimo Setembro de 1974, representantes da FRELIMO depositaram para publicação o texto do acordo de lusaka acabado de

assinar a sete desse mês, pelas delegações portuguesa e da Frente de libertação de Moçambique, visando o estabelecimento de condições que levariam à Independência a 25 de Junho de 1975.

Nesse mesmo dia, uma concentração de portugueses brancos, arregimentando alguns elementos locais e encenando algumas situ-ações provocadoras de violência, rodeava o edifício do Rádio Clube de Moçambique, in-vadindo de seguida as instalações, de armas na mão, ocupando os estúdios, dando vivas a Spínola que em lisboa estava nas vésperas de se demitir da Presidência e tentar criar um exército para invadir, a partir de Espanha, o Portugal de Abril. Esta ocupação pela força das instalações do RCM, que durou três dias, até uma força de pára-quedistas portugueses recolocarem a ordem, originou imediata reacção das populações dos subúrbios que, aos milhares, começaram a rodear a cidade. Morreram muitas pessoas inocentes, por exemplo na fuga em direcção à fronteira sul-africana. Guilherme de Melo, na sua inteligente sensibilidade, observou com tristeza tudo isto e muito mais.

Regressou duas vezes a Moçambique, uma delas a convite do Presidente Samora Machel. De que resultou o livro “Moçambi-que - Dez Anos Depois” (Editorial Notícias, 1985). Em várias ocasiões, nas minhas férias em Portugal, escutei-lhe a alegria em tantos episódios que contou sobre essas viagens - e com a sua inconfundível ironia.

Tenho dele provas incontáveis do que é a real camaradagem profissional. Por dois anos trabalhámos juntos na bancada dos jornalistas parlamentares na assembleia da República. Eram na época, cinco ou seis órgãos de comunicação social que acompanhavam diariamente os debates que procuravam estruturar, mal ou bem a vida da Nação - como a criação da legisla-ção agrária e das pescas, a lei do Serviço Nacional de Saúde. a vivacidade genuína do deputado antónio arnaut, as grandes e célebres contendas entre amaro da Costa e Vital Moreira. Tantas vezes me socorri da sabedoria e sagacidade do meu camarada do DN, para melhor entender detalhes que por entre a fumarada e no calor dos debates me tinham escapado e era preciso dizer aos ouvintes da antena 1.

Estou certo que Guilherme de Melo, a figura humana e o homem da palavra, a sua coragem de toda a vida lutando pela liberdade do direito à diferença e à justiça, não serão esquecidos. Tal como, para quem o conheceu, o seu imenso sorriso fraterno e, como me lembro de alguém escrever, “aquele olhar de céu e mar, muito azul, feliz”.

Page 20: Hoje Macau 2 JUL 2013 #2883

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terça-feira 2.7.2013www.hojemacau.com.mo

Milhares de manifestantes, al-guns com bandei-ras da era colonial

britânica, marcharam ontem em hong Kong, no 16.º aniversário da transição para a China, para pedir o sufrágio universal e, nalguns casos, a renúncia do Chefe do executivo.

O ciclone tropical severo rumbia trouxe chuva e vento forte a hong Kong quando os manifestantes, munidos de cartazes com mensagens como “Democracia agora” ou “Fora com o Partido Comunista”, iniciaram o protesto no parque Vitória em direcção ao distrito financeiro de Central.

a manifestação anual em prol da democracia ocorre numa altura em que aumentam os receios quanto à intromissão de Pequim nos assuntos internos da cidade do sul da China.

O aumento das desigualda-des sociais e dos preços do imo-biliário também contribuíram para os manifestantes centrarem as suas reivindicações contra o Chefe do executivo leung Chun-ying, também conheci-do por CY leung. “O grande objectivo desta manifestação é fazer pressão para a verdadeira democracia e pedir a leung Chun-ying para renunciar”, disse à aFP Jackie hung, da Frente Civil de Direitos hu-manos (Civil human rights Front, na designação inglesa), que organiza o protesto.

a manifestação de 1 de Julho teve lugar depois de uma sondagem publicada pela Universidade de hong Kong

ter apurado que apenas 33% dos residentes de hong Kong têm orgulho em ser cidadãos chineses, o nível mais baixo registado desde 1998.

entre as críticas que são apontadas a CY leung incluem--se os poucos progressos re-gistados com vista à transição para uma eleição por sufrágio universal, prometida para 2017. “a maior missão do actual Governo é a implementação do sufrágio universal para o Chefe do executivo em 2017, em con-formidade com as disposições da lei Básica”, disse ontem CY leung.

O chefe do executivo de hong Kong acrescentou que “com a maior sinceridade e compromisso, o Governo da região vai lançar uma consulta num momento oportuno”.

Mas manifestantes como a assistente social Yeung Yuk contestam. “as pessoas não querem eleições com caracterís-ticas chinesas. O Governo deve começar a consulta agora, de forma a que hong Kong possa ter uma democracia genuína”, disse à aFP a jovem de 28 anos.

O aumento do uso de ban-deiras da era colonial britânica em manifestações recentes tem causado embaraço a Pequim. “sinto que a intervenção da China atingiu um nível que me faz sentir que Pequim quer tomar controlo sobre nós. eu aprendi pela imprensa que o Governo britânico era muito melhor”, disse à aFP, Yu lap--kan, estudante de 15 anos que seguia na manifestação com uma bandeira britânica.

HK Milhares pedem democracia

Ventos fortes