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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 22 DE FEVEREIRO DE 2013 ANO XII Nº 2797 PUB WU BANGGUO EM MACAU O “JORNALISTA” JASON CHAO FOI DETIDO PELA POLÍCIA PÁGINAS 4 E 5 PUB IMOBILIÁRIO Governo acusado de inércia por Ung Choi Kun PÁGINA 7 ROTA DAS LETRAS Literatura, música, artes para atrair o público de Macau PÁGINA 14 REPATRIADOS Aumentou o número de cidadãos do continente PÁGINA 6 PUB MUITO NUBLADO MIN 15 MAX 22 HUM 55-90% EURO 10.4 BAHT 0.2 YUAN 1.2 VENHAM MAIS CINCO (SÉCULOS) Ter para ler No âmbito da visita de Wu Bangguo a Macau, a RAEM aproveitou para debater a Lei Básica no seu 20.º aniversário. O presidente da Assembleia Legislativa afirmou ontem que “subsistem muitas matérias que reclamam regulamentação legislativa e cujos processos necessitam de estar conforme a Lei Básica”. Lau Cheok Va relembrou a fórmula “um país, dois sistemas” e pediu a “constituição de uma equipa de especialistas com profundo conhecimento” da realidade de Macau. PÁGINAS 2 E 3 PUB JACK LONDON h O APELO DE MACAU Especialistas precisam-se LEI BÁSICA Lau Cheok Va admite falta de legislação

Hoje Macau 22 FEV 2013 #2797

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2797 de 22 de Fevereiro de 2013

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AgênciA comerciAl Pico • 28721006 Mop$10 Director carlos Morais josé • sexta-feira 22 de fevereiro de 2013 • Ano Xii • nº 2797

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wu bangguo em macau

o “Jornalista” Jason chaofoi detido pela polícia

páginas 4 e 5

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imobiliário

Governo acusado de inércia por Ung Choi Kun

página 7

rota das letras

Literatura, música, artes para atrair o público de Macau

página 14

repatriados

Aumentou o número de cidadãos do continente

página 6

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muito nublado min 15 max 22 hum 55-90% • euro 10.4 baht 0.2 yuan 1.2 Venham mais cinco (séculos)

Ter para ler

No âmbito da visita de Wu Bangguo a Macau, a RAEM aproveitou para debater a Lei Básica no seu 20.º aniversário. O presidente da Assembleia Legislativa afirmou ontem que “subsistem muitas matérias que reclamam regulamentação

legislativa e cujos processos necessitam de estar conforme a Lei Básica”. Lau Cheok Va relembrou a fórmula “um país, dois sistemas” e pediu a “constituição de uma

equipa de especialistas com profundo conhecimento” da realidade de

Macau. páginas 2 e 3

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o ApeLo de MACAU

especialistas precisam-selei básica lau cheok Va admite falta de legislação

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sexta-feira 22.2.2013política2 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

O presidente da As-sembleia Legis-lativa (AL), Lau Cheok Va, admitiu

ontem que “subsistem mui-tas matérias que reclamam regulamentação legislativa, cujos processos necessitam

A Associação de Divulga-ção da Lei Básica de Ma-

cau promete continuar com a “missão” que desenvolve há mais de uma década, a qual é patrocinada por fundos públi-cos que, em 2012, ascenderam a 5,2 milhões de patacas.

De acordo com a lista de apoios concedidos pela Fundação Macau (FM), o montante concedido à Associação de Divulgação da Lei Básica de Macau (ADLBM) foi “para custear parcialmente as despesas com o plano de actividades” do ano passado. Já para 2011, foram atribuídos 4,1 milhões de patacas, contra 3,7 milhões alocados em 2010 para o mesmo efeito.

Numa resposta escrita a perguntas enviadas pela agência Lusa, a ADLBM

Associação de Divulgação da Lei Básica recebeu 5,2 milhões da Fundação Macau

Uma missão de dez anos

Lei Básica precisa de “especialistas”, admitiu presidente da AL

Lau Cheok Va diz que é necessária mais legislaçãotambém de estar conformes a Lei Básica”.

Esta necessidade surge, na opinião do responsá-vel, “à medida que se vai mais longe na aplicação da fórmula ‘um país, dois sistemas’, assim como no desenvolvimento de dife-rentes sectores”.

Lau Cheok Va lembrou

explica que, no ano passa-do, organizou “uma série de actividades com depar-tamentos importantes do Governo para comemorar o 19.º aniversário da pro-mulgação da Lei Básica”, algumas de “larga escala”, como simpósios, cursos de formação e visitas de intercâmbio a Pequim, bem como “uma ampla variedade de concursos”, incluindo jogos ‘online’ de perguntas sobre a mini constituição.

Ontem, durante uma sessão comemorativa do 20.º aniversário da promulgação

da Lei Básica, o presidente da ADLBM, Liu Chak Wan, destacou precisamente os “esforços” envidados pela organização na sua “missão de promover” a lei funda-mental da Região.

Constituída oficial-mente a 31 de Março de 2001, a ADLBM foi funda-da pelo actual líder - mem-bro do Conselho Executivo -, por Chui Sai Cheong, deputado e irmão do actual Chefe do Executivo, por Ho Teng Iat, empresária e ex-deputada, Lei Pang Chu, dirigente do jornal Ou Mun (o maior diário de

língua chinesa de Macau) e Ieong Wan Chong, do Centro de Estudos ‘Um País, Dois Sistemas’.

Actualmente com 428 membros, a ADLBM conta com diversas figuras de re-levo nas suas ‘trincheiras’.

Presidentes honoríficos são 11, numa lista que con-templa o actual e o anterior Chefe do Executivo (Chui Sai On e Edmund Ho), o presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, a antiga presidente da Assembleia Legislativa Susana Chou, o magnata do jogo Stanley Ho ou

os empresários Ma Man Kei, Ng Fok e Ho Iat Seng (actual vice-presidente do hemiciclo).

A complexa estrutura organizacional contempla cerca de 70 consultores, mais de uma dezena de consultores jurídicos, vários vice-presidentes e dezenas de vogais.

Este ano, também em dados facultados à Lusa, a ADLBM refere que as actividades que tem em carteira incluem, além das iniciativas que decorrem por agora, pelos 20 anos da promulgação da Lei

Básica, um documentário a ser realizado e transmitido pelo canal de chinês CCTV, mais concursos, jogos e cursos de formação. “A ADLBM considera que tem havido um reforço significativo da conscien-cialização das pessoas de Macau e de compreensão da Lei Básica, o que se pode comprovar pelas activida-des organizadas. O público presta sempre muita aten-ção ao evento anual e os cursos de formação sobre a Lei Básica que organiza-mos estão sempre cheios”, realça a organização. - Lusa

ainda que “mais de 180 diplomas legais foram constituídos pela RAEM desde o retorno à pátria, facto de grande impor-tância para a estruturação do ordenamento jurídico local”.

Tais declarações com-põem o discurso proferido pelo presidente da AL na

manhã de ontem, no Centro Cultural de Macau (CCM), por ocasião da visita de Wu Bangguo à RAEM. Para além disso, Lau Cheok Va falou da necessidade de espalhar ainda mais a men-sagem no que à Lei Básica diz respeito. “É necessário que o conhecimento sobre a Lei Básica seja ampla-

mente divulgado. Importa ainda a constituição de uma equipa de especialistas com profundo conhecimento e com capacidade para a sua interpretação e na re-solução dos problemas da actualidade de Macau.” O responsável garantiu ainda que o Executivo tem que ter uma “postura intransi-

gente quanto à necessidade de aprendizagem da Lei Básica”.

“UM FrUto”DA DeMoCrACiALau Cheok Va admitiu ain-da que “o carácter inédito de ‘um país, dois sistemas’ torna inevitável o surgi-mento de problemas no

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Cecília [email protected]

Numa altura em que os 20 anos da Lei Básica se comemoram na

RAEM, com a visita oficial do presidente do comité permanente da Assembleia Popular Nacional (APN), Wu Bangguo, o Hoje Macau foi tentar perceber a per-cepção dos residentes quanto ao diploma que rege os destinos de Macau desde a sua transferência para a China.

Chegámos à fala com dois resi-dentes que se inscreveram nos cur-sos promovidos pela Associação de Divulgação da Lei Básica de Macau (ADLBM), para tentar compreender as suas percepções face ao que apren-deram. Contudo, são muito diferentes.

uma aluna do ensino secundário, com 17 anos, e que prefere não reve-lar o nome, inscreveu-se no curso em Setembro do ano passado, depois de ter visto um cartaz na escola, tendo recebido o certificado em Fevereiro. Contudo, esperava mais de todo o pro-cesso. “Depois de termos algumas aulas em macau vamos a Pequim fazer uma visita especial. Mas esta viagem é mais luxo do que outra coisa, com muitos banquetes depois das aulas. No inicio não sabia que estava incluída uma viagem a Pequim. Só pensava que tinha interesse em saber mais sobre a Lei Básica e que era uma boa oportunidade para apren-der. Mas suspeito que muito do ensino é feito para alterar o nosso pensamento pessoal, como uma espécie de educação nacional”, aponta.

Segundo esta aluna, as aulas são dadas por académicos e também por funcionários do Gabinete de Ligação do Governo Central, em Macau. “Os pro-fessores ainda ensinam algumas coisas, mas alguns funcionários parecem que obrigavam os alunos a aprender algum tipo de ideologia”, diz a aluna, que frisa não concordar com a forma de ensino.

“Não tínhamos muitos materiais, apenas o livro verde da Lei Básica. Tudo depende da forma que o profes-sor usa para dar as aulas. Os professo-res são neutros, mas os funcionários do gabinete optam sempre por falar de pensamentos ligados a essa educação nacional. Não gosto disso.”

O funCiOnáriOque “abriu hOrizOntes”Louis Lao é funcionário administra-tivo no Estabelecimento Prisional de

Lei Básica precisa de “especialistas”, admitiu presidente da AL

Lau Cheok Va diz que é necessária mais legislação

Uma estudante do ensino secundário e um funcionário público participaram nos cursos da Associação de Divulgação da Lei Básica de Macau, que inclui aulas em Pequim. Contudo, as opiniões são díspares: ela confessa que ouviu mais “ideologia” do que ensinamentos, ele diz que o curso serviu para “abrir horizontes”. Uma professora do ensino secundário acredita que ainda é difícil ensinar a Lei Básica nas escolas

Dois alunos escolheram aprender mais sobre a Lei básica

Aprender ou transmitir “ideologia”?

Macau (EPM) e conheceu os cursos da ADLBM por intermédio de um amigo. A sua opinião sobre a formação dada pela associação, à qual pertence o deputado Leonel Alves, é muito di-ferente da sua colega de curso. “Antes só conhecia a Lei Básica de forma muito superficial, mas depois de tirar o curso até aprendi alguma coisa de jeito. Não senti que os funcionários do gabinete de ligação me tentassem obrigar a pensar de uma certa forma. Senti-me bem. A viagem não é luxu-osa mas apenas de alto nível, porque visitamos lugares importantes. Mas a comida sim, é ao nível dos banquetes”, explicou ao Hoje Macau.

Desta experiência Louis Lao re-corda coisas positivas. “As pessoas de Pequim são simpáticas e o curso deu-me oportunidade para ampliar os meus horizontes. Vou dizer aos meus amigos para fazerem o curso.”

Por outro lado, a estudante do ensino secundário prefere não fazer recomen-dações. “As aulas em Macau são úteis, mas acho que a viagem a Pequim não vale a pena. Visitamos os gabinetes para os assuntos de Hong Kong e Macau e falámos com deputados da APN, mas acho que custou dinheiro e não aprendi muito. Foram apenas visitas e não dis-cutimos muito”.

Segundo o website da associação, o curso custa uma média de 100 patacas, que serão devolvidos se os alunos atingirem os objectivos. Está em curso a 26.ª edição da iniciativa.

ainDa é DifíCiLensinar nas esCOLasLouis Lao considera que todas as acti-vidades que se fizeram até aqui sobre

a Lei Básica foram boas, mas há um problema. “Normalmente os residen-tes de Macau não ligam muito para as actividades, mas isso acontece porque os residentes não ligam muito para a politica. Mas a promoção é boa.”

a ideia de ensinar a mini-constitui-ção da RAEM nas escolas já foi levan-tada pela direcção da ADLBM. Lei Pui Lam, o seu presidente, afirmou, citado por este jornal, que “cabe à decisão de cada escola, porque esta é uma matéria independente. Sempre insisti que a Lei Básica é importante e há toda a neces-sidade de fazer chegar aos estudantes este tipo de estudos desde cedo.”

Contudo, Huang Hanbin, pro-fessora do ensino secundário, acha que ainda há passos que devem ser percorridos. “Não se ensina nas es-colas primárias e secundárias porque ainda é um tema que exige um nível muito elevado no ensino. Há falta de promoção e o conhecimento da Lei Básica por parte dos residentes não é muito grande. O Governo tem de promover isso.”

Sobre a vinda de Wu Bangguo, a professora diz que faltou conteúdo ao seu discurso. “No fórum online da CTM, os cidadãos não fazem comentários muito positivos à vinda do presidente, porque houve muitos bloqueios na segurança, ao contrário do que acontece com Xi Jinping.”

Para ela, os pedidos de sufrágio universal deveriam ser atendidos. “É um tema sensível, mas se em Hong Kong já vai ser implementado em 2017, porque não se dá uma oportu-nidade a Macau? Como nestes dias vários grupos têm entregue cartas, ele deveria falar algo sobre isso.”

decurso da sua aplicação.” Contudo, como membro do grupo que redigiu a Lei Básica, traça um ba-lanço positivo. “Não só tenho os ânimos exaltados como ficou emocionado. A comissão de redacção, composta por 48 membros, levou quatro anos e oito meses para elaborar a Lei

Básica. O seu projecto foi lançado a consulta pública, auscultando ainda as opi-niões de diversos sectores da sociedade de macau e do interior da China. Pode-se, assim, dizer que a Lei Básica é o fruto da participação democrática, da consulta alargada e de opiniões”.

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4 política sexta-feira 22.2.2013www.hojemacau.com.mo

Cecília Lincecí[email protected]

Rita Marques [email protected]

O prometido é devi-do. Eram 16h10, hora marcada para a chegada

da comunicação social à Tor-re Macau, onde Wu Bangguo uma hora mais tarde haveria de aparecer para ouvir Lau Sio Io apresentar o desenvol-vimento urbano de Macau nos últimos tempos, quando se fizeram ouvir vozes de protesto. Jason Chao - que garantiu ontem ao Hoje Macau participar de uma iniciativa hoje no âmbito da vinda do presidente da Assembleia Popular Na-cional (APN)- apareceu à entrada do edifício, e jun-tamente com o activista Lei Kin Un, chamou a atenção das autoridades.

No entanto, ontem o presidente da Novo Macau disse ao Hoje Macau que não ia como activista e que o seu propósito era assistir

Lançado livroe galeria sobreLei Básica Depois da cerimónia madrugadora no Centro Cultural de Macau, o presidente da Assembleia Popular Nacional (APN) seguiu com a sua comitiva até ao Fórum Macau, para assistir à inauguração da galeria comemorativa da Lei Básica, bem como do lançamento do livro “Grande mudança da história de Macau”. No seu discurso, Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, garantiu que o objectivo destes projectos é aprofundar “o conhecimento da Lei Básica por parte da população em geral, dos funcionários públicos e dos estudantes”.

Jason Chan foi preso pelas autoridades depois de um protesto que diz não ter feito

“Ia na condição de jornalista”Jason Chao, juntamente com Lei Kin Un, foi ontem preso pela polícia judiciária por ter participado de um protesto onde não se envolveu, segundo conta ao Hoje Macau. “Ia na condição de jornalista”, explica, pelo que se sente injustiçado pelas autoridades. Lei Kei Un, que queria entregar a Wu Bangguo uma carta na qual pedia eleições directas para a Assembleia Popular Nacional, atesta a versão de Chao

à sessão, onde estava Wu Bangguo. Já a intenção de Lei Kin Un era clara: en-tregar a Wu Bangguo uma missiva que pedia eleições directas para o “supremo órgão de poder do Estado”. Mas tal foi-lhe inviabilizado pelas autoridades. E Jason Chao, garante, foi apanhado por tabela. Cercados em pouco tempo por uma de-zena de polícias à paisana, os dois foram empurrados à força para o interior de uma carrinha que não estava visivelmente identificada como pertencente às forças policiais. Enquanto estava

a ser detido, Lei Kin Un conseguiu ainda distribuir o comunicado aos jornalis-tas, embora a polícia tenha apreendido a carta a alguns sem apresentar justificação.

“Sinceramente não par-ticipei na actividade de Lei Kin Un, ia na condição de jornalista da Macau Conce-lears (jornal da Associação Novo Macau) embora não tivesse feito nenhum registo no Gabinete de Comunica-ção Social desta vez mas tenho lá o meu número registado”, começa por dizer Chao ao Hoje Macau às 21h quando foi liberta-

do pela Polícia Judiciária. “Fui preso há cinco horas porque me tratam como um criminoso. De acordo com o Código Penal, os suspeitos podem ser retidos no máximo seis horas, se não entregarem nenhum documento identificativo. Não foi o caso”, garante. Em seu entender, “a polícia violou os direitos humanos e de imprensa” e, segundo explica, não ouviram a sua explicação, apreenderam--lhe a máquina de filmar e ainda ficaram com as suas impressões digitais. Por essa razão, promete não ficar

calado: “vou fazer acções na próxima semana”, avança.

DepoIMentosConCoRDantesNa carta, Lei Kin Ion chama a atenção aos dois últimos casos de corrupção eleito-ral. Um dos quais relativo à eleição de Huang Yubiao para eleito delegado da APN na província de Hunan que, explica o activista, conse-guiu o feito já que “distri-buiu 320 sacos vermelhos (semelhantes a lai si), com montantes entre as mil e as duas mil patacas”.

Na versão de Lei Kin

Ion, Jason Chao tinha co-nhecimento prévio da acção que “não é inédita” já que “quando as lideranças do Governo Central chegam a Macau, faço protestos e depois sou preso”. Em todo o caso, afiança, o presidente da ANM “não se juntou ao movimento”.

DesenvoLvIMentouRbano, poR Lau sI IoO secretário para os Trans-portes e Obras Públicas fez um sumário a Wu Bangguo dos últimos desenvolvimen-tos urbanísticos em Macau, em pouco mais de cinco minutos, sem revelar novos pormenores nos projectos em desenvolvimento (não tendo acedido a falar com os jornalistas posteriormente). Lau Si Io frisou nomea-damente projectos como o metro ligeiro, os novos aterros, e referiu “estratégias a longo prazo que estão a ser desenvolvidas”, a nível de habitação, abastecimen-to de energia e protecção ambiental.

Lau Si Io destacou a “me-lhor qualidade de vida da po-pulação” desde “o retorno à pátria” e felicitou o Governo Central pelo seu apoio face à nova fronteira entre Macau e Guangdong, prometendo “acelerar o modo de facilitar a passagem” de acordo com os requisitos de Pequim.

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Andreia Sofia [email protected]

O relógio passava das nove horas da manhã

quando o auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) começou a encher-se com personalidades do meio politico e social de Macau. Estavam lá todos para assistir ao segundo dia de iniciativas de comemoração dos 20 anos da criação da Lei Básica, bem como a presença do presidente da Assembleia Popular Nacional (APN), Wu Bangguo, cuja visita oficial termina hoje.

O seu discurso só che-gou depois das palavras do Chefe do Executivo, Chui Sai On, mas o tom foi seme-lhante, pautado pelos factos que comprovam o sucesso económico do território. “Apraz-me ver a vitalidade, estabilidade e harmonia da sociedade”, disse, sem es-quecer o “desenvolvimento paralelo ao interior do país”.

“A economia de Macau tem beneficiado do cresci-mento mais acelerado da sua história, e a própria cidade mudou radicalmente a sua fisionomia. (...) Verificou-se um crescimento económico seis vezes superior e prevê--se que haja um aumento de 10% no Produto Interno Bruto (PIB). O rendimento individual dos cidadãos de Macau também duplicou”, disse Wu Bangguo, que lem-brou ainda a criação “pela primeira vez de um regime de acção social que beneficia toda a população”. Algo que “tem contribuído para uma melhor qualidade de vida. A sociedade é harmoniosa, os cidadãos vivem felizes e tudo aponta para um futuro promissor”.

CApitAliSmovS SoCiAliSmoO presidente da APN admi-tiu “o pleno reconhecimento dos resultados que Macau tem conseguido ao longo dos últimos 13 anos”. E frisou o mais recente congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), onde ficou definida a nova liderança chinesa, com Xi Jiping à cabeça. Com isso, a China “entrou numa

Socialismo não vive sem o capitalismodas RAE’s, diz Wu Bangguo

“Macau está na melhor fase da sua história”

Chui Sai On defendereforço institucionalA cerimónia ocorrida na manhã de ontem contou ainda com a presença do Chefe do Executivo, que referiu que “é necessário reforçar mais o aperfeiçoamento do sistema institucional da RAEM, com insistência na Lei Básica”. Mas Chui Sai On admitiu também que “partindo da situação real de Macau, proceder-se-á à elaboração e aperfeiçoamento dos respectivos diplomas legais de Macau”, sem esquecer “o fortalecimento da equipa dos funcionários públicos” e a necessidade de “intensificar cada vez mais a capacidade de administração”, segundo a lei. Chui Sai On frisou ainda a necessidade de continuar a divulgar a Lei Básica junto da população, ideia muito referida nos discursos da manhã de ontem. Na mesma ocasião, o presidente da Associação da Divulgação da Lei Básica de Macau disse algumas palavras.

nova fase de uma socieda-de moderna próspera, sem qualquer paralelismo com outro período da história”.

Neste jogo, Macau as-sume um papel dominante. “Está na melhor fase da sua história. Vamos esforçar--nos para a construção de uma melhor Macau, na modernização do nosso país e na revitalização da nação chinesa”.

Quanto ao principio “um país, dois sistemas”, Wu Bangguo disse que o Governo central “acredita que ao permitir o capitalismo nessas regiões (RAEM e RAEHK), favorece o desen-volvimento do socialismo”.

Assim, dentro da China “unificada pratica-se o so-cialismo no corpo social do Estado, e o capitalismo em Hong Kong e Macau. Esta é uma enorme inovação sem

exemplos anteriores”, algo que constitui “uma parte muito importante na revita-lização da nação chinesa”, disse Wu Bangguo.

Quanto à Lei Básica, o presidente da APN disse que é preciso continuar a “salvaguardar os poderes das autoridades centrais, manter o alto grau de auto-nomia da RAEM e (garantir) que os poderes possam ser realizados, materializando a boa governação”. “O Go-verno da RAEM tem vindo a cumprir escrupulosamente a Lei Básica e tem vindo a comprovar a verdadeira convicção do camarada Deng Xiaoping sobre a viabilidade completa de “um pais, dois sistemas. Ambos têm a mesma meta: tornar o pais mais forte, enriquecer o povo e revitalizar fortemente a nação chinesa.”

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sexta-feira 22.2.2013sociedade6 www.hojemacau.com.mo

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AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei n.º 8/91/M de 29 de Julho, conjugado com o artigo 2.º e o artigo 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que, deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.Localização dos terrenos- Estrada Lou Lim Ieok, n.ºs 900 a 990, na Ilha da Taipa; - Rua de Viseu, n.ºs 395 a 451, na Ilha da Taipa, (Edifício Man Fai);- Beco da Alegria Garden, Cassia Garden, Daw Garden, Liking Court e Nice Court).

2. Agradecemosaoscontribuintesque,noprazode30diassubsequentesàdatadanotificação,sedirijamaoNúcleodaContribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento da Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, proceder-se-á à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.Aos, 9 de Janeiro de 2013.

A Direcção dos Serviços de Finanças, Vitória da Conceição

Joana [email protected]

AumentArAm os nú-meros de pessoas repa-triadas, no ano passado, com a China continental

no topo do país originário dos que são mandados embora de macau. De acordo com os dados mais recentes da Polícia de Segurança Pública (PSP), recolhidos pelo Hoje macau, houve mais 15% de repatriados no ano passado do que em 2011.

De Janeiro a Dezembro 39,770 indivíduos foram mandados de re-gresso à sua pátria de origem, mais 5051 do que no mesmo período de 2011. Apesar de ter havido uma diminuição geral no número de pessoas de Hong Kong, taiwan e outros países, os repatriados originários da China continental continuaram a aumentar, desta vez em 16,5%.

O continente chinês é, de facto, a casa da maioria dos repatriados. Desde 2009 até ao ano passado que a percentagem do total dos repatriados é maior quando toca aos que pertencem à China. em quatro anos, cerca de 90% dos repatriados era proveniente do continente chinês.

nos dados compilados pela PSP, pode ver-se que das quase 40 mil pessoas repatriadas, 1151 eram imigrantes ilegais. mais uma vez a evidência de que são os chineses do continente quem mais é forçado a sair de macau,

Cecília [email protected]

Joana [email protected]

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públi-

cas e transportes (DSSOPt) assegura que vai manter os trabalhos de reforço no edi-fício Sin Fong Garden, que está a ruir na rua do Patane, mas apenas e só isso. De

número de repatriados aumentou em 2012 com cidadãos da China continental a bater recordes

Meninos da mãe-pátria

Sin Fong Garden Governo não vai intervir na demolição e reconstrução do edifício

Proprietários descontentesacordo com Jaime Carion, director da DSSOPt, o organismo não vai intervir nas obras de demolição e reconstrução do prédio, caso isso seja necessário. “Por agora o que a DSSOPt

pode fazer é não o deixar a cair. Porém, o que podemos fazer é só isso, já o plano de longo-prazo, tem de ser decidido pelos proprietários e empreiteiros, o Governo não tem direito a intervir na

demolição e reconstrução do edifício”, explicou. Além disso, não vai ser o executi-vo a arcar com as despesas de manutenção do edifício. “O relatório [do incidente] vai apurar as responsabilidades e o Governo vai perceber quem é a entidade responsá-vel para cobrar as despesas de manutenção.”

recorde-se que, em Ou-tubro do ano passado, cerca de 200 famílias tiveram de ser retiradas do Sin Fong Garden, que apresentou fissuras profundas num dos pilares que segura o edifício. O Governo pediu, então,

um relatório para apurar os problemas do prédio, que ainda se encontra vedado por estar em risco de ruína. O relatório deveria estar pron-to este mês, mas segundo Jaime Carion só deverá ser

concluído em março, ainda que sem certeza. O Governo já recebeu o relatório da Ins-talação Académica de Hong Kong, que está a analisar.

Os proprietários do pré-dio, no entanto, não ficaram muito satisfeitos com o dis-curso do director da DSSOPt. A porta-voz do grupo, Wong man Sang, considera que o discurso de Jaime Carion não é responsável e descarta--se de problemas. “O caso do Sin Fong não é um caso comercial, mas sim social. O Governo tem responsabili-dade quanto a isso. endento que demora tempo para o Governo tratar do caso, mas se o Governo descobrir de quem é a responsabilidade, também não são os proprietários que vão perceber.”

Desde o início dos pro-blemas que os proprietários consideram que as obras do lado do Sin Fong Garden são as responsáveis pelos danos no edifício.

Azulejos na miraO Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) respondeu a uma interpelação escrita do deputado Chan Meng Kam sobre a questão de queda dos azulejos do edifício Mong Sin, de habitação pública. O Executivo admite ser necessário que o construtor melhore a qualidade do material com que os azulejos são colocados nas paredes. Por agora, e para remediar os problemas actuais do prédio, o Governo vai proceder à manutenção, substituindo a cola.

já que todos os repatriados por serem imigrantes ilegais eram da China.

O Hoje macau recolheu ainda os dados referentes às saídas e entradas do território, onde se pode verificar que é a China quem integra o topo da lista. Só no ano passado, 43% do total das pessoas que entraram na rAem eram do continente – 27,337,594. Contudo, no mesmo ano, só 27,300,641 saíram de macau. Os registos de entrada e saída destes cidadãos são mesmo mais altos do que as entradas e saídas dos residentes de macau.

ConSequênCiaS do individuaLiSMoDo todos os continentais que en-traram no território o ano passado, cerca de oito mil fizeram-no com visto individual. este política, cria-da em 2003, já se alargou a uma centena de cidades chinesas e tinha como principal objectivo recuperar a economia de macau e Hong Kong.

no entanto, as consequências deste visto têm sido drásticas. uma análise do especialista da

universidade de Ciência e tecno-logia (muSt), Zhang Jun, refere, por exemplo, “que as facilidades cada vez maiores concedidas aos habitantes do interior da China para virem a macau, tem provocado grandes pressões sobre a capacida-de de recepção do turismo”. mas não só por isto. “Alguns habitantes do interior, aproveitam a sua esta-dia em macau para se dedicarem aos jogos ilegais, negócios sexuais e trabalhos ilegais, entre outras actividades

Criminosas”, pode ler-se no documento escrito pelo académico.

recorde-se que o próprio Governo admitiu esta semana que vai estudar a medida do visto individual, já que considera que há necessidade de reformular esta política para “permitir que macau seja uma cidade mais habitável”.

O Hoje macau tentou perce-ber junto da PSP se os cidadãos chineses repatriados estão, na sua maioria, incluídos neste âmbito da viagem individual, bem como quais as razões que levam à re-patriação de indivíduos. Até ao fecho desta edição não foi possível obter resposta das autoridades, sendo que uma porta-voz da PSP explicou apenas que as repatria-ções se devem a “diversas razões, maioritariamente à passagem do prazo dos vistos”.

Os meses em que mais pessoas repatriadas no ano passado foram os meses de Outubro –3365 pes-soas e Agosto - 3299.

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7sociedadesexta-feira 22.2.2013 www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

A Associação dos Empresários do Sector Imobili-ário de Macau

(AESIM) pretende ver as emissões de licença para os agentes imobiliários mais restritas. De acordo com Ung Choi Kun, presidente da associação - que falava à margem de um jantar do grupo -, esse é o principal ob-jectivo da associação, que diz ainda querer que o Governo equilibre a política de procura e oferta de habitação.

A Lei de Mediação Imo-biliária vai entrar em vigor no dia 1 de Julho deste ano e prevê que os mediadores imobiliários tenham de cum-prir uma série de requisitos para que possam exercer a profissão. Contudo, a lei tem de ser complementada com regulamentos administrati-

Preços das habitações aumentaram quase 40%Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o preço médio por metro quadrado das fracções destinadas à habitação, para venda, situou-se acima das 57 mil patacas, o que representa um aumento de 38,4% face a 2011. Quanto às casas por concluir, mas que foram vendidas a novos donos, o preço médio situou-se acima das 82 mil patacas, um aumento de 45,1%. Já as fracções destinadas à indústria atingiram o preço médio de 20.812 mil patacas por metro quadrado, um aumento de 73,4%. Quanto aos preços de espaços destinados a escritórios tiveram um acréscimo de 32,1%. No geral, foram transaccionadas em 2012 mais de 25 mil fracções autónomas, num valor ligeiramente acima das 100 mil milhões de patacas, uma diminuição de 8% em número de vendas, mas um aumento de 32,2% no valor.

Ung Choi Kun quer emissão estrita da licença dos intermediários imobiliários

Governo inerte face à habitaçãovos. “Embora já tenha passado na Assembleia Legislativa, antes da introdução dos re-gulamentos administrativos suplementares, a lei não dá detalhes sobre as regras para o licenciamento dos agentes”, queixou-se Ung Choi Kun. “A AESIM concorda com o regulamento da licença atra-vés a lei, mas mesmo assim, recomendamos o Governo a fazer a emissão da licença mais restritamente.”

ImobILIárIopreCIsa de ajudaO também deputado consi-dera que as novas medidas de controlo do mercado imobi-liário ajudam a curto-prazo, mas não concorda com o regulamento do mercado imobiliário através de um sistema de impostos, o que considera não ajudar no de-senvolvimento saudável do sector. “Deve ser regulado a partir do sistema jurídico,

com a Lei dos Edifícios em Construção e esta Lei de Mediação imobiliária”, considera.

Ao mesmo tempo, Ung

Choi Kun acusou o Governo de não fazer alterações posi-tivas nas leis e regulamentos que estão atrasados e de não melhorar os serviços com-

petentes para aprovação de complicados procedimentos administrativos, que atrasam as construções de mais ha-bitação.

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sexta-feira 22.2.2013nacional8 www.hojemacau.com.mo

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa,

elogiou esta quarta-feira o “es-pantoso progresso” alcançado pela China, mas realçou que a sua concepção do socialismo tem “características diferen-tes”. “Para o PCP, não há modelos de socialismo. Cada país, cada povo e cada partido percorrerá um caminho muito próprio, tendo em conta a his-tória, a cultura, a relação de forças e o papel dos partidos, mas sem cópias”, disse Jeró-nimo de Sousa à agência Lusa em Pequim.

“O socialismo por que lutamos em Portugal tem e terá características diferentes deste processo aqui na China”, acrescentou.

O secretário-geral do PCP iniciou segunda-feira uma vi-sita de uma semana à China, a convite do Partido Comunista Chinês (PCC).

É a terceira viagem de Je-rónimo de Sousa àquele país desde a década de 1990 e além de Pequim, onde permanecerá até quinta-feira, o líder do PCP visitará as províncias de Shandong e Yunnan. “Verifica--se um progresso espantoso. A própria ONU reconhece que na ultima década mais de

Tesouro dos EUA vai pressionar a China em relação ao yuanNomeado pelo presidente Barack Obama, o futuro secretário do Tesouro dos EUA, Jack Lew, disse que enfrentar a taxa de câmbio da China é uma “prioridade”. Lew afirmou também que vai pressionar os chineses para adoptarem um câmbio “determinado de mercado” para o yuan. As informações são da agência Bloomberg, que teve acesso às respostas escritas de Lew às perguntas dos membros do Comité Financeiro do Senado, durante a audiência de confirmação, no dia 13 de Fevereiro. Lew disse ainda, em resposta a perguntas do senador republicano Orrin Hatch, de Utah, que iria pressionar a China para “nivelar o campo para os nossos trabalhadores e empresas, e apoiar uma mudança sustentada no crescimento do consumo doméstico liderado pela China.”

Pequim nega envolvimento em ataques cibernéticosO ministério de Defesa da China negou esta quarta-feira qualquer envolvimento em ataques cibernéticos, alegando que o relatório da empresa de segurança virtual Mandiant que acusou o Exército do país de ter participado nas ofensivas não possui qualquer “base em factos”. “O Exército da Chia nunca apoiou qualquer actividade de hackers”, afirmou o ministério num comunicado no seu site. Num relatório de 74 páginas divulgado na segunda-feira no seu site, a Mandiant disse que um grupo ligado ao Exército de Libertação do Povo da China tem roubado dados de 141 empresas desde 2006. De acordo com a empresa, 115 ataques foram feitos contra companhias dos EUA.

Dois jovens tibetanos imolaram-se pelo fogoDois jovens tibetanos de 17 e 18 anos imolaram-se pelo fogo na província chinesa de Sichuan, na terça-feira, em protesto contra a dominação chinesa do Tibete, informaram organizações não-governamentais. As imolações foram reveladas pela International Campaign for Tibet (ICT), uma associação de defesa dos tibetanos sedeada nos Estados Unidos, e pela Free Tibet. Estes casos elevam para, pelo menos, 104 o número de tibetanos que suicidaram-se pelo fogo desde 2009 em protesto contra a dominação chinesa do Tibete e a alegada repressão da sua religião e cultura pela China.

Jerónimo de Sousa elogia China, mas defende um socialismo com “características diferentes”

Outro caminhoduzentos milhões de chineses saíram do limiar da pobreza. Para um país com esta dimensão demográfica é um exemplo de desenvolvimento que convém acompanhar e conhecer”, disse.

A China é hoje a segunda maior economia do mundo, com um crescimento anual médio de quase 10% ao longo das últimas três décadas.

Jerónimo de Sousa viaja acompanhado por Pedro Guer-reiro, responsável da Secção Internacional do PCC, e José Capucho, membro do Secreta-riado do Comité Central.

O secretário-geral do Parti-do Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, defendeu em Pequim a abertura de Por-tugal ao investimento externo desde que seja respeitado “o in-teresse nacional” e assegurada a “defesa dos sectores estraté-gicos”. “Qualquer investimento estrangeiro - chinês, americano

ou canadiano - é sempre bem--vindo, no quadro do respeito pelo nosso interesse nacional e da defesa dos nossos sectores estratégicos e dos recursos naturais”, disse Jerónimo de Sousa.

“O bom investimento (ex-terno) é bem-vindo, tendo em conta a situação em que vivemos no nosso país e todo este sufoco (económico)”, acrescentou.

No último ano, duas gran-des empresas estatais chinesas investiram cerca de 30.000 milhões de patacas em Portugal e a China Three Gorges é hoje o maior accionista da EDP.

Jerónimo de Sousa consi-derou também que “a diversifi-cação das relações económicas com todos os povos e países é fundamental”. “Cometemos um erro de fundo ao ficarmos prisioneiros de quatro ou cinco países, para os quais exporta-mos”, disse.

Sobre as relações com o Par-tido Comunista Chinês (PCC), o líder comunista português salientou que ambos os partidos “respeitam a independência e autonomia de cada um” e “têm posições diferenciadas” acerca de algumas questões, nomeada-mente quanto à União Europeia e à NATO.

A delegação do PCP se-guirá para o Laos na próxima segunda-feira e depois visitará também o Vietname, dois países do sueste asiático que fazem fronteira com a China.

Jerónimo de Sousa é o segundo líder partidário portu-guês recebido em Pequim em menos de dois meses, depois da presidente do Partido Socialista (PS), Maria de Belém, no início de Janeiro, e ambos viajaram a convite do Departamento Inter-nacional do PCC.

Durante o diferendo ideoló-gico sino-soviético, que dividiu o movimento comunista inter-nacional até meados da década de 1980, o PCP alinhou com as posições de Moscovo.

Álvaro Cunhal, antigo secretário-geral do PCP, foi recebido em Pequim em 1991 com as honras devidas a “um veterano revolucionário” e desde então delegações daquele partido visitam regularmente a China.

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sexta-feira 22.2.2013 www.hojemacau.com.mo 9região

Diplomatas japoneses e chineses acordaram reforçar

a cooperação entre os seus países depois do terceiro teste nuclear da Coreia do Norte realizado na semana passada, informou ontem a agência noticiosa nipónica Kyodo.

o director do departamento japonês de assuntos Externos para a Ásia, shinsuke sugiyama, e o representante chinês para a península da Coreia, Wu Dawei, confirmaram a importância de ace-lerar os esforços diplomáticos para a desnuclearização da zona depois de uma reunião que mantiveram na quarta-feira em pequim.

o diplomata japonês explicou aos jornalistas que, durante o encontro, manifestou a Wu a sua esperança de que a China assuma a liderança no conflito com o regime de pyongyang.

sugiyama, que considerou o teste nuclear norte-coreano como uma “violação não aceitável das resoluções do Conselho de segu-rança da oNU”, revelou que Wu

disse que concordava basicamente com o seu ponto de vista e indicou que ambos confirmaram a impor-tância de se acelerarem os esforços como as negociações a seis sobre a desnuclearização da península coreana.

segundo a Kyodo, sugiyama procurou a cooperação de pequim na hora de liderar a imposição de sanções adicionais à Coreia do Norte pelo Conselho de segurança da oNU, de que a China é um dos cinco membros permanentes.

o terceiro teste nuclear norte--coreano, depois dos que tiveram lugar em 2006 e 2009, foi reali-zado na base de punggye-ri, no noroeste da Coreia do Norte, no dia 12, tendo merecido a conde-nação de boa parte da comunidade internacional.

a China, aliada do regime norte-coreano, condenou o tes-te, sem aplicar medidas como a suspensão dos seus programas de ajuda alimentar e energética a pyongyang.

O ex-vice-presidente de Taiwan Lien Chan vai reunir-se com o líder do Partido Comunista da China, Xi Jinping, em Pequim, na próxima semana, anunciou ontem um porta-voz de Lien. Lien vai deslocar-se à China continental no domingo com uma delegação de 30 políticos e empresários para uma visita de quatro dias. O encontro com Xi Jinping está agendado para segunda-feira e será a primeira reunião de alto nível que

aquele responsável chinês terá com representantes de Taiwan desde que assumiu a liderança do Partido Comunista chinês. Xi Jinping vai assumir a presidência da China em Março. Lien foi o primeiro líder do nacionalista Kuomintang a visitar a China em 56 anos quando teve um encontro com o Presidente chinês, Hu Jintao, em 2005, para por um fim formal às hostilidades com os comunistas.

Dois terços dos sul-core-anos defendem que o seu

país deveria desenvolver as suas próprias armas nucleares em resposta à ameaça da Coreia do Norte, revela uma sondagem ontem publicada pelo diário Chosun ilbo.

Cerca de 64% dos sul--coreanos manifestaram-se a favor desta opção, enquanto

28% opuseram-se à mesma, revela o inquérito da consul-tora Gallup Korea realizada nos três dias seguintes ao teste nuclear norte-coreano de dia 12. outra sondagem semelhante realizada por um instituto de investigação e estudos políticos da Coreia do sul revelou também que 66,5% dos sul-coreanos apoiam o

desenvolvimento de armas nucleares, enquanto 31,1% revelaram-se contra. por outro lado, 59,1% manifestaram-se contra ataques aos locais onde a Coreia do Norte realiza testes nucleares, enquanto 36,3% são a favor. as duas pesquisas foram realizadas entre 13 e 15 de Fevereiro a mais de 1.000 sul-coreanos adultos.

Um morto e dezenas de detidos durante greve geral na ÍndiaPelo menos 69 pessoas foram detidas na quarta-feira no norte da Índia no primeiro de dois dias de greve geral que afecta todo o país, marcado ainda pela morte de um líder sindical, informou ontem a polícia indiana. Os incidentes mais violentos foram registados em Noida, cidade próxima de Nova Deli, onde a polícia deteve 69 pessoas e vários veículos e fábricas foram incendiados, disse um responsável policial citado pela agência Efe. Segundo os empresários afectados, citados pela agência IANS, os danos terão causado perdas estimadas em cerca de 830 milhões de patacas. Um líder sindical foi morto ao ser atropelado um autocarro quando integrava um piquete de greve em Ambala, no Estado indiano de Haryana. A greve geral de dois dias foi convocada por 11 sindicatos para exigir ao Governo a adopção de medidas económicas que contenham a inflação, gerem emprego e proporcionem segurança social universal e a elevação do salário mínimo para cerca de 1.380 patacas.

Japão confirmou execução de três condenados à morte O Governo japonês confirmou ontem a execução por enforcamento de três condenados à morte por assassinato, de 29, 44 e 62 anos. Segundo o Ministério da Justiça nipónico, as execuções tiveram lugar ontem em Tóquio, Osaka e Nagoya. Estas execuções foram as primeiras realizadas desde Setembro de 2012 e desde que Shinzo Abe chegou ao poder no Japão, em Dezembro. Nove pessoas foram executadas durante o anterior Governo do Partido Democrático do Japão, durante o qual a aplicação da pena capital foi debatida, sendo uma medida apoiada pela maioria dos japoneses. O Japão tem 133 pessoas no corredor da morte, o número mais elevado desde 1949, quando estes dados começaram a ser divulgados. O Japão e os Estados Unidos são os únicos países industrializados e democráticos que aplicam a pena capital, situação condenada pelos Governos europeus e pelos grupos de defesa dos direitos humanos.

Maioria dos sul-coreanos defendeque o seu país deveria ter armas nucleares

prontos para a guerra

China e Japão acordaram cooperar depois do teste nuclear norte-coreano

acelerar esforços diplomáticos

Ex-vice-presidente de Taiwan vai reunir-secom líder do Partido Comunista chinês em Pequim

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sexta-feira 22.2.2013www.hojemacau.com.mo10 entrevista

Helder [email protected]

Na velha Taipa, a dois passos do movimento de res-taurantes e bares,

mas ali em tranquilo oásis de convivências, encontramos inspiração pelos mistérios do Egipto, da Índia, do Japão, da China antiga, da américa do Sul, de tantos lados, pelos inúmeros sabores e aromas de múltiplos chás disponibiliza-dos por uma pequena loja na Rua dos Mercadores, a Tea Time Macau. ali circula infor-mação pormenorizada sobre as características, as misturas de cada chá, as maneiras e os tempos diferenciados de pre-paração. a concepção deste projecto não inclui o ritual do chá e seu consumo no local – estabelecimentos diferentes já o praticam - apenas a venda do produto, e cada um que ritualize depois a seu gosto e onde desejar.

Monica Gonzalez, regres-sou a Macau – contaremos a seguir um pouco a sua história de vida – para fundar uma loja de venda de chás, muitos, variados e para diferentes finalidades.

a ideia primeira foi a associação com alguma ca-deia de fama internacional no campo da venda de chás, mas “por sugestão de ami-gos estabelecidos na Europa há longo tempo, e que nos traçaram com pormenores toda a panorâmica de um investimento deste género, decidimo-nos por uma loja totalmente nossa. Organizá-mos uma série de contactos a estabelecer, aprofundámos os nossos conhecimentos sobre toda a matéria a que iríamos meter ombros, para fazermos as nossas opções seguindo os melhores critérios de qualidade e de eficácia nas importações”.

Em resumo, o espaço Tea Time Macau, assume-se como funcionando com acentuada singularidade no âmbito da região. Chá de várias prove-niências, de grande qualidade, segundo a entrevistada, pre-parado totalmente na Europa, designadamente na alema-nha, “e só depois exportado com total confiança”, afirma Mónica Gonzalez, acrescen-tando: ”são produtos muito diferentes dos que habitual-mente é possível obter aqui. Em Hong Kong existem um ou dois casas que provavelmente vendem variedades de chá do género que aqui temos.” O chá preto é originário da Índia, os chás vermelhos, o verde e de frutas são da China, camomi-

Monica Gonzalez, gerente da loja de chás TeaTime Macau

“Beber chá é atitude saudável, de prazer e de cultura”

nas aqui residentes, uns com hábitos de beber chá e outros que estão a satisfazer certas curiosidades sobre cada chá, as suas grandes qualidades, começando a ser ainda mais apreciadores. Realmente, ao bebermos tranquilamente chá, sabermos o que estamos verdadeiramente bebendo, é uma atitude de prazer, de saúde e de cultura”.

História de vidaMonica Gonzalez, nasceu em Tui, na comunidade autónoma de Galiza, a pouca distância do Rio Minho, no município

la vem do Egipto. Também temos chás originários do Japão, do Brasil, da África do Sul, e algumas ervas para infusão que são cultivadas em diferentes partes da Europa. E continuaremos a diversificar, por exemplo iremos receber chás dos açores que sãos excelentes”.

Questionada sobre algum grau de desconfiança em re-lação a uma série de produtos vindos da China continental, Monica Gonzalez insiste lembrando que os chás são preparados na Europa: “a alemanha é dos maiores, ou

mesmo o maior importador de chá do mundo, os tipos de chá que temos no Tea Time Macau é preparado totalmente por empresas altamente es-pecializadas e reconhecidas mundialmente”. E sobre a existência de qualidades de

chá para serem consumidos principalmente por crianças? a gerente espanhola radi-cada em Macau é explícita: “absolutamente, temos chás óptimos para serem bebidos por crianças, não têm cafeí-na e possuem características

muito boas para elas. Tal como temos várias gamas de chá destinados a diferentes objectivos”.

a maior parte dos clientes, diz Monica Gonzalez, são de origem asiática, incluindo turistas vindos não apenas de várias províncias chine-sas, mas também de Taiwan, Singapura ou do Japão, por exemplo, e muitos de Hong Kong – “ alguns chegam a levar dezenas de pacotes de chá e muitos deles demons-tram ter já uma cultura do chá, uma habituação de rotina, para além das comunidades lusófo-

Nasceu do lado galego, perto do Rio Minho, com a família habituou-se cedo a pisar terra portuguesa, formou-se nos Estados Unidos para pilotar helicópteros, transportou passageiros, repórteres de imagem das televisões, fotógrafos, lançou pára-quedistas, instruiu outros pilotos, casou com um português então ligado à Força Aérea como piloto dos Puma, fundou um restaurante de gastronomia espanhola em Macau e há meio ano tem a porta aberta numa loja de venda chás numa velha e tranquila rua da Taipa. Monica Gonzalez, história de vida cheia de energia contagiante

O espaço Tea Time Macau, assume-se como funcionando com acentuada singularidade no âmbito da região. Chá de várias proveniências, de grande qualidade, segundo a entrevistada, preparado totalmente na Europa, designadamente na Alemanha, “e só depois exportado com total confiança”

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11sexta-feira 22.2.2013 entrevista

pub

www.hojemacau.com.mo

O chá preto é originário da Índia, os chás vermelhos, o verde e de frutas são da China, camomila vem do Egipto. Também temos chás originários do Japão, do Brasil, da África do Sul, e algumas ervas para infusão que são cultivadas em diferentes partes da Europa

raiano, fronteira espanhola com Portugal. Onde entre outras atracções turísticas culturais, existe a célebre Catedral de Santa Maria de Tui. “As minhas ligações com Portugal são muito estreitas, meu avô viveu quase toda a vida em Portugal onde tinha uma fábrica de borracha, em Valença, fabricando as famo-sas botas para água da marca Pinta Amarela. Tal como mantinha muitos negócios com Angola, Moçambique, Goa e Macau. Minha avó viveu sempre em Tui, mas meu avô viajava bastante, esteve em

Macau várias vezes nos anos 60. Lembro-me que era um grande coleccionador de selos, principalmente originários das então colónias portuguesas e de Portugal. Até esse gos-to pelos selos motivava os permanentes contactos com o país vizinho. Em família, íamos com frequência ao lado português, conhecíamos bem Lisboa e muitos outros locais. Com os meus pais a mesma coisa, quase todos os dias eles atravessam o rio e vão tomar o pequeno almoço em Portugal”.

Por tudo isto, e também por ser casada com um cida-dão português que conheceu enquanto piloto dos Puma, Monica Gonzalez confessa, por brincadeira, mas também com muito afecto, “ser já meio portuguesa”.

Era muito jovem, estu-dante num colégio de freiras francesas, quando os pais decidiram que ela fosse para os Estados Unidos; objectivo primordial: aprender inglês; local de destino, Seattle, um importante centro na indústria aeroespacial. Menos de 1 ano depois, Monica regressou a Espanha, mas por pouco tempo. Como ainda tivesse algumas dúvidas vocacionais, o pai sugeriu: vais ser piloto. Nem olhou para trás, volta a Seattle, experimenta envere-dar pelos aviões, não gostou, mas logo que se senta num helicóptero declara: quero es-tar aos comandos destes apa-relhos o mais rápido possível.

Esperou apenas a formação de dois anos e meio.

Como na época, anos 90, a Espanha não admitia licença para pilotos de aeronaves li-cenciados nos Estados Unidos, Monica começou a trabalhar em Portugal, país que reconhe-cia certas formações e aceitava as horas de voo já realizadas. Com a licença comercial, ter-mina os preceitos necessários para também ser profissional na aviação civil. Ainda antes de iniciar funções, decide re-forçar argumentos e volta aos Estados Unidos para formação em instrutora de pilotos. Com essa ferramenta profissional acrescentada, começou logo a pilotar helicópteros em Portugal, a partir de Tires: “Transportava passageiros, mas basicamente, pelos anos

90, fazia-se muita fotografia de caça. Lembro-me que num Verão fiz umas 900 horas de voo. Os clientes queriam fo-tografar tudo, andei de norte a sul. Gostava muito de fazer esse tipo de trabalho. Também trabalhei para a televisão SIC quando precisavam de fazer reportagens e filmagens aére-as. Na época em que comecei a pilotar aparelhos com turbinas, conheci o Arménio, que viria a ser meu esposo e era piloto dos Pumas da Força Aérea”.

Lançamento de pára-que-distas, fotografia já com outras características mais exigentes e específicas, como o acom-panhamento da construção da Ponte Vasco da Gama, outras filmagens como o controlo das lixeiras na zona de Vila Franca de Xira, trabalho cada vez mais especializado. Por esse tempo, mulheres pilotos de helicópteros em Portugal, seriam apenas três, uma delas esta espanhola que o jornalista entrevistou numa loja bonita e com suaves aromas de chá, num cenário tranquilo duma velha rua da Taipa.

Em 1999, “já namorava com o Arménio quando ele sai da Força Aérea e aceita uma oportunidade de trabalhar em Macau. Chegou em Janeiro desse ano, meses depois ele foi a Portugal para casarmos; en-tão vim para Macau, era o mês de Novembro. Ele foi para a Air Macau e eu decidi não ter emprego (risos)”. Até que, por 2004, ambos metem ombros

à criação de um restaurante espanhol, o Don Quijote, onde praticamente tudo o que se consumia era importado de Espanha, desde os vinhos aos queijos e presuntos. Diz Mónica Gonzalez entre sorri-sos: “Gosto de cozinhar e até acho que sou boa na cozinha, apesar de não ser especialista

em doçaria, em sobremesas. Aprendi a cozinhar com a minha avó, que fazia comida excelente e cozinhou até aos 92 anos!”

Menos de dois anos depois, abandonaram aquele projecto: “Foi uma experiência boa, o que mais gostei foi conhecer muita gente, gosto muito de conhecer e contactar pessoas, falar com elas. Nesses quase dois anos, houve coisas boas e, naturalmente, coisas mais sofridas. A época não era muito propícia a este tipo da iniciati-vas diferentes. Um restaurante com gastronomia espanhola, marcava uma certa diferença em Macau, mas isso não era muito bem compreendido por algumas pessoas locais que não estavam preparadas, inclusive ao nível dos sabores, para perceber o valor grande que é apresentar à população e aos turistas, propostas dife-rentes do que eles à partida já conhecem. Os portugueses ou as comunidades habituadas à gastronomia portuguesa, gostavam do menu espanhol, diferente do português, claro, mas eles gostavam. Mas não podíamos viver apenas com o mercado português”.

Depois, em 2007, Ar-ménio, o piloto de aviões marido de Monica, aceitou oportunidade de trabalhar em Barcelona. Cerca de cinco anos depois, nova ideia de voltarem a viver em Macau e montar um negócio relacio-nado com o chá.

Nasceu do lado galego, perto do Rio Minho, com a família habituou-se cedo a pisar terra portuguesa, formou-se nos Estados Unidos para pilotar helicópteros, transportou passageiros, repórteres de imagem das televisões, fotógrafos, lançou pára-quedistas, instruiu outros pilotos, casou com um português então ligado à Força Aérea como piloto dos Puma, fundou um restaurante de gastronomia espanhola em Macau e há meio ano tem a porta aberta numa loja de venda chás numa velha e tranquila rua da Taipa. Monica Gonzalez, história de vida cheia de energia contagiante

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sexta-feira 22.2.2013publicidade12 www.hojemacau.com.mo

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13sexta-feira 22.2.2013 www.hojemacau.com.mo vida

O novo coronavírus que já infectou 12 pessoas na península Arábica e no Reino Unido, cau-

sando seis mortes, infecta mais rapidamente as células dos pul-mões do que o vírus que causou a pneumonia atípica em 2002 e 2003, na China, e matou na altura perto de 774 pessoas, revela um estudo publicado na terça-feira na revista mBio, da Sociedade Americana para a Microbiologia.

Segundo o jornal Público, o primeiro caso identificado do novo surto foi em Setembro de 2012, na Arábia Saudita. Entretanto, o nú-mero de casos confirmados subiu para 12: cinco na Arábia Saudita, dois na Jordânia, quatro no Reino Unido e um na Alemanha, de uma pessoa vinda do Qatar. Destes doentes, três morreram na Arábia Saudita, dois na Jordânia e um no Reino Unido, foi anunciado na terça-feira.

Os sintomas desta pneumonia atípica são febre, tosse, dificuldade de respirar e falta de ar. Os primei-ros sintomas aparecem dez dias depois de se contrair a doença, de acordo com o que se sabe. O novo coronavírus faz parte da família dos coronavírus que incluem o vírus da constipação e o vírus da síndroma respiratória aguda (SARS),que provocou a epidemia de pneu-monia atípica de 2002. Mas está

O nitrogénio depositado no solo da China cresceu cerca de 60% em

duas décadas, como consequência do uso de adubos agrícolas e de poluição emitida por indústrias, aponta um estudo publicado no site da revista “Nature”.

De acordo com os cientistas, a deposição anual de nitrogénio no solo chinês subiu de 13,2 quilogramas por

Novo vírus da pneumonia atípica está a adaptar-se aos humanos

Mais rápido e mais mortal

Poluição por nitrogénio no solo da China sobe 60% em 20 anos, diz estudo

Consequência do desenvolvimento

mais próximo de um coronavírus encontrado nos morcegos, que são, para já, uma potencial fonte primária do novo surto.

Mas as descobertas feitas pela equipa do hospital do cantão suíço de St. Gallen revelam que o novo

coronavírus está bem adaptado ao ser humano. Em apenas dois dias, o vírus consegue entrar no epitélio do pulmão e atingir o máximo da replicação. O SARS demorava quatro dias para fazer o mesmo. Apesar desta facilidade em entrar

nas células humanas, não se sabe com que facilidade sai das células humanas e infecta outras pessoas.

SeM aMeaça, MaS CoM PotenCialSó na Inglaterra é que se en-contram dados que suportam uma forte suspeita de ter havido transmissão entre seres humanos, adiantou na terça-feira à Reuters John Watson, responsável pelo departamento das doenças respi-ratórias da Agência de Protecção da Saúde, agência não-governa-mental do Reino Unido. As decla-rações foram feitas depois de se ter anunciado uma morte no Reino Unido. Segundo a BBC News, três pessoas da mesma família foram infectadas pela doença, uma delas tinha viajado pelo Médio Oriente e pelo Paquistão e terá passado o vírus ao filho e a outro familiar. Foi o filho que acabou por morrer no domingo. Este paciente tinha uma doença crónica e um sistema imunitário enfraquecido. “Não sa-bemos se os casos que andamos a observar são a ponta do iceberg, ou

se muitas outras pessoas estão in-fectadas sem mostrarem sintomas severos”, disse, em comunicado, Volker Thiel, líder da equipa de investigação, citado pelo jornal português.

Para já, o vírus não é considera-do ameaçador. Ian Jones, professor de Virologia da Universidade de Reading, no Reino Unido, disse à Reuters que o novo coronavírus “não parece ameaçador”, mas pode vir a ter um potencial de se espa-lhar mais rapidamente, “mas não sem antes ter passado por várias mutações”.

Também a Organização Mun-dial de Saúde (OMS) considera que “o novo coronavírus não parece transmitir-se facilmente entre pes-soas, enquanto o vírus SARS era muito mais transmissível”.

Apesar de não haver tratamento específico para o novo vírus, a OMS explica que os sintomas do vírus podem e devem ser tratados. Fora do corpo o coronavírus é mui-to frágil, só sobrevive 24 horas e é morto com detergentes ou com a maioria dos produtos de limpeza.

10 mil metros quadrados, em 1980, para 21,1 quilogramas por 10 mil metros quadrados em 2000. O nitro-génio depositado provém na maior parte de emissões na atmosfera, que cresceram muito com a actividade industrial crescente da China, apontam os investigadores.

O estudo foi elaborado por cientis-tas da Universidade de Stanford, nos EUA, da Universidade de Hohenheim, na Alemanha, da Universidade Vrije de Amesterdão, na Holanda, e da Universidade de Agricultura da China, entre outras instituições.

A presença excessiva de nitrogénio tem consequências nocivas para o ambiente e a saúde das pessoas. Em níveis elevados, a substância pode causar acidificação do solo, reduzir o crescimento das plantas, levar à perda de biodiversidade e poluir águas de rios e lagos. “O rápido crescimento económico da China levou a altos níveis de emissão de nitrogénio ao longo das últimas décadas”, disse o pesquisador Zhang Fusuo, co-autor do estudo.

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sexta-feira 22.2.2013cultura14 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

O véu foi finalmente des-coberto. A programação do Festival Literário de Macau - Rota das Letras,

que decorre entre os dias 10 e 16 de Março, foi oficialmente conhecida ontem em conferência de imprensa, embora com alguns pormenores por afinar, e desta vez promete-se a mais e melhor. O cartaz já deixa água na boca - dado o prestígio das figuras literárias do mundo da lusofonia e chinês (ver caixa) - e, desta vez, a organização está confiante que irá atrair mais público do que na edição de 2012, ano de estreia do evento. Não só porque o Instituto Cultural (IC) e a Fundação Macau (FM) estão mais activamente envolvidos - ou não fossem membros da comissão organizadora constituída este ano -, prometendo mais divulgação para a população chinesa, mas também porque há uma presença mais forte junto de associações e instituições locais, garante o director do “Script Road” (na língua inglesa). “Vamos sobretudo encaminhar escritores para escolas e instituições superiores . A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude vai-nos apoiar neste festival. Há já cinco escolas asso-ciadas e universidades também”, frisa Ricardo Pinto, revelando que as sessões decorrem na parte da manhã, nos dias de semana, entre as 10h30 e as 12h30.

O número e nome de todas as instituições de ensino ainda está por fechar mas, para já, a Escola Portuguesa de Macau (onde irá estar presente o humorista e escritor português Ricardo Araújo Pereira), a Escola Luís Gonzaga Gomes, a Escola Pui Ching e a Escola Choi Nong estão confirmados, esperando a comissão que mais uma ou duas esco-las secundárias possam também fazer parte da programação. Da parte dos estabelecimentos de ensino superior, a Universidade de Macau (também membro da comissão organizadora) e a Universidade de São José já aderiram à semana cultural, ficando por fechar sessões no Instituto Poli-técnico de Macau, na Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau e no Instituto de Formação Turística (IFT). Este é, por isso, um desígnio que a organização cumpre, o de “chegar a cada vez mais jovens es-tudantes e leitores”, estando por isso à espera que “corra muito bem” este envolvimento dos escritores com o público juvenil.

Ou seja, desta feita, ao contrário da edição passada, explica Ricardo Pinto, já não se espera que os par-ticipantes procurem o festival mas

Domingo, 10 De março• Centro de Ciência de Macau15h30: Painel “Writers Influences and Perspectives on a Globalized World”, com Mauro Munhoz, Bi Feiyu, Luís Cardoso, Dulce Maria Cardoso, José Eduardo Agualusa e escritor local por confirmar. Moderador: Agnes Lam

SegunDa, 11 De março• Fundação Rui Cunha18h: “Travel Literature”, com Joaquim Magalhães de Castro, Alexandra Lucas Coelho, Bárbara Bulhosa, Sheng Keyi e Deana Barroqueiro. Moderador: Hélder Beja19h30: “From One Place to Another - Mongolia Diaries”, de Joaquim Magalhães de Castro

• Casa do Mandarim18h: “Lunar Hostages” (sessão de poesia), com Yi Sha, Xi Murong, Regis Bonvicino, Li Shaojin e poetas locais (por confirmar). Presidida por: Yao Feng

TERçA, 12 DE MARçO• Albergue de SCM18h: “Homenagem a Jorge Amado”, com a filha Paloma Jorge Amado; 19h30: exibição do filme “Jorge Amado” de João Moreira Sales

• Associação Fantasia18h: com escritores chineses locais e convidados, organizado por Macau Pen Club

QuARTA-FEIRA, 13 DE MARçO• Livraria Pública18h: Painel de debate com Bi Feiyu, Wang Gang, Hong King e Han Shaogong, com moderação de Qiu Huadong

• Centro Cultural de Macau18h: Debate “Literatura e Humor” com Rui Zink, Ricardo Araújo Pereira e Carlos Vaz Marques 20h: Exibição dos filmes “China, China”, “Red Dawn” e “The last time i saw Macau”, com a presença dos directores

QuInTA-FEIRA, 14 DE MARçO • Edifício do Antigo Tribunal17h: Exposição “Beyond Words”, com curadoria de Alice Kok

• Casa Garden19h: “Dialogue of Colours”, com a presença de pintores como Theodore Mesquita, Chen Yu e Huang Liyan

SEXTA-FEIRA, 15 DE MARçO• Livraria Portuguesa13h30: workshop de jornalismo literário com a jornalista Alexandra Lucas Coelho14h30: workshop de escrita criativa com Rui Zink18h: Debate “O que há de especial no sul da China?”, com Li Shaojun, Pan Wei e Huang Lihai. Moderação de António Conceição Júnior

• Instituto Português do Oriente18h: Debate “Todas as literaturas dentro dos países de língua portuguesa”, com Francisco José Viegas, Paulina Chiziane, Luís Cardoso e Valter Hugo Mãe, com moderação de Frederico Rato

• Teatro Venetian20h30: Summer Lei(ainda por confirmar)

SáBADO, 16 DE MARçO • Instituto Português do Oriente11h30: exibição do filme “Hou Bo, Xu Xiaobing, os fotógrafos de Mao”, de Claude Hudelot e Jean-Michelle Vecchinet

• Cinema Alegria14h: exibição dos filmes “Journey to the south”, de Wiseman Wang, “on the dragon’s flake”, de Ivo Ferreira, e “captains of sand”, de Cecília Amado

• Teatro Venetian20h30: concerto de Camané e Dead Combo

Domingo, 17 De março16h: “Cidades, espaço e literatura”, com Mauro Munhoz e Carlos Marreiros(local ainda por definir)

Rota das Letras espera atrair mais público de vários quadrantes, de dentro e fora de Macau

Para graúdos e especialmente miúdos

seja o Rota das Letras a encontrá--los. Os horários também foram mais bem arranjados, e menos sobrepostos, para que “mais gente participe”. Embora, aos dias de semana, decorram à mesma hora dois painéis literários, com início às 18h, um mais com autores da lusofonia, outro fundamentalmente com autores chineses. “Há sempre riscos em tudo mas faz sentido criar mais do que um evento em simultâ-neo destinado a diferentes públicos. Haverá, no entanto, sempre alguém a representar o outro lado”, explica o também proprietário do jornal Ponto Final.

Além dos nomes já anterior-mente avançados, juntam-se à lista escritora moçambicana Paulina Chiziane, a escritora brasileira Vanessa Bárbara, o cineasta Miguel

Gonçalves Mendes e a companhia Teatro Bruto, do Porto.

IC e Fundação MaCaudão uMa MãozInhaDesta vez, as entidades públicas apostam mais neste evento literá-rio. A fasquia é alta e a projecção do evento espera-se que atravesse fronteiras. “Todos falam de Macau como uma plataforma de intercâm-bio cultural entre o Oriente e o Oci-dente mas para melhor funcionar são precisos projectos. Este pode ter um impacto muito grande neste sentido”, começa por dizer Wu Zhiliang, presidente da FM. “É um intercâmbio nos dois sentidos que pode fazer prevalecer os valores e vida cultural de Macau.”

Além de que, acrescenta o vice--presidente do IC, é também “uma

plataforma para os escritores asse-gurarem as singularidades de Macau e permitirem aos locais trocarem experiências”. O também poeta Yao Jing Ming falava depois de Ricardo Pinto dar conta do sucesso da primei-ra edição a nível de registos literários de Macau por parte dos convidados que pela primeira vez escreveram sobre o território, algo que espera possa “ficar registado na literatura contemporânea”.

As duas instituições públicas par-ticipam com um milhão de patacas no orçamento total do festival (cerca de dois milhões) mas, não se ficam pelos financiamentos, prometem a divulga-ção do evento por meio de panfletos e dos websites, ‘merchandising’, convites à imprensa do continente, além da publicidade já feita nos jor-nais chineses locais. À semelhança do

ano passado, os Correios de Macau e a CTM também se juntam à incitativa mas o trunfo principal são as feiras dos livro, que decorre na Praça da Amizade, e os concertos de entrada livre, de Bernardo Devlin, às 17h, e L.A.V.Y, às 18h, do dia 9 de Março na Praça da Amizade (em frente ao hotel Sintra), e de Ines Trickovic, no dia seguinte, pelas 19h.

Concurso de contosNa primeira edição do Rota das Letras, foi criado um concurso de contos, para o público em geral, aberto nas três línguas. Célia Matias, natural de Tomar, Portugal, e residente em Macau, foi a seleccionada pelo escritor José Luís Peixoto como a detentora do melhor conto em versão portuguesa. Su Tong escolheu o romancista de Macau Lawrence Lei como o autor do melhor conto em chinês. E Xu Xi identificou Miodrag Kojadinovic como a melhor escritora em inglês. Mas também Susana Gonçalves, Chico Pascoal, Ieong Su Cheng e Kelvin U, que receberam menções honrosas, vão poder ver os seus contos publicados ao lado de autores conceituados - participantes da última edição, num livro trilingue, lançado no dia 10 de Março no Centro de Ciência.

Programa e convidados

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15sexta-feira 22.2.2013 www.hojemacau.com.mo desporto

O principal detective da polícia que estava a investigar o caso de Oscar Pistorius é

acusado de sete tentativas de ho-micídio, por ter disparado sobre uma carrinha de transporte de pessoas, em 2009. A rádio EWN, citando fonte do ministério pú-blico sul-africano, avançou que o detective foi retirado do caso que envolve o atleta paralímpico. Mas a polícia diz que, para já, isso não está previsto.

O detective da polícia fez um testemunho confuso e con-traditório, ontem, no segundo dia de audiência do julgamento caso. Chegou mesmo a concor-dar com a defesa do atleta que argumenta que o polícia não tem quaisquer provas que ponha em causa a teoria de que Pistorius terá matado a namorada aciden-talmente. Quando foi interroga-do pelo advogado de Pistorius, Botha referiu que a pessoa que tinha ouvido a discussão entre o atleta e a namorada, entre

Lakers batem Celtics e Nash supera MagicOs Los Angeles Lakers receberame venceram os Boston Celtics, na madrugada desta quinta-feira, por 113-99, em partida em que o conjunto californiano homenageou Jerry Buss, proprietário da equipa que faleceu segunda-feira, aos 80 anos. O melhor marcador dos Lakers foi o poste Dwight Howard, com um duplo-duplo de 24 pontos e 12 ressaltos - Kobe Bryant registou 16 pontos e 7 assistências -, mas o destaque da partida foi Steve Nash. O base dos californianos somou 14 pontos e sete assistências, valor que lhe permitiu superar a lenda do Lakers, Magic Johnson, no número de passes decisivos na história da NBA. Nash tem agora 10.144 assistências. Nos Celtics, o extremo Paul Pierce foi o único que fez verdadeiramente alguma coisa para tentar evitar a derrota. Acabou com 26 pontos e cinco assistências. Os Lakers passaram a somar 26 vitórias e 29 derrotas e ocupam agora a 9.ª posição na Conferência Oeste. O próximo jogo é em casa, frente aos Portland Trail Blazers.

MuitAs vezes torna--se difícil dissociar

Zlatan ibrahimovic da polémica. As afirmações controversas, entre outras coisas, são uma imagem de marca do avançado sueco do Paris saint-Germain e a entrevista concedida à revista alemã ‘11 Freund’, publicada esta quinta-feira, vem confirmar isso mesmo.

“sou o maior, a seguir a [Muhammed] Ali”, de-clarou o futebolista sobre

aquilo que diz representar para o desporto mundial, embora reconheça que o seu “ídolo de infância” seja Diego Armando Maradona.

Numa carreira marcada por várias mudanças de clube (e muitos títulos), ibrahimo-vic não fechou a porta a nova transferência, explicando que, a vir a jogar na Alema-nha, a escolha recairia sobre o Bayern Munique, que frisa estar entre “as cinco melhores equipas do mundo”.

O dianteiro de 31 anos recusou ainda manter algum problema com o antigo treinador do Barcelona, Pep Guardiola, e a propó-sito dos constantes casos polémicos a que o seu nome surge associado sentenciou: “Dizem coisas más sobre mim? sim, diz-se muita coisa. Mas 95% é mentira ou folclore. As histórias tornam-se mais divertidas e entretêm as pessoas, mas eu não me importo.”

Pistorius ganha vantagem com testemunho confuso de detective

Adeus publicidades

Zlatan Ibrahimovic inicia mais uma polémica

“sou o maior, depois de Ali”

as duas e as três da manhã na noite do crime estava numa casa a 600 metros de distância da casa de Pistorius. todavia, contrariou o que disse, quando foi interrogado pelo promotor,

ao afirmar que a testemunha estaria mais perto.

Outra das confusões do de-tective foi com a testosterona que disse ter sido encontrada na casa do atleta. O advogado

rebateu esta afirmação, dizendo que era um medicamento à base de ervas, apesar de ainda estar a ser analisado pela polícia.

O detective disse ainda que tinham sido encontrados dois iPhone na casa de banho e dois Blackberry no quarto e que ne-nhum dos telemóveis tinha sido utilizado para pedir ajuda. O advogado referiu a existência de um quinto telemóvel, que a polícia não tinha recolhido, que esse tinha sido usado pelo atleta para ligar para o hospital e para pedir ajuda.

O tribunal deve decidir na sexta-feira sobre o pedido de li-berdade condicional apresentado pela defesa de Pistorius.

O crime ainda não se provou, mas já vai ter efeitos a nível dos contratos publicitários. A Nike e a cosmética thierry Mugler infor-maram que não têm planos para futuras campanhas publicitárias com o atleta. E o fabricante de óculos de sol Oakley anunciou a suspensão do contrato “com efeito imediato”.

Page 16: Hoje Macau 22 FEV 2013 #2797

sexta-feira 22.2.2013publicidade16

www. iacm.gov.mo

AvisoDe acordo com o Despacho do Chefe do Executivo n.° 109/2005, os

requerimentos visando a renovação de licenças anuais, a emitir pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, devem ser tratados, anualmente, entre Janeiro e Fevereiro, salvo se outro prazo estiver fixado em disposição legal. Na falta de regime especial, a não renovação da licença anual no supramencionado prazo implica a cessação da actividade licenciada, salvo se o interessado proceder à respectiva regularização no prazo de 90 dias.

Caso efectue o pedido de renovação da licença anual no período de regularização de 90 dias, fica sujeito a uma taxa adicional calculada nos seguintes termos:

• Dentro de 30 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 30% da taxa da licença em causa;

• Dentro de 60 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 60% da taxa da licença em causa;

• Dentro de 90 dias, a contar do termo do prazo para a apresentação do pedido de renovação da licença: 100% da taxa da licença em causa.

Para um melhor conhecimento dos titulares de licença, é apresentada a seguinte tabela descritiva com o tipo de licenças a renovar entre 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro de 2013:

Tipos de Licença Local de tratamentodas formalidades

Licença de estabelecimentos de venda a retalho de aves de capoeira vivas

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público /Postos de Atendimento e Informação /

Núcleo de Expediente e Arquivo

Licença de estabelecimentos de venda a retalho de animais de estimaçãoLicença de venda a retalho de carnes frescas, refrigeradas e congeladasLicença de venda a retalho de vegetaisLicença de venda a retalho de pescadoLicença de animais de competiçãoLicença de outros animais – cavalo, muar ou asinino

Licença anual do cão de companhia ou de estimação

Canil Municipal / Posto de Atendimento Itinerante para o Requerimento e Renovação da Licença do Cão de

Estimação/ Centro de Serviços * / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao

Público ** é necessário ainda marcar uma data para a vacinação anti-rábica e, na data combinada, transportar o cão ao Canil

MunicipalLicença anual de lugares avulsos no mercado

Centro de Serviços / Todos os Centros de Prestação de Serviços ao Público

Licença de vendilhõesLicença de afixação de publicidade e propagandaAferição de equipamentos de pesagem ou mediçãoLicença de reclamos em veículosLicença de pejamento de carácter permanente

Licença de esplanadaCentro de Serviços / Centro de

Prestação de Serviços ao Público das Ilhas

Os locais e as horas de expediente, para o tratamento de requerimentos de renovação de licenças, são os seguintes:

Centro de Serviços do IACM:Avenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Centros de Prestação de Serviços ao Público:

Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona NorteRua Nova da Areia Preta, n.º 52, Centro de Serviços da RAEM, Macau.Centro de Prestação de Serviços ao Público das IlhasRua da Ponte Negra, Bairro Social da Taipa, n.º 75K, Taipa.Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona CentralRotunda de Carlos da Maia, Nos .5 e 7 , Complexo da Rotunda de Carlos da Maia, 3º andar, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 18:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Postos de Atendimento e Informação:

Posto de Atendimento e Informação CentralAvenida da Praia Grande, n.° 804, Edf. China Plaza, 2° andar, Macau.Posto de Atendimento e Informação Toi SanAvenida de Artur Tamagnini Barbosa n.º 127, Edf. Dona Julieta Nobre de Carvalho, Torre B, r/c, Macau.Posto de Atendimento e Informação de S. LourençoRua de João Lecaros, Complexo Municipal do Mercado de S. Lourenço, 4°andar, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 19:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Núcleo de Expediente e Arquivo:Avenida de Almeida Ribeiro, n.°163, r/c, Macau.- 2.ª a 5.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:45 horas.- 6.ª feira: das 9:00 às 13:00; das 14:30 às 17:30 horas.

Canil Municipal de Macau: Avenida do Almirante Lacerda, Macau.- 2.ª a 6.ª feira: das 9:00 às 17:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Canil Municipal de Coloane: Estrada de Cheoc Van, Coloane.- 2.ª feira: das 10:00 às 15:00 horas (Funciona durante as horas de almoço).

Os formulários de pedido de renovação das supramencionadas licenças (excepto para a Licença de Vendilhões) poderão ser obtidos no website do IACM (www.iacm.gov.mo). Para mais informações, queira ligar para a Linha do Cidadão do IACM, através do telefone no 2833 7676.

Macau, 06 de Novembro de 2012.

O Presidente do Conselho de Administração,

Tam Vai Man

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17sexta-feira 22.2.2013 www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

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Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

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SoluçõeS do problema

HoRiZonTaiS: 1-Fixam. leTRa. 2-aRi. ema. val. 3-TaxideRmiCo. 4-aR. Silva. He. 5-laBoR. aCTaS. 6-ala. lai. 7-meRa. a. Bago. 8-ap. ReZaR. eS. 9-poSam. magaS. 10-aCa. aia. ido. 11-SaiaS. lemaS.veRTiCaiS: 1-FaTal. mapaS. 2-iRaRa. epoCa. 3-xix. BaR. Sai. 4-a. iSolaRa. a. 5-mediRa. emaS. 6-mel. aZ. i 7-laRval. amal. 8-e. maCaBRa. e. 9-Tvi. Tia. gim. 10-RaCHa. geada. 11-aloeS. oSSoS.

regras |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3x3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

Solução do pRoBlemado dia anTeRioR

Aqui há gato

Pu Yi

HoriZontais: 1-Guardam bem na memória. Cada um dos caracteres do abecedário. 2-nome do homem. nome de mulher.o. m. q. vale. 3-Relativo à taxidermia. 4-Semelhança. apelido. Hélio (s.q.). 5-Trabalho. Registos, escrituras. 6-deus dos maometanos. pequeno poema cantado pelos jograis na idade média. 7-Sem mistura, pura. Cada um dos frutos que formam o cacho. 8-aprovado (abrev.). orar. existes. 9-Servem de modelo. Feiticeiras. 10-Cheiro desagradável (Bras.). preceptora. visitado. 11-vestuário de meulher. (pl.). argumentos, temas.

vertiCais: 1-desastroso. Cartas celestes. 2-Causara ira a. espaço de tempo. 3-19 (rom.). Balção onde se servem bebidas. desocupa, afasta-se. 4-Tornara incomunicável ou solitário. 5-avaliara a medida. espécie de avestruz (pl.). 6-Substância preparada pelas abelhas. esquadrão. 7-Relativo a fantasma (poét.). Condutor de palanquim na india. 8-Fúnebre. 9-Televisão indepedente (sigla). mulher solteira já de certa idade. Bebida alcoólica. 10-abre fendas.orvalho congelado. 11-planta liliácea de suco amargo. as partes difíceis de um empreendimento (Fig.).

Sala 1one piece film z [b](Falado em japonêS, legendado em CHinêS)um filme de: Tatsuya nagamine14:30, 19:30

i loVe HonG KonG 2013 [b](Falado em CanTonêS, legendado em CHinêS e inglêS)um filme de: Chung Shu-kaiCom: eric Tsang, Bosco Wong, michael Tse, Kate Tsui16.30, 21:30

Sala 2journey to tHe weSt:conquerinG tHe demonS [c](Falado em CanTonêS legendado em CHinêS e inglêS)um filme de: Stephen Chow, derek KwokCom: Shu Qi, Wen Zhang, Huang Bo, Show lo14.30, 19.30

journey to tHe weSt:conquerinG tHe demonS [3d] [c](Falado em CanTonêS legendado em CHinêS e inglêS)um filme de: Stephen Chow, derek KwokCom: Shu Qi, Wen Zhang, Huang Bo, Show lo16.30, 21.30

Sala 3lincoln [b]um filme de: Steven SpielbergCom: daniel day-lewis, Tommy lee jones, joseph gordon-levitt14:30, 18:15, 21:00

ProTeSToS TrAzem ACçãoA visita do presidente da Assembleia Popular Nacional (APN), Wu Bangguo, está a deixar os jornalistas perfeitamente entediados. São tratados como animais selvagens - amestrados a um canto - com acesso muito limitado ao ilustre visitante e personalidades locais que o recebem.ou seja, se no primeiro dia foram ao engano e pensavam em poder chegar perto e trocar impressões do responsável do supremo órgão de poder do estado, hoje (ao terceiro e último dia de visita) já não têm dúvidas de que o que os espera é, na melhor das hipóteses, discursos em papel ou traduzidos oralmente (no caso dos portugueses) cuja novidade da narrativa é zero e a possibilidade de sacar muitas fotografias que só o dão a conhecer ao longe, por trás de ecrãs ou de uma comitiva de guarda-costas. Logo, a única coisa que os anima é a possibilidade de “protestos” de associações políticas locais ou de activistas individuais.No primeiro dia, quarta-feira, houve “distúrbios” embora suficientemente pacíficos para entusiasmar a comunicação social. Chegaram antes mesmo de Wu Bangguo ter descido do avião que o transportava de Pequim. Portanto, não chegou a conhecer de viva voz a mensagem anti-corrupção dos manifestantes. Retiraram-se da cena pacificamente. Ou seja, emoção zero!mas ontem o caso foi diferente. Numa sessão, a meio da tarde, na Torre macau, onde poucos davam alguma coisa por ela, eis que aparece Jason Chao e Lei Kin Un para animar a espera dos jornalistas por Wu Bangguo. e aqui o coro de protestos fez-se ouvir com clareza e determinação. De tal forma que a retirada não foi pacífica. Polícias, à paisana, empurraram-nos com alguma brusquidão da entrada da Torre macau, zona pública por sinal, e obrigaram-nos a entrar numa carrinha não identificada. Algo ilícito? As testemunhas oculares não devem ter essa impressão. e mais: por que razão são censuradas as mensagens por eles divulgadas - por meio de um papel - à comunicação social? estará a liberdade de expressão limitada? Parece que, quando representantes da mãe pátria se deslocam a macau, mais do que nunca. As regras são outras e o respeitinho é bom e exige-se!

tsunami • Robert MuchamoreApós um violento tsunami destruir quase por completo uma ilha tropical, o seu governador aproveita a situação para construir estâncias de luxo muito lucrativas. James Adams tem como missão proteger a família corrupta do governador da ilha e o agente não gosta muito da ideia, sabendo que esta será a sua última missão na Cherub. e, para complicar ainda mais, o seu colega Kyle Blueman reaparece com um plano ultra secreto, nada oficial e muito, muito perigoso… Chegada a hora da verdade, James terá de escolher entre ser leal à Cherub ou ao seu melhor amigo.

na Cama Com um HigHLander • Maya Banksewan, o mais velho dos irmãos mcCabe, é um guerreiro decidido a destruir o seu inimigo. Agora que o momento é ideal para a guerra, os seus homens estão preparados e ewan quer reaver aquilo que lhe pertence – até que uma tentação de olhos azuis e cabelo negro se atravessa no seu caminho. mairin pode muito bem ser a salvação para o clã de ewan, mas, para um homem que sonha com vingança, as questões do coração são um território desconhecido a conquistar.

linColn

tdm13:00 Tdm news - Repetição13:30 Telejornal + 360º (diferido)14:45 RTpi directo19:00 Tdm Talk Show (Repetição)19:30 vingança20:30 Telejornal21:15 ler + ler melhor21:30 Cenas de um Casamento22:10 escrito nas estrelas23:00 Tdm news23:30 Resumo liga europa23:45 liga europa: Benfica – Bayer leverkusen (Repetição)01:15 Telejornal – Repetição01:45 RTpi directo

inFoRmação Tdm

rtPi 8215:00 Telejornal madeira15:35 Sexta às 916:10 ler +, ler melhor16:20 portugal de... joana Carneiro17:00 Bom dia portugal 18:00 o nosso Tempo18:30 estado de graça19:00 Feitos ao Bife20:15 depois do adeus21:00 jornal da Tarde22:15 o preço Certo23:05 ler +, ler melhor23:15 portugal no Coração

30 - FOX Sports13:00 australian ironman 2012/1314:30 premier league darts 201216:00 Tour of oman 201317:00 Big Ten Conference Basketball 2012/13 penn State vs. illinois19:00 The Football Review 2012-201319:30 (live) Fox SpoRTS Central20:00 (live) asean Basketball league 2013 Saigon Heat vs. Singapore Slingers22:00 Fox SpoRTS Central22:30 Football asia 2012/1323:00 Smash 201323:30 FSC investigates: match Fixing

31 - STAR Sports13:00 oneasia: Qualifying School Highlights14:00 Bwf Copenhagen masters 2012 - Highlights15:00 F1 Classics - 1994 Brazilian Grand Prix16:00 F1 Classics - 1995 Belgian Grand Prix17:00 accenture World matchplay 201320:00 motogp World Championship 2011 - Highlights Gran Premio De Aragon21:00 game 201221:30 (live) Score Tonight 201322:00 Fina aquatics World 201322:30 game 201223:00 Fim Snowcross World Championship 2013

40 - FOX Movies11:40 my Week With marilyn13:20 The muppets15:05 Cheaper By The dozen 216:40 Transporter: The Series17:30 ghost Rider19:25 The Resident21:00 The international23:00 The grey

41 - HBO11:45 S.W.a.T.13:40 Bad Boys ii16:00 The majestic18:30 all You’ve got20:10 miss Congeniality22:00 Transformers: dark of The moon00:30 Bad Teacher

42 - Cinemax12:30 Star Trek insurrection14:15 point of no Return16:00 prehistoric Women17:30 Knight Rider 200019:00 The Scorpion King 320:45 epad on max 20221:00 Banshee23:00 Spartacus: vengeance00:45 Highway

(com 19 casas pretas)

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sexta-feira 22.2.2013opinião18 www.hojemacau.com.mo

cartoon cameron na índiapor Steff

StamoS habituados a que a ac-tualidade noticiosa seja marcada por crises humanitárias, guerras nacionais ou regionais, ataques terroristas, escândalos ou tropelias políticas. tudo isso faz parte dos

contornos de um mundo em mutação, imerso em suas contradições e sem rumo predicável.

É menos comum que assuntos de fé e de liderança espiritual numa das grandes religiões do mundo ocupe a atenção dos media e por reflexo do público.

A renúncia de Bento XVI ao apostolado pontifício marcará seguramente esta segun-da década do terceiro milénio. Porque é inusitada, porque é pouco perceptível nas suas razões mais profundas, porque coloca a Igreja Apostólica Romana numa das crises profundas da sua história.

Comento-o não como prosélito mas como laico. Identifico-me com muitos dos valores primordiais da Igreja de Roma embora rejeite o dogma e menos aprecie as regras de funcionamento que estimulam a obediência cega, a hierarquização do mando e o conventículo à volta de aspectos menos abonatórios da sua vida interna corrente.

Guardarei de Bento XVI a imagem de um Cardeal que tomou o testemunho de um Papa carismático, profundamente humanista e caloroso: Karol Józef Wojtyła. E fê-lo em condições muito difíceis. Desde logo pela impossibilidade prática de ser uma réplica,

Outra leitura será porventura mais razoável. A que o paradigma do regresso ao divino é de coesão que existe uma carência de espiritualidade e transcendência, mas que existem vários caminhos e não um único exclusivo e exclusivista

crepúsculo dos ídolosArnaldo Gonçalves

O legado do Papa Bento XVIcomo líder apostólico, de um Pastor que marcou a história da Igreja e que a reconci-liou com o mundo exterior pouco sensível à mensagem de missionação difundida por ela. Por outro lado, pelo facto da nacionalidade alemã de Bento XVI ligar o prelado a um dos períodos mais negros e sanguinários da história moderna da Europa: a tirania nazi.

A Igreja de Roma surgiu sempre associa-da às ditaduras fascistas da década de 1930, aparecendo aos olhos do público como o braço ideológico de regimes autoritários que vigoravam na Alemanha, em Itália, em Espanha ou em Portugal. Discursando no Reichtag em 1936 Hitler dizia a propósito: “acredito que estou ao serviço do Criador Supremo. ao livrar o mundo dos judeus estou a lutar pela obra divina. ”

A passagem de Bento XVI pela juventu-de hitleriana, a sua acção como perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé entidade que sucedeu à Suprema e Sacra Congregação do Santo ofício reforçaram a ideia de uma postura conservadora e intolerante quanto aos problemas da fé e do mundo.

Estes sinais de crispação dogmática não foram confirmados no seu apostolado como Papa. Bento XVI continuou e aprofundou o trabalho apostólico do seu antecessor na aproximação a outras religiões e crenças relevantes no mundo contemporâneo como passou a ideia da revivificação do papel da espiritualidade e da mensagem divina num mundo carente de valores, como caminho para se sair da armadilha do materialismo e do relativismo desestruturado.

assinalo, com grande apreço, a profundi-

dade epistemológica do seu discurso na Aula Magna da Universidade de Resenburg em Se-tembro de 2006, quando falou sobre “Fé, Razão e a Universidade”. E pegando nas reflexões de um prosélito do Islão sobre o papel da violência na propagação da fé se deteve na interacção entre a mensagem divina e o Logos partindo do belíssimo prólogo do Livro de João: “No princípio era o Verbo e o Verbo era Deus”. Na transliteração do grego “En archē ēn ho Lógos” em que “logos”é “Λόγος”.

Na visão helénica Deus age com “logos”, isto é com razão. “Logos” aqui usado num duplo sentido de “razão” e “palavra”, uma razão que é simultaneamente criadora e capaz de se fazer ouvir como razão. Desta retratação resulta que não agir de acordo com o “logos”é contrário à natureza e à mensagem de Deus. o cristianismo em geral, o catolicismo em particular, captaram e alardearam esta noção essencial que entre o divino e o humano, entre o espírito do Criador e a razão humana existe uma efectiva analogia e correspondência. Nas palavras de Bento XVI

“Deus não é mais divino pelo facto de que o afastamos para longe de nós num voluntarismo impenetrável, mas o Deus verdadeiramente divino é aquele que se mostrou como logos e como logos agiu e age pleno de amor em nosso favor”. E mais adiante “a aproximação interior entre a fé bíblica e o interrogar-se sobre o plano filosófico do pensamento grego é um elemento decisivo (…) não surpreende que o cristianismo apesar da sua origem oriental tenha por fim encontrado a sua marca historicamente decisiva na Europa”.

Esta dualidade simultaneamente humana e divina da natureza intrínseca do Homem como receptáculo da razão (logos) que é ao mesmo tempo conhecimento e inteligência e percepção da valência transcendente e impe-recível do Criador, é dos desafios filosóficos mais estimulantes e perenes do pensamento contemporâneo. Porque é (um desafio) intemporal, porque cruza o frontispício da modernidade e salta à tradição; porque liga os domínios alegadamente antagónicos do “tao”humano: o “religo” e a “sophia”.

No fim do apostolado de Bento XVI e perante os termos invulgarmente sucintos da sua declaração de renúncia surgem interrogações sobre a exacta dimensão do seu testamento teológico. Haverá que veja na sua luta contra o laicismo e a laicidade o definitivo ajuste de contas com o iluminismo. Nessa visão a re-evangilização da Europa significa fixar na Igreja o papel de censor da modernidade, sobrepor o juízo desta à legitimidade do Estado de fixar um outro quadro normativo de vivência colectiva, dificultando os divórcios, ilegalizando o aborto, mantendo a proibição de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, entregando o sistema de ensino à Igreja, reeditando meca-nismos de censura à liberdade de expressão.

outra leitura será porventura mais razoável. a que o paradigma do regresso ao divino é de coesão que existe uma carência de espiri-tualidade e transcendência, mas que existem vários caminhos e não um único exclusivo e exclusivista. As dúvidas e problemas subsis-tem: a contaminação do divino pelos metais, os desvios comportamentais de prelados da Igreja que são eximidos ao julgamento da justiça secular; o tabu da sexualidade entre os homens da Igreja; o repto de novas religiões que perseguem porventura respostas mais efectivas para as questões do sofrimento, da pobreza, da solidão, do envelhecimento, da injustiça na comunidade dos homens.

Não sabemos neste momento em que direcção aponta o debate intramuros sobre quem sucederá a Bento XVI. Numa ins-tituição secular como a Igreja Apostólica Romana a necessidade de mudar e inovar tem cedido muitas vezes ao instinto da so-brevivência e do comodismo. Às vezes ela tem sentido que é o momento de cortar com o passado e retomar o papel central que tem no mundo cristão e na Europa. Esperemos que este seja um tempo de mudança.

“Não se perturbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.”

João 14:1

E

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19opiniãosexta-feira 22.2.2013 www.hojemacau.com.mo

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ste texto devia ser sobre os de-putados e os prováveis candidatos a deputados que vamos ter nas eleições legislativas cá da terra em setembro que aí vem. Ou então sobre a visita de Wu Bangguo a

Macau. Afinal, mais coisa menos coisa, foram os dois temas da semana cá do burgo. Mas não me apetece. tempo não falta para falar das eleições e dos deputados que pou-cos convencem, e as visitas de Estado são visitas de estado. Hoje não me apetece estar aqui: vou para um Portugal onde não estou, de onde sou e de onde nunca me desliguei.

sei que metade dos leitores virou a pá-gina no final do último parágrafo – muitos dos portugueses que cá vivem, nascidos cá ou nascidos lá, foram-se afastando do país que um dia foi mais deles do que agora é. A outra metade ainda está a ler – para eles, como para mim, Portugal continua a dizer de mais para não se lerem as notícias que importam nos momentos que importam.

Não sei o que está a acontecer àquele país – sei mas não sei. Vim de lá há 12 anos quando a crise não fazia parte do vocabulário, a economia era assunto para suplementos aborrecidos de jornais que só alguns liam, o euro ainda vinha a caminho e a vida fazia-se fazendo-se, mais ou menos alegremente. Nunca estive desempregada nos meus cinco anos de vida adulta em Portugal – os empregos aconteciam, as oportunidades apareciam. Vim para Macau por bicho-carpinteiro, não por aflição – mas já com a sensação, indefinida e injustificada, de que os horizontes eram só os geográficos. Belos como a geografia, pequenos como a geografia. De qualquer modo, vim porque me apeteceu – não por me terem empurrado.

Vejo-os a chegar, os novos portugue-ses, como lhes chamamos aqui na terra, e conheço-os aflitos. Vejo-os a chegar, uns quantos anos mais novos do que eu, e eles explicam que cresceram com a crise na ponta da língua dos adultos. entraram para bolonheses cursos, de onde saem mestres sem tempo sequer para terem ideias, mas com a noção clara de que o mercado de trabalho está saturado e de que não lhes vai ser dada a oportunidade de experimentarem ser o que estudaram.

O bilhete para Macau dos que agora chegam foi o bilhete para uma oportunidade que deviam encontrar onde nasceram, onde queimaram pestanas e onde os pais pagaram impostos. O bilhete para Luanda, para o Rio de Janeiro, para Sidney e para Paris tem o mesmo significado – fugir a uma vida para encontrar outra um bocadinho mais digna. Já

O resto, a economia e a política e o défice e a troika e a culpa do passado e dos que fizeram mal as contas e dos que mentiram e dos que mentiram também, não me apetece. Apetece-me mais as pessoas, as que cresceram a ouvir falar de crise e as que vão morrer na crise, para que um dia destes não se cresça com a crise, nem se morra na crise

Bicho-carpinteiro

não se anda à aventura, que os tempos não são para bichos-carpinteiros. Já não se pensa duas vezes antes de atravessar o mundo. O medo está em ficar, não em partir.

Vejo-os a ficar, os portugueses que lá estão. Muitos por falta de opção, outros porque acreditam que é ali que devem estar, porque ainda acreditam. Vejo-os a ficar, mas com a sombra de que amanhã nunca se sabe como vai ser. Despedem-se pessoas às mãos-cheias, como se de um momento para o outro não fizessem falta, como se nunca

tivessem feito falta. Olha-se para o vizinho de secretária e contam-se os dias em que não chega a vez.

E depois vejo-os a ficar devagarinho, os velhos que lá estão. Não são idosos nem pertencem à terceira idade, e também não são cidadãos seniores – são velhos tratados como velhos que envelhecem devagarinho num país que não é para velhos (desculpem--me o cliché cinematográfico). Muitos deles passaram a vida a pagar impostos para que eles, e outros com menos possibilidades do

Eque eles, pudessem ter uma velhice sosse-gada, com o apoio no básico que desapren-demos porque envelhecemos. Uma velhice sossegada não é reaprender a contar trocos que, ainda por cima, já não são em escudos, nem em contos.

Vejo-os a falar, os portugueses que man-dam porque democraticamente se quis que mandassem. e também vejo os portugueses que não mandam e que de oposição têm pouco ou nada. Vejo-os e são todos mais ou menos iguais, com diferenças óbvias no nó e na cor das gravatas, e percebo que já não se acredite, nem nuns, nem noutros.

Depois há todos os outros que não vejo – os que estão bem e se recomendam, os que estão como todos os outros deviam estar, em sossego. E não os vejo por serem, claramente, poucos.

Desconheço a história de vida e a filiação política de quem canta a Grândola por onde os ministros passam, mas não me interessa. Sei que não são a minoria – contam-se pelos dedos, mas depois há os outros que cantam em silêncio, sem partido nem cor política, longe dos sítios onde os ministros passam e ainda mais longe das câmaras de televisão.

Desconheço a história de vida dos miúdos que atormentaram o ministro que não andou com eles na escola, mas não me interessa – é gente que devia estar a sonhar com todas as impossibilidades com que se sonha quando ainda se tem idade para andar na escola, porque foi para isso que outros, mais velhos do que eu, cantaram a Grândola.

E há ainda aqueles que são como eu e vejo-os por aqui, ao meu lado. Chegaram sem aflições e com bicho-carpinteiro que não passa com a idade. Foram ficando, fecharam-se as portas. Lêem as palavras do primeiro-ministro do país deles e riem--se de esguelha, a malta quer lá saber de votos distantes de ano da serpente e do quão importante é para o país. A malta queria era saber que a porta está aberta. Mas não está.

Os horizontes são os da geografia. Para os que vejo lá e para os que vejo aqui. somos uns milhões presos a uma geografia que anda sem mar e com pouca terra. Uma geografia que vamos ter de inventar de novo. O resto, a economia e a política e o défice e a troika e a culpa do passado e dos que fizeram mal as contas e dos que mentiram e dos que menti-ram também, não me apetece. Apetece-me mais as pessoas, as que cresceram a ouvir falar de crise e as que vão morrer na crise, para que um dia destes não se cresça com a crise, nem se morra na crise, as portas se abram e a malta que sair o faça principal-mente por bicho-carpinteiro.

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sexta-feira 22.2.2013www.hojemacau.com.mo

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A secretária-geral adjunta do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países

de Língua Portuguesa vai deslocar-se, na próxima semana, a Portugal, onde manterá encontros, nomeadamente com a presidente da Assembleia da República.

Segundo uma nota divulgada hoje pelo Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau, Rita Santos, que coordena aquele núcleo, vai visitar Portugal, entre os dias 24 deste mês e 1 de Março, a convite do Secretário de Estado das Comunidades Portugue-sas, para participar numa série de actividades e manter vários encon-tros de alto nível.

Na próxima segunda-feira, Rita Santos marcará presença no 18.º Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas de Portugal, estando previstos encontros com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, bem como com o chefe de gabinete do Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares de Portugal - indigitado cônsul-geral de Portugal em Macau -, Vítor Sereno.

Durante a estada em Portugal, Rita Santos irá também reunir-se com a pre-sidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, com o presidente da Agência para o Investimento e Co-mércio Externo de Portugal (AICEP), Pedro Reis, com o presidente da As-

Rita Santos em Lisboa a convite do Governo

Ao mais alto nívelsociação Industrial Portuguesa, entre outros, “aproveitando para promover o 10.º aniversário do Fórum” - que se celebra este ano.

Os encontros servirão ainda para trocar impressões com os responsá-veis, nomeadamente “sobre o melhor desempenho do papel de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, refere a nota.

Já na terça-feira, dia 26, a represen-tante do Fórum Macau vai participar num seminário, no Instituto Supe-rior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). No dia seguinte, discursa numa reunião inserida no Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas de Portugal.

A Secretária-geral Adjunta do Fórum “deseja aproveitar esta opor-tunidade para divulgar a importância de Macau como a plataforma econó-mica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa junto dos representantes do sector industrial e comercial de Portugal, no intuito de atrair mais empresas portuguesas para explorar oportunidades comerciais no Interior da China e em Macau”, lê-se na mesma nota.

Empresas do Interior da China e de Macau vão participar nas actividades do 18.º Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas de Portugal, no entanto, o número não é especifica-do. - Lusa