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h TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 25 MAX 29 HUMIDADE 70-95% • CÂMBIOS EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 22 DE JUNHO DE 2012 ANO XI Nº 2637 PUB Ter para ler Joana TRÁFICO HUMANO Executivo desmente relatório norte-americano PÁGINA 4 Em declarações difundidas ontem, a direcção do Clu- be Náutico afirmou que ainda seria possível alterar o contrato de concessão, havendo assim hipótese de lá erguer um empreendimento residencial. Em resposta ao Hoje Macau, a DSSOPT reforçou a sua posição, mantida desde a cedência dos terrenos ao clube: habitações estão fora de questão. PÁGINA 5 Governo acaba com dúvidas sobre terrenos do Clube Náutico Casas nem pensar COMISSARIADO DE AUDITORIA Fundação Macau acusada no uso de subsídios ÚLTIMA CENTRAIS Meias ou patins

Hoje Macau 22 JUN 2012 #2637

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Edição do Hoje Macau de 22 de Junho de 2012 • Ano X • N.º 2637

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 25 MAX 29 HUMIDADE 70-95% • CÂMBIOS EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 22 DE JUNHO DE 2012 • ANO XI • Nº 2637

PUB

Ter para ler

• JoanaTRÁFICO HUMANO

Executivo desmente relatório norte-americano

PÁGINA 4

Em declarações difundidas ontem, a direcção do Clu-be Náutico afirmou que ainda seria possível alterar o contrato de concessão, havendo assim hipótese de lá erguer um empreendimento residencial. Em resposta ao Hoje Macau, a DSSOPT reforçou a sua posição, mantida desde a cedência dos terrenos ao clube: habitações estão fora de questão. PÁGINA 5

Governo acaba com dúvidas sobre terrenos do Clube Náutico

Casas nem pensar

COMISSARIADO DE AUDITORIA

Fundação Macauacusada no usode subsídios

ÚLTIMA

CENTRAIS

Meias ou patins

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PUB

2 políitica sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

C O M U N I C A D O

OssóciosdoClubeNáuticodeMacauabaixoidentificados,nãoconformadoscomapresentesituaçãodoclubeservem-sedopresenteparamanifestar o seguinte:

1. RejeitarqualquerpropostadaactualDirecção,quevisevincularoClubeNáuticodeMacaunumesquemaouacordodeinvestimentosemquetivesseobtidopreviamenteoimprescendívelconsentimentodoGovernorelativamenteapossibilidadedealteraçãodafinalidadedoterrenoquefoidestinado,exclusivamente,paraaconstruçãodasua Sede na Doca do Lamau.

2. RepudiarecondenarqualqueractoouatitudedosquevisemprejudicaroprestígioouaboaimagemdoClube,servindo-sedeesquemasouacordoscomvistaaobtençãodebenefíciosporviadecedênciadeacçõesdecompanhiassediadasounãoemMacauecomaapresentaçãodeprojectosconceptuaiselaboradosparaoefeito.

3. Apelaratodosospotenciaisinvestidoresparanãoacreditarememqualquer proposta que lhes forem presentes sobre a possibilidade de poderconstruirnoterrenodaDocadoLamauumoumaisedifíciosresidenciais e comerciais.

4. Apelar,ainda,atodososquesesintamlesadosapresentaremqueixasjunto das Autoridades.

5. PediraAdministraçãodaRAEMparainiciar,desdejá,umainvestigaçãoparaevitarquecidadãosdaChinacontinentaloudeTaiwan sejam fraudulados.

Macau,aos22deJunhode2012.

Adriano Pinto Marques Manuel Maria Gomes Bob Rugges Robert Duplis HoManCheong JorgeFão

Cecília [email protected]

CH A N G M e n g Kam acusou o Governo de ter um organigra-

ma de funcionamento confuso e ineficaz, com sobreposição de funções e departamentos a mais. José Chu, director da Direcção dos Serviços de Adminis-tração e Função Pública (DSAFP), em resposta, concordou ser necessário proceder à reforma da administração pública. Disse que o Executivo irá realizar o estudo e a revisão relevantes das funções que se sobrepõem em cada de-partamento, como também implementar a revisão da coordenação entre os de-partamentos.

Na sua interpelação escrita, Chan Meng Kam

AS obras do novo terminal marítimo que estão a decorrer na Taipa receberam

uma visita governamental. O Chefe do Exe-cutivo, Chui Sai On, esteve nas instalações para “observar e conhecer o andamento das obras de ampliação das estruturas princi-pais”, tendo dado “instruções aos serviços competentes para ponderarem sobre as capacidades receptoras do novo terminal”. Chui Sai On deseja que sejam realizadas simulações e exercícios de funcionamento, “para que o terminal seja fluente e ordenado após a abertura ao público”.

Numa visita que contou com outras figuras do Governo, o Chefe do Executi-vo lembrou que o sector dos transportes marítimos vai manter-se na agenda. “O Governo irá continuar a aperfeiçoar o ser-viço e gestão das instalações de transporte

Chui Sai On foi à Taipa conhecer o novo terminal

Transportes marítimos na mira do Governo

marítimo, no sentido de disponibilizar aos turistas e residentes um transporte mais confortável e facilitado”.

Na mesma ocasião, ficou reforçada a conclusão desta obra para 2013, sendo que posteriormente “será o maior terminal marítimo de Macau”, em cooperação com o aeroporto.

ENCONTRO COM ASSOCIAÇÕESNo mesmo dia, o Chefe do Executivo apro-veitou o tempo na agenda para se reunir com duas associações na Sede do Governo. A comissão preparatória do Centro para o Desenvolvimento do Raciocínio Criativo de Guangdong – Macau e a associação Zhuji, de cantonenses em Macau, foram recebidas no edifício situado na Avenida da Praia Grande.

Sobreposição de funções continua na ordem do dia

Governo admite mudar departamentosafirmou que, desde a transição, ou seja, em 12 anos, o Governo da RAEM estabeleceu cinco secreta-rias, mais de 30 Direcções de Serviços e mais de dez Departamentos e Divi-sões. Depois comparou com Hong Kong, onde o Executivo só tem três Secretarias e 12 Direc-ções. “Para que precisa o Governo da RAEM de tanta gente?”, questionou o deputado.

DEMASIADO JUNTOSO deputado considera

também que há casos gra-ves de sobreposição de fun-ções. Por exemplo, entre a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) e o Gabinete para as Infra--estruturas de Transportes

(GIT). “A gestão das terras nunca é transparente e a lei das terras já está muito atrasada. Por causa da sobreposição de funções dos organismos, a obra do novo cais na Taipa, o evento do novo campus da Universidade de Macau na Ilha Montanha e a cons-tituição do metro ligeiro causaram vários problemas na comunidade. A DSAFP, potrém, fechou os olhos a tudo isso.”

José Chu foi contido a responder a este ponto. “O Governo trabalha sempre para racionalizar as rela-ções funcionais entre os departamentos, para criar a estrutura organizacional razoável e coordenada, além de promover a clara divisão de responsabilida-des para controlar eficaz-mente o tamanho da sua administração.”

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3políticasexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

DEPOIS de um longo processo de ausculta-ção pública, onde as opiniões dos advoga-

dos também foram tidas em conta, as Alterações ao Código do Pro-cesso Penal vão amanhã ser dis-cutidas e votadas na generalidade na Assembleia Legislativa (AL). A Associação dos Advogados de Macau (AAM), porém, continua reticente face aos pontos que serão alterados. Num parecer enviado ao Executivo, a classe mostrou todo o seu descontentamento. A mudança do Código Penal traz “profundas implicações no orde-namento jurídico”, diz o parecer, citado pela Rádio Macau.

Ao Hoje Macau, Paulino Comandante, vice-presidente da AAM, abordou o assunto. “Parece que o Governo não concordou integralmente com as nossas su-

Executivo põe sugestões dos advogados na gaveta. Sem explicações

Mudanças no Código Penal geram dúvidasA Associação dos Advogados de Macau enviou um parecer ao Executivo, sinónimo de muitas questões face às Alterações do Código do Processo Penal. “Parece que o Governo não concordou integralmente com as nossas sugestões e não sei porquê”, afirma Paulino Comandante

Mais contacto com a “vida real”Questionado sobre se o processo de avaliação dos magistrados poderá ser uma consequência das declarações de Jorge Neto Valente, presidente da AAM, Paulino Comandante acredita que não. “A opinião dele foi dada partindo do principio da boa-fé, de ter um sistema jurídico melhorado e aperfeiçoado.” O vice-presidente da AAM volta, assim, a afirmar que os juízes deveriam estar mais ligados à “vida real”. “Pessoalmente acho que os juízes podem ser bons profissionais, mas o conhecimento que possam ter da sociedade é sempre mais diminuto face ao de um advogado. O conhecimento profundo da vida real ajuda muito à justiça.” Entre advogados e magistrados, a relação também devia melhorar. “Poderia haver mais contactos até fora do tribunal, o que poderia ajudar à compreensão mútua e no trabalho do tribunal, sem que isso fosse considerado algo de suspeito”, diz Paulino Comandante.

gestões e não sei porquê.” Para ele, as alterações podem pôr em causa os direitos dos cidadãos. “A ideia de simplificar e acelerar os trâmi-tes processuais é importante, não se pode é prescindir dos direitos fundamentais dos cidadãos. Quem vai pagar o preço são os cidadãos.” Reforça ainda esta ideia salientan-do que a eliminação de algumas diligências é má tanto para quem é arguido como para quem acusa.

Além disso, deve alargar-se o prazo para interpor um processo. “No actual Código Penal são dez dias seja qual for o caso, e penso que a AAM recomendou que o prazo fosse alargado para 20 dias. O que está mais em causa é a pró-pria administração dos processos, no dia-a-dia dos tribunais.”

Paulino Comandante realça ainda que, para lá de recomen-dações de carácter técnico, os advogados estão contra a possi-bilidade do termo de identidade e residência poder vir a ser aplicado

pelas entidades que fazem a inves-tigação criminal. A AAM diz que essa competência deve continuar a pertencer ao juiz de instrução, para além de estar contra a leitura dos autos e declarações em sede de audiência.

“MUITA COISA A MODIFICAR”Foi no ano passado que uma comissão da AAM analisou as alterações a serem feitas. O ad-vogado Pedro Leal não fez parte desse grupo mas considera que o Código Penal “tem de ser revisto”. “Tenho batalhado num assunto desde o início, mas não sei se vai ser contemplado na revisão, que é: as pessoas julgadas à revelia não podem pedir um novo jul-gamento.”

Porque Macau é um território pequeno, onde muitos crimes são cometidos por pessoas do conti-nente, Pedro Leal diz que “o que valia a pena era fazer a repetição do julgamento”.

“No antigo Código Penal o arguido podia requerer novo julgamento, a dizer que não esteve presente e que não teve conhecimento. Hoje em dia a única coisa que se pode fazer é recorrer, e esse recurso vai estar sempre dependente do Tribunal de Ultima Instância (TUI), por-que a segunda instância não vai fazer alterações.”

Pedro Leal diz que “há muita coisa a modificar” e dá como mais um exemplo a necessidade de “igualdade de armas entre o Ministério Público (MP) e o arguido”, porque “tudo se pas-sa à revelia do advogado”. “O MP cozinha todo o processo e só depois da acusação é que os advogados tomam conhecimento do que se passa.”

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4 sociedade sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

OS dados avançados por Washington fo-ram desanimadores. Macau “não cumpre

totalmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico”, diz o relatório anual do Departamen-to de Estado norte-americano. Não houve “qualquer progresso na acusação de infractores de tráfico sexual e de trabalho for-çado” já que, segundo indica o documento, há uma ausência de condenações em 2011. No en-tanto, segundo dados divulgados pelo CAMDTP ao Hoje Macau, houve um caso encaminhado a tribunal no último ano, que levou a pena de prisão, embora não esteja especificado na resposta o número de pessoas condenadas. “No dia 26 de Outubro de 2011, o tribunal ditou uma condenação a prisão imediata de cinco anos,

Governo contraria relatório norte-americano sobre tráfico humano

Caso motivou condenação em 2011A Comissão de Acompanhamento das Medidas de Dissuasão do Tráfico Humano (CAMDTP) defende-se dizendo que houve condenações no ano passado, ao contrário da “ausência de acusações” enunciada no relatório

por tráfico humano”, responde a direcção do serviço.

Ainda assim, o facto de Macau ter sido colocado “sob vigilância” pelo departamento tutelado por Hillary Clinton refere-se a bem mais do que a falta de operacionali-dade das autoridades - na fiscaliza-ção, desmantelamento de redes de exploração sexual - e a passividade do sistema do processo penal. No ano passado, houve 13 vítimas de prostituição forçada contra 17 no ano anterior, segundo o relatório internacional. E enquanto em 2010 houve 25 pessoas detidas, em 2011 houve apenas duas.

Tendo em conta os números, haverá menos casos de exploração no território? O documento induz a que isso não seja verdade. E dados pedidos anteriormente pelo Hoje Macau à Polícia Judiciária indicam que mais vítimas são apanhadas no seio destas redes no corrente ano. Até Março, 12 mulheres foram alvo de exploração sexual e houve seis

onde vêm os seus documentos de identificação confiscados e são tratadas com violência”.

PROTECÇÃO DE VÍTIMASHá esforços do território que, no entanto, são ressalvados. O docu-mento analisa a acção do Instituto de Acção Social (IAS) e refere que continua a aumentar a consciencia-lização da opinião pública quanto a casos de tráfico humano, através de cartazes informativos colocados em autocarros e táxis. O IAS não deu ontem qualquer comentário sobre esta observação do relatório ou as medidas para superar o flagelo, que continua em persistir no território.

Em Abril, o Hoje Macau falou com a directora do Centro de Abrigo para Vítimas de Tráfico Humano, Lam San Wa, que indicou ter acolhido 69 vítimas desde a criação do abrigo, em 2008.

casos novos de processos judiciais instaurados, que levaram à deten-ção de sete suspeito.

No entanto, respondendo à acusação do relatório de Washing-ton, sobre o facto de o sistema judiciário “continuar mal prepa-rado para responder ao tráfico”, a CAMDTP garante que “o Governo está já a conduzir os tribunais e procuradorias a uma maior for-mação”, de modo a “modificar o sistema de processo penal” e assim procurar acelerar a eficiência dos julgamentos.

O relatório dos EUA diz que 11 magistrados do Ministério Público para lidar com processos-crime é pouco, aconselhando a um aumen-to do número de juízes e a garantir um delegado especificamente para o tratamento deste tipo de casos. Aqui a Comissão escusa-se a dizer se o Ministério Público vai operar mudanças.

REDES DE ESCRAVIDÃO SEXUALO relatório, lançado na terça-feira, não vê a cidade de turismo e lazer com os mesmos olhos que o Go-verno. Pelo contrário, diz que ser destino de mulheres - do interior da China, sudeste asiático e Rús-sia - e crianças para tráfico sexual e trabalho forçado. As vítimas, na sua maioria, chegam ao território na ilusão de promessas de emprego e depois ficam nas mãos de grupos locais de crime organizado.

O CAMDTP não indicou se, de ano para ano, tem havido um aumento destes grupos no terri-tório. Apenas que, desde 2008, ano em que a lei de Combate ao Crime de Tráfico de Pessoas en-trou em vigor, foram “desmante-ladas 18 quadrilhas criminosas”. Envolveram 46 suspeitos e 77 vítimas de escravidão sexual. Neste sentido, dizem, têm feito esforços para agir melhor, até por-que as autoridades do território operam com a polícia de Hong Kong e do Continente. “Desde a implementação da nova legisla-ção, realizamos anualmente três grandes operações anti-crime,

concentramo-nos no combate à criminalidade, incluindo tráfico humano e outros crimes trans-fronteiriços.”

A fiscalização a locais de pros-tituição no território, garantem, é feita embora não se perceba o contingente destacado (apenas que “há sete mil agentes formados, de chefia e da linha da frente”) e a regularidade com que são feitas es-tas rusgas. Mas é no âmbito destas operações que são desmanteladas as redes de tráfico humano. “Os lugares fiscalizados são casinos, bares, salas de karaoke, cafés de internet, salas de snooker, hotéis, bordéis, centros de jogos, centros de massagem, discotecas e outros espaços de entretenimento.”

Aqui se condensam, de resto, todos os locais constantes do rela-tório onde “são vigiadas de perto, forçadas a longas horas de trabalho,

Inflação continua em altaA taxa de inflação em Macau atingiu os 6,4% nos 12 meses terminados em Maio, face aos 12 meses imediatamente anteriores, revelaram ontem os Serviços de Estatística e Censos. A inflação revelada indica um agravamento face ao valor de 6,27% apurado em Abril, uma tendência constante da subida dos preços na RAEM. De acordo com os dados oficiais, no mês de Maio o índice de preços no consumidor registou uma subida de 6,76% face ao mesmo mês de 2011, enquanto os preços nos primeiros cinco meses deste ano aumentaram 6,47% face ao mesmo período do ano passado. Entre Abril e Maio, os preços em Macau subiram 0,66%, indicam ainda os números oficiais do Governo. A subida dos preços em Macau tem sido potenciada pelo aumento dos custos de produtos hortícolas e carne de porco fresca, produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, bebidas alcoólicas e tabaco e vestuário e calçado. Em sentido descendente estão, contudo, os preços nas telecomunicações.

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5sociedadesexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

“O terreno con-cedido a favor do Clube Náu-tico de Macau

(CNM) junto à Avenida Marginal do Lam Mau destina-se unica-mente à construção da sede e instalações de apoio afectas ao CNM, pelo que a Administração não autorizará qualquer pedido de alteração da finalidade que modi-fique a concessão permitida para o terreno.” Foi desta forma que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DS-SOPT) negou a futura construção de uma torre residencial de 45 andares na doca de Lam Mau. Tal foi sempre a posição do Governo, mas, desde que novos dados sobre a situação do clube vieram a público, foi a primeira vez que houve uma declaração oficial sobre o assunto.

As palavras surgem um dia depois da direcção do CNM, composta por Vicente e Fernando O, ter admitido ao jornal Tribuna de Macau a possibilidade de a concessão ser alterada, caso a sede do CNM, ou Club House, ficasse pronta em seis meses. “(Jaime Carion) diz que não é possível mudar a finalidade do terreno sem completarmos o Club House (...) em todas as concessões há possi-bilidade de pedir alteração, desde que a razão seja plausível”, disse Fernando O.

O que está neste momento em avaliação é a renovação da con-cessão do terreno, que caducou sem que as obras da sede tives-sem terminado. O prazo para o aproveitamento do terreno findou em Setembro de 2011, pelo que a DSSOPT “está no momento a tratar e a apreciar o pedido feito pelo concessionário de prorrogação do prazo”. Além disso, “a obra só poderá ter novamente inicio após a aprovação do pedido e da reno-vação da licença de construção”, explicou o organismo ao Hoje Macau.

Sobre a possibilidade de o terreno voltar para as mãos do Executivo, a DSSOPT diz apenas que “irá acompanhar o seu aprovei-tamento nos termos do clausulado no contrato de concessão”.

O Hoje Macau tentou nova-mente contactar Vicente O, sem sucesso.

SÓCIOS QUEREM TRIBUNALJorge Fão, um dos sócios do CNM, diz que as obras não acabam “nem em seis meses nem daqui a um ano”, porque com uma acção em tribunal colocada pelo empreiteiro Ng Kin Wai, da empresa Yang Kwong, é pouco provável que a DSSOPT renove a concessão.

“A DSSOPT não vai aprovar coisa alguma. O processo ainda está em litígio e, enquanto não se fizerem os pagamentos, a obra

Governo volta a rejeitar alteração dos terrenos de Lam Mau

Sede não é sinónimo de torreMesmo que a sede do Clube Náutico fique pronta em seis meses, não haverá autorização governamental para a construção de uma torre residencial no mesmo terreno. Uma garantia da DSSOPT, em resposta ao Hoje Macau

não pode avançar. Nesta fase não vai mexer uma palha sem que as questões judiciais estejam claras. E se as Obras Públicas vão esperar pela resolução dos tribunais, então como é que as obras terminam em seis meses?”

Depois de terem mostrado intenções de fazer queixa ao Co-missariado contra a Corrupção (CCAC), por divergências com a direcção do CNM, os sócios garan-tem que vão levar o caso à barra dos tribunais. “Estamos na fase de recolha de mais provas e quando as tivermos reunidas vamos apre-sentar uma queixa formal no Mi-nistério Público (MP) e na Policia Judiciária. Vamos processar todos os que estão metidos neste esquema de burla. Com o desenrolar dos acontecimentos mais pessoas têm vindo a passar informações e vou procurar manter viva esta chama.”

No anúncio da Assembleia-Ge-ral (AG) publicado no Tribuna de Macau, a direcção do CNM afirma que “as pessoas que andam a difa-mar o clube e a sua direcção para fins eleitorais serão devidamente

alegado incumprimento de con-trato, devido ao risco de perda de concessão das terras pela paragem da obra. Entretanto, já terá sido celebrado um acordo com outra empresa, com Jorge Fão a afir-mar que “não poderia existir”. “O contrato foi assinado sem a autorização da AG. A próxima AG vai servir para legalizar uma situação que é ilegal.”

Quanto ao cancelamento da garantia de 10 milhões de patacas, que o empreiteiro Ng Kin Wai quer ver devolvida, Fão considera que não deveria ter sido feito. “É muito grave. Não poderia ter cancelado porque é a única coisa de que dis-pomos para garantir a conclusão da obra. O empreiteiro ou mesmo a Realgain nunca poderiam ter can-celado a garantia sem a autorização escrita do CNM. Foi totalmente descabido e colocou o clube numa situação gravosa.”

O sócio do CNM avança ainda com um pedido. “Apelo a todos os potenciais investidores para não acreditarem em qualquer proposta de investimento do CNM.”

Pontões valem quase 1 milhãoOs lugares para estacionar os iates do CNM estão hoje a ser vendidos a quase um milhão de patacas, quando há 10 anos tal valor não era superior a 80 mil. Tal especulação foi “propiciada pelo próprio clube”, aponta Jorge Fão, afirmando que os irmãos O venderam os seus lugares por cerca de meio milhão de patacas. Além disso, quem compra tem de dar 10% ao CNM. “Há pontões que foram vendidos aos sócios, que depois venderam a outras pessoas. Há um mercado especulativo para o qual os próprios dirigentes contribuíram. O clube deveria ter alguns pontões, mas vendeu-se tudo e isso não deveria ter acontecido. Poderia ter-se vendido metade e a outra ficaria para alugar, para manter as finanças do clube. Foi má gestão.” Neste momento, o CNM “quase não tem pontões”, possuindo apenas um barco em segunda mão.

“Sem fundo de reserva”Fernando O é o tesoureiro do CNM e garantiu ao Tribuna de Macau que o clube “tem mais dinheiro do que em 2001”. Para Jorge Fão, isso “não significa nada”. Segundo conta, além das quotas terem duplicado, situando-se hoje nas 100 patacas, são ainda cobradas despesas de manutenção “elevadas” a quem comprou pontões. O mais grave, para ele, é que o CNM “deveria ter um fundo de reserva e não tem”.

processadas de acordo com a lei”. Jorge Fão não tem medo. “Diria o mesmo para afastar potenciais apoiantes ou uma lista que esteja contra todo o processo. É uma mera chantagem. Não sou ignorante, tudo o que disse mantenho, não retiro uma virgula. Têm de rebater o que eu disse.”

SEGUNDO CONTRATO “ILEGAL”A direcção do CNM já quebrou o acordo com a Realgain, tendo

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6 publicidade sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO PREDIAL URBANA

1. A única prestação da Contribuição Predial Urbana referente ao exercício de 2011, será cobrada nos meses de Junho, Julho e Agosto do ano corrente.2. No mês de pagamento, se os Srs. Contribuintes não tiverem recebido o conhecimento de cobrança, agradece-se que se

dirijam ao NÚCLEO DE INFORMAÇÕES FISCAIS, situado no r/c do Edifício “Finanças”, ao Centro de Atendimento Taipa ou ao Centro de Serviços da RAEM, trazendo consigo conhecimento de cobrança ou fotocópia do ano anterior, para efeitos de emissão de 2ª via do conhecimento de cobrança.

3. O pagamento pode ser efectuado, até ao último dia do mês indicado no conhecimento de cobrança (Junho, Julho ou Agosto), nos seguintes locais:- Nas Recebedorias do Edifício “Finanças”, do Centro de Atendimento Taipa ou do Centro de Serviços da RAEM;

Os impostos/contribuições poderão ser pagos por intermédio de cartão de crédito ou de débito emitidos pelo Banco da China ou pelo Banco Nacional Ultramarino (incluindo “Maestro” e “Union Pay”). O montante total de pagamento não pode ser inferior a MOP$200,00 (duzentas patacas), nem superior a MOP$100 000,00 (cem mil patacas). O pagamento, através de cartão de crédito ou de débito, deve ser efectuado pelo montante total da dívida, sendo apenas permitido utilizar na operação um único cartão.

- Nos balcões dos Bancos a seguir discriminados: Banco da China; Banco Comercial de Macau; Banco Delta Ásia; Banco Industrial e Comercial da China; Banco Luso Internacional; Banco Nacional Ultramarino; Banco Tai Fung, e, Banco Weng Hang.- Nas máquinas ATM da rede Jetco de Macau, assinaladas com a indicação <<Jet payment>>;- Por pagamento electrónico. [ “banca-on-line ], no Banco da China, no Banco Nacional Ultramarino ou no Banco Tai Fung, através dos endereços: www.bocmacau.com, www.bnu.com.mo e www.taifungbank.com, respectivamente;- Por pagamento telefónico “banca por telefone”, no Banco da China, no Banco Tai Fung.

4. Se o pagamento for efectuado por meio de cheque, a data de emissão não poderá ser anterior, em mais de três dias, à da sua entrega nas Recebedorias da DSF, e deve ser emitido a favor da <<Direcção dos Serviços de Finanças>>, nos termos das alíneas 2) e 3) do n.º 1 do Artigo 4.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2008.Se o valor do cheque for igual ou superior a MOP$50 000,00, deverá o mesmo ser visado, nos termos da alínea 4) do Artigo 5.º do Regulamento Administrativo acima mencionado.

5. Os contribuintes pode também efectuar o pagamento através do envio de ordem de caixa, cheque bancário ou cheque por correio registado para a Caixa Postal 3030. Note-se que não se pode enviar dinheiro, mas apenas ordem de caixa, cheque bancário ou cheque, devendo incluir-se um envelope devidamente selado e endereçado ao próprio contribuinte, a fim de se enviar posteriormente o respectivo conhecimento, comprovando o pagamento. Lembra-se que devem ser respeitadas as regras descritas no ponto 4, relativamente aos cheques.- O envio para a caixa postal deve ser feito 5 dias úteis antes do termo do prazo de pagamento indicado no conhecimento de cobrança.

6. Nenhum dos métodos acima mencionados acarreta quaisquer encargos adicionais aos contribuintes pela prestação do serviço de cobrança.7. Para a sua comodidade, evite pagar os impostos nos últimos dias do prazo. Aos 23 de Maio de 2012. A Directora dos Serviços, Vitória da Conceição

ANÚNCIO [N.º196/2012]

Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares seleccionados da lista de espera de habitação económica abaixos mencionados:

N.º do boletimde candidatura Nome N.º do boletim

de candidatura Nome

79215 CHANG SIO NGA 82668 FONG OI MAN*61408 *LEI WA LOK 97132 CHE CHI104445 FONG MAN HEI 94030 TAM KA KIT83152 CHAN PUI MAN 78153 TOU CHI KEONG88289 CHAN TAI SENG 114509 LOU KIN CHONG

*101408 *LEI KA LAI 111877 PUN SOK HA61982 NG U CHON 79573 CHIO KIN ON83652 CHIU KIT U 79146 CHONG POU LAM82820 KUOK CHONG FAI 84559 CHONG WAI MAN103721 AGOSTINHO ARNALDO *96736 *CHU WAN KUONG72808 CHOI CHAN SAM 58321 VONG WENG HANG115023 LAM LENG *127423 *LAM SIO MUI127535 CHIO WENG HOU 96648 HO WENG KEONG*71871 *CHANG HANG VAI 111952 CHIANG SIO CHI72224 VONG TAT CHI 52780 CHEONG WAI IN87356 LAM CHAN TENG 112052 CHOI MEI CHAN57766 CHEONG SIU U 83605 LONG SIO MEI103016 KUOK FAI 52806 CHAN KA MAN74652 CHAN CHOI LENG 79520 CHEONG HOI SUN96155 CHAN HOU 75413 IEONG IAT FUNG75887 WONG CHENG YI 78950 HO MEI IN82259 TONG KIT FONG 82710 LENG NGOI YING87949 WONG KA SAM 107325 NG LONG FAI114863 U KIT MAN 118492 NG LONG PO

78438 CHIANG OI IN 88928 WONG SI LEI ALIAS CECILIA WONG

82305 WONG SEK CHONG 86653 FONG HOI IENG

77136 IO IAO KIN 118746 DO NASCIMENTO DA LUZ ANABELA CARMO

81411 KONG MEI HENG *98608 *CHAN KA PEK88439 CHEONG IOK LAN 76709 LAM SIN HONG87653 CHIANG IOK POU 91409 LEI KA IAN

Em virtude de não existirem fracções disponíveis da tipologia no local a que se candidataram, mas há outras fracções da mesma tipologia disponível em Coloane, de acordo com os termos do n.º 8 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica) e do artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 26/95/M, de 26 de Junho, o Instituto de Habitação (IH) informa os representantes dos agregados familiares acima referidos, através de ofícios, para se dirigirem pessoalmente ao IH, sita na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau (perto da Escola Primária Luso-Chinesa do Bairro Norte), no dia12 de Julho de 2012, às horas fixadas nos respectivos ofícios, para escolha das fracções de habitação económica disponíveis de T2 na zona de Coloane. Nessa altura, os agregados familiares da lista de espera acima referidos devem apresentar os documentos comprovativos (originais e cópias) abaixo mencionados, para efectuar a nova verificação dos requisitos da candidatura da aquisição de habitação económica. Caso as respectivas informações afectem os actuais requisitos da aquisição de fracção ou existirem mudança da composição dos agregados familiares acima referidos, este Instituto irá suspender, imediatamente, o procedimento da escolha de habitação económica:

1. Documentos de identificação de todos os elementos do agregado familiar e os seus cônjuges (caso houver) registados no boletim de candidatura de habitação económica.2. Prova de casamento (aplicável aos indivíduos casados. Caso tenha entregue ao IH, nos últimos três meses, não é necessário a entregar de novo). 3. Boletim de candidatura dos dados dos agregados familiares de habitação económica devidamente preenchidos e assinados.

De acordo com os termos do n.º 2 do artigo 13.º do decreto-lei acima referido, com as alterações introduzidas pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002, caso os agregados familiares da lista de espera acima referidos não tenham comparecido no IH, no dia e horas fixados, e apresentado os documentos acima referidos, para escolha de habitação ou não pretendam adquirir nenhuma das fracções de habitação económica disponíveis no momento podem optar entre, por motivo não justificado, implica a perda do direito de escolha e passagem automática para o último lugar da lista geral; ou após a apreciação dos dados apresentados, verifique que não reunirem com os requisitos da candidatura, os agregados familiares selec-cionados serão excluídos na lista geral. * Em caso da 2.ª convocação, os agregados familiares seleccionados que não tenham comparecido no IH, no dia e horas fixados, e apresentado os documentos acima referidos, para escolha de habitação ou não pretendam adquirir nenhuma das fracções de habitação económica disponíveis no momento podem optar entre, serão excluídos na lista geral, de acordo com os termos das alínea a) do artigo 14.º do decreto-lei acima referido, com as alterações introduzidas pelo Regulamento Administrativo n.º 25/2002 e alínea 2 do n.º 5 do artigo 60.º da Lei n.º 10/2011. No intuito de proporcionar os agregados familiares seleccionados para terem mais conhecimentos sobre as informações das fracções de habitação económica disponíveis, o IH juntamente os ofícios enviará em anexo o catálogo com descrições das fracções para venda, tabela dos preços, rácio bonificado, pontos de observação, informações sobre a fracção de modelo. Caso os agregados familiares seleccionados não tenham recebidos os ofícios remetidos pelo IH, até sete dias antes da data fixada, poderão dirigir-se ao IH sito na Travessa Norte do Patane n.º 102, Ilha Verde, Macau) ou consultar através do telefone n.º 2859 4875, durante o horário de expediente.

A Presidente Subst.a,

Kuoc Vai Han 21 de Junho de 2012

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7publicidadesexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

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8 nacional sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

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Maria João BelchiorEm Pequim

UMA campanha de promoção pensada duran-te vários meses

para um mercado com enor-me potencial. Rui Oliveira, presidente da Premium Eu-ropean Food Distributors, apresentou esta quarta-fei-ra, em Pequim, um menu de produtos portugueses, alguns pensados especifi-camente para o mercado chinês. Vinhos, azeite e café, três tradições portu-guesas que existem ainda timidamente no mercado chinês e que vão começar a chegar a mais cadeias de supermercados nacionais, com preços acessíveis para cativar o novo consumidor curioso chinês.

Para o gestor com 33 anos e que desde há dez tem contacto com o merca-do chinês, a concorrência não é o mais importante. Rui Oliveira olha para as oportunidades que uma nova classe média chinesa oferece no mercado de um país com 1,4 mil milhões de potenciais consumidores.

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, foi aplaudido no seu discurso na Cimeira Rio+20 ao anunciar a contribuição da China com cerca de 49 milhões de patacas para um fundo de financiamento de programas de protecção do meio ambiente em países em desenvolvimento. Ao falar sobre o compromisso com o desenvolvimento sustentável numa altura de crise global, Jiabao sugeriu que nenhum país está imune aos seus efeitos: “não há continente ou oásis a ser descoberto”. O primeiro-ministro chinês defendeu um dos princípios acordados 20 anos atrás, de responsabilidades

comuns, porém diferenciadas, segundo o qual os ricos devem pagar mais pela promoção do desenvolvimento sustentável. Jiabao mencionou vários riscos da transição para a economia verde, como medidas proteccionistas, e sublinhou que não haverá um modelo único a ser seguido por todos os países. Segundo Jiabao, os objectivos do desenvolvimento sustentável não devem impor limites aos países em desenvolvimento, como a China. O primeiro-ministro disse ainda que a China está pronta para assumir as suas responsabilidades como o maior país em desenvolvimento do planeta.

“Na última década o consu-mo de produtos alimentares na China cresceu 300%”, conta o gestor português.

Uma apresentação na Embaixada de Portugal dirigiu-se a distribuidores e cadeias de hotéis de Pequim, assim como à imprensa local. A nova em-presa que dia 18 foi apre-sentada em Ningbo é uma “aposta conjunta” com pro-dutores portugueses. Esta semana chega o primeiro contentor com vinho ver-de, espumante, moscatel, vinho tinto e café. Nomes como vinhos Marka, Casal Garcia, Favaios, Alvarinho e também o café Nicola vão chegar aos consumidores de Ningbo na próxima se-mana. O azeite Oliveira foi especialmente concebido

para o mercado chinês. “É uma marca criada de raíz”, disse o presidente, salien-tando tratar-se de um extra virgem com uma acidez mais baixa do que o que se vende habitualmente em Portugal. “Não queremos só uma distribuidora mas também uma importadora de produtos portugueses e de outros países europeus e da América do Sul.” Leite em pó é outro dos produtos que Rui Oliveira quer co-mercializar na China, onde o escândalo da melamina levou a uma desconfiança generalizada nas marcas nacionais.

DESAFIOS EM CURSO“A distribuição na China está a cargo apenas de meia dúzia de empresas que têm

criado dificuldades à nossa entrada no mercado.” A for-ma de ultrapassar isto foi a criação de uma empresa de raiz, a Premium European Food Distributors, que é uma joint-venture com sede em Ningbo e que nasceu de uma parceria entre a em-presa portuguesa Golden Development e a chinesa Link Life, detendo cada uma 50% do capital da nova empresa.

“Começámos pela nos-sa província em Zhejiang, Pequim, Xangai e Dalian, onde também temos um distribuidor.” Shenzhen vai ser o próximo local onde se vai fechar negócio, com um distribuidor que vai receber um contentor como uma prova de ensaio.

Até ao final do ano, Rui Oliveira tem o objectivo de fazer chegar mais seis contentores à China. Os números dos contentores englobam vários produ-tos para os clientes dos supermercados chineses. “Cada contentor ronda um valor de produtos de 45 mil euros.” O primeiro contentor, que já está ven-dido, dirige-se a uma rede de supermercados de Nin-gbo que tem cerca de 150 lojas na cidade. Este ano é a primeira experiência e em Setembro far-se-á o primeiro balanço para os

objectivos de crescimento do próximo ano.

AZEITE COM EXTRA PORTENCIAL“O nosso foco é a classe média chinesa”, sublinha Rui Oliveira, que vê boas previsões para o futuro pró-ximo. Nesta primeira fase, de duas em duas semanas estão organizadas campanhas de promoção dos produtos nos supermercados. Para o presidente da companhia, é essencial entender o mercado e, para isso, os promotores receberam formação para conversar com os potenciais clientes sobre o que acham do produto.

Numa aposta em várias frentes, a nova empresa vai abrir também uma página na internet, uma nova loja no gigante de vendas online Taobao, através da qual os produtos também poderão ser encomendados de vários pontos da China.

Meio litro de azeite Extra Virgem Oliveira vai custar 49 renminbi na venda ao

Ccontribuição de 49 milhões para “fundo verde” recebe aplausos

público. Os vinhos vão ter preços de venda ao público entre 89 e 139 renminbi. Para Rui Oliveira, o mercado do azeite tem um potencial enorme uma vez que, como o próprio exemplificou, “a China consome uma colher de sopa azeite por pessoa enquanto que nós em Por-tugal consumimos mais que uma garrafa de litro”. Novas campanhas nacionais têm vindo a alertar para as van-tagens de substituir o óleo por azeite, o que, para Rui Oliveira, mostra o que ainda há por explorar no mercado.

Espanha, Itália, e França levam vantagem no merca-do mas é um facto que não assusta o jovem gestor. A confiança chega também de se tratar numa aposta que começa fora das grandes cidades como Pequim e Xangai e que se dirige a mercados pouco explorados e com um poder de compra crescente. “Os negócios são feitos na cidades de segunda e terceira linha onde há muito mais mercado.”

Produtos mais económi-cos, com cadeias de distri-buição com margens de lucro mais altas e um mercado com muito espaço para a novidade são os ingredientes para a receita certa que o presidente Premium European Food Distributors identifica para o negócio ter sucesso.

Produtos portugueses chegam à cidade de Ningbo

Azeite Português com toque mais chinês

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9regiãosexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

A corrupção é tema na campanha eleitoral para as legislativas de

Timor-Leste, com oposição e membros do Governo a con-siderarem que é preocupante e entidades responsáveis pelo seu combate a defenderem que não é sistemática.

Timor-Leste realiza le-gislativas a 7 de Julho e os futuros Governo e parlamen-to não vão poder pôr de lado o tema, até porque o país foi classificado no Índice de Percepção da Corrupção de 2011 como de elevado risco.

Em declarações à agência Lusa, o actual ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do Partido Social-Democrata (PSD), Zacarias da Costa, considerou a corrupção como endémica no país.

O Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-

A embaixada de Portugal em Banguecoque não foi

contactada pelas autoridades tailandesas, que, segundo uma estação de televisão local, pro-curam um português que terá estado com duas canadianas encontradas mortas num hotel das ilhas Phi Phi.

Contactado telefonica-mente pela agência Lusa a partir de Macau, o embaixa-dor de Portugal em Bangue-coque, Jorge Torres Pereira, sublinhou que a “embaixada não foi contactada pelas au-toridades da Tailândia, um procedimento comum neste tipo de casos”. “Estamos a acompanhar o caso e enceta-mos diligências para apurar a veracidade das informações, mas oficialmente não fomos contactados.”

Na Tailândia, entre regis-tos consulares e pessoas com contactos habituais com a em-baixada, estão contabilizados cerca de 150 portugueses, ex-cluindo os turistas que visitam o país e que na maioria dos casos não informa a represen-

COREIA do Sul, Japão e Estados Unidos

iniciaram esta quinta--feira um exercício naval conjunto. O ministério da Defesa da Coreia do Sul informa que a mano-bra militar de dois dias envolve “destroyers”, navios de abastecimen-to e helicópteros com o objectivo de realizar operações humanitárias, não estando planeados exercícios de fogo vivo. A manobra militar foi denunciada pela Coreia do Norte como uma “pro-vocação irresponsável”.

A operação surge num momento de tensões crescentes entre Seul e a Coreia do Norte, após o lançamento falhado de um foguete por Pyon-gyang, em Abril. A Coreia do Norte já disse que a manobra envolvendo as três nações traz uma “nova ameaça de guerra” no nordeste da Ásia.

O porta-aviões nucle-

Campanha eleitoral em Timor-Leste. Políticos preocupados com corrupção

“Os seres humanos não são anjos”

Autoridades tailandesas procuram cidadão por causa de jovens canadianas mortas

Português suspeito de ligação a crime

Coreia do Sul, Japão e EUA iniciam manobras militares

“Maior exercício conjunto de fogo vivo”

-Leste (CNRT), partido do actual primeiro-ministro Xanana Gusmão, reconhe-ceu recentemente suspeitas de envolvimento de mem-bros do Governo em actos

de corrupção, admitindo que o seu partido não será visado nas urnas. A oposição tem chamado a atenção para o tema, acusando o actual primeiro-ministro de nada

fazer para combater e punir as pessoas.

Apesar de nos últimos meses vários membros do Governo terem sido cha-mados à Comissão Anti-

corrupção (CAC), entidade que combate o fenómeno no país, apenas a ministra da Justiça, Lúcia Lobato, foi condenada a cinco anos de prisão por participação económica em negócio.

Por outro lado, o comis-sário-geral da CAC, Adérito Soares, insistiu que a cor-rupção não é sistemática. “Estamos numa altura muito oportuna para apresentar novos desafios aos futuros governo e parlamento”, afirmou, defendendo a ne-cessidade de envolver todos os actores timorenses para criar uma cultura de rejeição.

SEM PERCEBERPara Adérito Soares, é im-portante mudar as menta-lidades das pessoas. “Os seres humanos não são anjos e a questão é como conseguimos construir um

bom sistema que previna e minimize. Queremos um Timor-Leste democrático com uma forte cultura de rejeição da corrupção.”

Para a juíza do Supre-mo Tribunal de Recurso, Natércia Pereira Gusmão, o fenómeno engloba tudo, incluindo pessoas que não percebem que estão a come-ter um acto ilícito. “Tem de haver prevenção, formação e informação. Caso contrário, as pessoas não percebem o que fazem.” Salientou ainda que há também as regras da moralidade que não devem ser esquecidas.

O presidente da Co-missão “C”, Economia, Finanças e Anticorrupção, Manuel Tilman, disse que ainda há uma mentalida-de e um modelo de fazer negócios indonésios. “Na mentalidade indonésia e asiática o dar uma gorjeta depois de um bom negócio não é corrupção. O problema é que não se distingue um negócio público.”

Para Manuel Tilman, é a pobreza dos timorenses que leva à corrupção.

ar George Washington, dos EUA, vai juntar-se ao exercício, antes de participar numa outra manobra com a Coreia do Sul no Mar Amarelo, de sábado a segunda-feira. Em terra, a Coreia do Sul e as forças militares dos EUA devem realizar o seu maior exercício conjunto, de fogo vivo, esta sexta-feira.

Estima-se que inte-

grem o exercício cerca de 2 mil soldados, além de caças e aviões de ataque F-15 e KF-16. Quatro helicópteros de ataque Apache, dos EUA, bem como tanques e lança--foguetes devem disparar milhares de tiros durante a manobra em Pocheon, perto da fronteira com a Coreia do Norte, o que marca os 62 anos desde o início da Guerra da Coreia.

tação diplomática de Portugal na capital tailandesa.

A 17 de Junho (domingo), uma empregada de limpeza encontrou as duas irmãs canadianas, Noemi e Audrey Belanger, de 25 e 20 anos, respectivamente, mortas no quarto de hotel onde estavam alojadas nas ilhas Phi Phi, no sul da Tailândia, num caso que, segundo as autoridades, não aparenta tratar-se de homicídio.

HOMICÍDO IMPROVÁVELOs corpos foram encontra-dos na sexta-feira no hotel Phi Phi Palm Residence e as autoridades estão a investigar o sucedido.

A tese de homicídio não é a principal linha de inves-tigação das autoridades, dado que a porta do quarto onde os corpos foram descobertos estava trancada por dentro e os pertences das jovens não foram roubados. Como se encontrava vómito junto aos corpos, as autoridades suspei-tam de uma reacção tóxica.

De acordo com a polícia tailandesa, as jovens deram entrada no hotel a 12 de Ju-nho (terça-feira) e já estariam mortas há cerca de 24 horas quando os seus corpos foram encontrados.

Entretanto uma estação de televisão tailandesa revelou que as autoridades procuram um cidadão português que, ale-gadamente, foi visto, através dos registos de vídeo do hotel, a entrar com as duas jovens para o complexo turístico.

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10 sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

• RELVADO PRINCIPAL

Colectivo Portugal, uma autopsicografiaMarco [email protected]

O hino que há meia dúzia de horas en-toaram centenas em Varsóvia e milhões

mais pelos quatros cantos do mundo tem em si inscrita uma premonição de tragédia. Ao mesmo tempo que engrande-ce, condena. O nosso destino enquanto povo, o nosso futuro como nação, está condensado numa única estrofe em que cabem quase nove séculos de história, muito sangue derra-mado e um manancial enorme de esperança. Levantai hoje de novo o esplendor de Portugal, eis a redenção como ela é apresentada.

Quando o hino foi com-posto e a letra escrita, o país remoía com passiva indig-nação o Ultimatum inglês, mas o esplendor era já uma incidência do passado. A ilusão de grandeza, essa, permanecia por beliscar e ainda hoje nos acompanha como uma maldição, não pelo que perdemos, mas pelo que nunca conseguimos alcançar.

Portugal é uma questão que mantemos connosco, uma mágoa que tanto enfurece como embala. Quando há oito anos o país se engalanou dos pés à cabeça e se deixou embrulhar pela febre das bandeiras, do Soajo à Ilha de Faro, fui dos que engoliram a custo o folclore fortuito: da

• À VOLTA DO ESTÁDIO

SCOLARI ACREDITA NO APURAMENTOLuiz Felipe Scolari continua a vibrar com a Selecção. Mesmo à distância, o treinador brasileiro tem acompanhado a campanha da equipa portuguesa e não tem dúvidas: “Acho que Portugal vai passar mais uma fase. Tenho a plena convicção de que vão superar a República Checa e seguir para as meias-finais. Aliás, já sentia que iriam vencer a Holanda e confirmou-se», disse o treinador.

MODELO POLACA TORCE POR PORTUGAL E POR CRISTIANO RONALDOChama-se Natalia Siwiec, nasceu na Polónia e é modelo de profissão. Nas bocas do mundo devido a um decote mais ousado que exibiu num jogo da Selecção polaca no Euro-2012, a bela Siwiec torce pela vitória de Portugal na competição e confessa-se fã indefectível de Cristiano Ronaldo. “Os golos do Ronaldo foram fantásticos. Finalmente ele voltou a jogar como no Real Madrid”, congratula-se a modelo, em declarações prestadas ao site brasileiro Globoesporte.

OS “GUIÑOLES” DOS FRANCESESO Espanha-França, para os quartos-de-final do Euro-2012, já aquece fora dos relvados. Os franceses lançaram um novo episódio dos “guiñoles”, do “Canal +”, no qual voltam a associar os atletas espanhóis ao consumo de substâncias ilegais. Atletas espanhóis travam um duelo com “os Vingadores”, aliança de heróis de banda desenhada composta por Capitão América, Hulk, Thor e Homem de Ferro. Inconformado com a derrota, Thor comenta: “Eles tomam coisas. É impossível.” Hulk responde: “Parece que treinam muito.”

O CAUTELOSO ABIDALDesde dezembro de 2003, Eric Abidal tenta ser cauteloso antes de emprestar a alguém o carro ou o apartamento. Com razão. Quando morava em Lille, o defensor havia sido indiciado como arguido numa investigação relativa a tráfico de drogas. Foi rapidamente absolvido. Mais tarde, em Lyon, percebeu o que se passava. Teve a desagradável surpresa de descobrir que os seus “amigos” estavam a usar o seu apartamento e o carro num “pequeno” negócio entre Espanha, Marrocos e Lyon. Estamos a falar no tráfico de 42 toneladas de cannabis.

MARK VAN BOMMEL ABANDONA SELECÇÃO A derrota frente à Alemanha (1-2) foi o último jogo de Mark Van Bommel com a camisola da Selecção holandesa. “Não queria retirar-me. Talvez haja uma altura em que o selecionador necessite de mim e então estarei disponível. Mas agora é o momento para os jovens jogadores talentosos”, disse o médio ao site da federação holandesa de futebol.

ZIDANE DIZ QUE INIESTA “É UM CASO À PARTE” O francês Zinedine Zidane teceu rasgados elogios à Selecção espanhola e destacou o nome de Iniesta. “Iniesta tem uma influência enorme no jogo de toda a equipa. A Espanha joga bem porque tem demasiados bons jogadores mas Iniesta é um caso à parte. Poderia jogar até como guarda-redes”, elogiou o antigo jogador do Real Madrid ao diário Marca.

IKER CASILLAS E A CAMISOLA DE KAHNApós o apito final do jogo entre Real Madrid e Bayern Munique para a Liga dos Campeões de 2003, Casillas dirigiu-se a Oliver Kahn e pediu-lhe a camisola, num gesto de admiração. O alemão, abatido pela eliminação, não só recusou o pedido como o fez com maus modos. “Como guarda-redes é um dos maiores, mas como pessoa deixa muito a desejar. Às vezes na vida é preciso um pouco de humildade,” desabafou então Iker. Uns dias mais tarde, porém, Kahn corrigiu o gesto e enviou a camisola para Madrid, juntamente com um convite para Iker passar um dia em Munique.

A DOENÇA DE GIGIO sucesso do guarda-redes Gigi Buffon esteve quase a tornar-se uma doença, a dada fase da carreira. A estrela da Juventus confessou ter sofrido um caso severo de depressão, há oito anos, e só ultrapassou a situação com ajuda psicológica. “Estava mergulhado em dúvidas e inseguranças”, admitiu.

MALOUDA ATACA OS COLEGASA derrota com a Suécia ainda abala o balneário da Fraça e quem parece não ter gostado nada da prestação dos seus colegas em campo foi o médio Florent Malouda, que criticou a atitude da equipa, afirmando que a Selecção “parecia que estava de férias em Punta Cana”.

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11sexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

No Euro-96, organizado pela Inglaterra, a selecção anfitriã fez uma caminhada interessante, mas acabou eli-minada nas meias-finais. Como costume, pela Alemanha e, também como costume, no desempate por penáltis. O vídeo mostra o mais belo momento da campanha inglesa: o golo de Paul Gascoigne frente à Escócia.

• RELVADO PRINCIPAL

Colectivo Portugal, uma autopsicografiaREPETIÇÃO

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MESTRE PU YIADIVINHA

• Mestre Pu Yi recuperou as forças cósmicas, mas continua avesso a adivinhações de resultados, ainda vulneráveis a in-terferência sombrias. Porém, deixa hoje outra previsão: depois do extenuante desafio com a República Checa, a selecção portuguesa recupera com uma refeição de bacalhau com todos.

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GOLO DE SONHO DE GASCOIGNE

pátria – o ideal – espera-se transcendência e metafísica, que esmague e eleve na mes-ma proporção.

No futebol, a transcen-dência é passageira, mas por menos significativa que seja a epistemologia de um remate, ninguém pode roubar ao fute-bol o estatuto imperturbável de ágora psicossocial - o locus onde com mais frequência e mais imediatez nos en-contrámos como colectivo e, verdade seja escrita, uma rara concretização onde não pedimos nem devemos lições a ninguém.

NAÇÃO IMORTALOs últimos 20 anos foram para Portugal de transfigu-

ração meteórica. Ao fim de séculos voltados para o mar, virámo-nos para a Europa, vimos o escudo desaparecer e a insensatez do império esvanecer-se com suavidade onde o império mais tempo perdurou. Intermediámos euforia e depressão, cultivá-mos esperança e optimismo, consentimos amargura e desi-lusão e pelo meio foi atrás de uma bola que nos mantivemos constantes e renascemos para o mundo.

Desde 1996, a Selecção só falhou por uma vez – em 1998 – a presença na fase final de um Campeonato do Mundo ou de um Campeonato da Europa. E se nos Mundiais o percurso é periclitante, nos

Europeus há essa proeza só nossa de termos estado sem-pre entre os oito melhores.

Não há transcendência, nem metafísica em estatís-ticas e ganhos do passado, mas por vezes são eles que nos abrem os olhos para o que por ser adquirido teimá-mos ignorar: onde está um português, está sempre uma nesga de resiliência. Onde está Portugal está sempre o instinto irrefreável de supera-ção que há cinco séculos deu novos mundos ao mundo. Há metafísica bastante em não pensar em economia, mas com crise ou sem ela, com muitos ou poucos golos, onde há um português há sempre um vencedor.

REMATE DO DIA

• “TENHO A MÁXIMA CONFIANÇA NO ÁRBITRO”Paulo Bento, seleccionador português, antes do jogo que opôs a sua selecção à da República Checa

Banho checo?A edição do Hoje Macau teve de fechar antes de terminado o jogo entre Portugal e a República Checa, que decidiu esta madrugada qual das duas equipas passou às meias-finais do Euro-2012. Se a selecção das quinas levou ou deu um banho de bola é por isso uma incógnita na altura em que estas linhas são escritas.O leitor, contudo, já sabe o resultado. Oxalá o banho checo seja de boa memória para os portugueses e que a leitura deste jornal aconteça tardiamente, por causa da festa lusa pela manhã dentro. Em tempo de santos, espera-se que tenham abençoado a exibição dos pupilos de Paulo Bento.

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12 vida sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, abriu com apelos à acção e algumas críticas abertas

aos países desenvolvidos, esta quarta-feira, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvol-vimento – a Rio+20.

Desde a semana passada que o Rio de Janeiro está tomado por uma série de eventos paralelos ligados à Rio+20. Mas é entre quarta e sexta-feira que governos de todo o mundo vão tomar a decisão final sobre um novo guião para o desenvolvimento sustentável – cujos termos foram já acordados na terça-feira, no documento “O futuro que queremos”.

No seu discurso de abertura, Dilma Rousseff disse que é preciso agir rápido para conter os proble-mas globais. “Estamos aqui porque o mundo demanda mudanças”, afirmou. “O tempo é o recurso de maior escassez”, completou.

A Presidente brasileira fez crí-ticas directas aos países desenvol-vidos, dizendo que a “transferência das indústrias poluentes do Norte para o Sul” trouxe empregos mas “deixou uma pesada carga” sobre o ambiente. Afirmou ainda que as promessas de financiamento para que os países em desenvolvimento adaptem-se a um crescimento me-nos oneroso sobre o planeta “não se materializou nos níveis prometidos e necessários”.

QUIOTO NÃO ATINGIDODilma Rousseff referiu ainda que os compromissos de redução de

O chefe índio bra-sileiro Raoni, de-

fensor da Amazónia, recebeu nesta terça-feira apoio internacional com a entrega de uma petição com 350.000 assinaturas contra a construção da megabarragem de Belo Monte, num afluente do Amazonas, no Norte do Brasil. “Belo Monte é um combate simbólico à margem da conferência da ONU Rio+20, que de-bate o desenvolvimento sustentável. Este mega--projecto, que polui e inunda, não faz sentido”, disse à agência AFP Gert-Peter Bruch, presi-dente da organização não governamental Planeta Amazonas, responsável pela iniciativa da petição.

A petição foi lança-da na Internet a partir de França e recebida

Interpol anuncia detenção de 200 pessoas por tráfico de marfim em África

Dilma Rousseff critica países desenvolvidos na abertura da Rio+20

Mais acção e menos conversa

emissões assumidos pelo mundo industrializado no Protocolo de Quioto “não foram atingidos” e que o princípio das responsabili-dades comuns mas diferenciadas “tem sido muitas vezes recusado na prática”.

Em poucas frases, a Presidente resumiu os pontos que têm ali-mentado a divisão Norte-Sul na arena internacional do ambiente e do desenvolvimento sustentável.

As mesmas divisões sentiram--se nos dias que antecederam

o segmento de alto nível da Rio+20, mas as delegações que precederam os chefes de Estado e ministros acabaram por chegar a acordo, na terça-feira, quanto a um documento de 49 páginas e 283 parágrafos que será agora submetido à decisão final.

Dilma Rousseff referiu que o texto representa o consenso entre os países na Rio+20. “Representa antes de tudo uma decisão de não retroceder em compromissos que assumimos na passado”, afirmou.

“Mas não bastam as conquistas do passado”, acrescentou, referindo avanços nalgumas áreas, numa interpretação que coincide com que se tem ouvido nos corredores da Rio+20.

A ECONOMIA VERDEO documento aposta na economia verde como instrumento impor-tante para o desenvolvimento sustentável e diz que é preciso mais recursos para os países menos de-senvolvidos, sem especificar quan-

to, nem de onde virá o dinheiro.Também cria um fórum minis-

terial para a sustentabilidade no Conselho Económico e Social da ONU e lança um processo intergo-vernamental para discutir futuros “objectivos de desenvolvimento sustentável”.

Embora haja mais algumas novidades, o texto tem sido cri-ticado pela falta de metas e datas concretas para pôr em prática o que estabelece.

Dilma Rousseff classificou a Rio+20 como “a maior conferência das Nações Unidas em termos de participação da sociedade civil” e apelou aos chefes de Estado e ministros presentes: “Caberá a nós demonstramos capacidade de liderar e de agir”.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon também apelou à acção, dizendo que o mundo não fez o suficiente desde a Eco-92 – a conferência sobre ambiente e desenvolvimento realizada também no Rio de Janeiro, em 1992. “Sejamos francos: os nossos esforços não estiveram à altura dos desafios”, afirmou Ban Ki-moon. “A natureza não espera”.

Petição contra megabarragem tem 350.000 assinaturas

Proteger a Amazónia

Mais de 200 pessoas foram detidas e cerca de duas toneladas de marfim apreendidas entre Março e Maio deste ano em 14 países africanos, na maior operação coordenada pela Interpol, anunciou a organização policial internacional. A operação “Worthy” permitiu ainda “encontrar mais de 20 quilos de corno de rinoceronte e também pele de leão, leopardo, crocodilo e pitão e aves tropicais vivas, tartarugas e outras espécies protegidas”, informa a Interpol em comunicado. Além disso também foram apreendidas armas de fogo. Participaram na operação 320 agentes da autoridade e peritos em vida selvagem da Etiópia, Botswana, Gana, Guiné, Quénia , Libéria, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Ruanda, África do Sul, Suazilândia, Zâmbia e Zimbabwe. A operação visou mercados, portos, armazéns,

postos de fronteira implicou controlos rodoviários. “Trata-se da maior operação até hoje coordenada pela Interpol contra o comércio ilícito de marfim”, que permitiu “atacar as organizações criminosas que fazem milhões de dólares matando e destruindo espécies selvagens e o seu habitat”, declarou David Higgins, o responsável do programa Interpol de combate aos atentados contra o Ambiente. Antes desta operação, que durou três meses, um grupo organizado no Botswana e financiado pelo Fundo Internacional para a Protecção dos Animais (IFAW) reuniu os agentes de todos os países participantes. No total, mais de 23 toneladas de marfim ilegal foram apreendidas em 2011, informa a Traffic, rede dedicada ao combate contra o comércio ilegal de espécies, com sede em Inglaterra.

Governo brasileiro quer construir para garantir o abastecimento de ener-gia que a sexta maior economia do mundo precisa para crescer.

Com um custo esti-mado em 13 mil milhões de dólares, a construção da barragem vai implicar a inundação de 502 qui-lómetros quadrados. As terras dos povos índios não serão afectadas, mas a barragem arrisca-se a perturbar um dos seus meios de subsistência: a pesca.

Na segunda-feira, centenas de índios da Amazónia protestaram em frente ao Banco Nacional de Desenvol-vimento (BNDES), no Rio de Janeiro, contra os grandes projectos que financia, entre eles, Belo Monte.

por Raoni na presença de centenas de índios Kayapos e de outras etnias durante a sua assembleia anual Terra Livre, no Aterro do Flamenco, uma contra-

-cimeira organizada pela sociedade civil para protestar contra a Rio+20.

Belo Monte é a pri-meira de uma dezena de barragens que o

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13culturasexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

José C. [email protected]

O desafio para a organiza-ção do Fringe 2012 foi lançado à sociedade de Macau através de con-

curso público que teve lugar entre os meses de Fevereiro e Abril. Das 11 propostas inicialmente apre-sentadas apenas uma chegou ao fim, a da associação Macau Music Power. Esta colaboração entre as duas entidades não é inédita, uma vez que desde 2007 que a Asso-ciação tem feito consecutivamente parceria com o IACM.

Na conferência de imprensa dada pelos responsáveis do IACM e pelos representantes da Macau Music Power foi anuncia-do como um dos pontos altos do

festival deste ano o intercâmbio territorial com o Fringe de Shen-zhen. Esta pioneira iniciativa de troca de ideias e de experiências entre os dois territórios vizinhos visa, segundo a organização, alargar a dimensão do festival, e perceber melhor o público da China Continental de forma a que no futuro mais artistas locais possam actuar no continente.

Para a organização, esta ini-ciativa que junta duas cidades que partilham objectivos comuns poderá trazer a ambas benefí-cios mútuos. Já este ano alguns dos espectáculos do Fringe de Macau participarão no Fringe de Shenzhen, o mesmo aconte-cendo no sentido inverso. Para além deste aspecto foi também referenciado pela organização

que este intercâmbio permitirá também a partilha de algumas das despesas do evento.

Com um orçamento de 1,9 milhões de patacas, semelhante ao do ano transacto, o IACM abriu também este ano a participação de patrocinadores no Festival. Esta é aliás uma das questões essenciais para a apresentação da versão final da edição do Fringe 2012, que será apenas apresentada no próximo mês de Setembro. Para já está garantida a apresentação de 80 espectáculos com 100 sessões. A contratação de mais participações estrangeiras no Fringe 2012 está dependente do surgimento de patrocinadores que se queiram juntar ao projecto que este ano terá o mar como um dos seus temas centrais.

Jogos Tradicionais no Jardim Luís de CamõesA iniciativa promovida em conjunto pelo IACM e pelo Instituto do Desporto arranca este sábado no jardim Luís de Camões com jogos para todas as idades, tentando promover uma vida mais saudável através da prática de jogos lúdicos e didácticos que estimulam a actividade ao ar livre. A partir dos 3 anos e sem limite de idade os participantes poderão aprender ou relembrar alguns jogos tradicionais de todo o mundo, desde o jogo do pião, ao rabo no burro, andar de andas ou jogar mikado ou xadrez, entre muitos outros. Segundo a organização o visa preservar e recuperar os gritos e risos das crianças nas ruas e recuperar memórias de brincadeiras de adultos e jovens. A partir de amanhã e até dia 1 de Julho são muitas as oportunidades que o programa oferece para sair de casa com as suas crianças.

Cultura moçambicana na Pousada de ColoaneA Pousada de Coloane, em Macau, acolhe a partir de domingo uma semana da gastronomia de Moçambique, que tem início com um jantar comemorativo do Dia da Independência daquele país africano lusófono. Em declarações à agência Lusa, Carlos Barreto, vice-presidente da Associação dos Amigos de Moçambique, organizadora do evento, disse que o chefe Carlos Graça, uma “presença habitual em Macau quando se pretende mostrar a gastronomia moçambicana”, vai estar de regresso ao território. “O chefe Carlos Graça regressa a Macau e na mala volta também a trazer muitos dos ingredientes necessários à confecção dos verdadeiros pratos tradicionais da cozinha moçambicana, que ao longo de toda a semana estarão disponíveis no restaurante da Pousada de Coloane, quer na versão ‘à carta’, quer no ‘buffet’ do jantar”, explicou. A semana gastronómica, uma das actividades da associação para assinalar o Dia da Independência de Moçambique, é organizada anualmente pela associação e nos últimos anos tem “cativado cada vez mais gente”.

Fringe 2012 fará intercâmbio com Shenzhen

À espera de patrocinador

Volodine estreia-se em Portugal com “Macau”O livro “Macau”, de Antoine Volodine, chega na terça-feira às livrarias portuguesas, naquela que é a primeira obra do escritor francês a ser traduzida para língua portuguesa, anunciou ontem a editora. Em pouco mais de uma centena de páginas, o autor leva o leitor a uma viagem onírica por Macau tendo como ponto de partida um junco ancorado no Porto Interior e três personagens fundamentais na história: um homem à espera da morte, um velho chinês que fuma cigarro atrás de cigarro e uma jovem coreana, Laura Kim, perita em artes marciais e encarregada de garantir que o ‘condenado’ não fugia da sorte traçada pela máfia local. “Enquanto aguarda, relembra as ruas, as pessoas e a vida da cidade, uma viagem poética e sonhadora que contrasta com a situação violenta em que o narrador se encontra”, lê-se na explicação do livro, ilustrado com fotografias de Olivier Aubert. Fortemente vincado com a parte chinesa da cidade e da sociedade - as máfias, os juncos do Porto Interior e os cheiros caraterísticos das lamparinas para iluminação e da comida - a novela percorre ainda as ruas da cidade, fortemente marcada por uma presença portuguesa na sua arquitectura. Traduzido para português por Ana Isabel Sardinha Desvignes, “Macau” é editado em Portugal pela Porto Editora.

Jazz Club traz Angelita Li à Casa GardenO primeiro evento de Jazz organizado pela recém-eleita Direcção do Jazz Club de Macau irá ter lugar na próxima sexta-feira, 29 de Junho, a partir das 22 horas, na Casa Garden. A iniciativa conta com a participação de Angelita Li e a sua banda, seguida de ‘jam session’ e ‘DJs’, informou a direcção do Jazz Club. Angelita Li nasceu numa família de músicos em 1970. Começou com 9 anos a sua carreira de cantora, trabalhando maioritariamente em anúncios musicais para a TV e nos coros de diversos músicos de primeira linha de Hong Kong. Desde então Angelita gravou vários álbuns, esteve em digressão por Los Angeles com algumas bandas de topo, e em 2002, foi convidada pela European jazz label Stunt para gravar o seu primeiro algum internacional a solo “Caminhos Cruzados’”. Não obstante o seu trabalho de composição e de apoio vocal e artista convidada em vários projectos, Angelita também dá aulas de jazz, escreve artigos e é anfitriã de vários programas de jazz na Rádio e TV de Hong Kong. Nos últimos anos, Li tem estado envolvida em projectos musicais com o Coro de Crianças Hong Kong e a orquestra de Câmara de Hong Kong.

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14 cultura sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

FILHOS de amantes de música, Frederico e Beto Ritchie, 33 e 32 anos, deram os primeiros to-

ques no violão aos nove, António Conceição, 27 anos, investiu numa formação curiosa em violino. Os irmãos começaram mais a sério na música com o primeiro álbum “Feel to Believe”, em 2009, no Brasil, o segundo ficou conhecido artisticamente como “O Monstro” em Macau e, mais tarde, veio a juntar-se à banda.Hoje, o rock psicadélico que o trio compõe já se consagrou no território. Deu os primeiros passos entre-fronteiras asiáticas e, ainda antes, uma passagem por séries americanas de sucesso. O objectivo agora é a afirmação no mercado internacional.Ao Hoje Macau falam do primeiro trunfo para o sucesso mundial em conjunto, o novo álbum “Hidden Places”. E também do concerto de lançamento oficial em Macau, este sábado.

Gravaram, por fim, um disco a três vozes e instrumentos. Falem--me da EP “Hidden Places”, lançada em Maio. Kiko (ou António) - Para este álbum tínhamos a vontade de não fazer uma gravação ortodoxa, tudo por pistas, com o tempo certo, tudo robótico e mais ou menos mecânico. Queríamos trazer o que gostamos mais, o som ao vivo, e transpô-lo para o CD. Fazer daquilo um forma-to físico, com uma produção acei-tável, com um som bem produzido o que nos levou a tomar bastantes decisões relativamente ao sítio e à forma de gravar.

E tudo aconteceu no D.Pedro V, tal como almejavam há algum tempo? Kiko - Já andávamos a namorar este sítio há muito tempo. A casa é mesmo convidativa à criação. Aliás, o Fred estava sempre a gozar, a dizer que o que nós queríamos era licença para montarmos lá sacos--cama 24 horas e acamparmos lá por oito dias. O IC foi bastante generoso em dar-nos total acesso, fizemos as gravações todas lá. Foi tudo feito como se tivéssemos to-cado ao vivo mas sem público. O Fred levou depois o trabalho todo - as pistas, ou seja, o material em bruto para o Brasil - e foi fazer a masterização num grande estúdio em São Paulo.Beto - Era a concorrência do estúdio dos Sepultura [onde foi gravado o primeiro CD, “Feel To Believe”], a dois quarteirões. O equipamento, a mixagem, o jeito que eles trabalham é mais como nós gostamos. Tivemos também que comprar muito equi-pamento mas é um investimento a longo-prazo porque agora podemos continuar a usar.

Em ambiente ligeiro, no bilhar por cima do estúdio onde tudo acontece, os Turtle Giant abrem o jogo da sua carreira

“O nosso objectivo é termos uma carreira sustentável como músicos”

E correu muito melhor do que o primeiro álbum [Feel to Believe]?Fred - Sim, correu bem melhor. Tínhamos muito mais experiência e também liberdade artística. Não ti-nha ninguém lá a produzir-nos então escolhíamos como saía o som, como tocar e essas coisas. Tivemos mais tempo para pensar nas músicas, a que tipo de sons queríamos chegar. O outro foi um pouco na correria, no primeiro CD nem tocamos, foi só entrar no estúdio e gravar, levando coisas de casa.

Estrearam também as músicas em palcos de Macau antes de gravar “Hidden Places”?Todos - Tocámos as músicas todas no Road House [bar no NAPE], depois de gravarmos o CD então já não demos nenhum concerto em Macau, de apresentação. Tocámos em Taiwan, Hong Kong e Singapura mas não tocámos mais em Macau.Beto - Nós tínhamos uma serie de 10, 11 músicas que gravámos no D. Pedro V mas só escolhemos cinco. Porque a gente realmente quis lançar um EP e quisemos trabalhar

mais daí termos escolhido cinco apenas para ‘mixar’ e tudo isso. Kiko - Antes de começarmos as gravações, tínhamos falado em gravar o álbum. Até que decidimos, por várias razões, só lançar aquelas músicas. Por razões de marketing e de atracção de público também, de agências que nos possam eventual-mente ajudar. Beto - O tempo que o Fred tinha em São Paulo também era curto para gravar todas. Mesmo que a gente tivesse feito todas as músicas, a gente iria ainda assim lançar como EP. [Em coro] Assim, lançamos dois EP’s.

E já têm agendados novos con-certos, novas digressões?Kiko - Sim, estamos a planear ir ao Canadá e ao Japão. Mas para já são possibilidades.Fred - Queremos apostar no marketing, trabalhar com outra agência nos EUA, publicitar na rádio, fazer crítica sobre o CD em sites e jornais dos Estados Unidos porque o mercado americano é muito grande. Vamos para estados onde tenham interesse.

Como é que tem sido a aceita-ção do público a este trabalho? É importante para vocês a sua aprovação?Kiko - A receptividade tem sido boa.Fred - Todo mundo tem um gosto diferente. E estúdio é bem diferente que o ao vivo. No ao vivo, as pessoas querem mais uma música para a frente, que dá para dançar e curtir mais, gritar e assim. No estúdio é um pouco mais trabalhar com texturas e pôr cor nas músicas. O que nós queremos fazer é que o EP fique um pouco mais conhecido.

E como é que as pessoas têm aces-so ao vosso EP? Só existe online ou também em postos de venda?Beto - Você vai a Turtle Giant.com e é só pôr um e-mail e a gente manda. É automático. Ou podes baixar o álbum inteiro, o primeiro e o segundo. Fred - Virtualmente estamos em todo o lado mas fisicamente ainda não. Não temos ajuda.Kiko - Temos tido convites para termos as vendas físicas em Macau. Dois ou três. E estamos agora a

tratar disso, brevemente devemos estar em postos de venda. Mas, por outro lado, os hard-core fans mais insistentes não são de Macau. Têm sido de fora, de outros lados da Ásia. Houve malta que sabia quem nós éramos, não estávamos nada à espera.

Quais é que são as vossas ideias, mais possíveis de concretizar ou idealizadas para o futuro?Fred - Se conseguirmos ter uma car-reira nos EUA ou na Europa, mais ou menos já se consegue dominar o mercado da América do Sul e da Ásia porque está tudo interligado. O valor da banda sobe. E esse é o nosso foco. Não é preciso morar nos EUA, é mais estarmos aqui em Macau e gravarmos o nosso trabalho aqui e vamos para lá tocar um mês ou para a Europa ou Brasil. O objectivo então é viverem da música?Beto - O nosso objectivo é termos uma carreira sustentável como músicos. E isso é um desafio mui-to difícil. Acho que é muito mais fácil noutra profissão você ter um

GONÇ

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LOBO

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O

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15culturasexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

caminho, vais à universidade e és engenheiro civil, vais à universi-dade para seres advogado, fazes depois estágio numa empresa e és. E para artista não é um processo tão simples assim. E não há uma fórmula. O que faz as coisas muito mais interessantes mas, ao mesmo tempo, muito mais difíceis.

Estão, por isso, a tentar contornar os obstáculos neste trilho difícil?Beto - Claro. Os três gostaríamos de dizer que estamos muito ocu-pados e não temos mais tempo para outras coisas - para os nossos empregos - porque há muito para fazer, muitos shows para tocar e temos de promover aqui e ali. Esse é o objectivo.

Mas por agora o foco é promover a nova EP. Quais os “lugares escondidos” que quiseram pôr a descoberto? Fred - Lugares da infância. A nossa mãe é de Gouveia.Beto - A capa é a Serra da Estrela, com vista para Gouveia e Seia. Kiko - A foto é da infância da Raquel, a minha namorada. E nós pedimos para usar parte da fotografia para ilustrar o nosso álbum. Mas mais do que a ori-gem da fotografia é o que ela transmite, as texturas, é uma foto bucólica. Remete-nos a um saudosismo, a um passado escondido. E as musicas têm a ver com isso, quebra de barrei-ras, jogos entre relações, em que nos comportamos como crianças e em que se calhar deveríamos ser mais adultos. Mas também, às vezes, somos mais adultos e devíamos ser mais crianças e desinibirmo-nos.

Quem é que é o letrista e o com-positor, por excelência?Kiko - As funções não estão definidas. Nem nos instrumentos estamos agarrados, não existe um guitarrista, um baterista e um bai-

para o fazer, faz.

No sábado, vão dar um concerto para oficializar o lançamento do EP “Hidden Places” em Macau. Contem-nos tudo...Kiko - É no bar Venus Live Club, que abriu recentemente na Taipa, e fomos convidados para lá tocar às 00h30, vão estar também ou-tras bandas de Hong-Kong. É um “soft-opening” do bar não é uma abertura oficial. Beto - Macau é sempre fácil fazer um coisa oficial, é só ter um pouco de vinho, umas pessoas de terno e gravata... [risos] Todo o mundo pode ir lá, teremos o disco à venda.

Podemos ver já o primeiro vide-oclipe deste EP na internet (ver caixa). Já se costura o próximo? Kiko - Já está feito. Mas ainda não lançamos, estamos à espera de o acabar. [risos] É para a “What a Game”. Vai ser engraçado... ‘Wait for it’Beto - A actriz no vídeo tem mais talento do que nós.

Costumam, por norma, planear os concertos ou tocam sob im-proviso?Todos - Planeamos mas também tocamos sob o improviso, em to-dos. O único em que não tivemos improvisos foi no Festival Rota das Letras.Kiko - Isto acontece porque nós também temos uma equipa de ‘managers’ que não nos obriga a tocar o que não queremos. Dão-nos liberdade total parar fazermos o que quisermos. E isso é muito fixe. Não é toda a gente que o tem.

As vossas músicas passaram em várias séries americanas juvenis - como One Tree Hill, Ghost Whis-perer, 90210 - acham que, por isso, as vossas músicas atingem um público mais jovem?Beto - Trata-se do primeiro álbum. Sem gravadora e sem distribuidora,

este canal das series era muito bom para nós [ainda dupla de irmãos], para chegar ao público. Mas não escolhemos público. Se uma menina de 14 anos curte o som, merece o mesmo respeito do que outro público. Eu gosto da música pop e comercial, e não é porque é comercial que é ruim.Fred - Eu mandei um e-mail para várias editoras e recebi uma resposta de uma dos EUA, que lança para series, filmes, jogos e comerciais e gostaram logo do trabalho e queriam trabalhar com a gente.

E onde vão buscar as influências musicais?Fred - Não são só musicais mas mais de produção. Nós gostamos mais de um rock&roll mais sujo, ao mesmo tempo psicadélico, com texturas, com reverb, com ideias e variações de músicas mais loucas e diferentes. De bandas que tocam deste jeito.

Ainda assim, há bandas que vos influenciam nem que seja no estado de espírito diário?Fred - Eu sou muito fã dos Be-atles. Tiveram uma carreira que influenciaram muitas outras bandas alternativas, de gravar, e eu sou muito fã do estilo, da produção, principalmente até dos Beach Boys. Gosto dos Clash, o estilo de música Punk com Ska e a atitude é o que mais gosto. Bem como o som que transmite. Dos anos 90 gosto muito

dos Pixies, dos compositores e da forma como o baixo é usado.Kiko - Oiço todos os dias Radiohe-ad, oiço quase todos os dias Carlos Paredes, oiço muitas vezes Dead Combo mas não estão necessaria-mente patentes neste álbum.

Também familiares influencia-ram o vosso percurso. Sempre tiveram apoio dos vossos pais?Todos - Sim, 100% Fred - O meu pai canta e toca vio-lão, então desde criança ele sempre estava tocando violão. Com 9, 10 anos trouxe um violão, depois uma guitarra eléctrica, uma bateria e um baixo. O meu pai sempre teve bandas aqui em Macau com os irmãos, os primos, tocava aqui. E viu o Beto, que cantou desde os 4, 5 anos, a subir ao palco do Lisboa aqui em Macau. Beto - O meu pai sempre quis ser músico, eu acho. Mas não era tão fácil naquele tempo. Kiko - O meu pai tinha e tem uma guitarra, a mesma com que toco hoje. Os meus pais é que sempre me deram a conhecer música dife-rente, eu ia sempre aos festivais de música em Macau. O meu pai era e é um aficionado de música folk americana. Os meus pais abriram--me imenso os horizontes musicais. Eu podia fazer o que quisesse aqui em Macau, futebol, guitarra, entre outras coisas. E eu queria violino. E puseram-me no conservatório a aprender violino.

• KIKO-Faladenósporquetodosfomoscrianças.Todostivemos

infância.Epretendeserumhinoparaquedeixemosdesertãosérios,

devezemquandonãonosdeixarmoslevartãoasério.Sobretudo

porqueadmiramospessoasquenãoselevamasério.Quetêmum

espíritojovial,eissonãoestádependentedeidades.

• FRED-OKikoteveaideiadegravarquadrosdiferentesmostrando

adultosafazercoisastípicasdasuainfância-brincarcomacomida,

dançar,serespontâneo-egravámosaquiemMacau.Efoióptimo!

Usámososamigoscomopersonagensdovídeo.Tivemosolançamento

dovídeonoBrasil,numsitegrande,emuitosgostaramrealmentedo

vídeoedamúsica.Éumclipequeégostosodever.

• BETO-Achoquefuncionoubemporqueéisso,sãoosnossosamigos

queláestãoeentãoestavammaisconfortáveisàfrentedacâmara.Eaté

elesficaramsurpreendidoscomojeitocomosaiu.Saíramfotogénicos.O

vídeoé‘slowmotional’!

“WE WERE KIDS”

Se conseguirmos ter uma carreira nos EUA ou na Europa, mais ou menos já se consegue dominar o mercado da América do Sul e da Ásia porque está tudo interligado. O valor da banda sobe. E esse é o nosso foco”FREDERICORITCHIE

“Os três gostaríamos de dizer que estamos muito ocupados e não temos mais tempo para outras coisas - para os nossos empregos - porque há muito para fazer, muitos shows para tocar e temos de promover aqui e ali. Esse é o objectivo” BETORITCHIE

“Já está feito. Mas ainda não lançámos, estamos à espera de o acabar. (risos) É para a “What a Game”. Vai ser engraçado...Wait for it” ANTÓNIO(KIKO)CONCEIÇÃO

xista, por definição. Felizmente, conseguimos tocar tudo. Não sei se a isto se chama versatilidade mas não nos apetece tocar sempre o mesmo instrumento. [risos]Fred - Quem está com vontade de trabalhar [risos] e inspirado

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16 desporto sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

PRIMEIRO estranha-se, depois entranha-se. Es-

tipuladas as devidas diferen-ças, o críquete em Macau é como a Coca-cola nos lábios de Fernando Pessoa. Os res-ponsáveis pela associação que chama a si a tutela da modalidade no território passaram os últimos anos a lutar contra moínhos-de--vento ao procurar suscitar a curiosidade e o interesse das gerações mais jovens e só quando optaram por dar outro rumo às estratégias de promoção “do mais cava-lheiresco dos desportos” é que conseguiram grangear os frutos desejados.

O relvado da Escola In-ternacional da Taipa acolhe no próximo domingo, entre as 9 da manhã e as 6:30 da tarde a edição de 2012 do Festival de Críquete de Macau, uma prova que volta este ano a ser disputada por oito formações, duas das quais em representação de empresas e corporações da RAEM. O torneio pauta a estreia de uma equipa oficial da Sands China nas com-petições organizadas pela Macau Crícket Association, assim como o primeiro voo da Air Macau nas lides da bola e do bastão. Adnan Na-sim, principal dinamizador da modalidade no território, reconhece que a entrada em jogo de ambas as formações coloca a Associação que dirige um passo mais perto de concretizar o objectivo de colocar o críquete no mapa numa região onde a modalidade tem pouco tra-

O actual vice-presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), João Bibe, estará alegadamente no centro de dois casos que envolverão a utilização indevida de dinheiros públicos em 2005 e 2006, período em que ocupava o mesmo cargo, mas no extinto Instituto do Desporto de Portugal (IDP). Devido ao mal-estar interno, João Bibe, também inspector-chefe de Finanças, segundo apurou o i, demitiu-se a 29 de Março de 2007 por pressão do então secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias. Este ano regressou ao mesmo cargo.Um dos casos relaciona-se com Macau e aconteceu em 2006. João Bibe foi convidado para estar presente nos primeiros jogos da Lusofonia, que se realizaram em Macau.Apesar de o Instituto de Desporto daquela região garantir, no convite, que à chegada do convidado seria feito o pagamento de todas as despesas até um limite de 6 mil dólares americanos, é o IDP que paga a viagem de avião a João Bibe. Nos documentos a que o i teve acesso é possível verificar que o total de cada viagem em classe económica foi de 1214.78 euros. Porém, na informação dirigida ao então presidente do IDP, Luís Sardinha, é solicitado o pagamento de 2539.56 euros.A duplicação do valor terá servido para pagar a viagem da mulher de João Bibe — que com ele viajou nessa data. Tudo porque Bibe aproveitara para tirar férias nos dias imediatamente antes dos jogos e programou a viagem para chegar a Macau no início das suas férias e não no início dos jogos.

Também por email, o vice-presidente do IPDJ explica: “Confirmo que a minha mulher me acompanhou na visita, tendo viajado comigo no dia 29 de Setembro para Hong-Kong em período de gozo de férias até 6 de Outubro a expensas próprias, sendo que o pedido de férias foi deferido pelo senhor presidente do IDP (...).”Quanto ao pagamento da viagem da mulher adianta que “para ser mais prático, pedi por email à agência de viagens que marcasse tudo em simultâneo (dando conhecimento desse facto aos serviços dado nada ter a esconder), com os dados da minha mulher, e pedindo para facturar só a minha viagem ao IDP, tendo eu suportado todas as outras despesas da viagem.”João Bibe conclui que não se terá apercebido de qualquer duplicação e que “nada [lhe] foi questionado pelos serviços financeiros do IDP de então, ou até hoje por ninguém”. Num encontro em Lisboa, para que este inspector-chefe de finanças pudesse prestar algumas declarações sobre o caso, esteve presente um elemento do IPDJ, apresentada como colega, mas que o i apurou tratar-se de uma jurista avençada daquele instituto.A partir desse momento, toda a comunicação e troca de documentos se estabeleceu por telefone e email. Num dos e-mails o vice-presidente afirmou ao i estar disposto a agir judicialmente contra aquilo que considera estar a ser alvo: “difamação e calúnia”.O Ministério Público não recebeu até ao momento qualquer informação sobre este caso.

Festival de críquete disputa-se no próximo domingo

Corporativo é que éInstituto do Desporto pagou férias de mulher de vice-presidente a Macau

Marco [email protected]

O Grupo Desportivo Lam Pak conquistou ontem a Taça da Associação de Futebol de Macau

ao bater na final o onze do Clube Desportivo Monte Carlo por duas bolas a uma. O encontro colocava frente-a-frente os dois clubes de maior nomeada do futebol do ter-ritório em termos de palmarés e na reedição de um dos mais antigos clássicos do desporto-rei de Macau, nenhum dos emblemas desiludiu. Com a equipa na máxima força, o Lam Pak entrou melhor no desafio e foi a primeira formação a levar perigo ao último reduto adversário, mas acabou por ser o Monte Carlo a inaugurar o marcador. A formação

Final da Taça de Macau Lam Pak, 2 – Monte Carlo, 1

Festa foi do Lam Pakorientada pelo técnico português Paulo Bento conseguiu sacudir aos poucos a pressão do arqui-rival e aos 23 minutos, da segunda vez que conseguiu visar com perigo a baliza do Lam Pak, inaugurou com estrondo o marcador. Ansumane Seidi é quem arquitecta o primeiro dos golos do desafio, ao tirar um cruzamento preciso para o centro da área adversária. O brasileiro Robson Arroio responde com in-superável acerto à solicitação do colega e remate de primeira para

um tento de contornos majestosos em qualquer estádio do mundo.

Motivado pelo golo, o onze “ca-narinho” voltou à carga dois minutos depois e só não dilatou a vantagem porque o guarda-redes do Lam Pak respondeu à altura à investida do ata-que dos vice-campeões do território. A formação orientada pelo veterano Chan Man Kin não baixou os braços e conseguiu chegar ao empate no final da primeira parte, num lance em que a defensiva do Monte Carlo nem o guarda-redes Domingos Chan

ficam bem na fotografia. Os homens mais recuados do grupo de trabalho às ordens de Paulo Bento permitem o remate rasteiro do nigeriano John Emmanuel, o guardião do Monte Carlo não vê partir a bola e acaba por consentir com alguma ligeireza o empate.

As duas formações recolheram ao balneário empatadas e na segunda parte o Lam Pak conseguiu neutrali-zar as linhas de passe do adversário e foi não só mais eficaz, como também mais feliz. A formação orientada por

Chan Man Kin ainda viu o Monte Carlo criar perigo aos 44 minutos na cobrança de um livre-directo, mas três minutos depois decidiu a contenda a seu favor, com Raymond Yiu Hok Man a conduzir um contra--ataque rápido de forma exemplar e a bater Domingos Chan com um remate colocado, sem hipóteses de defesa para o antigo guarda-redes da selecção do território.

Depois de ter concluído a edição de 2012 da Liga de Elite no quarto lugar da tabela, o Lam Pak encerra a temporada do futebol de onze com chave-de-ouro. A formação azul e branca volta agora atenções para o Campeonato de Futebol de 7, conhecido popularmente por “Bolinha”, onde tem por principal missão a defesa do título conquis-tado há um ano.

dição: “A corporativização da modalidade é algo que pode jogar a nosso favor. Tentámos durante anos di-vulgar o críquete junto das escolas do território mas nunca obtivemos grande sucesso. As gerações mais novas precisam de modelos e com a entrada em jogo de empresas como a Sands China e a Air Macau conse-guimos por associação dar um novo rosto ao críquete de Macau e atrair um novo público à modalidade”, explica Nasim.

Para além da Air Macau e da Sands China, dispu-tam a edição de 2012 do Festival de Críquete três equipas em representação da Associação de Críque-te e ainda as formações do Macau Muppets e do Morton’s The Steakhouse. Este ano, a única partici-pação internacional está a cargo da formação do Green Eagles, um conjunto oriundo da vizinha Região Administrativa Especial de

Hong Kong que se estreia na competição de maior nomeada organizada pela Macau Cricket Association.

PREPARAÇÃO JUNTO À TORRE DE MACAUOutra novidade na edição de 2012 do certame prende-se com o facto da preparação para a prova começar a ser feita nas instalações despor-tivas provisórias construídas pelo Instituto do Desporto nas imediações da Torre de Macau. As oito formações que vão disputar a prova têm este ano a oportunidade para afinar estratégias, depois do IDM ter disponibilizado as instalações para uma sessão conjunta de treino agendada para o início da noite de hoje. O perímetro, tem de resto, vindo a ser utilizado pela Associação de Críquete de Macau como espaço de preparação para os cerca de trinta praticantes regulares que a modalidade tem no território. O número teima em não crescer, mas Adnan

Nasim não se mostra inco-modado: “Acontece tudo a uma velocidade estonteante em Macau. Ao longo dos úl-timos anos tivemos centenas de pessoas a competir con-nosco, mas são pessoas que ficam muito pouco tempo no território, por razões de ordem vária. O importante é que conseguimos estabilizar um núcleo de jogadores e desde que começamos a treinar na zona da Torre conseguimos suscitar a curiosidade de várias outras pessoas, algumas das quais mostraram interesse em treinar connosco”, explica o dirigente.

A exemplo do que suce-deu há um ano, a edição de 2012 do Festival de Críquete de Macau vai ser disputada na variante de críquete de seis. As oito equipas que vão lutar pelo triunfo na com-petição vão jogar mediante as regras do chamado “soft cricket”, uma versão abre-viada de uma modalidade que mobiliza milhões de pessoas em países como o Sri Lanka, a Índia ou o Pa-quistão. A edição de 2011 do principal torneio de críquete da RAEM foi ganha pela formação dos Panyu Indians, uma formação oriunda da vizinha província de Can-tão que surpreendeu tudo e todos. Os “índios” de Panyu estrearam-se na prova com o pé direito e conquistaram a competição, no primeiro ano em que o críquete da República Popular da Chi-na esteve representado no Festival. - M.C.

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TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO18:30 TDM Talk Show (Repetição)19:00 Euro 2012: Republica Checa - Portugal (Repetição)20:30 Telejornal21:00 Olhar Macau21:30 Regresso a Sizalinda22:15 Aquarela do Brasil23:00 TDM News23:35 Noises Off (Apanhados no Acto)01:20 Parques Naturais02:05 Telejornal (Repetição)02:45 Euro 2012: Alemanha - Grécia (Directo)04:45 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Pedras que Falam15:00 Há Conversa16:00 Bom Dia Portugal17:00 Portugal Negócios – Com: Sandra Correia17:30 Viagem ao Centro da Minha Terra18:00 Com Amor Se Paga19:00 Estado de Graça20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:00 Couto & Coutadas22:30 Portugal no Coração

ESPN12:30 US Open Championship 2012 4th Round15:30 MLB Regular Season 2012 Tampa Bay Rays vs. Washington Nationals18:30 (Delay) Baseball Tonight International 201219:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 Football Asia 2012/1320:30 Spirit Of London21:00 X Games La Classix22:00 Sportscenter Asia 201222:30 Football Asia 2012/13

23:00 Spirit Of London23:30 Seoul 1988

STAR Sports12:00 Wimbledon 2010 Best Of The Championships15:00 ATP - AEGON International Quarterfinals18:00 Wimbledon Official Film 201019:00 MotoGP World Championship 2012 - Highlights British Grand Prix20:00 Game 201220:30 (LIVE) Score Tonight 201221:00 (LIVE) ATP - AEGON International Semifinals

FOX Movies12:30 Once Upon A Time13:20 Drive Angry15:05 Rio16:45 Shanghai Knights18:45 Surf’S Up20:15 Once Upon A Time21:00 Homeland22:00 Homeland23:00 The Beaver00:35 Once Upon A Time

HBO12:55 Hemingway & Gellhorn15:35 Problem Child17:00 Blue Crush 219:00 Spider-Man21:00 Game Of Thrones22:00 The Waterboy23:30 Thor

Cinemax12:20 Striptease14:15 Up In The Air16:00 A Dandy In Aspic17:50 Number One With A Bullet19:45 The Wolfman21:30 Epad On Max21:45 The Making Of Spartacus22:00 Spartacus: Vengeance23:45 Shutter Island

17futilidadessexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-Aproximavam. A parte interior e mais dura do tronco das árvores. 2-Preserva. 3-Alameda. Banha de porco, por derreter. 4-Sólido (s.q.). Númerário, dinheiro. Autores (abrev.). 5-Parte acessória da coisa a que está aderente. Pedra-ume Manifestar o riso. 6-Viagens. Faziam a leitura. 7-Desaba. Que não tem miolo. Retira-se. 8-Idem (abrev.). Nome de mulher. Consoante repetida. 9-Observe, anote. Parte anterior do navio. 10-Aquilo com que se refreia. 11-Em grau ou categoria superior. Separa da planta (flores, folhas ou frutos).

VERTICIAIS:1-Muito alegre, satisfeita. O que rodeia alguma coisa. 2-Que apresenta a forma de dois lábios. 3-Peúva. Juntei. O m. q. tris (Pref.). 4-Cultivam. Estudem. 5-Montão. Atreveu-se. Nota musical. 6-Carruagem, comboio. Remar para trás. 7-Nome de letra. Daquelas. Era Cirstã (abrev.). 8-Fêmea do cavalo. Planta faseolácea. 9-Pessoa, coisa (Arc.). Chefe etíope. Lista. 10-Manhoso, velhaco. 11-Repercutir. Número de anos.

HORIZONTAIS:1-UNIAM. CERNE. 2-F. PROTEGE. C. 3-ALEA. R. UNTO. 4-NA. MOEDA. AA. 5-ABA. UME. RIR. 6-IDAS. LIAM. 7-CAI. OCA. SAI. 8-ID. LUISA. DD. 9-NOTE. A. PROA. 10-T. REFREIO. D. 11-ACIMA. COLHE.VERTICAIS:1-UFANA. CINTA. 2-N. LABIADO. C. 3-IPE. ADI. TRI. 4-ARAM. A. LEEM. 5-MO. OUSOU. FA. 6-TREM. CIAR. 7-CE. DELAS. EC. 8-EGUA. I APIO. 9-REN. RAS. ROL. 10-N. TAIMADO. H. 11-ECOAR. IDADE.

À ATENÇÃO DOS ‘SUPER--MEGA-INFOINCLUÍDOS’ (DO GOVERNO)Estou em crer que estamos a dar um passo maior do que a perna neste pequeno território. A terceira geração de telemóveis é coisa que convence muita gente, miúdos e graúdos, mas não está acessível a todos e não é do interesse geral. Acredito que se deva respeitar isto.Os velhotes - pais, tios, avós da malta que não larga o seu iphone ou smartphone nem no WC - não quer saber de usar a internet no telemóvel. Então porque hão-de ser obrigados? Será que o Governo, representado pelos serviços de telecomunicações, não percebe que tudo o que os idosos mais querem é marcar a tecla que liga ao filho, ao neto e a um ou outro familiar mais próximo? Essa geração já não está em idade de se educar tecnologicamente. Não quer. Nem precisa. Por isso, não necessita que a geração seguinte, ou duas a seguir, lhe imponha um aparelho pouco prático, que para mais não lhe reduza os custos, numa altura em que só as reformas não sobem no território. Se são 30 mil ou 10 mil ou apenas mil que não querem aderir ao 3G, não interessa. São “casmurros” que se sentem no direito de, tal como não têm computador ou televisão, se assim entenderem, não terem também um telemóvel topo de gama para lhes dar informações a que não querem ter acesso.Ontem ficou-se a saber que a transição obrigatória - não percebo que ditadura tecnológica é esta - fica adiada para mais tarde. À beira do fim do prazo inicial (8 de Julho) as pessoas mantiveram-se resistentes em mudar e queixaram-se muito. Mas tanto que, descontentes, recorreram até ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) para verificar a legalidade de todo este processo. A não existência de “ilegalidade administrativa”, como referiu o director da DSRT, foi desmentida logo de seguida pelo relatório do CCAC, já que dizem que viola várias disposições do Código de Procedimento Administrativo (CPA). Além de, violar os princípios da boa-fé, proporcionalidade e igualdade na decisão de extinguir o acesso dos utilizadores locais à rede da 2ª geração a partir de 9 de Julho. Pois claro que há, e haverá. É de má-fé fazer com que as pessoas que só querem o seu telemóvel eficiente - fazer e receber chamadas - tenham de andar em trabalhos de mudança de plano de rede. “Os consumidores têm o direito de optar” se querem permanecer com uma tecnologia já “ultrapassada”, assume ainda o relatório do CCAC. Então, só há uma coisa que eu não percebo. Porque é que não instam o Governo a não tomar a mudança como obrigatória? Porque é que não podem permanecer as duas redes em funcionamento, se até a operadora pública (CTM) disse que o sentimento do mercado é a de que “há necessidade de manter a rede e os serviços 2G”? Se necessário, reformem então a rede “obsoleta” mas não a extingam. Pensem nisto.

Pu Yi

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CURSO DE ESCRITA CRIATIVA I • Pedro Sena-LinoTem ideias mas não sabe como passá-las ao papel? Sente-se a bloquear sempre que tenta iniciar um texto? Saiba que está a um passo de se libertar destas inquietações! Alicerçado em dez anos de experiência do autor, em que mais de cinco centenas de alunos frequentaram os seus cursos, este livro divide-se em dezoito ferramentas, exemplos literários, exercícios simples testados por quem já os realizou e conclusões assentes na prática da escrita. Cativante e criativo, este livro surpreendente ajudá-lo-á a soltar as amarras da sua criatividade e a estimular o grande escritor que há em si!

CURSO DE ESCRITA CRIATIVA II • Pedro Sena-LinoSente que há outras vozes a falar dentro de si? Precisa urgentemente de lhes dar vida, densidade, um lugar no mundo? Só tem de ter presente que as personagens são “tão naturais como uma árvore, um parlamento ou uma biblioteca” (parafraseando Álvaro de Campos). E, depois, é só exalar o sopro vital! Organizado entre perigos (as nossas formas de prender personagens) e estratégias (para as libertarmos), este curso assenta em teoria, prática, exercícios e exemplos; e vem acompanhado de um breve capítulo extra para poder escrever as suas personagens em formato de conto ou romance.

Page 18: Hoje Macau 22 JUN 2012 #2637

A continuar a actual propensão para a produção e consumo de recursos naturais, os países serão responsáveis pelo dano e degradação ambiental inimaginável e incalculável, que pode levar à extinção da espécie humana

18 opinião sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

A Rio+20

perspect ivasJorge Rodrigues Simão

“Somos governantes deste Planeta. Pelas nossas mãos passam decisões políticas que impactam o crescimento económico, a inclusão social e a protecção ambiental. Temos a responsabilidade, perante a História e perante os nossos povos, de fazer da Rio+20 o momento de firmar compromissos para o futuro que queremos: o compromisso com a vida, com o bem-estar das pessoas, com o bem-estar de milhões de homens e mulheres que habitam este Planeta. Compromisso que será concretizado com o desenvolvimento sustentável que se pode traduzir em três palavras: crescer, incluir e proteger.”

Discurso da presidente da república do Brasil, Dilma Rousseff, durante cerimónia de abertura

protocolar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20)

“Conferência das Nações Uni-das sobre o Desenvolvimento Sustentável”, também conhecida igualmente, por “Rio+20”, ini-ciou os seus trabalhos no dia 13, e encerra no presente dia, com a

apresentação de um documento conclusivo, que responde aos problemas contidos nos temas em agenda, suportados no pilar da economia verde, no âmbito do desenvol-vimento sustentável, tendo como objectivo a eliminação da pobreza e a criação insti-tucional de mecanismos, que implemen-tem e monitorizem todas as actividades a nível global, no respeito pelo princípio do desenvolvimento sustentável, tendo dado primazia, às áreas da dignidade no emprego, energia, cidades sustentáveis, segurança alimentar e agricultura sustentável, água, oceanos e rápida resposta às áreas atingidas por desastres naturais.

A minuta do documento de trabalho foi submetida aos países participantes para aprovação, tendo recebido de imediato a concordância dos Estados Unidos, União Europeia e “G77+China”, e que contempla a criação de um fórum político, universal e in-tergovernamental, tendo por base a eficácia, experiência, recursos e modalidades de par-ticipação da “Comissão de Desenvolvimento Sustentável”, que é um órgão funcional do “Conselho Económico e Social”, criado pela “Assembleia Geral da ONU” em 1992, com o objectivo de apoiar a realização, imple-mentação e cumprimento dos princípios que consubstanciam a “Agenda 21”.

O fórum político a ser criado deverá substituir a “Comissão de Desenvolvi-mento Sustentável”. Quanto à questão das responsabilidades diferenciadas, que constitui uma área de conflito para os países desenvolvidos, que defendem a divisão igual da responsabilidade sobre o desenvolvimento sustentável, o Brasil, na qualidade de presidente da “Rio+20”, apresentou a proposta que reafirma o prin-cipio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, resultantes da “Rio-92”.

A

Quanto aos “meios de implementação” são reconhecidas as necessidades diferen-ciadas para os países ricos e em desenvolvi-mento, que carecem de recursos adicionais para a implementação do desenvolvimento sustentável, tendo sido proposto a criação de um processo intergovernamental, sob tutela da “Assembleia Geral da ONU”, com o objecto de avaliar as necessidades financeiras dos países, e a eficácia dos seus instrumentos, que permita elaborar uma estratégia efectiva de financiamento do desenvolvimento sustentável, que auxiliaria a mobilização de recursos e o seu uso como meio de atingir as metas programadas.

Quanto à erradicação da pobreza como o maior desafio que o planeta enfrenta, o texto do primeiro documento de trabalho, referia-se a pobreza extrema, que foi alte-rado para pobreza na minuta do documento conclusivo da “Rio+20”, recomendando que o “Sistema da ONU”, em colaboração com os principais doadores e organizações internacionais, deve facultar a transferência de tecnologia para os países em desenvolvi-mento. O “Sistema” actuaria como um meio que facilite e encoraje, o encontro entre os países interessados e os potenciais parcei-ros, criando instrumentos para aplicação de políticas de desenvolvimento sustentável, dando exemplos das aplicadas com sucesso nas respectivas áreas, e informando sobre as metodologias a seguir na sua avaliação.

Quanto ao “Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (PNUMA)”, sendo a principal autoridade global em termos de meio ambiente, como agência do “Sistema da ONU”, que tem entre os seus principais objectivos, conservar o estado do meio ambiente global, alertar os países acerca dos problemas e ameaças ao meio ambien-te e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida das populações, pelo uso eficaz dos recursos, no contexto do desen-volvimento sustentável.

A minuta do documento conclusivo, afirma que os países signatários ficam comprometidos a fortalecer as funções do “PNUMA”, e a consolidar de forma progres-siva a sua sede, em Nairobi. A ser aprovada pela “Assembleia-geral da ONU”, na sua próxima sessão, é sugerida a adopção de uma resolução que permita ao “PNUMA”, aumentar os seus recursos financeiros e fontes de financiamento, bem como receber contribuições voluntárias para cumprimento dos seus objectivos.

Quanto aos oceanos, o documento aconselha o estabelecimento de um meca-nismo jurídico, no quadro da “Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM)”, mais conhecida na designação inglesa, por “United Nations Convention on the Law (UNCLOS)”, celebrada em Mon-tego Bay, a 10 de Dezembro de 1982, que

estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos, e dos seus recursos, define e codifica os conceitos recebidos do direito internacional costumeiro referentes aos assuntos marítimos, como é o caso de mar territorial, zona económica exclusiva, plataforma continental e outros, bem como ainda, estabelece os princípios gerais para a exploração dos recursos naturais marinhos, tendo criado o “Tribunal Internacional do Direito do Mar”, com competência para dirimir os conflitos relativos às questões de interpretação e aplicação da “Convenção”.

A minuta do documento conclusivo da Rio+20, afirma que os países reconhecem a importância dos mares para erradicação da pobreza, crescimento económico sustentável e segurança alimentar, comprometendo-se a proteger e restaurar a saúde, resistência e produtividade dos ecossistemas marinhos, tendo em vista manter a sua biodiversidade. Quanto aos “Objectivos do Desenvolvi-mento Sustentável (ODS)”, o primeiro documento afirmava que deveriam ter por base o consignado na “Agenda 21” e no “Plano de Implementação”, resultante da “Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento

Sustentável”, mais conhecida na designação inglesa por “World Summit on Sustainable Development”, realizada em Joanesburgo, entre 26 de Agosto e 4 de Setembro de 2002, também designada por “Rio+ 10” ou “Cúpula da Terra II”, que respeitavam os princípios da “Rio-92”, em particular o das respon-sabilidades comuns, porém diferenciadas, como se referiu.

O novo documento fala que os “ODS” devem ser criados, tendo em consideração as diferentes circunstâncias, capacidades e prioridades nacionais, ou seja, reconhece as particularidades de cada país. O texto do documento, acrescenta ainda, que após a “Conferência”, que hoje termina, será criado um processo intergovernamental para desenvolver os objectivos globais. É de entender que será criada uma comissão de coordenação para elaborar os objectivos até Setembro de 2012, e que terá um ano (Setembro de 2013) para apresentar uma proposta.

O prazo estipulado prevê que os “Objec-tivos” entrem em vigor será 2015. O docu-mento indica por fim, que os “ODS” devem conter metas e indicadores para que cada país possa adaptá-los à sua realidade e níveis de desenvolvimento. A “Conferência”ficou muito aquém do esperado, tendo em conta, o último relatório da série “GEO-5 (Panorama Ambiental Global - 5)” do “PNUMA”, o documento mais importante sobre o esta-do, as tendências e perspectivas do meio ambiente global, publicado em Maio, com o título de “Keeping track of our changing environment: From Rio to Rio+20”.

O relatório, indica que se realizaram progressos em apenas quatro das noventa metas ambientais propostas, tendo um grupo de cientistas advertido que o planeta pode-ria atingir uma situação sem retorno, mais cedo que o previsto. O “PNUMA” avisa os líderes mundiais a tomarem sérias medidas, em conjunto, na “Rio+20. No entanto, as negociações prévias à “Conferencia”, não conseguiram consensos para propor soluções eficazes. Os países desenvolvidos não che-gam a acordo, quanto a temas fundamentais, como a eliminação de subsídios ao consumo de combustíveis fósseis, regulação da pesca no alto mar e a pressionar as grandes indús-trias a adoptar compromissos ambientais.

O relatório teve por base 90 temas ambientais. As conclusões mostraram que apenas, se conseguiram alguns progressos em temas como a gasolina sem chumbo e controlo do desaparecimento da camada de ozono, maior acesso à água potável e investigação em poluição marinha. A con-tinuar a actual propensão para a produção e consumo de recursos naturais, os países serão responsáveis pelo dano e degradação ambiental inimaginável e incalculável, que pode levar à extinção da espécie humana.

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19opiniãosexta-feira 22.6.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Volker Perthes *In Público

natureza multipolar do sistema internacional actual estará no-vamente exposta na próxima cimeira do G-20 em Los Cabos, México. Os problemas globais já não são resolvidos, as crises

já não são geridas, nem as regras globais definidas, muito menos implementadas, da maneira tradicional, por um punhado de potências principalmente ocidentais. Gran-des e médias potências incipientes, como a Índia, o Brasil, a Indonésia, a Coreia do Sul, a Turquia e a África de Sul, também exigem que a sua voz seja ouvida.

Algumas destas potências são ainda economias emergentes. Politicamente, no entanto, a maior parte já ultrapassou o limiar que durante muito tempo limitou o seu acesso à cozinha da tomada de de-cisões internacionais. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (os “P-5”) ainda defendem o seu direito a vetar resoluções, e o seu poderio militar não tem par. Mas já não dis-põem de suficientes recursos, competência e legitimidade para enfrentar sozinhos os desafios ou crises globais.

A bipolaridade pertence ao passado, e é improvável que volte a aparecer num novo “G-2” sino-americano. É igualmente impro-vável no futuro previsível que qualquer clube de países, como o G-7 ou o G-9, assuma novamente uma posição de quase hegemo-nia. Até mesmo o G-20, na sua composição actual, pode não representar com rigor as forças que podem mudar e mudarão a forma do vigésimo primeiro século.

Para os Estados Unidos, a União Euro-peia, o Japão e outros membros do “Velho Ocidente”, as boas notícias são que a maior parte das potências emergentes que se estão a posicionar para um papel global mais ac-tivo são também democracias. No seio do G-20, só dois estados – a China e a Arábia Saudita – explicitamente não querem ser democracias liberais, enquanto um terceiro, a Rússia, desenvolveu uma autocracia com uma fachada democrática.

As notícias menos boas são que estas novas potências democráticas não partilham necessariamente a agenda política do Velho Ocidente. Por exemplo, diferem nas políti-cas climáticas, vendo nelas uma ameaça ao desenvolvimento. Similarmente, enquanto novas médias e grandes potências nem

Quando as democracias colidem A Europa precisa de aprender a ser mais clara e mais transparente sobre

os interesses subjacentes às suas próprias políticas, em vez de sugerir que as suas posições num assunto específico representam a única implementação racional das normas e valores democráticos

sempre concordam, são geralmente mais cépticas quanto a sanções internacionais e intervenções militares.

Além disso, alguns dos mais importantes destes estados divergem substancialmente dos EUA, e muitas vezes também da UE, sobre a melhor abordagem relativamente a conflitos regionais, especialmente no Médio Oriente. Assim, em 2010, os EUA entraram numa disputa diplomática séria com a Tur-quia e o Brasil sobre o modo de resolver o conflito com o Irão acerca do seu programa nuclear. Sem admiti-lo directamente, os EUA ficaram claramente desgostosos que estes dois estados tivessem tentado desempenhar na disputa um papel diplomático próprio.

As diferenças são também visíveis nos casos em que as novas médias ou grandes

potências democráticas participaram na formação de novos grupos ou clubes, como o BRICS, juntamente com potências não--democráticas. A Índia, o Brasil e a África do Sul estão a usar tais formatos para perseguir os seus interesses, ou simplesmente para de-monstrar o seu peso internacional acrescido. Há pouco acordo entre eles e a Rússia ou a China – ambas membros do P-5 – no que respeita a valores políticos ou a questões fundamentais de ordem internacional.

Juntamente com muitos outros estados no Sul global, contudo, a Rússia e a China tendem a defender o princípio da não-inge-rência, e mostram geralmente relutância em apoiar quaisquer tentativas dos EUA ou da Europa para projectar a democracia ou para defender os direitos humanos noutros países.

Não poucos legisladores nos EUA e na Europa reagiram com espanto, ou até desagrado, a estas tentativas das potências democráticas emergentes de perseguir as suas próprias agendas na cena mundial. Essas reacções reflectem parcialmente o pensamento antigo enraizado na Guerra Fria, quando os países democráticos podiam diferir nos detalhes, mas concordavam nas questões principais da política internacio-nal. Aqueles que perseguiam uma agenda diferente em assuntos substantivos ou não faziam parte do “campo democrático” ou não eram actores internacionais importantes.

Pelo contrário, uma característica central do actual mundo globalizado e multipolar é que os valores democráticos partilhados não garantem acordo sobre questões substanti-vas de política internacional. Quando mais democracias existem, mais provável é que apareçam conflitos de interesses e diferenças entre países democráticos.Há poucos moti-vos para reagir com raiva quando estados como a Turquia, o Brasil ou a África do Sul definem prioridades diferentes das da Europa ou dos EUA, ou têm visões diferentes de como lidar com o conflito israelo-árabe, com o Irão, com a ajuda para o desenvolvimento, com a promoção da democracia, ou com a protecção ambiental. O exemplo dos EUA mostra claramente que as grandes potências democráticas seguem muitas vezes os seus interesses com pouca consideração por um bem global comum definido por outros.

Por outras palavras, a ordem interna-cional está a tornar-se mais plural. A tarefa para as democracias ocidentais estabeleci-das é aceitar e lidar com essas “diferenças democráticas” ao nível internacional, e procurar coligações multilaterais para gerir ou resolver problemas.

Em princípio, a UE está melhor posicio-nada que os EUA (e certamente que a China) para empreender esta tarefa. Os europeus têm bastante prática em lidar com dife-renças e criar consensos entre estados que pensam de modo maioritariamente similar. Dito isso, a Europa precisa de aprender a ser mais clara e mais transparente sobre os interesses subjacentes às suas próprias políticas, em vez de sugerir que as suas po-sições num assunto específico representam a única implementação racional das normas e valores democráticos.

* Presidente executivo e director do Instituto Alemão para os Assuntos Internacionais e de Segurança

A

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sexta-feira 22.6.2012www.hojemacau.com.mo

car toon por Steff

Eunice Muñoz vítima de rumorA actriz Eunice Muñoz, que recentemente sofreu um acidente no Teatro Nacional D. Maria II, está de perfeita saúde. Nas redes sociais correu o rumor que a actriz tinha falecido, mas tal não passa de um erro. O Hardmusica falou com fontes próximas da actriz que afirmou “a Eunice está viva e de perfeita saúde”, realçando “do acidente que sofreu nos ensaios da peça Comboio da Madrugada apenas está na fase final de solidificação dos pulsos”. Para satisfação de muitos portugueses, uma das nossas mais consagradas actrizes está viva e de boa saúde.

Cientistas detectam água gelada na LuaImagens captadas recentemente no pólo sul da Lua mostram água gelada no fundo da cratera Shackleton, defendem os cientistas. Um grupo de investigadores do Instituto Tecnológico de Massachusetts, da Universidade de Brown, e do centro espacial Goddard da NASA, asseguram que na imagem é possível identificar gelo no fundo de uma cratera, baseando-se numa imagem com detalhes nunca antes vistos captada pelo Lunar Reconnaissance Orbiter. O caso está a entusiasmar a comunidade científica, que vê nesta descoberta a chave de alguma vez os humanos poderem habitar a Lua. Os cientistas concluíram que o fundo da cratera Shackleton, com mais de três quilómetros de profundidade e 19 de largura, tem mais brilho que o das crateras circundantes, o que indica a presença de gelo na Lua.

Irão poderá fabricar bomba atómicaO Irão tem urânio enriquecido a 3,5% em quantidade suficiente para no prazo de quatro meses obter urânio altamente enriquecido e capaz de produzir uma bomba atómica. O alerta partiu de especialistas americanos do centro de reflexão Bipartisan Policy Centre, citados pela agência AFP: “O Irão poderá produzir uma bomba atómica muito rapidamente se quiser.” As palavras foram ditas por Stephen Rademaker, à comissão de Defesa da Câmara de Representantes, baseado em dados da Agência Internacional de Energia Atómica. Rademaker defende que o Irão já produziu 3.345 quilos de urânio enriquecido a 3,5%, o suficiente para dispôr, após enriquecimento posterior, de urânio para construir duas bombas atómicas.

Asiáticos superam latinos a ir para EUAOs asiáticos já são o maior grupo imigrante nos EUA, superando até os latinos. De acordo com um relatório divulgado esta semana, os resultados reflectem a diminuição da procura por trabalho imigrante além do aumento da repressão sobre os ilegais. Segundo o Pew Research Center, o número de imigrantes asiáticos cresceu de 19 para 36% entre 2000 e 2010, enquanto no mesmo período a entrada e imigrantes latinos caiu de 59 para 31%. Entre os imigrantes ilegais nos EUA, 11% são asiáticos e 75% são latinos. Os especialistas procuram respostas a esta tendência, sendo que alguns avançaram que como a política de imigração dos EUA favorece a mão-de-obra qualificada e estudantes, os asiáticos saem beneficiados.

Rajoy confundido com líder das Ilhas Salomão Mariano Rajoy aguardava para discursar na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, quando foi, erradamente, confundido com o primeiro-ministro das Ilhas Salomão. A primeira intervenção do chefe do Governo espanhol foi marcada por um erro de protocolo, tendo sido confundido o país em causa. Rajoy falou, precisamente, depois do primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Gordon Darcy Lilo. Mariano Rajoy subiu à tribuna e os ecrãs gigantes no Rio Centro, onde se realiza a cimeira, começaram a transmitir o discurso de Rajoy com legendas em inglês. “Obrigado à sua excelência, Mariano Rajoy, primeiro-ministro do Reino de Espanha, pelo seu discurso. Aproveito esta oportunidade para lhe pedir desculpas pelo erro, a esta hora tardia”, disse, no final, o presidente do plenário.

Irmãos Jackson em homenagem a MichaelIniciou este semana, no Canadá, a nova tournée dos irmãos Jackson, três anos após a morte de Michael Jackson. A ausência daquela que foi a principal estrela da família ainda é algo a que os irmãos não estão habituados, contou Marlon Jackson à agência AP: “Eu não acredito que o meu irmão não está aqui.” “Estou habituado a ter o Michael à direita, seguido do Marlon e por aí em frente. É algo a que nunca nos habituamos”, disse Jermaine Jackson à mesma agência. Os espectáculos, que servirão de homenagem a Michael Jackson, terminam com o tema “Gone Too Soon”, alusivo à estrela pop desparecida. Depois de actuarem no Canadá, os irmãos cantam nos Estados Unidos, uma vez que a tournée não prevê concertos na Europa.

RIO +20 O URSO POLAR

REDENTOR

OS números apresenta-dos no final do ano por parte dos membros das associações do

território não são devidamente verificados pela entidade que lhes concede apoios financeiros, a Fundação Macau (FM). A cri-tica é avançada no mais recente relatório do Comissariado da Auditoria (CA), que acusa a FM de não “cumprir totalmente” o “regulamento interno da FM so-bre critérios e análise e concessão de subsídios”.

Nas palavras do CA, “a fisca-lização da aplicação de subsídios atribuídos actualmente praticada pela FM continua a cingir-se ao exame de contas apresentadas pelos beneficiários”, que são alvo de “uma apreciação insuficiente, sem qualquer procedimento de certificação da veracidade dos da-dos apresentados”. Nas palavras da entidade, tal “comporta riscos de controlo significativos”.

Desta forma, a FM deve criar regras mais apertadas na hora de conceder apoios financeiros a estas organizações. Não só deve ser feita uma análise “adequada” dos pedidos de subsidio como

Fundação Macau não cumpre critérios

Falhas nos subsídios

CicloneConhecem a história da lebre e da tartaruga? No Europeu a Grécia será a tartaruga, enquanto a Alemanha será a lebre. POR FERNANDO

devem ser “adoptadas medidas para fiscalizar eficazmente os subsídios concedidos, por forma a que os dinheiros públicos sejam aplicados de acordo com os planos iniciais”.

Na opinião do CA, são impor-tantes novas medidas porque “os recursos financeiros públicos são limitados”, para além de que “o nú-mero de associações e de pedidos de apoio tem vindo a aumentar”.

Para já, o documento já foi entregue a Chui Sai On, Chefe do Executivo, para apreciação.

SUBSÍDIOS NÃO DECLARADOS O período de análise do CA cor-responde a Janeiro de 2010 e Julho de 2011, tendo sido analisado 1217 processos. No total, a FM deu 1,3 mil milhões de patacas em subsí-dios, sendo que as associações re-ceberam 99% desse dinheiro para financiar mais de 1200 actividades. Neste caso a FM financiou apenas 16% dos eventos.

A obrigatoriedade de apresen-tação do relatório de actividades não foi cumprida por todas as associações, mas mesmo assim a FM não as obrigou a devolver o dinheiro, tendo feito contas apenas

em Março de 2010. Há 13 casos de associações

que têm o mesmo presidente e têm a sede no mesmo local, pelo que a FM deve “evitar a acumulação de subsídios”.

Há casos onde as entidades não declararam o pedido de sub-sídios de outras fontes, algo que vai contra as normas internas da FM. Uma associação terá pedido dinheiro à FM, admitindo que também tinha solicitado 30 mil patacas a outras entidades. No final, terá conseguido arrecadar 6,8 milhões de patacas. - A.S.S.