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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB GONÇALO LOBO PINHEIRO SOCIEDADE PÁGINA 9 ENTREVISTA PÁG.5 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 22 DE MAIO DE 2015 ANO XIV Nº 3336 CRIME Um Jogo com ligações perigosas JOSÉ CESÁRIO A difícil arte de pagar mais hojemacau PÁGINA 22 Os votos decidem OPINIÃO PAUL CHAN WAI CHI No início de Junho, pela primeira vez, reúne a Subcomissão Mista Macau-Portugal dedicada à Língua Portuguesa. Coordenada pelo Instituto Camões VÍTOR SERENO, CÔNSUL-GERAL DE PORTUGAL O consulado tem de ser um elemento agregador da comunidade ‘‘ Dois anos em Macau. Vítor Sereno explica o estilo e as medidas. E mostra vontade de ficar. Margens de silêncio ANABELA CANAS h ENTREVISTA PÁGINAS 2-4 GONÇALO LOBO PINHEIRO

Hoje Macau 22 MAI 2015 #3336

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Hoje Macau N.º3336 de 22 de Maio de 2015

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• No início de Junho, pela primeira vez, reúne a subcomissão mistamacau-portugal dedicadaà Língua portuguesa.coordenada pelo instituto camões

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2 hoje macau sexta-feira 22.5.2015entrevista

É o “avanço mais significativo” na promoção da Língua Portuguesa: Macau e Portugal vão ter uma Subcomissão dedicada especificamente a esta matéria, cujas reuniões acontecerão já em Junho. Vítor Sereno, dois nos depois de chegar a Macau, fala dos problemas internos, que poderão ser parcialmente resolvidos com o concurso de recrutamento, que vai acontecer em breve. O investimento chinês em Portugal também foi focado, com o cônsula desdramatizara polémica dosVistos Dourados

Vítor Sereno cônsul-geral de Portugal em macau e Hong Kong

“A promoção da língua e cultura portuguesas é, para nós, um pilar estratégico”

Assumiu o cargo em 2013. Qual considera ter sido o seu melhor e pior momento ao longo destes anos? Essa é uma boa pergunta. Costumo sempre dizer que não gosto de pessoas que não tenham estratégia na vida. E entre ter uma má – que é avaliada pelas pessoas que nos rodeiam, neste caso, pela nossa comunidade – ou não ter uma – que é tentar passar mais ou menos despercebido -, escolhi ter uma estratégia. E para essa estratégia de-fini três grandes pilares: o primeiro está relacionado com o Consulado, olhar para ele e perceber se e como estávamos a falhar perante a nossa comunidade e fazer um levanta-mento das nossas necessidades, em termos de recursos humanos e de recursos materiais. O segundo gran-de pilar tem a ver com a protecção e defesa da Língua Portuguesa e o terceiro com a chamada diplomacia económica. Posso dizer que, de

princípios de Abril de 2013, até hoje perdi 16 funcionários do quadro, sensivelmente à média de um ou dois a cada dois em dois meses. Entre esses, estava uma coorde-nadora técnica, o que se chama de chanceler, um dos braços direitos. A Leonor Inácio. Esses funcionários foram em busca de uma vida melhor. Estivemos debaixo da intervenção de três entidades e debaixo do famoso Programa de Assistência Económica e Financeira. Houve um corte de salários e, ao mesmo tempo que isso acontece, há uma descida do euro. Os funcionários do Consulado são pagos em euros e, portanto, quem sou eu para julgar as pessoas que partiram em busca de uma vida melhor?

As verbas obtidas por este Con-sulado seriam suficientes para pagar os salários dos funcionários necessários para que o funciona-mento fosse exemplar?

Entendo que o funcionamento não é perfeito, ainda que seja um exemplo para outras representações diplomáticas. Tendo em conta as verbas anuais objectivas que demos ao Ministério das Finanças, sem dúvida nenhuma [que seriam]. Este Consulado fez 13,6 milhões de pa-tacas em emolumentos consulares em 2013 e [conseguiu] o recorde de 15 milhões de patacas [em 2014]. É impossível, como sabe, pagar aos funcionários aqui. Mas sem dúvida nenhuma [que daria], porque, ape-sar de termos vindo a perder gente, em termos de receitas temos vindo a crescer.

Voltemos então ao balanço. Olhando para a equipa, tivemos de identificar o problema e havia, de facto, um problema de recursos humanos. Ainda que houvesse também de recursos materiais. O lema foi fazer mais com menos. Havia um problema claro que me

marcou negativamente: a única vez que vi filas num Consulado-Geral foi aqui em Macau e eu trabalhei em quatro continentes. Nunca tinha visto filas pela manhã, ajuntamen-tos de portugueses, à porta de uma representação diplomática. E isso é muito pouco digno para Portugal. Então, essa foi a minha primeira preocupação: perceber porque é que as pessoas vinham para cá de manhã. Percebemos que 80% das pessoas vinha em busca da renova-ção do documento de identificação. Subdividimos, então, a equipa em três grandes áreas: uma coorde-nadora para cartão de cidadão e passaportes, uma para a protecção social, vistos e notariado e outra para o Registo Civil.

Resolveram o problema?No Registo Civil, não. Definimos uma estratégia, mas não consegui-mos, até porque o Registo Civil foi o que mais teve uma sangria

Olhando para a equipa, tivemos de identificar o problema e havia, de facto, um problema de recursos humanos. Ainda que houvesse tambémde recursos materiais. O lema foi fazermais com menos

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Vítor Sereno cônsul-geral de Portugal em macau e Hong Kong

“A promoção da língua e cultura portuguesas é, para nós, um pilar estratégico”

de funcionários. Completamente dizimado. Obtivemos da parte da tutela a possibilidade de contratar jovens através de uma agência de trabalho temporário e temos alguns desses a trabalhar connosco. Mas não podemos esquecer que esses jovens têm de ser formados e essas coordenadoras foram precisamente colocadas para que eles tivessem sob alçada de alguém mais velho que os possa ensinar. Em relação a esta área, foi a de maior perda. Mas, em contrapartida, recuperámos o trabalho atrasado em relação aos cartões de cidadão e aos passapor-tes. Com boa vontade, um pouqui-nho de imaginação e recorrendo às novas tecnologias – parte dos tais recursos materiais que estavam a faltar – conseguimos, a meu ver, fazer um trabalho exemplar.

Foi preciso arrumar muito a casa, quando assumiu o cargo? A resposta é sim. Sim, por causa

da sangria de funcionários. Apesar de ter um conjunto de funcionários excepcionais e que vestem a cami-sola, não é fácil fazê-lo, por todas as razões de que falei. Tive um que saiu, que me disse que gostava de trabalhar aqui, mas que a felicida-de “não enche a despensa”. Não posso condenar estas pessoas, que vão em busca de uma vida melhor, trabalhar para um casino ou para a Administração da RAEM.

Mas ainda está a enfrentar essa perda de recursos humanos ac-tualmente? Estou, ainda que possa anunciar que estou autorizado a abrir um concurso para cinco funcionários do quadro. Em relação aos venci-mentos autorizados pela Secretaria de Estado da Administração Pública [portuguesa], provavelmente não serão os melhores, ou os mais ape-lativos, mas é o que temos.

Esta sangria de funcionários, como lhe chama, estará também rela-cionada com esses vencimentos? Não tenho dúvidas. Destes 16 que saíram, infelizmente uma senhora faleceu, mas os outros 15 foram embora por questões salariais. Fo-ram em busca de uma vida melhor.

Face aos salários actuais, qual se-ria a percentagem de aumento do ordenado que estes funcionários mereceriam? Não lhe posso dizer isso. Desde mim à senhora da limpeza, todos os que são considerados funcioná-rios do quadro do Ministério dos Negócios Estrangeiros sofreram os cortes salariais que toda a Ad-ministração Pública [portuguesa] sofreu. Aqui, devido à inflação de 6%, tendo em conta o que se paga na Administração Pública da RAEM e ao que se paga no sector privado, o desfasamento salarial – acrescido à quebra abrupta do euro em relação à pataca – leva, de facto, a estas saídas.

Como dizia, têm então autoriza-ção para contratar cinco pessoas. Poderão ser locais? Vamos agora contratar cinco fun-cionários e o salário não vai ser, de todo, apelativo. Preciso de pessoas bilingues, mas, no fundo, estou a apelar ao portuguesismo destas pessoas que queiram vir aprender connosco. Podem ser recrutadas localmente. O concurso vai abrir para cinco pessoas e conto anunciá--lo [brevemente].

Além destas, quantas mais pes-soas precisaria? Habituei-me a trabalhar mais com menos [recursos]. Perdi 16, vou

receber cinco. Creio que, com dez [conseguiria]. Mas temos de nos lembrar que respondo por 168 mil pessoas com passaporte portu-guês, por isso preciso de recursos bilingues. Não sou o cônsul-geral de meia dúzia de portugueses, não sou de portugueses expatriados ou que vivem apenas aqui. Digo com orgulho que sou o cônsul de mais de cem mil pessoas de um país que existe desde 1143. É para esta gente que tenho de trabalhar e é a eles que tenho de mostrar resultados.

A nível prático, o que foi feito para mostrar esses resultados? Criámos a plataforma de marcação online, feita por um informático nosso, que é única a nível mun-dial. Isso resultou em que as filas de pessoas que se acumulavam terminassem. E as pessoas podem tratar de matérias urgentes através do Facebook, que serve para traba-lho, para mostrar actividades, mas também para irmos aferindo o que os nossos compatriotas pensam do nosso trabalho e quais as necessi-dades deles. Substituímos toda a rede interna ao nível informático, porque as redes dos passaportes e cartão de cidadão estão ligadas informaticamente a Lisboa e eram antigas.

Isso ajuda à emissão mais rápida de documentos? Sem dúvida nenhuma.

Ainda assim, isto são coisas que as pessoas não conseguem saber, a menos que tenham esta conversa consigo. E as críticas continuam a ser uma constante, face à emissão de documentos e até à própria plataforma online. São justas? Quando se ocupam determinados lugares e temos uma visão estraté-gica dos mesmos, como acho que tenho, temos de olhar para o todo. Este caminho é um bom caminho, de modernização, de racionalização de meios. Óbvio que vão sempre surgir críticas, mas o serviço que hoje prestamos não é excelente,

mas quero caminhar para lá. Não consigo lidar com a mediocridade, lido com a palavra “excelência”.

Quanto tempo até atingir essa excelência? Não consigo prometer nada. Quero aparecer com resultados feitos. A plataforma online foi um feito inédito e as pessoas têm de ter cons-ciência que é fácil criticar, mas é difícil fazer. Na generalidade, estou muito satisfeito, porque até tenho contado com o apoio e compreen-são dos nossos cidadãos. E com os conselhos de muitas associações de matriz portuguesa aqui no território.

E falando nelas, como avalia o desempenho dessas associações? Como é que encontrou aqui Portugal? Encontrei associações que parti-lham dos mesmos valores e espírito que partilho, que querem a defesa de um Portugal moderno, competitivo e bom parceiro de investimento. Umas mais empenhadas do que outras, o que é normal, mas em todas elas encontro um interlocutor, um conselheiro, que serve para a nossa equipa se ir orientando.

Mas é representante de 168 mil pessoas cuja cultura é muito diversificada e que, por vezes, estão afastadas umas das outras, até porque temos chineses com passaporte português. É possível que o Consulado consiga diminuir essa distância?

Eu tento, por isso disse que, quando identificámos as três áreas princi-pais, falámos na questão da Língua Portuguesa. Há muitos concidadãos que têm passaporte e que não falam Português e eu tenho responsabili-dades sobre essas pessoas também. A promoção da língua e culturas portuguesas é, para nós, um pilar estratégico.

Inclui o IPOR nesse “nós”? Estou a incluir o IPOR.

E passa para ele essa responsa-bilidade?Não, estou a partilhar essa respon-sabilidade com o IPOR, porque este instituto tem 51% do seu capital do Instituto Camões. O accionista “Estado” é o maior.

Na prática, o que está a ser feito neste momento para essa promo-ção da cultura e da língua lusas? Em primeira mão posso dizer-vos que se vai realizar, dentro da Co-missão Mista Macau-Portugal este ano, a primeira Subcomissão Mista dedicada exclusivamente à Língua Portuguesa. Será coordenada pelo Instituto Camões e vai realizar-se em princípios de Junho.

O Consulado contribuiu para que isto acontecesse? E o que traz esta reunião? Tenho a certeza que contribuímos muito, porque insistimos para que esta Subcomissão se verificasse, entre os altos quadros da RAEM e os de Portugal. Isto constitui, possivelmente, o avanço mais sig-nificativo e ao mais alto nível nas relações entre Portugal e a RAEM nesta matéria. Vão cumprir-se, do meu ponto de vista, os nossos dois grandes objectivos nesta área: re-forçar e intensificar as relações de cooperação entre as instituições portuguesas e as da RAEM em domínios tão importantes como na formação de docentes e de quadros bilingues e no reconhecimento de certificações. E coloca-nos ao lado das iniciativas da RAEM no que diz respeito ao que ouvimos do Chefe do Executivo e do Secretário para os Assuntos Sociais e da Cultura, que é ajudar a que Macau seja a tal plataforma da Língua Portuguesa nesta região Ásia-Pacífico. Esta Sub-Comissão dedicada à Língua Portuguesa entre a RAEM e Portu-gal, creio que será o pontapé de saída para um novo estádio nas relações e nesta matéria dedicada à língua.

Fala de um passo significativo. Foi necessário um “forcing” da parte

Preciso de pessoas bilingues, mas, no fundo, estou a apelar ao portuguesismo destas pessoas que queiram vir aprender connosco. Podem ser recrutadas localmente

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VIStOS DOuRADOSMacau está limpo? Sim, com toda a convicção. Nenhum problema, ainda que o não conhecimento do processo impede que se tirem conclusões. Há que deixar a Justiça funcionar

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do Consulado para que houvesse realmente esse passo? Cumpri o meu papel apenas. Acor-dámos na necessidade e na impor-tância de criar esta Subcomissão.

Mas até agora estava a ser insu-ficiente essa promoção? Gosto de olhar para o futuro... É um passo decisivo e importante.

E face à cultura, como a podemos promover numa comunidade tida como fragmentada? Não quero que a comunidade seja as-sim e quero que o Consulado funcio-ne como um denominador comum. Relativamente à promoção cultural está junta à língua. O Consulado tem tido uma forte intervenção no apoio à apresentação em Macau de grandes expressões da cultura portuguesa contemporânea. O Consulado tem de ser um elemento agregador da comunidade, seja através da língua, seja da promoção cultural.

Sendo a diplomacia económica uma das bandeiras do governo de Portugal e sendo representante português no Fórum Macau, como vê o papel de Macau nes-sas relações, quando é dito que o papel da RAEM ainda é menor? Macau tem 0,04% da população da China. Responde por pouco mais de 2% das nossas exportações para a China. Em 2014, as vendas para a RAEM aumentaram 32%, atingiram um valor recorde de 24 milhões de euros. Macau é um ‘hub’ entre a China e os PLP. Na face política que a China quis dar a Macau face aos PLP, Portugal tem um papel fundamental.

Mas qual o papel de Macau, em termos práticos? O que se passa desde a criação do Fórum? Só posso falar do papel de Macau a partir do momento em que cheguei, em 2013. Nessa altura, foi decidi-do dar um impulso significativo através da criação dos três centros [de distribuição de produtos por-tugueses] a Macau. Tive a sorte de encontrar um Fórum mais activo e mais vocacionado para fazer da tal ponte entre a China e os PLP. Se este é um papel que convém à RPC? Sim. Se convém a Portugal? Sim. Neste momento, o Fórum está a desempenhar um papel cada vez mais importante e foi assim que o encontrei, nos seus dez anos e, sem dúvida que nessa data foi o ponto de viragem. E, hoje, o papel que queremos dar ao Fórum, tanto da parte de Portugal como da China, é o de que Macau é uma ligação.

É possível melhorar ainda mais o papel do Fórum? Contribuímos com sugestões para que o papel melhore. Fazemos sugestões. O caminho faz-se cami-nhando e acho que há uma relação de excelência.

Como nunca houve? Tantos pro-dutos portugueses a serem vendi-

dos na China, tanto investimento chinês em Portugal...Nunca houve. Não há memória. Mas desse momento, extraem-se também problemas, como foi o caso da polémica com os Vistos Dourados. Alguém do Consulado ou de Macau foi referido neste processo? Não conheço o processo.

Nunca lhe falaram nisto? Não fez parte das suas atribuições, eventualmente, como cônsul saber de empresas ou advogados da RAEM envolvidos? Não conheço o processo. Sei, como é do conhecimento público, que há escritórios em Macau que promo-veram viagens a Portugal com o objectivo [de investimento].

Mas dentro desses procedimentos com origem em Macau, algum de-les teve problemas com a Justiça em Portugal? Não. Nenhum conhecimento.

Então podemos concluir que as irregularidades ou terão aconte-

cido em Portugal ou em Pequim. Não conheço o processo, não tenho conhecimento directo ou indirecto de qualquer caso que se possa en-quadrar neste processo.

Macau está limpo? Sim, com toda a convicção. Ne-nhum problema, ainda que o não co-nhecimento do processo impede que se tirem conclusões. Há que deixar a Justiça funcionar e tirar conclusões é julgar antecipadamente quem no tribunal, mais tarde, possa vir a ser considerado inocente. Não faço comentários sobre isso.

Houve um papel do Consulado neste programa. Este processo judicial poderá comprometer a existência do Programa? Houve abrandamento na procura destes vistos? Sou diplomata, não político. Eu, como todos os meus colegas, segui-mos as directrizes que nos foram in-dicadas para seguir, quer neste, quer em qualquer outro programa que o governo português decida exe-cutar. É um bom programa, ainda que melhorável. Continuaremos a divulgar, até que haja instruções em contrário. E não há. Este Programa é uma das apostas deste executivo e continuaremos a cumpri-lo na íntegra. Este programa ajudou-nos a sair de um programa de assistência económica e financeira. A acção dos Consulados é receber os pedidos de visto de curta-duração, para que as pessoas possam deslocar-se ao pais. Temos intervenção ao início e no fim, quando o SEF comunica ao MNE qual a percentagem em termos de vistos.

Qual a percentagem de Macau na atribuição desses vistos para investimento? Não tenho os últimos números. Na China, desde Outubro de 2012 a Abril de 2015, foram concedidos 2248 por aquisição de bens imóveis, 127 por

transferência de capital, três pela criação de postos de trabalho. Mais de mil milhões de euros. Da China foram 1909 autorizações concedidas.

Macau está englobado? Sim. Em termos percentuais, diria que as [emissões] de autorizações de residência andam na casa dos 20%.

Com esta polémica, acha que a imagem do investimento chinês em Portugal ficou manchada? Ao que me é dado a saber, per capita, Portugal é o maior desti-natário de investimento chinês a nível mundial. Depois da China Three Gorges (EDP), da State Grid (REN), da Fosun (Caixa Seguros) já depois disto acontecer, continuo a ver grupos chineses interessados no Novo Banco, na TAP... A RPC é uma amiga de Portugal e vê o país com bons olhos. E, de forma pragmática, como forma de entrada na Europa. Continuámos a ser bons destinatá-rios do investimento chinês.

E a presença do Consulado em Hong Kong? Mantemos uma presença regular se-manal lá, evitando transtornos para os residentes que queiram tratar de documentos. Temos uma máquina de recolha de dados portátil nas novas instalações do Consulado

honorário e é um passo positivo para nos aproximar-mos da comunidade do outro lado, que não é esquecida.

O mandato inicial seria de três anos, certo? Acaba quando o Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Primeiro--Ministro e Presidente da República entenderem que estão ou não satisfeitos.

Não está farto de Macau?Não, porque acho que ainda há muito trabalho a fazer. Gostava de fazer mais e vou continuar a fazer parcerias com instituições locais.

Mesmo depois das críticas com a renovação do Consulado?Todos estamos sujeitos a críticas, mas é pior esconder a cabeça na areia e cairmos na inacção. Algumas das críticas que vêm da comunidade, e que me atingem, entendo-as como positivas e aprendo com elas. Esta capacidade deu-ma a China. Vou continuar nesta senda de parcerias, desde que seja para melhorar a vida da nossa comunidade. Agora, temos um auditório à disposição de todos os portugueses, um conjunto múltiplo de actividades culturais que servem para projectar o que Portugal tem de melhor. O rés-do-chão da residência consular era um depósito de materiais obsoletos e hoje em dia tem um espaço expositivo.

O que está a achar de Macau e da China? Gosto muito dos chineses porque têm uma paciência e uma cultura táctica que nós europeus não temos. E um respeito pelos mais velhos que não encontro em lado nenhum.

Podemos dizer que está a apren-der algo, a viagem está a modificá--lo?Aprendo aqui todos os dias e a viagem está a modificar-me.

Foi apanhado no meio de um tor-velinho político, com a situação de Miguel Relvas. Depois do que aprendeu aqui, faria as coisas em Portugal de outra maneira? É muito complicado responder a isso. Trabalhei na Argentina, Guiné--Bissau, Holanda e Alemanha, este é o primeiro posto de missão. Tento extrair da minha equipa o melhor que há neles, aperfeiçoar-me e me-lhorar os serviços. Se espreitar para trás e olhar por cima do ombro... se havia algo que modificava? Acho que todos nós, depois do leite der-ramado, choramos e gostaríamos de ver algo modificado. Mas em todos os lugares onde estive tento sempre dar o máximo de mim.

O que gosta de fazer em Macau, onde gosta mais de estar?Gosto de jogar futebol, até porque através do desporto se faz diploma-cia, e gosto da praia de Cheock Van.

Joana [email protected]

Algumas das críticas que vêm da comunidade, e que me atingem, entendo--as como positivas e aprendo com elas. Esta capacidade deu-ma a China. Vou continuar nesta senda de parcerias, desde que seja para melhorar a vida da nossa comunidade

Tive a sorte de encontrar um Fórum mais activo e mais vocacionado para fazer a tal ponte entre a China e os PLP. Se este é um papel que convém à RPC? Sim. Se convém a Portugal? Sim

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5 entrevistahoje macau sexta-feira 22.5.2015

Esta é a sétima vez que visita Ma-cau. O que é que esta visita tem de diferente, em termos de agenda e contactos?Esta visita insere-se naquilo que anunciei quando fui eleito pela primeira vez como deputado neste círculo e que agora concretizo como membro do Governo. Desenvolver todas as acções de maneira a que o Governo português esteja presente no território, não só através do Consula-do mas de visitas de vários membros do Governo. Quero recordar que, no passado, os anteriores Governos fo-ram criticados pela comunidade, pelo facto de não visitarem o território. Eu próprio fiz críticas veementes. Com este Governo isso não se pas-sa, não se passou e não se passará. Estaremos presentes e é uma forma para percebermos o que se passa em cada sector da comunidade e com as nossas instituições.

Teve um encontro com o Secretá-rio para a Segurança. Relativa-mente ao processo de atribuição de residência, como olha para a posição do Governo de Macau? Há vários casos de portugueses cujo processo está atrasado ou que trabalham com Blue Card. Não estaremos a ir um pouco contra a Declaração Conjunta? Há uma lei no território e essa lei tem de ser cumprida, mesmo [no caso] dos portugueses que têm uma situação excepcional para terem a residência. Para desbloquear situa-ções mais delicadas, burocráticas, sabemos que há total disponibilidade do Executivo. Foi isso que nos foi rea-firmado na reunião. Admitimos que possa haver alguma incompreensão, mas é do diálogo com as autoridades que se resolvem essas dificuldades.

“Tenho consciência de que há portugueses em situações delicadas em vários pontos do mundo, situações de exploração em que não conseguimos ser tão céleres quanto gostaríamos”

O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas confirma os aumentos salariais em alguns consulados, incluindo em Macau e China, para enfrentar os problemas do recrutamento. José Cesário lamenta a pouca participação política e diz que o Governo local tudo fará para resolveros problemascom a residência

José Cesário Confirma aumentos salariais para funCionários Consulares

“Temos aqui um problema: o país tem dificuldade em pagar mais”

Temos identificados mais de 1900 casos de portugueses que procuraram autorização de residência, desde 2005, e desses houve mais de 1800 que foram conseguidos.

Que outros problemas é que esta comunidade enfrenta, ou que características pode apontar por comparação a outras comunida-des portuguesas no estrangeiro?Há um conjunto de diferenças significativas. Primeiro tem a ver com o facto de estarmos num ter-ritório onde há muitos problemas no domínio do Português. Isso cria dificuldades no plano das estruturas políticas e administrativas e no pla-no das políticas de língua e cultura. Há sempre muito a fazer, no nosso Consulado, nas acções de coopera-ção com o território, no domínio da saúde, das trocas económicas, das políticas culturais. As políticas aqui são muito específicas, quer para Macau quer para a Ásia.

Macau é um caso peculiar, no sen-tido que tem vários portadores do

passaporte português que nunca foram a Portugal e desconhecem por completo o funcionamento do sistema político. É preciso um maior acompanhamento a essas pessoas? Sem dúvida nenhuma. Mas isso é válido para Macau e também para outras comunidades portuguesas es-palhadas no mundo. Do mais de um milhão de pessoas que há nos EUA, com nacionalidade portuguesa ou descendentes, temos recenseados uns dez mil. Isso diz tudo. E em Macau temos um problema muito específico, sendo que Macau esteve sob Administração portuguesa até há 15 anos. Em 160 mil pessoas que temos inscritas no Consulado, temos 11 mil recenseados, dos quais em situação regular só temos 2500. É o local em todo o mundo em que temos mais situações de recensea-mento suspensas. Precisamos de fazer um esforço muito grande. Já o anterior Governo deu uma orientação aos postos consulares no sentido de darem [atenção] ao recenseamento.

Esses números podem dever-se ao descontentamento dos emi-grantes em relação à crise em Portugal? É preocupante esse afastamento?Encontramos níveis de satisfação e de relação com o país excelentes fora de Portugal. Não considero que seja esse o problema. O problema é que há uma falta de cultura demo-crática e de participação política, é uma questão muito antiga, e algu-mas heranças do regime anterior, do salazarismo. A herança mais pesada que temos é que a política é só para alguns e, não, a política é para todos. Há realmente alguma dificuldade de participação, mas não é só na vida política local nos diversos países. Temos cidades no mundo em que os portugueses não conseguem eleger os representantes por haver níveis de participação baixos. Es-tas mudanças não se fazem de um dia para o outro e requerem muito investimento e trabalho.

O Conselho das Comunidades Por-tuguesas precisa de se reinventar e ser mais pró-activo? Ainda há muitos que consideram que o seu trabalho passa despercebido.É sempre necessário haver mudan-ças, mas temos de ser realistas e objectivos: o Conselho é constituído por homens e mulheres, há casos em que são mais interventivos, outros

não, em que as instituições locais aceitam melhor a colaboração, ou-tros não. Mas considero o Conselho um órgão absolutamente decisivo para a relação entre Portugal e as suas comunidades. Não é por acaso que tentámos introduzir na lei aspectos que vão trazer uma me-lhoria a este órgão. Há pessoas que advogam o seu desaparecimento, nós defendemos o contrário.

Reuniu ontem com o Consulado--geral, IPOR e AICEP. O que esteve em agenda?O funcionamento das estruturas. Nos últimos três anos, desde 2012, admitimos neste Consulado 21 funcionários. Também assistimos à saída de uma série deles. Mas estas contratações surgiram porque notámos que havia dificuldades permanentes.

Já se confirmou entretanto a contratação de mais cinco fun-cionários. O funcionamento do Consulado está longe do ideal?Está. Temos aqui um problema, difícil de superar, que é fruto da desvalorização do Euro e do au-mento do nível de vida de Macau, em que os nossos colaboradores têm perdido poder de compra. Isso dificulta as coisas. O país também tem dificuldade em pagar mais. E por isso temos vindo a tentar ultra-passar isso. Por exemplo, o Governo aprovou há poucos dias um decreto--lei que garante uma actualização extraordinária dos salários em 2015 em vários países, um dos quais na China e Macau.

Estamos com eleições à porta, caso saia deste lugar, sai com a sensação de dever cumprido?Fiz tudo o que podia, mas não con-segui fazer tudo o que queria, mas é sempre assim. Hoje estamos a fazer trabalho consular em 180 cidades onde não estávamos há três anos. No ensino do Português no estrangeiro, adoptámos mecanismos de certifi-cação das aprendizagens que já não existiam há 30 anos. Pôs-se ordem num sector que era completamente desordenado. Aí tivemos sucesso, há outros casos em que não tivemos tanto. Tenho consciência de que há portugueses em situações delicadas em vários pontos do mundo, situa-ções de exploração em que não conseguimos ser tão céleres quanto gostaríamos.

Andreia Sofia [email protected]

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6 hoje macau sexta-feira 22.5.2015política

a directora dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Interna-cional (DSRJDI), Chu

Lam Lam, assegurou ontem que as regiões de Macau e Hong Kong já conseguiram chegar a um consenso face à entrega de infractores em fuga, no âmbito dos acordos de cooperação judiciária. A respon-sável prevê que a negociação e o acordo, bem como outros no mesmo âmbito de cooperação ju-diciária, possa ser assinado ainda este ano.

O anúncio foi feito por Chu Lam Lam numa resposta a uma interpelação escrita da deputada Kwan Tsui Hang, que questiona-va a DSRJDI sobre as medidas a tomar face ao aumento do número de burlas telefónicas, que teve um aumento exponencial nos últimos anos. A deputada apontava que os enganos via telefone eram “um crime de pouco capital, mas lucro grande” e de grande influência e prejuízo na sociedade. Como a maioria destas burlas foi feita atra-vés de telefones além fronteiras, Kwan questionou o Governo sobre o avanço da cooperação judiciária com outras regiões ou países, a fim de combater esse crime.

OutrOs crimes, iguais prOblemasEsta não é, contudo, a única depu-tada a colocar esta questão. Com a condenação de Joseph Lam e Steven Lo, os responsáveis pelo

O Chefe do Exe-cutivo preten-de aumentar as

infra-estruturas e criar mais medidas para re-forçar a competitividade da RAEM. Chui Sai On assegura querer apostar na criação de uma “ci-dade habitável”, mas ao mesmo tempo “adequada ao turismo”.

À margem de uma actividade de promoção turística na cidade de Fuzhou, o líder da RAEM foi instado a comentar sobre os recentes relató-rios de competitividade, que colocavam Macau em 10º lugar no ranking das cidades chinesas com mais competitividade, Chui Sai On referiu que, anualmente, são várias as entidades académicas ou organismos profis-sionais que apresentam relatórios que analisam essa matéria e a posição de Macau como destino

IPIM promete critérios de maiortransparência para fixação de residência

Competitividade Ce quer reforçar estruturas para ver aumento

Mas primeiro está a população

Os acordos para a entrega de condenados ou infractores em fuga com a RAEHK podem ser assinados já este ano, confirmou Chu Lam Lam, que diz que, com a China continental vai haver uma segunda fase de negociações ainda no primeiro semestre

Acordo com HK de entregA de infrActores AssinAdo este Ano

À espera do “sim” finalempreendimento La Scala, o assunto voltou a estar em voga. Os dois homens, de Hong Kong, foram condenados por corrupção, mas não cumprem prisão por não estarem em Macau quando foi lida a sentença. Sem acordos de extradição entre as duas regiões, as autoridades nada podem fazer.

O mesmo se passa com a China continental. Esta semana, Wong Sio Chak, Secretário para a Segu-rança, admitiu ter problemas no combate ao crime transfronteiriço, dizendo ser necessário que estes acordos entrem em vigor o mais rápido possível.

Já anteriormente, o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), Sam Hou Fai, tinha dito que a RAEM não conseguiu entregar infractores em fuga às autoridades do continente por não haver acor-dos nesta matéria.

Chu Lam Lam adiantou ainda que estão ainda em negociação vários acordos relativos à entrega de infractores e a outros tipos de cooperação judiciária com Por-tugal, Coreia e Mongólia. Além disso, Chu Lam Lam prevê ainda que comece em breve a 2.ª fase da negociação de entrega de infracto-res em fuga com o interior da Chi-na. Algo a acontecer no primeiro semestre deste ano, depois de vá-rias negociações não oficiais com os respectivos departamentos.

Flora Fong (com Joana Freitas)[email protected]

turístico, pelo que o Go-verno vai “examinar os relatórios integralmente e estudará a forma de melhorar os aspectos neles referidos”.

Mas, o Chefe do Exe-cutivo frisou ainda que

a competitividade de uma cidade inclui não só a construção de infra--estruturas, mas também a definição de medidas, sendo que, devido a isso, a Comissão de Desen-volvimento de Talentos

vai promover o aumento das oportunidades de formação à população. E não só.

“A Comissão vai con-vocar mais reuniões para determinar a forma de como se pode elevar e re-forçar a competitividade da população injectando mais recursos desde o ensino não superior ao ensino superior, espe-rando apoiar a população do território a reforçar os seus conhecimentos e competências”, pode ler-se num comunicado do Gabinete do Chefe do Governo.

Ainda assim, Chui Sai On assegura que o que é prioritário agora é tornar Macau numa cidade habitável, algo que poderá ser feito através da construção de infra-estruturas nos cinco novos aterros au-torizados pelo Governo Central. J.F.

CHEOnG Chou Weng, presi-dente do Instituto de Promo-

ção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM), garantiu, em resposta à deputada Ella Lei, que o organismo vai melhorar os critérios para a atribuição de residência por investimento, não tendo esclarecido se essa mudança passa por uma revisão completa ou mesmo suspensão da política, o que Ella Lei havia proposto.

O responsável do IPIM re-feriu que vai “aumentar a trans-parência quanto à apreciação dos pedidos”, tendo dito que as informações sobre os processos já se encontram no website do IPIM. Cheong Chou Weng

prometeu continuar a melhorar o sistema, por forma a estabe-lecer uma melhor coordenação com o desenvolvimento social e económico.

na sua interpelação escrita, entregue em Janeiro, a deputa-da considerou que os critérios utilizados para dar a residência a quem investe em Macau, ou a técnicos especializados, não sofrem alterações há 20 anos, apontando que falta um “meca-nismo de supervisão transparente e público”.

A deputada disse ainda “suspeitar” que a política “con-siga atrair verdadeiramente os talentos e os investimentos necessários”. F.F.

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7 politicahoje macau sexta-feira 22.5.2015

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos: Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 35 a 35C, em Macau, (Edifício Industrial Wan Kao);

- Avenida do Conselho Borja, n.ºs 348 a 358, em Macau, (Edifício Fai Mun Kok);- Rua de Francisco Xavier Pereira, n.ºs 138 a 152, Rampa dos Cavaleiros, n.ºs 1 a 25 e Rua de Kun Iam Tong, n.ºs 5

a 65, em Macau, (Edifício Jardins Sun Yick);- Rua de Manuel de Arriaga, n.ºs 6D a 8A e Rotunda de Carlos da Maia, n.º 2E, em Macau (Edifício Chun Ian);- Avenida de Horta e Costa, n.ºs 44 a 44B e Rua de Pedro Coutinho, n.ºs 21 a 23C, em Macau, (Edifício Chio Fok

Centro);- Rua da Tribuna, n.ºs 118 a 166, Rua da Paz, n.ºs 3 a 49, Rua Oito do Bairro Iao Hon, n.ºs 71 a 121 e Rua da Sere-

nidade, n.ºs 4 a 50, em Macau, (Edifício Chun Pek Garden);- Largo do Aquino, n.ºs 8 a 12 e Rua do Seminário n.ºs 56 a 78, em Macau, (Edifício Fai Seng);- Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 6 a 10A, Rua de João de Araújo, n.ºs 81 a 97 e Rua de S. João de Brito, n.ºs 21

a 29, em Macau, (Edifício Hang Tak);- Estrada de D. Maria II, n.ºs 1A a 1H, em Macau, (Edifício Kin Chit);- Rua da Paz, n.ºs 2 a 46, Rua da Tribuna, n.ºs 180 a 232 Avenida da Longevidade, n.ºs 275 a 325 e Rua Oito do

Bairro Iao Hon, n.ºs 141 a 195, em Macau, (Edifício Son Tok Garden);- Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.º 265, em Macau, (Edifício Fu Va);- Avenida do Rodrigo Rodrigues, n.ºs 263 a 263A, em Macau, (Edifício Escola Pui Tou);- Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.ºs 634 a 708 e Caminho das Hortas, n.ºs 591 a 625, na Ilha da Taipa, (Edifício Chun

Hung Garden);- Avenida Dr. Sun Yat Sen, n.ºs 231 a 267 e Rua de Tai Lin, n.ºs 398 a 436, na Ilha da Taipa, (Edifício Lei Man),- Estrada Almirante Marques Esparteiro, s/n, na Ilha da Taipa, (Regency Hotel);- Rua do Minho, n.ºs 325 a 393 e Avenida de Kwong Tung, n.ºs 775 a 827 A, na Ilha da Taipa, (Edifício Hung Fat

Garden);- Largo de Pac On, n.º 218, Rua da Felicidade, n.º 151 e Estrada de Pac On, n.º 471, na Ilha da Taipa.

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situada no rés-do-chão do Edifício “Finanças” ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos, 31 de Março de 2015.

A Directora dos Serviços de Finanças, Vitória da Conceição

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

Assine-oTelefone 28752401 | fax 28752405

e-mail [email protected]

www.hojemacau.com.mo

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S ete associações de Jogo fizeram ontem um abaixo--assinado de apoio à Lei Sindical e de Negociação

Colectiva, projecto já apresentado na Assembleia Legislativa (AL) por José Pereira Coutinho. “Estas associações estão assim a apoiar esta iniciativa de haver legislação em Macau, para que haja uma res-ponsabilidade do Governo para regulamentar”, explica ao HM.

O deputado, que falava como representante da Associação Poder do Jogo de Macau, organizadora

Lei SindicaL AssociAções de Jogo unem-se A fAvor de diplomA

Juntos somos mais fortesTrabalhadores do Jogo querem mostrar que a Lei Sindical é necessária e estão unidos por um bem comum. Numa reunião que teve lugar ontem, associados mostraram as suas preocupações e planos para o futuro

da iniciativa, garantiu que uma das coisas que levou os membros destas associações a assumir esta posição foi o facto do deputado Leonel Alves ter “opinado pela ne-cessidade desta regulamentação”, conta Pereira Coutinho.

“A Lei Sindical já foi uma luta antes da transferência de soberania de Macau, mas o Governo não teve reacção, queremos discutir agora medidas úteis para supervisionar o Governo para promover a lei”, afirmou também ao HM, Lei Iok Po, presidente da Associação Poder do Jogo.

Para Pereira Coutinho, esta reunião foi útil também “para conciliar as diferenças e agendar pontos importantes concernentes à actividade do Jogo e à sua acti-vidade profissional”.

Organizar a casaO encontro trouxe assim ideias sobre algumas medidas a tomar. Lei Iok Po explica que a marcar presença estiveram as associações Forefront of the Macau Gaming, a Associação New Gaming Em-

“A Lei Sindical já foi uma luta antes da transferência de soberania de Macau, mas o Governo não teve reacção, queremos discutir agora medidas úteis para supervisionar o Governo para promover a lei”Lei iok Po presidente da associação Poder do Jogo

ployees Advance, Macau Tourism and Casino Career Centre Alumni Association, Associação de Traba-lhadores da Galaxy Macau, Casa dos Trabalhadores da Indústria de

Jogo e a Aliança de Trabalhadores de Jogo. Sete associações que a partir de hoje se vão reunir de três em três meses, a fim de actualizar o ponto de situação.

Estes encontros servem para “mostrar ao Governo que os sin-dicatos em Macau não são uma desunião”. No futuro, diz o Lei Iok Po, estes grupos “vão contactar ainda mais associações e deputados para alargar o poder e a voz dos sindicados”.

Em cima da mesa esteve tam-bém a discussão sobre as cartas de aviso que as operadoras emitem aos trabalhadores. “Estas cartas são emitidas como forma indirecta de pressão e de demissão de trabalha-dores”, defende Pereira Coutinho, adiantando que o grupo pretende “denunciar esses casos publica-mente através de conferências de imprensa”.

Assim, os trabalhadores esta-rão a agir de forma a pressionar as concessionárias do Jogo a as-sumir “as suas responsabilidades sociais”.

Como últimos ponto, também foi discutida a necessidade de au-mentar os dias de licença materna, de 56 dias para 90 dias, e a as condições de trabalho das grávidas, assim como a preocupação em tor-no da reforma dos trabalhadores. “É preciso que a percentagem das contribuições do regime de previ-dência seja aumentada como forma de garantir uma velhice tranquila”, conclui Pereira Coutinho.

Filipa araújo (com Flora Fong)[email protected]

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hoje macau sexta-feira 22.5.20158 política

M eses de interregno depois, os deputados voltaram a pegar na proposta de lei do

Regime do Contrato de Trabalho nos serviços Públicos. A 2.ª Co-missão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) analisou ontem as alterações feitas pelo executivo, que introduzem uma novidade no regime contratual da Função Pública.

segundo o diploma, os fun-cionários públicos com contratos além do quadro, renovados a cada dois anos, poderão assinar depois um Contrato Administrativo de Provimento (CAP), de três anos, e só depois um contrato sem termo. Tudo depende das avaliações que receberem, cujos resultados devem ser acima de ‘satisfaz muito’.

“este contrato é muito impor-tante porque tem implicações nas indemnizações. Vamos pedir ao Governo para nos facultar alguns dados estatísticos, para sabermos quantos funcionários assalariados ou com contrato além do quadro

Agências de TurismoRegime revistona AL em breveA directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, referiu ontem que a revisão dos regulamentos relativos às agências de viagem e guias turísticos, bem como sobre o combate às pensões ilegais entrarão em processo legislativo a curto prazo. Segundo o canal chinês da TDM, a directora referiu que já concluiu a análise da recolha de opiniões do sector turístico em relação à revisão destes regulamentos e já elaborou as propostas de revisão, pelo que espera que estes possam entrar em processo legislativo o mais breve possível.

Mulheres Lionel Leong promete formação e leis específicas

LioneL Leong, secretário para a economia e Finan-

ças, comprometeu-se ontem a apoiar as mulheres no que à formação de quadros femi-ninos diz respeito. Falando à margem do 65º aniversário da criação da Associação Geral das Mulheres de Macau, o secretário assegurou que o Governo “continuará a apoiar o desenvolvimento saudável da causa das mulheres do território, reforçando incessan-temente a cooperação diversifi-cada e a comunicação com os organismos associativos das mulheres, atribuindo grande importância à formação dos quadros femininos qualificados e estimulando plenamente o dinamismo das mulheres”.

o apoio à Associação Ge-ral das Mulheres foi também mencionado, com Leong a as-segurar que os trabalhos da pro-dução legislativa relacionados com a protecção dos direitos e interesses das mulheres vão ser acelerados e que uma das ideias principais do executivo é promover “ainda mais o de-senvolvimento da causa das mulheres do território”.

o Governo fez alterações ao Regime do Contrato de Trabalho nos serviços Públicos e propôs que, antes de passarem a contrato sem termo, os trabalhadores possam assinar um contrato de três anos, dependente das avaliações ao seu trabalho. As indemnizações poderão ser pagas a 30 dias, em vez dos actuais 60, com montantes mais elevados

Função Pública CriADoS ConTrAToS De TrêS AnoS AnTeS De Se proMover eFeCTivoS

avaliar primeiro, garantir depois

“Este contrato é muito importante porque tem implicações nas indemnizações. Vamos pedir ao Governo para nos facultar alguns dados estatísticos, para sabermos quantos funcionários assalariados ou com contrato além do quadro (contratos substituídos pelo CAP) vão sair beneficiados”chan chak Mo Presidente da 2.ª comissão Permanente da al

(contratos substituídos pelo CAP) vão sair beneficiados. Se calhar muitos dos funcionários vão sair beneficiados dessa proposta”, ex-plicou Chan Chak Mo, presidente da Comissão.

Além desta novidade, os traba-lhadores da Função Pública tam-bém vão ter direito a indemniza-ções mais elevadas. Chan Chak Mo explicou que o montante a calcular passa a ter como limite 12 vezes o vencimento do mês de cessação do contrato, não ultrapassando o índice 300 da tabela.

“Significa que o valor do cál-culo não vai ultrapassar as 23.700 patacas”, disse o deputado, subli-nhando que “é muito melhor dos que os três meses de indemnização previstos na versão original” do diploma.

Mais teMpo para pagaroutra mudança proposta pelo exe-cutivo prende-se com o prazo para o pagamento de indemnizações aos funcionários demitidos. “segundo as regras, a indemnização é paga em 60 dias, mas este prazo vai ser

alterado e reduzido para 30 dias, e achamos que essa alteração é razoável”, acrescentou o deputado.

A última alteração parte de uma proposta feita pela 2.ª Comissão Permanente da AL, no sentido de promover a renovação automática dos contratos. “esta regra sofreu al-terações e, se não for comunicada a renovação do contrato com 60 dias de antecedência, este será renova-do automaticamente. essa norma resulta da opinião da Comissão, por causa da negligência ou por lapso do serviço público, se não conseguir comunicar a renovação, o contrato ficará renovado”, disse o deputado.

nenhum deputado membro da Comissão terá mostrado oposição a estas novas regras, apesar da assessoria jurídica ter levantado algumas dúvidas sobre as mexidas propostas pelo executivo. Chan Chak Mo garantiu que o debate deverá ter a duração de mais duas reuniões.

andreia sofia [email protected]

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9sociedadehoje macau sexta-feira 22.5.2015

a umentou em 97,1% o número de sequestros perpetrados em macau, tendo sido registados

67 casos só durante os primeiros três meses deste ano, comparando com os 34 identificados durante o mesmo período de 2014. também o número de casos de agiotagem aumentou cerca de 26%, com 68 ca-sos identificados até final e Março.

Estes são crimes geralmente associados ao sector do Jogo, mas o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afastou ontem qualquer hipótese de que o aumento destes crimes estivesse relacionado com a queda das receitas.

“Foi registada uma subida significativa na ‘usura’ e no ‘crime de cárcere privado’, mesmo assim acreditamos que este aumento, por si só, não significa que haja indícios de que o ajustamento das receitas do Jogo traga consequên-

Entre Janeiro e Março deste ano, foram ainda detectados mais casos de infracções por taxistas do que em todo o ano passado. Em 2014, as equipas de fiscalização da PSP e dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) registaram 1666 casos, comparando com já detectados 1724 dos primeiros três meses deste ano. Para o Secretário para a Segurança, estes valores revelam uma maior eficácia no combate às ilegalidades cometidas por taxistas locais. A infracção mais comum foi, como tem sido noticiado, a de cobrança excessiva, seguindo-se a recusa de passageiros. Ambas as práticas constituem 893 casos, ou seja, 51% do

total. “Têm-nos dito que há mais facilidade em apanhar táxi”, disse Wong Sio Chak, acrescentando que grande parte do ‘feedback’ vinha da comunidade lusa. “Ainda há falta de eficácia, temos que elevar ainda a multa”, continuou o Secretário, que se referia à revisão da lei que regula o serviço de táxis no território. O diploma está actualmente em revisão, documento que Wong espera estar concluído ainda este ano. A reformulação deverá incluir o aumento das multas por infracção, entre outras medidas. Segundo o mesmo responsável, é também preciso completar a lei com regulamentos adicionais.

Crimes ligados ao Jogo CresCem, mas “sem relação Com quebra nas reCeitas”

Sequestros lideram tendênciao crime de sequestro foi o que mais aumentou entre Janeiro e Março de 2015, passando de 34 no ano passado para 67 casos só até Março. Seguem-se a burla telefónica, a agiotagem e a falsificação de documentos. A PJ afirma ter aberto quase 4000 inquéritos criminais só nos primeiros três meses do ano

Foram registados 158 casos de falsificação de documentos ocorridos entre Janeiro e Março passados, valor que traduz um aumento de 24,5% face ao mesmo período do ano transacto. Em 2014 tiveram lugar 126 crimes deste género. o de fogo posto foi dos crimes que mais cresceu de um ano para o outro, com um aumento de 150%. No entanto, os números não chegam à segunda casa decimal, tendo havido apenas seis casos destes. Questionado pelo HM, Wong Sio Chak afirmou que em nada têm que ver com dinheiro, mas sim com conflitos entre vizinhos. “Nenhum [dos casos identificados este ano] diz respeito a associações secretas, estão mais relacionados com questões pessoais”, disse o Secretário. Um dos incidentes estragou um carro e outros dois ocorreram numa habitação e numa loja.

Táxis Mais infracções eM Três Meses do que eM 2014

Mais casos de falsif icação e de fogo posTo

cias negativas para a segurança de Macau”, explicou ontem, na apresentação do mais recente re-latório de criminalidade da Polícia Judiciária (PJ).

O Secretário justifica que o aumento está relacionado com o facto de as “autoridades terem apresentado uma subida na eficácia de execução, comparativamente com o período homólogo” de 2014.

De Janeiro a Março, a PJ abriu um total de quase 4000 inquéritos criminais, dos quais 609 são cri-mes contra a pessoa e 2094 contra o património. Os crimes relacio-

nados com estupefacientes viram uma diminuição significativa e Wong Sio Chak atribui a queda nos números a uma “maior fisca-lização e combate nas fronteiras” da região.

De acordo com o mais recente relatório publicado pela PJ, tanto o consumo como o tráfico de dro-ga diminuíram 58,1% e 50,9%, respectivamente. no entanto, o mesmo responsável admitiu que há necessidade de apertar o cerco de combate a este crime, subli-nhando que “mesmo que só haja um caso, já é muito”.

O Secretário lembrou que a Lei de Combate à Droga está já em revisão e que em estudo está o aumento das penas a atribuir por consumo e tráfico. Não foi registado qualquer homicídio ou rapto no sector de criminalidade violenta, tendo mesmo havido um decréscimo deste tipo de casos de 4,7% quando comparando com o mesmo trimestre de 2014.

Telefone esTragadoA burla telefónica e a ameaça, por extorsão, de divulgação de ima-gens íntimas na internet foram os

crimes que a PJ considerou mais graves em 2014, mas que este ano registaram uma queda, com a identificação de 45 e quatro casos, respectivamente.

no entanto, este ano foram abertos 158 processos por crime de burla telefónica, valor quase idêntico ao registado no mesmo período de 2014, de 160 processos. A PJ lembra ainda que entre Abril e maio passados aumentou um tipo específico desta burla: o criminoso finge ser um agente ou funcionário das autoridades do continente para ganhar a confiança da vítima. Este novo formato de burla totalizou 99 casos de entre os 158, ou seja, 63% do total.

Embora a PJ tenha registado uma diminuição deste tipo de crime, a burla continua a ter uma grande influência na segurança local.

O mesmo relatório mostra que foram detidas e presentes a tribu-nal quase 1400 pessoas, ou seja, mais 208 do que nos primeiros três meses do ano passado. Isto traduz-se num aumento de 17,5% no número de detidos. em termos de delinquência juvenil, foram registados apenas dez casos, nos quais estiveram envolvidos 17 cidadãos menores de idade.

leonor sá [email protected]

“Foi registada uma subida significativa na ‘usura’ e no ‘crime de cárcere privado’, mesmo assim acreditamos que este aumento, por si só, não significa que haja indícios de que o ajustamento das receitas do jogo traga consequências negativas para a segurança de Macau”Wong Sio Chak Secretário para a Segurança

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10 sociedade hoje macau sexta-feira 22.5.2015

O Gabinete para o De- senvolvimento de In-fra-estruturas (GDI) garante que não foram

encontrados problemas que afectem a qualidade da estrutura da habi-tação pública de Seac Pai Van. O organismo volta a dizer também que não recebeu “queixas oficiais” sobre a situação das paredes cheias com sacos de papel, ainda que ad-mita que tenham sido detectados

Metro Executivo pertode acordo com empreiteiros As empresas Top Builders e Mei Cheong estão próximas de um entendimento com o Governo para rescindirem o contrato da empreitada de construção do Parque de Materiais e Oficina do Metro Ligeiro, na Taipa. A notícia é avançada pelo Jornal Tribuna de Macau, que cita Leonel Alves, representante do Governo nas negociações. Segundo o causídico, existem “bases mínimas” para um acordo a “breve prazo”. Outra fonte próxima do processo ouvida pelo jornal confirma a iminência de uma decisão sobre este processo. O Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas refere apenas que as negociações se mantêm através dos advogados, mas não avança que poderá haver desfecho para breve. Segundo a mesma publicação, no centro das negociações está o valor da indemnização que o Governo vai pagar para rescindir contrato com o consórcio e são as duas empresas que têm de apresentar uma proposta.

Sin Fong Governo apura responsabilidades de empresa de construção Chui Sai On, Chefe do Executivo, assegurou que o Governo está a averiguar as “responsabilidades da empresa de construção” do edifício Sin Fong Garden. De acordo com um comunicado, o líder do Executivo estará a levar a cabo este apuramento. Recorde-se que o edifício foi evacuado em 2013, devido à ruptura de alguns pilares de suporte. Relatórios indicavam que a má qualidade do cimento foi o motivo deste problema, mas esses mesmos documentos não apuravam as responsabilidades. Só ao saber-se quem são os responsáveis é que os moradores podem pedir indemnizações.

IC Chui Sai On garante “procedimentos normais” na atribuição de obras O Chefe do Executivo garantiu que todas as aprovações de projectos de obras no Instituto Cultural (IC) sempre seguiram os “trâmites normais”. Falando do caso que envolve o Chefe de Departamento do Património do IC, acusado pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), Chui Sai On, que à data dos factos era Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse “não poder fazer mais comentários”, uma vez que o caso está em processo judicial. O caso remonta a 2007 e diz respeito à adjudicação de uma obra pelo responsável do IC à empresa da esposa, algo que custou mais de dez milhões de patacas ao Governo.

“Pela lógica deles nunca poderemos descobrir o problema das paredes preenchidas com papéis, porque já foram cobertas depois das obras. Os moradores estão zangados, porque é impossível verificar se nas outras fracções, onde não foram feitas obras, há papéis nas paredes”Cheang Representante da associação de Mútuo auxílio do edifício Koi ngai

Não há deficiências na estrutura das paredes da habitação pública de Seac Pai Van, ainda que o GDI admita ter encontrado problemas na qualidade. Os moradores sentem-se enganados e lamentam que o organismo não tenha permitido a inspecção por uma entidade independente

habitação GDI GARAnTE quALIDADE DAS PAREDES EM SEAC PAI VAn

o papel, qual papel?

problemas como fendas e buracos nas paredes.

A resposta do GDI surge depois do deputado Si Ka Lon ter interpelado o Governo sobre o assunto, considerando “ina-ceitável” o facto do Governo ter considerado que o problema não se devia a falta de fiscalização ou às responsabilidades do emprei-teiro, mas que teria existido falta de conhecimentos dos operários

face aos critérios de construção. Si Ka Lon pediu uma “investi-gação completa” às habitações públicas.

O GDI explica que foram inspeccionadas 44 fracções, onde foram descobertos alguns problemas, que “não colocam em causa a estrutura dos prédios”. Um representante dos moradores, contudo, acusa o GDI de dar uma resposta que serve de “truque”, uma vez que vários residentes já tinham descoberto casos seme-lhantes há dois anos.

Voz da reVoltaContactado pelo HM, o repre-sentante, de apelido Cheang, da Associação de Mútuo Auxílio do edifício Koi Ngai, explicou que nem os moradores, nem o Instituto da Habitação (IH) conseguiram encon-trar o proprietário da casa onde foi descoberto o papel na parede. Nos últimos três meses, três moradores

já terão exposto o caso directamente ao IH. Para Cheang, a explicação do GDI é “irresponsável”.

“Pela lógica deles nunca pode-remos descobrir o problema das paredes preenchidas com papéis, porque já foram cobertas depois das obras. Os moradores estão zangados, porque é impossível verificar se nas outras fracções, onde não foram feitas obras, há papéis nas paredes”, disse ao HM.

Cheang suspeita da forma de fiscalização utilizada pelo GDI, alegando que os representantes do organismo não utilizaram “equi-pamentos caros” para verificar o problema. O representante dos moradores revela-se “desapontado” pelo facto do GDI não ter permiti-do a uma terceira entidade fazer a inspecção da estrutura do edifício.

“Em Fevereiro pedimos ao Go-verno para permitir a uma terceira empresa de construção fazer as inspecções das estruturas, mas isso nunca foi feito, e foi apenas o GDI a inspeccionar. O que é que nós podemos fazer? É impossível pagar milhões a uma empresa para fazer uma inspecção, somos pequenos moradores”, referiu Cheang.

Chao Vai Man, chefe do substi-tuto do GDI, garantiu que já foram feitas inspecções em Março, tendo sido descobertos três problemas relacionados com a qualidade das obras, madeiras e metais utilizados, bem como drenagem. Foi ainda verificado que a maior parte dos problemas se relacionava com fendas e buracos nas paredes.

Flora [email protected]

gcs

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11 sociedadehoje macau sexta-feira 22.5.2015

Habitação GDI Garante qualIDaDe Das pareDes em seac paI Van

o papel, qual papel?

Residência Mais de 6200 portugueses têm BIR de Macau são 6290 os portugueses que até 19 deste mês viram aprovado o seu pedido por um bilhete de identidade de residente (BIr), mas apenas 66 fizeram o pedido deste documento desde Janeiro. De acordo com resposta dos serviços de Identificação (DsI) ao Hm, 305 das mais de 20 mil pessoas que no ano passado meteram os papéis para ter direito a um BIr pela primeira vez são portuguesas. este número diverge, em muito, daquele registado nestes quatro meses e meio de 2015, nos quais apenas 66 portugueses pediram um BIr de residente não-permanente. a informação da DsI surge dias após o secretário de estado para as comunidades portuguesas, José cesário, ter confirmado que o número de pedidos de BIr por cidadãos de portugal tem vindo a descer exponencialmente desde o ano passado, tendência que regista uma queda de quase 50% nos pedidos. até ao passado dia 19, a DsI registou mais de 7600 pedidos de BIr de portugueses.

Taxa de inflação fixada em 5,62%a taxa de inflação fixou-se em 5,62% entre abril de 2014 e o mesmo mês deste ano, avançavam ontem os serviços de estatísticas e censos. De acordo com os organismos, observaram-se “crescimentos substanciais” nos índices de preços da habitação e combustíveis, mais 11,49%, dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas - mais 5,66% - e na saúde, mais 4,83%. O índice de preços ao consumidor cresceu 4,51% face a abril do ano passado.

O ajustamento da economia cau-sado pela quebra nas receitas do

Jogo está a provocar mudan-ças no sector imobiliário, com a diminuição das rendas na habitação e lojas, sobretudo as que estão ligadas aos casi-nos. A garantia é dada por um agente imobiliário, que diz que

“No início previu-se uma quebra nos arrendamentos de 30% no primeiro trimestre, mas houve, até agora, um aumento de 10%. (...) Actualmente há uma saída de inquilinos e uma diminuiçãodo número de lojas de marca, o que liberta as lojas para outras empresas” Roy Ho Director-geral de vendas da agência imobiliária Centaline

A saída de alguns inquilinos de lojas de marca tem aliviado a procura destes espaços. É o que garantem agentes imobiliários, que indicam decréscimos nos preços das rendas, apesar de notícias recentes indicarem o contrário

imobiliáRio renDas BaIxam 30% e neGócIOs aumentam

tira daqui, põe alieste ano estão a acontecer mais arrendamentos de imóveis, ainda que o número de casas transaccionadas entre Janeiro e Março tenha diminuído.

Roy Ho, director-geral de vendas da agência imobiliá-ria Centaline, referiu que as rendas diminuíram cerca de 30% no primeiro trimestre, quando comparado com o ano passado. Na ZAPE, zona com casinos como o MGM, Wynn ou Star World, as lojas em redor sofreram também uma quebra nas rendas, mas não na compra e venda dos espaços.

“No início previu-se uma quebra nos arrendamentos de 30% no primeiro trimestre, mas houve, até agora, um au-mento de 10%, porque antes as empresas tinham dificuldade em procurar lojas, já que não existiam muitas. Actualmente há uma saída de inquilinos e uma diminuição do número de lojas de marca, o que liberta as lojas para outras empresas”, explicou ao jornal Ou Mun.

Mercado optiMista Roy Ho adiantou que os preços das lojas nas zonas mais turísticas diminuiu 30%. Como muitas marcas

esperam abrir lojas nessas zonas, prevê-se que o mer-cado possa melhorar no terceiro trimestre deste ano.

Ronald Cheung, director--geral da agência imobiliária Midland, defende que, como o Governo deixou de permi-

tir o negócio das máquinas de cartões UnionPay nas lojas ligadas ao Jogo, já não se verifica um aumento das ren-das naquele sector. “Existem lojas que decidiram fechar portas depois da conclu-são de obras de interiores. Acredito que isso aconteceu por terem um plano inicial para os clientes VIP, mas o ambiente de negócio mudou,

então desistiram do negó-cio”, concluiu.

Recorde-se, contudo, que continuam as queixas face às rendas praticadas, principal-mente da parte de proprietários de restaurantes portugueses, que indicam que as rendas têm vindo cada vez a subir mais e que não são suportáveis.

Flora [email protected]

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12 hoje macau sexta-feira 22.5.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

avódezanove e o segredo do soviético • ondjakiAs obras do Mausoléu que irá albergar os restos mortais do presidente da República estão quase a terminar. Os habitantes do bairro vizinho descobrem que as suas casas serão destruídas porque o espaço circundante ao monu-mento será requalificado. Duas crianças decidem explodir o Mausoléu e assim poupar o bairro onde sempre viveram. Entretanto o responsável pela obra, um soviético, apaixona-se pela avó de uma das crianças. Entretanto essa avó tem de ser operada para lhe amputarem um dedo do pé. Entretanto existe uma outra avó que aparece muito mas não existe. Entretanto o plano das crianças falha, mas o Mausoléu é destruído…

SubmiSSão • michel HouellebecqParis, 2022: Às portas das eleições presidenciais, França está dividida. O recém-criado partido da Fraternidade Muçulmana conquista cada vez mais simpatizantes, graças ao seu carismático líder, numa disputa directa com a Frente Nacional. Poucos dias depois do desfecho eleitoral, os franceses descobrem um país que já não reconhecem. É tempo de questionarem-se sobre se devem e podem submeter-se à nova ordem. “Submissão” convida a uma reflexão sobre o convívio e conflito entre culturas e religiões, sobre a relação entre Ocidente e Oriente, sobre a relação entre cidadãos e instituições. Uma fábula política e moral surpreendente, Submissão é o romance mais visionário e si-multaneamente mais realista de Michel Houellebecq.

Música Jovens lusos vão estagiarem orquestra internacional

Palestra Especialista de HK fala sobre queda das receitas e capitalismo

DOiS jovens músicos portu-gueses foram seleccionados

para integrar o estágio de Orques-tra de 2015 da prestigiada acade-mia Penderecki Musik Akademi, na Polónia. Frederico Lourenço e Ana Sofia Sousa viajam, em Ju-lho, para terras polacas, onde vão juntar-se a 55 outros estudantes de todo o mundo.

Frederico Lourenço, um dos alunos escolhidos pela insti-tuição polaca, é estudante de violino e frequenta o 3.º ano da Licenciatura em Instrumento da Escola Superior de Artes Apli-cadas do instituto Politécnico de Castelo Branco (iPCB) na classe dos professores Augusto e Alexandra Trindade, revela

um comunicado divulgado pelo iPCB.

Já Ana Sofia Sousa, estudante de viola d’arco, é, atualmente, aluna do 2.º ano da Licenciatura em instrumento na mesma instituição de ensino, integrando a classe do professor António Pereira, acres-centa o iPCB.

O violinista e a violetista por-tugueses foram seleccionados pela Penderecki Musik Akademi atra-vés de provas realizadas em vídeo e vão, agora, entre 6 e 27 de Julho, integrar um estágio de Orquestra dirigido pelo compositor e maes-tro Krzysztof Penderecki, diretor artístico da European Krzysztof Penderecki Center for Music em Luslawice, na Polónia.

O professor de Hong Kong, Sonny Lo vai conduzir uma

palestra intitulada “A Sociedade, Economia e Política do Capitalis-mo dos Casinos em Macau: Crise ou Oportunidade?”, a ter lugar às 18h30 de 3 de Junho, no instituto Ricci. A palestra, que se insere no ciclo Fórum MRI daquele Institu-to, pretende abordar questões rela-cionadas com a recente queda das receitas do Jogo e possibilidades que esta tendência abre.

“A indústria dos casinos de Macau tem visto uma queda nas receitas nos últimos meses, mas será isto uma crise ou uma opor-tunidade da indústria se reinventar a si própria, ou para a economia de Macau se diversificar?”, refere o comunicado da organização, para explicar o intuito da palestra. A ideia da presente sessão é colocar

em cima da mesa os mais diferentes cenários que podem ocorrer partin-do da realidade que se vive, com enfoque nas medidas de combate à corrupção do Governo Central, entre outros aspectos.

Sonny Lo está actualmente à frente do departamento de Ciências Sociais do instituto de Educação de Hong Kong e tem vários artigos académicos e obras escritas sobre governação, crimi-nalidades transfronteiriça, coope-ração policial e democratização. Alguns dos livros publicados por Lo focam-se em aspectos políti-cos de Macau. O professor tam-bém leccionou noutras faculdades da RAEHK, não esquecendo a sua colaboração como docente na universidade australiana de Murdoch e na Universidade de Waterloo, no Canadá.

J á abriu o primeiro e único complexo museológico a três dimensões, no resort Ponte 16. Este hotel, situado na zona do

Porto interior, inaugurou ontem o museu em 3D, um espaço de quase dois quilómetros quadrados que compreende sete diferentes áreas temáticas.

O Ponte 16 temagora um novomuseu com fotografias e atracções a três dimensões no primeiro e segundo andares. O complexo é o primeiro da região e integra o único espaço do mundoa 3D dedicado aMichael Jackson,o Rei da Pop

Ponte 16 Primeiro museu tridimensional de macau abriu ontem

Uma lufada de experiência novaO local inclui um Parque Jurás-

sico, a Jornada por Macau, o Toque de França, História Romântica, Cultura Chinesa e uma zona de Ex-periência interactiva. Este “mundo a três dimensões” é, de acordo com a organização e o Executivo, um grande passo no desenvolvimento de um sistema de novas atracções no território.

O complexo de diversão situa--se no segundo e terceiro andares do Ponte 16 e integra mais de cem pontos fotográficos da cidade nas zonas temáticas. Sonny Yeung, di-rector executivo do hotel disse, no seu discurso de inauguração, que a indústria de turismo local está a pas-sar por uma fase de reestruturação há já alguns anos, sendo esta mais uma parte dessa reestruturação.

“À parte do Jogo, os turistas estão neste momento em busca de uma experiência de lazer mais profunda”, disse. Além disso, acres-centou que a localização geográfica do Ponte 16 se alia à sua estrutura de entretenimento, experiências culinárias de topo e cultura local. Para Sonny, a existência deste novo parque temático é não só uma mais--valia para o hotel, mas também para a indústria do turismo do ter-ritório. Já Ambrose So, presidente do mesmo complexo hoteleiro, é

da opinião de que este novo espaço vai ajudar a “atrair mais visitantes à zona do Porto interior” e ajudar a diversificar a economia.

micHael JackSoncom Homenagem únicaAlém das zonas temáticas já referi-das, o museu optou por homenagear o cantor Michael Jackson da melhor forma possível: criando para o Rei da Pop a primeira exposição temá-tica interactiva em 3D do mundo. A escolha do ícone musical norte--americano é já uma constante do hotel, que tem também um café com decoração e ambiente totalmente dedicado ao artista, juntamente com uma galeria de artefactos sobre a sua vida e obra. Uma das actividades possíveis na zona de homenagem a Michael Jackson é que os visitantes podem “vestir-se” com as emblemá-ticas roupas do artista e fingir que estão em palco ou em conhecidos cenários dos seus vídeos musicais.

visto de cimaA zona “Jornada por Macau” permite que os visitantes escalem a Torre de Macau até ao topo, saltem para as Ruínas de S. Paulo e vejam o céu da região por cima. “Toque de França” foi pensado para dar aos turistas a ideia de uma viagem até

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13 eventoshoje macau sexta-feira 22.5.2015

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Música Stefanie Sunno Venetian em Julho Considerada a “super estrela do mandopop”, a artista de Singapura Stefanie Sun traz a 11 de Julho um concerto a Macau, inserido na Yanzi Kepler Tour, que já passou por várias cidades da China e da Ásia, como é o caso de Hong Kong e Cantão. Os bilhetes já estão à venda e variam entre os 1580 patacas, na zona VIP, e as 380 patacas.

MAM Exposiçãode escultura emtecidos até Julho Inaugurou ontem a exposição “Cores Vibrantes – Escultura em Tecido por Chan Wai Mui” no Museu de Arte de Macau (MAM). A mostra é organizada pelo MAM como parte integrante da Montra de Artes de Macau 2015. Sobre a exposição, o artista explica que “as pessoas se deixam fascinar imenso por todos estes tecidos diferentes, pelas formas regulares obtidas a partir de padrões irregulares e que todos eles são fantásticos”. A entrada é livre ao domingos e feriados e, nos restantes, dias tem um custo de cinco patacas, sendo que está patente até 5 de Julho.

Ponte 16 PrIMEIrO MuSEu TrIdIMEnSIOnAl dE MACAu AbrIu OnTEM

Uma lufada de experiência novaParis, capital do amor. Estes podem usufruir de grandes paisagens típicas daquela cidade europeia. O espaço está decorado com uma série de obras de arte francesas modernas em 3D.

Foi nessa mesma nota que foi criado o espaço “História Român-tica”, cuja interactividade permite a criação de histórias de amor para todos os gostos e feitios. A sala

de “Experiência Interactiva” é, como o nome indica, a que mais oportunidades dá aos visitantes de entrarem na realidade virtual e experienciarem o mundo digital,

estando o espaço decorado com retratos interactivos, tecnologia e aparelhos inovadores.

Leonor Sá [email protected]

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14 CHINA hoje macau sexta-feira 22.5.2015

Turismo Milhares de chineses descobreM “Pu Tao Ya”

Por caminhos ibéricosU m turista chinês em Lisboa já não terá de perder a paciência para explicar o significado de “Xin Te La”

(Sintra) ou “Ma Fu La” (Mafra): basta mostrar o mapa da Península Ibérica editado pela Sinomaps.

É um mapa desdobrável, de 90 centímetros por 60, que custa apenas 15 yuan e assinala nas duas línguas os nomes das principais localidades de “Pu Tao Yao” (Por-tugal), “Xi Ban Ya” (Espanha) e

Adquirido 80% do cAPiTAl de um bAnco brAsileiro

Toca a somar e segue viagemU m grande banco estatal chinês, o Bank of Com-munications, comprou uma

participação de 80 por cento no capital do banco brasileiro BBM por 156 milhões de euros, anun-ciou ontem a agência noticiosa oficial chinesa.

A aquisição, ainda sujeita a aprovação por parte dos regulado-res dos dois países, foi anunciada em Brasília durante a visita ao Brasil do primeiro-ministro chi-nes, Li Keqiang.

É a primeira operação inter-nacional do género realizada pelo Bank of Communications e “o pri-meiro passo dos planos de expansão do banco na América Latina”, disse

“An Dao Er” (Andorra). De “Wei Ya Na Bao” (Viana do Castelo) a “Fa Lu” (Faro), estão lá todas as capitais de distrito portuguesas.

No reverso do mapa, por entre

várias informações úteis acerca de “Li Si Ben” (Lisboa) e “Bo Er Tu” (Porto), iguarias como “cozido à portuguesa”, “feijoada”, “ameijoas à Bulhão Pato” ou “vinho verde”

são mencionadas na língua origi-nal. Fundada em 1954 com o nome de Editora Cartográfica da China, a Sinomaps é responsável por 90% dos mapas publicados na China.

Na livraria Xinhua da rua Wan-gfujing, uma das maiores de Pequim, com seis andares, os mapas estão logo à entrada, dos lados esquerdo e direito da porta, na secção “Turismo & Geografia”.

Além de mapas, pode comprar--se guias turísticos, um género literário com crescente saída.

Milhões a sairAcompanhando o rápido desen-volvimento económico do país, a China é hoje o maior emissor mundial de turistas, à frente dos Estados Unidos.

Segundo estatísticas oficiais, cerca de 109 milhões de chineses viajaram para fora da China conti-nental em 2014, num aumento de 19,5% em relação ao ano anterior.

A maioria fica por Hong Kong e macau, duas Regiões Administrati-vas Especiais, mas o Sueste Asiático, Estados Unidos, Europa e Austrália atraem cada vez mais a nova classe média chinesa, numa vaga que be-neficia também Portugal.

Em 2014, o número de turistas chineses que visitou Portugal cres-ceu 49,3%, para 113.200.

Os turistas chineses são também considerados os que mais gastam: só em Portugal, no ano passado, gastaram 54 milhões de euros, quase 20 milhões mais do que em 2013.

Fazer compras é, aliás, uma das suas principais actividades, ob-servou Miguel Cymbron, director de marketing de uma das maiores cadeias hoteleiras de Lisboa.

“Os chineses não vão a Portugal para ir para a praia. Nem têm tempo para isso: em média ficam apenas duas ou três noites. Normalmente entram em Portugal através de ma-drid e saem também por Madrid”, afirmou aquele gestor.

Miguel Cymbron deslocou-se na semana passada à China, pela primeira vez, para uma série de encontros com operadores turísticos locais, organizados pelo Turismo de Portugal em Pequim, Xangai e Cantão.

“Estamos a subir mais de 20% no mercado chinês e, para nós, a China já é mais importante do que os Estados Unidos”, disse.

Há seis meses, Portugal lançou uma campanha de promoção na Chi-na centrada na imagem de “C Luo” (Cristiano Ronaldo, em chinês) e o Turismo de Portugal abriu uma re-presentação permanente em Xangai.

“C Luo” é o português mais conhecido na China. O próprio presidente Xi Jinping falou dele quando se encontrou há um ano em Pequim com o homólogo de Portugal, Aníbal Cavaco Silva.

À semelhança do capitão da sua selecção de futebol, Portugal apresenta-se na China como um país “mundialmente famoso” e “cheio de lugares espectaculares”, numa mensa-gem escrita em chinês e impressa em cartazes com a fotografia do jogador.

antónio CaeiroLusa

o presidente da instituição, Niu Ximing, citado pela Xinhua.

“A aquisição estreitará a coope-ração económica e financeira entre o Brasil e a China e impulsionará o investimento e o comércio bila-terais”, acrescentou Niu Ximing.

Com sede em Xangai, o Bank of Communications é um dos cinco grandes bancos comerciais tutelados pelo governo chinês, juntamente com o Industrial and Commercial Bank of China

(ICBC), China Construction Bank, Agricultural Bank of China e Bank of China.

O banco brasileiro BBM faz par-te do mais antigo grupo financeiro privado do país, fundado em 1858.

Li Keqiang, o primeiro-mi-nistro chinês, era ontem esperado na Colômbia, segunda etapa de uma viagem de uma semana pela América Latina iniciada na segunda-feira no Brasil e que incluirá ainda o Peru e o Chile.

Nos últimos 14 anos, o co-mércio China-América Latina cresceu vinte vezes, somando 263.600 milhões de dólares em 2014, e segunda a imprensa oficial chinesa, dentro de uma década deverá atingir 500.000 milhões de dólares.

O investimento chinês naquela região está também a crescer em ritmo acelerando, tendo já ultrapassado os 80.000 milhões de dólares.

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15desportohoje macau sexta-feira 22.5.2015

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o Campeonato FIA da China de Fórmula 4 é a nova coqueluche do automobilismo

chinês. Apresentado o ano pas-sado com pompa e circunstância em Pequim, na presença das mais altas figuras do desporto automóvel chinês e de Jean Todt, o presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), a mais nova competição de monolugares do sudeste asiático promete ser o trampolim para voos mais altos para uma nova geração de pilotos chineses. Como a FIA permite diferentes chassis e motores nesta categoria que se situa um degrau a baixo da Fórmula 3, a Fórmula 4 chinesa utilizará monolugares franceses da Mygale de 525 kg de peso e motores 2-litros da marca chinesa Geely, capazes de debitar 160 cavalos. Neste primeiro ano, o campeonato terá cinco provas, a disputar em Xangai, Pequim, Chengdu e Zhuhai. O primeiro teste oficial do campeonato teve lugar no Circuito Internacional de Zhuhai e o melhor tempo, 1m42s9, foi obtido pelo piloto de Pequim Liu Kai, aos co-mandos de um carro preparado pela equipa Asia Racing Team, equipa com sede em Macau. Este teste foi bastante mediatizado

Fórmula 4 Jovem de macau espera correr em 2016

a aposta da China

na China continental devido à presença de várias celebridades do “showbiz” chinês, entre eles o actor e ex-piloto Jimmy Lin.

Leong espera por 2016Ao contrário de outros campeo-natos de Fórmula 4, a competição chinesa não permite a participa-ção de pilotos estrangeiros, com

a excepção de participantes com licenças desportivas de Hong Kong e Macau. Presente no teste oficial, como convidado, esteve o piloto de Macau Leong Hon Chio.

Habitué das corridas de kar-ting do território, aos 8 anos, Leong iniciou-se na modalidade, começando desde as categorias

de iniciação até à categoria Fór-mula 125 Open Juniores onde participou na temporada tran-sacta. Em declarações emitidas em comunicado de imprensa do campeonato, o jovem diz que “as competições de karting já não são um desafio”, pois aos 13 anos já se terá “deparado com tecto”, portanto agora “só lhe

resta participar na Fórmula 4”. Leong foi apenas um espectador em Zhuhai, mas espera conseguir apoios para competir em 2016 quando a idade o permitir.

FinaL MundiaLQuando Gerhard Berger, o an-tigo presidente da Comissão de Monolugares da FIA, impôs a Fórmula 4, o ex-piloto austríaco de Fórmula 1 sugeriu que fosse também criada uma final mun-dial em 2016, ao estilo da Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3. Berger também sugeriu que esta se realizasse no Circuito da Guia.

O sucessor de Berger, o italia-no Stefano Domenicali, não dei-xou cair a ideia por terra. Instado a comentar publicamente à im-prensa especializada estrangeira sobre se o Circuito da Guia era o palco ideal para a finalíssima, o antigo Chefe de Equipa da Scu-deria Ferrari F1 não confirmou, nem desmentiu, frisando que por agora a prioridade da FIA é encontrar uma solução para equi-librar a performance dos carros dos diferentes campeonatos, o que não será fácil porque cada país opta pela motorização que lhe é mais conveniente.

sérgio [email protected]

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hoje macau sexta-feira 22.5.2015

E m 2015 faz quinhentos anos que Tomé Pires acabou de re-digir a Suma Oriental, que é o mais antigo e longo relatório so-

bre o Oriente escrito por um português. No entanto, esta fundamental obra só foi impressa integralmente pela primeira vez em 1944, numa edição inglesa preparada por Armando Cortesão e a versão portu-guesa apareceu apenas no ano de 1978.

Com cerca de quarenta anos de idade, Tomé Pires veio em 1511 para a Índia como boticário e em três anos e quatro meses escreveu a Suma Oriental tendo-a terminado em malaca, onde exerceu os cargos de <escrivão da fei-toria, contador e vereador de droga-rias> entre Abril ou maio de 1512 e Janeiro de 1515. Regressado a Cochim, ainda deve ter aditado algo mais ao seu manuscrito pois, as viagens marítimas eram propícias a conversas com mer-cadores e marinheiros, que lhe terão dado outras informações úteis sobre a Ásia e Extremo Oriente.

No Suma Oriental, Tomé Pires descreve a Ásia, que viu ou dela teve notícias, “desde o mar Vermelho até ao Japão. É certo que, antes de partir para a China, ele apenas visitara par-te da Índia, malaca e provavelmente regiões vizinhas, parte de Samatra e parte de Java, mas durante a sua esta-da em Cananor e Cochim, e sobretudo em malaca, onde concorria navegação de todo o Oriente e Extremo Orien-te, o seu espírito curioso e inquisitivo teve excepcionais oportunidades de recolher copiosa informação, tanto dos indígenas como dos mercadores e ca-pitães dos juncos e outras embarcações das mais variadas origens, com quem, quanto mais não fosse por dever de ofí-cio, estava em contacto.

É enorme a riqueza e variedade de informação recolhida na Suma Oriental, tanto de ordem histórica e geográfica, como etnográfica, botânica, económica, comercial, numismática, de pesos e medi-das, etc...” Armando Cortesão.

Sobre a Suma Oriental refere Luís de Albuquerque: “O autor propôs-se neste texto descrever, de um modo su-mário, todo o Oriente então conheci-do; fala de países e das suas produções, de povos e de alguns dos seus costu-mes, dos portos do mar e das merca-dorias neles negociadas; a obra supõe um enorme volume de informações que Tomé Pires soube reunir, avidamente,

500 ANOS DA SUMAORIENTAL DE TOMÉ PIRES

em menos de meia dúzia de anos; é na verdade, um livro notável.”

Armando Cortesão descreve Tomé Pires como “um ávido observador, um curioso e penetrante estudioso, um fiel, exacto e infatigável descritor” e Luís de Albuquerque adita que por disci-plina de escrita, enveredou por uma exposição concisa e “através dela só procura transmitir dados objectivos, observados por si ou por informadores considerados de confiança, sem a carga de qualquer interpretação pessoal que porventura pudesse deformá-los.”

Livro EsquEcido

Interessante referir que a obra Suma Oriental não terá tido suporte algum de anteriores documentos. Tomé Pires seguramente conhecia já o Livro das maravilhas de marco Polo, escrito em 1292, mas só impresso em português no ano de 1502 em Lisboa, tal como um outro livro a ele anexado, o India recog-nita recolhido por Bracciolini do que Niccolò de Conti narrou das suas “ex-tensas viagens realizadas entre 1419 e 1444” e que fora impresso em Cremona em 1492. Informações de Rui Loureiro.

Em Cochim, após saber que já não iria dali para Portugal como desejava, por ter sido em finais de 1515 nomeado Embai-xador do reino ao Imperador da China, antes da sua partida para tão elevada mis-são, Tomé Pires terá provavelmente en-tregado o seu manuscrito Suma Oriental ao amigo de infância, o então Governa-dor Lopo Soares de Albergaria, para ser enviado ao Rei D. manuel.

“Embora contendo preciosíssimas no-tícias de carácter geográfico e etnográfico sobre a Ásia – e principalmente sobre o desconhecido mundo asiático que se es-tendia para além de malaca -, ou talvez por isso mesmo, a Suma Oriental conhe-ceu uma reduzida difusão na época da sua redacção. Com efeito, parece ter circula-do apenas nos círculos luso-indianos liga-dos a Afonso de Albuquerque e também, naturalmente, nos meios ultramarinos da corte régia portuguesa. Hoje sobrevivem apenas duas cópias manuscritas quinhen-tistas da obra, uma completa em Paris e outra incompleta em Lisboa” Rui manuel Loureiro.

“Na Biblioteca Nacional de Lisboa existe cópia, um pouco posterior, que su-ponho do meado do século XVI, de cer-ca de metade apenas da Suma Oriental,

sem indicação do nome do autor. A parte então mais importante da Suma, a que se refere a malaca e à Insulíndia, em especial às Ilhas das Especiarias, que acabavam de ser descobertas quando ela era escrita, foi suprimida. De cópia semelhante a esta se serviu Ramúsio para a tradução que dela dá no Primo volume delle Navigatione et Viaggi, pela primeira vez impresso em

Veneza em 1550, sob o título sommario di tutti li regni, citta, & populi orientali, etc., mas também sem nome de autor...” A. Cortesão. E continuando com este his-toriador: A Ramúsio “falta do que mais lhe interessava – a descrição das molucas. No tempo em que a cópia foi feita em Lisboa estava a <Questão das molucas> no seu auge, pelo que não é de estranhar que o

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 22.5.2015

José simões morais

italiano tivesse obtido apenas cópia do que na Suma as autoridades portuguesas não julgavam como segredo de Estado.”

Foram “os agentes do humanista italiano Giovanni Battista Ramusio” que conseguiram “obter em Portugal uma cópia parcial da Suma Oriental, que logo seria traduzida para italiano e concluída no primeiro volume da mo-numental colectânea ramusiana Navi-gationi et Viaggi”. Faltavam dois terços da versão original, os referentes a Ma-laca e à Insulíndia. “Lamentavelmente, porém Ramusio não pudera aceder às secções da obra dedicadas ao Extre-mo Oriente, precisamente aquelas que continham mais espectaculares revela-

ções em termos de visão europeia do mundo.” E continuando no texto de Rui Manuel Loureiro: “A versão integral da obra de Tomé Pires andou perdida du-rante séculos e só viria a ser impressa pela primeira vez em 1944, numa hoje célebre edição preparada por Armando Cortesão para a prestigiada Hakluyt Society [Londres, 1944].”

Explica A. Cortesão: “Por uma vaga referência do Visconde de Santarém, sabia-se da existência da Suma Oriental que, ao cabo de repetidos e porfiados es-forços, consegui descobrir em Paris, na Bibliothèque de la Chambre des Députés, em Setembro de 1937.” E prosseguindo com Rui Manuel Loureiro: “O historiador

português descobrira a cópia (...) e logo se lançou ao trabalho de preparar uma edi-ção diplomática, copiosamente anotada, com tradução inglesa. Uma versão portu-guesa desta edição viria a ser impressa em Portugal apenas em 1978, pela Imprensa da Universidade de Coimbra. Mais re-centemente, foi divulgado em forma im-pressa o manuscrito de Lisboa da obra de Pires [edições do IPOR, Macau, 1996], o qual contém interessantes variantes”.

O que diz na Suma Oriental

No Prólogo Tomé Pires declara: <Deter-minei de pôr em obra esta Suma Oriental, e começar do Mar Roxo ou Arábico até os chins, com todas as ilhas, e desviar-me de parte da África por serem coisas mais notórias. Em a qual Suma não me entre-meto com temerária ousadia, porque teria menos modéstia, mas pedindo que nas cousas em que não for achado despeso seja relevado, porque meu intento foi mo-vido a boa-fé, por ver cousas tão grandes, e salva a paz de alguns que escreveram, se deviam vir alimpar de seus tratados. Honesta cousas me pareceu pôr em es-crito alguma parte de tanta glória, quem fosse tão bravo que tivesse o intento gre-go e a língua romana e o despejo bético para falar em cousas tão simples, também aventuradas, como são as orientais, mas – como eu seja lusitano e baixo na gente plebeia, cujo costume é dizer menos suas glórias do que são e o mal mais do que é, e porque o compor das sumas ou tratados é mais ofício de estrangeiros que de na-turais, por saberem adoçar suas composi-ções; como vemos falarem maravilhas nas cousas do Mar Mediterrâneo, passagem de 15 dias, sempre à vista de terra; que fizeram se viram a famosa conquista do oriente de todo o mar oceano, donde se contêm cousas tão dignas de memória,

assim de honra acerca dos homens como em merecimento acerca de Deus – se esta Suma não for assim poderosa como con-vém, remeta em ser natural em outra arte que para o tempo aprendi, de que poderia dar melhor conta, porque a necessidade me foi nisso mais potente que nesta obra a razão.>

Tomé Pires escreve sobre as mulheres de Ormuz e as da Pérsia, que sobre elas diz: <Os de Tauris e Xiras são como em França, Paris; são domésticos, gentis ho-mens, cortesãos, e sobre tudo se louvam as mulheres de Xiras, de fermosas, alvas, discretas, ataviadas, donde os mouros di-zem que Mafamede nunca quis ir à pro-víncia de Xiras (Shiraz, actual Irão), por-que gostando dela nunca fôra ao paraíso depois de morto>. Para além descrever Ormuz e a Pérsia, Pegu (actual Myanmar) e o Sião (Tailândia), enalteceu Malaca onde chegou um ano depois da conquista desta praça pelos portugueses: <cidade que foi feita para a mercadoria, mais auta que todas as do mundo, cabo de mon-ções, princípio doutras>: <É assim que se chama rio bem-aventurado. É certo cá grandes partidas, não se sabe tão grossa escala como a de Malaca, nem em que se tratem tão nobres e estimadas mercado-rias. Aqui se acha da valia de todo levante; aqui se vende de toda valia de todo po-nente. Não é dúvida que as cousas de Ma-laca são de grande peso e muito proveito e grande honra. E terra segundo seu sítio não pode diminuir mas sempre acrescen-tar. É fim de monções, onde achais o que quereis e às vezes mais do que catais>. <E verdade é... que este mundo de cá é mais rico, mais estimado que o mundo das Ín-dias, porque a menor mercadoria de cá é oiro, que menos se estima e em Malaca têm por mercadoria. Quem for senhor de Malaca tem a mão na garganta a Veneza. Até Malaca, e de Malaca até China, e de China a Maluco, e de Maluco a Java, e de Java a Malaca. Samatra, cativa é de nos-so poder. Quem isto entende favorecerá Malaca; não se ponha em esquecimento, porque mais prezam os alhos e cebolas em Malaca que almíscares, beijoins e ou-tras cousas ricas>. <Para Malaca havia mister Salomão para a governar; e ela o merece>.

“Suma Oriental é a primeira descri-ção europeia de Malásia, cujo porme-nor e exactidão não foram, sob muitos aspectos, ultrapassados, durante mais de dois séculos. Ela é, concretamente, até hoje, a melhor fonte documental sobre a História de Malaca muçulma-na” A. Cortesão.

E o que diz Tomé Pires sobre a Chi-na na sua Suma Oriental? Ele que ainda não visitara essa grande e misteriosa terra, de que tanta coisa tinha ouvido contar em Malaca, encontrava-se longe de saber ter o seu destino a ela ligado.

“O autOr prOpôs-se neste textO descrever, de um mOdO sumáriO, tOdO O Oriente entãO cOnhecidO; fala de países e das suas prOduções, de pOvOs e de alguns dOs seus cOstumes, dOs pOrtOs dO mar e das mercadOrias neles negOciadas; a Obra supõe um enOrme vOlume de infOrmações que tOmé pires sOube reunir, avidamente, em menOs de meia dúzia de anOs; é na verdade, um livrO nOtável.”luís de albuquerque

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18 hoje macau sexta-feira 22.5.2015

D EAMBULAR um pouco pelas palavras e as mar-gens, os sons e os vazios, os silêncios e as revela-

ções. E segredos. Os sons e as suas margens de sonho. Pequenas notas, soltas e monocórdicas, aglomeradas aqui. Que antes se alongavam em longas pausas. Como improvisos im-pressionistas no solo de um instru-mento musical.

Desfiar as palavras no tempo. Vaguear por elas sem a preocupação de ir mais longe. Em tempo real como uma vida. Porque é da sua natureza desmul-tiplicar sentidos. Dizer uma palavra, acrescentar-lhe outra e ficar a ver gerar uma bifurcação. À terceira tudo aumen-ta de tom…O desafio de escrever sobre nada que não seja o alinhar de palavras e silêncios. Mas sem palavras coloridas e os intervalos a cinza clara…

A pensar para que servirão as pa-lavras que pretendem dizer na sua linguagem própria, outra, sem neces-sidade de explicação…por quê falar da música, da arquitectura, do espaço, do tempo ou de nós, se a objectivida-de da existência em si, se elabora na sua plástica própria e inapropriável. Pequeno pensamento platónico, de acordo com o qual nenhuma lingua-gem seria legítima, com os seus enor-mes e atávicos limites de honestidade, de impropriedade e de falsidade. Por fatalismo de insuficiência. Às vezes a vontade feroz de despir todo o espa-ço da consciência desse invólucro de palavras que a revestem soltas, como átomos em movimentos brownianos. Partículas em choque aleatório, ou en-tão no fibrilar constante e sem nexo na imprevisibilidade imparável, com que se vão organizando e desorganizando sentidos. Apagando-se ou não para sempre. Compulsivamente a insinuar formas para as emoções, criando ca-deias que sustêm por um tempo essa deriva, articulando, estruturando, re-volvendo e rapidamente ansiando por ver luz do dia. Por quê, essa vontade de derramar esses conteúdos como se de alimentos se tratasse. Úteis, ou mais ainda, imprescindíveis. Estranha megalomania. Essa. A da expressão. Ou tradução. Até porque é sabido que uma parte do sentido se furta muitas vezes à transposição para outra língua.

Fará talvez parte incerta da solidão universal, essa temida solidão natural,

revelar nos limites do possível contor-nos, de outra maneira mais difusos, da alma, do espírito ou do que quer que se chame a nós para além do que somos matéria. Revelações que constroem múltiplos comuns, ou denominadores comuns? Espelhos…Um território eté-reo onde se habita com as devidas mar-

gens de erro e ilusão. Em que a troca se traduz em algum reconhecimento e identificação entre seres da mesma es-pécie. Complicados que somos mesmo sem esse enquadramento, por vezes construímos teias e envolventes que mais ainda tornam hermética a imagem que temos de nós ou dos outros. Ou

de nós nos outros. Ou deles em nós. No entanto não há como fugir. É en-trar num táxi e percorrer a cidade, e, do início ao fim ouvir alguém expressar os seus pensamentos sobre as coisas. E em todo o lado. E perceber que nisso somos iguais. E também no muito que não queremos ouvir. Mas invade. Que

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hPausa de semínima, Pausa de

semibreve - margens de silêncio

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19 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 22.5.2015

de tudo e de nada AnAbelA CAnAs

não nos interessa. Até àquele dia, em que uma qualquer banalidade nos em-bala nessa comunhão aparente e deli-mitada, e até respondemos no mesmo registo.

Para quê então falar de música…Um discurso que alterna silêncios e sons, e tão só, com uma maravilho-

sa variedade de possibilidades rít-micas, com a ondulação melódica a complicar o que de tão simples nos componentes, consegue alcançar o inexplicável. E embalar as mais es-tranhas derivas das emoções. É uma correspondência intrigante e inesgo-tável. Que resiste a inúmeras revisi-

tas e repetições. E depois, um dia, a partir de um percurso de progressivo destilar de tudo o que belo se vem tornando marginal numa melodia, sintetiza-se num momento de segun-dos a essência que sempre impreci-samente esperávamos. Diluída antes. Duas ou três notas, e nelas o mundo. O sentido particularmente perfeito do momento. A repetir. Acontece naturalmente. O microcosmo de que fala Foucault, na sua teoria das simi-litudes, abrindo-se em profundidade, na sua dimensão ínfima para uma complexidade infinitamente grande, e nela um reverso do macrocosmo. E a música que se desenvolve em tona-lidades, como as cores. No fundo de que falamos, quando falamos do que quer que seja, senão sempre das mes-mas coisas de nada, em que somos, massa, espaço, tempo e a melancolia de uma linguagem perseguida para traduzir a confusão abismal que nos assalta nessa múltipla dimensão.

Depois penso: tantas palavras destiladas na paixão de comunicar e enfim tantas vezes bastam duas, três, uma só. Às vezes um suspiro ou um gemido curto, e tudo o mais seria a mais de dizer.

E porque o silêncio é a respiração das formas vivas e como elas, orgâni-co. Quantas mais palavras se dizem com sentido, mais sentidos desespe-ram por ser conhecidos, especificados, dar-se a ver, ou manter escondidos. Numa vocação exponencial que tem a forma cónica de como se estende a porção de universo acima de nós. E por vezes, mesmo o que fica não ex-presso é demais. Mas como na música, a arte da conversação faz-se de tudo, sobre esse silêncio de base que é suave e confortável, como uma areia clara, fina e tépida. De pausas e de sons, uns e outros mais ou menos prolongados ou abruptos. E nestas se expande o sentido, se dá lugar à espera, ao adi-vinhar, ao retomar com mais intensi-dade, ao deixar para trás embrulhado em silêncio algum aspecto a aprender a esquecer.

(Há, a uma hora precisa da ma-drugada, um minuto de silêncio. Como sempre pode ser produto da exaustão dos sentidos distraídos da cidade ali fora. Mas também pode ser por respeito a tudo o que foi ou não deveria ter sido. No dia de antes.

Ou para criar balanço… Este inter-valo entre os dias. Uma breve pausa como um respirar fundo muito lím-pido. Depois tudo recomeça como uma sinfonia, primeiro brandamen-te, tudo distinto, e depois pouco a pouco aquela mole indiferenciada de fundo, pontuada dos ruídos mais próximos).

É, no fundo, apenas fazer o elogio das pausas. Das grandes e das míni-mas. E destas, nos silêncios. E na arte da conversação, mais difíceis são os silêncios. Bem ditos, são fundamen-tais. Mais requintados para dar sen-tido a um discurso que se quereria natural e sem os escolhos da análi-se. Vazio é aquilo que se situa nas margens do silêncio. E este é o que preenche as margens dos sons e das palavras. Como um vestido de baile, de musselina leve ou pesado de ve-ludo.

Quando às vezes como num livro ou numa canção, uma frase, um título diz tudo o que é essencial, como: “Em busca do tempo perdido” de Proust, ou um fragmento como: “I’m gonna stop wasting my time”, de Lou Reed - duas utopias cada uma a seu modo - poderiam evitar os sete volumes do primeiro e os três ou quatro minu-tos da segunda, penso que a duração dos silêncios tem, para uma mesma ilha de sentido relevâncias variáveis ao longo dos dias. E assim estaria de novo a falar do tempo e o tempo é grande demais. Mas é assim a vida, é embalador prolongar uma emoção nítida espraiada em todo um enqua-dramento de que necessita para se tornar visível, por contraste ou repe-tição, desenvolvendo e estendendo-a só porque o minuto seguinte é ater-rorizador. Mas às vezes com exces-so. Será este um encadeado triste de palavras? E se fosse monotonamente embalador? Para quem goste de se deter nas palavras. E saiba saborear densos, confortáveis ou delicados, os silêncios entre elas. Posteriores a elas.

O cansaço dos sentidos. Dos ór-gãos dos sentidos e da complexida-de dos significados. Porque a vida é tempo demais para ter sentido. Um dia pode ter sentido. Uma hora, dois segundos…mas a vida, a vida é tem-po demais para ter sentido. Disse-me alguém. Mais ou menos assim.

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20 hoje macau sexta-feira 22.5.2015(F)utilidadestempo trovoadas min 23 max 26 hum 80 -98% • euro 8 .88 baht 0 .23 yuan 1 .28

João Corvofonte da inveja

Aconteceu Hoje 22 de maio

o primeiro avião• A 22 de Maio de 1908, os irmãos Wright apresentam um artefacto voador no escritório de patentes norte-americano. Nascia o primeiro avião, depois de anos antes, em 1903, Orville Wright ter conseguido realizar o primeiro voo com um aeroplano mais pesado do que o ar, o Flyer 1. Os dois irmãos, Wilbur e Orville, eram norte-americanos e foi-lhes concedido o crédito pelo desenvolvimento da segunda máquina voadora mais pesada que o ar na qual o homem efectuou um voo motorizado controlado em 17 de Dezembro de 1903, apesar do mesmo depender de algo que o conseguisse atirar para o ar, fazendo com que apenas planasse, ao contrário do avião 14bis criado por Santos Dumont. A principal realização dos irmãos foi a invenção do controlo em três eixos, que permitiu ao piloto controlar a aeronave de forma efectiva e manter o seu equilíbrio. Esse método tornou--se e permanece como o padrão em aeronaves de asa fixa de qualquer tipo. Desde o início do seu trabalho em aeronáutica, os irmãos Wright focaram-se no desenvolvimento de um método confiável de pilotagem. Essa abordagem diferia bastante das outras experiências da época, que colocavam mais ênfase no desenvolvimento de motores mais potentes. Usando um pequeno túnel de vento caseiro, obtiveram uma grande quantidade de dados científicos como nunca antes, o que lhes permitiu desenhar e construir asas e hélices mais eficientes do que qualquer pessoa tinha feito até então. Aproveitando o “boom” nacional das bicicletas, os irmãos abriram uma loja de vendas e oficina de reparações em Dezembro de 1892 e começaram a construir bicicletas da sua própria marca em 1896. Os dois usaram este empreendimento para financiar o seu crescente interesse em voar. Neste dia, mas em 1859, nasce Arthur Conan Doyle, novelista escocês responsável pelas obras “Sherlock Holmes”. Em 1885, o mundo perde Victor Hugo, escritor romântico francês, que escre-veu obras como “Os Miseráveis” ou “O Corcunda de Notre Dame”.

O que fazer esta semana? C i n e m aCineteatro

Sala 1tomorrowland [b]Filme de: Brad BirdCom: George Clooney, John Walker, Britt Robertson14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Sala 2mad max: fury road [c]Filme de: George MillerCom: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult14.30, 16.45, 21.30

mad max: fury road [3d] [c]Filme de: George MillerCom: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult19.15

Sala 3tdragon ball z: reSurrection “f” [b]FAlADO EM JApONêSlEGENDADO EM CHiNêS E iNGlêSFilme de: Tadayoshi Yamamuro14.30, 16.30, 19.30, 21.30

HojeSEMiNáRiO “A iDEiA DA EUROpA”,pOR JOãO SERRA pEREiRA Fundação Rui Cunha, 17h00 às 19h30Entrada livre

TEATRO “A TERCEiRA iDADE”(FESTiVAl DE ARTES DE MACAU) Edifício do antigo tribunal, 20h00Bilhetes a 150 patacas

MúSiCA “OS CONTOS DE FADAS BizARROS”(FESTiVAl DE ARTES DE MACAU)Teatro D. pedro V, 20h00Bilhetes a 120 e 150 patacas

AamnhãDóCi pApiAçAM ApRESENTAM “MACAU TEM TAlENTO” Centro Cultural de Macau, 19h30Bilhetes a 120 e 180 patacas

TEATRO “A TERCEiRA iDADE” (FESTiVAl DE ARTES DE MACAU) Edifício do antigo tribunal, 20h00Bilhetes a 150 patacas

MúSiCA “OS CONTOS DE FADAS BizARROS”(FESTiVAl DE ARTES DE MACAU)Teatro D. pedro V, 20h00Bilhetes a 120 e 150 patacas

“SATURDAY NiGHT JAzz”Fundação Rui Cunha, 21h00entrada livre

ORqUESTRA DE MACAU ApRESENTA“AlMA DE MACAU” (FESTiVAl DE ARTES DE MACAU)igreja de São Domingos, 20h00entrada gratuita

DomingoDóCi pApiAçAM ApRESENTAM “MACAU TEM TAlENTO” Centro Cultural de Macau, 19h30Bilhetes a 120 e 180 patacas

MúSiCA “OS CONTOS DE FADAS BizARROS”(FESTiVAl DE ARTES DE MACAU)Teatro D. pedro V, 15h00Bilhetes a 120 e 150 patacas

Diariamente ExpOSiçãO DE ARTES ViSUAiS DE MACAU (ATé 2/8)pintura e Caligrafia ChinesasEdifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00entrada livre

ExpOSiçãO “A úlTiMA FRONTEiRA:MiSTéRiOS DO OCEANO pROFUNDO” (ATé 31/05)Centro de Ciência de Macau

ExpOSiçãO “VAlqUíRiA”,DE JOANA VASCONCElOS(ATé 31 DE OUTUBRO)MGM Macau, Grande praça entrada livre

Num reino europeu do final do século XIX, quando as pessoas enfren-tavam a guerra, existia um homem mágico que conseguia fazer coisas flutuar. Assim surgiu um castelo móvel, onde Sophie se esconde, a salvo de dois militares que lhe querem fazer mal. O feiticeiro, Howl, dono do castelo, tinha a fama de ser terrível porque queria apenas, aos olhos dos outros, roubar os corações de raparigas. Sophie tinha 18 anos e era uma menina comum, que vivia com a madrasta numa loja de chapéus. Mas a jovem foi vítima de uma maldição, que a tornou velha e feia. A menina fugiu de casa e refugiou-se no castelo de Howl, o único que não se importou com a sua aparência. Os dois começam em conjunto uma vida mágica. Flora Fong

“Howl’s Moving cAstle”(MiyAzAki HAyAo, 2004)

TOMORROWlAND

Adeus, selva gentil.

H O j e H á f i l m e

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21opiniãohoje macau sexta-feira 22.5.2015

A Rádio Macau fez as contas e ainda bem que as fez, para memória futura: desde que é secretário de Estado das Comunidades Portuguesas do Governo de Pedro Pas-sos Coelho, José Cesário visitou-nos sete vezes. Sen-do certo que, para muitos, o actual primeiro-ministro

português está no poder há uma eternidade, a verdade é que ocupa o cargo há apenas quatro anos ainda incompletos.

Na sua segunda visita deste ano, José Cesário afastou a ideia de viagens em excesso ao território com a necessidade de estar em contacto com as comunidades portuguesas. Conta que a Paris já foi umas 40 vezes, o que faz de Macau um parente pobre – ou caro. Diz ainda que defende a proximidade dos governantes com as pessoas porque só assim “os problemas se percebem”.

Por partes, a começar quase pelo fim. Não sei quantos dos que lêem este texto têm uma especial vontade de ter contacto com gover-nantes portugueses. Também não sei quantos dos que lêem este texto têm contacto com os governantes portugueses que nos visitam. A avaliar pelas imagens que me chegaram esta semana, são poucos – e são os mesmos, com

contramãoIsabel [email protected]

São problemas que José Cesário não resolveucom as viagens a Macau – epara deles ter conhecimento bastará abrir umaconta de email. E ir lendoos jornais da terra

O canapéuma ou outra mudança ténue de companhia no enquadramento televisivo aquando das declarações à comunicação social.

Também não consigo perceber a que problemas se refere José Cesário neste ensaio de justificação para o estatuto de frequent traveler para a Ásia. De política percebo pouco, da política portuguesa percebo ainda menos, da política que se transformou em diplomacia económica nada compreendo. Sei apenas que Macau, à semelhança de muitos outros pontos do mundo, tem um representante diplomático por alguma razão.

Não que desgoste de ver um governante por cá de vez em quando para que se reforcem os laços de amizade Portugal-Macau-China, para que se trabalhe na cooperação económica, para

que se sintam os tais problemas que desconhe-ço, ultrapassada que aparenta estar a questão da autorização de residência a emigrantes portugueses, ao que parece por desistência dos próprios. Mas três visitas no espaço de um ano – como aconteceu em 2013 – é uma coisa esquisita. Sobretudo quando, consultados os artigos que se escreveram acerca das várias visitas, parecem decalcados uns dos outros. Só muda mesmo o número de milhas acumuladas no cartão – o que não vem, ora pois, nos jornais.

Portugal devia ter outras prioridades. A comunidade portuguesa de Macau tem um problema – tem um consulado com poucos funcionários e muito trabalho, situação que está longe de facilitar a vida às pessoas que precisam de renovar documentação ou de tratar de outros assuntos na representação diplomática, por maior que seja a dedicação e esforço de quem lá trabalha. A comunidade portuguesa tem um problema – tem um con-sulado que um dia destes se arrisca a ficar sem trabalhadores, dada a incapacidade de Lisboa em perceber que os euros em Portugal têm um valor diferente noutras partes do mundo. São problemas que José Cesário não resolveu com as viagens a Macau – e para deles ter conhecimento bastará abrir uma conta de email. E ir lendo os jornais da terra.

Portugal devia ter outras prioridades e

muitos dos que cá estão, agora mais ou menos desligados dos problemas portugueses, conhe-cem demasiado bem a realidade do país, melhor do que eu, que não saí de lá em crise. Portugal é um país onde a miséria é real, onde falta tudo a muita gente, onde se passa fome, onde se apertou o cinto a fazer doer a barriga, onde se esvaziaram barrigas que davam tudo por um canapé – ou por um mais corriqueiro rissol.

José Cesário pertence a um Governo liderado pelo homem que, sem querer saber dos destinatários, acusou o povo de despesismo, de maluqueira colectiva. É um homem que ainda não percebeu a indignação que causou aos velhos que se lembram dos anos da fome, que pouparam a vida toda para nunca mais passarem fome, os velhos esquecidos nas aldeias esquecidas num país que alimenta o esquecimento. É o mesmo homem que mandou os jovens saírem dessa zona de conforto que é estar no desemprego, de doutoramento e pijama em casa dos pais, e fazerem-se ao mundo, que é grande e cheio de oportunidades. José Cesário viaja para que não lhes fuja do firmamento a zona de conforto que deixaram para trás. Desconheço com quantos deles esteve o secretário de Estado nesta viagem. E nas seis anteriores.

Portugal devia ter outras prioridades. Para já, fica-se pelo cartão de milhas.

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22 opinião hoje macau sexta-feira 22.5.2015

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

D epois da confusão gene-ralizada verificada durante os protestos do 1º de Maio, a actual ecologia política de Macau pode passar a ser descrita como “uma realidade em que não dis-pomos de suficiente pessoal qualificado para substituir os que estão no poder”, o

que é na verdade tão embaraçoso que não sei se devo rir ou chorar.

Devido ao sucesso dos vários esforços despendidos em manter a estabilidade e também devido à falta de temas controver-sos nestes últimos dias, era de esperar que este ano menos protestos contassem com menos pessoas. Mas a comparecência da Federação das Associações dos Operários de Macau levou a que, na realidade, o nú-mero total de manifestantes não fosse muito menor do que nos anos anteriores. Todavia, o facto de os protestantes se dividirem em 13 grupos diferentes acabou por dar um ar de confusão aos acontecimentos. Não obstante a maior parte dos indivíduos que aí marcaram presença pretenderem realmente expressar a sua opinião, outros houveram que não desejavam nada mais do que ver a sua fotografia nos jornais e fazer convívio com os seus amigos. Para mais, e durante os protestos propriamente ditos, dois dos organizadores acabaram por entrar numa discussão, que depois se espalhou a outros elementos dos seus respectivos grupos, criando uma situação verdadeiramente embaraçosa.

Este ano tornou-se aparente que muitos menos jovens participaram nos protestos e

Os votos decidem tudo (II)

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertopaul chan wai chi*

também que nenhum deputado da Assem-bleia Legislativa compareceu no ponto de encontro definido pela associação “Macao Youth Dynamics” para o início da sua marcha. Mas tendo em conta que os jovens representam o futuro de qualquer sociedade, torna-se indispensável contar com a parti-cipação das camadas mais jovens para que depois estas estejam preparadas para receber a tocha da democracia. A velha geração re-presentativa do movimento pró-democracia habituou-se ao longo dos anos a travar batalhas em nome individual. Salvo raras excepções, não costumam normalmente ten-tar mobilizar um grande número de pessoas nem perdem sequer tempo em apoiar os mais jovens. Só se mostram interessados na sua participação quando, em tempos de cam-panha eleitoral, precisam de alguns jovens para integrar as suas listas como candidatos nessas mesmas eleições. Mas mal estejam concluídas as votações, voltam de imediato aos seus velhos hábitos. Aliás, é exactamente por não se terem treinado as camadas mais jovens para carregar esta mesma tocha que hoje em dia se verifica que o movimento democrático continua estagnado em Macau.

Mas se olharmos para Hong Kong, tam-bém nos apercebemos através da situação actual que o movimento democrático, tanto aí como em Macau, apresenta sinais preo-cupantes em relação ao futuro. Sou porém da opinião que estes momentos de crise representam também as melhoras alturas para se realizar uma reviravolta no estado das coisas.

Quase todos os que são caracterizados como democratas em Hong Kong ou em Macau acabam por ser os mesmos que apoiaram o movimento democrático dos estudantes durante os episódios de 4 de Junho de 1989. Durante o passar dos anos, ganharam numerosas eleições e acabaram assim por se tornar figuras proeminentes na esfera social ou política devido ao seu envolvimento com os protestos do dia 4 de Junho. Apesar disso, nenhum foi capaz de fazer avanços significativos em prol da democracia nas suas cidades, nem tão pouco conseguiram atrair outros para os representar nesta procura pelos ideais democráticos. Ao mesmo tempo, acabaram por se revelar pou-co inovadores e sem sentido de oportunidade, não sendo por isso de estranhar que o campo

“Se olharmos para Hong Kong, também nos apercebemos através da situação actual que o movimento democrático, tanto aí como em Macau, apresenta sinais preocupantes em relação ao futuro. Sou porém da opinião que estes momentos de crise representam também as melhoras alturas para se realizar uma reviravolta no estado das coisas”

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TA! democrático tenha vindo a receber cada vez

menos votos com o passar do tempo.Face a esta realidade, o futuro político

de Hong Kong e de Macau vai muito pos-sivelmente vir a ser decidido pelo resultado das eleições.

Na RAEHK, os membros do Campo Pró-Democracia no “Legislative Council” reúnem votos suficientes para conseguir travar a proposta de reformas constitucionais agendada para votação em 2017. Assim, esta proposta não vai conseguir ser aprovada sem o apoio deste sector, ou no mínimo que se registe uma reviravolta na decisão de parte dos seus apoiantes. Mas atendendo à situa-ção actual, parece certo que a proposta vai ser rejeitada a não ser que as autoridades de Pequim façam um ajuste final ao meca-nismo eleitoral proposto. Se isso se vier a concretizar, pode ser que o desenvolvimento financeiro de Hong Kong e mesmo o bem--estar económico da sua população venham a ser sacrificados durante um breve período de tempo pelas autoridades relevantes de modo a castigar o Campo Pró-Democracia pela sua manifestada intenção de vetar a proposta. Tudo isto para que os eleitores sintam que o abrandamento da economia é da exclusiva responsabilidade dos Pró-Democratas e se sintam então compelidos em não os apoiar durante a “District Council Election” de 2015 assim como para as eleições do “Le-gislative Council” em 2016. Só então, sem nenhum membro da ala democrática a ocu-par posições de relevo na estrutura política da RAEHK, é que o governo se dignaria a revitalizar a economia e voltar a assumir o compromisso de apoiar a adopção deste pacote de reformas.

Quanto a Macau, o próximo confronto eleitoral vai ser para os assentos da Assem-bleia Legislativa, agendado para 2017. Mas sem jovens qualificados para substituir os seus antecessores na arena política, as pró-ximas eleições vão na realidade ser mais decisivas para os políticos veteranos, visto que os mais jovens não têm nada a perder se tentarem conquistar algumas destas posi-ções. Espera-se assim um resultado eleitoral cheio de surpresas.

Para que este processo eleitoral decorra dentro da normalidade e de modo a garantir que os resultados venham de facto a satis-fazer os desejos da maioria da população, vai ser necessário preencher dois requisitos. Primeiro, fazer com que todos aqueles que sejam suspeitos de aceitar subornos ou de actos de corrupção durante as eleições ve-nham a comparecer perante a Justiça; e, em segundo lugar, arranjar maneira de fazer todos os eleitores exercer o seu direito de voto.

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hoje macau sexta-feira 22.5.2015 23Perfil

Q uem passar pela Diana Pereira não ficará indi-ferente à mistura de traços culturais. Começando pelos olhos rasgados à cor morena da pele, a dúvida

surge: qual será a sua nacionalidade? “É difícil explicar. Tenho família chinesa, macaense e portuguesa”, diz-nos a jovem de 25 anos, enquanto vai mexendo o café.

A escolha do dia para a conversa com o HM não podia ter sido melhor. Afinal de contas, Diana Pereira estava a comemorar sete meses de residência em Macau. “Que giro, faz precisamente hoje sete meses que cheguei a Macau”, relembra, com um brilho nostálgico nos olhos.

Foi um momento menos bom da sua vida, aliado à curiosidade desde pequena em ter uma experiência fora da sua zona de conforto, que trouxe a licenciada em Prótese Dentária a este lado do mundo.

“Sempre quis ter uma experiência fora de Portugal. Durante os estudos sempre quis fazer [o programa] ERA-MUS, mas infelizmente não estava disponível para o meu curso. Nunca consegui. Acho que também me faltou um pouco de coragem para entrar numa aventura assim”, relata.

Pouco depois, já a trabalhar em Portugal, Diana foi vítima de “um problema cardíaco”, algo que fez com que o pai, residente em Macau, sugerisse à filha retornar a Macau.

“Nasci em Lisboa, mas em pequena vim morar para aqui durante uns anos, depois voltei para Portugal e cresci lá. Sou uma alfacinha”, brinca, continuando. “Depois, com o conselho do meu pai, decidi que estava na altura. Lembrava-me de Macau das férias e gostava”.

De malas e bagagens, e cheia de dúvidas, Diana Pereira aterrou nesta região que, em pouco tempo, a chocou e depois a conquistou. “Vir de férias é muito diferente do viver cá, tudo é diferente”, conta.

Os contrastes culturais são evidentes e, sem o negar, Diana sentiu isso na pele. “No início, o cuspir para o chão, o facto da maioria das pessoas passar à frente umas das outras sem sequer olhar para trás e sem pedir desculpa,

tudo isso me fazia uma confusão imensa”, partilha. Não tanto, relembra, como a prostituição. “Fiquei chocada, ver mulheres e miúdas, algumas delas bem mais novas que eu, ali, a venderem o corpo aos olhos de todos, daquele modo, não sei explicar, fiquei muito chocada”, relembra.

Agora tudo isto, todos estes contrastes, todas as di-ferenças “passam um bocado ao lado” porque, quer se queira ou não, o ser humano “acaba por se adaptar às realidades” que experiencia.

E é esta vivência que, aos poucos, tem vindo a mudar o olhar da jovem lisboeta sobre a vida e as suas personagens. “Acho que estou na idade de viver isto tudo”, começa por argumentar, depois de explicar que, de momento, não está a trabalhar nem na sua, nem noutra área, ainda que esteja à procura.

“É difícil conseguir trabalho em Macau com o tipo de formação que tenho, por isso estou a tentar encontrar em outras áreas, acho que é sempre bom”, sublinha.

O mOmentO ideal É inegável o brilho no olhar de Diana Pereira quando se fala em viajar. “Adoro, adoro mesmo. Por exemplo arranjar um trabalho como hospedeira de bordo era óptimo para mim, trabalhar e viajar, é juntar o útil ao agradável”, assina. Pou-sando o copo de café que bebia na mesa, Diana mostra-se profundamente entusiasmada ao relatar a sua primeira viagem sozinha. “Sempre quis fazer, mas nunca consegui, talvez por medo... Sim, talvez tenha sido isso, medo”, partilha.

Depois de uma viagem às Filipinas com amigos, a alfacinha conheceu outras raparigas que viajavam sozinhas e sem hesitar decidiu que “este era o momento ideal”.

Acaba de chegar da sua primeira viagem sozinha na Ásia e conta-nos que são estas as recordações e vitórias que ficarão para sempre na sua memória. “É agora ou nunca. Esta é a melhor idade para tu descobrires e viveres estas coisas todas, com outra idade, mais cedo ou mais tarde,

irias viver as coisas de forma diferente. Sem marido e filhos, sem um trabalho que te condicione, só podia ser agora”, conta.

O entusiasmo é evidente e, enquanto a vida acontecia do outro lado das portas de vidro, misturada com o barulho de uma cidade que nunca dorme, Diana Pereira assume a sua responsabilidade. “Tenho um plano, um projecto para abriu um laboratório [dentário] em Portugal. Acho que aqui em Macau não faz muito sentido, a começar pelo preço das rendas, mas enquanto não volto, porque não creio que esta seja a melhor altura, vou absorvendo tudo o que este sítio tem para me oferecer. Agora estou a viver”, defende.

amigOs para sempreVá para onde for, Diana Pereira leva na bagagem muita gente e muitos momentos, mas leva ainda uma certeza: a capital portuguesa é a sua casa. “Viver deste lado fez-me dar valor, muito valor, a Lisboa e à minha vida de lá, isso é certo”, conta. Mas “este lado” trouxe-lhe coisas que Lis-boa não lhe poderia dar, tais como pessoas, momentos e, principalmente, os domingos. “Todos os domingos a minha família – a que cá está – reúne-se no Yam Cha”, conta, e isso, diz, é insubstituível. “Adoro estar com eles, adoro aquele momento de família, é o que mais gosto aqui em Macau”, até porque, explica, “os chineses, no momento da refeição, não socializam muito, ou pelo menos, não tanto como nós, e é ao domingo que param para ter esse momento com a família. Gosto muito, confesso”.

Em paralelo a estes momentos familiares estão também as novas amizades que a jovem lisboeta fez. “Foi fácil fazer amigos. Aqui vive-se intensamente as relações, talvez por ser pequeno, por todos se conhecerem, por irmos todos aos mesmo sítios, talvez seja isso. A verdade é que vives tudo”, conta, garantindo “que são amigos que ficarão para toda a vida”.

Filipa araújo [email protected]

Diana Pereira, técnica De Próteses Dentárias

“AgorA estou A viver”

Page 24: Hoje Macau 22 MAI 2015 #3336

cartoonpor Stephff

hoje macau sexta-feira 22.5.2015pu

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Coreia do SulMinistro da Justiça é o novo PM

A Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, nomeou

ontem primeiro-ministro o actual titular da pasta da Justiça, Hwang Kyo-ahn, três semanas depois de o lugar ter ficado vago na sequência de um escândalo de corrupção.

A presidência sul-coreana anunciou a nomeação de Hwang, de 58 anos, como número dois do Governo, depois de o seu antecessor, Lee Wan-Koo, ter sido implicado num escândalo de suborno e forçado a demitir-se em Abril.

Hwang Kyo-ahn liderava o Ministério da Justiça desde que a Presidente assumiu funções, em 2013, e antes tinha dirigi-do vários departamentos da procuradoria-geral sul-coreana.

Conhecido pelas suas posi-ções políticas ultraconservado-ras, Hwang Kyo-ahn apoiou a ilegalização, no ano passado, do Partido Progressista Unificado (PPU), de esquerda, que era a terceira força política do país, atribuindo-lhe ligações à Coreia do Norte.

Greenpeace denuncia pesca ilegal chinesana Guiné-Bissau

A Greenpeace apresentou esta quarta-feira em Pequim, o

resultado de um grande inqué-rito que revela que as frotas chinesas pescam ilegalmente na África Ocidental, incluindo na Guiné-Bissau.

De 13 em 1985, o número de navio de pesca com pavilhão chinês ou propriedade de empre-sas chinesas aumentou para 462 em 2013, refere a organização ambiental.

Em oito anos, a organização não-governamental identificou 114 casos de pesca ilegal realiza-dos por aqueles navios em águas da Gâmbia, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Mauritânia, Se-negal e Serra Leoa.

Aqueles navios estavam a operar sem licenças ou em áreas proibidas.

A pesca ilegal foi denunciada pela Greenpeace e pela União de Coordenação de Operações de Vigilância da Comissão regional de pescas, com sede em Dacar.

Segundo a organização, 60 daqueles casos estão relacio-nados com a maior empresa de pesca da China, a China National Fisheries Corporation, detida pelo Estado chinês.

“Apesar do governo chinês estar a eliminar algumas práti-cas de pesca mais destrutivas nas suas águas, as lacunas nas políticas existentes conduzem à aplicação de normas menos rigorosas em África”, lamenta em comunicado a organização.

Os casos mais recentes detectados pela Greenpeace ocorreram nas zonas econó-micas exclusivas do Senegal, Guiné-Bissau e Guiné-Conacri entre 26 de Outubro e 21 de Novembro de 2014.

Questionado pela agência noticiosa AFP, um responsável da empresa estatal de pescas chinesas recusou responder.

“Enquanto a China estendeu a mão a África durante o surto de ébola, empresas sem escrúpulos chinesas exploram ilegalmente o meio marinho da África Oci-dental, aproveitando-se da fraca supervisão das autoridades locais e chinesas e prejudicando os pes-cadores locais e o meio ambien-te”, disse Rashid Kang, chefe da Greenpeace para a China.

Portugal é um dos países mais pobres e desiguais da OCDE O fosso entre ricos e pobres diminuiu, mas Portugal continua a ter dos maiores níveis de desigualdade e pobreza consolidada da OCDE, segundo um relatório que analisa a evolução da desigualdade de rendimentos nos últimos anos. O relatório, apresentado ontem em Paris, adianta que entre 2011 e 2012, Portugal registou uma redução de 0,343% para 0,338% no coeficiente Gini, que mede as desigualdades de rendimento. Portugal surge como o nono país mais desigual entre os 34 da OCDE. Os 10% da população portuguesa mais rica concentravam 25,9% da riqueza, enquanto os 10% da população mais pobre tinham 2,6%. No mesmo período, a taxa de pobreza dos agregados portugueses passou de 12% para 12,9% e os níveis de pobreza consolidada subiram dos 12,4% para os 13,6%, o sexto valor mais elevado entre os 34 países da OCDE e acima do nível médio de pobreza consolidada deste bloco de países, situado nos 9,9%.

O Governo de Tailândia disse ontem que não expulsou barcos com

imigrantes e negou ter ameaça-do disparar na semana passada contra uma das embarcações, conforme tinha dito um dos passageiros.

Sirajul Islam, um muçulmano ‘rohingya’ resgatado na quarta--feira na Indonésia, afirmou que a marinha tailandesa ameaçou disparar contra o barco se este não abandonasse as águas tai-landesas, depois de ter fornecido água e comida aos seus ocupantes, segundo o diário Bangkok Post.

O vice-porta-voz do Governo, Sansern Kaewkamnerd, disse que a Tailândia exclui o uso da violên-cia e que está em conformidade com a lei internacional no que diz respeito à ajuda humanitária.

Sansern assegurou que a marinha entregou mantimentos

Tailândia Governo neGa expulsão de barco com imiGranTes

Humanidade quanto basteApesar de não ter acordado aceitar os milhares de imigrantes à deriva no golfo de Bengala e mar de Andamão, o governo tailandês afirma que deu assistência a uma das embarcações e que a decisão de seguir viagem para a Malásia ou Indonésia partiu dos imigrantes a bordo

e reparou o navio, e que os imigrantes a bordo quiseram continuar viagem até à Malásia ou Indonésia.

Não obstante, afirmou que se os nacionais do Bangladesh ou birmaneses decidirem permane-cer na Tailândia devem cumprir os procedimentos contemplados na legislação tailandesa.

passo atrásO Governo tailandês distanciou--se de um acordo alcançado, na quarta-feira, pela Indonésia e Malásia, para aceitar os milhares de imigrantes à deriva no golfo de Bengala e mar de Andamão, incluindo muitos ‘rohingyas”, em acampamentos temporários até poderem ser repatriados ou enviados para países terceiros.

“Nós vamos ajudar, mas temos de discutir as políticas”, disse o primeiro-ministro e

chefe da junta militar tailandesa, Prayuth Chan-ocha, segundo o jornal Bangkok Post.

Cerca de 3.000 imigrantes do Bangladesh e Birmânia, grande parte da minoria étnica ‘rohingya’, desembarcaram, desde a semana passada, na Malásia e Indonésia, apesar das tentativas da marinha desses países para mantê-los afas-tados das suas costas.

Segundo o Alto Comissaria-do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cerca de 25.000 pessoas zarparam em barcos a partir do Bangladesh e Birmânia durante o primeiro trimestre deste ano, o dobro em relação ao mesmo período do ano passado.

Os ‘rohingya’ são uma mino-ria muçulmana apátrida que não vê reconhecida a sua cidadania nem na Birmânia nem no Ban-gladesh.