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MUNDIAL 2014 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 15 DE OUTUBRO DE 2013 • ANO XIII • Nº 2953 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 PUB Ter para ler DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 22 DE OUTUBRO DE 2013 • ANO XIII • Nº 2958 PORTUGAL JOGA PLAY-OFF A DUAS MÃOS COM A SUÉCIA EM NOVEMBRO PÁGINA 16 Professores universitários estão cada vez mais envolvidos na política Atitude cívica JULGAMENTO LA SCALA Teses do CCAC continuam a ser rebatidas pela defesa PÁGINA 4 • CONTRATAÇÃO PÚBLICA Gastos excederam sempre os orçamentos previstos PÁGINA 3 • APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO Problemas no programa levam a 19 processos PÁGINA 6 NG KUOK CHEONG QUER DINHEIRO DA FUNDAÇÃO MACAU APLICADO NO FUNDO DE SEGURANÇA SOCIAL PÁGINA 2 O HM foi tentar perceber o que leva cada vez mais os professores universitários a terem posições de cariz so- cial e político na sociedade. Agnes Lam, Lou Shenghua, Chan Cheuk Wah, Larry So ou Bill Chou são apenas os exemplos mais conhecidos de um fenómeno que tem crescido nos últimos anos. A luta por um maior civis- mo e por uma melhor acção governativa são as princi- pais ideias que movem os académicos nas suas inter- venções. Todos garantem que a independência face à instituição de ensino supe- rior onde trabalham é total. PÁGINA 5

Hoje Macau 22 OUT 2013 #2958

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Edição do jornal Hoje Macau N.º2958 de 22 de Outubro de 2013.

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Page 1: Hoje Macau 22 OUT 2013 #2958

MUNDIAL 2014

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FE IRA 15 DE OUTUBRO DE 20 13 • ANO X I I I • Nº 2953

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10

PUB

Ter para lerDIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FE IRA 22 DE OUTUBRO DE 20 13 • ANO X I I I • Nº 2958

PORTUGAL JOGA PLAY-OFF A DUAS MÃOS COM A SUÉCIA EM NOVEMBRO PÁGINA 16

Professores universitários estão cada vez mais envolvidos na política

Atitude cívica

• JULGAMENTO LA SCALA

Teses do CCAC continuam a ser rebatidas pela defesa

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• CONTRATAÇÃO PÚBLICA

Gastos excederam sempre os orçamentos previstos

PÁGINA 3

• APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO

Problemas no programa levam a 19 processos

PÁGINA 6

NG KUOK CHEONGQUER DINHEIRODA FUNDAÇÃO MACAU APLICADO NO FUNDODE SEGURANÇA SOCIAL

PÁGINA 2

O HM foi tentar perceber o que leva cada vez mais os professores universitários a terem posições de cariz so-cial e político na sociedade. Agnes Lam, Lou Shenghua, Chan Cheuk Wah, Larry So ou Bill Chou são apenas os exemplos mais conhecidos de um fenómeno que tem crescido nos últimos anos.

A luta por um maior civis-mo e por uma melhor acção governativa são as princi-pais ideias que movem os académicos nas suas inter-venções. Todos garantem que a independência face à instituição de ensino supe-rior onde trabalham é total.

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2 hoje macau terça-feira 22.10.2013POLÍTICA

O dinheiro que é dado à Fundação Macau é muito e mal gerido. A opinião é de Ng Kuok Cheong que sugere que parte do financiamento seja transferido para o Fundo de Segurança Social. Por outro lado, entende que o Governo ao atribuir pensões antecipadas não deve retirar os idosos da lista da habitação social

CECÍLIA L [email protected]

N G Kuok Cheong entre-gou ontem uma interpe-lação escrita ao Gover-no na qual propõe que

seja retirada uma percentagem do financiamento à Fundação Macau e que este seja transportado para o Fundo de Segurança Social (FSS) a fim de oferecer um mecanismo a longo prazo para cobrir as pensões.

O deputado indica que o FSS precisa urgentemente de uma ga-

O director de Servi-ços de Regulação de Telecomuni-

cações (DSRT) deixou o seu cargo para ser assessor de Lau Si Io e, apesar de o secretário ter explicado aos jornalistas que a mudan-ça foi normal, a situação levantou dúvidas perante dois deputados da AL. Os dois membros da Aliança do Povo de Instituição de Macau, Chan Meng Kam e Song Pek Kei, fizeram uma interpelação escrita em con-

NG KUOK CHEONG PEDE QUE SEJA RETIRADO DINHEIRO À FUNDAÇÃO MACAU PARA SER APLICADO NO FSS

Mais para pensões, menos para subsídios

CHAN MENG KAM E SONG PEK KEI FAZEM INTERPELAÇÃO ESCRITA EM CONJUNTO

Saída de Tou é sinal de responsabilização?junto a questionar se a saída de Tou Veng Keong é uma forma de mostrar responsa-bilização dos cargos prin-cipais do Governo. Os dois deputados consideram que o sistema de responsabilidade tem falta de transparência e que a responsabilização administrativa e política não são claras. “Quando os directores passam a ser assessores, normalmente o Governo não publica a razão da transferência. A socieda-de tem muitas dúvidas sobre

a função dos assessores, será que esse cargo é para colocar os directores falhados?”

Os deputados de Fujian também apontam uma dú-vida que também já Ho Ion Sang tinha colocado: porque é que a pior opção no relató-rio de avaliação dos cargos é apenas “deve melhorar”, sendo que não há qualquer categoria de “falhou”? Os dois acreditam que, se existir esta hipótese no sistema de avaliação, os dirigentes que falham no trabalho precisam

de ser responsabilizados depois da avaliação. “Uma sociedade justa deve ter tanto a recompensa, como a multa. Se os dirigentes fizeram bem, podem ter promoção, os que falham têm que descer ou sair dos cargos. Apesar dos cargos principais, o resto também precisa ter alguma respon-sabilidade, isso tem que ser definido claramente.”

Chan e Song pedem uma explicação mais clara para a mobilidade de Tou e, ao mesmo tempo, ques-tionam se o Governo tem maneira para aperfeiçoar a mecanismo de avaliação e responsabilização dos car-gos principais. - C.L.

rantia de recurso estável e que, por outro lado, a Fundação Macau tem uma verba disponível maior do que a que seria devida. Ng justifica a sua opinião com as conclusões recentes do Comissariado contra a Corrup-ção (CCAC) e do Comissariado da Auditoria (CA) que apontam falhas no mecanismo de regulação de financiamento ao organismo.

Segundo explica, a verba da FM vem de 1,6% do lucro bruto das receitas das empresas do jogo pelo com o aumento de cerca de 20 vezes da receita nos últimos dez anos, o dinheiro de Fundação Macau aumentou consideravel-mente. “O Governo da RAEM deveria considerar limitar algum

financiamento da receita do jogo para Fundação Macau e usá-lo antes como apoio financeiro para o FSS. Desta forma, pode garantir a emissão de pensões”, sugere.

Numa reunião plenária de Agosto, o Chefe do Executivo admitiu que mais de 30 mil idosos

que pediram pensões antecipada-mente têm uma penalização nas suas pensões, ao não receberem os aumentos anuais nos valores das pensões. Ng Kuok Cheong fez as contas e apurou que estes perdem 45 mil patacas face aos idosos que só levantam as suas pensões aos

65 anos. O deputado questionou novamente se o Governo tem me-didas para compensar os idosos.

Além disso, o deputado tam-bém deu atenção aos idosos que perdem a qualificação de candida-tura às habitações sociais por causa do aumento de pensões. Segundo o deputado, alguns idosos já viram canceladas ao seu lugar na lista de espera para a habitação social porque levantam antecipadamente as pensões. Uma vez que este valor foi incluído nos rendimentos, os idosos vêm assim ultrapassado o limite máximo para se candidata-rem a uma habitação social. “O Governo deixa os idosos que têm necessidades levantar as pensões antecipadamente mas ao mesmo templo não alterou a lei para que a pensão não seja considerada como parte do rendimento. Não deveria o Chefe do Executivo alterar este despacho?”, questionou.

O Governo da RAEM deveria considerar limitar algum financiamento da receita do jogo para Fundação Macau e usá-lo antes como apoio financeiro para o FSS. Desta forma, pode garantir a emissão de pensões NG KUOK CHEONG Deputado

MAIS DE 18 MIL CONTAS DE PREVIDÊNCIA COM VERBASO FSS recebeu 40562 pedidos de levantamento de verbas de contas individuais de previdência, entre as quais, foram apreciados 18872 entregues por idosos com idade igual ou superior a 75 anos ou residentes que recebem a pensão de invalidez há mais de um ano o subsídio de invalidez especial do Instituto de Acção Social. As respectivas verbas vão ser creditadas nas contas bancárias hoje, tendo o FSS notificado também os indivíduos referidos.

Tou Veng Keong

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3 políticahoje macau terça-feira 22.10.2013

ANDREIA SOFIA [email protected]

A SSINAR um contra-to público entre uma empresa e o Executivo significa prever uma

despesa e inclui-la na lista dos en-cargos financeiros que o Governo tem todos os anos. Contudo, e com base num artigo de Tat Weng Tang publicado na revista da Adminis-tração, a maioria dos projectos realizados em Macau, entre 2000 e 2010, foram sempre além dos orçamentos inicialmente previstos.

Doutorado em Direito pela Universidade de Ciência Política e de Direito da China, Tat Weng Tang afirma que os montantes previstos na contratação pública excederam, em média, um terço do que constava na lista dos encargos plurianuais. Tal significa que “dois terços das despesas remanescentes provenientes da contratação pública não pertencem aos encargo pluria-nuais legais”, tratando-se, assim, de despesas excedentárias que não entraram nos orçamentos iniciais.

No artigo pode ver-se a tabela que serve de comparação aos valores entre 2000 e 2010. E as derrapagens com contratos públicos aconteceram quase sempre: se em 2000 constava nos encargos anuais um montante de 66,92 mil patacas, as despesas com projectos de contratação pública cifraram-se nas 2.579 milhões de patacas. O recorde aconteceu em 2010, com uma diferença de 3.732 milhões de patacas de montantes previstos para uma despesa efectiva de 11.505 milhões.

DOIS TERÇOS DOS GASTOS EM CONTRATOS PÚBLICOS NÃO SÃO DECLARADOS

Gastar além do previsto

DESPESAS AO RITMO DO PIBA análise de Tat Weng Tang, com base nos aumentos do Produto Interno Bruto (PIB) e nas despesas nos contratos públicos, revela que “ambos são quase idênticos por coincidência”. Significa que “o ritmo da implementação dos trabalhos referentes à contratação pública e os montantes participados com o desenvolvimento é o mesmo”, com “tendências evolutivas semelhantes”. O académico diz ainda que “o aumento contínuo do total das contratações públicas deveria representar, de facto, uma maior proporção do PIB, promovendo directamente o aumento do PIB na óptica da despesa”. Em dez anos, a média da taxa proporcional dos contratos públicos no mercado cifra-se em 6,17%. Por taxa proporcional entende-se o peso que esses contratos ocupam nas “actividades comerciais da região” e o “grau de influência dos trabalhos da contratação pública sobre a economia regional”. Em 2010, essa taxa atingiu os 5,14%.

Em dez anos, os gastos com contratos públicos excederam sempre, em média, um terço do orçamento previsto inicialmente. Isto significa que dois terços do dinheiro extra que foi saindo dos cofres do Governo ficou de fora das previsões iniciais. As conclusões constam num artigo assinado por um académico do continente

pessoa entender as situações de exe-cução de todos os contratos públicos”, escreve ainda Tat Weng Tang.

Contudo, o académico lembra que “cada pagamento deve ser registado em conformidade com as disposições da Lei do Orçamento da RAEM e do Regime de Administra-ção Financeira Pública em vigor”.

BENS IMÓVEIS EM PRIMEIRO LUGARO autor aponta que “os projectos de contratação pública realizados pelo Governo têm vindo a aumen-tar continuamente, tanto a nível de quantidade como de qualidade no âmbito do desenvolvimento social, cultural e económico da região”.

Independentemente dos projectos de contratação pública serem abertos, a sua situação de execução após a adjudicação e celebração do contrato só é do conhecimento de ambas as partes contratantes

Tat Weng Tang lembra que “os projectos de contratação pública são aprovados e publicados por despacho do Chefe do Executivo. Mas a natureza das despesas e o período de pagamento relacionado com o montante adjudicado devem preencher os requisitos dos encargos plurianuais legais. Se não, os mon-tantes adjudicados dos projectos não poderão ser publicados legalmente”.

SEM “TERCEIRAS PESSOAS”Ao contrário do que têm vindo a defender muitos deputados da As-sembleia Legislativa (AL), o autor

Os projectos de contratação pública são aprovados e publicados por despacho do Chefe do Executivo. Mas a natureza das despesas e o período de pagamento relacionado com o montante adjudicado devem preencher os requisitos dos encargos plurianuais legais. Se não, os montantes adjudicados dos projectos não poderão ser publicados legalmente

do artigo defende que a análise da execução dos contratos públicos, mesmo em termos de orçamen-to, deve ser feita apenas entre o Governo e a entidade contratada. “Independentemente dos projec-tos de contratação pública serem abertos, a sua situação de execução após a adjudicação e celebração do contrato só é do conhecimento de ambas as partes contratantes.”

“Atendendo que nos trabalhos práticos não há uma entidade super-visora geral, não cabe a uma terceira

Olhando para os números dos últimos dez anos, o Executivo tem vindo a apostar em “projectos de construção de bens imóveis”, seguindo-se a contratação de empre-sas de consultadoria para o “estudo, coordenação e fiscalização relativos à execução das obras”. Seguem-se “os projectos de gestão, funcionamento, segurança e limpeza das instalações”.

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4 política hoje macau terça-feira 22.10.2013

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JOANA [email protected]

F OI Ao Man Long quem planeou tudo para a venda dos cinco lotes de terrenos em

frente ao aeroporto e fê-lo com o objectivo de travar negócios com Joseph Lau e Steven Lo, os dois empresários de Hong Kong responsáveis pelo

Mais um capítulo no julgamento de Steven Lo e Joseph Lau, empresários de Hong Kong a ser julgados por alegada corrupção a Ao Man Long, com o CCAC a tentar mostrar que a venda dos terrenos em frente ao aeroporto à Moon Ocean deu prejuízo ao Governo

LA SCALA CCAC APRESENTA TESE DE QUE VENDA DE TERRAS À MOON OCEAN PREJUDICOU O GOVERNO

Valores incomparáveis, diz defesa

empreendimento La Scala. A tese é do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e foi ontem ouvida em mais uma audiência do chamado caso La Scala.

Foi um dia tenso para as defesas de Lau e Lo – responsáveis da Chinese Estates Holdings e da Moon Ocean, subsidiária desta -, devido às acusações feitas

por Iu Fu Chun, técnico su-perior do CCAC, que ontem testemunhou pela terceira vez. É que, se enquanto o inspector deu garantias de que o Governo teve preju-ízos com a venda dos lotes à Moon Ocean, por exem-plo, a defesa insiste que a conclusão não faz sentido, tendo em conta que – das três propostas entregues para o concurso a convite para a compra das terras – a empresa de Lo foi a que ofereceu o preço mais alto. “A testemunha disse [na quarta-feira] que o Governo teve um prejuízo de 800 milhões de patacas, já que em 2005 os terrenos foram vendidos por 1,3 mil mi-lhões de patacas e, em 1999, valiam 2,05 mil milhões. Mas onde está a avaliação feita em 1999?”, questionou Jorge Neto Valente, defensor de Steven Lo. Iu Fu Chun estava, segundo o que se veio

a concluir no decorrer da au-diência, a comparar o preço da transferência dos terrenos para as cinco sociedades que passaram a detê-los na altura da transição, com um relatório de avaliação das terras feito entre 2004 e 2005 pela Savills. Recorde-se que os terrenos em causa perten-ciam ao aeroporto que estava endividado e, de forma a que essas dívidas fossem salda-das, a ainda administração portuguesa decidiu vendê--los, constituindo, para isso, uma sociedade – a Lei Pou Fat – que passou a deter as terras.

O CCAC tentava provar que a venda dos terrenos em 2005 à Moon Ocean tinha sido feita devido a subornos de 20 milhões de patacas ao ex-secretário – o ponto principal da acusação neste caso. Já momentos antes, Luís Mesquita Melo, defen-sor de Lau, tinha contrariado as acusações. “Qualquer um dos valores das propostas [das empresas que concor-reram ao convite] era mais alto do que a avaliação da Savills. Como é que pode dizer que o Governo ficou a perder? Bem pior teria sido para o Governo se não

DOCUMENTOS-PROVA DO CCAC “ ILEGAIS”?

tivesse vencido a proposta mais alta, que foi a da Moon Ocean.”

Mas Iu Fu Chun não se ficou por aqui. O inspector afirmou ainda que quem indicou as empresas convi-dadas para a obtenção das terras – onde se encontra a STDM, que era também uma das sociedades detentoras dos lotes – foi Ao Man Long e que quem tomou a decisão de as entregar à empresa de Lo foi também o ex-secre-tário, ainda que através de ordens dadas aos membros da Comissão de Avaliação das Propostas. A acusação levou os advogados de Joseph Lau a torcer o nariz, que afirmam que, segundo as actas, a Moon Ocean mere-ceu aprovação de todos por unanimidade. “Então, eram todos cúmplices de Ao Man Long? Porque é que não são arguidos então?”, interrogou Luís Mesquita Melo.

À semelhança do que tem acontecido em sessões anteriores, o CCAC voltou a reiterar a tese de que Ao Man Long mantinha “contactos indirectos” com Steven Lo, através de Ho Meng Fai, empresário de Macau já condenado num caso conexo a este. A afirmação – que Iu Fu Chun garante ser verdadeira, apesar de não ter qualquer documento que o prove – levou Steven Lo a abanar a cabeça por várias vezes no julgamen-to. O CCAC assegura que, conjugando vários factores, como registos de entradas e saídas das fronteiras e regis-tos de contactos telefónicos, por exemplo, se conclui que Steven Lo mantinha contactos e encontros com o ex-secretário, no período em que se estava a fazer o relatório de avaliação. “[Lo] sabia que ia haver concurso de certeza absoluta”, che-gou mesmo a afirmar Iu Fu Chun. A defesa diz que não passam de conjugação de factos. “Não prova nada, coisíssima nenhuma”, atirou Neto Valente.

Os advogados chegaram a referir que o facto de Ste-ven Lo vir ao território não pode ser tido como prova, uma vez que, desde 1980, que Lo tem negócios em Ma-cau, sendo alguns inclusive com Ho Meng Fai.

A audiência de ontem do chamado Caso La Scala gerou uma onda de dúvidas entre os advogados de defesa. Após a apresentação de um documento “da CTM” pela testemunha do CCAC, Joana Teixeira, Ana Fonseca e Rui Sousa puseram em causa a legalidade de alguns dos documentos apresentados pelos inspectores do organismo, que têm vindo a ser arrolados como testemunhas de acusação. O problema prendeu-se com o facto de Iu Fu Chun, a testemunha de ontem, ter afirmado que um dos papéis apresentado na sessão ter sido obtido “através do sistema do CCAC”, ou seja sem serem pedidos às empresas envolvidas ou sequer sem estarem assinados. Os advogados rapidamente se insurgiram, considerando o que a acusação chama de provas “de documentos ilegais” e pedindo ao tribunal que confirmasse todas provas apresentadas nas mesmas

circunstâncias. “Desde a primeira hora que arguimos a legitimidade destes documentos”, começou por dizer Joana Teixeira, que representa dois dos arguidos do caso das ETAR. “Porque razão todos os registos dos outros arguidos vêm em papel timbrado da CTM e a este é dado um tratamento diferente?”, indagou Rui Sousa, referindo-se a um papel em branco com um texto escrito a computador que o CCAC garante ser prova que liga um dos arguidos a um alegado intermediário com Ao Man Long. Recorde-se que a situação das provas não é nova nos casos conexos ao escândalo de corrupção Ao Man Long, uma vez que a defesa se queixa que grande parte das provas foram obtidas sem estar ninguém em casa do ex-secretário na altura das buscas, há documentos anónimos a servirem de prova e ainda excertos de documentos que não passaram para a defesa até há pouco tempo.

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5hoje macau terça-feira 22.10.2013 SOCIEDADEO QUE LEVA UM PROFESSOR UNIVERSITÁRIO A CRIAR UMA ASSOCIAÇÃO?

Da sala de aula para o activismo de ruaMuitas das associações que promovem actividades de cariz social e político são lideradas por professores de universidades públicas. A luta por um maior civismo e por melhor acção governativa são os motores que os fazem correr. Ao HM, garantem que a independência face à instituição onde trabalham é total

ANDREIA SOFIA [email protected]

CECÍLIA L INcecí[email protected]

O caso Ao Man Long despertou-lhe a cons-ciência e fê-la agir em prol da sociedade.

“Eu e os meus amigos começámos a pensar que era necessário algum poder cívico em Macau.”

Nascia assim a Associação Energia Cívica de Agnes Lam. Docente no departamento de comu-nicação da Universidade de Macau (UMAC), Agnes Lam é o maior exemplo de activismo político e social fora da sala de aula: em Se-tembro, concorreu pela segunda vez às eleições legislativas, mas perdeu.

A docente é das poucas com uma forte presença no meio po-lítico, mas tem outros colegas de profissão que, sem concorrerem às eleições, seguem os seus passos ac-tivistas. Organizam manifestações, preparam estudos alternativos aos projectos do Executivo e realizam inquéritos de rua que são notícia, como é o caso da Associação Nova Visão de Macau (ANVM).

A ANVM é liderada por dois docentes do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Lou Shenghua, professor do curso de Adminis-tração Pública, explicou ao HM como tudo começou. “Criámos esta associação para dar uma

nova visão aos fenómenos e Ma-cau. Fazemos muitos inquéritos, porque descobrimos que havia falta de questionários com conti-nuidade. São sobretudo sobre os deputados ou as Linhas de Acção Governativa.”

“Somos professores desta área e precisamos de estudar os assuntos políticos e sociais. Com a visão dada pela profissão fazemos os inquéritos”, diz ainda ao HM.

Promotora do projecto alterna-tivo ao já falecido mercado noc-turno de Sai Van, a Associação de Política Pública de Macau (APPM) é também liderada por Chan Cheuk Wah, docente da mesma área de Lou Shenghua. “Queríamos refor-mar a consciência civil dos jovens

e dar algumas recomendações para as políticas do Governo. Damos as nossas opiniões, do ponto de vista cientifico, aos assuntos sociais.”

A associação vive de voluntá-rios, como arquitectos, directores de escolas ou médicos, e, mais do que fazer estudos, organiza pales-tras. Ainda não pediram nenhum financiamento ao Governo.

Colega de Agnes Lam, Bill Chou, professor de ciência polí-tica, foi protagonista das notícias no último verão, quando abraçou as iniciativas do grupo Macau Consciência. Chegou mesmo a ser falado como candidato às eleições ao lado de Jason Chao, presidente da Associação Novo Macau. Con-tudo, até ao fecho da edição, não

foi possível chegar à fala com o académico.

UNIVERSIDADES NÃO SE IMPORTAMAo HM, os docentes garantem que não há qualquer pressão ou impedimento da parte das universi-dades onde trabalham face aos seus projectos. “A nossa associação é privada e o IPM não liga nada ao que fazemos fora da instituição, nem nos impede”, conta Chan Cheuk Wah.

Lou Shenghua tem a mesma posição. “A universidade não im-pede o nosso trabalho, nem mesmo as entrevistas que damos aos meios de comunicação social. O IPM fi-nancia alguns dos nossos estudos, mas os inquéritos são pagos pela associação.”

Agnes Lam nunca sentiu pres-são por parte da UMAC, mas sim de um grupo de pessoas que “ata-cou” o seu “grupo político” e não a associação. “As minhas acções não tiram horas ao trabalho na universi-dade e nem uso as suas instalações. Continuo a fazer o meu trabalho.”

O sociólogo Larry So defen-de que, “em teoria”, “há uma liberdade académica que deve ser respeitada”. “Pode haver alguma pressão da parte da administração da universidade, mas do meu ponto de vista, e eu não estou envolvido directamente com associações, não sinto nenhum tipo de pressão para travar algumas iniciativas.”

E OS ALUNOS?Agnes Lam garante que não fala dos seus ideais com os alunos que ainda frequentam as suas aulas, mas apenas com os que já saíram da universidade. Ao HM, o soci-ólogo Larry So lembra que pode haver uma certa “influência” na relação entre professor e aluno. “Muitos dos professores quando falam com os seus alunos devem manter a objectividade quando dão estas informações. Há uma certa ligação e os professores devem seguir uma orientação. Temos de respeitar o facto dos alunos terem a sua própria maneira de pensar, especialmente na universidade. Po-dem ser facilmente influenciáveis pelos seus professores.”

No geral, Larry So acredita que é quase inevitável um docente não se envolver neste tipo de activida-des, uma vez que são professores de áreas ligadas à sociedade. “Não podemos não estar envolvidos nes-sas iniciativas, não deve ser essa a nossa atitude.”

NÃO QUEREM SER POLÍTICOSApesar da presença que as suas iniciativas podem ter na sociedade, os líderes destas associações (com excepção de Agnes Lam) não dese-jam estar, um dia, sentados na As-sembleia Legislativa (AL). “Não estou a pensar seguir o caminho político. Nesta fase apenas damos opiniões ao Governo, e apoiamos o desenvolvimento da democracia”, disse Chan Cheuk Wah.

Lou Shenghua, oriundo do continente, explica que só con-seguiu o cartão de residente não permanente este ano, pelo que a corrida à política está, por enquan-to, posta de parte. “Eu sou um novo imigrante e a associação é apenas uma das direcções do meu estudo académico. Macau não tem associações como em Hong Kong. Aqui, a sociedade vive de associações.”

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CURSOS FINANCIADOSNO EXTERIOR*

NÚMEROS DO APERFEIÇOAMENTO

6 sociedade hoje macau terça-feira 22.10.2013

RITA MARQUES [email protected]

S UBIRAM os pro-cessos instaurados contra instituições aptas a fornecer

cursos ao abrigo do Progra-ma de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo. Até Novembro do ano pas-sado, houve dez processos de investigação abertos e, passado cerca de um ano, mais três foram instaurados. No total, e passados mais de dois anos da abertura do programa, há 19 casos sob investigação, entre os quais, três entregues ao Ministério Público (MP) por suspeita de algum tipo de fraude. “Até ao dia 15 de Setembro, fizemos mais de 6000 visitas ‘in loco’ e já instaurámos 19 processos. Mandámos advertências escritas. Sus-pendemos a organização de certos cursos”, explicou ontem ao final da tarde Kong Ngai, chefe substituto da di-visão de extensão educativa da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), após uma reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino não Superior.

“Três foram enviados ao Ministério Público. Sobre esses casos não podemos revelar o conteúdo mas, no geral, estiveram relaciona-dos com a substituição de

Pedidos 12098

Autorizados 11251

Educação contínua 1067 autorizados

Ensino superior 10106 autorizados

Credenciação 68 autorizados

* Programa abrangido a instituições de ensino superiore outras subordinadas ao Governo

Em mais de dois anos de Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo, quase no fim da primeira fase, o balanço não é positivo. Houve 19 processos instaurados, três dos quais encaminhados para o Ministério Público para investigação. Ainda assim, o programa que gastou aos cofres do Governo mais de revelou-se 454 milhões de patacas, revelou-se um “sucesso”, segundo a Policy 21 Limited, uma empresa de Hong Kong que avaliou o seu funcionamento

APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO 19 PROCESSOS INSTAURADOS E TRÊS ENTREGUES AO MP

Instituições fraudulentas

formandos para assistir às aulas ou com a utilização do BIR de outras pessoas. E também com a junção de cursos, que decorriam em diferentes locais e horários, e foram depois unificados. Não pode haver uma de-claração de dois cursos no mesmo horário leccionados pelo mesmo formador”, ex-plicou o responsável.

Sobre os processos, não há conclusões a retirar pelo que não é possível perceber quanto dinheiro “perdeu” o Governo por via de apoios indevidos. Mas a DSEJ, ti-tular do programa, diz estar atenta e promete redobrar a fiscalização, ao mesmo tempo que pede informações sobre “alterações de cursos” de modo a “prevenir a junção de cursos”. “Vamos também fazer uma apreciação de documentos. Concluído o curso temos os trabalhadores habilitados a telefonar aos formandos para verificar se as situações corresponderam aos objectivos do curso”, ressalvou Kong Ngai.

Em período de balanço face àquela que foi conside-rada a primeira fase do pro-grama, de Julho de 2011 a 31 de Dezembro, o responsável avançou novos dados. As 323 instituições e associações que participaram neste programa receberam um total de cerca de 454,7 milhões de patacas. E, por outro lado, beneficia-ram deste apoio quase 131 mil participantes, sendo que se inscreveram em mais de 283 mil actividades, ou seja, os beneficiários inscreveram--se em mais do que um curso. Destes, 36,1% (ou 47326)

usufruíram da totalidade do subsídio no valor de 5000 patacas. Ainda assim, houve 400 mil pessoas que estavam habilitadas a subscrever um dos cursos mas preferiram não fazer uso deste montante. Houve ainda lugar a finan-ciamento para residentes que frequentaram cursos no exterior, sendo que dos 12098 pedidos quase 93% teve au-torização de financiamento.

COM PERNAS PARA ANDARA DSEJ encarregou a “Policy 21 Limited”, uma empresa de Hong Kong, para avaliar

20% COM REGIME SALARIAL ESCALONADOO Governo anunciou o aumento para este ano lectivo dos subsídios de escolaridade gratuita e de propinas atribuídos às escolas, bem como o apoio à aquisição de manuais escolares, por forma a ajudar as escolas a concretizar o “Quadro Geral do Pessoal Docente das Escolas Particulares do Ensino não Superior”, nomeadamente, a

aplicação da diferença salarial de 1,3 vezes entre os docentes do escalão mínimo e do máximo (seis níveis). Segundo Wong Kit Mou, chefe do Departamento de Estatutos e Recursos Educativos da DSEJ, explicou ontem que “20% das escolas já concretizaram” esta política, pelo que 80% deverão fazê-lo este ano. “Desde que se

começaram a definir seis níveis salariais, verificámos que os professores com o nível mais elevado não vão deixar a escola. Não percebemos que com a implementação desta medida isso possa afectar os docentes de nível seis”, frisou, antes de dizer que hoje mais de 50% dos professores admitidos têm menos experiência.

o programa, numa altura em que se discute os moldes da sua continuidade. As conclusões foram claras: o programa deve existir e num âmbito “diversificado”, nomeadamente, reforçando “apoios dados às modalida-des das áreas de formação profissional e técnicas”. “En-trevistámos 190 instituições que nos deram algumas opi-niões e fizemos uma amostra aleatória com 1000 pessoas. Acreditamos que deve haver um reforço de cursos nas artes liberais e educação pro-fissional”, explicou o director da empresa, Yip Hak Kwong. A indicação é dada tendo em conta, sobretudo, o facto de “mais de 90% dos formandos também pretender continuar com o programa” pelo que “se concluiu que o programa teve sucesso”.

O programa, é já certo, vai mesmo continuar. E as datas já estão pratica-mente certas. A abertura de pedidos começa em Abril de 2014 e termina a 31 de Dezembro de 2016, contudo ainda está tudo em equação. “Estamos na fase de recolha de opiniões e aproveitámos hoje [ontem] para ouvir as opiniões de conselheiros”, disse Kong Ngai. Apenas uma coisa parece estar confirmada: a aposta em “cursos profissio-nais, sobretudo de línguas, elevando a qualidade dos cursos”. Os polémicos cursos de condução ainda não estão seguros na lista de actividades financiadas uma vez que a DSEJ tam-bém gostaria de analisar a “opinião do relatório de avaliação intercalar”.

Por outro lado, o au-mento do montante é uma realidade mas, falta saber, qual o cálculo a utilizar. “Vamos ajustar se tivermos condições tendo em conta a inflação e índice dos preços de consumo”, referiu o res-ponsável. Estes dados serão, segundo Kong, anunciados o “mais breve possível”.

454.657.161 patacas

323 instituições e associações aderentes

130.996 participantes

283000 actividades

47326 participantes a totalidade das 5000 patacas

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7 sociedadehoje macau terça-feira 22.10.2013

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A 18.ª Feira Inter- nacional de Ma-cau, em que par-ticiparam mais

de 1.900 expositores de cerca de 50 países, terminou no domingo com 98 projec-

Inflação fixou-se em 5,42% em Setembro

MIF TERMINOU COM 98 PROJECTOS DE COOPERAÇÃO ASSINADOS

Plataforma a funcionar tos de cooperação assinados e mais de 116 mil visitantes, informou a organização. “Depois de quatro dias de actividades, a 18.ª Feira Internacional de Macau terminou satisfatoriamente

e atraiu a participação de 116 mil pessoas em média, mais 12% face à edição an-terior, tendo-se conseguido grande adesão do público tanto nas exposições, como nas vendas ‘in loco’”, refere

um comunicado do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).

O certame contou com mais de 2.000 sessões de negócios, o que representa um acréscimo de 11,7% em relação ao ano passado, de que resultou a “assinatura de 98 projectos de cooperação”, mais 11,3% do que em 2012, e com 51 fóruns, conferências e seminários de promoção.

Os protocolos assinados reflectem “a relevância do papel de plataforma comer-cial da Feira Internacional de Macau e da função impor-tante de Macau na promoção da cooperação regional e na expansão do negócio nos mercados da grande China e estrangeiro”, concluiu a organização.

Numa área de mais de 30 mil metros quadrados da zona de convenções e expo-sições do Venetian estavam

instalados mais de 1.900 expositores de cerca de 50 países, como Portugal, que tinha um pavilhão próprio e o maior de sempre na feira, em que se promoveram mais de 80 empresas.

Alguns expositores por-tugueses consideraram que o certame lhes proporcionou “uma excelente oportunida-de para perceberem melhor a situação de investimento em Macau e como podem

expandir o seu negócio para o interior da China através da plataforma de Macau como ligação para a cooperação comercial luso-chinesa”, refere a nota do IPIM.

Países como a Rússia, Itália e Moldávia participa-ram este ano pela primeira vez no certame.

A 19.ª edição da Feira Internacional de Macau está prevista para os dias 23 a 26 de Outubro de 2014. - Lusa

A taxa de inflação em Macau fixou-se em 5,42% no ano terminado em Se-

tembro face aos 12 meses imediatamente anteriores, revelam dados oficiais ontem divulgados.

De acordo com os Serviços de Estatís-tica e Censos, registaram-se acréscimos significativos nos índices de preços das secções habitação e combustíveis (9%), produtos alimentares e bebidas não alco-ólicas (6,77%) e saúde (6,73%).

Por oposição, os índices de preços das secções educação e comunicações caíram 2,68% e 2,02%, respectivamente.

Só em Setembro, o Índice de Preços no Consumidor fixou-se em 6,12% face ao mesmo mês do ano passado, na sequência da subida dos preços das refeições adqui-

ridas fora de casa, dos produtos hortícolas e das rendas de casa, de acordo com os dados oficiais.

No terceiro trimestre, o Índice de Preços no Consumidor geral médio aumentou 5,60% face ao período homólogo de 2012 e, nos nove primeiros meses do ano, subiu 5,37%, em termos anuais.

A inflação de Macau é justificada, em parte, pelo facto de o território ser uma economia dependente das importações, es-pecialmente da China continental, que, em Setembro, registou uma inflação de 3,1%.

A Região Administrativa Especial chinesa teve, entre o final da década de 1990 e até 2004, um período de deflação, situação que se alterou desde então com uma subida gradual dos preços.

É certo que o Executivo já decidiu a assinatura do contrato com a Compa-nhia de Sistema de Resíduos de Macau

(CSR) por um período de seis meses. Mas ainda assim, a empresa mostra-se insatisfei-ta pelo facto do recurso judicial no Tribunal de Segunda Instância (TSI) interposto pela Urbaser (uma das empresas concorrentes no concurso público para a recolha do lixo) ter atrasado a sua estratégia. “O Governo da RAEM encontra-se legalmente impedido de celebrar um novo contrato com a CSR, o que veio afectar o plano original de distribuição aos seus actuais funcionários do prémio de fidelidade”, pode ler-se num comunicado enviado ontem às redacções.

Mais, a empresa diz lamentar a deci-são da Urbaser. “Não obstante lamentar o facto de uma das empresas participantes no concurso ter recorrido judicialmente do resultado do concurso (...), o que impediu até à data que o Governo possa celebrar um novo contrato e vem causando prejuízos à população de Macau e aos nossos funcio-nários, a CSR envidará todos os esforços para assegurar que os serviços de limpeza urbana e recolha e transporte de resíduos não sejam afectados.”

Ainda assim, a empresa promete distribuir 20 milhões de patacas pelos funcionários respeitantes ao “prémio de fidelidade”, o qual será distribuído de forma antecipada no próximo dia 31 deste mês. Os trabalhadores vão receber apenas uma parte do prémio, que corresponde a 36% do valor total, explica a empresa.

Fica ainda a garantia de que “o valor remanescente do prémio de fidelidade será pago aos funcionários no prazo de um mês após a celebração do novo contrato de prestação de serviços”.

A CSR afirma ainda estar “atenta ao desenvolvimento da situação” e diz im-portar “prestar informações correctas e actuais sobre o desenrolar dos processos judiciais a todos os funcionários”. - A.S.S.

LIXO EMPRESA VAI DAR 20 MILHÕES AOS FUNCIONÁRIOS

CSR “lamenta” recurso judicial da Urbaser

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8 hoje macau terça-feira 22.10.2013CHINA

O S planos do pre- sidente da Chi-na, Xi Jinping, para evitar a

qualquer custo que a eco-nomia do país decresça, significam que o aumento do PIB chinês no próximo ano vai depender tanto das decisões políticas como das condições económicas no país e no exterior.

Depois da China ter anunciado, na sexta-feira, que o crescimento do PIB no terceiro trimestre acelerou para 7,8%, na comparação ano a ano, face a 7,5% no trimestre anterior, as autori-dades chinesas disseram que o país teria dificuldades para sustentar este ritmo mais acelerado.

Este mês, Xi passou a ser a mais alta autoridade do país a sugerir que a China vai reduzir a sua meta de crescimento para 2014 dos 7,5% projectados para este ano para 7%. O líder do Par-tido Comunista, disse numa reunião de líderes regionais que esta taxa de crescimen-to menor é suficiente para duplicar o rendimento per capita entre 2010 e 2020, um objectivo fixado pelo governo há bastante tempo.

Uma meta de cresci-mento mais modesta daria espaço à China para refor-mular a economia, mesmo que as mudanças provoquem uma desaceleração no curto prazo.

Embora um crescimento de 7% seja um ritmo muito mais rápido do que qualquer outra grande economia conse-gue obter, representa metade da taxa de crescimento da China desde 2007 e seria um problema para as empresas que têm visto o gigante asiático como uma terra de oportunidades quase infinitas. Nas últimas semanas, a Wal -Mart Stores Inc. anunciou que está a fechar algumas lojas na China, enquanto que a Macy’s Inc. adiou os seus planos de expansão. Raymond Tsang, consultor da Bain & Co., diz que milhares de pequenas empresas no sul da China fecharam as portas nos últimos anos.

Ainda assim, Xi parece empenhado em reformular a política económica de modo a que o crescimento do PIB não seja a única medida do sucesso. Xi tem vindo a pressionar as autoridades a passar por sessões de autocrítica — uma prática da era de Mao Tse Tung —, como forma de impor metas do Partido Comunista. Hoje em dia, focar-se demais no

CRESCIMENTO ECONÓMICO DEPENDE DE UMA REFORMA POLÍTICA

À procura da sustentabilidade

crescimento é motivo de censura. Numa sessão de autocrítica em Setembro na província de Hebei, no nordeste da China, um alto funcionário do governo lo-cal confessou que “se dava demasiada importância ao crescimento económico”, segundo o “Diário Popular”, o principal jornal do Partido. “Não dei atenção suficiente às preocupações das pessoas normais.”

A sessão realizada em Hebei, amplamente coberta pela televisão e pelos jornais chineses, “passou a ser a referência”, disse He Fan, economista sénior da Aca-demia Chinesa de Ciências Sociais, centro de estudos governamental. “Não se pode mais louvar o cresci-mento do PIB; pelo contrá-rio, os colegas vão criticá-lo por estar amarrado ao velho modelo de crescimento e

só se preocupar com a sua promoção”. Estudiosos da China dizem que há muitos anos que as autoridades pro-vinciais procuram superar a meta de PIB do governo central como uma forma de avançar na carreira.

MUDANÇA DE ESTRATÉGIAO exame de consciência e o esforço para direccionar o crescimento para um caminho mais sustentável

criaram ajustes. Em Julho, depois da desaceleração que ameaçou estagnar o país, Pequim recorreu a uma velha receita para estimular o cres-cimento: acelerar os gastos do governo em infra-estru-turas e o primeiro-ministro Li Keqiang prometeu que os líderes do país não per-mitiriam que o PIB ficasse abaixo de um mínimo não especificado.

Mas, como exemplo da

procura por um crescimento mais sustentável, a China está a considerar deixar os preços da energia ajustarem--se mais rapidamente às mudanças no mercado mun-dial, de modo a administrar melhor a procura, reduzir a poluição e aumentar a efici-ência da indústria.

O crescimento do ter-ceiro trimestre reflectiu o reforço dos gastos em infra-estruturas, a melhoria nas exportações e os efeitos de um aumento maciço nos empréstimos no início do ano, dizem os economistas.

Um porta-voz do ga-binete de estatísticas da China observou, porém, que o ritmo de crescimento desacelerou em Setembro. “A economia vai enfrentar alguma pressão para manter a tendência ascendente vista no terceiro trimestre”, disse Sheng Laiyun.

Os líderes chineses tam-bém estão a procurar formas de incentivar as empresas a tornarem-se mais competi-tivas — até agora com his-tórias de sucesso e fracasso. Em Taizhou, cidade na costa leste da China, Zheng Hui, director geral da Taizhou Ganen Car Appliance Co., fabricante de cadeirinhas de automóvel para crianças, disse que as encomendas du-plicaram este ano depois da empresa ter abandonado as suas linhas de produtos mais básicos e investido mais em design e marketing. “As nossas encomendas subiram muito depois disto, devido à menor concorrência na faixa de produtos de alta qualidade”, disse.

As considerações políti-cas vão predominar a partir do mês que vem, quando os líderes do Partido Comunis-ta se reunirem em Pequim para lançar o plano de reforma que guiará a econo-mia da China pela próxima década. O governo pode dar andamento a mudanças que aumentam os custos para as empresas, como aumentos salariais, impostos dirigidos para o seguro social e con-trolo sobre a poluição. Mas se o plano não aumentar a produtividade — por exem-plo, abrindo sectores agora dominados por gigantes estatais, o efeito poderá ser um crescimento mais lento.

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9 chinahoje macau terça-feira 22.10.2013

O presidente chi- nês Xi Jin-ping pediu esta segunda-feira

que os talentos educados no exterior contribuam para a concretização do sonho chinês de rejuvenescimento nacional, quer estejam no país ou no exterior.

Xi Jinping fez o pedido no 100.º aniversário do estabe-lecimento da Associação dos

U M grupo chinês com-prou por cerca de 5,7 mil milhões de

patacas o One Chase Ma-nhattan Plaza, prédio em Nova Iorque de 60 andares que durante mais de meio século foi sede do banco Chase e do seu sucessor, o JPMorgan Chase.

O negócio foi reali-zado pelo grupo Fosun, que pretende manter o edifício como um prédio de escritórios. A aquisição representa mais um avanço das empresas chinesas no mercado imobiliário norte--americano, especialmente em Nova Iorque.

Os chineses lideram as compras de propriedades

A cerimónia inaugural da 3.ª reunião do Fórum de Ideias China-África realizou-se

ontem em Pequim, com a presença do conselheiro de Estado, Yang Jie-chi. Para além de Yang Jiechi , mais de 200 representantes da comissão chinesa do Fórum de Ideias China--África, representantes dos países africanos e estudiosos chineses e afri-canos compareceram na cerimónia.

Na ocasião, Yang Jiechi felicitou a organização do evento e a activa-ção do Programa de Parceria 10 a 10 do ‘think-tank’ China-África. Yang sublinhou que o fórum serve de plataforma de intercâmbio entre a China e a África e a activação do programa vai elevar o nível de coo-peração entre as duas partes.

Yang Jiechi espera que os estu-diosos chineses e africanos aprovei-tem os recursos e as oportunidades e reforcem a investigação nas relações sino-africanas, de forma a oferecer apoio intelectual ao desenvolvimen-to do relacionamento bilateral.

O Programa de Parceria 10 a 10 do ‘think-tank’ China-África foi criado entre as dez instituições de investigação de assuntos africanos mais famosas do país e 10 ‘think--tank’ de África, a fim de promover o intercâmbio intelectual e cultural entre os dois lados.

Segundo a Forbes Pequim é a cidade com mais ricos da China De acordo com o site da revista norte-americana Forbes, entre os 400 chineses mais ricos apontados pela publicação em 2013, 58 vivem em Pequim. A capital do país continua a ser a cidade com o maior número de chineses ricos. Xangai e Shenzhen são outras das cidades que também atraem pessoas com dinheiro. Entre os 400 chineses mais ricos do país, 37 e 34 vivem nestas duas cidades.

XI JINPING PEDE A TALENTOS EDUCADOS NOEXTERIOR QUE CONTRIBUAM PARA O SONHO CHINÊS

Servir a naçãoAcadémicos Regressados do Ocidente.

O governo apoia estu-dantes e académicos a estu-dar no exterior, incentiva-os a retornar à China, garante--lhes a liberdade de ir e vir, e apoia-os no uso dos seus ta-lentos, disse o presidente ao discursar na cerimónia que contou com a participação de cerca de três mil pessoas.

O Partido Comunista da

China (PCC) e o governo do país respeitam as escolhas dos estudantes, disse o Presi-dente chinês. “Vocês serão re-cebidos calorosamente caso retornem à China. Se ficarem no exterior, continuaremos a apoiá-los para que possam servir o país de diversas ma-neiras”, acrescentou.

Xi Jinping disse esperar que os estudantes permane-çam patrióticos, integrando

o seu desenvolvimento no crescimento nacional.

Os académicos são incen-tivados a aproveitar as suas vantagens para promover inter-câmbios entre a China e outros países a fim de que a China possa obter mais entendimento e apoio no mundo, disse.

Há mais de cem anos que a China começou a enviar estu-dantes e académicos para estu-dar no exterior. Muitos destes talentos têm contribuído para a revolução, o desenvolvimento e a reforma da China.

Em 1978, a China aumen-tou o número de estudantes enviados para o exterior. Até o final de 2012, 2,64 milhões tinham saído do país para estudar, entre os quais 1,09 milhão retornaram.

GRUPO CHINÊS ADQUIRE EDIFÍCIO FAMOSO EM NOVA IORQUE

Sede do banco ChaseFÓRUM DE IDEIAS CHINA-ÁFRICA ARRANCA EM PEQUIM

Para desenvolver o relacionamento bilateralpor estrangeiros no mer-

cado nova-iorquino este ano, com cerca de 110 mil milhões de patacas (sem contar com a aquisição do One Chase).

Um destes marcos foi a compra de parte do edifício General Motors, em Ma-nhattan, pela empresária Zhang Xin e pela família Safra, de origem brasileira, no início de Junho.

Esta busca por proprie-dades imobiliárias nos EUA é também parte do desejo do governo chinês de diversi-ficar os seus investimentos. Os chineses são os prin-cipais credores dos EUA, com mais de sete biliões de patacas em títulos do

governo, mas estes papéis geram um retorno baixo.

Nas últimas semanas, a possibilidade de insolvência americana, devido ao im-passe no Congresso sobre a elevação do tecto da dívida e a aprovação do Orçamento, fez as autoridades de Pequim elevarem o tom das críticas contra Washington. “Os EUA estão cientes das pre-ocupações da China com o impasse e da solicitação para que garantam a segurança dos investimentos chineses”, disse o vice-ministro das Finanças, Zhu Guangyao, no início deste mês, antes dos parlamentares americanos chegarem a um acordo - ainda que provisório.

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10 hoje macau terça-feira 22.10.2013TRADIÇÃOJOSÉ SIMÕES [email protected]

A NTES de fazermos referência às cele-brações realizadas ontem no templo

de Sin Fong do Aniversário de Ao Guang (敖广), o Rei--Dragão do Mar do Leste, te-remos de falar sobre a Cultura do Rei-Dragão.

A crença sobre o Rei Dra-gão (LongWang 龙王) é muito popular na China, tanto pelos governantes como pelo povo. Segundo as lendas, o Dragão é um animal que controla as águas, podendo criar nuvens e fazer chover, formando tem-pestades, levantar altas ondas, ou amansar as águas do mar.

REI DRAGÃO DO MAR DE LESTE CELEBROU-SE ESTA SEGUNDA-FEIRA

Ao 17 da nona Lua

Ainda reinava o imperador Xuan Zong quando durante muito tempo não choveu. Vendo não haver comida no seu país, sem soluções, o imperador resolveu no ano 726 enviar emissários para

fazer sacrifícios nas cinco montanhas sagradas e nos quatro templos dos deuses do Mar (do Oeste, do Sul, do Leste, e do Norte).

Já anteriormente, ainda na dinastia Tang (618-907),

o robe Rei-Dragão tinha co-meçado a ser usado pela im-perador Wu Zetian (684-705).

A dinastia Song continuou a utilizar o mesmo sistema dos Tang para oferecer sacrifícios ao Rei-Dragão. No reinado

JOSÉ

SIM

ÕES

MOR

AIS

O Budismo, proveniente da Índia, ao entrar no século I na China, precisou de se integrar na cultura local e não tendo a figura do Dragão aproveitou o Naga (serpente que protegeu Sidarta) para ao fazer as traduções dos Sutras o transfigurar nesse mitológico animal chinês, denominando-o Rei-Dragão (Long Wang).

Na dinastia Tang, estando o Budismo no seu apogeu, muitos dos imperadores, que seguiam essa filosofia, ofereciam sacrifícios ao Rei--Dragão. Tal cerimónia pas-sou a usar o mesmo sistema das celebrações de sacrifícios para trazer chuva durante o

tempo do Imperador Tang Xuan Zong (712-755). Este imperador mandou construir um templo com o lago--dragão, que representava o Palácio do Rei-Dragão, para aí serem feitas as cerimónias.

Ao contrário do que acontece no Ocidente, o Dragão é um animal benéfico que produz chuva e representa o princípio da fecundidade

A criação do animal ima-ginário dragão deu-se há 6000 anos, tendo sido adoptado como totem do povo chinês durante a soberania do Impe-rador Amarelo. A imagem do dragão foi-se especificando e por isso passou a ter novas formas. De um dragão com a cabeça de porco (ligado ao iní-cio da agricultura na civiliza-ção chinesa), ao estilizado em C (quando prestes a encerrar um ciclo), encontrando-se re-ferenciado pela Astronomia, quando voa para o Céu depois do Equinócio da Primavera e mergulha nas águas no Equinócio de Outono. Ao contrário do que acontece no Ocidente, o Dragão é um animal benéfico que produz chuva e representa o princípio da fecundidade.

As cinco direcções, que começaram a ser usadas durante o período dos Rei-nos Combatentes (475-221 a.n.e.), tinham correspondên-cia com Cinco Dragões. Para o Leste, o Dragão Verde/Azul (QingLong), para o Sul, o Dra-gão Vermelho (HongLong), para o Centro, o Dragão Amarelo (HuangLong), para o Oeste, o Dragão Branco (BaiLong) e para o Norte, o Dragão Preto (HeiLong)

Page 11: Hoje Macau 22 OUT 2013 #2958

11 tradiçãohoje macau terça-feira 22.10.2013

Segundo as lendas, o Dragão é um animal que controla as águas, podendo criar nuvens e fazer chover, formando tempestades, levantar altas ondas, ou amansar as águas do mar

东海龙王 Rei Dragão do Mar do Leste

do Sul era ZhaoMing (昭明), o Rei-Dragão do Mar do Oeste era ZhengHeng (正恒) e o Rei-Dragão do Mar do Norte, ChongLi 崇礼, informação que vinham das Crónicas “TaiWanXianZhi” (台湾县志) do décimo sétimo ano do período Qian-Long (1741).

Em 1863, o imperador

Tongzhi (1862-1874) ofere-ceu o título ao Rei-Dragão como protector do Grande Canal.

OS CINCO REIS-DRAGÃOPara o livro daoísta “TaiShang-DongYuanShenZhouJing” (太上洞渊神咒经) as cinco diferentes direcções têm cinco Reis-Dragão e quando ligados aos mares/oceanos estão diferenciados em quatro Reis-Dragão. Com base no Céu (Tian 天) e na Terra (Di 地) a Natureza está dividida por 54 diferentes Reis-Dragão e 62 Deuses Reis-Dragão.

Há várias séries de Reis--Dragão dos quatro mares, que dependendo da filosofia (daoista ou budista) usam diferentes nomes, mas a mais generalizada classificação é a do Budismo, também uti-lizada no romance “Jornada ao Oeste” (Xi You ji, 西游记) escrito por Wu Chengen durante a dinastia Ming.

No Budismo, Ao Guang (敖广) é o Rei-Dragão do Mar do Leste, Ao Qin (敖钦) é o Rei-Dragão do Mar do Sul, Ao Run (敖闰) é o Rei-Dragão do Mar do Oeste e Ao Shun (敖顺) é o Rei-Dragão do Mar do Norte.

Para o Daoismo, os Reis--Dragão dos quatro mares tinham outros nomes. Assim o Rei-Dragão do Mar do Leste era Ao Guang (敖广), o Rei--Dragão do Mar do Sul era Ao Ming (敖明), o Rei-Dragão do Mar do Oeste era Ao Shun (敖顺) e o Rei-Dragão do Mar do Norte era Ao Ji (敖吉).

Interessante é todos os Reis-Dragão, tanto para o Da-oismo como para o Budismo, usarem o mesmo apelido, Ao (敖), assim como o Rei-Dragão do Mar de Leste ter o mesmo nome Ao Guang, sendo ele o mais importante entre todos.

Apesar de o Rei-Dragão ter, tanto no Budismo como no Daoismo, uma posição muito elevado, ele nunca está representado dentro dos grandes templos, aparecendo apenas nos pequenos templos, como os dedicados a Tu Di.

No caso de Macau, Ao Guang, o Rei-Dragão do Mar de Leste, encontra-se no templo de Sin Fong localizado na Travessa de Coelho do Amaral.

Ontem, segunda-feira, 17 da nona Lua realizou-se a celebração do Aniversário do Rei-Dragão do Mar de Leste e apesar de não contar com nenhuma individualidade do Governo da RAEM, aí se deslocaram um pouco mais de uma centena de devotos para oferecer sacrifícios a Ao Guang.

do imperador Song TaiZu (960-976) passou a cerimó-nia a ser realizada aos Cinco Reis-Dragão.

Ainda na dinastia Song, em 1108, o imperador Hui-Zong (1100-1125), fervoroso daoista, ofereceu a posição de Rei aos Cinco Reis-Dragão. Para o Rei-Dragão do Leste o título GuangRenWang (广仁王), para o Rei-Dragão do Sul, JiaZeWang (嘉泽王), para o Rei-Dragão do Cen-tro, FuYingWang (孚应王), para o Rei-Dragão do Oeste o título YiJiWang (义济王) e para o Rei-Dragão do Norte, LingZeWang (灵泽王).

Nas dinastias Ming e Qing, os imperadores con-

tinuaram a dar títulos ao Rei-Dragão, relacionando-os com tudo o que era formado por água.

Em 1723, no segundo ano do reinado de Yongzheng (1722-1735), o terceiro im-perador da dinastia Qing, o Rei-Dragão do Mar de Leste era chamado XianRen (显仁), o Rei-Dragão do Mar

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12 publicidade hoje macau terça-feira 22.10.2013

Page 13: Hoje Macau 22 OUT 2013 #2958

13hoje macau terça-feira 22.10.2013 VIDA

RITA MARQUES [email protected]

A má qualidade do ar arrasta-se desde o fim--de-semana. Quem anda a pé pelas ruas de Macau

facilmente nota que há uma neblina que paira no ar. A razão está na concentração de partículas em sus-pensão. A página oficial dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) tem, por isso, dado conta de que o ar se tem mantido “insalubre” (numa previsão feita a cada 24 horas).

Fong Soi Kun adianta que “a poluição acentuada sente-se em

O programa portu-guês Isto é Mate-mática, transmiti-

do aos sábados à noite na SIC Notícias, foi premiado pela Mostra Internacional de Ciência na TV VerCi-ência2013, que promove a divulgação de programas televisivos sobre ciência produzidos em todo o mundo e a discussão de estratégias de divulgação científica junto do grande público, através da tele-visão e de outros meios audiovisuais.

O prémio será entregue esta segunda-feira, ao apre-sentador do programa, o pro-fessor de matemática Rogério

POLUIÇÃO ÍNDICE DE QUALIDADE DO AR ESTÁ “INSALUBRE”

Clima impróprio para cardíacos

NÍVEIS EM MACAUEm Macau, o IQA é determinado tendo em conta os graus de concentração de partículas inaláveis em suspensão (PM10), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de azoto (NO2), monóxido de carbono (CO) e de ozono (O3), os mesmos que a Organização Mundial de Saúde (OMS) toma como referência. No sítio online da SMG, as partículas PM10 - o poluente que mais afecta os seres humanos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) - situaram-se entre as 21 horas de ontem e as 21 horas de hoje, entre as 100 e as 200 μg/m3 e está previsto um pico às 17 horas de hoje (300 μg/m). A OMS entende que a média anual recomendável de valores é de 20 μg/m3. Por outro lado, o NO2 situam-se a uma média de 110 μg/m3 na Rua do Campo (uma das estações de medição da qualidade do ar - Berma da Rua), neste período de 24 horas, e acima das 50 μg/m3 na Taipa e das 70 μg/m3 em Coloane. A OMS recomenda que se situe nos 40 μg/m3 por ano.

MOSTRAR A MATEMÁTICA EM TUDO O QUE NOS RODEIA, DE FORMA DIVERTIDA

Programa português premiado no Brasil

A qualidade do ar não está sob níveis recomendáveis. Não é considerada “perigosa” para a saúde, explica Fong Soi Kun, director dos SMG, mas não é aconselhável que pessoas com problemas cardíacos e pulmonares façam ginástica enquanto o ar se mantiver “insalubre”

toda a zona do Rio das Pérolas, sobretudo, na foz” e por conse-quência da continuação do bom tempo e do vento fraco também a qualidade do ar se manterá em risco nos próximos dias.

“A concentração de partículas PM2,5 está muito elevada”, salienta o director dos SMG. “Mais de metade da província de Guangdong sente o mesmo problema bem como Hong Kong.” A previsão do índice de qualidade do ar para o dia de hoje mantém-se insalubre, com valores entre os 105 e os 140, nas três esta-ções de mediçáo, em Macau, Taipa e Coloane.

As partículas com diâmetro de 2,5 micrómetros são mais perigosas do que as PM10 - um dos indicadores que entra em consideração no cálculo do Índice da Qualidade do Ar (IQA) (ver caixa) - já que podem atingir directamente os alvéolos pulmonares. Por essa razão, o responsável lança algumas recomendações. “A popula-ção deve preparar-se para fazer menos ginástica, sobretudo, as pessoas que sofrem problemas cardíacos e pulmo-nares devem evitar fazer exercícios físicos durante esta altura.”

“Não é necessário o uso de máscaras porque ainda não há uma grande concentração que faça assim tão mal à saúde. Atinge ligeiramente mas ainda não é considerada perigo-sa”, assegura Fung Soi Kun.

A poluição agrava e contribui para um aumento das doenças car-díacas e principalmente respiratórias - nomeadamente alérgicas, como a asma e a bronquite - já que uma vez que é um tóxico inalável os primeiros órgãos afectados são os pulmões.

A perspectiva é que o tempo assim se mantenha. Embora, a pre-visão seja diária, há certos factores que perspectivam que a poluição se sinta mais durante esta semana. “O tempo está muito estável. Há bom tempo, o vento está muito fraco e quando sopra de norte, como está a acontecer, é muito fácil haver esta poluição intensa.”

Os dias de sol podem, por isso, ser animadores. Mas a cautela é re-comendada, sobretudo, numa zona onde o índice de raios ultra-violeta é por norma elevado. Isto porque Macau se encontra a uma latitude baixa, junto aos trópicos, o que torna a exposição solar - por mais de 15 minutos - perigosa.

Martins, na cerimónia de abertura da mostra, no Rio de Janeiro, informa a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), que há um ano procura assim ajudar os portugueses “a encontrar matemática em tudo o que os rodeia, de uma forma clara e divertida”.

O prémio Homenagem Especial VerCiência 2013 é atribuído “pela excelência dos programas produzi-dos, apresentando tópicos da matemática de forma

atraente e divertida”. “É uma grande honra receber este reconhecimento do outro lado do Atlântico, principalmente tendo em conta a lista de anteriores homenageados, como a BBC ou David Attenbo-rough”, sublinha Rogério Martins, num comunicado da SPM.

“É uma prova de que vale a pena arriscar em televisão numa área aparentemente tão árida e mal-amada como

é a matemática, e ainda por cima apresentá-la de uma forma inovadora.”

Promovido pela SPM, o programa tem produção da Sigma 3 e o apoio da Agência Ciência Viva, do Compete (Programa Ope-racional Factores de Com-petitividade), do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e do Fundo Europeu de De-senvolvimento Regional (Feder).

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14 hoje macau terça-feira 22.10.2013CULTURA

U M concerto da fa- dista Cuca Rose-ta, um festival de cinema lusófono

e outro de gastronomia goesa estão previstos na quinta edição da Semana da Cultura Indo-Portuguesa em Goa, que lançará ainda o primeiro clube de fado na região.

“A novidade [desta edi-ção] é que vamos ter um concurso de fado [...] para promover um clube de fado”, contou à Lusa o cônsul-geral de Portugal em Goa, António Sabido Costa, adiantando que já há mais de 50 concorrentes inscritos.

O diplomata explicou que o fado, especialmente o de Lisboa, tem muitos adep-tos naquele estado indiano, que até 1961 foi uma colónia portuguesa.

Já existem muitos intér-pretes de fado na região e há mesmo uma noite de fado por mês em Pangim, capital de Goa, mas o objectivo é seleccionar um núcleo de jovens artistas que venham a estar na base do clube de fado que será lançado no final da Semana da Cultura para dar formação musical e organizar noites de fado noutras partes de Goa.

A Semana da Cultura, que começa a 25 de Outu-bro, encerra a 18 de Janeiro, para coincidir com o início dos Jogos da Lusofonia, um evento desportivo que junta atletas dos países de língua portuguesa e que este ano decorre também em Goa.

Embora em 2008 tenha durado uma semana, este

M UITO antes do apareci-mento da Internet e dos “reality shows” na televi-

são, Andy Warhol (1928-87), o “pai da Pop Art”, intuiu que “no futuro, toda a gente será mundialmente famosa durante 15 minutos”.

A frase, ela própria já “mun-dialmente famosa”, é o título da maior exposição de Andy Warhol realizada na Ásia, com cerca de 300 pinturas, fotografias, desenhos, se-rigrafias e outras peças, patente na Academia Central de Belas Artes da China, em Pequim, até meados de Novembro.

Trata-se de uma colecção do Museu Andy Warhol de Pittsburg, a terra natal do artista, e depois de Pequim seguirá para Tóquio, últi-ma etapa de um périplo que incluiu Singapura, Hong Kong e Xangai.

Como em Xangai, e ao contrá-rio do que aconteceu nas outras cidades, o retrato do antigo Pre-sidente chinês Mao Zedong que Warhol pintou centenas de vezes

CUCA ROSETA E CONCURSO DE FADOS EM GOA VISAM PRESERVAR HERANÇA PORTUGUESA

Manter a chama viva

ANDY WARHOL EM PEQUIM, SEM OS RETRATOS DE MAO MAS COM MOSCAS

Quinze minutos de famana década de 1970, com cores di-ferentes, não faz parte do catálogo de Pequim.

O director do Museu Andy Warhol, Eric Shiner, não precisou se os retratos foram “censurados”, referindo apenas que “há certo imaginário que ainda não pode ser exibido na China”.

Num gesto que Warhol certa-mente apreciaria, na inauguração da exposição, um artista todo vestido de branco (calças, camisa e casaco e sapatos) - largou milha-res de moscas: 20.000, segundo comentários na Internet.

As fotografias da performance, publicadas no site chinês http://news.artron.net mostram as pare-des e o chão da galeria salpicadas de pontos negros, mas o número exacto é, obviamente, impossível de apurar.

O artista, até então desconhe-cido do grande público, chama--se Hua Weihua. Foi detido pela segurança do museu, mas já não é desconhecido. “Sentimo-nos como se Andy Warhol tivesse voltado”, disse Eric Shiner.

O comentário não é inteiramen-te metafórico: Andy Warhol visitou Pequim em 1982, durante dois dias, convidado por um coleccionador de Hong Kong.

O Partido Comunista Chinês (PCC) já tinha adoptado uma nova política, muito diferente da que Mao advogava, mas a “Reforma Económica” e “Aber-tura ao Exterior” estavam ainda a dar os primeiros passos. “Não havia batom para pintar os lábios, nem música pop, discotecas, ho-mossexualidade, automóveis ou apartamentos privados, e também não havia, claro, luxo ou corrup-ção”, assinalou o artista plástico e dissidente chinês Ai Weiwei num álbum fotográfico sobre a viagem de Warhol, publicado em 2008.

Quando os seus anfitriões lhe disseram que Pequim não tinha nenhum McDonalds, Warhol re-torquiu: “Não tem, mas terá”.

Nos últimos vinte anos, coinci-dindo com a acelerada conversão do PCC à economia de mercado e aos “avançados métodos de gestão dos países desenvolvidos”, aquela cadeia de ‘fast food’ abriu cerca de 1.500 restaurantes na China - uma média de um por semana!

Entretanto, uma nova geração de artistas plásticos chineses também se tornou “mundialmente famosa” e alguns dos seus nomes mais conhecidos, como Ai Weiwei ou Wang Guangyi, são admirado-res confessos de Andy Warhol.

E como Warhol igualmente apreciaria, a chamada “Pop Polí-tica” chinesa, que mistura o logo da Cola-Cola e de outras multina-cionais com os ícones da antiga propaganda revolucionária, vende--se hoje por dezenas ou centenas de milhares de dólares.

ano a iniciativa foi esten-dida por três meses para permitir um maior acompa-nhamento, contendo ainda assim sete eventos.

O certame começa com uma exposição de pintura dos artistas goeses Ra-jesh Salgaoncar, Harshada Kerkar, Salvador Fernandes e Loretti Pinto, e inclui um

evento de ‘tiatr’ em conca-nim, produzido pelo “mais reputado tiatrist”, Tomazi-nho Cardozo.

“Tiatr é uma espécie de teatro de revista muito popu-lar em Goa, sobretudo entre a comunidade cristã, tendo sido desde a sua criação, nos finais do século XIX, um dos principais veículos

da promoção da língua con-canim em Goa”, explicou o cônsul-geral.

Um festival de gastro-nomia tradicional goesa e indo-portuguesa, outro de cinema lusófono, com a participação do Consulado--Geral do Brasil em Bom-baim, e um concerto da fadista Cuca Roseta, que

visita o estado indiano pela primeira vez, são outros momentos previstos.

O especáculo da fadista cumpre uma tradição da Semana da Cultura, que tem tido sempre a participação de um artista de Portugal. Os fadistas Ana Maria Bo-bone e Miguel Capucho e os Deolinda foram alguns dos artistas que por ali passaram em edições anteriores.

Organizada e quase total-mente financiada pela socie-dade civil goesa, nomeada-mente os clubes associativos Vasco da Gama, Nacional e Harmonia, a Semana da Cultura “visa preservar a influência portuguesa e

ocidental em Goa”, disse o cônsul-geral.

Mais de 50 anos depois da saída dos portugueses da Índia, a cultura portuguesa continua presente em Goa, com um número crescente de estudantes de português nos últimos anos.

Actualmente, mais de 30 escolas e universidades têm a Língua Portuguesa nos currículos, havendo duas licenciaturas em português, além de um mestrado em estudos portugueses, este último na Universidade de Goa.

A música, as tradições e a gastronomia de influência portuguesa mantêm-se pre-sentes em muitas famílias e António Sabido Costa estima que “grosso modo, cerca de 10 mil pessoas estejam, de uma forma ou outra, envolvidas nas acti-vidades que visam preser-var a cultura de influência portuguesa”.

O objectivo Semana da Cultura é por isso “manter viva a herança portuguesa”, que ao fim de “um longo in-terregno quase sem relações Portugal-Goa corria o risco de se perder”, disse o cônsul.

As instituições portu-guesas, nomeadamente o consulado-geral, o Camões e a Fundação Oriente estão associados ao evento, arti-culando as suas actividades culturais de forma a serem compatíveis com esta sema-na, mas o certame decorre “quase sem encargos para o Estado português”, subli-nhou ainda António Sabido Costa.

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15 culturahoje macau terça-feira 22.10.2013

U M dia depois de actu-arem na Fortaleza do Monte no âmbito do Festival Internacio-

nal de Música de Macau, os músicos José Salgueiro e João Gil querem voltar a actuar na cidade e procuram projectos de junção musical das culturas portuguesa e chinesa.

Em entrevista à agência Lusa, João Gil garante não ter esquecido a primeira vez que pisou um palco em Macau, no ano de 1986, quando esteve no território integrado no grupo Trovante para as comemora-ções locais do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Vinte anos mais tarde voltou à cidade para, com a Ala dos Namorados e depois de “nove dias de ensaios à

séria”, tocar com a Orquestra Chinesa de Macau. “Foi muito interessante e fizemos um trabalho maravilhoso”, disse o músico que agora liderou o Quinteto Lisboa no espectá-culo na Fortaleza do Monte.

João Gil considera o Quin-teto Lisboa um projecto “único e gratificante” porque “é quase como uma soma das várias ex-periências tanto da parte do Zé Peixoto e do Fernando Júdice nos Madredeus” como da sua parte tanto nos Trovante como na Ala dos Namorados e que permite “sintetizar” todas essas experiências num só conjunto.

Desejoso por voltar a actuar em Macau com a Orquestra Chinesa, João Gil gostaria de regressar com o seu novo projecto: “Missa Brevis”. “Agora vejam vocês o que

pode acontecer: um encontro de culturas, um encontro de civilizações com o latim em fundo, como se voltássemos a pôr um marco, desta vez não de granito, não de pedra a dizer que chegámos e isto é nosso, mas sim isto (Macau) é um ponto de encontro de tolerân-cia e de comunicação entre os povos”, concluiu.

Também José Salgueiro, cujo projecto “Aduf” encerrou a noite de domingo na Fortaleza do Monte e chegou a partilhar o palco com o Quinteto Lisboa, quer manter na cidade os adufes gigantes construídos proposi-tadamente para o Festival de Música de Macau. “Gostaria muito que este projecto ficasse em Macau. Pelo menos vai ficar por cá estacionado à espera de o poder fazer ou na periferia

ou voltar a fazer em Macau”, explicou à Lusa o percussio-nista que pretende “encontrar uma plataforma de trabalho com percussionistas chineses e assim fundir a cultura por-tuguesa com a cultura chinesa no campo de percussão”.

Salientando que a música é uma “linguagem universal”, José Salgueiro não esconde a paixão pela Ásia e a inspiração japonesa e chinesa para o pro-jecto Aduf. “Este espectáculo é muito inspirado na Ásia, (…) foi feito inspirado não só na forma de tocar do Japão como nos tambores e nos timbres que se usam muito na China e nos instrumentos chineses e eu acho que é perfeitamente possível encontrar aqui uma forma de juntar as duas cul-turas”, concluiu. - Lusa

A Orquestra Gulbenkian foi aplaudida durante cerca de 10 minutos

no maior teatro de Pequim no domingo à noite, terminando a sua tournée na China com dois ‘encore’.

Foi a terceira digressão da orquestra pela China em cerca de três décadas e, desta vez, “o público foi muito mais entusiasta”, disse um elemento da comitiva que acompanhou a anterior tour-née, em 1999.

Além de duas peças

JOÃO GIL E JOSÉ SALGUEIRO QUEREM REPETIR “JUNÇÃO” MUSICAL ENTRE PORTUGAL E CHINA

Já com saudades de Macau

ORQUESTRA GULBENKIAN APLAUDIDA EM PEQUIM

Direito a dois ‘encore’

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora 蘇戴艷紅(portadora de Hong Kong Permanent Identity Card n.° P7245xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 37.2/DI-AI/2011 de 26.05.2011, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Maritimo, n.os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 3, 12.° andar B e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 08.10.2013, exarado no Relatório n.° 381/DI/2013, de 23.09.2013, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. -----------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual

será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de dias, conforme estipulado na alínea do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ---------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. ------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 08 de Outubro de 2013.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora CHEN MINGHUA (portadora do passaporte da R.P.C. n.° G35449XXX), que na sequência do Auto de Notícia n.° 50/DI-AI/2012, de 31.05.2012, levantado pela DST e por despacho da signatária de 08.10.2013, exarado no Relatório n.° 387/DI/2013, de 16.09.2013, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 898, Edf. Amizade, 7.° andar A e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. -------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em

direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. ---------------------------------------------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d'Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. ------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 08 de Outubro de 2013.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 311/AI/2013 MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 317/AI/2013

conhecidas do reportório clássico (as sinfonias ‘Pas-toral’ de Beethoven e ‘Novo Mundo’ de Dvorák), o pro-grama incluiu uma obra do compositor português Luís de Freitas Branco (“Duas Melodias”) e um Concerto para Marimba e Orquestra do percussionista brasileiro Ney Rosauro, com o solista chinês Li Biao.

Antes de chegar à capital chinesa, a orquestra tocou em Macau e em Cantão, no sul do país, sob a direcção

do seu novo maestro titular, Paul McCresh.

O último concerto decor-reu no Grande Teatro Nacional da China, um dos novos ícones arquitectónicos de Pequim, desenhado pelo francês Paul Andreu. “Somos uma orques-tra portuguesa e trouxemos uma lembrança de Portugal”, disse o maestro Paul McCresh ao introduzir o primeiro ‘enco-re’ da noite, uma peça de Joly Braga Santos.

A seguir, e como a maio-ria do público era composta

por estudantes do ensino secundário, a orquestra tocou uma música de embalar de Robert Schumann. “É bom ver tantos jovens na assis-tência”, comentou o maestro.

A orquestra, com cerca de 70 músicos, viajou acom-panhada pelo presidente da Fundação Gulbenkian, Artur Santos Silva, a administrado-ra Teresa Gouveia e o director do Serviço de Música da instituição, Risto Nieminen.

Fundada em 1962, a Orquestra Gulbenkian tocou pela primeira vez na China em 1980, pouco depois de o Partido Comunista Chinês ter adoptado a política de “Re-forma Económica e Abertura ao Exterior”.

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SORTEIO

16 hoje macau terça-feira 22.10.2013DESPORTO

A Suécia é o adver-sário de Portugal no play-off de acesso ao Mun-

dial de futebol 2014. O sor-teio realizado em Zurique, nesta segunda-feira, colocou frente a frente duas selecções que, ao longo da história, já se defrontaram por 15 vezes.

Os jogos do play-off realizam-se a 15 e 19 de Novembro, primeiro em Portugal, no Estádio da Luz, e depois na Suécia. De resto, a selecção nacional nunca conseguiu bater os nórdicos em território português: nos 15 encontros entre as duas equipas, o saldo é de três vitórias portuguesas, seis empates e seis triunfos suecos.

De qualquer modo, nos últimos três encontros, as duas equipas empataram e a selecção nórdica não vence Portugal desde 1984. As duas selecções nunca se cruzaram em fases finais

A TRAVÉS da sua subsi-diária Dragon Hill Corp Ltd, o grupo malaio

LBS Bina Group adquiriu por um dólar americano a Lamdeal Investment Ltd, a empresa que detinha 60% do capital do Cir-cuito Internacional de Zhuhai (ZIC, na sigla inglesa). O grupo malaio que já geria o circuito e tem agora posição maioritária no mesmo, os restantes 40% pertencem a uma empresa de capitais públicos da cidade de Zhuhai, tem já planos para o circuito e que em nada estão relacionados com a utilidade da infra-estrutura erguida nos anos noventa.

Paulo Gonçalves vence Rali de Marrocos e sagra-se campeão mundialO português Paulo Gonçalves sagrou-se, este sábado, campeão mundial de todo-o-terreno, ao vencer o Rali de Marrocos, última prova do campeonato mundial. O piloto da Honda partiu para o último dia de prova a 4,39 minutos da liderança, na posse do seu companheiro de equipa Joan Barreda, e 14 segundos de vantagem sobre o seu direto rival na luta pelo título mundial, o também espanhol Marc Coma. Gonçalves terminou em segundo na etapa (o australiano Ben Grabham foi o vencedo), mas garantiu a vitória final na prova, assegurando também o título mundial. É o segundo português a alcançar tal feito, depois de Hélder Rodrigues, em 2011.

Ranking ATP João Sousa caitrês posições no rankingJoão Sousa continua a ser o português mais bem classificado no ranking ATP, caindo contudo três posições, para o 53.º lugar, na actualização semanal divulgada esta segunda-feira. No topo da classificação não houve alterações significativas, com Roger Federer a recuperar novamente o sexto lugar por troca com o checo Tomas Berdych. O também suíço Stanislas Wawrinka é agora oitavo, trocando com o francês Jo-Wilfried Tsonga.

MUNDIAL 2014 SALDO DE CONFRONTOS COM OS SUECOS É DESFAVORÁVEL AOS LUSOS

Portugal defronta Suécia no play-off • PRIMEIRA MÃO(15 de Novembro)

PORTUGAL - Suécia

Ucrânia - França

Grécia - Roménia

Islândia - Croácia

• SEGUNDA MÃO(19 de Novembro)

Suécia - PORTUGAL

França - Ucrânia

Roménia - Grécia

Croácia - Islândia

de grandes competições e, em fases de apuramento, Portugal levou a melhor na caminhada rumo aos Mun-diais de 1986 e de 2010.

Actualmente, a selecção

nórdica ocupa o 25.º lugar do ranking da FIFA, 11 posições abaixo da equipa portuguesa. Na qualificação para o Brasil 2014, terminou o Grupo C no segundo lu-

gar, com 20 pontos, menos oito do que o vencedor, a Alemanha.

Nessa caminhada rumo ao play-off, a selecção orientada por Erik Hamren

AUTOMOBILISMO CONSTRUÇÃO IMOBILIÁRIA AMEAÇA FUTURO DO CIRCUITO

Nuvens pairam no ar de ZhuhaiSituado numa zona apa-

rentemente apetecível para construção imobiliária, o destino do circuito poderá estar traçado a curto ou médio prazo. “A decisão de trazer o Circuito Internacional de Zhuhai novamente para o grupo manterá a presença do grupo em Zhuhai e talvez no futuro proporcione uma nova oportunidade para o grupo se aventurar nos negócios de imobiliário”, disse Datuk Lim Hock San, o director geral do LBS Bina Group.

Antes da exercer a opção de compra, Lim já tinha deixado claro os interesses

da sua companhia, que também gere o campo de golfe adjacente ao circuito, passam por construir nos 264 hectares ocupados pelo actual circuito, afirmando à imprensa do seu país que o circuito pode ser recolo-cado noutros terrenos mais baratos. “O LBS acredita no potencial das terras do ZIC. Esta aquisição chega numa altura em que o grupo acredita que vai beneficiar desta aquisição devido à falta de terrenos de primeira qualidade em Zhuhai”, disse Lim no dia do anúncio da compra à bolsa da Malásia.

O Circuito Internacio-nal de Zhuhai, localizado a cerca de trinta minutos das Portas do Cerco, nasceu em 1997, foi o primeiro circuito permanente da República Popular da China quando o país tentou pela primeira vez assegurar um Grande Prémio de Fórmula 1. Apesar de nunca ter acolhido o “Grande Circo”, o circuito da cidade continental chinesa foi palco de provas internacionais de campeonatos tão variados como o FIA-GT, A1 GP – Taça das Nações, ou mais recentemente do Interconti-nental Le Mans Series.

O Circuito Internacio-nal de Zhuhai, que serve de base a várias equipas alicerçadas na RAEM que por lá operam, também re-cebeu por várias ocasiões os campeonatos de Macau de Carros de Turismo, no entanto, devido aos ele-vados custos cobrados no transporte das viaturas para o circuito, deixou de fazer parte do roteiro obrigatório dos pilotos do território.

bateu-se quase de igual para igual com os germânicos, com os quais protagonizou os dois grandes jogos do apuramento (empate 4-4 em Berlim, derrota por 3-5 em Solna). O principal deslize dos suecos aconteceu frente à Áustria, em Viena, onde perderam por 2-1.

Em 2013, a Suécia efec-tuou 13 partidas, somando sete vitórias, três empates e três derrotas. Para além das duas registadas no Grupo C, a terceira aconteceu frente à Argentina (2-3), em Feve-reiro, num jogo particular. Zlatan Ibrahimovic, a gran-de figura da equipa, marcou, desde o início do ano, sete dos 22 golos da selecção.

PAULO BENTO ANTEVÊ“DOIS JOGOS EQUILIBRADOS”A primeira reacção ao sor-teio partiu do seleccionador português, Paulo Bento: “Vão ser dois jogos bastante complicados, dois jogos

equilibrados. É uma equipa que, apesar de ter um dos melhores avançados do mundo, vale pelo colectivo”, afirmou ao site da Federação Portuguesa de Futebol. “[A Suécia] ficou em segundo num grupo que tinha um dos grandes candidatos à vitória nas grandes competições, que é o caso da Alemanha. Mas nós, independentemen-te do adversário, competi-remos com o objectivo de estar no Mundial”, promete o treinador.

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RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 5 Minutos Num Instante14:45 Solares de Portugal15:10 Iniciativa15:40 A Estrela Lá de Casa16:00 Bom Dia Portugal17:00 Grande Reportagem-Sic 201217:35 Portugueses Pelo Mundo18:20 O Teu Olhar (Telenovela)19:10 Viva a Música20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:05 Profissões22:30 Portugal no Coração

30 - FOX Sports13:00 Liga Bbva 2013/14 Valencia CF vs. Real Sociedad14:30 Liga Bbva 2013/14 RCD Espanyol vs. Atletico de Madrid16:00 Dutch Eredivisie 2013/14 Go Ahead Eagles vs. Feyenoord Rotterdam17:30 Liga Bbva 2013/14 Weekly Review18:30 (Delay) Baseball Tonight International 201319:00 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 Dutch Eredivisie 2013/14 Highlights21:00 Singha Football Crazy21:30 Liga Bbva 2013/14 Highlights22:00 The Ultimate Fighter23:00 (LIVE) FOX SPORTS Central 31 - STAR Sports13:00 Planet Speed 2013/1413:30 Motorsports@ Petronas14:00 SBK Superbike World Championship 2013 - Race 1 & 216:00 International Motorsport News 201317:00 Motorsports@ Petronas17:30 FIA World Rally Championship 2013 - Event Highlights18:25 (LIVE) AFC Cup 2013 East Bengal vs. Kuwait SC20:30 Motorsports@ Petronas21:00 Golf Focus 201321:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Singha Football Crazy22:30 Golf Focus 201323:00 Liga Bbva 2013/14 Weekly Review23:55 (LIVE) AFC Cup 2013 Al Faisaly vs. Al Qadsia

40 - FOX Movies12:15 Six Days, Seven Nights14:00 Love And Honor15:40 What To Expect When You’Re Expecting17:30 Shallow Hal19:25 Vamps21:00 The Expendables 222:45 The Walking Dead23:30 Underworld: Rise Of The Lycans

41 - HBO12:00 Rock Of Ages14:00 The Adventures Of Tintin15:45 A Monster In Paris17:20 Wild Hogs18:55 The Matrix Revolutions21:00 Final Destination 522:30 Serangoon Road23:30 Dream House

42 - Cinemax12:15 IlTango Della Gelosia14:00 Love Bites15:45 Ski School17:15 Windprints19:00 Midnight Cowboy21:00 A Midnight Clear23:00 Love Bites00:45 Sweet Smell Of Success

SALA 1THE BEST PLANIS NO PLAN [C]Um filme de: Patrick KongCom: Sammy Sum, Justin Cheung, Hanjin Tan, Shiga Lin14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 2 GRAVITY [B]Um filme de: Alfonso CuarónCom: Sandra Bullock, George Clooney14.30, 21.30

ABOUT TIME [B]Um filme de: Richard Curtis

Com: Rachel McAdams, Domhnall Gleeson, Bill Nighy16.30,19.15

SALA 3DIANA [B]Um filme de: Oliver HirschbiegelCom: Naomi Watts, Naveen Andrews14.30, 16.30, 19.30, 21.30 ABOUT TIME

M A C A U [ S Ã ] A S S A D OO SEGREDO É LAVAR AS MÃOS NO... URINOL Foto: Rita Marques Ramos

• Macau continua a surpreender. Desta vez, ali quase a paredes meias com a sede do Governo da RAEM, alguém – terá sido o próprio Executivo? -, montou uma série de casas de banho provisórias dando-lhes o nome de lavatório. Como se não bastasse não ser, ali, o local para instalar tais estruturas ainda lhes tinham de dar um nome pomposo. É urinol, casa de banho provisória, mictório, o que vocês quiserem meus senhores... lavatório é que não.

A publicação do património dos altos cargos da RAEM na Internet está a gerar um grande debate na sociedade. A maioria das pessoas não acredita que Fong Chi Keong não tenha uma casa privada, uma vez que a sua profissão é construtor civil. Também ninguém acredita que Mak Soi Kun seja pobre, uma vez que há quem saiba que possui uma vivenda em Coloane. Afinal em que ficamos?Enquanto uns dizem tudo, ou quase tudo, e outros não dizem nada, ou quase nada, Larry So, académico do IPM, aproveita para acusar publicamente os deputados de desonestidade. Na verdade, para o professor universitário, a “luz do sol” badalada pelo Governo não foi completamente implantada.Por outro lado, à minha cabeça pequenina faz muita confusão os valores obscenos do património desta gente. Uma pessoa com 50 casas significa o quê? Para que servem as casas? Para aumentar ainda mais a especulação imobiliária? Para alugar? Para vender? Ou simplesmente para ter, só porque sim, num modo bárbaro de ostentação de riqueza?Numa terra onde a habitação escasseia e onde o Governo constrói casas de baixa qualidade, tudo isto é, a meu ver, uma forma de gozar com quem precisa. E estão estes senhores no poleiro. Como se já não bastasse as suas fortunas pessoais, é preciso ainda garantir que essas fortunas de mantenham intactas ou, se possível, engordem ainda mais.Isto de um empresário ocupar um cargo de poder é, no mínimo, um acto de arrogância. A maioria deles estão lá para servirem apenas os seus interesses. E o povo?Agora que me lembro das promessas dos deputados durante as campanhas eleitorais só me apetece é rir. Alguém, no seu pleno discernimento, acredita nestas conversas? Obviamente que não.Macau precisa de responsabilidade. Não existe. Não sejamos ingénuos. Os políticos são mentirosos todos os dias e disso não tenho qualquer dúvida.Não consigo, é certo, apontar dedos concretos. E, na verdade, sou um mero gato que gosta é de ronronar. Por isso, prefiro apenas dizer “nôm podi”, como diria um amigo meu macaense, em patuá. Miau...

ELO • Maria RitaMaria Rita está de volta com o quarto álbum de estúdio da sua carreira, “Elo”. Alguns temas deste novo disco - produzido pela própria artista - são inspirados no alinhamento da tour intimista que a cantora realizou em 2010, como os casos de “Nem Um Dia”, “Perfeitamente”, “Conceição dos Coqueiros” e “Santana”; outras canções são uma estreia absoluta e surgem de encontros musicais inesperados*, como o caso de “Pra Matar meu Coração”, “A Outra”, ou “Coração em Desalinho”.

GOLDEN ERA • Rita Redshoes “Dream on Girl” é a sua primeira afirmação: um novo talento apresentado pela colectânea “Novos Talentos – FNAC 2007”, uma música que rapidamente se tornou no single deste disco, com destaque em algumas rádios nacionais e referência com uma das canções do ano. Fez parte dos Atomic Bees, Foi uma das finalistas do concurso Jovens Criadores em 1999, com o projecto Rebel Red Dog, onde tocava baixo. Nesse mesmo ano começa a desenvolver o seu talento para tocar piano, no seu projecto a solo: Photographs. Desde 2003 que integra a banda de David Fonseca, tendo mais recentemente partilhado o tema “Hold Still” incluído em “Our Hearts Will Beat As One”.

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18 hoje macau terça-feira 22.10.2013OPINIÃO

R ETOMANDO o tema do desporto de Macau e um pouco no seguimento na entrevista que dei ao HM em Maio passado, afigurasse-me que, só com novas ideias, com novos projectos e no-vas estratégias, adaptados às especificidades de Macau será possível galgar um novo

patamares de desenvolvimento desportivo sustentado numa base alargada e sólida. De contrário o desporto de Macau jamais sairá do marasmo em que se encontra.

Nem mesmo o acenar com o profissio-nalismo, que a Administração endinheirada está disposta a pagar, irá alterar a situação, que se vive desde há muitos anos na RAEM!

A profissionalização é antecedida de duas etapas: a formação e especialização que, em muitas modalidades desportivas, ocupam mais de dez anos de treinos. Nos recentes campeonatos do mundo de natação, Missy Franklin, arrecadou seis medalhas de ouro, com dezoito anos e não era profissional. Era estudante de liceu e recusou já convites para se profissionalizar!

Não se pense que todos os atletas são profissionais! Muitos dos que lá chegam, treinaram e estudaram simultaneamente, com um grande espírito de sacrifício e de amor à modalidade que escolheram.

Um dos problemas do desporto de Macau está no facto de haver bastantes adultos a fazer competição (recreativa) e muitíssimo poucos a treinarem, sequer duas ou quatro horas semanais!

Macau, já teve em tempos não muito longínquos, um treinador profissional oriundo de um país campeão do mundo de hóquei em campo, dispunha de espaço de relva artificial do melhor que havia, mas não tinha atletas para treinar!

Ao fim de algum tempo o senhor partiu desiludido para o seu país, sem deixar obra feita.

Podem-se ter as melhores instalações desportivas do mundo e os melhores trei-nadores, mas se não houver atletas para treinarem, nunca haverá desporto!

Em Macau como em qualquer parte do mundo, os potenciais atletas estão nas Esco-las e é com eles que a entidade responsável pelo desporto da RAEM tem que contar. Existem formas para lá chegar, assim haja vontade política e uma estratégia adequada. Como é costume dizer-se «quando a monta-nha não vai ter com Maomé, é Maomé que vai ter com a montanha»

Também no passado havia uma grande falta de espaços para a prática desportiva. No presente continua a ser a falta de instalações, que afligem os responsáveis, muito embora se tivessem construído verdadeiros «elefan-tes brancos» para três grandes eventos, que muitos já esqueceram!

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

A profissionalização no desporto é o vértice duma enorme pirâmide, que tem como base, todo o desporto seja ele associativo, escolar, para todos, de competição ou mera recreação

Um novo patamar

Actualmente, Macau necessita de ins-talações desportivas mais acessíveis, mais polivalentes, mais baratas e até mais próxi-mas da população.

A solução passa, como já o afirmei, pela construção tipo auto-silo. Infra-estruturas arejadas, sem ar condicionado com valência para três tipos de modalidades.

Quando na RAEM, existirem competi-ções nos escalões de juvenis e juniores, em diferentes modalidades, então sim, pode pensar-se num verdadeiro salto para um novo patamar.

Relativamente a atletas profissionais, Macau teve-os em 1981/82/e 83 na mo-dalidade de futebol de onze, pagos pelos presidentes dos respectivos clubes, mas nunca pelo governo do Território.

Aos respectivos serviços de então, coube a tarefa de apoiar e incentivar um campeonato no escalão de juniores, onde participaram seis equipas, isto no tempo em que os recursos financeiros, eram escassos.

Falar em profissionalização no contexto em que se encontra o desporto de Macau, é um erro de «casting» só admissível a quem não tem presente os princípios de uma políti-ca escorreita de desenvolvimento desportivo.

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A profissionalização no desporto é o vér-tice duma enorme pirâmide, que tem como base, todo o desporto seja ele associativo, escolar, para todos, de competição ou mera recreação.

As situações de prática de um desporto a tempo inteiro, estão já a verificar-se em vá-rias academias e centros de alto rendimento, onde se abandona a escola sem acautelar a formação escolar e académica dos jovens, com o perigo de existem vários factores imponderáveis, que podem condicionar o sucesso de uma carreira profissional.

Em vez de um estatuto de atleta-profis-sional, porque não a categoria de estudante/atleta?

Este estatuto permitiria, por exemplo, atribuir bolsas de estudo a jovens, que se destacassem numa ou noutra modalidade, continuando naturalmente os seus estudos.

A RAEM não é um país, mas somente uma Região Administrativa Especial. Em termos desportivos cabe à R.P.C. representar a grande Nação e ela é já a segunda potencia Mundial.

Se o objectivo da alta competição é dar visibilidade a Macau, essa visibilidade já existe à escala mundial pelo jogo e pelos casinos!

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

O contrário dum dogma é outro dogma.

disse-me um passarinho...

hoje macau terça-feira 22.10.2013

Q UEM manda na RAEM, financeira, administrativa e politicamente - que são exactamente os mesmos - tem todo o direito de ir difi-cultando, progressivamente, o uso da língua portuguesa. Inclusivamente, tem outros direitos: o de dizer umas vulgaridades sobre os países de língua portuguesa, ou-tras vulgaridades sobre a comunidade portuguesa

ou de língua portuguesa residente em Macau, e mais umas quantas vulgaridades, mais ou menos sentidas ou não, sobre as relações com toda esta gente do grande universo lusófono.

Desconheço se será para inglês ver, se para chinês ver, se para os de língua portu-guesa verem. Ou se para Pequim ver.

Pessoalmente, perante a sucessão de alguns factos em várias frentes, há uns tempos que tirei as minhas conclusões. De momento não me apetece pormenorizá--las, até porque, pelo que sei, muitos, e não somente de língua portuguesa, vêm tirando conclusões semelhantes.

Ainda ontem José Rocha Dinis, sob o título “Mancha”, mencionava no seu jornal o facto, apenas surpreendente para alguns, de na cerimónia inaugural da Feira Inter-nacional de Macau não ter havido “uma única palavra dita em português”, tendo a organização - que é oficial - entendido como “suficiente a passagem nos ecrãs da tradução do discurso do Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, e o resto da cerimónia decorreu em cantonês e inglês”.

Estas opções vão-se vulgarizando, mul-tiplicando, principalmente nos últimos três para quatro anos. Precisamente quando, aparentemente amadurecida a existência de uma grande estrutura criada por Pequim, que é o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, e atendendo ao simpático discurso oficial entre todas as partes, e tam-bém a uma certa prática, se poderia concluir que seria dado um salto maior e melhor no uso da língua e, por dedução, no mais ex-pressivo respeito consequente pela presença secular portuguesa nesta região - presença obviamente permitida pelo poder central.

A realidade tornou-se outra. Se não exis-tir vontade de alterar, ninguém na RAEM, nem os mais distraídos ou sobreviventes de vénia, vai esperar muito para sentir o sufoco total da língua portuguesa nesta re-gião. Só mais um bocadinho e, excluindo as instituições de matriz portuguesa, enquanto

à f lor da peleHELDER FERNANDO

Os investigadores desse pedaço particular da História recente de Macau, também detectarão discursatas balofas, alguma bazófia, um certo aproveitamento de circunstâncias, promessas não cumpridas, vira-casacas e uns finórios incompetentes. Estes, nunca pagarão o mal que fizeram à língua, com língua de palmo

Língua de palmocá estiverem, apenas sobrarão, por algum tempo mais, as placas com os nomes das ruas em bilingue, as pontuais intervenções de alguns responsáveis da PJ, das Forças de Segurança, de Tribunais ou do Instituto Politécnico, professores de português (por-que os alunos, esses são para exportação), alguns escritórios de advogados e, com imensa sorte, um outro profissional médico

ou paramédico no único hospital oficial para servir, em algumas situações sabe-se como, muitas centenas de milhar de cidadãos. Ah, e numa ou outra fugaz formalidade cerimonial para a plateia sorrir com imensa e oriental condescendência.

No presente já existe muito a dizer so-bre esta questão, sobre comportamentos de pessoas em vários planos, sobre traições,

PIET

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hipocrisias, mentiras, oportunismos. Haverá mais, o prezado leitor sabe disso. E sabe que um dia será dito. Por certo, também deduz que alguns destes e destas a quem se fica devendo, a diferentes níveis, o afogamento progressivo da língua portuguesa na RAEM, serão os primeiros a sentir as consequências quando não mais forem precisos os seus préstimos. Tão certo como o ovo sair do cuzinho da galinha.

Os que, sendo residentes radicados, não são naturais de Macau, mas pertencem à língua portuguesa, provavelmente trans-portam angústia e, muitos deles, ingénua perplexidade. Também já fui. À medida que se aproximam os 31 anos de residente permanente, é altura de confessar que, nestas matérias, deixei de ser ingénuo. Mas, para ser sincero, não me vejo mais com direito a manifestar-me ostensivamente contra a realidade aqui referida, principalmente junto dos naturais de Macau. Esses sim, de origens lusófonas ou não, se estiverem interessados, que façam ouvir as suas opiniões - discor-dantes ou, saudável sabermos, concordantes.

Sugestão aos investigadores e analistas da História: Pesquisem e analisem não ape-nas o comportamento oficial, institucional e privado sobre a língua portuguesa nestes últimos quase 14 anos, mas ainda o que se fez e quem, o que se desfez e quem, o que não foi feito porquê e por quem, antes de Dezembro de 1999, bastando os derradeiros 30 anos de administração portuguesa. Muito de grandioso, de esforço hercúleo, de total e inteligente entrega pessoal, competência, foi e é realizado no âmbito da língua portuguesa.

Os investigadores desse pedaço particu-lar da História recente de Macau, também de-tectarão discursatas balofas, alguma bazófia, um certo aproveitamento de circunstâncias, promessas não cumpridas, vira-casacas e uns finórios incompetentes. Estes, nunca pagarão o mal que fizeram à língua, com língua de palmo.

Não tenham receio de serem confronta-dos com a aparente contradição que é a ajuda financeira, o belo e conhecido argumento destes nossos ricos dias: a esta instituição foram entregues estes milhões, àquela mais uns quantos, e ainda há uns trocos para as associações lusófonas, a Festa da Lusofonia, o Fórum...

Dinheiros não significam políticas, con-vicções, rotinas organizadas com objectivos. Dinheiros, muitos dinheiros, não significam uma única ideia cultural. Denotam apenas cofres a abarrotar sem necessidade de ex-tracção petrolífera ou diamantífera.

A sorte que a RAEM vai tendo.

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hoje macau terça-feira 22.10.2013

Poluição “paralisa” cidade de HarbinUma forte neblina causada pela poluição fez com que a cidade de Harbin, capital da província de Heilongjiang, cuja população chega a quase 10 milhões, no nordeste da China, ficasse esta segunda-feira paralisada. Várias escolas e o aeroporto foram fechados, e o trânsito foi afectado, conta a agência Reuters. Quem sai à rua é obrigado a usar máscara. Em alguns pontos, a visibilidade era de apenas de 10 metros e a nuvem de poluição deve manter-se nas próximas 24 horas. Em termos técnicos, o índice PM2.5, que mede partículas, chegou a apresentar resultados de mil em algumas partes da cidade – sendo que um índice maior que 300 é considerado perigoso e a Organização Mundial de Saúde recomenda um nível diário que não passe de 20.

Laos Recuperados 43 corpos das 49 vítimas de acidente aéreoAs equipas de resgate já conseguiram encontrar os corpos de 43 das 49 pessoas, de 11 nacionalidades, num acidente de avião no sul do Laos, na passada quarta-feira. Através de comunicado, a companhia Lao Airlines informou que foram encontrados, esta manhã, mais dois corpos no rio Mekong, a 25 quilómetros do local do acidente. No domingo, outros três cadáveres tinham sido recuperados e a nota da transportadora aérea sublinhava que as equipas de resgate continuam o trabalho de identificação das vítimas.

Cérebro de John Kennedy terá sido roubado pelo irmãoUm livro que sairá em breve nos Estados Unidos apresenta uma nova teoria para o desaparecimento do cérebro do antigo presidente John F. Kennedy. Segundo James Swanson, autor da obra «End of Days: The Assassination of John F. Kennedy», o cérebro, desaparecido desde 1966, terá sido roubado pelo irmão Robert para esconder o degradado estado de saúde do presidente norte-americano. «A minha conclusão é que Robert roubou o cérebro do irmão - não para esconder provas de conspiração, mas talvez para esconder provas da verdadeira extensão da doença do presidente Kennedy ou talvez para esconder provas da quantidade de medicamentos que este tomava», defende o autor. Até agora, as teorias defendiam que o desaparecimento do cérebro estaria relacionado com a tentativa de esconder factos relativos ao assassinato de JFK, a 22 de novembro de 1963, em Dallas, mais precisamente a origem do disparo fatal.

Paris pede explicações aos EUA por alegada espionagemO governo francês pediu esta segunda-feira explicações aos Estados Unidos depois da publicação, pelo jornal Le Monde, de que a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) gravou secretamente milhares de ligações feitas no país. O ministro da Administração Interna, Manuel Valls, classificou as revelações da alegada espionagem, feitas a partir de documentos do ex-analista Edward Snowden, como «chocante», em entrevista à rádio Europe 1. Laurent Fabius, ministro dos Negócios Estrangeiros, anunciou a convocação de forma «imediata» do embaixador dos Estados Unidos em Paris. «Convoquei de forma imediata o embaixador dos Estados Unidos, que será recebido ainda esta manhã no Quai d`Orsay», sede do Ministério francês, disse Fabius antes de uma reunião europeia no Luxemburgo. Segundo o Le Monde, a agência americana gravou 70,3 milhões de chamadas telefónicas durante um período de 30 dias - entre 10 de Dezembro de 2012 e 8 de Janeiro de 2013, com recurso ao programa «US-985D». Aparentemente, quando certos números de telefone são utilizados, é desencadeada automaticamente a gravação de determinadas conversas. Este método de vigilância grava também SMS com base em palavras-chave. Também o México tem razões de queixa: o Der Spiegel revelou que a NSA entrou na conta pessoal de email do antigo presidente Felipe Calderon.

Fukushima Chuvas fizeram transbordar água radioactivaAs fortes chuvas que atingiram o Japão levaram a que a água contaminada da central nuclear de Fukushima, transbordasse os limites em 12 pontos em torno do reservatório de líquido radioactivo, informou ontem um porta-voz da Tokyo Electric Power (Tepco) à agência EFE. Eram esperados 30-40 milímetros de chuva mas este valor chegou aos 127, o que provocou uma falha nos mecanismos previstos para diminuir a água da precipitação. «Tentamos bombear a água, mas não foi suficiente», explicou o porta-voz da empresa. «Neste momento estamos a analisar os danos mas ainda não temos conhecimento da quantidade de água que tenha escoado para oo oceano», lamentou um responsável da Tepco.

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JORNAL DE ANGOLA RESPONSABILIZA CÚPULA DO ESTADO PORTUGUÊS

“Agressão intolerável”

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O diário estatal Jornal de Angola escreveu ontem em editorial não ser

aconselhável realizar qualquer cimeira com Portugal “enquanto persistir a onda de deslealdade e agressão que vem de Lisboa”.

O texto retoma o tom forte-mente crítico a Portugal, inten-sificado depois do anúncio feito, há cerca de uma semana, pelo Presidente angolano José Edu-ardo dos Santos no parlamento sobre a suspensão da construção da parceria estratégica luso--angolana.

Sob o título “Adeus lusofo-nia”, o editorial do único jornal diário de Angola acusa directa-mente os órgãos de soberania portugueses de deslealdade. “A cúpula em Portugal, Presidência da República, Assembleia da República, Governo, Tribunais, tem pesadas responsabilidades no actual clima de agressão a

Angola, que recrudesceu nas últimas semanas e atingiu níveis inaceitáveis”, destaca-se no editorial.

Daí que o Jornal de Angola conclua que, “enquanto persistir a onda de deslealdade e agres-são que vem de Lisboa, não são aconselháveis cimeiras”. “E é um rotundo erro desvalorizar a posi-ção tomada pelo nosso Chefe de Estado. Com isso, estão a enganar as pessoas. Dizem cinicamente que já está tudo bem, enquanto ao mesmo tempo o Ministério Público faz mais manchetes nos jornais e são violados os enten-dimentos feitos com Angola”, acrescenta.

A concluir, o editorial acentua que “Portugal já não está nas grandes obras públicas (...) Não está no petróleo. Não está na transferência de tecnologias. Aí estão a China e o Brasil”.

Portugal “parece estar apenas

reduzido à chantagem e à falta de respeito”, numa situação que o Jornal de Angola considera como fortemente prejudicial da Comunidade dos Países de Lín-gua Portuguesa (CPLP).

O editorialista - o texto não é assinado – manifesta logo no início o desagrado angolano pelo termo “lusofonia” que, “não havendo melhor, foi aceite como plataforma de suporte à comunidade”. “Faz lembrar a ‘francofonia’, um instrumento fundamental para perpetuar os interesses de França nas suas antigas colónias”.

A CPLP é, no entanto, consi-derada pelo jornal muito impor-tante porque “permitiu congregar afectos, boas vontades e políticas capazes de cimentar os laços entre todos os que falam a língua de Agostinho Neto, José Cravei-rinha, Eugénio Tavares, Alda do Espírito Santo ou Camões”.