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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA A SINGULARIDADE ARDENTE DA PESSOA HUMANA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 29 DE SETEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3184 hojemacau A VEZ DO LEAO MGM TRABALHADORES SAEM À RUA Os trabalhadores da operadora do leão vieram para a rua pedir melhores salários e outras condições de trabalho que os equipare às outras empresas do Jogo. Pelo meio, fica ainda o pedido de demissão de dois cargos superiores da administração. A ex-colónia britânica viveu um fim-de-semana intenso com manifestações que paralisaram o centro da cidade. A polícia usou gás lacrimogénio para dispersar os manifestantes. HONG KONG OS DIAS DA LUTA HÓQUEI EM PATINS Macau campeao asiatico PÁGINA 5 PUB DESPORTO ÚLTIMA CHINA PÁGINA 12 ˜ ´ ˜ h NUNO FERREIRA SANTOS h

Hoje Macau 29 SET 2014 #3184

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Hoje Macau N.º3184 de 29 de Setembro de 2014

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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JOSÉ TOLENTINO MENDONÇAA SINGULARIDADE ARDENTEDA PESSOA HUMANA

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 2 9 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 8 4

hojemacau

A VEZDO LEAO

MGM TRABALHADORES SAEM À RUA

Os trabalhadores da operadora do leãovieram para a rua pedir melhores salários

e outras condições de trabalho que os equipareàs outras empresas do Jogo. Pelo meio,fica ainda o pedido de demissão de dois

cargos superiores da administração.

A ex-colónia britânica viveu um fim-de-semana intenso com manifestações que paralisaramo centro da cidade. A polícia usou gás lacrimogénio para dispersar os manifestantes.

HONG KONGOS DIAS DA LUTA

HÓQUEI EM PATINS

Macaucampeaoasiatico

PÁGINA 5

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DESPORTO ÚLTIMA CHINA PÁGINA 12

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hoje macau segunda-feira 29.9.20142 POLÍTICA

CECÍLIA L [email protected]

A S Obras Públicas e Transportes conside-ram que é preciso cau-

tela quando se pede um maior controlo do arrendamento e dizem que o mercado imobiliá-rio já se está a desenvolver de forma mais sustentável.

Numa resposta ao deputado Ho Ion Sang, que lançou uma interpelação escrita em Agosto onde pedia que o Governo regulasse o mercado de arren-damento e apresentasse uma calendarização para medidas a curto, médio e longo prazos para o arrefecimento dos preços, Wong Chan Tong apela a cautela.

Na resposta do Governo ao deputado, este mês, o chefe do Gabinete do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Wong Chan Tong, diz conside-

CECÍLIA L [email protected]

O Regulamento do Im-posto Complementar de Rendimentos está obsoleto e cria difi-

culdades em Macau. Quem o diz é a presidente da Associação dos Contabilistas de Macau, Ho Mei Wa, que, numa entrevista ao jornal Ou Mun, explica que o facto de a lei ter mais de 20 anos dificulta a atracção de investimento através de capital estrangeiro.

A contabilista e auditora de

IMOBILIÁRIO CAUTELAS NO CONTROLO DO ARRENDAMENTO

A defesa do mercado livre

FINANÇAS LEIS ATRASADAS DIFICULTAM INVESTIMENTO, DIZ HO MEI WA

Outros tempos, outras contas

“O ambiente actual de negócios é muito mais complicado do que antes e a lei tem que ser razoável, não se pode fazer apenas o que está escrito [actualmente]. Ainda há muito conteúdo que não é claro e isso [assusta]e dificulta o investimento estrangeiro em Macau”HO MEI WA Presidente da Associação dos Contabilistas de Macau

Em 1978 as contas faziam-se de forma diferente e, por isso, há que rever os regimes fiscais. A intenção, diz a presidente da Associação dos Contabilistas de Macau, é tornar as coisas mais transparentes. Ho Mei Wa pede ainda a separação de contabilistase auditores credenciados e não credenciados

contas explica que, como a lei ainda em vigor foi criada em 1978, à época as contas eram diferentes: se o lucro líquido de uma empresa era de 500 mil patacas ou mais de um milhão de acções da em-presa, as contas finais tinham de

particular a exigência de que as em-presas apresentem as suas contas”.

CONTABILISTAS COM LICENÇAHo Mei Wa diz ainda que o Governo não analisa claramente o sistema actual, sendo que os assuntos rela-cionados com finanças se regem por disposições de há 36 anos. E essa lei, recorda, foi feita de acordo com um ambiente económico muito diferente do que hoje se vive numa região com tamanho ‘boom’ da economia.

“O ambiente actual de negócios é muito mais complicado do que antes e a lei tem que ser razoável, não se pode fazer apenas o que está escrito [actualmente]. Ainda há muito con-teúdo que não é claro e isso [assusta] e dificulta o investimento estrangeiro em Macau”, frisou a presidente.

Além disso, diz ainda Ho Mei Wa, a associação também insta o Governo a implementar e promo-ver uma revisão às regras pelas quais têm de se reger os contabi-listas e auditores, de forma a que estas sejam correspondentes com as regras internacionais.

A Associação pede que o Execu-tivo identifique os contabilistas no activo e os não praticantes, para que haja uma base de dados actualizada não só dos profissionais existentes, como dos talentos que vão ser neces-sários nesta área no futuro.

Como não há muita mão-de-obra na área da economia, diz ainda a pre-sidente, o Governo deveria também dar mais atenção à formação a longo prazo destes profissionais.

“O Governo deve planear mais um tempo de formação curto, mé-dio e longo e deveria dar atenção à formação dos administradores das empresas [de auditoria e con-tabilidade], deixando, assim, as operações destas empresas corres-ponderem a regras internacionais. Assim, sim, [Macau] seria uma verdadeira plataforma comercial.”

rar que o Regime Jurídico de Promessa de Transmissão de Edifícios em Construção e a Lei da Actividade de Mediação Imobiliária, que entraram em vigor nos últimos anos, “estão a promover o longo desenvol-vimento do mercado”.

O responsável explicou ain-da que, apesar de o assunto ser discutido pela sociedade, para

o controlo do arrendamento é preciso fazerem-se estudos cautelosos, até porque já exis-tem, actualmente, mecanismos para esse controlo, diz Wong Chan Tong. E dá um exemplo: na lei actual já está previsto que arrendatário e senhorio possam assinar contrato de dois anos.

CUIDADOS COM IMPACTOSO chefe do Gabinete diz que o que falta é a melhoria desses mecanismos, mas não aponta sugestões de como o fazer.

Wong Chan Tong volta a frisar o que tem vindo a ser defendido pelo Executivo para a não implementação de mais medidas contra os preços exor-

bitantes das rendas: Macau é uma economia livre e o controlo do arrendamento iria trazer impactos à sociedade e à forma como são feitas as transacções residenciais e comerciais.

Por isso, o responsável diz a Ho Ion Sang que o Governo deve ser cauteloso ao analisar a situação actual e ter em conta os elementos sociais.

Para Ho Ion Sang, contudo, o Governo fez “zero” no que ao controlo de preços do arrenda-mento diz respeito, o que, diz, tem contribuído para a subida contínua das rendas dos imó-veis, transmitindo a mensagem aos investidores de que o sector imóvel em Macau é lucrativo.

IACM Mudanças exigem transferência de 280 funcionários O presidente do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Alex Vong, disse que as mudanças planeadas para acontecer no instituto vão obrigar à transferência de 280 funcionários públicos de uns departamentos para outros. Recorde-se que o IACM vai ser alvo de uma reestruturação, que começa já este ano, com serviços culturais e recreativos a ser transferidos para o Instituto Cultural e outros serviços também sob alçada do IACM para o Instituto do Desporto, Centro Cultural e Museu de Arte. Os trabalhos ficarão concluídos no próximo ano, altura em que começa a transformação da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

ser analisadas por contabilistas e auditores, havendo normas rígidas sobre o sistema financeiro, diz Ho Mei Wa. Contudo, a lei já está em efectividade há 36 anos e, até hoje, nunca foi revista, queixa-se a responsável.

Ho Mei Wa aponta que em 1978, com 500 mil patacas, podia--se comprar várias lojas, mas agora nem metade do estacionamento se consegue comprar com este valor. Por isso, diz, “o sistema fiscal de Macau já está muito atrasado, em

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HOJE MACAU

3 políticahoje macau segunda-feira 29.9.2014

FLORA [email protected]

P ARA Kwan Tsui Hang, ainda não é suficiente o poder

de supervisão da Assem-bleia Legislativa (AL) face ao Governo. Numa entrevista ao jornal Ou Mun, a deputada diz que existe ainda muita dis-tância entre o que os cida-dãos exigem e os pedidos feitos pelos deputados e critica o que diz ser “um novo impedimento” na forma de supervisão dos deputados.

A deputada relembra a recente regra de os deputados não poderem fazer mais do que uma in-

terpelação sobre o mesmo tema no hemiciclo, para criticar o que diz ser um bloqueio aos trabalhos dos deputados.

“Os deputados são representantes políticos, quando uma interpela-ção é mal respondida pelo Governo, ou res-pondida sem seriedade, os problemas não são resolvidos e os deputa-dos devem continuar a acompanhar”, começa por dizer Kwan. “Mas os assessores jurídicos dis-seram que os deputados se agarram demasiado tempo num assunto e até argumentam com os deputados. Isso é um impedimento ao direito e

dever de supervisão dos deputados.”

SÉRIAS LIMITAÇÕESKwan Tsui Hang recorda que, actualmente, quan-do os deputados fazem interpelações orais, os titulares de cargos do Go-verno respondem, dando dois minutos para que os deputados acompanhem as interpelações, contu-do, quer depois disso os titulares respondam ou não, as respostas acabam.

“Um tempo limitado não ajuda a resolver os problemas verdadeira-mente. Seja um ou dez deputados a colocarem perguntas, é sempre dez minutos de resposta e

ainda por cima os cargos até respondem sem se-riedade”, afirmou, acres-centando que os debates das sessões passadas da AL eram mais activas.

Além da função de supervisão, a deputada preocupa-se também com a função legislativa. “Além da revisão da Lei das Relação de Traba-lho, em 2009, outras leis laborais ainda não foram apresentadas à AL. Sinto que o conceito do Governo é: a econo-mia melhorou, a taxa de desemprego é baixa e, então, os problemas laborais já não existem, ou até podem ser igno-rados.

Em mais uma mesa-redonda promovida pela Associação Energia Cívica, o arquitecto e a docente da Universidade de Macau pedem novos regulamentos que ajudem a determinar a área bruta de construção dos edifícios quando a “Lei da Sombra” desaparecer

ANDREIA SOFIA [email protected]

O debate sobre a retirada da “Lei da Sombra” tem sido aceso des-de que Chui Sai On

anunciou a medida durante a campanha eleitoral. Ontem foi a vez da Associação Energia Cívica, composta pelo arquitecto Rui Leão e Agnes Lam, docente da Univer-sidade de Macau (UM), organizar uma mesa-redonda sobre o tema.

Em declarações ao HM, os ex-candidatos às eleições legisla-tivas defenderam a criação de uma alternativa jurídica, caso a “Lei da Sombra” seja retirada.

“Sem uma alternativa cre-

CHANG Hexi, secretário-ge-ral do Fórum Macau, aponta

o final do mês de Setembro como data de divulgação dos Centros de Cooperação que serão criados em Macau, decisão que passa pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM).

“Cabe ao IPIM tratar desta questão. Estamos a acompanhar este processo. No dia 29 deste mês, vamos realizar uma reunião extraordinária. Convidámos os embaixadores e os seus represen-tantes para trocarmos impressões sobre esta questão. Nessa reunião, o IPIM vai apresentar a evolução da situação de criação daqueles três centros”, cita a Rádio Macau.

Recorde-se que, em No-vembro passado, Wang Yang, vice primeiro-ministro chinês, confirmou a ideia de ser criado

um centro de serviços de comér-cio para as Pequenas e Médias Empresas (PME) e um centro de distribuição de produtos ali-mentares. Foi ainda equacionada a hipótese de criar um centro de exposições e convenções dos PALOP, sem esquecer outro me-canismo focado no bilinguismo.

“A RAEM desempenha um papel muito singular e não é com-parável a outras regiões, e atrás de Macau temos um vasto mer-cado doméstico na China. Con-cordamos por unanimidade que Macau é insubstituível e estamos a pensar criar um centro de apoio às PME e um centro de apoio a convenções e exposições”, afir-mou na altura, adiantando que existia um consenso dos países e todas as entidades estavam a trabalhar para a concretização desses consensos.

“LEI DA SOMBRA” RUI LEÃO E AGNES LAM PEDEM ALTERNATIVA

Saber com que linhas se cose

“Não devíamos simplesmente abandonar a lei. Deveria existir uma nova lei como alternativa”AGNES LAM Docente da UM

AL KWAN TSUI HANG TECE DURAS CRÍTICAS AO GOVERNO

Ignorados, mas presentes

dível é muito arriscado retirar a Lei da Sombra”, disse Rui Leão, também membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU). “Em substituição deverá haver um enquadramento na lei que regule a densidade de construção no lote”, apontou ainda.

O arquitecto não tem dúvidas de que o vazio legal poderá trazer problemas ao Governo, no que diz respeito à sua relação com os empresários da construção civil.

“Se não houver a Lei da Sombra tem de haver uma definição clara de como se pode calcular o valor da área bruta de construção lote a lote, mas isso não pode ser definido lote a lote. Têm de haver regras gerais. Se não existirem, começa a haver uma certa ruptura e o Governo começa a ser muito pressionado, e isso será um retrocesso em termos administrativos. O Governo não se

equilibrar o desenvolvimento do mercado e garantir a qualidade de vida da população temos de ter novas regulações”, apontou a docente.

“O Governo, até agora, não deu grandes indicações em relação à questão da Lei da Sombra. Mesmo que o arquitecto Rui Leão tenha dito que está desactualizada, temos de ter uma nova lei que abranja esses casos e que regule aquilo que pode ser construído. Não de-víamos simplesmente abandonar a lei. Deveria existir uma nova lei como alternativa”, disse ainda Agnes Lam ao HM.

Rui Leão não deixou ainda de esclarecer que o problema da Lei da Sombra, além de desactualizada, é o facto de não dar flexibilidade na construção, o que trouxe pro-blemas à paisagem urbanística do território. “A arquitectura em altura que se faz em Macau é muito má, e principalmente devido à Lei das Sombras”, concluiu.

Para além do anúncio feito pelo candidato recentemente eleito para o cargo de Chefe do Executivo, também Lau Si Io, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, bem como Jaime Carion, da Direc-ção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) levantaram a hipótese de ser feita uma consulta pública sobre o assunto.

Em declarações ao HM, a 12 de Setembro, Rui Leão defendeu ape-

nas uma auscultação no sector. “A consulta pública é bem-vinda (para profissionais), porque nós, técni-cos, e a nossa associação, temos de ponderar sobre isso, bem como outros grupos de interesse, como o da construção civil”, defendeu.

Fórum Macau Centros de Cooperação anunciados no fim do mês

“Se não houver a Lei da Sombra tem de haver uma definição clara de como se pode calcularo valor da área bruta de construção lote a lote”RUI LEÃO Arquitecto

pode pôr numa situação de fragili-dade a ter que definir as coisas lote a lote”, apontou Rui Leão.

FUGIR DO VAZIOTambém Agnes Lam teme essa pressão no futuro. “O Governo terá alguma pressão por parte dos construtores, e se queremos

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4 política hoje macau segunda-feira 29.9.2014

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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇASEDITAL

COBRANÇA DO IMPOSTO PROFISSIONAL RESPEITANTE AO EXERCÍCIO DE 2013

Faz-sesaberque,deharmoniacomodispostonoartigo46.º,n.º2,doRegulamentodoImpostoProfissional,estaráaberto, durante o mês de Outubro próximo, o cofre da Recebedoria da Repartição de Finanças de Macau destes Serviços parapagamentodoimpostoprofissionaldoscontribuintesdo1.ºgrupo(assalariadoseempregadosporcontadeoutrem)edo2.ºgrupo(profissõesliberaisetécnicas),respeitanteaoexercíciode2013,calculadonostermosdoartigo37.ºdomesmoRegulamento.

Findooprazodacobrançaàbocadocofre,terãooscontribuintesmaissessenta(60)diasparasatisfazeremassuascolectas,acrescidasde3%dedívidasedejurosdemoralegais,conformeodispostonoartigo48.ºdoreferidoRegulamento.

Decorridossessentadiasacimareferidos,semquesemostreefectuadoopagamentodoimpostoliquidado,dosjurosdemoraede3%dedívidas,proceder-se-áaoseurelaxe,semprejuízodaaplicaçãodemulta,quepodeatingirmetadedaimportânciadacolectaemdívida.

Aos10deSetembrode2014.

A Directora dos Serviços,Vitória da Conceição

ANÚNCIO DE ESCLARECIMENTO

ACADEMIADETALENTODEMACAU,LIMITADA,desejapublicaropresenteanúncioparaesclarecerquecertasacusaçõeslan-çadas contra ANA MARIA MANHÃO SOU e LUÍS MIGUEL MA-NHÃOSOU,desdeoanode2013atéàpresentedata,pelanossaso-ciedade, pelo Centro de Educação de Talentos de Macau, que explora-mos, pelos nossos sócios e/ou pelos nossos administradores, quer em jornaisquernoutrosmeiosdecomunicaçãoelectrónicos,sedeveramaum mal-entendido entre a nossa sociedade e as pessoas envolvidas. A sociedadepretendeesclarecerquetaisimputaçõesnãosãoverdadeiras.

ACADEMIA DE TALENTO DE MACAU, LIMITADA

O académico Bill Chou considera que a desci-da das receitas de jogo em Macau não é um

fenómeno temporário e constitui um dos maiores desafios para o recém-eleito Chefe do Executivo.

“Acho que vão continuar a des-cer, não há qualquer indicação que as autoridades da China continental vão abrandar na sua campanha anti-corrupção”, explicou Bill Chou, professor de Ciência Polí-tica, que na sexta-feira participou no debate “O desenvolvimento de Macau após a reeleição do Chefe do Executivo Fernando Chui [Sai On]” no Instituto de Educação de Hong Kong.

Para Bill Chou, foi nesse sen-tido que surgiram as palavras do Presidente chinês, que recebeu

FLORA FONG [email protected]

O director substituto do Instituto de Habitação (IH), Ieong Kam Wa, prevê que a Lei de Actividade Co-

mercial de Administração de Condomínios e a consequente revisão do Código Civil – que vai alterar algumas das disposições prediais – estejam concluídas “em 2017 ou 2018”.

Segundo o Jornal do Cidadão, o IH, juntamente com um grupo especializado da Universidade de Macau e tendo como base experiências e problemas derivados da actual gestão de prédios, já elaboraram um documento preliminar sobre os regula-mentos da gestão predial, combinando estes com a revisão do Código Penal.

DESAFIOS E MAIS DESAFIOSEntre os desafios de Chui Sai On para os próximos cinco anos está também uma revisão do sistema eleitoral da Assembleia Legislativa. “Há pressão do campo pró-Pequim, que está mais dividido, para se aumentarem os assentos por via directa, ou até indirecta”, explica.Chui Sai On enfrentará também um maior descontentamento social, defende Chou. Depois de um primeiro mandato em que assistiu à maior manifestação desde 1989, esperam-se mais: “Contra os preços da habitação, os transportes, os salários. O Governo terá de enfrentar estas questões”.Bill Chou, que é também vice-presidente da Associação Novo Macau, acredita que o Governo está “menos tolerante e menos disposto a lidar com o descontentamento social”.O especialista em Ciência Política foi, até Agosto, professor na Universidade de Macau, altura em que o seu contrato não foi renovado. O académico disse acreditar que foi afastado devido ao seu envolvimento com o movimento pró-democracia. A universidade nega esta justificação, dizendo que o professor violou normas internas da instituição.

JOGO DESCIDA DAS RECEITAS SERÁ O MAIOR PROBLEMA DE CHUI SAI ON, DIZ ACADÉMICO

Como peças de dominóNuma palestra sobre Chui Sai On e o seu novo mandato, Bill Chou defende que o Chefe do Executivo terá muitos desafios pela frente: estes começam com a contínua descida das receitas, mas continuam pelas remodelações na Assembleia Legislativa e por mais manifestações

Chui Sai On a 22 de Setembro e o congratulou pela reeleição. “O ambiente interno e externo de Macau tem testemunhado grandes mudanças e isso vai exigir um melhor trabalho por parte da nova administração”, disse Xi Jinping.

QUEM TE AVISA TEU AMIGO ÉNa interpretação do académico, o “Presidente Xi já avisou Chui Sai On para que se prepare porque as receitas dos casinos vão continuar a descer”.

Outro grande desafio prende-se com o próximo Chefe do Governo. “Vai ter de identificar o seu suces-sor. Claro que não vai tomar uma decisão final, mas vai ter um papel [na escolha], Pequim vai pedir a opinião dele”, disse.

O académico explicou que,

ao contrário do que aconteceu no passado, os poderes locais “estão divididos” neste assunto. Seria ex-pectável, lembrou, que o próximo chefe do Governo pertencesse à família de Ma Man Kei (empre-

sário e um dos líderes da comuni-dade chinesa local recentemente falecido), já que é a única das três grandes famílias poderosas em Macau - Ho, Chui e Ma - que ainda não teve um Chefe do Executivo. Antes de Chui Sai On, o cargo foi ocupado por Edmund Ho.

No entanto, o empresário e membro do Conselho Executivo Lionel Leong também tem surgi-do como um candidato potencial. “Não é da família Ma, por isso os poderes locais estão divididos”, defendeu.

O académico disse ainda acre-ditar que a ascensão de Lionel Leong é também explicada pelo facto de a família Ma estar hoje pouco representada na política. “Os Ma estão em desvantagem”, comentou. - Lusa/HM

CONDOMÍNIOS ALTERAÇÕES ÀS REGRAS SÓ EM 2017 OU 2018

Porteiros ficam de fora Com esta nova lei, o Governo quer

promover o desenvolvimento sustentável e adequado do mercado e aperfeiçoar, de forma faseada, os assuntos relativos à administra-ção de edifícios, sendo que, assim que a lei entrar em vigor, haverá uma licença obriga-tória para as empresas de administração de condomínios e para os directores técnicos.

Agora, o IH admite que a lei possa entrar em efectividade daqui a três ou quatro anos apenas.

“Prevejo que, em 2017 ou 2018, vai ser implementada a lei, incluindo o regime de

licenças para empresas de gestão e direc-tores-técnicos do sector, juntamente com a revisão do Código Civil, numa altura em que o sector predial de Macau vai entrar uma nova era”, referiu o director substituto do IH.

PORTEIROS SEM LICENÇAApesar de ainda estar a decorrer uma consulta pública sobre a legislação proposta – e apesar de serem muitas as propostas para que os por-teiros sejam também licenciados – o Governo descarta, desde já, essa hipótese.

Uma licença obrigatória para porteiros não vai estar incluída na Lei da Actividade Comercial de Administração de Condo-mínios.

Uma participante na mais recente sessão de consulta pública sobre o caso, disse mes-mo que já se nota a diferença entre alguns porteiros e que se estes continuarem sem licença os serviços podem não ser de boa qualidade.

“Para assegurar a qualidade e moralidade dos porteiros, considero que se deve regulamen-tar a licença para porteiros, bem como oferecer formação a curto prazo antes da entrada deles no trabalho para manter bons serviços”, frisou Chan Fong, uma participante, responsável da Associação de Beneficência e Assistência Mú-tua dos Moradores do Bairro da Ilha Verde.

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HOJE

MAC

AU

5SOCIEDADEhoje macau segunda-feira 29.9.2014

Depois da manifestação marcada na semana passada ter sido cancelada, os trabalhadores do MGM vieram mesmo para as ruas pedir melhores condiçõesde trabalho

FLORA [email protected]

A manifestação es- tava marcada para a semana passada, mas a burocracia

fez com que fosse cancelada. Ontem, contudo, os traba-lhadores da MGM saíram à rua contra a operadora, reivindicando melhores sa-lários e melhores condições de trabalho.

Vestidos com uma t-shirt laranja onde se podia ler “Grupo do Leão cor-de-la-ranja”, os trabalhadores da operadora saíram à rua pela segunda vez para, segundo o responsável da manifes-

MGM TRABALHADORES SAEM À RUA VESTIDOS A RIGOR

Amor à camisola?

FUMO, O ETERNO PROBLEMANo protesto ouviu-se ainda que a operadora prepara a existência de criação de zonas para fumadores nas salas de massas. “Embora a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos tenha confirmado que não há aumento das zonas de fumadores nos casinos, suspeitamos que a MGM já está defini-las, através de vidro”, acusa Ng Kim Ip.

tação, Ng Kim Ip, integrar as gorjetas no salário, entre outras coisas.

“Para aumentar o sa-lário, a empresa MGM limita-se a satisfazer cinco condições: não se pode pe-dir mais do que as licenças de doenças regulamentos pela DSAL, não se pode receber nenhuma carta de aviso, não se pode faltar uma vez sem razão, não se pode ser promovido dentro de um ano e não se pode atingir o máximo salário que a empresa regulamen-ta”, referiu Ng Kim Ip, sa-lientando ainda que, mesmo que haja aumento de salário, é sempre inferior às outras empresas de jogo.

MGM SEM PROBLEMAS?Ng Kim Ip criticou ainda o facto de, depois de uma reunião com a Direcção dos Serviços para os As-suntos Laborais (DSAL), a MGM não considerar que o organismo se referisse à MGM quando falava em problemas, incluindo du-rante o tufão quando, ale-gadamente, alguns traba-lhadores não conseguiram vir trabalhar e a empresa

terá cortado férias anuais aos funcionários.

“Mesmo que já tivésse-mos dito à DSAL, a MGM continuou a cortar férias. Achamos irrazoável, até suspeitamos que a autori-dade não acompanhasse os pedidos e suspeitamos ainda

de conluio entre oficiais do Governo e os empresários”, explicou Ng Kim Ip ao HM.

RACIONALIDADENg Kim Ip disse esperar que a operadora do leão responda aos pedidos até ao dia 1 de Outubro, sendo que, caso

contrário, os manifestantes poderão organizar mais ac-tividades. A greve, diz Ng Kim Ip, não está excluída.

O responsável frisou que o protesto era, na sua opinião, razoável e racional.

Os manifestantes reuni-ram-se junto ao One Central, caminhando em redor do Hotel MGM durante cerca de 45 minutos, ao mesmo tempo que gritavam as suas solicitações. As reivindica-ções incluíam o pedido de despedimento de dois cargos superiores da administração, de nome Jack Ho e Lo Wa.

O grupo ocupou uma das vias da Avenida Dr. Sun Yat-Sen e entregou uma carta de reclamação a uma responsável do MGM.

Um grupo chamado “Aliança de trabalhadores de MGM” foi criado na rede social Facebook para apoiar o protesto, sendo organizado pelos próprios funcionários do MGM.

De acordo com a orga-nização, que desta vez não terá sido a Forefront of The Macau Gaming, foram cerca de 500 os participantes na

manifestação, sendo a maio-ria croupiers. Ainda que a associação que tem estado à frente dos protestos não tenha sido a organizadora, uma pequena parte de membros da Forefront of The Macau Gaming, de trabalhadores da Sociedade de Jogo de Macau (SJM) e da Wynn Macau participaram também na manifestação.

De acordo com a polícia, contudo, eram apenas 240 as pessoas a manifestar-se.

Esta já foi a oitava ma-nifestação contra operadoras de jogo.

500participantes na

manifestação, segundo

a organização

240participantes na

manifestação, segundo

a polícia

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hoje macau segunda-feira 29.9.20146 sociedade

Em oito meses, o número de infecções por vírus da SIDA quase ultrapassou os números de 2012. O Governo desvaloriza, dizendo que a tendência é semelhante à das regiões vizinhas

FIL IPA ARAÚ[email protected]

N OS primeiros oi- to meses do ano foram detectados 31 novos casos

do vírus HIV no território, segundo informaram os Serviços de Saúde (SS) na passada sexta-feira. O nú-

O cancro do colo do útero e o cancro cervical são

os dois tipos de cancro que mais afectam as mulheres em Macau. Os dados foram revelados no âmbito de um seminário promovido pela Associação dos Trabalha-dores da Função Pública de Macau (ATFPM).

No comunicado posterior-mente divulgado às redacções, é explicado que “o cancro do colo do útero tem estado sempre nos primeiros 4º e 6º lugares dos tumores malignos mais comuns nas mulheres, correspondente a cerca de 3% a 7% dos casos de cancro ocorridos em mulheres”.

Para além disso, também o cancro cervical é também um dos cancros mais comuns que ocorrem nas mulheres, sendo

que, em 2011, registou-se um aumento de 31 novos casos de cancro cervical, com um caso de morte em cada nove casos, pode ainda ler-se. “Conforme os dados estatísticos realiza-dos nos últimos anos, a inci-dência do cancro do colo do útero tem tendência a atingir as pessoas mais jovens, sen-do possível que este cancro ocorra em mulheres entre 20 e 70 anos”, aponta o mesmo comunicado.

O seminário aconteceu nas instalações da ATFPM no passado sábado, tendo contado com a presença da médica Wong Nga Wan, que explicou que o cancro no colo do útero é provocado por uma infecção do vírus do papiloma humano, através de relações sexuais.

SIDA MAIS DE TRINTA NOVOS DE CASOS ATÉ AGOSTO

Números a subir

DENGUE SS ALERTAM PARA CUIDADOS NA SEMANA DOURADA

Eles andam por aí à soltaD EVIDO às recentes mortes por

febre da dengue, o Governo está a alertar os residentes a

tomarem precauções na altura da Se-mana Dourada, altura em que muitos visitantes entram, mas também saem do território para o interior da China.

“Com a aproximação do feriado da Implantação da República Popu-lar da China, prevê-se que muitos residentes viajarão para o interior da China ou para o exterior, pelo que os Serviços de Saúde (SS) apelam aos residentes para redobrarem as medidas preventivas”, escrevem o organismo em comunicado.

“Dados disponibilizados indicam que a situação epidémica na região vizinha é grave, o que causa grande risco para Macau. Dado que Macau, geograficamente, possuiu uma estrei-ta comunicação com as regiões com epidemia de dengue não se pode ex-

6989casos registados em Cantão

até 25 de Setembro

xuais ou bissexuais. Apenas um dos casos foi transmissão por partilha de seringa.

MAIS DE UMA CENTENAOs serviços esclarecem que, actualmente, existem 130 in-fectados que estão a ser acom-panhados através dos serviços de consulta externa e com acompanhamento e admi-nistração de medicamentos, sendo que “o tratamento está a ter resultados satisfatórios”.

Lam Chong, chefe do Centro de Controlo e Pre-venção de Doenças, afirmou que “existe uma tendência de aumento dos casos prin-cipalmente com transmissão através das relações sexuais”. Lam desvaloriza o cresci-mento de casos defendendo que é um comportamento que se tem verificado “até nas regiões vizinhas”.

Recorde-se que em 2011, foram declaradas 21 infec-ções por VIH contra as 33 de 2012, número que, já na altu-ra, manifestava um aumento cada vez maior. Este ano, só nos primeiros oito meses meses foram ultrapassados os casos de 2013.

A principal via de trans-missão continua a ser a

sexual, seguindo-se da utili-zação de drogas injectáveis. Dados dos últimos anos, indicam que o sexo mascu-lino continua a ser o mais afectado: no ano passado 20 dos 33 casos eram homens.

mero atinge quase o total das infecções registadas durante o ano de 2012, onde foram contabilizados 33 casos, o número mais elevado da década.

“As informações relati-vas a 2012 não significam que se esteja a verificar uma mudança no que diz respeito à situação da SIDA em Macau”, apontou Dennis Cheang, presidente da Asso-ciação para os Cuidados da SIDA de Macau, sustentan-do que o aumento dos casos, em termos anuais, foi ligeiro.

A verdade, e segundo os números, é que de ano para ano os casos têm vindo a aumentar. Nos primeiros cinco meses de 2014 foram registados 18 novos casos, sendo 11 de residentes locais e sete de não residentes. Segundo a nota de imprensa, o presidente substituto da Comissão e Director dos Serviços de Saúde, Dr. Lei

Chin Ion, afirmava que o contacto sexual ainda é, em Macau, a via fundamental para a transmissão do VIH/SIDA, e por isso, “não é fácil eliminar totalmente o risco de infecção”.

Prova disso são os 13 no-vos casos apenas no período de Junho a Agosto, quase tantos como os dos primeiros cinco meses. Numa mensa-

gem escrita enviada à comu-nicação social pelos SS, do total de casos registados neste ano, 20 são residentes, sendo os restantes não residentes.

Relativamente à trans-missão, os dados informam que dentro do grupo dos residentes, nove das trans-missões ocorreram através de relações heterossexuais e dez em relações homosse-

Cancro Colo do útero é o mais comum nas mulheres

“Existe uma tendência de aumento dos casos principalmente com transmissão através das relações sexuais”LAM CHONG Chefedo Centro de Controloe Prevenção de Doenças

Cumulativamente, desde 1986 até ao final de Dezem-bro do ano passado, o núme-ro de casos de infecção por VIH detectados em Macau foi de 508, dos quais 45% envolviam “residentes tem-porários ligados à indústria de diversões”. Do total, 73 evoluíram para SIDA.

cluir a possibilidade de surgirem mais casos locais de infecção de dengue inclusive com carácter epidémico.”

ALTO RISCOEm Macau, até ao momento, foram registados um caso local e sete casos importados de infecção de dengue. O índice de positividade de ovitrap, que mede a incidência de mosquitos, em várias áreas de Macau atingiu a média de 64,3%, o que reflecte que a situação de proliferação de mos-quitos continua a ser grave.

O Governo alerta para o facto de se estar em época de alto risco de

transmissão da febre da dengue e pede aos residentes que vistam roupas com mangas compridas e de cor clara, se mantenham em sítios com ar condicio-nado e instalações anti-mosquito. Duas pessoas já morreram na província de Cantão e há registo de pelo menos 8273 casos, o triplo quando comparado com o período homólogo do ano passado. Até ao dia 25 de Setembro, foram registados em Cantão 6989 casos, dois deles mortais, 883 casos confirmados em Fohan e 63 em Zhuhai.

Em Taiwan, a situação também é considerada muito grave e já foram registados 2901 casos de infecção de dengue, dos quais já resultaram cinco mortes.

Além disso, no sudeste da Ásia, nomeadamente, Malásia, Singapu-ra e entre outros países, a situação epidemiológica de febre de dengue é também considerada grave.

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7 sociedadehoje macau segunda-feira 29.9.2014

CECÍLIA L [email protected]

O director da Federação das Agências de Re-cursos Humanos de Macau, Wong Tak Loi,

disse que há cerca de dois mil tra-balhadores do Myanmar em Macau e que mais poderão chegar atraídos pelos novos projectos que vão ser construídos no Cotai. A Associação quer melhorar o trabalho de importa-

A Direcção de Inspec-ção e Coordenação de Jogos (DICJ)

garantiu que irá prestar total colaboração aos Serviços de Saúde (SS) “na execução das medidas de prevenção e controlo do tabagismo”. Até à data, diz ainda a DICJ, não foram recebidos quaisquer pedidos para a apreciação de novas áreas de jogo ou alteração das anteriormente autorizadas nos casinos.

Recorde-se que as ope-radoras têm, até 6 de Outu-bro, de criar salas de fumo, porque a proibição de fumar vai ser total.

Num comunicado à

Jovem detidocom 1016 gramasde heroína Um homem da Tanzânia, com apenas 21 anos, foi detido à chegada do Aeroporto Internacional de Macau a 13 de Setembro de 2014 com heroína no corpo. O indivíduo vinha numa voo de Kuala Lumpur e, depois de uma inspecção por raio-x, a polícia encontrou no seu corpo 72 cartuchos de heroína que pesavam 1016 gramas. O homem confessou estar a transportar droga de uma rede internacional de tráfico de droga, em troca de uma recompensa no valor de cinco mil dólares norte americanos. O MP aplicou-lhe prisão preventiva pela acusação do crime de tráfico de droga, sendo que o homem aguarda agora julgamento no Estabelecimento Prisional de Macau. O caso foi devolvido à polícia para mais investigação.

Taxa de desemprego sem alteração A taxa de desemprego mantém o mesmo valor atingido no último período de análise, 1,7%, conforme informou a Direcção de Serviços de Estatísticas e Censos. Os dados mostram a variação da taxa durante o período de Junho e Agosto. Durante este período, a taxa de actividade atingiu os 73,9%, sendo que a população empregada representava 388,700 pessoas, ou seja mais 1700 pessoas do que no período anterior. No desemprego estão 6800 pessoas, em que 23,1% são desempregados à procura do primeiro emprego, um aumento de 5,1% devido à entrada de novos licenciados no mercado.

Óleo de Taiwan Latas destruídasde forma voluntáriaCerca de 3000 latas do óleo adulterado de Taiwan foram destruídas voluntariamente por comerciantes. De acordo com informações prestadas por Ung Sau Hong, administradora do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, apesar de terem sido suspendidas as vendas dos produtos, o sector comercial decidiu voluntariamente destruir latas de óleo. Ung Sau Hong acrescentou ainda que, caso haja mais produtos a surgir no mercado, as autoridades podem emitir uma acusação de acordo com a Lei de Segurança Alimentar.

COTAI PROTOCOLO PARA NOVOS TRABALHADORES DO SUDESTE ASIÁTICO

Força de braços de MyanmarOs novos projectos estão aí e com eles a necessidade de mais mão-de-obra. O acordo agora assinado satisfaz as duas partes envolvidas

50 mil postos de trabalho vão ser criados nos novos projectos do Cotai

ção dos trabalhadores e de formação e, por isso, já assinou um protocolo.

O presidente da Associação de Ajuda Mútua dos Chineses Ultra-marinos da Birmânia em Macau, Tsang Chi Lung, e da Associação para a Promoção da Indústria e Comércio entre o Myanmar e os Chineses Ultramarinos, José Wong, assinaram um protocolo de acordo, uma vez que Wong garante que o Ministério do Trabalho do Myanmar deseja exportar os seus

recursos humanos para o mercado de Macau.

De acordo com o jornal Ou Mun, Tsang Chi Lung disse que o motivo de criação da associação é precisamente esse: importar trabalhadores do Myan-mar para Macau de forma legal, a fim de aliviar a pressão da falta de recursos humanos no território. Tsang apontou que, desde a implementação da polí-tica dos trabalhadores não-residentes (TNR) em 1988, Macau nunca parou de importar trabalhadores. Sendo

que na ex-Birmânia há uma grande capacidade de mão-de-obra, e como as comunicações entre Myanmar e Macau são cada vez mais próximas, as cooperações ao nível laboral deverão também ficar maiores.

A Associação vai auxiliar os tra-balhadores nas candidaturas, a servir de intermediário e a supervisionar eventuais disputas de trabalho.

Segundo Wong Tak Loi, no futuro vão ser precisos mais de 50 mil postos de trabalho nos novos projectos do Cotai e como o salário em Macau é mais alto do que no sudeste da Ásia, prevê-se que mais trabalhadores do Myanmar cheguem a Macau. Geralmente, estes trabalhadores são destacados para os restaurantes, sector dos serviços, funções domésticas e construção civil.

Actualmente muitas pessoas de Myanmar com visto de turismo procuram emprego em Macau, pelo que a associação deseja promover melhorias nas leis, a fim de facilitar a emissão de visto de trabalho.

Para além disso, a associação assegura que quer dar mais atenção à formação dos funcionários. As agências de emprego têm os seus próprios centros de formação, onde oferecem cursos de línguas e for-mação de serviços de restauração.

TABACO DICJ GARANTE COLABORAÇÃO TOTAL COM SS

Todos contra o fumoimprensa a DICJ começa por explicar que, já antes da entrada em vigor do Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, a instalação de áreas de acesso condicionado a determinados jogos e jo-gadores já era objecto de apreciação e autorização do Governo, principal-mente no que respeitava às salas VIP e de apostas de montante elevado.

Contudo, para garantir a saúde dos trabalhadores dos casino, foi definido um conjunto de “requisi-tos mais rigorosos” para a qualificação dessas mesmas áreas.

A BEM DA SAÚDEA DICJ garante ainda que a direcção irá continuar a fiscalizar o cumprimento das normas por parte das subconcessionárias, “pres-

tando total colaboração aos Serviços de Saúde na execução das medidas de prevenção e controlo do tabagismo”.

Recorde-se que, a par-tir de 6 de Outubro, será proibido fumar nas salas comuns dos casinos e serão criadas salas de fumado-res. A medida, anunciada pelo Governo em Maio do presente ano, surgiu com o intuito de melhorar a saúde

pública. Desde que foi im-plementado o Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, a 1 de Janeiro, que todos os casinos de Ma-cau podem ter zonas para fumadores até um máximo de 50% da área destinada ao público, mas a qualidade do ar dessas zonas tem que satisfazer as respectivas disposições legais. Alguns casinos não passaram na vistoria da qualidade do ar e os empregados queixam-se que o fumo passa, muitas vezes, das salas VIP para as salas comuns. Para 2015, está prevista uma “revisão geral” da lei. - F.A.

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hoje macau segunda-feira 29.9.20148 sociedade

As duas empresas foram castigadas por falhas nos serviços prestados durante o ano passado

A Companhia de Teleco-municações de Macau (CTM) e a Hutchison foram multadas pelo

Governo devido aos apagões do ano passado. Num comunicado, a Direcção dos Serviços de Regula-ção de Telecomunicações (DSRT) indica que as multas vão desde as cem mil patacas às 128 mil pata-cas, sendo que a Hutchison tem de suportar a sanção mais elevada.

A Universidade Católi-ca Portuguesa (UCP) afirmou-se solidária

com a Universidade de São José (USJ) no caso do polémico despedimento do professor de Ciência Política Éric Sautedé. Em declarações em Macau, o vice-reitor da UCP, José To-lentino Mendonça, comentou o despedimento, esclarecendo

Metro Residentes irritados por ausência de GIT Mais de 70 residentes reuniram-se, em conjunto com o deputado Ng Kuok Cheong, junto ao Jardim da Areia Preta para expressar opiniões contra o traçado da zona norte do metro ligeiro. Contudo, a ausência de um responsável do Gabinete de Infra-estruturas e Transportes (GIT) irritou os residentes. Um outro grupo de residentes escreveu uma carta ao Chefe do Executivo, onde se mostram preocupados com o facto de a capacidade do trânsito poder estar a chegar ao limite em 2016. Os residentes dizem que o planeamento de uma nova política de transportes do Governo “é lento como se fosse um caracol” e solicitam a Chui Sai On que faça os altos cargos assumir as responsabilidades.

Engenharia Eléctrica UM e CEM com curso em pós-laboral A Universidade de Macau (UM) e a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) organizam em conjunto um Curso de Formação Profissional em Engenharia Eléctrica. O curso tem a duração de três anos e acontece em período pós-laboral e pretende proporcionar um conhecimento teórico alargado sobre engenharia eléctrica a empregados técnicos da CEM, mas também a qualquer cidadão que pretenda obter conhecimentos profissionais sobre esta área, para desenvolvimento da sua carreira no sector da energia eléctrica. No dia 23 de Setembro foi oficialmente realizada a cerimónia de abertura do Curso de Formação Profissional em Engenharia Eléctrica. Wong Pak Kin, vice-reitor dos Assuntos Académicos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Macau, salientou que tem havido uma procura importante na área da engenharia local nos últimos anos, mas que não há resposta adequada do lado da oferta.

TELECOMUNICAÇÕES CTM E HUTCHISON MULTADAS POR APAGÕES

Avarias e confusões

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA “SOLIDÁRIA” COM DESPEDIMENTO DE SAUTEDÉ

“De acordo com padrões e exigências”

100 mil patacasa 128 mil patacas, valor das multas aplicadas

quência. Contudo, a empresa não fez, no dia do incidente, qualquer trabalho relativo à actualização ou manutenção dos equipamentos de rede, sendo a avaria considerada imprevisível. “A Hutchison ope-rava os seus serviços com o nível da qualidade de serviços adequa-do, pelo que, não foi necessário instaurar qualquer procedimento administrativo”, remata a DSRT.

No ano passado, a CTM deixou os clientes sem serviço devido a um erro humano cometido durante a realização de uma obra de ma-nutenção. “Dado que a CTM não efectuou os respectivos trabalhos

tendo sido aplicada a esta opera-dora uma multa no valor de cem mil patacas”, escreve a DSRT em comunicado.

Já no caso da Hutchinson, o caso muda de figura. “A 14 de Outubro ocorreu um incidente no serviço de dados móveis da Hutchison, verificando-se, após investigação, que a Hutchison considerou, de forma insuficiente, o design do seu sistema de nomes de domínios (DNS - Domain Name System) do serviço de dados mó-veis, não conseguindo proceder, eficazmente, aos trabalhos de con-servação aquando da ocorrência do incidente, tendo sido afectada a qualidade do serviço de dados móveis. A esta operadora foi apli-cada uma multa no valor de 128 mil patacas.”

IMPREVISTOS SEM CASTIGOAinda assim, esta operadora livrou-se de mais uma sanção, por outro incidente que ocorreu em Novembro. De acordo com a DSRT, deveu-se a anomalias no funcionamento do hardware da placa de interface de rede do controlador de rede de radiofre-

que a USJ justificou a saída do docente com questões de “per-curso académico”.

Em Junho, a USJ despediu o professor Éric Sautedé devido aos seus comentários à imprensa sobre a política local. “Se há um docente com uma linha de investigação e intervenção pública [política], coloca-se uma situação delicada. Ou a

reitoria pressiona e viola a sua liberdade, ou cada um segue o seu caminho”, explicou na altura Peter Stilwell, reitor da USJ, uma instituição criada pela UCP e pela Diocese de Macau.

No entanto, na sexta-feira, Tolentino Mendonça afirmou que em questão estiveram “o percurso académico e os graus que são necessários para

ensinar a longo prazo numa universidade”.

CRITÉRIOS POR CUMPRIR“São estas as razões que ele [Peter Stilwell] apresentou à UCP”, disse.

“Estamos solidários com a reitoria da USJ. A universidade tem de pedir aos seus docentes uma qualidade académica no sentido de concluírem todo o seu percurso académico, o seu doutoramento e graduações”, comentou, referindo-se ao facto de, em sete anos de docência na USJ, Sautedé não ter completa-do o seu doutoramento.

O responsável sublinhou que “todas as razões que foram invocadas pelo professor Peter Stilwell parecem-nos a nós, da UCP, muito de acordo com aquele que é o nosso padrão de exigência e de valores”.

Tolentino Mendonça expli-cou ainda que a UCP soube do despedimento mas não deu qual-quer aval “porque a USJ é uma universidade independente”.

O vice-reitor da UCP esclare-ceu ainda que não respondeu às petições enviadas por alunos de Macau porque a instituição por-tuguesa “dirige-se à USJ através do seu reitor”. “Não temos outra maneira de actuar porque há um respeito muito grande entre as instituições”, rematou.

de acordo com o procedimento em vigor, foi provocada várias vezes a reactivação e bloqueio do ‘media gateway e firewall’, causando impacto nos serviços de voz, dados e mensagens curtas,

O organismo terá ainda apre-sentado sugestões de melhoria dos serviços e assegura que man-tém uma supervisão contínua das operadoras “para o aumento da estabilidade dos serviços de telecomunicações”, por forma a reduzir o impacto dos incidentes na sociedade bem como a possibi-lidade de ocorrência de incidentes semelhantes.

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 29.9.2014

LANÇADO PACOTE DE SERVIÇOS

Coloane Obraspara evitar inundações

COMEÇA no final do ano a substitui-ção dos antigos colectores de água

da Estrada de Hác Sá por outros maiores e também o desvio da água pluvial dos colectores actualmente existentes por sis-temas de drenagem com maior capacidade de escoamento.

O anúncio foi feito através de comunica-do pelo Governo, que indica que o objectivo é aumentar a capacidade de drenagem da água pluvial da povoação de Hac Sá e da povoação de Ká Hó. “A fim de evitar que a enxurrada de lodo provocada pela forte chuva ocorrida no ano passado venha no-vamente invadir as povoações, afectando assim os seus moradores, e tendo ainda em conta a falta da capacidade de resposta dos colectores de água pluvial actualmente existentes no local em caso de fortes agua-ceiros, urgiu-se então a necessidade de se proceder à reformulação dos colectores de água pluvial da Estrada de Hác”, indica o comunicado.

O acto público de abertura das propostas do concurso público teve lugar em finais de Agosto e as obras estão projectadas para que possam ser concluídas antes das férias esco-lares do próximo ano, cerca de sete meses. A obra compreenderá ainda a escavação da Estrada de Hác Sá num comprimento total de cerca de 380m e a repavimentação do acesso rodoviário em betão.

Sociedade Manuela Antónioem nova parceria com Portugal

O número de visitantes continua a aumentar. Para a directora da DST é preciso expandir as fontes de turistas e de destinos a visitar em Macau

TURISMO DST QUER DINAMIZAR OUTROS PONTOS TURÍSTICOS

Olhar de frente para novos desafios

A directora dos Serviços de Turismo (DST) de-fendeu que a cidade “não se pode queixar

de falta de turistas”, mas sustenta que o “centro” está lotado e há que dinamizar outros pontos da cidade e novos mercados.

“O turismo está a andar bem. Não nos podemos queixar que não temos turistas. Claro que neste mo-mento o que é necessário é pensar

“Temos de diversificar a nossa fonte de turistase para diversificar esta fonte temosde ir mais alémdos nossos territórios vizinhos. É um desafio, mas temos de o fazer”

como fazer um melhor trabalho para satisfazer os nossos turistas em termos de procura e em termos de qualidade de serviços para eles”, disse Helena de Senna Fernandes em declarações à agência Lusa.

A mesma responsável acres-centou que o turismo tem agora um novo desafio pela frente, que passa por atender aos sentimentos das pessoas locais.

“Daqui para a frente, o que é ne-cessário é ver qual a possibilidade de balancear um bocado a nossa procura de turistas e as pessoas locais”, disse ao salientar que o “tema não é fácil, mas tem de ser enfrentado”.

Helena de Senna Fernandes recordou os sinais diferentes da comunidade local, lembrou que na China “estão a pensar em alterar a maneira de tirar férias”, mas uma solução vai sempre “demorar algum tempo” para que as pessoas se adaptem a uma nova ordem.

Do lado de Macau, afirmou, os esforços concentram-se em novos mercados da Ásia, mas também da Rússia, Índia, entre outros.

“Temos de diversificar a nossa fonte de turistas e para diversificar esta fonte temos de ir mais além dos nossos territórios vizinhos. É

A empresa de advocacia por-tuguesa SRS Advogados

firmou uma parceria com a Sociedade Manuela António, de forma a estender os seus serviços ao território. A parceria inclui ainda Timor-Leste.

Segundo um comunicado enviado ao HM, a parceria faz--se através da SRS Global, que já tem presença em Angola e Moçambique, locais que, tal como Macau e a China, são “mercados onde [a empresa] tem operadora através de parceiros locais, conhecedores das espe-cificidades de cada país”. Pedro Rebelo de Sousa, sócio-gerente da SRS Advogados, referiu que as parcerias permitem “estar pre-sentes nos diferentes mercados com especial destaque para as principais praças financeiras” e para o mundo da lusofonia.

“Tendo esta noção de que ‘o mundo é plano’, procurámos criar a melhor rede de associações, estendendo no espaço geográ-fico eleito o que é o essencial dos nossos valores e do nosso serviço. A SRS Global pretende, assim reforçar a sua presença

nestes mercados numa estratégia desenhada para permitir o me-lhor acompanhamento dos seus clientes e respectivos negócios nestes países”.

A empresa “Doblyu”, de capitais de Macau e Portugal, lançou o “hi!MACAU”, um “welcome pack” destinado aos turistas que visitam a cidade, disse à agência Lusa Pedro Portugal, responsável do projecto. “O ‘welcome pack’ tem disponível um cartão de débito internacional, um cartão telefónico local para dados, um guia turístico e aplicações móveis para sistemas android ou iOS que permitem várias funcionalidades ligadas ao turismo”, explicou o mesmo responsável. O preço do pacote de serviços está fixado em 188 patacas, acrescido do valor que for creditado no cartão de débito, com um mínimo de cem patacas até um máximo de cinco mil patacas.

“A dinamização deste projecto tem como base uma rede estratégica de parceiros”, disse Pedro Portugal ao salientar também que o novo produto que “posicionar Macau como destino de turismo de referência”. Por agora o “hi!MACAU” vai estar disponível em cerca de 25 pontos de venda, mas Pedro Portugal pretende “pouco a pouco” alargar a sua implantação no mercado e responder a outras solicitações. “O guia turístico com 188 pontos de atracção está já disponível em português, inglês, chinês tradicional e chinês simplificado, mas em breve estará também em coreano e japonês”, concluiu.

um desafio, mas temos de o fazer”, considerou.

Com um recorde de mais de três milhões de visitantes em Agosto, Helena Senna Fernandes disse também que, ao olhar para as zonas centrais de Macau, o sentimento geral é que há turistas a mais.

“Mas há outras zonas que pou-cos turistas visitam. Por isso acho que temos de fazer é balancear um bocado a distribuição dos turistas e dar uma oportunidade a outras zonas da cidade para também mos-trar aos turistas”, disse à Lusa.

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hoje macau segunda-feira 29.9.2014 11EVENTOS

YES IS MORE • Vários Autores“Yes is More” é um manifesto radical de fácil acesso da filosofia de arquitectura de Jack Bjarke Ingeles Group, mais conhecido por BIG, sediado em Copenhaga. Ao contrário das tradicionais monografias de arquitectura, esta obra utiliza o formato dos livros “comics” para expressar a sua agenda radical para a arquitectura contemporânea. É, simultaneamente, uma primeira expressão documental das práticas do BIG´S, comtemplando métodos, processos, ferramentas e instrumentos, e onde os conceitos são constantemente postos em causa e redefinidos. Os projectos BIG´s ganharam prémios da academia real das artes, o premio especial do júri na bienal da arquitectura de Veneza, bem como muitos outros prémios Internacionais.

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ANDREIA SOFIA [email protected]

A mais recente obra do ex-docente do Institu-to Politécnico de Ma-cau (IPM), Cândido

do Carmo Azevedo, esteve um ano dentro de gavetas à espera para chegar às mãos dos leitores. O motivo? A realização do ciclo de conferências da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), que este ano decorreu em Macau.

Foi dessa forma que o livro “Macaonensis Homo Ludens – o homem que joga e o jogo que faz o homem” serviu de oferta do IPM aos académicos que estiveram presentes no encontro. Depois disso, o livro não estará disponível para venda, mas po-derá ser adquirido nas instalações do instituto.

Em declarações ao HM, Cândido do Carmo Azevedo,

Sereias no MGM em Outubro O espectáculo de sereias vai voltar ao MGM Macau. Pela quarta vez, o casino-resort apresenta um espectáculo aquático que conta com mulheres mergulhadoras, vestidas de sereias que mostram ao público uma dança coreografada num aquário colocado na Grande Praça. De 1 a 5 de Outubro, as “sereias” apresentam espectáculos diários de 30 minutos, sendo que estes estão marcados para as 13h30, 16h30, 18h30 e 20h30. “Elas vão juntar-se aos peixes do aquário e nadar, dançar, girar e fazer outros truques, como pinos e imitação de movimentos de golfinhos”, promete o MGM. A entrada é livre.

DESPORTO ARTIGOS DE CÂNDIDO AZEVEDO REUNIDOS EM LIVRO

Entre o prazer e o vício

“A introdução do desporto em Macau veio através dos ingleses que vinham fazer o seu comércio com Cantão, em finais do século XVIII e inícios do século XIX. As corridasde cavalo, o futebol, o cricket”

que tem formação em História e Educação Física, garante que nunca esperou que os artigos que escreveu ao longo de dé-

cadas pudessem ser compilados em livro.

“Trabalhei muitos anos no IPM e o IPM teve o gesto simpá-tico de editar este livro, fazendo uma antologia que eles entende-ram serem os melhores artigos publicados sobre o desporto em Macau”, disse o antigo docente, que chegou a Macau em finais da década de 80.

No prefácio do livro, escrito por Lei Heong Iok, presidente do IPM, é referido que “ao editar esta selecção de textos, o IPM procura não só proporcionar aos seus estudantes e profes-sores da sua Escola Superior de Educação Física e Desporto em particular, mas também aos estudiosos e público em geral, o prazer de uma leitura de índole pedagógica e cultural da activi-dade física macaense”, que tem “significativo contributo para o

estudo e compreensão da própria sociedade em que vivemos”.

“A minha vinda para Ma-cau foi para trabalhar na área do desporto e como professor também acompanhei [a área]. Daí que este livro tenha textos opinativos, críticos ou favorá-veis ao movimento associativo, tem textos de investigação, de como foi a evolução do desporto moderno em Macau, como era no século XIX. Tem a ver com a actividade recreativa e desporti-va do Homem”, frisou Cândido do Carmo Azevedo.

MAIS DO QUE UM JOGOMas nem só de desporto se faz este livro. Também o jogo por vício, dos dados e fichas de jogo nas mesas de casino, é analisado nesta obra. “É o homem que joga por prazer, porque gosta, e depois há o jogo viciado, nos casinos”, explica Cândido do Carmo Azevedo.

A obra “Macaonensis Homo Ludens – O homem que joga e o jogo que faz o homem” reúne artigos escritos pelo antigo docente do Instituto Politécnico de Macau nos últimos 25 anos. O livro vai estar fora do circuito comercial, mas poderá ser pedido junto da instituição académica

FASE PRIMÁRIA Apesar de, neste livro, Cândido do Carmo Azevedo se focar na história do desporto, o ex-docente não deixa de analisar o estado actual das modalidades desportivas no território. “Macau ainda está a dar os primeiros passos. Macau tem condições e infra-estruturas, tem meios financeiros e penso que tem uma certa avidez para evoluir. Mas penso que a juventude de Macau não se entrega de corpo e alma, porque é uma cidade com muitas oportunidades. Toda a gente tem solicitações de várias naturezas. A entrega da juventude fica um pouco a desejar”, disse ao HM.

FALTA DE ESTUDOS Tendo feito a sua tese de doutoramento na área do Desporto, Cândido do Carmo Azevedo não tem dúvidas de que são necessários mais trabalhos académicos sobre este tipo de actividade. “Penso que sim [que existe essa necessidade]. Só conheço uma pessoa que escreveu sobre o desporto de Macau há muitos anos, muito ligada ao desporto, nos anos 40 ou 50. Depois apareci eu a escrever. Depois também houve uma professora que fez um mestrado, que fez um trabalho pequeno sobre o desporto”, lembrou.

O ex-docente explicou ainda ao HM que, curiosamente, não foram os portugueses que intro-duziram o desporto em Macau. “A introdução do desporto em Macau veio através dos ingleses que vinham fazer o seu comércio com Cantão, em finais do século XVIII e inícios do século XIX. As corridas de cavalo, o futebol, o cricket. Macau começou a aderir mais tarde e o primeiro jogo entre portugueses contra uma equipa chinesa só aconteceu em 1930. A equipa chinesa ganhou 2-0. Estes aspectos históricos estão focados neste livro”, concluiu.

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LUSA

12 CHINA hoje macau segunda-feira 29.9.2014

M ILHARES de manifes-tantes pró-democracia paralisaram ontem o centro de Hong Kong,

numa acção de desobediência civil contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio universal, que ocorreu num ambiente tenso com a polícia.

As forças de segurança usaram gás pimenta e lacrimogénio contra os manifestantes, que invadiram uma importante via no centro daquele território chinês.

Os manifestantes gritaram “Ver-gonha, Vergonha e Vergonha”, ten-tando, com chapéus-de-chuva e lonas de plástico, travar as nuvens de gás lacrimogénio, raramente utilizadas pela polícia em Hong Kong.

“Nós temos o direito de estar aqui e protestar”, disse um estu-dante de 19 anos, Ryan Chung, citado pela France Presse, acres-centando: “O mundo deve saber o que está a acontecer em Hong Kong. O mundo deve saber que queremos a democracia, mas que não conseguimos isso”.

O protesto paralisou o trânsito no centro de Hong Kong, centro de negócios da cidade.

Cinco figuras pró-democratas,

Taiwan rejeita modelo “Um país, dois sistemas”

Os últimos dias foram de intensa luta na ex-colónia britânica com várias detenções de estudantes e políticos e o anúncio da antecipação da campanha de desobediência civil por uma democracia autêntica. A polícia usou gás lacrimogénio para dispersar a multidão

HONG KONG CENTRO PARALISADO E TRÊS DEPUTADOS DETIDOS

Protestos a todo o gás

74pessoas detidas entre a noite

de sexta-feira e sábado

incluindo três deputados, foram detidos pela polícia no protesto junto ao complexo governamental de Hong Kong, no primeiro dia da campanha de desobediência civil promovida pelo movimento “Occupy Central” inicialmente previsto para 01 de Outubro.

Entre os manifestantes detidos estão a presidente do Partido Demo-crata, Emily Lau, e Joseph Cheng, da Aliança para a Verdadeira Demo-cracia, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Os três outros pró-democratas detidos eram os membros do Par-tido Democrata Albert Ho e Yeung Sum e o vice-presidente do Partido

Trabalhista, Fernando Cheung, disse o deputado Lee Cheuk-yan, um dos signatários da Declaração Conjunta Sino-britânica, assinada em 1984.

Segundo a RTHK, vários vo-luntários envolvidos nos protestos foram também detidos ontem.

DESOBEDIÊNCIA PRECOCEO académico e co-fundador do mo-vimento ‘Occupy Central’ Benny Tai anunciou na madrugada de ontem a antecipação do início da campanha de desobediência civil por uma de-mocracia autêntica em Hong Kong, depois de duas noites de protestos promovidos pelos estudantes daquela cidade do sul do China.

“O Occupy Central começa ago-ra”, disse Benny Tai perante milhares de pessoas concentradas em várias avenidas da zona de Admiralty, perto da sede do governo – o complexo Tamar, que alberga o gabinete do Chefe do Executivo, o Conselho Le-

gislativo (parlamento) e as principais secretarias de Hong Kong.

Alguns estudantes manifestaram, todavia, o seu descontentamento com a antecipação da campanha do “Occupy Central”, por considera-rem que se estavam a aproveitar do movimento estudantil em benefício próprio, referem o jornal South China Morning Post e a RTHK.

A Federação de Estudantes ini-ciou na segunda-feira uma semana de boicote às aulas.

O “Occupy Central” é um mo-vimento que nasceu em Janeiro de 2013 com o objectivo de paralisar a actividade no distrito de Central, cen-tro financeiro e comercial de Hong Kong, contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio universal.

JOVENS E VETERANOSOs protestos de uma semana pro-movidos por estudantes e activistas culminaram na noite de sexta-feira

com a entrada forçada no interior do complexo Tamar e com o uso de gás pimenta pela polícia para tentar dispersar os manifestantes.

Entre a noite de sexta-feira e sábado foram detidas 74 pessoas, incluindo o líder estudantil Joshua Wong, de apenas 17 anos.

Entretanto, democratas vetera-nos acorreram ontem ao complexo de Tamar, apelando ao público para apoiar a luta por um sufrágio universal autêntico.

O deputado e líder do Partido Cívico Alan Leong descreveu a acção como um momento crucial e apelou às pessoas para fazerem ouvir as suas vozes.

Já o fundador do Partido Demo-crata, Martin Lee, pediu para o públi-co se unir e “trazer a democracia para Hong Kong o mais rápido possível”.

Em declarações citadas pela RTHK, a vice-presidente da co-missão de redacção da Lei Básica, Elsie Leung, disse que a acção extrema para tentar forçar Pequim a dar concessões sobre a reforma política em Hong Kong vai ter um efeito contrário.

Para Elsie Leung, tais acções afectam a estabilidade social e a economia e não vão conquistar os corações e mentes da opinião pública.

BLINDADOS EM KOWLOON Os defensores da democracia já se tinham mostrado alarmados na sexta-feira depois de vários veículos blindados chineses terem sido foto-grafados nas ruas da cidade. Pelo menos quatro veículos blindados de transporte de tropas do Exército Popular de Libertação (EPL, o nome oficial das Forças Armadas chinesas) foram vistos a circular pelas princi-pais artérias do bairro de Kowloon.

A China prometeu à população de Hong Kong que poderia escolher o seu Chefe do Executivo em 2017. Mas a 31 de Agosto, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão preci-sar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão seleccionados.

O Presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, ex-pressou a sua “forte oposição” ao princípio

“Um país, dois sistemas” aplicado em Hong Kong e Macau e que China quer usar para a reunificação com a ilha, disse sábado uma porta-voz.

O Presidente chinês, Xi Jinping, retomou a fórmula “Um país, dois sistemas” num encon-tro na sexta-feira com um político de Taiwan partidário da união da ilha com a China.

Xi Jinping disse que a unificação pacífica e o princípio “Um país, dois sistemas” devem ser as directrizes fundamentais para procurar resolver a “questão de Taiwan”, segundo a

agência oficial chinesa Xinhua. Os territórios da China e Taiwan seguiram caminhos dis-tintos desde o final da guerra civil em 1949, quando o Partido Comunista tomou o poder no continente chinês e o antigo Governo, dirigido pelo Partido Nacionalista, se refugiou na ilha.

O Partido Comunista Chinês defende a “reunificação pacífica” com Taiwan segundo a mesma formula adoptada para Hong Kong e Macau (“Um país, dois sistemas”), mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar a independência.

Taiwan tem rejeitado a oferta chinesa de unificação sob “Um país, dois sistemas”, com

o Presidente Ma a repetir em várias ocasiões a sua oposição àquele princípio.

Ma defende que Taiwan, sob o nome oficial de República da China, é um país soberano e independente, e que nem o seu povo nem o seu Governo aceitam o princípio de “Um país, dois sistemas”, disse a porta-voz presidencial Ma Wei-kuo.

O APOIODE PEQUIM O Governo da China considerou ontem que as autoridades de Hong Kong têm capacidade para lidar, de acordo com a lei, com “reuniões ilegais”, como a de ontem, organizada por manifestantes pró-democracia que levou a cargas policiais.Na imprensa estatal, um porta-voz governamental disse que Pequim se “opôs firmemente contra todas as actividades ilegais que podem minar a lei e colocar em risco a paz social”.Oferecendo o “seu forte apoio” às autoridades de Hong Kong, o Governo de Pequim, que tem uma guarnição militar em Hong Kong desde que retomou a soberania sobre a ex-colónia britânica, em 1997, descreveu a manifestação como “uma reunião ilegal”.

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hoje macau segunda-feira 29.9.2014

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Veio a Macau falar sobre cultura e poe-sia, mas traz projectos concretos para discutir entre a UCP e a USJ? Que no-vidades podem resultar da sua visita?Esta minha visita é de cortesia, no qua-dro da relação normal e próxima entre a UCP e a USJ. Neste caso vim para estar presente na cerimónia de entrega de di-plomas, que é sempre um momento tão expressivo na vida de uma universidade, e para estar presente na tomada de posse de alguns membros da equipa reitoral, repre-sentando a minha reitora e a UCP. Claro que entre a UCP e a USJ há uma ligação muito próxima, uma abertura grande e projectos que estão em curso. Estas visitas de cortesia servem para consolidar e ma-nifestar o apreço e confiança que existe entre as nossas instituições.

Falou de projectos em curso. Pode le-vantar um pouco a ponta do véu em re-lação ao que poderá surgir?Mais do que novidades, que vão sendo reveladas ao ritmo normal da vida acadé-mica, o mais importante é consolidar as relações que já existem. Num campo que me é muito caro, a relação entre a facul-dade de Ciências da Religião da USJ e a faculdade de Teologia em Lisboa. O re-conhecimento que fazemos dos graus, a ligação entre programas e corpos docen-tes, projectos de investigação que temos em comum. Tudo isso já é uma matéria da vida normal. A minha visita é de nor-malidade entre duas instituições que são muito próximas.

Nos últimos dois anos a USJ tem passa-do por grandes mudanças, a nível do rei-tor, agora com uma nova vice-reitora e a criação de novos cursos. Considera que é, actualmente, um projecto académico mais maduro e com mais credibilidade?

AndreiA SofiA SilvA | CArloS MorAiS JoSé

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA “A ETERNIDADE VIVE-SE NO AQUI

E NO AGORA COMO TENSÃO”Poeta, sacerdote e académico, José Tolentino Mendonça rejeita a existência de um corte absoluto entre “esta”e a “outra” vida depois da morte. Para ele, na esteirade São Paulo, o cristianismo procura a integraçãoe não a exclusão. O homem surge, no seu discurso, como uma singularidade irredutível e ardente

Não tenho dúvidas de que uma univer-sidade precisa também de tempo para se afirmar, para construir a sua marca es-pecífica, a sua identidade. A USJ está de facto no caminho certo e cada vez mais se tem vindo a afirmar como um projecto de qualidade, pelo rigor e pela competên-cia. Isso é a marca que distingue uma boa universidade.

Numa altura em que as universidades portuguesas têm cada vez mais ligações às universidades de Macau e até da Chi-na, é cada vez mais importante para a UCP esta presença aqui em Macau?Hoje todo o ensino superior no mundo, devido à nova era da globalização em que estamos, vive no desafio da interna-cionalização. Não se imagina mais uma universidade desligada do mundo, que não tenha projectos de investigação em redes internacionais. Para nós, a UCP, a internacionalidade é um desafio muito grande. Só no corpo discente, temos mais de 40 nacionalidades, nos vários campus. Temos professores convidados e visitan-tes que vêm de várias partes do mundo. A aposta na internacionalidade faz parte do nosso plano estratégico de desenvol-vimento. A relação com Macau é também histórica: há muitos anos que a UCP tem uma relação com Macau, presta serviços de vária ordem, alimenta projectos. Ago-ra a USJ é uma parceira privilegiada para os projectos comuns que se revelem inte-ressantes.

Existe alguma relação entre a UCP e as universidades chinesas?Temos vários protocolos com universida-des chinesas. Ainda agora, na última visita

(Continua na página seguinte)

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do nosso presidente da República à RPC, a nossa reitora da UCP para a internacio-nalização integrou a comitiva presiden-cial e celebrou um conjunto de acordos com algumas universidades, alguns deles já estavam em funcionamento. A China é, de facto, um parceiro muito importante.

Sabemos que o Vaticano não tem uma relação directa com a China, mas ulti-mamente parece haver uma aproxima-ção. Tem esperança no futuro nesta relação?Não tenho conhecimento dos últimos passos que têm sido dados. O que posso dizer é que da parte da Igreja Católica há um reconhecimento do que signifi-ca esta nação imensa que é a China, da sua importância, e a esperança de uma relação baseada no respeito mútuo e convivência.

Falemos agora um pouco do que se pas-sa em Portugal. Há uns anos, com o pro-cesso de Bolonha, houve uma grande mudança nas universidades portugue-sas. Hoje talvez possamos já fazer um balanço dessas mudanças. Como vê esta questão?Foi, de facto, introduzida uma enorme mudança no sistema do ensino superior. Ainda é relativamente cedo para extrair-mos todas as consequências e fazermos uma leitura global do fenómeno. Penso que algumas variantes que foram introdu-zidas são muito importantes: uma é a for-ma de transmissão. No período anterior a Bolonha, era muito mais magesterial e hoje o estudante é, desde longo, conside-rado um investigador, um parceiro no in-terior de um percurso. Todos os critérios que passam pela transmissão do conheci-mento são na linha de um envolvimento muito maior dos próprios estudantes, quer nas aulas quer nos tempos do tra-balho individual. É uma grande transfor-mação do paradigma de transmissão do conhecimento. Tem-se assistido depois a uma democratização em larga escala de alguns graus.

Que é criticada também.Que é criticada porque se diz que se ni-vela por baixo. Mas essa transformação é tão grande que penso que hoje ainda estamos no período de implementação. Os verdadeiros resultados só dentro de décadas é que os vamos perceber. Mas uma mudança com esta dimensão intro-duz uma turbulência e necessita alguma adaptação, o que nem sempre é fácil. São séculos dentro de uma forma e de um pa-radigma. Mas olho com muita esperança. Um dado muito ligado ao processo de Bo-lonha tem sido a circulação de estudantes e professores. Os efeitos dessa circulação e do conhecimento que daí provém... só

vamos ver o impacto deste modelo daqui a uns dez anos.

Parece que há cada vez menos interesse dos estudantes na área das Humanida-des. Pensa que pode haver um retorno no futuro? Que estamos apenas a passar uma fase? Hoje assistimos a uma certa crise das Humanidades. Sobretudo na Europa, noutros contextos é muito diferente. Por exemplo, estive em contacto com as uni-versidades brasileiras onde a filosofia se afirma em termos de impacto e número de alunos, no Brasil e na América Latina. O mundo é diferente conforme os lugares onde estamos. O próprio sistema tem de revalorizar as humanidades. Aqui passa também por um certo preconceito, uma espécie de sobrevalorização quase ex-clusiva das ciências práticas e do ensino tecnológico. É preciso chegar a novos pontos de equilíbrio. O próprio siste-ma português, na avaliação da produção científica na área das Humanidades, está a passar por um ajustamento importan-te, porque de facto as Humanidades regulam-se por regras muito próprias e é preciso encontrar modelos que façam justiça ao trabalho e mérito dos investi-gadores nesta área. Em relação ao futuro, acredito que as Humanidades vão jogar um papel fundamental. Olhamos para o mundo europeu e percebemos que esta-mos numa nova época da História, cujo âmbito e definição ainda não vemos bem completamente, mas sentimos que o mo-delo precisa de ser reenquadrado. Na nova definição, vai haver um mundo com outro tipo de saberes e uma nova forma de sabedoria que as humanidades repre-sentam. Não tenho dúvidas de que esta turbulência que as áreas das humanida-des hoje vivem no contexto europeu são apenas a passagem para um regresso ou redefinição do seu papel no interior das próprias sociedades.

Na área da teologia ou das ciências re-ligiosas, que perfil pode ser traçado do aluno que faz a licenciatura, mestrado ou doutoramento nesta área? Em Portugal a faculdade de teologia da UCP passa por uma viragem curiosa, porque até há poucos anos a teologia era uma espécie de especialidade ligada

à preparação para o exercícios de deter-minados ministérios ou da vida religiosa no interior da Igreja. Hoje não é assim. Continua a ser o lugar de preparação para os futuros padres, mas, cada vez mais, as ciências religiosas têm uma abrangência maior do que a própria teologia, cada vez mais é procurada por um público que tem interesse e quer trabalhar como investiga-dor no campo das ciências da religião. Na América Latina, a vitalidade das ciências da religião é extraordinária. Esse interesse pelo facto religioso e pelo contributo que a sabedoria das religiões traz é cada vez mais transversal. Um dado curioso, que temos observado na UCP, é que interes-sam também a alunos que, depois de ter-minados os seus cursos e terem o seu tra-balho, procuram as ciências religiosas só pelo puro prazer de aprender. E isso mos-tra como há no coração dos nossos con-temporâneos uma sede de sentido, uma necessidade de conhecimento, algo que é um sintoma de grande saúde. Quando queremos conhecer, o que é diferente, ler os grandes textos, conhecer a fundo a his-tória do cristianismo, penso que é um si-nal de vitalidade muito grande. A diversi-dade do público que hoje procura ter esse contacto é um indicativo que considero de enorme potencial e valor.

Qual a importância de ter essa área de ensino em Macau, na USJ?No ADN de uma universidade católi-ca está de facto a gestação desta área de estudos. Não entendo uma universidade católica que não tenha também a área científica dos estudos de religião. E nes-se sentido é com muita normalidade que vejo, desde a primeira hora, que na USJ essa faculdade exista e tem uma grande vitalidade. Porque ela é também parte do património identitário faz parte de uma universidade católica.

Será que essa procura do saber através da religião tem a ver com o facto das pessoas terem fome de respostas, num mundo globalizado, pontilhado de cri-ses económicas e conflitos bélicos?É interessante olharmos para as nossas sociedades, porque crescemos muito do ponto de vista tecnológico, saltos de década em década. Hoje uma pes-soa de 70 anos viu o seu mundo mudar

muito, de forma inesperada, e teve de adaptar-se a tantas linguagens e inven-ções. Mas, no que diz respeito à pessoa humana, à construção de uma sabedoria e de um diálogo profundo com ques-tões que desde sempre nos definem, as mudanças não são assim tão grandes. Lemos um poeta chinês, de há 20 sécu-los, e percebemos que as questões são contemporâneas. Sentimos que aquele poema é escrito hoje. As questões hu-manas são eternas no ser humano. O domínio da filosofia ou das ciências da religião dialoga com elementos persis-tentes da história do mundo, a que cada um de nós tem de dar resposta. Claro que nem todos nós faremos um curso de ciências religiosas para responder às questões: podemos encontrar respostas na poesia, na ciência, na amizade, no amor. Podemos encontrar outras formas para responder ao desassossego do co-ração humano. Mas, de facto, a religião é um elemento persistente da interroga-ção humana. É só porque causa da crise antropológica que as pessoas hoje pro-curam a religião? Será também em parte por isso, mas penso que é por uma coisa anterior: aquilo que define profunda-mente o coração humano, a necessida-de de habitar determinadas perguntas e inquietações, de se colocar a questão de Deus e da forma como outros enquadra-ram e viveram a questão de Deus.

Terá sido por isso que um intelectual francês (André Malraux) disse que “o século XXI será religioso ou não será”?Penso que essa frase é profética e há-de definir de uma forma muito clara o que é este tempo de transformação. E será (já é) um tempo de grande procura e inquie-tações. Também é um tempo de grandes desilusões, por causa de tantas expectati-vas que criámos – que a nossa vida ia ser resolvida de forma rápida pela ciência, que as grandes narrativas iriam resolver o nosso enigma e a nossa sede de respostas, ou que o progresso histórico ia garantir--nos que hoje estaríamos melhor do que ontem e que amanhã estaríamos melhor do que hoje. Vivemos num mundo de grande incerteza em relação ao futuro e em relação a coisas que nos pareciam um chão absolutamente firme. Nesse sentido, há uma disponibilidade para buscar mais fundo, para abrir mais o ângulo do nosso olhar. E para estar abertos não apenas ao visível mas também ao invisível. Não ape-nas ao humano, mas também ao divino. Se calhar, aquilo que o António Alçada Baptista dizia, na Peregrinação Interior: “Tal-vez é chegado o tempo de escutarmos os ribeiros subterrâneos, aqueles veios que correm no atropelo dos nossos quotidia-nos. Talvez seja este o tempo para voltar-mos a ouvir o riso de Deus”.

“LEMOS UM POETA CHINÊS, DE HÁ 20 SÉCULOS, E PERCEBEMOS QUE AS QUESTÕES SÃO CONTEMPORÂNEAS. SENTIMOS QUE AQUELE POEMA É ESCRITO HOJE”

“SÃO PAULO ENSINA NUMA ESCOLA DE FILOSOFIA E FALA NUM TEATRO GREGO, LEVA A RELIGIÃO PARA O ESPAÇO PÚBLICO. E ESTE GESTO É ALTAMENTE INTEGRATIVO”

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15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 29.9.2014

O fim das metanarrativas, nomeadamen-te na área das ciências humanas nos anos 70... talvez o descrédito em que ciências humanas caíram tenha a ver com isso, com o fim desse meta, desse para além de, da teoria que explica tudo, que desapa-receu do horizonte dos pensadores e de novo abriu espaço para a religião...A grande mudança no nosso mundo é percebermos os limites dos discursos que se pretendem holísticos, que pretendem explicar tudo da realidade. Hoje percebe-mos os limites trágicos dessa perspectiva do mundo. E hoje cada vez mais preva-lece a necessidade de uma complemen-taridade, de uma interdisciplinaridade. Voltarmos, se quisermos, à amizade, à hospitalidade, aquilo que a nossa Ma-

ria Gabriela Llansol dizia: “Ao encontro inesperado do diverso”. Mais do que um discurso monocórdico, precisamos de acolher humildemente a polifonia da vida. Porque a vida chega-nos não apenas como linguagem, como gramática. Hoje precisamos de uma escuta do múltiplo e daquilo que está a acontecer ao mesmo tempo e que é tão diverso.

Por acaso não está a falar de um “paga-nismo” de ideias? Pelo contrário, estou a falar de um univer-salismo cristão.

Mas esse universalismo cristão não é ele também dogmático, excluindo outras perspectivas da vida?

Não exclui, inclui. O discurso cristão, no qual eu me revejo e que vejo nos textos das nossas origens cristãs, é um texto muito inclusivo. Por exemplo, o papel extraordinário que um homem como São Paulo teve. Até para escritores marxistas, como o Slavoj Zizek, que se diz um ma-terialista paulino, o que é uma definição ex-traordinária. No fundo, o que é que Zizek e Alain Badiou percebem? Percebem que São Paulo é, sobretudo, um homem de ruptura e construiu uma alternativa cristã que passa não pela exclusão, porque Pau-lo não é alguém que se oponha ao mundo romano ou ao império grego, mas capaz de uma inclusão e de acolher elementos das culturas e encaminhá-los para uma síntese que ele via acontecer na pessoa de Jesus de Nazaré.

Abre o cristianismo aos gentios.Exacto, abre o cristianismo ao gentios, leva a religião para fora da sinagoga. Pau-lo ensina numa escola de filosofia e fala num teatro grego, leva a religião para o espaço público. E este gesto é altamente integrativo. Paul Valadier diz que “o cris-tianismo é a religião da saída da religião”. No sentido de que o cristianismo não fica apenas como um culto, um rito, mas é, antes de tudo, é uma grande visão da vida humana, uma grande experiência da nos-sa humanidade.

Citando Nietzsche: Será que o cristia-nismo não é o platonismo dos pobres, ou seja, o platonismo explicado ao povo?Sabemos o valor que Nietzsche tem e as suas interrogações radicais ao cristianis-mo são desafios importantes. E o acolhi-mento da própria crítica sobre o que o cristianismo tem feito à humanidade é um acolhimento que a teologia cristã tem fei-to com muitos frutos. Mas claro que Niet-zsche lançava isso como uma provocação e o cristianismo é muito mais do que um platonismo. Até porque o cristianismo parte do contrário do platonismo. Parte do acontecimento da encarnação. Houve um Deus que se fez homem, um de nós, que saiu do mundo das ideias e assumiu a nossa carne. E é essa carne de Deus que vemos em Jesus que se torna para nós na gramática da construção de uma determi-nada experiência humana.

Mas hoje a religião tem de ser mais en-tendida como uma re-ligação ou como uma re-leitura? Ou até que ponto em que a religião não foi mais um relegere do que um religare? A religião precisa sempre da porosidade, porque o ponto de partida é a pessoa hu-mana. E a pessoa humana tem uma sin-gularidade irredutível que não pode ser ultrapassada, porque perdendo-se essa

singularidade também se perde aquilo que é a beleza, a marca do divino em cada ser humano, a sua singularidade ardente. E é preciso acolher essa singularidade ardente e partir dela para uma proposta. O cristianismo é uma proposta de vida, porque é um modo de vida, de existência. Não é uma filosofia, é uma modalidade de existência.

Contudo, pressupõe a existência de um outro mundo, separado deste. O cristia-nismo trabalha para um mundo seguinte e não apenas para este mundo. Para nós, a eternidade não é o outro mun-do. É a continuação desta estrada, aqui-lo que dizia Fernando Pessoa: “morrer é perder-se na curva da estrada, morrer é só não ser visto”. A eternidade vive-se no aqui e no agora como tensão. No cristia-nismo não há dois mundos, o mundo do presente e do futuro, há uma experiência única de relação com Deus que começa no aqui e no agora da História, e conti-nua depois da nossa morte. A esperança na ressurreição, a confiança e fé na Res-surreição, a principal das verdades cristãs, talvez seja a mais incómoda e incom-preensível das verdades cristãs, mas é a primeira e a mais importante.

Passando para a questão da cultura e desenvolvimento, parece-me difícil re-lacionar os dois termos. Por exemplo, no caso indiano, a cultura impede e tem vindo a impedir o desenvolvimento da Índia. Segundo Lévi-Strauss, a cultu-ra nas sociedades ditas “frias”, tem um grande peso no quotidiano das pessoas. São sociedades que não querem mudar, querem ficar iguais a si mesmas. Como consegue articular isso? De que cultura está a falar quando fala de cultura? O conceito de cultura é vastíssimo e co-locado sob suspeita na contemporaneida-de. Lembro-me de um ensaio brilhante

(Continua na página seguinte)

“A PESSOA HUMANA TEM UMA SINGULARIDADE IRREDUTÍVEL QUE NÃO PODE SER ULTRAPASSADA, PORQUE PERDENDO-SE ESSA SINGULARIDADE TAMBÉM SE PERDE AQUILO QUE É A BELEZA, A MARCA DO DIVINO EM CADA SER HUMANO, A SUA SINGULARIDADE ARDENTE”

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hoje macau segunda-feira 29.9.201416 h

do George Steiner, em que ele defende que, depois da experiência de Auschwitz, é impossível falar de cultura. De maneira que nós vimos com os nossos olhos na contemporaneidade os limites desta defi-nição. Quando George Steiner diz que as mesmas pessoas que colocaram em fun-cionamento as câmaras de gás escutavam Mozart e gostavam de pintura, tinham uma cultura elevada, percebemos que a fronteira que separa a cultura da barbárie não é uma fronteira tão intransponível assim. Muitas vezes vimos altas culturas alimentarem no seu interior a mais horrí-vel barbárie. O que nos faz perceber hoje na modernidade que a cultura não é um absoluto. Se quisermos, a cultura é um conceito precário, como quase tudo nesta modernidade tardia em que vivemos. Mas nesta precariedade precisamos de encon-trar patamares comuns de entendimento. Hoje conhecemos mais profundamente os limites da nossa humanidade, temos maior consciência deles. Como dizia Celan, é impossível escrever um poema depois de Auschwitz. Percebemos que é possível continuar a escrever poemas de-pois de Auschwitz, mas já não se escre-vem da mesma maneira. Nesse sentido, também a cultura não se constrói da mes-ma maneira. Não podemos construir hoje a cultura sob uma presunção de absoluto, de superioridade, de tudo resolvido. Hoje percebemos que temos de lidar com a cultura de modo muito humilde, mas não podemos dispensar a reflexão e a catego-ria da cultura porque continua a ser uma categoria antropológica chave para expli-car aquilo que é o homem. Encontramos na modernidade e na contemporaneidade os limites da cultura, mas não encontra-mos substituto para ela. Porque, para en-tender o ser humano, temos de continuar a falar da cultura, para chegar ao seu co-ração, continuamos a precisar da cultura. Então o grande desafio é olharmos para a cultura de um modo que integre esta nova consciência que temos dos seus limites, da necessidade de purificação que a cultura tem. A cultura não é imune à dimensão da crítica, ela própria precisa de rever os seus modelos, está em crescimento. Nenhuma cultura é estática e todas são dinâmicas. Mas a verdade é que a cultura continua a ser o espelho privilegiado para a pergunta “o que é o Homem?”.

Será que o problema não está na passa-gem da cultura à civilização — o termo alemão “Kultur” é muitas vezes tradu-zido como civilização? A cultura seria assim algo mais estático e a civilização algo que tem uma forte direccionalidade política e oprime o que está à sua volta.Acho que precisamos de estabilidade. To-das as sociedades e indivíduos precisam de estabilidade. Se plantamos uma planta

num vaso, depois mudamos de ideias e a retiramos para outro vaso e depois para outro, estamos a comprometer o cresci-mento da planta. Na vida dos indivíduos e das sociedades são precisos tempos lon-gos, uma duração. Mas é precisa também mudança, porque as culturas também se renovam. Há tempos de pousio, de se-menteira, de colheita. No fundo, também há uma sabedoria da agricultura da alma, como dizia Cícero, que é a cultura. As culturas continuam a ser muito importan-tes, as civilizações precisam de acolher esta consciência nova que a própria histó-ria nos dá, às vezes através do sofrimento. Isso só nos faz compreender que precisa-mos uns dos outros e que precisamos de criar culturas verdadeiramente inclusivas.

Mas, no mundo contemporâneo, al-guém profundamente honesto com o seu pensamento, inevitavelmente olha para um abismo e sente angústia. Penso que está a ser muito nihilista. Mes-mo Cioran, um dos pais do pessimismo contemporâneo e que é um génio, diz uma frase que gosto muito: “As lágrimas são aquilo que permite a um homem ser santo depois de ter sido homem”. É sem-pre possível a transformação. O que a vida nos mostra é que é sempre possível que a História dê razão aos que humil-demente mantêm a pequenina chama da esperança acesa.

Isso é curioso vindo de uma pessoa que escreve que o amor é algo solitário. Como é que pode falar do amor como algo solitário se ele é o que nos liga ao outro, ao mundo. O seu verso – “o amor é uma noite a que se chega só” – é terrível. Podemos falar sobre o amor, um tema muito interessante. O amor para mim é o grande milagre da vida. É uma reflexão importante porque muitas vezes, a olhar para o mundo, achamos que o maior enigma é o Mal. Porque é que existe o Mal? Há males que conseguimos expli-car e ver a razão, mas o Mal também é um mistério que foge à nossa explicação. Porque é que o sofrimento acontece? Porque é que acontece agora? O ques-tionamento da experiência da morte, não conseguimos resposta, ficamos de mãos vazias. A experiência do Mal para nós é um enigma, mas a experiência do Bem é um enigma maior: por que é que há o Bem? Podemos explicar em parte, mas ficamos ainda mais desconcertados. E dentro do Bem, a experiência do amor é sem dúvida aquela que nos descon-certa mais. No fundo, o amor é fazer a radical experiência da hospitalidade do outro, essa necessidade do outro para sermos e vivermos. Mas, a experiência do amor também amplia a solidão, e é

um pouco isso que eu mostro no verso “o amor é uma noite a que se chega só”. Exactamente porque nos mostra a bele-za da hospitalidade e da comunhão. Por exemplo, os amigos que se separam. E lembro-me de um poema, que acho um dos mais belos do mundo, do Li Bai, so-bre dois amigos que se separam e ouve--se o relinchar do cavalo. É um poema fabuloso. A experiência daquela ami-zade é que nos faz emudecer perante o relinchar daquele cavalo. A experiência do amor... talvez só quem ama sinta uma certa espécie de solidão, que não é igual à solidão de quem não ama.

Nesse sentido, almeja ao amor total? Um amor que não se limite ao humano, mas se espraie pela natureza, pelas coi-sas, pelo universo, pelo seu silêncio, até pelo silêncio de Deus. E já que falou do Mal: Deus fecha os olhos ao Mal?Deus abre os olhos para o Homem. Tem os olhos abertos para o Homem. Talvez o livro mais ateu da Bíblia, seja o livro de Job. E Job é o homem insatisfeito, que não se contenta com nenhuma resposta teológica. E vêm os amigos dar-lhes justi-ficações e ele diz que isso para ele não ser-ve, que quer falar com Deus face a face. É uma teologia de protesto, a teologia de Job. E Deus aceita esse desafio.

E a sua não é? Não tem essa pulsão de querer falar com Deus, como São Fran-cisco de querer ir para a floresta e não querer sair de lá enquanto não lhe fosse dado um sinal. Ou já teve esse sinal?Sinto que a minha vida é exposta ao olhar de Deus. O cardeal Martini diz que no coração de cada um há um crente e um descrente, e ambos colocam ques-tões pujantes. Um crente deve puxar uma cadeira para o descrente se sentar e falar com ele. Como é bom também que o descrente puxe a cadeira. Fui muito amigo, um dos grandes encontros da mi-nha vida, de um escritor italiano, o Toni-no Guerra, que dizia que os agnósticos também têm dúvidas. Quem não tem fé às vezes também tem dúvidas sobre a sua não fé. E o que é que para ele era a maior dúvida de não fé? Era pensar num olho. O que é isto? Como é que desta máqui-na se passa para a visão do mundo? Era uma coisa que o deixava absolutamente calado. Outra era a criação do homem, a evolução. Ele dizia que vínhamos dos macacos, mas depois perguntava: “mas porque é que essa evolução não conti-nua? O que é que aconteceu?”. No fun-do, são as perguntas que um poeta e um homem comum coloca. Nós todos, crentes e não crentes, somos atravessa-dos por perguntas. E é importante dar espaço às perguntas na nossa vida, por-que todos crescemos muito com elas.

“NO CORAÇÃO DE CADA UM HÁUM CRENTE E UM DESCRENTE, E AMBOS COLOCAM QUESTÕES PUJANTES. UM CRENTE DEVE PUXAR UMA CADEIRA PARA O DESCRENTE SE SENTAR E FALAR COM ELE.COMO É BOM TAMBÉM QUE O DESCRENTE PUXE A CADEIRA”

“NO CRISTIANISMO NÃO HÁ DOIS MUNDOS, O MUNDO DO PRESENTE E DO FUTURO, HÁ UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA DE RELAÇÃO COM DEUS QUE COMEÇA NO AQUI E NO AGORA DA HISTÓRIA, E QUE CONTINUA DEPOIS DA NOSSA MORTE”

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ACONTECEU HOJE 29 DE SETEMBRO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau segunda-feira 29.9.2014 (F)UTILIDADES 17

João Corvo fonte da inveja

Se acordares mal disposto, aproveita a lucidez.

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE MAZE RUNNER [B]Um filme de: Wes BallCom: Dylan O’Brien, Kaya Scodelario14.00, 17.45, 19.45, 21.45

THE BOXTROLLS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Graham Annable, Anthony Stacchi16.00

SALA 2THE EQUALIZER [C]Um filme de: Antoine Fuqua

Com: Denzel Washington, Cloe Grace Moretz, Melissa Leo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3A WALK AMONGTHE TOMBSTONES [C]Um filme de: Scott FrankCom: Liam Neeson14.00, 16.00, 18.00, 21.45

THE BOXTROLLS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Graham Annable, Anthony Stacchi20.00

THE BOXTROLLS

U M D I S C O H O J E

Um pequeno-almoço de reiTodos temos um momento do dia preferido, pelo menos eu tenho, em tudo, alguma coisa preferida. Cor, estação do ano, cheiro, sabor... enfim, em todos os mundos. Neste caso, escrevo-vos sobre a minha refeição do dia preferida. É o pequeno-almoço, adianto-vos sem grande suspense. Como gato fidalgo que sou, todos me mimam muito nesta redacção e, claro, todos me vão alimentando – já para não falar das vezes que habilmente assalto as secretárias e me delicio como umas lulas secas ou um iogurte de morango e, às vezes, até umas bolachinhas “para a dieta”, dizem elas. Mais sortudo sou por ter várias nacionalidades dentro destas quatro paredes - vejamos: tenho comida macaense, chinesa e portuguesa. Variedade não falta. Voltando ao pequeno-almoço. Pelas pesquisas e leituras assíduas que faço, nas diversas áreas, muitas vezes já li sobre nutrição. Todos, peritos ou apenas charlatães das dietas, defendem: o pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia. Eu concordo! Eles falam a nível nutricional, eu refiro-me à contemplação da vida. Já vos explico. Durante o pequeno-almoço, quando tomado na redacção claro, ainda estou naquele limbo do adormecido/acordado, sem muito saber o que se passa à minha volta e muito menos sou capaz de distinguir o que é sonho da realidade. A vida, essa, acontece lá fora e eu sou um mero espectador a saborear a minha refeição. As pessoas, muitas delas, seguem atarefadas pelas ruas, os autocarros passam, a rádio toca, os jornalistas invadem a redacção com os simpáticos ou adormecidos “Bom dia” e eu ali, a alimentar a minha alma e o meu corpo. Em nenhuma outra refeição sinto isto que vos acabo de transmitir, nem almoço, lanche ou jantar... às vezes quando fazem serão ainda tenho direito a uma ceia, mas nenhuma é igual à primeira.

Nasce Miguel de Cervantes, o ‘pai’ de Dom Quixote• A 29 de Setembro de 1547, nascia em Alcalá de Henares, Espanha, o romancista, dramaturgo e poeta castelhano Miguel de Cervantes, autor da obra-prima ‘Dom Quixo-te’, considerado o primeiro romance moderno e um dos melhores romances algum vez escritos.O trabalho de Cervantes é elevado aos patamares su-periores da literatura mundial. A sua influência sobre a língua castelhana tem sido tão grande que o castelhano é frequentemente chamado de ‘La lengua de Cervantes’ [A língua de Cervantes].Cervantes morreu a 22 de Abril de 1616, em Madrid. Em 2011, um grupo de investigadores e arqueólogos iniciou uma busca pelas ossadas do autor, num mosteiro na capital espanhola, onde foram depositados os restos mortais.A iniciativa, que permite reconstruir o rosto do escritor, até agora só conhecido através de uma pintura do ar-tista Juan de Jauregui, conta com o apoio da Academia Espanhola e o aval do arcebispado espanhol.Este intenso trabalho de investigação poderá ajudar os investigadores a determinar as causas da morte de Cervantes. Acredita-se que o escritor espanhol morreu de cirrose.Neste dia, em 1938, Adolf Hitler, Neville Chamberlain, Edouard Daladier e Benito Mussolini assinam o Acordo de Munique, que permite à Alemanha a ocupação da região de Sudetenland na então Checoslováquia.

“THE FUNERAL” (ARCADE FIRE, 2004)

Torna-se quase impossível falar de Arcade Fire e não imaginar um palco que transpira cor, som e muita vontade de viver. Win Butler e Régine Chassagne lideram uma pequena orquestra, que apesar de poucos traba-lhos em estúdio, é um marco na cena musical da actualidade. “Crown of Love” e “Neighborhood #2” são alguns exemplos da lista do intenso álbum ‘The Funeral’. Com rasgos do ‘chamber pop’ da década de 60 às influências de David Bowie, Arcade Fire deslumbra qualquer ouvido mais atento. Garantimos que “The Funeral” pouco tem de morto. - Filipa Araújo

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18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 29.9.2014

Q UANDO os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito, dona rosarinho. Acredite que é verdade. Se fosse eu que me lembrasse de tal coisa, o diabo me leve já daqui e me estrafegue se a vinha incomodar com estas gincanas do pensamento, que aquilo para que me pagam é para lhe trazer o café – curto, uma pedrinha

de açúcar – e o que lhe digo não se escreve ou pelo menos não circula de língua para língua e de livro para livro durante tanto tempo, que isto, dona rosarinho, é de ordem antiga. Uma amiga minha, a tininha, a que faz os bolos por medida, lembrou-se de escarrapachar a frase no bolo de anos do dr. rosa e perguntou no faicebook se achávamos mal, se não seria presunção a mais e água benta a menos, mas gostando o dr. rosa de deixar de vez em quando umas larachas ao governo acho que não se incomodaria mesmo nada, até porque os bolos da tininha são bons demais para manifestos políticos

Manual de boas práticas de perseguição

Quando os que mandam perdem a vergonha, que mais resta aos que obedecem senão perder o respeito?

e desaparecem mais depressa que as pro-messas eleitorais, mas, bom, o que é facto é que dei por mim a matutar e a cismar cá para com deus e comigo

“delfim, delfim, onde é que tu já viste aquilo, rapaz?”

andei tanto tempo com o tal adágio a moer-me o espírito, a remexer papéis e a ressuscitar livros que perdi as notícias e só ontem de manhã a dulcineide me contou da maldade que aquele taxista lhe fez, dona rosarinho, imagino o que tenha passado às mãos daqueles bandidos, mas esteja descan-sada que deus não dorme e não sei se não haverá uma ordem maior por detrás do que se faz visível e do que se faz palpável. Atente lá, dona rosarinho, onde fui eu encontrar a frase da tininha, que não é da tininha coisa nenhuma, mas de um alemão dado a estas coisas do pensamento,

não consegue mesmo adivinhar? lembra--se da agenda do banco que a dona rosarinho me trouxe a mando do seu marido, que deus o tenha?

pois ali está, a 3 de Março,“quando os que mandam perdem a ver-

gonha, os que obedecem perdem o respeito”

e quando ali a dulcineide me contou da maldade que aquele taxista lhe fez e da resposta que a polícia lhe não deu, pensei cá para com deus e comigo que há mais no mundo do que casualidades estranhas e que o senhor georgue cristofe lichetem-bergue – apontei aqui o nome entre pedidos de galões e de bifinhos-com-cogumelos

sestércio, que quem não se dá ao respeito também o não merece. Estou consigo, dona rosarinho e não sou o único, ontem o que lhe aconteceu foi o prato-do-dia aqui no barca bela, toda a gente indignada, deram tanto murro na mesa que não houve ninguém que não tivesse chimpado o café, mas quem eu gostei mesmo de ouvir foram quatro mo-çoilos que se sentaram ali naquele canto e não estiveram cá com meias medidas

“está visto que não se pode contar com a polícia e que estamos entregues aos lobos e se os lobos fizeram da caça à ovelha o seu maior entretém, está na hora do rebanho se unir e caçar os lobos, um por um”

um tal de simão foi quem proferiu tais palavras antes de espalhar com um gesto fulminante um punhado de folhas a4 pelo tampo da mesa e eu pensei novamente cá para com deus e comigo que não há coin-cidências e que o senhor georgue cristofe lichetembergue, que foi o primeiro a lembrar--se de aplicar a raiz quadrada de dois como razão das proporções entre os diferentes tamanhos de folhas, deve estar feliz onde quer que esteja por ver a sua invenção ao serviço de causas nobres e da justiça, que o povo de macau está farto de dar de cara alegre para o peditório dos táxis, que o que aí vem não é salomónico mas é eficaz, dona rosarinho, olho por olho, dente por dente, foi o que propôs o tal de simão, pescar os taxistas antes de por eles serem pescados. O que ficou acordado, ali naquele canto, foi que em vez de saírem à cata de namorada ou de ficarem em casa à espera do jogo do benfica, os bravos se armariam de câmaras de vídeo, de telemóveis, de máquinas foto-gráficas e da justiça divina e encetariam em pares uma perseguição aos prevaricadores, aos taxistas tomados pela ganância, para depois os denunciar no faicebook e nos jornais e nas passagens aéreas e nas paragens de autocarro. Diga-me lá, dona rosarinho, se conhece prova de maior entrega ao bem comum? Da forma como falava, o entu-siasmo com que carregava as palavras, o tal de simão pareceu-me o obama quando fala na televisão daqueles maluquinhos do estado islâmico,

“não descansaremos enquanto não eli-minarmos esta ameaça”

e eu, dona rosarinho, que vim de portugal escaldado com a polícia e os tribunais, até me emocionei quando os ouvi a dividir tarefas, a combinar horas e estratégias e ruminei cá para com deus e comigo

“até que enfim, delfim, um manual de boas práticas de perseguição; ainda vais ver taxistas pendurados da ponte, rapaz”

e é por isso que não tem com que se preocupar, dona rosarinho, enxugue as lágrimas que eu estou consigo e não sou o único, somos um tsunami. Quando os que mandam perdem a vergonha, que mais resta aos que obedecem senão perder o respeito?

“enxuge os olhos, dona rosarinho, quer outro cafezinho para acompanhar a sua mágoa?”

expediente c ín icoMARCO CARVALHO

CHINA E HONG KONG

para lho repetir – escreveu aquele adágio há mais de duzentos anos a pensar em si, como que a dizer-lhe que se um canalha de um condutor se conserva o direito de a trancar dentro de um carro e de lhe uivar aos ouvidos impropérios em cantonês, a dona rosarinho pode também pagar no mesmo

cartoonpor Stephff

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PAUL

MIN

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EXOM

NIA

19 opiniãohoje macau segunda-feira 29.9.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

N A língua inglesa foi criada a expressão “sexsomnia” para definir casos em que uma pessoa mantém relações sexuais durante o sono, através de ataques de sonambulismo. A “wikipe-dia” descreve o fenómeno da seguinte maneira:

“sonambulismo sexual, ou ‘sexsomnia’, é uma condição em que o indivíduo em questão tem relações sexuais enquanto dorme. Esta situação pertence à classe de parassonias, ou distúrbios do sono.

O site do “dailymail.co.uk” revelou, no dia 27 de Julho, o caso de Michael McAllis-ter, que foi acusado de violar uma jovem de 16 anos, cujo nome não foi revelado de maneira a proteger a sua identidade, o que é normal neste tipo de casos.

Segundo a mesma fonte, Michael tinha convidado a vítima para uma festa em Thorn-ton Cleveleys, no concelho de Lancashire, em Inglaterra. No fim da festa, vários dos participantes acabaram mesmo por decidir passar a noite nesta localidade. Enquanto dormia, a vítima sentiu Michael deitar-se ao seu lado, e começou a tocar-lhe acabando por forçá-la a ter relações sexuais consigo, contra a sua vontade. A jovem tentou de início lutar contra o seu agressor, mas desistiu quando este começou a ser violento.

Ao júri a mulher contou que o medo a paralisou e que Michael a atacou enquanto esta chorava e tremia compulsivamente.

Em sua defesa, o homem alegou so-frer de “sexsomnia”, uma condição que o fazia procurar sexo durante o seu sono. No momento da sua detenção, o indivíduo confessou mesmo que “esta não é a primeira vez que tive relações sexuais com alguém enquanto dormia”.

Mas uma ex-namorada do acusado revelou em tribunal que a única coisa que o indivíduo fazia fora do normal durante o sono era ressonar.

Com este tipo de depoimentos contra si, era nítido que Michael não tinha uma defesa válida e que estava mesmo a mentir durante o julgamento, acabando este a ser considerado culpado do crime de violação.

Na minha opinião, este caso foi bem julgado pelo sistema penal inglês e a sen-tença é justa. Porém, um caso semelhante que decorreu na Suécia teve um desfecho diferente. Aqui, a vítima também dormia quando foi atacada por um homem de 26 anos de idade. Mas o Tribunal de Última Instância da região de Sudsvall decretou que o homem não era culpado do crime de violação, pois “devido ao seu estado de sonolência, não é absurdo admitir que este não se apercebeu do que se estava a passar”.

Sonambulismo sexualmacau v is to de hong kongDAVID CHAN*

[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

Neste caso, o indivíduo também alegou sofrer de “sexsomnia”, mas o argumento foi aceite pelo tribunal pois o réu conseguiu apresentar testemunhas durante o julgamen-to para confirmar estas alegações.

Creio que os nossos leitores possam neste momento estar um pouco confusos em relação à definição desta condição. Vamos então voltar à “wikipedia” para obter mais informação sobre o fenómeno.

Segundo este site, “o primeiro estudo académico que sugeriu que a prática de relações sexuais durante o sono pudesse ser um novo tipo de parassonia foi publicado em 1996 por investigadores da Universidade de Toronto (Colin Shapiro e Nik Trajanovic) e da Universidade de Ottawa (Paul Fedoroff). A expressão ‘sexo sonâmbulo’ foi usada em 1998 num diagnóstico médico redigido por David Saul Rosenfeld, um neurologista e especialista de sono baseado em Los Ange-les. Já a palavra ‘sexsomnia’ foi usada pela primeira vez em Junho de 2003 num relatório preparado por Colin Shapiro”.

“A ‘sexsomnia’ pode manifestar-se jun-tamente com outros distúrbios do sono como sonambulismo, ressonar, terrores nocturnos ou mesmo o molhar da cama, podendo estas condições ser despoletadas por stress, falta de sono ou consumo excessivo de álcool ou outras drogas. Em casos de epilepsia asso-ciada ao sono, pode-se vir a verificar uma estimulação sexual, acompanhada de mo-vimentos do pélvis e possíveis orgasmos”.

“O diagnóstico médico proposto é pa-rassonia com NREM (non-rapid eye move-ment) – que causa comportamentos sexuais

durante o sono, dos quais os indivíduos não se lembram depois de acordar”.

Através destas descrições, torna-se mais fácil compreender que em casos de “sexsom-nia” os homens são instigados à prática de sexo durante o sono por esta condição, não estando os indivíduos sequer conscientes das suas próprias acções. Assim, não há intenção de cometer um crime ou de violar alguém, o que permite alegar, numa linguagem legal, uma situação de insanidade ou loucura em sua defesa. E como discutimos acima, os tribunais podem aceitar esta condição em defesa dos arguidos, tal como aconteceu na Suécia.

Vamos analisar todos os detalhes en-volvidos nesta tipo de situações. Se o réu não tinha intenções de cometer o crime, ou então apenas o fez devido a uma doença fora do seu controlo, faz sentido que não seja considerado culpado, pois nesse momento particular este não é capaz de se controlar

(o que é o mesmo que dizer que sofria de insanidade temporária). Porém, o tribunal deve garantir que o arguido seja internado para receber tratamento médico, de modo a que recupere e a situação não se venha a repetir. Ao mesmo tempo, pode vir a ser necessário proceder à revisão de algumas leis, visto este ser um argumento novo em casos de violência sexual. Se a condição de “sexsomnia” pode ser usada em julgamento, será então necessário que a lei inclua esta doença como uma possível defesa estatuária ou regulamentar para casos de violação?

De modo a provar que um determinado indivíduo sofre realmente deste tipo de distúrbio do sono, torna-se necessário falar com a sua companheira, ou alguém com quem este já tenha partilhado a cama. Mas abre-se aqui um problema, pois é possível que a testemunha de defesa esteja disposta a mudar o seu depoimento oral para ajudar o arguido, visto estes terem um relaciona-mento íntimo entre si. Será assim possível acreditar nas declarações desta testemunha? Até que ponto é que o tribunal pode confiar na veracidade das declarações de alguém que está intimamente ligado ao réu?

Se queremos ter a certeza que um indi-víduo sofre realmente desta condição, é es-sencial que estas alegações sejam analisadas por médicos competentes, o que também pode vir a implicar a revisão de certas leis. Todos estes detalhes têm de ser estudados com atenção pelos juristas.

*Professor Associadodo Instituto Politécnico de Macau

Se queremos ter a certeza que um indivíduo sofre realmente desta condição, é essencial que estas alegações sejam analisadas por médicos competentes, o que também pode vir a implicar a revisãode certas leis

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hoje macau segunda-feira 29.9.2014

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MARCO [email protected]

A selecção de hóquei em patins de Macau reva-lidou ontem, na cidade continental de Haining,

o título asiático da modalidade, ao bater a congénere de Taiwan por 13-3 numa final inédita. O triunfo dos pupilos de Alberto Lisboa é o sexto consecutivo no principal certame de hóquei patinado do continente asiático. O cinco do território venceu a competição por nove vezes em dezasseis edi-ções e na província de Zhejiang confirmou o estatuto de principal potência asiática da modalidade, com uma vitória irrefutável sobre os representantes da Formosa.

Habituada a discutir o título continental ora com o Japão, ora com a Índia, a formação orientada por Alberto Lisboa não deixou créditos por mãos alheias no en-contro decisivo da 16ª edição do Campeonato Asiático de Hóquei em Patins e coube ao próprio seleccionador do território – que em Haining voltou a actuar com o estatuto de jogador-treinador – inaugurar o marcador, abrindo caminho para nova grande exibição da formação do Lótus, coroada com uma avalanche de golos. O cinco de Taiwan surpreendeu tudo e todos nas meias-finais ao bater a

HÓQUEI EM PATINS MACAU DERROTOU TAIWAN NA FINAL POR 13-3

Campeões, pois claro

Índia pelo parcial de 12-9, mas no mais importante dos encontros do campeonato não conseguiu fazer sombra aos atletas do território e romper o favoritismo assacado aos campeões asiáticos. Ao intervalo, o conjunto formosino já perdia por oito bolas a uma, mercê sobretu-do de uma exibição inspirada de Hélder Ricardo. O avançado, que acumula com o estatuto de atleta o papel de seleccionador de hóquei em linha, marcou sete dos treze tentos com que os agora enea-campeões asiáticos derrotaram o adversário formosino. Alfredo

Almeida, com três golos e Augusto Ramos e Ricardo Atraca, com um tento cada, também inscreveram o nome nos anais da partida, con-tribuindo de forma decisiva para novo triunfo histórico do hóquei patinado do território.

O grupo de trabalho orientada por Alberto Lisboa garantiu a presença no encontro decisivo da competição ao bater o Japão por duas ocasiões, primeiro em partida a contar para a fase de grupos e depois em desafio a contar para as meias-finais. Após ter ganho à Índia por 12-3 e a Taiwan por 12-2

nos dois primeiros desafios da fase round-robin da prova, a selecção do território encerrou a primeira fase da competição com o primeiro dos triunfos alcançados sobre o Japão. Apesar de não ter conseguido mar-car presença no desafio decisivo do certame, a selecção nipónica foi a que maior resistência ofereceu ao cinco do Lótus, perdendo na sexta-feira por oito bolas a zero. Augusto Ramos e Alberto Lisboa marcaram os dois primeiros tentos dos campeões asiáticos, antes de Hélder Ricardo resolver quase de forma unilateral a partida, com quatro tentos no primeiro tempo e dois na etapa complementar.

PEÇA CRUCIALO avançado, de 30 anos, voltou a revelar-se, no sábado, uma peça fundamental no xadrez do cinco do território, no segundo jogo a colocar frente-a-frente Macau e o Japão. O dianteiro apontou quatro dos sete golos com que a selecção do Lótus derrotou o conjunto nipó-nico e fez as assistências para os restantes três tentos do cinco da

RAEM, servindo Alberto Lisboa para o tento inaugural e oferecendo por duas vezes o golo a Augusto Ramos. A perder por sete bolas a zero, o Japão ainda conseguiu apontar o golo de honra, selando as contas do placard em 7-1.

Com uma eficácia a toda a prova e um sentido de golo irre-preensível, Hélder Ricardo voltou a sagrar-se o melhor marcador da competição, com 28 golos, mas regressa esta tarde a Macau sem ver sancionada oficialmente a façanha. A exemplo do que su-cedeu há dois anos, em Hefei, a organização do Campeonato Asiá-tico voltou a não distinguir nem o melhor marcador, nem o melhor jogador da prova. Este ano, os responsáveis pelo certame foram ainda mais longe e nem com um troféu distinguiram os vencedores da competição. Os eneacampeões asiáticos regressam à RAEM com medalhas individuais, mas sem um troféu colectivo com que possam assinalar uma nova página histórica do desporto do território. A participação no Cam-peonato Asiático de Hóquei em Patins serviu sobretudo para que a formação orientada por Alberto Lisboa preparasse a participação no Mundial B da modalidade, prova que se disputa na localidade uruguaia de Canelones, entre 15 e 22 de Novembro próximos.