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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 10 MAX 18 HUMIDADE 60-85% • CÂMBIOS EURO 10.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEGUNDA-FEIRA 30 DE JANEIRO DE 2012 ANO XI Nº 2538 PUB Ter para ler Empresa de preservação de células estaminais - a melhor solução para determinadas doenças graves - abriu na RAEM, porque cada vez mais cidadãos locais iam à sua clínica em Hong Kong. Mas nem todos terão acesso a esta vantagem - é saúde privada. CENTRAIS ILHA DA MONTANHA Governo justifica derrapagem de 3,3 mil milhões PÁGINA 3 CRESCIMENTO IMPARÁVEL Nova revolução da China faz-se na internet PÁGINA 7 RUI CARDOSO MARTINS “Tenho com Macau uma relação de falhanço” PÁGINA 15 DSAT EM ACÇÃO Estacionamento ilegal vigiado com câmaras PÁGINA 4 Saúde do futuro ganha presente em Macau Ao fim de 16 anos, já não é preciso ir a Hong Kong ROTA DAS LETRAS

Hoje Macau 30 JAN 2012 #2538

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Edição do Hoje Macau de 30 de Janeiro de 2012 • Ano X • N.º 2538

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Page 1: Hoje Macau 30 JAN 2012 #2538

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 10 MAX 18 HUMIDADE 60-85% • CÂMBIOS EURO 10.5 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 30 DE JANEIRO DE 2012 • ANO XI • Nº 2538

PUB

Ter para ler

Empresa de preservaçãode células estaminais - a melhor solução para determinadas doenças graves - abriu na RAEM, porque cada vez mais cidadãos locais iam à sua clínica em Hong Kong. Mas nem todos terão acesso a esta vantagem - é saúde privada. CENTRAIS

ILHA DA MONTANHA

Governo justifica derrapagemde 3,3 mil milhões

PÁGINA 3

CRESCIMENTO IMPARÁVEL

Nova revolução da China faz-se na internet

PÁGINA 7

RUI CARDOSO MARTINS

“Tenho comMacau uma relaçãode falhanço”

PÁGINA 15

DSAT EM ACÇÃO

Estacionamento ilegal vigiado com câmaras

PÁGINA 4

Saúde do futuro ganha presente em Macau

Ao fim de 16 anos, já não é preciso ir a Hong Kong

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AS

LE

TR

AS

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2 publicidade segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

ANÚNCIO [N.º 23/2012]

Paraosdevidosefeitos,vimosporestemeionotificarosrepresentantesdosagregadosfamiliaresseleccionadosdalistadeesperadehabitaçãoeconómicaabaixosmencionados:N.ºdoboletimdecandidatura Nome N.ºdoboletim

decandidatura Nome

62829 LEUNG WAI CHUEN 59587 LEE BING CHUN56936 LEE YIN LAM ELAINE 62385 LEI SAT U63572 LEONG SIU HENG 56877 IONG MAN KEONG69600 KU UT WAN 54121 CHIANG CHIN PANG66183 SEK WENG HAN 67236 LO KUAI CHAN68065 CHAN KAM SENG 69420 CHAN SIU CHU68959 SOU SAN KUN 68291 MIU WENG KEI68645 CHAO SIO UN 53594 LAO KENG KAI53532 NG HOI IAN 58752 CHEONG TIP I63690 LEI BELINDA DA GRACA 66252 IONG VENG SOI66226 CHOI IOK FAI 63390 LEONG WENG IN53644 LEE LIN 53298 LEONG SEONG69201 CHAN IENG TAM 53672 CHON LAI IENG66796 VAI HENG 53994 IP WAI HENG

66720 WONG CHI MAN 71368LAM MENG CHAO ALIAS

LAM KAM IONG ALIAS LAM NGAN CHAO

55317 CHEONG I WA 55770 LEI CHI IN72185 WU NGAI HANG 60615 LEI IEONG CHUN56714 JOR KAU 69805 LAO MIO LENG72200 IONG IN HONG 53670 CHAN IAT SENG53664 LEONG SOI KENG 57551 CHANG CHEOK CHAN71347 LEI SIO LIN 66711 CHAN WAI TONG60422 CHEONG CHO 63064 NG KAM TANG60572 LAU KAM SIM 60315 CHEONG KA CHON60330 CHAN TIM IO 60470 CHAN TENG FAT

66255 VONG CHI MENG 59469 FERNANDES FRANCISCO XAVIER

66610 KUOK WENG MENG 60101 AU SOI LENG67633 CHAN IN I 58470 TAM PUI I57258 CHEONG VA KAN 66063 LEI LAI HENG

51484 SERGIO SIMOES GOMES MARTINS 63826 LAM CHI WAI

*63524 *CHAN TENG PIO 66970 CHANG KA MENG

Deacordocomostermosdoartigo12.ºdoDecreto-Lein.º26/95/M,de26deJunho,oInstitutodeHabitação(IH)informaosrepresentantesdosagregadosfamiliaresacimareferidos,atravésdeofícios,parasedirigirempessoalmenteaoIH,sitanaTravessaNortedoPatane,n.º102,IlhaVerde,Macau(pertodaEscolaPrimáriaLuso-ChinesadoBairroNorte),nodia15deFevereirode2012,àshorasfixadasnosrespectivosofícios,paraescolhadasfracçõesdehabitaçãoeconómicadisponíveisdeT2nazonadeTaipa. Nessaaltura,osagregadosfamiliaresdalistadeesperaacimareferidosdevemapresentarosdocumentoscomprovativos(originaisecópias)abaixomencionados,paraefectuaranovaverificaçãodosrequisitosdacandidaturadaaquisiçãodehabitaçãoeconómica.Casoasrespectivasinformaçõesafectemosactuaisrequisitosdaaquisiçãodefracçãoouexistiremmudançadacomposiçãodosagregadosfamiliaresacimareferidos,esteInstitutoirásuspender,imediatamente,oprocedimentodaescolhadehabitaçãoeconómica: 1. Documentosdeidentificaçãodetodososelementosdoagregadofamiliareosseuscônjuges (casohouver)registadosnoboletimdecandidaturadehabitaçãoeconómica. 2. Provadecasamento(aplicávelaosindivíduoscasados.CasotenhaentregueaoIH,nosúltimos trêsmeses,nãoénecessárioaentregardenovo.) 3. Boletim de candidatura dos dados dos agregados familiares de habitação económica devidamentepreenchidoseassinados. Deacordocomostermosdon.º2doartigo13.ºdodecreto-leiacimareferido,comasalteraçõesintroduzidaspeloRegulamentoAdministrativon.º25/2002,casoosagregadosfamiliaresdalistadeesperaacimareferidosnãotenhamcomparecidonoIH,nodiaehorasfixados,eapresentadoosdocumentosacimareferidos,paraescolhadehabitaçãoounãopretendamadquirirnenhumadasfracçõesdehabitaçãoeconómicadisponíveisnomomentopodemoptarentre,pormotivonãojustificado,implicaaperdadodireitodeescolhaepassagemautomáticaparaoúltimolugardalistageral;ouapósaapreciaçãodosdadosapresentados,verifiquequenãoreuniremcomosrequisitosdacandidatura,osagregadosfamiliaresseleccionadosserãoexcluídosnalistageral. *Emcasoda2.ªconvocação,osagregadosfamiliaresseleccionadosquenãotenhamcomparecidonoIH,nodiaehorasfixados,eapresentadoosdocumentosacimareferidos,paraescolhadehabitaçãoounãopretendamadquirirnenhumadasfracçõesdehabitaçãoeconómicadisponíveisnomomentopodemoptarentre,serãoexcluídosnalistageral,deacordocomostermosdasalíneaa)doartigo14.ºdodecreto-leiacimareferido,comasalteraçõesintroduzidaspeloRegulamentoAdministrativon.º25/2002ealínea2don.º5doartigo60.ºdaLein.º10/2011. Nointuitodeproporcionarosagregadosfamiliaresseleccionadosparateremmaisconhecimentossobreasinformaçõesdasfracçõesdehabitaçãoeconómicadisponíveis,oIHjuntamenteosofíciosenviaráemanexoocatálogocomdescriçõesdasfracçõesparavenda,tabeladospreços,ráciobonificado,pontosdeobservação,informaçõessobreafracçãodemodelo.CasoosagregadosfamiliaresseleccionadosnãotenhamrecebidososofíciosremetidospeloIH,atésetediasantesdadatafixada,poderãodirigir-seaoIHsitonaTravessaNortedoPatanen.º102,IlhaVerde,Macau)ouconsultaratravésdotelefonen.º28594875,duranteohoráriodeexpediente.

APresidenteSubst.ª,

KuocVaiHan 26 de Janeiro de 2012

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3políticasegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

Estatuto do Conselho Executivo alteradoFoi aprovado em 1999 e recebe agora uma revisão - o Estatuto dos Membros do Conselho Executivo vai sofrer duas alterações, afectas ao porta-voz do Conselho e aos ex-membros e familiares. Em vigor no regimento actual, está previsto o pagamento de uma remuneração adicional ao porta-voz do Conselho Executivo. Com a nova alteração, esta fica suspensa assim que o porta-voz seja também suspenso das suas funções. Em compensação, todos os ex-membros do Conselho Executivo e respectivas famílias vão poder manter o acesso a assistência médica, à excepção dos que foram exonerados das suas funções por motivos de crime ou outras situações graves.

Joana Freitasjoana.freitas@ hojemacau.com.mo

JOSÉ Pereira Coutinho interpelou o Governo

sobre a nova regra de ex-pansão para as mesas de jogo de 3% por ano, durante dez anos, a partir de 2013. O deputado quer saber a quantidade de máquinas e mesas de jogo que existiam nos casinos do território, de 2007 a 2012, e qual será o números no espaço de 2013 a 2023 com a nova norma.

Mas Pereira Coutinho pede ainda mais. O deputado

Virginia [email protected]

O deputado Chan Meng Kam comentou nas Interpelações Escri-tas a derrapagem do

orçamento das instalações do novo campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha de MOP 6,5 mil milhões para MOP 9,8 mil milhões, devido ao aumento dos custos da construção e à valorização do yuan.

Chan Meng Kam criticou ta-manho aumento e questionou se o Governo está a controlar com seriedade o gasto de somas tão avultadas de dinheiro público. Pediu explicações sobre o assunto

Deputado pede explicações para aumento dos gastos da Universidade da Ilha da Montanha

Derrapagem justificada

Pereira Coutinho interroga-se com nova regra para casinos

Como dividir as mesas de jogo?

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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTASAviso

Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2011 nos termos do disposto na alínea c) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 17 de Fevereiro, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Vong, através do nº 85990168 ou 85990139, caso não recebam a mencionada notificação.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 19 de Janeiro de 2012

O Presidente do Júri,

Iong Kong Leong

e interrogou se haveria problemas no orçamento inicial. Também questionou a qualidade dos ser-viços de controlo que permitiram esta derrapagem orçamental.

CONSTRUIR, CONSTRUIRO coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-es-truturas, Chan Hon Kit respondeu a Chang Meng Kam, sublinhando que a área de construção inclui 15 grupos com mais de 80 blocos de edifícios de fornecimento de água e de electricidade, esqua-dras de polícia, vestuários, etc., o que requer enormes quantida-des de materiais de construção. Toda a construção tem elevados padrões e é de grande escala, o

que obriga mais de 20 empresas a trabalharem em conjunto, pro-vocando algumas dificuldades de organização.

Chan Hon Kit acrescentou que as obras de escavação do túnel ti-veram de ser ampliadas quase para o dobro do previsto, o que obrigou ao reforço dos materiais de cons-trução e que o prazo do projecto acarreta grandes quantidades de mão-de-obra e de recursos.

O dobro da profundidade do túnel, a inflação, o aumento dos preços dos materiais e a valori-zação da moeda foram factores apontados por Chan Hon Kit para explicar a derrapagem orçamen-tal, que, acrescentou, não deve sofrer mais alterações.

Angariadores de jogadores VIP no máximoO número de angariadores de grandes apostadores em Macau é de 219, um novo recorde. A lista de pessoas particulares e colectivas licenciadas para o exercício da promoção de jogos de fortuna ou azar em casino foi divulgada pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos. O número traduz um

aumento de quase 14% relativamente a 2010, quando estavam registados 193 promotores de jogo VIP (ou junkets). O dinheiro gerado nas salas VIP corresponde

a mais de 80% do total das receitas brutas arrecadadas pelos casinos. Os junkets recebem um máximo de 1,25 por cento do valor total apostado.

quer também saber a quanti-dade de mesas e máquinas discriminada por casinos, quantas mais poderá ter cada casino e quais os fundamentos para distribuir o crescimento pelas diferentes operadoras.

A mão-de-obra não fica de fora da interpelação ao Governo. O número de fun-cionários necessários para os novos casinos e quantos precisam de vir do exterior são perguntas que Pereira

Coutinho deixa também escritas. A consequente ne-cessidade de mais médicos e habitações para os novos trabalhadores é outra das preocupações. “O Governo tem estudos sobre isso?”

HOJE MACAU

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Encontro em Cantãoem prol do metroUma delegação composta por seis elementos do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) deslocou-se à cidade de Cantão para conhecer o Sistema de Metro Automático para Passageiros da Zona Nova de Zhujiang, no sentido de reforçar o diálogo com a China Continental, assim como aprender com as experiências da cidade no Interior da China na construção de transporte ferroviário e na gestão de operação. O GIT e o pessoal da Guangzhou Metro Corporation efectuaram o colóquio e o intercâmbio de tecnologia, em que ambas as partes expressaram a intenção de cooperação futura nos domínios de cooperação de tecnologia e de estágio de formação, esperando que o projecto da 1.ª fase do Sistema de Metro Ligeiro de Macau possa ser promovido com sucesso.

ICBC pode instalar-seem PortugalO Banco Industrial e Comercial de China (ICBC), também colocado em Macau, apresentou ao Banco de Portugal (BdP) o pedido para a abertura de uma sucursal no mercado português. Segundo o semanário português Sol, o banco está já a montar a equipa de gestão. Se alcançar o objectivo de se instalar em Portugal, o ICBC será a primeira instituição financeira chinesa directamente colocada em Portugal. O ICBC garante querer abrir portas em Lisboa no início do segundo semestre, data que está, contudo, dependente da autorização portuguesa. O ICBC foi estabelecido também no território em Julho de 2009, depois da injecção de todo o capital no Seng Heng Bank de Macau. Nessa altura, o banco chinês reforçou a aproximação a Portugal, estabelecendo protocolos de cooperação com o Banco Espírito Santo e o Millennium bcp, para facilitar o investimento entre a China e os países de língua portuguesa. Contudo, apesar de presente na capital portuguesa há alguns anos, o ICBC tinha apenas um escritório de representação e uma actividade bem mais reduzida do que aquela que terá agora, quando obtiver autorização para abrir uma sucursal. Com a recente venda de 21,35% da participação do Estado na EDP – Energias de Portugal à China Three Gorges, o interesse do ICBC em Portugal tornou-se mais evidente, sendo que a aposta de bancos chineses no sistema financeiro português foi uma das “contrapartidas” da proposta de privatização da eléctrica. O ICBC tem ainda vindo a ser apontado como um dos potenciais futuros accionistas do BCP.

4 sociedade segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

Virginia [email protected]

O governo vai melhorar a rede de estradas e implementar um sistema de detecção

de estacionamento ilegal dentro da zona urbana, para melhorar as condições de transporte na cidade, segundo o jornal Ou Mun. O Executivo está a estudar a operacionalidade do uso de tecnologia sem fios para por em prática um sistema de detecção de estacionamento ilegal.

O Director da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Wong Wan, declarou que para além da ne-cessidade das empresas de auto-carros continuarem a melhorar os seus serviços, o Governo deveria instalar um sistema de câmaras para detecção de estacionamento ilegal na Rotunda de Carlos da Maia e na Rua de Sacadura Ca-bral, de forma a evitar situações de ruptura nessas áreas.

Desde Abril do ano passado que já foram efectuados quatro testes com câmaras de vigilância,

que permitiram à polícia identi-ficar e punir os prevaricadores, segundo relata o Ou Mun. A DSAT informa que o sistema está em funcionamento há 15 dias e que já há mais de mil notificações por estacionamento proibido.

QUANTO FALTA?O Governo também já recomen-dou melhoramentos no sistema de informação dos autocarros. Wong Wan disse que o sistema usado no continente para infor-mar os passageiros do tempo que falta para a chegada dos

autocarros é feito a partir da velocidade do veículo e da dis-tância que falta percorrer, mas não conta com engarrafamentos de trânsito.

Wong Wan sublinhou que o sistema em Macau foi inspi-rado no da China continental, mas que há grandes diferenças de ordem prática entre os dois territórios. Acrescentou ainda que o Governo irá tentar pôr em prática todos os melhoramentos até meio do ano, de modo a me-lhorar a informação transmitida aos passageiros.

OS responsáveis da As-sociação do Sector

Profissional dos Transpor-tes Públicos estão preocu-pados com uma eventual debandada de motoristas de autocarros para os shuttles dos casinos que vão abrir no Cotai.

Em declarações à TDM, o porta-voz da Associação referiu a possibilidade de duas centenas poderem vir a ser contratados pela Sands

DSAT pede optimização do sistema de informação dos autocarros

Estacionamento ilegalvigiado com câmaras

Associação dos profissionais dos transportes públicos com medo

Sands pode levar condutores para o CotaiChina, assim que a empresa abrir portas nos lotes cinco e seis do Cotai. A fuga pode acontecer devido aos baixos salários que os motoristas auferem – cerca de nove mil patacas de base – e à escassa mão-de-obra local.

“No caso dos motoristas que estão há apenas dois ou três anos empregados, esta oferta vai ser bastante ali-ciante”, explica o represen-tante da associação. “Neste

momento recebem só nove mil patacas, contabilizando com o bónus devem ser cerca de 12 mil.”

Os motoristas dos shuttle bus dos casinos auferem cerca de 60/70 patacas por hora, o que totaliza cerca de 14 a 15 mil patacas mensais. Uma diferença que pode ser significativa para 1/3 dos condutores de autocarros públicos do território.

Recorde-se que a Reo-

lian, a nova operadora de transportes públicos que entrou ao serviço a 1 de Agosto do ano passado, viu--se obrigada a aumentar os ordenados dos trabalhadores para colmatar a falta de mão--de-obra com que se deparou no ínicio da sua actividade. O mesmo aconselham os representantes da associação às empresas de transportes públicos: aumentar os salá-rios. - J.F.

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5sociedadesegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

A partir de agora e até dia 30 de Abril, os es-tudantes universitários residentes de Macau

vão poder inscrever-se para a obtenção de apoio financeiro para material escolar. A juntar a outros subsídios implementados para o ensino superior, o “Subsídio para

UMA nota oficial do Ga-binete de Comunicação

Social do Governo relatou que, na manhã do dia 28, uma reclusa portadora do vírus HIV, com 23 anos, atacou uma guarda, suspeita-se por descontrolo emocional, no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM). Para ser controlada, foi necessário recorrer à utilização de gás pimenta. Durante a operação, a guarda, com as mãos protegidas por luvas anti-perfurantes, ficou com a palma da mão mordida. Após as análises preliminares, não foram verificados danos nas respectivas luvas. Por razões de segurança, o EPM enviou a referida guarda ao C.H.C.S.J. para exames médicos. Não se elimina a possibilidade de transferir o caso ao Ministério Público

para eventual procedimento criminal. Após informado do incidente, o Secretário para Segurança manifestou preocupação quanto à guarda ferida, dando grande atenção ao caso. Simultaneamente, ordenou ao EPM que tratasse o caso com maior brevidade possível.

A reclusa foi condenada a pena de seis anos de prisão, em 2008, pelo crime de trá-fico de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. Segundo consta no processo individual, tem frequente-mente entrado em conflito com as companheiras de cela, com registo de 11 infracções disciplinares. O incidente teve origem quando ela foi punida com um castigo de internamento em cela dis-ciplinar, por infracção das normas penitenciárias.

O Banco da China e o Banco Nacional Ul-

tramarino (BNU) foram autorizados pelo Governo a aumentar a emissão das notas comemorativas do ano do Dragão. Segundo o porta-voz do Conselho Exe-cutivo, Leong Heng Teng, o Governo espera diminuir, assim, a especulação gerada em torno da venda das notas de dez patacas.

A nota é já vendida no continente por mais de 80 yuan. Em Macau, a corrida provocou longas filas na porta dos bancos emissores. O reforço vai permitir a emissão de 20 milhões de unidades da nota do Dra-gão, mais dez milhões do que inicialmente previsto.

“Tivemos de atender à situação consoante as solicitações no mercado”,

Mais de 60 milhões de patacas em apoios ao ensino superior

Material escolar com nova ajuda

Reclusa com HIV ataca guarda

Susto na prisãoBancos autorizados a duplicar a emissão

Mais notas do Dragão

a Aquisição de Material Escolar para Estudantes do Ensino Supe-rior” foi anunciado na sexta-feira pelo Executivo.

No total, são duas mil patacas que o Governo concede aos es-tudantes titulares do BIR e que frequentem cursos superiores com uma duração mínima de dois anos, tanto no território como no exterior.

Esta é a primeira vez que o

Executivo concede um apoio deste tipo para os universitários e, por isso, o subsídio será apenas implementado no ano lectivo 2011/2012, numa fase experi-mental. “Por enquanto ainda não podemos definir se a sua natureza vai ser contínua”, explicou o porta-voz do Conselho Executivo Leong Heng Teng.

Estima-se que cerca de 33 mil estudantes venham a receber as

duas mil patacas – pagas numa única prestação e dois meses após o registo. Destes, cerca de 15 mil estudam fora da RAEM e uma centena em Portugal.

VANTAGEM ESTATÍSTICAOs subsídios vão custar aos cofres da Administração 66 milhões de patacas, mas não são apenas os estudantes que saem beneficiados. “Com os registos que recebermos,

poderemos ficar a saber mais dados sobre os nossos estudantes universitários”, afirmou Sou Chio Fai, coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES). “Desta forma, também recolhemos experiência para sa-ber como fazer um planeamento de apoio ao ensino superior.”

A atribuição deste apoio já tinha sido anunciada nas Linhas de Acção Governativa (LAG), pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On.

O subsídio será acumulável a outros já existentes e, para o rece-berem, os estudantes interessados podem fazer o registo através do portal da internet do GAES ou nas instalações do gabinete.

disse aos jornalistas Leong Heng Teng. “O reforço poderá ajudar ao controlo do mercado e da venda inflacionada das notas, uma vez que ao deixar de haver

um número tão limitado, se a quantidade aumenta a si-tuação da procura acalma.”

LIÇÃO APRENDIDAQuestionado sobre se este

aumento seria adequado face à procura da nota pela parte da China continental, o porta-voz afirmou que sim, mas, ainda assim, ex-plica que pode haver mais acções. “Vamos continuar a ver a situação do merca-do, este regulamento pode não ser o último.”

Face à especulação que tem sido gerada pela nota do Dragão, o Executivo diz ter aprendido a lição. Mas a lição não passa por deixar de emitir notas comemo-rativas. “Se previrmos que uma nota possa ser tão bem sucedida vamos emitir desde o início mais unidades.” Leong Heng Teng afirma que notas novas para pôr nos ‘lai-si’ é algo necessário na vida da população, pelo valor tradicional. - J.F.

Page 6: Hoje Macau 30 JAN 2012 #2538

6 nacional segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

ORGANIZAÇÕES de di-reitos humanos denun-ciaram na sexta-feira as sentenças a que foram

condenados alguns membros do grupo de uigures extraditados em 2009 do Camboja para a China, onde tinham solicitado o estatuto de exilados políticos.

De acordo com um comunica-do do Congresso Mundial Uigur (WUC, na sigla inglesa), que reúne no exílio os membros desta etnia tur-ca e de maioria muçulmana residente no oeste da China, um dos homens extraditados - Musa Muhamad, foi sentenciado a 17 anos de prisão, refere o texto, citando familiares.

A China devia impor “sanções” contra as

Filipinas, depois de Manila ter permitido que mais tropas norte-americanas se estabe-leçam em território filipino, escreveu ontem a imprensa oficial chinesa.

As Filipinas anunciaram na sexta-feira que pretendem realizar mais exercícios mi-litares conjuntos e deixar que mais soldados americanos sejam destacados para o país do sudeste asiático – depois de uma “oferta” por parte de Washington, que procura ex-pandir o seu poderio militar na Ásia, ser bem recebida por Manila.

A China ainda não res-pondeu oficialmente ao anúncio de uma maior cooperação militar entre as Filipinas e os Estados Unidos – efectuado durante

UM comandante ame-ricano para os assun-

tos asiáticos defendeu na sexta-feira a ampliação das relações com a China e afirmou que o diálogo entre as potências do Pacífico não avançou para além de questões estratégicas. O almirante Robert Willard, chefe do Comando do Pa-cífico dos Estados Unidos, manifestou a sua satisfação com o diálogo militar con-tínuo, apesar dos altos e baixos nas relações entre Estados Unidos e China,

mas afirmou que as conver-sas geralmente se centram na comparação de visões estratégicas.

“A relação militar nou-tros planos - de nível tác-tico e operacional, com o objectivo de que os nossos exércitos se conheçam me-lhor através de operações e de visitas recíprocas - não progrediu”, disse Willard numa conferência de im-prensa em Washington. “Estou satisfeito de que a nível estratégico o diálogo tenha sido mantido. Não

estou convencido de que a relação militar esteja onde deveria estar.”

Willard afirmou que os dois países têm uma “filosofia diferente” no que se refere a relações entre militares e reconheceu problemas de confiança, incluindo o que a “China vê como impedimentos” nas relações. A China cancelou vários planos de intercâm-bio militar com os Estados Unidos em protesto contra as vendas de armas ameri-canas a Taiwan.

A chanceler alemã Angela Merkel desloca-se esta semana à China

para encontros com o primeiro-ministro Wen Jiabao e o Presidente Hu Jintao, prevendo-se ainda um discurso sobre a crise do euro.

Grupos de direitos humanos denunciam sentenças

O caso dos uigures extraditados

Pequim deve punir Filipinaspor causa de acordo com Washington

Vem aí reguada

A informação recolhida é des-crita como constituindo a primeira fidedigna compilada sobre um membro do grupo que Pequim obrigou Phnom Penh a extraditar em 2009, depois de, em 2010, algumas notícias terem referido que quatro elementos do grupo de uigures tinham sido condenados à pena capital e outros 14 a prisão perpétua.

O Governo chinês recusa disponibilizar informação sobre o paradeiro dos uigures extradi-tados, cujo regresso forçado à China vai contra a Convenção de Refugiados das Nações Unidas, indica a nota, referindo-se aos

documentos das Nações Unidas que proíbem a extradição para países onde as pessoas possam sofrer torturas ou outro tipo de abusos.

ACUSAÇÕES DA FAMÍLIAOs familiares de Muhamad, de 25 anos, assinalaram, citados no comunicado, que em Outubro de 2011 o Tribunal Intermédio de Kashgar, cidade da região autóno-ma uigur de Xinjiang, sentenciou o jovem a 17 anos de prisão num julgamento que, dizem, decorreu à porta fechada e sem quaisquer garantias.

Ao mesmo tempo, a Rádio

Livre da Ásia, fundada pelo Con-gresso dos Estados Unidos, refere que outros dois membros do grupo foram sentenciados a prisão per-pétua, mencionando os casos de Nurahmet Kudret, de 35 anos, e Islam Urayim, de 32.

Outros membros do grupo foram dados como desaparecidos como uma mulher e duas crianças deportados na mesma altura depois dos conflitos étnicos de Julho de 2009 em Kashgar, que terão pro-vocado centenas de mortos.

Pequim acusa os membros do grupo de serem “delinquentes” procurados pela justiça, enquanto que as organizações de direitos humanos ligadas aos uigures de-fendem que se tratam de pessoas perseguidas pelo regime chinês por serem testemunhas da forma como as forças de segurança pren-deram e atacaram de forma letal os manifestantes uigures durante os distúrbios de 2009.

os feriados do Ano Novo Chinês –, mas uma reacção é agora esperada a qualquer momento, a avaliar pelo editorial publicado na edição de ontem do jornal “Global Times”.

No editorial é defendido que Pequim “tem de respon-der” ao gesto, “alavancando cortes nas actividades eco-nómicas” entre as Filipinas e outros países do sudeste asiático. A China deve ain-da considerar a hipótese de “arrefecer” os negócios com Manila, lê-se no editorial “Sanções bem calculadas contra as Filipinas vão fazer com que pondere a escolha de perder um amigo como a China e de ser um parceiro vão dos Estados Unidos.”

AS DISPUTASA China e as Filipinas man-

têm disputas territoriais sobre a soberania de ilhas localizadas no Mar do Sul da China - zona marítima de grande intensidade de na-vegação ligando o Pacífico ao Índico, tem uma área de 3,3 milhões de quilómetros quadrados, e as suas ilhas são reclamadas totalmente pela China, Taiwan e Viet-name e parcialmente pelas Filipinas, Malásia e Brunei.

As disputas territoriais pelas ilhas explicam-se pelo facto de haver garan-tias de que têm importantes reservas de petróleo e de gás natural, bem como recursos energéticos ne-cessários não só para o de-senvolvimento dos países regionais como também importantes para potenciar o desenvolvimento das economias.

Americanos procuram estreitar aliança militar com a China. Pelo menos um

Pacífico só o oceano

Angela Merkel em visita histórica à China

Falemos de dinheiroMerkel deverá reunir-se na quinta-

-feira em Pequim com os dois respon-sáveis chineses, antes de efectuar um discurso “sobre as questões financeiras, em particular monetárias, e políticas”, precisou o porta-voz Steffen Seibert na sua habitual conferência de imprensa semanal.

Wen Jiabao deverá ainda acompanhar Merkel numa curta deslocação à provín-cia de Guangzhou (sul), onde visitarão uma empresa e participarão num fórum económico que reúne empresários ale-mães e chineses.

A Alemanha e a China, os dois princi-pais exportadores mundiais, estão unidos por uma vasta rede de trocas comerciais.

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7nacionalsegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

A China, um país que historicamente pode ser considerado o mais frag-mentado do globo, está

hoje a unificar-se de uma maneira jamais vista, por causa de uma nova conectividade, escreve, num artigo de opinião do jornal Estado de São Paulo, Stephen S. Roach, professor da Universidade de Yale e Director do Banco Morgan Stanley Ásia.

A comunidade da internet no país está a expandir-se rapidamente, com profundas implicações para a economia chinesa, sem falar nas regras sociais e no sistema político. “Este génio não poderá voltar a ser colocado na lamparina. Uma vez sol-to, não há possibilidade de retorno.”

O ritmo da transformação é de tirar o fôlego. De acordo com o site Internet World Stats, o nú-mero de utilizadores da internet na China mais do que triplicou desde 2006, chegando aos 485 milhões em meados de 2011, e a corrida para a conectividade está longe de chegar ao fim. “A partir de meados de 2011, apenas 35% da população de 1,3 mil milhões de pessoas estava ligada à internet - uma percentagem ainda muito distante dos índices de penetração de 80% observados na Coreia do Sul, no Japão e nos EUA.”

CRESCIMENTO CONTÍNUOCom o custo da ligação à internet a cair drasticamente e com a urbani-zação e o rendimento per capita a subir de modo consistente, não é in-sensato esperar que o acesso à web na China supere a faixa dos 50% em 2015. O que será equivalente a adicionar cerca de três quartos de todos os actuais utilizadores de internet nos Estados Unidos.

Um estudo feito pelo China Internet Network Information Center (o centro de informações sobre a internet no país) sugere que os cidadãos chineses ligados à rede passam em média 2,6 horas por dia

Pequim amplia fornecedoresno Golfo Pérsico A China reduziu para mais da metade as suas importações de petróleo do Irão em Janeiro e nos contratos para Fevereiro, mas o movimento parece motivado mais por questões comerciais do que por um eventual apoio às sanções impostas pelos EUA. De qualquer maneira, Pequim começou a cultivar fornecedores do Golfo Pérsico, em especial a Arábia Saudita, que no ano passado foi a origem de 20% do petróleo importado pela China, quase o dobro dos 11% vendidos pelo Irão. O primeiro-ministro Wen Jiabao realizou este mês a primeira visita em 21 anos de um primeiro ministro chinês à Arábia Saudita e esteve também nos Emirados Árabes Unidos e no Catar. Minxin Pei, do Claremont McKenna College, da Califórnia, acredita que a China está numa encruzilhada entre seus interesses económicos, a busca de estabilidade no Médio Oriente e o relacionamento com os EUA. “Dada a crescente pressão em Israel para o lançamento de um ataque preventivo contra as instalações nucleares do Irão, adoptar sanções que podem realmente afectar Teerão, pode ser a única opção para evitar um desastre muito pior: uma guerra no Golfo Pérsico.”

Vendas sobem 16,2% no Novo AnoAs vendas de comércio a retalho na China durante os feriados do Ano Novo chinês aumentaram 16,2%, para MOP 578 mil milhões, destacando-se as subidas nos sectores de alimentação, vinho e vestuário. Centenas de milhões de pessoas viajaram por todo o país durante os feriados do Ano Novo Chinês, naquela que é a maior migração interna anual do mundo, levando os níveis de consumo a atingir picos durante este período. Dados divulgados pelo ministério do Comércio da China indicam que as vendas de vestuário subiram 18,7%, enquanto que as de jóias e comida 16,4% e 16,2%, respectivamente. Estimativas preliminares dão conta de que o número de viagens de comboio, avião, barco e autocarro entre 8 e 16 de Fevereiro se situará nos 3,2 mil milhões, uma meta que a ser atingida traduz um aumento de 9,2% face ao período homólogo do ano passado.

Como a internet está a mudar a China

A nova revoluçãoonline - uma hora a mais do que o cidadão médio chinês entre 15 e 49 anos passa frente à televisão.

“Os microblogs da China, ou as redes sociais, cuja utilização tende a ser a mais intensa, contavam com aproximadamente 270 milhões de utilizadores no fim de 2011. E existe muito espaço para esse número crescer. Em todo o mundo, 70% de todos os utilizadores de internet estão hoje envolvidos em algum microblog, o segmento que mais cresce na rede. Na China, essa percentagem é de apenas 55%.”

QUESTÃO DE ESCALAQuando se faz uma análise da China, é sempre fácil deixarmo--nos levar pelos números - espe-cialmente aqueles que envolvem o tamanho descomunal do país - mas a verdadeira mensagem neste caso tem a ver com as implicações da conectividade, não apenas com a escala, sublinha o director do Morgan Stanley Asia.

“Uma implicação-chave é o potencial da internet para ter um papel significativo na emergên-cia da sociedade de consumo na China - um imperativo estrutural crítico para uma economia há muito tempo desequilibrada. Com a conectividade, deve surgir uma consciência nacional em termos de hábitos de consumo, gostos e marcas - características essenciais para qualquer cultura consumista.”

A percentagem de consumo na China, inferior a 35% do PIB, é me-nor do que o registado em qualquer grande país. “O aumento do uso da internet pelos chineses poderá contribuir para as iniciativas para

estimular o consumo constantes do 12.º Plano Quinquenal do governo, recentemente implementado.”

A internet deve também levar a comunicações mais abertas e mais livres, a uma mobilidade maior, à difusão rápida e transparente da informação e, sim, à individuali-dade. “A liderança da China tem expressado cada vez mais a sua preocupação com as crescentes desigualdades que podem impos-sibilitar o desenvolvimento do que consideram uma ‘sociedade mais harmoniosa’. A ligação online pode ser um instrumento poderoso para ajudar a China a unir-se e atingir essa meta.”

MUDANÇA POLÍTICAFinalmente, a internet tem potencial para ser um instrumento de mudan-ça política. “Esta não é uma conside-ração inconsequente para qualquer país após a Primavera Árabe, que foi auxiliada (especialmente a Tu-nísia e o Egipto) pela mobilização possibilitada pela rede.”

Embora uma reforma da Chi-na como Estado de partido único sempre tenha sido vista como uma meta importante na China moderna - desde a chamada Quinta Modernização de Wei Jingsheng, nos anos 70, até os discursos re-centes do primeiro ministro Wen Jiabao -, os grandes avanços têm sido limitados. “É provável uma mudança à medida que a China vai adoptando a internet?”

O país não é excepção quando se trata de colocar a liderança, a responsabilidade e capacidade de resposta como condições de estabi-lidade política. “A comunidade da

internet na China, que se expande rapidamente, por várias vezes despertou a consciência nacional para problemas locais difíceis. Isso ficou evidente após o terramoto em Sichuan, em 2008, nas violências étnicas em Xinjiang, em 2009, e no acidente com o comboio de alta velocidade em Wenzhou, em 2011.”

Como a Primavera Árabe demonstrou, a internet pode ra-pidamente transformar incidentes locais em situações explosivas - tornando a conectividade uma fonte potencial de instabilidade e agitação política. “Mas esse tem sido o caso apenas em países go-vernados por regimes autocráticos muito impopulares.”

A liderança chinesa, pelo con-trário, é vista com muito mais sim-patia pela sociedade. A sua resposta rápida e directa aos incidentes em Sichuan, Xinjiang e Wenzhou são exemplos importantes. “Altos líderes na escala do Partido, es-pecialmente o primeiro-ministro Wen Jiabao, reagiram de maneira rápida, enfática e bastante eficaz para conter os grandes temores manifestados na internet.”

OBSCURANTISMOSNada disso nega “o lado obscuro” da explosão da internet na China - a saber, a censura generalizada e restrições à liberdade de expressão do indivíduo. “A equipa da SkyNet (que, segundo especulações, chega a 30 mil pessoas) é a maior força policial cibernética do mundo.”

Filtrada ou não, uma China his-toricamente fragmentada tem hoje uma rede viável, que se expande rapidamente, declara Roach. “O poder dessa rede, especialmente quando estão envolvidas mudan-ças económicas, sociais e políticas é difícil de prever. Mas a conec-tividade dá uma nova dimensão de coesão para o país. O que só pode acelerar a velocidade do seu extraordinário desenvolvimento.”

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8 nacional segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

UMA explosão varreu o Pavilhão A5 numa noite de Maio de 2011. O incêndio vinha da

área em que os operários poliam milhares de invólucros de iPads por dia. Ligaram para casa de Lai Xiaodong, um jovem de 22 anos que se mudara seis meses antes para Chengdu, no sudoeste da China, para se tornar um entre milhões na engrenagem do maior sistema de produção industrial do mundo. “O seu filho sofreu um acidente”, disseram ao pai de Lai. “Vá ao hospital o mais rapidamente possível.”

Nos últimos dez anos, a Apple tornou-se uma das mais poderosas companhias do planeta, em parte porque aprendeu a dominar a arte da fabricação mundial. Mas os operários que montam os iPhones, iPads e afins, trabalham muitas vezes em condições precárias, segundo muitos deles, citados por defensores dos direitos laborais.

Os problemas vão de ambientes de trabalho complicados a falhas de segurança graves, por vezes fatais.

Os trabalhadores podem ficar sujeitos a exigências excessivas de horas extraordinárias, às vezes sete dias por semana, e vivem em dormitórios sobrelotados. Alguns dizem que ficam tanto tempo em pé que as pernas incham a ponto de quase não poderem andar.

Menores de idade ajudam a produzir os aparelhos da Apple. Os fornecedores não tratam cor-rectamente os resíduos industriais perigosos e falsificam os registos, de acordo com relatórios internos e de grupos activistas, fiscalizadores da situação na China.

NÚMEROS ARREPIANTESO mais perturbador, dizem, é que alguns fornecedores desconside-ram a saúde dos trabalhadores. Há dois anos, 137 operários de uma empresa fornecedora da Apple no leste da China sofreram lesões quando foram obrigados a utilizar um produto químico venenoso para limpar ecrãs de iPhones.

Pequim condiciona compra de facas O Governo de Pequim implementou novas regras para a compra de facas. Qualquer pessoa que quiser comprar uma faca num supermercado tem de se registar primeiro, de acordo com a imprensa oficial. As cadeias internacionais, como a Walmart ou o Carrefour, terão também de acatar as novas regras. Crianças, pessoas com comportamento desordeiro ou com perturbações mentais ficam proibidas de comprar facas e as lojas terão de comunicar à polícia quem, dentro destas categorias, o tente fazer. Os clientes que quiserem comprar facas terão de deixar o nome completo e a empresa para quem trabalham. Os mercados mais pequenos de Pequim, parecem não estar a cumprir a regra e algumas lojas deixaram de vender facas por acharem os novos procedimentos muito complicados.

Turistas chineses invadiram Londres A enorme capacidade de consumo dos turistas chineses não passou ao lado dos mercados de luxo internacionais. Vagas de turistas chineses invadiram Londres e Nova Iorque, durante o Ano Novo e gastaram em média cerca de MOP 30 mil cada um, segundo o China Times. No Selfridges de Londres, jovens chineses encheram as lojas de marcas como Louis Vuitton, Gucci ou Prada e compraram os luxuosos artigos sem hesitar. Um cliente comprou 12 lenços da Hermes para oferecer à família. As lojas tiveram de substituir grande parte do pessoal que falava japonês por funcionários que dominavam o chinês.O cliente médio inglês gastou, durante este período, cerca de 10% do que os turistas vindos da China gastaram.

Produção da Apple é um abuso total. Palavra de activista

Quantas lágrimas tem um iPhone?

Num período de sete meses, em 2011, ocorreram duas explosões em fábricas de iPad, que mata-ram quatro pessoas e causaram ferimentos a outras 77. Antes das explosões, a Apple tinha sido alertada quanto aos perigos da fá-brica de Chengdu, de acordo com a organização chinesa responsável pelo alerta.

“Se a Apple foi alertada e não agiu, é um comportamento repreensível”, disse Nicholas Ashford, ex-presidente do Co-mité Consultivo Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional norte-americano, assessor do

Departamento do Trabalho dos EUA.

A Apple não é a única a manter um sistema de fornecimento per-turbador. Mas, apesar dos avanços quanto às condições da fábrica e ao código de conduta para fornecedo-res, continuam a existir problemas significativos. Mais de metade dos fornecedores auditados violou pelo menos um aspecto do código de conduta a cada ano, desde 2007.

“A Apple jamais se incomodou com outra coisa que não fosse melhorar a qualidade dos produtos e reduzir os custos de produção”, diz Li Mingqi, que até Abril era

executivo na Foxconn Technology, um dos mais importantes parceiros industriais da Apple.

HORAS EXTRAORDINÁRIAS Na tarde da explosão na fábrica da Foxconn em Chengdu, Lai Xiao-dong ligou para a namorada, a com-binar um encontro para essa noite. Mas o chefe disse-lhe que teria de fazer horas extra. A fábrica estava a operar a um ritmo frenético. Filas de máquinas poliam os invólucros de iPads, comandadas por operários com máscaras de segurança. O ar estava carregado de pó de alumínio.

O pó de alumínio é um risco de

segurança conhecido, causador de explosões. Duas horas depois de ter começado o segundo turno de trabalho de Lai, o edifício começou a abanar. Houve uma série de explo-sões que causaram quatro mortos e 18 feridos. Lai sofreu queimaduras em mais de 90% do corpo. Para a família, resta uma questão. “Não sabemos ao certo por que é que ele morreu”, disse a mãe de Lai. “Não compreendemos o que aconteceu.”

Entretanto a Apple já respondeu às acusações. Num email enviado aos funcionários e que acabou publicado online, Cook afirma que a empresa “se preocupa com cada trabalhador na cadeia de fornecimento mundial”. O CEO – que quando foi para a Apple, na década de 1990, foi o responsável por reajustar a cadeia de fabrico e armazenamento dos produtos – classifica ainda como ofensiva e falsa “qualquer sugestão” de que a empresa não está preocupada com as condições dos trabalhadores. “Todos os anos inspeccionamos mais fábricas, subimos a fasquia para os nossos parceiros e vamos mais fundo na cadeia de forneci-mento”, escreveu Cook. “Como relatámos no início deste mês, fizemos grandes progressos e me-lhorámos as condições de centenas de milhares de trabalhadores. Não conheço ninguém na nossa indús-tria a fazer tanto como nós. Vamos continuar a ir mais fundo e vamos encontrar mais problemas”.

HAVERÁ PIOR?Muitos comentários criticam a Ap-ple, mas há quem afirme que outras empresas oferecem condições ain-da piores e quem aponte que a res-ponsabilidade é partilhada com ou-tras firmas e com o Governo chinês. “Sem a Apple, os trabalhadores chineses estariam muito piores”, escreve um leitor. Outro reforça esta argumentação. “Se as pessoas vissem o tipo de vida que os traba-lhadores tinham antes de consegui-rem um emprego na Foxconn [uma fábrica taiwanesa que opera na Chi-na e é um principais fornecedores da Apple], chegariam à conclusão oposta: a Apple é filantropa”. Num tom diferente, outro leitor mostra desagrado. “Há duas his-tórias sobre a Apple: uma é a de um desempenho brilhante, a outra é a do sangue e suor por trás dos milagres da Apple.”

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9regiãosegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

A Coreia do Norte aumentou o volume das rações de alimentos que distribui, de forma periódica, pelos seus

cidadãos, assegurou ontem uma organi-zação não-governamental sul-coreana, citando dados do gabinete do Programa Alimentar Mundial em Pyongyang.

Um dos membros da ONG explicou à agência sul-coreana Yonhap que, du-rante uma recente visita à capital norte coreana Pyongyang, um representante do gabinete do Programa Alimentar Mundial garantiu que a quantidade de alimentos distribuída aumentou desde Outubro alcançando as “395 gramas por pessoa” no mês passado.

Segundo o PMA, as porções de comida distribuídas pelas autoridades

do país, que enfrenta uma escassez periódica de alimentos, sofreram uma forte quebra entre Abril e Maio de 2011 de 400 gramas para 150 gramas por pessoa em Junho.

Porém, graças às boas colheitas do Outono passado, cujo volume pode ter subido entre 300.000 a 400.000 toneladas face a 2010, a quantidade de rações de comida voltou a crescer para as 355 gramas em Outubro e de forma progressiva até ao final do ano passado, chegando às 395 gramas.

CHINA AJUDASegundo um relatório enviado pelo governo norte-coreano à PMA, em Pyongyang, em 2011 o regime co-munista comprou uma quantidade-

-recorde de fertilizantes à China para melhorar o rendimento em termos da sua produção agrícola, e importou, ao mesmo tempo, mais comida do que em anos anteriores.

Analistas consultados pela agência Yonhap consideram que, graças a isto e ao envio de carregamentos de ajuda alimentar do exterior, o programa de Pyongyang conseguirá reduzir em 2012 o número de cidadãos norte--coreanos que morrem de fome todos os anos no isolado e empobrecido país.

A Coreia do Norte tem dependido fortemente da assistência internacional desde os anos 90, altura em que sofreu uma forte crise de alimentos, que se estima que tenha causado a morte a cerca de dois milhões de pessoas.

ACTIVISTAS da Coreia do Sul lançaram no sába-

do cerca de mil pares de meias com recurso a balões de gás para a fronteira com a Coreia do Norte, apesar dos avisos por parte de Pyongyang.

As meias constituem um artigo importante, na medi-da em que, além de serem um instrumento precioso para a sobrevivência durante o rigoroso inverno, podem também ser trocadas por di-nheiro ou comida suficiente para alimentar uma pessoa durante um mês.

Os cerca de mil pares de meias foram lançados atra-vés de cinco grandes balões a partir da cidade sul-coreana de Paju, no nordeste do país.

A cada um dos pares foram atados panfletos contendo uma mensagem “politicamente inócua”, indicou o grupo de activis-tas que tem vindo a enviar meias para o Norte uma vez por mês ao longo dos últimos tempos.

“Não estamos interessa-dos em enviar mensagens políticas ou criar qualquer tipo de problemas, tudo o que queremos é que as pessoas do Norte calcem as meias para aquecer os pés”, afirmou Sunny Kim, porta-voz do grupo, sediado

em Seul, que luta pela paz no Norte, em declarações à agência AFP.

“Meias quentes são tão raras e podem facilmente ser trocadas por dinheiro no Norte. Um par de meias corresponde a cerca de dez quilogramas de milho, o que é suficiente para ali-mentar uma pessoa durante um mês.”

MILITARES PRIMEIROMeias e outros bens de primeira necessidade es-casseiam na Coreia do Norte, que opta por canalizar dinheiro e recursos para re-forçar o seu poderio militar e alimentar os cerca de 1,2 milhões de soldados que integram o seu exército ao abrigo da política Songun, ou seja, militares primeiro.

Activistas, muitos dos quais detractores do Nor-te, enviam regularmente panfletos para a fronteira criticando o regime, incitan-do aos protestos populares como os que se verificaram no Médio Oriente e no norte de África no ano passado.

Um acto que enfurece Pyongyang, que já ameaçou abrir fogo contra os locais usados como ponto de par-tida para o lançamento de várias mensagens.

Filipinas Três desaparecidos em naufrágioDez turistas foram resgatados pelas autoridades das Filipinas, mas três tripulantes de um barco que se voltou ao largo da popular ilha de Boracay na quinta-feira continuam desaparecidos, informou a polícia. A bordo, seguiam sete britânicos, um australiano e dois chineses, assim como três filipinos, membros da tripulação da embarcação que se voltou ao final do dia de quinta-feira, de acordo com um comunicado emitida pela polícia nacional, com sede na capital, Manila. A polícia de Boracay – ilha muito frequentada por turistas pelas suas praias de areia branca – colocou a salvo todos os estrangeiros, mas não conseguiu encontrar ainda os três membros da tripulação. As operações de busca prosseguem, enquanto as autoridades tentam apurar as causas do naufrágio.

JAPÃO e da Rússia acor-daram reforçar a coope-

ração nas áreas da economia e da segurança, mas não houve progressos no que toca à resolução da longa disputa territorial sobre a soberania de ilhas situadas na costa nordeste do Japão.

O ministro dos Ne-gócios Estrangeiros do Japão, Koichiro Gemba, e o seu homólogo russo, Sergey Lavrov, afirmaram somente que as duas na-ções precisam de abordar o conflito de uma maneira mais calma.

Quatro das ilhas da cordilheira das Curilhas - que o Japão designa de

O chefe da Agência In-ternacional de Energia

Atómica (AIEA) indicou que o organismo estará a plane-ar abrir um escritório em Fukushima para acompanhar os esforços na contenção das consequências do acidente da central nuclear japonesa, indicou ontem a imprensa nipónica.

As autoridades do Japão terão solicitado à AIEA que abrisse uma representação em Fukushima, cuja central nuclear foi fortemente dani-ficada pelo sismo, seguido de tsunami, de 11 de Março.

“Dissemos ao governo japonês que a AIEA estava disposta a cooperar”, afirmou

Segundo ONG da Coreia do Sul

Pyongyang começoua distribuir mais alimentos

Mil lançadas na Coreia do Norte

Chovem meiase não é Natal

Japão e Rússia reforçam cooperação. Sem exagero

Amigos quase do peitoAgência Internacional de Energia Atómica no local

Apoio em Fukushimao director-geral da orga-nização, Yukiya Amano, em declarações à agência Kyodo, a partir de Davos, na Suíça, onde decorre o fórum económico mundial. “Enquanto a delegação em Viena continua a ocupar-se das questões relativas à des-contaminação e eliminação do combustível nuclear, seremos capazes de manter um contacto estreito.”

Um porta-voz da AIEA em Tóquio afirmou ontem, contudo, que ainda nenhu-ma decisão definitiva foi tomada, acrescentando que o pedido do governo foi “cuidadosamente avaliado”.

No entanto, um artigo

publicado pelo diário ja-ponês Nikkei, elaborado a partir de Davos, indica que o chefe da AIEA declarou a sua intenção de abrir um escritório em Fukushima.

Territórios do Norte - são alvo de disputa entre Mos-covo e Tóquio após terem feito parte do território nipónico até ao fim da

Segunda Guerra Mundial. Um tratado de paz com a Rússia é “mais urgente do que nunca”, disse Koichiro Gemba.

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TUDO O QUE PRECISA SABER SOBRE CÉLULAS ESTAMINAIS

10 segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mosaúde

O que são células estaminais?O nosso corpo produz essas células durante a gestação e são elas que constroem os nossos órgãos. Quando as pessoas envelhecem, mas também quando ficam doentes, é devido a existirem danos nessas células. E como recu-perar de doenças graves como a leucemia? O tratamento actual é curar todas as células e, posteriormente, recuperar o próprio corpo. Isso pode levar algum tempo, mas se mantivermos as nossas próprias células do cordão umbilical num armazenamento natural, caso precisemos delas no futuro terão imediatamente o poder de regenerar as nossas células e reconstituir o nosso organismo. As células estaminais são como que células mestras que têm a capacidade de se transformar noutros tipos de células.

Quais as vantagens de termos as nossas próprias células estaminais?Quando as utilizamos, não são precisos testes de compatibilidade. Mas, claro, se preferirmos doar as células a familiares ou outras pessoas isso tem de ser feito.

Quais as doenças que podem ser tratadas com as células estaminais?Mais de 18, de acordo com os cientistas. Mas

podem não ser aplicadas apenas em doenças - é também uma medicina regenerativa, que pode reparar células em caso de acidentes. Por outro lado, as células do cordão umbilical são capazes de regenerar tecidos, nervos, ossos, músculos e sangue. Doenças como leucemia, osteoperose, anemia e paralisia cerebral po-dem ser curadas com as células estaminais.

De onde saem as células estaminais?A conexão da mãe com o bebé está no cordão umbilical e esse é um local muito rico em células estaminais. Na fase em que o bebé está prestes a nascer, os cientistas não sabem porquê mas o cordão umbilical reúne níveis ainda mais altos deste tipo de células. Na altura em que o cordão umbilical é cortado, é a altura em que intervém um médico especializado na recolha das células. Recolhe as células e coloca-as de imediato no kit. As células são retiradas apenas do lado do cordão umbilical da mãe. Mas podem ser retiradas da placenta também.

Num banco como este de Macau, as pessoas podem comprar as células estaminais?Não podem comprar. Comprar seria ilegal, semelhante à compra de órgãos. O que pode ser

feito é doação. Se quiser doar as suas células até tratamos do processo, mas se nos disser que quer vender, não o fazemos.

Há algum período limite para armazenar as células?Se o kit for mantido à temperatura normal, dura 24 horas, mas pode durar mais. Claro que quanto mais cedo forem armazenadas, mais viabilidade temos. Mantemos as nossas células em -1º C e, por isso, precisamos de dois dias para que as células voltem ao normal, para que possa ser feito um teste de sangue. A transfusão são 15 minutos. É apenas transferir as células para o sistema sanguíneo e está feito. Claro que o tempo de recuperação é diferente, leva mais algum tempo e depende da doença e do nível da doença.

Como saber a quantidade de células que são precisas? Depende do peso e tamanho para saber a quantidade de células que são precisas.

As células estaminais só podem ser utili-zadas uma vez?Depende. A nossa empresa divide o compar-timento de recolha em dois, para manter duas porções de células separadas e disponíveis.

Mas só sabendo a doença e o volume de cé-lulas necessárias é que se pode perceber se podem ser usadas uma ou duas vezes. Pode ser necessário utilizar o pack todo de uma vez.

Qualquer médico pode utilizar as células do cordão umbilical?Não. Esta é uma área muito especializada e precisamos de médicos especializados em cé-lulas estaminais e seus possíveis tratamentos. Por exemplo, em Hong Kong é necessário seguir determinados procedimentos antes do tratamento para obter aprovação médica. Só depois se procede ao tratamento médico.

Se não forem utilizadas, o que acontece a essas células?É um conceito semelhante ao depósito nas caixas-forte dos bancos. Pertence-lhe a si, os itens lá dentro são seus. Se os quer utilizar, utiliza. Se não, deixa-os lá. O nosso contrato vai de 18 até 28 anos. Quando acabar o período de armazenamento, avisamos o cliente. Se não quiser continuar, pode ordenar a destruição das células, doar para investigações ou não querer mesmo saber e deixar isso ao nosso cuidado. Isso acontece assim que o cliente assinar o termo do contrato de armazenamento.

Quem queria proteger o futuro dos seus filhos tinha de ir a Hong Kong, porque em Macau não havia bancos de células estaminais. Tantos pais foram que a empresa decidiu vir para cá.

Entrevista Vadanee Lau, directora-executiva da Cryolife

“Salvar o cordão umbilical é salvar a vida”Joana [email protected]

São o primeiro banco privado deste tipo em Hong Kong e na Ásia. Tive-ram muitas dificuldades por isso?Foi muito difícil. Este conceito é re-almente novo no mercado. Contudo, quando se lida com quem tem algum nível de formação, especialmente nas áreas de saúde e ciência, as coi-sas tornam-se mais fáceis. Algumas

pessoas pensam mesmo que este tipo de processo é doloroso, outras nunca ouviram falar. No início, o processo mais complicado é educar o público, depois os médicos e as enfermeiras.

Educar os médicos e enfermeiras em que sentido?Para que saibam utilizar o kit de recolha, saberem se recolheram a quantidade máxima de células que podiam. Dentro da maternidade há muita coisa a fazer e

O Hoje Macau fez as perguntas, Vadanee Lau deu as respostas.

esta não é definitivamente a prioridade deles. Em Hong Kong, a maioria dos médicos já sabe utilizar este kit. Mesmo que, na nossa empresa, o padrão mínimo de recolha de células seja de 30 ml. Actualmente, a média geral de recolha já vai em 70 ml e há mesmo médicos que já conseguem recolher 200ml. Pode ver-se um grande desenvolvimento.

E os médicos de Macau?Eles sabem. A nossa empresa já os

ensinou. Claro que, quando o cliente assina o contrato, pedimos para que avise no hospital onde vai ter o bebé que fará a recolha das células. Mas, normalmente, assim que os médicos entram na maternidade e vêem o kit, já sabem o que fazer. É muito simples: basta inserir a agulha no cordão umbilical e retirar as células.

Por que decidiram vir para Macau?Mesmo que só agora tenhamos esta-

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11segunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo saúde

RECENTEMENTE, as autori-dades chinesas suspenderam

todos os tratamentos e testes clínicos que envolvessem células estaminais, se não houvesse aprovação oficial. Mas se o caso levantou polémica entre os órgãos de comunicação so-cial – acusavam o Governo Central de querer controlar a ampla oferta de tratamentos para que fosse restrita aos locais governamentais -, a razão pode ter sido outra.

Fonte conhecedora na área da ciência explicou ao Hoje Macau que a legalidade dos processos não é muitas vezes transparente. “O que entendo é que, nos últimos dez anos, na China, há muitos hospitais e universidades a fazer a recolha

das células do cordão umbilical e a aplicar o tratamento, legal ou ile-galmente e sem supervisão. Podem ser bem sucedidos, mas há muitos casos em que falham.”

Um número crescente de hospitais e clínicas especializadas em grandes cidades da China tem oferecido tratamento com este tipo de células para tratar de doenças que vão desde Alzheimer até lesões na coluna ver-tebral. Esses tratamentos têm pouco ou nenhum fundamento científico e são considerados, no melhor dos casos, experimentais. Alguns casos envolvem grandes hospitais, em que pacientes pagam milhares - senão dezenas de milhares - de dólares para tratamentos divulgados na internet.

Um porta-voz do ministério da Saúde chinês anunciou que, a partir de agora, os serviços de saúde não poderiam cobrar pelo uso expe-rimental destas células. Segundo médicos, pacientes e familiares que conversaram com a Reuters, muitos do que receberam tratamento tive-ram pouca ou nenhuma melhoria nos problemas de saúde e alguns até morreram por causa disso. Re-cibos vistos pela agência de notícias indicam que um desses hospitais é administrado pelo exército chinês.

EM SUSPENSOO Ministério da Saúde também parou de aceitar novos requeri-mentos para programas de células

estaminais, proibição que irá durar até Julho. Ainda que se veja com bons olhos o facto de as autoridades falarem do tema, na internet correm mensagens de clínicas fornecedo-ras deste tipo de serviço contra a decisão do Governo Central. “Preferimos tomar a declaração do porta-voz como uma renúncia do governo à terapia com células estaminais”, pode ler-se num comunicado doWu Stem Cells Medical Center, na China. “Até agora, nenhum destes hospitais, incluindo o nosso, recebeu ordem para parar a terapia da saúde pú-blica local. Então, vamos continuar nossas actividades clínicas, que têm provado serem seguras e eficazes.”

Cryolife na ÁsiaFormada em 1996, em Hong Kong, a Cryolife chegou à Ásia para trazer um novo conceito no tratamento de doenças. “O fundador achou boa ideia introduzir uma alternativa ao tratamento de doenças e, nos EUA, descobriu que esta poderia ser uma dessas alternativas”, explica Vadanee Lau. A directora executiva da Cryolife compara as células do cordão umbilical a doar sangue. “Agora, doar sangue é muito popular, mas nem sempre foi assim. As pessoas nunca pensaram que também podem doar células do cordão umbilical.” A alternativa a tratamentos como a quimio ou radioterapia podem ser as células estaminais, que, nas mesmas doenças, podem regenerar em vez de matar as células. A empresa é a primeira privada na Ásia e em Hong Kong e quer seguir “o sucesso” deste mecanismo nos EUA. “Este não é um negócio novo na China. Começámos em 1996, com quatro fundadores, sendo que um deles é médico pediatra. Trouxemos o conceito do banco de células estaminais dos EUA para a Ásia. Lá, universidades e Estado patrocinam as investigações desta temática e acreditamos no potencial da terapia.”A empresa já estudou a introdução noutros mercados da Ásia, mas esse é ainda um objectivo longe dos planos actuais da Cryolife, não só pelas infra-estruturas como pelas negociações com os países.

Hospital militar chinês envolvido em polémica com células estaminais

Oficializar para impedir tratamentos

belecido o nosso escritório de vendas aqui em Macau, já temos muitos residentes de Macau a usar o nosso serviço. Aliás, o nosso primeiro clien-te de Macau é do ano 2000, apesar de ter ido a Hong Kong ter o bebé. Mas o Kiang Wu e o Conde de São Januário começaram a providenciar este tipo de serviço em 2003. Nos últimos dez anos, aqui em Macau já construímos uma grande rede de clientes. Uma das razões por que decidimos instalar aqui o escritório foi precisamente porque os clientes de Macau estão a aumentar cada vez mais e depressa. Precisamos, por isso, de ter uma equipa mais dedicada a eles, de forma a fornecer melhor serviço.

Mas aqui ainda não têm labora-tórios. Porquê?Para já decidimos não ter, porque é preciso espaço e um local específi-co. Depois, precisamos de técnicos especializados para lidarem com este tipo de células. O nosso laboratório é dirigido por um director formado na área, que estudou células esta-minais no Canadá. A nossa equipa também é formada por técnicos de laboratório e duvido que pudéssemos encontrar este tipo de candidato aqui em Macau. Depois, ainda temos uma equipa de controlo de qualidade para monitorizar os procedimentos.

Portanto, quando as mães entram em trabalho de parto, as células podem ser recolhidas aqui mas são enviadas para Hong Kong?Sim. Assim que a mãe vai dar entrada no hospital, a nossa linha directa 24 horas é contactada – tanto a de Macau, como a de Hong Kong – e a nossa equipa vai ao hospital recolher o kit e leva-o de imediato para Hong Kong. É seguro porque fazemos isso em menos de 24 horas. Se o bebé nascer de manhã, a recolha é feita no mesmo dia. Se for à noite, é feita na manhã seguinte.

Quantos clientes têm em Hong Kong e Macau?15 mil em Hong Kong. Em Macau, podemos dizer que temos já mais de cinco mil.

Têm clientes portugueses?Sim, temos. Aliás, os primeiros clientes eram todos portugueses.

Qual o motivo de não terem optado por entrar no mercado da China continental?Não fomos ao mercado da China, porque é ilegal trazer produtos relacionados com sangue da China para o exterior. Não podemos fazer isso, mas o nosso laboratório é em

Hong Kong. Mesmo para os clientes que tenham de fazer tratamento com as células não recomendamos que façam no continente.

Normalmente, este assunto gera alguma controvérsia. Sentem isso?Sim, este é um negócio especial-mente controverso. É muito difícil provar a sua utilização e para que serve. Depois, há pessoas cuja reli-gião não permite que esta seja uma forma apropriada de tratar doentes. Acreditam não ser apropriado para curar uma doença. Por isso, este tema gera controvérsia em alguns grupos da comunidade.

Essa controvérsia é mais sentida na Ásia do que noutros países?Nos EUA não gera, de todo, qualquer controvérsia. Na verdade, o Reino Unido e outros países da Europa são os principais. Por exemplo, no Reino Unido não permitem que companhias privadas possam fazer este tipo de armazenamento.

Em Hong Kong existem bancos públicos?Sim, temos os dois tipos de bancos. Aliás, em muitos países existem os bancos públicos. Mas os privados são poucos no mercado. Na Alemanha, por exemplo, é muito bem aceite e comum ter bancos privados.

No resto da Ásia, como é encarado este tema?Em Hong Kong, a população é bastante aberta a este tipo de coisas. Somos também os representantes de

CUSTOS DE ARMAZENAMENTO

CURIOSIDADES SOBRECÉLULAS ESTAMINAIS

18 anos 38.500 patacas

23 anos 42.750 patacas

28 anos 46.750 patacas

Incluindo recolha, processamento e armazenamento em laboratório, os custos da preservação das células estaminais são um dos tópicos mais abordados quando o assunto é decidir a conservação do cordão umbilical. Se, nalguns casos, há quem defenda que pagar pela certeza de que, em caso de necessidade, determinadas doenças podem ser combatidas, há quem, mesmo que queira, não consiga pagar quantias tão elevadas. No caso de Macau, onde não há um banco público e, consequentemente, apoios do Governo para a preservação das células estaminais, as dificuldades podem surgir entre a classe média/baixa. Ainda que não aparentem ser preços exorbitantes, recorde-se que o salário médio geral no território ronda as nove mil patacas.

• Há serviços que aconselham a utilização de células do cordão umbilical

na área da estética e garantem uma eficiência mais alta do que o botox.

A utilização das células na cosmética ainda não está cientificamente

provada.

• A doutrina da Igreja Católica condena o uso das células alegando que as

técnicas de utilização podem envolver a destruição de embriões humanos,

que a Igreja rejeita.

• Teoricamente, as células estaminais são mais abundantes e versáteis nos

embriões e muitos investigadores apoiam essa utilização. Contudo, este é

um acto ainda ilegal.

Hong Kong no Fórum Ásia-Pacífico das Células Estaminais e do Cordão Umbilical e vemos que a região tem estado a evoluir, tanto a nível de penetração de mercado, como

no conhecimento do público. Isso acontece por não termos regulação muito restrita para controlar esta indústria em Hong Kong. Isto pode ser bom ou mau, claro.

Vadanee Lau

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12 vida segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

Sabia que...

... o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais quer ligar as ilhas de Macau a Coloane por ciclovias? Segundo o organismo, em dois anos estará concluída uma via para as bicicletas, que começa junto à Ponte Nobre de Carvalho, atravessa a área da recreação de Sai Van e passa depois pela Ponte de Flor de Lótus até Coloane?

Veículos importados terão de obedecerao EURO IV na emissão de gases

Carros novos sóamigos do ambiente

Promessas ecológicasO Governo assegura estar a acelerar a implementação de eco-veículos no território, nomeadamente com a introdução de autocarros ecológicos. Recorde-se que, o ano passado, esta medida poderia ter já sido posta em prática, com a nova operadora de transportes públicos a iniciar funções no território. O Executivo promete agora que os serviços públicos vão ser alvo de um projecto ecológico – a título experimental – e prevê ainda que, em cinco anos, todos os automóveis mais antigos dos serviço da Administração possam ser substituídos por outros que respeitem as normas da emissão de gases.

Joana [email protected]

A partir de agora, os automóveis im-portados para o território vão ter de

obedecer a normas europeias no que toca à emissão de gases poluentes. O Executivo finali-zou a análise ao Regulamento Administrativo de Fixação dos Limites de Emissão de Gases de Escape para os Ve-ículos a Serem Importados, ainda que a regra só entre em vigor em Setembro de 2013.

Segundo a Direcção dos Serviços de Protecção Am-biental (DSPA), a emissão de gases de escape é uma das principais fontes de poluição do território. De monóxido de carbono a óxidos de azoto, este tipo de poluentes pode afectar a

saúde dos residentes devido a substâncias cancerígenas.

Dada a grande quantidade de veículos no território, o Executivo quer implementar medidas que impeçam a entrada de automóveis novos

altamente poluentes. “Assim, pode ser feito o controlo da poluição a partir da fonte”, in-dica a DSPA em comunicado.

O novo regulamento pre-vê que os automóveis novos dotados de, pelo menos, três

rodas obedeçam às Normas de Emissão de Gases previstas no EURO IV. As regras deste regime são as aplicadas na União Europeia e regiões que seguem o seu exemplo, como é o caso de Hong Kong. Além disso, os veículos devem ter sistema de diagnóstico de bordo que permita controlar a emissão dos gases de escape.

Sem obedecerem a estas regras, os automóveis desti-nados a Macau poderão ser impedidos de entrar e os que pretendam obter a matrícula do território são obrigados a seguir também estas regras. O regulamento aplica-se igualmente à alteração ou substituição de motores.

Em 2008, foi criado um regulamento semelhante para ciclomotores e motociclos, mas não havia regras para outros veículos. Depois de ter sido proposta a realização do regulamento, a DSPA reuniu opiniões com diversos servi-ços do território.

Em Macau, a diminui-ção da emissão de gases poluentes é um dos assuntos prioritários nas Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano. Segundo as estatísticas apresentadas pelo organismo, nas queixas relativas à poluição atmosfé-rica no território a emissão de gases ocupa 10%.

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HOJE NO PRATO

13vidasegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

Gasodutoscom novas regrasOs gasodutos que fazem o transporte de combustíveis para o território – altamente dependente da importação -, serão mais seguros. O Executivo aprovou um novo regulamento que define normas para aplicação de técnicas mais aperfeiçoadas neste tipo de transporte.“O objectivo do novo regulamento é estabelecer condições técnicas a que devem obedecer a concepção, construção, exploração e manutenção dos gasodutos de transportes de gases combustíveis de alta pressão”, explicou Leong Heng Teng. Segundo o porta-voz do Conselho Executivo, as novas normas estão de acordo com padrões internacionais.Numa altura em que a aposta do território é o gás natural, fica a ser necessário reforçar a protecção anti-corrosiva dos gasodutos, aumentar a monitorização e o controlo do sistema e aumentar a espessura e a resistência das tubagens, entre outras regras. - J.F.

A perda de capacidades mentais na velhice é

mais propícia nos homens do que nas mulheres, de acordo com um estudo publicado no jornal Neurology.

Cerca de 72 homens em cada mil desenvolvem deficiências cognitivas não muito graves e perda de me-mória, que podem conduzir a situações de demência. Já nas mulheres isto acontece em 57 em cada mil.

O cádmio que está a poluir o rio de Liujiang, em Guangxi, no continente,

não chegará a Macau nem a Hong Kong. As duas regiões estão livres de perigo da contaminação, apesar de o Liujiang ter ligação ao rio Xijiang, por sua vez afluente do Rio das Pérolas.

De acordo com a agência de notícias Xi-nhua, as autoridades da água e do ambiente da região autónoma chinesa garantem que as fontes de água que abastecem Macau e Hong Kong não foram poluídas com aquele que é um dos metais mais tóxicos

e cancerígenos, detectado em várias sec-ções do rio Liujiang num nível duas vezes acima do normal.

A poluição foi identificada na quinta--feira e desde então que especialistas tentam conter a disseminação do cádmio, resultado de descargas ilegais de detritos industriais.

A notícia da contaminação, no entanto, levou a uma corrida à agua engarrafada na cidade de Liuzhou, apesar de as auto-ridades terem procurado tranquilizar as populações sobre a ausência de perigos para a saúde pública.

Cádmio é tóxico, mas Macau está fora de perigo

Afluente do Rio das Pérolas contaminado

NOME BOTÂNICO: coriandrum sativum L.FAMÍLIA: apiaceae (umbelliferae)

NOMES POPULARES: ceandro; coendros; coentros; coriandro;salsa-árabe

Originário do Mediterrâneo Oriental, o coentro é uma planta aromática e medicinal muito utilizada em culinária, especial-mente no Norte de África, na Ásia e em Portugal (sobretudo no Alentejo). A sua utilização perde-se nos tempos, tendo sido encontradas sementes em túmulos egípcios. Há referências à sua utilização na alimentação e em bebidas, por gregos e romanos. Em culinária podem utilizar-se folhas e os caules ou as sementes. Em fitoterapia também é usado o óleo essencial.

COMPOSIÇÃORicos em vitaminas (A, B1, B2, ácido fólico e C) e sais minerais (ferro), os coentros contêm ainda óleo essencial, taninos, compostos polifenólicos, glúcidos, ácidos gordos essenciais (oleico, linoleico), fitosteróis e clorofila.

ACÇÃO TERAPÊUTICAO coentro estimula o apetite e as secreções digestivas; favorece a digestão, combate a putrefacção intestinal dos alimentos, ajuda na eliminação de gases e melhora o trânsito intestinal. Por estes efeitos está indicado na falta de apetite, digestões lentas, sensação de queimadura no estômago, vómitos, gases, cólicas gastrintestinais e síndroma do cólon irritável. Estimula a função pancreática, reduzindo a taxa de açúcar no sangue, sendo útil na diabetes. Tem uma acção anti-séptica, benéfica na prevenção e tratamento das afecções respiratórias. É bactericida e fungicida. Como diurético e anti-inflamatório está indicado nas inflamações da bexiga e vias urinárias, cálculos, reumatismo, gota e artrite. Analgésico e anti-espasmódico, combate as dores de cabeça, enxaquecas e dores menstruais. Apresenta ainda actividade estrogénica, provocando ou regularizando a menstruação e aumentando as glândulas mamárias. Em alguns países é considerado afrodisíaco.

COMO CONSUMIR• Folhas e caules: introduzir na sopa juntamente com os restantes legumes; Arroz: adicionar os coentros picados ao refogado; Picados sobre pratos de leguminosas: favorecem a reabsorção dos gases intestinais; Em omeletas; Em saladas: picados, um fio de azeite e sumo de limão; Molho: picados, alho picado e azeite, ou picados, iogurte natural, sal e pimenta.• Sementes: utilizadas no início da cozedura, servem para aromatizar o vinagre, e podem ser consumidas na forma de infusão (1 colher de chá rasa de sementes por chávena de água fervente; tomar 1 chávena após as principais refeições); Como aperitivo, tomar antes das refeições.

PRECAUÇÕESEm pessoas sensíveis pode provocar reacções de intolerância.

OUTROS USOS- O coentro neutraliza o sabor do alho.- É um dos ingredientes do caril.- Faz parte de vários licores digestivos, sendo também utilizado como aromatizante no fabrico do vin e da cerveja.

Coentro

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Homens têm mais propensão para a demência

Sexo femininoprotegido até aos 80

A investigação foi feita a cerca de 1500 pessoas, com idades entre os 70 e os 89 anos, nos Estados Unidos. A investigadora Rosebud Roberts, que conduziu a pesquisa, concluiu que os homens ultrapassam as mu-lheres nas faixas etárias mais baixas, já que entre os 85 e os 89 anos não se verificam diferenças significativas entre sexos em termos de evolução da doença.

Entre as causas para os sintomas se manifes-tarem mais cedo nos ho-mens poderá estar o facto de também terem maior propensão a desenvolver doenças cardiovasculares mais cedo que as mulhe-res. No entanto, qualquer que seja o factor que “protege” as pessoas do sexo feminino, acaba aos 80 anos, segundo refere a investigadora.

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14 cultura segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

Mais do que fazer negócios, a China e os países lusófonos têm de olhar para o fomento do mercado literário. Foi este o tema abordado na palestra “China e os Países de Língua Portuguesa – Um Romance”, onde João Paulo Cuenca frisou a falta de marketing e de integração no idioma de Camões.

Andreia Sofia [email protected]

QUANDO o escritor bra-sileiro Bernardo Guima-rães escreveu “Escrava Isaura”, a obra ganhou pouco reconhecimento

no seu próprio país, mas conseguiu conquistar 500 mil chineses, que le-ram o livro por causa da telenovela. Este é um dos muitos episódios da história que une as duas culturas, discutida no debate “China e os Países de Língua Portuguesa –

DE uma reflexão solitária quiseram passar para um

“trabalho de criação colecti-va”. Os escritores brasileiros João Paulo Cuenca e Tatiana Salem Levy aproveitaram a vinda a Macau para filmar a sua viagem à China e ao sudoeste asiático, com a ajuda do realizador Miguel Gonçalves Mendes.

Apesar de ainda não sa-berem se será um filme ou um documentário, querem registar todos os momentos e deixar-se levar ao sabor do destino. “O filme já começou quando saímos do Brasil”, contou Tatiana Salem Levi. “Vamos filmar em Macau nos próximos oito dias, em Hong Kong e depois no Vie-tname ou Cambodja. Mas a

Peixoto sublinha importância geográfica de Macau Presente no I Festival Literário, José Luís Peixoto destacou à agência Lusa que o facto de Macau estar situado perto de Hong Kong, Taiwan ou Singapura é um ponto de interesse para a cultura. “Macau, com todas as especificidades, tem a ganhar com isso.”O autor de “Nenhum Olhar” lembrou o passado histórico que liga Macau, Portugal e China. “É um caminho de entrada neste mundo que é a China, que pode ser bastante importante e que acaba por ter razões históricas para o ser. Macau tem bastante a ganhar com o reconhecimento da sua própria cultura e da sua própria história, na medida em que é sempre a cultura que irá diferenciar este lugar de qualquer outro.”Graças ao contacto com a literatura chinesa, José Luís Peixoto considerou que este encontro cria “condições para que exista um contacto mais efectivo sobre estas literaturas”.

I Festival Literário China e CPLP precisam de fomentar o potencial do mercado cultural

Um romance sem marketing

Escritores brasileiros filmam com realizador de “José e Pilar”

“Poema visual” no Oriente

Um Romance”, que inaugurou o I Festival Literário no Instituto Politécnico de Macau.

José Rodrigues dos Santos, jornalista da RTP cada vez mais escritor, falou da importância do evento como forma de abertura a uma nova era nas relações entre

países. “Macau é um símbolo dessa relação, feita de encontros e desencontros por causa da língua. Façamos que seja possível acabar com eles”. Para o jornalista é, importante, sobretudo, que esta fase se estenda a outros domínios, ao nível do intercâmbio cultural.

Contudo, é necessária mais acção da parte de governos e instituições para apostar no mer-cado literário. João Paulo Cuenca, escritor brasileiro, falou de uma área “que vai dar muito dinheiro” e onde faltam acções concretas de apoio à tradução e à publicidade da

própria língua. “São dois mercados de livros emergentes, pois cada vez mais se publicam livros no Brasil e vendem livros na China. A tradução das obras é feita em Nova Iorque através de agências literárias e isso parece-me um desperdício. Não precisamos mais desse intermediário. A China é o maior parceiro comercial do Brasil mas isso não se reflecte na cultura, nos livros.”

Sendo uma plataforma linguís-tica assumida, Macau deveria ter, mais uma vez, um papel importan-te. “Através de agências literárias que trabalhassem na tradução e fizessem uma mediação entre as duas línguas. É uma porta de entra-da e saída, pelo passado histórico que tem.”

QUESTÃO DE INTEGRAÇÃOO autor de “Corpo Presente” não tem dúvidas: se existisse mais “integração e marketing”, tanto o chinês como o português estariam interligados. E aqui, o próprio Instituto Camões pode-ria ter maior dimensão. “Parece absurdo que o Instituto Camões não seja uma coisa internacional. O Brasil tem no papel o Instituto Machado de Assis, mas que não existe na prática. Falta integração e diálogo entre os próprios países da língua portuguesa. O peso de uma nação não é só a pujança económica.”

ideia é não planear muito e ser levado pelo interesse dos lugares.” João Paulo Cuenca confessou que “poderiam viajar sem filmar”, mas a von-tade de trabalhar usando-se a

eles próprios, as suas imagens e vozes, foi mais forte. “Será um processo diferente do trabalho do escritor, isolado”, confessou o autor.

Em Macau querem filmar

os velhos becos e os novos casinos, num filme que será bilingue. “É uma espécie de poema visual”, disse a auto-ra, que irá lançar dois livros este ano. “Vamos escrevendo textos também, que vão ser falados no fim. A voz off do filme vai ser em chinês, com legendas em português, porque queremos estabelecer essa relação entre a China os países lusófonos.”

Este projecto estará ini-cialmente disponível na internet, através de pequenos vídeos. Depois a edição será feita em Portugal. Mas o objectivo é levar o filme às televisões. Mas é algo “que está tão em aberto quanto a própria viagem”, disse Tatia-na Salem Levy. - A.S.S.

HOJE

MAC

AU

ROTA DAS LETRAS

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15culturasegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

O jardim mais chinês de Macau - o Lou Lim Ieoc

- está a assinalar até 19 de Fevereiro a entrada do Ano do Dragão com uma mostra sobre os usos e costumes de duas províncias chinesas nesta festividade.

Trajes típicos, instru-mentos musicais, esculturas em arroz, pinturas e utensí-lios garridos são alguns dos mais de 400 objectos vindos de Zhejiang e da Região Au-tónoma Uigur de Xinjiang para a exposição na Casa Cultural de Chá de Macau do jardim Lou Lim Ieoc.

“A vasta província de Xinjiang tem uma variedade étnica surpreendente”, indi-cou o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau, Ray-mond Tam, na nota explicativa sobre a exposição. “A música e dança são deslumbrantes e variadas. Esta exposição apresenta instrumentos locais únicos, tais como o tambur, rawap, surnay e qalun, que são os principais instrumentos usados para executar a música uigur.”

SUAVE E REFINADORaymond Tam destacou ain-da a erudição do povo da pro-víncia de Zhejiang, patentes na literatura e artesanato. “O

Andreia Sofia [email protected]

Este é o primeiro encontro lite-rário do território. Como olha para esta iniciativa?Com a maior abertura de espírito. Vai ser uma boa oportunidade para discutir uma relação muito antiga entre os dois países. Em Portugal fala-se muito da China, mas numa perspectiva limitada. Há uma certa incompreensão, até pelo cresci-mento e invasão das pequenas lojas

Jardim mais chinês de Macau recebe Ano do Dragão

A tradição mais profundapovo de Zhejang é suave como a água e refinado como seda, e isto traduz-se no próspero desenvolvimento das suas artes e ofícios tradicionais, tais como a porcelana Célandon de Longquan, os recortes

finos de papel de Lequing, e peças em laca pintada com cores e dourado de Ningbo, Shaoxing, Wangxingji Fan e pintura de Jianxing.”

Gu Fei, responsável do instituto chinês da Herança

Rui Cardoso Martins - escritor

“Tenho com Macau uma relação de falhanço”

de chineses nos centros históricos, o que está a criar um discurso um pouco perigoso. A literatura serve para aprofundar e perceber.

O encontro de culturas surpre-ende-o?Dá-me impressão que houve uma atitude inteligente da nova admi-nistração em tentar transformar Macau numa espécie de marca turística, que tem várias vertentes, como a vertente cultural, do patri-mónio, e obviamente dos casinos

e do dinheiro. A pessoa vem a esta cidade pequena e é capaz de fazer uma espécie de circuito.

Poderia existir maior ligação entre os meios de comunicação social de Portugal e de Macau?Talvez. As coisas estão a acelerar. Tenho com Macau uma relação de falhanço. Quando estava na faculdade tive um convite para vir trabalhar para cá, como jorna-lista. Na altura teria sido bastante frutuoso se tivesse vindo. Decidi

não vir, mas ficou sempre aquilo pendurado.

Sendo jornalista, como foi passar da escrita da realidade para a escrita dos romances?Começou de forma um pouco ri-dícula, a escrever de madrugada, e nesse caso tive de começar a escrever até contra as linhas jorna-lísticas. Isto porque é um trabalho mais profundo, introspectivo, duro, até do ponto de vista físico. Senti que, a partir de certa altura, se

Cultural Intangível (China Intangible Cultural Heritage), também enalteceu à agência Lusa o intercâmbio e o enri-quecimento do conhecimento das gentes e visitantes de Macau sobre os costumes

populares e tradicionais do interior da China. “É muito interessante porque nem toda a gente de Macau tem possibili-dades de ir à China e ver como as outras pessoas celebram o Festival da Primavera.”

O Ano Novo chinês, também conhecido como Festival da Primavera, é uma tradição com mais de 2.000 anos na China e a principal festa de reunião das famílias chinesas, que leva milhões de pessoas a percorrerem centenas de quilómetros até à terra natal para celebrarem com a família a entrada do Novo Ano Lunar. - Lusa

ficasse só no jornalismo, não ia ficar feliz.

Também se iniciou na escrita para comédia. Sente que ajudou a criar uma nova fase do humor em Portugal?Sim. Começámos a trabalhar com o Herman José, na fase em que ele estava a precisar de ajuda, e depois comecei com os meus colegas um pouco antes das Produções Fictí-cias. Aí quebrámos várias coisas, com o facto de se dizer que poderia haver censura. Mas com força, e ao mesmo tempo com humor e alguma elegância, conquistámos um lugar que fazia falta em Portugal, por poder desmistificar coisas.

O fim do Contra-Informação levou ao fim da sátira politica?Não. Há outros programas e até o Inimigo Público. A sátira política continua. O Contra-Informação teve um impacto brutal, em que se pensava “isto afinal tem graça”, “isto faz falta”. Ainda hoje me perguntam por que é que acabou.

Esperava encontrar Macau assim? Não esperava encontrar Macau tão grande. Não tinha noção que a parte urbanística fosse tão brutal, tão esplendorosa e ao mesmo tempo tão kitsch.

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16 desporto segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

Marco [email protected]

UM empate sem golos, duas derrotas, um tento marcado e sete sofridos. Este é, em traços lar-

gos, o balanço da participação da Selecção de Sub-17 do território no Torneio de Ano Novo que este fim-de-semana teve como palco o complexo desportivo de Po Kong, na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong.

Com larga tradição no Extremo Oriente, a prestigiada prova foi este ano disputada pelas selecções de Hong Kong, Indonésia, Macau e Singapura. Orientados por Tam Iao San, os jovens do território estrearam-se na competição a título de recurso, depois das federações da República Popular da China e da Coreia do Sul terem recusado o convite endereçado pela Asso-ciação de Futebol de Hong Kong.

Frente a adversários teori-camente mais fortes, o onze da Associação de Futebol de Macau não conseguiu evitar a fuga aos últimos lugares da tabela, reservan-do a sua melhor prestação para o encontro inaugural do evento. Na sexta-feira, o conjunto do Lótus esgrimiu argumentos com Singapu-ra, num encontro com duas partes completamente distintas. Macau entrou melhor na partida e quase inaugurou o marcador ao minuto quatro, com Fan Chi Hong a forçar o guarda-redes adversário a uma defesa incompleta e Chao Long Hong a não conseguir acertar com a baliza na recarga.

Macau continuou a pressionar, mas acabou por ir perdendo o con-trolo da partida até não conseguir fazer muito mais do que defender. Na segunda parte, a selecção jovem de Singapura beneficiou de várias boas oportunidades, mas os pupilos de Tam Iao San conseguiram segurar a igualdade, obtendo o único ponto que alcançaram na competição.

INDONÉSIA INDIGESTANo sábado, frente à toda poderosa Indonésia, a formação do Lótus voltou a entrar melhor no encontro. Inaugurou o marcador logo aos três minutos num livre directo apontado por Kam Chi Hou e esteve perto de dilatar a vantagem seis minutos depois num remate colocado de Cheong Ka Chon. Com o decorrer do encontro, perdeu muito do fulgor inicial e permitiu a recuperação da Indonésia, que repôs a igualdade aos 34 minutos por intermédio de Evan Dimas Darmono.

O golo deu alento ao onze in-donésio e, cinco minutos depois, Indra Nasution consuma a revira-volta, dando a melhor sequência a um pontapé de canto. Mohamed Hargianto, aos 65 minutos, e Eka Nanda Wardana, aos 70, deram expressão ao melhor futebol da Indonésia, consumando a segun-da vitória da selecção insular no torneio. Na partida de estreia na competição, na sexta-feira, a Indo-nésia já tinha derrotado a selecção anfitriã pela margem mínima.

MÁ VIZINHANÇAOntem foi a vez de Macau esgri-mir argumentos com Hong Kong,

num encontro em que a selecção da antiga colónia britânica foi mais eficaz. O onze anfitrião inaugurou o marcador no derra-deiro minuto da primeira parte, por intermédio de Wong Chun Hin. Na segunda metade, Law Hiu Chung e Yip Ching Fung também deixaram o nome ligado à história do encontro, ajudando a selecção da casa a conquistar a prata na competição. A edição de 2012 da prova foi ganha pela Indonésia, que ontem à tarde derrotou Singapura por três bolas a uma, consumando a terceira vitória em outros tantos jogos.

FOI SÓ PREPARAÇÃOA participação da formação do ter-ritório no torneio serviu sobretudo para preparar a participação da equipa em duas grandes compe-tições. Em Maio, os comandados de Tam Iao San vão participar, na Austrália, na edição de 2012 dos Jogos de Arafura. Em Novembro, disputam a campanha de qualifi-cação para o Campeonato Asiático da categoria. “Nunca jogámos para perder, mas mais importante que tentar lutar pelos primeiros lugares é o objectivo de preparar a equipa para os desafios que temos pela frente”, explicou ao Hoje Macau o responsável pelas selecções jovens do território. “Este é um grupo de trabalho que se encontra ainda em constituição e queremos disputar o maior número de jogos possível para podermos disputar os Jogos de Arafura e a campanha de qualificação para o Asiático na máxima força.”

DEZ anos depois de ter triunfa-do pela primeira vez na mais

conhecida maratona vertical da região do Delta do Rio das Pérolas, o português Pedro Ribeiro voltou a ser o mais rápido a completar a subida à Torre de Macau. O espe-cialista em atletismo de endurance perdeu terreno na recta inicial da prova, mas acabou por conseguir recuperar a desvantagem inicial e levar a melhor sobre Kei Ka Man, atleta de Hong Kong que conseguiu há um ano a sua sétima vitória na subida à Torre.

A prova, organizada pelo Ins-tituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, colocou um ponto fi-nal nas festividades do Ano Novo Lunar, atraindo mais de 650 participantes. Dividida em duas partes distintas, a Subida à Torre de Macau voltou a abranger uma prova de atletismo de estrada de três mil metros, a que se seguiu a maratona vertical propriamente dita. Mais rápido no asfalto, Kei Ka Man foi o primeiro a iniciar a difícil escalada pelos 1298 degraus que conduzem ao topo do edifício, seguido de Wong Kuan e de Pedro Ribeiro.

SEMPRE A SUBIRO atleta português, que já par-ticipou por várias vezes na Ma-ratona Vertical do Empire State Building, não deixou créditos por

mãos alheias no ambiente em que é especialista e superiorizou-se aos seus adversários directos, concluíndo a prova com um tem-po de 17 minutos e 25 segundos. Wong Kuan também capitalizou a exigente ascenção ao topo da Torre de Macau, agarrando a segundo lugar ao cruzar a linha da meta 34 segundos depois de Pedro Ribeiro.

Kei Ka Man completou o pó-dio com um tempo de 18 minutos e 07 segundos e Kuok Chi Vai foi quarto, já com mais de um minuto de desvantagem para o vencedor. De regresso aos bons resultados numa das mais duras provas do calendário desportivo do território, Pedro Ribeiro ex-plicou aos microfones da TDM a estratégia pela qual optou para o ataque ao primeiro lugar. “Cheguei às escadas no terceiro lugar e não foi preciso muito para apanhar os da frente. Quando me apanhei na liderança, controlei a vantagem de que dispunha e a partir daí foi relativamente fácil cruzar a meta na primeira posição.”

Na prova feminina, Hoi Long não deu hipóteses à con-corrência. A atleta do território concluiu a prova em 20 minutos e 40 segundos, batendo por mais de quatro minutos a segunda classificada, Ieong Ieng Sit. - M.C.

Indonésia vence torneio de Sub-17 de Hong Kong

Um empate e pouco mais

Maratona verticalbateu recorde de inscritos

Pedro Ribeiro triunfa na Torre

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17futilidadessegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1I LOVE HONG KONG 2012 [B]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Chin Kwok WaiCom: Stanley Fung, Teresa Mo, Eric Tsang14.15, 19.45, 21.45, 23.45

KOKURIKOZAKA KARA [A]FALADO EM CANTONÊS Um filme de: Gora Miyazaki16.15, 18.00

SALA 2PUSS IN BOOTS [3D] [A]Um filme de: Chris Miller14.30, 18.00

JOURNEY 2: THE MYSTERIOUS ISLAND [3D] [B]Um filme de: Brad PeytonCom: Vanessa Hudgens, Dwayne Johnson14.30, 18.00, 19.45, 21.30

SALA 3THE MUPPETS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: James BobinCom: Jason Segel, Amy Adams14.15, 16.15, 20.00

THE DARKEST HOUR [3D] [B]Um filme de: Chirs GorakCom: Emily Hirsch, Olivia Thisrlby18.15, 22.00, 23.45

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi16:00 Liga Sagres: Feirense - Benfica (Repetição)14:45 RTPi Directo17:30 Que Loucura de Família18:00 Música Movimento18:30 Contraponto ( Repetição )19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Desporto22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Portugueses Sem Fronteiras00:00 Telejornal - Repetição00:30 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Gostos e Sabores15:00 Magazine Venezuela Contacto 15:30 Um Dia no Museu16:00 Bom Dia Portugal17:00 O Elo Mais Fraco18:00 Resistirei18:45 Best of Portugal 19:15 Pai à Força 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Magazine Venezuela Contacto 22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:00 Women’s College Gymnastics Georgia vs. Alabama13:30 Winter X Games Aspen16:29 Sportscenter Right Now 2012 16:30 Rolex 24 At Daytona (Part 2) 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 Monday Night Verdict - FA Cup 2011/12 20:30 The Transfer Verdict21:00 Winter X Games Aspen

22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 FA Cup 2011/12 Arsenal vs. Aston Villa

STAR SPORTS 3113:00 Australian Open 2012 Women’s Singles & Men’s Doubles Finals 16:00 Asean Basketball League 2012 Westports Malaysia Dragons vs. Saigon Heat18:00 Australian Open 2012 Night #14 Highlights19:00 Australian Open 2011 Women’s Singles & Men’s Doubles Finals 21:00 Game 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Motorsports@Petronas 2011 22:30 When The Games Begin 23:00 Rolex 24 At Daytona (Part 2)

FOX MOVIES 4012:45 Desperado14:30 Gulliver’S Travels16:00 The House Bunny17:40 Alvin And The Chipmunks19:15 X-Men: The Last Stand21:00 Awards Fever23:00 Bad Boys

HBO 4112:00 The Green Hornet13:55 He Said, She Said15:50 Mona Lisa Smile17:50 Big Fish20:00 Platoon22:00 The Last Of The Mohicans 23:50 Curb Your Enthusiasm

CINEMAX 4212:45 Hackers14:30 Hard Luck16:00 3:10 To Yuma17:30 Invasion Of The Body Snatchers18:50 Woke Up Dead20:10 Cirque Du Freak22:00 Alien Siege23:30 Spartacus: Gods Of The Arena

[Tele]visão

Aqui há gato

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RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

Su doku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS:1-Rogaste. Caloria (abrev.). 2-Ouro (s.q.). Causa, motivo (Ant.). Abóbora de que se faz doce. 3-Que bebe em excesso, bêbedo. 4-Milha marítima (pl.). Mínimo (abrev.). Nota musical. 5-Aparelho receptor de televisão. 6-Sacrifica. Mesquinha, sôfrega. 7-Importunaremos (Fig.). 8-Ante-meridiano (abrev.). Oferecer. Passa para fora. 9-Fictício. 10-Retirar-se. Reflexão da voz. Assume expressão de alegria. 11-Início de uma nova ordem de coisas. Empregariam.

VERTICAIS:1-Dez tostões ou um escudo (Pop). Extraísse. 2-Európio (s.q.). Também não. Mu, macho. 3-Fungo que se forma nas matérias orgânicas, quando entram em decomposição. Santa, virtuosa. 4-Prefixo o m. q. IN. Que ou aquele que sela. 5-No tempo de. Regos. 6-Estremeci. Dom, habilidade (pl.). 7-Pedir repetição. Esvazia. 8-Habitante de Génova. Autor (suf.). 9-O Campeador. Ramalhete. 10-Vamos!. Consome, atormenta (Fig.). Rádio (s.q.). 11-O m. q. Larídeos (aves palmípedes). Víscera secretora da urina.

HORIZONTAIS:1-PEDISTE. CAL. 2-AU. MOR. GILA. 3-U. B. BEBEDOR. 4-NOS. MIN. MI. 5-TELEVISOR. D. 6—IMOLA. AVARA. 7-R. RALAREMOS. 8-AM. DAR. SAI. 9-SUPOSTO. L. R. 10-SAIR. ECO. RI. 11-ERA. USARIAM.VERTICAIS:1-PAU. TIRASSE. 2-EU. NEM. MUAR. 3-D. BOLOR. PIA. 4-IM. SELADOR. 5-SOB. VALAS. U. 6-TREMI. ARTES. 7-E. BISAR. OCA. 8-GENOVES. OR. 9-CID. RAMAL. I. 10-ALOM. ROI. RA. 11-LARIDAS. RIM.

UMA ESPÉCIE DE UTOPIAMais do que anos, parece que passaram séculos. Entre 1999 e os tempos que hoje habitamos, Macau cresceu à velocidade da luz. Quando pousei as minhas patinhas neste território, um dos meus primeiros pensamentos foi “vamos lá ver se ainda se fala português”. Constatei que não. O inglês, idem aspas. Seria algo normal, pois a transferência de soberania deu lugar a outros tempos. Contudo, a língua portuguesa está cada vez mais viva aqui, não se fala de outra coisa, mas no entanto não “falamos” a língua, de forma concreta. O que se passa aqui? Estaremos a criar uma utopia linguística?Começou ontem o primeiro Festival Literário de Macau. Bravo. Temos uma livraria portuguesa, há quem defenda que precisávamos de mais. Os serviços de emigração estão cheios de trabalho com a emissão dos BIR porque os portugueses não param de chegar. O amor dos chineses que querem aprender a falar o idioma de Camões é notório. Ainda assim, todos sabemos que o português aqui sente-se, às vezes respira-se, mas não se ouve. Tantos anos de presença para perdermos esta característica bonita de termos a língua portuguesa a ser falada na China, em burburinhos de café. Hoje onde é que se ouve a nossa língua? Em lugares que cabem em duas mãos. Até nos serviços institucionais e governamentais encontramos poucos falantes e a escrita surge com erros. Se for dar uma voltinha à casa do vizinho, que é como quem diz Hong Kong, todos falam inglês. Bem sei que é uma língua universal, mas poderia ter-se perdido com o passar dos anos. Não aconteceu. Aqui, o que se fez com o português? Porque é que a maioria dos locais esqueceu o que aprendeu na escola? Porque é que não falamos português como em Hong Kong se fala inglês?Apesar de ser gato, gosto de coisas concretas. Mais do que ler, gosto de agarrar uma realidade que realmente tem as coisas que eu vejo nos jornais.

Pu Yi

COMPLETE CHAMBER MUSIC FOR VIOLIN • António Fragoso, Carlos DamasA morte de António Fragoso (1897 - 1918) com a idade de 21 anos, roubou um jovem de potencial extraordinário à arte da música nacional. As obras aqui apresentadas revelam um jovem compositor completamente ciente das grandes figuras musicais da época, a influência de Debussy e Fauré, por exemplo, pode ser detectada na Suite Romantique para violino e piano de 1916. Carlos Damas foi professor no Conservatório de Música de Macau, integrou a Orquestra de Macau e participou no Festival de Música de Macau, no Festival de Artes de Macau e no Quinto Festival de Artes da República Popular da China.

VIERAM COMO ANDORINHAS • William MaxwellInteligente, subtil e soberbamente escrito, Vieram como andorinhas é um breve romance sobre um rapaz extremamente sensível crescendo numa cidade pacata no estado de Illinois. É um retrato poético e perspicaz de uma família burguesa americana enfrentando os problemas diários da vida durante a pandemia de gripe que matou milhões de pessoas no mundo em 1918-1919. O génio de Maxwell prende-se com a sua capacidade de exprimir emoções profundas e complexas através de observações simples e magnificamente descritas.

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18 opinião segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

RichaRd haass*in Público

EMOS um conhecimento razo-ável sobre o programa nuclear iraniano e o que sabemos não é animador. Foi anunciado que o Irão está a enriquecer urânio em dois locais – uma parte dele para

níveis de 20%, muito além do que é necessário para fins civis. A Agência Internacional de Energia Atómica também relata que o Irão está a levar a cabo pesquisas para desenvolver projectos para ogivas nucleares. Resumindo, falta plausibilidade às alegações dos responsá-veis iranianos que alegam que o seu programa nuclear se destina unicamente à produção de energia e à investigação médica.

Mas ainda há muita coisa que o mundo desconhece. Por exemplo, não sabemos se o Irão poderá estar a desenvolver investiga-ções secretas em locais não divulgados, nem quando poderá vir a desenvolver uma arma nuclear rudimentar, variando as estimativas entre vários meses a vários anos. Também não sabemos se a liderança dividida do Irão decidiu desenvolver armas nucleares, ou parar apenas quando estiver próxima de ter essa capacidade, partindo do princípio de que poderia colher muitos dos benefícios de possuir armas nucleares, sem correr os riscos ou sem incorrer nos custos de as ter realmente. Seja como for, as actividades iranianas co-locam o mundo perante escolhas difíceis. Nenhuma delas está isenta de custos ou de

Respondendo ao Irãoriscos. Além disso não é possível calcular com precisão os custos e os riscos.

Uma das opções poderá ser a aceitação e a convivência com um Irão nuclear ou quase--nuclear. Isto pressupõe que o Irão poderá ser dissuadido de utilizar as suas armas, muito como se passou com a União Soviética du-rante a Guerra Fria. As defesas por meio de mísseis poderiam ser aumentadas; os Estados Unidos poderiam aumentar as garantias de segurança para que o Irão compreendesse que qualquer ameaça ou utilização de armas nu-cleares teria uma resposta decisiva americana. Mas há desvantagens significativas em concor-dar com um Irão com armas nucleares. Dado o seu histórico subversivo e terrorista contra os seus adversários, um Irão com armas nucleares poderá tentar ser ainda mais determinado nas suas acções. Poderá partilhar conhecimentos, tecnologia ou armas com os seus aliados (a Venezuela de Hugo Chávez, por exemplo) ou com organizações radicais como o Hezbollah ou o Hamas. E, em vez de promover a estabilidade na região, o Irão ou Israel poderiam sentir-se tentados a atacar primeiro, no caso de uma crise.

Também não se pode assumir que a lide-rança radical dividida do Irão irá agir sempre de forma racional, ou que a proliferação iria terminar nesta República do Islão. Se o Irão desenvolvesse armas nucleares, países como a Arábia Saudita, a Turquia e o Egipto poderiam sentir-se tentados a adquirir ou desenvolver armas próprias. Um Médio Oriente com vários dedos em vários detonadores é um bom exemplo do derradeiro pesadelo.

Do lado oposto do leque de escolhas políticas está um ataque preventivo: uma acção militar (provavelmente executada por Israel, pelos EUA, ou por ambos) contra locais no Irão ligados ao seu programa nuclear. O objectivo principal seria interromper o surgimento de uma ameaça em fase de desenvolvimento. Novamente, com esta escolha, existem desvantagens consideráveis. Mesmo sen-do bem-sucedido, um ataque do género não iria atrasar o Irão mais do que alguns anos. Iriam com toda a certeza recuperar dos danos e desta vez provavelmente em espaços subterrâneos, onde ataques futu-ros seriam muito mais difíceis de executar. Além disso, o Irão iria muito prova-velmente retaliar imediatamente contra alvos que incluem a Arábia Saudita, o Iraque, o Afeganistão e outros interesses norte-americanos pelo mundo fora – sem excluir alvos com sede em território norte-americano. O Hezbollah poderia atacar Israel.

Se tudo isto se concretizasse, o preço do petróleo iria subir a pique devido à es-cassez e ao medo, conduzindo a economia mundial, que já se encontra numa situação precária, a uma recessão. Um ataque militar poderia também levar a que o povo iraniano se mobilizasse em torno do seu governo, diminuindo assim as probabilidades do surgimento de uma liderança responsável. Assim, não é de surpreender que os EUA e a grande parte dos países do mundo tenham considerado as alternativas, incluindo uma mudança de regime no Irão. Mas, por muito desejável que esta alternativa possa ser, não existe nenhuma política que a possa fazer acontecer. Consequentemente, a atitude política principal para com o Irão é baseada na imposição de sanções económicas pro-gressivamente mais dolorosas.

O raciocínio subjacente é de que os líderes iranianos, receosos de perder o controlo po-lítico face ao aumento do descontentamento popular devido ao efeito do aumento de sanções, reavaliem os prejuízos e benefícios do seu programa nuclear e se tornem mais receptivos à negociação de limitações em troca do fim das sanções.

Este cenário poderá tornar-se realidade. O apoio internacional às sanções já é conside-rável e está a aumentar. Começa a tornar-se muito difícil para o Irão (cuja economia depende em muito das suas exportações de petróleo que atingem mais de dois milhões de barris por dia) angariar clientes – e par-ticularmente clientes na disposição de pagar 100% do custo do barril.

Entretanto, a moeda iraniana está a desvalorizar e os produtos importa-dos começam a ficar fora do alcance da bolsa da maior parte dos iranianos. As componentes adicionais à política cor-rente que parecem ter algum impacto são esforços clandestinos que visam impedir a capacidade do Irão de importar tecnologias sensíveis. Os computadores, no Irão, foram atacados por vírus informáticos, reduzindo a eficiência das centrifugadoras, parte essen-cial do enriquecimento de urânio. Também é possível que o assassinato de certas figuras chave tenha abrandado o avanço da pesquisa nuclear no Irão.

De qualquer forma abrandar a investi-gação nuclear do Irão não é sinónimo de a parar. Uma questão que se coloca é sobre a possibilidade de aumentar e apertar as sanções existentes; neste caso, a China e a Rússia têm de definir as suas prioridades. Outra questão é a de se haverá alguma san-ção suficiente para convencer os líderes do Irão a aceitar limites verificáveis sobre o seu programa nuclear. E um terceiro assunto por resolver é o de durante quanto tempo Israel e os EUA irão tolerar os esforços iranianos até se decidirem por uma acção militar. De facto, a única certeza poderá ser a de que o programa nuclear iraniano será um assunto internacional predominante no decorrer de 2012 – muito provavelmente, o mais importante.

*Presidente do Council on Foreign Relations, ex-director de planeamento de políticas dos EUA

T

cartoonpor Steff

CABEÇA DE BASHAR NA AREIA

A única certeza poderá ser a de que o programa nuclear iraniano será um assunto internacional predominante no decorrer de 2012 – muito provavelmente, o mais importante.

Page 19: Hoje Macau 30 JAN 2012 #2538

na margemJosé I. Duarte

19opiniãosegunda-feira 30.1.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Joana Freitas; José C. Mendes; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Ciclone

S leitores poderão estar recor-dados que, no ano passado, foi criado um Fundo para a Protec-ção Ambiental e a Conservação Energética. Em simultâneo, foi aprovado um Plano de Apoio

Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética, designado na sua forma breve por Plano de Apoio Financeiro. Foi recentemente publicada no Boletim Oficial a lista dos primeiros apoios financeiros concedidos por aquele Fundo. Esse facto justifica alguns comentários.

Comecemos, indo atrás, por alguns as-pectos fundamentais que me parece continu-arem por esclarecer ou clarificar. O diploma que cria o Fundo limita-se a estabelecer um conjunto de objectivos genéricos, tais como: “melhorar a qualidade do ambiente; promover a conservação de energia e a redução de emissões poluentes; rentabilizar os recursos hídricos; apoiar e promover o desenvolvimento da indústria ambiental; apoio a promover as medidas tidas por convenientes com vista ao melhoramento da qualidade de vida, quando esta tenha sido afectada por qualquer impacte ambiental”.

Surge logo aqui uma dificuldade: a de-finição de objectivos é tão geral que quase nada há que não se possa ali caber. Em si mesmo, isso não seria problemático se os objectivos e âmbito específico de interven-ção do Fundo fossem esclarecidos noutra parte daquele diploma ou em qualquer legislação complementar. Ora, tal não é o caso: nada mais se adianta no diploma que cria o Fundo; e o regulamento Adminis-trativo que cria o PAF apenas indica que ele “visa conceder um apoio financeiro a empresas comerciais e associações para suportarem as despesas decorrentes da aquisições ou substituição de produtos e equipamentos que possam contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente, o reforço da eficiência energética ou a pou-pança de água”. Tal como está, isto pode querer dizer quase tudo ou quase nada, dependendo apenas de entendimentos ou considerações de natureza circunstancial.

O fundo e os critériosedi tor ia l

Nuno G. Pereira

O CHERNE DA QUESTÃOVindo de um país como Portugal, onde a caridade dos paternalistas sempre se impôs a dar autonomia a quem precisa, habituei-me a ouvir um cliché identificado com marca oriental: “é como diz o provérbio chinês, se deres peixe ao homem, terá alimento por um dia, se o ensinares a pescar, vai alimentar-se a vida toda”. Agora em Macau, começo a achar que tal provérbio deve ser contado por cá como pérola de sabedoria europeia. Porque se aqui é terra de abundância, também é terra de esmolas anuais, prontas a perpetuar a dependência dos que podiam ambicionar outra dignidade. E outra modernidade, que nasce como consequência natural da formação das pessoas.Em 1996, a Cryolife, uma empresa de armazenamento de células estaminais – que podem salvar vidas através de tratamentos únicos -, instalou-se em Hong Kong. Agora, 16 anos depois, chega a Macau. Uma boa notícia para a empresa, que espera ganhar com a decisão, já que não o faz por beneficência, mas também para o território. Por dois motivos principais: coloca Macau com acesso directo a soluções de saúde ainda condicionadas em muitos países do chamado primeiro mundo; e mostra que a evolução não precisa de dinheiro governamental.Para acontecer, a evolução necessita de espaço. Físico, às vezes, mas acima de tudo mental. Abrindo menos os bolsos e mais os horizontes, o Governo de Macau terá em breve o seu território povoado de pescadores. Certamente à procura de lucros legítimos, mas – ao contrário dos casinos, onde há anzóis e cantos de sereia – com muito para ensinar.Nada disto invalida a invejada realidade do Executivo que nos dirige – nada em dinheiro. Dar parte dessa riqueza directamente ao povo merece aplauso, nunca condenação. Só que o cheque em dinheiro confunde, empurra para decisões imediatas. Leva-me a comprar um televisor com ecrã maior que o do meu vizinho, porque já não posso ouvi-lo gabar o seu plasma. Por isso, dêem-me antes aquilo em que eu não pensei. Como comparticipações para guardar células estaminais, comprar carros não poluentes ou aprender uma língua estrangeira.Porque aqui em Macau, ainda por cima, deixaram de dar peixe para começar a distribuir lagosta. E ao marisco ninguém resiste.

Deixem-me dar alguns exemplos. Su-ponhamos, caso 1, uma lavandaria. Pode utilizar um detergente A, muito barato. Permite-lhe praticar preços competitivos mas é muito poluente. Ou pode usar um detergente B, mais caro e mais amigo do ambiente – degrada-se rapidamente e re-quer o uso de menos água. É um produto, favorece a melhoria do ambiente e promove a poupança de água. Pode candidatar-se ao Fundo? O apoio, a ser concedido, tem ainda efeitos sobre as condições competitivas do sector. Deve o Fundo, em consequência, estar obrigado estender o apoio a todas as lavandarias, a pedido destas ou por iniciativa própria, de modo a não distorcer as condições de concorrência?

são legítimos como meios de política e, em certas circunstâncias, adequados. Mas precisam de estar ao serviço de objectivos específicos e claros; e de ser aplicados seguindo regras e critérios explícitos e transparentes. Mais ainda, precisam de ser concebidos como instrumentos de uma política de ambiente suportada numa reflexão cuidadosa sobre seus efeitos - ambientais, por certo, mas também so-ciais e económicos. Caso contrário, pode confundir-se com mais uma distribuição avulsa de dinheiros públicos, resultante não de uma política mas em substituição dela. Os exemplos anteriores - imaginados e, presumo, absurdos - apenas revelam as carências destes diplomas. Não são defi-nidas claramente as actividades que são o seu alvo, não são definidos os critérios de selecção e ordenamento, não são definidas as despesas elegíveis, não são explícitas as obrigações de execução e reporte dos beneficiários, não são esclarecidas as regras de acompanhamento da administração. É pobre a política e, ouso dizer, é pobre a lei.

Ora, veio tudo isto a propósito da publicação da primeira lista de benefícios concedidos. Ficámos a saber que foram distribuídos em conjunto, quase 65000 patacas a dois restaurantes; a que acrescem mais cerca de 75000 e 19000 a uma em-presa de elevadores e uma de fundações, respectivamente. No total, estamos a falar de pouco mais de 165 mil patacas e quatro empresas. E não se pode sequer fazer me-lhor juízo sobre os subsídios concedidos – estranham-se, talvez, os montantes e os destinatários - porque o aviso, publicado no BO, não esclarece quais as suas finali-dades. Apenas diz que foram concedidos ao abrigo do Regulamento Administrativo que cria o Fundo. O que parece insuficiente e contraria a prática, correcta, da direcção de serviços a que o Fundo está associado. A administração tem, parece-me, a obrigação de explicitar as finalidades para as quais concede subsídios. Pelo que se aguarda, para melhor opinião, a correcção desta irregularidade. Sendo certo que nada disto, é claro, atenuou as apreensões iniciais.

O

E se muitas empresas se candidatarem com investimentos semelhantes, quais os critérios de selecção e ordenamento, assumindo que os recursos do Fundo não são inesgotáveis?

Admitamos, agora, caso 2, um escritó-rio comercial. Candidata-se a substituir os aparelhos de ar condicionado existentes, adquirindo modelos mais modernos, e a instalar lâmpadas de baixo consumo. Com esses novos equipamentos pode de-monstrar que aumenta significativamente a sua eficiência energética. Deve o Fundo financiar este investimento? E se muitas empresas se candidatarem com investi-mentos semelhantes, quais os critérios de selecção e ordenamento, assumindo que os recursos do Fundo não são inesgotáveis?

Não vale a pena insistir mais por esta via. Estes exemplos apenas sublinham que uma política de ambiente, cuja bondade de intenções não se discute aqui, não pode centrar-se apenas ou quase só à distribuição de dinheiros, por muito que abundem nos cofres públicos. Os incentivos financeiros

A expressão “a pagar” por vezes tem o mesmo significado que apagar. Por Fernando

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segunda-feira 30.1.2012www.hojemacau.com.mo

Itália Morreu Óscar Luigi ScalfaroA imprensa italiana noticiou a morte de Óscar Luigi Scalfaro em Roma, aos 93 anos. Natural de Novara no Piemonte, Scalfaro foi chefe de Estado de Itália entre 1992 e 1999, durante um dos períodos mais conturbados da história do país, devido aos ataques da máfia siciliana. Actualmente Scalfaro ocupava o cargo de senador vitalício.

Concórdia Combustível ameaça ilhaO naufrágio do Costa Concórdia já começou a dar sinais de um possível desastre ambiental. Foi detectada este fim-de-semana a presença de combustível a dar à costa da ilha de Giglio. Segundo a AFP, a remoção dos resíduos já começou a ser feita. Entretanto, as buscas voltaram a ser suspensas devido ao mau tempo.

Reino Unido Quatro jornalistas detidosA Policia Metropolitana prendeu este sábado quatro jornalistas do jornal inglês “The Sun” e um polícia, no âmbito do caso das escutas ilegais que envolveu o jornal “News of the World”, do magnata Rupert Murdoch. As detenções ocorreram por suspeitas de subornos pagos por jornalistas aos agentes policiais.

Andreia Sofia [email protected]

O anúncio oficial só será feito amanhã, mas a possível

recandidatura de José Ramos Horta à presidência de Timor--Leste levantou uma polémica linguística. Isto porque as pri-meiras informações sobre a re-candidatura, algo que seria feito ontem, só estavam disponíveis em inglês e tétum, no novo site oficial da presidência.

Ao Hoje Macau, Ana Be-navente, antiga Secretária de Estado da Educação em Portugal, diz ser uma questão “estranha” e que levanta muitas dúvidas. “Quem consulta o site fica perplexo. O presidente fala português e sobre a ausência da língua só ele pode justificar. Pode-se questionar o signifi-cado, a ausência só nos deixa uma interrogação.” Opinião semelhante teve Fernando Gomes, presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas.

Site da presidência de Timor-Leste apenas em inglês e tétum

Ramos Horta baniu português

“Só espero que tenha sido um descuido, lapso ou engano. Vamos ver o que ele diz.”

Para Ana Benavente, Ti-mor-Leste necessita de adoptar “o mais rapidamente possível” uma solução sobre as línguas oficiais do território, dado que estão em causa as relações económicas não só com a Aus-trália, mas com os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Timor terá de decidir um dia se a língua oficial é o português. É algo delicado, porque Portu-gal e o Brasil têm investido na educação do país após a inde-pendência.” Fernando Gomes frisou também que “da parte de Portugal não há razão, mesmo com dificuldades económicas nunca deixou de apoiar Timor”.

A antiga Secretária de Esta-do da Educação referiu ainda as consequências de um possível “abandono” do português. “Não pode sair da vida de Timor sem consequências politicas.”