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ANTÓNIO FALCÃO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3143 hojemacau A BELA E OS MONSTROS RAEM DESCE NA CLASSIFICAÇÃO DAS MELHORES CIDADES CHINESAS O charme de Macau vai-se esbatendo à medida que a poluição e as rendas ganham terreno. Mudanças precisam-se. EXPOSICÃO Kristina Mar no Albergue POLÍTICA PÁGINA 4 FUNDAÇÃO MACAU Para onde vai o dinheiro REFERENDO Quando o juiz não decide EVENTOS PÁGINA 11 Os subsídios atribuídos pela FM no segundo trimestre deste ano atingiram mais de 500 milhões de patacas. A MUST lidera a lista dos maiores beneficiados. A MOSTRA da artista há vários anos radicada na Ásia, inspirada no livro de Fernanda Dias, “Yi Jing - O Sol, a Lua e a Via do Fio de Seda”, pode ser vista até ao fim de Agosto no Bairro de São Lázaro. PUB PÁGINAS 2 E 3 ´ SOCIEDADE PÁGINA 6

Hoje Macau 31 JUL 2014 #3143

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Hoje Macau N.º3143 de 31 de Julho de 2014

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Page 1: Hoje Macau 31 JUL 2014 #3143

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 3 1 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 4 3

hojemacau

A BELA E OS MONSTROSRAEM DESCE NA CLASSIFICAÇÃO DAS MELHORES CIDADES CHINESAS

O charme de Macau vai-se esbatendo à medida que a poluição e as rendas ganham terreno. Mudanças precisam-se.

EXPOSICÃOKristina Mar no Albergue

POLÍTICA PÁGINA 4

FUNDAÇÃO MACAUPara onde vai o dinheiro

REFERENDOQuandoo juiz não decide

EVENTOS PÁGINA 11

Os subsídios atribuídos pela FM no segundo trimestre deste ano atingirammais de 500 milhões de patacas. A MUST lidera a lista dos maioresbeneficiados.

A MOSTRA da artista há vários anos radicada na Ásia, inspiradano livro de Fernanda Dias, “Yi Jing - O Sol, a Lua e a Via do Fio de Seda”, pode ser vista até ao fim de Agosto no Bairro de São Lázaro.

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PÁGINAS 2 E 3

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SOCIEDADE PÁGINA 6

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HOJE

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hoje macau quinta-feira 31.7.20142 REPORTAGEM

De um ano para o outro, a RAEM perdeu dois lugares cimeiros no que diz respeito às melhores cidades chinesas para viver e às com melhor ambiente ecológico. Especialistas e residentes apontam a habitação e a poluição como as principais responsáveis, a par de falhas políticas, mas alertam: ainda há esperança para Macau

MACAU HABITAÇÃO E POLUIÇÃO JUSTIFICAM QUEDA NO ‘RANKING’ DAS MELHORES CIDADES PARA VIVER NA CHINA

A esperança é a última a morrerFLORA [email protected]

T ODOS os anos, a situação económica, comercial, habitacional, ecológica e sustentável de 294 cidades

chinesas é analisada. Em 2013, Macau ficou em primeiro lugar no ‘ranking’ da “Competitividade das Cidades Ecológicas”, tendo arre-cadado a segunda posição no top das “Cidades Chinesas Adequadas para Viver”. Os resultados são parte de um estudo – o “Relatório da Competitividade das Cidades Chinesas” – publicado pela Fa-culdade de Ciências Sociais da China e pela Imprensa Académica de Ciências Sociais.

Mas, um ano depois, a situação da RAEM mudou: o relatório de 2014 mostra uma queda de Macau do topo das melhores. O território caiu para 12º. lugar na lista das “Cidades Chinesas Adequadas para Viver” e para terceiro lugar no que à “Competitividade das Cidades Ecológicas” diz respeito. O que mudou?

Para Imfan, jovem licenciada da Universidade de Macau, a situação da habitação e da polui-

ção não merecem colocar Macau num lugar cimeiro. “Adquirir ou arrendar uma casa em Macau é demasiado caro, ocupa a maior parte dos rendimentos de uma pessoa”, começa por dizer Imfan ao HM.

Os preços das casas têm au-mentado exponencialmente e a diferença entre 2013 e 2014 é notória e pode ser uma das expli-cações para a queda de lugares: nos primeiros quatro meses deste ano o preço do metro quadrado encareceu 24,45% face ao mesmo período do ano passado, segundo registos da Direcção dos Serviços de Finanças.

Mas, a situação da habitação não é a única a preocupar a jovem. “Em Macau, a densidade popu-lacional é alta e muitos casinos e prédios estão em construção, o que faz com que o ar esteja cada vez mais com pior qualidade”, disse Imfan.

A jovem admite que considera o clima de Macau adequado para viver – por não ser “nem muito quente” no Verão, “nem muito frio” no Inverno. “Como Macau é uma cidade pequena, é muito conveniente para conseguir che-

gar a um destino, tanto andando a pé ou de transportes públicos, até porque existem carreiras de autocarros de 24 horas todos os dias. Para fazer compras ou comer também é muito acessível”, diz--nos, apontando o que de melhor, na sua opinião, Macau tem.

Mas, será que a habitação e a poluição foram as únicas res-ponsáveis pela queda de Macau nos ‘rankings’? Além dos dados das classificações, como é que os especialistas e a população em geral vêem Macau?

Para o director da Associação Económica de Macau, Joey Lao, se compararmos os rendimentos e o preço dos imóveis de Macau com outras cidades chinesas, vemos que “os preços são altos e é difícil serem aliviados a curto-prazo, no mercado imobiliário privado”. O responsável explica ao HM que “os residentes de Macau não têm dificuldades em estudar e traba-lhar, mas sofrem grande pressão quando chega a hora de comprar uma casa”.

Entretanto, acrescenta, a po-pulação continua à espera que as políticas de habitação pública possam melhorar o ambiente ha-

bitacional. Ainda não aconteceu e, por isso, conclui, é possível que este factor tenha feito Macau retroceder no que diz respeito às “Cidades Adequadas para Viver”.

FALHAS SOCIAIS E POLÍTICAS Quando se considera a cidade como adequada para viver, analisa-se a coordenação dos aspectos da economia, sociedade, cultura, ambiente e condições de habitação, a par da satisfação das necessidades materiais e mentais e, claro, de trabalho. Esta análise é, aliás, aquilo a que se dedica o grupo responsável pelo estudo.

O Governo assumiu que criar uma cidade com “condições ideais de vida” é um principais objectivos para se chegar à posição de Centro Mundial de Turismo e Lazer. No relatório das Linhas de Acção Governativa para 2014, uma das prioridades da acção governativa é tentar fazer isso mesmo. “Considerando que é desejo comum da população de Macau ter um ambiente agradável para viver, iremos criar, com o mais profundo sentido de res-ponsabilidade e em colaboração com a população de Macau, uma

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3 reportagemhoje macau quinta-feira 31.7.2014

cidade segura, civilizada, sau-dável, tolerante e harmoniosa”, pode ler-se no documento apre-sentado por Chui Sai On, Chefe do Executivo, e pelos Secretários das várias tutelas na Assembleia Legislativa.

Apesar disso, nas classifica-ções de “cidade adequada” e de “cidade ecológica”, Macau não tem vindo a marcar pontos.

Do ponto de vista do deputado Mak Soi Kun, apesar da grande riqueza de Macau, há ainda muitas falhas da sociedade e na política, que fazem com que Macau esteja longe de uma cidade adequada para viver. “Macau é uma cidade rica, como os dados mostram. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Macau é o quarto maior de todo o mundo, mas, vale a pena pensar: uma cidade rica é uma cidade adequada para viver?”, começa por indagar.

Foi este ano que a RAEM ul-trapassou a Suíça como o quarto local do mundo com mais PIB per capita, de 87.306 dólares norte-americanos em 2013, de acordo com dados dos Serviços de Economia. Em 2012, Macau figurava no sexto posto da lista, a seguir às Bermudas e à Suíça, mas agora só é ultrapassado pelo Luxemburgo, Noruega e Qatar.

MACAU OU VIENA“Podemos comparar Macau com Viena, que é a cidade mais adequa-da para viver de acordo com um inquérito feito por uma companhia de consultadoria de investimento que comparou mais de 200 cidades mundiais”, continua a analisar Mak Soi Kun. “O PIB per capita de Viena ainda é mais baixo do que o de Macau, ou seja não é um local mais rico, mas é uma cidade mais confortável para viver, até porque não é uma primeira escolha para os turistas europeus. A cidade não tem problemas [relacionados com isto], como por exemplo a capacidade de receber turistas.”

Mas, além disto, para o de-putado Mak Soi Kun há outros vários aspectos e problemas que fazem com que Macau não possa ser um local adequado para viver. E as justificações prendem-se sobretudo com alguns índices que fazem parte da avaliação no que diz respeito à adequação da cidade: a sociedade e a política.

“O sistema político e legisla-tivo não está atrasado? Podemos ver a revisão e elaboração das leis sobre a violência doméstica, sobre a protecção dos animais... Tudo isso surge sempre nas notícias. Estão a ser discutidas há muito tempo, mas ainda não saíram”, aponta Mak Soi Kun. “Também o problema da habitação. O Gover-no nunca satisfaz as necessidades da população no quer diz respeito à habitação pública, aos [preços dos] imóveis privados... As rendas têm sido altas e nem a compra é

suportável para os residentes em geral”, frisa Mak Soi Kun.

Carla Fellini concorda. Brasi-leira a viver em Macau há mais de 13 anos, Carla considera Macau uma cidade adorável, mas acha que o crescimento está a deixar a RAEM uma cidade muito cara. “Em 13 anos que vivo aqui, muita coisa mudou. A começar pelas rendas de casa, esta é realmente uma coisa preocupante. Não sei onde vamos parar. Temos que trabalhar só para pagar a renda. A qualidade de vida está a diminuir com isso”, diz ao HM. Mas há mais. “Também tudo aumenta de preço: as comidas, os restauran-tes, passamos a pagar tudo muito mais caro. Os automóveis não têm mais lugar para estacionar, os auto-silos ficam lotados... este também é um problema grande. Não houve um controlo para tudo isso e, agora, só temos que ‘sobreviver’ aqui.”

IRRESPIRÁVEL Mak Soi Kun, como outros depu-tados, tem apresentado várias in-terpelações ao Governo onde pede algumas mudanças ao que está mal em Macau. Para o legislador, há outros grandes problemas que po-dem justificar a queda da RAEM dos lugares de topo: o sistema de transporte em Macau não é agra-dável, os residentes sofrem com o engarrafamento no trânsito todos os dias, os autocarros estão cheios, há irregularidades no serviço de táxis, as telecomunicações são caras, mas os serviços atrasados e a lista continua. “Combinando tudo isso, como é possível, para mim, achar que Macau é adequada para viver?”, questiona Mak Soi Kun.

Mas, não é apenas neste âmbito que Macau retrocede. Também no que diz respeito a cidade ecológi-ca, a RAEM desceu do primeiro para o terceiro lugar. Ainda que se mantenha no top três das cidades chinesas melhores face ao ambien-te, há aspectos que podem até fazer com que Macau caia ainda mais.

E Ho Wai Tim, presidente da Associação de Ecologia de Macau, frisa isso mesmo. O responsável refere ao HM que a principal causa da diminuição nos lugares é a poluição atmosférica, como por exemplo, os índices excessivos de partículas, de dióxido de carbono e o tratamento de águas residuais.

“Em 2012, houve 24 dias em que o índice de [partículas] foi excessivo. Mas em 2013, houve 61 dias com este índice alto. Por aqui, já podemos ver a tendência da poluição atmosférica, que deriva das emissões dos veículos, barcos e aviões, mas especialmente dos veículos, cuja quantidade é cada vez maior. O Governo deve con-trolar esta situação e melhorar a qualidade do ar”, frisou Ho Wai Tim.

Questionado sobre o ambiente “verde” em Macau, Ho Wai Tim é

peremptório: as áreas verdes em Macau não são muito grandes. “No ano passado, foram [planta-das] mais 264 árvores em toda a cidade, ou seja, nem uma por dia. O IACM disse que está a envidar grandes recursos na plantação de árvores, mas porque é que as áreas verdes não são muitas? Porque observámos que muitas outras

árvores foram destruídas e os trabalhos do IACM não bastam para minimizar [essa] destruição.”

Mas, o presidente da Associa-ção de Ecologia de Macau não se esquece do problema da poluição do mar. “Podemos ver peixes mortos no [Canal dos Patos] no Fai Chi Kei, que é um problema que existe continuamente. Pode-

“A indústria do jogo, que faz esta cidade rica, mas o rendimento da população que não aumenta. Os residentes que não conseguem determinados recursos ou sequer compartilhar os resultados da prosperidade [económica]”BEN LIO

“O sistema político e legislativo não está atrasado? Podemos ver a revisão e elaboração das leis sobre a violência doméstica, sobre a protecção dos animais... Tudo isso surge sempre nas notícias. Estão a ser discutidas há muito tempo, mas ainda não saíram”MAK SOI KUN

mos ver também que as toneladas [destes peixes] têm tendência a aumentar. No ano passado, foram menos de 10 toneladas de peixes mortos, mas este ano, já passou mais de metade desse número”, diz Ho Wai Tim.

LUZ AO FUNDO DO TÚNEL Todos os factores descritos por Ho Wai Tim não só contribuem, na sua opinião, para a queda de Ma-cau no top das “Competitividade das Cidades Ecológicas”, como também ajudaram na classifica-ção de Macau como 12ª cidade na lista das “Cidades Adequadas para Viver”.

Ho Wai Tim considera que, se se quiser manter Macau como uma cidade adequada para viver, as diferenças entre os rendimen-tos dos residentes e o preço dos imóveis não devem ser dema-siado grandes. A única melhoria possível para fazer isso, diz, é fazer com que o Governo ofereça mais habitação pública, o que vai trazer a diminuição do preço dos imóveis do mercado privado.

Já para Mak Soi Kun, o Gover-no tem de ter uma direcção para tornar a cidade adequada. “Macau deve ser uma cidade ‘pequena mas completa’, diz o deputado, que acrescenta que, como Macau já tem riqueza suficiente, o esforço agora deve ser noutros aspectos.

Mas, alerta o deputado, não se pode ter apenas em conta os dados, os números “frios”, mas também os sentimentos dos re-sidentes. Na realidade, o que é que os residentes pensam desta cidade?

À semelhança de Imfan, Ben Lio, jovem residente, a densidade populacional de Macau é um dos problemas que fazem com que a cidade não seja “muito adequada para viver”.

Os sentimentos de que fala Mak Soi Kun são, de resto, parti-lhados pelas pessoas que cá vivem. Imfan, Carla e Ben apontam todos os mesmos problemas: o trânsito, o aumento no número de veículos, a falta de lugares de estacionamen-to. A habitação.

“As obras constantes, a falta de planeamento”, recorda também Ben Lio. “A indústria do jogo, que faz esta cidade rica, mas o rendimento da população que não aumenta. Os residentes que não conseguem determinados recursos ou sequer compartilhar os resultados da prosperidade [económica]”.

Se tudo isto fosse resolvido, contudo, Macau poderia ser dife-rente e talvez até segurar os lugares cimeiros em ‘rankings’ referentes às cidades chinesas e até da Ásia em geral. Porque, se há algo que Ben Lio nota, à semelhança de Carla Fellini, é que Macau até é facilmente adorável. “O carinho entre as pessoas não muda e isso é o que eu gosto mais.”

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4 hoje macau quinta-feira 31.7.2014

LEONOR SÁ [email protected]

O Tribunal de Úl-tima Instância (TUI) decidiu não se pronun-

ciar relativamente ao recurso interposto na passada sexta--feira por Jason Chao – na qualidade de presidente da Sociedade Aberta de Macau –, justificando que “não tem competência” para avaliar a questão. O recurso foi entre-gue por Chao ao TUI como tentativa de obter o aval do tribunal para a realização de actividades relativas ao referendo civil, algo que não foi autorizado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).

Depois do tribunal se ter recusado a analisar o caso, é a vontade do IACM que prevalece, ou seja, a não autorização da realização das actividades relacionadas com o ‘referendo’ e propos-tas pela Sociedade Aberta de Macau, pela Macau Cons-ciência e pela Juventude Dinâmica de Macau.

O TUI não considerou a iniciativa ilegal, dizendo que as actividades servem para apoiar a recolha de opiniões por parte da população, mas ressalva que a iniciativa se deve chamar ‘sondagem’ e não ‘referendo’.

Ao HM, Jason Chao adiantou apenas que “o tribu-nal não tem nenhuma decisão sobre o recurso e as coisas de-vem manter-se como estão”, sem clarificar como ficou a situação, no que diz respeito à realização das oito actividades sobre o ‘referendo’ civil.

A juíza principal do processo, Song Man Lei – que é também presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do

Ciências e Tecnologia Frederico Ma presidente do Fundo para o Desenvolvimento

“O que se pretende, e também efectivamentese pode alcançar, com o alegado ‘referendo civil’ não é mais do que uma sondagemsobre opiniõesdos cidadãos”ACÓRDÃO DO TUI

O Tribunal de Última Instância decidiu não analisar o recurso sobre o ‘referendo civil’ entregue por Jason Chao, da Sociedade Aberta de Macau. A juíza principal e presidente da CAECE, Song Man Lei, justificou o facto com a falta de competência do órgão judicial para tratar do caso que, aos olhos da lei, é apenas uma “sondagem”

REFERENDO TUI NÃO SE PRONUNCIA SOBRE RECURSO DE JASON CHAO

O juiz não decideExecutivo – considera que, tecnicamente, “as respec-tivas actividades que se destinam a fazer propaganda para o ‘referendo civil 2014 sobre a eleição do Chefe do Executivo’”, não podem ser vistas como reuniões, sendo que nem a própria iniciativa deverá ter a nomenclatura de ‘referendo’ civil, mas sim de sondagem.

“O que se pretende, e também efectivamente se pode alcançar, com o alegado ‘referendo civil’ não é mais do que uma sondagem sobre opiniões dos cidadãos”, lê-se no acórdão.

De acordo com as infor-mações publicadas no do-cumento do TUI, o tribunal apenas teria competência para se pronunciar sobre esta matéria caso partisse do princípio que o evento englobava reuniões ou manifestações num sentido literal, pois são actividades consagradas na Lei Básica como direitos civis, apenas por isso podendo ser leva-das a tribunal. Por outro lado - e entendendo o TUI que os eventos relativos ao ‘referendo’ civil apenas funcionam para efeitos de sondagem -, encontram-se fora do âmbito de decisão do organismo judicial e apenas servem para “chamar a atenção das pessoas para participar na sondagem a realizar sobre a eleição do Chefe do Exe-cutivo”.

A realização do ‘refe-rendo’ civil tem sido uma das questões mais debatidas nas últimas semanas, tendo vários membros do Governo considerado que a iniciativa era “ilegal” e outros afirman-do que não teria validade legal, ou seja, que os resul-tados obtidos não poderiam ser levados em conta. Resta apenas saber qual a solução para a realização das activi-dades, uma vez que estas não podem ser feitas na rua. Já anteriormente, Jason Chao tinha referido que a decisão do IACM não invalida a ela-boração do referendo civil.

O membro da Co-missão de Desen-

volvimento de Talentos e antigo presidente da Federação da Juventu-de de Macau, Frederico Ma, é o novo presidente do Conselho de Ad-ministração do Fundo

para o Desenvolvi-mento das Ciências e da Tecnologia. Em despacho publicado ontem em Boletim Oficial, pelo Chefe do Executivo, pode ler-se que o mandato de Ma é de dois anos. O também

membro do Conselho vai começar a exercer funções em Setembro deste ano.

Frederico Ma subs-titui Tong Chi Kin, a quem Chui Sai On manifestou sinceros agradecimentos pela

contribuição para a generalização e desen-volvimento do conhe-cimento científico e tecnológico de Macau. Frederico Ma tem-se envolvido em várias actividades no terri-tório, tendo sido um

dos organizadores do Fórum Sino-Português de Jovens para a Coo-peração Económica de 2011, que se realizou em Macau e contou com a presença de empresários lusos e provenientes da China.

Além disso, Frederico Ma é ainda presidente da Associação para a Protecção Ambiental de Macau, posição que lhe permitiu exigir a criação de um sistema ambiental “o mais rá-pido possível”. - L.S.M.

POLÍTICA

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A discussão sobre os benefícios e prejuízos do aumento de secretarias do próximo Governo está na ordem do dia. Gabriel Tong não vê qualquer problema nas possíveis alterações governamentais mas pede que o novo Executivo seja mais transparente

FLORA [email protected]

G ABRIEL Tong, depu-tado nomeado, consi-dera que uma eventual mudança na estrutura

do Governo não trará problemas, mesmo se for para ter mais de-partamentos. Em declarações ao HM, o deputado diz não saber se as secretarias do Executivo vão ser alteradas – várias personalidades

A Associação Novo Macau (ANM) entregou ontem

uma carta na sede de can-didatura de Chui Sai On, único candidato ao cargo de Chefe do Executivo. Sou Ka Hou, presidente da ANM, referiu que Chui Sai On, caso seja eleito, deverá no próximo ano iniciar o processo de consulta pública sobre a reforma política, para que, em 2019, se implemente o sufrágio universal para a escolha do Chefe do Executivo.

Na carta é referido que 99% da população não tem acesso à participação na eleição do líder da RAEM, o que é “uma pena”. “A abertura à reforma políti-ca e a implementação do sufrágio universal são os objectivos para Macau, porque envolve os direitos civis e o aumento da efi-cácia da Administração”, pode ler-se.

O mesmo documento refere que a transferência de soberania aconteceu há 15 anos e que não houve

Wong Kit Cheng quer mais direitos para mulheres grávidasA deputada Wong Kit Cheng pediu uma mais rápida revisão da Lei das Relações de Trabalho, a fim de assegurar os direitos das mulheres. Wong apontou que em Macau há 56 dias de licença de maternidade, montante “longe do nível internacional”. Na China há 14 semanas e em Hong Kong há 10 semanas. Além disso, a deputada apontou que em Macau faltam regulamentos que assegurem os direitos das mulheres grávidas no trabalho, o que causa “pressão” ao nível da carreira, mas também familiar. Wong recorda que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) referiu que já tinha aberto trabalhos de revisão da lei, onde se inclui o regime de licença de maternidade, mas não referiu nenhum calendário para a entrega do novo diploma. Wong Kit Cheng questiona, por isso, qual o andamento do processo. - F.F

NOVO GOVERNO GABRIEL TONG ACEITA AJUSTAMENTO “RAZOÁVEL” ÀS SECRETARIAS

Transparência sem inchaço

“Se o ajustar da estrutura do Governo depender de razões científicas, acredito que apenas mais uma direcção não fará o Governo ficar mais inchado”GABRIEL TONG Deputado

SUFRÁGIO UNIVERSAL NOVO MACAU PEDE CONSULTA PÚBLICA EM 2015

À espera de resposta

têm vindo a público mostrar-se contra um aumento de cinco para seis Secretários no Governo -, mas diz que também não vê qualquer problema e que essa mudança é normal e aceitável, se houver con-dições para tal.

“A RAEM funciona há 15 anos, já tem experiência con-segue fazer os trabalhos. Se este ajustamento for autorizado também pela Lei Básica, vale a pena tentar. Chefe [do Executivo] só há um, mas se o ajustar da

estrutura do Governo depender de razões científicas, acredito que apenas mais uma direcção não fará o Governo ficar mais inchado. O mais importante é a distribuição de trabalhos de cada direcção”, frisa ao HM. Acredito que a população aceita mais um Secretário. Acho que o mais importante é a distribuição dos trabalhos.”

Seja como for, Gabriel Tong também concorda se houver diminuição ou combinação de

departamentos, desde que isso seja “útil para a estrutura admi-nistrativa”.

Questionado sobre o desem-penho do Chefe do Executivo e dos Secretários nos cinco anos passados, Gabriel Tong considera que, de forma integral, a econo-mia de Macau se desenvolveu bem e a sociedade está estável. Contudo, o deputado diz espe-rar que o Governo faça melhor, “aprendendo com a experiência”, e que seja mais transparente.

“Chui Sai On agora é o único candidato ao [lugar] de Chefe do Executivo e suporto obviamente a recandidatura de Chui, como ele já fez discursos onde fala do ajustamento de funcionários e de novos desempenhos. Sendo um deputado, espero que o novo Governo tenha planos melhores para toda a sociedade de Macau e espero ter um Governo ainda mais transparente, que considere mais a vida e as necessidades da população, para resolver os problemas de transporte, da habitação, do mercado de mão--de-obra e da segurança social, que são temas preocupantes a longo prazo.”

qualquer avanço em prol da democracia, sendo que a população “ainda não pode efectuar o seu direito político de forma justa”. Tal faz com que o “Chefe do Executivo e os titulares dos principais cargos ignorem os estatu-tos e códigos referentes aos cargos principais [do Governo]”, considera a associação, frisando que ainda não existe o regime de responsabilização para os titulares dos principais cargos.

Sou Ka Hou disse ainda esperar que Chui Sai On responda directamente à carta da ANM antes do próximo dia 10 de Agosto sobre a possibilidade de apresentar o projecto de consulta pública ao Go-verno Central.

A ANM espera ainda que o Executivo possa elaborar um plano e um

calendário para a imple-mentação do sufrágio universal não apenas para o chefe do Governo mas também para os deputados do hemiciclo.

“Estamos aqui com uma postura de abertura, esperamos obter o respeito e opinião da população e uma resposta directa do Chefe do Executivo. Se Chui Sai On não responder às nossas perguntas, é pos-sível que venhamos aqui mais uma vez e façamos mais actividades”, expli-cou o presidente da ANM.

Sou Ka Hou disse ain-da que a ANM vai instalar caixas para a entrega de sugestões em cada bairro de Macau por forma a promover a importância do sufrágio universal, estando ainda a planear mais actividades até ao dia 31 de Agosto, dia das eleições. - F.F

5 políticahoje macau quinta-feira 31.7.2014

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6 hoje macau quinta-feira 31.7.2014SOCIEDADE

JOANA [email protected]

A Universidade de Ciên-cias e Tecnologia de Macau (MUST) con-tinua na liderança dos

beneficiados pelo dinheiro da Fun-dação Macau (FM). Só no segundo trimestre do ano, a MUST recebeu a maior fatia de apoios financeiros – 28,3% - num valor que chega aos 144,6 milhões de patacas.

De acordo com dados ontem publicados em Boletim Oficial, a universidade recebeu ajuda no valor de 100 milhões para a cons-trução de mais uma residência de estudantes e para a aquisição de equipamentos. Esta é já a quinta residência para alunos da MUST, que, no entanto, mostra uma quebra ligeira de estudantes no ano de 2012/2013, quando comparado com o ano lectivo anterior. De acordo com dados dos relatórios de actividades da instituição, em 2011 eram 10.393 os alunos da universidade – sendo que 4800 eram de fora de Macau -, em 2012, este número desceu para 10.365 – não há referência aos estudantes não-locais.

Parte do dinheiro atribuído à MUST - cerca de 44 milhões de patacas – foi alocado em despesas com o plano anual de 2013 das instituições subordinadas à Funda-ção da universidade: a instituição em si, o Hospital Universitário, a Escola Internacional de Macau e o Centro de Formação Médica para o Desenvolvimento Profissional da Faculdade das Ciências de Saúde da Universidade, a par de despe-

ANDREIA SOFIA [email protected]

F ORAM ontem publicados em Boletim Oficial (BO) os valores pagos pela Fundação

Macau (FM) no segundo trimestre deste ano a associações. Só para as entidades ligadas à comunidade macaense foram pagos mais de oito milhões de patacas.

A Associação dos Macaenses (ADM) recebeu um milhão de patacas, dinheiro que servirá para custear parte do novo co-lóquio sobre a comunidade e a publicação de um livro. Contudo, o presidente, Miguel de Senna Fernandes, adverte que o fundo da FM é insuficiente para isto. “É um subsídio que não dá para muito mais coisas, se não o funciona-mento mínimo de uma associação.

MAIS DE OITO MILHÕES PARA ENTIDADES MACAENSES

Dinheiro “não chega para tudo”

A MUST continua, como sempre, a liderar a lista de apoios atribuídos pela Fundação Macau. Os subsídios são decididos por um Conselho de Curadores que tem como membros dois dos presidentes das entidades que mais dinheiro receberam no segundo trimestre deste ano. A USJ também já recebeu mais uma prestação para o novo campus

FUNDAÇÃO MACAU ENTIDADES DIRIGIDAS POR MEMBROS COM SUBSÍDIOS MAIS ALTOS

Vira o disco e toca aos mesmos510,5milhões de patacas. Subsídios

da Fundação Macau no segundo

trimestre deste ano

sas com a criação do Centro de Formação da Cirurgia Robótica da China da Faculdade das Ciências de Saúde.

A MUST, recorde-se, é uma instituição privada presidida por Liu Chak Wan. Este empresário não só é membro do Conselho Exe-cutivo e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, como é precisamente um dos membros do Conselho de Curadores da Funda-ção Macau.

É este Conselho que atribui os apoios financeiros, que seguem, geralmente, em larga escala para a instituição. Além de receber dinheiro da FM, a universidade recebe ainda uma renda mensal

de 910 mil patacas pela utilização de um espaço onde começou a funcionar o Posto de Urgência das Ilhas, cujo terreno é cedido pelo Governo.

Na lista dos mais beneficiados segue-se a Universidade de São José (USJ), que recebeu – entre Abril e Junho deste ano – a 3ª. prestação relativa às obras do novo campus da instituição na Ilha Verde.

De um total de mais de 500 milhões de patacas atribuídos pela Fundação Macau (FM), a USJ – através da Fundação Católica para o Ensino Superior, dirigida pelo Bispo D. José Lai – recebeu um total de 50 milhões de patacas.

Destes, 45 milhões correspondem à prestação do novo campus, já aprovada em 2007 e a segunda neste ano, e cinco milhões foram dirigidos para o plano de activida-des da instituição.

A Universidade Cidade de Ma-cau (UCM) é outras das beneficia-das neste segundo trimestre, tendo recebido cerca de 7,25% do total dos apoios. Foram 37 milhões que a instituição – dirigida por Chan Meng Kam – recebeu, através da Fundação da universidade. Deste montante, 10 milhões foram para “assuntos académicos e adminis-trativos da universidade” e os res-tantes para actividades académicas e bolsas de estudo.

À semelhança da MUST, também a UCM tem como pre-sidente um membro do Conselho de Curadores da Fundação Macau: o deputado e empresário Chan Meng Kam.

A Associação de Apoio à Escola Hou Kong, cuja vice-presidente é a também deputada Chan Hong, recebeu 33,6 milhões de patacas para obras na instituição de ensino.

A lista soma e segue, com a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu – uma das que, geralmente, se situa na lista das mais beneficiadas -, a receber 25 milhões de patacas para a aquisi-ção de sistemas informáticos. Na presidência da associação está o deputado nomeado Fong Chi Keong.

A Federação das Associações dos Operários (FAOM) – lidera-da por deputados - recebeu 20,5 milhões de patacas para o plano anual, ainda que para dividir com mais de 50 das suas entidades. No mesmo período, a FAOM recebeu também ajuda do Instituto de Acção Social, no valor de cinco milhões. Na mesma situação estão a União Geral dos Moradores de Macau (UGAMM), a quem foram atribuídos 14 milhões de patacas através da FM e seis milhões atra-vés do IAS.

Na lista, também a União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau. Liderada pelo deputado Chan Chak Mo, a entidade recebeu mais de 13 mi-lhões de patacas relacionadas com várias edições do projecto de apoio à preservação das características dos estabelecimentos de comidas de Macau.

No total, a FM atribuiu 510,5 milhões de patacas no segundo trimestre deste ano.

A FM não procura saber como funciona a ADM. Espero que, no futuro, o subsídio possa abarcar integralmente as actividades a que se propõe a associação”, aponta o responsável ao HM.

Luís Machado, presidente da direcção da Confraria da Gastro-nomia Macaense (CGM) - que recebeu da FM 310 mil patacas -, tem a mesma crítica. “É evidente que é um apoio muito logístico, principalmente para as despesas com deslocações. É uma ajuda muito boa, mas não cobre a tota-lidade das despesas, as pessoas ainda têm de pagar do seu bolso”, disse ao HM.

Com o dinheiro recebido, a CGM vai custear a sua parti-cipação no próximo Conselho Europeu das Confrarias Enogas-tronómicas (CEUCO), a realizar-

-se na Bélgica. “Estaremos presentes com um grupo de 26 pessoas e é um projecto bastante significativo, onde inclui viagens e deslocações a hotéis”, disse Luís Machado.

Dentro das associações ma-caenses, o Conselho das Comu-nidades Macaenses recebeu da FM 480 mil patacas, enquanto a Associação Promotora da Ins-trução dos Macaenses (APIM) recebeu 1650 milhões de patacas para as prestações do ano escolar do jardim de infância Dom José da Costa Nunes. A Associação dos Jovens Macaenses recebeu 241 mil patacas.

COLÓQUIO “SERÁ DIFÍCIL”Pensado para Outubro, o novo colóquio organizado pela ADM vai focar-se sobre a juventude

macaense. Miguel de Senna Fernandes assume que ainda não tem uma data concreta e diz que a realização não vai ser fácil, de-vido às diferentes “nuances” das associações macaenses.

Outro projecto a curto prazo será a publicação de um livro com as apresentações feitas nos últimos dois colóquios, onde já se debateu o estado da comunidade e da diáspora. “Naquela altura ainda não estavam reunidas condições para uma publicação. Estamos a pensar avançar com a publica-ção das intervenções que foram feitas. Tenho dúvidas de que seja publicado este ano, até porque não sabemos como será este colóquio que vai acontecer”, frisou o pre-sidente da ADM.

Já a CGM pretende organizar o habitual Chá Gordo no Natal e está prevista a realização de aulas de culinária macaense, em Novembro. À semelhança do que aconteceu o ano passado, deverá também voltar o mês da gastro-nomia macaense.

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

7 sociedadehoje macau quinta-feira 31.7.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

T SE Chi Wai está de saída da presidência do Conselho da Uni-versidade de Macau

(UM), por aposentação, depois de 13 anos no car-go. A mudança, conhecida ontem através do despacho publicado em Boletim Ofi-cial (BO), mereceu mesmo um comunicado por parte de Chui Sai On.

No documento, o Chefe do Executivo manifesta “o seu sincero agradecimento pelo contributo [de Tse Chi Wai] dado à UM e ao ensino superior de Macau”.

“O Chefe do Executivo está convicto que todo o pessoal da UM irá continuar a formar pessoas qualifica-das nas mais diversas áreas e acredita que o doutor Tse Chi Wai irá continuar a dar as suas opiniões e sugestões para promover o desenvol-vimento da UM e do ensino superior de Macau”, pode ainda ler-se no comunicado.

A partir do dia 1 de Agosto, cabe a Peter Lam assumir as funções de presi-dente deste conselho. Mem-bro do Conselho Executivo, Peter Lam, de 65 anos de idade, é também uma fi-gura próxima de Pequim, sendo membro do Comité Nacional da Conferência

F OI ontem divulgada a lista de apoios concedidos pelo Instituto de Acção Social

(IAS) no 2º trimestre deste ano, sendo que a Cruz Vermelha é a entidade que mais rece-beu - mais de oito milhões de patacas, um total de 4,4% dos apoios que ultrapassam os 180 milhões de patacas. Este valor está divido em duas parcelas, uma referente ao apoio atribuído no 2º trimestre de cada ano, e a outra, com um valor de quase dois milhões, que se refere ao serviço de transladação médica da organização.

Governo presta condolências à morte da cantora Ng Wing-MuiO falecimento da herdeira das Naamyam Cantonenses de Macau, Ng Wing-Mui, mereceu as condolências do Instituto Cultural (IC). “A sua persistência, esforços incansáveis e sentimento sublime pelas Naamyam Cantonenses merecem reverência. O IC lamenta profundamente o falecimento da cantora. O seu empenho na promoção e contributo para as canções narrativas serão para sempre retidos na nossa memória”, pode ler-se em comunicado. Desde 2009 que as Naamyam Cantonenses figuram na lista do património cultural intangível da RAEM, sendo que a cantora Ng Wing-Mui, nascida em 1927, estava na lista dos herdeiros representativos do património cultural intangível.

UM FIGURAS POLÍTICAS NO CONSELHO E ASSEMBLEIA DA INSTITUIÇÃO

Os suspeitos do costume

IAS APOIOS FINANCEIROS DE ABRIL A JUNHO ULTRAPASSAM OS 180 MILHÕES

Sociedade em necessidade

Os novos Conselho e Assembleia da Universidade de Macau estão repletos de nomes que pertencem ao Conselho Executivo ou que estão na Assembleia Legislativa, como é o caso do seu presidente, Ho Iat Seng. O bispo D. José Lai, presidente da Fundação que gere a Universidade de São José, também foi nomeado

ao Conselho Executivo e presidente da Associação Comercial de Macau.

Susana Chou, ex-presi-dente da AL, também foi nomeada, juntamente com o actual presidente, Ho Iat Seng. Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM) é um dos outros escolhidos, ao lado dos empresários Stanley Ho e Ng Fok. Maria Edith Sil-va, membro da Comissão Eleitoral e ex-presidente da Escola Portuguesa de Macau (EPM), também foi nomeada.

Outro dos nomes que figura na nova composição da assembleia da UM é o do bispo D. José Lai, que preside à Fundação Católi-ca para o Ensino Superior (FCES). A FCES é a enti-dade principal na gestão da Universidade de São José e foi recentemente acusada de intervenção no processo de despedimento do docente Eric Sautedé pelo próprio académico.

Sobre as novas nomea-ções, a UM considera que podem levar a que a institui-ção “atinja o seu objectivo, a longo prazo, de se tornar uma universidade de ponta, a nível internacional, pro-movendo, assim, o ensino superior em Macau, na China e no mundo inteiro”.

Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC).

A UM manifestou-se quanto a esta nomeação, afirmando que Peter Lam tem vindo a contribuir para o de-senvolvimento económico, cultural e do ensino superior.

“É de realçar que, ao longo dos últimos anos, na qualidade de presidente da Comissão do Desenvol-vimento do novo campus [da UM], subordinada ao Conselho da Universidade, o doutor Lam tem vindo a

desempenhar um papel de liderança na construção do novo campus e, graças à sua experiência, de vários anos, na área da construção civil e nos cargos de gestão, conseguiu resolver muitas dificuldades que surgiram neste projecto”, pode ainda ler-se no comunicado da UM. Também Tse Chi Wai merece agradecimentos da parte da instituição acadé-mica, ao nível das sugestões e do trabalho feito em prol do novo campus.

E Peter Lam não é o úni-co nome com poder político a figurar nesta lista. Dentro do Conselho da UM estão ainda Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo, Ho Iat Seng, presidente da Assembleia

Legislativa (AL), José Chui Sai Peng, deputado e primo de Chui Sai On, e ainda Vong Hin Fai, deputado nomeado e mandatário da candidatura de Chui Sai On às eleições. Anabela Ritchie, ex-presidente da AL, tam-bém foi nomeada membro do Conselho, composto, no total, por 15 pessoas.

O BISPO TAMBÉM LÁ ESTÁOs nomes próximos do poder político ou ligados ao meio empresarial conti-nuam na lista de nomeações para a Assembleia da UM, composta por 22 membros. Leong Vai Tac, empresário e também membro do Con-selho Executivo, foi um dos nomeados, tal como Ma Iao Lai, também pertencente

Como tem sido habitual, de entre centenas de instituições, as que mais recebem são, as mais conhecidas da sociedade. Caso disso é a União Geral dos Mora-dores de Macau (UGAMM) que, dividida entre comemorações de dias temáticos e actividades lúdicas, arrecadou mais de seis milhões de patacas, 3,4% do bolo. Perto do mesmo valor fi-cou a Associação das Mulheres, que viu os apoios distribuídos pelas diversas creches e centros de apoio.

O Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior “Pou

Tai”, da responsabilidade do IAS, foi a segunda associação que mais recebeu, 4,2%, ultrapassando os sete milhões e meio de patacas. O valor foi atribuído através de diferentes subsídios, onde, por exemplo, mais de dois milhões se referem à aquisição de uma cama de enfermagem eléctrica e armá-rios de cabeceira. A Federação

dos Operários (FAOM), também com lugar cativo, recebeu cinco milhões de patacas, ou seja, 2,7% do valor total.

Os apoios atribuídos foram divididos por diversas asso-ciações, instituições, creches e lares das organizações, sendo direccionados maioritariamente para cursos de formação, em múltiplas áreas, tais como, arte, fotografia e voluntariado. Outros subsídios referem-se à promoção das próprias organizações, aqui-sição de novos equipamentos e manutenção das instalações já existentes. - HM

8milhões de patacas, valor

recebido pela Cruz Vermelha

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 31.7.2014

EDITALEdital no :22/E-BC/2014Assunto :Início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições

do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Processo no Locais Data da investigação

473/BC/2013/F

Estrada de Seac Pai Van S/N, Edf. Koi Nga (Bloco VII Edf. Crisântemo), fracções 11.º andar BK (CRP:BK11) e 24.º andar BK(CRP:BK24), Coloane.

09/08/2013

492/BC/2013/FEstrada de Seac Pai Van S/N, Edf. Koi Nga (Bloco I Edf. Narciso), fracção 26.º andar A (CRP:A26), Coloane.

23/08/2013

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio aos donos da obra e aos proprietários, cujas identidades se desconhecem, das obras existentes nos locais acima indicados, o seguinte:

1. O agente de fiscalização desta DSSOPT constatou no local acima identificado a realização de obra sem licença, cuja descrição e situação é a seguinte:

Processo no Fracção Andar Obra Situaçãoda obra

Infracção ao RSCI e motivo da

demolição

1.1

473/BC/2013/F

BK 11

Fechamento da va-randa da fracção com janela de vidro e gra-deamento metálico junto à varanda da fracção na parede ex-terior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.2 BK 24

Fechamento da va-randa da fracção com janela de vidro e gra-deamento metálico junto à varanda da fracção na parede ex-terior do edifício.

Concluída

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

1.3 492/BC/2013/F A 26

Fechamento da va-randa da fracção com janela de vidro junto à varanda da fracção na parede exterior do edifício.

Construção nova

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

2. Sendo as janelas e varandas das fracções consideradas como pontos de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não pode ser obstruídos com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no nº 12 do artigo 8º, aprovado pelo Decreto-Lei nº 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto pontos de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

3. Nos termos do no 7 do artigo 87o do RSCI, a infracção ao disposto no no 12 do artigo 8o, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas.

4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 95o do RSCI.

5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, no 33, 15o andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 16 de Julho de 2014

Pelo Director dos ServiçosA Subdirectora

Enga Chan Pou Ha

PUB

ANDREIA SOFIA [email protected]

O escândalo da des-coberta de carne estragada, detecta-

da na empresa do continente Husi Foods, parece estar controlado em Macau. Isto porque o Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM) e os Serviços de Saúde (SS) não detectaram a presença dos produtos desta empresa noutros restauran-tes de comida rápida além do Mcdonald’s.

Em conferência de im-prensa, realizada ontem, os serviços garantiram ter anali-sado cerca de 144 restaurantes das cadeias Starbucks, Pizza Hut, 7 Eleven ou KFC, nada tendo sido registado.

“Para além destes res-taurantes [da Mcdonald’s], o IACM enviou pessoal aos restaurantes possivelmente afectados para verificar a situação de armazenamen-to. Alguns resultados das amostras já estão concluídos

IACM NÃO DETECTA CARNEESTRAGADA NOUTROS RESTAURANTES

Comida rápidalivre de perigoO IACM e Serviços de Saúde analisaram 144 restaurantes de cadeias de comida rápida e não detectaram produtos da empresa Husi Foods, onde foi encontrada carne estragada. Apenas a Mcdonald’s importou produtos, já destruídos

3700quilos de produtos da Husi

destruídos pela Mcdonald’s

e não se verificaram anoma-lias”, garantiu Alex Vong, presidente do Conselho de Administração do IACM. “De acordo com a comuni-cação feita com o sector e fiscalização às lojas de venda a retalho e cadeia de lojas de Macau, o IACM constatou não haver registos a nível do armazenamento e venda de produtos dessa companhia”, disse ainda Alex Vong.

Da parte do Mcdonald’s, já foram destruídos de forma voluntária cerca de 3700 qui-los de produtos importados. A Husi Foods, sediada em Xangai, forneceu carne de frango estragada, enquanto que a mesma empresa, loca-lizada em Hebei, forneceu outro tipo de produtos. Ambos foram já destruídos.

O IACM garantiu que,

para já, a importação des-tes produtos junto da Husi Foods vai depender dos resultados laboratoriais que estão a ser efectuados no interior da China.

“Quanto à possibilidade do caso presente envolver mais alimentos, o IACM tenciona manter contactos estreitos com os respectivos departamentos do interior da China, para acompanha-mento dos resultados da investigação”, disse ainda o mesmo responsável.

No passado dia 25, a Macdonald’s em Macau ga-rantiu à agência Lusa que ia deixar de ter o fornecimento por parte da Husi Foods e que ia passar a importar alimentos de empresas da China e da Tai-lândia. “Os nossos restauran-tes deixaram completamente de usar produtos fornecidos pela Husi China. A maioria dos derivados de carne usa-dos nos estabelecimentos de Macau são fornecidos pela Mckey Shenzhen, na China, e Cargill Meats, na Tailândia, por conseguinte não afecta-dos”, confirmou a cadeia de restaurantes.

“Desde as notícias sobre a fábrica Husi em Xangai, o IACM suspendeu a impor-tação de todos os produtos da Husi China até novo aviso. Actualmente não estamos a servir quaisquer ingredientes fornecidos pela Husi China”, garantiu ainda a empresa à Lusa.

A última importação feita pela Mcdonald’s Macau a esta empresa data de 17 de Junho. O escândalo alimentar foi descoberto pela Dragon TV, em que se verificou que funcionários da Husi Foods utilizavam carne estragada misturada com carne fresca. A mesma fábrica de Xangai fornecia outras cadeias de comida rápida.

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9CHINAhoje macau quinta-feira 31.7.2014

PUB

ANÚNCIODivisão de coisa comum n.º CV1-13-0188-CPE 1º Juízo

Requerente: HO KA LOK, solteiro, maior, titular do BIRM nº 511xxx9(6), residente na Ilha da Taipa, R.A.E.M., na Avenida Dr. Sun Yat Sen, nº 623, Edifício Hoi Yee Garden, 12º andar “L”.

Requeridos: AO SOK FONG, solteira, maior, titular do BIRM nº 514xxx4(7), residente em Macau, na Rua da Prainha, Edifício Man Heng, 5º, andar “B”; e BANCO WENG HANG, S.A., com sede em Macau, na Avenida de Almeida Ribeiro, nº 221 a 241, R/C.

***

FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos réus para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem sobre que tenha garantia real e que é o seguinte:

ImóvelDenominação: EDIFÍCIO “HOI YEE FA YUEN”, 12º ANDAR MORADIA L12.Localização: TAIPA, RUA DE HONG CHAU NºS 52 – 82; RUA DE LAGOS NºS 51 – 91; AVENIDA DR. SUN YAT SEM (TAIPA) NºS 583 – 659.Finalidade: HABITAÇÃONúmero de matriz: 40701Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 21875 a fls.105 do Livro B-120A. Número de inscrição da propriedade horizontal: ---

***R.A.E.M., 26 de Junho de 2014.

HM- 2.ª VEZ 31-7-14

O ataque regista-do na segunda--feira em Xin-jiang provocou

“uma centena” de mortos e feridos, segundo um grupo de defesa dos uigures, a prin-cipal etnia daquela região muçulmana do noroeste da China.

Um grupo de homens “ar-mados com facas” atacou na segunda-feira de manhã uma esquadra da polícia e prédios públicos na região de Shache, referiu a agência oficial chi-nesa, citando a polícia local.

“Polícias mataram deze-nas de membros do grupo armado”, de acordo com a agência oficial, acrescen-tando que as investigações iniciais indicaram que o ataque foi premeditado.

“Os tumultos causaram uma centena de mortos e fe-ridos”, afirmou ontem Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial Uigure, organização de defesa dos uigures, com sede em Munique (Alema-nha), citando fontes locais.

Na terça-feira, a agência Xinhua indicou que “de-zenas de uigures (minoria muçulmana) e hans (etnia maioritária na China) foram mortos e feridos.

A China tem experimen-tado, nos últimos meses, uma série de ataques san-

A Microsoft afirmou estar a “cumprir a lei chinesa”, depois de Pequim ter anunciado, na

terça-feira, uma investigação às práti-cas comerciais do gigante tecnológico norte-americano na China.

“A Microsoft está em conformidade com as leis e regulamentos de cada mer-cado em que actua em todo o mundo, e aplica mecanismos de monitorização e fiscalização do sector para garantir isso”, indica um comunicado.

A Microsoft já tinha confirmado esta semana estar a ser objecto de uma investigação da China.

Pyongyang suspende exercícios com MiG-19 após queda de três aparelhos

REGIÃO

A região onde vivem cerca de nove milhõesde uigures - muçulmanos de língua turca - continua a ser assolada por tumultos

XINJIANG “UMA CENTENA” DE MORTOS E FERIDOS

Terror à solta

grentos em sítios públicos, em Xinjiang e outros locais, atribuídos pelas autoridades aos uigures islâmicos. Um atentado suicida, cometido

em Maio, no mercado de Urumqi, capital de Xinjiang, fez 43 mortos - incluindo quatro agressores - e uma centena de feridos.

A Coreia do Norte sus-pendeu os seus exer-

cícios de voo com aviões de combate soviéticos MiG-19 depois de três deles se terem despenhado este ano, afirmaram ontem autoridades militares sul--coreanas. “Despenha-ram-se em missões de treino pelo menos três dos MiG-19 norte-coreanos, um no início deste ano e outros dois no mês pas-sado e início deste mês, respectivamente”, disse uma força das Forças Ar-

madas da Coreia do Sul à agência Yonhap. A fonte afirmou que a causa dos acidentes poderia ser a “avançada idade” dos aparelhos. O MiG-19 soviético, cuja produção foi iniciada em 1953, foi o primeiro caça supersónico do mundo juntamente com o F-100 norte-americano. Calcula-se que o exército norte-coreano detenha cerca de 400 aparelhos MiG, aproximadamente metade do total dos seus aviões de combate. - Lusa

PEQUIM MICROSOFT SOB INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS

Luta contra o monopólio

Em reacção, Pequim anunciou uma vasta cam-panha de luta antiterrorista, que se traduz em dezenas de prisões, condenações massivas, exibições públicas dos “terroristas” e execuções após julgamentos sumários.

Xinjiang tem nove mi-lhões de uigures - muçul-manos de língua turca -, sendo uma parte de radicais que, segundo as autoridades chinesas, vem realizando ataques mortais nos últimos meses.

Os grupos de direitos humanos acreditam que a política repressiva da China contra a cultura e religião dos uigures alimenta as tensões e violência na região. Muitos uigures, hostis ao domínio chinês da região, dizem-se vítimas de discriminação e de exclusão de investimen-tos em Xinjiang. - Lusa

“As nossas práticas de negócio na China são projectadas para serem compatíveis com a lei chinesa”, adianta o comunicado.

A Administração Estatal para a In-dústria e Comércio chinesa informou na terça-feira estar a investigar a Microsoft por alegadas “práticas monopolistas” relacionadas com os sistemas operati-vos Windows e Office.

Na segunda-feira, cerca de uma cen-tena de funcionários da Administração Estatal para a Indústria e Comércio da China visitaram escritórios da Micro-soft em Pequim, Xangai, Guangzhou e

Chengdu, e apreenderam computado-res e ficheiros digitais, e fizeram cópias de contratos e informações financeiras.

A Administração Estatal para a In-dústria e Comércio é uma das agências governamentais chinesas responsáveis por investigações anti-monopólio.

A agência explicou que tinha re-cebido reclamações de empresas que reportavam “problemas de compatibi-lidade” do Windows e Office, e denun-ciaram que a Microsoft as obrigava a comprar um pacote de vários produtos (sistemas Windows e operacionais) ao mesmo tempo.

Em Maio, a China também proibiu o uso de sistema operativo Windows 8, da Microsoft, em todos os novos computadores do governo, por alegadas questões de segurança.

A Administração Estatal para a Indústria e Comércio da China disse que a investigação à Microsoft iria continuar.

As autoridades chinesas lançaram no ano passado uma série de inquéritos visando as práticas comerciais de gru-pos estrangeiros, incluindo os sectores farmacêutico e agro-alimentar. - Lusa

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hoje macau quinta-feira 31.7.201410 publicidade

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hoje macau quinta-feira 31.7.2014 11EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

MARINA • Carlos Ruiz Zafón“Em Maio de 1980 desapareci do mundo durante uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro. Não sabia então que oceano do tempo mais tarde ou mais cedo nos devolve as recordações que nele enterramos. Quinze anos mais tarde, a memó-ria daquele dia voltou até mim. Vi aquele rapaz a vaguear por entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina tornou-se de novo incandescente como uma ferida fresca. Todos temos um segredo fechado à chave nas águas-furtadas da alma. Este é o meu.”

O CONFIDENTE DE HITLER • Peter Conradi A incrível história de Ernst Hanfstaengl, o homem que foi confidente de Hitler e que, mais tarde, viria a colaborar com as forças norte-americanas. Com acesso a documentação até então privada, Peter Conradi consegue levar-nos ao convívio íntimo com Adolf Hitler e com os seus colabo-radores mais próximos.

A artista portuguesa Kristina Mar inaugurou ontem uma exposição de cerâmica no Albergue SCM, inspirada no livro de Fernanda Dias “Yi Jing - O Sol, a Lua e a Via do Fio de Seda”. A mostra, intitulada “Jin Hexagrama 5”, está patente ao público até dia 30 de Agosto

RICARDO [email protected]

A exposição que traz ao território é inspirada no livro de Fernanda Dias “Uma leitura do Yi Jing”. Como é que encontrou o livro?A Fernanda [Dias] começou a traba-lhar neste livro quando ainda estava em Macau e falávamos muito sobre ele. Era um trabalho fascinante e absorvente. Depois de sair de Ma-cau, passados mais de 10 anos de trabalho, finalmente ela publicou [o livro] e, aí, li então os poemas todos compilados e pela ordem que ela usou, visto que há várias ordens na sua sequência, consoante as diferen-tes interpretações dos textos antigos.

O que a inspirou na obra?O que me inspira é o trabalho árduo, a beleza e a arte. Esta, é o que mais perto está da matemática pura. A obra da Fernanda [Dias] sempre me inspirou e acompanhou desde os tempos de Macau e este livro particularmente, porque a autora, ao transformar em poesia estes antigos textos, transcen-de esse intuito e revela de uma forma bela a condição humana em uníssono com o som do universo. Cada texto corresponde a cada hexagrama, para muitos tido como de adivinhação.

Pode desenvolver o significado de “Jin Hexagrama 5”?

PERFIL DO CHOUPAL ATÉ À ÁSIAKristina Mar nasceu em Coimbra em 1964. Após uma primeira formação na área de moldes de cerâmica industriais, completou de seguida um curso de escultura na Escola de Belas Artes do Porto. Em 1990 partiu para a Ásia, tendo residido em Macau até 1993, onde trabalhou como designer gráfica. Mudou-se então para o Japão, onde estudou e realizou residências com artistas locais, acabando por se fixar em Kyoto, em 1999. Na sua carreira já realizou mais de uma dúzia de exposições individuais, incluindo no Museu de Arte de Macau, e recebeu prémios em várias competições, do Japão à Europa.

ENTREVISTA KRISTINA MAR EXPÕE NO ALBERGUE SCM

Cerâmica ocidental no OrienteEste hexagrama foi escolhido, abrindo [o livro] - como faço nor-malmente - ao “acaso’’, na altura em que precisava de escolher um título para esta exposição. Queria um dos poemas como título para esta particular situação de expor em Macau, que me foi gentilmente oferecida pelo arquitecto Carlos Marreiros, director do Albergue. Jin significa avanço. O hexagrama Jin 5 fala da imagem do nascer do sol a partir da terra, como um girassol crescente, seguindo o seu brilho. É constituído por dois tri-gramas como todos os hexagramas - um superior e outro inferior - que determinam as relações e situações dos vários factores que fazem evo-luir a particular ‘‘história’’ de cada texto. No hexagrama 5, o trigrama Li representa o sol e a bondade de um rei, enquanto Kun significa a ideia de submissão às leis naturais.

O que pode o público esperar desta mostra?Estas obras aqui expostas são [fruto] do trabalho de três etapas desde que saí de Macau, ou seja há 21 anos. É trabalho em cerâmica, vidro e outros materiais como gesso e ferro. [Numa das salas] de exposições encontra-se uma obra de teor escultórico em que cada peça cria uma noção de espaço e determina relações com luz através do uso de vidro. Noutra sala, são peças com conotações e referências mais práticas, com objectos do uso diário e do quotidiano humano.

O que a fez enveredar pela ce-râmica?Não sei. Mas penso que ter nascido numa família que tinha relações com a industria cerâmica - e daí, desde adolescente, ir para o ateliê passar o ‘‘tempo’’ - me fez ver e manusear os materiais de uma forma natural e

quase fácil. Na realidade, só depois de enveredar por uma carreira ar-tística me apercebi disso. Antes de mudar para as Belas Artes estudava Engenharia Geotécnica.

ra e cerâmica do Japão sempre me fascinaram, decidi ir trabalhar com artistas japoneses que me quisessem aceitar como ‘‘deshi’’ - um termo parecido a aprendiz.

Quais as maiores diferenças entre a sociedade japonesa e a macaense?Acho que a sociedade macaense tem a vantagem de ser um lugar naturalmente de trocas. Como tal, cheio de potencialidades e sempre dinâmico e com uma cultura tão rica, mas aos poucos tão esquecida pelas suas gentes. Acho que nesse aspecto, no Japão - apesar da modernidade e das novas gerações até quase esque-cerem de saber escrever caracteres - o factor do respeito à sua tradição e identidade cultural, espelhada nos actos simples do quotidiano, se preserva.

Que projectos tem para o futuro?Trabalhar em mais exposições indi-viduais, pois estou sempre a produzir algo. Na área de formação gostaria de criar projectos que ajudassem a desenvolver a interdisciplinarida-de, como a serigrafia na cerâmica e o uso de vários materiais que, tradicionalmente, são vistos como menos nobres, mas que na realidade são vastíssimos de possibilidades para os artistas. A formação passa mais pelos alunos se apaixonarem pela cerâmica ou outras técnicas, mais do que realmente focarmo-nos em tentar aprender tudo antes de se começar a fazer algo.

“O que me inspira é o trabalho árduo, a beleza e a arte. Esta, é o que mais perto está da matemática pura”

Mudou-se para o Japão. O que a fez tomar essa decisão?Em Macau tentei montar um ateliê ou ensinar, mas tudo parecia natu-ralmente difícil e vários projectos acabaram por nunca irem muito longe. Como queria desenvolver outras técnicas cerâmicas e a cultu-

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hoje macau quinta-feira 31.7.201412

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A China é a mais antiga civi-lização ininterrupta do glo-bo, quase cinco mil anos de história continuada. Natu-

ralmente, ao longo de tantos séculos sem hiatos civilizacionais nem quedas históricas abruptas, os velhos chineses criaram os mais diversos objectos de arte admirados e guardados.

Um dos primeiros grandes colecio-nadores de arte chinesa foi o impera-dor Wudi武帝 (464-550), da breve di-nastia Liang梁. Para entretenimento e fruição pessoal, reuniu no seu palácio, em Nanquim, centenas e centenas de peças de arte, algumas na época já com mais de mil anos.

Outros imperadores, sobretudo na dinastia Song (960-1279), foram, além de colecionadores, artistas, pintores, calígrafos, poetas. O imperador Hui-zong徽宗 (1082-1135), ele próprio um excelente pintor, gostava de mos-

António GrAçA de Abreu

DA ARTE CHINESA,DOS TESOUROS DO MUSEUDO PALÁCIO IMPERIALTAIPÉ 台北

trar os tesouros do passado guardados na sua corte. Na mesma época, a gran-de poetisa Li Qingzhao李清照 (1081-1155) e o seu marido Zhao Mingcheng possuíam uma fabulosa coleção de an-tiguidades que se perdeu nos conflitos bélicos que então assolaram o império mas cuja lembrança perdurou na mente culta das gerações futuras. Estávamos no século XII, num período de grande depuração da civilização chinesa, e já então possuir requintados objectos de arte dava estatuto e dignidade a quem quer que fosse, imperador, letrado, mandarim, cidadão.

Próximo de nós, até Mao Zedong, uma espécie de “imperador vermelho”, gostava de se rodear de livros antigos e de pintura tradicional chinesa que usava para decorar a sua residência em Zhongnanhai, em Pequim. O francês André Malraux (1901-1976) que, como ministro da Cultura do então governo

de Charles de Gaulle, foi recebido por Mao em Agosto de 1965, exactamente na sala anexa ao quarto onde dormia o “grande timoneiro”, impressionado com a singeleza, classicismo e a decoração do aposento, pediu que Mao lhe expli-casse a contradição entre o a ostentação e o exagero do realismo socialista ao modo chinês, das bandeiras vermelhas a flutuar por tudo quanto era vento e sítio, e a serenidade clássica do interior da sua casa, de resto um edifício em arquitec-tura tradicional, anexo ao Palácio Im-perial, construído no século XVIII. Mao Zedong respondeu-lhe mais ou menos assim: “ Essa arte que vê lá fora vai pas-sar com o passar dos anos, aqui dentro está a China eterna.” Nesse mesmo ano de 1965, Mao disse ao americano Edgar Snow: “Daqui a mil anos Marx e Leni-ne devem parecer bastante ridículos.” E talvez tenha colocado um zero a mais, à direita do 1 do número 1000.

Vamos então ao encontro da Chi-na eterna no museu do Palácio Impe-rial, em Taipé, creio que o mais vasto conjunto de arte chinesa existente ao de cimo da terra. Mas Pequim não tem também um museu instalado no Gu Gong故宫, o Palácio Imperial das di-nastias Ming e Qing? Tem, mas não é bem um museu. Funciona nas alas late-rais do enorme complexo do palácio, em alguns pavilhões, com peças soltas, muitas delas valiosas, mas dispersas, não sistemática e ordenadamente ex-postas.

A colecção do Palácio Imperial de Taipé engloba 650.000 peças, testemu-nho refinado de quarenta séculos de ci-vilização e de cultura chinesa, e o mu-seu conta com uma complexa história que passo a resumir.

O velho poder imperial foi derruba-do pela revolução republicana de 1911. Puyi, o último imperador, era então

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13 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 31.7.2014

DA ARTE CHINESA,DOS TESOUROS DO MUSEUDO PALÁCIO IMPERIAL

ainda uma criança e foi autorizado a continuar a viver no Palácio Imperial, até 1924. Com a saída do imperador, foi feito um primeiro rol dos bens do palácio e foi decidido criar um museu para o guardar as fabulosas peças de arte. Mas a China vivia então tempos difíceis. Iniciava-se a guerra entre na-cionalistas e comunistas, depois, a par-tir de 1931, registava-se a gradual ocu-pação de parte do território chinês pelo Japão. Com tanta instabilidade política e militar, em 1933 a coleção do Palácio Imperial foi transferida para Xangai, mas nem aí as peças conheceram sos-sego, dado que em 1937 os nipónicos bombardearam Xangai, obrigando a nova mudança das centenas e cente-nas de caixotes com as preciosidades do Palácio agora deslocadas para o in-terior da China, para as províncias de Guizhou e Sichuan, onde os japoneses não chegavam.

Após derrota do Japão, em 1945, com os poderes na China divididos entre nacionalistas e comunistas, rei-niciou-se a guerra civil. Os tesouros do Palácio estavam nas mãos dos na-cionalistas de Chiang Kai-shek que, vencidos em 1949, se refugiaram em Taiwan, a Formosa, e com eles leva-ram o extraordinário acervo artístico e cultural dos velhos imperadores. É este fabuloso conjunto de peças de arte chinesa, acrescentado por uns tantos legados de coleções privadas, que hoje encontramos no museu do Palácio Imperial, em Taiwan. Situa--se em Wai Shuangxi, nos arredores norte de Taipé e foi construído de raiz, como museu, em 1965, tendo posteriormente sido sujeito a obras

de ampliação. O edifício, encostado a um monte verdejante, desenhado nos moldes da arquitectura tradi-cional chinesa, é sóbrio e procura a harmonia completa com o lugar. Os geomantes do feng-shui風水 fo-ram por certo chamados para deci-dir quanto ao sereno equilíbrio entre vento, água, as construções e a paisa-gem circundante para que o próprio museu, com aberturas e reentrâncias, pudesse respirar.

As coleções, predominantemente temáticas, distribuem-se por diferente pisos. Temos expostas cerca de 70.000 peças de bronze, jade, mármore, es-culturas em pedra, bambu e diferentes madeiras, cerâmicas, porcelanas, fras-quinhos de rapé, esmaltes e cloisonnés, lacas, sedas, livros raros, pintura, cali-grafia, jóias, os mais diversos objectos de jade, ouro e prata. Os especialistas

passam dias e dias no museu do Palá-cio, observando, analisando cuidadosa-mente cada peça, tentando compreen-der e explicar a sua história, no encan-tamento contemplativo e criativo da obra de arte.

No andar dedicado à pintura en-contro o famoso quadro dos “Cem Cavalos” que levou quatro anos pin-tar pelo irmão jesuíta Giuseppe Cas-tiglione (1688-1766), natural de Mi-lão, que adoptou o nome chinês de Lang Shining郎世宁. Antes de partir para a China, Castiglione fez o seu noviciado no Colégio da Compa-nhia de Jesus, em Coimbra e pintou parte da capela da hoje Sé de Coim-bra. Na corte chinesa, onde chegou depois de arribar a Macau em 1715, Castiglione com a sua mestria e ori-ginalidade encantou três imperado-res, Kangxi, Yongzheng e Qianlong. Usava o pincel de maneira diferente, empregava a tinta a óleo, desconhe-cida na China, conjuntamente com a aguarela e a tinta-da-china ao modo do país, mas com a sensibilidade e o saber ocidental, as noções de pers-pectiva, contornos e policromia há vários séculos utilizados na pintura europeia a sobressair nos trabalhos. Daí o entusiasmo chinês pela pintura de Giuseppe Castiglione, aliás Lang Shining. Os “Cem Cavalos” do pin-tor italiano foram neste ano de 2014, ano do Cavalo, objecto de comemo-ração especial no museu do Palácio Imperial, em Taipé, e foi feito um fil-me sobre a vida e obra de Castiglio-ne, uma mega produção co-produzi-da pelos estúdios cinematográficos de Taipé e Nanquim.

GIUS

EPPE

CAS

TIGL

IONE

, CEM

CAV

ALOS

Pedra que se assemelha a carne de porco estufada. Peça da Dinastia Qing

O repolho de Jade, século XIX

Barco esculpido em pedra-oliva. 1.6 cm de altura por 3.4 cm de comprimento

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hoje macau quinta-feira 31.7.201414 h

O IMPÉRIODO FIM (X)

(folhetim do fim de um império)

Carlos Morais José

XXXV

Que o sonho não era lugar seguro já João Junqueiro sabia. Aliás, ele nunca acreditara nessa coisa do sonho, extrava-sada das bocas e derramada nas páginas como se fosse uma entidade inefável, in-teressante: um território associado, por exemplo, à liberdade e à realização dos desejos. Nada mais errado. Nos nossos sonhos particulares, fragmentados e caóticos, somos amiúde marionetas, ví-timas, espectadores impotentes. Pouco conseguimos controlar. É nesse espaço sem regras aparentes que temos visões e impressões do inferno. Só a ascensão para a consciência nos liberta desses va-pores letais como se emergíssemos de um lago muito escuro, habitado por soezes criaturas. Só o refrigério da razão nos acalma quando saímos extenuados de um pesadelo. O mesmo se passava com João: será que ele pretendia emergir ou preferia manter-se adormecido, perto de monstros e de fantasmas? A realidade não era um lugar seguro mas em sonhos não havia meio de conseguir escapar a si próprio.

Quando João finalmente despertou, deu por si esparramado no Beco do En-leio. Era noite. Ao fundo, fulgia a luz rubra da placa do Atelier. Não chovera, as suas roupas estavam simplesmente humedecidas do vapor de água que sa-turava o ar. Fazia muito calor. Apalpou o seu corpo: nada lhe doía. Eram mui-to vagas as memórias de José António, Paulo ou Artur. Quando olhou para cima, uma velha olhava-o fixamente de uma janela. “Há quanto tempo estará a olhar para mim?”, pensou. “E quanto no seu olhar há de uma reprovação que me é familiar? Talvez vislumbre também um cintilar de compaixão... um arquear de sobrancelhas... que me levante...”.

João levantou-se e sacudiu a roupa. Provavelmente bebera demais. Certa-mente não entrara no Atelier, não en-contrara ninguém conhecido, nem fora realmente espancado. Ficara por ali, pe-las tascas chinesas, à volta do Beco do Enleio, sorvendo Tsing Taos com fervor religioso e (quem sabe?) alternando com copinhos súbitos de moutai. Até advir o desmaio. João não corria nem fugia: be-bia. E, ao fazer do seu corpo esse imen-so depósito, transmutava-se num torve-linho de intensidades, sem passado, nem futuro, uma espécie de transparência no presente, pela qual as coisas deslizavam sem dor, sem interesse, nem cheiro par-ticular.

XXXVI

“Ó álcool que excelso me presides e, no silêncio das coisas, me escutas a can-ção”, trauteava João Junqueiro. “Ó este embaraço, ó este desconforto, este enor-

me peso morto a que chamo coração”, entoava sem sorrir. “Ó noites alcoólicas de antros infernais que nos sagram san-tos; ó solidão da mais pura embriaguez, estar só é o maior dos encantos”, decla-mava em surdina.

João acariciava a rua, os carros en-costados aos passeios, a verticalidade dos semáforos. Com a ressaca e o calor, o seu corpo retesava-se como se todo ele fosse um pénis a roçar-se, a pene-trar a custo, naquela atmosfera húmida e quente. Sentia o ar quase irrespirável envolvê-lo num amplexo que o deixava num estado de catatónica excitação. Um leve cheiro a podre eleva-se das ruas, dos becos, das travessas. Todo ele se retesava e endurecia. E não lhe bastava o céu baixo e temeroso, não lhe era su-ficiente atravessar a cidade. Uma boneca de montra lhe bastaria, ela e o seu silên-cio de manequim.

Voltava a casa. Restava-lhe Lara: a

mulher que licealmente o seduzira, a ra-pariga que maduramente o conservava. Ela não estava. João sentou-se; depois pegou no telefone. Do outro lado, um recepcionista respondeu. Ele deixou um recado para um encontro no Hotel Bela Vista. Era para Raul Sempiterno. O po-bre coitado deveria aceitar. Alguém teria de guardar alguns dos seus papéis, por algum tempo. Lara faria questão de o acompanhar. Quando voltaram do ho-tel, com o pretexto de um compra, ela deixou-o à porta de casa e esfumou-se entre a multidão.

O tempo foi passando. Não havia mala para fazer. Onde andaria Lara? Por que estava o seu telefone desligado? Fi-cara sem bateria? O tempo escasseava. Atravessaria a fronteira para a China, perder-se-ia no País do Meio. Por ali, entre montanhas e rios, pagodes e ca-sas de chá, arranjaria maneira de reco-meçar. Talvez voltar a Macau, quando

tudo estivesse esclarecido. Se cometera ou não algum crime, se fora descober-to pelos agentes do Atelier, não sabia, não se lembrava. Em que ponto se torna uma acção criminosa, contrária à lei? Ou seria mais grave violar os interesses de um particular? Teria praticado alguma indiscrição? João não se lembrava. Algu-res na sua mente ouvia ainda o eco dos pontapés a ressoarem no seu corpo. De-pois um abismo negro para um penoso acordar no empedrado do Beco do En-leio. O princípio do castigo, a tão temida sentença. Onde andaria Lara? É tarde.

Nessa noite Lara não voltaria a casa. E ele nunca mais veria o seu corpo cur-vilíneo surgir subitamente numa esquina ou encostar-se provocante num umbral. No dia seguinte, João percebeu que ela não voltaria. Acto contínuo, encolheu os ombros e pensou em suicídio. De-pois pegou no passaporte, saiu de casa e dirigiu-se para a fronteira.

XXXVII

Depois da transferência de soberania, muitos portugueses partiram e a comu-nidade viu-se reduzida e diferente. No-vos arranjos, novas solidariedades, no-vas amizades tiveram de ser construídas, algumas inesperadas; não o suficiente para chocar alguém ou sequer surpreen-der: há muito que nada espantava quem vivia em Macau.

Aqui ficara o inspector Lúcio Mar-ques. Era um tipo de uma estranha afa-bilidade, na qual não estava ausente um tique profissional, como se a sua simpa-tia fosse ela própria um meio de saber a verdade, uma forma subtil e disfarçada de interrogatório. Raramente falava so-bre a sua própria vida mas demonstrava sempre alguma preocupação pelos ou-tros, pelos seus problemas, pelas suas opiniões, dando a sinistra impressão de tudo tentar memorizar, para depois, em casa ou no seu escritório da Rua Central, introduzir esses dados no computador e assim ir coleccionando informação so-bre toda a cidade. O seu ar sério e grave era compensado por uns olhos pertur-badoramente afáveis que desarmavam quem dele suspeitava. Aliás, esta era uma primeira impressão, portanto a predo-minante na cidade.

Lúcio Marques iniciava uma conver-sa que começava por ser académica para logo descambar, com a naturalidade de quem já não teme o seu interlocutor, para alguma política local e nacional. Interessava-se pelos pequenos detalhes, pelos acontecimentos ínfimos (como a inesperada subida de cotação de uma empresa ignota ou uma linha misteriosa num artigo de opinião num jornal), pro-clamando na sua voz pausada: – Meu caro – dizia a um amigo – temos de reparar nos pequenos movimentos,

ANTÓ

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ÃO

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 31.7.2014

(Continua para a semana)

seguir o método dos sismólogos, com-preender que uma série determinada de insignificantes tremores de terra anun-ciam o grande terramoto. A investigação consiste em unir pontos, aparentemente irrisórios, até se conseguir adivinhar a figura.

Recusava-se a admitir diferença en-tre ciência e a sua prática judiciária. Em certos momentos comparava-se ao fi-lósofo, desenvolvendo uma maiêutica muito própria, levando os outros a re-latar as suas convicções, a confessar as verdades. Aprendera um chinês áspero e fortemente carregado de sotaque estran-geiro; contudo fluido e talvez algo inti-midatório. Gostava de o exibir, embora o fizesse de forma natural e despreocu-pada, quando se encontrava rodeado de desconhecidos.

Claramente, Macau não lhe pro-porcionava os casos que fariam jus ao seu intelecto e ambições detectives-cas. Aborreciam-no os crimes insigni-ficantes e banais como a agiotagem e a extorsão. Daí que se encerrasse num intrincado labirinto de leituras, basica-mente ensaios, de temas diversos, mas submetidos ainda assim a um pendor que denunciava a sedução exercida pela imagem de Sherlock Holmes no seu próprio imaginário: agradavam-lhe as revistas científicas, da criminologia à astronomia; não dispensava a suave ostentação de uma profunda cultura musical. Sobretudo, alimentava a espe-rança de ter de enfrentar um grande cé-rebro criminoso, um doutor Moriarty, que pusesse à prova as suas faculdades e o obrigasse a deitar mão de uma gama que considerasse digna de recursos.

Mantinha, sem regularidade, um pouco à mercê de algum texto, de um filme ou de um acontecimento, contacto com um amigo, limitado à circunstância de um deles achar interessante discutir com o outro. Quando assim era marca-vam longos jantares de cozinha chinesa, num discreto restaurante, regado a bom vinho português, que ele fazia questão de beber em taças de champanhe. Rara-mente chegavam a alguma conclusão e poucas vezes discutiam profundamente os assuntos. A tal não era estranho o seu feitio reservado, que o mergulhava num silêncio encapotado de interjeições, cuja função era fazer falar, obrigar a discor-rer, entre contidos acenos de aprovação e algumas palavras que asseguravam da continuidade da sua atenção. Tinham adquirido a delicadeza de se escusarem a repetir argumentos, mudando o rumo das discussões sempre que o raciocínio impelia a tiradas anteriormente rebatidas ou conclusões cujo conteúdo ético faria por certo discordar. Uma espécie de acordo tácito impedia de, como tantos fazem, sustentar toda a vida o mesmo diálogo.

Este facto decorria também de não existir entre eles uma verdadeira amiza-de. Muitas vezes limitavam-se a exercitar um estilo, talvez por desfastio, talvez por dele ser carente o mercado. O silêncio, entre eles, seria impossível. A situação tornar-se-ia constrangedora. Uma falta de educação. Esta ausência de silêncio, de familiaridade, era largamente com-pensada por longas e contínuas conver-

sas, cuja elevação temperava alguma fal-ta de autenticidade; a espaços, algumas irreprimíveis precauções.

XXXVIII

Era uma dessas tardes feitas para não serem vividas, propícias ao repouso, ao abandono do bulício exterior das ruas, dos escritórios; uma dessas tardes inver-nis e desagradáveis em que a generali-dade das pessoas se refugia no trabalho. Foi então que Lúcio telefonou. – Boa tarde.– Boa tarde, Lúcio.– Reconheceu a minha voz. – Era o ha-bitual interlúdio que satisfazia a sua in-confessável vaidade.– Claro.– Rogava-lhe que nos encontrássemos, hoje, às sete. Eram incomuns as palavras. Rogar não pertencia ao seu vocabulário, quando na

As outras cadeiras estavam ocupados pela sua gabardine e vários embrulhos. A atitu-de não diferia do habitual. Nada de extraor-dinário sobressaía da figura e dos modos. Os pequenos ritos não pareciam também alterados. O jantar estava encomendado e a garrafa de vinho, trazida de casa, esperava no balcão, já aberta, a minha chegada.

XXXIX

Foi então que ele disparou: – Vou-me embora... – Vai-se embora como?... O que quer dizer com isso?– Vou partir de Macau.– De vez?– De vez.Fez um sinal para que servissem o vi-nho. Precisava de uma pausa qualquer para avaliar a sua afirmação. Ele com-preendeu e manteve-se em silêncio, en-quanto a empregada nos enchia os co-pos. Provaram. Era bom.– Para Portugal?– Não. Estou a pensar no Pacífico Sul, numa peregrinação antiga.– Porra, Lúcio... desculpe.... não é isso. Não estou a falar de férias mas de para onde vai viver.– É isso mesmo. Vou começar pelo Pa-cífico Sul. Depois logo se vê. Sabe como é...: viver de room service. Um ano aqui, dois ali... – sorriu como se estivesse a contar uma aldrabice. – Sempre disse a mim mesmo que havia de passar seis me-ses na ilha da Páscoa? Uma espécie de promessa de juventude... a seguir, a se-guir... talvez um ano em Veneza.– Vejo que dinheiro para si não é pro-blema...–, ironizei.– De facto, não é. O problema é extinguir o desejo que se tem de permanecer num sítio. Normalmente, isso sucede apenas quando esse lugar nos invadiu até ao nojo e não parece então difícil de abandonar. Descobrimos ser pior. Descobrimos estar agarrados a esse espaço como a um vício mau, árduo de extirpar. Certos sítios me-dram dentro de nós, dotados de um forte poder hipnótico, envenenam. Por isso, de bom grado, aí nos esquecemos do mundo e nos deixamos morrer.Mudara tão habilmente de assunto que o seu amigo corou. De qualquer modo, não o sabia rico. Se o era não mostrava. – É por isso que se vai embora?– Talvez. – Disse-o prontamente demais e calou-se. Era um convite a novas pergun-tas. De algum modo, ele parecia conduzir, através de mim, um interrogatório a si pró-prio. Nem a propósito, refilou: – Mas per-gunte-me sobre o dinheiro, não se acanhe.– Não, não me acanho. E o dinheiro? Meteu a mão na massa, não me diga?– Por acaso conhece uma... mulher cha-mada Lara?

primeira pessoa. O amigo suspendeu a resposta por três segundos, por surpresa e malícia.– Com certeza... Está tudo bem?– Está. Então às sete. Adeus – e desli-gou.Quantas vezes nos arrogamos de conhecer as pessoas, sem deter os dados mínimos para perceber o que realmente perpassa pelos espíritos alheios, sem auscultarmos

os seus abismos turvos? Privava com Lú-cio Marques fazia mais de seis meses. Tal não lhe dava carta de alforria quando se tratava de compreender o personagem, es-pecialmente se o seu discurso sofria uma tão inesperada inflexão. Muitos o haviam prevenido contra o seu ânimo paranóico, uma espécie de instinto que o incitava a detectar culpados e a levar à justiça fauto-res menores pelo prazer de regular a partir de baixo. Nunca acreditara realmente que este traço fizesse parte do seu carácter e o convívio dissipara eventuais dúvidas a esse respeito. Estava perante um homem ínte-gro, incapaz de usar o artifício da amizade para prejudicar os que acreditassem na sua ausência de intenções.

Quando entrou no restaurante Lúcio Marques bebia chá. Na toalha verde bran-ca, quadriculada, entre as tigelas e os prati-nhos, reparou num telemóvel e numa cha-ve de pequenas dimensões. Cortesmente, convidou-o a sentar no único lugar vago.

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16 DESPORTO hoje macau quinta-feira 31.7.2014

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SÉRGIO [email protected]

A NDRÉ Couto venceu no pretérito fim-de--semana a terceira

corrida da temporada 2014 da Taça Audi R8 LMS, o seu primeiro triunfo este ano na competição monomarca da casa de Ingolstadt.

No circuito de Fuji, no Japão, Couto, que fez o me-lhor treino na qualificação, não deu cavaco a ninguém e dominou a primeira corrida do evento nipónico de fio-a--pavio, obtendo a volta mais rápida no processo, termi-nando com uma confortável vantagem para o segundo classificado, ex-piloto de Fórmula 1 Alex Yoong. O piloto português de Macau subiu ao lugar mais alto do pódio e para seu grande es-panto, enquanto era hasteada a bandeira da RAEM, foi brindado com “A Portugue-

“Tenho vindo a correr no Japão desde há bastante tempo e Fuji é um dos meus circuitos favoritos”ANDRÉ COUTO

“A PORTUGUESA” TOCOU POR ENGANO EM FUJI

André Couto estreou-se a vencer

sa”, em vez da “A marcha dos voluntários”, o hino da República Popular da China, como seria correcto.

Protocolos à parte, com

60 quilogramas extras de “handicap” no carro para a segunda corrida, fruto da penalização regulamentar obrigatória por ter vencido a

primeira corrida, Couto, que partiu novamente da “pole--position”, rapidamente se viu ultrapassado no início da segunda corrida pelo malaio

Yoong e por Marchy Lee. Contudo, e na luta por um lugar com o piloto de Hong Kong, o Audi R8 pintado de roxo acabou danificado, levando ao abandono do português. A corrida acabou por ser ganha por Yoong, seguido pela suíça Rahel Frey e pelo coreano Kyoung--Ouk You.

“Tenho vindo a correr no Japão desde há bastan-te tempo e Fuji é um dos meus circuitos favoritos.

Tive bastante pressão, mas concentrei-me a fazer o meu melhor”, explicou o vence-dor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000 após a primeira corrida.

Sobre a colisão na se-gunda corrida, Couto ex-plicou com “fair-play” o sucedido: “Eu tentei ultrapassá-lo, mas ele não me viu. Foi um acidente infeliz para os dois.”

O piloto luso da equipa chinesa Brother Racing Team - que este ano também está a competir no Blancpain Endurance Series na Europa e no campeonato Super GT categoria GT300 no Japão - ocupa o sétimo lugar na classificação do campeo-nato, quando ainda faltam quatro provas por disputar. A Taça Audi R8 LMS volta ao activo no fim-de-semana de 16 e 17 de Agosto, na pista malaia de Sepang. Este será um evento a realizar em concomitância com a Taça Porsche Carrera Ásia, onde corre o também português de Macau Rodolfo Ávila, e com o campeonato GT Asia Series, onde este ano parti-cipa o algarvio Rui Águas, com um Ferrari 458 GT3.

A Direcção dos Serviços de Turismo do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, faz público que, de acordo com o Despacho de 8 de Julho de 2014 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, se encontra aberto concurso público para adjudicação do serviço de realização de um Espectáculo do Lançamento de Fogo de Artifício para a Celebração do 15.º Aniversário do Estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau.Desde a data da publicação do presente anúncio, nos dias úteis e durante o horário normal de expediente, os interessados podem examinar o Processo do Concurso na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.o andar, e ser levantadas cópias, incluindo o Programa do Concurso, o Caderno de Encargos e demais documentos suplementares, mediante o pagamento de duzentas patacas (MOP200,00); além disso ainda se encontra igualmente patente no website da Direcção dos Serviços de Turismo (http://industry.macautourism.gov.mo), podendo os concorrentes fazer “download” do mesmo.Sessão de esclarecimento será realizada no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 4 de Agosto de 2014.O limite máximo do valor global da prestação de serviço é de MOP6.000.000,00 (seis milhões patacas).Critérios de apreciação das propostas e percentagem:

Critérios de adjudicação Factores de ponderaçãoPreço 40%Criatividade- Propor outros locais de lançamento diferentes do Mapa de Caracterização- Descrição do tema do espectáculo de fogo de artifício- Utilização de tecnologia nova (descrição de utilização de criatividade ou produto específico, ou descrição

de efeitos espectaculares)- Descrição do plano do lançamento e dos seus efeitos

30%

Maior garantia de segurança e eficiência na prestação do serviço - Descrição do equipamento a ser utilizado- Plano de transporte dos materiais pirotécnicos- Plano do lançamento- Plano de segurança na operação do lançamento- Mapa do traçado do local do lançamento

20%

Experiência do concorrente 10%

Os concorrentes deverão apresentar as propostas na Direcção dos Serviços de Turismo, sita em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 12.o andar, durante o horário normal de expediente e até às 17:45 horas do dia 21 de Agosto de 2014, devendo as mesmas ser redigidas numa das línguas oficiais de RAEM ou em inglês, prestar a caução provisória de MOP120.000,00 (cento e vinte mil patacas), mediante 1) depósito em numerário à ordem da “Direcção dos Serviços de Turismo” no Banco Nacional Ultramarino de Macau 2) garantia bancária 3) depósito nesta Direcção dos Serviços em numerário, em ordem de caixa ou em cheque visado, emitidos à ordem da “Direcção de Serviços de Turismo” 4) por transferência bancária na conta da Fundo de Turismo do Banco Nacional Ultramarino de Macau.Acto publico do concurso, no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hotline, 14.o andar pelas 10:00 horas do dia 22 de Agosto de 2014.Os representantes legais dos concorrentes deverão estar presentes no acto público de abertura das propostas para efeitos de apresentação de eventuais reclamações e/ou para esclarecimento de eventuais dúvidas dos documentos apresentados ao concurso, nos termos do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 63/85/M, de 6 de Julho.Os representantes legais dos concorrentes poderão fazer-se representar por procurador devendo, neste caso, o procurador apresentar procuração notarial conferindo-lhe poderes para o acto público do concurso.Em caso de encerramento destes Serviços por causa de tempestade ou por motivo de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas, a data e hora de sessão de esclarecimento e de abertura das propostas serão adiados para o primeiro dia útil imediatamente seguinte, à mesma hora.

Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Julho de 2014.

A DirectoraMaria Helena de Senna Fernandes

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMOANÚNCIO Anúncio

【N.º 201407-5】

Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), vai proceder-se à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para os lotes abaixo indicados:─ Processo N.º: 89A168, Rua de Pedro Nolasco da Silva nos 2A-4D e Travessa dos Anjos nos 24-34 – Macau;─ Processo N.º: 2003A043, Pátio do Abridor no2 e Rua dos Mercadores no102 – Macau;─ Processo N.º: 2007A069, Travessa do Goivo no 7 – Macau;─ Processo N.º: 2014A020, Rua dos Ervanários no 27 – Macau;─ Processo N.º: 2014A030, Rua Nova do Comércio no 9 – Macau.Para efeitos de referência, os projectos de PCU dos lotes supracitados já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontram-se afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http://urbanplanning.dssopt.gov.mo).O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 4 de Agosto de 2014 e 18 de Agosto de 2014.Os interessados e a população poderão apresentar as suas opiniões sobre os projectos de PCU referidos, mediante o preenchimento do formulário O011, o qual pode ser descarregado nos websites http://urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt.gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios:─ Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau, durante o horário de expediente nos

dias úteis─ Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo limite de entrega é contado a partir da data de

envio indicada no carimbo do correio)─ Fax: 2834 0019─ Email: [email protected] mais informações pode pesquisar o website http://urbanplanning.dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queira contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800).Macau, aos 25 de Julho de 2014

A Directora dos Serviços, Substituta

Chan Pou Ha

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 27 MAX 34 HUM 55-90% • EURO 10.7 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 31 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau quinta-feira 31.7.2014 (F)UTILIDADES 17

H O J E H Á F I L M E

João Corvo fonte da inveja

Um desejo intenso e errado de possuir a tua alma.

C I N E M ACineteatro

SALA 1BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau14.30, 16.30, 21,30

STEP UP ALL IN [B]Um filme de: Trish SieCom: Alyson Stoner, Biana Evigan, Ryan Gusman, Adam G. Sevani19.30

SALA 2PLANES 2: FIRE & RECUE [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Bobs Gannaway14.15, 16.00, 19.45

THE FAULT IN OUR STARS [B]Um filme de: Josh Boone

Com: Shailene Woodley, Ansel Elgort17.30, 21.30

SALA 3DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke14.30, 16.30, 19.30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel21.30

BREAK UP 100

Nasce J. K. Rowling, a criadora de Harry Potter• É a única escritora que se tornou multimilionária, con-siderada uma das pessoas mais poderosas do mundo. J. K. Rowling, que viveu em Portugal, nasceu a 31 de Julho.J. K. Rowling nasceu em Yate, Inglaterra, a 31 de Julho de 1965, é uma escritora de ficção britânica e notabilizou-se pela premiada série Harry Potter, que se tornou num fenómeno, quer na literatura, quer no cinema.Ainda criança, Joanne Rowling alimentava o vício de ler contos de aventuras. Inspirada por grandes autores, desde muito jovem que decidiu ser escritora.Ao contrário do que se possa imaginar, J. K. Rowling teve de enfrentar grandes dificuldades até atingir a fama como escritora, passando-se longos anos até que ‘Harry Potter e a Pedra Filosofal’ fosse colocado nas livrarias. O seu agente literário Christopher Little cumpriu um papel fundamental, nesta persistente luta pelo sucesso, sendo que, desde então, Rowling escreveu os outros seis livros que a tornaram rica.Através da escrita, esta autora de reconhecido talento pôde contribuir para diversas causas: a pobreza e as discrepâncias sociais. J. K. Rowling colocou a sua riqueza ao serviço dessas lutas, que sempre foram suas.Os seus livros foram traduzidos para 64 línguas. Rowling vendeu mais de 400 milhões de cópias em todo o mundo e conseguiu uma fortuna avaliada em quase mil milhões de euros. A Forbes salientou um feito desta escritora, em 2004: foi a primeira pessoa a tornar-se multimilionária a escrever livros…J. K. Rowling tem uma ligação com Portugal, onde viveu, no Porto, quando foi contratada para dar aulas de inglês, no Encounter English. Com outras duas outras professoras, Jill Preweet e Aine Kiely, mulheres a quem foi dedicado o terceiro livro, ‘Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban’, costumava divertir-se na discoteca ‘Swing’, até que uma relação tem-pestuosa acaba por antecipar o regresso ao seu país.

A política não existe durante o Verão Toda a gente sabe que eleições no período de Verão estão condenadas a um quase fracasso ou a um menor sucesso, com uma elevada abstenção. Pegando no exemplo da Europa, nomeadamente de Portugal, quer sejam eleições autárquicas, europeias ou legislativas, se acontecerem em Agosto há sempre o risco da malta não ir a correr para a urna porque está na praia do Algarve ou no sul de Espanha. Isto eu sei, porque sou um gato viajado. Incrivelmente, num sítio como Macau, onde o chefe do Governo não se elege por sufrágio universal, o problema do Verão também acontece. Este ano, Chui Sai On recebeu menos apoios para a sua candidatura, apesar desta ter sido oficializada: 69 pessoas não assinaram o dito papelinho de apoio.Pensamos: existem motivos políticos? Existe descontentamento com o mandato de cinco anos de Chui Sai On? Não, respondeu Vong Hin Fai, o mandatário. O que aconteceu é que muitos dos 400 membros da Comissão Eleitoral estavam de férias. Larry So, académico, disse o mesmo a este jornal. Não deixa de ser curioso que até aqui a praia se sobreponha ao dever cívico. Tal como não deixa de ser curioso que um candidato, oponente a Chui Sai On, tenha dito que foi difícil contactar os membros da Comissão Eleitoral para a obtenção de assinaturas que iriam validar a sua candidatura. Ele bem que vociferou e agitou papéis com as suas queixas, em vão. Para ele, quase todos os membros da Comissão estavam na praia. Sempre estiveram, sempre vão estar.

WALK THE LINE(JAMES MANGOLD, 2005)

É pouco provável encontrarmos alguém que não admita que Johnny Cash foi um dos mais importantes músicos de country do século XX, fazendo magia ao lado de estrelas como Elvis Presley ou Jerry Lee Lewis. É ao lado de Reese Witherspoon que Joaquin Phoenix desempenha um dos papéis mais complexos e marcantes da sua carreira de actor, na pele de apenas desse grande cantor, cuja ruína começou cedo. ‘Walk the Line’ é, a par com ‘Ray’ – filme sobre a vida e obra do músico de jazz, Ray Charles – uma das melhores películas biográficas do grande ecrã. Co-movente e, por vezes, de difícil digestão, é sem dúvida, uma obra a não perder. - Leonor Sá Machado

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18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 31.7.2014

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A palavra “Pátria” tem para nós, portugueses, uma co-notação que ainda faz com que se levantem muitas sobrancelhas de espanto. A culpa foi de um certo santacombadense que em tempos usou e abusou da palavra para dar consis-tência à sua versão muito

própria de unidade, de nação, de soberania, apelando aos jovens lusos que numa ocasião por volta do inícios dos anos 60 do século passado “dessem a vida pela Pátria”, na Guerra do Ultramar. Um apelo tem por vezes o valor de uma mera sugestão, ou de um convite, mas neste caso escutava-se o chamamento da Pátria, que era assim como um daqueles apitos silenciosos que emitem uma frequência que só os cães conseguem ouvir. O que se ganhava em “dar a vida pela

Os patriotas e os “scuds”bairro do or ienteLEOCARDO

“Patriota: indivíduo a quem os interesses de uma parte parecem superiores aos interesses do todo. O joguete dos estadistas e a ferramenta dos conquistadores.”

Ambrose Bierce

Pátria”? Logo se via. E recusar? Isso via-se logo. Era um pouco aborrecido não poder escolher o que se fazer com a vida, que é só uma, deixada assim nas mãos de uma das muitas Pátrias que há por esse mundo.

A Pátria é um conceito abstracto, tal como a alma, a paixão, ou dando-lhe um sentido mais formal, a República, personi-ficada amiúde por uma jovem com os seios de fora. E falando de seios e de paixão, por estas bandas ouve-se muito a expressão “amar a Pátria”, ou a sua variante “amor à Pátria”. Apesar disto nos soar um pouco a “dejá vu”, pois já sentimos na pele essa imposição da parte da Pátria, é uma coisa que parece ser bem recebida pela generalidade. Qualquer caramelo que inicie um discurso com uma referência ao “amor à Pátria”, e termine dizendo que “ama a Pátria”, é tido como um fulano às direitas – mesmo que pelo meio não tenha dito nada de jeito. Pode revelar a maior ignorância e desprezo pela inteligência de quem o escuta, indiferente às suas patrióticas introdução e conclusão, mas ai de quem fale mal dele: afinal, “ama a Pátria”.

Eu tenho um problema lexical com isto de “amar a Pátria”, tal como o Executivo local tem andado um pouco baralhado nos últimos tempos com uma certa interpretação da palavra “referendo”. Para mim amar é uma coisa séria; posso gostar, estimar, res-peitar, sentir consideração ou querer saber notícias de alguém, mas amar é outra cena, meu. O que entendo por “amar” implica o acto físico do amor. Quando oiço “amar a Pátria” e coloco a mim mesmo essa possi-

bilidade, imagino-me numa cama redonda e larga, com lençóis de seda, a beijar apai-xonadamente a “Pátria”, afagando-lhe os cabelos com uma mão e explorando com a outra as suas partes pudibundas, antes de avançar determinado para aquilo que a Pátria ela própria fazia com aqueles jovens lusitanos que mandava para o Ultramar para darem por ela a vida.

Mas consideremos para efeitos dramáti-cos (e para não acabar por aqui o artigo) que isso de “amar a Pátria” é uma coisa mesmo séria, mesmo que saindo da boca de alguns chalaceiros destas bandas dê vontade de pelo menos dar uma risadinha marota. Os que amam a Pátria são chamados de “patriotas”, e assim partilham o nome com um sistema de lançamento de mísseis, e com o próprio míssil, bastante na berra durante a primeira Guerra do Golfo – pode-se mesmo dizer que quem não ama a Pátria e não é patriota, é um “scud”. Mas quem não sente amor pela Pátria, que se “scud”, pois aqui isto tem mais valor do que um argumento com pés e cabeça, ou que uma boa ideia, com potencial para surtir efeitos práticos e positivos. Basta vir com uma besteira qualquer, e no caso de alguém discordar atirar com um “você não ama a Pátria?”, e todos os burros baixam de imediato as orelhas.

De orelhas levantadas e sempre alerta, qual escoteiro, está a ex-presidente da Assembleia Legislativa, Susana Chao, que depois de deixar o cargo de moderadora no hemiciclo da RAEM, veio fazer-me com-panhia nas lides bloguísticas. Desconheço o nome do seu blogue, todo ele em língua chinesa, mas bem podia ser “Lavandaria Jolie”, tal é a quantidade de roupa suja que por ali passa. Um destes dias, numa das suas habituais diatribes contra os seus antigos colegas e cúmplices, chegou a sugerir que a maltósia democrata que foi fazer chinfrim para a porta da AL há dois meses “são ver-dadeiros patriotas”, ao contrário de outros que assumem como tal, e deu o exemplo de um tal Ao Man Long, que depois de me socorrer dos livros de História antiga, fiquei a saber que se tratava de um patriota que passou a “scud” com a mesma ligeireza com que azeda um “tao fu fa” deixado ao sol a tarde inteira.

Posso achar o que Susana Chao faz no seu blogue de uma deselegância e baixeza extremas, vil, mesquinho, próprio de uma pessoa vingativa e ingrata, mas não posso deixar de concordar com ela num aspecto: o verdadeiro patriota é aquele que luta pelo melhor para si e para os seus irmãos, e nem que para isso tenha que sacudir o sistema e todos o que dele tiram partido, “à mama” da mãe Pátria – e nem chama isto “patriotismo”, mas sim “justiça”. É que por muito que os patrioteiros de trazer por casa digam cheios de bazófia que “amam a Pátria”, no fim ela acaba por confrontá-los, e de mão na cintura a cara de poucos amigos, vocifera: “Muita lábia tens tu, mas o que tens feito aqui pela Pátria, afinal?”.

“ O verdadeiro patriota é aquele que luta pelo melhor para si e paraos seus irmãos, e nem que para isso tenha que sacudir o sistema e todos o quedele tiram partido”

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19 opiniãohoje macau quinta-feira 31.7.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Macau ao espelho

A reportagem, que este jor-nal publicou na segun-da-feira sobre pessoas com condições de vida miseráveis em Macau, tem uma especial acui-dade por, pelo menos, duas ordens de razões. A primeira tem a ver com a obscenidade; a

segunda com a esperança. A primeira prende-se com o facto da

RAEM continuar a apresentar números avassaladores que a impõem como uma das regiões mais ricas do mundo. Ora como pode um território com um PIB per capita desta grandeza sustentar no seio situações de mi-séria como as que o Hoje Macau descreveu?

É obsceno, para ser suave. É descuido, falta de compaixão, pouco sentido social, o que quiserem usar como motivo. Mas os motivos pouco interessam. De facto, o que nos choca é a ausência de interesse ou a incapacidade de agir. A RAEM dos casi-nos, do luxo inatingível, das superbombas

edi tor ia lCARLOS MORAIS JOSÉ

O que o Governo tem de perceber é que quando depara com situações de miséria está a olhar para a sua própria alma no espelho

em estrada onde não podem passar dos 80, da hipocrisia das luzes, da enormidade das contas bancárias, das mil e uma transacções, do ouro exposto nas avenidas.

O Governo dá uma esmola ao ceguinho porque não sabe que ao dar uma esmola ao ceguinho mantê-lo-á para sempre na rua de mão estendida. O Governo arrecada os lucros astronómicos do Jogo e investe-os na Dinamarca ou lá onde é que é; nesse país é que há barracas e não no nosso lindo Ou Mun à beira Pérolas plantado.

O Governo não assobia para o lado por-que não sabe assobiar. Passa com desdém e altivez, provavelmente perguntando-se porque razão tanta gente protesta na cidade, ainda que seja nas conversas de ocasião, entre dois sorvos de chao-min. Ninguém realmente fará nada porque Macau é uma terra de desiludidos, de gente que sabe muito bem o que a casa gasta e que não vai em ideais. É que desconfia dos seus resultados e talvez tenha razão para isso.

Com a criminosa subida das rendas de casa, que unicamente permitiu a alguns, muitos de

fora de Macau, enriquecer antes de o diabo esfregar um olho, toda a população (elite à parte) sentiu e sente dificuldades. É normal que aqueles que se encontravam nos degraus mais baixos da pirâmide acabassem por cair numa situação degradante. Vem nos livros. Mas será que o Governo previu este fenómenos? Esperemos que não, para nos evitar necessida-de de o acusar de incompetência ou maldade.

A segunda ordem de razões está rela-cionada com o facto de vivermos um ano de eleições. Nestes períodos os políticos prometem muito. Raramente cumprem, sobretudo os que chegam ao poder, como é

o caso de Chui Sai On. Contudo, atendendo às peripécias (ou falta delas) do seu primeiro mandato, queremos acreditar que o Chefe vai emendar a mão e construir a sociedade a partir de baixo e não a partir de cima.

A liberalização do jogo foi para Ma-cau um tsunami, um desastre social, uma catástrofe cultural. Só do ponto de vista financeiro trouxe realmente benefícios. Mas para que o dinheiro frutifique não pode andar a pairar em especulações financeiras ou ser erradamente distribuído, como se os pratos da balança estivessem constantemente inclinados. E qual o bem mais valioso desta terra, o seu garante de futuro? Com certeza que são as pessoas.

Macau não pode ter habitantes que vivem em condições miseráveis até porque nem sequer tem tamanho para isso. O que o Go-verno tem de perceber é que quando depara com situações de miséria está a olhar para a sua própria alma no espelho. O Governo e todos nós. Essa gente suja e miserável, doente e mal nutrida, bem vistas as coisas, somos nós mesmos.

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HOJE MACAU

hoje macau quinta-feira 31.7.2014

METRO FUNCIONAMENTO EM PLENO SÓ EM 2022

Mais dias de consulta pública

cartoon por Stephff A CAIXA

O metro ligeiro que vai ligar a península de Macau e a ilha da Taipa só deverá

estar a funcionar em pleno em 2022 tendo em conta o plano de execução de obras previsto pelo gabinete responsável pelo projecto.

André Ritchie, coordenador adjunto do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes, explicou à agência Lusa que na ilha da Taipa, o metro ligeiro - que terá uma extensão de nove quilómetros - estará concluído até ao final de 2016 num traçado que vai ligar a zona do aeroporto

internacional até à ponte Sai Van, onde, depois, será feito o prolon-gamento na ponte com o mesmo nome até à zona da Barra, já na península de Macau, onde está a ser construída uma das estações modais da península.

Na península de Macau, o projecto só estará concluído ao longo de 2015 e, com “cinco a seis anos de obras”, só em 2022 deverá estará a funcionar em pleno, ou seja, entre a península de Macau e a ilha da Taipa.

Instado a comentar o prolon-gamento das obras - o metro ligei-

ro é uma obra que é falada desde 2004 e deveria ter entrado em funcionamento em 2011/2012 - André Ritchie salientou apenas que uma construção do género “é demorada, implica padrões de segurança complexos e não pode ser colocada em causa por questões de datas”.

Relativamente à consulta pú-blica do Segmento Norte do Me-tro Ligeiro, que começou no dia 1 de Julho, o Governo informou ontem que esta será prolongada até ao dia 28 de Setembro, ou seja, mais 45 dias.

E M declarações à TDM chinesa, vários fun-cionários do sector do jogo asseguraram que o Governo obrigou a que o grupo Sands eli-

minasse a função de Estagiário Chefe de Croupier e alterasse a nomenclatura do cargo de Croupier Superior para Chefe de Supervisão de Segunda Classe.

O deputado Ng Kuok Cheong pediu satisfa-ções ao Governo, questionando a veracidade das informações proferidas pelos funcionários, sobre o cancelamento da posição de estagiário.

Depois dos recentes protestos dos trabalhadores do grupo Sands, terça-feira foi a vez de 500 fun-cionários do Galaxy entregarem, juntamente com membros da associação Forefront of the Macau Gaming, uma carta ao departamento de recursos

humanos do Galaxy a exigir mais regalias e o aumento de salários.

O director da associação, Leong Man Teng, co-locou a hipótese de ser feita mais uma manifestação. Lam Chi Seng, vice-presidente do grupo Galaxy, veio afirmar que sente compaixão e está preocu-pado com os seus funcionários. Em comunicado, Lam disse ainda manter sempre uma relação de comunicação aberta com todos os seus trabalhado-res, esperando que todos eles apresentem as suas opiniões e reclamações de forma directa. Quando questionado sobre a resolução de problemas e a eventual organização de mais uma manifestação no final desta semana, o vice-presidente comentou apenas que a direcção do Galaxy espera conseguir solucionar todas as questões de forma interna.

Aterros Avaliação de impacto ambiental em curso Arranca hoje a avaliação ao impacto de ambiente marinho relativo à 4.ª Ligação Rodoviária Marítima Macau - Taipa e ao Túnel Submarino entre as zonas de aterro “A” e “B” que será levada a cabo pelas entidades chinesas “South China Sea Marine Engineering and Environment Institute” e “China Offshore Environmental Services Ltd., Tianjin”, tal como informou ontem em comunicado o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI). A avaliação tem como “objectivo fornecer os dados de apoio, principalmente, do ponto de vista de impacto ao ambiente marinho”, tal como explica o GDI, argumentando que “os trabalhos da avaliação de impacto ambiental incluem as justificações complexas relacionadas à análise preliminar dos dados das infra-estruturas projectadas, à investigação elementar sobre estados ambientais “in loco”, à análise de origem da poluição, bem como, a determinação dos teores dos trabalhos da avaliação de impacto ambiental e a realização de consulta pública para recolha de opiniões”.

ADM Miguel de Senna Fernandes quer novo mandato As eleições de Novembro para os novos órgãos de gestão da Associação dos Macaenses (ADM) deverão contar com a candidatura de Miguel de Senna Fernandes. Ao HM, o actual presidente garante querer continuar o trabalho que está por concretizar. “Claro que vou [candidatar-me] porque há projectos que sucessivamente não conseguimos fazer, por falta de verba. Muitas vezes é também por falta de pessoal. Não discutimos ainda projectos para o próximo ano porque vamos para eleições no final de Novembro, vamos ter um novo mandato e veremos o que vamos fazer”, disse Miguel de Senna Fernandes.

Trânsito Cada vez mais veículos nas estradasSão 232,568 os veículos que circulam em Macau, aumentando assim em 5% o número de meios de transporte nas estradas do território. Segundo avançou a Rádio Macau, 52% são motociclos e 41% automóveis ligeiros particulares. Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que, no primeiro semestre do ano, registaram-se 9819 veículos com matrículas novas, ou seja, mais 9%. No que diz respeito ao tráfego nos postos fronteiriços entre Macau e a o interior da China, a DSEC informa que passaram mais de 2 milhões e 400 mil veículos.

Protesto junto ao Parisian pelo pagamento de salários

CERCA de 33 trabalhadores protestaram ontem junto

ao local de construção do Pari-sian Resort pelo pagamento de salários em atraso, confirmou a Polícia de Segurança Pública (PSP), utilizando camiões.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, estão em causa pagamentos em atraso no valor de 11 milhões de patacas. No local estavam cartazes que chamavam a atenção para o facto de cerca de 60 tra-balhadores terem efectuado os trabalhos de escavações e criação de fundações no terreno, mas ainda não terão recebido qualquer salário. Os responsáveis da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) chegaram ao local e terão esclarecido que não existem quaisquer atrasos nos pagamentos, frisando que os salários de Junho já foram pagos. Os salários de Julho se-rão pagos em Agosto, explicou ainda a DSAL.

O mesmo organismo garan-tiu que a questão dos pagamen-tos está dependente da forma de distribuição das empresas responsáveis pela construção do Parisian. Recorde-se que as obras do futuro resort, projecto da operadora Sands China, es-tão embargadas devido à falta de licença do Governo para a sua construção. - F.F.

JOGO FUNCIONÁRIOS ACUSAM GOVERNO DE INTROMISSÃO

Uma questão de nomenclatura