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PATRIMÓNIO CARLOS MARREIROS FALA DA “ÁRDUA TAREFA” DA PRESERVAÇÃO NUNO VELOSO O arquitecto defende que se faça, de forma progressiva e com regras bem definidas, a passagem de edifícios classificados da alçada do Governo para a posse dos privados. O membro do Conselho de Património pede ainda que se aprove rapidamente um plano geral para que se saiba o que deve ser protegido e o que se deve deixar de fora. CHINA PÁGINA 7 EVENTOS PÁGINA 15 Merkel A sétima vez AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB HERÓI PRECISA-SE NUNO VELOSO NA CREATIVE MACAU VAGABUNDO GLOBAL SOCIEDADE PÁGINA 6 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 7 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3125 PÁGINAS 2 E 3 UNIVERSIDADE DE MACAU PUB hojemacau PRIVATIZAR POR AI ´ A UM tentou, sem êxito, recrutar dois jovens chineses protagonistas pela positiva por terem impedido um ataque com facas num autocarro na província de Jiangxi.

Hoje Macau 7 JUL 2014 #3125

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Hoje Macau N.º3125 de 7 de Julho de 2014

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Page 1: Hoje Macau 7 JUL 2014 #3125

PATRIMÓNIO CARLOS MARREIROS FALA DA “ÁRDUA TAREFA” DA PRESERVAÇÃO

NUNO

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OSO

O arquitecto defende que se faça, de forma progressiva e com regras bem definidas,a passagem de edifícios classificados da alçada do Governo para a posse dos privados.

O membro do Conselho de Património pede ainda que se aprove rapidamente um plano geralpara que se saiba o que deve ser protegido e o que se deve deixar de fora.

CHINA PÁGINA 7

EVENTOS PÁGINA 15

Merkel A sétima vez

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

HERÓIPRECISA-SE

NUNO VELOSO NA CREATIVE MACAU

VAGABUNDOGLOBAL

SOCIEDADE PÁGINA 6

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 7 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 2 5

PÁGINAS 2 E 3

UNIVERSIDADE DE MACAU

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PRIVATIZAR POR AIA UM tentou, sem êxito, recrutar dois jovens chineses protagonistas pela positiva por terem impedido um ataque com facas num autocarro na província de Jiangxi.

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2 hoje macau segunda-feira 7.7.2014ENTREVISTA

LEONOR SÁ [email protected]

Faz parte do Conselho do Pa-trimónio Cultural há já alguns meses. Quando assumiu o cargo disse que a preservação patrimo-nial é “uma tarefa árdua”. O que quis dizer com isso?Sempre foi uma tarefa árdua fazê--lo em Macau, com a diferença de que, há 30 anos, toda a parte doutrinal que presidiu às políticas de preservação foi consolidada em 1984, até à aprovação deste novo diploma [Lei de Salvaguarda do Património Cultural], que entrou em vigor em Março deste ano. O trabalho foi e continua a ser árduo, porque numa terra tão pequena, onde os terrenos valem muito dinheiro, as pressões são sempre grandes, seja por parte do investi-dor, seja de quem quer preservar. A diferença neste momento é que os jovens de Macau de etnia chinesa têm um sentido de pertença que não existia há 30 anos. São eles que constituíram associações privadas de preservação do património. Su-blinharia que há uma consciência – principalmente dos jovens – no sentido de valorizar a identidade própria deles que passa por muitas coisas, sendo o património, a mais difícil de trabalhar.

Quais são, para si, os maiores obstáculos, na tarefa de conser-vação? Principalmente com a indústria do jogo a querer ocupar uma grande fatia dos terrenos do território...Não só os casinos, mas também o sector da habitação. O programa de construção de habitação social, económica e pública. O grande problema é a falta de terrenos e os elevados custos dos mesmos. Toda a indústria de construção civil é muito lucrativa tanto para os promotores, como para os construtores. Sempre foi assim, com a diferença de que,

A ideia é simples: passar os edifícios classificados para mãos de privados, ainda que com regras bem definidas. Carlos Marreiros saúda o interesse dos jovens chineses na classificação do património, mas apela a que o Conselho do Património e o IC trabalhem rápido na criação de uma lista de classificados e na questão das alturas de construções

CARLOS MARREIROS, ARQUITECTO E MEMBRO DO CONSELHO DO PATRIMÓNIO

“O património não devia estar nas mãos do Governo, mas sim de privados”

hoje em dia, a sociedade civil se movimenta bastante mais a favor da preservação. Por outro lado, a nova lei vem na continuidade de [uma] já existente, acrescentando mais transparência em relação ao antigo diploma de 1984, que era gerido por um outro departamento [Comissão de Defesa do Património Cultural, Urbano e paisagístico de Macau, tutelado pelo Instituto Cultural]. Era constituído por personalidades nomeadas pelo antigo Governador e os membros representavam a so-ciedade civil e departamentos espe-cializados, como as Obras Públicas ou o então Leal Senado. De 1989 até agora, a comissão ficou inactiva devido à reestruturação do IC. A vantagem deste novo diploma é a nomeação do Conselho Consultivo, com uma constituição diversificada, onde grande parte dos 20 membros são parte da sociedade civil. A área do saber é bastante mais vasta do que antigamente. Tem uma carga académica, técnico-administrativa e política muito forte, mas natural-mente não implica com questões de dinheiro. A defesa do património arquitectónico é o mais complica-do por causa do cuidado com os terrenos e do controlo das alturas, por exemplo...

O que se deve fazer no sentido de facilitar as tarefas do Conselho do Património? Sou da opinião de que deve haver, rapidamente, a aprovação de um plano geral do património a expli-car, de forma clara, o que deve ser protegido e o que se deve deixar de fora. Isto, para que as pessoas que queiram investir nestas zonas futuramente não tenham proble-mas com projectos de determinada dimensão e que, na realidade, não podem ser construídos. A actuali-zação do “mapa cor-de-rosa” [pla-no com todas as áreas protegidas grafadas] foi feita em 1992, ao qual foi acrescentada a tipologia

dos “edifícios de interesse arqui-tectónico”. Isto permanece na lei actual, mas com mais exigências de fundo.

O que considera que ainda não está a ser feito e é necessário?Intensificar a investigação científica e historiográfica no que diz respeito a um espólio ainda não totalmente

estudado, mesmo depois dos avan-ços significativos do IC. Grupos de casas do nosso tecido urbano, quer seja de desenho chinês, expressão portuguesa ou híbrida. Alguns exemplos de edifícios classificados são o Mercado Vermelho, o Skyline, o Grand Hotel... Mas também há outros edifícios na zona da Penha, do Porto Interior e em S. Lázaro, nomeadamente as novas avenidas de Macau como a Horta e Costa, os Três Candeeiros ou a Ouvidor Ar-riaga. Naturalmente que nem todos estes prédios merecem ser classifi-cados. Há que criar uma prioridade. Recentemente, o IC prometeu que finalizaria um estudo em seis meses. Há casas que merecem claramente ser preservadas e o equilíbrio faz--se entre o que é realmente valioso e que justifique todos os esforços. Se calhar é melhor ter uma lista de apenas 400 e que valham mesmo a pena, do que de quatro mil e ser muito difícil de optar.

Na sua opinião, qual devia ser o destino desses edifícios? Habita-ção, espaços culturais?

Em princípio, habitação não. Edi-fício isolados e que tenham uma localização interessante, como perto de uma praça, deviam ser reabilitados para equipamentos sociais, nomeadamente desti-nados à terceira idade e para animação infanto-juvenil. Há bairros carenciados de centros de dia e a terceira idade, que é ainda bastante activa, não tem que estar nos lares, mas precisa de passar umas horas em convívio. Portanto, acho que devia apostar-se na parte social, porque a população de Macau tem direito à qualidade de vida e a prosperidade económico--financeiro do território só faz sen-tido se a população fizer usufruto disso. Há um excesso de pessoas na rua, é difícil apanhar um táxi, há muito congestionamento, a qualidade do ar não é tão boa, não se construíram muitos mais jardins nos últimos anos... Não interessa só preservar as pedras: é preciso também manter a alma. Grande parte dos edifícios de património eram de habitação e, ao se transformarem em galerias,

“Na zona norte, podia ser estudada a possibilidade de desviar turistas e criar na orla marítima, um conjunto de equipamentos lúdicos, com bares, lojas e restaurantes.”

HOJE

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3 entrevistahoje macau segunda-feira 7.7.2014

“Não interessa só preservar as pedras: é preciso também manter a alma.”

CARLOS MARREIROS, ARQUITECTO E MEMBRO DO CONSELHO DO PATRIMÓNIO

“O património não devia estar nas mãos do Governo, mas sim de privados”

direcções de serviço, centros de saúde ou associações e institutos da privada, deram uma animação e por isso é que são reconhecidos.

Considera que a sua é a opinião unânime no seio do Conselho do Património?Eu não acredito muito em una-nimidades, mas se for a grande maioria – que acho que é – já é positivo. Acho que há a consciên-cia de que vale a pena conservar o património, até porque interessa a Macau. No contexto asiático, Ma-cau tem prestígio no que toca ao seu património. Tem uma matriz essencialmente portuguesa, mas uma achega de Goa, das Filipi-nas... Tudo isto está presente em Macau. A expressão portuguesa

está presente em quase 90% do pa-trimónio protegido da UNESCO e tem muita importância porque é quase única nesta zona do mundo, tirando uma cidade de Manila ou o caso das Fontainhas, na Índia, por exemplo. Ainda assim, já não são, ao contrário de Macau, zonas com muita integridade. Isto para explicar que a história de preservação arquitectónica em Macau é uma história de sucesso. Nos anos 90, vinham colegas de instituições privadas e públicas do Japão, Hong Kong ou da Austrália para aprender técnicas de restauro connosco. Hong Kong sempre considerou – mesmo em termos regulamentares – que Macau tinha um sistema de preservação bastan-te avançado. A própria China veio

estudar as experiências de Macau nos anos 80 e 90. Acho também que deviam ser criadas escolas e ateliers de restauro especializado no território. Acha que os encargos da criação de um tipo de instituição dessas deveria ficar a cargo do Governo ou de entidades privadas? O melhor cenário seria ser tutelada por uma entidade privada, mas ter um grande apoio governamental, pelo menos inicialmente.

Em Macau, é permitido que prédios classificados estejam sob tutela privada. Considera que todos eles deviam ficar sob alçada do Executivo?Não, de maneira alguma. Aliás, o detentor de grande parte do território classificado de Macau é a RAEM, porque a privada não estava tão sensibilizada para isso. Contudo, no estrangeiro, há fundo para reabilitar o património e vendê-lo como habitação, por exemplo. Progressivamente, o pa-trimónio não devia estar nas mãos do Governo, mas sim sob alçada de privados.

Tanto antes como depois do restauro? Sim. O Governo estabelece as linhas condutoras do restauro, a autenticidade das partes, mas depois permitiria um desenvolvi-mento orientado para negócios e manutenção. Tudo isto com regras definidas, claro. Fazer viabilizar e tornar os projectos sustentáveis, com a utilização da substância histórica, mas instalar serviços ou outras actividades para tornar viável a sua preservação. Defendo que o património não deve estar totalmente nas mãos do Governo. Deve estar sob posse privada, mas com uma reabilitação com regras ditadas pelo Governo, aliviando-o dos pesados encargos financeiros de reconstrução.

Em 2011, a UNESCO advertiu Macau na questão do edifício do Gabinete de Ligação estar a tapar a visibilidade para o Farol da Guia, ameaçando retirar o tí-tulo patrimonial ao território. O que é pensou sobre esta questão? Pensei o que já sabia: o facto da UNESCO classificar uma determi-nada zona como histórica potencia o prestígio da região, o turismo... E o turismo arrasta consigo outras boas actividades económicas, como a restauração ou o retalho. Certos volumes de construção podem prejudicar as zonas preser-

vadas. Entretanto, já foram criadas medidas para prevenir situações semelhantes. O mais importante é que, nos próximos seis meses, o CPC consiga definir um plano geral para todo o território da RAEM em termos de volumetria e altimetria [volume e altura dos prédios]. Uma decisão, mesmo que mal tomada, é sempre melhor do que três indecisões.

O Governo tem vindo a dar muita atenção ao desenvolvimento do sector do jogo. Considera que o turismo devia tomar uma ver-tente mais cultural ou os casinos são o caminho? Devia. O turismo local devia tomar uma forma mais cultural e dar resposta ao que já está a ser instituído há tanto tempo: as indústrias culturais e criativas. Fazer permanecer o turista por mais tempo. Somos os melhores do mundo em casinos e Macau disputa a Fórmula 1 neste sector, mas cabe--nos a nós dar a componente mais cultural, permitindo assim apoiar as pequenas e médias empresas locais, desde a restauração, ao comércio mais tradicional, grupos de dança... É suposto que o turismo cultural proporcione – ao visitante e ao residente – alternativas aos sítios habitualmente famosos e que têm uma carga de pessoas pouco praticável. A Direcção dos Serviços do Turismo está, inclu-sive, a estudar a possibilidade de movimentar o turismo para a zona norte, desimpedindo as áreas mais movimentadas. O turista devia experimentar, pelo menos, uma das três cozinhas tradicionais de Macau – a portuguesa, a chinesa ou a macaense –, ou eventualmente assistir a um espectáculo. Ou seja, devia arranjar-se um itinerário onde, mesmo que a visita ao casino seja prioritária, houvesse uma parte de gastronomia e, se possível, a parte cultural. Em termos de arte contemporânea, Macau não tem um espólio que possa atrair gente de todo o lado, mas alguns artistas de cá bem trabalhados, podem atrair gente. É este itinerário global que acho necessário.

Outro dos problemas é a falta de pessoas formadas. O Governo

“O trabalho foi e continua a ser árduo, porque numa terra tão pequena, onde os terrenos valem muito dinheiro, as pressões são sempre grandes”, sobre a protecção do património

oferece vários subsídios para abertura de espaços e criação artística, mas, muitas vezes, não existem pessoas com formação suficiente para concorrerem à atribuição do financiamento, certo?Tem toda a razão. O Governo não só deve abrir as portas a quem seja capaz – recursos humanos do ex-terior para ajudar na qualificação dos locais –, mas também mandar os locais para os melhores sítios de formação para adquirirem treino e experiência. Tudo isto é muito complicado, mas tem que ser feito. Tem é que ser executado de forma holística e global, porque para se ir aos restaurantes, precisamos de ter bons locais de restauração. E Macau tem bons locais, desde restaurantes de luxo com estrelas Michelin, até às tascas. É é pre-ciso que as agências [de viagens] promovam, com qualidade e sem enganos. Toda a gente tem que trabalhar com base num plano global e estas directrizes devem partir do Governo. Como é que isto se faz? Com aquisição de experiência, aprendizagem de várias línguas, com a melhoria dos transportes públicos e táxis... Esta lógica holística poderá dar uma nova dinâmica a Macau. Na zona norte, podia ser estudada a possibilidade de desviar turistas e criar na orla marítima, um conjun-to de equipamentos lúdicos, com bares, lojas e restaurantes.

O que acha da possibilidade do Governo legalizar o alojamento de turistas em edifícios de ha-bitação? Ou seja, em casa de residentes de Macau. Não sei se permitir que edifícios habitacionais se transformem em pensões é a melhor opção. Lembra--me as pensões que existiam na zona do Rossio, em Portugal. Talvez seja um caminho, mas defendo mais a criação de hotéis de charme. Estabelecimentos bem geridos, mas que não sejam de luxo. É que há muita gente que viaja pelo mundo... Gente com algum poder de compra, mas que não são ricos, como jovens licenciados que gos-tam de vir a este lado do mundo.

Geralmente aqui há hotéis muito bons ou muito maus...Exactamente. Acho que é necessário haver um meio-termo, para abarcar todo o tipo de pessoas. Quando viajo, fico sempre para hotéis patrimoniais. Há conventos restaurados, por exem-plo, que têm óptimo serviço. Quando passeio em Portugal, fico sempre nas Pousadas.

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hoje macau segunda-feira 7.7.20144 POLÍTICAO sector do pequeno comércio sofre uma nova ameaça com a diminuição da atribuição dos vistos individuais. Alguns tentam já renegociar os preços das rendas

CECÍLIA L [email protected]

N OS últimos dias, os res-ponsáveis pela política de vistos de Hong Kong e Macau têm vindo a

dialogar com dirigentes do Go-verno Central sobre a diminuição de atribuição de vistos individuais. Segundo o jornal Ou Mun, as lojas e pequenos negócios situados em pontos turísticos das duas regiões estão já atentos à medida, defen-dendo que a atribuição de vistos de curta duração, ou o maior controlo nos processos, pode causar uma diminuição dos lucros.

Segundo o jornal, a especu-lação baixou em Hong Kong e muitas lojas situadas em pontos turísticos têm menos clientes. Em Macau, vozes do sector imo-

Deputados não querem limite mínimo para habitação económica

A deputada Kwan Tsui Hang disse ao jornal Ou Mun que é melhor não ha-

ver limite mínimo para o rendimento dos candidatos à aquisição de habitação eco-nómica, de forma a deixar que as pessoas que recebam salários mais baixos tenham também oportunidade para comprar uma casa económica. Esta é a sugestão de Kwan para a revisão da lei – anunciada recentemente pelo Governo – e também de Au Kam San, que disse no Fórum Macau que é preciso deixar as pessoas com menos rendimentos ter casas económicas antes de adquirirem habitações privadas. Os deputados sugerem que se possa voltar a usar o mecanismo da lei antiga, para avaliar o rendimento da família, as condições de residência actuais e a existência de idosos ou deficientes em casa, para pontuar os candidatos.

R EALIZARAM-SE ontem as eleições para os mem-bros da Direcção e do

Conselho Fiscal da Associação Novo Macau (ANM). O presi-dente, Jason Chao, segundo as regras da associação, não pode ser reeleito, porque já leva dois mandatos.

Para a direcção, foram elei-tos nomes conhecidos, como os dos dois deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, que ficaram nos dois primeiros lugares. Os novos activistas, Sulu Sou, número dois da lista de Au Kam San nas eleições da Assembleia Legislativa (AL) no ano passado, e Kam Sut Leng, professora conhecida por ter causado alguma polémica ao usar mini-saia na manifestação do Dia 1 de Maio no ano pas-sado, ficaram no 4º e 5º lugar, respectivamente.

Scott Chiang, como antigo vi-ce-presidente da associação, ficou no 8º lugar, e Bill Chou, professor da Universidade de Macau (UM), que neste momento está em risco de ser despedido da instituição, ficou no lugar seguinte.

VISTOS MAIS CURTOS PODEM DIMINUIR LUCROS DE LOJISTAS

Políticas que doem

“Há lojas em zonas muito frequentadas que já começam a estar em crise. Há arrendatários preocupados com os seus negócios e pretendem falar com o proprietário para negociar as rendas”LIU TSZ KA Director-geral de Ricacorp Properties

NOVO MACAU ELEIÇÕES PARA A DIRECÇÃO REALIZARAM-SE ONTEM

Quem vai ser o próximo presidente?

biliário apresentam diferentes opiniões, mas assumem que a nova política dos vistos poderá influenciar as rendas das lojas, uma vez que já há muitos arren-datários que negoceiam valores mais baixos em zonas turísticas.

Liu Tsz Ka, director-geral de Ricacorp Properties, em Macau, disse que, como em Macau é o sector do jogo que domina, bem como o sector do turismo, se houver controlo nos vistos isto vai provocar mudanças na economia.

“Há lojas em zonas muito frequentadas que já começam a estar em crise. Há arrendatários que se preocupados com os seus negócios e pretendem falar com o proprietário para negociar as rendas, que esperam sejam mais baixas”, disse ao Ou Mun.

Liu Tsz Ka considera que se houver restrições, as lojas nas zonas de turismo vão sofrer conse-quências, pedindo ajustes na renda. “Se a renda baixar, os preços nas lojas também vão baixar. Mas os ajustes não vão ser grandes. Talvez só possamos sentir uma verdadeira influência em duas semanas após

a política ser divulgada”, disse o director-geral da Ricacorp Pro-perties.

UMA VOZ DIFERENTEPor outro lado, Jacky Shek Po Tak, administrador da Centaline Property, agência imobiliária de Macau, defendeu que não vão haver grandes consequências no sector.

“Os turistas não ficam em Ma-cau muitos dias, o número médio é de dois dias. Se houver restrições aos vistos individuais, acredito que apenas vão diminuir um pouco as visitas a Macau. Como normal-mente os turistas não compram muitos produtos, da próxima vez podem comprar vários produtos de uma só vez.”

Jacky Shek considera que os residentes de Hong Kong têm vá-rios preconceitos em relação aos turistas do continente, o que ajuda os turistas a escolher Macau como destino turístico. O administrador da Centaline Property disse ainda que o consumo em Hong Kong recai sobretudo sobre jóias, pelo que, as restrições dos vistos podem afectar mais este tipo de lojas.

Ainda não se sabem porme-nores, mas o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura debateu pela primeira vez com o Governo Central uma possível redução do número de vistos individuais emitidos para visitas à RAEM.

Outro antigo vice-presi-dente, que é também membro da direcção da Macao Youth Dynamic, ficou desta vez no 10º lugar da votação entre os membros da ANM.

Mais dois activistas, Rochy Chan, autor da petição sobre o professor da Universidade São José, Éric Sautedé, e Roy

Choi, jornalista que foi retirado na cerimónia de graduação da UM, ficaram fora da direcção ao terem ficado, respectivamente, no 12º e no 15º lugar.

No total, foram onze os membros da ANM que rece-beram votos para assumirem cargos directivos. Amanhã, serão estes os membros que vão

escolher o próximo presidente da associação. Tong Ka Io, o antigo chefe do Centro de Pre-venção e Controlo de Doenças, que também é membro da ANM, ficou no 3º lugar, e é um forte candidato para presidente, até porque os dois deputados não vão participar nas eleições para o cargo . - C.L.

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5 políticahoje macau segunda-feira 7.7.2014

FLORA [email protected]

JOANA [email protected]

M ACAU e Hong Kong encontraram-se na sexta-feira para falar sobre cooperação ju-

diciária entre as duas regiões, mas após uma reunião de mais de uma hora, não foram muitos os porme-nores adiantados aos jornalistas.

Florinda Chan, Secretária para a Administração e Justiça, referiu que a discussão sobre a modificação das disposições legais está a ter sucesso, algo sublinhado também pelo seu homólogo, Rimsky Yuen. “As duas regiões vão continuar a debater o assunto, mas não há uma versão final, por isso, quando for tempo opor-tuno, vamos publicar os detalhes”, assegurou Florinda Chan. Também o Rimsky Yuen frisou que ainda não há calendário para colocar em marcha um acordo de cooperação, que inclui a entrega de infractores em fuga. “Está numa fase mais madura e a seguir um bom curso.”

Rimsky Yuen foi questionado sobre a demora na criação de um acordo de cooperação – que inclui a entrega de infractores em fuga – tendo respondido que o problema reside no facto de os regimes e a matéria penal das duas regiões “serem bastante diferentes”, pelo que “não é fácil elaborar um sis-

CECÍLIA L [email protected]

O deputado Au Kam San re-ceia que o nú-

mero de táxis diminua no próximo ano, uma vez que algumas licenças vão caducar e o processo referente às 200 novas licenças ainda não está totalmente concluído.

“Antes da transição, o número de turistas era de apenas oito mi-lhões por ano. Mas naquela época Macau tinha apenas uma população de 300 mil pessoas, com 750 táxis”, começa por dizer o deputado na sua interpelação escrita ao Governo. “Passaram-se 14 anos e o número de turistas já atinge os 30 milhões, tendo a população atingido as 600

Eleição Candidatosa Chefe do Executivo conhecidos no finalde Julho Os candidatos ao cargo de Chefe do Executivo têm até 29 de Julho para entregar o boletim de candidatura, de acordo com o calendário definido pela Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo. A comissão, que esteve reunida na quinta-feira, informa em comunicado que foi também marcado para entre 16 e 29 de Agosto o período de campanha eleitoral. A eleição do Chefe do Executivo está marcada para o próximo dia 31 de Agosto. O actual líder do Governo, Chui Sai On, já manifestou intenção de cumprir um segundo mandato, tendo sido o único candidato a apresentar-se ao escrutínio há cinco anos - um cenário que se deverá repetir este ano. Esta é a primeira vez que o líder do Governo é eleito por um colégio eleitoral com 400 membros, após a alteração à lei, aprovada em 2012, ter aumentado em cem o número de elementos que o compõem. Estes membros foram dados a conhecer recentemente, após eleições no dia 29 de Junho, e incluem mais de uma dezena de portugueses.

DSSOPT garante fiscalizaçãode obras privadas

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e

Transportes (DSSOPT) garante que todos os procedimentos de fiscalização são adoptados no que diz respeito a obras no sector privado. Em resposta ao depu-tado Ng Kuok Cheong, Jaime Carion, director do organismo, garante que a DSSOPT “procede de forma multifacetada à fiscali-zação da qualidade da obra nas empreitadas de obras privadas, de modo a aclarar, por um lado, a divisão da responsabilidade e dos trabalhos em termos de elabora-ção do projecto, direcção técnica da obra e execução”. Carion diz ainda que a fiscalização tem como objectivo também firmar o princípio de “assumpção de res-ponsabilidade pelo seu próprio autor”. Cabe ainda à DSSOPT efectuar “a fiscalização dos procedimentos administrativos relacionados com a obra”. “Na apreciação do projecto, para além de ponderar e analisar os factores ambientais, em caso de aparecimento de dúvidas no pla-no da execução (...) será exigido aos técnicos responsáveis pela elaboração do projecto a entrega de informações mais pormenori-zadas sobre o assunto, de modo a permitir uma apreciação mais global da situação”, pode ainda ler-se. - A.S.S.

JUSTIÇA MACAU E HONG KONG REÚNEM POR COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA

Sem detalhes, mas com ideiasÉ complexo e por isso é que está a demorar. É a justificação dos Secretários da pasta da justiça sobre a criação de um acordo de cooperação judiciária entre Macau e a RAEHK. Florinda Chan e Rimsky Yuen encontraram-se novamente, tendo ficado a saber-se que poderá vir a haver “retroactividade” do acordo, assim que este estiver em funcionamento

“As duas regiões vão continuar a debater o assunto, mas não há uma versão final”FLORINDA CHAN Secretáriapara a Administração e Justiça

TÁXIS AU KAM SAN RECEIA QUE NÚMERO DIMINUA

Com prazo de validade

tema que seja aceite pelas duas sociedades”. O Secretário para a Administração e Justiça de Hong Kong assegura que não há impe-dimentos na criação, mas frisa ser necessário tratar de forma cuida-dosa os aspectos legais.

Esta é a segunda vez que os dois representantes se encontram para

falar sobre o acordo de cooperação judiciária, sendo que a entrega de infractores em fuga se tornou um motivo de maior discussão depois da condenação de Joseph Lau e Steven Lo, dois empresários de Hong Kong, a mais de cinco anos de prisão, no âmbito do chamado processo La Scala. Os homens foram condenados por corrupção, mas estão em liberdade na região vizinha, porque não estiveram presentes na leitura da sentença. Só no caso de pisarem Macau é que ambos podem ser efectivamente presos, precisamente por não haver acordos entre as duas regiões.

Rimsky Yuen assegura que a questão da “retroactividade” foi

mil pessoas. Contudo, o número de táxis é apenas inferior a um terço, com 980 veículos”, acrescenta.

Au Kam San considera que a burocracia para a obtenção de uma licença de táxi limita o aumento de táxis e tem como consequência a di-ficuldade em apanhar um táxi na rua.

O deputado da Associação Novo Macau (ANM) relembra ainda que o Governo lançou 200 novas licenças de táxis, mas todas as que foram lançadas em 2005 e 2007 têm prazo de validade.

“Há 30 licenças com um prazo de dez anos e há 200 com um prazo de oito anos, então significa que o número total de licenças vai diminuir em 230”, lembrou Au Kam San, que frisou ainda que nem todas as 200 novas licenças já se encontram em plena circulação. “Será que o problema dos táxis será resolvido por uma questão de magia?”

O deputado acusa o Governo de não ter medidas para enfrentar essa dificuldade, quando houver menos 230 táxis no mercado no

“Está numa fase mais madura e a seguir um bom curso.” RIMSKY YUEN Secretáriopara a Administraçãoe Justiça de Hong Kong

um dos assuntos discutidos e que vai haver uma cláusula concreta sobre isso no novo acordo. Isto significa que poderá vir a haver infractores de Hong Kong que já tenham sido condenados antes da entrada em vigor do novo acordo que sejam detidos para cumprir a pena em Macau.

próximo ano. O deputado ques-tiona ainda a falta de calendário para a conclusão da primeira fase do Metro Ligeiro, sendo que o serviço de autocarros também não tem um futuro certo.

“Com o Executivo a garantir que pretende criar uma cidade internacional de turismo e lazer, quando é que podemos enfrentar a má situação de trânsito, isto apesar do facto de Macau ter cada vez menos atracções para os turistas?”, questionou Au Kam San.

GCS

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6 hoje macau segunda-feira 7.7.2014SOCIEDADE

CECÍLIA L [email protected]

A Universidade de Macau (UM) ofereceu uma ad-missão especial a dois jovens da China que

pararam um ataque com facas num autocarro, na província de Jiangxi. O convite foi feito a 24 de Junho,

LEONOR SÁ [email protected]

A Polícia Judiciária (PJ) assegura que a falha de segurança que possibilitou

o furto de dados pessoais de vários residentes de Macau já foi resolvi-da, tendo também confirmado ao HM que os alegados responsáveis são dois criminosos, já detidos em Maio.

Até sexta-feira, os dados da PJ fornecidos ao HM apontavam para pelo menos 90 cartões dupli-cados, ascendendo a um prejuízo de cerca de 700 mil patacas. O departamento de relações públicas da Polícia Judiciária disse que os criminosos se aproveitaram de uma falha de segurança num determinado modelo de máquinas ATM para introduzir um vírus nos mecanismos e assim recolher, ile-galmente, todos os dados pessoais contidos nos cartões bancários de quase uma centena de pessoas. Os dois indivíduos alegadamente envolvidos no crime e detidos

MP Dois detidos por ajudar imigrantes ilegaisO Ministério Público ordenou a detenção, em prisão preventiva, de dois homens do interior da China acusados de ajudar na entrada de seis imigrantes ilegais em Macau. Alegadamente, os dois indivíduos, de 24 e 28 anos, receberam 2540 patacas para transportar seis pessoas do continente numa embarcação, durante a noite. Os suspeitos foram encontrados pelas autoridades alfandegárias às 23 horas do dia 10 de Junho, ao volante de um barco em Coloane. Os dois homens detidos confessaram ter sido pagos para transportar os seis imigrantes ilegais para o território e, de acordo com as provas obtidas, o delegado do procurador responsável pelo caso considerou que havia fortes indícios da prática do crime de “ajuda a imigrantes ilegais”, pelo que promoveu a aplicação de prisão preventiva aos dois homens da China. Ambos aguardam julgamento no Estabelecimento Prisional de Macau.

Depósitos bancários sobem 16,2%

A UM bem tentou, mas um dos alunos considerado como herói por ter parado um ataque com facas em Jiangxi não aceitou o convite da universidade para integrar a instituição. A universidade foi considerada “activa” na procura dos alunos, tanto que até os visitou no hospital

UM TENTOU RECRUTAR ALUNO CHINÊS APÓS ACTO DE HEROÍSMO

O valor de um herói

ATM FALHAS QUE ORIGINARAM FURTOS DE DADOS “QUASE RESOLVIDAS”

Regresso à normalidade

90cartões duplicados, prejuízo de cerca de 700 mil patacas

mas um dos alunos, Liu Yanbing, já confirmou que não ia aceitar o convite da UM, porque as aulas para o curso que pretende tirar são dadas em língua inglesa e o “herói” não domina bem esta língua.

Os jovens foram considerados heróis pelos colegas e professores da escola onde andavam, depois de terem impedido o ataque. Como ficaram feridos, os dois jovens não puderam estar presentes no exame final de admissão à faculdade – co-nhecido na China como ‘gao kao’

-, mas o Ministério da Educação chinês facilitou, tendo-lhes dado o exame numa outra data, algo nunca possível de acontecer.

Segundo um comunicado da UM, o convite para Liu e o seu colega, Yi Zhengyong, é uma “ad-missão especial”, devido aos dois terem ficado feridos quando, a 31 de Maio os atacantes esfaquearam civis.

Contudo, o pai de Liu Yanbing confirmou no mesmo dia que não concordava que o filho viesse es-

tudar na UM. Citado pelo Diário de Jiangxi, o pai, Liu RiSheng, assegurou apreciar a bondade da UM, mas não aceitou a carta de admissão, porque não concordava que o jovem fizesse os estudos por cá.

UM ACTIVAA UM explica em comunicado que a universidade criou inclusive um grupo especial de trabalho para os dois alunos, que, em Junho, foi a Jiangxi duas vezes para saber da capacidade de estudo, notas e vontade de estudar dos dois alunos.

A instituição assegura que ambos mostraram vontade em es-tudar na UM. O director da escola secundária dos dois alunos, Yu Binhua, disse ao Beijing Times que a UM tinha sido muito “activa”

OS depósitos bancários dos residentes de Macau atin-

giram 464,2 mil milhões de patacas em Maio, mais 16,2% em termos anuais e 1,9% face ao mês anterior, indicam dados oficiais divulgados na sexta-feira.

Os depósitos dos não-residen-tes deram um pulo de 38,7% em Maio, face ao período homólogo do ano passado, crescendo 3,1% comparativamente a Abril, para 208,9 mil milhões de patacas, de acordo com estatísticas publica-das pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

O sector público aumentou em 22,8% em termos anuais e em 0,6% em termos mensais os seus depósitos para um total de 281,9 mil milhões de patacas, dos quais 194,3 mil milhões de patacas na AMCM e 87,5 mil milhões de patacas nos bancos.

Segundo os dados da AMCM, o total dos depósitos da activi-dade bancária atingiu 760,6 mil milhões de patacas, sendo a sua proporção denominada em pata-

cas equivalente a 18,3% e a de dólares de Hong Kong a 39,9%.

Os empréstimos internos ao sector privado aumentaram 35,7% face a Maio de 2013 e 2,5% em relação ao mês anterior, atingindo 299,5 mil milhões de patacas com os denominados em dólares de Hong Kong a alcan-çarem um “peso” de 63,4% e os em patacas de 28,3%, acrescenta a AMCM.

Os empréstimos ao exterior totalizaram 317 mil milhões de patacas no final de Maio, reflec-tindo aumentos de 21,9% em termos anuais e de 3,5% face a Abril. - LUSA

pelas autoridades no mês de Maio são de nacionalidade ucraniana e acredita-se que pertenciam a uma rede internacional de falsificação de cartões bancários.

O caso continua a ser investi-gado e uma vez que envolve o uso de tecnologia, foi transferido para a Divisão de Investigação de Crimes Informáticos (DICI) da PJ. Além disso, o departamento responsável disse ainda ao HM que está a ser mantido um contacto estreito com

as entidades bancárias no sentido de reforçar a segurança das caixas multibanco e de proteger os dados pessoais dos utilizadores.

De acordo com dados da PJ, os dois homens detidos terão vindo várias vezes a Macau desde Agosto do ano passado para efectuarem os crimes, colocando vírus nos ATM para recolher informações. Estas eram enviadas para cúmplices na Ucrânia que duplicavam os cartões dos lesados. Os cartões duplicados eram então utilizados para levantar dinheiro e efectuar transacções na Tailândia e na Rússia. Ao HM, a PJ disse que, até à passada sexta--feira, apenas as máquinas ATM de um banco haviam sido afectadas, uma vez que não se registaram incidentes com as máquinas de outras entidades. “A PJ continua, com urgência, a investigação para descobrir quem são os cúmplices e os seus paradeiros, e para confir-mar se houve mais furtos de dados pessoas de cartões de outros bancos e eventuais prejuízos”, afirmou a autoridade ao HM.

entre as universidades que querem dar admissão aos dois “heróis” de Jiangxi.

“Na primeira visita, a univer-sidade ficou dois dias no hospital e um aluno que também obteve a admissão especial veio com os representantes da UM. Da segun-da vez, os representantes da UM ficaram três dias e trouxeram dois estudantes de Jiangxi que estão a estudar lá”, explicou o Yu Binhua, considerando que a intenção da UM em ter os alunos foi muito “sincera”.

Uma das razões para a rejeição do aluno é o facto de o curso ser ministrado em inglês e também porque Macau “é longe” de Jiangxi.

O outro aluno, Yi Zhengyong, ainda não rejeitou o convite da UM, mas disse que a universidade é ape-nas é uma das suas considerações.

A UM oferecia também uma série de subsídios aos alunos, que incluía pagamentos de propinas, taxas residenciais e ajudas de custo mensal de três mil patacas. A instituição garante respeitar a decisão.

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7 sociedadehoje macau segunda-feira 7.7.2014

LEONOR SÁ [email protected]

S ÃO cerca de 30 as obras viárias de pequena e gran-de envergadura que estão previstas para acontecer

durante o mês de Julho, Agosto e Setembro, algumas delas tendo já começado no início do Verão. O anúncio foi feito na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de So-los, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT).

De acordo com o chefe da Di-visão de Coordenação da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Mok Soi Tou, não são conhecidos os valores das obras, uma vez que grande parte delas estão sob alçada de entidades privadas. “Por isso desconheço o valor do investimento que foi fei-to”, explicou o responsável.

De entre as várias tipologias de obras aprovadas pela DSSOPT, a grande maioria diz respeito à instalação de sistemas eléctricos da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), dos serviços de telecomunicações da MTEL e da instalação de gasodutos por parte da Companhia de Gás Natural Nam Kwong.

EMBELEZAMENTO E ESGOTOSOutras obras têm em vista a troca do sistema de esgotos de Macau, embelezamento das ruas, alarga-mento e repavimentação das vias rodoviárias. O grupo de coordena-ção das obras viárias – criado em 2009 e constituído por 15 membros de vários departamentos públicos e empresas privadas – prevê que pelo menos nove delas estejam finalizadas até ao início de Se-tembro, altura em que tem início o novo ano escolar, uma vez que se situam perto de instituições de ensino, como escolas primárias e secundárias e o Instituto Politéc-nico de Macau.

O pai da bebé a quem foi alegadamente passada medicação

errada por um médico do Cen-tro Hospitalar Conde de São Januário acusa os Serviços de Saúde (SS) de terem passado ao público informações que não correspondem à verdade. De acordo com o que disse o homem ao Jornal do Cidadão, o hospital público ficou “in-diferente” quando o pai disse aos médicos que a filha estava

Electricidade, gás e internet são os principais responsáveis pelas obras em Macau, Coloane e Taipa que acontecem a partir deste mês e até Setembro. O tráfego vai ficar afectado, mas as obras são todas necessárias, diz a DSSOPT, até porque substituem também esgotos com mais de 30 anos

CONSTRUÇÃO VERÃO COM MAIS OBRAS PÚBLICAS

Os males necessários

30obras de pequena e grande

envergadura até Setembro

SAÚDE HOSPITAL TERÁ PEDIDO SEGREDO SOBRE INCIDENTE COM BEBÉ

“Esconder a verdade de propósito”a ter reacções adversas aos medicamentos que lhe foram passados.

“Depois de afirmar que a prescrição era errada, o hospital pediu desculpa, mas frisou que o medicamento não fez mal à bebé. A atitude do

hospital não foi muito activa, só quando a família pediu a transferência da bebé para Hong Kong é que o hospital aceitou. Inclusivamente, o São Januário queria esconder a verdade de propósito e pediu à minha família para manter o

incidente em segredo”, acusa o pai da criança. “Sinto-me muito zangado, esta é obvia-mente uma má prática médica. Depois solicitei aos SS que publicassem o incidente para que se fizesse justiça”, referiu Chan.

Foi só após a publicação do incidente numa rede social que os SS decidiram emitir um comunicado, assegurando que já tinham sido tomadas medidas que incluíam a suspensão dos medicamentos errados e que

a transferência da recém--nascida para o Hospital Queen Mary em Hong Kong já tinha sido feita.

O pai da bebé, contudo, assegura ainda que foi ele quem descobriu que a do-sagem prescrita pelo médico – 200 mg de antibióticos – poderia ter sido fatal para a filha, tendo diminuído metade da dosagem. “Se não o tivesse feito, nem imagino qual seria o resultado.” - F.F.

Todas as operações serão efec-tuadas de forma faseada, mas ainda assim, as entidades responsáveis prevêem que haja um impacto significativo na vida das pessoas, nomeadamente na questão do trân-sito de veículos e tráfego em horas de ponta, pois algumas estradas terão que ser cortadas e os acessos interrompidos.

São vários os locais para os quais as obras estão previstas, mas sabe-se já que tanto a península de Macau, como as ilhas da Taipa e de Coloane serão afectadas, nomeada-mente em artérias principais como a Avenida Sun Yat Sen, Sidónio Pais, Ouvidor Arriaga, Almirante Lacerda. Coloane vai sofrer obras de remodelação do sistema de es-

gotos que, de acordo com U Weng Lon, chefe da Divisão de Hidráu-lica e Saneamento da DSSOPT, “estão velhos e muitos têm mais de 30 anos” de existência.

ANOS DE OBRASTodas estas operações que “vi-sam a melhoria da qualidade de vida dos residentes” têm prazos diferentes. Enquanto algumas estão pensadas para durar dois a três meses, outras podem mesmo atingir os cinco anos de duração, como é o caso da instalação do sistema de telecomunicações da empresa MTEL, cujo objectivo é conseguir atingir 90% de co-bertura do território – o equiva-lente a sete rede principais de 80 quilómetros no total –, estando neste momento com cerca de 30% de cobertura. A finalização das obras de instalação das redes está prevista para 2018 e abarcará todo o território. Até agora, a empresa conta com a cobertura de 24% de Macau, 28% da Taipa e 23% da ilha de Coloane.

Também a CEM pretende con-seguir aumentar ainda mais o valor de 94% de cobertura de electricidade registada este ano, comparando com os 73%

de 2010. A empresa de electrici-dade anunciou a abertura de dois novos locais de funcionamento de centrais eléctricas e de uma central de importação de energia eléctrica da China continental.

A Companhia de Gás Natural Nam Kwong quer também ex-pandir a sua rede de gasodutos para que mais pessoas possam ter acesso ao gás natural nas habitações. Para isso, prevê a construção de mais canos, tendo estabelecido metas para a finalização dessas obras: a empresa de gás natural espera conseguir cobrir Taipa e Coloane num total de três anos e Macau em cinco, devido “à extensão e complexidade” da península. De acordo com Cheong Chi Tan, engenheiro da empresa, as zonas de Seac Pai Van e o campus da Ilha da Montanha já contam com uma de rede de gás natural de 23 quilómetros.

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8 sociedade hoje macau segunda-feira 7.7.2014

U MA aluna universi-tária com deficiên-cia visual apelou ao Governo para alte-

rar os parâmetros utilizados no sistema de avaliação de incapacidade aos residentes, depois de ter sido considera-da portadora de deficiência mental.

Numa conferência de imprensa na semana passa-da, que decorreu na sede da Associação de Promoção dos Direitos aos Portadores de Deficiência Visual, a aluna de Administração da Universidade de São José, Ivy Kuok, explicou que os seus problemas de visão

S ÃO 18 os novos casos de SIDA registados nos primeiros cinco meses

do ano. Os números chegam da Comissão de Luta Contra a SIDA, que explica que todos os casos foram trans-mitidos por contacto sexual.

“Nos primeiros cinco meses do corrente ano foram registados 18 novos casos de SIDA, sendo 11 casos de residentes locais e sete casos de não residentes”, esclarecem os serviços em comunicado.

Segundo o presidente substituto da Comissão e Director dos Serviços de Saú-de, Lei Chin Ion, o contacto sexual ainda é, em Macau, a principal via para a transmis-são do VIH/SIDA, e por isso, “não é fácil eliminar totalmen-te o risco de infecção”.

De acordo com os servi-ços, actualmente, existem 130 infectados que estão a ser acompanhados através dos serviços de consulta externa e cujo tratamento – que inclui administração de medicamentos -, de acordo com a Comissão, “está a ter resultados satisfatórios”.

A Comissão de Luta Contra a Sida congratula--se ainda com os resultados da prevenção e combate à SIDA, acrescentando ainda que o objectivo ‘zero infec-ções’ foi quase atingido entre os toxicodependentes.

Em Macau cerca de 150 pessoas portadoras do vírus são submetidos a tratamentos com metadona que, segundo a comissão, ajuda. “Para além de contribuir para a minimi-

zação de riscos provocados pelo uso comum de seringas, pode também melhorar os comportamentos entre os toxicodependentes infectados pela SIDA”. A responsável por esta divisão, Lei Lai Peng, anunciou que está a ser planea-da a criação de mais três novos postos de metadona noutras zonas do território.

Nos primeiros cinco me-ses do ano, foram distribuí-das cerca de 3886 seringas e recolhidas 3676 seringas.

Ainda na mesma nota à imprensa a Comissão anun-cia que está a ser desenvol-vido um “plano de apoio de educação sexual ministrada pelas escolas em 2014”, com vista a apoiar as escolas na elaboração do planeamento da educação sexual. - F.A.

INVISUAIS ALUNA CONSIDERADA DEFICIENTE MENTAL QUER OUTRO TIPO DE AVALIAÇÃO

IAS “não quer melhorar os serviços”

“...espero que pessoas como eu possam receber uma boa educaçãoem vez de desperdiçarem quatro anos e apenas entrarem na faculdade depois dos 20 anos”IVY KUOK Aluna de Administração da Universidade de São José

SIDA MACAU REGISTA 18 NOVOS CASOS EM CINCO MESES

Relações perigosas

começaram aos 15 anos e que, depois de perceber que o seu estado de saúde estava a piorar, decidiu pedir ajuda à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). A instituição classi-ficou a aluna como deficiente mental e encaminhou-a para

uma escola com aulas para necessidades educativas especiais.

“Os Serviços disseram que eu tinha sido avaliada e que existiam algumas esco-las que eu poderia escolher. Eles [os professores] iriam ajudar-me”, contou Ivy numa

entrevista ao jornal Macau Post Daily, acrescentando que em momento algum teve acesso ao relatório da sua avaliação.

Depois de frequentar as aulas para estudantes com necessidades especiais, a alu-na percebeu que conseguiria frequentar o ensino comum, contrariamente ao que os professores a aconselhavam.

Questionada pelo jornal sobre a possibilidade de levar o caso a tribunal, a aluna reforçou que o mais importante é a melhoria da avaliação do grau e tipo de deficiência para que outros portadores de deficiência visual não sejam vítimas de uma situação idêntica.

“Existem problemas no sistema de avaliação mas eles [DSEJ] não estão dis-postos a mudar. Eu espero que pessoas como eu possam receber uma boa educação em vez de desperdiçarem quatro anos e apenas entra-

possível espaço para o centro de apoio entrou em contacto com o IAS, mas a resposta tar-dia dos serviços fez com que outra associação conseguisse o arrendamento primeiro.

“Não acredito que eles [IAS] queiram melhorar os serviços. Ninguém presta o tipo de serviços que nós prestamos em Macau. Somos os primeiros, portanto isto é como se fosse uma chapada na cara”, disse Cheong.

Ao canal chinês da Rádio Macau, o IAS confirmou que em Março recebeu o pedido da associação e que depois de verificar a viabilidade do lo-cal deu luz verde à ocupação. O IAS explicou, contudo, que em paralelo a este pedido houve outra associação que mostrou interesse no espaço, mas que a escolha beneficiou a associação de Cheong. Po-rém, explicam os serviços, se a loja foi arrendada por outra associação foi uma decisão do proprietário do espaço e em nada pode intervir.

Cheong não concorda e suspeita mesmo que o IAS dá prioridade a umas associações e negligencia outras, sendo que o responsável não exclui participar os casos ao Comis-sariado contra a Corrupção (CCAC). Cheong considera que o apoio aos deficientes visuais em Macau ainda man-tém o nível dos anos 1960, não sendo possível dar uma “verdadeira ajuda” aos cegos, para que estes consigam ser independentes e não um peso na sociedade. - HM

Ivy Kuok é portadora de deficiência visual mas foi aconselhada a frequentar uma escola para necessidades educativas especiais, quando, segundo a jovem, conseguiria frequentar o ensino comum. Albert Cheong, presidente da Associação de Promoção dos Direitos aos Portadores de Deficiência Visual, lança críticas ao IAS

rem na faculdade depois dos 20 anos”, disse.

IAS CRITICADOO presidente da Associação de Promoção dos Direitos aos Portadores de Deficiência Vi-sual, Albert Cheong afirmou na mesma conferência que o apoio prestados aos invi-suais em Macau quase não existe, criticando o Instituto de Acção Social (IAS) pela forma como tem lidado com o pedidos da associação para criar um centro de apoio.

Albert Cheong afirmou que depois de encontrar um

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9CHINAhoje macau segunda-feira 7.7.2014

A Chanceler alemã, Angela Merkel, iniciou ontem a sua sétima visita

oficial à China em apenas nove anos, ilustrando a crescente aproximação entre Pequim e Berlim, sobretudo na área económica.

“As relações China-Ale-manha estão a atravessar o me-lhor momento da sua história, fortemente sustentadas pela pragmática cooperação entre as duas potentes economias”, diz um comentário difundido pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Segundo alguns analistas, as relações sino-germânicas serão mesmo caracterizadas por uma “simbiose econó-mica”.

“A Alemanha fornece à China produtos que ela neces-sita para a sua industrialização, nomeadamente máquinas. Por outro lado, os artigos chineses de consumo com preços muito razoáveis têm grande procura na Alemanha”, disse Sebas-tian Heilmann, presidente do Mercator Institute for China Studies (MERICS) à radio Deutsche Welle.

P ELO menos cinco dos organiza-dores da marcha pela democracia que em 1 de Julho juntou centenas

de milhares de pessoas nas ruas de Hong Kong foram detidos sexta-feira pela polícia.

A Frente Civil para os Direitos Hu-manos, que organiza a marcha anual, indicou que cinco dos seus membros foram detidos por obstrução e vio-lação das condições definidas pelas autoridades para o protesto, informou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Os organizadores da marcha de 1 de Julho – data da transferência da sobe-rania de Hong Kong do Reino Unido para a China – indicaram que 510 mil pessoas saíram à rua, na que foi consi-derada a manifestação mais participada da década. A polícia estimou o número

de participantes em cerca de 100 mil, com base no número de pessoas que se concentraram no ponto de partida, o Parque Vitória.

Os números do protesto de terça-feira continuam, contudo, a gerar controvérsia, com o jornal South China Morning Post a avançar na sua edição de sexta-feira o resultado de um estudo independente que comissionou e que estima em 140.408 o universo de participantes da marcha. Dois académicos da Universidade de Hong Kong estimaram a participação na marcha em entre 122 mil e 172 mil pessoas, refere o mesmo jornal.

A marcha de 1 de Julho teve como principal mote a reivindicação de de-mocracia plena em Hong Kong e menos interferência nos assuntos locais por parte de Pequim.

O protesto seguiu-se à publicação

do “livro branco” de Hong Kong, em que o Governo Central reafirma o seu controlo e soberania sobre o território, e ao encerramento da votação num referendo informal de dez dias sobre a reforma democrática, o qual contou com a participação de mais de 780 mil residentes de Hong Kong, quase um quarto dos 3,47 milhões de eleitores registados em 2012. A imprensa ofi-cial chinesa atacou, por várias vezes, o referendo informal, considerando-o ilegal, anti-patriótico e motivado pela “paranóia política”.

O referendo, que pedia aos resi-dentes da antiga colónia britânica para escolherem um de três métodos de eleição do próximo chefe do Governo, em 2017, foi lançado pelo movimento pró democrata “Occupy Central”, nome do distrito financeiro de Hong Kong.

Xinjiang Mineiros encurralados Pelo menos 17 mineiros ficaram encurralados na sequência de uma explosão de gás numa mina de carvão na província de Xinjiang, informou ontem a agência oficial Xinhua.O incidente foi registado às 20h43 de sábado quando estavam no interior da mina cerca de 20 trabalhadores, dos quais três foram resgatados. As causas da explosão não são conhecidas. A mina fica situada a 120 quilómetros da capital da província de Xinjiang, Urumqi, e pertence à empresa Dahuangshan Yuxin, propriedade de uma organização paramilitar.

Fábrica de electrónica suspensapor empregar menores

Angela Merkel volta à China no melhor momento da história das relações entre as duas nações, segundo a Xinhua. A viagem inclui uma comitiva empresarial com executivos de algumas das maiores companhias alemães

MERKEL SÉTIMA VISITA CONFIRMA APROXIMAÇÃO PEQUIM-BERLIM

“Simbiose económica”

1,16bilião de patacas, comércio sino-alemãoem 2013

Pelas contas chinesas, em 2013 o comércio sino--alemão somou cerca de 1,16 bilião de patacas, colocando a Alemanha no sexto lugar dos parceiros comerciais da China, a seguir aos Estados Unidos, Hong Kong, Japão, Coreia do Sul e Taiwan.

A visita de Merkel co-meça em Chengdu, capital da província de Sichua, no sudoeste do país.

Em Pequim, além do homólogo chinês, Li Ke-qiang, a chanceler alemã vai encontrar-se com o Presidente Xi Jinping, que é também secretário-geral do Partido Comunista, e com

o presidente da Assembleia Nacional Popular (parla-mento), Zhang Dejiang.

A visita, de três dias, irá “ampliar a confiança política mutua”, “alargar a coopera-ção bilateral” e “elevar para um novo patamar a parceria estratégica” entre a China e a Alemanha, disse um porta--voz do ministério chinês

dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei.

Merkel viaja com uma delegação empresarial que inclui executivos de algumas das maiores companhias ale-mães, entre as quais Volks-wagen, Siemens, Deutsche Bank e Lufthansa.

Vários acordos de coope-ração deverão ser assinados durante a visita, anunciou a Xinhua sem adiantar por-menores.

No conjunto, o comércio sino-alemão representa qua-se um terço de todas as trocas comerciais entre a China e o conjunto da União Europeia.

A Alemanha é igualmente o maior investidor europeu na China e um dos principais destinos do crescente investi-mento chinês na Europa.

Angela Merkel assumiu a chefia do Governo alemão em 2005 e desde então já visitou a China seis vezes.

Os líderes chineses são também visitantes assíduos da Alemanha. O presidente Xi Jinping foi recebido em Berlim em Março passado e o primeiro-ministro, Li Keqiang, em Maio de 2013.

HONG KONG DETIDOS CINCO ORGANIZADORES DA MANIFESTAÇÃO DE 1 DE JULHO

Obstrução às regras

AS autoridades chi-nesas suspenderam

temporariamente a acti-vidade de uma fábrica da cidade de Dongguan, na província de Cantão, no sul da China, por empregar 196 menores de idade, informou no sábado a televisão estatal CCTV.

Os funcionários tinham menos de 16 anos – a ida-de mínima na China para trabalhar – e alegadamente utilizaram documentos fal-sos para obterem trabalho na fábrica da empresa Guang Gu, especializada em produ-tos de electrónica. Segundo o jornal local Guangzhou Daily, os adolescentes tra-balhavam mais de 11 horas por dias e ganhavam 8,5 yuan à hora.

Depois de descoberta a

ilegalidade, as autoridades enviaram os jovens para as suas localidades de origem, já que a maioria era prove-niente de zonas rurais das províncias limítrofes de Hunan e Guangxi. Um dos gerentes da fábrica disse ao jornal que “não podia com-provar” a autenticidade dos documentos de identifica-ção que os menores facili-taram e acusou as empresas de emprego locais de lhes facultarem autorizações de residência e outros docu-mentos falsos. Os grupos que defendem os direitos dos trabalhadores na China afirmam que o trabalho infantil e juvenil é uma prática “habitual” no país e atribuem o fenómeno à fra-ca vigilância e controlo das administrações locais.

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LUSA

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Neymar Vontade de estar no banco frente à Alemanha O avançado Neymar, que vai perder o resto do Mundial’2014 devido a uma lesão, foi convidado pelo seleccionador Luiz Felipe Scolari a estar no banco do Brasil, na terça-feira, no jogo das meias-finais, frente à Alemanha. “Convidámos Neymar para estar no banco”, revelou Scolari numa entrevista à televisão Globo, no sábado à noite, sublinha do que a presença do jogador junto dos companheiros depende do aval dos médicos que acompanham a sua recuperação, na sequência da fractura da terceira vértebra lombar no jogo dos quartos de final, com a Colômbia. “Por ele, estará connosco, mas depende dos médicos”, disse Scolari. Por outro lado, a selecção brasileira vai voltar a receber a visita da psicóloga Regina Brandão, na sequência da lesão que afastou Neymar e após o falecimento do avô de Marcelo. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou em comunicado que a psicóloga deve encontrar-se com os jogadores na Granja Comary, “quartel-general” da selecção, em Teresópolis, “para dar continuidade à planificação traçada antes do início do Mundial”.

Robben «Sofri todo o tipo de placagens de râguebi» O jogo com a Costa Rica foi a gota que fez transbordar a paciência de Arjen Robben para com a impetuosidade dos adversários. «Estou cansado dos insultos. Neste jogo sofri todo o tipo de placagens de râguebi», disparou o extremo holandês. O sentimento de revolta, porém, passa para segundo plano quando comparado com a euforia pelo apuramento da formação laranja para as meias-finais do Mundial. «Foi o triunfo do futebol. A Costa Rica chegou uma vez à nossa baliza em 117 minutos. O espírito de luta é a nossa arma, acredito que podemos chegar longe», afiançou Robben.

Navas «Saímos de cabeça levantada» Keylor Navas, uma das grandes figuras da Costa Rica no Mundial do Brasil, garantiu que a formação centro-americana só tem razões para sair orgulhosa da competição.”Não perdemos um único encontro e apenas acabámos eliminados nos penáltis. Todos fizemos um bom trabalho e saímos daqui de cabeça bem levantada”, afirmou o jogador após o encontro dos quartos-de-final diante da Holanda, que ditou a eliminação costa-riquenha.

Brasil Marcelo perde o avô mas mantém-se concentrado na seleção Marcelo perdeu o seu avô, Pedro Vieira da Silva Filho, durante a madrugada de sábado. Apesar de estar autorizado a juntar-se aos familiares, o lateral esquerdo optou por permanecer concentrado com a seleção brasileira em Granja Comary. A imprensa brasileira conta que, no dia 18, Marcelo aproveitou a folga para visitar o avô no hospital. Pedro da Silva Filho, que tinha um tumor, estava com pneumonia e o seu estado de saúde já era considerado grave. O avô do lateral foi sempre um grande apoio, sendo mesmo uma das pessoas que mais o incentivou na sua carreira de futebolista - costumava levá-lo para os treinos quando era criança. O jogador publicou uma foto com o avô, na sua conta no Instagram. «Meu héroi... Hoje o céu ganhou mais uma estrela», escreveu. Recorde-se que Scolari perdeu dois familiares desde o início da preparação para o Mundial . Primeiro o cunhado e duas semanas depois um sobrinho.

Fernando ficou «muito feliz» pelo interesse da selecção portuguesaFernando confessou a «felicidade» que sentiu por saber que a seleção portuguesa contava ter o seu contributo. Não tendo o médio brasileiro sido autorizado pela FIFA a representar Portugal, o «polvo» acredita que a mudança do FC Porto para o Manchester City pode ser uma nova etapa para que as portas do escrete se abram agora. O jogador reconhece em entrevista ao jornal «O Jogo» que «foi [duro]» não poder representar Portugal «porque tinha muitas expectativas de poder ir» e «sabia que tinha essa oportunidade». «Não aconteceu», lamentou. «Mas também fico muito feliz por saber que a Seleção me queria. Era uma porta que tinha aberta, mas infelizmente já tinha jogado pelos sub-20 do Brasil. Pronto, fico a torcer por Portugal nos próximos Mundiais e Europeus», garantiu Fernando dizendo que nunca falou com Paulo Bento sobre o assunto: «Não falei com ele. Acompanhei tudo através do meu empresário. Sabia apenas que havia interesse em que eu representasse a Seleção.»

MARCO [email protected]

B RASIL, Alemanha, Argentina e Holan-da. Uma das quatro formações irá fes-

tejar no próximo domingo a conquista da maior prova mundial de futebol e se para três das selecções o triunfo no certame pouco mais seria que o reavivar de glórias antigas, para a única das formações que nunca conquistou o troféu – a Holanda – uma final em pleno Maracanã, mais do que uma batalha pela conquista de uma das maiores honras desportivas do planeta, confrontaria os comandados de Louis van Gaal com a oportunidade de exorcizar de uma vez por todas uma das maiores mal-dições do desporto-rei.

A Holanda é provavel-mente a maior equipa que nun-ca o foi. Com um triunfo no Campeonato da Europa de fu-tebol (em 1988) e três derrotas no desafio mais apetecido do planeta, a selecção holandesa de futebol encantou o mundo na década de 70, sob a batuta do maestro Johan Cruyff e há quatro anos, na África do Sul,

HOLANDA, ALEMANHA, ARGENTINA E BRASIL DISCUTEM ACESSO À FINAL

A mecânica amarga da derrota ou o eterno outsidervoltou a deslumbrar com um futebol rápido e inebriante que acabaria por ruir apenas às mãos da extenuante Espanha.

QUATRO MAGNÍFICOSNo Brasil, nem as melhores expectativas dos adeptos mais meticulosos conseguiriam agrupar num mesmo lote tão promissor quatro das equi-pas mais espectaculares do mundo. As meias-finais da vigésima edição da fase final do Mundial prometem ser épicas, à medida de um Cam-

peonato do Mundo que se tem revelado fértil em golos e em grandes partidas de futebol. Em campo, na quarta-feira, no Mineirão, e no dia seguinte, na Arena Corinthians quatro das melhores formações da actualidade.

No primeiro confronto, o Brasil, do gigantesco David Luíz – o antigo defesa do Benfica capitaneará o “es-crete” na ausência de Thiago Silva – esgrime argumentos com a rigorosa Alemanha, num jogo que reedita a partida

que garantiu ao Brasil o seu último título mundial. Há doze anos, a 30 de Junho de 2002, a formação “canarinha”, en-tão como hoje, orientada por Luíz Felipe Scolari alcançou o seu quinto título de campeã do Mundo, com dois golos de Ronaldo Nazário de Lima.

Na quinta-feira, Holanda e Argentina reeditam uma outra final, a de 1978. A jogar em casa, a Argentina não deixou créditos por mãos alheias e garantiu a conquista do seu primeiro título de campeã

Holanda

Argentina Brasil

MUNDIAL hoje macau segunda-feira 7.7.2014

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11 mundial

DADOS DOS JOGOS

HOLANDA, ALEMANHA, ARGENTINA E BRASIL DISCUTEM ACESSO À FINAL

A mecânica amarga da derrota ou o eterno outsiderdo Mundo, mas a “laranja mecânica” holandesa vendeu cara a derrota. A selecção das pampas só no prolongamento conseguiu garantir a vitória, depois de nos noventa minu-tos regulamentares Kempes e Nanninga terem decretado uma igualdade a um golo. Nos trinta minutos de prolonga-mento, a Argentina revelou-se mais fortes: Mario Kempes fez pela segunda vez o gosto ao pé, antes de Bertoni de-cretar, de uma vez por todas, por encerrada a contenda,

ao apontar, a cinco minutos do fim, o terceiro golo dos argentinos.

UMA DEZENA DE TÍTULOAo todo, no Mineirão e na Arena Corinthians, estarão em campo dez títulos mundiais: os cinco do Brasil, os três da Ale-manha e os dois da Argentina. O balanço até poderia ser mais lato, se fossem contabilizadas as finais perdidas pela Holan-da, a última das quais acres-centaria um décimo primeiro troféu ao balanço.

Promissoras quanto baste, as meias-finais do Campeona-to do Mundo do Brasil podem decretar uma final ainda mais emocionante. Se Argentina e Alemanha se enfrentarem no encontro decisivo da competição irão reeditar um dos duelos mais intensos do mundo do futebol.

A Mannschaft e a selecção alviceleste já se encontraram por duas vezes na final de um Mundial: em 1986, no México, a Argentina levou a melhor, mas quatro anos depois, em Itália, os alemães vingaram o desaire com um triunfo pela margem míni-ma, com um golo apontado a partir da marca de onze metros por Andreas Brehme a cinco minutos dos noventa regulamentares.

Se a sorte ditar que ale-mães e holandeses sejam os finalistas, os pupilos de Louis Van Gaal terão uma oportuni-dade de luxo para saldar uma das suas mais amargas der-rotas, a sofrida pela “laranja mecânica” de Johan Cruyff no encontro decisivo da edição de 1974 do Campeonato do Mundo de Futebol.

Apesar de não reeditar nenhum encontro de peso

similiar às grandes batalhas já esgrimidas por argentinos e holandeses ou por argenti-nos e alemães, uma disputa entre holandeses e brasileiros ofereceria à grupo de trabalho orientado por Louis Van Gaal a oportunidade de vingar três derrotas em fases finais do Campeonato do Mundo. Um triunfo contra o Brasil em pleno Maracanã afigurar-se ia mais do que suficiente para exorcizar a amarga sina.

No entanto, a mais apete-cida das finais seria mesmo entre Brasil e Argentina, um desafio com uma carga emotiva tão densa que trans-formaria o relvado do Estádio Mário Filho no palco de uma das maiores batalhas futebo-lísticas de todos os tempos. E se o Brasil chega desfalcado de Neymar às meias-finais, a Argentina também perdeu uma das suas referências, com a lesão de Angel di Maria. Se a alvi-celeste tem Messi, a “canarinha” tem Da-vid Luiz. Para que o prémio se faça merecido, o Brasil tem de mostrar que é superior à Alemanha e a Argentina tem de levar a melhor sobre a Holanda. Os dados estão lançados.

Alemanha

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12 DESPORTO hoje macau segunda-feira 7.7.2014

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M ELHOR era impossível. O onze da Casa do Sport Lisboa

e Benfica de Macau adicionou ontem à conquista da edição de 2014 da Liga de Elite o triunfo no encontro decisivo da Taça da Associação de Futebol do território. Com a vitória alcançada frente ao Clube Desportivo Monte Carlo, a formação orientada por Bru-no Álvares garantiu um feito pouco habitual, ao assegurar não apenas a revalidação do triunfo alcançado há um ano frente ao Ka I, mas também uma quase inédita dobradinha. Apenas o rival que as águias defrontaram na final de há um ano fizeram igual durante o período de três temporadas em que dominou o futebol do território: em 2010, o Windsor Arch Ka I surpreendeu, ao juntar ao seu primeiro título de campeão de Macau a con-quista da Taça da Associação de Futebol com um triunfo alcançado sobre o Lam Pak, na decisão a partir da marca de onze metros.

Ontem, no relvado do está-

BENFICA DERROTOU MONTE CARLO NA FINAL DA TAÇA

Dobradinha e época em cheiodio da Taipa, noventa minutos bastaram para encontrar um vencedor. Mais estruturada e mais expedita na saída para o ataque, a formação da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau impediu que o Clube Desportivo Monte Carlo salvasse a temporada, ao impôr-se ao conjunto orientado por William Chu por dois golos sem resposta. A partida entre águias e canários prometia equílibrio e foram duas equipas cautelosas as que se fizeram ao encontro no relvado do principal estádio do território. Ao Monte Carlo pertenceu a primeira oportu-nidade de perigo da partida, numa pragmática tentativa de ataque que Rui Nibra resolveu de forma providencial, ao antecipar-se ao dianteiro da formação adversária.

DEFESA DESASTRADAO Benfica respondeu pouco depois, com Bruno Martinho

a controlar um cruzamento à entrada da área do Monte Carlo e a visar a baliza do veteraníssimo Domingos Chan com um remate à

meia volta. A execução do dianteiro encarnado deixou a desejar e a bola escoou-se para além da linha final qua-se sem incomodar o guardião “canarinho”.

Rui Nibra voltou a dar nas vistas à passagem do primeiro quarto de hora de jogo, ao reter com seguran-ça um livre directo apontado pouco para além da linha do meio campo. A falta de eficácia da linha avan-çada de ambas as equipas acabou por retirar alguma magnitude ao encontro e a monotonia só acabaria por se dissolver ao vinte e muitos minutos, depois do Benfica se abeirar do golo, num remate certeiro de Vinício Morais Alves a que Domingos Chan responde com uma defesa atenta.

O Monte Carlo respon-deu quase de imediato, numa acção rápida de ataque concluída por Anderson Braz. Atento na baliza do onze encarnado, Rui Nibra negou o primeiro tento do encontro aos comandados de William Chu. O primeiro golo da partida acabaria por aparecer aos 28 minutos, num lance em que a defesa da formação “canarinha” acaba por não ficar bem na fotografia. Julio César não consegue afastar um cruza-mento nas melhores condi-ções e deixa o esférico ao alcance de Nicholas Torrão. O avançado, internacional com a camisola do Lótus, não se faz rogado e inaugura o marcador.

O tento teve o condão de despertar o onze orientado por Bruno Álvares. Muito activo na frente de ataque, o brasileiro Fabrício Lima quase apontou o segundo da formação encarnada pouco depois, ao rematar sobre a barra da baliza do Monte Carlo, pressionado por dois adversários. A formação orientada por William Chu só na recta final da primeira

parte conseguiu responder na mesma moeda, com Chan Man a colocar à prova os instintos de Rui Nibra na cobrança de um livre--directo de longa distância. Atento na baliza do Benfica, o guarda-redes português negou o golo do empate ao emblema presidido por Rafael Mendonça. VERMELHOS INCONFORMADOSNa etapa complementar, o Benfica voltou a ser a for-mação mais inconformada, mas foi o Monte Carlo quem primeiro voltou a rondar com perigo o último redu-to do adversário. Atento, Nibra resolveu sem gran-des prerrogativas sempre que para tal foi solicitado, garantindo a tranquilidade defensiva necessária à for-mação orientada por Bruno Álvares. O Benfica contro-lou o andamento do desafio quase a seu bel prazer, sem percalços dignos de nota e arrumou a contenda a vinte minutos do termo dos no-venta regulamentares, numa grande iniciativa pessoal de Fabrício Lima. O extremo brasileiro recebeu no lado esquerdo do ataque encar-nado, valsou à frente de dois defesas adversários e destrui com um poderoso remate as esperanças do Monte Carlo, ao bater Domingos Chan pela segunda vez. Triunfo sólido dos novos campeões de futebol de Macau, numa época de boa memória para os comandados de Bruno Álvares.

Com a vitória alcançada frente ao Clube Desportivo Monte Carlo, a formação orientada por Bruno Álvares garantiu um feito pouco habitual, ao assegurar não apenas a revalidação do triunfo alcançado há um ano frente ao Ka I, mas também uma quase inédita dobradinha

MARCO [email protected]

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Marcelo GalliIN REVISTA FILOSOFIA

GILLES LIPOVETSKY“A PÓS-MODERNIDADE NÃO EXISTE”

A pós-modernidade nunca existiu, pelo menos termi-nologicamente. Essa é a opinião do filósofo francês

Gilles Lipovetsky. Segundo o filósofo, o que é convencionalmente chamado de pós-moderno, na verdade, pode ser mais correctamente classificado de hi-per-modernidade, ou seja, a afirmação e prevalência de maneira incontestável e praticamente universal dos valores modernos (democracia, liberdade indi-vidual, livre mercado, etc.). “É impos-sível pensar o que seria pós-moderno. Pode-se imaginar um sistema futuro que poderá conciliar os imperativos da Economia com os da Ecologia, por exemplo, mas isso não seria pós-mo-derno, mas sim outra face da moderni-dade”, explica.

Diz que não é correcto falarmos que vivemos a pós-modernidade e empre-gou o conceito de “hiper-modernida-de”. Mas o que seria, uma sociedade pós-moderna? Qual seria a sua dinâ-mica?Acredito que temos sociedades cada vez mais hiper-modernas. A moder-nidade já passou em algum sentido, porque o seu princípio organizacional, a tecnociência, o mercado e a demo-cracia são cada vez mais constituições do nosso mundo. Por isso que não é possível falar actualmente de sociedade pós-moderna, não consigo imaginá-la. Pode-se pensar em um sistema futuro que poderá conciliar os imperativos da Economia com os da Ecologia, por exemplo, mas isso não seria pós-mo-derno, mas sim outra face da moderni-dade.

Na sua opinião, o que tem a Filosofia actualmente deixado de abordar, re-flectir, criticar?A Filosofia hoje já não tem a necessida-de de antigamente de um maître à penser, da via activa que defende as grandes questões morais, políticas, sociais, ou que defende os povos colonizados ou luta contra o imperialismo. Essas gran-des figuras intelectuais que lutam pelas grandes coisas, os grandes combates, não são mais úteis porque vivemos em sociedades educadas: as pessoas são formadas, têm acesso a informações pela imprensa ou internet. Os filóso-fos hoje devem pensar o mundo na sua complexidade e por meio de duas coi-sas essencialmente: fazer pensar o pre-

sente de longa duração, compreender a história do presente e, em segundo lugar, apontar os paradoxos da nossa época. Eu não vejo mais a necessidade de engajamento dos filósofos.

De acordo com essa perspectiva, podemos então dizer que vivemos a época da “hiper-relatividade”? Porque há sempre resistência quando as coi-sas parecem generalizadas.Sim, existe sempre um paradoxo por-que vivemos num mundo contraditório

É muito complicado, existem muitas coisas envolvidas. Escrevi um livro para descrevê-la chamando de “hiper-con-sumista”, isto é, que consome de uma maneira “hiper-individualizada”. Ela é baseada nos indivíduos e não mais na família, por exemplo, como no caso do telefone. Cada membro da família tem um telefone actualmente, até mesmo as crianças, e isso pode ser estendido aos computadores e máquinas fotográficas, etc. Portanto, cada vez mais por meio do “hiper-consumismo” cada indivíduo pode construir a sua vida de uma ma-

(conttinua na próxima página)

“AS CLASSES SOCIAIS AINDA EXISTEM, HÁ CADA VEZ MAIS OS MAIS RICOS E OS MAIS POBRES E GRANDES INJUSTIÇAS”

e complexo. Por isso eu acredito que a Filosofia esteja aí não para dar lições, porque a sociedade é individualista, mas inteligência para a compreensão do mundo e esclarecer de que forma vivemos. Não temos mais as grandes religiões, os grandes sistemas políticos que dão o sentido geral da vida, esta é a razão pela qual precisamos da Filosofia.

O que é a nova sociedade de consu-mo e o papel da felicidade na sua di-nâmica?

neira mais autónoma e livre, porque se é menos tributário do ponto de vista colectivo.

Isso ocorre em todas as classes so-ciais?O “hiper-consumo” é igualmente res-ponsável pelo desaparecimento da cul-tura de classes. Nas favelas, por exem-plo, mesmo os pobres conhecem as marcas de luxo, acompanham a moda, sabem de marcas conhecidas e querem viajar em férias por causa da publici-dade e da televisão. As classes sociais ainda existem, há cada vez mais os mais ricos e os mais pobres e grandes injus-tiças, porém, ao mesmo tempo, todos têm o mesmo ponto de referência. E aqui surgem alguns problemas, porque os pobres desejam ter um carro, viajar, consumir marcas famosas e se frustram porque nem sempre têm dinheiro. Cria-se, dessa maneira, uma sociedade da frustração.

A crise económica de finais de 2008 mudou algo desse panorama?Acredito que não. Existe a crise e esta alterou o nível de consumo, o merca-do perdeu sua legitimidade. Parece que surge uma economia mais sóbria,

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os consumidores se tornam mais sábios e racionais, ou seja, consomem menos. Acredito que essa prudência seja algo conjuntural devido à crise. Mais do que nunca, os consumidores de hoje que-rem novidades, que são como estimu-lantes da existência.

Qual é actualmente a grande decep-ção das pessoas?Há uma decepção política permanen-te. Veja, após a realização de eleições, as pessoas ficam decepcionadas muito rapidamente, insatisfeitas com os per-sonagens políticos, pensam que a Po-lítica é impotente. Há também muita decepção com a vida privada, obser-ve a desestruturação das famílias, os divórcios, ou seja, é difícil viver em família. Há também insatisfação com a vida cultural. No caso da televisão, o capitalismo cultural produz muitos produtos, programas, filmes e música, e o gosto das pessoas é individualizado. Não acontece mais como na sociedade tradicional, quando as pessoas consu-miam as mesmas coisas. Os gostos hoje são bem diferentes.

Porém, essa decepção generalizada não seria ela mesma o motor para a mudança?Sim, porque as empresas, os criadores, também prestam atenção às mudanças de gostos. Provavelmente a decepção é útil ao sistema capitalista.

É, muito perigoso, é o fenómeno da decepção com a democracia, não é?Há uma decepção democrática por um lado, mas ao mesmo tempo não se vis-lumbra outra coisa senão a democracia. E essa insatisfação está ligada de algu-ma maneira ao fenómeno da mundia-lização, principalmente na Europa. Na China não há decepção com a mundia-lização, por outro lado, para eles, ela é uma oportunidade, e o mesmo serve para o Brasil. O Brasil e os países latino-americanos podem apontar ao mundo uma nova alternativa de modo de viver e de fa-zer? Uma nova visão de mundo?De modo de viver e fazer, não tenho certeza. Culturalmente, provavelmen-te, veja o sucesso da música brasileira e de filmes argentinos. Agora, visão de mundo, a América Latina é liberal ac-

tualmente. Mesmo o presidente Lula, que veio da extrema esquerda, não fez a revolução. Não estou certo de que haja uma visão de mundo latino-americana diametralmente diferente da realidade. Todos os países da região, menos a Ve-nezuela de Hugo Chávez, vivem sob o liberalismo. Vive-se sob o domínio da democracia e do capitalismo neolibe-ral. O problema é que naqueles países há também corrupção, problemas com o narcotráfico e violência.

A construção do feminino é ainda um monopólio masculino?Isso é uma coisa que tem mudado bastante. As mulheres não têm mais a obrigação de casar-se, ter filhos ou cui-dar da casa. Elas podem fazer parte da Política ou criar uma empresa, já não são os homens que decidem o que elas devem ou podem fazer. Aliás, são elas que pedem mais o divórcio. Não diria que foi uma revolução completa, existe muita coisa que se mantém, mas para as questões essenciais da vida em relação à família, trabalho, Política ou cultura há um espaço enorme de liberdade.

A moda actualmente é uma forma de libertação, inovação, ou tornou-se, desculpe pelo trocadilho, uma camisa de força?A moda, falo da roupa, para ser preciso, é muito menos importante hoje do que antigamente. Por meio das roupas não é possível saber se uma pessoa é pobre ou rica. O corpo sim é mais importan-te, leve em conta a cirurgia plástica e academias. Antes, a moda possibilitava para as pessoas expressarem sua classe social. Hoje, por outro lado, é mais importante parecer mais jovem do que mais rico. Para muitas mulheres é mais importante fazer regime do que com-prar um vestido. A moda não tem mais a centralidade social de outrora.

Após quase três décadas de hiper--modernidade, já fez uma análise re-trospectiva. Quero dizer, ganhámos ou perdemos? Trouxe mais malefícios ou benefícios?Podemos analisar essa questão de dois pontos de vista diferentes. Com

a hiper-modernidade e a globalização perdemos bastante, porque surgiram novos poderes que interferem nas nos-sas vidas, em particular mercados de trabalho muito competitivos; as pes-soas perdem mais facilmente seus em-pregos. Há muita ansiedade e stresse no mundo do trabalho. Dessa maneira, a hiper-modernidade aumenta muito a ansiedade dos indivíduos, tanto na es-fera económica quanto, principalmen-te, na vida privada. A Europa está com dificuldade de crescer, mas países como a China e até o Brasil estão a sair-se bem. Por isso, é preciso ver a questão na sua totalidade. De outra maneira, no aspecto da vida privada, a hiper-mo-dernidade foi útil em dois aspectos: as pessoas são mais livres, pode-se ou não casar, os homossexuais estão aí, e isso é positivo; ao mesmo tempo, a vida in-dividual ficou muito difícil, porque há muita decepção, a comunicação entre as pessoas tornou-se difícil, há mui-to sentimento de solidão. Ao mesmo tempo, as pessoas viajam e estão na in-ternet, comunicando com muitas pes-soas. A hiper-modernidade é positiva e negativa, depende do grupo social ao qual se pertence. Para as categorias so-ciais pouco flexíveis, a mundialização é muito difícil. Na hiper-modernidade, as pessoas devem ser mais móveis, ter a capacidade de se adaptar; para quem não consegue fazer isso, a hiper-mo-dernidade torna-se difícil. Mas para as pessoas que são flexíveis e têm a capa-cidade de mudar de actividade, é uma oportunidade.

Apesar de citar vários filósofos e pen-sadores nos seus livros, há algum de sua preferência?Não. Eu nem sempre fui compreendido na França por ser muito eclético. Não me identifico com uma Filosofia em particular. Eu gosto de todos os gran-des pensadores, todos eles me cativam, mas meu trabalho não é de comentar uma disciplina ou escola filosófica. Li bastante Marx, Freud, Nietzsche, Toc-queville, são pensadores muito impor-tantes, mas diferentes entre si. Em cada um me interessa algo que aproveito no meu trabalho.

“HÁ UMA DECEPÇÃO DEMOCRÁTICA POR UM LADO, MAS AO MESMO TEMPO NÃO SE VISLUMBRA OUTRA COISA SENÃO A DEMOCRACIA”

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1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013, <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.Localização dos terrenos:- Avenida da República, n.ºs 32 a 34, em Macau;- Avenida do Infante D. Henrique, n.ºs 7 a 23 e

Avenida Dr. Mário Soares, n.ºs 263 a 303, em Macau, (Edifício Kuan Fat Fa Yuen);

- Avenida de Lopo Sarmento de Carvalho, n.ºs 94 a 104 e Praça de D. Afonso Henriques, n.ºs 3 a 33, em Macau;

- Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.ºs 51 a 107, Pátio do Túnel, n.ºs 23 a 37 e Estrada de

S. Francisco, n.ºs 1 a 3, em Macau, (Edifício Millionaire Garden);

- Rua de Xangai, n.ºs 148 a 182H e Rua de Pequim, n.ºs 153 a 183I, em Macau, (Edifício Marina Plaza).

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.Aos, 12 de Junho de 2014.

A Directora dos Serviços de Finanças,Vitória da Conceição

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

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15EVENTOShoje macau segunda-feira 7.7.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

U M modelo de raça negra a envergar modelos de alta costura, enquanto

percorre sozinho a muralha da China. Ou então, na his-tórica praça de Tiananmen, o modelo militar, no meio dos soldados. À volta, o silêncio e a ausência da multidão.

O cenário é improvável, mas é aquele que o público poderá ver na próxima expo-sição do fotógrafo português Nuno Veloso, intitulada “Vagabundo Global” (The Global Wanderer). A partir do dia 10 de Julho, e até ao dia 26, a Creative Macau terá imagens de moda que se cruzam com o cenário da velha Pequim.

“A exposição foi toda desenvolvida em Pequim em vários sítios icónicos da cultura chinesa. É um trabalho que junta um pou-co a fotografia de autor e a fotografia de moda”, conta o fotógrafo ao HM.

“O modelo que fotogra-fei é negro e é aí que entra o choque, o vagabundo, o viajante, o choque entre duas culturas. Nas imagens vê-se que ele está atento à fotografia e não tem nin-guém à volta dele. Foi difícil e desafiante fotografar sem

FOTOGRAFIA NUNO VELOSO NA CREATIVE MACAU

A moda na velha e tradicional Pequim

“A exposição, em si, tem a ver com Macau. É aquele sítio chinês que está cheio, e cada vez mais, de culturas e pessoas diferentes, de estrangeiros”

ninguém estar atrás. Então o título [da exposição] é mes-mo isso, ter uma pessoa de uma cultura completamente diferente a experienciar espaços que não têm nada a ver com a sua cultura. Ao mesmo tempo as fotografias conseguem transmitir uma paz e harmonia entre os dois”, disse ainda Nuno Veloso.

Do público, o fotógrafo espera, sobretudo, reacções. “Gostava que as pessoas espicaçassem um pouco, que questionem, falem, debatam. Não sou muito a favor das pessoas que olham para uma fotografia e que dizem ‘oh, que bo-nito’, e que depois passam para a seguinte. Gostava que as pessoas vissem os elementos da composição fotográfica, sem esquecer o facto de termos uma fo-tografia de moda sem ser considerada com glamour”, contou ao HM.

EXPOSIÇÃO JÁ PASSOU PELO PORTOAs imagens da “Vagabundo Global” fazem parte de um trabalho que o autor fez para uma revista de Hong Kong, sendo que o modelo enverga roupas de alta costura. Todo o trabalho foi feito em 2011, tendo já sido exposto numa galeria no Porto. Agora é

foi director de arte de uma operadora de jogo durante três anos. Agora resolveu abrir uma empresa própria, a Core Productions, a fun-cionar desde Março deste ano. “É uma produtora que não faz apenas fotografia de moda, mas trabalha a fotografia e o vídeo. É ainda um bebezinho a crescer”, defende.

Chama-se “Vagabundo Global” (The Global Wanderer) e é a mais recente exposição do fotógrafo Nuno Veloso. O público poderá ver retratos de moda em locais como a muralha da China, Cidade Proibida ou Praça de Tiananmen

“Não sou muito a favor das pessoas que olham para uma fotografia e que dizem ‘oh, que bonito’, e que depois passam para a seguinte”

Nuno Veloso frisa ainda que empresas como esta são cada vez mais neces-sárias em Macau, uma vez que, apesar da existência dos profissionais, estes se encontram dispersos. De-vido a isso, muitas vezes procuram-se empresas de Hong Kong.

“É algo que faz falta tendo em conta a procura das grandes empresas, dos casinos, dos restaurantes que querem fotografar a comida para os menus. Há a procura para retratos, fotografia de arquitectura e de interiores. Pretendemos fazer a ponte entre o criativo e o execu-tivo”, contou Nuno Veloso.

A exposição inaugura às 18h30 e tem entrada livre, estando patente até dia 26.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

ASTROLOGIA E GUIA DO AMOR 2013 • Paulo CardosoPela segunda vez, eis a edição conjunta das previsões astrológicas para o próximo ano e das possíveis combinações amorosas entre as pessoas dos vários Signos do Zodíaco assinadas por Paulo Cardoso. Neste livro, além das previsões globais relativas aos diferentes períodos do ano realizadas de acordo com os ciclos astrológicos, pode encontrar informações deta-lhadas sobre o que os astros lhe revelam, através de tabelas que mostram mês a mês a tónica afectiva de qualquer pessoa, não só tendo em conta o Signo a que pertence, mas também a data de nascimento.

AGENDA DOMÉSTICA 2013 • Maria RaquelSerá, sem dúvida, a companheira ideal para o seu dia a dia: design prático e atractivo, para registar o que é importante; receitas de culinária, do prato mais simples à ementa mais requintada; conselhos de beleza, ginástica, elegância femi-nina e noções de etiqueta; registo dos feriados municipais e demais dias festivos; passatempos e concursos com aliciantes prémios.

a vez de Macau, algo que Nuno Veloso considera fazer todo o sentido.

“Gosto de reutilizar as coisas que tenho, não gosto que sejam efémeras. Quan-

do veio o desafio por parte da Creative Macau para fazer uma exposição disse que já tinha exposto este trabalho e que fazia todo o sentido expô-lo em Macau.

Acho que é a exposição certa”, conta.

E porquê? “A exposição, em si, tem a ver com Ma-cau. É aquele sítio chinês que está cheio, e cada vez mais, de culturas e pessoas diferentes, de estrangeiros. Acho que esse trabalho en-caixa que nem uma luva no pedido da Creative Macau”, considerou Nuno Veloso.

O fotógrafo, que trabalha na área da moda há 15 anos,

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16 eventos hoje macau segunda-feira 7.7.2014

O conto dos irmãos Grimm chega a Macau em Setembro com laivos de sensualidade e a alta costura de Jean-Paul Gaultier

O Centro Cultural de Macau apresenta ‘Branca de Neve’, um ballet moderno

que sobe ao palco do Grande Auditório a 19 e 20 de Setembro, pelas 20h00.

Nesta versão bailada, contu-

do, o coreógrafo francês Angelin Preljocaj reinventa o popular conto de fadas transformando--o numa história romântica e sensual para um público adulto (a partir dos 13 anos).

De acordo com um comunica-do de imprensa, Branca de Neve - pelo “influente” Ballet Preljo-caj - é uma interpretação bailada do conto clássico dos Irmãos Grimm com “a emoção de um thriller dos tempos modernos”. Elogiado como um coreógrafo que “consegue coreografar ma-gia”, Preljocaj livrou-se dos trajes habituais de uma das princesas mais famosas, mas renova-lhe o visual com a ajuda do “génio” da alta costura Jean-Paul Gaultier. Concebida ao som das sinfonias de Gustav Mahler, a obra mistura uma narrativa visual num conto pleno de simbolismo por detrás

de personagens intemporais. O espectáculo apresenta cenários numa “demonstração única de espaço e energia” interpretada por 24 bailarinos.

Este ballet chega agora ao território, depois de ter esgotado salas e conquistado a crítica na Europa, América e Ásia.

Para além do espectáculo, o CCM vai organizar uma visita--guiada aos bastidores desta pro-dução na noite antes da sua estreia, assim como uma workshop no dia 20, onde os participantes com mais de 16 anos e com experiên-cia de dança vão poder conhecer exercícios e técnicas incluídos no treino diário dos profissionais, bem como alguns dos processos envolvidos na coreografia deste espectáculo.

Os bilhetes já estão à venda e custam entre 150 e 300 patacas.

Fotografias e poemas sobre a morteAté ao dia 31 de Agosto, o Museu de Arte oferece a exposição “A postura da Morte – Poesia e Fotografia por Wong Man Fai”. De acordo com o autor, esta mostra, com entrada livre, pretende apresentar a sua filosofia de vida e as suas opiniões sobre o facto de que todas as criaturas nascem para experimentar a vida e, consequentemente, a morte.

Ocidente e Oriente em exposiçãoPara celebrar o 15º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a França e a China, vai estar patente até ao dia 12 de Outubro, no 2º andar do MGM, a exposição ‘L’art Chinois’. A mostra, organizada pela AFA (Art for All Society) e pelo MGM, conta com 30 trabalhos da autoria de Hong Wai, Alice Kok, Jia Juanli e Yves Etienne Sonolet e está aberta 24 horas por dia, com entrada livre.

Jonathan Lee estreia-se na arena do VenetianNo dia 2 de Agosto, pelas 20h00, o músico de Taiwan Jonathan Lee estreia-se em Macau, na Arena do Venetian. De acordo com o comunicado da organização, Jonathan é um dos padrinhos da cena pop em Taiwan. O cantor, produtor e compositor já produziu inúmeros ‘hits’ e álbuns para artistas da editora independente Rock Records, além de ter também gravado vários álbuns a solo e duetos com artistas conceituados. O músico traz agora a sua mais recente digressão a Macau, após o ter estreado em Taipei, em Setembro do ano passado. Os bilhetes estão à venda a partir de hoje e custam entre 280 e 1080 patacas.

Abacate

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

HOJE NO PRATO

Nome botânico: Persea americana Miller = Persea gratissima Gaertn.Família: Lauraceae.Nomes populares: Abacate; Aguaca-te; Pera-abacate.

Originário da América Central e atualmente cultivado nas suas inúmeras variedades nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, o Abacateiro é uma árvore de folha perene que pode atingir mais de 16 metros de altura. O seu fruto, o Abacate, grande e em forma de Pera, apresenta uma polpa verde-clara e macia que lhe valeu o epíteto de manteiga-verde.O seu nome, Abacate, deriva de ahuacatl, designação dos antigos Astecas que significa Árvore--testículo, numa alusão à forma do fruto e às suas propriedades afrodisíacas. Muito apreciado pelos povos pré-colombianos (Astecas, Incas e Maias), era usado como substituto da carne. Além de um excelente alimento, esta é ainda uma importante planta medicinal usada em fitoterapia.

COMPOSIÇÃOMuito nutritivo, mas também muito calórico, o Abacate apresenta um elevado teor em ácidos gordos essenciais (ácido linoleico e, sobretudo, oleico), proteínas com todos os aminoácidos essenciais, vitaminas, sais minerais e oligoele-mentos, sendo uma excelente fonte de glutatião, um poderoso antioxi-dante; contém ainda fosfolípidos, fitosterois, esqualeno, carotenoides e tiramina. As numerosas enzimas que contém tornam-no um fruto de fácil digestão.Sabor delicado, semelhante ao da Avelã.

ACÇÃO TERAPÊUTICAPela sua riqueza em nutrientes e grande poder tonificante, o Abacate é recomendado às crianças, ado-lescentes, grávidas, desportistas, idosos e convalescentes e a todos aqueles que desejem aumentar a sua vitalidade; é igualmente indicado em caso de cansaço ou esgotamento, stress, nervosismo, irritabilidade, fragilidade nervosa ou depressão.Nas perturbações digestivas, este fruto ativa o funcionamento do fíga-do e favorece a digestão auxiliando ainda a absorção de nutrientes solúveis nas gorduras; alcaliniza, suaviza e protege as mucosas digestivas, pelo que é indicado na gastrite e úlcera gastroduodenal. É

diurético, útil nas infeções urinárias (combate os colibacilos), gota e reumatismo. Favorece a função reprodutora devido ao conteúdo em vitamina E. Pela atividade antioxi-dante, combate o envelhecimento das células e previne o cancro. É igualmente benéfico para os olhos, combatendo a degeneração da mácula e as cataratas.

OUTRAS PROPRIEDADESExcelente alimento para a saúde cardiovascular, o Abacate reduz o colesterol LDL (“mau”) e os triglicéridos, quando em excesso, ao mesmo tempo que aumenta o colesterol HDL (“bom”); é ainda útil na hipertensão arterial, arterios-clerose e doenças do coração em geral. Combate a anemia. Integrado na dieta dos diabéticos, permite um melhor controlo dos níveis de açúcar no sangue.

COMO CONSUMIRO Abacate deve ser ingerido ma-duro, quando cede ligeiramente à pressão do toque e a sua polpa, pastosa, pode ser espalhada como se fosse manteiga. Oxida com facilidade, devendo ser preparado no momento de o consumir; se não for o caso, deve adicionar sumo de Limão para não escurecer. Sem a doçura e acidez características das frutas, o Abacate tem uma grande versatilidade combinando bem com saladas e pratos doces ou salgados. Sugestões:• Como fruta ao natural, com sumo de Limão ou sal.• Em batidos.• Aos cubos, em saladas de frutas ou de vegetais; substitui o queijo, com vantagem.•Para barrar o pão, como substituto saudável da manteiga: preparado com Alho picado e sal.• Como sobremesa: Abacate com açúcar e vinho do Porto.• Em gelados.• Ingrediente essencial no guaca-mole, famoso molho mexicano.•O óleo de Abacate pode ser usado para temperar saladas. É igualmente comercializado em cápsulas.

PRECAUÇÕESNão deve ser ingerido por pacientes a fazer terapia anticoagulante com varfarina, por poder diminuir a sua ação. Pode interagir com antide-pressivos IMAO e gerar grave crise hipertensiva devido à presença de tiramina. Em caso de dúvida, con-sulte o seu profissional de saúde.

BRANCA DE NEVE PELO BALLET PRELJOCAJ

Versão para adultos

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ACONTECEU HOJE 7 DE JULHO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

Morre Guerra Junqueiro, o poeta republicano• Hoje é dia de recordar Guerra Junqueiro, o poeta de um talento inesgotável, nascido em Freixo de Espada à Cinta, formado em Coimbra, agraciado no Porto e que morre em Lisboa, a 7 de Julho de 1923. Guerra Junqueiro nasceu a 17 de Setembro de 1850, em Freixo de Espada à Cinta. Era filho de um lavrador abastado e ficou órfão de mãe aos três anos. Começou por estudar em Bragança, até que em 1866 matricula-se no curso de Teologia da Universidade de Coimbra. Transfere-se para o curso de Direito, depois de perceber que a teologia não era a sua área, e conclui a formação em 1873. Começou a trabalhar como funcionário público e foi também secretário-geral do Governador Civil dos distritos de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo. Em 1878, Guerra Junqueiro é eleito deputado, por Macedo de Cavaleiros. A sua carreira literária começou em Coimbra, no jornal literário ‘A Folha’, onde estabelece relações de amizade com alguns dos melhores escritores e poetas do seu tempo – o grupo conhecido por Geração de 70. Guerra Junqueiro desde muito cedo revelou um notável talento poético. Em 1868, já era visto como um dos grandes valores da nova geração de poetas portugueses, graças a obras como ‘O Aristarco Português’, ‘Vozes Sem Eco’, ou ‘Baptismo de Amor’, este último com preâmbulo de Camilo. Os seus trabalhos foram amplamente reconhecidos, em diversas obras que foi assinando, como o poema ‘A Morte de D. João’, de 1874. Já com residência em Lisboa colaborou em jornais políticos e artísticos, colaborando com Rafael Bordalo Pinheiro. As mais valiosas composições poéticas de Guerra Junqueiro estão reunidas no volume ‘A Musa em Férias, publicado em 1879. O conflito em Inglaterra sobre o ‘mapa cor-de-rosa’, em 1890, suscitou grande interesse em Guerra Junqueiro, levando-o a escrever o opúsculo ‘Finis Patriae’ e a ‘Canção do Ódio’. Mais tarde, publica o poema ‘Pátria’, trabalhos que ecoaram na Literatura, descredibilizando as monarquias. Em 1920, lança ‘Prosas Dispersas’, a derradeira grande obra. Guerra Junqueiro morreria em Lisboa, a 7 de Julho de 1923.

C I N E M ACineteatro

A VIDA É BELA(ROBERTO BENIGNI, 1997)

Ser ou não ser? Olha que tão melíflua questão!

Um verdadeiro clássico! Roberto Benigni é o autor de umas das mais belas histórias de amor do cinema. Guido, um judeu optimista com um sentido de humor incomum consegue conquistar Dora, o amor da sua vida. Durante alguns anos vivem uma bonita história da qual surge Giosué, filho do casal. Ao rebentar a II Grande Guerra, o casal é se-parado e colocado num campo de concentração... contar o resto seria privar os que ainda não viram o filme, de assistir a um das mais geniais produções cinematográficas. Tudo se passa num jogo, entre a vida e a morte. Uma criança escondia que anseia o grande prémio final, o seu tanque de guerra. Momentos divertidos num cenário de morte. Um amor cada vez mais forte e uma verdadeira prova de vida. Arrecadando vários prémios, “A vida é bela” ganhou o Óscar em 1999 de melhor filme em língua estrangeira, com Roberto Benigni a levar para casa a estatueta de melhor actor. - Filipa Araújo

hoje macau segunda-feira 7.7.2014 (F)UTILIDADES 17

SON OF GOD

H O J E H Á F I L M E

CatselfieEste fim de semana decidi passear o meu pêlo brilhante pelas ruas de Macau. Dirigi-me ao Leal Senado, depois passei pelas Ruínas de São Paulo, visitei o solitário panda Hoi Hoi, lambuzei os meus bigodes com uma imitação do pastel de nata e para terminar ainda gastei uns trocos no Lisboa, enfim, um autêntico turista. Para quem não gosta de confusão este roteiro foi uma péssima ideia, admito. De sacos de souvenirs em punho, telemóveis na mão para as famosas selfies, centenas de pessoas passeavam-se pelas ruas.Curiosa esta moda das selfies... Admito que estou um pouco fora de moda, apresento algumas reticências relativamente à minha possível adesão a este movimento meio egoísta, convenhamos, mas confesso-me um adepto fervoroso das figuras e movimento artísticos que se fazem para se conseguir uma boa “selfie”.“Selfie” a palavra do ano eleita pelo dicionário Oxford tomou conta dos nossos dias e veio para ficar. Segundo o estudo “Fotografando a carência e a solidão” os famosos auto-retratos “são um grito de socorro de pessoas oprimidas pelo abandono”. Cerca de 800 pessoas participaram nesta pesquisa e os resultados são surpreendentes, 83% dos inquiridos não se sente feliz com a sua vida sexual e tenta diminuir essa frustração com o número de “likes” ganhos por cada “selfie”.Será que resulta? Como sabem eu ainda não encontrei uma gatinha de pêlo brilhante e macio para me acompanhar na jornada das sete vidas de gato... será que se tirar uma selfie a probabilidade de isso acontece aumenta? Ou serei mais feliz?Quanto likes merece?

SALA 1TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing14.30, 21.00

TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing18.00

SALA 2HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [A]Um filme de: Dean DeBlois14.15, 16.00, 19.30

HOW TO TRAIN YOUR DRAGON [3D] [A]Um filme de: Dean DeBlois17.45

SALA 2TRANSFORMERS: AGE OF EXTINCTION [3D] [B]Um filme de: Michael BayCom: Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Jack Reynor, Li Bingbing21.15

SALA 3MALEFICENT [B]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley19.30

SON OF GOD [B]Um filme de: Christopher SpencerCom: Diogo Morgado14.30, 16.45, 21.30

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18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 7.7.2014

E STES são seis métodos comuns de aplicação da pena de morte:

• decapitação• cadeira eléctrica• câmara de gás• enforcamento• injecção letal• pelotão de fuzilamento

Qual acha que é a melhor maneira de executar um criminoso sentenciado à pena de morte?

A 24 de Maio, a cadeia de televisão TVB anunciou que em Tennessee, nos Estados Uni-dos, tinha sido passada uma lei que permitia voltar a usar a cadeira eléctrica para a execução da pena de morte, caso não houvesse drogas suficientes para recorrer à injecção letal.

Esta lei foi aprovada na sequência da execução de Clayton Lockett, em Oklahoma, Estados Unidos, em Abril deste ano. Clayton foi submetido à injecção letal três vezes, o que supostamente o faria inconsciente. Porém, o condenado esperou 43 minutos até morrer, gesticulando desesperadamente e mordendo os dentes, em clara agonia. O caso foi amplamente discutido nos Estados Unidos e exigiu-se um maior escrutínio aos métodos de execução utilizados. Um membro do Senado de Tennessee, Ken Ya-ger, afirmou no site nydailynews.com que:

“Seria uma grande preocupação encontrarmo-nos numa posição em que não podemos avançar com as execuções visto não termos drogas suficientes.”

Há aqui dois pontos válidos para discussão.1. Mesmo considerando que Clayton foi considerado culpado por um tribunal e assim merecedor da pena de morte, não era suposto morrer de uma forma agonizante. No entanto, as notícias revelaram que ele sofreu 43 mi-nutos até finalmente falecer, sem no entanto revelarem exactamente quais as causas da dor do condenado. Foi apenas explicado que houve problemas com as drogas utilizadas na injecção letal. Mas, hoje em dia, há cada vez menos condenados à pena de morte e até os fornecedores das drogas acima mencionadas estão a pensar acabar com a sua produção. Será que estas drogas são de má qualidade? Ou será que foram usadas drogas expiradas na aplicação da injecção letal? Estes questões ainda estão a ser analisadas, mas do ponto de vista de Clayton, quem deverá ser considerado responsável pelo seu sofrimento? Será que as culpas devem recair sobre os produtores das drogas, ou sobre o governo do Tennessee?2. Se acreditarmos que a pena de morte é um tratamento inumano, então não será melhor acabar com este castigo?

As respostas à primeira questão são um pouco complexas, pois dependem das leis em vigor. No caso específico de Tennessee, as suas leis explicam que:

• é impossível evitar a dor quando se procede a uma execução• a dor é parte integrante da pena de morte

Assim, a família de Clayton pode ape-nas perguntar quanta dor é aceitável. Pela

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

Devemos então manter ou abolir a pena de morte? (...) Não há uma resposta certa ou errada para esta questão, que vai continuar a ser debatida

Pena de morte

lei, entende-se que é justificável qualquer quantidade de dor necessária para executar o condenado. O culpado não é suposto ser submetido a dor desnecessária, pois o que se procura é a sua execução da maneira menos dolorosa possível.

Esta questão tem de ser analisada em mais detalhe pois queremos evitar sofrimento desnecessário aquando da aplicação da pena de morte. Visto a sentença ter sido decretada por um tribunal, a sua aplicação é obrigató-ria, quer concordemos ou não. Mas é difícil acreditar que a lei queira expor o condenado a sofrimento desnecessário antes da sua morte.

Se, porventura, descobrirmos que não é possível evitar o sofrimento do condenado, é então melhor acabar com a pena de morte?

A pena de morte é por vezes chamada de pena capital. É uma sentença aplicada por um tribunal para castigar um crimino-

so que tenha cometido uma ofensa séria, como por exemplo homicídio. Em alguns países, ofensas sexuais como violação ou adultério podem também ser passivas da pena de morte, visto esses países conside-rarem essas ofensas como ofensas capitais. O termo capital deriva do latim ‘capitalis’, que significa “a nossa cabeça”.

A tendência global parece ser a abolição da pena de morte. O Canadá acabou com a pena de morte em 1976. A França fez o mesmo em 1981, seguida da Austrália em 1985. Todos os membros da União Europeia proíbem o uso da pena de morte, de acordo com o artigo 2 da Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia. Em 1977, a Assembleia Geral das Nações Unidas pediu a todos os países que tomassem medidas para abolir a pena de morte. Até ao dia 30 de Abril de 2009, 92 países tinham já proibido este castigo.

A Amnistia Internacional é uma orga-nização que luta pelos direitos humanos à volta do mundo. Um dos seus objectivos é acabar com a pena de morte. De acordo com o seu relatório, em 2013 já foram executados 778 criminosos.

Muita gente concorda em abolir este castigo visto não ser possível voltar atrás aquando da sua aplicação. Temos como exemplo o caso de um indivíduo nos Estados Unidos que foi encarcerado após ter sido con-siderado culpado do crime de violação, mas 21 anos depois, através de testes de ADN, provou-se que o réu era afinal inocente. Caso

esta pessoa tivesse sido condenada à morte, nunca teria tido oportunidade de provar a sua inocência. Um caso semelhante aconteceu na Austrália, em que um arguido foi executado para se vir a descobrir, 81 anos mais tarde, que afinal era inocente.

Porém, há também muita gente que apoia a pena de morte, argumentando que cada indivíduo só tem uma vida. Este castigo, o mais severo que pode ser aplicado a um indivíduo, serve assim como prevenção, visto os criminosos saberem que a sua pró-pria vida está em jogo. Ao mesmo tempo, é menos dispendioso executar um arguido do que mantê-lo em prisão perpétua. Deste modo, a pena de morte pode ser considerada como uma maneira mais eficiente de usar os recursos disponíveis.

Devemos então manter ou abolir a pena de morte? De um ponto de vista humanitário, a pena deve ser abolida, especialmente se consi-derarmos a tendência global e os casos expostos acima. Mas, se considerarmos a manutenção da ordem pública e a gestão de recursos, então podemos argumentar que a pena deve ser man-tida. Não há uma resposta certa ou errada para esta questão, que vai continuar a ser debatida. Mas, se decidirmos manter este castigo, então devíamos garantir que um criminoso não seja exposto a sofrimento desnecessário aquando da sua execução.

ADRI

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HERG

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PIE

RREP

OINT

Page 19: Hoje Macau 7 JUL 2014 #3125

19 opiniãohoje macau segunda-feira 7.7.2014

H Á minutos, a Holanda apu-rou-se para as meias-finais, ao eliminar a Costa Rica na marcação de grandes penalidades.

Os cento e vinte minutos não foram suficientes para decidir o vencedor. Mais um jogo que se arrastou no tempo oficial e complemen-

tar sem vencedor nem vencido!O recurso a este meio é porventura o

menos desprestigiante para quem perde, mas também me parece verdade não acrescentar muito a quem ganha!

Chamam-lhe a lotaria dos pénaltis, ta-manha é a carga de tenção e angústia quer para quem os marca quer para quem os procura defender!

É nestas situações que podemos observar, a religiosidade e toda a espécie de supers-tições, que envolvem jogadores, técnicos e público, que assiste nas bancadas, como aconteceu há minutos no Arena de Salvador da Baía.

Até ao momento, praticamente todos os jogos de qualificação para as meias-finais deste campeonato foram insípidos e sem espectáculo, calculistas e enfadonhos. Os resultados foram todos conseguidos pela margem mínima, não tendo havido uma Selecção, que se evidenciasse numa clara supremacia exibicional, quer em termos colectivos quer a nível individual!

As grandes figuras deste mundial, até ao momento, têm sido alguns guarda-redes!

Tim Howard da USA, Navas da Costa Rica, Rais Mbolhi da Argélia e Ochoa do México, deram espectáculo neste Mundial do Brasil. Quanto às estrelas verdadeiramente cintilantes que entraram neste campeonato, Ronaldo apagou-se muito cedo e Messi vai brilhando de forma intermitente!

Por outro lado, a proporção de equipas ainda em prova: Alemanha, Holanda, Brasil e Argentina repartem a supremacia entre continentes Europeu e Sul-americano, como aliás já acontecia com as oito, antes da eliminação da Suíça e Bélgica, Europeias e Colômbia e Costa Rica Sul-americanas!

Assim o futuro Campeão Mundial de 2014 será, inevitavelmente, Europeu ou Sul-americano.

Das quatro equipas que vão disputar um lugar na final existe, a meu ver, um relativo equilíbrio, muito embora o Brasil, agora sem Neymar já que está lesionado, esteja mais distante neste sprint final!

Já a selecção Alemã, parece-me ter ligeira vantagem sobre as restantes. Contudo porque a lógica no futebol é uma “batata” não vale a pena fazer prognósticos. A ver vamos quem passará à final e depois logo se vê.

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

Assim vai o MundialDas quatro equipas que vão disputar um lugar na final existe, a meu ver, um relativo equilíbrio, muito embora o Brasil, agora sem Neymar já que está lesionado, esteja mais distante neste sprint final!

O futebol, está longe de ser, como mui-tos ainda pensam, uma ciência exacta e a imprevisibilidade dos resultados constitui parte do fascínio deste espectáculo.

Entretanto e à margem, ou talvez não, deste campeonato do Mundo de Futebol. O Comité Executivo da FIFA, de acordo com notícias vei-culadas pelo Jornal Inglês The Sunday Times, decidiu aumentar em 100% os vencimentos dos 25 elementos que fazem parte do seu Comité!

A mesma fonte diz ainda que: “os 100 mil dólares passarão a 200 mil ano, que serão depositados num banco suíço, permitindo ser levantados sem que o fisco lhes possa tocar, torneando assim, as novas limitações

impostas pelo código de Ética, que proíbe o bónus de milhares de euros, associados aos campeonatos do mundo”!

Os mesmos senhores entenderam alojar--se em suites, no mais caro hotel do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace, onde cada noite custa entre os dois mil e os quatro mil euros com direito a um ou dois assistentes em apoio aos hóspedes durante as vinte e quatro horas de cada dia!

Como diz o Povo: ”a ordem é rica e os frades são poucos”!

Nestas coisas, onde se invoca com frequência a Ética, convém lembrar, que o exemplo vem de cima.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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cartoonpor Stephff

A MALA

hoje macau segunda-feira 7.7.2014

Residente esfaqueadonas Portas do Cerco Um vendedor de tabaco foi esfaqueado na noite de sábado por um homem de boné escuro, perto das Portas do Cerco, quando fechava a loja. O homem estava acompanhado pela namorada – que não sofreu ferimentos - e chegou a correr risco de vida. O residente de 29 anos conseguiu sobreviver, tendo sido transferido para a Unidade de Cuidados Intensivos com ferimentos no ombro e braço direitos e nas costas. A PJ ainda está a investigar o caso.

Coreia do Norte simula ataque a ilhaO líder norte-coreano, Kim Jong-Un, dirigiu pessoalmente um exercício militar de grande escala simulando um ataque a uma ilha, e disse que a Coreia do Sul se iria “arrepender amargamente” de qualquer incursão, informou no sábado a agência KCNA. A agência oficial norte-coreana não precisou o dia do exercício, durante o qual Kim Jong-Un “afirmou veementemente” que “se os inimigos fizessem a escolha errada no dia errado (…) os iria fazer arrepender-se amargamente pelas suas acções”. O exercício conjunto, que envolveu o exército, marinha e força aérea foi realizado após uma série de testes de mísseis na semana passada. O assalto simulado era aparentemente dirigido contra cinco ilhas controladas pela Coreia do Sul perto do sudoeste da Coreia do Norte.

Lisboa Detido suspeitode terrorismo no aeroporto Um homem natural de Angola, mas de nacionalidade holandesa, foi detido pela PSP, na quinta-feira à noite, numa zona proibida do aeroporto de Lisboa, na placa, junto a um avião da transportadora aérea angolana TAAG pouco antes da descolagem. Tinha uma faca na sua posse. De acordo com o Diário de Notícias e o Correio da Manhã, a Unidade Nacional de Contra-terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária foi chamada ao local e a sua identidade confirmada como tendo estado, no início deste ano, num campo de treino de jihadistas na Síria. Um carimbo de passagem pela Turquia levantou suspeitas. O homem foi sexta feira interrogado na UNCT e sábado foi apresentado ao juiz Carlos Alexandre, no Tribunal de Instrução Criminal, tendo ficado em prisão preventiva por haver elevado perigo de fuga.

Índia Onze mortosem queda de muro Pelo menos 11 pessoas morreram no sudoeste da Índia, incluindo uma criança, na sequência da queda de um muro, uma semana depois da derrocada de um edifício ter causado 61 vítimas mortais no mesmo estado, informaram as autoridades. Uma parede recentemente construída num armazém contíguo desmoronou-se sobre os precários alojamentos de um grupo de trabalhadores de construção perto da localidade de Uttarapalayam, no estado de Tamil Nadu, disse uma fonte policial à agência Press Trust of India (PTI). Quatro mulheres e uma criança estavam entre os mortos e uma pessoa foi resgatada com vida, segundo a fonte. O muro caiu sobre as casas após uma noite de chuvas intensas. Os trabalhadores eram do estado vizinho de Andhra Pradesh e trabalhavam no armazém.

U M em cada cinco chineses chama--se Wang, Li, Zhang, Liu ou Chen, segundo a lista dos apelidos mais comuns da China compilada pelo

Gabinete Nacional de Estatísticas do país e divulgada sexta-feira na imprensa oficial. No conjunto, estes nomes identificam 303,81 milhões de chineses, correspondendo a 22,5% da população do país, o mais popu-loso do planeta, com cerca de 1350 milhões de habitantes.

Chineses com o apelido Wang, o mais comum, são 94,68 milhões - mais do que toda a população da Alemanha, o maior

A Coreia do Norte duplicou o seu pessoal de elite dedicado à guerra cibernética nos últimos dois anos e estabeleceu bases

no exterior para ataques informáticos, segundo informação divulgada ontem pela Yonhap.

A unidade de guerra cibernética da Coreia do Norte dispõe agora de 5900 pessoas, com-parativamente às cerca de 3000 estimadas há dois anos, refere a agência sul-coreana. “O regime comunista opera uma unidade de elite (...) que congrega 1200 piratas profis-sionais”, disse uma fonte militar.

94,68milhões de Wang

92,76milhões de Li

85milhões de Zhang

Com apenas vinte apelidos se identifica 44,6% da população da chinesa.O nome do pai é sempre o que prevalece, numa ordem regida pela supremaciado colectivo (a família) sobre o individuo

CHINA CINCO APELIDOS USADOS POR 22,5% DA POPULAÇÃO

Muita gente, poucos nomes

país da União Europeia. Com o apelido Li há 92,76 milhões e os Zhang rondam os 85 milhões. Liu e Chen são 68,82 e 56,73 milhões respectivamente.

Na China, o apelido, herdado apenas do pai, é sempre o primeiro nome, numa ordem que traduz a supremacia do colecti-vo (a família) sobre o individuo. O actual presidente, Xi Jinping, por exemplo, é filho do general Xi Zhongxun.

Yang, Huang, Zhao, Zhou e Wu figuram também entre os apelidos mais populares, seguidos de Xu, Sun, Ma, Hu, Zhu, Guo, He, Luo, Gao e Lin.

No conjunto, estes vinte apelidos identi-ficam 44,6% da população da China.

A composição do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) é, sob este aspecto, representativa: entre os seus sete elementos, há dois Zhang, um Li, um Liu e um Wang.

Segundo noticiou na sexta-feira o jornal China Daily, a China foi o primeiro país do mundo a usar apelidos para identificar a sua população, há mais de três mil anos. Durante a última dinastia imperial, que governou até 1911, foram recenseados 504 apelidos, mas “o número hoje é muito maior” devido sobretudo às 55 minorias étnicas do país, indica o jornal.

As minorias étnicas chinesas, algumas das quais com mais de dez milhões de pessoas, como é o caso dos zhuang e dos manchu, representam 92% da população da China.

COREIA DO NORTE NÚMERO DE ESPECIALISTAS EM ATAQUES CIBERNÉTICOS DUPLICOU

Para o que der e vierOs piratas informáticos da Coreia do

Norte lançaram ataques através de bases no estrangeiro, em países como a China, acrescentou a mesma fonte.

Nos últimos anos, têm sido lançado ataques contra instituições militares da Coreia do Sul, bancos comerciais, agências do governo, esta-ções de televisão e páginas de internet de alguns órgãos de comunicação social. Investigações a ataques cibernéticos de grande escala lança-dos no passado concluíram que estes tiveram origem na Coreia do Norte.

Pyongyang negou qualquer envolvimento e acusa Seul de fabricar incidentes para aumentar as tensões transfronteiriças. A Coreia do Sul, por sua vez, aumentou o seu orçamento de segurança na Internet para treinar especialistas desde que criou um comando especial ciber-nético em 2010, face à crescente preocupação com a sua vulnerabilidade.