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HOMENS EM SEU - O ESTANDARTE DE CRISTOoestandartedecristo.com/data/HomensemSeuEstadoCaCudoJohnNewton.pdf · Issuu.com/oEstandarteDeCristo Homens Em Seu Estado Caído Por John Newton

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HOMENS EM SEU

ESTADO CAÍDO JOHN NEWTON

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Traduzido do original em Inglês

Man in His Fallen Estate

By John Newton

Via: PBMinistries.org

(Providence Baptist Ministries)

Tradução e Capa por William Teixeira

Revisão por Camila Almeida

1ª Edição: Janeiro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão

do Ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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Homens Em Seu Estado Caído Por John Newton

Ouvimos falar muito nos dias de hoje sobre a dignidade da natureza humana. É bem verda-

de que o homem era uma excelente criatura quando ele saiu das mãos de Deus; mas se

considerarmos esta questão, tendo em vista o homem caído, como depravado pelo pecado,

como podemos nos juntar com o salmista, em nos admirarmos que o grande Deus possa

lembrar-se dele?

Caído como o homem está de seu estado de original felicidade e santidade, suas faculdades

e habilidades naturais constituem prova suficiente de que a mão que o fez é Divina. Ele é

capaz de grandes coisas. Sua compreensão, vontade, afeições, imaginação e memória são

faculdades nobres e surpreendentes. Mas ao vê-lo sob uma luz moral, como um ser inteli-

gente, incessantemente dependente de Deus, responsável diante dEle, e designado por

Ele para um estado de existência em um mundo imutável; considerando esta relação, o ho-

mem é um monstro, uma criatura vil, baixa, estúpida, obstinada e maliciosa; não há palavras

para descrevê-lo por completo. O homem, com toda sua inteligência e realizações alardea-

das, é um tolo; enquanto ele está destituído da graça salvadora de Deus, a sua conduta,

como a suas preocupações mais importantes, são as mais absurdas e inconsistentes, en-

tão, que idiota mais cruel; com relação às suas afeições e objetivos, ele se degrada muito

abaixo das bestas; e pela malignidade e maldade de sua vontade, não pode ser comparado

a nada tão adequadamente quanto com o diabo.

A questão aqui não é sobre este ou aquele homem, um Nero ou um Heliogábalo1, mas

sobre a natureza humana, toda a raça humana, com exceção dos poucos que nascem de

Deus. Há de fato uma diferença entre os homens, mas é devida às restrições da Divina pro-

vidência, sem a qual a terra seria a própria imagem do inferno. Um lobo ou um leão, en-

quanto acorrentados, não podem fazer muito mal, como se fossem soltos, mas a natureza

é a mesma em toda a espécie.

A educação e a preocupação, o medo e a vergonha, as leis humanas, o poder secreto de

Deus sobre a mente, se combinam para formar muitas personalidades que são externa-

mente decentes e respeitáveis; e até mesmo os mais perdidos estão sob uma restrição que

os impede de manifestar uma milésima parte da maldade que está em seus corações. Mas

__________

[1] Heliogábalo (Emesa, na Síria, c. 203 — Roma, 11 de março 222) foi um imperador romano. Ao tornar-se

imperador tomou o nome de Marcus Aurelius Antoninus Augustus, e só ficou conhecido como Heliogábalo

muito tempo depois de sua morte. Seu reinado foi marcado pela polêmica, idolatria e depravação sexual.

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o próprio coração é universalmente enganoso e desesperadamente corrupto.

O homem é um tolo. Ele pode realmente medir a terra e quase contar as estrelas; ele é rico

em artes e invenções da ciência e da política; e deverá então ele ser chamado de tolo? Os

pagãos antigos, os habitantes do Egito, Grécia e Roma, foram eminentes neste tipo de sa-

bedoria. Eles são até hoje estudados como modelos por aqueles que visam a excelência

em história, poesia, pintura, arquitetura e outros esforços do gênio humano, que são ade-

quados para polir as maneiras, sem melhorar o coração. Mas os seus filósofos mais admira-

dos, os legisladores, os lógicos, oradores e artistas eram tão destituídos como loucos ou

crianças daquele único conhecimento que merece o nome de verdadeira sabedoria. Dizen-

do-se sábios tornaram-se loucos (Romanos 1:22). Ignorantes a respeito de Deus, mas

conscientes de sua própria fraqueza e da sua dependência de um poder acima dos seus

próprios, e estimulados por um princípio interior de medo, do qual não conheciam nem a

origem nem a aplicação correta, eles adoraram a criatura em vez do Criador, sim, colocaram

a sua confiança em madeira e pedras, nas obras das mãos dos homens, em vaidades e

quimeras. Uma familiaridade com a sua mitologia, ou fábulas religiosas se passa conosco,

por um ramo considerável de aprendizagem, porque ele é desenhado a partir de livros anti-

gos, escritos em línguas não conhecidas pelo vulgo; mas no ponto de certeza da verdade,

podemos receber tanta satisfação de uma coleção de sonhos quanto a partir de dos delírios

de lunáticos. Se, portanto, admitimos estes sábios admirando-os como uns espécimes tole-

ráveis de humanidade, não devemos confessar que o homem, em sua melhor condição,

porém estando inteiramente sem a instrução do Espírito de Deus, é um tolo? Mas será que

somos mais sábios do que eles? Nem um pouco, até que a graça de Deus nos faça assim.

Nossas vantagens superiores mostram apenas a nossa loucura de uma forma mais mar-

cante. Por que todas as pessoas são contadas como tolos? Um tolo não tem bom senso;

ele é regido totalmente pelas aparências, e prefere um casaco fino em relação às escrituras

de uma grande propriedade. Ele não considera as consequências. Tolos às vezes ferem ou

matam os seus melhores amigos, e pensam não terem feito mal nenhum. Um tolo não pode

raciocinar, pois os argumentos são inúteis para ele. Ao mesmo tempo, se amarrado com

uma palha, ele não ousa se mexer; em outro momento, talvez, ele dificilmente seja persua-

dido a se mover, embora a casa estivesse pegando fogo. São estas as características de

um tolo? Então, não há tolo como o pecador, que prefere os brinquedos da terra à felicidade

do Céu, que é mantido em cativeiro pelos costumes do mundo, e tem mais medo das amea-

ças do homem, do que da ira de Deus.

Mais uma vez, o homem em seu estado natural é uma besta, sim inferior aos animais que

perecem. Em duas coisas ele se assemelha fortemente aos animais: em olhar para nada

mais elevado do que a gratificação sensual, e o espírito de egoísmo o leva a considera a si

mesmo e ao seu interesse próprio como seu adequado e mais alto fim; entretanto em muitos

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aspectos, ele afunda, infelizmente, abaixo deles. As paixões não naturais e a falta de afei-

ção natural para com os seus descendentes são abominações não encontradas entre a

criação irracional. Que diremos das mães destruindo seus filhos com suas próprias mãos,

ou do ato horrível de suicídio!? Semelhantemente, homens são piores do que animais em

sua obstinação; eles não tomarão advertência. Se um animal foge de uma armadilha ele

será cauteloso para não se aproximar dela novamente, e em vão se estende a rede à vista

de qualquer ave, porém o homem, embora seja muitas vezes repreendido, endurece a cer-

viz e corre em direção à sua própria ruína com os olhos abertos, e pode desafiar a Deus

em sua face e expor-se à condenação.

Mais uma vez, vamos observar como o homem se assemelha ao Diabo. Há pecados espi-

rituais e estes, em sua proeminência, a Escritura nos ensina a julgar o caráter de Satanás.

Cada característica nesta descrição é um forte traço no homem; por isso, então o que o

Senhor disse aos judeus é de aplicação geral: “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis

satisfazer os desejos de vosso pai” [João 8:44]. O homem se assemelha a Satanás em or-

gulho; esta criatura fraca e estúpida valoriza-se quanto à sua sabedoria, poder e virtude, e

falará sobre ser salvo por suas boas obras; mas se ele pode, o próprio Satanás não precisa

se desesperar. Ele se assemelha a ele em malícia, e desta disposição diabólica muitas

vezes procede o assassinato, e isto aconteceria diariamente se o Senhor não o restringisse.

Ele deriva de Satanás, o espírito de ódio e inveja. Ele é frequentemente atormentado além

do que se pode expressar por contemplar a prosperidade de seus vizinhos; e proporcional-

mente satisfeito com suas calamidades, embora ele não obtenha nenhuma outra vantagem

com isso além da gratificação deste princípio rancoroso. Ele expressa a imagem de Satanás

em sua crueldade. Esse mal está ligado, até mesmo ao coração de uma criança. A disposi-

ção para ter o prazer de provocar dor nos os outros aparece muito cedo. Crianças, se deixa-

das a si mesmas, desde cedo sentem prazer em torturar insetos e animais. Que miséria é

que a crueldade gratuita de homens inflige a galos, cães, touros, ursos e outras criaturas,

a ponto de aparentarem não terem sido formados para nenhum outro fim senão para delei-

tarem os seus espíritos selvagens com seus tormentos! Se formamos nosso julgamento

dos homens quando eles parecem mais satisfeitos, e não tendo nem raiva nem ressenti-

mento para pleitear sua desculpa, é demasiado evidente, mesmo na natureza de suas

diversões, quem eles são e a quem servem; e eles são os piores inimigos uns dos outros.

Pense nos horrores da guerra, na ira dos de duelistas, nos morticínios e assassinatos com

que o mundo está cheio, e então diga: “Senhor, que é o homem?” [Salmo 144:3]. Além dis-

so, se o engano e a traição pertencem ao caráter de Satanás, então certamente o homem

se assemelha ele. Não é a observação universal, e queixa de todas as eras, um comentário

feito a respeito das palavras do profeta: “Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia;

daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca, pois cada um caça a seu

irmão com a rede” [Miquéias 7:5, 2]. Quantos neste momento têm motivos para dizer com

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Davi: “As palavras da sua boca eram mais macias do que a manteiga, mas havia guerra no

seu coração: as suas palavras eram mais brandas do que o azeite; contudo, eram espadas

desembainhadas” [Salmos 55:21]. Mais uma vez, como Satanás, os homens estão ansio-

sos em tentar outros a pecar; não contentes em condenar a si mesmos, eles empregam to-

das as suas artimanhas e influência para seduzir tantos quantos eles possam a lhes segui-

rem para a mesma destruição. Por fim, na oposição direta a Deus e à bondade, na inimizade

e desprezo ao Evangelho de Sua graça, e em um espírito de perseguição e amarga para

com aqueles que o professam, o próprio Satanás dificilmente pode excedê-los. Aqui, na

verdade, eles são seus agentes e servos voluntários; e porque o próprio Deus bendito está

fora de seu alcance, eles trabalham para mostrar o seu despeito por Ele na pessoa de Seu

povo.

Eu desenharei mais alguns contornos da imagem do homem caído, pois oferecer uma cópia

exata dele, que possuísse cada aspecto do seu pleno agravamento de horror, e pintá-lo

como ele é, seria impossível. Muito já foi observado para ilustrar a propriedade da exclama-

ção: “Senhor, que é o homem?”, talvez alguns dos meus leitores possam negar ou atenuar

este peso, e podem pleitear que não tenho descrito a humanidade, mas somente alguns

dos mais depravados que mal merecem o nome de “homens”. Mas eu já tenho me preca-

vido contra essa exceção. É a natureza humana que descrevo; e os indivíduos mais vis e

perdulários não podem pecar além dos poderes e limites desta natureza que eles possuem

em comum com o mais benigno e moderado. Embora possa haver uma diferença na fecun-

didade das árvores, no entanto, a produção de uma maçã, determina a natureza da árvore

que a gerou, tão certamente como se tivesse produzido mil maçãs, assim, no presente ca-

so, se admitimos que estas extravagâncias não são encontradas em todas as pessoas, isso

seria suficiente confirmação do que eu antecipei, porém elas podem ser encontrados em

qualquer um; a menos que pudesse também ser provado, que os que pareceram mais per-

versos do que outros, são de uma espécie diferente do restante. Mas eu não preciso fazer

esta concessão, devem ser verdadeiramente insensíveis aqueles que não sentem dentro

de si algo tão contrário às nossas noções comuns de bondade, como se quisessem talvez,

antes submeterem-se a ser banidos da sociedade humana, a serem compelidos a estarem

de boa fé ao desvelar cada pensamento e desejo que surgem nos corações de seus com-

panheiros criaturas.

A natureza do homem caído corresponde à descrição que o apóstolo nos deu de sua

sabedoria orgulhosa: é terrena, animal e diabólica [Tiago 3:15]. Tentei esboçar alguns as-

pectos gerais disto nas palavras anteriores; mas o auge de sua maldade não pode ser ade-

quadamente estimado, a menos que nós consideremos as suas atuações com relação à

luz do Evangelho. Os judeus eram extremamente perversos no momento da aparição de

nosso Senhor sobre a terra, mas ainda assim é dito deles: “Se eu não viera, nem lhes hou-

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vera falado” (João 15:22), isto é, a luz e a força do Seu ministério os privou de toda desculpa

para continuar no pecado, esta foi a ocasião de mostrar a sua malícia, da maneira mais

agravada; e todos os seus outros pecados eram apenas provas tênues do verdadeiro esta-

do do seu coração, se comparado com a descoberta que fizeram de si mesmos, por sua

oposição pertinaz a Ele. Neste sentido, o que o apóstolo tem observado em relação à lei de

Moisés, pode ser aplicado ao Evangelho de Cristo: Ele foi introduzido para que o pecado

abundasse [Romanos 5:20]. Se quisermos calcular toda a extensão da depravação humana

e os efeitos mais fortes que ela é capaz de produzir, devemos selecionar nossos casos a

partir da conduta daqueles a quem o Evangelho é conhecido. Os índios, que assam seus

inimigos vivos, dão provas suficientes de que o homem é bárbaro em relação à sua própria

espécie; o que pode também ser facilmente demonstrado, sem ir tão longe de casa; mas a

pregação do Evangelho desvela a inimizade do coração contra Deus de modos e graus que

selvagens ignorantes e pagãos não são capazes.

Por Evangelho, agora eu quero dizer não apenas a doutrina da salvação, uma vez que se

encontra na Sagrada Escritura, mas a pregação pública e oficial desta doutrina que o Se-

nhor Jesus Cristo tem comissionado aos Seus verdadeiros ministros; que, tendo sido eles

mesmos, pelo poder da Sua graça, transportados das trevas para a maravilhosa luz, pelo

seu Espírito Santo, são capacitados e enviados para declarar aos seus companheiros peca-

dores sobre o que viram, sentiram e provaram da palavra da vida. Sua comissão é exaltar

o Senhor somente, e denegrir a soberba de toda a vanglória humana. Eles devem expor o

mal e o demérito do pecado, o rigor, a espiritualidade e a sanção da Lei de Deus e a aposta-

sia total da humanidade; e a partir dessas premissas demonstrar a absoluta impossibilidade

de escapar da condenação do pecado por quaisquer obras ou empreendimentos de sua

autoria; e, em seguida, proclamar a salvação plena e livre do pecado e da ira, pela fé no

nome, sangue, obediência e mediação do Deus manifestado na carne; juntamente com

uma denúncia da miséria eterna a todos os que finalmente rejeitarão o testemunho que

Deus deu de Seu Filho. Embora estes vários aspectos da vontade de Deus em relação aos

pecadores, e outras verdades em conexão com eles, sejam claramente revelados e repeti-

damente incutidos na Bíblia; e que a Bíblia é encontrada em quase todas as casas, no

entanto vemos, de fato, que ela é um livro selado, pouco lido, pouco compreendido, e, por-

tanto, ainda menos considerado, exceto nos lugares que o Senhor se agrada de favorecer

ministros que podem confirmar essas pessoas a partir de sua própria experiência, e que,

por um senso de Seu amor constrangedor e do valor das almas, estão motivados em fazer

um fiel cumprimento de seu ministério e uma grande coisa pelas suas vidas; estes não

visam adquirir riquezas, mas promover o bem-estar de seus ouvintes; são igualmente

indiferentes às carrancas ou sorrisos do mundo; e não amam as suas vidas, contanto que

possam ser sábios e bem sucedidos em ganhar almas para Cristo.

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Quando o Evangelho, neste sentido da palavra, em primeiro lugar chega a algum lugar, em-

bora as pessoas estejam vivendo em pecado, pode ser dito que elas pecam por ignorância;

eles ainda não foram avisados do perigo. Alguns estão bebendo a iniquidade como a água;

outros mais sobriamente enterrando-se vivos nos cuidados e negócios do mundo; outros

encontram um pouco de tempo para o que eles chamam de deveres religiosos e perse-

veram nisto apesar de serem estranhos à natureza ou ao prazer da adoração espiritual; em

parte, eles pensam em barganhar com Deus e compensar tais pecados visto que eles não

optam por abrir mão destes; e em parte porque gratifica o seu orgulho, e lhes proporciona

(como pensam) alguma base para dizer: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os

demais homens” [Lucas 18:11]. A pregação do Evangelho declara a vaidade e o perigo

desses caminhos nos quais os pecadores escolhem. Ele declara, demonstra que embora

pareçam diferentes dos outros eles estão igualmente distantes do caminho da segurança e

da paz, e todos tendem para o mesmo desfecho: a destruição daqueles que persistem ne-

les. Ao mesmo tempo em que se acautelam contra esse desespero no qual os homens

seriam de outra forma mergulhados quando são convencidos de seus pecados, revelando

o imenso amor de Deus, a glória e a graça de Cristo, e convidando todos a virem a Ele, pa-

ra que possam obter perdão, vida e felicidade. Em uma palavra, isso mostra o abismo do

inferno sob os pés dos homens, e abre a porta, e aponta o caminho para o céu. Vamos a-

gora observar brevemente os efeitos que o Evangelho produz em quem não o recebe como

o poder de Deus para a salvação. Estes efeitos são diversos, assim como os tempera-

mentos e circunstâncias variam; mas todos eles podem nos levar a adotar a exclamação

do salmista: “Senhor, que é o homem?”.

Muitos dos que ouviram o Evangelho, uma ou algumas vezes, não irão mais ouvi-lo; ele

desperta seu desprezo, o ódio e raiva. Eles derramam desprezo sobre a sabedoria de Deus,

desprezam sua bondade, desafiam o seu poder; e eles próprios parecem expressar o espí-

rito dos judeus rebeldes, que disseram ao profeta Jeremias em sua face: “Quanto à palavra

que nos anunciaste em nome do Senhor, não obedeceremos a ti” [Jeremias 44:16]. Os

ministros que pregam o Evangelho são contados como os homens que põem o mundo de

cabeça para baixo; e as pessoas que o recebem, como tolos ou hipócritas. A palavra do

Senhor é um fardo para eles, e eles a odeiam com um ódio perfeito. Quão fortemente a

disposição do coração natural é manifestada pela confusão que muitas vezes ocorre nas

famílias onde o Senhor se agrada em um ou dois daquela casa, enquanto o restante perma-

nece em seus pecados! Professar, ou mesmo ser suspeito disso, ou aderir ao Evangelho

de Cristo, é frequentemente considerado e tratado como o pior dos crimes, suficiente para

anular os vínculos mais fortes de relação ou amizade. Os pais, após tal provocação, odiarão

os seus filhos, e os filhos ridicularizarão seus pais; muitos concordam com a declaração de

nosso Senhor, que a partir do momento em que um sentido do Seu amor tem envolvido seu

coração para amá-lO mais uma vez, seus piores inimigos foram aqueles de sua própria

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casa; e que aqueles que expressaram o maior amor e carinho para com eles antes de sua

conversão, agora dificilmente podem suportar vê-los.

A maior parte do povo, talvez continue a ouvir, pelo menos de vez em quando; e para aque-

les que o fazem, o Espírito de Deus em geral, em um momento ou outro, é um testemunho

para a verdade: as suas consciências são atingidas, e por algum tempo eles creem e ter-

mem. Mas qual é a consequência? Nenhum homem que tomou veneno procura mais inten-

samente ou rapidamente um antídoto, do que estes buscam fazer alguma coisa para abafar

e sufocar suas convicções. Eles buscam as companhias para beber ou para qualquer outra

coisa, buscando alívio contra a intrusão indesejável de pensamentos graves; e quando eles

conseguem recuperar sua antiga indiferença, eles se alegram, como se tivessem escapado

de algum grande perigo. O próximo passo é ridicularizar as suas próprias convicções; e

junto a isso, se percebem algum conhecido com as impressões que ele teve, usam todas

as artimanhas e empregam todos os esforços para que possam torná-los tão obstinados

como eles mesmos. Para este propósito, eles espreitam como um passarinheiro ao passa-

rinho, lisonjeiam ou injuriam, tentam ou ameaçam; e se eles podem, prevalecem, e se são

a ocasião de “endurecimento de qualquer um em seus pecados” eles se regozijam e triun-

fam como se considerassem isso como seu próprio interesse e a sua glória, a saber, ver a

ruína das almas de seus semelhantes.

Por ouvirem frequentemente o Evangelho eles recebem mais luz, e são compelidos a saber,

quer queiram que não, que a ira de Deus paira sobre os filhos da desobediência. Eles levam

uma picada em suas consciências, e, por vezes, sentem-se os mais miseráveis, e não po-

dem, mas gostariam que nunca tivessem nascido, ou que fossem cães ou sapos, ao invés

de criaturas racionais. No entanto, eles se endurecem ainda mais. Eles se determinam a

serem feliz e estarem sossegados, se obrigam a usar um sorriso enquanto a angústia está

presa em seus corações. Eles blasfemam o caminho da verdade, por ver as falhas dos pro-

fessos, e com uma alegria maliciosa publicam suas falhas e os ofendem. Eles veem, talvez,

como o ímpio morre, mas não ficam alarmados; eles veem o justo morrer, mas não são

comovidos. Nem providências, nem ordenanças, nem misericórdias, nem julgamentos po-

dem pará-los, pois eles estão determinados a prosseguir e morrer com os olhos abertos,

ao invés de se submeterem ao Evangelho.

Porém nem sempre eles rejeitam abertamente as verdades do Evangelho. Alguns que pro-

fessam aprova-las e recebê-las, por este meio desvelam os males do coração do homem,

se possível, em uma luz ainda mais forte. Eles fazem de Cristo um ministro do pecado, e

transformam a Sua graça em libertinagem. Como Judas, eles dizem: “Eu te saúdo, Rabi!”

E O traem. Este é o mais alto grau de iniquidade. Eles pervertem todas as doutrinas do

Evangelho, da eleição eles tiram uma desculpa para continuarem em seus maus caminhos;

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e defendem a salvação sem as obras, porque não amam a obediência. Eles exaltam a justi-

ça de Cristo, mas se opõem à santidade pessoal. Em uma palavra, porque eles ouvem que

Deus é bom estão determinados a persistir no mal. “Senhor, que é o homem?”.

Assim os pecadores obstinados e impenitentes vão de mal a pior, enganando e sendo enga-

nados. A palavra que eles desprezam torna-se para eles um cheiro de morte para morte.

Eles tomam diferentes cursos, mas em todos estão viajando para descer à cova; e, a menos

que a misericórdia soberana impeça, em breve eles cairão para não mais se levantarem. O

evento final normalmente é duplo. Muitos, depois de terem sido mais ou menos comovidos

pela Palavra, se acomodam às formalidades. Se a audição suprisse o lugar da fé, do amor

e da obediência, eles iriam fazê-lo bem; mas aos poucos eles se tornam impassíveis ao

sermão, as verdades que uma vez os atingiram, muitas vezes, perdem o seu poder ao se-

rem ouvidas; e, assim, multidões vivem e morrem na escuridão, embora por muito tempo a

luz tenha brilhado ao redor deles. Outros são mais abertamente entregues a um sentimento

perverso. O desprezo do Evangelho produz infiéis, deístas e ateus. Eles estão cheios de

um espírito de ilusão para acreditarem em uma mentira. Estes são escarnecedores, an-

dando segundo as suas próprias concupiscências; pois onde os princípios da religião são

abandonados, a conduta será vil e abominável. Tais pessoas zombam de si mesmas em

suas dissimulações, e fortemente provam a verdade do Evangelho, enquanto elas disputam

contra ele. Nós muitas vezes achamos que as pessoas deste tipo têm sido anteriormente

objeto de fortes convicções; mas quando o espírito maligno pareceu se afastar por um tem-

po, e voltou novamente, o último estado desse homem é pior do que o primeiro.

Não é improvável que alguns dos meus leitores possam encontrar-se com seus próprios

caráteres sob um ou outro dos vislumbres que dei da maldade desesperada do coração,

em suas atuações contra a verdade. Que o Espírito de Deus possa compeli-los a ler com

atenção, o seu caso é perigoso, mas eu espero que você não se desespere totalmente,

pois Jesus é poderoso para salvar. Sua graça pode perdoar as ofensas mais graves, e sub-

jugar os hábitos mais inveterados do pecado. O Evangelho que você até aqui desprezou,

resistiu ou se opôs ainda é o poder de Deus para a salvação. O sangue de Jesus, sobre o

qual até agora você tem pisoteado, fala melhor do que o sangue de Abel, e possui virtude

para limpar aqueles cujos pecados são escarlate e carmesim, e para fazê-los brancos como

a neve. Até agora você foi poupado; mas já é tempo de parar, baixar os braços da rebelião,

e humilhar-se aos pés do Senhor Jesus Cristo. Se você fizer isso, você ainda pode escapar;

mas se não, saiba com certeza que a ira vindoura cairá sobre você ao máximo; e você

perceberá em breve, em sua consternação indizível, que terrível coisa é cair nas mãos do

Deus vivo.

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é Corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

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Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

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Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

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Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

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Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

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Deus) — C. H. Spurgeon

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é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.