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Hortifruti Brasil magazine - October, 2015 (issue 150)

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Potato: How to manage highs costs and low demand?

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  • 2 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

  • Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 3

  • EDITORIAL

    ALTA DO CUSTO NO OCORRE SOMENTE NA PRODUO DA BATATA

    A Hortifruti Brasil chega edio nmero 150! Mais do que uma centena e meia de revistas produzidas, a Hor-tifruti Brasil se consolida como uma fonte importante de pesquisa primria e anlise do mercado hortifrutcola. E para comemorar, trazemos mais uma edio de custo de produ-o da batata, avaliado em face da crise econmica/fiscal e poltica que o Pas atravessa. A constatao da equipe Horti-fruti/Cepea que muitas das consideraes feitas sobre o im-pacto do atual cenrio nos custos da batata pode ser tambm replicado para outras culturas.

    A mo de obra, por exemplo, segue em alta, conforme determina a lei brasileira de reajuste do salrio mnimo. A energia eltrica e o leo diesel j tiveram acentuado aumento neste ano, depois de o governo federal ter impedido reajus-tes antes das eleies. No caso da energia eltrica, a falta de chuvas acentuou a necessidade de reajustes das contas pagas por todos, medida que requereu o acionamento de termoeltricas que tm custos mais altos. Para os combus-tveis, o normal seria um recuo nos preos neste ano, visto que o petrleo se desvalorizou. Porm, com os problemas na Petrobras, tambm seguiram em alta. O cmbio, por sua vez, tem sido influenciado por questes externas (retomada do crescimento norte-americano) e internas (crises econmica, fiscal e poltica).

    Para 2016, o cenrio econmico brasileiro de muitas incertezas. O consenso entre as previses que o dlar deve seguir em patamar elevado. Com isso, fertilizantes e defen-sivos no devem baixar; na melhor das hipteses, seguiro com preos semelhantes aos do final deste ano. Energia el-trica e leo diesel tambm seguem da mesma forma, poden-do ter novos reajustes. Para a mo de obra, j certeza que haver aumento, dada a relao com o salrio mnimo e a demanda das categorias diante da inflao. Com esse cen-rio, torna-se muito importante se atentar aos gastos, ter um uso racional dos insumos e principalmente, muito cautela nos investimentos.

    Joo Paulo Deleo o autor deste Especial Batata.

    4 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

  • RADAR hf - Novidades do setor hortifrutcola

    A HF Brasil por a

    Renata Pozelli e Joo Paulo Deleo, do Cepea, participaram de evento da Bayer nos dias 1 a 4 de setembro em Irec e na Chapada Diamantina (BA). Em palestras, os pesquisadores apre-sentaram o panorama atual do merca-do de hortalias.

    HF Brasil apresenta panorama de mercado de hortalias em evento no NE

    El Nio chegou pra valer!

    A impresso que temos que o calor do vero chegou mais cedo em quase todo o Pas neste ano, tomando espao at do inverno. Boa parte dessa loucura clim-tica se deve ao El Nio. Notcias apontam que o fenme-no est se intensificando e pode ser o mais forte desde 1997. No Brasil, isso quer dizer que a seca no Nordeste continua e pode ser mais intensa, enquanto no Sul as chuvas podem ser mais volumosas. A Administrao Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos j cogita a possibilidade de o fenmeno continuar in-fluenciando o clima no incio de 2016.

    Por Renata Pozelli Sabio

    O pesquisador Joo Paulo Deleo e os analistas de mercado Felipe Cardoso e Guilherme Paranhos, que integram a equipe de batata do Hortifruti/Cepea, foram ao Sul de Minas Gerais e a Vargem Grande do Sul (SP) em agosto. A equipe se reuniu com produtores e tcnicos locais para levantar os custos de produo de batata dessas regies. Os resulta-dos esto na Matria de Capa desta edio.

    Pesquisadores vo a campo levantar custo de batata

    A professora Margarete Boteon, coordenadora da equipe Hortifruti/Cepea, participou nos dias 31 de agosto e 1 de setembro do Painel Consultivo sobre Sustentabilidade, organizado pela Syngenta e pela renomada escola de negcios IMD em Lausanne, Sua.

    Pesquisadora participa de evento na Sua

    Rastreabilidade de HFs poder ser implantada em SC

    Uma portaria da Secretaria da Agricultura de Santa Catarina publi-cada em setembro quer garantir a rastreabilidade de produtos vege-tais in natura ou minimamente processados no estado, comeando com a ma e a banana. A rastreabilidade possibilita a identificao do processo de produo desde o campo at o supermercado, alm conter de informaes sobre os insumos utilizados, cuidados com o meio ambiente e o uso da gua. Para aderir ao sistema, necessrio que o produtor faa o cadastramento e mantenha um caderno de campo com a descrio detalhada dos processos produtivos.

    Por Jlia Belloni Garcia

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 5

  • AO LEITOR

    O Especial Batata 2015 traz os custos de produo atualizados de Vargem Grande do Sul (SP) e Sul de Minas, alm da anlise da sustentabilidade do setor diante do aumento dos custos.

    Manga 40

    CAPA 8

    HF Brasil Na iNTErNETAcesse a verso on-line da Hortifruti Brasil no site: www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil

    @hfbrasil@[email protected]

    SEES

    a reproduo dos textos publicados pela revista s ser permitida com a

    autorizao dos editores.

    expediente

    Batata 24

    Cebola 29

    folhosas 30

    Uva 32

    Mamo 37

    Melancia 34

    Ma 39

    Citros 38

    Cenoura 28

    a comunicao digital no setor de HFQuero parabenizar os autores da matria que exalta o uso dos meios digitais no cam-po. Daqui pra frente, ser uma constante em nossas vidas, vieram para ficar, pois so ferramentas que facilitam nosso dia a dia nas negociaes, para saber preos em ou-tras praas e trocar conhecimento.Diego Lirio por e-mail

    Ainda no uso a comunicao digital e achei a matria muito interessante! Acho que as mdias digitais so importantes,

    sim, mas devem ser consideradas tambm as outras formas de comunicao mais convencionais. A conversa pessoal a mais persuasiva! Lcio Maia So Jos dos Pinhais/PR

    Como no resido na mesma cidade do meu negcio, meu gerente sempre compartilha fotos e informaes dos estgios e situa-o da cultura. A comunicao digital se tornou indispensvel nos negcios, permi-te agilidade de informaes e decises e

    a Hortifruti Brasil uma publicao do CEPEa - Centro de Estudos avanados em Economia aplicada - EsalQ/UsP issN: 1981-1837

    Coordenador Cientfico: Geraldo SantAna de Camargo Barros

    Editora Cientfica: Margarete Boteon

    Editores Econmicos: Joo Paulo Bernardes Deleo, Renata Pozelli Sabio, Letcia Julio e Larissa Gui Pagliuca

    Editora Executiva: Daiana Braga MTb: 50.081

    Diretora Financeira: Margarete Boteon

    Jornalista responsvel: Ana Paula Silva Ponchio MTb: 27.368

    reviso: Daiana Braga, Alessandra da Paz, Flvia Romanelli e Ana Carolina Wolfe

    Equipe Tcnica: Amanda Ribeiro de Andrade, Ana Luisa Antonio Pacheco, Camila Augusto Carazzato, Carolina Camargo Nogueira Sales, Felipe Cardoso, Felipe Vitti de Oliveira, Fernanda Geraldini Palmieri, Jair de Souza Brito Junior, Jlia Belloni Garcia, Lucas Conceio Arajo, Mariana Coutinho Silva, Marina Marangon Moreira, Mariana Santos Camargo, Marilia de Paula Stranghetti, Patricia Geneseli, Trik Canaan Thom Tanus e Vanessa Vizioli.

    apoio: FEALQ - Fundao de Estudos Agrrios Luiz de Queiroz

    Diagramao Eletrnica/arte: Guia Rio Claro.Com Ltda 19 3524-7820

    impresso: www.graficamundo.com.br

    Contato: av. Centenrio, 1080 Cep: 13416-000 - Piracicaba (sP) Tel: 19 3429-8808 Fax: 19 3429-8829 [email protected] www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil

    A revista Hortifruti Brasil pertence ao Cepea

    FRUM 41Marcelo Cazzaroto e Marcos Roberto Franco so os entrevistados desta edio e comentam sobre os desafios do setor diante dos custos em alta.

    Melo 36

    Banana 33

    Tomate 26

    6 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

  • EscrEva para ns. Envie suas opinies, crticas e sugestes para:

    hortifruti Brasil - Av. Centenrio, 1080 - Cep: 13416-000 - Piracicaba (SP)

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    transparncia. Mas a conversa por telefone e, principal-mente, pessoalmente, sempre ser essencial.Fabrcio Rodrigues Petrolina/PE

    A comunicao digital til para meu controle de qua-lidade e acompanhamento de vendas. Uso muito o WhatsApp para compartilhamento de fotos, para acom-panhar a entrega desde a produo at o cliente em tem-po real. Porm, mesmo que a comunicao digital seja uma tendncia, o contato pessoal, na busca de reforar a aliana e o compromisso com a qualidade, algo que no pode faltar em nenhuma empresa. Eu visito mensal-mente meu cliente e busco ouvir pessoalmente dele suas queixas e elogios, o que refora uma longa parceria. Pedro Lucas Abreu Tiangu/CE

    Achei tima a abordagem do assunto na edio de setem-bro. Uso Facebook e WhatsApp diariamente, compartilho fotos e fecho negcios de compra e venda. Acredito que no existam pontos negativos na comunicao digital, vai depender do modo que cada pessoa a usa. Acho que tudo vlido para atender o cliente. Temos que usar as mdias para atender melhor o cliente. Hernandes Amorim Irec/BA

    Achei muito interessante a matria, assunto que precisa ser melhor aproveitado. Uso a comunicao digital pa-ra divulgar conhecimento tcnico e buscar informaes sobre as atividades que se relacionam com a minha rea de atuao profissional. A comunicao digital nos pro-porciona interatividade. Com certeza, veio para ficar no setor de HF. Renato Rodrigues de Almeida da Costa Nova Mutum/MT

    Uso a comunicao digital em prol do meu trabalho por meio de aplicativos e e-mail, pelos quais recebo os pedi-

    dos, envio boletos, folders etc. O lado positivo da comu-nicao digital a agilidade de informaes, e o negativo a qualidade das conexes e o uso indevido. Sem dvida, a comunicao via internet reduz os custos, mas os meios convencionais ainda sero importantes e necessrios. Kiozo Kitamura Salvador/BA

    Uso vrios formatos de ferramentas digitais para divulgar Informaes tcnicas, preos e mercado. A comunicao digital fundamental para o desenvolvimento dos traba-lhos no campo, seja na rea de produo ou comercia-lizao. Deve fazer parte da rotina diria de trabalho de qualquer profissional, contribuindo para o envio de in-formaes do campo e do planejamento dos trabalhos peridicos. Hoje, vejo que impossvel trabalhar sem as ferramentas digitais para ser competitivo no mercado. Acredito que as mdias digitais e convencionais no im-pedem uma a outra para o funcionamento da empresa; uma pode ser potencializada pela outra, promovendo di-namismo necessrio para a maximizao dos resultados. Acredito que quem domina hoje a tecnologia da informa-o est frente de seus concorrentes.Srgio Doliveira Itapeva/SP

    Utilizado vrias ferramentas digitais para resolver pen-dncias do dia a dia, como o Facebook, WhatsApp, e-mail e s vezes o Skype. A comunicao digital agiliza o trabalho, economiza combustvel e nos deixa mais tem-po no local de produo, afinal o olho do dono que engorda o boi. Por outro lado, o contato com as pessoas frio. s vezes voc diz algo que no totalmen-te compreendido, pois em algumas mdias digitais no possvel expressar entonao. Sem contar que nos torna-mos dependentes das mdias e quando falham, tudo para. Thiago Borges Cristalina/GO

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  • GanHOs DE EscaLa pODEM rEDUZIr cUsTOs DE prODUO

    A anlise comparativa de duas escalas de produo em Vargem Grande do Sul (SP) (100 e 350 hectares) e de outras duas no Sul de Minas (8 hectares na safra das guas com 20 hectares na safra de inverno) permite a identificao de eco-nomias decorrentes justamente da escala adotada.

    Em Vargem Grande do Sul (SP), a estrutura de 100 hec-tares representa a escala de produo mais comum ou tpica em termos de nmero de produtores da regio. J as unida-des produtoras de 350 hectares, apesar de estarem restritas a um pequeno nmero de produtores, j representam a maior parcela da produo regional.

    J no Sul de Minas, a maior parcela da produo e tambm de nmero de produtores representada por uma estrutura de pequena escala na safra das guas e de pequena a mdia na safra de inverno. Um dos motivos para que a es-cala de produo mdia tambm passasse a ser considerada

    tpica no inverno deve-se necessidade de investimento em irrigao, que se justifica com uma escala maior.

    No geral, observa-se que fazendas de maior porte con-seguem ter custos menores. Isso mais evidente em Vargem Grande do Sul (SP), onde foram avaliadas duas escalas de produo em um mesmo perodo (inverno de 2014). A pro-priedade de maior escala obteve custo 21% inferior (por hectare e por saca) ao da propriedade de mdia escala. Essa reduo de custo no est relacionada maior produtivida-de, que foi a mesma para as duas na temporada de inverno de 2014. O fato que a propriedade de maior escala permite investimentos em maquinrios e maior integrao das etapas da produo, fatores que, bem administrados, so impor-tantes redutores de custo. Os principais fatores que influen-ciaram a reduo de custo em Vargem Grande do Sul esto descritos no quadro a seguir.

    ESPECIAL BATATA: GE STO SUSTENTVEL

    Como gErir A bAtAtiC ulturA Com CuStoS

    A bataticultura ter novos desafios em 2016 e o produtor deve estar preparado para esse novo ce-nrio que se est delineando para o setor. De modo geral, os custos devem se manter em ascenso enquanto a demanda domstica deve ser mais limitada em 2016 - aps anos de ex-panso por conta da melhoria da distribuio renda e amplia-o do mercado consumidor brasileiro. Isso deve limitar altas do produto no varejo, apesar da presso dos custos cada vez mais evidentes no setor produtivo e comercial. Esse cenrio est muito relacionado crise econmica, fiscal e poltica que passa o Pas hoje.

    Em termos prticos, a alta do dlar, dos juros pagos pe-lo setor produtivo, da energia eltrica e do combustvel im-pulsionar os custos de produo, ao mesmo tempo em que o consumidor se mostra menos propenso a gastar. Produtos alimentcios como a batata so menos suscetveis queda de consumo do que bens durveis, por exemplo. Mesmo assim, o consumidor j est indo menos vezes ao supermercado e suas compras esto mais comedidas. E quando se pensa em produ-tos alimentcios com agregao de valor, como no caso das batatas pr-fritas congeladas, a o impacto um pouco maior

    do que o sentido pelos bsicos. Nesse sentido, o processamen-to nacional, que crescia recentemente a dois dgitos por ano, deve ter uma taxa de expanso menor neste e no prximo ano.

    A combinao de todos esses fatores pressiona a renta-bilidade da cultura e impe novos desafios para o setor que j est acostumado a sobreviver com base no ganho de produti-vidade. Em poucas palavras, neste e no prximo ano, os custos devem se manter em ascenso enquanto a demanda doms-tica deve ser mais limitada aps anos de expanso puxada pela melhoria da distribuio renda e consequente ampliao do mercado consumidor brasileiro.

    Em tal contexto, a Hortifruti Brasil apresenta mais um Especial Batata com o objetivo de reforar o quadro de in-formaes que o produtor tem para gerir seu negcio. Nesta edio, esto reunidas informaes atuais que proporcionam uma avaliao econmica de quatro estruturas tpicas de pro-duo de batata. A partir da anlise da estrutura de custo bem como da influncia da escala de produo possvel a iden-tificao dos itens que mais pesam nos custos e tambm das aes que podem ser feitas de modo que o negcio seja sus-tentvel no longo prazo.

    Em AltA E dEmAn dA Em bAixA?

    8 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA Por Joo Paulo Bernardes Deleo

  • EM VARGEM GRANDE DO SUL, prIncIpaL EcOnOMIa vEM Da MEcanIZaO Da cOLHEITa

    Produzir em uma rea maior, por si s, no garantia de re-duo de custos e nem de aumento de produtividade, conforme mostram as pesquisas com unidades produtoras tpicas de 100 e de 350 hectares na safra de inverno de 2014 na regio. No entanto, escala maior permite investimentos em tecnologia que podem ser minimizadores de custo, isso porque, em uma rea maior, dilui-se o custo fixo. A ampliao da unidade produtora de batata na regio permitiu, por exemplo, investimento em colheita mecanizada, o que reduziu imediatamente o custo de mo de obra este o principal item de reduo de custo comparativa-mente escala menor.

    Outro segmento que economiza com mo de obra me-dida que a escala aumenta o administrativo. Uma escala maior justifica/permite que seja montada uma estrutura de gestores mais completa e de menor custo por unidade produzida do que em uma propriedade pequena.

    Na pesquisa, ficou evidente tambm que a maior escala per-mite um sistema mais integrado de produo: desde a produo prpria da semente at a comercializao direta do tubrculo com os canais varejistas. Essa integrao reduz os custos de terceirizao, por exemplo, de viveiristas e intermedirios de comercializao.

    No caso da produo de semente, o custo por hectare da produo prpria de semente na unidade de 350 hectares foi me-nor que na unidade de 100 hectares que compra de terceiros. O beneficiamento prprio tambm permite que o empreendedor consiga reter para si a margem da intermediao, bem como ter um melhor aproveitamento dos diversos canais de comercializa-o em funo do tipo (tamanho/qualidade) da batata: desde o segmento premium, como as boutiques de hortifrutis, passando pelo mercado institucional e at o produto fora de padro para as indstrias de batata palha.

    A reduo de custo por meio da mecanizao e integrao das atividades significativa sobre os gastos operacionais e pode tambm ser obtida por empreendedores de pequeno e mdio portes mediante o compartilhamento de bens e atividades.

    O acesso colheitadeira e a implantao de atividades que dispensem ou reduzam a terceirizao no so baratos. Para se ter uma estrutura integrada e um maquinrio que permita a colheita 100% mecanizada de 350 hectares, o investimento em torno de R$ 6.463.100,00 ou R$ 18.466,00 por hectare. A ttulo de com-parao, o capital total imobilizado pela propriedade tpica de 100 hectares de batata de R$ 838.750,00 ou R$ 8.387,50/ha.

    SUL DE MINAS: Em gruPo, Produtor dE mEnor ESCAlA tAmbm PodE mECAniZAr E rEduZir CuStoS

    Nesta regio, o tamanho da rea de produo no pode ser diretamente comparado com o propsito de se identifica-rem os fatores que ajudam a reduzir os custos. Isso porque se trata de safras distintas. No geral, independente da escala de produo, mais barato produzir no inverno do que no vero porque a produtividade maior. A diferena que nem todos conseguem produzir no inverno, j que necessrio ter maior tecnologia, em especial um sistema de irrigao.

    Como so necessrios mais investimentos, exige-se tam-bm uma escala maior no inverno. Porm, mesmo com mais maquinrio, o CARP (Custo Anual de Recuperao do Patrim-nio) muito menor. A fazenda tpica de 20 hectares teve um CARP por hectare 46% menor que a fazenda de oito hectares.

    Mais investimentos em maquinrio permite que o plantio seja

    mecanizado, por exemplo, o que no vivel para um produtor

    que cultiva oito hectares, a menos que ele faa parte de um

    pool ou de uma cooperativa que adquira os equipamentos e

    compartilhe o servio mecanizado

    Outras vantagens da safra de inverno so condies cli-

    mticas mais favorveis e menor custo de arrendamento. Por

    ser um perodo seco, em geral, no h muita demanda por ter-

    ras na regio no inverno e o arrendamento firmado a preos

    bastante inferiores aos do perodo das guas. Para viabilizar a

    safra, o produtor instala o seu prprio conjunto de irrigao no

    perodo em que estiver produzindo.

    ESPECIAL BATATA: GE STO SUSTENTVEL

    Como gErir A bAtAtiC ulturA Com CuStoS Em AltA E dEmAn dA Em bAixA?

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 9

  • CUSTO DE PRODUO EM VARGEM GRANDE DO SUL

    MAQUINARIA DA PROPRIEDADE TPICAA propriedade tpica de 100 hectares de batata em

    Vargem Grande do Sul usa em suas operaes:

    3 tratores, sendo dois de 75 cv 4x4 e um de 110 cv 4x4 1 grade aradora 1 subsolador de 5 hastes 1 enxada rotativa 1 plantadora, sem adubadora, de quatro linhas 1 adubadora de quatro linhas 1 aplicador de adubo para cobertura 1 pulverizador de 2 mil litros com barra de 18 metros

    1 arrancadora de batatas 1 fresadora de quatro linhas 1 guincho hidrulico 1 p carregadora 1 tanque mcron 1 tanque de 6 mil litros 1 pick-up de pequeno porte 1 caminho

    Pelo nono ano consecutivo, membros da equipe Hortifruti Brasil

    reuniram-se com produtores e tcnicos da regio de Vargem Grande do Sul para apurar

    os custos de produo. A reunio aconteceu em 19 de agosto de 2015 na sede da Associao dos Bataticulto-res de Vargem Grande do Sul (ABVGS). O levantamento se referiu safra de inverno 2014, mas tambm foi regis-trado o oramento da safra de inverno 2015, ainda em andamento o custo consolidado desta temporada se-r publicado no Especial Batata de 2016. Os resultados preliminares j permitem uma boa prvia dos custos da regio na safra atual, como vem sendo feito ano a ano.

    A propriedade tpica de mdia escala de produ-o em Vargem Grande do Sul manteve seu perfil de 100 hectares cultivados com batata. Na safra 2014, a nica alterao que houve no inventrio de mquinas e equipamentos em relao de 2013, publicada no Especial Batata anterior (n 139), a excluso de uma das arrancadeiras de esteira, pois os participantes do l-timo Painel acharam que uma apenas seria suficiente. Quanto ao rateio na depreciao de mquinas, imple-mentos e benfeitorias, continua sendo feito em funo do uso proporcional nas culturas da batata e nas demais normalmente, o produtor tem pelo menos uma segun-da cultura. O valor do barraco, pelo segundo ano con-

    secutivo, foi alterado para baixo: estimado em 2013 em R$ 150.000,00, passou para R$ 75.000,00 em 2014, por uma deciso dos participantes que acharam que a estru-tura estava superestimada antes era prevista em 1.000 metros quadrados e, agora, em 500 metros quadrados, com um custo de R$ 300,00 por metro quadrado em 2014 e uma estimativa de aumento de 10% para 2015.

    Os demais itens permanecem como registrados nas edies anteriores: terra arrendada, sistema de irrigao sob piv central e servio de beneficiamento terceirizado. A pulverizao continua sendo area por apresentar me-nor custo e maior rapidez, e os comentrios que de alguns produtores estariam retornando para a aplicao terrestre por julgarem mais eficiente, no so uma tendncia. As pulverizaes com herbicidas so realizadas por trator.

    Na consolidao da safra 2014, a produtividade mdia foi de 700 sacas de 50 kg por hectare, conforme previsto no Especial Batata do ano passado. No entanto, o custo unitrio ficou maior que o oramento estimado no ano anterior, uma vez que alguns itens se tornaram mais caros.

    Para a temporada 2015, produtores preveem um acentuado recuo na produtividade mdia, que est es-timada em 600 sacas de 50 kg por hectare, sobretudo devido a problemas climticos no plantio e desenvolvi-mento das lavouras no incio da safra.

    ESPECIAL BATATA: GESTO SUSTENTVEL

    - MDIa EscaLa DE prODUO (100 hectares)

    10 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA

  • 2014 2015* Itens (R$/ha) %CT (R$/ha) %CT

    Fon

    te: C

    epea

    CUSTO DE PRODUO TOTAL DE BATATA BENEFICIADAPARA MDIA ESCALA DE PRODUO EM VARGEM GRANDE DO SUL (SP)

    - SAFRAS DE INVERNO 2014 E 2015*

    1 arrancadora de batatas 1 fresadora de quatro linhas 1 guincho hidrulico 1 p carregadora 1 tanque mcron 1 tanque de 6 mil litros 1 pick-up de pequeno porte 1 caminho

    (A) Insumos ................................................................................................................................................7.014,67 ......................25,55% .............................7.943,29 .....................26,56%

    Fertilizantes ........................................................................................................................................3.958,30 ......................14,42% .............................4.770,00 .....................15,95%

    Defensivos ...........................................................................................................................................3.056,37 ......................11,13% .............................3.173,29 .....................11,56%

    (B) Sementes ...........................................................................................................................................5.000,00 ......................18,21% .............................5.625,00 .....................18,81%

    (C) Operaes mecnicas para preparo de solo ................................488,15 ..........................1,78% ...................................528,15 .........................1,77%

    Grade aradora/Encorporao ........................................................................................254,51 ..........................0,93% ...................................261,67 .........................0,87%

    Subsolagem ................................................................................................................................................85,76 ..........................0,31% ...................................102,12 .........................0,34%

    Enxada rotativa ......................................................................................................................................86,21 ..........................0,31% ....................................... 96,17 .........................0,32%

    Plantio .................................................................................................................................................................61,67 ..........................0,22% ....................................... 68,19 .........................0,23%

    (D) Operaes mecnicas para tratos culturais e amontoa ......606,52 ..........................2,21% ...................................618,42 .........................2,07%

    Adubao ......................................................................................................................................................75,66 ..........................0,28% ....................................... 81,96 .........................0,27%

    Amontoa .........................................................................................................................................................39,38 ..........................0,14% ....................................... 42,49 .........................0,14%

    Pulverizaes de herbicidas ..................................................................................................41,48 ..........................0,15% ....................................... 43,97 .........................0,15%

    Pulverizaes areas....................................................................................................................450,00 ..........................1,64% ...................................450,00 .........................1,50%

    (E) Irrigao ....................................................................................................................................................897,74 ..........................3,27% .............................1.197,43 .........................4,00%

    (f) Operaes para colheita mecnica (arranquio) .....................198,06 ..........................0,72% ...................................216,24 .........................0,72%

    (G) Mo de obra ..............................................................................................................................1.742,83 ..........................6,35% .............................1.948,05 .........................6,51%

    (h) Catao no sistema de colheita semimecanizado .................1.659,00 ..........................6,04% .............................1.560,00 .........................5,22%

    (I) Custos administrativos ..............................................................................................1.039,08 ..........................3,78% .............................1.166,88 .........................3,90%

    (J) Comercializao/Beneficiamento ............................................................4.690,00 ......................17,08% .............................4.500,00 .....................15,04%

    (K) Arrendamento ..........................................................................................................................2.066,12 ..........................7,53% .............................2.272,73 .........................7,60%

    (L) financiamento de Capital de Giro ..........................................................1.172,31 ..........................4,27% .............................1.419,06 .........................4,74%

    (M) Custo Operacional (CO) = A + B +...+ L .......................................26.574,47 ......................96,79% .........................28.995,25 .....................96,94%

    (N) CARP ................................................................................................................................................................881,33 ..........................3,21% ...................................915,11 .........................3,06%

    Custo Total (CT) = CO + CARP .......................................27.455,80 ...........100,00% ................29.910,36 ......................100%

    Produtividade Mdia .....................................................................................700 sacas/ha .............................................600 sacas/ha

    Custo Total por saca beneficiada ....................................................R$ 39,22 .............................................................. R$ 49,85

    A partir de 2008, a metodologia de clculo de depreciao e custo de oportunidade do capital fixo foi alterada e hoje calculada atravs do CARP. A formula do clculo do CARP est descrita na edio de maio/09.* Dados preliminares.

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 11

  • CUSTO DE PRODUO EM VARGEM GRANDE DO SUL

    MAQUINARIA DA PROPRIEDADE TPICAA propriedade tpica de 350 hectares de batata em

    Vargem Grande do Sul usa em suas operaes:

    10 tratores, sendo dois de 75 cv (um 4x4 e outro 4x2), um de 85 cv, quatro de 110 cv 4x4, um de 120 cv, um de 145 cv, um de 160 cv e um de 240 cv

    2 arados de 4 discos 2 grades aradoras 1 subsolador de 9 hastes Um distribuidor de calcrio com taxa varivel, para

    10 toneladas 1 enxada rotativa 2 plantadoras, sem adubadora, de quatro linhas 1 adubadora de quatro linhas 2 aplicadores de adubo para cobertura 2 pulverizadores de 2 mil litros com barra de 18 metros

    1 arrancadora de batatas

    1 colhedora de batatas (colheita 100 mecanizada)

    1 Hidrover

    6 caambas

    2 fresadoras de quatro linhas

    2 guinchos hidrulico

    2 tanques mcron

    1 tanque de 6 mil litros

    1 van

    1 pick-up de pequeno porte

    2 pick-up de grande porte

    3 caminhes com sistema roll on

    Pela primeira vez, a equipe Hor-tifruti Brasil calcula os custos de pro-

    duo para uma propriedade tpica de 350 hectares de batata na regio de Vargem Grande do

    Sul (SP). A reunio com produtores e tcnicos locais tambm aconteceu em 19 de agosto de 2015, na sede da Associao dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul (ABVGS). Para essa escala de produo, tambm foram apurados o resul-tado final da safra de inverno 2014 e um oramento para 2015, que deve ser publicado de forma consolidada no Es-pecial Batata de 2016.

    No s o tamanho da rea que se altera quando se observa a estrutura de produo em 100 e 350 hectares. H outras diferenas capazes de minimizarem muito o custo final da batata. A principal que, em 350 hectares, torna-se possvel a colheita 100% mecanizada, reduzindo-se muito o gasto com mo de obra. Outra diferena importante a verticalizao cada vez maior dos processos produtivos, co-mo a produo prpria de semente e tambm a comerciali-zao da batata (beneficiamento e atacado).

    Na regio, para essa escala, produtores usam tan-to terras prprias quanto arrendadas. O que muda entre uma modalidade e outra que, no caso de terras pr-prias, o custo de oportunidade da terra alocado fora dos custos operacionais, mas o valor no muda, j que a Hortifruti Brasil considera o valor do arrendamento como custo de oportunidade para terra.

    O equipamento de irrigao (piv central), em ter-ras prprias, tambm seria includo no clculo de CARP, que avalia o necessrio para a reposio do bem ao final de sua vida til. J no caso de arrendamento, normal-mente, a terra j tem sistema de irrigao. Para melhor comparao com a fazenda de 100 hectares, optou-se por se considerar o plantio em rea arrendada, j com a estrutura de irrigao.

    A pulverizao na escala de 350 hectares de pro-duo tambm area, e as pulverizaes com herbici-das so realizadas por trator.

    Como j mencionado, as produtividades mdias so as mesmas para as duas escalas da regio.

    - GranDE EscaLa DE prODUO (350 hectares)

    ESPECIAL BATATA: GESTO SUSTENTVEL

    12 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA

  • 2014 2015* Itens (R$/ha) %CT (R$/ha) %CT

    A partir de 2008, a metodologia de clculo de depreciao e custo de oportunidade do capital fixo foi alterada e hoje calculada atravs do CARP. A formula do clculo do CARP est descrita na edio de maio/09.*Dados preliminares.

    CUSTO TOTAL DE PRODUO DE BATATA BENEFICIADA PARA GRANDE ESCALA DE PRODUO EM VARGEM GRANDE DO SUL (SP)

    - SAFRAS DE INVERNO 2014 E 2015*

    (A) Insumos ................................................................................................................................................7.014,67 ......................32,37% .............................7.943,29 .....................33,90%

    Fertilizantes ........................................................................................................................................3.958,30 ......................18,26% .............................4.770,00 .....................20,36%

    Defensivos ...........................................................................................................................................3.056,37 ......................14,10% .............................3.173,29 .....................14,64%

    (B) Sementes ...........................................................................................................................................2.678,13 ......................12,36% .............................2.620,82 .....................11,18%

    (C) Operaes mecnicas para preparo de solo ................................337,02 ..........................1,56% ...................................370,32 .........................1,58%

    Grade aradora/Encorporao ........................................................................................110,00 ..........................0,51% ...................................121,69 .........................0,52%

    Subsolagem ................................................................................................................................................47,98 ..........................0,22% ....................................... 52,70 .........................0,22%

    Enxada rotativa ......................................................................................................................................86,21 ..........................0,40% ....................................... 94,73 .........................0,40%

    Plantio .................................................................................................................................................................92,83 ..........................0,43% ...................................101,20 .........................0,43%

    (D) Operaes mecnicas para tratos culturais e amontoa ......566,60 ..........................2,61% ...................................582,74 .........................2,49%

    Adubao ......................................................................................................................................................80,22 ..........................0,37% ....................................... 88,04 .........................0,38%

    Amontoa .........................................................................................................................................................44,90 ..........................0,21% ....................................... 49,31 .........................0,21%

    Pulverizaes de herbicidas ..................................................................................................41,48 ..........................0,19% ....................................... 45,39 .........................0,19%

    Pulverizaes areas....................................................................................................................400,00 ..........................1,85% ...................................400,00 .........................1,71%

    (E) Irrigao ..............................................................................................................................................1.032,30 ..........................4,76% .............................1.546,08 .........................6,60%

    (f) Operaes para colheita mecnica..............................................................434,14 ..........................2,00% ...................................471,53 .........................2,01%

    (G) Mo de obra (fazenda) ..............................................................................................1.122,74 ..........................5,18% .............................1.125,14 .........................4,80%

    (h) Mo de obra (beneficiadora e cmara fria)..................................827,59 ..........................3,82% ...................................827,59 .........................3,53%

    (I) Custos administrativos ....................................................................................................845,45 ..........................3,90% ...................................881,39 .........................3,76%

    (J) Comercializao/Beneficiamento ............................................................2.582,86 ......................11,92% .............................2.471,43 .....................10,55%

    (K) Arrendamento ..........................................................................................................................2.066,12 ..........................9,53% .............................2.272,73 .........................9,70%

    (L) financiamento de Capital de Giro ................................................................907,78 ..........................4,19% ...................................977,13 .........................4,17%

    (M) Custo Operacional (CO) = A + B +...+ L .......................................20.415,39 ......................94,20% .........................22.090,19 .....................94,27%

    (N) CARP ..........................................................................................................................................................1.257,61 ..........................5,80% .............................1.341,64 .........................5,73%

    Custo Total (CT) = CO + CARP .......................................21.673,00 ...........100,00% ................23.431,83 ......................100%

    Produtividade Mdia .....................................................................................700 sacas/ha ............................................600 sacas/ha

    Custo Total por saca beneficiada ....................................................R$ 30,96 ..............................................................R$ 39,05

    Fon

    te: C

    epea

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 13

  • CUSTO DE PRODUO NO SUL DE MINAS GERAIS

    MAQUINARIA DA PROPRIEDADE TPICAA propriedade tpica de batata no Sul de Minas usa em suas operaes:

    1 trator de 75 cv 4x4 1 trator de 90 cv 4x4 1 arado de 4 discos de 28 polegadas 1 grade niveladora 1 distribuidor de calcrio de 600 kg 1 adubadora 1 carreta com capacidade para 3 toneladas 1 enxada rotativa

    1 subsolador de 5 hastes 1 roadeira de 3 hlices 1 pulverizador com barra hidrulica 1 arrancadora de batatas 1 sulcador com adubadora 1 adubadora de trs linhas 1 pick-up de pequeno porte

    Os custos da safra das guas nessa regio foram apurados pelo

    sexto ano consecutivo pela Hortifruti Brasil. A reunio com produtores e tcnicos lo-

    cais ocorreu no municpio de Pouso Alegre (MG), em 04 de agosto de 2015, na sede da Associao de Bata-ticultores do Sul de Minas Gerais (Abasmig). Os dados obtidos representam os custos finais da temporada das guas 2014/15. Para fins de comparao, repete-se nesta edio o custo da temporada 2013/14, que consta do Especial Batata de 2014.

    O perfil de uma propriedade bataticultora tpica na safra das guas no Sul de Minas mantm-se em oito hec-tares, no tendo retornado ao patamar de 10 hectares da safra 2010/11, nem mesmo aps os bons resultados das temporadas 2012/13 e 2013/14. O motivo foi o receio da falta de gua. As demais caractersticas da proprie-dade tpica tambm foram mantidas. O cultivo predo-minante permanece em rea arrendada e a maioria dos produtores ainda no adota sistemas de irrigao, j que a safra ocorre em perodo de chuvas. O baixo ndice

    pluviomtrico na temporada, alm de limitar a rea de cultivo como um todo na regio, tambm reduziu a pro-dutividade mdia da regio, que foi de 600 sacas por hectare, 9% menor que as 660 do ano passado.

    Quanto ao inventrio da propriedade, houve pou-ca alterao frente ao ano anterior, havendo o acrscimo de uma adubadora.

    O CARP (Custo Anual de Recuperao do Patrim-nio) continua sendo rateado entre as culturas do portf-lio do produtor. Entre as regies bataticultoras acompa-nhadas pelo Cepea, o Sul de Minas na temporada das guas a que apresenta menor inventrio de mquinas, j que os produtores so de pequena escala. As opera-es de plantio so feitas manualmente.

    Os demais itens da estrutura de produo se man-tiveram tais como registrados em 2014.

    Na prxima safra, a 2015/16, a rea tpica ainda dever permanecer em oito hectares, embora na tempo-rada 2014/15 os resultados tambm tenham sido bons. O motivo que no h sementes suficientes para uma expanso da lavoura.

    - saFra Das GUas pErFIL TpIcO DE 8 HEcTarEs

    ESPECIAL BATATA: GESTO SUSTENTVEL

    14 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA

  • 2013/14 2014/15 Itens (R$/ha) %CT (R$/ha) %CT

    CUSTO TOTAL DE PRODUO DE BATATA BENEFICIADA NO SUL DE MINAS GERAIS

    - SAFRAS DAS GUAS 2013/14 E 2014/15

    A partir de 2008, a metodologia de clculo de depreciao e custo de oportunidade do capital fixo foi alterada e hoje calculada atravs do CARP. A formula do clculo do CARP est descrita na edio de maio/09.

    (A) Insumos ................................................................................................................................................6.374,40 ......................21,50% .............................6.728,28 .....................21,14%

    Fertilizantes ........................................................................................................................................3.500,00 ......................11,80% .............................3.700,00 .....................11,63%

    Defensivos ...........................................................................................................................................2.874,40 ..........................9,69% .............................3.028,28 .........................9,51%

    (B) Sementes ...........................................................................................................................................3.600,00 ......................12,14% .............................3.960,00 .....................12,44%

    (C) Operaes mecnicas para preparo de solo ................................743,78 ..........................2,51% ...................................808,81 .........................2,54%

    Arao ............................................................................................................................................................310,64 ..........................1,05% ...................................339,01 .........................1,07%

    Enxada rotativa/Encorporao ......................................................................................306,17 ..........................1,03% ...................................331,41 .........................1,04%

    Subsolagem ................................................................................................................................................88,67 ..........................0,30% ....................................... 96,44 .........................0,30%

    Calcrio .............................................................................................................................................................38,31 ..........................0,13% ....................................... 41,95 .........................0,13%

    (D) Operaes mecnicas para tratos culturais ..................................322,21 ..........................1,09% ...................................349,71 .........................1,10%

    Adubao bsica .................................................................................................................................60,81 ..........................0,21% ....................................... 67,17 .........................0,21%

    Adubao para cobertura .......................................................................................................22,49 ..........................0,08% ....................................... 24,55 .........................0,08%

    Pulverizao de inseticidas .................................................................................................108,59 ..........................0,37% ...................................117,27 .........................0,37%

    Pulverizao de fungicidas .................................................................................................108,59 ..........................0,37% ...................................117,27 .........................0,37%

    Pulverizao de herbicidas .....................................................................................................21,72 ..........................0,07% ....................................... 23,45 .........................0,07%

    (E) Operaes para colheita mecnica (arranquio) .....................368,64 ..........................1,24% ...................................401,33 .........................1,26%

    (f) Mo de obra geral .............................................................................................................2.833,80 ..........................9,56% .............................3.330,62 .....................10,46%

    (G) Catao no sistema de colheita semi-mecanizado .....2.130,00 ..........................7,18% .............................2.088,57 .........................6,56%

    (h) Custos administrativos ..............................................................................................1.961,04 ..........................6,61% .............................2.507,77 .........................7,88%

    (I) Comercializao/Beneficiamento ............................................................5.280,00 ......................17,81% .............................4.800,00 .....................15,08%

    (J) Arrendamento ..........................................................................................................................2.066,12 ..........................6,97% .............................2.479,34 .........................7,79%

    (K) financiamento de Capital de Giro ..........................................................1.065,57 ..........................3,59% .............................1.385,85 .........................4,35%

    (L) Custo Operacional (CO) = A + B +...+ K ......................................26.745,56 ......................90,20% .........................28.840,28 .....................90,62%

    (M) CARP ..........................................................................................................................................................2.906,41 ..........................9,80% .............................2.986,75 .........................9,38%

    Custo Total (CT) = CO + CARP .......................................29.651,97 ...........100,00% ................31.827,03 ......................100%

    Produtividade mdia .....................................................................................660 sacas/ha ..........................................600 sacas/ha

    Custo Total por saca beneficiada ...................................................R$ 44,93 .......................................................... R$ 53,05

    Fon

    te: C

    epea

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 15

  • CUSTO DE PRODUO NO SUL DE MINAS GERAIS

    MAQUINARIA DA PROPRIEDADE TPICAA propriedade tpica de batata no Sul de Minas usa em suas operaes:

    2 tratores de 75 cv 4x4 1 trator de 90 cv 4x4 1 arado de 4 discos de 28 polegadas 1 grade aradora 1 grade niveladora 1 distribuidor de calcrio de 600 kg 1 plantadora, sem adubadora, de trs linhas 1 fresadora 1 carreta com capacidade para 3 toneladas

    1 enxada rotativa 1 subsolador de 5 hastes 1 roadeira de 3 hlices 1 pulverizador de com barra hidrulica 1 arrancadora de batatas 1 sulcador com adubadora 1 adubadora de trs linhas 1 pick-up de pequeno porte 1 conjunto de irrigao de asperso

    Esta a primeira vez que a Hor-tifruti Brasil levanta os custos da safra

    de inverno no Sul de Minas Gerais. O Pai-nel (reunio com produtores e tcnicos locais)

    para a coleta de informaes foi realizado em 04 de agosto de 2015, na sede da Abasmig, em Pouso Alegre mesmo dia em que foram apurados os custos da safra das guas. Os dados obtidos representam os custos finais da tempora-da de inverno 2014. Como foi o primeiro estudo da safra na regio, no ainda possvel fazer comparao.

    Na safra de inverno, o perfil tpico de produo de 20 hectares, maior, portanto, que o das guas. O cul-tivo predominante em rea arrendada e todas as lavou-ras so irrigadas, j que a safra ocorre em perodo seco. As temperaturas mais baixas associadas possibilidade de controle da umidade por meio da irrigao permitem que a produtividade mdia seja superior da temporada das guas na regio. Em 2014, a mdia foi de 660 sacas por hectare no inverno e 600 sacas/ha nas guas.

    Como so necessrios maiores investimentos pa-

    ra se produzir no inverno, a escala maior. Apesar de serem safras distintas (guas e inverno), os resultados deixam claro o efeito da escala de produo princi-palmente sobre o dispndio com o plantio. A atividade mecanizada na propriedade de 20 hectares custa, por hectare e saca produzida, bem menos que na lavoura de oito hectares.

    No geral, a produo no inverno acrescenta os se-guintes itens ao inventrio das guas: um trator, uma gra-de aradora, uma plantadora, uma fresadora e um con-junto de irrigao. O sistema de irrigao mais comum por asperso.

    O CARP (Custo Anual de Recuperao do Patri-mnio) continua sendo rateado entre as atividades do produtor, sendo atribuda batata (a cada safra) a res-pectiva proporo de uso das mquinas e equipamentos. comum encontrar produtores que cultivam no inverno tambm fazerem a safra das secas e das guas, e, nestes casos, podem colher quase o ano todo. Para os que tm esse perfil, a rea total cultivada no ano de 40 hectares.

    - saFra DE InvErnO pErFIL TpIcO DE 20 HEcTarEs

    ESPECIAL BATATA: GESTO SUSTENTVEL

    16 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA

  • 2014 Itens (R$/ha) %CT

    CUSTO TOTAL DE PRODUO DE BATATA BENEFICIADA NO SUL DE MINAS GERAIS

    - SAFRA DE INVERNO 2014

    (A) Insumos .............................................................................................................................................................................................6.728,28 ..................................................................23,70%

    Fertilizantes .....................................................................................................................................................................................3.700,00 ..................................................................13,03%

    Defensivos ........................................................................................................................................................................................3.028,28 ..................................................................10,67%

    (B) Sementes ........................................................................................................................................................................................3.960,00 ..................................................................13,95%

    (C) Operaes mecnicas para preparo de solo .............................................................................970,45 ......................................................................3,42%

    Arao .........................................................................................................................................................................................................312,43 ......................................................................1,10%

    Enxada rotativa/encorporao ...................................................................................................................................307,89 ......................................................................1,08%

    Subsolagem .............................................................................................................................................................................................89,21 ......................................................................0,31%

    Calcrio ..........................................................................................................................................................................................................38,54 ......................................................................0,14%

    Plantio ..........................................................................................................................................................................................................222,38 ......................................................................0,78%

    (D) Operaes mecnicas para tratos culturais ...............................................................................324,62 ......................................................................1,14%

    Adubao bsica ..............................................................................................................................................................................61,77 ......................................................................0,22%

    Adubao para cobertura ....................................................................................................................................................22,63 ......................................................................0,08%

    Pulverizao de inseticidas ..............................................................................................................................................109,19 ......................................................................0,38%

    Pulverizao de fungicidas ..............................................................................................................................................109,19 ......................................................................0,38%

    Pulverizao de herbicidas ..................................................................................................................................................21,84 ......................................................................0,08%

    (E) Irrigao .................................................................................................................................................................................................980,00 ......................................................................3,45%

    (f) Operaes para colheita mecnica (arranquio) ..................................................................370,80 ......................................................................1,31%

    (G) Mo de obra geral ..........................................................................................................................................................3.111,87 ..................................................................10,96%

    (h) Catao no sistema de colheita semimecanizado ....................................................2.410,00 ......................................................................8,49%

    (I) Custos administrativos .................................................................................................................................................998,61 ......................................................................3,52%

    (J) Comercializao/Beneficiamento .........................................................................................................5.600,00 ..................................................................19,73%

    (K) Arrendamento .......................................................................................................................................................................1.033,06 ......................................................................3,64%

    (L) financiamento de Capital de Giro .......................................................................................................1.266,19 ......................................................................4,46%

    (M) Custo Operacional (CO) = A + B +...+L ......................................................................................26.773,88 ..................................................................94,31%

    (N) CARP .......................................................................................................................................................................................................1.614,05 ......................................................................5,69%

    Custo Total (CT) = CO + CARP ................................................................................28.387,93 ..............................................................100%

    Produtividade mdia ...................................................................................................................................................660 sacas/ha

    Custo Total por saca beneficiada ................................................................................................................. R$ 43,01

    A partir de 2008, a metodologia de clculo de depreciao e custo de oportunidade do capital fixo foi alterada e hoje calculada atravs do CARP. A formula do clculo do CARP est descrita na edio de maio/09.

    Fon

    te: C

    epea

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 17

  • A estimativa para a safra 2015, que est terminando, de aumento acentuado dos custos de produo tanto por hectare quanto por saca em Vargem Grande do Sul. Esse re-sultado reflete tanto o aumento de preos de componentes dos custos quanto a menor produtividade em relao a 2014.

    Para o cultivo de 100 hectares, os custos totais de produo esto estimados em R$ 29.910,36 por hectare, alta de 9% frente a 2014. No ano passado, tambm hou-ve reajuste de custo em relao a 2013, mas em menor proporo (4%). Analisando-se os custos por saca, a alta ainda mais acentuada em 2015, em funo da menor pro-dutividade, sobretudo no incio da safra. A saca de 50 kg custou quase R$ 50,00 (R$ 49,85), o que representa 27% a mais que a mdia de 2014. Naquele ano, com produti-vidade maior que na temporada anterior (2013), o custo por saca diminuiu 3%.

    Na escala maior, considerando-se o cultivo de 350 hectares, a alta foi de 8% nos custos por hectare, quando comparado safra 2014, indo para R$ 23.481,83. O custo por saca tambm subiu devido menor produtividade. A saca de 50 kg custa em mdia R$ 39,05, valor 26% maior que o calculado para 2014.

    Entre os grupos de insumos, o que teve maior au-mento de gasto foi o de fertilizantes, de 21% por hectare entre 2014 e 2015. O dispndio com defensivos tambm se elevou, 4% por hectare. Dentro desse grupo, o maior aumento foi com fungicidas, de 54% por hectare, j que o clima foi mais chuvoso durante esta safra. Em contra-partida, o gasto com inseticidas baixou 42%, tambm em funo do clima. Tendo em vista que os defensivos em geral estiveram mais caros, produtores, em muitos casos, optaram por molculas mais baratas, o que atenuou um pouco o aumento dos gastos com esses insumos.

    A elevao das despesas tanto com adubo quanto de defensivo por hectare ocorreu na mesma intensidade nos dois perfis de fazenda estudados. Isso porque a compra feita por meio da cooperativa e o preo de aquisio (no geral) foi considerado o mesmo, independente da escala.

    A irrigao foi outro importante item que acarretou aumento dos custos, tendo alta de 33% por hectare na fazenda de 100 hectares e de 50% na de 350 hectares. A alta justificada pelo encarecimento da energia eltrica. Vale ressaltar que os valores de custos referentes tempo-rada de 2015 so preliminares.

    ESPECIAL BATATA: GESTO SUSTENTVEL

    varGEM GranDE DO sUL:

    cUsTOs TM FOrTE aUMEnTO nEsTE anO

    CUSTO TOTAL DE PRODUO DE BATATA BENEFICIADA VARGEM GRANDE DO SUL - SAFRA 2014

    Financiamento de Capital de Giro

    4%

    CARP

    6%

    Fertilizante

    18%

    Defensivo

    14%

    Semente

    12%

    Operaes Mecnicas

    6%

    Outros

    14%

    Mo de obra

    9%

    Comercializao/Beneficiamento

    12%

    Font

    e: C

    epea

    Grande Escala (350 ha)

    R$ 30,96/sc

    CARP

    3%

    Fertilizante

    15%

    Defensivo

    11%

    Operaes Mecnicas

    5%

    Outros

    13%

    Mo de obra

    13%

    Financiamento de Capital de Giro

    4%

    Semente

    12%

    Comercializao/Beneficiamento

    17%

    Mdia Escala (100 ha)

    R$ 39,22/sc

    Irrigao

    5%Irrigao

    3%

    18 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA

  • Os custos totais de produo na safra das guas por rea cultivada no Sul de Minas Gerais tiveram alta de 7% na tempo-rada 2014/15 frente 2013/14, subindo para R$ 31.827,03 por hectare. J o custo unitrio (por saca de 50 kg da batata benefi-ciada) teve aumento bem mais acentuado, de 18%, em funo da menor produtividade, indo para R$ 53,05.

    Apesar de j ter sido forte a alta na ltima temporada, a previso que na 2015/16, que est sendo plantada, haja novo (e forte) aumento, j que os insumos que esto sendo ou sero comprados esto custando mais que em 2014.

    Na safra 2014/15, a mo de obra continuou impulsionan-do bastante os custos de produo. O dispndio com esse item (por hectare) aumentou 18% frente temporada anterior. Alm do aumento do salrio mnimo, o valor das dirias tambm teve reajuste.

    Outro item que teve significativa alta foi o arrendamento por hectare: 20% de uma safra para outra. A explicao a maior demanda por terras, em funo dos bons preos da ba-tata nas safras anteriores. As reas mais procuradas e de maior valor foram aquelas de melhor fertilidade, boas condies de fitossanidade, topografia e com disponibilidade de gua e es-trutura para implantar a irrigao.

    Os custos administrativos tiveram elevao de 28%, so-bretudo pelo aumento do pr-labore do produtor que, j no in-cio do ano, sentia a necessidade de uma melhor remunerao pelo seu trabalho em funo do aumento dos custos de vida.

    Os custos com capital de giro tambm subiram bastante, 30% de uma temporada para outra, por conta do aumento do volume de capital necessrio e da maior taxa de juros. Essa alta nos juros reflexo da escassez de crdito oficial a juros subsi-diados, pressionando o produtor a ter de captar crdito a juros mais caros ou a adquirir insumos financiados pelas revendas/empresas de insumos. Alm da captao mais cara de dinheiro, o custo de oportunidade do capital tambm maior, pelo au-mento da taxa da poupana.

    Os custos com sementes se ampliaram em 10%, mas provvel que, para a temporada 2015/16, o reajuste seja ainda maior devido oferta relativamente baixa desse insumo.

    Os reajustes do diesel acarretaram gastos 9% maiores com operaes mecnicas frente safra 2013/14.

    Devido menor produtividade, os custos com mo de obra para colheita diminuram 2% por hectare, mas, por saca, o custo aumentou. Tambm sob efeito da produtividade, o dis-pndio com beneficiamento baixou 9% por hectare.

    sUL DE MInas:

    cUsTO sObE na saFra Das GUas 2015/16

    CUSTO TOTAL DE PRODUO DE BATATA BENEFICIADA DO SUL DE MINAS GERAIS

    Financiamento de Capital de Giro

    4%

    CARP

    6%

    Fertilizante

    13%

    Defensivo

    11%

    Semente

    14%

    Operaes Mecnicas

    6%

    Outros

    7%

    Mo de obra

    19%

    Comercializao/Beneficiamento

    20%

    Font

    e: C

    epea

    Safra de inverno 2014

    R$ 43,01/sc

    CARP

    10%

    Fertilizante

    12%

    Defensivo

    10%

    Operaes Mecnicas

    5%

    Outros

    13%

    Mo de obra

    17%

    Financiamento de Capital de Giro

    3%

    Semente

    12%

    Comercializao/Beneficiamento

    18%

    Safra das guas 2013/14

    R$ 44,93/sc

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 19

  • AFINAL, O QUE MAIS TEM PESADO?

    Crise no Brasil, em especial seu desdobramento sobre o cmbio e sobre

    os preos da energia (eltrica e diesel), e queda de produtividade explicam grande parte

    do aumento dos custos em 2015. A previso que os gastos da temporada das guas 2015/16 sigam crescen-tes, dadas s altas do dlar nos ltimos meses.

    No geral, quatro fatores impactam os custos de to-das as escalas de produo: mo de obra, energia eltri-ca, combustvel e dlar. A mo de obra segue em alta, conforme determina a lei brasileira de reajuste do sal-rio mnimo. A energia eltrica e o leo diesel j tiveram acentuado aumento neste ano, depois de o governo fe-deral ter impedido reajustes antes das eleies. Reeleita

    a presidente, os aumentos tm sido fortes, para com-pensar o perodo em que os preos ficaram represados. No caso da energia eltrica, a falta de chuvas acentuou a necessidade de reajustes das contas pagas por todos, medida que requereu o acionamento de termoeltri-cas que tm custos mais altos. Para os combustveis, o normal seria um recuo nos preos neste ano, visto que o petrleo se desvalorizou. Porm, com os problemas na Petrobras, tambm seguiram em alta. O cmbio, por sua vez, tem sido influenciado por questes externas (retomada do crescimento norte-americano) e internas (crises econmicas e poltica). Seu impacto direto em muitos insumos, tendo grande impacto sobre os custos de produo.

    Sementes: este insumo produzido a partir de semen-te bsica importada e o processo de plantio ainda en-volve leo diesel, energia eltrica e, claro, mo de obra. Assim, o custo da semente tambm se eleva porque sua produo dependente de itens que encontram-se atualmente em alta.

    Custos administrativos: so compostos por diversos itens, como o pr-labore do produtor, deslocamento e transporte de mquinas e funcionrios, salrio de funcionrios administrativos, contratao de servios, entre outros gastos. Os custos administrativos, portan-to, tambm se elevam com o aumento do dlar, da energia eltrica, combustvel e mo de obra.

    Beneficiamento e comercializao: seu custo tem relao direta com o aumento dos gastos com mo de obra e energia.

    Manuteno de mquinas implementos e equipa-mentos: dependem de mo de obra e, por isso, tam-bm seguem em alta. Requerem tambm reposio de peas, que podem ser importadas ou ter seu processo de produo no Brasil encarecido pelo dlar.

    Capital de Giro: produtores declaram que o crdi-to oficial est mais difcil neste ano, o que os obriga, muitas vezes, a buscarem crdito em linhas mais caras nos bancos e/ou especialmente junto a empresas de insumos.

    ESPECIAL BATATA: GESTO SUSTENTVEL

    A desvalorizao do Real frente ao dlar acarretou aumento dos preos dos fertilizantes e defensivos, que tm grande parte de seus componentes importa-dos. Assim, h impacto direto do dlar nos custos de produo da batata.

    O combustvel mais caro implica em maior gasto com as operaes mecnicas e, por consequncia, com a cultura.

    4 PRINCIPAIS FATORES QUE IMPACTAM NO CUSTO DE PRODUO DE BATATA

    OUTROS ITENS QUE TAMBM IMPACTAM NO CUSTO DE PRODUO

    A energia eltrica mais cara eleva o dispndio com a irrigao, que se no for movida a eletricidade, o ser por diesel, tambm reajustado.

    A mo de obra que vinha ano a ano como principal vil da alta dos custos de produo, em funo dos reajustes do salrio mnimo, tambm implica direta-mente no aumento dos custos de produo. Entre-tanto, seu impacto nos custos de produo se torna tmido quando comparado ao dos insumos, da energia eltrica e do diesel.

    20 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA

  • O QUE ESPERAR PARA 2016?

    O cenrio econmico brasileiro para o prximo ano de muitas incertezas. O consenso entre as pre-vises que o dlar deve seguir em patamar elevado. Com isso, fertilizantes e defensivos no devem baixar em 2016; na melhor das hipteses, seguiro com pre-os semelhantes aos do final deste ano. Energia el-trica e leo diesel tambm seguem da mesma forma, podendo ter novos reajustes. Para a mo de obra, j certeza que haver aumento, dada a relao com o salrio mnimo e a demanda das categorias diante

    da inflao. Porm, para funcionrios que tem sal-rios acima do mnimo, no esperado grande reajuste (como no caso da fazenda de 350 hectares, em que a maioria ganha acima de R$ 1.500,00), tendo em vis-ta que tem aumentado a oferta de mo de obra em funo da crise no Pas. Esse cenrio j observado neste ano.

    No balano, a perspectiva que os custos de produo se mantenham elevados em 2016 diante dos fatores mencionados anteriormente.

    COMO MANTER VIVEL A ATIVIDADE EM TEMPOS DE CUSTOS EM ALTA E DEMANDA EM BAIXA?

    Com base no conjunto de estudos j elaborados para os Especiais Batata, a equipe Hortifruti Brasil chega a algumas concluses para que a atividade se-ja sustentvel. A primeira delas que importante se produzir com o menor custo possvel, e isso pode ser alcanado com tcnicas corretas de manejo e boa gesto de todos os processos.

    Falando-se em gesto, importante que o pro-dutor tenha uma radiografia precisa dos seus cus-tos e um planejamento da receita e de seus gastos futuros, procurando ter um controle apurado do seu fluxo de caixa.

    Outro ponto que favorece a reduo dos custos a escala de produo, como observado na apura-o de custos em Vargem Grande do Sul (SP), por exemplo. A mecanizao e a integrao de algumas atividades permitiram a reduo dos custos, como evidenciado nas pginas anteriores.

    Mas investimentos em colhedoras, por exem-plo, e verticalizao da produo s so viveis a partir de uma escala mnima de produo atual-mente, so poucos os produtores nessa condio. Isso ajuda a explicar o cenrio atual da bataticultu-ra, em que uma parcela de produtores, em especial de menor escala e/ou baixa tecnologia e/ou menos integrado, est com dificuldade para se manter na atividade enquanto outros esto ampliando os inves-timentos. Mas, o modelo de produo tecnificada de alta escala de produo pode ser tambm adotado por produtores de menor escala caso trabalhem em conjunto, compartilhem bens e servios. Em coope-

    rativas ou em pools podem reunir capital para inves-tir em colhedoras, em unidade produtora de semen-tes e de beneficiamento, por exemplo.

    Esse compartilhamento pode no ser fcil no curto prazo, mas h outras aes capazes de ameni-zar o impacto do contnuo amento de custos, inde-pendente da escala de produo:

    Uso racional de insumos: aplicao somen-te de frmulas de fertilizantes que seguem re-comendao agronmica, por exemplo. Alm disso, fazer uso racional dos defensivos para o controle de pragas e doenas.

    Reduzir os riscos em anos de incertezas eco-nmicas: diante da falta de clareza sobre o que vem pela frente, melhor no ousar ou arris-car muito. Por exemplo, num momento como o atual, analise com muita cautela se vale ou no a pena aumentar a rea cultivada. A bataticul-tura obteve nos ltimos trs anos bons preos, sustentados pela menor oferta decorrente da falta de sementes e ou de chuvas. Para 2016, um ano de muitas incertezas, talvez o produtor no precise se expor ou se arriscar muito, sob risco de depreciar todo o capital acumulado em safras anteriores.

    Enfim, cautela e caldo de galinha (com bata-ta) no fazem mal a ningum. O dito popular se faz bastante vlido nestes tempos de crises econmica e poltica em que se encontra o Pas.

    Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 21

  • 22 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

    CAPA

  • Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 23

  • Plantio da safra das

    guas 15/16 se intensifica nas praas sulistas

    Font

    e: C

    epea

    Chuvas elevam mdia de setembroPreos mdios de venda da batata gata no ataca-do de So Paulo - R$/sc de 50 kg

    Batata Equipe: Felipe Cardoso, Camila Augusto Carazzato, Joo Paulo Bernardes Deleo e Renata Pozelli Sabio [email protected] plantada em Bom Jesus e gua Doce deve ser mantida

    As regies de Bom Jesus (RS) e gua Doce (SC) iniciaram o plantio da safra das guas em setembro. Chuva e geada limitaram os trabalhos, principalmente na regio gacha. Produtores espe-ram compensar tais atrasos em outubro e novem-bro. Em setembro, a rea plantada atingiu 5% em ambas as regies e, at o fim de novembro, produ-tores esperam que de 65 a 70% da rea total seja plantada. Em Bom Jesus, produtores tinham inten-o de antecipar o plantio em um ms, mas chuvas e geadas foraram os produtores a retomar o ca-lendrio tradicional de cultivo. J em gua Doce, o plantio foi atrasado para outubro. Em ambas as regies, a rea total deve ser mantida para a safra 2015/16. A justificativa para que a rea plantada no aumentasse foi a acentuada alta nos custos de produo, principalmente no preo de defensivos e fertilizantes, que esto atrelados ao dlar, diesel e energia eltrica. No RS, a capitalizao de pro-dutores foi pequena no ltimo ano, o que tambm limita expanso da rea. Alm disso, h limitao de sementes, visto que parte foi perdida na safra passada ou negociada no mercado devido aos altos preos na ltima safra. Na praa catarinense, a alta nos custos de arrendamento devido ao aumento da demanda por terras tambm impede a expanso. At o final de setembro, as reas j cultivadas no Sul no tiveram problemas. Contudo, produtores esto atentos, pois o segundo semestre de 2015 de-ver ser bastante chuvoso devido ao El Nio.

    Plantio das guas avana nas praas paranaenses

    O plantio da primeira parte da safra das guas 2015/16 deve se encerrar at o fim de outubro em Guarapuava (PR). O incio da segunda parte est pro-gramado para novembro. A rea total da regio deve aumentar em funo dos consecutivos anos de bons resultados. Contudo, o aumento da segunda parte da safra ainda depende dos resultados da primeira. J em Curitiba, o plantio foi iniciado em agosto e, em So Mateus do Sul, no fim de julho. Em Ponta Grossa e Irati, o plantio comeou no fim de agosto. Em Curitiba e So Mateus do Sul, houve atrasos em agosto e o fim do plantio foi postergado em 15 dias. Nestas praas, assim como em Irati, a rea dever ser mantida para a prxima safra em funo da baixa disponibilidade de sementes. J Ponta Grossa deve ter leve reduo nas reas destinadas indstria de-vido a problemas com sementes na ltima replicao e leve retrao da demanda na produo de chips.

    Safra de Vargem Grande do Sul se encerra com rentabilidade positiva

    O resultado da safra de inverno 2015 em Var-gem Grande do Sul (SP) foi positivo, com preos acima dos custos de produo. A alta nas cotaes foi resultado da baixa oferta, provocada por perdas em algumas reas cultivadas, assim como aconteceu em Cristalina (GO). Alm disso, a produtividade at agosto no foi boa, reduzindo ainda mais a oferta no mercado. Como os preos estavam em bons pa-tamares, muitos produtores adiantaram a colheita, o que manteve a produtividade abaixo do potencial, desconcentrou a oferta durante o pico e evitou o excesso no mercado. Na mdia da temporada, os preos j ponderados pelo calendrio de colheita e classificao, ficaram em R$ 55,10/sc de 50 kg, valor 29,6% superior s estimativas de custos de produo (R$ 42,50/sc). De acordo com produtores, apesar do excesso de chuva durante o plantio, a qualidade das batatas foi boa, com mais de 80% sendo classificada como especial. Na mdia da temporada, a produti-vidade ficou em torno de 36 t/ha.

    24 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

  • Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 25

  • Font

    e: C

    epea

    Preo tem nova queda em setembroPreos mdios de venda do tomate salada 2A longa vida no atacado de So Paulo - R$/cx de 22 kg

    tomateEquipe: Trik Canaan Thom Tanus, Jair de Souza Brito Junior,

    Camila Augusto Carazzato, Renata Pozelli Sabio e Joo Paulo Bernardes Deleo

    [email protected]

    Produtores intensificam o

    transplantio da safra de vero

    rea da safra de vero 2015/16 deve se manter estvel

    O transplantio da safra de vero deve ser in-tensificado neste ms. Quanto colheita das pri-meiras lavouras, prevista para ser iniciada em ritmo lento em novembro, ganhando fora em de-zembro e concentrando-se nos meses de janeiro e fevereiro. A perspectiva para a safra 2015/16 de manuteno de rea frente temporada anterior na maior parte das regies, com exceo da regio do Agreste Pernambucano, que tem reduo de cerca de 20% por conta da falta de gua para as ativida-des. Nas demais regies, os fatores limitantes para novos investimentos so, principalmente, a dificul-dade em obteno de crdito para financiamento e os aumentos nos custos de produo, que, por sua vez, foram impulsionados pela forte alta do dlar o cmbio encarece insumos importados, como fertilizantes e defensivos. Quanto disponibilidade hdrica, a expectativa positiva, j que o volume de chuva tem sido satisfatrio neste semestre nas principais regies e muitas lavouras contam com o sistema de gotejo. As praas de Itapeva (SP), Venda Nova do Imigrante (ES) e Reserva (PR) devem se-guir os calendrios de transplantio e de colheita de acordo com a safra passada. J na regio de Caa-dor (SC), geadas atrasaram o transplantio, que pas-sou de setembro para outubro. Alm disso, alguns produtores devem adiantar o transplantio para este ms, e, por isso, outubro deve concentrar cerca de 70% das atividades.

    Transplantio encerrado em Sumar

    Na regio de Sumar (SP), o transplantio refe-rente segunda parte da safra de inverno foi encer-rado em setembro. A incidncia de chuvas trouxe certa dificuldade no correr do transplantio, mas no acarretou em atrasos ou perdas expressivas nas lavouras. A colheita tinha previso para ser inicia-da na segunda semana de outubro, porm, o clima quente adiantou o incio da oferta para o come-o do ms. Mesmo assim, a concentrao da co-lheita deve ocorrer como previsto, em novembro, perodo em que h previso de chuvas e tempe-raturas acima da mdia em relao a outros anos, por conta do fenmeno El Nio, segundo a Somar Meteorologia. Quanto rea, deve se manter es-tvel frente safra anterior, j que a estiagem do ano passado, que prejudicou as lavouras colhidas na primeira parte da temporada, desestimulou no-vos investimentos. Produtores esperam uma oferta controlada no perodo de colheita, o que pode ga-rantir boa rentabilidade, assim como j verificado na primeira parte da safra.

    Colheita da 2 parte da safra de inverno deve ser intensificada neste ms

    A colheita da segunda parte da safra de inverno das regies do Sul de Minas, Norte do Paran, Paty do Alferes (RJ) e Sumar (SP), que foi iniciada em se-tembro, deve se intensificar em outubro e novembro com cerca de 70% da rea sendo colhida , sendo finalizada em dezembro. De acordo com produtores consultados pelo projeto Hortifruti/Cepea, a rea to-tal da segunda parte da safra de inverno deste ano dever ser a mesma em relao da temporada an-terior, com exceo da regio fluminense de Paty do Alferes, na qual os investimentos no perodo devem ser cerca de 10% menores. Ainda nessa regio, co-laboradores relataram boa produtividade no primeiro ms de colheita e clima favorvel, cenrio que trouxe expectativa positiva quanto produo. Por outro la-do, o aumento da oferta pode pressionar as cotaes do tomate de qualidade superior em novembro.

    26 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

  • Outubro de 2015 - HORTIFRUTI BRASIL - 27

  • Plantio da safra de vero intensifica em MG

    Produtores de Minas Gerais devem intensifi-car o plantio da temporada de vero 2015/16 neste ms. As atividades comearam em setembro e a ex-pectativa que a colheita seja iniciada em meados de dezembro. A rea a ser cultivada deve ser man-tida frente da safra de vero anterior, em 5.377 hectares. Entre os motivos da permanncia de rea est o elevado custo de produo, que, por sua vez, se deve forte valorizao do dlar que tem im-pacto no preo de diversos insumos e aos altos preos da mo de obra. Alm disso, segundo pro-dutores, a falta de chuva nas regies de So Gotar-do, Santa Juliana e Uberaba (MG) ainda preocupa. Os nveis dos reservatrios esto baixos, mesmo com algumas chuvas pontuais que ocorreram ao longo de setembro. Dessa forma, produtores tm receio que a seca possa prejudicar a produo e a qualidade das razes que sero colhidas no incio da temporada. A expectativa de produtores minei-ros de bons resultados para a temporada de ve-ro, cuja colheita ocorre entre dezembro e junho.

    Mesmo com chuva, produtividade no PR aumenta

    Apesar do alto volume de chuvas acumula-do em setembro nas roas do Paran, consequ-ncia do El Nio, a produtividade mdia das ra-zes do estado no foi prejudicada. Isto porque as precipitaes se concentraram no incio e final do

    ms, havendo um intervalo de seca, que favore-ceu a colheita de grande volume de cenouras. As-sim, houve um aumento de 54,5% em compara-o verificada em agosto, e foram colhidas 493 toneladas por hectare, em mdia. Alm da maior oferta em Marilndia do Sul, Apucarana e Califr-nia, a maior produtividade, a alta qualidade e os menores preos em Minas Gerais atraram com-pradores do Paran e as cotaes da cenoura desta regio no subiram. Assim, a caixa suja de 29 kg foi comercializada mdia de R$ 15,90 no Pa-ran em setembro, 36% a menos que em agosto, mas ainda acima do custo de produo, estimado por produtores em cerca de R$ 15/cx no perodo. Para outubro, esperada uma intensificao do fenmeno do El Nio, aumentando a precipitao na regio Sul do pas, o que poder afetar a qua-lidade das cenouras do Paran. Somente nos trs primeiros dias do ms de outubro, foram acumu-lados 64,7 mm na regio de Marilndia do Sul, segundo a Somar Meteorologia.

    Chuvas tambm castigam cenouras gachas

    Assim como as cenouras do Paran, a produ-o das razes no Rio Grande do Sul tambm foi prejudicada pelo clima chuvoso em setembro. A alta umidade e as baixas temperaturas resultaram em geada em algumas lavouras de Caxias do Sul, Antnio Prado e Vacaria (RS), o que, por sua vez, ocasionou perdas de folhas das cenouras. Com a reduo da rea foliar, o ciclo de desenvolvimento fica maior. Alm disso, houve dificuldade para as razes engrossarem, j que o elevado volume de gua faz com que as cenouras no se aprofundem no solo como deveriam. O aparecimento de al-gumas doenas, como o fungo odio, que acabou prejudicando a qualidade das cenouras, tambm foi relatado por produtores. Apesar do clima ad-verso, o plantio e a colheita no foram to prejudi-cados, mas seguiram em ritmo lento em setembro. Caso o clima siga chuvoso em outubro, a oferta deve diminuir, o que, por sua vez, pode elevar o preo da raiz.

    Font

    e: C

    epea

    CenouraEquipe: Marilia de Paula Stranghetti,

    Mariana Camargo, Renata Pozelli Sabio e Joo Paulo Bernardes Deleo

    [email protected]

    MG tem boa produtividade e preo caiPreos mdios recebidos por produtores de So Gotardo pela cenoura suja na roa - R$/cx 29 kg

    rea da safra de vero 15/16 deve se manter estvel em MG

    28 - HORTIFRUTI BRASIL - Outubro de 2015

  • Regio paulista e do Cerrado encerram safra com excelentes resultados

    So Jos do Rio Pardo e Monte Alto (SP) e o Cerrado de Minas e de Gois encerram a safra no fim de outubro. At o final de setembro nas praas paulistas, restavam cerca de apenas 15% da rea total somada a ser colhida. A produtividade da sa-fra teve mdia de 50 t/ha em So Jos do Rio Pardo e 45 t/ha em Monte Alto. Apesar da baixa produti-vidade frente ao ano passado, os preos em altos patamares foram compensatrios, fazendo com que a rentabilidade da safra fosse positiva. A mdia de preos ponderados pelo calendrio de colhei-ta em Monte Alto durante a safra foi de R$ 2,26/kg, 67,26% acima do valor mnimo estimado pelos produtores para cobrir os custos de produo, de R$ 0,74/kg. Em So Jos do Rio Pardo, o mesmo clculo apresentou preos mdios de R$ 1,92/kg na safra, 65,63% acima do valor mnimo estima-do pelos produtores para cobrir os custos, de R$ 0,66/kg. Cristalina (GO) tambm deve encerrar sua comercializao em outubro. Neste ms, cerca de 10% do total da rea foi colhida. Os preos tiveram mdia de R$ 2,83/kg na safra, 81,27% acima das estimativas de custos, de R$ 0,53/kg. O Tringulo Mineiro/Alto Paranaba deve encerrar a colheita em outubro com 5% restante, com produtividade de 58 t/ha. A mdia de preos ponderada pelo calen-drio e pela classificao foi de R$2,73/kg em toda a safra, 74,4% acima dos custos no mesmo pero-do, que foram de R$ 0,70/kg.

    Importao europeia grande; preos tm acentuada queda

    Em setembro, as cotaes da cebola tive-ram os menores preos desde o incio da safra de So Paulo e do Cerrado. Essa queda explicada, principalmente, pelo elevado volume de cebola importado. Entre julho e agosto, o Brasil impor-tou 37,4 mil toneladas de cebola, 117% a mais que no mesmo perodo do ano passado, apesar dos altos patamares do dlar em relao ao Real. Esta alta foi reflexo do nimo dos importadores com os preos, mas a queda nas cotaes pas-sa a inviabilizar o processo. Assim, em setem-bro, os pedidos j tiveram grande recuo, o que sinaliza que em outubro haver pouca oferta de cebola importada. A cebola europeia entrou no Brasil, em mdia, acima de R$ 2,00/kg, e foi co-mercializada na mdia de setembro a R$1,75/kg. J para as praas brasileiras, os preos atingiram os menores nveis desde o incio da temporada, em junho. A mdia nas praas paulistas ficou em R$ 1,72/kg, e R$ 1,80/kg no Cerrado.

    Sul deve iniciar oferta de superprecoce entre outubro e novembro

    O Sul pode comear a colheita da superpre-coce no final de outubro, intensificando em no-vembro. Com o plantio encerrado em agosto, as lavouras da regio esto em desenvolvimento dos bulbos. O clima favorvel e as chuvas em alguns perodos at contriburam para o bom desenvolvi-mento das lavouras, que seguiu sem problemas at o final de setembro. Contudo, o resultado ainda depender das condies climticas at o final da safra, que promete ser chuvosa devido atuao do fenmeno climtico El Nio. At o momento, a expectativa dos produtores de boa qualidade e produtividade dos bulbos. Os bons preos na ltima temporada sulista compensaram a quebra de safra e os produtores saram capitalizados, o que deve levar a um aumento de rea de cerca de 5,8%. Com isso, se a produtividade for boa, a ten-dncia de preos menores que no ano passado.

    Font

    e: C

    epea

    Preos recuam pelo segundo ms consecutivo Preos mdios recebidos por produtores de Irec pela cebola hbrida na roa - R$/kg

    CeBola Equipe: Amanda Ribeiro de Andrade, Marina Maran