11
www.semanario-angolense.com SÁBADO 27 DE OUTUBRO DE 2012 Kz 250,00 EDIÇÃO 488· ANO VII [email protected] DIRECTOR SALAS NETO TEMPO máx min SÁB 33°C 22°C DOM 30°C 21°C SEG 29°C 22 °C TER 31°C 22°C QUA 27°C 23°C QUI 26°C 22°C SEX 27°C 22°C CAN 2013 ELEIÇÕES NOS EUA Palancas com «pasto» difícil Obama e Romney empatados Página 46 Páginas 3-4 «KILAMBA» NEGÓCIO DE COMBUSTÍVEL Cidade sem hospitais Morte à espreita em SP da Barra O «ESTADO DA NAÇÃO» SEGUNDO O GALO NEGRO O líder da UNITA terá colhido dividendos políticos com a última comunicação que fez ao país na segunda-feira, considerada em alguns círculos como resposta ao dito «silêncio» a que o Presidente da República se remeteu na cerimónia de aber- tura da 3.ª Legislatura da Assembleia Nacional. Ou seja, para alguns analistas, JES acabou por dar o flanco aos seus adversários, que Isaías Samakuva soube habilmente aproveitar o momento, debitando ao país o seu «Estado da Nação», como seria óbvio, nada «simpático» para o partido no poder...

hospitais ELEIÇÕES NOS EUA O «ESTADO DA NAÇÃO» … · Oxecutivo E está a preparar o mapa geológico de ... no de Angola, se passaram três anos até que a Assembleia Na-cional,

  • Upload
    vudiep

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

www.semanario-angolense.com SÁBADO  •  27 de OutubrO de 2012

Kz 250,00EDIÇÃO 488· ANO VII

[email protected]

DIRECTOR

SALAS NETO

TEMPO máx min

SÁB 33°C 22°C

DOM 30°C 21°C

SEG 29°C 22 °C

TER 31°C 22°C

QUA 27°C 23°C

QUI 26°C 22°C

SEX 27°C 22°C

CAN 2013

ELEIÇÕES NOS EUA

Palancas com «pasto» difícil

Obamae Romneyempatados

• Página 46

• Páginas 3-4

«KILAMBA» NEGÓCIO DE COMBUSTÍVEL

Cidade sem hospitais

Morte à espreita em SP da Barra

O «ESTADO DA NAÇÃO» SEGUNDO O GALO NEGRO

O líder da UNITA terá colhido dividendos políticos com a última comunicação que fez ao país na segunda-feira, considerada em alguns círculos como resposta ao

dito «silêncio» a que o Presidente da República se remeteu na cerimónia de aber-tura da 3.ª Legislatura da Assembleia Nacional. Ou seja, para alguns analistas, JES acabou por dar o flanco aos seus adversários, que Isaías Samakuva soube habilmente aproveitar o momento, debitando ao país o seu «Estado da Nação»,

como seria óbvio, nada «simpático» para o partido no poder...

2 Sábado, 27 de Outubro de 2012.

em Foco

Director: Salas Neto Editores — Editor Chefe: Ilídio Manuel; Política: Jorge Eurico; Economia: Nelson Talapaxi Samuel

Sociedade: Pascoal Mukuna; Desporto: Paulo Possas; Cultura: Salas Neto; Grande Repórter: joaquim AlvesRedacção: Rui Albino, Baldino Miranda, Adriano de Sousa, Teresa Dias, Romão Brandão, e Edgar Nimi

Colaboradores Permanentes: Sousa Jamba, Kanzala Filho, Kajim-Bangala, António Venâncio,Celso Malavoloneke, Tazuary Nkeita, Makiadi, Inocência Mata, e António dos Santos «Kidá»

Correspondentes: Nelson Sul D’Angola (Benguela) e Laurentino Martins (Namibe).Paginação e Design: Sónia Júnior (Chefe), Patrick Ferreira, Carlos Inácio e Annety Silva Fotografia: Nunes Ambriz e Virgílio Pinto

Impressão: Lito Tipo Secretário de Redacção: Dominigos Júnior

Adminstracção: Marta PisaterraPublicidade e Marketing: Oswaldo Graça

António Feliciano de Castilho n.o 119 A • LuandaRegistro MCS337/B/03 Contribuinte n.o 0.168.147.00-9Propriedade: Media Investe, SA. República de Angola

Direcção: [email protected]; Edição: ediçã[email protected];Política: [email protected]; Economia: [email protected];Sociedade: [email protected]; Cultura: [email protected];

Desporto: desporto@@semanario-angolense.com; Redacção: [email protected];Administracção e Vendas: [email protected];

Publicidade e Marketing: [email protected]; sítio: www.semanario-angolense.com

As opiniões expressas pelos colunistas e colaboradores do SA não engajam o Jornal.

QuI

Out18

SeX

Out19

Out

SÁb

20

Out

dOM

21

Out

SeG

22

Out

ter

23

Out

QuA

24

Out

QuI

25ANDEBOLISTAS PREMIADASCincomilhõesdeKwanzaséovalorquecadaatleta

daselecçãoséniorfemininadeandebolrecebeu,pelaconquistado11ºtítuloafricano,alcançadoemJanei-roúltimo,emMarrocos.Acerimóniadeentregafoiorientadapelovice-presidentedaFederaçãoAngolanadeAndebol(FAA),IlídioCândido.Parabénsmeninas!

TEXTANG II DE NOVOOsprimeiros ensaiospara entrada em funciona-

mentodafábricadetecidosTextangII iniciamemDezembrodesteano,comtécnicosangolanosatraba-lharaoladodejaponeses.Ainformaçãofoiprestadapelaministrada Indústria,BernardaHenriquesdaSilva,depoisdeumavisitaaoempreendimento.

COMISSÃO DE NGONDAParecequeLucasNgondaestáempenhadona

reconciliação no seio do seu partido. Ele criouuma Comissão de Enquadramento e Harmoni-zaçãoparaaCoesãoInternadaFNLA,quetemcomomissãopromoveradefesadacoesãointernaemtornodosideaisdalutadopartidoetrabalharparaasuaprojecçãonacionaleinternacional.

MAPA GEOLÓGICOOExecutivoestáaprepararomapageológicode

todooterritórionacionalparamelhordeterminarasreservas,opotencialealocalizaçãodosminerais,revelouoministrodaGeologiaeMinas,FranciscoQueirós.Ogovernantedissetambémqueopassoseguinteéapromoçãodosmineraisparaatrairin-vestidores.

CONVITE A JESOchefedeEstado,JoséEduardodosSantos,foicon-

vidadoaassistiràtomadadepossedopresidenteeleitodoMéxico,EnriquePeñaNiete,aterlugardia1deDe-zembro.Opartidodopresidenteagoraeleitovoltaaopoderdepoisdeláterestadopor71anos(1929-2000).JESaindanãorespondeuaoconvite.

GUINEENSES REGRESSAMOgovernoangolanodisponibilizouumaviãopara

transportaros350elementosdaPolíciaguineense,queseencontravamemformaçãoemAngola,noâmbitodacooperaçãoentreBissaueLuanda.Ainstabilidadena-quelepaíséagrandemotivaçãodessaantecipação.Dooutroladoaguarda-lhesumacerimóniaderecepção.

CONTADORES E APAGÕESMoradores doMártires deKifangondo,Cassequel do

Buraco,Lourenço,ImbondeiroeQuarenta,distritourbanodaMaianga,emLuanda,reuniram-secomtécnicosdaEdelparadiscutiromodelodepré-pagamentodeenergia,queestáaserimplementadopelaempresa.Aideiaéboa,masdequeserve,senãoháenergia?

MINISTRO EM CAMPOOMinistrodaEnergiaeÁguas,JoãoBaptistaBor-

ges,iniciouumprogramadevisitasaempreendimentosenergéticos,tendocomopontodepartidaacentraltér-micadoMorroBento(municípiodeBelas).Coeleesta-vamogovernadordaprovínciadeLuanda,BentoBento,responsáveisdaENEeaEDEL.

A semente que durantequatro anos germi-nou e agora acaba deabrir-se em flor, com

o Fundo Soberano de Angola,foilançadaquandooPresidentedaRepública, JoséEduardodosSantos,nousodasprerrogativasquelheeramconferidaspelaLeiConstitucional vigente na altu-ra,mandoucriarumaComissãoInstaladoraparaoefeito,emNo-vembrode2008.

Opanoramaeconómicomun-dialdeentãoestavacaracteriza-doporumacrisefinanceiraquea partir dos Estados Unidos daAméricaseestenderaparatodososquadrantes,incluindoonossopaís,obrigandoEstadoangolanoa procurar mecanismos que dealgumaformapudessemassegu-rarumaadministraçãoeficientedos recursos nacionais e omu-nissemde escudos que o prote-gessemdiantedesseedeoutroscicloseconómicosconturbados.

É assim que, no contexto daentão conjuntura, à Comissãoque tinha sido delegada paraapresentar o orçamento de su-porte e as despesas inerentes àviabilidadedoFundoSoberano,foidadamenosdeummêsparaconcluir as démarches instala-doras.

Mas, a busca de Angola porumlugarnalistadospaísesquejá faziam uso dessa iniciativa,poderia não ser apenas umaquestãomotivadapelacriseeco-nómica financeira vivenciadanaquele momento. Os FundosSoberanos já eram um recursoemvoga,sobretudoentreasna-ções em desenvolvimento combonsindicativosdesucesso.

Dadosexpostosporváriosor-ganismos económicos indicamque, enquanto o governo ango-lano desenhava o seu plano deacçãoparaingressarnouniverso

dosFundos,em2008,cercades-sas53«poupanças»nacionais-agrande maioria delas constituí-dahámenosdedezanos -acu-mulavam mais de três trilhõesde dólares, comperspectiva decrescermais.

Nessepontodosacontecimen-tos, a coisa tinha virado modaentre as economias emergentese principalmente entre os paí-sesprodutoresdepetróleo.Easbancarrotasemsérieprovocadaspelacriseemcursosónãoterãosidopioresporcontadasbarrei-raslevantadaspelosactivosacu-muladosportaisFundos.Ango-lanãoqueriaficarporforadesse«clube»edeixardeaproveitarasvantagensqueeleoferece.

Apesar da aparente emergên-cia com que o Presidente de-cretou a criação da ComissãoInstaladora do Fundo Sobera-no deAngola, se passaram trêsanos até que a Assembleia Na-cional, em 2011, aprovasse a leique permitia a sua fundação.Isso,nomesmoanoemqueJoséEduardo dos Santos promulgoua directriz legislativa que criouo Fundo Petrolífero para oDe-senvolvimento dos sectores daEnergiaeÁguas.Assimamadu-reciaoembriãodeondenasceriaoFundoSoberanodeAngola.

Aindaquealgunsobservado-res mais pessimistas atribuamao momento poucos créditospara que a iniciativa fosse lan-çadaemfunçãodeumconjuntode razões que relega o Fundo aumsegundoplano,embenefícioprimeiro para a resolução dosproblemas mais candentes danossa sociedade, são de se con-siderarnobresosobjectivosparaos quais essa instituição econó-micafoicriada.Elesnãosedes-viamdaprioridadedeseatenderàsnecessidadesprimáriasdapo-pulação.Vãoaoencontrodelas.

Os próprios administradoresencarregados de gerir o FundoSoberano reconhecem que «opaís ainda continua a enfren-tar problemas consideráveis»,comprometendo-se«apromovero desenvolvimento socioeconó-micoaoinvestiremprojetosquecriam oportunidades com umimpacto positivo na vida actualdetodososangolanosequecria-rãopatrimónioparaasgeraçõesfuturas».

É nesse espírito que está as-sente o objectivo dessa iniciati-va, propondo-se assim a inves-tir, a priori, no surgimento denovos serviços hoteleiros e nasinfraestruturas para o aumentoda oferta de bens.Mas a gestãoestará também virada às áreascom necessidades imediatas dedesenvolvimento,destacando-seaagriculturaeosserviçospúbli-cosbásicos(água,electricidadeetransportes).Tudo issocomuminvestimentoinicialdecincobi-liõesdedólares

O sucesso desse empreendi-mento dependerá emmuito donão desvirtuamento do cami-nho traçado para esse FundoSoberano, em que se terá deobedecer aos princípios su-periormente estabelecidos. E,para falar verdade, é aí queestá o nosso grande «mambo»:a transparência ainda não é onosso forte; as competênciasainda se confundem com ospoderes, e nos confundem; apolíticaaindaestálongedades-centralizaçãoeospolíticosain-datrabalhamentorpecidospeloegocentrismo. Seja como for,resta-nos dar tempo ao tempoe esperar pelos resultados, cer-tosdequealgumacoisatemdemudarparamelhor,sobpenadese hipotecar desgraçadamenteofuturodestepaísqueé(deviaser)detodososangolanos.■

Fundo Soberano

em Foco

Sábado, 27 de Outubro de 2012. 3

Eleições presidenciais nos Estados Unidos

Obama deixa Romney na defensiva sobre política externa americanaNo terceiro e último encontro com o seu rival republicano, o presidente Obama defende ser único candidato

com credenciais para liderar os Estados Unidos da América.

A duas semanas da elei-ção,opresidenteame-ricano, o democrataBarackObama,defen-

deunestasegunda-feiraseroúni-co candidato com credenciaissuficientes para liderar os EUAno último debate com seu rivalrepublicano, o ex-governador deMassachusettsMittRomney.

O terceiro e último embateocorreu na Universidade LynnemBocaRaton,naFlórida.Com29 votos no Colégio Eleitoral, aFlórida é o maior dos Estados--pêndulo,quesãodisputadosvotoavotopornãoseremtradicional-mente republicanos nem demo-cratas.

Compesquisasmostrandoqueasuareeleiçãoem6deNovembroestáemrisco,Obamadesdeoiní-cio se posicionou como o actualcomandante-em-chefe dos EUAepôsemdúvidaoconhecimentode seu rival em política externa,tema do debate de 90 minutos– que não mobiliza o eleitoradoamericano como a economia, odeficitouaassistênciaàsaúde.

Logonoinício,ObamaacusouRomney de errar repetidamenteem questões de política externa,pontuando que o republicanoapoiou a invasão do Iraque em2003, «apesar de o país não terarmas de destruição emmassa»,opôs-seaosplanosdoactualgo-vernoderetirarastropasdopaísárabe,fezdeclaraçõesconflituan-tes em relação ao Afeganistão ese declarou contrário a tratadosnuclearescomaRússia.«Semprequeo senhor sepronuncia sobrepolíticaexterna,erra»,disse.

Comumaposturadiferentedoprimeirodebate,quandopareceuhesitanteedistraídoaoolharparabaixoefazeranotaçõesenquantoseu rival falava,Obamaapresen-tou-se de formafirme e fez con-tactovisualcomorepublicanoaomesmo tempoemqueo acusavade não ter posições consistentes.«Qualquer que seja o assunto –Irão, Iraque, Afeganistão, Israel–,osenhornãotemumaposiçãoconcreta»,disse.

O líder americano rejeitou aacusaçãodeRomneydequequerfazercortesmilitaresnovalordeUS D um (1 trilhão), afirmandoqueosgastosnosectorsão«diri-

gidospelaestratégia»,enãopelapolítica,eprecisamtercomobaseas capacidades militares, e nãoapenasosorçamentos.

ApósRomneydefenderqueseaumentasse o número de naviosda Marinha com a justificativadequea frotadopaíséamenordesde 1971, Obama reagiu afir-mandoqueissosedeviaaofactodeatecnologiatermudadoana-turezamilitar.«Nãoseioquantoo senhor tem acompanhado doExército,mashojetambémtemosmenoscavalosebaionetas.Temosessas coisas chamadasporta-avi-ões, onde jactos pousam, e essesnaviosqueficamsobaágua–ossubmarinosnucleares.»

RomneyreagiuacusandoOba-ma de ter perdido uma opor-tunidade na Primavera Árabe–movimentos populares contraautocracias no Oriente Médio enorte daÁfrica – e denão fazero suficiente para coibir o extre-mismoislâmiconasdemocraciasnascentesdessespaíses.Ele tam-bémacusouObamadeenviaros

sinais errados aos líderes irania-nosaorealizarum«tourdepedi-dodedesculpas»noiníciodesuapresidência e não incluir Israel.«Osenhor foiaoOrienteMédio,visitouoEgipto,aArábiaSauditaeaTurquia,masnãoIsrael–nos-somaioraliadonaregião.»

Obama aproveitou o comen-tário para lembrar uma viagemmarcada por gafes que RomneyfezaLondres,JerusalémePolóniaemJulho.«Quandovisitei Israel,não fui para me encontrar comdoadores»,disseemreferênciaaofactodeorepublicanoterpartici-padode um evento de arrecada-ção de fundos eleitorais quandoestavanoEstadojudeu.

Na ocasião, Romney exaspe-rouoslíderespalestinosaoreco-nhecerJerusalémcomocapitaldeIsrael e nãomencionar a ocupa-çãonosterritóriosaosugerirqueo desenvolvimento económicoisraelensesedeviaaumasuperio-ridadeculturaldopaís.

Ambos, porém, destacaramseuapoioaIsraelcontraaamea-

çanucleariraniana.«SeIsraelforatacado, o defenderemos», disseRomney momentos depois deObama prometer: «Estarei comIsraelseopaísforatacado.»

Apesar de o principal foco dodebate ter sido política externa,houvemomentosemqueoscan-didatosconcentraramadiscussãonalentarecuperaçãodaeconomiaamericana,aprincipalpreocupa-ção para amaioria dos eleitores.Mas emboranão sejaprioritária,a temática de política externa étrabalhadapelascampanhascomoobjectivodemostrarquemtemmaiscondiçõesdelideraropaís.

Como cumpriu sua promessade campanha de 2008 de retiraras tropas americanasdo Iraque ediminuiroenvolvimentodosEUAnoAfeganistão,alémdeterapro-vadoaoperaçãoquematouoter-roristaOsamabinLadenemMaiodoanopassado,Obamaénormal-menteconsideradomaisfortenasquestõesdepolíticaexterna.

De acordo com uma pesquisade segunda-feira da Universida-

deQuinnipia/CBSNews,olíderamericano tem uma vantagemde sete pontos percentuais sobreseu concorrente. Romney, cujaexperiência em política externaé limitada por ter tido como úl-timocargopúblicoogovernodeMassachussettsentre2003e2007,tinhanodebateodesafiodeapre-sentar-se como uma alternativaconfiávelemrelaçãoaObama.

O encontro na Flórida põefim à temporada de debates,com mais de 60 milhões deespectadores tendo assistidocada um dos dois anteriores.Com um forte desempenhono primeiro, no dia 3, Rom-neyconseguiu impulsionarsuacampanha e actualmente estáempatado nas pesquisas comObama. Apesar de ter melho-rado sua actuaçãono segundo,nodia16,opresidenteamerica-nonãoconseguiu reverter essatendência.Assim,aseleiçõesde6 de Novembro prometem serumadasmaisacirradasdahis-tóriaamericana.■

em Foco

4 Sábado, 27 de Outubro de 2012.

Apelo às eleitoras indecisas

Horas depois do finaldodebatepresidencialnodia16deOutubro,a campanha de Mitt

Romney começou a transmitirum novo comercial que buscavasuavizar suas posições sobre oaborto e contraceptivos atravésdavozdeumaapoiadoraquedis-se ter votado em BarackObamaem2008.

Antes do amanhecer na quar-ta-feira, dia 17 de Outubro, osdemocratas haviam transmitidono Facebook, Twitter, Tumblr etelevisãoumamensagemparari-dicularizaradeclaraçãofeitaporRomney no debate dizendo quehavia recolhido «fichários cheiosdemulheres»quandoeleerago-vernador de Massachusetts embuscademulheres«qualificadas»parafazerempartedeseugabine-te.

Etantonacampanhaeleitoralquantonoar,oscandidatoseseusaliados argumentaram intensa-mente durante todo o dia sobrequemiria fazermaisparaajudarasmulheres.Aomesmotempo,otemadeseocombativoencontrona noite de terça alienoumuitasdas eleitoras que eles estavamquerendo conquistar foi motivodemuitasdiscussõesemprogra-masdetelevisão.

O nível de intensidade deixoupoucas dúvidas de que a eleiçãonãoiriadependerapenasdeumadisputadeestadoporestado,mastambémirialidarcomafidelida-dedevitaisgruposdemográficos,sendoumdosprincipaisdelesaseleitorasindecisas.

Através de pesquisas e gruposde foco,acampanhadeRomneytem descoberto que embora aseleitoras indecisas disseram es-tar preocupadas sobretudo comquestões económicas, elas tam-bémestavampreocupadascomofatodeasposiçõesdeRomneyso-brequestõescomooabortoecon-traceptivoserammuitoradicais.

Romney, que quando candida-toagovernadorem2002,disseserpró-vida,masposteriormentemu-dousuaposição,agoraseopõeaodireitoaoaborto,exceptoemcasosdeestuproeincesto.Emrelaçãoaoacesso a contraceptivos, RomneyenfatizousuaoposiçãoàspolíticasdeObamaquepressionamumem-pregadorreligiosoaoferecersegurodesaúdequecobreacontracepção.

Ele não pretende negar acessoà contracepção, mas manifestouapoiaraumadisposiçãoquedáodireitoaempregadoresanegarema cobertura para contraceptivoporrazõesmorais.

Romneyesuaequipatentaramresponder a estas preocupações.Eles disseram que as percepçõesdas posições deRomney haviamsidoinjustamentemoldadaspelosanúncios transmitidospela cam-panhadeObama.

JoelBenenson,umpesquisadorparaacampanhadeObama,dissenumaentrevistaqueelenãoacre-ditavaqueRomneyiriamudardeideia, dizendo: «sua percepçãoestámuitoclaraemrelaçãoaumavariedadede posturas adoptadasemtemaseconómicosesociais».

Numa teleconferência comjornalistas,CecileRichards, pre-

sidente da organização PlannedParenthood, acusou Romney detentar «enganaropovoamerica-nosobreseuplanoparafazercomqueasdecisõesdasmulheresso-breseuscuidadosdesaúdesejamfeitasporseuspatrões.»

Ela apontoupara a declaraçãofeitaporRomneysobreseuapoiopara a chamada Emenda Blunt,quepermitiriaqueosempregado-resnegassemacoberturadesaúdepara procedimentos que julgamsermoralmentequestionáveis(eledisse isso logoapósdeter faladoemumarededetelevisãoqueeracontraessalei).

AcampanhadeObamadeixouclaroqueiriacontinuarapressio-narosargumentosdeRomneyemrelaçãoasquestõesdasmulheresemseusanúncios,egastaramumadicional de USD 7 milhões emum blitz televisiva que já estavacustandoUSD40milhões.

CampanhadeRomneytevesuaprópriaofensivapronta.Numali-gação telefónica com jornalistas,o senadorKellyAyotte, deNovaHampshire, disse: «Quando opresidenteexpõe suaopinião so-breoassuntodemulheres,elenãofalasobreasuavisãodecomoirálidarcomonúmerodemulheresqueestãodesempregadas.»

Enaquarta-feira,dia17deOu-tubro, a campanha de Romneylançou um anúncio commulhe-res que haviam trabalhado comeleduranteseugovernoequedis-seram ter sido conquistadas porsua «humanidade», dizendo queele«apoiaasmulheres»elutape-lasmãessolteiras.■

«Cavalos e baionetas», bordão da campanha

A expressão«cavalosebaionetas»setornouobordãodoterceiro eúltimodebate entreopresidentedosEUA,BarackObama,eseurivalrepublicano,MittRomney,realizado na segunda-feira à noite. Usada pelo líder

paraacusaroadversáriodeterideiasultrapassadasparaaDefesadosEUA,airónicaexpressãofoimuitocitadanasredessociaiseporcomentaristaspolíticosnaTV.

Aolongodacampanha,RomneytemacusadoObamadegastarmenosdoqueonecessárioemdefesa,observandoqueaMarinhadosEUA temhojemenosnavios do que em1917.O republica-novoltouacitaressedadonodebatedesegunda-feira,eObamarebateu:«VocêmencionouaMarinha,porexemplo,equetemosmenosnaviosdoquetínhamosem1916»,afirmouodemocrata.«Bom, governador, também temos menos cavalos e baionetas,porqueanaturezadasnossasforçasmilitaresmudou.»

«Temosessascoisasquesechamamporta-aviões,nasquaisosaviõespousam.Temosessesnaviosqueandamdebaixodaágua,ossubmarinosnucleares»,ironizou.«Aquestãonãoéumjogodebatalhanaval,emqueestamoscontandonavios.»

OpoderiodaMarinhaéespecialmenteimportantenaVirgínia,Estado eleitoralmente estratégico, onde fica omaior estaleiro daMarinha,eondeactividadesdedefesageram900milempregos.OsdoiscandidatostêmfeitocampanhaintensivamentenesseEstado.

RomneyinsistiunatesedequeaMarinhaprecisademaisna-vios.“AMarinhaprecisariade313naviosparacumprirsuamis-são.Estamosagoracommenosde285.QuerotercertezadequeteremososnaviossolicitadospornossaMarinha.”

Aexemplodoqueocorreucomoutrosbordõesnosdoisdeba-tesanteriores,aexpressão“cavalosebaionetas”ganhoudestaquenasredessociais.A“hashtag”“horsesandbayonets”foiumadasmaiscitadasnoTwitter,onderapidamentesurgiuousuáriocomonome@horsesandbayonettes.

TambémapareceuumsitenoserviçoTumblrcompostscomoumafotodeObamacomalegenda«Temostambémmenosarcos,flechasecatapultas»,eimagensdeRomneycavalgandoeempu-nhandoumfuzilcombaioneta.

Depoisdoprimeirodebatepresidencial,asredessociaisforamtomadasporalusõesaopersonagemGaribaldo,deVilaSésamo.ÉqueRomneyhaviadeclaradoque,emborasejafãdopersona-gem,iriacortarverbasdocanalpúblicoqueproduzoprogramainfantil.Nasemanapassada,afraseviralpós-debatefoi“fichei-roscheiosdemulheres»,numaalusãoàdesastradafraseditaporRomneyaocontarquepediuindicaçõesdenomesfemininosparaoseusecretariadoemMassachusetts.

PartidáriosdeRomneydizemque a repercussãodos três as-suntosnasredessociaiséumabanalidadeusadaporeleitoresdeObamaparanãodaratençãoaocrescimentodacandidaturare-publicanadepoisdoprimeirodebate.

OsrepublicanosconsideraramqueaalusãodeObamaacavalose baionetas ridicularizouRomney desnecessariamente.Um gruporepublicanode«respostaimediata»postounainternetumvídeodadiscussãocomotítulo«ObamacomaFraseArrogantedaNoite».

MasosdemocratasadorarameosassessoresdeObamaelogia-ram-noporsuaretóricaagressiva.

OsenadorJohnKerry,queajudouopresidentenapreparaçãododebate,entusiasmou-senoTwittercomaalusãoàbrincadeiradebata-lhanaval,usandoinclusiveumtermodojogoparaironizarRomney.

«Achoque(Obama)acabadeafundaroencouraçadodeRom-ney»,escreveuosenador,cotadoparaassumiroDepartamentodeEstadoemcasodereeleiçãodeObama.■

em Foco

Sábado, 27 de Outubro de 2012. 5

Chinês causa polémica

BD e PP manifestam-se nas ruas de Benguela

Nelson Sul D Angola (*)

A transferênciaalegadamenteile-galdeumarguidodenaciona-lidade chinesa, acusado de terassassinado um vendedor an-

golano,dapenitenciáriadeBenguelaparaumadascadeiasdeLuandaestánocentrode uma manifestação de protesto que oBlocoDemocrático(BD)eoPartidoPopu-lar(PP)prevêemrealizar,hoje,sábado,27,nacidadedeBenguela.

Sobre os ombros do expatriado ZangYangpesaaacusaçãodetermorto,oanopassado, um jovem que em vida atendiapelonomedePedroChiwilaNguliesede-dicavaàcompraevendadedivisas,vulgokínguila,nacidadedasAcáciasRubras.

Os dirigentes das duas formações po-líticas já notificaram o Governo Provin-cial de Benguela (GPB). Contrariamenteaopassado, oGPBdesta veznão seopôsàmanifestaçãoconvocadapelassupracita-dasformaçõespolíticas.

O factodeoGPBnão ter impedido amanifestaçãoestáasuscitarasmaisdistin-tasleiturasnoseiodasociedadecivilben-guelense, jáqueháquemconsiderequeo

ExecutivolideradoporArmandodaCruzNetoestejaadarsinaisdeterentradonumnovociclo,istoéoderespeitoaConstitui-çãovigentee,emparticular,aLeidoDirei-todeReuniãoedeManifestação.

O GPB proibiu, em Fevereiro do anopassado umamanifestação da Organiza-çãoNão-Governamental(ONG)OMUN-GA contra os desalojamentos forçadosque,comofoidivulgadonaaltura,tiveramlugarno«BairrodaGraça»,nomunicípiodeBenguela.

Naaltura,oGPBargumentou,emco-municado, que no quadro das suas res-ponsabilidades relativas à defesa, ordem,segurança e tranquilidade pública jamaispermitiria amanifestação de protesto daOMUNGAeque,senecessário,fosse,usa-riatodososmeiosaoseualcanceparade-sencorajara«manif».

No dia 10 de Abril domesmo ano, aOMUNGA voltou à carga, manifestandoointeressederealizarumamarchacontraasdemoliçõesedesalojamentosforças,quetinhacomodivisa«NãoPartamaMinhaCasa».OGPBproibirataliniciativa.■

(*) Em Bengue

em Foco

6 Sábado, 27 de Outubro de 2012.

Por alegada dificuldade financeira de Angola

Ricardo Teixeira pode correr em automobilismo pela África do Sul

A bandeira do nosso país pode, a qualquer momento, deixar de ser representada nos campeonatos internacionais de automobilismo. Porquê? Por dificuldades financeiras por que está a passar, de algum tempo a esta parte, o piloto Ricardo Teixeira. Isto deve-se

ao facto de a Sonangol não ter honrado o compromisso de patrocinar o piloto com o valor de USD dois milhões. Há, neste momento, dois países que lhe «acenam» contratos para correr com as suas bandeiras, nomeadamente a vizinha África do Sul e a Itália

O piloto luso angolanoRicardo Teixeira temsentido enormes difi-culdades para compe-

tirnocampeonatoGP2,umadasantecâmarasdaFórmula1,devi-doaproblemasfinanceiros.

OacordodepatrocíniocomaSonangolsofreu,esteano,algunsconstrangimentos, sendo que asuaequipa,a«TeamRepax», re-velou,aojornal«ABola»,nãoteraindarecebidoostrêsmilhõesdedólares da petrolífera angolanaparaqueRicardoTeixeirapossacompetir.UmasituaçãoqueestáaseralvodeconversaçõesentreopilotoeaSonangol,sendoqueaspartesgarantemnãosaberoquese está a passar e estão a tentarsuperar a situação, até porque aSonangolé,háanos,parceiradeRicardoTeixeira-omaisdesta-cado piloto a defender as coresangolanas a nível internacional,com passagem, como piloto detestes,pelaF1-etemporhábitocumprir os seus compromissos.Logo,espera-seluzverdeembre-ve.

Esta situação levou mesmoa equipa de Ricardo Teixeira, a«Team Rapax», a questionar acontinuidadedopiloto.Mastemhavido boa vontade para man-ter Ricardo Teixeira nas pistas.No último fim-de-semana, emMonza, Itália, Ricardo Teixeiraesteve em dúvida até pouco an-

tes do início da prova. Segundoa imprensa especializada, devi-do a «grandes problemas finan-

ceiros». Só... doisminutos antesrecebeu luz verde,mas comumcusto elevado:o carronãopôde

serpreparado,nemomotorafi-nado.

Além de que, sem financia-

mento, fica impedido de obteros necessários upgrades tecno-lógicos e o apoio dos restantespilotos, a começar pelo com-panheiro de equipa, o italianoStefanoColetti.Porúltimo,nãoparticipounaqualificaçãoetevede partir na 26.º e últimaposi-ção. Mesmo em desvantagem,opilotolusoangolanoficouem20.º e18.º lugarnasduas corri-das do fim-de-semana, sendoque a prestação do angolanonãodeixoude ser elogiadapelaimprensa da especialidade, sa-bendo do forte handicap. «Foiuma semanamais dura do queesperava. Se o motor estivessepreparado,poderiaterfeitobemmelhor. Assim, tive de assumiralguns riscos e tentar tirar omaior proveito do que tinha àminhadisposição.Efoipossívelconfirmar os progressos feitosnasúltimassemanas,apesardascondicionantes», conta RicardoTeixeira.

EmrelaçãoaoGP2,olusoan-golano espera agora terminar daforma mais condigna possível eresolver com diálogo recíprocotodos os problemas. O facto deainda estar a competir deve-se àboa vontade da equipa e em es-pecial de Humphrey Corbertt eMikeGaskoynequetêmsuporta-doviagensedeslocações.Porqueacreditamnopilotoequeasitua-çãoseiráresolver.■

Assédio ao pilotoR

icardoTeixeiraestáaseras-sediadopordoispaísesinte-ressadosementrarnonúcleorestrito da Fórmula 1, apro-

veitandoo factode tercontratocomaLotus/CaterhamF1comopilotodetes-tes.Ospaíses em causa exigemque semantenhao sigilo, devido à complexi-dade da situação. São dois países comenorme capacidade financeira e cominvestidoresfortes,queestãonadispo-siçãodeajudaropiloto.

Entretanto, o Semanário Angolense(SA)apuroujuntodefontefamiliardopi-lotoqueospaísesinteressadossãoaÁfri-cadoSuleaItália.Soube-sequeRicardo

Teixeiranãotemdadograndeseguimentoàsabordagens,namedidaemque,comocidadãolusoangolano,preferecontinuaradefenderascoresdeAngolaedoseuprin-cipalpatrocinador,aSonangol.

Acontece,no entanto, que existemdemomento constrangimentos financeirosfortes entre a petrolífera angolana e o «TeamRapax»,equipaGP2ondeRicardoTeixeiracompetiunaúltimatemporada.A equipa garante que a Sonangol aindanão liquidou os trêsmilhões de dólaresdo patrocínio, a petrolífera estava, porsuavez,convencidaqueopagamentoti-nhasidofeito,tendomesmoentradoemprocessodeaveriguação.■

Capa

Sábado, 27 de Outubro de 2012. 7

Celso Malavoloneke

Poucas vezes a UNITA, na pessoa do seu líder,conseguecolocaroPaísemsuspense,aguardan-doumacomunicaçãosua.IsaíasSamakuvasóoconseguiuquandoseaguardavaserespeitariaos

resultadoseleitoraisdeAgostode2012,ouse,àsemelhançade1992deaziagamemória,comoseupredecessor,lança-riafogoàpradaria.Conseguiu-odestavez.

NaressacadasessãodemutismodoPresidentedaRe-pública na Assembleia Nacional, ele anunciou que fariaum «comunicado à Nação». A frustração geral levou ageneralidadedos cidadãosapensarque IsaíasSamakuvafariaoqueEduardodosSantosnãofez:explicarcomovêopaísecomoéqueoseupartidovaifazerparainverterasituação.Aindaquenacondiçãodeoposição.CriariaumGoverno-Sombra?Interpelariasistematicamenteostitula-resdosdepartamentosministeriaisparaexplicarem-senoParlamento?Convocariamanifestações?Retomariaaprá-ticadacadeiravazia?Aumentariaafiscalizaçãodasobras?Negociaria as revisões que se impõemna legislação elei-toral?Tentaria «caçumbular» fatiasdoPoder atravésdasautárquicas?Enfim.Umamiríadedeperguntasque«todaamalta»estavaapagarparaouvir.Apontoqueojáhabitualbloqueiodamediapúblicateve(econtinuaater)ocondãode levar os fazedores de opinião e não só a beira de umataquedenervos…

Noentanto,não foioque seviu.Paradesencantodosangolanos–estáaficarmodadizerqueseoMPLAémau,aOposiçãoconsegueserpior–agrandessíssimamontanhapariu…umratinho.Nadaqueseviu.

ÉqueoanunciadocomunicadoàNaçãoacabousendo«umaréplicaaodiscursodeJESnasuatomadadeposse».Araxiça!OtaldiscursoqueinsuflouaNaçãodeesperançaemtemposnovosequeopróprioJoséEduardodosSantosseencarregoudemandarparaascalendasmuangolenses.O taldiscursoque, acabandopor serumafintadaquelasparaeles,osmuangolêsjácomeçamadetestar.Nãoéqueo«ManoSama»achouqueo«ManDudas»nãodeviaaguen-tararaivamuangolêdafintadodiscursoedecidiuparti-lharacoisa?

Mal na fotografia

Parapiorarafotografia,IsaíasSamakuvanãodissenadaquenãodissedurante a campanha eleitoral.Aquiloque,a fazer fénosresultadoseleitorais,nãoconvenceu, sendoporissochumbadoredondamente.Insistir,portanto,nessediscurso, embaladono sonhoda fraude eleitoral, toca asraiasdaingenuidade.

Temos,porexemplo,aestóriados500dólaresdesa-láriomínimo.EntãoosassessoresdaUNITAnãosabemque lançar dinheironummercado vazioprovoca a in-f lação? Como é que um empresário que trabalha comenergia eléctrica de gerador, pela qual gasta mensal-menteunsbonsmilharesdedólares emmanutenção ecombustível, comcisternasdeáguaquecustamoutrosmilharesdedólaresequegasta(eleeosseusfuncioná-

rios) horas intermináveis nas filas de engarrafamentovaipoderpagarumasomadestasparacadaumdosseustrabalhadoresdelimpeza?

NãoseriamaisresponsáveldizercomoaUNITAresol-veriaestesproblemasparaaliviaroselevadoscustosqueaeconomiasofreeentãoosuperávitreverterparamelhorarascondiçõesdostrabalhadores?ComoéqueaUNITAnãopercebequecomestediscursoestáadistanciar-sedaclasseempresarialdoPaís?Vá-seláperceber…

Respeito é bom

Outro desencanto quanto à comunicação política da«réplica»foiadeselegânciacomqueIsaíasSamakuvasere-feriuaJoséEduardodosSantos.Emmuitasocasiões,quasequeochamoudementiroso,incumpridordaLei–jánãodigocriminoso,corruptoeporaíalém.Enestecaminhoobomdo«Sama»conseguiuqueoscidadãosqueandavam«fulos»comJESatéficassemcompenadele.

Afinal,éeleohomemandouaenfrentaraclassecastren-seempesoparaevitarumbanhodesangueem2002.Maloubem,levouopaísparapatamaresque,reservasàparte,temmuitodebomque se lhediga.Napassada,mantevenoParlamentoosdeputadosdamesmaUNITAquelutavanasmatasdearmasnamão.Reservasàparte,reconstruiuoqueaUNITApartiu.EagoravemamesmaUNITAdizerqueelenãofeznada,émentiroso,andaa«gatunar»eporaí além…Assessoria emComunicaçãoPolítica para quetequero!Éque,ageneralidadedaspessoasachaqueJESaténãofoimaudetodo.Sólhefaltamesmoé«distribuirmelhor»arendanacionalportodososcidadãos.Merece,porisso,orespeitodoscidadãos,acomeçarporIsaíasSa-makuva…

OerrodaComunicaçãoPolíticadeIsaíasSamakuvaaoreferir-seaJESéomesmoqueaUNITAcometeuduranteacampanhaeleitoralemrelaçãoàsrealizaçõesdoExecu-tivo.Queestãoaíparatodaagentever.Ignorá-lasou,piorainda,denegri-lasacabaporatrairadesconfiança,quandonãomesmoahostilidade,doscidadãosquetêmumverda-deirohorroraoradicalismo,quejátantomalfezaopaís.DaíqueumSamakuvademonstrandoorespeitoqueéde-vidoaJESenquantoPresidentedaRepúblicaoutãosópelasuacondiçãode«MaisVelho»,algoqueemÁfricacontamuito,atrairiaasimpatiadopúblico.UmSamakuvareco-nhecendoosavançosdopaísnoqueàsinfraestruturasdizrespeitodemonstrariaquesaberespeitarobomtrabalhoe,porisso,podefazermelhor.Quesaberáconstruirsobreobomquejásefezenão«partirtudo»erecomeçardenovo.

Efalandode«partirtudo»,aUNITAdeveteremmuitaatençãoquetemumgrandepassivopara(por)gerir.Nãohácomofugiraofactodeque,paraageneralidadedosci-dadãos,mesmoosmaisjovens,oMPLAeoseupresidenteestãoa reconstruiraquiloqueaUNITAe JonasSavimbipartiram.Equeassumiramquepartiram.Asmentesmaisserenaspodemlevaremcontaqueumaguerrasefazcompelomenosdois contendores,mas essasmentes sãoumaínfimamaioria.Ora,emcomunicaçãopolítica,ouvirolí-derdopartido«quepartiu»adesvalorizaroquesecons-truiucaimal.Oh,comocai!...

Todos no fundo

Sóque,nessa«sarrabulhada»toda,quemacaboufican-domesmocomoopiordafitaaténemfoiIsaíasSamakuva.Foia«nossa»mediapública.Oboicoteà«comunicação»-jánemsabemosseachamamosassimouatratamospor«réplica» - foi simplesmente… pornográfico, como di-riaPepetela.Deactoemacto,esseprocessoaziagoestáaafundar,nolamaçaldasubserviência,todaanossaclassejornalística.Nemavelhadesculpadas«ordenssuperiores»emuitomenosaeternadesculpade«manteropãodosfi-lhos»servemaisparajustificarumadescidatãobaixa.

Étempodeacção.Osprofissionaisdaclasseprecisamlevan-tar-seemdefesadasuadignidade.Pãosim,maspãohonrado.OSindicatodosJornalistasprecisajádechamarosseusfiliadosparaumdebatenacionaleumareflexãosemtabus.Osjorna-listastêmjáquedizeratodasasautoridades,acomeçarpeloPresidentedaRepública,quepãosemdignidadeenjoa,porqueéamargo.Fazmalàconsciência,pois impedequepossamosolharosnossosfilhosolhosnosolhosnofuturo.Eninguémtemodireitodemanterrefémumaclassequeatééumdospi-laresdaprópriaDemocracia.Estaacçãotemquesertomada.Estareflexãotemqueserfeita.Comcoragem.Comhonestida-de.Compatriotismo,comespíritodeangolanidadetotal.

Pelo menos nisso, a «Comunicação-Réplica» de Isaí-asSamakuva à «Nação-JES» teve esse condão:mostraroquantonós,osjornalistas«dabanda»,estamosaperderavergonhanacara.E,paraazardetodosnós,sequerpode-mosdizer«nemtodos».Todossim,senãonoslevantarmos–todostambém–emdefesadadignidadedanossaprofis-são.Donosso«ganha-pãocomdignidade»…■

A comunicação ao país de Isaías Samakuva

O montanhoso «Estado da Nação» que acabou por parir um... ratinho

Excepção seja feita ao facto de ter motivado mais uma «pouca vergonha» da nossa mídia pública, ao ser alvo de um boicote rasteiro e desass0mbrado, que, no fundo, deixou mal toda a classe jornalística

Capa

8 Sábado, 27 de Outubro de 2012.

Discurso do presidente da UNITA, Isaías Samakuva, sobre o «Estado da Nação»Caroscompatriotas:

Antes de mais, gostaria deagradecer todos quantos acei-taramonosso convitede vir atécá, parapartilharemconnoscoonossopontodevistasobreonos-soPaíse asnossaspropostasdesolução para muitos dos proble-masquenosassolam.

Passadas as eleições e iniciadoonovociclolegislativo,tornou-sequase imperativo fazê-lo, não sóemobediênciaaumprocedimen-toquejásevemtornandohábito,mastambémnocumprimentodeumadascompetênciasdecontro-lopolítico queaLeinosconfereenquantoOposição.

A realizaçãode eleiçõesgeraiscriou,naturalmente,expectativasem vários sectores da nossa so-ciedade.Umadessasexpectativasera a de que com esse evento, oPaísencontrariaoportunidadedemudarparamelhor.Aessaexpec-tativachamámosMudança.

«Mudança do totalitarismoparaaverdadeirademocracia;daexclusãoparaainclusãoerecon-ciliação;dapazmilitarparaapazsocial;dacorrupçãoparaadigni-ficaçãodohomemedas institui-ções do Estado; da ilegitimidadepolítica para a responsabilidadegovernativa;das fraudeseburlasparaatransparência;deumaso-ciedadeprenhedeinjustiçasparaumasociedademaisjusta.

Para muitos angolanos, comonós, isso não aconteceu. Aindanão foi desta vez que esta mu-dançaocorreu.Aoinvésdoopti-mismo que as eleições pareciamalimentar,elasvieramcriarmaiscepticismoemais frustração.Hámesmo os que nos perguntaramse acreditamos numa mudançaatravésdeeleições.

Afinal, ainda não amadurece-moso suficiente demodo a per-mitir que as eleições sejam rea-lizadas com transparência e nalegalidade. Afinal, ainda não foidestavezquevencedoresevenci-dossaíramtodosconvencidosdequeoresultadodopleitoreflectemesmoavontadeeaaspiraçãodetodoumPovo.Afinal,maisumavez,aspalavrassãomesmosópa-lavras.

Embelezam discursos, anun-ciam vontades e intenções e nãopassamdissomesmo, porquenodia seguinte, confrontamo-noscompráticasdiferentes.

Sim, companheiros: a nossaAngola caminha assim há dé-cadas e tudo indica que vai ain-

da continuar a caminhar assim,sempre com dirigentes que secolocamacimadalei,quedesres-peitamaLei,aprópriaLeiMagna,que interpretamcomolhescon-vém, porque eles, de tanto esta-remnoPoder,passaramapensarcomooLuísXIVdaFrançaquediziaque

«L’etat c’est moi», ou seja, o«Estadosoueu».

Só isto éque justificaque,de-poisdeumprocesso eleitoral ei-vadodevíciosdeviolaçãoda lei,oPresidentequenodia26deSe-tembro de 2012, no acto da suainvestidura,comumamãosobreaConstituição, perantemilharesde personalidades nacionais eestrangeiras, tinha jurado cum-priraConstituição,trêssemanasdepois,nodia15deOutubrode2012serecuseadirigiraoPaís,naAssembleia Nacional, umamen-sagem sobre o estado da Naçãoe sobre as políticas preconizadaspara a resolução dos principaisassuntos,promoçãodobem-estardos angolanos e desenvolvimen-to do país, como a Constituiçãomanda,noseuartigo118.

DirigiramensagemàNaçãoéumdeverdoPresidentedaRepú-blica,nãoumafaculdade.Éumadas suas competências. O Presi-dente, no respeito pelo princípio

da reserva da Constituição, nãotemcompetênciaparaescolherodia,nemolugarnemoconteúdodamensagem.

Noseuartigo118º,aConstitui-çãodaRepúblicadeAngoladefi-neolugarondeoPresidentedevedirigiramensagem;defineocon-teúdo da mensagem; e define odiaparaofazer.OPresidenteJoséEduardodosSantos,trêssemanasdepoisdeterjuradorespeitares-tes três requisitos, não respeitounenhumdeles.

Ostensivamente,maisumavez,preferiu ofender os angolanoscomo seudesprezopelaConsti-tuição.Talcomotemfeitoaolon-godosúltimos33anos!

Veiodizerarbitrariamentequeodiscursoquefeznumoutrodiaenumoutrolugar,apropósitodeumoutroevento,ficajáamensa-gem que a Constituição mandadirigiraoPaís.

Nodia15deOutubro,oPresi-dente dos Santos escreveu outraConstituição, a dele.Não respei-tou o lugar para dirigir a men-sagem ao País: decidiu dirigir amensagem na Praça da Repúbli-ca,enãonaAssembleiaNacional.Nãorespeitouoconteúdo:decidiufalar da suaputativa eleição, daseleições anteriores, da cerimóniade investiduraque eleorganizou

edasuacampanhaeleitoral.E não respeitou o dia para

dirigir a mensagem ao País: aConstituiçãomanda-lhedirigiramensagemnodiadaaberturadoanoparlamentarque,nostermosdoseuartigo157,énodia15deOutubro. OPresidente diz quedirigiuamensagemnodia26deSetembro.

Portanto,maisumavez,oPre-sidente José Eduardo dos SantosagrediuaConstituição.AgrediuoEstado eofendeuoEstado sobe-ranoemAngola.

Todavia, o Estado angolanotem vários meios de garantia einstitutosdedefesadasuaCons-tituição. De um modo geral, asgarantias de existência daCons-tituição consistem (1) na vincu-lação de todos os poderes públi-cos – incluindo o Presidente daRepública–àConstituição;e (2)naexistênciadecompetênciasdecontrolo, políticas e jurisdicio-nais, do cumprimento da Cons-tituição.

O Estado constitucional de-mocrático atribui uma das com-petênciasdecontrolopolíticodocumprimento da Constituiçãoà oposição. Cabe-nos, assim, noexercício do direito democráti-co de oposição, dirigir ao País anossamensagem sobre o discur-

sosobreoestadodaNaçãoqueoSenhor Presidente da Repúblicadiz ter proferido no acto da suainvestidura.

Emsíntese,nodia26deSetem-bro,ouvimososenhorPresidenteda República dizer que ia com-prometer-seem:

• Manter a paz, aprofundar ademocracia;

•Prosseguircomdinamismoareconstruçãoeodesenvolvimen-todasinfra-estruturas;

•Dedicarmaisrecursosame-lhoria das condições sociais daspessoas, famílias, especialmentedaquelasquetêmpouco,ouquasenadaparasobreviverem;

•Valorizarmaisosquadrosna-cionaiseosrecursosnaturaisqueopaístemparaaumentararique-zanacionalefazerAngolacrescermaisedistribuirmelhor;

• Cooperar com todos os paí-sesepugnarporummundomaisjustoeempaz;

•Contarcomaforçaeaconsci-ênciapatrióticadajuventudean-golanacomoaliadadoExecutivona concretização destas tarefasparafazerdeAngolaumbomlu-garparaviver;e

•ServiraNaçãocomlealdade.Comrelaçãoaoprimeirocom-

promisso,«Manterapaz,aprofun-dar a democracia», o presidente

Capa

Sábado, 27 de Outubro de 2012. 9

disse, logono início,queestavaaserempossado«emconformidadecomosresultadosdasEleiçõesGe-raisdopassadodia31deAgosto,enostermosdoartigo114daCons-tituiçãodaRepública...»

Bom,istoéoqueoPresidentediz.Masnarealidade,nãohouve,emnenhumdosdezoitocírculosprovinciais do país, apuramentoda vontade dos eleitores, para sepoderdeterminardefacto,apar-tir da contagem física das actasdasmesasde voto, comomandaa lei, quem foi o candidato es-colhidopelopovopara governarAngolanospróximoscincoanos.

Deacordocomosprópriosdo-cumentosdaComissãoNacionalEleitoral,foiLuandaquemproce-deu ao “apuramento provincial”decadaumadasprovínciasefoiLuandaquemditouosresultadospara cada uma delas. Os Plená-rios das CPE’s receberam essesresultados já «apurados», intro-duziram ligeiras modificaçõesresultantes da reapreciação dosboletins de voto consideradosnulos e daqueles em relação aosquais tinha havido reclamações,e,nofim,assinaramasactasres-pectivas,tambémproduzidasporLuanda.

Não houve, portanto, apura-mentoprovincialefectuadopelosPlenáriosdasComissõesProvin-ciaisEleitorais,combasenasac-tasdasoperaçõeseleitorais,comomandaaLei.

Os resultados provinciais fo-ram ditados por Luanda, trans-portados para as províncias pormensageiros especiais e assumi-dospelasprovíncias,formalmen-te, em reuniões próprias, comoatestam, por exemplo, as respec-tivasactas.

Comonãoháfraudesperfeitas,os seus autores deixam sempreuma pista. No caso, as própriasactasdasprovíncias.Foramtodasfeitasporcomputador,apartirdomesmoarquivo,numformatodi-ferente daquele que foi aprovadopeloPlenáriodaCNE.

A acta da reunião realizadapela CPE do Kuando Kubango,porexemplo,dizclaramentequeos dados foram fornecidos porLuanda. Vou ler uma passagemdestaActa:

“...O Plenário desta CPE/KK,reunido aos 5 de Setembro de2012,nasalaquealbergouoCen-trodeEscrutínioProvincial,coma finalidade de se corrigir as di-versas actas das assembleias devoto da província, conforme re-latóriodeincidênciasemesasporse gravar, fornecido pelo CentrodeEscrutínioNacional...”

As outras também têm umdetalhe peculiar: as reuniões deapuramento de centenas de mi-lhares de actas terminaram àmesmahoraemquecomeçaram.

•NoKwanzaSul,oapuramen-to das actas teria começado às14H14 e terminado às 14H14 do

dia6deSetembro.•NaHuila,o apuramentodas

actas teria começado às 11H34 eterminado às 11H34dodia 6 deSetembro.

• No Cunene, o apuramen-to das actas teria começado às18H25eterminadoàs18H25.

• Em Cabinda, o apuramen-to das actas teria começado às18H09 e terminado às 18H09dodia4deSetembro.

• Em Luanda, o apuramen-to das actas teria começado às16H46 e terminado às 16H46domesmodia6deSetembro.

Foiassimemtodososcírculosprovinciais. Ou seja: as Comis-sões Provinciais Eleitorais nãoabriram os envelopes lacradoscontendo as actas das operaçõeseleitorais, para, a partir delas, esó com base nelas, apurar o nú-mero total de votos obtidos porcada lista, procedendo assim aoapuramentoprovincialdefinitivo,como estabelecemonº 1 do art.126ºeoart.128ºdaLOSEG.

Nãotendosidocomputadasasactas de operações eleitorais in-dividualizadas de cada mesa devoto,então,nãohouveapuramen-todefinitivo,porquesócombasenoapuramentodefinitivoéquesepode distribuirmandatos e pro-clamaroPresidentedaRepública.

Étambémestaa interpretaçãoqueoTribunalConstitucionalfazdaConstituiçãoedaLei.NoseuAcórdão nº 224/2012, de 18 de

Setembro de 2012 (págs. 16, 17),o Tribunal Constitucional con-firmaoentendimentodaUNITAnosseguintestermos:

«Oapuramentodefinitivo,nostermosdalei,equeservedebaseàconversãodevotosemassentosparlamentareséoqueé feitoex-clusivamente combasenas actasdasoperaçõeseleitoraiscontabili-zadosemcadacírculoprovinciale posteriormente na CNE parao cômputo nacional. Ainda quepudessemtersidocometidoerrosdetranscriçãodasactasdasope-raçõeseleitoraisparaasactassín-tese,esseserrosnãoafectamnemprejudicamoapuramentodefini-tivoqueéfeitocombasenasactasdeoperaçõeseleitoraisindividua-lizadasdecadamesadevoto».

Senãohouveapuramentocombasenasactasdasoperaçõeselei-torais, as únicas válidas para oefeito,então,nãoéverdadequeocandidatoJoséEduardodosSan-tos, foi eleito e «empossado emconformidadecomosresultadosdas Eleições Gerais do passadodia31deAgosto»,porquenãofoi.

Também não é verdade que ocandidatoJoséEduardodosSan-tos foi empossado «nos termosdoartigo114daConstituiçãodaRepública...»,porqueestadisposi-çãomandaempossaroPresidenteeleito até 15dias após apublica-ção oficial dos resultados eleito-raisdefinitivos.

Ora, não há resultados eleito-raisdefinitivosapuradosnoster-mosdaLei.Eosdivulgadoscomodefinitivos foram-nonodia 7deSetembro. O empossamento de-veriaocorreratéaodia22!Enãofoi.

OPresidentedissetambémque«o país já realizou duas outraseleiçõesdemocráticasemultipar-tidárias,emqueumaclaramaio-ria votou a favor doMPLA e doseulíder».

Isto também não é verdade,porqueAngola,infelizmenteain-da não realizou uma só eleiçãodemocrática.Nuncahouveigual-dadedetratamentoparatodososconcorrentes.

Emtodasaseleições,acomuni-caçãosocialpúblicajogouafavorde um Partido. Nunca houve, enão há ainda o ambiente demo-crático para a realização de elei-çõesdemocráticas.

Mais uma vez, o cidadão JoséEduardodosSantos,atentoucon-tra a paz e contra a democracia,quercomoPresidentedaRepúbli-ca,quercomocandidato.

Sabemos que utilizou os fun-dospúblicosparaconstruiraCi-dadedoKilambaequeestáauti-lizarosapartamentosnoKilambapara fins privados, ligados à suacampanha eleitoral, como formadeagradecer«atodosaquelesquelhe ajudaram durante a campa-nhaeleitoral».

Aleinãolhepermitefazerisso.■

No dia 26 de Setembro, os an-golanos ouviram as mesmaspromessas de 30 anos atrás! OPresidente disse-nos ser sua

prioridade «aprofundar» a democracia egarantiraliberdadedeexpressãoedecria-ção,aigualdadedeoportunidadeseajus-tiçasocial.

Certo. Mas a democracia não se apro-fundasemprática.Talcomoummúsculoéapráticadiáriaquefortaleceademocracia.Masparaserpraticada,elaprecisadeexis-tir:nospartidospolíticos,naAdministra-çãoPúblicaenasociedade.

Desde 1992 que o Presidente fala em«aprofundar» o quenão existe.Nãopodehaverdemocraciaenquantonãohouverli-berdade de expressão, igualdade de opor-tunidadesdeacessoàriquezaepluralismona titularidadeenosconteúdosdacomu-nicaçãosocial.

Para haver democracia, senhor Presi-dente,aCidadeAltadevedeixardeutilizarosdinheirospúblicosparamonopolizar aeconomia.Nãopodehaverdemocraciaen-quanto a economiadoPaís for dominadaporumasófamíliaoupormembrosdeumsóPartido.

Não pode haver democracia, enquantoosdonosdacomunicaçãosocialsãopesso-asdamesmafamíliapolítica.

Não pode haver democracia enquantopara se ter negócios, ou ser consultor do

Presidente,naterradoseunascimento,oscidadãostêmdenegarasuaidentidadepo-lítica,seremhumilhadosefazeropapeldelacaios,talcomooscolonosfaziamcomosrenegadosindígenas.

NãopodehaverdemocraciaenquantoaAdministraçãoeleitoraleosTribunaisnãoforem de facto independentes. É precisoque o País se liberte dessas amarras paraqueosangolanospossamsaborearaverda-deira liberdade, beneficiardosdividendosda paz e construir a democracia! Se isso

nãoacontecer,entãosaibamosqueacons-ciência patriótica da juventude angolanafaráressurgiroespíritodoprocessodos50.Sãoosjovensqueirãoquebraressasamar-rasdanovaditadura.Ajuventudeirácriarumanovaagenda.Elaanseiaporquemlhesmostreumrumoseguroparaoseufuturo.

Prezadoscompatriotas:OuvimosaindaoSenhorPresidenteda

Repúblicaafirmarque«aconsolidaçãodoEstado e das suas instituições apresenta--se,nestecontexto,comoagarantiadaes-

tabilidadepolítica,dapazedasliberdadesdemocráticas».Queassimseja,senhorPre-sidente.Porqueaqui,destaTribunaquere-mosafirmarqueopovoangolanojánãoirápermitiraconsolidaçãodemaisumadita-duraemAngola.OEstadoactualaindanãoédemocrático.Éautoritárioecomotalnãogaranteasliberdadesdemocráticas.

OndeestãoosjovensAlvesKamulinguieIsaiasKassule?Nãoseriaoportunoose-nhor Presidente dizer alguma coisa sobreestesdoisjovens?Quantosjornaisdiários,

Democracia não se aprofunda sem prática

Capa

10 Sábado, 27 de Outubro de 2012.

oEstadopromoveparagarantiropluralis-mode expressãopolítica?Que estadode-mocráticotemumaAdministraçãoPúblicapartidarizada?

QueEstadodemocráticoéestequenãoconsegue combater a corrupção,porque éelemesmoquepromoveacorrupçãoefun-da-senacorrupção?

Queestadodemocráticoéestequepro-move monopólios entre os membros dasmesmasfamíliasparacontrolarospreçoseaprofundarasdesigualdades?

As principais instituições desse Esta-do são pelo desrespeito da Constituição,pelacorrupção,pelapobrezadoscidadãos,pelos monopólios, pelo nepotismo, pelaexclusão.Comopoderão,«garantiraesta-bilidadepolítica,apazeas liberdadesde-mocráticas».

Angolanaseangolanos:Faz pouco sentido falar-se de uma

“Agenda 2025” a ser implementada peloMPLA,sedepoisde37anosdegovernação,estePartidoaindanãoconseguiuresolveroproblemadaágua.

Aindanão foicapazdeapresentarumacarteiradeprojectosestruturantesparaga-rantiráguapotáveleenergiaparaasfamí-liasangolanas.

A propósito, sou da opinião que ago-ra que as eleições já passaram, oMPLAe o senhor Presidente José Eduardo dosSantos,deviampelomenospedirdescul-pas ao Povo Angolano pelas inverdadesque semearam na campanha. Se é ver-dade que o problema da falta da água edaenergiaresultadafaltadechuvasquenão caíram no período anterior, entãoquandona campanha eleitoral andaramapregarquehaveriamaiságuapotávelemaisenergia,jásabiamqueosriosnãoti-

nhamcaudalsuficienteparaabastecerasbarragenseossistemasdeabastecimentode água. Então significa que andaram aenganaroPovo.Senãosabiam,entãode-viamconfessarasuaincompetência,por-queistoseriadeprever.Eseessasexpli-caçõestodasdosauxiliaresdosauxiliaresdo senhorPresidentenãocorrespondemàverdade,comotambémsehouvedevá-rioscírculos,nãoseriaestaoportunidadeparaosenhorPresidente,comarespon-sabilidade que tem, dar uma explicaçãoque convença os cépticos? Ou isto tudonãocontaporqueaáguanuncafaltouna

CidadeAlta?Ademocracia só triunfará se aConsti-

tuiçãoforrespeitadaeoautoritarismodei-xardeexistirnaprática.

Apazeaestabilidadesóestarãogaran-tidas se as fraudes eleitorais acabarem e alegitimidadegovernativaresultardeproces-soseleitoraisjustosetransparentes,enãodemanipulaçõesdademocraciaedasinstitui-ções.Nãofosseacontençãoeresponsabili-dadedaUNITAjá teriahavidoacontecidoem Angola novas situações complicadas,pois ninguémmais duvida da origem dasmaioriasactuaisquetêmgovernadooPaís.

O crescimento económico só será sus-tentávela longoprazose sebasearnoco-nhecimentoenodesenvolvimentohumanodamaioria,enãonosmineraisounacor-rupçãodeumaminoria.

De 187 países com dados comparáveis,Angola está no 148º lugar de acordo comosIndicadoresInternacionaisdedesenvol-vimentoHumanodaNaçõesUnidas.Numpaíspotencialmenterico,opovoaindalutacomdificuldadesenormesparaasatisfaçãodenecessidadesmaiselementares.

De acordo com a SADC, apoiada nosdadosdaFAO, emAngola, cercade65%dapopulaçãovivecommenosde2dólarespordia.Ocombateàpobreza,constituiu--senumabatalhatransversalenvolvendoabuscadaeducaçãodequalidade,dasaúde,dahabitação,doemprego,edanecessidadederesoluçãodeproblemasligadosàneces-sidadesbásicascomoaágua,ealuz.

Orecursoàproduçãointernatrariamuitasvantagens como o emprego, segurança ali-mentar,crescimentodospadrõesdevidaederenda,promoçãodaindústria,descongestio-namentodasprincipaiscidadeseaumentodacompetiçãonomercado.Aagriculturaseriaumdossectorescomcapacidadedeempregarmuitoscidadãos,paraalémdefixá-losàter-ra.Porémoregimenãotempolíticasparaoefeito.Doscercade30milhõesdehectaresdeáreacultivável,oregimeexploraapenasqua-tromilhões.ASADCrecomendaadisponi-bilizaçãode10%doPIBnoquadrodaOGE,masoregimecedeapenas3%.

Ariquezadealgunsestarámelhorpro-tegidaseapobrezadamaioriaforaliviadaeasolidariedadesocialeagenuínarecon-ciliação nacional forem instituídas comoprioridadesdeumaverdadeiraAgendaNa-cionaldeConsenso.■

Uma leitura ao discurso do líder do Galo Negro

Albano Pedro

O discurso sobre o «Estado daNação» apresentado por IsaíasSamakuva (IS), presidente daUNITA, inaugura um impor-

tante momento de actuação estratégicadesseimportantepartidopolíticoedapró-priaOposição.EssemomentoéperceptívelpelofactododiscursoserapresentadoemnomedaOposição,procurandodesta for-ma reagir à omissão constitucional pro-tagonizado pelo Presidente da República(PR),nasuaqualidadedeChefedeEstado,aquando da abertura da 3.ª legislatura daAssembleiaNacional.

O presidente da UNITA agiu com umcertosentidodeoportunidadepolítica,quese traduziu numa visão proactiva de fa-zerpolítica, jáque soube tirardividendosdaomissãodoseuadversáriopolítico.Ouseja, a oposição política começou a inau-gurarumanovaeradefazerpolítica,abor-

dandoquestõesnovasoualheiasàagendapolíticadopartidodasituaçãoeoutrosas-suntosquetenhamsidopropositadamenteomissos. Atitude contrária ao hábito pelameracontradição(JonasSavimbichamou--lheoposiçãosistemática)oupelodiscursoreactivoaqueaoposiçãovemhabituandooeleitoradodesde1992.Estanovaposturaacaboupor revelaruma certamaturidadepolítica.Detodomodo,osentidodeopor-tunidadepolíticadestaintervençãoelevaaqualidadepolíticadaoposiçãonostermosemjáreferidos.

SãorecorrentesospontosdaagendadoMPLAquefazemosmotivosinterventivosda oposição política. IS ataca os proble-mas sociais e económicos mal resolvidosoumesmonão resolvidos.Comumcertosentidodepátria,exortaoPRarevelar-seconsentâneocomoseudiscursoproferidonoactodainvestiduraemquesepropõeagovernarparatodososangolanos.Aqui,ISexortaoesforçodoPRparaumagoverna-ção realmente virada para os angolanos,

independentementeda sua corpartidária,enistopedequesejavistaaquestãodosa-lário mínimo nacional, o pagamento daspensões atrasadas dos militares reforma-dos.

Nãomenos importante é o factode eleexortaroPRparaqueesteajudeapôrfimàintolerânciapolíticaalimentadapelafaltade transparência na gestão dos interessesdoEstado,enãoseesquecedeapelarparaquecoloquefimàcorrupçãocrónicaege-neralizada.

Deformamuitoparticular,ISinsurge-secontraoproblemadofornecimentodaáguaedaluz,comumaminúciaquefazrevelarafaltadeseriedadedoMPLAemresolverosproblemasnacionaisnesseparticular.

Trata-se em parte de um discurso des-construtivoque,naverdade,deveria teromérito de reconhecer algum esforço polí-ticojáfeito,aindaqueinsignificantediantedemiríadedeproblemasqueosangolanosenfrentam.Assim,nãodeixadeserumsi-naldohábitopelaoposiçãosistemáticaque

esperamosverultrapassadoapartirdestalegislatura.

Comoseudiscurso,o líderdaUNITAprocura refrescar a memória do MPLApara que este partido encontre as verda-deiras soluçõespolíticas e económicas,deacordocomaspromessaseleitorais.

OlíderdaUNITAdedicaumconside-rável tempoàsquestõeseleitoraise,comonão devia deixar de ser, apresenta-se in-conformadocomosseusresultadosecomodecorreuoprocesso .Masnomeiodisso,deixa transparecer uma certa mea culpaatribuível à oposição, quer no processopreparatórioquernoprocesso executório.Afinal,osresultadosassimproduzidosfo-ramtodosprevisíveis,paraalémdequealegislação que a suportou foi basicamen-te aprovadacomobeneplácitodaprópriaoposição,independentementedasinconve-niências que entremearam todooproces-so.Senãoédestavezqueaoposiçãosevaiimporcontraoprocedimentofraudulentoregistadopelomenosficaaliçãoeodever

Capa

Sábado, 27 de Outubro de 2012. 11

demelhoresasperformancespolí-ticasaolongodestalegislatura.

IS ataca, na sua alocução osproblemas económicos da gover-naçãodoMPLA,emboraapresen-tetimidamentealgumassoluções.

Noentanto,temsidoviciosonodiscursodospartidosdaoposiçãoasuaincapacidadedeabordagemsobre os problemas da economianacional, numa perspectiva decalamidade nacional.Ou seja, ospartidospolíticosdeumamanei-ra geral raramente relacionam,o desenvolvimento da dimensãopolítica doEstado (Direito eDe-mocracia) com a dimensão eco-nómica (Economiademercado elivre iniciativa privada), tornadoestaligaçãotãonecessáriaquantoàligaçãoentreaplancetaeobebé,emnomeda sobrevivência deste.Tãocrucialéquesedevolvaàeco-nomianacionalaosectorprivadocom todas as reformas que esteprocesso recomenda que nuncafalaremosemEstadodeDireitoeDemocrático se isto não aconte-cer.OqueolíderdaUNITApro-curouverterde formaaérea foio«sequestro»daeconomianacionalporalgumasfamíliasquefazemousodoeráriopúblico.Oqueémi-nimizaroproblemadefundoquesubjazàeconomianacional.

Ograndeproblemadaecono-mianacionaléqueelaprecisaserdevolvidaaosectorprivado,paraque os angolanos iniciem umaverdadeira era de reformas po-líticas e económicas, em prol dobem-estardetodos.

Contrariamente aomodelo es-tatizado da economia que vive-mosemqueapenasuns têmtidoacesso às oportunidades por elageradaafastandotodaumamaio-riadeangolanosdela.Asreformasque devem levar a transferênciada economia ao sector privadodevemserabertamentedescrimi-nadaspor áreas e agregados eco-nómicos, para que todos saibamacadeiadeproblemasemecanis-mosquetêmestadoaemperraraeconomiaangolana.

Nãobastaacusarasfamíliasdeusodecapitaispúblicosenemde-vemos atracar o barco das novasreivindicaçõesnoportodapobre-zaextremaedafaltadeacessoaoerário público. Discursos assimfacilmente descambam no popu-lismodequeoscidadãossériosecomprometidoscomareconstru-çãodanaçãoestãofartos.

Visão metódica

Os líderes da oposição devemter uma visão metódica e bemestruturadasobreas soluçõesne-cessárias à economianacional.Aabordagem sobre as questões fis-cais,cambiais,comerciaisoumo-netárias devem ser apresentadasna cadeia que elas recomendam,quando se analisa o fenómenoeconómico.

A política de emprego e de

segurança social, a política dedesenvolvimento, quer de infra--estruturas quer social, deve seresmiuçada para uma clara com-preensãodetodos.

Os angolanos devem perceberque as empresaspúblicasnão es-tratégicas devem ser privatizadase que grande parte das empresaspúblicas representadespesasdes-necessáriasparaoEstado;osan-golanos devem também perceberque quando se diz que o sectorbancário nacional está em cres-cimento,sendoumafalsaconsta-tação,porquenãoexisteummer-cado de capitais que impulsioneo sistema financeiro privado deforma sustentada em toda a eco-nomiaequeocrescimentodosec-tor financeiro esta ligado apenasaeconomiapública;osangolanosdevem perceber que não existemfontes de enriquecimentos lícitosna economia, porque os saláriossãomíseros,asrendaspoucoprós-peraseasherançassuperavitáriasinexistentes; os angolanos devemperceber que o fornecimento re-gular de água e de energia eléc-tricaé fundamentalparao iníciodo processo de desenvolvimentoeconómicoequeosectorprivadodeveserchamadoaexplorarestesectoresemsubstituiçãodoEsta-do.

Emrelaçãoàeconomiaoassun-to deve ser detalhado, por repre-sentar a exposição do verdadeiroproblema de desenvolvimentodos angolanos. É desta maneiraqueaoposiçãodeveráatrairpara

o terreno da seriedade política,angolanos presos no pântano docepticismos,muitodosquaispro-tagonizaramaalarmanteondadeabstenção nas eleições de 31 deAgosto.

Compreende-se que o dis-curso sobre os factores e dadosda economia não seja suficiente-mente permeável para o ambien-te político geralmente habituadoao discurso demagógico, poréméurgenteapercepçãopolíticadoquadro estratégico que represen-taodiscursoestruturadosobreaeconomianacional.

Dizerqueosestrangeirosdomi-nam a economia nacional é umaverdade incontornável,mas trazerestedebateemtermosdefalhasdegovernaçãopodeprovocaroperigodaxenofobiapelamácompreensãodasreivindicaçõesinerentesaodis-cursoassimapresentado.Éprecisoqueaquestãodosestrangeirossejasempre abordada com o devidoreconhecimento do seu papel naeconomia nacional. Porque os es-trangeiros apenas tiram proveitode oportunidades, tal como o ISreconhece no seu discurso.Deve-mos ter o justo receio de termosos estrangeiros contra o discursoda oposição se este discurso tiverlaivosdepatriotismoradicaloudenacionalismoextremista.Nosdiasque correm, em que a globaliza-ção émoeda corrente, os capitaise os interesses circulam por umaeconomiamundialondeapalavra«estrangeiro» é obrigatório numaperspectivadeeconomiainterna.

Naabordagempolíticadapar-ticipação de estrangeiros, é ne-cessário reconhecer o seu papelno desenvolvimento de Angola,revelaravisãosobreasoportuni-dadesqueosmesmostêmemproldoestabelecimentodeumEstadodeDireitoeDemocrático.

Osestrangeirosprecisamsabersobre as reformasno sector judi-cial paraque se sintamencoraja-dos a incrementar os seus inves-timentos no território nacional;precisamsaber sobreas reformasnosectorempresarialparaquesesintamencorajadosafazerperma-neceros lucrosdassuasactivida-desnaeconomianacional.Éesteodiscursooportunoparaosestran-geirosquembem sãonecessáriosparafuturasparceriasestratégicasnumEstadobemgovernado.

Éinteligenteapercepçãosobreo papel reivindicativo da juven-tude no quadro actual de gover-nação.Ajuventudepercebequeagovernaçãocontrariaosseusinte-ressesquandonãorealizaosmaiselementares anseios económicose sociais desta camada social in-tegrada pelamaioria esmagadoradosangolanos.SeJESnãoimple-mentao«famoso»diálogocomajuventudeenãoapresentamelho-rias significativas neste mandatoque iniciou arrisca-se a assumirumaverdadeira revolta compro-porções apocalípticas para a suagovernação.Ossinais forambemvisíveisaolongodomandatopas-sado e está claro que o sentidodematuridade da juventude está

maisdoqueprovado.Osectorin-telectual da nossa sociedade estáfarto de fazer prognósticos futu-rológicossobreosefeitosnefastosdobraçodeferroentreagoverna-çãoeosonhodajuventudeango-lana.MarcolinoMocoprevêsolu-çõesponderadascontraaondadereivindicaçõesemformadelevan-tamentos populares que podemarrastarAngolaaumasituaçãodedesastredevidoafaltadevisãoes-tadísticanagovernaçãoactual(in:AngolaTerceiraAlternativa).

Em entrevista a um periódi-co, o escritor angolano Pepetelaapresentou ideias que justificama equiparação de Angola a um«barrildepólvora»devidoàsassi-metriassociaisprofundas,eJoséEduardoAgualusatempublicadoumromancemuitosugestivoso-bre a realidade apocalíptica quesedesenhanohorizontedosan-golanosseosproblemaspolíticoseeconómicosactuaispersistirem.

Nesteparticular,aabordagemdeISteveumaoportunidadees-tadísticaderespeito,porqueestámaisdoqueclaroqueamaturida-dealcançadapelajuventudecomaclarividênciadosseusdireitoselegítimos interesses e a coragemem protagonizar as reivindica-ções em formademanifestaçõessistemáticas éumprocesso cres-centequenomomento certo vaicolocar em crise os instrumen-tosdecontrolodoregimeactualque teima em manter adiada asexpectativas do povo angolano.Dixit.■