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www.pucrs.br/pucinformacao Publicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Assessoria de Comunicação Social – Ano XXIV – Nº 106 – Setembro-Outubro/2001 Hospital São Lucas: 25 anos de compromisso com a saúde e o conhecimento Hospital São Lucas: 25 anos de compromisso com a saúde e o conhecimento

Hospital São Lucas: 25 anos de compromisso com a saúde e ......Pesquisa e Pós-Graduação, Urbano Zilles. Nascido em Cagliari, na Itália, Dom Pittau ingressou na congregação

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  • www.pucrs.br/pucinformacaoPublicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SulAssessoria de Comunicação Social – Ano XXIV – Nº 106 – Setembro-Outubro/2001

    Hospital São Lucas:25 anos de compromissocom a saúde e oconhecimento

    Hospital São Lucas:25 anos de compromissocom a saúde e oconhecimento

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    Reitor: Norberto Francisco Rauch • Vice-Reitor: Joaquim Clotet • Coordenador da Assessoria de Comunicação Social e Diretor-Editor da PUCRS Informação:Carlos Alberto Carvalho – Reg. Prof. 1276 • Editora Executiva: Magda Achutti – Reg. Prof. 6232 • Repórteres: Ana Paula Acauan - Reg. Prof. 8474 e Paula Oliveirade Sá – Reg. Prof. 8575 • Arquivo Fotográfico: Maria Rosalia Rech – Reg. Prof. 6088 • Circulação: Mirela Vieira da Cunha Carvalho • Documentação: Lauro Dias •Estagiários: Rodrigo Ojeda, Angela Vencato e Aline Trevisan • Relações Públicas: Sandra Becker • Fotografia: Marcos Colombo e Gilson de Oliveira • Revisão: JoséRenato Schmaedecke • Conselho Editorial: Mainar Longhi, Elvo Clemente, Paulo Galia e Délcia Enricone • Projeto gráfico: L3 Design – Fone: (51) 3342-4938• Impressão: Epecê-Gráfica – Fone: (51) 3339-1308 • PUCRS Informação é editada pela Assessoria de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católicado Rio Grande do Sul, Avenida Ipiranga, 6681, Prédio 1, 5º andar – CEP 90619-900 – Fone: (51) 3320-3500, ramais 4446 e 4338 – Fax: (51) 3320-3500 –E-mail: [email protected] – Home page: www.pucrs.br/pucinformacao – Porto Alegre – Rio Grande do Sul - Brasil

    PUCRS Expe

    dien

    te

    Giuseppe Pittau é Doutor Honoris Causa

    O diretor do Instituto de Geriatria eGerontologia (IGG) da PUCRS, Yukio Mo-

    riguchi, é afiliado do Instituto dosIrmãos Maristas, título outorgadopelo Superior-Geral, Ir. Benito Ar-

    bués. A entrega do diploma ocorreráem data a ser definida. Reconhecido

    pela contribuição médica a serviçoda longevidade, Moriguchi, de na-cionalidade japonesa, começou aatuar na Universidade como pro-

    fessor titular da disciplina deGeriatria em 1971, um ano de-

    O secretário da Sagrada Congregação paraa Educação Católica no Vaticano, arcebispojesuíta Dom Giuseppe Pittau, recebeu o títulode Doutor Honoris Causa pela PUCRS. A dis-tinção veio em reconhecimento de seus méri-tos pela contribuição no campo da educaçãosuperior católica no mundo e em manifesta-ção de apreço à Santa Sé. Em cerimônia ofici-al com a presença do Conselho Universitário,Dom Pittau foi saudado pelo Pró-Reitor dePesquisa e Pós-Graduação, Urbano Zilles.

    Nascido em Cagliari, na Itália, Dom Pittauingressou na congregação jesuítica em 1945.Estudou no seu país, na Espanha e no Japão,onde foi reitor da Universidade de Sophia.Ocupou o mesmo cargo na Pontifícia Univer-sidade Gregoriana (Roma) e foi nomeado se-cretário da Sagrada Congregação para a Edu-cação Católica há três anos.

    Na atual função, atende a 945 universidadese escolas superiores católicas em vários países.“No Brasil, essas instituições são fortes, criati-vas e respondem às necessidades do povo”, opi-nou Dom Pittau, pouco antes da homenagem.Ele ficou bem impressionado com a PUCRS: “Co-nheci programas fortes e abertos ao social. Co-movi-me com o Museu de Ciências e Tecnologia,

    que leva o jovem a criar e a amar a ciência”.O arcebispo também destacou a importância

    de as universidades católicas se preocuparemem manter, ao mesmo tempo, pesquisas avança-das e a identidade católica. Os discursos proferi-dos durante a concessão do título foram publi-cados em livreto pelaEdipucrs.

    Moriguchi recebe título de Afiliadopois de inaugurada a Faculdade de Medicina.Desde o início, havia o projeto de criar o IGG.Concretizado em 1975, o Instituto formou maisde cem médicos especialistas que atuam emhospitais e centros universitários do Brasil e de20 países latino-americanos.

    Moriguchi é descendente da mais antigalinhagem católica do Japão. Na época das per-seguições, depois da evangelização de SãoFrancisco Xavier e de outros missionários, pou-cos núcleos subsistiram. Os antepassados deMoriguchi formaram o grupo de resistência por250 anos. Homem de fé e caridade, comungadiariamente e, entre as suas ações de carida-de, atende pessoas carentes em consultas numasala da Igreja Nossa Senhora da Paz.

    Arcebispojesuíta atuano Vaticano

    Pelo

    Cam

    pus

    Contribuição médica,fé e caridade

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    Pelo Campus

    De 3 a 6 de outubro, a PUCRS recepcionará perso-nalidades de todo o mundo para discutir a relaçãodas fundações com o governo e o mercado. Durante o4º Encontro Internacional de Fundações – Terceiro Se-tor, organizado pela Fundação Irmão José Otão (Fijo)ocorre paralelamente a 4ª Assembléia Geral Anual daConfederação Ibero-Americana de Fundações e a Reu-nião da Associação Nacional de Procuradores e Promo-tores de Justiça de Fundações e Entidades de Interes-se Social. Na ocasião também será lançado o progra-ma PUCRS Colméia Voluntária.

    Entre os convidados para o evento, personalidadescomo o vice-presidente da República, Marco Maciel, os

    A PUCRS inaugurou, em 27 de agosto, a nova sededa Faculdade de Administração, Contabilidade e Econo-mia (Face), durante cerimônia presidida pelo ReitorNorberto Rauch. O prédio 50 tem 23.400m² de infra-estrutura inovadora, sistemas inteligentes e ambientesclimatizados divididos em 12 andares acessíveis por es-cada rolante (até o terceiro andar) e por elevador. Ou-tros destaques são os recursos disponíveis para defici-entes físicos, como rampas e banheiros adaptados e oprojeto de economia de energia que, por meio de senso-res de presença nas 102 salas de aula, desliga as luzesautomaticamente.

    A Face dispõe de cinco laboratórios de informática edois auditórios, além de serviços como bar e xerox. So-mam-se a isso recursos multimeios, que permitem criarnovas metodologias de ensino. Atualmente, a estrutura éutilizada somente pela Face e seus cursos de pós gradua-ção. O projeto prevê reserva de espaço para abrigar outrasfaculdades nos turnos da manhã e da tarde.

    PUCRS sedia encontro internacional de fundaçõesministros Francisco Dornelles, do Trabalho, e Paulo Re-nato de Souza, da Educação, o coordenador do Progra-ma das Nações Unidas de Voluntariado para a AméricaLatina, Caribe e Países Árabes, Douglas Evangelista, eAdela Cortina, uma das maiores expoentes na área deética na Europa. A abordagem de diferentes temas,como comunicação, governabilidade, responsabilidadesocial e ética, permitirá a análise dos efeitos da intera-ção dos três setores da sociedade. A programação éformada por conferências, mesas-redondas e painéis.Interessados em participar devem se inscrever até o dia30 de setembro na Fijo, Av. Ipiranga, 6681, prédio 1,telefones (51) 3339-1692 e 3336-5857.

    Nova sede da Faculdade de Administração,Contablilidade e Economia

    No dia 5 de setembro, Dom Altamiro Rossa-to foi agraciado com o título de ChancelerEmérito da PUCRS. A distinção representaum reconhecimento à dedicação com queexerceu o cargo, de 1993 a fevereiro desteano. O retrato de Dom Altamiro foi des-cerrado na galeria de chanceleres da Rei-toria, junto aos quadros de Dom VicenteScherer e Dom Cláudio Colling.

    Em 1971, ele começou a lecionar asdisciplinas de Antropologia Teológica, Esca-tologia e Mariologia no então Instituto de Teo-

    Dom Altamiro recebe título de Chanceler Eméritologia e Ciências Religiosas da PUCRS. Perma-

    neceu como professor até 1980, lecionan-do História da Teologia, Introdução à Teo-logia Patrística e Teologia dos Sacramen-tos. Natural de Santa Rosa, Dom Altami-ro integra a Congregação do SantíssimoRedentor. Bacharelou-se em Filosofia eTeologia pela Universidade de Santo To-más de Roma, na Itália. Fez mestrado

    nas duas áreas na mesma instituição. Tam-bém especializou-se em Espiritualidade e

    em Teologia Patrística.

    Infra-estruturainovadora no prédio 50

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    O Hospital São Lucas (HSL),inaugurado em 29 de outubrode 1976, representou o primei-ro empreendimento do Institu-to dos Irmãos Maristas na áreada saúde, no mundo. Criadopara ser hospital-escola da Fa-culdade de Medicina, constitui-se em campo de estágio paracursos de graduação e pós-gra-duação da PUCRS, mantendoatualmente a maior residência

    médica privada do país, com 26 programas. A realiza-ção simultânea dos atos de cuidar, educar e pesquisarvem caracterizando o crescimento do Hospital SãoLucas nestes 25 anos.

    Construído na gestão do Reitor Ir. José Otão, oprojeto envolveu pessoas que, um quarto de séculodepois, ainda testemunham sua evolução. Tudo co-meçou em 1971, quando o engenheiro Vitor Führ-meister e o arquiteto Alfredo Porto Alegre iniciaram oestudo do programa de necessidades e da composiçãodo plano diretor. Os dois fizeram parte da comissãoinstituída mais tarde, incluindo os médicos João Satt,João Pedro Marques Pereira, José João Menezes Mar-tins, Henrique Sarmento Barata, Jorge Pereira Lima eos religiosos Irmão Valério e Irmã Neli. O atual Rei-tor, Ir. Norberto Rauch, então diretor do Instituto deFísica, participou ativamente, buscando no Brasil eno exterior equipamentos mais modernos para com-por os recursos tecnológicos do HSL.

    “Tínhamos o objetivo de montar um hospital queacompanhasse a evolução da Medicina. Foi fácil adap-tá-lo e transformá-lo no que é hoje”, contaMenezes, 68 anos. “Com economia e flexi-bilidade, foram construídos os primeiros 40mil m², que atendiam a qualquer programade necessidades”, lembra o arquiteto Hen-rique Rocha, 48, desenhista da obra quan-do estudante e hoje supervisor da Divisãode Obras da Universidade.

    Entre os 50 funcionários contratados nafase inicial está Adão Guedes, 56, um dosencarregados da manutenção. “Naquele tem-po, a gente fazia de tudo, da limpeza àrecepção”, recorda. Ele acompanhou a con-clusão da primeira etapa, quando foramconstruídos os ambulatórios, em 1973, logodisponibilizados para a assistência e o en-sino. Esse espaço foi recentemente remo-

    Missão do HSL: cuidar,educar e pesquisar

    delado, possibilitando a integração física e funcionalde recursos diagnósticos e serviços assistenciais natentativa de abreviar ou evitar a internação.

    Em 1977, foi antecipada a inauguração da unida-de de internação, por solicitação do secretário daSaúde, Jair Soares, devido ao aumento de casos dedesidratação infantil em Porto Alegre. Recém-formadaem Enfermagem, Neida dos Santos, 51, integrou onovo grupo de trabalho. “Éramos idealistas e dedica-dos. O Ir. Otão passava a idéia de que fazíamos algoimportante”, relembra. Na posição de supervisora-ge-ral de Enfermagem, Neida acredita que a valorizaçãodo funcionário é essencial para a qualificação da as-sistência: “Se ele recebe, consegue dar carinho e aten-ção. Incentivamos que a equipe de Enfermagem nãose restrinja a cumprir a prescrição”.

    Buscando potencializar a dimensão humana pre-sente em todo o ato de assistência à saúde, o HSLdesenvolve o Programa de Humanização, recentemen-te inserido no Programa Nacional de Humanização daAssistência Hospitalar do Ministério da Saúde. No pro-grama estão engajadas as várias iniciativas voltadas aesse propósito: Serviço de Pastoral, Associação dasVoluntárias da Mama da Fundação Irmão José Otão/HSL, Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e doAdolescente e Cuidados Hospitalares, Serviço Social eGerenciamento da Qualidade de Vida no Trabalho, quepromove ações voltadas aos colaboradores do HSL.

    O desenvolvimento de pesquisas se iniciou a par-tir da criação do Instituto de Geriatria e Gerontologia(IGG), em 1973, por intercâmbio entre os governosdo Japão e do Brasil. A disciplina de Geriatria foiintroduzida de forma pioneira no país em currículos

    por ANA PAULA ACAUANCa

    pa

    O prédio do HSL, sendo finalizado, em 1976

    Foto: Arquivo HSL

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    de Medicina. O Instituto se dedica à formação e aoestudo de doenças crônico-degenerativas ligadas aoenvelhecimento. Localizado também no HSL, em 1997foi criado o Instituto de Pesquisas Biomédicas, medi-ante convênio da Universidade com o governo doEstado, empreendendo um trabalho de ponta ao agre-gar laboratórios especializados.

    Em abril de 1977, começou o pronto-atendimen-to. E no início da década de 90 entrou em funciona-mento o PRONTOPUC, com atendimento ininterruptoa pacientes nas mais diferentes situações de gravida-de. Apoiado pelas Unidades de Cuidados Especiais,recebe 11 mil pacientes por mês. Tais unidades dis-põem de recursos tecnológicos e humanos para oatendimento de urgência/emergência dificilmente en-contrados em hospitais brasileiros.

    No dia 29 de março de 1978, às 8h25min, nasceu aprimeira criança no HSL, inaugurando o Centro Obstétri-co. Cirurgias como transplante de rim, em 1978, e inter-venção cardíaca, em 1980, estabeleceram as bases parao atual Centro Cirúrgico, estruturado para a realizaçãode qualquer tipo de operação. Além de acompanhar osavanços em termos de equipamentos e especializaçãode profissionais, a área de anestesia conta com modernatecnologia, proporcionando maior segurança no acom-panhamento dos pacientes durante a cirurgia.

    A GRANDIOSIDADE EM NÚMEROS

    Trabalho contínuo: humanizar a assistência

    CDI realiza cerca de 30 mil exames por mês

    Pacientes do SUS representam70% dos atendimentos

    Área: 55 mil metros quadrados

    Leitos: 539

    Funcionários: 2.337

    Residentes em treinamento com bolsasoferecidas pelo HSL: 170 (2000)

    Projetos de pesquisa encaminhados: 182 (2000)

    Alunos em estágio: 869

    Especialidades: 64

    Consultas: 287 mil por ano (2000)

    Internações: 27.474 por ano (2000)

    Cirurgias: 18.663 por ano (2000)

    Partos: 3.566 por ano (2000)

    CDI: 5,5 mil metros quadrados, 246 profissionais,27.941 mil exames por mês

    Vagas: 70% SUS e 30% particular e convênios

    Foto: Henrique Amaral

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    No dia 29 de outubro de 1976 foi inaugurado oHospital Universitário da PUCRS, com a presença dopresidente da República, Ernesto Geisel, ministro da

    LEMBRANÇAS DA INAUGURAÇÃOSaúde, governador do Estado e secretário da Saúde,entre outras autoridades. O cardeal Vicente Scherer,Chanceler da Universidade, e o Reitor Ir. José Otãorecepcionaram os convidados. O funcionário AdãoGuedes, um dos encarregados da manutenção, guardaainda hoje a credencial distribuída para estar nomesmo ambiente do presidente. “Impressionei-me como grande número de agentes de segurança que oacompanhavam”, recorda. No ano da inauguração, oHospital contava com 120 médicos e realizou 11.594consultas, 20.161 reconsultas e 3.858 exames.

    “Nos anos seguintes nos tornamos um hospitalauto-suficiente, com todas as especialidades médicas,serviços de diagnóstico e tratamento existentes naépoca”, enfatiza o médico José João Menezes Martins.Em 1982, por razões jurídicas e caracterizando, alémda missão de ensino, a de assistência voltada àcomunidade, houve a alteração da razão social deHospital Universitário para Hospital São Lucas daPUCRS. A denominação homenageia o apóstolo,evangelista e padroeiro da classe médica, que exerceua profissão e foi artista plástico.

    O tomógrafo computadorizado e a ultra-sonogra-fia são equipamentos de ponta utilizados a partir de1979. O ano em que Carmen Ferrari, 56 anos, coor-denadora da Assessoria de Custos e Informações Ge-renciais, ingressou no HSL. “Surpreendi-me ao en-contrar um hospital novo, organizado e com recur-sos de última geração”, conta. Hoje a tecnologia setornou mais sofisticada, auxiliando o especialista aencontrar alternativas para a escolha do tratamentocorreto. O Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI)tem uma infra-estrutura que traz maior conforto,rapidez e segurança na realização de 30 mil examespor mês. O CDI conta com aparelhos de última gera-ção, entre os quais o de ressonância magnética, quefornece imagens de altíssima precisão, permitindo aavaliação dinâmica de algumas estruturas como aor-ta, coração e vasos cranianos.

    Desde a inauguração, havia o projeto de construirno HSL consultórios para que os médicos pudessemexercer as suas atividades de assistência e ensinonum mesmo espaço. A expectativa tornou-se realiddeem 1988, com a conclusão das obras do prédio ane-xo, destinado ao Centro Clínico.

    O Hospital São Lucas, criado devido à Faculdade deMedicina, nos últimos anos é também importante cam-po de estágio das Faculdades de Administração/Conta-bilidade/Economia, Comunicação Social, Educação, Edu-cação Física, Enfermagem/Fisioterapia, Engenharia, Far-mácia, Física, Letras, Odontologia, Psicologia e ServiçoSocial. “O atual modelo de gestão vem priorizando a

    viabilização de condições adequadas para que o ensinoe a pesquisa possam beneficiar-se da organização daassistência e, simultaneamente, qualificá-la”, salientaLeomar Bammann, diretor-geral do HSL.

    A metodologia utilizada serve de modelo a institui-ções de saúde do Rio Grande do Sul e do país, sendo abase do curso de especialização a distância de Gestãoem Saúde – Ênfase Hospitalar. Neste ano, medianteparceria com a Secretaria Estadual da Saúde, as aulassão oferecidas, via PUCRS Virtual, a mais de 70 gesto-res em 35 municípios do Estado. Também o HSL, comoum dos centros colaboradores do Ministério da Saúde,orienta dois hospitais de Manaus, no Amazonas.

    Ao comemorar 25 anos, o Hospital São Lucas daPUCRS consolida as suas três linhas de atuação. In-veste no desenvolvimento da assistência, do ensinoe da pesquisa mediante a adoção de estratégias defortalecimento interativo que apóiam a atuação dasunidades da Universidade e de outros setores noâmbito do HSL.

    Centro Clínico: assistência e ensino no mesmo local

    Capa

    Ir. Otão (ao microfone) e autoridades na solenidade

    Foto: Arquivo HSL

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    Universidade Aberta

    Cursar disciplinas isoladas de graduação para com-plementar os conhecimentos é a proposta do PUCRS-plus. Criado em agosto de 2000, o programa apresentanovas oportunidades na sua terceira edição. De acordocom a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Univer-sidade passa a oferecer cursos de extensão e cursosseqüenciais de complementação de estudos com desti-nação individual. Nas duas modalidades o aluno matri-cula-se e freqüenta as aulas com os outros acadêmicosdo currículo convencional, respeitando os mesmos ho-rários e cronograma.

    A diferença entre as duas opções está na possibili-dade de aproveitamento das disciplinas em cursos denível superior. Na opção seqüencial com destinaçãoindividual, o estudante realiza provas e trabalhos e, aofinal, recebe uma nota. Este grau permite que a cadeiracursada seja aproveitada posteriormente. A modalidadeé aplicada somente à graduação, para quem está nafaculdade ou já a concluiu.

    No PUCRSplus Extensão, o estudante recebe certifi-cado de extensão universitária e comprovante de fre-qüência, mas não há avaliação. Da mesma forma queno seqüencial, pode ser feito por universitários ouformados. Para a modalidade de extensão, são ofereci-das disciplinas de pós-graduação, que têm como pré-requisito diploma de formação superior.

    A seleção dos candidatos ocorre de acordo com aordem de inscrição e o limite de disciplinas é definidopelos departamentos. Os interessados com mais de 60anos integram a categoria Sênior e recebem descontode 20% no valor. No ato da matrícula, as unidadesacadêmicas orientam e avaliam as condições quanto àcoerência do pedido e às vagas existentes. Os graduan-dos têm a restrição de não poderem fazer disciplinasdo seu curso.

    Pesquisadores da PUCRS e de outras universidades esta-rão expondo seus trabalhos durante o II Salão de IniciaçãoCientífica, em 24 e 25 de setembro, no Centro de Eventos,prédio 41. Promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, o evento busca promover a iniciação científicaentre os estudantes e incentivar futuros mestrandos e dou-torandos. Os projetos estarão à mostra em forma de pôster

    Salão de iniciação científica reúne pesquisadorese os universitários ficarão à disposição para o esclareci-mento de dúvidas. A comissão julgadora, formada por doisprofessores de cada área, escolherá as pesquisas de desta-que do salão para serem apresentadas oralmente. Resumosdos trabalhos inscritos serão editados em CD-Rom e entre-gues aos participantes. Detalhes da programação podem serconferidos no site www.pucrs.br/prppg.

    CURSOS DO PUCRSplus INFORMAÇÕESCampus Central: Pró-Reitoria de ExtensãoUniversitária, prédio 40, sala 201, telefone(51) 3320-3905, site www.pucrs.br e [email protected].

    Campus II: Secretaria-Geral de Ingressoe Registro, BR 472 – Km 7, telefone(55) 413-1515 ou [email protected].

    Campus CentralAdministração, Biociências, Ciências Aeronáuticas, CiênciasSociais, Contabilidade, Direito, Economia, Educação,Engenharia, Filosofia, Física, Geografia, História, Informática,Letras, Matemática, Química, Serviço Social e Teologia.

    Campus II - UruguaianaAdministração, Ciências, Contabilidade, Direito, Filosofia,Informática e Letras.

    Disciplinas para universitários ou formados

    Cursos complementares sãoaproveitados na graduação

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    Pesq

    uisa

    em

    foco

    HAMILTON PETRY DE SOUZAProfessor da Faculdade de Medicina

    Os antibióticos estão entre os trêsmedicamentos mais prescritos em hospitaisde todo o mundo. Depois de um período deliberdade na utilização, pesquisas mostraramque o uso desenfreado não traz benefícios,pelo contrário, causa sérios riscos à saúde dapopulação. A sua aplicação em cirurgia foi otema da tese de doutorado Antibioticoterapiano trauma abdominal penetrante com lesãogastrintestinal: estudo comparativo entre doisesquemas terapêuticos, defendida porHamilton Petry de Souza na UniversidadeEstadual de Campinas. O autor, coordenadordo Departamento de Cirurgia da Faculdade deMedicina da PUCRS, concluiu que osantibióticos devem ser usados racionalmentee por pouco tempo.

    Nos últimos 16 anos, Petry se dedica aoestudo do assunto. No doutorado realizouensaio clínico por amostragem com 80pacientes do Hospital de Pronto Socorro dePorto Alegre, vítimas de traumatismo (tiroou facada) no abdome com lesão do tratodigestivo, divididos em dois grupos de 40pessoas. No primeiro, administrou-se um sóantibiótico restrito à cirurgia e, nosegundo, uma associação de doisantibióticos por cinco dias.

    A incidência de complicações infecciosasforam idênticas em ambos os casos,chegando-se à constatação de que o uso porcurto período é adequado. O esquema comum só antibiótico é defendido pelo professor.“Isso determina diminuição de custos, deefeitos colaterais e de desenvolvimentode resistência bacteriana”, explica Petry.

    A obesidade pode ser considerada umproblema de saúde pública, atingindo cercade 40% da população brasileira de todas asfaixas etárias e classes sociais. O tema foiestudado por Flávia Felippe, autora daprimeira tese de doutorado do Programa dePós-Graduação em Serviço Social da PUCRS. Apesquisa O peso social da obesidade traz oolhar do assistente social, que tem comopapel propor estratégias políticas e sociais deproteção aos excluídos. “Sofre não apenasquem passa fome, mas também quem não saide casa ou é estigmatizado pelos outros. Aobesidade é uma doença e não é vista comotal”, avalia Flávia.

    Para realizar o trabalho, a professoraentrevistou obesos em tratamento, ex-pacientes do Centro de Recuperação e Estudosda Obesidade, onde atua, e obesos de classepopular. Ao buscar o significado atribuído àrelação com o comer e a manutenção de umpeso saudável, Flávia percebeu aspectoscontraditórios, como prazer (qualidade devida, família, união à mesa, diversão, cultura)e sofrimento (compulsão, descontrole,consumo, medicamentos, fracasso).

    A tese apresenta ainda uma análise dotratamento do assunto na mídia. O materialinterpretado mostra o “comércio” em torno dotema – com a propagação de fórmulas mágicaspara solucionar o problema – e veicula-se umpadrão de beleza estereotipado. As pessoasque conseguiram emagrecer apresentaram umaruptura em relação ao modelo estabelecido. “Épossível redirecionar o agir para si mesmo nabusca da liberdade de escolha e dapossibilidade de transformar o seu cotidiano”,conclui Flávia.

    Antibióticosdevem ser usadoscom precaução

    A obesidadecomo fatorde exclusão

    FLÁVIAFELIPPE

    Professora daFaculdade de

    Serviço Social

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    A dissertação Privatização dos serviços públicos,defendida no Programa de Pós-Graduação em Direito daPUCRS, aborda o tema das privatizações, relacionando-o não apenas à transferência de patrimônios e serviçospúblicos, mas também como instrumento à satisfaçãodos anseios da coletividade. “O principal objetivo dasprivatizações não é a arrecadação de receitas, mas amelhoria dos serviços oferecidos”, acredita o autor dotrabalho, Luiz Paulo Germano.

    Na época em que escolheu o tema, entre 1997 e1998, o professor atuava como assessor técnico doConselho Diretor do Programa de Reforma do Estado doRio Grande do Sul, desenvolvendo atividadesvinculadas à alienação da Companhia Riograndense deTelecomunicações e à divisão societária e àprivatização de empresas resultantes da CompanhiaEstadual de Energia Elétrica.

    Segundo Germano, os processos de privatização nãopodem ser deflagrados sem um reposicionamento doEstado, pois implicam a transferência de determinadasresponsabilidades à iniciativa privada, vinculadas àprestação de serviços públicos, como telecomunicaçõese energia elétrica. “O sucesso dos empreendimentosestá vinculado à capacidade do poder público defiscalizar a iniciativa privada”, explica.

    Uma das formas de cumprir essa função é oinvestimento em agências de regulação, definidas porele como entidades capazes, se bem estruturadas, deassegurar os direitos dos usuários. Como o processoé recente em alguns serviços no Brasil, Luiz PauloGermano acredita que apenas a médio prazo poderãoser alcançados resultados satisfatórios, embora hajaexemplos constatados de melhoria.

    A coordenadora do Departamento de Turismo daPUCRS, Berenice Mércio Pereira, estudou nove ediçõesdo carnaval de Porto Alegre, entre 1974 e 1991,pensando o evento como um fenômeno semiológico. Adissertação Um olhar semiológico sobre o poder e omito nas relações invariantes entre o carnaval e oturismo analisa categorias como poder, mito,estereótipo, imaginário e cultura e identifica osfatores que produzem o sentido do carnaval noimaginário popular.

    Na época que compreende a pesquisa, a EmpresaPorto-Alegrense de Turismo (Epatur) responsabilizava-se pelo evento e Berenice era a coordenadora. Elaavaliou os cartazes utilizados na divulgação e ossambas-enredo das escolas campeãs. As peças gráficastêm a sua força em imagens, desenhos e cores. Entreos elementos presentes, parte de processosinconscientes do emissor, notou-se a ênfase na figurado feminino e em âmbitos opostos (bem e mal, claro eescuro, feminino e masculino) e a presença da origemafro-brasileira.

    “O carnaval aparece como salvação, um períodoem que o ser social encontra soluções para suasindagações”, afirma. As cores que representam cadaescola de samba, segundo Berenice, relacionam-se àsimbologia das religiões afro-brasileiras e traduzem-se nas letras das músicas. A ligação entre carnaval eturismo também é contemplada na dissertaçãodefendida no Programa de Pós-Graduação emComunicação Social da PUCRS. “O turismo só seimplantou e se desenvolveu no mundo a partir darealização de eventos”, acredita a autora.

    LUIZ PAULO GERMANOProfessor da Faculdade de Direito

    Privatização requerEstado regulador

    Pesquisa avaliasemiologia docarnaval

    BERENICE MÉRCIO PEREIRAProfessora da Faculdadede Comunicação Social

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    Pesquisa em Foco

    NOVOS MESTRESE DOUTORES

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    Autor: Renato Zugno – Faculdade de DireitoDissertação: Espaços públicos compartilhadosentre a administração pública e a sociedadeLocal da defesa: Programa de Pós-Graduação em Direitoda PUCRS

    Autora: Susana Azevedo – Faculdade de ComunicaçãoSocialDissertação: A propaganda institucional como formadorade atitudeLocal da defesa: Programa de Pós-Graduaçãoem Comunicação Social da PUCRS

    Autor: Marcos Diligenti – Faculdade de Arquiteturae UrbanismoDissertação: Avaliação participativa: um estudo sobrea avaliação da aprendizagem da geometria nos cursosde EngenhariaLocal da defesa: Programa de Pós-Graduação emEducação da UFRGS

    Autor: Irineu Rabuske – Faculdade de TeologiaTese: Jesus exorcista: estudo exegético e hermenêuticode Mc 3, 20-30Local da defesa: Instituto Ecumênico de Pós-Graduaçãoem Teologia, São Leopoldo

    Autor: Celso Lacroix – Faculdade de OdontologiaDissertação: Exatidão da tomografia computadorizadana localização do canal mandibularLocal da defesa: Programa de Pós-Graduação emOdontologia da PUCRS – Prótese Dentária

    Autora: Vera Lupinacci – Faculdade de MatemáticaDissertação: Acoplamento e teoremas de convergência:cadeias de Markov e passeios aleatórios operadoresLocal da defesa: Programa de Pós-Graduaçãoem Matemática da UFRGS

    Autor: Ricardo Garcia – Faculdade de DireitoDissertação: Os limites da aplicação da cláusula rébusaos contratos comerciaisLocal da defesa: Programa de Pós-Graduação em Direitoda PUCRS

    Claudia Musa Fay começou a se interessar pelaaviação quase ao acaso. Na dissertação de mestradosobre a aviação comercial na Segunda GuerraMundial, buscou dados sobre a espionagem nasempresas aéreas. Lançou-se a recolher material e a seaprofundar no assunto e, desde o início da Faculdadede Ciências Aeronáuticas, em 1994, leciona adisciplina de História da Aviação. Recentemente,Claudia defendeu a tese de doutorado Crise nasalturas: a questão da aviação civil (1927 a 1975)para investigar a origem do projeto dedesenvolvimento da aviação civil no Brasil.

    A pesquisa, realizada no Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS, procura a razãodas sucessivas crises que afetaram o setor,analisando a política governamental e a conjunturainternacional. O período estudado corresponde àimplantação das empresas de transporte aéreo e àformação da indústria aeronáutica. “Apesar dosavanços e recuos, havia um projeto dedesenvolvimento da aviação nacional, sonhoconquistado em 1969, com a fundação da Embraer”,constata Claudia.

    As intervenções governamentais, segundo atese, serviam apenas para resolver os problemasimediatos, levando o setor a se concentrar ao longodos anos e fortalecendo uma única empresa. Nocontexto externo, Claudia aborda a “ordem no ar”,vigente a partir da Conferência de Chicago de 1944,em que prevalecem os acordos bilaterais entre ospaíses. A determinação foi contrária ao interessedos EUA que, já nessa época, defendiam a idéia de“céus abertos”, mas a hegemonia norte-americanano ar foi se consolidando pela indústria.

    CLAUDIA MUSA FAYProfessora da Faculdade de Filosofiae Ciências Humanas

    Tese resgatahistória da aviaçãocivil no Brasil

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    As mais de 200 pessoas que lotaram o prédio 11atraídas pelo tema Formação de Competências para oséculo XXI: práticas em rede devem ter se surpreendido.Em vez de um dia de palestras, assistiu-se a uma jorna-da interativa que mostrou, na prática, pistas para setornar competente como pesquisador, profissional e serhumano. O evento apresentou a trajetória da rede depesquisa Formação, Trabalho e Organização (FTO), liga-da ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e à

    Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da PUCRS.A começar pelo depoimento dos integrantes da rede,

    a jornada foi construída em torno de dinâmicas envol-vendo a platéia: exposição, entrega de brindes por com-petências (sensoriais, cognitivas, relacionais, emocionais,digitais) e lançamento de livros. De pano de fundo, valo-res como liderança, flexibilidade, interesse em aprender ebusca de múltiplos saberes que instrumentalizam ao mer-cado de trabalho e ao direcionamento da vida.

    Constituída na Universidade há dez anos, a FTO éintegrada por pessoas em diferentes estágios – algunssão profissionais, outros concluíram o doutorado ouestão na graduação. “Se o saber fica estocado em cadaum, perde o seu valor por estar desconectado do todo”,acredita a professora Julieta Desaulniers, coordenadorada rede. O grupo se reúne semanalmente interessadona pertinência das pesquisas (aproximando-as de suautilidade social) e na forma de potencializar a investi-gação social usando recursos tecnológicos.

    A trajetória da FTO é orientada pelo conceito de“ciência que se faz”, não aquela pronta e fechada. Aequipe considera que a construção de projetos pesso-ais também requer esses instrumentos, pois eles nãosão privilégio de quem está numa universidade.

    Paticipantes da primeira turma na PUCRS

    No momento em que o mundo preocupa-se com apossibilidade de clonagem do primeiro ser humano,profissionais de diversas áreas do conhecimento reuni-ram-se na Universidade para o 1º Curso de Inverno deBioética, promovido pela PUCRS. Palestras, painéis dedebate e discussões em grupos abordaram Ética e Bioé-tica, Bioética e Pesquisa e Bioética Clínica. O eventofoi coordenado pelo professor Joaquim Clotet, da Fa-culdade de Medicina, recentemente nomeado membrotitular da Comissão sobre Acesso e Uso do GenomaHumano, vinculada ao Ministério da Saúde.

    Na sessão de abertura, Clotet falou sobre a confia-bilidade das informações genéticas. Durante o painel,uma das preocupações dos participantes era a privaci-dade da pessoa diante de instituições como emprega-dores, seguradoras, escolas, entidades comerciais e ór-gãos governamentais.

    Assuntos atuais e polêmicos, como o controle daspesquisas com seres humanos e a importância da cria-ção dos comitês de Bioética e Ética Médica estiveramem pauta. Na opinião de José Roberto Goldim, membrodo Comitê de Bioética da PUCRS, a avaliação ética deum projeto na área da saúde baseia-se, pelo menos, emquatro pontos fundamentais: qualificação da equipe depesquisadores e do próprio projeto, avaliação da rela-

    ção risco-benefício, consentimento informado e avalia-ção prévia por um comitê de Ética.

    Os cursos de inverno serão realizados anualmentena Universidade. No próximo ano, a programação con-tará com encontros, seminários temáticos e um CursoAvançado de Bioética.

    Jornada interativa: práticas em rede

    Bioética em curso de inverno

    Como formar competênciasDebates

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    O Laboratório de Ictiolo-gia do Museu de Ciências e

    Tecnologia recebeu a doa-ção de 3.079 exem-plares de peixes querepresentam cerca de400 espécies. O acer-

    vo é parte dos resulta-dos das pesquisas desenvol-

    vidas pelo ictiólogo britânicoWillian Crampton, desde 1996,na reserva de Desenvolvimen-to Sustentável Mamirauá, lo-calizada na região de Tefé, no

    coração do Amazonas. O localcompõe a maior área de flo-

    resta tropical protegida doplaneta. É um imensocorredor de selva com57.400 quilômetros qua-drados, repleto de rios

    e lagos ainda inexplora-dos. Crampton doou o mate-

    rial em reconhecimento às pesquisas desenvolvidasna Universidade.

    de Paula. Os pesquisadores prevêem que daqui a doisanos o animal atinja um comprimento total de dezcentímetros, superior ao exigido pela legislação euro-péia para a comercialiação de lagostins.

    Laboratório natural mantido pela PUCRSem São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul

    Nova espécie de crustáceo no Pró-Mata

    Lagostin de água doce cultivado no Pró-Mata

    Museu de Ciências recebedoação de peixes rarosCiê

    ncia

    Um novo crustáceo, conhecido popularmente pelonome de lagostin de água doce, está sendo cultivado,de forma experimental, no Centro de Pesquisas eConservação da Natureza Pró-Mata . A espécie, dogênero Parastacus, foi descoberta naquela região pelaprofessora Maria Conter, da Faculdade de Biociências.

    A exploração do lagostin de água doce é economi-camente importante em vários países da Europa, Esta-dos Unidos e Austrália. Na culinária chilena, os crustá-ceos são muito apreciados e procurados no mercadopor serem uma fonte de alimento rica em proteína.

    As fêmeas do lagostin são capturadas e atraídas pormeio de iscas feitas de carne. Os ovos são contados nopróprio abdome. Cada crustáceo chega a produzir cercade 100 ovos. Eles são colocados em tanques construídosde acordo com as condições naturais do ambiente ondevivem. A alimentação é a cada dois dias.

    O crustáceo poderá ser uma opção de ganho fi-nanceiro adicional para a população de São Francisco

    “Em breve, a coleção estará disponível na internetà comunidade científica brasileira e internacional”,anuncia o ictiólogo Carlos Lucena. O acervo reúneespécies raras do gênero Microcharacidium e outrasconhecidas popularmente como peixe elétrico , pi-ranhas, cascudos , piavas, corvinas de rio e arraias deágua doce. O material servirá de base para futurosestudos relacionados à descrição de novas espécies ea biogeografia da região amazônica.

    Outra aquisição do Laboratório de Ictiologia fo-ram diversas espécies marinhas também doadas peloNational Museum of Natural History, de Washington.Essa fauna somente pode ser encontrada em gran-des profundidades no Oceano Atlântico. A ausênciade luz, a baixa temperatura e a escassez de alimentofazem com que os peixes que ali vivem desenvolvamadaptações em sua forma, como boca ampla, dentesgrandes e órgãos luminosos.

    De acordo com Lucena, as doações irão enriquecerainda mais o acervo de peixes do Museu de Ciências eTecnologia da PUCRS, hoje reconhecido internacional-mente. “As coleções científicas são o registro perma-nente da biodiversidade de uma região, com suasparticularidades e características”, conclui o ictiólo-go Luiz Roberto Malabarba.

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    Ecologia

    Sobras de experimentos químicos transfor-mam-se em material didático no Laboratóriode Organometálicos e Resinas da Faculdade deQuímica da PUCRS. Restos de resinas utiliza-das nas pesquisas com tintas, que precisariamde um tratamento diferenciado antes de seremdescartadas, são utilizadas para produzir jogospedagógicos, números e letras de alfabeto. Omaterial pode ser usado em sala de aula auxi-liando no ensino de conteúdos teóricos. Aspeças são fabricadas pela bolsista Lisandra doAmaral, orientada pelos professores MaurivanRamos e Concetta Ferraro.

    Desde o ano passado, quando iniciou, oprojeto atrai cada vez mais o interesse dasescolas. Por intermédio do Naecim , docen-tes conhecem o estudo, visitam o laboratórioe participam de oficinas. Durante os cursos,aprendem como fabricar seus próprios obje-tos e se comprometem a levar os ensinamen-tos à sala de aula. Nos colégios, é precisocomprar matéria-prima para reproduzir a ex-periência. As peças são desenvolvidas a par-tir de um molde de silicone, onde é colocada

    a resina reaproveitada e a resina cristal, res-ponsável pelo acabamento. Os corantes dão acor desejada aos jogos.

    O trabalho foi apresentado em salões deiniciação científica e integrou a programaçãoda Semana da Química, encerrada no iníciodo mês, quando Lisandra ministrou um mini-curso sobre o tema. O estudo também serádivulgado no Congresso Brasileiro de Química,de 24 a 27 setembro, em Porto Alegre, e noEncontro de Debates sobre o Ensino de Quími-ca, marcado para outubro, em Santa Maria.

    Outra pesquisa do laboratório analisa a reci-clagem química do PET, plástico utilizado emgarrafas de refrigerante e que dificilmente sedecompõe na natureza. Desenvolvido em con-vênio com a universidade francesa Pierre et Ma-rie Curie, o projeto defende a possibilidade de“criar” um polímero biodegradável a partir dafundição de uma garrafa PET usada e da misturacom outro tipo de polímero. A proposta é de-senvolver uma possibilidade de reciclagem eoferecer uma nova aplicação ao plástico.

    Inicialmente, o polímero produzido será uti-lizado para embalar mudas de plantas, permi-tindo que ele seja enterrado junto e se decom-ponha naturalmente. No laboratório, os bolsis-tas Alessandra Baldissera e Jonas Fernandes,sob orientação das professoras Sandra Einloft eNara Basso, produzem o novo material. A próxi-ma etapa é enviá-lo à universidade francesa,onde é feita a caracterização do produto. Ouseja, o reconhecimento da composição quími-ca, da massa molecular e se realmente atingiuos objetivos propostos. O trabalho conta aindacom o apoio do docente Assis Piccini, que es-tuda a biodegradabilidade.

    Núcleo de Apoioà Educação emCiências eMatemática.Ofereceatividades comocursos e palestraspara professoresdo ensinofundamental,médio e superior.O objetivo émelhorar o ensinode Ciências eMatemática

    Seqüência demoléculas ligadasumas às outrasformando umamacromolécula,como o plástico

    Garrafas PET são picadas e fundidas

    Sobras transformam-se em jogos pedagógicos

    Química ajuda o ensinoe o meio ambiente

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    Saúd

    e

    Psicopedagogia auxilia amelhorar aprendizagem

    Atende crianças eadolescentes, por

    convênios eparticular.

    Informações pelotelefone (51)

    3320-3408

    liar é decisivo para uma mudança de postu-ra”, afirma Simone.

    A consulta tem duração de 50 minutos.Com dois encontros semanais, os profissio-nais costumam detectar e investigar as prin-cipais deficiências. Durante as sessões, os mo-mentos de reflexão oportunizam ao jovem des-cobrir suas potencialidades sem as usuais co-branças e pressões. “Apenas removemos obs-táculos para que ele desenvolva seus aspec-tos cognitivos, afetivos e sociais”, destacaSimone. O envolvimento da família nesse mo-mento é fundamental no avanço do trata-mento. “Os pais precisam estar alertas a mu-danças no comportamento e súbitas baixasno aprendizado escolar”.

    A criança, de acordo com a sua faixa etá-ria, é estimulada a realizar atividades que des-pertem suas habilidades por meio de jogos,músicas e exercícios lúdicos. “O conhecimen-to é algo a ser conquistado e construído, enão apenas dado ou transmitido”, afirma apsicopedagoga Adriana Fischer. Ela está de-senvolvendo em sua dissertação de mestradoum estudo com crianças que apresentam trans-torno de déficit de atenção e hiperatividade.

    Em recente pesquisa realizada pelo SEPpcom adolescentes na faixa etária dos dez aos20 anos, no Hospital São Lucas da PUCRS, osespecialistas detectaram a falta de atenção,a dificuldade com a escrita e a leitura, abaixa auto-estima e os problemas emocionaiscomo os principais obstáculos.

    A passagem da infância para a adolescên-cia é uma fase de grandes mudanças. Umperíodo no qual cada pessoa busca a própriaidentidade, passa a se descobrir e a ser co-brada pela sociedade. Nesses momentos, oauxílio de um psicopedagogo pode facilitar oprocesso de transição. O Serviço de Pediatriado Hospital São Lucas da PUCRS conta com oSetor Especializado em Psicopedagogia(SEPp) , responsável pela avaliação e trata-mento psicopedagógico.

    A coordenadora do SEPp, Simone Lopes,explica que, na maioria das vezes, os paissão alertados pela escola e buscam atendi-mento porque não conseguem mais lidar comas dificuldades de aprendizado e o baixo ren-dimento escolar do filho. “O ambiente fami-

    SINAIS DE ALERTAA que os pais devem estar atentos:• Se a criança fica muito ansiosa para realizar as tarefas da escola

    • Problemas de relacionamento com os colegas e professores

    • Déficit de atenção

    • Repetência de ano

    • Dificuldades com a leitura, escrita e interpretação de texto

    • Desânimo para participar de brincadeiras com os amigos

    • Agitação e falta de concentração

    Fonte: Simone Doval – Psicopedagoga do SEPp

    14

    FORÇA DE VONTADE PARA VENCER DESAFIOSA felicidade estampada no rosto de Vânia Soares, 17

    anos, revela o sucesso dos encontros no SEPp com apsicopedagoga Simone Lopes. Desde os nove anos, ela vaisemanalmente ao HSL descobrir suas potencialidades.Depois de várias mudanças de escola e com dificuldadepara se alfabetizar, a mãe Noeli da Silva lembra que afilha, aos nove anos, não conhecia nem as letras. “Otratamento foi excelente. Devemos o progresso de Vâniaao trabalho desenvolvido no SEPp”, reconhece Noeli. Osresultados foram tão bons que hoje a adolescente fre-qüenta a 7ª série e se desenvolve com mais segurança enaturalidade no momento de transição. “Vejo na minhafilha uma outra pessoa”, diz orgulhosa a mãe.Simone (esq.) e Vânia alcançaram bons resultados

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    Saúd

    e

    O Instituto de Geriatria e Gerontologia daPUCRS, em parceria com a Prefeitura de Gra-vataí, lançou um cartão que permite acompa-nhar a evolução da saúde dos idosos daquelacidade a partir de avaliações sistemáticas. Oinstrumento destinado aos usuários do Siste-ma Único de Saúde (SUS) possibilitará a apli-cação de programas de prevenção, a elabora-ção de estratégias públicas e o acompanha-mento de doenças. Os resultados da triageminicial foram apresentados pelos pesquisado-res da Universidade e pelo prefeito de Grava-taí, Daniel Bordignon, no 17º Congresso In-ternacional de Gerontologia, no Canadá.

    O grupo, formado por 345 idosos que par-ticiparam de encontros de terceira idade em

    REANIMAÇÃO PEDIÁTRICAO Serviço de Emergência e UTI Pediátrica do HSL, a

    Faculdade de Medicina da PUCRS e a Sociedade dePediatria do Rio Grande do Sul realizaram o XIII CursoSuporte Avançado de Vida em Pediatria. Residentes,médicos e enfermeiros foram instruídos a reconhecercrianças em risco de desenvolver paradacardiorrespiratória, as formas de preveni-la e ashabilidades cognitivas e psicomotoras na ressuscitação eestabilização iniciais em casos de falência respiratória,choque ou parada cardiorrespiratória. O curso segue asnormas técnicas de ressuscitação da American HeartAssociation e o Brasil é o único país a realizá-lo fora dosEstados Unidos.

    Desenvolvidopelo Institutode Geriatria eGerontologia daPUCRS, estudao impacto daindustrializaçãona qualidade devida e na saúdeda populaçãodo Estado

    Espa

    ço V

    ital ASSISTÊNCIA DOMICILIARA Faculdade de Enfermagem e Fisioterapia

    oferece uma nova opção de estágiocurricular: atendimento domiciliar, ou homecare. A possibilidade é fruto de convênioentre a faculdade e a empresa paulista Med-Lar, especializada no tratamento de pacientesinternados que saem do hospital, masprecisam de cuidados. Os estagiáriosacompanharão as equipes, caracterizadas por“levar o hospital para dentro de casa”. Ométodo ainda é pouco divulgado no RioGrande do Sul, mas bastante utilizado empaíses desenvolvidos.

    Canadá: Equipe da PUCRSe o prefeito de Gravataí

    Avaliação:física, clínicae nutricional

    Cartão monitorasaúde de idosos

    igrejas e associações, passoupor exames clínicos e respon-deu a um questionário sobreavaliação nutricional e física.Mais de 40% apresentaram hi-pertensão, sofrem de depressãoe poucos realizam atividades fí-sicas regulares.

    A coordenadora do programa,Ivana da Cruz, diz que o cartãofacilitará ações de prevenção desaúde. Hoje Gravataí tem cercade 15 mil pessoas com mais de60 anos. “O documento é umretrato da saúde geral desses idosos, com re-gistro de medicamentos, exames, cirurgias eoutras informações”, explica Ivana. Outra van-tagem do cartão será evitar a repetição desne-cessária de exames.

    Depois de estudar a população de Veranó-polis, o Instituto de Geriatria e Gerontologiaescolheu Gravataí para desenvolver essa pes-quisa visando analisar o impacto da industria-lização na qualidade de vida e na saúde desua população. A migração de pessoas de ou-tros municípios do Rio Grande do Sul em bus-ca de oportunidades contribuiu para que oestudo fosse realizado na região. “A cidaderepresenta o perfil médio do povo gaúcho”,afirma Ivana.

    Nos últimos dois anos, 400 homens e mu-lheres acima dos 60 anos passaram peloProjeto Gênesis . A intenção é implantar osistema em conjunto com as prefeituras e inicia-tiva privada nas demais cidades gaúchas.

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    Stheffany (no colo da mãe) e a equipeda UTI Neonatal

    16

    Saúd

    e

    Stheffany Flores Rodrigues nasceu no dia 27de março no Hospital São Lucas (HSL) daPUCRS, pesando apenas 450 gramas. O bebê é ode menor peso sobrevivente no Rio Grande doSul e um caso raro no Brasil. No final de julho,

    Estudo sobre câncer depulmão recebe prêmio

    ao receber alta, com 1,805 quilo, o exame neu-rológico e de visão e o teste de audição estavamnormais. Hoje a menina está saudável e vem aoAmbulatório de Pediatria do HSL para revisõesde rotina. Na primeira consulta depois da alta,já pesava 1,970 quilo.

    Filha de Elza Maciel Flores, 36 anos, e dePaulo Rodrigues, 39, Stheffany nasceu por cesa-riana, aos seis meses, devido a complicações nagravidez. O bebê ficou internado na UTI Neona-tal do Hospital São Lucas por três meses, foialimentado com leite materno, por meio de son-da, durante longo período e chegou a pesar 380gramas. “Se não fosse Deus, os médicos e osrecursos do Hospital, ela não estaria conoscoagora”, diz Elza.

    O chefe da UTI Neonatal, Renato Fiori, dizque a recuperação da menina pode ser conside-rada um milagre e se explica pelo avanço daMedicina e o preparo dos profissionais. “Sthef-fany necessitou de recursos tecnológicos moder-nos, tratamento intensivo e uma equipe experi-ente, durante 24 horas por dia. A evolução docaso foi surpreendente”, afirma Fiori.

    Na maioriados países, o

    câncer depulmão, entreos tumores, é

    a principalcausa demorte de

    homens e asegunda de

    mulheres,depois do de

    mama

    tou-se que as mulheres tinham cinco vezes maischance, no caso de a operação ser realizada pre-cocemente.

    O trabalho abre uma nova linha de investiga-ção sobre o funcionamento da biologia do tu-mor. “É possível que os hormônios femininosofereçam proteção à paciente numa fase inicialda doença”, afirma o coordenador da pesquisa,pneumologista José Miguel Chatkin. O mesmofoi registrado na literatura médica em tumoresde intestino e formas de câncer de pele.

    O estudo, que integra a linha de pesquisasobre tabagismo e doenças tabaco-relacionadas,contou com a participação dos professores Car-los Cezar Fritscher e José Antonio de FigueiredoPinto, de residentes em Pneumologia e acadêmi-cos da Faculdade de Medicina.

    Neste mês de setembro, estudo realizado pe-los Serviços de Pneumologia e Cirurgia Torácicado Hospital São Lucas receberá o Bronze Award,durante o 11th Annual European Respiratory So-ciety Congress, em Berlim, na Alemanha. O tra-balho, que competiu com outros 6 mil de todoo mundo, avaliou a sobrevida de pacientes por-tadores de câncer de pulmão em fase inicialsubmetidos à cirurgia e identificou o gênero fe-minino como uma possível influência nas chan-ces de prolongamento da vida.

    Os dados foram colhidos com pessoas opera-das no Hospital São Lucas em 1993 e 1994.Verificou-se que 70% dos pacientes eram do sexomasculino, atribuindo-se a isso o fato de oshomens terem começado a fumar mais cedo.Quando foi avaliado o percentual de cura, no-

    Nasce no HSL bebê demenor peso no Estado

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    Cuida daprevenção dedoenças comoo câncer deboca, a cáriede raiz,problemas nagengiva einfecções

    ção Brasileira de Odontogeriatria com objetivode traçar estratégias de atenção para preservar asaúde bucal dessa camada da população. Axéllconsidera a iniciativa inovadora em países daAmérica Latina.

    Na Noruega, os centros de atendimento cres-cem a cada ano. Com uma expectativa de vidasuperior à de outros países – as mulheres vi-vem, em média, 80 anos, e os homens, 78 – agarantia dos serviços dentários é responsabili-dade do governo.

    As cáries e a falta de salivação são osprincipais problemas das pessoas com idadeavançada. Nas duas últimas décadas algunsestudos relacionados com idosos têm se fixa-do nas questões relacionadas à saliva, por seacreditar cada vez mais que ela seja indispen-sável à integridade dos dentes e dos tecidosbucais. Ou seja, as alterações no fluxo salivarnos adultos de meia-idade e idosos pode terum papel relevante na maior suscetibilidade àcárie, assim como em outras doenças ou dis-túrbios na boca. Além disso, o uso de medica-mentos em excesso tem potencial para afetara função da glândula salivar.

    De acordo com Axéll, a mudança de posturada nova escola médica e odontológica, baseadaem programas geriátricos para médicos e dentis-tas, será apenas o primeiro passo. “O aprendizadovirá junto com o esperado aumento da populaçãoda terceira idade”, conclui.

    Dentição natural pode ser preservada

    Palestra: Axéll é especialista em odontogeriatria

    Atuam comoagentes desaúde,ensinando acomunidadesobre oscuidadoscom adentiçãodaquelesque não têmcondição defazê-lo

    Cuidados bucais devemaumentar na terceira idade

    Saúde

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevêque até o ano de 2025 o Brasil ocupará o sextolugar no mundo em número de idosos, com umaestimativa de 32 milhões de pessoas com maisde 60 anos. Em Porto Alegre, o censo registrou150 mil habitantes nesta faixa etária, o que re-presenta 1% de toda a população do Estado.Além de viver mais, eles estão mantendo suadentição preservada, ao contrário de épocas pas-sadas. Segundo o dentista norueguês Tony Axéll,o principal critério para identificar um idoso bem-sucedido é pela sua dentição natural, saudável efuncional. Considerado uma autoridade mundialem odontogeriatria , Axéll esteve na PUCRS mi-nistrando cursos e seminários sobre as principaisdoenças orais da terceira idade.

    Integrante do seleto grupo de especialistasem Saúde Oral da OMS, Axéll lembra que os cui-dados com a dentição são importantes em todasas fases da vida, mas na velhice, assim como nainfância, a atenção deve ser maior. Para o especia-lista, a formação de higienistas dentais é fun-damental. “Na Escandinávia, por exemplo, issoestá consolidado. No começo houve um pouco deresistência porque muitos achavam que esses pro-fissionais iriam competir com os dentistas. Masocorreu o contrário. Eles apenas reforçam nossotrabalho e auxiliam na prevenção”, explica.

    A conscientização em torno da saúde bucalna terceira idade também está mobilizando oBrasil. Em julho, odontólogos de todo o paísreunidos na 8ª Jornada Odontológica Sul-rio-gran-dense, sediada na PUCRS, fundaram a Associa-

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    Especialista debatelegalização de entorpecentes

    Social

    Como está a situação das drogas em Lisboa?É pública e notória a facilidade de acesso a subs-

    tâncias ilícitas, como a heroína, cocaína e haxixe. Al-guns medicamentos tambémsão facilmente desviados evendidos como droga.

    De que forma o governoinveste em prevenção e in-tervenção no consumo?

    Os atuais investimentossão em prevenção do uso, naredução dos riscos, diminui-ção dos danos e na reintegra-ção dos dependentes químicosno ambiente familiar e social.

    Como são as leis em re-lação aos consumidores dedrogas?

    Uma lei recentemente apro-vada liberou o consumo dequalquer tipo de entorpecen-te. Isto significa que, se umcidadão for encontrado consu-mindo drogas, somente seráapreendida a substância. Asprisões foram suspensas. No

    O II Congresso Internacional Multidisciplinar de Dro-godependência realizado na PUCRS, em agosto, reuniuespecialistas da Europa e da América Latina em buscade novos caminhos para mudar a realidade do uso dasdrogas no mundo. O debate abordou temas polêmicos,entre os quais, prevenção de drogas nas universidades,combate ao narcotráfico e sistemas de saúde para adependência química. Um dos pontos altos foi a confe-rência do psiquiatra e diretor do Centro de Atendimento

    máximo os usuários recebem uma multa e são encami-nhados para tratamento psicológico.

    Os meios de comunicação in-fluenciam e incentivam o con-sumo de drogas? Alguns sim,quando promovem direta ou indi-retamente o seu uso. Mas a maio-ria não assume essa atitude. Háos que divulgam as verbas envol-vidas na venda de drogas. Tal ati-tude pode ser um estímulo paraquem deseja arriscar-se no mundodo tráfico.

    Como a universidade podeatuar na prevenção das drogas?

    Trata-se da escola mais dife-renciada que a sociedade nos ofe-rece. De lá saem as cabeças queorientam o mundo. Algumas ins-tituições se contaminam peloconsumismo e a falta de rigor. Aexigência tem que ser mantida ea qualidade defendida. O papelda universidade é o de informar asociedade sobre os riscos e darvoz aos alunos.

    a Toxidependentes das Taipas, em Lisboa (Portugal),Luis Patrício. Ele contou os esforços da sociedade e dogoverno de seu país para conter o consumo de drogas,depois da liberação de qualquer tipo de entorpecente.Essa é uma tendência estudada também em outros paí-ses europeus. A Holanda foi a primeira a permitir o usoda maconha, em 1976, e a Suíça transformou-se emterritório livre para usuários de drogas injetáveis. Patrí-cio concedeu entrevista a PUCRS Informação.

    18

    Várias iniciativas e programas são realizados no Estado para tentar diminuir a presença de drogas e violência nasescolas e instituições. Mobilizado em alertar a comunidade acadêmica, um grupo de professores da PUCRS realiza umtrabalho de conscientização sobre as drogas. O Programa Vida com Qualidade, promovido pela Pró-Reitoria de AssuntosComunitários, orienta e encaminha centenas de alunos para atendimento especializado e centros de reabilitação.

    Seguindo a mesma linha de combate, a Secretaria de Educação de Porto Alegre, em parceria com a UFRGS, começará,em breve, a implementar um programa piloto inédito em seis escolas municipais da Região Norte da Capital. O trabalhopropõe dez pontos de prevenção à violência por meio de palestras, espaços para discussão e reflexão em sala de aula.

    PROGRAMAS COMBATEM VIOLÊNCIA E DROGAS NA CAPITAL

    Folheto do Museu do Cânhamo de Amsterdam

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    Medo da morte iminente foi um dos sentimentosidentificados num grupo de crianças portadoras do vírusda Aids pela professora da Faculdade de Enfermagem eFisioterapia da PUCRS Eva Rubim Pedro. O contexto devida desses pequenos, com idade entre cinco e 13 anos,e a sua relação com a família fizeram parte da tese dedoutorado de Eva, defendida no Programa de Pós-Gradua-ção em Educação da Universidade.

    Para o estudo, a professora se-lecionou sete famílias, todas mora-doras de Porto Alegre, usuárias doSistema Único de Saúde e atendi-das no Posto da Vila Cruzeiro. Cadauma recebeu, no trabalho, o nomede um dos personagens da Turmada Mônica para resguardar sua iden-tidade. Eva observou-as por dois me-ses no local e depois recebeu auto-rização para visitá-las em casa.

    Em média, comparecia às resi-dências duas vezes por semana. Du-rante dez meses, coletou depoimen-tos e desenhos dos meninos e me-ninas que expressassem as suas per-cepções acerca da situação de so-ropositivos da família. As ilustra-ções foram analisadas por uma psi-cóloga, que identificou depressão,medo, agressividade, timidez e es-perança. Eva tomou o cuidado denão mencionar a palavra Aids e não induzir as reações.

    As crianças pesquisadas tomam medicamentos e so-frem com os efeitos colaterais. Das sete, seis adquiri-ram o vírus por transmissão vertical (a mãe passou nagestação). Apenas o mais velho, de 13 anos, sabe queestá doente. Os demais sentem que há algo diferente

    consigo e com a família, mas não exatamente. “Nem acomunidade nem a escola têm conhecimento. As mãesmantêm segredo”, destaca.

    A criança mais deprimida com a qual Eva entrou emcontato exemplifica a dimensão do problema. Os pais edois tios da menina faleceram vítimas de Aids. A avócuida dela e de mais três netos também portadores do

    vírus. “Essa rede de transmissãoprecisa ser controlada”, alerta Eva.

    Apesar de buscar o distancia-mento como pesquisadora, Evanão esconde o vínculo com aspessoas investigadas. “Foi umalição de vida”, afirma. A tese le-vou-a a integrar o grupo de apoioà criança soropositiva Mais Crian-ça, com atuação envolvendo edu-cação para saúde e prevenção daAids por transmissão vertical.

    Na conclusão do trabalho sãoapresentadas implicações educa-cionais, ligadas à formação aca-dêmica de Enfermagem e de Edu-cação. Conforme a professora, oscurrículos desses cursos devemcompreender conteúdos que pre-parem os futuros profissionaispara o enfrentamento de situa-ções como a soropositividade, aprópria doença e as situações

    que a circundam. “Os profissionais dos postos de saú-de também precisam de apoio. Muitas vezes se sentemimpotentes frente aos fatos e necessitam de suporte”,constata. Para ela, a atuação contra o problema deveabranger também as escolas, as associações de bairroe a comunidade.

    O isolamentoestá presenteneste desenho.Quando foifeito, a criançaestavainiciando otratamento etinha recémperdido o paivítima dadoença.

    A ilustraçãomostra traço firmee regular. Acriança expressaalegria, talvezexplicada pelofato de nãoter vivenciadonenhumaperda ou situaçãograve devido àdoença.

    Crianças com vírus da Aidssentem medo e esperança

    A criança demonstra certaagressividade ao colocar dentesnas figuras representando aspessoas. Chamam atenção o traçoforte e irregular e as coresutilizadas. Aparece tambémsentimento de perda iminente,simbolizado pelas asas colocadasna mãe e no pai, que apresentamsinais clínicos graves da Aids.

  • 2020

    Tecnologia

    A PUCRS é a única instituição no Rio Grandedo Sul que desenvolve projetos na área de bio-informática estrutural e biofísica molecular com-putacional. A aplicação de técnicas de informá-tica resolve problemas na área de biologia, numaépoca em que a investigação científica chegouao estágio de não necessitar de laboratóriospara algumas experiências. Os estudos são reali-zados no Programa de Pós-graduação em Ciênciada Computação e coordenados pelo pesquisadorda Fapergs Osmar Souza, físico e doutor em Bio-física Molecular Computacional pela Universida-de de Londres. Um dos exemplos da finalidadedas pesquisas é o teste da ação de novos medi-camentos no organismo.

    Depois do seqüenciamento completo do ge-noma humano e de outros organismos, começamas investigações para determinar a função das pro-teínas pelo conhecimento da sua estrutura tridi-mensional (3D). Isso pode ser feito através detécnicas experimentais como difração por raios-x eressonância magnética nuclear e por técnicas com-putacionais. Pela bioinformática estrutural, ban-cos de dados com estrutura 3D de proteínas deter-minadas experimentalmente são acessados com oobjetivo de localizar moldes com alta similaridadeà proteína cuja estrutura 3D é desconhecida.

    A primeira estrutura feita na PUCRS neste anodestinou-se a uma dissertação de mestrado sobretuberculose. “Para destruir o parasita, é necessárioconhecer a estrutura 3D de proteínas-chave para asua sobrevivência e então desenhar um inibidorcapaz de neutralizá-la”, explica Souza.

    Sem utilizar bancos de dados, na área de biofí-sica molecular computacional está sendo implan-tada uma metodologia para predizer a estrutura 3Ddas proteínas partindo apenas da seqüência deaminoácidos (compostos orgânicos constituídos deCarbono, Hidrogênio e Oxigênio, podendo apre-sentar, em alguns casos, átomos de Enxofre. Re-presentam as unidades formadoras das proteínas)e do seu campo de força (cálculo de como umaminoácido interage com outros na sua vizinhan-ça). Parte-se de um estrutura totalmente estendi-da e se chega à estrutura 3D da proteína.

    As experimentações demonstram as interaçõescomo vibrações provocadas pelas ligações entre osátomos da molécula de proteína. As diferentes co-res utilizadas seguem as características do que sequer representar.

    Pesquisas aplicaminformática à biologia

    Determinaçãoda ordemexata de

    distribuiçãodas basesquímicas(adenina,citosina,

    guanina etimina) ou

    nucleotídeosdo DNA

    Parte-se de um estrutura totalmenteestendida e se chega à estrutura 3D daproteína (em vermelho). Para comparaçãofoi incluída, em azul, a estruturadeterminada experimentalmente porressonância magnética nuclear.

    Esquema para estabelecer um modelocomparativo de estrutura tridimensional deproteínas que exemplifica a aplicação dabioinformática estrutural. O alvo foidesenvolvido com o objetivo de testarnovos fármacos antituberculose. O modelomais similar se baseia na estruturatridimensional da proteína de uma planta.As letras em vermelho demonstram asestruturas idênticas nas duas seqüências.Estão circuladas as diferenças.

  • 21

    Física desenvolve célula solarmais eficiente do Brasil

    A existência de vida na Terra se deve, em grandeparte, à energia fornecida pelo sol. O Grupo de Ener-gia Solar da PUCRS desenvolveu uma tecnologia quepermite a conversão direta de energia solar em elétri-ca, com a eficiência de 17% – a maior alcançada noBrasil até hoje. Industrialmente, as fábricas que pro-duzem as células solares obtêm 15% de eficiência.

    Em todo o mundo, a Austrália detém a melhormarca (24,7%), mas seu dispositivo foi produzido me-diante processo elaborado, que encarece e dificulta aprodução em série. A diferença de 2% obtida pelanova tecnologia criada na Universidade significaria,em Porto Alegre, uma redução de 10% do custo totaldo projeto, segundo cálculos dos pesquisadores.

    A energia elétrica pode ser gerada a partir da solarpor meio de dispositivos semicondutores, denomina-dos células solares. O princípio do funcionamento é oefeito fotovoltaico. Ao incidir a luz (fótons) nessesdispositivos, obtém-se energia elétrica. As células so-lares são fabricadas geralmente em lâminas de silício,através de um processo semelhante ao utilizado nafabricação de microchips de computadores.

    O sistema fotovoltaico permite que, durante odia, luz solar seja convertida em eletricidade. Umequipamento de 1000 watts produz, em média, 126kW-h por mês, em Porto Alegre. Quanto maior omódulo, maior a conversão. O melhor da tecnologiaé que não precisa de manutenção, apenas água esabão para a limpeza periódica do vidro.

    Se os sistemas fotovoltaicos fossem instaladosem telhados de casas ou fachadas de edifícios, aenergia elétrica produzida poderia ser aproveitadapelo usuário ou injetada na rede, isto é, comercia-lizada para a companhia elétrica. No Brasil, tais sis-temas reduziriam a necessidade de as centrais hidre-létricas funcionarem com potência máxima, permi-

    tindo que os reservatórios aumentassem seus níveisdurante o dia.

    O projeto das células solares, financiado pela Fa-pergs e pelo CNPq, foi realizado ao longo de trêsanos, sob a coordenação dos professores da Faculda-de de Física da PUCRS Adriano Moehlecke e IzeteZanesco, em parceria com o Laboratório de Microele-trônica do Instituto de Física da UFRGS. A eficiênciafoi medida pelo Instituto de Energia Solar da Univer-sidade Politécnica de Madri, considerado um dos me-lhores da Europa no ramo.

    Os pesquisadores também estão envolvidos empesquisas de desenvolvimento e análise de célulassolares para uso terrestre e espacial, em cooperaçãocom o Instituto de Energia Solar da UniversidadePolitécnica de Madri, o Grupo de Energia Solar daComissão Nacional de Energia Atômica da Argentinae o Laboratório de Microeletrônica do Instituto deFísica da UFRGS.

    Telhado abriga células fotovoltaicas

    Manutenção simples: água e sabão

    Imagem da célula solar no microscópio digital

  • 2222

    por PAULA OLIVEIRA DE SÁEntrevista

    O que é competência?Competência é a faculdade de mobilizar um con-

    junto de recursos cognitivos (saberes, capacidades,informações) para solucionar com pertinência e eficá-cia uma série de situações. As competências estãoligadas a contextos culturais, profissionais e condi-ções sociais. Os seres humanos não vivem todos asmesmas situações. Eles desenvolvem competênciasadaptadas a seu mundo. Algumas competências sedesenvolvem em grande parte na escola. Outras não.

    Quais competências os alunos devem ter con-quistado ao terminar a escola?

    Primeiro as competências clássicas, como ler, es-crever e contar. Dentro das mais modernas, saber racio-cinar, comunicar, cooperar, além de adaptar-se às mu-danças rapidamente. Isto significa viver num mundointercultural. Ser capaz de julgar e ser autônomo. Alémdas competências específicas de cada disciplina.

    O que o professor pode fazer para contribuir?Ele não pode fazer isso sozinho. É o conjunto do

    sistema que deve mudar. Para desenvolver competên-cias é preciso, antes de tudo, trabalhar por problemase por projetos, propor tarefas complexas e desafiosque incitem os alunos a mobilizar seus conhecimen-tos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõeuma pedagogia ativa, cooperativa e aberta. Os pro-fessores devem parar de pensar que dar o curso é ocerne da profissão.

    Então a prática de ensino precisa mudar?Ensinar, hoje, deveria consistir em conceber, encai-

    xar e regular situações de aprendizagem seguindo osprincípios pedagógicos ativos construtivistas. É umerro entender que o trabalho do professor se resume àshoras em que está com aluno. Há outras atividadesque precisam ser feitas, como a preparação das aulas eas inter-relações com os colegas. Um professor deveter capacidade de refletir sobre as experiências, sair doindividualismo e construir pedagogias mais eficazes.

    Uma reforma baseada nas competências bene-ficiaria o ensino no Brasil?

    É difícil saber se é bom implantar esse sistemaaqui no Brasil. Mas se houver uma boa resposta, osalunos vão estar preparados para as competênciasmais modernas. A escola deve preparar o aluno para

    Referência no meio educacionalinternacional, o sociólogo suíço PhilippePerrenoud esteve na PUCRS, em agosto, comoconvidado do seminário internacional Ascompetências para ensinar no século 21: aformação dos professores e o desafio daavaliação, promovido pelo Curso de Pós-graduação em Educação. As idéias devanguarda do professor da Universidade deGenebra inspiram o trabalho do Ministério daEducação no Brasil quanto à formação dosprofessores e alterações no currículo visandoà competência. Reconhecido por suas obras eidéias pioneiras sobre a avaliação em sala deaula e a profissionalização do professor, oautor do best-seller Dez novas competênciaspara ensinar baseia seu modelo educacionalem ciclos de avaliação, no qual o aluno devedesenvolver competências estabelecidas paraa sua faixa etária. Perrenoud defende que aescola precisa ser interessante ao estudante,fazendo com que, além de ler, escrever econtar, ele aprenda a raciocinar, comunicar,cooperar, imaginar, criar, ser capaz de julgare ser autônomo. “O professor não pode fazertudo isso sozinho”, afirma. “O conjunto dosistema deve mudar: currículo, avaliação eformação inicial e contínua dos professores”.A seguir, algumas idéias de Perrenoud ementrevista concedida na Universidade.

    PHILIPPE PERRENOUD

    O aprendizado pela ópticadas competências

  • 23

    diversas experiências e situações de vida. A aborda-gem por competências não vai resolver magicamenteos problemas. Por isso, é sensato integrar desde já asabordagens por competências à formação – inicial econtínua – e à identidade profissional dos professo-res. Não nos esqueçamos que, no final das contas, oobjetivo principal é democratizar o acesso ao saber eàs competências. Todo o resto não é senão um meiode atingir esse objetivo.

    Como funciona o ensino ciclado nas escolas?Trabalho num modelo educacional baseado em ci-

    clos de avaliação, no qual o aluno deve desenvolvercompetências estabelecidas para sua faixa etária. As-sim ele tem mais chances de não ser reprovado seadquirir determinadas habilidades em mais de umano letivo, já que há tempo para aprofundar os co-nhecimentos. Não podemos deixar que uma criançarepita um ciclo de três anos. Para isso é necessárioum modelo de avaliação capaz de identificar as difi-culdades do aprendizado. Mais tempo para agir ecorrigir é outro benefício do método. No ciclo sãoquatro professores para 120 alunos. E não um profes-sor para cada 30. O ciclo é um quadro de informaçãomais complexo e mais flexível. Ele pode ser modifica-do e adaptado conforme as necessidades do grupo.

    O que o professor precisa fazer para ajudar osalunos a desenvolver competências?

    Um bom profissional deve ter dedicação exclusivae disponibilidade para buscar o seu aperfeiçoamento.Antes de ter competências técnicas, ele deveria sercapaz de identificar e de valorizar suas próprias com-petências, dentro de sua profissão e dentro de outraspráticas sociais. Isso exige um trabalho sobre suaprópria relação com o saber. A escola se democrati-zou. Está atingindo classes sociais que antes nãoestudavam. O principal recurso do professor é a pos-tura reflexiva, sua capacidade de observar, de regular,de inovar, de aprender com os outros, com os alunos,com a experiência.

    Qual a sua opinião sobre a forma de ministrardisciplinas no ensino primário?

    No ensino primário é preciso preservar a polivalên-cia dos professores, não “secundarizar” a escola primá-ria. É uma idéia ruim transportar o que se faz nosecundário para o primário. O ideal é a interdisciplina-ridade. No secundário é muito difícil organizar ciclospor causa do número de especialistas. Uma das forçasdo primário é justamente a flexibilidade dos professo-res. Nas escolas mais avançadas da Suíça eles sãosolicitados a lecionar mais de uma disciplina. Esse fatoreduziu problemas de aprendizagem e de comporta-mento. Quando vários professores ensinam a mesmadisciplina, como matemática, por exemplo, isso repre-senta para o aluno vários enfoques e olhares sobre amesma. Se um estudante não consegue aprender amatéria com um professor, tem chance com os outros,a partir de uma outra visão, relação e compreensão.

    Como fazer para conquistar competências?Eu tentei um exercício para identificar as compe-

    tências fundamentais para a autonomia das pessoas.Cheguei a oito grandes categorias: saber identificar,avaliar e valorizar suas possibilidades, seus direitos,seus limites e suas necessidades. Saber formar e con-duzir projetos e desenvolver estratégias, individual-mente ou em grupo. Saber analisar situações, rela-ções e campos de força de forma sistêmica. Sabercooperar, agir em sinergia, participar de uma ativida-de coletiva e partilhar liderança. Saber construir eestimular organizações e sistemas de ação coletivado tipo democrático. Saber gerenciar e superar con-flitos. Saber conviver com regras, servir-se delas eelaborá-las. Saber construir normas negociadas de con-vivência que superem diferenças culturais.

    “Os seres humanosdesenvolvemcompetências adaptadasa seu mundo, muitasdelas são desenvolvidasna escola. Outras não”.

    “Um professor, para serbom profissional, deveter dedicação exclusiva edisponibilidade para buscaro seu aperfeiçoamentocontínuo”.

    “Ensinar, hoje, deveriaconsistir em conceber,encaixar e regular situaçõesde aprendizagem seguindoos princípios pedagógicosconstrutivistas”.

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    As diversas formas demanifestar a linguagem

    Educação Aplicada

    Informaçõesno 2º andardo prédio 8

    ou pelotelefone (51)

    3320-3500ramal 4615

    nas suas diversas formas de manifestação. Ideali-zado pela Pró-Reitora de Graduação, Solange Ket-zer – na época diretora da Faculdade de Letras –,o local reúne uma biblioteca infanto-juvenil, sa-las de estudo e uma arena para as sessões decontação de história.

    O público-alvo são professores e alunos daUniversidade e de escolas públicas e privadas.Cada projeto prevê a realização de oficinas nasáreas da Lingüística Aplicada e Teoria da Lite-ratura. Estudantes de graduação e pós-gradua-ção em Letras desenvolvem as linhas de pes-quisa sob a orientação das professoras VeraPereira, Maria Tereza Amodeo e Sissa Jacoby.

    Com um amplo alcance dentro da comuni-dade, os universitários desempenham ativida-des voltadas para jovens do ensino médio efundamental. Um exemplo são as oficinas deinformática, no Campus Aproximado da Vila Fá-tima, onde as crianças aprendem a ler e a es-crever por meio do computador.

    Entre as atividades realizadas no último se-mestre está o Curso de Capacitação de Contado-res de Histórias, dividido em cinco módulos.Momentos de emoção e de criatividade foramvividos pelos alunos que buscam aprender aarte de contar histórias. O programa tambéminclui noções de dicção, entonação e imposta-ção de voz. “Não existe fórmula. Cada pessoatem que descobrir a sua forma de encantar osoutros”, ensina Sissa Jacoby, uma das coorde-nadoras do curso.

    Ainda em fase de elaboração, um Banco deAutores da Literatura Infanto-Juvenil ficará àdisposição de professores, alunos e comunida-de. Interligado à Biblioteca Central da Univer-sidade, o acervo reunirá os principais autoresinfantis brasileiros.

    Cerca de 40 crianças da 1ª série do ensino fundamental da Escola Municipal Lauro Rodriguesparticiparam do encerramento das atividades do Curso de Capacitação de Contadores de Histórias.Com muita curiosidade, os pequenos assistiram atentos às histórias contadas e interpretadas pelaprimeira turma do curso. O estudante Arno Souza, 26 anos, do último semestre da Faculdade deHistória, diz que freqüentar as aulas foi como concretizar um sonho. “Sempre quis desenvolveratividades com crianças hospitalizadas e agora estou pronto para repassar o que aprendi”. VanessaJohnson, 29 anos, estudante do 6º semestre de Secretariado Executivo, reviveu momentos de suainfância. “Despertei um talento que não conhecia”, afirma.

    CRIANÇAS DESCOBREM O MUNDO DA LEITURA

    PESQUISAS DO CELIN

    Contos de fadas, histórias em quadrinhos, poe-mas, crônicas, música e brincadeiras fazem partedo recém-criado Centro de Referência para oDesenvolvimento da Linguagem (Celin) , vin-culado ao Pós-Graduação em Letras da PUCRS.No espaço estuda-se e pesquisa-se a linguagem

    Curso capacita contadores de histórias

    Algumas das linhas de pesquisa desenvolvidas no Centrode Referência para o Desenvolvimento da Linguagem:

    • Lingüística Aplicada• Aperfeiçoamento da leitura e da escrita por meio do computador• Preditibilidade: desenvolvimento de estratégias de leitura• nas séries iniciais• A história da alfabetização – a leitura no fio da história• Teoria da Literatura• Produção cultural para as crianças• Literatura infantil e medicina pediátrica

    • Banco de autores da literatura infanto-juvenil brasileira

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    Arquipélago situado nogolfo da Guiné, na costaoeste da África. É osegundo menor país docontinente, atrás das ilhasSeicheles. O índice deanalfabetismo é de 50%.Ex-colônia de Portugal,importa a maior parte dosalimentos que consomee depende de ajuda vindada antiga metrópole

    mero de participantes do treinamento, queserá feito em parceria com outras institui-ções de ensino superior. Os educadores daPUCRS são coordenados pela professora Ma-ria da Conceição Cristófoli, da Faculdadede Educação. As despesas do projeto sãofinanciadas pelo Alfabetização Solidária.

    Em julho, no Campus da PUCRS, o Nejarecebeu 73 educadores das cidades de RioReal, Araci, Crisópolis (Bahia), Cacimbade Areia e Areia de Baraúnas (Paraíba),que participaram do curso de formaçãode alfabetizadores. Eles vieram de comu-

    nidades muito pobres e com altos índices deanalfabetismo. A cada semestre é escolhido umnovo grupo para receber a capacitação. Por meiode palestras e oficinas, o programa aborda te-mas como história da educação, alfabetização,política, cultura popular e lingüística. Durantea estada em Porto Alegre, os alfabetizadorestambém realizaram visitas e participaram de ati-vidades culturais.

    O ensino de Engenharia estará em discussão na PUCRS entre os dias 19 e 22 de setembro quando educadores detodo o Brasil participarão do 29º Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia – Cobenge 2001. O evento épromovido anualmente pela Associação Brasileira de Ensino de Engenharia e pela primeira vez será sediado naUniversidade. Na programação, palestras com convidados estrangeiros, minicursos e apresentação de 400 trabalhos.

    A atividade será antecedida por um pré-evento, nos dias 18 e 19, com coordenadores de cursos e diretores defaculdades. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação promoverá dois fórunsdas áreas de Engenharia Elétrica e Mecânica e o seminário do provão da Engenharia Civil. No dia 22, no pós-evento, naSerra, será debatido o planejamento estratégico da área. As conclusões serão enviadas para avaliação do MEC.

    Alfabetização Solidáriarealiza curso na África

    ENSINO DE ENGENHARIA EM PAUTA

    Cooperaçãoentre oConselho daComunidadeSolidária, dogovernofederal,universidades,prefeiturase empresas

    Duas ilhas africanas, São Tomé e Príncipe ,recebem, em setembro, os integrantes do Núcleode Educação de Jovens e Adultos (Neja), da Fa-culdade de Educação. O grupo ministrará o próxi-mo curso de capacitação de alfabetizadores dapopulação jovem e adulta. O Neja participa des-de 1997 do Programa Alfabetização Solidáriae, a cada semestre, acolhe educadores de diver-sas cidades do Brasil para oferecer treinamento.O trabalho na África inova porque é desenvolvidoem parceria com docentes da Universidade deBrás Cubas, de São Paulo. Representantes dasduas universidades viajaram até o arquipélagoonde conheceram a realidade local e seleciona-ram os participantes do curso.

    A República Democrática de São Tomé e Prín-cipe tem 135 mil habitantes, metade deles anal-fabetos, e 95% falam português. Grande parte dapopulação é de baixa renda. O curso terá comoalunos dez professores africanos que, depois detrês semanas de treinamento, começam a minis-trar aulas. A cada dois meses, eles receberão avisita de supervisores das duas universidades.

    Para janeiro e fevereiro, os organizadores doprojeto esperam ampliar de dez para 100 o nú-

    Educadoresda Bahiae Paraíbana PUCRS

  • 2626

    Um baú de alumínioacoplado a uma bicicleta foidesenvolvido pelo estudantede Engenharia MecatrônicaFernando Thiesen, comorientação do professorJoão Carlos Beck. A idéiasurgiu durante suas viagensde bicicleta pelanecessidade de levar maisbagagem. O projeto foitestado no Rio Grande doSul, onde ele pedalou cerca1000 km. Mas o grandedesafio ainda está por vir.Thiesen busca patrocíniopara percorrer em 19 dias otrajeto Porto Alegre–SãoMateus (Espírito Santo). Obaú ciclístico é totalmente original e poderáser patenteado. Com capacidade para 100litros de carga, a invenção facilita otransporte de bagagens em bicicletasprotegidas contra intempéries, aumenta adurabilidade dos pneus, melhora a

    TRABALHO VOLUNTÁRIO É AGRACIADO

    Thiesen viajará pelo país com a invenção

    Alunos da PUCRS

    distribuição da carga e surge comoalternativa de qualidade para substituirmochilas laterais. Durante os testes comcarga máxima, o baú teve excelenteperformance, com vibração e instabilidaderegistradas somente a partir dos 65km/h.

    FORMANDA VENCE CONCURSO DE MONOGRAFIASA pesquisa A inversão do ônus da prova na

    responsabilidade civil rendeu à formanda de DireitoPriscila Sansone o primeiro lugar da categoriaestudante no I Concurso Brasilcon de Monografias. Elafoi orientada pelo professor Adalberto Pasqualotto.

    Baú

    tran

    spor

    taca

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    Promovida pelo Instituto Brasileiro de Política eDireito do Consumidor (Brasilcon), a premiação ofereceaos vencedores um diploma e uma coleção de livros daRevista dos Tribunais. Os trabalhos vencedores tambémserão publicados na Revista de Direito do Consumidor.

    O bom gerenciamento do trabalho no Albergue JoãoPaulo II rendeu ao abrigo o Prêmio ParceirosVoluntários Ano 1. Coordenados pelo Ir. Robério Lima,estudante da Faculdade de Teologia, os 85 voluntáriosda instituição atuam em todas as áreas, como captaçãode recursos, atendimento médico, odontológico epsicológico, apoio administrativo e apoio

    socioeducacional. Para conceder a premiação, aParceiros Voluntários valoriza a entidade que contribuipara a cultura do voluntariado e tem umaadministração eficiente na manutenção do interessedos que prestam serviços gratuitos. O albergue foi aúnica organização de Porto Alegre a receber adistinção, válida para todo o Rio Grande do Sul.

    Ir. Robério iniciou o trabalho em 1998, atendendoao pedido da congregação religiosa Pobres Servos daDivina Providência, da qual faz parte. Aos poucos, onúmero de voluntários aumentou e ele ficouresponsável por coordená-los. A instituição abrigameninos e jovens de sete a 18 anos em situação derisco encaminhados por conselhos tutelares e peloJuizado da Infância e da Juventude. Lá recebemeducação, moradia, alimentação e carinho. Durante odia, eles ficam numa sede em Viamão, onde estudam,fazem esportes e plantam alimentos. À noite, voltampara a Capital para dormir.

    Lima (em pé) coordena voluntários

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    Ir. Solimar Amaro, vice-diretor do Centro de Pastoral ealuno da Especialização em Supervisão Escolar, reforçousua escolha pela Congregação Marista durante celebraçãoda profissão perpétua, no dia 11 de agosto. Pela primeiravez a PUCRS realizou, na Igreja Universitária CristoMestre, uma cerimônia de votos perpétuos. Na mesmaocasião, Ir. Genuir Faqui também confirmou sua opçãovocacional. A celebração foi acompanhada por familiares,amigos e irmãos.

    Formado em Teologia e Pedagogia pela Universidade,para Ir. Solimar o fato de sempre ter estudado emcolégios maristas e acompanhado as atividades dosirmãos foi determinante na sua escolha. “Conheci adiversidade de trabalhos, o carisma dos irmãos e o amordeles à educação”, diz.

    Ele ingressou na Congregação durante o ensino médioe, desde então, seguiu todas as etapas da formação como

    Estudo realizado por universitárias daFaculdade de Serviço Social revelou a violênciadoméstica como o principal problema enfrentadopor alunos da Escola Municipal de 1º Grau NossaSenhora de Fátima. Na segunda fase do trabalho,foi analisada a relação de um grupo deestudantes com a escola e o ambiente familiar. Apesquisa faz parte da disciplina Desenvolvimentode Comunidade, desenvolvida pelas turmas dosprimeiros semestres de 2000 e 2001 em parceriacom o Campus Aproximado Vila Fátima e ainstituição municipal. A orientação foi dasprofessoras Alzira Maria Lewg