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1 Hotel flutuante: Proposta de projeto sustentável e inovador a ser implantado na praia do Jacaré dezembro/2014 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014 Hotel flutuante: Proposta de projeto sustentável e inovador a ser implantado na praia do Jacaré Grazielly Medeiros Silveira - [email protected] Master em Arquitetura IPOG - Instituto de Pós-Graduação e Graduação João Pessoa-PB, 10/03/2014 Resumo O presente artigo trata da proposta de projeto sustentável e inovador do Hotel Flutuante a ser implantado na Praia do Jacaré, município de Cabedelo PB. Empreendimento inovador, economicamente viável, exeqüível e que associa a exploração das belezas naturais à preservação do meio ambiente. Sobre as tranquilas águas do Rio Paraíba, o hotel flutuará sobre uma balsa trazendo as técnicas típicas da Região Norte, principalmente Amazônia, de uma maneira adaptada à Região Nordeste. Irá oferecer conforto, estando-se perfeitamente integrado ao meio ambiente. Será ecologicamente planejado, fazendo uso de inovações tecnológicas. Para tanto, serão adotados métodos como, estação de tratamento de esgotos, gerador à base de gás natural, sistema de aquecimento d’água através da energia solar e balsa em concreto aramado. A proposta hoteleira surge assim, como mais uma fonte de atratividade do estado e, por estar localizado sobre as águas, irá proporcionar ao turista a real sensação de integração com o rio e natureza. Como também, irá servir como via de acesso mais fácil a pontos turísticos poucos explorados como a praia de Costinha, Forte Velho e todo o rio Paraíba através de passeios fluviais com embarcações a serviço do hotel. Palavras-chave: Hotel; Flutuante; Sustentabilidade; Pôr-do-sol. 1. Introdução O presente artigo refere-se à inovadora proposta de um projeto sustentável sobre as águas do Rio Paraíba, mais especificamente na Praia do Jacaré, localizado no Município de Cabedelo - PB. O local, famoso por quebrar o silêncio do entardecer ao tocar o clássico Bolero de Maurice Ravel, será palco de um projeto peculiar para a região Nordeste com o intuito de impulsionar o turismo, respeitando-se as características físicas, sociais e ambientais. O Hotel Flutuante na Praia do Jacaré tem como desafio projetar-se sobre uma balsa flutuante, trazendo as técnicas típicas da Região Norte, principalmente Amazônia, de uma maneira adaptada à Região Nordeste. Irá oferecer conforto, estando-se perfeitamente integrado ao meio ambiente. Para tanto, serão adotados métodos construtivos sustentáveis como, energia solar, estação de tratamento de esgoto, entre outros. Sua arquitetura, apesar de inusitada, irá manter a harmonia com o ambiente, respeitando-se a vila dos pescadores e a tipologia local. Tem como objetivo geral criar outra opção de lazer para a Praia do Jacaré através da construção do Hotel Flutuante que irá contemplar as belezas do rio Paraíba e o encanto do famoso pôr-do-sol. Em paralelo, irá impulsionar o turismo, preservando-se as características ambientais e

Hotel flutuante: Proposta de projeto sustentável e ... Tem como objetivo geral criar outra opção de lazer para a Praia do Jacaré através da construção do Hotel Flutuante que

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Hotel flutuante: Proposta de projeto sustentável e inovador a ser implantado na praia do Jacaré

dezembro/2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014

Hotel flutuante:

Proposta de projeto sustentável e inovador a ser implantado na praia

do Jacaré

Grazielly Medeiros Silveira - [email protected]

Master em Arquitetura

IPOG - Instituto de Pós-Graduação e Graduação

João Pessoa-PB, 10/03/2014

Resumo

O presente artigo trata da proposta de projeto sustentável e inovador do Hotel Flutuante a

ser implantado na Praia do Jacaré, município de Cabedelo – PB. Empreendimento inovador,

economicamente viável, exeqüível e que associa a exploração das belezas naturais à

preservação do meio ambiente. Sobre as tranquilas águas do Rio Paraíba, o hotel flutuará

sobre uma balsa trazendo as técnicas típicas da Região Norte, principalmente Amazônia, de

uma maneira adaptada à Região Nordeste. Irá oferecer conforto, estando-se perfeitamente

integrado ao meio ambiente. Será ecologicamente planejado, fazendo uso de inovações

tecnológicas. Para tanto, serão adotados métodos como, estação de tratamento de esgotos,

gerador à base de gás natural, sistema de aquecimento d’água através da energia solar e

balsa em concreto aramado. A proposta hoteleira surge assim, como mais uma fonte de

atratividade do estado e, por estar localizado sobre as águas, irá proporcionar ao turista a

real sensação de integração com o rio e natureza. Como também, irá servir como via de

acesso mais fácil a pontos turísticos poucos explorados como a praia de Costinha, Forte

Velho e todo o rio Paraíba através de passeios fluviais com embarcações a serviço do hotel.

Palavras-chave: Hotel; Flutuante; Sustentabilidade; Pôr-do-sol.

1. Introdução

O presente artigo refere-se à inovadora proposta de um projeto sustentável sobre as águas do

Rio Paraíba, mais especificamente na Praia do Jacaré, localizado no Município de Cabedelo -

PB.

O local, famoso por quebrar o silêncio do entardecer ao tocar o clássico Bolero de Maurice

Ravel, será palco de um projeto peculiar para a região Nordeste com o intuito de impulsionar

o turismo, respeitando-se as características físicas, sociais e ambientais.

O Hotel Flutuante na Praia do Jacaré tem como desafio projetar-se sobre uma balsa flutuante,

trazendo as técnicas típicas da Região Norte, principalmente Amazônia, de uma maneira

adaptada à Região Nordeste. Irá oferecer conforto, estando-se perfeitamente integrado ao

meio ambiente. Para tanto, serão adotados métodos construtivos sustentáveis como, energia

solar, estação de tratamento de esgoto, entre outros. Sua arquitetura, apesar de inusitada, irá

manter a harmonia com o ambiente, respeitando-se a vila dos pescadores e a tipologia local.

Tem como objetivo geral criar outra opção de lazer para a Praia do Jacaré através da

construção do Hotel Flutuante que irá contemplar as belezas do rio Paraíba e o encanto do

famoso pôr-do-sol.

Em paralelo, irá impulsionar o turismo, preservando-se as características ambientais e

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garantindo o desenvolvimento sustentável; Expandir a rede hoteleira; Tornar-se mais um

ponto turístico; Trazer inovação arquitetônica para a cidade, sendo um projeto audacioso e

inovador ao se instalar sobre uma balsa que flutuará sobre o rio; Abrigar turistas e visitantes,

principalmente, aqueles que pretendem fugir do dia-a-dia e se deliciar com esportes náuticos,

pesca esportiva e contato mais próximo com a natureza; Explorar, através de passeios

náuticos, o Rio Paraíba, principalmente, pontos pouco visitados como o município de

Costinha e o Forte Velho; Estimular a preservação ambiental por ser um projeto

ecologicamente planejado, dotado de energia solar e estação de tratamento de esgoto;

Promover o Ecoturismo e a Sustentabilidade; Gerar emprego e renda para os próprios

habitantes da área, de modo a serem engajados como funcionários do próprio

empreendimento.

Os Paraibanos têm assistido ao importante aumento do número de visitantes nacionais e

estrangeiros em seu estado que contam com as políticas públicas trazendo melhorias de

infraestrutura e divulgando as belezas naturais, associadas à hospitalidade do povo paraibano

incrementando o turismo no estado.

Situada na região metropolitana de João Pessoa, no município de Cabedelo, a praia do Jacaré

é um dos principais pontos turísticos do estado e por isso vem sendo alvo de projeto

urbanístico. Apesar das melhorias da infraestrutura da orla do rio Paraíba, que trazem conforto

e segurança para os turistas e visitantes, o potencial turístico da região ainda não foi

totalmente explorado.

Como em todas as atividades econômicas, a concorrência pela preferência do público é

comum no setor turístico, governos municipais e estaduais procuram investir cada vez mais

em benefícios para o visitante.

Levando em consideração que a grande rede hoteleira de João Pessoa está voltada para as

praias urbanas, faz-se necessário um projeto audacioso, mais direcionado para a região. Um

hotel flutuante, inovador, economicamente viável, exeqüível e que associe a exploração das

belezas naturais e à preservação do meio ambiente.

Os grandes investimentos no país acontecem com as parcerias entre os empresários e o

governo: os empreendedores executam a obra e o Estado garante a infraestrutura paralela

necessária para viabilização do projeto. A união do pensamento empreendedor com a vontade

política do Estado proporcionará emprego, renda e dignidade, de forma direta ou indireta, à

maioria das famílias existentes na localidade, além de desenvolver o turismo regional.

Com a divulgação e incentivo de proposta de projeto sustentável e inovador pode

gerar interesse por parte de construtores, profissionais do ramo e pessoas

interessadas em inovar de formar sustentável. Há, portanto, um mercado novo a ser

explorado, um mercado que pode estabelecer novas regras, com mais

responsabilidade e dentro da ética sócio-ambiental (CAPRA, 1993, p.95).

De acordo coma legislação urbanística de Cabedelo, a área da praia do jacaré, está

classificada em zona de preservação ambiental ou zona de interesse turístico. Embora a área

pretendida para instalação do hotel pertença à primeira classificação, é possível sua

construção através de concessão. A obtenção desta depende da elaboração de Relatório de

Impacto Ambiental e Estudo de Impacto de Vizinhança, em cumprimento às exigências

legais, frente aos órgãos competentes como SUDEMA, Capitania dos Portos, Marinha e

Prefeitura Municipal de Cabedelo.

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2. Localização

A praia do Jacaré, local a ser implantado o hotel, está localizada nas proximidades do bairro

de Intermares, o qual também pertence ao município de Cabedelo. O bairro possui uma praia

fluvial banhada pelo Rio Paraíba que, apesar de seu nome, sabe-se que jacaré mesmo nunca

apareceu por aquelas águas. O nome vem dos hidroaviões que lá desciam nas décadas de

quarenta e cinquenta. É formado por moradores que sobrevivem do turismo e da pesca,

economia local e suas moradias são simples estando, a maioria delas, localizadas próximas ao

rio.

A praia de Jacaré a primeira vista parece comum, em contrapartida, é atraente, sedutora e

aconchegante. Grandes números de bares erguidos sobre a água do rio, voltados para o

poente, em horário pontualíssimo, todos os dias, quebram o silêncio, tocando o clássico

Bolero de Maurice Ravel, uns ao som de um saxofone, outros com uma banda completa

resultando no belíssimo espetáculo da natureza, onde o poente entra em sincronia com a

melodia.

2.1. Hidrografia: O Rio Paraíba

A bacia do Rio Paraíba tem sua nascente na região central do Estado (Planalto da

Borborema). Deságua no Oceano Atlântico entre as pontas de Cabedelo e de Santa Rita,

através de um sistema estuarino importante. As marés, que no rio adentram, seguem até

Várzea Nova, distrito de Santa Rita localizada a cerca de 30 km de Cabedelo.

Trata-se de um estuário complexo formado por inúmeros divertículos e gamboas que

contornam várias ilhas distribuídas ao longo do seu eixo: Ilha da Restinga, dos Porcos, Stuart,

Tiriri e do Marquês. Bancos argilo-arenosos também são freqüentes. Ao norte e ao leste, o

estuário se limita pelas terras baixas, arenosas, formadas pelas cristas e sulcos pouco

pronunciados na topografia e que constituem a planície de Lucena e a restinga ou flecha de

Cabedelo.

2.2. Aspectos Sociecnômicos

Considerando-se a abrangência de um empreendimento desse porte, faz-se necessária uma

análise da atual situação socioeconômica da cidade de Cabedelo e adjacências. Visto que a

mesma se encontra, sob vários aspectos, ligada tanto à cidade de João Pessoa como à Bayeux

e Santa Rita, compondo assim a região metropolitana da capital. A viabilização do projeto que

se pretende instalar dinamizaria toda a economia da área.

O município de Cabedelo está limitado a leste pelo oceano atlântico e a oeste pelo rio Paraíba,

fazendo com que a cidade só possa expandir-se em direção a João Pessoa, o que vem

ocasionando a formação de um tecido urbano contínuo, caracterizando uma conturbação. O

município tem como vocação o turismo e a expansão urbana, o que provoca um adensamento

populacional.

O desenvolvimento de Cabedelo se deu devido às atividades relacionadas com o porto,

construído em 1975. Dentre as peculiaridades deste município está o fato de não possuir área

rural, e apresentar uma ocupação urbana fracionada em duas zonas: marítima e fluvial. A

primeira, onde ocorre grande especulação imobiliária, e a segunda é composta por habitação

de baixo padrão. A ocupação da zona fluvial ainda é reduzida, mesmo considerando o

crescimento que tem ocorrido ultimamente. Há instalações voltadas para o turismo e lazer em

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seu núcleo central (náuticas, bares, restaurantes e lojas) e em suas adjacências existem alguns

loteamentos de baixa renda.

2.3. Análise de Repertório

Jungle Othon Palace Hotel

Hotel flutuante construído sobre uma balsa de aço, localizado no Rio Negro a 50 km de

Manaus. É cercado pela exuberância da Amazônia, oferecendo todo o conforto de um hotel de

luxo, segurança e lazer em perfeita harmonia com a natureza, dentro de um projeto

ecologicamente planejado e autônomo dotado de água mineral, energia própria, estação de

tratamento de esgoto.

Figura 01- Jungle Othon Palace Hotel. .

Vista áerea. Fonte: Website do hotel. 2005

Os hóspedes podem viver a aventura em excursões pela floresta com caminhadas na selva,

focagem de jacarés ou assistir ao nascer do sol ao som de milhares de pássaros, ao mesmo

tempo em que relaxam com todo o conforto de um moderno hotel. É constituído pelos

seguintes ambientes: Tapiri, Restaurante, quatro apartamentos para guias, duas suítes master,

duas suítes júnior, vinte suítes luxo ou standard, recepção, loja de artesanato e conveniência,

área de lazer com piscina, salão de jogos, cozinha, despensa, o porão da balsa (contendo o

alojamento de funcionários, a manutenção e estação de tratamento de esgotos).

Sua área habitacional é constituída por três pavimentos distribuídos pelos seguintes

ambientes: Tapiri, Restaurante com capacidade para 150 pessoas, quatro apartamentos para

guias, duas suítes master, duas suítes júnior, vinte suítes luxo ou standard, recepção, mini loja

de artesanato e conveniência, área de lazer com piscina, salão de jogos, cozinha, despensa, o

porão da balsa (contendo o alojamento de funcionários, a manutenção e estação de tratamento

de esgotos) todos separados por anteparos.

Todas as unidades habitacionais contam com ar-condicionado e Tv em cores, pisos cerâmicos,

decoração regional e varanda panorâmica, de onde se pode arriscar uma pesca esportiva. As

suítes Máster e Júnior apresentam varandas cobertas, enquanto as Suítes de Luxo ou Standard

têm varandas fechadas inseridas no próprio ambiente. De acordo com o proprietário do hotel,

Farid Vivax: “o hotel foi projetado por quatro engenheiros: um naval, um elétrico, um

hidráulico e um civil”.

A área de lazer possui piscina, duchas, mesas com guarda-sol e dois volumes laterais:

primeiro com Wc’s e sala de massagem e, o segundo com salão de jogos. A balsa da área de

lazer, contando com a piscina e os dois blocos nas partes laterais, é calculado em torno de 250

toneladas. O salão de jogos mescla características regionais, como a parede de vedação em

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madeira, com o piso cerâmico ornamental, destoando com o ambiente amazônico. O Tapiri

flutuante é o local de descanso dos turistas. Apresenta redes e sofás para o turista relaxar

apreciando a paisagem e o Rio Negro. A balsa que suporta o Tapiri é apoiada por toras de

árvores chamadas de Açacu (madeira da região) com comprimento em torno de 30m.

Figura 06 - Salão de Jogos. Fonte: Website Figura 07 - Vista geral da Piscina. Fonte:

Jungle Othon Palace Home Page.2005 Website Jungle Othon Palace Home Page.2005

O Restaurante Panorâmico, com som ambiente, está localizado na parte central do primeiro

pavimento e tem capacidade para 150 pessoas. Apresenta coberta em duas águas com

estrutura em madeira (tesouras). As duas balsas no tamanho de 42m x 15m foram construídas

num estaleiro naval, sendo de aço naval e suas chapas de ¼” de espessura e pesam cada uma,

somente a balsa sem a casaria, 100 toneladas e com a casaria, onde se encontram os

apartamentos, é calculado em torno de 380 toneladas.

Figura 08 - Restaurante. Figura 09 - Vista geral.

Fonte: Website Jungle Othon.2005 Fonte: Website Jungle Othon.2005

O hotel está implantado sobre módulos de balsas independentes e interligadas: O Tapiri, a

Área de lazer e o Hotel. Os principais materiais utilizados para sua criação são: Aço naval,

telhas plásticas, PVC'S, Isopor F1 fogo retardante, concreto e madeira. Sua arquitetura foge

do “conceito de belo” e a fachada principal é uma releitura extravagante do Panteão Romano,

com pilares brancos e amarelos e detalhes ornamentais no “frontão” na cor verde. Possui

quatro pilares que servem de sustentação conferindo uma simetria à fachada. Nas laterais

estão presentes os dois pilares que fazem a marcação do local e servem de sustentação dos

mastros das bandeiras.

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Figura 10- Fachada Frontal do Hotel. Figura 11- Fachada Frontal do Panteão.

Fonte: Website do hotel .2005 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/

Pante%C3%A3o_de_Roma.

Possui estação de tratamento de esgotos, a base de queima do material orgânico por lâmpadas

ultravioleta, sem degradação ao meio ambiente. Quanto à parte energética, existem quatro

geradores que trabalham a uma distância de 200m do hotel evitando a poluição sonora e estão

ligados por cabos marinizados. A energia solar é usada para os aquecedores dos chuveiros,

dando opção de água quente ao cliente. Os dois reservatórios, localizados no porão da balsa,

são alimentados por poços artesianos, pois, a água do rio Negro é muito ácido (pH 3,5 a 4,0) e

o custo seria muito elevado para um eventual tratamento.

3. Proposta de Projeto

3.1 Dimensionamento

Como não existe uma literatura consolidada a respeito de hotéis flutuantes, e havendo

inclusive poucas pessoas, não só no Brasil, mas no mundo, que dominem seu funcionamento,

o Pré-dimensionamento, baseou-se no projeto de referência analisado durante a pesquisa, em

home page de internet, contatos com administradores de hotéis amazônicos, visitas a

estabelecimentos náuticos (Cabedelo Náutica) e consultas a técnico naval (Bryan Stevens).

O hotel proposto classifica-se como “Hotel de Selva” por estar inserido no rio e envolvido por

ilhas (Ilha da Restinga, Ilha Stuart, entre outras) e por ser um empreendimento voltado para o

ecoturismo, a sustentabilidade e a educação ambiental. Seu padrão varia de Econômico à

Mediano, baseado na área dos apartamentos.

Com uma área total de 3.002,00 m², o hotel é composto por três pavimentos: O pavimento

inferior possui uma área total de 199,00 m² e abriga os reservatórios de água, o gerador e o

sistema de tratamento de esgotos.

O pavimento térreo possui uma área total de 2.516,00 m², abrigando os apartamentos e as

áreas de lazer, social e a de serviço. A área habitacional, especificamente, foi dimensionada

para acomodar 60 pessoas distribuídas em 30 suítes: 02 suítes para deficientes (23,4 m² a

unidade), 04 suítes de luxo (27,60 m² a unidade), 04 suítes simples - solteiro (22,75 m² a

unidade), 04 suítes simples - casal (22,75 m² a unidade), 08 suítes duplos – 16 unidades

(22,75 m² a unidade), resultando em uma área total de 1.048,00 m². O pavimento superior, por

sua vez, conta com uma área total de 287,00 m² e abriga o restaurante, a varanda, banheiros e

a cozinha.

3.2 Partido

A proposta, de natureza arquitetônica horizontal, foi dividida em blocos na intenção de

reproduzir o conceito de unidades geminadas, presentes nos vários tipos de volumes, fazendo-

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se uma interligação e resultando numa única obra. Essa volumetria foi reforçada pela

diversidade de telhados com suas diferenças construtivas e espaciais, estruturados por madeira

ou estruturas metálicas.

3.2.1 Pavimento Térreo

Acesso Principal e Módulo Flutuante: Localizado na fachada Leste do hotel, entre o bloco

social e o de serviços, com aproximadamente 61,00 m², o acesso principal dos hóspedes é

indicado pela marquise em estrutura metálica com acabamento em eucalipto e telhas

ecológicas. As réguas de ipê fazem o revestimento completo das paredes em drywall, aliando-

se às esquadrias de madeira e vidro temperado que dão acesso ao interior do hotel.

Um módulo flutuante (36,40 m²) disposto anteriormente ao acesso principal serve de

ancoragem para embarcações de turistas, visitantes e/ou do próprio hotel. Para sua

composição foram utilizados flutuantes modulares (6,50 x 5,60 m) de concretos flexíveis, ou

seja, podendo ser retirados da água de acordo com a necessidade. A estrutura metálica do

módulo é composta por chapas dobradas, soldadas e galvanizadas a fogo com 260 mm de

altura, 6,3 mm de espessura e 100 mm de largura pesando 1.250 kg. O piso é de concreto

armado (4500MPA) de 100 mm, montado sobre longarinas estruturais com barras positivas

CA 50 (com acabamento em madeira) e malha Telcon (arames de fio de 4,0 mm e malha

150x150 mm). Os flutuadores são revestidos com um composto vinílico e preenchidos com

poliestireno expandido de alta densidade (16 m³).

Para a união do módulo na Balsa utilizaram-se quatro unidades de parafusos de 1 “de

diâmetro x 12” de comprimento, porcas sextavadas e contra pinos, com arruelas planas e de

pressão.

3.2.2 Serviços

Com área total de 340,00 m² o setor de serviços é formado pelos seguintes ambientes:

Rouparia, Almoxarifado, Lavanderia, Sala de Equipamentos, Hall de Serviço, Escada,

Refeitório, Sala de descanso de funcionários, Vestiários e banheiros, Acesso de serviço,

Controle, Local para lixo úmido e seco e Sala de Manutenção com acesso ao pavimento

inferior (porão).

A coberta em quatro águas, abrangendo a maioria do setor, alia-se à coberta em teto-jardim de

uma forma leve e discreta. Os dois tipos de telhados, assim como duas tipologias de volumes,

retomam o conceito de “unidades geminadas”, cada uma com suas características e diferenças

relacionadas, principalmente, ao pé-direito e estrutura de coberta. O telhado em quatro águas

tem sua estrutura em eucalipto, telhas em madeira (taubilha) e pé-direito máximo de 4,25 m e;

o teto-jardim tem sua estrutura formada por vigas metálicas justapostas (60x60 mm), placas

de concreto (2000 x 1000 x 50 mm) impermeabilizadas com manta asfáltica (Viapol laje

poliéster) e pé-direito de 2,50 m.

O revestimento externo das paredes em drywall é feito por réguas de madeira de

reflorestamento dispostas horizontalmente e troncos de eucalipto bruto, na intenção destacar

as esquadrias de madeira com venezianas e vidro temperado. A maioria do piso é composto

por lambris de madeira de reflorestamento, com exceção dos banheiros e vestiários que

receberam revestimento cerâmico.

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3.2.3 Social

Com área total de 495,00 m², o setor de serviços é formado pelos seguintes ambientes: Acesso

Principal, Lobby, Recepção, Reservas, Sala de Reuniões, Gerência, Administração,

Banheiros, Lojas, Escada e Elevador hidráulico. O bloco é simétrico ao de serviços,

principalmente, em relação aos tipos de telhados. Para tanto, será desnecessário um novo

comentário a respeito dos mesmos.

O aspecto interessante do setor social é a localização estratégica do lobby, próximo à entrada

principal, além de ser um ponto de acesso aos demais ambientes. A escada em madeira,

“solta” no centro do lobby, destaca-se pela simplicidade e leveza perante um ambiente de

grande dimensão.

3.2.4 Hospedagem

É formado por dois blocos longitudinais simétricos. Cada um, com 524 m², é composto por

quatro tipos de apartamentos: deficiente, simples-solteiro, simples-casal e luxo que

apresentam a mesma tipologia e mesmo acabamento: paredes internas revestidas por réguas

de madeira de reflorestamento, pisos em tacos de madeira de reflorestamento, cerâmica, para

o revestimento das áreas molhadas, esquadrias de madeira com venezianas e vidro temperado.

Sua estrutura é constituída por vigas e pilares metálicos arrematados por placas de gesso. O

telhado que envolve os apartamentos é estruturado por eucalipto bruto e telha de

reflorestamento, com inclinações de 20 e 40%. Coletores solares, ligados aos reservatórios de

aquecimento, são implantados sobre os mesmos, localizando-se a 3,60m do chão dos

banheiros. Em toda a extensão do corredor central a coberta é feita por telhas ecológicas em

madeira com inclinação de 5%.

Cada apartamento possui varanda individual com inclinação proposital para apreciar o pôr-do-

sol. A varanda coletiva, localizada no final do corredor voltada para a face oeste, segue as

mesmas características das individuais, porém com dimensões superiores para abrigar um

maior número de pessoas.

3.2.5 Lazer

Com uma área total de 435,00 m², a área de lazer está localizada entre os blocos habitacionais,

posição ideal para a apreciação do pôr-do-sol. A porção proximal do bloco é parcialmente

coberta pelo teto-jardim e pela coberta do bar, que se prolonga lateralmente protegendo das

intempéries os hóspedes que querem acessá-lo. A coberta deste, é estruturada por vigas e

calhas metálicas (210 x 250 mm e 1/2 de espessura), presas às paredes, por três unidades de

parafusos de 1/4” de diâmetro x 3” de comprimento, porcas sextavadas e contra pinos, com

arruelas planas e de pressão. A coberta metálica, para conservar a leitura rústica, recebeu um

revestimento em eucalipto e o balcão do bar o acabamento em sisal. A piscina, em fibra de

vidro, localizada na porção distal, tem 78, 28 m² de área (7,60 x 10,30 m) e profundidade de

1,50 m.

3.3 Pavimento Superior

O volume central é conceituado como ponto principal e estratégico do projeto, por

proporcionar, quase que totalmente, a visão da paisagem local. Sua composição em forma de

losango seccionado abriga o restaurante, com capacidade para 128 pessoas, cozinha,

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banheiros e varanda. Ainda conta com duas escadas, de serviço e social, e elevador hidráulico

que fazem a ligação com o pavimento térreo. O pé-direito de 6,00 m foi definido

propositalmente para suavizar o porte do telhado que “pousa” sobre a área. Em contrapartida,

o pé-direito, da cozinha e banheiros, foi reduzido para tornar aparente a estrutura da coberta.

Figura 19 - Coberta em oito águas

e telha em madeira. Fonte: Website Telhados.2005

O telhado em oito águas, tipo “guarda-chuva”, estruturado em eucalipto, é constituído por:

Viga divisória em madeira; Tesouras estruturais; Terças; Escoras; Mão-Francesa; Caibros

para evitar a flexão (subterças); Linha de arremate em madeira; Pilares (sustentação); Tora de

madeira central para receber as escoras; Ripas; Telha em madeira (Tipo Taubilha).

O volume é circunscrito por uma viga em madeira (150 x 100 mm) que separa as paredes dos

brises horizontais móveis (com mecanismo para abertura). Estes receberam montantes em

madeira (seção 3 x 15 cm) para vencer o vão.

As oito terças, quatro localizadas na cumeeira e quatro no rincão, trabalham a flexão. São

apoiadas sobre as tesouras, quatro no total, que funcionam como vigas, estas se apoiando

sobre os quatro pilares. No centro há uma tora de madeira e oito escoras, que a rodeiam, para

evitar a compressão. Nas extremidades, leste e oeste, do volume foram adotadas mãos-

francesas para evitar a flexão, garantindo a simetria e estabilidade estrutural.

Viga divisória em madeira Escoras

Tesouras estruturais Caibros para evitar a flexão (subterças)

Terças Linha de arremate

Mão-Francesa

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Figura 20 - Coberta proposta. Fonte: Grazielly Medeiros Silveira.2005

No interior, foram empregados grandes panos de vidro temperado, sem caixilhos, para dar

acesso à varanda que foi dimensionada na forma triangular e voltada para a face oeste.

Também foram utilizadas esquadrias laterais pivotantes, em madeira e vidro, podendo ser

parcialmente abertas - por meio de mecanismo, promovendo a ventilação cruzada. Paredes

internas foram revestidas por réguas de madeira de reflorestamento e o piso recebeu lambri

em madeira de reflorestamento apoiado sobre uma malha de vigas.

3.4 Pavimento Inferior

Com 199,00 m² de área, o porão abriga parte da tecnologia adotada no projeto: estação de

tratamento de esgotos, gerador à gás natural e cinco reservatórios d’água, cada um com

capacidade para 10 mil litros.

3.5 Implantação

O hotel apropria-se e valoriza a bela paisagem local integrando-se, com a mínima

interferência, ao rio e ao ambiente de uma forma geral. Foi planejado e implantado de uma

maneira em que todos os seus setores, especificamente, área habitacional, área de lazer e

restaurante, admirassem a face oeste.

Os apartamentos foram idealizados no sentido em que, os mesmos, não estivessem

diretamente voltados para a face Oeste, em função climática; no entanto, suas varandas

inclinadas com ângulo de 45º, iriam favorecer a contemplação do crepúsculo e a visão ampla

da paisagem fluvial. Essa mesma necessidade também foi implantada na área de lazer e no

restaurante.

3.5 Materiais e Tecnologia

Embora a abordagem sistêmica para alcançar a sustentabilidade seja discutida, exemplos

concretos de projetos nacionais implantados com este enfoque, de construção sustentável,

ainda são raros.

Para tanto, a escolha dos produtos e materiais para uma obra sustentável deve obedecer a

critérios específicos: como origem da matéria-prima, extração, processamento, gastos com

energia para transformação, emissão de poluentes, biocompatibilidade, durabilidade,

qualidade, dentre outros, que permita classificá-los como sustentáveis e elevar o padrão da

obra, bem como melhorar a qualidade de vida de seus usuários/habitantes e do próprio

entorno. Essa seleção também deve atender parâmetros de inserção, estando de acordo com a

geografia circundante, história, tipologias, ecossistema, condições climáticas, resistência,

responsabilidade social, dentre outras leituras do ambiente de implantação da obra.

É importante evitar ou minimizar o uso de materiais sobre os quais pairem suspeitas ou que

reconhecidamente acarretem problemas ambientais, tais como o PVC (Policloreto de Vinil),

que gera impactos em sua produção, uso e descarte/degradação (sua queima gera ácido

clorídrico e dioxina).

Outros produtos, quando na ausência de opções mais ecos-eficientes, devem ser usados

criteriosamente quando no interior da edificação, caso de materiais compensados ou de

madeira recomposta, como os OSBs e MDFs, que contêm em sua elaboração adesivos à base

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de formaldeído (substância tóxica) e que não são recicláveis ou mesmo biodegradáveis. Por

ser um empreendimento voltado para o ecoturismo, sustentabilidade e educação ambiental e

ser implantado no rio Paraíba, fez-se necessário a pesquisa e utilização de variadas

tecnologias:

3.5.1 Sistema de Tratamento de Esgotos

Trata-se da instalação de sistemas de captação e armazenagem de água, assim como o

tratamento de águas residuais graças a um sistema de filtros e drenagem, o que minimiza e

melhora o consumo.

É composto por uma caixa central receptora e três outras caixas, de fibra de vidro,

processadoras dos dejetos. Cada uma dessas últimas possui três lâmpadas quartz Ultra

Violeta, que ao serem acionadas, queimam as bactérias que se depositam no fundo da caixa.

As etapas seguintes do processo são: o jateamento de ar comprimido, que culmina na

eliminação das bactérias anaeróbicas, e análise do material resultante. Após verificado o nível

de pureza satisfatório (analisado pelo comando digital), o substrato é devolvido ao rio,

servindo organicamente para o solo e água, sem contaminar o ambiente.

O sistema é rotativo, portanto todo o conteúdo que é coletado durante o dia na caixa receptora

ou depósito (2.20m x 1.73m x 1.90m) é enviado para o primeiro reservatório, caixa A,

passando pelo processo de queima inicial. Após 24h, já na caixa B, o conteúdo recebe jatos de

oxigênio, responsáveis pela eliminação das bactérias anaeróbicas nocivas. No terceiro dia de

tratamento, o substrato orgânico, na caixa C, passa por mais algumas horas de tratamento e

recebe análise físico-química criteriosa antes de ser despejado no rio, sem prejuízos para a

natureza.

Cada caixa (2.20m x 2.14m x 1.73m) tem sua tubulação para a passagem dos esgotos

(diâmetro de 4”), jatos de ar (diâmetro de 2”) , como também, bombas de sucção e recalque

acionada através do motor principal Caterpillar, modelo D-399 com potência de 1.140 HP a

1200 RPM.

3.5.2 Sistema de aquecimento d’água através da Energia Solar

A energia solar é a energia eletromagnética proveniente do sol, onde é produzida através de

reações nucleares, e que, propagando-se através do espaço interplanetário, incide na superfície

da Terra. Em 1 ano é superior a 10.000 vezes o consumo anual de energia bruta da

humanidade.

É medida por instrumentos denominados piranômetros, solarímetros ou radiômetros,

normalmente operados por instituições de pesquisa científica. A potência solar instantânea

que incide em determinado ponto é normalmente medida em W/m² (potência/área) e o total de

energia em um dia que atinge este ponto é normalmente medido em kWh/m².dia

(energia/área/dia).

Conforme é esperado, o Brasil, com seu território situado em sua maioria em latitudes entre o

Equador e o Trópico de Capricórnio, apresenta uma incidência de energia solar bastante

favorável. O máximo de potência instantânea incidente em qualquer local da Terra é de cerca

de 1000W/m². A média anual de energia incidente na maior parte do Brasil varia entre

4kWh/m².dia e 5kWh/m².dia.

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Existem duas formas principais de aproveitamento da energia solar. No projeto em questão

será utilizado o segundo tópico:

Fotovoltaico – geração de energia elétrica através de módulos fotovoltaicos;

Térmico – aproveitamento sob forma de calor para aquecimento de água, secagem de.

produtos agropecuários, geração de energia através de processo termodinâmico, etc.

O sistema básico de aquecimento de água por energia solar é composto por:

Coletores solares (Placas) - Dispositivos destinados a aquecimento de água utilizando

energia solar, que pode até ser instalado por consumidores residenciais. É constituído por uma

serpentina de Cobre solidária a uma superfície negra, boa absorvedora de energia luminosa,

encapsulada em uma caixa com isolamento térmico e um vidro frontal. Existem inúmeros

fabricantes e fornecedores de tais sistemas no Brasil.

Reservatório Térmico (Boiler) - também conhecido por Boiler, é um recipiente para

armazenamento da água aquecida. São cilindros de cobre, inox ou polipropileno, isolados

termicamente com poliuretano expandido sem CFC, que não agride a camada de ozônio.

Desta forma, a água é conservada aquecida para consumo posterior. A caixa de água fria

alimenta o reservatório térmico do aquecedor solar, mantendo-o sempre cheio.

Em sistemas convencionais, a água circula entre os coletores e o reservatório térmico através

de um sistema natural chamado termossifão. Nesse sistema, a água dos coletores fica mais

quente e, portanto, menos densa que a água no reservatório. Assim a água fria “empurra” a

água quente gerando a circulação. Esses sistemas são chamados da circulação natural ou

termossifão. A circulação da água também pode ser feita através de motobombas em um

processo chamado de circulação forçada ou bombeado, e são normalmente utilizados em

piscinas e sistemas de grandes volumes.

Equipamentos Utilizados:

1. Os boilers Soletrol Max Horizontal de Nível, utilizados no projeto, propiciam excelente

conservação térmica, pois utilizam isolamento progressivo em espuma de poliuretano. São

fabricados em cobre ou aço Inox, com acabamento externo em alumínio e ainda possuem pés

em material termoplástico resistente, que possibilitam a colocação sobre suporte exclusivo,

estando isentos de ferrugem.

Possui pressão de água de 5 m.c.a (metros por coluna d’água) com corpo interno em inox.

Possível instalação sobre suportes convencionais de alvenaria ou madeiras e também sobre

suporte modular para lajes ou entre vigas. É de fácil manutenção e, em caso de queima, pode

ocorrer à troca de componentes elétricos (resistência ou termostato). Características elétricas:

Aquecimento complementar elétrico do reservatório térmico (resistência elétrica blindada e

termostato): Voltagem 220 v e Potência 3500 Watts. Dimensões Gerais: Diâmetro do tubo de

entrada de água quente dos coletores: 22 mm. Diâmetro do tubo de entrada de água fria da

rede, proveniente da caixa d'água de abastecimento: 28 mm. Diâmetro do tubo de saída de

água fria para os coletores: 22 mm. Diâmetro do tubo de saída (consumo) de água quente: 28

mm.

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Figura 22 - Reservatório Térmico Horizontal de Nível Soletrol.

Fonte: Website Soletrol Home page.2005

2. Os coletores solares possuem caixa externa em perfil de alumínio, aletas de alumínio, tubos

de cobre, isolamento em poliuretano, vidros lisos e vedação em borracha de silicone. Possuem

ainda cantos em material termoplástico resistente aos raios ultravioleta, sendo fabricado de

forma automatizada e sem rebites, o que garante perfeita vedação e maior durabilidade.

Suportes metálicos pintados com tinta epóxi e conexões hidráulicas flexíveis e válvula

anticongelamento. Sua manutenção é simples necessitando lavar os vidros duas vezes ao ano

(abril e julho), sempre pela manhã, quando as placas estão frias para evitar o risco de quebra

dos vidros por choque térmico.

Figura 23 - Funcionamento do coletor solar Soletrol.

Fonte: Website Soletrol Home.2005

Diâmetro do tubo de saída (consumo) de água quente: 19,05 mm (3/4"). Dimensões do coletor

solar: Diâmetro do tubo de entrada de água fria da rede (proveniente da caixa d'água de

abastecimento: 19,05 mm(3/4").

O investimento inicial é relativamente alto, mas o tempo de retorno é normalmente de 2 anos

resultando numa economia razoável de energia elétrica. O custo de um sistema básico para 4

pessoas com coletor de 2m² e reservatório de 200L, utilizado no projeto, situa-se na faixa de

R$1.300,001. Foram adotados quinze sistemas de aquecimento, um a cada dois apartamentos

com capacidade de quatro banhos quentes diários, quatro pessoas por apartamento.

1 Informação da Home Page do Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio de Salvo Brito-CRESESB.

Capacidade(Litros)* Dimensões

(mm)*

Espaço Necessário

para

instalação(mm)*

Pés de

sustentação

Peso Cheio(kg)

*

200 A 600 B 900 A 900 B 1600 2 Inox:217

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3.6 Gerador à Gás Natural

Localizado no Porão da balsa, o gerador Martezo de 75 KVA, que funciona com restos

vegetais, compreende: Um gerador dito de tiragem invertida, cuja fornalha é construída em

material refratário para resistir a temperaturas elevadas e ao choque térmico; Um recuperador

de suco pirolenhoso; Um trocador de temperatura montado na fornalha a fim de recuperar as

calorias; Um condensador que retém a maior parte do vapor d'água; Um sistema de filtros que

representa uma importante superfície de separação. O aparelho está equipado com portas e

aberturas de enchimento, dreno e limpeza de grandes dimensões.

A capacidade de carregamento dos aparelhos standard é de 6 horas à carga total com madeira

dura 400 kg/m3 a 20% de umidade, ou combustível adensado de 600 a 800 kg/m3, com

consequente aumento da autonomia. Tem a opção de aumentar a capacidade, a pedido, se a

instalação não tiver problemas de atulhamento, para funcionar 24h/24h. Características dos

combustíveis a utilizar: O gerador pode utilizar restos de madeira ou restos vegetais.

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Especificamente: madeira dura (carvalho, acácia, quebraço, etc.) ou leve (pinho, abeto, etc.)

ou produtos vegetais (polpas de café, cascas de coco, de amendoim) que não contenham mais

de 20% de umidade. O processo de adensamento permite utilizar tais produtos de

granulometria fina.

Figura 24 - Gerador Martezo.Fonte:

Website Martezo Home page.2005

Preparação do Combustível: 1/2 hora para cada 1 m3 = 400 kg; 1/2 hora para o carregamento

do combustível (restos de madeira ou vegetais) no gerador e o arranque diário e 2 horas de

limpeza a cada 500 horas de funcionamento.

3.6.1 Energia Elétrica

O suporte energético do empreendimento se dará, principalmente, pela rede presente no

continente, através da interligação de cabos marinizados (2”), a postes de alta tensão, de

acordo com a NORMAM-11/DPC, capítulo 1, §109. Para a instalação dos cabos, faz-se

necessária aprovação da Marinha brasileira.

3.4.5 Balsa em Concreto

Localizando-se à 500m da margem do rio e estando a uma profundidade de aproximadamente

7 m, foi calculada a dimensão da balsa em função do peso do hotel e da variação de maré (por

volta de 2m). Segundo Bryan Stevens, técnico naval da Cabedelo Náutica, foi deduzida a

dimensão da balsa, de acordo com seus conhecimentos em engenharia naval, de

aproximadamente 3.2 m de altura, formando um enorme vácuo, garantindo a flutuabilidade.

Para a confecção da balsa foi escolhido o Concreto Aramado, pelos seguintes motivos:

Material relativamente barato; Resistente à limpeza de material calcário aderidos com o

tempo; Não enferruja; Não poluente. O uso de outros tipos de materiais, como fibra de vidro e

aço naval, foi descartado, pelos seguintes motivos: O custo do material é elevado,

especialmente, a fibra de vidro; de difícil manutenção, visto que a limpeza se dá por raspagem

do material calcário aderido o que causa desgaste do material.

Figura 26-Concretando-se a balsa.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

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Seria necessário o uso de uma “tinta venenosa” contra a aderência de material calcário

contribuindo para a poluição fluvial.

Figura 28- Embarcação em fibra de vidro

utilizando a Tinta venosa. Fonte:Bryan Stevens. 2005

O procedimento de criação da balsa em concreto aramado consiste basicamente em duas

placas de concreto, cada uma com 50 mm de espessura, formando um “sanduíche” no qual

seu interior é preenchido por uma malha de arames.

1. Confecção da parte aramada:

Figura 30- Forma aramada.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

Figura 31- Detalhe do arame.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

2. Preenchimento com concreto da parte externa:

Figura 34 - Concretagem do exterior da balsa.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

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3. Preenchimento em concreto da parte interna:

Figura 35-Etapas de montagem.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

4. Retoques Finais:

Figura 36-Corte da balsa de concreto aramado.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

A balsa, como a maioria das embarcações, comporta um porão para a instalação dos

equipamentos: gerador, estação de tratamento de esgotos e reservatórios.

Figura 37- Acesso ao porão de embarcações

Fonte: Bryan Stevens. 2005

Para firmar a balsa no local escolhido foram utilizadas quatro âncoras tipo Trotman, cujo

braço é móvel, permitindo que as patas se enterrem segundo um ângulo mais apropriado,

fixando melhor a embarcação em qualquer tipo de chão subaquático.

Foram instaladas duas âncoras, na fachada norte e duas na fachada sul, ligada à balsa por

cordas que permanecem deitadas ao longo do fundo do rio, a fim de que ocorra a tração

horizontal. Para isso, deve ter um comprimento três a cinco vezes o equivalente à

profundidade da água no local. No caso em estudo, o comprimento adotado foi de 30m

baseado na profundidade de aproximadamente 6 a 7m.

3.4.6 Sistema Drywall

Definição: A concepção básica do sistema de paredes é de uma estrutura leve em perfis de

chapas de aço galvanizado, constituída basicamente por guias e montantes. Sobre estes, são

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fixadas chapas de gesso, em uma ou mais camadas, gerando uma superfície pronta para

receber o acabamento final (pintura, papel de parede, cerâmica, etc).

Vantagens: Execução rápida; Montagem sem entulho ou desperdício de material; Isolamento

acústico; Baixa condutividade térmica; Resistentes a fogo e a água; Facilidade nas instalações

hidráulicas e elétricas; Ganho de área útil devido a menor espessura; Menor peso por m² (40

kg/ m²).

Tipos de Placas: Como o hotel fica sujeito às intempéries, especialmente chuva, e por ser todo

estruturado por placas de gesso, fez-se necessário um tipo especial: placa PPM Placomarine

(RU) resistente à água, com proteção antifungo, 15 mm de espessura e borda rebaixada. Sua

impermeabilização segue os mesmos procedimentos adotados como padrão para áreas úmidas

em alvenaria. Serão intercaladas por pilares metálicos, com dimensões de 200 x 120 mm e

espessura de ¼”.

Isolamento: A necessidade de tratamento acústico privilegiou algumas áreas com a aplicação

de lã de rocha e/ ou placas duplas, ao passo que em outras áreas esse tratamento não fora

necessário. Áreas sem isolamento acústico: Envolvem ambientes cujo isolamento não

necessita de tanto reforço por meio de lãs de rocha e/ou placas duplas. Ex: BºWcs, Cozinha,

Sauna, entre outros, especialmente, áreas molhadas para facilitar reparos hidráulicos e

elétricos.

Figura 39-Área Molhada (BºWc)

Fonte: Website DBGrausHome Page

Áreas com isolamento acústico: Envolvem ambientes cujo isolamento necessita de reforço por

meio de lãs de rocha e/ou placas duplas para conter e/ou impedir barulhos externos. Ex:

Quartos, Lavanderia, Manutenção, entre outros.

3.4.7 Revestimento

A superfície das paredes em chapas de gesso, após montadas e retocadas, estão prontas para

receber lixamento e acabamento final. No caso da colocação de cerâmicas nas áreas molhadas

do projeto, como banheiros, cozinha, sauna, etc, o assentamento é feito com argamassa

colante especial, mais flexível e com maior poder de aderência sobre o cartão. Já usando

como revestimento, a madeira de reflorestamento é aplicada diretamente sobre o cartão.

Outros tipos de revestimentos, como uma simples pintura lisa, terão a necessidade da

aplicação de massa corrida acrílica, antes da aplicação da tinta, ao passo que tintas

texturizadas podem ser aplicadas diretamente sobre o cartão.

4.2 Arquitetura e Desenvolvimento Sustentável

Com a finalidade de descobrir como andava a relação entre ser humano e a Natureza que a

ONU, através de sua Comissão Mundial sobre Meio Ambiente, encomendou em 1987 o

relatório “Nosso Futuro Comum”, hoje mais conhecido como Informe Bruntland.

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A partir desta comissão, surgiram as primeiras políticas globais para o meio ambiente, assim

como a definição mais conhecida de desenvolvimento sustentável: “Desenvolvimento

sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade

das futuras gerações em satisfazer suas próprias necessidades”.

Três áreas-chave foram identificadas como fundamentais para o desenvolvimento sustentável:

a) Crescimento econômico e equidade, visando integrar todas as nações;

b) Preservação do meio ambiente, de forma a atender as necessidades atuais, reduzir o

consumo de matérias-primas, estancar as fontes de poluição e garantir a existência de um

habitat natural para as gerações futuras;

c) Desenvolvimento social, com respeito à diversidade cultural, religiosa, racial e aos seus

respectivos direitos.

Estes três tópicos foram resumidos no axioma: “O desenvolvimento sustentável deverá ser

economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente justo.” (SANTOS, 2010).

4.3 Arquitetura Sustentável Inovadora

A arquitetura sustentável procura se apropriar de todos os meios possíveis para evitar o

choque ambiental que pode ser provocado por uma edificação. É um projeto em constante

desenvolvimento, através de incessante inventividade e recursos tecnológicos que permitem,

assim, o aprimoramento da realidade do dia-a-dia.

Para tanto, buscam-se novas formas e um renovador aproveitamento do espaço; competente

utilização da energia e de sua preservação; emprego de construções anteriormente existentes;

pormenorização da matéria-prima usada na edificação; e a defesa dos circuitos naturais

durante a realização de obras em uma determinada localidade.

Esta modalidade de arquitetura nasceu na década de 70. Segundo seus parâmetros, uma obra

só pode modificar o ambiente que a envolve em mínima escala. Para tanto, os responsáveis

pela edificação devem usar em grande parte material de procedência natural, zelando por um

emprego lúcido dos bens indispensáveis para a iluminação e a renovação do ar. Assim, atinge-

se o objetivo de diminuir os gastos nesse campo.

É importante também verificar cuidadosamente a origem da matéria-prima, exigindo-se

certificados de proveniência de cada material; ela deve ser adquirida junto a negociantes

legítimos, que também compartilhem do desejo de reduzir os danos ao meio ambiente e a

emissão de gases poluentes.

Além de tudo, resta ainda a devida atenção ao procedimento dos profissionais que detêm a

permissão para implantar a obra em questão, e à forma como eles lidarão com os restos

produzidos pela edificação, para que o espaço ao redor não seja negativamente afetado. O

planejamento sustentável aproveita prioritariamente os bens produzidos na região, pois assim

não há altos custos com o transporte do material e reduz-se igualmente a emissão de gás

carbônico.

Há de se calcular, também, a quantidade de água que será utilizada, pois ela deve igualmente

ser racionada através de um planejamento inteligente, com o emprego de inovações

tecnológicas como a reutilização de água, emprego de água da chuva, de torneiras e chuveiros

equipados com temporizadores ou sensores. Outro elemento essencial é o aquecimento solar

da água ou a adoção da energia eólica.

O espaço deve ser adequadamente iluminado durante o dia, sem que o ambiente se torne

muito quente; desta forma há uma ampla redução dos custos energéticos. As construções que

seguem todos estes procedimentos são recompensadas com um selo, na proporção das

medidas acolhidas pelos construtores, que torna o imóvel bem mais valorizado e qualitativo.

Muito mais que levar em conta a preservação ambiental, as construções sustentáveis prezam

pela salubridade dos ambientes, sendo assim o que é sustentável é saudável, protegendo os

seus habitantes das enfermidades que o contexto externo pode trazer para dentro das

edificações.

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4.4 Pensar e viver sustentável O conceito inovador de construção sustentável baseia-se no desenvolvimento de um modelo

que enfrente e proponha soluções aos principais problemas ambientais de sua época, sem

renunciar à moderna tecnologia e à criação de edificações que atendam as necessidades de

seus usuários.

Trata-se de uma visão multidisciplinar e complexa, que integra diferentes áreas do

conhecimento a fim de reproduzir a diversidade que compõe o próprio mundo. A construção

sustentável edifica microcosmos. Em seu arcabouço teórico encontram-se conhecimentos de

arquitetura, engenharia, paisagismo, saneamento, química, elétrica, eletrônica, mas também

de antropologia, biologia, medicina, sociologia, psicologia, filosofia, história e

espiritualidade.

Por isso, para se atingir uma construção sustentável que atenda as recomendações das Normas

ISO 21930 e ISO 15392, é importante pensar e atuar de forma holística, sem dividir e

decompor em partes estanques e separadas o que se propõe para a edificação. Não se trata de

formar inúmeras equipes multidisciplinares cada qual especializada em um campo na obra

sustentável – o que a tornaria acessível apenas a proprietários e investidores de alto poder

aquisitivo-, mas sim de criar a cultura da sustentabilidade no seio da própria sociedade. Dessa

forma, muito mais do que um tema de “domínio público” do qual muito se fala, mas pouco se

faz, o conhecimento da construção sustentável poderá tornar-se um saber e um viver público,

ou seja, um processo cultural.

4.4.1 Obra Responsável

Quanto mais sustentável uma obra, mais responsável ela será por tudo o que consome, gera,

processa e descarta. Sua característica mais marcante deve ser a capacidade de planejar e

prever todos os impactos que pode provocar, antes, durante e depois do fim de sua vida útil.

“Edificação sustentável é aquela que pode manter moderadamente ou melhorar a qualidade de

vida e harmonizar-se com o clima, a tradição, a cultura e o ambiente na região, ao mesmo

tempo em que conserva a energia e os recursos, recicla materiais e reduz as substâncias

perigosas dentro da capacidade dos ecossistemas locais e globais, ao longo do ciclo de vida do

edifício. (ISO/TC 59/SC3 N 459)”.

Os Noves Passos para uma Obra Sustentável são: Planejamento Sustentável da obra;

Aproveitamento passivo dos recursos naturais; Eficiência energética; Gestão e economia da

água; Gestão dos resíduos na edificação; Qualidade do ar e do ambiente interior; Conforto

termo acústico; Uso racional de materiais; Uso de produtos e tecnologias ambientalmente

amigáveis.

5. Conclusão

Na tentativa de se instalar sobre o rio Paraíba um empreendimento do porte a que o artigo se

propõe, é provável que haja grandes embates em torno do tema. Opiniões radicalmente a

favor, pela inovação e beleza, ou radicalmente contra, pela suposta dedução de “impacto

ambiental” causado pelo empreendimento, serão esperadas e bem-vindas.

A expansão turística, fonte do crescimento socioeconômico, sem um processo de

planejamento e debate adequado, tem gerado graves impactos negativos, tanto social quanto

ambientalmente.

Este projeto é apenas um exemplo e que necessita ser aperfeiçoado e difundido no intuito de

que o impacto da construção civil ao meio ambiente possa ser minimizado ou extinto e,

consequentemente, proporcionar melhor qualidade de vida a toda a população.

O que parece mais aceitável é a ideia de complementaridade entre crescimento econômico e

preservação ambiental. Bastando, para isso, um projeto com propósito de equacionar tal

paradoxo, pois os ganhos econômicos, sociais ou ambientais decorrentes da exploração

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organizada do turismo de áreas potenciais têm compensado, em longo prazo, o grande e

laborioso esforço do planejamento inicial.

Devido à consciência ecológica contemporânea, há uma criteriosa pré-análise do impacto

ambiental. Para tanto, foram adotadas estruturas, tecnologias e materiais inovadores, na

tentativa de amenizar e/ou extinguir degradações locais, promovendo o turismo sustentável e

ecologicamente viável. A principal dificuldade será quebrar barreiras. Estas são de ordem

técnica e cultural e podem ser expressas em categorias: A barreira da inovação e capacitação

são as dificuldades em encontrar materiais e mão de obra preparadas para assumir a obra com

a preocupação do conforto ambiental e as novas técnicas propostas. E a barreira científica,

pois é necessário que mais conhecimento científico seja aplicado nas novas tecnologias e

assim poderá ampliar o conceito de sustentabilidade em construções.

Referências

ANCORAGEM. Disponíveis em: http://www.ancruzeiros.pt/ancancor.html

ANDRADE, Nelson. BRITO, Paulo Lucio de. JORGE, Wilson Edson. Hotel Planejamento e

Projeto. 2013.

BUTTON, J.. How To Be Green. Friends of the Earth, Century, London, 1995.

CALDAS, Antônio Nilton de Sousa. Análise do potencial do Ecoturismo e sua Inserção no

Desenvolvimento Econômico da Paraíba. Monografia do curso de Economia. Julho de

1997.

CAPRA, Fritjof, CALLENBACH, Ernest,GOLDMAN, Lenore, RUDIGER, Lutz,

MARBURG, Sandra. Gerenciamento Ecológico: Eco Management. São Paulo: Ed.

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Disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/

DIEB, Denise de Azevedo. Análise do processo de urbanização e das relações sócio-

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Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFPB, 2001.

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GERADOR À GÁS. Disponível em: http://www.martezo.fr/PORTO/martgb.html

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QUEIROGA, Patrícia Gigliola Correia de. Hotel Jacaré. João Pessoa, 1993.

SANTOS, João José Anselmo dos. Sustentado – Informado e conscientizado. 2010.

Anexos

VERNIER, Jacques. O Meio Ambiente. 2ª Edição. Papirus Editora, 1998.

Anexo

Figura 02 -Suíte Junior . Fonte: Website

Jungle Othon Palace Home Page.2005

Figura 03 -Suíte Master . Fonte: Website

Jungle Othon Palace Home Page.2005

Figura 04 - Suíte Luxo. Fonte: Web

Jugle Othon Palace Home Page.2005

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Figura 05 - Tapiri. Fonte Website

Jungle Othon Palace Home Page.2005

Figura 21-Coberta com estrutura

similar ao projeto. Fonte: Website Telhados.2005

Características elétricas: Voltagem 220v e Consumo 2000Wa

Figura 24 - Coletor Solar Soletrol

Max 1,60 m2

Superfície

Coletora e

Acabamento

Disposição Área

coletora

nominal

Área

coletora

real

Pressão

de

trabalho

Dimensões Eficiência

energética

média

Produção

média

mensal de

energia

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Figura 25-Funcionamento do gerador

Martezo.Fonte: Website Martezo Home page

Figura 27- Concreto aramado.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

Figura 29 - Detalhe da Tinta venenosa.

Fonte:Bryan Stevens. 2005

Alumínio Horizontal 1,60 m² 1,58 m² 40

m.c.a.

A 2070

mm

B 1990

mm

C 790 mm

D 55 mm

59,7 127,4

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Figura 32 - Forma aramada

Fonte: Bryan Stevens. 2005

Figura 33-Detalhe do arame.

Fonte: Bryan Stevens. 2005

Fig. 66. Porão. Fonte:

Figura 38-Porão. Fonte:

Bryan Stevens. 2005

Figura 67-Âncora tipo Troman.

Fonte: geocities.yahoo.com.br

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As placas podem ter diferentes espessuras, larguras, comprimento e são três tipos para

diferentes finalidades:

Figura 40-Tabela de tipos de placas de gesso.

Fonte: Website DBDegraus Home Page

Figura 41-Corte. Parede sem tratamento acústico.

Fonte: Website DBGraus Home Page

Fig. 42.Corte. Parede com tratamento acústico.

Fonte: Website DBGraus Home Page

Tipo I Tipo II Tipo III

Placa N

Placoplatre (ST-branca)

Normal (em áreas secas)

Placa PPM

Placomarine (RU-verde)

Resistente a água

Placa PPF

Placoflam (RF-rosa)

Resistente a fogo

Descrição Descrição Descrição

Esp. 10, 13, 15 e 18 mm

Larg. 0.60 e 1.20m

Comp. 2.00, 2.40, 2.80 e 3.00 m

Borda : rebaixada

Esp. 13, 15,

Larg. 1.20 m

Comp. 2.50 m

Borda : rebaixada

Esp. 15 mm

Larg. 1.20 m

Comp. 2.50 m

Borda : rebaixada

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Vista Lateral

Flutuadores revestidos em composto vinílico preenchidos

com EPS de alta densidade

Flutuantes em

concretoFlutuantes em

com EPS de alta densidade

composto vinílico preenchidos Flutuadores revestidos em

Vista Frontal

Figura 43-Módulo flutuante.

Fonte: Grazielly Silveira, 2006

Figuras Referentes ao Hotel Flutuante (Proposta a ser realizada na Praia do Jacaré)

Figura 12- Hotel Flutuante.

Fonte: Grazielly Silveira, 2006

Figura 13- Perspectivas do Hotel Flutuante.

Fonte: Grazielly Silveira, 2006

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Figura 14-Perspectiva demonstrando o partido adotado.

Fonte: Grazielly Silveira, 2006

Figura 15- Pavimento Inferior.

Fonte: Grazielly Silveira, 2006

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Figura 16 -Pavimento Térreo.

Fonte: Grazielly Silveira, 2006

Figura 17-Vista da área de lazer e hospedagem.

Fonte: Grazielly Silveira, 2006

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Figura 18-Pavimento Superior.

Fonte: Grazielly Silveira, 2005

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