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I Fórum FCE - UFRGS
Recessão Brasileira: Origens, Determinantes e Condições
de Saída
Joao Caldeira1
1Departamento de Economia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e CNPq
Porto Alegre, 30 de maio de 2017, Brasil
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 1
Roteiro da Apresentacao
• Determinantes da Crise Econômica.
• Desempenho das variáveis relevantes
• Sinais de Recuperação
• Condições para a Saída da Crise: decisão em 2018.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 2
Determinantes da Crise Economica
• Mudança de Rumo no “Modelo Econômico” (1999-2008 −→ 2009-2015):
◦ Estimulou o crescimento da economia expandindo artificialmente a demanda
pelo lado do crédito.
◦ Abusou de uma política fiscal expansionista: manteve o crescimento dos
gastos públicos como se não houvesse amanhã.
◦ Redução contínua do resultado primário (com maquiagem contábil) atingindo
um déficit elevado em 2014.
◦ Tentou controlar a inflação ao reduzir as tarifas de energia elétrica e ao
subsidiar o preço da gasolina (combate à inflação com controle de preços).
◦ Excesso de intervenção cambial.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 3
Determinantes da Crise Economica
• Retrocessos na Regulação (micro):
◦ Petróleo: reestatização do exploração com a Petrobrás como única
exploradora.
◦ Eletricidade: elevação do papel do estado na formação dos preços.
◦ Política de Campeões Nacionais via BNDES (aumento da bolsa empresário):
continuou a pratica de conceder generosos subsıdios e emprestimos a empresas com
recursos transferidos por fora do orcamento.
◦ Programas Ineficientes e custosos: FIES, PRONATEC, Ciências sem
Fronteiras.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 4
Determinantes da Crise Economica
• Regras de conteúdo nacional: ao buscar favorecer a indústria de bens de capital,
obrigou a Petrobrás a comprar equipamentos com elevado índice de conteúdo
nacional
• A “teoria” por trás destas ações era de que “a demanda gera a sua própria oferta”.
◦ Através de estímulos tributários direcionados a setores específicos seria
possível sustentar o crescimento acelerado do PIB
◦ Era isso que os empresários pediam ao governo, e foi isto que o governo lhes
proporcionou.
◦ Ignorou que nem sempre o que é bom para cada empresário individualmente
é bom para o País como um todo.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 5
Atividade Economica
• Variacao do PIB do Brasil (Trimestral, com ajuste sazonal) 2007-2016.
• PIB de 2016 foi de R$ 6,267 trilhoes. PIB per capta de R$ 30.407,00 por ano ou R$ 2.281,10 por
mes (13,33 meses no ano).
• Voltamos aos nıveis de PIB proximos a 2010. Naquele ano, o PIB per capta a precos de hoje era de
R$ 31.979,00.
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Inflacao - IPCA & IPCA-15
• A inflacao permanece bem comportada, apesar da maior pressao de alimentos e energia eletrica no
curto prazo.
• Apesar da deterioracao da taxa de cambio recente, a contaminacao devera ser contida.
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Taxa de Juros - SELIC Meta
• Taxa de Juros SELIC - Meta.
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Taxa de juros real ex-ante × ex-post
• Taxa de juros real ex-ante (DI - 1 ano menos expectativas de inflação).
• Taxa de juros real ex-post (taxa Selic menos inflação).
• A política monetária permanece apertada e a economia permanece enfraquecida.
• Independentemente de como se analisa, as taxas de juros reais (ex-ante ou
ex-post) continuam elevadas.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 9
Resultado Primario do Setor Publico
• A redução/eliminação do superávit primário, somada aos aportes do Tesouro ao
BNDES (R$ 0,5 trilhão), fez com que a dívida pública crescesse
exponencialmente.
• Dívida Bruta passou de 52% para 71.7% do PIB em três anos. Pode chegar a 90%
do PIB em 2020, com grande probabilidade de chegar acima de 100%.
• Temos de reverter essa trajetória explosiva antes do default: Calote ou Inflação.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 10
A Construcao de um Desastre (ACP)
• As sementes da crise fiscal já estavam plantadas bem antes do início da atual
crise.
• Há anos que os gastos primários do governo central vêm crescendo
continuamente em relação ao PIB.
• Por algum tempo, somente foi possível cumprir as metas de superávit primário
devido ao crescimento endógeno das receitas: formalizacao do mercado de trabalho e da
“bonanca externa”, que permitiu a arrecadacao de impostos sobre as importacoes.
• Com a perda dessas fontes de receita restou ao governo conter os gastos e
aumentar ainda mais a carga tributária.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 11
Polıtica Fiscal – Cenario Ainda Desafiador
Resultado Primário Abr/17 Acum. no ano Acum. 12 meses Acum. 12 meses (% PIB)
Setor público consolidado 12.90 15.10 −145.10 −2.29%
Governo Central 11.50 −2.70 −156.4 −2.47%
Governo Federal 23.70 49.50 8.80 0.14%
Banco Central −0.20 −0.20 −1.00 −0.02%
INSS −12.00 −52.00 −164.20 −2.59%
Estados, municípios e empresas estatais 1.50 −17.80 −11.30 0.18%
Resultado Nominal Abr/17 Acum. no ano Acum. 12 meses Acum. 12 meses (% PIB)
Setor público consolidado −15.40 −123.70 −582.20 −9.18%
Governo Central −11.80 −115.60 −513.00 −8.09%
Governo Federal −16.30 −126, 00 −514.600 −8.11%
Banco Central 4.40 10.30 1.50 0.02%
Estados, municípios e empresas estatais −3.60 −8.10 −69.20 −1.09%
• Em 2010 o resultado primario do setor publico foi 2.62% do PIB (R$101.7 bi) e a dıvida bruta era
de 51.8% do PIB. Em abril de 2017 o deficit primario acumulado em 12 meses era de −2.29% do
PIB (−R$145.1 bi) e a dıvida bruta correspondia a 71.7% do PIB (maior valor da historia).
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Problema Estrutural × Problema Conjuntural
• Problema estrutural: As regas constitucionais de vinculação de gastos à receitas
geram uma expansão “natural” do gasto público acima do PIB.
• Problema conjuntural: Nos últimos anos isso foi agravado por uma forte
expansão dos gastos públicos.
• Entre 1997 e 2015, a despesa primária anual do Governo Central triplicou em
termos reais (média de 6.2% ao ano acima da inflação).
• A carga tributária subiu fortemente, chegando a 32.71% em 2015, valor muito
acima da média de países emergentes (média dos países da América Latina que
é, segundo a OCDE, de 21.7% do PIB (2004)).
• Em má situação financeira, o governo acaba tendo que pagar juros mais altos,
pois o seu risco de default aumenta.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 13
Sinais de Recuperacao
• Os indicadores de crédito de abril registraram aumento do ritmo de concessões e
índices de inadimplência mais favoráveis.
• Os dados do setor externo seguem robustos e reforçam a capacidade da
economia para lidar com choques.
• Com relação às contas públicas, após dois meses de déficit, as contas públicas
voltaram a registrar superávit.
• Do lado internacional, o crescimento de economias desenvolvidas tem surpreendido positivamente:
Nos EUA a revisao do PIB do primeiro trimestre indicou maior crescimento da economia. Na
Europa, os indicadores de confianca mantem a percepcao de forte crescimento da economia.
• Nessa semana, na agenda interna, teremos dois principais destaques: A reunião
do Copom que ocorre na quarta-feira e o PIB do primeiro trimestre.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 14
Sinais de Recuperacao
• Produção de Grãos do Brasil de 2004 a 2017 (em milhões de toneladas).
• Novo recorde na safra de grãos em 2017 = +24.3%.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 15
Sinais de Recuperacao
• Variação do IBC-Br (em %) – Com Ajuste Sazonal.
• Primeiro Trimestre de 2017: início tênue da retomada.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 16
Sinais de Recuperacao
• Evolução do Emprego CAGED - Brasil – Mensal e Acumulado em 12 meses
(c/ajuste) – jan/2014 a abr/2017.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 17
Condicoes para a Saıda da Crise: Sobrevivendo
• A melhoria substancial dos fundamentos no último ano:
◦ A política econômica está em trajetória consistente e sustentável;
◦ Inflação contida: riscos de inflação minimizados;
◦ Vulnerabilidade externa reduzida: Contas externas robustas e elevado nível
de reservas internacionais;
◦ A política monetária tem amplo espaço para injetar estímulos na economia;
• Deixaram a economia brasileira muito mais resiliente, com capacidade para
enfrentar tempestades de curto prazo, sem se desviar da trajetória mais favorável
para períodos mais longos.
• A principal incerteza reside no campo das reformas – a falta de avanços pode ter
impacto nas taxas de juros de longo prazo, mas é improvável que limite
significativamente os cortes das taxas no curto prazo.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 18
Condicoes para a Saıda da Crise: Sobrevivendo
• A inflação em queda. Logo, juros também em queda.
• Inflação baixa (preserva a renda real) e juros em queda (anima o crédito) são
positivos para as vendas no varejo e para a indústria: começa a recuperação.
• A mais importante política social é a recuperação da economia e do emprego.
Adicione- se a queda da inflação que advirá do ajuste fiscal.
• A agropecuária deve ter um bom resultado (BR): safra recorde (232 milhões de
toneladas, crescimento de 24.3% em relação a 2016 e de 11.7% em relação a
2015). Bom para o crescimento e para a inflação.
• Crescimento econômico (PIB) positivo, mas pequeno.
• Cenário externo muito volátil: elevação de juros e possível volta do protecionismo.
• Crise política atual (possibilidade de 5 presidentes em 3 anos) atrapalha a
recuperação: gera instabilidade nas decisões de consumo e, principalmente, de
investimento.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 19
Crescimento e Flutuacao: Longo Prazo e Curto Prazo
• A política econômica deve ter dois objetivos:
◦ Usa as políticas monetária e fiscal para reduzir a flutuação (amplitude dos
ciclos econômicos) e controlar a inflação.
◦ Implementar reformas micro para elevar a produtividade e melhorar o
ambiente institucional (fim do capitalismo de compadres) para aumentar a
taxa média de crescimento da economia.
• Redução da volatilidade do PIB: Gerenciamento da Demanda.
• Aumento do PIB Potencial: Medidas pelo lado da oferta
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 20
Crescimento e Flutuacao: Longo Prazo e Curto Prazo
• Taxas (em %) de Crescimento do PIB Brasileiro (a Preços de Mercado)
Acumuladas em Quatro Trimestres:
• Elevar o PIB potencial que vinha se elevando entre 1999-2008, mas esse
processo foi interrompido pela Nova Matriz Econômica.
I Forum FCE - UFRGSRecessao Brasileira: Origens, Determinantes e Condicoes de Saıda – p. 21
Perspectivas Para o Futuro
• Saída da crise passa por mudar o “modelo econômico”. Isso é, enterrar de vez a
chama da Nova Matriz Econômica.
• Precisamos de reformas que equilibrem as contas públicas (estabilização da
relação dívida/PIB), elevem a produtividade da economia e melhorem o ambiente
institucional (fim do capitalismo de compadres).
• Existem duas questões relevantes:
◦ A primeira é se o atual perfil de formulação das políticas econômicas será
mantido.
◦ A segunda questão é se as reformas irão avançar.
• Quem vai fazer isso?
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