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I - INTRODUÇÃO A lactação representa uma das fases de maior demanda energética do ciclo da vida em fêmeas de mamíferos. 1 Numerosas adaptações fisiológicas, metabólicas e comportamentais ocorrem no organismo materno nesta fase, para garantir o crescimento, desenvolvimento e nutrição do neonato, bem como a recuperação da mãe no pós-parto. 2 O aumento das necessidades de energia é suprido primariamente pelo consumo alimentar. 3 Adicionalmente, ocorrem adaptações que melhoram a eficiência metabólica favorecendo a utilização de nutrientes pela glândula mamária. 3 Em roedores, ocorre diminuição da termogênese no tecido adiposo marrom para preservar combustíveis metabólicos, 4 redução na lipogênese no tecido adiposo branco, hipotireoidismo e hipoinsulinemia. 5,6 Apesar desse esforço, em estudos realizados em roedores os animais apresentam balanço energético negativo, com mobilização de cerca de 1g de tecido adiposo por dia para suprir as suas necessidades nutricionais. 7 As alterações metabólicas desencadeadas no organismo materno durante a lactação podem ser compreendidas a partir do estudo dos substratos requeridos pela glândula mamária para a produção de leite. Em condições de suprimento dietético normal, todo o aporte de lactose e caseína e, aproximadamente 50% dos lipídios, são sintetizados dentro da própria glândula. Assim, no pico da lactação, a captação de glicose pela glândula mamária passa a ser ao redor de 5,4g/24h, sendo uma parte usada para a síntese de lactose e o restante para a lipogênese, 8 ocorrendo um aumento acentuado na taxa de síntese de lipídios nesse tecido. 9 Os requerimentos necessários para completar a demanda de lipídios para o leite são obtidos a partir dos graxos livres (AGL) e dos triglicerídeos (TG) captados do sangue. 10 E os requerimentos de glicose são obtidos a partir de mudanças no metabolismo de outros tecidos 7 .

I - INTRODUÇÃO · de glicose pela glândula nesse período, o que favorece a maior disponibilidade dos nutrientes armazenados para a síntese de leite. 27,28 O glucagon

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I - INTRODUÇÃO

A lactação representa uma das fases de maior demanda energética do ciclo da vida

em fêmeas de mamíferos.1 Numerosas adaptações fisiológicas, metabólicas e

comportamentais ocorrem no organismo materno nesta fase, para garantir o crescimento,

desenvolvimento e nutrição do neonato, bem como a recuperação da mãe no pós-parto.2 O

aumento das necessidades de energia é suprido primariamente pelo consumo alimentar.3

Adicionalmente, ocorrem adaptações que melhoram a eficiência metabólica

favorecendo a utilização de nutrientes pela glândula mamária.3 Em roedores, ocorre

diminuição da termogênese no tecido adiposo marrom para preservar combustíveis

metabólicos,4 redução na lipogênese no tecido adiposo branco, hipotireoidismo e

hipoinsulinemia.5,6 Apesar desse esforço, em estudos realizados em roedores os animais

apresentam balanço energético negativo, com mobilização de cerca de 1g de tecido

adiposo por dia para suprir as suas necessidades nutricionais.7

As alterações metabólicas desencadeadas no organismo materno durante a lactação

podem ser compreendidas a partir do estudo dos substratos requeridos pela glândula

mamária para a produção de leite. Em condições de suprimento dietético normal, todo o

aporte de lactose e caseína e, aproximadamente 50% dos lipídios, são sintetizados dentro

da própria glândula. Assim, no pico da lactação, a captação de glicose pela glândula

mamária passa a ser ao redor de 5,4g/24h, sendo uma parte usada para a síntese de lactose

e o restante para a lipogênese,8 ocorrendo um aumento acentuado na taxa de síntese de

lipídios nesse tecido.9 Os requerimentos necessários para completar a demanda de lipídios

para o leite são obtidos a partir dos graxos livres (AGL) e dos triglicerídeos (TG) captados

do sangue.10 E os requerimentos de glicose são obtidos a partir de mudanças no

metabolismo de outros tecidos7.

2

O tecido adiposo tem um papel fundamental no suprimento de energia durante a

lactação. No inicio desta fase, a síntese de lipídios fica reduzida nesse tecido, sendo muito

aumentada na glândula mamária.11 Assim, a taxa de lipogênese in vivo e in vitro e a

atividade de algumas enzimas chave nesse processo são deprimidas, com similar

diminuição na atividade da enzima lípase lipoprotéica (LPL) ao final da prenhez,

permanecendo reduzida durante toda a lactação.12,13,14,15,16,17 A lipólise, ao contrario,

encontra-se aumentada no tecido adiposo e como resultado, maior quantidade de ácidos

graxos livres e glicerol são liberados para a corrente sangüínea.7,18 Em ratos e

camundongos foi observada a utilização de, aproximadamente, 60-70% das reservas do

tecido adiposo durante a lactação.6

O papel do fígado no metabolismo lipídico é mais complexo do que o do tecido

adiposo ou da glândula mamária,19,20 sendo o maior regulador do fluxo de metabólitos do

corpo. A dieta é a principal fonte de substratos metabólicos para o fígado, sendo que tanto

carboidratos, proteínas e lipídios, podem fornecer substratos para a síntese de ácidos

graxos nesse tecido.21 Essas substâncias provêm do intestino via veia porta, da circulação

geral pela artéria hepática e pelo sistema linfático, sendo captados pelos hepatócitos em

quantidade muito maior que a necessária para atender as suas necessidades, podendo isso

explicar a ocorrência de esteatose, principalmente pela captação excessiva de lipídios.21

Os lipídios alcançam o fígado sob a forma de ácidos graxos livres e partículas de

lipoproteínas. No hepatócito os AGL podem ser convertidos em TG ou oxidados. A β-

oxidação mitocondrial irá resultar tanto em energia para a célula como também na

produção de corpos cetônicos (acetoacetato e β-hidroxibutirato), os quais são liberados na

circulação. Os AGL convertidos em TG podem ser utilizados na produção de lipoproteínas

de muito baixa densidade (VLDL) que são exportadas para o sangue, sendo o excesso de

TG armazenado no fígado.17,19,21

3

Na lactação, o metabolismo hepático sofre profundas alterações.17,20 Vários

mecanismos intracelulares promovem a oxidação de ácidos graxos durante esse período, o

que é mediado pela redução na insulinemia, associada à elevação do glucagon e de AGL.22

Apesar da reduzida razão sérica insulina/glucagon e de outros mecanismos que promovem

a oxidação de ácidos graxos, a esterificação desses ácidos é também aumentada nessa fase,

devido ao aumento da captação de AGL associada à elevação de algumas enzimas de

esterificação.23

Em contraste, a secreção de VLDL não se modifica, podendo mesmo diminuir,

possivelmente devido à redução na produção de apoproteína B.20 A apoproteína B100

(Apo B100) é a maior proteína componente das lipoproteínas plasmáticas e é requerida

para a síntese e secreção das lipoproteínas ricas em TG circulantes, como as VLDL.24,25

Em conseqüência, freqüentemente a produção excede a secreção de VLDL e, assim, ocorre

um aumento no conteúdo de lipídios nas células hepáticas. Parece curioso que o fígado não

aumenta a liberação de VLDL, porém por ação da LPL, libera ácidos graxos de seus TG,

direcionando-os para serem utilizados pela glândula mamária.18,21

No início da lactação é comum ocorrer tanto aumento na massa como também

acúmulo de TG no fígado.8,18 Porém, o propósito fisiológico desse processo ainda não está

totalmente compreendido, podendo ser devido a um defeito no sistema de captação de

ácidos graxos livres pelo fígado, que é determinado mais pelo suprimento do que pela

necessidade, conforme descrito anteriormente, refletindo o papel desse órgão na regulação

da composição de nutrientes do sangue.26

As mudanças comportamentais e metabólicas que acompanham a lactação estão

associadas com alterações hormonais. A insulina é o mais importante fator hormonal na

regulação do metabolismo na glândula mamária.8 Entretanto, as suas concentrações

apresentam-se reduzidas durante a lactação, possivelmente refletindo a elevada utilização

4

de glicose pela glândula nesse período, o que favorece a maior disponibilidade dos

nutrientes armazenados para a síntese de leite.27,28

O glucagon é um potencial modulador do metabolismo no tecido adiposo e a razão

insulina/glucagon pode ser determinada pelo balanço entre a lipólise e a lipogênese nesse

tecido. Durante a lactação essa razão passa a ser reduzida na circulação em,

aproximadamente 50%, e isso favorece a maior liberação de substratos para serem

destinados principalmente para a glândula mamária.29

A prolactina é um hormônio que tem função tanto no crescimento celular, como na

diferenciação, secreção e na involução da glândula mamária. Ela age como um sensor

fisiológico durante a lactação, respondendo às demandas para a produção de leite e

direcionando os nutrientes do tecido adiposo para a glândula.30 Esse hormônio interfere na

síntese dos principais constituintes do leite: aumento da síntese de proteínas; de lactose,

por aumento da captação de glicose; e de lipídeos, por aumento coordenado das enzimas

chave nesse processo.31 O efeito estimulatório da prolactina sobre o consumo alimentar

pode contribuir para o aumento na ingestão tanto no período da gestação, como na

lactação.1

Contudo, a avaliação das ações metabólicas desse hormônio é dificultada por

algumas limitações, como: 1- o processo de iniciação e manutenção da lactação é

complexo e exige a ação de vários hormônios; 2- o lactogênio placentário, a prolactina e o

hormônio do crescimento têm funções similares ou sobrepostas; 3- a maior parte dos

efeitos conhecidos da prolactina é obtida mediante estudos de supressão in vivo desse

hormônio por bromocriptina ou através da remoção das crias.32

As concentrações de leptina em ratas encontram-se deprimidas durante a lactação,

sendo este um fator que contribui para a hiperfagia observada nessa fase.33 Este hormônio

encontra-se envolvido na redução da lipogênese34,35 e esse efeito é obtido através da

5

inibição de genes relacionados com a síntese de ácidos graxos e de TG,35 sendo mediado

por proteínas ligadoras dos elementos regulados por esteróis (SREBP1).36,37

Durante a lactação, a ingestão inadequada de proteínas em quantidade ou qualidade

tem sido associada com a redução na ingestão alimentar e a diminuição da performance

lactacional em ratas.38,39,40,41 A concentração de gordura na carcaça parece não se

modificar em função do teor de proteínas na dieta, mas a massa corpórea magra é

catabolizada na restrição protéica associada à lactação.38,42 Adicionalmente, ocorre redução

na taxa de metabolismo basal43, na termogênese no tecido adiposo marrom4 e na

lipogênese no tecido adiposo branco,44,6 visando atender a alta demanda energética para a

produção de leite.

Poucos relatos na literatura avaliaram os efeitos da restrição protéica materna sobre

a concentração de lipídios em tecidos específicos durante a lactação, e os estudos

avaliados, foram desenvolvidos na fase inicial, que corresponde ao período entre o 1º ao

14º dia, considerada como o pico da lactação.45,46,47

Em nosso laboratório, Ferreira et al. (2007)48 demonstraram que ratas lactantes

submetidas à restrição protéica exibiram, no 14º dia da lactação, aumento na massa do

tecido adiposo gonadal e maior deposição de gordura na carcaça, comparadas a ratas

controles. Porém, nesse estudo não foram avaliados parâmetros relacionados à deposição

de lipídios no fígado.

Um estudo recente em ratas, descrito por Erhuma et al. (2007),49 abordando a

restrição protéica materna durante a prenhez, observou na prole adulta (180 dias), elevação

da trigliceridemia, resistência à insulina e evidência histológica de esteatose hepática.

Assim, considerou-se de fundamental relevância avaliar alguns aspectos

metabólicos, na fase tardia da lactação, em ratas submetidas à restrição protéica.

6

II – OBJETIVOS

2.1 – Geral

Ø Avaliar alguns aspectos metabólicos na lactação tardia em ratas submetidas à

restrição protéica.

2.2 - Específicos

Ø Monitorar o consumo alimentar e a massa corporal durante o período experimental;

Ø Verificar a glicemia, a proteinemia e as concentrações hormonais de insulina,

leptina, glucagon e prolactina, no 18º dia de lactação;

Ø Avaliar no fígado: a massa, o conteúdo de glicogênio, lipídios e a atividade das

enzimas: glicose-6-fosfato desidrogenase, málica e ATP- citrato liase;

Ø Verificar a relação lipídio/glicogênio e a correlação entre a prolactina sérica e as

enzimas glicose-6-fosfato desidrogenase e enzima málica no fígado;

Ø Verificar a massa e o conteúdo de lipídios no tecido adiposo branco gonadal, na

glândula mamária e na carcaça;

Ø Verificar o efeito da restrição protéica sobre a performance lactacional materna e o

desenvolvimento da massa corporal das crias.

7

III - MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido no Laboratório de Avaliação Biológica de Alimentos

(LABA), do Departamento de Alimentos e Nutrição (DAN) da Faculdade de

Nutrição/FANUT/UFMT, Cuiabá–MT, Brasil.

3.1 Animais e dietas

Todos os procedimentos experimentais foram realizados de acordo com as

recomendações do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA),50 adotado

pela UFMT.

Foram utilizadas ratas fêmeas da linhagem Wistar - Rattus Norvergicus, variedade

Albinus, ordem Rodentia Mammalia, família Muridae, com aproximadamente 90 dias,

fornecidas pelo Biotério Central da UFMT. O acasalamento foi realizado abrigando 4

fêmeas e 1 macho, em gaiolas coletivas de polipropileno durante a noite e a prenhez foi

confirmada por esfregaço vaginal e constatação da presença de espermatozóides. As ratas

foram separadas aleatoriamente nos seguintes grupos: ratas controles não-prenhes e

prenhes, tratadas com dieta controle (17% de proteína) e ratas submetidas à restrição

protéica não-prenhes e prenhes, tratadas com dieta hipoprotéica (6% de proteína), durante

o período correspondente à prenhez. Os dois tipos de dieta eram isocalóricas (15,74 kJ/g),

recomendadas para roedores em fases de crescimento, gravidez e lactação, segundo as

recomendações do American Institute of Nutrition (AIN 93-G)51 (Tabela 1).

O nascimento dos filhotes ocorreu no 22º dia de prenhez (considerado como

primeiro dia de lactação) e, no terceiro dia, as crias foram reduzidas a oito filhotes por

grupo, assegurando assim, um número padrão de crias para cada mãe.

8

De acordo com o estado fisiológico e o tipo de dieta oferecida, os grupos de ratas

passaram a ser assim designados:

Ø Controle não-lactante (CNL): ratas não-lactantes tratadas com dieta controle;

Ø Controle lactante (CL): ratas lactantes tratadas com dieta controle;

Ø Hipoproteica não-lactante (HPNL): ratas não-lactantes tratadas com dieta hipoprotéica;

Ø Hipoproteica lactante (HPL): ratas lactantes tratadas com dieta hipoprotéica.

As ratas foram mantidas em gaiolas individuais (uma fêmea e suas crias ou uma

fêmea), sob temperatura constante (24±1º C) e ciclo claro/escuro de 12 em 12 horas, tendo

livre acesso à água e à dieta, até o décimo oitavo dia (18°) de lactação.

Todas as dietas foram elaboradas na forma de pó, sendo os ingredientes secos

pesados em balança marca Marte (modelo A500), peneirados (malha 20) e

homogeneizados. Preparou-se quantidade suficiente de dieta para atender toda a fase

experimental, sendo acondicionadas em porções, em recipientes de vidro com tampa e

armazenadas a 5° C, para serem oferecidas aos animais gradualmente.

9

Tabela 1. Composição das dietas normoprotéica e hipoprotéica, utilizadas durante 18 dias

de tratamento de ratas não-lactantes e lactantes dos grupos controle (CNL, CL) e

hipoprotéico (HPNL e HPL).

Ingredientes Dieta Controle

(17% proteína)

Dieta Hipoprotéica

(6% proteína)

g /Kg

Caseína (84% proteína) 202,0 71,5

Amido de milho1 397,0 480,0

Amido de milho dextrinizado1 130,5 159,0

Sacarose 100,0 121,0

Óleo de soja 70,0 70,0

Fibra 50,0 50,0

Mistura de minerais (AIN-93G)* 35,0 35,0

Mistura de vitaminas (AIN-93G)* 10,0 10,0

L-cistina 3,0 1,0

Bitartarato de colina 2,5 2,5

*Para composição detalhada, em Reeves et al (1993) 1Fornecidos por Corn Products of Brazil

3.2 Procedimentos Experimentais

3.2.1 Determinação do consumo alimentar, evolução da massa corporal e ingestão

protéica

O consumo de dietas e a evolução da massa corporal das mães e das crias foram

registrados três vezes por semana, durante os 18 dias de lactação. A ingestão alimentar

absoluta foi calculada pela diferença entre a quantidade de ração oferecida e a dieta

10

rejeitada após 48h, sendo as sobras peneiradas antes da sua pesagem. Para calcular o

consumo relativo, considerou-se o consumo absoluto relacionado ao peso final de cada

rata, em percentual. A avaliação da massa corporal das mães foi realizada sempre pela

manhã e efetuada em balança semi-analítica, previamente tarada e com precisão de 0,01 g,

sendo determinada a massa corporal e o consumo alimentar total (g) e proporcional à

massa corporal (g/100g). Nas crias avaliou-se a massa corporal inicial e final (g) e a

evolução da massa corporal durante o período experimental (18 dias). Para o cálculo da

proteína ingerida, em valores absolutos (g) e relativos (g/100g), calculou-se o percentual de

proteínas do total de dieta consumido por cada animal.

3.2.2 Produção de leite

Foi adaptada da técnica inicialmente descrita por Russel52 e modificada por Tavares

do Carmo,53 estimando-se a produção de leite entre o 11º e o 12º dias de lactação. Separou-

se as crias em quatro grupos:

Ø Crias amamentadas controle (CCA);

Ø Crias amamentadas restritas em proteína (CHPA), que foram mantidas em

amamentação regular;

Ø Crias controle jejum (CCJ);

Ø Crias de mães submetidas à restrição protéica (CHPJ), submetidas a jejum de 12 horas

(das 18h do 11º dia às 06h do 12° dia de lactação).

O cálculo da produção de leite foi realizado com base na seguinte fórmula:

L= Pa2 - Pa1 x (1-k), onde:

L= produção de leite (g/dia);

Pa1= peso das proles amamentadas no início do período de 12h;

Pa2= peso das proles amamentadas no final do período de 12h;

11

K= perda relativa de peso das proles jejuadas (média).

K= (Pj1-Pj2)/Pj1; sendo:

Pj1= peso inicial do período de 12h;

Pj2= peso final do período de 12h.

O fator K foi calculado para cada prole jejuada.

3.2.3 Coleta de amostras de sangue e de tecidos

Todos os procedimentos tiveram inicio às 7:00h e se estenderam por toda a manhã.

As coletas de sangue para as determinações bioquímicas e hormonais, bem como a coleta

de tecidos e carcaças para as análises foram realizadas com os animais no estado

alimentado, no 18° dia de lactação. Através de uma pequena incisão na extremidade

inferior da cauda dos animais, foram retiradas amostras de sangue para a determinação de

glicemia. Após o sacrifício das ratas, coletaram-se novas amostras de sangue. O soro foi

separado em alíquotas e armazenado a -80º C para posteriores determinações bioquímicas

(albumina e proteínas totais) e hormonais (insulina, glucagon, prolactina e leptina).

Após laparotomia mediana foram retirados o tecido adiposo branco gonadal

(GON), a glândula mamária (GMA) e o fígado (FIG). Esses tecidos e a carcaça (CARC)

foram pesados imediatamente para a obtenção do peso fresco em valor absoluto (g) e

relativo (g/100g de massa corporal), sendo armazenados em freezer à -80° C para análises

posteriores.

12

3.3 Determinações Bioquímicas e Hormonais

3.3.1 Determinações Bioquímicas

3.3.1.1 Glicose

Foi determinada utilizando monitor com tiras de teste para determinação da

glicemia (glicosímetro) por fotômetro de refletância da marca Accu-Chek®, Laboratório

Roche Diagnósticos, Alemanha. Os resultados foram expressos em mg/dL.

3.3.1.2 Proteínas Totais

A determinação de proteínas séricas totais foi realizada e seguindo o método do

reativo de biureto modificado.54 O ensaio baseia–se na reação de íons cobre com as

ligações peptídicas das proteínas séricas. A concentração de proteínas totais foi avaliada

em espectofotômetro, em comprimento de onda de 545 nm e os resultados foram expressos

em g/dL.

3.3.1.3 Albumina

A concentração de albumina sérica foi determinada pelo método colorimétrico do

verde de bromocresol55 tamponado em pH 3,8, empregando Kit comercialmente disponível

(Labtest). A concentração de albumina foi medida em espectrofotômetro com

comprimento de onda de 630 nm, sendo os resultados expressos em g/dL.

3.3.2 Determinações Hormonais

As concentrações séricas dos hormônios foram determinadas por ELISA, utilizando

kits comercialmente disponíveis: Insulina (Rat Insulin Elisa Kit – Linco Research - USA),

sendo os resultados expressos em pg/mL; Prolactina (Rat Prolactin EIA – ALPCO

13

Diagnostics - USA) e os resultados foram expressos em ng/mL; Leptina (Antigenix

América’s Leptin Elisa Consctruction Kit, Inc. USA), e os resultados foram expressos em

pg/mL; Glucagon (Rat Glucagon Elisa Kit Wako – USA), com os resultados foram

expressos em pg/mL.

3.4 Determinação de glicogênio hepático

O conteúdo de glicogênio no fígado (FIG) foi determinado segundo o método

descrito por Sjögren et al. (1938).56 Foram colocados 0,5g do respectivo tecido em tubos

de centrífuga graduados, contendo 2,0mL de KOH a 30%. Os tubos foram então

transferidos para um banho-maria à temperatura de 100º C durante 1 hora para a fase de

digestão e adicionadas cinco gotas de Na2SO4 e álcool etanólico PA, de tal maneira que a

solução apresentasse uma concentração suficiente para a extração do glicogênio. A

dosagem foi então realizada mediante a adição do reagente de fenol. Tomando-se como

referência uma curva padrão de glicose determinou-se o teor de glicose obtido nas

amostras. Calculou-se, posteriormente, a concentração de glicogênio e os valores foram

expressos em mg de glicogênio/100mg de peso fresco de tecido hepático.

3.5 Determinação do conteúdo de lipídios nos tecidos e na carcaça

A extração de lipídios do tecido adiposo branco gonadal (GON), glândula mamária

(GMA) e fígado (FIG), foi realizada pelo método descrito por Folch et al. (1957).57 Os

tecidos foram colocados em clorofórmio:metanol (2:1), homogeneizados e o volume

completado para 10mL de solução. As amostras eram deixadas “overnight” para a extração

dos lipídios, sendo posteriormente filtradas. A uma alíquota de 8mL do filtrado eram

adicionados 1,6mL de salina. Após separação da fase clorofórmica e aquosa, o material era

centrifugado a 2500rpm durante 5 minutos. Uma alíquota da fase clorofórmica e aquosa,

14

do material foi transferida para tubos previamente pesados e evaporada à temperatura

ambiente. A quantidade de gordura em gramas foi obtida pela diferença entre a pesagem

do tubo após evaporação e a pesagem inicial (tubo vazio). Os valores foram expressos em

mg de lipídio/100mg de peso fresco dos tecidos.

O conteúdo de lipídios na carcaça foi determinado por método gravimétrico,

conforme descrito por Oller do Nascimento e Williamson (1986).58 As carcaças após serem

evisceradas, foram pesadas e submetidas a calor úmido sob pressão por aproximadamente

40 minutos em água (1:2). A seguir, liquidificou-se e alíquotas de 3,0 g do homogeneizado

foram submetidas a banho-maria à 70º C por 2 horas na presença de KOH a 30 % e etanol

absoluto. Após acidificação com H2SO4 6M, os ácidos graxos totais foram extraídos

mediante três lavagens sucessivas com éter de petróleo. Em cada lavagem, as amostras

foram agitadas por 10 minutos e centrifugadas a 1500rpm. O volume total da extração foi

evaporado em capela à temperatura ambiente e o teor de gordura foi determinado

gravimetricamente. O ensaio foi realizado em triplicata e os resultados obtidos foram

expressos em gramas de lipídios por 100g de carcaça.

3.6 Determinação da atividade de enzimas no fígado

Um fragmento de fígado foi extraído, imediatamente armazenado em nitrogênio

líquido e mantido em freezer a -80° C até sua utilização. Todos os procedimentos após a

retirada do tecido foram realizadas em gelo e para o ensaio das enzimas glicose-6-P-

desidrogenase (G6PDH), enzima málica (EM) e ATP-citrato liase (ATP-cit) foram

utilizados os mesmos homogeneizados. Cada 0,5g de FIG foi homogeneizado em 5 ml de

tampão Tris 10mM, pH 7,4; contendo sacarose 0,32M, EDTA 2mM e 2-β-mercaptoetanol

5mM e centrifugado por 10 minutos a 11000rpm. A camada superior foi descartada e a

fração sobrenadante centrifugada a 11000rpm à temperatura de 4° C por duas horas, para

15

obtenção da fração citosólica. As atividades das enzimas avaliadas foram expressas em

nmol. mg de proteína-1.min-1. O conteúdo protéico do homogenado foi determinado pelo

método de Lowry et al. (1951).59

3.6.1 Glicose- 6-P desidrogenase (G6PDH)

A atividade da glicose-6-P desidrogenase foi medida em espectrofotômetro a 340

nm, de acordo com o método de Lee (1982),60 que se baseia na redução de NADP. A

mistura de reação continha Tris 0,1 M, pH 8,0, NADP+ 1mM e D-glicose-6-fosfato 1mM,

à qual se adicionava a proteína citosólica. A reação foi iniciada pela adição de glicose-6-

fosfato sendo omitida no branco.

3.6.2 Enzima málica (EM)

A atividade da enzima málica foi avaliada medindo-se a formação de NADPH a

partir de L-malato e NADP+. O método utilizado foi descrito por Ochoa (1955),61 e

modificado por Hsu e Lardy (1969).62 A formação do NADPH foi monitorada em

espectrofotômetro a 340nm, e o ritmo de sua formação, foi proporcional à concentração da

enzima. O sistema de ensaio continha tampão trietanolamina 67mM, L-malato 5mM,

MnCl2. 4 H2O 4mM, NADP+ 0,2mM. A reação foi iniciada com L-malato, sendo omitida

no branco.

3.6.3 ATP-citrato liase (ATP-cit)

O ensaio da ATP-citrato liase foi realizado de acordo com o método descrito por

Srere (1959),63 acompanhando a oxidação do NADH, em espectrofotômetro a 340nm por 3

minutos. A mistura da reação continha tampão trietanolamina 50mM pH 7,7, ATP-Mg 7

mM, citrato de potássio 10mM, NADH 0,1mM, 2-β-mercaptoetanol 10mM, coenzima A

16

0,24mM, NADH-malato desidrogenase 1U/ml. A reação foi iniciada pela adição de citrato

de potássio e o NADH sendo omitido no branco.

3.7 Análise Estatística

Os resultados foram apresentados em média e erro padrão da média (EPM) com o

número de animais indicados entre parênteses. Os dados foram submetidos à análise de

variância (ANOVA) a duas vias e precedidas pelo teste de Bartlett para verificar a

homogeneidade das variâncias. Os resultados com variâncias heterogêneas e sem

distribuição normal foram inicialmente transformados (logarítmica - Log ou Ln da

variável). Quando necessário essas análises foram complementadas por testes de

comparações múltiplas de médias (Tukey HSD para grupos com n iguais e diferentes).

Quanto comparados apenas dois grupos, os valores obtidos foram avaliados pelo test-t de

Student para amostras independentes, após as variâncias homogêneas e distribuição

normal. O coeficiente de correlação foi usado para verificar a relação entre a concentração

de prolactina sérica e a atividade das enzimas G6PDH e EM, pelo método de regressão

linear simples. Em todas as análises estabeleceu-se um nível de significância para rejeição

da hipótese de nulidade de 5%. Para análise dos resultados utilizou-se o programa Statistic

for Windows, versão 4.3 (StatSoft, Tulsa, OK, USA).

17

IV – RESULTADOS

O consumo alimentar absoluto e relativo e a ingestão protéica total e relativa foram

modificados em função do estado nutricional e do fisiológico, com interação entre esses

fatores (Tabela 2). O consumo alimentar absoluto nos grupos HPL, HPNL e CNL foi

similar e significativamente menor comparado ao grupo CL. Entretanto, em proporção à

massa corporal, o consumo alimentar nos grupos lactantes foi mais elevado, sendo que no

grupo HPL foi menor em comparação ao CL (p<0,0002).

A ingestão protéica absoluta e relativa foi reduzida nos grupos HPL e HPNL

quando comparados aos grupos controles.

A massa corporal inicial foi maior nos grupos lactantes em relação aos não

lactantes (F1,25=140,96; p<0,001) e menor nos grupos submetidos à restrição protéica em

comparação aos grupos que receberam dieta controle (F1,25=5,21; p<0,003).

O estado nutricional e a interação entre o estado nutricional e fisiológico

(F1,25=31,95; p<0,000 e F1,25=19,45; p<0,000), contribuíram para a alteração da massa

corporal ao final do período experimental, sendo esta menor no grupo HPL do que no

grupo HPNL e maior no grupo CL, em relação ao CNL. O grupo HPL mostrou massa

corporal significativamente menor que os demais grupos ao final do estudo (Tabela 2).

18

Tabela 2. Consumo alimentar e ingestão protéica absoluta e relativa e massa corporal

inicial e final de ratas não-lactantes e lactantes tratadas com dieta controle (CNL e CL) ou

hipoprotéica (HPNL e HPL) durante 18 dias de lactação.

GRUPOS

CNL (7)

CL (7)

HPNL (7)

HPL (8)

Consumo alimentar absoluto (g) 293±18 b 573±26 a 276±11 b 308±9,0 b

Consumo alimentar relativo(g/100g) 103±7 c 175±10 a 103±3 c 129±5 b

Ingestão protéica absoluta (g) 49,9±8,2 b 97,4±4,3 a 16,5±0,6 c 19,3±0,9 c

Ingestão protéica relativa (g/100g) 17,4±1,2 b 29,7±1,8 a 6,2±0,2 d 7,7±0,2 c

Massa corporal inicial (g) 268±4 404±10* 255±2 § 362±16 § *

Massa corporal final (g) 300±7 b 330±8 a 287±5 b 249±10 c

Valores representam média ± EPM do número de ratas entre parênteses.

§ Diferença estatística com relação às ratas controles (ANOVA a dois fatores; p<0,05)

* Diferença estatística com relação às ratas não-lactantes (ANOVA a dois fatores; p<0,05)

Letras diferentes indicam diferenças estatísticas (Teste de Tukey HSD; p<0,05)

As concentrações séricas de proteínas totais foram alteradas pelo estado nutricional

e houve interação entre o estado nutricional e o fisiológico (F1,24=4,74; p<0,05 e

F1,24=4,32; p<0,05). No grupo HPL as concentrações de proteínas foram significantemente

menores que nos demais grupos. A restrição protéica reduziu as concentrações de albumina

(F1,24=19,00; p<0,000) e elevou a glicemia (F1,24=4,94; p<0,04).

O conteúdo de glicogênio no fígado não diferiu entre os grupos (Tabela 3).

19

Tabela 3. Concentrações séricas de proteínas totais, albumina, glicose e glicogênio hepático

em ratas não-lactantes e lactantes tratadas com dietas controle (CNL e CL) ou hipoprotéica

(HPNL e HPL) durante 18 dias de lactação.

GRUPOS

CNL CL HPNL HPL

Proteínas totais (g/dL) 4,9±0,4 a

(7) 5,2±0,4 a

(7) 4,9±0,6 a

(7) 3,4±0,3 b

(7) Albumina (g/dL) 3,1±0,1

(7) 2,7±0,2

(7) 2,2±0,3 §

(7) 1,8±0,2 §

(7) Glicose (mg/dL) 109±1,6

(7) 108±5,8

(7) 124±3,6 §

(7) 112±4,3 §

(8) Glicogênio hepático (mg/100mg) 3,8±0,3

(7) 5,1±0,5

(7) 5,2±0,4

(7) 4,7±0,8

(8) Os valores representam média ± EPM do número de ratas entre parênteses.

§ Diferença estatística com relação às ratas controles (ANOVA a dois fatores; p<0,05)

Letras diferentes indicam diferenças estatísticas (Teste de Tukey HSD; p<0,05)

As concentrações séricas de insulina e de glucagon foram modificadas em função

da restrição protéica (F1,23=8,53; p<0,008 e F1,23=5,88; p<0,02) e da lactação (F1,23=21,36;

p<0,00 e F1,23=4,70; p<0,04). A insulinemia e a glucagonemia foram reduzidas nos grupos

lactantes em relação aos não-lactantes e nos grupos restritos em proteína, comparados aos

grupos controles. A razão insulina/glicose foi influenciada tanto pelo estado nutricional

como pelo estado fisiológico (F1,23=10,24; p<0,004; F1,23=18,60; p<0,0002). A razão

insulina/glicose foi menor nos grupos lactantes em relação aos não-lactantes. A razão

insulina/glucagon foi influenciada pelo estado fisiológico.

A prolactina foi modificada tanto pelo estado nutricional como pelo fisiológico

(F1,18=28,37; p<0,000 e (F1,18=126,16; p<0,000), havendo interação entre essas condições

(F1,18=20,85; p<0,000). Apesar dos grupos lactantes terem maior concentração desse

hormônio, no grupo HPL esta foi 50% menor que no CL. Nas concentrações de leptina

apenas a lactação interferiu reduzindo esse parâmetro (F1,20=22,60; p<0,000) (Tabela 4).

20

Tabela 4. Concentrações séricas de insulina, glucagon, leptina, prolactina, razão

insulina/glicose e insulina/glucagon, em ratas não-lactantes e lactantes tratadas com dieta

controle (CNL e CL) ou hipoprotéica (HPNL e HPL) durante 18 dias de lactação.

GRUPOS

CNL (7)

CL (7)

HPNL (6)

HPL (7)

Insulina (pg/mL) 3490±800

1660±500 *

1810±200 §

520±80 * §

Glucagon (pg/mL) 1130±180

620±100 *

590±200 §

510±150 * §

Prolactina (ng/mL) 26,5±4,3 c

130±3,9 a

21,6±8 c

65±6 b

Leptina (pg/mL) 2458±680

1136±220 *

3691±557

1055±256 *

Razão insulina/glicose (pmol/L:mmol/L)

102±22

53±18 *

47±3 §

15±2 * §

Razão insulina/glucagon (pg/mL)

2,28±0,6

1,76±0,4 *

2,43±0,4

0,77±0,2 *

Os valores expressam média ± EPM de animais entre parênteses

§ Diferença estatística com relação às ratas controles (ANOVA a dois fatores; p<0,05)

* Diferença estatística com relação às ratas não-lactantes (ANOVA a dois fatores; p<0,05)

Letras diferentes indicam diferenças estatísticas (Teste de Tukey HSD; p<0,05)

No FIG, a massa absoluta foi modificada pelos estados nutricional (F1,25=5,22;

p<0,03) e fisiológico (F1,25=61,33 p<0,000). Assim, a lactação aumentou a massa desse

tecido, mas a restrição protéica reduziu esse parâmetro. Independente do estado nutricional

as ratas lactantes mostraram massa relativa do fígado maior que as não-lactantes

(F1,25=95,22; p<0,000) (Tabela 5).

Na avaliação da massa da GMA ocorreu interação entre o estado fisiológico e o

nutricional, tanto em termos absolutos como relativos (F1,25=23,16; p<0,000 e F1,25=15,93;

p<0,000). O grupo HPL teve massa absoluta da GMA similar ao grupo HPNL e o grupo

CL maior, em relação ao CNL (Tabela 5).

21

O estado fisiológico determinou redução significativa na massa do GON (total e

proporcional) (F1,25=9,79; p<0,004 e F1,25=14,71; p<0,000). Assim, ratas lactantes

mostraram redução ao redor de 25% na massa absoluta e relativa desse tecido adiposo,

comparadas às não-lactantes (Tabela 5).

A massa absoluta da CARC foi influenciada pelo estado nutricional (F1,25=34,71;

p<0,000) e este interagiu com o fisiológico (F1,25=20,02; p<0,000). Ratas do grupo HPL

tiveram massa absoluta da carcaça menor em relação ao grupo HPNL, enquanto as ratas do

grupo CL tiveram essa variável maior em relação à CNL. Em termos relativos houve

influência do estado fisiológico, sendo que as ratas lactantes apresentaram redução nesse

parâmetro, comparadas às não-lactantes (F1,25=11,40; p<0,002) (Tabela 5).

22

Tabela 5. Massas do fígado (FIG), glândula mamária (GMA), tecido adiposo branco

gonadal (GON) e carcaça (CARC) absoluta e relativa de ratas não-lactantes e lactantes

tratadas com dieta controle (CNL e CL) ou hipoprotéica (HPNL e HPL) durante 18 dias de

lactação.

GRUPOS

CNL (7)

CL (7)

HPNL (7)

HPL (8)

g

FIG 9,4±0,3 14,7±0,8 * 8,9±0,3 § 12,4±0,7 § *

GMA 6,1±0,6 b 10,5±0,6 a 8,6±0,9 b 6,1±0,5 b

GON 16,2±1,4 14,1±1,2 * 18,0 ±1,6 11,1±1,5 *

CARC 215,4±4,2 b 228,3±4,4 a 208,5±2,3 b 177,7±6,7 c

g/100g

FIG 3,2±0,09 4,5±0,2 * 3,1±0,09 5,0±0,2 *

GMA 2,0±0,2 c 3,2±0,2 a 3,0±0,3 b 2,5±0,2 c

GON 5,4±0,3 4,2±0,3 * 6,2±0,5 4,4±0,4 *

CARC 72,6±0,8 69,2±0,5 * 72,4±0,8 71,4±0,5 *

Os valores expressam média ± EPM do número de ratas entre parênteses.

§ Diferença estatística com relação às ratas controles (ANOVA a dois fatores; p<0,05)

* Diferença estatística com relação às ratas não-lactantes (ANOVA a dois fatores; p<0,05)

Letras diferentes indicam diferenças estatísticas (Teste de Tukey HSD; p<0,05)

A Figura 1 apresenta o conteúdo proporcional de lipídios nos tecidos: FIG, GON,

GMA e na CARC. Em função do estado fisiológico houve aumento de depósito de lipídios

no FIG e redução no GON e na GMA (F1,25=41,93; p<0,001; F1,25=11,62; p<0,002 e

F1,25=78,78; p<0,001, respectivamente). Porém, nas carcaças esse parâmetro não diferiu

entre os grupos.

23

CNL CL HPNL HPL0

5

10

15

20

A

**

Con

teúd

o de

lip

ídeo

s no

FIG

(m

g/10

0mg)

CNL CL HPNL HPL0

25

50

75

100

B

* *

Con

teúd

o de

lipí

dios

no

GO

N(m

g/10

0mg)

CNL CL HPNL HPL0

25

50

75

100

*

*

C

Con

teúd

o de

lip

ídeo

s na

GM

A (

mg/

100m

g)

CNL CL HPNL HPL0

5

10

15

20

D

Con

teúd

o de

lip

ídeo

s na

CA

RC

(m

g/10

0mg)

CNL CL HPNL HPL0

1

2

3

4

c

b

c

a

E

Raz

ão l

ipíd

io:g

lico

gêni

ono

FIG

(m

g/10

0mg)

Figura 1. Conteúdo de lipídios no fígado (FIG) (A), tecido adiposo branco gonadal (GON)

(B), glândula mamária (GMA) (C), carcaça (CARC) (D) e razão lipídio/glicogênio (E) no

fígado de ratas não-lactantes e lactantes, tratadas com dieta controle (CNL e CL) ou

hipoprotéica (HPNL e HPL) durante 18 dias de lactação. As colunas representam o

conteúdo de lipídios expressa em média ± EPM de 7 a 8 ratas.* Diferença estatística com

relação às ratas não-lactantes (ANOVA a dois fatores; p<0,05). Letras diferentes indicam

diferenças estatísticas (Teste de Tukey HSD; p<0,05).

24

A razão lipídio/glicogênio no fígado foi maior no grupo HPL em relação aos

demais grupos (F1,24=6,32; p<0,02).

A lactação aumentou a atividade das enzimas avaliadas no FIG (Figura 2). Com

relação a G6PDH, as lactantes apresentaram maior atividade que as não-lactantes, porém o

grupo HPL apresentou atividade aumentada em, aproximadamente 3,5 vezes, comparado

ao HPNL, enquanto que no grupo CL a atividade desta enzima foi 1,5 vezes maior em

comparação ao CNL (F1,16=;10,06; p<0,001). A atividade da enzima ATP-cit foi maior em

ratas lactantes em relação às não-lactantes (F1,16=17,22; p<0,000), enquanto que a da

enzima málica foi significativamente mais elevada no grupo HPL, em comparação aos

demais grupos.

Em adição, a Figura 3 mostra uma correlação positiva entre a concentração sérica

de prolactina e a atividade das enzimas G6PDH e EM no fígado de ratas lactantes restritas

em proteína (HPL) (r=0,97; p<0,05).

25

CNL CL HPNL HPL0

100

200

300

A

b

aa

cGlic

ose-

6-fo

sfat

ode

sidr

ogen

ase

(nm

ol.m

g de

pro

t-1.m

in-1

)

CNL CL HPNL HPL0

100

200

300

B

*

*

AT

P c

itrat

o lia

se(n

mol

.mg

de p

rot-1

.min

-1)

CNL CL HPNL HPL0

50

100

150

200

C

bc b

c

a

Enz

ima

mál

ica

(nm

ol.m

g de

pro

t-1.m

in-1

)

Figura 2. Atividade das enzimas glicose-6-fosfato desidrogenase (A), ATP-citrato liase (B)

enzima málica (C) no fígado de ratas não-lactantes e lactantes, tratadas com dieta controle

(CNL e CL) ou hipoprotéica (HPNL e HPL) durante 18 dias de lactação. As colunas

representam a atividade das enzimas expressa em média ± EPM de 5 ratas. *Diferença

estatística com relação às ratas não-lactantes. Letras diferentes indicam diferenças

estatísticas pela ANOVA a dois fatores seguidos de Teste de Tukey HSD (p<0,05).

26

0 50 100 150 2000

100

200

300

400CL r=0,28 p=0,64HPL r=0,97 p<0,05A

Prolactina(ng/mL)

Glic

ose-

6-fo

sfat

ode

sidr

ogen

ase

(nm

ol.m

g de

pro

t-1.m

in-1

)

0 50 100 150 2000

50

100

150

200CL r= -0,54 p=0,35HPL r=0,97 p<0,05B

Prolactina(ng/mL)

Enz

ima

mál

ica

(nm

ol.m

g de

pro

t-1.m

in-1

)

Figura 3. Correlação entre a concentração sérica de prolactina e a atividade da enzima

glicose-6-fosfato desidrogenase (A) e enzima málica (B) no figado, de ratas lactantes

tratadas com dieta controle (CL) ou hipoprotéica (HPL), durante 18 dias de lactação.

O estado nutricional reduziu a produção de leite nas ratas HPL em cerca de 50%,

em comparação às ratas CL (p<0,000) (Figura 4).

Observa-se que a massa das crias dos dois grupos avaliados, durante o período

experimental, sofreu elevação gradativa. Entretanto, desde o nascimento essa elevação foi

estatisticamente mais acentuada no grupo de crias controle (CC) comparada às crias de

ratas submetidas à restrição protéica (CHP) (Figura 5).

27

CL HPL0

2

4

6

8

10

*

Pro

duçã

o de

lei

te (

g)

Figura 4. Produção de leite estimada por ratas lactantes tratadas com dieta controle (CL) ou

hipoprotéica (HPL) durante 18 dias de lactação. Valores representam média ± EPM, n=7.

*Diferença estatística com relação às crias controles (Teste t de Student; p<0,05).

Figura 5. Evolução da massa corporal das crias controles (CC) e submetidas à restrição

protéica (CHP), de mães tratadas com dieta controle (CL) ou hipoproteica (HPL) durante

18 dias de lactação. Valores representam média ± EPM; n=7. Diferença estatística com

relação às crias controles (Teste t de Student; p<0,05).

28

V - DISCUSSÃO

Durante a lactação, o fígado, o tecido adiposo e a glândula mamária, são os

principais sítios do metabolismo de lipídios, podendo sintetizar ácidos graxos de novo e

esterificá-los em triglicerídeos.18

No presente estudo foi observado no 18º dia de lactação, que a massa e o conteúdo

de lipídios no fígado encontravam-se elevados de forma similar nos grupos lactantes (CL e

HPL), comparados aos não-lactantes (CNL e HPNL), havendo concomitante redução na

massa e no conteúdo de lipídios no tecido adiposo gonadal nos mesmos grupos. O

metabolismo no tecido adiposo encontra-se normalmente em estado catabólico durante a

lactação, devido ao aumento na mobilização dos substratos desse tecido gorduroso.16,17

Por outro lado, o mecanismo fisiológico do acúmulo de TG no fígado ainda não

está totalmente esclarecido, podendo ser devido à elevada concentração de ácidos graxos

livres e/ou ésteres de coenzima A na célula,64 ou pelo aumento na atividade de algumas

enzimas de esterificação.23 Pode ser ainda em decorrência de uma reduzida produção de

apoproteína B, com menor secreção de VLDL20 e, conseqüentemente, maior deposição de

lipídios nos hepatócitos.

Tem sido descrito que na lactação inicial, um moderado acúmulo de TG no fígado é

usual e fisiológico, sem prejuízo para as suas funções. Porém, à medida que a lactação

progride para a fase tardia, é esperado que esse acúmulo decresça gradativamente.18

Embora o conteúdo de glicogênio no fígado não tenha sido diferente entre os

grupos, um fator importante a ser considerado é a concentração de lipídios em relação ao

conteúdo de glicogênio, ou razão lipídio/glicogênio.65 Assim, preconiza-se como normal

uma razão que não ultrapasse valores acima de 2/1, o que pode indicar acúmulo de lipídios

nos hepatócitos e desencadear efeitos deletérios, como a ocorrência de esteatose.20 No

29

grupo HPL, a razão lipídio/glicogênio foi de 3/1, e isso sugere que a restrição protéica

associada à lactação, tenha favorecido a maior concentração de lipídios no fígado.

Observou-se, também, que a lactação aumentou a atividade das enzimas

lipogênicas avaliadas no fígado e que a restrição protéica associada à lactação, acentuou a

atividade das enzimas G6PDH e EM.

Prévios estudos em ratos, avaliando o efeito de dietas com altas concentrações de

carboidratos e baixas concentrações de lipídios ofertadas ad libitum, sobre a atividade de

enzimas lipogênicas no fígado, mostraram que quanto mais elevado o aporte energético

consumido, maior o estímulo para o aumento de atividade dessas enzimas.66

A lactação diminuiu as concentrações de insulina e leptina. A restrição protéica

associada à lactação (HPL) reduziu em aproximadamente dois terços a insulinemia, quando

comparado à CL. De acordo com Sipols et al. (1995)67animais com baixas concentrações

de insulina são hiperfágicos, porém esse resultado não ocorreu no presente estudo.

A hipoleptinemia parece ser o achado mais consistente na lactação e pode resultar

principalmente do balanço energético negativo1, contribuindo para o aumento do apetite.19

Por outro lado, a hipoleptinemia pode promover o acúmulo de TG no fígado durante a

lactação.18

As baixas concentrações de insulina e leptina durante a lactação associada à

restrição protéica podem ser resultantes do processo catabólico, que favorece a liberação

de ácidos graxos do tecido adiposo, direcionando-os para o tecido hepático.21,25

Ao considerar a razão insulina/glicose, observou-se que as ratas lactantes foram

mais sensíveis à insulina, comparadas às não-lactantes e que a restrição protéica aumentou

essa sensibilidade. Além do mais, a razão insulina/glucagon nas lactantes foi 46% menor

que nas não-lactantes, e isso pode ter favorecido o processo de catabolismo observado no

tecido adiposo.

30

Com relação à prolactina, embora os grupos lactantes tenham apresentado

concentrações mais elevadas, foi observado que a restrição protéica associada à lactação

contribuiu para a redução nas concentrações desse hormônio em 50% nas ratas HPL,

comparadas às CL. Por outro lado, no mesmo grupo de ratas, ocorreu correlação positiva

entre as concentrações séricas de prolactina e as enzimas G6PDH e EM avaliadas no

fígado.

Pesquisas recentes demonstram que a prolactina é altamente expressa no fígado,

onde tem um papel central na homeostase metabólica. Em adição, este hormônio regula a

atividade de enzimas e transportadores que estão associados com o metabolismo de glicose

e de lipídios em outros órgãos alvo.68

Nesse período, a utilização preferencial dos precursores lipogênicos é a glândula

mamária visando a produção de leite6 e tornando essa glândula, o sítio mais ativo da

síntese de lipídios in vivo, com atividade lipogênica aumentada em cerca de cinco vezes,

comparada à do fígado.8 Na glândula mamária, foi observada redução proporcional da

massa no grupo HPL, enquanto que no grupo CL ocorreu aumento. Por outro lado, o teor

de lipídios na GMA foi reduzido de forma concomitante nos grupos lactantes.

Apesar do aumento no consumo alimentar relativo, ratas HPL apresentaram

características típicas de desnutrição protéica, como redução da massa corporal e

hipoproteinemia. Esses achados associados à redução na massa da glândula mamária,

possivelmente, contribuíram para a menor produção de leite e, conseqüentemente,

interferiram no desenvolvimento somático das crias nesse grupo. De acordo com Dewey

(1997),69 um aporte adequado de proteínas na dieta materna eleva a produção láctea, além

de aumentar positivamente o balanço de proteínas do leite.

O conjunto dos resultados apresentados demonstra que na lactação tardia ocorreu

maior concentração de lipídios no fígado e que a restrição protéica nesse período favoreceu

31

esse processo, evidenciado pelo aumento na atividade da enzima málica e na razão lipídio/

glicogênio.

32

VI – REFERÊNCIAS 1. Woodside B. Prolactin and the hyperfhagia of lactation. Physiol. Behav. In press.

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