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I Semana Jurídica Alice Bianchini Doutora em Direito Penal pela PUC/SP Coeditora do Portal Atualidadesdodireito.com.br

I Semana Jurídica da FMT – Ilhéus

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I Semana Jurídica

Alice BianchiniDoutora em Direito Penal pela PUC/SP

Coeditora do PortalAtualidadesdodireito.com.br

www.atualidadesdodireito.com.br/alicebianchini

Parte 1

Violência simbólica

Prevenção

Ipea - 2013Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil

Conclusão: “Constatou-se que não houve impacto, ou seja, não houve redução das taxas anuais de mortalidade, comparando-se os períodos

antes e depois da vigência da Lei.”http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/130925_sum_est

udo_feminicidio_leilagarcia.pdf

Lei 26.485/09 – Argentina

2ª onda – lei integral para a violência contra a mulher –define os tipos de violência: física, psicológica, sexual,

econômica, patrimonial e simbólicaf) Violencia mediática contra las mujeres: aquellapublicación o difusión de mensajes e imágenesestereotipados a través de cualquier medio masivo decomunicación, que de manera directa o indirecta promuevala explotación de mujeres o sus imágenes, injurie, difame,discrimine, deshonre, humille o atente contra la dignidad delas mujeres, como así también la utilización de mujeres,adolescentes y niñas en mensajes e imágenes pornográficas,legitimando la desigualdad de trato o construya patronessocioculturales reproductores de la desigualdad ogeneradores de violencia contra las mujeres

Mãe de família comete crime só para ser presa e passar um tempo sozinha

Sem tempo para mais nada, uma mãe de família resolveu tomar uma atitude radical.

Veja a reportagem:

http://migre.me/bcHgI

Tipos de violência

física

psíquica

patrimonialmoral

sexual

Art. 7º,dentre outras

Mulher

em situação de violência

familiares

testemunhas agressor

Beneficiários

Contextos da violência

Coibir e Prevenir

Violência de Gênero

Âmbito doméstico,

familiar

relação Intima de afeto

Objetivos da LMP Art. 1º

Delimitação Arts. 2º e 5º

ContextoArt. 5º

Luana Piovani

Aplica-se a LMP para Luana Piovani?

GÊNERO

Violência de gênero

. Relacional

. Assimetria de poder

. Dominação e submissão

. Naturalização – colaboração da mídia

Cultura Machista

Um equilíbrio entre os dispositivos constitucionais exigirá que os meios de comunicação (mídia escrita

e falada) abstenham-se de apresentar mulheres desempenhando papeis que as inferiorize (submissão, déficit intelectual, descontrole

emocional, ridicularização etc).

Projeto de Monitoração Global 2010

“A manter-se inalterada a taxa de mudança observada desde 2000 com respeito a presença de

mulheres nas notícias, levará pelo menos

40 anos

para que alcancemos a igualdade.”

acelerar mudanças

redirecionar as ações

MORENO. Rachel. A imagem da mulher na mídia. Ed. Publisher, 2012.

A imagem da mulher na mídia

“ ...tanto a percepção da reiteração de estereótipos quanto seu efeito nocivo por meio da preservação

dos valores mais retrógrados da sociedade, que desvalorizam as mulheres ao reduzi-las a um papel limitado, ultrapassado, estreitando-lhes, assim, a possibilidade de percepção das alternativas reais

que o mundo lhes oferece, vem como os avanços já conquistados.”

Raquel Bueno

A imagem da mulher na mídia

Parte 2

Números alarmantes

Sociedade e LMP

Números alarmantes

Fundação Perseu Abramo. Disponível em www.fpabramo.gov.br

Mapa da Violência

2010

2001 2010 8 5

espancamentos a cada 2 minutos

10 mulheres morrem por dia

7 pelas mãos daqueles com quem possuem

sentimento de afeto

Números alarmantes

Brasil - 7º lugar entre os países que possuem o maior número de mulheres mortas, num universo de 84 países.

Mapa da Violência 2012

20% todos os dias;

13% semanalmente;

13% quinzenalmente;

7% mensalmente.

Mulheres sofrem violência

Pesquisa - Data Senado 2011

Homicídios femininos Brasil

Ilhéus taxa: 12,7 Posição nacional: 27º

Sociedade e LMP

Existem situações em que o homem pode agredir sua mulher?

A mulher deve aguentar a violência para manter a família unida?

16% simhomens 19%mulheres 13%

11% sim

“Ele bate, mas ruim com ele, pior sem ele”

20% de acordoCerca de 24% homens

Cerca de 17% mulheres

Mais velhos: 32%

Sociedade e LMP

46%: questão cultural/muito homem ainda se acha

“dono” da mulher/o homem brasileiro é muito

violento (41% dos homens, 50% das mulheres);

31%: problemas com bebida/alcoolismo (33%

dos homens, 30% das mulheres);

9%: a mulher fala demais ou provoca o

companheiro (13% dos homens, 5% das mulheres)

Principais razões da violência doméstica contra a mulher

Sociedade e LMP

Deve-se intervir em briga de marido e mulher

63% dos entrevistados 72% das mulheres,51% dos homens

O Direito Penal deve intervir nos casos de violência doméstica

51% dos entrevistados

defendem a prisão do agressor

Motivos pelos quais as mulheres não “denunciam” seus agressores (respostas dadas por vítimas):

1º 31% preocupação com a criação dos filhos

2º 20% medo de vingança do agressor

3º 12% vergonha da agressão

4º 12% acreditarem que seria a última vez

5º 5% dependência financeira

6º 3% acreditarem que não existe punição e

7º 17% escolheram outra opção.

DataSenado 2011

Invisibilidade do problemaAs mulheres comunicam o fato às autoridades

na MINORIA das vezes

Mulheres levam de 9 a 10 anos para “denunciar” as agressões

Os pais são os principais responsáveis pelos incidentes violentos até os 14 anos de idade das vítimas. Nas idades iniciais, até os 4 anos,

destaca-se sensivelmente a mãe. A partir dos 10 anos, prepondera a figura paterna.

Mapa da Violência 2012. caderno complementar 1:

Homicídio de Mulheres

http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_mulher.pdf

Da primeira vez ela chorou

Mas resolveu ficar

É que os momentos

felizes Tinham deixado

raízes no seu penar

Depois perdeu a esperança

Porque o perdão também cansa

de perdoar

Regra 3Vinicius de Moraes / Toquinho

- 57% das agressões contra mulheres ocorre após o término do relacionamento: GEVID -MP/SP (2013)

- 52% das violências praticadas pelos maridos e companheiros são de de morte (2012)

Parte 3

Política Criminal

LMP e Poder

Judiciário

• Criar estratégias para a diminuição da violência

Objetivo da PC

A Lei proporciona instrumentos quepossam ser utilizados pela mulher vítimade agressão ou de ameaça, tendente aviabilizar uma mudança subjetiva que leveao seu

EMPODERAMENTO

Ação afirmativa

Art. 4ºmedidas especiais de caráter temporário destinadas aacelerar a igualdade de fato entre homem e a mulher nãose considerará discriminaçãode nenhuma maneira implicará, como consequência, amanutenção de normas desiguaisessas medidas cessarão quando os objetivos de igualdadede oportunidade e tratamento forem alcançadosLei excepcional (CP, art. 3º): vigora enquanto duraremas circunstâncias que lhe deram origem.

CEDAW | Ação afirmativaConvenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher

A constitucionalidade da Lei Maria da Penha

ADC 19 e ADI 4424

“a Lei é constitucional e o discrímen visa corrigir distorções históricas e promover a igualdade material

entre homens e mulheres.”

9 de fevereiro de 2012

Uma questão cultural

O problema que temos diante de nós não éfilosófico, mas jurídico e, num sentido mais amplo,político.Não se trata mais de saber quais e quantos sãoesses direitos (humanos), qual é sua natureza eseu fundamento, se são direitos naturais ouhistóricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é omodo mais seguro para garanti-los, para impedirque, apesar das solenes declarações, eles sejamcontinuamente violadosNorberto Bobbio. A era dos direitos. Rio de Janeiro:Campus, 1992. p. 25.

TJMS – RESP 2007.023422-4 ITAPORÃDeclara a Lei Maria da Penha inconstitucional

“lei travestida de vingança social”

Cultura machista; cultura patriarcal; relaçõesde poder; formas de subjugação; polos dedominação e de submissão

A decisão, posteriormente, foi revista peloÓrgão Especial do TJMS

LMP e Poder Judiciário

Cultura machista - subliminar

TJRO – RT 728/632

“Não pode a mulher ficar à mercê do maridoque, injustificadamente, a agridereiteradamente. A absolvição, se decretada,resultará, na mente do infrator, a implícitaautorização de novos ataques.”

LMP e Poder Judiciário

Cultura machista - subliminar

TJ/DF – proc. 2006.0919.173.057

Agressões como “atitudes covardes de homensque resolvem abandonar seu perfil natural deguardiões do lar para se transformarem emalgozes e carrascos cruéis de sua própriacompanheira.” Des. Sérgio Bittencourt

LMP e Poder Judiciário

Cultura machista – ostensiva

"Ora! A desgraça humana começou no Éden: porcausa da mulher - todos nós sabemos - mastambém em virtude da ingenuidade, da tolice eda fragilidade emocional do homem".

"O mundo é masculino! A ideia que temos deDeus é masculina! Jesus foi Homem!". Juiz EdilsonRumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas (MG) Estado laico

AGU recorreu (25/3/2012) ao STF, pedindo que a liminar queautorizou a volta do magistrado ao cargo seja suspensa.

LMP e Poder Judiciário

Parte 4

Liberdade de expressão e publicidade

Questão cultural

Cultura machista

CEDAW Art. 5º, b

• modificar padrões socioculturais de conduta de homens e mulheres,

• com vistas a alcançar preconceitos

• baseados na ideia de inferioridade ou superioridade de qualquer dos sexos ou

• em funções estereotipadas de homens e mulheres

Estereótipos de gênero

Pesquisa do Canadá aponta empate técnico

Quem fala mais: o homem ou a mulher?

Quem gasta mais no cartão de crédito?

Homens. 26% mais – Fonte: Instituto Ibope Inteligência (2007)

Quem é mais fofoqueiro?

Homens. 76 min por dia Fonte: OnePoll (2009)

Quem mente mais?

Homens. Instituto Gfk – Alemanha

Quem fala mais de sexo?

Mulheres (5º lugar) Homens (8º lugar)

Quem dirige melhor?

• Mulheres dirigem melhor que homens, diz pesquisa

• Estudo apontou que os homens levam mais multas e penalidades

http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/mulheres-dirigem-melhor-que-homens-diz-pesquisa

Cultura machista

Meios de comunicação

Projeto Global de Monitoramento de Mídia de 2010:

• 48% de todas as matérias reforça estereótipos de gênero

• Somente 8% das matérias questionam estereótipos de gênero

• As mulheres são identificadas nos noticiários por seus relacionamentos familiares (esposa, mãe, filha), cinco vezes mais que os homens

http://www.youtube.com/watch?v=T_q_Ey-Hr24&feature=youtu.be

Campanha publicitária Hope ensina

“Mecânica, funilaria e pintura Via Costeira.

Tá na cara que precisa”

Sexismo no trânsito

Marca de preservativos retira publicidade da internet após críticas O item quecausou a indignação dos usuários da rede social diziaque tirar a roupa de uma mulher queima 10 calorias,enquanto fazer o mesmo sem o consentimento daparceira consome 190 calorias. FSP, 30jul12.

Peão boiadeiro

89 cal

Que se viva de amor, por amor, com amor...Mas que não se morra, nem se mate por ele.Sofrer sim. Mas só por um tempo. Depois? A fila anda!

Ou como diz o poeta: “que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”