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Cláudia Nazareth, Coordenadora do GCL – PPCIRA do CHUC Junho, 2019 IACS Intervenção na Suspeita de Surto

IACS Intervenção na Suspeita de Surto de Infeção...3. PNCI. Plano de Intervenção na possibilidade ou suspeita de surto. 4. WHO/CDS/CSR/EPH. Prevention of hospital acquired infections

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Cláudia Nazareth, Coordenadora do GCL – PPCIRA do CHUC

Junho, 2019

IACSIntervenção na Suspeita de Surto

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Definição de Surto

Aumento do nº de casos de uma determinada doença

Superior ao esperado

Numa determinada área ou grupo específico

Num determinado período de tempo

Presume-se sempre que haja uma causa comum

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Como identificar um Surto?

Perceção de uma elevação do nº de casos

• VE: notificação do laboratório, pesquisa ativa, ferramentas informáticas automatizadas, ...

• Profissionais de saúde atentos: clínicos, enfermeiras, profissionais de laboratório, ...

• O doente ou familiares

• A imprensa

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Porquê investigar?

Interromper a fonte de transmissão

Eliminar o risco da doença se disseminar para outras

pessoas

Reduzir a gravidade

do problema

Estabelecer

medidas de controlo e

prevenção de futuros surtos

Novas oportunidades

Conhecer novos Mø ou de novos comportamentos de velhos Mø

Reavaliar e por em prática medidas de PCI

Reformular procedimentos, normas e programas de PCI

Educar, informar, comunicar

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A rapidez é essencial mas...

1. Planear o trabalho de campo

2. Confirmar a existência de surto

3. Confirmar o diagnóstico

4. Definir e identificar casos

5. Descrever os dados tendo em conta o tempo, local e o doente

6. Equacionar hipóteses

7. Avaliar as hipóteses

8. Refinar as hipóteses e efetuar estudos complementares

9. Implementar medidas PCI

10. Relatório

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1. Planear o trabalho de

campo

• Definir a equipa de investigação e o responsável

• Preparar o material e equipamentos necessários à investigação

• Organizar a infra-estrutura para a investigação

• Contactar doentes, médicos e outros envolvidos no episódio

• Possuir conhecimento sobre a doença

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Quem investiga o surto?

Coordenador

PPCIRA

(GCL)

Epidemi.Microb. SSO SF Serviço(s) CA

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Quem investiga o surto?

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2. Confirmar a existência de

surto

• Há um nº casos, nesse local? São a mesma doença?

• Comparar com os registos anteriores (semanas, meses, anos) – Registos da VE

– Cartas de alta/codificação clínica

– Dados laboratoriais

– Certidões de óbito

– Estudos anteriores (locais, nacionais, internacionais)

– Outros hospitais, unidades de saúde, laboratórios, médicos...

• Rapidez mas … precaução!– Mudança no sistema de notificação

– Introdução de um novo teste de diagnóstico

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3. Confirmar o diagnóstico

• Verificar processo clínico, dados laboratoriais, etc..

• Inquirir o doente e família se necessário

• Pedir ECD se necessário, nomeadamente para laboratórios de saúde pública:

– Confirmar o diagnóstico

– Determinar espécie/estirpe

– Estudos de genotipagem (WGS)

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4. Definir e identificar casos

Estabelecer um conjunto de critérios científicos que permitam incluir os doentes que têm ou tiveram a doença, bem como excluir aquelas que não estarão relacionadas ao surto.

1) A doença : informação clínica sobre a patologia em causa.

2) Os doentes: características dos doentes afetados.

3) O local: informação sobre o local da ocorrência.

4) O tempo: determinação do período em que ocorreu o surto.

Utilizar um inquérito padronizado: específico, consulta fácil, definições precisas, confiável

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4. Definir e identificar casos

• Classificação:– Confirmado: em geral, considera-se como aquele confirmado por diagnóstico laboratorial.

– Caso confirmado por critério clínico-epidemiológico: em surtos, podemos confirmar caso por critério clínicoepidemiológico, o qual deve apresentar clínica compatível com a doença e ter sido causado pela mesma fonte que o caso confirmado por critério laboratorial.

– Provável: aquele com características clínicas típicas, sem diagnóstico laboratorial.

– Possível: aquele com algumas características clínicas.

• Para algumas doenças com transmissão pessoa-a-pessoa, pode ser necessário trabalhar com outras definições:– Caso primário: aquele que aparece sem que exista um contato direto conhecido com outro

paciente;

– Caso coprimário: aquele que surge nas primeiras 24 horas seguintes ao aparecimento de um caso, dentro de um grupo de contatos diretos;

– Caso secundário: aquele que surge entre os contatos de um caso primário, após 24 horas desde o aparecimento do caso primário.

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5. Descrever os dados: doente,

local, tempo

Atingir esta fase o mais cedo possível!– Apropriar de todos os dados

– Relevância, grau de confiança, respostas corretas..

– Fornecer pistas sobre o surto e porque ocorreu (por ex., qual é a fonte, qual o modo de transmissão, quem pode ser afetado, etc...)

– Refletir sobre as possíveis causas do surto e estabelecer hipóteses

No fundo:

Verificar se há relação causal entre a exposição

e a doença em investigação

Atualização cada vez que há novas informações

Rever, rever, rever...

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6. Equacionar Hipóteses

O que sabemos…

– Quem é o reservatório do agente etiológico?

– Como ocorre a transmissão?

– Que veículos podem estar implicados?

– Quais são os fatores de risco?

– Onde estavam os doentes?

– O que fizeram no período provável de exposição?

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7. Avaliar as hipóteses

• Comparar essas hipóteses com todos os fatos apurados e verificar sua plausibilidade

• Pode ser necessário testar as hipóteses– Estudos mais frequentemente utilizados em investigações de

surtos de doenças transmissíveis

• Estudos de coorte: comparam grupos de pessoas que se expuseram a um fator suspeito e grupos que não se expuseram

• Estudos de caso-controle partem de pessoas doentes para comparar com as não doentes.

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8. Refinar as hipóteses e

efetuar estudos complementares

• Quando o estudo não se consegue confirmar nenhuma das hipóteses: reconsiderar os dados, levantar outros dados complementares e verificar outros modos de transmissão.

• Investigação laboratorial e estudos ambientais

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9. Implementar medidas PCI

• Desde o início da investigação medidas devem ir sendo tomadas. Os achados obtidos do estudo, contudo, podem confirmar o que já foi feito ou apontar a necessidade de novas medidas.

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10. Relatório

• Enviar os dados para os níveis de vigilância e autoridades de saúde responsáveis pela implementação de medidas, bem como divulgar para os envolvidos no surto

• Preparar um resumo ou artigo para se divulgar em boletim epidemiológico ou revista científica – O que foi feito, o que foi encontrado e o que ainda deve ser feito para

prevenir futuros surtos

• Relatos de surtos contribuem para o conhecimento científico das doenças e são experiências que contribuem para melhorar a prática

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Bibliografia

1. CDC. Principles of Epidemiology in Public Health Practice. Third Edition. 2012.

2. Grobbee D., Hoes A. Clinical Epidemiology – Principles.Methods and Applocations for Clinical Research. Second Edition. 2015.

3. PNCI. Plano de Intervenção na possibilidade ou suspeita de surto.

4. WHO/CDS/CSR/EPH. Prevention of hospital acquired infections - A practical guide. 2nd edition. 2012.

5. Nosocomial Outbreak of Parechovirus 3 Infection among Newborns, Dispatch, Volker Strenger , Sabine DiedrichAustria, 2014, Volume 22, Number 9—September 2016