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Icterícia neonatal

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Page 1: Icterícia neonatal
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Icterícia NeonatalDefinida como a concetração sérica de bilirrubina

indireta maior do que 1,3-1,5mg/dl ou de bilirrubina direta superior a 1,5mg/dl, desde que esta representa mais do que 10% do valor de bilirrubina total.

HiperbilirrubinemiaComum e benigna na maioria dos RN;Hiperbilirrubinemia indireta severa não tratada é

potencialmente neurotóxica e a direta frequentemente significa doença hepática ou sistêmica grave;

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Icterícia NeonatalDurante a primeira semana:

60% RNT80% RNPT

O metabolismo da bilirrubina no RN está em TRANSIÇÃO:Estágio fetal a placenta é a principal via de

eliminação da bilirrubina indiretaEstágio adulto forma conjugada

(hidrossolúvel) é excretada pelos hepatócitos no sistema biliar e depois no TGI.

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Metabolismo da Bilirrubina

Hemeoxigenase

Biliverdina

Redutase

Glucoronil-transferase

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Etiologia1. Aumento da carga de bilirrubina a ser

metabolizada pelo fígado;2. Diminuição da captação e conjugação hepáticas

por imaturidade dos sistemas enzimáticos;3. Competição ou bloqueio da enzima Glucoronil-

transferase (drogas)4. Defeitos genéticos que levam a ausência/redução

da função da Glucoronil-transferase ou defeitos na captação de bilirrubina pelo hepatócito;

5. Exacerbação da circulação entero-hepática por jejum ou demora na eliminação de mecônio;

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Quadro ClínicoA época de surgimento da icterícia vai depender

da causa**Patológica <24h de vida;Fisiológica >24h de vida;

A visualização da icterícia depende:Experiência do profissional;Pigmentação da pele do RN;Luminosidade;

Subestimada em peles pigmetadas e ambientes claros; Prejudicada em ambientes com pouca luz;

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Quadro ClínicoA progressão da icterícia é CÉFALO-

CAUDAL, como descrito em 1929 por Rolleston e McNee.

Em 1969, Kramer demonstrou uma relação entre a progressão da icterícia e o aumento dos valores séricos de bilirrubina.

Zonas de Kramer

Zona Dérmica

Bilirrubina indireta (mg/100ml)MÉDIA

RN TERMO

I 5,9

II 8,9

III 11,8

IV 15

V > 15

RN PRÉ-TERMO

I ----

II 9,4

III 11,4

IV 13,3

V >13,3

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Quadro ClínicoOs casos de Icterícia neonatal que sugerem

origem não fisiológica deverão ser avaliados através de exames complementares.

Segundo a SBP, a rotina recomendada é:

As principais indicações de avaliação laboratorial são:•Icterícia com inicio nas primeiras 24h de vida;•Icterícia em RN aparentemente doente;•Sinais de hemólise: palidez e hepatoesplenomegalia;•Icterícia evidente até a metade do abdome (zona III)•Incompatibilidade ABO/Rh já conhecida;•Irmão que tenha necessitado de fototerapia;•Céfalo-hematoma ou sangramento signifcativo

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Quadro ClínicoDeve-se considerar os fatores de risco para

hiperbilirrubinemia indireta significante;

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Diagnóstico Diferencial

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1) Icterícia FisiológicaMaior produção de bilirrubina pela degradação das hemácias fetais (sobrevida mais curta)

Limitação transitória da captação e conjugação hepáticas

Exacerbação da circulação entero-Exacerbação da circulação entero-hepática**hepática**

Icterícia Fisiológica Após 24 horas de vida

• BI no cordão: 1-3m/dl• 2º - 4º dia: pico 5-6mg/dl

(pode chegar até 12m/dl)• 5º - 7º dia: cai para níveis

inferiores a 2mg/dl

RNT

• 4º - 7º dia: pico • Permanecem

ictéricos até o meio da 2º semana

RNPT

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1) Icterícia FisiológicaQuando pensar em outras causas:

Icterícia precoce;Concentração de bilirrubina sérica aumentando

mais que 0,5mg/dL/h ou 5mg/dL/dia;Concentração de bilirrubina total > 12mg/dL no

RNT ou >15mg/dL no prematuro;BD>2mg/dl;Icterícia que se prolonga mais que uma semana

em RNT e 2 semanas no prematuro;Manifestações clínicas de doença subjacente.

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2) Icterícia Associada ao Leite MaternoExistem 2 formas de icterícia associada ao

LM:Forma precoce (do aleitamento)Forma tardia (do leite materno)

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2) Icterícia Associada ao Leite MaternoFORMA PRECOCE (DO ALEITAMENTO)

RN amamentado exclusivamente com LM são fisiologicamente mais ictéricos do que os alimentados com fórmula nos primeiros dias de vida;

Ocorre uma aumento na circulação entero-hepática devido à ingestão de leite insuficiente, relacionada às dificuldades do inicio da amamentação, e consequentemente, menor eliminação de mecônio;No final da 1ª semana, RN alimentado

exclusivamente ao seio materno podem apresentar nível elevado de bilirrubina

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2) Icterícia Associada ao Leite MaternoFORMA TARDIA (DO LEITE MATERNO)

Tem um início mais demorado, e afeta 2-4% dos RNT;

Ao redor do 4º dia, quando deveria haver uma queda nos níveis de bilirrubina, sua concentração continua a subir até o 14º dia de vida, podendo chegar a 20-30mg/dl.

Mecanismo patogênico: fatores no LM que interferem com o metabolismo da bilirrubina. LM contem β-glicuronidase (BD BI) Menor colonização bacteriana intestinal (diminui BI

estercobilina); Excretam menos fezes;

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2) Icterícia Associada ao Leite MaternoFORMA TARDIA (DO LEITE MATERNO)

Se houver dúvida diagnóstica: Suspende-se o aleitamento por 24h, deixando o RN

com complemento. A bilirrubina cai rapidamente!!A bilirrubina cai rapidamente!! Pode haver discreto aumento à reintrodução;

Se o aleitamento é mantido, os níveis de bilirrubina estabilizam e caem lentamente, atingindo níveis normais em 4-12 semanas;

Se for suspenso, caem rapidamente em 48h.

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2) Icterícia Associada ao Leite Materno

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3) Icterícia Patológica Surge nas primeiras

24 horas de vidaO nível de bilirrubina

subindo a uma taxa superior a 5m/dL/dia ou 0,5mg/dL/h

Possui valores >12mg/dL em RNT e >15 em RNPT

Associada a alterações clínicas diversas: hepatoesplenomegalia, palidez, etc.

Persiste mais de 1 semana em RNT e mais de 2 em RNPT

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Hiperbilirrubinemia Não-FisiológicaDireta

Mecanismo misto Infecções congênitas: toxo, rubéola, CMV, Herpes simples, sífilis Sepse Asfixia Filho de mãe diabética

Obstrução de Vias Biliares Atresia de Vias Biliares Síndrome de Rotor Síndrome de Dublin-Johnson Cisto de colédoco Fibrose cística (Síndrome da Bile Espessa) tumor

Redução da secreção de BD Galactosemia Deficiência de alfa-1-antitripsina Tirosinemia

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INDIRETA

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Doença Hemolítica do RNCausada pela passagem transplacentária de

anticorpos maternos contra antígenos das hemácias do concepto e é caracterizada pelo aumento da taxa de destruição de hemáciasIncompatibilidade Rh (antígeno D)Incompatibilidade ABO

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A hemólise perinatal ocorre quando as hemácias fetais e/ou neonatais, portadoras do antígeno D ou Du, são destruídas por anticorpos maternos IgG anti-D.

Hemólise excessiva conjugação de bilirrubina e excreção ineficazes icterícia

Mais frequente em brancos que negros (3:1)Raramente ocorre na primeira gestação. A gravidade da doença Rh tende a ser pior com a

sucessão das gestaçõesA capacidade da mulher produzir anticorpos é

variável.

Incompatibilidade Rh

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A transfusão feto-materna ocorre somente em 50% das gestações, cursando com anemia, hepatoesplenomegalia e hiperbilirrubinemia precoce.

Outras manifestações: descompensação cardíaca, desconforto respiratório, anasarca, colapso respiratório, hipoglicemia

Hidropsia fetal: forma grave da doença, na qual há um acúmulo anormal de líquidos em dois ou mais compartimentos (pele, pleura, pericárdio, placenta, peritôneo, líquido amniótico); geralmente evolui com óbito

Coombs direto positivo: presença de anticorpos anti-D

Incompatibilidade Rh

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Incompatibilidade ABOCausa mais comum da doença hemolítica do

RN15% dos nascidos tem risco ABO, 0,3-2,2%

manifestarão a doençaLimitadas a RN tipo A ou B e mães tipo O.Doença mais leve que a causada por

incompatibilidade RhEsses anticorpos não necessitam de

sensibilização prévea (presentes na fraçao IgM de gamaglobulina que atravessa placenta), ou seja, pode estar presente já na primeira gestação.

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Quadro clínico variável, sendo a icterícia nas primeiras 24 horas a principal manifestação. Essa icterícia tem uma evolução errática e pode persistir por duas semanas.

Hepatoesplenomegalia discreta pode ocorrer. Anemia grave e hidropsia fetal são raras. Icterícia raramente evolui para kernicterusCoombs indireto pode estar positivoLactato hidrogenase é um dos indicadores de

hemólise.

Incompatibilidade ABO

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KernicterusKernicterus ou encefalopatia bilirrubínica é uma

síndrome neurológica resultante da deposição de bilirrubina não-conjugada nos gânglios basais e núcleos da base.

Níveis séricos elevados de bilirrubina (>25mg/dL) resultam em uma maior fração livre lipossolúvel, as quais tem a capacidade de atravessar a BHE e impregnar as células nervosas do encéfalo.

Condições que lesem a BHE (asfixia, estados de hiperosmolaridade) favorecem essa síndrome.

A bilirrubina interfere na utilização do oxigênio pelo tecido cerebral, possivelmente afetando a membrana celular, gerando uma lesão hipóxica que leva a perda neurônios, gliose reativa e atrofia dos sistemas de fibras em uma fase tardia.

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KernicterusManifestações clínicas:

Sinais e sintomas geralmente surgem 1-5 dias após o nascimento em RNT e até o 7° dia em RNPT, mas a hiperbilirrubinemia pode levar à síndrome em qualquer momento no período neonatal.

Forma aguda Fase 1: hipotonia, letargia, má sucção, choro agudo

durante algumas horas; Fase 2: hipertonia da musculatura extensora

(opistótono), convulsões e febre; Fase 3: de aparente melhora, a hipertonia diminui

ou cede (1ª semana, se prolonga por 2-3 meses)

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Muitas crianças que progridem com sinais neurológicos morrem e os sobreviventes geralmente estão seriamente lesados.

Forma CrônicaPrimeiro ano: hipotonia, hiperreflexia profunda,

persistência do reflexo tônico cervical assimétrico e atraso motor

Após o primeiro ano: síndrome extrapiramidal (tremores, coreoatetose, balismo), surdez sensório-neural

Kernicterus

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TratamentoCausa baseFototerapiaExsanguíneotransfusãoOutras

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FototerapiaA bilirrubina absorve a luz, sendo convertida

de sua forma tóxica para uma forma não-conjugada passível de ser excretada.

Hiperbilirrubinemia patológicaProfilática em RN de muito baixo peso (?)

O efeito terapêutico depende da energia de luz emitida na faixa do comprimento de ondas, da distância entre a luz e a criança, a quantidade de pele exposta e o tempo de exposição.

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Fototerapia

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Fototerapia

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Complicações: Fezes líquidas, rash macular eritematoso, rash

purpúreo associado a porfirinemia transitória, superaquecimento e desidratação (aumento da perda insensível de água, diarréia), resfriamento pela exposição da criança e síndrome do bebê bronze.

Contra-indicada na presença de porfiria.

Fototerapia

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Exsanguineotransfusão

Realizada se a fototerapia intensiva falhar em reduzir os níveis de bilirrubina para uma faixa segura, se a criança tem alto risco de kernicterus ou se já apresenta sinais de kernicterus (independente do BTF).

Complicações: acidose, alteraçoes eletrolíticas, hipoglicemia, trombocitopenia, sobrecarga hídrica, arritmias, enterocolite necrosante, infecção, reação enxerto-hospedeiro e morte.

Esse tratamento pode ser repetido até que se alcance um nível seguro de BTF.

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Outras Tin (Sn)-protoporfirina: inibe a conversão de

biliverdina em bilrrubina; efeito menor que o da fototerapia; benéfica para icterícias precocesou quando produtos do sangue são desaprovados.

Imunoglobulina IV (500mg/kg/dose por um período de 4h), a cada 12h por 3 doses efetiva para anemias hemolíticas Coombs positivo

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Prognóstico e EvoluçãoSinais neurológicos tem um prognóstico grave,

75% morrem e 80% dos sobreviventes têm coreoatetose bilateral com espasmos musculares involuntários.

Retardo mental , surdez e quadriplegia são comuns.

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RecomendaçõesQualquer criança ictérica

antes de 24 horas requer a dosagem de BTF.

O acompanhamento deve ser realizado dentro de 2-3 dias após a alta para todos RN com alta antes de 48h de vida.

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Referências

ALMEIDA, F.M.B e DRAQUE, C.M. Icterícia no recém-nascido com idade gestacional >35 semanas. Sociedade Brasileira de Pediatria – Departamento de Neonatologia, 2012.

Programa de Atualização em Neonatologia (PRORN)/ organizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria – Porto Alegre: Artmed/Panamericana Editora, 2003.

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CinquentaCinquentaTons de Tons de AmareloAmarelo

H.M.P.D.RH.M.P.D.RALCON ALCON ObrigadObrigad

a!a!