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Economia do Mar Tiragem: 3000 País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 23 Cores: Cor Área: 22,00 x 31,00 cm² Corte: 1 de 4 ID: 62408989 01-12-2015 ENERGIAS RENOVÁVEIS Oportunidade de negócio para Portugal A Há vários anos que Portugal trabalha nas áreas das energias renováveis, com destaque nas marinhas, liderando mesmo em diversos projectos, mas até que ponto estes são viáveis e qual o seu potencial comercial são as questões cw_le agora se colocam Dos vários projectos de energias renová- veis marinhas os mais viáveis, para André Pacheco, investigador na UALG, são os relacionados com a energia eólica offsho- re, quer em produção de energia, quer em ter- mos de actividade comercial. A razão, explica o investigador, é simples: a tecnologia importa conhecimento directo da energia eólica terreste, que já tem 15 a 20 anos de maturidade. Ou seja, requer menos investimento no conceito de apro- veitamento. Isto apesar de, alerta, se colocarem diversos desafios em instalação e manutenção. Para se ter uma ideia, estudos levados a cabo pelo WavEC indicam que o potencial da energia eólica offshore é de 3500 MW para profundida- des entre os 40 e os 200 metros, sendo que o po- tencial associado à energia das ondas (outra pos- sibilidade) é de cerca de 30 MW por quilómetro (potência média anual por frente de onda). Apesar da disparidade dos números, André Pacheco acredita que a energia das marés e os dispositivos de aproveitamento da ondulação oceânica podem não só ter um papel importan- te no abastecimento mundial de energia, mas também na descarborização das economias. Sobre o papel de Portugal nesta matéria, o es- pecialista é peremptório: as oportunidades que Portugal pode oferecer vão muito mais longe do que o potencial directo da exploração. «Portugal pode exportar conhecimento, ser- viços, criar condições de teste para a indústria, reabilitar os estaleiros, criar universidades e pólos de investigação que tenham laboratórios e modelos físicos e que potenciem o vasto co- nhecimento que o País tem.» PORTUGAL COMO FORNECEDOR DA UE A União Europeia estabeleceu como objectivo relativo à sua política energética que, até 2020, 20% da energia consumida no território seja proveniente de fontes de energias renováveis. Portugal, que foi um dos pioneiros em diversas tecnologias relacionadas com o tema, foi "dei- xado para trás", fruto do desinvestimento e de- sinteresse. Falta apoio político que incentive as grandes entidades internacionais a investirem em projectos nacionais. Portugal foi pioneiro na investigação das energias offshore, estando presente em vários projectos relacionados com as energias das ondas, com destaque para o DWS (tecnologia holandesa) e Telamis (origem escocesa). Infe- lizmente, como refere Tiago Morais, do INEGI, não tiveram sucesso porque não avançaram, a nível nacional, para uma fase comercial. Fica- ram-se pela fase de demonstração. O maior bloqueio deste tipo de projectos re- side no financiamento, ou na falta dele. E isto faz com que Portugal perca projectos. As em- presas detentoras da tecnologia (este tipo de investigação recorre sempre a um consórcio com várias entidades) deslocaram-se para ou- tros países para continuar o desenvolvimento. Ou seja, quando inicialmente Portugal dava cartas e fazia parte das equipas pioneiras nos projectos de investigação, o desinvestimento do sector tem levado a que percamos essas ini- ciativas para outros "concorrentes': O grande problema, para André Pacheco, foi que Portugal criou diversas iniciativas, mas sem uma aposta sólida. «Houve alguma publicida- de negativa associada ao Pelamis, ou mesmo a projectos que não avançaram, como a estação de ondas nos molhes do Douro», mas o maior pro- blema foi o facto de «se querer começar a casa pelo telhado», referiu, explicando que nenhuma área pode ter avanços significativos sem uma aposta forte em investigação. «Temos várias vantagens competitivas comparativamente a ou- tros países, mas não fomos capazes de criar uma base sólida para realizarmos esse potencial, quer ao nível da investigação académica, quer ao nível de potenciar empresas de base tecnológica.» WAVE ROLLER É O PROJECTO COM MAIOR POTENCIAL COMERCIAL Mas nem tudo é mau. Ainda há áreas onde Portugal está "na crista da onda", aponta Tiago Morais, referindo-se especificamente às tecno- logias eólica offshore. Mas não é a única. Há também a energia das ondas. Em relação a esta está a decorrer, em Peniche, a demonstração "Wave Roller». A primeira unidade de produ- ção de energia, segundo anunciado, em Junho deste ano, pela finlandesa AW Energy, deverá começar a ser construída no próximo ano. Com um investimento que pode chegar aos 25 mi- lhões de euros, a empresa acredita que em 2017 conseguirá começar a exploração comercial das 16 unidades que tenciona construir. A pre-

ID: 62408989 01-12-2015 Corte: 1 de 4 Oportunidade de ... · pelo WavEC indicam que o potencial da energia eólica offshore é de 3500 MW para profundida-des entre os 40 e os 200

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Economia do Mar Tiragem: 3000

País: Portugal

Period.: Mensal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 23

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Área: 22,00 x 31,00 cm²

Corte: 1 de 4ID: 62408989 01-12-2015

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Oportunidade de negócio para Portugal A Há vários anos que Portugal trabalha nas áreas das energias renováveis, com destaque nas marinhas, liderando mesmo em diversos projectos, mas até que ponto estes são viáveis e qual o seu potencial comercial são as questões cw_le agora se colocam

Dos vários projectos de energias renová-veis marinhas os mais viáveis, para André Pacheco, investigador na UALG, são os relacionados com a energia eólica offsho-re, quer em produção de energia, quer em ter-mos de actividade comercial. A razão, explica o investigador, é simples: a tecnologia importa conhecimento directo da energia eólica terreste, que já tem 15 a 20 anos de maturidade. Ou seja, requer menos investimento no conceito de apro-veitamento. Isto apesar de, alerta, se colocarem diversos desafios em instalação e manutenção.

Para se ter uma ideia, estudos levados a cabo pelo WavEC indicam que o potencial da energia eólica offshore é de 3500 MW para profundida-des entre os 40 e os 200 metros, sendo que o po-tencial associado à energia das ondas (outra pos-sibilidade) é de cerca de 30 MW por quilómetro (potência média anual por frente de onda).

Apesar da disparidade dos números, André

Pacheco acredita que a energia das marés e os dispositivos de aproveitamento da ondulação oceânica podem não só ter um papel importan-te no abastecimento mundial de energia, mas também na descarborização das economias.

Sobre o papel de Portugal nesta matéria, o es-pecialista é peremptório: as oportunidades que Portugal pode oferecer vão muito mais longe do que o potencial directo da exploração.

«Portugal pode exportar conhecimento, ser-viços, criar condições de teste para a indústria, reabilitar os estaleiros, criar universidades e pólos de investigação que tenham laboratórios e modelos físicos e que potenciem o vasto co-nhecimento que o País tem.»

PORTUGAL COMO FORNECEDOR DA UE A União Europeia estabeleceu como objectivo relativo à sua política energética que, até 2020,

20% da energia consumida no território seja proveniente de fontes de energias renováveis. Portugal, que foi um dos pioneiros em diversas tecnologias relacionadas com o tema, foi "dei-xado para trás", fruto do desinvestimento e de-sinteresse. Falta apoio político que incentive as grandes entidades internacionais a investirem em projectos nacionais.

Portugal foi pioneiro na investigação das energias offshore, estando presente em vários projectos relacionados com as energias das ondas, com destaque para o DWS (tecnologia holandesa) e Telamis (origem escocesa). Infe-lizmente, como refere Tiago Morais, do INEGI, não tiveram sucesso porque não avançaram, a nível nacional, para uma fase comercial. Fica-ram-se pela fase de demonstração.

O maior bloqueio deste tipo de projectos re-side no financiamento, ou na falta dele. E isto faz com que Portugal perca projectos. As em-presas detentoras da tecnologia (este tipo de investigação recorre sempre a um consórcio com várias entidades) deslocaram-se para ou-tros países para continuar o desenvolvimento. Ou seja, quando inicialmente Portugal dava cartas e fazia parte das equipas pioneiras nos projectos de investigação, o desinvestimento do sector tem levado a que percamos essas ini-ciativas para outros "concorrentes':

O grande problema, para André Pacheco, foi que Portugal criou diversas iniciativas, mas sem uma aposta sólida. «Houve alguma publicida-de negativa associada ao Pelamis, ou mesmo a projectos que não avançaram, como a estação de ondas nos molhes do Douro», mas o maior pro-blema foi o facto de «se querer começar a casa pelo telhado», referiu, explicando que nenhuma área pode ter avanços significativos sem uma aposta forte em investigação. «Temos várias vantagens competitivas comparativamente a ou-tros países, mas não fomos capazes de criar uma base sólida para realizarmos esse potencial, quer ao nível da investigação académica, quer ao nível de potenciar empresas de base tecnológica.»

WAVE ROLLER É O PROJECTO COM MAIOR POTENCIAL COMERCIAL Mas nem tudo é mau. Ainda há áreas onde Portugal está "na crista da onda", aponta Tiago Morais, referindo-se especificamente às tecno-logias eólica offshore. Mas não é a única. Há também a energia das ondas. Em relação a esta está a decorrer, em Peniche, a demonstração "Wave Roller». A primeira unidade de produ-ção de energia, segundo anunciado, em Junho deste ano, pela finlandesa AW Energy, deverá começar a ser construída no próximo ano. Com um investimento que pode chegar aos 25 mi-lhões de euros, a empresa acredita que em 2017 conseguirá começar a exploração comercial das 16 unidades que tenciona construir. A pre-

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visão é de que estas unidades produzam 11,4 gigawatts/hora por ano, energia suficiente para abastecer 5500 habitações. Na altura o minis-tro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, afirmou que Portugal iria ter acesso a 130 milhões de euros, no âmbito dos novos fundos comunitários para estudar e testar novas tecnologias destinadas à produção de novas energias renováveis.

Outro projecto interessante, igualmente na área da energia eólica marítima, é o WindFlo-at, conduzido pela EDP Inovação em parceria com a EDPR. A iniciativa implicou a concepção e construção de um protótipo, instalado junto à praia da Aguçadoura, de uma turbina eólica de 2 MW. Ligado à rede eléctrica desde Dezembro de 2011, trata-se do primeiro projecto de ins-talação de turbinas eólicas offshore em todo o mundo, que não implicou a utilização de pesa-dos sistemas de construção e montagem no mar.

Este projecto é, para Tiago Morais, um caso claro de sucesso. Já passou por diversas fases, "inclusive de grande agitação marítima" e es-pera-se que venha a resultar em várias instala-ções. «Neste momento é o projecto com maior viabilidade comercial, dado que a tecnologia está num grau de maturidade acima de outras iniciativas semelhantes.» O que faz com que o especialista acredite que se caminhe para a co-mercialização em larga escala.

Os resultados obtidos pelo WindFloat per-mitiram que o grupo liderado pela EDP deci-disse ser mais ambicioso. No final de Outubro foi anunciado um financiamento comunitário, no valor de 19 milhões de euros, utilizado no desenvolvimento de um novo projecto de ener-gia eólica offshore. Localizado ao largo da Pó-voa de Varzim, terá como objectivo testar uma tecnologia de suporte para torres eólicas. O objectivo é o de reduzir os custos inerentes à construção de parques eólicos no mar.

Com o nome de Demogravi3, o projecto im-plicará um investimento de 27 milhões de eu-ros, com o grosso do valor (19 milhões) a ser

Portugal foi pioneiro na investigação das energias offshore, mas perdeu terreno por falta de financiamento

assegurado pelo programa Horizonte 2020. Do grupo fazem parte, além da EDP, a A. Silva Matos, a Wavec Offshore Renewables (de Por-tugal), a Acciona e entidades da Alemanha, Ir-landa e Noruega.

FALTA VONTADE POLÍTICA Apesar de a investigação portuguesa em ter-mos das energias renováveis ser muito activa e de estar presente em diversos projectos in-ternacionais, o País não tem o destaque que poderia ter. Essa é a opinião de Tiago Morais, que refere que os outros países conseguem mais facilmente captar investimento, fruto do apoio governamental. Quando um governo apadrinha este tipo de projectos e cria fontes de investimento, estas depois sustentam-nos ao longo dos anos. Isto leva a que quem está a pensar investir na tecnologia opte por países como o Reino Unido, que oferece um conjunto de condições técnicas e de acessibilidades eco-nómicas mais vantajosas.

Uma das "falhas" apontadas por Tiago Mo-rais é a falta de comunicação dos projectos, da criação de sistemas de incentivos específicos para ajudar o desenvolvimento do sector. «O que, de certa forma, limita o crescimento do mesmo», constata Tiago Morais.

De uma forma simplista Portugal tem a par-te do conhecimento, tem investigadores, tem matéria-prima (a linha costeira e o mar). Falta

apenas o investimento e o apoio político. E isso é visível inclusive nas revisões dos objectivos energéticos, com os valores definidos a desce-rem de revisão para revisão.

Apesar deste cenário menos optimista, André Pacheco afirma que, para a energia marinha se impor no mercado, tem de encontrar tecnolo-gias que sejam de fácil instalação e manuten-ção. Ou seja, terá de haver uma grande aposta na criação de soluções mais económicas e com recurso a novos materiais. Mas só isso não bas-ta. «A chave para o abastecimento energético do futuro é a diversidade energética», refere, acrescentando que é igualmente necessário ter melhores soluções na versatilidade das redes de armazenagem, abastecimento e distribuição, de forma a poder congregar o fornecimento ener-gético de todas estas fontes de produção.

ENERGIAS RENOVÁVEIS MARÍTIMAS DISPONÍVEIS PARQUES EÓLICOS MARÍTIMOS. São centrais ins-taladas nos mares e oceanos, movidas a vento, que produzem electricidade. O vento é mais intenso no mar do que em terra, o que permite produzir maiores quantidades de electricida-de. Os parques eólicos estão numa fase inicial de comercialização. De acordo com os resulta-dos do estudo, os custos com estes parques de-verão, a médio prazo, diminuir e ser inferiores aos custos com os parques eólicos terrestres.

Consiste no transporte da energia contida na superfície das ondas oceânicas e na sua captura para pro-dução de electricidade. As centrais extraem a energia directamente da superfície das ondas oceânicas ou das flutuações de pressão abaixo da superfície. O seu potencial tem sido equi-parado às necessidades de consumo energético de todo o mundo, apesar das questões ambien-tais levantadas a respeito dos seus efeitos nos mares e oceanos.

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EUROPA

Dependência dita aposta nas renováveis

A Debater as energias renováveis marinhas foi o objectivo do Seminário WavEC 2015, que decorreu no passado dia 16 de Novembro, na Fundação Gulbenkian

Maior concorrência das energias renováveis marinhas vem das centrais solares fotovoltaicas

vo de produzir 6 GW de energia até 2020. Para 2030 as metas são (ainda) mais ambiciosas: pro-duzir 21 GW através da energia eólica (15 GW em plataformas fixas e 6 GW em flutuantes).

Já Patrik Mõller, da Corpower, apresentou uma outra tecnologia: a das ondas. Com provas dadas na costa escocesa, o executivo alertou, no entanto, para a necessidade de construir equipa-mento que consiga resistir a tempestades mais fortes e que, simultaneamente, forneça energia suficiente, para que se justifique o investimento.

João Costeira, da EDPR, reflectiu sobre os resultados da empresa. De 2008 a 2014 a pro-dução de energia aumentou 17% e, actualmen-te, a EDPR é o quarto maior produtor de ener-gia eólica (a liderar está a Iberdrola, seguida da Nextera e da Longyuan).

Já José Ventura de Sousa, da Associação das Indústrias Navais, revelou os números do mer-cado. Segundo a European Wind Energy Asso-ciation (EWEA), no primeiro semestre de 2015, a Europa (a grelha eléctrica) ligou-se a 584 tur-binas eólicas offshore, tendo gerado 2,342.9 MW. Em construção estão 15 parques eóli-cos que deverão aumentar a capacidade para 4,268.5 MW. Feitas as contas, a EWEA acredita que, em 2030, a tecnologia eólica offshore po-derá produzir 150 GW, o que representa 14% do consumo europeu de electricidade.

Jacopo Moccia, da Ocean Energy Europe, colocou o "dedo na ferida", relembrando que a Europa está dependente, em 53%, de importa-ção de energia. São cerca de 400 mil milhões de euros por ano. Qualquer coisa como «o PIB da Bélgica», refere. E é isso que se pretende alterar. O novo conceito "Energy Union" tem como ob-jectivo ser líder, a nível mundial, nas energias re-nováveis. Conseguir que todos os países da Co-munidade Europeia sejam entre 85 a 90% livres de carbono até 2050. No entanto, para cumprir este objectivo, alerta Jacopo Moccia, será neces-sário que se procure energia renovável «em todo o lado» e não só nos grandes projectos. «E aqui a energia marinha vai ter um papel importante», sendo que a parte do financiamento é fulcral.

Uma nota positiva. Estas tecnologias signi-ficam mais e novos negócios para indústrias como a da metalomecânica. Porque as plata-formas, as turbinas, os navios... tudo terá de ser construído. Mas isso também implica novas ne-cessidades de formação de recursos humanos.

Segundo o relatório "Reorientation of Shi-pyards: Opportunities in Offshore Energy", da Douglas-Westwood-OECD, o desenvolvi-mento da indústria eólica elevará o número de embarcações necessárias de 1229 (2014) para 1964 (2025). Um crescimento anual de 3,7%.

Também interessante é a previsão do Sea Eu-rope — Market Forecast Report 2015, de que, nos próximos 20 anos, as energias renováveis e a nuclear terão o crescimento mais rápido, com valores, superiores a 5% ao ano cada uma.

O Seminário promovido pela WavEC na Fundação Gulbenkian, genericamente inti-tulado, "Portugal e França: Uma Força Condu-tora na Investigação e Inovação das Energias Renováveis Marinhas", pretendeu, acima de tudo, mostrar, os projectos em curso, a sua ma-turidade, bem como as empresas (nomeada-mente as portuguesas) envolvidas, assim como a sua importância para a internacionalização e o impacto das mesmas na sociedade.

O projecto WindFloat, encabeçado pela EDP, é um dos que estão numa fase mais avan-çada de testes. Baseado na tecnologia eólica flutuante, deverá entrar brevemente, segundo Pedro Valverde, da EDP, em fase de pré-co-mercialização — a data prevista é 2017, com a comercialização no ano seguinte. O executivo da EDP explicou o potencial da Europa e con-cretamente da Península Ibérica, apontando os pontos positivos da nossa costa: ligação à rede eléctrica perto da costa, uma área de cerca de 250 quilómetros com potencial para explora-

ção, sendo que este, segundo o relatório Evalu-ación Potencial Energías Renovables (2007), da Universidade de Zaragoza, é de >40 TWh (-12 GW). Em termos de custos, o próximo objecti-vo passa por produzir energia a 100 euros por MW/hora. Algo que Pedro Valverde acredita que deverá acontecer por volta de 2025.

A Idéol é a proposta francesa que concorre com o WindFloat. A diferença está na estrutura da pla-taforma. Bruno Geschier, da Idéol, apontou para os novos esforços — criar turbinas maiores, que consigam produzir mais energia e a custos mais baratos. No entanto, alertou para um problema/ desafio: o número limitado de navios capazes de fazer a instalação offshore das plataformas. E co-locou a questão. "Há sentido em construir navios que quase nunca são utilizados?"

Hakim Mouslim, da INNOSEA France, re-flectiu sobre a importância das renováveis mari-nhas atingirem a meta estabelecida pela França. Actualmente o país tem seis projectos de eólica (quatro deles iniciados em 2012) com o objecti-

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E JORNAL DA • conomia 22 Mar

DOSSIEI RENOVÁVEIS MARINHAS

PORTUGAL A PERDER

ENERGIA Já tendo estado na

vanguarda de algumas das mais avançadas tecnologias

renováveis marinhas, Portugal começa a dar sinais de uma estranha

fadiga e a ser ultrapassado pelos seus mais directos

concorrentes. Páq.23