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PóS-GRADUAçãO 096 Na noite de 8 de outubro de 2009, no seu Centro de Excelência, a pós-graduação da FAAP recebeu o prof. Idalberto Chiavenato, autor de mais de vinte livros de grande destaque no mercado, além de uma infinidade de artigos em revistas especializadas. O prof. Victor Mirshawka Junior, diretor da pós-graduação da FAAP, fez a apresentação do palestrante. Além de agradecer as pessoas pela presença, fez questão de enaltecer a importância dessa inciativa por parte da FAAP, que vem corroborar com a vocação da Fundação em promover grandes eventos educacionais. GESTãO DE PESSOAS Chiavenato iniciou sua palestra fazendo um breve histó- rico sobre a gestão de pessoas. Disse que se trata de uma especialidade nova que surgiu após o forte impacto da Revolução Industrial e sua principal finalidade é buscar o equilíbrio entre organização e pessoas. Ressaltou ainda que se trata de uma peça fundamental sob o Idalberto Chiavenato na FAAP ponto de vista empresarial, haja vista que os superiores indu- zem seus subordinados a atingirem as metas da organização e a buscar seu aprimoramento pessoal. As organizações devem passar a enxergar as pessoas como seres humanos e não simplesmente como meros recursos humanos. Nas palavras dele: “Pessoas são pessoas, é isso!”. Ele lembrou que a gestão de pessoas está passando por grandes mudanças e por importantes inovações. A crescente globalização dos negócios com consequente acirramento da concorrência mundial implica, cada vez mais, na necessidade das empresas buscarem produti- vidade, qualidade, eficiência e competitividade. Nesse sentido, as pessoas não devem ser encaradas como um problema para as organizações, mas como agentes de solução, tornando-se vantagem competitiva para elas. Lembrou o palestrante que os desafios atuais são: atrair, reter e desenvolver talentos. Em seguida, ele fez uma apresentação dos seis processos do chamado RH Ope- racional. São eles: O prof. Victor Mirshawka Jr., diretor da FAAP Pós-Graduação, apresentando o renomado professor Idalberto Chiavenato.

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Na noite de 8 de outubro de 2009, no seu Centro de Excelência, a pós-graduação da FAAP recebeu o prof. Idalberto Chiavenato, autor de mais de vinte livros de grande destaque no mercado, além de uma infinidade de artigos em revistas especializadas. O prof. Victor Mirshawka Junior, diretor da pós-graduação da FAAP, fez a apresentação do palestrante. Além de agradecer as pessoas pela presença, fez questão de enaltecer a importância dessa inciativa por parte da FAAP, que vem corroborar com a vocação da Fundação em promover grandes eventos educacionais.

Gestão de pessoasChiavenato iniciou sua palestra fazendo um breve histó-rico sobre a gestão de pessoas. Disse que se trata de uma especialidade nova que surgiu após o forte impacto da Revolução Industrial e sua principal finalidade é buscar o equilíbrio entre organização e pessoas. Ressaltou ainda que se trata de uma peça fundamental sob o

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ponto de vista empresarial, haja vista que os superiores indu-zem seus subordinados a atingirem as metas da organização e a buscar seu aprimoramento pessoal. As organizações devem passar a enxergar as pessoas como seres humanos e não simplesmente como meros recursos humanos. Nas palavras dele: “pessoas são pessoas, é isso!”. Ele lembrou que a gestão de pessoas está passando por grandes mudanças e por importantes inovações. A crescente globalização dos negócios com consequente acirramento da concorrência mundial implica, cada vez mais, na necessidade das empresas buscarem produti-vidade, qualidade, eficiência e competitividade. Nesse sentido, as pessoas não devem ser encaradas como um problema para as organizações, mas como agentes de solução, tornando-se vantagem competitiva para elas. Lembrou o palestrante que os desafios atuais são: atrair, reter e desenvolver talentos. Em seguida, ele fez uma apresentação dos seis processos do chamado RH ope-racional. São eles:

O prof. Victor Mirshawka Jr., diretor da FAAP Pós-Graduação, apresentando o renomado professor Idalberto Chiavenato.

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á agregar – Recrutamento, seleção e integração.á Manter – Higiene, segurança, qualidade de vida e

clima organizacional.á desenvolver – Treinamento, capacitação, conheci-

mento corporativo e aprendizagem organizacional.á Recompensar – Remuneração, benefícios e planos

de incentivos.á Monitorar – Banco de talentos e sistema de infor-

mação gerencial.á aplicar – Modelagem do trabalho e avaliação de

desempenho.

O expositor lembrou que a moderna gestão de pessoas visa buscar a colaboração eficaz dos seus associados. As-sim sendo, é preciso tratá-los como peças-chave do novo sistema. Ressaltou que nos dias atuais as organizações não administram recursos humanos nem as pessoas, mas administram com as pessoas. Na sequência, explicitou os objetivos do RH tático:á Transformar gerentes em gestores de pessoas.á Desenvolver lideranças.á Coaching (orientar)e mentoring (aconselhar).á Criar equipes de alto desempenho.á Melhorar a comunicação interna.á Desenvolver o engajamento e o compromisso.á Apoiar e assessorar os gerentes.

Na moderna administração participativa, os indivíduos possuidores de inteligência, criatividade e habilidade

Os desafios atuais da gestão de pessoas são: atrair, reter e desenvolver talentos

O público extremamente atento às lições do prof. Chiavenato.

passam a fazer a diferença. As pessoas devem ser re-conhecidas como ativadoras inteligentes de recursos organizacionais. Finalmente, não devemos esquecer que as pessoas são parceiras da organização. O prof. Chiavenato apresentou o RH estratégico, cujos objetivos são:á Apoiar cada área a alcançar seus objetivos.á Ajudar a definir objetivos departamentais.á Auxiliar a definir objetivos organizacionais.á Acoplar recompensas com o alcance dos objetivos.á Incrementar o conhecimento corporativo.á Criar um clima organizacional satisfatório.

Chiavenato realçou a valiosa contribuição que a gestão por competências trouxe à gestão de pessoas. Explicou que a primeira visa instrumentalizar o departamento de Recursos Humanos (RH) e gestores das empresas, para

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realizar gestão e desenvolvimento de pessoas, com foco, critério e clareza. As ferramentas da gestão por competências são total-mente alinhadas às atribuições dos cargos e funções de cada organização. Por meio do mapeamento e mensura-ção por competências, são identificadas as competências comportamentais e técnicas necessárias para a execução das atividades de um cargo/função e é mensurado o grau

Como sempre, nos eventos da FAAP, o enfoque no social, solicitando a colaboração dos participantes com as organizações que auxiliam os carentes.

Após a magnífica palestra do prof. Idalberto Chiavenato, alguns dos participantes foram sorteados e ganharam o livro e o autógrafo do expositor.

ideal para cada grupo de competências que uma pessoa deve alcançar, para ao assumir um cargo(função) atinja os objetivos da empresa.O palestrante fechou sua fala dizendo que é imprescin-dível que a nova administração de RH seja capaz de cor-responder às novas exigências, transformando a maneira de pensar, considerando os conceitos introduzidos na moderna gestão de pessoas.

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A edição de 2009 do IAMA – International Agribusiness Management Association, um evento anual que reúne pesquisadores e empresários do setor de todo o mundo, colocou entre outros assuntos a questão do futuro do agronegócio. Dentre várias discussões, palestras e semi-nários, o professor hondurenho Ernesto Gallo procurou consolidar diversos dos importantes pontos discutidos durante o evento, os quais procuro sintetizar neste ar-tigo e comentar algumas implicações, oportunidades e desafi os para o Brasil como importante player (ator) do agronegócio mundial.Se considerarmos a questão do consumo de alimentos, já é conhecido de todos os direcionadores que o tem infl uenciado, tais como: a maior participação da mulher na força de trabalho, a procura por maior conveniência, a compra de alimentos prontos para consumo (food ser-vice), entre outros. Entretanto, não são apenas esses os direcionadores do futuro do agronegócio e outros temas serão aqui abordados. eXPecTaTiVas Do crescimeNTo Da DemaNDaDo lado da demanda, o crescimento da renda, mesmo sendo afetado pela recente crise internacional, continua sendo o principal fator de desenvolvimento, alinhado com o crescimento da população mundial. Existem cerca de

700 milhões de pessoas no mundo com “padrão de vida norte-americano”, com renda anual média de US$25 mildólares. Com o crescimento da China, Índia, Oriente Médio e outros países com elevado crescimento como o Brasil, espera-se que esse número de pessoas cresça quatro a cinco vezes em 20 anos.Existe também um imenso contingente de pessoas com baixa renda, sendo que, segundo dados da Organiza-ção para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 39% da força de trabalho mundial encontram-se na agricultura, mas que gera apenas 2,9% do produto interno bruto (PIB) mundial. Mesmo com a abundância de alimentos, encontra-se escassez em diversos locais devido a problemas de distribuição. Atribui-se, assim, a participação relativa da agricultura no PIB global aos baixos preços relativos, em termos de valor de troca por demais produtos. Nosso histórico recente mostra grande variação de preços, que devem voltar a aumentar com maior demanda e utilização de alguns alimentos para produção de biocombustíveis.Assim, várias são as fontes de demanda para o cres-cimento do agronegócio, em que algumas culturas deverão concorrer em termos de recursos, como: terra, água e direitos de poluição. Essas fontes são comen-tadas a seguir.

As tendências que defi nirão o futuro do agronegócioPor prof. Matheus Alberto Cônsoli, pesquisador e consultor da Markestrat (Centro de Pesquisa e Projetos em Marketing & Estratégia) e professor dos cursos de pós-graduação da FAAP, campus de Ribeirão Preto.

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alimeNTosSe considerarmos o nível do ano 2000, uma população mundial de 6,2 bilhões de pessoas demandou 2,45 bilhões de toneladas de alimentos. Segundo dados da revista Agroanalysis, essa demanda deve ser de quase 4 bilhões de toneladas em 2025, com uma população de mais de 8,3 bilhões de pessoas. Em outro estudo que compara o consumo de alimentos de 2008 com previsões para 2018, verifi ca-se que os países atualmente desenvolvidos terão sua participação no con-sumo reduzida de 58% para 52%, com consumo per capita crescendo 4%. Já os demais países representarão 48% dos atuais 42% do consumo, mas com crescimento per capita na ordem de 29%. Dentre os maiores crescimento estima-se que Índia aumente em 55% o consumo de alimentos, seguido pela China com 49%. Países da América do Sul, e em particular o Brasil, devem aumentar esse consumo em 12% no mesmo período. Especifi camente no Brasil, o consumo de alimentos deverá crescer principalmente no setor de food service (alimentação fora do lar), que atu-almente representa 27% do consumo, podendo alcançarmais de 40% em 2020, fortemente infl uenciado pelo aumento de renda e crescimento da classe C.

raÇÕesO crescimento da demanda por alimentos leva também ao maior consumo de rações par produção de carnes (proteínas). Em 2008 consumiu-se mais de 720 milhões de toneladas de ração animal no planeta, sendo que o Brasil representa 8% desse consumo. Para se ter uma ideia, cerca de 43% da produção brasileira de milho é destinada para produção de frango e 26% para produção de suínos, com aumento de 10% de 2007 para 2008 e expectativa de crescimento de 16% entre 2009 e 2010.

combUsTÍVeisO crescimento da demanda por biocombustíveis e os aspectos relacionados à questão do aquecimento global têm infl uenciado várias cadeias produtivas, principal-mente aquelas relacionadas à produção de etanol (cana e milho, principalmente) e biodiesel (soja, mamona, pinhão-manso, entre outros). Diversos debates têm sido realizados sobre esse tema, que apesar de contribuírem extensivamente para o desenvolvimento de diversos

países e poder reduzir emissões de carbono, podem levar a concorrência de produtos alimentares para produção de combustíveis (como o caso do milho nos Estados Unidos da América – EUA).No Brasil, a produção e etanol de cana-de-açúcar têm se mostrado um bom exemplo global. São utilizados pouco mais de 1% da área agrícola do País (algo próximo a 4 milhões de hectares), para produção de cerca de 50% do combustível de veículos de pequeno porte. Em termos globais, uma demanda potencial de mistura de 20% de etanol na gasolina utilizaria 35 milhões de hectares (ha)para produção de cana-de-açúcar em todo planeta, sendo que apenas o Brasil tem 100 milhões de ha disponíveis para expansão agrícola, já descontando as pastagens.

maDeiraA indústria de base fl orestal, principalmente a vinculada aos setores de celulose e papel, siderurgia a carvão vege-tal e painéis de madeira reconstituída, vive um importante momento de expansão. Aspectos como o crescimento da demanda interna e externa, bem como as vantagens com-petitivas da produção de fl orestas plantadas no Brasil, frente aos competidores internacionais, têm criado um ambiente altamente favorável para o fortalecimento das atividades de base fl orestal. Apenas para produção de carvão, são consumidos mundialmente quase 44 milhões de toneladas de madeira, segundo a FAO (Food and Agri-culture Organization of the United Nations – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, res-ponsável pelo estudo dos problemas de alimentação no mundo), sendo que o Brasil consome 20% do montante para a produção de ferro.A demanda de madeira para a indústria moveleira também deve impulsionar um aumento de mais de 66% na área de madeira plantada, sendo que a oferta não sufi ciente crescerá cerca de 24%, o que implica a necessidade de se plantar 600 mil hectares de fl orestas anualmente no Brasil.

PeiXesA aquicultura é um efi ciente caminho para a produção de proteínas para o consumo humano, dada a elevada necessidade de grãos para produção de proteína ani-mal e baixa conversão energética. Segundo dados do prof. Jonathan Shepherd, diretor geral da International Fishmeal and Fish Oil Organisation (IFFO), é preciso 100 kg de ração para produzir 65 kg de salmão, sendo que a mesma quantidade de ração produz apenas 20 kg de frango, 14 kg de carne bovina, 13 kg de carne de

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suína e 1,2 kg de carne de carneiro. A FAO (Food and Agriculture Organization, em português Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) também destaca que um hectare cultivado com peixes produz mais do que com qualquer outro animal.Esses fatores, alinhados com a crescente demanda de alimentos, podem trazer grandes oportunidades para o agronegócio. Em termos de consumo, a média brasileira está em 7 kg per capita por ano, enquanto que os japone-ses consomem 150 kg. Mesmo assim, o Brasil só chegou a esse índice por que a região amazônica consome de 70 a 80 kg per capita por ano. Se não fosse isso, a média estaria muito mais abaixo.Entretanto, o Brasil tem um território marinho de aproxi-madamente 4,5 milhões de quilômetros quadrados, que é praticamente inexplorado em relação à sua potencia-lidade, aponta o estudo Mar e Zona Costeira Brasileiros, um levantamento realizado a pedido do Núcleo de As-suntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República, apresentando um potencial comparado ao da Amazônia. Além disso, a exploração profissional e tecnificada da aquicultura também oferece vantagens sociais às popu-lações de inúmeros países onde o pescado marinho não pode chegar em boas condições sanitárias e a preços razoáveis.

FloresOutra atividade de potencial crescente é a produção e exportação de flores, que movimenta em termos globais mais de US$ 16 bilhões de dólares anualmente no nível de

produtores e cerca de US$ 44 bilhões no nível do varejo e possui avançados sistemas de comercialização (por meio de leilões eletrônicos) e logística de distribuição específica.A floricultura nacional, até meados da década de 50, era pouco expressiva tanto econômica como tecnologica-mente, caracterizando-se como uma atividade paralela a outros setores agrícolas. Em 2007, os 10 principais Estados brasileiros exportadores foram: São Paulo (US$ 25,3 milhões); Ceará (US$ 4,9 milhões); Rio Grande do Sul (US$ 2,3 milhões); Minas Gerais (US$ 1,5 milhão); Santa Catarina, Pará, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Alagoas e Pernambuco.Atualmente, na região de Holambra, além de mais de 300 produtores, estão estabelecidos os maiores atacadistas e distribuidores de flores do País, onde a participação de cada segmento no mercado de flores está estimada em 30% para a produção, 20% para a distribuição, 10% para os acessórios e 40% para os pontos de venda. Espera-se que em 2009 apenas a Cooperativa Veilling Holambra fature R$ 250 milhões.

FibrasAs fibras são muito importantes como matéria-prima para manufatura, podendo ser fiadas, para a formação de fios, linhas ou cordas ou dispostas em mantas, para a produção papel, feltro ou outros produtos. Para uso em manufatura são classificadas conforme a sua origem, que pode ser natural, artificial ou sintética.Dada sua importância econômica e social, a FAO definiu 2009 como o “Ano Internacional das Fibras Naturais”. Algodão, seda, lã, sisal são algumas das muitas fibras usadas pela humanidade diariamente em roupas, com-bustível, abrigo, conforto e matéria-prima para outros objetos, como cordas, por exemplo. Segundo estimativas da entidade, o mundo produz entre 30 e 35 milhões de toneladas anuais de fibras de acordo com os últimos dados disponíveis.O algodão é rei nesta seara. Do total de fibras produzidas ao redor do globo, cerca de 25 milhões de toneladas são das plumas brancas de origem vegetal. Os maiores produtores de algodão são: China, EUA, Paquistão, Índia, Uzbequistão, Turquia e Brasil, que respondem por 80% da produção mundial. A fibra animal mais produzida no mundo é a lã. Anualmente, milhões de carneiros ficam carecas para os seres humanos se aquecerem com 2,2 milhões de toneladas de seus pelos. Os maiores pro-dutores são: Austrália (25%), China, Nova Zelândia, Irã, Argentina e Reino Unido.Além do algodão, o Brasil se destaca na produção de sisal. Juntas, as duas fibras responderam em 2003 por US$ 226 milhões em exportações. Ao redor do globo, as exportações somaram quase US$ 13 bilhões.

Em termos econômicos, o potencial da biodiversidade transcende as fronteiras das indústrias convencionais

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FármacosOutro grande potencial de exploração sustentável para o agronegócio, principalmente em áreas onde a produção tradicional e exploração extensiva não pode ser realizada, como área de florestas e reservas, envolve a produção de fontes naturais de fármacos. Dados do Departamento de Fármacos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) destacam que plantas, fungos, insetos, organis-mos marinhos e bactérias são fontes importantes de substâncias biologicamente ativas, sendo que a maioria dos fármacos em uso clínico ou são de origem natural ou foram desenvolvidos por síntese química, planejada a partir de produtos naturais.Segundo estimativas da Convenção da Diversidade Bio-lógica (CDB), o Brasil hospeda entre 15% e 20% de toda a biodiversidade mundial, sendo considerado a maior do planeta em número de espécies endêmicas. Dados estatísticos indicam ainda que existam 55 mil espécies de plantas, 517 anfíbios (294 endêmicos), 1.622 aves (192 endêmicas), 524 mamíferos (cerca de 130 endêmicos), 468 répteis (172 endêmicos), 3.000 espécies de peixes de água doce e cerca de 15 milhões de insetos, muitos completamente desconhecidos. Com toda essa riqueza biológica, o maior produto de exportação comercial do País (40%) refere-se a espécies de plantas exóticas, que foram introduzidas como: laranja, soja, cana-de-açúcar e eucalipto, por exemplo.Abrigando 50% da biodiversidade mundial, a floresta Amazônica guarda fórmulas para tratar diversos males, sendo que pesquisas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo evidenciaram que 52% dos médicos brasileiros prescrevem ou endossam algum tipo de medicina alternativa para seus pacientes.Em termos econômicos, o potencial da biodiversidade transcende as fronteiras das indústrias convencionais, dado o potencial de descoberta de novos medicamentos. Cerca de metade dos 20 medicamentos mais vendidos no mundo são compostos de produtos naturais, com vendas de mais de US$ 16 bilhões anualmente.Dessa forma, apesar de globalmente reconhecido e am-plamente divulgado, as oportunidades de negócios e de-senvolvimento sustentável em termos socioeconômicos e ambientais ainda estão longe de serem exploradas. As recentes mudanças no paradigma mundial de produção de alimentos, fibras e biomassa, somadas à crescente demanda dos países em desenvolvimento e a nova geo-política global, provavelmente forçarão e determinarão diversas mudanças na forma como utilizamos e explora-mos grande parte dos potenciais acima citados.Entretanto, desafios que envolvem problemas atuais como protecionismo e conflitos comerciais, investimen-tos em estrutura logística e distribuição, tanto no Brasil

quanto globalmente, necessidade de melhor distribuição dos alimentos (principalmente em países da Ásia e África) deverão ser abordados em profundidade, com conheci-mento sistêmico e ferramentas aplicadas à complexidade das operações das cadeias produtivas no agronegócio.Em uma de suas falas na plenária do Congresso Mundial do IAMA de 2009, o prof. Ernesto Gallo destacou que o termo “agronegócio” cunhado em 1959 pelo dr. Ray Goldberg da Universidade Harvard, traz a palavra “negócio”, que implica um enfoque gerencial ao entendimento dos aspectos da produção agropecuária. E finalizou dizendo que “A educação universitária para o agronegócio deve promover a empresa (firm), ao invés do enfoque na fazenda (farm); ensinar menos política e mais estratégia e promover um amplo conhecimento acadêmico e mais virtudes humanas. Nossos estudantes devem desenvolver magnitudes, ser capazes de empreender negócios ousadamente, demonstrar solidariedade com quem precisa, e devem ser treinados para serem profissionais de classe mundial no agronegócio.”Como profissionais e educadores, estamos fazendo grande esforço para trilhar esse caminho promissor para o agronegócio brasileiro, que demandará cada vez mais recursos e profissionais capacitados. sucesso e bons negócios a todos!

Prof. Matheus Alberto Cônsoli que é também pesquisador e consultor.

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