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NOSI apresenta programa “Mundu Novu” ao sector da TIC Perfil Empresárial do Mês: Intercidades DOING REPORT 2010

Ideias & Negócios - Setembro 2009

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Esta edição destaca o DOING BUSINESS REPORT 2010, com uma análise sintética do conteúdo do relatório em relação ao ambiente de negócios existente no arquipélago. O que importa entender do conteúdo do DBR2010? Quais os custos do contexto? Qual a relação da posição no ranking com o investimento externo? Como se relaciona o DBR com o crescimento das empresas nacionais e em relação às competências e à competitividade?! A edição destaca ainda um conjunto de actividades, como a participação da CCISS no dia do Emigrante em Assomada, a apresentação às empresas TIC´s do projecto MUNDU NOVU pelo Núcleo Operacional da Sociedade de Informação- NOSI. Como já é hábito a edição apresenta os novos associados da CCISS e destaca o perfil empresarial do mês com uma entrevista ao Empresário João Baptista de Carvalho, Sócio-Gerente da INTERCIDADES. Votos de boa leitura!!

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NOSI apresenta programa

“Mundu Novu” ao sector da TIC

Perfil Empresárial do Mês:

Intercidades

doing report2010

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NOSI apresenta programa “Mundu Novu” ao sector da TIC

A Nova DiásporaO Emigrante Investidor

Doing Business 2009

Perfil Empresarial do mês - Intercidades

EDITO

RIAL

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Caro Associado,

Esta edição do Boletim Empresarial da CCISS tem como artigo central um convite para uma discussão sobre a classificação de Cabo Verde no Doing Business Report 2010. Consideramos o debate desta questão fundamental, pois no seu centro está a avaliação feita internacionalmente da qualidade do ambiente de negócios Cabo-verdiano, contexto no qual todos operamos. Convidamos a todos os operadores, através dos nossos contactos e do nosso website, www.faroldacciss.org, a partilhar connosco e com o empresariado de Cabo Verde as suas opiniões e preocupações relativas á gestão pública dos aspectos que são relevantes para a gestão empresarial. A CCISS considera que, enquanto sector privado, temos a responsabilidade imediata de contribuir (com as nossas ideias, insights e com toda a força da nossa classe) a estruturação de um ambiente de negócios que sirva os interesses de todos os quadrantes da sociedade Cabo-verdiana.

Paulo LimaPresidente CCISS

A principal razão de ser das Associações Empresariais é os seus Associados.

É com enorme prazer que recebemos novos membros na família. Aos nossos mais novos Associados, boas-vindas e, para tudo o que necessitarem da vossa Câmara de Comércio, estamos aí.

CGC - Cape Consulting Group, Lda.Sector: Consultoria, Gestão e ContabilidadePlateau - PraiaContacto: 995 3981 e-mail: [email protected]

Sogei Engenharia e Construção SASector: Construção Civil e Obras PúblicasContactos: 260 22 00 / fax: 262 7490Site: www.sogei.cv E-mail: [email protected]

Escola Académica do Fogo, Lda.Sector: EducaçãoGerente: Renato Paulo VeigaContacto: 281 4037

INFCCCabral, Lda.Gerente: Abner Andrade CabralSector: Computadores e equipamentos periféricos Contacto: 262 3659

Agência Despachante Cruz, Lda.Sector: Aduaneiro, TransitáriosPlateau - PraiaGerente: Renato Paulo VeigaContacto: 261 2542 / Fax: 261 3395

A Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de So-tavento dedica-se, á muitos anos, á realização de Missões Empresariais. Estas são dirigidas exclusivamente aos seus as-sociados e visam alargar as opções de fornecimento, oferta e parcerias para o empresariado nacional. Os destinos são diver-sos na busca da excelência, qualidade e do desenvolvimento empresarial.

No mês de Outubro temos como destaque a segunda estação da CANTON FAIR 2009, que acontece de 14 a 20 deste mês e é considerada a maior e mais importante feira da China. Na sua 106ª edição, o evento espera bater recordes de público e de negócios.

Os sectores que integram a Canton Fair são os seg-uintes: veículos e peças, materiais de construção e equipamen-tos de cozinha, equipamento electrónico, artigos de decoração e presentes, comidas e produtos agrícolas, matéria-prima, en-tre outros. Como vem sido feito nos anos passados, a CCISS convida aos seus associados interessados nesta missão a obter mais informações e a fazer as suas inscrições junto dos nos-sos serviços. Informamos que temos diversas modalidades de pagamento disponíveis, que poderão tornar este investimento na prospecção do mercado chinês mais atractivo. Aguardaremos com muita expectativa as demonstrações de interesse.

AGENDA: CANTON FAIR 2009

DESTAquES

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Boletim da Camara de Comércio, Industria e Serviços de Sotavento

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Boletim da Câmara de Comércio, Industria e Serviços de Sotavento

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No passado dia 3 de Setembro, a Câmara de Comércio Indústria e Serviços (CCISS) realizou na sua sede, um encontro, com o objectivo de apresentar o programa “Mundo Novu” aos Empresários. Este foi realizado em parceria com o Ministério da Educação e o Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI). O Programa pretende introduzir a interactividade nas escolas Cabo-verdianas, através dos novos meios tecnológicos; procura deste modo melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem, aumentar o grau de conhecimento dos alunos e, em ultima analise, tornar Cabo Verde mais com-petitivo pela formação de competên-cias de qualidade. O programa traz nova luz ao ensino cabo-verdiano, fomentando ainda o desenvolvimento de softwares livres e de baixo custo. Para alem dos alunos e instituições de ensino, o mercado das tecnologias será um dos grandes gan-hadores do Mundu Novu. O programa divide-se em três fases e terá uma du-ração de 5 anos. A 1ª fase decorreu entre Março a Setembro deste ano e a segunda arranca agora, e durará dois anos. A terceira fase, que inicia em Se-tembro de 2011, durará 3 anos.

Os participantes do evento foram maiori-tariamente de tecnologias de informação, interessadas sobretudo em saber quais as oportunidades empresariais abertas pelo programa. Os empresários falaram aber-tamente sobre suas opiniões e dúvidas em relação a este programa: exprimiram preocupações relacionadas com dificul-dades inerentes ao mercado nacional e a este sector de actividade: referiram o seu desagrado em relação ao calendário de im-plementação do projecto, já que este factor pode ser determinante para a possibilidade de participação dos operadores. O texto que se segue é um resumo de alguns dos pontos levantados pelos operadores no en-contro.

Segundo Júlio César Morais, o estado de-veria apostar mais nos conteúdos do pro-grama, já que este revela uma oportuni-dade de negócio para os operadores de um sector fundamental para a sofisticação da oferta de serviços em Cabo Verde. Realçou ainda a importância que este programa de inserção da informática terá para o desen-volvimento do ensino Cabo-verdiano.Arlinda Peixoto, sócia gerente da empresa Áreas & Soluções, referiu lacunas de defi-nição por parte dos responsáveis do pro-jecto, afirmando que o mesmo encontra-se muito vago; segundo a operadora, deve-riam haver bases mais explicitas para as empresas se prepararem e participarem. Peixoto é de opinião que pelo facto de Cabo Verde pertencer á OMC, haverão empresas internacionais a participar em situação de vantagem: empresas que estarão á partida preparadas, certificadas, etc. Portanto, as entidades responsáveis pelo projecto pre-cisam equacionar o factor tempo, para criar condições de participação das empresas nacionais. Por último, sugeriu negociações entre as empresas e escolas, para ma-nutenção e garantia dos computadores. “O projecto é novo, estamos a tentar com-preender como é que os empresários po-derão aproveitar as oportunidades criadas pelo programa. É um projecto que revolu-ciona o próprio sector das tecnologias, abrindo assim um leque de oportunidades e desafios para as empresas nacionais, que vão ter que estar organizadas para as aproveitar,” afirmou Amílcar Monteiro, Di-rector de Desenvolvimento Empresarial da CCISS.

Nosi apreseNta programa “muNdu Novu” ao sector das tic

Mundu Novu “ é um projecto que

revoluciona o próprio sector das

tecnologias ...”

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a Nova diáspora - o emigrante investidor

Desde a sua ocupação humana há quinhentos anos, Cabo Verde tem uma economia frágil. Cabo Verde foi estabele-cido como um mercado privilegiado para Portugal durante o comércio de escravos no Atlântico, mas perdeu rapidamente a sua primazia para outros locais no conti-nente, particularmente Guiné e Senegal. Ou seja, o comércio atlântico rapidamente deixou de ser uma fonte de emprego e de oportunidade económica para os Cabo-verdianos.

Da mesma forma, a economia agrícola que se desenvolveu em Cabo Verde ao longo destes quinhentos anos nunca foi capaz de empregar ou sustentar mesmo a sua pequena população; e pe-riodicamente, massas de Cabo-verdianos pereciam nas fomes.

No século XIX, apareceram as pri-meiras oportunidades significativas de imigração para os Cabo-verdianos, nome-adamente para a América do Norte, atra-vés dos circuitos baleeiros. A partir daí, a população e a cultura Cabo-verdiana in-tegraram a imigração enquanto sinonimo de esperança. O Cabo-verdiano começou a procurar activamente oportunidades de imigração e a diáspora Cabo-verdiana es-tabeleceu-se na América do Norte, Améri-

ca do Sul, na Europa Ocidental e na África Continental.

Os imigrantes eram capazes de sustentar as suas famílias com algum conforto, em épocas onde a maioria dos Cabo-verdianos tinha uma subsistência extremamente insegura; eram quem fazia os mais importantes investimentos imobili-ários do país, na construção das suas re-sidências familiares; e por vezes investiam no pequeno comércio: a imigração era, para grande parte dos residentes, a pró-pria ideia do sucesso.

Mas enquanto investidor, mesmo em pequenos empreendimentos, as possibili-dades de participação que o imigrante tinha na economia Cabo-verdiana eram bastante limitadas. Primeiro, pela própria economia. Dizemos muitas vezes que Cabo Verde tem uma economia frágil, mas devíamos especificar mais vezes exactamente o que isso significa. Significa que, ultrapassada a sua breve importância como mercado atlântico, o quadro, até finais do século XX, era o seguinte:

• A agricultura Cabo-verdiana sem-pre foi incapaz de suportar qualquer cres-cimento saudável da população;

• Como resultado, Cabo Verde teve sempre uma população reduzida, seja

como mercado, seja como força de traba-lho;

• A agricultura Cabo-verdiana tam-bém nunca foi capaz de produzir qualquer colheita com valor comercial, em quantida-de suficiente para exportação;

• A agricultura Cabo-verdiana nun-ca foi capaz de produzir qualquer matéria-prima para a indústria;

• Nestas condições, o investimento possível no comércio era muito limitado;

• Qualquer investimento na indús-tria, como os que foram pensados após a independência, tornava-se difícil pela falta de matéria-prima, pela falta de tecnologia, pela falta de mercado e pelo isolamento.

Nestas condições, durante mais de um século, as remessas da diáspora ga-rantiam a inúmeras famílias Cabo-verdia-nas segurança e sustento; mas o imigrante não tinha a oportunidade de se tornar um investidor.

Nestes últimos anos, o universo Cabo-verdiano – e a sua economia – mu-daram de forma radical. Um elemento de peso, que não é suficientemente discuti-do, é mudança demográfica: a população de Cabo Verde não chegava a 300 mil no ano da independência e agora ultrapassa os 500 mil. 500 mil Cabo-verdianos sau-dáveis, escolarizados, ambiciosos e muito mais capazes de produzir e de consumir do que qualquer geração anterior.

Uma segunda mudança de peso foi a descoberta de Cabo Verde enquanto desti-no turístico pela a Europa Ocidental. Os tu-ristas e os investidores descobriram Cabo Verde na década de noventa. Os investi-mentos estrangeiros criaram emprego para muitas famílias; e fizeram algo igualmente importante, que foi criar oportunidades de investimento para residentes. Com o novo mercado turístico, os Cabo-verdianos resi-dentes e na diáspora tiveram a oportuni-dade de investir – e ganhar dinheiro! – em imobiliária, hotelaria, restaurantes, agên-cias de viagem, e toda uma variedade de serviços e produtos para turistas e inves-tidores.

Encontro do Emigrante na Cidade de Assomada em Agosto de 2009.

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a Nova diáspora - o emigrante investidorO créscimento do mercado turístico e

de centros económicos como a cidade da Praia revolucionaram as oportunidades que os Cabo-verdianos, residentes e na diáspo-ra, têm no presente para se tornarem inves-tidores em diversos sectores.

Com esta, e todo um conjunto de circunstâncias globais a economia Cabo-verdiana cresceu e, agora sim, está em condições de oferecer excelentes oportu-nidades a quem investir com inteligência e informação.

Muitos imigrantes já assumem esse papel, com pequenos e grandes empreen-dimentos, em diversos sectores. O que a Câmara de Comercio gostaria de fazer com parceiros na diáspora e em parceria com a Câmara Municipal de Santa Catarina, é ex-plorar as melhores formas de guiar o capital disponível aos imigrantes para os sectores e investimentos mais promissores.

A primeira tarefa é traçar o perfil desse novo imigrante investidor; descobrir quais as suas forças e onde é que ele precisará do apoio de instituições como a Câmara de Comércio e a Câmara Municipal.

Uma boa parte da diáspora Cabo-ver-diana continua a ter uma vida dura. Mas a situação generalizada do imigrante Cabo-verdiano no país de acolhimento melhorou consideravelmente em relação aos primei-ros tempos de imigração Cabo-verdiana. O imigrante já tem boas condições de educar os seus filhos no país de acolhimento; de constituir poupanças; de investir em resi-dência própria, tanto em Cabo Verde, como no pais de acolhimento; e com essa resi-dência como garantia, torna-se num bom cliente para os bancos, com boas oportu-nidades de conseguir um crédito bancário para projectos de investimento.

A diáspora já demonstrou claramente a vontade e a capacidade que tem de se tornar uma das fontes de capital para inves-timento na economia Cabo-verdiana. Ago-ra, ela precisa de informação prática que lhe explique o funcionamento do mercado Cabo-verdiano, as suas melhores oportuni-dades e os seus maiores riscos.

A primeira pergunta a responder ao imigrante investidor é “em que sectores investir?” Um dos objectos principais da colaboração entre a Câmara de Comércio e a Câmara Municipal de Santa Catarina é um trabalho de identificação de que produ-tos e serviços são necessários – e podem ter sucesso comercial – em Santiago; para alem disso, que produtos e serviços é que os empresários de Santiago podem vender aos mercados turísticos do Sal, da Boa Vis-ta e, futuramente, de Santiago e do Fogo?

Muito capital da diáspora não é renta-bilizado da melhor forma porque os inves-tidores não tinham uma informação útil e detalhada sobre as áreas de negócio com mais hipóteses de ter sucesso. Sendo as-sim, podem investir montantes elevados sem os retornos esperados: seja porque não existe ainda mercado suficiente para o projecto; seja porque a ideia é boa, mas surgiram problemas como transporte, que a tornam muito menos rentável, etc. Havendo informação clara disponível e serviços que ajudem o imigrante a analisar essa infor-mação, ele pode ter novas ideias, melhorar ideias antigas e encontrar as parcerias cer-

Eng. Paulo Lima, Presidente da CCISS na assinatura do Protocolo

com a CM de Santa Catarina

tas para rentabilizar as suas poupanças e o seu capital.

Nesta fase, a Câmara de Comércio acredita que o imigrante investidor terá que fazer uma escolha: entre ser apenas sócio do empreendimento ou ser sócio gerente do negócio. Porque é que essa escolha é fundamental? Porque o sucesso do negó-cio exige cada vez mais especialização.

Por exemplo: digamos que um in-vestidor na área de restauração trabalhou durante muito tempo num restaurante, in-clusive participando na administração, con-tabilidade, compras, etc. Se este investidor decidir abrir um negócio de restauração, tem toda a experiência necessária para se tornar um gerente competente. Já sabe tudo o que é preciso em termos financeiros, de pessoal, sabe reconhecer os perigos e ser competitivo.

Por outro lado, existem exemplos nu-merosos dos perigos que um investidor pode correr se não tiver o conhecimento da área. Neste caso, não é que se fechem as

portas do investimento; antes pelo contra-rio, o imigrante investidor continua a ter a parte mais importante para iniciar o nego-cio, poupança e capital, mesmo se não ti-ver a experiência do sector. Apenas precisa ter o cuidado de se associar a quem tenha essa experiência e capacidade de gestão.

Estes são apenas alguns dos muitos elementos que o imigrante investidor terá que considerar antes de seguir com uma ideia de negócio. E é precisamente aqui que as duas instituições lhe podem ser úteis, ajudando:

• A identificar as melhores áreas para o seu investimento;

• Na análise e preparação do pro-jecto de investimento;

• A conhecer as suas forças e fra-quezas pessoais enquanto investidor;

• Na busca de outros financiamen-tos não bancários que podem estar dispo-níveis para as empresas Cabo-verdianas;

• Na identificação de parceiros, a nível de capacidade financeira e de experi-ência e aconselhando na busca de financia-mento bancário para o seu projecto.

É com esses objectivos, em relação a investidores residentes e na diáspora, que a Câmara de Comercio pretende instalar uma delegação, sedeada na cidade da As-somada, para servir a todos os investidores e empresários de Santiago Norte. As duas vertentes fundamentais da nossa filosofia, particularmente em relação ao investidor imigrante, é a identificação dos investimen-tos certos para guiar o dinheiro disponível para a aplicação mais rentável.

Quando o empresário ganha dinheiro, o país ganha em tudo: um empreendimento de sucesso cria emprego, cria riqueza para investir em negócios ainda maiores; os ne-gócios de sucesso são os maiores clien-tes para outros negócios, e portanto criam oportunidades para outras empresas; e passamos a produzir em Cabo Verde bens e serviços de utilidade para o consumidor, eliminando a necessidade de os importar.

É este, resumidamente, o projecto da Câmara de Comércio para a classe cada vez mais importante de imigrantes inves-tidores. A diáspora Cabo-verdiana esteve sempre na vanguarda económica do seu país. É natural que no presente, no contex-to de uma economia cada vez maior, mais moderna e com mais oportunidades, a di-áspora participe nos negócios com a sua energia reconhecida, com toda a sua expe-riência profissional, todos os seus conheci-mentos e toda a sua riqueza.

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IPara quê dar trela ao Doing Business Re-port 2010?!Há quinze anos em Cabo Verde era necessário ter um discurso para a demo-cracia; há dez anos, era necessário ter um discurso para o emprego. De presente, todos os quadrantes da sociedade Cabo-verdiana estão sob pressão para desen-volver um discurso, ou bem a simulação de um discurso, para a promoção da activi-dade empresarial.

A CCISS representa o segmento mais denso do sector privado do país; como tal, também se encontra sob enorme pressão para apresentar á classe os instrumentos necessários á promoção empresarial. Para nós, isto engloba de forma central a inter-pretação de informação disponível sobre o ambiente de negócios nacional e sobre a nossa capacidade de gestão das tendên-cias que se nos impõem.

Volvidas duas décadas sobre o início do processo de liberalização económica em Cabo Verde, é claramente necessário (como o é em qualquer empreendimento) avaliar o sucesso da sua implementação. Mais do que isso: para multiplicar os ca-sos de sucesso e intensificar o percurso do sucesso, é necessário compreender os factores que o determinam; é necessário desenvolver uma relação de trabalho com os elementos que determinaram, que de-terminam e que poderão determinar as conjunturas de sucesso económico na so-ciedade Cabo-verdiana.

É nesse contexto que a CCISS utiliza neste artigo o DOING BUSINESS REPORT de 2010, como um convite para a discussão, neste fórum empresarial que é o Boletim Ideias e Negócios: • Dos elementos que concorrem para a competitividade da economia Cabo-verdiana;• Dos elementos que devem infor-mar as estratégias públicas que visam a melhoria do ambiente de negócios e a pro-moção empresarial;• Dos elementos que precisam de ser debatidos, apropriados ou propostos pelos operadores e pelas empresas Cabo-verdianas.

O Doing Business Report, produzido an-ualmente pela International Finance Cor-poration para o Banco Mundial, analisa um conjunto extenso de indicadores e cal-cula a posição relativa de cada país ness-es domínios, face a um conjunto de 183 economias nacionais. O relatório informa aos potenciais investidores e parceiros

de todo o mundo sobre a saúde relativa dos ambientes de negócios e dos mer-cados nacionais. No relatório para 2010, Cabo Verde ocupa uma posição bastante medíocre para as suas ambições: o nº 146 num universo de 183. Isto após um ganho de um ponto em relação ao ano anterior. Ganhamos muito em indicadores como “starting a business”; perdemos terreno deploravelmente em indicadores como “getting credit”, no qual partimos de uma já péssima classificação.

Como podemos ler esta e a restante in-formação contida no relatório? Ou seja, como tornar os elementos descritos no DBR 2010 úteis ás estratégias nacionais de promoção da competitividade concebi-das pelas empresas e pelos decisores pú-blicas? De seguida, a CCISS tentará muito esquematicamente inventariar os domínios que foram significativos para Cabo Verde no relatório para 2010; tentará também referir alguns aspectos que poderão ter utilidade na compreensão das nossas in-suficiências e na concepção de estratégias para as ultrapassar.

IICustos de Contexto

O maior ganho de Cabo Verde em relação ao ano anterior é no domínio do registo das empresas, o indicador “starting a business”. Após a inauguração de produ-tos como “Empresa no Dia”, Cabo Verde passou da posição relativa de 164 para a de 136, ganhando 28 pontos na clas-sificação. Continua elevado o número de procedimentos necessários ao registo de uma empresa (apenas ligeiramente abaixo da média da região) porém o tempo e o custo envolvidos no processo baixaram consideravelmente estão muito próximos do quadro das economias mais maduras.

Outro ganho verificado – mais modesto, embora partindo de uma posição relativa superior – foi no domínio fiscal: uma mel-horia de quatro pontos no indicador “pay-ing taxes”, que reflecte a carga financeira e burocrática subjacente ao cumprimento das obrigações fiscais pelas empresas.

Melhoramos igualmente a nossa posição relativa nos indicadores “enforcing con-tracts” e “trading across borders”, domíni-os nos quais ocupamos uma excelente posição em comparação a economias mui-to mais maduras. Ou seja, no domínio dos custos de contexto, Cabo Verde realizou investimentos significativos e conseguiu avanços estratégicos.

IIIInvestimento Externo

Historicamente, os momentos de sucesso da economia Cabo-verdiana, os momentos que geram a possibilidade de empreender, estão directamente ligados á sua inserção periódica numa economia global: tanto o capital de investimento, como os mercados que absorvem a produção cabo-verdiana nesses momentos, têm uma origem pre-dominantemente externa. Os quadros per-iódicos de abertura ao exterior são aqueles que criam as melhores oportunidades de investimento privado, é certo; mas este é também o facto que determina a enorme vulnerabilidade da economia cabo-verdi-ana, na medida em que uma grande parte dos factores que concorrem para o suces-so dos investimentos são exógenos e não estão sujeitos a uma lógica interna ou a manipulação directa.

Cabo Verde tem muito poucos sectores que poderão ser competitivos a nível glo-bal, passíveis de atrair montantes signifi-cativos de investimento externo. Na ac-tual conjuntura, o turismo e a imobiliária turística são aqueles que se apresentam como os mais imediatamente promissores. Os operadores nacionais não têm os re-cursos internos para realizar os investi-mentos necessários á exploração desses sectores: a nossa capacidade de atrair um investimento directo externo de qualidade é crucial.

Porém, na sua procura de investimento externo, Cabo Verde concorre com outros destinos de grande potencial, muitos dos quais não sofrem das nossas insuficiências de gestão. Temos portanto que ser ágeis e agressivos na estruturação de um ambi-ente de negócios que conduzirá á atracção do capital e do know-how necessários á exploração dos sectores de potencial.

No DBR 2010, existem três indicadores que são particularmente úteis na avaliação do nosso comportamento face ao investi-mento externo: “protecting investors”, em-ploying workers”, e “registering property”.

O domínio das garantias ao investidor (que avalia a transparência das transacções, responsabilização de gestores, para além de outros parâmetros) é determinante para a decisão do operador internacional de investir em Cabo Verde; neste domínio, o desempenho de Cabo Verde baixou 5 pon-tos;

doing Business 2010

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VAs competências e a competitividade

Uma das valências que o DBR avalia de forma apenas tangencial (no indicador “employing workers”), mas que para nós é de importância central, é a questão da dis-ponibilidade de competências no mercado. A competitividade das empresas depende intimamente da disponibilidade de profis-sionais qualificados. As empresas nacion-ais estão a investir recursos próprios na for-mação profissional, o que é justo num país onde o sector da educação ainda se en-contra bastante descoberto noutras valên-cias. Contudo, o Estado tem que cumprir as suas obrigações estratégicas e de regu-lação, especificamente no que respeita o ensino oficial e universitário. Verificamos uma disseminação de estabelecimentos oficiais e privados de ensino secundário; porém, pelas competências dos alunos que saem do sistema, fica claro que a atenção estratégica á qualidade foi preterida face a preocupações de outra ordem. O mesmo sucede com as instituições públicas e pri-vadas de ensino superior, onde o acesso dos alunos ao ensino superior – e não a formação de uma massa profissional quali-ficada – parece ser a primeira prioridade.

Como referimos no início deste artigo, esta apresentação muito esquemática do DBR 2010, e das nossas insuficiências a nível da estruturação do nosso ambiente de negó-cios, pretende tão-somente convidar os actores públicos e empresariais a colabo-rar na discussão de possíveis soluções. A CCISS, enquanto representante da classe directamente afectada pelo contexto actual, está engajada na recolha de subsídios de todos os quadrantes da sociedade civil, e na formulação de propostas para melhorar a gestão destes elementos pelo sector pú-blico.

No domínio laboral Cabo Verde ocupa uma posição relativa deplorável: 167 num universo de 183 economias. Em aspectos relativos à rigidez contratual, encargos de indeminização, assim como outros elemen-tos chave, Cabo Verde tem uma baixís-sima competitividade inclusive em relação à africa sub-sahariana. Isto significa que o investidor externo deverá prever maiores dificuldades com a gestão de recursos hu-manos em Cabo Verde do que na vasta maioria dos países do globo.

O investimento externo em Cabo Verde está fortemente direccionado para o sec-tor da imobiliária turística. A eficiência dos processos de registo de propriedade é um aspecto chave para a competitividade do país na atracção do investimento externo. Apesar dos ganhos verificados no domínio dos custos de contexto, Cabo Verde baixou um ponto numa posição já péssima, num processo que devia ser objecto de uma gestão pública perspicaz e decidida. Numa conjuntura menos favorável do que a dos últimos anos – ou de maior concorrência de destinos análogos – este indicador poderá ter um impacto extremamente negativo so-bre a decisão de investir em Cabo Verde.

IVO crescimento das empresas nacionais

Em primeiro lugar, convêm frisar que todos os aspectos acima referidos em relação ao investimento externo afectam de forma equivalente ou agravada o investidor na-cional. O crescimento das empresas Cabo-verdianas é mais ameaçado pelas questões de protecção do investidor, legislação labo-ral e registo de propriedade, quanto o in-vestimento externo, porque as empresas nacionais têm menos opções disponíveis para a gestão das insuficiências.

Mas para além disso, de acordo com o

DBR2010, os operadores nacionais ainda encaram um desafio violento á sua com-petetividade: O acesso ao crédito. Os parâmeros que compõem este indicador a-valiam a capacidade de expansão do aces-so crédito numa determinada economia.

O desempenho de Cabo Verde neste domínio representa a maior queda na nos-sa classificação de Cabo Verde: partindo de um mau desempenho em 2009 (n.º 131) caímos 19 posições ocupando ago-ra a posição 150 no ranking. Segundo o DBR2010, o sistema financeiro patente em mercados regionais, como a Gambia, estão melhor desenhados para facilitar o acesso ao crédito pelos operadores.

Grande parte do problema consiste na ausência de um sistema de informação de crédito privado. Apesar da boa cobertura do registo público de crédito, a verdade é que este não representa um factor de com-petitividade. O quadro das economias mais avançadas indica que os sistemas privados de informação de crédito são os que melhor suportam a expansão do acesso ao crédito pelos operadores.

Há cerca de dois anos que as Câmaras de Comércio têm um projecto para a imple-mentação de um sistema de informação de crédito privado que deverá modernizar radicalmente as condições de acesso ao crédito pelas empresas. O projecto está neste momento numa fase avançada da consultoria técnica e já con-stituímos o grupo de trabalho que deverá definir o carácter desta organização. Contu-do, a materialização deste projecto requer a adesão clara de todos os actores relevan-tes, quer públicos, quer privados. O Banco de Cabo Verde é o nosso principal parceiro institucional na sua implementação e está empenhado, juntamente connosco, na sen-sibilização dos restantes actores.

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Propriedade: Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento - CCISSDirecção: Rosário LuzColaboradores: Emanuela Lobato, Mônica Vicente e Rosindo CardosoEdição & Paginação: Emanuela Lobato e Saulo MontrondDistribuição: Gratuita Peridiocidade: MensalImpressão & Acabamento: Tipografia Santos Tiragem: 700 exemplaresContactos: Av. Oua, nº 39, CP 105 - Achada de Santo António - Praia - Cabo Verde / [email protected] / + 238 261 5352

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O “perfil empresarial” do mês é uma ru-brica do Boletim Ideias e Negócios desde de Fevereiro de 2009. Os associados es-colhidos para o perfil são aqueles que se destacam pela qualidade do serviço que of-erecem. Assim, neste mês trazemos ao Bo-letim Ideias e Negócios a empresa de alu-guer de automóveis “Intercidades Rent-a-Car”, que pelo seu desempenho e pela qualidade do seu serviço, tornou-se numa das mais apreciadas agências de aluguer de automóveis do país. A empresa actua no mer-cado desde Junho de 2005 e conta com a experiência do sócio-gerente João Baptista de Carvalho, que é formado em Gestão de empresas, associa-do da CCISS e da Associação dos Jovens empresários. Pos-sui actualmente 5 funcionários e pretende alargar a sua área de actuação colocando mais um serviço ao dispor dos cabo-verdianos, para alem de outros projectos.

CCISS - Que serviços fornece a Intercidades ao mercado cabo-verdiano?João Baptista de Carvalho - Os serviços fornecidos são de aluguer de automóveis com e sem condutor, que é a nossa princi-pal actividade; paralelamente a isso temos a importação e comercialização de peças de autos. Temos um leque variados de cli-

entes que vai desde instituições públicas e privadas, turistas, emigrantes, empresários nacionais e internacionais.

CCISS - O que é que Intercidades oferece aos seus clientes num mercado que tem al-guma concorrência?JBC - Temos um plano de marketing que funciona bem e dispomos de todos os mei-os de comunicação para darmos reposta de imediato aos nossos clientes em qualquer parte do território nacional. Temos ainda um site que tem todas as informações da empresa e que nos possibilita também dar respostas aos nossos clientes fora do país. Temos um projecto novo que é a venda de automóveis e peças novas. Estamos a ul-timar o projecto, acredito que até ao final do ano estará pronto. Este mesmo projecto estará disponível em Santiago e de uma forma mais ampla para a ilha do Fogo, para isso temos preparado um staff que conhece bem as necessidades da ilha. É do nosso

interesse levar este projecto à ilha da Brava mais tarde.CCISS - Quais são as principais dificul-dades deste sector? JBC - As maiores dificuldades neste mo-mento são da conjuntura internacional, com esta crise temos uma diminuição de procu-ra. Hoje por exemplo um emigrante ou um

turista em vez de alugar um carro durante todo o período que se encontra de férias, prefere alugar só quando precisa, o que não acontecia alguns anos atrás. Actualmente os clientes fazem uma planificação das suas necessidades. Portanto tudo isso leva a uma diminuição das nossas receitas.

Os ImpostosJBC - O serviço de aluguer de automóveis é essencial para actividades turísticas em qualquer parte do mundo, mas aqui isso não é bem assim. Houve uma altura que foi contemplado no orçamento do estado os incentivos fiscais na aquisição de viaturas, mas de repente cortaram e até então não se falou mais do assunto. Com implantação do IVA, todas as actividades paralelas ao turismo, nomeadamente restauração, hotel-aria e viagens foram reduzidas de 15 para 6 %. No entanto numa empresa de aluguer de automóveis, enquanto antes da imple-mentação do IVA se pagava 3 % de imposto

de turismo sobre a tarifa diária houve um aumento de 12%, portanto o cliente pago mais caro para adquirir o produto. Nós já tivemos vários encon-tros com as entidades respon-sáveis para sermos contemp-lados nessa modalidade de IVA 6%.O estado tem que abrir os ol-hos e ver toda a classe em-presarial, temos direito a um outro tipo de tratamento.

CCISS - Como vê o trabalho que a CCISS oferece aos seus associados?JBC - Eu participo em vários eventos e reuniões organi-zados pela CCISS e sempre gostei do trabalho que presta aos seus clientes. Vem mel-

horando cada vez mais os seus serviços e esta foi uma das razões que me levou a ser um sócio desta instituição. Vejo uma grande oportunidade de fazer negócios nos eventos que a CCISS realiza, arranjar nov-os contactos, conhecer nos empresários para poder aumentar ainda mais a clientela da Intercidades.

PERFIL EMPRESARIAL DO MÊS:

INTErCIDADES rENT-A-CAr

João Baptista de Carvalho - Sócio-Gerente Intercidades Rent-a-car