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1. A máscara Os xamãs, indivíduos
com função sacerdotal, aos quais são atribuídos o dom de invocar ou controlar divindades, ao colocarem uma máscara, permitiam que o espírito da divindade assumisse o seu corpo e as suas ações.
O ator do teatro, como o xamã, sem a máscara, são apenas membros do grupo; com a máscara, o xamã dá vida à divindade e o ator transforma-se na personagem.
Nossa vida pessoal e social está cheia desses momentos em que incorporamos personagens. São os chamados papéis sociais, que nos ajudam a desenvolver nossa individualidade.
2. Os papéis sociais A noção de papel social tem sua origem
no teatro, onde atores encenam características e os hábitos de determinada personagem.
Como no teatro, entretanto, percebe-se certa distância entre o que a pessoa é em essência e as atitudes que assume no desempenho de seus papéis sociais.
Criança, socialização e padrão cultural.
Em cada tempo e lugar, haverá um conjunto de papéis sociais destinados aos membros do grupo.
Talcott Parsons – papéis são unidades das estruturas sociais organizadas como um sistema recíproco que orienta comportamentos e expectativas.
Erving Goffman entendia o papel como mediação das relações interpessoais.
Muitos desses papéis são involuntários, pois já se encontram estruturados quando o indivíduo nasce. O sucesso depende da sua adequação a eles.
O cenário e a fachada
O cenário compreende os elementos que complementam a situação de interação – o lugar, os objetos, a mobília, o horário, a comunicação visual que orientam os que estão em interação. O cenário faz parte do ritual e garante a legitimidade.
A fachada é constituída de elementos que o indivíduo mobiliza para, consciente ou inconscientemente, compor, dar forma e auxiliar na execução de sua ação.
A complexidade dos papéis sociais A criança paulatinamente aprende a ser
filho, irmão, neto, vizinho, sobrinho, amigo, etc. À medida que cresce, passará a interagir em grupos maiores, com os quais se relacionará de forma mais esporádica e impessoal. Passará a ser pedestre, morador do campo ou da cidade, membro de uma religião.
Esses papéis são, na maioria das vezes, involuntários e decorrem das condições do seu nascimento e da situação que a família desfruta na sociedade.
O grau de liberdade de uma pessoa depende do nível de abrangência da sociedade à qual o indivíduo pertence.
Nas sociedades mais simples e homogêneas, há poucas opções; nas mais complexas, a possibilidade de escolha é maior.
Ex: um morador de uma comunidade de pescadores e um que nasceu numa cidade grande.
A própria necessidade de sobrevivência leva o indivíduo a aceitar as regras do jogo e a assumir os papéis que dele se espera.
Uns papéis serão assumidos com seriedade, convicção e sinceridade; outros apenas para corresponder às expectativas dos outros e para não sofrer punições. Goffman o classificou como desempenho cínico.
A comunicação e o desempenho dos papéis sociais A comunicação é o elemento básico das
interações e do desempenho dos papéis sociais em todas as suas linguagens – verbal, gestual, corporal, facial. Há falas que constituem verdadeiros atos.
“O réu foi considerado culpado” “Declaro-vos marido e mulher” John Austin – são expressões perfomáticas
Outras têm menos poder – se um paciente recebe a orientação médica para tomar determinado remédio, ele seguirá a recomendação, com receio de que venha a ficar doente. É isso que dá credibilidade à fala do médico.
A forma como o médio lê o nosso exame pode ser mais tranquilizadora do que o diagnóstico em si. Por isso que em nossas comunicações damos valor à comunicação emitida.
SINAL FECHADO Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?Tudo bem eu vou indo correndoPegar meu lugar no futuro, E você ?Tudo bem, eu vou indo em buscaDe um sono tranquilo, quem sabe ...Quanto tempo... pois é...Quanto tempo...Me perdoe a pressaÉ a alma dos nossos negóciosOh! Não tem de quêEu também só ando a cemQuando é que você telefona ?Precisamos nos ver por aíPra semana, prometo talvez nos vejamosQuem sabe ?
Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...)Tanta coisa que eu tinha a dizerMas eu sumi na poeira das ruasEu também tenho algo a dizerMas me foge a lembrançaPor favor, telefone, eu precisoBeber alguma coisa, rapidamentePra semanaO sinal ...Eu espero vocêVai abrir! Vai abrir!Por favor, não esqueça, Adeus...
Papéis sociais e status As escolhas permitem sempre um grau
maior de identificação do sujeito com seus papéis.
Quanto mais aberta a sociedade, maior a gama de opções, havendo ainda a possibilidade de criação de novas instituições e novos papéis, o que chamamos de sociedades progressistas, ou não tradicionalistas.
Assistimos constantemente ao surgimento de novas profissões, serviços e papéis sociais dependendo do desenvolvimento tecnológico, das necessidades e da inventividade da sociedade.
Todo papel implica determinada posição num sistema hierarquizado, e a cada posição correspondem determinados deveres, direitos, autoridade e poder, além de acesso a bens e recursos materiais.
Os papéis sociais mais almejados são aqueles que estão no topo da pirâmide, cujo status é mais elevado. Aqueles que dependem de processos seletivos em que a qualificação do indivíduo é avaliada são chamados de papéis conquistados.
Sucesso profissional – prestígio, poder e riqueza
A possibilidade de ascensão ou descida de um indivíduo em determinado sistema de posições social é chamada de mobilidade social.
A mobilidade individual e a possibilidade de ascensão social promovem a rotatividade dos indivíduos nos diferentes cargos, mas não afetam a estrutura social. Seria necessária uma profunda revolução.
Conflitos nos papéis sociais Durante a nossa existência, assumimos
papéis involuntários, voluntários ou mesmo conquistados.
Muitas vezes existe coerência e reciprocidade entre os diversos papéis. Mas nem sempre é possível manter uma integração de condutas, obrigações e deveres, gerando conflito entre os papéis que assumimos.