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UNIVERSIDADE T GERÊNCIA D PROGRAMA DE PÓS-GR INFORM Identificação de Usando Função D DISSE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARA CAMPUS CURITIBA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO RADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉ MÁTICA INDUSTRIAL - CPGEI Tomas Fernandes e Indivíduos por Biometria da Densidade de Coincidências de ERTAÇÃO DE MESTRADO CURITIBA 26 de Março de 2009. ANÁ ÉTRICA E Íris e Fase

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

GERÊNCIA DE PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E INFORMÁTICA INDUSTRIAL

Identificação de Usando Função Densidade de Coincidências de Fase

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁCAMPUS CURITIBA

GERÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E INFORMÁTICA INDUSTRIAL - CPGEI

Tomas Fernandes

de Indivíduos por Biometria da Densidade de Coincidências de Fase

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CURITIBA 26 de Março de 2009.

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E

Íris Densidade de Coincidências de Fase

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial

DISSERTAÇÃO apresentada à UTFPR

para obtenção do grau de

MESTRE EM CIÊNCIAS

por

TOMAS FERNANDES

IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS POR BIOMETRIA DA ÍRIS

USANDO FUNÇÃO DENSIDADE DE COINCIDÊNCIAS DE FASE

Banca Examinadora:

Presidente e Orientador:

Prof. Dr. Fábio Kurt Schneider UTFPR

Examinadores:

Prof. Dra. Elisangela Ferretti Manffra PUCPR

Prof. Dr. Hugo Vieira Neto UTFPR

Prof. Dra. Giselle Lopes Ferrari UFPR

Prof. Dr. Humberto Remigio Gamba UTFPR

Curitiba, 26 de Março de 2009

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TOMAS FERNANDES

IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS POR BIOMETRIA DA ÍRIS

USANDO FUNÇÃO DENSIDADE DE COINCIDÊNCIAS DE FASE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Elétrica e

Informática Industrial da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, como

requisito parcial para a obtenção do grau de

“Mestre em Ciências” – Área de

Concentração: Engenharia Biomédica.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Kurt Schneider

Curitiba, 26 de Março de 2009

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i

AGRADECIMENTOS

Alguns elementos são fundamentais na vida de qualquer pessoa: Dignidade,

Amor, Família, Amigos e Bons Professores. Felizmente encontrei todos esses elementos

e agradeço a Deus por tê-los inserido em minha vida nos momentos exatos em que

precisei, sem sentir necessidades.

Agradeço aos meus Pais pelas células que me deram, pela carga genética que me

passaram e pelo que fizeram durante esse período todo de lá até aqui. Em especial ao

pai, Sr. Timóteo Fernandes, pelo trabalho suado e à mãe, Sra. Ignês Fernandes, pelo

aluguel compartilhado do útero.

À Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – e aos seus

professores. Fizeram-me acreditar que o caminho da ciência é um caminho que vale a

pena seguir.

Em especial ao professor Dr. Humberto Gamba, pelo seu exemplo de caráter e

pelo apoio incondicional, recebido por este projeto desde o primeiro segundo de

nascimento.

Ao professor Dr. Hugo Vieira Neto, pela amizade e confiança depositada, pelas

conversas que, sem intenção talvez, abriram os olhos às infinitas possibilidades de

estudo.

Ao professor Dr. Pedro Miguel Gewehr, pelo seu envolvimento na correção de

artigos.

Ao professor Dr. Paulo José Abatti, pelas incontáveis “conversas de boteco”, nos

tempos da Engenharia, que instigaram a curiosidade científica.

Ao professor Dr. Bertoldo Schneider, pela leitura, sugestões e críticas que

ajudaram a melhorar a qualidade final do trabalho.

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ii

Ao professor Dr. Aurélio Flávio Charão e a seu pupilo M.Sc. Alexandre

Filippeto Henzen, pelas horas de conversa e trabalho em seus projetos voluntários que

abriram a mente para outra forma de pensar e agir.

Ao querido amigo e professor M.Sc. Jefferson Osowski, por sua amizade fiel e

prazerosa e por ter me ensinado a linguagem C/C++, minha principal ferramenta de

trabalho atual.

Aos meus colegas e companheiros de mestrado, entre eles: Diogo Rosa Kuiaski,

Claudio R. Marquetto e Joyce Cristiane Klock, Walter e Luciana Araújo, Luis Gamboa,

Valfredo Pilla Jr. e Joaquim de Mira. Estas pessoas me ensinaram tanto quanto os

professores, nos exemplos de estudo, na força do companheirismo, nas amizades, nas

críticas e nos questionamentos.

Ao meu orientador, professor Dr. Fábio Schneider, pela confiança, pela

segurança, pela liberdade de pensamento, pela serenidade, pelo respeito pessoal, por

horas de conversa, pela direção aos nossos seminários que renderam inúmeros exemplos

positivos, pela paciência, pelas críticas que sempre foram construtivas, pelas opiniões

sinceras, pelo seu envolvimento e dedicação na minha orientação e pelo exemplo de

método.

Agradeço a todos os que contribuíram diretamente ou indiretamente à construção

deste trabalho.

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iv

Sumário

Lista de Abreviaturas e Siglas ..................................................................................... vii

Lista de Figuras ......................................................................................................... viii

Lista de Tabelas ......................................................................................................... xiii

RESUMO .................................................................................................................. xiv

ABSTRACT ............................................................................................................... xv

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1. Motivações ........................................................................................... 1

1.2. Objetivos .............................................................................................. 3

1.2.1. Objetivo Geral................................................................................ 3

1.2.2. Objetivos Específicos ..................................................................... 3

1.3. Estrutura da Dissertação ....................................................................... 4

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 5

2.1. Introdução ............................................................................................ 5

2.2. Anatomia do Olho Humano .................................................................. 5

2.3. Processamento Digital de Imagens ....................................................... 7

2.3.1. Correlação e Convolução ............................................................... 7

2.3.2. Detector de Bordas Sobel ............................................................... 8

2.3.3. Transformada de Hough ............................................................... 10

2.3.4. Filtro Gabor ................................................................................. 13

2.4. Extração de Características ................................................................. 17

2.5. Biometria e Identificação Biométrica de Indivíduos ........................... 19

2.6. Sistemas de Confronto Biométricos .................................................... 22

2.6.1. Confronto 1:1 - Sistema Biométrico Mínimo ................................ 22

2.6.2. Confronto 1:N .............................................................................. 22

2.6.3. Confronto N:N ............................................................................. 24

2.7. Métricas para Avaliação Estatística de Resultados .............................. 25

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v

2.7.1. Curvas de Densidade de Similaridade ........................................... 25

2.7.2. Figuras de Mérito ......................................................................... 29

2.7.3. Curvas ROC ................................................................................. 31

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 33

3.1. Introdução .......................................................................................... 33

3.2. Estado da Arte .................................................................................... 33

MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 37

4.1. Introdução .......................................................................................... 37

4.2. Método de Referência ........................................................................ 38

4.3. Método Proposto ................................................................................ 40

4.3.1. Sistema de Iluminação ................................................................. 41

4.3.2. Detecção de Contexto................................................................... 42

4.3.3. Extração do Vetor de Características ............................................ 45

4.3.4. Função de Similaridade ................................................................ 57

4.4. Plataforma de Análise, Confronto Biométrico e Avaliação Estatística 59

4.4.1. Módulo de Configuração .............................................................. 59

4.4.2. Módulo de Análise de Imagens e Extração de Características ....... 60

4.4.3. Módulo de Comparação Biométrica e Estatística .......................... 61

4.5. Base de Dados de Testes .................................................................... 63

RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 67

5.1. Introdução .......................................................................................... 67

5.2. Curvas de Distribuição de �� e de ∆�� ............................................. 68

5.3. Curvas de Distribuição de Áreas de Confronto ................................... 69

5.4. Curvas de Similaridade ...................................................................... 70

5.5. Curvas ROC ....................................................................................... 73

5.5.1. Curvas ROC para os Métodos de Referência e Proposto ............... 73

5.5.2. Curvas ROC para Restrições da ∆�� ............................................ 74

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vi

5.5.3. Curvas ROC para Perturbações do Modelo ................................... 77

5.5.4. Curvas ROC para Limitação de Área Útil de Confronto ............... 79

CONCLUSÕES .......................................................................................................... 81

Bibliografia ................................................................................................................. 84

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vii

Lista de Abreviaturas e Siglas

AFIS Automated Fingerprint Identification System

PDS Processamento Digital de Sinais

PDI Processamento Digital de Imagens

ROI Região de Interesse (Region of Interest)

HT Transfomada de Hough (Hough Transform)

ROC Receiver Operating Characteristics

FRR Taxa de Falsa Rejeição (False Rejection Rate)

FAR Taxa de Falsa Aceitação (False Acceptance Rate)

TAR Taxa de Aceitação de Autênticos (True Acceptance Rate)

TRR Taxa de Rejeição de Impostores (True Rejection Rate)

ERR Taxa de Erro Igual (Equal Error Rate)

RPL Linha de Performance Aleatória (Random Performance Line)

ERRL Linha de Taxa Erro Igual (Equal Error Rate Line)

XOR Operação Lógica OU Exclusivo

XNOR Operação Lógica OU Exclusivo Negada

CDS Sistema de Detecção de Contexto (Context Detection System)

BCS Sistema de Captura Biométrica (Biometric Capture System)

IR Infravermelho (Infra-Red)

NIST National Institute of Standards and Technology

ICE Iris Challenge Evaluation

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viii

Lista de Figuras

Figura 1 – a) Partes principais do olho humano (modificada de WIKI, 2009) e corte

transversal da íris, b) miose ou constrição da pupila, c) pupila em estado intermediário e

d) midríase ou dilatação da pupila. (adaptada de MILLER, et al., 2005). ....................... 6

Figura 2 – Detecção de bordas: a) Imagem original, b) Módulo do gradiente (���, �), c)

Derivada parcial em relação a x (��, ��/�) e d) Derivada parcial em relação a y

(��, ��/�). Em c) e d) valores positivos são mais claros e valores negativos são mais

escuros. ....................................................................................................................... 10

Figura 3 – Níveis de abstração e técnicas de segmentação de imagens. O diagrama foi

inspirado a partir da classificação apresentada em JÄHNE (2005). .............................. 10

Figura 4 – Princípio da Transformada de Hough ......................................................... 11

Figura 5 – Parâmetros da circunferência ...................................................................... 11

Figura 6 – Princípio da Transformada de Hough para circunferências. Os parâmetros � , � , � que definem a circunferência são obtidos a partir do ângulo do gradiente da

imagem através de um processo de contagem. ............................................................. 12

Figura 7 – Algoritmo da Transformada de Hough para círculos ................................... 13

Figura 8 – Diagrama tempo/freqüência proposto por Gabor ........................................ 15

Figura 9 – Filtro Gabor 1D para �0=1Hz e �=0.4: a) parte real, b) parte imaginária .... 17

Figura 10 – Filtro Gabor 2D para �0=1, �0=0 e ��,��=0.4: a) parte real, b) parte

imaginária ................................................................................................................... 17

Figura 11 – Sistema de reconhecimento de padrões ..................................................... 18

Figura 12 – Extração de características definida como uma relação entre indivíduos do

espaço físico e vetores de características definidos em um espaço vetorial. ................. 18

Figura 13 – Identificação biométrica definida como uma relação entre vetores de

características do espaço vetorial de características e indivíduos representados no espaço

físico. .......................................................................................................................... 19

Figura 14 – Espaço de características, F. Os indivíduos são representados por vetores de

características. Através deste modelo vetorial, a identificação biométrica resume-se em

uma medição de distância entre vetores do espaço F. .................................................. 20

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ix

Figura 15 – Sistema biométrico mínimo (Confronto 1:1). O resultado da função de

similaridade entre vetores de características é comparado com um limiar de decisão T,

definindo um classificador binário entre as classes de vetores. .................................... 22

Figura 16 – Confronto 1:N. Este confronto é utilizado para identificar um indivíduo em

uma base de dados. A função de confronto f1:N retorna um conjunto de vetores que

possuem similaridade alta em relação ao vetor de características submetido. ............... 23

Figura 17 – Curvas idealizadas de densidades de probabilidade para similaridades ..... 26

Figura 18 – Exemplo de curvas de densidades de probabilidade para similaridades reais

................................................................................................................................... 27

Figura 19 – Curvas de densidades cumulativas ............................................................ 28

Figura 20 – Matriz de Confusão .................................................................................. 29

Figura 21 – Espaço da curva ROC. A linha tracejada é a linha de performance aleatória

(RPL) e a linha pontilhada é a Linha de Erro Igual (ERRL). ........................................ 31

Figura 22 – Demodulação de fase pelo método de Daugman. Dois bits são utilizados

para codificar o quadrante a que o ângulo pertence através do sinal da parte real e da

parte imaginária da saída do filtro. O valor “1” representa sinal positivo e “0” representa

sinal negativo. ............................................................................................................. 39

Figura 23 – Representação pictórica do código de íris pelo método de Daugman. ....... 39

Figura 24 – Visão geral do sistema proposto, formado pela captura biométrica (BCS)

pela detecção de contexto (CDS) e pelo sistema de iluminação. .................................. 40

Figura 25 – Diagrama de blocos do sistema proposto. A detecção de contexto controla a

iluminação e o processo de captura biométrica. Após a captura biométrica é realizado o

processamento das imagens, a extração de características e o confronto. ..................... 41

Figura 26 – Cone de iluminação da face ...................................................................... 42

Figura 27 – Localização dos olhos: a) detecção da face e delimitação das regiões dos

olhos e b) localização da posição dos olhos. ................................................................ 43

Figura 28 – Determinação da posição dos olhos. As sub-imagens dos olhos são

processadas para obter a posição aproximada dos olhos. ............................................. 43

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x

Figura 29 – Resultados parciais do segundo estágio para localização dos olhos. a)

equalização do histograma, b) filtragem de média, c) binarização e d) localização do

centróide da região escura. .......................................................................................... 44

Figura 30 – Esquema de cálculo da distância face-câmera por semelhança de triângulos

................................................................................................................................... 44

Figura 31 – Região de interesse da íris. ....................................................................... 45

Figura 32 – a) Imagem de íris em alto contraste b) Histograma c) Imagem binarizada.

Em imagens com alto contraste, a segmentação da pupila pode ser obtida com nível de

binarização a partir do primeiro máximo no histograma. ............................................. 46

Figura 33 – a) Imagem de íris em baixo contraste b) Histograma c) Imagem binarizada.

Em imagens com baixo contraste, um nível de binarização não é capaz segmentar a

pupila de outros elementos da imagem (e.g. cílios). ..................................................... 47

Figura 34 – Diagrama de blocos do algoritmo de localização da pupila. A transformada

de Hough fornece o centro da pupila. A localização da borda da pupila é definida no

ponto de máximo da saída do bloco integrador em um caminho circular. .................... 47

Figura 35 – Detecção do centro da Pupila. a) Saída do filtro Sobel (Gm), b) Saída do

acumulador de Hough (H). O ponto de máximo do acumulador define o centro da

pupila. ......................................................................................................................... 48

Figura 36 – Diagrama de blocos do algoritmo de localização da íris. Os números entre

parênteses nos blocos integradores indicam os limites de integração para o ângulo �°. 50

Figura 37 – Posição das bordas à direita e a esquerda do centro da íris. ....................... 50

Figura 38 – Detecção das pálpebras superior e inferior é realizada pela maximização de

duas integrações em caminhos parabólicos. ................................................................. 51

Figura 39 – Diagrama de blocos do algoritmo de localização das pálpebras. ............... 52

Figura 40 – Modelo geométrico da íris para normalização: a) Representação no espaço

cartesiano, b) Representação intermediária não-normalizada em coordenadas polares e

c) Representação normalizada em coordenadas polares. .............................................. 54

Figura 41 – Exemplo de representação normalizada de uma íris em coordenadas polares

................................................................................................................................... 54

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xi

Figura 42 – Deformações não-uniformes da íris devido à contração/dilatação da pupila.

a) Pupila contraída e b) Pupila dilatada ....................................................................... 55

Figura 43 – Diagrama do algoritmo de extração de características. .............................. 56

Figura 44 – Módulo da saída do filtro Gabor normalizado em 256 níveis de cinza....... 56

Figura 45 – Ângulo da saída do filtro Gabor com intervalo de �0, . . ,360�° ajustados para

níveis de cinza entre [0,..,255] . ................................................................................... 56

Figura 46 – Quantização do ângulo de fase com 2 bits ................................................ 57

Figura 47 – Função de similaridade proposta. ............................................................. 58

Figura 48 – Tela do módulo de configuração do software HISP .................................. 60

Figura 49 – Interface de análise de imagens e extração de características .................... 61

Figura 50 – Sistema de avaliação: a) Curvas de densidade de similaridade, b) Curvas de

densidade de similaridade cumulativas ........................................................................ 62

Figura 51 – Sistema de avaliação (Curvas ROC) ......................................................... 62

Figura 52 – Seleção de pares para inspeção visual: são selecionados os pares de vetores

intra-classe com similaridade menor ou igual ao valor A e os pares de vetores inter-

classe com similaridade maior ou igual ao valor A. ..................................................... 64

Figura 53 – Exemplos de imagens da base de dados CASIA ....................................... 66

Figura 54 – Distribuição de �� ................................................................................... 68

Figura 55 – Distribuição de ∆�� ................................................................................. 69

Figura 56 – Exemplo de oclusões na região da íris ...................................................... 69

Figura 57 – Distribuição de Áreas ............................................................................... 70

Figura 58 – Curvas de similaridades e similaridades cumulativas obtidas para o método

de referência. A curva normal sobreposta apresenta µ=0,458 e σ=0,0197 (DAUGMAN,

2001) e mostra a equivalência da implementação do método de referência. ................. 71

Figura 59 – Gráficos de similaridades do método proposto. O comportamento menos

abrupto das curvas cumulativas e a separação das classes favorecem a redução das taxas

de erro......................................................................................................................... 72

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xii

Figura 60 – Curvas ROC sobrepostas em escala logarítmica. Melhores desempenhos de

classificação são obtidos para a base DB0 em relação à DB1 por ambos os métodos,

devido à exclusão das imagens de interseção inter-classe. ........................................... 73

Figura 61 – Curvas ROC sobrepostas em escala linear. Os pontos A e C são

respectivamente a FRRFAR=0 e a FARFRR=0 para o método de referência e os pontos B e

D são a FRRFAR=0 e a FARFRR=0 para o método proposto. ............................................ 74

Figura 62 – Curvas ROC para restrições de ∆��. Pares em confronto com menores

valores de ∆�� apresentam menores taxas de erro no confronto. ................................. 75

Figura 63 – Curvas ROC para perturbações no parâmetro ��. Erros no raio da pupila

implicam redução na taxa de acerto do classificador.................................................... 77

Figura 64 – Curvas ROC para perturbações no parâmetro �� . Erros no raio da íris

implicam redução na taxa de acerto do classificador.................................................... 78

Figura 65 – Curvas ROC para restrições na área de confronto. Confrontos que dispõem

de menor área de interseção na imagem da íris apresentam taxas de erro mais elevadas.

................................................................................................................................... 80

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xiii

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Classificação de características biométricas ............................................... 19

Tabela 2 – Principais métodos propostos na literatura para segmentação de imagens,

codificação e confronto de íris .................................................................................... 35

Tabela 3 – Subconjuntos de imagens da base de dados CASIA ................................... 63

Tabela 4 – Imagens excluídas da base de dados CASIA. O número entre parênteses

indica a estratégia utilizada para a exclusão da imagem. .............................................. 65

Tabela 5 – Desempenho comparativo entre o método de referência e método proposto 72

Tabela 6 – Número de confrontos realizados por faixa de ∆�� .................................... 76

Tabela 7 – Redução da TAR em função do erro no valor de �� ................................... 78

Tabela 8 – Redução da TAR em função do erro no valor de �� .................................... 78

Tabela 9 – Redução da TAR em função da Área de Confronto ..................................... 79

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xiv

RESUMO

Este trabalho apresenta um método para identificação de indivíduos por biometria da

íris, compreendendo a detecção de contexto, a localização e segmentação da região de

interesse da imagem, a extração de características e o confronto biométrico. O algoritmo

proposto usa o ângulo de saída do filtro Gabor como característica biométrica. Ao

contrário do método de Daugman, que realiza a contagem dos ângulos de fase com

valores divergentes, o algoritmo proposto define uma função de Densidade

Coincidência de Fases e a utiliza para calcular a similaridade. Uma implementação do

método de Daugman foi utilizada como método de referência. Análises estatísticas

foram realizadas no banco de dados de imagens de íris CASIA, fornecendo uma

avaliação de desempenho do método proposto em termos de probabilidades de erro e as

dependências do algoritmo proposto com as perturbações nos parâmetros da localização

e às limitações de área útil das representações. Para esta base de dados, as análises

mostram que o algoritmo proposto tem um desempenho superior quando comparado

com o método de referência. O trabalho também propõe técnicas de redução dos erros

pela monitoração de variáveis em tempo real e controle automatizado do processo de

captura de imagens.

Palavras Chave: Biometria, Reconhecimento de Íris, Processamento de Imagens,

Curvas ROC

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xv

ABSTRACT

SUBJECT IDENTIFICATION BY BIOMETRICS OF THE IRIS US ING

PHASE COINCIDENCY DENSITY FUNCTION

This work presents a method for subject identification by biometrics of the iris,

comprising context detection, localization and segmentation of the region of interest,

feature extraction and biometric match. The proposed algorithm uses the angle of the

Gabor Filter output as biometric feature. Unlike the Daugman method, which counts

phase angles with different values, the proposed algorithm defines a Phase Coincidency

Density function and applies it to calculate the similarity. An implementation of the

Daugman method was used as reference method. A statistical analysis was carried out in

the CASIA iris image database, providing a performance evaluation of the proposed

method in terms of error probabilities and its dependencies on the perturbations in the

localization and segmentation parameters, and of the limitations in the useful area of the

representations. For that database, the analysis shows that the algorithm has a slightly

better performance when compared with the reference method. This work also proposes

techniques for error reduction by real time system variables monitoring and automated

control of the image capture process.

Keywords: Biometrics, Iris Recognition, Image Processing, ROC Curves

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1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1. Motivações

Historicamente, a identificação de indivíduos por biometria iniciou com a

utilização da impressão digital na ciência forense. De fato, órgãos governamentais

ligados à segurança pública arquivam as impressões digitais de pessoas para formar

bases de dados com o objetivo de comparação com impressões digitais coletadas em

cenas de crimes, identificação de cadáveres e situações onde se deseja a confirmação ou

a busca da identidade de indivíduos (FBI, 2009).

Com o advento dos sistemas computacionais, em meados da década de 70

nasciam os primeiros sistemas automáticos para identificação de pessoas por análise de

impressões digitais, denominados AFIS (Automated Fingerprint Identification Systems).

Além de aplicações governamentais, os sistemas de identificação estão sendo

utilizados em outros setores da economia, com diferentes exigências de confiabilidade e

tempo de resposta. Isto motiva a pesquisa e o desenvolvimento de processos de

identificação, tanto para a evolução dos sistemas AFIS quanto para a proposta de

sistemas baseados em outras características do indivíduo, tais como íris, voz, face,

retina, distribuição de veias, geometria da mão e DNA.

Segundo estudos realizados pela International Biometric Group, empresa líder

do mercado em consultoria e integração de sistemas biométricos, o mercado mundial de

biometria crescerá de $3,4 bilhões para $9,4 bilhões entre os anos de 2009 e 2014. As

demandas deste mercado são formadas por aplicações de controle de acesso a áreas

restritas, identificação civil, identificação criminal, identificação de consumidores,

identificação de passageiros, setores financeiro e militar (IBG, 2009).

Soluções biométricas são mais apropriadas para o atendimento destas demandas,

pois os métodos clássicos de identificação baseados em senhas e cartões são falhos: a

simples posse de um cartão ou crachá e/ou o conhecimento de uma senha não são

requisitos suficientes para atestar uma identidade. Ao contrário, as características

biométricas são inerentes ao indivíduo e apresentam padrões estáveis com variabilidade

alta entre indivíduos diferentes. Estas características são utilizadas como identificadores

do indivíduo em uma população.

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Os sistemas biométricos baseados em impressão digital, embora integrem cerca

de 60% do mercado atual de biometria no mundo (IBG, 2009), oferecem baixa

dificuldade para a realização de cópias. Esta desvantagem também está presente quando

a base tecnológica é a geometria da mão e palmares, cujos padrões, impressos com

resíduos de gordura e água da pele em objetos de uso cotidiano, são obtidos com

materiais comuns e baratos, tais como massas de modelar e silicone, sem o

consentimento, cooperação ou conhecimento do indivíduo.

Estes fatos subtraem os principais requisitos desejados em um sistema

biométrico: a impossibilidade de transferência e assimilação e a impraticabilidade de

cópias dos padrões característicos.

Ao contrário das impressões digitais, uma cópia da textura da íris é mais difícil

de realizar, pois ela não é espalhada no ambiente. Mesmo que uma cópia desta textura

seja realizada com sucesso, a prevenção de fraudes pode ser realizada com métodos de

certificação in-vivo da íris apresentada ao sistema, identificando a presença de uma

textura de íris falsa ou rejeitando uma íris que fora extraída cirurgicamente do

indivíduo, monitorando o contexto de captura da imagem e a dilatação da pupila.

Outras questões não diretamente associadas ao núcleo tecnológico também

devem ser consideradas em um sistema biométrico, pois formam requisitos que

viabilizam as aplicações da tecnologia no mercado, por exemplo: a facilidade de

utilização, a não-intrusividade, a necessidade de operadores e treinamento, a

colaboração e a interação dos usuários com o sistema. Na aquisição de imagens de íris,

especificamente, a segurança relativa aos limites de exposição à iluminação e fatores

nocivos à saúde dos usuários (e.g. contato físico dos olhos ou dos tecidos próximos com

o hardware de captura) ou à integridade dos padrões devem ser considerados a fim de

garantir uma utilização segura. Requisitos de segurança devem ser observados

principalmente quando não há a assistência de operadores no processo de captura, tais

como em caixas eletrônicos e aplicações de controle de acesso.

Este contexto enfatiza o caráter multidisciplinar do tema, que envolve áreas de

conhecimento em biomédica, eletrônica, ciência da computação, processamento de

imagens, física óptica, matemática e estatística.

Do ponto de vista de desempenho quanto às taxas de erros e acertos dos

algoritmos computacionais, existe a necessidade de submetê-los a testes e avaliações em

situações desfavoráveis onde os erros estão presentes, onde a quantidade de informação

está limitada e onde há distorções nos padrões da imagem. Dado que a biometria é

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essencialmente um problema de classificação, o desenvolvimento de diferentes métodos

de identificação biométrica justifica-se, pois estes métodos podem ser utilizados em

conjunto, visando um único resultado com menores erros de classificação do que seriam

obtidos pelos métodos separadamente (KO, 2005).

Métodos computacionais para identificação humana por biometria da íris têm

sido propostos na literatura desde 1992 (DAUGMAN, 1992; WILDES, 1997; HUANG,

LUO et al., 2002; MA et al., 2002). As diferenças principais entre eles estão nos

algoritmos utilizados no processamento computacional, na extração da característica

biométrica, na forma de codificação e representação e no processo de comparação de

características ou confronto biométrico. O desenvolvimento destes métodos é motivado

pela necessidade de maximizar as taxas de acerto e minimizar as taxas de erros. Estas

taxas são variáveis importantes para o dimensionamento técnico e financeiro de um

sistema, influenciando diretamente na escolha de um fornecedor de tecnologia.

A natureza aberta do problema, a viabilidade de soluções técnicas de

identificação inovadoras em biometria por íris, a expansão projetada do mercado,

políticas de governo com perspectivas de continuidade para incentivo à pesquisa em

setores estratégicos (FINEP, 2009) e o sentimento da necessidade de soluções

tecnológicas nacionais motivaram a execução deste trabalho.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral desta pesquisa é desenvolver um sistema para identificação de

pessoas através de biometria da íris.

1.2.2. Objetivos Específicos

1. Desenvolver e implementar o algoritmo de pré-processamento de imagens,

incluindo a localização e segmentação da região de interesse da imagem, a

extração de características e a representação computacional em vetores de

características;

2. Desenvolver e implementar um método para confrontar vetores de características

e fornecer um valor de similaridade entre estes vetores;

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3. Aplicar métodos de validação estatística para estabelecer métricas de

desempenho em relação às taxas de erro do método proposto, incluindo a análise

de curvas ROC (Receiver Operating Characteristics);

4. Comparar o método de confronto proposto com um método de referência;

5. Avaliar a influência das variações dos parâmetros dos modelos adotados no

desempenho do confronto em termos estatísticos.

6. Propor um sistema de aquisição de imagens robusto para captura não-assistida;

1.3. Estrutura da Dissertação

O trabalho está dividido em 6 capítulos. Neste primeiro capítulo foi apresentada

uma introdução onde são expressas as motivações, objetivos gerais e específicos do

trabalho. O segundo capítulo contém uma fundamentação teórica que trata de assuntos

relacionados à processamento de imagens, biometria, sistemas de confronto e métricas

de avaliação estatísticas de resultados. Esta fundamentação é necessária para o

entendimento dos trabalhos relacionados apresentados na literatura, descritos no

capítulo 3, do método de referência e do método proposto, desenvolvidos no capítulo 4.

Os resultados do trabalho são apresentados no capítulo 5 e compreende a

apresentação das curvas de distribuição de variáveis relevantes, curvas de similaridades

e curvas ROC para os métodos de referência e proposto e discussões acerca dos

resultados obtidos. Por fim as conclusões e propostas para a continuidade da pesquisa

são apresentadas no capítulo 6.

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CAPÍTULO 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Introdução

Neste capítulo são apresentados fundamentos de teoria necessários ao

entendimento dos capítulos subseqüentes, tanto para a apresentação dos métodos

explorados e apresentados na literatura quanto para a proposta deste trabalho. O

objetivo é a contextualização multidisciplinar e a uniformização de conceitos, de

nomenclaturas e de linguagem. Para alcançar estes objetivos são utilizadas descrições,

definições formais, equações matemáticas e diagramas.

Com exceção da anatomia do olho humano, são apresentados temas comuns a

qualquer sistema biométrico, não considerando uma tecnologia específica, tratando de

forma generalizada o processo de extração de características, apresentando técnicas de

processamento de imagens e de identificação baseados em biometria. São apresentados

modelos matemáticos genéricos de confrontadores e as métricas de avaliações

estatísticas.

2.2. Anatomia do Olho Humano

O olho é o órgão mais externo da visão humana. Sua função é atuar como um

sensor de luz e convertê-la em sinais eletro-químicos, enviados através do nervo óptico

ao córtex visual no cérebro, para processamento de informações. A luz entra pela

córnea, atravessa uma cavidade preenchida com um líquido incolor chamado humor

aquoso, passa por uma abertura na íris, chamada pupila, e é focalizada pelo cristalino

para atingir uma superfície formada por mais de 100 milhões de fotorreceptores,

chamada retina (PALMER, 1999). A Figura 1 (a) ilustra os componentes principais do

olho humano.

A íris é um tecido visível externamente através da córnea. É composta de várias

camadas de tecidos e por dois músculos responsáveis pelo controle da quantidade de luz

que chega à retina, através da dilatação (midríase) e constrição (miose) da pupila. Estes

músculos são: o esfíncter da íris, formado por fibras dispostas em forma de anel, e o

músculo dilatador da pupila, formado por fibras radiais (NILSSON & HOLMGREN,

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1994). A Figura 1 (b), (c) e (d) ilustram o corte transversal da íris em três estados de

abertura da pupila.

b)

c)

a) d)

Figura 1 – a) Partes principais do olho humano (modificada de WIKI, 2009) e corte

transversal da íris, b) miose ou constrição da pupila, c) pupila em estado intermediário e

d) midríase ou dilatação da pupila. (adaptada de MILLER, et al., 2005).

A estrutura geral da íris é geneticamente determinada, porém detalhes da

disposição das fibras são dependentes de condições iniciais na fase embrionária e de

processos de crescimento que ocorrem até os dois primeiros anos de vida, improváveis

de serem replicados, mesmo em olhos diferentes de uma mesma pessoa. Doenças tais

como iridosquise, iridoplegia, iridonese e outras podem afetar os padrões de disposição

das fibras musculares da íris, modificar a coloração e causar lesões nos tecidos o que

alteraria sua aparência externa. Porém estes fatores representam situações raras. Apesar

das variações referentes à idade e outros fatores não serem completamente

determinados, a estabilidade e a diversidade observadas nos padrões evidenciam a

unicidade destes padrões, possibilitando a utilização da íris para identificação

biométrica de indivíduos (WILDES, 1997).

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7

2.3. Processamento Digital de Imagens

O processamento digital de imagens (PDI) é uma área do processamento de

sinais (PDS) que trata da manipulação de sinais bidimensionais através de operações

realizadas com o auxílio de um sistema computacional. Estas técnicas compõem as

primeiras etapas de processamento em sistemas de reconhecimento de padrões, atuando

como um passo intermediário entre a entrada, que pode ser uma imagem proveniente de

um sistema de captura ou de um sistema de armazenamento, e processos

computacionais posteriores, tais como a extração de características e a classificação.

A pesquisa em PDI está focada em processos de segmentação, filtragem,

compactação e restauração de imagens. Nesta seção são abordadas algumas técnicas de

PDI necessárias para a compreensão do restante do trabalho. Optou-se por se utilizar o

espaço contínuo para formulação, pois proporciona uma notação concisa e independente

de detalhes de implementação tais como a resolução das imagens e as formas dos

caminhos e superfícies de integração, que serão definidas no decorrer deste trabalho. As

implementações utilizam somatórios no espaço discreto bi-dimensional das imagens.

2.3.1. Correlação e Convolução

Em PDS e PDI as operações de correlação e de convolução são empregadas em

filtragem e na extração de características, por exemplo. As Equações (1) e (2) definem

respectivamente a correlação e a convolução para sinais unidimensionais (adaptado de

BRIGHAM, 1988). Para sinais bidimensionais a correlação e a convolução estão

definidas nas Equações (3) e (4). As integrais de correlação e convolução diferem uma

da outra apenas no espelhamento da função �. No caso especial onde a função � é par, a

correlação e a convolução são equivalentes.

� � ! " �#�� $ #�%#&'& (1)

� � ! " �#�� ( #�%#&'& (2)

Onde: • � �: é o sinal de entrada;

• � � : é o sinal de saída;

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• � �: é a função de correlação ou convolução;

• #: é uma variável auxiliar para o processo de integração;

��, �� ! " " �#, )��� $ #, � $ )�%)%#&'&

&'& (3)

��, �� ! " " �#, )��� ( #, � ( )�%)%#&'&

&'& (4)

Onde: • ��, ��: é o sinal bidimensional de entrada;

• ��, �� : é o sinal bidimensional de saída;

• ��, ��: é a função de correlação ou convolução;

• # e ): são variáveis auxiliares para o processo de integração;

A função �, no caso discreto, é implementada como uma matriz de coeficientes

definida sem a necessidade de modificar a natureza da operação (e.g. filtros passa baixa

e passa alta), o que faz da correlação e da convolução algoritmos genéricos utilizados

em PDS e PDI.

2.3.2. Detector de Bordas Sobel

Os objetos presentes em uma imagem são caracterizados por suas propriedades

tais como cor, textura e forma. O formato de um objeto é percebido pela variação destas

propriedades entre regiões adjacentes que definem a fronteira de um objeto para outros

elementos da imagem, tais como outros objetos e o fundo.

Em um caso simples, utilizando imagens em tons de cinza, esta fronteira pode

ser expressa matematicamente através de um processo de derivação da imagem que

fornece o módulo do gradiente e a direção da variação dos níveis de cinza entre as

regiões, conforme a Equação (5) e a Equação (6) (JÄHNE, 2005).

|���, ��| ! +,��, ��� -. $ ,��, ��� -. (5)

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9

/ ! 0� 012 3��, �����, ��� 4 (6)

Onde:

• |���, ��| é o módulo do gradiente da imagem ��, ��;

• 567,8�57 é a derivada parcial da imagem ��, �� em relação a x;

• 567,8�58 é a derivada parcial da imagem ��, �� em relação a y;

• / é o ângulo de direção do gradiente da imagem;

As derivadas parciais são implementadas no caso discreto pela convolução da

imagem com funções � , projetadas para que os resultados aproximem as derivadas

parciais 567,8�57 e

567,8�58 , apresentadas pelas Equações (7) e (8). A notação ��, �� 9��, �� denota a convolução entre ��, �� e ��, ��.

��, ��� : ��, �� 9 �;�, �� (7)

��, ��� : ��, �� 9 �<�, �� (8)

Estas funções � são chamadas de máscaras horizontal (�=�, �� ) e vertical

(�>�, ��) e estão definidas nas Equações (9) e (10) com valores conforme propostos por

Sobel (JÄHNE, 2005). A detecção de bordas através destas mascaras é exemplificada na

Figura 2.

�;�, �� ! ?(1 0 1(2 0 2(1 0 1B (9)

�<�, �� ! ?(1 (2 (10 0 01 2 1 B (10)

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10

a) b)

c) d)

Figura 2 – Detecção de bordas: a) Imagem original, b) Módulo do gradiente (|���, ��|), c) Derivada parcial em relação a x (��, ��/�) e d) Derivada parcial em relação a y

(��, ��/�). Em c) e d) valores positivos são mais claros e valores negativos são mais

escuros.

2.3.3. Transformada de Hough

Uma das áreas de pesquisa em PDI é a segmentação, que busca separar as

regiões da imagem onde estão presentes elementos de interesse. As técnicas de

segmentação podem ser classificadas a partir do nível de abstração, conforme ilustrado

no diagrama da Figura 3.

Figura 3 – Níveis de abstração e técnicas de segmentação de imagens. O diagrama foi

inspirado a partir da classificação apresentada em JÄHNE (2005).

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11

A transformada de Hough (HT) e suas variações formam um conjunto de

técnicas de alto nível de abstração para segmentação de imagens baseadas em modelos

geométricos (e.g. linhas, círculos, elipses) que descrevem uma região de interesse que se

deseja segmentar. Neste trabalho a HT será utilizada para a detecção da região de

interesse circular que define a pupila. O princípio da HT é uma mudança de espaço da

imagem para um espaço de parâmetros que definem o modelo geométrico (JÄHNE,

2005), conforme ilustrado na Figura 4.

Figura 4 – Princípio da Transformada de Hough

Para a detecção de regiões circulares, uma maneira de definir o espaço de

parâmetros é dada pelas Equações (11) e (12) que são as equações paramétricas da

circunferência, com as quais as coordenadas de um ponto qualquer pertencente à

circunferência são obtidas pelo conjunto de parâmetros (� , � , �, C). Estas equações são

deduzidas a partir da Figura 5.

Figura 5 – Parâmetros da circunferência

� ! �D $ � · cos C (11) � ! �D $ � · sin C (12)

Onde:

• �, �� são as coordenadas de um ponto sobre a circunferência;

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12

• �D , �D� são as coordenadas do centro da circunferência;

• � é o raio da circunferência;

• C é o ângulo de direção normal à tangente no ponto �, ��, em relação ao eixo de

referência;

Dado que o ângulo C é equivalente ao ângulo / de direção do gradiente da

imagem no ponto �, �� calculado pela Equação (6), infinitas circunferências podem

passar pelo ponto �, ��, porém apenas duas para cada valor do parâmetro �, conforme

ilustrado na Figura 6, e a apenas uma caso o interesse seja limitado apenas ao gradiente

positivo ou negativo.

Figura 6 – Princípio da Transformada de Hough para circunferências. Os parâmetros �D, �D , �� que definem a circunferência são obtidos a partir do ângulo do gradiente da

imagem através de um processo de contagem.

Seguindo as Equações (11) e (12), o espaço de parâmetros, ou espaço de Hough,

para circunferências define uma matriz tridimensional em que cada célula representa

uma circunferência definida pela tripla �D , �D , ��. O algoritmo da Figura 7 apresenta a

HT para círculos que se resume em um processo de contagem do número de pontos da

imagem cujo gradiente aponta para um centro �D , �D� e que estão dispostos a uma

distância � deste centro. Os resultados desta contagem são armazenados nas células da

matriz, que é dita matriz acumuladora. A constante R é o raio máximo esperado para

uma circunferência e W e H são a largura e a altura da imagem de entrada.

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Figura 7 – Algoritmo da Transformada de Hough para círculos

Se existem pontos de máximos proeminentes na matriz, isto indica que existem

circunferências na imagem de entrada, definidas pelos parâmetros associados às

coordenadas destes pontos. A detecção de circunferências é então resumida à procura de

máximos locais na matriz acumuladora.

2.3.4. Filtro Gabor

A origem dos filtros Gabor está na teoria de comunicações, que estuda a

transmissão e a recepção de informações. Baseados nas observações realizadas por

Carson, Nyquist e Küpfmüller, Hartley concluiu que a quantidade total de informação

que pode ser transmitida é proporcional ao produto da banda de freqüência do canal

pelo tempo disponível para transmissão (GABOR, 1946). Este enunciado é aceito como

a Lei Fundamental da Teoria de Comunicações.

Para análise de sinais na área de comunicações a análise de Fourier é um método

padrão que define as integrais recíprocas no domínio do tempo e da freqüência, dadas

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14

respectivamente pelas Equações (13) e (14). Estas integrais consideram sinais em

intervalos infinitos, o que não é observado em sinais práticos, e as descrições dos

fenômenos são realizadas de forma mutuamente exclusiva nos domínios, isto é, o sinal

não é tratado simultaneamente no tempo e na freqüência.

K � ! " LM�NO.PQR%M&'& (13)

LM� ! " K �N'O.PQR% &'& (14)

Onde: • K � é uma função do tempo;

• LM� é o espectro de freqüências de K �;

• S é a unidade imaginária √(1.

GABOR (1946) propôs um método que descreve de forma matematicamente

adequada a análise temporal e a análise espectral, contrapondo-se ao método de Fourier,

pois estas são realizadas simultaneamente. O tempo e a freqüência formam eixos

ortogonais e os sinais são representados em um diagrama bidimensional, como

apresentado na Figura 8.

Devido às incertezas na determinação do período de tempo e da freqüência da

parte oscilatória de um sinal, presentes nas respostas de sistemas físicos reais, o

diagrama foi dividido em retângulos, chamados logons, que definem genericamente as

informações que podem ser recebidas inequivocamente por um receptor em um

intervalo de tempo ∆ e em uma banda de passagem ∆M, associados às incertezas. Gabor

concluiu que existe uma área mínima que um sinal pode ocupar no diagrama, e que essa

área está associada a um sinal elementar ou genericamente uma informação elementar,

definindo um princípio quântico para a informação1. Ele também demonstra que os

sinais que ocupam esta área podem ser funções exponenciais complexas moduladas por

uma função de probabilidade gaussiana2, como mostrado na Equação (15).

1 Fundamentado no Princípio da Incerteza de Heisenberg, que enuncia que ∆ ∆M U 1/2

(GABOR, 1946). 2 Posteriormente outras funções base foram definidas na literatura tais como em DAUBECHIES

(1987) e MALLAT (1989), conhecidas como Wavelets.

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15

Figura 8 – Diagrama tempo/freqüência proposto por Gabor

V � ! N'WXR'RY�X · NO.PQYRZ[� (15)

Onde: • V � é o sinal elementar;

• C é uma constante associada ao desvio padrão da gaussiana.

• \ é a posição central do sinal no eixo do tempo;

• M\ é a freqüência central do sinal;

• / é uma constante de fase do sinal;

A transformada de Fourier desta função apresenta-se como um caso especial,

pois o formato da função de probabilidade é mantido tanto no domínio do tempo quanto

no da freqüência. Isto enfatiza que o sinal elementar além de limitado no tempo,

também possui o espectro de freqüência limitado, tornando-o mais adequado para

descrever sinais reais. Esta descrição é realizada pela decomposição de um sinal como

uma combinação de sinais elementares.

O filtro Gabor foi estendido para duas dimensões espaciais por DAUGMAN

(1988) e definido nos domínios do espaço (x, y) e da freqüência, para modelar o

comportamento dos campos receptivos de células nervosas encontradas no córtex visual

no cérebro de mamíferos. A função espacial do filtro Gabor é apresentada na Equação

(16). Um estudo mais completo, incluindo restrições baseadas em observações

neurofisiológicas, é realizado em (LEE, 1996).

Os filtros Gabor 2D estão sendo utilizados em várias aplicações de visão

computacional, pois permitem análises em diferentes freqüências, orientações e escalas,

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16

como por exemplo em compactação, reconstrução de imagens e extração de

características.

��, �� ! 12]�7�8 N'.̂,7'7Y�X_`X Z8'8Y�X_aX - · NO.PbY7ZcY8� (16)

Onde: • �\, �\ : é a posição central da gaussiana no espaço.

• �7: é o desvio padrão da gaussiana na direção x.

• �8 : é o desvio padrão da gaussiana na direção y.

• : é a freqüência central do filtro no eixo x.

• : é a freqüência central do filtro no eixo y.

A Equação (16) pode ser generalizada para qualquer orientação espacial do filtro

através da rotação de eixos definida pela Equação (17).

d�e�ef ! gcos � ( sin �sin � cos � h · g��h (17)

Onde: • �i, �i� : é a versão rotacionada de �° do ponto �, �).

A aplicação desta rotação de eixos resulta na forma completa da função Gabor

2D, apresentada na Equação (18).

��, �, ��! 12]�7�8 N'.̂jklmno p'qors p�'7YtX_`X Zkl ors pZ8 mno p�'8YtX_aX uNO.PkbYlmno p'qors p�ZcYl ors pZ8 mno p�t

(18)

Na Figura 9 estão apresentadas as partes real e imaginária do filtro Gabor 1D

definido na Equação (19), para � ! 0.4 e �\ igual à 1 Hz.

� � ! 1√2]� N'.̂wRX_Xxcos2]�\ � $ S sen2]�\ �� (19)

0u

0v

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17

A parte real e a parte imaginária da Equação (16) são plotadas para �7 ! �8 !1.5, e freqüências espaciais �\=1 e �\=0, respectivamente na Figura 10 (a) e na Figura

10 (b).

a) b)

Figura 9 – Filtro Gabor 1D para �\=1Hz e �=0.4: a) parte real, b) parte imaginária

a) b)

Figura 10 – Filtro Gabor 2D para �\ =1, �\ =0 e �7 ,�8 =0.4: a) parte real, b) parte

imaginária

2.4. Extração de Características

Uma informação de um objeto sob estudo é um conhecimento básico acerca do

objeto (e.g., cor, forma, tamanho, peso e densidade). Quando uma informação for

relevante para quantificar ou qualificar o objeto em relação a outros, esta informação

pode ser entendida como uma informação característica do objeto. A extração de

características é uma etapa de processamento em sistemas de reconhecimento de

padrões, como ilustrado na Figura 11 (modificada de DUDA, HART, & STORK, 2000).

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0-5

,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

Ga

nh

o

t

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

-5,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5 0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

Gan

ho

t

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18

Figura 11 – Sistema de reconhecimento de padrões

Em essência, a extração de características é um processo de coleta e

transformação representacional das características do objeto. Esta transformação se

estabelece entre um espaço físico, no qual o objeto se encontra, para um espaço lógico e

computacional, onde as características são representadas e definidas de forma

conveniente (e.g., números, vetores e símbolos) para utilização em processos ulteriores.

A transformação representacional é ilustrada na Figura 12. A notação de teoria

dos conjuntos foi utilizada para representar de forma pictórica o espaço físico e o espaço

vetorial de características F, como conjuntos onde os elementos são, respectivamente,

indivíduos e vetores de características. O elemento I j no espaço físico representa um

indivíduo j qualquer e Xi representa um vetor de índice i, onde cada componente é uma

característica. Os indivíduos do espaço físico são relacionados aos vetores de

características por uma relação de transformação, definida como o processo de extração

de características.

O resultado da extração de características está sujeito às incertezas de diversas

fontes, tais como o processo de medição, o mensurando, a disponibilidade de dados e as

influências do ambiente. Por este motivo, as representações são variáveis aleatórias e

suas análises e descrições envolvem processos e métodos estatísticos.

Figura 12 – Extração de características definida como uma relação entre indivíduos do

espaço físico e vetores de características definidos em um espaço vetorial.

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19

2.5. Biometria e Identificação Biométrica de Indivíduos

Recorrendo à definição apresentada em 2.3, o termo “biometria” define um

processo de medida e obtenção de características, onde os seres vivos são os objetos de

estudo. Uma classificação para as características biométricas é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação de características biométricas

Estruturais Comportamentais

Exemplos: Exemplos:

• Íris • Impressões Digitais • Geometria da Mão • Distribuição de Veias

• Voz • Gestos • Forma de Andar

A identificação biométrica, ilustrada na Figura 13, é um processo que busca

identificar quais indivíduos possuem determinadas características. Para a identificação

de indivíduos, o interesse em biometria está focado nas características que expressam

singularidades que podem ser utilizadas como identificadores estatísticos dos indivíduos

em uma população. Estas singularidades são definidas como características que

apresentam baixa variabilidade quando forem originadas de um mesmo indivíduo e alta

variabilidade quando se originarem de indivíduos diferentes.

Figura 13 – Identificação biométrica definida como uma relação entre vetores de

características do espaço vetorial de características e indivíduos representados no espaço

físico.

No caso ideal hipotético, as características obtidas para um indivíduo

apresentariam uma combinação única. Ou seja, cada indivíduo seria mapeado para um

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20

único vetor do espaço de características e este não seria mapeado por nenhum outro

indivíduo. Porém, devido às variações no processo de aquisição de dados e extração de

características, um indivíduo pode gerar diferentes vetores característicos espalhados no

espaço, como exemplificado na Figura 14 pelos indivíduos 1 e 2, e indivíduos diferentes

podem gerar vetores característicos muito próximos, situação exemplificada pelos

indivíduos 3 e 4.

Figura 14 – Espaço de características, F. Os indivíduos são representados por vetores de

características. Através deste modelo vetorial, a identificação biométrica resume-se em

uma medição de distância entre vetores do espaço F.

Cada indivíduo define uma classe no espaço e todos os vetores característicos

obtidos para um mesmo indivíduo são definidos como Vetores Intra-Classe. Os vetores

característicos que foram gerados por indivíduos diferentes são definidos como Vetores

Inter-Classes.

A similaridade entre vetores pode ser definida como uma função da distância

entre os vetores no espaço. Quanto maior a distância, menor a similaridade entre os

vetores. Ao contrário, se a distância tende a zero, a similaridade tende ao máximo

(vetores idênticos). A similaridade entre vetores só pode ser completamente definida

usando definições formais do espaço de características, do significado e do intervalo de

valores de cada componente do vetor.

A priori, pode-se assumir que a função de similaridade possui imagem

convenientemente limitada a um intervalo de interesse. Desta forma, dado que a

imagem da função expressa um valor real de similaridade, seu intervalo pode ser

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21

restringido ao intervalo [0,..,1], onde o valor 0 significa “completamente não similar” e

o valor 1 significa “completamente similar”.

A Equação (20) define genericamente a similaridade como uma função da

distância entre vetores de um espaço de características F.

K�^, �.� ! Mk%�^, �.�t (20)

Onde:

• �^, �. são vetores de características definidos em F;

• %�^, �.� é a uma função de distância entre pares de vetores de F;

• K: | } | ~ �0, 1� é a função similaridade que mapeia um par de vetores

característicos a um número real no intervalo �0, . . , 1�. Propriedades da função de similaridade:

o Reflexiva: K�, �� ! 1;

o Simétrica: K�^, �.� ! K�., �^�;

Os vetores de características e a função de similaridade definem um modelo

matemático para comparação biométrica de indivíduos. A hipótese implícita na

utilização deste modelo é que a distância mínima entre qualquer par de vetores inter-

classes é significativamente maior que a distância máxima obtida para qualquer par de

vetores intra-classe.

Em situações práticas, o intervalo de saída da função similaridade pode ser

definido de formas diferentes e as propriedades de simetria e reflexividade podem não

ser respeitadas. Contudo, esta função é apresentada neste trabalho de forma idealizada.

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22

2.6. Sistemas de Confronto Biométricos

2.6.1. Confronto 1:1 - Sistema Biométrico Mínimo

Um sistema biométrico mínimo é um classificador que possui como resposta

dois valores possíveis na saída (e.g., mesma pessoa e pessoas diferentes), por este

motivo é chamado de classificador binário. O valor de saída da função de similaridade

entre dois vetores, comparado com um valor de similaridade mínima, T, estabelece um

classificador binário. Se a similaridade entre os vetores for menor do que T, admite-se

que os vetores de entrada foram originados de indivíduos diferentes (inter-classe). Caso

contrário, se a similaridade for maior ou igual a T, considera-se que os vetores de

entrada foram originados de um mesmo indivíduo (intra-classe).

O diagrama da Figura 15 apresenta um tipo de confronto conhecido como

confronto 1:1, pois compara apenas um vetor com outro, produzindo uma única saída de

similaridade. Este tipo de confronto é utilizado para aceitar ou rejeitar a hipótese de que

os dois vetores de entrada foram originados pelo mesmo indivíduo e define um sistema

biométrico mínimo.

Figura 15 – Sistema biométrico mínimo (Confronto 1:1). O resultado da função de

similaridade entre vetores de características é comparado com um limiar de decisão T,

definindo um classificador binário entre as classes de vetores.

2.6.2. Confronto 1:N

O confronto 1:N, dito confronto um contra N, é um processo de comparação que

possui como entradas um vetor característico submetido e um conjunto de N vetores

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23

característicos em F que compõem uma base de dados. A saída do processo é um

subconjunto de F chamado de conjunto de candidatos, C.

Figura 16 – Confronto 1:N. Este confronto é utilizado para identificar um indivíduo em

uma base de dados. A função de confronto f1:N retorna um conjunto de vetores que

possuem similaridade alta em relação ao vetor de características submetido.

Os vetores característicos que estão contidos no conjunto de candidatos C são

todos os vetores �6 da base de dados que possuem distância em relação ao vetor

característico submetido �� menor que uma distância limite DLimite. Matematicamente:

� ! ��6 � | | %��, �6� � ��6�6R�� (21)

O conjunto de candidatos C pode ser definido em termos da similaridade entre os

vetores de entrada, definido na Equação (22), de forma a selecionar os vetores de F que

possuem similaridade maior que SLimite. O valor de SLimite equivalente ao nível de decisão

T, definido para o confronto 1:1, apresentado na seção 2.6.1:

� ! ��6 � | | K��, �6� � L�6�6R�� (22)

A tarefa da função de confronto 1:N ( f1:N ) é selecionar os vetores característicos

da base de dados que possuam alta similaridade em relação ao vetor submetido. Este

confronto é aplicável em sistemas de identificação onde a identidade do sujeito gerador

do vetor característico submetido é desconhecida e deseja-se confirmar ou rejeitar a

hipótese de que o indivíduo se encontra representado na base de dados. Se o número de

elementos do conjunto, ou seja, se a cardinalidade do conjunto C, for igual à zero,

conclui-se que o indivíduo não está representado por um vetor em F. A situação oposta,

quando a cardinalidade do conjunto C for maior que zero, existe pelo menos um

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24

candidato na base com possibilidade de ser o sujeito que gerou o vetor característico

submetido.

2.6.3. Confronto N:N

Estatisticamente é interessante conhecer os valores de similaridade produzidos

pelo confronto de todos os vetores característicos entre si. A este processo dá-se o nome

de confronto N:N, ou todos contra todos. O resultado pode ser arranjado em uma matriz

bidimensional onde cada par ordenado de vetores confrontados gera um valor de

similaridade que ocupa uma célula. Se a função de similaridade for simétrica e

reflexiva, uma matriz de escores MNxN pode ser reduzida a uma matriz triangular de

similaridades onde os elementos da diagonal principal são iguais a 1, conforme ilustrado

na Equação (23).

M�:�|� ! ��}��, S� !��������� 1 K\^ K\. K\� � K\�'^�1 K^. K^� � K^�'^�1 K.� � K.�'^�1 � K��'^�� �1 ���

������ (23)

Onde

• K6O contém o valor da similaridade entre os vetores �6 e �O , obtida pela

função K�6 , �O�.

Este confronto é utilizado para realizar avaliações estatísticas da função de

similaridade, obtidas para uma base de dados confiável onde é conhecida a classe de

todos os pares de vetores submetidos ao confronto. Outro exemplo de utilização deste

tipo de confronto é a busca de registros (imagens) duplicados em uma base de dados

causados por fraudes.

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25

2.7. Métricas para Avaliação Estatística de Resultados

2.7.1. Curvas de Densidade de Similaridade

Os confrontos 1:1 e 1:N formam as funções básicas para processos de

autenticação e identificação biométricos, respectivamente. Nestes dois confrontos o

problema é resumido na escolha de um nível de decisão que, comparado com os valores

de similaridade ou distância entre os vetores característicos de entrada, produz uma

saída binária que expressa a classe à qual o par de vetores de entrada pertence. Uma boa

escolha para o valor do nível de decisão é aquela que minimiza o erro de classificação

dos pares de vetores submetidos ao algoritmo.

Devido à natureza estocástica do problema, esta escolha é baseada em análises

estatísticas realizadas em uma base de dados com vetores de referência. A matriz de

saída do confronto N:N é utilizada para computar os histogramas de freqüências e as

probabilidades de ocorrência de um valor específico de similaridade. A Equação (24)

expressa o histograma de similaridades obtido da matriz de similaridades ��:� para a

classe K. Dado que a matriz ��:� é simétrica e que os elementos da diagonal principal

são desnecessários no cálculo do histograma, os limites inferiores e superiores dos

somatórios na equação são definidos para computar somente a porção superior da

matriz.

��|�� ! � � � 1 KN ��:��, S� ! � e k�6, �Ot � �0 0K� �1 ���

��'^O�6Z^

�'^6�\

(24)

Onde:

• K é a classe do par de vetores {intra, inter};

• ��|�� é o histograma de similaridades da classe K;

• � é o número de vetores da base de dados;

• �, S são os índices das linhas e das colunas da matriz ��:�, respectivamente;

• k�6 , �Ot é um par qualquer de vetores de características da base de dados;

• � é o valor da similaridade �6 e �O;

A Função Densidade de Probabilidade (pdf – Probability Density Function)

condicional à classe K, ilustrada na Equação (25), é obtida normalizando ��|��.

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26

�%M�|�� ! ��|��|�| (25)

Onde:

• |�| é a cardinalidade da classe K.

• �%M�|�� é a função densidade de probabilidade de um valor r de similaridade,

condicional à classe K;

• ��|�� é o histograma de similaridades da classe K;

No caso ideal hipotético, definido anteriormente na seção 2.5, os pares de vetores

característicos intra-classe possuem similaridade máxima e que os pares inter-classe não

possuem similaridade. Isto é ilustrado nas curvas de distribuição da Figura 17. Portanto,

qualquer nível de decisão colocado no intervalo aberto (0,.., 1) separaria completamente

as duas classes.

Figura 17 – Curvas idealizadas de densidades de probabilidade para similaridades

As variações nos vetores característicos entre seções de captura e o

comportamento do algoritmo de confronto provocam o deslocamento das médias e o

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Pro

bab

ilid

ade

Similaridade

Intra-Classe

Inter-Classe

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27

aumento dos desvios das distribuições de densidade de probabilidades. A Figura 18

ilustra um exemplo onde estas distribuições seguem um aspecto normal (gaussiano).

Figura 18 – Exemplo de curvas de densidades de probabilidade para similaridades reais

Estas curvas revelam o comportamento da função similaridade para as classes de

confronto. São utilizadas para computar a função densidade de probabilidades

cumulativa (cdf – cumulative density function), definida para a classe K na Equação

(26).

%M�|�� ! " �%MK|�����\ %K (26)

Onde:

• �%MK|�� é a função densidade de probabilidades de um valor s de similaridade,

condicional à classe K;

• %M�|�� é a função de densidade de probabilidades cumulativa para um valor

de similaridade r, condicional à classe K.

A Figura 19 mostra as curvas obtidas para as curvas de densidade da Figura 18,

plotadas utilizando-se as funções %M�|�1 �0� e k1 ( %M�|�1 N��t.

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,10

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Pro

bab

ilid

ade

Similaridade

Intra-Classe

Inter-Classe

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28

Figura 19 – Curvas de densidades cumulativas

Estas curvas são utilizadas na escolha do nível de decisão para separação entre

classes diferentes e na previsão das taxas de erros e acertos de classificação.

Os dois tipos de erros presentes em um sistema biométrico são: a) Erro de Falsa

Rejeição, quando um confronto intra-classe é classificado como inter-classe e b) Erro

de Falsa Aceitação, quando um confronto inter-classe é classificado como intra-classe.

Estes erros são estimados em função de um limiar de decisão T e são definidos como a

Taxa de Falsa Rejeição (FRR - False Rejection Rate) e da Taxa de Falsa Aceitação

(FAR - False Acceptance Rate) nas Equações (27) e (28), respectivamente.

|���� ! %M�|�1 �0� (27) |���� ! 1 ( %M�|�1 N�� (28)

De forma complementar, as Equações (29) e (30) definem respectivamente a

Taxa de Aceitação de Autênticos (TAR – True Acceptance Rate) e a Taxa de Rejeição

de Impostores (TRR – True Rejection Rate).

����� ! 1 ( %M�|�1 �0� ! 1 ( |���� (29) ����� ! %M�|�1 N�� ! 1 ( |���� (30)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Pro

bab

ilid

ade

Similaridade

cdf(r│intra)

1-cdf(r│inter)

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29

O ponto � onde |���� ! |���� define o ponto de erro igual (ERR – Equal

Error Rate). Se o limiar de classificação for menor que a similaridade para erro igual, a

FRR será reduzida e a FAR aumentada. Caso o valor do limiar seja maior, a FRR será

aumentada e a FAR reduzida. Na prática, o limiar padrão para a classificação é

escolhido no ponto de ERR, desta forma, nenhuma das classes é privilegiada frente à

outra.

2.7.2. Figuras de Mérito

A biometria aplicada à identificação e autenticação de indivíduos é

essencialmente um problema de classificação binária, pois a decisão é uma entre duas

classes de identidade: positiva ou negativa. Se esta saída for comparada à saída esperada

para uma base de dados de referência, existirão quatro possibilidades de resultado: a)

Saída positiva quando esperada positiva; b) Saída negativa quando esperada positiva; c)

Saída positiva quando esperada negativa; d) Saída negativa quando esperada negativa

(FAWCETT, 2004). Os resultados obtidos nas ocorrências de (a) e (d) representam

acertos, pois os resultados do classificador coincidem com a classe real. O contrário

acontece com as ocorrências de (b) e (c) e representam erros de classificação.

A Figura 20 mostra o arranjo destas ocorrências em uma matriz chamada de

Matriz de Confusão (Confusion Matrix) ou Tabela de Contingência (Contingency

Table), onde cada célula contém o número de ocorrências de uma das quatro

possibilidades. A diagonal principal e a diagonal secundária representam,

respectivamente, os acertos e erros de classificação.

Classe Real

Positivo Negativo

Cla

ssifi

caçã

o

Positivo TP FP

Negativo FN TN

Totais P N

Figura 20 – Matriz de Confusão

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30

Onde:

• TP (True Positive) é o total de positivos classificados como positivos;

• TN (True Negative) é o total de negativos classificados como negativos;

• FP (False Positive) é o total de negativos classificados como positivos;

• FN (False Negative) é o total de positivos classificados como negativos;

• P = TP + FN é o número total de positivos na base de referência;

• N = FP + TN é o número total de negativos na base de referência;

As figuras de mérito são estabelecidas por relações entre os valores das células

da Matriz de Confusão e expressam índices de qualidade do classificador que dependem

dos seus parâmetros. Por exemplo, se o classificador possui um limiar de decisão, tal

como apresentado no Sistema Mínimo da seção 2.6.1, para cada valor de T, novos

valores de TP, FN, FP e FN são obtidos. Portanto, podem-se utilizar estas variáveis para

traçar curvas de qualidade do classificador em função deste limiar de decisão, através de

figuras de mérito.

A Taxa de Positivos Verdadeiros (TP rate – True Positive rate), é a figura de

mérito definida na Equação (31), que relaciona a quantidade de positivos retornada pela

quantidade total de positivos da base.

�� �0 N�� ! ����� (31)

A Taxa de Falsos Positivos (FP rate – False Positive rate), definida na Equação

(32), expressa uma relação entre a quantidade de negativos erroneamente classificados

como positivos, pelo total de negativos. Espera-se que em um classificador este erro

seja minimizado e idealmente anulado.

|� �0 N�� ! |���� (32)

As equações (33) e (34) mostram as equivalências de termos utilizados para as

figuras de mérito. Outras figuras de mérito com menor utilização em biometria, tais

como a Precision, Recall, Accuracy e a F-Measure, tratadas em (FAWCETT, 2004) não

são utilizadas neste trabalho.

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31

LN1K� ��� � ! �� �0 N ! ��� (33) L�N �M� � � ! 1 ( |� �0 N ! 1 ( |�� (34)

2.7.3. Curvas ROC

As Curvas ROC (Receiver Operating Characteristics) são gráficos bi-

dimensionais que relacionam a Taxa de Verdadeiros Positivos (TP rate) e a Taxa de

Falsos Positivos (FP rate). Estas curvas são úteis para comparar classificadores,

independentemente da forma, dos limites e dos intervalos dos parâmetros específicos,

para determinar um ponto de operação e para avaliar a desempenho em termos de

probabilidades, prevendo os erros por falsa aceitação e por falsa rejeição (FAWCETT,

2004). A figura a seguir mostra o espaço da curva ROC.

Figura 21 – Espaço da curva ROC. A linha tracejada é a linha de performance aleatória

(RPL) e a linha pontilhada é a Linha de Erro Igual (ERRL).

A linha tracejada é a Random Performance Line (RPL), formada pelos pontos do

espaço ROC onde a desempenho do classificador é equivalente a uma escolha aleatória

entre as classes. Esta linha é resultado de distribuições equivalentes entre a FAR e a

TAR. Acima e abaixo da RPL um classificador possui desempenho superior e inferior a

uma escolha aleatória, respectivamente. A linha pontilhada é a Equal Error Rate Line

(ERRL). Um classificador ajustado para operar em um ponto de sua ROC coincidente

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32

com esta a linha, apresenta taxas de erro de classificação igual para as duas classes.

Quando um classificador opera em um ponto não coincidente com a ERRL uma das

classes será privilegiada em relação à outra, isto é, a FP rate será diferente da TP rate.

Os pontos notáveis do espaço estão identificados pelas letras A, B e C. O ponto

A é o ponto ótimo do espaço onde o erro de classificação é nulo para as ambas as

classes. Os pontos B e C representam estratégias de classificação que retornam somente

saídas negativas e positivas respectivamente.

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33

CAPÍTULO 3

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Introdução

Este capítulo tem por objetivo a apresentação e descrição dos aspectos relevantes

dos principais métodos descritos na literatura acerca de identificação humana por

biometria da íris. A organização está por ordem cronológica do aparecimento dos

autores dos principais métodos.

3.2. Estado da Arte

Historicamente o primeiro sistema de identificação humana por biometria de íris

de forma computadorizada foi patenteado por FLOM & SAFIR (1987). Esta patente

descreve um aparato para captura de imagens que inclui um sistema de iluminação e

sugere a comparação com imagens previamente armazenadas. A patente é pouco

descritiva quanto ao método computacional envolvido na comparação.

A primeira proposta efetiva em termos de resultados estatísticos foi realizada por

DAUGMAN (1992). Este autor utiliza uma integral de linha para a detecção da região

de interesse na imagem, formada pela região entre a pupila e a íris, limitada pelas

pálpebras. Os sinais do resultado das partes real e imaginária de saída de um filtro

Gabor bi-dimensional aplicado à região de interesse é utilizado como característica

codificada para um processo de comparação, que mede a dissimilaridade entre

representações utilizando a distância de Hamming, através de operações lógicas tipo ou-

exclusivo (DAUGMAN, 1992). As distribuições da HD para a intra-classe e para a

inter-classe, revelam o potencial discriminante do classificador, apresentando TAR igual

a 99,2% quando a FAR é igual à 0,0001. Este resultado confere ao algoritmo o quarto

lugar em um teste biométrico de larga escala realizado pelo NIST (ICE, 2006). Este

método é apresentado em detalhes na seção 4.2.

No trabalho desenvolvido por WILDES (1997), a segmentação da região de

interesse é realizada por um método de localização da região circular da pupila e da íris

baseado na Transformada de Hough para círculos. As representações da íris são obtidas

através de uma decomposição em uma pirâmide Laplaciana de 4 níveis, obtida da

imagem da região de interesse, que preserva as informações da íris em múltiplas bandas

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de freqüência da imagem. A comparação de duas representações de íris é realizada entre

níveis correspondentes das pirâmides, através de um processo de correlação

normalizada. A combinação do resultado das correlações normalizadas dos 4 níveis da

pirâmide compõe o valor de saída da comparação (WILDES, 1997).

HUANG, LUO, & CHEN descrevem um método de localização da íris baseado

no detector de borda de Canny, juntamente com a Transformada de Hough. O método

utiliza uma representação em coordenadas polares da íris e a linha entre centros das

pupilas dos olhos direito e esquerdo como ponto de referência para a transformação de

coordenadas. A codificação é realizada pela obtenção dos coeficientes da Análise de

Componentes Independentes (ICA) para pequenas janelas da imagem da íris. O processo

de comparação é baseado na distância euclidiana entre os coeficientes ICA (HUANG,

LUO, & CHEN, 2002).

MA, WANG, & TAN (2002) utilizam dois círculos não concêntricos para a

modelagem da íris e da pupila, realizando uma primeira aproximação da região da íris

por projeções da imagem nas direções vertical e horizontal. A extração dos parâmetros

das circunferências é realizada pela aplicação da Transformada de Hough. A imagem da

íris é geometricamente normalizada para um bloco retangular de 64x512 pixels onde são

aplicadas técnicas de equalização local do histograma e filtragem gaussiana. A extração

de características é realizada por uma etapa de filtragem da imagem utilizando Filtros

Circulares Simétricos (CSF), que possuem características semelhantes aos filtros Gabor.

O valor da característica é o desvio médio absoluto em cada bloco de 8x8 do resultado

da filtragem da imagem normalizada. O vetor de características é formado por 384

componentes e a comparação é realizada por um método de medição de distância

chamado Nearest Feature Line (NFL) (MA, WANG, & TAN, 2002). Posteriormente os

autores introduziram um controle de qualidade na imagem baseado em análise de

freqüências por Transformada de Fourier. A dimensão do vetor de características foi

aumentada para 1536 componentes e reduzida posteriormente para 384 componentes

com o uso de um Discriminante Linear de Fisher (MA, TAN, WANG, & ZHANG,

2003). O confronto é realizado por uma medição de distância entre os vetores com

dimensão reduzida.

Vários outros trabalhos foram publicados, propondo novos métodos de

comparação biométrica utilizando outras características biométricas (MA, et al., 2004;

SUNG, et al., 2004; IVES, et al., 2004; MIYAZAWA, et al., 2005; YUAN & SHI, 2005;

YAO, et al., 2006). A diferença entre os métodos está nos algoritmos de localização e

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segmentação da região de interesse, particularmente importante devido à variedade de

fontes de imagens de diversas qualidades, nas informações que são utilizadas como

características, em como estas características são codificadas em representações

computacionais e na função que executa a comparação destas representações. A Tabela

2, resume os principais autores e métodos empregados nas etapas de processamento.

Tabela 2 – Principais métodos propostos na literatura para segmentação de imagens,

codificação e confronto de íris

Autor Ano Segmentação Codificação

Representação Confronto

Daugman 1992 Operadores Íntegro Diferenciais

Filtros Gabor Ângulos de Fase

Distância de Hamming

Wildes 1997 Transformada de Hough Pirâmides Laplacianas Correlação

Huang 2002 Detector de Bordas Canny Transformada de Hough

Coeficientes ICA Distância Euclidiana

Ma 2002 Transformada de Hough Filtros Circulares Simétricos Nearest Feature

Line

Sung 2004 Detector de Bordas Canny Decomposição Wavelet Support Vector

Machines

Ives 2004 Detector de Bordas Canny Transformada de Hough

Histograma Normalizado DU Measure

Miyazawa 2005 Ellipse Fitting Ângulos de Fase Correlação

Yuan 2005 Transformada de Hough Log-Gabor Ângulos de Fase

Distância Euclidiana

Yao 2006 - Modified Log-Gabor

Ângulos de Fase Distância de Hamming

Além de temas específicos de pré-processamento, segmentação, extração de

características e comparação, métodos de geração de imagens sintetizadas são

discutidos na literatura (ZUO, et al., 2007; SHAH & ROSS, 2006), motivados pela

baixa disponibilidade de bases de dados para testes de larga escala (e.g., milhões de

indivíduos e milhares de amostras por indivíduo).

O objetivo das pesquisas é melhorar o desempenho dos sistemas sob dois

aspectos principais: a diminuição das taxas de erro de classificação e a minimização do

custo computacional em termos de tempo de processamento e armazenamento de dados.

Apesar de algumas das publicações apresentarem resultados estatísticos

comparativos entre taxas de erro, os métodos de análise são pouco descritos e a

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indisponibilidade de bases de dados confiáveis prejudicam a reprodução dos

experimentos. Além do fato das implementações dos algoritmos de segmentação,

codificação e confronto estarem sujeitos a interpretações, o que torna uma análise

comparativa pouco confiável.

Para referenciar o mercado de biometria, o NIST (National Institute of Standards

and Technology), órgão do governo americano, promove testes independentes de larga

escala com o objetivo de comparar algoritmos de identificação por biometria da íris

(ICE, 2006), nos mesmos moldes dos testes que são realizados para impressões digitais

e face. Nestes testes os algoritmos são submetidos a uma mesma base de dados e os

resultados são publicados em um ranking por taxas de erros e acertos de classificação e

tempo de processamento.

Devido ao interesse comercial em biometria aplicada à identificação, os

algoritmos submetidos ao teste de larga escala do NIST, em sua maioria, não são

publicados completamente e são protegidos por patentes, propriedades intelectuais e

direitos autorais.

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37

CAPÍTULO 4

MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Introdução

Neste capítulo são apresentados dois métodos para localização, segmentação,

extração de característica e comparação de íris. O primeiro método é uma

implementação do trabalho apresentado na literatura, onde a comparação é baseada em

uma medição de distância de Hamming entre representações, calculada a partir das

características codificadas nas representações (DAUGMAN, 1992; 2001). Este método

é utilizado como referência.

O segundo método, que foi desenvolvido neste trabalho, utiliza a mesma

característica proposta pelo método de referência, porém a comparação das

representações não é obtida diretamente a partir das características, mas pelo resultado

de uma função que calcula a densidade de características coincidentes entre as

representações, como uma proposta para melhorar o desempenho do classificador.

Complementando esta abordagem, foi proposto um sistema para identificação de

pessoas, compreendendo os sistemas de captura de imagem, iluminação e blocos de

processamento envolvidos na localização e segmentação da região de interesse da íris,

extração e codificação de características e comparação biométrica. Uma plataforma de

software para avaliação estatística foi desenvolvida para realizar a comparação dos

métodos e análises do algoritmo proposto.

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4.2. Método de Referência

DAUGMAN (1992) propõe as localizações da pupila e da íris pela maximização

de uma derivada da integração normalizada dos valores dos pixels da imagem em um

caminho circular definido por r, x0 e y0. A Equação (35) apresenta matematicamente

este processo, que em resumo, atua como um operador para detecção de bordas

circulares na imagem. Para a localização das pálpebras o caminho circular da equação é

substituído por um caminho curvilíneo, não especificado pelo autor.

 0��,7Y,8Y� ¡¢_�� 9 � £ ¤�, ��%K2]��,7Y,8Y¡ (35)

Onde:

• r é o raio da circunferência;

• x0 e y0 são as coordenadas do centro da circunferência;

• ds é um diferencial do caminho circular;

• ¢_�� é um filtro gaussiano;

• ¤�, �� é a imagem de entrada;

O resultado da localização da íris por este método é a segmentação da ROI que é

dada pela região anular compreendida entre a pupila e a esclera, e limitada superior e

inferiormente pelas pálpebras. O algoritmo filtra esta região da imagem com um filtro

Gabor 2D e define a característica biométrica como o quadrante ao qual pertence o

ângulo de saída desta filtragem. Este processo é definido na Equação (36) e o resultado

assume um em quatro valores possíveis obtidos dos sinais da parte real e da parte

imaginária da saída do filtro (DAUGMAN, 2001), como ilustrado na Figura 22.

��¥�,¦�� ! K21�¥�,¦�� §¨ ¤©, /�N'6ªpY'[�«[ N'�Y'«�XWX N'pY'[�X¬X ©%©%/­ (36)

Onde:

• K21 extrai o sinal das partes real e imaginária do argumento;

• ¤©, /� é a imagem descrita em coordenadas polares;

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• C e ® são os parâmetros de desvio padrão do envelope gaussiano do filtro;

• ¯ é a freqüência angular central do filtro.

Figura 22 – Demodulação de fase pelo método de Daugman. Dois bits são utilizados

para codificar o quadrante a que o ângulo pertence através do sinal da parte real e da

parte imaginária da saída do filtro. O valor “1” representa sinal positivo e “0” representa

sinal negativo.

Os bits que representam o sinal da parte real e imaginária são arranjados em uma

representação computacional como um vetor de bits (vetor de características) com 2048

bits que é ilustrado na Figura 23 (adaptada de DAUGMAN, 2001). Na implementação

foram utilizadas 8 circunferências igualmente espaçadas a partir da pupila até a borda

externa da íris e 128 pontos por circunferência, totalizando 1024 pontos. Para cada

ponto, 2 bits armazenam o sinal da parte real e imaginária da saída do filtro. A filtragem

foi realizada no domínio da freqüência com ¯ ! 2] °̂ e ® ! C ± 1/¯.

Figura 23 – Representação pictórica do código de íris pelo método de Daugman.

A comparação entre duas representações é realizada pelo cômputo da distância

de Hamming normalizada entre as duas representações sob confronto, excluindo as

regiões inválidas causadas pelas pálpebras. Esta comparação é definida na Equação (37)

(modificada de DAUGMAN, 2001).

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=� ! ² �%N� ³ �%N´� µ  0K¶� µ  0K¶´²² 0K¶� µ  0K¶´² (37)

Onde:

• HD é a distância de Hamming Normalizada;

• �%N� e �%N´ são os códigos de íris (representações) obtidos pela Equação

(36), para a imagem de íris A e B, respectivamente;

•  0K¶� e  0K¶´ são máscaras que contém os bits válidos das representações;

• ³ é a operação lógica XOR (OU-exclusivo);

• ² ² é a norma do vetor de bits e define o número de bits com valor igual “1”

do vetor argumento.

4.3. Método Proposto

O sistema proposto é composto estruturalmente por três subsistemas, um para

controle de iluminação e dois para capturas de imagens. O Sistema de Detecção de

Contexto (CDS – Context Detection System) captura imagens da cena e as utiliza para

localizar a face e os olhos do indivíduo à sua frente. As informações de posicionamento

e distância da face são utilizadas pelo Sistema de Captura Biométrica (BCS – Biometric

Capture System) para controlar a iluminação e o arranjo óptico/mecânico. O objetivo é

diminuir a necessidade de colaboração dos usuários e agilizar o processo de captura de

imagens.

Figura 24 – Visão geral do sistema proposto, formado pela captura biométrica (BCS)

pela detecção de contexto (CDS) e pelo sistema de iluminação.

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O diagrama em blocos funcional do método proposto é mostrado na Figura 25,

onde os principais blocos de funcionamento estão representados. Nas próximas seções

estes blocos serão detalhados quanto ao funcionamento e suas aplicações.

Figura 25 – Diagrama de blocos do sistema proposto. A detecção de contexto controla a

iluminação e o processo de captura biométrica. Após a captura biométrica é realizado o

processamento das imagens, a extração de características e o confronto.

4.3.1. Sistema de Iluminação

A iluminação da região ao redor dos olhos durante o processo de captura

biométrica tem por objetivo a manutenção de um nível mínimo de contraste entre os

elementos notáveis da imagem (pupila, íris, pálpebras, pele e cílios), fundamental para a

obtenção de bons resultados na segmentação da região de interesse e conseqüentemente

no resultado de saída da função de confronto.

O iluminador é composto por uma matriz de LED’s infravermelhos que emitem

luz com comprimento de onda de 850 nm. Este comprimento de onda foi escolhido, pois

se obtém bom contraste na imagem independente da pigmentação da íris. A potência

emitida é controlada pela corrente nos LED’s e calculada em função da distância da face

à câmera. Este controle é necessário para manter a iluminação em níveis seguros para os

tecidos da pele e dos olhos (córnea, cristalino e retina). Estes níveis devem ser menores

que 0,01 ·D�X para comprimentos de onda maiores que 780 nm, prevenindo efeitos

prejudiciais nas lentes dos olhos (SUESS & MORISON, 1983).

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O modelo representado na Figura 26 é utilizado para o cálculo da potência

incidente na face posicionada a uma distância D. Considera-se que a fonte de

infravermelho (IR) esteja no vértice de um cone e que emita toda a potência dentro de

uma abertura de ângulo C. A potência incidente por unidade de área é calculada pela

Equação (38).

Figura 26 – Cone de iluminação da face

� ! �\] · ¸� · tan ¸C2»».

(38)

Onde:

• �¼ é a potência óptica em watts emitida pela fonte de IR;

• � é a distância entre face e a fonte de iluminação;

• C é o ângulo de abertura do cone de iluminação da face;

4.3.2. Detecção de Contexto

O objetivo da detecção de contexto é determinar se existe uma face bem

posicionada em frente ao sistema, isto é, se a distância face-câmera e alinhamentos da

face em relação ao sistema estão dentro de limites adequados para que uma imagem da

íris possa ser adquirida. O algoritmo descrito nesta seção foi proposto para a detecção

do estado das pálpebras utilizado em sistemas de auxilio à deficiência física

(FERNANDES, et al., 2008).

As informações da posição dos olhos são utilizadas para estimar a distância da

face. Inicialmente a face é localizada na imagem do CDS, utilizando-se o algoritmo

baseado em Haar Features e ADA Boosting (VIOLA, 2004). A posição dos olhos é

então encontrada pelo algoritmo descrito nesta seção. Na Figura 27 o resultado deste

processo é ilustrado. A primeira fase identifica a região da face e separa a metade

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superior em duas sub-regiões, indicadas pelas regiões rotuladas como A e B na Figura

27 (a), formando a ROI para a segunda fase, quando o algoritmo de refinamento da

posição dos olhos é aplicado para determinar os centros aproximados dos olhos,

representados pelos pontos P1 e P2 na Figura 27 (b).

(a) (b)

Figura 27 – Localização dos olhos: a) detecção da face e delimitação das regiões dos

olhos e b) localização da posição dos olhos.

Os passos de processamento de imagens utilizados na determinação das posições

dos olhos são apresentados no diagrama de blocos da Figura 28. A redução dos efeitos

de iluminação é obtida pela equalização do histograma da imagem da região de

interesse. Posteriormente, a imagem é entregue a um filtro de média 3x3 para diminuir a

influência causada por ruídos e pela presença de cílios. As regiões da íris, pálpebras,

cílios e sobrancelhas aparecem mais escuras que a pele ao redor dos olhos, ocupando

aproximadamente 25% da região, definindo dinamicamente o limiar de binarização no

primeiro quartil do histograma da região. O tamanho do filtro de média foi definido

empiricamente no estágio atual do trabalho. Outros tipos de filtragens (e.g. filtragem

passa-baixa gaussiana) não foram abordados, pois, pelo tamanho reduzido da máscara

do filtro, o ganho prático da redução de artefatos tende a ser insignificante.

Figura 28 – Determinação da posição dos olhos. As sub-imagens dos olhos são

processadas para obter a posição aproximada dos olhos.

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O ponto obtido como centróide da região pode não coincidir com o centro da íris,

porém a estabilidade observada na prática é suficiente para utilizar esta posição como

referência para controle de posicionamento e para tomada de decisão do processo de

captura de imagem em resolução mais elevada da íris, realizada pelo BCS. Os resultados

parciais de saída dos blocos de (a) equalização de histograma, (b) filtragem de média,

(c) binarização e (d) cálculo do centróide da região são apresentados, nesta seqüência,

na Figura 29.

(a) (b) (c) (d)

Figura 29 – Resultados parciais do segundo estágio para localização dos olhos. a)

equalização do histograma, b) filtragem de média, c) binarização e d) localização do

centróide da região escura.

A distância da face à câmera é estimada utilizando as posições dos centros dos

olhos. Esta estimativa é definida matematicamente na Equação (39) (modificada de

JÄHNE, 2005), e ilustrada na Figura 30. Esta relação é válida para câmeras com lentes

tipo pinhole. Para outras lentes a relação é influenciada por aberrações e distorções do

sistema óptico, no entanto, uma LUT (lookup table) é uma alternativa para realizar a

estimativa da distância.

Uma restrição à utilização prática desta estimativa é que a relação da Equação

(39) é válida somente para faces frontais. Em caso de faces oblíquas a relação não é

válida. Nesta situação o algoritmo de detecção da face deve ser treinado para localizar

somente faces frontais, garantindo uma estimativa correta para a distância D.

Figura 30 – Esquema de cálculo da distância face-câmera por semelhança de triângulos

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� ! % · �¼�½ (39)

Onde:

• �¼ é um valor médio de distância entre os olhos em centímetros;

• �½ é o número de pixels entre os centróides obtidos para cada olho pelo

algoritmo da Figura 28;

• % é uma constante que expressa a distância virtual em pixels entre a lente e o

sensor de imagem e é obtida por calibração manual para uma distância

conhecida;

• � é a distância incógnita entre face e a lente da câmera.

O valor de referência utilizado para �¼ foi de 6.5 cm, obtido pela média da

distância entre os olhos de 15 pessoas adultas. Este valor de referência deve ser

calculado para um número maior de pessoas, aumentando a precisão da estimativa. Para

este valor de �¼, e com uma face posicionada a 40 cm de distância, o valor de �½obtido

é de 52 pixels, resultando em uma constante % de 320 pixels.

4.3.3. Extração do Vetor de Características

A região de interesse da imagem biométrica de entrada é composta somente pela

porção que compreende a região da íris. Esta região é ilustrada na Figura 31 e forma a

ROI para a detecção da pupila, da íris e das pálpebras. A íris, limitada internamente pela

pupila e externamente pela esclera e pelas pálpebras, forma a ROI do processo de

extração de características.

Figura 31 – Região de interesse da íris.

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Uma modelagem geométrica dos elementos que limitam a região da íris na

imagem, baseados em circunferências e parábolas, foi utilizada no processo de

localização da região de interesse. As fronteiras pupila-íris e íris-esclera são modeladas

como circunferências não necessariamente concêntricas e as pálpebras são modeladas

como arcos parabólicos.

Após a localização, a segmentação e a padronização de tamanho da região de

interesse são realizadas. A representação intermediária da imagem é uma transformação

do espaço cartesiano (x, y) original para um espaço polar �, ��. Esta representação é

normalizada para padronizar o tamanho, formando a entrada do bloco de extração de

características. Tal como no método de referência, o vetor de características é formado

por informações do ângulo de fase do resultado da aplicação de um filtro Gabor na

representação normalizada.

Nas próximas seções são descritos os algoritmos propostos para o processamento

de imagens, utilizados para a segmentação da região de interesse.

4.3.3.1. Detecção da Pupila

A pupila é identificada como a região central do olho, que possui um aspecto

circular, que se expande e se contrai para controlar a entrada de luz que atinge a retina.

Em imagens com alto contraste, o histograma mostra que a região da pupila se apresenta

na porção mais a esquerda, diferenciando-se das demais pelo seu nível de cinza mais

escuro, como mostrado na Figura 32.

a) b) c)

Figura 32 – a) Imagem de íris em alto contraste b) Histograma c) Imagem binarizada.

Em imagens com alto contraste, a segmentação da pupila pode ser obtida com nível de

binarização a partir do primeiro máximo no histograma.

Quando as imagens possuem baixo contraste ou a pupila contém reflexos de

iluminação que comprometem a área escura, a busca por um pico proeminente no início

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do histograma pode não ser suficiente para delimitar a região da pupila. Um método de

segmentação baseado em um simples nível de binarização, obtido a partir da posição do

pico, causa resultados insatisfatórios mesmo em casos onde a imagem ainda poderia ser

utilizada para fins biométricos. Esta situação é exemplificada na Figura 33.

a) b) c)

Figura 33 – a) Imagem de íris em baixo contraste b) Histograma c) Imagem binarizada.

Em imagens com baixo contraste, um nível de binarização não é capaz segmentar a

pupila de outros elementos da imagem (e.g. cílios).

Neste trabalho é proposta uma forma de detecção da pupila, inspirado nos

trabalhos de WILDES (1997) e DAUGMAN (1992), utilizando as informações do

histograma não como base da segmentação, mas como uma referência para

determinação de limites para o raio no processo de procura de uma circunferência

descritora da pupila. O objetivo é unir a eficiência computacional em termos de tempo

de processamento da Transformada de Hough para localizar o centro da pupila e reduzir

o espaço de busca de uma circunferência, conforme descrito neste item. O diagrama de

blocos do algoritmo de detecção da pupila é ilustrado na Figura 34.

Figura 34 – Diagrama de blocos do algoritmo de localização da pupila. A transformada

de Hough fornece o centro da pupila. A localização da borda da pupila é definida no

ponto de máximo da saída do bloco integrador em um caminho circular.

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O primeiro bloco do algoritmo é composto por filtro gaussiano que visa redução

de ruídos que causariam artefatos na saída da convolução do detector de bordas,

realizada por um filtro Sobel (JÄHNE, 2005).

O bloco principal é composto pela Transformada de Hough para círculos. Como

definido na seção 2.3.3, esta transformada é um processo de mudança do espaço

cartesiano (x, y) da imagem para o espaço de parâmetros que define uma circunferência,

formado pela posição do centro k�½, �½t e pelo raio r. Na Figura 35 são ilustradas as

representações pictóricas das saídas do (a) detector de bordas (Gm) e (b) uma projeção

do acumulador 3D de Hough (H) em um espaço 2D, obtidas para a Figura 32 (a).

a) b)

Figura 35 – Detecção do centro da Pupila. a) Saída do filtro Sobel (Gm), b) Saída do

acumulador de Hough (H). O ponto de máximo do acumulador define o centro da

pupila.

O centro da pupila k�½, �½t, indicado pela cruz vermelha na Figura 35 (b), é

aceito como o ponto onde o acumulador de Hough possui valor máximo. O raio da

pupila é determinado pela maximização de uma integral de linha realizada ao redor do

ponto k�½, �½t em uma circunferência de raio r no resultado de saída do filtro Sobel,

definido na Equação (40). Esta integral é normalizada em relação ao comprimento da

circunferência.

12]� £ ¢�k�½ $ � · cos � , �½ $ � · sin �t% ¾

(40)

Onde:

• C é um caminho de integração circular definido por � e �;

• �½, �½ são as coordenadas do centro da pupila;

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• ¢  é o módulo da saída do filtro Sobel, Figura 35 (a);

Os limites de integração são definidos nos intervalos�0, 360�° para �° e ���6¿, ��À7� para o raio r, onde ��6¿ e ��À7 são obtidos da análise do histograma e

pelo número de votos no ponto de máximo do espaço acumulador de Hough. A análise

do histograma fornece uma estimativa da área e do raio da pupila pela contagem do

número de pixels que estão localizados abaixo do nível que isola o primeiro pico de

máximo no histograma, a partir do nível de cinza mais escuro, como sugerido na Figura

32 (b).

O valor máximo da integral é armazenado e deverá ser utilizado no futuro como

um índice de qualidade da localização da pupila, na tentativa de relacionar o contraste

da imagem, representado pela a borda entre a pupila e a íris, com as taxas de erro de

confronto.

4.3.3.2. Detecção da Íris

Para a detecção da íris foi utilizado um algoritmo semelhante ao da determinação

do raio da pupila. O objetivo é determinar a posição do centro da circunferência que

delimita a íris, realizando aproximações para o centro e raio da íris, seguindo os

seguintes passos:

1. Admitir inicialmente que a íris e a pupila são círculos concêntricos;

2. Estimar os raios da íris à esquerda e à direita em relação ao centro, pelos

pontos de máximos na integração de linha das bordas, utilizando arcos

circulares como caminhos de integração;

3. Calcular o raio médio entre os raios à esquerda e à direita;

4. Calcular o centro em x definitivo da íris;

5. Calcular o centro em y pela maximização da integração de linha das

bordas.

Estes passos são realizados pelo algoritmo representado no diagrama da Figura

36. A filtragem gaussiana e a detecção de bordas por Sobel são reaproveitadas do

cálculo prévio realizado na detecção da pupila. A partir da borda da pupila são

realizadas duas integrações em caminhos circulares por uma equação semelhante à

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50

Equação (40), porém com limites de integração para o ângulo �° limitado em �(45, 45�° e �(135, 225�°, conforme indicado nos blocos. Esta limitação é imposta

para diminuir a influência das bordas resultantes das pálpebras e cílios.

Os resultados desta fase são as posições da borda direita e da borda esquerda,

como ilustrado na Figura 37. Estas posições são utilizadas para calcular a posição xi do

centro e o raio médio da íris. A ordenada do centro da íris, �6, que ainda é incógnita, é

estimada repetindo-se o processo de integração, dado pelo ultimo bloco integrador, em

um intervalo de variação de �6 em g�½ ( Á�Â'�Ã�Ä Á , �½ $ Á�Â'�Ã�Ä Áh e em �(45, 45�° e �(135, 225�° para ângulo �° e com valor da abscissa constante. O valor final de �6 é

selecionando na posição em que a integração apresentar-se máxima.

Figura 36 – Diagrama de blocos do algoritmo de localização da íris. Os números entre

parênteses nos blocos integradores indicam os limites de integração para o ângulo �°.

Figura 37 – Posição das bordas à direita e a esquerda do centro da íris.

Se as circunferências da íris e da pupila são concêntricas, os raios obtidos à

direita (rd) e à esquerda (re) são iguais. Caso contrário, a íris e a pupila possuem centros

distintos e a abscissa do centro da íris pode ser determinada pela Equação (41).

�6 ! �½ $ �Å(���2 (41)

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51

Onde:

• �6 é a abscissa do centro da íris;

• �½ é a abscissa do centro da pupila;

• �� N �Å são os raios da íris respectivamente à esquerda e à direita do centro da

pupila;

4.3.3.3. Detecção das Pálpebras

De forma semelhante à detecção da pupila e da íris, a determinação dos

parâmetros das parábolas que modelam as pálpebras é realizada pela maximização de

integrais de linha. Para as pálpebras os caminhos adotados nas integrações são arcos

parabólicos no gradiente vertical de saída do filtro Sobel, Gy. A integral de linha para as

parábolas é definida na Equação (42), onde as variáveis a, b e c são os parâmetros da

parábola.

Figura 38 – Detecção das pálpebras superior e inferior é realizada pela maximização de

duas integrações em caminhos parabólicos.

1L " ¢8�, 0�. $ Æ� $ �% ¾

(42)

Onde:

• C é um caminho de integração parabólico, descrito por 0�. $ Æ� $ ;

• ¢8 é o gradiente vertical de saída do filtro Sobel;

• L é o fator de normalização da integral e é dado pelo o comprimento do arco

parabólico.

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52

No sistema de referência adotado, com x crescendo da esquerda para a direita e y

crescendo de cima para baixo na imagem, o valor do parâmetro a para a pálpebra

superior é maior ou igual a zero, pois a parábola correspondente possui concavidade

positiva, voltada para baixo. De forma análoga, a é menor ou igual a zero para a

parábola da pálpebra inferior, pois sua abertura é voltada para cima. O diagrama da

Figura 39 ilustra o algoritmo aplicado na detecção das pálpebras. Após o filtro

gaussiano e a detecção de bordas por Sobel, os dois integradores são aplicados e os

parâmetros obtidos nos seus pontos de máximos, dentro do intervalo de integração, são

considerados como descritores das parábolas das pálpebras.

Figura 39 – Diagrama de blocos do algoritmo de localização das pálpebras.

4.3.3.4. Abertura Relativa da Pupila

Devido às contrações e relaxamentos da estrutura muscular da íris que resultam

no controle da quantidade de luz que entra nos olhos pela pupila, espera-se que os

padrões na imagem sofram deformações. Estas deformações podem afetar os resultados

dos sistemas de confronto quando as representações submetidas forem obtidas em

diferentes condições de iluminação e sob influência de fatores físicos e psicológicos que

afetem a dilatação da pupila.

A relação entre o raio da pupila (�½) e o raio da íris (�6) estabelece uma forma

invariante à escala para determinar a abertura da pupila em relação ao tamanho da íris,

pois o resultado, reconhecendo a variação da precisão que pode existir, não é

influenciado por diferentes resoluções de captura da íris.

A Abertura Relativa da Pupila e a Diferença Absoluta de Aberturas Relativas

entre Pupilas estão definidas nas Equações (43) e (44).

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53

�½ ! �½�6 (43)

Onde:

• �½ é a Abertura Relativa da Pupila;

• �½ é o raio da pupila;

• �6 é o raio da íris.

∆�½ ! Ç�½^ ( �½.Ç (44)

Onde:

• ∆�½ é a Diferença Absoluta de Aberturas Relativas entre Pupilas;

• �½6 é a Abertura Relativa da Pupila de índice i;

A ∆�½ é obtida para cada par de vetores de características sob confronto. Esta

variável será utilizada para avaliar o desempenho do classificador em função de

diferentes valores de �½ dos vetores de características.

4.3.3.5. Normalização

A normalização é uma transformação geométrica da região de interesse da íris

para um formato apropriado para as operações de filtragem e extração de características,

com largura e altura padronizadas. Esta operação é executada em duas fases.

Na primeira fase é obtida uma imagem intermediária, com tamanho variável em

função do raio da íris e do raio da pupila, conforme as Equações (45) e (46) e

exemplificado na Figura 40 (b). A largura desta imagem é igual ao comprimento da

circunferência externa da íris e a altura é igual ao comprimento do segmento �¤ÈÈÈ para o

ângulo � ! 0°, conforme indicado na Figura 40 (a). Os centros da pupila e da íris estão

indicados respectivamente por �Í�6� e �Êb½6ËÀ. Os valores dos pixels são obtidos pela

interpolação ao vizinho mais próximo dos níveis de cinza dos segmentos �¤ÈÈÈ para cada

ângulo �, correspondente entre a imagem em coordenadas cartesianas e polares. Outras

formas de interpolação (e.g. bilinear, bicúbica) devem ser exploradas no futuro para

avaliar a influência nas taxas de erro do classificador.

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54

�6 ! 2]�6 (45) Δ�¤ ! �¤ÈÈÈp�\° (46)

Onde:

• �6 é o comprimento da circunferência da íris;

• Δ�¤ é a distância entre os pontos P e I para � ! 0° (Figura 40 (a));

• �6 é o raio da íris;

b)

a) c)

Figura 40 – Modelo geométrico da íris para normalização: a) Representação no espaço

cartesiano, b) Representação intermediária não-normalizada em coordenadas polares e

c) Representação normalizada em coordenadas polares.

Na segunda fase, a imagem intermediária tem o seu tamanho padronizado por

interpolação linear, formando a imagem final representada na Figura 40 (c), onde Í é a

largura e Î é a altura. O resultado da normalização da região de interesse da íris é

exemplificado na Figura 41.

Figura 41 – Exemplo de representação normalizada de uma íris em coordenadas polares

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55

A dilatação e contração da pupila causam deformações não uniformes na

imagem da representação: a região central próxima à pupila é mais afetada que a região

mais externa próxima à esclera. Este fato está representado na Figura 42 (a) e (b).

a) b)

Figura 42 – Deformações não-uniformes da íris devido à contração/dilatação da pupila.

a) Pupila contraída e b) Pupila dilatada

Ao utilizar o método de normalização proposto, os efeitos destas deformações

são negligenciados, afetando o resultado final do algoritmo de comparação biométrica.

Esta influência é apresentada na seção 5.2. Estuda-se como abordagem futura a

modificação do método de normalização na tentativa de minimizar estes efeitos, através

do uso de outros algoritmos de interpolação. No estágio atual do trabalho o valor de Í

foi fixado em 256 pixels que representam 360° e o valor de Î foi fixado em 64 pixels.

Os valores de Í e Î também devem ser avaliados no futuro para determinar as

influências resultado da comparação.

4.3.3.6. Codificação

A codificação é a última etapa de processamento aplicada na extração de

características e tem o objetivo de armazenar as informações de interesse em uma

estrutura de dados computacional que representa um vetor de características. Como no

método de referência, a característica é o ângulo de fase do sinal complexo resultante da

aplicação de um filtro Gabor na imagem.

O vetor de características contém o número de características igual ao número de

pixels da representação normalizada, respeitando a mesma posição e preservando a

informação da distribuição espacial das características no vetor. O diagrama de blocos

da Figura 43 ilustra o processo de filtragem e codificação. A filtragem Gabor 2D foi

realizada no domínio da freqüência com os mesmos parâmetros utilizados no método de

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referência. Na saída é fornecido

estrutura de dados do vetor de características

informações adicionais, tais como a relação entre os raio

parâmetros das parábolas das pálpebras

informações, apesar de não ser

comparação e são utilizadas para análises estatísticas dos resultados.

Figura 43 – Diagrama do algoritmo de e

As imagens da Figura

filtragem Gabor para o módulo e

ilustra a quantização do ângulo com

pertence, tal como na Figura

coincidências de fase. Mais e

influência do número de bits de quantização no desempenho estatístico do classificador.

Figura 44 – Módulo da saída do

Figura 45 – Ângulo da saída do

níveis de cinza entre [0,..,255] .

. Na saída é fornecido o módulo e o ângulo de fase, este último é anexado

estrutura de dados do vetor de características. A estrutura de dados final

tais como a relação entre os raios da pupila e da íris, os

parâmetros das parábolas das pálpebras e dados referentes à segmentação

apesar de não serem características biométricas, afetam o resultado da

comparação e são utilizadas para análises estatísticas dos resultados.

Diagrama do algoritmo de extração de características.

Figura 44 e da Figura 45 exemplificam as saídas do bloco de

filtragem Gabor para o módulo e para o ângulo de fase, respectivamente. A

ilustra a quantização do ângulo com 2 bits, identificando o quadrante a que o ângulo

Figura 22. Esta quantização é utilizada na etapa de cálculo das

Mais estudos devem ser realizados no futuro para avaliar a

número de bits de quantização no desempenho estatístico do classificador.

aída do filtro Gabor normalizado em 256 níveis de cinza.

aída do filtro Gabor com intervalo de �0, . . ,360�° ajustados para

níveis de cinza entre [0,..,255] .

56

anexado na

. A estrutura de dados final contém

pila e da íris, os

segmentação. Estas

afetam o resultado da

exemplificam as saídas do bloco de

A Figura 46

que o ângulo

Esta quantização é utilizada na etapa de cálculo das

studos devem ser realizados no futuro para avaliar a

número de bits de quantização no desempenho estatístico do classificador.

normalizado em 256 níveis de cinza.

ajustados para

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Figura 46 – Quantização

4.3.4. Função de Similaridade

Ao computar a distância de Hamming pelo número de bits

diferentes em posições correspondentes

proposto por DAUGMAN (1992)

divergências de fase na vizinhança

informação é hipoteticamente

a qualidade da classificação, aumentando as taxas de acerto

erros associados ao processo de comparação biométrica

Baseando-se nesta hipótese

de Fase (dcf), definida na

intermediária, onde o resultado considera a coincidência de fases

ponto entre dois vetores de características

da representação intermediária,

um somatório do número de pontos vizinhos ao ponto

coincidem, dividido pelo número total de pontos vizinhos.

% McÏ,cX�, �� ! Ð Ñ 10·

Onde:

• % McÏ,cX�, �� é a função

vetores �^ e �.;

• LÒ é uma área limitada

O valor de saída da função

atribuir um peso à região W.

pixels e deve ser avaliada quanto

Quantização do ângulo de fase com 2 bits

Similaridade

Ao computar a distância de Hamming pelo número de bits com valores

em posições correspondentes de uma representação para outra, o

(1992) desconsidera a informação relativa às coincidências e

divergências de fase na vizinhança de um ponto da saída do filtro Gabor. Esta

importante e deveria ser utilizada na tentativa de

a qualidade da classificação, aumentando as taxas de acerto e diminuindo as taxas de

erros associados ao processo de comparação biométrica.

se nesta hipótese, é proposta uma função Densidade de Coincidências

), definida na Equação (47). Esta função define uma representação

o resultado considera a coincidência de fases na vizinhança de cada

dois vetores de características �^e �.. Na prática, devido à natureza discreta

da representação intermediária, a integração apresentada na Equação (47) é obtida por

um somatório do número de pontos vizinhos ao ponto �, �� cujos ângulos de fase

coincidem, dividido pelo número total de pontos vizinhos.

Ñ 1 KN �^�, �� ! �.�, ��0 0K� �1 �á��� � %Ó

� é a função Densidade de Coincidências de Fase

;

limitada W na vizinhança de um ponto �, ��;

da função dcf está no intervalo fechado [0,..,1] e é utilizado para

. Esta região W está fixada em janelas quadradas de

pixels e deve ser avaliada quanto às influências no resultado do confronto.

57

com valores

de uma representação para outra, o método

relativa às coincidências e

Gabor. Esta

na tentativa de melhorar

e diminuindo as taxas de

Densidade de Coincidências

função define uma representação

na vizinhança de cada

devido à natureza discreta

é obtida por

cujos ângulos de fase

(47)

Densidade de Coincidências de Fase para dois

é utilizado para

está fixada em janelas quadradas de 9x9

influências no resultado do confronto. Quanto

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maior a densidade de coincidências de fase na região, maior o peso desta região no

resultado final de similaridade entre os dois vetores. A função de similaridade proposta,

definida na Equação (48), integra o valor da função dcf, normalizada pela área útil de

confronto. Entende-se por área útil a região de interseção entre representações excluídas

as regiões de oclusões. Como na implementação da função dcf, a Equação (48) é

implementada no caso discreto por um somatório da densidade de coincidências de fase

obtida para cada ponto �, ��, dividido pelo número total pontos úteis.

K�^, �.� ! Ô Ô % McÏ,cX�, ��%�%�p� L� (48)

Onde:

• K�^, �.� é a função Similaridade;

• L� é a área da superfície útil para confronto entre �^e �.;

O diagrama da Figura 47 resume o esquema geral para cálculo da função de

similaridade. As entradas �^ e �. são as entradas utilizadas na geração do mapa de

coincidências de fase. Cada ponto deste mapa contém um valor 1 ou 0, para indicar que

no ponto correspondente dos vetores de características de entrada, existe ou não existe

coincidência de fase, respectivamente. A % McÏ,cX�, �� é uma estrutura de dados

intermediária utilizada no processo de integração.

Figura 47 – Função de similaridade proposta.

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59

A função de similaridade proposta não é invariante à rotações da imagem de

entrada, ou seja, não é invariante à translações relativas entre representações

normalizadas em coordenadas polares. Para compensar esta limitação, a função é

calculada para translações no intervalo [(45°, $45° ] em coordenadas polares e a

similaridade máxima é utilizada pelo classificador.

4.4. Plataforma de Análise, Confronto Biométrico e Avaliação Estatística

Para automatizar o processo de leitura, processamento de imagens, extração de

características, codificação e confronto biométrico, foi utilizada uma plataforma de

software capaz de auxiliar a análise de resultados estatísticos. Este software, batizado de

HISP (Human Iris Analysis, Match and Statistical Platform), realiza a leitura de

arquivos de imagem, o armazenamento e a recuperação de informações de uma base de

dados, o ajuste de parâmetros e configurações, a visualização e a análise de imagens de

íris, a extração de características e a realização de confronto N:N. O resultado do

confronto N:N é utilizado para cálculos de figuras de mérito, curvas de similaridade,

curvas cumulativas e curvas ROC. Estes resultados são utilizados para avaliações

estatísticas do algoritmo.

O HISP é dividido em três módulos: a) Módulo de Configuração, b) Módulo de

análise de imagens e extração de características e c) Módulo de confronto e estatísticas.

Estes módulos são apresentados nas subseções a seguir.

4.4.1. Módulo de Configuração

A configuração da plataforma é realizada em tela específica (Figura 48). Nesta

interface é ajustado o nome da base de dados, o nome dos arquivos de dados, as versões

dos componentes de software, o tipo de imagem, os diretórios e os identificadores de

imagem e de vetores de características. Estas informações são utilizadas para

armazenamentos de resultados em arquivos de dados separados, possibilitando

comparações entre dados obtidos provenientes de experimentos diferentes.

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60

Figura 48 – Tela do módulo de configuração do software HISP

4.4.2. Módulo de Análise de Imagens e Extração de Características

A análise de imagens consiste na identificação dos parâmetros do modelo

geométrico que descreve a íris em uma imagem. Foram implementados dois métodos de

análise: automático e o manual. A análise automática executa o algoritmo de

localização, segmentação da região de interesse e extração de características, descritos

na seção 4.3.3, armazenando a posição e o raio das circunferências da pupila e da íris e

os parâmetros das parábolas das pálpebras. Na análise manual é possível ajustar os

parâmetros encontrados previamente na análise automática.

Após a análise, os vetores de características são extraídos e armazenados em

arquivos binários para comparações biométricas. O aspecto da interface com o usuário

é ilustrado na Figura 49.

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61

Figura 49 – Interface de análise de imagens e extração de características

4.4.3. Módulo de Comparação Biométrica e Estatística

Os vetores de características obtidos da análise de imagens e extração de

características são submetidos ao confronto N:N que resulta em uma matriz de

similaridades NxN, utilizada para o levantamento das curvas de similaridade para as

classes de confrontos intra-classe e inter-classe apresentados na seção 2.7.1.

As curvas de densidade de similaridade, densidade de similaridade cumulativa e

a curva ROC são apresentadas na interface do sistema de avaliação e são exemplificadas

respectivamente na Figura 50 (a) e (b) e na Figura 51. Os resultados finais são

apresentados e discutidos no Capítulo 5.

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a) b)

Figura 50 – Sistema de avaliação: a) Curvas de densidade de similaridade, b) Curvas de

densidade de similaridade cumulativas

Figura 51 – Sistema de avaliação (Curvas ROC)

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63

4.5. Base de Dados de Testes

Os experimentos realizados nesta pesquisa utilizam imagens da base de dados

CASIA-IrisV3, coletada pela Chinese Academy of Sciences Institute of Automation

(CASIA). Esta base de dados está disponível publicamente através do link

http://www.cbsr.ia.ac.cn/IrisDatabase.htm. As imagens foram capturadas sob

iluminação infravermelha (com comprimento de onda não informado) e armazenadas

em formato JPG com nível de cinza quantizado em 8bits.

A base de dados CASIA está dividida em 3 subconjuntos (CASIA-Iris V3-

Interval, CASIA-Iris V3-Lamp, CASIA-Iris V3-Twis) que totalizam 22.051 imagens de

íris obtidas de mais de 700 pessoas e 1500 olhos, como mostrado na Tabela 3.

Tabela 3 – Subconjuntos de imagens da base de dados CASIA

CASIA-Iris V3 Interval

CASIA-Iris V3 Lamp

CASIA-Iris V3 Twis

Ambiente Interno Interno Externo Número de Seções de Captura 2 1 1 Intervalo de Captura 1 mês - - Número de Indivíduos 249 411 200 Número de Classes (Olhos) 396 819 400 Número de Imagens 2655 16213 3183

Tamanho da Imagem 320x240 640x480 640x480

O subconjunto CASIA-IrisV3-Interval utilizado nos experimentos, foi capturado

em duas seções de captura, com intervalo de um mês entre as seções. Para esta base de

dados, as imagens adquiridas não obedecem a um padrão de captura, tanto para a

distância quanto para o número de imagens capturadas por classe. Os indivíduos da base

de dados são em maioria chineses e informações adicionais, tais como a idade e cor dos

olhos, não são informadas. Estes dados são relevantes para testes estatísticos e motivam

a aquisição de uma base de dados própria, que armazene tais informações.

É admitida a existência de interseções entre classes nos subconjuntos CASIA-

IrisV3-Interval e CASIA-IrisV3-Lamp, justificado pela falta de controle no processo de

captura de imagens, realizado em seções de captura diferentes. Para tentar identificar as

classes em que ocorrem interseções foi realizado o confronto N:N e a seleção para

inspeção visual dos pares de vetores característicos cujos confrontos, supostamente

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inter-classe, resultavam em um valor de similaridade maior que o valor da similaridade

para o ponto de ERR. Da mesma forma, para os confrontos supostamente intra-classe,

foram selecionados os pares de vetores característicos que resultavam em valores de

similaridade menores que o valor da similaridade para o ponto de ERR. Este processo de

seleção é ilustrado na Figura 52, onde o ponto de ERR é indicado pela seta A.

Figura 52 – Seleção de pares para inspeção visual: são selecionados os pares de vetores

intra-classe com similaridade menor ou igual ao valor A e os pares de vetores inter-

classe com similaridade maior ou igual ao valor A.

Para os pares em que a similaridade possui valores em uma das regiões indicadas

no gráfico, foram utilizadas as seguintes estratégias de exclusão de imagens:

1. Excluir imagens que são únicas representantes de classe;

2. Excluir imagens que, por inspeção visual, não pertençam à classe

indicada;

A estratégia 1 é justificável, pois uma classe com uma única imagem

representante não contribui para o levantamento da curva de similaridades intra-classe,

portanto pode ser ignorada. A estratégia 2 foi adotada, pois no caso de confrontos intra-

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classe a exclusão das imagens reduz insignificantemente o número de confrontos de

9009 para 8945 e, para os confrontos inter-classe, de 207123 para 201051. Ou seja, para

confrontos intra-classe e interclasse as reduções foram de apenas 0.71% e 2,93% dos

confrontos, respectivamente, o que não afeta o levantamento das curvas.

A base de dados completa, isto é, sem a exclusão de imagens, foi nomeada como

DB0, para diferenciar da base de dados reduzida, nomeada como DB1. Ao total, 30

imagens foram excluídas utilizando as estratégias 1 e 2. Os nomes dos arquivos de

imagens excluídos e a estratégia utilizada por imagem estão listados na Tabela 4. As

imagens que resultaram em falhas de segmentação da íris foram ignoradas e estão

indicadas pelo índice 0.

Tabela 4 – Imagens excluídas da base de dados CASIA. O número entre parênteses

indica a estratégia utilizada para a exclusão da imagem.

S1002R03.jpg (0) S1005L01.jpg (1) S1008R02.jpg (2) S1009L01.jpg (1)

S1020L01.jpg (1) S1038L01.jpg (2) S1044R01.jpg (1) S1047R01.jpg (1)

S1076R01.jpg (2) S1151L01.jpg (1) S1156L02.jpg (2) S1158R06.jpg (2)

S1170R02.jpg (0) S1178R01.jpg (1) S1181R01.jpg (1) S1183L01.jpg (1)

S1189L01.jpg (1) S1192L01.jpg (1) S1197R01.jpg (1) S1202L01.jpg (1)

S1203R01.jpg (1) S1208R01.jpg (1) S1212R01.jpg (1) S1213L01.jpg (1)

S1213R01.jpg (1) S1214R01.jpg (1) S1216L01.jpg (1) S1221L01.jpg (1)

S1227R01.jpg (1) S1228R01.jpg (1) S1231L08.jpg (2) S1248L01.jpg (1)

A seguir, na Figura 53, são apresentados exemplos de imagens da base de dados

CASIA-Iris V3-Interval. Os reflexos oriundos do sistema de iluminação infravermelho

não influenciam a localização do centro da pupila que é baseado na Transformada de

Hough, pois a mesma utiliza a direção do gradiente no processo de acumulação. No

entanto, estes reflexos reduzem a estimativa de área da pupila obtida pela a análise do

histograma, para valores abaixo da área real. Na prática, esta redução é compensada nos

limites de integração para o raio na Equação (40), através da soma da área aproximada

do reflexo. Esta área é aproximadamente constante e comum para as imagens do

subconjunto e vale 280 pixels.

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66

Figura 53 – Exemplos de imagens da base de dados CASIA

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67

CAPÍTULO 5

RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Introdução

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos utilizando as

bases de dados de imagens de íris DB0 e DB1, aplicando as métricas para avaliação

estatística apresentadas na seção 0. Estes resultados são apresentados na seqüência:

1. Distribuições de �½ e ∆�½;

2. Distribuição de Áreas de Confronto;

3. Curvas de similaridade para os métodos de referência e proposto;

4. Curvas ROC

o Curvas ROC para os métodos de referência e proposto;

o Curvas ROC utilizando restrições de ∆�½;

o Curvas ROC para perturbações no modelo geométrico;

o Curvas ROC para restrições na área de confronto.

Para garantir a mesma condição de entrada dos dados para os métodos de

referência e proposto, os resultados das funções de confronto foram obtidos utilizando-

se o mesmo processo de segmentação da região de interesse para ambos os métodos,

seguindo o algoritmo da seção 4.3.3.

Os resultados enumerados são comparados no final do capítulo de forma a

elencar os principais erros, discutir suas influências e abordagens para a redução desses

erros.

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68

5.2. Curvas de Distribuição de �� e de ∆��

O gráfico da Figura 54 mostra que, para a base de dados em estudo,

considerando iluminação constante, a distribuição de �½ apresenta um comportamento

normal com desvio padrão de 0,06 e média 0,41. Da distribuição de �½ conclui-se que

são esperados confrontos onde os vetores de características foram originados em

diferentes situações de abertura da pupila. Se os vetores em confronto foram obtidos

para uma mesma íris, isto é, o confronto é intra-classe, valores diferentes de �½

implicam diferentes dilatações da pupila e por conseqüência, implicam deformações no

tecido da íris que podem afetar os resultados dos confrontos. Devido a este fato, deve-se

avaliar a influência do valor de �½ nas taxas de erro de classificação.

Figura 54 – Distribuição de �½

Computando ∆�½ para todos os pares de representações possíveis da base de

dados é obtida a distribuição de freqüências da Figura 55. Este gráfico fornece o número

de confrontos realizados para cada valor de ∆�½. Na seção 5.5.2, as diferenças absolutas

do valor de �½ para pares de imagens de íris da base em estudo serão relacionadas ao

desempenho do confronto, através do levantamento de curvas ROC restritas.

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,10

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Fre

qu

ên

cia

No

rmal

izad

a

Ap

Distribuição de Ap

Aproximação Normal

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69

Figura 55 – Distribuição de ∆�½

5.3. Curvas de Distribuição de Áreas de Confronto

Apesar da função de similaridade computar valor de saída apenas na região

disponível da íris e deste valor ser normalizado em relação à área útil, espera-se que o

resultado do confronto seja afetado de forma a aumentar as taxas de erro quando esta

área estiver reduzida. Esta redução da área útil é causada por reflexos, pálpebras

sobrepostas à íris e cílios, tal como exemplificado na Figura 57.

Figura 56 – Exemplo de oclusões na região da íris

Para a base de dados em estudo, a distribuição de área útil para confronto segue a

curva de distribuição de freqüências apresentada na Figura 57. Os eixos representam o

percentual da área útil no confronto, a freqüência de ocorrência de confrontos para uma

área específica e a freqüência cumulativa normalizada de confrontos.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0,0

00,

01

0,0

20,

03

0,0

40,

05

0,0

60,

07

0,0

80,

09

0,1

00,

11

0,1

20,

13

0,1

40,

15

0,1

60,

17

0,1

80,

19

0,2

00,

21

0,2

20,

23

0,2

40,

25

0,2

60,

27

0,2

80,

29

0,3

00,

31

0,3

20,

33

0,3

40,

35

mer

o d

e C

on

fro

nto

s

∆��

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70

Através do gráfico cumulativo nota-se que, para a base em estudo, em 99% dos

confrontos a área útil é maior que 60% da área máxima da íris. O comportamento do

algoritmo de confronto em função da área útil é explorado na seção 5.5.4.

Figura 57 – Distribuição de Áreas

5.4. Curvas de Similaridade

Os gráficos das Figura 58 e Figura 59 apresentam as curvas de densidade de

similaridade para confrontos intra-classe e inter-classe, além das curvas FAR e FRR,

para os métodos de referência e método proposto, utilizando-se a base de dados DB0.

Devido ao fato do método de referência utilizar uma função de distância como

medida de dissimilaridade, quanto menor a distância de Hamming (HD) entre duas

representações, maior a similaridade entre elas. Se HD é igual a zero, então ocorreu um

casamento perfeito entre estas representações (DAUGMAN, 2001). Para manter

coerente com a HD utilizada no método de referência, as Equações (49) e (50) são

utilizadas no cômputo das curvas FRR e FAR da Figura 58. As curvas de FRR e FAR

para o método proposto foram obtidas pelas equações (27) e (28).

|��=�� ! 1 ( %M=�|�1 �0� (49) |��=�� ! %M=�|�1 N�� (50)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Cu

mu

lati

vo N

orm

aliz

ado

me

ro d

e C

on

fro

nto

s

Área (%)

Freq. de Confrontos

Cumulativo Normalizado

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71

Figura 58 – Curvas de similaridades e similaridades cumulativas obtidas para o método

de referência. A curva normal sobreposta apresenta µ=0,458 e σ=0,0197 (DAUGMAN,

2001) e mostra a equivalência da implementação do método de referência.

Dado que o método de referência implementado é uma interpretação de um

método largamente citado na literatura e utilizado em sistemas comerciais, que a

distribuição da distância de Hamming apresentou exatamente a mesma média para a

classe de confrontos inter-classe, ilustrado na Figura 58, e que apesar das bases de dados

não serem as mesmas, a ERR obtida é coerente com os valores apresentados em ICE

(2006), é estabelecida a confiança em que o método implementado como referência é

equivalente em desempenho de classificação, relativo ao método de DAUGMAN

(2001).

Um fato observável na Figura 58 é que as distribuições das distâncias de

Hamming intra-classe e inter-classse para o método de referência ocupam uma porção

reduzida do eixo, isto limita a separação das classes e causa variações abrutas nas

curvas cumulativas. Ao contrário, no gráfico da Figura 59, as distribuições de

similaridades do método proposto ocupam uma extensão maior do eixo de similaridades

e as curvas cumulativas são menos abruptas. Este comportamento favorece a obtenção

de erros menores, que são evidenciados na Tabela 5 nas taxas (A), (B), (C) e (D).

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

bab

ilid

ade

Distância de Hamming Normalizada

Inter-ClasseIntra-ClasseFARFRRNormal de Daugman

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72

Figura 59 – Gráficos de similaridades do método proposto. O comportamento menos

abrupto das curvas cumulativas e a separação das classes favorecem a redução das taxas

de erro.

Alguns indicadores derivados das curvas de similaridades cumulativas são

importantes, pois revelam os erros máximos de classificação do algoritmo. A |��ÕÖ¥�\

indica a máxima taxa de rejeição de autênticos quando não é admitida falsa aceitação e

a |��Õ¥¥�\ indica a máxima taxa de falsa aceitação de impostores quando não é

admitida uma falsa rejeição.

Tabela 5 – Desempenho comparativo entre o método de referência e método proposto

Base Método ERR (%) Acerto (%) (1-ERR(%))

|��ÕÖ¥�\ (%) |��Õ¥¥�\ (%)

DB0 Referência 0,76 99,24 11,23 (A) 99,97

Proposto 0,66 99,34 5,83 (B) 99,67

DB1 Referência 0,45 99,55 3,76 94,07 (C)

Proposto 0,28 99,72 3,29 29,43 (D)

Os dados tabelados mostram que o algoritmo proposto possui ERR, |��ÕÖ¥�\ e |��Õ¥¥�\ menores que os apresentados pelo método de referência. Este fato está

associado às curvas FAR e FRR do método proposto, que se apresentam mais separadas

no eixo de similaridade se comparadas às curvas obtidas com o método de referência.

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Pro

bab

ilid

ade

Similaridade

Inter-Classe

Intra-Classe

FAR

FRR

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73

Os pontos correspondentes à (A), (B), (C) e (D) na tabela, estão indicados no gráfico

das curvas ROC em escala linear da Figura 61, apresentado na próxima seção.

5.5. Curvas ROC

5.5.1. Curvas ROC para os Métodos de Referência e Proposto

Os gráficos da Figura 60 e da Figura 61 apresentam as curvas ROC obtidas para

o algoritmo proposto e para o algoritmo de referência em escalas logarítmica e linear,

respectivamente. A linha de erro igual é representada no gráfico pela linha tracejada em

cinza. O gráfico onde a FAR é colocada em escala logarítmica é apresentado porque

melhora a visualização da curva para valores de FAR pequenos e porque esta taxa é

freqüentemente referenciada em potências de 10 ou em proporções, tal como 1:10000

(1,0 } 10'Ä), que expressa que existe uma falsa aceitação em dez mil confrontos.

Figura 60 – Curvas ROC sobrepostas em escala logarítmica. Melhores desempenhos de

classificação são obtidos para a base DB0 em relação à DB1 por ambos os métodos,

devido à exclusão das imagens de interseção inter-classe.

As curvas revelam que o algoritmo proposto possui desempenho de classificação

superior e é capaz de classificar um par de vetores característicos de entrada com menor

0,910

0,920

0,930

0,940

0,950

0,960

0,970

0,980

0,990

1,000

1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01

Tru

e A

ccep

tan

ce R

ate

False Acceptance Rate

Método Proposto (DB1)

Método de Referência (DB1)

Método Proposto (DB0)

Método de Referência (DB0)

ERRL

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74

erro de classificação em relação ao método de referência, tanto para a base DB0 quanto

para a base DB1. Este fato é verificado para valores da FAR acima de 2,4 } 10'×, onde

os valores da TAR obtidos pelo método proposto são maiores que os obtidos pelo

método de referência. Abaixo deste valor para a FAR, a TAR decai abruptamente para os

dois métodos e a análise fica prejudicada, impedindo uma afirmação conclusiva.

Figura 61 – Curvas ROC sobrepostas em escala linear. Os pontos A e C são

respectivamente a FRRFAR=0 e a FARFRR=0 para o método de referência e os pontos B e

D são a FRRFAR=0 e a FARFRR=0 para o método proposto.

Especificamente para a base de dados DB1, no ponto de ERR, o percentual de

erro do algoritmo proposto é 0,17% menor que o apresentado pelo algoritmo de

referência. O valor ERR de 0,28%, obtido para o método proposto, coloca o algoritmo

em posição de disputa com os algoritmos apresentados em ICE (2006), com acerto total

de 99,72%.

5.5.2. Curvas ROC para Restrições da ∆��

O objetivo de traçar curvas ROC para valores restritos da ∆�½ é avaliar o

comportamento do algoritmo proposto em situações onde as representações foram

0,88

0,90

0,92

0,94

0,96

0,98

1,00

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Tru

e A

cce

pta

nce

Rat

e

False Acceptance Rate

Método de Referência (DB0)

Método Proposto (DB0)

Método de Referência (DB1)

Método Proposto (DB1)

C D

A

B

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75

originadas com diferentes dilatações da pupila. O conhecimento deste comportamento

pode ser utilizado para coordenar as etapas anteriores de captura e processamento de

imagens de modo a minimizar os efeitos da dilatação e da contração da pupila. Como

levantado na seção 5.2, em ambiente interno com iluminação constante, a distribuição

do valor de �½ segue a distribuição normal apresentada na Figura 54 e as freqüências de

ocorrência para os valores de ∆�½ são apresentados na Figura 55.

Restringindo os confrontos a faixas de valores de ∆�½ é obtido o comportamento

do algoritmo de confronto apresentado na Figura 62. Estas curvas confirmam que o

algoritmo é sensível à ∆�½ , pois quanto menor o valor de ∆�½ entre os vetores de

características sob confronto menor o erro de classificação do algoritmo. O

comportamento estatístico do classificador para diferentes valores de ∆�½ é

conseqüência das deformações apresentadas no tecido da íris quando a mesma é

comparada em diferentes situações de dilatação da pupila de uma imagem para outra de

uma mesma íris. Estas deformações não são consideradas na normalização geométrica

da íris e devem ser estudas no futuro para modelar o comportamento dinâmico dos

tecidos da íris.

Figura 62 – Curvas ROC para restrições de ∆�½. Pares em confronto com menores

valores de ∆�½ apresentam menores taxas de erro no confronto.

0,970

0,975

0,980

0,985

0,990

0,995

1,000

1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01

Tru

e A

ccep

tan

ce R

ate

False Acceptance Rate

∆Ap<0.001

∆Ap<0.0025

∆Ap<0.005

∆Ap<0.01

∆Ap<0.025

∆Ap<0.05

ERRL

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76

A tabela mostra o número de confrontos realizado para cada faixa de valores de ∆�½. Estas faixas foram escolhidas de modo que o número de confrontos fosse mantido

acima de 2000 confrontos mínimos por faixa. Em uma base de dados própria, deve ser

considerada a captura de imagens com o monitoramento da dilatação da pupila, a fim de

fornecer dados para estudos estatísticos acerca do comportamento dinâmico dos tecidos

da íris e os efeitos sobre as taxas de confronto.

Tabela 6 – Número de confrontos realizados por faixa de ∆�½

∆�½ No de Confrontos

<0.0010 2241

<0.0025 2523 <0.0050 10244

<0.0100 20843 <0.0250 50085

<0.0500 93923

A �½ pode ser utilizada nas etapas de normalização para gerar representações

que considerem este valor na transformação entre as representações cartesiana e polar.

Porém, esperar-se que cada íris apresente um modelo próprio de distorção devido à

dilatação da pupila, o que impediria uma forma generalizada para esta transformação

geométrica. Uma possibilidade de contorno é o monitoramento em tempo real da

abertura relativa da pupila, no instante da captura de imagens. Desta forma, fixado um

valor de referência para �½, pode-se processar imagens somente quando este for obtido,

através de controle de iluminação e monitoramento da �½ . Outra possibilidade é a

captura e o armazenamento de várias imagens (e seus vetores característicos) de uma

mesma íris, em diversas situações de dilatação da pupila. Desta forma, quando um

confronto for solicitado, este seria realizado com o vetor característico que possuísse o

menor valor de ∆�½em relação ao submetido para confronto.

Se, por hipótese, não existir histerese apreciável na contração e relaxamento das

fibras musculares da íris durante a dilatação e contração da pupila, estas abordagens

garantiriam que todos os confrontos biométricos seriam realizados com a mínima

influência das distorções devido à variável �½ . Esta hipótese deve ser avaliada no

futuro, quando uma base de dados própria for adquirida.

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77

5.5.3. Curvas ROC para Perturbações do Modelo

O processo de extração de características apresentado na seção 4.3.3 é composto

por etapas de processamento de imagens que estão sujeitas a erros tais como os de

arredondamentos, de aproximações e de quantizações. O próprio modelo de

segmentação não descreve fielmente os dados práticos quando assume que a pupila e a

íris são circunferências perfeitas e, desta forma, pode inserir erros e refletir em uma

queda no desempenho do classificador.

Para entender o comportamento do algoritmo de confronto proposto quando

sujeito a erros destas naturezas, esta seção apresenta as curvas ROC para perturbações

aleatórias dos parâmetros do modelo adotado na descrição da região de interesse da

imagem. No raio obtido para a pupila pelo algoritmo apresentados na Figura 34, foram

somados valores aleatórios positivos de [1..5] pixels, uniformemente distribuídos. Para

o raio da íris, obtido pelo algoritmo da Figura 36, os erros aleatório inseridos foram de

±[1..5] pixels, também uniformemente distribuídos. O objetivo é simular erros e avaliar

suas influências, que são apresentadas na Figura 63 e na Figura 64.

Figura 63 – Curvas ROC para perturbações no parâmetro �½. Erros no raio da pupila

implicam redução na taxa de acerto do classificador.

0,920

0,930

0,940

0,950

0,960

0,970

0,980

0,990

1,000

1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01

Tru

e A

cce

pta

nce

Rat

e

False Acceptance Rate

R: 0R: 1R: 2R: 3R: 4R: 5ERRL

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78

Figura 64 – Curvas ROC para perturbações no parâmetro �6 . Erros no raio da íris

implicam redução na taxa de acerto do classificador.

Através destas curvas, verifica-se que a classificação é afetada no sentido de

redução da TAR, apresentadas na Tabela 7 e na Tabela 8, para a pupila e para a íris.

Tabela 7 – Redução da TAR em função do erro no valor de �½

Erro (pixels) TAR (%)

0 99,72

1 99,51 2 99,23

3 98,69 4 98,25

5 97,02

Tabela 8 – Redução da TAR em função do erro no valor de �6 Erro (pixels) TAR (%)

0 99,72

1 99,70 2 99,59

3 99,36 4 99,20

5 98,90

0,920

0,930

0,940

0,950

0,960

0,970

0,980

0,990

1,000

1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01

Tru

e A

cce

pta

nce

Rat

e

False Acceptance Rate

R: 0R: 1R: 2R: 3R: 4R: 5ERRL

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79

Estes resultados enfatizam que a etapa de segmentação da região de interesse é

importante no processo de identificação por biometria da íris, pois em caso de erro,

podem ser inseridas informações indevidas no vetor de características, suprimidas ou

distorcidas informações relevantes para o processo de confronto.

5.5.4. Curvas ROC para Limitação de Área Útil de Confronto

Quando a região da íris não está completamente disponível na imagem, seja por

sobreposição das pálpebras, cílios ou ocorrência de reflexos, a informação característica

existente nestas regiões não são codificadas e não participam da integração do resultado

de saída da função de similaridade. Estes pontos da representação são descartados, pois

não contêm características biométricas. Caso fossem considerados no processo de

confronto, a conseqüência seria a deterioração das taxas de acerto.

Mesmo desconsiderando estas regiões, o resultado de saída da função de

similaridade fica comprometido, pois uma parcela menor de área é utilizada na

integração. Este fato é revelado pelas curvas ROC apresentadas na Figura 65, que

mostram que o desempenho da função de similaridade é dependente da área útil para

confronto, pois quanto menor a área confrontada entre duas imagens de íris, maior o

erro obtido na classificação.

Para o levantamento do gráfico da Figura 65, cada curva foi obtida restringindo-

se somente aos confrontos cuja área pertencesse aos limites estipulados. Quando não é

aplicada restrição de valores, a TAR obtida é de 99,72%. Este valor reduz gradualmente

para valores próximos à 99% quando a área disponível é limitada à 70% da máxima,

como mostra a Tabela 9.

Tabela 9 – Redução da TAR em função da Área de Confronto

Área de Confronto (%) TAR (%) No de Confrontos

≤100 99,72 209996 < 90 99,72 159601 < 85 99,59 110537 < 80 99,50 64995 < 75 99,25 33937 < 70 99,05 15349

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80

Figura 65 – Curvas ROC para restrições na área de confronto. Confrontos que dispõem

de menor área de interseção na imagem da íris apresentam taxas de erro mais elevadas.

Uma implicação prática desta análise é que se deve promover a captura da maior

área possível da íris, pelo menos em uma fase de cadastro de imagens em um banco de

dados, para maximizar a interseção entre as áreas úteis das representações para

confronto e minimizar as taxas de erro do classificador. Assim como na dilatação da

pupila, o monitoramento em tempo real da área da região de interesse deve ser utilizado

para coordenar o processo de captura de imagens a fim de processar as imagens que

disponham de maior área útil.

0,940

0,950

0,960

0,970

0,980

0,990

1,000

1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01

Tru

e A

ccep

tan

ce R

ate

False Acceptance Rate

Área <= 100%Área < 90%Área < 85%Área < 80%Área < 75%Área < 70%ERRL

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81

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

Neste trabalho foi proposto um sistema de identificação de pessoas por biometria

de íris. Os algoritmos de processamento de imagens para a localização e segmentação

da região de interesse foram propostos inspirados nos trabalhos de DAUGMAN (1992)

e WILDES (1997). A abordagem proposta mescla a utilização da Transformada de

Hough e um detector de bordas circulares por integral de linha, para favorecer a redução

do espaço de busca da circunferência da pupila e a redução de tempo de processamento.

São necessárias comparações com outros métodos de localização e segmentação para

determinar a eficiência computacional relativa em termos de tempo de processamento e

de precisão da segmentação.

A função de similaridade proposta é baseada na codificação do ângulo de fase do

resultado de uma filtragem Gabor, que é usado no cálculo do valor de Densidade de

Coincidência de Fase. Este valor é integrado e normalizado em relação à área útil de

confronto e compõe a similaridade final entre os vetores de características. Esta é a

diferença fundamental em relação ao método de referência, que utiliza o ângulo de fase

da saída do filtro Gabor diretamente como característica comparável, contando o

número de divergências desta característica entre representações, sem considerar a

relação de vizinhança dos pontos das representações em confronto.

O trabalho utilizou curvas de distribuição, figuras de mérito e curvas ROC como

ferramental estatístico para comparação entre os resultados obtidos pelos métodos de

referência e proposto. Este ferramental implementado em software compõe a plataforma

de avaliação estatística para a análise de imagens, codificação, confronto biométrico e

avaliação de resultados.

Pelas curvas ROC obtidas conclui-se que o método de confronto proposto é

superior em desempenho de classificação, alcançando 99,72% de acerto contra 99,55%

apresentado pelo método de referência, no ponto de ERR. Considerando que pelo

método de referência faltam 0,45% para alcançar o acerto total de 100%, o método

proposto evoluiu em 37,8% no que ainda era possível melhorar. Desta forma, este ganho

aparentemente singelo, é um ganho expressivo e pode significar um melhor

posicionamento em testes de larga escala e determinar comercialmente a escolha de um

fornecedor de tecnologia.

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O método proposto foi avaliado quando submetido a perturbações e restrições de

valores de variáveis associadas aos processos de localização e segmentação da região de

interesse da íris, mostrando que o resultado da classificação é dependente destas

variáveis e que as etapas de localização e segmentação são importantes na composição

destas taxas. Foi proposto o monitoramento em tempo real da abertura relativa da pupila

e da área útil na segmentação no momento da captura das imagens como formas de

minimizar as taxas de erros.

Todos os objetivos iniciais da pesquisa foram atingidos. Como abordagem futura

são propostas atividades que nasceram no decorrer dos trabalhos ou não foram

completamente desenvolvidas:

• Desenvolver um hardware para captura de imagens, considerando a

proposta realizada nas seções 4.3.1 e 4.3.2;

• Capturar uma base de dados própria considerando o controle de níveis de

iluminação, monitoramento em tempo real da dilatação da pupila e da

área útil da íris;

• Desenvolver um algoritmo de extração de características que minimize os

efeitos de deformações devido à dilatação da pupila, utilizando outros

algoritmos de interpolação (e.g. bilinear, bicúbica) e normalização não

linear (e.g considerando deformações dos padrões da íris em função do

valor de �½);

• Avaliar a influência do tamanho da representação polar (Í } Î) nas

taxas de erro;

• Avaliar o comportamento estatístico do classificador em função dos

parâmetros do filtro Gabor;

• Avaliar a influência do número de bits utilizados na quantização do

ângulo de fase nas taxas de erro do classificador;

• Desenvolver algoritmos para geração de imagens de íris sintéticas. (A

formação de bases de dados com imagens sintéticas pode ser utilizada

para simular situações não previstas ou não cobertas pelas bases de dados

com imagens reais, tais como, grande número de indivíduos, simulação

de distorções e oclusões dos padrões. Isto é justificado pelo custo de

tempo e recursos envolvidos no processo de captura de imagens);

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• Submeter o algoritmo a um teste independente de larga escala (ICE).

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PUBLICAÇÕES

Congresso CBEB 2008 - Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica

Título Detecção do Estado das Pálpebras por Processamento de Imagens e Aplicações em Biomédica

Ano 2008

Autores T. Fernandes, A.F. Henzen, A.F. Charão, F.K. Schneider e H.R. Gamba

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RESUMO:

Este trabalho apresenta um método para identificação de indivíduos por

biometria da íris, compreendendo a detecção de contexto, a localização e segmentação

da região de interesse da imagem, a extração de características e o confronto biométrico.

O algoritmo proposto usa o ângulo de saída do filtro Gabor como característica

biométrica. Ao contrário do método de Daugman, que realiza a contagem dos ângulos

de fase com valores divergentes, o algoritmo proposto define uma função de Densidade

Coincidência de Fases e a utiliza para calcular a similaridade. Uma implementação do

método de Daugman foi utilizada como método de referência. Análises estatísticas

foram realizadas no banco de dados de imagens de íris CASIA, fornecendo uma

avaliação de desempenho do método proposto em termos de probabilidades de erro e as

dependências do algoritmo proposto com as perturbações nos parâmetros da localização

e às limitações de área útil das representações. Para esta base de dados, as análises

mostram que o algoritmo proposto tem um desempenho superior quando comparado

com o método de referência. O trabalho também propõe técnicas de redução dos erros

pela monitoração de variáveis em tempo real e controle automatizado do processo de

captura de imagens.

PALAVRAS-CHAVE

Biometria

Reconhecimento de Íris

Processamento de Imagens

Curvas ROC

ÁREA/SUB-ÁREA DE CONHECIMENTO

3.13.00.00 – 6 Engenharia Biomédica

3.13.01.03 – 7 Modelagem de Sistemas Biológicos

1.02.00.00 – 2 Probabilidade e Estatística

1.02.03.00 – 1 Probabilidade e Estatística Aplicadas

1.03.00.00 – 7 Ciência da Computação

1.03.03.05 – 7 Processamento Gráfico (Graphics)

2009

N⁰ 499

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