Ideologia e Consumo

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  • 8/15/2019 Ideologia e Consumo

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    LEITURA COMPLEMENTAR - TEMA: IDEOLOGIA E CONSUMO

    Alexandre Meira de OliveiraUniversidade do Estado do Rio de JaneiroTese de Mestrado

    O consumo para a sociedade industrial tem papel determinante, umavez que toda a dinâmica do capitalismo hoje est em !un"#o do consumorotinizado, do consumo instrumentalizado enquanto parte do processo deacumula"#o de capital$ %ara!raseando Marcuse, dizemos que h muito tempo oprocesso de aliena"#o rompeu os limites da !&rica, a aliena"#o !az parte domercado, do processo de compra, da indu"#o dos desejos, das necessidades6$ '

    muito tempo que a sociedade ocidental vem assistindo a um suposto encontro dosp(los opostos, e vem se tornando unidimensional, composta por indiv)duosunidimensionais, enco&rindo poss)veis anta*onismos, contradi"+es inatas aocapitalismo em nome de uma padroniza"#o dos instintos, de um controle dosanseios humanos, em nome de um senso de re&anho extremamente vis)vel em

    uma cultura massi!icada, mas ininteli*)vel por ela mesma$

    O consumo pode ser visto em toda e qualquer sociedade, por-m li*.lo/nica e exclusivamente ao capitalismo - um erro$ Em outras sociedades osindiv)duos j consumiam, seja a produ"#o artesanal, seja a produ"#o oriunda dotra&alho escravo na 0r-cia pr-.representativa, por exemplo$ O consumo enquantoa"#o, a"#o esta de consumir &ens e servi"os produzidos - historicamentereconhec)vel somente nos /ltimos s-culos$ Enquanto estimulador da raz#o deprodu"#o ou orientador dos meios de produ"#o e de comercializa"#o para resposta1s necessidades multi!ormes, arti!iciais e sup-r!luas, - caracter)stico somente dassociedades capitalistas modernas$ Ou at-, so& uma (tica marxista, enxer*.lo como!ruto de uma indu"#o para a realiza"#o da mais.valia7  - somente poss)vel em

    sociedades industriais$ Uma vez que a l(*ica do capitalismo - a explora"#o da m#o.de.o&ra e acumula"#o de capital, o consumo - a etapa do processo de acumula"#oque se contrap+e diametralmente a produ"#o industrial, mas a re*ula pelademanda, pela racionaliza"#o das necessidades dos consumidores$

    2endo assim, - l)cito para o capitalismo que di!erentes !ormas deexecu"#o tivessem sido adequadas 1s estrat-*ias &ur*uesas de produ"#o$ 3esde arevolu"#o industrial, vemos a produ"#o cada vez mais tecni!icada, quanti!icada$ 3ota4lorismo a acumula"#o !lex)vel o capitalista estrati!icou a produ"#o, desvencilhouo operrio do produto total atrav-s das tticas de *erenciamento cient)!ico onde osaber   *era o controle$ O sa&er !oi retirado das m#os do operrio, ou melhor !oicompartimentalizado, !azendo com que o tra&alhador perdesse a no"#o do todo, ano"#o de controle e de poder$ 5uma das claras leituras !oulcaultianas so&re a

    hist(ria humana

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    , o  poder   !oi sempre exercitado e controlado por quem sabe, ahist(ria do capitalismo !oi escrita por quem sa&ia da totalidade da produ"#o, e n#opor quem era explorado pelas mais.valias$

    6om certeza a adapta"#o de di!erentes culturas aos modelos impostosde acumula"#o ministrados pelo capitalismo - um processo complexo que utilizamuitos recursos so&retudo para lidar diretamente com o ima*inrio social, com apopula"#o, uma vez que estes s#o os consumidores em potencial$ Uma culturamassi!icada - o projeto e o !im /ltimo dos capitalistas que *erenciam a produ"#o etrans!ormam pol)tica e economicamente os pa)ses celeiros de mercado consumidor,antes de manipularem ideolo*icamente essa popula"#o no que diz respeito as suasnecessidades e desejos$ A m)dia, a propa*anda, expressamente a televisiva, a

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    7nternet, s#o mecanismos que reproduzem a ideolo*ia da sociedade industrial emqualquer territ(rio$

    Tudo que !oi colocado aqui demostra claramente que o capitalismoutiliza todas as !ormas poss)veis para tentar se manter diante das crises que lhes#o naturais$ %or mais que se conce&am mudan"as estruturais do ta4lorismo 1acumula"#o !lex)vel, estas s( !oram poss)veis atrav-s de muita explora"#o de m#o.

    de.o&ra, que custou a vida de milhares de tra&alhadores 8principalmente daind/stria automo&il)stica9$ Em nome da acumula"#o de capitais, o empresrio tentamanter.se vivo na concorr:ncia em um sistema onde a taxa de lucrotendencialmente cai$ 6omo vemos, o que se tem hoje, - o au*e de toda a dinâmicade concorr:ncia do capitalismo utilizando o mar;etin* e outras !ormas de coer"#o,principalmente na venda de autom(veis$

    A propa*anda, a indu"#o su&liminar, a ideolo*ia, *iram em torno dopro&lema< como se cria uma sociedade de consumidores ideais=

    %odemos dizer, ent#o que n(s come"amos a viver a realidade de umacultura de massa, os e!eitos de uma ind/stria cultural, antes at- de termos um

    ve)culo de comunica"#o que inte*rasse todo o pa)s$ Mesmo assim passamos acontracenar com um ima*inrio de massa, com desejos de massa, o carro, o sonhoamericano de liberdade, outras !ormas de !antasia que nossa moderna tradiçãoestava sendo o&ri*ada a hospedar$

    %ara !inalizar este &reve cap)tulo so&re a !orma"#o da ideolo*ia doconsumo e so&re como ela atua enquanto instrumento na execu"#o da l(*icacapitalista de explora"#o de m#o.de.o&ra e acumula"#o de capital, !alemos umpouco da m)tica acerca do automóvel  no s-culo >>$ Talvez em uma anlise desteobjeto de consumo estejam al*umas das respostas para as quest+espropositadamente levantadas neste cap)tulo$ A entrada das !ormas de or*aniza"#odo tra&alho e produ"#o, como o !ordismo por exemplo, nos pa)ses capitalistas,

    celeiros de mercados consumidores de massa, !oram oriundas da necessidade dosEstados 5acionais se comprometerem com um rentvel ramo que movimenta cercade ?@ do %7B dos *randes pa)ses capitalistas12< A industria automo&il)stica$

    O pr(prio !ordismo nasceu em uma ind/stria automo&il)stica$ E tamanhaa capacidade de 'enr4 Cord de arrasar a concorr:ncia atrav-s da produ"#o demassa a um relativo  alto custo de m#o.de.o&ra, levou em tempo recorde aprodu"#o artesanal da rea 1 extin"#o$ 6omo !oi dito anteriormente, o !ordismomuito mais do que um consumo de massa, necessitava de uma mentalidade demassa, sendo aproveitado enquanto projeto pol)tico$

    O automóvel , conclu)mos, no s-culo >> se con!unde com a hist(ria dacultura de massa, e - alvo incessante da ideolo*ia do consumo mesmo n#o sendomais um ramo de expans#o crescente para o capitalista$ Os pa)ses, em especial doterceiro mundo, est#o pr(ximos da satura"#o, enquanto pa)ses desenvolvidos japresentam uma involu"#o na produ"#o automo&il)stica$

    Mesmo mais tarde com o to4otismo, uma !orma de adapta"#o dasestrat-*ias de produ"#o, tendo em vista as crises do petr(leo e uma rea"#o dura 1modernidade na d-cada de D@, o automóvel  continua como ícone, muito mais quepara uma *era"#o, mas para uma era$ O s-culo >>, t#o rpido e estreito quantopensou 'o&s&an, mas i*ualmente in!lamvel, executou praticamente &oa partedo que os s-culos anteriores pensaram$

    Fivemos as contradi"+es de um modo.de.produ"#o !adado 1s crises de

    superprodu"#o, e cada vez mais a rede ideol(*ica se expande comprimindo ohomem moderno em um universo sem horizontes, a massi!ica"#o levada ao

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    extremo$ O extremo do pensamento /nico, sem rev-s, sem opress#o expl)cita,simplesmente uma interdi"#o ps)quica$

    5o au*e desta as!ixia de expectativas, em meio a &om&ardeios dete(ricos iconoclastas que rompem com cate*oricamente tudoGH, o homem modernose a*arra em sonhos e mitos como o do autom(vel$ O autom(vel est li*ado aosonho de li&erdade , de velocidade, de auto.supera"#o, o homem necessita de al*o

    que seja capaz de romper com os limites de!inidos de espa"o e tempo, e se realizaratrav-s de uma so&revida mediada a cada novidade do mercado$

    Esta anlise da ideolo*ia do consumo se prop+e a investi*ar atrav-s domito do autom(vel, mais especi!icamente ainda, o tra&alho de toda a mquinapersuasiva, como m)dia, propa*anda, toda a maquinaria de execu"#o "espiritual" da l(*ica do capitalismo moderno$

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