IGREJA SIRlAN ORTODOXA DE ANTIOQUIA NO BRASILSede Missionária: Qn 208 Conjunto "A" Lote 03

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SÉ PATRIARCALMosteiro Santo Éfrém -MaaratSydanaia - (P.O.Box 22.260- Bab Touma Damasco-Sina)

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A Pazde Deus nosso Pai e do Seu Filho Jesus sejam convosco!

PÁSCOA,meus irmãos e irmãs, já o sabemos, quer dizer Passagem.Passagem de Deus na história dos homens, trazendo libertação ondedominavam pecado, opressão e morte. Assim, embora as celebraçõespascais venham ter seu ápice no glorioso Domingo da Ressurreição, já aIiturgia da Quinta-feira Santa irradia, por assim dizer, um clima depassagem. Parece que algo paira no ar. Parece que eventossurpreendentes estão para acontecer. Eventos decisivos que podemmudar o correr da história da humanidade. Como escreveu Isaías: Reisficam mudos de espanto ao ver o que não Ihes fora anunciado (cf. Is52,15).

De fato, esse clima de passagem pressente-se já pela manhã, na Missa dosSantos Óleos. Ao Evangelho, Jesus declara estar a cumprir-se, em seuministério, uma profecia apresentada na li! Leitura:

O Espírito do Senhor está sobre mim, pois me consagrou para levar a BoaNova aos pobres.

Ele enviou-me para curar os corações quebrantados, para proclamarlibertação aos cativos, para dar vista aos cegos, para por em liberdade osoprimidos, para proclamar um ano da graça do Senhor. (cf Lc4,18s).

Assim, aquilo que vinha apenas delineado no Antigo Testamento passa aser realidade com Jesus de Nazaré. Se antes Deus tinha chamado Moisés,Josué, Samuel, Davi, Elias e Eliseu para conduzir e animar os israelitas,desta vez é a seu próprio Filho que Ele envia a passar entre o Povoescolhido e instaurar o seu Reino. Contudo, esta passagem de Jesus não selimita no espaço nem no tempo. Ao longo da história humana - e agoramesmo, nesta comemoração da Páscoa - é Jesus quem passa entrehomens e mulheres de todas as línguas e nações a chamar-nos, a nos

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convidar a segui-Io e dele recebermos libertação, graça e santificação,anunciadas e operadas de maneira muito especial no ministério da Palavrae no ministério dos Sacramentos, que Ele confia a Sua Igreja.

Esta atmosfera de passagem fica ainda mais clara na Missa do Lava-pés.

A 1ª Leitura narra à instituição da Páscoa primitiva, celebração dapassagem do Anjo do Senhor entre os hebreus que, em meio à escuridãoda noite, são resgatados da escravidão do Egito e passam o Mar Vermelhorumo à liberdade.

Na 2ª Leitura, ouvimos como Jesus - na véspera de sua Paixão - institui aEucaristia. Eucaristia... memorial que atualiza sacramentalmente omistério de sua passagem ao Santuário celestial, como Sacerdote parasempre, segundo a ordem de Melquisedeque, de modo a efetuar nossaeterna salvação (d. Hebreus 5, 1-9). E este mistério da Eucaristia ele oconfia aos Apóstolos, que - por sua vez - o confiam a seus Sucessores, osBispos. Começa uma cadeia ininterrupta até hoje e - graças a Deus -preservada também em nossa tradição sírio-ortodoxa.

Neste instante, apraz-me felicitar a todos os membros de nosso cleroungidos para o serviço do Mistério Eucarístico. Parabéns pelo vosso dia,nosso dia! O Espirito Santo de Deus vos ajude a reavivar o dom recebidopela imposição das mãos de vosso Bispo. (d. 2Tm 1,6).

O Evangelho, enfim, nos conta como Jesus, sabendo chegada sua hora depassar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo,ama-os ate o fim (d. Jo 13). E promulga o Novo Mandamento:Mandamento da Caridade, do serviço, da generosidade. Isso, Jesus o faz,não só com palavras, mas com um gesto profético: o Lava-pés. Sim, oLava-pés é um gesto profético que põe em xeque a velha ordem,representada por Caifás e Anás, Herodes e Pilatos. O Lava-pés marca apassagem do velho mundo de escravidão e opressão dos ímpios - quebuscam apenas explorar os mais fracos em seu proveito - para o reino deDeus. Mudança que Jesus havia anunciado poucos dias antes aosdiscípulos: Os que se julgam príncipes das nações, delas se assenhoreiam,e os seus grandes as oprimem, mas entre vós não será assim... Mas, quem,entre vós, quiser ser o primeiro, seja o servidor de todos ...Pois, o Filho doHomem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida emresgate por muitos ... (d. Mc 10, 42-45).

PÁSCOA - Passagem para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.Passagem do mal e da morte para a vida nova em Cristo ressuscitado! (cf.

Rm 8,21; Rm 6,1-11)

Contudo, a Liturgia o dá a entender: não se pode celebrar a Páscoa sem -mediante a graça de Deus - viver aquela passagem da qual nos fala S.João:

"Sabemos que passamos da morte para a vida quando amamos os irmãos.Aquele que não ama seu irmão permanece na morte" (lJo 3,14).

E, agora, meus irmãos e irmãs, como poderia concluir estas reflexõessobre a Páscoa 2014, sem lembrar a recente passagem do Patriarca MoranMor Inácio Zaqueu à Jerusalém celeste?

Como não recordar a acolhida calorosa que Sua Santidade nosproporcionou nas vezes que o visitamos em Damasco? Como não pensarno apoio que ele nos deu, apoio testemunhado por duas Bulas e anomeação de dois Delegados Patriarcais, respectivamente o saudoso MarSalama; depois, Monsenhor Antônio Nakkoud e, ultimamente o NúncioMar Paulo Tito?

Damos graças a Deus por todo o bem que Moran Mor Inácio Zaqueu fez àSanta Igreja e à nossa Comunidade Missionária.

Outrossim, rezamos pelo novo Patriarca, Moran Mor Inácio Afrém 11

Karim. Que a Virgem da Paixão - que amparou Jesus agonizante - tambémsustente Sua Santidade em seu ministério patriarcal, principalmentenestas horas tão difíceis para nossos irmãos da Síria, com seu paísmergulhado na guerra.

E que ela também esteja a nosso lado - como nossa boa Mãe - em nossasprovações, angústias e necessidades durante toda nossa peregrinaçãoterrena. Amém.

Meus irmãos e irmãs, agradecendo a generosa cooperação de todos e decada um - Deus o sabe melhor que nós - desejo a todos feliz e santaPáscoa do Senhor.

Brasília-DF, Quinta-feira Santa de 2014.

~omesNeto

- Arcebispo Presidente -