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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

    Revista IGT na Rede, v. 9, n 17, 2012, p. 223 247. Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojsISSN: 1807-2526

    ARTIGO

    METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA:O que se quer dizer quando se fala em uma metodologia gestl-tica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

    METHODOLOGY GESTALTIFICATIVA:What is meant when we talk about a methodology Gestal-tica. Gesttica.Gesttica. Gestaltificativa.

    Afonso Henrique Lisboa da Fonseca

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

    Revista IGT na Rede, v. 9, n 17, 2012, p. 223 247. Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojsISSN: 1807-2526

    RESUMO

    A metodologia gestltica, gestaltficativa, gestticaj que se trata emi-nentemente de ao consiste simplesmente em condescender afirmativa-mente com a vivncia ativa da experincia e da experimentao ontolgicas,com a vivncia da experincia fenomenolgico existencial e dialgica, compre-ensiva e implicativa, carcterstica do modo ontolgico de sermos, fenomenol-gico existencial e dialgico, e com sua intrnseca atividade gestaltificativa, coma sua intrnseca caracterstica de vivencia de desdobramento compreensivo eimplicativo de possibilidades.Consiste, assim, na condescendncia, na verda-de, numa afirmao da afirmao, da vivncia das carctersticas fenomenolgi-

    co existenciais e dialgicas prprias da ao compreensiva e implicativa, deseu carter ativo, afirmativo, de desdobramento compreensivo de possibilida-des, com o seu carter experimental e hermenutico, com o seu carter com-preensivo, implicativo, gestltico, fenomenolgico existencial e dialgico.

    Palavras-chave:Metodologia gestltica, Fenomenologia, Cognio e Epste-mologia.

    ABSTRACT

    The methodology gestalt, gestaltficativa, gesttica - since it is eminently action -is simply to indulge in the affirmative with the active experience of ontologicalexperience and experimentation, with the experience of existential phenomeno-logical experience and dialogue, buy ensiva and implicative, the carctersticaontological way of being, existential phenomenological and dialogical, and itsintrinsic activity gestaltificativa, with its intrinsic characteristic of deployment ex-perience and understanding of implicative possibilidades. Consiste thus in in-dulgence, in truth, of a statement of claim, the experience of existential phe-nomenological and dialogical carctersticas own understanding and action im-plicative, your active character, so, of unfolding understanding of possibilities,with your character experimental and hermeneutics, with its comprehensivecharacter, implicative, gestalt, existential and phenomenological dialogical.

    Keywords: Methodology gestalt, Phenomenology, Cognition, Epstemologia.

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

    Revista IGT na Rede, v. 9, n 17, 2012, p. 223 247. Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojsISSN: 1807-2526

    INTRODUO

    A metodologia gestltica, gestaltficativa, gesttica j que se trata eminente-mente de ao consiste simplesmente em condescender afirmativamente

    com a vivncia ativa da experincia e da experimentao ontolgicas, com avivncia da experincia fenomenolgico existencial e dialgica, compreensiva eimplicativa, carcterstica do modo ontolgico de sermos, fenomenolgico exis-tencial e dialgico, e com sua intrnseca atividade gestaltificativa, com a suaintrnseca caracterstica de vivencia de desdobramento compreensivo e impli-cativo de possibilidades.

    Consiste, assim, na condescendncia, na verdade, numa afirmao da afirma-o, da vivncia das carctersticas fenomenolgico existenciais e dialgicasprprias da ao compreensiva e implicativa, de seu carter ativo, afirmativo,de desdobramento compreensivo de possibilidades, com o seu carter experi-

    mental e hermenutico, com o seu carter compreensivo, implicativo, gestlti-co, fenomenolgico existencial e dialgico.

    1. A CONSCINCIA COGNIO --, A AO ESPECIFICAMENTE PR-REFLEXIVA, E A RE-FLEXO.

    A conscincia reflexiva, teortica, representativa, tem como condies osujeito e o objeto, e a dicotomia entre ambos. Na medida em que a conscinciateortica se d como a contemplao que o sujeito faz de um objeto.

    Mais do que isto, a conscincia teorticase d no modo de sermos do acon-tecido. No qual se constituem como tais o sujeito e o objeto, como aconteci-dos, como coisas. E as condies da reincidncia (re-flexo) da conscincia dosujeito coisa sobre o objeto coisa. Que se constitui como o que chamamos dereflexo.A re(a)presentao.Teoria.

    A conscincia e a ao pr-reflexivas, fenomenolgico existenciais e dialgi-cas, compreensivas e implicativas, so o modo de sermos da vivncia doacontecer. So o modo de sermos da vivncia compreensiva de foras, vivn-cia depossibilidades, que se desdobram, e se constituem como conscincia eao especificamente pr-reflexivas, como cognio fenomenolgico existen-

    cial e dialgica, implicativamente gestltica.

    Como tal, especificamente, no so o modo de sermos do acontecido.Mas o modo de sermos do acontecer. No so re-flexo, no so da ordem dare(a)presentao, mas apresentao So, na atualidade, a presentificao dopresente.A ao e a conscincia pr-reflexivas.

    O reflexivo, teortico, acontecido, com suas condies do sujeito e do objeto,decorre em seguimento ao acontecer, momentaneidade instantnea do pr-reflexivo.

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

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    O reflexivo, teortico, acontecido, , assim, a exausto do desdobramentocompreensivo de possibilidades, que escoa para a coisidade instalativa. Cosi-dade esta que caracteristicamente j se constitui na ausncia do desdobramen-to de possibilidades. Caracterstica esta ausncia da instalao do acontecido,

    em sua coisidade instalativa.

    esta coisidade instalativa do acontecido que se constitui, com a consumaoda vivncia do desdobramento das possibilidades, como a condio do sujeito,e do objeto, como coisas instaladas.

    E como a condio da relao teortica e reflexiva inerte, entre entre sujeito eobjeto. Relao predominantemente sem ao, mera repetio, re-incidnciarepetitiva e repetitiva do sujeito sobre a coisidade do objeto.

    At que, em sua virtualidade, a coisidade instalativa, o sujeito e o objeto, pos-

    sam, por uma disposio esttica, ser novamente infundidos de possibilidades,e perspectivao. E se reconstituirem intensionalmente como ao, como oator, e como cognio fenomenolgica, existencial, dialgica, compreensiva, eimplicativa.

    2.A CONSCINCIA, A COGNIO, PR-REFLEXIVA TODA ELA AO.A AO , TODA ELA, CONSCINCIA, COGNIO PR-REFLEXIVA,COMPREENSIVA E IMPLICATIVA, FENOMENOLGICA.

    A conscincia, a cognio, pr-relexiva, fenomenolgicaporque , prpria e

    especificamente, disto que se trata, no modo pr-reflexivo de sermos, de cons-cincia, de cognio -- , simultanea e intrinsecamente, toda ela, ao-- espe-cificamente. Conscincia, cognio, ao, fenomenolgicas e existenciais edialgicas. Compreensivas e implicativas, gestaltificativas.

    A conscincia pr-reflexiva, fenomenolgica, e existencial, se constitui comovivncia depossibilidades. As possibilidades so foras; a fora de tudo queacontece, e devm como vivncia fenomenolgica. Como potncias, como for-as (Deleuze)1, as possibilidades existem em seus desdobramentos; e intrin-secamente constituem os seus desdobramentos como conscincia pr-reflexiva.

    Os desdobramentos compreensivos das possibilidades o que chamamos deao.

    As foras, fenomenologicamente vivenciadas e que so foras plsticas, emsuas intensidades; e no foras brutas --, s existem em desdobramento, comoobserva Deleuze2. E, assim, se constituem como conscincia pr-reflexiva.

    1DELEUZE, Gilles Nietzsche e a Filosofia, Rio, Ed. Rio, 1975. p.36.

    2

    DELEUZE, Gilles ibid.

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    De modo que a conscincia e a cognio pr-reflexivas, fenomenolgicas, soespecificamente a vivncia da ao, a vivncia do desdobramento de possibili-dades. O desdobramento de possibilidades se constitui, todo ele, como cogni-o; pr-reflexiva, fenomenolgica, e existencial; como fenomeno logos; como

    fenoneno. Que , assim, a vivncia fenomenolgico existencial e dialgica daao, compreensiva e implicativa.

    Assim, a conscincia pr-reflexiva, fenomenolgico existencial, e dialgica,compreensiva e implicativa, , toda ela, vivncia do desdobramento de possibi-lidades. Prpria e especificamente, a vivncia da ao compreensiva e implica-tiva.

    3. LGICAS (vivnc ias d e sen tid o), A CONSCINCIA E A AO PR RE-FLEXIVAS SOEPISTEMOLGICAS, FENOMENOLGICAS (EXISTEN-CIAIS), DIALGICAS, ONTOLGICAS.

    So lgicas, a conscincia e a ao pr-reflexivas,em termos de que, prpria eespecificamente, so vivncia de sent ido(de Logos). So, enquanto tais, pr-pria e especificamente conhecimento, conhecer.

    Naturalmente que noo conhecer e o conhecimento reflexivo, teortico, expli-cativo. Mas o conhecimento propriamente pr-reflexivo, implicativo, compre-ensivo, fenomenolgico existencial, dialgico. Ontolgico.

    Heidegger3observa que o sentido do termo logosem Fenomenologia diferen-

    te do sentido que se lhe dado no objetivismo; quando, por exemplo, se falado significado do termo Biologia. O estudo do Bios, o estudoda vida.

    O logos em Fenomenologiajamais significa o estudo do fenomeno. Estudo quemais propriamente significaria o ponto de vista de uma perspectiva reflexiva,teortica, explicativa. Especificamente reflexiva e explicativa. Da contemplaoque um sujeito faz de um objeto. Dialgico, na fenomenolgica vivncia daao, o ator, no contempla um objeto. Da mesma forma que no um sujeito,um dos antpodas na ciso sujeito-objeto, caracterstica do modo de sermos doacontecido. Na ao o ator vivencia o modo unificado de sermos, parte, e queno o modo da dicotomia sujeito-objeto.

    Em Fenomenologia, ontolgica, o logosespecificamente significa sent ido . Fe-nomenologia o sent idoprprio do fenomeno. J que o fenomeno , en-quanto vivncia compreensiva e implicativa do desdobramento de possibilida-des, enquanto compreenso e ao, todo ele, impregnao de sentido, cogni-o e conscincia pr-reflexivas, especificamente. Em seu desdobramento,como ao, as possibilidades se constituem como sentido, como logos. Comoconscincia e cognio pr-reflexivas, fenomenolgicas, compreensivas, e im-plicativas.

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    HEIDEGGER, Martin El Ser y el Tiempo. Madrid, Fondo de Cultura Econmica, 1984.

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

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    Logos, portanto, sent ido, desd ob ram en to de sen tid o , qu e a ao e aco nsc inci a, p r-ref lex iv as.

    A ao, o desdobramento compreensivo e implicativo, gestaltificativo, das pos-

    sibilidades, a vivncia pr-reflexiva, fenomenolgico existencial e dialgica,compreensiva e implicativa, prpria e especificamente, , assim, lg ic a, vivn-cia de sent ido ,fenomeno-lgica, dia-lgica, onto-lgica.. .

    Especificamente epistemolgica, portanto. O fundamento de uma cinciacompreensiva, e implicativa. O modo fenomenolgico existencial, dialgica,compreensivo e implicativo de conhecer.

    A ao , assim, fenomenolgica, na medida em que a emergncia daspossibilidades, e a constituio como sentido do desdobramento das possibili-dades. Desde os seus nveis pr-compreensivos, transitando pelos seus des-

    dobramentos ativos, compreensiva e implicativamente, cognitivos,pr-reflexivamente conscientes; at a condio de sua instalao como coisa. Cu-rada (em analogia curado queijo, por exemplo, cura da carne do sol, curado concreto...).4

    Alm de prpria e especificamente fenomenolgica, a ao dialgica.5

    E dialgica na medida, em especfico, que a vivncia fenomenolgica se dcomo a vivncia cognitiva, fenomenolgica, ontolgica, da relao numa duali-dade eu-tu. Que a relao com o desconhecimento, paulatinamente cognos-cvel, dos sentidos de uma alteridade absoluta. Uma fonte autnoma de produ-o de sentido, como diria Husserl. O outro.A outridade.6

    A relao com o desconhecimento paulatinamente cognoscvel desta alteridadeabsoluta se d no mbito vivencial de uma esfera do entre, da esfera do inter,que envolve o eu-tu.

    o mbito de desvelamento compartilhadode sentido nesta esfera do entreque o d iaa que se refere o sentido de d ialgico: o comp arti lhamento dosent ido. Que se constitui enquanto talna movimentao dialgica eu-tu, naqual, tantoeu comotu, o eu-tu, sempre,presentes, atuais, se remetem recipro-camente um ao outrocomo sent ido. Como possibilidades que se desdobram ese constituem como sentido. Como conscincia e ao, como cognio, pr-reflexivas. Criando, como vinculao totalizante entre eles, desta forma,a esfe-ra do inter da vinculao dia-lgica, de compartilhamento de sentido. Na mo-mentaneidade instantnea da durao da cognio e da ao fenomenolgi-cas.

    4HEIDEGGER, Martin El Ser y el Tiempo. Madrid, Fondo de Cultura Econmica, 1984.

    5BUBER, Martin Eu e Tu. So Paulo, Corts, 1983.

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    PAZ, Octvio El Arco e La Lira. Fondo de Cultura, Mexico, 2002.

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    A vivncia pr-reflexiva, fenomenolgico existencial e dialgica, a vivncia ine-rente ao, , em especfico, a vivncia ontolgica.Somosseres, devires, especificamente lgicos. On to- lgico s, portanto: se-res que, prpria e especificamente, vivenciam sentido, como sua caracterstica

    distintiva. O sentido que nos dado, implicativa e compreensivamente, comoconscincia pr-reflexiva, fenomenolgico existencial e dialgica, com o des-dobramento de possibilidades, como o desdobramento da ao.

    Este sent ido que vivenciamos como conscincia pr-reflexiva , especifica-mente, onto-logos,sentido ontolgico.

    Em todo este mbito vivencial, da constituio do desdobramento da possibili-dade como conscincia pr-reflexiva, especificamente estamos, assim, no m-bito epistemolgico, no mbito do conhecimento, da cognio, e da conscin-cia, propriamente ontolgicas, pr-reflexivas, fenomenolgico existenciais e

    dialgicas, compreensivas e implicativas.

    Epistemolgicaa vivncia compreensiva que a conscincia pr-reflexivainerente inspectativamente ao, alm de interpretao, do tipo especifica-mente compreensivo, e implicativo, uma epistemologia especificamente. Umaepistemologia ontolgica, fenomenolgico existencial e dialgica, compreensivae implicativa. Um modo humano de conhecer. E ouamos a Nietzsche7: mesmono conhecimento, eu s encontrei vontade de criar...

    4. A AO, COMPREENSIVA, IMPLICATIVA, GESTALTIFICATIVA, CONS-CINCIA PR-RFLEXIVA, COGNI O DIALGICA, N O OBJETIVA,NEM SUBJETIVA . ANTERIOR CONDIO DO SUJEITO, E DO OBJE-TO, E DICOTOMIA SUJEITO-OBJETO

    A vivncia, a experimentao da ao, a condio do ator, fenomenolgicoexistencial e dialgica; ao compreensiva e implicativa, gestaltificativa; no experincia objetiva, nem subjetiva, anterior ao modo de sermos da dicotomiasujeito-objeto. No tertica, nem prtica; mas prpria e especificamente dia-lgica,poiticaa criao pela atualizao compreensiva de possibilidades.

    Enquanto vivncia do modo de sermos do acontecer, a vivncia da ao no

    tem as condies prprias do sujeito e do objeto, e de sua dicotomizao teor-tica. Modo de sermos do ator, inspectador, o modo de sermos da ao com-preensiva, implicativa e gestltica no o modo de sermos do sujeito. Mas omodo de sermos do ator. O modo de sermos do sujeito e do objeto , prpria eespecificamente, o modo de sermos que se constitui como coisidade instalati-va, posteriormente momentaneidade instantnea do desdobramento compre-ensivo de possibilidades, da ao fenomenolgica; gestltica.

    7NIETZSCHE, Frederich Assim Falou Zaratustra, Mira-Sintra, Europa-Amrica, 1978.

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    Revista IGT na Rede, v. 9, n 17, 2012, p. 223 247. Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojsISSN: 1807-2526

    Como modo de sermos de vivncia do desdobramento de foras, do desdo-bramento de possibilidades, o modo de sermos da ao fenomenolgica, com-preensiva, tensional, intensional. E vivido como umapresso. Que se

    constitui em ex-presso. Ou seja, que se constitui como uma vivncia tensio-nal, intensional, emjato; que se constitui emjatao, emjeto (Heidegger). Pro-jeto. Que se explicita, que se ex-pressa.

    O modo de sermos da ao fenomenolgica assimjeto, o prpriojeto, napresena e na atualidade intensiva, intensional, de sua expressoProjeto, pro-jetao, expresso. vivido no modo pr-coisa de sermos, o modo de sermosdo presente. A ao compreensiva d-se, assim, no presente, comoprojeto.

    No , portanto, o modo de sermos do sub-jeto, do ob-jeto, e de sua dicotomi-zao.

    Ppria e especificamente, o modo de sermos do sub-jeto e do ob-jeto,o modode sermos que constitui o sujeito e o objeto, d-se como acontecido, como coi-sidade instalativa, com a exausto da fora expressiva da ao, com a exaus-to e decaimento de sua fora de possibilidade, com o seu decaimento (Heide-gger), com a constituio da coisa em sua instalao. A coisa se constitui, as-sim, depois da condio da atualidade e da presena, depois da expresso dojeto, doprojeto, como ao. Condio coisificada do sub-jeto, e do ob-jeto.

    5. A CONSCINCIA, COGNIO, E AO, PR-REFLEXIVAS SO FENO-MENAIS, SO FENOMENOLGICAS

    Dado o carter compreensivo e implicativo de vivncia do desdobramento depossibilidades, o carter de ato, de ao, e a sua intrnseca constituio comoconscincia, a partir do impulsionamento de seus nveis pr-compreensivos, aconscincia pr-reflexiva, a cognio, a ao, , prpria e especificamente,acontecer. Diferentemente da conscincia explicativa, teortica; e do compor-tamento -- que um tipo de desconscienciao; que so o modo de sermos daexperincia do acontec ido.

    O carter de constituio como sent ido,como conscincia, como cognio,

    como ao, pr-reflexivas; a constituio compreensiva e implicativa cognitivada ao, a partir de seus nveis pr-compreensivos; alm de dar ao desdobra-mento compreensivo das possibilidades o seu carter de acontecer, d-lhe,tambm o seu carter de aparecimentocomo conscincia, como cognio,pr-reflexiva. Fenomenolgico.

    As possibilidades, em seus desdobramentos compreensivos e implicativos, aao, so, assim, aparescentes,como conscincia pr-reflexiva, como sentido.Em seus desdobramento como processo gestaltificativo de formao de figurae fundo, as possibilidades tm a condio de termos de uma linguagem pr-

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    verbal, como observa Heidegger. Como fala e argumentao pr-verbais, comoj observava Brentano.

    Este aparecerdas possibilidades em seus desdobramentos, como sentido, co-

    mo conscincia e cognio pr-reflexivas, que se constitui, que aparece, co-mo fenomeno.

    Fenomeno que se d como logos, e que o fenomeno logosda Fenomenolo-gia, enquanto ontolgica e dialgica, enquanto tica, esttica e poitica, feno-mentica.

    A palavra Gregaphainomenon, que d origem ao termo e ao conceito de fe-nmeno, tem a conotao de brilho, de aparecimento. a mesma que d ori-gem palavra e ao conceito de fasca, por exemplo.

    De modo que o fenmeno o que se manifesta por si mesmo (Heidegger), queaparece e que brilha como conscincia, como ao pr-reflexivas. Ou seja, quebrilha como conscincia no prprio acontecer de seu aparecimento.

    E no como a repetio do acontecido da conscincia reflexiva, teortica, ex-plicativa.

    Neste sentido que a conscincia e a ao pr-reflexivas, compreensivas eimplicativas, so eminentemente fenomenolgicas. Fenomenticas. Fenomen-ticas.

    6.A VIVNCIA FENOMENOLGICA DA AO, DA CONSCINCIA PR-REFLEXIVA, A VIVNCIA DO DESDOBRAMENTO COGNITIVO, COMPRE-ENSIVO E IMPLICATIVO, GESTALTIFICATIVO, DE POSSIBILIDADES, ,PRPRIA E ESPECIFICAMENTE, O PRESENTE.

    O presente o modo de sermos da ao, da ao e conscincia pr-reflexivas. Modo de sermos do acontecer, da vivncia do acontecer, enquantomodo de sermos da vivncia de possibilidades, e da vivncia do desdobramen-to de possibilidades. Modo vivenciativo de sermos.

    Como foras, sempre em desdobramento, as possibilidades so finitas enquan-to tais. Ao se finarem, ao decairem (Heidegger),em suas foras, em seus des-dobramentos, as possibilidades se coisificam, Constituem-se instalativa-mente como coisas. Instalat ivas.De modo que uma coisa, uma no coisa,ao (vivncia), a possibilidade, enquanto fora em seu desdobramentocompreensivo; e, outra coisa, a possibilidades realizada, atualizada, coisifica-da, instalada. Uma nocoisa (vivncia), ao, a getaltificao enquanto vi-vncia; outra coisa a gestalt realizada, atualizada, coisificada.

    A condio de coisa a condio da possibilidade decada, instalativa.

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    No inrcia, no obstante, no inerte. Porque ainda guarda em si o germeda possibilidade. Que se atualiza quando, mais uma vez, vivida esteticamente,pr-reflexivamente, fenomeenolgico existencial e dialogicamente, como ao,como possibilidade em desdobramento, no modo pr-objetivo e pr-subjetivo

    de sermos.

    Na sua condio decada de fora, a coisa ao lentificada, lentificao. E isto que significa instalao.

    Possibilidade decada, lentificada, instalao, a coisa designada pelos Gre-gos como a condio de ente. o ente.A coisa que se constitui como instala-o, com o desdobramento e exausto da fora de possibiidade da ao.

    O entedecorre, assim, no s da anterioridade da ao, mas da prpria condi-o de possibilidade da ao; que, no decurso de sua performao, de sua per-

    formance, a enforma, enforma a coisa, na sucesso de um processo, gestlti-co, gestaltificativo, de formao de figura e fundo.

    De modo que, se a coisa constituda, instalada, o ente, o modo anterior desermos da ao compreensiva, no qual a ao se desdobra cognitivamente --como desdobramento pr-reflexivo de possibilidades, e que a condiciona, modode sermos fenomenolgico existencial e dialgico da ao compreensiva e im-plicativa --, o modo de sermos pr-co isa, o modo de sermos pr-en te, opresen te -- especificamente. O modo de sermos do presente.

    O modo fenomenolgico existencial de sermos, vivencial, fenomenolgico exis-

    tencial e dialgico, compreensivo e implicativo, modo epistemolgico de ser-mos da conscincia, da ao, pr-reflexiva, o modo de sermos, portanto, dopresente.

    7. O PRESENTE,APRESENA, SO ATUAIS, ESPECIFICAMENTE SO AATUALIDADE, E SO EXPERIMENTAIS. FENOMENOLGICO EXISTEN-CIAIS, DIALGICOS, EXPERIMENTAIS.

    Opresente apresena so, no s, eminentemente atuais, como so eminen-temente experimentais.

    no modo vivencial de sermos do presente, fenomenolgico existencial e dia-lgico, compreensivo e implicativo, que se d a vivncia de possibilidades, e avivncia do desdobramento de possibilidades, em que se constitui a ao. Omodo de sermos do presente o modo de sermos da ao, o modo de ser-mos do ato, da atualizao, da atualidade.

    A ao, como desdobramento de possibilidades, eminentemente experimen-tal, no sentido fenomenolgico existencial. A ao dialgica. Vinculao entreeue umpossvelque se desdobra a partir da alteridade pr-compreensiva eradical de um tu.

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

    Revista IGT na Rede, v. 9, n 17, 2012, p. 223 247. Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojsISSN: 1807-2526

    O que quer dizer que a ao, o desdobramento de possibilidades, demanda ocorrer o risco da incerteza, o tentar e o atentar-se pela posssibilidade do incer-to, pela incerteza do possvel.

    Este disposio de tentar, este afirmar a infirmeza do desdobramento do poss-vel incerto, e, portanto, arriscado; esta disposio de correr o risco de afirma-o da incerteza possvel, potente, o que d sentido ao radical do verbope-rire, em Grego. Que significa arriscar, tentar.

    Radical,perire,que d origem, em Portugues, a palavras e conceitos, especifi-camente fenomenolgicos, de experimentao, de emprico; ea palavras comorespirao,pirata,pirao,perigo.

    De modo que, atual, o presente eminentemente, prpria e especificamente,

    emprico(no sentido fenomenolgico), e experim ental. Perigant e. Empricoquer dizer sem teoria. E, junto com a experimentao fenomenolgica envolveo tentar e arriscar a incerterza da atualizao do possvel. Do desdobramentocompreensivo e implicativo de possiblidades.

    A conscincia e ao pr-reflexivas, fenomenolgico existenciais e dialgicas,compreensivas, gestaltificativas e implicativas, so, assim, prpria e especifi-camente, atuai s. Presen tes. Empric as. E experim entai s.

    8. A CONSCINCIA, A COGNIO, E A AO, PR-REFLEXIVAS, FENO-MENOLGICAS, O PRESENTE E A PRESENA, SO COMPREENSIVOS,IMPLICATIVOS, GESTALTATIVOS

    Compreenso, implicao, gestaltificao so termos e conceitos sinnimos,do ponto de vista gestltico. So termos e conceitos que se referem caracte-rstica organiz/ao integrada e fluente da conscincia pr-reflexiva, da ao,fenomenolgico existencial e dialgica, compreensiva, e implicativa, em totali-dades significativas, que se sucedem como o processo de formao de figura efundo da vivncia da criao, e como a criao objetiva da coisidade instalativado mundo.

    O primeiro dado o de que a conscincia pr-reflexivase organiza como umfluxo de integr/aes de multiplicidades de possibilidades. Na verdade, o quechamamos depossibilidade unific/ativa, mas no nica. A vivncia de pos-sibilidade a vivncia integrada, a vivncia da integr/ao de multiplicidades deforas, de multiplicidades de possibilidades. Que se unificam formativamente, apartir da interao das foras de suas dominncias, como vivncia dos proces-sos de formao de figura e fundo.

    Cada possibilidade vivenciada se constitui, em seu desdobramento, assim, co-mo conscincia pr-reflexiva, gestaltificante, compreensiva, implicativa.

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

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    Foras, sentido, vivncias de sentido (logos), as possibilidades, competem eargumentam entre si. De modo que vo organizando suas dominncias, se-gundo suas hierarquias plsticas, num processo vivencial de formao, deper-formao, deper-formance, deper-feio (perfeio, um modo de fazer),de

    per-feccionamento, de figura e fundo. Que o fluxo da conscincia pr-reflexiva. Que o fluxo da ao. Ao que conscincia e conscientizaopr-reflexivas. Este o processo de formao de gestalts, o processo de for-mao de figura e fundo, a implicao (implic-ao), a compreenso, a gestalti-ficao, a partir dos fluxos cognoscveis da ao, dos desdobramentos daspossibilidades.

    A conscincia e a ao pr-reflexivas, desdobramento gestltico, implicativo,compreensivo, de possibilidades, pode ser de dois tipos: (1) meramente cogni-tiva,ou (2) prolongar-se muscularmente, como conscincia pr-reflexiva e aocognitiva e muscular. De modo que a ao pode ser meramente cognitiva, ou

    cognitiva e muscular.

    A designao de gestaltificao para o fluxo de organiz/ao da conscincia,ao, pr-reflexiva buscou, de um modo muito frtil, captar o processo de or-ganiz/ao do fluxo vivencial de integrao da vivncia das possibilidades emseus desdobramentos como ao. Na sua vivncia, as possibilidades se docomo gestalts. Como totalidades significativas. Totalidades significativas, ges-talts, compostas, enquanto tais, por outras totalidades significativas, por outrasgestalts. Todas as totalidades significativas so compostas por outras possibili-dades, por outras totalidades significativas, na sucesso interminvel dos pro-cessos de formao de figura e fundo.

    Na vivncia cognitiva da organiz/ao, na gestaltific/ao,da dominncia desuas foras plsticas,poiticas, as possibilidades, enquanto conscincia eao pr-reflexiva, do-se antes,como tais,como totalidades significativas,como gestalts.

    Totalidades significativas que so, na sua organiz/ao plstica, diferentes dasoma de suas partes. Sucessivamente, as gestalts partes vo ento, posteri-ormente, figurando, contra o fundo de seu conjunto, nos processos de figura-o, de configurao: de formao de figura e fundo.

    A vivncia imediata da multiplicidadeorganiz/ativa de possibilidades, gestlti-ca, na constituio da conscincia e da ao pr-reflexivas, fenomenolgicoexistenciais e dialgicas, o que podemos chamar de plexo. Plic, originalmen-te, no Grego. Plic plexo. Que vai dar origem a termos como complexo, mlti-plo, plural, e, sobretudo,perplexo, perplexidade, dentre outros. A raiz pl icrefe-ria-se, originalmente, ao entranamento da crina e do rabo dos cavalos. Multi-pl icidades organizadas.

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    Como se a vivncia articulada de possibilidades, no fluxo da momentaneidadeinstantnea da conscincia e da ao pr-reflexivas, fosse uma entranao.Esta vivncia a vivncia do plexo, do pl ic.

    Na imediaticidade desta vivncia pr-relexiva do plexo estamos na impl ica-o.

    A compreen sotem o mesmo sentido que gestaltificao, e que implicao.Acompreenso -- gestaltificao, implicao -- a capt/ao cognitiva, gestalti-fic/ativa, abrangente, dos sentidos pr-reflexivos dos plexos da multiplicidadede possibilidades, nas organiz/aes de suas dominncias. A compreensotem assim o mesmo sentido que implicao, e que gestaltificao, como consti-tuio cognitiva -- nos processos de formao de figura e fundo, e na constitui-o da coisa -- da conscincia e ao pr-reflexivas; fenomenolgio existen-ciais dialgicas, enquanto articulaes da multiplicidade das possibilidades em

    seus desdobramentos ativos.

    9. A CONSCINCIA E A AO PR-REFLEXIVAS SO DIALGICAS

    O carter dialgicoperpassa toda a momentaneidade instantnea ao, feno-menao, da vivncia pr-reflexiva da experimentao ontolgica, fenomenol-gico existencial, compreensiva e implicativa, gestaltativa.

    A vivncia ontolgica fenomenolgico existencial, a vivncia da ao, gestaltifi-cao, se d toda ela como vivncia compreensiva, implicativa, gestaltficativa,no mbito vivencial da esfera do inter, da esfera do entre. Que vincula e carac-teriza a dualidade de uma relao com a alteridade radical de um tu no mbi-to da relao com a natureza no humana, no mbito do inter humano, e nombito da relao com o sagrado --, a dualidade de uma dialgica eu-tu.

    Como acontecer, a vivncia ontolgica fenomenolgico existencial d-se nombito da ao, no mbito do desdobramento compreensivo de possibilidades.De modo que d-se na esfera do inter da relao dialgica, processo de des-dobramento de possibilidades. D-se numa dualidade em que um eu se remetea um tu, da mesma forma que o tu tambm se remete ao eu. O tu, alteridaderadical, desvela-se sucessivamente, como sentido compartilhado, na esfera de

    sentido do inter, do entre, que a relao eu-tu. O eu igualmente vivncia depossibilidade, e desdobra-se na vivncia da interao com um tu, que, poss-vel, desdobra-se na interao. Este sentido que se desdobra na esfera dialgi-ca do interinter humano, por exemplo -- o sentido do d ia-lgico.A produ-o compartilhada de sentido, como vivncia compartilhada de possibilidades,e do desdobramento de possibilidades, na esfera ontolgica, fenomenolgica,dialgica, do inter.

    Que se constitui como experimentao e hermenutica do eu, hermenutica dotu, e hermenutica do eu-tu, no mbito do dialgico.

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    10. A CONSCINCIA-E-AO PR-REFLEXIVA, FENOMENOLGICOEXISTENCIAL, COMPREENSIVA E IMPLICATIVA, GESTALTIFICATIVA, ONTOLGICA

    A cognio, a conscincia e ao pr-reflexivas, fenomenolgico existenciais,compreensivas, e implicativas, gestaltificativas, estticas e poiticas, herme-nuticas, so, prpria e especificamente, ontolgicas. Constituem o modo onto-lgico de ser humano. A vivncia do modo, do ethos, mais caracterstico e defi-nidor do ser humano.

    Este ethos marcado pela vivncia cognitiva de possibilidades, e pela vivnciado desdobramento de possibilidades. Em particular, assim, pela constituiodas possibilidades, em seus desdobramentos, como sentido. Como logos. Fe-nomeno logos, dia logos, epistemo logos, onto logos.

    Este logos, sentido, que se constitui a partir do desdobramento compreensivo eimplicativo de possibilidades a caracterstica mais definidora do humano. Suacaracterstica ontolgica, portanto.

    O sentido que originariamente experienciamos neste modo ontolgico de ser-mos, como experincia e experimentao hermeneuticas da consciencia eao pr-reflexivas, um sentido que, caracterizando o humano, especifica-mente sentido ontolgico.

    11. A CONSCINCIA-E-AO PR-REFLEXIVAS SO EPISTEMOLGICAS

    Vivncia fenomenolgico existencial e dialgica de sentido, compreensivo eimplicativo, gestaltficativo, cognitivo portanto, a conscincia e ao pr-reflexivas, eminentemente lgicas, so conhecimento. So o modo ontolgicode conhcermos.

    Conhecimento ontolgico, fenomenolgico existencial compreensivo e implica-tivo pr-reflexivo. Diverso, portanto, do conhecimento explicativo teortico,reflexivo, caracterstico da dicotomia sujeito-objeto.

    No mbito da epistemolgica do conhecimento compreensivo e implicativo no

    estamos ainda no mbito da dicotomia sujeito-objeto. Mas no mbito vivencial,no coisificado, da dialgica eu-tu.

    Um conhecer compreensivo e implicativo, fenomenolgico existencial, umconhecer sem objeto, uma cincia sem objeto. Mas um conhecer, uma cin-cia, no mbito da dialgica eu-tu. o acontecer do conhecimento, em sua epis-temolgica ontolgica, fenomenolgico existencial, compreensiva, implicativa,gestaltativa. Epistemolgica, portanto.

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    12. A CONSCINCIA E AO FENOMENOLGICA ESPECIFICAMENTE,EM SI, SUPERAO.

    Como observamos, a exausto da possibilidade, o decaimento, na performance

    da ao a desatualizao envolvida na atualizao, como Buber observa constitui a coisa em sua instalao. Em sua condio instalativa, a coisa, por-tanto, o acontecido. o passado. Que, em sua condio de possibilidadeprogressivamente exaurida, impossibilidade progressiva, constitui a angstia,segundo a elucidao heidggeriana.

    Instalativa, a coisa virtual. Porque nela a possibilidade dorme ainda, como abrasa que ainda subjaz cinza... A prpria angstia de sua experincia j nela o desperatar de possibilidades, do desdobramento de possibilidades, quenela se encontravam instaladas, e ignotas.

    O recrudescimento intensional da ao na instalao da coisa j superaodesta instalao. Superao intrseca da coisa na finitude de suas possibilida-des. O resgate do possvel, nos fluxos de sua atualizao.

    Da a soberba constatao de Zaratustra8:

    E eis o que segredou-me a existncia, eu sou aquilo que se auto supera indefi-nidamente...

    13. UMA METODOLOGIA GESTALTFICATIVA UMA METODOLOGIA QUE

    ELEGE PRIVILEGIAR A VIVNCIA FENOMENOLGICO EXISTENCIAL EDIALGICA, GESTALTIFICATIVA, COMPREENSIVA E IMPLICATIVA, DAAO, A SUA AFIRMAO, COMO AFIRMAO DA AFIRMAO. Que acognio, a conscincia, a ao, pr-reflexivas, fenomenolgico existen-ciais e dialgicas, compreensivas, implicativas: gestaltificativas. Herme-neuticas e experimentais.

    A metodologia gestaltificativa, assim, uma tica e uma metodolgica da ao,da atualizao, e da superao. Uma esttica e uma poitica da atualizao,da ao, e da superao. Uma esttica e um poitica, uma tica, da existncia.

    Uma metodologia, uma tica, de privilegiamento da criao e de desdobramen-to da dialgica inter humana da pontualidade momentnea de uma relao fe-nomenolgico existencial. Relao esta que decorre no modo ontolgico desermos, no modo da conscincia, da cognio, da ao, pr-reflexivas, feno-menolgico existenciais e dialgicas, compreensivas, implicativas, gestaltificati-vas. Relao que permite e potencializa a vivncia fenomenolgico existencialexperimental, e hermenutica, de possibilidades; e do desdobramento de pos-

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    NIETZSCHE, op. cit.

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    sibilidades. Que permite e potencializa a vivncia e afirmao do desdobra-mento da ao, compreensivao.

    Uma tica, uma metodologia, que privilegiam a vivncia e o desdobramento da

    ao, da atualizao, e da superao, como afirmao da vivncia de consci-ncia e da ao pr-reflexivas, que a vivncia fenomenolgico existencial edialgica de possibilidades, e do desdobramento cognitivo de possibilidades,que compreensiva, implicativa, gestaltficativa.

    A metodologia, a tica, gestaltificativas so uma tica e uma metodologia, por-tanto, que se recusam a privilegiar o modo explicativo de sermos. Uma tica euma metodologia que se recusam, assim, a privilegiar o modo cientificamenteexplicativo de sermos; que se recusam a privilegiar o modo teortico de ser-mos, ou a privilegiar o modo moralista de sermos, o modo pragmtico de ser-mos, o modo comportamental de sermos, o modo tcnico, e se recusa, inclusi-

    ve, a privilegiar o modo realista de sermos j que fundada, enquantotal, nomodo de sermos do possvel, e no o modo de sermos da realidade.

    A vivncia do desdobramento de possibilidades em si afirmativa.

    Como foras, as possibilidades so, em seus desdobramentos compreensivos,j, em si, afirmativas. Mas, enquanto tais, as possibilidades so ainda infirmes,e demandam, como tais, a afirmao.

    A vivncia do desdobramento de possibilidades, a prpria ao, , em si, dial-gica. O que quer dizer que relao eu-tu com a potncia, com a possibilidade,

    com a fora emergente, de uma alteridade radical. Que s se desvela no pro-cesso de seu desdobramento, de sua atualizao. Um processo, portanto,afirmativo e potente. Que envolve a certeza da sua potncia. Mas que envolve,tambm, uma incerteza fundamental quanto aos seus desdobramentos e teleo-logia.

    De modo que afirmar a vivncia da fora de possibilidades envolve uma dispo-sio tentativa, e o correr o risco da incerteza de seus processo e consequn-cias.

    Essa disposio tentativa de correr o risco da incerteza da atualizao de pos-sibilidades, esta disposio de tentar, esta disposio de correr o risco do des-dobramento da ao, o que constitui a experimentao propriamente dita (doGregoperire) especificamente fenomenolgico existencial.

    De modo, que uma metodologia e uma tica gestaltficativas so uma metodo-logia e uma tica eminentemente experimentais, neste sentido fenomenolgicoexistencial, gestltico. Que se dispe, essencialmente, a tentar e a arriscar odesdobramento de possibilidades, o desdobramento da ao, da atualizao, eda superao.

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    A atualizao de possibilidades, a vivncia do desdobramento de possibilida-des, enquanto conscincia e ao pr-reflexivas, especificamente, como sa-bemos, um processo cognitivo, um processamento cognoscente. Na medidaem que, em seus desdobramentos, as possibilidades, prpria e especificamen-

    te, se constituem como conscincia pr-reflexiva, como conscincia compreen-siva e implicativa.

    Este processo de conscientiz/ao pr-reflexiva, compreensiva e implicativa,inerente possibilidade em seus desdobramentos, e que se d vivencialmente,fenomenolgico existencialmente, como um processo implicativo, gestltico, deformao de figura e fundo, e, no limite, como um processo de formao daprpria coisa, na virtualidade de sua coisidade instalativa, o que entendemoscomo interpretao, no sentido fenomenolgico existencial. uma hermenuti-ca arte da interpretao9--, a hermenutica no sentido fenomenolgico exis-tencial, compreensivo e implicativo.10

    De modo que a tica e a metodologia gestaltficativa, fenomenolgico existen-cial e dialgica, compreensiva e implicativa, gestaltficativa, so prpria e espe-cificamente uma hermeneutica, uma hermentica compreensiva e implicativa.

    14. A VIVNCIA GESTALTIFICATIVA, GESTTICA, VIVNCIA ONTOLGI-CA, FENOMENOLGICO EXISTENCIAL E DIALGICA UMA TICA, ES-TTICA, POITICA.

    Com suas caractersticas peculiares, a vivncia gestaltificativa, compreensiva,

    implicativa, fenomenolgico existencial e dialgica, um modo radical (de raiz)de sermos. E, como tal, especificamente uma tica. esttica, e a poitica.

    radicalmente diversa da teortica, por exemplo. Na medida em que, basica-mente, a teortica se d no modo de sermos do acontecido, quando se consti-tuem o sujeito e o objeto. Constituindo-se como a contemplao de um objetopor um sujeito. Ambos no mais um acontecer, no mais ao, no mais des-dobramento de possibilidades, mas acontecido,especificamente.

    A tica esttica e poitica da vivncia de conscincia e ao pr-reflexivas,gestaltificativas, fenomenolgico existenciais e dialgicas, compreensivas e

    implicativas, , em particular, acontecer. da ordem da ao, da ordem dodesdobramento de possibilidades.

    E, como tal, o acontecer fenomenolgico existencial, especificamente ojeto ,pro- jeto; o jeto, o jato, do desdobramento de possibilidades, da ao compre-ensiva.

    E no o sub-jeto, ou o ob-jeto.

    9PALMER, Richard Hermeneutica.Lisboa: Edies 70. 1999.

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    HEIDEGGER, Martin El Ser y El Tiempo.Madrid, Fondo de Cultura Econmica, 1984.

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    De modo que a experincia gestaltificativa da ao d-se como a relao dia-lgica eu-tu da ao compreensiva. E no como dicotomia sujeito-objeto. Tudoque a relao eu-tu no , relao sujeito-objeto. J que um modo de ser-

    mos que anterior constituio de ambos, e de sua dicotomizao.

    A fenomentica da experincia gestaltificativa da ao, e da conscincia pr-reflexiva, esttica, poitica, tambm diversa da tica da pragmtica,pragm-tica? J que a pragmtica se pauta pelo privilegiamento da utilidade, e da aofuncional.

    A fenomentica, a esttica, a poitica, em sua caracterstica de ao, e dacondio do ator, no so objetivas -- nem subjetivas. So, de um modo diver-so de ser, anteriores constituio do sujeito e do objeto, e anteriores, portan-to, ao modo de sermos da utilidade, e da funcionalidade. A ao, esttica e

    poitica, sempre superao, disfuncional, superao, e nunca adaptao,ou ao funcional.

    A epistemologia e tica pragmticas,pragmticas (?), se pautam pela utilidadee pela ao funcional. Que, efetivamente, no so da ordem da ao... Na me-dida em que a ao propriamente dita, como atualizao compreensiva depossibilidades, intil, inutilmente produtiva; compreensiva, fenomenolgicoexistencial, e intrsecamente disfuncional. J que eminentemente, prpria eespecificamente, superao. No se pautando pela nem pela utilidade, nempela funcionalidade da adaptao.

    15. A VIVNCIA GESTALTIFICATIVA, GESTTICA, CONSCINCIA E AOPR-REFLEXIVAS, FENOMENOLGICO EXISTENCIAIS, FENOMENTI-CA. FENOMENTICA. HERMENUTICA. HERMENEUTICTICA.

    A vivncia de conscincia e a ao pr-reflexivas se constituem como desdo-bramento compreensivo de possibilidades. Em seus desdobramentos, as pos-sibilidades surgem ainda pr-compreensivamente, no mbito pr-compreensivodas foras, que a Ontologia, em particular a ontologia fenomenolgica de Hei-degger designa como Ser. Pr-compreensivas, as possibilidades paulatina einexoravelmente vo se constituindo como cognio pr-reflexiva, fenomenol-

    gico existencial e dialgica, compreensiva e implicativa. Fenomenticas, feno-menticas.

    Este desdobramento das possibilidades prpriamente hermenutico, her-mentico, hermentico. Prpria e especificamente como devir da ao com-preensiva. Que especificamente se desdobra da esfera ontolgica pr-compreensiva do Ser, para a compreenso -- como processo gestltico de for-mao de figura e fundo --; e para o decaimento na esfera ntica dos seres,dos entes, esfera dos entes coisificados em sua coisidade instalativa.

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    Processamento cognitivo que representa a emergncia de formas inditas, nasucesso performtica dos processos de formao de figura e fundo. Tantoenquanto vivncia pr-refelexiva indita, de formao de figura e fundo; comona constituio da prria coisa como forma indita, que, mesmo como coisa,

    indita e nica, novidade absoluta.

    Esta emergncia e desdobramento da ao, da possibilidade, especificamen-te hermenutica, hermentica, hermentica. A hermeneutica especificamentecompreensiva e implicativa, fenomenolgico existencial.

    Literalmente, a hermenutica a arte de Hermes.

    Hermes era um dos deuses Olmpicos encarregado, dentre outros encargos, detransmitir e traduzir, interpretar, para os humanos da plancie a mensagem dosdeuses do Olimpo. Fazia o nexo, assim, entre dois mundos, o dos deuses

    Olmpicos e dos homens. Por isso Hermes o artista da interpretao. Inter-pretao, e hermenutica, estas que, em termos da ontologia fenomenolgica eexistencial hermenutica de Heidegger, entendida como a vivncia compre-ensiva do desobramento da possibilidade, como ao e como conscincia pr-reflexiva, desde seus nveis pr-compreensivos, passando por seus processa-mentos gestlticos, implicativos, compreensivos, e desaguando na condioinstalativa da coisa criada.

    De modo que a vivncia da ao, pr-reflexiva, fenomenolgico existencial edialgica, compreensiva, gestltica e implicativa, a prpria experincia dainterpretao fenomenolgico existencial compreensiva, a prpria experincia

    hermenutica. Hermentica, hermentica -- arte da interpretao,neste caso,especificamente, compreensiva. Uma vez que a dialgica da interpretao fe-nomenolgica da ao compreensiva, gestaltificativa, como desdobramentocompreensivo de possibilidades, o trnsito entre as duas dimenses de ser-mos, a dimenso ontolgica, fonte do possvel --, e adimenso ntica. Isto aexistncia. Heidegger diria que o homem o ser hermenutico por excelncia.

    16. A CONSCINCIA, A AO, PR-REFLEXIVA DESPROPOSITAL, DESPROPOSITATIVA, DESPROPSITO; NO DA ORDEM DO MODODE SERMOS DAS RELAES DE CAUSA E EFEITO.

    A conscincia e a ao fenomenolgicas, compreensivas e implicativas, gest-ticas, do-se como a vivncia dialgica, compreeniva e implicativa, do fluxo dodesdobramento compreensivo de possibilidades. Que, experimental, e herme-nuticamente, desvelam-se, na improvisao, em seus sentidos compreensivose implicativos. Na vivncia da ao fenomenolgica somos o fluir do devir dosdesdobramentos presentes e atuais das possibilidades. Fluir do devir este queno comporta, e que no ocorre no modo de sermos da causalidade, no modode sermos das relaes de causa e efeito. Cujas condies residem no modode sermos da causalidade instalativa.

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    A causalidade, as relaes de causa e efeito vigoram, assim, no modo aconte-cido de sermos, no qual, como Buber observa, tudo passa por causa e efeito.

    Fora do modo de sermos da causalidade, desproposital, vigora, no desdobra-

    mento fenomenolgico da ao compreensiva, a experimentao e a herme-nutica fenomenolgico existencial, desproposital, despropositativa.

    E produtiva, potica, crativa, enquanto tal.

    17. A CONSCINCIA, A AO, PR-REFLEXIVA INUTILMENTE PRODU-TIVA, NO DA ORDEM DO MODO DE SERMOS DOS TEIS, DOS USOSE DAS UTILIDADES.

    Um til, um uso, uma utilidade, so, sobretudo, objetos, so, sobretudo, coisas.Coisas materiais ou coisas mentais. Mas coisas, na virtualidade de sua coisi-dade instalativa. So objetos, coisas, acontecidos. Constitudos com a exaus-to do modo de sermos do acontecer, como acontecidos.

    So, assim, antinmicos com relao conscincia pr-reflexiva, com relao vivncia, com relao ao pr-reflexivas. Na medida em que, a conscien-cia e ao pr-reflexivas, a ao compreensiva, no so da ordem da coisida-de, no so da ordem do acontecido. Mas, prpria e especificamente, da or-dem da vivncia da ao, anterior; da ordem do acontecer; anteriores condi-o da coisidade instalativa, acontecida; como vivncia compreensiva e impli-cativa do desdobramento de possibilidades.

    O modo de sermos explicativo, no implicativo,do acontecido, da coisidadeinstalativa, no , como a ao compreensiva, produtivo; no desdobramentode possibilidades, e de sentido; no hermenutico, no poitico.

    O produtivo, o hermenutico, o poitico, so prprios atualidadee presen-a,caractersticas do modo fenomenolgico existencial de sermos da vivnciacompreensiva do desdobramento de possibilidades; so prprios ao modo desermos da ao compreensiva e implicativa, gestltica; ao modo de sermos,portanto, do acontecer.

    Este modo de semos, como modo de sermos da atualizao, da realizao depossibilidades que, ainda que seja o modo intil de sermos, o modo produ-tivo de sermos. o modo de sermos da inutilidade produtiva, da inutilidadepoitica.

    Apenas quando se esgota a episdica momentaneidade instantnea da ao,apenas quando se esgota o desdobramento compreensivo de possibilidades,do modo de sermos do acontecer, da poitica da inutilidade produtiva -- modofenomenolgico existencial de sermos, compreensivo, implicativo, gestaltificati-vo --, que se constitui o modo de sermos do acontecido, o modo de sermos

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

    Revista IGT na Rede, v. 9, n 17, 2012, p. 223 247. Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojsISSN: 1807-2526

    da realidade, dos teis, dos usos, das utilidades. Que s virtual e instalativa-mente possibilidade, desdobramento de possibilidades.

    Usamos os teis, os usos, as utilidades, no modo acontecido de sermos da

    coisidade instalativa. Mas quando se trata de criarmos, inclusive de criarmos osteis, os usos e as utilidades, s podemos faz-lo no modo ontolgico de ser-mos da inutilidade produtiva, modo de sermos poitico da criao, como vivn-cia da atualizao de possibilidades. Modo ontolgico de sermos, fenomenol-gico existencial e dialgico.

    18. A CONSCINCIA E A AO PR-REFLEXIVAS NO SO DA ORDEMACONTECIDA DA REALIDADE. A CONSCINCIA E A AO PR-REFLEXIVAS SO ACONTECER, ATUALIDADE, PRESENTE E PRESEN-A; ATUALIZAO, PRESENTIFICAO, REALIZAO. NO SO DA

    ORDEM DO MODO DE SERMOS DO ACONTECIDO; NO SO, PORTAN-TO, DA ORDEM DO MODO DE SERMOS DA REALIDADE.

    A realidade a dimenso coisificada, reificada e realizada, do acontecido. Es-fera da instalao da coisa, a esfera do ente, a esfera ntica (do ente), doacontecido. Que se constitui em seguimento ao acontecer.

    A ao, o desdobramento compreensivo da ao, como desdobramento com-preensivo e implicativo de possibilidades, o acontecer. Ao cognitiva, oacontecer no o modo de sermos da coisa, do ente; mas o modo de ser, pr-pria e especificamente, do pr-ente, do presente.

    O acontecerda vivncia ontolgica fenomenal no da ordem da coisa, no da ordem da coisidade instalativa, no da ordem do acontecido, do realizado,do atualizado. No , portanto da ordem da realidade. Mas da ordem da cons-cincia pr-reflexiva da ao, da ordem da vivncia que anterior objetivida-de e subjetividade. Modo dialgico, fenomenolgico, ontolgico, de sermosdo ator, do inspectador. Modo de sermos do presente e da vivncia do desdo-bramento do possvel. Enquanto que a realidade , prpria e especificamente,o modo de sermos do passado.

    Assim, o modo de sermos da ao compreensiva e implicativa o modo desermos do presente, da presena e da atualidade, e no o modo passado desermos da realidade. Acontecido, coisidade instalativa, o modo de sermos darealidade no ao compreensiva, no a momentaneidade instantnea doacontecer do desdobramento compreensivo e implicativo de possibilidades.

    19. OTIMIZAO DA GESTALTIFICAO

    Podemos dizer que, arriscada e tentativa, fenomenolgico existencial experi-mental e hermenutica, a experincia vivencial, fenomenolgico existencial,tem um carter de qualidade, de qualificao e de otimizao.

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

    Revista IGT na Rede, v. 9, n 17, 2012, p. 223 247. Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojsISSN: 1807-2526

    A qualidade de sua expressividade plstica, criativa e poieticamente produtiva, o critrio.

    A vivncia de possibilidades vivncia mltipla e multiplamente articulada deforas, de possibilidaes em desdobramento, que se aperfeioam nas organiza-es estticas e poiticas de suas expresses, como processos de formaesde figura e fundo. A integrao e a qualidade expressiva e hermenutica davivncia decorrem da qualidade esttica e poitica, da vivncia de sua caracte-rstica gestalticativa.O carter gestaltificante da experincia da ao fenomenolgica que permitea qualidade da expresssividade de suas foras, foras plsticas, na qualidade esutileza de suas formas, e dos processos de suas formaes.

    As possibilidades que geram, na vivncia de seus desdobramentos, as formas

    da conscincia, enquanto processos de formao de figura e fundo, e mesmo aforma final das coisas, em suas instalatividade, so mltiplas sempre, e articu-ladas gestalticamente, compreensiva e implicativamente. E so sutis e detalha-tivas nas expresses de suas intensidades plsticas. Sutileza e detalhao quedecorrem da intensidade da absoro na momentaneidade instantnea da ges-tltica da ao, enquanto vivncia compreensiva do desdobramento de possibi-lidades.

    De forma que a qualidade, e a otimizao da qualidade, de sua expressividadedependem da intensidade da entrega vivncia de seus desdobramentos ex-pressivos, como qualidade da entrega afirmativa a seus processos fenomeno-

    lgicos, compreensivos e implicativos, de formao de figura e fundo. Comoqualidade, qualificao, otimizao, de seus processos implicativos e compre-ensivos, inspectativos,de gestaltificao.

    E, naturalmente, esta qualidade de gestaltificao da atualizao das possibili-dades, de gestaltificao das potncias, de gestaltificao das intensidades,decorre e depende do modo, e da intensidade, com que podemos nos absorverna esttica da implicao da vivncia fenomenolgico existencial compreensi-va; momentneamente nos descolando, desportando, na navegao da atuali-zao do possvel, do modo explicativo de sermos (...).

    20. AO COMPREENSIVA E IMPLICATIVA, PR-REFLEXIVA, E O COM-PORTAMENTO. A ao pr-reflexiva, fenomenolgico existencial e dial-gica, ontolgica, compreensiva e implicativa, no o comportamento.Comportamento e ao so distintos.

    O comportamento, como modo de sermos da atividade padronizada e repetiti-va, acontecida, portanto, com-portamento. com-porto.A ao e a conscin-cia pr-reflexivas sodes-portamento.

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    FONSECA, Afonso Henrique Lisboa da - METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA: O que se querdizer quando se fala em uma metodologia gestltica. Gesttica. Gesttica. Gestaltificativa.

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    Como modo de semos da atividade padronizada e repetitiva, o comportamentose d como repetio no modo acontecido de sermos. No qual, quanto maispadronizada e repetitiva a atividade, menos consciente. Quer se trate da cons-cincia teortica, relao sujeito objeto; ou da conscincia poitica, esttica --

    dialgica.

    Oportodo acontecido, oportodo passado, o porto do com-portamento.

    J a conscincia e ao pr-reflexivas so um despor tar.

    Presente, vivncia fenomenolgica, enquanto desdobramento de possibilida-des, a ao compreensiva , especificamente, um desportar, um desportamen-to do passado, do acontecido. Nos fluxos dos desdobramentos compreensivosde possibilidades.

    O estsico um vento que sopra na Grcia numa poca do ano, e que impulsi-ona as velas dos navios, levando-os a desportarem. Martimos, filosficos, eartsticos, os Gregos fizeram metforas martimas na concepo da conscin-cia e da ao pr-reflexivas.

    Como elas so impulsionadas pelas gestalts, pelas implicaes, pelas articula-es gestlticas das foras do desdobramento das possibilidades, eles associ-aram a vivncia do desdobramento de possibilidades, ao implusionamento dasvelas dos navios pelo vento estsio, que os leva a desportarem na navegao.O modo fenomenolgico existencial de sermos foi por eles designado, assim,de estesia, a experincia de vivncia da ao compreensiva. A experincia

    deste modo de sermos , prpria e especificamente, a experincia esttica.

    De modo que, fora das possibilidades, o modo fenomenolgico existencialde sermos, modo esttico de sermos, modo poitico de sermos, um despor-tar, um desportamento,e navegao, fora do desdobramento compreensivodo possvel, do potente, da gestltica fenomenolgica da ao.

    Assim, se distinguem, em essncia, o modo de sermos do com-portamentomodo de sermos acontecido, passado, da repetio --;e o modo de sermos dodes-portamento: modo especificamente de sermos do presente, da atualidadee da presena, do desdobramento compreensivo de possibilidades, da consci-ncia e da ao pr-reflexivas.

    CONCLUSO

    , assim, caracterstico da experincia e da experimentatividade da metodolo-gia gestaltificativa o privilgio da experincia cognitiva da ao compreensivaimplicativa, gestltica. caracterstico da metodologia gestaltificativa o dar-se,assim, como vivncia do acontecer fenomenolgico da ao compreensiva eimplicativa. Como desdobramento de possibilidades, na vivncia do modo onto-lgico de sermos.

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    Modo este de sermos que anterior condio coisificada do sujeito, e do ob-jeto, e da dicotomizao entre eles. A dicotomizao sujeito-objeto permite ateortica -- como modo propriamente reflexivo de sermos. Na vivncia do modo

    teortico de sermos, a teoria se constitui como a contemplao que um sujeitofaz de um objeto, no modo coisificado de sermos do acontecido; modo de ser-mos que constitui, com o seu carter acontecido e coisificado, as condies dosujeito e do objeto.

    A experincia e a experimentao da metodologia gestaltificativa no so, por-tanto, explicativamente teorticas, mas, vivncia ativa, compreensiva, e impli-cativa.

    Guardam, portanto, as caractersticas desse modo de sermos, da ao, da atu-alizao, fenomenolgica existencial e dialgica.

    Caractersticas como a de darem-se, enquanto experincia e experimentao,no modo de sermos implicativo, anterior ao modo de sermos explicativo da teo-rtica e do comportamento. A caracterstica de darem-se, assim, anteriormenteao modo de sermos da cincia explicativa, e do moralismo. A caracterstica dedarem-se anteriormente s condies do sujeito e do objeto. De darem-se an-teriormente ao modo de sermos da causalidade. A caracterstica de darem-se,da mesma forma, anteriormente ao modo de sermos utilidade. Guardam a ca-racterstica de darem-se no modo hermenutico e fenomenolgico existencialde sermos, anteriormente ao modo de sermos da tcnica. E a de darem-se an-teriormente ao modo acontecido e explicativo de sermos da realidade.

    REFERNCIAS BILIOGRFICAS

    BUBER, Martin. Eu e Tu. So Paulo, Corts, 1983.

    BUBER, Martin. Do Dilogo e do Dialgico. So Paulo. Perspectiva, 1985.

    DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a Filosofia, Rio, Ed. Rio, 1975.

    HEIDEGGER, Martin. El Ser y el Tiempo. Madrid, Fondo de Cultura Econmi-ca, 1984.

    NIETZSCHE, Frederich. Assim Falou Zaratustra, Mira-Sintra, Europa-Amrica, 1978.

    PALMER, Richard. Hermeneutica. Lisboa: Edies 70. 1999.

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    Endereo para correspondencia

    Afonso Henrique Lisboa da Fonseca

    E-mail: [email protected]

    Recebido em: 08/10/2012Aprovado em: 17/12/2012