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II Encontro de Pesquisas Históricas PUCRS · Apresentação É com satisfação que apresentamos o Caderno de Resumos do II Encontro de Pesquisas Históricas da Pontifícia Universidade

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II Encontro de Pesquisas Históricas PUCRS

O historiador e as novas tecnologias

Caderno de Resumos

26 a 28 de maio de 2015

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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Programa de Pós-Graduação em História

II Encontro de Pesquisa Históricas – PUCRS

Coordenação: Prof. Dr. Marçal de Menezes Paredes

Comissão Organizadora

Ddo. Alexandre Pena Matos

Ddo. Cristiano Enrique de Brum

Dda. Débora Soares Karpowicz

Ddo. Fernando Comiran

Dda. Luciana da Costa de Oliveira

Dda. Luísa Kuhl Brasil

Ddo. Marcelo Vianna

Dda. Priscila Maria Weber

Mda. Wanessa Tag Wendt

Mdo. Rafael Saraiva Lapuente

Organizadores do caderno: Integrantes Comissão Organizadora II EPHIS

Editoração: Marcelo Vianna, Cristiano Enrique de Brum

Crédito capa: Arte sobre fotografias – Holland House, Kensington, London, 1940 (English Heritage Collection); ativista

e líder comunitária Olive Morris em protesto contra violência policial em Londres, 1972 (domínio público); “Pé ante pé” –

trabalhadores na construção do Congresso Nacional, 1959 (Alberto Ferreira).

Observação: A adequação técnica e linguística dos resumos é de exclusiva responsabilidade dos autores.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Trilce Morales - CRB 10/2209

H673

O historiador e as novas tecnologias: caderno de resumos do II Encontro de

Pesquisas Históricas – PUCRS (26 a 28 de maio de 2015) / Marcelo Vianna, [et. al.]

(organizadores). – Porto Alegre: Memorial do Ministério Público do Rio Grande do

Sul, 2015.

160 p.; PDF

ISBN 978-85-88802-23-0

1. História 2. Novas tecnologias 3. Caderno de Resumos 4. História -

Multidisciplinaridade I. Título

CDU 930

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Apresentação

É com satisfação que apresentamos o Caderno de Resumos do II Encontro de Pesquisas Históricas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EPHIS – PUCRS) – “O historiador e as novas tecnologias”.

Contando com mais de 230 trabalhos inscritos, para apresentação e publicação, a segunda edição do Encontro – realizado entre os dias 26 e 28 de maio de 2015 - se consolida como importante espaço científico dentro da Universidade, fortalecendo um diálogo acadêmico entre o Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS e demais Universidades brasileiras. Do mesmo modo, o evento vê fortalecido seu propósito de aproximação com os cursos de Graduação e, não obstante, com a comunidade de historiadores que vivenciam as salas de aula do Ensino Fundamental ao Ensino Superior.

Com organização do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS, o II EPHIS, a partir de sua Comissão Organizadora, agradece a todas e todos que compareceram ao evento e enviaram seus trabalhos. Compartilhamos o sucesso do II EPHIS/PUCRS e fortalecemos a intenção de expandir o evento tornando-o cada vez mais relevante para o debate, divulgação e circulação das pesquisas históricas realizadas pelos jovens pesquisadores do país.

Comissão Organizadora

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Sumário

Apresentação ........................................................................... 3

Conferências ........................................................................... 6

Simpósios Temáticos - Síntese ......................................................... 7

Resumos Graduados/Pós-Graduação ................................................. 9

ST 1 – IMAGENS E HISTÓRIA DA ARTE ............................................... 9

ST 2 – GÊNERO ...................................................................... 13

ST 3 – HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ..................................... 18

ST 4 – CIDADES E SOCIABILIDADES ............................................... 22

ST 5 – IBERO-AMÉRICA: ESTUDOS E CONFLUÊNCIAS ............................ 25

ST 6 – ESTADOS UNIDOS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ......................... 29

ST 7 – HISTÓRIA E EDUCAÇÃO .................................................... 32

ST 8 – HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA DAS IDEIAS ................................ 37

ST 9 – HISTÓRIA, MÍDIA E IMPRENSA ............................................. 43

ST 10 – HISTÓRIA E RELIGIOSIDADE .............................................. 48

ST 11 – FOTOGRAFIA E CULTURA VISUAL .......................................... 52

ST 12 – ACERVOS E NOVAS TECNOLOGIAS ........................................ 57

ST 13 – BIOGRAFIAS E TRAJETÓRIAS .............................................. 62

ST 14 – ARQUEOLOGIA E PATRIMÔNIO ........................................... 67

ST 15 – ÁFRICA E AFRICANIDADES ............................................... 71

ST 16 – HISTÓRIA AGRÁRIA ........................................................ 78

ST 17 – HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA SAÚDE ...................................... 83

ST 18 – DESENVOLVIMENTO E INDUSTRIALIZAÇÃO ............................... 86

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ST 19 – MUNDOS DO TRABALHO .................................................. 89

ST 20 – HISTÓRIA POLÍTICA ....................................................... 95

ST 21 – IMIGRANTES E IMIGRAÇÃO .............................................. 101

ST 22 – NACIONALISMO E REGIONALISMO ....................................... 104

ST 23 – DIMENSÕES DA GRÉCIA ANTIGA ......................................... 107

Resumos Graduandos ............................................................... 110

ST1 – EDUCAÇÃO, PRÁTICAS E ENSINO DA HISTÓRIA ......................... 110

ST2 – POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM HISTÓRIA SOCIAL .................... 116

ST3 – ESTUDOS DE GÊNERO E RELIGIOSIDADE ................................... 121

ST4 – HISTÓRIA CULTURAL E SUAS FONTES: TEORIA E METODOLOGIA......... 127

ST5 – TEXTOS E IMAGENS: CONFLUÊNCIAS DE ESTUDOS ........................ 133

ST6 – ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E PATRIMÔNIO MATERIAL .................... 138

ST7 - HISTÓRIA POLÍTICA ........................................................ 144

Informações ......................................................................... 151

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Conferências

Abertura – dia 26.05.2015 às 18h30min

“Sedução tecnológica X Tradição do ofício do historiador”

Profa. Dra. Maria Cristina dos Santos (PUCRS)

“Produzindo conhecimento histórico na web: a experiência do Atlas Digital da América Lusa”

Prof. Dr. Tiago Luís Gil (UnB)

Encerramento – dia 28.05.2015 às 18h30min

“Televisão, melodrama e representação do regime militar brasileiro”

Profa. Dra. Mônica Almeida Kornis (CPDOC-FGV)

“Internet e História do Tempo Presente: limites e possibilidades”

Prof. Dr. Fábio Chang de Almeida (Secretaria Municipal de Educação – PMPA) e Prof. Ddo. Odilon Caldeira Neto (UFRGS)

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Simpósios Temáticos - Síntese

Data e Horário Localização – Simpósio Temático

26.05.2015

8h às 12h

Prédio 03

Sala 307: ST4 – Cidades e Sociabilidades

Sala 323: ST2 – Gênero

Sala 423: ST19 – Mundos do Trabalho

Prédio 05

Auditório: ST1 – Imagem e História da Arte

26.05.2015

13h30min às 17h30min

Prédio 03

Sala 307: ST6 – Estados Unidos e Relações Internacionais

Sala 323: ST08 – Historiografia e História das Ideias

Sala 423: ST21 – Imigrantes e Imigração

Prédio 05

Auditório: ST9 – História, Mídia e Imprensa

Sala 304: ST23 – Dimensões da Grécia Antiga

Sala 503: ST05 – Ibero-América: Estudos e Confluências

Sala 504: ST04 - História Cultural e suas fontes: teoria e metodologia (Alunos de graduação)

27.05.2015

8h às 12h

Prédio 03

Sala 307: ST3 – História, Memória e Patrimônio

Sala 323: ST10 – História e Religiosidade

Sala 423: ST13 – Biografias e Trajetórias

Prédio 05

Auditório: ST11 – Fotografia e Cultura Visual

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27.05.2015

13h30min às 17h30min

Prédio 03

Sala 307: ST16 – História Agrária

Sala 323: ST7 – História e Educação

Sala 423: ST22 – Nacionalismo e Regionalismo

Prédio 05

Auditório – ST12 – Acervos e Novas Tecnologias

Sala 502 – ST02 – Possibilidades de Pesquisa em História Social (Alunos de graduação)

Sala 503: ST07 – História Política (Alunos de graduação)

Sala 504: ST06 - Arqueologia, História e Patrimônio Material (Alunos de graduação)

28.05.2015

8h às 12h

Prédio 03

Sala 307: ST15 – África e Africanidades I

Sala 323: ST17 – História da Ciência e da Saúde

Sala 423: ST20 – História Política I

Prédio 05

Auditório: ST18 – Desenvolvimento e Industrialização

28.05.2015

13h30min às 17h30min

Prédio 03

Sala 307: ST15 – África e Africanidades II

Sala 323: ST14 – Arqueologia e Patrimônio

Sala 423: ST20 – História Política II

Prédio 05

Sala 502: ST03 – Estudos de Gênero e Religiosidade (Alunos de graduação)

Sala 503: ST05 – Textos e Imagens: Confluências de Estudos (Alunos de graduação)

Sala 504: ST01 – Educação, Práticas e Ensino da História (Alunos de graduação)

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Resumos Graduados/Pós-Graduação

ST 1 – IMAGENS E HISTÓRIA DA ARTE Coordenador – Luciana da Costa de Oliveira

Auditório Prédio 05 [26/05/15]

Manhã – 8h às 12h

BIBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA E INTERNET: A PESQUISA DE DOCUMENTOS IMAGÉTICOS

SOBRE A DANÇA DE CORTE FRANCESA NOS SÉCULOS XVI E XVII

Bruno Blois Nunes (Mestrando – UFPel)

O trabalho, ora apresentado, aborda o uso da tecnologia da Internet para a viabilização de uma

pesquisa histórica, cujas fontes não estão disponíveis no Brasil. Esta pesquisa tem como foco o

estudo das imagens das danças de corte francesa nos séculos XVI e XVII além dos tratados de

dança editados no mesmo período. Por meio desse acesso tecnológico, na Biblioteca Nacional da

França, foram encontrados manuscritos, livros, tratados e imagens referentes à temática em questão.

As bibliotecas, instituições que tem o dever de preservar seu acervo histórico, também se utilizam

dos navegadores como meio de disponibilizar seus documentos ao público em geral e com isso

reduzir o manuseio decorrente da pesquisa in loco. Foi o avanço da tecnologia que permitiu a

disponibilização desses trabalhos por meio da reprodução digitalizada dos mesmos. O uso do

scanner, copiando os documentos para um espaço online, evita o manuseio excessivo de obras

bastante deterioradas pela ação do tempo. Algumas dessas obras têm, no seu original, difíceis

interpretações seja por serem manuscritas, pela fonte tipográfica ser de tamanho reduzido ou pela

dificuldade na tradução do idioma. Entretanto, a maioria delas possui condições de tradução e

pesquisa. Dessa maneira, a Biblioteca Nacional da França será nosso principal local para a pesquisa

de fontes primárias sobre o assunto.

Palavras-chave: Biblioteca Nacional da França. Fontes Primárias. Internet. Patrimônio Documental.

Dança

PEDRO FIGARI: OS ESQUECIDOS DA REPÚBLICA

Camila Ruskowski (Mestranda – PUCRS)

A proposta do atual projeto de dissertação se concentra em pesquisar a produção artística de Pedro

Figari, visando a análise de duas séries (de gaúchos e do candombe negro), em relação com a

produção vigente tanto artística quanto historiográfica oficial da República Uruguaia do início do

século XX. Nesse período onde ideais de construção de identidade-memória estão sendo

difundidos, as imagens oficiais e as produções do pintor uruguaio muitas vezes contrastam, dando

margem a um fecundo debate sobre construção de memória-identidade nacional e a visibilidade ou

ausência de tipos sociais. Busca-se aprofundar a investigação das relações semânticas entre a

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produção de Pedro Figari, com a difusão pictórica do gaúcho e do negro, com a produção oficial do

Estado e sua divulgação de identidade nacional e como estas se articulam enquanto discursos

políticos em obras historiográficas e artísticas. Investigando as motivações de obliteração e

reinterpretação de indivíduos que participaram ativamente no desenvolvimento da sociedade

uruguaia.

Palavras-chave: Pedro Figari; Tipos Sociais; Arte; Uruguai; Identidade.

SOBRE O BARROCO – QUESTÕES E PERSPECTIVAS

Cláudio Roberto Dornelles Remião (Doutorando – PUCRS)

Se há uma palavra que tomou um rumo surpreendente nos últimos cem anos esta foi o termo

barroco. Este vocábulo, que foi utilizado no Ocidente enquanto categoria estilística, noção atemporal,

período histórico, entre outros usos, no mais das vezes identificado às ideias de irregular, informal e

agitado, ao longo do século XX, foi motivo das mais diversas apropriações, que colaboraram

consideravelmente para sua polissemia. Hoje, se, com certeza, ainda encontra-se a categoria

barroco nos manuais escolares relacionada ao século XVII e figurando como a arte da

Contrarreforma – que se caracterizou por ser uma arte marcada por princípios dilemáticos e

contraditórios, por tentar conciliar um teocentrismo medieval e um antropocentrismo humanista,

como rezavam velhos livros – não é incomum ver-se por aí, a partir de generalidades extremamente

amplas, não raro de forte senso poético (dobra, curva, elipse), quem denomine de barroco os mais

disparatados e estranhos objetos, tais como “as pernas tortas de Garrincha”, “as circunvoluções de

Tostão” e a “improvisação de Pelé”. A presente comunicação tem por objetivo oferecer um panorama

geral acerca do debate atual sobre o barroco, de modo a discorrer sobre algumas questões

pertinentes ao estudo da noção bem como apresentar algumas perspectivas de abordagem relativas

ao uso dessa categoria.

Palavras-chave: barroco, arte, polissemia, história.

AS MULHERES NO MUNDO DA CRIAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA PENSAR AS TRAJETÓRIAS

FEMININAS NA HISTÓRIA DA ARTE

Cristine Tedesco (Doutoranda – UFRGS)

Neste artigo apresentaremos uma reflexão sobre a presença feminina na produção da arte no mundo

ocidental. Discutiremos também como se produziram os silêncios acerca da atuação das mulheres

em diferentes campos do conhecimento e as formas de legitimação do esquecimento do feminino,

tendo em vista que esses processos estão inscritos num período de longa duração, estiveram

presentes na construção simbólica da diferença entre os “sexos” e foram reforçados por discursos

religiosos e políticos. Nesse sentido, apresentaremos algumas fontes que podem contribuir com os

estudos sobre a presença feminina na produção artística em diferentes períodos históricos como, por

exemplo, a obra Storia Naturale de Plinio Gaio, o Velho (23/24-79 d.C.) e Le vite dei più eccellenti

scultori, pittori e architetti, obra que reúne parte dos estudos de Giorgio Vasari (1511-1574).

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Procuramos salientar que a atuação das mulheres artistas não as torna nem vítimas nem

heroínas de sua época, mas sim mulheres de seu tempo que não deixaram de viver em lugares

desafiadores. A pesquisa tem mostrado que as trajetórias de mulheres como Artemísia

Gentileschi (1593-1654), Lavínia Fontana (1552 -1614) e Sofonisba Anguissola (1531-1621), por

exemplo, nos sugerem uma perspectiva para além de um femininio fragilizado e preso ao lar,

pois construíram espaços de atuação que podem desestabilizar representações pré-

estabelecidas sobre a atuação das mulheres no mundo da criação artística.

Palavras-chave: Trajetórias. Gênero. Mulheres artistas. História da arte. História das mulheres.

APROXIMAÇÕES ENTRE HISTORIOGRAFIA DA ARTE E O PÓS- ESTRUTURALISMO:

CONVERGÊNCIAS TEÓRICAS DO FINAL DO SÉCULO XX

Diana Silveira de Almeida (Mestranda – UFPel)

Em meados da década de 60 a arte rompe com uma tradição: muda-se a necessidade de um objeto

de arte estar inserido em um estilo artístico específico. Isto porque algumas das manifestações

vigentes (happennings, performances, instalações) não se vêem enquadradas nas categorias e

pensamentos tradicionais da arte (pintura, escultura). A imagem que a arte apresenta passa a ser

“aberta a diferentes sensos de valor”, de modo a permitir “múltiplas interpretações e respostas

criativas” (WILLIAMS, 2013, pg. 36). O rompimento deste paradigma é uma das discussões

levantadas por uma vertente de pensamento filosófico em ascensão neste mesmo período: o pós-

estruturalismo. Enquanto que o estruturalismo compreende as normas como imposições dos limites,

o pós-estruturalismo procurará os efeitos dos limites. Em diálogo com as concepções pós-modernas,

a vertente irá trabalhar com as mudanças e reavaliações, de modo à investir na ruptura no senso

seguro de significado e à propor o foco nas transformações e não nas definições. Assim, colocará em

discussão postulados de verdade afirmados pela ciência, que por sua vez passa a ser considerada

uma construção interpretativa parcial. O pós-estruturalismo considera fatores como interpretação,

construção, discurso e texto, de modo que podem ser estabelecidas convergências com as teorias

que tratam a escrita da história e também da historiografia da arte. Ao considerar que esta última

precisa se adaptar aos novos paradigmas artísticos, este trabalho entende que as teorias pós-

estruturalistas podem ser um dos caminhos para a ampliação dos rendimentos historiográficos da

arte. Intenta-se, portanto, aproximar as duas áreas do saber procurando compreender as influências,

convergências e possibilidades relacionais dentre ambas.

Palavras-chave: Historiografia; História da Arte; Pós-estruturalismo

A CRIAÇÃO DA PINACOTECA APLUB DE ARTE RIO-GRANDENSE (1975)

Francine Kloeckner (Bacharel História da Arte)

A presente comunicação aborda o processo de instituição da Pinacoteca Aplub de Arte Rio-

Grandense (1975), tendo como foco os critérios e definições do perfil da coleção e o processo de

aquisições de obras para sua formação. Trata-se de uma coleção idealizada pelo médico e

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empresário Rolf Udo Zelmanowicz (1931), que apresenta em seu processo de formação uma estreita

relação do colecionador com a arte do Rio Grande do Sul. Em meu trabalho de conclusão de curso,

identifiquei as várias narrativas propostas para a coleção da Pinacoteca Aplub de Arte Rio-

Grandense, a partir dos princípios propostos por seu instituidor, Rolf Zelmanowicz. Além de discutir

aspectos relevantes sobre o contexto do sistema de arte no período em estudo e relações entre

colecionismo, museu, arte e história, abordei temas como a institucionalização de coleções e a

conversão de coleções privadas em museus privados. Na presente comunicação, porém, me

concentrei em abordar somente a instituição da Pinacoteca Aplub, aspectos de sua formação e

coleção, no período compreendido entre seu início até sua inauguração, em 1975, espaço de tempo

de sua consolidação.

Palavras-chave: Pinacoteca Aplub de Arte Rio-Grandense, Rolf Udo Zelmanovicz, Coleções de Arte,

Colecionismo, Arte no Rio Grande do Sul.

TECNOLOGIAS DO FAZER ARTÍSTICO: O CASO DAS GRAVURAS DE ANTOINE WATTEAU (1726–

1728)

Laura Ferrazza de Lima (Doutoranda – PUCRS)

A imagem é uma das tecnologias mais antigas utilizadas pelo homem, no entanto, mantem-se atual.

O interesse das imagens para o historiador vem ganhando força. Porém, é preciso refletir sobre esse

objeto para compreendê-lo de forma mais completa e complexa, não apenas como um documento

para a história, mas como um espaço vivo onde convivem diferentes tempos e memórias. Uma vez

que a proposta desse evento é discutir as novas tecnologias, proponho a discussão da imagem sob

um novo olhar. Em minha tese de doutorado trabalho com a relação entre a obra do artista francês

Antoine Watteau (1684 – 1721) e a moda. Essa última é outra tecnologia que não podemos chamar

de recente, mas que ainda precisa ser melhor estudada pelos historiadores. Aliando o estudo de

técnicas do fazer artístico como a pintura e a gravura e a maneira como os trajes são representados

por essas técnicas, proponho a presente comunicação.

Palavras-chave: História e Imagem; História da Arte; Gravuras de Moda; Arte francesa do século

XVIII.

OS GAÚCHOS DE QUIRÓS, FIGARI E WEINGÄRTNER: ENTRE TEMPOS E MEMÓRIAS

Luciana da Costa de Oliveira (Doutoranda – PUCRS)

O presente estudo objetiva analisar, dentre a vasta obra dos artistas Cesáreo Bernaldo de Quirós,

Pedro Figari e Pedro Weingärtner, três obras onde, afora a imagem do gaúcho ser o elemento

central, uma ampla rede de significações pode ser tecida. Assim, ao apresentar as pinturas Lanzas y

guitarras (1925), Duelo criollo (1920/30) e Gaúchos chimarreando (1911), respectivamente dos

artistas acima citados, pretende-se perceber os diferentes tempos e as múltiplas memórias de que

tais pinturas são portadoras. Mesmo que o gaúcho seja um elemento contemporâneo a esses

artistas, importa perceber que estes não são meras reproduções ou, também, simples

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representações do homem do campo. Cada artista, a partir da forma como percebeu e, igualmente,

trouxe tal temática e figura para seu campo de trabalho, o problematizou a partir de diferentes

questões. Além disso, a plástica dos pintores e os elementos que estiveram no entorno de tais

produções, constituem-se como elementos de grande relevância para a análise que se propõe.

Importa mencionar, por fim, que o estudo em questão é um recorte da pesquisa de doutorado que

objetiva problematizar a construção da imagem do gaúcho na arte platina e brasileira.

Palavras-chave: Gaúcho – Arte platina e brasileira – Cesáreo Bernaldo de Quirós – Pedro Figari –

Pedro Weingärtner

ST 2 – GÊNERO Coordenadores – Mônica Karawejczyk e Débora Soares Karpowicz

Sala 323 – Prédio 03 [26/05/15]

Manhã – 8h às 12h

A QUESTÃO DE GÊNERO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL: UMA INVESTIGAÇÃO A PARTIR DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1988 NO ESTUDO DE CASO DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE RIO GRANDE

Andréia Castro Dias (Mestranda em Direito e Justiça Social – FURG)

Giselda Siqueira da Silva Schneider (Mestranda em Direito e Justiça Social – FURG)

O presente estudo pretende refletir sobre a questão de gênero na Justiça Federal, investigando

acerca da trajetória histórica do tema a partir da Constituição Federal de 1988, data em que houve

considerável reestruturação dessa Justiça. Ao eleger tal marco cronológico, passa-se a verificar

acerca do ingresso de servidoras e juízas, bem como o acesso público de cidadãs em processos

judiciais no sentido de evidenciar o papel dessa instituição judiciária no tocante a realização da

justiça social, em especial do princípio da igualdade de gênero assegurado constitucionalmente. O

recorte regional para averiguação será o da Subseção Judiciária de Rio Grande, que integra a Seção

Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul. A metodologia adotada utiliza a pesquisa documental

aliada à revisão bibliográfica na perspectiva dos referenciais teóricos que adotam a categoria gênero

para análise. Conclui-se que houve uma ampliação no acesso das mulheres à Justiça Federal

consoante a própria ampliação do âmbito de atuação de tal Justiça desde 1988, além de

transformações significativas relacionadas à questão, a exemplo da Recomendação nº 42 de 2012

do Conselho Nacional de Justiça ao prever aos tribunais a adoção de linguagem inclusiva de gênero

quanto aos cargos ocupados por servidoras e magistradas.

Palavras-chave: Gênero; Justiça Federal; História; Igualdade; Rio Grande.

ELAS E ELES – AS RELAÇÕES DE PODER NA RESISTÊNCIA À DITADURA MILITAR

Ary Albuquerque Cavalcanti Junior - (Mestrando – UNEB)

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A presente comunicação faz parte da pesquisa de mestrado em desenvolvimento no Programa de

Pós Graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia que busca refletir

sobre as memorias de mulheres baianas na resistência a ditadura militar. No que tange a este

período da história do Brasil, este ano se completam 51 anos de sua instauração e nos últimos anos

presenciamos um “boom” de obras memorialistas sobre a ditadura civil-militar. Nesta perspectiva,

este trabalho busca apresentar as relações de poder existentes entre mulheres e homens na

resistência à ditadura civil-militar a partir de reflexões das obras até então pesquisadas e de

entrevistas realizadas na composição das fontes deste estudo. Logo, termos como submissão,

inversão da ordem, publico e privado são apenas alguns remetidos às mulheres no trato das relações

de poder intrínsecas aos movimentos de oposição à ditadura.

Palavras-chave: Ditadura – Mulheres – Homens- Gênero

AS EVAS TAMBÉM QUEREM A SUA PRÓPRIA ACADEMIA: CRIAÇÃO E (TRANS)FORMAÇÃO DA

ACADEMIA LITERÁRIA FEMININA DO RIO GRANDE DO SUL EM PORTO ALEGRE (1943-1973)

Camila Albani Petró (Mestranda – UFRGS)

O presente resumo trata do assunto do Trabalho de Conclusão de Curso e do Projeto de Dissertação

em História – ambos têm como objeto a Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul (ALFRS),

fundada em Porto Alegre no ano de 1943, e que segue em atividade na cidade. Inicialmente,

analisou-se a criação da instituição a partir dos conceitos do antropólogo Gilberto Velho, tendo como

questionamento central o projeto de instituição pretendido e possível de ser construído pelas

fundadoras, tomando a Porto Alegre da década de 1940 como um campo de possibilidades.

Pretendeu-se, portanto, compreender como se estruturou esta academia de letras exclusivamente de

mulheres e quais foram suas características iniciais, fazendo um estudo das biografias das

fundadoras e da atuação que lhes foi permitida tendo em vista as dimensões de gênero e de espaço

para as práticas literarias da cidade. A fundação da ALFRS teve repercussão no âmbito intelectual da

sociedade porto-alegrense, e mesmo que certos literatos não quisessem expressar nitidamente suas

opiniões sobre as mulheres escritoras e em relação à ação de criarem uma entidade formada

estritamente pelo sexo feminino, o fato é que, estas opiniões apareceram em cartas e reportagens

(algumas bem depreciativas e machistas). Contudo, é importante ressaltar que estas mulheres

faziam parte da elite e os privilégios de classe contribuíram no processo de constituição da entidade.

Esta investigação foi/é realizada através de documentação do acervo da ALFRS – mapear o projeto

–, bibliografia sobre o tema – formular o campo de possibilidades –, bem como compêndios

biobibliográficos – estudar as trajetórias. Atualmente a pesquisa busca pensar a atuação das

escritoras em Porto Alegre da década de 1940 a 1970, através da ALFRS, utilizando suas atas e a

revista Atenéia (órgão de intercâmbio cultural e de defesa dos interesses da ALFRS que circulou de

1949 até 1972).

Palavras-chave: Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul (ALFRS) – gênero – – mulheres

– escritoras – Porto Alegre.

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MULHERES, ESTADO E DISCURSO RELIGIOSO EM PORTUGAL - 1945 A 1970

Daniela Garces de Oliveira (Doutoranda – PUCRS)

Pensar nos regimes autoritários que partilharam ideais comuns em muitos espaços do mundo, requer

fazer um exercício de reflexão sobre os lugares dos sujeitos na História. Esse empreendimento de

pesquisa busca investigar e identificar as diversas matizes de um sujeito especifico: as mulheres.

Porém, dentro desse universo diverso que contempla variadas especificidades, cores, classes e

sexualidades, traremos a cena a mulher portuguesa aliada ao regime salazarista. Tomadas por

serem a parte débil da humanidade, elas precisariam ser educadas para melhor servirem a

sociedade em que viviam. Há portanto, que se explicitar que aqui o gênero adquire o papel de

organizador do social.Sempre lembradas e questionadas de seu papel, as mulheres nos regimes

autoritários ocuparam historicamente um lugar desviante, requerendo uma atenção especial para que

melhor executassem “seu papel”. Chamadas a obediência, elas foram convocadas, através do

discurso religioso, a serem o coração da casa, deixando o espaço público e a condução das grandes

decisões nas mãos dos homens. Foram igualmente chamadas a devotar o ditador, adquirindo um

papel central na manutenção do regime.O estudo que propomos nos assegura que discurso

autoritário e discurso religioso andavam de mãos dadas no contexto estudado. Reconhecido como

um dos principais cenários da igreja católica e do conservadorismo, Portugal nos parece um caso

pertinente para pensarmos Igreja, Estado e Mulheres. Com poucos estudos sobre esses elementos

chave na manutenção de um regime perpetrado na primeira metade do século XX e subsidiado com

toda sorte de associações e agremiações religiosas, vemos o Estado ganhar força através do

discurso religioso de rechaço a mulher no espaço público.

Palavras-chave: Mulher, Discurso Religioso, Salazarismo, imprensa, normatização

MILITÂNCIA DE MULHERES CONTRA A DITADURA E FORMAÇÃO DO MOVIMENTO FEMINISTA

NACIONAL: NOTAS DE UMA PESQUISA

Débora Strieder Kreuz (Mestranda – IFRS / Bagé)

A presente proposta de trabalho busca refletir sobre a relação entre a participação de mulheres nas

organizações de resistência à ditadura civil-militar e a formação do movimento feminista brasileiro,

sobretudo a partir de 1975. Acredita-se que a maior inserção política feminina, vista a partir dos anos

1960, mesmo no contexto repressivo em que se encontrava o país, foi de suma relevância para que

as discussões propostas pelo feminismo de Segunda Onda passassem a ser objeto de apropriação

pelas militantes. Como fonte para o trabalho utilizamos 3 depoimentos de mulheres que, após a

aniquilação dos seus grupos pelo governo ditatorial, dedicaram-se à articulação em torno de

demandas feministas, ainda no contexto autoritário. A análise é realizada a partir de dois conceitos –

o de gênero e o de memória. Entenderemos gênero de acordo com o que fala Joan Scott (1995),

para a qual o gênero é a primeira forma de significar as relações de poder, estabelecendo o que é

masculino e feminino. Já a memória, caracterizada como o ato de lembrar, refere-se a

acontecimentos passados articulados a partir do presente (POLLAK, 1989; CANDAU, 2012). Dessa

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maneira, intentamos compreender a forma como o movimento feminista brasileiro se organizou e

como a experiência de luta contra a ditadura das militantes auxiliou nesse processo.

Palavras-chave: Ditadura civil-militar; mulheres; feminismo; gênero; memória.

PARTEIRAS PAMPIANAS: MEMÓRIAS E TRANSFORMAÇÕES DO OFÍCIO DE PARTEJAR AO SUL

DO RS

Eduarda Borges da Silva (Mestranda – UFPel)

Este estudo aborda memórias de parteiras da metade Sul do RS, que partejaram em suas

comunidades sem nenhum tipo de amparo ou reconhecimento legal de seu ofício. As parteiras

entrevistadas são todas idosas com idades entre 65 e 96 anos e nenhuma atua mais. No Pampa há

uma condição particular, as parteiras estão em extinção, enquanto no Sudeste há o curso de

Obstetrícia da USP (muitas destas obstetrizes se denominam “parteiras contemporâneas”) e no

Nordeste, em muitas cidades pequenas, as parteiras são as principais responsáveis pelo

atendimento e algumas capacitações vêm sendo realizadas pelo Ministério da Saúde em parcerias

com ONGs. Como fontes nesta pesquisa são utilizadas a História Oral Temática com sete parteiras,

um médico que também foi coordenador da vigilância sanitária e uma atendente de Enfermagem,

Manuais de Capacitação para Parteiras, um Guia de Supervisão de Parteiras, legislações e

sites/blogs sobre parteiras. Em suma, pretende-se perceber os contrastes da atual condição das

parteiras da região Sul em relação às das Regiões Sudeste e Nordeste do país; observar as

narrativas quanto ao começo da atividade, atuação (saberes e práticas) e motivos que as levaram a

parar de partejar; definir e diferenciar os processos de higienização, industrialização e humanização

do parto nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, e contribuir à construção da História das

Mulheres e com os direitos das trabalhadoras.

Palavras-chave: Parteiras, memórias, higienização, industrialização, humanização.

AS MULHERES NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

Juliana Pacheco Borges da Silva (Mestranda – PUCRS)

O presente trabalho tem como objetivo expor a presença das mulheres na história da filosofia.

Mostrando que mesmo sendo escondidas e menosprezadas, elas existiram e fizeram diferença

dentro da filosofia. Devido a isto, surgiram estudos investigativos que se debruçaram nas teorias de

filósofos ocidentais, os quais demonstraram grande aversão às mulheres, colocando-as sempre

numa posição de inferioridade. Com isso, a ausência feminina no que tange o campo do

conhecimento filosófico foi reforçada pelos discursos - ainda que indiretamente - desses filósofos.

Assim, busca-se restituir, por meio de uma filosofia feminina, esta ausência, trazendo luz às

mulheres que foram e são obscurecidas.

Palavras-chave: Mulheres; História; Filosofia

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DITADURA DE SEGURANÇA NACIONAL NA ARGENTINA (1976-1983): A “VIRILIZAÇÃO” DA

IDENTIDADE FEMININA

Marluce Dias Fagundes (Graduada – Unilasalle)

Mariani Viegas Da Rocha (Graduada – Unilasalle)

Este presente trabalho tem como objeto de estudo o tratamento exercido sobre as presas políticas,

em especial as grávidas, correlacionando com os dos homens. Para isso, usamos o conceito de

gênero apresentado pela historiadora Joan Scott e aplicando-o ao contexto das Ditaduras de

Segurança Nacional da América Latina e dos mecanismos de Terror de Estado, tendo como foco

analítico específico à instaurada na Argentina. Este país que teve umas das ditaduras mais duras do

Cone Sul, principalmente a partir de 1976, com a presidência do General Jorge Rafael Videla. A

Argentina viveu sete anos de torturas, sequestros, assassinatos e desaparecimentos. Sendo este

último, o principal mecanismo de terror de Estado, executado por meio de centros clandestinos.

Apenas um ano depois da vigência do golpe, já havia 340 centros clandestinos. A participação

feminina na luta contra o regime chegava a somar 30% dos militantes desaparecidos (as) no período

compreendido por esta pesquisa. Além disso, a luta contra o machismo e valores patriarcais estava

em efervescência com a segunda onda do feminismo, quando a utilização dos espaços públicos e

controle sobre o próprio corpo era reivindicado por muitas mulheres em vários países do Ocidente.

No caso das presas políticas grávidas, fontes documentais como o Nunca Más, destacam o fato que

as mesmas não deixaram de ser vítimas de todo tipo de torturas físicas e psicológicas.

Palavras-chave: Ditadura de Segurança Nacional. Argentina. Gênero. Terror de Estado. Feminismo.

“MULHER DEVE VOTAR?” DO DECRETO N.19.459 AO CÓDIGO ELEITORAL DE 1932 NAS

PÁGINAS DOS JORNAIS "CORREIO DA MANHÃ" E "A NOITE"

Mônica Karawejczyk (Doutora – Fundação Biblioteca Nacional)

No primeiro dia de janeiro de 2015 tomou posse para o segundo mandado de Presidente da

República Federativa do Brasil uma mulher – Dilma Roussef. Se tal fato, hoje, não nos causa

estranheza, algumas décadas atrás seria inimaginável, pois durante muito tempo a esfera política e

pública foi vetada às mulheres, que ali eram vistas com estranheza e desconfiança. Um dos

primeiros atos administrativos de Dilma foi sancionar a Lei nº 13.086 de 8 de janeiro de 2015 que

incluiu no Calendário Oficial do Governo Federal o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil, 24

de fevereiro. Apesar desse reconhecimento oficial por parte do governo, o brasileiro, de um modo

geral, pouco conhece sobre essa importante conquista feminina. Este trabalho tem por objetivo

desvelar a discussão em prol da inclusão feminina no quesito eleitor deflagrada por um decreto de

Getúlio Vargas em dezembro de 1930. Quer-se assim apontar os principais argumentos defendidos

pelos que eram contra e a favor de tal inclusão. Essa discussão está preservada nas páginas da

imprensa brasileira e, nesse sentido, quer-se também apresentar o posicionamento de dois

importantes jornais que circulavam na capital federal da época, o Correio da Manhã e A Noite. O

marco temporal da pesquisa engloba os meses de dezembro de 1930 até fevereiro de 1932, data da

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aprovação do Código Eleitoral que reconheceu o direito de votar e serem votadas a todas as

brasileiras. Todo o trabalho de levantamento das fontes foi feito de forma on-line.

Palavras-chave: Voto feminino, Primeira República, Correio da Manhã, A Noite, imprensa.

LADIES NO BATENTE: A REPRESENTAÇÃO DO TRABALHO FEMININO NA REVISTA LADY: A

COMPANHEIRA DA MULHER (1956-1959)

Paula Rafaela da Silva (Doutoranda – PUCRS)

Essa comunicação visa apresentar alguns dos dados conclusivos da pesquisa que deu origem a

dissertação de mestrado com título: “Ladies no batente: a representação do trabalho feminino na

revista Lady: a companheira da mulher (1956-1959)”, concluída no ano de 2010, desenvolvida no

Programa de Pós-graduação em História da PUCRS, sob a orientação do Dr. Charles Monteiro com

financiamento de bolsa Capes. A pesquisa teve por principal objetivo analisar as reportagens da

revista ""Lady: a companheira da mulher”, publicada pela Editora Monumento S.A. cujo foco eram as

mulheres trabalhando e a partir dessas reportagens pensar questões referente a representação de

gênero e espaços ocupados pelas mulheres na década de 1950 de acordo com a visão editorial da

revista. A revista Lady, teve um período curto de publicação (1956-1959), mas abordou de maneira

bastante direta questões referentes a modernidade e a busca de desenvolvimento corresponde a

conjuntura que o Brasil vivia naquele período histórico, com uma linguagem intelectualizada e um

grupo de escritores/jornalistas de destaque nacional a revista teve uma publicação significativa para

o período com uma tiragem que variou entre 50 e 100mil exemplares. Dentre os dados obtidos estão:

os tipos de profissões que levaram as mulheres a adentrar no mercado de trabalho do período, as

circunstâncias que levavam elas a ocupar esses espaços e como elas eram representadas

exercendo suas funções nas reportagens das revistas.

Palavras-chave: imprensa feminina, gênero e representação

ST 3 – HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO Coordenador – Alexandre Pena Matos

Sala 307 – Prédio 03 [27/05/15]

Manhã – 8h às 12h

O CASARÃO DOS BERNARDES: UM PEDAÇO DA PORTO ALEGRE DO SÉCULO XX

Adriana Augusto Neves (Graduada Arquitetura – PUCRS)

Este trabalho tem por objetivo o resgate histórico e arquitetônico do Casarão construído em 1938,

pertencente à família Bernardes. Este Casarão localizado no bairro Lami, extremo sul de Porto

Alegre, foi sede da Fazenda do Senhor Luiz Vieira Bernardes, mais conhecido como Seu Lulu. Um

ilustre comerciante da região. A edificação, bem como seu antigo proprietário, assumem importante

papel por representar a história de progresso do bairro e da cidade.Com base nos depoimentos de

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parentes, amigos e conhecidos que presenciaram o cotidiano desta tradicional família que ali fixou

suas terras e com base num detalhado levantamento físico-visual da edificação, serão apresentados

dados sobre sua construção, cronologia arquitetônica e detalhes de sua arquitetura. Também será

utilizada pesquisa bibliográfica geral sobre o tema bem como consultas em acervo fotográfico e

documental, possibilitando revelar a história de um pedaço, ainda desconhecido, da Porto Alegre do

século XX.

Palavras-chave: Casarão; Família Bernardes; Lami;

A VEZ, A VOZ E A PALAVRA: RELATOS SOBRE O PROJETO “BIOGRAFIA A POSTERIORI” NO

MUSEU DO CENTRO HISTÓRICO CULTURAL SANTA CASA.

Amanda Mensch Eltz (Pós-graduanda – PUCRS)

Renata Dariva Costa (Graduanda – PUCRS)

Este trabalho visa relatar o projeto “Biografia a Posteriori”, programa de reconstrução da memória

histórica e social realizado no Museu Joaquim Francisco do Livramento, do Centro Histórico-Cultural

Santa Casa (CHCSC), através da Metodologia de História Oral. Partindo do princípio que não existe

patrimônio cultural museológico sem a ação humana de conferir valor, significado ou importância ao

artefato, vê-se no sujeito e na sua fala a voz interlocutória dos diferentes saberes, práticas, valores,

sentidos, usos e significados, tão fundamentais para o processo de reconstrução das memórias.

Tecer relações entre “Comunidade e Museu” é um fator extremamente importante, pois o espaço

museológico se torna assim um cenário de democratização da memória e lugar de transformação,

reconhecimento e representação social. Este programa “Biografia a Posteriori” objetiva entrevistar

personagens sociais que pertencem ou pertenceram as diferentes comunidades envolvidas

socialmente com a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (SCMPA). O projeto atualmente

possibilita a reconstrução do histórico de utilização dos bens materiais presentes no acervo do

Museu, como também, da identidade do local produtor desta cultura à SCMPA.

Palavras-chave: Memória. História. Metodologia da História Oral. Patrimônio. Museu.

FOTOGRAFIA E MEMÓRIA: A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO PELOTAS-CANGUÇU

Cristiano Gehrke (Doutorando – UPF)

O presente trabalho, tem como objetivo falar sobre o processo de construção da estrada de ferro que

ligava os municípios de Pelotas e Canguçu, localizados no sul do Rio Grande do Sul. Pretende-se

analisar como ocorreu o processo de instalação da estrada na região, cujo início remota ao ano de

1874 quando é feita a primeira referência à sua construção na documentação consultada. Inserida

dentro de um projeto nacional de modernização do país, que tinha como objetivo integrar as

diferentes regiões, e assim garantir a realização do projeto de nação desenvolvida, a estrada de ferro

Pelotas-Canguçu levou cerca de um século para ser concluída. Após a sua conclusão, a mesma

permaneceu em funcionamento por um período inferior a 20 anos. Desta forma, baseado na

documentação fotográfica e em relatos orais, preservados no Museu Etnográfico da Colônia Maciel,

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pretende-se fazer uma análise de como se deu o processo de instalação desta estrada de ferro,

quais foram os avanços que a mesma trouxe para a região, bem como os conflitos que foram

gerados durante a sua implantação e as principais motivações que levaram à sua desativação.

Palavras-chave: Fotografia – Memória – Ferrovia – Imigração Italiana – História Oral

MEMÓRIAS SOBRE A AÇÃO DE MADEIREIRAS NO MUNÍCIPIO DE CASCAVEL/PR

Daniele Brocardo (Mestranda – UNIOESTE)

Esta comunicação tem por objetivo apresentar parte de minha pesquisa desenvolvida no Mestrado.

Nesta pesquisa a análise se concentrou nas narrativas a respeito da ação das indústrias madeireiras

entre as décadas de 1950 a 1970 (período de maior atividade das madeireiras), no município de

Cascavel, localizado no oeste do Estado do Paraná. Destarte, procurou se explorar a análise de

narrativas orais, de alguns sujeitos que atuaram no setor madeireiro em tal período. Para tanto, a

metodologia utilizada consistiu na História Oral, assim, foram realizadas e analisadas entrevistas

produzidas no período de 2011 a 2013, com ex-proprietários e empregados do setor madeireiro.

Procurou-se a partir das entrevistas perceber quais eram as diferentes relações travadas pelas

madeireiras, com seus empregados, na extração das árvores, problematizando as diferentes

percepções sobre o meio natural e suas relações com os seres humanos e quais são as elaborações

sobre a paisagem. Investigou-se, ainda, as distintas percepções deste processo, pois, por mais que

todos os entrevistados tenham trabalhado junto as madeireiras, as percepções tendema ter

variações conforme as ocupações, se desempenhavam a atividade de gerente, serrador, contador,

entre outras. Neste sentido, as entrevistas foram realizadas com diferentes sujeitos, escolhidos em

função das diversas ocupações no trabalho de exploração da madeira. Além das entrevistas na

dissertação foram analisadas duas obras da historiografia local. Com objetivo de entender como a

ação das madeireiras em Cascavel vem sendo escrita e como ela é associada à história do

município. No entanto, nesta comunicação serão apenas trabalhadas as narrativas orais

Palavras-chave: Setor madeireiro; História Oral; Memórias; Desflorestamento.

O BIÊNIO DA COLONIZAÇÃO E IMIGRAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL: AS DIMENSÕES

POLÍTICAS DAS COMEMORAÇÕES

Tatiane de Lima (Mestranda – Unisinos)

O presente trabalho tem por objeto de estudo as comemorações do Biênio da Colonização e

Imigração no Rio Grande do Sul, ocorridas em 1974 e 1975. Estas celebrações são aqui entendidas

como atos de rememorar o passado através de representações simbólicas que buscam unificar e

guardar memórias. Nas comemorações do Biênio da Colonização e Imigração o principal objetivo foi

o de homenagear e agradecer aos imigrantes que fizeram parte da construção geográfica,

econômica, social e política do estado. Ao ser promovida pelo governo do Rio Grande do Sul, esta

celebração foi organizada tanto pelo poder público quanto por grupos da sociedade civil.

Entendemos que é através da memória que se reforça e/ou se constitui a identidade pessoal ou

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coletiva que permite aos sujeitos pensarem-se como parte de um determinado grupo, ficando a cargo

dos organizadores do Biênio vincular os atos celebrativos às memórias dos grupos imigrantes, de

seus descendentes e das cidades ligadas à empreitada imigratória. Calcado nos estudos acerca das

comemorações, buscaremos analisar os sentidos e sentimentos que moveram o Biênio da

Colonização e Imigração, seu processo de organização, os grupos sociais e poderes envolvidos, e

também a seleção de memórias feita nos momentos de comemorar. Trabalharemos com

documentos produzidos pelas Comissões Executivas de Homenagem de cada uma das etnias

vinculadas ao processo imigratório no Rio Grande do Sul e contempladas nos festejos, e também

com registros jornalísticos da época. Entender os sentidos que atravessam e são atribuídos a estas

celebrações é de suma importância para analisar a construção do imigrante homenageado na festa

que se denominou “Biênio da Colonização e Imigração no Rio Grande do Sul”.

Palavras-chave: Comemoração; Rio Grande do Sul; Imigração; Memória; Usos políticos do passado.

AS FESTIVIDADES EM HONRA AO DIVINO EM PONTA GROSSA/PR

Vanderley de Paula Rocha (Mestrando – Universidade Estadual de Ponta Grossa)

Em Ponta Grossa, cidade do interior do Paraná, a devoção ao Divino Espírito Santo teve início em

1882, quando, segundo a tradição, foi encontrada uma imagem sua, representada por uma pomba,

gravada em madeira. Portanto, o ponto principal de abordagem desse trabalho liga-se a festa em

honra ao Divino Espírito Santo, analisada enquanto um momento de afirmação da comunidade

religiosa e como um espaço de sociabilidade na cidade. Outro ponto abordado diz respeito às

relações observadas entre os devotos e o clérigo local, o primeiro representante de um catolicismo

devocional e popular, o segundo constituído do catolicismo institucional. Assim, tivemos como

objetivos: Entender o movimento devocional por meio da festividade religiosa e identificar a relação

que a Igreja Católica estabeleceu com essas práticas. Para tanto, utilizou-se como fontes periódicos

locais, ex-votos, folhetos das festas. Partiu-se dos pressupostos teóricos de Michel de Certeau e

Roger Chartier, sobretudo os conceitos de Táticas/Estratégias e Representação. A partir da análise

das fontes aparada no quadro teórico apresentamos nossas considerações sobre a temática

abordada, nesse sentido, compreendemos que é, através das rezas, das novenas, das procissões e

das festas que os devotos do Divino estabelecem ligação com o mundo sagrado. Percebeu-se que a

“Casa do Divino”, onde ocorrem às celebrações dedicadas ao Espírito Santo em Ponta Grossa

possui suma importância para os devotos, pois é considerado um “lugar sagrado”, usado pelos fiéis

como elo entre o mundo terreno e o mundo sagrado. Por fim compreendemos que a festa no

decorrer dos anos foi apropriada pela Igreja que, efetivamente, determinou os espaços de ocorrência

e as formas de expressão da mesma, remete, portanto, para o entendimento do exercício dos

poderes estabelecidos, do reconhecimento de papéis sociais, das hierarquias.

Palavras-chave: Festa religiosa, devoção, Divino, Igreja Católica, Ponta Grossa

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ST 4 – CIDADES E SOCIABILIDADES Coordenadores – Mariana Couto Gonçalves e Janete da Rocha

Machado

Sala 307 – Prédio 03 [26/05/15]

Manhã – 8h às 12h

PELOTAS EM CONSTRUÇÃO: UM ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇO URBANO E

SOCIAL PELOTENSE A PARTIR DAS ATAS DA CÂMARA MUNICIPAL, DE 1846 A 1860.

Elvis Silveira Simões (Graduado – IFSul Pelotas)

O presente trabalho foi elaborado como proposta de projeto de pesquisa, o qual estudará o município

de Pelotas no período de 1846 á 1860. Nestes anos, após a Revolução Farroupilha, a urbe permeou

um caminho de retomada em seu crescimento e desenvolvimento urbano. Sobretudo após o retorno

da autoridade administrativa da Câmara Municipal de Pelotas. Esta, que tornou-se, durante o século

XIX e início do XX, um dos maiores centros econômicos do Rio Grande do Sul por conta da atividade

charqueadora, produziu charque e diversos outros produtos que serviam para exportação, e

consumo de seus próprios habitantes. Contudo, com o advento da Revolução Farroupilha, há a

queda de sua produção, assim como a fuga de parte de sua população. A partir dos anos 40, antes

mesmo do fim da Revolução, Pelotas busca recomeçar suas relações comerciais. Retoma o

desenvolvimento seu espaço urbano, desenvolvendo suas estradas, para garantir a circulação de

sua principal matéria prima econômica, o gado. Atividades que retornavam para as mãos

administrativas da Câmara, a qual restabelecia sua autoridade frente à sociedade. O papel da

Câmara, aprovado para vilas e cidade, em outubro 1828, a posicionava como um sistema

administrativo municipal, que possuía as mais diversas funções. Suas atribuições abrangiam a

organização de cobrança de impostos, cuidar do reparo das estradas, saneamento público, limpeza

da cidade, zelo pela moral pública, entre outras questões pertinentes ao interesse público. Contudo,

na cidade de Pelotas, a Câmara só reabre suas portas a partir de abril de 1844. Esta proposta de

pesquisa parte exatamente deste momento ao final da guerra, abrangendo o período que vai de

1846 á 1860, buscando identificar os principais problemas que a cidade enfrentou, assim como as

ações da Câmara Municipal frente a tais questões. E, desta forma, contribuindo para uma melhor

compreensão do processo histórico da cidade de Pelotas.

Palavras-chave: Pelotas – Desenvolvimento Urbano – Sociedade – século XIX – Câmara Municipal

de Pelotas

TRANSGRESSORES DA MORAL: A POLÍCIA DA ORDEM E DA DESORDEM NA CIDADE DE

FORTALEZA (1916 – 1933)

Francisco Adilson Lopes da Silva (Mestrando – UECE)

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Esta pesquisa objetiva analisar a polícia na cidade de Fortaleza no início do século XX,

especificamente entre os anos de 1916 a 1933. Escolhemos Fortaleza por ter sido a cidade que mais

foi projetada no período como espaço irradiador de mudanças sócio-culturais, pelos políticos,

comerciantes, intelectuais, Chefes de polícia, etc. no Ceará. A cidade enquanto espaço de análise,

torna-se um cenário propício para o estudo de um órgão que teria, supostamente, como função

promover a ordem pública, no nosso caso, a polícia, posto que nela encontramos os mais diversos

discursos e as mais diferentes práticas para compreender as intricadas relações das pessoas com os

seus espaços de vivências; como também para compreensão da polícia enquanto elemento presente

na sociedade e “reguladora” da convivência. Nesse sentido, buscamos compreender as condutas

dos policiais em relação à transgressão em Fortaleza. Quanto ao nosso recorte temporal, iniciamos a

partir de 1916, por ser o ano que o presidente do Estado João Thomé de Saboya e Silva informou

pela lei nº 1395, de 02 de outubro de 1916, as regras para a Força Pública do Estado. Nesse

contexto também aconteceu a “Conferencia Judiciaria-Policial” no Rio de Janeiro, visando debater a

noção e organização da polícia no Brasil. A pesquisa vai até 1933, por ser o ano que foi editado o

Código Municipal de Fortaleza, pela Tipografia Minerva, estabelecendo condutas para a cidade, de

acordo com o que determinou o Decreto nº 70 de 13 de dezembro de 1932. Lembrando, que os

recortes temporais estão marcados pela presença da seca, iniciamos logo após a seca de 1915 e

terminamos depois da seca de 1932, pois as secas alteraram o cenário urbano de Fortaleza, cenário

em que circulavam os policiais.

Palavras-chave: Polícia, Cidade, Transgressão, Fortaleza, Estado.

OS PRIMÓRDIOS DA ZONA SUL DE PORTO ALEGRE: DA SESMARIA DE DIONÍSIO RODRIGUES

MENDES ÀS CHÁCARAS DE ANTIGOS ESTANCIEIROS

Janete da Rocha Machado (Mestre – PUCRS)

No início do século dezenove, as terras onde hoje está a Zona Sul de Porto Alegre faziam parte de

uma imensa zona rural da cidade. Originária da primeira sesmaria doada ainda no século dezoito, o

local se configurou em grandes extensões de terras, em cujas fazendas se cultivavam arroz, milho,

aipim e frutas, além da criação de gado leiteiro. Isso só era possível devido à irrigação pelos arroios

Capivara, Cavalhada e Salso, os quais proporcionavam fertilidade à região e, portanto, condições

favoráveis para a agricultura e pecuária. Eram os limites dessas terras produtivas e apresentavam

águas límpidas e cristalinas, perfeitas para o uso. Assim como eram limpas também as águas do rio,

o que motivou, tempos mais tarde, o uso da região para o lazer e o veraneio. Desta forma, a

proposta deste trabalho foi analisar os primórdios desta região, banhada pelo Lago Guaíba e

escolhida pelo porto-alegrense para o recreio na primeira metade do século vinte.

Palavras-chave: Zona Sul de Porto Alegre – Os primórdios – Veraneio e Lazer

AS REPRESENTAÇÕES DA CIDADE DE PELOTAS NA OBRA LITERÁRIA A VERTIGEM DE JORGE

SALIS GOULART (1925)

Mariana Couto Gonçalves (Doutoranda – Unisinos)

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As cidades serviram de inspiração para diversos literatos ao longo dos séculos, na medida em que

acolhem indivíduos e suas relações sociais, comportamentos, hábitos, personagens, ruas, prédios,

praças e aspectos do cotidiano. Dessa forma, os escritores tornam-se mais livres para narrar a urbe

à sua maneira, deixando transparecer a sensibilidade e o imaginário em sua narrativa. Nesse

sentido, a presente comunicação tem como objetivo apresentar o romance A Vertigem, escrito em

1925 pelo bageense Jorge Salis Goulart, compreendendo as suas representações sobre a cidade de

Pelotas, destacando os aspectos elitistas e conservadores do autor. Ao narrar o romance do casal

Marina e Alfredo, Goulart apresenta a sua visão sobre a Princesa do Sul, servindo como fonte

histórica para o historiador a partir da discussão que cerca a literatura e a história, ampliando o

debate sobre da urbanidade pelotense.

Palavras-chave: A Vertigem, Jorge Salis Goulart, Pelotas, Literatura, Cidade

ALTERAÇÕES FÍSICO-ESPACIAIS E APROPRIAÇÃO SOCIAL NA CONSOLIDAÇÃO DO LAZER

NOTURNO NO BAIRRO CIDADE BAIXA/ PORTO ALEGRE – 1995-2015

Vanessi Reis (Doutoranda Arquitetura – UFRGS)

O bairro Cidade Baixa consolidou-se como lugar de sociabilizações noturnas, consagrando-se

espaço reconhecível em nível urbano, destacando-se de outras áreas congêneres pela apropriação

social que o caracteriza. A região estruturou-se com farto conjunto de serviços e comércios que

suprem sua população de classe média. A proximidade à Universidade Federal do Rio Grande do Sul

incentivou a instalação de Casas de Estudantes em seu território e, consequentemente, o

desenvolvimento de comércio de alimentação e lazer.O fechamento dos bares mais próximos à

Universidade, no Bairro Bom Fim, ao final da Ditadura, ocasionou uma migração do público a este

espaço. O bairro se adaptou a esta migração, entre 1985 e 1995, aumentando lentamente seus

espaços de lazer. Entre 1995 e 2005, o número de espaços cresceu fortemente, e foram

caracterizados pelo transbordamento social de seus interiores, e pela demarcação do território, em

seu exterior, pela apropriação humana, de diversos grupos. As fachadas estavam sofrendo

rompimentos à necessidade de maior interface de interação entre interior e exterior. As calçadas

foram tomadas por cadeiras, com uso semelhante ao interno; por pessoas em pé, se alimentando e

fruindo a vitalidade da rua e/ou pela ocupação em filas de espera para entrada em locais

fechados.Entre 2005 e 2015, percebe-se modificação arquitetônica para atender a demanda do

público, às calçadas. Muitos bares adaptam seus interiores aos exteriores, constituindo espaços

híbridos onde as características espaciais se fundem numa paisagem única. Esta ocupação se dá

por uma forte abertura da fachada e pelo uso de mobiliário. Em locais onde a permanência se dava

pelo público em pé, há preservação deste comportamento. Nos espaços onde a permanência era

somente por fila, houve fusão de espaços internos de mais de um bar em um único estabelecimento,

e a espera na rua é mantida, ainda que espacialmente desnecessária, para marketing local.O

presente artigo trata do desenvolvimento destas apropriações sociais e alterações físico-espaciais

que refletem na História da Cidade e do Bairro Cidade Baixa.

Palavras-chave: História Cultural; Sociabilidades; Alterações Tipológicas; Bares; Cidade Baixa.

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A MUNICIPALIDADE E O GOVERNO DA CIDADE: PROPOSTA DE ESTUDO E ESCRITA

HISTORIOGRÁFICA (RECIFE, 1829-1849)

Williams Andrade de Souza (Doutorando – Unisinos)

Nesta comunicação discutiremos o percurso e os procedimentos teórico-metodológicos para a

elaboração do projeto de pesquisa que deu origem à escrita da dissertação de mestrado defendida

em 2012 no programa de pós graduação em história da Universidade Federal Rural de Pernambuco,

intitulada: “Administração, normatização e civilidade: a Câmara Municipal do Recife e o governo da

cidade (1829-1849). Apresentaremos a proposta de estudo e o resultado escriturário sobre esta

instituição e sua administração na primeira metade do XIX, que nos possibilitou pensar a

municipalidade e a governança da cidade no período em tela. Indicamos que, através da leitura e

análise de variados documentos – leis, editais, posturas municipais, atas de reuniões, artigos,

noticias de jornais, ofícios e fontes bibliográficas diversas, é possível apontar alguns indícios e sinais

–, como sugere Carlo Ginzburg, das práticas político-administrativas exercida pelas elites presentes

naquela instituição, e apontar a existência ainda de certa vitalidade e poder de influência quelhes

proporcionavam uma importâncias para além das suas funções governativas, e faziam delas

instâncias normativas e civilizacionais significativas no contexto de formação e consolidação de

Estado nacional brasileiro de então.

Palavras-chave: Municipalidade; governo da cidade; Recife; proposta de estudo; escrita

historiográfica.

ST 5 – IBERO-AMÉRICA: ESTUDOS E CONFLUÊNCIAS Coordenador – Fernando Comiran

Sala 503 – Prédio 05 [26/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

ENTRE A METRÓPOLE E A COLÔNIA: AS RELAÇÕES COMERCIAIS SOB A ÓTICA

MANUFATUREIRA PORTUGUESA SETECENTISTA

Alex Faverzani da Luz (Doutorando – PUCRS)

Após a segunda metade do século XVIII, Portugal passa a experimentar transformações que irão

marcar a história econômica portuguesa. Em 1750, quando Sebastião José de Carvalho e Melo, o

futuro Marquês de Pombal assume a pasta ministerial do Reino, desencadeiam-se medidas de cunho

mercantilista e fiscalista, na tentativa de reprimir o tráfico ultramarino e garantir com maior eficiência

a arrecadação fiscal. Na Colônia, criam-se a Companhia do Grão Pará e Maranhão em 1755, e a

Companhia Geral de Pernambuco e da Paraíba em 1759, com vistas a assegurar o monopólio

mercantil na América Portuguesa, além de limitar a atuação de negociantes estrangeiros em solo

luso-brasileiro. Na Metrópole, fomenta-se o incentivo às manufaturas, inicialmente através dos

Estatutos da Fábrica das Sedas de 1757, em que se pretendia incentivar a produção interna e

reduzir as despesas com importações. Assim, com a pesquisa em epígrafe, busca-se enfatizar tais

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medidas e características mercantis no âmbito do Império Colonial Português, bem como sua

interação comercial com a Colônia por intermédio das manufaturas criadas durante a Era Pombalina.

Palavras-chave: América Portuguesa, Metrópole, Época Pombalina, Manufaturas, relações

comerciais.

O CONGRESSO DE VIENA E OS PAÍSES IBÉRICOS: APONTAMENTOS INICIAIS PARA UMA

HISTÓRIA CRUZADA

Fernando Comiran (Doutorando – PUCRS)

O Congresso de Viena, que teve seu encontro máximo no ano de 1815, deu-se com o propósito de

reorganizar o sistema internacional após as guerras napoleônicas. E sobre isso a historiografia muito

abordou, sobretudo, dando ênfase às articulações entre as grandes potências que se encontraram

no Congresso. Não é diretamente sobre estes atores que o presente trabalho se debruça: nesta

proposta o interesse é pelos atores politicamente menores deste evento, em especial, aos países

ibéricos: Espanha Portugal. Ambos, historicamente centrais nos grandes eventos posteriores do

sistema internacional, após serem importante e decisivo palco das guerras napoleônicas, se dirigiram

à Viena como forças secundárias do novo contexto político que se inaugurava. Do mesmo modo,

tanto espanhóis como portugueses, ainda detentores de amplos territórios para “além mar”,

enfrentavam ambientes políticos instáveis em suas colônias, em especial na América, onde brotavam

os movimentos de emancipação política. O Congresso de Viena, deste modo, teve em seu espaço,

demandas específicas em relação à Espanha e Portugal e, desta forma, diretamente ligadas ao

espaço e ao contexto político sul americano. Este trabalho, visto como um exercício de

problematização do objeto de pesquisa, procura conectar os interesses da política internacional para

além das grandes potências do Congresso, articulando com os debates maiores, as demandas

espanholas e portuguesas e suas interfaces sul americanas. Por fim, o trabalha apresenta um olhar

sobre os interesses em disputa pelos países ibéricos, no contexto do Congresso de Viena, a partir de

uma história conectada. A península ibérica, a América meridional, o Caribe, algumas ilhas

atlânticas, certos enclaves africanos e, até mesmo territórios italianos estiveram, pelas mãos da

diplomacia ibérica, muito mais próximos do que se possa imaginar.

Palavras-chave: Congresso de Viena; Espanha; Portugal; América Meridional; História das Relações

Internacionais.

OPULÊNCIA PORTENHA: EMBATE POLÍTICO E CRISE NA FORMAÇÃO DA ARGENTINA

MODERNA (1880-1912)

Henrique de Aro Silva (Mestrando – UFRGS)

Em meados da última década do Século XIX, Buenos Aires torna-se epicentro de contestação

política. Em meio a um cenário de crescimento econômico, a decadência do Regime Oligárquico

ganha, então, novos elementos. O fenômeno da imigração, além de trazer na bagagem as ideias do

Socialismo e do Anarquismo, revela, também, o início de uma crise de representação que se acentua

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devido ao aumento dos problemas urbanos. Na onda desse descontentamento, movimentos que vão

contra o regime oligárquico acumularam forças, como é o caso do Radicalismo. O presente artigo

objetiva compreender a contribuição dos sujeitos, ditos marginais, analisando como esses conflitos

acabaram por configurar uma nova mentalidade política. Para contemplar a análise desses discursos

aqui colocados, toma-se a obra de J.G.A. Pocock, no que tange sua análise das linguagens e

discursos políticos, por natureza, ambivalentes. Também se faz necessário ressaltar a análise de

Beatriz Sarlo e Pierre Bourdieu, no que diz respeito à configuração de Buenos Aires como centro de

uma sociedade fundada na cultura de mescla, juntamente ao que diz respeito às concepções de

capital cultural e da violência simbólica, em relação à relevância da Cultura Política Marginal,

proveniente dos conventillos portenhos, que, somada aos citados acontecimentos, ajudou a

caracterizar um cenário de embate ideológico, que ainda contaria com novos elementos, como a

Huelga de Inquilinos de 1907.

Palavras-chave: Buenos Aires, Cultura Política, conventillos.

A CONSTRUÇÃO DO CÂNONE LITERÁRIO ARGENTINO NO INÍCIO DO SÉCULO XX: UMA

HISTÓRIA DE DISPUTAS E SILENCIAMENTOS EM NOME DA NARRATIVA NACIONAL

Ivia Minelli (Doutoranda – Unicamp)

A proposta dessa comunicação é analisar um momento da história argentina em que os embates

pela canonização literária coincidem com um novo momento político e cultural, frente às questões

modernistas da virada do século XIX para o XX. As novas articulações do período favoreceram a

proliferação da literatura criollista, sendo que a herança da voz gaucha perfilava como voz popular e,

por isso, teria sido silenciada por um campo intelectual deflagrador dos dispositivos culturais. Assim,

torna-se importante construir um diálogo crítico entre produção gauchesca e articulações da elite

intelectual, resgatando as particularidades dos folletos gauchescos e das revistas criollas frente aos

discursos modernos em consolidação nas proximidades do Centenário de independência do país.

Palavras-chave: Argentina, Centenário, cânone literário, literatura criollista

ELEMENTOS NATURAIS NOS RELATOS DE VIAJANTES: REFLEXÕES PARA A FRONTEIRA

PLATINA E A FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS

João Davi Oliveira Minuzzi (Mestrando – UFSM)

O território brasileiro foi explorado por inúmeros viajantes europeus nos primeiros anos do século

XIX. Durante essas viagens foram criados relatos diversos que nos permitiram pesquisar sobre

temas variados sobre o período. Muito utilizados pela historiografia, os relatos dos viajantes não

deixaram de influenciar no pensamento e na construção de ideias sobre o Brasil, mesmo porque

estes viajantes traziam um olhar diferente e acabavam encontrando outras formas de pensar,

servindo assim como receptores e dispersores de pensamentos sobre o território percorrido. A

influência de seus escritos perpassa assim o período em que viveram, porque ao serem apropriados

nos estudos historiográficos acabaram influenciando no passado mais recente e no presente.

Page 30: II Encontro de Pesquisas Históricas PUCRS · Apresentação É com satisfação que apresentamos o Caderno de Resumos do II Encontro de Pesquisas Históricas da Pontifícia Universidade

Neste trabalho procurarei discutir como esta fonte pode ser utilizada para compreendermos melhor o

período e, especialmente, refletirmos o processo de formação dos Estados Nacionais e suas

identidades a partir dos elementos naturais que compõem os espaços fronteiriços. Considerando que

a natureza é apropriada e por vezes serve como justificativa a ideias indenitárias e nacionalistas. O

recorte espacial deste trabalho se dá sobre as regiões do bioma pampa percorridas por viajantes do

início do século XIX, sendo parte importante da zona platina que neste contexto estava passando por

um processo de criação e efetivação de vários projetos de Estados Nacionais.

Palavras-chave: Relatos de Viajantes; História Ambiental; Pampa; Fronteira; Estados Nacionais.

O TERRITÓRIO COMO BASE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE PODER: ALGUMAS REFLEXÕES

Pablo Rodrigues Dobke (Doutorando – UFSM)

Michele de Oliveira Casali (Graduanda – UFSM)

Esta comunicação visa ampliar a reflexão acerca do território como um lugar de poder a partir das

relações sociais. Para tanto, nos deteremos a um exame de obras bibliográficas que nos auxiliem a

repensar esta categoria de análise visando os distintos projetos de pesquisa dos autores, sendo

estes vinculados ao projeto “História da América Platina e os processos de construção e

consolidação dos Estados Nacionais do século XIX e início do século XX”, coordenado pela Prof.ª

Dr.ª Maria Medianeira Padoin, estando ainda integrado ao Grupo de Pesquisa CNPq/UFSM “História

Platina: sociedade, poder e instituições” e ao Comitê “História, Regiões e Fronteiras” da Asociación

de Universidades del Grupo Montevideo (AUGM). Assim, este trabalho refere-se à pesquisa de

Doutorado desenvolvida na Linha de Pesquisa “Sociedade, Fronteira e Politica” do Programa de Pós-

Graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e integrado com atividades

de pesquisa de iniciação científica com bolsa PIBIC/UFSM/CNPq.

Palavras-chave: Território, Relações sociais de poder, História Platina.

A ÉTICA E A MORAL RODONIANA PARA A AMÉRICA LATINA

Renata Baldin Maciel (Doutoranda – UFSM)

José Enrique Rodó (1871-1917)foi um intelectual uruguaio que problematizou a situação da América

Latina na civilização ocidental especialmente em Ariel (1900), sua obra mais conhecida. Nesse

sentido, pode-se dizer que os modelos de civilização constituídos pela tríade América Latina –

Estados Unidos – Europa, o emprego das personagens de W. Shakespeare como arquétipos em

termos humanos, utilizados para se pensar a civilização ocidental, a rejeição ao espírito utilitário cuja

principal encarnação seria os Estados Unidos, as críticas à democracia de sua época, o apelo à

juventude, a ideia de progresso, a defesa da tradição de raça e o apresso aos valores da Grécia

Clássica e do Cristianismo constituem a expressão máxima da sua filosofia da história. Dessa forma,

o objetivo desse artigo é expor os componentes éticos e morais de sua narrativa histórica que

demonstram seu empenho em consolidar um lugar para América Latina no mundo Ocidental. Em sua

perspectiva progressista, a juventude seria a responsável pela evolução e pelo aperfeiçoamento dos

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valores da sociedade enquanto que a tríade América Latina – Estados Unidos -Europa representaria

o núcleo da formação identitária denominada “Euro-Latino-América”. Esses, por sua vez, podem ser

considerados os pontos de partida para compreensão da problemática moral “do que devemos

fazer?” e ética “do Por que devemos?” enquanto latino-americanos.

Palavras-chave: História das Ideias. José Enrique Rodó. Ética. Moral. América Latina.

NOTAS SOBRE OS USOS DO BRASIL NA REFLEXÃO DA “GERAÇÃO DE 70” PORTUGUESA

Rômulo de Jesus Farias Brito (Doutorando – PUCRS)

Nesta comunicação, pretende-se apresentar e analisar certas reflexões realizadas por intelectuais

ligados à chamada “geração de 70” portuguesa, que empregaram de alguma forma o Brasil em suas

argumentações durante análises sobre a sociedade de Portugal ao final do século XIX. As obras

específicas em estudo se referem a um trecho do segundo discurso proferido por Antero de Quental

nas Conferências do Casino (1871), a um segmento da edição de fevereiro da publicação mensal As

Farpas, de Eça de Queiroz (1872) e a um conjunto de caricaturas produzidas por Raphael Bordallo

Pinheiro entre 1889 e 1890 no periódico Pontos nos II. O grupo ao qual estavam alinhados estes

autores visava uma transformação política e cultural em Portugal através da livre discussão de

ideias. Apesar das diferentes conexões estabelecidas entre os dois países nos referidos

documentos, todas encontravam como eixo o passado comum das duas nações e se inseriam em

uma concepção de temporalidade dominante nas interpretações sobre as nações ao final do

Oitocentos. Através de sua análise, pretende-se demonstrar a permanência do Brasil no escopo de

intelectuais portugueses, mesmo após a emancipação política, e elucidar as formas com que o país

foi empregado nas ponderações sobre várias esferas da sociedade portuguesa.

Palavras-chave: História de Portugal, Intelectuais, Relações Luso-Brasileiras, Identidade Nacional

ST 6 – ESTADOS UNIDOS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Coordenador – Kellen Bammann

Sala 307 – Prédio 03 [26/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

POR QUEM ELE LUTOU? REPRESENTAÇÕES DO HERÓI NA REVISTA CAPTAIN AMERICA

COMICS (1941 – 1943)

Gustavo Silveira Ribeiro (Pós-graduando – IFSul)

Este texto é um recorte do meu trabalho de conclusão de curso em que analisei as representações

sobre a política estadunidense nas revistas em quadrinhos do Capitão América, publicadas pela

editora Timley nos Estados Unidos entre 1941 e 1943. Foram analisados vinte e dois números, como

os quadrinhos são uma fonte relativamente nova na pesquisa em história foi necessário criar uma

metodologia de análise. Para isso, recorri a quadrinistas que escreveram sobre quadrinhos como Will

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Eisner e Rubén Varillas e, também, a autores pautados nos estudos culturais. Durante a pesquisa

entendeu-se que, apesar de se tratar de um personagem de histórias ficcionais, enquanto uma

representação daquilo que era considerado o ideal de herói naquele momento, podemos

compreender pela sua análise os valores e condutas associados a masculinidade. As mídias em

geral e, portanto, os quadrinhos, fornecem representações daquilo que as pessoas poderão utilizar

para moldar suas identidades, seu senso de mundo e aprendem a dividir o “nós e o “eles”. Assim, as

histórias do Capitão América não continham apenas representações sobre a política estadunidense

que objetivavam influenciar a opinião política de seus leitores. Elas continham, também,

representações culturais sobre as masculinidades de seu tempo, sendo seu maior expoente o herói

que dava nome a revista: o Capitão América.

Palavras-chave: História, quadrinhos, política, mídias, cultura.

OS ANOS 1950 NA VITRINE: CONSUMO E MODERNIDADE NO BRASIL

Kellen Bammann (Doutoranda – PUCRS)

O presente trabalho intitulado “Os anos 1950 na vitrine: consumo e modernidade no Brasil” faz parte

da pesquisa que esta sendo desenvolvida para a tese de doutorado junto ao Programa de Pós-

Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. O trabalho tem como

tema as campanhas publicitárias veiculadas nos dois periódicos de maior circulação e vendagem

nacional durante a década de 1950 no Brasil: O Cruzeiro e Manchete. O objetivo do trabalho é

analisar as peças publicitárias veiculadas por grandes anunciantes nacionais e estrangeiros

presentes nas páginas dos periódicos como espaços de oferta de produtos de consumo. Produtos

estes que inundam o país nos anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Desse modo,

defende-se que as páginas dos dois referidos periódicos tem o papel de apresentar e divulgar os

diversos produtos ditos modernos para os consumidores brasileiros. Ao folhear as páginas de O

Cruzeiro e Manchete o leitor-consumidor passava a contemplar as peças publicitárias como modelos

de modernidade a serem copiados. Neste sentido, compreende-se a as campanhas publicitárias

veiculadas nas páginas das duas revistas brasileiras como vitrines da modernidade a ser consumida

e reproduzida. Desta forma, a análise procura expor o papel dos anúncios publicitários como vitrines

da modernidade que invade o Brasil a partir dos anos iniciais da década de 1950.

Palavras-chave: Brasil – Consumo – História do consumo – 1950

A INTERAÇÃO DE UM CONVÍVIO: “AMERICAN WAY OF LIFE”, BOA VIZINHANÇA E NOVOS

COSTUMES NA FORTALEZA DA DÉCADA DE 1940.

Reverson Nascimento Paula (Mestrando – UECE)

Neste trabalho pretendemos compreender o processo de intensificação da influência norte-

americana nos costumes das classes abastadas fortalezenses no período de 1942 a 1945, durante a

Segunda Guerra Mundial. O recorte temporal se justifica, respectivamente, através do ano de

instalação das bases militares norte-americanas e do fechamento das mesmas, período que

Page 33: II Encontro de Pesquisas Históricas PUCRS · Apresentação É com satisfação que apresentamos o Caderno de Resumos do II Encontro de Pesquisas Históricas da Pontifícia Universidade

compreendemos como apogeu do processo de influência estadunidense em terras alencarinas,

tendo em vista a convivência entre soldados norte-americanos e parte da população fortalezense.

Assim, pretendemos refletir sobre as transformações das relações sociais e das práticas culturais

das classes abastadas fortalezenses, levando em consideração as contradições deste dicotômico

processo. Através do cruzamento de fontes como os anuários, os livros de memórias e os periódicos

(O Nordeste, O Povo e o Unitário), tentaremos compreender este processo levando em consideração

o lugar social (CERTEAU, 1982) dos responsáveis pela produção das fontes que elegemos. Assim,

nossa pesquisa se torna um campo fértil para discussões em torno de conceitos como processo

civilizador (ELIAS, 2011), táticas e estratégias (CERTEAU, 1994) e tradução cultural (BURKE, 2009).

Nosso objeto ganha relevância na problematização do cotidiano através do desenvolvimento das

transformações das relações sociais e das práticas culturais existentes. Discutiremos em um primeiro

momento a aproximação entre Brasil e Estados Unidos no contexto deste conflito, passando pela

participação do Brasil ao lado dos aliados, da instalação de bases norte-americanas em Fortaleza, do

convivo com os soldados estadunidenses e da incorporação de costumes norte-americanos. Em um

segundo momento, analisaremos como estes acontecimentos, juntamente com o “American Way of

Life” e a Política de Boa Vizinhança permitiram a solidificação desta influência cultural estadunidense

em Fortaleza, assim influenciando o vestuário, a alimentação, o idioma e os utensílios utilizados por

esses setores de maior poder econômico.

Palavras-chave: Segunda Guerra. Estados Unidos. Influência. Cotidiano. Fortaleza.

ENTRE O AMERICAN WAY OF LIFE E O ANTICOMUNISMO: ESPECTROS DA PRODUÇÃO

CULTURAL DO ICBNA EM PORTO ALEGRE/RS (1950 – 1985)

Rodrigo Vieira Pinnow (Doutorando – Unisinos)

Durante o pós-guerra, os Estados Unidos utilizou diversas estratégias para conter o comunismo na

América Latina. Dentre elas, houve a expansão dos centros binacionais espalhados pelo continente

latino-americano, chancelados pela embaixada dos Estados Unidos, com interação entre as elites

intelectuais dos países e os respectivos representantes estadunidenses. Esses centros possuíam

canais diretos com as embaixadas norte-americanas, tornando-se respectivamente difusores do

American Way of Life. As elites que fundaram os centros binacionais no Brasil e nos demais países

da América Latina possuíam interesses bem definidos quanto à aproximação com as respectivas

instituições, em função das oportunidades que surgiam, tais como: cursos de inglês, intercâmbios,

bolsas de estudo, exposições e apresentações artísticas. Nesse sentido, a presente comunicação

tem como objetivo apresentar os espectros da cultura estadunidense na cidade de Porto Alegre

através das fontes do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano (ICBNA) entre 1950 e 1985.

Dessa forma, busca-se evidenciar que boa parte da historiografia sobre o período citado não

consideram as relações entre as elites latino-americanas, centros binacionais, embaixadas e seus

agentes como parte da estratégia de influência cultural e ideológica no que se convencionou chamar

de Guerra Fria.

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Palavras-chave: América Latina, American Way Of Life, Centros Binacionais, Estados Unidos, Guerra

Fria.

OS DIREITOS HUMANOS COMO A ALMA DA POLÍTICA EXTERNA: JIMMY CARTER E A

DIPLOMACIA AMERICANA PARA O CHILE

Waldemar Dalenogare Neto (Mestrando – PUCRS)

Este trabalho visa abordar como o presidente americano Jimmy Carter (1977-1981) reorganizou seu

corpo diplomático e abdicou da realpolitik de Henry Kissinger empregada nos governos de Nixon e

Ford para colocar a luta pelos direitos humanos como base principal de sua política externa. Com

base na documentação liberada em 2013 pelo Departamento de Estado norte-americano, busco

apresentar como os Estados Unidos deixaram de apoiar cegamente a ditadura comandada pelo

General Augusto Pinochet para exercer uma forte pressão pelo fechamento da DINA – agência de

inteligência que era o instrumento de terrorismo de Estado do Chile – e efetivou duras sanções

econômicas após Pinochet não se comprometer em seguir acordos firmados na ONU para diminuir

consideravelmente as acusações de violações dos direitos humanos.

Palavras-chave: Política externa; História dos Estados Unidos; Relações Internacionais; Ditaduras;

ST 7 – HISTÓRIA E EDUCAÇÃO Coordenadores – Débora Soares Karpowicz e Wanessa Tag Wendt

Sala 323 – Prédio 03 [27/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

A FOTOGRAFIA DAS PICHAÇÕES NAS PAREDES DO COLÉGIO ESTADUAL SENADOR ALBERTO

PASQUALINI: SENSIBILIDADES PARA UMA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Célia Margela Arnold (Mestranda – Unilasalle)

A pesquisa intitulada, A fotografia das pichações nas paredes do Colégio Estadual Senador Alberto

Pasqualini: sensibilidades para uma educação patrimonial, está inserida na linha de pesquisa

Memória, Cultura e Identidade do Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais da

Universidade La Salle. Objetiva dar visibilidade a uma das mais importantes construções destinadas

ao ensino público, localizada na cidade de Novo Hamburgo, e que em 2003 foi integrada ao

Patrimônio Cultural e Histórico do RioGrande do Sul. Construída em estilo Art Déco no final da

década de 1920, diferencia-se das demais formas arquitetônicas, trazendo marcas de outra cultura,

fazendo com que desperte nos alunos uma relação de estranhamento entre culturas, e também, do

passado com o presente. Nas últimas décadas o prédio e sua vasta área têm sofrido com as

precárias condições de preservação e o crescente descaso das autoridades públicas. As

inquietações da pesquisadora, Célia Margela Arnold, para essa dissertação foi perceber que durante

as saídas com a máquina fotográfica ao espaço do colégio revelou, além do esquecimento, um

diálogo entre alunos e instituição, através das pichações, e pensar em educação patrimonial

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vinculada a pichação, se tornou um desafio. Partimos das pichações nas paredes do colégio para

questionar as maneiras como a comunidade escolar se relaciona com os espaços e as memórias

desse lugar. Constatamos que a linguagem das pichações nas paredes revela uma maneira muito

particular de envolvimento dos alunos com o prédio. Nesse sentido, a pesquisa teve como objetivo

geral, sensibilizar os alunos participantes da pesquisa, que por meio de seus olhares, que através

de suas fotografias adquiriram uma conscientização para preservação dessa instituição, criando um

sentimento de pertencimento. Como produto final, uma das exigências do mestrado, será feito uma

exposição das fotografias produzidas pelos alunos participantes do projeto.

Palavras-chave: Lugares de memória, Educação patrimonial, Sensibilidades, Fotografia, Pichações.

RETRATOS DE ESCOLA: UMA ANÁLISE DOS RITUAIS DE FORMATURA DA ESCOLA TÉCNICA

COMERCIAL DO COLÉGIO FARROUPILHA DE PORTO ALEGRE/RS ENTRE OS ANOS DE 1968 E

1969

Eduardo Cristiano Hass da Silva (Mestrando – PUCRS)

Bárbara Virgínia Groff da Silva (Mestranda – Educação – PUCRS)

A pesquisa a ser apresentada analisa o ritual de formatura dos técnicos em contabilidade formados

pela Escola Técnica de Comércio do Colégio Farroupilha de Porto Alegre/RS, a partir do estudo das

cerimônias dos anos de 1968 e 1969. As fontes utilizadas encontram-se salvaguardadas no Memorial

do Colégio Farroupilha, espaço destinado à preservação e à divulgação das histórias e memórias da

instituição, bem como para pesquisas relacionadas à História da Educação. A escola, além de um

espaço de ensino e aprendizagem, é um rico objeto de estudo para o historiador, pois se configura

de distintas maneiras ao longo do tempo. Dessa forma, a partir dos vestígios encontrados na própria

instituição (e guardados por aqueles que lá passaram) conjuntamente com as memórias de quem

conviveu naquele ambiente, é possível pesquisar e escrever sobre um espaço de sociabilidade que

cada vez mais compõe as trajetórias de diversos sujeitos. O ritual escolar aqui analisado é um

momento importante tanto para a escola quanto para os discentes, pois marca a passagem da

condição de aluno para a condição de profissional, preparado para reingressar na sociedade (agora

como técnico em contabilidade) e conseguir um emprego na área. A partir dos convites, fotografias e

Relatórios Escolares da Escola Técnica de Comércio foi possível analisar elementos como a

constituição da turma de formandos, professores homenageados e paraninfos, bem como os objetos,

símbolos e etapas (diploma, juramento, beca, mesa de autoridades, entre outros) que compõem a

cerimônia de formatura e o ritual de despedida com relação à escola dos novos contabilistas.

Palavras-chave: História da Educação, Ensino Técnico Comercial no Rio Grande do Sul, Ritual de

Formatura, Colégio Farroupilha de Porto Alegre/RS

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: UM CAMINHO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA NA QUARTA

COLÔNIA DO RS

Elaine Binotto Fagan (Mestre – EEEB João XXXIII)

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O meio mais eficaz de garantir a defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de uma região é

pela Educação. Nesse sentido, foram e estão sendo realizados programas e projetos de Educação

Patrimonial na região Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul, nas escolas

públicas municipais e estaduais, com caráter interdisciplinar. A chamada “Quarta Colônia de

Imigração Italiana” integra atualmente os seguintes municípios: Ivorá, Silveira Martins, Pinhal

Grande, Nova Palma, Faxinal do Soturno, Dona Francisca, São João do Polêsine, Agudo e Restinga

Seca. Este trabalho tem por objetivo destacar a importância da Educação Patrimonial no processo

educacional como um espaço privilegiado para a discussão de novos conceitos relacionados ao

exercício da cidadania, melhoria da qualidade de vida, direito de conhecer o passado e a memória de

cada povo, sua pluralidade cultural, a valorização dos bens culturais , defesa do meio ambiente,

promovendo, assim, políticas preservacionistas do Patrimônio Cultural e Natural da Quarta Colônia

de Imigração Italiana do RS. Nesta comunicação será apresentado o livro paradidático “Quarta

Colônia: Terra, Gente e História” resultado da pesquisa desenvolvida no programa de Pós-

Graduação em Patrimônio Cultural – Mestrado Profissional /UFSM e das viagens realizadas pelos

alunos da Escola Estadual de Educação Básica João XXIII de São João do Polêsine em pontos

históricos e turísticos da Quarta Colônia como professora de História, Filosofia e Sociologia. Esse

livro busca suprir a carência de material didático sobre o Patrimônio Cultural e Natural da Quarta

Colônia. Este material apresenta, de forma didática, a história da imigração italiana no Brasil,tendo

como personagens principais uma menina (Isabela) que ao encontrar um baú repleto de objetos

sente-se tomada pela curiosidade de entender qual o significado e importância daquele material

amarelado, envelhecido pelo tempo. Neste momento aparece o avô (Francesco) que fará parte

destas novas descobertas e, juntos, irão buscar/ encontrar respostas para os inúmeros

questionamentos.

Palavras-chave: Educação Patrimonial, Quarta Colônia, Imigração, História, Cidadania

HISTORIOGRAFIA E NARRATIVAS DIDÁTICAS: SILENCIAMENTOS SOBRE OS POVOS INDÍGENAS

NA HISTÓRIA DO BRASIL

Felipe Nunes Nobre (Mestrando – UFPel)

Este trabalho é um recorte de uma pesquisa mais ampla que versa sobre as representações sobre

os povos indígenas na História do Brasil na coleção didática Projeto Araribá (Editora Moderna). A

escolha de se analisar essa coleção justifica-se por ela ter sido a distribuída em maior quantidade

pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) nos ciclos 2008 e 2011. Nesse momento, visamos

discutir as relações entre a historiografia acadêmica e sua repercussão nos livros didáticos a partir da

problematização sobre a visibilidade e os silenciamentos a respeito dos povos indígenas na narrativa

da história nacional desta coleção. Para tanto, buscamos confrontar parte do referencial bibliográfico

citado pela coleção, principalmente a coletânea “História dos índios no Brasil”, organizada por

Manuela Carneiro da Cunha, e “Negros da terra”, de John Manuel Monteiro, com seu conteúdo

efetivo. Com isso, pretendemos identificar qual o reflexo desta bibliografia na obra. Assim, será

possível avaliar a escala entre o que se conhece e o que se narra, se existe ou não uma

invisibilização desses grupos na narrativa didática. Ao final do estudo, fica evidente que a história da

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construção do país, em termos econômicos, culturais e territoriais, desde o século XVI até a

atualidade, está intimamente imbricada com a história das relações interétnicas estabelecidas ao

longo desse processo. Entretanto, essas considerações têm pouquíssima ressonância na narrativa

da coleção didática que, quando insere os nativos, geralmente o faz de forma muito superficial,

destinando-lhes invariavelmente papeis secundários. Entendemos, pois, esse contraste entre as

informações disponíveis e a narrativa construída como fruto das escolhas dos autores/editores da

obra, e não necessariamente como um desconhecimento da temática por parte deles, como

sugeriram outros pesquisadores.

Palavras-chave: Ensino de História; Temática Indígena; Livro didático; Projeto Araribá; História

Indígena.

HISTORICIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: O TRABALHO DOCENTE E AS QUESTÕES

DE EDUCAÇÃO E SAÚDE

Jordana Wruck Timm (Doutoranda – PUCRS – Educação)

Atualmente, a saúde do professor vem sendo alvo de discussões. A profissão que forma todas as

demais profissões não tem sido valorizada e reconhecida como deveria. As demandas de trabalhos

estão cada vez maiores e o salário não acompanha esse aumento das atividades, além de muitos

outros fatores estressores que acometem esses profissionais. Pensando nisso e pelo interesse em

pesquisar sobre o ensino superior, é que o presente texto teve seu início, onde se buscou fazer um

traçado histórico até o tempo presente, buscando compreender como surgiram as primeiras

universidades e o momento em que começou a se ter uma preocupação com a saúde docente. O

mesmo teve por objetivo reconhecer como e quando foram criadas as primeiras instituições de

ensino superior; investigar como se dava a contratação docente e como repercutia seu trabalho

naquele contexto; analisar como se dava a atuação desses docentes, seus direitos e deveres

enquanto profissionais da educação, dialogando com questões relacionadas à saúde dos mesmos. O

método utilizado consiste em um texto de revisão de literatura, com utilização de obras reconhecidas

nessa área de investigação e, também, de textos discutidos na disciplina “Educação Brasileira”

(Doutorado em Educação-PUCRS-2014/1). Surgiram, também, questões sobre autonomia

universitária e qualidade do ensino superior no desenvolvimento do texto. Concluiu-se que as

universidades no Brasil foram criadas tardiamente, se comparado a outros países. Sobre a saúde

docente as discussões são mais atuais, mas indagações surgiram com o desenrolar da pesquisa. No

entanto, é possível perceber que desde o início fatores estressores podem ter existido, mas que com

o passar dos anos parecem ter aumentado, já que as demandas de atividades também foram se

elevando.

Palavras-chave: Historicização; Ensino Superior no Brasil; Saúde docente; Profissão professor;

Educação.

ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: UMA PROPOSTA POSSÍVEL

Leonardo Rocha de Almeida (Mestre – Unisinos)

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Eduardo Othon Pires Rodrigues (Licenciado Ciências Sociais – UERR)

A Educação Patrimonial é um processo dinâmico de trabalho educacional centrado no patrimônio

cultural e pessoal como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo,

considera a historicidade e o contato direto com as manifestações de cultura em todos os seus

aspectos e significados. Esta produção versa sobre as possibilidades de trabalho interdisciplinar com

turmas de Educação Infantil, envolvendo a Educação Patrimonial e alfabetização. A proposta é um

estudo de caso que analisa práticas desenvolvidas no período de um semestre, junto a crianças na

faixa etária de 5 anos da Pré-Escola II, de uma escola municipal, localizada na zona rural da Região

Metropolitana de Porto Alegre - RS. Para o embasamento das atividades desenvolvidas foram feitas

relações com o referencial teórico de Gabriel de Andrade Junqueira Filho. Nestes termos, a utilização

de um personagem fictício e a elaboração de um diário de suas memórias, durante o período de

desenvolvimento do projeto, foi de fundamental importância para despertar o interesse das crianças

e envolvê-las na construção de um patrimônio coletivo. Como resultado deste trabalho percebeu-se o

desenvolvimento do interesse dos alunos pela língua escrita e pela historicidade durante a

contextualização das atividades, além de maior cooperação das famílias no decorrer do projeto.

Palavras-chave: Alfabetização; História; Educação Patrimonial; Educação Infantil.

O PROJETO ESTATAL DE ENSINO DE HISTÓRIA NA ERA VARGAS: UM ESTUDO DOS MANUAIS

DIDÁTICOS

Wanessa Tag Wendt (Mestranda – PUCRS)

Discutir a função atribuída à História no modelo de ensino secundário brasileiro implantado nos anos

Vargas é o objetivo desta comunicação. Para isso, definiremos o modelo e as diretrizes para o

ensino da disciplina na escola secundária brasileira, expressos pelas reformas então propostas pelo

Ministério da Educação. Além disso, serão também evidenciadas a formação e as funções da

Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD), criada em 1938. As reformas do ensino secundário de

e o estabelecimento de regras legais para elaboração e circulação de livros didáticos contribuíram no

processo de centralização e definição de um currículo unitário para a escola secundária brasileira, já

que eram partes integrantes do processo de implantação de um modelo de Estado-nação, conforme

pretendemos demonstrar a seguir. Para isso, utilizamos os textos legais das reformas, suas

instruções metodológicas e pedagógicas e os programas aprovados pelo governo para o ensino de

História. Por meio deste material e da revisão de literatura sobre o tema poderemos compreender as

diretrizes para o ensino da matéria e sua utilização no projeto político varguista. A análise deste

material só tem sentido quando em perspectiva do seu contexto (ABUD, 1993; 163). Neste sentido,

considerando-se que a construção do Estado nacional é um processo contínuo, deve-se observar

que há singularidades nas ações implementadas na concretização deste processo em cada

momento histórico (GOMES, 1999; 20), traduzidas nas questões das políticas implantadas no

momento. Ao contrário dos períodos anteriores, a Era Vargas se caracterizou pela intervenção direta

do Estado na definição e condução de uma política educacional, inclusive controlando a produção e

a circulação dos livros didáticos que naquele momento se constituíam na “[...] principal fonte de

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estudo, o elemento predominante e muitas vezes determinante do processo de ensino” (FONSECA,

2003; 49). Nesse contexto, a disciplina de história adquiriu papel de destaque no projeto

governamental de construção da nação e de formação do cidadão e bem como os manuais didáticos

produzidos.

Palavras-chave: Manuais didáticos – Era Vargas – ensino de História - nação

ST 8 – HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA DAS IDEIAS Coordenadores – Rafael Reigada Botton e Priscila Weber

Sala 323 – Prédio 03 [26/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

O HISTORIADOR NA ESCRITA DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DA EGO-HISTÓRIA

Aline de Almeida Moura (Doutoranda – PUCRJ)

A reconfiguração na área da História na contemporaneidade se funda, entre outras questões, em

discussões sobre o método utilizado para se produzir os conhecimentos. A análise das fontes para

se chegar a uma síntese sobre as questões já não é mais aceita como válida de forma geral. A busca

por explicações de cunho estrutural se mostrou ineficaz para a escrita da História por ser entendida

como simplificadora da(s) realidade(s). Nesse âmbito, Pierre Nora sugere a diversos historiadores

profissionais a escrita do que se chama de ego-história. A sua proposta era que os historiadores

usassem os seus próprios métodos para falar de si, como se estivessem falando de outra pessoa,

numa clara intenção de que tratassem das suas subjetividades. A partir dos relatos obtidos, foi

lançado o livro Ensaios de ego-história (1989). É óbvio que tal empreitada teria problemas: Nora fica

espantado com “certa timidez perante o exercício proposto (...) a decisão não deixou de ter

hesitações, nem reticências, nem inquietação, sem cepticismo quanto ao resultado” (NORA, 1989, p.

359-360). O historiador, ao ter pretensões científicas de neutralidade, objetividade e imparcialidade, e

mesmo sabendo da interferência de sua subjetividade na sua escrita e seleção de dados, não é

encorajado a se posicionar em primeira pessoa. Dessa forma, o objetivo dessa apresentação é

analisar essa proposta de Pierre Nora e suas possíveis contribuições para a História enquanto

disciplina.

Palavras-chave: Historiografia; Ego-história; Epistemologia; Teoria da História.

OS DESAFIOS TEÓRICOS NA ESCRITA DA HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

CONTEMPORÂNEA

Daniel da Silva Becker (Mestrando – PUCRS)

O objetivo desta comunicação é realizar uma breve discussão sobre os desafios teóricos e

igualmente metodológicos lançados a todo o historiógrafo interessado em pesquisar e repensar a

história da historiografia brasileira contemporânea, em especial a produção historiográfica nacional

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durante os anos de 1980. Explorar essa vertente de discussão me parece fundamental em nosso

atual contexto historiográfico, marcado por uma produção e um interesse renovado em áreas que os

nossos historiadores costumam chamar de "historiografia”, “teoria e metodologia da história" ou

simplesmente “teoria da história”. Este interesse renovado nos leva diretamente a pensar as práticas

e as tradições sob as quais a disciplina histórica se desenvolveu no Brasil e, sobretudo, sobre o

modo como a história escrita tem sido produzida, analisada e imaginada pelos historiadores

brasileiros desde, pelo menos, a institucionalização dos Programas de Pós-Graduação em história, a

partir da década de 1970. Nesta comunicação, no entanto, me concentro em dois eixos que

considero centrais para se repensar os desafios de escrita de uma história da historiografia brasileira

concentrada no exame das suas tendências contemporâneas: (1) as dificuldades de definição do

escopo da história da historiografia enquanto especialidade ou área de estudos da historiografia

dentro da disciplina histórica e (2) a carência de estudos mais aprofundados e detalhados a respeito

das características, tendências e práticas da história acadêmica escrita no Brasil durante a década

de 1980.

Palavras-chave: Historiografia brasileira contemporânea; história da historiografia; teoria da

historiografia; teoria histórica; crítica historiográfica.

ASPECTOS DA TEORIA DA HISTÓRIA EM WALTER BENJAMIN

Erick Vargas da Silva (Mestrando – UFRGS)

Neste trabalho iremos buscar apontar alguns dos principais aspectos da teoria da história elaborada

pelo filósofo alemão Walter Benjamin e sua contribuição para refletir o ofício do historiador. Um dos

pensadores mais importantes do século XX, sua produção teórica não é de fácil assimilação e

enquadramento, era dotado de uma visão nitidamente antidogmática do marxismo, que se colocava

na contracorrente do discurso triunfante em seu período. Nesta análise nos deteremos nos aspectos

relacionados à sua concepção de temporalidade oposta à noção de “progresso”; a “história dos

vencidos” em oposição as narrativas dos “vencedores” e seu caráter eminentemente transformador

para uma noção histórica. Buscaremos demonstrar de que forma o aporte teórico crítico elaborado

pelo pensamento benjaminiano pode ser um fecundo aporte para um renovado esforço analítico para

a teoria da História.

Palavras-chave: Teoria da História - Historiografia – Filosofia da História

CIÊNCIAS, REVOLUÇÕES E RESISTÊNCIAS: AS DISPUTAS INTELECTUAIS SOBRE O DIREITO

PUNITIVO

Helmano de Andrade Ramos (Doutorando – PUCRS)

O objetivo do trabalho é lançar um olhar reflexivo, sobre o pensamento teórico europeu, em sua

dupla relação, de convergência e divergência, aqui entendida como opostos e complementares, no

que se refere à transformação nas ideias e práticas punitivas modernas. Ao que diante das

tendências e conforme o contexto, permite além do confronto teórico, sobre teologia, filosofias e

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história das ciências, do direito e da psicologia, atravessar pelo método genealógico a produção do

seu sequenciamento e desse acessar da modernidade punitiva à contemporaneidade

carcerária.Permitindo-se fazer referência às diversas teorias, que de forma cada vez mais direta se

debruçam sobre o saber punitivo, seguindo-se do direito natural, ao idealismo alemão,

experimentalismo inglês, romantismo francês, direito italiano, anarquismo, darwinismo social e

psiquiatria, na procura de evidenciar interpretações bilaterais, que visam se tornarem expressões

intelectuais da época.Daí a importância em se utilizar o método genealógico proposto em Nietsche

(2011) e renovado em Foucault (2007), ao perceber a universalização carcerária, ou forma punitiva

moderna. E que se torna aqui interessante, se observadas no sentido do amalgamento entre sua

transformação práticas e o foco nos embates teóricos.Iniciados pela oposição entre o direito natural e

o idealismo alemão, cujo debate, aproxima o experimentalismo inglês do segundo, na proporção que

o distancia do primeiro. E que por sua vez é fonte para o romantismo francês, cujo ideal de liberdade

e igualdade, permite ao direito italiano, a formação do conceito de delinquente, como seu oposto e

complementar, legitimando a coação da massa emergente ao experimento panóptico. Para

finalmente iniciar o que se entende como modernidade prisional, fundada no cárcere, mas também

nas perseguições aos anarquistas e materialistas históricos, que em suas disputas internas, se

tornam presas do darwinismo social e da biologia cerebral, que como espírito da época, evolui do

utilitarismo e da psicologia do direito ao conceito de psicopata.

Palavras-chave: História das Ideias, Conceitos e Contextos Punitivos.

HISTORIOGRAFIA E REGIÃO: J. DE FIGUEIREDO FILHO E A CONSTRUÇÃO DO CARIRI

CEARENSE (1954-1973)

Hildebrando Maciel Alves (Mestrando – UFRGS)

O presente trabalho procura compreender o papel da historiografia - entendendo-a como uma

produção escrita que elucida as relações entre passado, presente e futuro - na construção de uma

região durante a segunda metade do século XX. Para tal fim, procura-se analisar a coletânea História

do Cariri (1964-1968), de José Alves de Figueiredo Filho (1904-1973). Figueiredo Filho nasceu na

cidade do Crato, localizada no sul do Ceará, e foi considerado um dos maiores intelectuais de sua

região, o Cariri Cearense. Sua relevância pode ser apontada a partir de sua posição contínua na

presidência do Instituto Cultural do Cariri durante mais de 15 anos – assumiu a presidência no ano

de 1954 e só a deixou em 1973, no ano de sua morte.Considerada uma região que tem como

características a religiosidade, a cultura, a tradição, os saberes populares, o Cariri acaba sendo

retratado de forma natural em relação às demais localidades do estado. Esse olhar cristaliza a

região, criando em elementos como o Padre Cícero, os Reisados de Congo, as Bandas Cabaçais um

panteão que atinge até o plano do sagrado. Como se constrói a espacialidade e a temporalidade de

um lugar? Quais as dinâmicas ou sujeitos envolvidos na formação de uma região?Como elemento a

fomentar a problemática acima, recorremos ao historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, que

nos apresenta a invenção da Região Nordeste. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2009). A delimitação

territorial é realizada por diversos meios, e a historiografia ocupa papel central nesses processos.

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Pensar a formação de uma região por meio de projetos que são encabeçados por grupos e sujeitos

traz à tona as disputas existentes acerca do espaço e do tempo.

Palavras-chave: Historiografia – Região – Intelectuais – Tempo - Memória

DE AUTORES LIDOS E RELAÇÕES COM HISTORIADORES LEIGOS ARGENTINOS: UM ESTUDO

SOBRE AS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS HISTORIOGRÁFICAS DE GUILLERMO FURLONG SJ.

Mariana Schossler (Mestranda – Unisinos)

A presente comunicação apresenta um fragmento de meu projeto de dissertação de mestrado que

venho desenvolvendo junto ao Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS, desde março

do corrente ano. O projeto prevê a análise da obra Cornelio Saavedra: padre de la patria argentina

(1979), escrita pelo historiador jesuíta e membro da Academia Nacional de la Historia da Argentina

Guillermo Furlong (1889-1974), inserindo-as em seus respectivos contextos de produção e

vinculando-as ao processo de construção de uma memória sobre a Revolução de Maio de 1810, que

caracterizou a historiografia argentina do século XX. A partir de referenciais teóricos sobre a escrita

biográfica, como Loriga (1998; 2011), Dosse (2009) e Schmidt (1997; 2003; 2004; 2012), trabalhos

que abordam a história da historiografia argentina, como Devoto & Pagano (2009) e Cattaruzza

(2001) e fontes que nos permitem reconstituir a trajetória do historiador argentino como Geoghegan

(1979) e Mayochi (1979; 2009), pretendo investigar quais as principais influências que nortearam a

escrita da obra acima citada. Me deterei em três autores com os quais Furlong possivelmente

Furlong tomou contato durante sua formação – Plutarco, James Boswell e Thomas Carlyle – e que

podem ter contribuído para o tipo de escrita empregado pelo historiador argentino, bem como na

principal escola historiográfica argentina do início do século XX, conhecida como Nueva Escuela

Historica, na qual seus membros prezavam pelo rigor teórico-metodológico na construção de seus

trabalhos. Por fim, abordarei, ainda, a rede de contatos estabelecida por Furlong com diversos

intelectuais argentinos que, além de facilitarem seu acesso a obras e documentos mantidos em

acervos pessoais, contribuíam com o financiamento para publicação de suas obras.

Palavras-chave: Biografia; Guillermo Furlong; Influências; Historiografia argentina; Rede de contatos.

A INTERPRETAÇÃO DA CULTURA EM EMÍLIO WILLEMS

Marlete Golke (Mestranda – UFSM)

O presente trabalho é parte das pesquisas para a dissertação intitulada O pensamento antropológico

de Emílio Willems na história intelectual do Brasil desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em

História da UFSM sendo financiada pela Capes e vincula-se ao projeto de pesquisa História

Intelectual, Historicidade e Processos de Identificação Cultural coordenado pelo Prof. Dr. Carlos

Henrique Armani.Tem-se, aqui o objetivo de analisar como se apresenta o método interpretativo do

autor na obra Assimilação e populações marginais no Brasil publicado em 1940. A pesquisa ainda se

encontra em andamento, os resultados parciais corroboram para a hipótese inicial de que Emílio

Willems e sua obra são um exemplo das redefinições levadas a cabo na primeira década do século

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XX sobre as discussões acerca da cultura. Momento crucial este para o avanço de novas

concepções culturais que ora se distanciavam das teses biológicas para explicar a sociedade

brasileira. A pesquisa parte de um aporte teórico-metodológico da História Intelectual de Dominick

LaCapra que aborda uma rede contextual para a compressão de uma obra e pensamento de um

intelectual dentro de sua historicidade. Dessa maneira trabalha-se com a obra e as ideias do

intelectual Emílio Willems interligando sua produção numa interlocução de ideias que se exprimem

além do par conceitual texto e autor.

Palavras-chave: História Intelectual; Raça; Meio; cultura; indivíduo e sociedade.

HISTORIOGRAFIA DE MODA - UM LEVANTAMENTO SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA NO RIO

GRANDE DO SUL

Natália de Noronha Santucci (Mestranda – PUCRS)

Inspirada por um trabalho proposto em aula pelo professor Jurandir Malerba, na PUCRS, surgiu a

questão: qual a situação da pesquisa acadêmica referente à Historiografia de Moda no Rio Grande

do Sul entre 2005 e 2014? Os levantamentos realizados anteriormente por Adilson José de Almeida

(1995), no qual lista 42 livros lançados entre 1979 e 1996, o “mapeamento da produção acadêmica

no âmbito da pós-graduação Stricto Sensu (mestrados e doutorados) no País”, feito por Maria

Claudia Bonadio (2010, p.50) e, por último, o “Acervo de referências em moda na língua portuguesa”

publicado por Dorotéia Baduy Pires em 2011, com mais de 927 títulos entre “livros, revistas

eletrônicas, artigos periódicos, anais catálogos, vídeos, teses e dissertações, e também algumas

obras que tratam do tema apesar dele não estar indicado no título” (2011, p.1), motivaram a

elaboração deste trabalho, com a finalidade de responder ao questionamento inicial e dar certa

sequência às listas dos pesquisadores supracitados.Será feito um levantamento dos trabalhos

defendidos em Programas de Pós-Graduação (PPGs) Stricto Sensu entre 2005 e 2014 no Estado do

Rio Grande do Sul para verificar quantos foram originados nos PPGs de História, quais são

provenientes de outros PPGs, mas com temas e objetos que possam estar intimamente relacionados

com a escrita da História da Moda, quantos trabalhos desta natureza foram realizados no período e

qual o perfil dos autores. Serão feitas também algumas considerações sobre o processo de busca

nos acervos digitais e sobre a produção localizada. A atualização dos levantamentos é fundamental

para favorecer a difusão das pesquisas mais recentes e a segmentação, que também tem valor para

organização de bibliografia especializada na área de História da Moda, para melhor proveito por

pesquisadores, professores ou mesmo leitores ocasionais.

Palavras-chave: Moda. História. Pós-Graduação.

A HISTORIOGRAFIA MILITAR E A FUNÇÃO DO EXÉRCITO NA CONSTITUIÇÃO DA

“BRASILIDADE”: NOS LIVROS DA BIBLIOTECA MILITAR E NA REVISTA NAÇÃO ARMADA NO

ESTADO NOVO

Priscila Roatt de Oliveira (Mestranda – UFSM)

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No período entre 1939 a 1944, as revistas militares Nação Armada e a Defesa Nacional publicaram

diversos artigos sobre o nacionalismo, o patriotismo, a brasilidade e a nacionalidade. A imprensa

militar e os livros da linha editorial da Biblioteca Militar possuíam a preocupação com o papel das

Forças Armadas, especialmente do Exército, na formação histórica do Brasil. O passado castrense

era rememorado, como um exemplo dos sacrifícios dos soldados brasileiros, dos seus sentimentos

“patrióticos e nacionalistas”, em prol da constituição de um Estado nacional. Tanto os livros e os

artigos escritos por militares ou simpatizantes da instituição castrense eram narrativas sobre as

origens da formação do Brasil, ou seja, uma série de histórias, eventos históricos, cenários e

símbolos ou rituais nacionais que visavam construir discursos sobre o sentido da nação. Nesse

sentido, o trabalho tem duas propostas, primeiramente analisar os conceitos sobre nação, pátria e

brasilidade presentes no topos da historiografia militar. Em um segundo momento, a intenção foi

discorrer sobre o lugar ocupado pelas Forças Armadas na formação da “nacionalidade”, no passado,

no presente e no futuro da nação, dentro das narrativas históricas da Biblioteca Militar e da Revista

Nação Armada.

Palavras-chave: Historiografia- Instituições Militares- Nacionalismo- Estado Novo- História Política

A HISTÓRIA COMO MAGISTRA VITAE NA HISTORIOGRAFIA DE OLIVEIRA MARTINS

Rafael Reigada Botton (Mestrando – PUCRS)

O presente trabalho tem por objetivo identificar os casos onde a História é apresentada como

Magistra Vitae (“Mestra da vida”) na historiografia de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, enfatizando

as interpretações realizadas pelo autor sobre a história do Império Romano com o intuito de explicar

analogamente o processo de decadência das nações ibéricas (Portugal e Espanha) a partir do século

XVI.Analisar-se-á brevemente o contexto de ideias da Geração de 1870 em Portugal (lugar social de

Oliveira Martins), utilizando-se da metodologia da História Conceitual para verificar a semântica dos

conceitos compartilhados pelo grupo e expressados pelo autor na sua produção historiográfica (como

Historia Magistra Vitae; Geração; Decadência). Também serão aplicadas as duas categorias

históricas formuladas por Reinhardt Koselleck (“Espaços de Experiência e Horizontes de

Expectativa”) para compreender a dinâmica das mobilizações da História Antiga realizadas por

Oliveira Martins que explicariam o fenômeno de decadência que culminou em crises políticas,

econômicas e sociais em Portugal no século XIX.

Palavras-chave: Oliveira Martins; Historia Magistra Vitae; Geração de 1870; Portugal; História

Conceitual.

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ST 9 – HISTÓRIA, MÍDIA E IMPRENSA Coordenador – Luísa Kuhl Brasil

Auditório Prédio 05 [26/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

O CINEMA E A IDENTIDADE NACIONAL

Alini Hammerschmitt (Doutoranda – PUCRS)

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre o papel do cinema na criação e na divulgação da

identidade nacional de um povo e como isso vem sido feito no Brasil. A metodologia para a

realização deste artigo foi a pesquisa bibliográfica sobre as temáticas do cinema e da identidade

nacional. A partir do que foi coletado, é possível observar se o cinema desempenha um papel

relevante na construção e divulgação da identidade nacional de um país. Dentro disso, a pesquisa

indicou que o cinema é de grande importância para que um povo construa e divulgue a sua

identidade nacional, e que, é preciso que o governo e os cineastas brasileiros se conscientizem

deste fato.

Palavras-chave: Cinema, Identidade Nacional, Brasil, Tecnologia, Políticas Públicas

BRIGADA GAÚCHA: A IMPRENSA OFICIAL GLORIFICANDO A FORÇA

Amanda Siqueira da Silva (Mestre – CESI Viamópolis)

No ano de 1954 organizou-se uma revista oficial dentro da Brigada Militar com a função de difundir

os fatos sobre a instituição. Como fora algo pensado para representar a Brigada Militar, desde a sua

fundação buscou-se a opinião dos oficiais e sargentos da ativa, para decidir sobre o nome da revista

e sobre quais temas esta iria tratar, evidenciando a vontade de que esta publicação agradasse

diversas pessoas. Surgiu assim, a Brigada Gaúcha, em 22 de julho de 1954, tendo sede no QG da

BM – rua dos Andradas – totalizando 17 volumes, o primeiro sendo editado em agosto, na primeira

página trouxe a foto de Getúlio Vargas, porém nenhum texto alusivo à sua morte e/ou trajetória

política. Os volumes eram publicados a cada dois meses, seguiam uma sequência de artigos. Até

janeiro de 1956 a revista manteve a mesma organização, após ela começou a ter suas edições mais

espaçadas, até deixar de ser publicada por dois anos. Ao voltar às publicações explicou-se as

dificuldades pela troca editorial e após, não houve mais publicações do volume, possivelmente

devido as modificações no cenário político do país e modificações na Força. Sendo percebidas as

dificuldades de manter o heroísmo da BM e sua glorificação.

Palavras-chave: História. Brigada Gaúcha. Imprensa. Política. Militares.

O CASO IRÃ-CONTRAS NAS PÁGINAS DA REVISTA VEJA (1985-1986)

David Anderson Zanoni (Mestrando – UPF)

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Em novembro de 1986, um episódio colocaria em cheque a política das relações internacionais do

governo Reagan. Tratava-se de um escândalo que foi comparado pela imprensa mundial à crise do

governo Richard Nixon, o caso Watergate. O Irã-contras refere-se à revelação de uma transação

secreta entre a cúpula do serviço secreto estadunidense e setores ditos moderados da República

Islâmica do Irã a partir de meados de 1985 e revelada em fins de 1986. Essa transação se deu

através do repasse de armas e equipamentos militares dos Estados Unidos ao Irã em troca da

libertação de 122 reféns americanos aprisionados por grupos radicais xiitas, ditos simpatizantes de

Khomeini, no Líbano. O objetivo deste trabalho, portanto, é analisar de que forma a revista Veja

efetuou a cobertura dos fatos ligados ao caso Irã-contras observando sua postura ideológica acerca

da representação de Irã e dos Estados Unidos aqui noticiados. Procurar-se-á, assim, identificar que

postura a revista toma ao referir-se a cada Estado e seus líderes, tendo em vista seu alinhamento ao

perfil da imprensa Ocidental, ou seja, normalmente inferiorizando as culturas ligadas aos preceitos da

fé islâmica e exaltando o modo de vida ocidental.

Palavras-chave: Estados Unidos, Irã, Irã-contras, Revista Veja, Representações

MUTANT MENACE!: OS X-MEN DE STAN LEE E JACK KIRBY E SUA RELAÇÃO COM A POLÍTICA

DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX

Felipe Radünz Krüger (Mestre - IFRS Pelotas)

Super-humanos renegados, conflitos civis, políticas voltada ao extermínio da nova raça mutante,

esses são apenas alguns dos elementos que a equipe de heróis, criada por Stan Lee e Jack Kirby

em 1963, enfrenta nas páginas dos X-men. O grupo mutante vem assimilando milhões de fãs ao

redor do globo. Primeiramente, com as histórias em quadrinhos e, posteriormente, com animações e

filmes hollywoodianos. Meu foco, na presente comunicação está orientado a partir de dois pontos: o

primeiro, na relação das histórias em quadrinhos com o movimento negro, apresentado aspectos da

discussão entre Martin Luther King e Malcom X; o segundo ponto, pauta-se na relação da teoria da

História com as menções ao Holocausto presentes nas histórias em quadrinhos e em adaptações

cinematográficas. Nessa perspectiva, acredito que, devido ao fato das histórias em quadrinhos

possuírem sua gestação num período de ebulição política e social, é possível vislumbrar através

delas aspectos desse mesmo cenário. Além disso, por tratar-se de um gênero, diversas vezes

descartado da discussão acadêmica, a presente comunicação visa promover a heterodoxia de fontes

e interpretação na historiografia.

Palavras-chave: X-men, Movimento negro, Holocausto, Teoria da História, Heterodoxia de fontes

O CINEMA DOCUMENTÁRIO E A ESCRITA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Gabriela Machado Ramos de Almeida (Doutora – Ulbra)

O cinema brasileiro de não-ficção vem sendo marcado, nas duas últimas décadas, por características

como o uso de imagens de arquivo, o recurso à entrevista, estratégias de auto-representação - entre

as quais a inscrição do autobiográfico nos filmes -, o ensaísmo, a valorização do acaso e, ainda, a

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maquinação de dispositivos de criação que permitem problematizar a relação do próprio gênero com

o real. Estes dispositivos dizem respeito a um “artifício ou protocolo produtor de situações a serem

filmadas” (LINS, MESQUITA, 2008), ou seja, a um conjunto de regras que funcionam como condição

de possibilidade para a realização dos filmes. Esta comunicação se propõe a analisar dois

documentários que exploram de forma crítica o dispositivo de criação: “Um lugar ao sol” (2009) e

“Doméstica” (2012), ambos do cineasta pernambucano Gabriel Mascaro.Em “Um lugar ao sol”,

Mascaro parte de um catálogo que elenca os mais caros apartamentos de cobertura do país e

entrevista os seus proprietários, buscando investigar como os milionários brasileiros percebem a sua

condição. Já em “Doméstica”, convida sete adolescentes a produzir imagens de suas empregadas

domésticas e este material bruto é, posteriormente, submetido a um processo de seleção e edição.

Nesta experiência, Mascaro é responsável pela montagem de um filme para o qual ele próprio nada

filmou, lidando com a imprevisibilidade e inserindo camadas mais complexas na relação de alteridade

típica do documentário.O objetivo da comunicação é observar o uso político e estético do dispositivo

de criação, que aparece a serviço de um questionamento das relações de classe no país e também

de um certo imaginário que seria típico da elite brasileira e ao qual estes filmes tecem críticas

severas. Parte-se do pressuposto de que há teses postuladas nestas obras, tornando-se necessário

investigar que tipo de escrita a respeito do Brasil contemporâneo surge nos filmes.

Palavras-chave: Cinema brasileiro; Documentário; Estética e política; Dispositivo de criação.

A IMPRENSA COMO UM MECANISMO DE DIFUSÃO IDEOLÓGICA: O CASO DO JORNAL A

EVOLUÇÃO DE RIO GRANDE (1934 - 1937)

Janaina Schaun Sbabo (Mestranda – UFPel)

Esta pesquisa tem por intuito investigar a atuação do jornal A Evolução (1934-1937) de Rio Grande,

tendo em vista a sua posição frente as ideologias políticas que se faziam presente durante a década

de 1930. Com o intuito de atender os objetivos da pesquisa e compreender a forma como se

configurava a militância dos trabalhadores na cidade, as fontes utilizadas são de perfil impresso,

reconhecendo o jornal A Evolução como principal, já que se trata do nosso objeto de análise. Este

periódico pertencente a Sociedade União Operária do Rio Grande (SUO), a qual possuía uma

histórica trajetória de representação da classe trabalhadora no município, conta como data de

fundação o 1º de maio de 1934, momento em que se comemorava os quarenta anos da Sociedade

União Operária (SUO). A partir deste momento, a folha se faz presente na sociedade rio-grandina até

o ano de 1937, com uma interrupção em 1936, tendo as suas atividades suspensas pela censura. Na

década de 30, o controle passou a ser intenso, pois a repressão policial tinha como alvo os

trabalhadores considerados comunistas que resistiam, em prol dos seus direitos enquanto classe. A

respeito das lutas dos trabalhadores pela dignidade no trabalho o A Evolução desempenha este

papel. Constatamos que o periódico age como um legitimo representante da classe, utilizando-se da

militância como um recurso para que houvesse a união entre os trabalhadores..

Palavras-chave: Mundo do Trabalho; Imprensa; A Evolução; Rio Grande; 1930.

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A ATUAÇÃO JORNALÍSTICA DE CARLOS LACERDA NO CASO ÚLTIMA HORA

Maikio Barreto Guimarães (Mestre Ciências Sociais – PUCRS)

Em maio de 1953, a Tribuna da Imprensa, jornal comandado por Carlos Lacerda, revelou que

Samuel Wainer obteve empréstimos irregulares no Banco do Brasil para fundar o jornal Última Hora.

Era o início do Caso Última Hora. A Tribuna da Imprensa publicou, até setembro de 1953, diversas

reportagens e artigos onde acusava Wainer de se aproveitar da amizade com o presidente Getúlio

Vargas para conseguir dinheiro público. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos

Deputados comprovou que, entre 1951 e 1953, o Banco do Brasil forneceu às empresas de Samuel

Wainer, de forma irregular, quase 280 milhões de cruzeiros. O objetivo da pesquisa foi investigar a

atuação jornalística de Carlos Lacerda durante o episódio. Foram consultados os artigos escritos

pelo jornalista na Tribuna da Imprensa ao longo de 1953. Também serviu de base para o estudo o

livro A missão da imprensa. Na obra, publicada em 1949, Lacerda defende que o papel do jornalista

é falar incessantemente o que vê. Defende ainda que é dever da imprensa construir uma opinião

pública bem informada. A primeira hipótese era de que Carlos Lacerda, durante o Caso Última Hora,

manteve-se fiel ao que pregava como missão da imprensa. Ele não mentiu ao afirmar que Samuel

Wainer havia obtido empréstimos irregulares no Banco do Brasil para fundar o jornal Última Hora. Ou

seja, jogou luz sobre um episódio nebuloso, esclarecendo a opinião pública. A segunda hipótese é

de que a conduta jornalística agressiva e sensacionalista do dono da Tribuna da Imprensa estava em

sintonia com a atuação da mídia na época. O jornalismo no Brasil era influenciado pela imprensa

francesa na década de 1950. Opinar e polemizar eram características mais importantes do que

informar o público. Ao longo da pesquisa, ficou comprovado que Lacerda não destoava dos padrões

seguidos pela imprensa no período.

Palavras-chave: Imprensa. Irregularidades. Crise política. Sensacionalismo.

NARRATIVAS MIDIÁTICAS SOBRE CONAN, O BÁRBARO E SEUS PRINCIPAIS TEMAS

Marco Antônio Correa Collares (Mestre – UFPel)

O personagem Conan, o Bárbaro criado na década de 1930 pelo escritor pulp texano, Robert Howard

tornou-se um ícone da cultura pop e do mainstream, sendo veiculado nas mais diferentes mídias

para além dos contos literários originais. Cada uma dessas mídias representou o personagem de

forma distinta da que foi concebida por seu criador, utilizando-se de temas variados de acordo com

os mais diferentes contextos e de acordo com as características das diversas mídias que o

veicularam, desde quadrinhos, cinema e jogos de RPG. A comunicação tratará de algumas dessas

mídias e dos principais temas veiculados, sendo o principal, a oposição entre civilização e barbárie,

mencionada nas tramas de Conan desde os contos literários de Howard.

Palavras-chave: Narrativa, Mídias, Conan, Civilização e Barbárie.

BRASIL, CINEMA E TRAUMA: A ANTROPOFAGIA DE BRASIL ANO 2000 (1968), DE WALTER LIMA

JÚNIOR

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Raphael Martins de Melo (Mestrando – PUCRS)

Fruto de pesquisa em desenvolvimento para o mestrado acadêmico, o objetivo desta comunicação é

analisar as aproximações e distanciamentos entre o conceito de antropofagia associado à Tropicália,

e seu homônimo lexical presente no filme Brasil ano 2000 (1968), de Walter Lima Júnior. Neste

trabalho, Brasil ano 2000 (1968) é a fonte principal. Como fontes secundárias se destacam artigos e

entrevistas de época, bem como bibliografias que contenham materiais sobre a Tropicália,

antropofagia, cinematografia do período e a obra do referido cineasta. Para dar cabo à proposta, o

filme de Lima Jr. será avaliado a partir do seu contexto de produção, redes temáticas e níveis

semânticos (conferir RAMOS, 2008; XAVIER, 1993), possibilitando, assim, a interpretação dos

sentidos assumidos pelo conceito de antropofagia em sua narrativa cinematográfica (conferir

DELEUZE, 2009; FERRO, 1992; VALIM, 2012). Metáfora da devoração cultural, quando surge no

final dos anos 1960, a antropofagia passa a ser largamente utilizada por artistas brasileiros de várias

frentes – como na música, no teatro, na literatura e no cinema –, atualizando práticas e ideias de

manifestações culturais do Brasil ditatorial. À época, a chave antropofágica foi entendida como

proposta tropicalista – pela crítica e por seus mobilizadores. Entretanto, o simples uso ou presença

deste conceito não traduz qualquer aproximação automática entre aqueles que, de algum modo,

acabaram por articulá-lo. Problematizar os nexos em torno desta ou daquela antropofagia é, em

suma, um exercício dedicado a evitar a naturalização e o reducionismo dos processos politico-

artísticos do período. Em outras palavras, menos como estética e mais como um veículo de acesso,

o recorte aqui sugerido é movido pela compreensão dos motivos, das estratégias de linguagem e

variações de efeitos de sentido – pela discussão dos humores, dos medos, das expectativas e

experiências cotidianas deste passado, por sua vez captados pela lente da sensibilidade artística.

Palavras-chave: Antropofagia, Tropicália, Pós-Cinema Novo, Brasil ano 2000 (1968).

O CINEMA COMO VEÍCULO IDEOLÓGICO NA DÉCADA DE 1960 – NO CENÁRIO CUBANO E

BRASILEIRO

Thuanny de Azevedo Bedinote (Graduação – Unilasalle)

No seguinte trabalho, apresenta-se a ideia de que o cinema também é um propagador de ideologias,

não discordando que o mesmo trabalhe com uma retomada de consciência e que remeta ao

historiador o passado e sua análise, mas também contribui para formulação de ideologias políticas e

culturais. Por meio do cinema, há a possibilidade de constatar e construir novas pesquisas históricas,

apresentando a relação do cinema e história. Assim, é perceptível, na década de 1960, o cenário

fílmico cubano e brasileiro, ambos utilizados para mostrar os contrastes políticos e o âmbito em que

se desenvolvem as técnicas cinematográficas, essas servindo como material propagador de novos

ideais aceitos ou repelidos pelo regime político vigente. Busca-se alcançar tal objetivo analisando as

seguintes obras: Soy Cuba (1964) de Mikail Kalatosove e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) do

brasileiro Glauber Rocha. A primeira baliza o cotidiano dos cubanos imersos no regime de Batista,

por meio de quatro encadeamentos: O jovem universitário que luta contra a opressão dos militares, a

mulher que não possui perspectiva, e acaba por vender seu corpo, o velho camponês que não tem

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terra para cultivar, e por fim, a família que é ameaçada pelo regime de Fuguencio. Já o segundo,

situado no golpe cívico militar, apresenta uma realidade metafórica onde pairam a fome, a miséria e

a morte. Os dois filmes apresentados de maneira breve, servem para entender o vínculo do cinema e

sua utilização como objeto propagador de ideologias, permitindo a criação de uma ampla produção e

material, com viés político, ou ações educadoras e culturais.

Palavras-chave: Cinema e História. Ideologia. Revolução Cubana. Cinema Novo. Cultura Política

ST 10 – HISTÓRIA E RELIGIOSIDADE Coordenador – Débora Soares Karpowicz

Sala 323 – Prédio 03 [27/05/15]

Manhã – 8h às 12h

O CATOLICISMO BRASILEIRO E A LUTA PARA RECONQUISTAR SEU ESPAÇO POLÍTICO NO

INÍCIO DO SÉCULO XX: A CRIAÇÃO DO MITO DE NOSSA SENHORA APARECIDA

Alexandre Luis de Oliveira (Doutorando – PUCRS)

A presente proposta de trabalho visa desenvolver uma reflexão sobre as primeiras décadas de

laicismo no Brasil e a utilização de símbolos religiosos pelo catolicismo, tais como, a elevação de

Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil, na tentativa de reaproximação entre a igreja e a

esfera política. Elevada à posição de padroeira em 16 de julho de 1930, a santa representava uma

igreja voltada para o âmbito nacional, mais próxima do povo em contrapartida ao então São Pedro de

Alcântara, santo espanhol que assumiu o papel de padroeiro do Brasil ainda durante o período

monárquico. Debilitado politicamente desde a implantação da Constituição de 1891 que implantou o

estado laico no Brasil, o catolicismo perdeu muito espaço político, principalmente na esfera

educacional. Guiado pela Doutrina Social da Igreja e inspirado na Carta Encíclica Rerum Novarum de

1891, o catolicismo brasileiro buscou artifícios simbólicos para se tornar visível frente as novas

configurações da política brasileira, principalmente com o advento da Revolução de 1930 e a

chegada de Getúlio Vargas à presidência do Brasil. Buscando visibilidade nacional, foi inaugurado

em 12 de outubro de 1931 a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Contando com a

presença de Getúlio Vargas na inauguração, a estatua se tornou o grande símbolo do catolicismo

brasileiro, ilustrando a força que a igreja ainda mantinha, mesmo após anos vivendo em meio ao

estado laico. As hipóteses levantadas até o momento dão conta de que o catolicismo conseguiu, de

certa forma, se restaurar durante os primeiros anos de laicismo e surgiu como peça importante no

cenário social e político brasileiro, sendo novamente cooptado pelo estado, restabelecendo assim

sua influência na política brasileira.

Palavras-chave: Catolicismo, Laicismo, Mitos Religiosos, Revolução de 1930, Era Vargas.

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RELIGIÃO E CIÊNCIA: PERSPECTIVAS SOBRE O ESPIRITISMO NO RIO GRANDE DO SUL

Dalvan Alberto Sabbi Lins (Mestrando – UFSM)

Este trabalho tem como tema o movimento espirita no Rio Grande do Sul na segunda metade do

século XX, tendo como foco o debate que ocorre entre as diferentes perspectivas relacionadas ao

perfil almejado de espiritismo, onde de um lado, há a defesa de caráter acentuadamente religioso e

moralista, e do outro, uma preocupação com os aspectos experimentais e científicos da doutrina. O

trabalho esta voltado para a pesquisa com uma determinada técnica que se originou dentro Hospital

Espírita de Porto Alegre, a Apometria, e com o debate que os personagens envolvidos com a mesma

acabaram protagonizando sobre o perfil almejado de espiritismo, acabando por discutir com isso os

limites identitários sobre o que é o espiritismo e o que é ser espírita. A pesquisa procura desta forma,

refletir sobre as estratégias desenvolvidas por um e outro grupo para conseguir afirmar e legitimar

determinada concepção sobre a doutrina, e com isso, definir os limites que compõe o ideal

identitários esperado dos membros. Este trabalho encontrasse no meio de seu desenvolvimento,

mas aponta para um universo religioso multifacetado entorno da doutrina espírita, onde novas

expressões podem ser gestionadas, vindo a concorrer com as já estabelecidas, criando por vezes

ambientes de conflito e de negação entre estas, e evidenciando assim um espaço doutrinário aberto

à múltiplas interpretações e leituras que partem de um mesmo ponto referencial, o espiritismo.

Palavras-chave: Cultura. Ciência. Espiritismo. Poder. História

A CONSTRUÇÃO DE UM ESTADO SOCIAL: O ADVENTO DAS CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS

FRANCESAS

Débora Soares Karpowicz (Doutoranda – PUCRS)

O final do século XVIII na França foi marcado por acontecimentos que reestruturaram a Igreja e seu

papel social enquanto “regulamentadora” da Economia da Salvação. Para compreender o encargo

delegado à Congregação Religiosa Bom Pastor D’Angers, responsável pela fundação da primeira

Penitenciária Feminina do Brasil – Penitenciária Feminina Madre Pelletier estabelecida na cidade de

Porto Alegre, Rio Grande do Sul –, se faz necessário o exame da história da Igreja no período

supracitado. Há de se entender a reestruturação organizacional desta Instituição no que tange ao

assistencialismo enquanto forma de prestação de serviço social imposto por Napoleão Bonaparte à

qual teve de se amoldar. Para tanto, o presente trabalho constitui-se de três segmentos: na primeira

parte, pretende-se analisar as origens do assistencialismo no intuito de identificar e diferenciar quem

eram os aptos a prestar assistência e quem precisava ser auxiliado. No segundo momento, analisar-

se-ão os fatores que levaram à reorganização da Igreja no que concerne às questões sociais, e, ao

final, descrever-se-á o papel das Congregações francesas e seu viés assistencial enquanto

prestadora de serviços cuja competência de execução incumbia, inicialmente, ao governo, focando o

estudo na multiplicação desta forma de prestação de serviços aos Estados.

Palavras-chave: Congregações Religiosas; Restauração Napoleônica; Penitenciária

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“NOSSA SENHORA MEDIANEIRA VEM AÍ” - A DEVOÇÃO DE QUEM FAZ A ROMARIA

ACONTECER, ENTRE A IGREJA, O PODER MUNICIPAL E OS DEVOTOS

Francielle Moreira Cassol (Doutoranda – UFSM)

A devoção a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças teve início na Bélgica, na década de

1920, com o cardeal Desidério José Mercier, um dos pioneiros da teoria da mediação, na qual Maria

é venerada como mediadora das graças divinas. No Brasil, a crença na Mãe Medianeira expandiu-se

a partir de sua devoção no interior do Estado do Rio Grande do Sul, mais precisamente a partir da

cidade de Santa Maria. Hoje, a Romaria em homenagem a Nossa Senhora Medianeira de Todas as

Graças, que é a padroeira do Estado, acontece no segundo domingo de novembro e mobiliza mais

de 250 mil pessoas por ano. O presente texto tem entre suas finalidades dissertar sistematicamente

sobre a história da Romaria, refletir sobre sua patrimonialização, bem como analisar, em especial, as

relações de poder que transformam um evento religioso em uma “mercadoria” para o turismo local.

Nesse contexto, a metodologia empregada constituiu-se de pesquisa bibliográfica e, principalmente,

de investigação em fontes primárias locais, destacando-se os jornais A Razão (1934) e Diário de

Santa Maria (2002), em um recorte temporal que se inicia antes do surgimento da devoção, ou seja,

fins do século XIX até os dias de hoje, dando um enfoque especial à última década deste século.

Palavras-chave: Romaria; devoção; Nossa Senhora Medianeira; patrimônio.

DO TEMPLO À MÍDIA: MARKETING E ESPETÁCULO NO CAMPO DAS RELIGIÕES Luana Rodrigues de Carvalho (Mestranda em Ciências Sociais – UEL) As novas tecnologias presentes na sociedade contemporânea trouxeram avanços e mudanças

significativas no cotidiano dos indivíduos, perspectivas diferentes de tempo e espaço é um novo

modelo de vida que nos é oferecido, o uso das redes sociais e da internet ganharam vários adeptos,

e quando falamos das religiões isso não é diferente. De acordo com os resultados obtidos por meio

da pesquisa bibliográfica, observamos que o uso dos recursos midiáticos, por parte das instituições

religiosas, visam a expansão das denominações e sua legitimação na sociedade, se apropriando

desses novos dispositivos surge um novo modo de fazer religião, os indivíduos agora não precisam

mais se deslocar para os templos, pois eles passam a receber as orações e curas através dos meios

de comunicação. A religião, vinculada à mídia, chega de uma maneira mais rápida aos indivíduos,

oferecendo respostas e soluções para os problemas pessoais. O processo de midiatização é um

processo irreversível, que atua com recursos próprios de linguagens, imagens e dramatização; na

contemporaneidade estamos sujeitos às novas formas de interações sociais, mesmo que essas

interações sejam ausentes de contatos físicos. Essa pesquisa nos convida a fazer uma reflexão

sobre as transformações recentes no campo das religiões.

Palavras-chave: Religiões. Contemporâneo. Mudanças. Recursos Midiáticos. Legitimação.

AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA EM SANTA MARIA

Marta Rosa Borin (Doutora – UFSM)

Sandra Michelle Eckhardt (Graduanda – UFSM)

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Esta pesquisa pretende localizar os espaços de culto das religiões de matriz africana, do Batuque e

da Umbanda, do município de Santa Maria, a fim de, não somente identificar os embates com outras

crenças, mais notadamente com o catolicismo no inicio do século XX, mas, também, evidenciar a

pluralidade do campo religioso regional, diferente do que a historiografia tradicional aponta. Pois, é

expressivo o número de terreiros existentes na cidade e a diversificação das praticas religiosas no

campo afro-religioso. Assim, através da análise cartográfica pretende-se diagramar o jogo de

interesses dos agenciadores religiosos, os enfrentamentos e as práticas de resistência para a

preservação dos cultos com o intuito de entender qual o lugar das crenças de matriz africana na

construção da identidade local. Para tanto o campo religioso será considerado como uma estrutura,

um espaço de jogo, onde um conjunto de relações objetivas entre posições historicamente definidas

se entrelaçam, onde os agentes sociais ocupam uma posição determinada à qual estão ligados

certos interesses.

Palavras-chave: religiosidade, identidade, patrimônio

JESUÍTAS, COLONOS E CABOCLOS E A LEGITIMAÇÃO DO SANTUÁRIO DO CAARÓ

Mauro Marx Wesz (Bacharel em História – UFSM)

Este estudo busca compreender e explicar o desenvolvimento de uma comunidade na região

das Missões, noroeste do Rio Grande do Sul, no início do século XX, atualmente o município de

Caibaté. Essa comunidade ao longo de sua história na primeira metade do século XX foi

construída basicamente por colonos e caboclos. Colonos ligados às atividades agropecuárias

que construíram a então colônia Rondinha e a Vila Santa Lúcia, e que posteriormente, ao invés

de terem valorizadas as suas representações de passado, se transformaram em guardiões da

memória missioneira, dos seus segredos envoltos no evento do “martírio” dos padres jesuítas

ocorrido ainda em 1628 e retomado 300 anos depois. No imaginário coletivo e popular as

experiências dos imigrantes se perdem no esquecimento em detrimento das lembranças da

organicidade do Santuário da Caaró e de suas inflexões. Nesse sentido, nos propomos

compreender através desta pesquisa como se deu a formulação do que chamamos de

Missioneirismo em meio a Romaria de caráter penitencial e também a produção de suas

narrativas, bem como o quanto as lembranças dos indivíduos que lá vivem são ofuscadas pela

Romaria do Caaró, colocando dessa forma em segundo plano a própria história do processo de

ocupação desta região.

Palavras-chave: Caibaté RS – Missões – Construção de Identidades – Imigração interna no RS –

História Oral

MEMÓRIA E HISTÓRIA DO ESPIRITISMO EM SANTA MARIA: NAVEGANDO EM SUAS HISTÓRIAS E

EM SEU PASSADO

Renan Santos Mattos (Doutorando – UFSC)

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Em nossa pesquisa de doutorado, vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina, tenciona-se

investigar a trajetória de Fernando do Ó no que tange às disputas religiosas vivenciados no contexto

cultural religioso brasileiro no recorte de 1930 a 1960. Nesse sentido, o olhar sobre essa trajetória,

seu envolvimento político, sua defesa em torno da laicidade e liberdade religiosa materializam o foco

dessa análise acerca de práticas e representações oriundas do espiritismo e a vivência religiosa dos

denominados propagandistas da doutrina espírita no Brasil, e particularmente na cidade de Santa

Maria-RS. Diante desse contexto mais amplo, o presente artigo surge de uma inquietação em torno

do uso dos ambientes virtuais pelo Espiritismo Brasileiro de forma a construir versões sobre sua

origem e seus fundadores. Nesse sentido, tratando das estratégias assumidas pela Aliança Espírita

Santa-Mariense procura-se abordar as fontes digitais no ofício do historiador e discutir tal espaço

com lugar de memória e sua relação na construção de uma identidade Espírita na cidade de Santa

Maria.

Palavras-chave: Espiritismo – Memória – Fontes Digitais - Santa Maria - Fundadores

ST 11 – FOTOGRAFIA E CULTURA VISUAL Coordenador – Luísa Kuhl Brasil

Auditório Prédio 5 [27/05/15]

Manhã – 8h às 12h

BRASIL E AMÉRICA LATINA NAS REVISTAS NEWSWEEK E ISTOÉ: O FOTOJORNALISMO

BRASILEIRO E NORTE-AMERICANO EM PAUTA (1978-1980)

Caio de Carvalho Proença (Mestrando – PUCRS)

Delimita-se como temática de estudo as fotografias publicadas em IstoÉ e Newsweek durante o

processo de abertura política no Brasil, de 1978 a 1980. A partir da produção de diversos fotógrafos

brasileiros, trabalhando ora como freelancers ora como contratados, nota-se a delimitação de alguns

temas principais em ambas revistas, que farão parte de uma visualidade maior sobre os anos 1970

no Brasil e América Latina. Dessa forma, procura-se estudar as aproximações visuais nos principais

temas fotografados. Ou seja, observar a visualidade do interesse editorial sobre Brasil e América

Latina nas revistas citadas. Não procurando excluir ou tornar invisível a produção dos demais

fotógrafos e temas abordados pela IstoÉ e Newsweek neste mesmo recorte temporal, procuraremos

compreender também a atuação dos temas fotografados em contato com o contexto do

fotojornalismo no Brasil e no Ocidente, dos anos 1970 e 1980. Dessa forma, procuraremos entender

quais temas foram fotografados; quais posicionamentos visuais e relações com a textualidade dos

periódicos; quais construções e desconstruções visuais foram feitas e de que forma tais fotografias

foram publicadas em ambos periódicos neste período. Assim, procuraremos problematizar os pontos

de aproximação e distanciamento visual do fotojornalismo entre IstoÉ e Newsweek. Tal apresentação

faz parte de um recorte da pesquisa de mestrado, que está em desenvolvimento e etapa inicial, onde

problematizamos o fotojornalismo de Veja, IstoÉ, Time e Newsweek de 1976 a 1983. Como objetivo

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principal, procuramos compreender a organização do fotojornalismo em tais revistas, atento aos seus

temas e às suas diferenças visuais. Com base em depoimentos com fotógrafos que atuaram nestes

periódicos, e com uma literatura voltada ao assunto, problematiza-se a fotografia enquanto

linguagem que informa e corrobora letras e argumentos jornalísticos, políticos e culturais.

Palavras-chave: História; Cultura Visual; Fotojornalismo; História Oral; Abertura política no Brasil.

TORRES/RS (1930-1960): UMA ANÁLISE IMAGÉTICA DA IMAGEM ARISTOCRÁTICA DA PRAIA E

AS DIFICULDADES INFRAESTRUTURAIS DO MESMO PERÍODO

Camila Eberhardt (Doutoranda – Unisinos)

A presente comunicação refere-se ao município de Torres – RS e trata de duas relações

antagônicas, a primeira refere-se a maneira aristocrática como a praia de Torres é tratada em

diversos meios de comunicação, entre eles a Revista do Globo, onde a praia é por diversas vezes

referida como “a Copacabana do Estado”. A segunda questão é a respeito do baixo desenvolvimento

e falta de estrutura que a mesma praia “aristocrática” oferecia aos turistas e moradores locais. Para

tanto, recorreu-se as imagens fotográficas provenientes do estúdio de Ídio K. Feltes onde as duas

relações apresentam-se principalmente por meio de fotografias aéreas e ainda, as reportagens da

Revista do Globo. Nas imagens, é possível observar o grande número de turistas que as praias da

cidade recebiam, mas também, o baixo desenvolvimento urbano que durante boa parte do século XX

permeou a cidade, resultando em poucas opções de lazer (exceto a praia), dificuldades de acesso,

etc. Nesse norte, as imagens do estúdio de Ídio K. Feltes são importantes para a compreensão de

duas realidades que conviviam ao mesmo tempo em Torres. As fotografias demonstram como foi

possível que uma praia com tamanhas dificuldades estruturais fosse durante muito tempo a opção da

elite do Rio Grande do Sul no momento da escolha da passagem das férias de verão.

Palavras-chave: Fotografia. Praia. Veraneio. História Cultura. Memória.

A CAPA NOS ÁLBUNS DE ROCK DOS ANOS 60/70

Filipe Conde Pereira (Graduado História da Arte – UFRGS)

Neste trabalho, discuto algumas transformações ocorridas nas capas de discos de rock, procurando

compreender a capa como elemento compositivo do álbum musical desde o desenvolvimento das

mídias graváveis. O objetivo é identificar como as capas vão se transformando até as décadas de

1960 e 1970 no ocidente, quando o rock assume uma identidade visual característica e de acordo

com diversas ideias em voga para a juventude da época – que constituíam a identidade de grupos de

jovens –, a ponto de tornar-se um elemento fundamental da unidade álbum, expandindo e reforçando

a música contida nos discos. Para realizar este estudo, foram feitas análises de capas e músicas,

associadas a pesquisa bibliográfica que possibilitou a compreensão dos diversos elementos

envolvidos com a produção e fruição dos álbuns por parte dos artistas e do público alvo – que, no

caso do rock, eram jovens muitas vezes interessados pelas ideias contraculturais que se fortaleciam

cada vez mais no ocidente. Podemos perceber claramente como as capas tornaram-se importantes

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nos álbuns não apenas mercadologicamente, enquanto embalagem, mas também como espaço

criativo de expressão em consonância com as músicas que estão nos discos. Faz-se nítido, também,

dentro de um projeto múltiplo como o rock, a variedade da visualidade que acompanha a variedade

da sonoridade em uma aparente diversificação até, a partir principalmente da virada entre as duas

décadas, atingir formulações que escapam da psicodelia do rock para capas mais discursivas e

propositivas, associadas ao rock progressivo. Podemos, a partir disso, identificar uma sequência de

transformações estilísticas que ampliam as possibilidades da representação visual ao mesmo tempo

em que o rock se transforma.

Palavras-chave: História da arte; cultura; música; artes visuais; rock;

CIDADES DE PAPEL: REPRESENTAÇÕES DE SÃO LUÍS E PORTO ALEGRE EM ÁLBUNS DE

FOTOGRAFIAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX.

José Oliveira da Silva Filho (Doutorando – PUCRS)

Entre a segunda metade do século XIX e início do século XX, a prática de colecionar paisagens

urbanas em álbuns de fotografias se disseminou por diferentes estados brasileiros com as mais

diversas motivações, porém obedecendo geralmente a aspectos formais semelhantes de modo a

conformar uma visualidade alinhada a padrões considerados modernos para o período. É nesse

contexto que fotógrafos como Gaudêncio Cunha e Virgílio Calegari elaboram álbuns que se tornaram

sínteses de um estado e de uma cidade que intentamos compreender a partir de uma análise

comparativa entre dois importantes estudos realizados sobre o álbuns.

Palavras-chave: Fotografia; Paisagem; modernidade.

INSIDE NOWHERE Luisa Kuhl Brasil (Doutoranda – PUCRS) A proposta deste trabalho é analisar a instalação Out of Nowhere, de Miguel Rio Branco. Partindo da

ideia de que o corpo do espectador é parte emblemática na composição da obra, busca-se perceber

como o artista lida com as múltiplas temporalidades das imagens. Magazines policiais, stills de

cinema, fotografias de boxeadores se misturam com o corpo do espectador refletido em espelhos

carcomidos. Essa composição faz com que a obra possibilite uma outra experiência temporal,

conferindo ao público espaço constituinte na poética artística. A fundição entre passado e presente

se mostra como uma fragmentação do olhar do observador. O instante fotográfico é posto em

questão: são instantes que não mais respeitam a linearidade temporal. A delimitação da fronteira

entre a ficção e o real, condizentes com o tempo e o espaço, é posta em dúvida na obra Out of

Nowhere. Como um atlas, que mapeia lugares, situações e sentimentos diversos, a instalação

transpõe os limites auráticos da fotografia. A partir da reprodutibilidade, propõe, assim, uma outra

relação do espectador com o espaço artístico.

Palavras-chave: fotografia; arte; história do corpo

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FOTOGRAFIAS DE UMA METRÓPOLE EM CONSTRUÇÃO: O REGISTRO IMAGÉTICO DE

HILDEGARD ROSENTHAL

Maria Clara Lysakowski Hallal (Mestre – UFPel)

Em 1940, no alvorecer da expansão populacional e industrial que estava ocorrendo na capital

paulista, São Paulo foi documentada e registrada pela fotógrafa suíça Hildegard Rosenthal. Nesse

sentido, propõe-se analisar um conjunto de imagens das cenas urbanas e paisagens realizadas pela

fotógrafa. Entende-se como paisagem as relações do homem com o espaço natural, sendo assim, a

relação da fotógrafa e o espaço urbano envolvido no processo são fundamentais para o percorrer da

análise. Entre 1930 e 1940, São Paulo passava por vertiginoso crescimento, tanto material como

cultural, e Rosenthal, nesse cenário, produziu imagens, congelando no tempo, uma metrópole

contrastando entre o moderno e o que estava em processo de desenvolvimento. Como metodologia,

os estudos das autoras Lima; Carvalho (1997) abarcam questões de como trabalhar com o urbano.

Dessa forma, são apresentadas observações relativas ao cotidiano urbano, como o fato das imagens

documentarem flagrantes, aparentemente, sutis; trabalhadores com terno e na mesma imagem

“lavadeiras” carregando as roupas sob as suas cabeças. Assim, o moderno e o antigo ou o que

estava no processo de modernização encontram-se no mesmo registro da cena urbana.

Palavras-chave: Fotografia – São Paulo – Hildegard Rosenthal – cenas urbanas

O “ÁLBUM DOS BANDOLEIROS” E O ENQUADRAMENTO DA MEMÓRIA DA REVOLUÇÃO DE 1923

Rodrigo Dal Forno (Mestrando – UFRGS)

O “Álbum dos Bandoleiros” (1924) foi um álbum fotográfico impresso publicado pela revista ilustrada

Kodak em homenagem aos rebeldes da guerra civil de 1923 no Rio Grande do Sul. Esta

comunicação tem como objetivo analisar de que forma este produto político-visual objetivou contribuir

na construção de uma determinada memória coletiva acerca dos acontecimentos e personagens

desta revolta armada. Neste sentido, interessa avaliar através de que elementos a publicação deste

álbum fotográfico, editado logo após o término do conflito, buscou realizar um trabalho de

enquadramento da memória que contemplasse e favorecesse os interesses e as lutas políticas de

exclusivamente um dos lados envolvidos naquela contenda: o grupo oposicionista vinculado à

Aliança Libertadora.

Palavras-chave: Fotografia – Política – Memória – Álbum dos Bandoleiros – Revolução de 1923

A IMAGEM DA INDÍGENA SEGUNDO O HOMEM BRANCO NA PÓS-MODERNIDADE

Sandra Kuester (Pós-graduanda – Unochapecó)

A indígena brasileira é uma figura pouco debatida, mas sua imagem é bastante difundida nos meios

de comunicações (na música, no cinema, na literatura, e na mídia televisiva). Essa falta de

problematizações contribui para um vazio de consciência da condição da índia no país,

desencadeando uma série de concepções equivocadas e pouco aprofundadas. Pensando nisso,

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foram coletadas fotografias das mulheres indígenas e percebidas duas formas de representações

distintas atribuídas pelo homem branco: a romântica e a indigente. A partir destas conclusões foram

bebidas em fontes históricas, antropológicas, filosóficas e literárias e identificadas maneiras para

complexificar estes meios representativos. Como produto, encontram-se imagens com finalidades

puramente sensuais, comerciais e estéticas, e, imagens que teorizam a condição dessas populações

que herdaram as marcas da colonização. Este desfecho traz consigo a relevância da

problematização das imagens propagadas pelo mundo, evitando conclusões apressadas frutos de

um passado preconceituoso.

Palavras-chave: mulher indígena; mídia; imagem; colonização; pós-modernismo;

A REVOLTA DOS COLONOS DE 1957 NAS FOTORREPORTAGENS DA REVISTA O CRUZEIRO

Tiago Arcanjo Orben (Doutorando – PUCRS)

Este artigo procura analisar as fotorreportagens produzidas pela Revista O Cruzeiro, sobre o levante

social ocorrido em outubro de 1957 no Sudoeste do Estado do Paraná. A Revolta de 1957 é um

levante popular, em que colonos, reconhecidos enquanto posseiros conquistam suas propriedades.

Os colonos que chegam à região a partir das décadas de 1940 e 50 encontram um contexto peculiar

de indefinições jurídicas pela terra. Na condição de posseiros são obrigados a organizarem-se com o

intuito de revindicar o que lhes era de direito, a terra. Conquistada durante os dias 09, 10 e 11 de

outubro em um levante popular, em oposição, a algumas companhias colonizadoras que se diziam

detentoras das terras em questão. Assim, as fotorreportagens são referentes aos dias decisivos do

levante, nas quais, procuro pensar de que forma são representados, tanto, os sujeitos do movimento

– os colonos – quanto, as lideranças políticas. Para tanto, questiono o que faz o periódico dedicar

duas edições para este movimento social? Ao mesmo tempo, procuro pensar em quais categorias

estas fotorreportagens podem ser relacionadas. Ou seja, questionar o que leva um periódico, que no

período tinha grande circulação nacional, a produzir duas fotorreportagens sobre este movimento

social, em uma região distante de aglomerados urbanos, em um local ainda extremamente rural e de

difícil acesso. Além disso, pretendo ampliar a discussão, pensando na relação texto imagem,

questionando quem produz estas fotografias e em que contexto elas aparecem na fotorreportagem.

A partir disto, pretendo considerar como essas fotorreportagens foram utilizadas para a elaboração

do que foi o movimento social de 1957, indagando assim, as condições, influências sociais e políticas

de produção.

Palavras-chave: Sudoeste do Paraná; Revolta dos Colonos; O Cruzeiro; Fotorreportagens.

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ST 12 – ACERVOS E NOVAS TECNOLOGIAS Coordenadores – Luciana da Costa de Oliveira e Marcelo Vianna

Auditório Prédio 05 [27/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

A INTERNET E O MEDIEVALISTA: NOVAS POSSIBILIDADES PARA O HISTORIADOR DO OUTRO

LADO DO ATLÂNTICO

Amanda Basílio Santos (Mestranda – UFPel)

Este trabalho visa discutir a consequência dos bancos de dados e acervos on-line na prática da

pesquisa em História Medieval efetuada distantemente do local de origem das fontes, ou seja,

desejamos discutir mais especificamente como a internet abriu novas possibilidades para o

historiador brasileiro explorar este longo período histórico que por muito tempo esteve longe de seu

alcance. Para tanto será feito um relato de experiência com a pesquisa iniciada na graduação

intitulada "Mísulas de Kilpeck: o discurso da dualidade e o hibridismo iconográfico entre o paganismo

e o cristianismo no século XII". Esta pesquisa ampliou-se no mestrado que está em andamento,

agora sendo analisados outros espaços da igreja. Toda a pesquisa efetuou-se com fontes acessadas

pela da internet e pretende-se demonstrar as possibilidades atingidas para a pesquisa através deste

caso concreto, destacando-se a utilização de dois sites principais: The Corpus of Romanesque

Sculpture in Britain and Ireland (http://www.crsbi.ac.uk/) e o site The Medieval Bestiary: Animals in

the Middle Ages (http://bestiary.ca/). Serão vistos os mecanismos de buscas dos sites supracitados

assim como os seus conteúdos e os resultados de alcançados através do uso dos instrumentos

disponíveis. Além do material disponível em banco de dados é necessário destacar o acesso aos

pesquisadores que a internet permite sem deslocamento físico, sendo este um importante acréscimo

a pesquisa que será utilizada como relato de experiência. Finalizando, aponta-se que o interesse de

pesquisadores pelo medievo vem crescendo no Brasil e isto deve-se em parte as novas

possibilidades proporcionadas pela utilização da internet pela disciplina Histórica.

Palavras-chave: Metodologia; Medievalística; Fontes; Acesso; Kilpeck.

ACERVOS DO MEMORIAL DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE PELOTAS E SUA CONTRIBUIÇÃO

HISTÓRICA

Andrea Molina Barbosa Viana (Especialista - Instituto de Memória e Patrimônio)

O presente projeto tem como finalidade catalogar e sistematizar os acervos fotográfico, documental,

oral e material que constam no recentemente criado Memorial da Associação Comercial de Pelotas.

Estes acervos referem-se à formação e estruturação desta Associação, tanto quanto à história e ao

desenvolvimento da Região Sul. Para a tutela destes acervos se faz necessário dar continuidade aos

procedimentos adequados de guarda, conservação, consolidação e acondicionamento de tais itens.

A Associação Comercial de Pelotas completou em 2014 seus 141 anos de história ininterrupta em

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prol das classes produtoras e da população da metade sul do Rio Grande do Sul, atuou através de

correspondências de requisição junto às instâncias governamentais por melhorias sociais e em obras

de infraestrutura regional, tal fato está fartamente registrado em seus acervos como também em

periódicos da Bibliotheca Pública Pelotense. Através da catalogação dos acervos do Memorial da

Associação Comercial de Pelotas será disponibilizada ao público uma gama de informações que

servirão de fonte de pesquisas sobre diferentes aspectos da conformação social da região sul. Neste

momento de organização o espaço e documentação do Memorial já propiciam estágios curriculares e

voluntários a alunos do Curso de Bacharelado em História da Universidade Federal de Pelotas.

Constituído de um patrimônio histórico, rico de registros documentais das transformações sociais e

culturais de toda a região sul do Rio Grande do Sul, o Memorial propicia um espaço público de

pesquisa a estudantes, pesquisadores e comunidade em geral.

Palavras-chave: memorial – acervos - história – pelotas – associação

ARQUIVO PESSOAL COMO UMA POSSIBILIDADE DE PESQUISA HISTÓRICA

Biane Peverada Jaques Antunes (Mestranda – UFPel)

Este trabalho tem por objetivo tratar acerca de arquivos pessoais e sua relevância para a constituição

de pesquisas historiográficas utilizando como exemplo o acervo privado do Senhor Maximiano

Pombo Cirne (1910-1992). O emprego deste tipo de documentação em trabalhos acadêmicos não

constituí-se enquanto novidade. No entanto, cada vez mais as pesquisas que utilizam como fonte

arquivos pessoais têm proposto mudanças e renovações em sua forma de análise. Assim como

qualquer espécie de fonte, existem diversas formas de se efetuar a análise deste tipo de

documentação, tais como: através de seu conteúdo, temática, redes de relacionamento, entre outras.

O Senhor Cirne e sua família emigraram para o Brasil em aproximadamente 1920 e fixaram

residência na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul. Com o passar do tempo Maximiano tornou-se

um indivíduo relevante nas questões públicas da cidade. Neste trabalho, tendo como exemplo o

acervo pessoal do Senhor Maximiano Pombo Cirne, será abordada uma forma de análise que

possibilite tratar dos aspectos referentes a sua trajetória de vida. Atentando sempre ao fato de que,

através da utilização de uma abordagem de caráter biográfico que exceda os limites impostos pela

biografia tradicional, é possível observar questões relevantes referente ao contexto histórico em que

ele estava inserido.

Palavras-chave: Arquivo pessoal, trajetória de vida, biografia, Maximiano, fonte

A TECNOLOGIA A SERVIÇO DA PESQUISA HISTÓRICA: O PICASA E SUA UTILIZAÇÃO NO

TRATAMENTO DAS FONTES

Bruna Santiago (Mestranda – USP)

Nesta época dominada pelas tecnologias digitais, o historiador precisa dispor de meios que facilitem

a pesquisa com as fontes. Para além da utilização de acervos online, é importante ter o domínio de

programas facilitadores, que ajudem a catalogar e contabilizar os dados recolhidos durante o

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trabalho com o documento, de maneira a otimizar os resultados obtidos com a pesquisa. O

tratamento quantitativo das fontes pode ajudar a caracterizar a documentação, uma vez que fornece

uma visão mais geral sobre o conteúdo a ser trabalhado. Esta comunicação tem o objetivo de

apresentar o programa de computador Picasa e as formas pelas quais ele pode ser utilizado como

uma ferramenta de pesquisa que visa auxiliar o pesquisador, sobretudo aqueles que trabalham com

imagens dos mais variados suportes. Como se trata de um programa organizador de imagens, a

ênfase será dada à pesquisa com fontes visuais. Para tal, será mostrado como o referido programa

funciona na prática, através de um estudo de caso que consiste em um trabalho de mestrado em

andamento, desenvolvido na Universidade de São Paulo. O trabalho em questão é sobre as imagens

do negro e da escravidão que são veiculadas em um periódico ilustrado do século XIX, intitulado

Semana Illustrada.

Palavras-chave: Picasa; tecnologia; ferramenta; pesquisa; imagens

UMA “COLECCIÓN” DEDICADA À JUAN MANUEL DE ROSAS: PEDRO DE ANGELIS E A

PUBLICAÇÃO DE DOCUMENTOS EM BUENOS AIRES (1835-1839)

Deise Cristina Schell (Doutoranda – UFRGS)

Durante o governo de Juan Manuel de Rosas, alguns letrados tiveram o encargo de publicizar o seu

regime através dos periódicos oficiais que circulavam a partir de Buenos Aires. Um destes homens

seria Pedro de Angelis, um italiano chegado ao Prata em 1827. De Angelis, além de ser um dos

principais periodistas do rosismo, era impressor e arrendatário da Imprenta del Estado e, fora de

suas atividades públicas, um aficionado em colecionar documentos históricos. É sobre a trajetória e a

produção de Pedro de Angelis como um erudito interessado no passado que trata a nossa pesquisa

de doutorado. Entre 1835 e 1839, portanto, nos primeiros anos do segundo e duradouro período em

que Juan Manuel de Rosas comandou a província de Buenos Aires, o napolitano publicou uma

compilação documental intitulada “Colección de Obras y Documentos relativos a la historia antigua y

moderna de las Provincias del Rio de la Plata”. Apesar de ser um projeto pessoal, a obra de De

Angelis foi dedicada, em suas páginas iniciais, à Rosas. Nesta comunicação demonstraremos que

há, na seleção, reunião e publicação de documentos que tratavam o pretérito platino e nos escritos

realizados por Pedro de Angelis na “Colección”, um objetivo bastante pragmático: sustentar e

divulgar, diante de seu público leitor, o poder e o discurso rosistas.

Palavras-chave: Historiografia, Coleção, Oitocentos, História da América, História da Argentina.

OS ARQUIVOS DA REPRESSÃO NA CONSTRUÇÃO DO DIREITO À MEMÓRIA, VERDADE E

JUSTIÇA NO BRASIL

Janaína Vedoin Lopes (Bacharel / Arquivista – UFSM)

Durante 21 anos, de 1964 a 1985, o Estado brasileiro ficou marcado na sua história pelos governos

civis militares que baseados na Doutrina de Segurança Nacional instalaram uma cultura do medo e

do terror, caracterizado pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censuras e

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perseguições políticas. Dentro deste contexto, muitos documentos referentes as prisões e as

práticas do estado foram produzidos em órgãos institucionais e que hoje resultam nos chamados

arquivos da repressão que formam importantes conjuntos documentais produzidos pelos órgão

informação e segurança nas ações repressivas. Tais acervos tornaram-se importantes fontes

documentais na luta pelo direito à memória e verdade ao longo do período de redemocratização

brasileira e com a criação da Comissão Nacional da Verdade auxiliaram nos trabalhos de

investigação que resultou em 2014 no seu Relatório Final. O presente trabalho tem por objetivo

apresentar um estudo sobre a importância dos arquivos da repressão na construção do direito a

memória e a verdade, e num futuro na questão da justiça, no país e ainda demonstrar o quanto os

mesmos auxiliam no debate referente aos sistemas repressivos que ainda persistem no país nos dias

de hoje.

Palavras-chave: Brasil. Ditadura. Arquivos da repressão.

O HISTORIADOR DO SÉCULO XXI – OS PROCESSOS DIGITAIS NA PESQUISA HISTÓRICA

Jaqueline da Silva de Oliveira (Mestranda – PUCRS)

O trabalho busca apresentar uma panorama das novas possibilidades de pesquisa a disposição dos

historiadores no século XXI, sobretudo aquelas relacionadas a pesquisa usando recursos digitais.

Tais recursos trouxeram novo fôlego para a pesquisa histórica, e embora encontrem certa resistência

por parte de alguns pesquisadores vieram para ficar e se fazem cada dia mais presentes. Menção a

acervos digitais, conteúdo digital de bibliotecas, sites, blogs, revistas on-lines são comumente

encontradas nas referencias de trabalhos históricos da atualidade. Mas os historiadores estão

preparados para trabalhar com essas novas fontes? Os historiadores do século XXI aproveitam de

fato esses recursos? Até que ponto a História pode fazer uso da tecnologia? Essas são algumas das

questões que pretende-se responder através da analise bibliográfica relativa ao tema, bem como na

própria pratica de trabalho; o estudo de caso do Laboratório de Pesquisas em História Oral da

PUCRS (LAPHO), onde as diferentes etapas de produção do conhecimento envolvem direta ou

indiretamente o uso dessas tecnologias digitais servirá de base para responder tais questões. A

coleta do depoimento, a transcrição e armazenamento do mesmo em um banco de dados, tudo

demanda o uso de processos digitais. Mas nem sempre foi assim, houve uma transição gradual do

analógico para o digital nas praticas laboratoriais no LAPHO, a partir de entrevistas com os

pesquisadores e do resgate da historia do próprio laboratório, pretende-se demonstrar como foi

positiva e produtiva essa transição.

Palavras-chave: Lapho, historia oral, recursos digitais, historiador, tecnologia

COMO FAZER ANTROPOLOGIA HISTÓRICA: O ACESSO À DOCUMENTAÇÃO MEDIEVAL NA

ATUALIDADE

Odir Mauro da Cunha Fontoura (Mestrando – UFRGS)

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O objetivo desta comunicação consiste em apresentar os avanços parciais da atual pesquisa de

Mestrado em História que está sendo desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

que intitula-se: “Em defesa da Cristandade: o conceito de bem comum para Tomás de Aquino na

Suma Teológica”. Será trabalhado o conceito de antropologia escolástica, sendo esta um método de

pesquisa que se dedica a analisar a documentação produzida entre os séc. XII e XIV na esfera da

Igreja e do direito na Idade Média: bulas e decretos papais, atas de Concílios, tratados inquisitoriais e

Sumas. A fim de circunscrever a atual pesquisa com o tema proposto pelo II Encontro de Pesquisas

Históricas (“O historiador e as novas tecnologias”), o que será analisado serão as fontes utilizadas

pela atual pesquisa de mestrado, e sobre como estes documentos estão disponíveis na atualidade,

mais especificamente na internet. Também serão apresentadas propostas de metodologias e

ferramentas para se trabalhar com esse tipo de documentação digital. Esta comunicação tem por

objetivo ilustrar um exercício de antropologia escolástica fazendo uso de instrumentos que a internet

nos proporciona gratuitamente.

Palavras-chave: Idade Média; Antropologia Escolástica; Internet; Tomás de Aquino; Suma Teológica

A HISTÓRIA DAS FONTES: BREVE RELATO DA TRAJETÓRIA DO ACERVO BENNO MENTZ, AO

LONGO DE UM SÉCULO

Rosângela Cristina Ribeiro Ramos (Mestranda – Unisinos)

O presente texto resulta de uma pesquisa para a dissertação de mestrado e tece algumas

considerações a respeito do Acervo Benno Mentz (ABM). Visa a esclarecer pontos sobre a sua

trajetória, desde o século XIX e caracterizá-lo, de modo a ilustrar sua importância como fonte para a

Historiografia.

Palavras-chave: Acervo. Benno Mentz. Patrimônio. História Cultural

O PAPEL DO HISTORIADOR EM UM ACERVO ARTÍSTICO: UM ESTUDO DE CASO NA FUNDAÇÃO

VERA CHAVES BARCELLOS

Thaís Franco (Graduada – PUCRS)

A presente pesquisa propõe refletir a importância do Historiador em um acervo artístico. Ainda que

se tenha uma breve percepção do trabalho realizado para a preservação do acervo de uma reserva

técnica, o Historiador necessita se adaptar as especificidades dos materiais constituintes das obras

de arte, além de ampliar seu conhecimento a respeito de novas ferramentas de catalogação.

Ademais, o Historiador precisa se valer de seu conhecimento para contextualizar a obra

historicamente e seu envolvimento com a sociedade, ampliando sua análise para além do ponto de

vista artístico. Na relação entre obra e memória, é função do Historiador garantir sua preservação

através de uma catalogação que identifique o real sentido da obra, uma vez que considera e analisa

o cenário no qual a mesma esteve inserida. Assim, a pesquisa utiliza-se de um estudo de caso que

observa o trabalho de uma Historiadora responsável pelo acervo artístico da instituição Fundação

Vera Chaves Barcellos e do uso da base de dados Donato: ferramenta computacional voltada para a

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catalogação de seu acervo. A partir deste aspecto, serão abordados seus desafios no que tange as

particularidades do trabalho de acervo, sua importância para a contextualização e, suas

contribuições para a preservação da memória dentro da instituição.

Palavras-chave: Memória; Arte; Acervo; Catalogação; Fundação Vera Chaves Barcellos.

ST 13 – BIOGRAFIAS E TRAJETÓRIAS Coordenadores – Jefferson Teles Martins e Letícia Rosa Marques

Sala 423 – Prédio 03 [27/05/15]

Manhã – 8h às 12h

“CARTAS À MARIA RITA": SAÚDE E EDUCAÇÃO ATRAVÉS DAS CORRESPONDÊNCIAS

PESSOAIS DO VISCONDE DE PELOTAS E SUA ESPOSA.

Bruna Gomes Rangel (Mestranda – Unisinos)

Jose Antonio Correia da Camara, também conhecido por Visconde de Pelotas, foi um militar sul-

riograndense que atuou a favor do Império do Brasil em diversas guerras no século XIX, inclusive a

Guerra do Paraguai (1864-1870), quando comandou as tropas que executaram Solano Lopez. A

partir disso, passou a ascender politicamente, sendo eleito Senador pelo Partido Liberal em 1880.

Casou-se com Maria Rita Fernandes Pinheiro, que era sua sobrinha e filha de José Feliciano

Fernandes Pinheiro (Visconde de São Leopoldo), portanto, também fazia parte da elite sul-

riograndense. Nos momentos em que atuava em guerras e também enquanto morava no Rio de

Janeiro ao ocupar cargos políticos, correspondia-se frequentemente com sua esposa, Maria Rita,

quando ele contava detalhes de suas ações enquanto militar nas guerras, como também sobre sua

atuação política, suas relações com outros políticos, seus discursos, seu cotidiano, bem como se

interessava em saber como a esposa e os filhos estavam em relação aos estudos e a saúde,

principalmente. O presente trabalho tem por objetivo compreender a educação e a saúde no Rio

Grande do Sul no final do século XIX através de correspondências pessoais de uma família da elite

portoalegrense, a família Câmara.

Palavras-chave: Brasil Império, Correspondências, Famílias, Educação, Saúde.

“O COORDENADOR DAS NOSSAS RENDAS”: A ATUAÇÃO COMERCIAL E POLÍTICA DE

DOMINGOS JOSÉ DE ALMEIDA NOS CARGOS ADMINISTRATIVOS DO EXÉRCITO FARROUPILHA

(1835-1845)

Cristiano Soares Campos (Mestrando – UFSM)

Ao trabalharmos com o século XIX, período onde Estado Nacional encontrasse em formação, o

comércio em um período de revoltas regenciais acaba influenciando de forma direta as decisões

tomadas ao longo do processo. Charqueadores e comerciantes constituíram-se como participantes

ativos deste processo. O objetivo deste trabalho é entendermos, a partir de Domingos José de

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Almeida, charqueador, jornalista e Ministro da Fazenda ao longo da Guerra dos Farrapos (1835-

1845), como funcionavam as relações comerciais e políticas praticadas pelos farroupilhas neste

período. Observaremos também de que forma se deu a inserção de charqueadores e comerciantes

ao exército farroupilha, a importância dos cargos assumidos e como estes a partir da figura de

Almeida, desenvolveram seus papéis. Observamos até o momento que charqueadores e

comerciantes aproveitaram-se dos cargos políticos assumidos junto ao exército farroupilha, para

facilitar seus negócios e interesses particulares/privados. Utilizamos como fontes de pesquisa cartas

presentes na Coleção Varela, e Registros de Compra e Venda, encontrados no Arquivo Público do

Estado do Rio Grande do Sul (APERS). Este trabalho conta com financiamento FAPERGS/CAPES, e

contém parte dos resultados encontrados em minha pesquisa para a Dissertação de Mestrado, que

vem sendo desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Historia da UFSM (PPGH/UFSM), sob

orientação do Professor Doutor José Iran Ribeiro.

Palavras-chave: Comércio; Guerra dos Farrapos; Domingos José de Almeida; Charqueadores;

Comerciantes.

O PAPEL DA REVISTA DO IHGRGS NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA HISTÓRIA E

LEGITIMAÇÃO ACADÊMICA

Jefferson Teles Martins (Doutorando – PUCRS)

Jean François Sirinelli propõe que as “revistas” devem ser analisadas como “estruturas elementares

de sociabilidade” dentro do estudo dos intelectuais, pois são, ao mesmo tempo, um lugar de

fermentação intelectual onde pode ser observado o movimento das ideias, e, também, um viveiro da

sociabilidade de microcosmo intelectual. Tendo em vista esta perspectiva, serão analisados, aqui, as

relações e as hierarquias dos membros do IHGRGS utilizando como índice desta avaliação a revista

do IHGRGS. O foco não será nem o discurso, nem o conteúdo, mas os seus autores. Contudo, o

discurso e o conteúdo serão trazidos para situar os autores no espaço institucional e acadêmico. A

“Revista do IHGRGS” cumpriu um papel fundamental no processo de institucionalização e

legitimação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Foi o principal instrumento de

visibilidade institucional (ante às instituições homólogas no Brasil e no exterior) e da agenda proposta

pelos historiadores rio-grandenses. Sua importância pode ser vista em sua regularidade: foi

publicada trimestralmente sem interrupções desde 1921 até 1950. Assim, a Revista do Instituto

Histórico deverá ser vista, neste artigo, como o principal índice da produção historiográfica rio-

grandense, na primeira metade do século XX, e da hierarquia dos autores e, também, permitirá o

estudo da construção da legitimidade sob o manto da cientificidade e oficialidade.

Palavras-chave: IHGRGS; historiadores gaúchos; intelectuais; Revista do IHGRGS; legitimação.

A CIDADE DE ALBERTO, O ALBERTO NA CIDADE: A TRAJETÓRIA E ESCRITA DE UM CRONISTA

PELOTENSE (1928-1939)

Jéssica Oliveira de Souza (Mestranda – UFPel)

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A crônica é uma escrita sensível aos fatos cotidianos que se sucedem no cenário da cidade, gênero

da literatura que se popularizado no século XX, com o surgimento da imprensa. É por excelência, o

documento que fala do urbano, não como paisagem, mas como cenário ativo na história. Essa

comunicação se propõem a apresentar as crônicas do escritor pelotense Alberto Coelho da Cunha

(1853-1939), mais especificamente sua coletânea denominada “Antigualhas de Pelotas” (1928-1939),

tendo como objetivo central demonstrar a análise do autor, texto e contexto que vem sendo

desenvolvida com essas fontes literárias. Durante seus 41 anos como servidor público, Alberto

Coelho da Cunha, desempenhou importante papel registrando a história da cidade de Pelotas.

Grande parte dos textos foi conservada e hoje se encontra no acervo da Bibliotheca Pública

Pelotense (BPP), compondo o Fundo Documental Alberto Coelho da Cunha. No local, há uma

relação da obra de Alberto, elaborada por Henrique Carlos de Morais, que lista mais de 95 itens pelo

autor produzidos. Foi após quinze anos da sua vida morando na “Estância Paraizo” que Alberto se

dedicou a escrever, como cronista, para colunas de jornal, o cotidiano da Pelotas urbana e rural,

onde acentuam-se, então, traços e características da industrialização. A pesquisa se desenvolve a

partir desses documentos produzidos pelo escritor pelotense, que se encontram salvaguardados na

BPP e no Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPEL). Destarte, a comunicação discute o

emprego de uma fonte peculiar para o estudo da história vista da perspectiva das representações

urbanas.

Palavras-chave: Crônica, Pelotas, Literatura e História da Cidade

A TRAJETÓRIA DE CANGAPOL “O BRAVO” E A AGÊNCIA INDÍGENA NA FRONTEIRA SUL

BONAERENSE (SÉCULO XVIII)

Juliana Aparecida Camilo da Silva (Mestranda – Unisinos)

Este trabalho tem por objetivo demonstrar a trajetória de um cacique denominado Cangapol, ou

Nicolás, “O Bravo”, líder de um importante “malone” na pampa argentina de meados do XVIII. Foi

com este cacique que os jesuítas negociaram a constituição de três missões na fronteira do Rio

Salado entre os anos de 1740-1753. Por intermédio deste personagem pretendemos pensar

aspectos mais amplos da dinâmica das sociedades indígenas na fronteira sul bonaerense, como: as

conexões com a sociedade “branca”, as relações interétnicas, o trânsito de bens materiais e

simbólicos e as características que assumem os cacicados nesta época. É preciso ressaltar, que

compreendemos a fronteira como uma área de interconexões (WEBER, 2007), e como um espaço

ímpar para a análise dos contatos interétnicos. Contudo, nossa reflexão não pretende elaborar uma

biografia do chefe pampa, mas se valer dele como pretexto para uma visão alternativa da história das

missões jesuíticas e das relações estabelecidas entre ocidentais e indígenas. Nossas principais

fontes são: a“Carta Ânuade 1735-1743” de Pedro Lozano, a “Descripción de la Patagonia” (1774) de

Tomas Falkner, o “Paraguay Cathólico"(1772), de Sanchez Labrador, e a compilaçao Entre los

pampas de Buenos Aires feita porGuillermo Furlong em 1938. Também podemos destacar

documentos do Archivo General de la Nación, Argentina, do fundo Comandancia de Fronteras (Sala

IX, Leg. 1-5-3). Entre outros destaca-se aí um conjunto de "Bandos do Governador" (1740-1750), e o

tratado “Paces del Casuatí” (1741-1742). Outros registros importantes são algumas cartas e

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delegações contidas no Arquivo General de las Indias en el Museo Etnográfico, Carpetas I (1716-

1745) e J (1746-1794). Estes documentos em geral traduzem uma visão altamente negativa sobre os

nativos da região e sobre Cangapol. No estanto, submetidos à regras adequadas de análise, eles se

prestam bem para o estudo que estamos propondo.

Palavras-chave: América Espanhola- Agência Indígena - Missões Austrais

NAS VEREDAS DO IMPÉRIO: APONTAMENTOS SOBRE A TRAJETÓRIA DE JOÃO DA SILVA

TAVARES (RS, SÉCULO XIX)

Leandro Rosa de Oliveira (Mestrando – PUCRS)

O presente trabalho pretende apresentar alguns apontamentos iniciais de pesquisa sobre a trajetória

de João da Silva Tavares. Nascido na paróquia de São Sebastião do Herval, localizada no atual

estado do Rio Grande do Sul, Silva Tavares iniciou sua carreira militar nas tropas do Império

Português que intervieram no território do atual Uruguai durante as primeiras décadas do século XIX.

Já como comandante de tropas, mantém-se fiel ao Império Brasileiro durante a Revolução

Farroupilha, estabelecendo-se após o término desta no município de Bagé. Possuindo propriedades

rurais no Brasil e no Uruguai, Silva Tavares torna-se um dos potentados da região de Bagé, tendo

sido nomeado várias vezes para comandar a Guarda Nacional nessa localidade, recebendo os títulos

de Barão e, posteriormente, Visconde de Serro Alegre. Nossas pesquisas pretendem analisar as

peculiaridades da trajetória de uma liderança militar que faz sua carreira em um território de fronteira,

atuando ativamente nos conflitos bélicos que ocorrem ao sul do Brasil durante o século XIX. Além

disso, pretendemos analisar alguns momentos dessa trajetória comparando a posição ocupada por

Silva Tavares com as diversas conjunturas que se apresentaram ao longo de sua vida, cruzando

elementos qualitativos de sua trajetória com dados quantitativos relativos aos contextos nos quais o

mesmo esteve inserido.

Palavras-chave: História do Brasil império; História Social da Política; Migração; Hierarquias Sociais;

Elites;

A TRAJETÓRIA DO MAESTRO JOAQUIM JOSÉ DE MENDANHA: APONTAMENTOS SOBRE “COR”

E ASCENSÃO SOCIAL NO RIO GRANDE DO SUL DO SÉCULO XIX

Letícia Rosa Marques (Doutoranda – PUCRS)

O presente estudo tem como objetivo apresentar, através da trajetória do Maestro Joaquim José de

Mendanha, algumas reflexões sobre “cor” e ascensão social, questionando quais eram os espaços

de atuação e circulação encontrados por “pardos” e “mulatos” no Rio Grande do Sul do século XIX.

Considerado “mulato” por fontes do período, o Maestro Mendanha, que ficou conhecido pela

composição da música do Hino Rio-Grandense, ainda atuou como músico em algumas Igrejas de

Porto Alegre, deixando registrado através de suas ações, o seu envolvimento e a sua contribuição

cultural para com essa sociedade. Em uma conjuntura de construção do Estado nacional, onde

novas leis, de caráter mais liberal, buscavam ajustar o lugar de cada cidadão e na qual os “homens

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de cor” ocupavam um espaço subalterno, a trajetória do referido Maestro permite iluminar aspectos

importantes sobre a relação entre “cor” e lugar social, fornecendo indícios sobre os conjuntos de

atributos sociais que precisariam ser acionados para uma determinada mobilidade, bem como alguns

dos caminhos que a música poderia apresentar nesta época. Desta forma, fundamentando-se em

fontes bibliográficas e documentais, pretende-se investigar os limites e as possibilidades que

poderiam ser impostos em um percurso individual e que ajudam a revelar algumas formas de

colocação e ascensão social no Brasil Imperial.

Palavras-chave: Brasil Imperial; Rio Grande do Sul; trajetória; Joaquim José de Mendanha; ascensão

social.

DOM JOSÉ IVO LORSCHEITER E A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA (1964-1985)

Thiago Alves Torres (Mestrando – UFSM)

O presente trabalho visa fazer uma análise acerca da atuação do bispo católico dom José Ivo

Lorscheiter, durante o período da ditadura civil-militar brasileira (1964 – 1985). O referido prelado, ao

assumir importantes funções dentro da principal organização católica brasileira, a Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), primeiramente em âmbito regional e, posteriormente,

nacional, ganhou notoriedade internacional por sua postura em defesa dos direitos humanos, num

período em que o Brasil destaca-se no cenário mundial, como um país que prendia, torturava,

desaparecia e levava à morte um significativo número de pessoas em virtude de suas posturas

discordantes às determinações do governo militar. Além disso, dom Ivo passa a ser reconhecido por

sua flexibilidade em estabelecer diálogos com o modelo governamental vigente, sem com isso abrir

mão de suas convicções e opções sociais e eclesiais. Seus cargos dentro da Igreja fazem-no

percorrer o Brasil interior e outros países, oportunidades em que apresentava o cenário eclesial,

político e social brasileiro a outros grupos. A pesquisa também visa distinguir duas fases bem

distintas no episcopado de dom Ivo, primeiramente, como bispo auxiliar de Porto Alegre, tendo dom

Vicente Scherer, apoiador do golpe de 64, à frente desta arquidiocese e, posteriormente, dom Ivo

como bispo titular da diocese de Santa Maria, cidade com grande contingente militar. Queremos

analisar de que forma dom Ivo atuou nestes diferentes momentos de sua vida eclesial na defesa dos

presos e perseguidos pela ditadura civil-militar e como tal postura repercutiu entre a sociedade e o

governo militar. Por ser uma pesquisa que está apenas no seu início, os resultados são limitados,

necessitando uma investigação ainda mais ampla.

Palavras-chave: Dom Ivo; Ditadura civil-militar; Igreja católica

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ST 14 – ARQUEOLOGIA E PATRIMÔNIO Coordenador – Alexandre Pena Matos

Sala 323 – Prédio 03 [28/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

A GÊNESE DO IPHAN E O PENSAMENTO AUTORITÁRIO

Alexandre dos Santos Villas Bôas (Doutorando – PUCRS)

Este trabalho tem por objetivo caracterizar a formação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (IPHAN) a partir de seu viés ideológico construído pelos intelectuais que participaram da

criação do órgão máximo de gestão do patrimônio cultural brasileiro, no momento de instauração do

regime autoritário do Estado Novo. Para decidir o que deveria ser preservado ou não foi formulado o

conceito de patrimônio nacional brasileiro entendido como a arquitetura barroca luso-brasileira

erigida como o símbolo da nação. Tal ideologia possibilitou ao regime Varguista consolidar no

imaginário da sociedade uma origem comum do povo brasileiro calcado no chamado patrimônio de

pedra e cal. No instante em que o pensamento autoritário exigia a intervenção de um Estado

ditatorial conduzindo a sociedade nasce um órgão controlado por intelectuais que tinham uma

vinculação ao movimento modernista e que acabam participando deste Estado autoritário. Analisar

essa relação entre intelectuais modernistas na área do patrimônio cultural e o Estado Novo, sua

influência no conceito de patrimônio nacional e suas implicações na constituição do IPHAN e sua

política de preservação patrimonial é o escopo deste trabalho com vista a identificar elementos do

pensamento autoritário em um discurso considerado por seus formuladores como puramente técnico

e despojado de conteúdo ideológico.

Palavras-chave: Patrimônio – História – Autoritarismo – Preservação – Estado

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: A PRÁTICA SIMULADA DE ANÁLISE E COLAGEM DE CERÂMICA

Alexandre Pena Matos (Doutorando – PUCRS)

Filipi Gomes de Pompeu (Mestrando – PUCRS)

O artigo apresenta o roteiro para a Educação Patrimonial. A dinâmica tem como foco os discentes

das turmas de 6º ano das Escolas de Ensino Fundamental. O trabalho foi desenvolvido durante dois

anos (2013 e 2014) nas cidades de Osório, Capão da Canoa e Xangri-lá, localizadas no Litoral Norte

do Estado do Rio Grande do Sul. Contou com a participação de 11 turmas entre os 4º e 7º anos e

presença de 355 alunos com idades entre dez a 14 anos, com média por sala de aula de 33

participantes. As atividades educativas foram regidas sob o título “Oficina de Arqueologia: análise e

colagem de cerâmica” e contemplaram as etapas: o questionamento (O que é ser indígena? O que é

patrimônio? Culturas brasileiras?); apresentação dos materiais arqueológicos (material lítico,

cerâmico e em osso); e, a prática simulada de análise e colagem de cerâmica. A pesquisa

arqueológica, ao fornecer uma perspectiva do estudo do patrimônio arqueológico no âmbito escolar,

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possibilita aos alunos e professores o conhecimento dos bens culturais regionais ao olhar para seu

território e perceber a ocupação humana em seus tempos distintos, deixando sob o relevo suas

marcas culturais.

Palavras-chave: Educação Patrimonial;Arqueologia; Bem Cultural; Educação.

ARQUEOLOGIA DA CIDADE CINZA: PRESSUPOSTOS DE UMA RETÓRICA ARQUEOLÓGICA

Felipe Benites Tramasoli (Mestrando – Museu Nacional / UFRJ)

Há um aparente consenso de que, se o século XX foi o do discurso, o novo século representa um

movimento de retorno às coisas. Isto acontece, justamente, em uma época onde as sociedades,

como nunca antes, constroem uma grande massa de discursos sobre si mesmas. Entendendo que,

assim como a escassez de informações, a enorme abundância delas também é passível de causar o

obscurecimento de entendimentos e de vozes, esta pesquisa visa tratar do contemporâneo, não

como mera circunstância do fazer arqueológico, mas como problemática. A sugestão é fazê-lo

através da construção de uma retórica arqueológica, que, aqui, possui semelhanças ao ato artístico,

mas não deseja ser um, senão que degluti-lo e digeri-lo em prol da Arqueologia. Deve-se evitar tomar

a materialidade como objeto de arte, ou centralizar a questão estética e, sim, trabalhar a incessante

diferença que os vários entes do mundo constroem uns sobre os outros. Esta pesquisa apresenta

algumas considerações e os resultados parciais de uma proposta de manifesto arqueológico

construído sobre as ruínas do núcleo urbano da cidade do Rio Grande/RS. O objetivo último,

pretende-se, é o de trazer à tona a irrealidade de uma construção do passado, assumindo que ela

possui uma radical incompletude. O propósito não é tanto o de desqualificar as construções sobre

uma continuidade histórica, mas o de colocá-las em perspectiva e alertar a comunidade quanto às

suas vicissitudes.

Palavras-chave: Arqueologia, Contemporaneidade, Paisagem, Ruína, Modernidade

A FOTOGRAFIA DOCUMENTAL E A ARQUEOLOGIA PROCESSUAL

Filipi Gomes de Pompeu (Mestrando – PUCRS)

Dentre a colher de pedreiro, a pá, peneiras e réguas, uma das principais ferramentas documentativas

da qual se dispõe o arqueólogo, por incrível (e ao mesmo tempo óbvio) que pareça, é a câmera

fotográfica. Para comprovar aos leitores interessados o contexto paisagístico e espacial do sítios e

das evidências nele encontradas – leitor esse que geralmente é incapaz de visitar a origem das

fontes – é indispensável a produção e pesquisa de documentação fotográfica. Das imagens antigas

da região onde se está escavando a até, principalmente, as que são geradas in loco, em sítio, surge

uma questão – qual é o olhar do arqueólogo? O que ele procura ao observar/produzir uma imagem

fotográfica? Quais os roteiros de leitura visual que existem nas fotografias de uma peça encontrada

em campo, de uma camada estratigráfica, de um sepultamento, do ponto de vista aéreo do sitio?

Afinal qual é a cultura visual do arqueólogo? Nesta investigação, exploraremos as conexões e

similaridades epistemológicas entre os conceitos de Fotografia Documental e Arqueologia

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Processual; explorando uma senda interdisciplinar necessária para realizar uma crítica sobre a

produção arqueológica, sobre como contamos o nosso passado mais remoto e sobre o que,

atualmente, é considerado “Pré-História”. Neste caminho obscuro como uma caixa preta, não apenas

as fontes consultadas por esta e aquela disciplina são as mesmas, mas as próprias disciplinas se

confundem em seus objetivos: recriar o trajeto do Homem ao longo do tempo e analisá-lo para que

possamos compreender o hoje e projetar o amanhã. Assim, busca-se desenvolver um debate que

deseja (re)construir a práxis fotográfica e documental das metodologias arqueológicas em busca de

uma aproximação com a História – afinal, nem tudo que conta uma história está (ou pode ser)

escrito...

Palavras-chave: Arqueologia, Processualismo, Fotografia Documental, Fontes Históricas, Crítica

ARQUEOLOGIA DA ESCRAVIDÃO: ESPACIALIDADE E PRESENÇA DO NEGRO EM INVENTÁRIOS

DA ESTÂNCIA DO CERRO PARTIDO, SANTA BÁRBARA DA ENCRUZILHADA, 1780-1888

Fernando Carlos Lopes Filho (Graduado – ULBRA)

A microrregião da Serra do Sudeste, localizada entre os rios Jacuí (ao norte) e Camaquã (ao sul),

recebeu durante o fim do século XVIII, uma significativa quantidade de concessões de sesmarias.O

objetivo deste estudo é Identificar através da relação entre espacialidade, presença do negro em

inventários e da ocupação luso-brasileira representada pela família dos Carvalho, a configuração da

mão de obra escrava e o negro como agente social no rural riograndense oitocentista.A presença da

sede da Estância do Cerro Partido, com a datação do fim do século XVIII, é caracterizada com

estruturas de senzalas preservadas, e de três gerações documentais de inventários com escravos

deixados como herança que corroboram a hipótese de que a mão de obra escrava foi ostensiva e

configurou todo o processo de produção da estância do Cerro Partido, podendo designar o negro

como mão de obra presente no escravismo rural do Rio Grande do Sul oitocentista, uma vez que a

Arqueologia coloca os elementos da cultura material como medidores das relações sociais. A

utilização da diversidade de fontes, cultura material, espaço social e documentação histórica, habilita

a disciplina de Arqueologia Histórica ou Arqueologia da Escravidão no Rio Grande do Sul para o

estudo. A família Carvalho, detentora da Estância do Cerro Partido de 1780 até o presente momento,

foi atuante na utilização de mão de obra escrava, nas três gerações estudadas até o fim do período

escravagista no Rio Grande do Sul acompanhando as características de diminuição desta mão de

obra conforme implementadas as leis abolicionistas no Brasil.

Palavras-chave: Arqueologia histórica, escravidão, documentação histórica.

ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA: PESQUISA JUNTO À OBRA DE AMPLIAÇÃO DO SHOPPING PRAIA

DE BELAS – MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE/RS

Ingrid Oyarzábal Schmitz (Licenciada – PUCRS / UFRGS)

Através do monitoramento arqueológico previsto, e ocorrido, na obra de ampliação do Shopping

Praia de Belas, foi possível pesquisar um novo sítio arqueológico na cidade de Porto Alegre/RS-

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Brasil. A coordenação desta pesquisa é do arqueólogo Alberto Tavares, e o endosso institucional do

Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo. O estudo do sítio ocorreu em duas etapas, a primeira em

2008 e a segunda em 2012. Através do levantamento histórico do local, identificou-se quatro

ocupações distintas, a primeira da segunda metade do século dezenove, com a chácara do

Comendador João Batista Ferreira de Azevedo; um segundo momento onde a casa é demolida e o

terreno é utilizado para descarte de lixo; outra de quatro lotes do inicio do século vinte, com suas

respectivas moradias e lixeiras domésticas; e a última, a instalação da fábrica da Pepsi, já na

segunda metade do século XX. O sítio, registrado como RS-JA-71 Chácara do Comendador Ferreira

de Azevedo, nos ofereceu amostras claras destas ocupações. Além das atividades de campo e

laboratório, oficinas de arqueologia para o ensino fundamental foram desenvolvidas ao longo do

projeto. Atividade crescente, a arqueologia de contrato traz à tona uma vasta quantidade de cultura

material, que carece de mais estudos. O objetivo deste trabalho, é, justamente, apresentar o

potencial deste material nas pesquisas acadêmicas nas áreas de arqueologia e história.

Palavras-chave: Arqueologia; Salvamento; Porto Alegre; Educação Patrimonial.

ARAUCÁRIAS, PINHÕES E PESSOAS: A RELAÇÃO DOS KAINGANG COM A PAISAGEM NO

PLANALTO SUL-RIO-GRANDENSE

Juliana Konflanz de Moura (Pós-graduanda – IAB)

Marcus A. S. Wittmann (Pós-graduando – IAB)

As populações pré-históricas parecem já estar assentadas no território Sul-rio-grandense desde o

início do Holoceno, numa região onde a ocupação da fauna e flora já encontravam-se há milhões de

anos. Ainda durante o início deste período, as áreas altas da costa onde atualmente existem as

Araucárias, antigamente haviam sido cobertas por campos. O clima impedia o avanço do pinheiro,

que ficava restrito aos vales protegidos, sendo menos densos e contínuos, sugerindo um clima frio e

com menos intensidade de chuvas. Cogita-se que o início do avanço das Araucárias começou há

cerca de 3000 anos, atingindo o máximo da expansão entre 1000-1500 anos. As terras acima de 400

metros de altitude no planalto Sul-rio-grandense, são o ambiente em que esta árvore melhor se

desenvolve. O pinhão da Araucária foi – e ainda é – para as populações indígenas do Rio Grande do

Sul (especialmente os Kaingang) uma alimentação rica, principalmente durante a estação invernal. A

subsistência dessas populações Kaingang dependia da caça, da pesca e da coleta – principalmente

do pinhão. A coleta desta semente estava associada ao período de caça mais abundante, que atraía

também animais silvestres e aves. O uso do pinhão como alimento era bastante recorrente, e são

encontrados carbonizados nas fogueiras associadas aos sítios arqueológicos. Não apenas ligados à

alimentação, a Araucária e o pinhão estão ligados também ao mito de origem dos Kaingang e de

culto aos mortos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar a relação entre as populações

Kaingang e a expansão da Mata de Araucária e sua relação com esta.A partir disso, buscamos

responder algumas questões: quais seus métodos de uso e estocagem? A Floresta de Araucárias no

planalto gaúcho teve avanço devido à estas populações? Quais as localizações e distribuição dos

sítios deste grupo no planalto das araucárias?

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Palavras-chave: Arqueologia; Kaingang; Planalto Sul-rio-grandense; Araucária; Pinhão.

O ARQUEÓLOGO COMO EDUCADOR: O LOCAL DO INDÍGENA NA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Marcus A. S. Wittmann (Pós-graduando – IAB)

Juliana Konflanz de Moura (Pós-graduanda – IAB)

Com o advento da Educação Patrimonial dentro do âmbito da Arqueologia de Contrato, os

arqueólogos foram inseridos nas salas de aula de Escolas. Isto gerou debates de como a

Arqueologia deve ser tratada na educação e qual o papel dos arqueólogos nesse processo. Sendo

assim, este trabalho se baseia nas experiências da Equipe de Arqueologia do Laboratório de

Pesquisas Arqueológicas do MCT/PUCRS em turmas do Ensino Fundamental e Médio. Geralmente

o discurso arqueológico parte de uma visão tecno-tipológica da cultura material indígena, tornando

assim invisíveis as pessoas por trás desses artefatos. Além disso, a bibliografia sobre Educação

Patrimonial se foca muito mais na questão da preservação e conservação de bens culturais,

vestígios arqueológicos e monumentos históricos do que na importância de se trabalhar a identidade

cultural e da tomada de consciência por parte dos alunos de seus papéis sociais e históricos. Deste

modo, a Equipe de Arqueologia do LPA/MCT/PUCRS resolveu inserir em suas práticas educativas

uma aproximação da Arqueologia com a História e a Antropologia. Sendo assim, a cultura material é

abordada como um significante, um símbolo, o qual traz traços culturais, hábitos, costumes, histórias

à tona. Alguns dos questionamentos levantados nas atividades de Educação Patrimonial são:

Quantos grupos indígenas existem atualmente no Brasil e no Rio Grande do Sul? Se, caso um

indígena usasse objetos e roupas não-indígenas continuaria sendo um indígena? Se tinham

conhecimento que hábitos como tomar chimarrão, comer pinhão e polenta são costumes indígenas.

Estas perguntas suscitam um debate propício à quebra de preconceitos acerca dos indígenas do

Brasil e o papel da arqueologia para expor a história, a cultura e a luta desses povos e sua

importância na formação da identidade nacional, adequando-se assim à Lei 11.645/2000 a qual

estabelece a obrigatoriedade do ensino desses aspectos no Ensino Fundamental e Médio.

Palavras-chave: Arqueologia, História Indígena, Cultura Material, Identidade Nacional

ST 15 – ÁFRICA E AFRICANIDADES Coordenador – Priscila Weber

Sala 307 – Prédio 03 [28/05/15]

Manhã – 8h às 12h e Tarde – 13h30min às 17h30min

O PONTO E O CONTRAPONTO – OS QUILOMBOS DE PALMARES NAS OBRAS DE NINA

RODRIGUES E ÉDISON CARNEIRO

Adriano Viaro da Silva (Mestrando UPF)

Este trabalho tem como objetivo principal a comparação entre formas de representação, análise e

abordagem, a respeito dos quilombos dos Palmares, por dois autores de campos e orientações

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ideológicas distintas, bem como formações acadêmicas e intelectuais opostas, que abordaram o

mesmo tema: os quilombos dos Palmares. A escolha dos autores a serem analisados neste estudo,

se deu pelo pertencimento à mesma época e mesmas “tendências” de análise do período em que

publicaram suas obras. Entende-se que a partir de um trabalho de comparação e, sobretudo, de um

maior entendimento de suas conjunturas pessoais e profissionais, pode-se chegar a um denominador

comum, salvaguardando suas especificidades. Tanto Nina Rodrigues quanto Édison Carneiro,

analisaram as revoltas de trabalhadores escravizados, a partir de um axioma étnico vigente em suas

épocas, considerando hipóteses culturalistas para a justificativa de fugas e aquilombamentos, porém

com visões distintas a respeito do desenrolar de tais eventos. Conclui-se que o médico Nina

Rodrigues encerra uma etapa de análises conservadoras e dotadas de preconceitos de época,

enquanto que Édison Carneiro inaugura uma nova perspectiva, sobretudo com tomada de posição

política. A partir destas divergências entre os autores e, sobretudo, através de suas relevantes obras,

espera-se, a partir deste estudo, aprimorar as interpretações acerca do tema.

Palavras-chave: Palmares. Quilombos. Escravidão. Historiografia. Colônia

OS DESAFIOS DA CONCRETIZAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR NA GUINÉ-BISSAU: O

ACESSO Á ALIMENTAÇÃO COMO SENDO UM DIREITO DE TODOS.

Amilcar Rodrigues Afonso Santy (Pós-graduando – UFRGS / Direito)

A presente pesquisa trata dos desafios da concretização de segurança alimentar na Guiné-Bissau: O

acesso á alimentação como sendo um direito de todos,Apesar da pobreza, da fome e das demais

violações ao Direito Humano à Alimentação Adequada continuarem a representar um enorme desafio

a ser transposto pela sociedade guineense, o tema da alimentação e nutrição vem sendo objeto de

uma intensa reflexão por parte da sociedade civil e do governo Guineense, ao longo de vários

anos, proposito do livro é Traçar críticas quanto à ausência de atuação de políticas e programas

sobre a agricultura e segurança alimentar, só aparece nos momentos das campanhas eleitorais do

país, que acaba por não serem implementados após as eleições, em vista disso são elaboradas as

seguintes questões: Como funciona o sistema de segurança alimentar em Guiné-Bissau? O sistema

de segurança alimentar Guineense pode ser considerado acessível a todos os cidadãos? Quais são

as políticas e programas de promoção de segurança alimentar em Guiné-Bissau? O objeto deste

artigo, qual seja, a segurança alimentar, é desenvolvido sob o método científico através de pesquisa

bibliográfica, concomitantemente, utilizam-se estudos que avaliam segurança Alimentar e Nutricional

(MALUF, 1994, 2003,2007), provenientes de literatura nacional e internacional, também pela internet

foram exploradas redes de contatos pessoais e feitas consultas para levantamento de estudos e

pesquisa sobre assuntos afins: Para desenvolver a analise proposta estruturou-se o presente artigo

em Cinco capítulos, além desta parte introdutória e das reflexões finais do trabalho. O primeiro

capítulo traz a um brevíssimo panorama Histórica da segurança alimentar no mundo, no segundo

capítulo enfocam-se a Segurança alimentar na literatura nacional e internacional, o terceiro capítulo

traz a incorporação de conceito de Segurança alimentar como direito à alimentação, o quarto relata

o Problema de Insegurança Alimentar no contexto Africano, quinto capítulo avaliam o Acesso a

Alimentação Adequada Direito Fundamental.

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Palavras-chave: Segurança Alimentar, Insegurança Alimentar, Políticas Publicas.

APONTAMENTOS CLASSISTAS PARA A ETNIA NEGRA NO JORNAL A ALVORADA (1930-1935)

Ângela Pereira Oliveira (Mestranda – UFPel)

O A Alvorada era um periódico literário, noticioso e crítico que, circulava na cidade de Pelotas. Ele

teve um longo período de circulação, de 1907 a 1965, com algumas curtas interrupções. Assim, ele é

considerado um dos mais longos periódicos de imprensa negra que circularam no Estado do Rio

Grande do Sul. Sendo inviável, nesse momento, realizar um trabalho que abarque todos os anos de

sua circulação, a proponente pesquisa se delimita, na utilização deste, como sua principal fonte,

entre os anos de 1930 a 1935. Este jornal, no entanto, não se restringia a esta cidade. Sua

comercialização foi expandida para outras localidades da mesma região, como é possível

acompanhar nos informes ao longo de suas páginas. Este hebdomadário, além de ser uma folha

operária também era um defensor da causa negra, tendo muitas campanhas em prol da defesa dos

interesses desses grupos. Assim, com base em diversos informes do jornal A Alvorada, o presente

trabalho se propõe a problematizar a incidência de chamamentos para reuniões classistas e

organização, com um enfoque na grande incidência em que algumas categorias profissionais da

cidade aparecem nas páginas do proponente jornal. Além de, abordar algumas colocações feitas

sobre sindicatos nos relatos desta imprensa. Desta forma, se busca fazer alguns apontamentos

sobre aqueles trabalhadores a quem essa imprensa buscava atingir, demonstrando como se

utilizavam da imprensa negra como recurso para instigar novos operários aos debates de interesses

de classe. Partindo do pressuposto de que o foco do jornal permeava os operários negros, se

problematizará a intencionalidade de tais chamamentos, feitos por associações classistas, ou até

mesmo pelo próprio jornal. Como se pode observar, por exemplo, se evidencia um interesse em que

se desse uma prática maior de associação. Esta análise leva em conta as limitações que a utilização

desta fonte oferece e não objetiva entrar na questão das suas participações efetivas, mas no

envolvimento desses sujeitos na causa operária.

Palavras-chave: Jornal, operários, negros, Pelotas.

DA CONTESTAÇÃO A RESPONSABILIDADE MÚTUA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O

PAN-AFRICANISMO E O AFRICAN RENAISSANCE

Anselmo Otávio (Doutorando – UFRGS)

O artigo proposto para o II Encontro Histórico de Pesquisas Históricas da PUC-RS possui como

principal objetivo compreender as semelhanças e as diferenças existentes entre o Pan-Africanismo e

o African Renaissance. Pautando-se na análise de uma bibliografia vasta, composta por livros,

artigos, documentos oficiais, dentre outros considerados relevantes para este artigo; bem como

baseado em três objetivos específicos, a saber: a análise do Pan-Africanismo no continente africano

e no cenário mundial existente ao longo da Guerra Fria; nas transformações surgidas com o Fim da

Guerra Fria no continente africano; e, por fim, na compreensão do African Renaissance e sua relação

com o cenário internacional Pós-Guerra Fria, busca-se defender a hipótese de que a diferença entre

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o Pan-Africanismo e o African Renaissance é que ambos são respostas africanas para cenários

internacionais distintos, logo, enquanto a adoção do Pan-Africanismo por diversos países africanos

foi fundamental para a resolução de diversas demandas africanas surgidas durante o período da

Guerra Fria, o African Renaissance, em contrapartida, simboliza a tentativa do continente africano

em se adequar ao cenário internacional surgido no Pós-Guerra Fria. Nesse sentido, a partir da

análise proposta para este artigo, espera-se concluir que, embora voltadas a encontrar soluções para

demandas africanas, tais como desenvolvimento econômico, luta contra a miséria extrema,

pacificação continental, dentre outros, em verdade o Pan-Africanismo possuía caráter contestatório

da Ordem Internacional, acreditando que a solução para os transtornos africanos encontrava-se

relacionada à criação de uma Nova Ordem Internacional favorável aos países em desenvolvimento.

Já no African Renaissance defende-se que a solução dos desafios africanos não se encontra na

contestação, e sim, na responsabilidade entre as potências Ocidentais e os países africanos.

Palavras-chave: África. Pan-Africanismo. African Renaissance.

A CONSTRUÇÃO DA MULATA EM UM CONCURSO DE BELEZA NEGRA: “MISS MULATA” NA

LUTA CONTRA O RACISMO (1986-1999 RS)

Beatriz Floôr Quadrado (Mestranda – UFPel)

O trabalho consiste em uma pesquisa de mestrado, em andamento, e que tem como principal

temática um concurso intitulado “Miss Mulata”, com origem em 1969 até 1999, na cidade de Arroio

Grande (RS), como uma forma luta contra racismo, para a construção de novos valores sobre a

mulher negra, de valorização e auto- estima. Uma questão de representação para comunidade negra

intensificada pela imagem de Deise Nunes, a primeira mulher negra a ganhar o “Miss Brasil” (1986),

e que também foi “Miss Mulata” (1982), por isso os anos de 1986-1999 como recorte temporal

escolhido para a pesquisa. A metodologia utilizada para este estudo é a História Oral, um meio para

entender a utilização da terminologia “mulata” para um concurso que tinha por intenção a valorização

da mulher negra, sendo assim o objetivo deste trabalho. O que até então se pode constatar é de se

tratar de uma forma subjetiva do grupo em questão para visualização de símbolos da mulher negra,

comuns também à mulata, estes alvos de estigmas. Então se faz necessário um aprofundamento no

que tange a construção da mulata em âmbito nacional, junto às questões de identidades e

miscigenação da sociedade brasileira. Pretende-se uma análise da luta contra o racismo pela

estética, entendendo esta como um ato político, em especial de afirmação de ideologias e ideais, o

qual se observa em muitos movimentos negros, objetivando desconstruir estereótipos negativos

construídos sobre o corpo negro, sua cultura e história. Liga-se estas construções racistas a um

fenômeno chamado branquitude ou branqueamento, em que se caracteriza essencialmente na

supervalorização do branco, uma posição de poder que acaba moldando padrões europeizados,

inclusive na estética, e assim reforçando a ideia de feiúra e inferioridade sobre a mulher negra.

Palavras-chave: Mulher negra; Mulata; Racismo; Estética; Política.

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A REPRESENTAÇÃO DO POVO WOLOFS NA OBRA TRATADO BREVE DOS RIOS DA GUINÉ

(1594), DO CAPITÃO ANDRÉ ÁLVARES D’ALMADA

Daniel Augusto Pereira Marcilio (Grad. Jornalismo / Graduando História – UFRGS)

Os relatos de viagem tornaram-se uma importante fonte documental para se estudar os povos da

África. É claro que, como qualquer fonte histórica, manuscritos desse gênero precisam ser

problematizados, pois interpretam uma realidade estrangeira a partir de valores e critérios estranhos

à sociedade descrita. Tendo isso em consideração, o Tratado Breve dos Rios da Guiné, redigido em

1594, é um material riquíssimo para a pesquisa história das populações africanas, pois o autor, o

Capitão André Álvares D’Almada, era um mulato nascido em Cabo Verde – ou seja, era um africano

que escreveu sobre a África, embora tivesse ascendência portuguesa. Ao contrário dos primeiros

exploradores, ele não trabalhou com conceitos e noções de inferioridade racial, ou melhor, não

desqualificou de imediato as populações nativas. Era um homem culto, que tentou distinguir os

diferentes grupos e etnias dos Rios da Guiné. Na tentativa de ordenar essa diversidade, ele acaba

também demonstrando a complexidade da África, ao mesmo tempo em que procura identificar quais,

dentre os povos africanos, poderiam ser considerados possíveis aliados ou inimigos – os que seriam

mais belicosos ou menos, abertos ao comércio ou mais reclusos, e assim por diante. Este trabalho,

portanto, pretendo explorar, a partir de um recorte, como um povo específico – no caso, os Wolofs -

foi retratado e compreendido por Almada. Os wolofs foram os primeiro a serem descritos no Tratado

e serviram de modelo para as demais populações apresentadas no texto. Os wolofs, povo ágrafo,

baseavam-se pela tradição oral, e o mérito de Almada foi registrar parte da memória desse grupo em

uma fonte documental, ainda que não tivesse tal intenção. Por isso, o conceito de representação,

definido pelo historiador Roger Chartier, enquadra-se na temática desta pesquisa e será utilizado

para refletir sobre as possibilidades de se recuperar elementos simbólicos e culturais de uma época.

Palavras-chave: História da África – Representações – Literatura de Viagem – Povo Wolof -

CapitãoAndré Álvares D’Almada

TERRITÓRIOS NEGROS URBANOS E OS QUILOMBOS URBANOS CONTEMPORÂNEOS:

DESCOBRINDO A PORTO ALEGRE NEGRA

Jéssica Melo Prestes (Bacharel – PUCRS)

Esta pesquisa desenvolvida através de extensa revisão bibliográfica sobre a temática de

Territorialidade Negra urbana de Porto Alegre, tem por intuito descobrir a ligação dos antigos

Territórios Negros da capital, como o Areal da Baronesa, Ilhota (ambos localizados no atual bairro

Cidade Baixa) e Colônia Africana (localizado no atual bairro Rio Branco) com os Quilombos

contemporâneos urbanos da Cidade. No que tange aos Quilombos, Porto Alegre possuí 4

reconhecidos, cujo 3 deles estão em regiões onde se encontravam os antigos Territórios Negros da

cidade, são eles: Quilombo do Areal, Quilombo dos Fidélix e Quilombo dos Silva.No Rio Grande do

Sul, Estado onde persiste a mistica do “Estado branco” se faz de extrema importância reconhecer os

Territórios Negros da capital, Porto Alegre, primeiramente por esta ter possuído vários territórios

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relacionados a cultura Afro, que se fez presente e marcante, deixando o legado cultural do carnaval,

futebol e as casas de religião.

Palavras-chave: Territórios Negros - Porto Alegre - Quilombos urbanos

A RAINHA GINGA COMO ALTIVA, IMORTAL, ARDILOSA E ESTADISTA NA OBRA DE OLIVEIRA DE

CADORNEGA

Priscila Maria Weber (Doutoranda – PUCRS)

A rainha Ginga, personagem principal da obra “História Geral das Guerras Angolanas”, é descrita de

forma recorrente nas quase duas mil páginas que compõe o texto de Oliveira de Cadornega. Como

características introdutórias, o autor expõe a resistência ao domínio colonial português por quarenta

anos, de 1623 a 1663. Sobre o nascimento da mesma, o autor grafa que teria ocorrido no Ndongo,

em período concomitante com a chegada dos portugueses em Angola. Filha de Jinga Mbandi Ngola

Kiluanji, rei do Ndongo, a parte Imbundo de sua progênie advinha de sua mãe por herança seu

tataravô. Esses dados que condizem com sua falta de matrilinhagem foram aproveitados pelo

escritor para traçar o traquejo político da rainha. Problematizamos que as adjetivações como altiva,

imortal, ardilosa e estadista são engendradas no texto com o intuito de conferir um sentido ao

mesmo, pois produzem uma realidade textual quando mescladas com outras caracterizações,

criando uma rainha inimiga de Portugal, fato que auxiliou na justificativa dos insucessos advindos dos

demorados conflitos bélicos entre africanos de Ndongo, Matamba e adjacências com os lusos.

Palavras-chave: Rainha Ginga; Oliveira de Cadornega; Angola; Ndongo; Matamba

HISTORIA E OS DESAFIOS DO TEMPO PRESENTE: CONFLITOS AFRICANOS, & DIREITOS

HUMANOS - NOVAS PERSPECTIVAS E OUTROS FATORES

Ricardo Ossagô de Carvalho (Doutorando – UFRGS)

A complexidade do Continente africano em termos etno - linguísticos, culturais, econômicos, político -

ideológicos e históricos exige cautela e prudência com teorizações generalizantes quando se fala de

conflitos, em vez de explicar o continente, podem simplesmente desembocar em reducionismos

mutiladores. O artigo tem como objetivo contextualizar de forma critica os conflitos, violência e

direitos humanos na África, assuntos bastante instigadores e ao mesmo tempo desafiadores pelo

contexto que se coloca hoje no continente. Quando pensamos e ou falamos em conflitos e ou direitos

humanos na África, muitas das questões vêm a nossa mente, uma delas é a velha questão de fazer

logo comparações ao Ocidente e ou os seus modelos da Democracia, igualdade, liberdade e direitos

humanos como se fosse coisas lineares que tem que seguir os mesmos processos e modelos com

outros continentes e ou países. Mas, quando considerarmos apenas o fator étnico como sendo o

maior e principal causa, então perderemos a chance de compreender cada conflito, e cada

singularidade nela contido no sentido de podemos considerar os múltiplos fatores que estão por trás

disso. Muitas podem ser as causas determinantes e, mesmo que existam algumas que são comuns à

maior parte dos conflitos, sempre há especificidades. Por exemplo, em conflitos como o de Ruanda,

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prevalecem fatores étnicos. No Sudão, fatores religiosos. Não podemos partir de imediato para

generalizações como é feito na maioria das vezes pela mídia e ou por alguns intelectuais ocidentais,

ainda mais quando se trata de um continente tão amplo e diversificado. A África viveu, e vive

experiências históricas comuns e apresenta semelhanças culturais que ofereceriam algumas

possibilidades para compreendê-la como totalidade complexa sem afogar na generalização as

peculiaridades e experiências das Nações nela contidas. O continente africano não pode ser visto

como portador de uma unidade e de uma identidade única. Com efeito, uma das características mais

marcantes da África é a sua diversidade.

Palavras-chave: Historia, África, identidade, conflitos e direitos humanos.

AS PLANTAS NO TRATADO BREVE DOS RIOS DE GUINE DO CABO-VERDE: A PERSPECTIVA

ETNOBOTÂNICA HISTÓRICA (1594)

Teane Mundstock Jahnke (Graduada – UFRGS)

Este trabalho tem como objetivo apresentar as análises das relações etnobotânicas em perspectiva

histórica, no documento Tratado breve dos Rios de Guine do Cabo-verde: desde o rio do Sanagá até

aos baixos de Sant’Anna de Capitão André Alvares D’Almada, do ano de 1594. É resultado de

pesquisa científica para a escrita do trabalho de conclusão de curso (TCC) na Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, em licenciatura em História, orientado pelo professor José Rivair Macedo no

segundo semestre de 2014. A obra foi estudada a partir das metodologias da etnobotânica de Julio

Hurrell e análise de documento de Jacques Le Goff. Compreende-se as inter-relações entre as

populações guineenses, os portugueses (europeus) e elementos da flora local, a partir do

testemunho de Almada, na região da Guiné, em meados do século XVI. Para a pesquisa foram

utilizadas referências bibliográficas sobre o tema (plantas/etnobotânica) e sobre o contexto

geográfico e temporal. A exposição das relações é apresentada em duas divisões temáticas, ente os

interesses comerciais e produtivos dos vegetais e entre o uso de plantas bioativas tóxicas e

medicinais. Compreende-se que as plantas e sua utilização são essenciais para a história das

sociedades guineenses, tendo valor em aspectos econômicos, sociais, políticos e religiosos.

Palavras-chave: Guiné, etnobotânica, alimentos africanos, plantas bioativas, têxteis africanos.

JOÃO MELO E A IDENTIDADE ANGOLANA PÓS-COLONIAL, NA OBRA FILHOS DA PÁTRIA

Vanessa Alves Felix (Mestranda Letras – UFRGS)

No livro Filhos da Pátria (2008), de João Melo, uma análise sobre Angola, país africano de expressão

portuguesa, é feita. Dando enfoque ao período pós-colonial deste país, sem esquecer-se da fase

colonial, a história de Angola é revelada, por meio de contos que retratam o povo angolano que

habita – em sua maioria – na periferia de Luanda, porém que poderiam pertencer a qualquer país

que possui um sistema excludente. Desta forma, o presente trabalho procurou entender a identidade

angolana, através dos estudos da periferia, das elites e das relações étnico-raciais que existem neste

país, tendo como base a obra de Melo. A Literatura Luso-africana e a crítica pós-colonial têm andado

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juntas, assim as teorias pós-colonialistas foram necessárias para analisar os efeitos políticos,

filosóficos, artísticos e literários deixados pelo colonialismo nos países colonizados. Como

pressupostos teóricos para falar sobre estudos culturais e o Estado pós-colonial na África de língua

portuguesa, utilizei Stuart Hall, Patrick Chabal e outros pensadores africanos. A leitura e análise dos

textos do sociólogo Boaventura de Sousa Santos também foram importantes, pois esse serviu de

auxílio no estudo sobre o colonialismo português. A busca pelo entendimento da história de Angola

foi fundamental para a compreensão da importância da literatura para a construção da identidade

deste povo.

Palavras-chave: Filhos da Pátria, João Melo, Angola, Pós-colonialismo, Identidade

ST 16 – HISTÓRIA AGRÁRIA Coordenador – Helen Scorsatto Ortiz

Sala 307 – Prédio 03 [27/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

A QUESTÃO AGRÁRIA E AS PRÁTICAS POLÍTICO-JURÍDICAS NO NORTE DO RIO GRANDE DO

SUL: 1930 A 1937.

Álisson Cardozo Farias (Mestrando – UPF)

Como parte da dissertação de mestrado na área de concentração em História Regional da

Universidade de Passo Fundo, o presente estudo tem por objetivo discutir a questão agrária e as

práticas político-jurídicas no norte do Rio Grande do Sul, a partir da análise de processos judiciais

provenientes da 2ª Vara Cível da Comarca de Soledade que tramitaram no período de 1930 a 1937.

Desta forma, o intento desse estudo é analisar as mudanças e as permanências das relações

político-jurídicas e econômicas em torno da terra no norte do Rio Grande do Sul no Primeiro Governo

Vargas, em relação à conjuntura histórica constituída na Primeira República, caracterizando as

legislações e os sujeitos envolvidos na questão agrária, bem como o processo de ocupação do

espaço e a constituição da modernização do Estado, observando as noções e práticas trazidas pelo

capitalismo.

Palavras-chave: Questão agrária – Era Vargas – processos judiciais – posse – propriedade.

VACARIA - LAGES: UM ESTUDO DAS UNIÕES FAMILIARES, POSSES, ESTRUTURAS

PRODUTIVAS E TRANSMISSÕES DE PATRIMÔNIO NO SÉCULO XIX

Andréa Pagno Pegoraro (Mestranda – UPF)

Este trabalho pretende apresentar o projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido através da

Universidade de Passo Fundo (UPF) com o apoio da Capes. Buscamos nesta pesquisa analisar

como ocorriam as transmissões de grandes propriedades durante o século XIX no sul do Brasil,

evidenciando os conflitos gerados pelas disputas de posses. A proposta deste estudo surgiu

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inicialmente com a pretensão de estudar as transmissões de patrimônio na fazenda do Socorro em

Vacaria/RS, visto terem sido desencadeados conflitos pela posse da herança de José Joaquim

Ferreira (1872). Com a verificação dos laços de parentesco, compadrio e troca de favores da família

de José Joaquim Ferreira com a família de Antônio Manoel Velho, proprietário da fazenda dos

Ausentes (São José dos Ausentes/RS) decidimos que precisávamos ampliar nosso campo de análise

para compreender melhor o contexto de transmissões dessas grandes propriedades, que possuíam

vastas extensão de léguas, tendo sido elas doadas em sesmarias aos seus primeiros proprietários.

Constamos também a importância da família de Laureano José Ramos de Lages/SC para a história

de Vacaria, pois um dos filhos do fazendeiro, Fidélis Ramos foi proprietário de outra tradicional

fazenda do município, a fazenda Estrela. Definimos então, como recorte de nossa pesquisa o espaço

regional compreendido por Vacaria, Lages e São José dos Ausentes.Nossos estudos buscam

responder ao seguinte questionamento: "Quais os conflitos gerados pelas posses de terras e como

se desenrolaram as relações familiares e de poder através das transmissões de heranças e

aquisição de compras de propriedades no sul Brasil durante o século XIX"?. O título de nossa

pesquisa ficou definido como: " Vacaria - Lages: um estudo das uniões familiares, posses, estruturas

produtivas e transmissões de patrimônio no século XIX" .Temos como objetivo geral analisar como

se desenvolviam as relações familiares e quais as estratégias utilizadas nas transmissões de

patrimônios, através da análise dos testamentos, inventários post-mortem, correspondências,

registros paroquiais e de imóveis. A pesquisa visa contribuir para a ampliação dos conhecimentos

históricos sobre os grandes estancieiros do sul do Brasil; Compreender de que modo as relações

familiares auxiliaram nas transferências de heranças; Entender as transmissões de propriedades de

Laureano José Ramos, José Joaquim Ferreira e Antônio Manoel Velho; Identificar os possíveis

conflitos gerados pelas transmissões de propriedades na Fazenda do Socorro, Guarda-Mor e

Ausentes, durante o século XIX e seus motivos.Pretendemos em nossos estudos evidenciar as

relações sociais entre membros da elite latifundiária e como estas auxiliaram na consolidação do

prestígio social e na manutenção do patrimônio entre seus membros.

Palavras-chave: Patrimônio - Família - Transmissões - Propriedade - Século XIX

NARRATIVAS DA DISPUTA PELA TERRA EM SEDE TRENTIN NO JORNAL O ESTADO (1980-1985)

Douglas Satirio da Rocha (Mestrando – UPF)

No final da década de 1970 e durante os anos de 1980, os problemas relacionados à questão da

terra no Oeste catarinense repercutem em vários jornais do estado de Santa Catarina. Notas,

notícias e reportagens contemplam a tensão vivida nesta região, onde paralelamente acontecem

vários conflitos. Nesse contexto ocorre também no interior do município de Chapecó-SC, o processo

de retomadas das terras indígenas do Toldo Chimbangue. Entre o inicio da década de 1980 e 1985,

– ano da demarcação parcial da área de terra – desencadeou-se uma disputa que envolveu índios

Kaingang e colonos da localidade de Sede Trentin, com ampla divulgação e repercussão na

imprensa escrita. Entre os jornais que noticiaram os acontecimentos envolvendo este processo de

disputa pela terra, destaca-se nesse período, a cobertura jornalística realizada pelo jornal O Estado,

jornal publicado em Florianópolis-SC, com abrangência em várias cidades de Santa Catarina. Este

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trabalho analisa as notícias veiculadas no jornal O Estado sobre a disputa pela terra em Sede

Trentin, entre índios e colonos, no período de 1980 a 1985. Tem por objetivo discutir através das

notícias o processo de retomada das terras indígenas nesta localidade e sua relação com o processo

histórico de disputa pela terra na região Oeste Catarinense. Objetiva também abordar como o jornal

apresentou este conflito para seus leitores e como através da escolha e ordenação das informações

e acontecimentos, construiu certos sentidos, imagens e entendimentos para a questão.

Palavras-chave: Jornal O Estado; Disputa pela terra; Sede Trentin; Índios Kaingang; Colonos.

DUAS FRENTES PARA A REFORMA AGRÁRIA: O LATIFÚNDIO E AS ÁREAS INDÍGENAS. AÇÕES

DO GOVERNO BRIZOLA NA QUESTÃO DA TERRA NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

Gean Zimermann da Silva (Mestrando – UPF)

A região do norte do Rio Grande do Sul foi um palco de movimentos sociais ligados ao meio rural.

Destacamos o período do governo de Leonel Brizola (1959-1962) no tocante às desapropriações de

latifúndios, considerados improdutivos, e de áreas indígenas. Em meados da década de 1960, havia

um grande conflito envolvendo agricultores sem-terra. Um dos grupos que começaram a reivindicar

terras consideradas improdutivas foi o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MASTER), o qual

era influenciado pelo PTB de Leonel Brizola e João Goulart. O MASTER era legitimado pelo governo

do estado, que, por sua vez, tinha um “inimigo” que era a Frente Agrária Gaúcha (FAG), organizada

pela Igreja Católica. Ambos travavam uma luta ideológica frente aos agricultores sem-terra. Havia

duas frentes para a realização da reforma agrária nessa região do Rio Grande do Sul. Uma era os

latifúndios, considerados improdutivos, e a outra frente era as áreas indígenas. Sendo assim, Leonel

Brizola esteve em direção das duas frentes. Objetivamos com esse artigo, baseado na CPI indígena

de 1968, nos relatórios anuais do governo do estado enviados à Assembléia Legislativa, jornais

locais, entre outros, ilustrar de uma forma sucinta, o processo de ocupação e pressão para que

ocorresse a reforma agrária na região do centro-norte do Rio Grande do Sul, em particular nas áreas

indígenas que haviam sido demarcadas no início do século XX.

Palavras-chave: Região do centro-norte do RS; Reforma agrária; MASTER; Desapropriação de

terras; Governo Leonel Brizola.

DESIGUALDADE SOCIAL E CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL:

O PERFIL DOS PATRIMÔNIOS INVENTARIADOS EM SOLEDADE (1861-1920)

Helen Scorsatto Ortiz (Doutora – IFRS)

Sem sombra de dúvidas, a desigualdade social é uma das grandes marcas do Brasil. Neste trabalho,

interessa-nos destacar a divisão desigual da terra e das riquezas que caracterizaram a história de

Soledade entre 1861 e 1920. Nesse período, o município em questão, localizado no planalto sul rio-

grandense, tratava-se de sociedade eminentemente rural, com fortíssimo predomínio das atividades

agrárias. Tal constatação adveio do exame detalhado do perfil geral dos patrimônios constantes nos

inventários post-mortem consultados. A economia local era pouco diversificada e a riqueza

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fortemente concentrada. Em geral, as fortunas convergiam ao patrimônio produtivo representado

pelas terras, benfeitorias, escravizados, animais, equipamentos e instrumentos. A terra foi,

disparado, o bem que maior elevação de preço sofreu naquele período e região. Interessa-nos

destacar, sobretudo, as consequências sociais desse processo, tais como a negação (ou dificuldade)

de acesso à terra para certas camadas da população, a monopolização daquele recurso e o aumento

da intolerância de senhores de terrapara com posseiros, agregados, intrusos, ex-escravizados e

extrativistas.

Palavras-chave: terra; inventários post-mortem; desigualdade social; concentração de riquezas;

Soledade.

REDES DE DELAÇÕES DAS MISSÕES ORIENTAIS

Helenize Soares Serres (Doutoranda – Unisinos)

O artigo trata das relações existentes entre as estâncias missioneiras e as reduções jesuíticas

pertencentes a Província Jesuítica do Paraguai, em especial as localizadas na Banda Oriental do rio

Uruguai. As estâncias missioneiras foramfundadas em regiões distantes entre si, sendo que a

maioria conectava-se por rios. Nelas eram feitas as extrações do gado e seus derivados, e de outros

produtos necessários para o abastecimento das reduções. Por meio das estâncias e das práticas

comerciais que sua produção oportunizava, as missões de diferentes regiões conectavam-se entre

si, e com os espaços exteriores à elas. As relações sociais, econômicas e políticas foram

determinantes para aproximar e distanciar as reduções, estâncias e outros grupos não reduzidos.

Muitas vezes a disparidade daquelas relações levou aqueles povos a dissensos e conflitos. Portanto,

é importante entender como se davam os relacionamentos internos e externos nestes espaços, mais

especificamente como se davam estas relações entre as estâncias missioneiras e suas respectivas

reduções. Assim como, as relações entre estância e reduções com grupos indígenas considerados

infiéis como, por exemplo, os povos dos charruas no espaço alegadamente pertencente à Coroa

Espanhola. Esse estudo torna-se possível através do diálogo com bibliografias do Brasil, Argentina e

Uruguai, levando em conta o conjunto de fontes documentais (tais como relatórios,

correspondências, registros) sobre as estâncias e reduções.

Palavras-chave: Estâncias, reduções, jesuítas, relações.

DIVERSIDADE PRODUTIVA NO EXTREMO SUL DO BRASIL MONÁRQUICO: UMA ANÁLISE

COMPARATIVA DAS MATRIZES PRODUTIVAS DE DUAS LOCALIDADES RURAIS DO RIO GRANDE

DE SÃO PEDRO (PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX)

Leandro Goya Fontella (Doutorando – UFRJ)

André do Nascimento Corrêa (Doutorando – Unisinos)

Nas últimas duas décadas inúmeros estudos sobre as regiões pastoris do Rio Grande de São Pedro

colonial e imperial vêm desmistificando a versão historiográfica consagrada que apresentava o

interior sul rio-grandense como uma área dominada unicamente pela pecuária bovina, a qual era

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desenvolvida por grandes estancieiros que empregavam, sobretudo, peões livres. As pesquisas

recentes mostram um cenário agrário muito mais complexo e diverso, onde a mão-de-obra livre, os

estancieiros, os grandes latifúndios e o pastoreio bovino dividem espaço com escravos, trabalho

familiar, muitos pequenos produtores e inúmeras atividades produtivas. Nesta comunicação

propomos realizar uma análise comparativa das estruturas produtivas de duas regiões de produção

agropastoril no Rio Grande de São Pedro na primeira metade do século XIX: as vilas de Caçapava,

no centro da província, e São Borja, na fronteira oeste. O exame quantitativo e serial de inventários

post mortem nos apresenta relevantes informações dos universos produtivos particulares destas

localidades. Por conseguinte, a confrontação destes dados nos permite aprofundar a análise, pois a

partir das semelhanças e diferenças entre elas, pode-se desvendar a complexidade produtiva interna

da província, uma vez que se percebe que distintas conformações produtivas se estabeleceram no

Rio Grande de São Pedro. De maneira geral, as informações levantadas mostram que o ambiente

rural da região de Caçapava caracterizou-se por uma maior especialização do pastoreio do gado

vacum, enquanto que em São Borja esta atividade dividia espaço com a lavoura de alimentos e a

pecuária muar.

Palavras-chave: Rio Grande de São Pedro; século XIX; diversidade produtiva; método quantitativo-

serial; inventários post mortem.

A HISTÓRIA DA FAZENDA ANNONI A PARTIR DO PROCESSO DE DESAPROPRIAÇÃO. (1972 A

1993)

Simone Lopes Dieckel (Mestranda – UPF)

Neste ano de 2015, a ocupação que ajudou a tornar a Fazenda Annoni num dos símbolos da reforma

agrária na região norte do Rio Grande do Sul, completa seus trinta anos. Porém, antes disso, um

conflito importante já acontecia desde o início da década de 1970, o conflito pouco conhecido em

torno da desapropriação da Annoni, entre os expropriados (família Annoni) e os expropriantes (União

e Incra).A Fazenda Annoni, ficou conhecida em 1985 quando foi alvo da maior ocupação de terras no

Brasil até então, coordenada pelo recém criado MST (Movimento dos Sem Terra) no início do

período democrático. Parte remanescente de um grande latifúndio regional denominado Fazenda

Sarandi, que foi palco constante de conflitos em torno da terra, a Annoni teve seu decreto

expropriatório baixado em 1972, no entanto, muito pouco se sabe sobre o processo judicial de

desapropriação.O objetivo deste texto é compreender a história da Fazenda Annoni a partir do seu

processo de desapropriação, mostrando como ele evoluía na história da Fazenda. O que não pode

ser feito sem que se leve em consideração o contexto histórico regional e nacional, tendo em vista

que o processo transcorreu décadas em que ocorreram transformações significativas, as décadas de

1970, 1980 e 1990. Será contextualizado historicamente a Fazenda Annoni desde a década de

1970, quando a área foi declarada de interesse social para fins de desapropriação, até o ano de

conclusão do assentamento dos acampados, em 1993. Será conhecido um pouco mais deste que é

um dos mais longos processos judiciais, uma fonte histórica de grande valia, que até então nunca

havia sido explorada.

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Palavras-chave: História, Fazenda Annoni, desapropriação, processo judicial, ocupação.

ST 17 – HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA SAÚDE Coordenador – Cristiano Enrique de Brum

Sala 323 – Prédio 03 [28/05/15]

Manhã – 8h às 12h

“ENTRE A VIDA ESPIRITUAL, A VIDA CIENTÍFICA E A VIDA PROFISSIONAL”: APONTAMENTOS

SOBRE O PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE MÉDICOS CATÓLICOS (1946)

Cristiano Enrique de Brum (Doutorando – PUCRS)

Em 1946 na cidade de Fortaleza realizou-se o Primeiro Congresso Brasileiro de Médicos Católicos.

O evento de caráter religioso, de aspirações científicas, foi o primeiro deste âmbito no país e reuniu

centenas de congressistas – médicos e religiosos – a fim de tratar assuntos que sem encontram no

limiar entre a Razão e a Fé, a Ciência e a Religião, a Cura Clínica e o Milagre. Analisar as falas dos

participantes deste evento através dos Anais do encontro revela crenças, ações permissivas e

condenáveis para a profissão médica; olhar para estas falas permite visualizar um manual de

deontologia médica não oficial. Colocando lado-a-lado os pronunciamentos dos congressistas com

as discussões promovidas pelos seus colegas ao final das palestras revela-se que apesar de ser um

campo bastante limitado (medicina católica), o ideal dos “médicos católicos” estavam longe de ser

homogêneo. As divergências entre os participantes ao longo do debate são tão grandes quanto a

diversidade dos temas apresentados: eugenia, eutanásia, aborto, penitência, confissão, saúde dos

trabalhadores, estrutura familiar, puericultura, saúde na ação católica, moralidade religiosa nas

atividades médicas etc. Apresentaremos nesta comunicação considerações gerais sobre a

repercussão social, científica e religiosa do Congresso e o contexto que envolveu a realização deste

inusitado evento.

Palavras-chave: História da medicina, medicina católica, deontologia médica, ética profissional, moral

religiosa

MODELOS DE HISTÓRIA NATURAL: OS ESTUDOS RACIALISTAS COMO TENDÊNCIA NOS

MUSEUS ESCOLARES (1920-1950)

Felipe Contri Paz (Mestrando – UFRGS)

Desde os fins do século XIX era clamada pelos intelectuais da educação dos principais países

do mundo uma mudança na metodologia de ensino escolar. No Brasil, devido à proclamação da

república, a necessidade de inserir novas maneiras de ensinar tornou-se latente. Os museus

escolares, ambientes de ensino que primavam pela pedagogia do olhar, baseadas no Método

Intuitivo ou Lições de Coisas, aplicaram estas mudanças em todas as disciplinas previstas no

currículo escolar. Inúmeros objetos produzidos pelos professores, ou adquiridos por lojas

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especializadas, visavam exercitar os sentidos dos alunos, essencialmente a visão. Estes objetos de

ensino contemplavam de animais taxidermizados até quadros parietais de produtos naturais. Nesse

contexto também eram costumeiros os estudos sobre as diferentes raças humanas. Após

mapeamento realizado em museus localizados em espaços escolares na Região Metropolitana de

Porto Alegre verificou-se a presença de imagens representativas dos diferentes tipos raciais

humanos, bustos produzidos em papel machê, no museu escolar do antigo Instituto São José – atual

La Salle/Canoas (RS) e no Museu Metodista de Educação do Colégio Americano (RS). O objetivo

deste trabalho é verificar e analisar a utilização destes no ensino, e suas possíveis relações com o

método intuitivo. Este estudo discute sobre a utilização destes modelos de História natural, com

vistas a aproximar os alunos dos tipos raciais humanos. Problematizando o giro conceitual destes

modelos na história da educação brasileira evidencia-se que estes foram tendência de ensino sobre

a espécie humana e suas diferentes raças, bem como aportes de teorias racialistas correntes na

época. Como resultados parciais, descobriu-se que estes bustos também eram utilizados em escolas

de grandes centros como o Rio de janeiro e Lisboa, desde o final do século XIX.

Palavras-chave: História da Educação, Museus Escolares, Bustos Raciais, Estudos Raciais.

DEBATES CIENTÍFICOS E COMO OS HISTORIADORES LIDAM COM CONCEITOS DA HISTÓRIA DA

CIÊNCIA

Geandra Denardi Munareto (Doutoranda – PUCRS)

Conceitos como darwinismo, neolamarckismo, mendelismo não são estranhos aos historiadores. No

entanto, há pouco cuidado na utilização dos mesmos em alguns trabalhos historiográficos. Tendo

isso em vista, este trabalho destina-se a demonstrar a dinâmica dos debates científicos sobre

questões como evolução e herança genética, no final do século XIX e XX e como muitas vezes a

complexidade dessas discussões é captada com dificuldade pela historiografia moderna.

Palavras-chave: Ciência, biologia, historiografia, genética, evolução.

“SER MULHER” NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE BRASIL EUGÊNICO 1910-1940

Jóice Anne Alves Carvalho (Mestranda – UFSM)

Este trabalho é parte da dissertação desenvolvida junto ao projeto “História Intelectual, Historicidade

e Processos de Identificação Cultural”, atrelado ao Programa de Pós-Graduação em História da

Universidade Federal de Santa Maria. Pretende-se analisar a constituição da nação e o papel do

indivíduo na coletividade, ou seja, quem compõe e quem não compõe a estrutura social do Brasil na

construção do “eu nacional” para intelectuais eugenistas da primeira metade do século XX. Tem-se

em perspectiva os sentidos aos quais os intelectuais atribuíam ao período que viviam, com intuito de

vincular as definições de “ser” do indivíduo ao processo de constituição da identificação do Brasil

enquanto nação. Buscando analisar o processo de eugenização da sociedade brasileira e suas

delimitações para a construção de uma comunidade eugênica nacional, e, neste processo, os

discursos sobre o “ser mulher” e suas constituições periféricas. Levando em consideração o aspecto

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que, tal constituição de ser ideal não interferia apenas em padrões biológicos, mas também, em

padrões sociais, determinando-se assim, as fronteiras de pertencimento à comunidade nacional

imaginada. A partir da análise das publicações relacionadas à eugenia no período, por meio da

metodologia proposta pela História Intelectual, percebe-se que, havia constituição de poder

disciplinar sobre o corpo. Deste aspecto, a eugenia visava o controle, sobretudo da constituição

biológica do indivíduo através do domínio sobre a reprodução, o que refletia diretamente sobre os

casamentos, vinculando-se desta forma, com as definições de “ser” entre homem/mulher no

processo de construção da identificação da nação brasileira.

Palavras-chave: História Intelectual; Eugenia; Nação Brasileira; Comunidade Nacional; Eugênica;

“Ser Mulher”;

AS PRÁTICAS DE CURA NO SUL DO BRASIL: O CASO DAS “ÁGUAS SANTAS” DE SANTA MARIA

DA BOCA DO MONTE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Priscila Novelim (Mestranda – UFPel)

Neste trabalho apresentaremos algumas reflexões sobre as práticas de cura da população do Sul do

Brasil no século XIX. Nesta pesquisa buscaremos olhar para uma história que contemple a vida

cotidiana e os acontecimentos que enfoquem os aspectos sociais e culturais. Dessa forma, os fatos

ocorridos de Santa Maria da Boca do Monte, no Cerro do Campestre, na segunda metade da década

de 1840, chamam a atenção. Este foi o local de um episódio emblemático: às águas de uma fonte ali

presentes foram atribuídos poderes de cura, o que atraiu milhares de pessoas de diversas partes do

sul do Brasil e países vizinhos que buscavam sanar suas enfermidades, ficando conhecidas como

“águas santas”. No século XIX, a medicina tal e qual a conhecemos atualmente, era apenas uma das

formas de tratar as doenças, buscando reconhecimento no campo da cura, pois médicos diplomados

eram poucos. A maioria das pessoas, por questão de escolha e confiança, buscava os curandeiros

para tratar de suas enfermidades. Estes conheciam muito de ervas, banhos, emplastros e outras

formas de restabelecer a saúde das pessoas adoentadas. Conhecedores das artes de curar estavam

presentes em praticamente todo o território rio-grandense e brasileiro. As práticas realizadas pelas

pessoas que frequentavam o local das águas “santas” chamaram a atenção do governo e da Igreja

que enviaram seus representantes para verificar a situação. A partir disso, pontos de vista diferentes

sobre o que lá se passava foram registrados. Analisaremos esses vestígios e a contribuição que

cada uma delas deixou. Assim, esperamos compreender os processos pelos quais a sociedade rio-

grandense tratava suas doenças.

Palavras-chave: Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, Século XIX, Práticas de Cura

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ST 18 – DESENVOLVIMENTO E INDUSTRIALIZAÇÃO Coordenador – Marcelo Vianna

Auditório Prédio 5 [28/05/15]

Manhã – 8h às 12h

HISTÓRIA DE EMPRESAS: COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA

Christian Astigarraga Ordoque (Mestrando Comunicação – PUCRS)

O trabalho que pretendo apresentar contempla a pesquisa que desenvolvo no curso de Mestrado em

Comunicação na Famecos sobre a História de Empresas e a sua Comunicação. Nessa pesquisa,

procuro identificar como 3 empresas de origem gaúcha (Gerdau, Ipiranga e Marcopolo) comunicaram

sua História através do tempo utilizando meios mais tradicionais através de livros institucionais, linha

do tempo em sites ou inovadores, como exposição em Shoppings, Museus Empresariais, Filmes

Institucionais em CD/DVD entre outros. Para o II Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS,

dividirei a exposição da pesquisa em 3 momentos: 1 – O desenvolvimento do ramo de trabalho para

o Historiador conhecido por Memória Institucional no Brasil e no mundo. 2 – A pesquisa que

desenvolvo para o Mestrado em Comunicação Social da Famecos analisando a Comunicação da

História em 3 Empresas Gaúchas (Gerdau, Ipiranga e Marcopolo). 3 – Apontar o perfil de Historiador

que presta este serviço de apoio, pesquisa Histórica e consultoria para as empresas e como ele deve

se relacionar com as novas tecnologias para melhor desenvolver seu trabalho profissional.

Palavras-chave: História, Empresas, Tecnologia, Interdisciplinar, Comunicação.

DA “ERA DAS BARCAS” À “ERA DAS PONTES”: OS DEBATES QUE ENGENDRARAM A

TRAVESSIA RÉGIS BITTENCOURT

Eduardo Pacheco Freitas (Mestrando – PUCRS)

A construção da Travessia Régis Bittencourt reveste-se de inúmeros significados sociais, políticos,

técnicos e econômicos, não somente para a cidade de Porto Alegre, mas também para o estado do

Rio Grande do Sul e para o Brasil, e, até o presente momento, não foi ainda realizado nenhum

estudo sobre o tema. Na década de 50 o Brasil passou por um acelerado processo de

industrialização e urbanização, havendo a necessidade urgente de modernização do seu sistema

rodoviário, e é nesse contexto que se insere a Travessia Régis Bittencourt. O sistema de barcas que

fazia o transporte entre a Capital e a metade sul do estado apresentava-se completamente obsoleto

no início daquela década, significando com isto enormes transtornos para a sociedade e para a

economia gaúcha. Daí a necessidade, muito discutida pelos debatedores à época, de superação da

“era das barcas” e início de uma “era das pontes”. Portanto, é objetivo deste artigo, em linhas gerais,

analisar os debates técnicos, políticos e midiáticos que estiveram na gênese da Travessia Régis

Bittencourt e as projeções que estes agentes históricos fizeram para o papel desta obra sobre a

economia e a sociedade rio-grandense. A pesquisa circunscreve-se a três períodos principais: 1) o

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ano de 1953: processo de concorrência pública para execução da obra; 2) o ano de 1955, onde se

dá o início das obras e 3) 1958, ano de conclusão e inauguração da Travessia.

Palavras-chave: Urbanização. Industrialização. Desenvolvimentismo. Travessia Régis Bittencourt.

Ponte do Guaíba.

OS CRIADORES E A CRIATURA: O PAPEL DOS MILITARES NA INDUSTRIALIZAÇÃO E NA

FORMAÇÃO DO CAPITALISMO BRASILEIRO

Luiz Eduardo Garcia da Silva (Doutorando – UFRGS)

O presente trabalho tem por objetivo analisar o papel que as forças armadas empreenderam na

industrialização brasileira e na consolidação do capitalismo. O trabalho transcorre todo o período

republicano brasileiro, desde a Proclamação da República até os dias atuais. Existiu um viés

industrializante na ideologia dos movimentos vinculados às forças armadas? Como os militares

ajudaram ou, em certos momentos, até mesmo conduziram a política econômica industrial com vias

de vencer o atraso brasileiro? Durante grande parte do período republicano as Forças Armadas

brasileiras foi uma das instituições mais atuantes na vida política nacional. Excetuando o período da

Nova República, as intenções políticas dos militares nunca arrefeceram. Se podemos afirmar que

nunca configuraram um único movimento político, com projetos bem delineados ou formadores de

um “partido político militar”, é possível apresentarmos algumas de suas contribuições ao processo de

formação econômica brasileira. Dentre elas a noção corrente de que os militares ajudaram a

promover a industrialização brasileira e que tal intenção estivera presente tanto em termos

ideológicos (a ideia de que o país só superaria o atraso econômico a partir de um processo nacional

de industrialização) quanto nas ações empreendidas quando eles eram os mandatários da política

(período militar). O Brasil termina o século XX de maneira bem diferente do que quando começou.

Antes, necessariamente agrário, depois majoritariamente urbano. O Brasil findou o século XX

figurando entre as 8 maiores economias do mundo e o processo de industrialização é parte

integrante de tal “conquista”. Dessa forma, a intenção é estudar qual o papel dos militares e quais as

ações empreendidas por estes que permitiram que o Brasil atingisse tal amplitude em termos

econômicos.

Palavras-chave: História do Brasil; História Militar Brasileira; Economia Brasileira; Industrialização.

“ESTÁ AÍ, E O DE VOCÊS?” - DIMENSÕES DA EXPERTISE, ARTICULAÇÕES POLÍTICAS E

OUTROS RECURSOS SOCIAIS NA TRAJETÓRIA DE UM FABRICANTE DE COMPUTADORES

DURANTE O REGIME MILITAR.

Marcelo Vianna (Doutorando PUCRS)

A partir dos anos 1970, o Brasil passou a investir em uma Política de Estado a fim de assegurar um

domínio autóctone das tecnologias em Informática. Isto atraiu especialistas (engenheiros, físicos) e

empresários interessados em desbravar as oportunidades deste dinâmico campo, fomentando uma

indústria nacional de computadores. Esta comunicação se propõe discutir um destes casos: o

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engenheiro JKL, um dos primeiros criadores de computadores no país, emulados a partir de bem

sucedidos modelos do mercado como PDP-8 da Digital Equipment Corporation. Seus feitos abriram

caminho para sua ascensão nos anos 1970, embora sempre pontuados por polêmicas, que levaram

a conflitos com outros agentes do campo graças suas práticas de mercado e de domínio tecnológico,

alegados contatos privilegiados políticos-militares e posições críticas à Política Nacional de

Informática. O uso destes recursos encontraria seu limite no início dos anos 1980, quando JKL

passou a sofrer processos judiciais e denunciar perseguições políticas, deixando o país no início do

governo Sarney. Para além da controvérsia, interessa-nos discutir como um indivíduo, dotado de alta

expertise e alegados contatos políticos, articulava-se no espaço social da Informática, em um

contexto de autoritarismo do Regime Militar. A trajetória de JKL é uma chance de notar mecanismos

e os limites da atuação dos agentes envolvidos neste campo valendo-se além de recursos inerentes

à fabricação de computadores, que se mostrariam decisivos para o sucesso ou fracasso de um

empreendimento.

Palavras-chave: Regime Militar; Ciência e Tecnologia; História da Informática; Biografia; Redes

sociais.

MATRIMÔNIOS, AMIZADES E LEALDADE POLÍTICA: OS RECURSOS DE EGRESSOS DA ESCOLA

DE ENGENHARIA DE PORTO ALEGRE (1899-1916)

Monia Franciele Wazlawoski da Silva (Doutoranda – PUCRS)

A Escola de Engenharia de Porto Alegre (EEPA), criada em 1896, está entre as primeiras instituições

de formação superior do Rio Grande do Sul. Foi também, um dos espaços responsável pelo

treinamento de muitos membros da administração pública gaúcha. Naquele período o cenário

político do Rio Grande do Sul era dominado pelo Partido Republicano Riograndense (PRR) que

buscava a modernização do Estado. Considerando que a Escola de Engenharia rejeitava o ensino

bacharelesco e teórico – comum nos cursos superiores da época – e propunha o conhecimento

técnico-profissional como fundamental para o progresso e desenvolvimento, pode-se dizer que a

instituição ia ao encontro das intenções do PRR. Uma análise prosopográfica sobre seus egressos

entre 1899-1916 revela a existência de uma rede entre alunos da instituição e dirigentes políticos do

período. Através desta análise percebe-se como os laços de matrimônio, amizades e de lealdade

política constituíram-se em importantes recursos sociais para os engenheiros. Assim, o

conhecimento técnico adquirido através da formação em engenharia aliado ao estabelecimento de

redes sociais poderia facilitar a ascensão social e profissional. Este estudo pretende, portanto,

apresentar algumas trajetórias de egressos da EEPA e por meio delas mostrar como os primeiros

engenheiros formados naquela instituição reuniam, em um único profissional, diversos atributos.

Além da expertise profissional, recursos e redes sociais tornavam-se fatores fundamentais no

desenvolvimento e manutenção de carreiras e trajetórias de prestígio.

Palavras-chave: Egressos; Escola de Engenharia de Porto Alegre; Redes; Recursos; Prosopografia.

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O DEBATE SOBRE A INSTALAÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILISTICA DURANTE O GOVERNO JK

NAS PÁGINAS DA IMPRENSA CARIOCA (1956-1961)

Rafael Ganster (Mestrando – PUCRS)

O objetivo deste trabalho é analisar a apresentação/representação da imprensa carioca sobre o

debate relacionado à instalação da indústria automobilística no período JK (1956-1961), ressaltando

as discussões sobre seu impacto político-econômico e seus reflexos no meio urbano. Selecionamos

três dos principais jornais do período, alinhados, segundo a bibliografia disponível, com

posicionamentos ideológicos distintos (O Globo; Jornal do Brasil; Última Hora), buscando responder

a algumas questões-chave, tais como: Modelo de industrialização a ser seguido pelo setor

automotivo (CEPAL X Liberais); Visão sobre modernidade (Mudança na matriz de transportes);

Posicionamento político-ideológico defendido pelos jornais. A resposta a estas questões nos

permitem compreender o posicionamento destes periódicos frente ao desenvolvimento da indústria

nacional e do setor automotivo, projetos empreendidos pelo então presidente JK, bem como avaliar a

forma com que tais jornais se inseriram no debate público acerca do tema, influenciando a formação

de opiniões e as discussões na esfera pública.

Palavras-chave: Imprensa. Industrialização. Urbanização. Indústria automobilística. Juscelino

Kubitscheck

ST 19 – MUNDOS DO TRABALHO Coordenadores – Caroline Poletto e Rafael Lapuente

Sala 423 – Prédio 03 [26/05/15]

Manhã – 8h às 12h

UM ESTUDO HISTÓRICO DO DIREITO DO TRABALHO: O ADVOGADO ANTÔNIO FERREIRA

MARTINS E A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DOS TRABALHADORES PELOTENSES

Camila Martins Braga (Mestranda – UFPel)

Durante o período do governo ditatorial de Getúlio Vargas, a sociedade brasileira vivenciou

consideráveis mudanças sociais, culturais e econômicas. Dentro desta conjuntura, em 1941 foi

instalada a Justiça do Trabalho, que objetiva-se em dirimir os conflitos trabalhistas. Entendemos que

a instalação da JT pode ser considerada um divisor de águas nas relações entre capital-trabalho no

Brasil. A JT pretendia institucionalizar as negociações entre patrões e empregados. Neste mesmo

momento, um jovem pelotense, Antônio F. Martins se formava em Direito na UFPel e viu neste novo

órgão um novo campo jurídico que possibilitava defender sua ideologia política e ao mesmo tempo

obter retorno financeiro. São através dos processos trabalhistas salvaguardados pelo NDH/UFPel

que a história da atuação deste advogado se ancora. Através da atuação do advogado Martins, este

artigo objetiva-se a contribuir com a História Social do Trabalho e também destacar a relevância das

fontes judiciais e orais para a construção da memória dos trabalhadores pelotenses.

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Palavras-chave: Justiça do Trabalho; Trabalhadores; Biografia; Memória; Acervo

DA DESTRUIÇÃO AO PORVIR: IMAGENS DA UTOPIA LIBERTÁRIA

Caroline Poletto (Doutoranda – Unisinos)

O presente trabalho pretende apresentar algumas “ideias-imagens” presentes na imprensa libertária

brasileira, argentina e espanhola (em periódicos que circularam nas primeiras décadas do século XX)

e que remetem à utopia anarquista. Em tais “ideias-imagens” a destruição da sociedade vigente é

uma constante. Através da análise de desenhos e de algumas poesias se almeja compreender mais

profundamente a ideia da utopia libertária, tão importante e tão viva no imaginário ácrata. Dessa

forma, o presente estudo se enquadra nos novos estudos do movimento operário, uma vez que se

detém nos elementos culturais e estéticos do anarquismo e, ao mesmo tempo, aponta para as

tentativas de construção de um imaginário ou de um “contra-imaginário” internacional, que ultrapassa

os limites das Nações e se fixa na ideia de pertencimento à um grupo global, ligado pelos ideais

libertários. Além disso, questões de circulação de imagens e textos também são abordadas na

análise, trazendo à tona pequenos traços (indícios) de uma rede de transmissão internacional,

existente já em princípios do século XX. Acredita-se ainda que,através da aplicação de uma lente

transnacional de análise, se pode demonstrar, por um lado, a busca pela superação tanto do

nacionalismo metodológico quanto de uma visão eurocêntrica da história e, por outro, os ganhos que

uma abordagem transnacional da história pode proporcionar ao ampliar os espaços de análise e

estabelecer interconexões entre esses espaços e os atores sociais envolvidos. Nesse sentido, a

construção da “ideia-imagem” da utopia ácrata pode auxiliar a desvendar alguns elementos de um

imaginário próprio que estava em construção e (re) afirmação permanente.

Palavras-chave: Utopia libertária; imprensa anarquista; anarquismo; imagens e poesias.

OS INDESEJÁVEIS: VAGABUNDOS, VADIOS E DESCLASSIFICADOS - AXIOLOGIA DO

RECRUTAMENTO DA ARMADA IMPERIAL NA PROVÍNCIA RIO-GRANDENSE / RS (1861-1864)

Cosme Alves Serralheiro (Mestrando – UFPel)

Este trabalho faz uma análise dos conceitos de valores do recrutamento dos considerados

indesejáveis: vagabundos, vadios e desclassificados na Armada Imperial entre os períodos 1861 a

1864 e em específico na Cidade do Rio Grande (RS) tendo como ponto de encontro a Companhia de

Aprendizes Marinheiros vinculados a esta supracitada cidade. Tivemos como objetivo nesse trabalho

concentrar-se em analisar a já citada Companhia desta cidade a partir da segunda metade do século

XIX, buscando compreender como era seu recrutamento e a dinâmica de sua fundação. Entender

também como esse grupo social vivenciava as transformações em uma teoria de conceito dos

valores de suas realidades dentro da companhia rio grandina, demonstrando o porquê somente um

grupo seleto de indesejáveis poderia compor a base social da Marinha Imperial e também identificar

os obstáculos etnocêntricos que esses grupos tinham dentro do centro de recrutamento. Contudo

torna-se relevante a possibilidade do diálogo/reconstrução histórica de um grupo social

marginalizado e silenciado da história do município em apreço. Essa Companhia poderia ter sido

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utilizada pejorativamente como instituição disciplinadora da adolescência e juventude tidas como

rebeldes. Neste arcabouço de garimpagem as pesquisas, através de referências bibliográficas e

fontes, se tornaram realidade.

Palavras-chave: Armada Imperial, Recrutamento, Grupo Social.

O CASO POLICIAIS CIVIS NO DOI-CODI/II EXÉRCITO E A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NO BRASIL:

BREVE REFLEXÃO SOBRE POSSIBILIDADES DE REFORMA DAS INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA.

Diego Oliveira de Souza (Doutorando – UFSM / MPF)

Esta comunicação trata-se da apresentação de estudo historiográfico acerca do Caso Policiais Civis

no DOI-CODI-II Exército e sua relação com o desenvolvimento do campo da justiça de transição no

Brasil. Seu objetivo central é apontar possibilidades de reformas das instituições de segurança

brasileira, envolvidas na prática sistemática de violações de direitos humanos durante a Ditadura

Civil-Militar. O foco do caso estudado contempla a atuação de 3 delegados da Polícia Civil do Estado

de São Paulo, no DOI/CODI/II Exército, como destacados agentes da repressão política apontados

em episódios de tortura, desaparecimentos forçados e mortes, durante as décadas de 1960/1970.

Constituído por meio de levantamento bibliográfico e documental de fontes judiciais e extrajudiciais,

procura delimitar medidas de justiça de transição para a reforma das instituições de segurança a

partir do caso estudado. Para alcançar seu objetivo, parte do marco analítico da justiça de transição,

a fim de compreender o julgamento cível em primeira instância do Caso Policiais Civis no

DOI/CODI/II Exército. Desse modo, o marco teórico utilizado busca contribuir para a promoção do

diálogo intelectual entre as áreas da História Social e do Direito como objeto de estudo. A cada dia

que passa surgem novas pesquisas que contemplam o Direito como objeto de estudo da

historiografia e, com isso, surge a constante necessidade de desenvolvimento de apropriado aparato

teórico-metodológico. Segmentado em dois eixos centrais, aborda a composição variável do

DOI/CODI/Exército, demonstrando a união de forças repressivas para enfrentar a resistência política

à Ditadura Civil-Militar. No primeiro eixo, traz levantamentos de informações acerca dos 3 atores

centrais do Caso Policiais Civis no DOI/CODI/II Exército, delineado as respectivas participações na

repressão política. No segundo eixo, trata de medidas de justiça de transição, propostas pelo

Ministério Público Federal, bem como do julgamento cível do Caso Policiais Civis no DOI/CODI/II

Exército.

Palavras-chave: Policiais Civis. Ditadura Civil-Militar. DOI/CODI/II Exército. Justiça de Transição.

Reforma das instituições de segurança.

A REPRESSÃO EM UMA DITADURA DE SEGURANÇA NACIONAL: OS IMPACTOS NOS

TRABALHADORES EM UM MUNICÍPIO INTERIORANO DO BRASIL

Felipe Rios Pereira (Mestrando – UFSM)

Yuri Rosa de Carvalho (Doutorando – UFSM)

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Nos 24 anos que sucederam 1964 o Brasil viveu um período ímpar de violência institucional e

restrições a liberdades individuais e coletivas. Um processo que, dadas as proporções e políticas

adotadas pelo governo da época, levou a pesquisadores trabalharem inclusive com o conceito de

Terrorismo de Estado. Nessa perspectiva, este trabalho tem por intuito refletir o momento histórico da

Ditadura de Segurança Nacional Brasileira a partir da violência prática, de discurso e dos impactos

identitários para a formação histórica brasileira. Partimos aqui, por tentar compreender como tal

processo ocorrerá em um município afastado das capitais, em que há de se considerar uma

realidade interiorana e de limitada organização e luta política direta. Iremos considerar, em que

medida as práticas policiais e políticas incidem sobre trabalhadores da cidade de São Sepé,

localizada no centro do Rio Grande do Sul, e de que modo essa população foi atingida pelas

mudanças de postura das forças policiais, levando em conta o modo que tais ações de repressão e

intimidação impactavam esses sujeitos e eram repercutidas pela mídia local. Considera-se as

relações da realidade específica e as relações com o panorama nacional que dão suporte para a

ação das forças repressivas na localidade. Para tanto são considerados na pesquisa, relatos orais de

trabalhadores, o jornal A Palavra, além de atas da câmara de vereadores do município.

Palavras-chave: Ditadura, Trabalhadores, Repressão, Terrorismo de Estado, São Sepé

O TRABALHO INFANTIL NA PRIMEIRA REPÚBLICA – PORTO ALEGRE/RS (1889- 1927)

Lisiane Ribas Cruz (Graduada – Unilasalle)

A partir do Trabalho de Conclusão de Curso, começou-se a desenvolver esta pesquisa que propõe-

se a analisar e evidenciar, por intermédio de fontes primárias, o trabalho infantil no período da

Primeira República até a aprovação do Primeiro Código de Menores no ano de 1927, na cidade de

Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul. Através de uma metodologia quantitativa e

qualitativa, dentro de uma análise micro analítica, buscaremos compreender o desenvolvimento do

trabalho infantil a partir das descrições dos anúncios de jornais, nas queixas e solicitações existentes

nas correspondências do Fundo de Policia. O recorte temporal dessa pesquisa foi escolhido devido à

transição do trabalho escravo para o assalariado e a chegada de imigrantes europeus para regiões

próximas da capital. Os jornais analisados mostram, através dos anúncios, as exigências para

contratação de menores como cor da pele, naturalidade, idade, sexo e para quais funções eram

destinadas dentro de casas de família, fábricas e comércios. Já as correspondências do Fundo de

Policia nos apresentam queixas, feitas pelos próprios menores e tutores, referentes aos perigos da

exposição desses pequenos trabalhadores como os casos de defloramento por patrões. Também

analisamos as correspondências do Patronato Agrícola Senador Pinheiro Machado, remetidas a

policia, solicitando meninos para trabalhos agrícolas. Além disso, buscamos compreender, através

da legislação vigente da época, a influência dos ideais positivistas na aceitação do trabalho infantil

pela sociedade e Estado. Os documentos pesquisados estão de posse do Arquivo Histórico do Rio

Grande do Sul (AHRS), do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa e do Arquivo de Jornais

Correio do Povo.

Palavras-chave: Menores - Trabalho - Primeira República- Micro-História

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DIREITOS TRABALHISTAS: DISPUTAS NA ARENA JUDICIAL ENTRE OS TRABALHADORES E OS

PATRÕES DO FRIGORÍFICO ANGLO DE PELOTAS (1943-1947)

Mônica Renata Schmidt (Graduada – UFPel)

A presente comunicação tem por objetivo apresentar o Projeto de Pesquisa e os primeiros resultados

das pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação em História da UFPel, no qual estão

sendo estudados os processos trabalhistas movidos pelos trabalhadores do Frigorífico Anglo de

Pelotas, no período compreendido entre 1943 e 1947. Busca-se entender como a Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT) - destinada a regulamentar minuciosamente as questões referentes ao

mundo do trabalho, sobretudo condições de trabalho e disputas entre empregados e empregadores -

foi incorporada na cultura do operariado local e usada como "arma" no enfrentamento com os

patrões. Os processos trabalhistas que irão subsidiar a pesquisa integram o acervo da Justiça do

Trabalho de Pelotas e região, o qual está atualmente salvaguardado no Núcleo de Documentação

Histórica da Universidade Federal de Pelotas (NDH-UFPel). Compõe-se de aproximadamente

100.000 processos trabalhistas da 4ª Região da Justiça do Trabalho, os quais iniciam na década de

1940, seguindo até a década de 1990. O estudo proposto dará ênfase aos trabalhadores e se valerá

de uma fonte ainda não consultada no estudo dos trabalhadores e do Frigorífico, serão analisados

aproximadamente 50 processos trabalhistas. Proposta que ganha pertinência quando se leva em

conta que após a implementação da Consolidação das Leis do Trabalho, no ano de 1943, as

demandas judiciais aumentaram consideravelmente. O Frigorífico Anglo, nesse contexto, era a

empresa mais demandada pelos trabalhadores que, através da apropriação das leis trabalhistas,

procuravam alargar o espaço de negociação.

Palavras-chave: trabalhadores, processos trabalhistas, Frigorífico Anglo, Justiça do Trabalho

JOÃO GOULART, O MINISTRO TRABALHISTA, E SUA RELAÇÃO COM O MOVIMENTO SINDICAL

(1953-1954)

Paula Bianco (Mestre – PUCRS)

A presente pesquisa trata a respeito da atuação de João Goulart à frente do Ministério do Trabalho,

Indústria e Comércio (MTIC). O marco temporal desse estudo é 17 de junho de 1953, data de

nomeação de Jango para a pasta do Trabalho, pelo então Presidente da República, Sr. Getúlio

Dorneles Vargas, indo até a data de sua saída do MTIC, quando apresentou seu pedido de demissão

em 22 de fevereiro de 1954. A presente investigação, mais especificamente, busca evidenciar em

que medida as ações do ministro Jango aproximam-se da doutrina trabalhista. Ao assumir a função

de Ministro do Trabalho João Goulart já acumulava o cargo de presidente do Diretório Nacional do

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A partir disso, o estudo retrocede à identificação das principais

ideias acerca do conceito de trabalhismo, as quais foram elaboradas por Alberto Pasqualini ainda no

início dos anos 40. Com base nessas constatações, esse trabalho localiza, no tempo e no espaço, a

formação do referido Partido Trabalhista, tendo em vista que esse partido absorveu grande parte do

conceito de trabalhismo. A pesquisa identifica, ainda, os principais aspectos que situam o ingresso

de João Goulart na cena política brasileira, destacando seus primeiros cargos públicos e dando

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ênfase para as orientações de cunho político adquiridas pelo convívio com Getúlio Vargas.

Finalmente, a pesquisa apresenta, também, as principais ações realizadas ao longo da gestão Jango

no MTIC e procede-se às aproximações pretendidas.

Palavras-chave: Trabalhismo; PTB; Ministério do Trabalho; João Goulart; Movimento sindical.

A NACIONALIZAÇÃO NA FÁBRICA: O CASO DA EMPRESA DE PRODUTOS QUÍMICOS E ADUBOS

JOAQUIM OLIVEIRA E CIA.

Tamires Xavier Soares (Mestranda – PUCRS)

O presente trabalho tem como intuito a análise de um processo trabalhista, salvaguardado no Núcleo

de Documentação Histórica da UFPel, ajuizado por Osmar Huth, um descendente de alemães,

contra a empresa Produtos Químicos e Adubos Joaquim Oliveira e Cia., e também a entrevista oral

feita com a irmã do reclamante, Elza Huth. Os motivos alegados pela empresa para demiti-lo foi de

que o reclamante juntamente com seu pai Emílio Huth, que já havia sido demitido anteriormente,

falavam alemão nas dependências da empresa. Além disso, atos de sabotagens que prejudicavam a

produção, logo a demissão era por justa causa. Osmar Huth não reconheceu as acusações e por

meio da Junta de Conciliação e Julgamento de Pelotas, pleiteava o pagamento de indenização por

demissão sem justa causa, e aviso prévio. Para provar que as acusações que a empresa lhe atribuía

eram descabíveis, o reclamante consegue unir testemunhas e uma carta assinada pela maioria dos

funcionários da empresa, na qual seus colegas declaravam nunca ter visto Osmar falar alemão ou

sabotar a produção. Por fim, o processo traz detalhes não só da jornada de trabalho de Osmar Huth,

mas também de seu pai, um alemão nato. E com a análise da entrevista oral realizada com sua irmã

de Osmar Huth, teremos a dimensão das implicações do acontecimento no âmbito familiar. Desta

forma propomos nesse trabalho analisar as identidades envolvidas, os argumentos utilizados, tendo

em vista as nacionalidades envolvidas e o estado beligerante mundial.

Palavras-chave: Trabalho, Subversivo, Pelotas, Imigrante, Justiça.

DESAUTONOMIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: CONSIDERAÇÕES SOBRE ESSE

PROCESSO COM OS ESTIVADORES DO RIO GRANDE/RS A PARTIR DA MODERNIZAÇÃO DO

PORTO

Thiago Cedrez da Silva (Mestrando – UFPel)

O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de autonomização /desautonomização e

precarização do trabalho portuário rio-grandino, com foco na categoria estivadora. Buscaremos

compreender, a partir da análise do cotidiano de trabalho e da experiência histórica da estiva desta

urbe sulina, bem como da conjuntura legislativa portuária que os cobria antes da lei de modernização

dos portos. Além disso, evidenciaremos os aspectos históricos que contribuíram para os estivadores

rio-grandinos adquirir autonomia, na gestão da mão de obra no porto. Em seguida, analisaremos os

reflexos que a lei 8.630/93 trouxe a dinâmica portuária recente. Sobretudo, a desautonomização e

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precarização do trabalho a categoria estivadores rio-grandina em mudanças na organização e gestão

de mão de obra.

Palavras-chave: História do trabalho; Porto; Estivadores; Precarização; Desautonomização;

ST 20 – HISTÓRIA POLÍTICA Coordenadores – Fabian Filatow e Tassiana Maria Parcianello

Saccol

Sala 423 – Prédio 03 [28/05/15]

Manhã – 8h às 12h e Tarde – 13h30min às 17h30min

OS LAÇOS INVISÍVEIS: A MEDIAÇÃO E CLIENTELISMO NO SISTEMA POLÍTICO IMPERIAL

Amanda Chiamenti Both (Mestranda – PUCRS)

Este trabalho busca investigar as articulações entre elites locais e o governo provincial e central, por

meio da ação dos mediadores políticos, responsáveis por conectar espaços sociais e políticos

distantes. Para tanto, tomamos como partida, principalmente, as correspondências enviadas de

Henrique d’Ávila a Visconde de Pelotas. Henrique d’Ávila foi um influente político na província do Rio

Grande do Sul, vinculado ao partido liberal, que no ano de 1880 assumiu a presidência de sua

província de origem. Em consequência disso, esse indivíduo tornou-se mediador entre os interesses,

muitas vezes conflitantes, da sua localidade de origem e do governo, principalmente através do

poder e influência de que dispunham por ocupar um importante cargo. Contudo, transpor as barreiras

da paróquia só foi possível porque Ávila conseguiu angariar um amplo apoio das elites locais. Por

esta razão, permaneceu ligado à sua localidade, onde estavam suas bases eleitorais, econômicas e

sociais.A atuação desse mediador político evidencia que o clientelismo constituía-se em uma parte

importante da vida daqueles indivíduos e que através de relações clientelísticas as esferas locais e

provinciais buscavam estabelecer alianças vantajosas, que lhes garantissem um canal direto de

comunicação com a Corte e a capital a província e de redistribuição de recursos materiais e

simbólicos, além de maior segurança para tomar decisões.Assim, esperamos demonstrar do Estado

imperial se conjugou e se adaptou a uma estruturação da vida já consolidada e alicerçada sobre

relações clientelares. Esses movimentos, portanto, não foram contraditórios na maneira como se

desenvolveram na prática cotidiana e comportaram diferentes racionalidades por parte dos atores

sociais nele envolvidos. Além disso, esse processo não ocorreu através do sufocamento das forças

locais e provinciais – o que não anula a existência de tensões e conflitos constantes – mas sim da

negociação com estas.

Palavras-chave: Brasil Império - Clientelismo – Mediadores Políticos – Henrique d’Ávila

MÚSICAS DE PROTESTO NO BRASIL; UM OLHAR SOBRE O PROTESTO NAS MÚSICAS DO

CANTOR ZÉ RAMALHO: “ADMIRÁVEL GADO NOVO” E “O MEU PAÍS”.

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Beatriz Küller Negri (Graduada em História – UFPR)

Esse artigo se constitui a partir das análises bibliográficas das músicas de protesto no Brasil

principalmente do movimento da MPB (Música Popular Brasileira), que se iniciou em 1960 no Brasil,

perpassando por um cenário não só artístico, mas também por um ambiente estudantil e de grandes

divergências políticas. Neste contexto, é importante analisar as críticas do cantor Zé Ramalho e o

seu olhar sobre as crises do país utilizando duas de suas músicas lançadas em contextos sociais

diferentes. A primeira música analisada é de sua autoria Admirável Gado Novo de 1979, do LP “A

Peleja do Diabo com o Dono do Céu”. Foi lançada, após a aprovação do DOPS (Delegacia de Ordem

Política e Social), no programa Fantástico. Teve uma aceitação do público, mas foi somente em

1996, quando foi utilizada como trilha sonora de um casal de sem terras na novela “Rei do Gado” que

efetivamente ela teve seu valor reconhecido. E a música O Meu País de autoria de Livardo Alves,

Orlando Tejo e Gilvan Chaves, foi lançada em 2000, no CD “Nação Nordestina”. Neste momento, o

país já não vivia a Ditadura Militar, mas a música foi alvo de críticas, e novamente o nome do cantor

Zé Ramalho circulava no meio das músicas de protesto. Analisaremos neste artigo a relação dos

movimentos musicais que se deram no Brasil a partir da Ditadura Militar e como eles influenciaram o

cantor Zé Ramalho e também as críticas do cantor e o seu olhar sobre as crises do país que ele

descreve em suas músicas, e como as muitas influências musicais desse momento o inspiraram.

Palavras-chave: Música de protesto, Ditadura Militar, censura, Zé Ramalho.

A REPRESSÃO AOS MONGES BARBUDOS E O ESTADO NOVO

Fabian Filatow (Doutor – Pref. Esteio)

A comunicação tem como proposta apresentar alguns resultados obtidos com a conclusão do curso

de doutorado, no qual analisamos as relações entre política e violência na história do município de

Soledade, interior do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1932 e 1938. Buscamos demonstrar os

acontecimentos que contribuíram para a violenta repressão imposta aos membros do movimento

religioso dos Monges Barbudos (1935-1938) ocorrida nos primeiros meses do Estado Novo,

executada por soldados da Brigada Militar. Ao longo da pesquisa foi analisada uma ampla variedade

documental, dentre as quais destacamos documentos policiais, processos crimes, imprensa e

documentos eclesiásticos. Buscamos reconstruir a trajetória política de Soledade ao longo da década

de 1930 a fim de compreender e explicitar a condição de entrave político do referido município

gaúcho para a implantação do Estado Novo. Nesta reconstrução foi analisado o Combate do Fão,

ocorrido em 1932, ação político-militar que opôs membros da política soledadense aos governos do

interventor Flores da Cunha e de Getúlio Vargas. Analisamos igualmente a prática da violência no

período das eleições ocorridas no ano de 1934, destacando o crime ocorrido na Farmácia Serrana.

Por fim, dedicamo-nos ao estudo da repressão imposta aos Monges Barbudos no decorrer do ano de

1938. Sob o movimento religioso recaia a suspeita de serem comunistas e de estarem associados ao

florismo. Acusações que os tornavam uma possível ameaça ao novo regime instaurado em

novembro de 1937. Acusações que não foram corroboradas pela documentação analisada.

Demonstramos o uso político dos Monges Barbudos servindo esse de exemplo para possíveis

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opositores do Estado Novo. Por fim, destacamos a importância da reflexão sobre a história local para

a pesquisa histórica.

Palavras-chave: Monges Barbudos, Estado Novo, Repressão, História Local, Soledade.

A NOVA EXTREMA DIREITA FRANCESA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE JEAN-MARIE LE

PEN E MARINE LE PEN

Guilherme Ignácio Franco de Andrade (Doutorando – PUCRS)

O objetivo desse trabalho tem como intenção fazer uma análise comparativa entre dois processos

políticos no partido de extrema direita Front National. O partido francês Front National, durante os

40anos de presidência de Jean-Marie Le Pen, apresentou características especificas o diferenciavam

de vários partidos de extrema direita europeus, como posições de apoio ao ultraliberalismo

econômico e as políticas de privatizações, o fim do estado de bem estar social e erradicação do

assistencialismo do governo. Já nova presidente do partido, Marine Le Pen, filha e herdeira política,

que o sucedeu na presidência política do partido. Que ao ascender a presidência do Front National

conseguiu demonstrar uma leitura da conjuntura política e social francesa e também demonstrar uma

nova postura da extrema direita internacional, onde se fez necessário repensar novos

posicionamentos da ideologia da extrema direita frente a recessão econômica francesa e abalo dos

paradigmas capitalistas. O “novo” Front National de Marine Le Pen, busca uma maior aproximação

com as classes trabalhadores, assumindo um discurso mais social e de ampliação dos direitos

sociais e um posicionamento crítico ao capitalismo e as formas como ele estão instituídos na França

assim como seu posicionamento contrário ao bloco econômico da União Europeia, criticando o

sistema neoliberal e assim propondo uma aproximação política com a Rússia e um distanciamento

político dos Estados Unidos, Portanto o seguinte trabalho avalia as diferentes posturas do Front

National e posturas assumidas diante de diferentes condições materiais existentes na França.

Palavras-chave: Front National – Jean-Marie Le Pen – Marine Le Pen - França – Extrema Direita –

História do Tempo Presente

OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA DOMINAÇÃO POLÍTICA NUM CONTEXTO PERIFÉRICO

Laís Luiza Kussler (Mestranda Ciência Política – UFRGS)

O presente trabalho se insere no campo de estudos sobre elites políticas a partir de uma abordagem

histórica e relacional baseada nos princípios da sociologia de Pierre Bourdieu. Neste artigo a

pretensão é analisar as diferentes condições históricas, sociais e institucionais que concorreram para

emergência da atividade política institucionalizada e para constituição de uma esfera de concorrência

político-eleitoral no município de Paverama, estado do Rio Grande do Sul, no período compreendido

entre 1988 e 2012. Partindo de um recorte empírico restrito e determinado, este estudo busca

apreender a variedade de recursos sociais, lógicas de ação e condicionantes subjacentes às

candidaturas a cargos públicos eletivos de um conjunto de agentes selecionados em função de sua

representatividade no decorrer desse percurso histórico. Sem a pretensão de traçar um quadro

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cronológico preciso do aparecimento da oferta política, objetiva-se demonstrar a partir de qual

período e por quais fatores a entrada na política se tornou uma via de consagração para aqueles que

detinham uma autoridade social pré-existente, isto é, anterior à consagração eleitoral. Ou seja, parte-

se da premissa de que a inserção política está ligada a posição prévia de “liderança” em diferentes

esferas de atuação no contexto mencionado. Nesta mesma linha, constitui objetivo apreender os

princípios que nortearam o recrutamento, afirmação e legitimação dos protagonistas dos processos

políticos verificados, bem como os padrões de representação e mediação utilizados e os princípios

de hierarquização em jogo na esfera política municipal. Utilizando-se de fontes diversas, tais como

entrevistas em profundidade, materiais de seis campanhas eleitorais, jornais, e observações de

comícios e festividades com a presença dos pesquisados foi possível extrair algumas conclusões, a

principal é de que elites políticas “locais” costumam exercer o papel de mediadores entre o local e o

sistema mais amplo, garantindo assim o controle sobre bases eleitorais, associado a isso está um

esquema de dominação tradicional que se coaduna com formas modernas de representação política,

neste cenário relações interpessoais, carisma e dívidas morais constituem trunfos importantes para

obtenção de votos, garantindo a sobrevivência de “famílias de políticos”. Por fim, salienta-se que

esse trabalho contribui para elucidar dinâmicas periféricas seguidamente marcadas por uma visão

heroica e autoindulgente da atuação dos agentes políticos.

Palavras-chave: História política – elites políticas – dominação – eleições

A EXPANSÃO DOS THINK TANKS NO BRASIL: O CASO DO INSTITUTO LIBERAL (1983-1994)

Lidiane Elizabete Friderichs (Doutoranda – Unisinos)

No processo da Abertura Política, pós-ditadura de 1964, surgem diversos institutos, conhecidos

como think tanks, com o objetivo de divulgar seus projetos de sociedade e se estabelecer no âmbito

institucional e político da democracia. Esse trabalho visa discutir a formação e a expansão de um

desses institutos - o Instituto Liberal – criado para difundir os princípios do neoliberalismo no Brasil e

produzir ideias que buscassem influenciar as políticas públicas.

Palavras-chave: Redemocratização; Instituto Liberal; Neoliberalismo; Brasil

MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA: A

NACIONALIZAÇÃO DO ENSINO

Marcos Juvêncio de Moraes (Mestre – PUCRS)

Este trabalho tem como objetivo apresentar análises dos três momentos educacionais catarinenses

relacionados às modificações estruturais do ensino do estado. Estes períodos compreendem a

primeira nacionalização do ensino, instituída em 1911 no governo de Vidal Ramos, a intervenção e

modificação dos padrões escolares nos primeiros anos de 1930, sob o comando de Ptolomeu de

Assis Brasil e a segunda nacionalização do ensino, acontecida em 1938 no governo de Nereu

Ramos. Estes períodos históricos estão entrelaçados por interesses políticos oligárquicos que

através da escola buscavam modificar e dominar a cultura social do povo catarinense.

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Compreendemos que a primeira nacionalização do ensino inaugurou um significativo projeto de

intervenção social, mas devido a as fragilidades orçamentárias do estado de Santa Catarina não

obteve resultados expressivos. Logo, na década de 1930, durante o governo provisório, a educação

catarinense passou por significativas mudanças legislativas e estruturais, onde o estado passou a

dar prioridade na pauta da administração pública melhorando a oferta de instrução escolar para a

população. E por fim, durante o Estado Novo, o projeto para o ensino catarinense ganhou nova

roupagem e atingiu o ápice do projeto de nacionalização, um programa educacional repressivo e

padronizado capaz de transformar a realidade do povo, na medica em que as normas educativas

ultrapassaram as fronteiras escolares, atingindo o seio familiar.

Palavras-chave: Nacionalização; ensino; normas escolares; oligarquia; Santa Catarina.

OS DEBATES NOS JORNAIS DO RIO GRANDE DO SUL NO CONTEXTO DA ELEIÇÃO

CONSTITUCIONALISTA DE 1891

Paulo Gilberto Mossmann Sobrinho (Mestre – PUCRS)

O Artigo se propõe a tratar da eleição da constituinte estadual de 1891. Com isso, serão analisados o

processo eleitoral e a repercussão do mesmo na imprensa partidária – jornais ligados tanto aos

castilhistas quanto aos gasparistas que demonstravam o processo pré-eleitoral e pós-eleitoral. A

análise culminará com o termo da constituição, em 14 de julho de 1891, e as suas imediatas

consequências e repercussões ante a sociedade sul-rio-grandense.

Palavras-chave: Eleição 1891, Assembleia Constituinte, jornais, castilhistas, gasparistas.

“FICAE COM RIO GRANDE E SÊDE O SEU GALHARDO CONDUCTOR NA NOVA CRUSADA

REDEMPTORA”: O PAPEL DO RIO GRANDE DO SUL NA “REVOLUÇÃO” DE 1932 –

ANTECEDENTES E CONSEQUÊNCIAS

Rafael Lapuente (Mestrando – PUCRS)

A participação dos líderes partidários do Rio Grande do Sul nas conspirações com São Paulo e a

certeza de que contariam com a fidelidade partidária do Interventor Flores da Cunha na guerra civil

contra o governo federal foram decisivas para a eclosão da “revolução” em São Paulo, em Julho de

1932, assim como a protelação do fim do movimento armado com a promessa da Frente Única

Gaúcha de que conseguiria reverter o contexto político no Rio Grande do Sul. Desta forma, o objetivo

central deste trabalho visa analisar como ocorreu o início das hostilidades da Frente Única Gaúcha

com o governo provisório de Getúlio Vargas e como iniciaram as conspirações entre a FUG e as

lideranças paulistas, qual seu papel na guerra civil e suas consequências no cenário político regional.

Para isso, utilizamos recortes de jornais, trocas de cartas e telegramas e consultamos relatos

biográficos, assim como usufruímos da historiografia pertinente para essa análise. Por fim,

concluímos que a não adesão do Interventor Flores da Cunha no Rio Grande do Sul, a exemplo do

que ocorreria em Minas Gerais com Olegário Maciel, deixaria São Paulo isolado no movimento

armado. Mas apesar do posicionamento de Flores da Cunha, os líderes do Partido Republicano Rio-

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Grandense e Partido Libertador, encabeçados respectivamente por Borges de Medeiros e Raul Pilla,

mantiveram-se aliados aos paulistas, entrando em confrontos locais com a Brigada Militar, mas sem

conseguir reverter à liderança florista e a manutenção da ordem no estado. Como consequência, o

Rio Grande do Sul assistiu à ruptura do sistema partidário regional, com suas principais lideranças

partindo para o exílio e forçando o situacionismo fundar uma nova agremiação, o Partido

Republicano Liberal, para legitimar a posição de Flores da Cunha, Oswaldo Aranha, Getúlio Vargas e

outras lideranças políticas que entraram em desacordo com a FUG.

Palavras-chave: Revolução de 1932; Frente Única Gaúcha; Partido Republicano Rio Grandense;

Partido Libertador; Governo Provisório.

O ATEÍSMO COMO MOVIMENTO SOCIAL NOS MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO DO TEMPLO

POSITIVISTA DE PORTO ALEGRE: UMA ANÁLISE DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Ricardo Cortez Lopes (Mestrando – UFRGS – Sociologia)

Esse trabalho busca apreciar os primórdios de um movimento social ateísta no Rio Grande do Sul,

na figura do Templo Positivista de Porto Alegre, cujo recorte temporal para amostra foi o fim do

século XIX e começo do século XX. O referencial teórico adotado foi o da Teoria das

Representações Sociais, colhidas através de uma Análise de Conteúdo das propagandas emanadas

pelo Templo. Como resultado de nossa prospecção e análise, aglutinamos os materiais sobre as

categorias “Humanidade”, “Religião” e “Deus/Deusa” com fins a compreender as estratégias

semânticas que esse movimento buscava utilizar para difundir o ateísmo em um país

tradicionalmente religioso.

Palavras-chave: História da Religião - Movimento Social Ateísta – Positivismo – Teoria das

Representações Sociais

OS DISSIDENTES DO PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE NA REVOLUÇÃO

FEDERALISTA: APONTAMENTOS INICIAIS

Tassiana Maria Parcianello Saccol (Doutoranda – PUCRS)

A institucionalização republicana no Brasil foi um processo marcado pela instabilidade política e

administrativa. No caso do Rio Grande do Sul, divergências entre algumas das principais lideranças

do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), agremiação que acabara de assumir o comando

político no estado, fizeram-se sentir já em princípios da década de 1890. Tais disputas internas

ocasionaram não só o completo desligamento de lideranças históricas da agremiação, mas também

a atuação dos mesmos nas fileiras da oposição. Para além das críticas disparadas pela primeira

dissidência republicana, o PRR ainda sofreu forte oposição advinda do Partido Federalista, recém-

organizado e liderado por Gaspar Silveira Martins. O conturbado momento político atingiu seu ápice

com a deflagração da Revolução Federalista (1893-1895), conflito que acabou marcando os

primeiros anos da República não só no Rio Grande do Sul, como também no Brasil. O presente

estudo, em fase inicial de desenvolvimento, pretende trazer algumas reflexões sobre a atuação dos

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dissidentes do PRR na Revolução Federalista. Nossa intenção é a de revelar a ativa participação da

dissidência num movimento revolucionário que a historiografia costuma tratar de maneira polarizada

(castilhistas X federalistas). Para tal, será examinado um conjunto de correspondências, referentes

aos personagens Demétrio Ribeiro, Antão de Faria e João de Barros Cassal. Tal documentação

permite visualizar o papel dos dissidentes na tomada de decisões referente à logística da guerra, as

aproximações e divergências entre federalistas e dissidentes e os vínculos dos líderes da Revolução

para além do espaço regional (incluindo contatos com indivíduos do sudeste e nordeste do Brasil,

bem como com a Argentina e o Uruguai). Portanto, a partir da análise das correspondências, poder-

se-á refletir sobre o protagonismo histórico desses agentes no conflito, algo até então minimizado

pela historiografia mais tradicional.

Palavras-chave: Política – Dissidentes - Partido Republicano Rio-Grandense – Revolução Federalista

- correspondências

ST 21 – IMIGRANTES E IMIGRAÇÃO Coordenador – Leonardo de Oliveira Conedera

Sala 423 – Prédio 03 [26/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

DEPOIS DE RECOLHIDOS A CADEIA DA VILA DE SÃO LEOPOLDO, O QUE FAZER COM OS

PRESOS POBRES?

Caroline von Mühlen (Doutoranda – PUCRS)

Na documentação analisada, observa-se constante preocupação com a alimentação dos presos

pobres, com o estado e manutenção da cadeia por parte da Câmara Municipal, entretanto, essa

preocupação esbarrava na demora do repasse da verba por parte da Presidência da Província,

através da Coletoria que ficava responsável por indenizar a Câmara Municipal. Quando o réu era

recolhido à cadeia, o mesmo devia atestar a sua pobreza, comprovando que não podia ou não tinha

quem pudesse arcar com as suas despesas. Na Vila de São Leopoldo, os presos pobres passaram a

ser sustentados, a partir da instituição da Câmara e Cadeia Municipal, em 1846, contudo, tal ajuda

tinha que ser requisitada oficialmente, caso contrário, o preso pobre não receberia a “ração diária”.

Informações sobre esse mecanismo foram encontradas nas correspondências expedidas e recebidas

entre a Câmara Municipal e a Presidência da Província. É nosso objetivo mostrar como tal auxílio era

requisitado, quem de fato podia receber, bem como a quantia diária. Apesar dos escassos

documentos, podemos extrair informações que permitam visualizar o cotidiano da cadeia, no que

tange a alimentação.

Palavras-chave: Vila de São Leopoldo – Sustento dos presos pobres – Cadeia

MARIA DI GÈSU - ARTISTA PLÁSTICA E MUSICISTA: ASPECTOS DAS MEMÓRIAS DE UMA

IMIGRANTE ITALIANA EM PORTO ALEGRE.

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Egiselda Brum Charão (Mestranda – PUCRS)

O ato de imigrar de um país para o outro, é uma viagem, um processo de mudança que compreende

três momentos distintos: a partida, a viagem e a chegada (CONSTANTINO, 2006). No primeiro

momento o imigrante é marcado pela experiência cultural pertinente ao local de origem. O segundo

momento é a soma das experiências vividas e o terceiro momento assinala a chegada que abarca os

dois momentos anteriores e identificam o imigrante no novo contexto. Baseando-se nessa idéia e

tomando como ponto de partida o depoimento da imigrante italiana Maria Di Gesu, que imigrou de

Morano Cálabro para Porto Alegre, em 1947, o presente texto objetiva refletir sobre sua trajetória de

vida. Para tanto se utilizará da análise textual de discurso, de Roque Moraes(2003), como suporte

de estudo tanto das fontes orais, como escritas identificando categorias que delas emergem. Desse

modo a história oral-hibrida torna possível investigar aspectos relativos aos três momentos sua

trajetória de vida, a partida da terra natal, a inserção social e a construção da identidade desde a

partida da Itália até sua chegada em Porto Alegre.

Palavras-chave: Imigrante italiana, Porto Alegre, arte, relações sociais e identidade

ALQUIMIA ALIMENTAR: A PROCURA DA CURA PELOS IMIGRANTES ALEMÃES NA COLÔNIA DE

SANTO ÂNGELO (1850-1900)

Fabiana Helma Friedrich (Mestranda – UFSM)

André Luis Ramos Soares (Doutor - UFSM)

Este trabalho é resultado de uma investigação para um dos subcapítulos da dissertação de mestrado

do PPGH da UFSM com o apoio da CAPES, intitulada “Identidade gastronômica dos imigrantes

alemães na região central do Rio Grande do Sul”. O foco deste trabalho é descrever as práticas de

cura e o uso de alguns ingredientes na alimentação dos doentes da colônia Santo Ângelo, assim

como relatar os males que afligiram os imigrantes alemães nos anos de 1850 a 1900. Durante o

século XIX o acesso a tratamentos médicos era difícil a toda a população do Rio Grande do Sul, e

para os imigrantes não foi diferente. Além das doenças tropicais e dos ataques de feras eram

abordados por outros males, entre eles gastroenterite, difteria, febre tifoide e coqueluche que

atingiam a todos e em maior número as crianças. Por essa razão, os imigrantes se deram conta que

para terem melhores condições de saúde precisavam aprender com os moradores brasileiros e

utilizar o que já conheciam para curar seus males. Sendo assim, usavam plantas, raízes e outros

elementos trazidos da Europa junto ao que conheceram no novo mundo, como tratamento para as

doenças que apareciam. Nesse sentido, os usos das plantas medicinais ganham um significado

especial na medida em que possui relação com outras crendices e práticas religiosas do grupo,

constituindo um ponto de observação interessante de suas visões metafísicas. Além das questões

mencionadas, destaca-se a importância de estudar alimentação, educação, transporte e saúde que

podem ser encaradas como influenciadores na saúde do colono, seja ao que tange a saúde mental

quanto à física, e, também, permitem compreender a adaptação dos imigrantes alemães no Rio

Grande do Sul.

Palavras-chave: Alimentação – cura – doenças – transporte - imigrantes alemães

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A IMIGRAÇÃO ITALIANA NA ÁREA URBANA DE PELOTAS: AS SOCIEDADES ITALIANAS E A

FORMAÇÃO DA IDENTIDADE

Fabiano Pretto Neis (Mestrando – UFPel)

O presente trabalho tem como temática central os imigrantes italianos que se estabeleceram na

cidade de Pelotas durante o último quartel do século XIX. O objetivo principal é a análise da

formação da identidade ítalo-pelotense, através das sociedades étnicas na cidade.Entre os anos de

1875-1914, o Rio Grande do Sul recebeu em torno de 80 e 100 mil imigrantes italianos

(CONSTANTINO, 2010). A Grande maioria de imigrantes se dirigiram para as colônias imperiais

criadas na encosta superior do nordeste do Rio Grande do Sul e na área central do estado, sendo

que muitos estudos foram realizados sobre o processo da imigração italiana para o Rio Grande do

Sul nestas áreas. Na área urbana de Pelotas, no entanto, desde a década de 1830, já se

encontravam imigrantes italianos. A ocupação destes imigrantes citadinos eram as mais variadas

possíveis, como por exemplos, alfaiates, ferreiros, sapateiros, funileiros, pedreiros, barbeiros,

arquitetos. No ramo fabril, como proprietários de fábricas de mosaicos, massas, fumos e calçados.

(ANJOS, 2000) Estes imigrantes citadinos mantinham uma atividade cultural atuante na cidade,

exemplo disso foram as diversas entidades associativas de italianos que existiram: desde o ano de

1873.Em suma, estas instituições étnicas cumpriram o papel na formação da identidade de ítalo-

pelotenses, sendo de extrema importância para as pesquisas sobre a imigração italiana na área

urbana da cidade, já que á uma escassa produção sobre o tema.

Palavras-chave: Imigração Italiana, Identidade, Pelotas, Sociedades Étnicas, Rio Grande do Sul.

IMIGRAÇÃO E MÚSICA: MAESTROS ITALIANOS NO BRASIL

Leonardo de Oliveira Conedera (Doutorando – PUCRS)

A presente comunicação pretende analisar a trajetória profissional de maestros italianos emigrados

para o Brasil (São Paulo e Porto Alegre) entre os séculos XIX e XX. A partir do seu deslocamento,

pretende-se destacar a questão da imigração qualificada e do papel desempenhado por imigrantes

no meio urbano brasileiro. Destacam-se também as redes sociais que viabilizaram o deslocamento e

o ingresso de novos profissionais. Vale lembrar que pesquisas recentes (publicadas na Itália e no

Brasil) ressaltam a contribuição de emigrantes italianos qualificados como artesões, arquitetos,

médicos contribuíram substancialmente nos centros urbanos onde se inseriram.

Palavras-chave: Músicos italianos, imigração italiana, imigração qualificada, redes sociais.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATUAÇÃO DO NÚCLEO RIO-GRANDENSE DA SOCIEDADE DOS

AMIGOS DE ALBERTO TORRES E A FORMAÇÃO DE UMA REDE POLÍTICA

Rodrigo Luis dos Santos (Mestrando – Unisinos)

Em 1932, no Rio de Janeiro, ocorre a fundação da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres,

conhecida também pela sigla SAAT. De cunho nacionalista, baseando-se e ressignificando ideias do

político e pensador Alberto Torres, esta entidade congregou nomes como Oliveira Vianna, Juarez

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Távora, Roberto Marinho, Roquette-Pinto, e mais alguns nomes de destaque no cenário nacional. No

bojo ideológico da SAAT, encontramos temas como a defesa do sistema agrário nacional e de uma

educação rural privilegiada, a defesa do trabalhador nacional e ações de combate à imigração para o

Brasil, sobretudo japoneses e sírios-libaneses. No Rio Grande do Sul, o núcleo estadual foi fundado

em 1936, tendo como principais lideranças fundadoras o advogado Carlos de Souza Moraes (que

ocuparia o cargo de secretário e prefeito de São Leopoldo), a professora Camila Furtado Alves (uma

das principais fiscais de ensino da Secretaria Estadual de Educação durante o Estado Novo), entre

outros. Por conta da forte presença imigrante no Rio Grande do Sul e das ações nacionalizadoras

aqui empreendidas, nosso objetivo é analisar como se deu a participação política, a inserção e a

atuação do núcleo rio-grandense da SAAT durante esse período em nosso estado.

Palavras-chave: SAAT. Imigração. História Política. Rio Grande do Sul. Estado Novo.

ST 22 – NACIONALISMO E REGIONALISMO Coordenador – Aline Carvalho Porto

Sala 423 – Prédio 03 [27/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

DE MAGALHÃES A ALENCAR: A FORMAÇÃO DA LITERATURA E IDENTIDADE BRASILEIRA COM

O ROMANTISMO (1836-1865)

Alexsandro da Rosa Menez (Mestrando – PUCRS)

Os historiadores da literatura brasileira consideram que é a partir da publicação dos poemas

Suspiros Poéticos e Saudades, publicados na França em 1836, de Gonçalves de Magalhães que se

inaugura o período romântico brasileiro. Esse escritor foi considerado, ao fundir política e literatura,

como o grande personagem na implantação do Romantismo no Brasil. O Romantismo, sendo um dos

efeitos da modernidade, iniciado na Europa durante o final do século XVIII, está estritamente

relacionado à constituição, ao longo do século XIX, do Estado-nação moderno. Toda a nação

necessita de uma identidade nacional que a torne peculiar e diferente das outras nações. Por

conseguinte, para ser peculiar, uma identidade nacional precisa ter uma história e literatura que lhes

são próprias. A elaboração desses elementos foi uma tarefa empreendida por letrados, homens com

vasta erudição que se dedicavam a diversas áreas de estudos. No caso brasileiro, mesmo com a

constituição de um Estado independente separado do português, ainda era necessário criar uma

identidade peculiar a essa nova formação política que surgia. Letrados brasileiros como Gonçalves

de Magalhães, supracitado, Joaquim Noberto da Silva, Santiago Nunes Ribeiro, Adolpho Varnhagen,

Gonçalves Dias e José de Alencar, e até estrangeiros como Ferdinand Denis, Almeida Garrett e

Ferdinand Wolff, chamaram para si essa tarefa, ao mesmo tempo política e literária, de formação da

literatura e identidade brasileira. Mas o grande responsável por dar um passo adiante na formação

da literatura brasileira, que finalmente consegue sua independência literária, e constituição da

identidade brasileira foi a figura de José de Alencar. Considerado como “o patriarca da literatura

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brasileira”, símbolo dessa verdadeira revolução literária, então realizada, cuja responsabilidade está

em ter elevado a literatura nacional em seus moldes definitivos. Nesse sentido, o objetivo dessa

apresentação é demonstrar que a constituição da identidade brasileira ocorreu concomitantemente à

formação da literatura brasileira.

Palavras-chave: Nação; Identidade brasileira; Formação da literatura; Romantismo; Século XIX.

“SOMOS UMA AURORA. CHEGAREMOS NECESSARIAMENTE AO BRILHO E AO CALOR DO MEIO

DIA!”: AS IDEIAS NACIONALISTAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO NAS CONFERÊNCIAS

CÍVICAS DE 1904-1906

Aline Carvalho Porto (Doutoranda – PUCRS)

O presente artigo visa demonstrar e discutir as ideias de João Simões Lopes Neto acerca da nação

brasileira nos primeiros anos da Primeira República. Tais ideias estão expressas em forma de

conferência que o autor redigiu e proferiu em sua cidade natal, Pelotas, e logo depois, em outras

cidades do Rio Grande do Sul nos anos de 1904 e 1906 respectivamente. Essas conferências são

importantes indícios para repensarmos toda a obra, dita regionalista, do autor. Por esse motivo, esse

artigo pretende abordá-las de forma a demonstrar que João Simões, assim como outros intelectuais

do período, estava preocupado com a formação de uma unidade nacional em uma república recém-

nascida e “ameaçada”, segundo ele, pela falta de uma educação cívica voltada para os

conhecimentos pátrios. Além da falta de comunicação entre os estados que, de acordo com o autor,

poderiam ser extintos pois só geravam regionalismos, o que se mostrava prejudicial para a unidade

nacional. Para o autor, as distintas e múltiplas culturas regionais faziam parte de todo o aparato

nacional e não poderiam quedar isoladas em seus nichos. Para ele, a educação cívica seria o grande

aparato para a unir a nação. Tendo esse horizonte em vista, o presente artigo propõe discutir esses

importantes indícios que nos levam a repensar acerca do autor e de sua obra.

Palavras-chave: João Simões Lopes Neto – Conferências Cívicas – Ideias – Nacionalismo –

educação.

RUMOS DA BRASILIDADE: O ESTADO NOVO E O DISCURSO NACIONALISTA NA MARCHA PARA

OESTE (1937-1945)

Camila Comerlato Santos (Mestranda – PUCRS)

Este trabalho se propõe a analisar o discurso nacionalista presente na “Marcha para Oeste”,

sobretudo no que tange as ações promovidas no antigo Estado de Mato Grosso, atualmente Estado

de Mato Grosso do Sul. Busca-se entender a forma como a política de interiorização do país foi

pensada e elaborada durante o regime varguista e também a maneira como o discurso de exaltação

nacional é articulado pelos intelectuais ligados ao regime em relação à campanha da Marcha.

Finalmente, faz-se uma reflexão acerca da criação do Território Federal de Ponta Porã inserida

nesse debate. O fortalecimento do Estado Nacional durante o período estadonovista se deu por meio

de inúmeras transformações políticas expressas, sobretudo, na estrutura do poder e no advento do

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discurso nacionalista, evidenciado através da almejada integração nacional. Esse nacionalismo

relacionou-se não só com uma proposta de desenvolvimento para o Brasil, mais também com a

construção da imagem da nação brasileira, respaldada no resgate das discussões sobre as raízes

nacionais e na criação de diversos símbolos e imagens a fim de conformar a idéia de nação que se

pretendia. Uma dessas criações foi a campanha política da “Marcha para Oeste”. Já no seu discurso

de lançamento, Vargas associava a Marcha ao movimento das bandeiras ocorrido no século XVIII. O

objetivo da relação era estabelecer uma continuidade da História nacional. A partir desse

pressuposto, a ideia de nação lhe permite, ao olhar para o passado brasileiro, buscar elementos que

possibilitem uma continuidade com o seu presente. Em outras palavras, a ação da “Marcha para

Oeste”, no século XX, apresenta, para o Estado Novo, uma continuidade com o movimento dos

bandeirantes do século XVIII.A associação da Marcha ao movimento das bandeiras, feita não por

acaso, transparece a principal intenção do governo federal em relação à campanha, qual seja, a

colonização do interior do país. Porém, tratava-se de uma colonização incentivada e com sentido,

rumo ao oeste brasileiro. Por trás do ideal de ocupação populacional do oeste, estava preocupações

ligadas a questão da segurança das fronteiras nacionais, bem como as influências estrangeiras, a

extensão das fronteiras econômicas, fazendo-as coincidir com as políticas e a exploração das

possíveis riquezas existentes no subsolo dos distantes e vazios territórios brasileiros.

Palavras-chave: Estado Novo; Nacionalismo; Marcha para Oeste;Território Federal; Mato Grosso.

DOIS SÍMBOLOS PARA A NAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DAS MEMÓRIAS DE D. PEDRO I E JOSÉ

BONIFÁCIO

Eduardo Luis Flach Käfer (Mestrando – PUCRS)

O culto dos grandes heróis nacionais foi uma prática constante na história dos Estados-nação

durante os séculos XIX e XX. Para além de monumentos e outras representações, muitas obras

historiográficas reafirmavam essa prática. O que estas buscavam era a construção uma narrativa, em

que determinados líderes políticos surgissem como sujeitos proeminentes de uma história na qual

suas ações deveriam ser guardadas para a posteridade. Muito além de manter-se vivo o curso de

certos acontecimentos, o que essas historiografias também pretendiam era acentuar uma prática

pedagógica na qual os nomes célebres do passado pudessem exprimir um significado político para o

presente, orientando igualmente ações futuras. A partir dessa perspectiva, a análise da elaboração

da memória de D. Pedro I e José Bonifácio, durante as comemorações do Centenário da

Independência de nosso país, nos auxiliam a perceber um pouco além de uma simples rememoração

do passado. Como objeto de estudo serão privilegiadas as conferências realizadas pelo Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro durante o ano de 1922. Com a intenção de lembrar os principais

acontecimentos políticos que culminaram na emancipação do Estado nacional, os conferencistas

realizaram discursos no qual se percebe o passado sendo buscado com vistas a intermediar sua

própria contemporaneidade. É dentro desse quadro que se percebe a proeminência das figuras do

Imperador e seu principal ministro quando da emancipação nacional. As interpretações que surgem

em torno desses nomes podem revelar, mais do que um alcance com os fatos de 1822, os planos

políticos disponíveis para as elites nacionais cem anos depois.

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Palavras-chave: D. Pedro I; José Bonifácio; Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Independência

do Brasil; memória.

RUI BARBOSA E O TRATO DE TERRAS LIMÍTROFES: QUESTÕES DE LIMITES INTERESTADUAIS,

DIREITO E POLÍTICA (1899-1923)

Saul Estevam Fernandes (Doutorando – PUCRS)

O presente trabalho trata-se da pesquisa a nível de doutoramento iniciada em 2013 no PPGH-

PUC/RS, sob a orientação do Professor Marçal Paredes. Nosso projeto desde o início objetivou

discutir a contribuição de Rui Barbosa no processo de resolução de uma séria de questões de limites

que assolaram o Brasil no começo do período republicano. Enfim, a partir de teóricos vinculados a

História das Ideias como John Pocock e Quentin Skinner, buscamos perceber de que maneira Rui

Barbosa se insere na comunni opinio do período e cria o seu próprio sistema de resolução a partir de

diversos debates travados no mundo político e jurídico brasileiro. Nossa apresentação pretende

expor o andamento da pesquisa; desde a utilização e apresentação das fontes, arquivos e

bibliografias consultados, assim como as dificuldades encontradas até então e a estrutura do texto

que deverá ser apresentado no exame de qualificação.

Palavras-chave: Barbosa, Questões de limites, direito, política, Brasil República.

ST 23 – DIMENSÕES DA GRÉCIA ANTIGA Coordenador – Jussemar Weiss Gonçalves

Sala 304 – Prédio 05 [26/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

PRÁTICAS SEXUAIS X PRATICAS SOCIAIS: NATUREZA E HOMOSSEXUALISMO NA GRÉCIA

CLÁSSICA

Jussemar Weiss Gonçalves (Pós-doutor – FURG)

Trata-se de uma discussão que estamos fazendo em nosso grupo de pesquisa: cultura e política no

mundo antigo. Nesse artigo, o que se busca é discutir os limites da autonomia individual no que

tange a escolha de uma pratica sexual, isto é, a escolha não livre criação de uma subjetividade, mas

negociação que se constitui a partir de uma relação com os limites que a pratica social impõe as

papeis sexuais. No caso ateniense, o que se vê pela documentação é a imposição de uma pratica

sexual, através de uma ação política. Esta ação política se articula à uma visão do humano no qual é

patente os limites de escolha pessoal, particular, pois este tem sua ação limitada por um exercício

limitado de sua autonomia, isto é, sua escolha sexual, não é totalmente uma escolha individual.

Palavras-chave: gênero, política, autonomia, pratica social, pratica sexual.

A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO EDUCATIVO FEMININO NA GRÉCIA CLÁSSICA

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Lisiana Lawson Terra da Silva (Graduada – FURG)

Este trabalho tem como tema demonstrar como a sociedade ateniense do século V AC organizava,

social e politicamente, o espaço do feminino na cidade. A educação das filhas, esposas e mães de

cidadãos ocupava papel central na sociedade da polis e pode ser percebida através da literatura e

suas representações. Para isso, este artigo vai estudar a construção de um modelo educativo que

transparece nas obras de autores gregos do século V AC. Nossas fontes são: “Economico” de

Xenofonte e a tragédia “Agamêmnon” de Ésquilo, pois, buscamos demonstrar que diferentes autores

com diferentes propósitos construíram com suas obras uma compreensão do feminino, mediante a

criação de um modelo de formação. A tragédia grega como gênero literário que é, expressa o

contexto, o universo da cidade e de seus grupos sociais. A obra de Xenofonte é um manual de

conduta que constitui a maior parte dos trabalhos que tratam da mulher ateniense, a tal ponto que,

às vezes, é tomada como uma descrição da condição da mulher grega. Nas fontes propostas acima,

estão representados tipos femininos que viabilizam o estudo proposto, já que representam uma teia

de pensamentos e práticas sociais de um período, Atenas século V AC. Essas representações

podem ser estudadas a partir das relações sociais entre homens e mulheres e as maneiras como

eles representam o gênero e utilizam-no para articular regras de convívio social. Com certeza, para

os gregos do século V existe, para além das aparências sociais, uma peculiaridade no pensamento

do feminino e esta singularidade revela-se a partir do olhar masculino. Portanto, o que se nota

analisando de forma articulada as tragédias “Agamêmnon” e o manual de conduta “Econômico” é

que há para os cidadãos atenienses um problema em relação ao feminino, que é específico do estilo

de vida urbano da polis.

Palavras-chave: Feminino; Atenas; Tragédia; Educação; Gênero.

O PROBLEMA DA AUTORIDADE NA ANTÍGONE, DE SÓFOCLES

Matheus Barros da Silva (Mestrando – UFPel)

Nosso trabalho apoia-se sobre dois pontos que o anteparam. Em primeiro lugar, ao tratarmos de uma

tragédia grega coloca-se um problema mais geral, que é propriamente aquele do trágico, em outras

palavras, aquilo que demarca um tipo de concepção de mundo e pensamento trágicos e seu sentido

para o grego antigo. Em um segundo momento, mas não menos importante, elege-se a questão da

autoridade como tema a ser analisado nas estruturas da tragédia Antígone. Aqui compreende-se

autoridade em um sentido de poder estabilizado, ou seja, autoridade como sendo um princípio a

legitimar a ação e mesmo a governança de um grupo ou de um único homem sobre os demais. Os

gregos antigos chamavam tal fato por ἀρχή, assim procuraremos lançar algum luz sobre tal conceito,

e como é articulado na peça de Sófocles, e qual o sentido que poderia assumir para uma plateia de

cidadãos atenienses no momento de sua encenação.

Palavras-chave: Antígone, Atenas, Autoridade, Democracia, Tragédia.

UMA CIDADE DE IGUAIS E DIFERENTES: DISTINÇÃO SOCIAL NA ESPARTA CLÁSSICA

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Ricardo Barbosa da Silva (Mestrando – UFPel)

Na Antiguidade, Esparta era admirada, temida e respeitada pelos habitantes das outras poleis. Era a

primeira entre as cidades-Estado gregas, hegemonia esta adquirida pela força e organização de seus

exércitos. Contudo, apesar de sua educação muito louvada, de caráter “público” e militarista, estava

longe de ser a pólis igualitária, pretendida pelos escritores áticos – já que os próprios espartanos não

escreveram nada sobre si mesmos – a partir do século V a.C. Esparta era uma cidade de contrastes,

de indivíduos que eram talhados para o combate e que, através dessa estruturação da vida,

tentavam ascender socialmente dentro de uma hierarquia social muito rígida. Alguns escritores

antigos, como o ateniense Xenofonte, sugerem algumas das divisões sociais existente entre os

espartanos, informações estas explícitas em seus textos, ou nas omissões/entrelinhas. Aqui

chegamos ao ponto crucial: como se davam estas formas de distinção social e por que elas eram

necessárias? Qual era o sistema operante dentro desta sociedade? Existe muita contradição entre o

discurso e o que se pode perceber nas “entrelinhas” dos relatos dos diferentes autores. O presente

trabalho é parte de nossa pesquisa de mestrado, em andamento, e tem por objetivo analisar estes

vestígios em textos deixados por alguns escritores antigos, para compreender as formas de distinção

social e como estas operavam no seio da sociedade espartana, e entender como e porquê surgiu a

"imagem-miragem" de Esparta como uma sociedade de iguais.

Palavras-chave: Esparta, distinção social, imagem-miragem, História Antiga

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Resumos Graduandos

ST1 – EDUCAÇÃO, PRÁTICAS E ENSINO DA HISTÓRIA Coordenadores – Marcelo Vianna e Wanessa Tag Wendt

Sala 504 – Prédio 05 [28/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO EM SALA DE AULA: O CASO DO QUILOMBO DE CASCA

Alaides Terezinha Dias da Costa (Graduanda – FURG)

A proposta aqui apresentada tem por objetivo trazer a tona as percepções iniciais observadas

durante a realização das entrevistas com alunos e ex-alunos da escola Quitéria Maria do

Nascimento, localizada na Comunidade Remanescente de Quilombo de Casca, situada no município

de Mostardas, Rio Grande do Sul. Ressalta-se que são percepções iniciais pois a pesquisa está em

pleno desenvolvimento, mas algumas análises já foram possíveis a partir dos dados coletados até o

momento. O trabalho teve início a partir da indagação sobre qual seria a visão de negro que é

passada para os alunos durante as aulas de história no ensino fundamental, tal indagação se mostra

pertinente por tratar-se de uma comunidade tradicional cuja principal etnia presente é a negra, a

representação que se faz do negro em sala de aula possui caráter formador de opinião dos alunos

sobre aquela etnia, que não por acaso é a mesma destes alunos. O processo de organização e

realização das entrevistas foi feito com base nos preceitos de Verena Alberti, que nos fornece um

passo a passo valioso de como proceder com uma entrevista, abrangendo todas as etapas de

preparação, realização e tratamento das mesmas em seu livro intitulado Manual de História Oral,

lançado pela editora da Fundação Getúlio Vargas. No decorrer da realização do trabalho podemos

observar que há uma relevante relação entre o perfil de individuo negro abordado durante as aulas

de história e a maior ou menor facilidade daqueles alunos em se identificarem enquanto negros, a

apresentação do negro enquanto ser servil e submisso faz com que haja uma vontade de

branqueamento da árvore genealógica pelos alunos. Essas foram algumas das considerações que

surgiram durante a elaboração do artigo em questão.

Palavras-chave: Educação quilombola; Ensino de História; Memória

ESPAÇOS DE PRODUÇÃO NO RIO GRANDE DE SÃO PEDRO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO

XIX: UM ESTUDO DE CASO COM MAQUETES

André Haiske (Graduando – UFSM)

Luciano Nunes Viçosa de Souza (Graduando – UFSM)

O presente trabalho se propõe a partir de uma atividade com maquetes no PIBID História / UFSM,

analisar os espaços de produção no Rio Grande de São Pedro na primeira metade do século XIX,

hoje atual Rio Grande do Sul, a partir da vida na estância, na colônia alemã e das charqueadas.

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Além do relato de como se deu essa construção das maquetes a partir de leituras como da Bruna

Spenner com o seu texto Arquitetura, cativos e gado: estâncias pastoris em rio pardo no final do

século XIX onde a autora remonta toda a estrutura das estâncias desde os primeiros povoamentos

do estado até o final do período, mas nos interessando apenas a primeira metade do século XIX. O

texto de Luis Augusto Farinatti CONFINS MERIDIONAIS: famílias de elite e sociedade agrária na

fronteira sul do Brasil (1825-1865) contextualiza a vida na estância e as relações existentes neste

meio, quebrando com a idéia tradicional de que a estância era de base somente escravista. Sobre a

colonização alemã, esta se deve a uma necessidade do governo imperial de não somente ocupar as

terras sulistas, mas também criar uma classe média que fosse capaz de desenvolver a policultura

para abastecer as cidades em expansão e dos exércitos em campanha,idéia esta de Carlos Henrique

Oberacker Jr. Esses imigrantes ocuparam inicialmente a região do Vale do Rio dos Sinos. Com o

texto de Jorge Luiz da Cunha Os interesses políticos e econômicos na colonização do sul do Brasil

com alemães, visualiza-se a ideia de colônias como uma forma do governo alemão de garantir um

mercado consumidor sem precisar de um empreendimento colonial direto. No que se refere a

Charqueadas tomou-se por base as plantas da Charqueada São João, e no estudo dessas relações

a tese de doutorado de Jonas Moreira Vargas.

Palavras-chave: Ensino de História – Estância – Colônia Alemã – Charqueadas - PIBID

CORTIÇOS E BRANQUEAMENTO: REFLEXÕES SOBRE PÓS-ABOLIÇÃO

Carolina Bevilacqua Vedoin (Graduanda – UFSM)

Helen da Silva Silveira (Graduanda – UFSM)

O presente resumo tem por objetivo apresentar a atividade “Resgate Histórico através de maquete:

pós-abolição e a formação dos cortiços” realizada em turma de terceiro ano do ensino médio da

Escola Augusto Ruschi no dia primeiro de outubro de 2014, através do programa institucional de

bolsas de iniciação a docência (Pibid). O conteúdo da atividade abrangeu o final do século XIX,

período em que ocorre a abolição da escravatura até o inicio do século XX com a formação dos

cortiços mais especificamente no Rio de Janeiro, procurando fazer relação com a formação atual das

zonas de periferia das grandes cidades. A atividade teve por objetivos dialogar acerca do conceito de

“liberdade”, e a partir disso, desconstruir o pensamento de que após a abolição os ex-escravizados

tiveram os seus direitos de moradia e emprego garantidos pelo Estado, além de compreender a

formação dos cortiços como consequência da escravidão entre outras continuidades como o

racismo. Para embasar a atividade foi utilizado o livro “O Cortiço” de Aluízio de Azevedo que inspirou

a produção da maquete e alguns textos do autor Petrônio Domingues que escreve sobre a ideologia

do branqueamento, o qual segundo ele se manifestou em três aspectos: estético, biológico e cultural.

Procuramos focar o biológico, pois este foi muito utilizado para justificar uma suposta superioridade

branca, já que a ciência da época afirmava que os negros possuíam uma genética mais propensa a

doenças, o que não se verifica se lavarmos em conta o ambiente ao qual as populações negras

estavam submetidas. Os aspectos cultural e estético foram citados quando tratamos sobre

preconceito racial, como a desvalorização dos traços físicos, práticas e costumes negros. Como

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resultado percebeu-se que a maquete é um ótimo recurso visual e a forma como ela foi abordada

suscitou discussões e questionamentos que levaram os alunos à reflexão.

Palavras-chave: Pibid, Cortiços, Pós-Abolição, Atividade, Branquamento.

A MULHER COMO SUJEITO HISTÓRICO: PERSPECTIVAS DO ENSINO DE HISTÓRIA ATRAVÉS

VIÉS FEMININO NA MÍDIA

Caroline Atencio Medeiros (Graduanda – UFPel)

Andrieli Paula Frana (Graduanda – UFPel)

“Ma’am? How come we’ve only been studying about men in the history?

Aren'twegoingtostudyaboutwoman?”. Em 8 de novembro de 1976, Lucy Von Pelt, famosa

personagem da série de tirinhas diárias e semanais “Peanuts”, colocou-se em uma série de dúvidas

acerca do papel da mulher na história. No mesmo período temporal, porém em diferentes

circunstâncias, em meio ao Irã de 1979, entre as burcas, novas teorias e influências ocidentais, nos

primeiros anos da guerra Irã-Iraque, MarjaneSatrapi narra a sua própria história, trazendo à tona

memórias de sua vida e a história do Irã contada através da perspectiva de todas suas fases da vida:

criança, jovem universitária e adulta. Persepolis, uma história em quadrinhos publicada em 2000 e

com vendagem maior de 400.000 exemplares apenas na França e transformado em animação do

ano de 2007 nos incentiva a vivenciarmos junto a personagem a construção e desconstrução de sua

identidade nacional. Através dos temas discorridos, procuro no presente trabalho aliar recursos

midiáticos e audiovisuais com apoio ao ensino de História, onde as relações de gênero presentes

nela possam ser analisadas através da visão da mulher em suas diferentes fases da vida, buscando

concomitantemente um papel social feminino que supere barreiras politicas, ideológicas, raciais e

classicistas.

Palavras-chave: Ensino de História, Gênero, Mídia, Cinema, História da Mulher.

PRIMEIRAS REFLEXÕES - JOGO DIDÁTICO EM AULA UMA POSSIBILIDADE VIVENCIADA NO ECS

III: ENSINO E RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Deise de Siqueira Pötter (Graduanda – UNIFRA)

Buscar novas metodologias de ensino é fundamental para os professores, assim como estar sempre

se atualizando. As aulas ministradas precisam ser envolventes para cativar os alunos. Através da

ludicidade, o educador conseguiria o envolvimento total dos alunos, sendo assim, conseguiria

ensinar seus conteúdos, promover momentos de reflexão e alegria na aula. Este trabalho

desenvolvido no Estágio Curricular Supervisionado III, durante o 1º semestre de 2015 no Colégio

Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi, no município de Santa Maria, RS pretende

desenvolver uma reflexão sobre a ludicidade em aula, em especial a importância do uso dos jogos

didáticos na aula de História, para a aprendizagem e, além disso, aprimorar as relações

interpessoais, usando como base teórica as reflexões de Celso Antunes, autor este, que vem

dedicando suas obras a pais, jovens, professores e a novas metodologias de ensino, com livros:

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Professores e Professauros, Relações pessoais e auto estima e O jogo e a educação infantil. Para

desenvolver este estudo de cunho qualitativo, optou-se por trabalhar com as duas últimas obras

citadas, buscando assim um respaldo teórico para conciliar a teoria com a prática proporcionada pelo

estágio. Salienta-se a importância do uso da ludicidade em aula, com intuito de formar cidadãos

conscientes e críticos, capazes de questionar e refletir por conta própria, pois nos espaços

destinados ao aprendizado não há mais espaço para os conteúdos decorados em função das

provas. O trabalho encontra-se em andamento, contudo já se observa mudanças durante as aulas,

os alunos estão participativos, alegres, promovendo diálogos e atitudes amigáveis em relação aos

colegas e professora. O estágio é um momento de reflexão e aprendizado para ambas as partes –

aluno, estagiário e professor.

Palavras-chave: Jogos didáticos; ludicidade; lúdico; sala de aula; estágio.

O FASCISMO COMO FENÔMENO UNIVERSAL E A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA

Eliza Militz de Souza (Graduanda – UFSM)

O presente trabalho tem como objetivo identificar as representações construídas acerca do nazismo

na Alemanha pelos estudantes das escolas de Ensino Médio de Santa Maria, verificar a visão social

dos mesmos e comparar com a visão social dos cidadãos nazistas ou simpatizantes do nazismo da

época da Segunda Guerra Mundial. Existe um grande número de situações de violência e discursos

antidemocráticos que pregam o ódio ao outro na sociedade brasileira atual, como a defesa da

institucionalização da pena de morte, a redução da maioridade penal, a não-participação de partidos

políticos em manifestações, etc. E, ao mesmo tempo em que estes discursos são reproduzidos,

existe a demonização dos alemães nazistas e a noção de que o regime nazista na Alemanha e, mais

precisamente o Holocausto, é algo que não faz parte da modernidade, é algo distante, impossível de

se repetir e que diz respeito somente à Alemanha. Porém, a partir das colocações de autores como

ZygmuntBauman e Francisco Carlos Teixeira da Silva, compreendemos que o fascismo é um

fenômeno universal, que não está isolado em determinado tempo e sociedade. Dessa forma, a

realização desta pesquisa que está vinculada ao projeto “História Intelectual, Historicidade e

Processos de Identificação Cultural”, cadastrado na Universidade Federal de Santa Maria e

financiado pelo CNPq justifica-se pela importância de auxiliar o desenvolvimento, enquanto

historiador e professor de história, da consciência histórica dos indivíduos, a fim de fazer entender

que pensamento fascista está presente em diversos contextos históricos e, inclusive, faz parte do

Brasil atual.

Palavras-chave: Nazismo; pensamento fascista; consciência histórica.

DISTOPIA EM SALA DE AULA: COMO TRABALHAR REGIMES TOTALITÁRIOS USANDO A NOVA

LEVA DE FICÇÃO CIENTÍFICA NO CINEMA.

Fábio Donato Ferreira (Graduando – UFPel)

“As paródias e as caricaturas são as formas mais agudas de crítica.” - Aldous Huxley.

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Com essa frase, Huxley mostra como a paródia/crítica que o tema distopia tem na literatura, é

importante para entendermos o presente. A palavra distopia tem tomado outros significados desde

que foi usada no discurso ao Parlamento Britânico por John Stuart Mill, sendo uma na época apenas

a antítese da utopia. A crítica ao presente tomou a imaginação dos escritores de ficção ao fazer

paralelos ao presente em seu totalitarismo científico. Fãs crescem todos os anos querendo mais

sobre esses romances, e isso faz com que o cinema tenha cada vez mais interesse em adaptar tais

obras, tornando-as mais um subgênero de filme dentro da ficção científica. Vemos hoje, uma febre

de literatura distópica na sétima arte, com fãs jovens abraçados em seus livros. Como abordar em

sala de aula as críticas ao totalitarismo que obras como Jogos Vorazes e Divergente? Qual sistema é

criticado em cada obra? O corporativismo entra como um sistema totalitário na distopia? Este

trabalho tem como objetivo trabalhar a crítica que tais obras têm de onde vem suas inspirações e seu

uso em sala de aula para explicar o presente, passado e o porquê da nova onda de filmes distópicos

tem sido tão forte nos últimos anos.

Palavras-chave: Totalitarismo, Cinema, Literatura, Ensino, Mídia.

QUEBRA DE PARADIGMAS: O ENSINO DE HISTÓRIA ATRAVÉS DA MAQUETE DO ANTIGO EGITO

Jéssica Fernanda Arend (Graduanda – UFSM)

Calison Eduardo Santos Pacheco (Graduando – UFSM)

Este artigo se refere a uma maquete para fins didáticos como atividade do Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID-História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ela

trata de um momento hipotético na História do Antigo Egito, onde, abrange-se o Rio Nilo, o palácio

faraônico, as casas comerciais, as casas dos camponeses e a dos operários, envolvendo também

todo o processo de construção das pirâmides egípcias, desde a pedreira até a formação da pirâmide.

É possível observar a agricultura e a rica fauna e flora do Nilo e do deserto egípcio. A proposta surgiu

devido às observações realizadas em sala de aula das escolas trabalhadas, onde notou-se que

muitos alunos, tanto do ensino médio quanto do fundamental, desconhecem que o Egito está

localizado na África e que sua população original é negra, estando imbricado em seus

conhecimentos os sensos comuns (África sinônimo de pobreza; “país continental”; idioma único,

etc.). Da mesma forma que Jaime Pinsky e Carla B. Pinsky (2013) busca-se “[...] uma história

prazerosa e consequente”, ou seja, a partir desta ausência de informação dos alunos, buscar

questões que sejam consequentes, como a negritude africana do Egito e principalmente as questões

de gênero, onde é possível observar na maquete, mulheres trabalhando, passeando, vendendo seus

produtos, entre outras atividades. Na maquete é possível encontrar uma caixa que possui vários

componentes da cultura egípcia que estão fora de escala, como por exemplo, um sarcófago com

uma múmia, alguns deuses egípcios e três mulheres egípcias (duas rainhas e uma camponesa) o

que traz a possibilidade de trabalhar também a desigualdade social. Mulheres estas, que foram feitas

a partir de bonecas brancas, que então foram pintadas para realmente parecerem egípcias, o que

oportuniza o questionamento: “por que não existem bonecas negras?”.

Palavras-chave: África; Egito Antigo; Ensino de História; Gênero; Mulheres Negras.

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POSSIBILIDADES DE PESQUISA E ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS ACERVOS DOS

PERIÓDICOS DO SÉCULO XIX NO MUSEU DE COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA (1846-

1860)

Maurício Pereira (Graduando – Unilasalle)

Esta comunicação apresenta alguns resultados da participação como bolsista de Iniciação Científica

no projeto de pesquisa“Museologia e Cidadania: a utopia como prática política”, coordenado pela

Profa. Dra. Carla Renata Antunes de Souza Gomes, do Centro Universitário La Salle - Unilasalle

Canoas, que entre outros objetivos realiza um levantamento de informações sobre as práticas

letradas na cidade de Porto Alegre, RS, através de periódicos que circularam na região entre 1846 e

1865. Esta pesquisa, que utiliza periódicos do final do século XIX do acervo do setor de imprensa do

Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, ainda se propõe a analisar as condições de

acessibilidade ao acervo de jornais, a fim de diagnosticar as dificuldades e as necessidades de um

maior controle sobre a preservação do acervo. A razão da escolha deste período é atribuída à

carência de pesquisas que se dediquem a este tema no período pós- guerra civil, baseando-se na

grande contribuição destas informações para o conhecimento da história sul-rio-grandense em um

aspecto de grande importância, bem como na preservação da memória referente a tais práticas e do

patrimônio histórico e cultural da região.

Palavras-chave: Patrimônio cultural, práticas letradas, periodismo século XIX, preservação de

acervo, memória

FORMAÇÃO DOCENTE: O USO DO BLOG PIBID HISTÓRIA COMO FERRAMENTA NA FORMAÇÃO

DIFERENCIADA DO PROFESSOR

Nicole Angélica Schneider (Graduanda – UFPel)

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) é de grande valia para os alunos

que ainda se arriscam nas licenciaturas, auxiliando a permanência dos estudantes na academia. O

programa aproxima os futuros professores do ambiente escolar durante a formação, contribuindo

para o desenvolvimento de especificidades nos profissionais que irão se formar. Como o programa

abriga uma seleção de bolsistas, não abrigando todos os alunos dos cursos, a necessidade de tornar

acessível tudo que acontece dentro do grupo de bolsistas para além deste, tornou-se essencial. Foi

pensando em disseminar os projetos e aprendizados que os bolsistas do curso de História da

Universidade Federal de Pelotas (UFPel) criaram o blog do PIBID História, apostando na divulgação

para contribuir na construção de profissionais diferenciados na área da educação. No blog são

publicados oficinas e eventos que acontecem nas escolas envolvendo o grupo do PIBID, a

construção pelos bolsistas das oficinas que seguindo os princípios de uma educação diversificada,

como o Cine Clube, que é a oficina tradicional do grupo História, que visa à provocação de debate

histórico a partir de películas midiáticas, como filmes e documentários, buscando complementar

conteúdos que estão sendo trabalhos ou para suprir a necessidade de abordar assuntos transversais

com os alunos. Além deste, existe outras oficinas que estão sendo montados pelo grupo,

relacionadas a educação patrimonial, à ditadura e escravidão em Pelotas e aos Parâmetros

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Curriculares Nacionais (PCNs). Essas são divulgadas no endereço eletrônico, possibilitando a

construção por todos que queiram contribuir por meio dos comentários. Diante desses trabalhos

divulgados pelo blog é visível o complemento na construção de um profissional docente relacionado

a atividades diferenciadas das costumeiras na rotina escolar.

Palavras-chave: PIBID, Docência, Educação, Formação do professor, Blog

ST2 – POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM HISTÓRIA SOCIAL Coordenadores –Luísa Kuhl Brasil e Cristiano Enrique de Brum

Sala 502 – Prédio 05 [27/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

O PERFIL DAS TRABALHADORAS PELOTENSES QUE SOLICITARAM SUAS CARTEIRAS

PROFISSIONAIS NO PERÍODO DE 1933-1943

Anelise Domingues Medeiros (Graduanda – UFPel)

O trabalho que será apresentado tem por objetivo analisar e comparar o perfil das trabalhadoras na

cidade de Pelotas que solicitaram a carteira profissional no período de 1933 a 1943. Esta análise se

dá a partir das fichas espelho ou fichas de qualificação profissional que se encontram no acervo da

Delegacia Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul– DRT-RS, o qual está salvaguardado pelo

Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Pelotas – NDH-UFPel. Esta pesquisa

está vinculada ao projeto de pesquisa “Traçando o Perfil do Trabalhador Gaúcho”. O acervo daDRT-

RS é composto das fichas espelho as quais contém dados específicos dos solicitantes, como, por

exemplo, dados de identificação (nome, local de nascimento, impressão digital, foto), dados

referentes a função ou atividades exercidas, dados referentes a beneficiários, dados com

informações especiais a estrangeiros, dados antropométricos (altura, cor, cabelo, olhos, estado civil,

escolaridade). Neste acervo há um banco de dadoscom as fichas de qualificação do qual utilizo para

a análise e comparação dos dados. Me aproprio deste banco de dados e pesquiso nele para traçar o

perfil destas mulheres trabalhadoras. Observar seu desempenho profissional faz parte desta

compreensão.

Palavras-chave: Mulher, trabalhadoras, carteira profissional.

CONTEXTO HISTÓRICO E SUAS INFLUÊNCIAS NA GESTÃO INDUSTRIAL: UMA ANÁLISE DAS

RELAÇÕES ENTRE A I GUERRA MUNDIAL, A GESTÃO DA QUALIDADE E O CRESCIMENTO DOS

PAÍSES INDUSTRIALIZADOS

Bruno Weber Bopp (Graduando Eng. de Produção – Ulbra)

O desenvolvimento industrial e as modalidades mercantis adotadas em uma determinada sociedade

e em um determinado período sempre estiveram intimamente conectados a marcantes fatos

históricos. Assim, o presente trabalho realiza uma inversão nas influências comumente apresentadas

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em pesquisas acadêmicas, investigando a influência de determinado contexto/fato histórico na

mudança de cultura da indústria. A rigor, é sabido que a indústria teve diferentes enfoques movidos

por demandas apresentas pela sociedade. A análise em questão traz à tona os fatos históricos

ocorridos no começo do século XX e sua relação com a cultura de gestão da qualidade criada na

indústria. A cultura baseada na precisão de produção foi criada para atender as necessidades

surgidas no contexto da I Guerra Mundial, estas demandas transformaram todos os procedimentos

na indústria bélica, exigindo um rigoroso controle produtivo no que se refere a especificações do

produto. Por fim, depois de traçado este panorama, serão analisadas as formas como estes

acontecimentos afetaramdireta ou indiretamente os membros da sociedade, características atreladas

ao período no que concerne não somente ao crescimento da necessidade de mão de obra e de

qualificação, mas também do desenvolvimento social das massas.

Palavras-chave: I Guerra Mundial; Gestão da qualidade; Indústria bélica

O OFÍCIO DE RADIALISTA: MEMÓRIAS DE TRABALHADORES EM PELOTAS, RS

Charles Ânderson dos Santos Kurz (Graduando – UFPel)

Atualmente se desenvolve no Núcleo de Documentação Histórica (NDH) da UFPel, projeto de

pesquisa intitulado “À beira da extinção: memórias de trabalhadores cujos ofícios estão em via de

desaparecer”, o qual reúne narrativas as mais diversas. A pesquisa que será apresentada no evento

tem como foco os radialistas e as transformações que suas atuações tiveram no decorrer do tempo,

devido às mudanças nos meios de comunicações e nas próprias emissoras. A pesquisa está dividida

em duas etapas, a análise documental de processos trabalhistas do Acervo da Justiça do Trabalho

de Pelotas, salvaguardado pelo NDH e a utilização da História Oral, para uma preservação da

memória desses trabalhadores, assim como para se ter possibilidade de melhor compreensão acerca

de vários fatores que envolve o mundo de trabalho dos radialistas, como, por exemplo, o que os

motivou a escolher e se manter nesse ofício; qual era a sua rotina de trabalho; se havia relação com

os seus ouvintes e de que forma isso se concretizava; entre tantas outras situações que podem ser

exploradas através deste método. Uma das abordagens que a História Oral permitirá analisar é como

se constituiu, no cotidiano, a transformação do ofício ao longo do tempo, por exemplo, com o

fortalecimento da televisão, o surgimento das emissoras de Rádio FM e as mudanças na dinâmica

dentro das próprias programações. Com a análise dos processos trabalhistas encontrados no Acervo

da Justiça do Trabalho de Pelotas se percebe a importância que este meio de comunicação teve (e

ainda tem) para os trabalhadores que estavam em busca de seus direitos.

Palavras-chave: Ofício de Radialista – Rádio – Memória – Justiça do Trabalho – História Oral

A FRENOLOGIA NO INSTITUT HISTORIQUE: RAÇA E HISTÓRIA DURANTE A MONARQUIA DE

JULHO (1830-1848)

Cristian Cláudio Quinteiro Macedo (Graduando – UFRGS)

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A historiografia aponta a segunda metade do século XIX como período definidor do racismo

científico. Todavia, os primeiros cinquenta anos do oitocentos produzem diversas disciplinas

responsáveis pela gestação do ideário racial que eclodiria mais tarde. A frenologia é uma delas. Sua

ideia central é de que as faculdades mentais do indivíduo, que lhe formam o caráter, estão

localizadas em determinadas regiões cerebrais. O desenvolvimento dessas regiões demarcariam

bossas, caroços, no crânio, permitindo analisar o caráter de alguém apalpando-lhe a cabeça. O

presente trabalho aponta alguns elementos que demarcam as aparições e possível influência desta

“ciência”, durante o período conhecido como Monarquia de Julho (1830-1848), em uma das

principais instituições francesas que se ocupava com a História: o Institut Historique. Trata-se tanto

de um aprofundamento, quanto uma mudança de abordagem (agora a questão racial) da pesquisa

cujos resultados foram apresentados no 1º EPHIS-PUCRS. Para tanto, foram consultados os

volumes do Journal de l’InstitutHistorique, os anais de seus Congressos e algumas obras de seus

membros. A hipótese inicial de nossa pesquisa, a de que as instituições de pesquisa dehistória (e

não somente a “história natural”) tinha ampla participação no processo de “biologização das

diferenças” mostrou-se verdadeira. Mas com uma ressalva: não foram os conceitos da ciência

histórica do século XIX que parecem ter participação na formulação do racismo científico; foram os

conceitos frenológicos, tendo como palco de discussões os ambientes de pesquisa histórica, que

conseguiram lançar mão dos meios de circulação de ideias, já conquistados pela história, para

difundirem-se.

Palavras-chave: Frenologia, Racismo, Institut Historique, Historiografia

MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DOS TRANSPORTES

RODOVIÁRIOS NO BRASIL

Elvis Patrik Katz (Graduando – FURG)

A história dos transportes foi historicamente desprivilegiada entre os historiadores no Brasil,

ocupando quase sempre um lugar periférico na explicação dos diversos processos históricos do

País. Entre as pesquisas realizadas, intensificaram-se os estudos no campo dos transportes

ferroviários, dado o importante papel que tiveram no período áureo da produção do café, tanto no

Império, como na República Oligárquica. O fato é que, desde a década de 50, a ferrovia foi deixada

de lado para dar lugar aos transportes rodoviários, considerados mais flexíveis e baratos. Desse

período em diante, apesar da notória importância das rodovias na integração nacional, pouco se

produziu sobre a história desses transportes, e menos ainda sobre como as regiões e populações

foram impactadas por estes empreendimentos. Esse trabalho dedica-se a pensar a escrita do tema,

dando especial atenção para os usos da História Oral e da Memória como fontes cruciais para sua

realização. Isso é possível por conta das inúmeras testemunhas à disposição dos historiadores,

prontas a fornecer riquíssimos detalhes acerca das alterações trazidas pelas estradas. Além disso, é

evidente a originalidade da temática, bem como os usos que faz dos relatos orais baseados nas

memórias individuais. Torna-se importante mencionar que essas reflexões são parte de um trabalho

maior, no qual são estudados justamente os impactos das construções rodoviárias sobre as

populações marginais às rodovias. Inicialmente, essas mudanças são sentidas ao nível material, mas

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logo passam a representar novos hábitos, novas formas de pensar e se relacionar com o mundo.

Entender essas memórias e suas relações com o presente são fundamentais para fins acadêmicos,

bem como para a construção da identidade dessas testemunhas, que não veem na estrada apenas

um amontoado de concreto e asfalto.

Palavras-chave: História Oral; Memória; História Rodoviária; Identidade;

A LUTA SINDICAL E O MOVIMENTO OPERÁRIO EM NOVO HAMBURGO-RS (1935-1945)

Evandro Machado Luciano (Graduando – Feevale)

O trabalho que apresento aqui visa demonstrar o processo inicial e exploratório de uma pesquisa

maior, que busca compreender como se organizou o movimento operário de Novo Hamburgo no

período que vai de 1935 até 1945 e sua relação com o primeiro governo de Getúlio Vargas. Na

maioria dos escritos sobre esta cidade e sua industrialização, remete-se muito aos grandes feitos e

às grandes obras, mas pouco se têm escrito sobre os (tão grandes ou maiores) homens e mulheres

que consolidaram o início do universo industrial desta cidade até seu declínio, já no final dos anos

1990. Assim, justifico este estudo apontando a necessidade de contar a história do trabalho em Novo

Hamburgo a partir da perspectiva dos trabalhadores e trabalhadoras desta cidade, organizados em

movimentos de representação política.Portanto, meus objetivos centrais são: traçar paralelos entre

sindicatos organizados de Novo Hamburgo e as organizações sindicais nacionais e relacionar o

regime do Estado Novo com a representatividade sindical.A partir do respaldo de uma bibliografia

calcada na História Social e na Nova História Política, trabalharei com processos trabalhistas e

judiciais, e com análise do periódico “O 5 de Abril” concernente ao período delimitado.Como

resultados parciais, em que pese a recente concepção deste projeto de estudo, apresento a leitura,

transcrição, e análise de 3 meses do jornal O 5 de Abril, bem como, leitura e análise de textos

historiográficos sobre a temática e seus desdobramentos. Considero, por fim, de suma importância a

construção de uma literatura que coloque os atores sociais que inseriram a cidade de Novo

Hamburgo no circuito nacional de produção econômica industrial, no seu devido lugar: o lugar de

protagonistas da História.

Palavras-chave: História. Movimento operário. Sindicalismo. Estado Novo.

NO SUBTERRÂNEO DA HISTÓRIA: OS TRABALHADORES DA CIA. CARBONÍFERA RIO-

GRANDENSE NAS FICHAS DA DRT-RS (1933-1943)

Gustavo Domingues Rodrigues (Graduando – UFPel)

O Núcleo de Documentação Histórica (NDH) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

salvaguarda uma extensa documentação vinculada a história social e regional dos trabalhadores do

Rio Grande do Sul. Incorporado ao Núcleo em 2001, o acervo da Delegacia Regional do Trabalho do

Rio Grande do Sul (DRT-RS), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho do Brasil, reúne cerca de

630.000 fichas de qualificação profissional preenchidas no quando da solicitação da carteira de

trabalho entre os anos de 1933 e 1968. O acervo reúne informações pessoais e profissionais dos

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trabalhadores e constitui-se em uma importante fonte de pesquisa no campo da história do trabalho.

Com o intuito de preservar este acervo e recuperar elementos identitários do trabalhador gaúcho no

período citado, a partir do projeto “traçando o perfil do trabalhador gaúcho”, foi desenvolvido um

banco de dados virtual, que facilita o acesso as fichas e preserva estas do manuseio contínuo. A

partir do acervo são possíveis diferentes metodologias de trabalho, tais como: higienização, digitação

e pesquisa. Esta comunicação visa demonstrar alguns dados quantitativos obtidos a partir da análise

de 263 fichas do banco de dados do projeto, identificando o perfil dos trabalhadores da Companhia

Carbonífera Rio-grandense que solicitaram a carteira de trabalho na primeira década de implantação

do documento.

Palavras-chave: DRT-RS, Trabalho, Carvão, Mineiros, Carteira de Trabalho

O COMÉRCIO DE BEBIDAS ENTRE INDÍGENAS E HISPÂNICOS NA PAMPA BONAERENSE

(SÉCULO XVIII)

Henrique Hilgert Cordeiro (Graduando – Unisinos)

Os orientandos de Iniciação Científica da Professora Ma Cristina Bohn Martins devem fazer parte do

grupo de estudos da mesma, que reúne seus bolsistas e alunos de pós-graduação para sessões de

estudo e discussão de textos. Através disto, espero poder avançar no conhecimento de temas e

autores que pesquisam questões de História da América, Missões Religiosas e Populações

Indígenas, indo além daquilo que podemos estudar nas aulas de Graduação. Nesse estudo, cujos

resultados parciais aqui apresento, busco entender os efeitos dos contatos entre os indígenas das

missões jesuíticas de “pampas” e “serranos” (1742-1753) e os comerciantes de aguardente de

Buenos Aires. A documentação sobre estas missões revela que eram intensas essas relações,

gerando preocupações para os jesuítas. Buscaremos explicar quais os caminhos pelos quais a

bebida, que era proibida nas reduções, chegava aos povoados, e quais os agentes deste comércio.

Metodologicamente lidamos com a análise de fontes tais como a crônica de Sanchez Labrador

(1772) e o Expediente delCabildo secular de Buenos Aires (1752), documento que traz, entre outras

informações, notícias da presença de mercadores se acercando das reduções, ou mesmo nelas se

infiltrando para exercer este comércio ilícito. Também pretendo neste trabalho identificar os

personagens principais das negociações envolvendo as bebidas alcoólicas, na medida do possível

rastreando algumas de suas trajetórias. Faz parte da metodologia, ainda, avaliar historiograficamente

a importância que a bebida assumiu entre as populações nativas, e como o tema vem sendo tratado.

Até o momento podemos perceber que o consumo de bebidas embriagantes, que era uma prática

ritual em tempos pré-hispânicos, assumiu uma outra feição após a chegada dos ocidentais.

Percebemos nos relatos dos jesuítas uma grande preocupação, carregada de certo discurso

moralizante, quanto aos efeitos perniciosos da embriaguez entre os nativos.

Palavras-chave: Missões, Jesuítas, Comércio, Fronteira, História da América

CIDADES REFLETIDAS: INDUSTRIALIZAÇÃO, URBANIZAÇÃO ACELERADA E A AMPLIAÇÃO DAS

FAVELAS NA ÓTICA DA IMPRENSA PAULISTA NO SEGUNDO GOVERNO VARGAS

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Letícia Sabina Wermeier Krilow (Graduanda – PUCRS)

Luis Carlos dos Passos Martins (Pós-Doutor – PUCRS)

Essa comunicação objetiva apresentar resultados do projeto intitulado Cidades Refletidas:

industrialização, urbanização e imprensa no Brasil Republicano que analisa como o debate sobre o

acelerado processo de industrialização e de urbanização brasileiro entre os anos 1930-1970 foi

abordado pela grande imprensa nacional (RJ/SP). Neste artigo, iremos analisar como os principais

jornais paulista (Folha da Manhã e Estado de S. Paulo) se posicionaram frente ao incremento das

“favelas” durante o Segundo Governo Vargas. Nesse período, o Brasil apresentou um rápido

crescimento industrial e urbano, dando origem a um intenso debate sobre a sua adequabilidade ao

país. O crescimento das “favelas” apresentou-se como um dos aspectos mais problemáticos desse

processo, levando a imprensa a tomar posição sobre o mesmo. Embora o caso carioca seja o mais

emblemático, o fenômeno em São Paulo foi igualmente impactante e controverso, na medida em que

era a capital paulista que mais crescia em termos econômicos e demográficos no período. Assim, a

maneira como tais jornais abordaram a questão revela-nos muito sobre: a) a sua visão acerca das

transformações econômicas em curso, pois quemera contrário à industrialização acelerada

apontavam o crescimento desordenado das “periferias” como um “efeito perverso” do processo; b) a

sua visão a respeito das transformações sociais do período; c) por fim, a própria visão sobre a

composição étnica da população brasileira, tendo em vista que o aumento das “favelas” implicava no

incremento da população de afrodescentes e de mestiços nas cidades em relação à população

“branca”. Por fim, não devemos negligenciar que, diante de transformações tão drásticas, a narrativa

jornalista constitui um campo discursivo privilegiado para identificar “as percepções sobre o urbano”,

comportando “falas” intencionalmente direcionadas ao grande público, que circularam por parcelas

significativas dos moradores, oferecendo uma visão de como tais mudanças foram significadas.

Palavras-chave: Imprensa; cidades; Vargas; urbanização; representação

ST3 – ESTUDOS DE GÊNERO E RELIGIOSIDADE Coordenadores – Cristiano Enrique de Brum e Débora Soares

Karpowicz

Sala 502 – Prédio 05 [28/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

A PRESENÇA DAS MULHERES NO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA LATINA

Adriane Nunes Cordonet (Graduanda – Unilasalle)

Amanda Flores Gonçalves (Graduanda – Unilasalle)

“As mulheres sempre tiveram importância igual na sociedade, independente do quanto eram

reconhecidas suas atuações, não se mostravam menos participantes em momento algum. E para

exemplificar isso usamos as lutas na independência da América Latina. Nessas lutas as mulheres

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atuaram em guerrilhas, politica, sustento, divulgação e em todas outras áreas possíveis e que,

segundo a época, seriam tarefas genuinamente masculinas. E mesmo com todas suas colaborações,

estas quando não foram mortas e esquecidas, tiveram um reconhecimento ínfimo e deturpado perto

do que mereciam seus atos de coragem. Assim, evidenciando a opressão do patriarcado desde

muito antes e que perdura até hoje. Visto isso, o trabalho tem o objetivo de dar o enfoque no

machismo ainda presente na sociedade e nas formas que ele usa para se mascarar diante dela. E

mostrar a importância da atuação das mulheres, que jamais se esconderam, apesar da dificuldade

de se colocar e participar dos acontecimentos do cotidiano. Sem esquecer que ainda hoje, o

patriarcado utiliza de seus mecanismos para manter-se vivo e sujeitar as mulheres a práticas há

muito tempo ultrapassadas, fazendo delas ainda vitimas de diversas atrocidades e desvalorização.

Deixando claro a necessidade de que muitos acontecimentos históricos devem ser reescritos e

pesquisados novamente para um reeducação em prol de uma sociedade igualitária e justa,

independente do gênero.”

Palavras-chave: Feminismo – Gênero – Patriarcado – América Latina – Independência;

O PROTESTANTISMO EM SANTA MARIA-RS: OS PENTECOSTAIS

Adriano Sequeira Avello (Graduando – UFSM)

A temática religiosa pode ser compreendida para além da teologia como qualquer outro campo

social. Na cidade de Santa Maria, RS, evidencia-se na mídia a predominância da religião católica

como destaque religioso. Contudo, no cotidiano citadino percebemos muitas outras religiões. Dessa

forma pretende-se avaliar as diversas formas de expressão religiosas a partir do protestantismo em

Santa Maria, sobretudo, os pentecostais. Por isso percebemos que se faz necessário iniciar uma

investigação para o nicho religioso pentecostal, isto é, evangélico, já que nossos dados apresentam

uma presença significativa do grupo religioso em Santa Maria. A pesquisa tem por objetivo mapear

os espaços que estes grupos ocupam no município de Santa Maria. O presente estudo que está em

andamento irá também analisar as relações entre os agentes sociais e as diferentes instituições

religiosas evangélicas que se instalaram na cidade. Tal pesquisa pretende abranger estudos de

cunho teórico e de investigação em fontes primárias porque tenta-se entender as formas de

afirmação dessas identidades como, por exemplo, o modo de distribuição geográfica em Santa

Maria. Ademais, com o auxílio deste mapeamento clássico e social se busca identificar os grupos

com suas, respectivas, práticas religiosas com a finalidade de entender como compõe-se as

diferentes religiosidades e suas formas de inserção e integração na sociedade.

Palavras-chave: Protestantismo, Pentecostais, Evangélicos, Santa Maria-RS, Religião.

UMA MARCHA PELA IGUALDADE: A EMANCIPAÇÃO FEMININA NA REVOLUÇÃO FRANCESA

Débora de Quadros Rodrigues (Graduanda – PUCRS)

Jorge Piaia Mendonça Júnior (Graduando Filosofia – PUCRS)

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Da fúria das camponesas às ardilosas manipulações de Maria Antonieta, a Revolução Francesa teve

a presença imprescindível do feminino, atuando de maneira decisiva – e sutil. Abordaremos, no

presente trabalho, o pensamento sobre a mulher no século XIX, mencionando as acepções

iluministas sobre esta, como a de que a mulher é “naturalmente inferior”, e que o papel de submissão

dessa provém, não de uma simples convenção social, mas sim da própria natureza, que confere à

mulher o papel que a cultura apenas reforça. Especial relevo daremos ao veemente repúdio à mulher

intelectual, que, para a grande maioria dos intelectuais da época, consistia em uma ameaça à

família, sob o argumento de que a mulher, intelectualizando-se, tenderia a deixar de cuidar de suas

tarefas e de se interessar pelas mesmas. Não esqueceremos, também, dos intelectuais que não

seguiram a opinião vigente e defenderam que uma inferioridade inata não consistia em um postulado

razoável, posto que a mulher recebia, desde cedo, uma educação inferior àquela dirigira aos

homens, sendo esta a razão da desqualificação intelectual e espiritual da mulher daquele século (um

expoente desse pensamento é Montesquieu, contemporâneo de Rousseau). Além do

desenvolvimento intelectual, a paixão pela Revolução e a consequente politização da mulher também

foram entendidas como uma ameaça à estrutura familiar. A crise da ordem provocada pela revolução

serve à mulher como oportunidade – em uma história onde esta sempre teve sua voz calada – para,

pela primeira vez, manifestar-se politicamente e poder romper paradigmas (ou ao menos se

aproximar desse rompimento), inaugurando ideias que mais tarde servirão aos movimentos de

emancipação.

Palavras-chave: História; Revolução Francesa; Rousseau; Mulher.

GÊNERO NA ESCOLA: UMA ANÁLISE LITERÁRIA ATRAVÉS DOS CONTOS DE LIGYA FAGUNDES

TELLES.

Fernanda Sena Fernandes (Graduanda – UNIFRA)

As questões de gênero estão cada vez mais em voga nas discussões acadêmicas, porém, este

público é restrito, não alcançando a sociedade em geral, em especial os jovens em idade escolar,

que, em alguns casos, possuem como único espaço de reflexão e conhecimento a escola. Neste

sentido, através dos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/

Subprojeto História, do Centro Universitário Franciscano, em parceria com o Colégio Estadual Pe.

Rômulo Zanchi, ambos em Santa Maria, RS planejam trazer para o ambiente escolar no 1º semestre

de 2015, através de atividades interdisciplinares a discussão de gênero na sociedade atual. Para

desenvolver o trabalho, os bolsistas optaram pelo uso dos contos de Ligya Fagundes Telles, que

trazem em seu enredo personagens femininas como protagonistas, e a partir das mesmas, discutir

diferentes formas de opressão. Aos alunos, propõe-se que os mesmos, a partir do conhecimento dos

contos, reflitam sobre os diferentes papéis e tipos de opressão vividos pelas personagens, buscando,

assim, a discussão sobre diferenciação de gênero e a opressão feminina no cotidiano, almejando

principalmente, a identificação dos alunos a esta realidade. O trabalho objetiva discutir um tema

pouco ou nada trabalhado em aula, mas que é necessário para a construção da igualdade de

gêneros e tolerância, tão importantes para a formação do caráter dos alunos. Como ressalta o

Parâmetro Curricular Nacional do Ensino Médio, as Ciências Humanas devem instruir os alunos a

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“aplicar as tecnologias das Ciências Humanas e Sociais na escola, no trabalho e em outros contextos

relevantes para sua vida” (PCN/EM, 2000, p. 97). Acredita-se, portanto, que o papel do professor não

se configura somente na explanação de conteúdos, mas na construção de um olhar mais crítico de

seus alunos, contribuindo não só para o amadurecimento pessoal destes educandos, mas para a

sociedade de maneira geral.

Palavras-chave: Feminismo; Ligya Fagundes Telles; Pibid

HARÉNS E O PODER FEMININO NO IMPÉRIO OTOMANO

Kamyla Stanieski Dias (Graduanda – ULBRA)

Este trabalho tem como objetivo desmistificar e compreender o papel do harém dentro do Império

Otomano partir de analise iconográfica de artistas dos séculos XVII e XVIII, como Jean-Leon Géromê

e Rudolph Ernet, além de relatos de viajantes ocidentais. Serão analisadas as seguintes questões: o

que é um harém, para que serve, como era sua rotina e quem fazia parte do mesmo. Destaca-se

também no trabalho o período conhecido como “Sultanato das Mulheres”, que ocorreu entre os

séculos XVI e XVII, onde será analisado quem são estas mulheres, o que elas fizeram e como isso

foi importante para a política otomana na época.

Palavras-chave: Império Otomano, Harém, Mulheres, Sultanato das Mulheres

AS REPRESENTAÇÕES DO SOBRENATURAL NO RIO GRANDE DO SUL DO OITOCENTOS

Mariana Milbradt Corrêa (Graduanda – UFSM)

Este trabalho é um estudo acerca da crença no sobrenatural no Rio Grande do Sul do século XIX.

Através do resgate historiográfico queremos demonstrar a forte presença do sobrenatural nas

representações do Oitocentos em um momento de ascensão da ciência e da razão como paradigmas

dominantes, bem como mapear os locais que o maravilhoso tinha lugar no Rio Grande do Sul. A

pesquisa é focada em um contexto de fronteira, marcada por uma verdadeira “endemia bélica” e pela

presença de uma sociedade ampla e multiétnica, formada por uma matriz europeia branca, ainda

apegada a crenças de bruxaria e magia da Idade Média e outras indígenas e africanas, em que o

extraordinário não era só presente na sociedade, como também a justificava. Essas representações

inserem-se em um contexto de guerra, em que a presença muito próxima da morte, acabava por

invocar aspectos de um mundo sobrenatural, que poucos controlam, mas aqueles que podiam

intermediar esses dois mundos, aqueles poucos que pactuavam com forças desconhecidas, seja

Deus, o Diabo, assombrações e outros seres sobrenaturais andavam por esse mundo com algo a

mais a oferecer, que seja a força, a boa sorte, ou um pouco mais de controle sobre o seu destino.

Essa análise é orientada pelo professor Dr. Luís Augusto Farinatti.

Palavras-chave: Sobrenatural, Representações, Oitocentos, Rio Grande do Sul, História Cultural.

ANTÔNIO DE NOTO: “DA ESCRAVIDÃO AO NOVO MUNDO”.

Paulo Diego de Oliveira Navossat (Graduando – PUCRS)

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Na Sicília do fim da Idade Média, a escravidão, com suas particularidades locais, era mais que o

resultado de uma instituição jurídica, de diversas procedências, que passou por evoluções

independentes. Falo da condição de inferioridade ou de semicapacidade jurídica para agir dos

cristãos sob os muçulmanos e, depois de 1091, dos mulçumanos sob os cristãos; refiro-me também

à vida nas aldeias, no tempo dos normandos, vida que era uma espécie de servidão. O cônego Noé

Rodrigues afirma que ”em São Paulo, a devoção a santo Antônio de Categeró data pelo menos de

três séculos”. Talvez ela remonte aos inícios do século XVII, isto é, a apenas cinquenta anos depois

da morte do bem-aventurado. O que me faz que pensar assim é uma nota de arquivo relativa ao

padre Nicolau Faranda, destinatário da citada cópia manuscrita do processo testemunhal diocesano

de 1550, cópia que, a seu pedido, lhe foi enviada de Noto, em 1595. A nota informativa diz que o

Padre Faranda “deseja ir para as Índias Ocidentais, entre infiéis”. Ora, ele morreu em 1612, em

Palermo, e não consta que nesse meio tempo tenha estado nas Índias Ocidentais (América). É

provável que o começo do culto ao “santo Negro” se deva a ele, que se teria interessado nesse

sentido junto aos seus confrades jesuítas italianos que foram para a Bahia (Brasil), como

missionários. Para facilitarem a evangelização, os missionários propuseram, como modelos, aos

escravos africanos do Brasil, alguns santos negros: são Melquior (um dos reis magos) e santa

Ifigênia; os jesuítas italianos propuseram o bem-aventurado Antônio de Categeró e Benedito de San

Fratello, que viveram na Sicília.

Palavras-chave: Idade Média – Escravidão – Santo Antônio de Categeró – Islã – Brasil

“NOSSA IGREJA ESTÁ EM GRANDE ATIVIDADE AQUI [...]”: A IGREJA EPISCOPAL CHEGA À

SANTA MARIA - RS (1899)

Paulo Henrique Silva Vianna (Graduando – UFSM)

Beatriz Teixeira Weber (Pós-doutora – UFSM)

A partir da implementação da ferrovia em 1884, Santa Maria, cidade localizada na região central do

Rio Grande do Sul, tornou-se um importante centro em desenvolvimento. O fato de ter sido o

“principal entroncamento das linhas férreas no estado” proporcionou que, aos poucos, a imagem de

vilarejo passasse por transformações dando lugar a uma cidade com ares de modernidade. Processo

que transpassou a Proclamação da República (1889) e se estendeu ao século XX. Nestes anos o

campo religioso também passava por transformações e entre as diversas questões que o percorriam,

entendemos que o ano de 1899 representou uma mudança significativa. Data deste período a

chegada de missionários norte-americanos, vinculados a Igreja Episcopal dos Estados Unidos

(primeira igreja do chamado protestantismo de missão a se instalar na cidade). Até então, poderiam

ser encontradas apenas duas denominações cristãs: Igreja Católica e Comunidade Evangélica

Alemã. Antes de chegarem à Santa Maria os “episcopalinos” haviam iniciado trabalhos em outras

localidades, próximas ao litoral principalmente, e sua presença em Santa Maria representava o

interesse pelos trabalhos no interior do Rio Grande. Inicialmente seus cultos foram realizados em

uma sala alugada, mas em poucos anos a congregação concluiu a construção de seu templo matriz,

conhecido atualmente como Catedral do Mediador (templo que é Patrimônio Histórico da cidade). A

presença da Igreja Episcopal em Santa Maria corresponde ao nosso objeto de estudo. A partir de

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sua chegada em 1899, pretendemos percorrer algumas das linhas evolvendo o campo religioso local,

ainda nos primeiros anos da República. O trabalho encontra-se em fase inicial, porém alguns

registros apontam para o aparente sucesso desta denominação no período em questão e para o

entusiasmo de setores da sociedade com relação à chegada dos missionários, o que pode ser

percebido a partir da imprensa local.

Palavras-chave: Igreja Episcopal, Missionários, Protestantismo, República, Imprensa.

POBRES MULHERES OU MULHERES POBRES? UMA ANÁLISE DA CONDIÇÃO DE VIDA

FEMININA NO FINAL DO SÉCULO XIX A PARTIR DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PORTO

ALEGRE

Priscilla Almaleh (Graduanda – Unisinos)

Este trabalho estuda as mulheres populares no período posterior a abolição da escravidão e da

proclamação da República, na cidade de Porto Alegre (RS) e como observatório principal os

documentos produzidos pela Santa Casa de Misericórdia. A presença e o protagonismo feminino

ficaram por muito tempo excluídos dos estudos na área de História, alguns pesquisadores se

interessaram pelo assunto, porém, as pesquisas ainda são restritas, principalmente na região

abordada. A partir dos registros de matrícula geral dos enfermos da Santa Casa de Misericórdia de

Porto Alegre (SCMPA), esta sendo feita uma transcrição de dados das mulheres ali internadas para

uma tabela (Excel), sendo possível apresentar resultados preliminares da presença feminina nesta

instituição de saúde e caridade. O público da SCMPA era formado majoritariamente de setores

pobres, portanto, a pesquisa tem um corte de gênero (feminino) e social (populares). Os dados

obtidos da documentação permite um amplo estudo da vida feminina, como saúde, trabalho, raça e

família. A partir da transcrição destes registros , realizamos uma pesquisa bibliográfica que auxilia a

compor as estratégias de vida desta classe feminina e popular em um Estado Republicano em

construção e onde pensamentos positivistas e de ordem moral e civilizatória vigiam, com os médicos

higienistas ditando regras de conduta. O mapeamento destas mulheres é fundamental para termos

uma visão da sociedade de Porto Alegre no século XIX e seus comportamentos, pois a doença esta

diretamente ligada ao estilo de vida destas pessoas. Mesmo que eventualmente frequentada por

indivíduos provenientes de setores sociais intermediários são os populares que majoritariamente ali

recebiam atendimento, tornando as fontes produzidas por esta instituição um ótimo observatório

destes grupos subalternos. Finalmente, a pesquisa tem desmistificado a visão de que os hospitais –

neste caso a Santa Casa.

Palavras-chave: Santa Casa de Misericórdia, Porto Alegre, mulheres, saúde e populares.

O CONCEITO DE HEROÍNA NA ATENAS CLÁSSICA

Thirzá Amaral Berquó (Graduanda – UFRGS)

Á primeira vista, parece que, na sociedade ateniense do período clássico (sécs. V-IV a. C.), as

mulheres seriam confinadas as suas casas. Todavia, o exame conjunto de fontes literárias e

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iconográficas demonstra que as mulheres atenienses tinham variados graus de liberdade na cidade,

de acordo com seu estatuto social, apesar da dominação masculina. Dessa forma, não existia a

reclusão feminina no ambiente doméstico. Nesse contexto, o grande destaque do protagonismo

feminino na tragédia grega permanece uma incógnita. As heroínas atuam livremente e incidem no

erro trágico (hamartia). Por exemplo, Clitemnestra, que assassina o marido e assume o governo da

polis; Antígona, que enfrenta o governo da polis para enterrar o irmão traidor; Medeia, que assassina

os filhos para se vingar do marido que a abandonou.Porém, numa sociedade tão androcêntrica como

a ateniense, como é possível que as mulheres sejam as protagonistas emsua principal manifestação

cultural? A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e do estudo da Poética, de

Aristóteles. Assim, em primeiro lugar, estuda-se o conceito de heroína na Grécia Antiga. Em segundo

lugar, examina-se a noção de erro (harmartia) trágico na sociedade ateniense. Em terceiro lugar,

analisa-se o conceito de heroína no contexto trágico. Os resultados parciais indicam a existência de

uma concepção de heroína na Grécia antiga, manifesta especialmente nos cultos religiosos. Tal

conceito teria deixado suas marcas na tragédia ática, levando a um forte protagonismo feminino,

contrastando com o androcentrismo da sociedade ateniense do período clássico. Desse modo, abre-

se a possibilidade de aprofundar o estudo, para examinar concretamente o heroísmo feminino em

peças trágicas selecionadas.

Palavras-chave: Atenas; Mulheres; Heroínas; Tragédia; Hamartia

ST4 – HISTÓRIA CULTURAL E SUAS FONTES: TEORIA E

METODOLOGIA Coordenadores – Cristiano Enrique de Brum e Wanessa Tag Wendt

Sala 504 – Prédio 05 [26/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

PRESERVAÇÃO E MEMÓRIA: ACERVO DOCUMENTAL DA CASA DE SAÚDE DE SANTA MARIA

(RS)

Adriéli Eduarda Castro Gomes Gabardo (Graduanda – UNIFRA)

Na realização de reformas, em 2011, no Hospital Casa de Saúde de Santa Maria, Rio Grande do Sul,

foi encontrado no sótão, documentos da administração hospitalar. Entre essas encontravam-se

livros, como de registro de entrada de paciente, datado de 1932, ano este de inauguração do

hospital. Esses livros foram retirados do local em que se encontravam, higienizados, catalogados,

com número de registro e registrado em um livro ata. O presente trabalho, relativo ao acervo

permanente da Casa de Saúde, foi autorizado pela Enfermeira Responsável Técnica do Hospital

Casa de Saúde/Santa Maria – RS. O acervo atualmente encontra-se sem tratamento e em local

impróprio para sua preservação. O estudo tem como objetivo propor a Preservação Documental e a

memória do acervo permanente, do Hospital Casa de Saúde. Tendo a preservação documental como

uma função de competência do profissional de arquivo, na qual, se apresenta pelo conjunto de

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medidas e estratégias de ordem administrativa, política e operacional que contribuem para a

proteção do patrimônio documental. Com o presente trabalho apresenta-se a importância da

preservação do acervo documental do Hospital Casa de Saúde/SM, por esse fazer parte da

construção da história e manter a memória de Santa Maria.

Palavras-chave: Preservação; Documento; Memória; Santa Maria; Hospital Casa de Saúde.

“A BELEZA SALVARÁ O MUNDO”: A FILOSOFIA DA HISTÓRIA DE FIODOR DOSTOIÉVSKI

Augusto Castanho da Maia Petter (Graduando – UFSM)

A construção de uma narrativa que desvela uma filosofia da história está presente no pensamento de

muitos intelectuais que possuem uma especulação acerca do devir total da humanidade, onde se

busca apreender racionalmente a história, revelando-se sentido (ou a falta de um). Este tipo

pensamento pode estar contido tanto em tratados específicos sobre o sentido da história, quanto em

ideias sistematizadas ou fragmentárias, ou até, de forma mais profunda, dentro de uma visão de

mundo, expressa de forma filosófica por meio da obra de arte. É dentro deste último que existe a

possibilidade de se reconhecer uma Filosofia da História nas narrativas de Fiodor Mikhailovich

Dostoiévski. Seu pensamento sobre a história que remonta a uma filosofia da história russa,

remetendo a ideia de povo russo e sua civilização, moldados pelas suas condições históricas e

características particulares (clima, religião, entre outros), culminando na formação de uma nação

característica, já em meados do século XIX. Século marcado, na Rússia, por expectativas de

liberdade utópicas, brotando intelectuais muitas vezes socialistas ou revolucionários e religiosos

conservadores desiludidos com a eficácia destes ideais. Foi neste contexto que o pensamento Fiodor

Dostoiévski se desenvolveu. Assim, o interesse desta pesquisa em relação à obra de Dostoiévski diz

respeito à sua fase “pós-Sibéria”, onde seu pensamento está amadurecido e calejado pelos

sofrimentos da prisão, fazendo com que o autor buscasse ideais de libertação da condição humana

não mais pelo caminho das utopias sociais, mas através da fé. Portanto, abordando questões como

a moralidade e as formas de libertação do hóspede inconveniente, o niilismo, e entre elas, a

estetização da vida. Esta, é aqui representada pela célebre frase do Príncipe Mitchkin, “a beleza

salvará o mundo.” E também pela narrativa, bastante sintética, de O sonho de um homem ridículo.

Palavras-chave: Filosofia da História. Fiodor Dostoiévski. Estética. História da Rússia.

CAMPUS I: UMA MEMÓRIA A SER CONTADA

Fabrício Alcindo Kuhn (Graduando – Feevale)

Fabrício Locatelli Ribeiro (Graduando – Feevale)

Maicon José Alves (Graduando – Feevale)

No ano de 1914, a cidade de Novo Hamburgo, que ainda fazia parte da colônia

germânica,experimentou um crescimento considerável. Com isso, para que os filhos desta

comunidade pudessem usufruir de um ensino de qualidade, os moradores fizeram um grande esforço

para instalar um colégio na região. Sua participação se deu através de doações, incluindo a do

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terreno da futura escola. Vencida a etapa da arrecadação de fundos, deu-se inicio ao projeto, o

executor da parte arquitetônica da obra foi Ernest Seubert, arquiteto alemão, este foi seu primeiro

trabalho em terras brasileiras. A construção veio a ser concluída em 1915, após o termino, os irmãos

da ordem Marista, foram convidados, inicialmente, a ministrar aulas no colégio que recebeu o nome

de São Jacó, posteriormente passaram a administrar a escola em sua totalidade. Nos anos 60, após

quarenta e cinco anos sob administração marista, o prédio passa a ser administrado pela ASPEURS,

que instala uma faculdade, que se chamou FEEVALE, em suas dependências que permanece até

hoje na ativa. Crises dentro e fora do país, duas guerras que ocorreram na Europa, revoltas e

revoluções nacionais e internacionais, se o prédio é uma testemunha muda destes fatos, aqueles

que o davam vida, que percorriam seus corredores como o sangue que percorrem as artérias de um

corpo humano e o faziam pulsar, alunos, professores e funcionários não o são, e é através destes

relatos de como tais movimentos influenciavam suas vidas dentro e fora da escola, que

despretensiosamente pretendemos iniciar uma nova reconstrução, a reconstrução de uma memória

que não é apenas do prédio ou das instituições, mas também da comunidade, que ajudou a construí-

lo e mantê-lo, memória e lembranças de momentos históricos e triviais, mas que devem ser

transmitidas e contadas para que nunca se percam no tempo, pois memória parada não passa de

memória morta.

Palavras-chave: São Jacó, Educandário e Feevale

DIÁLOGOS DE TECNOLOGIAS SOCIAIS NA PRODUÇÃO CULTURAL MINEIRA: O CASO DOS

FESTIVAIS PÁ NA PEDRA E ESCAMBO

Guidyon Augusto Almeida Lima (Graduando – UFMG)

O objetivo desta comunicação é expor uma análise do diálogo entre instâncias de construção

coletiva, na produção cultural mineira, ao longo dos últimos anos. Buscaremos apontar como os

processos de produção conjunta, pautados nas perspectivas da economia criativa e cultura de redes,

construíram e consolidaram festivais independentes (produzidos fora do grande conglomerado de

produtoras, empresas e corporações midiáticas), tendo como expoentes escolhidos para um

detalhamento maior, os festivais de artes integradas: Pá na Pedra (Ribeirão das Neves) e Escambo

(Sabará), cidades da região metropolitana da capital, Belo Horizonte. Ambos os festivais integram

redes de festivais produzidos de forma parecida, sendo o Circuito Mineiro de Festivais

Independentes (CMFI) em âmbito estadual, e a Rede Brasil de Festivais Independentes (RBF) de

âmbito nacional, criada em 2011. Faremos uma pequena reflexão sobre a teoria do que são as

chamadas “tecnologias sociais”, e apontaremos como o diálogo instituído por e entre elas, criou a

estrutura de realização dos festivais que, se pautam como um ambiente de debates socioculturais e

políticos. Em fase final da análise, mostraremos como à produção destes festivais, vem dialogando

com a cena cultural, política e social de seus respectivos municípios, além de cenas das artes

integradas, em esferas estaduais e nacionais.

Palavras-chave: Cultura, redes, festivais, coletivismo, economia

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FOUCAULT E O HISTORICISMO: UM ROMPIMENTO NECESSÁRIO?

Guilherme Lueska Costa (Graduando – PUCRS – Ciências Sociais)

Este trabalho tem como objetivo compreender a forma de Foucault lidar com os signos do saber

coletivo. Esse objetivo será alcançado através de três momentos: a exposição dos conceitos de

“genealogia do poder” e “arqueologia do saber”, a explicação de como esses conceitos são chaves

importantes para entender como são construídos os contextos delimitadores na obra do autor para,

em no momento final, haver a compreensão da relação dessas ideias junto aos saberes da

historiografia e da historia. A análise sobre a essência epistemológica do pensamento de Foucault

ocupa um lugar interessante no debate sobre historicismo pós-moderno. Seriam a genealogia do

poder e a arqueologia do saber técnicas que Foucault usou para interpretar “eventos limite” ou são

conceitos puramente filosóficos? Seriam tentativas de liberar a ciência de um historicismo inevitável?

Como esses estão para o historicismo marxista? Do paradigma foucaultiano à implicação que esse

tem na arte; Da influencia marxista à originalidade do autor; Esse trabalho analisará conceitos

fundamentais na concepção das ideias contidas na obra “A microfísica do poder” e como esses se

relacionam com diversas dimensões da historia e da historiografia, possibilitando o aprofundamento

do dialogo sobre a contribuição que esse importante intelectual do século XX teve para o

pensamento contemporâneo.

Palavras-chave: Historiografia; marxismo; Foucault; historia; teoria

MÚSICA, HISTÓRIA E IDENTIDADE NEGROS NARRAM SUAS HISTÓRIAS NAS RODAS DE

CAPOEIRA

Heric Maciel de Carvalho (Graduando – UFMG)

O objetivo dessa comunicação é analisar a transmissão da história africana através das músicas

cantadas nas rodas de capoeira pelos seus praticantes, a partir dos conceitos de memória, oralidade

e identidade. O Brasil recebeu 42% de todos os escravos enviados através do Oceano Atlântico. Os

negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições culturais e religiosas. A capoeira foi

desenvolvida pelos escravos do Brasil, como forma de elevar o seu moral, transmitir sua cultura e,

principalmente, como forma de resistência a escravidão. A transmissão oral da memória coletiva tem

como base a tradição, a ancestralidade, o ritual. O ensinamento vem daquilo que podemos chamar

de “pedagogia do africano”, segundo expressão muito utilizada no âmbito da capoeira angola,

baseada na proximidade entra o mestre e o aprendiz, onde o contato, o olhar, de quem ensina é

passado para o aprendiz e onde a tradição é ensinada. As cantigas e ladainhas retomam à “Mãe

África”, inalcançável, como símbolo da liberdade, narram fatos da vida quotidiana, usos, costumes, o

passado de dor e sofrimento dos tempos da escravidão. As músicas constroem uma história oral que

fundamentam a identidade do capoeirista tendo como base as experiências individuais e coletivas

provenientes da dispersão de negros pelo mundo e do dia-a-dia. Elas fazem a ligação do presente

ao passado, nos induzindo sempre a repensar a história. Música, oralidade e a corporeidade são as

principais vias para a perpetuação de saberes, cultuando seus ancestrais, revivendo a mãe África, se

mostrando presentes na construção da memória coletiva e da identidade do grupo. Através das

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músicas cantadas pelos mestres, os alunos conhecem e se identificam como parte da história,

mantendo a tradição. A partir de performances rituais é transmitida a memória negra nas rodas de

capoeira.

Palavras-chave: Capoeira, História Oral, Música, Identidade

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS GOLIARDOS

Jivago Furlan Machado (Graduando – UFSM)

Esse trabalho tem como principal objetivo esclarecer o que foram os goliardos com base em Carmina

Burana (compêndio de canções goliardas) e em bibliografia relacionada ao tema. Os goliardos foram

estudantes que, no século XII, escreviam e cantavam poemas com temáticas subversivas aos olhos

das autoridades de seu tempo. Tratando sobre o vinho, o jogo e o amor esses poetas desafiavam os

ensinamentos morais professados pelo clero. Além disso, suas ideias também apresentavam críticas

em relação às justificativas utilizadas na manutenção do poder das autoridades da época. Embora

desafiadores eles não eram hereges, muito pelo contrário, eram religiosos. Suas críticas

relacionavam-se mais com as práticas cristãs consideradas erradas por eles do que em relação à

religião em si, ou a Igreja. Os goliardos não formavam nenhuma seita ou algo do gênero, nem

buscavam acabar com a Igreja. Criticavam a conduta de certos membros do clero, denunciando em

seus escritos as divergências entre o discurso e as ações das lideranças religiosas. Na sua época,

os goliardos presenciaram os efeitos imediatos da Reforma Gregoriana, algo revolucionário que

mudou a conduta moral dos membros do clero. Tendo isso em vista, pode-se considerar o século XII

como um período grandes mudanças sociais. Além das reformas estruturais da Igreja, a sociedade

mudava, urbanizava-se. Isso pode ser verificado em seus poemas. Os goliardos faziam muitas

referências a temáticas pagãs em seus escritos, mostrando que conheciam autores não cristãos do

final da antiguidade. O conhecimento dos antigos foi decisivo para os pensadores das universidades

que surgiriam no século XIII. Embora diferente os goliardos também neles buscavam inspiração.

Considerada defasada pelos universitários do período seguinte, a poesia goliarda foi inovadora em

seu tempo. Embora críticos, os goliardos confessavam seus vícios em suas canções, não sendo

moralistas, embora denunciando os supostos cristãos exemplares.

Palavras-chave: Goliardos, século XII, Carmina Burana, Idade Média, Crítica Social.

“AS COISAS ACONTECEM E NÓS SEGUIMOS EM FRENTE”: REFLEXÕES SOBRE UTOPIA E

PRESENTISMO A PARTIR DO JOGO THE LAST OF US

Rafael de Moura Pernas (Graduando – UFPel)

Na presente comunicação, propomos realizar uma reflexão acerca das características utópicas que

cercam a personagem Ellie, do jogo eletrônico The Last of Us. A obra, lançada em 2013, foi (e

continua sendo) muito reconhecida, critica e financeiramente, pela indústria de jogos no geral, ou

seja, distribuidoras, produtoras e o público atestaram a notável qualidade da obra. Nela, vemos Joel,

o qual é controlado pelo jogador, e Ellie atravessando os Estados Unidos pós-catástrofe, onde um

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fungo dizima grande parte da população. Defendemos que a obra está inserida, dada seus cenários,

personagens e narrativa, em uma concepção de tempo presentista, de acordo com as ideias do

historiador francês François Hartog. O autor afirma que a sociedade em que vivemos, devido a

diversos contextos e construções históricas, junto com fenômenos como a mídia, aparenta estar em

um processo de “perda de memória” e incertezas em relação ao futuro. É especificamente nesse

ponto que pretendemos focar nosso trabalho: nas projeções que nossa sociedade realiza de seu

futuro (Utopia). Realizando um diálogo entre as representações do jogo (utilizando Hall) com a

sociedade que a produziu (usando, portanto, a crítica diagnóstica de Kellner), tentaremos observar

como a personagem do jogo pode estar traduzindo temores e incertezas da sociedade ocidental

capitalista (foco de análise de Hartog). Em suma, perceber toda a construção da personagem como

um espelho de uma sociedade (possivelmente) presentista.

Palavras-chave: Jogos Eletrônicos, Teoria, Temporalidades, Presentismo, Audiovisual

VIDA COTIDIANA NA FRONTEIRA MERIDIONAL DO RIO GRANDE DE SÃO PEDRO: PRIMEIRAS

DISCUSSÕES SOBRE PADRÃO CIVILIZACIONAL, MODOS DE VIVER E MORAR EM ALEGRETE NA

SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Taís Giacomini Tomazi (Graduanda – UFSM)

O Brasil como um país conquistado sempre esteve submetido a padrões e costumes europeizados,

desta maneira a forma como os luso-brasileiros se relacionavam, comiam, moravam e viviam eram

baseadas principalmente em arquétipos importados. Mas a realidade da vida cotidiana dos

moradores da região de fronteira do Brasil meridional, na segunda metade do século XIX era

realmente esta? Houve adaptações locais e de integração entre o império brasileiro e os países

platinos? É isso que se buscará analisar neste trabalho, tendo como base a análise de inventários

post mortem da região de Alegrete, buscando compreender a partir dos utensílios domésticos

registrados nestes documentos a quais tipos de modelos estas populações estavam ligadas,

utilizando como metodologia de análise a história serial e, como forma de percepção da realidade

histórica o aporte da micro história Italiana e do conceito sociológico de Norbert Elias, Processo

Civilizador, afim de compor uma proposta teórico metodológica que de conta de perceber elementos

algumas vezes ocultos a análise historiográfica. Para tanto é necessário compreender o contexto da

região a ser pesquisada, com toda a complexidade que a compõe: conflitos constantes, disputas

fronteiriças, relações intimas entre os diferentes estados em construção e contrabando.

Palavras-chave: História Social, Processo Civilizacional, Fronteira, Modos de morar, Vida Cotidiana

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ST5 – TEXTOS E IMAGENS: CONFLUÊNCIAS DE ESTUDOS Coordenador – Luciana da Costa de Oliveira

Sala 503 – Prédio 05 [28/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

OS DILEMAS DO CINEMA CUBANO: TOMÁS GUTIÉRREZ ALEA EM MEMÓRIAS DO

SUBDESENVOLVIMENTO.

Alexandre Moroso Guilhão (Graduando – PUCRS)

Em 1968 o cineasta cubano Tomás Gutiérrez Alea lança Memórias do Subdesenvolvimento, o filme,

uma combinação dos dispositivos narrativos da ficção e do documentário, foi até a década de 1990 o

filme cubano mais reconhecido tanto em Cuba, quanto no exterior (sendo desbancado pelo indicado

ao Oscar Morango e Chocolate também de Alea, em 1993). A obra traz uma série de críticas ao

regime cubano, que estava rumo a completar uma década de existência, ao mesmo tempo em que

culpa o antigo modo de vida na ilha, bem como, sua antiga elite, por uma série de problemas vividos

nela. Sua estratégia, consiste em nos demonstrar o ponto de vista de um protagonista rico e

descendente de espanhóis, que se nega a exilar-se em Miami, para onde vão sua esposa e seus

pais logo após o triunfo revolucionário. Durante toda a narrativa o personagem nos mostra ser

contrário ao regime anterior ao de Fidel Castro, ao mesmo tempo em que, também demonstra

insegurança e muito pouco entusiasmo com o futuro cubano. O presente trabalho visa uma análise

para melhor compreensão de como esse filme, considerado polêmico em um contexto de muito

oficialismo nos meios oficiais cubanos, se relaciona com o governo Fidel Castro e que imagem ele

nos passa de Cuba. Para tanto, realizamos um trabalho de base teórica na análise fílmica, bem

como, uma pesquisa bibliográfica sobre o contexto cubano a que pertence a obra.

Palavras-chave: Tomás Gutierrez Alea, História do Cinema, Revolução Cubana, Política Cultural,

Cinema Cubano.

MADRASA AMIRIYA DE RADA: ARTE, TRADIÇÃO E HISTÓRIA

Alexsander Candido de Britto (Graduando História da Arte – UFRGS)

O mundo islâmico possui uma das culturas mais ricas, com influências vindas de vários cantos do

globo, sendo assim, também transmitiu boa parte da sua herança cultural para o mundo. O objetivo,

estabelecido aqui, num primeiro plano é o de reunir fontes, e referências que possam servir de

bússola para que seja possível localizar a origem dessas tradições, que atravessaram séculos da

história da humanidade e conseguiram se preservar, tornando-se patrimônio da cultura mundial. Para

tanto, a metodologia da pesquisa tem como referência os escritos do historiador da arte Aby Warburg

(1866-1929) que foi um dos primeiros a se interessar pela tradição cultural, elaborando métodos de

análise para o reconhecimento de formas e padrões de determinadas culturas. Sendo assim, busca-

se através de estudos iconográficos o reconhecimento de padrões arquitetônicos, nas Mesquitas e

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templos religiosos, nas Madrasas, nas ornamentações dessas construções islâmicas e, em como se

dá a relação entre o que hoje é patrimônio cultural e sociedade contemporânea. O objeto de estudo a

ser apresentado é a Madrasa Amiriya de Rada, no Iêmen, é uma construção do séc. XVI e está entre

um dos bens mais precisos da humanidade, sendo tombado como Patrimônio Mundial em 2002 pela

UNESCO, é uma fonte importantíssima para os estudos da história da arte do Ocidente.

Palavras-chave: Arte islâmica, Madrasa Amiriya, Aby Warburg

O DOMO DA ROCHA E OS ELEMENTOS FORMADORES DA ARQUITETURA ISLÂMICA

Camila Bohrer Beskow (Graduanda História da Arte – UFRGS)

O presente estudo integra um projeto de pesquisa de maior alcance que tem como principal

objetivo investigar a transmissão da memória cultural na gênese e desenvolvimento da arte

islâmica, tendo em vista as tradições mesopotâmicas na região da Mesopotâmia, da Síria-

Palestina, do Egito, da Ásia Menor, da Pérsia até o Indus, delimitada aos seus principais

componentes arquitetônicos, a saber, a mesquita, a madrasa e o palácio englobando todos os

seus componentes formais e iconográficos através de inventário das fontes culturais antigas em

sítios arqueológicos da região. O recorte cronológico do estudo está situado entre os grandes

impérios mesopotâmicos da Babilônia e da Assíria até o século XV, que marca o advento do

Império Otomano e a metodologia usada na investigação é baseada nos estudos de Aby Warburg

(1866 – 1929) que consistem na análise comparativa e formal de ícones e elementos relevantes da

história da cultura, identificando, nos edifícios-modelos inventariados nas regiões mapeadas, as suas

transformações formais e simbólicas.Atualmente, a pesquisa encontra-se em sua fase

intermediária de inventariado das fontes culturais antigas em sítios arqueológicos da região de Israel

e da Palestina, fichamento e constituição de banco de imagens destes sítios investigados através da

apuração em sites importantes de instituições culturais da área. Paralelamente, a exegese

de textos que tratam sobre o tema são realizados semanalmente, bem como seu fichamento a fim

de identificar ícones e símbolos da arte islâmica e os componentes formais e iconográficos das

fontes culturais antigas que contribuíram para sua formação. Esta fase de minucioso rastreamento é

fundamental para compreensão da transmissão cultural que ocorreu na região, formação e

reconhecimento dos componentes formais e iconográficos dos principais edifícios arquitetônicos

islâmicos que são os objetos principais desse estudo.

Palavras-chave: Arquitetura, Islâmica, Mesquita, História, Arte

O ALIENISTA E A CRÍTICA DE MACHADO DE ASSIS AO POSITIVISMO

Débora dos Santos Botlender (Graduanda – UFSM)

A presente comunicação visa problematizar as ideias acerca do positivismo e do cientificismo

brasileiro, assim como foi visto e criticado por um importante literário, Joaquim Maria Machado de

Assis; nascido no Rio de Janeiro em 1839, negro e pobre na sua infância, que após assume a

presidência da Academia Brasileira de Letras. O objetivo central da pesquisa, é através da história

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intelectual interpretar a vida e em especifico a obra “ O Alienista “ – 1882, para com os personagens

da obra entender como o autor faz tal crítica, pois para se interpretar um texto não podemos nos

limitar as paginas do livro, há todo um ‘mundo’ a ser contextualizado e interpretado. Machado de

Assis conhecido por sua ironia e pessimismo, faz isso com primazia neste conto, e nos demais, que

serão analisados também nesta pesquisa. O presente trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa

“História Intelectual, Historicidade e Processos de Identificação Cultural”, cadastrado na Universidade

Federal de Santa Maria e financiado pela FAPERGS. Como base dos estudos historiográficos do

autor, estão sendo usados autores como Sidney Chalhoub e Roberto Schwarz. E de forma

metodológica da história intelectual, estamos usando DominickLaCapra, com uma perspectiva

relacional, cujas investigações devem ser destinadas ao texto, contexto, vida do autor, obra completa

do mesmo, assim como as demais que se relacionam. Desta forma, além da obra principal escolhida,

serão analisadas Dom Casmurro (1900), Quincas Borba (1891) e Memórias Póstumas de Brás

Cubas (1881).

Palavras-chave: Literatura, história intelectual, Machado de Assis, positivismo e pessimismo.

PANORAMA ARTÍSTICO E INTELECTUAL DE PORTO ALEGRE NAS PRIMEIRAS TRÊS DÉCADAS

DO SÉCULO XX

Fernanda Soares da Rosa (Graduanda – PUCRS)

Nesta apresentação a trajetória do pintor gaúcho Oscar Boeira (1883-1943) é abordada a partir de

um panorama do circulo artístico e intelectual de Porto Alegre nas primeiras três décadas do século

XX. Esse enfoque, dado à pesquisa em desenvolvimento “Luz e sombras de Oscar Boeira”, pretende

compreender melhor as relações do pintor face aos artistas que atuavam na cidade no período.

Busca-se, ainda, as especificidades de sua obra, bem como a estruturação e as bases do ensino de

arte do Instituto Livre de Belas Artes, instituição de ensino de arte em que Boeira atuou entre 1915 e

1917. A fim de compreender questões que contribuíram para transformações no contexto social e

artístico porto-alegrense, abordaremos um gradual desenvolvimento da arte moderna no estado, que

se dá de forma lenta, não havendo uma ruptura com o academicismo local, como ocorre em São

Paulo, com a Semana de Arte Moderna, em 1922. Esse processo no sul se difere pelas dificuldades

dos artistas locais de absorver os valores trazidos pela modernidade. Artistas que atuavam na capital

gaúcha, como Pedro Weingärtner, Augusto Luiz de Freitas, Fernando Corona, Francis Pelichek, João

Fahrion, Libindo Ferrás, Angelo Guido e Leopoldo Gotuzzo, são trazidos ao panorama, onde

contribuíram para o desenvolvimento das artes plásticas e gráficas no Rio Grande do Sul. Ainda

abordaremos os salões e mostras de artes promovidos no período, como o I Salão de Outono, de

1925, onde Oscar Boeira se destaca, trazendo de certa forma novas concepções estéticas que

chamam a atenção dos críticos. Essas questões serão levantadas para melhor compreender a

importância e a atuação de Oscar Boeira nas artes no estado, sendo sua trajetória repleta de lacunas

e sua obra pouco estudada, merecendo um olhar mais aprofundado sobre seu legado.

Palavras-chave: História da Arte no Rio Grande do Sul; Pintores gaúchos; Instituto Livre de Belas

Artes; I Salão de Outono; Oscar Boeira

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CONJURAÇÃO CARIOCA: UMA ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA ACERCA DAS ASSOCIAÇÕES

LITERÁRIAS DO RIO DE JANEIRO

Kelvin Emmanuel Pereira da Silva (Graduando – UFRGS)

O presente estudo tem por objetivo analisar as bibliografias sobre a Conjuração Carioca. Nesse

sentido, nossa análise parte de obras da década de 1960 até os dias atuais. Ao organizar nossa

pesquisa, não colocamos as bibliografias em ordem cronológica de lançamento, mas sim procuramos

ordenar os escritos de forma a tornar inteligível uma narrativa historiográfica e ao mesmo tempo que

indique como se deu o processo das associações literárias do século XVIII. A Conjuração Carioca

não foi um movimento ocorrido num período determinado de tempo, na verdade foi o acúmulo de

diversas ações de intelectuais que traziam ideias iluministas para o debate em território brasileiro.

Existiram diversas Academias que surgiram no século XVIII, sendo que nem todas elas traziam os

princípios iluministas por completo. No início, haviam Academias de ideias barrocas, sendo que

depois as Luzes foram influência para as modificações paulatinas e por fim, com a última Academia

que culminou nas investigações sobre suspeitas de propagação do Iluminismo. Assim, não nos

parece adequada a noção de Inconfidência, usada em algumas bibliografias, justamente porque não

houve uma infidelidade no sentido das discussões, mas poderia existir uma infidelidade com a Coroa

por causa da possível continuidade de uma Revolução no território da América portuguesa. Isto é,

Inconfidência seria se mudanças estruturais de ordem política e econômica fossem iniciadas, o que

não ocorreu. De fato, a Conjuração Carioca foi o movimento que menos causou influência numa

possível desestabilização da ordem vigente.

Palavras-chave: Conjuração Carioca, Historiografia, Iluminismo, Independência do Brasil,

Associações do Século XVIII

WENCESLAU DE MORAES E A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DOS ESTUDOS JAPONESES

Mauricio Hiroshi Filippin Oba (Graduando – UFSM)

O presente trabalho parte de uma análise do livro Dai-Nippon escrito pelo diplomata português,

residente então no Japão, Wenceslau de Moraes em 1897. Na referida obra, o autor ocupa-se de

descrever e dissertar acerca de suas impressões com relação à cultura, sociedade e história do

Japão. Contemporâneo ao escritor anglo-saxão LafcádioHearn (ao qual Moraes faz muitas

referências em seu trabalho), ambos foram precursores de um campo de estudos que ficou

conhecido no Brasil como Estudos Japoneses. A forma como se configura esse termo nos remete ao

orientalismo utilizado como objeto de estudo de Edward Said, sendo nosso objetivo perceber os

Estudos Japoneses e a noção de um ser japonês no Brasil enquanto construção histórica e social

assim como Said pensa no Oriente como uma construção do ocidente. Partindo do pressuposto de

que o signo se estrutura diante de uma diferença com os tempos passado, presente e futuro, e que

os sujeitos da leitura lhe dão diferentes significados aplicados ao contexto de sua interpretação, é

preciso perceber que os Estudos Japoneses, enquanto um campo de pesquisa em diversas

Universidades brasileiras, só se constitui diante desse processo histórico de construção conceitual,

dentro do qual Wenceslau de Moraes ocupa um papel primordial a tal compreensão. Espera-se com

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essa investigação problematizar os diversos conceitos que utilizam a raiz japão através de uma

desconstrução, o que não significa negar sua existência ou dar-lhes um caráter de falsidade, mas

possibilitar ampliar a perspectiva de análise histórica e a historicidade de tais palavras diante do meio

intelectual.

Palavras-chave: História Intelectual; Estudos Japoneses; Desconstrução; Orientalismo

A PROPAGANDA COMO INSTRUMENTO PERSUASIVO: A MANIPULAÇÃO DA INFORMAÇÃO

PARA A CRIAÇÃO DO IMAGINÁRIO NAZISTA

Thiago Soares Arcanjo (Graduando – Unilasalle)

A pesquisa se insere no período entre Guerras e na Segunda Guerra Mundial, tendo como recorte

mais específico a propaganda como instrumento vital para construção e conquista da sociedade

alemã. Por meio do uso específico da propaganda na manipulação da informação para a criação do

imaginário social favorável a causa do nazismo. O objetivo da pesquisa é analisar o processo de

transformação dos meios de comunicação de massa, conforme os preceitos ideológicos nazistas, em

instrumentos propagandísticos eficazes na persuasão das vontades e na posterior domesticação da

sociedade alemã. Com isso, pretendem-se compreender, quais foram os mecanismos desenvolvidos

para tal controle social ao longo da escalada de poder do nacional socialismo. A questão central

deste trabalho orbita na compreensão dos acontecimentos que possibilitaram a organização e

ascensão do nacional socialismo alemão até sua chegada ao poder em 1933. Estabelecendo uma

conexão entre tais fatos e os meios empregados para conquistar as massas a serem cooptadas pelo

nazismo. Faz-se necessário um exame das táticas utilizadas para persuadir a sociedade germânica e

da consecutiva transformação desta em uma massa composta por indivíduos soldados. Através de

um sustentáculo propagandístico consistente, uma nova concepção da realidade foi apresentada

para a sociedade alemã. Com a contínua distorção da realidade, o “imaginário teatral” nazista foi

cada vez mais aprimorado, montando um cenário vantajoso para a transformação dos cidadãos

alemães em fanáticos sujeitos automatizados. Por fim, verificou-se como as mudanças

comportamentais e culturais propiciadas pelos meios de comunicação de massa, juntamente com as

apropriações de signos e símbolos presentes no imaginário alemão, formaram as bases da fronteira

que restringia a sociedade já nazificada em uma esfera de idolatria e de devoção política. Desta feita,

o envolvimento dos meios de comunicação de massa foram os principais responsáveis pela

conversão dos indivíduos alemães em soldados a serviço do Reich.

Palavras-chave: Nazismo. Propaganda. Persuasão. Manipulação. Totalitarismo

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ST6 – ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E PATRIMÔNIO MATERIAL Coordenadores – Alexandre Pena Matos e Filipi Gomes de Pompeu

Sala 504 – Prédio 05 [27/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

VALORES CULTURAIS INDÍGENAS: ETNIA KAINGANG (SANTA MARIA, RS)

Andressa de Rodrigues Flores (Graduanda – Unifra)

A presente comunicação expõe o estado atual da elaboração de um projeto de pesquisa para a

realização do trabalho final de graduação. A temática desta pesquisa diz respeito aos valores

culturais indígenas presentes na etnia kaingang, em específico da Aldeia Três Soitas, uma tribo

urbana localizada em Santa Maria, RS. A problemática consiste em identificar quais são estes

valores culturais, tendo como objetivo analisar aqueles que tenham sido transmitidos por antigas

gerações e examinar de que forma eles regem o cotidiano desta comunidade e da sociedade como

um todo. A metodologia desta pesquisa prevê primeiramente fazer uma revisão bibliográfica, sobre a

temática com posterior análise qualitativa e dialética. Juntamente com os moradores da aldeia,

dispostos a contribuírem com a pesquisa, a continuidade se dará através da história oral, pois é

através das colocações destes indígenas que será possível identificar e analisar como estes valores

interferem no cotidiano da aldeia e da sociedade santa-mariense. É preciso salientar que as culturas

ameríndias não se restringem apenas a rituais religiosos e místicos, mas também são compostos por

uma diversidade de valores e costumes. Segundo JuracildaVeiga (2000), “os Kaingang utilizam os

seus padrões culturais para construir e reconstruir seu sistema social, numa realidade de contato

fortemente colonialista da sociedade brasileira”. Sabe-se que ainda o século XXI há conceitos

fortemente coloniais no que se refere à questão indígena, sendo assim, pretende-se que a presente

pesquisa contribua para que a sociedade santa-mariense conheça os valores que regem a cultura

indígena, colaborando então para barrar o preconceito, que, por vezes, desabrocha em meio ao

desconhecimento.

Palavras-chave: Cultura; Indígenas; Kaingang; Santa Maria; Valores.

REVISITANDO A AMAZÔNIA ATRAVÉS DOS RELATOS DE CARVAJAL (1542) E ACUÑA (1641): O

ESTUDO DE CASO DOS TAPAJÓS

Bruno Campos Rodrigues (Graduando – PUCRS)

A presente pesquisa tem como intenção analisar os relatos etno-históricos de Frei Gaspar de

Carvajal (1542) que acompanhou o capitão Francisco de Orellana em sua viagem de Quito até a

desembocadura do Rio Amazonas e de Frei Cristóbal de Acuña (1641) no regresso do capitão Pedro

Teixeira de Quito até Belém-PA. Com a finalidade de compreender as mudanças que ocorreram a

partir do primeiro contato (em 1541) entre europeus e populações originárias amazônicas ao longo

de um século, é necessário compreender o contexto histórico dos documentos e avaliar as premissas

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e objetivos que estes tiveram, e enfim, realizar uma comparação para se estabelecer um panorama

de relações e transformações no universo europeu-amazônico.Esta análise é aprofundada utilizando

como exemplo o povoado de Santarém (os chamados Tapajós) onde estiveram os dois relatores e

onde vivenciaram experiências bem distintas com a população que ali se encontrava. Em seguida

englobamos os Tapajós em um panorama de pesquisas arqueológicas recentes onde se pretende

aproximar ou distanciar os relatos sobre essa população.

Palavras-chave: Amazônia, Relaciones, Arqueologia, Tapajós, Iconografia cerâmica.

CARTA ARQUEOLÓGICA DO RIO GRANDE DO SUL: MAPEANDO O PATRIMÔNIO

ARQUEOLÓGICO DO ESTADO

Daniely Alves Machado (Graduanda – PUCRS)

Jeaniny Silva dos Santos (Graduanda – PUCRS)

A concretização de um mapeamento do patrimônio pré-histórico do Rio Grande do Sul através da

elaboração de uma Carta Arqueológica da região consiste em uma ação estratégica ampla,

condizente com as propostas dos diversos Centros de Estudos de Arqueologia do estado e do

IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A Carta Arqueológica do Rio Grande

do Sul se apresentará como uma ferramenta de trabalho capaz de auxiliar os mais diferentes setores

da nossa sociedade, assim como pretende consolidar mecanismos de capacitação para especialistas

em Arqueologia. Trata-se de uma tendência da Arqueologia moderna preocupar-se com o inventário

dos sítios arqueológicos e é importante lembrar que nos últimos trinta anos não foram poucos os

documentos internacionais que recomendaram, entre outros aspectos, a necessidade de se

conhecer o potencial patrimonial de cada país, a fim de se poder definir as medidas adequadas para

a sua proteção. O objetivo de nosso trabalho é apresentar a pesquisa desenvolvida pelo Laboratório

de Pesquisas Arqueológicas da PUCRS, que visa a criação da Carta Arqueológica dos sítios pré-

históricos do Rio Grande do Sul, servindo como ferramenta para se conhecer e garantir a proteção e

a gestão do patrimônio cultural arqueológico no estado do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: Arqueologia, Mapeamento, Pesquisa, Carta Arqueológica.

OS CAMINHOS DO MONGE JOÃO MARIA NO PLANALTO MERIDIONAL BRASILEIRO: LUGARES

DE DEVOÇÃO E O SURGIMENTO DE PATRIMÔNIOS CULTURAIS E IMATERIAIS

Gabriel Ribeiro da Silva (Graduando – UFPel)

Gabriel Carvalho Kunrath (Graduando – UFPel)

Este trabalho tem como objetivo reconstruir e preservar a crença no monge italiano João Maria de

Agostini e do monge João Maria de Jesus no planalto meridional do Brasil, mais precisamente no Rio

Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, entre os séculos XIX e XX. Os monges, envolvidos em

movimentos sociais dentro e fora do Brasil, deixaram nesses espaços marcas de suas passagens,

que os caracterizaram como peregrinos. Criando fama de curandeiros e milagrosos entre os povos

dessas regiões, os dois monges acabaram conquistando uma legião devota que não soube

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diferenciar cada um, tornando-os apenas um “santo” como foco de adoração. Através da crença

popular nos monges, o idealizado é constituir uma investigação sobre esse patrimônio cultural e

imaterial, com a criação de três mapas de devoção, de diferentes períodos históricos, sendo o ultimo

deles voltado para a devoção atual. Comentaremos sobre o trabalho que a equipe vêm realizando

atualmente e a metodologia empregada para a construção do mapa. Nesse estágio do trabalho,

estamos coletando informações oriundas da internet e de bibliografia especializada sobre o tema.

Esses dados recolhidos são referentes aos locais da devoção atual ao monge João Maria. Todos os

frutos dessas coletas são depositados em fichas, que serão utilizadas para a elaboração de um

quadro que reúna as principais informações de cada ficha, afim de montar um mapa que apresente

os locais de fé atribuídos ao monge João Maria no planalto meridional do Brasil.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Patrimônio Imaterial; Monge João Maria; Movimentos Sociais;

História do Brasil

ENTRE INSTRUMENTOS, LIVROS E RELÍQUIAS: UMA ANÁLISE PRELIMINAR DA TRAJETÓRIA DO

PADRE JESUÍTA PEDRO COMENTAL (PROVÍNCIA JESUÍTICA DO PARAGUAI, SÉCULO XVII)

Maico Biehl (Graduando – Unisinos)

A presente comunicação contempla os resultados de minha atuação como bolsista PIBIC – CNPq

junto ao projeto de pesquisa Uma ordem de homens de religião e de ciência: difusão, produção e

circulação de saberes e práticas científicas pela Companhia de Jesus (América meridional, séculos XVII

e XVIII). O subprojeto sob minha responsabilidade temcomo objetivo a reconstituição das trajetórias

de missionários jesuítas que atuaram também como astrônomos, se dedicando ao estudo de

fenômenos naturais como eclipses, solstícios, cometas e marés. Tais observações foram divulgadas

através de cartas ou de obras que alguns deles escreveram enquanto atuaram na América ou, então,

na Europa, em decorrência da expulsão da Ordem dos domínios coloniais hispânicos em 1767.

Dentre os jesuítas que conjugaram a missionação e o esforço da observação e experimentação

científica, destaca-se o napolitano Pedro Comental, que, ao longo do século XVII, atuou nas missões de

Santo Inácio e de Nossa Senhora de Loreto, ambas situadas na região do Tape. Para subsidiar a

pesquisa iniciada em março deste ano, tomei contato com os trabalhos de CAMENIETZKI (2005a,

2005b), GIARD (2005), THOMAS (1991),ROSSI (1992), SOBEL (1996),que versam sobre o contexto

histórico, cultural e científico do Seiscentos, tanto na Europa, local de formação de muitos destes

jesuítas, quanto na América espanhola, onde estes realizaram suas observações e experimentos.

Foram também relevantes para o desenvolvimento da investigação as consultas que fiz às obras de

ANDRADE (1666), CHARLEVOIX (1912), PASTELLS (1912, 1915), FURLONG (1945a, 1945b) e

FRANZEN (2005), que trazem informações tanto sobre a atuação da Companhia de Jesus na região

platina, quanto sobre a trajetória do jesuíta Pedro Comental. Nesta comunicação, procuro evidenciar,

justamente, a sua condição de homem de religião e de ciência, que, além de realizar observações

astronômicas (FURLONG, 1945), empenhou-se na evangelização dos indígenas e na cura de

enfermos.

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Palavras-chave: Companhia de Jesus – América meridional – Pedro Comental S. J. – Astronomia –

Cura

PROCESSOS DE RESSIGNIFICAÇAO CULTURAL NA EMÃ (ALDEIA) POR FI GA EM SÃO

LEOPOLDO.

Maíra Damasceno (Graduanda – Unisinos)

Até meados do século XX historiadores se ocupavam em recontar histórias de grandes realizações

através de documentos oficiais, enquanto antropólogos se ocupavam com as culturas ditas “puras”

ou “primitivas”, configurando uma dicotomia entre os povos com e os sem história. Assim que

antropólogos perceberam que as culturas nativas não são fixas nem imutáveis, passou a haver um

interesse pelos processos de transformação destes grupos, da mesma forma, os historiadores

passaram a dar valor às reflexões da antropologia para estudar as sociedades indígenas, inclusive a

sua cultura. Atualmente se considera que todas as sociedades são históricas por sua dinâmica e

transformações ao longo do tempo. O objetivo deste trabalho é analisar e ressignificaçao cultural dos

kaingang da Emã Por Fi Ga a partir do seu retorno ao tradicional espaço de São Leopoldo na década

de 1990, e compreender como a proximidade com a cidade serviu para impulsionar a dinâmica na

cultura kaingang contemporânea. Este estudo será realizado considerando a renovação teórica que

propõe a cultura como um produto histórico e flexível, que se dá a partir da interação entre as

populações. Também levando em conta os princípios da “Nova História Indígena”, que devolve ao

nativo o protagonismo de sua própria trajetória. Utilizarei o conceito de “resistência adaptativa” de

Steve Stern (1987) desenvolvido por Maria Regina Celestino de Almeida (2003) que coloca a

ressignificaçao cultural como impulsionadora do dinamismo das populações. Contarei também com

auxílio da História Oral, realizando entrevistas com um grupo selecionado de moradores da Emã.

Como conclusões parciais, podemos apontar que os moradores desta “aldeia urbana” ao mesmo

tempo em que interagem com a sociedade envolvente não perdem sua identidade de “índios

kaingang”.

Palavras-chave: Nova História Indígena - Kaingang – São Leopoldo – Emã Por Fi Ga –

Ressignificação cultural.

AS VIRTUDES MEDICINAIS DA COPAÍBA E DO PAU BRASIL NA OBRA PARAGUAY NATURAL

ILUSTRADO DE JOSÉ SANCHEZ LABRADOR S. J.

Mariana Alliatti Joaquim (Graduanda – Unisinos)

Esta comunicação contempla resultados do subprojeto de pesquisa Os jesuítas e o conhecimento da

natureza americana, que venho desenvolvendo, como bolsista UNIBIC, sob a orientação da Prof.ª

Eliane Fleck. A investigação que venho realizando desde março do corrente ano se encontra inserida

no projeto Uma ordem de homens de religião e de ciência, quetem entre seus objetivos a análise de

obras produzidas por missionários jesuítas que atuaram também como homens de ciência. Dentre

elas, se destaca a obra Paraguay Natural Ilustrado, escrita pelo padre José Sanchez Labrador, em

1771, e que se mantém inédita até hoje, razão pela qual analiso uma versão digitalizada dos

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manuscritos originais que se encontram sob a guarda do Arquivo Romano da Sociedade de Jesus

(ARSI), em Roma. Para além dos exercícios de paleografia – essenciais para a leitura dos

manuscritos –, foram fundamentais os trabalhos de ALMEIDA [2010], DI LISCIA [2002], FURLONG

[1948], RUIZ MORENO [1948], SAINZ OLLERO [1989] e FREITAS REIS [2009], que me auxiliaram

na reconstituição da trajetória do missionário jesuíta Sanchez Labrador e na familiarização com as

teorias médicas e as práticas terapêuticas vigentes na Europa e na América do século XVIII. Foram

também importantes os estudos de CERTEAU [1982], CHARTIER [2002], DEL VALLE [2009] e

HARTOG [1999] para a compreensão dos aspectos que caracterizam a prática escriturária jesuítica.

Para este evento, selecionei a copaíba e o pau-brasil, descritas por Sanchez Labrador no terceiro

livro do Tomo de Botânica, intitulado Los Arbolesen Particular, com o objetivo de destacar suas

virtudes medicinais e aplicações em determinadas enfermidades.

Palavras-chave: Sanchez Labrador; Paraguay Natural; História Natural; Botânica Médica; Árvores

ENTRE MEMÓRIAS E SILÊNCIO: AS MARCAS DA DITADURA CIVIL-MILITAR NA CIDADE DE

PELOTAS/RS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Nadine Mello Pereira (Graduanda – UFPel)

Tairane Ribeiro da Silva (Graduanda – UFPel)

O presente trabalho é o esboço de um projeto que vem sendo realizado pelo grupo de Educação

Patrimonial e História Local do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do

curso de História na Universidade Federal de Pelotas. Este projeto visa realizar um levantamento

referencial de lugares relacionados à memória da ditadura civil-militar, objetivando trazer à tona as

marcas do golpe e do regime militar na cidade de Pelotas, interior do Rio Grande do Sul, levando em

conta seu porte e ativa militância, tem como foco principal dar visibilidade para as ações de

resistência e repressão ocorridas na cidade nesse período. O projeto em construção tem como

objetivo a elaboração de um roteiro de visitação a estes locais que de alguma forma, sejam através

da resistência ou repressão, deixaram suas marcas significativas na história da cidade. Para além

disso, nossa finalidade é também dar visibilidade a esta parte da história da cidade de Pelotas que é

praticamente inexplorada e encontra-se silenciada, pois entendemos que o reconhecimento desses

lugares pode ser utilizado como instrumento de educação e cidadania, visto que os fatos que

ocorreram no passado estão ligados diretamente com as permanências do presente.

Palavras-chave: Ditadura Civil Militar – Educação Patrimonial – Memória – História do Brasil

O REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA

Paloma Falcão Amaya (Graduanda – PUCRS)

A história das conquistas de territórios ao longo do tempo deu-se por conflitos entre impérios, em

especial na América do Sul, entre as coroas portuguesa e espanhola. As fortalezas se inseriram

dentro desse contexto histórico, gerando assim diferentes formas de construções para defesa das

regiões dominadas. Na colônia portuguesa na América, podemos identificar várias fortificações

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construídas com a finalidade de defender as regiões que foram sendo ocupadas. Os avanços

portugueses em direção a região amazônica a partir do século XVIII indicam a expansão oeste de

suas fronteiras. Neste contexto de disputas das Coroas Ibéricas na região amazônica, o Real Forte

Príncipe da Beira foi construído pelos portugueses para efetivar e defender a ocupação territorial.

Portanto, este trabalho busca compreender como ocorreu a formação do Forte Príncipe da Beira no

atual estado de Rondônia, no norte do Brasil de 1770 a 1780. Sendo assim, o ensaio dedica-se a

analisar as ocupações e disputas entre espanhóis e portugueses e seus interesses em sua

instalação no território norte brasileiro. A inspiração para esta pesquisa vem da curiosidade de tratar

sobre fronteiras e os encontros e confrontos que ocorreram no período colonial no país. A partir

disso, tentarei explicar a edificação do Forte Príncipe da Beira utilizando a obra de Annibal Barreto

que trata sobre o processo histórico das formações de fortalezas por todo Brasil; assim como será

utilizado a tese de doutorado de Cláudia Uessler para as conceituações de fortalezas, fortes, fortins e

derivações; para as percepções de fronteiras a leitura será do autor Ramón Gutiérrez.

Palavras-chave: Fortificações; fronteiras; ocupação territorial; guaporé; capitania do Mato Grosso

A ALIMENTAÇÃO COMO DISTINÇÃO: UMA ANÁLISE DAS MUDANÇAS CULTURAIS NA FRANÇA

PÓS-REVOLUCIONÁRIA A PARTIR DA VIDA DE ANTOINE CARÊME

Rafael Gorski Trindade (Graduando – PUCRS)

Alan Ramos Machado (Graduando – PUCRS)

Pura e simplesmente um assunto saboroso, a alimentação “alimenta” a curiosidade aos ouvidos

daqueles que buscam algo a estudar nos períodos das modernizações europeias. A gastronomia

vem é verdade desde o século XV, XVI passando por diversas mudanças, muitas destas pelas

acelerações que ocorreram devido as grandes navegações. Agora temperos e sabores de diversas

partes do mundo, mais do que nunca chegam a lugares que outrora não chegavam, criando e

modificando os paladares e as “modas” alimentares. Neste trabalho iremos ver brevemente, sobre a

alimentação durante o processo revolucionário ocorrido na França e buscaremos analisar algumas

das mudanças ocorridas no campo social histórico. Ariovaldo Franco em seu livro De caçador a

gourmet: uma história da gastronomia, nos trás a reflexão sobre como um ingrediente pode cair em

desuso pelo simples fato de deixar de ser raro ou simplesmente caro (FRANCO, 2006). O consumo

de determinados alimentos pode ser além de moda, maneira de provar status social ou de conquistá-

lo, é um pouco disto que gostaríamos de analisar neste trabalho, como a gastronomia foi utilizada no

período revolucionário francês. Além disto, veremos sobre o caso de Antonin Carême, certamente o

maior nome gastronômico do período, que tem seu nome diretamente atrelado às mudanças e

modas gastronômicas construídas no século XIX e que, são utilizadas até os dias de hoje nos mais

conceituados restaurantes do mundo.

Palavras-chave: História Cultural - História da Alimentação – França Revolucionária – Antonin

Carême

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A IDENTIDADE DO MISSIONÁRIO JESUÍTA NA CRÔNICA DO PADRE JOSÉ DE MORAES

Ana Carolina Lauer de Almeida (Graduanda Unisinos)

O objeto desta pesquisa é analisar a História da Companhia de Jesus na Extincta Província do

Maranhão e Pará, 1759, de autoria do padre José de Moraes, da Vice-Província do Grão Pará e

Maranhão, a partir do conceito histórico de “latências do passado” de Aby Warburg. Para este autor,

a análise das “latências do passado” em um texto possibilita conceber a história, para além da

crônica de fatos narrados, como portadora de uma verdade moralizante (edificante), capaz de dar

coesão identitária a um corpo, no nosso caso, o corpo da Companhia de Jesus, especialmente

quando este se encontra em situação de crise interna. O método de investigação utilizado baseia-se

na análise textual do manuscrito de José de Moraes, buscando, com o referencial teórico descrito,

recuperar, para além dos artifícios de erudição, doutrina, imagens e retórica-apologética, os

elementos textuais que estabeleçam pontes entre “aquilo que não é mais” e “o que é agora”,

colmando toda a descontinuidade que poderia fragilizar a identidade do corpo missionário da

Companhia. Como resultado principal, espera-se individualizar os elementos narrativos usados por

Moraes para compor a sua “crônica oficial” da Província do Maranhão e Pará a serviço da construção

identitária do corpo da Companhia, necessária para responder as crises causadas pelas vicissitudes

das acusações pombalinas e das expulsões de jesuítas.

Palavras-chave: Crônicas – Companhia de Jesus – José de Moraes – latências do passado.

ST7 – HISTÓRIA POLÍTICA Coordenadores – Fernando Comiran e Rafael Lapuente

Sala 503 – Prédio 05 [27/05/15]

Tarde – 13h30min às 17h30min

O PODER DA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DO DISCURSO DA IMPRENSA INTEGRALISTA ATRAVÉS

DO JORNAL RUMO AO SIGMA (1936)

Andrelise Gauterio Santorum (Graduanda – FURG)

O presente trabalho visa analisar o discurso integralista a partir do seu principal meio de propagação:

A imprensa. Considerando-se o poder social que envolve a imprensa, estando a mesma relacionada

com a formação de opiniões públicas, esta análise tem como objetivo apresentar como se dava a

formação do discurso integralista no jornal Rumo ao Sigma, órgão do núcleo local do movimento que

circulou durante o ano de 1936 pelas cidades de Rio Grande, Pelotas e Santa Vitória do Palmar.

Para analisar o periódico utilizaremos a metodologia de Análise de Conteúdo, para compreender

quantitativamente quais eram os principais elementos utilizados pelos integralistas para transmitir a

ideologia através das páginas do jornal e analisá-los qualitativamente visto que, de acordo com

Laurence Bardin (2009), tal metodologia é um “instrumento de análise de comunicações” (BARDIN,

2009, p.15) que, a partir da quantificação dos elementos, nos permite uma análise de maior precisão.

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No presente trabalho pretendemos analisar a doutrina integralista para, assim, compreendermos

como se dava o processo persuasivo de diálogo dos adeptos ao movimento com a população da

época, percebendo quais eram os principais meios utilizados para este fim. Atrelado ao objetivo do

presente estudo, está a nossa hipótese de trabalho, na qual acreditamos que a imprensa integralista

utilizava de mecanismos (como o uso da simbologia, a exacerbação do nacionalismo e o

apontamento dos defeitos dos inimigos) objetivando a manipulação de massas, a fim de conseguir

um maior número de adeptos ao movimento integralista.

Palavras-chave: Integralismo, Imprensa Integralista, História da Imprensa Integralista, Integralismo

no Rio Grande do Sul, Integralista em Rio Grande/RS

“O SUL PEDE APENAS ATENÇÃO.” - OLHARES SOBRE AS CONSTRUÇÕES POLÍTICO-

DISCURSIVAS NO SUL DO BRASIL A PARTIR DAS ENCHENTES DE 1983

Carla Cristine Teixeira (Graduanda – UFSC)

Após as fatídicas enchentes que assolaram o Sul do Brasil no ano de 1983, e das recorrentes secas

que castigaram o Nordeste, o cenário político econômico brasileiro encarou um novo impasse: A

distribuição de verbas aos blocos regionais atingidos severamente pelas catástrofes naturais. Ao

dispor dos pronunciamentos de políticos catarinenses no ano de 1983, os quais argumentaram em

favor da obtenção das verbas que seriam destinadas à reconstrução das cidades atingidas pelas

enchentes, este artigo tem como finalidade identificar algumas construções e significações políticas,

imagéticas e discursivas que constituíram estes argumentos. De que maneira a ajuda seria mais

atrativa ao estado de Santa Catarina, tendo em vista as dificuldades econômicas ocasionadas pela

seca que castigava o Nordeste a cerca de três anos? Quais elementos utilizados pelos deputados de

diferentes partidos políticos para que as verbas fossem efetivas e emergenciais? A partir destes

questionamentos, propus uma análise do discurso baseando-me em contribuições da História e da

Sociologia, com o intuito de construir uma articulação entre discursos e práticas. A partir disto, pude

reconhecer pensamentos, vertentes teóricas e imagéticas atribuídas e acumuladas nos conceitos de

“trabalho”, “prosperidade” e “valor”, muitas delas permanecendo até o contexto atual, como a enorme

produção econômica e próspera vinculada ao Sul. Ainda que a dicotomia e a polaridade entre as

regiões tenha sido exaltada durante a proclamação dos discursos, foi possível perceber a similitude

entre a estrutura de ambos, no que envolve a formação de uma unidade social e cultural frente aos

desastres ocorridos em cada local em específico.

Palavras-chave: Análise de discurso, Sul, disputa política, verbas, 1983.

A GUERRA CIVIL EM SERRA LEOA: APENAS UMA DISPUTA PELOS “DIAMANTES DE SANGUE”?

Diogo Matheus de Souza (Graduando – UFSC)

Stela Schenato (Graduanda – UFSC)

As décadas de 1990 e dos anos 2000, ao invés de confirmarem um período de paz e diminuição de

conflitos com o final da Guerra Fria, trouxeram uma nova ordem internacional, e com ela, novas

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situações conflituosas em diversas regiões do planeta. Procurando analisar as possíveis causas e

consequências de um destes conflitos, decidimos nos aprofundar na Guerra Civil de Serra Leoa,

ocorrida entre os anos de 1991 e 2002, onde o recrutamento forçado de crianças-soldados e a

violação dos direitos humanos são aspectos bastante evidenciados. O conflito, que ainda é pouco

explorado historicamente, vem sendo tratado como resultado principalmente de uma “ganância”

pelos diamantes da região, sendo que, ao longo do artigo, procuramos sustentar outras perspectivas

sobre o tema e a origem dos acontecimentos. A grande motivação para a realização do trabalho se

deu a partir da situação atual do país. Em 2014, Serra Leoa foi um dos países africanos mais

afetados pela epidemia do vírus Ebola, representando uma nação extremamente pobre e carente em

vários aspectos, sendo muitas dessas carências consequências da guerra civil. Nossas principais

conclusões consistem na ideia de que a guerra não foi causada apenas por interesse nos diamantes,

mas sim se constituiu como uma revolta originada por insatisfação popular contra um governo

corrupto que sugava as fontes de renda do país. Válido destacar que o filme “Diamante de Sangue”

(2006), importante referência sobre a guerra civil de Serra Leoa, também é analisado, explorando até

que ponto ele contribui para a formação de um ponto de vista sobre o conflito.

Palavras-chave: Guerra Civil – Serra Leoa – Diamantes – Insatisfação Popular – História da África

TENDÊNCIAS NA IMPRENSA DURANTE A GRANDE GUERRA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS

JORNAIS A NOITE E CORREIO DA MANHÃ

Frederico de Moraes Thofehrn (Graduando – PUCRS)

Guilherme Breda de Magalhães (Graduando – PUCRS)

Hoje os diversos estudos sobre a primeira guerra mundial em sua maioria são de teor militar, político

ou econômico. Ao tratarmos do Brasil neste contexto os estudos limitam-se ainda mais,

principalmente pela sua participação quase inexpressiva. O estudo sobre os discursos midiáticos,

além de nos garantir uma visão sociocultural, também nos possibilita entende as forças da mídia na

opinião pública e no próprio governo. O estudo deste trabalho se faz sobre os discursos de dois

jornais da capital brasileira, referente às questões que envolvem o Brasil no conflito europeu. A

analise foi feita utilizando os jornais A Noite e Correio da Manhã entre o período de 1916 a 1918. O

principal objetivo foi analisar a dinâmica dos discursos destes periódicos e compreender as

mudanças na visão sobre o conflito durante o período de transição entre a neutralidade e o ativismo

pró-aliado. É visível notar nos jornais estudados uma tendência discursiva dinâmica, em A Noite,

percebem-se as variações entre a defesa aliada e a defesa de germânicos no território nacional. Já

com a entrada do Brasil na guerra, o jornal mantém sua postura crítica ao governo e principalmente

com a política da censura. O Correio da Manhã, por sua vez, tem uma tendência neutralista, quase

próxima da defesa ao germanismo, assim interpretada principalmente pelos constantes ataques à

Inglaterra. Porém este jornal sofre uma mudança drástica em seu posicionamento conforme decorre

o ano de 1917. As análises e compreensões deste estudo carecem de mais investigações e se

apresentam como de grande relevância. Ainda em fase de andamento, esperamos encontrar e

fundamentar melhor a relevância do discurso midiático sobre o governo e da via de mão dupla entre

povo e mídia sobre a opinião.

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Palavras-chave: Imprensa; Primeira Guerra; Opinião Pública

EM PROL DA SEGURANÇA DO OCIDENTE AMEAÇADO: A EMERGÊNCIA DA GUERRA FRIA NO

BRASIL (1947-1951)

Gabriel Nardi Maciel (Graduando – Unilasalle)

A Guerra Fria é um processo histórico que marca o imaginário socio-político até os dias atuais. De

caráter diferenciado por tratar-se de um conflito primariamente ideológico e não armamentício,

configura-se em um dos principais moldadores de uma mentalidade ideológica que divide o globo em

dois blocos distintos, não só economicamente, mas também social, ideológica e políticamente neste

período. O presente artigo busca realizar uma análise textual qualitativa de um conjunto pré-

selecionado de correspondências inclusas no fundo documental “Arquivo Particular João Neves da

Fontoura” (APJNF), pertencente Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS), com o objetivo de

evidenciar os “ecos” da emergência da guerra fria presentes no Brasil no contexto inicial deste

processo, no período recortado (1947-1951). A partir desta documentação foi possível analisar a

inserção, a função, a posição e as estratégias do Brasil no cenário político internacional, analisando

e construindo, através das fontes, o processo de lapidação do imaginário político-ideológico da

sociedade brasileira, completamente inserido no cenário de transição política do período ditatorial do

Estado Novo para o período Populista. As correspondências provindas de importantes figuras

políticas do período, juntamente com o aporte historiográfico, conseguem nos levar para os cenários

de Guerra Fria existentes neste período e nos mostram um Brasil completamente envolvido e

participante no contexto geral do conflito, evidenciando o sentimento de preocupação, medo e

apreensão da nação na participação com relação à guerra.

Palavras-chave: História Política, Relações Internacionais, Guerra Fria, História do Brasil.

AS REDES DE RELAÇÕES E A ASCENSÃO POLÍTICA DE JOSÉ ANTÔNIO CORREA DA CÂMARA

Guilherme de Mattos Gründling (Graduando – UFSM)

Para muitos historiadores importantes, as correspondências vivenciaram o seu grande momento

durante o século XIX, quando a alfabetização, o hábito da leitura e a cultura epistolar, começaram a

transgredir as barreiras sociais. Desse modo, as correspondências estão repletas de diálogos íntimos

que, atualmente, são explorados por historiadores. Isto é, as expectativas, as experiências, as

hesitações, as incoerências, bem como as preocupações dos indivíduos, estão expressas de

maneira privilegiada nelas, definindo-as como um bom aporte documental para a pesquisa histórica.

Nessa perspectiva, tratando-se da esfera política do século XIX, as redes de relações, salientam-se

dentre as principais maneiras de ascensão política. Como reconhecem estudiosos do período,

especificamente quando se analisa a elite política brasileira, em larga escala, visualiza-se a

organização de favorecimentos que, a princípio, se constituiriam através de vínculos emocionais

mais complexos entre os envolvidos. Por exemplo, laços de parentesco ou de amizade. Desse modo,

nos últimos anos, os historiadores tem dedicado maior atenção na compreensão dessas redes,

sobretudo, na análise dos alinhamentos políticos do contexto. À vista disso, no presente estudo,

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busca-se analisar, ainda que brevemente, a importância da constituição de redes sociais durante o

século XIX, com a finalidade de manutenção ou de ascensão política de um indivíduo. Para tanto,

trabalha-se com as correspondências trocadas entre o militar e político, José Antônio Correa da

Câmara, com o seu amigo, também militar e político, Manuel Luís Osório, afim de melhor

compreender a ascensão política de Câmara. Entende-se, por fim, que a de certa forma rápida

ascensão ao cenário político de Câmara, tenha ocorrido pela sua destacada atuação durante a

Guerra do Paraguai, mas sobretudo, pela articulação e pelos favorecimentos trocados entre ele e

seus pares, nos anos seguintes ao conflito.

Palavras-chave: redes de relação – correspondências – política século XIX

AS LEIS MATRIMONIAIS DE AUGUSTO

Patrícia Spceht Moreira (Graduanda – PUCRS)

A presente pesquisa discute o interesse público na procriação do Direito Romano, mais

especificamente, nas chamadas leis matrimoniais de Augusto (17 a.c. e 9 d.c.) e o dever à procriação

como forma do Estado Romano controlar a crise demográfica do início do Principado (30 a.c – 14

d.c.). Busca-se verificar os motivos que levaram ao decréscimo populacional em Roma ao final da

República, analisar a intervenção pública na esfera privada dos cidadãos romanos através das Leis

Matrimonias de Augusto, além de demonstrar a atualidade do tema.Nos anos finais da República,

existe um decréscimo acentuado na natalidade romana, o que prejudicava o exército e a

manutenção das conquistas. O primeiro governante do período conhecido como Principado, Augusto,

resolve intervir publicamente na questão, retomando a procriação como função precípua do

matrimônio romano (liberorumprocreandorum causa) e dever público de todo cidadão. A filiação

numerosa sempre foi um elemento essencial para o crescimento da civitas e da força político-militar

romana. A chamada reforma moral familiar de Augusto, em 17 a.c., teve como função a manutenção

da estabilidade do Império e a garantia da supremacia político-econômica aos romanos itálicos sobre

os provinciais. Casais com prole numerosa eram premiados.Mais de dois mil anos após, ainda hoje

alguns Estados utilizam-se do controle estatal sobre a natalidade como forma de controle social, seja

punindo quem tem muitos filhos em países muito populosos, como a China, seja estimulando e

premiando casais a procriarem, como em países europeus com baixos índices de natalidade. O

exposto demonstra a atualidade do tema.

Palavras-chave: Roma – Augusto – Leis matrimoniais – interesse público – procriação.

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Observações

Certificados

Os certificados de participação e de apresentação do II Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS serão fornecidos pela Pró-Reitoria de Extensão Comunitária e serão enviados gratuitamente aos participantes.

Os certificados de apresentação de trabalho são individuais e condicionados a presença e participação do autor no evento. Portanto, no caso de trabalhos com mais de um autor, é necessário que os dois autores compareçam ao evento, para que cada um receba o seu certificado.

Para a emissão dos certificados de ouvinte será necessário uma frequência de 75% no evento.

Publicação

Após o término do prazo de envio dos textos dos trabalhos apresentados, começarão os trabalhos de edição dos Anais do II EPHIS.

ATENÇÃO: Os textos para os Anais do II EPHIS devem ser enviados por email para [email protected] com o assunto [Texto Anais].

Os textos devem, assim, seguir as normas de publicação abaixo:

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

1. Título em negrito, centralizado, letras caixa alta. Extensão: máximo 3 (três) linhas, espaçamento simples entre linhas. Fonte: Times New Roman, tamanho 14;

2. Abaixo do título, a direita deve constar, nesta ordem: nome do autor, titulação e email. Caso o texto tenha mais de um autor, é necessário constar as mesmas informações, seguindo a ordem estabelecida pelos autores;

3. RESUMO: o autor deve apresentar um resumo na língua nativa (português ou espanhol) informado na inscrição do trabalho e outro resumo em inglês (abstract), entre 200 a 300 palavras, espaçamento simples entre linhas, e contendo apenas três palavras-chave (keywords). Fonte: Times New Roman, tamanho 10. Situado na margem direita do texto;

4. O resumo deve contemplar efetivamente a pesquisa realizada, seus objetivos, hipóteses, resultados;

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5. Os artigos devem conter entre 12 e 20 páginas, incluindo Referências Bibliográficas e imagens (se for o caso);

6. As imagens (JPEG, TIFF) devem estar inseridas no corpo do trabalho, contendo título (parte superior da figura) e referência (situada dentro do marco da figura, na parte inferior), fonte Times New Roman, tamanho 9. Favor observar a qualidade da foto, que deve ter uma boa resolução (sugestão 200 dpi). Observamos que serão removidas as imagens sem referências;

7. Os textos devem ser enviados em formato Word, a partir da versão 2003, com a seguinte configuração no corpo do texto: Fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,5cm;

8. Margens: as margens devem ser de 2,5 (superior, inferior, esquerda, direita);

9. Citações diretas (em bloco): fonte Times New Roman, tamanho 11, situadas na margem direita da página (com recuo de 4,0 cm) e separadas por espaço duplo dos parágrafos superior e inferior. Espaço simples entre linhas do texto;

10. Citações indiretas (paráfrase): inseridas, até 3 (três) linhas, no corpo do texto e entre aspas. Fonte: Times New Roman, tamanho 12. A partir de 4 (quatro) linhas, usar citação direta;

11. Subtítulos: fonte Times New Roman, tamanho 12, negrito, caixa alta e baixa, situados na margem esquerda da página;

12. As referências devem ser realizadas através do Sistema autor-data (Ver Normas da ABNT). Notas de rodapé devem seguir o modelo ABNT – recomenda-se três notas no máximo por página;

13. As referências bibliográficas, fontes documentais, eletrônicas e fontes de consulta deverão ser citadas no final do artigo, segundo ordem alfabética e de acordo com as normas da ABNT;

14. Somente serão aceitos para análise os trabalhos que obedecerem as normas aqui descritas;

15. Somente serão publicados nos Anais do II Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS os trabalhos efetivamente apresentados no evento. Não será aceito acréscimo de nomes no trabalho entregue.

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Informações

Gerais

Todas as salas do evento estarão equipadas com data-show;

O credenciamento de todos os participantes ocorrerá somente no Prédio 05 (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas), durante todo o evento;

Os Simpósios da Pós-Graduação ocorrerão no Prédio 03 (Programa de Pós-Graduação em História) e no Prédio 05;

As sessões de comunicação dos Graduandos irão acontecer no Prédio 05;

Os participantes irão receber um atestado de participação no dia das respectivas comunicações. Os certificados oficiais, emitidos pela PUCRS, serão posteriormente enviados pelo correio. Para isso é necessário que todos assinem a folha de presença.

Haverá monitores identificados para auxiliarem os participantes junto aos Prédios 03 e 05;

Alimentação

Os prédios 03 e 05 possuem restaurantes e/ou lancherias.

Impressões/Xerox/Internet

AKI CÓPIAS: prédio 05, andar térreo;

Biblioteca PUCRS (Prédio 16, atrás do Prédio 05)

Transporte

Principais Linhas Mercado Público/Rodoviária – PUCRS:

- “Universitária” - D43 CARRIS

- Campus / Ipiranga - 343 CARRIS

- Ipiranga / PUCRS – 353 CARRIS

Táxi: Ponto na Av. Ipiranga (2ª a 6ª - 7h às 23h20min)

Estacionamento

Todos estacionamentos na PUCRS são pagos. Maiores informações podem ser obtidas em:

http://www.pucrs.br/portal/?p=campus/estacionamentos

Bancos

Há agências bancárias do Banrisul, HSBC e Banco do Brasil no térreo do PRÉDIO 05;

Festa de encerramento do

evento – Dia 28.05.2015 – a

partir das 21h

Espaço Cultural 512 - Rua João Alfredo, 512 Cidade Baixa - Porto Alegre, RS

Telefone (51) 3212-0229

Valor ingresso: R$ 5,00

Maiores informações sobre os serviços disponíveis no campus da PUCRS podem ser obtidas em: http://www.pucrs.br/portal/files/academico/pucrs_guia_de_servicos.pdf

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Índice - apresentadores

Adriana Augusto Neves ..................................................................................................................................... 18

Adriane Nunes Cordonet ................................................................................................................................ 121

Adriano Sequeira Avello .................................................................................................................................. 122

Adriano Viaro da Silva ....................................................................................................................................... 71

Adriéli Eduarda Castro Gomes Gabardo ......................................................................................................... 127

Alaides Terezinha Dias da Costa ..................................................................................................................... 110

Alan Ramos Machado ..................................................................................................................................... 143

Alex Faverzani da Luz ........................................................................................................................................ 25

Alexandre dos Santos Villas Bôas ...................................................................................................................... 67

Alexandre Luis de Oliveira................................................................................................................................. 48

Alexandre Moroso Guilhão ............................................................................................................................. 133

Alexandre Pena Matos ...................................................................................................................................... 67

Alexsander Cândido de Brito .......................................................................................................................... 133

Alexsandro da Rosa Menez ............................................................................................................................. 104

Aline Carvalho Porto ....................................................................................................................................... 105

Aline de Almeida Moura ................................................................................................................................... 37

Alini Hammerschmitt ........................................................................................................................................ 43

Álisson Cardozo Farias ...................................................................................................................................... 78

Amanda Basílio Santos ...................................................................................................................................... 57

Amanda Chiamenti Both ................................................................................................................................... 95

Amanda Flores Gonçalves ............................................................................................................................... 121

Amanda Mensch Eltz ........................................................................................................................................ 19

Amanda Siqueira da Silva .................................................................................................................................. 43

Amilcar Rodrigues Afonso Santy ....................................................................................................................... 72

Ana Carolina Lauer de Almeida ....................................................................................................................... 144

André do Nascimento Corrêa ........................................................................................................................... 81

André Haiske ................................................................................................................................................... 110

André Luis Ramos Soares ................................................................................................................................ 102

Andrea Molina Barbosa Viana .......................................................................................................................... 57

Andréa Pagno Pegoraro .................................................................................................................................... 78

Andréia Castro Dias ........................................................................................................................................... 13

Andrelise Gauterio Santorum ......................................................................................................................... 144

Andressa de Rodrigues Flores ......................................................................................................................... 138

Andrieli Paula Frana ........................................................................................................................................ 112

Anelise Domingues Medeiros ......................................................................................................................... 116

Ângela Pereira Oliveira ..................................................................................................................................... 73

Anselmo Otávio ................................................................................................................................................. 73

Ary Albuquerque Cavalcanti Junior ................................................................................................................... 13

Augusto Castanho da Maia Petter .................................................................................................................. 128

Bárbara Virgínia Groff da Silva .......................................................................................................................... 33

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Beatriz Floôr Quadrado ..................................................................................................................................... 74

Beatriz Küller Negri ........................................................................................................................................... 96

Beatriz Teixeira Weber .................................................................................................................................... 125

Biane Peverada Jaques Antunes ....................................................................................................................... 58

Bruna Gomes Rangel ......................................................................................................................................... 62

Bruna Santiago .................................................................................................................................................. 58

Bruno Blois Nunes ............................................................................................................................................... 9

Bruno Campos Rodrigues ................................................................................................................................ 138

Bruno Weber Bopp ......................................................................................................................................... 116

Caio de Carvalho Proença ................................................................................................................................. 52

Calison Eduardo Santos Pacheco .................................................................................................................... 114

Camila Albani Petró........................................................................................................................................... 14

Camila Bohrer Beskow .................................................................................................................................... 134

Camila Comerlato Santos ................................................................................................................................ 105

Camila Eberhardt .............................................................................................................................................. 53

Camila Martins Braga ........................................................................................................................................ 89

Camila Ruskowski ................................................................................................................................................ 9

Carla Cristine Teixeira ..................................................................................................................................... 145

Carolina Bevilacqua Vedoin ............................................................................................................................ 111

Caroline Atencio Medeiros ............................................................................................................................. 112

Caroline Poletto ................................................................................................................................................ 90

Caroline von Mühlen ....................................................................................................................................... 101

Célia Margela Arnold ........................................................................................................................................ 32

Charles Ânderson dos Santos Kurz ................................................................................................................. 117

Christian Astigarraga Ordoque ......................................................................................................................... 86

Cláudio Roberto Dornelles Remião ................................................................................................................... 10

Cosme Alves Serralheiro ................................................................................................................................... 90

Cristian Cláudio Quinteiro Macedo ................................................................................................................. 117

Cristiano Enrique de Brum ................................................................................................................................ 83

Cristiano Gehrke ............................................................................................................................................... 19

Cristiano Soares Campos .................................................................................................................................. 62

Cristine Tedesco ................................................................................................................................................ 10

Dalvan Alberto Sabbi Lins ................................................................................................................................. 49

Daniel Augusto Pereira Marcilio ....................................................................................................................... 75

Daniel da Silva Becker ....................................................................................................................................... 37

Daniela Garces de Oliveira ................................................................................................................................ 15

Daniele Brocardo .............................................................................................................................................. 20

Daniely Alves Machado ................................................................................................................................... 139

David Anderson Zanoni ..................................................................................................................................... 43

Débora de Quadros Rodrigues ........................................................................................................................ 122

Débora dos Santos Botlender ......................................................................................................................... 134

Débora Soares Karpowicz ................................................................................................................................. 49

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Débora Strieder Kreuz ....................................................................................................................................... 15

Deise Cristina Schell .......................................................................................................................................... 59

Deise de Siqueira Pötter ................................................................................................................................. 112

Diana Silveira de Almeida ................................................................................................................................. 11

Diego Oliveira de Souza .................................................................................................................................... 91

Diogo Matheus de Souza ................................................................................................................................ 145

Douglas Satirio da Rocha .................................................................................................................................. 79

Eduarda Borges da Silva .................................................................................................................................... 16

Eduardo Cristiano Hass da Silva ........................................................................................................................ 33

Eduardo Luis Flach Käfer ................................................................................................................................. 106

Eduardo Othon Pires Rodrigues ........................................................................................................................ 36

Eduardo Pacheco Freitas................................................................................................................................... 86

Egiselda Brum Charão ..................................................................................................................................... 102

Elaine Binotto Fagan ......................................................................................................................................... 33

Eliza Militz de Souza ........................................................................................................................................ 113

Elvis Patrik Katz ............................................................................................................................................... 118

Elvis Silveira Simões .......................................................................................................................................... 22

Erick Vargas da Silva .......................................................................................................................................... 38

Evandro Machado Luciano .............................................................................................................................. 119

Fabian Filatow ................................................................................................................................................... 96

Fabiana Helma Friedrich ................................................................................................................................. 102

Fabiano Pretto Neis......................................................................................................................................... 103

Fábio Chang de Almeida ........................................................................................................................................ 6

Fábio Donato Ferreira ..................................................................................................................................... 113

Fabrício Alcindo Kuhn ..................................................................................................................................... 128

Fabrício Locatelli Ribeiro ................................................................................................................................. 128

Felipe Benites Tramasoli ................................................................................................................................... 68

Felipe Contri Paz ............................................................................................................................................... 83

Felipe Nunes Nobre .......................................................................................................................................... 34

Felipe Radünz Krüger ........................................................................................................................................ 44

Felipe Rios Pereira ............................................................................................................................................ 91

Fernanda Sena Fernandes............................................................................................................................... 123

Fernanda Soares da Rosa ................................................................................................................................ 135

Fernando Carlos Lopes Filho ............................................................................................................................. 69

Fernando Comiran ............................................................................................................................................ 26

Filipe Conde Pereira .......................................................................................................................................... 53

Filipi Gomes de Pompeu ..............................................................................................................................67, 68

Francielle Moreira Cassol .................................................................................................................................. 50

Francine Kloeckner ............................................................................................................................................ 11

Francisco Adilson Lopes da Silva ....................................................................................................................... 22

Frederico de Moraes Thofehrn ....................................................................................................................... 146

Gabriel Carvalho Kunrath ................................................................................................................................ 139

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Gabriel Nardi Maciel ....................................................................................................................................... 147

Gabriel Ribeiro da Silva ................................................................................................................................... 139

Gabriela Machado Ramos de Almeida .............................................................................................................. 44

Gean Zimermann da Silva ................................................................................................................................. 80

Geandra Denardi Munareto .............................................................................................................................. 84

Giselda Siqueira da Silva Schneider .................................................................................................................. 13

Guidyon Augusto Almeida Lima ...................................................................................................................... 129

Guilherme Breda de Magalhães ..................................................................................................................... 146

Guilherme de Mattos Gründling ..................................................................................................................... 147

Guilherme Ignácio Franco de Andrade ............................................................................................................. 97

Guilherme Lueska Costa ................................................................................................................................. 130

Gustavo Domingues Rodrigues ....................................................................................................................... 119

Gustavo Silveira Ribeiro .................................................................................................................................... 29

Helen da Silva Silveira ..................................................................................................................................... 111

Helen Scorsatto Ortiz ........................................................................................................................................ 80

Helenize Soares Serres ...................................................................................................................................... 81

Helmano de Andrade Ramos ............................................................................................................................ 38

Henrique de Aro Silva ....................................................................................................................................... 26

Henrique Hilgert Cordeiro ............................................................................................................................... 120

Heric Maciel de Carvalho ................................................................................................................................ 130

Hildebrando Maciel Alves ................................................................................................................................. 39

Ingrid Oyarzábal Schmitz .................................................................................................................................. 69

Ivia Minelli ......................................................................................................................................................... 27

Janaina Schaun Sbabo ....................................................................................................................................... 45

Janaína Vedoin Lopes ........................................................................................................................................ 59

Janete da Rocha Machado ................................................................................................................................ 23

Jaqueline da Silva de Oliveira ............................................................................................................................ 60

Jeaniny Silva dos Santos .................................................................................................................................. 139

Jefferson Teles Martins ..................................................................................................................................... 63

Jéssica Fernanda Arend................................................................................................................................... 114

Jéssica Melo Prestes ......................................................................................................................................... 75

Jéssica Oliveira de Souza ................................................................................................................................... 63

Jivago Furlan Machado ................................................................................................................................... 131

João Davi Oliveira Minuzzi ................................................................................................................................ 27

Jóice Anne Alves Carvalho ................................................................................................................................ 84

Jordana Wruck Timm ........................................................................................................................................ 35

Jorge Piaia Mendonça Júnior .......................................................................................................................... 122

José Oliveira da Silva Filho ................................................................................................................................ 54

Juliana Aparecida Camilo da Silva ..................................................................................................................... 64

Juliana Konflanz de Moura ...........................................................................................................................70, 71

Juliana Pacheco Borges da Silva ........................................................................................................................ 16

Jussemar Weiss Gonçalves.............................................................................................................................. 107

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Kamyla Stanieski Dias ...................................................................................................................................... 124

Kellen Bammann ............................................................................................................................................... 30

Kelvin Emmanuel Pereira da Silva ................................................................................................................... 136

Laís Luiza Kussler ............................................................................................................................................... 97

Laura Ferrazza de Lima ..................................................................................................................................... 12

Leandro Goya Fontella ...................................................................................................................................... 81

Leandro Rosa de Oliveira .................................................................................................................................. 65

Leonardo de Oliveira Conedera ...................................................................................................................... 103

Leonardo Rocha de Almeida ............................................................................................................................. 35

Letícia Rosa Marques ........................................................................................................................................ 65

Letícia Sabina Wermeier Krilow ...................................................................................................................... 121

Lidiane Elizabete Friderichs .............................................................................................................................. 98

Lisiana Lawson Terra da Silva .......................................................................................................................... 108

Lisiane Ribas Cruz .............................................................................................................................................. 92

Luana Rodrigues de Carvalho ........................................................................................................................... 50

Luciana da Costa de Oliveira ............................................................................................................................. 12

Luciano Nunes Viçosa de Souza ...................................................................................................................... 110

Luis Carlos dos Passos Martins ....................................................................................................................... 121

Luisa Kuhl Brasil ................................................................................................................................................ 54

Luiz Eduardo Garcia da Silva ............................................................................................................................. 87

Maico Biehl ..................................................................................................................................................... 140

Maicon José Alves ........................................................................................................................................... 128

Maikio Barreto Guimarães ................................................................................................................................ 46

Maíra Damasceno ........................................................................................................................................... 141

Marcelo Vianna ................................................................................................................................................. 87

Marco Antônio Correa Collares ........................................................................................................................ 46

Marcos Juvêncio de Moraes ............................................................................................................................. 98

Marcus A. S. Wittmann ................................................................................................................................70, 71

Maria Clara Lysakowski Hallal ........................................................................................................................... 55

Maria Cristina dos Santos ....................................................................................................................................... 6

Mariana Alliatti Joaquim ................................................................................................................................. 141

Mariana Couto Gonçalves ................................................................................................................................. 23

Mariana Milbradt Corrêa ................................................................................................................................ 124

Mariana Schossler ............................................................................................................................................. 40

Mariani Viegas Da Rocha .................................................................................................................................. 17

Marlete Golke ................................................................................................................................................... 40

Marluce Dias Fagundes ..................................................................................................................................... 17

Marta Rosa Borin .............................................................................................................................................. 50

Matheus Barros da Silva ................................................................................................................................. 108

Mauricio Hiroshi Filippin Oba ......................................................................................................................... 136

Maurício Pereira ............................................................................................................................................. 115

Mauro Marx Wesz ............................................................................................................................................. 51

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Michele de Oliveira Casali ................................................................................................................................. 28

Monia Franciele Wazlawoski da Silva ............................................................................................................... 88

Mônica Almeida Kornis ........................................................................................................................................... 6

Mônica Karawejczyk ......................................................................................................................................... 17

Mônica Renata Schmidt .................................................................................................................................... 93

Nadine Mello Pereira ...................................................................................................................................... 142

Natália de Noronha Santucci ............................................................................................................................ 41

Nicole Angélica Schneider ............................................................................................................................... 115

Odilon Caldeira Neto .............................................................................................................................................. 6

Odir Mauro da Cunha Fontoura ........................................................................................................................ 60

Pablo Rodrigues Dobke ..................................................................................................................................... 28

Paloma Falcão Amaya ..................................................................................................................................... 142

Patrícia Spceht Moreira .................................................................................................................................. 148

Paula Bianco ...................................................................................................................................................... 93

Paula Rafaela da Silva ....................................................................................................................................... 18

Paulo Diego de Oliveira Navossat ................................................................................................................... 124

Paulo Gilberto Mossmann Sobrinho ................................................................................................................. 99

Paulo Henrique Silva Vianna ........................................................................................................................... 125

Priscila Maria Weber ......................................................................................................................................... 76

Priscila Novelim ................................................................................................................................................. 85

Priscila Roatt de Oliveira ................................................................................................................................... 41

Priscilla Almaleh .............................................................................................................................................. 126

Rafael de Moura Pernas .................................................................................................................................. 131

Rafael Ganster ................................................................................................................................................... 89

Rafael Gorski Trindade .................................................................................................................................... 143

Rafael Lapuente ................................................................................................................................................ 99

Rafael Reigada Botton....................................................................................................................................... 42

Raphael Martins de Melo.................................................................................................................................. 47

Renan Santos Mattos ........................................................................................................................................ 51

Renata Baldin Maciel ........................................................................................................................................ 28

Renata Dariva Costa .......................................................................................................................................... 19

Reverson Nascimento Paula ............................................................................................................................. 30

Ricardo Barbosa da Silva ................................................................................................................................. 109

Ricardo Cortez Lopes ...................................................................................................................................... 100

Ricardo Ossagô de Carvalho ............................................................................................................................. 76

Rodrigo Dal Forno ............................................................................................................................................. 55

Rodrigo Luis dos Santos .................................................................................................................................. 103

Rodrigo Vieira Pinnow ...................................................................................................................................... 31

Rômulo de Jesus Farias Brito ............................................................................................................................ 29

Rosângela Cristina Ribeiro Ramos .................................................................................................................... 61

Sandra Kuester .................................................................................................................................................. 55

Saul Estevam Fernandes ................................................................................................................................. 107

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Simone Lopes Dieckel ....................................................................................................................................... 82

Stela Schenato ................................................................................................................................................ 145

Tairane Ribeiro da Silva ................................................................................................................................... 142

Taís Giacomini Tomazi .................................................................................................................................... 132

Tamires Xavier Soares ....................................................................................................................................... 94

Tassiana Maria Parcianello Saccol .................................................................................................................. 100

Tatiane de Lima ................................................................................................................................................. 20

Teane Mundstock Jahnke ................................................................................................................................. 77

Thaís Franco ...................................................................................................................................................... 61

Thiago Alves Torres ........................................................................................................................................... 66

Thiago Cedrez da Silva ...................................................................................................................................... 94

Thiago Soares Arcanjo..................................................................................................................................... 137

Thirzá Amaral Berquó ..................................................................................................................................... 126

Thuanny de Azevedo Bedinote ......................................................................................................................... 47

Tiago Arcanjo Orben ......................................................................................................................................... 56

Tiago Luís Gil ........................................................................................................................................................ 6

Vanderley de Paula Rocha ................................................................................................................................ 21

Vanessa Alves Felix ........................................................................................................................................... 77

Vanessi Reis ....................................................................................................................................................... 24

Waldemar Dalenogare Neto ............................................................................................................................. 32

Wanessa Tag Wendt ......................................................................................................................................... 36

Williams Andrade de Souza .............................................................................................................................. 25

Yuri Rosa de Carvalho ....................................................................................................................................... 91

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Anotações

Informações

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Anotações

Informações

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