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III FÓRUM BRASIL DE ÁREAS DEGRADADAS ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS ISSN 2446-5879 Editores Igor Rodrigues de Assis Geicimara Guimarães 14 a 15 de junho de 2016. Viçosa – MG – Brasil

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III FÓRUM BRASIL DE ÁREAS DEGRADADAS

ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS

ISSN 2446-5879

Editores

Igor Rodrigues de Assis

Geicimara Guimarães

14 a 15 de junho de 2016.

Viçosa – MG – Brasil

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© 2016 by Igor Rodrigues de Assis, Geicimara Guimarães

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem

a autorização escrita e prévia dos detentores do Copyright.

Impresso no Brasil

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da

Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa

S612a

2012

Fórum Brasil de Áreas Degradadas

(2 : 2016 : Viçosa, MG).

Anais de resumos expandidos [recurso eletrônico] / III Fórum Brasil de

Áreas Degradadas, 14 a 15 de junho de 2016, Viçosa, MG;

Editor Igor Rodrigues de Assis – Viçosa, MG

: O Editor, 2016.

1 CD-ROM (140p.) : il. ; 4 ¾ pol.

Tema do congresso: Áreas, degradadas e recurso do solo.

ISSN 2446-5879

1. Conservação – Congressos. 2. Ecologia agrícola – Congressos.

3. Solos – Congressos. I. ASSIS, Igor Rodrigues, 1980-.

II. Título. III. Título: III Fórum Brasil de Áreas Degradadas

CDD 22.ed. 630.6

Contato:

Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável -

CBCN

Rua Christovam Lopes de Carvalho, Nº 27, Sala 801 · Centro · Viçosa · Minas Gerais

Telefone: +55 (31)3892-4960

E-mail: [email protected]

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III FÓRUM BRASIL DE ÁREAS DEGRADADAS

ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS

ISSN 2446-5879

Editor

Igor Rodrigues de Assis

14 a 15 de junho de 2016.

Viçosa – MG – Brasil

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Prefácio

O III Fórum Brasileiro de Áreas Degradadas será realizado nos dias 13, 14 e 15

de junho de 2016, na Universidade Federal de Viçosa - Auditório da Biblioteca Central

- Viçosa - MG.

Com intuito de promover conhecimentos e experiência desenvolvidos na

recuperação e degradação ambiental nos diversos biomas brasileiros, o evento pretende-

se contribuir com a difícil tarefa de restauração desses biomas.

Buscar soluções práticas e casos de sucesso na restauração de áreas degradadas,

bem como promover discussões que permitam avançar no desenvolvimento de modelos

úteis para as atividades impactantes de mineração, urbanização, construção de estradas,

barragens e atividades agropecuárias, florestais e industriais.

Discutir ações, que possam melhorar a qualidade ambiental e, consequentemente

a qualidade de vida dos cidadãos, além de produzir informações científicas que

subsidiarão ações dos setores florestais relacionados à restauração ecológica, à

conservação da biodiversidade, e uso racional dos recursos hídricos.

Objetivos

- Promover um fórum de discussão sobre os atuais problemas relacionados à

restauração ecológica, áreas de preservação ambiental, reserva legal e áreas degradadas.

- Discutir a metodologia e o desenvolvimento de modelos e ferramentas

adequadas para restauração de áreas degradadas, considerando as diversas situações e

biomas ocorrentes no Brasil;

- Promover a difusão entre pesquisadores, poder público e o terceiro setor, a fim

de minimizar os problemas e apontar novas soluções;

- Desafios futuros da restauração ecológica frente às mudanças globais;

- Planejamento e políticas públicas para recuperação de áreas degradadas;

- Conhecer alguns mecanismos para contrabalancear os Impactos sofridos pelo

meio ambiente e criar técnicas para restauração dos biomas brasileiros;

- Aumentar a conscientização sobre a importância do solo para a segurança

alimentar e sobre suas funções essenciais para o funcionamento dos ecossistemas.

Os organizadores do evento

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A DEGRADAÇÃO DO CERRADO E A CONVERSÃO EM ÁREA URBANA

NOS CONJUNTOS HABITACIONAIS NOVA ITUIUTABA I E NOVA

ITUIUTABA III, EM ITUIUTABA, MINAS GERAIS1

Marcilene Gonçalves Teodoro 2

, Daniel Severino Oliveira 3

1 Resultado parcial da pesquisa para obtenção do título de Mestre em Geografia.

2Mestranda do Programa de Pós Graduação em Geografia – PPGEP/FACIP/UFU.

3Aluno Especial Disciplina Produção do Espaço Urbano. PPGEP/FACIP/UFU.

RESUMO: As transformações sócio-ambientais, instigaram investigadores e cientistas

a buscarem nos últimos anos mais explicações e soluções para compreender os

problemas ambientais, que afetaram o equilíbrio natural, e causaram impactos na

sociedade. Com o objetivo de contribuir para esse debate, foram realizadas pesquisas de

campo e de base teórica, nas quais analisaram-se as condições atuais da expansão

urbana sobre os territórios do cerrado na cidade de Ituiutaba - MG, concentrando-se

principalmente sobre os impactos causados pela modificação da natureza e da

degradação do bioma quando ocupado por empreendimentos de moradia em massa, os

chamados conjuntos habitacionais. O principal objetivo da pesquisa foi caracterizar e

identificar as principais ações fomentadas pela ocupação humana nos conjuntos Nova

Ituiutaba I e III do município de Ituiutaba-MG, durante e após suas implantações. Como

metodologia foram utilizadas pesquisas historicas e de literatura da ocupação dos novos

espaços criados pela expansão do perímetro urbano de Ituiutaba; e trabalho de campo

que avaliou os mais significativos impactos do processo de ocupação dos territórios do

cerrado nos conjuntos habitacionais Nova Ituiutaba I e III, em Ituiutaba, Minas Gerais.

Palavras-chave: cerrado, degradação, expansão territorial e impactos ambientais

A DETERIORATION OF CLOSED AND CONVERSION IN URBAN AREA IN

NEW HOUSING KITS ITUIUTABA I AND NEW ITUIUTABA III, IN

ITUIUTABA, MINAS GERAIS

ABSTRACT: The socio-environmental changes, prompted researchers and scientists to

pursue in recent years more explanations and solutions to understand the environmental

problems that affected both the natural balance, and caused impacts on society. In order

to contribute to this debate were conducted field research and theoretical basis, in which

analyzed the current conditions of urban expansion in the cerrado areas in the city of

Ituiutaba - MG, focusing primarily on the impacts by modifying the nature and biome

degradation when occupied by housing developments in mass, the so-called housing.

The main objective of the research was to characterize and identify key actions

promoted by human occupation in the joint New Ituiutaba I and III of the municipality

of Ituiutaba-MG, during and after their deployments. The methodology were

implemented historicas research and occupation of the literature of the new spaces

created by the expansion of the urban perimeter Ituiutaba; and field work aimed to

evaluate the most significant impacts of the occupation process of cerrado areas in

housing estates New Ituiutaba I and III, in Ituiutaba, Minas Gerais.

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KEYWORDS: cerrado, degradation, territorial expansion and environmental impacts

Introdução

O avanço sobre os terrritórios naturais tem sido visto com frequência e

preocupação para os ecossistemas florestais do Brasil, em especial quando analisadas as

áreas de Cerrado. Nesse bioma os impactos ambientais exercem demasiada pressão

favorecendo o surgimento e o agravamento de riscos ambientais nas áreas urbanas, a

exemplo das significativas e sensíveis elevações na temperatura, do comprometimento

das fontes de água e da erosão entre outros.

O objetivo principal do trabalho foi identificar a ocupação do Cerrado e

caracterizar os principais impactos ambientais oriundos da aceleração dos processos de

ocupação nos loteamentos Nova Ituiutaba I, II do município de Ituiutaba-MG.

Foi pensando nestas problemáticas que escolheu-se como área de estudo o

setor sul da cidade de Ituiutaba/MG, com o intuito de observar alguns desses impactos

já mencionados, que estão relacionados à forma inadequada de apropriação e ocupação

do cerrado.

Para alcançar os objetivos propostos foram adotados como procedimentos

trabalhos de pesquisa que envolvem levantamento histórico e bibliográfico da ocupação

de Ituiutaba, junto a órgãos públicos como Prefeitura Municipal, biblioteca da

Universidade Federal de Uberlândia e biblioteca Municipal de Ituiutaba, além de

trabalhos de campo na área estudada para identificar os principais impactos e avaliar se

o processo de ocupação de áreas do cerrado ocorreram de forma a compatibilizar a

oferta de habitação com a adequada preservação ambiental.

Material e Método

Como aporte metodológico adotou-se, para essa pesquisa, a proposição de

Passarge (1912), que enfatiza em seus trabalhos, os elementos individuais que compõem

a paisagem, ou seja, o clima, a água, a terra, as plantas e os fenômenos culturais,

procurando entender como eles se agrupam, originando unidades hierárquicas

(CASSETI, 1991).

Dentro dessa área foi realizada aplicação de questionário e levantamento da

quantidade de moradores, bem como a análise dos parâmetros ocupação-degradação,

que representa a area em estudo. Foi analisado também o grau de ocupação, ou seja, a

intensidade da ocupação para o estabelecimento da co-relação entre esta e os impactos

advindos.

Uma vez definida a área, efetuou-se anotações segundo Troll, sendo definida

“uma combinação dinâmica dos elementos físicos e humanos, conferindo ao território

uma fisionomia própria, caracterizando-o pela habitual repetição de determinados traços”

(CASSETI, 1981, p. 15).

Elaborou-se também, uma análise técnico-empírica da área para caracterização

dos processos atuantes nos residenciais, além da condição natural da área em questão

em face às atuações antrópicas (processos erosivos, etc.).

Resultados da Pesquisa

De acordo com a análise da área estudada, os loteamentos habitacionais Nova

Ituiutaba I e III foram implantados, verificou-se uma intensificação dos processos

naturais de degradação ambiental, ou seja, devido a declividade do terreno, o que

contribuiu para o aumento do escoamento superficial e redução da infiltração e a

percolação no solo, podendo levar a um rebaixamento do nível freático que abastece as

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nascentes dos córregos encontrados na área urbana e adjacencias, além de acelerar os

processos erosivos contribuindo para degradação da area.

Os estudos prévios para a instalação dos conjuntos habitacionais são de

suma importância para a compreensão do comportamento ambiental da cidade. Através

desses estudos é possivel obter dados quantitativos, entrevistadas 678 famílias, das 991

unidades residenciais; e qualitativos, solo mais vulnerável às feições erosivas.

Até a efetiva entrega das moradias a área em questão era coberta por

vegetação natural do bioma cerrado que foi derrubada para ceder lugar à massa

de concreto.

As pesquisas no residencial Nova Ituiutaba III, apontaram que as 350

(trezentos e cinquenta) famílias que foram mapeadas somam uma população de 1153

(hum mil cento e cinquenta e três) pessoas, considerando uma média de 3,29 (três, vinte

e nove) membros por residência.

No residencial Nova Ituiutaba I, 328 (trezentos e vinte e oito) famílias foram

mapeadas com uma população de 984 (novecentos e oitenta e quatro) pessoas,

considerando a mesma média de membros por residência, o que demonstra as

dimensões do impacto da ação antrópica sobre os território de cerrado já degradados

pela implantação dos residenciais

A obra foi estruturada e aprovada pela prefeitura municipal em construção do

programa “Minha Casa Minha Vida”, para conceber à população pobre o sonho de

possuir sua casa própria, sem que tenha sido submetida a processo de Licenciamento

Ambiental, uma vez que as empresas dividiram os empreendimentos por lotes, a

exemplo, Nova Ituiutaba I e Nova Ituiutaba III, em áreas inferiors a 250.000 metros

fugindo da exigência do Licenciamento junto à Superintendência Regional de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais, para os

empreendimentos imobiliários acima das dimensões citadas.

Conclusão

Nos bairros Nova Ituiutaba I e II foram observados fatores que contribuíram

para a ocorrência dos processos erosivos e intensificaram os danos ao meio ambiente, a

exemplo da impermeabilização do solo e da falta de estrutura para o escoamento da

água da chuva, sendo o fator principal a intensa ocupação das famílias destinadas a

residir nos loteamentos habitacionais em estudo.

Como contribuição acadêmica sugere-se ao Poder Público que nas áreas em

comento seja elaborado e apresentado um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

(PRAD) contemplando ações de monitoramento de processos erosivos, assoreamento e

qualidade da água, além de projeto de educação ambiental para ser desenvolvido com a

população residente que efetivamente conscientize a comunidade de ações

preservacionistas e preventivas da degradação do bioma cerrado. Em tempo, à

administração pública cumpre apresentar alternativas tecnológicas para a redução de

deflúvio superficial direto, como processos de infiltração e/ou armazenamento de águas

pluviais.

Para os próximos empreendimentos, que sejam apresentadas e que se façam

cumprir medidas mitigadoras e compensatórias vinculadas à area sobre a qual se

realizou o empreendimento e a qual sofreu o impacto ambiental, que inclua a

revitalização e o replantio com espécies nativas do cerrado a fim de assegurar, ainda

que precariamente, a preservação da fauna e flora do bioma.

Literatura citada

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global. Caderno de Ciências da Terra.

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São Paulo. (13): 1 – 27, 1968.

CASSETI, V. Estrutura e gênese da compartimentação da paisagem de Serra

Negra-MG. Goiânia: ed. UFG, 1981.

CASSETI, V. Ambiente e apropriação do relevo. São Paulo: contexto, 1991.

CORRÊA, R. L. O espaço urbano. 4ª edição, 2ª reimpressão. São Paulo: Editora Ática,

2000.

GUERRA, A.T.G. & GUERRA, A. J. T. Novo Dicionário Geológico-Geomorfológico

– 6 ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

IBGE: Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php

?codmun=313420#>. Acessado em 14 de abril de 2016.

PASSOS, M. M. Biogeografia e Paisagem. Ed. 2. Maringá: (s.n.), 2003.

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A legitimidade da atuação do CONAMA: a Resolução no 303 e as Áreas de

Preservação Permanente1

Kelly de Oliveira Barros2, Carlos Antonio Alvares Soares Ribeiro

3, Renata Rodrigues

de Castro Rocha4, Elias Silva

3

1Parte da tese de doutorado da primeira autora, financiada pelo CNPq e FAPEMIG.

2Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal – Universidade Federal de Viçosa.

3Professores do Departamento de Engenharia Florestal – Universidade Federal de Viçosa.

4Professora do Departamento de Direito – Universidade Federal do Tocantins.

Resumo: O Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, por meio de normas,

critérios e padrões, visa à proteção e ao uso sustentável dos recursos ambientais. Este

órgão, por várias vezes, é alvo de questionamentos quanto às suas competências

normativas assim como quanto ao caráter constitucional de suas Resoluções. Por meio

de uma revisão bibliográfica e embasamento legal, objetivou-se esclarecer as polêmicas

envolvidas quanto às atribuições deste órgão, especialmente no que se refere às APPs da

bacia de contribuição da nascente e de linha de cumeada, definidas pela Resolução

CONAMA no 303. Mesmo que não mencionada explicitamente no Código Florestal

revogado (Lei Federal no 4.771/1965), a proteção destas duas categorias de preservação

está na essência do conceito de APP da referida Lei, que constituem áreas

ecologicamente estratégicas de uma bacia hidrográfica. Assim, é legítima a atuação do

CONAMA por meio de suas Resoluções, não se configurando como inovações ilícitas

da Resolução no 303 as categorias de APP em questão. A garantia a um meio ambiente

ecologicamente equilibrado foi prejudicada de maneira significativa com a revogação

do Código Florestal.

Palavras–chave: áreas protegidas, Código Florestal, Constituição Federal,

regulamentação

The legitimacy of the CONAMA operations: Resolution no 303 and the Permanent

Preservation Areas1

Abstract: The National Environmental Council - CONAMA, through acts, criteria and

standards, aims at the protection and sustainable use of the environment. This institute,

repeatedly, is open to question as to their legislative powers as well as the constitutional

character of its acts. Based on a thorough literature review and on legal foundation, the

present study aimed to clarify the controversy regarding the duties of this institute,

especially those related to the Permanent Preservation Areas of springs watersheds and

along ridgelines, set by CONAMA’s Act no 303. Although not explicitly mentioned in

the repealed Forest Code (Federal Law no 4.771/1965), the protection of these two

categories of preservation areas is the essence of the concept of PPA legislation, being

environmentally sensitive regions. Thus, the performance of CONAMA through its acts

can not be taken as illicit innovations of Resolution no 303. The guarantee to an

ecologically balanced environment has been significantly impaired since the former

Forest Code was revoked.

Keywords: Federal Constitution, Forest Code, protected areas, regulation

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Introdução

O Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA é um órgão consultivo e

deliberativo do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, criado pela Lei

Federal no 6.938 de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio

Ambiente. A atuação deste órgão foi regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de

junho de 1990 e alterado pelo Decreto no 3.942, de 27 de setembro de 2001, que define

a sua composição e funcionamento. Representantes da União, Estados e Municípios,

assim como de entidades ambientalistas, profissionais, científicas, empresariais e de

populações tradicionais compõem o CONAMA, diversificação que garante definições

coerentes e legítimas diante dos múltiplos anseios da sociedade. A obediência ao

CONAMA, em primeira instância, se deve à Constituição Federal; em seguida, da

legislação que emana do Poder Legislativo e, finalmente, dos princípios do Direito

Ambiental. Assim sendo, a atuação do CONAMA dá-se em total consonância com as

designações constitucionais, tornando mais claro e exequível o que a lei estabelece

(VILLARES, 2008; BORGES et al., 2009; MATTOS e SOUZA, 2009).

Tendo em vista o controle e a manutenção da qualidade do meio ambiente,

entre as competências do CONAMA citam-se o estabelecimento de normas, critérios e

padrões que visam à proteção e ao uso sustentável dos recursos ambientais, sobretudo

dos recursos hídricos (Lei 6.938/1981, art. 8º, inciso VII). Algumas Resoluções do

CONAMA voltaram-se especificamente às questões das Áreas de Preservação

Permanente – APPs, complementares à Lei Federal no 4.771, de 15 de setembro de 1965,

o Código Florestal revogado. Alguns questionamentos ainda são recorrentes quanto aos

limites das competências normativas do CONAMA e até no que se refere ao caráter

constitucional das suas resoluções, em especial no que toca tais áreas protegidas. Diante

disto, buscou-se, neste trabalho, esclarecer as polêmicas envolvidas quanto às

atribuições do CONAMA, particularmente no que se refere às APPs 1) da bacia de

contribuição da nascente e 2) de linha de cumeada, definidas pela Resolução CONAMA

no 303.

Material e Métodos Realizou-se uma pesquisa bibliográfica em periódicos nacionais, dissertação e na

internet. Foi considerado, também, um embasamento legal sobre o tema.

Resultados e Discussão

O CONAMA atua, ininterruptamente, há mais de três décadas, tendo mais de

350 resoluções publicadas desde 1984. Tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o

Superior Tribunal de Justiça, órgãos máximos do Poder Judiciário, reconhecem a

legitimidade do exercício deste órgão, atestada em inúmeros julgamentos (VILLARES,

2008). Mesmo que a atuação do CONAMA interfira na questão do direito de

propriedade, no que toca a proteção ambiental, as suas resoluções consideram o

princípio jurídico da legalidade – que atesta obediência apenas às determinações

contidas em lei, fazendo assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado e, no que se refere à propriedade, a sua função social (FONTES e

SEGATTO, 2008; VILLARES, 2008; MATTOS e SOUZA, 2009). As competências do

CONAMA são de natureza intrinsecamente regulamentar, não sendo atribuição deste

órgão exercer funções legislativas. As resoluções do CONAMA são atos

administrativos infralegais, com função apenas complementar, ou seja, este órgão não

pode ir contra ou exceder as determinações de dispositivos legais (NIEBUHR, 2005;

FONTES e SEGATTO, 2008; MATTOS e SOUZA, 2009; AZEVEDO, 2013).

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Algumas resoluções do CONAMA regulamentavam o Código revogado e, em

linhas gerais, esclareciam, de maneira inequívoca, detalhes direta ou indiretamente

associados às APPs. Entre elas, a Resolução nº 303, de 20 de março de 2002, que

regulamentou o art. 2º da Lei 4.771, estabelecendo os parâmetros, as definições e os

limites das seguintes categorias de APPs: ripárias, nascentes, topos de morros e

montanhas, linhas de cumeada e encostas, todas elas atreladas a elementos definidores

de uma bacia hidrográfica; a Resolução nº 369, datada de 28 de março de 2006, que

regulamentava a intervenção ou a supressão da vegetação em APPs, em casos

excepcionais de: utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, sempre

precedida da autorização devida do órgão ambiental competente; e a Resolução nº 429,

de 28 de fevereiro de 2011, que dispunha sobre a metodologia da recuperação de APPs,

garantindo o uso apenas de espécies nativas para tal.

Definidas pela Resolução no

303, as APPs de linha de cumeada e da bacia de

contribuição da nascente são exemplos clássicos de críticas quanto à legalidade das

determinações do CONAMA, sendo consideradas, inclusive, uma inovação ilegítima

deste órgão. Mesmo que estas duas categorias não tenham sido explicitadas

originalmente na redação da Lei 4.771, a proteção de ambas está subentendida no

próprio conceito de APP deste dispositivo legal (art. 1º, § 2º, inciso II) (BORGES et al.,

2009). A preservação da vegetação nativa, especialmente quando esta ocorre em áreas

específicas da bacia hidrográfica, contribui significativamente para a proteção dos

recursos hídricos, que, como já mencionado, corresponde a uma das competências do

CONAMA. Assim, tanto a faixa de vegetação ao longo da linha de cumeada quanto

aquela associada à bacia de contribuição de uma nascente se constituem em áreas

ecologicamente estratégicas de uma bacia hidrográfica. A ausência destas duas

categorias de APPs, disparate cometido com a aprovação da Lei Federal no 12.651,

impossibilita o equilíbrio ecológico do meio ambiente conforme preconizado no

conceito original de APPs, divergindo evidentemente da Constituição Federal (SILVA

et al., 2012; CARMO et al., 2014; CASTRO, 2014), importando em verdadeiro

retrocesso.

Conclusões O CONAMA, por meio de suas Resoluções, age com total legitimidade.

As APPs da bacia de contribuição da nascente e de linha de cumeada já estavam

previstas na Lei 4.771, não se configurando como inovações ilícitas da Resolução no

303.

Os parâmetros estabelecidos pela Lei 12.651 comprometem, de maneira

significativa, a garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, posto que

diminuem o nível de proteção abrigado pelo vetusto Código Florestal, significando

verdadeiro retrocesso.

Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq e à FAPEMIG pelo apoio financeiro concedido.

Literatura citada AZEVEDO, R. E. S. O novo Código Florestal e a flexibilização das intervenções

excepcionais em Áreas de Preservação Permanente. Revista Direito Ambiental e

sociedade, v. 3, n. 1, p. 43-64, 2013.

BORGES, L. A. C.; REZENDE, J. L. P.; COELHO JÚNIOR, L. M. Aspectos Técnicos

e Legais que Fundamentam o Estabelecimento das APP nas Zonas Costeiras –

Restingas, Dunas e Manguezais. Revista de Gestão Costeira Integrada, v. 9, n. 1, p.

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39-56, 2009. In: http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-155_Borges.pdf. (acessado em 27 de

Janeiro de 2016.

CARMO, L. G.; FELIPPE, M. F.; MAGALHÃES JUNIOR, A. P. Áreas de

Preservação Permanente no entorno de nascentes: conflitos, lacunas e alternativas da

legislação ambiental brasileira. Boletim Goiano de Geografia, v. 32, n. 2, p. 275-293,

2014.

CASTRO, N. L. M. Delimitação automatizada das Áreas de Preservação Permanente ao

longo das linhas de cumeada. 2014. 76 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) -

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2014.

FONTES, V. C. G.; SEGATTO, A. C. Legiferação do Poder Executivo: as Resoluções

do CONAMA. Revista Jurídica da UniFil, n. 5, p. 25-37, 2008.

MATTOS, B. R. G. A.; SOUZA, J. M. Da constitucionalidade formal e material das

resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Âmbito Jurídico, v. XII, n. 70,

2009. In: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leit

ura&artigo_id=6813. (acessado em 27 de Janeiro de 2016).

NIEBUHR, J. M. As restingas como áreas de preservação permanente. Âmbito

Jurídico, v. VIII, n. 23, nov., 2005. In: http://www.ambito-juridico.com.br/site/

index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=261. (acessado em 28 de Janeiro

de 2016).

SILVA, F.; FOLETO, E. M.; ROBAINA, L. E. S. Áreas de Preservação Permanente e

Áreas de Risco Ambiental: quando as duas terminologias se concentram na mesma

tragédia. O caso do morro do Baú em Santa Catarina e da região Serrana do Estado do

Rio de Janeiro. Revista Geonorte, v.1, n.4, p.459 – 473, 2012.

VILLARES, L. F. O poder normativo do CONAMA. Rev. Jurídica, v. 10, n. 90, p.01-

11, 2008.

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Análise de indicador biológico do solo – alteração do Carbono da Biomassa (BMS)

na recuperação de solos após o plantio de Leguminosas1

Maria Cecília Alves de Vasconcelos-Carneiro2, Roberto Toledo de Magalhães

3,

Adesvaldo José e Silva Junior4,

Bruna Aparecida Nascimento Ferraz5

1Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor (PUC-GO), financiada pela FAPEG.

2Professora das Faculdades Alves Faria - ALFA.

3Professor- Orientador do Departamento de Zootecnia da PUC-GO.

4Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da UFG

5Estudante de graduação em Zootecnia.

Resumo: Dentre os parâmetros utilizados pela comunidade científica, o que apresenta

maior sensibilidade na caracterização dos componentes biológicos do solo é a avaliação

de biomassa microbiana (BMS). Com o objetivo de avaliar o potencial das leguminosas

Calopogônio, Estilosantes e feijão Guandu na recuperação dos solos degradados e na

melhoria da biomassa microbiana, foi realizado o plantio das leguminosas e posterior

análise da biomassa microbiana em dezesseis canteiros distribuídos em um quadrado

latino. A biomassa microbiana foi analisada conforme os princípios de Vance et. (1987).

Não foram encontradas diferenças significativas em relação ao pousio, porém fatores

como a baixa pluviosidade, época de plantio e produção de massa seca influenciaram o

desenvolvimento da BMS. As leguminosas estudadas que apresentaram maior produção

de BMS foram o Estilosantes e o Calopogônio, evidenciando uma tendência de aumento

em relação ao pousio. Mesmo com fatores de estresse, a biomassa microbiana nos

canteiros com as leguminosas evidenciou um potencial de aumento, podendo ser

considerado um parâmetro que antecede alterações no agrosistema.

Palavras–chave: calopogonio, degradação do solo, estilosantes, feijão guandu

Analysis of biological soil indicator - change Carbon Biomass (SMB) in the

recovery of soil after planting of legumes1

Abstract: Among the parameters used by the scientific community, the soil biomass

evaluation is the most precise one in terms of presenting the biological components of

the soil. Intending to evaluate the potential of the legumes Campo Grande Stylo, calopo

(Calopogonium mucunoides) and pigeon pea regarding the recovery of damaged soil,

sixteen plats of these legumes were planted in latin square form for later microbial

biomass analysis. The microbial biomass was analyzed according to the Vance et. (1987)

principles. No significant differences were found compared to the fallow, although

circumstances like the lack of precipitation, the time of the year and the production of

dry matter affected the microbial biomass development. The studied legumes that

presented the largest microbial biomass production were the Campo Grande Stylo and

the calopo (Calopogonium mucunoides), showing a trend of improvement compared to

the fallow. Despite the stress factors, the microbial biomass showed a trend of

improvement on the plats where the legumes were seeded, and it can be considered a

prior parameter of agrisystem changes.

Keywords: calopo, pigeonpea, soil degradationct, stilo

Introdução As rotações de cultura e os estudos voltados para a qualidade da microbiota do

solo estão cada vez mais difundidos na prática agrícola. De modo geral, a sobrevivência

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e a capacidade produtiva das plantas dependem basicamente de sua interação com os

ecossistemas adversos, devido suas características intrínsecas ou por alterações

antropogênicas. Hermle et al.(2008) afirmam que estudos estão cada vez mais voltados

para práticas de manejo que agridam menos o solo, de modo que possa ser possível

manipular solos de preparos conservacionistas e práticas culturais, e, assim, manter a

concentração adequada de matéria orgânica e mitigar perda de carbono do solo para a

atmosfera, o que aumenta a quantidade de carbono retida no solo e a atividade

microbiana. A biomassa microbiana é a parte viva e mais ativa da matéria orgânica do

solo e é constituída principalmente por fungos, bactéria e actinomicetos. Devido à

importância dos parâmetros biológicos na avaliação da qualidade dos solos este trabalho

objetivou avaliar as alterações ocorridas na biomassa microbiana com a introdução das

leguminosas estilosantes, feijão guandu e calopogônio em solos degradados por pastejo

animal.

Material e Métodos O experimento foi conduzido em uma área experimental do Departamento de

Zootecnia do Campus II da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, no município de

Goiânia, GO, em altitude de 783 metros; 16º 44’ 34” de latitude Sul e 49º 12’ 46” de

longitude Oeste de Greenwich. Foram utilizados aproximadamente 400 m2 para o

plantio e manejo das leguminosas. Antes do início do experimento a área foi utilizada

para pastejo animal, durante aproximadamente 20 anos, sendo que a mesma estava em

pousio a 4 anos. Foram preparados 16 canteiros com 4 m de comprimento, 5 m de

largura e espaçamento de 0,5m entre canteiros. Depois da confecção dos canteiros as

leguminosas foram plantadas formando um quadrado latino, sendo as leguminosas do

estudo: Estilosantes, Feijão Guandú e Calopogônio. O plantio foi realizado em

triplicatas e os demais canteiros de cada linha do quadrado latino foram destinados para

o pousio. Uma camada de aproximadamente 05 cm foi removida, juntamente com as

raízes e a vegetação de cobertura para evitar a influência destas nas análises. Decorridos

60 dias do plantio, foi realizado o corte de uniformização, quando a altura das plantas

estava em aproximadamente 0,4m de altura. Devido às diferentes épocas de

florescimento e à diversidade de espécies, a coleta do solo foi realizada após 30 dias do

corte de uniformização. Para as análises do Carbono Orgânico e da Biomassa

microbiana foram coletadas amostras do solo, com auxílio de um trado holandês, à uma

profundidade de 0 -10cm. O tempo entre o plantio e a coleta das amostras do solo foram

de aproximadamente 8 meses. A Biomassa microbiana do solo foi analisada segundo o

princípio de Vance et al., (1987) e a estimativa da biomassa, representada pelo carbono

microbiano, seguiu a relação utilizada por Gama-Rodrigues (1992) Os resultados foram

submetidos à análise de variância para a verificação do efeito dos tratamentos sobre as

variáveis estudadas. Nos casos em que houver diferenças significativas entre os

tratamentos, ao teste F(p>0,05), as médias foram comparadas pelo teste Tukey.

Resultados e Discussão

A variação da biomassa microbiana apresentou diferenças significativas pelo teste

Tukey a 5%, entre as leguminosas. Analisando as leguminosas plantadas, a que

apresentou maior tendência de aumento da Biomassa Microbiana foi o Calopogônio

(Figura 1). A produção de massa seca (massa vegetal) pode ter influenciado o

desenvolvimento da BMS das leguminosas. Porém conforme apresentado na Figura 1,

não houve diferenças significativas entre as espécies de leguminosas e o pousio. Isso

pode ocorrer porque as gramíneas que existentes nos canteiros do pousio a

aproximadamente 4 anos, possuem raízes espessas e a quantidade de massa seca,

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influencia diretamente na disponibilidade de nutrientes e biota do solo, devido a

proporção da quantidade entre as raízes e o solo rizosférico. Em seus estudos Souza et.

al (2010) observaram que as raízes das gramíneas aumentavam a quantidade de Carbono

orgânico e as suas raízes promoviam também um aumento na proporção do solo

rizosféricos, atraindo microrganismos colonizadores. Como neste experimento o pousio

estava a 4 anos sem interferência antrópica, o aporte de material orgânico na superfície

do solo via resíduos da vegetação espontânea, implicou em desenvolvimento

homogêneo da microbiota do solo avaliada pela metodologia empregada, os resultados

encontrados concordam com os obtidos por Jia et al. (2005) em estudos sobre sistemas

de manejo com pousio.

Figura 1 - Média dos valores de biomassa Microbiana expressas em μg C/ g de solo

seco.

A retirada de 5 cm de solo e a vegetação de cobertura para a confecção dos

canteiros acabou reduzindo a quantidade de solos rizosféricos já existente com

desenvolvimento da vegetação espontânea de gramíneas, porém as leguminosas

Estilosantes e Calopogônio foram capazes de evidenciar um potencial de produção de

biomassa microbiana maior que a do pousio em um curto espaço de tempo, ainda que

não tenha havido diferenças significativas as mesmas mostram uma tendência de

aumento em relação ao pousio, mesmo com o estresse ambiental.

Conclusões Não houve diferenças significativas no aumento da biomassa microbiana do

pousio em relação às leguminosas plantadas, mas pode-se perceber a tendência de

aumento da biomassa microbiana nos canteiros com Estilosantes e Calopogônio,

evidenciando o potencial dessas leguminosas na recuperação de solos. O pousio devido

ao tempo já implantado possui uma proporção maior de solo rizosférico, porém ainda

que com pouco tempo de plantio as leguminosas citadas foram capazes de evidenciar

um aumento na produção de BMC em um curto espaço de tempo de cultivo, ao ponto de

não haver diferenças significativas em relação ao pousio, podendo ser considerada um

parâmetro que precede alterações no agrossistema, indicando uma melhora na qualidade

do solo.

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Literatura citada

GAMA-RODRIGUES, E. F. Biomassa-C microbiana de solos de Itaguaí: comparação

de métodos de fumigação-incubação e fumigação-extração. Dissertação (Mestrado)

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí. 1992. 108 p.

HERMLE, S., ANKEN, T., LEIFELD, J., WEISSKOPF, P. The effect of the tillage

system on soil organic carbon content under moist, cold-temperate conditions. Soil and

Tillage Research, v. 98, n. 01, p. 94-105, 2008.

JIA, G.M.; J. CAO, J.; WANG, G. Influence of land management on soil nutrients and

microbial biomass in the central loess plateau, northwest China. Land Degradation &

Development, v.16, n.5, p. 455–462, 2005

SOUZA, E.D.; COSTA, S.E.V.G.A.; ANGHINONI, I.; LIMA, C.V.S.; CARVALHO,

P.C.F. & MARTINS, A.P. Biomasa microbiana do solo em sistema de integração

lavoura-pecuária em plantio direto, submetido a intensidades de pastejo. Revista

Brasileira de Ciência do Solo, 34:79-88, 2010.

VANCE, E. D.; BROOKES, P. C.; JENKINSON, D. S. An extraction method for

measuring soil microbial biomass C. Soil Biology and Biochemistry, v. 19, n. 06, p.

703-707, 1987.

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APRENDENDO OS CONCEITOS BOTÂNICOS EM UM MANGUEZAL DE

MAGE NA BAIXADA FLUMINENSE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Marco Antônio da Silva Vieira¹, João Rodrigues Miguel.²

¹Mestrando do Programa de Pós Graduação da Unigranrio Ensino das Ciências.

² Professor Doutor do Programa de Pós Graduação da Unigranrio Ensino das Ciências.

Resumo: Este trabalho mostra a importância de ser buscar estratégias para a

compreensão dos conceitos relacionados à botânica foi utilizado como ferramenta

auxiliar uma chave de identificação das espécies botânica do ecossistema manguezal

localizada numa UC. Os discentes participaram de uma trilha, na qual o docente

realizou algumas explicações referentes às dinâmicas das vegetações existentes. Para

que pudesse evidenciar se essa pratica gera no educando atitudes ecologicamente

corretas e aquisição sobre os conhecimentos botânicos, foi aplicado um questionário e

os discentes tiveram uma palestra com o guia do parque antes da realização da trilha. A

análise dos dados mostrou que houve sensibilização efetiva em relação às questões

ecológicas e os conhecimentos na área de botânica foram ampliado. Desta forma,

conclui-se que é um passo importante para a formação dos alunos inserirem atividades

em espaços não formais.

Palavras- chave: Botânica, Sensibilização, Espaços não Formais

Abstract: This work shows the importance of being seek strategies to understand the

concepts related to botany was used as an auxiliary tool an identification key of the

botanical species of mangrove ecosystem located in UC . The students participated in a

track, in which the teacher made some explanations concerning the dynamics of the

existing vegetation. So I could show if this practice generates in educating

environmentally friendly and acquiring attitudes on botanical knowledge , a

questionnaire and the students had a talk with the park 's guide prior to the trail was

applied. Data analysis showed that there was actual awareness of ecological issues and

knowledge in botany area was expanded. Thus, it is concluded that it is an important

step in the training of students insert activities in non-formal spaces.

Keywords: Non-Formal Spaces, Botanical, Awareness

Introdução

Na maioria das vezes o ensino de botânica é entediante aos alunos porque está centrado

em termos oriundos da língua latina, ficando apenas na repetição. De acordo com Silva

(2008, p 16) “uma das dificuldades para o estudo dos vegetais seria a forma como a

botânica vem sendo ensinada, muito teórica e desestimulante, fundamentada na

reprodução e distante da realidade dos alunos e dos problemas ambientais atuais”.

Buscar estratégias pedagógicas para conhecer e compreender os conceitos de botânica

pode proporcionar um ensino mais motivador e significativo. Para trabalhar a botânica

pode ser utilizado espaço não formal, que gerem possibilidades educativas, enfatizando-

se os problemas ecológicos, com os discentes. As Unidades de Conservação (UC) são

áreas regulamentadas por lei, que tem a finalidade de preservar a biodiversidade e

conservar as populações nos meios naturais de ocorrência. São também locais de

visitação, pesquisas e atividades de Educação ambiental (EA). De acordo com Barros

(2000), a educação ao ar livre utiliza os desafios encontrados no ambiente natural com a

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finalidade de incentivar o desenvolvimento de cada indivíduo, pois são várias as

maneiras de cada pessoa utilizar os sentidos, o contato direto com o ambiente natural é

uma ferramenta de ensino aprendizagem experiencial, que vai proporcionar a vivência

dos conteúdos abordados em sala de aula. Dentro desde contexto inúmeras atividades

educativas podem ser realizadas numa UC, incluindo os conceitos botânicos, que

possibilitam a analise das espécies vegetais em toda sua beleza e dos recursos naturais.

Elas também levam a ampliação do conhecimento de docente e discente, pela vivencia

dos conteúdos estudados nas aulas teóricas de botânica realizadas no espaço formal.

Para facilitar o conhecimento das espécies vegetais que integram a UC um ecossistema

aquático manguezal do Parque Natural Municipal Barão de Mauá- Magé elaborou-se

uma chave de identificação das espécies botânicas.

Materiais e Métodos

Elaborado no período de 2013 a 2015, através de atividades de trabalho de campo no

Parque Natural Municipal Barão de Mauá, com alunos do ensino fundamental II de uma

escola municipal, localizadas a Unidade de Ensino e a Unidade de Conservação no

bairro do Ipiranga, Município de Magé, sugere informações para a reflexão sobre a

temática do ensino da biologia vegetal. O Parque Natural Municipal Barão de Mauá

(fig.1), espaço de desenvolvimento da pesquisa, é uma UC. Foi criada pelo decreto

municipal 2.795/201 tem área total aproximadamente 116,80 hectares, ocupado

totalmente pelo ecossistema manguezal. No Brasil, os manguezais são protegidos por

legislação federal, pela sua importância no ambiente marinho, pois são fundamentais

para procriação e o crescimento de filhotes de diversos animais, bem como sua

utilização de rota migratória de aves e alimentação de peixes.

Figura: 1 Parque Natural Municipal Barão de Mauá e Escola Municipal Prof.ª Hilda da Silva Coelho.

Fonte: Google Earth, 2015. Resultados e Discussão

Para facilitar o conhecimento das espécies vegetais que integram este ecossistema

aquático único é que se elaborou uma chave de identificação das espécies botânicas do

ecossistema manguezal do Parque Natural Municipal Barão de Mauá, as espécies

vegetais estão representadas pelo mangue branco (Figura 1), preto (Figura 3), vermelho

(Figura 4), samambaia do brejo (Figura 6), algodão da praia (Figura 2) e Bacopa

monnieri (Figura 5).

Figura. 1 Detalhes da filotaxia do mangue branco Laguncularia racemosa (2).

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Figura: 2 Detalhe da flor do algodão da praia Hibiscus tiliaceus(4).

Figura:3frutos do Rhizophora mangle (1) Figura: 4- Folhas e flores do mangue preto Avicennia schaueriana(3).

Figura: 6 Vegetal jovem, folhas de Acrostichum donaeifolium(5).

Figura: 5 Vegetal adulto com folhas de Bacopa monnieri (6).

CHAVE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES:

1-Ervas,subarbustos ou arbustos..........................................................................................................2

1’- Árvores...................................................................................................................... .....................4

2- Ervas, com folhas pequenas e suculentas.........................................................Bacopa monnieri (4)

2’- Subarbusto ou arbusto, folhas não suculentas............................................................................ ....3

3- Subarbusto, folhas compostas rosuladas, sem flores........................Acrostichum danaeifolium (5)

3’- Arbusto, folhas simples alternas, flores vistosas.............................................Hibiscus tiliaceus(2)

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4 - Raízes escora ou suporte, folhas aglomeradas nos terminais dos ramos, flores com duas bractéolas

amarelo-claras ....................................................................................................Rhizophora mangle(1)

4´- Raízes pneumatóforas, folhas distribuídas pelos ramos, pecíolo de coloração diferente do roxo, flores

sem bractéolas............................................................................................................... ...........................5

5- Folhas com pecíolo de cor arroxeada, apresentado um par de glândulas no ápice, fruto tipo

drupa..............................................................................................................Laguncularia racemosa(1)

5’- Folhas com pecíolos verde-claro, sem glândulas, fruto tipo cápsula , flores brancas

perfumadas......................................................................................................Avicennia schaueriana(3)

Literatura citada

BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Texto da lei nº 9985

de 18 de julho de 2000 e vetos da Presidência ao PL aprovado pelo Congresso

Nacional e Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. São Paulo, SP. CNRBMA,

2009, 76p. 10

BRASIL. (2012) Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da

vegetação nativa.

MIGUEL, J.R., NUNES, P.V. D & JASCONE, C.E. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PARA O ESCOTISMO. Anais do IV Encontro Nacional dos Professores de Ciências

(IV ENECIÊNCIAS), Universidade Federal Fluminense (UFF). Niterói, RJ. 2014.

MAGÉ, (2012), Decreto nº 2.795, de 19 de outubro de 2012, dispõe sobre a criação do

Parque Natural Municipal Barão de Mauá.

KRASILCHIK, M. Educação Ambiental na Escola Brasileira- passado, presente e

futuro. Revista Ciência e Cultura. V. 38, p. 1958-1961, 1996.

SAUERRESSIG, D.; Saueressig, A.; Inoue, M. T. Sistema de identificação

dendrológica on-line. Ambiência – Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais,

Guarapuava, Paraná, v. 5 n. 1. Jan./abr. 2009.

SCHAEFFER-Novelli, Y.;Manguezal: Ecossistema entre a terra e o mar. Caribbean

Ecological Research. São Paulo. 1995. 64p

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Avaliação da degradação de pastagem de Brachiaria decumbens a partir do

levantamento fitossociológico¹

Leandro Vítor de Figueiredo³, Márcia Vitória Santos4, José Charlis Alves Andrade

2,

Renan Coelho Dias³, Márcio Cordeiro Silva², José Augusto Aguilar Alves²,Vitor Diniz

Machado5, Raul Ribeiro Silveira³

¹Parte da Iniciação Científica do primeiro autor, financiada pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES.

²Estudante de Graduação em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG. 3Mestrando em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

4Professor do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG. Orientador do Projeto.

5Pós - Doutorando em Zootecnia– UFVJM, Diamantina, MG

Resumo: Estima-se que 80% das pastagens cultivadas no Brasil encontram-se em

algum estádio de degradação, sendo o levantamento fitossociológico uma metodologia

que permite auxiliar no manejo dessas pastagens. O trabalho foi proposto objetivando

realizar um levantamento fitossociológico de uma pastagem de Brachiaria decumbens,

pastejada por bovinos de leite há anos, sem estratégia de manejo definida. Visando

determinar sua composição florística e estádio de degradação se utilizaram

características fitossociológicos absolutas de frequência, densidade e abundância . Para

a realização do estudo foi utilizada a técnica do quadrado inventário, lançando

aleatoriamente um quadro de 0,5 m de lado, por 30 vezes na pastagem. Na avaliação

foram identificados 280 indivíduos, dentre eles 23 espécies distintas. A espécie

Brachiaria decumbens apresentou o maior valor de Frequência (0,47) e Densidade

(10,4) seguido pela Brachiaria plantaginea. As espécies Sida cordifolia e Desmodium

adscendens apresentaram maiores valores de Abundância (8,0) mostrando ser as

espécies em maior concentração na área. O pasto de Brachiaria decumbens encontra-se

em avançado estádio de degradação, com interferência de diversas espécies de plantas

daninhas.

Palavras Chave: braquiarinha, fitossociologia, manejo de pasto, plantas daninhas

Evaluation of Brachiaria decumbens pasture’s degradation from the

phytosociological survey

Abstract: It’s esteemed that 80% of the pastures cultivated in Brazil are at some stage

of degradation, being the phytosociological survey a methodology that allows to help

these pasture’s management. The work was suggested intending to realize a

phytosociological survey of a Brachiaria decumbens pasture, which has been grazed by

dairy cattle for years, without any management strategy. There’s the purpose to set the

floristic composition and degradation stage, using the phytosociological absolute

characteristics of frequency, density and abundance. For the realization of the study was

used the inventory square method from an aleatory launching of a square with 0.5 m

side for 30 times in the pasture. After evaluation, 280 individuals were identified,

among them 23 different species. The specie Brachiaria decumbens had the highest

frequency (0,47) and density (10,4) numbers, coming next the specie Brachiaria

plantaginea. The species Sida cordifolia and Desmodium adscendens showed the

biggest values of abundance (8,0), indicating that are the most concentrated species in

the area. The Brachiaria decumbens pasturage is in an advanced degradation stage, with

interference of several weed species.

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Key words: braquiarinha, phytosociology, pasture management, weed.

Introdução

Estima-se que 80% das pastagens cultivadas no Brasil encontram-se em algum

estádio de degradação, sendo que essa problemática afeta diretamente a sustentabilidade

da pecuária (Paulino et al., 2012).

O conhecimento quantitativo de plantas e sua distribuição em uma pastagem

através do levantamento fitossociológico são de grande importância no auxílio do

manejo da pastagem e a tomada de decisões, como a necessidade de recuperação ou

renovação da pastagem (Santos et al., 2015).

Neste contexto, objetivou-se a realização de um levantamento fitossociológico de

uma pastagem de Brachiaria decumbens, pastejada por bovinos de leite sem estratégia

de manejo definida, para inferir seu estádio de degradação.

Material e Métodos

O estudo foi realizado em uma pastagem de Brachiaria decumbens pertencente à

Fazenda Experimental do Moura, localizada no município de Curvelo, Minas Gerais,

com 18°44'52,03” de latitude Sul, 44°26'53,56” de longitude Oeste e altitude de 633 m..

O levantamento e identificação das plantas presentes na pastagem foram

conduzidos por meio do método do quadrado inventário, avaliando trinta pontos

amostrais, utilizando-se um quadro de 0,5m de lado, totalizando uma área amostral de

7,5 m².

As plantas que se encontravam dentro do quadro, a cada lançamento, foram

identificadas por espécie, colhidas e contabilizadas. A partir dos dados encontrados

foram estimadas as características fitossociológicas: freqüência absoluta (Fre abs);

densidade absoluta (Den abs) e abundância absoluta (Ab abs) obtidas com as seguintes

fórmulas:

Resultados e Discussão

Espécies identificadas e suas respectivas famílias seguido por seus parâmetros

fitossociológicos apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Valores de frequência absoluta (Fre abs), densidade absoluta (Den abs),

abundância absoluta (Ab abs) de espécies em pastagem de Brachiaria decumbens em

Curvelo – MG, 2014.

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Para a família Poaceae, observa-se que a espécie Brachiaria decumbens

apresentou maiores valores de frequência (0,47) e densidade (10,4), indicando que é a

espécie que se distribui mais uniformemente e que possui o maior número de indivíduos

na pastagem, respectivamente. No entanto, a espécie Brachiaria plantaginea apresentou

valores próximos a esses supracitados.

Vale ressaltar que, embora anual, a Brachiaria plantaginea é considerada espécie

muito competitiva e prejudicial à produtividade, e seus parâmetros fitossociológicos

foram representativos no estudo.

As espécies Sida cordifolia e Desmodium adscendens apresentaram maiores

valores de abundância (8,0), mostrando grande distribuição na área, competindo

grandemente com a espécie forrageira de interesse.

Dentre as espécies observadas, com maiores valores fitossociológicos,

encontraram-se plantas consideradas tóxicas para animais como a espécie Senna

obtusifolia (fedegoso) e Eugenia dysenterica (cagaita).

Foram observadas plantas de interesse forrageiro, como as gramíneas das espécies

Andropogon gayanus, Hyparrhenia rufa e leguminosas Stylosantes spp, Neonotonia

wightii, sendo neste caso consideradas espécies invasoras visto que a espécie de

interesse é a Brachiaria decunbens.

As espécies Eupatorium maximilianii, Lantana câmara e outras encontradas na

área com alto potencial de competição com a planta de interesse (Santos et al., 2015)

reforçam o estádio avançado de degradação da pastagem.

Família

Nome cientifico

Fre abs

Den abs

Ab abs

Poaceae

Brachiaria decumbens 0,47 10,40 5,57

Hyparrhenia rufa 0,03 0,67 5,00

Brachiaria plantaginea 0,43 10,27 5,92

Andropogon gayanus 0,17 2,27 3,40

Malvaceae Sida cordifolia 0,03 1,07 8,00

Sida rhombifolia 0,17 1,60 2,40

Asteraceae

Eupatorium maximilianii 0,07 0,53 2,00

Ageratum conyzoides 0,03 0,13 1,00

Vernonia polyanthes 0,10 1,07 2,67

Solanaceae

Solanum sisymbrifolium 0,07 0,53 2,00

Solanum lycocarpum 0,07 0,53 2,00

Malpighiaceae Byrsonima spp. 0,03 0,13 1,00

Myrtaceae Eugenia dysenterica 0,03 0,27 2,00

Verbenaceae Lantana câmara 0,03 0,13 1,00

Fabaceae

Stylosantes spp. 0,17 0,93 1,40

Aeschynomene spp. 0,03 0,27 2,00

Andira spp. 0,03 0,13 1,00

Neonotonia wightii 0,03 0,13 1,00

Machaerium spp. 0,03 0,27 2,00

Desmodium adscendens 0,13 4,27 8,00

Senna obtusifolia. 0,03 0,13 1,00

Cassia spp. 0,03 0,13 1,00

TOTAL 2,40 37,33 65,53

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Conclusões O pasto de Brachiaria decumbens encontra-se em avançado estágio de

degradação, com interferência de diversas espécies de plantas daninhas, dentre elas

espécies que são consideradas inadequadas ao pastejo.

Agradecimentos O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil), FAPEMIG (Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES).

Literatura citada PAULINO, V.T.; SCHUMANN, A.M.; SILVA, S.C.; RASQUINHO, N.M.; SANTOS,

K.M. Impactos ambientais da exploração pecuária em sistemas intensivos de pastagens.

Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.33, n.266, 2012.

SANTOS, M.V.; FERREIRA, E.A.; FONSECA, D.M.; FERREIRA, L.R.; TUFFI

SANTOS, L.D.; SILVA, D.V. Levantamento fitossociológico e produção de forragem

em pasto de capim-gordura. Revista Ceres, 2015.

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25

Avaliação da performance de técnicas de bioengenharia de solos em trabalhos de

PRAD de áreas de empréstimo Usinas Hidrelétricas

Arnaldo Teixeira Coelho¹, Aloísio Rodrigues Pereira², Luiz Lucena³, Marco Antônio da

Silva Ramidan4, Bruna Marques de Sousa

5

1 D.Sc. – Ingá Engenharia e Consultoria Ltda – e-mail: [email protected], Tel. (55) 31 98857-

2343-2343 2 D.Sc. – Deflor Bioengenharia – e-mail: [email protected]

3 Deflor Bioengenharia – e-mail: [email protected], Tel. (55) 31 3284-5622

4 M.Sc. – Furnas Centrais Elétricas – e-mail: [email protected], Tel.: (55) 21 2528-5658, Tel. (55)

31 3284-5622 5 Eng. Ambiental – Câmara Municipal de Belo Horizonte - e-mail: [email protected]

Resumo: A quantidade de carbono orgânico estocado na camada superficial do solo

pela revegetação de empréstimo de usinas hidrelétricas (UHE´s) submetidas à erosão

laminar e por sulcamento e de taludes de voçorocamentos de grande porte, com uso de

duas diferentes técnicas de revegetação, foi avaliada aos 5 e 10 anos após sua execução.

Elas foram recuperadas em dois trabalhos desenvolvidos nas áreas de empréstimo das

UHE´s de Itumbiara (2.082MW), localizada no município de Itumbiara, Estado de

Goiás, Brasil e Emborcação (1.192 MW) localizada no município de Catalão, Estado de

Goiás, Brasil. as técnicas de revegetação utilizadas foram plantio manual com

recobrimento por de capim colonião (Produto em Rolo para Controle de Erosão - PRCE)

inteiro amarrado com sisal – Tela Vegetal ARP – 430 e plantio manual sem

recobrimento. Foram utilizadas áreas de aceiros, que foram mantidas sem recobrimento

vegetativo como controle. A avaliação consistiu na retirada de amostras de solo

superficial (0-20 cm de profundidade) na qual foi efetuada a determinação do carbono

orgânico através da subtração do carbono total do carbono inorgânico, obtidos pela

metodologia EMBRAPA/SNCLS (1997). A quantificação do potencial monetário do

carbono estocado no solo foi obtida através da conversão do carbono orgânico em

dióxido de carbono, sendo assim estimado seu valor para o seqüestro de carbono, de

acordo com a cotação da Chicago Climate Exchange (US$ / € por tonelada , em 12 de

junho de 2010). Os valores obtidos por esta metodologia atingiram até US$ 2.070 por

hectare de superfície de talude revegetada. O artigo propõe ainda, aos gerenciadores de

empreendimentos e de áreas públicas revegetadas, a elaboração de projetos para a venda

dos créditos de carbono - e que preferencialmente os recursos obtidos sejam aplicados

em ações de conservação do solo e da vegetação nativa nestes empreendimentos.

Introdução

Trabalhos recentemente desenvolvidos tem buscado ainda agregar valor

monetário ao carbono atmosférico fixado ao solo através de vegetação herbácea (Lal,

2004; Einard, 2005). French et. al. (2006), verificaram a viabilidade de obtenção de

valores entre US$ 275 até US$773 por hectare, de acordo com cotação do carbono na

bolsa voluntária de carbono de Chicago, CCX - Chicago Climate Exchange, de outubro

de 2006 (US$4 por tonelada ). Coelho et al. (2010), em estudo de 4 diferentes técnicas

de revegetação de taludes rodoviários obtiveram valores entre 10,52 a 25,94 toneladas

de carbono estocado no solo por hectare, perfazendo valores entre US$840,00 e

2.070,00 por hectare.

Com o objetivo de investigar o potencial de obras de controle de erosão na

estocagem de carbono atmosférico, foi efetuado o estudo de duas áreas objeto de

recuperação ambiental nos anos de 2000 e de 2006.

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Desta forma, os principais objetivos do trabalho referem-se a avaliar os

seguintes parâmetros após diferentes anos de execução das operações de recuperação

ambiental:

Evolução da biomassa e do carbono orgânico no solo,

Quantificação do valor agregado de carbono orgânico atmosférico fixado, de

acordo com os valores praticados pela bolsa voluntária de carbono de Chicago, CCX -

Chicago Climate Exchange.

Material e métodos

Os trabalhos foram desenvolvidos através da comparação dos resultados dos

estudos sobre os efeitos de 3 técnicas de revestimento vegetal (plantio de leguminosas e

gramíneas de rápido crescimento sem recobrimento e com 2 tipos de recobrimento

orgânico, executados à base de capim colonião - Panicum maximum: e de um geotêxtil

de fibra de côco beneficiada usados em trabalhos de recuperação ambiental de área de

empréstimo de material terroso para a construção de barragens de usinas hidrelétricas

(UHE) na região Sudeste do Brasil.

Os trabalhos foram desenvolvidos nas áreas de empréstimo das UHE´s de

Emborcação (coordenadas UTM 23 K 188403E / 7959447S) e de Itumbiara

(coordenadas UTM 23 K 704141E / 7966407S).

Foto 1: Imagem de satélite da região das obras de recuperação da área de empréstimo da UHE

Itumbiara

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27

Foto 2: Imagem de satélite da região das obras de recuperação da área de empréstimo da UHE

Itumbiara

Revegetação

As operações de revegetação foram realizadas de duas maneiras distintas,

conforme a declividade da superfície final dos processos, após a reconformação

geométrica final dos taludes das erosões, a saber: (i) Áreas planas e semi-planas: plantio

mecanizado (ii) Declividades superiores a 45o e interior das erosões– Plantio manual de

herbáceas e recobrimento com RECP (Rolled Erosion Control Products) manufaturado

mecanicamente com capim colonião (Panicum maximum), com a gramatura de 1500 g /

m2, ancorado por grampos metálicos, (iii) Interior das canaletas verdes– Plantio manual

de herbáceas e recobrimento com RECP manufaturado mecanicamente com fibra de

côco beneficiada (Cocos nucifera), com a gramatura de 500 g / m2 no fundo da

canaleta e de 470 g/m² nas laterais das canaletas, ancorado por grampos metálicos 15

cm de comprimento.

Tabela 03: Quantidades de sementes (kg/ha) por espécie, para a revegetação nos diversos

locais do projeto

Espécie (nome vulgar) Espécie (nome científico) Plantio

mecanizado

Plantio em

taludes Canaletas verdes

Adubo NPK 10:30:10 500 500 500

Adubo NPK 20:0:20 100 250 200

Aveia-preta Avena strigosa 35 70 300

Braquiária umidícola Brachiaria humidicola 15 30 200

Braquiarão Brachiaria brizantha 35 70

Braquiária decubens Brachiaria decubens 35 70 150

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Capim jaraguá Hypharenia rufa 20 40 150

Lab-lab Lab-lab purpureus 25 50

Capim Andropogon Andropogon gayanus 30 150

Capim-gordura Melinis minutiflora 20 40 100

Mucuna preta Mucuna aterrima 35 70

Feijão guandu Cajanus cajan 30 60

TOTAL 250 500 160

Carbono orgânico do solo

Para a determinação do carbono orgânico no solo, foram efetuadas coletas em três

alturas de vertente distintas no talude (base, meio, topo), ao longo dos 5 tratamentos de

revegetação utilizados, devido a possíveis diferenças no porte da vegetação ao longo do

talude. Assim, foram coletadas 15 amostras de solo no total, de acordo com a

metodologia preconizada pela EMBRAPA/SNCLS (1997).

Os valores da densidade aparente e do carbono orgânico do solo foi estimado

através do método volumétrico pelo bicromato de potássio e titulação pelo sulfato

ferroso, com ensaio determinado pela EMBRAPA-SNCLS (1997). Desta forma, com

base nos valores de densidade aparente e do carbono orgânico, foi efetuada a

mensuração em toneladas de carbono orgânico por hectare, considerando-se uma

profundidade de 20 cm.

Valoração do carbono orgânico fixado no solo

A partir dos valores obtidos para o carbônico orgânico, foi efetuada a valoração

do carbono orgânico fixado no solo, assim, a quantificação do potencial monetário do

carbono estocado no solo foi obtida através da conversão do carbono orgânico em

dióxido de carbono, sendo assim estimado seu valor para o seqüestro de carbono, para

tanto foi usado um fator de conversão de 3,6642.

O valor de referência do utilizado foi o da cotação da Chicago Climate

Exchange (€7,96 por tonelada , em 12 de dezembro de 2012).

Resultados

Os valores obtidos de densidade aparente, e do carbono orgânico do solo são

apresentados a seguir:

Tabela 04: Valores médios de densidade aparente, e do carbono orgânico do solo

Parcela / posição no talude Densidade aparente (g/cm3) Carbono orgânico

% Tonelada/ha

UHE Emborcação

1 – base 0,901 1,44 25,94

1 – meio 0,913 0,690 12,59

1 – topo 0,894 1,420 25,38

2 – base 0,900 1,020 18,36

2 – meio 0,881 0,710 12,51

2 – topo 0,893 1,190 21,25

3 – base 0,841 0,810 13,62

3 – meio 0,881 1,350 23,79

3 – topo 0,873 0,870 15,19

4 – base 0,867 0,170 2,95

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4 – meio 0,855 0,210 3,59

4 – topo 0,869 0,290 5,04

5 – base 0,890 0,590 10,52

5 – meio 0,882 1,460 25,75

UHE Itumbiara

5 - topo 0,873 1,230 21,48

O valor de referência utilizado foi o da cotação da Chicago Climate Exchange

(€15,80 / US$21,79 / R$45,76 por tonelada , em 12 de maio de 2009), multiplicado pelo

equivalente em CO2, de onde foram obtidos os seguintes valores.

Tabela 05: Valores obtidos do carbono orgânico fixado no solo

Parcela / posição no talude Carbono orgânico Equivalente em CO2

% Tonelada/ha Tonelada/ha US$/ha R$/ha

1 - base 1,44 25,94 95,04 2.070,00 4.347,00

1 - meio 0,690 12,59 46,13 1.005,17 2.110,86

1 - topo 1,420 25,38 92,99 2.026,25 4.255,12

2 - base 1,020 18,36 67,27 1.465,81 3.078,21

2 - meio 0,710 12,51 45,83 998,64 2.097,13

2 - topo 1,190 21,25 77,86 1.696,57 3.562,79

3 - base 0,810 13,62 49,91 1.087,54 2.283,83

3 - meio 1,350 23,79 87,17 1.899,43 3.998,81

3 - topo 0,870 15,19 55,65 1.212,61 2.546,48

4 - base 0,170 2,95 10,80 235,33 494,19

4 - meio 0,210 3,59 13,15 286,54 601,73

4 - topo 0,290 5,04 18,47 402,46 845,17

5 - base 0,590 10,52 38,55 840,00 1.764,01

5 - meio 1,460 25,75 94,35 2.055,89 4.317,36

5 - topo 1,230 21,48 78,71 1.243,57 2.611,50

Os valores obtidos por esta metodologia atingiram até US$ 2.070,00/R$4.347,00

por hectare de superfície de talude revegetada, a partir da cotação da Chicago Climate

Exchange.

Conclusões e recomendações

A quantidade de carbono do solo verificada neste trabalho (13,15 a 95,04

toneladas por hectare) encontra-se dentro da faixa observada em trabalhos anteriormente

desenvolvidos para a fixação de carbono atmosférico (IPCC, 2007).

Os valores obtidos, por si só, justificam a execução de revegetação em todos os

taludes e superfícies desnudas ao longo de rodovias, que proporcionam, além das

imensuráveis vantagens ambientais como a prevenção de processos de mobilização e

transporte de sedimentos, o aumento dos índices de infiltração da água de chuva no solo

- favorecendo a recarga de aquíferos, a criação de habitats para a fauna, o favorecimento

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da colonização por espécies vegetais secundárias nativas, e a melhoria das condições

estéticas e paisagísticas das faixas de domínio rodoviárias, dentre outros.

No Brasil, os valores atualmente necessários para a revegetação de taludes

rodoviárias com uso de técnicas mais simples, como a hidrosemeadura, tem oscilado em

torno de US$ 0,50 (DNIT, 2009). Assim, a obtenção de pagamento pelo carbono

estocado poderia auxiliar na amortização de cerca de 50% dos custos da revegetação por

hidrosemeadura em áreas com menor requerimento tecnológico como taludes de aterro

e áreas planas e semi-planas. Recomenda-se que os valores obtidos com a venda dos

créditos de carbono posterior a revegetação dos taludes seja empregado em ações de

educação e conservação ambiental ao longo das áreas de influência destes

empreendimentos.

Literatura citada

COELHO, A. T.;,BRITO GALVÃO, T. C.; PEREIRA, A.R. (2001) The Effects of

Vegetative Cover in the Erosion Prevention of a Road Slope - Environmental

Management and Health; v. 12, n. 1.

COPPIN, R.; Richards, T. (1990) Use of Vegetation in Civil Engineering. Sevenoaks,

Kent: Butterworts. 305 p.

DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes - Condicionantes

ambientais das áreas de uso de obras – Procedimentos. Norma DNIT 070/2006 – PRO,

2006. 20 p.

DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes - Sistema de Custos

Rodoviários (SICRO), www.dnit.gov.br, março de 2009

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual de

métodos de análise de solo. Rio de Janeiro, 1997. 212p. (EMBRAPA-CNPS.

Documentos, 1).

EYNARD, A., T.E. SCHUMACHER, M.J. Lindstrom, and D.D. Malo. 2005. Effects of

agricultural management systems on soil organic carbon in aggregates of ustolls and

usterts. Soil and Tillage Research 81:253-263.

FRENCH, J.R.; D.H. Rickerl, T.E. Schumacher, P.K. Wieland, L.R. Henry, and T.M.

Ecoffey Carbon Sequestered in Bison Ranges of South Dakota, Managing Agricultural

Landscapes for Environmental Quality: Strengthening the Science Base (Anais), Soil

and Water Conservation Society, Kansas City, 2006

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change, Smith, P., D. Martino, Z. Cai, D.

Gwary, H. Janzen, P. Kumar, B. McCarl, S. Ogle, F. O’Mara, C. Rice, B. Scholes, O.

Sirotenko, 2007: Agriculture. In Climate Change 2007: Mitigation. Contribution of

Working Group III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on

Climate Change [B. Metz, O.R. Davidson, P.R. Bosch, R. Dave, L.A. Meyer (eds)],

Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA.

2007

LAL, R. 2004. Soil Carbon Sequestration to mitigate climate change. Geoderma 123: 1-

22. 4

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AVALIAÇÃO DO ENTORNO DAS NASCENTES DE JOÃO MONLEVADE

Thales Adriel Alves da Silva1, Gabriel de Oliveira Contini Pereira

1, Bárbara Carolina

Reis2, Marcos Antônio Gomes

3, Denise Eliane Euzébio Pinto

3, Rosenilson Pinto

3

1

Bolsista do PAPq da Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia – João

Monlevade. 2 Aluna da Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia – João Monlevade.

3 Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia – João Monlevade.

Resumo: A degradação da qualidade dos recursos hídricos vem ocorrendo intensamente

e tem diversas causas como: áreas de recarga ocupadas por atividades agropecuárias sob

manejo inadequado; práticas inadequadas de uso da terra, ocasionando erosão dos solos;

eliminação da vegetação nativa nas áreas de preservação permanente e substituição por

culturas agrícolas, por pastagens ou por construção de casas, com consequente despejo

de efluentes domésticos. Este projeto teve como objetivo o levantamento das condições

do entorno das nascentes para realizar um diagnóstico destas para que as ações de

recuperação das nascentes sejam realizadas. As nascentes avaliadas foram classificadas

conforme o uso e a ocupação do solo no seu entorno, sendo observados e anotados os

impactos ambientais positivos e pontos negativos. Como pontos positivos apresentam-

se, 41% cercadas, 42% com serapilheira e 48% de mata ciliar parcial. Atividade

pecuária no seu entorno e acesso de animais domésticos foram os principais pontos

negativos observados nas nascentes da cidade de João Monlevade. Verificaram-se

problemas sérios quanto as proteção das nascentes em João Monlevade, porém isso é

um processo reversível se forem adotadas pelos órgãos públicos medidas que favoreçam

a recuperação dessas áreas.

Palavras–chave: Degradação, recursos hídricos, qualidade ambiental

SURROUNDING ASSESSING OF JOAO MONLEVADE SPRINGS

Abstract: The degradation of the quality of water resources has occurred extensively

and has several causes such as recharge areas occupied by agricultural activities under

inadequate management; inadequate practices of land use, causing soil erosion;

elimination of native vegetation in the areas of permanent preservation and replacement

by agricultural crops, pastures or by building houses, with consequent discharge of

domestic sewage. This project aimed to survey the surrounding conditions of the springs

for a diagnosis so that these recovery actions of springs are carried out. The evaluated

springs were classified according to the use and occupation of land in the surrounding

area, observed and highlighted the positive environmental impacts and negative points.

The positives were that the springs evaluated on average had 41% surrounded, 42%

litter and 48% partial riparian forest. Livestock activity in their surroundings and access

of domestic animals were the main weaknesses observed in the springs of the city of

João Monlevade. Serious problems have been checked for the protection of springs in

João Monlevade, being a reversible process if public bodies and communities to engage

in the recovery process of these areas.

Keywords: Degradation, water resources, environmental quality

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Introdução

Segundo a Resolução Nº 303, de 20 de Março de 2002, do Conselho Nacional de

Meio Ambiente, diz que nascente ou olho d’água: é um local onde aflora naturalmente,

mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea, ou seja, são fontes de água que

afloram em determinadas áreas da superfície do solo. Estas nascentes podem ser perenes

com fluxo contínuo, temporárias com fluxo apenas na estação chuvosas, e efêmeras que

surgem durante a chuva e permanecem por apenas alguns dias ou horas (Calheiros 2004,

Pinto et al. 2012).

Na busca da preservação dos recursos hídricos foi criada pelo governo a lei

12.651 (Brasil, 2012), em que no artigo 1º, parágrafo I, tem como dever a preservação

da vegetação nativa, bem como a biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos para o

bem da geração presentes e futuras, e no parágrafo V fomenta sobre a pesquisa

científica e tecnológica na busca do uso sustentável do solo e da água, a preservação e

conservação de tais. Apesar de serem protegidas por leis, sabe-se que o desrespeito a

legislação é generalizado em todo o país (Jacovine, 2008). A degradação da qualidade

dos recursos hídricos vem ocorrendo intensamente e tem diversas causas como: áreas de

recarga ocupadas por atividades agropecuárias sob manejo inadequado; práticas

inadequadas de uso da terra, ocasionando erosão dos solos; eliminação da vegetação

nativa nas áreas de preservação permanente (APPs) e substituição por culturas agrícolas,

por pastagens ou por construção de casas, com consequente despejo de efluentes

domésticos (Pinto 2003).

Em vista a preservação dos recursos hídricos, este projeto teve como objetivo o

levantamento das condições do entorno das nascentes para realizar um diagnóstico

destas para que as ações de recuperação das nascentes sejam realizadas.

Material e Métodos O projeto foi desenvolvido em João Monlevade, iniciando-se com uma pesquisa

das nascentes do munícipio, buscando informações em órgãos competentes,

devidamente qualificados como IEF (Instituto Estadual de Florestas), DAE

(Departamento de Água e Esgoto), Câmara Municipal de João Monlevade, Secretária

Municipal de Meio Ambiente e líderes comunitários.

As nascentes avaliadas foram classificadas conforme o uso e a ocupação do solo

no seu entorno, sendo observados e anotados os impactos ambientais positivos:

presença de cerca, adoção de práticas conservacionistas, presença de serapilheira e

presença de fragmentos de mata ciliar e pontos negativos: focos de erosão, aplicação de

defensivos, acesso de animais domésticos no olho d’água, utilização da água para

irrigação, presença de atividade agropecuária e trânsito de carros no entorno das

nascentes (Pinto 2012).

Resultados e Discussão

Nas 27 nascentes encontradas em João Monlevade, podemos verificar que a maior

parte das nascentes visitadas apresentaram áreas degradadas com pastagens, presença de

animais e sem proteção por matas. A degradação é visível e caracterizada pela baixa

capacidade de infiltração de água no solo. Essa degradação afeta diretamente no

potencial de recarga das nascentes, influenciando na qualidade e volume de água que

pode ser utilizado pelas comunidades próximas.

Como pontos positivos foram verificados que em média as nascentes avaliadas

apresentam cerca (41%), serapilheira (42%) e mata ciliar parcial (48%) (Tabela 1).

Pinto et al. (2003) constataram que 14,69% das 177 nascentes perenes na bacia

hidrográfica do Ribeirão Santa Cruz se encontravam de acordo com o estabelecido na

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Lei. As vegetações localizadas no entorno das nascentes exercem várias funções:

proteção, filtragem, retenção de sedimentos, contenção de processos erosivos,

influenciam na qualidade da água, amortecem impactos provenientes dos ambientes que

circulam a esses ecossistemas aquáticos, além de proteger a biodiversidade local, por

isso, é de extrema importância a nascente possuir uma boa cobertura vegetal no seu

entorno (Roberti et al. 2008).

Tabela 2. Caracterização física das nascentes e do entorno

Caracterização %

Positivo I. Cerca 41,0

II. Serrapilheira 42,0

III. Mata ciliar parcial 48,0

IV. Práticas conservacionistas 22,0

Negativo V. Erosão 15,0

VI. Atividade agrícola no entorno da nascente 7,4

VII. Defensivos aplicados no entorno da nascente 0,0

VIII. Consumo para irrigação 7,4

IX. Uso de defensivos agrícolas 0,0

X. Atividade pecuária no entorno da nascente 33,0

XI. Acesso de animais domésticos ao olho d'água 37,0

XII. Trânsito de carros no entorno da nascente 19,0

Atividade pecuária no entorno e acesso de animais domésticos foram os principais

pontos negativos observados nas nascentes (Tabela 1). Nos casos de áreas rurais

consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de nascentes e olhos

d’água perenes, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, de

ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recomposição do raio mínimo de 15

(quinze) metros (Brasil 2012). As pastagens constituem-se em grandes vetores de

processos erosivos, pois o pisoteio frequente, provocando a degradação e compactação

do solo, aumenta o escoamento superficial e consequentemente a diminuição da

infiltração da água no solo (Pereira 2012).

Conclusões Verificaram-se problemas sérios quanto as proteção das nascentes em João

Monlevade, porém, isso é um processo reversível se forem adotadas pelos órgãos

públicos, medidas que favoreçam a recuperação dessas áreas. Além disso, será

necessária uma política educativa para promover a recuperação dessas áreas, visto que

as comunidades no entorno das nascentes fazem uso da água para consumo, provocando

a depredação da área por alguns moradores.

Agradecimentos A Universidade do Estado de Minas Gerais pelo apoio financeiro nas bolsas e no

fomento do projeto, a Câmara Municipal de João Monlevade e a Unidade da FaEnge

pela apoio no desenvolvimento do projeto.

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34

Literatura citada Brasil. Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a

proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal.

Brasília, 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-

2014/2012/Lei/L12651.htm#art83>. Acesso em: 10/05/2015.

Calheiros, R.O. Preservação e Recuperação das Nascentes. Comitê das Bacias

Hidrográficas dos Rios PCJ - CTRN XII, 2004.

JACOVINE, L. A.G.; CORRÊA, J.B.L., SILVA, M.L., et al. Quantificação das áreas de

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35

Caracterização morfométrica da Microbacia do Córrego Jacuí, João Monlevade

(MG)

Anna Carolina Brasil Gonçalves Lacerda1, Marcos Antônio Gomes

2, Igor Fernandes de

Abreu3, Rosenilson Pinto

2, Fábio César Gomes

4, João Luiz Lani

5

1Graduanda em Engenharia Ambiental, UEMG Unidade João Monlevade.

2Professor Doutor e pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade.

3Engenheiro de Minas e pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade.

4Engenheiro Florestal e pesquisador, UFV.

5Coordenador geral e pesquisador, Núcleo de Estudo de Planejamento e Uso da Terra (NEPUT/UFV).

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo realizar a caraterização

morfométrica da Microbacia Hidrográfica do Córrego Jacuí, município de João

Monlevade (MG), por meio de ferramenta SIG, por meio dos parâmetros fator de forma,

coeficiente de compacidade, índice e densidade de drenagem. De acordo com cálculos

propostos realizados, o coeficiente de compacidade foi de 1,54, sendo um valor

característico encontrado em bacias alongadas, susceptíveis ao escoamento. Quanto ao

fator de forma, o valor foi de 0,099, considerado relativamente baixo, já o índice de

circularidade, obteve o valor de 1,24, tal dado evidencia pouca susceptibilidade de

grandes cheias, considerando uma topografia muito favorável ao escoamento. Estes

dados apresentados servem de ferramenta para a gestão municipal, a fim de gerenciar no

planejamento urbano visando evitar possíveis desastres ambientais.

Palavras–chave: SIG, Escoamento, Morfometria.

Morphometric characterization of Jacuí Watershed Stream, João Monlevade

(MG)

Abstract: This study aimed to carry out the morphometric characterization of

Watershed Hydrographic Stream Jacuí, city of João Monlevade (MG), through GIS

tool, which established the form factor parameters, compactness coefficient, and density

index drainage. According to calculations made proposed, compactness coefficient was

1.54, a typical value being found in elongated basins susceptible to run off. As for the

form factor value of 0.099 was considered relatively low, since the roundness index

value of 1.24 was obtained, this data shows little susceptibility large floods, considering

a very favorable run off topography. These data presented will serve as a tool for

municipal management to manage the urban planning order properly to avoid potential

environmental disasters.

Keywords: GIS, Run Off, Morphometry.

Introdução A vulnerabilidade de uma bacia hidrográfica é normalmente estudada por meio de

avaliações hidrológicas e morfométricas, que permitem caracterizar e identificar os

parâmetros ambientais presentes na área analisada.

As características físicas de uma bacia hidrográfica possibilitam conhecer a

dinâmica do ciclo hidrológico local, bem como sua variação no espaço. Segundo

TUCCI e CLARKE (1997) o uso e ocupação do solo em conjunto com a interferência

antrópica influenciam diretamente no ciclo hidrológico. Estes fatores intervêm na

sistemática dos processos de vazões mínimas e máximas, modificando o

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comportamento de escoamento superficial, deixando às condições mais propícias à

ocorrência de enchentes.

Para tal, este trabalho permitiu realizar a caraterização morfométrica da

Microbacia Hidrográfica do Córrego Jacuí, município de João Monlevade (MG), por

meio da integração de informações e processamento dos dados via ambiente de Sistema

de Informações Geográficas (SIG), o qual permitiu realizar uma análise consistente

referente aos parâmetros físicos, sendo: área total da bacia, perímetro, fator de forma,

coeficiente de compacidade, índice de circularidade, altimetria, declividade e densidade

de drenagem.

Material e Método

Caracterização da área de estudo A Microbacia do Córrego Jacuí está localizada no estado de Minas Gerais,

município de João Monlevade. O clima da região, segundo Koppen-Geiger (tipo Cwa),

é de verões quentes e duas estações bem definidas, classificado como tropical de

altitude. Segundo Trindade (2007) a topografia da região é acidentada, com maior

predominância de mares de morros. O uso e ocupação do solo da área analisada são

compostos por: Área de pastagem (31.21%); Mata nativa (30.60%); Área urbana e

ocupação antrópica (35.08%); Solo exposto (0.57%); Afloramento Rochoso (1.50%);

Rodovia (0.59%); Outros Usos (Linhas de Transmissão) (0.44%).

Classificações da Morfometria da Bacia Hidrográfica

Para realizar a classificação física da bacia hidrográfica os divisores topográficos

foram determinados com base no Modelo Digital de Elevação (MDE). Definido a

delimitação da área e por meio das extensões da ferramenta ArcGis, foi possível obter a

área de drenagem, perímetro e comprimento do rio principal e a disposição ordenada

dos cursos d’água, adotando o método de hierarquização proposto por Strahler (1953).

De acordo com a metodologia de Villela e Mattos (1975) foram estabelecidos os

parâmetros fator de forma, coeficiente de compacidade, índice de e densidade de

drenagem.

O fator de forma (Kf) é um importante indicativo de susceptibilidade a enchente.

Este relaciona a largura média da bacia com seu comprimento axial, sendo o

comprimento do curso d’água principal e a distância da nascente ao divisor topográfico,

que é obtido pela seguinte equação (Villela & Mattos, 1975):

Kf =

Sendo:

A = Área de drenagem (Km2)

L= Comprimento do eixo da bacia (Km)

O coeficiente de compacidade (Kc) estabelece relação entre a forma da bacia com

um círculo e infere na susceptibilidade de ocorrência de enchentes principalmente nas

áreas mais baixas, podendo ser calculado pela equação (Villela & Mattos, 1975):

Kc = 0.28

Sendo:

P= Perímetro (Km)

A= Área de drenagem (Km2)

De acordo com Villela Mattos, (1975) o índice de circularidade (IC) aproxima à

unidade quando a bacia se aproxima do formato circular e diminuí à medida que esta se

alonga. O índice é demonstrado pela equação abaixo:

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Ic = 12.57

Sendo:

A= Área de drenagem (Km2)

P= Perímetro (Km)

A densidade de drenagem também foi calculada baseada na metodologia de

Villela Mattos, (1975) no qual, foi avaliado o resultado da divisão do comprimento total

dos cursos d’água pela área da bacia, este é apresentado a seguir:

Dd =

Sendo:

Lt= Comprimento total dos cursos d’água

A= área de drenagem (Km2)

Resultados e Discussão

Os dados da Microbacia Hidrográfica do Córrego Jacuí encontram-se na Tabela 1:

Tabela 1 – Valores da área de drenagem, perímetro, comprimento do eixo da Bacia e

comprimento total dos cursos dágua.

Área de Drenagem (A) 19,6 km²

Perímetro (P) 24,41 km

Comprimento do eixo da Bacia (L) 14,03 km

Comprimento total dos cursos d’água (Lt) 44,39 km

De acordo com cálculos propostos realizados, o Kc foi de 1,54, sendo um valor

característico encontrado em bacias alongadas, susceptíveis ao escoamento. Segundo

Garcez et al,1988, valores menores de índice de compacidade indicam maior

vulnerabilidade para elevados picos de enchentes. Quanto ao Kf, o valor foi de 0,099,

considerado relativamente baixo. Cardoso et al (2006) afirma que nessas condições, há

uma indicação que a bacia não seja de formato circular, com tendência a ser uma bacia

de forma alongada. Já o índice de circularidade, obteve o valor de 1,24, tal dado

evidencia pouca susceptibilidade de grandes cheias, considerando uma topografia muito

favorável ao escoamento.

A densidade de drenagem é um parâmetro fundamental para o grau de

desenvolvimento do sistema de drenagem, o valor encontrado foi de 2,26, km/km². Este

índice pode variar de 0,5km/km² a 3,5 km/km², esse dado contribui para realizar um

plano de manejo adequado à bacia, sendo que os de menor densidade são considerados

de uma drenagem pobre, e os valores mais elevados, são observados em bacias bem

drenadas. De acordo com critério de hierarquização proposto por Strahler, o sistema de

drenagem da Microbacia do Córrego Jacuí se enquadra na terceira ordem, sendo pouco

ramificada, contemplando uma grande área de extensão, (Figura 1).

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Figura 1 - Mapa de ordenamento da Microbacia Hidrográfica do Córrego Jacuí.

Conclusões Avaliou-se neste estudo a morfometria da Microbacia do Córrego Jacuí, os

fatores condicionantes analisados acusaram que a Bacia possui forma alongada, dado

que evidencia pouca vulnerabilidade de grandes cheias. Devido à topografia acentuada

e relevo forte ondulado com altitude entre 729 m e1308 m , a Bacia é propícia a

processos de escoamento superficiais. Desta forma, vale salientar que dependendo do

regime hidrológico pode haver picos de alagamentos nas partes mais baixas. Estes

dados apresentados servem de ferramenta para a gestão municipal, a fim gerenciar

adequadamente a conservação dos recursos hídricos proporcionando maior qualidade

ambiental local, sendo que a maior parte da Microbacia está composta por área urbana e

ocupada (35.08%) o que pede mais atenção para evitar possíveis desastres ambientais.

Literatura citada

CARDOSO, C. A.; DIAS, H.C. T.; SOARES, C. P. B. et al. Caracterização

morfométrica da bacia hidrográfica do rio Debossan, Nova Friburgo, RJ. Revista

Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.2, p.241-248, 2006

GARCEZ, L. N.; ALVAREZ, G. A. 1988, Hidrologia, 2ª edição Revista e Atualizada,

Editora Edgard Blucher.

STRAHLER, A.N. 1953, Hypsometric (area-altitude) analysis and erosional topography,

Geological Society of America Bulletin v. 63, p. 1117-1142.

TUCCI, C. E M.; CLARKE, R. T. (1997) Impacto das mudanças de cobertura vegetal

no escoamento, Revisão Revista Brasileira de Recurso Hídricos, v.2,nº1, p. 135-52

VILLELA, S. M.; MATTOS, A. 1975, Hidrologia Aplicada,. Editora Mc Graw Hill, São

Paulo 245p.

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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO CÓRREGO DO

CORREDOR EM MÁRIO CAMPOS – MG

Mateus Junior da Silva Pinto1, Mateus Francisco Julio

2

1

Engenheiro Agrícola e Ambiental formado pela UFMG, mestrando em Tecnologias e Inovações

Ambientais pela UFLA, Engenheiro da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável de Mário Campos -

MG.

² Técnico em Meio Ambiente, graduando em Engenharia Ambiental pela Faculdade Pitágoras de Betim,

Fiscal Ambiental da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável de Mário Campos – MG.

Resumo: As preocupações suscitadas com a realidade dos recursos hídricos é um dos

assuntos ambientais mais discutidos em todo o planeta. O presente trabalho teve como

objetivo realizar um diagnóstico ambiental da microbacia do córrego do Corredor em

Mário Campos – MG, determinando alguns de qualidade da água, além de verificar a

influência do uso e ocupação do solo sobre o mesmo. Os dados obtidos nas visitas de

campo e os de análise laboratoriais das amostras de água demonstraram que os efeitos

antrópicos alteraram a qualidade desse corpo hídrico. As atividades agrícolas, o

lançamento irregular de esgoto doméstico e a erosão do solo contribuíram com o

aumento de vários parâmetros de qualidade de água ao longo do curso d’água. Conclui-

se que o uso e ocupação do solo influência diretamente sobre a qualidade nestes cursos

hídricos e se faz necessário à implantação de medidas mitigadoras de poluição e práticas

de conservação do solo e da água nesta microbacia hidrográfica.

Palavras–chave: erosão, poluição hídrica, qualidade de água, recursos hídricos

ENVIRONMENTAL DIAGNOSIS OF CORREDOR STREAM WATERSHED IN

MÁRIO CAMPOS- MG

Abstract: The concerns raised with the reality of water resources is one of the most

discussed environmental issues around the globe. This study aimed to carry out an

environmental diagnosis in the watershed of the stream Corregor in Mario Campos -

MG, determining some water quality, and check the influence of the use and occupation

of the same. Data obtained during the visits of field and laboratory analysis of water

samples showed that anthropogenic effects have altered the quality of this water

resource. Agricultural activities, the irregular release of sewage and soil erosion

contributed to the increase of various water quality parameters along the watercourse. It

is concluded that the use and occupation of land directly influence on the quality of

these water resources and is necessary to the implementation of mitigation measures for

pollution and soil conservation practices and water in this watershed.

Keywords: erosion, water pollution, water quality, water resources

Introdução

A degradação dos recursos naturais, principalmente da água e do solo vem

crescendo ao longo dos anos devido a diversos fatores antrópicos (TORRES et al.,

2008). O uso e ocupação do solo causado por ocupação antrópica desordenada, e

atividades agrícola e industrial sem um devido controle influenciam diretamente com a

alteração da qualidade do meio físico ambiental.

A preocupação em relação à qualidade do meio físico ambiental em um

ambiente antrópico tem relação com o saneamento básico, especificamente com o

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lançamento de esgotos de forma descontrolada e tratamento e a disposição inadequada

de resíduos sólidos, alterando de forma negativa as características químicas, físicas e

biológicas.

As bacias hidrográficas são consideradas por Baruqui e Fernandes (1985) como

ecossistemas adequados para a avaliação dos impactos causados pelas atividades

humanas, os quais podem acarretar riscos ao equilíbrio e manutenção quantitativa e

qualitativa da água, uma vez que estas variáveis estão correlacionadas com o uso do

solo.

Não se tem conhecimento do diagnóstico da situação atual das microbacias

hidrográficas no município de Mário Campos – MG com isso esse trabalho teve como

objetivo realizar um diagnóstico ambiental na microbacia do córrego do Corredor com

finalidade de determinar alguns parâmetros de qualidade de água bem como definir os

pontos críticos de degradação ao longo de todo curso d’água.

Material e Métodos O estudo foi realizado no município de Mário Campos-MG, localizado na

Região Metropolitana de Belo Horizonte na área correspondente a microbacia do

córrego do Corredor, área essa predominantemente ocupada por residências e intensiva

atividade agropecuária. Não foi possível encontrar na literatura informações referentes à

extensão desse curso d’água e sua respectiva área de drenagem.

Todo o trecho do córrego do Corredor foi percorrido em agosto de 2015 com

finalidade de verificar os pontos de degradação ambiental ocasionados pelo

desmatamento, erosão e descarga irregular de esgoto doméstico. Além disso, coletou-se

três amostras de água em diferentes trechos, a primeira próximo a nascente principal, a

segunda em uma região com predominância de atividades agrícolas e a última na foz do

curso d’água.

A coleta das amostras de água foi realizada no período da manha e em seguida

foram encaminhadas a um laboratório para determinação dos parâmetros de qualidade

de água utilizando a metodologia Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater (APHA, 2012). Foram analisados os parâmetros pH, turbidez, demanda

bioquímica de oxigênio (DBO), ferro total, alumínio e coliformes totais.

Após a determinação dos resultados em laboratório, os parâmetros foram

comparados entre os trechos em todos os cursos d’água com objetivo de verificar a

influência do uso e ocupação do solo sobre a qualidade da água. Vale ressaltar que a

quantidade de água coletada para cada amostra sempre excedeu o valor recomendado

para a segurança da representatividade nos procedimentos analíticos em laboratório.

Resultados e Discussão

Através do diagnóstico in loco foi possível verificar várias irregularidades

próximo percurso do córrego do Corredor. Em grande parte o limite da Área de

Preservação Permanente (APP) não foi respeitado, em muitos trechos se quer existe a

presença de vegetação.

Existe o lançamento de esgotos in natura em alguns pontos, esse fato é

justificado pela presença de residências próximas ao curso d’água. Além disso, foram

constatados alguns pontos de erosão causados principalmente pela falta de cobertura

vegetal.

(a) (b)

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Figura 1: a) lançamento irregular de esgoto doméstico b) erosão provocada no leito do

córrego causado por solo exposto.

O resultado das análises dos parâmetros de qualidade de água mostra que o valor

de pH para todas as amostras nos dois córregos se manteve na faixa do esperado para

águas naturais, segundo VON SPERLING (2014) o valor de pH das águas naturais varia

entre 6,0 a 8,5.

Tabela 1: Resultados dos parâmetros avaliados no córrego Campo Belo de acordo com

o ponto de coleta

A turbidez pode causar em um curso d’água a interferência na dispersão da luz

através da água provocada principalmente por partículas coloidais, silte e areia,

microrganismos, plâncton e matéria orgânica particulada, despejos domésticos e

industriais e processos erosivos (DI BERNARDO, DANTAS E VOLTAN, 2011; VON

SPERLING, 2014). Todas as irregularidades ambientais diagnosticados podem ter

contribuído com o aumento da turbidez.

O valor dos Coliformes Totais teve um aumento considerável da primeira para a

segunda amostra, esse fato é explicado, pois a segunda amostra foi coletada num trecho

logo após um lançamento irregular de esgoto doméstico. O aumento na concentração de

nitrato se dá pela intensa atividade agrícola e também pelo lançamento clandestino de

esgoto.

Conclusões Com este estudo foi possível verificar as irregularidades no leito do curso

principal da microbacia do córrego do corredor.

O uso e ocupação do solo contribuíram para a alteração dos parâmetros de

qualidade de água, sendo que quando o solo é ocupado por urbanização à qualidade da

água tende ser pior.

Atividades agrícolas e o lançamento de esgoto in natura contribuíram para o

aumento da turbidez e dos sólidos totais ao longo dos dois cursos d’água.

Os resultados deste trabalho ressaltam a importância da necessidade de

implantação de medidas mitigadoras de poluição e práticas de conservação do solo e da

água com objetivo de melhorar a qualidade do meio físico ambiental.

Literatura citada

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION et al. Standard methods for the

examination of water and wastewater: selected analytical methods approved and

Parâmetro Unidade Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3

pH ­ 8,19 8,11 7,92

Turbidez UT 0,38 1,4 2,48

DBO mg/L 0,4 1 1,9

Alumínio mg/L < 0,01 0,02 0,11

Nitrato mg/L 0,17 0,51 4,5

Coliformes Totais NMP/100mL 170 > 1600 > 1600

Córrego do Corredor

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42

cited by the United States Environmental Protection Agency. American Public

Health Association, 2012.

BARUQUI, A. M.; FERNANDES, M. R. Práticas de Conservação do Solo. Informe

Agropecuário, Belo Horizonte, v.11, n. 128, p. 55-59, ago. 1985.

DI BERNARDO, L; DANTAS, Â. D. B.; VOLTAN, P. E. N. Tratabilidade de água e

dos resíduos gerados em estações de tratamento de água. LDiBe, 2011.

TORRES, J. L. R. et al. Diagnostico ambiental e análise morfométrica da microbacia do

córrego Lanhoso em Uberaba–MG.Caminhos de Geografia, v. 9, n. 25, 2008.

VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos.

Editora UFMG, 2014.

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Diagnóstico ambiental em área com disposição irregular de resíduos sólidos às

margens do Córrego Barreiro em Belo Horizonte, MG1.

Yuri Lorran Braga Cunha2, Aleff Maurício de Sousa Antunes

3, Rosalina Medeiros de

Souza4, Raquel Dias Rodrigues

5, Leilane Cristina Duarte Ferreira

6, Diego de Oliveira

7.

1 Trabalho apresentado em 2015 como requisito para aprovação na disciplina de Trabalho Interdisciplinar

de Graduação do curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNIBH.

2, 3, 4, 5, 6, 7 Estudantes de graduação em Engenharia Ambiental.

Resumo: Considerando os grandes problemas enfrentados atualmente decorrentes do

descarte irregular de resíduos sólidos, este estudo apresenta uma área afetada por este

problema às margens de um curso d’água, analisa a qualidade do solo e da água da

região, realiza a caracterização gravimétrica dos resíduos e a limpeza da área. Visando

identificar possíveis contaminações e adotar medidas para reestabelecer a qualidade do

ambiente, sugere a aplicação do método da fitorremediação, derivada da biorremediação,

para restauração de degradação e incentiva ações de educação ambiental, propondo a

conscientização da população do entorno com o intuito de dar destinação correta aos

resíduos e permitir que tal área seja recuperada adequadamente.

Palavras–chave: Contaminação, descarte irregular, educação ambiental,

fitorremediação, recursos ambientais, resíduos sólidos.

Environmental diagnosis in area with irregular provision of solid waste on the

banks of the Stream Barreiro in Belo Horizonte, MG.

Abstract: Considering the major problems currently faced arising from the irregular

discard of solid waste, this study presents an area affected by this problem to the

margins of a water-course, analyzes the quality of soil and water from the region,

performs the gravimetric characterization of waste and cleaning the área.Parte superior

do formulário Aiming to identify possible contamination and adopt measures to restore

the quality of the environment, suggests the application of the method of

fitorremediação, derived from biorremediação, for restoration of degradation and

encourages actions of environmental education, proposing the population awareness of

surroundings with the aim of giving the correct disposal of waste and allow such area be

recovered properly. . Keywords: Contamination, discard irregular, environmental education, fitorremediação,

environmental resources, solid waste.

Introdução As consequências das ações antrópicas têm atingido dimensões anormais e muitas

vezes catastróficas, onde se observa alterações significativas nos recursos ambientais,

como solo, ar e água. (FREIRE et al., 2000). Nos últimos anos, principalmente em

regiões industrializadas e densamente povoadas, intensificou-se o aparecimento de áreas

acometidas pelo desenvolvimento de atividades antrópicas potencialmente poluidoras.

Contudo, a reutilização dessas áreas representa riscos à saúde.

Segundo Silva e Liporone (2011), dentre os problemas ambientais mais comuns

presentes nas áreas urbanas, destaca-se a geração de resíduos e seu descarte irregular.

Estes resíduos dispostos inadequadamente podem poluir o solo e as águas, alterando as

características físicas, químicas e biológicas destes recursos e, consequentemente,

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implica em riscos à saúde da população em seu entorno, atraindo a presença de vetores

causadores de doenças, como micro-organismos, roedores e insetos (MARQUES, 2011).

A Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010 institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS), que traz as diretrizes relativas à gestão e ao gerenciamento de resíduos

sólidos. A lei define que é proibido o lançamento in natura a céu aberto, de qualquer

resíduo sólido ou rejeito, excetuando-se os resíduos provenientes da atividade de

mineração. Além disso, a PNRS também determina a proibição dos lançamentos de

resíduos sólidos e rejeitos em quaisquer corpos de água.

QUEIROZ et al., (2010) afirma que o monitoramento da qualidade da água é

essencial para o gerenciamento adequado dos recursos hídricos com a finalidade de

caracterizar aspectos físico-químicos e diagnosticar possíveis mudanças causadas por

ações antrópicas ou mesmo naturais, relacionadas ao uso e ocupação da terra.

Com o intuito de recuperar as áreas afetadas pelo descarte irregular de resíduos,

várias tecnologias vêm sendo estudadas com o objetivo de encontrar o método mais

adequado e viável. Um procedimento ecologicamente correto, eficaz e que está sendo

aplicado atualmente é a técnica da biorremediação, que consiste em um processo no

qual vegetais, micro-organismos ou suas enzimas, são utilizados tecnologicamente para

reduzir ou até mesmo remediar agentes poluidores em determinado ambiente

(GAYLARD et al., 2005). Portanto, o presente estudo visa analisar a qualidade da água

e do solo às margens do Córrego do Barreiro, em Belo Horizonte-MG, ambos

apresentando resíduos sólidos derivados de descarte irregular, e ainda, sugerir um

método de tratamento para recuperação da área, caso seja constatada a contaminação

por metais ou coliformes fecais.

Material e Métodos Este estudo foi desenvolvido em uma área localizada no bairro Flávio Marques

Lisboa, no município de Belo Horizonte – MG com coordenadas geográficas Lat.

19°59'57.2"S e Long. 44°00'11.4"W. Situa-se às margens do Córrego do Barreiro,

afluente do Ribeirão Arrudas. O terreno atualmente apresenta descarte irregular de

resíduos sólidos e estima-se que a população do bairro seja a principal contribuinte para

o descarte irregular dos resíduos sólidos na área de estudo.

Para verificar a qualidade da água do Córrego Barreiro foram coletadas três

amostras simples da água corrente no curso d’água, sendo uma a montante da área onde

há descarte irregular de resíduos, uma exatamente na região afetada e outra a jusante. A

água foi coletada utilizando-se frascos de vidro, previamente esterilizados em autoclave.

Após a coleta, as amostras foram refrigeradas até a análise. Para verificar a qualidade do

solo, foram coletadas seis amostras em três locais diferentes na mesma área de

disposição dos resíduos. Em cada local foram coletadas duas amostras, a 10 cm e a 40

cm de profundidade. Foram feitas análises de pH e turbidez e a presença de metais,

além da presença de coliformes, através do método do Número Mais Provável (NMP).

Objetivando efetuar a avaliação quantitativa e qualitativa dos resíduos, realizou-se

a caracterização gravimétrica aplicando-se o método de quarteamento segundo os

métodos da NBR 10007/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Efetivou-se a limpeza da área, recolhendo todos os resíduos depositados de forma

irregular, que foram encaminhados para a coleta realizada pelo órgão municipal.

Resultados e Discussão

Em relação aos parâmetros pH e a turbidez, todas as amostras apresentaram

resultados dentro dos limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) através das Resoluções nº 357/2005 e 430/2011. No que se refere à

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presença ou não de metais, nenhuma das amostras apresentou alterações possíveis de

serem observadas a olho nu. Observou-se apenas que as soluções apresentaram a

coloração amarelo, caracterizada pela presença do (NH4)², substância adicionada no

teste realizado. Além disso, a partir dos resultados obtidos com a análise laboratorial de

coliformes, registrou-se a presença de coliformes termotolerantes, e com o isolamento

na placa de petri com o meio Eosina Azul de Metileno, foi possível confirmar a

presença da bactéria Escherichia coli. A presença de coliformes fecais na água,

provavelmente é proveniente do descarte de esgoto doméstico em trechos à montante da

área de estudo. Mesmo com a presença confirmada, não se faz necessário nenhum tipo

de tratamento, pois, além de não ser uma água utilizada para o consumo humano, os

coliformes são eliminados naturalmente, devido à autodepuração do meio (GUEDES et.

al, 2009).

Também foram realizados testes de coliformes fecais no solo. Foi possível

identificar a presença de bactérias termotolerantes, porém em menor proporção. Nas

amostras de solo superficial a presença é maior, com exceção da amostra mais próxima

ao córrego, onde a amostra recolhida a 40 cm de profundidade apresenta maior número

de coliformes que a superficial, o que é devido à infiltração natural que ocorre no local.

Verificamos que as amostras indicaram a presença de Escherichia coli, possivelmente

proveniente das fezes de alguns animais que habitam a região.

No quarteamento de resíduos, foram coletados 0,5 kg de papel, 3,5 kg de vidro,

0,5 kg de plástico, 3,0 kg de metal, 3,0 kg de madeira, 2,0 kg de borracha, 6,5 kg de

eletrônicos e 11,0 kg de resíduos da construção civil, totalizando 29 kg de resíduos de

amostra. Foram recolhidos um total de aproximadamente 203,3 kg de resíduos

descartados de forma irregular, dentre eles: plástico, vidro, metal, papel, borracha,

madeira, resíduos eletrônicos e resíduos da construção civil. Essa prática visou o

manejo adequado dos resíduos, consistindo em uma considerável maneira de

preservação do meio ambiente e promoção e proteção da saúde.

Conclusões O descarte irregular de resíduos sólidos resulta em alterar consideravelmente os

recursos naturais causando sérios danos ao meio ambiente. Além disso, é prejudicial à

saúde humana, podendo causar doenças. As visitas a campo e, principalmente as

análises laboratoriais, mostraram que há presença de coliformes totais e fecais no solo e

mais ainda na água do Córrego do Barreiro, causados, provavelmente pelo lançamento

de esgoto doméstico e influenciado pelo descarte irregular de resíduos. E apesar da

presença de uma quantidade considerável de resíduos sólidos no local, não foi detectada

a presença de metais nas amostras analisadas.

Uma técnica que pode ser aplicada é a fitorremediação, segmento da

biorremediação que consiste em utilizar determinadas espécies de plantas para eliminar,

isolar ou inativar contaminantes no solo e água, tendo em vista ser uma técnica de baixo

custo (MARQUES et al., 2011.). Existe a necessidade de realizar a limpeza da área,

ação aplicada neste estudo e que visa o desenvolvimento integral das espécies vegetais

no solo e na água. Além disso, a legislação brasileira determina que é proibido o

lançamento in natura dos resíduos a céu aberto ou em quaisquer corpos hídricos, sendo

essencial seu cumprimento. Destaca-se ainda, a necessidade de uma fiscalização efetiva

pelos órgãos ambientais e o investimento em ações de educação ambiental,

principalmente no entorno da área, agindo na causa e não na consequência, evitando que

esta possa acontecer. Dessa forma, novos estudos devem ser desenvolvidos neste

sentido, voltados para a aplicação de campanhas de conscientização ambiental.

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Agradecimentos Os autores deste artigo agradecem à Professora Doutora Elizabeth Rodrigues

Brito Ibrahim, que como orientadora, esteve atenta a todos os procedimentos e

experimentos realizados neste trabalho.

Literatura citada ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10007:

Amostragem de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, 2004. 21 p.

BRASIL. Lei nº 12305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras

providências.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n. 357, de

17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes

ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de

lançamento de efluentes, e dá outras providências.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n. 430, de

13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes,

complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho

Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

FREIRE, R. S.; PELEGRINI R.; KUBOTA L. T.; DURÁN N. Novas tendências para o

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM CRIANÇAS DA REDE PÚBLICA

MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO EM MÁRIO CAMPOS – MG: IMPORTÂNCIA

DA ARBORIZAÇÃO URBANA

Mateus Junior da Silva Pinto1, Mateus Francisco Júlio

2

1

Engenheiro Agrícola e Ambiental formado pela UFMG, mestrando em Tecnologias e Inovações

Ambientais pela UFLA, Engenheiro da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável de Mário Campos -

MG.

² Técnico em Meio Ambiente, graduando em Engenharia Ambiental pela Faculdade Pitágoras de Betim,

Fiscal Ambiental da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável de Mário Campos – MG.

Resumo: A sucinta preocupação com o meio ambiente e os recursos naturais ocupa um

importante espaço nas escolas, comunidades de bairros, cidades e países fazendo com

que a educação ambiental possa ser promovida de maneira integrada aos seus programas

educacionais. O presente trabalho teve como objetivo demonstrar a importância

preservação do meio físico ambiental e da arborização urbana para crianças da rede

pública municipal de educação na cidade de Mário Campos – MG. Os alunos

envolvidos adquiriram conhecimentos da importância da preservação dos recursos

naturais e contribuíram através do plantio de mudas arbóreas nativas da região que vão

proporcionar grandes benefícios para toda a população do município.

Palavras–chave: arborização, conservação ambiental, educação ambiental

ENVIRONMENTAL EDUCATION WITH CHILDREN NETWORK PUBLIC

EDUCATION IN MUNICIPAL MÁRIO CAMPOS-MG: IMPORTANCE OF

URBAN AFFORESTATION

Abstract: The short concern for the environment and natural resources occupies an

important place in schools, communities, neighborhoods, cities and countries causing

environmental education can be promoted in an integrated manner to their educational

programs. This study aimed to demonstrate the importance of preserving the

environment physical environment and urban forestry for children of municipal public

education in the city of Mario Campos - MG. Students involved gained knowledge of

the importance of preserving natural resources and contributed by planting native tree

seedlings in the region that will provide great benefits for the whole population of the

municipality.

Keywords: afforestation, environmental conservation, environmental education

Introdução

As estratégias de enfrentamento dos problemas relacionados ao meio ambiente

com finalidade de surtir o efeito desejável de sociedades cada vez mais sustentáveis

envolvem uma articulação entre todos os tipos de intervenção ambiental direta,

incluindo nesse contexto as ações em educação ambiental.

A educação ambiental tem como objetivo ajudar, fazer e compreender a

existência da interdependência econômica, social, política e ecológica, proporcionar a

toda sociedade a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, as

atitudes necessárias para proteger o melhorar o meio ambiente além de induzir novas

formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade em seu conjunto, a

respeito do meio ambiente.

Uma das formas da educação ambiental no dia a dia é a conscientização da

população a respeito da importância da preservação das árvores. Segundo Dantas e

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Souza (2004) os indivíduos arbóreos constituem-se em eficaz filtro de ar e de ruídos,

exercendo ação purificadora por fixação de poeiras, partículas residuais e gases tóxicos,

proporcionando a depuração de microrganismos e a reciclagem do ar através da fotossíntese.

Exerce ainda influência no balanço hídrico, atenua a temperatura e luminosidade, amortiza

o impacto das chuvas além de servir de abrigo à fauna.

Segundo Dias (1992) as escolas são consideradas espaços privilegiados na

implantação de atividades que propiciem a reflexão da importância da temática

ambiental, pois existe espaço para atividades de sala de aula e de campo.

O presente trabalho teve como objetivo mostrar a importância da preservação do

meio e da arborização urbana para crianças da rede pública municipal de educação na

cidade de Mário Campos – MG.

Material e Métodos

O trabalho de educação e conscientização ambiental foi realizado em 5 de junho

de 2015, dia mundial do meio ambiente, com crianças entre oito e doze anos que

participam do projeto “Saberes Integradas” da rede pública municipal de educação de

Mário Campos – MG.

O trabalho constituiu em divulgar a importância da preservação do meio

ambiente urbana no município através de palestras sobre preservação das florestas e

recursos hídricos, aquecimento global, ecologia e ecossistemas e resíduos sólidos.

Após as palestras as crianças foram direcionadas para a área da lagoa do bairro

campo verde com finalidade de realização do plantio de mudas de árvores nativas da

região. No total foram plantadas 18 mudas entorno da lagoa, sendo três exemplares de

cada indivíduo de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1: Espécies arbóreas plantadas na lagoa do bairro Campo Verde em Mário

Campos – MG

O espaçamento determinado para o plantio das mudas foi de 3,5 metros de

distância, considerado suficiente para respeitar o crescimento da copa de cada indivíduo.

Adotou-se o sistema de plantio na forma triangular, pois de acordo com Balloni e

Simões (1980) o mesmo é vantajoso, pois utiliza 90,69% do espaço disponível.

Resultados e Discussão

Após toda a explicação do curso todas as crianças envolvidas no projeto fizeram

sua contribuição com o meio ambiente através do plantio de mudas de árvores nativas

da região (Figura 1).

Quantidade Nome Popular Nome Científico

3 Aroeira Salsa Schinus molle

3 Pau-Brasil Caesalpinia echinata

3 Quaresmeira Tibouchina granulosa

3 Ipê do Cerrado Tabebuia ochracea

3 Pata-de-vaca Bauhinia forficata

3 Jequitibá branco Cariniana estrellensis

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Figura 1: plantio de árvores ao redor da lagoa do bairro Campo Verde

Verificou que as crianças ficaram empolgadas com o trabalho de campo de

plantio de mudas arbóreas, pois elas contribuíram com a melhoria da qualidade do meio

ambiente ao qual elas estão inseridas.

Através da educação ambiental, as escolas devem sensibilizar os alunos a

buscarem valores que conduzam com a convivência harmoniosa com o meio ambiente e

os demais seres vivos que estão inseridos em todo ecossistema.

O processo de sensibilização das crianças da rede ensino pública municipal em

relação à importância da preservação do meio ambiente pode fomentar iniciativas que

transcenderam o ambiente escolar, atingindo tanto o bairro no qual foi beneficiado com

o plantio das árvores como comunidades mais afastadas nas quais residem alunos e

professores.

SOUZA (2000) destaca que as relações de aprendizado dentro das escolas

aliadas com conhecimentos adquiridos de forma extraescolar são de grande importância

na conservação e preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.

A Educação Ambiental nas escolas necessita ser arremetida de forma sistemática

e transversal, em todos os níveis de ensino, garantindo a presença da dimensão

ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das

atividades escolares.

De acordo com DIAS (1992) a Educação Ambiental necessita ser processo

contínuo e permanente, através de ações multidisciplinares globalizantes e da

instrumentação dos professores; procurando a integração entre escola e comunidade,

com a finalidade de preservar o meio ambiente para que se tenha um desenvolvimento

sustentável.

Conclusões O trabalho de educação ambiental possibilitou as crianças da rede municipal de

ensino adquirir conhecimentos da importância da preservação dos recursos naturais,

proporcionando aos alunos buscar valores que conduzam uma convivência harmoniosa

com o meio ambiente.

Além disso, as crianças aprenderam através da teoria e da prática a importância

da preservação e conservação das árvores, pois as mesmas proporcionam muitos

benefícios a toda população.

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Literatura citada

BALLONI, E. A.; SIMÕES, João Walter. O espaçamento de plantio e suas implicações

silviculturais. 1980.

DANTAS, I. C.; SOUZA, CMC de. Arborização urbana na cidade de Campina Grande-

PB: Inventário e suas espécies. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 4, n. 2, p.

1-18, 2004.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo, Gaia, 1992.

SOUZA, A. K. A relação escola-comunidade e a conservação ambiental. Monografia.

João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba, 2000.

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Educação superior e meio ambiente – Aproveitamento de resíduo siderúrgico na

produção de Pavers

Ricardo Luiz Perez Teixeira1, Leonardo Lúcio de Araújo Gouveia

2, Marcos Antônio

Gomes3, Igor Fernandes de Abreu

4, Daniela Faraci Moreira

5, Daniel de Abreu Milagre

6

1Professor Doutor em Engenharia Metalúrgica e Materiais, UFRJ.

2Professor Mestre e pesquisador, UEMG.

3Professor Doutor e pesquisador, UEMG.

4Engenheiro de Minas e pesquisador, UEMG.

5Graduanda em Engenharia Civil, UEMG.

6Graduando em Engenharia de Minas, UEMG.

Resumo: Neste trabalho apresenta-se um resumo da atuação dos docentes, numa

abordagem de aprendizagem por resolução de problemas (PBL), para a reutilização de

resíduos de pó de balão siderúrgico para a produção de pavers no espaço geográfico da

região do Médio Piracicaba no estado de Minas Gerais. Neste trabalho visou o

engajamento dos alunos nas questões socioambientais e a formação de engenheiros

cientes na sua atuação no meio ambiente pelo problema de se reutilizar o pó de balção

na construção civil. O produto desta atuação docente é o estudo da influência da adição

do rejeito de pó de balão nas propriedades mecânicas do concreto destinado à fabricação

de pavers, visto que a indústria da construção civil é a maior responsável pela geração

de resíduos, sendo responsável pelo consumo de aproximadamente 40% dos recursos

naturais extraídos. Neste trabalho conseguiu-se com a adição do pó de balão ao concreto

uma proposta viável de reduzir a quantidade desse resíduo no meio ambiente e auxilia

na produção de um material de menor custo que o tradicional para a construção civil e

ao mesmo tempo retirando o resíduo industrial do meio ambiente.

Palavras-chaves: Reutilização de resíduos, PBL, Construção civil.

Higher education and environment - Steel waste harnessing the production of

Pavers

Abstract: This paper presents a summary of the performance of teachers in solving

problems by learning approach (PBL) for the reuse of waste steel balloon powder for

the production of pavers in the geographical area of the Middle Piracicaba region in

Minas Gerais state. This work aimed to engage students in environmental issues and the

training of engineers aware in its operations on the environment by the problem of

reusing the counter powder in construction. The product of this teaching practice is the

study of the influence of the addition of tailings balloon powder on the mechanical

properties of concrete used to manufacture pavers, as the construction industry is the

most responsible for the generation of waste and is responsible for consumer

approximately 40% of mined natural resources. This work was achieved with the

addition of balloon powder the concrete a viable proposition to reduce the amount of

this waste in the environment and assists in producing a lower cost material than

traditional for construction while removing the residue industrial environment.

Keywords: Waste Reuse, PBL Construction.

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Introdução

O desafio das ações docentes de desvincular-se a visão disciplinar e adentrar na

construção do saber interdisciplinar e complexo envolvendo o meio ambiente e a

Economia Verde é crescente e demandam novos profissionais e cientistas que possam

melhor transpor as barreiras para a real mudança. A mudança inicia-se através da ação

do docente na forma de inserir questões ambientais nos trabalhos avaliativos discentes

[1].

Como proposição para atuação docente aos discentes, colocou-se o problema na

forma de PBL a necessidade de se reduzir a quantidade de resíduos sólidos gerados

pelas indústrias siderúrgicas e mineradoras na região do Médio Piracicaba em Minas

Gerais e, ao mesmo tempo, desenvolver habilidades de engenharia em se utilizar o

conhecimento teórico técnico na resolução prática desse problema [2]. Sabe-se que a

indústria da construção civil é responsável pelo consumo de aproximadamente 40% dos

recursos naturais extraídos sendo, portanto, o setor responsável pela maior parte de

resíduos gerados pela sociedade [3]. Como solução a esse problema, propôs-se a

incorporação desses resíduos nas matérias-primas utilizadas pela construção civil, pois

segunda a literatura é uma maneira viável de reduzir esse problema, sendo capaz de

diminuir os custos de produção e de reaproveitar diversos resíduos, como por exemplo,

os plásticos, as borrachas de pneus, o pó de balão, dentre outros [4].

O resíduo para a construção civil escolhido pelos discentes foi o pó de balão

siderúrgico. O pó de balão é um resíduo sólido, de coloração negra, oriundo da indústria

siderúrgica. Esse resíduo é constituído basicamente de finos de carvão vegetal e minério

e pode ser adicionado ao concreto na produção de blocos pré-moldados de concreto, os

pavers [5].

No Brasil, a utilização dos pavers em determinados segmentos é definida pela

Norma Brasileira ABNT NBR 9781, que trata de peças de concreto para Pavimentação -

Especificação e métodos de ensaio. De acordo com essa norma, a resistência

característica à compressão mínima exigida aos 28 dias de idade para pavers destinados

ao tráfego de pedestres, veículos leves e veículos comerciais de linha é de 35 MPa,

enquanto que para o tráfego de veículos especiais e solicitações capazes de produzir

efeitos abrasivos acentuados esse valor mínimo é de 50 MPa aos 28 dias [6].

Do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, os pavers são bastante

interessantes, uma vez que por permitirem a infiltração da água, acabam reduzindo o

volume de enxurradas e erosões, melhoram a qualidade da água, reduzem os gastos

públicos com recursos de drenagem e mantém a área útil do terreno [7].

Sendo assim, o estudo desse resíduo como insumo na produção dos blocos pré-

moldados se mostra relevante, uma vez que reduz os custos de matérias-primas e torna a

produção nas siderúrgicas menos poluente e mais eficaz.

Material e Metodos

Visando caracterizar granulometricamente as amostras de pó de balão foram

realizados ensaios granulométricos por peneiramento de duas amostras do resíduo,

sendo as amostras passadas por peneiras de diversas aberturas, sob agitação constante.

Para posterior estudo dos efeitos da adição do pó de balão, preparou-se

inicialmente, um concreto utilizando apenas matérias primas convencionais (areia, brita,

cimento, água e aditivo) sem que houvesse adição do resíduo, sendo o traço utilizado

para a moldagem desse concreto denominado traço referência. Em sequência, tendo

como base o traço referência calculou-se um traço denominado traço substituído. Para

esse traço foram utilizadas as mesmas matérias-primas havendo, entretanto, a adição do

pó de balão.

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Em seguida, a partir dos traços calculados foram moldados em corpos de prova,

sendo utilizado parte como traço referência e outros com o traço substituído po pó de

balão. Os materiais utilizados em cada traço foram despejados em uma betoneira, sendo

mantidos sob agitação e depois moldados em corpos de prova. Após 24 horas da

moldagem os corpos de prova foram submersos em uma solução saturada de cal para

dar início ao processo de cura.

Por fim, para análise da resistência à compressão dos corpos moldados foram

realizados ensaios mecânicos de resistência à compressão nos corpos com idades de 7

dias e 28 dias.

Resultados e Discussões

Os ensaios mecânicos de resistência à compressão realizados nos corpos de prova

nas idades de 7 e 28 dias permitiram comparar a resistência do traço referência e do

traço substituído nas duas idades estudadas. Analisando o os dados, constatou-se que a

adição de apenas 4% em massa do pó de balão com a granulometria estudada promove

um aumento na resistência à compressão em ambas as idades estudadas. Tal

característica é atribuída ao pó de balão que aumenta as propriedades mecânicas do

concreto, uma vez que atua preenchendo vazios, incrementando a densidade da

argamassa e reduzindo a porosidade na zona de transição argamassa-concreto, ao

mesmo tempo em que leva à formação de uma microestrutura mais refinada [8] e

resistente com uma resistência mínima à compressão de 50 MPa, apta para pavers

conforme a ABNT NBR 9781.

Conclusões

Os discentes sobre a orientação docente conseguiram atuar na produção de pavers

com resíduo de pó de balão que aumentam as propriedades mecânicas do concreto

comum para pavimentação. Esse paver produzido com pó de balão ao mesmo tempo em

que reduz a quantidade desse resíduo no meio ambiente e auxilia na produção de um

material de menor custo que o tradicional para a construção civil.

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer à Faculdade de Engenharia da Universidade do

Estado de Minas Gerais e ao grupo de pesquisa MATCIME – Campus Itabira e ao

Laboratório de Materiais de Construção do Departamento de Engenharia da Mobilidade

da UNIFEI – Campus Itabira.

Literatura Citada

RABELO, Laudemira Silva, et al.. The experience of PRODEMA in Brazilian

postgraduate education: science for sustainability at UFC/A experiencia do Prodema na

pós-graduação Brasileira: ciencia para a sustentabilidade na UFC/La experiencia del

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ELABORAÇÃO DE CATÁLOGO DEMONSTRATIVO

PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR ATIVIDADE DE

CEMITÉRIOS1

Nascimento, J. M.2; Perpétuo, D. O.

2; Junior, W. M. P.

2; Vasconcelos, F. C. W.

3

1’

Trabalho elaborado como requisito para aprovação na disciplina de Biotecnologia Aplicada à

Recuperação de Áreas Degradadas e Saneamento Básico do 6º período de graduação de Ciências

Biológicas. 2’

Graduandos em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário UNA.

3’ Professora Doutora Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, Centro Universitário UNA.

Endereço postal: Rua Guajajaras 175, Belo Horizonte - MG.

Correio eletrônico: [email protected]

Resumo: Em 2003, foi promulgada a Resolução CONAMA n° 335 que propõe ações

mitigadoras para os impactos gerados pelos cemitérios evitando assim, danos

incalculáveis e irreversíveis para o meio ambiente. Assim, o objetivo desse trabalho foi

elaborar um catálogo com possíveis soluções para os impactos ambientais gerados na

implantação e operação dos cemitérios, sendo considerado: a legislação vigente e as

técnicas para recuperação dessas áreas. A forma de apresentação em catálogo foi

pensada com o intuito de facilitar o acesso à informação para os mais variados públicos

e orientar a estrutura do plano de recuperação de áreas degradadas. Pelas alternativas

estudadas e propostas, entende-se como viável e relevante a reavaliação dos métodos de

inumação humana, sendo importante o envolvimento da população, para diminuir os

possíveis efeitos negativos sobre o meio ambiente pela prática do enterro convencional.

Palavras–chave: Cemitério, impacto ambiental, recuperação de áreas degradadas

ELABORATION OF A DEMONSTRATIVE LIST FOR THE RECOVERY OF

DEGRADED AREAS CAUSED BY CEMETERIES ACTIVITY

Abstract: In 2003, it was promulgated the CONAMA's resolution number 335 that

proposes mitigating actions to the impacts generated by cemeteries, what can prevent

uncounted and irreversible damages to the environment. In this sense, this research's

purpose was to elaborate a list to present solutions to the environmental impacts

genareted by the implementation and operation of the cemeteries. It was considered: the

legislation and the necessary techniques to recover the degradated areas. The list

apresentation form was chosen due to facilitate the information acess by sundry public

and lead the recovery degraded area plan structure. By the studied and proposed

alternatives, the human burial methods was identified as viable and relevant to be re-

evaluated. This re-evaluation, combined to the population envolviment, can reduce the

possible negative effects to the environment caused by conventional burial.

Keywords: Cemetery, environmental impact, recovery degradated areas

Introdução Cemitérios existem há séculos e são comumente instalados próximos às áreas

urbanas, porém, a discussão quanto aos impactos ambientais gerados nesses locais só

começou a ter visibilidade recentemente, no ano de 1998, quando a OMS (Organização

Mundial de Saúde) publicou um relatório afirmando que cemitérios eram locais

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potenciais causadores de impactos ambientais no solo e nos lençóis freáticos devido a

liberação de substancias orgânicas e inorgânicas e microrganismos patogênicos.

Sendo assim, o catálogo foi estruturado com o intuito de facilitar o entendimento

do plano de recuperação de áreas degradadas para a atividade de cemitérios,

demonstrando as etapas para a regularização desse tipo de empreendimento, a

importância do licenciamento ambiental, abordando as leis e regulamentações vigentes.

Com o aumento da população, essa temática vem sendo discutida visto os

aspectos socioculturais de como lidamos com nossos mortos. Apesar da cremação ser

utilizada, a maioria das famílias ainda opta pela forma convencional de sepultamento

em que o cadáver é enterrado. Tal método pode ser uma fonte de contaminação do

ambiente devido ao processo de inumação e ao resultado da decomposição do cadáver.

em que a matéria orgânica pode ser autolisada ou decomposta. (ALMEIDA; MACEDO,

2005).

A implantação de cemitérios não previa a possível contaminação do solo e, ou,

dos recursos hídricos. Essa situação foi regularizada em 2003, pelo Conselho Nacional

de Meio Ambiente (CONAMA), ao promulgar a Resolução n° 335, que estabelece as

normas para adequação desses empreendimentos, evitando contaminações bem como as

ações mitigadoras, não só para os novos empreendimentos, mas cemitérios já existentes

devem se adequar a estas normas. Neste contexto, Estados e Municípios podem criar

sua própria legislação desde que atendam à Resolução do órgão federal. No caso

específico do Estado de Minas Gerais, a Resolução da Secretaria Estadual de Saúde nº

4.798/2015 está em consonância com os requisitos dispostos nas resoluções do

CONAMA nº 335/2003, nº 368/2006 e nº 402/2008 e cita ainda que os

empreendimentos, além de obterem a licença ambiental, devem ser submetidos à prévia

aprovação do Poder Público Municipal, nos termos da legislação municipal vigente. A

legislação municipal de Belo Horizonte ainda não foi aprovada, existe um Projeto de

Lei que dispõe sobre o licenciamento e outras outorgas, entretanto ainda não foi votado,

a PL n° 989/14. Diante do exposto, optou-se por desenvolver o plano apresentado em

forma de catálogo e sistematizado de maneira a atender as exigências das Resoluções

CONAMA n.º 335/2003, n° 268/2006 e n° 402/2008.

Assim, esse trabalho transcende a função acadêmica do processo ensino-

aprendizagem e adquire uma função socioambiental na tentativa de esclarecer aos

diferentes públicos sobre as questões ambientais e legais que envolvem o

empreendimento cemitério bem como auxiliar na tomada de decisão seja como gestor

do negócio, seja como opção individual.

Material e Métodos

O conteúdo do catálogo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, no

segundo semestre de 2015, nos sites de pesquisas: Google Acadêmico, Scielo e Portal

CAPES, adaptando a linguagem científica para o entendimento do público leigo sobre

as técnicas e a legislação vigente que regem a elaboração de um PRAD. Além disso,

foram realizadas visitas in loco para registros fotográficos que pudessem auxiliar na

confecção do catálogo, trazendo na imagem, algumas das informações técnicas

evidenciadas na literatura científica e na legislação vigente.

Resultados e Discussão

Cemitérios constituem possível fonte de contaminação do solo e lençóis freáticos,

se não observadas na implantação determinadas práticas como análise do solo, mais

poroso por exemplo, os líquidos decorrentes da decomposição tem a chance de percolar

mais rapidamente, chegando a contaminar as águas subterrâneas tornando-as não

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potáveis. Sendo a maior parte das construções muito antigas e como não havia controle

legal, não foram observados estudos geológicos e hidrológicos, o que pode evidenciar

hoje alterações físicas, químicas e biológicas no solo e em águas superficiais e

subterrâneas (CAMPOS, 2007).

O catálogo foi estruturado em etapas, sendo: introdução, legislação, fases da

implantação, aspectos históricos culturais e curiosidades, técnicas de recuperação de

áreas degradadas e proposição de programas ambientais. Ilustrado de forma atrativa e

impresso em tamanho A3 para melhor visualização das imagens (Figuras 1 e 2). Vários

métodos foram abordados no catálogo de maneira clara e objetiva buscando abranger as

formas de recuperação dos terrenos contaminados, como as técnicas de recuperação de

águas subterrâneas, como barreiras reativas permeáveis e dissipação da energia das

águas (CARNEIRO, 2008) e solos como extração de vapor e oxidação química

(ALMEIDA; MACEDO, 2005; WADT, 2003), biorremediação (MATOS; PACHECO,

2000) bem como a fitorremediação que pode ser empregada em solos contaminados por

substâncias inorgânicas ou orgânicas, presentes nessas ocasiões (WADT, 2003).

Pelas alternativas estudadas e propostas, entende-se como viável e relevante a

reavaliação dos métodos de inumação humana, sendo importante o envolvimento da

população sobre a temática, buscando que a opção pela cremação seja aumentada,

diminuindo potencialmente os efeitos negativos sobre o meio ambiente pela prática do

enterro convencional.

Foi ainda observado nas buscas sobre a adequação dos cemitérios já implantados

até 2003, apesar do prazo estipulado até 2010, constatou-se que houve pouco

movimento nesse sentido, referente tanto à fiscalização quanto à iniciativa dos gestores

públicos desses empreendimentos. Nota-se que regras são obedecidas para novos

empreendimentos, no entanto, de maneira geral, não foram observadas as adequações

exigidas pela legislação nos cemitérios já em funcionamento (CAMPOS, 2007).

Figura 1 capa ilustrativa do catálogo Figura 2 imagem interna da estrutura do catálogo

Conclusões O conhecimento dos impactos causados por cemitérios deve ser amplamente

divulgado, não apenas ao empreendimento causador do impacto, mas também aos

órgãos fiscalizadores competentes, afim de que se siga a resolução CONAMA nº 355,

bem como a lei estadual vigente, em busca da redução e eliminação destes impactos,

obtendo resultados positivos em prol da população do entorno dos cemitérios.

Os processos utilizados para a redução e/ou eliminação dos impactos ambientais,

devem ser exigidos aos empreendimentos cemiteriais para a emissão de licenças

ambientais para funcionamento, afim de que estes estabelecimentos sigam as normas

vigentes, sem causar maiores riscos ao ambiente próximo.

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O produto concluído não foi impresso em escala pela falta de recursos, no entanto

é possível levar a informação para a comunidade através da divulgação em encontros,

fóruns de discussões, congressos, palestras em escolas e centros universitários. Além

disso, existem estudos para divulgação via web.

Agradecimentos Agradecimento ao Centro Universitário UNA e, aos demais alunos que

colaboraram e foram fundamentais para a elaboração e produção do catálogo, Felipe

Augusto Fernandes de Oliveira, Gabriela Tomaz Utsch, Igor Mateus Araújo Alves e

Luiz Fernando Ferreira de Oliveira.

Literatura citada ALMEIDA, A.M.; MACÊDO, J.A.B. Parâmetros físico-químicos de caracterização

da contaminação do lençol freático por necrochorume. In: SEMINÁRIO DE

GESTÃO AMBIENTAL - Um convite a Interdisciplinariedade; Juiz de Fora: Instituto

Viana Junior, 2005.

CARNEIRO, Victor Santos. Impactos causados por necrochorume de cemitérios: Meio

ambiente e saúde pública. Revista: Águas Subterrâneas, v. 1, 2008.

CAMPOS, Ana Paula Silva. Avaliação do potencial de poluição no solo e nas águas

subterrâneas decorrente da atividade cemiterial. 2007. Dissertação (Mestrado em

Saúde Ambiental) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo,

2007.

CONAMA, Resolução Nº 402 de 17 de novembro de 2008. Altera os artigos 11 e 12

da Resolução CONAMA nº 335 de 3 de abril de 2003. Publicada no Diário Oficial da

República Federativa do Brasil nº 224 de18 de novembro de 2008, Seção 1, página 66.

CONAMA, Resolução N° 368, 26 DE MARÇO DE 2006. O CONSELHO

NACIONAL DO MEIO AMBIENTE tendo em vista o que estabelece a Lei no 6.938,

de 31 de agosto de 1981, alterada pelo Decreto no 99.274, de 6 de julho de 1990, e pelo

o que determina a resolução CONAMA 402/08 Dispõe sobre o licenciamento ambiental

de cemitérios.

CONAMA, Resolução nº 335, de 3 de abril de 2003, Alterada pela Resolução

CONAMA no 368/06 (alterados os arts. 3o e 5o , revogado o inciso III, do § 3o , do art.

3o) · Alterada pela Resolução nº 402/08 (alterados os arts 11 e 12) Publicada no Diário

Oficial da União dispõe sobre o licenciamento ambiental em cemitérios.

MATOS, B.A.; PACHECO, A. (2000) Ocorrência de microrganismos no aquifero

freatico do cemitério Vila Nova da Cachoeirinha, São Paulo. In: Congresso Mundial

Integrado de Águas Subterrâneas, 1. Fortaleza 2000. Anais. Fortaleza. ABAS. 1. CD-

ROM

WADT, Guilherme Paulo Salvador. Práticas de conservação do solo e recuperação

de áreas degradadas. 1. Ed. Rio Branco: EMBRAPA, 2003. 32 p.

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Empreendimento minerário numa perspectiva interdisciplinar: Por um diálogo

entre a CFEM e a Responsabilidade socioambiental

Francisleila Melo Santos Fernandes¹

¹ Mestranda em Gestão Integrada do Território, UNIVALE.

Resumo: Algumas cidades, após o fim da exploração mineral se veem despreparadas

para continuar sua gestão, devido à falta de políticas públicas para gerir os impostos que

foram arrecadados ao longo dos anos. O objetivo deste trabalho é, através de uma

pesquisa bibliográfica teórico-conceitual, apresentar os valores da arrecação da

Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) no Estado de

Minas Gerais, com destaque para o município de Conceição do Mato Dentro, e apontar

uma alternativa encontrada por este município para a destinação do recurso, visando um

futuro sustentável após exaustão das reservas de ferro que estão em exploração através

do projeto Minas-Rio.

Palavras–chave: CFEM, Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, Mineração,

Política ambiental, Responsabilidade socioambiental

Abstract: Some cities, after the end of mineral exploration find themselves unprepared to

continue its management due to lack of public policies to manage the taxes that have

been collected over the years. The objective of this work is through a conceptual

theoretical literature, present the values of arrecação the Financial Compensation for

Exploration of Mineral Resources (CFEM) in the State of Minas Gerais, especially in

the municipality of Conceição do Mato Dentro, and point to an alternative found by the

municipality for the allocation of resource, envisioning a sustainable future, after the

depletion of iron stores that are in operation throughout the Minas- Rio project.

Keywords: CFEM, Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, Mining, Environmental

Policy, Environmental Responsibility

Introdução A indústria extrativa mineral compõe a base da pirâmide produtiva e compreende

a atividade de extração e refino de minerais; atividades que sempre estiveram presentes

na história do Brasil, gerando bens e empregos diretos, indiretos e permitindo

arrecadação de impostos aos estados e municípios.

Os setores minerais assim como as empresas de diferentes ramos de atuação estão

submetidos ao Sistema Tributário Nacional, fato importante em qualquer análise

financeira. As mineradoras, além de recolherem os impostos devidos, são obrigadas a

recolher a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).

A CFEM é calculada através do valor do faturamento líquido (“deduzindo-se os

tributos, as despesas com transporte e seguro que incidem no ato da comercialização”

(DNPM, 2016, p.01)), quando ocorre a venda do produto mineral. O percentual de

rateio da arrecação da CFEM é distribuído entre Estado (23%), Município (65%) e

União (12%). As alíquotas aplicadas sobre o faturamento líquido para obtenção do valor

da CFEM variam de acordo com a substância mineral, sendo alíquota de 2% para: ferro,

fertilizante, carvão e demais substâncias (DNPM, 2016, p.01).

Deste modo, os recursos da CFEM tornam-se atrativos para que os municípios

sejam favoráveis à implantação da indústria extrativa mineral em seus territórios. Assim,

a proposta deste trabalho é apresentar e analisar os números da arrecadação da CFEM

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em Minas Gerais com destaque para o município mineiro de Conceição do Mato Dentro,

antes e após a implantação do Projeto minerário Minas-Rio, de propriedade da Anglo

American, e apresentar uma alternativa encontrada pelo município para a destinação

deste recurso, visando minimizar os impactos advindos da mineração e garantir ao

município diversidade econômica, quando as reservas de ferro em exploração estiverem

esgotadas.

A implantação do projeto Minas-Rio teve início em 2007, as obras foram

concluídas em outubro de 2014, quando ocorreu o primeiro embarque de minério de

ferro do Minas-Rio, saindo do Porto do Açu em São João da Barra (RJ) para a China.

Material e Métodos A construção destas análises foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica

teórico-conceitual.

Resultados e Discussão

Atualmente, Minas Gerais, se destaca por ser o principal produtor de minerais

metálicos e não metálicos do país e responde por 35% do total da produção mineral

brasileira. É o maior produtor brasileiro de Ferro (das 350 milhões de toneladas

produzidas no Brasil em 2007, 70% saíram de MG), Fosfato, Ouro, Tantalita e Zinco. É

também o maior produtor de Nióbio do Mundo e em 2007 exportou US$ 1,06 bilhão

(IBRAM, 2016).

Segundo o último dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), referente a 2013, a mineração respondeu por 7,5% do Produto

Interno Bruto (PIB) total do Estado (IBGE, 2016).

Com base na arrecadação da CFEM, os dez maiores Estados produtores de

minérios em 2015 foram: MG (43,57%), PA (29,20%), SP (5,64%), GO (5,40%), BA

(2,73%), MS (1,51%), SC (1,41%), RS (1,41%), ES (1,22 %) e RJ (1,13%) (DNPM,

2016, p.01).

Entre os anos de 2009 a 2013 houve um crescimento significativo da

arrecadação. Em 2009 a arrecadação do Estado era de 79 bilhões e saltou para 271

milhões no ano de 2013, um aumento de 343% (DNPM, 2016, p.01).

Devido a um cenário de baixos preços do minério, diretamente impactados por

um excesso de oferta no mercado global, os dois últimos anos (2014/2015),

contabilizaram queda na arrecadação da CFEM em Minas Gerais.

Comparado o ano de 2014 em relação a 2013, observa-se uma queda na

arrecadação da CFEM de aproximadamente 81 milhões. Se comparado o ano de 2015

em relação a 2013 esta queda foi ainda maior; nesse período Minas Gerais deixou de

arrecadar 123 milhões de reais, fato que deixou os maiores municípios arrecadadores

em alerta (DNPM, 2016, p.01).

Em junho de 2007, a MMX Minas-Rio Mineração S.A. e o Município de

Conceição do Mato Dentro firmaram um acordo que permitia o início do processo de

licenciamento ambiental para a implantação do empreendimento Minas-Rio, no ano

seguinte a Anglo American, adquiriu o Minas-Rio dando continuidade à implantação do

mesmo.

O Projeto Minas-Rio prevê a exploração de um conjunto de minas, para

produção de 56,5 Mtpa (milhões de toneladas por ano) de minério de ferro (ROM - Run

of Mine). O objetivo do empreendimento é realizar a extração de minério ferro a partir

do desenvolvimento de lavra a céu aberto e beneficiá-lo em planta de beneficiamento de

minério por flotação, para obtenção de produtos finos de minério de ferro – pellets feed

(nome comercial) - com teor médio de 68% de Fe (ANGLO, 2016, p.01).

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O empreendimento tem vida útil estimada de trinta e três anos e o

desenvolvimento de todas as suas atividades implicará intervenção direta em uma área

de cerca de 2.700ha. (SISEMA, 2008, p.5).

Com o início das operações do projeto Minas-Rio, o município de Conceição do

Mato Dentro, passou a figurar entre os dez municípios que mais arrecadaram recursos

da CFEM em 2015, conforme a tabela 01.

Tabela 01 – Maiores municípios do estado de Minas Gerais por arrecadação da CFEM nos últimos cinco

anos.

Ranking 2011 2012 2013 2014 2015 (1) Itabira Nova Lima Nova Lima Nova Lima Mariana (2) Nova Lima Itabira Itabira Mariana Nova Lima (3) Mariana Mariana Mariana Itabira Congonhas

(4) São Gonçalo do

Rio Abaixo

São Gonçalo do

Rio Abaixo

São Gonçalo do

Rio Abaixo Congonhas Itabira

(5) Itabirito Itabirito Itabirito São Gonçalo do

Rio Abaixo Itabirito

(6) Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itabirito São Gonçalo do

Rio Abaixo (7) Congonhas Congonhas Congonhas Brumadinho Ouro Preto (8) Itatiaiuçu Ouro Preto Ouro Preto Ouro Preto Brumadinho

(9) Ouro Preto Itatiaiuçu Barão de Cocais Itatiaiuçu Conceição do

Mato Dentro (10) Barão de Cocais Barão de Cocais Santa Bárbara Paracatu Paracatu Fonte: adaptado de DNPM, 2016. Elaborado pela autora.

Nos últimos cinco anos, 2015 foi a primeira vez, que o município de Conceição

do Mato Dentro, apareceu entre os dez maiores arrecadadores. Nos últimos dez anos o

município figurou na relação dos maiores municípios arrecadadores da CFEM no ano

de 2009, ocupando a posição de número 251 e só voltou a figurar no ranking no ano de

2014, ocupando a posição de número 67. No ano seguinte o município saltou da posição

67 para a nona colocação, estando entre os dez maiores do estado de Minas Gerais,

resultado da arrecadação oriunda do empreendimento Minas-Rio.

Segundo os dados do DNPM, em 2015, o município arrecadou através da CFEM

o montante de R$13.847.285,83 (treze milhões, oitocentos e quarenta e sete mil,

duzentos e oitenta e cinco reais e oitenta e três centavos) (DNPM, 2016, p.01). Até o

presente, o valor arrecadado pelo município está sendo utilizado para resolver passivos

deixados no processo de instalação do projeto minerário.

O município através da Lei 2119/2015, instituiu, em maio de 2015, a Política

Ambiental Municipal destinando dez por cento do total arrecadado através da CFEM ao

FUNDEMA – Fundo Municipal de Meio Ambiente, para financiamento das ações

necessárias a implementação da Política Ambiental Municipal, cujo objetivo precípuo é

a busca pelo desenvolvimento sustentável.

A Política Ambiental tem por objetivo a “conservação, preservação e recuperação

do meio ambiente, visando assegurar, (...) condições ao desenvolvimento sustentável,

compatibilizando o interesse público com as necessidades das atividades econômicas e

qualidade de vida” (PMCMD, 2016, p.01).

A estratégia de uso deste recurso é fomentar a geração de emprego e renda no

território a partir de atividades econômicas de base conservacionista e em projetos

sócio-ambientais-culturais de iniciativa da sociedade civil organizada: Conservação

(Pagamento por Serviços Ambientais), Turismo (Ecoturismo, Turismo Rural, Turismo

Científico...), Agricultura Familiar (Agroecologia , Permacultura), Ciencia, tecnologia e

inovação (biotecnologias, geotecnologias, ...); são alguns exemplos de atividades de alto

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rendimento e distribuição espacial em implementação, que visam a diversificação

econômica do município (PMCMD, 2016, p.01).

Conclusões O Projeto Minas-Rio encontra-se em crescimento (ramp up), ou seja, a produção

ainda é gradual, não tendo alcançado a capacidade total de exploração prevista pelo

empreendedor. Desta forma, a expectativa é que o município de Conceição do Mato

Dentro venha a receber valores bem maiores nos próximos anos.

Assim, identificamos ações do município que visam investir parte da riqueza

oriunda da mineração, no desenvolvimento de atividades rentáveis e sustentáveis ao

longo dos anos.

Literatura citada ANGLO AMERICAN. Dados do empreendimento Minas-Rio. In:

http://www.angloamerican.com.br/ (acessado em 10 de março de 2016).

DNPM. Departamento Nacional de Produção Mineral. Ministério de Minas e Energia. .

Maiores arrecadadores da CFEM. In:

https://sistemas.dnpm.gov.br/arrecadacao/extra/Relatorios/cfem/maiores_arrecadadores.

aspx (acessado em 17 de março de 2016).

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contas regionais do Brasil. In:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa

=5 (acessado em 17 de março de 2016).

IBRAM. INTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO. Sobre o setor. In:

http://www.ibram.org.br (acessado em 12 de março de 2016).

PMCMD. Prefeitura Municipal Conceição do Mato Dentro. Legislação Municipal. In:

http://cmd.mg.gov.br/wp-content/uploads/2013/01/Lei-2119-2015-C%C3%B3digo-

Ambiental.pdf (acessado em 10 de março de 2016).

SISEMA. Sistema Estadual de Meio Ambiente. Parecer Único SISEMA N.º 001/2008,

fls. 05, Processo COPAM N.º0472/2007/001/2007. 2008.

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Estocagem de carbono, no componente arbóreo, em sistema silvipastoril na Zona

da Mata de Minas Gerais1

Bruno Leão Said Schettini2, Laércio Antônio Gonçalves Jacovine

3, Carlos Moreira

Miquelino Eleto Torres3, Samuel José Silva Soares da Rocha

2, Eliana Boaventura

Bernardes Moura Alves4, Paulo Henrique Villanova

2

1Parte da monografia primeiro autor, financiada pelo CNPq e FAPEMIG.

2Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal da Universidade Federal de Viçosa.

3Professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa.

4Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal da Universidade Federal de Viçosa.

Resumo: Objetivou-se com esse trabalho avaliar a estocagem de carbono em um

sistema silvipastoril, em Porto Firme, na Zona da Mata Mineira. Foi estimada a

estocagem de carbono no tronco com casca do componente arbóreo do sistema

silvipastoril com clone de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, aos 8 anos,

implantados nos espaçamentos 6 x 4 m (S1), empregando-se o método indireto para

quantificação da biomassa. A biomassa total encontrada foi de 88,25 t.ha-1

e o estoque

total de carbono foi de 41,48 tC.ha-1

. É possível notar que o estoque de carbono do

sistema estudado é similar aos estudos encontrados na literatura. Os SAF’s possuem

contribuição para a estocagem de carbono, devendo, com isso, serem incentivados pelo

governo para auxiliar no comprimento das metas de redução de emissões de gases de

efeito estufa.

Palavras–chave: Programa Agricultura de Baixo Carbono.

Carbon storage in tree component in silvopastoral system in the Zona da Mata of

Minas Gerais1

Abstract: The objective of this study was to evaluate carbon storage in a silvopastoral

system in Porto Firme, in the Zona da Mata Mineira. carbon storage at was estimated in

the trunk with bark of the tree component of silvopastoral system with Eucalyptus clone

grandis x Eucalyptus urophylla, at age 8, implanted in spacings 6 x 4 m (S1), using the

indirect method for quantification of biomass . The total biomass found was 88.25 t ha-1

and the total carbon stock was 41.48 tC.ha-1

. You can see that the stock of the system

studied carbon is similar to studies in the literature. The SAF's own contribution to

carbon storage and must, therefore, be encouraged by the government to assist in the

length of the targets for reducing emissions of greenhouse gases.

Keywords: Program Low Carbon Agriculture..

Introdução Em 2009, na COP-15, realizada em Copenhagen, Dinamarca, o Brasil assumiu o

compromisso voluntário de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), até o

ano de 2020, entre 36,1% e 38,9%, comparado aos níveis de 2005 (MCTI, 2010).

Para auxiliar no cumprimento dessas metas, foi criada a Política Nacional de

Mudanças Climáticas (PNMC), que estabeleceu os planos setoriais de mitigação e de

adaptação às mudanças climáticas visando à consolidação de uma economia de baixo

consumo de carbono (BRASIL, 2010).

Entre os instrumentos da PNMC, foi criado o Plano Agricultura de Baixo

Carbono (ABC), com a finalidade de promover reduções nas emissões de GEE na

agricultura, por meio do incentivo à adoção de sistemas de produção sustentáveis com a

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expansão das seguintes tecnologias: recuperação de pastagens degradadas, sistema de

plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, florestas plantadas e sistemas

agroflorestais (SAFs), (BRASIL, 2011).

Entre essas tecnologias, entende-se que os SAFs podem desempenhar função

importante em relação a remoção de GEE (TORRES et.al, 2014). Dessa forma o

objetivo do presente trabalho é estimar a estocagem de carbono em um SAF localizado

na Zona da Mata de Minas Gerais.

Material e Métodos O estudo foi conduzido em um Sistema Silvipastoril, na zona rural do município

de Porto Firme, MG. Os dados de campo foram coletados nos meses de junho e julho de

2014.

Realizou-se o inventário do tipo censo, ou 100%, para a mensuração da

Circunferência à Altura do Peito (CAP) a 1,30 m do solo, dos indivíduos arbóreos que

compõem os sistemas. Em seguida, selecionou-se 3 indivíduos por classe de diâmetro,

com amplitude de 5 cm, a fim de determinar a altura total das árvores com o auxílio do

hipsômetro Forest Vertex IV®. Posteriormente, para estimativa da altura realizou-se

uma análise estatística dos dados de altura e diâmetro das árvores-amostra, para assim

encontrar os parâmetros a serem utilizados na relação hipsométrica de cada um dos

sistemas.

Para obtenção do volume, cubaram-se as árvores-amostra pelo método não

destrutivo, utilizando o aparelho Pentaprisma de Wheeler, para a medição sucessiva dos

diâmetros ao longo do fuste, e do relascópio Criterium para obtenção dos comprimentos

de cada seção. O volume do tronco com casca foi obtido por meio da fórmula de

Smalian, somando-se os volumes individuais das seções.

Para o cálculo da densidade básica foram amostrados 3 indivíduos por classe de

diâmetro retirando uma amostra de madeira de cada com auxilio de um trado mecânico.

A análise em laboratório foi realizada segundo a norma NBR 11941 (ABNT, 2003).

A biomassa presente em cada árvore foi obtida pela multiplicação do volume

total com casca da mesma pela densidade básica. Por fim, o carbono estocado na

biomassa foi estimado por meio da multiplicação dos valores de biomassa pelo fator

0,47 para espécies arbóreas, conforme recomendação do IPCC (2006).

Resultados e Discussão

Com base nas equações geradas, foram calculados o volume, o incremento

médio anual (IMA), a biomassa e o estoque de carbono por hectare para cada sistema

(Tabela 1).

Tabela 1: Estocagem de carbono no sistema estudado.

Sistema

Espaçamento

(m)

Clone

Volume

(m³.ha-1

)

IMA

(m³.ha-1

.ano-1

)

Densidade

(g.cm³-1

)

Biomassa

(t.ha-1

)

Carbono

(t.ha-1

)

1 6x4 A 186,51 23,31 0,4732 88,25 41,48

Aos 8 anos, o IMA para o Sistema 1 foi de 23,31 m3 .ha-1

.ano -1

, para o

componente arbóreo. A biomassa total encontrada foi de 88,25 t.ha-1

e o estoque total de

carbono foi de 41,48 tC.ha-1

, o que resultado em um incremento médio anual de carbono

de de 5,18 tC.ha- 1

.ano -1

.

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65

Em outro sistema silvipastoril, constituído de Eucalyptus grandis e Acacia

mangium, também localizado na Zona da Mata Mineira, apresentou estoque de carbono

total de 14,29 t C.ha-1

, aos 10 anos de idade (MULLER, 2009). Desse total 11,17 t C.ha-

1 estavam estocados no eucalipto, resultando em um IMAc de 1,12 t C.ha

-1.ano

-1.

Considerando o eucalipto e acácia, o IMAc foi de 1,43 t C.ha-1

.ano-1

, valor inferior aos

sistemas estudados.

Tsukamoto Filho (2004), ao avaliar a estocagem de carbono em um sistema

agrissilvipastoril com eucalipto, no município de Paracatu, MG, observou um estoque

de carbono no sistema de 80,68 t C .ha-1

, aos 11 anos. Desse total 63,55 t C ha-1

estavam

na biomassa acima do solo (tronco, galhos e folhas), o que resulto em um IMAc de 5,77

t C .ha-1

.ano-1

, valor próximo aos sistemas avaliados nesse estudo.

É possível notar que o estoque de carbono do sistema estudado é similar aos

estudos encontrados na literatura.

Conclusões

Os SAF’s possuem contribuição para a estocagem de carbono, devendo, com

isso, serem incentivados pelo governo para auxiliar no comprimento das metas de

redução de emissões de gases de efeito estufa.

Agradecimentos Ao CNPq e Fapemig pelo fornecimento de recursos para condução dessa pesquisa.

Literatura citada ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Normas técnicas

NBR 11941. Brasília: ABNT, 2003.

BRASIL, Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas

para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na

Agricultura –Versão Preliminar, 75 p,, 2011.

BRASIL. Decreto nº 7.390 de 9 de dezembro de 2010. Regulamenta os arts. 6º, 11 e

12 da Lei no 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional

sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7390.htm>.

Acesso em 01 set. de 2015.

IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Guidelines for National

Greenhouse Gas Inventories, Prepared by the National Greenhouse Gas

Inventories Programme, Eggleston H.S., Buendia L., Miwa K., Ngara T. and Tanabe

K. (eds). Published: IGES, Japan. 2006.

MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Segunda Comunicação Inicial

do Brasil - Parte II: Inventário de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de

Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, 102 p,, 2010.

MÜLLER, M. D.; FERNANDES, E. N.; CASTRO, C. R. T.; PACIULLO, D. S. C.;

ALVES, F. F. Estimativa de acúmulo de biomassa e carbono em sistema

agrossilvipastoril na Zona da Mata Mineira. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 60, p.

11-17, 2009.

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66

TORRES, E. M. M. C.; JACOVINE, G. A. L.; OLIVEIRA NETO, N. S.; BRIANEZI,

D.; ALVES, M. B. B. E. Sistemas agroflorestais no Brasil: uma abordagem sobre a

estocagem de carbono. Pesquisa Florestal Brasileira, v.34, p. 1-10, 2014.

TSUKAMOTO FILHO, A. DE A.; COUTO, L.; NEVES, J. C. L.; PASSOS, C. A. M.;

SILVA, M. L. DA. Fixação de carbono em um Sistema agrissilvipastoril com eucalipto

na região do cerrado de Minas Gerais. Agrossilvicultura, v. 1, n. 1, p. 29–41, 2004.

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67

Estrutura da vegetação natural arbórea do Parque Estadual do Espinilho, sob

pastejo e em pousio

Cristina Gouvêa Redin 1, William Saidelles Foggiato

2, Ivo Junior Michelon

2, Felipe

Bertol 3, Solon Jonas Longhi

4

1 Professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC – Xanxerê/SC

2 Estudante de graduação em Engenharia Florestal – UFSM – Santa Maria/RS

3 Estudante de graduação em Agronomia – UFSM – Santa Maria/RS

4 Professor Titular da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – Santa Maria/RS

Resumo: No tocante à flora sulina, o Parque do Espinilho, abriga uma vegetação de espécies

endêmicas, pertencentes a gêneros oriundos da província fitogeográfica chaquenha. O

presente estudo objetivou investigar alterações na estrutura diamétrica e hipsométrica

em dois fragmentos do Parque, um sob pastejo e outro em pousio a cinco anos. Para

tanto foram instaladas 200 unidades amostrais (100 m²) em cada fragmento, afim de

coletar dados dos estratos regenerante e arbóreo. Conforme os resultados encontrados, é

possível observar considerável variação estrutural entre os fragmentos. Em área sob

pastejo há ausência ou presença inexpressiva de indivíduos em classes intermediárias de

diâmetro e altura, enquanto que na área em pousio as estruturas seguem tendências

esperadas para comunidades vegetais naturais.

Palavras-chave: Estrutura diamétrica, Estrutura hipsométrica, Savana Estépica Parque

Abstract: In regard to southern flora the Espinilho Park keep vegetation of endemic species

belonging to taxa from Chaco phytogeographic province. This study aimed to

investigate changes in the diametric and hypsometric structure in two Park fragments,

one grazing and other fallow to five years. Therefore, we installed 200 sampling units

(100 m²) in each fragment, in order to collect data from regenerating and tree layers. As

the results found, it is possible to observe considerable structural variation between the

fragments. In the area under grazing is absent or negligible presence of individuals in

intermediate classes in diameter and height, whereas the area fallowed structures follow

expected trends for natural plant communities.

Keywords: Diametric structure, hypsometric structure, Savannah Estépica Park

Introdução

O Parque Estadual do Espinilho é um local fisionomicamente composto por

árvores pequenas e isoladas, cujas copas não se sobrepõem, sendo possível o

crescimento de gramíneas, o que permite ao mesmo tempo o pastoreio e o

sombreamento como proteção para o gado. Essas características fazem dessa vegetação

um local favorável a práticas pecuaristas. Nos últimos anos, essa vegetação vem

sofrendo intensa antropização, a cobertura vegetal nativa está sendo substituída por

pastagens, cultivos de grãos, ou mesmo utilizada para o pastoreio de forma intensiva

(WATZLAWICK et al., 2010). A redução e impacto sobre a vegetação nativa justifica a

importância de novos trabalhos.

A análise de atributos estruturais e fitossociológicos auxiliam no planejamento

de cortes seletivos, mantendo a tendência natural da distribuição diamétrica e a

diversidade de espécies, o que garante conservação da biodiversidade e do ecossistema

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como um todo. (REDIN et al., 2011) Dentro deste contexto, o trabalho visa contribuir

com informações sobre processos ecológicos mediados por perturbações do pastoreio,

afim de subsidiar práticas de manejo e conservação da vegetação em tese.

Material e Métodos O estudo foi realizado no Parque Estadual do Espinilho, no município de Barra

do Quaraí, no Rio Grande do Sul. O clima da região, conforme a classificação climática

de Köppen é Cfa, subtropical. A vegetação natural pertence à região da Savana Estépica

Parque, a qual está associada ao xerofitismo (IBGE, 1992). A vegetação pertence ao

Bioma Pampa.

O inventário foi realizado pelo Método de área fixa, por amostragem sistemática.

Foram instaladas 200 unidades amostrais de 100 m² em área com pastoreio e em área

em pousio a 5 anos. Para coleta dos dados, foram selecionadas 100 unidades amostrais

em cada área, todas com distância fixa de 10 m entre. Do estrato regenerante (altura

mínima de 15 cm e DNS < 8 cm), foram coletadas as medidas de diâmetro ao nível do

solo (DNS) e altura total, do estrato arbóreo (DNS ≥ 8 cm), foram coletadas as medidas

de circunferência a altura do peito (CAP) e altura total.

A estrutura diamétrica dos indivíduos seguiu o procedimento de Spiegel, os

indivíduos foram distribuídos em classes com intervalo fixo, o intervalo entre classes foi

determinados pela fórmula de Sturges. Seguindo-se o procedimento de Spiegel, descrito

por Felfili e Rezende (2003) foi analisada a estrutura hipsométrica. As análises foram

feitas no software Microsoft Office Excel 2007.

Resultados e Discussão A distribuição dos exemplares pertencentes à área sob pastejo, não apresentou a

habitual forma de “J invertido”, esperado para estrutura de florestas naturais (Figura

1A). Os indivíduos foram distribuídos em dez classes de diâmetro, com intervalos de

4,41 cm. Apesar de ocorrerem maiores frequências de indivíduos nas menores classes

de diâmetro, essas frequências estão apenas na primeira classe (280 indivíduos),

sofrendo grande queda já na segunda classe (20 indivíduos). Do total de 409 exemplares,

68,46 % concentram-se somente na primeira classe.

Figura 1. Estrutura diamétricca de área com pastoreio (A); Estrutura diamétrica de área sem pastoreio (B)

Em área protegida do pastoreio, a distribuição diamétrica dos indivíduos, apresentou

tendência exponencial negativa, esperada para comunidades arbóreas naturais (Figura 1B).

Com intervalo de classes de 6,02 cm, os 212 indivíduos foram distribuídos em dez classes.

Há uma maior concentração de indivíduos nas menores classes, a primeira classe com 83

indivíduos, 39,34 % do total. Em conformidade com os resultados apresentados,

Watzlawick et al. (2010), encontraram também para o Parque Estadual do Espinilho,

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69

estrutura diamétrica composta principalmente por pequenas árvores, cujo número de

indivíduos diminui para as classes de maior diâmetro, seguindo o modelo “J invertido”.

Figura 2: Estrutura hipsométrica de área com pastoreio (A); Estrutura hipsométrica de área sem pastoreio

(B).

Quanto à análise da estrutura hipsométrica, é possível observar que a vegetação da

área de pastagem (Figura 2A), não apresenta tendência à distribuição normal com assimetria

negativa, indicando eventos de perturbação devido à presença do pastoreio. A altura média

da vegetação foi de 2,54 metros. Em trabalho realizado por Hahn-Hadjali et al. (2006),

observou-se clara diminuição da frequência de indivíduos com alturas variando de 0,5 à

1 metro, em áreas pastejadas de Savana Africana, em semelhança ao presente estudo. A

estrutura hipsométrica da área protegida do pastoreio (Figura 2B) apresenta tendência à

distribuição normal com assimetria negativa, concentrando a maior parte dos indivíduos

em classes de alturas médias a baixas. A altura média da vegetação foi de 2,54 metros.

Conclusões

Apesar da exclusão recente do pastoreio, a área em pousio apresentou diferenças

significativas em termos estruturais. Há ausência ou presença inexpressiva de

indivíduos em classes intermediárias de diâmetro e altura sob pastejo. Na área em

pousio, as estruturas seguem padrões esperados para comunidades vegetais naturais,

com indivíduos em todas as classes, refletindo a ausência da atividade perturbatória.

Literatura citada

FELFILI, J.M. & REZENDE, R.P. 2003. Conceitos e métodos em fitossociologia.

Universidade de Brasília, Departamento de Engenharia Florestal, Brasília.

HAHN-HADJALI, K. et al. Phytodiversity dynamics in pastured and protected west

African Savannas. In: S.A. Ghazanfar & H.J. Beentje (EDS), Taxonomy and ecology

of African plants, their conservation and sustainable use. Royal Botanic Gardens, Kew,

p. 351–359, 2006.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1.ed. Manual Técnico da

Vegetação Brasileira. Sistema fitogeográfico, Inventários das formações florestais e

campestres, Técnicas e manejo de coleções botânicas, Procedimentos para

mapeamentos. Rio de Janeiro: 1992. 92p.

REDIN, C. G. et al. Estrutura de Prosopis affinis em um fragmento preservado de

Savana Estépica Parque, Barra do Quaraí, RS. In: CONGRESSO FLORESTAL

ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL, 11., 2011, Nova Prata. Anais...Nova Prata:

2011, p. 726-731.

WATZLAWICK, L. F. et al. Caracterização e dinâmica da vegetação de uma savana

estépica parque, Barra do Quaraí, RS. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, v.30, n.

64, p. 363-368, 2010.

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70

Estrutura, diversidade e diferenças entre a composição florística do estrato

arbóreo e regenerante em Floresta Ombrófila Mista, RS

Cristina Gouvêa Redin 1, Pricila Delazeri

2, Gabriela Naibo

2, Lien da Silveira Beulch

3

1 Professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC – Xanxerê/SC

2 Estudantes de graduação em Engenharia Florestal – UNOESC – Xanxerê/SC

3 Professora do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – IFNMG – Salinas/MG

Resumo: Os estudos sobre a composição florística e a estrutura fitossociológica das

formações florestais são de fundamental importância, pois oferecem subsídios para a

compreensão da estrutura e da dinâmica da vegetação. Este trabalho objetivou

caracterizar a estrutura e diversidade de fragmento de FOM no município de Bom Jesus,

RS, bem como comparar a florística entre estrato arbóreo e regenerante. A amostragem

foi aleatória, composta por 26 parcelas com 600 m². O processamento dos dados foi

realizado nos programas: Excel e Fitopac 2.1. Observou-se que a florística é composta

por 35 espécies, 19 famílias botânicas e 267 indivíduos. Para o índice de Shannon o

valor expresso foi de 3,16, indicando média diversidade, o índice de Pielou foi de 0,89,

indicando poucas espécies dominantes em número de indivíduos. As espécies mais

importantes do fragmento foram: Lithraea brasiliensis, Nectandra megapotamica e

Matayba elaeagnoides. Na regeneração natural não ocorrem 10 espécies presentes no

estrato arbóreo, fato que pode influir em futuros planos de manejo e estoque florestal.

Palavras-chave: biodiversidade, fitossociologia, floresta com araucária

Structure, diversity and differences between the floristic composition of the tree

layer and refined in Mixed Rain Forest, RS

Abstract: Studies on the floristic composition and phytosociological structure of forest

formations are of fundamental importance because they offer subsidies for

understanding the structure and dynamics of vegetation. This study aimed to

characterize the FOM fragment structure and diversity in Bom Jesus, RS, and compare

the floristic between tree layer and regenerating. The sampling was random, consisting

of 26 plots with 600 m². Data processing was carried out in the programs: Excel and

Fitopac 2.1. It was observed that the flora consists of 35 species, 19 botanical families

and 267 individuals. For the Shannon index express value was 3.16, indicating average

diversity, evenness index was 0.89, indicating a few dominant species in number of

individuals. The most important species of the fragment were Lithrae brasiliensis,

Nectandra megapotamica and Matayba elaeagnoides. In natural regeneration does not

occur 10 species in tree layer, which can influence on future plans for forest

management and stock.

Keywords: biodiversity, phytosociology, araucaria Forest

Introdução

A Floresta Ombrófila Mista (FOM) é uma formação florestal de grande

importância ecológica e econômica, por sua característica única de abrigar a conífera

mais expressiva da vegetação brasileira – Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze.

Também chamada Mata de Araucária tem sido considerada um dos mais notáveis

biomas em termos de valor ecológico (KANIESKI et al., 2010). Paralelo à sua

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importância a FOM encontra-se altamente devastada e no princípio do seu

desaparecimento.

Estudos que visem a preservação deste ambiente estão sendo realizados por

pesquisadores da área ambiental. Neste contexto, a caracterização florística pode

representar de forma bastante aproximada os atributos locais em termos de espécies e

estoque florestal (COUTO, 2005). Estudos sobre regeneração natural também

contribuem para uma investigação efetiva sobre o grau de conservação destes locais,

bem como a resposta da vegetação a planos de manejo.

Deste modo, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a diversidade e

composição florística do estrato arbóreo e regenerante em fragmento de FOM, bem

como avaliar quais espécies estão representadas no estrato regenerante e/ou arbóreo. A

fim de gerar subsídios sobre o estoque florestal e para futuros planos de manejo

sustentáveis nesta vegetação.

Material e Métodos O estudo foi realizado no município de Bom Jesus, no RS. O clima da região é do

tipo Cfb segundo a classificação de Köppen. A vegetação é caracterizada como FOM

segundo o Projeto RADAMBRASIL e IBGE (1992).

A amostragem da comunidade vegetal foi realizada pelo método de parcelas de

área fixa, com parcelas retangulares, instaladas aleatoriamente. No total foram

instaladas 26 parcelas de 600 m² (20x30). Os indivíduos arbóreos com medida de 15,7 ≤

CAP ≤ 20 cm foram considerados regenerantes, enquanto que os indivíduos com

medida de CAP > 20 cm foram considerados adultos. As espécies vegetais foram

identificadas in loco por especialista na área de dendrologia. O processamento foi feito

nos programas Excel e Fitopac 2.1, foram calculados os índices de Shannon e Pielou

para caracterização da diversidade florística e parâmetros da estrutura horizontal.

Resultados e Discussão

A área estudada, apresentou ao todo 35 espécies arbóreas, distribuídas em 19

famílias botânicas, em um total de 267 indivíduos, com densidade de 513.46 m²/há, área

basal de 9.14 m²/ha e volume total de 125.23 m³/ha. O índice de Shannon resultou em

3,16, indicando que ocorre média diversidade no fragmento avaliado. Para equabilidade,

o índice de Pielou foi de 0,89, o que indica que a maioria das espécies ocorrentes está

bem representada em termos de número de indivíduos na área.

Em semelhança ao presente estudo, Nascimento et al. (2001) encontraram para o

índice de diversidade de Shannon (H’=3,0) em uma floresta com intervenção antrópica,

em sucessão secundária e no domínio da FOM. Kanieski et al. (2010), encontraram

valor de 0,84 para o índice de Pielou em fragmento de FOM em São Francisco de Paula.

Cordeiro et al., (2007), encontrou valor de 0,90 para o mesmo índice, também nesta

vegetação.

É possível observar, na Tabela 1, que com relação ao IVI as espécies com os

maiores valores foram: Nectandra megapotamica, Matayba elaeagnoides e Cedrela

fissilis. Na regeneração natural não foram observadas 10 espécies ocorrentes no estrato

arbóreo: Parapiptadenia rigida, Myrocarpus frondosus, Myrciaria delicatula, Maytenus

aquifolia, N. megapotamica, C. fissilis, Annona rugulosa, Syagrus romanzoffiana,

Zanthoxylum rhoifolium e Enterolobium contortisiliquum. Estas espécies caracterizam

estágios iniciais de sucessão em FOM e tendem a serem substituídas por outras espécies.

Dentre estas, duas destacam-se em importância na floresta.

Tabela 1- Número de indivíduos, Densidade Relativa (%), Freqüência Relativa (%),

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Valor de Importância (%) e Valor de Cobertura (%) para espécie do

inventário realizado no município de Bom Jesus/RS.

Espécies n/ind DR FR IVI IVC

Nectandra megapotamica 23 8.61 8.72 36.77 28.04

Matayba elaeagnoides 23 8.61 9.40 26.98 17.58

Cedrela fissilis 13 4.87 5.37 26.79 21.42

Cupania vernalis 21 7.87 6.71 21.70 14.99

Lithraea brasiliensis 32 11.99 2.68 17.17 14.48

Sebastiania brasiliensis 12 4.49 6.71 15.43 8.72

Annona rugulosa 15 5.62 4.70 14.32 9.62

Myrcianthes gigantea 9 3.37 5.37 12.06 6.69

Parapiptadenia rigida 10 3.75 4.70 11.52 6.82

Campomanesia xanthocarpa 10 3.75 3.36 11.16 7.80

Pouteria salicifolia 12 4.49 4.03 9.45 5.42

Eugenia uniflora 12 4.49 2.01 7.72 5.71

Sebastiania commersoniana 4 1.50 2.01 6.81 4.80

Ocotea puberula 3 1.12 1.34 6.77 5.43

Annona neosalicifolia 6 2.25 2.68 6.17 3.49

Campomanesia rhombea 5 1.87 3.36 5.87 2.51

Myrsine umbellata 4 1.50 1.34 5.55 4.21

Casearia sylvestris 6 2.25 2.68 5.33 2.64

Sorocea bonplandii 4 1.50 2.68 5.02 2.34

Syagrus romanzoffiana 3 1.12 2.01 5.01 3.00

Casearia decandra 4 1.50 2.01 4.27 2.26

Morta 6 2.25 1.34 4.26 2.92

Luehea divaricata 2 0.75 1.34 4.14 2.80

Zanthoxylum rhoifolium 2 0.75 1.34 4.07 2.73

Inga virescens 4 1.50 1.34 3.66 2.32

Maytenus aquifolia 3 1.12 2.01 3.50 1.48

Zanthoxylum petiolare 2 0.75 1.34 3.28 1.94

Solanum compressum 5 1.87 0.67 2.89 2.22

Myrciaria delicatula 3 1.12 1.34 2.77 1.43

Myrrhinium atropurpureum 2 0.75 1.34 2.27 0.93

Myrcia hatschbachii 2 0.75 1.34 2.23 0.89

Citronella paniculata 2 0.75 0.67 1.53 0.86

Enterolobium contortisiliquum 1 0.37 0.67 1.34 0.67

Myrcia bombycina 1 0.37 0.67 1.09 0.42

Myrocarpus frondosus 1 0.37 0.67 1.09 0.41

Conclusões Foram encontradas 35 espécies no fragmento avaliado, com média diversidade

específica. As espécies de maior importância foram: N. megapotamica¸ M. elaeagnoides,

e C. fissilis. Na regeneração natural não ocorreram dez espécies ocorrentes no estrato

arbóreo, fato que indica provável avanço nos processos sucessionais com substituição

de espécies e alterações no estoque florestal.

Literatura citada

CORDEIRO, J.; RODRIGUES, W.A. Caracterização fitossociológica de um

remanescente de Floresta Ombrófila Mista em Guarapuava, PR. Revista Árvore,

Viçosa, v.31, n.3, p.545-554, 2007.

COUTO, H. T. Z. do. Métodos de inventário da biodiversidade de espécies

arbóreas. Piracicaba, SP: ESALQ/FAPESP, 2005. 108 p.

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73

IBGE. 1992. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. IBGE. Rio de Janeiro. (Série

Manuais Técnicos em Geociências, n. 1).

KANIESKI, M., R., ARAUJO, A., C., SOLON, J., L. Quantificação da diversidade em

Floresta Ombrófila Mista por meio de diferentes Índices Alfa. Science Forest,

Piracicaba, v. 38, n. 88, p. 567-577, dez. 2010.

NASCIMENTO, A.R.T.; LONGHI, S.J.; BRENA, D.A. Estrutura e padrões de

distribuição espacial de espécies arbóreas em uma amostra de Floresta Ombrófila Mista,

em Nova Prata, RS. Ciência Florestal n.11, v.1, p.105-119, 2001.

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74

Estudo da viabilidade da aplicação de Vetiver em rejeito de minério de ferro¹

Igor Fernandes de Abreu2, Marcos Antônio Gomes3, Priscila Caroline Albuquerque da

Silva3, João Luiz Lani4, Rosenilson Pinto3, Fábio César Gomes5

1Criado e executado pelo GEMas UEMG, financiado pelo CNPq por meio de BIC em 2013.

2Engenheiro de Minas e pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade.

3Professor (a) Doutor (a) e pesquisador (a), UEMG Unidade João Monlevade.

4Coordenador geral e pesquisador, NEPUT/UFV.

5Engenheiro Florestal e pesquisador, UFV.

Resumo: Na mineração de ferro, o rejeito, um resíduo do processo minerário, é

disposto em barragens. Na estabilização dessas estruturas gramíneas e/ou leguminosas

são utilizadas em uma técnica denominada bioengenharia. A gramínea Vetiver tem

características físico e químicas notáveis. Amplamente utilizada no controle de erosão e

retenção de sedimentos, há poucos estudos científicos que apontem para seu

desenvolvimento em resíduos da mineração de ferro. Este trabalho foi realizado para

avaliar a performance da gramínea em substrato de rejeito da mineração de ferro.

Análise físico e química do substrato foram realizadas pela UEMG e UFV,

respectivamente. O plantio das gramíneas foi em sacos de plantio de 2,5 L e aos 3

meses realizado o desmonte do experimento e coleta de variáveis de parte aérea e

radicular. Os resultados das análises físico e química demonstram que o material, de

textura arenosa, não é propício para utilização como substrato de gramíneas. Em relação

às variáveis coletadas (altura/comprimento, massa fresca e massa seca), houve um

crescimento de parte aérea relativo à 79,5 cm e de 27,20 cm para parte radicular, sendo

valores significativos. Mesmo com as condições adversas apontadas pelo estudo do

material, há capacidade de adaptação do Vetiver às condições adversas e possibilidade

na utilização, de forma efetiva, como meio de contenção de massas na mineração de

ferro e apoio na recuperação de áreas degradadas pela mesma.

Palavras–chave: Geotecnia, Barragem de Rejeito, Bioengenharia.

Feasibility study of Vetiver application in iron ore tailing¹

Abstract: In iron mining, the tailing, waste from the mining process, is arranged in

dams. In the stabilization of these structures grasses and/or legumes are used in a

technique known bioengineering. The Vetiver grass has remarkable physical and

chemical characteristics. Widely used in erosion control and sediment retention, there

are few scientific studies that point to its development in mining waste iron. This study

was conducted to evaluate the grassy performance in waste substrate of iron mining.

Physical and chemical analysis of the substrate were performed by UEMG and UFV,

respectively. The planting of grasses was in planting bags of 2.5L and 3 months carried

out the dismantling of the experiment and collection of shoots and roots of variables.

The results of physical and chemical analyzes show that the material, of sandy texture,

is not suitable for use as a substrate of grasses. The variables collected (height / length,

fresh and dry mass), there was a shoot growth on the 79.5 cm and 27.20 cm for root part,

with significant values. Despite the adverse conditions identified by the study material,

there's Vetiver ability to adapt to adverse and ability in the use conditions, effectively,

as a means of containment of the masses in the mining of iron and support the recovery

of degraded areas for the same.

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Keywords: Geotechnic, Tailing Dam, Bioengineering.

Introdução O processo de beneficiamento de minérios gera no decorrer de seu processo o

rejeito. Este é um resíduo que pode conter minerais de valor (Curi, 2014) e devem ser

dispostos de maneira a minimizar os impactos ambientais e de forma geotecnicamente

estável. A forma mais usual de disposição, na mineração de ferro, é em barragens.

Nessas estruturas gramíneas e/ou leguminosas podem ser utilizadas, de forma a

fornecer uma primeira condição de reestabelecimento da capacidade da dinâmica do

ecossistema (Guimarães, 2011 apud Linhares, Gonçalves, 2013). A utilização de plantas

traz consigo um aumento da resistência do solo, bem como da taxa de infiltração, da

porosidade e outras características (Deflor, 2006).

A gramínea Vetiver possui características físicas e químicas excepcionais, como

rápida recuperação pós secas, geadas ou outras condições adversas, tolerância à valores

de pH extremos e à metais pesados (Truong et al, 2008 apud Embrapa, 2011). Apesar

do Vetiver ser utilizado em mais de 100 países (Truong et al, 2009 apud Madruga et al

2013) no controle de sedimentos, estabilização de taludes e na recuperação de áreas

degradadas, existem poucas informações sobre o estabelecimento e eficiência na

recuperação de áreas degradadas pela mineração de ferro.

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a performance das

mudas de Vetiver, através da reprodução de touceiras, em substrato de rejeito da

mineração de minério de ferro.

Material e Métodos O rejeito de minério de ferro utilizado foi cedido pela gerência responsável pela

Mina de Água Limpa (Vale S/A), localizada em Rio Piracicaba, Minas Gerais e as

touceiras de Vetiver pela Deflor Bioengenharia Ltda. Amostras do rejeito foram

enviadas ao Laboratório de Solos da Universidade Federal de Viçosa (UFV) para

análise química e ao Centro Tecnológico da Universidade do Estado de Minas Gerais

(UEMG) para análise física. As touceiras foram plantadas em substrato de rejeito,

apenas. O experimento fora conduzido em área montada pelo Grupo de Engenharia de

Minas da UEMG (GEMas) dentro das dependências da UEMG João Monlevade.

A proporção de material utilizado em cada saco de plantio foi de 2,5 L e a

produção das mudas por meio de individualização dos perfilhos da touceira da gramínea.

Quando do plantio, para padronização, foi realizado um corte da parte aérea, deixando

uma altura de 30 cm em relação ao substrato.

Aos 3 meses do experimento foram realizadas as medições da parte aérea e do

sistema radicular. Para a avaliação da parte aérea foi realizado o corte das mudas no

limite do substrato. Já para o sistema radicular, o substrato foi retirado com jateamento

por água, para a exposição das raízes. Foram medidos o comprimento e a massa fresca

da parte aérea e radicular de cada muda. Após secagem desses materiais em estufa de

circulação forçada de ar, à 65ºC, os mesmos foram novamente pesados, para a obtenção

da massa seca da parte aérea e da parte radicular.

Os dados obtidos referentes ao comprimento, massa fresca e seca das partes

aérea e radicular foram analisados conjugados à análise física e química, para avaliação

de potencial de desenvolvimento no material testado.

Resultados e Discussão

A análise química e física são apresentadas na tabela 1 e 2 e permitem identificar

se o substrato é favorável ou não para o desenvolvimento vegetacional das gramíneas.

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Tabela 1 – Análise química do rejeito utilizado no experimento

pH P Fe Ca

+2 Mg

+2 SB (t) (T) (V)

H20 ....mg/dm³.... ..........................cmolc/dm3.......................... %

7,21 27,2 28,8 0,39 0,07 0,50 0,50 0,80 62,5

Tabela 2 – Análise física do rejeito utilizado no experimento

AREIAS

(%)

Porção

Grossa

(%)

Porção

Fina

(%)

Areia

Total

(%)

ARGILA

(%)

SILTE

25,22 59,75 84,97 15,03*

*Particulado fino

A análise física mostra uma baixa porosidade do rejeito, sendo formado em sua

maior parte por porção fina de areia (0,210 – 0,053 mm), de textura arenosa.

A análise química aponta que o substrato é de alcalinidade fraca, com

significativa quantidade de P e Fe na composição e baixa quantidade de Ca+2

e Mg+2

,

que influenciam no valor da Soma de Bases Trocáveis (SB), que também é baixo. Há

baixa atividade do solo, devido aos índices de Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t)

e Capacidade de Troca Catiônica a pH 7,0 (T). Esses dois indices, unidos ao índice de

saturação de bases (V) demonstram que esse tipo de material é eutrófico, mas com alta

lixiviação dos micronutrientes, não se mostrando como um material indicado para

utilização como substrato de gramíneas.

A tabela 3 apresenta os valores das médias para as variáveis coletadas.

Tabela 3 – Média dos valores encontrados no desenvolvimento da gramínea em rejeito

PARTE AÉREA PARTE RADICULAR

Altura

(cm)

Massa

Fresca

(g)

Massa

Seca

(g)

Comprimento

(cm)

Massa

Fresca

(g)

Massa

Seca

(g)

109,50 8,75 3,75 27,50 14,50 5,25

Os resultados demonstram que mesmo se tratando de um substrato não propicio

ao desenvolvimento de gramíneas, houve um desenvolvimento favorável no sistema.

Um dos principais indicativos é o crescimento de parte aérea, que atingiu 109,50 cm,

em média, o que representa um crescimento efetivo de 79,5 cm de parte aérea. Destaca-

se também o crescimento da parte radicular, de 27,50 cm (em média) no período de 3

meses, o que significa um crescimento efetivo aproximado de 24 cm. De acordo com

Truong et al (2008), o crescimento da parte radicular é de aproximadamente 3 metros

por ano em condições favoráveis. Sendo assim, consideramos que o crescimento da

parte radicular neste curto intervalo foi significativo, mesmo em condições adversas.

Conclusões Apesar das condições adversas mostradas pelas análises química e física do

rejeito, pode-se concluir com este experimento que as mudas de Vetiver apresentaram

bom crescimento (tanto na parte aérea quanto na radicular) no resíduo de mineração

testado. Este resultado reforça que esta gramínea tem boa capacidade de adaptação às

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condições desfavoráveis do solo e dessa forma, pode ser utilizada na recuperação de

áreas degrades por mineração de ferro.

Agradecimentos O Grupo de Engenharia de Minas da UEMG agradece ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de BIC, à UEMG

Unidade João Monlevade, Vale S/A e Deflor Bioengenharia Ltda., bem como aos que

apoiaram direta ou indiretamente na execução deste trabalho.

Literatura citada CURI, A. Minas a céu aberto: planejamento de lavra. São Paulo: Oficina de Textos,

2014. p. 21-23.

DEFLOR: boletim técnico. Belo Horizonte: Editora Fapi Ltda., n. 003, Ano 01, set.

2006. 27 p.

LINHARES, M.S.; GONÇALVES, P.P. Avaliação do estabelecimento do capim

Vetiver (Chrysopogon zizanioides) em área de extração mineral. 2013. 72 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental) – Faculdade de

Engenharia do Campus João Monlevade, Universidade do Estado de Minas Gerais,

Minas Gerais, 2013.

MADRUGA, E.L.; SALOMÃO, F.X.T.; MAGALHÃES, S.L.M.; MADRUGA, B.C.

Estabilização de taludes marginais com uso de Vetiver: experimento no rio Cuiabá,

Estado de Mato Grosso - Brasil. In: Latin America International Conference on The

Vetiver System Conference, 2nd

, 2013. Medelin. Papers and PowerPoints. Disponível

em: <http://www.vetiver.org/LAICV2F/1%20Bioengineering/B10Madruga_TP.pdf>.

Acessado em 09 de maio de 2016.

TORRÃO, R.B. de A.; et al. Cultivo de vetiver para controle de erosão. Seropédica:

Embrapa Agrobiologia, 2011. Circular técnica n. 31. Disponível em:

<http://www.cnpab.embrapa.br/system/files/downloads/CIT031.pdf>. Acessado em: 28

mai. 2013.

TRUONG, P.; VAN, T.T.; PINNERS, E. Vetiver system applications – Technical

Reference Manual. The Vetiver Network International, 2008. Disponível em:

<http://www.vetiver.org/TVN-Manual_Vf.pdf>. Acessado em: 18 abril de 2015.

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ESTUDO DOS EFEITOS DE DIFERENTES ESTÁGIOS DE

REGENERAÇÃO NA INTERCEPTAÇÃO E PRECIPITAÇÃO EFETIVA DA

CHUVA EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA

Paulo Matos¹, Herly Dias², Josilene Canguçu³, Ariadna Silva4.

¹ Estudante de graduação em Engenharia Florestal UFV

² Professor do Departamento de Engenharia Florestal UFV

³ Estudante de graduação em Engenharia Florestal UFV

4 Estudante de graduação em Engenharia Florestal UFV

Resumo: Este trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos de diferentes estágios de

regeneração em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual em estágio inicial e

avançado no município de Viçosa no período de Agosto de 2014 a Julho de 2015. Ao

todo foram delimitadas 6 parcelas, três em estágio inicial e três em estágio avançado.

Para medir a precipitação efetiva que se caracteriza na porção da chuva que chega ao

piso florestal, desmembrando-se em precipitação interna e escoamento pelo tronco,

foram distribuídos 25 pluviômetros por cada parcela e coletores em árvores com

circunferência ≥ 15 cm. A precipitação em aberto foi obtida em um pluviômetro

instalado acima do dossel florestal, que no período quantificou-se em 992,0 mm, a

precipitação efetiva no estágio inicial mediu-se em 861,7 mm e no avançado de 730,8

mm. A interceptação nos estágios inicial e avançado foram de 130,3 mm e 261,2 mm

respectivamente. A tipologia florestal independente de qual seja, está intrinsicamente

ligada aos recursos hídricos, sendo que para cada variação existente em uma região

coberta por mata nativa ou não, há uma reação positiva ou negativa da água ao

ecossistema.

Palavras chave: Processos Hidrológicos; Estágios Sucessionais; Balanço Hídrico;

Comunidade Vegetativa.

Introdução

A Mata Atlântica, que é um dos ecossistemas mais diversificados do

mundo, é um dos biomas que mais sofreu com a ação antrópica ao longo dos anos. Isso

gerou a fragmentação desse bioma que hoje se encontra em estágio de sucessão

secundária, alterado e empobrecido em sua composição florística original (SOUZA et

al., 2002). Essa ação da mata como um regulador hidrológico, gera interferências na

dinâmica e nos parâmetros hidrológicos dentro de uma bacia hidrográfica.

O ciclo hidrológico é o tema principal da hidrologia e envolve diversos

processos, fatores que têm influência sobre as bacias hidrográficas, em especial a

vegetação, estudando a maneira de interferência na dinâmica das bacias hidrográficas e

qual é a sua importância para a manutenção destas, via processos de interceptação sendo

condensação, precipitação, evapotranspiração, infiltração e percolação, exemplos de

processos verticais, e os escoamentos superficial e sub-superficial, exemplos de

processos horizontais (KOBIYAMA, 1999).

Visando isso, o laboratório de hidrologia florestal da Universidade Federal

de Viçosa buscou respostas no fragmento florestal de mata atlântica para os parâmetros

hidrológicos citados no paragrafo acima. Nessa circunstância, o trabalho tem o objetivo

de avaliar as respostas dos parâmetros precipitação efetiva e interceptação, decorrente a

estágios sucessionais diferentes.

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Material e Métodos

Este trabalho foi conduzido na Estação de Pesquisas, Treinamento e Educação

Ambiental Mata do Paraíso, pertencente à Universidade Federal de Viçosa, situada no

município de Viçosa, na Zona da Mata de Minas Gerais, a 229 km de Belo Horizonte. A

área possui 194 há e está a uma altitude média de 650 metros. A estação se encontra na

bacia hidrográfica do córrego Santa Catarina, sendo afluente do ribeirão São

Bartolomeu e pertencente a bacia hidrográfica do Rio Doce. Na região há ocorrência da

formação florestal estacional semidecidual tropical, em parte caducifólia (Veloso et al.,

1991).

A precipitação em aberto foi obtida através de um pluviômetro de PVC com área

de captação de 167 cm², instalado em uma torre sobre o dossel florestal. Para a

determinação da precipitação interna foram lançados 25 pluviômetros distantes cinco

metros entre si para cada uma das seis parcelas 20 x 20 m, três na área de regeneração

avançada e três na área de regeneração inicial. Os pluviômetros foram feitos usando

garrafas “pets” e tubos de PVC com uma área de 81,7 cm² e 75,4 cm², respectivamente.

O escoamento pelo tronco foi computado em subparcelas 10 m x 10 m dentro de

cada parcela de precipitação interna. Em que para cada árvore ajustaram-se coletores a

base de poliuretano em indivíduos com circunferência ≥ 15 cm medidas a 1,30 a nível

do solo (CAP). A água coletada foi transportada para recipientes de plástico através de

uma mangueira 5/8" anexada aos coletores. Os resultados de precipitação efetiva,

precipitação interna, escoamento pelo tronco e interceptação foram analisados

estatisticamente através do teste t de Student ao nível de 5% de probabilidade e

submetidos à análise de regressão utilizando-se o software Statistica (STATSOFT, INC,

2011).

Resultados e Discussão

Nas figuras 1 e 2 está compreendido o valor total mensal da precipitação em

aberto, e interceptação para as parcelas em estágio inicial e avançado, dentro dos meses

agosto de 2014 a julho de 2015. Pode-se observar que para um total precipitado de

992,0 mm, a região em estado de regeneração inicial apresentou uma interceptação de

130,3 mm e para avançada de 261,2 mm, a desproporção para os valores de

interceptação caracteriza-se pela singularidade da estrutura florestal presente.

Matas em estágio sucessional inicial são ditas em: (1) menos densas;(2) copas

mais espaçadas e (3) árvores de menor porte e distribuição diamétrica de baixa

amplitude, tais aspectos contribuem para uma interceptação menos significativa. Já para

o estado sucessional avançado com: (1) fisionomia arbórea; (2) dossel mais denso e (3)

copas superiores e uma grande amplitude diamétrica colaborando para uma

interceptação significativa. A variabilidade das quantidades de água que chega ao solo é

atribuída às diferenças nas condições da estrutura vegetal sobre cada calha (Scatena,

1990; Loustau et al., 1992ª; Loustau et al., 1992b; Asdak et al., 1998; Weneklass e Van

Ek, 1990).

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Figura 1: Precipitação em aberto (PA) e Interceptação em estágio de sucessão inicial (I inicial) na Estação

de Pesquisas, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso, Viçosa, MG.

Figura 2: Precipitação em aberto (PA) e Interceptação em estágio de sucessão avançado (I avançada) na

Estação de Pesquisas, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso, Viçosa, MG.

Para a precipitação efetiva que atingiu valores entre 861,79 mm para área de

regeneração inicial e 730,88 mm na de regeneração avançada, tais valores

correspondem 86,8 % e 73,6% da precipitação em aberto (PA) que no período

corresponde a 992,0 mm. Em estudos realizados em florestas tropicais como na

Amazônia, esses percentuais de precipitação efetiva (tabela 3) se encontram próximos

ou dentro de um mesmo intervalo, tal justificativa se deve a uma estrutura horizontal e

vertical florestal similar entre a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. Franken et al.

(1982a) encontrou um valor de 78,0 % no Amazonas e Ubarana (1996) encontrou a

precipitação efetiva em 87,1% no sudeste do Pará e 88,4% para o nordeste de Rondônia.

PA PI ESC PE I

(mm) (mm) (%) (mm) (%) (mm) (%) (mm) (%)

R.I. 992,0 856,9 86,38 4,8 0,48 861,7 86,86 130,3 13,13

R.A. 992,0 719,0 72,47 11,8 1,18 730,8 73,66 261,2 26,33

Total 992,0 778,2 99,44 19,1 1,92 796,5 80,29 196,5 19,80

Tabela 3: Precipitação em aberto (PA), Precipitação Interna (PI), Escoamento pelo Tronco (ESC) e

Interceptação (I). Estágio de regeneração inicial (R.I.) e estágio de regeneração avançada (R.A.).

Para a precipitação interna (PI) e escoamento pelo tronco (ESC) componentes da

precipitação efetiva, seus percentuais relacionados a precipitação em aberto (PA) são

apresentados na tabela 3. Algumas medições feitas na área de regeneração inicial e

avançada foram maiores que o total precipitado. Como isso teria poucas chances de

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acontecer, umas das causas de acordo com (MOURA et al., 2009), é que utilizou-se um

número menor de medições na análise dos dados. A distribuição espacial irregular das

chuvas, aliada à forma alongada da bacia (OLIVEIRA JUNIOR, 2006) e a distância

entre o pluviômetro em aberto e as parcelas, pode ter auxiliado essa ocorrência. Essa

contradição também foi descrita por Moura et al. (2009) e Izidio et al. (2013).

Conclusões

Através dos dados apresentados pode-se inferir que para o estágio

sucessional inicial a precipitação efetiva (PE) se sobresaiu, e a Interceptação (I) seguiu-

se maior para o estágio sucessional avançado.

Há uma relação direta entre a precipitação em aberto (PA) e a precipitação

efetiva (PE) para o estágio de regeneração inicial, e a Interceptação (I) para o estágio de

regeneração avançado. Tal relação se segue verdadeiro para os parâmetros precipitação

interna (PI) e escoemanto pelo tronco (ESC).

Literatura citada

Franken, W.; Leopoldo, P.R.; Matsui, E.; Ribeiro, M.N.G. 1982a. Estudo da

interceptação da água da chuva em cobertura florestal Amazônica do tipo terra firme.

Acta Amazonica. V.12, N.2, P.327-331.

KOBIYAMA, M. Manejo de bacias hidrográfi cas: conceitos básicos. In: Curso de

Manejo de bacias hidrográfi cas sob a perspectiva florestal, Apostila, Curitiba: FUPEF,

1999. p.29-31.

SCATENA, F. N. Watershed scale rainfall interception on two forested watersheds in

the Luquillo Mountains of Puerto Rico. Journal of Hydrology, v. 113, p. 89 – 102, 1990.

SOUZA, A. L.; SCHETTINO, S.; JESUS, R. M.; VALE, A. B. Dinâmica da

regeneração natural em uma Floresta Ombrófila Densa secundária, após corte de cipós,

Reserva Natural da Companhia Vale do Rio Doce S.A., Estado do Espírito Santo,

Brasil. Revista Árvore, Viçosa, v. 26, n. 4, p. 411-419, 2002

STATSOFT, INC. Statistica (data analysis software system). version 7. 2004

Ubarana, V.N. 1996. Observation and modelline of raifall interception at two

experimental sites in Amazônia. Amazônian deforestation and climate. p.151-162.

VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da

vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE,

Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 1991.

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Finos de carvão vegetal, um potencial para recuperação de áreas degradadas

Diego Correa Ramos 1, Danilo Barros Donato

2, Larissa Carvalho Santos

3, Walter

Torezani Neto Boschetti 4 Carolina Coelho Soares

5

1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFV.

2 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFV.

3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFV.

4 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFV.

5 Estudante de graduação em Engenharia Geológica pela UFOP.

Resumo: O interesse da biomassa em substituição aos combustíveis fósseis tradicionais

tornou-se relativamente comum nos dias de hoje devido ao maior interesse na mudança

climática global. No Brasil, o uso da madeira para a geração de energia tem sido

historicamente relacionado à produção de carvão vegetal e aos consumos residencial,

industrial e agropecuário. A produção de carvão vegetal se destaca em decorrência da

demanda existente pelo produto junto ao setor siderúrgico. Contudo, um problema

relacionado à utilização do carvão vegetal é a sua alta friabilidade e conseqüente

geração de finos, também chamados resíduos de carvão vegetal. A predominância de

práticas que visam à recuperação desses finos é essencial, promovendo um

redirecionamento do material para um determinado uso, evitando assim o seu descarte

no meio ambiente. A utilização de finos de carvão vegetal, por ter origem do processo

de transformação térmica da madeira, através da carbonização, apresenta composição

similar ao biocarvão (especificamente produzido para aplicação no solo), e, por

conseguinte, potencial como condicionante de solos e recuperação de áreas degradadas.

Palavras–chave: finos de carvão vegetal, solo, friabilidade

Charcoal fines, the potential for recovery of degraded areas

Abstract: Interest in the use of biomass substitutes for traditional fossil fuels has become

relatively common these days due to the enhanced interest in global climate change. In

Brazil, the use of wood for energy generation has historically been related to the

production of charcoal and the residential, industrial and agricultural consumption. The

production of charcoal stands out due to the existing demand for the product by the steel

industry. However, a problem related to the use of charcoal is its high friability and

consequent generation of fine, also called charcoal waste. The predominance of

practices aimed at the recovery of these fines is essential, promoting a redirection of the

material for a particular use, thereby avoiding their disposal in the environment. The use

of charcoal fines due come from thermal transformation process wood by carbonization,

has a composition similar to biochar (specifically produced for soil application), and

therefore a potential as soil conditioning and recovery of degraded areas.

Keywords: charcoal fines, soil, friability

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Introdução

O Brasil, na atualidade, é o maior produtor e consumidor de carvão vegetal do

mundo, sendo este utilizado, em sua grande maioria, como termorredutor, destinado aos

setores de ferro-gusa e aço que consomem aproximadamente 70%, seguido pelo setor de

ferro-ligas e silício metálico com 13% (BEN, 2015). Em 2014, o consumo de carvão

vegetal no Brasil alcançou 5,30 milhões de toneladas, com 81% de participação de

madeira oriunda de florestas plantadas (IBÁ, 2015).

Um problema relacionado à utilização do carvão vegetal é a sua alta friabilidade,

ou seja, sua susceptibilidade de se desfazer em pequenas partículas “finos” quando

submetidos à abrasão e choques mecânicos. Os finos são gerados em todas as atividades

do processo produtivo do carvão, desde a carbonização, peneiramento, transporte, até a

utilização final. Conforme Braga et al. (2003) o carvão vegetal bruto recebido pelas

usinas é geralmente peneirado para a remoção dos finos cuja “faixa de corte” é função

do porte do forno e pode chegar até 25% do volume total fornecido, dificultando ou até

mesmo inviabilizando sua utilização. A predominância de práticas que visam à

recuperação desses finos, também chamados resíduos de carvão vegetal, é essencial,

promovendo um redirecionamento do material para um determinado uso, evitando

assim o seu descarte no meio ambiente.

Dentre as possibilidades de reaproveitamento do finos de carvão está o uso como

condicionante de solo (LEAL, 2015). A utilização de finos de carvão vegetal, por ter

origem do processo de transformação térmica da madeira, através da carbonização,

apresenta composição similar ao biocarvão (especificamente produzido para aplicação

no solo), como por exemplo, elevado teor de carbono e elevada aromaticidade, e, por

conseguinte, potencial para aplicação em solos e recuperação de áreas degradadas. O

biocarvão vem sendo extensivamente citado em diversos estudos por seu efeito benéfico

às propriedades físicas químicas e biológicas do solo, além disso, apontado como

ferramenta para o armazenamento de carbono no sistema terrestre (LEHMANN;

JOSEPH, 2009).

Dentro deste contexto o objetivo principal deste trabalho foi realizar um

levantamento bibliográfico sobre a geração de finos na cadeia de produção de carvão

vegetal no Brasil e seu potencial para recuperação de áreas degradadas.

Material e Métodos Para a elaboração do presente trabalho foi feito pesquisa descritiva e exploratória

sobre o tema, visando o maior entendimento do conhecimento científico e temática em

questão. Como fonte de dados utilizou-se de pesquisas em manuais, livros, revistas,

artigos, entre outros.

Resultados e Discussão

Carvão vegetal no Brasil

No Brasil, o uso da madeira para a geração de energia tem sido historicamente

relacionado à produção de carvão vegetal e aos consumos residencial, industrial e

agropecuário. A produção de carvão vegetal se destaca em decorrência da demanda

existente pelo produto junto ao setor siderúrgico.

Até meados de 1990 o processo de fabricação do carvão foi realizado em fornos

rudimentares, em que os procedimentos operacionais para o controle e padronização da

carbonização eram usualmente dependentes da experiência prática dos carbonizadores.

Desde então, com o aumento do custo de produção da lenha, imposto pela substituição

da mata nativa por plantações florestais, as empresas florestais passaram a investir em

pesquisas para redução do consumo de biomassa por tonelada de carvão, através da

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inovação em modelos de fornos de carbonização e desenvolvimento de ferramentas

operacionais para controle de temperatura dos fornos e gerenciamento do processo de

carbonização, como também substituir a matéria-prima oriunda da mata nativa por

madeira do gênero Eucalyptus obtida em florestas plantadas, alcançando, assim, maior

eficiência e produtividade, qualidade e homogeneidade do carvão vegetal (OLIVEIRA

et al., 2013).

Resistência do Carvão vegetal e produção de finos

O carvão vegetal é composto basicamente por carbono e de grande área

superficial, contudo sua forma e propriedades não são absolutamente fixas, mas

dependem fundamentalmente do tipo de madeira e do processo de carbonização.

A resistência mecânica do carvão é de grande relevância, devido às numerosas

operações de manuseio e transporte que o produto sofre durante seu trajeto dos fornos

de carbonização até seu destino final. A menor resistência do carvão e conseqüente

aumento da produção de finos está relacionado ao aumento de umidade, diâmetro e

comprimento da madeira a ser carbonizada e, também, a fatores do processo de

carbonização (CARNEIRO et al., 2013).

No Brasil, em especial destaque a fabricação de ferro-ligas a carvão vegetal, a

fração do carvão com granulometria inferior a 9,52mm, conhecida como “finos do

carvão”, é considerado subproduto, sendo peneirado e removido do processo industrial.

Ressalta-se que, o setor de ferro-ligas consumiu 675 mil toneladas de carvão vegetal no

ano de 2014 (BEN, 2015), evidenciando assim, o potencial de geração de finos.

Segundo Sahajwalla et al., (2004) o finos de carvão é um material indesejável nos

fornos de redução, pois interfere na permeabilidade da carga e conseqüente distribuição

dos gases no interior do forno, prejudicando sua operação. Além disso, o finos possui

elevada quantidade de cinzas, afetando a qualidade das ligas metálicas.

Finos de carvão “Biocarvão”

Biocarvão é qualquer material rico em carbono obtido de biomassa carbonizada

sob baixa atmosfera de oxigênio, para uso como condicionador de solos. Praticamente

qualquer fonte de biomassa pode ser carbonizada. A produção de biocarvão está

estreitamente associada à cadeia de bioenergia, como a do carvão e a dos processos de

pirólise para a produção de bioóleo, entre outras Os finos de carvão das carvoarias por

exemplo, até recentemente considerados resíduos do processo, hoje são de grande valor

para uso agrícola e florestal (MAIA, et al., 2011).

O biocarvão vem sendo usado como um meio eficiente de mitigação do processo

de aquecimento global, devido à alta estabilidade e resistência à degradação de sua

estrutura carbonácea. Além disto, seu uso tem demonstrado melhorar as propriedades

físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando por consequência a concentração de

sítios quimicamente reativos, a sua capacidade de troca catiônica (CTC) e a retenção de

água (LEHMANN; JOSEPH, 2009). Tais propriedades, por sua vez, normalmente

resultam em maior crescimento e produtividade vegetal.

Segundo Leal (2015) a aplicação de diferentes doses de resíduo finos de carvão

vegetal ao solo promoveu melhoria dos atributos de fertilidade do solo, além de

aumentar o teor de carbono total do solo. A aplicação do carvão vegetal alterou a

composição química da matéria orgânica, elevando a sua aromaticidade e o seu caráter

hidrofóbico e conseqüentemente sua estabilidade à biodegradação.

É importante notar que um impacto maior do biocarvão é mais provável sobre

solos degradados ou altamente erodidos do que em solos com altos níveis de matéria

orgânica. Sendo assim, a utilização do biocarvão é particularmente relevante em áreas

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com estresses ambientais, a exemplo áreas com escassez de água, e sítios gravemente

degradados, podendo desempenhar um importante papel na melhoria da qualidade do

solo.

Conclusões O finos de carvão vegetal apresenta potencial para utilização na recuperação de

áreas degradadas por proporcionar melhorias às propriedades dos solos. Entretanto não

há ainda estudos suficientes para recomendações técnicas de doses de finos a serem

aplicadas ao solo. Sendo assim, a análise de fertilidade e física do solo, da composição

química do finos de carvão e as exigências da cultura são sempre necessárias.

Literatura citada

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Balanço Energético Nacional. Brasília, DF,

2015. 289p.

BRAGA, R. N. B.; GONÇALVES, H. T.; QUINTÃO, M. A.; ASSIS, P. A. 2003.

Aspectos Tecnológicos Referentes à Injeção de Materiais Pulverizados em Altos-

Fornos. Curso ABM de Injeção de Materiais Pulverizados em Altos-Fornos, 26 pp.

CARNEIRO, A. C. O.; SANTOS, R. C.; OLIVEIRA, A. C.; PEREIRA, B. L. C. Direct

conversion of wood into heat and energy. In: "Bioenergy & Biorefinery - Cane Sugar

& Forest Species" Editors: SANTOS, F.; COLODETTE, J.; QUEIROZ, J.H. Viçosa,

MG. 2013. Pág 355 – 378.

LEHMANN, J.; JOSEPH, S. Biochar for environment management. London:

Earthscan, 2009.

LEAL, O. A. impacto da adição de carbono pirogênico nas propriedades químicas

do solo e na qualidade e quantidade de matéria orgânica de um cambissolo

subtropical e de um argissolo tropical. 2015. 114p. Tese de Doutorado - Faculdade de

Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2015.

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES – IBÁ. Indicadores de desempenho do

setor nacional de árvores plantadas referentes ao ano de 2014. Brasília: IBÁ, 2015.

79 p.

MAIA, C. M. B. F.; MADARI, B. E.; NOVOTNY, E. Advances in biochar research in

Brazil. Dynamic Soil, Dynamic Plant, Global Science Books, v. 5, n. 1, p. 53-58, 2011.

OLIVEIRA, A. C.; CARNEIRO, A. C. O.; VITAL, PEREIRA, B. L.C.; B. R.;

CARVALHO, A. M. M. L.; TRUGILHO, P. F.; DAMÁSIO R. A. P. Optimization of

charcoal production through control of carbonization temperatures. Revista Árvore,

Viçosa-MG, v.37, n.3, p.557-566, 2013.

SAHAJWALLA, V.; DUBIKOVA, M.; KHANNA, R. Reductant characterisation

and selection: implications for ferroalloys processing. In: Proceedings: Tenth

International Ferroalloys Congress. Vol. 1. 2004.

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Influência do bentazone nas plantas de milho em diferentes Sistemas

Agrossilvipastoris

Priscila Júnia Rodrigues da Cruz2, Márcia Vitória Santos

3, José Charlis Alves Andrade

2,

Renan Coelho Dias4, Raul Ribeiro Silveira

5, Mariana Borba Fonseca

2, Vitor Diniz

Machado6, Brenda Fernanda de Souza Andrade

6, Samanta Frois Jardim

2

1Parte da dissertação do quarto autor, financiado pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES.

2Estudante de Graduação em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

3Professor do Departamento de Zootecnia–UFVJM, Diamantina, MG.Coordenador/Orientador do Projeto.

4Mestre em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

5Mestrando em Produção Animal – UFVJM, Diamantina, MG.

6Pós-Doutorando do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

7Estudante de Graduação em Engenharia Florestal – UFVJM, Diamantina, MG.

Resumo: Plantas de milho cultivadas em Sistemas Agrossilvipastoris podem ter seu

desenvolvimento e crescimento influenciado por plantas daninhas e culturas em

consórcio. Objetivou-se nesse trabalho avaliar a altura de inserção da primeira espiga e

altura de plantas de milho em sistemas agrossilvipastoris e monocultivo com diferentes

doses de bentazone no controle de plantas daninhas. Os tratamentos foram dispostos em

parcelas subdivididas, sendo as parcelas compostas pelos seguintes arranjos de cultivo:

Brachiaria brizantha cv. Marandu (capim-marandu), Macrotyloma axillare (java) e

capim-marandu + java, consorciadas com milho e eucalipto nos espaçamentos 12 × 2 m

e 12 × 3 m, mais milho em monocultivo. Testou-se as doses de 0; 0,36 e 0,72 kg ha-1

de

bentazone. O herbicida bentazone foi aplicado em janeiro de 2015, correspondendo aos

30 dias após semeadura (DAS). A colheita de milho foi realizada de forma manual aos

120 DAS sendo amostrados 4 pontos de 1,5 m de comprimento nas fileiras de milho

para determinação da altura de plantas e altura da inserção da primeira espiga. A

competição imposta por plantas daninhas e forrageiras, somadas ao veranico reduz o

crescimento de plantas de milho. O uso de bentazone no controle de plantas daninhas

favorece o crescimento de plantas de milho.

Palavras–chave: Consórcio, manejo de pastagens, plantas daninhas, ILPF

Influence of bentazone on corn plants in different Agrossilvopastoral Systems

Abstract: Corn plants cultivated in Agrosilvopastoral systems can have its development

and growth influenced by weeds and species in consortium. The objective of this study

was to evaluate the height of insertion of the first corncob in Agrosilvopastoral systems

and monoculture using different doses of bentazon to control weeds. The trials were

disposed in subdivided plots, and those plots were composed by the following

arrangements of cultivation: Brachiaria brizantha cv. Marandu (Marandu grass),

Macrotyloma axillare (java) and marandu grass + java, intercropped with corn and

eucalyptus spaced by 12 x 2 m and 12 x 3 m, plus corn in single cultivate. It were tested

the doses of 0; 0,36 and 0,72 kg ha-1 of bentazon. The herbicide bentazon was applied

in January of 2015, corresponding to 30 days after sowing (DAS). The harvest

happened at 120 DAS manually, 4 points of 1,5 m of lengh were sampled in the corn

rows in each subplot in order to determinate the height of plants and the first corncob

insertion. The competition by weeds and forages plus the dry days reduced the corn

plants growth. The use of the herbicide bentazon to control weeds has favored the corn

plants growth.

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Key words: consortium, pasture management, weeds, ICLF

Introdução

A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) otimiza o uso do solo, em

propriedades rurais de pequeno a grande porte, inclusive com plantio manual, tornando

alternativa em recuperação de áreas em degradação, uma vez que o cultivo consorciado,

em sucessão ou rotacionado promove efeitos sinérgicos entre os componentes do

agroecossistema.

Nos Sistemas Agrossilvipastoris a cultura do milho destaca-se entre as espécies

utilizadas devido sua adaptabilidade e capacidade de consorciação, entretanto, o

crescimento e desenvolvimento das plantas de milho pode ser afetado nesses sistemas

devido a interferência de outras espécies sobre a cultura (Santos et al.,2015).

Dentre as inúmeras competições nesses sistemas, as plantas daninhas se destacam

por competirem diretamente pelos recursos ambientais disponíveis, podendo interferir

nas características agronômicas do milho.

Diante disso, a utilização de herbicidas no controle de plantas daninhas nesses

sistemas torna-se uma prática necessária, entretanto, o seu sucesso dependerá

principalmente das espécies em consórcio e das espécies a serem controladas. Sendo

assim, uma alternativa é a utilização de herbicidas à base de bentazone, pois são

registrados para o controle de plantas dicotiledôneas e monocotiledôneas nas culturas de

soja, feijão, milho, trigo e arroz (Santos et al.,2015).

Objetivou-se nesse trabalho avaliar a altura de inserção da primeira espiga e altura

de plantas de milho em sistema agrossilvipastoril e monocultivo, com diferentes doses

de bentazone utilizadas no controle de plantas daninhas.

Material e Métodos

O ensaio foi desenvolvido na Fazenda Experimental do Moura, pertencente a

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

O delineamento utilizado no experimento foi em blocos casualizados com quatro

repetições. Os tratamentos foram dispostos em parcelas subdivididas, sendo as parcelas

compostas pelos seguintes arranjos de cultivo: Brachiaria brizantha cv. Marandu

(capim-marandu), Macrotyloma axillare (java) e (capim-marandu + java), consorciadas

com milho (hibrido SSH 7920) e eucalipto nos espaçamentos 12 × 2m e 12 × 3m em

Sistemas Agrossilvipastoris, mais milho em monocultivo. Nas sub-parcelas testou-se

três manejos de plantas daninhas, sem e com aplicação de herbicida, representando as

doses de 0 kg ha-1

; 0,36 kg ha-1

e 0,72 kg ha-1

de bentazone na fórmula do produto

comercial Basagran 600 ® correspondendo a 0%, 50% e 100%, respectivamente, da

dose comercial indicada para cultura do milho. O herbicida bentazone foi aplicado 30

dias após a semeadura (DAS).

A semeadura do milho e das forrageiras foi realizada em dezembro de 2014. O

transplantio das mudas de eucalipto para o campo foi realizado na época de semeadura

do milho e forrageiras, respeitando 1,5 m entre as culturas e fileiras do eucalipto.

As parcelas experimentais apresentaram dimensões de 36 m de largura por 18 m

de comprimento, composta por quatro fileiras simples de eucalipto espaçadas a cada 12

m, intercalados com milho e as espécies forrageiras. Já as subparcelas apresentaram

dimensões de 12 m de largura por 18 m de comprimento. Para as parcelas em

monocultivo de milho, as dimensões foram de 10 m de largura por 36 m de

comprimento, e as subparcelas de 10 m de largura por 12 m de comprimento.

A colheita de milho foi realizada de forma manual aos 120 DAS sendo

amostrados 4 pontos de 1,5 m de comprimento nas fileiras de milho em cada

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subparcela, para a determinação da altura de plantas e altura da inserção da primeira

espiga.

Os dados foram submetidos a análise de variância e o teste de comparação de

médias a 5 % de significância. Todas as análises estatísticas foram realizadas no

programa R.

Resultados e Discussão

Nota-se que somente na dose 0,72 kg ha-1

de bentazone foi encontrada diferença

entre o monocultivo e os demais tratamentos consorciados (Tabela 1). Da mesma forma,

ao se comparar as doses de herbicida no monocultivo, percebe-se a maior altura das

plantas de milho quando da aplicação de 0,72 kg ha-1

de bentazone, o que se deve ao

maior controle de plantas daninhas. A baixa altura das plantas de milho nos diferentes

sistemas e manejos de plantas daninhas avaliados, podem ser explicadas devido ao

déficit hídrico observado no período experimental.

Tabela 1- Altura de plantas de milho (m) em função do arranjo de cultivo em diferentes Sistemas

Agrossilvipastoris e monocultivo e uso de 0; 0,36; 0,72 kg ha-1

de bentazone, em Curvelo-MG.

Arranjos de cultivo Doses de Bentazone

Sistemas Espaçamento Eucalipto (m) 0ns

0,36ns

0,72

Milho+MaranduNS

12×2 1,98 1,96 1,87 b

Milho+MaranduNS

12×3 1,96 1,99 1,93 b

Milho+JavaNS

12×2 1,96 2,00 1,97 b

Milho+JavaNS

12×3 1,97 1,97 1,96 b

Milho+Marandu+JavaNS

12×2 1,97 2,01 1,98 b

Milho+Marandu+JavaNS

12×3 1,89 1,94 1,96 b

Milho Monocultivo - 1,94 B 2,05 B 2,17 Aa

Arranjos de cultivo seguidos de “NS” e doses de bentazone seguidos por “ns” não foram significativo

pelo teste F a 5% na análise de variância. Valores seguidos por mesma letra minúscula na coluna e

maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de significância

Para a dose de 0,72 kg ha-1

de bentazone, em função dos diferentes arranjos de

plantio, observou-se que o milho em monocultivo apresentou maior altura de inserção

da primeira espiga quando comparado aos demais tratamentos (Tabela 2). Santos et al.

(2015), também observaram maiores alturas de plantas e altura de inserção da primeira

espiga para o monocultivo em relação aos diferentes consórcios no Sistemas

Agrossilvipastoris, com manejo de plantas daninhas realizado com atrazine.

Tabela 2- Altura de inserção (m) da primeira espiga de milho em função do arranjo de plantio em

diferentes Sistemas Agrossilvipastoris e monocultivo e uso de 0; 0,36; 0,72 kg ha-1

de bentazone, em

Curvelo-MG

Arranjos de cutivo Doses de Bentazone (kg ha-1

)

Sistemas Espaçamento Eucalipto (m) (m) 0 0,36ns

0,72

Milho+MaranduNS

12×2 0,72 a 0,72 0,69 b

Milho+MaranduNS

12×3 0,72 a 0,72 0,72 b

Milho+Java 12×2 0,63 aB 0,73A 0,71 bA

Milho+Java 12×3 0,67 aB 0,72 AB 0,74 bA

Milho+Marandu+Java 12×2 0,64 aB 0,72 A 0,73 bA

Milho+Marandu+Java 12×3 0,65 aB 0,72 A 0,73 bA

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Milho Monocultivo - 0,65 aB 0,68 B 0,89 aA

Arranjos de cultivo seguidos de “NS” e doses de bentazone seguidos por “ns” não foram significativo

pelo teste F a 5% na análise de variância. Valores seguidos por mesma letra minúscula na coluna e

maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de significância

Ao avaliar a altura de inserção da primeira espiga de milho (tabela 2) para os

sistemas de cultivo em função das diferentes doses de bentazone, os consórcios de

milho com marandu nos espaçamentos de eucalipto 12x2 m e 12x3 m, não apresentaram

diferenças entre as médias obtidas, padrão semelhante aos resultados apresentados para

altura de plantas (tabela 1). Já para os arranjos de cultivo de milho+java em ambos os

espaçamentos de eucalipto, a aplicação de bentazone possibilitou aumento na inserção

de espiga, independentemente da dose utilizada (0,36 e 0,72 kg há-1

).

Pariz et al. (2011) obtiveram menor altura de inserção de espiga em plantas de

milho consorciadas com B. ruziziensis, quando comparada com plantas de milho em

consórcio com B. brizantha, B. decumbens e Brachiaria spp. cv. Mulato, estes explicam

que tal fato ocorreu devido a maior competição exercida pela B. ruziziensis. Sendo

assim pode-se inferir que a competição das diferentes espécies de plantas daninhas e

culturas em consórcio podem reduzir a altura de inserção da espiga.

Conclusões

A competição imposta por plantas daninhas e forrageiras, somadas ao veranico,

reduz o crescimento de plantas de milho.

O uso de bentazone no controle de plantas daninhas favorece o crescimento de

plantas de milho.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil), FAPEMIG (Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior).

Literatura citada PARIZ, M.C.; ANDREOTTI, M.; AZENHA, M.V.; BERGAMASCHINE, A.F.; MELLO,

L.M.M.; LIMA, R.C. Produtividade de grãos de milho e massa seca de braquiárias em

consórcio no sistema de integração lavoura-pecuária. Ciência Rural, v.41, n.5, p.875-882,

2011.

SANTOS, M.V.; SILVA, D.V.; FONSECA, D.M.; REIS, M.R.; FERREIRA, L.R.; OLIVEIRA

NETO, S.N.; OLIVEIRA, F.L.R. Componentes produtivos do milho sob diferentes manejos de

plantas daninhas e arranjos de plantio em sistema agrossilvipastoril. Ciência Rural, v.45, n.9,

p.1545-1550, 2015 b.

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INSETOS BIOINDICADORES E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DA

ÁGUA NO RIO PIRACICABA, JOÃO MONLEVADE

Bárbara Carolina Reis1, Patrícia Fabrini Tolomelli

1, Igor Fernandes de Abreu, Denise

Eliane Euzébio Pinto2, Marcos Antônio Gomes

2, Rosenilson Pinto

2

1Estudante de graduação em Engenharia Ambiental na Universidade do Estado de Minas

Gerais/Faculdade de Engenharia, João Monlevade.

2 Estudante de graduação em Engenharia de Minas na Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade

de Engenharia, João Monlevade.

3Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia, João Monlevade.

Resumo: As análises física, química e biológica, juntamente com a avaliação da

comunidade de macroinvertebrados bentônicos permite a detecção de possível impacto

humano, que pode comprometer a qualidade da mesma. Os objetivos do trabalho foram

avaliar a diversidade de insetos aquáticos do rio Piracicaba, João Monlevade, relacionar

a diversidade encontrada com características físicas e químicas da água. O maior

número de insetos foram coletados no período seco, sendo as ordens Hemiptera e

Ephemeroptera as mais coletadas. Os insetos bioindicadores encontrados no pontos

amostrados evidenciam que a água do Rio Piracicaba apresenta certa qualidade que

permite a sobrevivência de insetos que necessitam de uma água de qualidade para

sobreviverem.

Palavras–chave: Bioindicadores, insetos aquáticos, recursos hídricos

INSECTS BIOINDICATORS AND ITS RELATION TO WATER QUALITY IN

RIO PIRACICABA, JOÃO MONLEVADE

Abstract: The physical, chemical and biological analyzes of water, along with the

evaluation of the benthic macroinvertebrate community allows the detection of possible

human impact, which can compromise the quality of it. The objectives were to evaluate

the diversity of aquatic insects Piracicaba River, João Monlevade, relate the diversity

found in physical and chemical characteristics of water. The largest number of insects

were collected in the dry season, and the Hemiptera and mayfly orders the most

collected. The bioindicators insects found in the sampled points show that the water of

the Rio Piracicaba has a certain quality that allows the survival of insects that need a

quality water to survive.

Keywords: Bioindicators, aquatic insects, water.

Introdução A água é um dos principais recursos naturais fundamental à possibilidade de

vida. As civilizações utilizam a água para uma ampla gama de propósitos, sendo o

desenvolvimento e sucesso dessas civilizações muitas vezes baseada no uso correto de

recursos hídricos (Andrade et al. 2012).

As ações antrópicas causam vários impactos ambientais em ecossistemas

aquático como, contaminação; intoxicação; eutrofização; biomagnificação e

bioacumulação causando efeitos negativos sobre a saúde dos seres vivos, remoção de

espécies nativas e a proliferação de espécies exóticas (Buss et al. 2003).

O monitoramento da água através de análises física, química e biológica e da

comunidade de macroinvertebrados permite a detecção de possível impacto humano.

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Dentre os organismos utilizados como bioindicadores, os macroinvertebrados

bentônicos são mais indicado (Baptista et al. 2013).

Os insetos aquáticos tem ampla diversidade e distribuição, apresentam

sensibilidade a mudanças ambientais, com espécies sensíveis até tolerantes à poluição

(Colla et al. 2013). A presença ou ausência destes organismos refletem o impacto da

poluição sobre um ecossistema, demonstrando a distribuição espacial e temporal do

impacto e fornecendo dados sobre um potencial risco para a flora, a fauna e a população

humana. Neste contexto, os objetivos foi avaliar a diversidade de insetos do rio

Piracicaba, relacionar a diversidade encontrada com características físicas e químicas da

água e identificar os principais fatores abióticos que afetam a biodiversidade local.

Material e Métodos O estudo foi realizado no rio Piracicaba, afluente do rio Doce, em João

Monlevade, MG, em três pontos: Ponto 1 (S19o 50’35,1” e W 043

o 07’28,2”); Ponto 2

(S19o 50’19,1” e W 043

o 07’42,3”); e Ponto 3 (S19

o 49’40” e W 043

o 06’42,2”) (Figura

1).

Figura 1. Pontos de coleta. a) Ponto 1, b) Ponto 2 e c) Ponto 3

As coletas foram feitas nos períodos de seca e chuvoso em cada ponto amostral.

A técnica empregada foi usado uma rede entomológica tipo “D” para varrer o rio,

executando batidas e revolvendo substrato para dentro da rede para coletar os insetos. A

cada batida de rede, a mesma era esvaziada em uma bandeja para a triagem do material.

Os exemplares coletados foram levados ao laboratório para quantificação,

identificação e acondicionamento em álcool 95%. Identificou-se os exemplares ao nível

de ordem e família. Amostras de água foram coletadas nos três pontos para a análise de

Condutividade, Demanda Biológica de Oxigênio - DBO, Demanda Química de

Oxigênio - DQO, oxigênio dissolvido, óleos e graxas, pH, turbidez.

Resultados e Discussão

Os insetos aquáticos representam uma ferramenta importante para o

monitoramento dos meios hídricos, visto que a flutuação da população irá representar as

condições em que se encontram os rios, com relação ao substrato, disponibilidade de

alimento, abrigo e estabilidade do ambiente.

Foram coletados 427 insetos no total, no período chuvoso 175 e no seco 216.

Esses resultados indicam que a maior riqueza e diversidade são encontradas durante a

estação seca, possivelmente devido a uma maior estabilidade do habitat e

disponibilidade de nutrientes. Um total de 9 ordens foram coletadas e um número

pequeno de famílias dentro dessas ordens. Esses resultados podem variar de acordo com

o local estudado.

No ponto 1, a ordem Hemiptera foi coletada tanto no período chuvoso quanto no

período seco, e a ordem Ephemeroptera apresentou o maior número de insetos (Tabela

1). Ephemeroptera são bioindicadores sensíveis ou intolerantes a poluição (Goulart e

Callisto 2003), indicando boa a qualidade da água do rio.

O Ponto 2, teve no período chuvoso, quatro ordens coletadas e no período seco

seis ordens, sendo que Hemiptera apresentou o com maior número de indivíduos

a b c

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(Tabela 2). O grande número de Hemiptera pode ser explicado por eles explorarem

várias áreas, como as margens, superfície da água, zonas de transição e a vegetação

aquática (Dias Silva et al. 2010).

O Ponto 3 teve duas ordens (Hemiptera e Diptera) coletadas no período chuvoso

e teve sete ordens coletadas no período seco, apresentando o menor número de insetos

coletados (Tabela 3). Esse ponto de amostragem apresentou a margem mais impactada

com pouca ou nenhuma vegetação no entorno. O que pode ter propiciado o baixo

número de insetos coletados, visto que a heterogeneidade do habitat é um fator

importante na dinâmica das populações.

As amostras de água apresentaram valores semelhantes para oxigênio dissolvidos,

DBO, DQO, PH, turbidez, óleos e graxas nos três pontos coletados, ficando dentro das

normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e não apresentando

alterações relevantes na variação da população de insetos coletados.

As ordens de insetos aquáticos encontradas não diferiram dentro dos pontos

coletados apresentando as famílias comumente encontradas em meios com baixo índice

de poluição.

Tabela 1. Identificação das ordens e famílias coletas no Rio Piracicabas nas mediações

de João Monlevade. Ponto 1

Ordem Famílias (indivíduos) Total

Período de chuva

Hemiptera Corixidae (3), Gerridae (14) 17

Período de seco

Coleoptera Adephaga (11) 11

Diptera - 3

Ephemeroptera Coloburiscidae (9), Polymirtacyidae (27) 36

Hemiptera Gerridae (3), Mesoveliidae (4) 7

Odonata Coenagrionidae (3) 3

Plecoptera - 1

Total 78

Ponto 2

Ordem Famílias (Indivíduos) Total

Período de chuva

Diptera - 1

Hemeroptera Euthyplociidae (5) 5

Hemiptera Corixidae (1), Gerridae (1), Hebridae (17) Velidae (118) 136

Lepidoptera - 1

Período seco

Collembola - 2

Diptera - 2

Ephemeroptera Euthyplociidae (5) 7

Hemiptera Hebridae (1), Notonectidae (6), Veliidae (109) 116

Plecoptera Eutheniidae (7) 7

Trichoptera Ecnomidae (1), Hydropsychidae (3) 3

Total 274

Ponto 3

Ordem Famílias (indivíduos) Total

Período de chuva

Collembola - 3

Diptera Chironomidae (1) 2

Hemiptera Mesoveliidae (7), Notonectidae (3) 10

Período seco

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Collembola - 1

Ephemeroptera Ephemeridae (1), Eutheniidae (8) 9

Hemiptera Hebridae (1) 1

Lepidoptera - 1

Plecoptera - 1

Trichoptera Hydropschidae (5) 5

Total 33

Conclusões Os insetos bioindicadores encontrados no pontos amostrados evidenciam que a

água do Rio Piracicaba apresenta certa qualidade que permite a sobrevivência de insetos

que necessitam de uma água de qualidade para sobreviverem.

Agradecimentos A Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia de João

Monlevade.

Literatura citada ANDRADE, D.P.; PASCHOAL, L.R.P.; SÁ, O.R. et al. Water quality assessment of

fifth-order tributaries of the reservoir at the Marechal Mascarenhas de Morais

Hydroelectric Power Station in the Rio Grande watershed (State of Minas Gerais,

Brazil). Acta Limnologica Brasiliensia, v. 24, p. 326-337. 2012.

BAPTISTA, D.F.; HENRIQUES-OLIVEIRA A.L.; OLIVEIRA, R.B.S.; et al.

Development of a benthic multimetric index for the Serra da Bocaina bioregion in

Southeast Brazil. Brazilian Journal of Biology, v.73, p.573-583, 2013.

BUSS, D.F.; BAPTISTA, D.F. & NESSIMIAN, J.L. Bases conceituais para a aplicação

de biomonitoramento em programas de avaliação da qualidade da água de rios.

Caderno de Saúde Pública, v.19, p. 465-473, 2003.

COLLA, M. F.; CÉSAR, I.I. & SALAS, L.B. Benthic insects of the El Tala River

(Catamarca, Argentina): longitudinal variation of their structure and the use of insects to

assess water quality. Brazilian Journal of Biology, v.73, p.357-366. 2013.

DIAS SILVA, K.; CABETTE, H. S. R.; JUEN, L.; et al. The influence of habitat

integrity and physical-chemical water variables on the structure of aquatic and semi-

aquatic Heteroptera. Zoologia, v.27, p. 918–930, 2010.

GOULART, M.D.C.; CALLISTO, M. Bioindicadores de qualidade de água como

ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista da FAPAM, v.2, p.1-8, 2003.

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94

Intoxicação de plantas de capim-braquiária e capim-ruziziensis submetidas à

aplicação de quatro tipos de herbicidas1

Priscila Júnia Rodrigues da Cruz2, Márcia Vitória Santos

3, José Charlis Alves Andrade

2,

Arnon Henrique Campos Anésio4, Raul Ribeiro Silveira

5, Vitor Diniz Machado

6,

Brenda Fernanda de Souza Andrade7

1Parte da dissertação do quarto autor, financiado pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES.

2Estudante de Graduação em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

3Professor do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG. Coordenador/Orientador do

Projeto. 4Mestre em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

5Mestrando em Produção Animal – UFVJM, Diamantina, MG.

6Pós-Doutorando do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

7Estudante de Graduação em Engenharia Florestal – UFVJM, Diamantina, MG.

Resumo: O uso de herbicidas tem crescido significativamente ao longo dos anos com o

intuito de reduzir os impactos negativos causados por plantas daninhas em pastagens.

Com este trabalho, objetivou-se avaliar a intoxicação do capim-braquiária e do capim-

ruziziensis, submetidos à aplicação de clomazone, mesotrione, nicosulfuron e

glyphosate aplicados em pós-emergência. O delineamento experimental foi em blocos

casualizados, com cinco repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema

fatorial 4x2, sendo quatro herbicidas: glyphosate, nicosulfuron, clomazone e

mesotrione, em duas espécies forrageiras Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-

braquiária) e Brachiaria ruziziensis (capim-ruziziensis) aplicados na pós-emergência.

Plantas de ambas as espécies apresentaram menor sensibilidade ao clomazone quando

comparado aos outros herbicidas. O clomazone é de uso potencial para o controle de

plantas daninhas sem afetar significativamente a produção dessas forrageiras.

Palavras-chave: controle químico, herbicida, daninhas, Brachiaria decumbens,

Brachiaria ruziziensis

Intoxication of signal-grass and congo signal-grass under the application of

different doses of herbicides

Abstract: The application of herbicides has growing along the years aiming to reduce

negative effects caused by weeds. The objective of this study was to evaluate the

intoxication of signal-grass and congo signal-grass under the application of clomazone,

mesotrione, nicosulfuron, and glyphosate applied in post emergence. The experimental

design was in randomized blocks, with five repetitions. The treatments were organized

in factorial scheme (4x2) + 2 being 4 herbicides: glyphosate, nicosulfuron, clomazone,

and mesotrione, on two forage species Brachiaria decumbens cv. Basilisk and

Brachiaria ruziziensis, applied in post emergence. Plants of both species presented

lower sensibility to clomazone when compared with the other herbicides. The

clomazone has a potential to control weeds without significantly affecting those forages

production.

Keywords: chemical control, herbicide, weed, Brachiaria decumbens, Brachiaria

ruziziensis

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Introdução

Parte das pastagens brasileiras encontram-se degradadas ou em processo de

degradação devido ao manejo inadequado e à baixa reposição de nutrientes extraídos do

solo (Barcellos, 2008) o que resulta em baixos índices zootécnicos, uma vez que a

produção animal brasileira é baseada no uso das pastagens.

Como consequência da degradação de pastagens, ocorre o aparecimento de

plantas daninhas. A sua presença pode causar perdas na qualidade e na massa seca da

forrageira produzida, podem hospedar pragas, disseminar doenças (Carvalho, 2013), e

dependendo da espécie, como o capim-massambará (Sorghum halepense) podem ser

tóxicas aos animais (Marques et al., 2006) afetando negativamente a produção animal.

Com o intuito de reduzir o efeito negativo causado por plantas daninhas, alguns

métodos de controle podem ser utilizados (Carvalho, 2013), dentre eles, o uso de

herbicidas se destaca. No entanto, a seletividade dos herbicidas devem ser melhor

entendida afim de controlar as plantas daninhas e não afetar a produtividade da

forrageira.

Objetivou-se com este trabalho avaliar a intoxicação do capim-braquiária e do

capim-ruziziensis, submetidos à aplicação de clomazone, mesotrione, nicosulfuron e

glyphosate aplicados em pós-emergência.

Material e métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Universidade Federal dos

Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, em Diamantina - Minas Gerais.

O solo foi previamente corrigido e adubado e cada parcela constituída por um

vaso com 1,5 litros de solo. Em cada vaso foram cultivadas duas plantas de Brachiaria

decumbens (Syn. Urochloa decumbens cv. Basilisk) (capim-braquiária) ou duas de

Brachiaria ruziziensis (Syn. Urochloa ruziziensis) (capim-ruziziensis). Cerca de 20 dias

após a semeadura, as forrageiras foram desbastadas, mantendo duas plântulas de cada

espécie por vaso.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco repetições.

Os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 4x2, sendo quatro herbicidas:

glyphosate (720 g ha-1

), nicosulfuron (60 g ha-1

), clomazone (1.080 g ha-1

) e mesotrione

(192 g ha-1

), aplicados na dose recomendada pelo fabricante, em duas espécies

forrageiras Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária) e Brachiaria

ruziziensis (capim-ruziziensis). Os herbicidas foram aplicados sobre as plantas quando

apresentavam 30 cm de altura, simulando condições de plantas em área de pastagem em

estabelecimento. A aplicação dos herbicidas foi realizada utilizando pulverizador costal.

Aos 7, 15, 21 e 30 dias após a aplicação (DAA) dos herbicidas, a intoxicação das

plantas foi avaliada visualmente utilizando-se uma escala de 0 a 100, sendo 0 a ausência

de controle e 100 o controle total da espécie (EWRC, 1964). Para facilitar e nortear a

avaliação visual, cultivou-se algumas plantas das espécies estudas sem a aplicação de

herbicidas. Procedeu-se análise de regressão e as escolhas das equações foram baseadas

na resposta biológica do fenômeno, na significância dos parâmetros (P<0,05) e no

coeficiente de determinação.

Resultados e discussão

Até o período aproximado de 15 DAA o capim-braquiária apresentava índice de

intoxicação ao clomazone menor que as plantas de capim-ruziziensis (Figura 1a),

entretanto, após essa data, as plantas de capim-braquiária assumiram maior índice de

intoxicação, alcançando valores máximos aos 30 DAA de 30 e 25% para o capim-

braquiária e capim-ruziziensis, respectivamente. Avaliando o controle de espécies

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daninhas na cultura da cana-de-açúcar com a associação de clomazone + hexazinone,

Carbonari et al. (2010) obtiveram aos 23 DAA controle do capim-braquiária de 98,7%

com dose de 720 + 180 g ha-1

.

As plantas de capim-ruziziensis apresentaram alta percentagem de intoxicação

(63%) aos 30 DAA, submetidas a aplicação de mesotrione. Diferentemente, as plantas

de capim-braquiária apresentaram percentagem de intoxicação média de 39% aos 30

DAA (Figura 1b).

O capim-ruziziensis e capim-braquiária apresentaram, aos 30 DAA, níveis de

intoxicação por nicosulfuron próximos a 90 e 78%, respectivamente (Figura 2a). Os

resultados apresentados por alguns autores (Adegas et al., 2011; Vidal, 2001) se

assemelham aos encontrados neste trabalho, onde ambas espécies apresentavam baixa

intoxicação aos 7 DAA, entretanto, o nível de intoxicação apresentou aumento após 15

DAA.

Aos 19 DAA, ambas espécies estudadas apresentavam 100% de intoxicação ao

glyphosate, ou seja, total controle (Figura 2b). Santos et al. (2007) avaliaram o controle

da Brachiaria brizantha cv. Marandu com o uso de glyphosate, na formação de

pastagem com Tifton 85, e concluíram que plantas mais novas apresentam maior

susceptibilidade. A conclusão dos autores pode explicar o rápido controle (19 DAA) nas

espécies estudadas no presente trabalho.

Figura 1: Porcentagem de intoxicação de plantas de capim-braquiária (●) e capim-ruziziensis (○)

submetidas à aplicação de clomazone (1.080 g ha-1) (a) e mesotrione (192 g ha-1) (b) em função dos 7,

15, 21 e 30 dias após a aplicação.

Figura 2: Porcentagem de intoxicação de plantas de capim-braquiária (●) e capim-ruziziensis (○)

submetidas à aplicação de nicosulfuron (60 g ha-1) (a) e glyphosate (720 g ha-1) (b), em função dos 7, 15,

21 e 30 dias após a aplicação.

Conclusão

Plantas de capim-braquiária e capim ruziziensis são menos sensíveis à aplicação

de e clomazone (1080 g ha-1

) quando comparado aos outros herbicidas. Podemos inferir

a b

a b

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que esse herbicida é de uso potencial para o controle de plantas daninhas sem afetar

significativamente a produção do capim-braquiária e capim-ruziziensis.

Agradecimento

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil), FAPEMIG (Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e a Coordenacão de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES).

Literatura citada

ADEGAS, F.S.; VOLL, E.; GAZZIERO, D.L.P. Manejo de plantas daninhas em milho

safrinha em cultivo solteiro ou consorciado à braquiária ruziziensis. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v.46, n.10, p.1226-1233, 2011.

BARCELLOS, A. DE O.; RAMOS, A.K.B.; V, L.; MARTHA JUNIOR, G.B. 2008.

Sustentabilidade da produção animal baseada em pastagens consorciadas e no emprego

de leguminosas exclusivas, na forma de banco de proteína, nos trópicos

brasileiros. Revista Brasileira de Zootecnia, 37 (spe), 51-67.

CARBONARI, C.A. et al. Eficácia da associação entre os herbicidas clomazone e

hexazinona no controle de plantas daninhas em cana-de-açúcar. Revista Brasileira de

Herbicidas, v.9, n.1, p.17-25, 2010.

CARVALHO, L.B. Plantas daninhas. 1ª ed. v. I p. 5-9. 2013.

EUROPEAN WEED RESEARCH COUNCIL - EWRC. Report of 3 rd and 4 rd

meetings of EWRC. Cittee of methods in weed research. Weed Research, v.4, n.1,

p.88, 1964.

MARQUES, T. C; CARDOSO, M das G; SALVADOR, S. C; SALGADO, A. P. S. P;

GAVILANES, M. L; BERTOLUCCI, S. K. V. Plantas tóxicas para bovinos na região

de Minas Gerais e Goiás. Ano XII, n.130. 2006.

SANTOS, M.V. et al. Controle de Brachiaria brizantha, com o uso do glyphosate, na

formação de pastagem de Tifton 85 (Cynodon spp.). Planta Daninha, v.25, n.1, p.149-

490, 2007.

TREZZI, M.M; VIDAL, R.A. Herbicidas inibidores da ALS. In: VIDAL, R.A.;

MEROTTO JR., A. (Ed.). Herbicidologia. Porto Alegre: Gaúcha, 2001. p. 25-36.

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Levantamento fitossociológico em pastagem renovada por Sistema

Agrossilvipastoril¹

Leandro Vítor de Figueiredo³, Márcia Vitória Santos4, José Charlis Alves Andrade

2,

Renan Coelho Dias³, Márcio Cordeiro Silva², José Augusto Aguilar Alves², Vitor Diniz

Machado5, Raul Ribeiro Silveira³

¹Parte da Iniciação Científica do primeiro autor, financiado pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES.

²Estudante de Graduação em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG. 3Mestrando em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

4Professor do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG. Orientador do Projeto.

5 Pós - Doutorando em Zootecnia– UFVJM, Diamantina, MG

Resumo: Frente ao avançado estádio de degradação das pastagens cultivadas no Brasil,

é crescente a necessidade do estabelecimento de novas estratégias que promovam a

redução da comunidade de plantas daninhas. Assim, esse trabalho foi proposto

objetivando realizar o levantamento fitossociológico de uma pastagem de Brachiaria

brizantha, após a renovação de área degradada em Sistema Agrossilvipastoril. O

levantamento fitossociológico foi realizado por meio do método do quadrado inventário,

avaliando 40 pontos amostrais, utilizando-se um quadro de 1 m de lado, totalizando uma

área amostral de 40 m².As espécies de plantas encontradas a cada lançamento, foram

identificadas, colhidas, contabilizadas e realizados os cálculos das características

fitossociológicas sendo elas frequência, densidade e abundância. Espécies daninhas

foram encontradas no estudo, mas não apresentaram valores fitossociológicos

expressivos. O pasto de Brachiaria brizantha encontrava-se bem estabelecido na área.

O Sistema Agrossilvipastoril promove a recuperação do nível de degradação da

pastagem.

Palavras chave: áreas degradadas, fitossociologia, plantas daninhas, recuperação

Phytosociological survey in renovated pasture by Agrosilvopastoral System

Abstract: Considering the advanced degradation stage in which the pasture cultivated

in Brazil are found, it’s increasing the need of establishing new strategies that promote

the weed community decrease. Thus, this work was proposed intending to realize the

phytosociological survey of a Brachiaria brizantha pasture, after the renovation of the

degraded area in Agrosilvopastoral System. The phytosociological survey was

performed using the inventory square method, releasing 40 times a 1.0 m side square,

totalizing 40 m2

of sample area. The species found in each launching were identified,

harvested, counted and were done the calculation of their phytosociological

characteristics, that are the numbers of frequency, density and abundance. Weed species

were found at the study, but they didn’t showed meaningful phytosociological numbers.

The Brachiaria brizantha pasture was well established in the area. The

Agrosilvopastoral System promotes the recovery of the pasture degradation level.

Key-words: degraded areas, phytosociology, weed, recovery

Introdução

Frente ao avançado estádio de degradação das pastagens cultivadas no Brasil, é

crescente a necessidade do estabelecimento de novas estratégias que promovam a

redução da comunidade de plantas daninhas e mantenha a perenidade das pastagens

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(Homma et al., 2006). Neste sentido, os Sistemas Agrossilvipastoris são alternativas

para a recuperação de pastagens degradadas (Santos et al., 2008 ).

Para avaliação do estádio de degradação de pastagens, o levantamento

fitossociológico é uma metodologia que permite verificar o número e distribuição de

diferentes espécies em uma pastagem, determinando o nível de interferência ocasionada

por populações de plantas daninhas sobre uma cultura (Santos et al.,2015).

Assim, esse trabalho foi proposto objetivando realizar o levantamento

fitossociológico de uma pastagem de Brachiaria brizantha, após a renovação de área

degradada em Sistema Agrossilvipastoril.

Material e Métodos

O estudo foi realizado em uma pastagem de Brachiaria brizantha em um Sistema

Agrossilvipastoril, composto pela espécie arbórea eucalipto e espécie anual milho,

pertencente a Fazenda Experimental do Moura, localizada no Município de Curvelo,

Minas Gerais , com 18°44'52,03” de latitude Sul, 44°26'53,56” de longitude Oeste e

altitude de 633 m.

O levantamento fitossociológico foi realizado um ano após a implantação do

Sistema Agrossilvipastoril, por meio do método do quadrado inventário, avaliando 40

pontos amostrais, utilizando-se um quadro de 1 m de lado, totalizando uma área

amostral de 40 m².

As espécies de plantas encontradas no quadro, a cada lançamento, foram

identificadas, colhidas e contabilizadas. A partir dos dados encontrados foram estimadas

as características fitossociológicas: freqüência absoluta (Fre abs); densidade absoluta

(Dea abs); abundância absoluta (Aba abs) obtidas com as seguintes fórmulas:

Resultados e Discussão

As plantas daninhas encontrados no estudo pertenceram 9 famílias botânicas, as

quais totalizaram 15.

Tabela 1: Valores de frequência absoluta (Fre abs), densidade absoluta (Den abs),

abundância absoluta (Ab abs) de espécies em pastagem de Brachiaria brizantha em

Curvelo – MG, 2015.

Família Nome cientifico

Fra abs

Dea abs

Aba abs

Poaceae Brachiaria brizantha

(Espécie Cultivada) 1 11,775 11,775

Andropogon gayanus 0,04 0,07 2,00

B. decumbens 0,04 0,07 2,00

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Os maiores parâmetros fitossociológicos foram observados para a espécie

forrageira implantada no Sistema Agrossilvipastoril (Brachiaria brizantha cv.

Marandu), apresentando frequência absoluta (1,0), densidade absoluta (11,75) e

abundância absoluta (11,75), sugerindo sucesso em seu estabelecimento na área.

Com relação as plantas daninhas encontradas na área, as espécies Ipomoea sp.,

Baccharis dracunculifolia e Panicum maximum apresentaram melhor distribuição

(frequência) e número de indivíduos (densidade).

Maiores valores de abundância, indicando a maior concentração de plantas, foram

encontrados nas espécies Ipomoea sp. (19,78) Hyparrhenia rufa (5,00) e Panicum

maximum (4,11).

Contudo, de maneira geral foi observado uma baixa infestação por plantas

daninhas ocasionada, muito provavelmente, pelo bom estabelecimento da forrageira.

Machado et al. (2012) também observaram a alta capacidade competitiva da B.

brizantha, com redução significativa dos índices fitossociológicos das plantas daninhas

quando foi realizada a semeadura da forrageira.

Conclusões

A utilização do Sistema Agrossilvipastoril promove a recuperação de pastos

degradados.

A Brachiaria brizantha cv. Marandu é uma espécie altamente competitiva com as

plantas daninhas, sendo indicada para renovação de pastagens em Sistema

Agrossilvipastoril.

Agradecimentos O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil), FAPEMIG (Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES).

Cenchrus echinatus 0,18 0,18 1,00

Hyparrhenia rufa 0,04 0,18 5,00

Panicum maximum 0,32 1,32 4,11

Euphorbiaceae Ricinus communis 0,04 0,07 2,00

Asteraceae B. dracunculifolia 0,64 2,00 3,11

E. maximilianii 0,04 0,04 1,00

Verbenaceae Lantana camara 0,04 0,04 1,00

Convolvulaceae Ipomoea sp. 0,68 5,79 8,53

Fabaceae Mimosa pudica 0,04 0,04 1,00

Senna obtusifolia 0,11 0,11 1,00

Malvaceae Sida cordifolia 0,04 0,07 2,00

Amaranthaceae Amaranthus sp. 0,18 0,61 3,40

Curcubiraceae Momordica

charantia 0,04 0,04 1,00

TOTAL 3,43 22,38 49,92

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101

Literatura citada HOMMA, A. K. O. et al. Criação de bovinos de corte no Estado do Pará. Sistemas

de Produção - 3, dez. 2006. Disponível em:

<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCorte

Para/paginas/manejo.html>. Acesso em: 04/05/2016 às 17:27

MASCARENHAS, M. H. T. et al. Flora infestante em pastagem degradada sob

recuperação, pelo sistema de integração lavoura-pecuária, em região de cerrado. R.

Brasileira Milho Sorgo, v.8, n. 1, 2009.

SANTOS, M. V.; MOTA, V.A.; TUFFI SANTOS, L.D.; OLIVEIRA, N.J.F.;

GERASEEV, L.C.; DUARTE, E.R. Sistemas Agroflorestais: potencialidades para

produção de forrageiras no norte de Minas Gerais. In: GERASEEV, L.C.;

OLIVEIRA, N.J.F.; CARNEIRO, A.C.B.; DUARTE, E.R. (Ed.). Recomendações

técnicas para vencer o desafio nutricional no período da seca. UFMG: ICA, Montes

Claros, 2008.

SANTOS, M.V.; FERREIRA, E.A.; FONSECA, D.M.; FERREIRA, L.R.; TUFFI

SANTOS, L.D.; SILVA, D.V. Levantamento fitossociológico e produção de forragem

em pasto de capim-gordura. Revista Ceres, 2015.

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MAPEAMENTO DAS NASCENTES DE JOÃO MONLEVADE

Gabriel de Oliveira Contini Pereira 1

, Thales Adriel Alves da Silva1, Bárbara Carolina

Reis2, Marcos Antônio Gomes

3, Denise Eliane Euzébio Pinto

3, Rosenilson Pinto

3

1

Aluno bolsista do PAPq da Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia – João

Monlevade. 2 Aluna da Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia – João Monlevade.

2 Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Engenharia – João Monlevade.

Resumo: A água ocupa um lugar de destaque entre os recursos naturais, por ser

abundante no planeta, embora disponível em diferentes quantidades e em diferentes

lugares. As nascentes são responsáveis pela formação dos cursos d’água como rios e

ribeirões, sendo estes cursos d’água os principais fornecedores, e também fonte de vida

para inúmeros ecossistemas. Os objetivos deste trabalho foram o georreferenciamento

das nascentes de João Monlevade e medição das vazões para servir de apoio para

acompanhar a recuperação e preservação das nascentes. O mapeamento iniciou com

uma pesquisa das nascentes do munícipio de João Monlevade, buscando informações

em órgãos competentes. O mapeamento e a identificação das nascentes foram

executados utilizando o aparelho GPS. Foram mapeadas 27 nascentes, sendo avaliada a

vazão de 13 delas. As distribuições da frequência das nascentes apresentaram 76,93%

com vazão menor que 1,3 l/s, 15,38% possuem vazão maior ou igual a 3,7 l/s e apenas

7,69% nascentes possuem vazões maiores ou iguais a 2,5 l/s e que nenhuma ultrapassa a

marca dos 4,9 l/s. O mapeamento das nascentes da cidade foi importante para confirmar

e registrar a localização das nascentes que só eram conhecidas por algumas pessoas dos

bairros ou se tinha registros antigos das mesmas. As nascentes que apresentaram algum

tipo de proteção: como mata ciliar ou mesmo cerca apresentaram as maiores vazões.

Palavras–chave: Geoprocessamento, nascentes, vazão

MAPPING OF THE SPRINGS JOÃO MONLEVADE

Abstract: Water occupies a prominent place among natural resources, to be abundant

on the planet, although available in different amounts and at different places. The

springs are responsible for the formation of waterways such as rivers and streams, and

these watercourses key suppliers, and also a source of life for many ecosystems. The

objectives of this study were the georeferencing of springs João Monlevade and

measurement of flow rates to provide support to accompany the recovery and

preservation of springs. The mapping began with a survey of the municipality of springs

João Monlevade, seeking information relevant bodies. The mapping and identification

of sources were performed using the GPS. They were mapped 27 springs, and assessed

the flow of 13 of them. The distribution of the frequency of springs showed 76.93% less

flow than 1.3 l / s, 15.38% have greater than or equal flow to 3.7 l / only 7.69% springs

have greater than or equal to flow 2.5 l / that none surpasses the mark of 4.9 l / s. The

mapping of the city's springs was important to confirm and record the location of the

springs that were known only by some of the neighborhoods or had old records of them.

The springs that had some type of protection: as riparian or even about had the highest

flow rates.

Keywords: Geoprocessing, springs, flow.

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Introdução

A água ocupa um lugar de destaque entre os recursos naturais, por ser abundante

no planeta, embora disponível em diferentes quantidades e em diferentes lugares

(Donadio et al. 2012). Alterações na quantidade, distribuição e qualidade desse recurso

ameaça a sobrevivência humana e as demais espécies do planeta, uma vez que o

desenvolvimento econômico e social dos países está fundamentado na disponibilidade

de água de boa qualidade e na capacidade de sua conservação e proteção.

As nascentes são responsáveis pela formação dos cursos d’água (Valente &

Gomes 2005), e também fonte de vida para inúmeros ecossistemas. Formando as bacias

hidrográficas que abastecem as cidades e seus inúmeros estabelecimentos e além de

manterem o ecossistema natural.

Considerando a situação hídrica atual, e até mesmo o quadro de degradação das

nascentes de João Monlevade, faz-se necessário a realização de estudos e iniciativas que

sejam favoráveis para recuperação e preservação dos mananciais. Os objetivos deste

trabalho foram o georreferenciamento das nascentes de João Monlevade e a medição

das vazões para servir de apoio para futuros trabalhos para acompanhar a recuperação e

preservação das nascentes.

Material e Métodos O mapeamento iniciou com uma pesquisa das nascentes do munícipio, buscando

informações em órgãos competentes, devidamente qualificados como IEF (Instituto

Estadual de Florestas), DAE (Departamento de Água e Esgoto), Câmara Municipal de

João Monlevade, Secretária Municipal de Meio Ambiente e líderes comunitários. O

mapeamento e a identificação das nascentes foram executados com GPS (Global

Positioning System) para localizar com precisão as mesmas.

O mapa de georreferenciamento foi confeccionado com as coordenadas das

nascentes. Para isso, foi utilizado o programa ArcGIS.

Para avaliar a vazão das nascentes foi utilizado o método direto, onde a água é

canalizada para um recipiente com volume conhecido e medido o tempo para alcançar

aquele volume (Pereira 2012), neste trabalho foi utilizado um balde de 10 litros. Desta

forma a vazão foi determinada pela equação Q = V/t. Em que “V” é o volume em litros,

“t” o tempo em segundos e “Q” a vazão. Foram realizadas cinco medidas em cada

nascente e calculada a média aritmética simples para obter a vazão média final.

Resultados e Discussão

Foram mapeadas 27 nascentes com coordenadas de latitude e longitude,

destacando o bairro como forma de auxiliar nos futuros trabalhos que poderão ser

desenvolvidos nessas nascentes (figura 1). A localização georreferenciada é importante

para podermos acompanhar o desenvolvimento e mesmo manter o monitoramento das

nascentes. Além disso, contribuirá no desenvolvimento de projetos de proteção e

recuperação, como o projeto que será desenvolvido no Bairro Planalto com o objetivo

de cercar e reflorestar essas nascentes.

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Figura 1 - Mapa da localização das nascentes em João Monlevade.

O método de medição de vazão direto fez-se mais eficaz para as nascentes

avaliadas. As vazões quantificadas a partir de medições realizadas nas nascentes pelo

processo direto é aplicável nos casos de pequenas vazões (Pereira 2012).

Entre as 27 nascentes verificadas, foi possível fazer a medição de 13 nascentes,

visto algumas se apresentarem secas no período da avaliação.

As distribuições da frequência das nascentes de João Monlevade apresentaram o

maior número de nascentes 76,93% com vazão menor que 1,3 l/s, 15,38% possuem

vazão maior ou igual a 3,7 l/s. Verificou-se também, que apenas 7,69% nascentes

possuem vazões maiores ou iguais a 2,5 l/s e que nenhuma ultrapassa a marca dos 4,9

l/s (Tabela 1). As maiores vazões foram observadas em áreas com mata ciliar e cercadas.

A medida da vazão de uma nascente é um parâmetro muito importante para caracterizar

o seu regime hidrológico, cujo comportamento é influenciado pelo índice pluviométrico,

por sua localização e pela ação do homem sobre as condições naturais da região (Araújo

Filho et al. 2011).

Tabela 1 Frequência das vazões obtidas das nascentes do município de João Monlevade

Vazão em l/s Frequência Simples Frequência Relativa Simples (%)

0,01/-----1,3 10 76,92

1,3/-----2,5 0 0,00

2,5/-----3.7 1 7,69

3,7/-----4,9 2 15,38

Conclusões O mapeamento das nascentes da cidade foi importante para confirmar e registrar a

localização das nascentes que só eram conhecidas por algumas pessoas dos bairros ou se

tinha registros antigos das mesmas. Além disso, a localização georreferenciada é

importante para futuros trabalhos que deverão se feitos nessas nascentes para

acompanhar e mesmo recuperá-las. As nascentes que apresentaram algum tipo de

proteção: como mata ciliar ou mesmo cerca apresentaram as maiores vazões.

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Agradecimentos A Universidade do Estado de Minas Gerais pelo apoio financeiro nas bolsas e no

fomento do projeto, a Câmara Municipal de João Monlevade e a Unidade da FaEnge

pela apoio no desenvolvimento do projeto.

Literatura citada ARAÚJO FILHO, P.F.; BRAGA, R.A.P.; GUSMÃO, P.T.R. Mensuração da vazão em

nascentes do Assentamento Serra Grande na bacia do Rio Natuba – PE. In. Anais do

XIII Congresso Nordestino de Ecologia. SNE, Recife, 2011.

DAVIDE, A.C.; PINTO, L.V.A.; MONNERAT, P.F., et al. Nascente: o verdadeiro

tesouro da propriedade rural. 2. ed. Belo Horizonte: CEMIG, 2004. 62 p.

DONADIO, N.M.M.; GALBIATTI, J.A.; PAULA R.C. Qualidade da água de nascentes

com diferentes usos do solo na bacia hidrográfica do córrego Rico, São Paulo, Brasil.

Engenharia Agrícola, v.25, n.1, p.115-125, 2005.

PEREIRA, Leidiane Cândido. Uso e conservação de nascentes em assentamentos

rurais. 2012. 181p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade

Federal de Pernambuco, Recife.

PINTO, L.V.A.; ROMA, T.N.; BALIEIRO K.R.C. Avaliação qualitativa da água de

nascente com diferentes usos do solo em seu entorno. Cerne, v.18, n.3, p.495-505,

2012.

Valente, O.F; Dias, H.C.T. A bacia hidrográfica como unidade básica de produção

de água. Ação Ambiental, Viçosa, MG, V.4 n.20 p. 8-9 2001.

VALENTE, O.F.; GOMES, M.A. Conservação de Nascentes: hidrologia e manejo de

bacias hidrográficas de cabeceiras. 1. ed. Viçosa: Aprenda Fácil, 2005. 210p.

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Mapeamento e caracterização de áreas prioritárias para restauração florestal em

Rio Largo - Alagoas1

Ferdnando Mariano Brito Silva2, Isabel Tavares Galindo Nepomuceno

3, Ricardo

Cordeiro de Lima3, Antônio Raphael Silva de Lima

3, Rafael Ricardo Vasconcelos da

Silva4

1Parte do projeto de iniciação científica do primeiro autor, financiada pela Universidade Federal de

Alagoas - UFAL.

2Estudante de graduação em Agronomia – CECA/UFAL.

3Estudante de graduação em Engenharia Florestal – CECA/UFAL.

4Professor do curso de Engenharia Florestal – CECA/UFAL.

Resumo: A Mata Atlântica Alagoana tem diminuído desde os tempos de colônia,

apresentando-se hoje de forma predominantemente descontínua e fragmentada.

Recuperar os fragmentos e interligá-los através de corredores ecológicos possibilita a

restauração de áreas anteriormente degradadas. Para isso, torna-se necessário definir as

áreas prioritárias para restauração, de modo a orientar o processo de tomada de decisão

e o planejamento de intervenções silviculturais. Neste trabalho, objetivou-se realizar

análise em SIG de dados ambientais de Rio Largo para definição de áreas prioritárias

para restauração florestal. Delimitou-se as áreas de preservação permanente (APP) e

posteriormente somou-se os vetores gerados aos do Zoneamento Agroecológico de

Alagoas, de potencial agroecológico dos solos e remanescentes florestais. Com esses

dados, foram elaborados mapas das áreas prioritárias para restauração florestal.

Verificou-se que as áreas identificadas garantiriam a Rio Largo um aumento de 28,58%

na cobertura florestal. A união dos dados ambientais das APP com os levantamentos de

potencial agroecológico dos solos e os atuais remanescentes florestais apresentou

resultados satisfatórios na identificação de áreas prioritárias para restauração florestal,

podendo ser utilizada em outros estudos. Conclui-se que os dados oriundos desse

mapeamento poderão contribuir com a realização de ações restauração florestal em Rio

Largo, trazendo ao município um impacto ambiental positivo.

.

Palavras–chave: corredores ecológicos, recuperação de área degradada, silvicultura,

SIG

Mapping and characterization of priority areas for forest restoration in Rio Largo

- Alagoas

Abstract: The Atlantic Forest Alagoana has decreased since the colonial times,

presenting today predominantly discontinuous and disjointed. Retrieve the fragments

and link them through ecological corridors possible to restore previously degraded areas.

For this, it is necessary to define the priority areas for restoration in order to guide the

decision-making process and the planning of silvicultural interventions. This study

aimed to carry out analysis in GIS environmental data Rio Largo to define priority areas

for forest restoration. Delimited the areas of permanent preservation (APP) and then

was added to the vectors generated at the Agro-Ecological Zoning of Alagoas, of

agroecological potential of soils and forest remnants. With these data were drawn up

maps of priority areas for forest restoration. It was found that the areas identified

guarantee Rio Largo an increase of 28.58% in forest cover. The union of the

environmental data of APP with agroecological potential surveys of soils and current

forest remnants achieved satisfactory results in the identification of priority areas for

forest restoration and can be used in other studies. It’s concluded that the data from this

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mapping will contribute to the achievement of forest restoration actions in Rio Largo,

bringing to the city a positive environmental impact.

Keywords: degraded area recovery, ecological corridors, forestry, GIS

Introdução A Mata Atlântica Alagoana, situada numa região que foi um dos palcos dos

primeiros empreendimentos do agrícolas brasileiros, tem diminuído desde os tempos do

Brasil colônia, em virtude da implantação de canaviais e engenhos para a produção de

açúcar (Costa, 2012). Como resultado desse processo tem-se a atual configuração

fragmentada dos remanescentes florestais.

Restaurar os fragmentos e interligá-los através de "corredores de

biodiversidade", aumenta o fluxo de animais e sementes e, portanto, a colonização das

áreas degradadas pelas espécies de plantas e animais presentes nos fragmentos florestais

(Sartori et al., 2012). Para isso, os estudos de definição de áreas prioritárias para

restauração são essenciais, pois auxiliam no processo de tomada de decisão em

silvicultura, em especial no que se refere à definição de modelos para restauração ou

recuperação de áreas degradadas e formação de corredores ecológicos.

Dessa forma objetivou-se realizar análise em SIG através da intersecção de

dados ambientais do município de Rio Largo para definição de áreas prioritárias para

restauração florestal.

Material e Métodos Inicialmente delimitamos através de técnicas de geoprocessamento em SIG as

áreas de preservação permanente do município de Rio Largo. Para isso adquiriu-se

modelo digital de elevação (MDE) processado pelo Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais - INPE (Valeriano, 2005), logo em seguida os dados adquiridos nessa análise

foram somados aos oriundos da base do Zoneamento Agroecológico de Alagoas –

ZAAL para definição da base hidrológica do município. Posteriormente com o auxílio

do software Google Earth Pro 7.1.5 fez-se a medição das larguras dos rios e córregos

do município de Rio Largo, além da identificação de lagos naturais. Aplicou-se as

ferramentas Vetor > Geoprocessar > Buffer seguindo as definições do novo código

florestal (BRASIL, 2012) delimitando todas as áreas no entorno de rios, nascentes e

corpos d’água identificadas como APP. Posteriormente esses arquivos vetoriais foram

somados aos dados oriundos do Zoneamento Agroecológico do estado de Alagoas

(ZAAL), referentes a potencial agroecológico dos solos e remanescentes florestais. Por

último, seguiu-se os procedimentos básicos de composição e finalização de mapas.

Resultados e Discussão

A partir das análises foram identificadas as áreas potenciais para restauração

florestal. A Figura 1 ilustra a intersecção dos arquivos vetoriais citados anteriormente,

com destaque para o principal fragmento florestal da região, cuja composição e

estrutura pode servir de modelo para a definição de arranjos de plantio de restauração,

bem como de fonte de propágulos para ações estratégicas de implantação de corredores

ecológicos.

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Figura 1: Mapa de intersecção de dados ambientais do município de Rio Largo, com destaque ao

fragmento da Frascalli, visando à definição de áreas prioritárias para recomposição florestal (Fonte:

elaborado pelo autor).

Dessa forma como configuração final de áreas prioritárias para recomposição

florestal do município de Rio Largo (Figura 2) definimos o somatório de áreas de APP,

somadas as áreas classificadas com potencial preferencial para a silvicultura (S) e

preferencial para a preservação natural de flora e fauna (F) definidas pelo ZAAL e

também todos os fragmentos já existentes no município, criando uma rede de corredores

ecológicos, um ordenamento territorial possível quando seguidas as definições e limites

previstos em legislação.

Essa área garantiria a Rio Largo um aumento na cobertura florestal de 28,58%,

pois o que atualmente corresponde a 69,57 Km² de área de fragmentos de Mata

Atlântica, em sua maioria isolados, seria ampliada para 155,21 Km², possibilitando a

ampliação de condições que garantam da prestação de serviços ambientais diversos para

a população local e regional (Bertoni & Lombardi Neto, 2010).

Outro aspecto relevante seria a adequação ambiental de diversas propriedades

rurais da região, possibilitando o incentivo à adoção de um modelo para restauração e

preservação dos recursos naturais (Bertoni & Lombardi Neto, 2010).

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Figura 2: Mapa de áreas prioritárias para restauração florestal no município de Rio Largo (Fonte:

elaborado pelo autor).

Conclusões A união dos dados ambientais das áreas de preservação permanente com os

levantamentos de potencial agroecológico dos solos e os atuais remanescentes florestais

apresentou resultados satisfatórios na identificação de áreas prioritárias para restauração

florestal, podendo ser aplicado em outros estudos.

Nessa perspectiva a aplicação dos dados oriundos desse mapeamento no

planejamento de intervenções silviculturais trará ao município um impacto ambiental

positivo na proteção e restauração dos recursos naturais.

Agradecimentos A Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Alagoas – FAPEAL, ao Centro

de Ciência Agrárias e a Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

Literatura citada

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do Solo. 7ª ed. São Paulo: Ícone,

2010. 355 p.

BRASIL. Lei Federal n. 12.651. Institui o Novo Código Florestal Brasileiro de 17 de

outubro de 2012.

COSTA, C. Uma floresta de oportunidades: um novo olhar sobre a Mata Atlântica

do Nordeste. – Belo Horizonte: Conservação Internacional, 56 pg., 2012.

SARTORI, A. A. C.; SILVA, R. F. B.; ZIMBACK, C. R. L. Combinação linear

ponderada na definição de áreas prioritárias à conectividade entre fragmentos

florestais em ambiente SIG. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.36, n.6, p.1079-1090,

2012.

VALERIANO, M. M. Modelo digital de variáveis morfométricas com dados SRTM

para o território nacional: o projeto TOPODATA. In: Anais XII Simpósio Brasileiro

de Sensoriamento Remoto. Goiânia – Brasil. 16-21 abril 2005, INPE. pg. 3592 –3602.

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Nucleação na restauração de ecossistemas degradados1

Jeane de Fátima Cunha Brandão2, Isac Jonatas Brandão

3

1Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela Fapemig.

2Doutorado em Ciência Floresta pela UFV.

3Mestre em Economia pela UFV.

Resumo: O objetivo do estudo foi realizar, por meio de pesquisa bibliográfica, uma

análise das técnicas de nucleação, apontando as suas principais características,

vantagens e formas de implementação. A nucleação é entendida como a capacidade de

uma espécie em propiciar uma significativa melhoria nas qualidades ambientais,

permitindo a ocupação deste ambiente por outras espécies. Os núcleos de vegetação

podem ser formados utilizando-se a transposição do banco de sementes do solo, o

plantio de mudas, a transposição de galharia, a transposição da chuva de sementes, os

poleiros naturais e artificiais e a semeadura direta. A aplicação das técnicas de

nucleação em áreas degradadas contribui para o ingresso de espécies arbustivo-arbóreas,

melhoram as condições do solo, pois aumentam a atividade biológica, aumentando a

decomposição de matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, além de possuir baixo custo

e facilidade de implementação. A escolha da técnica de nucleação mais adequada

dependerá da disponibilidade de material no momento da implementação do Projeto de

Restauração de Áreas Degradadas.

Palavras–chave: banco de sementes, galharia, mudas, sementes.

Nucleation in the restoration of degraded ecosystems 1

Abstract: The aim of the study was through literature, an analysis of nucleation

techniques, pointing its main features, advantages and ways of implementation.

Nucleation is understood as the ability of a species to provide a significant improvement

in environmental qualities, allowing the occupation of this environment for other

species. The vegetation cores can be formed using the transposition of the soil seed

bank, planting seedlings, the transposition of branches, the transposition of seed rain,

natural and artificial perches and direct seeding. The application of the nucleation

techniques in degraded areas contributes to the inflow of woody species, improve soil

conditions by increasing the biological activity, increasing the decomposition of organic

matter and nutrient cycling, as well as having low cost and ease of Implementation. The

choice of the most appropriate nucleation technique depends on the availability of

materials at the time of implementation of Degraded Area Restoration Project.

Keywords: branches, seed bank, seeds, seedlings.

Introdução Dentre os modelos de restauração mais utilizados atualmente, pode-se citar o de

nucleação que se baseia em estudos que mostram que a vegetação remanescente, em

uma área degradada, representada por pequenos fragmentos ou até mesmo por árvores

isoladas, atua como núcleo de expansão da vegetação, por atrair animais que participam

da dispersão de sementes (REIS et al., 2003). Assim, as ilhas de vegetação se expandem

e aceleram o processo de sucessão na área degradada. A nucleação é, portanto, a

geração de um modelo de facilitação da sucessão em que uma ou mais espécies

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introduzidas numa determinada área degradada modificam as condições ambientais

facilitando o estabelecimento de outras espécies (MARTINS, 2009 a).

Devido a relevância do tema relacionado a restauração de ecossistemas

degradados, é importante a divulgação de trabalhos que envolvam técnicas alternativas,

que se fundamentam no desencadeamento de processos sucessionais naturais. Dessa

forma, o objetivo do estudo foi realizar uma análise das técnicas de nucleação utilizadas

na restauração de áreas degradadas, apontando as suas principais características,

vantagens e formas de implementação.

Material e Métodos Este estudo constitui-se de uma revisão de literatura sobre as técnicas de

nucleação utilizadas na recuperação de ecossistemas degradados. A pesquisa foi

realizada em livros e periódicos da Biblioteca da Universidade Federal de Viçosa e em

artigos científicos selecionados através de busca no banco de dados da SciELO

(Scientific Eletronic Library Online) e em outras referências disponíveis na internet. O

período da pesquisa foi entre dezembro e janeiro de 2014. Foram consideradas, na visão

de alguns autores, as características gerais de cada técnica, bem como as principais

vantagens e formas de implementação.

Resultados e Discussão Os núcleos de vegetação podem ser criados através da transposição do banco de

sementes do solo (BECHARA, 2006), plantio de mudas, transposição de galharia,

transposição da chuva de sementes, poleiros naturais e artificiais (MARTINS, 2009a) e

através de semeadura direta e hidrossemeadura (REIS et al., 2003).

O uso de banco de sementes para recuperação de áreas degradadas é uma prática

bastante utilizada (ZANETI, 2008). Mas é recomendada para casos em que o

licenciamento ambiental autorizou a supressão da vegetação, sendo uma medida

compensatória (MARTINS, 2009a). Na transposição do banco de sementes, a

serapilheira e a camada superficial do horizonte orgânico do solo (5 a 10 cm) de uma

área com sucessão mais avançada são depositadas nas áreas degradadas próximas, e

espera-se que com o tempo essas áreas tornem-se núcleos de alta diversidade de

espécies, desencadeando o processo sucessional na área como um todo (MARTINS,

2009a), pois o banco de sementes transposto irá auxiliar no desenvolvimento da micro,

meso e macro fauna/flora do solo (REIS et al., 2003). Dessa forma, o objetivo desta

técnica é a restauração do solo, componente pouco enfocado nos projetos de restauração.

A vantagem dessa técnica é que já na fase de implantação do projeto de restauração

obtêm-se alta diversidade de espécies (BECHARA, 2006), atraindo a fauna dispersora

de sementes.

O plantio de mudas é uma forma efetiva de ampliar o processo de nucleação

(REIS et al., 2003). Ele pode ser realizado ao acaso, com espaçamento definido ou de

forma adensada. Um exemplo de plantios adensados é a formação dos chamados

“grupos de Anderson”, onde 3, 5 ou 13 mudas, são plantadas em um espaçamento de

0,5 metros de distância, de forma homogênea ou heterogênea. Este pequeno grupo tende

a favorecer as mudas centrais para o crescimento em altura e as laterais para o

desenvolvimento de ramificações. O conjunto se comporta como se fosse um único

indivíduo (ESPINDOLA et al., 2006).

Outra forma de implantação de núcleos ou ilhas de vegetação que vem sendo

testada é a utilização de galharia, ou seja, os restos vegetais (galhos, folhas e material

reprodutivo) da floresta (MARTINS, 2011). Reis et al. (2003) considera que a

deposição de restos vegetais em uma área degradada constitui abrigo e microclima

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adequados para diversos animais, como roedores, cobras e avifauna, pois são locais para

ninhos e alimentação. A galhada deve ser obtida em áreas cujo licenciamento ambiental,

para atividades de mineração, represamento de curso d´água e outros, permite que a

vegetação seja suprimida. O material vegetal é depositado em pilhas com área de no

mínimo 2 x 2 e altura de aproximadamente 0,50 m, ou em leiras dentro de grandes áreas

degradadas, formando ilhas de restos vegetais (MARTINS, 2009a).

Para a transposição da chuva de sementes, é necessário coletar as sementes,

antes que estas atinjam o chão da floresta, o que pode ser feito através de coletores. Os

coletores recolherão o material caído das plantas próximas, pelo vento ou pelos

dispersores. Nos coletores se acumulam folhas, frutos e flores, pedaços de galhos,

pequenos animais, e sementes. Após a coleta é realizada a transposição através da

semeadura direta das sementes nas áreas que serão recuperadas (MARTINS, 2011).

Os poleiros artificiais ou naturais propiciam ambientes para que animais como

aves e morcegos possam pousar, constituindo uma das formas eficientes de atrair

sementes em áreas degradadas. Propõem-se diversos tipos de poleiros artificiais, entre

eles: poleiro seco, “torre de cipó”, poleiro de cabo aéreo (REIS et al., 2003) e de árvores

mortas erguidas (MCCLANAHAN; WOLFE, 1993). Por ser uma técnica de baixo custo,

pode-se, opcionalmente, maximizar sua função, propiciando um ambiente favorável

para que as sementes depositadas sob os poleiros possam germinar e produzir plantas

nucleadoras. Para isso, recomenda-se colocar sob os poleiros camada de alguma palhada

capaz de manter a umidade do solo e alguma matéria orgânica que venha a nutrir as

plântulas emergidas ao redor dos poleiros (REIS et al., 2003).

A formação de núcleos por meio da semeadura são as formas mais diretas para

recompor o banco de sementes e a cobertura da área degradada (REIS et al., 2003). A

escolha da espécie é muito importante para desencadear o processo de sucessão.

Recomenda-se que a semeadura, nos núcleos, seja realizada com espécies dos estágios

iniciais e finais de sucessão e que sejam atrativas à fauna (MARTINS, 2009 a). A

semeadura, nos núcleos, pode ser realizada de forma direta ou através da

hidrossemeadura ecológica, sendo que em ambos os casos devem ser feitas com alta

diversidade. A hidrossemeadura ecológica é uma versão mecanizada de semeadura onde

uma mistura de sementes, água, fertilizante e agentes cimentantes são lançados no solo

e favorecem a aderência das sementes ao substrato na área a ser restaurada (REIS et al.,

2003).

A nucleação utilizando o banco de sementes e a galharia promovem grande

melhoria das condições do solo (BECHARA, 2006), sem custos com material

vegetativo. Em técnicas como a nucleação utilizando poleiros artificiais e chuva de

sementes, além de baixo custo, são muito simples de serem implementadas. Quanto a

semeadura e plantio de mudas, há custos com aquisição do material vegetativo, mas são

muito menores se comparado com o plantio em área total.

Conclusões A escolha da técnica de nucleação mais adequada depende da disponibilidade de

material no momento da implementação do Projeto de Restauração de Áreas

Degradadas. Na transposição do banco de sementes, por exemplo, o material deve ser

utilizado nos casos em que o licenciamento ambiental autorizou a supressão da

vegetação, pois nessas situações o banco de sementes seria perdido.

As técnicas nucleadoras podem ser utilizadas em conjunto, visando a

potencialização dos resultados. É importante também considerar que o

acompanhamento do projeto, em todas as técnicas, é fundamental para garantir o seu

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sucesso, pois assim podem-se corrigir as possíveis falhas logo no início da implantação,

garantindo a sua sustentabilidade.

Literatura citada

BECHARA, F.C. Unidades demonstrativas de restauração ecológica através de

técnicas nucleadoras: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Restinga. 2006.

249f. Tese (Doutorado em Recursos Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luiz

de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.

ESPINDOLA, M. B.; REIS, A.; SCARIOT, E. C.; TRES, D. R. Recuperação de áreas

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outubro 2013.

MCCLANAHAN, T. R.; WOLFE, R. W. Accelerating forest succession in a

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MARTINS, S.V. Recuperação de áreas degradadas: ações em áreas de preservação

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MARTINS, S.V. Técnicas de restauração florestal com alta diversidade. Revista Ação

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REIS, A.; BECHARA, F. C.; ESPÍNDOLA, M. B.; VIEIRA, N. K.; SOUZA, L. L.

Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os processos

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ZANETI, B. B. Avaliação do potencial do banco de propágulos alóctone na

recuperação de uma área degradada de Floresta Ombrófila Densa Aluvial, no

município de Registro, SP. 2008. 115f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais)

– Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,

Piracicaba. 2008.

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114

O Banco de sementes do Solo de uma área invadida por Pteridium aquilinum (L.)

Kuhn no Parque Nacional do Caparaó1

Jeane de Fátima Cunha Brandão2, Sebastião Venâncio Martins

3, Isac Jonatas Brandão

4

1Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela Fapemig.

2Doutorado em Ciência Florestal pela UFV.

3Professor do Departamento de Engenharia Florestal.

4Mestre em Economia pela UFV.

Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar a composição de espécies do banco

de sementes e esporos do solo de uma área invadida por Pteridium aquilinum e de uma

floresta no entorno, a fim de conhecer o potencial de regeneração dessas áreas. Foram

coletadas trinta amostras de solo na floresta, trinta amostras de solo na área invadida por

P. aquilinum e trinta amostras da serapilheira da samambaia, que foram levadas para o

Viveiro de Pesquisas, na Universidade Federal de Viçosa. As amostras foram mantidas

na casa de vegetação e após a emergência das plântulas, realizou-se a quantificação e

identificação das espécies arbustivas, arbóreas e a herbácea P. aquilinum. Considerando

os indivíduos arbustivo-arbóreos, verificou-se a presença de 1.406 no banco de

sementes da floresta, 79 no banco de sementes da área invadida pela samambaia e 34 no

banco da serapilheira da samambaia. Observou-se indivíduos de P. aquilinum em todas

as amostras. Os resultados sugerem que a presença de P. aquilinum afetou o potencial

de regeneração dessa área.

Palavras-chave: floresta, inibição, invasão biológica, regeneração, samambaia

Soil seed bank of an area invaded by Pteridium aquilinum (L.) Kuhn in the

National Park of Caparaó1

Abstract: The purpose of this study was to investigate the species composition of the

soil seed and spores bank of an area invaded by P. aquilinum and a forest in the vicinity,

to understand the regeneration potential of these areas. Thirty soil samples were

collected in the forest, 30 in the area dominated by P. aquilinum and 30 samples of fern

litter, which were taken to a research center of plant nursery at the Federal University of

Viçosa. The samples were maintained in a greenhouse and after seedling emergence, the

tree, shrub, herb, vine, and grass species were quantified. Only the shrub, tree and the

herbaceous species P. aquilinum were identified. Considering the shrub-tree individual,

1.406 were detected in the forest seed bank, 79 in the seed bank of the área dominated

by bracken and 34 in the bracken litter seed bank. It was observed P. aquilinum

individuals in all samples. The results suggested that the presence of P. aquilinum

affected the regeneration potential of the study area.

Keywords: biological invasion, bracken, forest, inhibition, regeneration

Introdução O banco de sementes do solo compreende as sementes viáveis, em estado de

dormência real ou imposta, presentes na superfície ou no interior do solo (MARTINS,

2009). O banco de esporos, por sua vez, compreende os esporos viáveis armazenados no

solo (ESTEVES, 2013). Tanto o banco de sementes quanto o de esporos estão

envolvidos em processos importantes, dentre eles, a manutenção das espécies após

distúrbios naturais ou antrópicos (MARTINS, 2009; ESTEVES, 2013).

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A espécie Pteridium aquilinum (L.) Kuhn, popularmente conhecida como

samambaia do campo ou samambaia, é considerada invasora no Brasil (TAYLOR,

1980), e vem dominando diversas áreas do Parque Nacional do Caparaó, principalmente

após a ocorrência de incêndios que, geralmente, são de causa antrópica. Na área do

Parque do Caparaó dominada por P. aquilinum, que foi objeto desse estudo, ocorreu um

incêndio há 50 anos, formando uma grande clareira, o que contribuiu para a invasão.

Desde então, o processo de regeneração encontra-se estagnado.

No Brasil, praticamente inexistem trabalhos sobre o banco de sementes em áreas

invadidas por P. aquilinum. Portanto, este estudo poderá contribuir para a escolha do

manejo mais adequado das áreas invadidas, bem como conhecer o potencial de

regeneração da floresta do entorno, caso haja novos distúrbios. Dessa forma, o objetivo

do estudo foi avaliar se a presença de P. aquilinum compromete o banco de sementes do

solo de uma área invadida por esta espécie e no seu entorno, a fim de compreender o

potencial de regeneração dessas áreas.

Material e Métodos O trabalho foi realizado no Parque Nacional (PARNA) do Caparaó, que está

localizado na divisa entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais.

A coleta das amostras de solo e serapilheira foram realizadas em duas áreas. Uma

representa uma grande clareira de aproximadamente três hectares e encontra-se

completamente invadida por P. aquilinum, não existindo nenhum tipo de vegetação

nativa. Nessa clareira, foram coletadas, separadamente, amostras de solo e amostras da

serapilheira de P. aquilinum. A outra coleta foi realizada em uma floresta em estágio

médio de regeneração no entorno da área invadida por P. aquilinum, sendo que, nessa

área, foi coletada apenas amostras de solo.

Na área invadida por P. aquilinum, foram dispostas trinta parcelas equidistantes

em cinco metros uma das outras, onde foram coletadas trinta amostras de solo e trinta

amostras da serapilheira, separadamente, perfazendo um total de sessenta amostras. Na

floresta do entorno da área invadida por P. aquilinum foram coletadas trinta amostras de

solo, de forma aleatória, a uma distância de até cinquenta metros da borda da floresta.

As amostras do solo e serapilheira foram retiradas com o auxílio de uma

moldura de PVC (0,25 x 0,40 metros). Na área interna de cada moldura coletou-se a

camada de solo superficial e da serapilheira até uma profundidade de 5,0 cm. As

amostras foram colocadas em sacos plásticos e transportadas para o Viveiro de

Pesquisas do Departamento de Engenharia Florestal na Universidade Federal de Viçosa.

As amostras foram colocadas em 90 bandejas plásticas perfuradas de dimensões

0,25 x 0,40 x 0,05 m, totalizando um volume de solo de 0,15 m3 em uma área 3,0 m

2,

para cada ambiente. As bandejas foram mantidas na casa de vegetação, por seis meses,

sob tela tipo sombrite com 50% de sombreamento e aspersão automática de água de

torneira. Após a emergência das plântulas, realizou-se a quantificação e identificação

das espécies arbustivas-arbóreas presentes no banco de sementes e a herbácea P.

aquilinum presente no banco de esporos. As avaliações do banco de sementes e esporos

foram feitas quinzenalmente por seis meses.

As médias do número de indivíduos e de espécies arbustivo-arbóreos e do

número de indivíduos de P. aquilinum do banco de sementes da floresta, da área

invadida por P. aquilinum e da serapilheira foram comparados através de Análise de

Variância (ANOVA), utilizando-se o teste F e posteriormente aplicou-se o teste de

Tukey, em nível de 5% de significância, com o auxílio do Software STATISTICA 7.0.

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Resultados e Discussão

Considerando apenas os indivíduos arbustivo-arbóreos, no banco de sementes sob

a floresta foi registrada a presença de 1.406 indivíduos, pertencentes a 26 espécies, 22

gêneros e 15 famílias. No banco de sementes sob a área invadida por P. aquilinum,

observaram-se 79 indivíduos, pertencentes a 13 espécies, 11 gêneros e oito famílias

botânicas e no banco de sementes da serapilheira de P. aquilinum, 34 indivíduos,

pertencentes a 14 espécies, 13 gêneros e nove famílias, havendo diferença estatística

significativa (p<0,05) entre áreas estudadas.

Os resultados mostram que o potencial de regeneração da área invadida pela

samambaia está comprometido, pois houve uma redução significativa tanto em nível de

indivíduos como de espécies arbustivo-arbóreas ao se comparar com o banco da floresta,

mesmo após um longo período de tempo (50 anos). O que evidencia o caráter inibidor

do processo de sucessão exercido por P. aquilinum. Em alguns estudos realizados em

áreas invadidas por P. aquilinum também foi constatada uma baixa diversidade de

espécies arbustivo-arbóreas no banco de sementes (SILVA; SILVA-MATOS, 2006). A

pequena quantidade de indivíduos arbustivo-arbóreos e a baixa diversidade no banco de

sementes da área invadida por P. aquilinum podem ser atribuídas, principalmente, a

densa camada de serapilheira (até 1,0 m) formada pela samambaia, que impede a

chegada de sementes no solo, além de reduzir a radiação solar no nível do solo

dificultando a germinação e estabelecimento de espécies arbustivo-arbóreas (RIBEIRO

et al., 2013). Dessa forma, a retirada da serapilheira e a recomposição da vegetação

arbórea tornam-se essenciais para desencadear a sucessão nessa área.

Na área invadida por P. aquilium, houve ocorrência de fogo antes da sua invasão

e de acordo com Silva e Silva-Matos (2006) isso contribui para o empobrecimento do

banco de sementes, com aumento da presença de espécies invasoras e redução das

espécies nativas.

Ao comparar a média do número de indivíduos de P. aquilinum no banco de

esporos sob a floresta, sob a área dominada por P. aquilinum e na serapilheira da

samambaia, verificou-se que não houve diferença estatística significativa (p< 0,05). Na

floresta e na serapilheira da samambaia foram amostrados cinco indivíduos/parcela e na

área invadida por P. aquilinum seis indivíduos/parcela.

Grombone-Guaratini e Rodrigues (2002) consideraram que a composição de

espécies na floresta é influenciada pela comunidade vizinha, o que foi observado nesse

estudo, pois apesar de ter sido registrado maior número de indivíduos e de espécies no

banco de sementes da floresta, observou-se que P. aquilinum está invadindo a floresta e

contaminando o seu banco, o que pode gerar problemas no futuro, uma vez que P.

aquilinum possui uma reprodução e dispersão de esporos muito eficientes (TROTTER,

1999) e frente a um distúrbio ela poderá dominar a área.

Dessa forma, a presença de P. aquilinum na floresta, aliada a baixa densidade de

indivíduos arbustivo-arbóreos, indica que o potencial de regeneração da floresta poderá

ser reduzida, caso haja uma perturbação mais severa. Silva e Silva-Matos (2006)

estudando quatro áreas com diferentes históricos de fogo, no Parque Nacional da Tijuca,

no estado do Rio de Janeiro, também mostraram que P. aquilinum está se expandindo

para dentro da floresta.

Conclusões O potencial de regeneração da área invadida por P. aquilinum está comprometido,

pois houve redução significativa do número de espécies arbóreas no banco de sementes

dessa área, comparando-se com a floresta no entorno.

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A densa camada de serapilheira da samambaia formada na área invadida por P.

aquilinum está impedindo a chegada de propágulos e a germinação das poucas sementes

presentes no solo, inibindo a sucessão secundária. Portanto, a retirada da serapilheira e a

aplicação de técnicas de restauração são medidas importantes para promover a

restauração ecológica desse ambiente.

A presença de P. aquilinum no banco de esporos da floresta no entorno é um

indicativo que após a ocorrência de um distúrbio na mesma, esta espécie poderá

dominar a área.

Literatura citada

ESTEVES, L. M. Bancos de Esporos de Samambaias e Licófitas: uma Revisão.

Anuário do Instituto de Geociências, Rio de Janeiro, v.36, n.1, p.72-79, 2013.

GROMBONE-GUARATINI, M. T.; RODRIGUES, R. R. Seed bank and seed rain in a

seasonal semi-deciduous forest in south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology,

Cambridge, v.18, n.2, p.759-774, 2002.

MARTINS, S.V. Recuperação de áreas degradadas: ações em áreas de preservação

permanente, voçorocas, taludes rodoviários e de mineração. Viçosa, MG: Editora

Aprenda Fácil, 2009. 270p.

RIBEIRO, S. C; BOTELHO, S. A; FONTES, M. A. L; GARCIA, P. O.; ALMEIDA, H.

S. Regeneração natural em áreas desmatadas e dominadas por Pteridium aquilinum (L.)

Kuhn. na Serra da Mantiqueira, Cerne, Lavras, v.19, n. 1, p. 2013.

SILVA, U. S. R.; SILVA-MATOS, D. M. The invasion of Pteridium aquilinum and the

impoverishment of the seed bank in fire prone areas of Brazilian Atlantic Forest.

Biodiversity and Conservation, London, v. 15, n. 9, p. 3035-3043, 2006.

TAYLOR J. A. Bracken, an increasing problem and a threat to health. Outlook

Agricultural, London, v.10, n.6, p.298-304, 1980.

TROTTER, W.R. Is bracken a health hazard? The Lancet, Oxford, v.336, n.8730,

p.1563-1565, 1999.

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O Cadastro Ambiental Rural e sua interface com instrumentos de regularização

ambiental – licenciamento e outorga

Ana Paula Bicalho de Mello1, Marcos Antônio Gomes

2, Igor Fernandes de Abreu

3,

Phillipe Sedlmaier A. Bragança4, Anna Carolina Brasil Gonçalves Lacerda

4, Ricardo

Luiz Perez Teixeira5

1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental, UFSC.

2 Professor Doutor e Pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade.

3 Engenheiro de Minas e Pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade.

4 Estudante de Engenharia Ambiental, UEMG Unidade João Monlevade.

5 Professor Doutor e pesquisador, UFRJ.

Resumo: Este texto buscou informar sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), bem

como sobre os instrumentos de licenciamento ambiental e de outorga de direito de uso

da água, e os objetivos das Políticas Nacionais de Meio Ambiente e de Recursos

Hídricos ligados a eles. Por fim, buscou-se traçar a potencial interface entre o CAR e os

instrumentos licenciamento e outorga. Verificou-se que os objetivos desses

instrumentos possuem aspectos comuns, e que o CAR poderia ser aprimorado com

indicadores e informações suficientes para tornar-se um sistema de licenciamento mais

adequado à realidade e à dinâmica do meio rural. A gestão da água, no entanto, deve

continuar sendo feita na bacia hidrográfica.

Palavras–chave: Política Nacional de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Sistema de

licenciamento.

The Environmental Rural Cadastre and its interface with instruments of

environmental regularization – licensing and water grant

Abstract: This text sought to inform about the Environmental Rural Cadastre, as well

as the instruments of environmental licensing and of water grants, and the objectives of

the National Policies of the Environment and of Water Resources connected to them.

Finally, it was intended to draw potential interfaces between CAR and the instruments

licensing and water grants. It was verified that the objectives of these instruments have

common aspects, and that the ERC could be refined with indicators and information

enough in order to become a licensing instrument more adequate to the reality and

dynamics of rural areas. Water management, however, should continue to be performed

on the water basin.

Keywords: National Environmental Policy, Hydrics Resources, Licenciament System.

Introdução As constantes alterações legislativas na política florestal brasileira, bem como a

promoção de políticas públicas contraditórias e a falta de divulgação levou a uma

situação de insegurança jurídica no campo, e de necessário reconhecimento de áreas

rurais consolidadas pelo novo Código Florestal. Para marcar um novo compromisso de

regularização ambiental, a lei atual criou o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Buscou-

se explorar o potencial do Cadastro Ambiental Rural em sua interface com um

instrumento da política ambiental, qual seja, o licenciamento ambiental, e um da política

de recursos hídricos, a outorga, no caso específico de atividades rurais. Os objetivos

foram conhecer o instrumento legal e o número atual alcançado pelo CAR, levantar

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dados sobre instrumentos de regularização ambiental na legislação vigente e verificar as

possíveis interfaces entre esses instrumentos considerando-se os objetivos dos mesmos.

Material e Métodos Para se conhecer o CAR foi buscada a legislação pertinente e os números oficiais

fornecidos pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, até a

data de 05 de maio de 2016. Foi realizado um levantamento de principais requisitos de

regularização ambiental na legislação atual, bem como seus objetivos. Por fim, foram

traçadas as possíveis interfaces do CAR com esses instrumentos.

Resultados e Discussão

O CAR, registro obrigatório para propriedades e posses rurais, tem a finalidade

expressa na lei de integrar informações ambientais das mesmas, compondo base de

dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao

desmatamento, conforme definido pelo novo Código Florestal (BRASIL, 2012). São

“informações ambientais” os remanescentes de vegetação nativa, as áreas de utilidade

pública, as Áreas de Preservação Permanente-APP, as áreas de uso restrito, as áreas

consolidadas e as Reservas Legais-RL, bem como as áreas em recomposição,

recuperação, regeneração ou em compensação (MMA, 2014).

O prazo legal para a inscrição obrigatória dos imóveis rurais no CAR foi até 05 de

maio de 2016 – um ano de sua implantação, prorrogado por mais um ano, segundo o

Decreto 7.830, de 2012, mas uma medida provisória prorrogou por mais um ano, apenas

no caso dos imóveis com área até 4 módulos fiscais, sendo o módulo uma medida

específica para cada município. De acordo com a Secretaria da Agricultura, até 05 de

maio de 2016, já haviam sido cadastrados 522.477 imóveis no Estado, o que

corresponde a 94,8% do total de imóveis – conforme último censo agropecuário (IBGE,

2006). A significativa adesão ao cadastro no Estado, em tempo diminuto, considerando-

se o tamanho do desafio, constitui o melhor exemplo de aplicação de uma política

pública bastante disseminada, com oferta de capacitações e execução capilarizada.

O CAR é requisito para a adesão ao PRA–Programa de Regularização Ambiental,

instituído pelo novo código florestal, com o objetivo de adequação das áreas de

preservação permanente, de reserva legal e de uso restrito, segundo o Decreto 8.235

(BRASIL, 2014). Essa adequação pode incluir processos de recuperação, recomposição,

regeneração ou compensação, essa última por meio de áreas fora do imóvel rural objeto

de regularização e válida apenas para regularizar reserva legal. Inclui ainda, no caso das

APP’s, RL’s e áreas de uso restrito que sejam objeto de uso rural consolidado a

utilização de práticas de conservação de solo e água, bem como boas práticas

agronômicas, segundo os parágrafos 9 a 11 do artigo 61 - A da Lei 12.651 (BRASIL,

2012).

Além do CAR (e do PRA, ainda não implantado em Minas), o produtor rural deve

regularizar as atividades agrossilvipastoris que realiza no imóvel rural, bem como os

usos da água. Essa obrigação vem de duas políticas diferentes: a lei 6.938, de 1981, que

instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e a lei 9.433, de 1997, que

instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Da PNMA, destacam-se os

instrumentos: estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, avaliação de

impactos ambientais e licenciamento ambiental. Assim, no processo de licenciamento,

os impactos são avaliados e são propostas medidas para sua mitigação (ou na sua

impossibilidade, para compensação), devendo ser atendidos os padrões de qualidade

ambiental. Da PNRH, destaca-se o instrumento da outorga de direito de uso da água,

uma forma de autorização que regula os pontos de captação (ou intervenção), as vazões

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ou volumes permitidos e o regime de uso, para cada finalidade, impondo-se ainda

critérios de monitoramento do uso.

Em Minas Gerais, o licenciamento ambiental pode ser por meio de licença (prévia,

de instalação e de operação) ou de autorização de funcionamento, a depender de uma

classificação que considera o porte e o potencial poluidor de cada atividade. No meio

rural ainda predomina largamente a autorização, cuja substituição pela licença

ambiental simplificada – LAS, já foi determinada por meio da lei estadual 21.972, ainda

em processo de transição (MINAS GERAIS, 2016). A obtenção do diploma legal não é

a finalidade do licenciamento. Trata-se da compatibilização do desenvolvimento

econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio

ecológico, bem como a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à

sua utilização racional e disponibilidade permanente, conforme objetivos da PNMA

(BRASIL, 1981).

A autorização para uso da água, em Minas, também possui a modalidade de

cadastro de usos insignificantes, além da outorga (MINAS GERAIS, 1999). É a vazão

ou o volume, e a forma de captação ou intervenção é que definem a qual modalidade

estará sujeito o uso da água. As captações de água podem ser superficiais ou

subterrâneas, e em todos os casos, exceto para o cadastro, é necessário o apoio de

profissional habilitado, com emissão da devida ART – Anotação de Responsabilidade

Técnica. Da mesma forma que com o licenciamento, o objetivo não é a obtenção da

autorização, mas a utilização racional, para “assegurar à atual e às futuras gerações a

necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos

usos”, conforme artigo 2 da PNRH (BRASIL, 1997).

Esses instrumentos de regularização ambiental no Estado são processos contínuos,

com necessidade de monitoramento e de cumprimento de condicionantes. Os

mecanismos são padronizados e, não raras vezes, de difícil cumprimento dada à

incompatibilidade com a realidade e a dinâmica do meio rural.

Considerando-se a finalidade do CAR, já mencionada, com ênfase nas palavras

“integrar”, “base de dados”, “controle”, “monitoramento”, “planejamento ambiental e

econômico” e “combate ao desmatamento”, é possível vislumbrar pontos comuns à

PNMA e à PNRH. Especialmente no meio rural, o objetivo da PNMA de “preservação e

restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e

disponibilidade permanente” tem direta interface com o CAR (e a recuperação por meio

do PRA). Também o tem o objetivo de “compatibilização do desenvolvimento

econômico-social com a qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico”, embora

talvez seja necessário agregar ao CAR, enquanto plataforma de monitoramento, alguns

indicadores para controle ambiental de certos aspectos, como por exemplo os efluentes

e os resíduos sólidos. No caso da água, o CAR indica nascentes, lagos, lagoas e cursos

d’água, bem como a necessária proteção de seu entorno. O Código Florestal e o PRA

determinam o uso de boas práticas agrícolas e de técnicas de conservação de solo e água.

Isso tem direta interface com objetivos da PNRH, no que se refere tanto a quantidade,

quanto a qualidade. No entanto, o CAR não dá conta das quantidades retiradas ou

lançadas, nem dos impactos de barramentos, por exemplo, em fase de planejamento.

Também não monitora a qualidade da água. Tais elementos são necessários à gestão

desse recurso, que ultrapassa as fronteiras de propriedade e guarda como principal

unidade de planejamento a bacia hidrográfica. Daí a necessidade de informações para a

gestão da água como um bem limitado, de uso múltiplo e domínio público.

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Conclusões O CAR tem grande potencial para trazer ao meio rural um sistema de

licenciamento mais adequado à realidade e dinâmica das atividades, acrescentando-se

algumas informações. No entanto, ainda é entendido como instrumento periférico pelo

Estado. Há o risco de se perpetuar os problemas do atual modelo de licenciamento, mais

uma vez. Sugere-se uma pesquisa propositiva, que crie um modelo mais adequado de

licenciamento, a partir do CAR, para as atividades agrossilvipastoris, enquanto ainda

não foi operacionalizada a Licença Ambiental Simplificada em Minas Gerais.

Literatura citada BRASIL. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. In:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm (acesso em 28 mai. 2016).

BRASIL. Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997. In:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm (acesso em 29 mai. 2016).

BRASIL. Lei 12.651, de 25 de maio de 2012. In:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm (acesso em

28 mai. 2016).

BRASIL. Decreto 7.830, de 17 de outubro de 2012. In:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7830.htm (acesso

em 28 mai. 2016).

BRASIL. Decreto 8.235, de 05 de maio de 2014. In:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Decreto/D8235.htm (acesso

em 28 mai. 2016).

IBGE. Censo Agropecuário. 2006. In: http://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-

catalogo?view=detalhes&id=261914 (acesso em 28 mai. 2016).

MINAS GERAIS. Lei 13.199, de 29 de janeiro de 1999. In:

http://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=Lei&num=1

3199&ano=1999 (acesso em 29 mai. 2016).

MINAS GERAIS. Lei 21.972, de 21 de janeiro de 2016. In:

https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=LEI&num=

21972&comp=&ano=2016 (acesso em 29 mai. 2016).

MMA. Instrução Normativa 02, de 05 de maio de 2014. In:

http://www.mma.gov.br/legislacao/desenvolvimento-rural/category/149-car (acesso em

28 mai. 2016).

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Porcentagem de intoxicação de plantas de capim-braquiária e capim-ruziziensis

submetidas à quatro tipos de herbicidas1

Mariana Borba Fonseca2, Márcia Vitória Santos

3, Priscila Júnia Rodrigues da Cruz

2 ,

José Charlis Alves Andrade2, Arnon Henrique Campos Anésio

4, Raul Ribeiro Silveira

5,

Vitor Diniz Machado6, Brenda Fernanda de Souza Andrade

7

1Parte da dissertação do quarto autor, financiado pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES.

2Estudante de Graduação em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

3Professor do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG. Coordenador/Orientador do

Projeto. 4Mestre em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

5Mestrando em Produção Animal – UFVJM, Diamantina, MG.

6Pós-Doutorando do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

7Estudante de Graduação em Engenharia Florestal – UFVJM, Diamantina, MG.

Resumo: Objetivou-se avaliar a intoxicação do capim-braquiária e do capim-

ruziziensis, submetidos à aplicação de fluazifop–p–butil + fomesafen, lactofen,

fomesafen e fluazifop–p–butil aplicados em pós-emergência. O delineamento

experimental foi em blocos casualizados, com cinco repetições. Os tratamentos foram

dispostos em esquema fatorial 4x2, sendo quatro herbicidas: fluazifop–p–butil +

fomesafen, lactofen, fomesafen e fluazifop–p–butil, em duas espécies forrageiras

Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária) e Brachiaria ruziziensis (capim-

ruziziensis) aplicados na pós-emergência. Aos 7, 15, 21 e 30 dias após a aplicação

(DAA) dos herbicidas, a intoxicação das plantas foi avaliada visualmente. O fomesafen

e a mistura de fluozifop-p-butil+fomasefen apresentaram maior intoxicação em ambas

as espécies nas fases iniciais, podendo ser mais prejudiciais na implantação de áreas

com essas espécies.

Palavras-chave: controle químico, herbicida, Brachiaria decumbens, Brachiaria

ruziziensis

Abstract: The objective of this study was to evaluate the intoxication of signal-grass

and congo signal-grass under the application of fluazifop–p–butil + fomesafen, lactofen,

fomesafen, and fluazifop–p–butil applied in post emergence. The experimental design

was in randomized blocks, with five repetitions. The treatments were organized in

factorial scheme (4x2) + 2 being 4 herbicides: fluazifop–p–butil + fomesafen, lactofen,

fomesafen, and fluazifop–p–butil on two forage species Brachiaria decumbens cv.

Basilisk and Brachiaria ruziziensis, applied in post emergence. At 7, 15, 21, and 30

days after application (DAA) of herbicides, the intoxication of plants was visually

evaluated. The fomesafen and the mixture of fluozifop-p-butil+fomasefen presented

higher values of intoxication in both species on initial phases, they can be prejudicial to

the implantation of areas with those two species.

Key words: chemical control, herbicide, weed, Brachiaria decumbens, Brachiaria

ruziziensis

Introdução

O grande percentual de pastagens degradadas tem causado prejuízos ao sistema

de produção de ruminantes a pasto, em função da queda na produtividade e qualidade

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da forragem, infestação com pragas e doenças, ocorrência de plantas daninhas e

degradação do solo.

A interferência exercida por plantas daninhas em pastagens é um dos fatores que

mais afetam negativamente a produtividade animal. A baixa produção das plantas

forrageiras submetidas à competição com plantas daninhas ocorre devido ao fato dessas

últimas, geralmente, serem mais eficientes, quanto ao aproveitamento 65 de nutrientes,

água e luz (Ruas et al., 2012).

A utilização de herbicidas constitui uma importante prática para minimizar os

efeitos negativos causados pelas plantas daninhas em pastagens, por sua velocidade de

aplicação e necessidade de pouca mão-de-obra. Entretanto, sua eficácia é dependente de

diversas variáveis, entre elas, a espécie de planta daninha a ser controlada na pastagem

(Gimenes et al., 2011).

Objetivou-se avaliar o uso de herbicidas na porcentagem de intoxicação de

plantas de Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis.

Material e métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Universidade Federal dos

Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, em Diamantina - Minas Gerais.

O solo foi previamente corrigido e adubado e cada parcela constituída por um

vaso com 1,5 litros de solo. Em cada vaso foram cultivadas duas plantas de Brachiaria

decumbens (Syn. Urochloa decumbens cv. Basilisk) (capim-braquiária) ou duas de

Brachiaria ruziziensis (Syn. Urochloa ruziziensis) (capim-ruziziensis). Cerca de 20 dias

após a semeadura, as forrageiras foram desbastadas, mantendo duas plântulas de cada

espécie por vaso.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco repetições.

Os tratamentos foram dispostos em esquema fatorial 4x2, sendo quatro herbicidas:

fluazifop–p–butil + fomesafen (200 + 250 g ha-1

), lactofen (168 g ha-), fomesafen (250

g ha-1

) e fluazifop–p–butil (200 g ha-1

) aplicados na dose recomendada pelo fabricante,

em duas espécies forrageiras Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária) e

Brachiaria ruziziensis (capim-ruziziensis). Os herbicidas foram aplicados sobre as

plantas quando apresentavam 30 cm de altura, simulando condições de plantas em área

de pastagem em estabelecimento. A aplicação dos herbicidas foi realizada utilizando

pulverizador costal.

Aos 7, 15, 21 e 30 dias após a aplicação (DAA) dos herbicidas, a intoxicação das

plantas foi avaliada visualmente utilizando-se uma escala de 0 a 100, sendo 0 a ausência

de controle e 100 o controle total da espécie (EWRC, 1964). Para facilitar e nortear a

avaliação visual, cultivou-se algumas plantas das espécies estudas sem a aplicação de

herbicidas. Procedeu-se análise de regressão e as escolhas das equações foram baseadas

na resposta biológica do fenômeno, na significância dos parâmetros (P<0,05) e no

coeficiente de determinação.

Resultados e discussão

Constatou-se incremento nos valores médios de intoxicação para as duas

espécies avaliadas com o tempo de aplicação quando se aplicou lactofen, sendo que,

maiores valores de intoxicação foram observados para o capim-ruziziensis (59%), em

comparação ao capim-braquiária (41%), aos 30 DAA (Figura 1a).

Ambas as espécies estudadas apresentaram nível de intoxicação semelhante

quando submetidas ao herbicida fomesafen (Figura 1b). As plantas de capim-ruziziensis

apresentaram maior percentagem de intoxicação ao herbicida fluazifop-p-butil e

fluazifop-p-butil + fomesafen em relação ao capim-braquiária (Figura 2a e 2b).

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No presente trabalho as plantas de capim-braquiária apresentaram aos 30 DAA

intoxicação de 46,39%, já as plantas de capim-ruziziensis apresentavam intoxicação de

74,11%. A baixa intoxicação encontrada no presente trabalho pode estar atribuída

devido ao maior desenvolvimento (plantas na fase de 3 perfilhos formados) das plantas

de braquiária no momento da aplicação.

Figura 1: Porcentagem de intoxicação de plantas de capim-braquiária (●) e capim-ruziziensis (○)

submetidas à aplicação de lactofen (168 g ha-1) (a), fomesafen (250 g ha-1

) (b) em função dos 7, 15, 21 e

30 dias após a aplicação.

Figura 2: Porcentagem de intoxicação de plantas de capim-braquiária (●) e capim-ruziziensis (○)

submetidas à aplicação de fluazifop-p-butil (200 g ha-1) (a), fluazifop-p-butil + fomesafen (200 + 250 g

ha-1) (b) em função dos 7, 15, 21 e 30 dias após a aplicação.

O lactofen e fomesafen apresentam caráter latifolicida, entretanto, quando

aplicado sobre a folhagem de culturas consideradas tolerantes, apresentam pouca

seletividade, exibindo nível de injúria moderada (Petter et al., 2011). Ambos atuam

inibindo o processo fotossintético das plantas daninhas e causam, nas plantas não alvo,

peroxidação de lipídeos com consequente dano na membrana plasmática (Cataneo et al.,

2005). Podendo assim, explicar o fato de ambas espécies terem apresentado sintomas de

intoxicação, devido a injúria causada pelo contato do herbicida com a folhagem das

espécies estudadas.

Rezende et al. (2012) avaliaram a eficiência da aplicação do fluazifop-p-butil +

fomesafen (250 + 200 g ha-1) no controle de plantas daninhas na cultura da soja e

obtiveram controle do capim-braquiária de 74,2 e 100% aos 5 e 30 DAA,

respectivamente. Entretanto, no presente trabalho as plantas de capim-braquiária

apresentaram aos 30 DAA intoxicação de 46,39%, já as plantas de capim-ruziziensis

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apresentavam intoxicação de 74,11%. A baixa intoxicação encontrada no presente

trabalho pode estar atribuída devido ao maior desenvolvimento (plantas na fase de 3

perfilhos formados) das plantas de braquiária no momento da aplicação.

Conclusão

Podemos inferir que os herbicidas fomesafen e a mistura de fluozifop-p-

butil+fomasefen apresentaram maior intoxicação em ambas as espécies nas fases

iniciais, podendo ser mais prejudiciais na implantação de áreas com essas espécies.

Enquanto o lactofen e o fluozifop-p-butil induziram maior toxicidade em plantas a partir

dos 15 DAA.

Agradecimento

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil), FAPEMIG (Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e a Coordenacão de Aperfeicoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES).

Literatura citada

CATANEO, A.C. et al. Atividade de superóxido dismutase em plantas de soja (Glycine

max L.) cultivadas sob estresse oxidativo causado por herbicida. Revista Brasileira de

Herbicidas, v.4, n.2, p.23-31, 2005.

EUROPEAN WEED RESEARCH COUNCIL - EWRC. Report of 3 rd and 4 rd

meetings of EWRC. Cittee of methods in weed research. Weed Research, v.4, n.1,

p.88, 1964.

GIMENES, M.J. et al. Interferência da Brachiaria decumbens Stapf. Sobre plantas

daninhas em sistemas de consórcio com milho. Revista Caatinga, v.24, n.3, p.215-220,

2011.

PETTER, F.A. et al. Seletividade de herbicidas à cultura do milho e ao capim-braquiária

cultivadas no sistema de integração lavoura-pecuária. Semina: Ciências Agrárias,

v.32, n.3, p.855-864, 2011.

REZENDE, B.P.M. et al. Efeito do fomesafen + fluazifop-p-butil associados com

inseticidas no controle das plantas daninhas na cultura da soja. Revista Brasileira de

Ciências Agrárias, v.7, n.4, p.608-613, 2012.

RUAS, R.A.A. et al. Controle de Brachiaria decumbens Stapf com adição de ureia à calda do glifosato. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.42, n.4, p.455-461, 2012.

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Prevenção e controle de incêndios florestais no Cerrado: estudo de caso no Parque

Estadual da Serra do Rola-Moça¹

Rosalina Medeiros de Souza², Aleff Maurício de Sousa Antunes3, Raquel Dias Rodrigues

4,

Leilane Cristina Duarte Ferreira5, Yuri Lorran Braga Cunha6, Diego de Oliveira

7, Frederico

Ricardo Sales de Morais8, Débora Stephanie Quites Xavier

9.

1 Trabalho apresentado em 2015 como requisito para aprovação na disciplina de Trabalho Interdisciplinar

de Graduação do curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNIBH.

2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 Estudantes de graduação em Engenharia Ambiental.

Resumo: Considerando o aumento dos focos de incêndios florestais no Cerrado

brasileiro e a importância de reduzir os danos e prejuízos causados por estes ao meio

ambiente e a vida humana, este estudo analisa uma região brasileira constantemente

afetada por esse desastre ambiental, apresentando as medidas de prevenção e controle

realizadas no local, as quais visam além de reduzir os impactos ambientais, preservar a

vida humana com o objetivo de manter o equilíbrio ambiental e a biodiversidade no

Cerrado.

Palavras–chave: Cerrado. Controle. Estudo de caso. Incêndios. Prevenção.

Prevention and control of forest fires in Cerrado: case study in the State Park of

Serra do Rola-Moça

Abstract: Considering the increasing outbreaks of forest fires in the Brazilian Cerrado

and the importance of reducing the damage and losses caused by these to the

environment and human life, this study analyzes a Brazilian region constantly affected

by this environmental disaster, presenting the measures of prevention and control

performed on site, which aim in addition to reduce environmental impacts, preserve

human life with the objective of maintaining the environmental balance and biodiversity

in the Cerrado.

Keywords: Cerrado. Control. Case study. Fire. Prevention.

Introdução

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) define o Cerrado como o segundo maior

bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km², aproximadamente 22%

do território nacional. Este ecossistema apresenta abundância de espécies endêmicas e

sofre com a perda de habitat. As características gerais do bioma Cerrado – solos pobres

em nutrientes, estação de seca bem definida e a estrutura da vegetação – permitem

enquadrá-lo como uma das savanas mundiais (Castro-Neves, 2007).

Ainda que o fogo gerado por fatores naturais e em pequenas proporções seja

benéfico para o Cerrado, os incêndios florestais causam sérios danos, como perda de

nutrientes, compactação e erosão dos solos, devido ao acúmulo de biomassa vegetal

seca e à baixa umidade da época de estiagem, uma possível queimada nessas condições

tende a gerar temperaturas extremamente altas, prejudicando flora e fauna, conforme os

estudos de Klink e Machado (2005). De acordo com o Centro Nacional de Prevenção e

Combate aos Incêndios Florestais (PREVFOGO), emissões resultantes desta queima

colocam o país entre os principais responsáveis por aumentar o efeito estufa no planeta

e contribuir com os processos de desertificação, desflorestamento e perda de

biodiversidade. Além disso, nas queimadas, são emitidos vários gases poluentes e

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material particulado, que podem causar diversos danos à saúde das populações

residentes próximas aos locais de propagação do fogo (RIBEIRO; ASSUNÇÃO, 2002).

Sendo assim, este estudo apresenta as principais medidas de prevenção e controle

de incêndios florestais, bem como as ações praticadas na área do Parque Estadual da

Serra do Rola-Moça, além de buscar alternativas para a redução dos mesmos,

principalmente os causados por ação antrópica sem monitoramento.

Material e Métodos Os aspectos teóricos do estudo foram desenvolvidos através de uma extensa revisão

bibliográfica relacionada ao assunto em questão. Também foram realizadas duas visitas

técnicas ao Parque Estadual da Serra do Rola-Moça (PESRM), uma vez que é o terceiro

maior parque em área urbana do Brasil e apresenta alto índice de incêndios florestais. A

primeira na unidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a outra na base do Corpo

de Bombeiros, onde diversos dados foram levantados, como projetos voltados para a

prevenção e controle de incêndios e relatórios que são elaborados pelo IEF e o Corpo de

Bombeiros para descrição e registro de cada foco de incêndio ocorrido na região.

Segundo o Plano de Manejo, elaborado pela Fundação Biodiversitas, a área de

estudo localiza-se na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ocupa uma área total de

3.941,09 hectares, perímetro de 52,22 quilômetros e abrange os municípios de Belo

Horizonte, Ibirité, Nova Lima e Brumadinho. O parque está situado na porção sul do

complexo da Serra do Espinhaço, no Estado de Minas Gerais, zona de transição entre o

Cerrado e a Mata Atlântica.

Resultados e Discussão

Conforme apontado por Bizerril e Mistry (2011), para haver efetivo controle e uso

do fogo, pesquisas devem analisar os motivos e formas de uso do fogo no contexto das

realidades em que ocorrem os incêndios. Anualmente, os incêndios florestais são

responsáveis pela destruição de grandes extensões territoriais de cobertura florestal

nativa no Brasil, especialmente em regiões de condições climáticas mais secas, que

favorecem a propagação do fogo. (LIMA, 2000).

Os métodos de detecção e monitoramento de incêndios florestais são de

fundamental importância para o planejamento do controle, além do dimensionamento

dos efeitos do fogo sobre o meio ambiente. Diversas formas de detecção de incêndios

florestais são utilizadas, podendo-se utilizar meios de detecção através de vigilância

terrestre por postos de vigilância e torres de observação, além de patrulhamento aéreo

com aeronaves, radares meteorológicos e monitoramento por imagens de satélites

(IBAMA, 2009; SARAIVA, 2011; BATISTA; BIONDI, 2013).

Com base nas informações levantadas e relacionadas à área de estudo, como

forma de proteção, no PESRM, existe a Zona de Amortecimento, área delimitada ao

redor do parque, para mitigar ou evitar que os impactos cheguem diretamente na UC,

uma vez que a maior parte dos focos se inicia nesta área e evoluem atingindo a área

interna do parque. Porém, nas regiões de Belo Horizonte e Ibirité a Zona de

amortecimento é quase nula devido à urbanização bem consolidada, o que favorece o

aumento do número de incêndios florestais, em vista da queima de resíduos domiciliares,

presença de fumantes e manifestações religiosas. Sendo estas as áreas mais conflitantes

e mais atingidas pelo fogo. No entanto, os impactos dessa região chegam diretamente na

UC, sendo o maior problema enfrentado atualmente.

No que se refere ao combate ao fogo, o PESRM possui um plano de atendimento

para o combate de incêndios, o qual consiste em monitorar com o uso de quatro câmeras

instaladas em pontos estratégicos que permitem uma visão, em tempo real, de grande

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parte do parque. Sendo assim, ao constatar a suspeita de um foco, um fiscal se desloca

imediatamente até o local para confirmação e início do combate, se for o caso. Logo

após a confirmação, a equipe do corpo de bombeiros é acionada e dependendo das

dimensões do foco, vão acionando em sequência outras brigadas, os parceiros próximos

(brigadas voluntárias) para auxiliar no combate. O auxílio de helicópteros é a última

opção a ser feita, devido à dificuldade para abastecimento na região e por atrair a

atenção da população vizinha, o que pode provocar um novo foco de incêndio para

assistir de perto ao combate aéreo. Ao mesmo tempo em que se faz o combate, faz-se

também a elaboração de um relatório com todas as informações do foco de incêndio, no

qual, registra-se as coordenadas geográficas do local.

Além disso, o PESRM, investe na educação ambiental, executada através de

visitas nas comunidades do entorno com o uso de banners, distribuição de material

informativo, incluindo adesivos para carros, e distribuição de mudas de árvores nativas

do Cerrado e Mata Atlântica para enfatizar a importância da recuperação de áreas

degradadas.

Conclusão

O Cerrado, além de ser o segundo maior bioma da América do Sul, apresenta

grande importância econômica e ambiental, extensa biodiversidade de fauna e flora e

muitas espécies endêmicas. Possui características que faz com que ele seja o bioma mais

propenso a queimadas e incêndios. E, apesar de ocorrer queimadas naturalmente no

cerrado e causar efeitos positivos, ainda hoje, o fogo continua sendo um grande desafio

quanto à sua prevenção e controle.

Embora ocorram incêndios intencionais, também é comum que estes se originem

de diversas atividades, como por exemplo, a queima de pastagens e limpeza de terrenos.

As áreas próximas a essas atividades requerem maior atenção, principalmente quanto ao

manejo da vegetação que funciona como combustível. Destaca-se, a importância da

valorização das campanhas ambientais para a conscientização da população quanto a

esta problemática, e a necessidade da criação e manutenção de investimentos em

prevenção e controle, envolvendo o poder público, e incluindo a atuação da sociedade,

que deve contribuir com práticas ambientais adequadas e denúncia em casos de incêndio.

Literatura citada

BATISTA, A. C.; BIONDI, D. Avaliação da inflamabilidade de Ligustrum lucidum

Aiton (Oleaceae) para uso potencial em cortinas de segurança na região sul do Brasil.

Revista Brasileira de Ciencias Agrárias, Vol. 4, Núm. 4, outubro-dezembro, 2009, pp.

435-439 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil.

BIODIVERSITAS. Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Rola Moça. Belo

Horizonte, 2007.

BIZERRIL, M.; MISTRY, J. Por que é importante entender as inter-relações entre

pessoas, fogo e áreas protegidas? Biodiversidade Brasileira BioBrasil. Instituto Chico

Mendes de Conservação da Biodiversidade. Brasília, Ano 1, Número 2, 12-25, 2011.

CASTRO-NEVES, B. M.. Efeitos de Queimadas em Áreas de Cerrado Stricto Sensu e

na Biomassa de Raízes Finas. 2007. 82f. Tese de doutorado em Ecologia –

Universidade de Brasília, Departamento de Ecologia, Brasília, 2007.

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS (IBAMA). PREVFOGO. Brasília: Centro Nacional de Prevenção e

Combate aos Incêndios Florestais, 2015. Disponível em: <http://www.ibama.go

v.br/prevfogo>. Acesso em 24 maio 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS (IBAMA). Roteiro Metodológico para a Elaboração de Plano

Operativo de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. Brasília. 2009. Disponível

em: < http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/livros/roteirom etodologicoparaaelaboracao

deplanooperativodeprevencaoecombateaosincendiosfloretaisdigital.pdf>. Acesso em 24

maio 2015.

KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A Conservação do Cerrado Brasileiro.

Megadiversidade. Conservação Internacional. Belo Horizonte. Volume 1, nº 1. 147-156,

jul 2005.

LIMA, G. S. A prevenção de incêndios florestais no estado de Minas Gerais. Revista

Floresta. Curitiba: Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná – Universidade Federal

do Paraná (UFPR), 2000.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). O Bioma Cerrado. Brasília: Ministério

do Meio Ambiente, 2015. Disponível em <http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado>.

Acesso em 24 maio 2015.

RIBEIRO, H.; ASSUNCAO, J. V. Efeitos das queimadas na saúde humana. Estud.

av., São Paulo, v. 16, n. 44, p. 125-148. 2002.

SARAIVA, Ernandes Aparecido. Detecção de Incêndios Florestais e Queimadas com

Radar Meteorológico. Tese de Doutorado em Ciências Florestais. Laboratório de

Incêndios Florestais da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba. 2011. 139f.

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RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADAS DO BAIXO ONÇA – UMA

PROPOSTA DE REABILITAÇÃO DE ÁREAS DEGRADAS PARA FUTURO

PARQUE URBANO LINEAR

Witan Pereira Silva¹, Laís Raquel Mariano¹, Amanda Guerra Barbosa¹, Ana Paula Lima

Nogueira¹, Elizabeth Rodrigues Brito Ibrahim² 1Graduando de Engenharia Ambiental e Sanitária no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.

2Professora Doutora da Disciplina de recuperação de áreas degradas. Coordenadora do Curso de

Engenharia Ambiental no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.

Resumo: A importância do solo como suporte a vida e a demanda de manejo adequado

para sua preservação constitui-se uma preocupação global. Dada a relação direta entre

vegetação e solo, medidas que busquem mitigar o passivo ambiental de bilhões de

hectares de solo degradado medidas de recuperação de áreas degradas (RAD) devem ser

adotadas e disseminadas. O objetivo do presente trabalho foi apresentar o projeto de

RAD da bacia do baixo onça, com vista a reabilitação das margens com intuito de

instalar um futuro parque urbano linear extrativista. O trabalho foi dividido em 5 etapas,

sendo elas: diagnostico a partir de levantamento bibliográfico, diagnostico por imagens

de satélite, diagnostico socioambiental por Stekeholders, visita técnica em pontos

previamente identificados e finalmente elaboração de um prognostico. Foi identificado

que a região encontra-se em uma área altamente urbanizada com alto índice de

favelização das margens do ribeirão. Apesar do avanço de residências nas margens

existem grandes áreas com pouca ou nenhuma vegetação nativa com susceptibilidade ao

inicio de ações de recuperação. A região conta com instituições participativas e

ambientalmente conscientes que desejam inicia o processo de RAD. sugere-se a

complementação desse estudo com u levantamento de espécies nativas e frutíferas

naturais ao ecótone de Minas Gerais.

Palavras–chave: Bacia do baixo onça, Diagnostico, parque linear, projeto de

reabilitação, reabilitação de áreas degradadas.

Introdução O solo é um dos principais componentes de suporte a vida. É notória a

preocupação global relacionada a perda de viabilidade produtiva do solo, constituindo-

se um grande desafio mundial. A relação entre a degradação do solo é diretamente

ligada à perda da cobertura vegetal, por isso técnicas e experiências de recuperação de

áreas degradas devem ser adotadas e aprimoradas tanto em áreas rurais quanto em áreas

urbanas visando reduzir o passivo ambiental.

Nesse contexto, observa-se que as áreas urbanas, principalmente aquelas que

estão localizadas próximas a cursos d’água poluídos apresentam perda da qualidade do

solo e ocupação irregular geralmente nas margens de rios.

A região da bacia do baixo Onça no município de Belo Horizonte, MG - Brasil

apresenta altos índices de degradação, apesar do rio permanecer em leito natural, um

percentual considerável de suas margens está ocupado e em processo avançado de

favelização.

Além disso, a região é considerada uma das com menores índices de

desenvolvimento humano da capital mineira, avançado ocupação irregular e grau

alarmante de criminalidade. Apesar do perfil da região ser um desafio a administração

pública, a população local apresenta alta sensibilização ambiental e interesse na

recuperação do Ribeirão Onça, através da implantação de um parque urbano que resgate

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a qualidade de vida local, retire famílias de áreas de risco e favoreça a recuperação

ambiental.

Com objetivo de fornecer subsídio técnico e apoio a população local o presente

artigo tem como objetivo apresentar um estudo sobre a região com vista a um

diagnostico conciso que dê base a proposição de um projeto de recuperação das

margens do Ribeirão Onça.

Material e Métodos A metodologia utilizada para elaboração desse trabalho consistiu em cinco etapas

sendo elas:

1- Levantamento Bibliográfico dos dados regionais para elaboração de um

diagnóstico com informações técnicas dos meios antrópico, físico e biótico,

indicando o grau de ocupação e complexidade morfológica da bacia;

2- Diagnostico da região a partir da análise de imagens de satélite para

identificação de regiões no baixo onça não ocupadas pertencentes ao

perímetro do futuro parque do onça.

3- Diagnostico de situação socioambiental através do levantamento de

informações por Stakeholders e identificação de anseios e demandas da

comunidade através da participação em reuniões locais.

4- Visita técnicas ao baixo onça com Georreferenciamento e identificação de

áreas com susceptibilidade de recuperação;

5- Elaboração de um prognostico com base nas informações coletadas.

Resultados e Discussão

Etapa I – Diagnostico regional a partir da Literatura

Meio Físico e Biótico: A bacia hidrográfica do Ribeirão Onça está inserida na

unidade geológica Cráton São Francisco, área tectonicamente estável do final do

período Paleoproterozóico. Situada sobre o conjunto morfoestrutural denominado

Depressão Belo Horizonte, predominando o relevo de colinas com topos planos ou

arredondados (SILVA et al., 1995 apud UMBELINO, 2006).

O latossolo é o tipo de solo predominante na região. A cobertura vegetal da bacia

é composta por remanescentes muito alterados dos biomas cerrado e mata atlântica

(GENRICH, 2002 apud UMBELINO, 2006).

A bacia possui altitudes médias entre 675 e 1010 metros, apresentando morfologia

de colinas de topo plano a convexo com encostas variando entre côncavas e convexas,

fruto da dissecação fluvial das áreas gnáissicas que compõem a Depressão Belo

Horizonte (UMBELINO, 2006).

São raras as áreas onde a vegetação está relativamente preservada, com maior

diversidade. Existem resquícios de vegetação secundária na porção do Baixo Onça,

próximos a área de estudo deste artigo, nos bairros Granja Werneck e Capitão Eduardo.

O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo Aw, ou

seja, tropical de savana, com inverno seco e verão chuvoso. A temperatura média anual

é de 21ºC.

Meio Antrópico: A bacia do Onça ocupa parte do município de Contagem e toda

a região norte do município de Belo Horizonte capital do estado de Minas Gerais, numa

extensão de 36,8 km e uma área de 212 km². Ela representa a área mais urbanizada da

bacia do Rio das Velhas e o seu curso principal, o Ribeirão do Onça, é responsável pela

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maior parte da poluição do Rio das Velhas, que por sua vez é maior poluidor do rio são

Francisco.

De acordo com dados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 do IBGE, a

população da bacia cresceu de 1.029.781 para 1.239.684 hab, ocorrendo um incremento

de 209.903 pessoas, sendo que 71.001 foram nos pontos considerados de Alta

Vulnerabilidade Ambiental (locais com potencial para a ocorrência de inundações ou

deslizamentos de encosta).

A ocupação humana na bacia não foi planejada visando à preservação das áreas

sensíveis em termos geomorfológicos e hidrológicos. Além disso, a impermeabilização

de boa parte da superfície da bacia provocou o aumento do escoamento superficial e a

redução das áreas de infiltração, levando a frequentes inundações. Praticamente todas as

favelas da bacia estão em pontos de vulnerabilidade localizadas em áreas íngremes

desprovidos de cobertura vegetal favorecendo risco de deslizamentos, ou ao longo dos

cursos d’água.

Etapa II – Diagnostico por imagem de satélite

O diagnostico via imagens de satélite, se deu a partir da sobreposição das imagens,

das áreas previstas para o futuro parque do onça em comparação com as áreas

atualmente ocupadas. A análise indicou polígonos dentro do perímetro do parque onde

não há ocupação urbana, apresentando resquícios de vegetação e possível

susceptibilidade a recuperação. As imagens utilizadas foram cedidas pelo COMUPRA,

PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) e a PRODABEL (Empresa de Informática e

Informação do Município de Belo Horizonte) possibilitando o planejamento de roteiros

para visita as áreas para visita, georreferenciamento e analise de viabilidade.

Etapa III – Diagnostico socioambiental e comunicação com Stakeholders

A 3ª etapa consistiu na identificação das principais entidades que realizam

atividades e ações de cunho socioambiental na região. Foi possível a identificação de

demandas especificas, firmamento de parcerias, contato verbal com os Stakeholders e

principalmente mapeamento de anseios e desejos da comunidade a respeito da relação

com o ribeirão onça. O diagnostico socioambiental apontou que o anseio da população,

das entidades e dos movimentos regionais da bacia do baixo onça é pela garantia do

auxilio e retiradas das famílias em situação de risco, bem como a valorização

imobiliária da região com o advento do parque que representa uma conquista de espaço

comunitário para lazer com benefícios ambientais de preservação e

resgate/restabelecimento das condições sanitárias do ribeirão onça.

Etapa IV – Visita técnica, Georreferenciamento das áreas e identificação de

áreas susceptíveis

A 4ª etapa consistiu da visita ao baixo onça para identificação do estado

fitossanitário das margens, georreferenciamento e avaliação de viabilidade das áreas

para definição das técnicas de recuperação. Foi elaborado um mapa dos locais visitados

dentro do perímetro do futuro parque do onça com viabilidade de reabilitação servindo

como documento de referência para futuras ações.

Etapa V – Prognostico e proposição de projeto de Recuperação

A partir dos dados coletados na região, através dos diagnósticos das etapas

anteriores, percebe-se que a melhor alternativa para o baixo onça consiste na

reabilitação de áreas degradadas (entende-se por reabilitação o retorno da área

degradada a um estado biológico apropriado para uso antrópico e/ou ambiental). Essa

reabilitação deve ser prioritária com a inserção de espécies vegetais nativas e frutíferas

para que, posteriormente, a comunidade local se beneficie do extrativismo. Além da

seleção do perfil de espécies com vista ao extrativismo a participação da comunidade

em todo o processo é vital, para que haja aumento da sensibilização e conscientização

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ambiental, além é claro de despertar o sentimento de pertencimento e cuidado ao parque

onde a própria comunidade atue no controle e preservação ambiental, e na vigilância

dessas áreas contra novas invasões. Para isso se faz necessário à realização intensiva de

oficinas de educação ambiental e eventos que promovam e estimulem a participar

popular integrando a comunidade, governo e academia. Desse modo a proposta de

reabilitação se baseia em cinco conceitos norteadores para a região, sendo eles: 1 -

Isolamento das áreas a serem reabilitadas; 2- Opção de técnicas menos onerosa; 3 -

Manejo do solo (estrutura, fertilidade e fauna); 4 - Escolha de espécies arbóreas nativas

e frutíferas; 5 - Uso primordial da técnica de nucleação e consorcio de espécies

pioneiras e secundárias.

Conclusões Os problemas de degradação ambiental, perda da viabilidade de solos,

assoreamento de rios e supressão da camada vegetal são reais e necessitam ser

mitigados. Ações que visem a mitigação desses agravos e despertem a sensibilização

ambiental das populações devem ser estimulados. A bacia do Ribeirão Onça é um dos

principais contribuintes para a poluição do Rio das Velhas, que por sua vez é o principal

contribuinte poluído ao Rio São Francisco. Apesar da impermeabilização, bacia do

Onça, ainda, conta com uma grande extensão em leito natural, o que do ponto de vista

moderno da drenagem urbana é bom dado a infiltração e recarga de aquíferos. além

disso, existe o interesse da população local com a preservação das margens e

transformação da área em um parque urbano linear. A Instalação do parque configura

uma ação de resgate socioambiental das condições sanitárias e de redução do risco

ambiental de inundações. Mesmo com o comprometimento público para implantação do

parque a ação de realocação das famílias ocupantes das margens leva grandes períodos

o que retarda a implantação do parque e põem em risco de ocupação irregular áreas não

ocupadas na região.

O diagnostico apresentado neste artigo demonstra que ações de reabilitação como

marco de implantação do parque já podem ser iniciadas, mesmo antes da finalização de

realocação de famílias.

O prognostico aqui proposto fomenta a participação popular na formação de uma

comunidade vigilante e sensível as questões ambientais do baixo onça. Além disso, a

escolha cuidadosa das espécies arbóreas e adoção de técnicas de manejo adequadas

podem representar a possibilidade de geração de renda a partir do extrativismo a médio

prazo.

Agradecimentos Os autores desse trabalho agradecem o apoio do COMUPRA e do Movimento

“deixem o Onça beber água limpa”. O trabalho dessas entidades na região representa a

defesa do meio ambiente e das condições de vida digna da população. Através deles, o

bairro Ribeiro de Abreu, luta pelo Parque Urbano Municipal do Ribeirão Onça

rompendo com estigmas e paradoxos de Belo Horizonte, que insiste em uma cultura

retrógada de canalizar rios. A luta pelo Onça mistura mobilização social com defesa

ambiental e incentiva estudantes, pesquisadores, professores e cidadãos de uma forma

geral a serem mais sensíveis as causas ambientais.

Literatura citada ARAUJO, Gustavo Henrique de Souza; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de;

GUERRA,Antonio José Teixeira. Gestão Ambiental de áreas degradadas. 5. ed. Rio

de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010

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Restauração de Cerrado - Morro do Urucum, Corumbá, MS.

Lídia Maria dos Santos1, Rúbio Oliveira Moraes

1, Aianã Francisco Santos Pereira

1, 2,

Marco Otávio Pivari1, Juliane Saab de Lima

1, Diogo Santana

1, Sérgio Tomich Santos

1

Bruno Vasconcellos3; Rosilene Silva

3, Felipe Coelho

3, Tulio Santos

3

1Bioma Meio Ambiente Ltda.

2Doutorando do Programa de Pós-graduação em Botânica, UFV.

3Diretoria de Operações Ferrosos Sul, Centro Oeste e Manganês, Vale S.A

Resumo: O objetivo deste trabalho consistiu em demonstrar as ações para restauração

de Cerrado em uma área minerada, na Mina Morro do Urucum, da Vale, Corumbá, MS.

A área minerada recebeu reconformação topográfica; topsoil; mudas de espécies nativas;

sementes; biomassa; capina, aplicação de herbicida, replantios, semeaduras; além de ter

sido monitorada anualmente. Os resultados mostraram que as famílias mais ricas foram

Poaceae, Fabaceae e Asteraceae e dentre as espécies com maiores taxas de Valor de

Importância (VI) constaram elementos nativos da flora regional. Concluiu-se que as

ações visando a restauração do Cerrado em área minerada promoveram resultados

positivos, até o momento.

Palavras–chave: área minerada, Cerrado, Pantanal, restauração

Abstract: This study aimed to demonstrate the actions for restoring a mining area in the

Cerrado domain, in Morro do Urucum Mine, Vale, Corumbá, MS. The mined area

received topographical accuracy; topsoil; seedlings of native species; seeds; biomass;

weeding, herbicide application, replanting, sowing; and it has been monitored annually.

The results showed that the richest families were Poaceae, Fabaceae and Asteraceae and

among the species with higher rates of Importance Value (VI) consisted native elements

of the regional flora. It was concluded that the actions for the Cerrado restoration in

mining area promoted positive results to date.

Keywords: Cerrado, mined area, Pantanal wetland, restoration

Introdução O Planalto Residual do Urucum situa-se na borda sudoeste do Pantanal sul-mato-

grossense - delimitado pela UNESCO como Reserva da Biosfera do Pantanal (2000) - e

inclui os pontos mais altos do estado de Mato Grosso do Sul, com altitudes acima de

1000 m onde ocorrem, da base para o topo do relevo, as Florestas Estacionais Deciduais,

Semideciduais e Cerrado, respectivamente.

Segundo Abdon et al. (1998) o Cerrado local, tipologia afetada pelas ações da

mineração, apresenta fisionomias de Cerrado (savana arborizada), Campo Cerrado

(intermediária ou transicional entre Cerrado e Campo), Campo Limpo e Campo Sujo.

Um estudo botânico realizado em Cerrado no Morro do Urucum mostrou a ocorrência

de 18 espécies no componente herbáceo/arbustivo, pertencentes a 11 famílias botânicas,

sendo Poaceae e Fabaceae as mais ricas quanto ao número de espécies. Além disso,

representantes arbóreos das famílias Myrtaceae, Malpighiaceae e Vochisiaceae também

foram registrados para a área (BIOMA 2013, relatório técnico, não publicado).

Segundo a Constituição do Brasil (1988) a mineração deve recuperar suas áreas

mineradas, o que levou a conceitos, definições e metodologias sobre o tema,

destacando-se aqueles voltados para as espécies autóctones da área a ser recuperada e as

exigências ecológicas para sua restauração (BRADSHAW, 1987; BARTH, 1989;

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ENGEL e PARROTA, 2003; GRIFFITH, 2007; SANTOS, 2010). A restauração visa

restabelecer o ambiente o mais próximo do original, com a recuperação da estabilidade

e integridade biológica dos ecossistemas restaurados, mediante a recriação de

comunidades ecologicamente viáveis, tendo como princípio que a área não necessite de

intervenção no futuro.

A restauração de Cerrado ainda é tema pouco explorado na literatura cientifica,

destacando-se Corrêa (2007), que mostrou como restaurar Cerrado em áreas degradadas

pela mineração no Distrito Federal. SANTOS (2010) destacou duas dificuldades na

restauração de certas tipologias vegetacionais em áreas mineradas de ferro: os solos das

formações ferríferas são rasos, ácidos, de baixa fertilidade, com baixa capacidade de

retenção de água e alta concentração de óxidos de ferro (SCHAEFER et al., 2008), ricos

em metais e sua remoção pela atividade minerária impede o restabelecimento da

vegetação nativa nas áreas afetadas, o que exige sua recolocação em áreas destinadas à

recuperação; as plantas, removidas com a atividade minerária são indisponíveis no

mercado, devendo ser obtidas a partir de resgate em áreas de intervenção - indivíduos

adultos, plântulas e sementes, ou a partir da produção de mudas em escala.

O objetivo deste trabalho consistiu em demonstrar as ações para restauração de

Cerrado numa área minerada na Mina Morro do Urucum, da Vale, no município de

Corumbá, estado de Mato Grosso do Sul.

Material e Métodos

O clima da região é do tipo megatérmico (temperatura do mês mais frio superior a

18º), com duas estações bem definidas, uma de inverno seco e uma de verão chuvoso,

classificado como Awa, no sistema de Köppen. A temperatura média máxima na cidade

de Corumbá é de 30,6°C e mínima de 21°C, com as máximas e mínimas atingindo em

torno de 40°C e 0°C, respectivamente. A precipitação pluvial média é de 1.070 mm/ano,

com 68% do total pluviométrico ocorrendo entre os meses de novembro a março

(Soriano, 2000).

A lavra de minério de ferro em Corumbá se dá superficial e setorizadamente, de

maneira que para promover o processo de restauração é possível absorver,

concomitantemente, o topsoil e mudas de espécies da flora. A remoção de topsoil foi

feita pela raspagem da camada superficial de 20 cm do solo, enquanto o resgate de flora

contemplou os indivíduos que apresentavam condições de sobrevivência. Sementes

foram coletadas em todo o entorno da mina, em período que contemplou variações

fenológicas das espécies.

A restauração de Cerrado em um hectare de área minerada, teve início com a

reconformação topográfica, acerto da drenagem pluvial e disposição de topsoil sobre a

superfície do terreno; foi realizada abertura de covas de 30 x 20 cm, com 50 cm de

distância entre si, e nelas aplicado o polímero hidroterragel. O plantio foi feito com

mudas de espécies nativas herbáceas e arbustivas e com aplicação de coquetel de

sementes nativas (mistura de solo orgânico e sementes), a lanço, e de palhada

proveniente de capinas, restos de frutos, galhos e raízes de material recolhido em áreas

de supressão e após o beneficiamento de sementes. Foi realizado, anualmente, o

combate a espécies exóticas, com capina manual, semi-mecânica e química.

Para avaliação dos resultados da restauração foi realizado anualmente, entre 2013

e 2015, o monitoramento da cobertura vegetal em unidades amostrais de 1 m2, dispostas

aleatoriamente, em número de cem parcelas por hectare, (Felfili et al., 2005), onde foi

realizada a coleta de parâmetros, segundo Mueller-Dombois & Elemberg (1979).

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Resultados e Discussão

A reconformação topográfica resultou numa área plana, com declividade e

drenagem voltadas para a lateral do talude de montante. Entre a área plana e o talude de

jusante foi implantada uma leira protetora de 1,0 m de altura. Após aplicação de 500 ml

de calda preparada com hidroterragel nas covas, foram plantadas 3.433 mudas nativas,

de 28 espécies e 17 famílias botânicas, destacando-se Poaceae (1.136), Fabaceae (1.029),

Asteraceae (776) e Lauraceae (107), além de lançados 5,21 Kg de sementes e aplicados

387 Kg de biomassa.

Os resultados dos monitoramentos anuais mostraram a ocorrência de espécies

nativas e exóticas, sendo que as famílias com maior riqueza específica registrada foram

Poaceae (11), Fabaceae (6) e Asteraceae (4). Os táxons que obtiveram os maiores VI

foram: Axonopus pellitus (25,24); Aspilia grazielae; Axonopus pressus (13,17); Melinis

repens (12,18) e Mimosa debilis (11,34), todas nativas, exceto Melinis repens.

O número de famílias e espécies amostradas variou de 11 para 9 e de 48 para 26 e

28, respectivamente, nos três anos de monitoramento. A cobertura do solo variou de

49,65% em 2013 para 85,31% em 2014 e 79,75% em 2015, enquanto que o percentual

de solo exposto diminuiu de 50,35% para 14,69% e passou a 20,25%. A altura da

cobertura vegetal variou entre 23 e 48 cm. A variação observada no número de famílias

amostradas se mostrou significativa, (t=0,1; P=0,46), assim como o número de espécies

amostradas (t=0,00; P=0,5), a cobertura do solo também exibiu variação considerada

significativa (t=0,00; P=0,5) assim como o percentual de solo exposto, cuja diferença

foi significativa (t=0,003; P=0,49). Com relação à altura média da cobertura do solo,

houve variação de 23 cm em 2013 para 38 cm em 2015, diferença que também se

mostrou significativa ao nível de 0,01 de probabilidade (t=0,00; P=0,5).

A área restaurada mostrou considerável diversidade de espécies nativas, tendo

como parâmetro comparativo a composição florística original da vegetação regional.

Tal fato pode ser relacionado a alta diversidade de espécies utilizadas no plantio, no

lançamento de coquetel de sementes e na germinação espontânea de propágulos

presentes no topsoil.

Conclusões

Ficaram demonstrados os resultados positivos e promissores relacionados às ações

adotadas para a restauração do Cerrado, na área de estudo. Os dados mostraram que a

vegetação da área em processo de restauração vem adquirindo, ao longo dos anos,

características próximas às observadas nas áreas naturais adjacentes, evidenciando que a

sucessão ecológica está atuando em sintonia com as práticas direcionadas à melhoria de

sua qualidade ecológica.

A cobertura do solo aumentou ao longo dos três anos, diminuindo o espaço

disponível ao estabelecimento de espécies invasoras, fator este considerado

preponderante para que a área em processo de restauração atinja o equilíbrio ecológico.

Contudo, as espécies invasoras observadas na área indicam que o processo de

restauração necessita do aperfeiçoamento de ações voltadas ao combate das mesmas,

evitando que estas se estabeleçam nas áreas onde se aplica a restauração.

Literatura citada BARTH, R.C. Avaliação da recuperação de áreas mineradas no Brasil. Boletim

Técnico da Sociedade de Investigações Florestais, Viçosa, N.1, P.1-41, 1989.

BRADSHAW, A.D. The reclamation of derelict land and the ecology of ecosystems.

Restoration ecology: A synthetic approach to ecological research, p. 53-74, 1987.

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138

DE MOURA ABDON, M. et al. Utilização de dados analógicos do Landsat-TM na

discriminação da vegetação de parte da sub-região da Nhecolândia no

Pantanal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 33, n. 13, p. 1799-1813, 1998..

CORRÊA, R.S.; DE MELO FILHO, B.; DE MELLO BAPTISTA, G.M. Avaliação

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Seleção de espécies lenhosas destinadas à restauração florestal de áreas

degradadas de restinga no litoral amazônico

Calil Torres Amaral1, Denise Cristina Torres Costa

2, Dário Dantas do Amaral

3

1 Estudante de Graduação/Iniciação Científica/Museu Paraense Emílio Goeldi/CNPq

2 Professora do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia/UEPA (Universidade do Estado do Pará)

3 Pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi/MCT (Projeto: Uso de parcelas permanentes para estudo

de dinâmica de populações de espécies lenhosas na floresta de restinga da APA de

Algodoal/Maiandeua/Pará. Autorização n0 01/2015 IDEFLOR-BIO)

Resumo: O estudo objetivou classificar as espécies lenhosas de uma floresta de restinga

quanto ao estágio de sucessão ecológica e quanto à categoria de prioridade ecológica, de

modo a embasar uma seleção de espécies com potencial de utilização na restauração

florestal de áreas degradadas com este tipo de vegetação no litoral amazônico. Para

análises foram considerados os parâmetros fitossociológicos das espécies. De uma flora

registrada de 75 espécies foram selecionadas 10 espécies consideradas estruturantes

para uma floresta de restinga e que podem ser utilizadas em ações de recuperação e

restauração florestal com tal tipo de vegetação.

Palavras-chave: Restinga, Amazônia, restauração florestal

Selection of species for the forest restoration of degraded areas of sandbank in

Amazonian coast

Abstract: The study aimed to classify the species in a restinga forest as far as the stage

of ecological succession and about the ecological priority category, in order to support a

selection of species with potential for use in forest restoration of degraded areas with

this type of vegetation in the coastal region. For analyses were considered the

fitossociológicos parameters of the species. A registered 75 flora species were selected

10 structuring for a forest species of coastal sandbank and that can be used on forest

restoration and recovery actions with such type of vegetation.

Keywords: Coastal sandbank, Amazonian, forest restoration

Introdução

Restinga corresponde à vegetação que ocorre adjacente ao oceano ao longo do

litoral brasileiro, sobre planícies arenosas construídas através de processos eólicos ou

fluvio-marinhos durante o Quaternário (SUGUIO & TESSLER 1984; MARTIN et al.

1997).

A floresta de restinga está entre os tipos de floresta mais fragmentada nos

trópicos, devido à distribuição desigual de solos arenosos aliado às questões de

degradação ambiental na faixa costeira (OLIVEIRA et al. 2014)

As condições ambientais que caracterizam as restingas, com solos extremamente

arenosos, alta salinidade, baixo teor de matéria orgânica, altas taxas de infiltração e

conseqüente baixa retenção de umidade, determinam sua ocupação pelas espécies

vegetais (Araújo, 2000). As investigações científicas voltadas à recuperação de áreas

degradadas em ambiente de restinga no litoral brasileiro são recentes e concentrados no

sudeste (Sá, 2002; Carrasco, 2003; Oliveira, 2015) e nordeste (Cunha et al, 2003;

Fracasso, 2005; Damaso, 2009), não havendo qualquer estudo relativo ao litoral

amazônico.

O presente estudo objetivou classificar as espécies lenhosas de uma floresta de

restinga quanto ao estágio de sucessão ecológica e quanto à categoria de prioridade

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ecológica, de modo a embasar uma seleção de espécies com potencial de utilização na

recuperação de áreas degradadas deste tipo de vegetação no litoral amazônico.

Material e Métodos

O estudo foi conduzido em uma floresta de restinga na Área de Proteção

Ambiental/APA de Algodoal/Maiandeua, localizada no município de Maracanã,

nordeste do estado do Pará. A floresta está situada nas coordenadas geográficas

0º35'11” Sul e 47º 34'19” Oeste. Os dados fitossociológicos utilizados para as análises

aqui apresentadas constam em Amaral et al. (2015), cujas análises levaram em

consideração dois estratos de vegetação; superior (plantas acima de 5 m de altura) e

inferior (plantas abaixo de 5 m de altura), sendo tal limite estabelecido em função da

taxa de amplitude das alturas obtidas na floresta.

As espécies foram categorizadas quanto à sucessão ecológica, podendo ser

pioneiras, secundárias iniciais e secundárias tardias (Gandolfi et al. 1995).

Posteriormente, com base nos parâmetros fitossociológicos relacionados ao Índice de

Valor de Importância das espécies (IVI), estas foram ranqueadas quanto à categoria de

prioridade ecológica, metodologia adaptada de Salomão et al. (2012). Para tal, foram

estabelecidos três intervalos de prioridade ecológica, obtidos pela diferença entre o

maior e o menor valor calculado do IVI, dividido por 3 (amplitude de ranqueamento).

Espécies de alta prioridade foram aquelas situadas no intervalo do maior IVI (%)

subtraído da amplitude de ranqueamento, enquanto as espécies com prioridade baixa,

aquelas que se encontravam no intervalo do menor valor acrescido da amplitude de

ranqueamento. As espécies cujos valores se situavam entre o valor mínimo do índice

mais a amplitude de ranqueamento e o valor máximo do índice menos a amplitude de

ranqueamento foram classificadas como de predominância intermediária.

Resultados e Discussão

Foram registradas 75 espécies e 30 famílias botânicas. A maior parte desta flora

é de sucessão secundária inicial (47%), seguida das pioneiras (27%) e secundárias

tardias (26%) (Tabela 1). A maior concentração de espécies pioneiras e de secundárias

iniciais (em detrimento as de sucessão secundária tardia), no interior da floresta

pressupõe uma descontinuidade do dossel, condição que favorece este grupo de plantas

demandantes de luz (Tabarelli e Perez 2002).

A hierarquia decorrente do critério de prioridade ecológica indica que quase a

totalidade (90%) das espécies apresentou baixa prioridade ecológica como espécies

estruturantes de uma floresta. Apenas duas espécies (Anacardium occidentale e Tapirira

guianensis) atendem as características de alta prioridade. Outras nove espécies se

enquadram na categoria intermediária de prioridade, são elas: Aniba citrifolia (Nees)

Mez, Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand, Copaifera martii Hayne, Pagamea

guianensis Aubl., Myrcia fallax (Rich.) DC., Humiria balsamifera Aubl., Pouteria

ramiflora (Mart.) Radlk. e Astrocaryum vulgare Mart.

As duas espécies de alta prioridade, junto às oito de prioridade intermediária

listadas neste estudo, compõe a flora "estruturante" da floresta de restinga aqui

investigada, que são aquelas que controlam a estrutura da comunidade devido à sua

abundância, distribuição espacial e biomassa, e influenciam na ocorrência das demais

espécies associadas, favorecendo, assim, o sucesso da restauração florestal em áreas

degradadas (Salomão et al. 2015).

Tabela 1. Metadados referente à florística, categoria de prioridade ecológica e sucessão

ecológica por estrato vertical da floresta de restinga. APA de

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Algodoal/Maiandeua, Pará. PI (pioneira); SI (secundária inicial); ST

(secundária tardia).

Estrato Florística Categoria de prioridade ecológica Sucessão ecológica

Espécies Indivíduos Alta Interm. Baixa PI SI ST

Superior 40 (53%) 650(56%) 2 (5%) 5 (13%) 33(83%) 9 (22%) 18 (34%) 14 (24%)

Inferior 35 (47%) 512(44%) 0 3 (9%) 32(91%) 11 (34%) 16 (50%) 5 (16%)

No processo de seleção de espécies para restauração de uma floresta, Gandolfi et

al. (2009) separa o elenco florístico em dois grupos: espécies de preenchimento e o das

de diversidade, onde o primeiro é constituído por espécies, geralmente pioneiras ou de

sucessão inicial, que possuem rápido crescimento e boa cobertura de copa,

proporcionando o rápido fechamento da área plantada. Na floresta aqui estudada, podem

ser reconhecidas neste grupo as espécies: Anacardium occidentale, Chrysobalanus

icaco, Myrcia fallax, Mouriri guianensis e Pagamea guianensis. O grupo das de

diversidade, por sua vez, seria representado por espécies como Hymenaea intermedia

Ducke, Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., Manilkara triflora (Allemão)

Monach., Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre e Licania licaniiflora (Sagot)

S.F. Blake. Estas, por definição, incluem as espécies, que irão gradualmente substituir

as do grupo de preenchimento, quando essas entrarem em senescência (morte),

ocupando definitivamente a área. São de sucessão tardia, de crescimento lento.

Conclusões

Trata-se do primeiro estudo sobre seleção de espécies com potencial para

recuperação de áreas degradadas em ecossistema de restinga no litoral amazônico. Com

base em parâmetros fitossociológicos, foram reconhecidas 10 espécies lenhosas

consideradas estruturantes para uma floresta de restinga e que podem ser utilizadas em

ações de recuperação e restauração florestal com tal tipo de vegetação.

Agradecimentos

Agradecemos as valiosas contribuições do Dr. Rafael de Paiva Salomão (Museu

Paraense Emílio Goeldi/CNPq/MCT) e o apoio do Projeto Uso de Parcelas Permanentes

para Estudo de Dinâmica de Populações de Espécies Lenhosas na Floresta de Restinga

de Algodoal.

Literatura citada

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144

Teor de clorofila em mudas de aroeira do sertão adubadas com nitrogênio e

magnésio.

Adênio Louzeiro de Aguiar Júnior1, Júlio César Azevedo Nóbrega

2, Gustavo Mattos

Abreu1, Flávia Louzeiro de Aguiar Santiago

3, Gabriel Soares Lopes Gomes

4, Bruno

Leão Said Schettini1

1Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal da Universidade Federal de Viçosa.

2Professor do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas na Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia/ UFRB. 3Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências do Solo da Universidade Federal de Lavras.

4Graduando em Engenharia Florestal na Universidade Federal do Piauí/UFPI.

Resumo: Com o presente trabalho, objetivou-se avaliar o teor de clorofila total

(CT) em plantas de aroeira do sertão utilizando doses de adubos nitrogenados e

magnesianos como tratamentos. Foram aplicados cinco níveis de doses para cada

nutriente, N (0; 50; 100; 150 e 200 mg dm-3

); Mg (0; 0,3; 0,6; 0,9 e 1,2 cmolc dm-3

). Os

dados do ensaio foram submetidos à análise de regressão polinomial (p < 0,05). A CT

apresentou respostas significativas tanto para a adubação com N, quanto para a

adubação com Mg. As regressões apresentaram comportamento diferentes para ambos

os tratamentos, sendo quadrática para o N e linear para o Mg. A resposta significativa

apresentada pela fertilização pode ser de grande auxílio no monitoramento das mudas

implantadas em campo, já que a CT é de fácil medição e também é um método não

destrutivo. A adubação mineral de plantios de aroeira do sertão pode se apresentar com

uma ótima alternativa ao bom pegamento, crescimento e desenvolvimento das mudas

em campo, pois essa prática aumenta o teor de clorofila total e, consequentemente, pode

aumentar também a produtividade fisiológica da aroeira do sertão, com maiores

incrementos em fotoassimilados.

Palavras–chave: Restauração, Clorofila Total.

Chlorophyll content mastic seedlings from the hinterlands fertilized with nitrogen

and magnesium. Abstract: With this study, we aimed to assess the total chlorophyll content (CT)

in mastic plants hinterlands using doses of nitrogenous fertilizers and magnesia as

treatments. Applied doses for five levels of each nutrient (0; 50; 100; 150 and 200 mg

dm-3); Mg (0; 0.3; 0.6; 0.9 and 1.2 cmolc dm-3). The assay data were submitted to

polynomial regression analysis (p <0.05). The CT showed significant responses both to

N fertilization, as for fertilization with Mg. The regressions showed different behavior

for both treatments, and quadratic for the N and linear for Mg. The significant response

submitted by fertilization can be of great help in monitoring the seedlings planted in the

field, since CT is easily measured and is also a non-destructive method. The mineral

fertilization of the hinterland mastic plantations may present with a great alternative to

good fruit set, growth and development of seedlings in the field, because this practice

increases the total chlorophyll content and, consequently, can also increase the

physiological productivity of mastic of hinterlands, with greater increases in assimilates.

Keywords: Restoration, Chlorophyll Total.

Introdução

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro. Este bioma também é um dos mais

importantes na agricultura nacional, onde existem cerca de 50% de sua área convertidas

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em ambientes antropizados, sendo cultivadas as mais diversas culturas (agrícolas ou

florestais) e outras atividades, como a mineralização (BEUCHLE et al, 2015). Durante

anos, o processo de ocupação do cerrado ocorreu sem muitas preocupações ambientais,

principalmente em relação a importantes espécies florestais que foram predatoriamente

utilizadas para os mais diversos fins.

Dentre as inúmeras espécies que foram, e ainda são, usadas de maneira predatória

podemos destacar a Aroeira do sertão (Myracrodruon unrudeuva Fr. All.). A aroeira do

sertão é uma espécie nativa do bioma Cerrado e está distribuída em quase todo o

território nacional, sua altura pode variar de 5 a 20 metros e possui valiosas

características madeireiras, como alta densidade, boa resistência mecânica, baixo índice

de ataques por xilófagos e cor avermelhada (LORENZI, 2009).

Várias tentativas e técnicas de restauração florestal foram e estão sendo

desenvolvidas para os ambientes de Cerrado, como é o caso da semeadura direta, da

regeneração natural, da nucleação e dos plantios de mudas. Esta última consiste na

produção ex situ das mudas em que posteriormente serão inseridas na área de interesse

para que possam crescer e dar subsídios iniciais para uma possível restauração do

ecossistema em questão.

Um dos grandes problemas do plantio das mudas é que, na grande maioria dos

casos, é necessário cuidados especiais que garantam a sobrevivência das mesmas, e uma

das práticas a ser adotada refere-se a fertilização mineral, uma vez que nesses ambientes

espera-se que o solo possua possíveis deficiências nutricionais que podem reduzir a

probabilidade de sucesso da reneração (GALVÃO e MEDEIROS, 2002). Os

macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S), elementos químicos necessários ao crescimento

e desenvolvimento das plantas, apresentam-se comumente em baixas quantidades no

solo, o que pode vir a afetar negativamente características fisiológicas das plantas

inseridas no ambiente.

O nitrogênio e o magnésio são macronutrientes diretamente ligados a processos

metabólicos essenciais a adequada adaptação e função ecológica da planta, atuando

principalmente na produção de fotoassimilados (fotossíntese) e, consequentemente, em

todo o balanço energético da planta (FAGERIA et al., 1997). Diante do contexto

apresentado, com presente estudo, objetivou-se avaliar o efeito de doses de N e Mg

quanto o teor de clorofila total de mudas de aroeira do sertão cultivadas em um

Latossolo Amarelo Distrófico.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em viveiro, coberto com sombrite a 50% de

luminosidade, na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus de Bom Jesus

(UFPI/CPCE), na cidade de Bom Jesus-PI, localizado nas coordenadas 09º04’28” de

latitude S, 44º21’31” de longitude W com altitude média de 277 m.

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com um fatorial de

2x5x4, sendo, respectivamente, dois nutrientes testados, cinco doses para cada nutriente

e quatro repetições de cada tratamento. Os nutrientes testados foram o nitrogênio (N) e

o magnésio (Mg). As doses utilizadas foram de 0; 50; 100; 150; e 200 mg dm-3

e de 0;

0,3; 0,6; 0,9 e 1,2 cmolc dm-3

, respectivamente, para o N e para o Mg.

As unidades experimentais consistiram de vasos plásticos preenchidos com 2 dm-3

de solo. O solo utilizado foi proveniente do horizonte B (>0,80 m) de um Latossolo

Amarelo, coletado em área de mata nativa de Cerrado com as seguintes características

químicas: P= 1,04 mg dm-3

; K+= 32,31 mg dm

-3; Ca

2+= 0,42 cmolc dm

-3; Mg

2+= 0,15

cmolc dm-3

; Al3+

= 1 cmolc dm-3

; pH H2O= 4,4; SB= 0,65 cmolc dm-3

; T= 5,11 cmolc

dm-3

; V %= 12,72; m %= 60,62; t= 1,65 cmolc dm-3

.

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146

. Adubou-se o solo de todos os tratamentos com doses padrões de N, fósforo (P),

potássio (K), cálcio (Ca), Mg e enxofre (S), nas doses, respectivamente, de 100 mg dm-3

400 mg dm-3

, 150 mg dm-3

, 1,6 cmolc dm-3

; 0,6 cmolc dm-3

e 50 mg dm-3

. As fontes

utilizadas foram os fertilizantes uréia, super simples e cloreto potássio e os reagentes

P.A., carbonato de cálcio (CaCO3), cloreto de magnésio (MgCl2) e o sulfato de potássio

(K2SO4). Contudo, foi omitida as doses de referencias para o N quando o tratamento

testado era o próprio N e para Mg quando o nutriente testado era o próprio Mg. Ainda

aplicou-se uma solução de micronutrientes, conforme indicações proposta por Alvarez

(1974), em todos os tratamentos.

As doses de Ca e Mg foram adicionadas ao solo 30 dias antes da semeadura.

Durante esse período a umidade do substrato foi mantida na capacidade de campo. Após

o período de incubação, aplicaram-se os nutrientes restantes, seguidos de

homogeneização do solo e posterior semeadura. As doses referentes ao N, K e S foram

parceladas em quatro aplicações, a primeira parcela simultânea a semeadura, e o

restante (por meio de uma solução aquosa) em intervalos iguais de 30 dias.

Quinze dias após a emergência das plantas foi feito o desbaste, permanecendo

apenas duas plantas por vaso. Aos 120 dias após a semeadura foi realizado a avaliação

quanto a clorofila total (CT). A CT foi medida pelo aparelho eletrônico clorofilômetro

(Falker CFL-3010) pegando-se o folíolo central da folha que se encontrava mais ao

meio da altura da planta. Os dados do ensaio foram submetidos à análise de variância,

sendo as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e

regressão polinomial, utilizando o programa estatístico SISVAR 5.6 (Ferreira, 2014).

Resultados e Discussão

Os tratamentos propostos (desses de N e Mg) apresentaram diferença significativa

(p<0,05) para a clorofila total (CT). O comportamento dos dados se mostraram

diferentes para os nutrientes testados, como pode ser visualizados na imagem 1, onde

são representados o comportamento da regressão para a CT em função de doses de N e

Mg.

Imagem 1: Clorofila total em função das doses de N e de Mg.

A adubação com Mg se mostrou bastante responsiva para essa variável, a qual

apresentou comportamento linear para as doses aplicadas com este nutriente, este

comportamento foi semelhante ao encontrado para a soja (NASCIMENTO et al, 2009).

O Mg é requerido pelas folhas em altas quantidades por ser o elemento central da

molécula de clorofila e, portanto, possui caráter primordial nos teores de CT

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apresentados pelas plantas (Dorenstouter et al., 1985). Ainda em relação a imagem 2 é

possível afirmar que o aumento da CT, para a aroeira do sertão, se mostra mais eficiente

quanto a aplicação com Mg do que a adubação com o N.

É possível observar que a CT respondeu de forma quadrática a adubação com N

(imagem 1). O maior incremento verificado para a CT com adubação nitrogenada foi de

148,5125 e esse valor representou 45,88% a mais que as plantas que não receberam a

adubação com N (dose 0). A discrepância evidenciada entre o máximo e mínimo

incremento em CT confirma a importância que o N desempenha na constituição das

moléculas de clorofila, sendo ainda muito demandado para a constituição de

aminoácidos, proteínas e ácidos nucléicos (MALAVOLTA et al, 1997).

Por meio dos resultados expostos na imagem 1, é possível inferir que maior

sobrevivência da aroeira do sertão, em uma área onde se pretende a regeneração, pode

ser alcançada quando utilizada adequada quantidade de adubos nitrogenados e

magnesianos, pois estes promovem respostas positivas diretas e indiretas a aspectos

fisiológicos das plantas.

Conclusões A adubação mineral de plantios de aroeira do sertão pode se apresentar como uma

ótima alternativa ao bom pegamento e desenvolvimento das mudas em campo, pois essa

prática aumenta o teor de clorofila total e, consequentemente, aumenta a produtividade

fisiológica desta espécie.

Literatura citada

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Latossolos de Minas Gerais. 1974. 125p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição

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149

TEORES FOLIARES DE N-P-K EM POPULAÇÕES DE JATROPHA CURCAS L.

¹ Lucas Barbosa de Castro Rosmaninho, ² Djair Felix da Silva, ³ Lurian Guimarães

Cardoso, 4 Mayara Gonçalves Pereira,

5 Martha Freire da Silva,

6 Luiz Antônio dos

Santos Dias

1,3,4 Estudantes de Agronomia da Universidade Federal de Viçosa

2Professor do Curso de Engenharia Ambiental, Centro Universitário Tiradentes – UNIT/AL

5 Mestre em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa

6 Professor do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa

Resumo: Jatropha curcas L., conhecida popularmente como pinhão manso, é uma

euforbiácea, cujo dos grãos é extraído óleo para obtenção de biodiesel. No entanto, essa

espécie encontrar-se em processo de domesticação. Em relação a nutrição mineral

pouco se sabe sobre as demandas nutricionais. Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa

foi verificar e analisar os teores foliares de N-P-K em seis populações de Jathopha

curcas L. O estudo foi conduzido no Campo Experimental Diogo Alves de Mello,

pertencente à Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Utilizou-se o

delineamento em blocos casualizados, sendo os tratamentos constituídos por seis

populações de J. curcas, oriundas dos municípios mineiros de Janaúba (J1, J2, J3, J4 e

J5) e Bonfim (B1). As populações não apresentaram diferença para os teores de

nitrogênio, fósforo e potássio.

Palavras–chave: adubação, fisiologia vegetal, nutrição mineral

FOLIAR CONTENTS OF N-P-K IN POPULATION Jatropha curcas L.

Abstract: Jatropha curcas L., popularly known as physic nut, is a euforbiacea whose

grain is extracted oil to produce biodiesel. However, this species is in the process of

domestication. Little is known about the nutritional demand of the culture. Thus, the

objective of this research was to investigate and analyze the foliar N-P-K in six

populations Jathopha curcas L. The study was conducted at the Experimental Field

Diogo Alves de Mello, belonging to the Federal University of Viçosa, Minas Gerais,

Brazil. We used the randomized block design, with treatments consisting of six

populations of J. curcas, coming from the towns of Janaúba (J1, J2, J3, J4 and J5) and

Bonfim (B1). Populations showed no difference for nitrogen, phosphorus and potassium.

Keywords: fertilization, mineral nutrition, plant physiology

Introdução A comunidade científica tem intensificado pesquisas cujo objetivo é reduzir os

impactos provocados pela queima de combustíveis fósseis. Dentre essas alternativas o

biodiesel tem apresentado como um possível substituto do diesel de petróleo. A

Jatropha curcas L. tem apresentado potencial bioenergético em virtude do alto teor de

óleo nos grãos, variando de 33 a 38%, associado às características físico-químicas do

óleo, que são ideais para produção do biodiesel (DIAS et al., 2007). Além disso, a J.

curcas é adaptada a várias condições edafoclimáticas, sendo tolerante ao déficit hídrico

e aos ataques de pragas e doenças (HELLER et al., 1996)

É considerada uma espécie tolerante a solos de baixa fertilidade e capaz de se

desenvolver em áreas marginais. Drumond et al. (1984) obtiveram resultados

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150

importantes em áreas acidentadas e pastagens fortemente degradadas no Vale do

Jequitinhonha, Mucuri e rio Doce.

Apesar dessas vantagens, para a J. curcas ainda não há um sistema de

recomendação de adubação, mas segundo Cantarutti et al. (2007) esse pode ser

realizado pela associação da análise química do solo com a dos tecidos das plantas.

Nesse contexto, para obtenção do sistema de recomendação baseado no balanço

nutricional, é necessária a determinação da composição química e do acúmulo de

nutrientes pelas folhas e frutos, assim como a exportação de nutrientes presentes no

solo pela colheita dos frutos (LAVIOLA & DIAS, 2008).

Dessa forma, o objetivo desse estudo foi verificar a existência de diferença entre

os teores foliares de N-P-K em seis populações de J. curcas.

Material e Métodos O experimento foi realizado com plantas de 4,5 anos de idade. As plantas foram

cultivadas no espaçamento 2,5 x 2,5 m, no Campo Experimental “Diogo Alves de

Mello”, da Universidade Federal de Viçosa, MG. O solo da área foi classificado como

Latossolo Vermelho-Amarelo. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é

Cwa, quente e úmido, caracterizado por inverno seco e frio com temperaturas mínimas

inferiores a 10 ºC. A temperatura, durante o período experimental, variou de 15,5 a

33,4 °C, e a precipitação pluvial acumulada foi de 844,5 mm.

A adubação química foi realizada de acordo com Dias et al. (2007), aplicando-

se no plantio 100 g planta-1 do formulado N-P-K, 20-10-15. No primeiro ano após o

plantio foram aplicados 150 g planta-1 do formulado N-P-K, 20-00-15 e, nos três anos

subsequentes, em forma parcelada, aplicaram-se 200, 300 e 400 g planta-1 do

formulado N-P-K, 20-10-15, respectivamente. O experimento foi conduzido em

sistema de sequeiro e livres de competição com plantas daninhas e aos ataques de

pragas e doenças. Antes da tomada de dados experimentais coletaram-se amostras de

solo nas camadas de 0-20 e 20-40 cm, para análise química (Tabela 1).

Para determinar os teores foliares de N-P-K, utilizou-se o delineamento em

blocos casualizados, os tratamentos constituídos por seis populações de J. curcas,

oriundas dos municípios mineiros de Janaúba (J1, J2, J3, J4 e J5) e Bonfim (B1).

Coletaram-se as folhas completamente expandidas entre a sexta e a oitava abaixo da

inflorescência ou infrutescência, dependendo da fase avaliada, amostrando-se 16

unidades de cada estrato da planta por parcela. Somente as folhas livres de deficiência

nutricional aparente e/ou ataque de praga e doenças foram coletadas. Depois das coletas

dos materiais vegetais, estes foram encaminhados para o Laboratório de Agroenergia

da UFV, lavados com água deionizada e secos em estufa de circulação forçada de ar a

70 °C, até peso constante. Em seguida, as amostras foram pesadas, moídas em moinho

tipo Willey e submetidas a análises químicas, as quais foram realizadas no Laboratório

de Nutrição Mineral da mesma instituição.

Para determinação dos teores de nitrogênio total, os materiais vegetais foram

submetidos à digestão sulfúrica pelo método de Kjeldahl (MALAVOLTA et al., 1997).

Para determinação dos teores de fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, zinco,

ferro, manganês e cobre, os materiais vegetais secos e moídos foram submetidos à

digestão nítrico-perclórica (JOHNSON & ULRICH, 1959). O P foi determinado pelo

método de redução do fosfomolibdato pela vitamina C, modificado por Braga &

Defelipo (1974). O K foi determinado por fotometria de chama. Os teores de Ca, Mg,

Zn, Fe, Mn e Cu foram quantificados através de espectrofotometria de absorção

atômica (AOAC, 1975). No caso do S, este nutriente foi determinado através de

turbidimetria do sulfato (JACKSON, 1958).

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151

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, precedida pelos

testes de normalidade e de homocedasticidade de variância. Como esperança

matemática dos quadrados médios para adequação dos testadores de F, utilizou o

modelo fixo. Já as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%

de probabilidade. Esses parâmetros estatísticos foram obtidos conforme preconizado

por Dias & Barros (2009). Os procedimentos estatísticos foram realizados utilizando o

software SAS.

Resultados e Discussão

As seis populações não apresentaram diferença estatística para os teores foliares

de N-P-K (Tabela 2). O conteúdo médio de N-P-K foram respectivamente: 36,22 g/kg;

2,53 g/kg e 23,43 g/kg.

Tabela 2. Teores médios de N-P-K nas folhas de populações de Jatropha

curcas L.

N P K

Populações g/kg g/kg g/kg

J1 35,49 2,52 22,61

J2 37,35 2,67 24,69

J3 35,60 2,63 23,24

J4 36,05 2,37 24,96

J5 36,12 2,53 22,17

B1 36,72 2,54 22,93

Média 36,22 2,53 23,43

CV% 11,43 21,40 35,25

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste

de Tukey a 5% de probabilidade.

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152

Tendo em vista que as populações não diferiram estatisticamente, mas

comparando-se com os resultados obtidos por Laviola e Dias (2008), verificou-se

que apenas os teor de P foi menor. Segundo Laviola e Dias (2008) os teores

foliares de N-P-K foi respectivamente de 31,40 g/kg; 2,80 g/kg e 13,7 g/kg.

Portanto, podemos observar que não há variabilidade em relação à

absorção de nutrientes pelas populações e como isso, recomendar adubação em

quantidade igual a todas as populações analisadas.

Conclusões

As populações não apresentaram diferença para os teores foliares de N-P-K.

Literatura citada BRAGA, J. M.; DEFELIPO, B. V. Determinação espectrofotométrica de P em extratos

de solo e material vegetal. Revista Ceres, v. 21, n. 113, p. 73-85, 1974.

CANTARUTTI, R. B.; BARROS, N. F.; MARTINEZ, H. E. P.; NOVAIS, R. F.

Avaliação da fertilidade de solo e recomendação de fertilizantes. In: NOVAIS, R. F.;

ALVAREZ V., V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R. B.;

NEVES, J. C. L. (Ed.). Fertilidade do solo. Viçosa: SBCS, 2007. p. 769-850.

DIAS, L. A. S.; LEME, L. P.; LAVIOLA, B. G.; PALLINI, A.; PEREIRA, O. L.;

CARVALHO, M.; MANFIO, C. E.; SANTOS, A. S.; SOUSA, L. C. A.; OLIVEIRA, T.

S.; DIAS, D. C. F. S. Cultivo de pinhão-manso (Jatropha curcas L.) para produção

de óleo combustível. Viçosa, MG: LAS Dias, 2007. 40p.

DIAS, L. A. S.; BARROS, W. S. Biometria experimental. Viçosa, MG: Suprema,

2009. 408p.

DRUMMOND, O.A.; PURCINO, A.A.C..; CUNHA, L.H de S.; VELOSO, J. de M.

Cultura do pinhão manso. Belo Horizonte: EPAMIG, 1984. Não paginado. (EPAMIG.

Pesquisando, 131).

JACKSON, M. L. Soil chemical analysis. New Jersey, Prentice Hall, 1958. 498 p.

JOHNSON, C. M.; ULRICH, A. Analytical methods for use in plants analyses. Los

Angeles: University of California, v. 766. p. 32-33, 1959.

LAVIOLA, B. G.; DIAS, L. A. S. Teor e acúmulo de nutrientes em folhas e frutos de

pinhão-manso. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, n. 5, p. 1969-1975, 2008.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C. & OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional

das plantas: Princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba, Potafos, 1997. 319 p.

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153

Tolerâncias de espécies forrageiras a herbicidas em pós-emergência1

Mariana Borba Fonseca2, Márcia Vitória Santos

3, Priscila Junia Rodrigues da Cruz

2,

Arnon Henrique Campos Anésio4, Raul Ribeiro Silveira

5, Brenda Fernanda de Souza

Andrade7, José Charlis Alves Andrade

2, Samanta Frois Jardim

2, Vitor Diniz Machado

6

1Parte da dissertação do quarto autor, financiado pelo CNPq, FAPEMIG, CAPES.

2Estudante de Graduação em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

3Professor do Departamento de Zootecnia–UFVJM, Diamantina,MG. Coordenador/Orientador do Projeto.

4Mestre em Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

5Mestrando em Produção Animal – UFVJM, Diamantina, MG.

6Pós-Doutorando do Departamento de Zootecnia – UFVJM, Diamantina, MG.

7Estudante de Graduação em Engenharia Florestal – UFVJM, Diamantina, MG.

Resumo: Objetivou-se com este trabalho avaliar a influência dos herbicidas clomazone,

lactofen e fomesafen no número e massa seca total de perfilhos aos 60 dias após o corte

(DAC), das espécies forrageiras Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária)

e Brachiaria ruziziensis (capim-ruziziensis). O delineamento experimental foi em

blocos casualizados, com cinco repetições. Os tratamentos foram dispostos em esquema

fatorial com tratamentos adicionais (3 × 2) + 2, sendo o fator herbicida constituído por

três herbicidas: clomazone; lactofen; fomesafen; aplicados nas duas espécies

forrageiras, mais duas testemunhas sem herbicida. O experimento foi realizado em casa

de vegetação, onde aos 60 DAC as plantas forrageiras foram cortadas ao nível do solo, e

efetuou-se a contagem dos perfilhos totais e massa seca total. As plantas de Brachiaria

decumbens e Brachiaria ruziziensis são tolerantes ao herbicida fomezafen, porém são

afetadas pelos herbicidas lactofen e clomazone.

Palavras–chave: pastagem, planta daninha, herbicida, perfilhos, tolerância.

Tolerance of forage species to herbicides in post emergence

Abstract: The aim of this study was to evaluate the influence of the herbicides

clomazone, lactofen and fomesafen on the number and total dry mass of tillers at 60

days after thinning (DAT), of the forages species Brachiaria decumbens cv. Basilisk

(signal grass) and Brachiaria ruziziensis (congo signal grass). The experimental design

was in randomized blocks, with five repetitions. The treatments were disposed in

factorial scheme with additional treatments (3 × 2) + 2, being the herbicide factor

composed by three herbicides: clomazone; lactofen; fomesafen, applied on the two

forage species, plus two without herbicides. The experiment was led in a greenhouse,

when at 60 DAT the plants were harvested at ground level, and was executed the

counting of total tillers and total dry mass. Plants of Brachiaria decumbens and

Brachiaria ruziziensis are resistant to fomazafen, however are affected by lactofen and

clomazone.

Keywords: pasture, weed, herbicide, tillers, tolerance

Introdução

A degradação de pastagens é um dos aspectos mais relevantes da pecuária

nacional. Estima-se que aproximadamente 30% dos 160 milhões de hectares de

pastagens do Brasil estejam degradados (Zimmer et al., 1994). A recuperação destas

áreas é fundamental em termos econômicos, técnicos e ambientais.

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A interferência que as plantas daninhas exercem sobre as forrageiras é um dos

fatores que mais afetam negativamente a produção das pastagens. O problema da

presença de plantas daninhas está ligado diretamente à grande capacidade que estas têm

para competir com as gramíneas cultivadas, pois levam uma série de vantagens. Nesse

sentido a competição ocorre devido ao fato das plantas daninhas, geralmente, serem

mais eficientes, quanto ao aproveitamento de nutrientes, água e luz (Ruas et al., 2002).

O uso do controle químico é um método de controle mais eficiente e prático nos

dias atuais. A utilização de herbicidas constitui uma importante prática para minimizar

os efeitos negativos causados pelas plantas daninhas em pastagens, por sua facilidade de

aplicação e necessidade de pouca mão-de-obra. Entretanto, sua eficiência é dependente

de diversas variáveis, entre elas, a espécie de planta daninha a ser controlada na

pastagem, bem como a tolerância da espécie cultivada ao herbicida. (Gimenes et al.,

2011).

O estudo da seletividade dos herbicidas para com as plantas forrageiras é

particularmente importante diante da possibilidade de controlar plantas

morfologicamente semelhantes, favorecendo o estabelecimento da planta desejada. Essa

seletividade dos herbicidas ocorre devido alguns fatores, tais como o posicionamento do

herbicida no tempo e espaço, dosagem e formulação, metabolismo diferencial entre

cultura e plantas daninhas, diferenças anatômicas entre cultura e planta daninha dentro

outros aspectos. (Martins et al., 2007).

Assim este trabalho foi proposto com o objetivo de avaliar a influência dos

herbicidas lactofen, fomesafen e clomazone no número e massa seca total de perfilhos

em duas espécies forrageiras Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária) e

Brachiaria ruziziensis (capim-ruziziensis).

Materiais e métodos

O experimento foi realizado em casa de vegetação, em Diamantina, Minas Gerais.

O solo utilizado é um latossolo vermelho-amarelo distrófico (EMBRAPA, 2013) e

apresenta textura argilo-arenosa.

O solo foi previamente peneirado, corrigido quanto a acidez com calcário

dolomítico, e realizado adubação com 32 kg ha-1 de N, 112 kg ha-1 de P2O5 e 64 kg

ha-1 90 de K2O.

Em cada vaso foram cultivadas duas plantas de Brachiaria decumbens (Syn.

Urochloa decumbens cv. Basilisk) (capim-braquiária) ou duas de Brachiaria ruziziensis

(Syn. Urochloa ruziziensis) (capim-ruziziensis). Cada parcela foi constituída por um

vaso com 1,5 L de solo. As espécies forrageiras foram semeadas nos vasos na

profundidade de 1,0 cm, sendo desbastadas cerca de 20 dias após semeadura.

Os herbicidas foram aplicados sobre as plantas quando apresentavam 30 cm de

altura, simulando condições de plantas na pastagem, em estabelecimento. A aplicação

dos herbicidas foi realizada utilizando pulverizador.

Os herbicidas utilizados foram: clomazone, fomesafen, lactofen. As doses

aplicadas correspondem à recomendação para controle de gramíneas conforme os

fabricantes dos produtos.

Aos 60 dias após a aplicação (DAA) do herbicida nas plantas forrageiras, ambas

as espécies foram cortadas ao nível do solo. Inicialmente foi quantificada uma planta

por vaso, para determinação do número de perfilhos totais e massa seca após secagem

em estufa. Concomitantemente, foi colhida a segunda planta por vaso, para

determinação das frações lâmina foliar, pseudocolmo, forragem senescente e relação

lâmina foliar/pseudocolmo, com posterior determinação da massa seca após secagem

em estufa de circulação forçada a 55ºC.

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Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas

entre os herbicidas por meio do teste de Tukey, adotando- se 5% como nível crítico para

o erro tipo I. Além disso, foram feitas comparações entre as testemunhas e cada

herbicida aplicado, utilizando o teste de Dunnet, também a 5% como nível crítico para o

erro tipo I.

Resultados e discussão

O clomazone, lactofen e fomesafen não apresentaram influência na massa seca

total no capim-ruziziensis 60 DAA (Tabela 1). O número de perfilhos no capim-

ruziziensis não diferiu da testemunha, entretanto, o lactofen proporcionou maior

redução do número de perfilhos em relação ao herbicida fomesafen. Já o clomazone

apresentou efeito intermediário entre os herbicidas.

Tabela 1: Número e massa seca total de perfilhos de capim- braquiária e capim-

ruziziensis submetidas às moléculas herbicidas lactofen, fomesafen e clomazone aos 60

dias após o corte (DAC).

Número de perfilhos Massa seca total

Herbicida Ruzizienses Decumbens Ruzizienses

Decumbens

Lactofen 20,8 Bb 26,4 Aa 12,4 Ba

17,2Aa

Fomesafen 24,8 Ba 28,8 Aa 13,5 Ba

17,9 Aa

Clomazone 22,4 Bab 26,6 Aa 14,3 Ba

18,9Aa

Testemunha 23,4 B 32 A 13,2 B

19,0 A

CV % 9,78 10,73 14,21

10,45 Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas (entre os herbicidas) não diferem entre si

pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. *Significativo pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade.

No capim-braquiária não houve efeito dos herbicidas na massa seca total, porém,

houve redução do número de perfilhos pela ação dos herbicidas clomazone e lactofen

aos 60 DAA (Tabela 1), comparando-os a testemunha.

Petter et al. (2011) avaliaram a seletividade de diferentes herbicidas à cultura do

milho e do capim-ruziziensis, e observaram redução na massa seca do capim-ruziziensis

de 17,8% aos 28 DAA, quando submetida a doses de 192 g ha-1 de lactofen aplicados

aos 30 dias após a semeadura. No presente trabalho, embora não significativo, foi

observado redução semelhante na massa seca do capim-braquiária quando da aplicação

do lactofen.

As duas espécies tiveram respostas semelhantes à aplicação dos herbicidas. O

perfilhamento foi uma característica mais sensível ao uso dos herbicidas lactofen e

clomazone em relação a massa seca. Por outro lado, o herbicida fomesafen não

influenciou o perfilhamento das espécies, podendo ser utilizado para o controle de

gramíneas daninhas em pastagens de capim-braquiria ou capim-ruziziense

No capim-braquiária não houve efeito dos herbicidas na massa seca total, porém,

houve redução do número de perfilhos pela ação dos herbicidas clomazone e lactofen

aos 60 DAA (Tabela 1), comparando-os a testemunha.

O número de perfilhos e a massa seca total do capim-ruziziensis foram menores

em relação ao capim-braquiária nos tratamentos com os herbicidas e na testemunha,

sendo assim, não se pode concluir que a diferença do número de perfilhos e a massa

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seca total entre as espécies estudadas foi causada pelos herbicidas (Tabela 4) ou pelo

crescimento mais elevado do capim-braquiária.

Conclusão

Plantas de Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis são tolerantes ao

herbicida fomesafen, tornando-o um potencial herbicida para o controle de plantas

daninhas em pastagens formadas com essas espécies.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio financeiro e bolsas do CNPq

(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Brasil), FAPEMIG

(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) e CAPES (Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Literatura citada

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de

Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3. ed. Brasília:

Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2013.

GIMENES, M.J. et al. Interferência da Brachiaria decumbens Stapf. Sobre plantas

daninhas em sistemas de consórcio com milho. Revista Caatinga, v.24, n.3, p.215-220,

474 2011.

MARTINS, D. et al. Seletividade de herbicidas aplicados em pós-emergência sobre

capim-braquiária. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p.1969-1974, 2007.

PETTER, F.A. et al. Seletividade de herbicidas à cultura do milho e ao capim-braquiária

cultivadas no sistema de integração lavoura-pecuária. Semina: Ciências Agrárias,

v.32, n.3, p.855-864, 2011.

RUAS, R.A.A. et al. Controle de Brachiaria decumbens Stapf com adição de ureia à

calda do glifosato. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.42, n.4, p.455-461, 2012.

ZIMMER, A.H.; MACEDO, M.C.M.; BARCELLOS, A.O. et al. Estabelecimento e

recuperação de Brachiaria . In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11.,

1994, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários “Luiz de

Queiroz”, 1994. p.153-208.

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Uso Do Reflorestamento Como Forma De Recuperação De Áreas Degradadas -

Estudo De Caso Na Fazenda Bela Vista, MG, Brasil

Sarah Amaíse Rodrigues Valgas 1

, Daniela Duarte Ventura Melo2

1Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária

2Professora do Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária das Faculdades Santo Agostinho de

Sete Lagoas

Resumo: O presente trabalho consistiu na implantação de um projeto de restauração

ecológica de uma área degradada com processo de erosão instalado, situada na Fazenda

Bela Vista no município de Curvelo-MG-Brasil. Foi realizado o cercamento da área

com posterior plantio de 30 indivíduos de diferentes espécies nativas do bioma

Cerrado,em sistema de quincôncio. Os tratos culturais foram os mais simples possível,

no intuito de tornar viável economicamente a recuperação para pequenos produtores

rurais, usando portanto esterco de curral e roçadas no controle de plantas daninhas. Os

resultados obtidos até o momento foram positivo: a regeneração do solo está

acontecendo por meio da cobertura vegetal rasteira e foi constatada a presença de fauna

local, por meio de vestígios como fezes, sementes e a presença visível de pássaros e

cobras. O controle do processo erosivo melhora consideravelmente o aspecto visual da

paisagem e contribui para os recursos hídricos locais, além da preservação e

manutenção das espécies plantadas. AUMENTAR RESULTADO E CONCLUSÃO

QUE DEVEM SER 2/3.

Palavras–chave: ecossistema, erosão, reflorestamento, regeneração, restauração

Introdução

O crescimento da população mundial, o aumento na expectativa de vida e a

tendência à padronização do consumo têm aumentado a utilização dos recursos naturais,

resultando na alteração dos diferentes componentes da natureza, tais como relevo, solo,

vegetação, clima e recursos hídricos. Tais alterações acarretam o comprometimento da

funcionalidade do sistema, quebrando o seu estado de equilíbrio dinâmico. Estas

variáveis tratadas de forma integrada possibilitam obter um diagnóstico das diferentes

categorias hierárquicas da vulnerabilidade dos ambientes naturais (SPÖRL; ROSS,

2004). Área degradada é aquela que sofreu um impacto ambiental significativo,

geralmente de origem antrópica, que fez com que tal área perdesse sua capacidade

natural de resiliência, o que significa que mesma não retoma a um estado de equilíbrio.

García-Orth e Martínez-Ramos (2011) reforçam que as vegetações tropicais vêm sendo

destruídas pela ação humana a uma velocidade preocupante, principalmente pelos

processos inevitáveis do crescimento populacional e econômico. A retirada da cobertura

vegetal, além de expor o solo, favorecendo a perda de sua fertilidade, sua desagregação

e desestruturação (cujas partículas carreadas afetam a qualidade da água), causam danos

à fauna associada e à biodiversidade total e descaracteriza a paisagem (BARON et al.,

2002). Nas áreas de Cerrado, a degradação do solo é causada principalmente pelo seu

manejo incorreto e os monocultivos, especialmente em larga escala, em áreas sem

preparo adequado, e com baixo uso de práticas conservacionistas. Este cenário de

ocupação desordenada do Cerrado por atividades agropastoris, resultam em inúmeros

problemas que levaram ao desequilíbrio ambiental desse bioma, como a falta de

cobertura do solo, erosão, assoreamento dos rios, assoreamento das nascentes e

contaminação das águas pela presença de resíduos proveniente das ações antrópicas

(SANTOS et al., 2007). O manejo adequado é a principal ação na recuperação de áreas

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degradas, favorecendo o êxito no resultado final. Neste contexto, a realização de

projetos de recuperação de áreas degradadas (RAD), visa estabelecer um método eficaz

para que tais áreas voltem a cumprir seu papel ecológico, restabelecendo com o decorrer

dos anos, buscando a revegetação, o retorno da fauna silvestre e a estabilidade do meio

físico químico para que o ecossistema se desenvolva de forma natural no local. O

reflorestamento com espécies adequadas dá início ao processo ecológico de recuperação,

atraindo novamente a fauna local, resultando na estabilização do solo e finalmente em

um ecossistema equilibrado. O trabalho teve com objetivo verificar a eficiência do

reflorestamento na recuperação ambiental natural de uma área degradada da Fazenda

Bela Vista, MG, Brasil, por meio do monitoramento do plantio executado na área, a fim

de reestabelecer a cobertura vegetal e desta forma alcançar a restauração da função

ecológica da área em estudo.

Material e Métodos

Este trabalho constituiu na elaboração e implantação do projeto de

reflorestamento para a recuperação de uma área degradada na propriedade Fazenda Bela

Vista, localizada em Curvelo- MG, Brasil. A principal atividade dessa região é a criação

de gado para comercialização nos frigoríficos de Minas Gerais. Curvelo está situada no

bioma cerrado, o clima é tropical com temperatura média de 25ºC e preciptação anual

média de 1308,3mm (IBGE). A area total da fazenda Bela Vista é de aproximadamente

11,42 ha, e a area de estudo corresponde a 180,04m² referente a uma area com histórico

de uso para pastagem. A primeira ação realizada foi a de cercamento do local, a fim de

isolar do gado, mas ainda assim permitir o acesso à fauna Silvestre. Posteriormente

houve o preparo das covas foi realizado no mês de novembro de 2015, utilizando

esterco de curral curtido e respeitando a dimensão de 30cm x 30cm x 30cm, sendo

confeccionadas manualmente, seguido pelo plantio de 30 mudas de espécies florestais

diversas, todas atendendo ao pré-requisito de serem nativas do bioma cerrado e de

ocorrência natural na região, no período de novembro a dezembro de 2015, início da

estação chuvosa. O espaçamento adotado no plantio foi de 1m x 1m, distribuídas em

sistema quincôncio e o controle de plantas invasoras se deu por meio de roçadas

mecânicas, sem nenhum uso de herbicidas. Além disso foi realizada uma contenção com

pedras, tijolos, galhos e troncos foi construída para redução do escoamento superficial

no interior da erosão e, por fim, o plantio de capim brachiaria (Brachiaria decumbens)

no intuito de auxiliar na contenção do processo erosivo.

Resultados e Discussão

Com a implantação do reflorestamento da área degradada na Fazenda Bela Vista

em Curvelo/MG, Brasil, foi restaurada ambientalmente a área degradada. De um total

de 30 mudas plantadas, 08 não sobreviveram, um percentual de 26,67%. Foi feita a

reposição das mudas perdidas com novas mudas da mesma espécie. Nos indivíduos

Araticum (Annona cacans) e Pata de Vaca do Cerrado (Bauhinia holophylla),

observamos que nenhuma muda plantada, sobreviveu. As duas espécies se desenvolvem

em solos profundos e bem drenados. Nos indivíduos Espinheira Santa (Maytenus

ilicifolia), Pau Santo (Kielmeyera variabilis) e Canela de Veado (Helietta apiculata), o

aproveitamento foi de apenas 50 % das mudas plantadas, provavelmente em função do

período correto de plantio destes indivíduos ser no início da primavera. Outro fator que

justifica a taxa de mortalidade supracitada foi o ataque de formigas cortadeiras

(Acromyrmex spp) que vieram da vegetação vizinha e atacaram as mudas. Foi realizado

o controle de formigas cortadeiras (Acromyrmex spp) no ato do plantio com a aplicação

de formicida Madaldrim 400 (Composição Química Bruta: C12H21N2O3PS), no entanto

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159

a medida não se mostrou muito eficaz, uma vez que não houve novo controle pós

plantio. Com relação à mortalidade, para determinar se a taxa de mortalidade de

espécies nativas do Cerrado é alta ou baixa, e dessa forma ajudar a definir se a espécie

pode ser indicada ou não para projetos de recuperação, Corrêa & Cardoso (1998)

testaram diversas espécies para revegetação de áreas degradadas, chegando à conclusão

que em taxas iguais ou inferiores a 60% a sobrevivência é considerada baixa, se o valor

está entre 61% e 80% é considerada média e acima de 80%, alta. No estudo em questão,

portanto, houve uma taxa de sobrevivência média, indicando que é necessário rever a

metodologia adotada para alcançar maior sucesso. Nos indivíduos que se adaptaram,

verificamos em um período de quatro meses (Jan- maio/2016) um desenvolvimento

positivo com o surgimento de novas folhas e crescimento geral das mudas. Não houve

competição das mudas com o capim brachiaria, uma vez que foi realizada controle

manual do capim para que não interferisse no crescimento das mudas. Os restos de

galhos e troncos que foram depositados dentro das erosões propiciaram uma diminuição

do escoamento de água e o solo está, aos poucos, tendo uma renegação e as mudas

plantadas auxiliam com suas raízes na incorporação de nutrientes. Ainda existe um

desnível bem acentuado na área por conta do processo de erosivo (perda do solo), mas

as sementes de capim brachiaria, conseguem fixar superficialmente, realizando uma

contenção forma inicial nas erosões que existiam. O conceito de recuperação de áreas

degradadas tem evoluído ao longo das últimas décadas, tendo como objetivo a

regeneração, estabilidade e sustentabilidade do ambiente degradado. Para o sucesso do

processo de recuperação é preciso um plano de ações, com cronogramas financeiro e

temporal, visando o uso futuro do solo.

Conclusões A implementação deste projeto, pode ser considerada uma alternativa bem-

sucedida na recuperação de áreas degradadas, que nos leva à concluir que o isolamento

da área é o primeiro passo, não sendo indicado o uso de telas, pois deve haver a

passagem de animais silvestres. A escolha pela técnica de reflorestamento ou mesmo

plantio de enriquecimento quando há possibilidade de regeneração natural pode ser

resumida em economia e simplicidade, de modo de a se obter melhores resultados, no

entanto é preciso o monitoramento do plantio e a manutenção do mesmo a fim de

alcançar uma taxa de sobrevivência alta. No estudo em questão a falta de reaplicação do

formicida levou à perda de parte das mudas plantadas no local. O processo de

regeneração ocorre de forma lenta. Os aspectos ambientais de áreas degradadas aos

poucos vão sendo restabelecidos e o ecossistema volta a ser estruturado. É

imprescindível que agricultores, pequenos produtores e proprietários de terras, adotem

medidas ambientalmente corretas e ecologicamente sustentáveis em seus cultivos, para

que o meio ambiente seja equilibrado e dessa maneira evitem que se inicie um processo

de degradação ambiental. Para que tal conscientização seja possível torna-se essencial

uma metodologia de baixo custo, incentivos e um processo de formação de tal

consciência ambiental por parte de diversos atores (poder publico, técnicos, entidades

locais, dentre outros).

Literatura citada

BARON, J.S.; POFF, N.L.; ANGERMEIER, P.L.; DAHM, C.N.; GLEICK, P.H.;

HAIRSTON, N.G.; JACKSON, R.B.; JOHNSTON, C.A.; RICHTER, B.D.;

STEINMAN, A.D. Meeting ecological and societal needs for freshwater. Ecological

Applications, v.12, n.5, p.1247-1260, 2002.

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160

CORRÊA,R.S.;CARDOSO,E.S. Espécies testadas na revegetação de áreas

degradadas. In: CORRÊA,R.S.;MELO FILHO,B (Orgs). Ecologia e recuperação de

áreas degradadas no cerrado. Brasília- DF: Paralelo 15.1998 p.101-116

GARCÍA-ORTH, X.; MARTÍNEZ-RAMOS, M. Isolated trees and grass removal

improve performance of transplanted Trema micrantha (L.) Blume (Ulmaceae)

saplings in tropical pastures. Restoration Ecology, v.19, n.1, p.24-34, 2011.

SANTOS. V. E; MARTINS. A. R; FERREIRA. M. I. O processo de ocupação do

bioma cerrado e a degradação do subsistema vereda no sudeste de Goiás. Pós-

Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás. 2007

SPÖRL, C. & ROSS, J.L.S. 2004. Análise comparativa da fragilidade ambiental

com aplicação de três modelos. GEOUSP – Espaço e Tempo, 15: 39-49.

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161

Utilização da lama de rejeito da Samarco mineração na confecção de tijolo

ecológico

Marcos Antônio Gomes1, Daniel de Abreu Milagre

2, Igor Fernandes de Abreu

3, Ana

Paula Bicalho de Mello4, Priscila Caroline Albuquerque da Silva

1, Rosenilson Pinto

1

1Professor (a) Doutor (a) e Pesquisador (a), UEMG Unidade João Monlevade.

2Graduando em Engenharia de Minas, UEMG Unidade João Monlevade.

3Engenheiro de Minas e pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade.

4Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental, UFSC.

Resumo: O presente trabalho abordará a lama de rejeito da Samarco Mineração que foi

depositado ao longo do Rio Doce e alguns afluentes, oriundo do rompimento da

barragem de fundão no Município de Mariana – MG. O aproveitamento da lama

(rejeito) de mineração para a fabricação de tijolos de solo-cimento é uma alternativa

ambientalmente sustentável que preserva os recursos não-renováveis e possibilita a

valorização destes resíduos, em vez de simplesmente lançá-los na natureza. Além disso,

os tijolos de solo-cimento não passam pelo processo de cozimento, evitando o

desmatamento e conseqüentemente a poluição do ar.

Palavras-chaves: Desenvolvimento sustentável, Resíduo de Mineração, Construção

civil.

Use of mud tailings Samarco mining in the production of ecological brick

Abstract: This paper will address the mud tailings Samarco Mineração that was

deposited along the Rio Doce and some tributaries originating from the disruption of the

precipice dam in Mariana County - MG. The use of mud (waste) mining for the

production of soil-cement bricks is an environmentally sustainable alternative that

preserves non-renewable resources and enables the recovery of this waste, rather than

simply throw them in nature. Also, the soil-cement bricks do not pass through the

cooking process, preventing deforestation and therefore air pollution.

Keywords: Sustainable development, Mining wastes, Civil construction.

Introdução

O aproveitamento do rejeito de minério de ferro oriundo das barragens

mineradoras para a fabricação de tijolos de solo-cimento é uma alternativa

ambientalmente sustentável que preserva os recursos não-renováveis e possibilita a

valorização destes resíduos, em vez de simplesmente lançá-los na natureza. Além disso,

os tijolos de solo-cimento não passam pelo processo de cozimento, evitando o

desmatamento e conseqüentemente a poluição do ar.

No intuito de contribuir para a melhoria da qualidade ambiental, destinação final

para o rejeito e, possivelmente, a abertura de um novo mercado econômico para a região

afetada pelo rompimento da barragem de rejeito da Samarco Mineração, o projeto visa a

avaliação da utilização do rejeito na fabricação de tijolo solo-cimento (tijolo ecológico)

reduzindo assim o percentual de resíduo a ser gerado e dando a este a forma de um

produto com valor econômico, minimizando os impactos causados pelo rompimento da

barragem de Fundão ao longo da bacia do Rio Doce, contribuindo para a melhoria da

qualidade de vida da população e reconstrução das casas que foram destruídas.

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Material e Metodos

O referido trabalho foi elaborado no laboratório da UEMG, utilizando uma prensa

Saara com capacidade de prensagem de 6 ton. Na composição do solo-cimento, utilizou-

se o solo arenoso fino (rejeito de minério de ferro) oriundo do rompimento da barragem

de fundão da empresa Samarco Mineração, município de Mariana-MG. Foram

estudadas dosagens contendo solo natural sem adição de resíduo, solo mais 20% de

rejeito de minério, solo mais 40% de rejeito de minério e solo mais 60% de rejeito de

minério em relação à massa de solo. Para cada uma dessas composições foram

utilizados três teores de cimento - 10%, 15% e 20% - em relação à massa da mistura

solo-resíduo. O rejetio foi peneirado e misturado ao solo argiloso mais o cimento CP5.

Essa mitura foi umidecida, misturada e compactada na forma da prensa manual.

Foram confeccionados tijolos (figura 1) para a realização de ensaios de resistência.

Os ensaios dos tijolos foram realizados em conformidade com as Normas Brasileiras

pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece um

valor médio maior ou igual a 2,0 Mpa para tijolos de solo-cimento.

Figura 1. Tijolo ecológico fabricado no laboratório da UEMG.

Resultados e Discussões

Os tijolos ecológicos feitos com rejeito de minério de ferro, solo e 10% de

cimento apresentou a seguinte resistência de acordo com as normas da ABNT: aos sete

dias não atendeu às prescrições da NBR 8492, que prescreve um valor médio maior ou

igual a 2,0 MPa. Observa-se para todas as amostras em estudo que houve um aumento

da resistência em função do tempo de cura e também em função do aumento da

quantidade de cimento. Aos 28 dias de cura um tijolo com traço correspondente a 15%

de cimento na mistura de solo e rejeito apresentou uma resistência de 6,08 Mpa, sendo

que o mínimo exigido pelas normas para a construção civil é de 2,0 Mpa. Assim,

notamos que o cimento reage durante o passar do tempo, ganhando maior resistência e

durabilidade.

Tabela 3 – Resultados do ensaio de resistência (MPa)

07 dias 28 dias 56 dias

Solo + 10% de cimento + 20% RM 1,80 3,60 4,80

Solo + 20% de cimento + 20% RM 2,89 5,67 7,33

Solo + 10% de cimento + 40% RM 2,79 4,42 4,96

Solo + 20% de cimento + 40% RM 3,84 6,96 8,16

Solo + 10% de cimento + 60% RM 2,81 4,66 4,98

Solo + 20% de cimento + 60% RM 3,76 6,56 7,45

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Conclusões

O uso dos tijolos de solo-cimento-rejeito produzidos por meio de prensas manuais,

com aplicações de técnicas simples e soluções viáveis, permite o desenvolvimento de

componentes de sistemas construtivos com vantagens ambientais, evitando a queima

exagerada de árvores para a cura do tijolo e destinação final para os rejeitos da

mineração, evitando o acumulo em barragens. Além de não utilizar a queima e emissão

de CO2 na atmosfera o tijolo ecológico apresenta viável tecnicamente por sua grande

durabilidade e manutenção em obras de pequeno porte como por exemplo casas

populares.

Agradecimentos

Agradecemos à Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado de Minas

Gerais pela oportunidade de desenvolver esse projeto, agradecemos também a

Secretária de Obras da Prefeitura Municipal de João Monlevade pela doação das prensas

para elaboração do tijolo ecológico e demais projetos.

Literatura Citada

BOSCOV, M. E. G. “Geotecnia Ambiental”. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. p.

185-207.

BLUCHER, E. Mecânica dos solos para engenheiros - volume 1. São Paulo, Blucher,

1999.

DAVIES, M. P.; MARTIN, T. E. Mine tailings dams: when things go wrong in

proceedings of tailing dams. Las Vegas: Association of State Dam Safety Officials, U.S.

Committee on Large Dams, 2000. p. 261-273.

FIQUEROLA, V. Alvenaria solo-cimento, Revista Téchne, número 85, 2004.

MOURA, E. Estudo comparativo do comportamento do solo-cimento. São Paulo.

Dissertação (mestrado), 2004 – EP USP.

PENNA, Paulo Camillo V. Barragens de rejeitos: resgate de um compromisso com a

sustentabilidade. In: Revista Indústria da Mineração. maio/junho 2009. n 25. ano 4. 18

p.

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164

Utilização de materiais recicláveis no tratamento de efluente em zona rural de

Itabira/MG

Gabriel Lage Magalhães1, Phillipe Sedlmaier A. Bragança

1, Marcos Antônio Gomes

2,

Igor Fernandes de Abreu3, Leonardo Lúcio de Araújo Gouveia

2, Daniela Faraci

Moreira4

1Graduando em Engenharia Ambiental, UEMG Unidade João Monlevade.

2Professor e pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade

3Engenheiro de Minas e Pesquisador, UEMG Unidade João Monlevade.

4Graduanda em Engenharia Civil, UEMG Unidade João Monlevade.

Resumo: O Brasil vem passando por problemas no fornecimento de água para consumo

humano, problema este, antes comum nos grandes centros urbanos e que hoje já afeta as

áreas rurais do país, grande parte desses problemas é influenciado pela falta de

saneamento básico que falta em partes do pais. Além da escassez, outro agravante é a

má qualidade dos recursos hídricos disponíveis. Este trabalho foi produzido de forma a

desenvolver e avaliar um método de tratamento de esgoto doméstico para área rural,

utilizando um filtro anaeróbico de fluxo ascendente preenchido com materiais

recicláveis, com a finalidade de tratar o efluente com eficiência e de forma barata para o

produtor rural. Foram feitas análises de DBO, pH, turbidez, sólidos sedimentáveis. O

estudo comprovou a eficiência do sistema, demonstrando que o sistema pode ser eficaz

na utilização do tratamento de efluente sanitário.

Palavras-chave: Recursos hídricos, Escassez de água, Tratamento de resíduos.

Use of recyclable materials in wastewater treatment in rural area at Itabira / MG

Abstract: Brazil has been experiencing problems in the supply of drinking water, a

problem before common in large urban centers and which now affects rural areas of the

country, many of these problems is influenced by the lack of basic sanitation is lacking

in parts of parents. Besides the shortage, another aggravating factor is the poor quality

of available water resources. This paper was produced in order to develop and evaluate

a sewage treatment method for rural areas by using an anaerobic filter upstream filled

with recycled materials, for the purpose of treating wastewater efficiently and

inexpensively for farmers. Analyses were made of BOD, pH, turbidity, settleable solids.

The study proved the efficiency of the system, showing that the system can be

effectively used in the treatment of domestic sewage.

Keywords: Hidric resources, Water scarcity, Waste treatment.

Introdução

O grande aumento da população urbana e rural, traz consigo um aumento na

produção de efluentes e resíduos. Com isso, existe a necessidade de condicionar e tratar

os resíduos gerados em seu dia a dia, evitando que o mesmo seja lançando em rios,

lagos e outros. Mas com esse aumento, viu-se que o grande acréscimo de matéria

orgânica e resíduos nos corpos hídricos prejudicam a autodepuração, causando

contaminação das águas, tornando o consumo das fontes hídricas mais impuras à vida

(ÁVILA, 2005).

O desenvolvimento deste trabalho visou a implantação de sistema alternativo de

tratamento de esgoto sanitário, utilizando materiais recicláveis, como anéis de bambu e

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tampas de garrafas pet, na busca por um tratamento de qualidade sem perda da

eficiência e com baixo custo de implantação.

A escolha está ligada ao baixo custo para implantação e ao tipo de material que

apresenta boa durabilidade em contato com a água, outro fator relevante e a facilidade

para aquisição dos mesmos.

Material e Métodos

O projeto foi desenvolvido e aplicado em uma residência da zona rural de

Itabira/MG, que é utilizada por uma família de 5 pessoas, sendo frequentada de 3 a 4

dias por semana, apresentando uma demanda considerada comum para as áreas rurais da

região.

O filtro utilizado foi feito utilizando-se de uma bombona plástica de

armazenamento de azeitona, de 200 litros de volume. Todo o processo seguiu as normas

estabelecidas pela Norma Brasileira (NBR) 13969. Por se utilizar de materiais

alternativos na construção, este sistema trata-se de um protótipo e serve de modelo para

análise de eficiência do objetivo. A figura 1 demonstra modelo do sistema de tratamento

construído.

Figura 1 – Desenho esquemático do sistema de tratamento criado pelos autores.

Após a implantação do sistema, aguardou-se um período de 30 dias, para a

estabilização do mesmo. Findado o tempo, iniciaram-se as análises semanais, onde

foram medidas as remoções de matéria orgânica, por meio de demanda bioquímica de

oxigênio, turbidez, pH e sólidos sedimentáveis.

Resultados e Discussão

O modelo de filtro apresentou variação nos resultados e que são condizentes com

a demanda da família. Quanto maior a frequência dos moradores na residência, maior é

a produção de efluente fresco, o que resulta em um aumento significativo da Demanda

Bioquímica de Oxigênio (DBO). A variação dos moradores influenciou nos resultados,

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porém não interferiu na comprovação da eficiência do sistema de tratamento, conforme

analises abaixo:

Figura 2 – Valores da amostragem de DBO.

A redução média entre o afluente e o efluente da DBO foi de 70%, sendo

consideravelmente expressiva para a prevenção de contaminações ambientais.

Os valores de pH da entrada e saída apresentaram estabilidade, variando entre 6,0

e 8,25. O pH da saída do sistema apresentou uma queda com o passar do tempo de

funcionamento, variando de pH 8,6 à 6,58. Estes valores apontam que o filtro

apresentou bom desenvolvimento tanto das bactérias quanto das Arqueas

Metanogênicas, pois, por se tratar de um tratamento anaeróbio, é comum verificar pH

menor que 5 quando o sistema não está funcionando adequadamente, conforme figura 2.

Figura 3 – Valores da amostragem de pH.

Foram realizadas três analises de sólidos sedimentáveis. Essas análises demostram

a eficiência de 100% do sistema na remoção dos sólidos sedimentáveis, como

apresentado pelo figura 3.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

30 39 46 53

DB

O (

mg/L

)

Dias após a partida do filtro

Entrada

Saida

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

30 39 46 53

pH

Dias após a partida do filtro

Entrada

Saida

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167

Figura 3 – Valores da amostragem de sólidos sedimentáveis.

Na amostra de sólidos sedimentáveis foi comprovada a total remoção pelo filtro

anaeróbico. O resultado atende ao preconizado pela Deliberação Normativa Conjunta

COPAM/CERH0MG nº1, de 05 de maio de 2008. Conforme a COPAM os valores para

lançamento em corpos d´água devem ser até 1mL/L em teste Imhoff. Neste trabalho,

foram identificados valores chegando a zero, mostrando máxima remoção de sólidos

sedimentáveis.

Conclusões

Com o presente estudo foi possível perceber como um sistema de tratamento

simples pode trazer resultados expressivos no tratamento do esgoto. Após as análises

qualitativas dos resultados obtidos pelo sistema de tratamento, pode-se confirmar a

eficiência do tratamento do efluente através do filtro anaeróbio preenchido com anéis de

bambu e tampas de garrafa pet.

Estes aspectos mostram que é viável seu desenvolvimento e que os resultados da

aplicação do sistema de tratamento são rápidos e eficientes.

Literatura citada

American Public Health Association - Apha; American Water Works Association -

Awwa; Water Environment Federation - WPCF. Standard methods for the

examination of water and wastewater. 20thed. Washington, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Tanques sépticos

– Unidades de Tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos –

Projeto, construção e operação – NBR 13969, 1997, ABNT.

ÁVILA, R. DE O. Avaliação do desempenho de sistemas tanque séptico-filtro

anaeróbio com diferentes tipos de meio suporte. 2005. Tese de Mestre em

Engenharia Civil – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

30 39 46 53S

óli

do

s se

dim

enta

vei

s

Dias após a partida do filtro

Entrada

Saida

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Variação da erosividade da chuva no período de 1961 a 2014, em Belo Horizonte,

Minas Gerias

Daniel Dantas1, Karine Rocha Santos

2, Gabriela Paranhos Barbosa

3, Eduarda Gabriela

Santos Cunha4, Paôla Mirian Lima da Silva

5

1,2 Estudante de graduação em Engenharia Florestal pela UFVJM.

3Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFVJM.

4Engenheira Florestal, mestre em Ciência Florestal.

5Estudante de graduação em Agronomia pela UFV.

Resumo: Objetivou-se com o este trabalho estimar a erosividade média mensal (EI30) e

anual (fator R) e comparar a variação destes fatores no período de 1961 a 2014, para o

município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Utilizou-se dados mensais de precipitação

de séries históricas pluviométricas pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia

(INMET) e ao Sistema de Informações Hidrológicas da Agência Nacional das Águas

(ANA). Para avaliar a variação da erosividade ao longo do tempo, a série histórica

utilizada foi dividida em cinco períodos, sendo: Período 1 (1961 a 1971), Período 2

(1972 a 1982), Período 3 (1983 a 1993), Período 4 (1994 a 2004) e Período 5 (2005 a

2014). Para a determinação do índice de erosividade médio mensal, calculou-se a

precipitação média mensal em cada período. O índice de erosividade média anual das

chuvas (fator R) foi obtido somando-se os valores mensais do EI30. Os valores de

erosividade média anual encontrados foram 8659 MJ.mm/ha.h.ano para o período 1,

8141 MJ.mm/ha.h.ano para o período 2, 9314 MJ.mm/ha.h.ano para o período 3, 9457

MJ.mm/ha.h.ano para o período 4 e 9299 MJ.mm/ha.h.ano para o período 5. Apesar da

diferença de 1316 MJ.mm/ha.h.ano entre os períodos que apresentaram maior e menor

fator R, todos os períodos se enquadraram na classe de alta erosividade. A estação

chuvosa foi responsável por aproximadamente 96% da erosividade enquanto que, a

estação seca contribuiu com 4%.

Palavras–chave: erosividade, precipitação, erosão hídrica

Abstract: The objective of this study was to estimate the average monthly erosivity

(EI30) and annual (R factor) and compare the variation of these factors in the period

from 1961 to 2014, for the city of Belo Horizonte, Minas Gerais. We used monthly data

of precipitation rainfall time series belonging to the National Institute of Meteorology

(INMET) and the Hydrological Information System of the National Water Agency

(ANA). To evaluate the variation of erosivity over time, the used time series is divided

into five periods, as follows: Period 1 (1961-1971), 2 Period (1972-1982), Period 3

(1983 to 1993), Period 4 (1994-2004) and Period 5 (2005-2014). To determine the

average monthly erosivity index, calculated the average monthly rainfall in each period.

The index of average annual rainfall erosivity (R factor) was obtained by summing the

monthly values of EI30. The intervals of average annual erosivity were found 8659

MJ.mm/ha.h.year for the period 1, 8141 MJ.mm/ha.h.year for the period 2, 9314

MJ.mm/ha.h.year for period 3, 9457 MJ.mm/ha.h.year for the period 4 and 9299

MJ.mm/ha.h.year for the period 5. Despite the difference between 1316

MJ.mm/ha.h.year periods had higher and lower R factor, all periods fit in the high

erosivity class. The rainy season accounted for approximately 96% of the erosivity

while the dry season contributed 4%.

Keywords: erosivity, precipitation, water erosion

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Introdução A degradação do solo se dá principalmente pelo arraste das partículas menores e

mais ricas em nutrientes, culminando com decréscimo da fertilidade e,

consequentemente, pela redução das produções ou pelas crescentes necessidades da

reposição de fertilizantes e corretivos. Na maioria dos casos, as perdas de solo causadas

pela erosão hídrica reduzem a espessura do solo, diminuindo a capacidade de retenção e

redistribuição da água no perfil causando maiores escoamentos superficiais e, por vezes,

maiores taxas de erosão do solo (Santos et al., 2010). Em suma, a erosão hídrica

apresenta elevado potencial de redução na capacidade produtiva dos solos e pode

comprometer os recursos hídricos superficiais (Mello et al., 2007).

Dentre os diversos fatores relacionados a ocorrência de erosão, a erosividade das

chuvas é um dos mais importantes (Mello et al., 2007) e para a determinação do

potencial erosivo das chuvas são utilizados índices, tais como o índice de erosividade

padrão, denominado EI30, descrito por Wischmeier & Smith (1978) e comumente

utilizado devido a significativa correlação existente entre esse índice com as perdas de

solo.

De acordo com Lucio et al. (1998), devido a sua localização geográfica, Belo

Horizonte sofre influência de fenômenos meteorológicos de latitudes médias e tropicais

e apresenta topografia marcante onde há uma variação altimétrica, sendo um local

favorável a ocorrência de erosão hídrica. Diante do exposto, objetivou-se com o este

trabalho estimar a erosividade média mensal (EI30) e anual (fator R) e comparar a

variação destes fatores na série temporal de 1961 a 2014, para o município de Belo

Horizonte, Minas Gerais.

Material e Métodos

O município de Belo Horizonte em Minas Gerais está localizado na Bacia do Rio

São Francisco, nas seguintes coordenadas: 19º55’ S e 43º56’ W. Se encontra a uma

altitude de 633 metros e apresenta clima tropical de altitude com inverno seco e verão

chuvoso, caracterizado como Cwa, segundo classificação de Köppen (Pinheiro &

Baptista, 1998).

Foram utilizados dados mensais de precipitação de séries históricas

pluviométricas obtidos junto ao 5° Distrito de Meteorologia – 5° DISME – pertencente

ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e no Sistema de Informações

Hidrológicas da Agência Nacional das Águas (ANA). A estação meteorológica do

INMET, em Belo Horizonte, está localizada na latitude de 19,93º S, longitude de 43,93º

W e altitude de 915,0 m. Os dados referem aos anos de 1961 a 2014, que foram

definidos em: período 1 (1961 a 1971), período 2 (1972 a 1982), período 3 (1983 a

1993), período 4 (1994 a 2004) e período 5 (2005 a 2014).

Para a determinação do índice de erosividade médio mensal (EI30), calculou-se a

média mensal para cada um dos cinco períodos avaliados, e foi utilizada a equação 1,

proposta por Wischmeier & Smith (1978). O índice de erosividade anual das chuvas (R)

é o somatório dos valores mensais desse índice, conforme equação 2.

(

)

(1) ∑ (2)

Sendo: r, precipitação média mensal (mm); P, precipitação média anual (mm).

Os valores encontrados para o EI30 e para o fator R foram comparados a fim de

verificar as mudanças ocorridas na série temporal estudada.

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170

Resultados e Discussão

Os valores encontrados para a erosividade média anual (Fator R) foram elevados

(Tabela 1), enquadrando a área de estudo na classe de erosividade alta, apesar da

diferença de 1316 MJ.mm/ha.h.ano entre os períodos que apresentaram maior e menor

fator R, pois os resultados estão compreendidos entre os valores de 7357 e 9810,

conforme classificação de Foster et al. (1981), (Tabela 2).

Tabela 1: Precipitação média mensal e fator R em cada período avaliado

Períodos Precipitação média anual Fator R

mm MJ.mm/ha.h.ano

1961-1971 1440,4 8658,6

1972-1982 1445,1 8140,9

1983-1993 1603,5 9314,0

1994-2004 1592,5 9457,0

2005-2014 1610,5 9299,1

Tabela 2: Classes de interpretação do índice de erosividade médio anual (R)

Erosividade (MJ.mm/ha.h.ano) Classes de Erosividade

R ≤ 2452 Baixa

2452 < R ≤ 4905 Média

4905 < R ≤ 7357 Moderada

7357 < R ≤ 9810 Alta

R > 9810 Muito Alta

Fonte: (Carvalho, 2008; Foster et al., 1981).

É notório que o índice de erosividade médio anual está intimamente relacionado

ao volume precipitado (Figura 1).

Figura 1: Precipitação média mensal (mm) e do índice de erosividade médio mensal (MJ.mm/ha.h)

Houve um aumento da precipitação média anual com o passar dos anos. Tal

aumento foi acompanhado pelos valores do fator R, exceto no período 4 onde, houve

uma queda da precipitação média anual em relação ao ano anterior. Entretanto, o fator R

alcançou o seu valor máximo nesse mesmo período. Isso pode ter ocorrido porque o

período 4 apresentou o maior valor de precipitação média na estação chuvosa, com

237,3 mm, ou seja, ocorreu uma concentração da precipitação intensa nesse período.

Os meses de janeiro e dezembro apresentaram os maiores valores de precipitação

média, quando se considerou toda a série temporal avaliada, com 314,4 e 336,7 mm,

respectivamente. Esses valores de precipitação são superiores à precipitação média da

estação chuvosa que é de 226,1 mm. Segundo Mello & Silva (2009), as regiões sob

maiores latitudes e altitudes, onde normalmente, há predominância do clima do tipo

Cwb/Cwa de acordo com a classificação de Köppen, apresentam maior total precipitado.

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171

Observou-se que a estação chuvosa foi responsável por aproximadamente 96% da

erosividade enquanto que, a estação seca contribuiu com 4%.

Conclusões

Os meses de maior precipitação média são janeiro e dezembro e

consequentemente, são os meses que apresentam maiores valores do índice de

erosividade médio. A precipitação e a erosividade estão intimamente relacionadas, o

aumento da precipitação média anual foi acompanhado pelo aumento no índice de

erosividade médio anual (Fator R).

Agradecimentos

À Fundação de amparo à pesquisa do Estado de Minas Gerais pelo apoio financeiro.

Literatura citada

FOSTER, G. R.; MCCOOL, D. K.; RENARD, K. G.; MOLDENHAUER, W. C.

Conservation of the universal soil loss equation to SI metric units. Journal of Soil and

Water Conservation, v.36, pp. 355-359.

LUCIO, P. S.; ABREU, M. L.; TOSCANO, E. M. M. Caracterização de séries

climatológicas em Belo Horizonte - MG. PARTE I, II, III, IV:, X Congresso

Brasileiro de Meteorologia, Brasília – DF, 1998.

MELLO et al. Erosividade mensal e anual da chuva no estado de Minas Gerais. Pesq.

Agropec. Bras., Brasília, v.42, n.4, p.537-545, abr. 2007.

MELLO, C. R. de & SILVA, A. M. da. Modelagem estatística da precipitação mensal e

anual e no período seco para o estado de Minas Gerais. Revista Brasileira de

Engenharia Agrícola e Ambiental. v.13, n.1, p68-74, 2009.

PINHEIRO, M. M. G. & BAPTISTA, M. B. Análise regional de frequência e

distribuição temporal das tempestades na região metropolitana de Belo Horizonte –

RMBH, Revista Brasileira de Recursos Hídricos 3(4): 73-88, 1998.

SANTOS, G. G.; GRIEBELER, N. P.; OLIVEIRA, L. F. C. de. Chuvas intensas

relacionadas à erosão hídrica. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e

Ambiental. v.14, n.2, p. 155-123, 2010.

WISCHMEIER, W. H. & SMITH, D. D. Predicting rainfall erosion losses: a guide to

conservation planning. Washington, USDA, 1978. 58p. (Agriculture Hand-Book, 537).

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172

Variação de propriedades físicas do solo com influencia na recarga de lençol

freático em profundidade e toposequência de uma bacia hidrográfica em Viçosa,

MG1

Alan Pessoa Valadares2, Herly Carlos Teixeira Dias

3, Leonardus Vergütz

4, Luiz

Eduardo Sapori5

1Parte do trabalho de conclusão de curso do primeiro autor, UFV.

2Estudante de Mestrado, IAC.

3Professor do Departamento de Engenharia Florestal, DEF/UFV.

4Professor do Departamento de Solos, DPS/UFV.

5Estudante de Mestrado, LHF/UFV.

Resumo: O estudo do comportamento da água que promove a recarga de lençóis

freáticos passa fundamentalmente pelo estudo da estrutura superficial. Esta estrutura

receberá a água correspondente à precipitação efetiva e ao escoamento superficial,

variáveis de entrada de água em uma bacia hidrográfica. É necessário que se conheçam

as características edáficas dos diferentes meios percorridos pela água no solo, para que

se possa avaliar o comportamento do escoamento de base, afim de que se entenda a

dinâmica da água no solo, bem como seu potencial de armazenamento. O objetivo do

presente trabalho foi avaliar cor, textura, argila dispersa em água e capacidade de

retenção de água do solo, características físicas que estão envolvidas no processo de

recarga de lençóis freáticos dentro de uma bacia hidrográfica. Houve tendência à

diminuição do percentual de argila em profundidade. A variação de cor indica uma

redução nos teores de argilas oxídicas Fe2O3 e FeO(OH) em profundidade. Os baixos

teores de argila dispersa em água indicam solos com excelente nível de agregação. A

capacidade de retenção de água possui relação polinomial de segundo grau com o

percentual de argila. A capacidade de recarga de um evento de chuva em uma bacia

hidrográfica pode ser avaliada por sua capacidade de retenção de água em profundidade

e na topossequência, pois corresponde ao volume de máxima infiltração por metro

quadrado que o solo poderá apresentar.

Palavras–chave: BACIA HIDROGRÁFICA, FÍSICA DO SOLO, RECARGA DE

LENÇOL FREÁTICO.

Changes in soil physical properties with influence on groundwater recharge in

depth and toposequence in a watershed, Viçosa, MG1

Abstract: The study of water behavior that promotes groundwater recharge depends

mainly of the study of the surface structure. This structure will receive the water

corresponding to the effective precipitation and surface runoff, water input variables in

a watershed. It is necessary to know about the soil characteristics of different sites

covered by the water in the soil, so that it can assess the basic flow behavior and

understands the dynamics of water in the soil, as well as their storage potential. The aim

of this study was to evaluate color, texture, water dispersed clay and soil water holding

capacity, physical characteristics that are involved in groundwater recharge process

within a watershed. There was a tendency to decrease the percentage of clay in depth.

The color change indicates a decrease in the contents of oxidic clays Fe2O3 and FeO(OH)

in depth. The low clay dispersed in the water indicates soils with excellent aggregation

level. The water holding capacity has second order polynomial relationship with the

percentage of clay. The charging capacity of a rain event in a watershed can be

evaluated by its water holding capacity in depth and toposequence, therefore

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corresponds to the maximum infiltration volume per square meter that the soil may

display.

Keywords: WATERSHED, SOIL PHYSICS, GROUNDWATER RECHARGE.

Introdução Com o atual crescimento populacional acelerado espera-se que nas próximas

décadas tenhamos um elevado crescimento das áreas urbanas. Isso aumentará

significativamente as áreas impermeabilizadas por estradas e edificações, de acordo

com o modelo atual de apropriação do espaço. Logo, diminuirá a área de captação ou

recarga das bacias hidrográficas, além do aumento do consumo de água direto, para

produção de alimentos e geração de energia. O desafio atual é evitar que problemas com

a disponibilidade de água se tornem cada vez mais intensos e frequentes, através do

manejo adequado de bacias hidrográficas.

As condições de cobertura do solo e o relevo possuem influência direta sobre o

volume de água que infiltra e o que sofre escoamento superficial. As barreiras físicas

constituídas por cobertura vegetal favorecem a infiltração em detrimento ao escoamento

superficial da água, enquanto a pavimentação acarreta a impermeabilização parcial do

solo. A textura e a estrutura dos solos influenciam diretamente a relação

infiltração/deflúvio (escoamento superficial), uma vez que determinam a velocidade

com que se dará o escoamento subsuperficial de determinado volume de água,

influenciando diretamente a quantidade de água que infiltra e consequentemente a que

escoará superficialmente. Nas camadas mais superficiais, a matéria orgânica do solo

desempenha papel fundamental no aumento da capacidade de adsorção de água. Sua

atividade na estabilização dos agregados e sua natureza molecular a tornam

significativamente importante para o aumento da capacidade de retenção de água pelo

solo.

Poucos estudos têm abordado as propriedades físico-hídricas do solo e a

morfologia junto à análise estrutural dos solos, para determinar transições dos atributos

do solo na topossequência e caracterizando a dinâmica do meio físico (JUHASZ, 2006).

Portanto, é necessário que se conheça e entenda a dinâmica com a qual o volume

de água percorre cada parte do seu trajeto, afim de que se possa obter maior controle e

conservação sobre os recursos hídricos, condicionando as opções de uso de forma

racional e eficiente.

O presente trabalho tem como objetivo avaliar as características físicas do solo em

profundidade e topossequência, que influenciam a recarga de água na bacia hidrográfica

do Janjão (Horta Biodinâmica - UFV), Viçosa/MG.

Material e Métodos O estudo foi desenvolvido na Horta Biodinâmica da Universidade Federal de

Viçosa, conhecida como Bacia do “Janjão”. A área possuiu cerca de 16,860 ha; 1,588

km de perímetro e declividade média de 28,23%. O coeficiente de compacidade igual a

1,0829; índice de circularidade igual a 0,84; fator de forma igual a 0,7024 e densidade

de drenagem igual a 1,5731. O material geológico é predominantemente gnáissico, com

solos pertencendo à classe dos Latossolos Vermelho-Amarelos. Foi utilizado o modelo

digital de elevação hidrologicamente consistente (MDEHC) do Laboratório de

Hidrologia Florestal da Universidade Federal de Viçosa para cálculo das variáveis

geomorfométricas.

Foram perfurados na bacia, quatro poços piezométricos para monitoramento do

nível do lençol freático, sendo na ocasião retirada uma amostra de solo a cada metro e

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174

meio de profundidade, até atingir a rocha. Os poços foram alocados representando uma

topossequência, desde a posição mais baixa, próxima ao curso d’água, até o inicio do

terço superior (fim do terço médio) da vertente, sendo as cotas do Poço 1 = 715m, Poço

2 = 704m, Poço 3 = 680m e Poço 4 = 685m (Figura 1).

As amostras superficiais foram coletadas posteriormente até profundidade de 30

cm a partir do nível do terreno, ao lado do ponto de perfuração do poço, utilizando trado

holandês de 500 mL. De cada amostra foram retiradas alíquotas de terra fina seca ao ar

(TFSA) para procedimento das análises.

Foram realizadas análises de cor pela caderneta de Münsell (Münsell Soil Color

Chart, 1975), além da granulometria, argila dispersa em água e capacidade de retenção

de água (capacidade de campo) conforme metodologias propostas pela EMBRAPA

(2011).

A capacidade de armazenamento total de água do perfil foi determinada segundo

a metodologia proposta por REICHARDT (2008).

Figura 1 - Diagrama esquemático dos poços em topossequência na Bacia do Janjão,

Viçosa/MG, LHF/UFV, 2013.

Resultados e Discussão

Ocorre uma diminuição drástica nos tons vermelho e amarelo entre 3,0 e 4,5

metros de profundidade no Poço 1; 7,5 e 9,0 metros de profundidade no Poço 2; 12,0 e

13,5 metros de profundidade no Poço 3 e entre 7,5 e 9,0 metros de profundidade no

Poço 4.

Ocorre uma redução drástica no teor de argila em profundidade nos perfil. Essa

mudança se dá entre 1,5 e 3,0 metros de profundidade no Poço 1; 6,0 e 7,5 metros de

profundidade no Poço 2; 7,5 e 9,0 metros de profundidade no Poço 3 e entre 7,5 e 9,0

metros de profundidade no Poço 4. Nessas transições a queda no teor de argila para o

Poço 1, Poço 2, Poço 3 e Poço 4 foi, respectivamente, 36%, 29%, 30% e 41%.

A capacidade de armazenamento de água total do perfil, segundo a metodologia

proposta por REICHARDT (2008), foi de 182,6 mm; 374,4 mm; 357,4 mm e 183,3 mm

para o Poço 1, Poço 2, Poço 3 e Poço 4, respectivamente.

Os teores de argila dispersa em água foram aproximadamente zero para a maioria

das amostras, indicando um ótimo nível de agregação do solo, característico da estrutura

granular dos Latossolos (presença do horizonte B latossólico - Bw).

As mudanças de tonalidade observadas podem estar associadas à redução nos

teores de argilas oxídicas, em especial os óxidos de ferro Fe2O3 e FeO(OH),

responsáveis pelas tonalidades vermelha e amarela, respectivamente. Tende a indicar

ainda a perda de argila em profundidade, considerando a predominância dessas argilas

oxídicas em solos altamente intemperizados como os apresentados na área.

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Pelas análises granulométricas observou-se tendência à diminuição do percentual

de argila em profundidade. Para camadas mais próximas à rocha, as classes texturais

foram Areia Franca e Franco Arenosa, as quais apresentaram os menores valores de

capacidade de retenção de água. Os primeiros 13,5 a 16,5 metros de solo acima da rocha

apresentou material com no máximo 40% de argila, compreendendo em geral texturas

grosseiras, com exceção de algumas camadas nos poços 2, 3 e 4, nas posições mais

baixas da topossequência, com 36%, 40% e 51% de teor de argila, respectivamente,

apresentando textura argilo arenosa e argilosa, mesmo em grande profundidade, (Figura

2).

Figura 2 - Teores de argila em profundidade na topossequência da bacia do Janjão,

Viçosa/MG, 2014.

A capacidade de retenção de água seguiu comportamento semelhante ao

percentual de argila. Houve tendência de diminuição em profundidade, acompanhando

sempre as alterações nos teores de argila, (Figura 3). Menor percentual de argila pode

representar menor condutividade hidráulica do solo, logo, menor capacidade de

armazenamento do freático (COELHO, 2006). A diminuição drástica no teor de argila

diminui o tempo de percolação, por ocorrer mais superficialmente no Poço 1, o perfil da

encosta apresenta menor volume de solo superficial com elevada capacidade de reter

água, (Figura 2).

A capacidade de armazenamento total média na topossequência foi de 278,9 mm.

A lâmina d’água da encosta encontra-se em material de textura franco arenosa a

areia franca, que apresentam capacidade de armazenamento média de aproximadamente

11,0 mm (11,0 L/m2). Em solos de cerrado, com textura similar a das camadas em

questão, somente quando o volume medido de chuva foi maior que 10 mm, a umidade

dos solos, em toda a topossequência, foi capaz de aumentar e atingir a faixa de

capacidade de campo (JUHASZ, 2006).

Para relevos aplainados e solos bem drenados, de textura grosseira, espera-se que

o volume de chuva que promova recarga efetiva seja aproximadamente sua capacidade

de campo. Em relevos acidentados, onde o escoamento superficial não for desprezível,

deve-se esperar que a quantidade de chuva para que haja recarga seja maior que a

capacidade de campo quando. Desta forma, nem toda chuva promove recarga, o que

define este limite é a condutividade hidráulica do perfil e a relação infiltração/ deflúvio.

Isto implica que chuvas mais intensas serão necessárias para recarregar lençóis

freáticos em perfis com maior condutividade hidráulica, principalmente quando em

declive, onde a infiltração é significativamente menor que a precipitação efetiva.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Teo

r d

e A

rgil

a (%

)

Profundidade (m)

P1 - 715m

P2 - 704m

P3 - 680m

P4 - 685m

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Como no presente trabalho não se conhece o percentual de infiltração da

precipitação efetiva na topossequência, pode-se considerar que as chuvas com potencial

de recarga de água no solo da bacia do Janjão devem ser maiores que 278,9 mm. Tal

volume de chuva é de rara ocorrência na região, corresponde aproximadamente ao

volume total do mês mais chuvoso.

Figura 3 - Relação entre a Capacidade de retenção de água (CC) e o percentual de

argila na topossequência da bacia do Janjão, Viçosa/MG, 2014.

Conclusões Há evidência de gradiente textural e mineralógico tanto em profundidade quanto

na topossequência, consequentemente uma mudança gradativa na forma de interação da

água com as diversas camadas do solo, dentro da topossequência.

A capacidade de retenção de água possui relação polinomial de 2˚ grau com o

percentual de argila. O teor de argila é um bom parâmetro indicativo da capacidade de

retenção de água em amostras de solo deformadas (R2 = 0,8), além de consistir em um

método relativamente simples de determinação.

A capacidade de recarga de um evento de chuva em uma bacia pode ser avaliada

por sua capacidade de retenção de água em profundidade e na topossequência, pois

corresponde ao volume de máxima infiltração por metro quadrado que o solo poderá

apresentar. Neste aspecto, a manutenção da umidade em camadas de alta condutividade

hidráulica no subsolo é de essencial importância para a alimentação regular de freáticos

e aquíferos, tendo em vista o grande volume de água necessário para reabastecer tais

camadas, além do maior tempo de percolação.

As medidas piezométricas devem ser utilizadas em conjunto com as análises

físicas do solo para melhor predição do volume de água armazenado nos freáticos.

Literatura citada

COELHO, R. M.; de SOUZA, L. A.; Torres, R. B. et al. 2006. Recuperação ambiental,

participação e poder público: uma experiência em Campinas. Relatório de

Pesquisa. In: Http://www.iac.sp.gov.br/projetoanhumas. (acessado em 01 de Dezembro

de 2014).

EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. Embrapa Solos 2° ed. revista. Rio

de Janeiro, RJ: Embrapa, 2011. 230 p.

y = -7E-05x2 + 0,0083x + 0,0318

R² = 0,7962

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Cap

acid

ade

de

rete

nçã

o d

e ág

ua

(cm

3/c

m3)

Teor de argila (%)

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177

JUHASZ, C. E. P.; CURSI, P. R.; COOPER, M. et al. 2006. Revista Brasileira de

Ciência do Solo. In:

Http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010006832006000300002&ln

g=en&nrm=iso (acessado em 01 de Dezembro de 2014).

REICHARDT, K.; TIMM, L. C. O. Solo, planta e atmosfera: conceitos, processos e

aplicações. Barueri: Manole, cap. 3, p. 17 – 56, 2008.