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III Seminário de Estudos Prisionais, Controle Social e Violência 03 e 04 de maio de 2012 Anais

III Seminário de Estudos Prisionais, Controle Social e ... · Maria de Fatima Santos Fulbright Foundation Resumo: ... Professora Adjunta do Curso de Serviço Social da Universidade

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III Seminário de Estudos Prisionais, Controle Social e Violência03 e 04 de maio de 2012

Anais

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III Seminário de Estudos Prisionais, Controle Social e Violência03 e 04 de maio de 2012

Auditório da Escola Politécnica

Coordenação Geral Luiz Claudio Lourenço

Odilza Lines de AlmeidaEduardo Paes-Machado

Secretaria ExecutivaRoberta Yoshimura

MonitoriaWeslley Almeida

Vanilton Caitano Soares de Souza Juliana Nadjanara de Oliveira Santana

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Resumos das apresentações

Militarização da segurança pública no Brasil: respostas recentes a um problema antigoLuis Antonio Francisco de SouzaProfessor da Universidade Estadual Paulista, Unesp, Marília e Coordenador Científico do Observatório de Segurança Pública da UNESP – OSPResumo:A América Latina não espantou totalmente todos os fantasmas do seu recente passado de ditaduras militares. O subcontinente ainda não restabeleceu completamente a normalidade democrática em todas as suas pr incipais facetas, não obstante já conviver com os princípios da democracia formal e do estado democrático de direito em sua dimensão jurídica. Ainda não conseguiu levar para parcelas importantes da população os princípios consagrados em suas constituições de justiça, paz e desenvolvimento com equidade. O apa ra to estatal dos países latino-americanos ainda apresenta limitações em termos de controle social, transparência e efetividade das políticas sociais. Diante de tantas incompletudes, os países da América Latina têm que enfrentar a escalada da violência, da criminalidade, do crime organizado e da desestrutura urbana de suas principais capitais. E, sempre como respostas aos problemas percebidos como públicos, as jovens democracias apelam para as instituições da segurança pública e, na falta e insuficiência destas, as forças armadas são acionadas como garantidoras da ordem e da paz. Esta parece ser a tendência atual que merece ser discutida no presente artigo.Violência Urbana: a rua nas fronteiras do medo e dos fluxosMaria Vânia Abreu PontesProfessora Tutora do Curso de Administração em Gestão Pública da Universidade Federal do Ceará-UFC e professora da Faculdade Luciano Feijão-FLFLuiz Felipe Araújo DiasEscrivão da Polícia Civil do Ceará e bacharelando em Direito pela Faculdade LucianoFeijão-FLFResumoO presente artigo procura discutir o fenômeno da violência urbana a partir da sensação do medo da rua como elemento legitimador do fantasma urbano da questão criminal. Analisa-se ainda os sentidos das representações práticas e subjetivas das tramas urbanas, que se territorializam e se constituem cognitivamente no modo de vida cosmopolita às avessas. Outra questão que o artigo pretende abordar é o discurso midiático do medo do Outro, independentemente da sua origem ou gênero. Para pautar essas problemáticas surgem algumas inquietações: como pensar o sagrado direito de ir e vir, quando explode o sentimento de insegurança nas cidades? Como avaliar os avanços das políticas de Segurança Pública frente aos paradoxos constitutivos do novo mundo social? Esses são alguns dos questionamentos que

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incitam o presente estudo. O objetivo da pesquisa está focado nos medos que têm ameaçado a vida nos grandes centros urbanos, sendo consequência de uma experiência coletiva, sentida por todos os seus habitantes ou uma parte significativa deles, através da qual nasce ou se vive uma referência de caráter mais imaginário do que de comprovação empírica. O método de pesquisa é baseado na Teoria das representações sociais, já que oferece instrumentos para melhor compreensão do fenômeno investigado que persiste em franco crescimento. Mais do que mostrar o quadro problemático da insegurança no meio urbano, o artigo discute as fronteiras e os fluxos da rua, levantando questões centrais das ciências criminais e da justiça penal. Estado penal e encarceramento em massa no BrasilCarlos Henrique Aguiar SerraProfessor do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFFResumo:Pretende-se refletir a respeito do Estado penal no Brasil adotando-se a perspectiva da longa duração e assim sendo, parte-se da premissa de que no Brasil há uma cultura punitiva que se inscreve historicamente na formação social brasileira desde o Brasil Colônia.Desta forma, o fenômeno do encarcerameno em massa, presente de forma intensa no Brasil, a partir dos anos 90, imbrica-se com muita propriedade na existência deste Estado penal. A punição passa, então, a ser percebida enquanto resolução dos conflitos sociais e há uma sacralização da pena no Brasil.Accountability in prison services: Where are our principals?Sandro Cabral Professor Adjunto de Estratégia e Operações da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e Coordenador do Núcleo de Pós-Graduação em Administração (NPGA-UFBA) Maria de Fatima Santos Fulbright Foundation Resumo:Today, several corrections systems world-wide face numerous challenges that affect both those confined and the communities to which they return. Prison overcrowding, scarcity of healthcare, professional training and education services, delayed legal assistance, and budget constraints all contribute to an environment that frequently does not satisfy legal standards of treatment and safety within the corrections world. Corrections systems are responsible for acknowledging the rights of incarcerated citizens as well as upholding standards that promote safety for inmates and communities. They have the responsibility of caring for the social, physical, and mental needs of those incarcerated, all of which affect reintegration into society (Gaes, Camp, Nelson & Saylor 2004). Ensuring the satisfaction of legal standards in the provision of public services is a challenging task, however, the likelihood of re-offense

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and the kind of citizen an ex-inmate becomes is in part dependent on the environment in which he or she lives while in contact with the correctional system. Accountability becomes of particular concern in this sector given the unique characteristics of the prison. The correctional institution is different than many institutions of public service, such as health care and education: it is a closed institution, not visible to most members of society, and it caters to those who are deemed to be the offenders of society (Maguire, Vagg & Morgan 1985). This last characteristic deserves particular emphasis because it challenges our ability to understand why we should care abou t enforcing standards in this context, which inevitably influences how accountability and its challenges are manifested in the corrections world.Desvelando os mecanismos que contribuem na reincidência da pessoa privada de liberdade no Presídio Estadual de São Borja no Rio Grande do SulCristina Kologeski FragaProfessora Adjunta do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Pampa – Unipampa. Fabio Jardel GaviraghiProfessor Assistente do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Pampa – UnipampaMariane Machado LacortteAssistente Social da Social - Universidade Federal do Pampa – UnipampaMorgana Drews da SilvaAssistente Social da Social - Universidade Federal do Pampa – UnipampaCharles Machado HoepnerGraduando do curso de Serviço Social - Universidade Federal do Pampa – Unipampa Cássio Eduardo da Silveira TôndoloGraduando do curso de Serviço Social - Universidade Federal do Pampa – UnipampaResumo: Esse artigo busca problematizar os mecanismos que contribuem na questão da reincidência da pessoa privada de liberdade no Presídio Estadual de São Borja/RS – PESB/RS. O método caracteriza-se como sendo um estudo de caso tendo o PESB como unidade de referência e utiliza instrumentos quanti-qualitativos para aproximar-se da realidade pesquisada. Os dados coletados sugerem que o estabelecimento prisional em foco cumpre a função de conter uma massa social descartável à produção capitalista, por isso, os contém num depósito humano. Nesse sentido, pune e absorve o miserável da região fronteira oeste gaúcha, uma vez que a situação social e econômica evidencia um significativo número de encarcerados numa situação de extrema vulnerabilidade social, sem qualificação profissional e, que, não raras vezes o cárcere passa a ser um lugar com melhores condições de estrutura que seu próprio lar e também um mecanismo para a própria reincidência.

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A regulação dos conflitos pelo PCC no interior das prisões paulistas: redução da violência física, interdependência e controle socialCamila Caldeira Nunes Dias Doutora em Sociologia pela USP e Professora Substituta do Departamento de Ciências Sociais da UFPRResumo:A apresentação terá como objetivo a descrição e análise das formas através das quais o Primeiro Comando da Capital (PCC) – principal organização de presos atuante em São Paulo – regula as relações e os conflitos sociais nas prisões desse estado, bem como as conseqüências da sua atuação na conformação de um espaço prisional “pacificado”, isto é, onde a violência física perde centralidade em face de outras formas de controle. Neste sentido, os “frentes de cadeia” (grupo de presos vinculados ao PCC) centralizam a intermediação dos conflitos e utilizam múltiplos mecanismos de controle através dos quais se produzem formas variadas de interdependência entre as partes em disputa, com profundo e amplo impacto na conformação da dinâmica prisional. Para além da ordem: o cotidiano prisional da Bahia oitocentista a partir da correspondência de presos Claudia TrindadeProfessora do Departamento de História da UFBA e de História da UNIJORGE, membro do grupo de pesquisa Escravidão e Invenção da Liberdade do PPGH/UFBA e doutoranda pelo mesmo Programa.Resumo:A exposição aborda o cotidiano prisional na Bahia oitocentista a partir da correspondência de presos endereçada às autoridades. Através dessa documentação busco reconstruir a vida diária da comunidade prisional, atentando para visões de mundo, parcerias e conflitos entre presos, funcionários e guardas da instituição e como, a partir dessa complexa convivência, se construía uma ordem alternativa da prisão. Essas cartas tornam-se ainda mais valiosas quando confrontadas com os documentos administrativos, o que enriquece a interpretação das questões específicas tratadas em ambos. A escrita foi um meio de protesto bastante utilizado por presos, fossem homens, mulheres, livres, escravos ou libertos, sentenciados ou não. Embora nem todos os presos fossem letrados, eles buscavam a ajuda de companheiros ou advogados para servirem de mediadores. No entanto, é significativo o número desses documentos escritos pelos próprios presos. Trajetórias da vida de presos também são analisadas a partir dessas correspondências, possibilitando perceber a interação entre a prisão e a sociedade envolvente.

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A interiorização penitenciária em São Paulo: percursos de uma pesquisa em andamentoRafael GodoiDoutorando em Sociologia da USPResumo:Nas últimas décadas, a população carcerária e o parque penitenciário do Estado de São Paulo cresceram significativamente. Ao mesmo tempo, é possível verificar um processo de reterritorialização dos presídios, com a construção de novas unidades prisionais em áreas distantes do interior do estado, a desativação de carceragens de delegacias e de instituições históricas, e a contínua requalificação e ampliação de unidades prisionais na região metropolitana. No presente trabalho, procuro problematizar a questão da interiorização penitenciária, apresentando suas características gerais e explorando algumas hipóteses que já foram formuladas para a compreensão desse processo. Em seguida, busco discutir as especificidades e transversalidades da territorialização do parque penitenciário frente a outros processos de interiorização que tiveram lugar no território paulista, especialmente a interiorização da produção agrícola e do parque industrial. Finalmente, apresento o trabalho de campo em curso no extremo oeste do estado, objetivando descrever e situar alguns dos territórios interpelados pela expansão penitenciária e os principais agentes e dinâmicas sociais que neles emergem.O que há de errado com a Sociologia da Punição?Marcos César Alvarez Professor Adjunto do Departamento de Sociologia (USP) e pesquisador sênior no Núcleo de Estudos da Violência da USPResumo:No debate contemporâneo da Sociologia, a área voltada aos estudos da punição ganhou novos contornos em anos recentes. Sem dúvida, o crescimento das taxas de encarceramento em praticamente todo o mundo, sobretudo a partir da penúltima década do século XX, bem como a emergência de políticas mais duras de combate ao crime e de formas inéditas de populismo penal ajudam a explicar o renovado interesse pelas práticas, instituições e processos sociais envolvidos em tal âmbito da vida social. Mas as discussões em torno da Sociologia da Punição se desenvolveram igualmente a partir de continuidades e de rupturas com áreas já configuradas no interior do pensamento sociológico – como a Sociologia do Desvio e da Divergência – e da busca da recuperação de argumentos e de análises dos sociólogos clássicos. Ao mesmo tempo, já surgem críticas às principais teses e diagnósticos com relação à punição na contemporaneidade, quer em termos, por exemplo, de ascensão do Estado Penal, quer em termos de uma nova cultura do controle. A presente comunicação pretende explorar alguns aspectos desse debate e avaliar criticamente a contribuição de tais embates teóricos e metodológicos para os estudos no Brasil voltados a temas correlatos.

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A Saúde Mental de Presos: um estudo de caso Thereza CoelhoProfessora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC-UFBA) e líder do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde, Violência e Subjetividade - SAVIS,Resumo:Apesar de a saúde ser um direito humano universal, garantido a todos os brasileiros através de sua Constituição, inexistem estudos no Brasil de avaliação da saúde mental de infratores presos. Essa lacuna se torna maior nos tempos atuais, quando levamos em consideração o incremento da violência criminal, que afeta a saúde dos indivíduos, e quando consideramos os esforços de inclusão da violência na agenda da saúde pública. Foi a partir desse contexto que este estudo objetivou investigar a frequência de transtornos mentais entre 260 presos de uma unidade prisional da cidade de Salvador/BA, assim como seus dados sócio-demográficos, jurídicos e de saúde. Para tanto, utilizou como instrumentos de coleta de dados o SRQ-20 e um questionário exploratório. A frequência de distúrbio mental encontrada nesse segmento populacional foi de 12,3%, mais indicativa de depressão, transtorno de ansiedade e transtorno psicossomático. Cerca de 75% dos presos possuía 1º grau incompleto, 66,5% havia cometido o delito de roubo, 62,7% não fazia atividade laborativa no regime semi-aberto e 89,6% nunca havia realizado qualquer tratamento psicológico ou psiquiátrico. Considerando que, na época em que foi feito este estudo,inexistia assistência em saúde mental na unidade prisional investigada, os resultados apontam para a necessidade de implantação de uma assistência desta natureza. Eles reafirmam também a necessidade de políticas de saúde e de segurança pública intersetoriais, que incentivem a realização de ações de prevenção da violência criminal, voltadas para a elevação do nível de escolaridade, emprego e saúde da população em geral, com destaque para os segmentos populacionais mais vulneráveis ao cometimento de atos violentos.Trajetórias de Vida: o antes e o depois da prisãoMilton Julio Carvalho FilhoProfessor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC-UFBA) e vice-líder do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde, Violência e Subjetividade – SAVIS(Sem resumo)Superlotação do cárcere - um problema para o Estado?Bernardo Montalvão Varjão de AzevêdoProfessor da Faculdade de Direito da UFBAResumo:O presente texto examina a questão da superlotação do cárcere a partir da perspectiva da Criminologia Radical. A partir deste referencial teórico, desenvolve-se uma reflexão crítica com vistas a oferecer uma proposta de resposta em torno da seguinte indagação: a superlotação do cárcere é um problema para o Estado? Pretende-se

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denunciar a partir do texto elaborado por nós sobre o assunto que a superlotação do cárcere, em verdade, não é um problema para o Estado.Gangues prisionais e dinâmicas violentas: poder e força dentro e fora do cárcere Luiz Claudio Lourenço Professor do Departamento de Sociologia (UFBA) e vice-coordenador do Laboratório de Segurança Pública, Cidadania e Solidariedade – LASSOS-UFBA. Odilza Lines Almeida Professora Adjunta da UESB e Pesquisadora do Laboratório de Segurança Pública, Cidadania e Solidariedade – LASSOS-UFBAResumo:O estudo de grupos organizados nas prisões conhecidos pela literatura como gangues prisionais (prison gangs), passam a ocupar lugar de destaque, em nosso país, a partir dos ataques ocorridos em 2006, em São Paulo. As dinâmicas entre prisão, gangues prisionais, crime e sociedade hoje são fundamentais na agenda dos estudos na área de segurança. A Bahia, a exemplo do Rio e de São Paulo, não é exceção a este fenômeno. O objetivo principal deste trabalho é apresentar notas para a discussão de como as duas principais gangues prisionais hoje presentes no estado, se caracterizam nas suas dinâmicas de atuação em diversas unidades prisionais. Essa pesquisa é um trabalho em andamento e agrega dados de caráter qualitativo desde de 2007. Nossas fontes vão desde internos, membros do staff (agentes penitenciários, diretores e psicólogas), membros de ONG’s, egressos e pesquisadores que estão atuando no interior das prisões do estado. Os dados apontam para o contexto de surgimento, as motivações para ingresso e estruturas operadas pelas gangues a partir das prisões. Também observamos a incidência de uma grande vitimização por parte dos membros destes grupos.A Violência No Norte Do Paraná: Estudo Descritivo E Estatístico De Banco De Dados De Autos Criminais Do Fórum Da Comarca De Londrina – 1934/1970 – Resultados ParciaisCelso Davi AokiDoutorando em Sociologia pela UFPRPedro Rodolfo B. De Moraes Professor Adjunto da UFPRTiago Albano e Wander Plassa granduandos em estatística pela UELResumo:O presente trabalho trata de um projeto de pesquisa em desenvolvimento no programa de pós-graduação em sociologia na Universidade Federal do Paraná/UFPR. O estudo de arquivos documentais manuscritos, gráficos, fotográficos, digitalizados, etc. produzidos, recebidos e acumulados no decurso das atividades de uma entidade pública, no caso o poder judiciário, utilizados inicialmente como instrumentos de trabalho e posteriormente conservados como prova e evidência do passado, tem sido um recurso muito fértil para o entendimento das relações sociais. O objetivo geral é o

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de compreender analiticamente o banco de dados visando obter as informações quantitativas mais simples e os indicadores cruzados mais qualitativos. Ou seja, uma análise descritiva pormenorizada nos será oferecida, constituindo um panorama da realidade jurídica e criminal da época, demonstrando, por fim, as regularidades e assimetrias das demandas propostas para o poder judiciário. Uma analise crítica também deve ser apresentada em relação à estatística enquanto disciplina, pois ela pode ser uma ‘ilusão’ da realidade observada. O produto esperado final é a consolidação de um quadro de ocorrências e de infrações criminais que possibilite uma leitura sócio-cultural e histórica do período analisado (1934-1970). É o crime observado pela historia social, isto é, o estudo de casos específicos de crimes limitados por um período histórico.

O papel e a função da prisão na (des)continuidade do comportamento delituosoOdilza Lines AlmeidaProfessora da UESB e Pesquisadora do Laboratório de Segurança Pública, Cidadania e Solidariedade – LASSOS-UFBAResumo:Na Inglaterra, quando as execuções públicas foram extintas, no final do século XIX, pensou-se que, finalmente, estávamos presenciando novos paradigmas penais condizentes com um mundo civilizado. Os argumentos de dissuasão e retribuição até então empregados deram lugar ao tratamento e reabilitação como principais objetivos da pena, bem como a um sentimento de redução da culpa do delinquente por suas infrações e transferência da responsabilidade à sociedade. Em meados da década de 1970, essa filosofia que foi chamada de “welfarismo penal” começou a sofrer ataques contra suas premissas e práticas alimentados pela sensação de fracasso devido às taxas de delito em crescimento nos anos setenta e oitenta. As políticas do sistema de controle social migraram do ideal de reabilitação do welfarismo penal, que tomou o lugar dos castigos retributivos, para a reaparição da política oficial de sentimentos punitivos e gestos expressivos na pós-modernidade. E o aparecimento do regime disciplinar diferenciado (RDD) no sistema penal no Brasil ou as supermax nos EUA são exemplos dessa política de endurecimento e ampliação de restrições ou, em última instância, de regimes mais dolorosos. O objetivo desse trabalho é justamente discutir se estamos obtendo êxito com essa política de endurecimento penal e encarceramento em massa através da análise da trajetória de egressos de uma instituição penal do Estado da Bahia. Dados iniciais apontam para a hipótese de que a instituição penal ora cumpre apenas o papel de segregação e que a continuidade da conduta delituosa do egresso, embora seja influenciada por essa instituição, é ainda mais influenciada pelas instituições que agem antes do encarceramento e pela falta de políticas pós-encarceramento.

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A realidade do Hospital de Custódia e Tratamento da BahiaPaulo Barreto Guimarães Psiquiatra, Diretor do HCT - Hospital de custódia e Tratamento da Bahia.(Sem resumo)Controle Social e Violência – um olhar sobre os operadores da Segurança Pública e Justiça Penal Thaís BattibugliDoutora em Sociologia pela USP, professora do Centro Universitário Padre Anchieta, da Faculdade Campo Limpo Paulista (Faccamp)colaboradora do Observatório de Segurança Pública (OSP) da UNESP/Marília; ResumoA cultura policial norteia a conduta policial e direciona a prática do controle social e da violência. Cada corporação policial tem um sistema de valores próprio que forma uma verdadeira cultura institucional. A cultura engloba o modo de vida de uma sociedade: crenças e idéias, instituições e sistemas, leis e costumes. Da mesma forma, a cultura policial representa um conjunto de valores, regras e práticas definidoras de um padrão cultural específico, das relações de poder e do próprio perfil da instituição. O estudo da cultura policial permite ainda determinar até que ponto e por que ações ilegais são consideradas normais e mesmo necessárias para o padrão da conduta policial. Para tanto, deve-se analisar casos de controle social arbitrário como a prisão sem o devido processo legal, tortura, casos de corrupção policial, pois nem sempre o comportamento aceito pela prática policial cotidiana é aprovado pela sociedade. Dessa forma, a ação do policial não pode ser compreendida sem o estudo da configuração, da inserção do indivíduo em um grupo pertencente a modelo burocrático com cultura característica. Cada instituição policial é marcada por cultura própria, ainda que traçada por valores gerais comuns a qualquer instituição policial. A essência da cultura de uma instituição está nos princípios que formam seus valores e seu padrão de comportamento. Tais princípios são gradualmente assimilados e internalizados por quem ingressa e se integra na cultura institucional. O policial passa a agir sem conscientemente perceber a importância desses valores como base orientadora de suas condutas e decisões (Fischer, 1996, p. 68; Elias, 2000, p. 54-55; Bretas, 1999, p. 149). A cultura policial funciona como um elo, filtro da relação entre a política de segurança pública e a prática policial. Quando o Estado elabora uma nova diretriz para a polícia, esta avalia a ordem recebida pelos parâmetros de sua cultura. Assim, a polícia poderá acatar a nova norma ou, até mesmo, ignorá-la, caso seja vista como lesiva à corporação, embora, formalmente, devesse subordinar-se ao executivo estadual.

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Papel e Inserção das IES na Política PrisionalFábio Félix Ferreira Pró-Reitor de Extensão da UESBResumo:Esse trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a regulamentação jurídica da assistência prisional e do tratamento penitenciário, nos âmbitos da Organização das Nações Unidas e do ordenamento jurídico nacional, demonstrando o (des) ajuste existente entre o conjunto normativo e a realidade do tratamento penitenciário brasileiro, bem como apresentar o papel e as possibilidades de inserção das Instituições de Ensino Superior no contexto da assistência prisional. Acentua-se, ainda, a vitimização do preso durante a execução das penas privativas de liberdade – ou de quando o Estado se nega a estruturar a assistência prisional, concluindo-se que, de fato, não existe uma política clara efetiva para o sistema prisional por parte do Estado Brasileiro e que não há uma articulação com as instituições de produção de conhecimento para discussão dos modelos de assistência e tratamento penal.Panorama da gestão prisional na Bahia Paulo César Oliveira Reis Superintendente de Gestão Prisional da SEAP(Sem resumo)“Maneiras de pensar” o controle social e a justiça penal: uma análise dos discursos parlamentares sobre a redução da maioridade penalRiccardo CappiDoutor em Criminologia (Universidade Católica de Louvain – Bélgica), Professor na UEFS, na UNEB e Professor colaborador no Mestrado Profissional em Segurança Pública, Justiça e Cidadania (UFBA) Resumo:Esta contribuição pretende oferecer uma descrição e uma leitura teórica das « maneiras de pensar » o controle social da criminalidade e a justiça penal a partir do estudo empírico dos debates parlamentares brasileiros acerca da redução da maioridade penal, ocorridos na Câmara e no Senado entre 1993 e 2010, na esteira das Propostas de Emenda Constitucional apresentadas durante o mesmo período. A análise, de cunho criminológico, permite compreender como nossos representantes políticos – favoráveis e contrários à redução da maioridade penal – têm construído seus argumentos e mobilizado referenciais cognitivos, para sustentar diversas concepções em matéria de controle social da delinquência. Além disto, à luz do marco teórico da “Racionalidade Penal Moderna” (RPM, Álvaro Pires), será possível mostrar como um amplo espectro de discursos não escapa ao modelo que consagra a pena aflitiva – em modo particular, a privação de liberdade – como referencial dominante em matéria de controle social, e isto, para além da distinção tradicional entre posições favoráveis e contrárias à extensão do uso do Direito Penal diante da criminalidade dos jovens. Enfim, será possível identificar alguns discursos que não se afiliam à RPM, por

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propor respostas que se inscrevem nas vertentes da “inovação penal” e da “regressão penal”, conceitos que irão completar o quadro teórico da apresentação.Encarceramento, trabalho e ressocialização nos Centros de Ressocialização femininos paulistas.Camilla Marcondes MassaroDoutoranda no Programa de Pós-Graduação em SociologiaUniversidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho” UNESP/Araraquara-SP.Resumo:As transformações iniciadas na década de 1970 trazem consigo a reestruturação do processo produtivo e, conseqüentemente a alteração das formas de trabalho. Nesse quadro, as condições de trabalho se tornam cada vez mais precárias, baseadas no trabalho informal, terceirizado e feminino, além do aumento do desemprego formal. Neste movimento também observamos um crescimento exponencial do encarceramento e a ampliação da oferta de trabalho dentro dos presídios por empresas e indústrias de diversos ramos da produção, que se utilizam do discurso de que o trabalho contribui para a ressocialização dos chamados criminosos, para alocarem essa força de trabalho. A comunicação aqui proposta tem como objetivo trazer alguns elementos para pensarmos as diversas faces desse processo na atualidade, a partir do estudo do trabalho realizados pelas mulheres presas em regime fechado nos Centros de Ressocialização (CRs) do Estado de São Paulo, buscando também entender de forma aprofundada as consequências desse movimento na subjetividade e nas perspectivas dessas mulheres.Penas e Medidas Alternativas: uma visão contemporânea Geder Luiz Rocha GomesPromotor de Justiça, Coordenador do CEOSP - Centro de Apoio Operacional de Segurança Pública e Defesa Social(Sem resumo)As percepções dos policiais militares sobre a violência em Salvador: a emblemática transição da polícia-força a polícia-serviço.Regina TrindadeDoutoranda em Sociologia pela UFPEResumo:O foco deste paper é a relação entre o caráter militar da formação policial (mortificação civil) e as percepções dos policiais militares sobre a violência, a partir da configuração da cidade de Salvador. Tomando como objeto de análise o policial militar, evidencia-se que a violência se relaciona e se torna elemento constitutivo de uma identidade ambígua em relação aos direitos humanos e a própria noção de cidadania das organizações policiais do ponto de vista dos seus próprios agentes. As

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representações espaciais da violência, a partir do aprofundamento da militarização e conseqüente circunscrição dos policiais militares, criam restrições sobre a possível transição de uma polícia-força para uma polícia-serviço em áreas específicas da cidade.Justiça penal brasileira: discurso democrático ― práxis autoritária Debora Regina PastanaProfessora do Programa de Pós Graduação em Direito Público da UFU. Resumo:Atualmente tornaram-se cada vez mais freqüentes as críticas ao poder Judiciário e, particularmente, à Justiça Penal brasileira. Questões como a impunidade e a insegurança, por exemplo, permeiam o imaginário social, exigindo por parte desse poder uma atuação cada vez mais adequada aos anseios sociais. Essa insatisfação difusa com a Justiça Penal no Brasil coincide com a recente reabertura política e, de certa forma, contrapõe-se a ela. Sob esse prisma se materializa a figura do Estado Punitivo que, nas palavras de Loïc Wacquant, caracteriza-se por diminuir suas prerrogativas na frente econômica e social e por aumentar suas missões em matéria de segurança, “subitamente relegada à mera dimensão criminal”. Nesse sentido ficam cada vez mais evidentes as posturas autoritárias que, atreladas ao liberalismo contemporâneo, vêm sendo incorporadas pelo Estado brasileiro e articuladas, também, pela Justiça Penal. Inserido nas recentes reflexões sociológicas de Loïc Wacquant, David Garland, Nils Christie e Zygmunt Bauman, entre outros, esse tema é ainda desprezado pela comunidade acadêmica nacional. Com efeito, a atual expansão do controle penal carece de análises críticas associadas ao projeto liberal implementado em praticamente todo o ocidente capitalista. Mesmo países que não adotaram o modelo de Estado de bem estar social, como o Brasil, paulatinamente começam a abandonar políticas penais de natureza preventivas e passam a adotar modelos meramente punitivos e repressores. Por certo, mesmo no Brasil podemos visualizar o que Garland chamou de “obsessão securitária” que direciona as políticas criminais para um maior rigor em relação às penas e maior intolerância com o criminoso. Sob essa perspectiva liberal assente também em nossa democracia, o discurso jurídico corrente após a redemocratização do país aponta para a busca de uma eficácia maior do sistema penal que seja, ao mesmo tempo, capaz de garantir a consolidação da democracia através do respeito às garantias individuais presentes na Constituição. Mantendo essa contradição a Justiça Penal brasileira atua de forma ambígua, propagando incessantemente sua democratização, mas cumprindo a lei de maneira tortuosa, agindo, assim, de forma autoritária e seletiva. Particularmente nosso discurso penal hegemônico congrega elementos absolutamente contraditórios como repressão severa e penas alternativas, leis duras e garantias processuais, encarceramento em massa e proteção aos direitos humanos. O objetivo, portanto, é oferecer um enfoque alternativo às reflexões sobre o controle penal, apontando os paradoxos presentes na Justiça Criminal e sua responsabilidade sobre os impasses na consolidação democrática nacional.

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A experiência da Penitenciária Juiz Plácido de Souza: um ponto cego na cultura do controle do crime.Letícia Núñez AlmeidaDoutoranda em Sociologia USPResumo:Nas últimas décadas, a situação carcerária do Brasil tem sido objeto de estudos de cientistas sociais e juristas que vêm desenvolvendo um papel, não só de pesquisadores, mas também de militantes e denunciantes das condições desumanas em que se encontram as das penitenciárias brasileiras. Nesse contexto, militantes dos Direitos Humanos, Juristas defensores do Direito Penal Mínimo, Abolicionistas, Ongs etc., defendem a idéia de uma pena que “ressocialize” o preso, que garanta condições para que o indivíduo, depois de cumprida a condenação, seja reinserido à sociedade usufruindo da plenitude de seus direitos. Sem questionar as boas intenções desse discurso, pretende-se nesse trabalho compreender do que está se falando quando o tema é a ideia de ressocialização .Quando propõ-se uma pena ressocializadora, está se partindo do pressuposto de que há uma sociedade onde o “criminoso” não tem lugar e para tanto é necessário um “campo de controle do crime” no sentido desenvolvido por Garland (2008). A pesquisa ultiliza-se como objeto empírico a experiência da Penitenciária Juiz Plácido de Souza do Município de Caruaru, no Agreste pernambucano, confirmando a regra das penitenciárias brasileiras, essa pode ser compreendida como uma exceção no que diz respeito à proteção dos direitos dos presos garantidos pela LEP. Essa nova realidade dentro de um campo de controle do crime, abre um espaço de análise no intuito de compreender como é possível que a teia dessa cultura de exclusão e marginalidade seja infiltrada por um novo desenho de punição.A cumplicidade entre o trabalho policial e da justiça criminal nos casos de tráfico de drogas em São PauloMaria Gorete Marques de Jesus Doutoranda do Departamento de Sociologia da USPAmanda Hildebrand Oi Pós-graduada em Segurança Pública pela PUC/SP, bacharel em DireitoThiago Thadeu da RochaGraduado em Ciências Sociais pela USPPedro Lagatta Graduado em psicologia pela USP Resumo:O presente trabalho foi inspirado a partir da pesquisa Prisão Provisória e Lei de Drogas, desenvolvida pelo NEV/USP, queteve como objetivo compreender o uso da prisão provisória nos casos de tráfico de drogas. Para atingir esse objetivo, o estudo examinou as práticas e os discursos dos profissionais do sistema de segurança pública e justiça criminal e traçou um panorama, denominado de retrato, dos casos de tráfico de drogas, o que possibilitou uma ampla análise correlacionando a seleção do sistema de justiça, a forma de atuação da polícia, a lei e a compreensão dos profissionais sobre

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prisão e segurança pública.A coleta dos dados junto aos autos de prisão em flagrantes por tráfico de drogas, o acompanhamento desses processos e as entrevistas com os profissionais do sistema de segurança pública e justiça criminal nos possibilitou identificar uma certa cumplicidade entre o trabalho policial e dos operadores do direito, compreendendo aqui os juízes e promotores. Uma característica marcante de todo o caminho percorrido por processos de crimes de tráfico de drogas é a dinâmica inercial presente nas relações entre as organizações de segurança pública e de justiça. Se as entrevistas apontam conflitos e insatisfações de operadores com as instituições complementares a seu trabalho, a prática concreta aponta para o sentido contrário: há pouca discordância no trabalho das organizações quando se trata de apreciar e julgar um crime. O que se verifica, desde a performance policial até o julgamento por parte de juízes de direito, é uma continuidade na maneira como compreendem os fatos, pautada pela falta de questionamentos e baixa qualidade das provas.

A experiência das APACs – Associações de Proteção e Assistência aos Condenados Herbert José Almeida Carneiro Desembargador do TJ-MG, Presidente do CNPCP – Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.(Sem resumo)Sessão de Painéis

Homossexualidade Feminina no Cárcere: estratégias e (re)configurações de gênero como forma de sobrevivência.Renata de Souza FranciscoMestranda em Sociologia Política pela UENFResumoO presente trabalho, tem como objetivo mostrar/desnudar quais são as estratégias e as (re)configurações de gênero que as detentas fazem uso no cárcere como forma de sobrevivência. Que a travestilidade feminina é uma forma de conseguir poder, estabelecer respeito e manter a segurança bem como de conseguir privilégios que a nossa sociedade reserva exclusivamente aos homens. Que por baixo das roupas masculinas está encoberto interesses materiais e simbólicos. Assim, mostrar que mesmo as relações homossexuais reproduzem a ordem de gênero marcando a permanência do padrão heterocêntrico, bem como da dominação masculina. O trabalho tem como ponto central identificar quais os fatores que levam as mulheres presas a estabelecerem relações homossexuais umas com as outras quando encarceradas.

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Discursos, retóricas e realidade da punição: uma análise do sistema penitenciário do estado de São Paulo na primeira década do século XXI Wellington Fontes MenezesMestrando em Ciências Sociais da UNESP-MaríliaResumo:A violência é um predicado existencial da condição humana. Com diversas derivações, simbologias e significados, a violência se forja na matriz fundadora das sociedades humanas. Sob o ponto de vista do mundo contemporâneo, é importante refletir sobre a metamorfose com que a violência vem sendo impregnada e suas manifestações. A questão das formas de punição para aqueles que cometem delitos é ainda um grande desafio para uma sociedade que busca impor seu conjunto de regras sociais aos seus indivíduos. Violência e pobreza são fenômenos sociais complexos e não-excludentes, mas não são dependentes. A construção uma gigantesca e perdulária maquinaria carcerária vêm se mostrando limitada e se observa apenas uma preocupação com a arquitetura do cumprimento da punição ao invés de uma ênfase substancial na difícil promoção da ressocialização do encarcerado. Com uma elevada população carcerária no país, o Estado brasileiro deveria dar maior atenção e de forma mais pertinente a respeito dos dilemas oriundos da ressocialização desta população carcerária e, atualmente, se tornou muito mais um discurso retórico estatal ao invés de se transformar em efetivas políticas públicas para este segmento. A partir do entendimento que a violência vem se transformando ao longo da história, derivando impactos socioeconômicos da superpopulação carcerária e observando os dilemas do mundo da prisão, o presente trabalho tem como objetivo apresentar um breve panorama da situação do sistema penitenciário do Estado de São Paulo observando a primeira década do século XXI e como o Poder Público vem tratando a temática da questão prisional. A importância com a comparação da realidade do cenário prisional nacional se fez necessária para contribuir no estudo do sistema penitenciário de São Paulo.Cidade: insegurança e fortificaçãoNaiara Conservani SchmidtMestranda em Ciências Sociais da UNESP-Marília e bolsista FapespResumo:As grandes e médias cidades brasileiras vêm passando por transformações referentes a heranças de processos contemporâneos que colocaram algumas mudanças em curso, tanto na esfera social quanto econômica. A presença dos enclaves fortificados no espaço urbano é uma dessas transformações recentes observadas. Mais do que uma oferta do setor imobiliário que contempla um tipo de construção, os enclaves são reflexos de novas demandas e necessidades da sociedade contemporânea, como a proteção, o isolamento e segurança. Tendo em vista as características desse novo processo urbano, a análise acerca das possíveis relações entre esta nova forma de habitar, baseada na separação, as transformações dos espaços da cidade e das formas de sociabilidade se mostram pertinentes. Desse modo, a investigação se volta para os

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possíveis elementos intensificadores da fragmentação das cidades médias: incorporação de formas de habitar segregadoras das elites e das metrópoles pelas cidades médias, esvaziamento dos espaços públicos e privatização da segurança.Segurança Privatizada: padrões de diferenciação e segregação no processo de urbanização em São PauloCamila Fontes SavassaMestranda em Ciências Sociais da UNESP-Marília e bolsista FapespResumo:A cidade de São Paulo cresceu norteando-se pelo mercado imobiliário altamente concentrador e especulativo, e não por articulações urbanas e metropolitanas. Por isto, não foi capaz de gerar em seu próprio benefício uma medida apropriada para suplantar seu crescimento desmedido resultante do encontro entre as complexas realidades locais e os fluxos dos agentes globais. A infra-estrutura fornecida pelos enclaves urbanos, capaz de conectar a cidade de São Paulo aos demais mercados globais, contribui para seu fortalecimento econômico, mas em contrapartida evidencia ainda mais a segregação espacial e social existente. Por mais que promovam um grandioso processo de urbanização, concentram as melhorias urbanas em espacialidades e sociabilidades específicas, aumentando o contraste interno ao seu entorno e às outras regiões metropolitanas. Os mega-empreendimentos, cujas conveniências atendem a um leque de atores sociais em detrimento de outros, levando a novas segmentações e fragmentações do espaço, permitem abordar esta tendência das metrópoles globais em reinventar os espaços urbanos, realocando estruturas e concebendo novas possibilidades de expansão e adoção de estratégias de segurança, que acabam por afetar os padrões de circulação, os trajetos diários, os hábitos e os gestos relacionados ao uso dos transportes públicos, dos parques, dos espaços comuns e das ruas. Diante da grande insatisfação com a segurança pública, um contingente cada vez maior de pessoas recorre à utilização de serviços de segurança privada, sejam estes de caráter físico ou tecnológico, setor este que apresenta grande. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança – ABASE, atualmente no Brasil, existem mais de 12 mil empresas – desconsiderando-se as empresas ilegais e/ou não cadastradas – atuando no segmento de sistemas eletrônicos de segurança, nos quais englobam: câmeras de monitoramento, gravadores digitais de imagem (DVRs), sistemas de alarmes, controle de acesso, portas e portões automáticos, proteção perimetral, portas giratórias e eclusas, dispositivos de identificação por biometria, rastreamento de veículos e seres vivos, entre outros relacionados à segurança eletrônica. Atuante em um mercado bastante abrangente, a segurança privada encontra-se tanto em estabelecimentos de comércio e serviços, quanto em condomínios e residências. Segundo a ABASE, há a estimativa de monitoramento por sistemas eletrônicos de segurança em imóveis em torno de 710 mil em todo o país. A privatização de segurança em ambientes públicos apresenta-se enquanto um fenômeno mercadológico, aliando-se cada vez mais à projetos de leis os quais julgam procedente a utilização de profissionais particulares em maior escala, superando mesmo as polícias Civil e Militar. O ato do estado em tornar apropriável um bem público como praças e ruas, só podem ocorrer de modo

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legalmente válido e constitucional, se houver, como objetivo a alcançar pela administração, um manifesto, sobrepujante e específico de interesse público. Porém, as apropriações atendem à pleitos particulares, sem maior relevância social, conduzindo à divisão territorial da cidade em núcleos fechados e à criação de classes sociais distintas e segregadas. O espaço construído em São Paulo tende a manter e ainda reforçar as situações de exclusão e vulnerabilidade sociais vividas por grande contingente de seus moradores, tendo em vista as relações que se estabelecem entre o território e sua infra-estrutura, a distribuição espacial da economia, bem como as questões de cidadania e violência.A Voz dos Silenciados: analisando a identidade dos recuperandos do regime fechado da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados – APAC – ViçosaLuana Gerçossimo OliveiraMestranda em Letras - Estudos Discursivos - na Universidade Federal de Viçosa (UFV)Resumo:Esta pesquisa buscou discutir a construção de identidades dos recuperandos do regime fechado da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados de Viçosa enquanto condenados em fase de real e efetiva recuperação. Para tanto, buscou-se analisar como os recuperandos constroem suas identidades tomando por base as narrativas escritas por eles. O corpus foi constituído de vinte e uma (21) narrativas, produzidas de forma voluntária, durante as oficinas de produção de textos ministradas pela própria pesquisadora. Este estudo levou em conta não só os pressupostos teórico-metodológicos dos estudos discursivos críticos (Fairclough, 2001, 2003), mas também reflexões e discussões em torno do conceito de identidade (Hall, 2002; Bauman, 2005; Moita Lopes, 2008; Pennycook, 2008) além dos estudos acerca da repressão e punição no cumprimento das penas (Foucault, 2010; Kloch e Motta, 2008). Como resultados gerais, observamos que os recuperandos não se colocam como vítimas, mas como responsáveis pelos seus próprios atos e suas consequências. Além disso, representam a prisão como um espaço benéfico, isto é, como uma oportunidade de mudar de vida, tornando-os pessoas melhores. No que diz respeito à identidade dos recuperandos, em algumas narrativas, observa-se a fluidez, já em outras, fragmentação identitária. Algumas identidades encontradas se resvalam para um campo semântico negativo: assassino, traficante, bicho selvagem. Embora se reconstruam desta forma, os recuperandos ainda se constituem como sujeitos reflexivos, pois se mostram abertos à transformação seja pela percepção que tem dos crimes cometidos, seja pelo discurso onipresente da APAC.O Plantão Jurídico e seu impacto na defesa dos direitos de presos: relato de experiência de projeto de extensão inserido em uma unidade prisionalArancha Gonçalves SantosClauber Rossi SilvaFábio Augusto Galvão MachadoIrece Barbosa Andrade

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Murilo Nunes AraújoPábula Novais de OliveiraOdilza Lines de AlmeidaResumo:Com o intuito de verificar a realidade do sistema carcerário e proporcionar uma melhoria na qualidade de informações e acesso à justiça aos presos custodiados no Presídio Advogado Nilton Gonçalves, localizado no município de Vitória da Conquista- BA, foi criado em agosto de 2011 o projeto de extensão “Observatório do Sistema Prisional” da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, com a participação de estudantes do curso de Direito. Uma de suas ações é o “plantão jurídico” que nos seis primeiros meses assistiu 462 internos em demandas diversas: informações referentes à sua situação processual através de consultas às Varas Crimes ou no site do Tribunal de Justiça da Bahia; contatos com defensores públicos para informar situações urgentes de violação de direitos; solicitação de documentos nas diversas Varas Criminais da região para agilizar transferências de internos quando já sentenciados e intervir em situações de ameaça aos direitos individuais. Além disso, os discentes fazem as entrevistas iniciais dos internos com o fim de verificar a necessidade de intervenção jurídica, efetivar os registros necessários, coletar seus dados pessoais/criminais, para fins estatísticos e para fornecer informações e dados ao poder público competente e seus respectivos órgãos (Ministério Público, Defensorias Públicas, Conselho Nacional de Justiça, etc.). Este projeto ainda está em andamento e tem proporcionado aos internos da unidade atendida um maior esclarecimento frente aos seus processos, contribuído para a efetivação do direito dos mesmos e proporcionado aprendizado pessoal e acadêmico para os discentes que dele participam. Estudo de eficácia do sistema prisional através da análise de trajetória de egressos Bianca Souza BomfimGislane Dutra AguiarIsmael Santos de SouzaLucas Alves Chagas LoboOdilza Lines de Almeida ResumoÉ sabido que a prisão é considerada como espaço pouco adequado para atender aos princípios de moderação das penas e de reeducação daqueles que infringem a lei, embora tenha surgido para humanizar as antigas penas de martírio. Cada vez mais, há notícias de que o contexto prisional não é saudável e que nele são encontradas situações que denunciam danos à pessoa que se encontra em regime de privação de liberdade, resultando em agravos biopsicossociais e retroalimentação da violência. Todavia, não existem trabalhos que atestem objetivamente qual sua real eficácia e os julgamentos são feitos em função de dados descontínuos ou fatos que irrompem seus muros. Esse trabalho - em andamento - tem por objetivo analisar a trajetória dos presos egressos de uma instituição penal do Estado da Bahia, através de pesquisa

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documental, entrevistas e busca ativa de informações que atestem sua condição atual através de consulta em bancos de dados disponibilizados pelas instituições de controle social. Os dados levantados englobam informações concernentes à escolaridade, origem, idade de entrada no sistema, profissão, antecedentes, artigo de entrada, reincidência, dentre outros. Da análise da amostra inicial já podemos extrair dados referentes às taxas de reincidência de egressos da unidade; identificar taxas de mortalidade desses por causas externas; analisar as taxas e padrões de empregabilidade e como as instituições de controle social impactam o processo de reinserção na vida extramuros. Tempo e espaço prisional: práticas e representaçõesRobson Augusto Mata de Carvalho Mestre em Sociologia pela UFC e professor do curso de Direito da Faculdade Luciano Feijão (FLF) Raiane Santos Pinheiro (UFC)ResumoEsta pesquisa reflete sobre o tempo de pena e o espaço prisional a partir da perspectiva dos presos das penitenciárias do estado Ceará. Entre as questões que nortearam a pesquisa estão: de que maneira os indivíduos submetidos a regras disciplinares na prisão percebem e experimentam o tempo de pena? Como os espaços na prisão são distribuídos, apropriados e ressignificados pelos presos? Quanto às técnicas e aos procedimentos metodológicos utilizados durante a pesquisa de campo na prisão, lançamos mão de observações dos espaços e das relações entre os atores sociais, da análise de documentos institucionais, de matérias de jornais locais etc. Além das observações, realizamos entrevistas semi-estruturadas com os presos, com as pessoas da equipe dirigente e com os administradores do sistema prisional, com o intuito de elucidar a rede de relações sociais constituídas na instituição.Violência e a gestão das fronteiras do BrasilAmanda Hildebrand Oi - Bacharel em direito, com especialização em segurança pública e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP.Thiago Thadeu da Rocha Graduado em Ciências Sociais e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USPO presente trabalho pretende contribuir para a reflexão sobre a violência na faixa de fronteira. A partir da sistematização de dados sobre os homicídios e as ações governamentais voltadas para essa região discute os principais aspectos que tornaram os municípios da faixa de fronteira espaços de maior atenção política e econômica. Nesse sentido, além das tradicionais preocupações com a defesa do território, mobilizando as forças armadas, a faixa de fronteira passou a provocar maior intervenção das autoridades em duas direções: de um lado, na medida em que se elevaram as atividades econômicas nessa região, aumentaram os fluxos de circulação de bens e riquezas e novas necessidades impuseram maior presença de governos municipais, estaduais e do governo federal na regulação e gestão desses

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novos contextos. Por outro lado, a intensificação de fluxos econômicos e de pessoas acarretou maior fluxo também de atividades ilegais, como o contrabando, o tráfico de drogas, de armas, de pessoas e que colocaram igualmente novos desafios para as autoridades no sentido de estabelecer uma política específica de segurança pública.Método Apac: um estudo de caso sobre o aprisionamento Priscila Rosa Bomfim GuimarãesMestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais: Cultura, desigualdade e desenvolvimento da UFRBResumoO presente trabalho busca analisar o método de aprisionamento da Associação de Proteção aos Condenados - APAC, localizado na cidade de Itaúna/MG. Tendo como objetivo principal conhecer e identificar através de entrevistas semiestruturadas e da observação participante os mecanismos de controle empreendidos aos condenados que cumprem pena privativa de liberdade na instituição, na medida em que a instituição nunca registrou ocorrência de rebeliões, mesmo não tendo policiais, arma ou de carcereiros na guarda dos condenados.Apoio:UESBCentro de Apoio Operacional de Segurança Pública e Defesa Social – CEOSP (Ministério Púbico - BA)EDUFBAPrograma de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFBAEscola Politécnica - UFBA

Organização:Laboratório de Estudos em Segurança Pública, Cidadania e Solidariedade – LASSOS

Realização:Departamento de Sociologia Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas -UFBA