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1 Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015 histórias e conquistas de um povo trabalhador e guerreiro ILHABELA 21DÉCADAS especial

Ilhabela 21 décadas

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Após conflitos indígenas, invasões europeias e o cultivo de cana em Villa Bella, chegamos ao aniversário de 210 anos de emancipação de nossa querida cidade, que também já foi chamada de Formosa e, hoje este lugar abençoado é mundialmente conhecido como Ilhabela. Uma pequena parte dessas 21 Décadas estão retratadas nas próximas páginas, com personalidades e fatos que fizeram e fazem deste arquipélago uma terra próspera e de oportunidades. Durante o levantamento histórico, contamos com a colaboração de muitos filhos da terra - alguns nascidos - e outros tantos que escolheram Ilhabela para viver, que nos contaram histórias nunca antes registradas, além de um acervo fotográfico sem igual. De fato, nosso objetivo foi alcançado. Ilhabela comemora 210 anos de Emancipação e nós, a oportunidade de colocar em suas mãos um material preparado com muito carinho e dedicação, com a certeza que será muito apreciado.

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1Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

histórias e conquistas de um povo trabalhador e guerreiro

ILHABELA

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3Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Parabens Ilhabela!

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Parabens Ilhabela!

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5Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Após conflitos indígenas, invasões europeias e o cultivo de cana em Villa

Bella, chegamos ao aniversário de 210 anos de emancipação de nos-sa querida cidade, que também já foi chamada de Formosa e, hoje este lugar abençoado é mundial-mente conhecido como Ilhabela.

Uma pequena parte dessas 21 Décadas estão retratadas nas próximas páginas, com personalida-des e fatos que fizeram e fazem deste arquipélago uma terra próspe-ra e de oportunidades.

Durante o levantamento histórico, contamos com a colabora-ção de muitos filhos da terra - alguns nascidos - e outros tantos que escolheram Ilhabela para viver, que nos contaram histórias nunca antes registradas, além de um acervo fotográfico sem igual.

O surgimento do Campo de Aviação, entre o Saco Grande e o Engenho D'Água é uma das histórias menos difundidas sobre o arquipélago, mas sem dúvida conta um dos episódios mais impor-tantes de Ilhabela com relação a política brasileira, quando a pista de Villa Bella foi fundamental para as operações da Marinha do Brasil durante a Revolução de 1932.

De fato, nosso objetivo foi alcançado. Ilhabela comemora 210 anos de Emancipação e nós, a oportunidade de colocar em suas mãos um material preparado com muito carinho e dedicação, com a certeza que será muito apreciado.

Parabéns Ilhabela!Caio Gomes

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Ilhabela 21DÉCADAS6 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

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09 VILLA BELLA DA PRINCESAA emancipação da ilha da Vila de São Sebastião da Terra Firme

15 FÉ E DEVOÇÃOA tradição da Congada de São Benedito em Ilhabela

18 UM VERÃO MUITO LOUCOQuando as latas de maconha chegaram às praias da Ilha

21 JOSE RIBEIRO DOS SANTOSZé de Alício: caiçara por devoção

26 A ARTE DA CANOA CAIÇARASímbolo da sobrevivência de um povo

28 JOÃO SANTANAO memorável benzedeiro das bandas do Perequê

29 A ARTE DA PESCAA pesca artesanal pela mão de obra familiar

30 O PAI DOS ROYALTIESA história de vida do prefeito Roberto Fazzini

34 PRATA DA CASAGilmar Pinna, o caiçara que esculpe sentimentos

36 SUPERMERCADO SILVAComo seu Joaquim iniciou um império no Perequê

38 DA CANA À CAPITAL DA VELADas visitas indígenas à criação da Capital Nacional da Vela

40 CAMPO DE AVIAÇÃOA participação de "Vila Bela" na Revolução de 1932

ILHABELAParabéns

www.edmirchedid.com.br

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43 DONA CYBELE RAMOSA anfitriã de Jânio Quadros no casarão da Ponta das Canas

46 "FERRY BOAT"A história da ligação de Ilhabela ao progresso do continente

50 STELLA FRANÇAE o legado da leitura com a Biblioteca de Ilhabela

52 JEAN BERNARDA história de vida de um legítimo caiçara belga

54 PATRIMÔNIO CAIÇARAA história da Fazenda Engenho D'Água

73 TONINHO MARQUESNo meio do caminho tinha um mineiro

75 NILCE SIGNORINIUma história de honestidade e pulso firme

79 O DONO DA CHAVEA missão e o estilo de vida de Solidonio Narciso Dos Reis Neto

81 LUIZINHO FARIAO caiçara pioneiro no garimpo da riqueza do Litoral Norte

82 GENTE DA GENTEDe Venceslau Guimarães à presidência da Câmara de Ilhabela, conheça a trajetória do baiano Adilton Ribeiro

Diretor ExecutivoCaio Gomes (MTB/SP 65.601)

Capafoto Marco Yaminarte Silas Azocar

Projeto Gráfico e DiagramaçãoComunica Propaganda & Marketing

PublicidadeAlexandre Baptista | Caio Gomes

ColaboraçãoMarco Yamin | Silas Azocar | Roberto Fazzini Jr | Nuno Gallo Ivone Granado | Edson Souza | Ronald Kraag | Paulo StanichAdriano Perna | Clarissa Marioti | Rosa Alves | Natália MouraAssessoria de Imprensa da Câmara e Prefeitura de Ilhabela

Impressãomeltingcolor gráfica e editora

Tiragem5.000 exemplares

Bibliografia de ApoioMaria José Gomes e Martin Ramos, "Ilhabela"

Caio Camargo, "Memórias de uma Ilha"Luiz Nicodemo Chemin, "O Senhor da Ilha"

Edson Souza, "Estórias e História de Ilhabela"50 anos do Yacht Club de Ilhabela

"Ilhabela 21Décadas" é uma publicação de Comunica P&MCNPJ: 05.572.108/0001-72, Av. Pedro de Paula Moraes, 1027 - Sobreloja - Ilhabela.

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Ilhabela 21DÉCADAS8 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Chegada à Vila Em 1920, essa era a paisagem encontrada por quem chegava a Vila. O registro feito em frente a Igreja de Nossa Senhora D'Ájuda e Bom Sucesso mostra a esquina da Rua da Padroeira com a Praça Professor Alfredo Oliani (Praça do Cruzeiro).

Vila Uma das raras imagens aéreas existentes da Vila no final da Década de 1960 mostra a Vila já toda ocupada. Na parte superior, à direita é possível observar do alto o Cemitério de Ilhabela.

Defesa Já como item histórico, a imagem abaixo mostra um dos canhões utilizados para a defesa de Villa Bella no berço de madeira na Vila. Ao fundo o imóvel que foi residência da família do ex-vereador Luiz Carlos Ribeiro.

Praia da Vila No centro de Villa Bella, a imagem acima retrata a praia da Vila na Década de 30, ainda sem a Barraca do Samba embaixo do Chapéu de Sol.

Foto: Acervo Amigos da Biblioteca

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Ainda que a Ilha de São Sebastião possuísse fazendas e terras cultiva-das, não tinha núcleo de povoação,

apenas capelas. A principal delas, a de Nossa Senhora da Ajuda e Bom Sucesso, foi cons-truída no final do século XVIII e, na condi-ção de Capela, os seus habitantes eram, em tudo, sujeitos às autoridades civis e eclesiás-ticas da Vila de São Sebastião da Terra Fir-me, no continente. Tinham que atravessar o canal para pagar impostos, prestar serviços à causa pública, receber os sacramentos, ouvir missa, enterrar os mortos, etc.

Além deste grande incômodo causado pela necessidade constante da travessia do canal de Toque-Toque, a prosperidade das lavouras e a grande produção dos engenhos resultavam num aumento constante, e cada vez mais significativo, da população na Ilha

de São Sebastião, principalmente a partir da segunda metade do século XVIII. No início do século XIX a ilha já possuía uma popu-lação de mais de três mil pessoas espalhadas por todo seu território. Não somente pelo aumento populacional, mas também para atender aos interesses políticos e econômicos dos importantes senhores de engenho da ilha ocorreu, no início do século XIX, a emanci-pação política da Vila de São Sebastião da Terra Firme.

O núcleo de povoação se deu em tor-no da capela de Nossa Senhora da Ajuda e, como fato raro na história, ela foi elevada a categoria de vila antes mesmo de se tornar freguesia. Esse movimento de emancipação foi liderado pelo capitão Julião de Moura Negrão, o neto, que reuniu importantes mo-radores e senhores de engenho da ilha que,

com seus apelos, sensibilizaram o Capitão General da Capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta.

Finalmente em 3 de setembro de 1805, Franca e Horta baixou uma portaria deter-minando a elevação da Capela à condição de Vila, que passaria a chamar-se Vila Bela da Princesa. O nome na nova vila – escolhido pelo próprio Franca e Horta – foi uma ho-menagem à Princesa da Beira, Dona Maria Teresa Francisca de Assis Antonia Carlota Joana Josefa Xavier de Paula Micaela Rafaela Isabel Gonzaga de Bragança, filha mais velha dos reis portugueses D. João VI e D. Carlota Joaquina; irmã, portanto, de D. Pedro I. Vila Bela da Sereníssima Princesa Nossa Senhora – como também era chamada – foi oficial-mente instalada com solenidades em 23 de janeiro de 1806.

Vila Bela da PrincesaA emancipação da ilha da Vila de São Sebastião da Terra Firme

Rua da Padroeira A imagem do início do século XIX retrata crianças brincando no chão de terra, na esquina da Rua da Padroeira com a Rua São Benedito (Rua do Meio) na Vila de 1920. Ao fundo, o recém-construído prédio da Cadeia e Fórum de Villa Bella, que começou a ser erguido em 1913.

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Ilhabela 21DÉCADAS10 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

A nova vila recebeu Casa de Câmara e Cadeia e pelourinho e criou paróquia com vigário colado já em 1809, tornando-se ad-ministrativa e religiosamente independente de São Sebastião. O antigo prédio da Casa de Câmara e Cadeia, que posteriormen-te passaria a abrigar também o Fórum, foi construído em madeira, pedra e cal condi-zente com a arquitetura colonial, possuindo portas e janelas de folha cega e telhas capa e canal. O prédio da antiga Cadeia, retratado por Debret em sua feição original em 1827, não possuía torres ou escadarias, anexadas à

construção numa reforma ocorrida no iní-cio do século XX. Ao lado dele existia um sino de alerta que era tocado para convocar a população avisando da chegada de mer-cadorias ou alertando sobre a presença de corsários nas imediações da pequena vila.

O antigo mercado de escravos ficava si-tuado bem de frente ao canal, em local de fácil embarque e desembarque de mercado-rias e de pessoas. Nesse período ainda não existiam píer ou atracadouros na vila e as mercadorias e pessoas eram desembarcados diretamente na areia. No mercado os escra-

vos eram selecionados e escolhidos para venda e distribuição nas principais fazendas da região. O antigo prédio do mercado de escravos é atualmente ocupado por Sergio Hette, onde funciona sua imobiliária, mas as feições originais permanecem preserva-das sendo possível observar as colunas em pedras e arcos de passagem preservados até os dias de hoje na parte interna do imóvel.

Já o pelourinho, colocado no meio da praça, ao lado do mercado, e de frente à Cadeia, era local de castigos aos escravos. O pelourinho não existe mais, seu lugar

Vila Bela da PrincesaOutra descoberta que retrata a vida cotidiana de Villa Bella da Princesa foi feita pela arqueóloga Cintia Bendazzoli. A localização e entendimento dos locais retratados numa pintura em aquarela feita em 1827 que mostra a Vila com uma feição ainda não conhecida, na qual são retratados a antiga igreja matriz, o prédio da cadeia e fórum e a área da atual praça Cel. Julião de Moura Negrão. Ainda é possível ver o mercado de escravos e o pelourinho, até então desconhecidos. Essa pintura em aquarela foi feita pelo ilustríssimo pintor Jean Baptiste Debret durante uma viagem que fez à ilha datada de 1827, organizada a pedido do Rei de Portugal D. João VI Fo

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11Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

um monumento construído no início do século XX manteve vivo esse marco de re-sistência e luta pela liberdade dos cativos. Ainda no Centro Histórico da Vila a pe-quena capela da Nossa Senhora da Ajuda e Bom Sucesso, originalmente constru-ída no final do século XVIII, resistiu até os dias de hoje. Construída inicialmente em madeira, barro e folhas de palmeiras, passou por reforma no início do século XIX levantando-se paredes de pedras e cal de conchas. Suas formas modestas foram ampliadas em nova reforma, anexando-se a pequena torre lateral bem como a esca-daria e ampliações das áreas comuns.

O centro histórico de Ilhabela foi palco das principais decisões políticas e administrativas da primeira vila, assistiu a chegada de estrangeiros e a defesa aos corsários, abrigando uma Bataria com muitos canhões. A região da Capela cedeu espaço a um povoado que prosperou com base na mão de obra escrava, responsável pela construção da maior parte dos exem-plares arquitetônicos, que permanecem até os dias de hoje nesse bairro agora cha-mado Vila.

Vila Bela cresceu e prosperou base-ada na economia agrícola e mão de obra escrava, e seu crescimento foi favorecido pela proliferação dos engenhos de cana de açúcar que aproveitavam as volumosas e numerosas cachoeiras para mover suas rodas d'água. Dentre os muitos engenhos que funcionaram na ilha, alguns ainda exibem suas moendas e outros maquiná-rios que produziram cachaça e melaço, como o Engenho D'Água.

No século XIX, a monocultura açu-careira deu espaço às lavouras de café

que, em meados de 1850, tornou-se uma cultura extremamente importante no Li-toral Norte do Estado de São Paulo. Vila Bela da Princesa experimentou 80 anos de opulência e grande poder econômico, graças à agricultura e, principalmente, ao café, plantado em fazendas espalhadas pelas Ilhas de São Sebastião e dos Búzios. A população rapidamente cresceu, os fa-zendeiros enriqueceram e o comércio tor-nou-se cada vez mais próspero.

A Ilha de São Sebastião destacava-se também como entreposto de comércio de escravos, o que provavelmente possibilitou

a formação de quilombos na região de Vila Bela e a presença de escravos refugiados em suas montanhas e florestas. Mas a in-tensa exploração do solo com a produção extensiva de açúcar e de café provocou não somente uma grande devastação da Mata Atlântica, como também acarretou o desa-parecimento de espécies animais e vegetais.

Engenhos de CanaDurante todo o período colonial o solo extremamente fértil, e a abundância de

cachoeiras para mover rodas d'água, fizeram da Ilha um excelente local para o plantio

de cana de açúcar e para a construção de engenhos de cachaça.

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Ilhabela 21DÉCADAS12 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

VilaNo final dos anos 60 os Chevrolet Opala eram o sonho de consumo de qualquer um. A imagem ao lado, registrada na Praça Coronel Julião - Vila, foi feita para estampar um calendário no início dos anos 70.

A praça é nossaRegistros fotográficos de 1937 revelam que naquela época já existia na praça principal da cidade a bica.

Ao longo dos anos a fonte de água fresca foi mudada de lugar algumas vezes, mas nunca deixou de ser um

simbolo da Praça Coronel Julião de Moura Negrão

Recanto do Samba O início da Barraca nos remete à Década de 1940, quando João Paratiano a construiu com restos de madeira que encostavam na praia da Vila. Depois, Chico Reis e Antônio Venâncio assumiram o comando em sociedade e numa partida de bocha, Venâncio ganhou a parte de Chico Reis se tornando o único dono. Mas pra frente, Dona Rosa assumiria o lugar do pai e por sua vez deixou o comercio para o filho Carlito. Boêmio toda vida, Carlito transformou o local no famoso "Recando do Samba".

Carnaval Já após o período de Formosa, os homens da cidade com vestes femininas

seguravam a faixa do Momo saudando Ilhabela.

Foto: Acervo Amigos da BibliotecaFoto: Acervo / Secretaria de Cultura

Foto: Acervo / Secretaria de Cultura Foto: Acervo / Secretaria de Cultura

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13Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

POLÍCIA Um jipe willys era a viatura da Polícia nos anos dourados de Ilhabe-la . Ao fundo o prédio que abrigava a Delegacia, Cadeia, Fórum e a Câmara.

Viana à esquerda, a casa de artesanato dos "Schoof" na Década de 1940 na praia do Viana, aonde hoje se encontra o restaurante da família. Sentados à porta, Leo Schoof, sua irmã Baby Aranha e o caiçara Baico.

Pau a pique Esta era a técnica utilizada para construção. Também conhecida como taipa de mão, é uma técnica construtiva antiga que consistia no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu, amarradas entre si por cipós, dando origem a um grande painel perfurado que, após ter os vãos preenchidos com barro, transformava-se em parede.

Praia da Vila Em meados de 1950, Ilhabela já contava com um Píer, onde as embarcações da companhia Santense operavam o transporte de passageiros pela orla, ligando o arquipélago ao município de São Sebastião. O prédio existente ainda hoje era conhecido como Arco do Triunfo.

Foto: Acervo Pessoal Foto: Acervo / Secretaria de Cultura

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Ilhabela 21DÉCADAS14 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

São João acima, os preparativos para a Congada de Ilhabela na década de 30 em frente a Igreja de São João Batista no Perequê. O pai de Dona Izanil, Paulino Manoel da Silva, foi um dos que ajudou a erguer a igreja.

Congada de São Benedito acima, apresentação da Congada de São Benedito em 1940, na Vila. Na época, o Rei do Congo era Manoel Ciriaco (Neco) ao lado do embaixador Pedro.

Década de 70 a imagem à esquerda retrata o ex-prefeito de Ilhabela Roberto Fazzini acompanhando de perto o reinado de Neco, um dos reis mais queridos da Congada de Ilhabela.

Ucharia acima, com as mãos na cintura, D. Guiomar, irmã de Izanil, que comandou a Ucharia de São Benedito durante muitos anos

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Foto: Waldemar Belisário

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15Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Quando os primeiros navios negreiros desembarcaram no Brasil, trouxeram da África não apenas os escravos para

trabalhar como mão de obra nas fazendas e ca-sas de colonos, mas também elementos que fa-ziam parte de sua cultura, como crenças e gosto pela música e dança. A Congada faz parte dessas tradições trazidas com os escravos. Em Ilhabela, o ritual é mantido há mais de dois séculos, sen-do fiel às músicas, às fardas, às representações, aos toques de marimba e atabaques.

O cenário acontece nas ruas da Vila e trata-se de uma apresentação teatral em que o enredo representa uma desavença entre dois grupos que desejam festejar em honra de São Benedito. Os congos dividem-se em dois grupos: os con-gos de cima que são os fidalgos do rei vestidos de azul [cristãos] e os congos de baixo também

denominados de congueiros do embaixador, vestidos de rosa, considerados pagãos.

Acontecem três bailes ao som de atabaques e marimbas de madeira. O primeiro chama-se “Roldão” ou “Macamba” e trata-se de uma can-tiga dos congos de baixo no momento em que vão guerrear. O segundo é “Alvoroço”, “Jardim das flores” ou “Baile Grande”, onde ocorre uma guerra bastante violenta. O terceiro baile é o “São Matheus”, onde o embaixador é preso duas vezes. A guerra acontece porque os congueiros do embaixador lutam para que ele, filho bastar-do do rei, conquiste o trono.

Em tempos remotos, a representação tinha data certa para acontecer: 3 de abril. Posterior-mente, passou a acontecer em maio, época de lua cheia, quando os pescadores não saiam para pescar, podendo então participar da festa. A

apresentação acontece nas ruas da Vila e a pro-gramação começa sempre em uma sexta-feira, com o levantamento do Mastro, em frente à Igreja Matriz, seguido pela realização de uma missa em homenagem a São Benedito. No sá-bado e no domingo, acontecem os “bailes de congos” e, por volta do meio-dia, é realizada a Ucharia, palavra que significa “despensa da casa real” e designa o lugar onde é servido o almoço dos congueiros e seus convidados.

Por trás do canto e das danças dramáticas, esconde-se um cunho social que remete às lutas dos negros contra os brancos que invadiram a África em busca de escravos. No caso ilhabe-lense, a Congada é considerada uma das mais antigas do Brasil, mantendo uma fidelidade que resistiu aos séculos de opressão, inclusive por parte da Igreja.

fé e devoção NA CONGADA DE SÃO BENEDITO

UCHARIA Dona Ana, D. Doquinha, D. Deodete, D. Amélia, D. Nilce, D. Licinha, D. Isabel, D. Rosália, D. Paula, D. Dita, Diógenes, Paulo Cezar Molinari e seu Elias Romão faziam parte da Ucharia no início do Século XXI.

Programação abaixo, a reprodução de um cartaz com a programação da Festa de São Benedito de 1990. Destaque para Ciranda e a Quebra Chiquinha, danças típicas da cultura caiçara que naquele ano ainda faziam parte da programação da festa.

Foto: Acervo / Secretaria de Cultura

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Ilhabela 21DÉCADAS16 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Rogério Ribeiro de Sá, o “Professor Ca-tolé”, como é conhecido, é natural de Catolé do Rocha (Paraíba). Filho da pro-

fessora Adeildes e do telegrafista dos Correios Otoniel de Sá, Catolé foi alfabetizado por freiras da Alemanha.

Em sua adolescência, foi líder estudantil e presidente do Grêmio Central dos Estudantes de Catolé do Rocha – Grecesc, onde ainda partici-pou da luta contra a ditadura militar.

Migrou para São Paulo, onde se formou ba-charel em História pela USP. Lá, Catolé foi di-retor cultural do Centro de Estudos Históricos Afonso de Taunay – CEHAT, da Faculdade de História e um dos editores da Revista Maria.

Na militância universitária, Catolé atuou no movimento pela Anistia aos presos políti-cos pós-1964 e depois participou ativamente do movimento Diretas Já, em 1984.

Chegou a Ilhabela em 16 de fevereiro de 1987 como professor concursado de História na rede estadual, atuou na Escola Anna Leite Julião e depois na Escola Dr. Gabriel Ribeiro dos San-tos, onde ainda leciona no ensino médio.

Participante ativo da vida de Ilhabela, é um dos expoentes da política local, onde sempre se destacou por sua atuação, fala fácil e retórica im-pressionante, envolvente, mas, principalmente, por seu caráter e ética exemplares.

Foi candidato a prefeito nas eleições de 1992 e Vereador por três mandatos (1997-2000), (2001-2004) e (2009-2012), afastando-se nes-te último para assumir o cargo de Secretário Municipal de Cultura, por dois anos e meio e

de Meio Ambiente, por sete meses, na primeira gestão do prefeito, Antonio Luiz Colucci. Atu-almente trabalha com Educação Ambiental e Formação Educacional na Secretaria Municipal de Educação de Ilhabela.

Como Vereador lutou incansavelmente por seus ideais e enfrentou com coragem as ques-tões sociais. Combativo, sempre defendeu suas ideias diante de todos, sem receios, com inegá-

vel altivez, mas sempre respeitando os adversá-rios, que viram nele um exemplo a ser seguido.

Admirador da cultura tradicional, o pai de Naya e Julia, foi autor da lei que criou a Semana da Cultura Caiçara e, nos 210 anos de Ilhabela, recebe da Câmara Municipal o título de “Cida-dão Honorário de Ilhabela”, por sua história na cidade e pelos relevantes serviços prestados à comunidade e ao Município de Ilhabela.

Rogério Ribeiro de SáCidadão Honorário de Ilhabela

Confederação dos Tamoios Boêmio, Catolé sempre

foi um admirador da noite e, consequentemente, do

samba. Na imagem ao lado, o professor ajudando na

elaboração do enredo da Escola de Samba Unidos

do Garrafão, com o poeta Joãozinho, Dona Helena, José

Antonio e Maria Del Carmen

FOLCLORE acima, Catolé, Wladimir e o saudoso professor Luiz cantando o Boi.

Fotos: Acervo Pessoal

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17Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

O SENHOR DA ILHALuiz Nicodemo Chemin

São 97 anos de uma vitalidade de fazer inveja aos jovens da atual geração. Luiz Nicodemo Chemin, o “Senhor da Ilha”, é

um exemplo de vida no sentido literal da pa-lavra. Quem vê seu império hoje não imagina o tamanho das dificuldades enfrentadas por esse simpático velhinho de sorriso fácil e bo-nachão, desde a infância paupérrima em San-tana, na Capital, até sua vinda para Ilhabela, seu “porto seguro”.

“Não se sofre por aquilo que não se co-nhece”. Com esse lema, Luiz Chemin cresceu sem conhecer o mundo de desigualdades, mesmo com a pobreza tamanha vivida por sua família, tanto que aos 16 anos já era o te-celão mais jovem do Brasil. Homem de visão pioneira, trabalhava na fábrica de tecelagem com um tio e nas horas livres se dedicava à microtecelagem criada por sua iniciativa nos fundos de sua residência, junto com o irmão mais velho, Otávio.

Vendia, de porta em porta, a produção de toalhas para barbearias, enfrentando dias bons e ruins, sempre tendo em mente que era melhor trabalhar para si do que ser emprega-do. Mais tarde, ajudado por um tio, a micro-tecelagem tomou corpo, e com a ajuda dos ir-mãos deu origem às Lojas Sângia, que chegou a ter 18 filiais no Estado, vendendo ternos e roupas.

Enganado por um sócio, Luiz Chemin e seus irmãos quase foram à falência, mas ele não desistiu e começou novamente do zero. Criou a Chemin Administradora de Bens e posteriormente a Construtora Chemin, ne-gócio familiar que rendeu o sustento de seus filhos e dos filhos dos seus irmãos. Já estabe-lecido no ramo empresarial, amante do mar, correu o mundo praticando mergulho e pesca submarina, apaixonando-se por um lugar que

para ele é o paraíso na Terra: Ilhabela.Residente no arquipélago, Luiz Chemin

passou a dedicar seu tempo também às cau-sas sociais. Ajudou a resgatar o Conselho de Segurança, que presidiu entre 1997 e 2000 e foi sócio-fundador do Lions Clube Ilhabela, em 1995. Com desprendimento de servir ao próximo, Chemin atuou e ainda participa de diversas campanhas solidárias, distribuindo além de bens materiais, carinho e atenção para quem precisa.

Amante da música, herdou do pai, que to-cava violino, o gosto pela arte. Encanta a todos com seu cavaquinho, que faz questão de prati-

car diariamente como se fosse um ritual, todas as manhãs. Falando em ritual, talvez esteja em sua rotina diária de levantar-se antes das sete da manhã, realizar suas orações, exercitar-se por 40 minutos e tomar banho gelado de ca-choeira, o segredo de tanta jovialidade.

Luiz Nicodemo Chemin é dessas pessoas que valem a pena pelo simples fato de existir. E o povo de Ilhabela com certeza se sente pri-vilegiado por poder conviver com esse grande ser humano, que comprova, com sua história de vida, a veracidade da máxima de Albert Einstein: “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”.

Histórias de Pescador Seu Luiz Chemin sempre foi um apaixonado pelo mar. Na foto acima, Luiz pescando lulas junto com o amigo

Dr. Oswaldo Gomes e o filho Oswaldinho.

Mergulhador à esquerda, seu Luiz Chemin se prepara para o mergulho com a neta Laís na Baía dos Castelhanos (Reprodução/O Senhor da Ilha).

Fotos: Acervo Pessoal

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Ilhabela 21DÉCADAS18 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Se você nunca ouviu falar, certamente não é dessa época. Um caso fantástico, muito doido, completamente improvável.

O “Verão da Lata” começou num belo dia de setembro de 1987, portanto ainda na primavera, quando as primeiras delas começaram a aparecer. Logo quando fo-ram achadas e abertas, a notícia se espa-lhou como fumaça. Latas e latas de ma-conha, centenas, milhares, surgiram do nada numa grande faixa do nosso litoral. Dezenas de policiais e incontáveis “inte-ressados” se mobilizaram. As latas foram capturadas por repressores e consumido-res e todos os lados trataram de espalhar sua fama. A “marofa” que surgiu repenti-namente em nossas praias era de um teor bastante alto de THC, ou seja, além de apa-recer em grande quantidade, devidamente enlatada e do nada, a danada não era só da boa — era da ótima! Quando tudo passou, sobrou a lembrança daquilo que ficou co-nhecido como o Verão da Lata. As latas ti-nham virado gíria, música, moda. Tinham virado lenda.

Tudo teve início quando o navio Solana Star, vindo de Singapura ao Brasil com um carregamento de mais de 20 toneladas de maconha acondicionadas em milhares de latas, ao perceber que estava sendo perse-guido pela polícia, descarregou sua precio-sa carga no mar, abarrotando nosso litoral com a mercadoria.

As latas não paravam de surgir em vá-rios lugares e de produzir manchetes. No início, a ordem das autoridades era apre-ender a mercadoria e, depois, remetê-la para a Polícia Federal. Mas a quantidade era tanta que foi dada a ordem de incinerar as latas nos locais onde fossem apreendi-das. A polícia apertava o cerco e acendia

Houve uma vez...

Baseado* em fatos reaisUm verão muito louco!

The Cook A tripulação fugiu, sobrando apenas o cozinheiro americano Stephen Skelton. Julgado e condenado a 20 anos por sua participação no “narcotráfico internacional”. Akelton ficou preso por pouco mais de um ano, sendo libertado após um segundo julgamento, que anulou a condenação.

Pega lata Informações oficiais contabilizaram a apreensão de 2.563, das cerca de 15mil latas de maconha lançadas ao mar. Em cada lata havia cerca de 1,5kg de maconha prensada e no navio teriam sido armazenadas pouco mais de 20 toneladas da erva.

D.E.A. Acima, o delegado da Polícia Federal Carlos Landim, que trabalhava na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), quando chefiou a operação Cisne Branco e também presidiu o inquérito do caso do Solana Star. Segundo Landim, o alerta às autoridades brasileiras sobre a carga do navio foi feito pelo Drug Enforcement Administration (DEA), agência de combate às drogas dos Estados Unidos.

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SOLANA STAR O navio inglês che-gou ao Brasil em 1987, supostamente

com uma carga de 20 toneladas de maconha enlatada. Após denúncia,

a tripulação dispensou a carga e atracou o navio no porto da cidade

do Rio de Janeiro completamente vazio onde seus tripulantes conse-

guiram driblar a alfândega alegando problemas nos motores.

na hora.Em Ilhabela, a maior incidência de

aparecimento das latas ocorreu na região nordeste do arquipélago. Na Baía dos Cas-telhanos foram avistadas as primeiras latas, muitas delas apanhadas por pescadores das comunidades entre o Saco do Sombrio e a Ponta da Cabeçuda. Nas semanas seguintes o veneno da lata se espalhou também pela frente do arquipélago, fato que trouxe mui-tos paulistanos para Ilhabela em busca das famosas latas.

Já no Rio de Janeiro, a tripulação do na-vio conseguiu fugir, sobrando apenas para

pagar o pato o cozinheiro do navio, o ame-ricano Stephen Skelton. Julgado e condena-do a 20 anos por sua participação no “nar-cotráfico internacional”, o cozinheiro foi conhecer as delícias do Presídio Ary Fran-co, onde ficou preso por pouco mais de um ano, sendo libertado após um segundo jul-gamento, que anulou o primeiro. O Solana Star acabou sendo leiloado e transformado no atuneiro Tunamar. Em sua primeira via-gem com a nova identidade e função, nau-fragou perto de Arraial do Cabo, caso que chegou a ser tratado como maldição.

Fiel aos versos da famosa música de

Bezerra da Silva (“Não sou agricultor, des-conheço a semente”), o cozinheiro sempre sustentou que nada sabia sobre a carga do navio. Para Carlos Landim, 63 anos, delega-do aposentado da Polícia Federal, a história era uma piada e não convenceu ninguém. O cozinheiro garante que ninguém nunca contou a verdadeira história e que apenas ele conhece a verdadeira história das latas.

“Quando alguém estiver disposto a pa-gar pela verdade e pelo meu tempo gasto em seu belíssimo sistema prisional, conta-te-me”. Assinado: The Cook.

Naquela época não tinha esse movimento todo. Tinha gente que não andava na rua

e de repente arrumou um cachorro pra sair puxando na praia do Perequê atrás das latas [sic]. Era muita coisa, a caiçarada de trás da

ilha enterrava tudo com medo da polícia e nisso mais da metade se perdeu...”

Martin Julio Ramos, produtor cinematográfico

Maconha Moradores que tiveram contato com as latas de maconha prensada, que chegaram boiando a Ilhabela, contam que em cada uma havia cerca de 1,5kg da erva.

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Ele começou a trabalhar na Companhia Santense, que era responsável por uma lancha que fazia a travessia de Ilhabela

para São Sebastião. Trabalhou nas lanchas, S.7, S.8 e S.2. Depois de um tempo, Zé de Alicio começou a trabalhar na Petrobras e foi seu úl-timo serviço, conta o irmão Toninho. Zé ficou na estatal até se aposentar em 1995. Na Con-gada de Ilhabela, era devoto de São Benedito e não havia uma Congada que ele não saía de forma impecável, com seu chapéu bem alinha-

Fé e Devoção Acima, o secretário do Rei do Congo, Zé de Alicio em seu último baile na Congada de São Benedito em maio de 2005. Zé dançava como ninguém e proclamava seus versos sempre amparados na família Oliveira.

José Ribeiro dos Santos

Zé de Aliciodo e a espada reluzente, refletindo o bri-lho do sol das manhãs e tardes de maio. Um dos congueiros mais importantes na história de Ilhabela, Zé de Alicio é até hoje um sinônimo da Festa de São Bene-dito. Para muitos, Zé era o maioral.

Antes de se tornar servo do Rei do Congo, Zé de Alicio atuou muito na vida social da cidade. Foi fundador da Esco-la de Samba Unidos de Padre Anchieta e um dos fundadores do Esporte Clube Ilhabela, onde era sócio remido e faná-tico por futebol, palmeirense roxo mes-mo, Zé faleceu após um jogo do antigo Palestra Itália. Toninho conta que após a derrota do Palmeiras para o São Paulo o secretário de São Benedito se sentiu mal e naquele mesmo dia faleceu. Vitima de um ataque cardíaco no dia 25 de maio de 2005, Zé de Alicio se tornou no decorrer da vida um dos caiçaras mais queridos de Ilhabela. Certamente, seu Zé deixou muitas saudades, além da esposa Euni-ce, dos filhos Carlos José (Zezé), Stella, a nora Regina e os netos Carlos José Jr e Ju-lia Regina e um legado de muito trabalho e honestidade.

travessiaJunto com o amigo Décio Cardeal, Zé de Alicio cuidando da lancha S.8 que fazia a travessia entre Ilhabela e São Sebastião na Década de 1950, antes da chegada dos Ferry Boats a Ilhabela.Fo

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O pescador que vive no mar, mas não sabe nadar

Osmar de Jesus, Mazinho

Pescador há mais de meio século, "Seu Mazinho" como é carinhosamen-te conhecido do lado de cá da ilha,

vem de família tradicional caiçara e desde os 14 anos de idade trabalhou como pesca-dor, mesmo sem saber nadar - como conta a lenda. Conhecido pelos caiçaras como um exemplo de homem trabalhador, Mazinho é patriarca de uma família que mantém as origens caiçaras.

Mazinho aprendeu a pescar com seu pai, e conta que também aprendeu mui-to com seus amigos antigos e seu irmão. "Quem é pescador aprendeu com os anti-gos". Com 15 anos Mazinho já ia pro mar. Pegava férias da escola e já saía para pes-car. "Saía da escola, não ficava na bagunça

como a molecada de hoje fica. Nas férias ia pro mar. Hoje não acontece isso. A moleca-da fica na farra, na bebida, mas não adianta falar. É o "projeto bagunça". Naquele tem-po, não. Nós saíamos pra pescar mesmo, trabalhava tudo alegre. Contente. Fizesse pescaria não fizesse", lembra o caiçara.

O pescador que atuou por muitos anos como marinheiro profissional, prestando serviço em lanchas até se aposentar, nunca deixou de pescar. Seu Mazinho lembra que a atividade pesqueira não é como as outras e relata as dificuldades que a categoria en-frenta nos dias de hoje. "Nas outras ativida-des tem um monte de gente por conta, mas na pesca não, principalmente, em um lugar como Ilhabela. Precisa tirar carteirinha se-

não não pode pescar. Precisa ser habilitado em tudo. Que hoje já viu, né? O cara não pode nem pescar".

Com 83 anos recém comemorados e muita saúde e lucidez, seu Mazinho ficou viúvo em 2014 quando sua esposa faleceu após 61 anos de casados. Dona Dirce foi a mulher que o acompanhou durante toda a vida.

Ao longo do tempo, com seu jeito paca-to e trabalhador, o pescador se tornou uma lenda do mar. Na proa do Dragão, seu Ma-zinho fez miséria com grandes pescarias.

Pai de seis filhos: Fátima, Mário Sergio, Fernando, Beto, Paulo e Nilton Cézar, seu Mazinho ainda tem 20 netos, 14 bisnetos e muita história pra contar.

História de PescadorMarinheiro profissional, Mazinho aprendeu a pescar com seu pai, seu irmão e seus amigos antigos.Como proeiro de traineiras como o DRAGÃO, seu Mazinho fez muitas pescarias marcantes e não negava um peixe pra ninguém. "Fosse manequinho ou tainha não importa, todo mundo levava peixe pra casa", conta o caiçara.

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Ilhabela é um lugar de muitas histórias e per-sonagens como Iracema França Lopes Corrêa, a dona Dedé. Com sua vitalidade, Dedé era

conhecida por seu dinamismo. Fazia, organizava e prepara inúmeros eventos, além de atividades culturais e folclóricas pela ilha. Foi organizadora e patrocinadora da biblioteca municipal, junto com a irmã Estela França. A mãe era caiçara de Ilha-bela, o pai delegado de polícia, originário do vale do Paraíba. Dedé cresceu e viveu no interior mas sempre que podia, nas férias, vinha para Ilhabela. Em 72 finalmente mudou-se com o marido para a ilha, onde permaneceu até 2009, quando deixou a saudade tomar conta de vez no coração de todos.

De índole agitada, logo se interessou pelo fol-clore da ilha. Pesquisou os caiçaras, andou por todo lado visitando famílias, conversando e anotando o que podia durante dez anos. Depois, começou a colocar no papel o resultado de sua pesquisa de campo. Com isso produziu um livro e colaborou com outro. Sua principal paixão a respeito do fol-

Iracema França Lopes Corrêa

clore local era a Congada, festa que estava sendo esquecida e que, graças a ela, foi restabelecida na cidade: Dedé buscou ajuda e conseguiu verba para reorganizar a Congada, festa que cresce a cada ano em Ilhabela.

Outra festa típica que dona Dedé redescobriu e resgatou foi o caiapó, originalmente elaborado pe-los negros escravos, e que deu origem a um bloco carnavalesco da cidade. Com o apoio e a presença dela, o grupo faz apresentações em outras cida-des e participou durante um período do carnaval da ilha. Além de danças e festas folclóricas, dona Dedé resgatou lendas e mitos da ilha, e os publicou periodicamente no extinto Jornal da Ilha.

Um dos seus maiores sonhos era criar um Mu-seu do Folclore regional em Ilhabela, um sonho que não pode ser concluído, aos 90 anos de idade, Dona Dedé teve falência múltipla dos órgãos, falecendo em 30 de setembro no ano de 2009. Ela ainda rece-beu a homenagem de ter seu nome como o de batis-mo de uma escola localizada na Água Branca.

A dedicação de DedéIracema França Lopes Corrêa, ou dona Dedé, como a chamavam, graças ao apelido que sua irmã mais nova a colocou, nasceu em 1919. Mãe de dois filhos (Ana Maria e Luiz Octávio), teve seis netos e dez bisnetos. A professora que se apaixonou pelo folclore de Ilhabela acabou se tornando a maior pesquisadora da cultura caiçara no arquipélago e realizou grandes feitos na cidade, marcando seu nome na história de um povo.

FolcloreDedé ficou marcada na história de Ilhabela por sua dedicação à valorização da cultura caiçara. Em seu livro "a congada de ilhabela na festa de são benedito" Iracema retratou muitos detalhes desta festa que passou a mais valorizada e vem crescendo a cada ano.

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Canoa de Voga Esta bela imagem de

Adriano Perna mostra o feitio de uma Canoa Caiçara

no Bonete. Os caiçaras aproveitam uma árvore tombada pelo vento no

meio da mata, para produzir a embarcação, que termina cortando as ondas na saída

no Rio Nema

A arte da Canoa Caiçarasímbolo da sobrevivência de um povo

Construídas através das mesmas téc-nicas e princípios pautados pelas "25 linhas", que orientam o feitio

das Canoas Caiçaras desde o litoral sul flu-minense, paulista até o norte paranaense, as Canoas Caiçaras da praia do Bonete, em Ilhabela possuem características de design próprias. Estas ligeiras adaptações permi-tem uma maior sintonia entre a embarca-ção e as condições ambientais locais de mar, vento e porto. Assim tornaram-se estas ca-noas "alteiras" de proa para enfrentar ondas grandes, e acrescidas de uma sobreborda aberta em ângulo para que as marolas não

entrem pelos bordos. Ficaram esguias, de modo que sua proporção Comprimento / Boca é de coeficiente maior que 7, o que as fazem rápidas na água. Com o passar dos tempos acabaram ganhando motores de centro, eixo, hélice e consequentemente um leme para governo. Isso fez surgir mais uma peculiaridade nestas flechas do mar, seu uso como um veículo seguro, rápido, confiável e o meio de transporte diário de dezenas de famílias caiçaras tradicionais que vivem por gerações em praias e costões afastados.

Essas comunidades desenvolveram um modo de vida integrado ao ambiente na-

tural em perfeita simbiose, sendo a Canoa Caiçara o principal símbolo de resistência dessa população ímpar, frente os avanços da especulação imobiliária, do turismo ir-responsável e de um ambientalismo radical que exclui o homem da natureza.

Após a puxada, a canoa vai passar pelo acabamento grosso, onde com o enxó o Mestre Canoeiro redefine as linhas da ca-noa imprimindo sua marca pessoal. Logo depois é feito o acabamento fino onde a so-breproa e a sobrepopa é colada e a canoa é toda lixada.

A técnica de colocar sobreproa e so-brepopa, permite que a árvore seja melhor aproveitada em todo seu comprimento. Uma solução técnica genial que resulta na Canoa Caiçara do Bonete sem a "bordadu-ra", mais utilizada na pesca a remo.

Caso for necessário maior capacidade de carga pode ser acrescida a "bordadura" ou sobreborda, o que proporciona mais efi-ciência para enfrentar as ondas na saída da praia. Estas bordas tornam-se a principal ca-racterística das Canoas Caiçaras Boneteiras.

por Peter Santos Németh - canoadepau

Foto: Adriano Perna

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Jundu Pescadores puxavam suas canoas na praia do Perequê até em cima do jundu, vegetação litorânea que cresce em áreas não alagadas nem salinas, onde o mar não alcançava.

CARIDADE Acima, homens bem vestidos com trajes sociais, muito utilizados na época, em cima e em volta da famosa Canoa Caridade, em meados de 1919.

Tecnologia A foto do argentino Martin Julio Ramos mostra a tecnologia utilizada pelos caiçaras no final da Década de 1970 para subir uma grande Canoa de Voga. O registro foi feito na comunidade tradicional da Praia Vermelha, na Baía dos Castelhanos.

Arte Acima, dois homens dentro de uma árvore caída na mata. Com ferramentas coloniais, eles esculpem uma canoa de

voga ainda no meio da mata .

Bonete Muito famosa e utilizada pelos caiçaras da comunida-de tradicional da praia do Bonete e seus convidados, a Praça

da Conversa Mole é um local onde realmente se encontram Pescadores, Caçadores e muitos, muitos mentirosos.Fo

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o memorável João Santana

Benzedeiro renomado das bandas do Pere-quê antigo, João Santana de Oliveira, tam-bém conhecido como João Lontra é filho

de Pedrina Santana de Oliveira, que segundo ele também benzia. Morador do lugar onde hoje se encontra instalado o centro comercial de Ilhabela, João é do tempo em que Ilhabela era só mato. "Eu sempre morei aqui no Perequê. Antigamente não tinha nada aqui. Depois de uns tempos pra cá que Jânio Quadros entrou, botou luz e a estrada. Aqui era só mato".

João conta que antes disso faziam lampião com canudo de taquara e querosene. Segundo João, a vida em Ilhabela desconsiderava a região baixa do Perequê e no bairro só existia a casa de sua família e a Igreja de São João. O benzedeiro conta que quan-do a igreja foi construída ele tinha apenas 8 anos. "Eu tinha amigo, tinha Joãozinho, Bigi, seu Jacinto morreu, Nelinha morreu, Alicinho morreu, agora não tem mais, cabou-se tudo. Nós fomos no Pico do Baepi quando não tinha nada ali. Subimos e co-locamos uma bandeira de nylon lá", lembra o antigo morador de Ilhabela. "Meu pai, minha mãe, minha avó, meu avô, cabou-se tudo"

João Lontra lembra que em sua mocidade Ilha-bela vivia em festa. "Por toda parte tinha festa, agora não. Tinha salão de baile ali na igreja, vinha muita gente de Santos para a Festa de São João. Aqueles tempos antigos era melhor que hoje em dia. Muito peixe, muito feijão, muito arroz, hoje o que você ga-nha não dá nem para comer", lamenta.

"Tinha roda de farinha, fazia farinha e uma por-ção de coisa. Agora não tem mais nada. Cabou-se".

Em Ilhabela, assim como em todo lito-ral sudeste do Brasil, a pesca artesanal é caracterizada principalmente pela

mão de obra familiar. Com embarcações de pequeno porte, como as canoas, os caiçaras atuam normalmente na proximidade da cos-ta com equipamentos que variam de acordo com a espécie a se capturar.

O cerco flutuante, modalidade muito uti-lizada pelas comunidades caiçaras de Ilhabe-la, foi introduzido pelos imigrantes japoneses.

No início, essa engenhosa forma de pes-car nas encostas do arquipélago gerou muita curiosidade e desconfiança, mas depois que o cerco "pescou bem" e provou que funciona-va, se tornou um dos petrechos de pesca mais eficientes de captura de peixes.

No entanto, os japoneses trouxeram para o Brasil consigo, apenas a ideia. Foi em 1919 que o primeiro armador de cercos chegou ao Saco do Sombrio. Sem materiais para a pro-dução do "cerco japônes", muita coisa pre-

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cisou ser adaptada e registros apontam para uma frustante primeira tentativa.

Naquela época, um cerco armado com um "pano bom", ou seja, uma rede de fios fortes e bem trançados, poderia pescar cerca de um ano e meio sem grandes avarias.

Os caiçaras também utilizavam redes de espera e de arrasto como o picaré. A pesca de linha também sempre foi muito utilizada para a captura de peixes de passagem como anchovas, cavalas e sororocas.

Para conservar o pescado capturado em grande quantidade, os caiçaras também aprenderam com os europeus e asiáticos a arte de secar o pescado. Depois de escala-do, o peixe recebia uma boa quantidade de sal para ajudar a retirar toda a água da car-ne. Logo depois os peixes eram pendurados numa espécie de varal ao sol por vários dias. Ainda hoje, a técnica do peixe seco é muito utilizada pelas comunidade caiçaras tradicio-nais da Ilha.

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29Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Pescaria A pesca sempre foi um dos pilares da alimentação do povo caiçara. Em Ilhabela não era diferente e desde o Brasil-Colonial a subsistência já exigia que os homens saíssem para o mar em busca do alimento.

Pesca da Baleia A captura de baleias na costa brasileira teve início por volta de 1700 e se manteve essencialmente rudimentar até meados de 1950. Arpões manuais eram utilizados e o animal arpoado levava muitas horas até sucumbir. O óleo, extraído das espessas camadas de gordura que envolviam o animal, por suas inúmeras funções, era o produto

Tecnologia O cerco flutuante, modalidade muito utilizada pela comunidades caiçaras de Ilhabela, foi introduzida pelos imigrantes japoneses. No início, essa engenhosa forma de pescar nas encostas do arquipélago gerou muita curiosidade e desconfiança, mas depois que o cerco "pescou bem" e provou que funcionava, se tornou um dos petrechos de pesca mais eficientes de captura de peixes.

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mais cobiçado. Chamado de “azeite” ou “graxa”, servia para a iluminação dos engenhos, casas e fortalezas, para a calafetagem de barcos (vedação com estopa), para a fabricação de sabões e velas, e ainda podia ser usado na lubrificação de engrenagens. Em Ilhabela a pesca também acontecia e o óleo dos grandes mamíferos era removido na praia da Armação.

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Ilhabela 21DÉCADAS30 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Frequentadora de Ilhabela desde 1974, quando ainda namorava seu marido, Paulo, e vinham acampar no antigo

camping do Badito, Sandra Regina Rost Stani-ch nasceu em 1962 e mudou-se para Ilhabela em 1988.

Esposa carinhosa e mãe extremosa, San-dra participou ativamente da Associação de Pais e Mestres da Escola Anna Leite, na Praia Grande, onde seus filhos Paulo e Vanessa es-tudaram até completar o ensino médio.

Entretanto, não foi apenas como esposa e mãe exemplar que se destacou, mas, prin-cipalmente, por sua efetiva participação nos projetos sociais e por sua contribuição rele-vante à comunidade.

Como era uma das únicas que possuía au-tomóvel no bairro, era comum levar as pesso-as da comunidade à Santa Casa. Muitas vezes, durante a madrugada e com chuva, enfrentou a estrada do sul, que ainda era de terra, com seu Buggy vermelho para ajudar o próximo, sendo, inclusive, alvo de brincadeira entre os vizinhos que diziam que deveria colocar uma cruz branca em seu carro, onde até mesmo vá-rias crianças quase nasceram.

Em 1992, seu marido ingressou no Rotary

Club de Ilhabela, numa época onde somente eram admitidos membros do sexo masculino, porém Sandra participava ativamente como membro da Casa da Amizade.

Com a abertura do Rotary para as mulhe-res, Sandra ingressou nas fileiras da institui-ção, onde alcançou o cargo de Presidente em três mandatos, sendo a primeira mulher de Ilhabela a ocupar o posto.

Já no seu primeiro mandato, junto com seus companheiros de clube, entregou em parceria com a Marinha do Brasil, 5mil peças de roupas, brinquedos e colchões para as co-munidades tradicionais do arquipélago.

Através do Rotary contribuiu nas campa-nhas da Pólio Plus, na época em que os pró-prios rotarianos aplicavam a vacinação atra-vés das “gotinhas”.

Por muitos anos Sandra participou da Campanha Antirrábica, bem como em várias outras como: Campanha de Combate à AIDS, Doação de Sangue, Campanha da Boa Visão, Combate à Hipertensão, Banco de Cadeira de Rodas, Acesso ao Livro, dentre outras, sempre de forma voluntária.

Pelos relevantes serviços prestados ao Ro-tary Club recebeu em 2015 o Prêmio Viriato

Correia. Sandra também recebeu do Rotary Internacional, o Prêmio Paul Harris.

Em 2013, foi representante do Rotary Club do Brasil em Intercâmbio da Amizade realizado nos países da África do Sul, Austrá-lia e Nova Zelândia, onde divulgou Ilhabela.

Ao lado de Dona Dedé, atuou na Socie-dade São Vicente de Paula por vários anos, fornecendo material escolar e brinquedos em datas especiais para as crianças carentes.

Durante quatro anos foi vice-presidente da Sociedade Amigos da Criança de Ilhabela – SACI, que cuida de crianças com desnutri-ção avançada, em parceria com as irmãs que administram esta obra social.

Na Pastoral da Criança, durante mui-tos anos, participou da pesagem de crianças da localidade do “Buraco Fundo”, onde para atrair as crianças distribuía lanches e refrige-rantes, recebendo por seu trabalho, em 2002, o Prêmio “Amigo da Criança”.

Desde 1990, Sandra é proprietários da Tapeçaria Colonial e por suas ações que tan-tos benefícios trazem à comunidade, teve seu trabalho reconhecido e por meio de uma in-dicação da vereadora Dr. Rita, hoje ela é uma “Cidadã Honorária de Ilhabela”.

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Cidadã de Ilhabela

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31Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

o pai dos royalties

Roberto Fazzini

Caiçara da terra, nascido em 12 de ou-tubro de 1929, Roberto Fazzini veio ao mundo para fazer a diferença. Se

hoje Ilhabela é a cidade que atualmente recebe o maior percentual de royalties do petróleo no Litoral Norte, devemos agradecer ao esforço desse grande homem, que em sua segunda gestão como prefeito de nossa cidade, lutou diuturnamente para conquistar esse direito, já que o município até então arcava apenas com os prejuízos dos vazamentos de óleo no Canal de São Sebastião.

Muito antes dessa grande conquista, Ro-berto Fazzini já contribuía para escrever a trajetória ilhéu, ao pilotar a lancha que fazia o transporte de passageiros entre o arquipélago e o continente. Como sócio fundador bene-mérito do Esporte Clube de Ilhabela, traba-lhou para a conquista e construção da sede e ajudou a realizar festas memoráveis como os tradicionais Bailes de Carnaval e as primeiras

edições do Banho da Doroteia, também cha-mado Banho à Fantasia.

Vereador atuante em duas legislaturas, também governou o município entre 1973 e 1977, época em que o município rece-beu as primeiras obras de infraestrutura, como a construção de prédios escolares no São Pedro, Curral e Veloso, no sul da ilha e abertura da estrada São Pedro-Borrifos, Ponta das Canas-Jabaquara e a reabertura do trecho Perequê-Castelhanos, que estava paralisado havia 18 anos.

Com Fazzini, Ilhabela viu chegar a comu-nicação via telefone público, cujo primeiro aparelho foi instalado na Praia Grande e a chegada da energia elétrica, por meio da ins-talação dos cabos submarinos que traziam a energia de Furnas. Preocupado com a ocupa-ção do município, trouxe para o arquipélago o primeiro Seminário do Litoral Norte com objetivo de elaborar projeto de Lei de Uso do

Solo. Na Saúde, conquistou a abertura da San-ta Casa de Misericórdia de Ilhabela, em par-ceria com a extinta Superintendência do De-senvolvimento do Litoral Paulista (Sudelpa).

Formou-se em Direito, implantou o Con-selho Tutelar na cidade e deu início à infor-matização do serviço público. Incansável, buscava recursos e parcerias com esferas Esta-dual e Federal para garantir o funcionamento da Santa Casa, Associação Creche e Apae de Ilhabela.

Político de vanguarda, homem de família, Roberto Fazzini é com certeza um exemplo a ser seguido, pois suas ações sempre primaram pela transparência e gestão pública. Nos 210 anos de emancipação político-administrativa de Ilhabela, nossa justa homenagem a esse caiçara que veio ao mundo para fazer a dife-rença e contribuir com o desenvolvimento de sua cidade.

Após 18 anos, Fazzini retomou a manutenção da estrada de Castelhanos

Roberto Fazzini também investiu nos bairros do São Pedro e Veloso

O prefeito Fazzini também construiu a quadra de esportes do Perequê

Saúde Junto com a esposa Mariazinha, Roberto Fazzini conseguiu manter aberto o pronto-socorro da Santa Casa de Ilhabela 24h por dia enquanto prefeito

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Ilhabela 21DÉCADAS32 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Filho de Alzira Siqueira e do migrante ita-liano Leonardo Reale, "Seu Hélio" nasceu na Vila, em 1924. Eram cinco irmãos,

sendo quatro homens: Vitor Reale, Humberto, Helio e Ítalo. A quinta era Ophélia, a única mu-lher.

Aos oito anos de idade foi com sua família para a praia de Castelhanos, na mesma época em que estourava a Revolução de 32. Sua mãe havia pego Tifo [doença bacteriana] e o médi-co dela, doutor Ernesto Rezende, que era talvez o único médico em Ilhabela disse: "Leva a Al-zira pra um lugar sossegado". Hélio conta que do lado de cá da ilha era um barulhão danado. "Qualquer aviãozinho que passava aqui era um tiroteio dos infernos. Então, nós fomos morar em Castelhanos, em 1932, e ficamos lá até 1940, moramos oito anos lá", conta.

o filho do italiano Leonardo,

HÉLIO REALENaquela época cerca de 80 famílias viviam

nos Castelhanos. "Tinha de tudo lá, só se com-prava roupa e querosene. Se plantava, todo mundo trabalhava, tínhamos uma cooperativa de um barco grande e todo fim de mês tava lá pra pegar carga, pegar banana, pinga e levar para Santos", lembra.

Na época os maiores cultivos eram de cana de açúcar e Banana. A família possuía um enge-nho, muito comum naquele tempo. A Favorita, cachaça produzida artesanalmente no Engenho dos Reale ficou famosa atingindo a marca de produção mensal de 18 mil litros.

"Nossa pinga era vendida pra Santos e dis-tribuía no litoral todo. Ubatuba, Caraguatatu-ba... Santos comprava e distribuía, não só do nosso, como de todos os engenhos. Nós éramos todos moleques, tudo criança, nós ajudávamos

só de fim de semana, que os empregados não iam trabalhar. Punha água, púnhamos para moer, enchia as cocha de garapa que tinha que destilar e fazia a pinga. Sábado e domingo era por nossa conta, durante os dias da semana eram os empregados que tocavam. O engenho funcionou até 1967.

Na mocidade, Helio Reale foi para São Pau-lo, onde trabalhava na SKF, enquanto Santina - sua futura esposa - era da cidade de Descalvado, distante 260km da capital, mas o destino já havia traçado o caminho do casal. O sogro de Helio acabou alugando o piso térreo de um sobrado para Santina, só que em cima morava o gerente da empresa SKF e Hélio ia muito à casa de seu chefe. "A gente se conheceu assim. Então aí foi... em 2009 fizemos 50 anos de casados", conta.

Ilhabela naquele tempo tinha vida própria.

EngenhoImagem da década de 30 retrata o engenho em Castelhanos onde os irmãos Reale produziam 18mil litros de pura aguardente de cana por mês

Hélio Reale com os irmãos Vitor e Ophélia e mais dois amigos, no córrego Nossa Senhora D'Ájuda, que corta a Vila e deságua ao lado do Esporte Clube IlhabelaFo

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Tudo que se fazia aqui se vendia. A gente planta-va, colhia, vendia, tudo aqui. Na Ilha de Búzios todo mundo plantava muito feijão. A Ilha tinha vida própria. Hoje você precisa comprar tudo de fora, desde a banana. Nos armazéns aqui, bem na frente tinha uma fileira de oito arma-zéns de secos e molhados. Armazém de secos e molhados, era do pingo, tinha do meu pai, tinha do Celestino, tinha uma porção deles aí. Um do 'lado do outro, todo mundo vendia. Tudo na frente aí, na rua da frente. É tudo na rua, da praia. Era uma época acho que muito melhor do que é hoje, vendia desde ferramenta até roupa, vendia sabão, vendia de tudo, carne-seca, feijão, de tudo. Só comprava querosene, a roupa e o sal.

Naquela época todos plantavam e produ-ziam, mas os filhos da ilha não quiseram mais nada. Hélio conta que quando regressou para Ilhabela alertou os amigos: "Do jeito que vai indo aqui vocês vão ficar tudo sendo caseiro de turista".

Com a abertura da Tamoios e a facilidade de se chegar mais fácil ao arquipélago, os turis-tas foram chegando e querendo se instalar. "Os caiçaras eram os donos de Ilhabela, mas cres-ceu dinheiro no olho de todo mundo que cada turista que aparecia ele vendia um pedacinho de terra. Eles ficaram sem nada. Não soube-ram dar valor para aquilo que eles tinham, se iludiram de vender pro turista, que deu aquele dinheirinho e ficaram sem nada e foram em-bora. A maioria foi embora pra Santos", contou a Caio Camargo, em "memórias de uma ilha".

Irmãos RealeRótulo da cachaça Favorita,

produzida na Baía dos Castelhanos pela família de

Helio Reale. Acima do nome o slogan: "Finíssima Aguardente

de Pura Cana"

Um casamento de 56 anosDe volta à Vila, Helio passou a ajudar seus pais com a criação de gado. No final da década de 50 foi para São Paulo, onde se casou com dona Santina Heidorn e a trouxe para morar consigo em Ilhabela, onde tiveram quatro filhas. À esquerda dona Santina, Helio Reale e as duas primeiras filhas Lúcia e Sônia.

Quartetoda esquerda para direitaAlzira, Sônia, Lúcia e Célia,filhas de Hélio e Santina Reale

Meu pai era um italiano bravo pra burro. Era muito bom. Sempre educou a gente muito bem educado. Ele era

agricultor. Tinha uma fazenda em Castelhanos, um engenho de pinga, plantação de banana, foi comerciante por muito

tempo. Casou e ficou aqui até morrer com 87 anos".”Hélio Reale, "Memórias de uma Ilha"

Foto: Acervo Pessoal

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Os guerreiros medievais, cavalos ram-pantes, donzelas e sereias, enormes peixes metálicos, além de sua coleção

de arte sacra e bustos de personalidades, entre outros temas, compõem o conjunto de obras elaboradas pelo escultor Gilmar Pinna, nascido em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, e reve-lam uma nova forma de interpretação da figura,

Prata da Casao caiçara que esculpe sentimentos

tanto humana como animal, através da singular expressão de um artista que rompe os limites da escultura acadêmica e tradicional.

Em sua apresentação, o crítico de arte Luiz Ernesto Kawall assim define a obra do artista: “Sua arte escultórea é repleta de formas e estru-turas diferentes, cuja elaboração necessita de ou-sadia dinâmica e muita força interior. É uma arte

feita com alma, coração e muito esforço físico.”Autodidata, Gilmar Pinna iniciou sua carrei-

ra artística aos 10 anos realizando esculturas em areia, e aos 12 anos conquistaria o Primeiro Prê-mio de Escultura em Areia do Litoral Norte Pau-lista. O passo seguinte seria a escultura em metal.No início dos anos 70, incentivado pelo pintor e desenhista basco Fernando Odriozola, de quem se tornara amigo e admirador, começou a parti-cipar de concursos e salão de artes, conquistando vários prêmios.

Em 1976 realizou sua primeira mostra indi-vidual, na Galeria Vanguarda, em São Paulo. Se-guiram-se outras individuais e participações em exposições coletivas. Ao mesmo tempo, passou a elaborar trabalhos de encomenda para diversos colecionadores e empresários, no Brasil e no ex-terior, contando atualmente com diversas obras expostas em praças públicas na Itália, Suíça e Es-panha e Portugal, onde em Julho de 2005 esteve restaurando uma obra sua já instalada, e recebeu

CrucificaçãoEstudos apontam que a escultura encrustada no meio do Centro Histórico de Ilhabela, seria o único Cristo crucificado em praça pública em todo mundo. A obra de Gilmar Pinna foi instalada em 2001 e é um dos pontos mais visitados e fotografados pelos visitantes que vêm a Ilhabela.

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homenagem pela ocasião do Centenário da cidade de Vila de Lousada.

Em julho de 2000 realizou no Espaço Cultural do Con-junto Nacional, São Paulo, a convite da Secretaria Estadual da Cultura, sua exposição “Coleção do Milênio”, contan-do no evento com o patrocínio do BANCO DO BRASIL e apoio da Sanko Espumas, da Super-Inox, e do Estúdio Tom Brasil.

Na cidade de São Paulo, Gilmar Pinna realizou em 2001, de 21 de abril a 20 de maio, a exposição que marcou a reabertura do Parque Villa Lobos, a convite da Secretaria de Recuperação de Bens Culturais do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria de Estado dos Negócios de Es-portes e Turismo, e Ministério da Cultura.

Em 2002, a convite da Prefeitura Municipal de Chi-cago (E.U.A.), Gilmar Pinna realizou palestras em escolas públicas, além de executar obras para algumas entidades americanas (High School de Highland Park, Nature Pre-servancy (Ong americana de preservação da natureza), entre outros).

Em maio de 2005, na cidade de Santander, Espanha, foi instalada a escultura “D. Quixote e Rossinante”, em co-memoração ao quarto centenário da obra legendária de Miguel de Cervantes.

Em 2006, o escultor realizou no Memorial da Améri-ca Latina, São Paulo, a exposição de sua maior coletânea de obras, o Projeto Retratos da Vida, com dez esculturas, sendo nove com aproximadamente 20 toneladas cada, ho-menageando personalidades que de alguma maneira se dedicaram à paz em nossos tempos.

Atualmente a coletânea encontra-se instalada no par-que escultórico especialmente preparado para recebê-las, na cidade de Praia Grande, litoral sul de São Paulo, deno-minado “Parque dos Sonhos”.

No ano de 2007, foi nomeado pela Câmara Municipal de Ilhabela, Embaixador Cultural de sua cidade natal, por relevantes trabalhos de divulgação e contatos culturais rea-lizados entre Ilhabela e outros Municípios.

Gilmar PinnaNascido em Ilhabela,

Gilmar Pinna revelou uma nova forma de interpreta-

ção da figura, tanto huma-na como animal, através da

singular expressão de um artista que rompe com os

limites da escultura.

CavalosO artista ainda apresenta uma paixão platônica por cavalos, que estão sempre presentes nos diversos momentos da vida profissional do artista.

Fotos: Acervo Pessoal

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Com mais de 40 anos de história, o Supermercado do Frade se tornou um sinônimo de Ilhabela. Localiza-

do no bairro do Perequê, o “Frade” cresceu junto com a cidade é comandado até hoje por Edson Silva. Fundado no dia 05 de Maio de 1971 por seu pai, Joaquim Francisco da Silva, o supermercado é referência não só de compras, mas também ponto fundamental de localização em Ilhabela.

Embora afamado pela rica diversida-de em produtos, para chegar aos alicerces dos tempos modernos, o “Frade” passou por muitas mudanças, enfrentando algu-mas dificuldades. A começar pelo espaço de 80m² na época em que era conhecido como “Cerealista Silva”. O curto espaço da loja era tomado por um imenso balcão, pelo qual a clientela efetuava suas com-pras, apontando as mercadorias que eram embaladas por um dos seis funcionários à disposição, além do operador de caixa que realizava as contas, logicamente à base de papel e caneta.

Graças a dedicação e aos esforços, o “Ce-realista Silva’ em 1976 ampliou sua área de vendas para 250m² dobrando para 12 o nú-mero de funcionários e instalando 3 caixas equipados com as inovadoras calculadoras elétricas que chegaram para substituir de vez o método de soma tradicional.

Assim, a clientela passou a desfrutar do setor de Frios que não existia nos cinco pri-meiros anos, tal como as pequenas pratelei-ras na loja, dando mais liberdade de escolha. A novidade ganhou as paredes e o “Cerealis-ta” transformou-se no ‘Supermercado Silva”.

Conforme crescia ganhando conheci-mento na praça, o “Silva” era alvo de exi-gências por parte da clientela que sentia falta de alguns produtos nas prateleiras e a meta passou a ser a inovação, com muita dificul-dade em conseguir fornecedores devido a difícil travessia para a cidade. Naquela épo-ca, não era comum empresas exportadoras de alimentos comercializarem abertamente no Litoral Norte, assim sendo, todos os for-necedores do “Mercado Silva” vinham direto do atacado e como todo, o sistema limitava os pedidos isso dificultava os empreendi-mentos que o “Silva” gostaria de aplicar à loja para atender seus clientes.

Com o tempo, o “Supermercado Silva” progrediu. Já em 1982, a loja contava com seis caixas e um total de 28 funcionários, por sua vez, a clientela desfrutava de novos seto-res, como frios, laticínios e perfumaria, mas a grande novidade era o “UIPI”, uma espécie de bazar que fora organizado abaixo do es-critório principal.

Em 1988, o bairro cuja empresa encon-tra-se situada até hoje, passou a somar no

nome, o que rendeu ao “Supermercado Silva Perequê” vasta ampliação – 920m², oito cai-xas e 53 funcionários além de novos setores como o hortifrúti e açougue.

Já em 1994, uma grande mudança ocor-reu. Dessa vez passando a ser chamado de “Supermercado do Frade”, já com 1.400m² e 72 funcionários. No mesmo ano foi inaugu-rada a padaria na loja e o Frade ganhou seu 2° piso – em prol do bazar UIPI – foi criado o Magazine do Frade.

Em 1999 foram investidos mais 222m² na ampliação dos setores de bebidas, rações e hortifrutti, até que em 2009 as inovações chegaram a 2.100m² de loja com 15 caixas e 215 funcionários.

Hoje o Supermercado do Frade é sem duvida um dos mais completos da cidade e da região. Composto por uma dedicada equipe profissional em atendimento – com corredores espaçosos e uma grande varie-dades de produtos, o Frade vem ganhando ainda mais espaço.

Com a formação de Gabriel Silva, neto de seu Joaquim, Edson passou a transferir grande parte da administração para o jovem. Com muito empenho e determinação, Ga-briel se aperfeiçoou e vem tomando a frente do negócio da família, que segue em rítmo forte em Ilhabela, sempre atendendo muito bem moradores e turistas.

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MagazziniNa imagem a esquerda é possível ver o interior da loja no início da década de 1990. Acima, uma imagem da frente da loja no fim dos anos 80.

Açougue do SilvaEm 1992, o açougue do Supermercado Silva já contava com uma estrutura ampla para atender os ilhabelenses e os exigentes veranistas, que passaram a fazer de Ilhabela, sua segunda residência, como acontece até os dias de hoje.

Fotos: Acervo Particular/Supermercado do Frade

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Ilhabela 21DÉCADAS38 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Ao longo de uma história ainda pouco conhecida e que remonta a milhares de anos no passado, Ilhabela tem sido

o cenário de uma fascinante mistura de mis-térios, lendas, escravos, indígenas, povos pré--coloniais, corsários, naufrágios, opulência e estagnação, sempre em meio a uma natureza exuberante que tem resistido à ação degra-dante do homem.

Graças à dificuldade de acesso à topogra-fia acidentada e a fatores históricos, o muni-cípio-arquipélago de Ilhabela apresenta um alto grau de preservação ambiental, apesar de estar localizado no centro do maior pólo eco-nômico da América Latina, formado pelo eixo São Paulo e Rio de Janeiro, e mesmo tendo atravessado dois grandes ciclos econômicos centrados na agricultura extensiva e que per-duraram por mais de 300 anos, quando proli-feraram dezenas de engenhos de açúcar e de aguardente, serrarias e mais de duas centenas de fazendas de café.

Ilhabela é um município-arquipélago, ou seja, seu território é formado por várias ilhas. A maior e a principal delas chama-se Ilha de São Sebastião, com uma área de 337,5 Km2. Antes da chegada dos portugueses, essa ilha era chamada pelos indígenas de Maembipe ou Mayembipe, que na língua tupi significa “local de troca de mercadorias e resgate de prisio-neiros”, ou seja, uma espécie de zona neutra utilizada pelas tribos para negociações; um costume tribal.

Os integrantes da primeira expedição ex-ploradora enviada por Portugal à Terra de Santa Cruz chegaram a Maembipe (maior ilha marí-tima encontrada pelos exploradores até então), em 20 de janeiro de 1502, Dia de São Sebastião. A expedição, que batizou a ilha de Maembipe com o nome do santo do dia, era composta por três caravelas, e dela fez parte Américo Vespú-cio, conhecido navegante italiano.

Um dos primeiros colonizadores da Ilha de São Sebastião foi o português Francisco de

DA CANA ÀCAPITAL DA VELA

Os tupis eram profundos conhecedores da natureza e viviam guerreando entre si. Os inimigos eram mortos e comidos pela

tribo, durante o chamado ritual antropofágico

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39Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Escobar Ortiz, responsável pela construção do primeiro engenho de açúcar local.

Em 1805, a ilha de São Sebastião, que até então pertencia ao município de São Sebastião, foi elevada à condição de município pelo ca-pitão-general Antônio José da Franca e Horta, quando recebeu o nome de Vila Bela da Prin-cesa, em homenagem à filha mais velha do rei de Portugal, D. João VI. Os grandes artífices da emancipação foram o capitão Julião de Moura Negrão, o alferes José Garcia Veiga e o senhor de engenho Carlos Gomes Moreira.

Em 1940, por determinação do governo federal, Vila Bela mudou de nome e passou a chamar-se Formosa. Em 1945, o município incorporou outras ilhas, passando então a chamar-se Ilhabela, evidenciando, em todos os nomes que recebeu, a beleza natural que domina a cidade.

Hoje, o arquipélago de Ilhabela, com área total de 348 Km2, compreende as ilhas de São Sebastião, dos Búzios, da Vitória, mais as ilho-tas dos Pescadores, da Sumítica, da Serraria, das Cabras, da Figueira, dos Castelhanos, da Lagoa e das Enchovas. A área urbana do mu-nicípio localiza-se integralmente na Ilha de São Sebastião, existindo 18 núcleos de comu-nidades caiçaras tradicionais espalhadas pelo arquipélago, em locais de difícil acesso.

Ilhabela completa em três de setembro deste ano, 210 anos de Emancipação Político-Admi-nistrativa, entre os seus títulos de beleza infinita, detém a de “Cidade Campeã de Preservação da Mata Atlântica”, sendo seu território preservado em 92% e a de Capital Nacional da Vela.

Apesar de sua vocação para os esportes náuticos, somente em 2011 o arquipélago foi oficialmente decretado como a Capital Na-cional da Vela. A chancela oficial garantiu o título para o município que já tinha uma autodenominação por sua vocação. Desde então, a cidade garantiu de forma inquestio-nável esse título tão importante.

Capital da Vela Apesar de sua vocação para os esportes náuticos, somente em 2011 o arquipélago foi oficialmente decretado como a Capital Nacional da Vela.

Escravidão Durante todo o período colonial, com cultivo nas fazendas de Ilhabela baseado

na mão de obra escrava, foi grande o fluxo de navios negreiros para o arquipélago. O

solo extremamente fértil, e a abundância de cachoeiras para mover rodas d'água, fizeram

da Ilha um excelente local para a construção de engenhos de cana de açúcar.

Devoção Durante a Festa de São Benedito é realizada a Congada de Ilhabela, a maior manifestação folclórica cultural caiçara, que atravessou o tempo até os dias de hoje.

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Campo de Aviaçãoe a participação de "Vila Bela" na Revolução de 1932

Após o golpe de Estado que levou Ge-túlio Vargas ao poder, a insatisfação no estado de São Paulo aumentou.

Vargas concentrou poder e nomeou interven-tores nos estados. Os paulistas esperavam a convocação de eleições, mas dois anos se pas-saram e o governo provisório se mantinha. Os fazendeiros paulistas, que tinham perdido o poder após a revolução de 1930, eram os mais insatisfeitos e encabeçaram uma forte oposição ao governo. Houve também grande participa-ção de estudantes universitários, comerciários e profissionais liberais.

Os paulistas exigiam do governo provisó-rio uma nova Constituição e a convocação de eleições para presidentes. Exigiam também, de imediato, a saída do interventor pernambuca-no João Alberto e a nomeação de um interven-tor paulista.

Como Vargas não atendeu às reivindica-

ções dos paulistas, em maio de 1932 começa-ram uma série de manifestações que culminou no conflito armado entre o governo Vargas e os paulistas.

Foi aí que Ilhabela se tornou ponto cru-cial no combate. No dia 10 de julho partiu do porto do Rio de Janeiro o contratorpedeiro Mato Grosso e, no dia seguinte, o cruzador Rio Grande do Sul, escoltado por outros dois contratorpedeiros (Pará e Sergipe). Para apoiar a esquadra, a Aviação Naval enviou três Aviões Savoia-Marchetti S-55A e dois Martim PM. Esses cinco aviões partiram do Galeão e fica-ram provisoriamente baseados nas enseadas de Ilhabela, próximo ao vilarejo de Vila Bela. Com o clima tenso da Revolução, a Marinha preparou aviões Vought O2U-2A Corsair, que também viriam para Vila Bela, de onde parti-riam para o combate, mas a Aviação Naval não confiava muito nos flutuadores de suas aerona-

ves que pousavam e decolavam do mar nas en-seadas da ilha. Decidiu-se então ampliar o des-campado próximo à Ponta do Pequeá, criando uma pista de pouso próxima ao vilarejo para que os mesmos pudessem operar com trem de pouso. Criou-se então em 1932, o Campo de Aviação de Vila Bela.

Inicialmente a aviação paulista com seus poucos recursos atuou na Frente Sul, deixando a capital livre para várias investidas inimigas contra o Campo de Marte ‐ ações que visavam demonstrar força e abalar a moral da popula-ção paulistana. Além desses ataques na Capital, a Aviação Naval operava livremente a partir de Vila Bela (Ilhabela) no Litoral Norte, engros-sando o bloqueio naval, bombardeando posi-ções em Santos e apoiando a ofensiva terrestre dos Fuzileiros Navais em Cunha. Com o tempo, as forças federais fortaleceram os céus neste se-tor e no início de setembro a luta se intensificou.

Aeroporto de IlhabelaOs Martim PM, juntamente com os Savoia Marchetti, eram as principais aeronaves de bombardeio da Marinha operando no conflito. Na foto abaixo, um dos Martim PM em Vila Bela, principal base dessas aeronaves durante a Revolução Constitucionalista.

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Do Campo de Aviação em Ilhabela, ainda partiram ataques a Cubatão, São Vicente e a varias guarnições localizadas no Vale do Pa-raíba, tornando Vila Bela ponto primordial na luta contra os revolucionários paulistas. Na se-gunda quinzena de agosto, quando os ataques nas três frentes terrestres se intensificaram, a Aviação Naval executou uma série de voos de patrulha, de reconhecimento e de ataque ao longo do litoral paulista coincidindo com aquela ofensiva.

Em setembro do mesmo ano, diversas ci-dades do estado de São Paulo já haviam sido tomadas, e o governo mostrava mais uma vez a sua superioridade, forçando os revolucionários a se renderem, dando por encerrada a revolu-ção em 28 de setembro de 1932.

Mesmo tendo sido derrotada, a Revolução Constitucionalista pode ser definida como um marco da história do Brasil, que impediu que o país fosse governado de forma inconstitucio-nal. Graças a ela um novo texto da constituição foi elaborado dois anos depois, no qual incluía em suas entrelinhas que as mulheres possui-riam a partir de então o direito ao voto. Ficou definido também que o cidadão teria a partir daquele momento o direito de escolher seu candidato de forma secreta nas urnas.

Com o fim da Revolução de 1932, o Campo de Aviação de Vila Bela permane-ceu ativo para a aviação civil até a Década de 80, quando passou a ser muito utilizado

por helicópteros e posteriormente se tornou um dos locais mais valorizados da cidade, com grandes residências de turistas e pou-cos moradores.

Campo de AviaçãoApós o fim da Revolução de 1932, a pista de pousos e decolagens de Vila Bela continuou sendo utilizada por aeronaves de pequeno porte até meados da Década de 1980.

Década de 1970A foto acima mostra a região do

antigo Campo de Aviação com as primeiras residências no entorno da

pista em meados da Década de 1970.

Campo de Aviação Ilhabela registrou o primeiro acidente aéreo do Campo de Aviação no dia 13 de janeiro de 1972. Relatos apontam que o piloto da aeronave tentou arremeter o pouso, mas teve problemas ainda desconhecidos. O piloto teria perdido o controle da aeronave , capotando em frente à fazenda Engenho D'Água.

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Filha de João Baptista Ramos e Ruth Carvalho Ramos, Cybele Ramos Lemos nasceu em novembro de 1927 na ci-dade de Cambará – Paraná. Aos 10 anos, juntamente com suas irmãs, foi para Ribeirão Preto estudar, pois na época, no Paraná as escolas eram somente até o 4º ano primário. Até então tiveram professores em casa e foi com sentimen-to de grande libertação que saiu para estudar fora.

Um ano depois, por influência da mãe, as jovens foram levadas a estudar em um colégio interno, onde permanece-ram por dois anos. Mas graças a rebeldia da irmã mais ve-lha, saíram do internato e com toda família se transferiram para São Paulo, onde concluiu o ginásio e o colegial cien-tífico. Formou-se educadora social no instituto de Direito Social. Gostou do curso e lecionou para adultos na Fábrica Modys Figueiredo e ainda trabalhava na empresa Francesa que veio ao Brasil, com o instituto de plantas, o METRO, em São Paulo.

Em 1948 conheceu Geraldo Augusto Procópio, com quem casou. Em 1950 fez sua primeira visita ao arquipé-lago, juntamente com seu marido. O casal estava no Rio de Janeiro e fizeram trechos da viagem de avião e carro. Em Ilhabela, os primeiros amigos foram Angelino Fazzini e Ary França. Cada vez que vinham para a cidade, o casal gostava mais, tanto que em meados de 1954 comprou uma propriedade próxima ao farol da Ponta das Canas. Teve um grande trabalho para tirar as canas que estavam no terreno e para limpar a casa, que então era de pau a pique, toda furada e com os telhados cheios de goteiras. Graças as pes-soas que foram conhecendo e também aos seus vizinhos, refizeram a casa, mas não havia eletricidade, então usavam lampiões. Nessa época chegou a trocar com os vizinhos e conhecidos coisas que encontrava na casa e que não que-ria, mas que servia para eles, da mesma forma que nessas trocas conseguia objetos que lhe interessavam.

Em 1956 seu marido Geraldo Junqueira foi eleito pre-

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feito de Ilhabela, com mandato até 1960. Nessa época as propriedades como a Fa-zenda Siriúba e Engenho D’água eram sem-pre utilizadas para acolher os visitantes, e a Ponta das Canas, apesar de mais longe tornou-se pouso de muita gente, inclusive do político Jânio Quadros que em visita à cidade, se hospedou na Ponta das Canas. Maravilhado com o local, o então Gover-nador de São Paulo, ressaltou que Geraldo poderia pedir o que quisesse para a cidade, mas Geraldo queria conservar a Ilha da ma-neira que encontrou, linda, tranquila e dis-

se que gostaria de manter o mesmo estilo. No entanto, Jânio Quadros enfatizou que a cidade necessitava de mudanças, com a chegada do progresso, o local teria que ins-talar luz elétrica, postos de saúde, balsa e diversos outros serviços básicos para a sus-tentabilidade do município.

Naquela época, as escolas possuíam “caixas” que reuniam alimentos e objetos para beneficiar os alunos carentes. Cybele trabalhou bastante e esteve tão ocupada que nem percebeu as mudanças de vida que teve de enfrentar.

Quando voltou para São Paulo foi tra-balhar no Fundo de Crescimento, o pri-meiro fundo de investimento e depois foi convidada para trabalhar com Jean Man-zon, o francês dos documentários. Casou pela segunda vez, com o senhor José Le-mos que era um dos diretores da Nestlé no Brasil, com quem teve dois filhos. Foi uma união feliz que só terminou com a morte dele em janeiro de 2005, provocada por um acidente vascular.

Nunca parou com sua tarefa social, por ser uma pessoa de coração bom, de modo que até hoje ajuda várias famílias de Ilha-bela. Sempre empregou moradores locais para trabalhar para ela e nunca trouxe ne-nhum caseiro de fora, somente os próprios caiçaras ilhabelenses, pois, como ela mes-ma diz, ama de coração esta cidade. Hoje, com 88 anos, ainda ajuda muitas pessoas e forças não lhe faltam.

A mulher de prefeitoGeraldo Junqueira se tornou prefeito de Ilhabela em 1956 e Cybele passou a atuar ainda mais em prol dos mais carentes.

Hóspede de Ilhabela Jânio Quadros utilizava a charmosa fazenda do prefeito Junqueira como casa de veraneio. O ex-presidente Jânio Quadros adorava passear pelo canal e, principalmente, prosear com os caiçaras em animados encontros regados com cachaça produzida pelos alambiques da região. A única coisa que aborrecia o hóspede de Cybele eram os borrachudos, a tal ponto de ele ordenar um ataque maciço promovido pelos funcionários da Secretaria Estadual da Saúde, com uso de BHC, pelas cachoeiras e córregos da cidade.conta o escritor e pesquisador Jeannis Michael Platon

Primeira DamaComo primeira dama, Cybele contribuiu muito para o município, atuando com perseverança na execução de tarefas sociais em favor das famílias locais. Também era uma grande colaboradora da “caixa escolar” do então Grupo Escolar Dr. Gabriel Ribeiro dos Santos.

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“Ferry Boat”a história da ligação de Ilhabela ao progresso do continente

Em 1940, as canoas caiçaras ainda eram a única forma de entrada e sa-ída da ilha, e foram o principal meio

de transporte marítimo utilizado no comér-cio dos alimentos produzidos nas fazendas e vendidos nos portos das cidades de Santos e Rio de Janeiro.

Em meados de 1942, além das canoas, o sistema marítimo passou a receber apoio no serviço de travessia e locomoção de passagei-ros. Deu-se quando o Governo do Estado de São Paulo assinou contrato com a empresa AM Teixeira e Cia Ltda. Dez anos mais tar-de, em 1952, esse contrato foi alterado pelo Governador Lucas Nogueira Garcez, que de-cretou o novo nome da companhia, passan-do de AM Teixeira e Cia Ltda. para Compa-nhia de Navegação Santense Ltda., que, com o consentimento da Assembleia Legislativa

do Estado de São Paulo, providenciou nos termos da lei as lanchas grandes de madeira com motores a diesel, que foram atribuídas ao sistema de navegação.

As lanchas tinham 25 metros de compri-mento, uma cabine branca de centro ladeada por inúmeras janelas e alguns bancos para os passageiros. Contudo, não havia atracadou-ros nesta época. As lanchas da Santense per-maneciam fundeadas nas águas próximas as praias do Perequê e Barra Velha. Deste pon-to, um caiçara a bordo de uma canoa fina-lizava a viagem recolhendo os passageiros e suas bagagens e conduzindo-os em seguran-ça até a margem. Isto se deu até serem esta-belecidos os chamados trapiches, ou pontão, pequenos píeres de madeira. Um deles foi instalado no centro de Ilhabela, anos depois restaurado e atualmente é o píer turístico que

recebe os passageiros de cruzeiros que param na cidade.

Seis anos mais tarde, o Governador do Estado, Jânio Quadros, em fevereiro de 1958, autorizou a implantação de uma linha úni-ca e definitiva entre Ilhabela e São Sebastião. Assim foi construída neste mesmo ano a pri-meira balsa de madeira com motor de 160 HP no litoral norte, batizada de FB1 (FB de Ferry Boat) no estaleiro do DER (Departa-mento de Estrada e Rodagem), com sede no Guarujá. A FB1 levava até oito veículos, rea-lizando as travessias de duas em duas horas.

Os serviços de travessia nesta época fun-cionavam até a meia noite. Após este horá-rio, as balsas que vinham de lá para cá, ou vice-versa, pernoitavam no terminal até dar início à rotina diária às cinco da manhã. Na bacia do Porto de São Sebastião foi fixado o terminal de chegada. Já do outro lado, em Ilhabela, o terminal foi fixado no atual Bairro da Barra Velha. O Farol de São João da Barra Velha, localizado na encosta rochosa acima do ponto de atracação é utilizado até hoje como referência na travessia, pois demarca o alinhamento do canal com o porto de São Sebastião.

Os serviços de travessia pertenciam ao DER5 (Departamento de Estrada e Roda-gem). A FB1 foi construída e inaugurada sobre essa regional, sendo transferida para a DER6 Taubaté, devido à proximidade, pois na época havia muita dificuldade em trafegar pela estrada do litoral sul para o litoral norte.

Travessia Em1948 a embarcação S8 da companhia Santense fazia a ligação entre Ilhabela e São Sebastião

Foto: Reprodução/memórias de uma ilha

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47Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Ferry Boat 1Ela encostava de lado no atracadouro e os veículos viajavam atravessados no convés da primeira Balsa da história de Ilhabela. No dia da inauguração do serviço da FB 1, muitos curiosos foram ver de perto a novidade

Ferry BoatRegistros fotográficos mostram os veículos da época durante a travessia do Canal de São Sebastião, que naquele tempo já levava entre 15 e 20 minutos por trecho.

Inauguração do serviço de travessia Em fevereiro de 1958, o prefeito de Ilhabela Geraldo Junqueira, junto o Governador Faria Lima, com dona Yolanda Faria Lima (cortando a fita) e Francisco da Silva Prado ( Bilé).

Somente em meados de 1962 o DER criaria o Departamento Técnico Naval, fazendo com que todas as travessias voltassem a ser admi-nistradas pela DER5.

Em 1959, surgiu a balsa FB2 Ilhabela. Com autorização do Governo do Estado, Carvalho Pinto, esta foi implantada no Canal de São Se-bastião. Comparada à primeira embarcação, a FB2 possuía porte mais revolucionário. En-quanto a FB1 possuía apenas um motor, reali-zando a cada duas horas a ação de ida e volta, a FB2 chegou com seus dois motores, que per-mitiam realizar a operação em quinze minu-tos, além da capacidade de portar até dezoito veículos. O casco da FB2 foi desenhado com hidrodinâmica para dar estabilidade à embar-

cação, possuindo com-portas com 1.40 metros de altura que evitavam molhar os veículos.

Em 1964, as balsas começaram a operar de hora em hora. A FB 1 durante os dias da semana e a FB 2 nas sextas-feiras durante a noite e aos sábados e domingos para atender

o movimento. As duas embarcações entravam no tráfego realizando o “bate volta”.

Em 1965, com o aumento da travessia de caminhões, foram instalados nas duas tra-vessias os flutuantes de aço, medindo 10x30 metros, com pontal de 1,20 m, tornando pos-síveis as atracações laterais das embarcações como FB12 e FB14, vindas do litoral sul. Com isso, permitiram maior demanda de veículos na travessia, principalmente os de carga e des-carga, melhorando o atendimento.

Esse sistema ficou operante até 1975, quando o conjunto de atracadouro foi trans-ferido para outro local para atender o desen-volvimento do Porto. No novo local foram construídos diques (roncamento) para o ater-ro hidráulico com material da bacia interna do porto. Foram realizadas melhorias no atra-cadouro da Barra Velha, como contenção da ponte e aterro. A lancha Guarujá passou então a operar no Canal de São Sebastião.

Em 1977, com quatro embarcações de pe-queno porte, transportou-se no sentido São Sebastião/Ilhabela, entre meia-noite e 14 ho-ras, 2.486 veículos, batendo um grande recor-de. Em 1978, foi construída uma estação em São Sebastião, com objetivo de criar uma linha de passageiros entre o continente e a Ilha.

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No início da Década de 80, o DH operou o serviço da travessia. Nesse mesmo período, a travessia conseguiu aquisição da FB22, balsa para 40 veículos de atracação frontal. Esta foi construída em Santa Catarina para a travessia São Sebastião/Ilhabela. Com quatro motores, possuía todo sistema de governo hidráulico.

Logo em seguida foi adquirida a Valda II, embarcação de grande porte de carga, com sistema de rampa que dispensava flutuantes de embarcação. Operava em São Sebastião das 7h às 19 horas, transportando somente caminhões. Foi reformada em 1997, sendo adaptada para operar com sistema de embar-

que e desembarque com flutuantes. A Valda II recebeu o sistema eletrônico comandando o sistema hidráulico. Com a utilização desse sis-tema, aumentou a demanda das outras balsas, destinadas somente para carro, melhorando o serviço da travessia.

Em 1989, por força de decreto, todos os serviços de transportes de veículos e passa-geiros foram cedidos em concessão para a DERSA. A DERSA, por sua vez, criou a Eng/DENAF (Departamento de Navegação da Área de Engenharia), contratando diversos engenheiros navais. Esse departamento pas-sou a projetar melhorias nas embarcações.

Após a criação da Eng/DENAF, iniciaram-se as reformas de jumborização dos Ferry Boats e, devido à essas reformas, foi possível o au-mento nas demandas.

Ainda em 1989, com aumento da capaci-dade das embarcações, foi necessária a cons-trução de dolfins de atracação, que recebeu reforços em 1992, permitindo que embarca-ções do padrão FB 20, Valda, FB18, com mais de 180 toneladas de porte bruto, passassem a operar com maior segurança. Nessa mesma época, a estrutura metálica e pranchada da ponte de acesso aos flutuantes de ambos os la-dos foram substituídas. Houve também a ins-

Inauguração do serviço de travessiaEm fevereiro de 1958, o prefeito de Ilhabela Geraldo Junqueira, junto o Governador Faria Lima, com dona Yolanda Faria Lima (cortando a fita) e Francisco da Silva Prado ( Bilé).

FB 1 Nesta imagem, um raro momento em que a FB 1 fazia a travessia do Canal de Toque Toque com dois caminhões e um Ford. Ao lado esquerdo, uma dezena de pedestres também aparecem abaixo da cobertura da embarcação.

1940 Na foto abaixo, a embarcação S3 da companhia Santense que fazia a travessia de passageiros na década de 40, durante manutenção no Saco Grande.

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talação da iluminação do sistema de atracação com lâmpada mista.

As embarcações do sistema de tra-vessias de passageiros passaram a ser subor-dinadas ao Departamento Hidroviário da Secretaria de Transportes. No período entre 2011 a 2013, o sistema operacional deu um grande salto de qualidade, com a reforma de duas embarcações de sua frota. No dia 14 de novembro de 2012, o presidente do DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Lauren-ce Casagrande Lourenço, entregou para o sistema de navegação a balsa FB30 com capa-cidade para 70 veículos. No dia 24 de maio de

2013, foi a vez da balsa FB29 Catamarã, com capacidade para 50 veículos entrar em cena.

Em 2013, foram reformadas e moderni-zadas mais três embarcações e a substituição do flutuante trapezoidal de São Sebastião, que tem como finalidade melhorar as condições de embarque e desembarque dos veículos. Também foi efetuado projeto executivo para a mudança do sistema de atracação das embar-cações pelo sistema de gaveta, viabilizando a atracação das embarcações de uma maneira mais segura independente das condições da maré, diminuindo as filas e consequentemente o tempo de espera de veículos e caminhões no

viário municipal de Ilhabela e São Sebastião. A DERSA realizou grandiosos investi-

mentos no sistema de travessias e navegação entre as cidades de Ilhabela e São Sebastião, visando sempre a comodidade e segurança do cidadão, criando com vigor a implanta-ção do Sistema de Monitoramento Eletrôni-co, com câmeras que determinam eletronica-mente o real tempo de espera em um painel instalado na área operacional e nas avenidas de acesso, que tem por objetivo informar as condições climáticas e o número de embar-cações no tráfego.

por Edson Souza

SantenseEm 1948 a lanchinha S2, que fazia a ligação entre Ilhabela

e São Sebastião, partindo do Píer da Vila sentido Barra

Velha, para depois atravessar rumo ao continente.

FaíscaEm 1920, embarcações como a Canoa Faísca faziam a ligação entre as cidades do Litoral Norte

Ferry Boat 1Viagem inaugural da FB 1 em fevereiro de 1958, com a presença do prefeito de Ilhabela Geraldo Junqueira, além do Governador Faria Lima e da

primeira dama do Estado, dona Yolanda Faria Lima.

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Stella França

o legado da leituraStellinha, caçula dos filhos de Druziana,

gostava muito de ler desde pequena. Estimulada pelos irmãos mais velhos,

colecionava clássicos infantis encadernados. Stella cresceu em São Paulo, mas foi educa-da amando Ilhabela onde passava todas as férias com a família caiçara. Hospedava-se na casa dos avós Leopoldina e Chico Fazzi-ni, na vila. Naquela época se atravessava de canoa até o Pontão da vila, isso era muito antes de existir a balsa.

Estudou o colegial clássico no Colégio Bandeirantes, o melhor da época, pois so-nhava em se formar na Faculdade de Direi-to São Francisco. Seu pai, Cornélio França, nascido no Vale do Paraíba, havia estudado lá antes de se tornar delegado em Ilhabela e se casar com a caiçara de lindos olhos cor do céu, Druziana Fazzini. Como sua mãe insis-tia que não havia muitas advogadas mulhe-res naquela época, Stella acabou optando pela paixão à leitura e cursando a Faculdade de Biblioteconomia.

Trabalhou em multinacionais na capi-tal, como a Light, companhia canadense que fornecia energia elétrica, onde organi-zou grandes bibliotecas. No entanto, como toda mocinha daquele tempo, também se dedicou ao casamento e à educação dos fi-lhos. Ensinou o marido a gostar de mar e os filhos a valorizarem a vida simples e suas origens. Assim como na sua infância, a Ilha era o lugar preferido da família e o casarão no Perequê era onde se sentiam em casa. O

resultado não podia ser diferente, sua filha Maria Claudia foi a primeira a decidir fazer sua vida na Ilha e morar no rancho da praia.

Voltando às suas origens, Stella aca-bou mudando para Ilhabela em 1983 para acompanhar o crescimento do primeiro neto. Sua irmã Dedé já morava em Ilhabela há um tempo, era professora, pesquisadora e entusiasta da cultura caiçara. Ela adorava a ideia de ter uma biblioteca na ilha e insistia que Stella deveria mudar-se e montar uma na cidade. Então chegava a hora de aceitar o desafio.

No início, conseguiram uma salinha na Rua do Meio emprestada por um comer-ciante francês chamado Ives. Ficava em frente à sorveteria Rocha, a sala era mínima e cabia somente uma mesa. As irmãs inicia-ram uma campanha para arrecadar as pri-meiras doações de livros e foram montando um acervo que foi crescendo rapidamente.

Os moradores começaram a frequentar e Stella fazia questão de receber todos muito bem e incentivar o hábito da leitura. Come-çava ali a Biblioteca de Ilhabela.

O espaço já não era suficiente, foi quan-do a biblioteca ganhou novo endereço, o andar superior do prédio atual. Em baixo era o mercado de verduras de um casal de japoneses e no andar de cima a biblioteca, que ganhou muitas prateleiras, uma mesa grande e uma janela com e vista panorâmi-ca para o mar. A biblioteca foi incorporada à administração pública pelo então prefeito Gilson Tangerino e Stella contratada como bibliotecária.

O público da biblioteca no início era principalmente as famílias caiçaras da vila, como a família Cardial, mas logo morado-res de outros bairros foram cativados e até quem só passava as férias. Havia quem fosse para ler os jornais e revistas, outros que en-

IrmãsDruziana, mãe de Stella teve 10 filhos. Na imagem ao lado, as irmãs Iracema com 4 anos e sete meses e Aracy com 3 anos e meio.

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travam em busca dos romances. As pessoas ligavam pergun-tando: Dona Stella, tem alguma novidade? Os livros mais cobiçados eram as obras de Jorge Amado e os best sellers americanos do Stephen King, formavam fila de espera. En-tretanto, o charme do convívio na biblioteca era que sempre tinha um cafezinho para os leitores e ela para comentar e sugerir bons títulos.

“Sempre aparecia gente interessante para conversar, co-nheci muita gente e fiz muitas amizades. Certa vez apareceu uma moça chamada Vera com a biblioteca todinha do seu pai que havia falecido. Ganhamos livros ótimos, e eu uma amiga para vida toda”, conta ela.

Outro público fiel eram os estudantes. Alunos de toda parte da Ilha que usavam a Biblioteca da Vila para fazer suas pesquisas de escola. Chegavam sempre procurando um livro que “falasse” sobre algum tema, e Dona Stella fazia questão de ensiná-los a procurar o que precisavam. Não existia Goo-gle nem internet, as pesquisas eram feitas em livros de ciên-cias, de história e nas enciclopédias.

As crianças também tinham seu cantinho reservado na biblioteca. Era uma prateleira inteira cheia de aventuras e clássicos, histórias do Monteiro Lobato, Liliana Iacoca, gi-bis e a coleção vagalume todinha. Aconteciam concursos de desenho, de poesia, encontro com autores e exposições de artistas.

Boa parte desta história eu acompanhei bem de perto. Eu era a ratinha que passava as tardes com a avó Stella na biblioteca, lendo, estudando, desenhando ou só admirando a vista daquela janela para o mar. Eu sou a Clarissa, mais uma caiçara da Ilha que nasceu, cresceu, saiu pra estudar e esco-lheu voltar. É uma honra escrever essa homenagem a essa pessoa tão querida.

por Clarissa Mariotti

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Ilhabela 21DÉCADAS52 Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

um caiçara belga

Jean BernardJean Bernard chegou a Ilhabela em 1968, ra-

dicado de Marchienne au Pont/Bélgica com 38 anos idade. Com família constituída, Jean era conta-

dor, professor de legislação social e de francês. Ainda em sua terra natal participou ativamente da vida política como Vereador e Conselheiro Provincial. "Eu vim porque queria me aventu-rar e fazer uma nova vida pela América, escolhi o Brasil e por fim a Ilhabela".

Nascido em 1930 Jean Bernard passou boa parte de sua adolescência na Bélgica ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mun-dial. Um período terrível, de arbitrariedades, terror e privações. "A criança acaba tendo seu amadurecimento acelerado por suas experiên-cias e por presenciar de perto o medo, a fome, os bombardeios e a morte brutal. Sempre digo que se alguém faz uma regra, nós belgas fare-mos de tudo para infringi-la. O Povo Belga é naturalmente muito rebelde. Nosso povo já havia sofrido nas mãos dos alemãs na Primeira Guerra, então na Segunda Guerra os nazistas tiveram que lidar com um povo que não queria seguir suas regras e já tinha alguma experiên-cia", lembra.

No Brasil, Jean passou por Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, mas quando viu Ilhabela pela primeira vez decidiu que era aqui que que-ria viver. "Entrei em contato com a minha espo-sa, Lulu, para que viesse com nossos filhos". A menina, Françoise, que já era adolescente, re-solveu ficar na Bélgica. Vieram com dona Lulu, Jean Luc e Jean Paul, os dois filhos homens que se casaram em Ilhabela e deram netos caiçaras ao casal de belgas.

Em Ilhabela, Jean Bernard sempre atuou basicamente no comércio, com pizzaria, sorve-

ARACATI Ao chegar em Ilhabela, Jean Bernard alugou o prédio que fica em frente ao Píer da Vila e fundou em 1971, a primeira

banca de jornais e revistas da cidade. O Belga prosperou e chegou a ser proprietário de um

dos imóveis mais valorizados na Ilha.

Vida Social Jean e D. Lulu sempre participaram ativamente da vida social de Ilhabela. Foi fundador da primeira banca de jornais e revista da cidade, foi sócio remido do Esporte Clube Ilhabela e sócio fundador do Rotary Clube de Ilhabela, além de se tornar presidente da entidade por diversos anos.

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teria e restaurante no Píer da Vila. "Minha es-posa foi muito corajosa, pois era filha única de uma importante autoridade policial belga e lar-gou tudo acreditando nessa mudança de vida".

Jean lembra que apesar da distância e das diferenças culturais eles se adaptaram rapida-mente à Ilha. Ele lembra que Lulu tinha um pouco de problemas com os borrachudos no começo, mas depois foi se adaptando. "O com-panheira, minha eterna companheira", lembra seu Jean.

Com seus Galettes [waffle belga], Dona Lulu ficou muito famosa na cidade. Certa-mente, a lembrança daquela senhora generosa e de sorriso fácil, na varanda da casa onde eles moravam na Vila - onde hoje se encontra uma creperia e uma loja de decoração, ainda está presente na lembrança de muita gente. Seu Jean revela que a receita permanece na família.

Com sotaque francês ainda muito carre-gado, seu Jean conta que o idioma nunca foi problema para a família. "Olha, a gente se co-municava muito bem, todo mundo se entendia. Na hora de fazer negócio que era necessário um cuidado especial para não dar nada errado. Mas a comunicação nunca foi um problema. Na ilha há muitas famílias de origem belga".

Jean e D. Lulu sempre participaram ativa-mente da vida social de Ilhabela. Foi fundador da primeira banca de jornais e revista da cida-de, foi sócio remido do Esporte Clube Ilhabela e sócio fundador do Rotary Clube de Ilhabela, além de se tornar presidente da entidade por di-versos anos. Jean também foi tesoureiro da As-sociação Comercial de Ilhabela, chegando ser presidente entre 1992 e 1993. Na área da saúde, Jean sempre atuou de forma benéfica e genero-sa, trazendo diversas cooperações aos médicos,

sem contar sua atu-ação voluntária jun-to as campanhas de vacinação no muni-cípio, que acabaram rendendo o posto de irmão beneméri-to, apresentado pela Santa Casa de Mise-ricórdia de Ilhabela após indicação por unanimidade. Suas intervenções para o bem da cidade não param por aí. Jean Bernard concedeu patrocínio em comemoração aos 187 anos de Emancipação Político-Administrativa de Ilhabela e a colaboração que possibilitou a vinda do pianista José Henrique Castellane para apresentação de um recital na Igreja Ma-triz, em 1993, que proporcionou momentos ra-ros de alegria aos moradores de Ilhabela.

"Sempre digo que a ilha é um pedacinho do paraíso na terra. Aqui vivi com minha esposa, meus filhos e netos. Além do lugar ser lindo, a vida comunitária é fantástica. Tive oportunida-de de cantar no Coral, ser membro fundador do Rotary Club de Ilhabela, Irmão benemérito da Santa Casa e inclusive ter sido nomeado pelo antigo prefeito Eurípedes para compor uma co-missão de festejos da Semana da Pátria, como presidente. Para um estrangeiro é uma honra muito grande! Mas, sem dúvida, o título que mais me emociona é o de Cidadão Ilhabelense, conferido pela Câmara Municipal em 2012, o que me legitima a considerar-me um cidadão belgo-ilhabelense!"

por Paulo Stanich e Caio Gomes

'Sejam Benvindos'À direita, em frente ao

Píer da Vila, Jean Bernard a esposa Dona Lulu e os filhos

Jean Paul e Jean Luc, assim que chegaram a Ilhabela,

VendedorA foto mostra o pequeno Jean Paul no dia 19 de agosto de 1971. Naquela época o belga já era o primeiro vendedor de revistas da história do arquipélago.

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Foto: Acervo Pessoal

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A Fazenda Engenho D’Água foi a mais moderna de todas as fazendas da ilha, e está localizada no bairro

com o mesmo nome. O patrimônio histó-rico foi tombado em nível estadual pelo CONDEPHAAT, com preservação assegu-rada em 1945. Foi construída por volta do século XVIII. Alguns dos proprietários fo-ram Bernard Gontier, Coronel Alexandre, Hilarião de Moraes, Serafim Pinzinho e o último Françoise.

A fazenda começou seus ganhos nas épocas açucareiras do litoral norte, seguin-do com mão de obra até o século XIX, época em que as culturas do açúcar e do algodão entraram em crise, perdendo território para o café, que chegou para substituir a deman-

da dos maquinários que produziam cachaça e melaço. Assim também se extinguiu a cul-tura de fumo, anil, feijão, frutas e a produ-ção de farinha de mandioca.

Uma das joias raras no histórico de Ilha-bela, o conjunto arquitetônico da Fazenda Engenho D’Água abriga inúmeros fatores das épocas coloniais como o óleo de baleia adquirido para garantir a resistência da ar-gamassa de cal na construção colonial.

A partir do século XIX por meio da coroa Portuguesa, foi fundada a pesca da baleia, uma vez que a presença delas era de fato comum nas praias do litoral. As ba-leias eram trazidas então para o matadouro localizado no bairro da Armação, onde os escravos, além de tratarem a carne para ser

Fazenda Engenho D'Água

Patrimônio Caiçara

Cinema A fazenda Engenho D’água chegou a ser utilizada como cenário de gravação no filme “Caiçara”, de Vera Cruz, em 1950, onde a produção da cachaça e a bebida foram mostradas.

Fotos: Acervo / Secretaria de Cultura

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55Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

comercializada, extraíam delas um óleo que era usado para abastecer as luminárias ou usada para dar segurança de uma constru-ção antiga.

Os primeiros engenhos de cana-de--açúcar da ilha eram todos movidos a roda d'água, sendo os cilindros construídos al-gumas vezes com madeira de til, nessa épo-ca muito frequente. Na fazenda engenho D'água além do engenho de cana de açúcar, os alambiques de cachaça e os tonéis de des-canso da bebida permanecem conservados.

O solo fértil de Ilhabela, tal como varia-do número de cachoeiras, passou a ser um dos principais cenários na construção de fazendas com engenhos de cana-de-açúcar, uma vez que as cachoeiras eram perfeitas para mover as rodas d’água dos engenhos. Uma piscina de água natural era represa-da à superfície dos aquedutos, corriam de encontro às enormes rodas que movimen-tavam as engrenagens dos moinhos e dos Peltons que, em ação conjunta, realizavam a moenda da cana de açúcar.

A Fazenda Engenho D'água chegou a ter 200 escravos trabalhando na produção da ca-chaça, também responsáveis pela plantação do café e da banana. Foi uma das maiores da cidade. Os porões que serviam de berço aos escravos que ali dormiam, permanecem conservados, tal como as seteiras, abertura na muralha que em sua primitiva concepção permitia aos defensores lançar flechas contra invasores e saqueadores da época.

Na fazenda encontra-se o “Ford”, fun-cionando em perfeito estado, um dos pri-meiros carros a chegar a Ilhabela, com placa de 1932. Na época fora necessário a cons-trução de uma jangada para trazer esse car-ro até a cidade, devido o fato de ainda não existirem as balsas.

Em novembro de 2014, o prefeito de

Ilhabela, Toninho Colucci, oficializou a desapropriação da Fazenda Engenho D’Água.

A Prefeitura adquiriu 43,5 mil m² da propriedade, que contempla o casarão tomba-do pelo patrimônio histórico e equipamentos do principal engenho de cana de açúcar do século XVII. “Foi um momen-to histórico para a cidade, que em breve terá a Fazenda Engenho D’Água aberta à visitação e ainda uma área para fo-mentar o turismo da cidade", comemorou o prefeito

O investimento na desapropriação foi de R$ 23 milhões.

“Antes de ser uma potência no turismo, Ilhabela vivia da agricultura no passado. Eram 22 engenhos de cana de açúcar e este era um dos principais. Essa é uma aquisição histórica, com foco de preservar este patri-

mônio da humanidade, abrindo as portas de um grande museu para que moradores e tu-ristas possam conhecer”, salientou Toninho Colucci à época da aquisição.

Além da preservação do patrimônio, o prefeito de Ilhabela afirmou a intenção de utilizar parte do terreno para a instalação da futura Faculdade de Turismo e Gastro-nomia de Ilhabela.

por Edson Souza e Caio Gomes

ENGENHO Ainda nos dias de hoje, a

roda d'água responsável por fazer funcionar o engenho de

cana-de-açúcar da fazenda mais preservada de Ilhabela funciona

perfeitamente. No local também se encontram preservados os

toneis, serpentinas e alambiques.Foto: Acervo / Secretaria de Cultura

Foto: Viagens Ecológicas/Divulgação

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57Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

Nascida numa família tradicional em Ilhabela, residente no bairro do Pere-quê, Carmen Dias Barbosa sempre foi

uma pessoa avante ao seu tempo. Após perder os pais muito jovem, morou até os 18 anos com primos e depois desse período mudou-se para Santos a fim de residir com seu padrinho, res-ponsável por lhe apresentar a arte da telegrafia e taquigrafia, profissões que renderam à Carmen 28 anos de trabalho nos Correios.

Desempenhando a função de telégrafa por alguns anos em São Paulo, Carmen Barbosa sentiu que era o momento de voltar à sua terra natal, e encontrou a oportunidade esperada ao vir cobrir a licença-maternidade de uma fun-cionária dos Correios em Ilhabela. Já de volta ao arquipélago, novamente teve a sagacidade de perceber uma chance para permanecer na cida-de quando um telefone foi instalado na agência, ocasião em que começou a passar os telegramas oralmente para os Correios em São Sebastião, onde se encontrava o aparelho de telégrafo.

Assim D. Carmen ligava Ilhabela ao mun-do, transmitindo diariamente, as mensagens dos moradores aos seus entes queridos. Alegria, tristeza, congratulações... Foram muitos os as-

suntos que permeavam os telegramas taxados por Carmen, chegando a 300 num único dia, na época das festividades natalinas.

Como não poderia ser diferente, Carmen Dias Barbosa conquistou seu espaço e chefiou a agência dos Correios em Ilhabela com maes-tria, forçando sua memória a reconhecer todos pelo nome, sendo responsável por entregar as correspondências aos moradores do arquipéla-go, já que naquele tempo ainda não contavam com o serviço dos carteiros.

A entrada na política se deu naturalmente, uma vez que sempre conviveu com esse cenário na casa dos seus primos. Antes de eleger-se ve-readora, auxiliou o único irmão, João de Souza Barbosa, nos bastidores de seu mandato à fren-te da presidência da Câmara entre 1970 e 1971.

Em 1976 foi eleita a segunda vereadora mulher da cidade e a primeira caiçara a ocu-par uma cadeira no Legislativo. Ser a única mulher numa Casa de Leis por seis anos, já que o mandato de quatro foi estendido para coincidir as eleições para o cargo de gover-nador, não foi tarefa fácil para Carmen. No entanto, sua garra e força de vontade a fize-ram persistir e conquistar novamente seu es-

paço e o respeito de seus colegas.Para conseguir que seus requerimentos e

indicações fossem aprovados, muitas vezes foi preciso convencer os colegas vereadores a apre-sentarem as matérias como se fossem de autoria deles e Carmem passava a figurar apenas como a “assinatura de apoio”. E engana-se quem pen-sa que isso a entristecia, pois Carmen Barbosa não era dotada desse tipo de vaidade. Para ela, o mais importante não era ser “o pai da crian-ça”, mas ver a realização da benfeitoria para seu município.

E com essa trajetória Carmen Dias Barbosa abriu caminho para que outras mulheres pu-dessem fazer parte da história do arquipélago e do país, conquistando seu espaço por mérito e nunca por indicação ou protecionismo, práticas abominadas pela nossa pioneira.

Após sair da vida pública e aposentar-se dos Correios, Carmen Barbosa ainda dedicou 18 anos de sua vida ao voluntariado junto a Santa Casa de Misericórdia de Ilhabela.

Na manhã de 13 de abril de 2014, a ex-ve-readora, primeira caiçara a conquistar uma ca-deira no Legislativo ilhéu faleceu aos 91 anos, deixando muitas saudades.

Carmen Dias Barbosa

A força da mulher caiçara

Moderna Dona Carmen Barbosa, como era respeitosamente conhecida, sempre esteve a frente de seu tempo. Em sua mocidade, quando atuava no serviço de telegrafo na cidade de Santos, já ditava moda com suas bermudas.

Registro Em setembro de 2006, na varanda de sua casa na Vila, D. Carmen foi fotografada pelo saudoso Nivaldo Simões, enquanto conversava com o professor Adilson Nascimento.

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À frente da Prefeitura de Ilhabela desde janeiro de 2009, Antônio Luiz Colucci - Toninho Colucci foi eleito prefeito em 2008 pelo PPS, sendo reeleito em 2012 no mesmo partido. É capitão da área da saúde da Polícia Militar, onde trabalhou durante 23 anos. Formado em odon-tologia pela Unesp, pós-graduado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo – USP, Colucci também foi secretário municipal de Saúde entre 2001 e 2003, quando os ilhabelenses ganharam o Hospital Muni-cipal Gov. Mário Covas Jr.

Entretanto o caminho de Colucci até o posto mais cobiçado do arquipélago não foi fácil. Em 1996 disputou sua primeira eleição no município. Como candidato a vice-prefeito de Manoel Marcos, a dupla perdeu por uma diferença de pouco mais de 100 votos para a profes-sora Nilce Signorini. Em 2001, com a saída de Nilce, Colucci assumiu o compromisso com a Saúde da população de Ilhabela e encampou a luta para concluir as obras de construção do Hospital Municipal Gov. Mário Covas Jr. O futuro prefeito permaneceu no cargo até meados de 2003, onde conseguiu construir as Unidades de Saúde da Água Branca, Curral e Bonete, além de implantar a maternidade no Hospital Mário Covas e fortalecer a Santa Casa de Misericórdia.

Com o objetivo de se tornar prefeito, e por discordar de alguns pontos do governo do então prefeito Manoel Marcos, Antônio Luiz Colucci deixou a gestão, se filiou no PSDB e partiu em busca de seu objetivo. Colucci formou uma pequena coligação com o PRTB e com a Dra. Anamaria Hirakawa de vice, conquistou pouco mais de 4% do eleitorado (559 votos).

Colucci continuou trabalhando e em 2006, como candidato a de-putado estadual pelo PPS, conquistou 37% do eleitorado de Ilhabela, atingindo a marca de 4.771votos na cidade e pouco mais de 17mil em todo o Estado.

A boa votação no arquipélago o credenciou, motivando-o à traba-lhar ainda mais. Em 2008, ainda como último colocado nas pesquisas de intenção de voto, Colucci foi pra rua com o slogan: "Ilhabela Tem Remédio". O então candidato, bateu de porta em porta apresentando suas propostas e pedindo o voto de confiança da população, reverteu o cenário e chegou ao cargo de prefeito de Ilhabela pela primeira vez.

Porém, como tudo na vida de Toninho Colucci, a vitória veio sem a trégua da oposição, que tentou ganhar os votos do candidato até o úl-timo momento. Com 7.012 votos, Colucci venceu, seguido por Simões,

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que conquistou 5.309 votos e Joadir que ficou em terceiro lugar com 2.977 eleitores e o desistente Luiz Lobo, que mesmo abando-nando o pleito para apoiar Toninho Colucci, ainda levou 91 votos.

O ambiente hostil durante toda a campanha eleitoral prometia um dia 5 de outubro tumultuado, mas as ocorrências aconteceram em apenas alguns pontos isolados e segundo a Polícia Civil, nada de grave ocorreu. Em todos os cantos da cidade se ouvia algum bo-ato sobre confusões e o nome do candidato Toninho Colucci esta-va sempre presente. No início do dia um folheto foi distribuído na região sul do município, dando a informação de que a Justiça Elei-toral teria cassado a candidatura de Colucci, mas nem o boato foi capaz de reverter a intenção do eleitorado que o conduziu ao cargo.

A frase que lhe inspira é “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”. Ao assumir o governo em 2009, ele promoveu um verdadeiro choque de gestão na Prefeitura, reduzindo gastos para poder fazer investimentos.

Em seu primeiro mandato, ele renovou a frota, municipali-zou o ensino de 6º ao 9º ano, assumindo quatro escolas do Estado, construiu sete escolas novas, dois postos de saúde, reurbanizou avenidas, construiu píeres para estimular o turismo náutico, mo-dernizou o hospital municipal, onde instalou dois leitos de semi--UTI, trouxe serviços como o SAMU e o Corpo de Bombeiros e, principalmente, os investimentos da Sabesp em saneamento bási-co, elevando o índice de coleta e tratamento de esgoto de 4% (2008) para mais de 50% (2013).

Em sua gestão, Ilhabela ganhou oficialmente o título de Capital Nacional da Vela, conforme lei federal. A cidade teve a melhor ava-liação de saúde pelo Idsus. No turismo foi escolhida como uma das 65 cidades indutoras do setor no país.

Em 2012, Toninho Colucci conquistou a incrível marca de 81,30% dos votos válidos (10.717), batendo Marcio Tenório com 18% (2.004) e Manoel Marcos com 0%.

Em seu segundo mandato na Prefeitura de Ilhabela, destaque para a continuidade da reurbanização da avenida principal, agora no trecho Itaquanduba-Engenho D’Água-Saco da Capela, o térmi-no da ciclovia da orla com a ponte estaiada sobre o Ribeirão Água Branca, a reurbanização de avenidas (com calçadas, ciclovias e nova pavimentação) no Alto da Barra Velha, a ampliação de es-colas, a construção das nova escola Gabriel Ribeiro e uma creche na Barra Velha, novos píeres, a aquisição do Aquabus, o início do novo PEII no Sul da Ilha, entre outros investimentos. A economia da cidade, pautada pelo turismo, é aquecida com o fortalecimento do calendário e a promoção de eventos de qualidade.

Em 2014, o arquipélago foi escolhido o melhor Destino de Praia do Brasil e elevou o índice de competitividade no turismo de acordo com levantamento do Sebrae, FGV e Ministério do Turis-mo. O prefeito Toninho Colucci instituiu a Gratificação por Ativi-

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61Ilhabela 21DÉCADAS Tribuna do Povo de Ilhabela | Setembro/2015

dade Delegada para policiais militares e autori-zou a aquisição de novas viaturas, reforçando a segurança no município.

Colucci considera que pelas características semelhantes, as cidades do Litoral Norte de-vem agir conjuntamente. E isso pode ser visto por meio de sua atuação como presidente da Aprecesp (Associação Paulista das Prefeituras de Cidades Estância do Estado de São Paulo) durante três mandatos, na criação da Ampro-gás (Associação dos Municípios Produtores de Gás e Petróleo) e como vice-presidente e agora em 2015 presidente do Conselho da Re-gião Metropolitana do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira – RMVale. Uma de suas lutas junto com os demais municípios da região foi a duplicação da Rodovia dos Ta-moios, bem como a reivindicação do Hospital Regional.

À frente da Amprogás, Toninho Colucci é defensor árduo pela manutenção da distribui-ção dos royalties de petróleo as cidades atingi-das pelos empreendimentos do setor, ingres-sando inclusive ações judiciais junto ao STF.

Recentemente, num levantamento da Fe-deração das Indústrias do Rio de Janeiro (Fir-jan), que mede a qualidade da governança das prefeituras, o município de Ilhabela apareceu na 14ª posição no ranking nacional e em 5º lu-gar no Estado de São Paulo.

O levantamento mostrou que oito em cada dez municípios do país estão em situação difí-cil. Contudo, a realidade de Ilhabela é outra. A cidade está entre as melhores do ranking. “Esse é o resultado de muito trabalho, da dedicação de toda a equipe do governo e da sociedade de Ilhabela, mais consciente do seu papel. Para-béns a todos, pois quem ganha é a população da nossa cidade”, destaca o prefeito Toninho Colucci.

O prefeito lembra que a grande incentiva-dora de sua entrada na vida pública foi sua mãe, Altamira de Castro Vieira Colucci, que desde a juventude o apoiou quando disputou e venceu eleições no diretório acadêmico da Unesp de São José dos Campos, tornando-se o principal representante dos alunos na universidade.

Quando disputou a eleição de 2006 para candidato a Deputado Estadual, Colucci ob-teve cerca mil votos na cidade de São Paulo, fruto do trabalho de persistência da sua mãe. “A única coisa que ela me pedia era santinho”, conta Colucci, que lembra com saudade de sua grande incentivadora, que faleceu dois meses após ele assumir seu primeiro mandato como prefeito. Às vésperas de sua reeleição, perdeu seu pai, Pasquale Colucci.

Emocionado, Toninho Colucci fala do or-gulho de ter seus dois filhos caiçaras, nascidos na Santa Casa de Ilhabela. “Tanto o João Pedro quanto a Ana Helena nasceram em Ilhabela de parto normal e de forma muito especial, mesmo nos tempos difíceis da Santa Casa”, e se orgulha de morar em Ilhabela há mais de 25

anos. "Sou muito mais caiçara do que paulis-tano", salienta.

Na reta final da sua gestão, Colucci lem-bra que ainda tem muito trabalho a ser feito, incluindo pelo menos mais quatro escolas a serem terminadas; a construção da ETEC, que é um compromisso assumido por ele; além de iniciar o projeto de implantação da FATEC no Engenho D’Água com a faculdade de Hotelaria e Gastronomia.

Na questão viária afirma ainda que vai concluir a reurbanização da avenida principal até a Vila; criar uma alternativa viária com a abertura da estrada que liga a Estrada do Ca-marão ao bairro do Portinho; abertura de uma estrada que irá ligar o interior do bairro do Perequê ao Alto do Morro da Cruz, no bair-ro do Itaguaçu e uma alternativa de acesso ao

norte da ilha, contornando a Vila, sem precisar passar pelas ruas do centro histórico. "Projeto urbanos importantes, especialmente da Vila, já está adiantado. Com a conclusão do novo colé-gio Gabriel no Perequê, nós vamos enfim, criar um espaço cultural no antigo prédio do centro histórico da cidade", destaca Colucci.

O prefeito ainda cita a criação da Sala Wal-demar Belisário no antigo Gabriel; transfe-rência da Biblioteca Municipal para o mesmo espaço; implantação de um museu, além de concluir a construção do prédio da Câmara Municipal na Barra Velha, possibilitando o iní-cio da construção da primeira marina pública da cidade, fortalecendo a vertente do turismo náutico, gerando mais empregos e renda para a população local.

A obra da construção do novo Paço Muni-cipal já foi iniciada e de acordo com o prefeito, deverá ser entregue no aniversário da cidade em 2016.

Colucci ainda pretende concluir antes do fim do seu mandato as obras do Teatro Mu-nicipal e Centro de Convenções, Centro de Exposições, além de novas unidades de saú-de no sul da Ilha e no Perequê, ampliação da maternidade, Polo de Educação Integrada na região sul da cidade, além da construção de piscina semiolímpica, readequação da quadra poliesportiva e reforma do Ginásio Municipal, no Itaquanduba, criando assim, mais um PEII.

Ainda na área da Educação, Colucci des-taca o investimento nas ações programáticas como o projeto de robótica nas escolas, além de investimento em material didático, qualifi-cação dos professores, modernização e implan-tação de sistemas tecnológicos na rede munici-pal de ensino. “Tudo isso é prioridade do meu governo, incluindo todas as áreas essenciais”.

Há um ano e meio do fim de seu segundo mandato, o prefeito Toninho Colucci prome-te se empenhar muito para concluir grandes investimentos que vão beneficiar a população de Ilhabela. "Quero deixar meu parabéns a ci-dade e o meu muito obrigado a todos que me confiaram novamente a oportunidade de ser o prefeito desta cidade", finaliza.

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Irmãos Bala O prefeito Toninho Colucci construiu o píer “Irmãos Manoel e Pedro Bala”, na Praia do Portinho, sul da cidade. Além do píer, Colucci revitalizou a orla e a Praça que teve seu piso trocado, adequação à acessibilidade, bancos, iluminação e paisagismo. O investimento foi de aproximadamente R$ 150 mil.

Museo de Naufrágios O “Parque da Usina” foi revitalizado e ganhou um acervo com a história dos naufrágios. O público também pode conferir como era a produção de energia e conhecer os grandes geradores que por muitos anos produziram a energia elétrica usada na cidade.

Praça da MangueiraA Prefeitura vem promovendo nos últimos dois anos ações em relação à conservação da mangueira que dá nome a Praça. Depois das intervenções a planta vem reagindo, melhorando suas condições de incidência de luz e ventilação.

423 degrausO prefeito Toninho Colucci viu de perto a dificuldade enfrentada pelos moradores da Ilha de Vitória e cumpriu a promessa: construiu e inaugurou uma nova escadaria com 423 degraus e facilitou o acesso dos moradores.

AtletasUma nova obra do escultor Gilmar Pinna, embaixador cultural do arquipélago de Ilhabela, foi instalada na Barra Velha, na rotatória ao lado do PEII (Polo de Educação Integrada de Ilhabela). Trata-se da escultura “Atletas”, que remete à importância do esporte como instrumento social. “Entregamos mais uma fase do PEII e esta obra do consagrado artista de Ilhabela, Gilmar Pinna, vem consolidar a importância deste espaço para toda a comunidade”, destaca o prefeito Toninho Colucci.

Nova Escola de Vela A Prefeitura de Ilhabela constrói a nova sede da Escola Municipal de Vela, no bairro do Pequeá. O local contará com uma ótima infraestrutura para receber velejadores para treinamentos e competições nacionais e internacionais.

Valorização A Prefeitura de Ilhabela entregou centenas de novos uniformes para funcionários. Foram contemplados os trabalhadores que atuam nas atividades de manutenção e limpeza da cidade. Mais de 200 funcionários receberam os novos kits compostos de camisetas, calças e botas. “A entrega destes kits proporciona segurança aos trabalhadores que diariamente estão nas ruas da nossa cidade, trabalhando na manutenção e limpeza”, destaca Colucci.

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Polo de EducaçãoIntegrada

Piscina semiolímpica com vestiários e arquibancada coberta, pista de atletis-mo e campo de futebol com arquiban-

cada coberta para três mil pessoas, salas para a realização de aulas de diversas escolinhas esportivas e culturais, um ginásio de esportes moderno. Este é o PEII – Polo de Educação In-tegrada de Ilhabela, localizado na Barra Velha, que oferece diariamente várias atividades para crianças, jovens e adultos. “A educação é a base da sociedade. Quando investimos na constru-ção do PEII buscamos oferecer justamente esta possibilidade do aluno sair da escola e ter um espaço onde possa desenvolver uma série de atividades. Este objetivo tem sido alcançado e o próximo passo é entregar o novo ginásio de esportes”, afirma o prefeito Toninho Colucci, que ainda destacou a integração entre esporte e educação, ou seja, atividades esportivas ofe-recidas no contraturno escolar para as crianças de Ilhabela.

O espaço é aberto a todos os moradores e oferece opções como natação, futebol, atletismo, hidroginástica, ballet, jiu-jitsu e dança de rua.

O PEII foi entregue à comunidade e teve investimento de R$ 3,6 milhões. A piscina se-miolímpica recebeu o nome do nadador “Má-rio Jorge de Oliveira Bello”.

Em razão da construção do PEII, o Centro de Referência de Assistência Social mudou de endereço e passou a funcionar num prédio re-modelado próximo ao local, onde era o antigo posto de saúde do bairro. O CRAS ganhou o nome de “Vera Lúcia Alvarenga Freire”, uma das primeiras assistentes sociais do município. Nesta região ainda estão localizados o maior posto de saúde da cidade, a UBS “Ernesto Viei-ra”, o Centro de Apoio Social ao Idoso “Gilson Tangerino” e as escolas municipais “Ruth Car-doso” e “Eurípedes Ferreira”.

Praça da MangueiraA 2ª fase do PEII contemplou a construção de salas multiuso, com salas de aula, administração, cozinha e banheiros; a reforma e ampliação do antigo centro comunitário, que ganhou um moderno salão social e banheiros; e a nova sede da Secretaria de Esporte, Lazer e Recreação, incluindo a academia de artes marciais, salas administrativas, banheiros e vestiários. Além disso, a quadra poliesportiva ganhou cobertura. O investimento da obra foi de R$ 1,3 milhão.O PEII já contava com o ginásio municipal “Oscar Schimidt” com capacidade para 1,2 mil pessoas; a piscina semiolímpica “Profº Mario Bello” com arquibancada coberta e vestiários; e o campo de futebol com arquibancada coberta para três mil pessoas. São cerca de 20 atividades diárias, todas no contraturno escolar dos alunos. Ao todo, mais de 500 crianças, entre 6 e 13 anos, participam de atividades no Polo de Educação Integrada de Ilhabela.

PEII “O Polo de Educação Integrada tem contribuído

em nosso sistema de ensino em tempo integral, além de

oferecer inúmeras atividades esportivas para a comunidade. Esta nova etapa proporcionará

ainda mais qualidade com as salas multiuso, a nova secretaria

de Esportes e o novo salão social”, destaca o prefeito

Toninho Colucci.

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Saneamento O prefeito Toninho Colucci priorizou a saúde pública e os investimen-tos em saneamento básico, destacando investimentos no sistema de rede coletora e de tratamento de esgoto. Desde que assumiu a prefeitura, o índice de cobertura de tratamento de esgoto cresceu de 4%, em 2009 - para mais de 50%. Segundo o prefeito a previsão é que esta cobertura ultrapasse os 70% até o final de 2016.

UBS O prefeito Toninho Colucci ainda entregou uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS) da Armação. A unidade conta agora com novos banheiros, nova sala de recepção e novos consultórios médicos e odontológicos.

Referência Animal Colucci construiu o Centro de Referência Animal, na Barra Velha. Com 206 metros quadrados, o Centro de promoverá castração gratuita, microchipagem, vermifugação, além de atender animais domésticos, marinhos e silvestres.

Rua da Cachoeira A Prefeitura fez um novo posto

de saúde do Alto da Barra Velha. Localizada na Rua da Cachoeira, a unidade teve investimento de

R$ 300 mil e oferece diversos serviços de saúde à população.

O novo prédio recebeu o nome da caiçara “Maria da Silva Pinto

Albuquerque – Dona Izanil”.

Gilson Tangerino O prefeito Toninho Colucci priorizou os investimentos para atender os idosos de Ilhabela, construindo um espaço de convívio destinado à Terceira Idade. Com investimento de R$ 146,6 mil, o prédio na Barra Velha homenageia o ex-prefeito Gilson Tangerino e atende o projeto "Quero Vida", da Assistência Social.

UBS Barra Velha Em 2011, no mês em que Ilhabela comemorou 206 anos, Colucci entregou à população a nova Unidade de Saúde da Barra Velha. O investimento na construção do novo posto de saúde foi de R$ 332,6 mil, sendo R$ 210 mil do Estado e R$ 122,6 mil do município.

Semi UTI A prefeitura de Ilhabela inaugurou em 2012, a “Sala de Estabilização da Vida”, uma Semi UTI no Hospital Municipal “Gov. Mário Covas Jr.” A solenidade marcou a comemoração dos 10 anos do hospital que passa a contar com essa moderna unidade para tratamento de casos graves.

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Nova Ciclovia Agora, a ciclovia da orla de Ilhabela faz a ligação entre os bairros da Barra Velha a Vila e ainda conta com sistema de iluminação. Foram instalados postes de iluminação em todo trecho, inclusive na passarela estaiada, sobre o Ribeirão Água Branca, que faz a ligação entre a Barra Velha e o Perequê. Segundo o prefeito Toninho Colucci, a medida trará mais segurança para ciclistas e pedestres.

Pedras do Sino A passarela turística foi reformada. O local bastante visitado por turistas e moradores na praia da Garapocaia, agora conta com um espaço mais amplo e acessível. A passarela ganhou mais espaços laterais e ficou mais larga, além da instalação do guarda-corpo. O material implantado é reciclável e com maior durabilidade, o que diminui os gastos com manutenção. Outra novidade é o acesso para deficientes físicos.

Quadra da Armação Toninho Colucci inaugurou a nova quadra poliesportiva do bairro da Armação, que recebeu o nome do ex-vereador Antonio Bosco dos Reis. Situada entre a nova Escola Municipal “Prefeito Leonardo Reale”, inaugurada recentemente e a E.M. Maria Leonor Fazzini, que passa por reforma e ampliação, o mais novo espaço esportivo é muito utilizado por toda a comunidade.

Inundações O prefeito Toninho Colucci também investiu muito na prevenção de enchentes na parte baixa da Barra Velha. Todo o sistema de captação de águas foi trocado, galerias foram ampliadas e o índice de acumulo de água diminuiu de forma significativa.

Novo Ginásio O novo Ginásio Municipal “Oscar Schmidt”, no PEII - Barra Velha, tem a primeira quadra com piso de madeira da cidade, conforme as normas técnicas, além de integrar um moderno complexo que une esporte e educação, onde crianças e jovens têm atividades no contraturno escolar.

Piscina Pública Com a construção da primeira Piscina Pública da história de Ilhabela, a Prefeitura passou a oferecer aulas de natação e hidroginástica gratuitamente. As aulas de natação e hidroginástica continuam atraindo cada vez mais moradores.

Acesso Com a construção da nova ponte que ligará os bairros do Perequê à Barra Velha, Toninho Colucci ainda vai criar uma alça de acesso ao interior da Água Branca utilizando a mesma via. O projeto deve ser concluído ainda durante seu governo.

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Bairro a bairro A prefeitura também vem trabalhando nos bairros da cidade. Com a implan-tação da Rede Coletora de Esgoto, a prefeitura deu início a pavimentação de diversas ruas. O alto da Barra Velha está sendo reurbanizado e a região do bairro da Toca também recebeu melhorias. O prefeito Toninho Colucci ainda pretende asfaltar as vias principais dos bairros do Reino, Água Branca e Itaquanduba, além de estender a pavimentação até a Pacuíba.

Norte da Ilha A Prefeitura de che-gou à marca de 203 obras em pouco mais de três anos de administração. Com obras de infraestrutura por todos os bairros de norte a sul do arquipélago, Toninho Colucci mudou o conceito de deslocamento na Ilha.O recapeamento do trecho norte da SP-131, a obra número 200, foi uma das grandes conquista do prefeito, que contou com investimento cerca de R$ 10 milhões do Governo do Estado. A conquista desta obra era esperada há mais de 20 anos pela população, que pode comemorar mais uma conquista.

Segurança Pública Na gestão do prefeito Toninho Colucci, uma nova Delegacia de Polícia foi construída. O prédio antigo que havia n local foi demolido e hoje, funcionários e muníci-pes contam com um local digno para reeber atendimento das autoridades policiais.

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Skate Toninho Colucci também construiu uma nova pista de skate. A pista de skate, na Praça do Galera, na Água Branca, já foi palco de competições e é utilizada diariamente por moradores, proporcionando um verdadeiro show de manobras radicais.

Investimentos Toninho Colucci implantou em parceria com o Governo do Estado e com o Fundo Social de Ilhabela o Polo de Beleza, que oferece cursos de qualificação. Colucci também vem auxiliando os caiçaras de Ilhabela. O prefeito adquiriu e adequou um novo prédio no Perequê que dá suporte aos moradores das Comunidades Tradicionais de Ilhabela.

Duplicação Outro investimento priorizado pelo prefeito Toninho Colucci foi na ampliação das pontes que cortam a avenida principal de Ilhabela. As pontes sobre o Ribeirão da Água Branca e da Barra Velha foram ampliadas, assim como a "Ponte da Telma", Itaguaçu e Engenho D'Água.

Praia Grande No sul da Ilha, Colucci também construiu o píer da Praia Grande, além de um no Portinho e o do Cabarau que deve ser inaugurado em breve.

Cultura Colucci ainda tornou realidade o Centro Cultural "Roberto Fazzini", oferecendo um amplo espaço para a realização de eventos e atividades culturais na região.

Reurbanização A malha viária principal da cidade vem sendo melhorada e toda a Avenida Princesa Isabel foi duplicada, oferecendo mais segurança aos motoristas, pedestres e ciclistas, que também ganharam um local adequado e exclusivo para pedalar.

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BOMBEIROS E SAMU Muita gente não se lembra, mas antes do governo do pre-feito Toninho Colucci, Ilhabela não dispunha do serviço de Corpo de Bombeiros e tampouco Samu. Foi por intermédio de Colucci que hoje o arquipélago conta com esses dois serviços que já salvaram milhares de vidas.

Transporte Com o fim do contrato com a Auto Viação Ilhabela, a Expresso Fênix passou a operar o sistema de transporte público em Ilhabela. O serviço passou por readequações e melho-rias e hoje Ilhabela conta com uma frota de ônibus com no máximo dois anos de uso, equipados com catracas eletrônicas, além de acompanhamento por satélite e tarifa subsidiada pela Prefeitura.

Atividade Delegada Colucci ainda celebrou convênio com o Governo do Es-tado para ampliar o serviço de segurança pública em Ilhabela. Com a Ativida-de Delegada, Toninho Colucci conseguiu ampliar o policiamento nas ruas da cidade em mais de 30%. Agora, nos dias de folga, os Policiais Militares atuam à serviço da Prefeitura de Ilhabela, aumentando o efetivo e consequentemente a segurança pública na cidade.

Transporte Marítimo Com investimento de R$ 4,5 milhões, o prefeito Toninho Co-lucci adquiriu três embarcações que farão o transporte público marítimo de Ilhabela. As embarcações têm capacidade para transportar cerca de 60 passageiros e são equipadas com banheiro, ar-condicionado, tv's LCD, além de sonda, radar e GPS.

Melhorias A prefeitura de Ilhabela ainda reformou calçadas e construiu rota-tórias para aumentar a segurança no trânsito da cidade. Na Vila, destaque para a Praça Coronel Julião, que ganhou novo pavimento, paisagismo e um fonte interativa, alegria de turistas e moradores.

Qualidade de Vida A prefeitura de Ilhabela ainda investiu mais de R$ 130 mil na aquisição e instalação de academias públicas por toda Ilhabela. Hoje, além das acade-mias, a cidade conta com parquinhos instalados em diversos os bairros, alguns como o da praia do Perequê, adaptado para crianças portadoras de necessidades especiais.

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Robótica nas Escolas Alunos da rede pública de Ilhabela passaram a contar com um programa que desenvolve soluções de aprendizagens inovadoras a partir do trabalho com peças de Lego®. Todos os alunos da rede municipal de ensino de Ilhabela foram contemplados com esta inovação na grade curricular no ensino da matemática.

Merenda Durante sua gestão, o prefeito Toninho Colucci priorizou as ações de melhoria na área da Educação. Visando o melhor aprendizado a administração pública de Ilhabela implementou a merenda escolar e hoje as crianças de Ilhabela tem uma alimentação rica e balanceada. "Acabou a era do macarrão com salsicha todo dia."

Transporte Escolar Ilhabela recebeu este ano dois novos ônibus para transporte esco-lar. Os veículos custaram R$ 489 mil. Com a aquisição dos ônibus, a frota escolar hoje é de 15 veículos. A cidade conta com aproximadamente seis mil alunos distribuídos em 30 escolas e 1.166 desses alunos contam com o serviço gratuito de transporte escolar.

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Nova Leonardo Reale O prefeito Toninho Colucci, inaugurou a nova Escola Mu-nicipal “Prefeito Leonardo Reale”, situada no bairro da Armação. O novo prédio conta com sete amplas salas de aulas, sala de vídeo, sala para leitura e informáti-ca, além de um grande pátio e novos espaços administrativos e pedagógicos.

Ampliações de Escolas Com o objetivo de atender 50% da rede pública de ensino em tempo integral até o final de 2016, a Prefeitura de Ilhabela reformará e ampliará as escolas municipais: Na escola Waldemar Belisário (Itaquanduba) as obras seguem em ritmo acelerado. As escolas Ruth Cardoso (Barra Velha), Maria Thereza (São Pedro) e José Benedito (Reino) também deverão ser ampliadas.

Colégio Gabriel No Perequê está sendo construída pela administração municipal a nova Escola Estadual Dr. Gabriel Ribeiro. O investimento é de R$ 4,8 milhões. Com isso, o município ficará com o prédio atual da escola, na Vila, onde deverá ser realizado um projeto de polo cultural e museu.

Escola do Camarão No alto da Barra Velha, o prefeito Toninho Colucci construiu a maior escola do município. São 12 salas de aula descentralizadas. A unidade conta ainda com espaço de convívio, arborizado e com equipamentos de lazer, entre eles, um anfiteatro e uma quadra poliesportiva. O investimento foi de R$ 2,3 milhões.

Creche do Alto da Barra Ilhabela também ganhará uma nova creche. Trata-se da creche do Alto da Barra, que deve atender aproximadamente 120 crianças. A obra já está 50% concluída e deve ser inaugurada no segundo semestre de 2015, levando o nome de Altamira de Castro Vieira Colucci, mãe do prefeito.

Creche da Água Branca Em homenagem ao empresário Antonio Marques, o prefeito Toni-nho Colucci construiu a creche da Água Branca. Na unidade são aten-didas cerca de 100 crianças de 1 a 4 anos. São duas turmas de “Primeiros passos” (1 a 2 anos), uma classe Maternal (2 a 3 anos) e uma sala de Maternal II (3 a 4 anos). A estrutura, que atualmente conta quatro salas de aula, além de um amplo espaço com brinquedos e pula-pula para a diversão da criançada está passan-do por ampliação, que em breve possibilitará o atendimento a um número maior de crianças.Fo

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Ilha da Princesa Junto com Lúcia, sua primeira esposa, Antonio Marques Nogueira inaugurou em outubro de 1974 sua pequena mercearia, que contava com apenas 02 funcionários.

Na imagem ao lado, um raro momento de descontração de um homem que trabalhava incansavelmente em prol de sua família.

A história de vida desse bravo mineiro começou cedo. Nascido em 1953 na cidade de Alagoa, sul de Minas Ge-

rais, Antonio Marques Nogueira, o Toninho Marques – como era conhecido em Ilhabela –, viveu toda sua infância num pequeno sítio. Com sua visão empreendedora já aos quinze anos de idade, o mineirinho decidiu tentar a vida na região do Vale do Paraíba e de 1968 a 1970 trabalhou no comércio da cidade de Apa-

no meio do caminho tinha um mineiro

Toninho Marquesrecida do Norte, onde atuou como vendedor ambulante. Logo depois como garçom e lava-dor de copos num botequim, do qual, poste-riormente acabou se tornando proprietário.

Com a repressão da Ditadura Militar, em 1970, o já empresário foi obrigado a vender seu comércio e mudar-se para a cidade de São José dos Campos, onde montou seu primeiro ne-gócio relacionado a gêneros alimentícios. No entanto, com a expansão da cidade e o desen-

volvimento comercial da região, Toninho teve a prosperidade de seu comercio comprometi-da pela chegada de uma grande rede de super-mercados, o que acabou atrasando seu sucesso. Na mesma época chegava ao Vale do Paraíba à notícia de que o Litoral Norte era uma região que estava em ascensão comercial, o que aca-bou despertando grande interesse no “minei-ro” em conhecer o mar.

Em 1971, Toninho se desfez de seu negó-cio em São José dos Campos e mudou-se para Caraguatatuba, onde passou a gerenciar um pequeno supermercado. Porém o destino lhe reservava algo a mais.

Toninho acabou não se adaptando a cida-de de Caraguatatuba e em 1974, a convite do empresário Joaquim Silva acabou se mudando para o arquipélago.

Nos dois primeiros anos na cidade, Anto-nio Marques Nogueira atuou como funcioná-rio junto ao então Supermercado Silva, de seu Joaquim, atualmente conhecido como Super-mercado do Frade, onde em pouco tempo fez muitos amigos, como em todos os lugares por onde passava. Rapidamente passou a gerenciar o supermercado que se tornaria seu maior con-corrente nos anos seguintes.

Já experiente no ramo do mercado vare-jista, em 1976 o futuro bem sucedido empre-sário foi convidado pelo amigo João Améri-

Foto: Acervo Pessoal

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co de Souza a montar seu próprio negócio em Ilhabela, nascendo aí a pequena “Casa Marques”, no bairro do Itaquanduba. O negócio ia muito bem, no entanto, em virtude de várias enchen-tes ocorridas no final da década de 70, Toninho sofreu muitos prejuízos e depois de três longos anos acabou se mudando para o bairro da Barra Velha, tendo como novo sócio o senhor Antonio Alves de Oliveira, dando origem a seu empreen-dimento de maior sucesso, o Supermercado Ilha da Princesa.

No início, a loja possuía apenas 150m² e foi só em 1992, com a conclusão da nova sede, com uma área de 500m², que o Supermercado Ilha da Princesa passou a representar uma empresa de médio porte no Município, gerando dezenas de empregos.

Mas o crescimento não parou por aí. Toni-nho implementava seu negócio a cada dia, sem-pre visando o desenvolvimento de Ilhabela, que na opinião dele era inevitável. O Ilha da Princesa foi crescendo e se tornou uma empresa concei-tuada e de grande porte, gerando centenas de empregos diretos e indiretos.

Apesar de todo sucesso, Toninho sempre foi muito reservado e fazia jogo duro quando o as-sunto era “aparecer”. Ao longo de sua trajetória em Ilhabela, muitos vereadores, sem sucesso, tentaram homenageá-lo. Apenas em 2007, por meio de um “Diploma de Reconhecimento à Representatividade Econômica no Desenvolvi-mento do Município”, o empresário finalmente foi homenageado pela Casa de Leis de Ilhabe-la, por meio de um requerimento do vereador

Carlos Alberto de Oliveira Pinto (Carlinhos – PMDB). Na época, a Câmara destacou o espírito empreendedor do comerciante e seu empenho em relação à geração de emprego e renda, que contribuíram significativamente para o desen-volvimento do município de Ilhabela.

Comovido pela recepção que teve do povo caiçara, o mineiro de Alagoa fazia questão de ajudar principalmente os moradores das Co-munidades Tradicionais, que por se tratarem de pessoas humildes e com poucos recursos não possuíam crédito junto às agências bancárias e muitas vezes faziam suas compras na confiança e voltavam para acertar meses depois. Outros, ain-da menos afortunados contavam com as genero-sas doações feitas DIARIAMENTE pelo empre-sário, que mesmo antes de levantar seu império varejista já dividia com o próximo o pouco que tinha.

Reconhecido na cidade por sua honestidade e principalmente por sua generosidade, Toninho Marques retribuía a prosperidade de seu negó-cio ajudando todos que batiam a sua porta. Cai-çaras, esportistas, religiosos, jornalistas, todos eram muito bem atendidos e sempre ampara-dos pelo empresário que colaborava com quase tudo, desde a realização de passeios ciclísticos a caminhadas, campeonatos de futebol, equipes de atletismo, Downhill, Taekwondo, velejadores, praticantes da dança de rua e projetos sociais. Quem também sempre contou com a ajuda do empresário foram as crianças da Associação Creche de Ilhabela, que receberam por muitos anos a suplementação diária de frutas e verdu-

ras na merenda escolar, além de muitos outros mimos.

Pai atencioso e avô muito amoroso, Toni-nho sempre se preocupava em fazer algo a mais pelas crianças de Ilhabela e em 2010, se reuniu com outros amigos empresários para realizar uma grande festa do dia das Crianças no Campo do Galera, onde foi organizado um verdadeiro Parque de Diversões com brinquedos, máqui-nas de algodão-doce, pipoqueiros, refrigerante, personagens de desenhos animados, oficina de pintura e sorteio de bicicletas, reunindo cerca de quatro mil crianças durante a festa.

Em 2011, Toninho ajudou a promover a se-gunda edição da Festa do Dia das Crianças, des-ta vez reunindo mais de cinco mil baixinhos no Campo do Galera, mas esta seria a última edição que contaria com a presença do empresário. Na noite do dia 9 de dezembro daquele ano, o fun-dador do Supermercado Ilha da Princesa, um dos migrantes mais famosos de Ilhabela deixou saudades.

Saindo à francesa, o empresário Antonio Marques Nogueira, 58 anos, faleceu após uma árvore cair em cima de seu carro na altura do quilômetro 74, na rodovia dos Tamoios.

Infelizmente, Toninho, como era carinhosa-mente conhecido pelo povo de Ilhabela, se foi, mas deixou para suas seis filhas mulheres e sua neta Rebeca, seu legado de homem bondoso, honrado, trabalhador e muito honesto. Como ele mesmo dizia: “Nossa alegria é ver você sem-pre feliz”.

Foto: Ronald Kraag Foto: Acervo Pessoal

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Nilce Signorini escolheu Ilhabela para viver, trabalhar e fincar suas raízes.

Atuante na área de educação con-tribuiu com seu trabalho para formar, desen-volver e aprimorar o caráter de crianças e jovens de Ilhabela, não apenas com os conhecimentos que lhes transmitiu, mas, principalmente, com seu exemplo de vida pautada na retidão, hones-tidade e honradez.

Antes de ser eleita prefeita de Ilhabela, D. Nilce atuou como Conselheira Tutelar de Ilha-bela e foi uma das sócias-fundadoras do Lions Clube de Ilhabela, destacando-se por efetiva participação nos projetos sociais e por sua con-tribuição relevante à comunidade.

Nilce iniciou sua trajetória política como Vereadora, exercendo mandato de 1989 a 1990, sendo eleita Presidente da Câmara Municipal de Ilhabela no biênio 1989/1990. Como Vereadora participou da elaboração da Lei Orgânica de Ilhabela e foi autora de diver-sos Projetos de Lei para beneficiar o Municí-pio e a comunidade.

A seriedade e o comprometimento com os ideais da população a conduziram à Prefeitura de Ilhabela onde ocupou de 1997 a 2000 o car-go de Prefeita, revelando toda sua competência. Atuante e compromissada com os valores éticos e democráticos tornou-se expoente da política municipal, gravando seu nome para sempre nos anais da história de Ilhabela, não apenas como a primeira mulher a ocupar o cargo de Prefeito, mas, principalmente, como uma gran-de líder política. À frente da prefeitura de Ilha-bela, D. Nilce iniciou a construção do Hospital Governador Mario Covas Jr. e numa parceria inédita com o Yacht Club Ilhabela, construiu o tão sonhado Píer dos Pescadores na praia de Santa Tereza.

Em 2010, a ex-prefeita Nilce Signorini foi homenageada pela Câmara de Ilhabela que lhe concedeu o título de “Cidadã Honorária de Ilhabela”, por meio de uma indicação do Vere-ador Valdir Veríssimo, como forma de agrade-cimento à ex-prefeita, por sua contribuição ao crescimento do município.

Nilce Signorini nasceu na cidade de Ribei-rão Preto, em outubro de 1943. Educadora por formação, concluiu o Curso de Estudos Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Ba-rão de Mauá, em 1970, onde também cursou Ciências Sociais, em 1971, Especialização em Psicologia da Educação, em 1972, Especializa-ção em Didática, em 1974, Especialização em Antropologia, em 1975 e o Curso de Pedagogia Plena com habilitação em Administração Esco-lar e Supervisão de Ensino, em 1976.

No período de 2001 a 2002 ainda ocupou o cargo de Supervisora de Ensino da Fundação do Desenvolvimento Administrativo na Secre-taria e Gestão Pública do Estado de São Paulo, no programa de profissionalização dos traba-lhadores na área de enfermagem.

Em 2012, disputou as eleições ao lado do prefeito Toninho Colucci, eleita vice-prefeita de Ilhabela. Ao longo de sua vida pública jamais se descurou dos valores éticos e democráticos, tornando-se uma política querida e respeitada pela população.

honestidade e pulso firme

Nilce Signorini

Píer dos Pescadores Início do estacamento das colunas que sustentam o Píer dos Pescadores, no entreposto de pesca, na Prainha de Santa Tereza.

A prefeita Nilce inaugurando o píer com o comodoro do YCI da época, Ivan Lopes, o atual comodoro Dr. José Yunes e o vice-presidente do Brasil Michel Temer (PMDB).

Foto: Acervo/YCI

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Solidonio Narciso dos Reis Neto

o dono da chave

Caiçara de carteirinha, Solidonio Narciso dos Reis Neto, conhecido por Narciso, nasceu em 24 de novembro de 1956.

Filho de Antonio Venâncio dos Reis e Rosa Go-mes dos Reis, Narciso tem 35 irmãos por parte de seu pai, que teve doze filhos com dona Rosa e 24 filhos com outras duas mulheres.

Casado com Autaguida Almeida da Silva com quem teve quatro filhos, Narciso tem seis netos e é um dos filhos da Ilha que ainda atua com grande dedicação a dois movimentos cul-turais de grande importância em nossa cidade: a Congada de São Benedito e a Folia de Reis.

Narciso dançou a Congada de São Benedito pela primeira vez aos cinco anos, para cumprir uma promessa de sua mãe. Hoje, aos 58, é um dos principais congueiros da cidade, sendo res-ponsável pela preparação da consertada, bebi-da típica servida na abertura da Festa. Devoto

de São Benedito, Narciso diz que só deixará de cumprir a promessa feita por sua mãe no dia em que falecer.

Outra vertente desse grande homem é sua identificação com a música, desde que nasceu. Na década de 40, num espaço de 2x2, João Pa-ratiano fez a construção com restos de madeira que vinham do mar. Dois moradores e amigos, Antônio Venâncio e Chico Reis, juntaram-se e compraram a barraca. Depois de um período fizeram uma aposta do negócio num jogo de bocha, onde Antônio Venâncio ganhou. Na década de 70, era um dos únicos bares da Ilha. Nessa época, Antônio Venâncio faleceu, ficando a administração da barraca por conta de sua es-posa, Dona Rosa e dos seus 12 filhos, Antônio Carlos, mais conhecido como Carlito, empresá-rio e sambista, comprou a barraca de sua mãe e mudou o nome para Recanto do Samba, foi

aí que Narciso começou a tocar com o irmão e seus amigos. Narciso é um grande percussionis-ta e um dos integrantes do grupo Raízes de Ilha-bela, que anualmente, de novembro a janeiro, mantém viva a tradição da Folia de Reis pelas casas do arquipélago.

O caiçara possui ainda, uma função para muitos despercebida, mas de grande importância em qualquer município: atua, desde os meados de 1980, no Cemitério de Ilhabela, atualmente como encarregado pelo local, no entanto, come-çou sua trajetória profissional como ajudante de pedreiro, posteriormente pedreiro e por muitos anos foi o coveiro responsável por dar um se-pultamento digno aos entes queridos dos nossos munícipes, função difícil e nada agradável, mas sempre desempenhada com afinco e dedicação por esse grande ser humano, o que acabou lhe rendendo o "Título de Gratidão Caiçara".

Tradição Na imagem ao lado, Narciso vigia o fogo de lenha da ucharia de São Benedito. A baixo, com o filho Anderson, a tradição da Congada de São Benedito passada por gerações de pai para filho.

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Luizinho Faria e a história do

OURO NEGRO

Luiz Faria acima, o ex-prefeito de São Sebastião durante seu mandato à frente do poder executivo da cidade

Em 2008, a vereadora Nanci Zanato apre-sentou à Câmara de Ilhabela uma proposta que homenageava um filho de São Sebas-

tião, mas por que?Caiçara, nascido em 1955 no Bairro de São

Francisco, em São Sebastião, Luizinho casou-se com Maisa Bernadete Rangel Faria com quem teve duas filhas, Ellen e Anne.

Foi secretário de Finanças, chefe de Gabinete e secretário de Esportes e já durante o mandato do ex-prefeito Paulo Julião (1989 à 1992), parti-cipou diretamente da elaboração da proposta que incluiu os municípios de Ilhabela e São Sebastião na Lei dos Royalties do Petróleo.

Eleito prefeito em 1992, Luizinho Faria repre-sentou os municípios possuidores de terminais de embarque e desembarque de petróleo e derivados na Câmara Federal, junto à Comissão de Minas e Energia que discutia a nova proposta de distribui-ção de royalties, pelo risco permanente e eventual, e criava também a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Em companhia do ex-prefeito Roberto Fazzi-ni, com total apoio do Deputado Federal Luciano Zica do PT, conseguiu mudar a Lei dos Royalties e consequentemente realidade financeira dos mu-nicípios de São Sebastião e Ilhabela.

Co a inclusão das cidades na Lei Federal n° 9.478, Luizinho conseguiu promover uma gran-de mudança na composição do orçamento geral de Ilhabela, em função dos valores que o muni-

cípio passou a receber a título de compensação financeira por estar na zona de influência com risco permanente de ser afetado pelas operações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural.

Nos primeiros 10 anos da aplicação da nova Lei (1999-2009), Ilhabela recebeu cerca de R$ 130 milhões, recursos que foram fundamentais para investimentos na cidade. Hoje, a cidade já é conhecida como a "Dubai Brasileira", devido aos grandes valores recebidos pela prefeitura oriun-dos da produção do petróleo.

Graças ao empenho de Luizinho, que conti-nuou trabalhando - desta vez junto com o prefei-

to Toninho Colucci - Ilhabela foi incluída na área de produção da Bacia de Santos da camada de pré-sal, passando a ser o município com os maio-res repasses financeiros provenientes dos royalties na região.

Hoje, Ilhabela recebe em média R$ 15 mi-lhões de reais por mês e desde 1989, a contribui-ção de Luizinho ao Litoral Norte, principalmente para Ilhabela, sempre foi muito importante para a melhoria da qualidade de vida da população. Por sua atuação como cidadão e político, Luizinho Faria se tornou merecedor de uma homenagem e consequentemente o título de "Cidadão Hono-rário de Ilhabela”.

Foto: Acervo Pessoal

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De Venceslau Guimarães à Câmara de Ilhabela

Adilton Ribeiro

História acima, o pequeno Adilton Ribeiro com apenas 10 anos de idade cursando o ensino fundamental, na Escola Filomena Ferraz em Venceslau Guimarães - Bahia

CANTOR à direita, o vocalista da banda Invasão do Forró - Adilton Ribeiro, que

entregava botijões de gás durante o dia e buscava o sucesso enfrentando

os palcos durante a noite.

Adilton Rocha Ribeiro nasceu na Bahia, precisamente em Venceslau Guimarães, mas desde que chegou a Ilhabela me 1998 vem construindo uma relação de amor com a cidade, ocupando, atualmente, o segundo cargo mais importante no município.

Antes de chegar à presidência do Legislativo, porém, o baiano de sorri-so cativante iniciou sua trajetória em funções que o ajudaram a conhecer melhor a cidade: Adilton foi caixa de supermercado, vigilante, entregador de gás e de água. Amante da música, Adilton Ribeiro também se aventurou no mundo da noite, fazendo shows musicais como vocalista da Banda Invasão do Forró. Passou ainda pelo Executivo, atuando nos setores de Defesa Civil e Limpeza Publica.

Testado nas urnas, obteve expres-siva votação e atualmente sustenta a alcunha de vereador mais votado das últimas eleições, com 572 votos. Como presidente do Legislativo, tem primado por ações que beneficiem o funcionalismo público, cobrando conquistas há muito aguardas pela categoria, sem esquecer, porém, da comunidade que o elegeu, defenden-do melhorias na infraestrutura do município, visando desenvolvimen-to, preservando, contudo, as belezas naturais da cidade. Adilton Rocha Ribeiro é gente da gente e está ape-nas começando seu caminho político promissor.

Lembrança acima o presidente da Câmara Municipal de Ilhabela relembrando os tempos em que ajudava sua mãe no feitio da farinha de mandioca. Segundo consta, Dona Isabel tem uma das melhores farinha de toda Bahia.

Fotos: Acervo Pessoal

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