142
Imagem Corporal e Morfologia: Estudo comparativo entre mulheres brasileiras e portuguesas praticantes de musculação Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de mestre em Ciências do Desporto, área de especialização em Actividade Física e Saúde, conforme Decreto-Lei 216/92, de 13 de Outubro. Orientador: Professor Doutor Rui Manuel Garganta Silva Co-orientadora: Professora Doutora Maria Olga Fernandes Vasconcelos Alessandro Pedretti Porto, Junho de 2008

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Imagem Corporal e Morfologia: Estudo comparativo entre

mulheres brasileiras e portuguesas praticantes de musculação

Dissertação apresentada com vista à

obtenção do grau de mestre em

Ciências do Desporto, área de

especialização em Actividade Física e

Saúde, conforme Decreto-Lei nº

216/92, de 13 de Outubro.

Orientador: Professor Doutor Rui Manuel Garganta Silva

Co-orientadora: Professora Doutora Maria Olga Fernandes Vasconcelos

Alessandro Pedretti

Porto, Junho de 2008

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FICHA DE CATALOGAÇÃO

Ficha de Catalogação

Pedretti, A. (2008). Imagem Corporal e Morfologia: Estudo comparativo entre

mulheres brasileiras e portuguesas praticantes de musculação. Porto:

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

Palavras-chaves: IMAGEM CORPORAL, SILHUETAS, MUSCULAÇÃO

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À todos os novos amigos brasileiros e portugueses que fizeram parte desta

etapa de minha vida acadêmica;

Aos meus pais e irmãos;

À Tatiane.

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V

Agradecimentos

Da sugestão inesperada de uma amiga surgiu o propósito de ir para longe. Da

oportunidade de estar em Portugal, surgiram novos amigos, novos horizontes,

uma enorme experiência de vida e um aprendizado incomensurável. Este

capítulo da minha história não poderia ter sido escrito sem vocês:

Aos meus pais, que me apoiaram e possibilitaram este passo importante pela

educação e exemplo que sempre dispensados.

Aos meus irmãos, por serem exemplo e incentivo ao progresso.

À Tatiane, minha esposa, por suportar a saudade de quase dois anos

separados e por acreditar em mim, sempre.

Aos “mestres” desta minha caminhada, Prof. Doutor Rui Garganta e Profa.

Doutora Olga Vasconcelos, pela infinita paciência diante de minhas

dificuldades acadêmicas, por todas as orientações e chamados à realidade da

investigação científica.

À FADE-UP, por todo apoio institucional oferecido, pela amizade com os

seguranças e o pessoal da limpeza, e pela seriedade que nos leva ao

amadurecimento pessoal.

Aos Ginásios B-free e Holme´s Place em Portugal e às Academias Pumping

Iron e Olympia no Brasil, pela confiança e total disponibilidade para a

realização deste trabalho.

À Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz

de Fora, pela minha formação inicial neste campo infinito de possibilidades.

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VII

Índice

Agradecimentos ................................................................................................. V

Índice ................................................................................................................ VII

Índice de Figuras ............................................................................................... IX

Índice de quadros .............................................................................................. XI

Lista de equações ........................................................................................... XIII

Resumo ........................................................................................................... XV

Abstract ......................................................................................................... XVII

Résumé .......................................................................................................... XIX

Lista de abreviaturas ...................................................................................... XXI

Capítulo 1 – Introdução ...................................................................................... 3

1.1 – Apresentação do propósito, problema e objetivo do estudo .................. 3

1.2 – Estrutura do estudo................................................................................ 6

Capítulo 2 – Revisão da literatura ...................................................................... 9

2.1 – Imagem Corporal: desenvolvimento histórico do construto e delimitação terminológica .................................................................................................. 9

2.1.1 – Desenvolvimento histórico do construto ......................................... 9

2.1.2 – Delimitação terminológica ............................................................ 13

2.2 – A imagem corporal: tipologia e morfologia corporais ........................... 16

2.3 – A imagem corporal: uma visão multidisciplinar .................................... 21

2.3.1 – Filosofia ........................................................................................ 21

2.3.2 – Psicologia ..................................................................................... 23

2.3.3 – Sociologia ..................................................................................... 25

2.3.4 – Semiótica ...................................................................................... 27

2.3.5 – Comunicação Social ..................................................................... 30

2.4 – Imagem corporal e cultura ................................................................... 33

2.4.1 – Influências e questões sócioculturais associadas a imagem corporal ............................................................................................................ 33

2.4.2 – Agregação do padrão estético atual à idéia de saúde .................. 35

2.4.3 – Comparações culturais ................................................................. 39

2.5 – Imagem corporal na atividade desportiva feminina .............................. 42

2.6 – Definição das componentes da imagem corporal e dificuldades encontradas para a sua avaliação ................................................................ 49

Capítulo 3 – Objetivos e hipóteses ................................................................... 57

3.1 – Objetivos .............................................................................................. 57

3.2 – Hipóteses ............................................................................................. 57

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VIII

Capítulo 4 – Metodologia ................................................................................. 61

4.1 – Amostra ............................................................................................... 61

4.2 – Critérios para a seleção da amostra .................................................... 61

4.3 – Instrumento e coleta de dados ............................................................. 62

4.3.1 – Apresentaçao do instrumento de silhuetas .................................... 62

4.3.1.1 – Associação dos valores do somatótipo a escala de silhuetas 63

4.3.2 – Definição dos tipos de Somatótipo ................................................ 66

4.3.3 – Procedimento para a definição dos somatótipos percebido e ideal66

4.3.4 – Antropometria ................................................................................ 67

4.3.4.1 – Composição corporal ............................................................. 69

4.3.4.2 – Critérios de classificação do IMC .......................................... 70

4.4 – Avaliação da distorção da percepção da imagem corporal geral, da satisfação com a imagem corporal geral e do ideal corporal. ....................... 70

4.5 – Variáveis do estudo ............................................................................. 71

4.6 – Procedimentos estatísticos .................................................................. 71

Capítulo 5 – Apresentação e discussão dos resultados ................................... 75

5.1 – Distorção da Percepção da Imagem Corporal Geral ........................... 76

5.2 – Satisfação com a Imagem Corporal Geral ........................................... 80

5.3 – Ideal Corporal Geral ............................................................................. 85

5.4 – Considerações finais ............................................................................ 87

Capítulo 6 – Conclusões e sugestões .............................................................. 93

6.1 – Conclusões .......................................................................................... 93

6.2 – Sugestões ............................................................................................ 94

7 – Referências bibliográficas .......................................................................... 97

8 – Anexos ..................................................................................................... 119

8.1 – Formulário de recolha dos dados ...................................................... 119

8.2 – Escala de silhuetas apresentada às mulheres ................................... 120

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ÍNDICE DE FIGURAS

IX

Índice de Figuras

Figura 1 – Escala de silhuetas para mulheres com interesse em emagrecimento

e fortalecimento ................................................................................................ 62

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ÍNDICE DE QUADROS

XI

Índice de quadros

Quadro 1 – Caracterização da amostra em seus valores médios e desvios

padrão. ............................................................................................................. 61

Quadro 2 – Caracterização das componentes do somatótipo para as brasileiras

e portuguesas ................................................................................................... 75

Quadro 3 – Caracterização das variáveis utilizadas para obtenção dos níveis de

distorção da percepção e satisfação com a imagem corporal geral e ideal

corporal, para as brasileiras e portuguesas (média e desvio padrão) .............. 76

Quadro 4 – Caracterização da variável nível de distorção para brasileiras e

portuguesas (média e desvio padrão) .............................................................. 77

Quadro 5 – Caracterização do percentual de brasileiras e portuguesas que

subestimaram e sobre-estimaram sua imagem corporal geral ......................... 77

Quadro 6 – Caracterização das variáveis frequência de treino semanal e tempo

de treino, para as brasileiras e portuguesas (média, desvio padrão e

significância) ..................................................................................................... 78

Quadro 7 – Caracterização do percentual do índice de massa corporal e seu

valor médio, das brasileiras e portuguesas. ..................................................... 78

Quadro 8 – Caracterização da variável satisfação com a imagem corporal geral

para brasileiras e portuguesas (média, desvio padrão e significância) ............ 80

Quadro 9 – Caracterização do percentual de mulheres satisfeitas e insatisfeitas

com a imagem corporal geral, para brasileiras e portuguesas ......................... 81

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ÍNDICE DE QUADROS

XII

Quadro 10 – percentual de escolha das silhuetas correspondentes a

componentes predominantes do somatótipo .................................................... 82

Quadro 11 – Caracterização distorção da percepção da imagem corporal geral,

satisfação com a imagem corporal geral e ideal estético, ao se anular a

influência do tempo de treino (média e desvio padrão) .................................... 83

Quadro 12 – Caracterização distorção da percepção da imagem corporal geral,

satisfação com a imagem corporal geral e ideal estético, ao se anular a

influência da frequência de treino semanal (média e desvio padrão) ............... 83

Quadro 13 – Caracterização do somatótipo médio geral das mulheres

satisfeitas, insatisfeitas e da população em geral, para brasileiras e

portuguesas ...................................................................................................... 84

Quadro 14 – Frequência e percentual de escolha das silhuetas

correspondentes ao somatótipo ideal para as brasileiras e portuguesas ......... 85

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LISTA DE EQUAÇÕES

XIII

Lista de equações

Cálculo do percentual de gordura corporal – ((4,95 / DC3) - 4,5) x 100

Cálculo da densidade corporal – 1,0994921 - 0,0008267 x (A+B+C) +

0,0000016 x (A+B+C x A+B+C) - 0,0001392

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RESUMO

XV

Resumo

A estética do ser humano e sua aparência física por influenciarem o

comportamento individual e coletivo, têm sido cada vez mais estudados em

diversas áreas de pesquisa. O objetivo de nosso estudo foi identificar e

comparar o tipo somático, a percepção da imagem corporal geral, a satisfação

com a imagem corporal geral e o ideal estético de mulheres brasileiras e

portuguesas praticantes de musculação. Duas nacionalidades que apresentam

uma interessante peculiaridade, por conta dos fortes traços culturais

portugueses presentes no povo brasileiro devido a colonização de outrora e a

inserção de parte da cultura contemporânea brasileira (principalmente a

midiática) no povo português. A amostra foi constituída por 46 brasileiras e 46

portuguesas com idades médias de 27,1±8.4 anos de idade. Os instrumentos

utilizados foram o somatótipo, de acordo com o método de Cárter e Heath

(1990) e um instrumento de silhuetas adaptado de Stunkard, Sorensen e

Schulsinger (1983). Utilizamos o teste t de Student para medidas

independentes e recorremos à covariância para anular o efeito do tempo de

treino e a frequência semanal de treino que poderiam condicionar os

resultados. O nível de significância foi mantido em p ≤ 0.05 e o programa de

análise estatística utilizado foi o sofware SPSS versão 15.0. Verificamos que:

a) o somatótipo das brasileiras é endomorfo equilibrado e o das portuguesas é

endomorfo mesomorfo; b) não houve diferenças quanto a distorção da

percepção da imagem corporal geral entre as populações (t=0,991 e p=0,324);

c) brasileiras demonstraram ter uma satisfação com a imagem corporal geral

mais significativa do que as portuguesas (t=3,227 e p=0,002) e; d) o ideal

corporal das sul-americanas e europeias deste estudo é, respectivamente, de

predominância mesomórfica e central.

Palavras-chave: Imagem corporal, silhuetas, musculação

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ABSTRACT

XVII

Abstract

The Human aesthetic and physical appearance are actually studied in many

research areas for their influence. The way the person identify, evaluate and

idealize itself, and the way how it understand the opinion of others about itself is

a topic of general interest, of public health. The objective of our study was

identify and compare the physical type, perception of general body image,

satisfaction of general body image and aesthetic ideal of brazilian and

portuguese woman who practice weight training. These two nations have an

interesting peculiarity, due to strong Portuguese cultural characteristics that

exist in Brazilian people from the past colonization of Brazil by Portugal and the

actual insertion of part of the Brazilian culture (principally by the media) on

Portuguese people. Our sample have 46 brazilian and 46 portuguese women

with medium ages of 27,1±8.4 years old, who practice weight training. The

instruments used were the somatotype from Heath e Carter (1980) method and

an adapted instrument of silhouettes from Stunkard, Sorensen e Schulsinger

(1983). The t student test was used for independent measures, as the

covariance to nullify the effect of time of training and frequency per week of

training that could influence the results. The significance was estabilished by p

≤ 0.05 and the statistical program used was software SPSS version 15.0. We

verify that: a) the brazilian somatotype is balanced endomorph and the

Portuguese one is an endomorph mesomorph somatotype; b) no differences

was found due to the distortion of perception of general body image (t=0,991 e

p=0,324); c) Brazilian women showed a significative greater satisfaction with

general body image than the Portuguese women (t=3,227 e p=0,002) and, d)

the aesthetic ideal of South American and European in this study was,

respectively, predominantly mesomorph and central.

Keywords: Body Image, silhouettes, weight training

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RÉSUMÉ

XIX

Résumé

L’esthétique humaine et l’apparence physique sont depuis très longtemps des

sujets qui font débat en philosophie, et deviennent de plus en plus important

dans différents domaines au niveau mondial. L’objectif de notre étude a été

d’identifier et de comparer le type somatique, la perception de l’image du corps

en général, la satisafaction de ce dernier et l’apparence idéale des femmes

brésiliennes et portugaises qui pratiquent la musculation. Ces deux pays ont

une particularité intéressante, en raison des fortes caractéristiques culturelles

qui existent chez les Brésiliens depuis la colonisation du Brésil par le Portugal

et de la réelle insertion d’une partie de la culture brésilienne chez les Portugais

(principalement par les médias). Notre échantillon compte 46 femmes de

nationalité Brésilienne et 46 de nationalité Portugaise, avec des âges moyens

de 27,1±8.4 et qui font de la musculation. Les instruments utilisés ont été le

somatotype, conformément à la méthode Health-Carter (1980) et un instrument

adapté à l’analyse de la silhouette de Stunkart, Sorensen et Shulsinger (1983).

Le test t de l’étudiant a été utilisé pour des mesures indépendantes, comme la

covariance pour annuler l’effet du temps d’entrainement et la fréquence

hebdomadaire des entrainements qui pourrait influencer les résultats. Le niveau

d’importance a été maintenu avec p ≤ 0.05 et le programme stastitique utilisé a

été software SPSS version 15.0. nous vérifions que a) Le somatotype des

brésiliennes est endomorphe et celui des portugaises est un somatotype

endomorphe mésomorphe; b) Aucune différence n’a été trouvé au sujet de la

déformation de la perception de l’image générale du corps entre les deux

populations (t=0,991 e p=0,324); c) Les femmes brésiliennes ont démontré

avoir une satisfaction avec l’image générale du corps, de façon plus

significatives que les portugaises (t=3,227 e p=0,002)et; d) L’idéal corporel des

Sud-Américaines et des Européennes de cette étude est, respectivement, de

prédominance mésomorphe et centrale.

Mots-cléfs: l´image du corps, silhouettes, musculation

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LISTA DE ABREVIATURAS

XXI

Lista de abreviaturas

SDD – Somatotype Dispersion Distance

SAD – Somatotype Attítudinal Distance

IFBB – International Federation of Bodybuilding & Fitness

H1 – Hipótese um

H2 – Hipótese dois

H3 – Hipótese três

H4 – Hipótese quatro

H5 – Hipótese cinco

Fig. 1 – Figura um

IMC – Índice de massa corporal

DC – Densidade Corporal

%G – Percentual de Gordura

A – prega adiposa da coxa

B - prega adiposa tricipital

C - prega adiposa supra-ilíaca.

MG – Massa gorda

W.H.O – World Health Organization

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

PASTAS – Physical Appearance State and Trait Anxiety Scale

MBSRQ – Multidimensional Body-Self Relations Questionnaire-Physical

Appearance Subscale

BIAQ – Body Image Avoidance Questionnaire

EDI – Eating Disorder Inventory

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1 - INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO

3

Capítulo 1 – Introdução

1.1 – Apresentação do propósito, problema e objetivo do estudo

Este estudo pretende ampliar a compreensão sobre os arquétipos ou modelos

corporais presentes no imaginário feminino e sua influência nas idealizações da

imagem corporal individual. Procuramos através da compreensão da relação

entre o imaginário social e suas projeções corporais, conhecer mais

profundamente o intercâmbio coletivo entre a consciência individual -a noção

do eu- e a forma como se interpretam as inúmeras experiências e vivências

corporais de mulheres praticantes de musculação. A aparência física é muito

importante para o desenvolvimento humano (Cash, 1990), tendo em vista que

cada cultura apresenta sua própria estrutura de identificações e projeções

estéticas (Durkheim, 1978; Schilder, 1994), que permite a construção da

imagem do próprio corpo, em face a liberdade individual alcançada com as

mudanças de comportamento durante o último século.

Da evolução da comunicação falada e escrita aos diversos meios existentes

(impresso, áudio-visual e hipermídia) atualmente, são veiculadas dentre todo

conjunto de mensagens a que se pretendem transmitir, idéias e valores sociais

simbolizados corporalmente (Pedretti & Vasconcelos, 2006). Segundo

Tiggemann (2003) a mídia pode estimular a projeção de arquétipos corporais

associados a valores simbólicos, culturalmente utilizados como instrumentos

hierarquizantes dos indivíduos, afirmação esta relevante ao reconhecermos,

como Durkhein (1978) e Costa (2000), que organizamos e estruturamos nosso

conhecimento e psiquismo através de idéias expressas por representações

imagéticas mentais.

Ainda que não definido pela literatura, acreditamos que a cultura ocidental vive

rumo ao ápice de um ciclo de padrões estéticos que começou a se fazer

vigente a menos de meio século. Referindo-se ao nosso imaginário coletivo,

inserido no contexto sócio-econômico da atualidade, podemos ver que a

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INTRODUÇÃO

4

satisfação das necessidades do corpo passou a ser alvo do consumismo como

alavanca do mercado, ora com a significância de status e poder, ora de

equilíbrio, saúde, paz e etc (Luvisolo, 2000). Entendemos aqui o imaginário,

como o imaginário social de Durkheim, reflexo de configurações simbólicas

utilizadas pelo homem para representar o mundo e a si mesmo (Durkheim,

1978).

Com base nas idéias de Solomom (1991) e Rocha (1995), podemos facilmente

identificar que as práticas, valores e representações corporais presentes em

nossa cultura estética se correlacionam intimamente com o modelo de

sociedade capitalista, transformando o lazer em estilo de vida e este último, em

consumo. Schilder (1994) deixa claro que a imagem corporal, como fenômeno

social e individual, é ativa, que ocorre, se modifica e se adapta às exigências e

características do universo e estruturas das interações sociais. Sendo assim, o

interesse pelo desenvolvimento e melhor compreenção dos aspectos e áreas

de atuação dos conceitos acerca da estética humana vêm crescendo

exponencialmente.

De início as relações deste construto com a neurologia envolviam questões

patológicas referentes as sensações corporais proprioceptivas e outras

questões (Fisher, 1990). O interesse pelas relações de importância e

relevância da nossa imagem individual e coletiva, direcionou este campo do

saber às inúmeras situações que caracterizam o homem enquanto ser social

(Harvey e Sparks, 1991; Turner, 1991). Mais recentemente, como destaca

Pruzinsky (2004), outras preocupações surgiram em detrimento do

aperfeiçamento e maturação dos conhecimentos acerca da imagem corporal.

Enquanto algumas destas preocupações são referentes as recentes teorias e

conceitos sobre a operacionalidade dos processos deste contruto na mente

humana, outras são advindas de novas necessidades surgidas pelo próprio

desenvolvimento e modificação das estruturas sociais ao longo das décadas.

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INTRODUÇÃO

5

Investigações acerca da influência de uma preocupação individual sobre a

imagem corporal em campos médicos, como a recuperação de queimados,

pacientes com câncer e patologias que afetam direta ou indiretamente a

estética corporal, são emergentes (Thompson, 2004). Assim como o

reconhecimento de seu amplo alcance temático, que perpassa sobre as

inúmeras condições da prática de atividades físicas nos diversos

comportamentos relacionados ao exercício (Hurst, Hale, Smith & Collins, 2000;

Marzano, 2001; Tiggemann & Williamson, 2000; Scully, Kremer, Meade,

Graham & Dudgeon, 1998).

Diante da crescente ebulição de estudos e interesse, pelos diversos campos do

saber relacionados de alguma forma aos complexos fenômenos individuais e

sociais referidos singularmente pelo termo da imagem corporal, surge a

necessidade de se entender os novos paradoxos corporais que respondam as

exigências do desenvolvimento de conceitos mais específicos e de novas áreas

de estudo. A transdiciplinaridade e congruência de inúmeros campos científicos

é atualmente um fato presente nos estudos da imagem corporal, possibilitando

o desenvolvimento de novos conceitos e métodos de avaliação (Damani,

Button & Reveley, 2001; Fonseca & Fox, 2002; Cash, Jakatdar & Williams,

2004).

Derivadas de observações das realidades brasileira e portuguesa, quanto ao

“corpus” feminino ideal, surgiram questões referentes à insatisfação corporal e

às distorções perceptivas das mulheres, em relação a sua muscularidade e

densidade corporal. Nosso objetivo então é verificar os níveis de acuidade

perceptiva, satisfação e ideal corporal de mulheres brasileiras e portuguesas

praticantes de musculação, procurando identificar nas mesmas, a

predominância de uma tendência ao delineamento muscular e maior densidade

corporal, além da linearidade clássica. Parece-nos importante que se possa

construir debates que visem compreender a exacerbada importância que uma

“boa aparência” ou a imagem corporal detém para o Homem.

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INTRODUÇÃO

6

1.2 – Estrutura do estudo

Procuramos organizar os conteúdos abordados em seis capítulos. O primeiro

deles reservou-se a introdução. No segundo capítulo, referente a revisão de

literatura, são abordados diferentes temas relacionados a imagem corporal,

divididos em cinco sub-capítulos.

No primeiro destes desenvolve-se a apresentação de um breve relato sobre o

desenvolvimento histórico do construto, seguido de uma delimitação

terminológica referente ao tema. No segundo sub-capítulo da revisão de

literatura, apresentamos o desenvolvimento das tentativas de se classificar

objetivamente as características morfológicas do corpo humano e algumas de

suas relações para com a prática desportiva. Na continuidade do trabalho no

sub-capítulo três, temos um esboço do amplo campo multidisciplinar que o

tema permite abarcar quando observado em suas características subjetivas. Na

continuidade do trabalho no sub-capítulo quatro, são discutidas questões como

as influências culturais sobre a imagem corporal, algumas considerações

acerca do ideal corporal atual em sua associação aos ideais de saúde da

atualidade e a apresentação de diversas comparações culturais presentes na

literatura, que salientam as divergências e congruências na imagem corporal

presentes em diversas coletividades. Em seguida, com o sub-capítulo cinco,

observamos o tema através do âmbito esportivo, discorrendo sobre a prática de

diversas atividades físicas por indivíduos atletas e não atletas. No sexto sub-

capítulo, apresentamos uma definição de suas componentes e as dificuldades

encontradas para sua avaliação em campos de abordagem objetivos e

subjetivos.

O terceiro capítulo evolve a delimitação dos objetivos e hipóteses deste estudo.

A metodologia, a amostra e os instrumentos de avaliação são descritos no

capítulo quatro. No quinto capítulo são apresentados e discutidos nossos

resultados, terminando com nossa conclusão final sobre o tema e resultados

encontrados no último e sexto capítulo.

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2 - REVISÃO DA LITERATURA

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REVISÃO DA LITERATURA

9

Capítulo 2 – Revisão da literatura

2.1 – Imagem Corporal: desenvolvimento histórico do construto e

delimitação terminológica

2.1.1 – Desenvolvimento histórico do construto

Fisher (1990) afirma que, conceitos como consciência, ansiedade, imagem e

esquema corporais, relativos a percepção do próprio corpo, têm sido

constantemente aplicados para o entendimento de fenômenos diversos como o

uso de drogas, acometimentos patológicos, intervenções cirúrgicas e

psicoterápicas, prática de atividades físicas e muitos outros. Normalmente,

vertentes de trabalhos de diferentes áreas do conhecimento, como a

psicologia, a sociologia e a educação física, lidam com as atitudes e

sentimentos corporais como se seus conteúdos fossem desconexos, levados a

cabo como se as outras áreas do saber não existissem, raramente

apresentando referências interdisciplinares, utilizando os termos acima citados

sem nenhum esforço de integração entre eles.

Segundo Stewart, Benson, Michanikou, Tsiota e Narli (2003), as primeiras

tentativas de se classificar a morfologia humana foram atribuídas a Hipócrates

(460-377 A.C.) e seus contemporâneos. Abordagens sistematizadas

apareceram somente no século XX com a neurologia, quando se começou a

realizar estudos no campo das distorções da percepção corporal advindas de

danos cerebrais, das representações internas e conscientes do corpo

provenientes de informações proprioceptivas, membros fantasmas, problemas

na percepção da lateralidade e outros, levando os neurologistas a verificarem

que os modelos “normais” da percepção corporal não são imutáveis e

representam processos organizados que se podem desestruturar, dando

respaldo científico ao fenômeno que passou a ser reconhecido como tendo um

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REVISÃO DA LITERATURA

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esquema central que registra as percepções corporais e as integra (Fisher,

1990).

Outros exemplos nos quais conceitos de significância sobre a imagem corporal

estavam presentes, mesmo que ainda pouco desenvolvidos, são as discussões

de Wundt sobre o campo das sensações cinestésicas na modulação de

julgamentos psicofísicos, os estudos de Titchener, que ressaltavam a

importância das sensações corporais como modificadoras dos processos

perceptivos, as teorias de Erickson, que demonstraram fortes correlações entre

as delimitações corporais e outras noções da imagem corporal, além de Reich

na área da psicologia, que versou os conflitos individuais e sua expressão em

termos do tônus muscular, relacionando-os com experiências sociais e

individuais (citados por Fisher, 1990, p.14, 15 e 16).

Fisher (1990, p. 16), afirma que o corpo como objeto psicológico começou a

despertar interesse para a psicologia, quando ainda contextualizado como um

fenômeno perceptivo clássico, sob a influência de dois importantes

pesquizadores. O primeiro deles foi Witkin, que em 1954, com auxílio de

colaboradores, demonstrou que a habilidade dos julgamentos da posição

espacial do corpo e a sua capacidade de se distinguir perceptivamente de

objetos distintos, era de alguma forma associada a noção do próprio corpo

como uma entidade diferenciada. Por sua vez, Karem Machover em 1949

tornou conhecidos os conceitos sobre imagem corporal na América e na

psicologia clínica européia.

Wapner e Wernes (citados por Fisher, 1990, p.16) legitimaram os estudos da

percepção corporal mostrando que esta se encontra sob o mesmo campo da

percepção dos objetos, com investigações sobre a influência das atitudes

corporais e fatores externos na percepção do tamanho corporal, na separação

e identificação de objetos como pertencentes ao corpo ou ao ambiente, e a

relação da percepção com o crescimento maturacional individual.

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REVISÃO DA LITERATURA

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A psicanálise, através da teoria libidinal de Freud, influenciou muitos estudos

sobre a corporeidade humana em outras áreas do conhecimento, por mostrar

como a atenção e o comportamento são mediados por sinais e significados

simbólicos associados às partes corporais mais importantes para cada

indivíduo (Fisher, 1990). Fisher (1990, p. 13), cita Freud por enfatizar que “o

ego é primeiramente e antes de tudo um ego corporal”, destacando também

autores como Jung, Fordham, Perry e Rank, que contribuíram para a

elaboração da noção de que os indivíduos conceitualizam seus corpos como

containers ou como um cerco protetor no qual podem se refugiar e evitar

ataques a si próprios.

Pesquisas como estas tornaram os psicólogos desenvolvimentistas,

interessados neste campo de estudo, familiarizados e convencidos da

influência dos comportamentos e atitudes relativos ao corpo sobre diversos

aspectos do desenvolvimento dos indivíduos. Pois, até então, pouca ou

nenhuma atenção era deferida para questões relacionadas a experiência

corporal e a personalidade (Fisher, 1990). Neste sentido, Paul Schilder

contribuiu enormemente, redirecionando o interesse acadêmico para uma

observação das distorções perceptivas, não somente à luz da fisiologia

cerebral, mas também sob um amplo campo psicológico.

Schilder (citado por Fisher, 1990, p. 7 e 8), que já em 1914 e 1923 publicava

estudos sobre toda uma gama de assuntos gerais relacionados com a imagem

corporal, deu possivelmente sua maior contribuição à área em 1935. A

compreensão das idéias de Schilder tornou-se indispensável, que através de

pontos de vista físico, social e mental, instituiu um caráter multifacetado ao

fenômeno, integrando conceitos e tornando multidisciplinar o campo de estudo

da aparência física, que passou a envolver elementos tanto das ciências

biomédicas quanto das ciências do comportamento ou sociais.

De acordo com Fisher (1990), Schilder não se cingiu apenas às distorções

associadas a patologias cerebrais orgânicas, mas praticamente a todas as

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REVISÃO DA LITERATURA

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situações associadas aos indivíduos “normais”, enfatizando a importância dos

sentimentos e atitudes corporais para as explicações do comportamento.

Antecipando o pensamento de sua época, Schilder focalizou seus estudos

sobre as delimitações e percepções do volume e tamanho do corpo, assim

como para a diferença entre percepções do interior e superfície corporais,

pontos de imensa importância para os estudos sobre anorexia nervosa, a

busca pela aparência, atratividade e beleza, assim como para os efeitos do

exercício na percepção corporal.

Na continuação do relato de Fisher (1990, p. 16 e 17), são citados outros

estudos importantes que contribuíram para o desenvolvimento do construto da

imagem corporal, como as pesquisas com lentes oculares para investigar

distorções sobre a percepção de si próprio e de objetos externos (e.g. Stratton,

Kohler, Harris), os estudos de Piaget sobre aspectos do desenvolvimento da

percepção espacial e diferenciações de lateralidade, e os de Koff, Rierdan e

Silverstone sobre maturação corporal, além das definições de Kohlberg sobre a

sexualidade e de Lerner sobre padrões de atratividade.

Os estudos que lidam com o corpo como um objeto psicológico se ramificaram

por diversos domínios que foram divididos em nove grandes áreas de acordo

com Fisher (1990): i- Percepção e avaliação individual da aparência física; ii-

Precisão da percepção individual do tamanho corporal; iii- Precisão da

percepção individual das sensações corporais; iv- Habilidade de julgamento da

posição espacial do corpo; v- Sentimentos sobre as definições e valores

protetores dos limites corporais; vi- Distorções das sensações corporais e

experiências associadas a psicopatologias e danos cerebrais; vii- Respostas a

danos corporais, perdas de membros e cirurgias; viii- Respostas a vários

procedimentos desenvolvidos para camuflar o corpo cosmeticamente ou de

alguma forma “melhorá-lo” e; ix- Atitudes e sentimentos pertinentes a

identidade sexual corporal individual.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Atualmente, longe de uma entidade singular, o construto da imagem corporal é

reconhecidamente multidimensional, com diversos significados teóricos e

empíricos, denominado freqüentemente pelas representações internas e

subjetivas da aparência física e da experiência corporal. Sendo assim, os

estudos mais produtivos acerca da psicologia da aparência física requerem

uma ênfase integrativa tanto no foco subjetivo quanto no objetivo da imagem

corporal.

2.1.2 – Delimitação terminológica

Ao longo do desenvolvimento e estruturação dos conhecimentos acerca deste

construto, alguns pesquisadores defenderam conceitualizações e

nomenclaturas distintas para os diferentes aspectos (cognitivos e emocionais)

da imagem corporal. Shontz (citado por Cash, 2004, p. 2) sugeria em 1969 o

termo esquema corporal para percepções espaciais e posturais, conceito

corporal, processos e estruturas somáticas, e o termo valores corporais, para

atitudes emotivas e valores relacionados ao corpo.

Logo após Freud, Schilder foi um dos primeiros que de forma mais

sistematizada e detalhada, introduziu conceitos da psicanálise na teorização

sobre a imagem corporal (Cash, 1990). De fato, a extensa definição de Schilder

(1994) sobre imagem corporal afirma que:

“A imagem do corpo humano significa a figura do próprio corpo que formamos

na nossa mente, o que é dizer, o modo como o corpo aparece para nós.

Existem sensações que nos são dadas. Nós vemos partes da superfície

corporal. Temos impressões tácteis, térmicas e de dor. Existem sensações que

vem dos músculos e dos tendões – sensações advindas da enervação

muscular – e sensações advindas das vísceras. Tão logo haja uma experiência

imediata há a unidade do corpo. Esta unidade é percebida, ainda que seja mais

que uma percepção. Nós a chamamos de um esquema do nosso corpo ou

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REVISÃO DA LITERATURA

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esquema corporal, ou: ´following head`, que enfatiza a importância do

conhecimento da posição do corpo, do modelo postural do corpo. O esquema

do corpo é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos. Podemos

chamá-lo de imagem corporal” (p. 11).

Em um resumo das idéias de Paul Schilder, entende-se por imagem corporal, a

figuração tridimensional formada em nossa mente, reflexo da estrutura do

corpo, ou ainda, a forma como o percebemos, sendo esta percepção a base

das atitudes emocionais relativas a nossa corporeidade, continuamente

reestruturada, integrando-se e diferenciando-se, em perpétua autoconstrução.

A definição de Schilder abarca elementos conscientes e inconscientes, toda a

variedade de sensações corporais e uma “unidade percebida” de caráter

gestáltico que vai além da simples percepção. Como veremos em seguida,

outros autores, em períodos posteriores, apresentam relações diretas não só

entre as variáveis da imagem corporal com as patologias, mas também entre

estas e todos os eventos cotidianos da vida. Estes autores ampliaram, assim,

as definições e conceitos deste construto.

Fisher (1990), corroborando conceitos de Schilder, relata que a imagem

corporal tem se tornado um campo altamente complexo, e referências ao seu

contexto como aspecto unidimensional são demasiado elementaristas e

reducionistas, tendo em vista os dados incontestáveis que a indicam como

fenômeno multidimensional. Assim, algumas de suas facetas podem ser

observadas e estudadas por se apresentarem “visíveis” sobre a consciência

humana, enquanto outras ainda se encontram submersas no pouco desvelado

campo da inconsciência e subconsciência.

Cash (1990) sugere que a imagem corporal individual inclui a percepção de

padrões culturais, a percepção do quanto se é próximo destes padrões, e a

percepção da importância relativa deste padrão para os membros de seu grupo

social e para os indivíduos em geral. Anui que esta sofre ainda influências de

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nossos desejos, atitudes emocionais e interações sociais, definindo-a de forma

ampla como as atitudes relativas ao próprio corpo e em particular à aparência

física.

Fallon (1990) reconhece que de todas as formas como as pessoas podem

pensar sobre si mesmas, nenhuma é tão imediata e central como a imagem de

seus próprios corpos. Afirma então, que imagem corporal é o meio como as

pessoas percebem a si mesmas e como pensam que os outros as vêem, sendo

constantemente mutável pelo crescimento biológico, trauma ou

degenerescência, e significativamente influenciada e moldada por diversas

circunstâncias – acentuada pelo prazer ou pela dor.

Uma maneira útil de conceitualizar a imagem corporal, de acordo com Bane e

McAuley (1998), é entendê-la como um guarda-chuva que abarca a precisão

das percepções do tamanho e peso corporal, as cognições acerca da

satisfação e avaliação da aparência corporal, componentes afetivas relativas a

ansiedade e sentimentos derivados da aparência e componentes

comportamentais, como atitudes alimentares e de exercício focalizadas

corporalmente.

Cash e Pruzinsky (citados por Cash, Melnyk & Hrabosky, 2004, p.306)

distinguem em 2002, uma imagem corporal perceptiva e outra intencional,

dividindo ainda a segunda em dimensões de avaliação e investimento

comportamental afetivo e cognitivo. Cash, Melnyk e Hrabosky (2004)

diferenciaram posteriormente o construto do investimento estético, em um

ponto de vista auto-avaliativo e um ponto de vista motivacional da aparência de

si próprio.

Pesquisadores e clínicos pensam geralmente sobre a imagem corporal em

relação a sua estimativa e satisfação. É essencial discernir entre a satisfação,

que reflete o nível da importância psicológica da aparência para o indivíduo, e

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REVISÃO DA LITERATURA

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um investimento ou uma preocupação com a aparência, que mostram se os

pensamentos e comportamentos giram em torno dela.

Pruzinsky (2004) afirma que a complexidade conceitual da imagem corporal

pode ser representada por três fatores. Primeiro, a não restrição de sua

abrangência à percepção da aparência física, tendo que se considerar as

percepções individuais da funcionalidade corporal, níveis de competência,

sensações corporais e outras experiências relacionadas ao corpo. Em

segundo, a inerente subjetividade de suas experiências, que se refletem em

muitas variáveis, como o grau e natureza da importância da aparência para a

própria definição do “eu”, consciências e sensibilidades somáticas, resistência

individual do construto sobre agentes externos, assim como para fatores do

desenvolvimento nos campos físicos, psicológicos e socias. E em terceiro, a

compreensão de seu caráter lábil, influenciado por variáveis contextuais e

ambientais.

Tendo em consideração todas as características e noções transdiciplinares

apresentadas por Fischer (1990), Fallon (1990), Cash (1900), Schilder (1994),

Vasconcelos (1995) e Bane e McAuley (1998), apresentadas neste estudo,

entendemos que, a imagem corporal envolve um intrincado conjunto de fatores

perceptivos, cognitivos e afetivos que determinam a forma subjetiva como as

pessoas se vêem e vêem os outros.

2.2 – A imagem corporal: tipologia e morfologia corporais

Carter e Heath (1990) explicam que diversos autores (e.g. Kretschmer,

Sheldon, Jung, Adler) procuraram classificar a diversidade da morfologia

humana em tipologias ou traços anatômicos específicos, englobando

conceituações que abrangeram desde a componente somática isoladamente, a

outras que consideraram o contexto dinâmico-funcional do corpo em relação à

estrutura psíquica do indivíduo e aquelas de cunho estritamente psicológico.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Ao relatarem o desenvolvimento inicial do somatótipo, Carter e Heath (1990)

descrevem que o modelo de Kretschmer (1888-1964) delimitou a morfologia

humana em quatro tipos, o Leptosômico, com características como a estrutura

esquelética e tecido adiposo pouco desenvolvidos, o Pícnico, que apresenta

um volume corporal desenvolvido em formas mais redondas e extremidades

curtas com tendência para a calvice, o Atlético, sua robustez muscular e

esquelética características, tronco desenvolvido com anca estreita e membros

fortes, e o Displásico, englobando indivíduos disformes ou casos extremos de

outros tipos mistos impossíveis de classificar.

A somatotipologia de Sheldon, baseada no desenvolvimento dos três folículos

embrionários, em 1940, veio classificar a morfologia humana após Kretschmer,

definindo três principais tipos somáticos, ou somatótipos, representados por

valores que significam a influência do desenvolvimento da endoderme,

mesoderme e ectoderme na constituição física individual (Carter e Heath,

1990). Cada componente varia de 1 a 7 valores, com possíveis combinações

entre os valores de 1 a 7 para cada uma das componentes. Sheldon

considerava valores entre 0.5 e 2.5 como baixos, de 3 a 5 medianos e, de 5 a 7

altos, sendo ainda estipulados níveis extremos de 711 para a endomorfia pura,

o 171 para a mesomorfia pura e o 117 para a ectomorfia pura, devendo seus

valores serem considerados como uma unidade e não separadamente.

A classificação de Sheldon de 1940 era obtida por observação antroposcópica

de fotografias frontais, laterais e posteriores dos indivíduos. Desde então,

diversas tentativas foram realizadas a fim de tornar o método de somatótipo

mais objetivo. O antropólogo Cureton em 1947 associou o método inspecional

com auxílio de fotografias a antropometria (perímetros) e avaliações de força.

Um novo método que ampliava o emprego das medições antropométricas para

pregas cutâneas, perímetros, diâmetros ósseos, peso e altura, foi desenvolvido

por Parnel em 1954, sendo aprensetada uma versão final mais simples e

menos dispendiosa em 1990, por Heath e Carter (Carter e Heath, 1990).

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REVISÃO DA LITERATURA

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Análises e comparações entre somatótipos podem ser realizadas através do

cálculo das distâncias entre os valores de diferentes somatótipos, considerados

de forma bidimensonal como propuseram Ross e Wilson (1974) pelo

Somatotype Dispersion Distance (SDD), ou de forma tridimensional como o

método Somatotype Attítudinal Distance (SAD), de Duquet e Hebbelinck

(1977).

Em um interessante estudo, Sugerman (citado por Garganta, 2000, p. 175)

verificou em relação aos componentes do somatótipo, que a endomorfia era

associada à diferentes adjetivos como obesidade, velhice, fraqueza física,

preguiça, dependência e desconfiança; a mesomorfia associava-se à força,

masculinidade, boa aparência, espírito aventureiro, juventude, maturidade de

comportamento e auto-confiança e a ectomorfia reportava-se à elegância,

juventude, ambição, tensão, nervosismo, espírito complicado, teimosia e

pessimismo. Sheldon (citado por Vasconcelos, 1995, p. 30), em 1942, já

sugeria que o comportamento humano é parcialmente influenciado por fatores

genéticos e fisiológicos expressos na constituição corporal do indivíduos.

Diversos outros autores também associaram ou verificaram qualidades e

defeitos relacionando traços de personalidade como auto-confiança e

perfeccionismo, comportamentos alimentares e de exercício físico a tipos

morfológicos distintos (Bane & McAuley, 1998; Cash, 1990; Stephens, Hill &

Hanson, 1994; Tucker, 1983; Vasconcelos, 1995).

Segundo Štěpnička (1986), o somatótipo orienta as relações entre a estrututa e

a função corporais, tipificando as manifestações motoras do corpo humano,

sendo uma predisposição morfológica para a eficiência motora e esportiva,

além de uma boa postura corporal. O treinamento pode enfatizar o potencial já

apresentado pelo corpo de cada desportista, segundo Broekhoff, Pieter, Taaffe

e Nadgir, (1993) e Štěpnička (1986).

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REVISÃO DA LITERATURA

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Afirma ainda Štěpnička (1986), que as características somatotípicas dos atletas

variam em função dos diferentes modos e técnicas de treinamento, com os

indivíduos que se encontram nas classificações de mesomorfo equilibrado,

ecto-mesomorfo e mesomorfo ectomorfo, apresentando variáveis morfológicas

básicas importantes para o sucesso em grande parte das modalidades

esportivas. Logicamente, existem atividades nas quais um perfil morfológico

único não limita sua performance, como é o caso dos esportes coletivos

(Broekhoff et al., 1993; Maia, 1993; Štěpnička, 1986).

Ao observar o somatótipo em caráter desportivo, como destacam Gualdi-Russo

e Graziani (1993), verifica-se que indivíduos não atletas são menos

mesomórficos e mais endomórficos que atletas, e que a atividade desportiva de

alto nível relaciona-se principalmente com os dois primeiros componentes do

somatótipo (endomorfia e mesomorfia), apresentando também diferenças entre

os níveis de performance dos atletas (Bayios, Bergeles, Apostolidis, Noutsos &

Koskolou, 2006; Gualdi-Russo & Graziani, 1993; Gualdi-Russo & Zaccagni,

2001; Monsma & Malina, 2005).

Encontramos assim, uma estrutura média mesomorfa endomorfa para

jogadoras de tênis de mesa espanholas de alto nível (Pradas de la Fuente,

Carrasco Páez, Martínez Pardo, & Herrero Pagán, 2007), uma meso-

endomorfia para jogadoras de futsal brasileiras (Queiroga, Ferreira &

Romanzini, 2005) e uma mesomorfia equilibrada para jogadores de futebol

norte-americanos (Zúñiga & De León Fierro, 2007).

Tanto para o futsal quando para o futebol de onze, não foram verificadas

diferenciações significativas entre os jogadores de diferentes posições

(Queiroga et al., 2005; Zúñiga & De León Fierro, 2007). Diferentemente do

verificado para o voleibol italiano, com as ponteiras sendo predominantes em

mesomorfia e as centrais em ectomorfia (Gualdi-Russo & Zaccagni, 2001) e

para o basquetebol de segunda liga também da Itália, com os armadores

menos endomórficos que os defesa, que por sua vez são menos mesomórficos

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que os jogadores das demais posições, tendendo todos para a ectomorfia

(Viviani, 1994).

Para o voleibol feminino, a alta competição se expressa em valores de

somatótipo mais ectomorfos e menos endomorfos, como ressaltam estudos

com amadoras (Viviani & Baldin, 1993) e atletas de elite italianas (Gualdi-

Russo & Zaccagni, 2001), verificando Silva e Maia (2003) em atletas

portuguesas de escalões de formação uma mesomorfia endomorfia média, em

comparação com as amadoras endomorfas mesomorfas. Como diferença entre

atletas de elite de duas populações distintas, Bayios et al. (2006) encontrou um

somatótipo central para as italianas e uma endomorfia equilibrada para as

gregas.

Os resultados do estudo de Siders, Lukaski e Bolonchuk (1993) indicam que

algumas variáveis da composição corporal (altura, massa magra, peso,

percentual de gordura, ectomorfia e mesomorfia), podem ser preditoras da

performance em nadadores de curta distância (100 jardas) do sexo feminino,

verificando Fernandes, Barbosa e Vilas-Boas (2002) que nadadores de elite

apresentam em média um somatótipo ecto-mesomorfo e as nadadoras são

centrais ou mesomorfas equilibradas.

Gualdi-Russo e Graziani (1993) classificaram a estrutura somatotípica de

diversos praticantes desportivos italianos, encontrando para as mulheres

valores médios de 3.7-3.8-2.8 para a natação, 3.9-3.9-2.7 para o esqui, 3.5-3.6-

2.9 para atletas de track & field, 3.3-4.0-2.5 para artes marciais, 3.7-3.8-2.7

para desportos com bola, 3.6-3.7-2.9 para ginastas, 3.7-3.9-2.4 para patinação.

Monsma e Malina (2005) em patinadoras americanas e canadenses não

verificaram diferenças no somatótipo em função do estilo de patinação (livre,

dança, dupla) apesar do nível de competitividade diferenciar uma maior

linearidade e mesomorfia, menor peso e endomorfia em função do nível da

performance dos patinadores. Em relação ao desporto grego de alto nível,

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Bayios et al. (2006) encontraram estruturas mesomorfas-endomorfas para o

basquetebol e handebol.

Eklund e Crawford (1994), Stewart et al. (2003) e Bahran e Shafizadeh (2006)

verificaram uma relação inversa entre avaliações positivas da imagem corporal

e os componentes endomorfia e mesomorfia, além de uma relação direta com

a ectomorfia. Como relata Garganta (2000), há uma tendência na sociedade

atual para idealizações de morfologias mesomórficas para os homens e

ectomorficas para as mulheres. Este mesmo autor afirma que, para além da

sua relação com a satisfação corporal, o somatótipo é uma variável de estudo

em diversos outros tipos de investigações, como a influência do exercício na

alteração da composição corporal, a relação da comunicação de massa e a

idealização de tipos morfológicos específicos, as auto-percepções físicas dos

indivíduos em diversos níveis de modalidades de práticas desportivas, imagem

corporal e outros.

2.3 – A imagem corporal: uma visão multidisciplinar

2.3.1 – Filosofia

Beardsley e Hospers (1997) definem a estética como o ramo da filosofia que se

ocupa em analisar conceitos e discutir os assuntos relativos às experiências e

objetos aos quais se possam emitir e elaborar juízos e raciocínios estéticos.

Julgar ou viver esteticamente, segundo os mesmos autores, é enfatizar o

caráter perceptivo do objeto ou situação, desfrutando a experiência, sem

intenção outra que o prazer de percebê-la, sem interesse pela utilidade e

relação dos objetos.

Filósofos como Homero, Píndaro e Pitágoras, dois séculos antes do período

clássico grego, já definiam o belo pela presença de ordem e proporção, o

associavam ao agradável à vista, ao útil, à bondade e ao heróico (Beardsley &

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Hospers, 1997; Herrero, 1988). Na antiguidade clássica, as idéias pregressas

sobre a beleza foram mantidas pelos pensadores clássicos (e.g. Platão,

Sócrates, Aristóteles), com o belo sendo diferenciado ainda em expressivo,

sensível e moral, e atrelado à justiça e à harmonia, tendo sido definido seu

prazer como de caráter cognitivo e relacionado aos órgãos perceptivos

(Beardsley & Hospers, 1997; Cochofel, 1981; Herrero, 1988).

No Estoicismo, período filosófico posterior a antiguidade clássica, a beleza

continuava dependente de proporção e harmonia e valorizada em seu valor

instrínseco ou moral, por filósofos como Cíceron e Plotino (Beardsley &

Hospers, 1997; Cochofel, 1981; Herrero, 1988). Enquanto no pensamento

acadêmico medieval fortemente influenciado pelo cristianismo (Herrero, 1988),

nomes como São Agostinho e São Tomás de Aquino consideravam o belo

natural acima do artístico, estando presente nos ideais de inteligência,

racionalidade e moralidade do criador supremo, no Renascimento,

representado por pensadores como Albertini e da Vinci, o conceito de beleza

deixou de ser teocêntrico para ser antropomórfico, auto-suficiente e captado

pelas faculdades intelectivas (Beardsley & Hospers, 1997; Herrero, 1988).

Os teóricos ingleses influenciaram fortemente os estudos do século XVIII sobre

as qualidades da beleza e do sublime além das razões presentes para no juízo

estético, através de nomes como Hutcheston, Hume e Burke (Herrero, 1988). A

“estética filosófica” alemã do século XVIII, influenciada pelo subjetivismo inglês

(Herrero, 1988), com filósofos como Friedrich Schiller, Hegel, Diderot e

Nietzsche, tem seu maior representante em Kant (Beardsley & Hospers, 1997),

com o tema da beleza definitivamente associado a natureza do julgamento

estético, ao subjetivismo, sendo ainda reconhecido como alheio ao Bem e ao

conceito de perfeição e de satisfação desinteressada, tencionada à

universalidade do sentir comum (Cochofel, 1981).

A estética de acordo com Beardsley e Hospers (1997), nunca foi tão ativa e

diversamente cultivada como no século XX. Herrero (1988) cita alguns

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pensadores atuais, como Richards, por suas idéias do belo como uma

harmonia psíquica, Thomas Munro, pela definição de beleza como sendo

muitas coisas diferentes ainda que não tão bem conhecidas, as quais se tem

aplicado o nome de beleza e Fontanals, pelos estudos de qualidades análogas

a beleza, como a elegância a naturalidade e a graça.

A filosofia influenciou enormemente as questões acerca da corporeidade

humana (Fisher, 1990), destacando Freud (citado por Schilder, 1994, p. 228)

que, “a ciência da estética examina as condições nas quais experimentamos a

beleza”, sendo uma das principais funções da filosofia e da psicologia,

determinar as relações entre o mundo, o corpo e a personalidade (Schilder,

1994).

2.3.2 – Psicologia

Lerner e Jovanovic (1990) relatam que, em teorias da psicologia

desenvolvimentista chamadas probabilísticas, para as quais o desenvolvimento

individual pode ser influenciado por fatores externos, o corpo evoca em relação

as interações sociais individuais, diferentes respostas e reações, se

apresentando como ponto fulcral para o desenvolvimento pessoal, sendo a

imagem corporal um produto e uma produtora do desenvolvimento psicológico

individual.

A imagem do corpo é como um modelo, relata Schilder (1994), uma figuração

corpórea tridimensional em constante construção, que se faz presente na

mente através de nossa própria capacidade auto-perceptiva, tornando-se ainda

manancial básico para as atitudes emocionais relativas ao corpo, que

contribuirão para a formação da personalidade como um sistema de ações e

tendências para a ação, em contato com o mundo externo.

Encontramos em Cash (1990) duas vertentes de estudos da aparência física,

pelas quais o homem é focalizado em suas relações e percepções

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interpessoais em uma delas, e em suas auto-percepções e experiências

individuais na outra. A aparência também pode ser estudada como uma

construção gestáltica ou especificamente em seus aspectos estéticos distintos.

O termo ou palavra alemã gestalt significa forma, figura, conformação, e é

usada para designar a estrutura psíquica básica de funcionamento do ser

humano. Cash (1990) refere-se à psicologia da gestalt, que identifica os objetos

observados pela ciência, como um todo fenomenológico que apresenta algo

além da simples reunião ou somatório de seus elementos, que não se encontra

ou deriva das unidades ou da aglomeração passiva de suas partes.

Cash (1990) defende que as percepções relativas a aparência afetam

significativamente o cotidiano das pessoas. Schilder (1994) ainda ressalta, que

nossa vida psíquica se baseia em percepções e imagens parciais, sendo que a

maior parte das imagens visuais da maioria das pessoas nunca se tornam

conscientes. O modelo postural do corpo é então, de acordo com Schilder

(1994), um produto criativo de nossa construção psíquica, orientado de forma

contínua, através de processos gestálticos obtidos, criados e produzidos em

função de nossas atividades internas e externas.

Schilder (1994) influenciado pelas teorias de Freud, afirma que qualquer

entendimento mais completo do fenômenos da imagem corporal, deve ter como

base um conhecimento mais amplo sobre a estrutura libidinal do nosso corpo,

que é a forma ou o direcionamento possível de toda gama energética fluente

de nosso centro psíquico, não sendo restrita às energias sexuais.

Enfatiza este mesmo autor, que a libido se refere não apenas ao desejo, mas

também aos processos corporais, refletindo a mudança das estruturas libidinais

focalizada corporalmente sobre o modelo postural do corpo, modificando a

função fisiológica das partes as quais é direcionada. Afirma também que a

energia libidinal só se manifesta orientada para um objeto, segundo as

tendências psicossociais do indivíduo. Importa destacar que, fisicamente,

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nossas necessidades biológicas não são suficientes para definir a imagem

corporal, somando-se a percepção do tônus muscular, as impressões visuais e

cinestésicas (Schilder, 1994).

Schilder (1994) deixa claro que as tendências libidinais são um fenômeno

social, e que nossa imagem corporal nunca está isolada, estando ligada com a

dos outros em relação a uma distância espacial e emocional, como um campo

magnético que irradia energias à sua volta. Concordamos com Schilder na

afirmação de que somos um organismo intencional dotado de livre vontade de

escolha, podendo nos permitir influenciar pela cultura, amigos e mídia.

Por Schilder (1994) compreende-se de forma clara, que os fenômenos em

torno deste construto só podem ser entendidos, se levarmos em consideração

as relações das imagens corporais de várias pessoas como experiência

primária de vida e base de toda função social, relacionando as tendências

psíquicas às auto-percepções individuais, pelas quais se expressam as

emoções, se estabelecendo os limites com o mundo.

2.3.3 – Sociologia

Marzano (2001) afirma que o corpo nunca esteve tão presente nas reflexões

cotidianas, como apresentado atualmente pela comunicação de massa e

debates médicos. Defende este autor que uma das consequências da ênfase

cultural em um corpo estético ideal é devido a perda de identidade dos corpos,

incapazes de aceitarem sua real e concreta natureza, passando a idealizar não

apenas sua aparência, mas também a força, energia, movimento e auto-

controle corporais. Bernard (citado por Marzano, 2001, p. 218), declara que a

realidade corporal se origina nas imposições culturais, utilizadas como suporte

e instrumento para a sociedade se afirmar corporalmente, pelo que corrobora

Douglas (citado por Synnott, 1992, p. 80) ao sugerir que o corpo social limita a

percepção do corpo físico.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Segundo Fox (1998), as leis e tradições sociais pressionam o self a se adequar

em relação a aparência, habilidades e características de comportamento,

tornando o corpo um objeto de consumo e capital social, base pela qual a

atratividade, a confiança e habilidades de um indivíduo são julgadas na

sociedade. Esta cultura consumista contemporânea, abastecida por uma

fascinação hedonista pelo corpo, produz um conjunto de práticas disciplinares

dominantes, que se apresentam difusas em suas formas e significados

(Theberge, 1991). O corpo então, como afirma Loy (1991), representa e

reproduz as relações sociais, constituindo-se o centro de todas as ações

humanas.

Turner (1991) nos esclarece que as ciências sociais com excessão da

antropologia, não analisavam o corpo como parte central de suas teorias, e que

a sociologia voltada à corporeidade, herdou dos estudos antropológicos

tradicionais neste campo três proposições fundamentais. Primeiro, a

personificação humana cria um conjunto de limitações, apesar do grande

potencial para o desenvolvimento sociocultural. Segundo, existem certas

contradições entre a sexualidade humana e os requisitos socioculurais.

Terceiro, os fatos naturais são experienciados diferentemente de acordo com o

gênero. Segundo Turner (1991), o desenvolvimento da teoria social não pode

ser entendido sem analisar mudanças sociais que trouxeram notoriedade para

o corpo, como o crescimento da cultura do consumismo no período pós guerra,

o desenvolvimento das artes na pós modernidade, o movimento feminista, as

mudanças demográficas populacionais, o crescimento industrial das

sociedades e as crises no campo da saúde.

Harvey e Sparks (1991), Turner (1991) e Sparkes (1997), afirmam que

teorizações sobre o corpo se fizeram presentes em autores como Foucault,

Bourdieu e Schopenhauer, como uma crítica à racionalidade capitalista e ao

conceito cristão de repressão moral ou de exploração das relações sexuais

numa estrutura familiar patriarcal. Contribuições de autores como Goffman

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(2005) foram significantes para alertar os teóricos sociais sobre o papel da

aparência na construção social da pessoa e definição do status social baseado

na forma de apresentação dos corpos nos espaços sociais.

Scott e Morgan (citados por Sparkes, 1997, p. 88) definem que o ato de

construir o corpo é privilegiar certos interpretantes em detrimentos de outros,

descrevendo o corpo de certa forma. Isto enfatizá-lo-à socialmente,

evidenciando o quanto o corpo individual é interligado ao corpo social. Estes

sistemas de significados, como atenta Sparkes (1997), apresentam uma

hierarquia de poder, exigindo, segundo Shilling (1993), uma constante

preocupação em sua manutenção e gerenciamento, que exprime o

reconhecimento do corpo como recurso e símbolo social da própria identidade

individual.

Esta consciência exacerbada do corpo como valor de troca, inserida na cultura

do consumo, cuja ideologia dominante é a do individualismo, atua na formação

do eu e da auto-estima, como destacou Sparkes (1997). Este mesmo autor nos

atenta ao fato de que os indivíduos que não optam ou não atingem os projetos

de auto-controle mais valorizados, são por vezes hostilizados e vistos com

indignação, podendo desenvolver sentimentos negativos acerca de sua

suposta falta de capacidade de alcançar os ideais corporais sociais,

demonstrando que as concepções de saúde e doença são construídas

socialmente.

2.3.4 – Semiótica

Utilizamos de forma tão natural a língua falada que tendemos a não perceber

as outras formas de linguagem presentes no nosso dia-a-dia (Santaella, 1983).

Sparkes (1997) afirma que reconhecer o corpo como um sistema sígnico é

reconhecê-lo como meio de representar nós mesmos para os outros.

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Joly (2003) defende que as imagens comunicam e transmitem mensagens, que

nos vinculam às tradições mais antigas e ricas de nossa cultura, e que todos os

dias acabamos sendo levados a utilizá-las, decifrá-las e interpretá-las,

caracterizando a cultura contemporânea como uma “civilização da imagem” e

nós mesmos como consumidores destas. A imagem para este autor é algo que

se assemelha a outra coisa não sendo ela mesma, apresentando a função de

evocar características impróprias, utilizando o processo da semelhança,

tornando-se sinônimo de “representação visual”.

Nesse sentido a imagem de nossos corpos não é verdadeiramente o que

somos, é uma representação, servindo também como veículo de mensagens

conscientes ou inconscientes que podem ser interpretadas por terceiros.

Na busca de uma teoria mais geral que nos permita ultrapassar as categorias

funcionais da imagem, a teoria semiótica é a chave que nos permite abordar a

complexidade de sua natureza. O propósito semiótico não é decifrar o mundo,

mas tentar ver se existem categorias de signos diferentes e se esses diferentes

tipos de signos têm uma especificidade e leis próprias de organização e

processos de significação particulares, se apresentando como uma filosofia das

linguagens, compreendida como o estudo de linguagens particulares (Joly,

2003). Assim, podemos identificar o corpo humano como um destes signos que

podem ser estudados pela semiótica em seus processos de linguagem e de

produção de significados.

Santaella (1983) define o signo, assim como a imagem para Joly (2003), como

uma coisa que representa uma outra coisa, estando seu objeto apenas no lugar

de uma coisa primeira sem ser ela mesma, não tendo necessariamente de ser

uma imagem mental, podendo ser uma ação ou uma experiência, ou mesmo

uma mera qualidade de impressão. Nörth (1995), ainda afirma que o signo não

é uma classe de objetos, e sim a função de um objeto no processo da

representação, existindo na mente do receptor e não no mundo exterior. Joly

(2003) anui por base neste raciocínio que tudo pode ser signo, desde que

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exprima idéias ou designe na mente algo que lhe de significação, dependendo

ainda de seu contexto de aparecimento e da expectativa de seu receptor.

Charles Sanders Pierce é sem dúvida o mais importante dos fundadores da

moderna semiótica geral, de acordo com Nörth (1995). O ponto de partida de

sua teoria é o axioma de que as cognições, as idéias e até o homem são

essencialmente entidades semióticas. Pierce declara que “o fato de que toda

idéia é um signo junto ao fato de que a vida é uma série de idéias prova que o

homem é um sígno”, sendo que “o mundo está permeado de signos, se é que

ele não se componha exclusivamente de signos” (citado por Nörth, 1995, p. 63

e 64). A base do signo na semiótica periciana é uma relação triádica entre

elementos, dos quais um deve ser fenômeno da primeiridade, outro da

secundidade e o último da terceiridade (Santaella, 1983; Nörth, 1995; Santaella

& Nöth, 1997), elementos estes que constituem todas as experiências, sendo

as categorias universais do pensamento e da natureza (Santaella, 1983).

A primeiridade é a categoria do sentimento sem reflexão ou consciência

imediata e presente das coisas, da qualidade pura do ser e do sentir, da

imediaticidade, originalidade e espontâneidade (Santaella, 1983; Nörth, 1995),

é, segundo Pierce (citado por Nörth, 1995, p. 65), “o modo de ser daquilo que é

tal como é, positivamente e sem referência a outra coisa qualquer”. A

secundidade começa quando o fenômeno primeiro é relacionado a um segundo

fenômeno qualquer (Santaella, 1983; Nörth, 1995), sendo a categoria da

comparação, da ação, do fato, da realidade e da experiência no tempo e no

espaço (Nörth, 1995). É a qualidade corporificada materialmente, o mundo real

e sensual, perceptivo sem ser cognitivo, é a consciência em sua definição mais

primeira entre o eu e o não eu (Santaella, 1983). Pierce (citado por Nörth,

1995, p. 66) define a terceiridade como a categoria da mediação, da

comunicação, da representação, já Santaella (1983), como a camada de

inteligibilidade, do pensamento sígnico, mediadora entre nós e os fenômenos,

que se faz para conhecer e compreender as coisas através das quais

interpretamos o mundo. Podemos também identificar no corpo humano as

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categorias universais de Pierce, com suas possibilidades e qualidades mais

efémeras no campo na primeiridade, o impacto sensível de sua realidade sobre

a presença de terceiros como aspecto da secundidade e, as cognições e

interpretações que fazemos sobre como experienciamos nossos próprios

corpos e os dos outros fazendo parte da terceiridade.

Nörth (1995) afirma que as cognições são um elemento constitutivo no

processo do signo triádico ou semiose, são nós na rede semiótica e não todo o

seu processo. Se todos os fênomenos podem ser explicados e vislumbrados a

partir das cognições que elaboramos baseadas nas três categorias do

pensamento, não seria diferente com as percepções que temos de nós

mesmos, nossa própria auto-leitura, e nossa imagem corporal, a qual Schilder

(1994), com muita propriedade, descreve apresentarem uma parte próxima da

percepção, e outra das idéias.

2.3.5 – Comunicação Social

A forma como atualmemente contemplamos o corpo individual, segue

“alimentando a mídia que nos alimenta retroativamente” (Pedretti e

Vasconcelos, 2006, p. 3). No campo da imagem corporal existem algumas

pesquisas que tentam explicar a forma como a exposição midiática interfere no

modo como seus consumidores interpretam suas realidades corporais em

termos individuais e coletivos. Apresentamos a seguir, seis teorias aplicadas

em estudos sobre a influência das diferentes mídias sobre nossas percepções

corporais.

Gerbner, Gross, Morgan e Signorielli (citados por Harrison, 2003, p. 257)

publicaram em 1994 a Cultivation Theory, uma linha de raciocínio pela qual se

afirma que a exposição midiática cultiva crenças, atitudes e ideais acerca do

mundo real, tornando-os semelhantes a representação de mundo midiática.

Esta teoria defende que as percepções da realidade de grandes consumidores

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midiáticos são convergidas para as leituras da realidade midiática se tornando

mais parecidas com estas do que as percepções de pequenos consumidores.

Harrison (2003) afirma especificamente, que as imagens femininas de magreza

podem se tornar identificadas como normais pelo alto consumo midiático,

alterando a concepção da realidade social dos receptores sem

necessariamente este processo agir de forma consciente. Suscitando desta

forma o desejo das mulheres por uma figura mais magra, com menor tamanho

de cintura e quadril, mas não um menor busto, identificada como esteriótipo

corporal feminino predominante nas mídias da atualidade.

Outras duas teorias significativas foram apresentadas no ano de 1994. A

primeira delas, utilizada para compreender como mensagens e imagens

discretas podem temporariamente influenciar a percepção dos outros pelo

indivíduo, é A Priming Theory, de Jo & Berkowitz (citada por Harrison &

Fredrickson, 2003, pp. 218). A segunda, Uses and Gratification Theory, foi

desenvolvida por Rubin (citada por Tiggemann, 2003, pp. 420), e aborda a

questão corporal defendendo que as pessoas utilizam e consomem a mídia de

formas diferentes para obterem gratificações distintas, conceitualizando ainda o

receptor como um consumidor midiático ativo, podendo escolher quando, o

que, e por quanto tempo assistir televisão ou ler alguma revista.

Mais conhecida, a Objectification Theory (Fredrickson & Roberts, 1997), explica

a forma como meninas e mulheres são educadas culturalmente a internalizar a

perspectiva de um observador “externo” como o primeiro ponto de vista sobre o

seu Eu físico. A tendência de se perceber e se descrever de acordo com traços

externos perceptíveis ao invés, de traços individuais internos, é característica

de uma auto-objetificação. Objetificar o próprio corpo, segundo Marzano

(1991), inclui tratá-lo primariamente como um instrumento para a concretização

de objetivos, um objeto físico para ser visto, usado e manipulado, uma posse

material para ser explorada e comercializada.

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A Objectification Theory relaciona-se com pelo menos outras duas teorias

sobre o efeito da utilização mitiática. Com a Cultivation Theory, preconiza que

as mensagens midiáticas ensinam seus receptores a adotarem visões

objetificadas e esteriotipadas de si mesmo. Com a Priming Theory, facilita a

compreensão de como as veiculações midiáticas podem alterar as percepções

do Eu através da habilidade de produzir estados objetificados de consciência.

A Social Comparison Theory de Festinger (1954) e Goethals (1986) (citados

por Bissell & Zhou, 2004, pp. 6), defende que imagens percebidas como reais

ou atingíveis, são comparadas com a imagem que se tem de si mesmo e de

terceiros, sendo posteriormente internalizadas e utilizadas como ícone de um

ideal a se alcançar. A similaridade, conceito chave desta teoria, define que o

indivíduo procura moldar-se a outros semelhantes a si mesmo. A prevalência

da magreza nas representações midiáticas, levaria a população feminina de

forma geral a agir e a se comportar no sentido de atingir ou se aproximar

esteticamente destas representações.

Halliwell e Dittmar (2005) atentam ao fato de que mais estudos são necessários

para se identificar os fatores pelos quais as mulheres são mais influenciadas a

escolher seus motivos de comparações sociais com os modelos corporais

presentes no cotidiano de suas vidas, e se estes motivos são fatores

individuais estáveis ou dependem de outros como o humor, a situação social e

o status nutricional. Além do mais, o uso de representações femininas mais

reais e condizentes com a realidade nos anúncios publicitários, poderá ajudar a

minimizar os impactos negativos da mídia em geral, particularmente para as

adolescentes que já passam por conflitos provenientes de suas novas

identidades físicas e psicológicas como mulheres (Stephens et al., 1994).

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2.4 – Imagem corporal e cultura

2.4.1 – Influências e questões sócioculturais associadas a imagem

corporal

A cultura física é um sistema final de comportamentos relativamente

integrados, que procura cuidar do desenvolvimento físico, eficiência motora,

saúde, beleza, perfeição física e expressividade do ser humano.

Desenvolvendo-se a partir de modelos aceitos em uma dada comunidade,

sistema este que frequentemente se faz perceptível instrumentalizando

objetivamente as produções culturais e materializando os valores corporais

(Krawczyk, 1984).

Das duas visões expostas por Fallon (1990) para explicar como o ideal corporal

é determinado, a primeira delas define a atratividade e a beleza como advindas

da excitação sexual; a segunda, remete à cultura a definição das diferentes

identificações de beleza encontradas. Fallon ainda sugere que a genética e a

biologia estabelecem a base para a adequação ou inadequação individual,

enquanto a cultura determina os padrões e métodos aceitáveis para a alteração

corporal, validando o que é considerado desejável e atraente. Segundo Serra

(1986), o homem se apresenta ao longo da vida, como um pedaço de barro

que se molda na aprendizagem social, desenvolvendo as identidades que

ligam o próprio Eu aos sistemas sociais.

Bane e McAuley (1998) destacam que a sociedade atual exerce grande

pressão para que os indivíduos se apresentem aparentemente atraentes.

Fallon (1990) atenta que o ideal corporal só é disponível aos indivíduos de

condições econômicas mais elevadas, servindo também como meio de

distinção de classes.

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Cash (1990), Lerner e Jovanovic (1990) e Goffman (2005), concordam que as

respostas relacionadas as situações sociais são parcialmente determinadas por

padrões estéticos, pois a aparência física é normalmente a informação mais

prontamente disponível sobre uma pessoa para a formulação de inferências

que mediam a atração, empatia e até hostilidade interpessoais, afetanto as

atitudes, atribuições e ações sociais. Juhasz (1989) ressalta ainda que o círculo

social é relacionado ao próprio conjunto de valores de cada indivíduo,

exercendo as pessoas próximas como pais e amigos uma grande influência na

percepção dos filhos sobre pressões sociais (Epstein, Botvin & Diaz, 1999;

Field, Camargo Jr., Taylor, Berkey, Roberts & Colditz, 2001).

Investigações acerca dos esteriótipos estéticos procuram geralmente identificar

adjetivos sociais derivados da aparência física. Cash (1990) destaca a

existência do esteriótipo “O que é bonito é bom”, pelo qual aos indivíduos

considerados atrativos são associadas características de maior sociabilidade,

esperteza, felicidade, confiança, habilidades sociais, etc, recebendo mais

reforços sociais, maior tolerância quanto ao próprio comportamento, mais

confidências pessoais de terceiros e mais auxílio e atitudes no intuito de

agradá-los. Já a obesidade é associada a condições sociais estigmatizantes

em todas as fases da vida dos indivíduos, podendo ser ainda um estado tanto

físico quanto mental, através de uma percepção distorcida do próprio corpo

(Cash, 1990; Bane & McAuley, 1998; Stephens et al., 1994).

Fallon (1990) e Cash (1990) atentam que a relação entre a beleza e a bondade

é mais forte para as mulheres do que para os homens, sendo ainda mais

negativamente impactada pelo esteriótipo da beleza em relação a obesidade e

êxito profissional, situação na qual suas capacidades podem ser atribuídas a

sorte ou a boa aparência. Cash (1990) verificou também a ação dos

esteriótipos de beleza sobre as características da personalidade dos

indivíduos, com as pessoas consideradas atraentes encontrando maiores

suportes e incentivos para o desenvolvimento de competências e confiança,

enquanto os indivíduos menos atraentes deparam-se com ambientes sociais de

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rejeição e desinteresse, com poucas possibilidades de desenvolverem

habilidades sociais positivas e um auto-conceito favorável.

Outras estratégias de controle e orientação da própria imagem como a

utilização de cosméticos e escolha do vestuário, foram abordadas por autores

como Cash (1990), Vasconcelos (1995), Schilder (1994) e Fallon (1990). Cash

(1990) verificou que o uso de cosméticos realmente interfere na percepção da

aparência e atratividade, feminilidade e sensualidade, atribuindo caracteres

favoráveis à personalidade da mulher, favorecendo ainda um julgamento

masculino positivo.

Schilder (1994) relata que as roupas são parte da imagem corporal, podendo

até apresentarem o mesmo sentido e simbolismo das partes corporais a que

são direcionadas. Cash (1990) completa as considerações de Schilder anuindo

que o vestuário implica atribuições de gênero ao seu usuário, comunicando

mensagens e sendo mais intensificada em seus adornos e detalhes quanto

mais importância se der ao evento específico. As definições de beleza

apresentam também, segundo Fallon (1990), mudanças gerais que

acompanham as mudanças culturais da moda do vestuário, assim como as

percepções de bem-estar e satisfação com o próprio corpo são de certa forma

relacionadas ao tipo de roupa utilizada (Vasconcelos, 1995).

2.4.2 – Agregação do padrão estético atual à idéia de saúde

A forma ou estética corporal sempre foi ponto de referência quando se pensa

em saúde (Fallon, 1990). Atualmente, os conhecimentos e práticas de saúde

da sociedade interagem ressaltando na estética, valores relacionados ao corpo,

que facilmente são introjetados na personalidade e comportamento social do

homem (Fox, 1998; Loy, 1991; Marzano, 2001; Schilder, 1994). A importância

da compreensão e análise destas relações propicia um melhor entendimento

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sobre os valores culturais dominantes, e suas correlações a distintas práticas

de saúde.

Nesta nossa sociedade contemporânea capitalista, envolta de representações

sígnicas, a busca pela saúde transformou-se em obsessão de todas as

parcelas da população, envolvendo suas diferentes idades, gêneros e

condições econômicas (Cash, 1990; Fallon, 1990; Lerner e Jovanovic, 1990;

Morin, 1997). Luvisolo (2000) ressalta que na atualidade, todo indivíduo deve

ter saúde ou manter sua saúde “em forma”, sendo considerado ainda como

sujeito ativo do processo. Afirma ainda que, apesar da dominância de uma

concepção médica de saúde como ausência de doença, a procura agora vai

além desta versão, sendo contextualizada sócio-economicamente. Contudo,

este contexto ainda não é suficiente para explicar a pluralidade do universo

simbólico da saúde atual, que apresenta segundo Gervilla (1993) e Sparkes

(1997), a tendência de nos induzir ao individualismo, a competitividade e o

consumismo.

Como parte de todas as abordagens, percepções e anseios sobre saúde, a

qualidade de vida ganha espaço nas discussões sobre emprego, condições

socio-econômicas e psicossociais, além de condições básicas de vida como

moradia e alimentação (Luvisolo, 2000). Todos estes assuntos teorizam e

simbolizam, sobre a definição do que é saúde. Hoje, uma parcela significante

da população apresenta distúrbios psicossociais, relacionados às mudanças

em nossos valores culturais, profissionais, sexuais, éticos e nas relações

interpessoais, que vêm alterando as formas de sociabilização entre gerações e

gêneros (Greenleaf, Starksa, Gomezb, Chamblissc & Martin, 2004; Harrison,

2003; Schilder, 1994).

Como conseqüência destas novas reorganizações e afirmações de valores e

significados, Luvisolo (2000) identifica quatro concepções de representação da

saúde, que dividem o universo social dos praticantes de atividade física. A

primeira delas é reconhecida pela busca de um aumento ou “conservação de

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energia” (vitalidade), não identificando como prática de saúde, tudo que se faça

em exagero, por freqüência ou intensidade, fugindo do equilíbrio natural. Já a

segunda é a da educação física escolar, que abrange, segundo Luvisolo

(2000), a iniciação esportiva, o desenvolvimento físico e psicomotor, saúde,

recreação, formação moral disciplinadora e crítica, formação do cidadão e até

formação cognitiva. A terceira concepção, sob a rotulação de tribo da potência,

destaca os atletas e praticantes avançados, que desafiam os limites

estabelecidos, elevando-se além da normalidade, difundindo padrões estéticos

seja no que tange a plasticidade do movimento humano ou a simples

proporcionalidade de suas formas. A quarta concepção nomeada como a da

modelagem corporal, apresenta um discurso parecido com o da conservação,

mas ancora-se na beleza estética, procurando obter reconhecimento real ou

imaginário dos outros. Aliam-se a moda e a indústria da beleza, cultuando o

corpo do desportista como modelo projetado, aumentando e delineando

músculos e circunferências, visando adquirir formas aceitas com as rigorosas

normas estéticas, construindo uma imagem de saúde, associada à beleza,

força e juventude.

Aliado aos valores já debatidos anteriormente, o consumismo, como marca

predominante de nossa sociedade contemporânea, embarcou na crescente

moda da associação entre a atividade física e a saúde, propiciando a criação

de um novo mundo de desejos e projeções para seu público alvo (Rocha,

1995). É crescente o investimento econômico que visa influenciar a produção e

ampliação de um capital simbólico sobre um público cada vez mais abrangente,

que identifica o corpo como instrumento potencial para o reconhecimento social

e pessoal, seja profissional ou amoroso, utilizando os padrões estéticos como

forma de segregação social, trazendo para o cotidiano um comportamento

individualista e competitivo (Bane & McAuley, 1998; Cash, 1990; Fallon, 1990;

Stephens et al., 1994).

Krawczyk (1984) nos chama à reflexão ao questionar se o cultivo consciente do

corpo serve como melhoria de seu valor como tal ou se é uma função de

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REVISÃO DA LITERATURA

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alcance instrumental para valores externos a ele. Relembra ainda que,

enquanto na antiguidade clássica, a relação causal entre a beleza do corpo e

do espírito era compreendida como uma norma, um postulado, uma diretriz de

atividades e um dever, no presente se tornou um valor em si mesmo e não uma

fonte de valores.

Goffman (1980) se refere a idéia do corpo como fonte de estigmas na

sociedade contemporânea, destacando que este termo já na Grécia antiga se

referia a sinais corporais que explicitavam algo incomum ou ruim sobre a moral

de um indivíduo. Gabrielli e Hoff (2006) afirmam que na atualidade, o corpo

“natural” parece imperfeito demais, estando esta imperfeição associada à

doença, necessitando assim de intervenções para se tornar saudável. Nesta

lógica, o conhecimento científico construído pela medicina, sugere um poder

quase ilimitado sobre o corpo, na possibilidade de superação dos limites físicos

impostos pela condição humana, na construção de um novo projeto de corpo. A

idéia de construção do corpo (Body building) é ligada a uma perfectibilidade

própria de cada época (Góes, 1999).

Outros estudos têm demonstrado que as mulheres normalmente experienciam

uma insatisfação corporal com desejo particular pela magreza (Harrison, 2000;

Harisson & Cantor, 1997; H. D. Prosavac, S. S. Prosavac & E. J. Prosavac,

1998), buscando este ideal por meio de disciplinas rígidas referentes aos seus

comportamentos alimentares, prática de exercícios, utilização de

medicamentos e cirurgias plásticas, declarando guerra contra seus corpos em

nome de ideais cada vez mais extremos e perigosos (Harrison, 2003; Marzano,

2001; Norton & Olds, 2005; Ward, 2005).

As relações entre nossa psique e o corpo são muito bem elucidadas por

Schilder (1994), ao deixar claro que tanto as doenças orgânicas quando as

psicogênicas, se apresentam parcialmente expressas no modelo postural do

corpo, através de mudanças reais nos órgãos, em nossos pensamentos e

atitudes, apresentando o sofrimento mental uma expressão somática e vice-

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versa, pois parte da imagem corporal está mais próxima da percepção e outra

das idéias. E continua afirmando que toda angústia prejudica a experiência de

nossa imagem corporal, devido a intercomunicação existente entre nosso

modelo postural e nossa energia libidinal, acarretando a passagem de conflitos

morais ou libidinais, do centro da personalidade para o modelo postural do

corpo e posteriormente para o corpo e seus órgãos.

O estresse, a baixa auto-estima, a depressão, a obsessão e a ansiedade, são

apenas alguns males que a “nova” sociedade formada a partir destes novos

conceitos e valores corporais adquiriu e vem adquirindo, consciente ou

inconscientemente e também inconsequentemente (Pedretti & Vasconcelos,

2006).

2.4.3 – Comparações culturais

Segundo Spurgas (2005) as mulheres norte-americanas tendem a avaliarem-se

em maior grau em relação a outras culturas, por meio de comparações com

outras pessoas ou modelos midiáticas, verificando que esta avaliação negativa

é um fenômeno que se espalha por diversas etnias, classes, antecedentes

culturais e localizações geográficas. Kowner (2002) defende que, devido a

diferenças culturais no self, os indivíduos de culturas diversas podem diferir na

forma com que se compreendem, apresentando diferentes ideais corporais e

sentimentos distintos em relação aos seus corpos.

Mautner, Owen e Furnham (2000) ressaltam que, em geral, a internalização

dos ideais sociais de beleza é o contributo mais significativo para as desordens

relacionadas a imagem corporal. Warren (2003) destaca que as teorias para

um modelo sociocultural das desordens alimentares sugerem que a

conscientização de um ideal físico magro afeta diretamente a internalização

deste ideal, que por sua vez atuará decisivamente sobre a insatisfação com o

próprio corpo. Anderson-Fye (2004), neste sentido, destaca que as desordens

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REVISÃO DA LITERATURA

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alimentares têm sido associadas a nações desenvolvidas e em

desenvolvimento, que apresentam participações cada vez maiores na

economia global e consequente ocidentalização de costumes via fenômenos

como a globalização, imigração e exposição midiática.

Como exemplo disto, Lee e Lee (2000) na China, e Ruggiero, Hannöver,

Mantero e Papa (2000) na Itália, verificaram desejos por uma magreza

excessiva, insatisfações com a imagem corporal, risco de desenvolvimento de

desordens alimentares e internalização dos ideais midiáticos de magreza mais

proeminentes em regiões de maior modernização e desenvolvimento sócio-

econômico. Outros autores também observaram para populações com maior

influência da cultura ocidental, maior preferência pela magreza (Cachelin,

Monreal & Juarez, 2006), a influência da etnicidade como moderadora da

internalização dos ideais de magreza e a insatisfação com a imagem corporal

(Warren, 2003; Warren, Gleaves, Cepeda-Benito, Fernandez & Rodriguez-Ruiz,

2005).

Alguns estudos compararam mulheres americanas com populações europeias.

Mautner et al. (2000) verificaram diferentes fatores de influência que interferem

na distorção da imagem corporal, encontrando a internalização dos ideais de

magreza para as norte-americanas, a conscientização destes ideais para as

britânicas e a valorização da magreza e comparação social para as italianas.

Forbes, Doroszewicz, Card e Adams-Curtis (2004) verificaram que em relação

as norte-americanas, as mulheres polonesas apresentam uma menor

internalização de ideais socioculturais de magreza e ideais corporais mais

volumosos. Holmqvist, Lunde e Frisén (2007) comparando mulheres

adolescentes argentinas e suecas, verificaram que, apesar das europeias

apresentarem auto-percepções corporais mais negativas do que as sul-

americas, como maior insatisfação corporal, tinham tentativas menos

frequentes de perder peso e realizar de dietas.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Em um grande estudo realizado em toda Comunidade Europeia, McElhone,

Kearney, Giachetti, Zunft e Martınez (1999), verificaram a escolha de um corpo

excessivamente magro por praticamente todas as populações avaliadas,

apresentando a Grécia, a Itália e a França os maiores desejos pela magreza

em excesso, com somente a Irlanda apresentando um ideal corporal

compatível com níveis de peso normais. A Finlândia obteve o menor percentual

de mulheres satisfeitas com o próprio peso (29%). Entretando, foi verificado

que 58% de todas as mulheres que se declaram satisfeitas com o próprio peso

estavam abaixo do peso ideal. Na Noruega, Storvoll, Strandbu e Wichstrom

(2005) verificaram que o aumento durante uma década, na preocupação

masculina com a muscularidade, foi acompanhado pelo crescimento da

insatisfação feminina com esta mesma característica corporal.

Em um estudo interessante de Williams, Ricciardelli, McCabe, Waqa e Bavadra

(2006), os autores observaram, em mulheres jovens australianas e indígenas

das Ilhas Fiji, que atributos associados ao ideal corporal feminino são

semelhantes em ambas as culturas, e que apesar das australianas serem mais

ocidentalizadas, descrevendo o corpo mais especificamente em relação a

ideais de peso, tamanho e formas musculares, ambas as culturas idealizam

mulheres de tamanho mediano, curvilíneas e atléticas, evidenciando a

necessidade de se introduzir avaliações da musculatura em estudos da

imagem corporal.

A conscientização e internalização da cultura ocidental também associam-se as

auto-percepções e a sintomatologia dos distúrbios alimentares de mulheres

asiáticas (Barnett, Keel & Conoscenti 2001; Chan & Owens, 2006; Chen &

Jackson, 2005; Gunewardene, Huon, & Zheng, 2001; Stark-Wroblewski, K.,

Yanico, B. J. & Lupe, 2005). Mulheres de etnia asiática, dentro de culturas

ocidentais, podem apresentar uma maior satisfação com a imagem corporal em

relação a outras etnias (Cachelin, Rebeck, Chung & Pelayo, 2002; Lake,

Staiger & Glowinski, 2000), embora normalmente apresentem níveis mais

baixos de auto-estima física, quando comparadas a outras populações, cada

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qual em seus ambientes culturais (Kowner, 2002; Mukai, Kambara & Sasaki,

1998; Sheffield, Tse & Sofronoff, 2005).

Em relação aos comportamentos alimentares, auto-estima, insatisfação com a

imagem corporal e discrepância entre o corpo percebido e o ideal, Erickson e

Gerstle (2007) encontraram conceitualizações diferentes da imagem corporal

em adolescentes hispânicas, hispânicas biétnicas e caucasianas, de status

sócio-econômico baixo e médio. Por outro lado, Caldwell, Brownell e Wilfley

(1997) observaram diferenças não significativas em estudantes afro-

americanas e americanas caucasianas de status sócio-econômico alto.

De forma geral, podemos verificar que quanto mais desenvolvida ou

ocidentalizada for uma cultura, esta tende a apresentar maiores níveis de

internalização, conscientização e valorização de ideais excessivamente

magros, diminuindo os níveis da satisfação com a imagem corporal e auto-

estima física. Em relação as diferentes etnias, todas as diferentes populações

estudadas apresentavam preocupações em maior ou menor grau, relativas a

sua imagem corporal, com as americanas destacando-se negativamente neste

sentido, seguidas pelas europeias e pelas asiáticas. A literatura deixa claro, até

o momento, que outros fatores relacionados à cultura podem influenciar de

forma significativa as experiências e satisfação com a imagem corporal das

mulheres, como seus antecedentes étnico-culturais, sua forma de resposta à

inserção em ambientes culturais diferentes ao seu, nível sócio econômico e de

escolaridade.

2.5 – Imagem corporal na atividade desportiva feminina

Há sempre no desporto algo que fascina e que não nos deixa indiferente a ele,

quer se goste ou não de seus fenômenos, pois construído à dimensão do

homem, é legitimado pela história, cultura e sociedade, em todas as suas

virtualidades e excessos (Marques, 1993). O exercício é dentre outras coisas,

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REVISÃO DA LITERATURA

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segundo Bane e McAuley (1998) e Eklund e Crawford (1994), um

comportamento pelo qual se espera angariar benefícios para a auto-

apresentação individual, pois tentamos sempre causar boas impressões quanto

as nossas atitudes e comportamentos.

Schilder (1994) já afirmava que o movimento humano e a percepção de si

mesmo pelo próprio indivíduo, sua imagem corporal, são interligados.

Esclarece ainda que nossa percepção de massa e densidade corporais são

influenciadas pelo tônus muscular que, junto aos reflexos posturais, é a base

de construção para nosso modelo postural, sendo muito possível seu

desenvolvimento ser, em parte, paralelo ao desenvolvimento sensório-motor.

Sendo a aparência do ser humano interligada ao seu movimento, Stolyarov

(1984) ressalta a necesidade de uma maior discussão sobre os valores

estéticos desportivos e a influência destes sobre os desportistas e

espectadores. Marques (1993) corrobora com este ponto de vista ao afirmar

que o desporto possui uma dimensão ou potencialidade estética, que precisa

ser melhor entendida em sua concepção.

Davis (1992) verificou que a preocupação com o peso e insatisfações com a

aparência são mais influenciadas por avaliações subjetivas do tamanho

corporal, ao invés de objetivas, em mulheres praticantes frequentes de

atividade física ou em atletas, comparativamente às não praticantes. Este autor

identificou ainda maiores insatisfações com a imagem corporal, prática de

dietas e percepções de pressão para a magreza nas atletas.

Estes resultados são contrastantes com o estudo de Peterson (2003), que

constatou a prática sub-profissional de inúmeras atividades esportivas

(basquetebol, mergulho, patinação artística, hóquei, ginástica rítmica e artística,

esqui de downhill, nado sincronizado, corridas de velocidade, voleibol, netball,

dança, tenis, rowing e natação) como protetora em relação as insatisfações

corporais e distúrbios alimentares.

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A incongruência de resultados apresentada anteriormente entre os estudos de

Davis (1992) e Peterson (2003) sugere, como destacam Byrne e McLean

(2002), que o fato em si de ser atleta não coloca o indivíduo sob o risco de

desenvolver desordens alimentares, estando tal acometimento mais associado

aos tipos de esporte que enfatizam demasiadamente a importância com o peso

e a forma corporal magra.

Diante das divergentes opiniões frente as qualidades e potencialidades

estéticas do desporto de forma geral, Marques (1993) destaca que os autores

os quais defendem uma diferenciação dos desportos em estéticos e não

estéticos, baseiam-se na objetividade de sua realização. Os primeiros seriam

aqueles os quais a forma de sua realização condiciona o resultado da ação,

com componentes subjetivos presentes na avaliação da performance, como o

mergulho, as ginásticas e a patinação. Os segundos consequentemente,

seriam aqueles cuja resultado da ação não é condicionado pela sua forma de

execução, os quais podemos citar os desportos coletivos com bolae os

automobilísticos.

Os pesquisadores que procuraram verificar possíveis diferenças entre as

atletas de esportes estéticos não estéticos, encontraram para o primeiro grupo,

maior ansiedade competitiva, insatisfação com a imagem corporal,

preocupações com o peso e pressão para serem magras, interesse pela

magreza e comportamentos bulímicos (Byrne & McLean, 2002; Kelly, 2004;

Peterson, 2003).

Indivíduos com grande ansiedade podem apresentar-se reticentes a participar

de programas de exercício, por uma avaliação de seus físicos estar envolvida,

tornando este um fator de desinteresse e mantendo-os longe dos benefícios

inerentes (Lantz, Hardy & Ainsworth, 1997; Spink, 1992). Isto poderá também

acarretar um maior risco para o desenvolvimento de distúrbios alimentares

(Hausenblas & Mack, 1999). Apresentam também as pessoas com alta

ansiedade física, forte tendência à praticar tipos específicos de exercícios

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REVISÃO DA LITERATURA

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voltados mais ao fitness do que a desportos individuais ou coletivos (Ecklund &

Crawford, 1994; Frederick & Morrison, 1996; Williams e Cash, 2001).

Russel e Cox (2003) defendem que a prática regular de exercício pode, a curto

prazo, aumentar a auto-estima corporal, agindo sobre variáveis como tônus

muscular, resistência aeróbica e redução da gordura e peso corporal. Apesar

de a maior parte das teorias desenvolvidas para explicar a relação entre o

exercício e a saúde serem baseadas em atividades aeróbicas (Stein & Motta,

1992), diversos outros estudos têm demonstrado tanto o exercício aeróbico

quanto o anaeróbico apresentam benefícios inerentes a sua prática (Lantz et

al., 1997; Scully et al., 1998; Stein & Motta, 1992), com melhorias em variáveis

como a depressão auto-reportada, auto-conceito geral, ansiedade, estados de

humor, auto-estima e tensão pré-menstrual.

Estudos demonstram que as atividades aeróbicas atuam positivamente sobre a

satisfação com o corpo e sobre outros campos como as auto-percepções

físicas (atratividade e bem-estar físico) e o stress físico e psicológico (Burges,

Grogan & Burwitz, 2006; Scully et al., 1998). Entretanto, o treino de força

(Bodybuilding e Weightlifting) isolado ou em conjunto com o aeróbico,

demonstrou melhores resultados sobre subescalas do auto-conceito (Physical

Self, Personal Self e Social Self), atratividade percebida, satisfação com a

imagem corporal, ansiedade física social e percepção de auto-eficácia (Depcik

& Williams, 2004; Stein & Motta, 1992; Williams & Cash, 2001).

Em uma meta-análise, Hausenblas e Fallon (2006) analisaram 121 estudos

publicados e não publicados sobre o impacto do exercício sobre a imagem

corporal, identificando que os indivíduos ativos apresentam auto-imagens mais

positivas do que os sedentários, em todas as idades e em ambos os gêneros,

com os melhores resultados conseguidos pela combinação de atividades

aeróbicas e anaeróbicas, com intensidades de moderada a elevada. Scully et

al. (1998), ressaltam que manter a prática de qualquer atividade física por

longos períodos, apresenta os melhores resultados.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Góes (1999) afirma que até a invenção da fotografia na metade do séc XIX, a

imagem do corpo musculoso só era presente na apreciação de valores da

cultura grega e da figura heróica permitida pela doutrina cristã, encontrada

apenas nas pinturas e esculturas. A cultura física germânica, a influência das

atividades circenses que expunham o corpo, além da crescente importância da

fotografia, repercutiram e facilitaram o sucesso da expressão corporal individual

como objeto público e construído. A busca pelo desenvolvimento muscular,

numa sociedade de consumo e ética trabalhista protestante, que combina o

ascetismo e a disciplina, o narcisismo e o hedonismo, fez com que a

musculação (atividade que se refere ao bodybuilding ou ao weightlifting) se

destacasse na era pós-industrial, aumentando o desejo da democratização do

corpo, tornando-o acessível à cultura de massa.

Na continuidade de seu relato histórico, Góes (1999) defende que a

musculação instaurou um ideal de perfectibilidade corporal e passou a

significar a construção da massa muscular, se tornando uma prática comum

até a Primeira Guerra Mundial e um esporte olímpico em 1920 com o

levantamento de peso, sendo praticado inicialmente somente por atletas e

modelos fotográficos até 1930. O desenvolvimento de novos métodos de treino

e ênfases na estética direcionada para a fotografia, tornou sua prática

mundialmente conhecida na década seguinte, fazendo renascer uma

preocupação com a perfeição corporal. Esta é exemplificada pela criação dos

concursos “Mr. América”, “Mr. Universo” e “Mr. Olympia” até os anos 60, com o

atleta austríaco Arnold Schwarzenegger reinventando o bodybuilding, levando-

o à uma exposição como esporte e tornando-o um objeto de consumo midiático

em filmes e publicidades de uma forma até então nunca vista.

Na década de 80 surge o ideal de uma mulher mais pesada, com mais

musculatura, o que fez crescer a aceitação da prática da musculação pelas

mulheres. Corliss (citado em Fallon, 1990, pp. 91) exemplifica este fato,

destacando a publicação pela revista Time de uma reportagem entitulada New

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REVISÃO DA LITERATURA

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Ideal of Beauty, na qual defendia uma nova mulher graciosa e magra, mas

mais forte do que as retratadas anteriormente.

Brace-Govan (2004) destaca que o Campeonato feminino de weightlifting foi

iniciado em 1987, tornando-se um esporte olímpico em 2000. Ressalta também

a necessidade de se diferenciar o bodybuilding (fisiculturismo) do weightlifting.

Embora ambas as atividades utilizem pesos cada vez maiores para se atingir

como resultado músculos cada vez mais poderosos, sua diferença se encontra

na ênfase do bodybuilding sobre a estética corporal, enquanto o weightlifting

oferece uma visão diferente da mulher para si mesma, sem competições

performáticas que exponham o corpo em posturas específicas sobre uma

atividade basicamente voyer.

Grogan, Evans, Wright e Hunter (2004) ressaltam que no mundo do

fisiculturismo os discursos de gênero operam de forma a definir níveis

aceitáveis de muscularidade para as mulheres. As competições neste âmbito

são divididas em modalidades como fitness, body fitness e culturismo.

Segundo o guia de normas e regras para competições internacionais da

International Federation of Bodybuilding & Fitness (IFBB) para a época de

2006-2007, na categoria Fitness, os árbitros devem ter em mente que um corpo

feminino é que será julgado, buscando um ideal físico feminino, tendo como

mais importante aspecto a forma corporal feminina, identificando como

negativas as características de muscularidade como vascularização, definição

e volume, apresentados no culturismo. A categoria body fitness se encontra a

meio termo entre o Fitness e o Culturismo, não devendo o físico ser

excessivamente musculado, magro e definido. Já para o Culturismo, é buscado

o máximo desenvolvimento em relação ao volume e definição muscular, sendo

também de suma importância a simetria e porporcionalidade corporais, assim

como uma boa apresentação estética.

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REVISÃO DA LITERATURA

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A IFBB (2006-2007) define que a avaliação das atletas é feita da cabeça aos

pés, olhando cada parte do físico numa sequência descendente em relação ao

volume, simetria e definição corporais, avaliando ainda a estética geral. A

avaliação primária é feita por impressões gerais sobre a aparência atlética,

devendo-se considerar a beleza facial e do cabelo, o desenvolvimento geral da

musculatura, seu equilíbrio e simetria, seguido de uma avaliação da pele que

deve ter aspecto macio, saudável e sem celulite, finalizando pela observação

da capacidade do atleta de se apresentar com confiança, postura e graça.

Hurst et al. (2000) avaliaram mulheres fisiculturistas e levantadoras de peso

experientes e não experientes, em relação a ansiedade física social e

dependência ao exercício. Verificaram que as mulheres fisiculturistas mais

experientes, em relação as menos experientes e as levantadoras de peso,

apresentavam menor ansiedade física social, maior dependência ao exercício e

maior suporte social em relação a sua prática, havendo ainda uma maior

necessidade de controle sobre suas capacidades de treino. Este fato parece

sugerir, segundo os autores, a existência de uma relação entre a dependência

ao fisiculturismo, sua identidade como tal, o suporte social derivado deste

reconhecimento e a ansiedade física social.

Ao observar as atletas levantadoras de peso, Brace-Govan (2004) verificou que

sua atividade lhes proporcionava sentimentos de domínio e capacidade em

desenvolver sua força. Este autor destaca a situação delicada na qual se

encontram as mulheres que se aventuram por este estilo de vida, tendo em

vista a associação entre a força e a masculinidade, dominação e agressividade,

além da presunção de que as mulheres não devem ter corpos musculosos e

serem tão fortes quanto os homens, fenômeno que desafia as construções

convencionais de gênero e as bases da diferenciação sexual.

Segundo Marzano (1991), cada vez mais pessoas hoje em dia são

convencidas de que seus corpos são simplesmente objetos para serem

construídos, como meio de se atingir o sucesso e obter atenção e amor e,

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REVISÃO DA LITERATURA

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finalmente, construir uma identidade masculina através da associação de

valores e significados ao corpo musculado. O autor destaca ainda que, treinar

regularmente e “malhar”, não são atividades neutras, e sim atividades

glamourizadas e sexualizadas, que associam ao corpo musculoso signos

culturais de uma correta atitude perante a vida, significando que nos

preocupamos conosco mesmos e temos a habilidade de modificar nossas

vidas. Na atualidade, a precisão tecnológica para esculpir os corpos utilizada

pelos fisiculturistas e levantadores de peso é agora acessível para qualquer um

que possa arcar com os custos de uma academia.

2.6 – Definição das componentes da imagem corporal e dificuldades

encontradas para a sua avaliação

Segundo Bane e McAuley (1998) e Vasconcelos (1995), são várias as

designações que se têm atribuído ao termo “imagem corporal”. Destas se

podem destacar a percepção do tamanho corporal e avaliações subjetivas da

aparência física, além de diversos comportamentos derivados ou associados a

questões referentes a percepção da imagem do próprio corpo, como níveis de

ansiedade, práticas alimentares e de exercício físico, devendo a comparação

entre estudos, neste sentido, ser muito cuidadosa. Em geral dois pontos são

mais abordados quando da intenção de se avaliar a imagem corporal, um

componente objetivo (perceptivo) e outro subjetivo (cognitivo, afetivo e

comportamental) (Bane & McAuley, 1998; Norton & Olds, 2005; Thompson,

Penner & Altabe, 1990).

As avaliações perceptivas mensuram a precisão das percepções em relação ao

tamanho do corpo, com os instrumentos que avaliam os aspectos perceptivos

da imagem corporal tendo dominado as primeiras pesquisas da área (Bane &

McAyley, 1998). A imprecisão sobre a percepção do tamanho corporal

normalmente é referida pelo termo “distorção da imagem corporal” (Thompson

et al., 1990, pp. 23), e sua avaliação se divide em duas categorias principais,

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REVISÃO DA LITERATURA

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sendo a primeira delas os procedimentos que avaliam a precisão da percepção

para partes corporais e a segunda, os que avaliam a distorção da imagem total

do corpo (Bane & McAyley, 1998). Importa destacar que a precisão da

percepção corporal é conceitual e empiricamente diferente da satisfação com a

imagem corporal, com a primeira relacionada a componentes objetivos e a

segunda a componentes subjetivos que envolvem este construto (Gardner &

Morrell, 1991).

Nas avaliações das partes corporais ou procedimentos locais, o indivíduo

estima o tamanho de uma parte corporal específica, verificando-se ou não uma

distorção individual para o local em questão ao se comparar com medidas

objetivas (Bane & McAyley, 1998). Nos procedimentos que avaliam o

ajustamento da imagem inteira do corpo, o indivíduo é confrontado com

fotografias e ou vídeos de imagens reais ou feedback visual em espelhos com

reflexo distorcido, escolhendo então a imagem que, de acordo com ele, reflete

seu tamanho corporal (Thompson et al., 1990). A precisão perceptiva é então

avaliada pelo grau de discrepância entre a imagem escolhida e o tamanho real

do indivíduo.

Thompson et al. (1990) ressaltam que o método mais utilizado para determinar

uma medida geral da satisfação com o tamanho e o peso corporal é a

utilização de figuras ou silhuetas esquemáticas em ordem crescente de

diferentes tamanhos corporais, nas quais se contemplam apenas a ectomorfia

e a endomorfia. O nível de satisfação é então medido pela discrepância entre

as figuras ou silhuetas apontadas como correspondentes ao tamanho corporal

atual e o “ideal”. Estes mesmos autores, afirmam que avaliações por

questionários normalmente focam uma concepção mais ampla do componente

subjetivo, apesar de algumas escalas focalizarem exclusivamente a

insatisfação com o peso e tamanho corporal.

Os instrumentos cognitivos vêm dominando atualmente a literatura,

relativamente às avaliações perceptivas que são raramente utilizadas, e

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REVISÃO DA LITERATURA

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mesmo com as diversas limitações neste campo, referentes as dificuldades

metodológicas nas avaliações, o conhecimento atual acerca das relações entre

o exercício e a imagem corporal foi construído com base em resultados obtidos

com instrumentos de cunho subjetivo (Bane & McAuley, 1998).

Estudos da imagem corporal focalizada em sua componente afetiva

apresentaram grande desenvolvimento na década de 80, com estudos voltados

à ansiedade, desconforto e sentimentos negativos relacionados ao próprio

corpo, contribuindo enormemente para um melhor entendimento das relações

entre o exercício e a imagem corporal, de acordo com Bane e McAuley (1998).

Existem diversos detalhes capazes de influenciar as pesquisas que utilizam

procedimentos de avaliação perceptiva. A presença de insinuações ou

sugestões faciais por parte do avaliador e o tipo de roupa utilizada pelo

avaliado podem ser relevantes (Bane & McAuley, 1998; Collins, Beumont,

Touyz, Krass, Thompson & Philips, 1987; Thompson et al., 1990). Está descrito

ainda que mulheres em fase perimenstrual (pré e durante a menstruação)

tendem a superestimar seus tamanhos corporais do que na fase

intermenstrual, e que praticantes de fisiculturismo e halterofilismo apresentam

melhor precisão ao avaliar seus tamanhos corporais (Stewart et al., 2003).

Em específico aos componentes subjetivos, é preferível que se escolha

instrumentos que possam abarcar diferentes aspectos da imagem corporal

(afetivos, cognitivos e comportamentais), devido ao fato de que detalhes na

instrução da avaliação podem direcionar os resultados para níveis de

satisfação, interesses, cognições, ansiedade, preocupações e outras

componentes relacionadas a aparência (Bane & McAuley, 1998), cabendo ao

pesquisador a escolha cuidadosa de um instrumento específico.

Para a progressão do campo das avaliações da imagem corporal, deve-se

sempre ter atenção quanto ao instrumento que se pretende utilizar, para que

este se adeque ao tipo de abordagem (geral ou específica) e característica

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REVISÃO DA LITERATURA

52

(traço ou estado) da variável que se pretende avaliar (Pruzinsky, 2004;

Thompson, 2004). A escolha de avaliações com fiabilidade e validação

estabelecidas é outro ponto crucial, não se devendo confiar em fiabilidades

definidas para outras populações (Streiner, 2003; Thompson, 2004; Pruzinsky,

2004). Comparar estudos que não tenham utilizado um instrumento em sua

forma original de publicação é um assunto delicado, sendo aconselhável,

segundo Thompson (2004), adicionar um terceiro instrumento para

comparações.

Cash (citado por Thompson, 2004, pp. 11) no que se refere a utilização e

seleção de medidas para a imagem corporal em contextos médicos, afirma que

instrumentos que avaliam a dimensão traço da imagem corporal devem ser os

preferidos, certificando-nos que a escolha feita seja capaz de acusar alterações

devido a intervenções ou manipulações experimentais (Pruzinsky, 2004;

Thompson, 2004). Importa também que se tenha um cuidado adicional ao

protocolo de instrução, a fim de se direcionar a avaliação para os aspectos do

construto que realmente interessem (Bane & McAuley, 1998; Pruzinsky, 2004;

Thompson, 2004; Thompson et al., 1990).

Thompson (2004) e Pruzinsky (2004) reforçam a necessidade de se considerar

a diversidade das características dos participantes na análise dos dados,

devido a claras diferenças existentes de população para população, com

diferentes significados adotados para tipos específicos de enfermidades, partes

corporais, aparência corporal, funcionalidade sexual e outras tantas que

influenciam a qualidade de vida individual. Neste sentido, aconselham uma

análise primária e distinta das variáveis individuais das populações que

estiverem sendo comparadas, em busca de diferenças basais ou mesmo

associações entre as mesmas, sugerindo então uma análise geral em

decorrência de uma equivalência relativa entre as características individuais

dispostas.

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REVISÃO DA LITERATURA

53

Stewart et al. (2003) sugerem que, devido a limitações específicas dos

componentes objetivos e subjetivos quando avaliados separadamente, se deve

utilizar uma abordagem conjunta. Exemplificam esta afirmação, relatando que

os questionários não abordam diretamente questões da percepção objetiva,

que espelhos de imagem distorcida apresentam respostas de ajustamento

incertas e não lineares e imagens televisivas podem geralmente ser alteradas

somente nos eixos vertical e horizontal, apresentando ainda as silhuetas ou

figuras esquemáticas e fotografias, índices de muscularidade e adiposidade

variáveis com uma altura constante, não captando assim as variedades da

morfologia humana. Sendo assim, é compreensível a dificuldade e talvez a

impossibilidade de se tentar abarcar uma total mensuração das variáveis da

imagem corporal (Fisher, 1990).

Diversos exemplos e informações sobre quase cinquenta instrumentos e

procedimentos desenvolvidos nos diversos campos de avaliação são

encontrados em Thompson et al. (1990) e Bane & McAyley (1998). Estes

últimos autores relatam ser difícil a orientação de uma bateria de testes e

avaliações mais indicada para se utilizar, dada a natureza multidimensional da

imagem corporal e a diversidade de objetivos dos estudos. Os autores sugerem

ainda que os pesquisadores devem evitar utilizar o termo geral “imagem

corporal” e sim especificar quais aspectos do construto que pretendem

examinar, se mais de um, para facilitar as comparações entre estudos.

Pruzinsky (2004) ressalta que o estabelecimento de padrões e métodos para

avaliar e reabilitar pacientes em contextos médicos diversos, depende de um

entendimento profundo da imagem corporal, a fim de aplicar e desenvolver

novas formas de avaliação, programas de prevenção, reabilitação e tratamento.

Entretanto, afirma também que não se tem, no momento, uma quantidade

suficiente de informação sobre a natureza da adaptação da imagem corporal às

patologias e tratamentos durante o decorrer da vida.

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REVISÃO DA LITERATURA

54

Clínicos e pesquisadores podem apresentar resultados mais positivos tanto

quanto melhores forem as mensurações das quais estes derivarem, sendo

primordial pensar cuidadosamente sobre a escolha e desenvolvimento das

medidas destinadas às diversas especificidades necessárias. Um grande

avanço será alcançado pelos estudiosos da imagem corporal, tanto nas áreas

médicas quanto nas áreas relacionadas ao exercício, através do

desenvolvimento de guias mais padronizados para a seleção de mensurações

para o trabalho de campo.

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3 - OBJETIVOS E HIPÓTESES

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OBJETIVOS E HIPÓTESES

57

Capítulo 3 – Objetivos e hipóteses

3.1 – Objetivos

Como referimos, é notória a crescente importância que se têm dado a

características estéticas individuais, no entanto é nossa convicção de que tais

características são dependentes da cultura em vigor, tendo em vista que entre

os extremos atlético, magro e obeso, existe uma grande diversidade de tipos

somáticos.

Os objetivos deste estudo são comparar mulheres brasileiras e portuguesas

praticantes de musculação, quanto ao somatótipo, a percepção da imagem

corporal geral, a satisfação com a imagem corporal geral e o ideal estético.

Utilizamos como recurso para tais comparações o somatótipo e um instrumento

de silhuetas adaptado.

3.2 – Hipóteses

Com base nos objetivos apresentados para este estudo temos as seguintes

hipóteses:

H1: As brasileiras apresentam um somatótipo equilibrado entre a endomorfia e

a mesomorfia, com predominância destas duas componentes sobre a

ectomorfia, sendo mesoendomorfas.

H2: A componente endomorfia do somatótipo das portuguesas é dominante

sobre as demais, sendo a mesomorfia maior ou equilibrada à ectomorfia, sendo

Endomorfas equilibradas ou endomorfas mesomorfas.

H3: O nível de distorção da percepção da imagem corporal geral é menor nas

brasileiras do que nas portuguesas.

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OBJETIVOS E HIPÓTESES

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H4: A satisfação com a imagem corporal geral é maior para as brasileiras em

relação as portuguesas.

H5: As brasileiras têm ideais corporais mais mesomórficos do que as

portuguesas.

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4 - METODOLOGIA

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METODOLOGIA

61

Capítulo 4 – Metodologia

4.1 – Amostra

A amostra deste estudo foi composta por dois grupos do sexo feminino de etnia

caucasiana, praticantes de musculação em Ginásios. O grupo 1 foi constituído

de 46 portuguesas residentes na cidade do Porto e frequentadoras de três

ginásios desta cidade. O grupo 2 foi composto por 46 brasileiras residentes na

cidade de Juiz de Fora do estado de Minas Gerais, frequentadoras de dois

ginásios desta cidade.

No Quadro 1 apresentamos a caracterização da amostra.

Quadro 1 – Caracterização da amostra em seus valores médios e desvios padrão.

Brasileiras Portuguesas

Idade 27,4 (± 8,4) 26,85 (± 8,4)

Peso 57, 1 (± 6,3) 58,7 (± 7,2)

Altura 163,8 (± 5,3) 162,7 (± 5,7)

4.2 – Critérios para a seleção da amostra

Os indivíduos foram abordados no ambiente de sua prática de atividade

física, sendo convidados a participar de uma pesquisa sobre as percepções

corporais no âmbito do curso de Mestrado em Actividade Física e Saúde da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. As únicas condições

pretendidas eram: ser praticante de musculação e ser do sexo feminino.

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METODOLOGIA

62

4.3 – Instrumento e coleta de dados

4.3.1 – Apresentaçao do instrumento de silhuetas

A escala de silhuetas para mulheres com interesse em emagrecimento e

fortalecimento foi adaptada com base em outros instrumentos do gênero que

até o momento focalizaram somente a linearidade e obesidade, como a escala

de Stunkard, Sorensen e Schulsinger, utilizada em diversos estudos (e.g.

Coelho & Fagundes, 2007; Greenleaf et al., 2004; Matsuo, Velardi, Brandão &

Miranda, 2007). Nosso intuito foi obter um instrumento pelo qual pudéssemos

abarcar, além da linearidade e obesidade, questões relativas a muscularidade,

característica principal da componente mesomorfia, no somatótipo de Carter e

Heath (1990). Esta componente não é evidenciada nos demais instrumentos de

silhuetas femininas desenvolvidos até o momento. O modelo final deste nosso

instrumento foi definido após melhoramentos realizados a partir de uma versão

inicial utilizada em um estudo piloto não publicado, e é apresentada a seguir

(Fig. 1).

Figura 1 – Escala de silhuetas para mulheres com interesse em emagrecimento e

fortalecimento.

Aumento do índice de massa corporal

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METODOLOGIA

63

Esta escala de silhuetas (Fig. 1), por nós proposta, pretende abarcar os três

componentes somatotípicos, nomeadamente a endomorfia, a mesomorfia e a

ectomorfia. Construímos então uma linha inicial de três figuras que representa

indivíduos com características predominantemente ectomórficas. Esta linha, ao

diferenciar-se assumindo a forma de um “Y”, representa o aumento da massa

muscular e da gordura corporal em uma linha superior (A) e outra inferior (B),

respectivamente, para pessoas de características predominantemente

mesomórficas e endomórficas. Nossa escala apresenta ainda um crescimento

de volume corporal em relação a altura (índice de massa corporal - IMC) da

esquerda para a direita.

4.3.1.1 – Associação dos valores do somatótipo a escala de silhuetas

A partir das dezessete figuras presentes na escala, foram consideradas treze

classificações que inicialmente reportariam as treze condições somatotípicas

(endomorfo equilibrado, mesomorfo endomórfico, ectomorfo-endomorfo,

mesomorfo equilibrado, ectomorfo equilibrado, ectomorfo-mesomorfo,

endomorfo-mesomorfo, mesomorfo ectomórfico, endomorfo-ectomorfo,

mesoendomorfo, endomesomorfo e central). Os treze subgrupos de silhuetas

considerados, que se seguem abaixo, foram utilizados como representativos

das mesmas, para as variáveis somatótipo real, somatótipo percebido e

somatótipo ideal, presentes no capítulo cinco (apresentação e discussão dos

resultados).

Silhuetas 1 e 2 – 1;

Silhueta 3 – 2;

Silhuetas 4A e 4B – 3;

Silhueta 5A – 4;

Silhueta 6A – 5;

Silhueta 7A – 6;

Silhueta 8A – 7;

Silhueta 9A e 10A – 8;

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METODOLOGIA

64

Silhueta 5B – 9;

Silhueta 6B – 10;

Silhueta 7B – 11;

Silhueta 8B – 12;

Silhueta 9B e 10B – 13;

Nosso próximo passo, foi atribuir valores de somatótipos, orientados em função

da predominância de um entre os outros dois componentes, aos subgrupos de

silhuetas referidos, de forma que pudessem cobrir todo o espectro de

possibilidades definido por Carter e Heath (1990) (1-1-7; 1-7-1; 7-1-1).

No que se seguiu a seguinte classificação:

Silhuetas 1 e 2: indivíduos nos quais a componente ectomórfica é

predominante e os níveis de endomorfia e mesomorfia são menores que 3. A

figura 1 representa indivíduos com valores de endomorfia ou mesomorfia

menores ou igual a 1, enquanto a figura 2 indivíduos com valores maiores que

1 e menores que 3 para as mesmas componentes.

Silhueta 3: indivíduos nos quais a componente ectomórfica é predominante e

os níveis de endomorfia e mesomorfia são maiores que 3.

Silhuetas 4A e 4B: indivíduos com valores de somatótipo equilibrados ou

centrais. Foram reconhecidos como tal, aqueles que apresentavam diferenças

menores que 0,5 entre pelo menos duas componentes do somatótipo, sendo

estas dominantes (maiores que 0,5) em relação a terceira.

Silhueta 5A: indivíduos nos quais a componente mesomórfica é predominante

e apresentavam valores menores ou iguais a 4 para esta componente.

Silhueta 6A: indivíduos nos quais a componente mesomórfica é predominante

e apresentavam valores entre 4,1 e 5 para esta componente.

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METODOLOGIA

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Silhueta 7A: indivíduos nos quais a componente mesomórfica é predominante

e apresentavam valores entre 5,1 e 5,5 para esta componente.

Silhueta 8A: indivíduos nos quais a componente mesomórfica é predominante

e apresentavam valores entre 5,6 e 6 para esta componente.

Silhuetas 9A e 10A: indivíduos nos quais a componente mesomórfica é

predominante e apresentavam valores maiores que 6 para esta componente,

sendo os valores entre 6,1 e 7 para a silhueta 9A e os maiores que 7 para a

10A.

Silhueta 5B: indivíduos nos quais a componente endomórfica é predominante

e apresentavam valores menores ou iguais a 4 para esta componente.

Silhueta 6B: indivíduos nos quais a componente endomórfica é predominante

e apresentavam valores entre 4,1 e 5 para esta componente.

Silhueta 7B: indivíduos nos quais a componente endomórfica é predominante

e apresentavam valores entre 5,1 e 5,5 para esta componente.

Silhueta 8B: indivíduos nos quais a componente endomórfica é predominante

e apresentavam valores entre 5,6 e 6 para esta componente.

Silhueta 9B e 10B: indivíduos nos quais a componente endomórfica é

predominante e apresentavam valores maiores que 6 para esta componente,

com valores entre 6,1 e 7 para a silhueta 9B e os maiores que 7 para a 10B.

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METODOLOGIA

66

4.3.2 – Definição dos tipos de Somatótipo

Para responder ao principal objectivo da nossa pesquisa, que foi comparar

duas populações distintas em termos de sua distorção da imagem corporal

geral, satisfação com a imagem corporal geral e ideal corporal, utilizamos três

dimensões somatotípicas:

Somatótipo real. Definido pelo método antropométrico de Heath-Carter

(Carter, 1980).

Somatótipo percebido. Representado por uma silhueta a qual era identificada

como a que mais se aproximava da percepção do corpo do sujeito no momento

da avaliação.

Somatótipo ideal. Representado por uma silhueta a qual era identificada como

a que o sujeito mais gostaria de ter, caso estivesse insatisfeito com sua

percepção atual.

4.3.3 – Procedimento para a definição dos somatótipos percebido e ideal

As mulheres foram abordadas no ambiente de prática da musculação, com o

avaliador se apresentando vinculado ao curso de Mestrado em Actividade

Física e Saúde da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, em

pesquisa comparativa sobre a percepção e satisfação com a imagem corporal

entre mulheres brasileiras e portuguesas praticantes de musculação.

Seguidamente lhes era questionada a possibilidade de participar no estudo e

agendada uma data para a recolha de dados, orientando-as para se

apresentarem com suas roupas habituais para o exercício.

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METODOLOGIA

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No momento da avaliação, primeiramente era apresentada a escala de

silhuetas, sendo-lhes referido o seguinte: “Todas estas figuras representam

corpos femininos. Da esquerda para a direita, em ordem progressiva, as figuras

aumentam em volume e em peso corporais. Da primeira até a terceira, não há

contribuições significativas da gordura ou massa muscular para o aumento do

volume e peso corporais. A partir das figuras número quatro, na linha superior,

a massa muscular contribui significativamente para o aumento do volume e

peso; na linha inferior, é a gordura que contribui significativamente para o

aumento do volume e peso”. Uma nova e idêntica explicação era repetida caso

a pessoa não compreendesse de imediato a primeira explicação.

Em seguida eram feitas as seguintes perguntas: “Dentre todas estes figuras,

qual você acha que mais se aproxima da realidade do seu corpo neste

momento”. Logo após a definição da silhueta, a segunda pergunta era

apresentada da seguinte forma: “Caso você não esteja satisfeita com a sua

imagem actual, aponte a que mais corresponde às suas expectativas?”.

Durante a resposta, o avaliador não dava qualquer opinião nem apresentava

qualquer reacção facial ou corporal. Quando o avaliador era questionado a

opinar ou confirmar as escolhas feitas, era dito às mulheres que a escolha

deveria ser só delas, sem a influência de terceiros.

Após a resposta às duas perguntas, se seguia a medição antropométrica, pela

aferição do peso, altura, dobras cutâneas e circunferências.

4.3.4 – Antropometria

O primeiro grupo de variáveis consta de medidas antropométricas e de

composição corporal. Foram realizadas mensurações sobre onze medidas

antropométricas, nomeadamente ao peso, altura, diâmetros ósseos, pregas

adiposas e perímetros corporais.

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METODOLOGIA

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Peso

O peso foi medido com os indivíduos descalços, imóveis e com roupa própria

para a prática da atividade, sem a utilização de acessórios como brincos,

pulseiras ou relógios. Os valores foram registrados com a precisão de uma

casa decimal.

Altura

A altura foi aferida entre o ponto superior da cabeça orientado pelo plano

sagital e o plano de referência do solo, registrada em centímetros com a

precisão de uma casa decimal.

Diâmetro bicôndilo-humeral

Aferido entre o epicôndilo e a epitróclea, com antebraço em supinação e

cotovelo fletido em 90 graus.

Diâmetro bicôncilo-femural

Aferido entre os pontos mais salientes dos côndilos femurais em 90 graus de

flexão do joelho.

Prega supra-ilíaca

Em orientação horizontal sobre a vertical midaxilar acima da crista ilíaca.

Prega tricipital

Em orientação vertical sobre o ponto médio entre o acrômio e o olécrano na

parte posterior do braço.

Prega geminal

Em orientação vertical, sobre a face interna da perna em relação ao nível de

maior perímetro, com o indivíduo sentado e o joelho fletido em 90 graus.

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METODOLOGIA

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Prega subescapular

Em orientação oblíqua para fora e para baixo, abaixo do ângulo inferior da

escápula.

Prega da coxa

Em orientação vertical, no ponto médio entre o trocanter e o epicôndilo femural

medial, na face anterior da coxa.

Perímetro geminal

Com o indivíduo em posição vertical e o pé orientado para frente, ao nível de

maior circunferência da perna.

Perímetro do braço tenso

Com flexão do cotovelo em 90 graus, ao nível da maior circunferência do

bíceps em contração máxima.

4.3.4.1 – Composição corporal

A definição do percentual de gordura corporal foi obtida segundo a orientação

de Siri (1961).

- percentual de gordura corporal = ((4,95 / DC3) - 4,5) x 100

- Densidade Corporal = 1,0994921 - 0,0008267 x (A+B+C) + 0,0000016 x

(A+B+C x A+B+C) - 0,0001392

As letras A, B e C correspondem respectivamente as pregas adiposas da coxa,

tricipital e supra-ilíaca.

A partir do percentual de gordura foram obtidos os valores absolutos da massa

gorda e massa isenta de gordura, expressos em quilogramas.

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METODOLOGIA

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Massa gorda(MG) = peso x %G/100

Massa isenta de gordura = peso – MG

4.3.4.2 – Critérios de classificação do IMC

O IMC (índice de massa corporal) foi classificado de acordo com as

orientações da W.H.O (World Health Organization) do ano de 1997.

4.4 – Avaliação da distorção da percepção da imagem corporal geral, da

satisfação com a imagem corporal geral e do ideal corporal.

A distorção da percepção da imagem corporal geral foi definida pela diferença

entre o somatótipo real e o percebido. Os valores possíveis de serem

encontrados variavam entre -12 (12 negativos) e 12 (12 positivos). O valor 0

(zero) corresponde aos indivíduos que não apresentam percepções distorcidas

da sua imagem. Valores diferentes de 0 correspondem aos indivíduos que

apresentam uma percepção distorcida de sua imagem corporal geral, sendo os

valores positivos atribuídos a subestimativas (percepção de maior linearidade,

menor endomorfia ou mesomorfia que o real) e valores negativos a

superestimativas (percepção de maior endomorfia ou mesomorfia que o real)

em relação ao volume do próprio corpo.

A satisfação geral com a imagem corporal geral foi definida pela diferença entre

a silhueta escolhida como o somatótipo percebido e o ideal. Os valores

possíveis de serem encontrados para a satisfação situam-se entre -12 (12

negativos) e 12 (12 positivos). O valor 0 corresponde aos indivíduos que se

reconhecem como satisfeitos com sua imagem. Valores diferentes de 0

correspondem aos indivíduos insatisfeitos com sua imagem corporal geral,

sendo os valores positivos atribuídos ao desejo de aumento do volume corporal

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METODOLOGIA

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(mesomorfia) e os valores negativos ao desejo de uma diminuição do volume

corporal (endomorfia).

O ideal corporal geral foi definido pela escolha da silhueta correspondente ao

somatótipo ideal dos indivíduos. Seus valores, como descrito anteriormente

(4.3.1.1 – definição do instrumento de silhuetas) podem variar entre 1 e 13: (i)

correspondendo aos valores 1 e 2 estruturas corporais predominantemente

ectomórficas; (ii) 3, para condições medianas ou centrais entre os três

componentes do somatótipo; (iii) de 4 a 8 correspondendo a corpos

predominantemente mesomórficos; e (iv) de 9 a 13 ideais corporais

predomimantemente endomórficos.

4.5 – Variáveis do estudo

As variáveis dependentes utilizadas para o estudo foram os níveis de distorção

da percepção da imagem corporal geral, da satisfação com a imagem corporal

geral e o ideal corporal. A variável independente utilizada foi a nacionalidade.

4.6 – Procedimentos estatísticos

Os dados foram tratados previamente para averiguar a normalidade da

distribuição e a eventual presença de outliers, através do teste de Shapiro Wilk.

Seguidamente, para além das estatísticas descritivas básicas (média e desvio

padrão) utilizamos o teste t de Student para medidas independentes para

averiguar a eventual existência de diferenças com significado estatístico entre

as populações brasileira e portuguesa, para as diversas variáveis observadas.

Tendo em conta a reduzida dimensão amostral em comparações inter e intra

populações, para a comparação de subgrupos foi utilizado o teste não

paramétrico de Mann Witney. Cientes de que o tempo de treino e a frequência

semanal de treino poderia condicionar os resultados, recorremos à covariância

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METODOLOGIA

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para anular o seu efeito. O nível de significância foi mantido em p ≤ 0.05 e o

programa de análise estatística utilizado foi o sofware SPSS versão 15.0.

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5 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

75

Capítulo 5 – Apresentação e discussão dos resultados

Apresentamos a seguir, no Quadro 2, os resultados referentes à observação

descritiva das variáveis analisadas.

Quadro 2 – Caracterização das componentes do somatótipo para as brasileiras e portuguesas.

Brasileiras Portuguesas

Endomorfia 4,1 (± 1,3) 4,6 (± 1,3)

Mesomorfia 2,6 (± 0,9) 4 (± 1)

Ectomorfia 2,6 (± 0,9) 2,2 (± 1,2)

Podemos verificar pelo Quadro 2, que as brasileiras apresentam uma

predominância da componente endomorfia, com a mesomorfia e a ectomorfia

equilibradas, o que caracteriza um somatótipo endomorfo equilibrado. Já a

população portuguesa tem um somatótipo endomorfo mesomorfo, pela

componente endomorfia ser predominante sobre a mesomorfia e esta maior

que a ectomorfia.

Verificamos em detrimento de nossos resultados, como descrito na literatura,

que populações não atletas apresentam maior mesomorfia e menor endomorfia

que os indivíduos atletas (Gualdi-Russo & Graziani, 1993; Gualdi-Russo &

Zaccagni, 2001; Silva & Maia, 2003; Queiroga et al., 2005; Pradas de la Fuente

et al., 2007; Zúñiga & De León Fierro, 2007).

Gualdi-Russo e Graziani (1993) encontraram em praticantes italianas de

diversas modalidades desportivas (natação, esqui, track & field, desportos com

bola, ginástica e patinação), um somatótipo mesoendomorfo, diferente das

praticantes de musculação endomorfas equilibradas brasileiras e endomorfas

mesomorfas portuguesas de nosso estudo.

Silva e Maia (2003) verificaram para a população portuguesa, e Viviani e Baldi

(1993) para italiana, que as amadoras participantes em escalões de formação

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

76

de voleibol apresentam o mesmo somatótipo (endomorfo mesomorfo) que as

praticantes de musculação portuguesas de nosso estudo.

Dando sequência na apresentação dos resultados, temos as variáveis

somatótipo percebido, real e ideal, necessárias para a obtenção do nível de

distorção da percepção da imagem corporal geral, satisfação com a imagem

corporal geral e ideal estético, apresentadas no quadro 3, classificadas em

função da nova escala de silhuetas por nós desenvolvida, como descrito

anteriormente (4.3.1.1, pp. 63).

Quadro 3 – Caracterização das variáveis utilizadas para obtenção dos níveis de distorção da

percepção e satisfação com a imagem corporal geral e ideal corporal, para as brasileiras e

portuguesas (média e desvio padrão).

Brasileiras Portuguesas Valor de t Valor de p

Somatótipo real 7,4 ± 4,1 7,5 ± 4,1 -,050 ,960

Somatótipo percebido 5,3 ± 2,2 6,3 ± 3,0 -1,728 ,087

Somatótipo ideal 5,0 ± 1,6 4,1 ± 1,2 3,201 ,002

Observamos pelo Quadro 3 que as populações avaliadas em nosso estudo não

apresentaram diferenças estatisticamente significativas em relação ao seu

somatótipo real e percebido. Já em relação ao somatótipo ideal, a silhueta

representativa do ideal corporal brasileiro é significativamente mais

mesomórfico do que a das portuguesas.

5.1 – Distorção da Percepção da Imagem Corporal Geral

Após a definição do somatótipo real pelo método antropométrico de Heath-

Carter, seus valores foram associados as silhuetas de nossa escala (como

descrito em 4.3.1.1). A distorção da percepção da imagem corporal geral foi

avaliada através da obtenção do nível de distorção, representado pela

diferença entre as silhuetas escolhidas como representantes do somatótipo real

e escolhido. Seus valores são apresentados no Quadro 4.

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

77

Quadro 4 – Caracterização da variável nível de distorção para brasileiras e portuguesas (média

e desvio padrão).

Brasileiras Portuguesas T P

Nível de

distorção

2,1 ± 4,2 1,2 ± 4,6 ,991 ,324

Como podemos verificar no Quadro 4, não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas em relação à distorção da percepção da imagem

corporal geral, apesar de as brasileiras apresentarem uma distorção

ligeiramente superior. Ressaltamos ainda, que o nível de distorção, expresso

em valores positivos, representa uma subestimativa corporal, correspondente à

percepção de maior linearidade (menor mesomorfia ou endomorfia)

relativamente ao real.

Madrigal et al. (2000), além de encontrarem em populações mediterrâneas uma

maior tendência para subestimar o tamanho de seus corpos, mais do que em

outros países da união europeia, observaram ainda que a prática regular de

atividade física estava associada a subestimativas das silhuetas corporais.

Em nosso estudo encontramos uma população sul-americana com níveis de

subestimativa corporal superiores aos de uma população mediterrânea,

entretanto, estes resultados vão ao encontro da segunda constatação dos

autores supracitados. A subestimativa da imagem corporal geral foi verificada

em mais de 60% da amostra (Quadro 5).

Quadro 5 – Caracterização do percentual de brasileiras e portuguesas que subestimaram e

sobre-estimaram sua imagem corporal geral.

Brasileiras Portuguesas

Subestimativa 61,9 % 62,8 %

Sobre-estimativa 38,1 % 37,2 %

O maior nível de distorção da imagem corporal geral para as brasileiras

(Quadro 4), é interpretado pelo fato desta população apresentar níveis de

atividade física mais elevados do que as portuguesas (Quadro 6).

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

78

Quadro 6 – Caracterização das variáveis frequência de treino semanal e tempo de treino, para

as brasileiras e portuguesas (média, desvio padrão e significância).

Brasileiras Portuguesas Valor de t Valor de p

Frequência de treino 3,8 (± 1,0) 2,4 (± 0,9) 6,798 ,000

Tempo de treino 0,2 (± 0,4) 0,67 (± 0,4) -5,224 ,000

Pelo Quadro 6 verificamos que as brasileiras treinam com maior frequência

semanal e a mais tempo (mais de 6 meses versus menos de 6 meses) do que

as portuguesas.

Birtchnell, Dolan e Lacey (2006) afirmam que o nível de distorção da percepção

da imagem corporal é maior, a medida que o peso corporal se distancia dos

valores médios esperados para cada indivíduo. Kakeshita e Almeida (2006)

verificaram a afirmação de Birtchnell et al. (2006), em universitárias brasileiras,

relacionando a obesidade à subestimativa corporal. Situação não verificada em

nosso estudo, já que a subestimativa foi verificada em indivíduos com IMC

predominantemente normais, como podemos ver mais abaixo no Quadro 7.

Também contrária a afirmação de Birtchnell et al. (2006) foi o resultado de

Gardner e Morrell (1991), pelo qual concluíram que os obesos apresentam

maior facilidade e precisão no julgamento de seu tamanho corporal em relação

aos não obesos, e ainda que a precisão é maior quando se observa a imagem

posterior do corpo, o que é interessante por ser a orientação visual menos

familiar para todos nós.

Quadro 7 – Caracterização do percentual do índice de massa corporal e seu valor médio, das

brasileiras e portuguesas.

Índice de massa corporal Brasileiras Portuguesas

< 18,5 - Baixo peso 6,5% 6,5%

≥ 18,5 ≤ 24,99 - Peso normal 89,2% 78,3%

≥ 25 ≤ 29,99 - Pré-obesidade 4,3% 13%

≥ 30 ≤ 34,9 Obesidade 0% 2,2%

IMC médio 21,2 22,2

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

79

Mussap, McCabe e Ricciardelli (2008) verificaram em estudantes universitárias

australianas que as sobre-estimativas corporais são relacionadas à insatisfação

corporal, fato que também não se verificou em praticantes de musculação de

nosso estudo.

Apesar da discordância da literatura, concordamos com Skrzypek, Wehmeier e

Remschmidt (2001) e Mussap et al. (2008), ao sugerirem que os distúrbios

relativos à percepção da imagem corporal não são derivados de um deficit

perceptivo, mas manifestações das insatisfações sobre a avaliação cognitiva e

preocupações corporais do indivíduo. Apostando também em dificuldades

cognitivas em detrimento das perceptivas, Auchus, Rose e Allen (1993),

declaram que a distorção da percepção da imagem corproal pode também

advir de uma baixa habilidade para se utilizar imagens mentais, através dos

processos cognitivos de representação imagética, não sendo relacionada a

memória visual, que aparentemente não é vital para a formação da imagem

corporal.

Como já referido anteriormente, a precisão da avaliação perceptiva do próprio

corpo pode ser influenciada por insinuações faciais do avaliador, o vestuário da

pessoa avaliada (Collins et al., 1987; Bane & McAuley, 1998; Thompson et al.,

1990), pela fase do período menstrual, pela prática de treino com pesos

(Stewart et al., 2003), por variáveis biopsicosociais, como a influência de

amigos, parentes, mídia, valores antropométricos conhecidos (McCable,

Ricciardelli, Sitaram & Mikhail, 2006), além da internalização, conscientização e

valorização de ideais de magreza (Mautner et al., 2000).

Apesar da diversidade de opiniões verificada na literatura, procuramos

entender nossos resultados referentes à distorção da percepção da imagem

corporal geral, pelo foco da melhoria inerente que se processa nas auto-

percepções físicas e auto-estima geral individual, em decorrência da prática

regular de atividade física (Scully et al., 1998; Hausenblas & Fallon, 2006;

Russel & Cox, 2003).

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

80

Interpretamos as subestimativas encontradas para as mulheres de nossa

amostra como derivadas de percepções e avaliações mais positivas em relação

a si mesmas. Baseamos esta inferência, na associação do treino de força a

melhorias mais significativas para diversos construtos referentes ao bem-estar

físico (auto-conceito, atratividade percebida, satisfação com a imagem corporal,

ansiedade física social e percepção de auto-eficácia) (Depcik & Williams, 2004;

Stein & Motta, 1992; Williams & Cash, 2001), e pelo fato de verificarmos

maiores subestimativas para as brasileiras, as quais treinam significativamente

a mais tempo, com maior frequência semanal, apresentando ainda maior

satisfação com sua imagem corporal geral.

5.2 – Satisfação com a Imagem Corporal Geral

Os níveis de satisfação com a imagem corporal geral são apresentados no

Quadro 8, e foram definidos mediante a subtração do valor obtido pela escolha

das silhuetas representativas do somatótipo percebido e do somatótipo real.

Como referido anteriormente, o 0 (zero) representa a satisfação com a imagem

corporal geral, enquanto os demais valores, positivos ou negativos, quanto

mais distantes deste, representam menores níveis de satisfação com a imagem

corporal geral.

Quadro 8 – Caracterização da variável satisfação com a imagem corporal geral para brasileiras

e portuguesas (média, desvio padrão e significância).

Brasileiras Portuguesas t p

Satisfação com a imagem corporal geral - 0,26 ± 1,6 - 2,17 ± 1,9 3,227 ,002

Os resultados obtidos sugerem que as portuguesas são significativamente

menos satisfeitas que as brasileiras em relação a sua imagem corporal geral.

Importante ressaltar que os valores negativos significam o desejo por uma

maior linearidade.

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

81

Como relatado anteriormente, avaliações positivas da imagem corporal

apresentam uma relação inversa com os componentes endomorfia e

mesomorfia e direta com a ectomorfia (Bahran & Shafizadeh, 2006; Eklund &

Crawford, 1994; Stewart et al., 2003). Podemos verificar neste sentido que as

brasileiras, mais satisfeitas, apresentam menores valores de endomorfia e

mesomorfia com diferenças acima de 0,5, embora a ectomorfia não apresente

diferenças deste âmbito (Quadro 2). Se a afirmação dos autores acima pode de

certa forma explicar a diferença no nível de satisfação com a imagem corporal

geral, o mesmo não ocorre com a distorção perceptiva da imagem corporal

geral (Quadro 4).

O fenômeno “descontentamento normativo”, citado em Norton e Olds (2005), é

a caracterização do fato de que as mulheres apresentam quase que em sua

totalidade alguma insatisfação corporal. O percentual de mulheres insatisfeitas

com a imagem corporal geral em nosso estudo foi de 89,1 % para as brasileiras

e 76,1 % para as portuguesas, num total de 82,6 % para a amostra total

(Quadro 9). Vale ressaltar que, enquanto observamos um maior percentual de

portuguesas satisfeitas com sua imagem corporal geral, seu nível de satisfação

é menor do que o das brasileiras (Quadro 8).

Quadro 9 – Caracterização do percentual de mulheres satisfeitas e insatisfeitas com a imagem

corporal geral, para brasileiras e portuguesas.

Brasileiras Portuguesas Total

Satisfeitas 10,9% 23,9% 17,4%

Insatisfeitas 89,1% 76,1% 82,6%

Spurgas (2005) afirma que a maior parte das pesquisas relacionadas a imagem

corporal tem demonstrado que as mulheres europeias apresentam piores

avaliações em construtos e variáveis relacionados a imagem corporal, o que

condiz com os resultados deste estudo. Holmqvist et al. (2007), apesar de

verificarem que a satisfação corporal não diferiu significativamente entre

mulheres suecas e argentinas, constatou que a percepção do peso é ligada de

forma mais estreita com a insatisfação corporal para as europeias.

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

82

Lee e Lee (2000) e Ruggiero et al. (2000), em concordância com os resultados

de nosso estudo, verificaram que mulheres de regiões de maior modernização

e desenvolvimento econômico apresentam piores níveis de satisfação corporal.

A descendência europeia também foi verificada como relacionada a maiores

insatisfações corporais por Warren et al. (2005), tendo sido a etnicidade

encontrada como fator moderador entre a internalização dos ideais de magreza

e a insatisfação corporal (Cachelin et al., 2006; Warren, 2003).

A diferença significativa no nível de satisfação encontrado para as mulheres

brasileiras quando comparado ao das portuguesas de nosso estudo pode ser

explicada, em parte, como reflexo da escolha de silhuetas percebidas como

reais correspondentes a somatótipos mais próximos de seu ideal (Quadro 3).

A escolha do somatótipo percebido, entre brasileiras e portuguesas, em relação

a diferentes predominâncias somatotípicas, pode ser observada no Quadro 10.

Quadro 10 – percentual de escolha das silhuetas correspondentes a componentes

predominantes do somatótipo.

Brasileiras Portuguesas

Endomofia (5B a 10B) 21,8% 50,3%

Mesomorfia (5A a 10A) 52,2% 34,7%

Ectomorfia (1 a 3) 0% 4,4%

Central (4A e 4B) 26,1% 19,6%

A maior satisfação das brasileiras pode também derivar do fato destas

treinarem a mais longo prazo (p = 0,000) e com maior frequência semanal (p =

0,000) (Quadro 6). Baseamos esta inferência, na associação do treino de força

a melhorias mais significativas para diversos construtos referentes ao bem-

estar físico (auto-conceito, atratividade percebida, satisfação com a imagem

corporal, ansiedade física social e percepção de auto-eficácia) (Depcik &

Williams, 2004; Stein & Motta, 1992; Williams & Cash, 2001).

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

83

No sentido de verificarmos a possível influência do tempo de treino e da

frequência de treino semanal, sobre a distorção da percepção da imagem

corporal geral, a satisfação com a imagem corporal geral e o ideal estético

(Quadros 4, 8 e 14), anulamos estatisticamente a sua influência. Os resultados

desta observação encontram-se nos seguintes Quadros, 11 e 12.

Quadro 11 – Caracterização distorção da percepção da imagem corporal geral, satisfação com

a imagem corporal geral e ideal estético, ao se anular a influência do tempo de treino (média e

desvio padrão).

Tempo de treino

anulado

Brasileiras Portuguesas Valor de f Valor de p

Distorção da

percepção

2,1 (± 4,2) 1,2 (± 4,6) ,000 ,998

Satisfação - 0,26 (± 2,7) - 2,17 (± 2,9) 4,094 ,046

Ideal Corporal 5,0 (± 1,6) 4,1 (± 1,2) 6,984 ,010

Através do Quadro 11, podemos verificar que não houve alterações ao

anularmos a influência do tempo de treino, mantendo-se a diferença

significativa de uma maior satisfação com a imagem corporal geral e um ideal

corporal mais musculado para as brasileiras em relação às mulheres

portuguesas.

Quadro 12 – Caracterização distorção da percepção da imagem corporal geral, satisfação com

a imagem corporal geral e ideal estético, ao se anular a influência da frequência de treino

semanal (média e desvio padrão).

Frequência de treino

anulada

Brasileiras Portuguesas Valor de f Valor de p

Distorção da percepção 2,1 (± 4,2) 1,2 (± 4,6) ,776 ,381

Satisfação - 0,26 (± 1,7) - 2,17 (± 2,9) 3,442 ,067

Ideal Corporal 5,0 (± 1,6) 4,1 (± 1,2) 1,174 ,282

O Quadro 11 nos mostra que quando anulada a influência da frequência de

treino semanal, não foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas para nenhuma das variáveis observadas. Isto significa que a

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

84

frequência semanal de treinos realizados pelas mulheres está relacionada com

seus ideais estéticos e níveis de satisfação com a imagem corporal geral.

Voltando ao somatótipo, Stewart et al. (2003) verificaram uma insatisfação com

a imagem corporal mínima relacionada ao valor médio de 3.0-2.5-3.0, que em

nosso estudo, foi de 4.1-2.6-2.6 para o grupo de brasileiras insatisfeitas com a

imagem corporal geral. Já para as mulheres brasileiras e portuguesas

satisfeitas, o somatótipo médio encontrado foi de 4.2-2.9-2.4 e 3.4-3.6-2.8,

respectivamente. No Quadro 13, que se segue abaixo, podemos verificar a

variação do somatótipo em seus valores médios, em função das

nacionalidades em estudo, assim como sobre as condições de satisfação ou

insatisfação com a imagem corporal geral.

Quadro 13 – Caracterização do somatótipo médio geral das mulheres satisfeitas, insatisfeitas e

da população em geral, para brasileiras e portuguesas.

Brasileiras

(Nível de satisfação)

Portuguesas

(Nível de satisfação)

Somatótipo das

satisfeitas

4,2-2,9-2,6

(0)

3,4-3,6-2,8

(0)

Somatótipo das

insatisfeitas

4,1-2,6-2,6

(-0,29)

5,0-4,1-2,0

(-2,86)

Somatótipo geral 4,1-2,6-2,6

(-0,26)

4,6-4,0-2,2

(-2,17)

Estes resultados sugerem que a satisfação com a imagem corporal geral da

amostra em estudo condiz com somatótipos que apresentem certo equilíbrio

entre a mesomorfia e a ectomorfia, apesar da satisfação advinda de uma

linearidade dominante ser bem documentada pela literatura (Garganta, 2000;

Fallon, 1990; Kakeshita e Almeida, 2006; Stewart et al., 2003; Vasconcelos,

1995).

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

85

5.3 – Ideal Corporal Geral

O ideal corporal geral foi definido pela escolha da silhueta correspondente ao

somatótipo ideal. No Quadro 14 estão descritas as frequências e o percentual

de escolhas correspondentes à referida silhueta ideal, para as brasileiras e

portuguesas.

Quadro 14 – Frequência e percentual de escolha das silhuetas correspondentes ao somatótipo

ideal para as brasileiras e portuguesas.

Silhuetas Brasileiras Portuguesas

1 (silhuetas 1 e 2) 2 – 4,3% 1 – 2,2%

2 (silhueta 3) 2 – 4,3% 3 – 6,5%

3 (silhuetas 4A e 4B) 2 – 4,3% 11 – 23,9%

4 (silhueta 5A) 6 – 13% 9 – 19,6%

5 (silhueta 6A) 16 – 34,8% 19 – 41,3%

6 (silhueta 7A) 11 – 23,9% 2 – 4,3%

7 (silhuetas 8A) 4 – 8,7% 1 – 2,2%

8 (silhuetas 9A e 10A) 3 – 6,5% 0 – 0%

Como apresentado no Quadro 3, verificamos que o valor médio do somatótipo

ideal das brasileiras é 5, que corresponde a um somatótipo predominantemente

mesomórfico, representado pela silhueta 6A, enquanto o valor médio do

somatótipo ideal das portuguesas é 4,1, que corresponde a um somatótipo

central, representado pelas silhuetas 4A ou 4B. Entretanto, ao observarmos o

Quadro 14, verificamos que a silhueta de maior frequência na escolha das

portuguesas se iguala a das brasileiras, condizente em nosso estudo, a um

somatótipo predominantemente mesomórfico, com valores da componente

mesomorfia entre 4.1 e 5.

A literatura tem demonstrado exaustivamente que as mulheres apresentam

uma preferência por silhuetas e corpos de predominância ectomórfica

(Garganta, 2000; Kakeshita & Almeida, 2006; Norton & Olds, 2005; Sobral &

Vasconcelos, 1996; Stewart et al., 2003), conclusões divergentes dos

resultados de nosso estudo. A adoção de um ideal predominantemente magro

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

86

é associada às internalizações dos ideais corporais midiáticos (Tiggemann,

2003) e a processos de aculturação e ocidentalização em indivíduos de cultura

oriental (Barnett et al., 2001). Entretanto, apesar de a etnicidade influenciar a

satisfação corporal como relatado anteriormente, o mesmo não se verifica

quanto aos ideais corporais (Cachelin et al., 2002).

Diferentemente de nossos resultados, ao compararem americanas e europeias,

Mautner et al. (2000) não encontraram entre norte-americanas, inglesas e

italianas, diferenças significativas em diversas avaliações utilizadas para se

verificar distúrbios da imagem corporal (e.g. Physical Appearance State and

Trait Anxiety Scale - PASTAS, Multidimensional Body-Self Relations

Questionnaire-Physical Appearance Subscale - MBSRQ, Body Image

Avoidance Questionnaire - BIAQ e Eating Disorder Inventory - EDI). Os

próprios autores reconhecem como provável explicação para a falta de

diferenças uma influência transcultural dos meios mediáticos, a qual

aproximaria as diferenças existentes entre nações europeias muito

desenvolvidas da América do Norte em relação a incidência dos distúrbios da

imagem corporal. De fato, McElhone et al. (1999) verificaram que a Itália

encontra-se entre os países europeus que mais apresenta ideais de magreza

excessivos.

Em concordância com o presente estudo, outros autores demonstraram a

necessidade de se introduzir avaliações da musculatura em pesquisas sobre a

imagem corporal, evidenciando o crescimento da insatisfação feminina com a

massa muscular na Noruega (Storvoll et al., 2005) e a presença de ideais

corporais atléticos em mulheres europeias de descendência australiana e

indígenas das Ilhas Fiji (Williams et al., 2006).

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

87

5.4 – Considerações finais

Fallon (1990) afirma que o conceito de beleza nunca foi estático nas culturas

ocidentais ao longo dos tempos, com a figura ideal nos séculos XIX e XX,

sendo duplamente representada entre a linearidade próxima do anorético e a

sensualidade das curvas e volume corporal. Este mesmo autor destaca que a

partir da década de 80 do último século, um ideal corporal feminino com mais

musculatura, ainda que magro, começa a aparecer.

Peters e Phelps (2001) sugeriram que as mulheres praticantes de musculação

são divididas entre o desejo por um corpo com mais musculatura e uma

silhueta mais magra. Em concordância com este autor, acreditamos que as

mulheres de nosso estudo apresentam ideais conflitantes porque, apesar de

termos observado ideais predominantemente mesomórficos e centrais, verifica-

se o desejo pela linearidade, representado por valores negativos da variável

satisfação com a imagem corporal geral. Interpretamos estes resultados como

a presença de um ideal corporal com características de transição entre a

mesomorfia e a ectomorfia, para as brasileiras e portuguesas observadas neste

estudo.

Neste ínterim, a verdadeira força dos modelos ideais atuais, representados

pelo corpo magro, atlético, jovem, sensual e com boa aparência (Bane &

McAuley, 1998; Harrison, 2003; Stein & Motta, 1992; Marzano, 2001), é a

conexão entre a perfeição estética e a avaliação ética da pessoa, em

interpretantes de sucesso, auto-controle e status sócio-econômico, sendo ainda

o corpo um instrumento para se alcançar o amor, poder, consideração,

popularidade e amigos (Marzano, 2001).

Thompson (2004) relata que o campo da imagem corporal sofreu um tremendo

crescimento nos últimos 50 anos, apresentando um aumento exponencial no

número de revisões e novas medidas de suas múltiplas dimensões. É neste

contexto que Pruzinsky (2004) sugere a necessidade de uma melhoria nas

avaliações da imagem corporal, no que diz respeito à definição e identificação

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

88

do distress associado ou não a alguma patologia, e a especificação do seu

papel nos contextos médicos, o que tornaria os profissionais mais aptos para

definir a natureza exata das preocupações das pessoas, resultando um

refinamento dos indicadores de saúde, derivados de avaliações médicas de

rotina mais integrais.

A execução deste trabalho, no que se refere a revisão da literatura e a

investigação de campo em si, nos possibilitou compreender de forma mais

precisa que o construto da imagem corporal abrange através de suas diversas

variáveis, aspectos das realidades física e psicológica pelos quais o homem se

reconhece como tal. E que o desenvolvimento pleno da personalidade e de

seus valores só se é possível no equilíbrio da percepção acurada de si mesmo,

que não se confina nos limites do corpo.

Podemos perceber, que as concepções de saúde atuais entrelaçam-se de

significados simbólicos e corpóreos que conduzem a interessantes discussões

acerca das práticas e estratégias de inclusão e exclusão social em nossa

sociedade.

As contribuições da estética e da semiótica procuram conscientizar-nos e

esclarecer, sobre as relações do indivíduo em sua experiência com o belo,

tanto pela definição da beleza quanto pela forma como se processa a

percepção e conseguinte interpretação de seus estímulos em nossa mente.

Aprofunda-se a psicologia na discussão da influência da beleza e atratividade

física sob todo potencial libidinal que se movimenta em sua função, abrindo

campo à sociologia, que se debruça sobre o desenvolvimento social do homem

face as relações entre o belo, o indivíduo e suas tão diversas quão complexas

coletividades.

A comunicação social, ancorada no tríplice objetivo de educar, entreter e

informar, assim como o desporto, apresentam também sua parcela de

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

89

contribuição, educando e exemplificando, ambos a sua maneira, o homem

individual para si mesmo e para a sociedade.

Deve-se incentivar cada vez mais debates que possam chamar a atenção de

todos os educadores, sejam eles vinculados a transmissão do conhecimento ou

da informação, às discussões pertinentes ao interesse da construção contínua

de uma sociedade mais saudável e responsável pela autonomia e bem-estar

de seus indivíduos. Todos os profissionais que têm a capacidade de influenciar

sobre a saúde e a educação corporal das coletividades, devem ter em mente,

que oferecer (vender) idealizações efêmeras e sutis, existentes no imaginário

coletivo, associadas a materialidades corporais específicas, pode promover

interpretantes falsos e muitas vezes nocivos à saúde mental e física dos

indivíduos.

A utilização do instrumento de silhuetas adaptado neste estudo, vem fortalecer

os resultados de outras investigações que demonstram atualmente, a

importância dada pelas mulheres, como parte das percepções de si mesmas, à

musculatura.

Além das limitações inerentes aos estudos realizados com escalas de silhuetas

como instrumento de avaliação da imagem corporal, foi considerável a

dificuldade para se relacionar os resultados deste instrumento às tipologias

somatotípicas, tendo em vista a subjetividade própria de cada um destes

métodos.

Ressaltamos portanto, que se deve ter cautela ao comparar os resultados

deste estudo aos demais encontrados na literatura, devido ao fato de termos

nos concentrando em uma população específica de mulheres europeias e sul-

americanas, caucasianas e praticantes de musculação.

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6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

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CONCLUSÕES

93

Capítulo 6 – Conclusões e sugestões

6.1 – Conclusões

Em função da avaliação do somatótipo não foi confirmada nossa primeira

hipótese. As brasileiras apresentaram um somatótipo de classificação

endomorfo equilibrado, e não mesoendomorfo como suposto.

Para as portuguesas a hipótese formulada se mostrou verdadeira, tendo sido

verificado um somatótipo endomorfo mesomorfo, pela predominância da

componente endomorfia sobre a mesomorfia, sendo esta última ainda maior

que a ectomorfia.

Quanto a nossa terceira hipótese, esta não foi verificada como verdadeira, pelo

fato de não ter sido encontrada diferença estatisticamente significativa entre

brasileiras e portuguesas quanto ao nível de distorção da percepção da

imagem corporal geral.

Confirmada nossa quarta hipótese, verificamos que as mulheres brasileiras,

apresentaram uma maior satisfação com a imagem corporal geral do que as

portuguesas.

Com um ideal corporal geral predominantemente mesomórfico, as brasileiras

diferenciaram-se significativamente das portuguesas, que idealizam corpos de

constituição central, constituindo-se verdadeira nossa quinta e última hipótese.

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CONCLUSÕES

94

6.2 – Sugestões

A fim de aumentar a robustez do instrumento adaptado proposto neste estudo

e verificar a sua boa aceitação em universos amostrais mais amplos,

sugerimos que:

- Possam-se realizar estudos comparativos entre mulheres praticantes de

musculação de outras nacionalidades;

- Fossem também feitos estudos comparativos entre praticantes de diferentes

desportos e níveis de atividade física, passando por indivíduos sedentários,

ativos e atletas de alto rendimento;

- Outros estudos procurassem verificar uma possível existência de relações

entre este instrumento de silhuetas adaptado e outros semelhantes, assim

como aqueles que avaliem aspectos cognitivos e afetivos da imagem corporal.

- Mais pesquisas fossem realizadas sobre o interessante fenômeno do

fisiculturismo, em nível competitivo amador, pois pode desvelar um pouco mais

do como e porque as pessoas agem sobre seus corpos e lidam com as

consequências de atidudes muitas vezes exageradas, com objetivo de

responderem as pressões sociais relativas a aparência física.

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7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8 - ANEXOS

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ANEXOS

119

8 – Anexos

8.1 – Formulário de recolha dos dados

Nome:

Idade:

Peso:

Altura:

Frequência de treino:

Tempo de treino:

Último dia que menstruou:

Silhueta identificada:

Silhueta desejada::

Circunferência coxa:

Circunferência perna:

Perímetro do braço contraído:

Diâmetro cotovelo:

Diâmetro joelho:

Prega adiposa supra ilíaca:

Prega adiposa triciptal:

Prega adiposa coxa:

Prega adiposa perna:

Prega adiposa subscapular:

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ANEXOS

120

8.2 – Escala de silhuetas apresentada às mulheres