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IMAGENS COM CORES VIBRANTES: Um estudo da pop art nos primeiros anos do ensino fundamental Patrícia Lúcia Galvão da Costa Núcleo de Educação da Infância NEI/CAp/UFRN Sandro da Silva Cordeiro (UFRN) Núcleo de Educação da Infância NEI/CAp/UFRN INTRODUÇÃO O título do artigo faz menção à fala de uma criança durante o processo de construção de texto coletivo relacionado ao assunto em discussão: a Pop Art e suas cores chamativas, utilizadas propositadamente para chamar a atenção de seus apreciadores. Ao descrever um aspecto importante da estética da Pop Art, a criança demonstra apropriação dos elementos que constituem esse movimento artístico, ampliando seu repertório de conhecimentos a respeito da arte enquanto forma de expressão de ideias, pensamentos e concepções. Ao participarem de situações significativas envolvendo as linguagens artísticas, as crianças têm a oportunidade de apurar suas visões de mundo, relacionando os novos saberes aos já edificados em suas interações com o meio circundante, ressignificando as formas de ser e estar no mundo. Acredita-se que a arte emancipa o olhar, permitindo que as diversas formas de expressão humana sejam concebidas sob diferentes perspectivas. Considerando tais entendimentos, o presente artigo pretende expor experiência no ensino de arte desenvolvida com crianças do 2º ano do Ensino Fundamental, no Núcleo de Educação da Infância, Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para efeito de organização, o texto segue a seguinte estrutura. Em primeiro lugar, faremos uma caracterização das crianças participantes da experiência, mostrando alguns atributos e interesses desse grupo. Em seguida, faremos uma explanação acerca do contexto de estudo da Pop Art, apresentando as principais estratégias didático-pedagógicas empregadas. Por fim, tecemos algumas considerações finais a respeito do trabalho desenvolvido, destacando a relevância das experiências artísticas na infância.

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IMAGENS COM CORES VIBRANTES:

Um estudo da pop art

nos primeiros anos do ensino fundamental

Patrícia Lúcia Galvão da Costa

Núcleo de Educação da Infância – NEI/CAp/UFRN

Sandro da Silva Cordeiro (UFRN)

Núcleo de Educação da Infância – NEI/CAp/UFRN

INTRODUÇÃO

O título do artigo faz menção à fala de uma criança durante o processo de construção

de texto coletivo relacionado ao assunto em discussão: a Pop Art e suas cores chamativas,

utilizadas propositadamente para chamar a atenção de seus apreciadores. Ao descrever um

aspecto importante da estética da Pop Art, a criança demonstra apropriação dos elementos que

constituem esse movimento artístico, ampliando seu repertório de conhecimentos a respeito

da arte enquanto forma de expressão de ideias, pensamentos e concepções.

Ao participarem de situações significativas envolvendo as linguagens artísticas, as

crianças têm a oportunidade de apurar suas visões de mundo, relacionando os novos saberes

aos já edificados em suas interações com o meio circundante, ressignificando as formas de ser

e estar no mundo. Acredita-se que a arte emancipa o olhar, permitindo que as diversas formas

de expressão humana sejam concebidas sob diferentes perspectivas.

Considerando tais entendimentos, o presente artigo pretende expor experiência no

ensino de arte desenvolvida com crianças do 2º ano do Ensino Fundamental, no Núcleo de

Educação da Infância, Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

Para efeito de organização, o texto segue a seguinte estrutura. Em primeiro lugar,

faremos uma caracterização das crianças participantes da experiência, mostrando alguns

atributos e interesses desse grupo. Em seguida, faremos uma explanação acerca do contexto

de estudo da Pop Art, apresentando as principais estratégias didático-pedagógicas

empregadas. Por fim, tecemos algumas considerações finais a respeito do trabalho

desenvolvido, destacando a relevância das experiências artísticas na infância.

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CONHECENDO AS CRIANÇAS

A turma na qual desenvolvemos o trabalho é composta por vinte e uma crianças, sendo

nove meninas e doze meninos na faixa etária entre sete e oito anos de idade. Desse grupo,

uma criança faz parte do público alvo da Educação Especial, apresentando a Síndrome de

Cruzon. É comum em crianças dessa faixa etária algumas características marcantes. De modo

geral, apresentam maior autonomia frente às demandas escolares, aliada ao senso de

responsabilidade. Sua capacidade de representação sobre o mundo circundante encontra-se

mais aguçada e aprimorada, utilizando-se de diferentes linguagens para o registro da

realidade.

O pensamento lógico encontra-se interiorizado, o que permite maior flexibilidade

diante das situações problema. O pensamento espacial está em fase de consolidação,

assegurando a possibilidade de transitar entre diferentes contextos, muitas vezes distantes do

seu convívio local. O senso de justiça começa a fazer sentido, a medida que as situações do

cotidiano impõem uma postura diante de questões envolvendo a ética. A autocrítica está cada

vez mais presente, de modo que é possível encontrarmos no discurso das crianças o

reconhecimento das suas limitações, das suas atitudes, ou mesmo da necessidade de

aprimoramento das atividades escolares.

De acordo com os postulados piagetianos, as crianças do 2º ano encontram-se no

estágio das operações concretas, que se inicia aos 7 anos e se estende até aproximadamente os

12 anos de idade. Nessa fase, as crianças conseguem coordenar pontos de vista diferentes,

pois abandonaram o pensamento egocêntrico e conseguem estabelecer e coordenar diferentes

relações. A capacidade de realizar operações mentais também aparece nessa fase, não

requerendo os objetos para apoiar as suas construções mentais (PIAGET, 1985).

A partir das diversas oportunidades oferecidas, as crianças acabam demonstrando

interesse por várias atividades: jogos de regras, coleção de objetos, esportes em geral,

instrumentos musicais, livros diversos, utensílios e objetos voltados para a beleza

(maquiagens e esmaltes) e, mais recentemente, equipamentos eletrônicos (smartphones e

tablets).

Nas relações interpessoais, fazem opção por colegas que apresentam interesses em

comum (afinidades). Conseguem entender os sentimentos alheios e, também, percebem como

o diálogo pode ajudar na resolução dos conflitos.

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Há uma curiosidade latente em relação ao próprio corpo, comparando com o corpo do

outro, na tentativa de perceber as semelhanças e as diferenças existentes.

Nas interações com o grupo familiar, os pais exercem forte influência, sendo por

excelência os adultos de referência. Por isso, é comum ouvirmos a reprodução do discurso

desses adultos, seja verbalmente ou por intermédio de atitudes. Isso ajuda na construção da

personalidade e das preferências.

Em cada fase da vida, os sujeitos apresentam formas diferenciadas de organização

mental, o que se reflete na ação destes no contanto com a realidade (COLL, GILLIÈRON, 7

1987). Compreender tais características, sem necessariamente considerá-las de forma rígida e

imutável, auxilia no entendimento do universo infantil, permitindo que nossas crianças

desenvolvam as habilidades almejadas pela escola.

ESTUDO DA POP ART: CONTEXTO E ATIVIDADES REALIZADAS

O trabalho aqui apresentado insere-se num contexto mais amplo. De acordo com a

prática desenvolvida no NEI/CAp/UFRN, escolhemos o Tema de Pesquisa da turma: Estados

Unidos da América. A escolha por esse país, partiu do desejo e interesse das próprias

crianças. No início de cada ano letivo, é comum em nossa proposta pedagógica consultarmos

as crianças sobre o que elas querem estudar. Mediante o uso de diferentes estratégias (debate

de temas; escritura de fichas com informações a serem socializadas e, depois, votadas;

enquetes etc.) que permitem a criança refletir sobre assuntos a serem investigados, a turma

elege um tema a ser pesquisado.

O tema mais votado é o escolhido para ser trabalhado por um determinado período,

que pode variar de um trimestre a um ano, dependendo das questões lançadas e do interesse

do grupo em continuar investigando a temática eleita.

As questões lançadas pelas crianças permitem a articulação do tema com diferentes

áreas do conhecimento, possibilitando um trabalho interdisciplinar com diferentes campos do

saber e a vivência de práticas diversas. Com isso, essa temática contribuiu para o atendimento

das necessidades de uma turma de 2º ano, em processo de consolidação das convenções da

Língua Portuguesa, assim como para o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo das

crianças.

Em se tratando da metodologia empregada no NEI, recorremos ao Tema de Pesquisa

que segundo Rêgo (1999, p. 65) o conceitua como

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um assunto que gere questionamentos, necessidade de ir em busca de uma

aprofundamento maior, possibilitando dessa forma o diálogo; - que contribua para uma

visão mais ampla da realidade onde o indivíduo está inserido, favorecendo um melhor

entendimento do mundo em que vive; - unifique, aglutine conceitos de outras áreas do

conhecimento, com a perspectiva de articular-se com outros conhecimentos, podendo

ser ampliando para outros temas; - envolva um componente afetivo do grupo, para ser

significativo, ou seja, que todo o grupo esteja curioso e interessado em saber

mais/investigar aquele determinado assunto.

O Tema de Pesquisa (RÊGO, 1999), é sustentado por três momentos inter-

relacionados: estudo da realidade (ER), organização do conhecimento (OC) e aplicação do

conhecimento (AC). O registro gráfico do tema de pesquisa é realizado mediante a construção

de redes temáticas, o que permite a visualização dos eixos de trabalho a serem desenvolvidos,

organizados a partir das falas das crianças.

Nesse trabalho, privilegiamos como foco de descrição e análise o trabalho

desenvolvido em Artes. Na área de Artes, exploramos as Artes Visuais, com vistas ao

desenvolvimento das habilidades de apreciação e de expressão artística, vinculados as

possibilidades trazidas pelo tema de pesquisa do trimestre – Estados Unidos da América.

Assim, realizamos atividades como: construção de retratos dos colegas da sala, tendo

como suporte imagens fotográficas dos mesmos; representação das ideias prévias sobre o

tema de pesquisa; construção da linha de tempo, por meio da apreciação de imagens relativas

a colonização norte americana; apreciação e releitura de diferentes obras do artista inglês John

White, retratando o cenário colonial dos E.U.A.; estudo sistemático da Pop Art, como

representação das artes visuais no país em discussão. Para PILLAR e VIEIRA, 1992, p. 9).

A leitura da imagem, nesta proposta de ensino da arte, desenvolve as habilidades de ver,

julgar e interpretar as qualidades das obras, compreendendo os elementos e as relações

estabelecidas no todo do trabalho. [...] Ler uma imagem é saboreá-la em seus diversos

significados, criando distintas interpretações, prazerosamente.

Nessas atividades, utilizamos como aportes teóricos os enunciados da Abordagem

Triangular para o ensino de Artes e da Cultura Visual, proposto por Barbosa (1998; 2007),

contemplando a existência de três ações complementares: ler, contextualizar e fazer.

No resgate histórico empreendido por Jalles (2011), fica constatado que a Arte esteve

presente na proposta do NEI desde o início desta instituição de ensino, preocupada com o

processo de criação, entendido como elemento subjetivo e, ao mesmo tempo, individual. A

criatividade, percebida como criação do novo, enfatizando aspectos como originalidade,

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flexibilidade, fluência e iniciativa das crianças. Nesse entendimento, estão presentes de forma

latente o respeito ao nível de desenvolvimento das crianças e a consideração das experiências

construídas anteriormente por elas. Trata-se de uma prática que fornece meios de acesso à arte

existente e que aproxima os alunos do legado cultural e artístico da humanidade (JALLES,

2011).

O trabalho com a Pop Art teve início quando buscávamos um movimento artístico que

fizesse relação com o nosso Tema de Pesquisa – Estados Unidos da América. Descobrimos

que a Pop Art surgiu na década de 1950 na Inglaterra e que teve seu ápice nos Estados Unidos

na década de 1960, além de ser um movimento que possui características fortes, próprias e

que por muitos é considerado um marco da cultura moderna para a pós-moderna no que se

refere a cultura ocidental. Escolhido o movimento artístico, partimos para o trabalho com essa

arte.

A primeira atividade desenvolvida com as crianças foi uma exposição dialogada sobre

esse movimento artístico. Trouxemos informações sobre a origem da Pop Art, suas

características, principais artistas e obras. Conhecer a história da Pop Art, seus representantes

e obras produzidas, dentre outras informações, torna-se fundamental para que a criança

conheça o movimento em questão com mais propriedade, perceba as mudanças e

permanências e compreenda que a arte, como manifestação humana, é dinâmica e dialética em

sua essência.

A História da Arte e da Cultura deve ser algo vivo e ágil, onde o importante não é um

estudo cronológico, mas uma perspectiva inter-relacionada com as produções artísticas,

com os conceitos estéticos das diferentes épocas e com o próprio meio social em que

determinada expressão artística se dá. (OSINSKI, 2002, p. 110).

De modo prático, conhecer a história da Pop Art permitiu que as crianças pudessem

estabelecer relações desse movimento artístico com outras referências já estudadas,

possibilitando a construção de diferentes conjecturas, percebidas principalmente nos

momentos de discussão coletiva, de produções textuais e de releituras.

Após conhecermos esse movimento, por meio de discussões mediadas pelo uso de

slides, as crianças produziram um texto coletivo que sintetizava o que aprenderam sobre a

Pop Art.

CONHECENDO A POP ART COM O 2º ANO

A Pop Art é um movimento artístico que pensa sobre a arte. Pop Art quer dizer “arte popular”. Ela surgiu na

Inglaterra em 1960, mas nos Estados Unidos da América ficou mais forte.

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Ela serve para criticar o consumismo de produtos industrializados.

Na Pop Art as imagens têm cores muito vibrantes, que chamam a atenção de todos os públicos. Alguns

desenhos têm poucos detalhes e, as vezes muitos detalhes.

Para fazer Pop Art, usamos serigrafia, desenhos em aquarela, pinturas, etc.

Os principais artistas da Pop Art foram: Andy Warhol, Peter Blake, Roy Lichtenstein e no Brasil Ziraldo,

Romero Britto e ... eles pintaram desenhos de pessoas famosas, produtos, personagens de filmes e super-heróis,

releituras de quadros conhecidos e histórias em quadrinhos. Alguns também escreveram livros sobre a Pop Art.

Estudando a Pop Art podemos aprender sobre essa arte tão importante que pouca gente conhece, para poder

ensinar a outras pessoas.

Ao chegarmos no momento de apreciação artística das obras da Pop Art, lembramos

das palavras de PILLAR (2009, p. 15) nos dizendo que

ler uma obra seria, então, perceber, compreender, interpretar a trama de cores, texturas,

volumes, formas, linhas que constituem uma imagem. Perceber objetivamente os

elementos presentes na imagem, sua temática, sua estrutura. No entanto, tal imagem foi

produzida por um sujeito num determinado contexto, numa determinada época, segundo

sua visão de mundo

Escolhemos, então, as obras de Andy Warhol, por ser um dos artistas mais importante

do movimento. Ele utilizava em suas obras os conceitos da publicidade, fazendo uso de cores

fortes e brilhantes. Warhol também se utilizou da serigrafia reproduzindo as latas de sopa

Campbell e a garrafa de Coca-Cola, além de rostos de figuras conhecidas como Marilyn

Monroe, Pelé, Michael Jackson, John Lennon, entre outros.

Com a apreciação das obras de Andy Warhol, principalmente das suas obras que

retratam o rosto de famosos, propomos as crianças uma atividade de produção, que consistiu

na escolha de artistas do seu universo cultural.

Em seguida, fizemos uma busca junto com as crianças em sites, a fim de encontrar

imagens dos artistas escolhidos. Essas imagens foram impressas em papel peso 40 e, na

sequência, pintaram a imagem com cores, inspirados nas produções de Warhol.

A produção de arte faz a criança pensar inteligentemente acerca da criação de imagens

visuais, mas somente a produção não é suficiente para a leitura e o julgamento de qualidade

das imagens produzidas por artistas ou do mundo cotidiano que nos cerca (BARBOSA, 2007,

p.34).

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Criança pintando o seu artista escolhido

Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores

Os estudos sobre a Pop Art nos levaram a construir um olhar mais critico,

especialmente no que diz respeito ao consumismo, aspecto largamente criticado pelo referido

movimento. Conforme pondera BARBOSA, (2005, p. 142) “contextualizar a obra de arte, não

é só contar a história da vida do artista que fez a obra, mas também estabelecer relações dessa

ou dessas obras com o mundo ao redor, é pensar sobre a obra de arte de forma mais ampla”.

Em nossas discussões sobre o conceito de consumismo e as suas relações com a Pop

Art, as crianças lançaram alguns apontamentos que convém explicitá-los abaixo:

Criança 1 - Minha mãe é muito consumista, vive comprando!

Criança 2 - Eu tenho uma tia assim!

Depois dessa rica discussão, as crianças levaram para casa uma atividade

onde eles puderam pesquisar os produtos que mais consumiam. Após essa

atividade realizada em casa, eles puderam em sala escolher um desses produtos e

reproduzi-lo em sala. Segundo BARBOSA (2007, p. 39),

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a metodologia de análise deve ser de escolha do professor e do fruidor, o importante é

que obras de arte sejam analisadas para que se aprenda a ler a imagem e avalia-la; esta

leitura é enriquecida pela informação acerca do contexto histórico, social, antropológico

etc.

Momento de produção de produto mais consumido pela criança

Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores

Após esse momento pudemos construir um texto coletivo que pudesse sintetizar o que

aprendemos sobre a Pop Art e o consumismo.

POP ART E CONSUMISMO

A Pop Art é uma técnica popular que faz uma crítica ao consumismo, que é os produtos que as pessoas compram.

A Pop Art é um movimento artístico.

Nossa turma levou uma atividade para casa, que era para colar coisas que a gente consumia em casa.

Em sala nós desenhamos produtos consumidos no papel canson, e depois pintamos com aquarela. Depois nós

pintamos pessoas famosas da Pop Art.

Na Pop Art alguns desenhos têm poucos detalhes, e alguns muitos detalhes. Para fazer a Pop Art usamos a

serigrafia, desenhos em aquarela e pinturas.

Na Pop Art usamos cores fortes pintamos pessoas famosas e produtos industrializados.

Para fazer a Pop Art primeiro pega a foto de pessoas famosas e tintas de cores fortes e começa a pintar, utilizando

pincéis.

Uma outra atividade desenvolvida e que nos aprofundamos mais foi a serigrafia.

Escolhemos essa técnica de estampar por fazer parte desse movimento artístico e por ter sido

muito usada por Andy Warhol. Com essa técnica as crianças poderiam produzir desenhos que

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se tornariam estampas para serem impressas em papeis, camisas etc. Para essa atividade

iniciamos uma aula expositiva trazendo informações sobre a serigrafia (o que é, onde surgiu,

como era usada a serigrafia na Pop Art etc.), após esse momento assistimos a um vídeo que

mostrava como fazer uma estampa de serigrafia. Depois, organizamos a turma em grupos e

cada um deles pode elaborar um desenho que seria utilizado para estampar. Nós professores

levamos os desenhos a uma serigrafia que os colocaram na tela de madeira, própria para uso

dessa técnica.

Produção da arte (desenho) para a serigrafia

Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores

Aplicando técnica de serigrafia

Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores

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Dessa atividade sobre a serigrafia, ao final as crianças produziram o seguinte texto:

SERIGRAFIA NA POP ART

A serigrafia é uma técnica da Pop Art que usa um desenho.

Serigrafia significa imprimir um desenho em camiseta, papeis, etc.

Nessa técnica utilizamos uma tela, um desenho, tinta e um rodo.

Para conhecermos melhor a serigrafia, assistimos um vídeo de uma mulher que mostra como fazer essa

técnica da Pop Art.

1º) faz um desenho no papel;

2º) depois pega o desenho e leva numa gráfica para imprimir na tela própria para serigrafia;

3º) em seguida, escolhe uma tinta de cor forte e coloca a folha de ofício embaixo da tela;

4º) despeja um pouco de tinta no começo da tela;

5º) Puxa a tinta e empurra com o rodo;

6º) tira o papel debaixo da tela e deixa secar e está pronta a sua serigrafia!

Trouxemos as telas para sala e as crianças trouxeram camisas para estampar a imagem

que desejassem. O trabalho desenvolvido sobre a Pop Art culminou com a produção de uma

oficina para a II Mostra Cultural do NEI. As crianças puderam aplicar o conhecimento que

aprenderam sobre esse movimento neste evento que contou com a participação de escolas

públicas de nosso município. Com as crianças organizamos a oficina que contemplou tudo

que estudamos sobre a Pop Art.

Oficina sobre a Pop Art na Mostra Cultural da escola

Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre o movimento artístico da Pop Art foi muito significativo e atrativo para

as crianças. As relações estabelecidas entre o Tema de Pesquisa sobre os Estados Unidos e a

Pop Art no ensino da arte mostraram como é possível uma articulação com as demais áreas de

conhecimento. Lembramos que um tema de pesquisa se caracteriza por permitir gerar

questionamentos, como buscar um aprofundamento maior por meio da pesquisa e dessa forma

o diálogo se faz presente. Foi isso que fizemos ao dialogar com esse movimento artístico,

trazendo o fazer, a contextualização e a leitura presentes na abordagem triangular proposta

por Ana Mae Barbosa.

Acreditamos ter atingido nossos objetivos ao longo desse estudo. O resultado desse

trabalho foi muito positivo pelas informações que foram socializadas. Percebemos as crianças

mais entrosadas, mais participativas compartilhando ideias e experiências acerca desse

movimento artístico, permitindo a abertura para novos questionamentos e novas

aprendizagens:

[...] a possibilidade de formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar

soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, interpretações e concepções de

mundo, confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos, e de

relacionar seus conhecimentos e ideias a contextos mais amplos, que a criança poderá

construir conhecimentos cada vez mais elaborados (BRASIL, 2001, p. 172)

Encerramos este estudo, com a certeza de que facilitamos a construção de muitas

aprendizagens. Acreditamos ter respondido as dúvidas e anseios das crianças com relação a

Pop Art. Consideramos que cada criança participou e avançou no seu processo de

aprendizagem, sendo respeitados o seu ritmo e seu tempo.

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REFERÊNCIAS

BARBOSA Bastos, Ana Amália; Releitura, citação, apropriação ou o quê? Capítulo 5 – Arte/Educação

Contemporânea; Ana Mae Barbosa. Cortez- SP, 2005

BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da arte. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.

BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 2007.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001. vol.

3.

PILLAR, Analice Dutra (Org.) A educação do olhar no ensino das artes. 5ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2009.

RÊGO, Maria Carmem. O currículo em movimento. Faça e Conte – Ano 2, nº 2 v. 2. Natal, 1999.7

RESUMO

O artigo em foco mostra experiência no campo da Arte Educação, tendo como mote o estudo da Pop

Art com crianças do 2º ano do Ensino Fundamental, com idades entre 8 e 9 anos. Apresenta como

contexto uma investigação sobre os Estados Unidos da América, abordado em diferentes aspectos.

Utiliza, como aporte teórico-metodológico, a abordagem triangular sistematizada por Barbosa (2007),

prevendo momentos de contextualização, de apreciação e de fazer artístico. Propõe estratégias

didático-pedagógicas que auxiliam no desvelamento da proposta em evidencia, personificada em

diferentes atividades, a saber: exposições dialogadas sobre o assunto em pauta; pesquisa em

diferentes fontes; escolha de artistas para colorir com cores fortes; desenhos de produtos mais

consumidos pela turma, com inspiração no design da Pop Art; produção de textos individuais e

coletivos; estudo sistemático da técnica da serigrafia; produção de desenhos para a serigrafia;

experimentação do uso de suportes de serigrafia para estampar camisetas e papéis; organização de

oficinas sobre a Pop Art para a comunidade. Percebe a ampliação do repertório artístico das crianças

envolvidas, compreendendo de que forma esse movimento influenciou os artistas brasileiros.

Reconhece o papel desempenhado pela arte na infância como oportunidade para educar o olhar,

posicionando-se com maior sensibilidade e criatividade no mundo.

Palavras-chave: Pop Art, Abordagem Triangular, Arte e Educação da Infância