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IMAGENS COM CORES VIBRANTES:
Um estudo da pop art
nos primeiros anos do ensino fundamental
Patrícia Lúcia Galvão da Costa
Núcleo de Educação da Infância – NEI/CAp/UFRN
Sandro da Silva Cordeiro (UFRN)
Núcleo de Educação da Infância – NEI/CAp/UFRN
INTRODUÇÃO
O título do artigo faz menção à fala de uma criança durante o processo de construção
de texto coletivo relacionado ao assunto em discussão: a Pop Art e suas cores chamativas,
utilizadas propositadamente para chamar a atenção de seus apreciadores. Ao descrever um
aspecto importante da estética da Pop Art, a criança demonstra apropriação dos elementos que
constituem esse movimento artístico, ampliando seu repertório de conhecimentos a respeito
da arte enquanto forma de expressão de ideias, pensamentos e concepções.
Ao participarem de situações significativas envolvendo as linguagens artísticas, as
crianças têm a oportunidade de apurar suas visões de mundo, relacionando os novos saberes
aos já edificados em suas interações com o meio circundante, ressignificando as formas de ser
e estar no mundo. Acredita-se que a arte emancipa o olhar, permitindo que as diversas formas
de expressão humana sejam concebidas sob diferentes perspectivas.
Considerando tais entendimentos, o presente artigo pretende expor experiência no
ensino de arte desenvolvida com crianças do 2º ano do Ensino Fundamental, no Núcleo de
Educação da Infância, Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
Para efeito de organização, o texto segue a seguinte estrutura. Em primeiro lugar,
faremos uma caracterização das crianças participantes da experiência, mostrando alguns
atributos e interesses desse grupo. Em seguida, faremos uma explanação acerca do contexto
de estudo da Pop Art, apresentando as principais estratégias didático-pedagógicas
empregadas. Por fim, tecemos algumas considerações finais a respeito do trabalho
desenvolvido, destacando a relevância das experiências artísticas na infância.
CONHECENDO AS CRIANÇAS
A turma na qual desenvolvemos o trabalho é composta por vinte e uma crianças, sendo
nove meninas e doze meninos na faixa etária entre sete e oito anos de idade. Desse grupo,
uma criança faz parte do público alvo da Educação Especial, apresentando a Síndrome de
Cruzon. É comum em crianças dessa faixa etária algumas características marcantes. De modo
geral, apresentam maior autonomia frente às demandas escolares, aliada ao senso de
responsabilidade. Sua capacidade de representação sobre o mundo circundante encontra-se
mais aguçada e aprimorada, utilizando-se de diferentes linguagens para o registro da
realidade.
O pensamento lógico encontra-se interiorizado, o que permite maior flexibilidade
diante das situações problema. O pensamento espacial está em fase de consolidação,
assegurando a possibilidade de transitar entre diferentes contextos, muitas vezes distantes do
seu convívio local. O senso de justiça começa a fazer sentido, a medida que as situações do
cotidiano impõem uma postura diante de questões envolvendo a ética. A autocrítica está cada
vez mais presente, de modo que é possível encontrarmos no discurso das crianças o
reconhecimento das suas limitações, das suas atitudes, ou mesmo da necessidade de
aprimoramento das atividades escolares.
De acordo com os postulados piagetianos, as crianças do 2º ano encontram-se no
estágio das operações concretas, que se inicia aos 7 anos e se estende até aproximadamente os
12 anos de idade. Nessa fase, as crianças conseguem coordenar pontos de vista diferentes,
pois abandonaram o pensamento egocêntrico e conseguem estabelecer e coordenar diferentes
relações. A capacidade de realizar operações mentais também aparece nessa fase, não
requerendo os objetos para apoiar as suas construções mentais (PIAGET, 1985).
A partir das diversas oportunidades oferecidas, as crianças acabam demonstrando
interesse por várias atividades: jogos de regras, coleção de objetos, esportes em geral,
instrumentos musicais, livros diversos, utensílios e objetos voltados para a beleza
(maquiagens e esmaltes) e, mais recentemente, equipamentos eletrônicos (smartphones e
tablets).
Nas relações interpessoais, fazem opção por colegas que apresentam interesses em
comum (afinidades). Conseguem entender os sentimentos alheios e, também, percebem como
o diálogo pode ajudar na resolução dos conflitos.
Há uma curiosidade latente em relação ao próprio corpo, comparando com o corpo do
outro, na tentativa de perceber as semelhanças e as diferenças existentes.
Nas interações com o grupo familiar, os pais exercem forte influência, sendo por
excelência os adultos de referência. Por isso, é comum ouvirmos a reprodução do discurso
desses adultos, seja verbalmente ou por intermédio de atitudes. Isso ajuda na construção da
personalidade e das preferências.
Em cada fase da vida, os sujeitos apresentam formas diferenciadas de organização
mental, o que se reflete na ação destes no contanto com a realidade (COLL, GILLIÈRON, 7
1987). Compreender tais características, sem necessariamente considerá-las de forma rígida e
imutável, auxilia no entendimento do universo infantil, permitindo que nossas crianças
desenvolvam as habilidades almejadas pela escola.
ESTUDO DA POP ART: CONTEXTO E ATIVIDADES REALIZADAS
O trabalho aqui apresentado insere-se num contexto mais amplo. De acordo com a
prática desenvolvida no NEI/CAp/UFRN, escolhemos o Tema de Pesquisa da turma: Estados
Unidos da América. A escolha por esse país, partiu do desejo e interesse das próprias
crianças. No início de cada ano letivo, é comum em nossa proposta pedagógica consultarmos
as crianças sobre o que elas querem estudar. Mediante o uso de diferentes estratégias (debate
de temas; escritura de fichas com informações a serem socializadas e, depois, votadas;
enquetes etc.) que permitem a criança refletir sobre assuntos a serem investigados, a turma
elege um tema a ser pesquisado.
O tema mais votado é o escolhido para ser trabalhado por um determinado período,
que pode variar de um trimestre a um ano, dependendo das questões lançadas e do interesse
do grupo em continuar investigando a temática eleita.
As questões lançadas pelas crianças permitem a articulação do tema com diferentes
áreas do conhecimento, possibilitando um trabalho interdisciplinar com diferentes campos do
saber e a vivência de práticas diversas. Com isso, essa temática contribuiu para o atendimento
das necessidades de uma turma de 2º ano, em processo de consolidação das convenções da
Língua Portuguesa, assim como para o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo das
crianças.
Em se tratando da metodologia empregada no NEI, recorremos ao Tema de Pesquisa
que segundo Rêgo (1999, p. 65) o conceitua como
um assunto que gere questionamentos, necessidade de ir em busca de uma
aprofundamento maior, possibilitando dessa forma o diálogo; - que contribua para uma
visão mais ampla da realidade onde o indivíduo está inserido, favorecendo um melhor
entendimento do mundo em que vive; - unifique, aglutine conceitos de outras áreas do
conhecimento, com a perspectiva de articular-se com outros conhecimentos, podendo
ser ampliando para outros temas; - envolva um componente afetivo do grupo, para ser
significativo, ou seja, que todo o grupo esteja curioso e interessado em saber
mais/investigar aquele determinado assunto.
O Tema de Pesquisa (RÊGO, 1999), é sustentado por três momentos inter-
relacionados: estudo da realidade (ER), organização do conhecimento (OC) e aplicação do
conhecimento (AC). O registro gráfico do tema de pesquisa é realizado mediante a construção
de redes temáticas, o que permite a visualização dos eixos de trabalho a serem desenvolvidos,
organizados a partir das falas das crianças.
Nesse trabalho, privilegiamos como foco de descrição e análise o trabalho
desenvolvido em Artes. Na área de Artes, exploramos as Artes Visuais, com vistas ao
desenvolvimento das habilidades de apreciação e de expressão artística, vinculados as
possibilidades trazidas pelo tema de pesquisa do trimestre – Estados Unidos da América.
Assim, realizamos atividades como: construção de retratos dos colegas da sala, tendo
como suporte imagens fotográficas dos mesmos; representação das ideias prévias sobre o
tema de pesquisa; construção da linha de tempo, por meio da apreciação de imagens relativas
a colonização norte americana; apreciação e releitura de diferentes obras do artista inglês John
White, retratando o cenário colonial dos E.U.A.; estudo sistemático da Pop Art, como
representação das artes visuais no país em discussão. Para PILLAR e VIEIRA, 1992, p. 9).
A leitura da imagem, nesta proposta de ensino da arte, desenvolve as habilidades de ver,
julgar e interpretar as qualidades das obras, compreendendo os elementos e as relações
estabelecidas no todo do trabalho. [...] Ler uma imagem é saboreá-la em seus diversos
significados, criando distintas interpretações, prazerosamente.
Nessas atividades, utilizamos como aportes teóricos os enunciados da Abordagem
Triangular para o ensino de Artes e da Cultura Visual, proposto por Barbosa (1998; 2007),
contemplando a existência de três ações complementares: ler, contextualizar e fazer.
No resgate histórico empreendido por Jalles (2011), fica constatado que a Arte esteve
presente na proposta do NEI desde o início desta instituição de ensino, preocupada com o
processo de criação, entendido como elemento subjetivo e, ao mesmo tempo, individual. A
criatividade, percebida como criação do novo, enfatizando aspectos como originalidade,
flexibilidade, fluência e iniciativa das crianças. Nesse entendimento, estão presentes de forma
latente o respeito ao nível de desenvolvimento das crianças e a consideração das experiências
construídas anteriormente por elas. Trata-se de uma prática que fornece meios de acesso à arte
existente e que aproxima os alunos do legado cultural e artístico da humanidade (JALLES,
2011).
O trabalho com a Pop Art teve início quando buscávamos um movimento artístico que
fizesse relação com o nosso Tema de Pesquisa – Estados Unidos da América. Descobrimos
que a Pop Art surgiu na década de 1950 na Inglaterra e que teve seu ápice nos Estados Unidos
na década de 1960, além de ser um movimento que possui características fortes, próprias e
que por muitos é considerado um marco da cultura moderna para a pós-moderna no que se
refere a cultura ocidental. Escolhido o movimento artístico, partimos para o trabalho com essa
arte.
A primeira atividade desenvolvida com as crianças foi uma exposição dialogada sobre
esse movimento artístico. Trouxemos informações sobre a origem da Pop Art, suas
características, principais artistas e obras. Conhecer a história da Pop Art, seus representantes
e obras produzidas, dentre outras informações, torna-se fundamental para que a criança
conheça o movimento em questão com mais propriedade, perceba as mudanças e
permanências e compreenda que a arte, como manifestação humana, é dinâmica e dialética em
sua essência.
A História da Arte e da Cultura deve ser algo vivo e ágil, onde o importante não é um
estudo cronológico, mas uma perspectiva inter-relacionada com as produções artísticas,
com os conceitos estéticos das diferentes épocas e com o próprio meio social em que
determinada expressão artística se dá. (OSINSKI, 2002, p. 110).
De modo prático, conhecer a história da Pop Art permitiu que as crianças pudessem
estabelecer relações desse movimento artístico com outras referências já estudadas,
possibilitando a construção de diferentes conjecturas, percebidas principalmente nos
momentos de discussão coletiva, de produções textuais e de releituras.
Após conhecermos esse movimento, por meio de discussões mediadas pelo uso de
slides, as crianças produziram um texto coletivo que sintetizava o que aprenderam sobre a
Pop Art.
CONHECENDO A POP ART COM O 2º ANO
A Pop Art é um movimento artístico que pensa sobre a arte. Pop Art quer dizer “arte popular”. Ela surgiu na
Inglaterra em 1960, mas nos Estados Unidos da América ficou mais forte.
Ela serve para criticar o consumismo de produtos industrializados.
Na Pop Art as imagens têm cores muito vibrantes, que chamam a atenção de todos os públicos. Alguns
desenhos têm poucos detalhes e, as vezes muitos detalhes.
Para fazer Pop Art, usamos serigrafia, desenhos em aquarela, pinturas, etc.
Os principais artistas da Pop Art foram: Andy Warhol, Peter Blake, Roy Lichtenstein e no Brasil Ziraldo,
Romero Britto e ... eles pintaram desenhos de pessoas famosas, produtos, personagens de filmes e super-heróis,
releituras de quadros conhecidos e histórias em quadrinhos. Alguns também escreveram livros sobre a Pop Art.
Estudando a Pop Art podemos aprender sobre essa arte tão importante que pouca gente conhece, para poder
ensinar a outras pessoas.
Ao chegarmos no momento de apreciação artística das obras da Pop Art, lembramos
das palavras de PILLAR (2009, p. 15) nos dizendo que
ler uma obra seria, então, perceber, compreender, interpretar a trama de cores, texturas,
volumes, formas, linhas que constituem uma imagem. Perceber objetivamente os
elementos presentes na imagem, sua temática, sua estrutura. No entanto, tal imagem foi
produzida por um sujeito num determinado contexto, numa determinada época, segundo
sua visão de mundo
Escolhemos, então, as obras de Andy Warhol, por ser um dos artistas mais importante
do movimento. Ele utilizava em suas obras os conceitos da publicidade, fazendo uso de cores
fortes e brilhantes. Warhol também se utilizou da serigrafia reproduzindo as latas de sopa
Campbell e a garrafa de Coca-Cola, além de rostos de figuras conhecidas como Marilyn
Monroe, Pelé, Michael Jackson, John Lennon, entre outros.
Com a apreciação das obras de Andy Warhol, principalmente das suas obras que
retratam o rosto de famosos, propomos as crianças uma atividade de produção, que consistiu
na escolha de artistas do seu universo cultural.
Em seguida, fizemos uma busca junto com as crianças em sites, a fim de encontrar
imagens dos artistas escolhidos. Essas imagens foram impressas em papel peso 40 e, na
sequência, pintaram a imagem com cores, inspirados nas produções de Warhol.
A produção de arte faz a criança pensar inteligentemente acerca da criação de imagens
visuais, mas somente a produção não é suficiente para a leitura e o julgamento de qualidade
das imagens produzidas por artistas ou do mundo cotidiano que nos cerca (BARBOSA, 2007,
p.34).
Criança pintando o seu artista escolhido
Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores
Os estudos sobre a Pop Art nos levaram a construir um olhar mais critico,
especialmente no que diz respeito ao consumismo, aspecto largamente criticado pelo referido
movimento. Conforme pondera BARBOSA, (2005, p. 142) “contextualizar a obra de arte, não
é só contar a história da vida do artista que fez a obra, mas também estabelecer relações dessa
ou dessas obras com o mundo ao redor, é pensar sobre a obra de arte de forma mais ampla”.
Em nossas discussões sobre o conceito de consumismo e as suas relações com a Pop
Art, as crianças lançaram alguns apontamentos que convém explicitá-los abaixo:
Criança 1 - Minha mãe é muito consumista, vive comprando!
Criança 2 - Eu tenho uma tia assim!
Depois dessa rica discussão, as crianças levaram para casa uma atividade
onde eles puderam pesquisar os produtos que mais consumiam. Após essa
atividade realizada em casa, eles puderam em sala escolher um desses produtos e
reproduzi-lo em sala. Segundo BARBOSA (2007, p. 39),
a metodologia de análise deve ser de escolha do professor e do fruidor, o importante é
que obras de arte sejam analisadas para que se aprenda a ler a imagem e avalia-la; esta
leitura é enriquecida pela informação acerca do contexto histórico, social, antropológico
etc.
Momento de produção de produto mais consumido pela criança
Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores
Após esse momento pudemos construir um texto coletivo que pudesse sintetizar o que
aprendemos sobre a Pop Art e o consumismo.
POP ART E CONSUMISMO
A Pop Art é uma técnica popular que faz uma crítica ao consumismo, que é os produtos que as pessoas compram.
A Pop Art é um movimento artístico.
Nossa turma levou uma atividade para casa, que era para colar coisas que a gente consumia em casa.
Em sala nós desenhamos produtos consumidos no papel canson, e depois pintamos com aquarela. Depois nós
pintamos pessoas famosas da Pop Art.
Na Pop Art alguns desenhos têm poucos detalhes, e alguns muitos detalhes. Para fazer a Pop Art usamos a
serigrafia, desenhos em aquarela e pinturas.
Na Pop Art usamos cores fortes pintamos pessoas famosas e produtos industrializados.
Para fazer a Pop Art primeiro pega a foto de pessoas famosas e tintas de cores fortes e começa a pintar, utilizando
pincéis.
Uma outra atividade desenvolvida e que nos aprofundamos mais foi a serigrafia.
Escolhemos essa técnica de estampar por fazer parte desse movimento artístico e por ter sido
muito usada por Andy Warhol. Com essa técnica as crianças poderiam produzir desenhos que
se tornariam estampas para serem impressas em papeis, camisas etc. Para essa atividade
iniciamos uma aula expositiva trazendo informações sobre a serigrafia (o que é, onde surgiu,
como era usada a serigrafia na Pop Art etc.), após esse momento assistimos a um vídeo que
mostrava como fazer uma estampa de serigrafia. Depois, organizamos a turma em grupos e
cada um deles pode elaborar um desenho que seria utilizado para estampar. Nós professores
levamos os desenhos a uma serigrafia que os colocaram na tela de madeira, própria para uso
dessa técnica.
Produção da arte (desenho) para a serigrafia
Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores
Aplicando técnica de serigrafia
Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores
Dessa atividade sobre a serigrafia, ao final as crianças produziram o seguinte texto:
SERIGRAFIA NA POP ART
A serigrafia é uma técnica da Pop Art que usa um desenho.
Serigrafia significa imprimir um desenho em camiseta, papeis, etc.
Nessa técnica utilizamos uma tela, um desenho, tinta e um rodo.
Para conhecermos melhor a serigrafia, assistimos um vídeo de uma mulher que mostra como fazer essa
técnica da Pop Art.
1º) faz um desenho no papel;
2º) depois pega o desenho e leva numa gráfica para imprimir na tela própria para serigrafia;
3º) em seguida, escolhe uma tinta de cor forte e coloca a folha de ofício embaixo da tela;
4º) despeja um pouco de tinta no começo da tela;
5º) Puxa a tinta e empurra com o rodo;
6º) tira o papel debaixo da tela e deixa secar e está pronta a sua serigrafia!
Trouxemos as telas para sala e as crianças trouxeram camisas para estampar a imagem
que desejassem. O trabalho desenvolvido sobre a Pop Art culminou com a produção de uma
oficina para a II Mostra Cultural do NEI. As crianças puderam aplicar o conhecimento que
aprenderam sobre esse movimento neste evento que contou com a participação de escolas
públicas de nosso município. Com as crianças organizamos a oficina que contemplou tudo
que estudamos sobre a Pop Art.
Oficina sobre a Pop Art na Mostra Cultural da escola
Fonte da imagem: Arquivo pessoal dos professores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo sobre o movimento artístico da Pop Art foi muito significativo e atrativo para
as crianças. As relações estabelecidas entre o Tema de Pesquisa sobre os Estados Unidos e a
Pop Art no ensino da arte mostraram como é possível uma articulação com as demais áreas de
conhecimento. Lembramos que um tema de pesquisa se caracteriza por permitir gerar
questionamentos, como buscar um aprofundamento maior por meio da pesquisa e dessa forma
o diálogo se faz presente. Foi isso que fizemos ao dialogar com esse movimento artístico,
trazendo o fazer, a contextualização e a leitura presentes na abordagem triangular proposta
por Ana Mae Barbosa.
Acreditamos ter atingido nossos objetivos ao longo desse estudo. O resultado desse
trabalho foi muito positivo pelas informações que foram socializadas. Percebemos as crianças
mais entrosadas, mais participativas compartilhando ideias e experiências acerca desse
movimento artístico, permitindo a abertura para novos questionamentos e novas
aprendizagens:
[...] a possibilidade de formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar
soluções, formular explicações, expressar suas opiniões, interpretações e concepções de
mundo, confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos, e de
relacionar seus conhecimentos e ideias a contextos mais amplos, que a criança poderá
construir conhecimentos cada vez mais elaborados (BRASIL, 2001, p. 172)
Encerramos este estudo, com a certeza de que facilitamos a construção de muitas
aprendizagens. Acreditamos ter respondido as dúvidas e anseios das crianças com relação a
Pop Art. Consideramos que cada criança participou e avançou no seu processo de
aprendizagem, sendo respeitados o seu ritmo e seu tempo.
REFERÊNCIAS
BARBOSA Bastos, Ana Amália; Releitura, citação, apropriação ou o quê? Capítulo 5 – Arte/Educação
Contemporânea; Ana Mae Barbosa. Cortez- SP, 2005
BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da arte. 6.ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001. vol.
3.
PILLAR, Analice Dutra (Org.) A educação do olhar no ensino das artes. 5ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2009.
RÊGO, Maria Carmem. O currículo em movimento. Faça e Conte – Ano 2, nº 2 v. 2. Natal, 1999.7
RESUMO
O artigo em foco mostra experiência no campo da Arte Educação, tendo como mote o estudo da Pop
Art com crianças do 2º ano do Ensino Fundamental, com idades entre 8 e 9 anos. Apresenta como
contexto uma investigação sobre os Estados Unidos da América, abordado em diferentes aspectos.
Utiliza, como aporte teórico-metodológico, a abordagem triangular sistematizada por Barbosa (2007),
prevendo momentos de contextualização, de apreciação e de fazer artístico. Propõe estratégias
didático-pedagógicas que auxiliam no desvelamento da proposta em evidencia, personificada em
diferentes atividades, a saber: exposições dialogadas sobre o assunto em pauta; pesquisa em
diferentes fontes; escolha de artistas para colorir com cores fortes; desenhos de produtos mais
consumidos pela turma, com inspiração no design da Pop Art; produção de textos individuais e
coletivos; estudo sistemático da técnica da serigrafia; produção de desenhos para a serigrafia;
experimentação do uso de suportes de serigrafia para estampar camisetas e papéis; organização de
oficinas sobre a Pop Art para a comunidade. Percebe a ampliação do repertório artístico das crianças
envolvidas, compreendendo de que forma esse movimento influenciou os artistas brasileiros.
Reconhece o papel desempenhado pela arte na infância como oportunidade para educar o olhar,
posicionando-se com maior sensibilidade e criatividade no mundo.
Palavras-chave: Pop Art, Abordagem Triangular, Arte e Educação da Infância