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Impactes na biodiversidade A biodiversidade Biodiversidade é a variabilidade entre os organismos vivos de todas as fontes, inter alia, meio terrestre, meio marinho, e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que esses organismos fazem parte; isto inclui a diversidade dentro de cada espécie, entre espécies e entre ecossistemas (Nações Unidas 1992: Artigo 2).

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Impactes na biodiversidade

A biodiversidadeBiodiversidade é a variabilidade entre osorganismos vivos de todas as fontes, inter alia, meio terrestre, meio marinho, e outrosecossistemas aquáticos e os complexosecológicos de que esses organismos fazemparte; isto inclui a diversidade dentro de cadaespécie, entre espécies e entre ecossistemas (Nações Unidas 1992: Artigo 2).

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Os diferentes níveis da biodiversidade

Ecossistemas

Espécies

Populações

Genes

A biodiversidade por grupos taxonómicos

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Porque é que a biodiversidade é importante:

os serviços dos ecossistemasBiodiversidadeBiodiversidade

RegulaçãoBenefícios obtidos da

regulação dos processos de ecossistema

• regulação do clima• regulação de doenças• regulação de cheias

• destoxificação

ProduçãoBens produzidos ou

aprovisionados pelosecossistemas

• alimento• água doce

• lenha• fibra

• bioquímicos• recursos genéticos

CulturaisBenefícios não

materiais obtidos dos ecossistemas

• espiritual• recreativo• estético

• inspiração• educativo• simbólico

SuporteServiços necessários para a produção de todos os outros serviços

• Formação do solo• Ciclos dos nutrientes

• Produtividade primária

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Importância dos diferentes níveis da biodiversidade

O problema da perda de biodiversidade

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O que causa a perda de biodiversidade

Uso do solo no ano 2000

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E os rios também estão fragmentados

Definições e Conceitos

• Ecossistema– é um complexo dinâmico de comunidades de

plantas, animais, e microorganismos e o seu ambiente não vivo que interagem como uma unidade funcional

• Habitat– É uma área ocupada por e que suporta

organismos vivos. Também utilizado para definir os requisitos ambientais de uma espécie em particular.

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Áreas vitaisCada indivíduo de uma população necessita de uma determinada área para se alimentar e reproduzir- área vital. Este espaço compreende zonas de reprodução e alimentação, muitas vezes ocupadas exclusivamente por um indivíduo (A) ou um casal (por vezes em vez de um casal este espaço é compartilhado por um macho e várias fêmeas) (B) e menos frequentemente por um grupo de indivíduos com coesão social (C).

A

B

C

Área vital - machosÁrea vital - fêmeas

O lobo (Canis lupus) é um carnívoro social que partilha o seu território com outros do mesmo grupo.

À excepção do período reprodutor as toupeiras (Talpa occidentalis)apresentam territórios exclusivos.

As genetas (Genetta genetta)excluem do seu território os indivíduos adultos do mesmo sexo.

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É importante não confundir área-vital com território. Este último termo deve ser utilizado apenas quando um indivíduo defende, activamente, a sua área-vital, quer poros recursos serem escassos quer para assegurar a reprodução, ou ambos. Dependendo das espécies, a localização dos territórios pode manter-se ao longo do tempo ou variar sazonalmente (consoante a disponibilidade de alimento, época de reprodução, etc).

Territórios

Existem espécies que, embora sendo territoriais a maior parte do ano, na altura da reprodução alteram este comportamento (por exemplo o sistema arena – “Lek”).

As manadas de veados (na foto Cervus nippon na República--Checa) apresentam um sistema arena na altura da reprodução, tendo os machos mini-territóriosde 10 metros de diâmetro.

A águia-calçada(Hieraaetus pennatus) é uma ave de rapina monogâmica e territorial, visitante estival da Europa, que passa o Inverno na África subsaariana.

O sistema territorial do visão-americano(Mustela vison) durante a época da reprodução dilui-se e os machos vagueiam em busca do maior número possível de fêmeas.

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Teias tróficasTodos os organismos precisam de obter energia e nutrientes para viverem. Existem seres vivos capazes de sintetizar compostos orgânicos a partir de moléculas simples, utilizando energia solar (plantas), ou energia obtida a partir de compostos inorgânicos (vários grupos de bactérias) – produtores ou autotróficos. Todos os outros seres são consumidores ou heterotróficos, obtendo directa ou indirectamente compostos orgânicos a partir dos autotróficos. Entre os heterotróficos podemos distinguir os consumidores primários, que se alimentam de plantas, os secundários, que se alimentam de outros animais, e os decompositores que se alimentam de matéria orgânica morta. Todos estes organismos ocupam uma determinada posição – nível trófico – na cadeia trófica ou alimentar (sequência de organismos que se alimentam uns dos outros). As cadeias alimentares inter-relacionam-se, entrelaçando-se, originando redes tróficas ou teias alimentares.Cadeia alimentar com

4 níveis tróficos.

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Produtor

Consumidor primário

Consumidor primário

Consumidor secundário

Consumidor secundário

Consumidor secundário

Sucessão ecológica

As comunidades não são estáticas, mesmo que nos pareçam assim quando vistas à nossa escala de tempo. Estes processos de mudança podem ser agrupados de acordo com o tipo de alteração e intervalo de tempo em que ocorrem: • flutuações e ritmos - alterações não direccionais que se sucedem mais ou menos continuamente em unidades temporais como o dia ou ano;• sucessão - transformações do tipo tendencial ou direccional, que ocorrem em intervalos de tempo de alguns anos a vários séculos e se sucedem a partir de um processo de colonização.

Os liquenes são os primeiros seres vivos a colonizar uma rocha nua – espécies pioneiras numa sucessão primária.

Independentemente da sua origem, o fogo desencadeia, nas áreas que atinge, um processo de sucessão secundária.

As sucessões que dizem respeito à colonização de um local onde anteriormente não existia vida (ex: rochas postas a núpelo retrocesso de um glaciar) denominam-se sucessões primárias. No entanto, a maioria das sucessões que são observáveis são sucessões secundárias; estas correspondem à colonização de um local onde anteriormente já teria existido uma comunidade (ex. campos abandonados pelos agricultores e zonas destruídas pelo fogo). É ainda possível que uma sucessão se repita num intervalo de tempo mais ou menos longo, por sofrer ciclicamente um processo que a faz retornar à fase de colonização - sucessão cíclica (ex: ilhas com vulcões não extintos).

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Diagrama de Sucessões ecológicas

Estádio pioneiro –corresponde ao estabelecimento de organismos invasores (espécies pioneiras) que à medida que crescem e se desenvolvem favorecem a fixação de outras espécies.

1Estádio intermédio –caracterizado pela presença de espécies mais exigentes em relação aos factores ambientais, que colonizam o ambiente modificado pelas comunidades anteriores.

2Subclimax –estádio estruturalmente mais complexo que precede a fase climax.

3 Climax –Estádio final de uma sucessão, em que as comunidades estão em equilíbrio dinâmico com o ambiente.

4

3

Evolução de um sistema dunar. Devido ao movimento constante das dunas através da acção do vento, o estádio climax(4) nunca é atingido.

2b1 2aSucessão secundária

Estádiopioneiro

Estádiosintermédios Subclimax Climax

Sucessão cíclica

O fogo periódicopode manter o subclimax

Uma perturbação pode fazer regredir a sucessão

Colonização

Sucessão primária

Capacidade de suporte

Bacteria Lactobacillus Conochaetes taurinus Juncus gerardi

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O problema das pequenas populações

Fragmentação dos habitats

Desflorestação

naA

mazónia

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Soluções: corredores ecológicos

Efeito de orla

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Padrões de anichamento

A biodiversidade em Portugal

• + 3000 plantas– 86 endemismos

• + 400 vertebrados terrestes– dos quais cerca de 30% estão ameaçados– quase todos protegidos ao abrigo de

convençoes internacionais ou legislação nacional

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A fragmentação em Portugal

Distribuição da biodiversidade

Riqueza específica Espécies ameaçadas

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55138212001010United Kingdom

49230041084Switzerland

36312160095Sweden

15314362724482020Spain

14815156720011515Portugal

4641413001212Poland3328170069Norway

34061700119Netherlands

1143421617541512Italy

2212160084Ireland

51124180197Hungary

75210127461411Greece

78122291200149Germany

1202313416331516France

25191100103Finland

353101700104Denmark

45417270096Czech Republic570110272197Croatia

36074600109Belgium

673222270085Austria

Mam. Aves Anf. Rept. Anf. Peix. Molus. Outros Plantas Total

A importância da floresta nativa•A floresta nativa

– Carvalhais no Norte e floresta de azinheira e sobreiro no Sul (semelhante ao montado)

•Protecção da biodiversidade– Mais de 45% das espécies de

anfíbios, répteis, mamíferos, aves, borboletas está associada à floresta, particularmente aos habitats de floresta nativa

•Resistência ao fogo– O carvalhal é mais resistente aos

fogos do que as monoculturas de pinheiro e eucalipto

•Outros serviços de ecossistema– Cogumelos, frutos silvestres– Pastagem– Madeira e lenha– Protecção do solo e retenção da

água levando à protecção de cheias e ao aumento da esperança de vida das barragens

– Sumidouro de carbono– Valores culturais

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1. Identificar Impactes

• Projectos geradores de impactes:– Alteração do uso do solo

• Conversão para uso residencial e industrial• Conversão para uso agrícola• Conversão para infra-estrutura de transporte

– Exploração madeireira– Pastorícia– Exploração mineira– Gestão de recursos hídricos– Actividade de recreio

1. Identificar impactes (continuação)

• Tipos de impacte– Introdução de exóticas– Diminuição de abundância de espécies prioritárias– Alteração da estrutura do ecossistema

• Diversidade de espécies• Composição espécifica• Organização trófica

– Alteração do funcionamento do ecossistema• Serviços de suporte:

– Fluxo de energia e matéria– Ciclos de nutrientes

• Serviços de regulação:– Protecção do solo e purificação da água– Protecção de cheias

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2. Descrever situação de referência

• Inventário de fauna e flora– Anfíbios, répteis, mamíferos, aves, peixes, borboletas– Espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas– Espécies ameaçadas

• Carta de habitats– Directiva Habitats– Habitats EUNIS

• Identificação de padrões de gestão– Carta de áreas protegidas

• Identificação de serviços dos ecossistemas

Realização de transectos para detecção de indícios de presença.

Detecção das manifestações da presença dos indivíduos.

Recenseamento visual ou auditivo.

Utilizado em aves, em que os indivíduos capturados são marcados com anilhas.

Captura, marcação e recaptura de indivíduos.

Método de captura-recaptura.

Em populações de herbáceas (em savanas, estepes, pradarias, etc.) podem contar-se todos os indivíduos presentes em quadrados de amostragem de 1 a 5 metros de lado.

Realização de amostras de volume/área constante

Colheita de amostras

Estimação de efectivos

Usada em populações fixas: espécies vegetais, colónias de lapas ou mexilhões, entre outros.

No local ou com o auxílio de fotografia aérea ou infra-vermelha

Contagem directa

Avaliação absoluta de efectivos

Exemplos de aplicaçãoMétodos

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3. Legislação e outra informação

• DL 19/93: RNAP• DL 140/99: Directiva Habitat e Aves, Rede

Natura 2000• Convenção da Diversidade Biológica• Convenção de Bona (Espécies migradoras)• Convenção de Berna (Convenção para a

protecção da Vida Selvagem e dos Habitats Nativos da Europa)

• Livro Vermelho (Nacional)• IUCN Red List (Global)

Malcata

São Mamede

Costa Sudoeste

Cabrela

Monchique

Caia

Serra da Estrela

Cabeção

Caldeirão

Montesinho / Nogueira

Alvão / Marão

Guadiana

Serras da Peneda e Gerês

Estuário do Tejo

Barrocal

Moura / Barrancos

Monfurado

Comporta / Galé

Morais

Sicó / Alvaiazere

Serra de Montemuro

Douro Internacional

Estuário do Sado

Rios Sabor e Maçãs

Serras de Aire e Candeeiros

Rio PaivaSerras da Freita e Arada

Arrabida / Espichel

Sintra / Cascais

Serra da Lousã

Romeu

Ria Formosa / Castro Marim

Nisa / Lage da Prata

Carregal do Sal

Rio Lima

Gardunha

Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas

Rio Minho

Peniche / Santa Cruz

Valongo

Rio Vouga

Serra de Montejunto

Minas de St. AdriãoLitoral Norte

Arade / OdeloucaRia de Alvor

Guadiana / Juromenha

Alvito / Cuba

Litoral Norte

Paúl de Arzila

Cerro da Cabeça

Complexo do Açor

Barrinha de Esmoriz

Samil

Alvito / Cuba

Azabuxo / Leiria

Arquipélago da BerlengaArquipélago da Berlenga

Rede Natura

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4. Previsão de impactes

• Descrições qualitativas• Modelos para espécies

– Modelos de análise de viabilidade populacional

– Relação espécie-área• Modelos de habitats

– Modelos de alteração de ciclo de nturientes– Modelos de alteração da distrbuição de

habitats e espécies

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Relação espécie-área

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5. Avaliação de significância• A afectação de espécies-chave• Alterações da capacidade de carga de espécies

ameaçadas• Avaliação da resiliência das espécies de fauna e

flora às alterações previstas• Impactes da redução da diversidade de

espécies na resiliência do sistema• Considerações sobre a sucessão natural e valor

de conservação de habitat nativo• Espécies de interesse económico (caça, pesca,

recreio, etc.) e serviços dos ecossistemas

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Medidas de mitigação

• Evitar• Minimizar• Restaurar• Compensar