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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP LUIZ HENRIQUE VALÉRIO IMPACTO DA ADOÇÃO DAS IFRS (INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS) EM INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS. UM ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO LISTADAS NA BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO. MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS São Paulo 2011

IMPACTO DA ADOÇÃO DAS IFRS ( INTERNATIONAL FINANCIAL ... Henrique Valerio… · financial statements pursuant to local accounting standards and IFRS. Accordingly, the purpose of

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

LUIZ HENRIQUE VALÉRIO

IMPACTO DA ADOÇÃO DAS IFRS ( INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS) EM INDICADORES

ECONÔMICO-FINANCEIROS. UM ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO SETOR DE TRANSPORTE

AÉREO LISTADAS NA BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO.

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

São Paulo 2011

1

LUIZ HENRIQUE VALÉRIO

IMPACTO DA ADOÇÃO DAS IFRS ( INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS) EM INDICADORES ECONÔMICO-

FINANCEIROS. UM ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO LISTADAS NA BOLSA DE

VALORES DE SÃO PAULO.

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais sob a orientação do Prof. Dr. Sérgio de Iudícibus.

São Paulo 2011

2

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Prof. Dr. Sérgio de Iudícibus Orientador

FEA/PUC-SP

_____________________________________________

Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos FEA/PUC-SP

_____________________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Pereira FEA/USP-SP

3

DEDICATÓRIA

À minha amada esposa, Aline Valério, aos

meus amados pais, Aparecido Antonio Valério

e Ivete Valério, aos meus filhos que são razão

da minha vida Enzo D’ Lucca e Eric Luiz, às

minhas queridas e amadas avós Alexandrina

Maria da Conceição Soron (in memoriam),

Lucia Piceri Gomes (in memoriam) e Joana

Madalena de Siqueira.

4

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pela força, amparo e pela inspiração para

desenvolver este trabalho.

Aos meus pais, Aparecido Antonio Valério e Ivete Valério, por todo o amor, carinho e

por todos os incentivos na formação da minha vida estudantil, pelo apoio que

sempre me deram ao longo da minha vida pessoal e por serem o meu porto seguro

nos momentos mais difíceis da minha vida.

À minha amada esposa, Aline Valério, que me acompanhou com paciência todos

estes anos de muito trabalho e estudo.

Aos meus amados filhos Enzo D’Lucca Navarro Valério e Eric Luiz Navarro Valério,

por serem a razão da minha vida, e por me darem força para sempre lutar e

continuar seguindo em frente.

Um agradecimento especial ao meu orientador Prof.Dr. Sérgio de Iudícibus, pela

sabedoria e pelo apoio.

Aos membros da banca Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos e Prof. Dr. Carlos

Alberto Pereira, pelas importantes contribuições, criticas e pelo relevante

direcionamento para a conclusão deste trabalho.

Aos queridos professores do mestrado: Prof. Dr. Rubens Famá, Prof. Dr. Antônio

Robles Júnior, Prof. Dr. Roberto Mosquera Quiroga, Prof. José Calos Marion, Prof.

Dr. Roberto Fernandes dos Santos, Profa. Dra. Neuza Maria Bastos F. Santos, Prof.

Dr. Napoleão Verardi Galegale e Prof. Juarez Torino Belli, pelos ensinamentos.

Aos amigos da minha turma de mestrado em especial aos amigos Francisco Clairton

de Araújo, Eduardo Henrique de Almeida, Luiz Alfonso Agapito, Marcos Assis e

Sérgio Lima Gabioneta, por todo o apoio durante a realização do curso.

5

O objetivo principal da Contabilidade é fornecer

informação econômica, física, de produtividade

e social relevante para que cada usuário possa

tomar suas decisões e realizar seus

julgamentos com segurança.

Sérgio de Iudícibus

6

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”

Jesus Cristo

7

RESUMO

A adoção crescente das normas internacionais de contabilidade (IFRS) é o reflexo das mudanças ocorridas nas últimas duas décadas, no processo de globalização da economia e do desenvolvimento dos mercados internacionais. Em função do aumento da demanda por informações, que permitam ao investidor estrangeiro comparar o resultado dos seus investimentos entre empresas de diferentes países e diferentes normas, se fez necessário a adoção de um padrão único de contabilidade aceito mundialmente. O IASB (International Accounting Standard Board) ficou responsável pela elaboração de normas internacionais que já estão em processo de convergência em mais de 100 países em todo o mundo. No Brasil com a publicação da Lei nº 11.638/07, vigorando a partir de 1º de janeiro de 2008 e, posteriormente, com as alterações emanadas da Lei nº 11.941/09, deu-se um importante passo no processo de convergência de suas normas com os padrões internacionais, por meio da criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão responsável pela emissão de pronunciamentos contábeis em consonância com as IFRS. A IFRS 1, denominada First-Time Adoption refere se aos requisitos a serem observados no primeiro exercício em que a empresa publica as suas demonstrações financeiras, em norma contábil local e em IFRS. Com esta justificativa, este estudo tem por objetivo verificar se no ramo de transporte aéreo, com a primeira adoção das normas internacionais IFRS 1 First-Time Adoption, houve mudanças significativas, nos principais indicadores econômico-financeiros e quais os impactos da adoção do IFRS para a organização como um todo. Para tanto foi escolhida metodologia de pesquisa que contempla estudo de caso múltiplo exploratório que contempla um estudo direto com as informações das empresas para sua caracterização e obtenção dos dados necessários à pesquisa. A análise comparativa das demonstrações financeiras das empresas objeto deste estudo e dos resultados obtidos pelo questionário e entrevistas apontam que as demonstrações financeiras preparadas de acordo com as IFRS apresentam um nível de divulgação maior quando comparadas com as demonstrações financeiras em BR-GAAP. A conclusão obtida é que o processo de adoção do IFRS gera impactos não só nos indicadores econômico-financeiros, mas também impactos em diversos processos e controles das companhias como um todo.

Palavras-Chave: Transporte Aéreo − Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) – Contabilidade − Primeira adoção dos IFRS.

8

ABSTRACT

The increasing adoption of the international financial reporting standards (IFRS) is the result of changes occurred in the last two decades, economy globalization, and the development of international markets. Due to the increased demand for information that allows foreign investors to compare the results of its investments in several companies of different countries with different standards, the adoption of a single accounting standard, globally accepted, became necessary. The International Accounting Standard Board (IASB) was responsible for the preparation of international standards whose process of convergence is already occurring in over 100 countries worldwide. Brazil, with the enactment of Law 11638/07, effective beginning as of January 1, 2008, and subsequent amendments introduced by Law 11941/09, took an important step in the convergence of its standards with international standards through the creation of the Accounting Pronouncements Committee (CPC), agency responsible for the issuance of accounting pronouncements in accordance with IFRS. IFRS 1, denominated First-Time Adoption, refers to the requirements for the first year the company discloses its financial statements pursuant to local accounting standards and IFRS. Accordingly, the purpose of this study is to verify whether in the air transportation industry, the first-time adoption of IFRS 1 resulted in significant changes in the main financial indicators and which are the impacts of IFRS adoption to the organization as a whole. For this, a research methodology that contemplates the study of an exploratory multiple case with a direct study of the companies’ information was chosen to characterize it and obtain the required data for the research. The comparative analysis of the financial statements of the companies that are the object of this study and the results obtained from the questionnaire and interviews indicated that financial statements prepared in accordance with IFRS present a higher disclosure level than those financial statements prepared in accordance with BRGAAP. We concluded that the adoption of IFRS impacts not only financial indicators, but several processes and controls of the companies as a whole.

Key words : air transportation – International Financial Reporting Standards (IFRS) – First-time Adoption of IFRSs.

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

CAPÍTULO I – A CONTABILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO ......................... 29

1.1. A Evolução da Contabilidade no Brasil......................................................... 29

1.2. Principais Órgãos Brasileiros Reguladores de Normas Contábeis................ 34

1.2.1. CFC – Conselho Federal de Contabilidade.............................................. 34

1.2.2. CVM – Comissão de Valores Mobiliários.................................................. 35

1.2.3. IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.................. 36

1.2.4. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis......................................... 38

1.2.5. BACEN – Banco Central do Brasil............................................................ 39

1.2.6. SUSEP – Superintendência de Seguros Privados.................................... 40

1.3. Principais Órgãos Internacionais que Influenciam na Harmonização das Normas Contábeis................................................................................................

41

1.3.1. IASB – International Accounting Standards Board .................................. 41

1.3.1.1. Desenvolvimento de Norma Internacional de Contabilidade............... 44

1.3.2. SIC – Standing Interpretation Committee................................................... 45

1.3.3. IFRIC – International Financial Reporting Interpretations Committee....... 46

1.3.4. SAC – Standards Advisory Council .......................................................... 47

1.3.5. AICPA – American Institute of Certified Public Accountants .................... 48

1.3.6. APB – Accounting Principles Board......................................................... 49

1.3.7. Breve Resumo do FASB (SFAS) ............................................................. 49

1.3.8. EITF – Emerging Issues Task Force........................................................ 52

1.4. As IFRS (International Financial Reporting Standards)................................. 52

1.5. A IFRS 1 – (First - Time Adoption) ................................................................ 54

1.6. Efeitos da Promulgação da Lei nº 11.638/07.................................................. 55

CAPÍTULO II – ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................ 61

2.1. Seleção dos Indicadores para Análise de Balanços das Empresas do Setor de Transportes Aéreos...........................................................................................

63

2.1.1. Indicadores de Liquidez........................................................................... 64

2.1.2. Indicadores de Endividamento................................................................. 67

2.1.3. Indicadores de Rentabilidade................................................................... 68

2.1.4. Outros Indicadores…………………………………………………………… 70

2.2. Custo de Capital.............................................................................................. 76

2.2.1. Custo de Capital de Terceiros................................................................. 77

2.2.2. Custo do Capital Próprio.......................................................................... 78

11

2.3. Custo Médio Ponderado de Capital (WACC – Weighted Average Cost of Capital) ..................................................................................................................

84

2.4. NOPAT – Net Operating Profit After Taxes……………………………………... 85

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO LISTADAS NA BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO ........................

87

3.1. Metodologia de Pesquisa.............................................................................. 87

3.2. Estudo de Caso Múltiplo................................................................................. 91

3.3. Etapas do Estudo de Caso Múltiplo............................................................... 92

3.4. Protocolo para a Pesquisa............................................................................. 93

3.4.1. Visão Geral do Projeto de Estudo ......................................................... 94

3.4.2. Procedimentos de Campos para Coleta de Dados .................................... 94

3.4.3. Procedimentos Aplicados para a Pesquisa Documental ........................... 95

3.4.4. Procedimentos Aplicados para o Levantamento Bibliográfico ................. 96

3.4.5. Procedimentos Aplicados para a Realização das Entrevistas .................. 96

3.4.6. Procedimentos Aplicados para a Realização dos Questionários........... 97

3.4.7. Procedimentos Aplicados para Análise e Interpretação dos Dados ...... 97

3.4.8. Questões do Estudo .............................................................................. 98

3.4.9. Guia para o Relatório do Estudo de Caso .............................................. 98

3.5. Apresentação das Companhias Pesquisadas ............................................... 98

3.5.1. GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A. .................................................... 99

3.5.2. TAM Linhas Aéreas S.A. ........................................................................ 100

3.6. Análise dos Impactos Quantitativos da Adoção do IFRS................................ 101

3.6.1. GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A....................................................... 102

3.6.2. TAM Linhas Aéreas S.A......................................................................... 103

3.6.3. Comparação dos Impactos entre as Empresas....................................... 104

3.7. Principais Normas que Afetaram os Indicadores Econômico-Financeiros..... 107

3.7.1. Indicadores de Liquidez........................................................................... 107

3.7.2. Indicadores de Endividamento................................................................. 111

3.7.3. Indicadores de Rentabilidade.................................................................. 114

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DE ALGUMAS NORMAS QUE IMPACTA RAM OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS .....................................................

119

4.1. IAS 16 – Property, Plant and Equipment ....................................................... 119

4.1.1. Principais Diferenças entre a IAS 16 – Property, Plant and Equipment e o CPC 27 - Ativo Imobilizado.........................................................................

121

12

4.2. IAS 12 – Income Taxes .................................................................................. 121

4.2.1. Principais Diferenças entre a IAS 12 – Income Taxes e o CPC 32 – Tributos sobre o Lucro......................................................................................

122

4.3. IAS 37 – Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets …………. 123

4.3.1. Principais Diferenças entre a IAS 37 – Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets e o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes ........................................................................................

124

4.4. IAS 23 – Borrowing Costs.............................................................................. 124

4.4.1. Principais Diferenças entre a IAS 23 – Borrowing Costs e o CPC 20 – Custos de Empréstimos ..................................................................................

125

4.5. Análise dos Impactos Qualitativos da Adoção do IFRS decorrentes das respostas do Questionário e das Entrevistas.......................................................

126

4.5.1. Contabilidade e Controladoria............................................................... 126

4.5.2. Tecnologia da Informação...................................................................... 127

4.5.3. Tesouraria............................................................................................... 127

4.5.4. Jurídico.................................................................................................. 128

4.5.5. Outros Impactos...................................................................................... 128

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 130

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 134

LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................... 135

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 136

APÊNDICES........................................................................................................... 144

ANEXOS................................................................................................................. 166

12

LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 Comparação entre os Pronunciamentos emitidos pelo IBRACON, IFRS e CPC. .....................................................................................

38

Quadro 2 Interpretações emitidas pelo SIC...................................................... 46

Quadro 3 Interpretações emitidas pelo IFRIC................................................... 47

Quadro 4 Pronunciamento nº 4 do APB............................................................ 50

Quadro 5 Resultado da pesquisa “Observações na Implementação da Lei nº 11.638/07” .........................................................................................

56

Quadro 6 Guia para as Demonstrações Contábeis – 2009-2010...................... 59

Quadro 7 Artigos da Lei nº 6.404/76 alterados pela Lei nº 11.638/07............... 60

Quadro 8 Reconciliação do EBITDA.................................................................. 71

Quadro 9 Cálculo do spread de risco de default. ............................................... 82

Quadro 10 Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa......... 89

14

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Comportamento da SELIC: 1987 – 2010. ........................................ 82

Tabela 2 Indicadores Econômico-Financeiros − GOL..................................... 102

Tabela 3 Impacto da adoção do IFRS no EBITDA – GOL............................... 103

Tabela 4 Impacto da adoção do IFRS no EVA® (não ajustado) – GOL.......... 103

Tabela 5 Indicadores Econômico-Financeiros – TAM ..................................... 103

Tabela 6 Impacto da adoção do IFRS no EBITDA – TAM .............................. 104

Tabela 7 Impacto da adoção do IFRS no EVA® (não ajustado) − TAM ......... 104

Tabela 8 Comparação do impacto da Adoção do IFRS entre as empresas GOL e TAM .....................................................................................

105

Tabela 9 Comparação do impacto da Adoção do IFRS entre as empresas GOL e TAM (Outros Indicadores).....................................................

106

Tabela 10 Liquidez Imediata.............................................................................. 107

Tabela 11 Principais normas IFRS que impactaram o índice de liquidez imediata. ..........................................................................................

108

Tabela 12 Liquidez Seca................................................................................... 108

Tabela 13 Principais normas IFRS que impactaram o índice de liquidez seca.. 109

Tabela 14 Liquidez Corrente............................................................................. 109

Tabela 15 Liquidez Geral................................................................................... 110

Tabela 16 Principais normas IFRS que impactaram o índice de liquidez geral. 111

Tabela 17 Grau de Endividamento.................................................................... 112

Tabela 18 Participação de Capital de Terceiros................................................ 112

Tabela 19 Composição do Endividamento........................................................ 113

Tabela 20 Principais normas IFRS que impactaram o índice de composição do endividamento.............................................................................

114

Tabela 21 Margem Líquida............................................................................... 114

Tabela 22 Principais normas IFRS que impactaram o índice de margem líquida...............................................................................................

115

Tabela 23 Giro do Ativo..................................................................................... 116

Tabela 24 Principais normas IFRS que impactaram o índice de giro do ativo... 116

Tabela 25 Retorno sobre o Investimento........................................................... 117

Tabela 26 Retorno sobre o Patrimônio Líquido................................................. 118

15

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABP4 Basic Concepts and Accounting Principles Underling Financial Statements of Business Enterprises

ACSEC Comitê Executivo de Padrões de Contabilidade

AIA American Institute of Accountants

AICPA American Institute of Certified Public Accountant

ANAC Agência Nacional de Aviação Cívil-Brasil

APB Conselho de Princípios Contábeis

ASCPA American Society of Certified Public Accountants

BACEN Banco Central do Brasil

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

BR-GAAP Brazilian Generally Accepted Accouting Principles

CAPM Capital Asset Pricing Model

CCL Capital Circulante Líquido

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CFROI Cash Flow Return on Investment

CMPC Custo Médio Ponderado de Capital

CMN Conselho Monetário Nacional

CNPS Sistema Nacional de Seguros Privados

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CVA Cash Value Added

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa

DOAR Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

DVA Demonstração do Valor Adicionado

EBITDA Earnings before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization

ECBC Estrutura Conceitual Básica de Contabilidade

EUA Estados Unidos da América

EVA® Economic Value Added

FASB Financial Accounting Standards Board

FEE Federação Européia de Contabilidade

FIPECAPI Fundação Instituto de Pesquisa Contábeis. Atuariais e Financeiras

FMI Fundo Monetário Internacional

GAAP Generally Accepted Accouting Principles

IAS International Accounting Standards

17

IASB International Accounting Standard Board

IASC International Accounting Standards Commitee

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

IFAC Conselho da Federação Internacional de Contadores

IFRIC International Financial Reporting Interpretations Committee

IFRS International Financial Reporting Standards

IGC Índices de Ações com Governança Corporativa Diferenciada

IOB Informações Objetivas

IOSCO Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários

ITAG Índices de Ações com Tag Along Diferenciado

NOPAT Net Operating Profit After Taxes

NPV Net Present Value

NYSE New York Exchange

OCDE Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico

ROA Return on Assets

ROE Return on Equity

ROI Return on Investments

SEC Securities and Exchange Comission

SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia

SFAS Statement of Financial Accounting Standards

SFN Sistema Financeiro Nacional

SIC Comitê Permanente de Interpretações

SNC Sistema Nacional de Capitalização

SUSEP Superintendência de Recursos Privados

SUMOC Superintendência da Moeda

TAM Taxi Aéreo Marília

UE União Europeia

UK-GAAP United Kingdom Generally Accepted Accouting Principles

USP Universidade de São Paulo

US-GAAP United States Generally Accepted Accouting Principles

VBM Value Based Management

WACC Custo Médio Ponderado de Capital

INTRODUÇÃO

Iniciamos este estudo contextualizando o tema ao afirmar que a globalização

é uma tendência atual verificada no mundo todo que se desenvolve por meio de

abertura econômica, política, social e cultural das nações. É um estagio mais

avançado do capitalismo e pressupõe a transformação de economias fechadas e

protegidas, para um modelo de interdependência com outras economias mundiais.

Do ponto de vista da economia, a globalização implica no livre comércio entre as

nações, a integração dos mercados internacionais e a redução dos preços dos

produtos. Este processo de integração da economia prevê o crescimento global dos

países envolvidos. (ASSAF NETO, 2010, p.4).

A contabilidade, por sua vez, está inserida dentro deste contexto de

globalização da economia mundial. E, com isso, a informação contábil se tornou

ainda mais importante e necessária para as decisões de investimentos e para a

gestão dos administradores. No entanto, o que vem ocorrendo é que a contabilidade

tem sido bastante questionada nos últimos anos, principalmente, em razão de uma

mesma transação poder ser registrada de forma diferente, dependendo do país de

origem, ocasionando impactos diferentes nas contas patrimoniais e nas contas de

resultado.

Este processo de globalização da contabilidade se intensificou ao longo das

duas últimas décadas, sendo influenciado pelo crescimento do mercado de capitais,

pelo aumento das exigências por parte dos investidores estrangeiros, dos analistas,

dos banqueiros e dos demais interessados na informação contábil, no sentido de

melhor entender e analisar as demonstrações financeiras de companhias

transnacionais.

Este desenvolvimento do mercado de capitais permitiu o crescimento dos

investimentos diretos por parte dos estrangeiros, bem como a formação de blocos

econômicos; desta forma, houve a necessidade de se ter um conjunto de normas

contábeis internacionais para a comparação de informações entre companhias de

um mesmo grupo ou de grupos empresariais diferentes.

Neste momento, é de se esperar um desenvolvimento da ciência contábil, no

que concerne à sua capacidade preditiva de bem informar a sociedade, credores e

acionistas sobre a real situação da saúde financeira e econômica de uma empresa,

18

bem como permitir a comparabilidade entre as demonstrações financeiras de

diversas empresas que fazem parte deste bloco econômico.

Como ciência, a contabilidade é um sistema de informação e avaliação

destinado a prover seus usuários com informações relevantes para a tomada de

decisões.

De acordo com Iudícibus (2006, p.32),

O objetivo principal da contabilidade (e dos relatórios dela emanados) é fornecer informação econômica, física, de produtividade e social relevante para que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com segurança.

Com a globalização da economia tornou se evidente a necessidade de

adoção de padrões contábeis aceitos mundialmente, com o intuito de facilitar a

comparabilidade da informação contábil e permitir aos investidores tomarem

decisões econômicas e de investimentos com segurança.

Por outro lado, o desenvolvimento das empresas e o crescimento dos

negócios para além das fronteiras aumentaram a demanda de informações

financeiras pelos administradores e pelos demais usuários. Esses últimos,

interessados em avaliar o desempenho das empresas e de seus administradores,

por meio de indicadores econômico-financeiros.

Segundo Carvalho, Lemes e Costa (2006, p.15).

A contabilidade internacional surgiu para minorar as agruras de quem quer investir fora de seu país e até hoje tinha que manusear balanços em dezenas de normas contábeis distintas, tentando compatibilizá-las para comparar.

Em função da necessidade de convergência de normas contábeis em nível

mundial, em 1973, na Europa, foi criado o IASC (International Accounting Standards

Commitee), uma instituição privada sem fins lucrativos, que tem como objetivo emitir

normas contábeis internacionais, denominadas IAS (International Accounting

Standards).

Em 2001, após uma reformulação do IASC, foi constituído o IASB

(International Accounting Standards Board), órgão responsável por revisar e emitir

normas contábeis internacionais, denominadas de IFRS (International Financial

Reporting Standards).

19

Em 2002, o Parlamento da União Europeia (UE), ao aprovar o Regulamento

nº 1606/2002 estabelece:

[...] um único padrão de normas contábeis é considerado como sendo essencial para assegurar um alto grau de transparência e comparabilidade das demonstrações contábeis e, consequentemente, de eficiência dos mercados de capitais europeu e internacional.

Este, por sua vez, determinou que as empresas europeias, com ações

negociadas em bolsas de valores, deveriam apresentar as suas demonstrações

financeiras de acordo com as normas internacionais de contabilidade a partir de

2005.

Em 2003, com o apoio do IOSCO (International Organization of Securities

Commission) e da União Europeia o IASB emitiu o seu primeiro pronunciamento o

IFRS 1 – Adoção pela Primeira Vez das Normas Internacionais de Relatórios

Financeiros. Desde então, diversos países adotaram as normas internacionais de

contabilidade.

No ano de 2006 o Banco Central do Brasil (BACEN) determinou pela

publicação do Comunicado 14.259, que os bancos brasileiros deveriam publicar as

suas demonstrações financeiras consolidadas, segundo as normas do IASB, a partir

do exercício social de 2010.

Em 2007, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) publicou a Instrução nº

457, que permitiu a opção de apresentar as demonstrações consolidadas, segundo

as normas do IASB no período de 2007 a 2009, bem como tornou obrigatória a

adoção destas normas para o ano de 2010. Ainda no mesmo ano a CVM emitiu a

Deliberação nº 520, passando a emitir os seus pronunciamentos em conjunto com o

CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). Assim, a Resolução CVM nº 527, de

novembro de 2007, aprovou o pronunciamento CPC 01 – Redução ao Valor

Recuperável de Ativos.

A SUSEP (Superintendência de Recursos Privados) emitiu, em 2007, a

Circular nº 357 que dispõe sobre o processo de convergência às normas

internacionais de contabilidade, determinando o desenvolvimento de ação

específica, no sentido de identificar as necessidades de convergência às normas

internacionais aplicadas às sociedades seguradoras, resseguradores locais,

sociedades de capitalização e entidades abertas de previdência privada.

20

Em novembro de 2007 a SEC (Securities and Exchange Commission),

aprovou regra que permitiu que empresas estrangeiras arquivassem suas

demonstrações financeiras a partir de 31 de dezembro de 2007, de acordo com o

IFRS. Em 2009 este número ultrapassou mais de 100 países, inclusive países não

europeus como Austrália, Canadá, China, Hong Kong, Noruega, Suécia, Brasil,

Colômbia, Costa Rica, África do Sul, Argentina e Índia que aumentaram esta lista.

No Brasil, o primeiro passo importante neste processo de adoção das

normas internacionais de contabilidade iniciou-se com a exigência efetuada pela

Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), às empresas que almejavam adquirir

grau de Governança Corporativa Nível 2 ou grau de Novo Mercado; a publicação de

suas demonstrações financeiras consolidadas de acordo com as normas

internacionais de contabilidade – IFRS ou de acordo com o US-GAAP, que são os

princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos da América.

Os níveis de Governança Corporativa são segmentos especiais do mercado

de capitais no Brasil, criados pela Bolsa de Valores de São Paulo, que classifica as

empresas conforme o grau de comprometimento na adoção das boas práticas de

Governança, incluindo maior transparência (disclosure) na publicação das suas

informações.

Cabe ressaltar, voltando um pouco no tempo, que em dezembro de 2007, o

governo brasileiro sancionou a Lei nº 11.638/07, que introduz novos dispositivos à

Lei nº 6.404/76, o que representou um grande avanço para o mercado de capitais

brasileiro, permitindo a introdução do IFRS na contabilidade brasileira, a partir do

exercício social iniciado em 1º de janeiro de 2008.

Entre as alterações do novo normativo podem ser citadas: - a substituição da

Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos pela Demonstração de Fluxos

de Caixa; - a criação da Demonstração do Valor Adicionado; - a possibilidade de

segregação da escrituração mercantil da tributaria, entre outros.

Esta lei concedeu poderes ao CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis),

entidade sem fins lucrativos criada pela Resolução do Conselho Federal de

Contabilidade (CFC) nº 1.055 de 07.10.2005, para que este possa emitir normas

contábeis levando sempre em consideração a convergência da Contabilidade

Brasileira aos padrões internacionais.

21

A adoção das Normas Internacionais de Contabilidade é considerada

importante e necessária por muitos países, para o desenvolvimento de seu mercado

de capitais, de modo que se tornam imprescindíveis o entendimento dessas normas

e a análise dos possíveis impactos nas demonstrações financeiras e nos negócios

das empresas.

Por fim, a apresentação de demonstrações financeiras em IFRS é

internacionalmente reconhecida como boa prática de Governança Corporativa,

inclusive, está incluída entre os princípios de Governança Corporativa recomendado

pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE).

As demonstrações financeiras são instrumentos de grande importância para

a análise de credores e investidores interessados em avaliar o desempenho da

empresa e de seus administradores, respectivamente. Neste contexto, a análise de

demonstrações financeiras permite ao usuário externo obter informações relevantes

acerca da situação atual e futura da empresa e, por conseguinte, de seus

investimentos.

Como afirma Matarazzo (1998, p.29) “um dos elementos mais importantes

na tomada de decisões relacionadas a uma empresa é a análise de suas

demonstrações financeiras”.

Por outro lado, Iudícibus (2009, p.5) apresenta a análise de balanços como a

“arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em

mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos,

se for o caso”.

Segundo Silva (2001, p.35):

Para o analista externo, o ponto de partida da análise são as demonstrações financeiras, que fornecem um conjunto de números e informações sobre a performance e a situação patrimonial, econômica e financeira da empresa.

Sem dúvida, a análise de demonstrações financeiras, feita por meio de

índices econômico-financeiros é a mais conhecida e utilizada, como afirma Silva

(2001, p.228): “a análise de empresas por meio de índices financeiros é certamente

a mais conhecida, chegando mesmo a ser confundida com a chamada análise de

balanço.”

22

Observamos, no entanto, que as principais medidas de avaliação de

desempenho da empresa utilizadas pelos administradores são fundamentadas em

dados contábeis extraídos das Demonstrações Financeiras publicadas, como

Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e

Demonstração dos Fluxos de Caixa. Estas medidas são alvo de criticas por diversos

autores por não considerarem o custo do capital próprio, ou seja, o retorno que os

investidores exigem para investir na empresa.

Desse modo, destacamos a importância de se utilizar as medidas de

desempenho econômico que incorporam ao seu conceito o custo total do capital

investido na empresa, ou seja, o custo do capital de terceiros (credores) e o custo do

capital próprio (proprietários).

Salientamos aqui que dentre essas medidas estão o lucro residual e o valor

econômico adicionado ou Economic Value Added (EVA®), que se diferencia do lucro

residual pela inclusão na sua formulação dos ajustes contábeis. O EVA® é uma

marca registrada da Stern & Stewart Co.

Nesse contexto é que surgiu o questionamento acerca de eventuais

mudanças que a adoção das normas internacionais de contabilidade pode ocasionar

nos indicadores econômico-financeiros e de desempenho, baseado em valor como

EVA®, quando da adoção pela primeira vez das IFRS.

Em decorrência da importância do assunto propusemos a realização do

presente trabalho, cuja proposta é analisar as informações contábeis referentes à

adoção das IFRS pela primeira vez divulgada pelas empresas com ações na Bolsa

de Valores de Capitais de São Paulo (BOVESPA) do setor de transportes aéreos

listadas no nível 2 de Governança Corporativa.

No Brasil, atualmente, ainda são raros os trabalhos acadêmicos que

analisam o impacto da adoção das IFRS nos indicadores de desempenho

econômico, como EVA®.

O desenvolvimento deste trabalho tem a expectativa de promover uma

discussão sobre as medidas de desempenho e sua relação com os indicadores

econômico-financeiros, além de contribuir com a análise dos principais impactos

originados a partir da adoção do IFRS, no que diz respeito à mensuração dos ativos,

passivos e resultado pelas empresas do setor de transportes aéreos listadas na

Bolsa de Valores de capitais de São Paulo (BOVESPA).

23

Nesse enfoque nos deparamos com a necessidade da elaboração de uma

questão problema para formalizar o estudo, pois, de acordo com Andrade (2001,

p.121) toda pesquisa tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos,

mediante a utilização de métodos científicos. E, segundo Gil (1999, p.49), a

pesquisa cientifica tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas

propostos.

Assim, conforme o exposto, formulamos a questão problema com um

desdobramento em mais uma pergunta:

Quais os impactos da adoção das normas internacionais de contabilidade

(IFRS) pela primeira vez (First-Time Adoption) nas demonstrações financeiras das

empresas do setor de transportes aéreos com ações na Bolsa de Valores de São

Paulo (BOVESPA)? Houve mudança significativa nos indicadores econômico-

financeiros antes e depois da adoção do IFRS?

A formulação desta questão permite observar a relação existente entre duas

variáveis: (1) as normas internacionais de contabilidade IFRS; e (2) os indicadores

econômico-financeiros das empresas analisadas.

Como objetivos, esta pesquisa tem como objetivo geral identificar quais as

principais normas internacionais de contabilidade (IFRS) geraram impactos nos

indicadores econômico-financeiros, bem como impactos de natureza qualitativa na

organização como um todo.

Segundo Richardson (1999, p.63), é necessária a definição das etapas a

serem cumpridas para alcançar o objetivo geral “mediante o estabelecimento dos

objetivos específicos ou secundários”.

A partir do objetivo geral exposto é possível elaborar os seguintes objetivos

específicos:

• Entender quais as normas relevantes para a preparação das

demonstrações financeiras em IFRS para o setor de transportes aéreos.

• Analisar as principais diferenças conceituais entre as normas

brasileiras e as normas internacionais de contabilidade (IFRS).

• Demonstrar os principais impactos quando da adoção das normas

internacionais de contabilidade (IFRS) nos principais indicadores econômico-

financeiros.

24

• Examinar se existe diferença entre os indicadores econômico-

financeiros antes e depois da adoção do IFRS pelas empresas analisadas.

Esperamos que as respostas destes objetivos venha contribuir na

identificação e análise das principais normas internacionais de contabilidade e seus

impactos em relação às normas brasileiras de contabilidade nas demonstrações

financeiras de empresas do setor de transportes aéreos e divulgar os principais

impactos nos indicadores econômico-financeiros na adoção das primeiras

demonstrações financeiras em IFRS.

Esboçamos aqui uma prévia da metodologia que será apresentada mais á

frente em capítulo próprio.

Para tanto, ressaltamos que na concepção de Richardon (1999, p.22)

“Metodologias são procedimentos utilizados no método cientifico, o qual pode ser

definido “como o caminho para se chegar a determinado fim ou objetivo”.

A metodologia a ser aplicada nesta dissertação será a do tipo exploratória,

como bem explica Yin (2003). A pesquisa se servirá do estudo de caso também

exploratório que ocorre quando se busca uma melhor compreensão do evento objeto

do estudo, ao invés de se procurar uma resposta definitiva para o problema

proposto, apresentando informações e questões que possam sugerir trabalhos

futuros. Em linhas gerais, neste tipo de pesquisa pretendemos analisar os aspectos

que envolvem as questões do tipo “como” e “por que” determinados eventos

aconteceram ou acontecem.

Neste trabalho, a metodologia aplicada é o estudo de casos múltiplos, tendo

como objeto de análise “se”, “como” e “por que” a adoção das normas internacionais

de contabilidade (IFRS) afetou as empresas GOL Linhas Aéreas e TAM Linhas

Aéreas.

A fim de analisar os dados coletados nesta pesquisa, o trabalho foi

organizado buscando evidenciar a relação da prática com o que propõe a teoria e

desta forma, desenvolver uma estrutura descritiva que permita identificar a

existência de padrões de relacionamento entre os dados.

Yin (2005) propõe como método principal de análise quatro tipos de

abordagens:

25

a) Adequação ao padrão: comparam-se os padrões empíricos

encontrados no estudo com os padrões prognósticos, derivados da teoria ou de

outras evidencias.

b) Construção da explanação: é a adequação ao padrão do ponto de vista

mais complexo, pois busca efetivamente a relação de causa e efeito entre os dados;

isto exige a utilização de casos múltiplos para comparação de resultados.

c) Análise de séries temporais: comparam-se padrões em decorrência de

uma variável ao longo de um determinado espaço de tempo. Esta análise é feita

quando se busca entender “como” e “por que” um evento modificou-se ao longo do

tempo.

d) Análise dos dados a partir de modelos previamente formulados; isto é

especialmente importante quando a análise envolve um encadeamento complexo de

eventos ao longo do tempo.

Desta forma, a fim de que se possa concluir sobre o impacto da adoção do

IFRS 1, para as empresas calculamos os índices, antes e depois da adoção das

normas internacionais de contabilidade (IFRS), referentes ao exercício de transição

em que as empresas adotaram a IFRS 1. Com isso, o conjunto de índices

calculados com demonstrações financeiras em GAAP (Generally Accepted

Accouting Principles) local foi comparado ao conjunto de índices calculados com

demonstrações em IFRS.

Além de apontar as diferenças entre as demonstrações financeiras

estudadas, esse estudo de casos múltiplos tem o propósito de demonstrar a razão

pela qual estas diferenças existem.

Por fim, este trabalho tem, além da pesquisa bibliográfica uma pesquisa de

campo que compõe o estudo de caso feita por meio de entrevista e questionário com

os gerentes das empresas, objeto deste estudo, que estão diretamente envolvidos

no processo de implementação das IFRS. Tais entrevistas foram feitas de forma que

os gerentes pudessem expressar suas percepções sobre diversos aspectos da nova

26

norma, bem como questões ligadas a estrutura organizacional das empresas

analisadas.

No capítulo IV, deste trabalho, será detalhada cada etapa do estudo de

caso, suas propostas, questões e testes, passando pela conclusão do estudo de

caso com a coleta de dados e respectivas análises.

Esta pesquisa está delimitada às primeiras demonstrações financeiras

consolidadas em IFRS das empresas GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A e TAM

S.A, do exercício findo em 31 de dezembro de 2008. Os impactos de comparação

das demonstrações financeiras, preparadas de acordo com as normas locais com as

demonstrações financeiras preparadas em IFRS, podem sofrer variações em virtude

de fatores econômicos, operacionais e de nível de divulgação das informações.

Durante o processo de revisão bibliográfica para a realização deste trabalho

de pesquisa, alguns importantes trabalhos foram objeto de estudo contribuindo para

a realização desta dissertação, os quais estão de forma sucinta descritos a seguir:

• Business Combination e consolidação: uma abordagem comparativa

entre as normas dos USGAAP, IASC e Brasil. EL, HAJJ Zaina S. 1999. Faculdade

de Economia, Administração de Empresas e Ciências Contábeis da Universidade de

São Paulo.

• Teoria e normas contábeis de operações em descontinuidade: um

estudo de caso. NAKAO, Sílvio Hiroshi. 2000. Faculdade de Economia,

Administração de Empresas e Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo.

• “Harmonização contábil em cinco países da América do Sul”.

AMENABAR, Ana Maria Hinojosa. 2001. Faculdade de Economia, Administração de

Empresas e Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo.

• “Normas e práticas contábeis: uma perspectiva internacional de

harmonização”. SOARES, Jairo da R.2002. Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo.

• “A relação do retorno das ações com o EVA®, com o lucro residual e

com as medidas contábeis tradicionais: um estudo empírico aplicado às empresas

brasileiras de capital aberto”. SALVI, Andrea. 2007. Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

27

• “Impactos na provisão para devedores duvidosos dos bancos europeus

listados na Bolsa de Nova Iorque após a adoção das normas internacionais de

contabilidade”. CHIQUETO, Fernando. 2008. Faculdade de Economia,

Administração de Empresas e Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo.

• “O impacto da primeira adoção das normas IFRS nas empresas

Européias Químicas e de Mineração: pesquisa descritiva”. CAMBRIA, Marcelo.

2008. Faculdade de Economia, Administração de Empresas e Ciências Contábeis da

Universidade de São Paulo.

• “Impacto da adoção das IFRS (International Financial Reporting

Standards) em indicadores econômico-financeiros de bancos de alguns países da

União Europeia”. MIRANDA, Vanessa Lopes. 2008. Faculdade de Economia,

Administração de Empresas e Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo.

A estruturação da dissertação se inicia com esta Introdução, na qual se

apresentam: a contextualização do tema, a questão problema, a hipótese, os

objetivos gerais e específicos, a metodologia usada, a delimitação do trabalho, bem

como o texto está organizado.

A partir do Capítulo I segue-se a revisão da literatura com os aspectos

fundamentais da evolução da contabilidade no Brasil e no mundo, bem como trata

dos principais aspectos relacionados à harmonização das normas internacionais de

contabilidade no mundo e no Brasil; e especificamente neste capítulo mostra as

IFRS – International Financial Reporting Standards.

O Capítulo II, tomando como base as normas internacionais de

contabilidade, apresenta os principais índices econômico-financeiros tradicionais, o

EBITDA e o EVA® utilizados no estudo de caso.

O Capítulo III apresenta a metodologia do estudo, os levantamentos

realizados, o estudo de caso múltiplo, bem como a caracterização das empresas

objeto de estudo.

O Capítulo IV mostra o cálculo dos indicadores econômico-financeiros para

os dois conjuntos de demonstrações financeiras calculados antes e depois da

adoção do IFRS 1, bem como apresenta, ainda, a análise das principais normas

28

Internacionais de Contabilidade que afetaram os Indicadores Econômico-Financeiros

das Empresas de Transportes Aéreos.

Após os capítulos segue a conclusão que apresenta as considerações finais

do presente trabalho com o levantamento dos principais fatores que afetaram a

elaboração das primeiras demonstrações financeiras em IFRS pelas empresas

pesquisadas.

Seguem-se as sugestões para trabalhos futuros, as limitações do estudo, as

bem como as referências bibliográficas.

29

CAPÍTULO I – A CONTABILIDADE NO BRASIL E NO MUNDO

Este capítulo apresenta a revisão teórica da pesquisa que se inicia com um

breve histórico da evolução da contabilidade no Brasil e no mundo, bem como trata

dos principais aspectos relacionados à harmonização das normas contábeis no

Brasil e no mundo. Depois traz a IFRS 1 (First-Time Adoption), que é a norma

internacional referente à adoção do IFRS pela primeira vez, destacando como ela é

definida, quais os seus principais aspectos e os relevantes impactos de sua adoção

nas demonstrações financeiras.

Na sequência apresenta-se um trabalho realizado por estudiosos do IFRS e

pelos profissionais da Ernst & Young, sobre as mudanças provocadas pela primeira

adoção do IFRS em empresas brasileiras.

1.1. A Evolução da Contabilidade no Brasil

Este tópico tem como objetivo relatar, de forma resumida, os eventos

fundamentais que contribuíram para a evolução da contabilidade no Brasil nas

últimas décadas.

Segundo Schmidt, Santos e Fernandes (2007, p.207) “de 1901 a 1940 foi

amplamente discutida a padronização de balanços (...) a padronização representava

apenas um aspecto, sendo necessária a adoção de procedimentos padrão para a

elaboração de balanços”.

Ainda de acordo com Schmidt e Santos (2008), em 1940, foi criada a

primeira lei das Sociedades por Ações com a publicação do Decreto Lei nº 2.627,

que estabeleceu procedimentos para a Contabilidade Brasileira, como: “[...] regras

para avaliação de ativos e passivos e para a apuração e distribuição de lucros, criou

as reservas e determinou os padrões para publicação de balanços e dos lucros e

perdas”.

Em 1946, foi criado o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), pela

publicação do Decreto Lei nº 9.295, definindo entre outras coisas, as atribuições do

contador e do guarda-livros e, também, no mesmo ano, foi fundada a Faculdade de

30

Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (USP), com a

instalação do curso de “Ciências Contábeis e Atuariais”, segundo Iudícibus (2006,

p.41). Para o autor, o Brasil ganhou o primeiro grande núcleo efetivo, embora

modesto, de pesquisa nos moldes norte-americanos, isto é, com professores

dedicando-se em tempo integral ao ensino e à pesquisa, produzindo artigos de

maior conteúdo cientifico e escrevendo teses acadêmicas de alto valor.

Até meados da década de 60 a Contabilidade brasileira foi fortemente

marcada pela intervenção do governo, por meio da aplicação de leis especificas e

pelo pensamento doutrinário das escolas italianas de Contabilidade. Todavia, se

observa que, a partir desta década, a escola italiana de Contabilidade começa a

perder a sua hegemonia sobre a Contabilidade brasileira, para a escola norte-

americana, conforme cita Iudícibus (2006, p.37) “[...] o domínio da escola italiana

parece ter chegado a seu final (pelo menos até o momento), inclusive no Brasil,

onde a Lei das Sociedades por Ações é inspirada (na parte contábil) na doutrina

norte-americana”.

A partir de 1964, na concepção de Iudícibus (2006, p.42) verifica-se uma

substancial mudança no ensino de Contabilidade, na Faculdade de Ciências

Econômicas e Administrativas da USP. Na disciplina de Contabilidade Geral, sob a

regência de cátedra do Prof. José da Costa Boucinhas adota-se, pela primeira vez, o

método didático norte-americano, baseado no livro de Finney & Miller intitulado

Introductory Accounting, com importantes adaptações à realidade brasileira,

consubstanciadas pela abordagem do problema da Contabilidade em face de

inflação. Como consequência desse trabalho surge, em 1971, o livro “Contabilidade

Introdutória”, escrito por uma equipe de professores da USP, livro hoje amplamente

adotado nas faculdades de todo o Brasil.

Em 1966, Franco (1988, p.55) afirma que o “Instituto dos Contadores

Públicos do Brasil”, atualmente denominado de Instituto dos Auditores

Independentes do Brasil (IBRACON), publicou seu primeiro trabalho técnico

intitulado “Normas Disciplinadoras da Escrituração e da Elaboração de Balanços”.

Em 1972, com a aprovação da Resolução nº 220 e da Circular nº179 do

Banco Central (BACEN), foi regulamentado o mercado de capitais brasileiro e criada

a figura do auditor independente. Para Iudícibus (2006, p.42), esta Resolução nº

220, demarca a adoção de uma filosofia nitidamente norte-americana no Brasil. Já a

31

Circular nº 179, oficializa a expressão “Princípios de Contabilidade Geralmente

Aceitos”, sendo subdividida em 5 (cinco) grupos:

a. Normas de escrituração.

b. Critérios de avaliação, amortização e depreciação dos elementos

patrimoniais para efeito de Balanço.

c. Critérios gerais para a formação de reservas e provisões.

d. Critérios gerais para a classificação do Balanço Patrimonial.

e. Critérios gerais para apresentação gráfica do Balanço Patrimonial e

Demonstração de Resultados.

De acordo com Schmidt e Santos (2008, p.211), o Conselho Federal de

Contabilidade (CFC), por meio da Resolução CFC nº 321 de 1972, adotou a mesma

terminologia utilizada pela Circular nº 179, expondo que:

Princípios de Contabilidade geralmente aceitos são normas resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos, emanados da Contabilidade, de uso predominante no meio em que se aplicam, proporcionando interpretações uniformes das Demonstrações Contábeis. (RES CFC 321/72)

No entanto, o CFC adotou as normas contábeis e procedimentos de

auditoria ambos elaborados pelo Instituto dos Auditores do Brasil, conhecido como

IBRACON.

Em 1976, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei nº 6.404, de 1976 –

Lei das S/A. Esta lei unificou, em seu conjunto de artigos, as normas e práticas

contábeis da época, com o objetivo de fortalecer o mercado de capitais brasileiro,

fazendo menção direta à utilização dos Princípios Fundamentais de Contabilidade,

representando um grande avanço para a contabilidade.

Ainda em 1976, pela Lei nº 6.385, foi criada a Comissão de Valores

Mobiliários (CVM); uma entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda,

com a finalidade de disciplinar, fiscalizar e promover o desenvolvimento do mercado

de valores mobiliários no Brasil.

32

Em 1981, foi aprovada pelo CFC a Resolução nº 529, que disciplinou as

Normas Brasileiras de Contabilidade técnicas e profissionais, (NBC-T e NBC-P)

respectivamente, sendo a sua observância obrigatória por todos os contabilistas.

Esta Resolução apresentou os 16 (dezesseis) princípios contábeis, a saber:

a. Da entidade.

b. Da qualificação e quantificação dos bens patrimoniais.

c. Da expressão monetária.

d. Da competência.

e. Da oportunidade.

f. Da formação dos documentos contábeis.

g. Da terminologia contábil.

h. Da equidade.

i. Da formação dos documentos contábeis.

j. Da periodicidade.

k. Da prudência.

l. Da uniformidade.

m. Da informação;

n. Dos atos e fatos aleatórios.

o. Da correção monetária.

p. Da integração.

Em 1986, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) edita a Deliberação

CVM nº 29, que aprova o pronunciamento do Instituto Brasileiro de Contadores

(IBRACON), denominado “Estrutura Conceitual Básica de Contabilidade”.

Em 1993, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), editou a Resolução

CFC nº 750, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade,

revogando a Resolução CFC nº 530 de 1981, e com ela a NBC-T 1, desta forma os

33

Princípios Fundamentais de Contabilidade são destacados das Normas Brasileiras

de Contabilidade. Desde então, a discussão dos estudiosos da Contabilidade tem se

concentrado em temas sobre a conceituação, identificação, aplicação e limitação

dos princípios, postulados e convenções.

Atualmente dispomos de dois conjuntos normativos que tratam dos

Princípios Contábeis: o do CFC e o da CVM. (Resolução nº 750, de 1993 do CFC e

Deliberação 29, da CVM) respectivamente.

Em 2005, pela Resolução nº 1.055, foi criado o Comitê de Pronunciamentos

Contábeis (CPC), com o objetivo de alinharmos as normas brasileiras as

internacionais.

Em julho de 2007, a Comissão de Valores Mobiliários emitiu a Instrução

Normativa nº 457, determinando que as companhias de capital aberto, a partir do

exercício de 2010 devem arquivar suas demonstrações financeiras consolidadas,

preparadas de acordo com as normas internacionais de contabilidade, sendo

permitida a adoção antecipada para o ano de 2009.

Todavia, historicamente a Contabilidade no Brasil foi fortemente influenciada

pela legislação tributária como afirma Niyama (2005, p.1):

A Contabilidade no Brasil foi marcada pela forte influencia da legislação tributária, que determinava procedimentos contábeis para classificação de contas e apropriação de receitas e despesas, nem sempre adequados a luz da teoria contábil.

Com a promulgação da Lei nº 11.638 de 2007, alterada pela Medida

Provisória nº 449 de 2008 pretende-se, de forma definitiva, separar da escrituração

mercantil os efeitos da legislação tributária. O artigo 177 da referida lei prevê a

segregação entre a escrituração mercantil e a escrituração fiscal, como meio de

restringir as interferências do ambiente tributário na preparação das demonstrações

contábeis.

Art.177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.

34

§ 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos.

§ 2º A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras. (REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA nº 449, 2008).

Sem dúvida, a regulamentação do mercado de capitais brasileiro, a criação

do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e a promulgação da Lei nº 11.638 de

2007, são um marco no processo de modernização da Contabilidade brasileira,

permitindo, desta forma, que a contabilidade cumpra a sua missão que é a de prover

os seus diversos usuários com informações quantitativas e qualitativas relevantes

para a tomada de decisão.

1.2. Principais Órgãos Brasileiros Reguladores de N ormas Contábeis

Este tópico apresenta os seis órgãos relevantes.

1.2.1. CFC – Conselho Federal de Contabilidade

O Conselho Federal de Contabilidade, criado pelo Decreto-Lei nº 9.295, de

27 de maio de 1946, é uma Autarquia Especial Coorporativa, dotado de

personalidade jurídica de direito público.

Sua estrutura, organização e funcionamento são estabelecidos pelo Decreto-

Lei nº 9.295/46 e pela Resolução CFC nº 960/03, que aprova o Regulamento Geral

dos Conselhos de Contabilidade.

O CFC é integrado por um representante de cada Estado e mais o Distrito

Federal, no total de 27 conselheiros efetivos, com igual número de suplentes,

35

conforme a Lei nº 11.160/05. Tem, dentre outras finalidades, nos termos da

legislação em vigor, principalmente: - a de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício

da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade,

cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no Distrito Federal; - decidir, em

última instância, os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos Regionais; -,

regular acerca dos princípios contábeis, do cadastro de qualificação técnica e dos

programas de educação continuada; - editar Normas Brasileiras de Contabilidade de

natureza técnica e profissional.

1.2.2. CVM – Comissão de Valores Mobiliários

A CVM foi criada em 1976, pela Lei nº 6.385/76, inspirada no modelo norte-

americano da Securities and Exchange Comission (SEC) com o propósito de

monitorar o mercado de capitais brasileiro.

A CVM tem como objetivos, de acordo com a Lei nº 6.385/76:

1. Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e

de balcão.

2. Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e

atos ilegais de administradores e acionistas controladores de companhias ou de

administradores de carteira de valores mobiliários.

3. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar

condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados

no mercado.

4. Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários

negociados e as companhias que os tenham emitido.

5. Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado

de valores mobiliários.

36

6. Estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores

mobiliários.

7. Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado

de ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das

companhias abertas.

1.2.3. IBRACON – Instituto dos Auditores Independen tes do Brasil

O IBRACON foi criado oficialmente em 13 de dezembro de 1971 e a

transformação para a sigla IBRACON aconteceu em 1º de julho de 1982, quando o

Instituto decidiu, após assembleia abrir o quadro associativo para contadores das

várias áreas de atuação. Passou, então, a ser denominado Instituto Brasileiro de

Contadores.

Em 8 de junho de 2001, a Diretoria Nacional aprovou a ideia de voltar a

acentuar a característica de cuidar da classe dos auditores, porém, como o nome

IBRACON já estava consolidado tanto no meio profissional, como nos setores

público e empresarial, optou-se por mantê-lo mudando a denominação para Instituto

dos Auditores Independentes do Brasil, como está atualmente, com abrangência de

auditores, contadores e estudantes.

O IBRACON tem a função de discutir, desenvolver e aprimorar as questões

éticas e técnicas da profissão de auditor e de contador e, ao mesmo tempo, atuar

como porta-voz dessas categorias diante de organismos públicos e privados e da

sociedade em geral.

De acordo com Iudícibus e Marion (2002), o IBRACON teve uma

participação importante na normatização dos princípios contábeis, o que ocorreu

pela Circular nº 179/72 do Banco Central do Brasil (BACEN). Seu esforço constante,

com o objetivo de emitir pronunciamentos de interesse de classe, culminou com a

publicação, em 1986, de um trabalho intitulado “Estrutura Conceitual Básica de

Contabilidade” (ECBC), que aborda os princípios da contabilidade.

O IBRACON também tem como atribuição auxiliar na difusão e na correta

interpretação das normas que se aplicam à profissão contábil, possibilitando aos

37

profissionais o acesso a estas normas e conhecimentos, bem como a sua aplicação

de forma apropriada e condizente com os Princípios Fundamentais de

Contabilidade.

Antes mesmo do mercado de capitais brasileiro decidir pela adoção dos

IFRS (International Financial Reporting Standards) como padrão de normas

contábeis oficiais para companhias listadas na Bolsa de Valores, conforme Instrução

CVM nº 457 de 2007, o IBRACON já vinha trabalhando na convergência de seus

pronunciamentos técnicos contábeis (NPCs) aos conceitos aplicados pelas IFRS.

O Quadro 1 demonstra as NPCs (Normas e Procedimentos de

Contabilidade) emitidas pelo IBRACON, suas correspondentes em IFRS e de acordo

com os CPCs.

Normas e Práticas Contábeis (NPC)

Normas Internacionais de

Contabilidade (IFRS)

Pronunciamentos Contábeis (CPC)

Grau de Harmonização

NPC 2 – Estoques IAS 2 – Estoques CPC 16 – Estoques Alto

NPC 7 – Ativo Imobilizado

IAS 16 – Ativo Imobilizado

CPC 27 – Ativo Imobilizado Alto

NPC 9 – Exigibilidades IAS 37 – Provisões CPC 25 – Provisões,

Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

Parcial

NPC 10 – Eventos Subsequentes à Data

do Balanço Patrimonial

IAS 10 - Eventos Subsequentes à Data do

Balanço Patrimonial

CPC 24 – Eventos Subsequentes Alto

NPC 12 – Práticas Contábeis, Mudanças

nas Estimativas e Correção de Erros

IAS 8 – Práticas Contábeis, Mudanças

nas Estimativas e Correção de Erros

CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de

Estimativa e Retificação de Erro

Alto

NPC 14 – Receitas e Despesas IAS 18 – Receitas CPC 30 – Receitas

Alto

NPC 17 – Contratos de Construção ou de

Empreitada

IAS 11 – Contratos de Construção

CPC 17 – Contratos de Construção Alto

NPC 20 – Demonstração dos

Fluxos de Caixa

IAS 7 – Demonstração dos Fluxos de Caixa

CPC 3 – Demonstração dos Fluxos de Caixa Parcial

38

NPC 22 – Provisões, Passivos,

Contingências Passivas e

Contingências Ativas

IAS 37 – Provisões, Passivos, Contingências

Passivas e Contingências Ativas

CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

Alto

NPC 24 – Reavaliação de Ativos

IAS 16 – Ativo Imobilizado

CPC 27 – Ativo Imobilizado Parcial

NPC 25 – Contabilização do IR e CS (Imposto de Renda e Contribuição Social)

IAS 12 – Imposto de Renda

CPC 32 – Tributos sobre o Lucro Alto

NPC 26 – Contabilização de

Benefícios a Empregados

IAS 19 – Benefícios a Empregados

CPC 33 – Benefícios a Empregados Parcial

NPC 27 – Demonstrações

Contábeis – Apresentação e

Divulgação

IAS 1 – Demonstrações Financeiras

CPC 26 – Apresentação das Demonstrações

Contábeis

Parcial

Quadro 1 – Comparação entre os Pronunciamentos emit idos pelo IBRACON, IFRS e CPC.

Fonte: Quadro elaborado pelo autor.

1.2.4. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado pela Resolução

CFC nº 1.055/05, a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das

seguintes entidades: ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas),

APIMEC Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do

Mercado de Capitais), BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo), CFC (Conselho

Federal de Contabilidade), FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisa Contábeis,

Atuariais e Financeiras) e IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do

Brasil).

39

O CPC tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de

Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de

informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade

reguladora brasileira, visando a centralização e uniformização do seu processo de

produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos

padrões internacionais. Além disso, o CPC foi criado em função das necessidades

de:

• Convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de

elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e

decisões, redução de custo de capital).

• Centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas

entidades o fazem).

• Representação e processo democráticos na produção dessas

informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário,

academia, governo).

1.2.5. BACEN – Banco Central do Brasil

O Banco Central do Brasil (BACEN), criado em 1961, é uma autarquia

federal, integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN). É a autoridade monetária

principal do país. Antes de sua criação o papel de autoridade monetária era

desempenhado por três órgãos, a saber: SUMOC – Superintendência da Moeda,

Banco do Brasil e o Tesouro Nacional.

De acordo com Fortuna (2008, p.21) o Banco Central é a entidade criada

para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a

responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o

funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo Conselho Monetário

Nacional (CMN).

40

1.2.6. SUSEP – Superintendência de Seguros Privados

A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é o órgão responsável

pelo controle e pela fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta

e capitalização. É autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pelo Decreto

Lei nº 73,66, que também instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados – CNSP.

(FORTUNA, 2008, p.43).

As principais atribuições da SUSEP são:

1. Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das

Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada

Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP.

2. Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se

efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de

capitalização e resseguro.

3. Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados

supervisionados.

4. Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos

operacionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiência do Sistema Nacional

de Seguros Privados (CNPS) e do Sistema Nacional de Capitalização (SNC).

5. Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando

sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem.

6. Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado.

7. Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em

especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas.

8. Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades

que por este forem delegadas.

9. Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP.

41

1.3. Principais Órgãos Internacionais que Influenci am na Harmonização das Normas Contábeis

1.3.1. IASB – International Accounting Standards Board

Entre 1973 e 2000, as normas internacionais de contabilidade foram

publicadas pelo IASC (International Accounting Standards Commitee), um comitê

sem fins lucrativos, responsável pela emissão de normas de contabilidade. Segundo

Schmidt, Santos e Fernandes (2007), o IASC foi fundado em 1973, por meio de um

acordo feito entre profissionais de contabilidade e representantes da classe contábil

da Austrália, do Canadá, da França, da Alemanha, do Japão, do México, da Irlanda,

dos Estados Unidos, dos Países Baixos e do Reino Unido. Os primeiros

pronunciamentos contábeis publicados pelo IASC foram chamados de International

Accounting Standards (IAS). A seguir apresenta-se uma breve cronologia do IASC

(International Accounting Standards Commitee) até a constituição do IASB

(International Accounting Standards Board).

Em 1975 foram publicadas as primeiras normas em padrão internacional −

IAS 1 (Divulgação de Políticas Contábeis) e IAS 2 (Avaliação e Apresentação de

Estoques no Contexto de Sistema de Custo Histórico).

Em 1982 aumentou para 17 (dezessete) o número de curadores do IASC,

incluindo membros de 13 países nomeados pelo Conselho da Federação

Internacional de Contadores (IFAC) e até 4 (quatro) representantes de organismos

envolvidos na emissão de relatórios financeiros. A partir de então o IASC passou a

ser reconhecido pelo IFAC como o órgão global para definição de normas

internacionais de contabilidade.

Em 1989, o IASC recebeu um importante apoio por parte da Federação

Européia de Contabilidade (FEE), que apoiou a harmonização internacional e

recomendou um maior envolvimento dos países europeus no IASC. O IFAC adotou

uma orientação para o setor público, o que requereu a adoção das IAS pelas

empresas estatais.

Em 1994 foi constituído o Conselho Consultivo do IASC, com

responsabilidade financeira e fiscalizadora.

42

Em 1995, a Comissão Européia apoiou o acordo entre a Organização

Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO) e o IASC decidiu que

os padrões internacionais de contabilidade (IAS) devessem ser cumpridos por todas

as multinacionais que integram a União Europeia.

Em 1996, a SEC (Securities and Exchange Comission) anunciou apoio ao

IASC com o objetivo de desenvolver normas contábeis que pudessem ser utilizadas

na elaboração de demonstrações financeiras, para fins de ofertas internacionais.

Em 1997 foi constituído o Comitê Permanente de Interpretações (SIC),

formado por 12 membros com direito a voto, cuja missão foi desenvolver

interpretações do IAS para aprovação final pelo IASC. Além disso, foi formado o

grupo de trabalho estratégico para fazer recomendações com relação à futura

estrutura e funcionamento do IASC.

Em 1998, o IASC concluiu as normas-base com a aprovação do IAS 39

(Financial Instruments: Recognition and Measurement). O número de membros do

IFAC/IASC aumentou para 140 órgãos de contabilidade em 101 países.

Em 1999, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os Ministros das

Finanças do G7 (grupo das nações mais industrializadas do mundo - Estados

Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão) pediram apoio

para que o IAS “fortaleça a arquitetura financeira internacional”. O Conselho do IASC

aprovou, por unanimidade, a reestruturação para um Conselho de 14 membros (12

em tempo integral), subordinado a um conselho de curadores independente.

(DELOITTE, 2006, p.15).

Em 2000, a IOSCO recomendou aos seus membros que permitissem a

emitentes multinacionais o uso das normas do IASC em ofertas e listagem em

bolsas internacionais. Foi instalado um comitê de nomeação ad hoc, presidido pelo

Presidente da SEC, Arthur Levitt, para nomear os curadores que fiscalizariam a nova

Estrutura do IASB. Os órgãos membros do IASC aprovaram a sua reestruturação e o

novo Estatuto. O comitê de nomeação anunciou os primeiros curadores. Os

curadores nomearam David Tweedie (presidente do Conselho de Normas Contábeis

do Reino Unido) como o primeiro Presidente do Conselho Internacional de Normas

Contábeis reestruturado. (DELOITTE, 2006, p.15).

Em 1º de abril de 2001 foi criado o IASB (International Accounting Standards

Board), órgão independente do setor privado sem fins lucrativos, com sede em

43

Londres, na Grã-Bretanha, formado por um conselho de membros constituídos por

representantes de mais de 140 entidades profissionais de todo o mundo. Os atuais

padrões IASC e SIC são adotados pelo IASB.

Conforme observado no site do IAS, O IASB tem como objetivos:

• Desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas

contábeis globais de alta qualidade, inteligíveis, exequíveis, que exijam informações

de alta qualidade, transparentes e comparáveis nas demonstrações contábeis e em

outros relatórios financeiros, para ajudar os participantes, do mercado de capital e

outros usuários em todo o mundo a tomar decisões econômicas.

• Promover o uso e a aplicação rigorosa dessas normas.

• Promover a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas

Internacionais de Contabilidade de alta qualidade. (IASB OBJECTIVES)1.

Em 2002, o SIC (Standing Interpretations Commitee) foi renomeado como

Internacional Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC) com a

responsabilidade não só de interpretar os IASs e os IFRSs existentes, mas também

de prestar orientações tempestivas sobre questões não abordadas em um IAS ou

IFRS.

Vale ressaltar que, segundo Schmidt, Santos e Fernandes (2007, p.12), o

SIC foi criado em 1997, “tendo em vista a necessidade de considerar algumas

questões contábeis que possam receber tratamento divergente ou inaceitável, em

razão de falta de orientação oficial no local”.

Em 2003 foram publicados: o primeiro IFRS em versão final e a primeira

minuta de interpretação do IFRIC. Além disso, foram concluídas importantes

alterações em 14 IASs.

Em 2004 foram publicadas as IFRS de 2 a 6 e os IFRICs de 1 a 5.

A partir de 2005 as Companhias com ações listadas nas bolsas de valores

da Europa foram obrigadas a publicar as suas demonstrações financeiras, de acordo

com o padrão IFRS.

1 IASB Objectives. Disponível em http://www.iasplus.com/iasb’_objectives. Tradução nossa. Acesso em 31 Maio 2010.

44

Desde então, o IASB emite as normas IFRS, nova denominação das normas

internacionais de contabilidade (IAS). O IASC emitiu 41 IAS que foram endossadas

pelo IASB em 2001. A partir dessa data até dezembro de 2009, o IASB emitiu 9

novos pronunciamentos chamados de IFRS.

1.3.1.1. Desenvolvimento de Norma Internacional de Contabilidade

O desenvolvimento de uma norma internacional de contabilidade tem inicio

quando algum interessado ou membro do IASB submete sugestões para uma nova

norma contábil ou revisão de norma já existente que, se aceita pelo Comitê, será

examinada e revisada, com base nas fontes contábeis associadas ao assunto em

questão. Dentre essas fontes contábeis encontra-se inserida a Estrutura Conceitual

para preparação e apresentação das demonstrações financeiras do IASB, bem

como as visões dos organismos-membros, a relevância de normas regionais ou

nacionais e outros grupos interessados.

O IASB segue os seguintes procedimentos para estabelecimento de normas

contábeis:

a. Point outline − a comissão preliminar desenvolve um esboço

considerando as fontes envolvidas.

b. Draft statements of principles − depois que o comitê realiza os

comentários ao esboço (draft statements), um projeto de demonstração dos

princípios é preparada.

c. Final statements of principles − após a aprovação do comitê, a

demonstração final dos princípios (final statements of principles) serve como base

para a preparação de um projeto de exposição (exposure draft), sendo que somente

será publicado depois de sua aprovação por pelo menos dois terços do comitê.

d. Draft international accounting standards − o grupo preliminar prepara

um projeto de normas internacionais de contabilidade conhecido como draft

international accounting Standards.

45

e. International financial reporting standards − o projeto de Norma

Internacional de Contabilidade (draft international accounting standards) é revisado

pelo comitê que, finalmente, publica a Norma Internacional de Contabilidade (IFRS)

depois da revisão e com aprovação de pelo menos três quartos do comitê.

1.3.2. SIC – Standing Interpretation Committee

De acordo com Schmidt, Santos e Fernandes (2007) o SIC foi criado em

1997 tendo em vista a necessidade de orientar algumas questões contábeis que

possam receber tratamento contábil divergente ou inaceitável, em razão da falta de

orientação oficial no local. Essas considerações fazem parte da estrutura conceitual

do IASB e faz parte do contexto das normas internacionais de contabilidade. De

modo que, para o desenvolvimento de suas atividades, o SIC consulta entidades

similares em todo o mundo.

Os pronunciamentos emitidos pelo SIC tratam questões relacionadas a

pronunciamentos já existentes como, também, questões relacionadas a

pronunciamentos não emitidos. Com a revisão do IASC o SIC passou a ser

denominado de IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Commitee).

O Quadro 2 apresenta as interpretações emitidas pelo SIC em vigor até 31

de dezembro de 2010:

SIC Assunto

SIC 7 Introdução ao Euro.

SIC 10 Incentivos governamentais.

SIC 12 Consolidação – Entidades de propósito específico.

SIC 13 Entidades controladas conjuntamente – aportes não monetários nos investimentos.

SIC 15 Arrendamentos operacionais – Incentivos.

SIC 21 Impostos sobre resultado – Recuperação de ativos reavaliados e não depreciados.

46

SIC 25 Impostos sobre resultado – Mudança na situação fiscal da empresa ou de seus acionistas.

SIC 27 Avaliação do fundo econômico das transações que adotam a forma legal de um arrendamento.

SIC 29 Informações a revelar – Acordos de concessão de serviços.

SIC 31 Receitas operacionais – Permutas que compreendem serviços de publicidade.

SIC 32 Ativos intangíveis – Custos de sites web.

Quadro 2 − Interpretações emitidas pelo SIC. Fonte: Normas Internacionais de Contabilidade IFRS – Deloitte (2006.p. 260).

1.3.3. IFRIC – International Financial Reporting Interpretations Committee

De acordo com Schmidt, Santos e Fernandes (2007), o IFRIC (International

Financial Reporting Interpretations Committee), é responsável por interpretar a

aplicação dos padrões do IASB no contexto do seu referencial teórico (framework).

O IFRIC é composto por 12 membros, que são designados pelas trustees

(curadores/procuradores), para um mandato de 3 anos. As trustees devem designar

como presidente do IFRIC um membro do IASB ou outro indivíduo qualificado

apropriadamente.

O Quadro 3 apresenta as interpretações emitidas pelo IFRIC em vigor até 31

de dezembro de 2010:

IFRIC: Assunto:

IFRIC 1 Mudanças nos compromissos com desmantelamentos, restaurações e obrigações similares.

IFRIC 2 Participações dos sócios em entidades cooperativas e instrumentos similares.

IFRIC 3 Direitos de emissão.

IFRIC 4 Como determinar se um contrato contém um arrendamento.

47

IFRIC 5 Direitos a participação de fundos de desmantelamentos, restaurações e reabilitações do meio ambiente.

IFRIC 6 Passivos originados na participação em mercado específico – Descarte de materiais elétricos.

IFRIC 7 Aplicação de reprocessamento de Demonstrações Financeiras em Economias Hiper-inflacionárias.

IFRIC 8 Escopo da IFRS 2.

IFRIC 9 Reapresentação de derivativos embutidos.

IFRIC 10 Relatórios financeiros interinos e Impairment.

IFRIC 11 Transações de grupos e participações em tesouraria.

IFRIC 12 Contratos de concessão.

IFRIC 13 Programa de fidelidade de clientes.

IFRIC 14 O limite de um ativo de beneficio definido, requisitos de financiamento mínimo e sua interação.

IFRIC 15 Contrato de construção do setor imobiliário.

IFRIC 16 Hedge de investimento líquido em operação no exterior.

IFRIC 17 Distribuição de ativos não financeiros para proprietários.

IFRIC 18 Recebimento em transferência de ativos de clientes.

IFRIC 19 Extinção de passivos financeiros com instrumentos patrimoniais.

Quadro 3 − Interpretações emitidas pelo IFRIC.

Fonte: Normas Internacionais de Contabilidade IFRS. Adaptado de Deloitte (2006.p. 260).

1.3.4. SAC – Standards Advisory Council

O conselho consultivo de padrões é o organismo internacional através do

qual os grupos que advêm de outras áreas geográficas e indivíduos de onde não

estão estabelecidos os curadores do IASB fazem recomendações ou aconselham o

IASB.

O SAC (Standards Advisory Council) é composto por aproximadamente 30

membros pertencentes a regiões geográficas distintas, com especialização técnica

48

que possibilita contribuir para a formulação de normas contábeis, e tem como

objetivos:

a. Recomendar as prioridades de trabalho do IASB.

b. Informar ao IASB a respeito das implicações de normas propostas aos

usuários e elaboradores das Demonstrações Financeiras.

c. Fazer outras recomendações pertinentes ao IASB.

Além disso, esse conselho deve reunir-se no mínimo três vezes por ano. O

IASB, por sua vez, deve consultá-lo sobre todos os seus principais projetos.

1.3.5. AICPA – American Institute of Certified Public Accountants

O AICPA é o principal órgão de orientação da profissão contábil nos Estados

Unidos da América; foi criado em 1936 por meio da fusão entre dois órgãos

profissionais: o American Institute of Accountants (AIA) e o American Society of

Certified Public Accountants (ASCPA). Porém, somente em 1957 que o AIA

acrescentou a palavra “registrados” e transformou-se no American Institute of

Certified Public Accountants (AICPA). (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2007, p. 48).

O AICPA possui um comitê técnico denominado de “Comitê Executivo de

Padrões de Contabilidade” (ACSEC), composto de 15 membros voluntários, com

representantes da indústria, da academia, dos analistas de mercado e das empresas

de auditoria. O ACSEC tem permissão para formular padrões de contabilidade, bem

como para representar o AICPA em matérias de contabilidade. Esses padrões de

contabilidade são elaborados mediantes trabalhos dos comitês do AICPA.

49

1.3.6. APB – Accounting Principles Board

A partir de 1959, os pronunciamentos contábeis americanos passaram a ser

emitidos pelo APB (Conselho de Princípios Contábeis) em substituição aos ARB

(Accounting Research Bulletin) emitidos pelo AICPA.

Os objetivos do APB eram de promover a redação de princípios contábeis,

geralmente aceitos, limitar as áreas de divergência em termos de prática apropriada

e conduzir a discussão de questões não dirimidas e controvertidas. Seus

pronunciamentos oficiais baseavam-se, principalmente, em estudos aprofundados

realizados na divisão de pesquisa em contabilidade; suas conclusões estavam

consubstanciadas por argumentos apropriados e suas opiniões incluíam a

expressão de posições minoritárias de membros do conselho. (HENDRIKSEN; VAN

BREDA, 2007, p. 61).

Os APB Opinion foram emitidos entre os anos de 1959 e 1973.

1.3.7. Breve Resumo do FASB (SFAS)

Em relação ao ambiente norte-americano foi criado, em 1973, o FASB

(Financial Accounting Standards Board), um órgão independente, reconhecido pela

SEC (Securities and Exchange Comission), que tem como objetivo determinar e

aperfeiçoar os procedimentos, os conceitos e as normas contábeis.

A SEC foi criada em 1933; é uma entidade governamental americana,

responsável pela regulamentação do mercado americano de capitais e definição dos

métodos aplicáveis à preparação de demonstrações contábeis e demais relatórios

obrigatórios para as companhias abertas.

O FASB é composto por sete membros indicados por uma junta de

curadores indicados pelo AICPA (American Institute of Certified Public Accountant),

ou seja, Instituto dos Contadores Públicos Certificados.

O AICPA foi responsável pela fixação das normas contábeis durante o

período que compreende os anos de 1936 até 1959. Posteriormente, entre as

décadas de 60 e 70 a responsabilidade pela emissão de Pronunciamentos

50

Contábeis foi exercida pelo Conselho de Princípios Contábeis (APB). A partir de

1973 o FASB assumiu as funções do Accounting Principles Board (APB), e do

AICPA (que emitiu seu último pronunciamento em 1973).

O FASB emitiu até o presente momento cerca de 160 pronunciamentos

sobre normas contábeis norte-americanas, denominadas de SFAS (Statement of

Financial Accounting Standards), usualmente conhecidas como FAS, as quais são

de observância obrigatória para a profissão contábil.

De acordo com o APB 4 (Basic Concepts and Accounting Principles

Underling Financial Statements of Business Enterprises), os GAAP (Generally

Accepted Accouting Principles ) americanos “contemplam as convenções, normas e

procedimentos necessários para definir as práticas contábeis em um determinado

momento”. (DELANEY et al, 1996, p.3).

O Quadro 4 apresenta o pronunciamento nº 4 do APB.

Objetivos Gerais Fornecer informação confiável sobre recursos e obrigações econômicos e alterações desses recursos e obrigações; ajudara estimar o potencial de geração de lucro de uma empresa.

Objetivos Qualitativos

Relevância; facilidade de compreensão; possibilidade de verificação; neutralidade; oportunidade; comparabilidade; inteireza.

Aspectos Básicos Entidade contábil; empresa em funcionamento; mensuração de recursos e obrigações econômicos; períodos de tempo; mensuração em termos monetários; regime de competência; preço de troca; aproximação; julgamento; informação financeira para uso genérico; demonstrações financeiras relacionadas; substancia acima da forma; materialidade.

Elementos Básicos Ativos; passivos; patrimônio líquido; receita; despesa; lucro líquido.

Princípios Gerais Registro inicial de ativos e passivos; realização de receitas; reconhecimento de despesa; causa e efeito; alocação sistemática e racional; reconhecimento imediato; unidade de medida.

Convenções Modificadoras

Conservadorismo; ênfase no lucro; aplicação de julgamentos.

Operacionais Amplos

Seleção; análise; mensuração; classificação; registro; sumarização; ajuste; comunicação.

Detalhados Regras encontradas na prática

Quadro 4 − Pronunciamento nº 4 do APB Fonte: Hendriksen e Van Breda (2007, p.81)

51

Os USGAAP (United States Generally Accepted Accouting Principles) são

influenciados pelo meio ambiente econômico, e todas as suas normas são

emanadas da prática contábil válida por um determinado período de tempo. Além

disso, seu desenvolvimento é influenciado pelo conceito de materialidade.

Existem duas categorias de princípios que afetam toda a estrutura conceitual

do USGAAP: mensuração e evidenciação.

1. Os princípios de mensuração são padrões quantitativos utilizados para a formulação de respostas para problemas que envolvem alto grau de incerteza. Estes princípios determinam o impacto das demonstrações contábeis, o período e as bases do ciclo contábil.

2. Os princípios de evidenciação envolvem fatores qualitativos e delimitam a transmissão de informações, pois a evidenciação das informações financeiras não deve prover os usuários de informações que não serão úteis à tomada de decisão. (WULFF; KOSKI-GRAFER, 1998, p.191).

De acordo com o APB 4, os USGAAP estão relacionados com a mensuração

econômica das atividades, a periodicidade da divulgação, a evidenciação e a

elaboração das mensurações destas atividades econômicas, por meio dos

demonstrativos contábeis.

Em síntese, o “Pronunciamento número 4” não é uma teoria da prática

contábil, ou uma exposição clara de princípios contábeis geralmente aceitos. Nas

palavras do professor George Staubus, da Universidade da Califórnia, o

pronunciamento é “um belo conjunto de objetivos de contabilidade financeira

justaposto a um conjunto de princípios que ficam muito aquém do que é o

necessário para alcançar os objetivos”. (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2007, p.82).

O “Pronunciamento número 4” do APB é um documento relevante. Parcelas

importantes desse documento foram incorporadas ao referencial conceitual do

FASB. Conforme aponta David Solomons, a maior parte do que não foi incorporado

explicitamente, como alguns dos aspectos básicos da contabilidade, continua a

representar “a formulação mais sólida disponível dos princípios contábeis

geralmente aceitos” (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2007, p.81).

Nos Estados Unidos pode-se considerar que o marco inicial do processo de

harmonização das práticas contábeis teve inicio em 1994; nesta época foi enviada

ao IASC uma proposta de esforços em conjunto no sentido de desenvolver um

52

normativo especifico sobre lucros por ação (earnings per share). Em outubro de

2002, as duas entidades assinaram o acordo de Norwalk, no qual o FASB e o IASB

se comprometeram a trabalhar em conjunto em prol do processo de convergência

entre os USGAAP e as IFRS.

Segundo Fajardo (2007, p.59), um dos principais pontos estabelecidos pelo

acordo tratou da coordenação entre o FASB e o IASB na emissão de futuras

normas, com o objetivo de ambos avaliarem conjuntamente eventuais interpretações

divergentes sobre um mesmo assunto contábil.

Em fevereiro de 2006, o FASB e o IASB reafirmaram o compromisso de

ambas as entidades no processo de convergência e desenvolvimento de um

conjunto de normas comuns de modo a melhorar a consistência e comparabilidade

das demonstrações contábeis, por meio da publicação de um memorando intitulado

A Roadmap for Convergence Between IFRS and USGAAP – 2006-2008.

Recentemente, em fevereiro de 2010 a SEC reafirmou o seu apoio ao processo de

convergência entre o USGAAP e o IFRS que, provavelmente, deverão estar

convergidos até 2011.

1.3.8. EITF – Emerging Issues Task Force

O EITF (Emerging Issues Task Force ) foi criado pelo FASB em 1984, com o

propósito de auxiliá-lo na identificação de problemas atuais ou emergentes, evitando

assim, que práticas contábeis divergentes se estabelecessem. Em geral, a

orientação fornecida pelo EITF foi sobre assuntos delimitados e de interesse

imediato dos usuários da informação contábil.

1.4. As IFRS ( International Financial Reporting Standards)

As IFRS são normas contábeis internacionais elaboradas pelo IASB, que é

uma entidade sem fins lucrativos sediada em Londres. Essas normas ou padrões

contábeis foram desenvolvidas para serem aplicadas às empresas listadas nas

53

bolsas de valores ao redor do mundo, de forma igualitária e irrestrita, permitindo,

desta forma, a comparabilidade entre diversas empresas diferentes no mundo todo.

A adoção das IFRS pela União Europeia e pelo restante do mundo se fez

necessário dentro da classe contábil, em resposta à demanda de informações em

nível mundial ocasionado, principalmente, pelo aumento de investidores e de

empresas multinacionais que buscam melhores alternativas de investimentos, bem

como expandir seus negócios para além das fronteiras de seus países de origem.

A partir de 2005 as IFRS se tornaram obrigatórias para todas as empresas

com ações nas bolsas de valores europeias e que precisam, portanto, publicar as

suas demonstrações financeiras para o mercado.

Alguns pesquisadores e usuários das informações contábeis ainda discutem

a importância e a eficiência, bem como os impactos causados pela adoção das IFRS

em nível mundial.

Os pesquisadores, Horton e Serafeim (2007), investigaram a existência de

reação no mercado de capitais a partir da divulgação das reconciliações das normas

contábeis do Reino Unido com as normas IFRS. Os resultados obtidos sugeriram

que o mercado acionário reagiu aos ajustes às IFRS. Ademais, os autores

identificaram os principais assuntos contábeis que provocaram as maiores

divergências entre os dois padrões, quais foram: pagamento baseado em ações,

amortização do goodwill, instrumentos financeiros e deferimento de impostos.

Um dos sócios da divisão de consultoria para publicação de demonstrações

contábeis da Ernst & Young, Amin Mawji, fez uma avaliação após três anos da

obrigatoriedade das IFRS na União Europeia. (HUGHES, 2008). Nesta avaliação,

ele citou que a percepção da sociedade foi a de que a transição da União Europeia

para o IFRS foi um sucesso, ao mesmo tempo em que se percebeu o alto grau de

dificuldade, requerendo, principalmente, muita habilidade dos contadores, por meio

de ajustes aos sistemas integrados de gestão empresarial para obter as

demonstrações finais.

Hughes (2008) também mencionou que no primeiro dia de conversão do UK-

GAAP para as IFRS, no Reino Unido, a PricewaterhouseCoopers monitorou o preço

das ações diante da apresentação dos resultados sob o padrão internacional. As

alterações dos preços das ações ficaram em volta de 1 e 2 por cento, o que foi

54

considerado aquém do resultado esperado para uma transição, que foi declarada

apenas como uma mudança de registros contábeis.

Os pesquisadores Christensen, Lee e Walker (2009) examinaram as

reconciliações publicadas por empresas do Reino Unido, entre as normas locais e as

normas IFRS, pois estas reconciliações são obrigatórias quando da adoção do IFRS

1. Este estudo constatou a relevância das informações oriundas desta reconciliação

para os analistas de mercado. Examinaram, ainda, o tempo que as empresas

levaram para publicar tais informações e os aspectos positivos e negativos contidos

nestas informações. Também observaram um aumento, por parte dos analistas, por

informações acerca das reconciliações e notaram que as empresas que atrasaram a

divulgação dos impactos desta reconciliação foram, justamente, as que tiveram

ajustes desfavoráveis com a adoção do IFRS.

Atualmente, cerca de 7.000 companhias listadas nas bolsas de valores

europeias adotaram o IFRS, sendo que 275 adotaram o IFRS antes mesmo de

2005. Hoje mais de 100 países já adotaram o IFRS e outros países como Canadá,

Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e Índia devem aumentar este número a partir

de 2011. A expectativa do IASB é que esse número aumente para 150 países até

2011.

1.5. A IFRS 1 – (First - Time Adoption)

A norma IFRS 1 tem por objetivo garantir que as primeiras demonstrações

contábeis consolidadas de uma entidade contenham informações de alta qualidade,

transparentes e comparáveis, pela confirmação da aplicação de forma irrestrita e

ampla de todas as IFRS.

Na íntegra a norma IFRS 1 tem por objetivo:

The objective of this IFRS is to ensure that an entity’s first IFRS financial statements, and its interim financial reports for part of the period covered by those financial statements, contain high quality information that: (a) is transparent for users and comparable over all periods presented; (b) provides a suitable starting point for accounting under International Financial Reporting Standards (IFRSs); and (c) can be generated at a cost that does not exceed the benefits to users.

55

De acordo com a IFRS 1, as empresas devem apresentar as suas

demonstrações financeiras de forma comparativa entre dois ou mais exercícios,

além de se basear, obrigatoriamente, nas IFRS em vigor na data dos relatórios

financeiros. Além disso, a norma internacional IFRS 1 requer a aplicação

retrospectiva de todas as IFRS em vigor na data do balanço patrimonial referente ao

último exercício apresentado.

O IASB permite, na adoção das IFRS pela primeira vez, algumas exceções

(mandatórias) e isenções opcionais no cumprimento de determinadas exigências de

algumas de suas normas. Estas exceções referem-se aos seguintes assuntos: des-

reconhecimento de ativos financeiros e passivos financeiros, contabilização do

hedge (hedge accounting), participação de não controladores e combinação de

negócios.

Entre as isenções opcionais estão: contratos de seguros, custo atribuído,

benefícios a empregados, ativos e passivos de controladas, coligadas e

empreendimentos conjuntos, instrumentos financeiros compostos, passivos

decorrentes da desativação incluídos no custo de ativos imobilizados, ativos

financeiros ou ativos intangíveis contabilizados conforme a IFRIC 12 – Service

Concession Arrangements (Interpretação Técnica IT 08 – Contratos de Concessão).

1.6. Efeitos da Promulgação da Lei nº 11.638/07

A promulgação da Lei n° 11.638, de dezembro de 2007 , e da Medida

Provisória nº 449, de dezembro de 2008, alteraram e revogaram alguns dispositivos

da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76) e da Lei n° 6.385/76, tendo em

vista a convergência das práticas contábeis brasileiras às normas internacionais de

contabilidade (IFRS).

Essa Lei, alterando a de nº 6.404/76, a Lei das S.A., foi a grande mudança

que propiciou condições para a convergência às normas internacionais de

contabilidade. O texto legal não só determinou essa convergência como produziu

alterações na Lei que impediram a adoção de várias dessas normas internacionais.

Além disso, fez expressa menção à figura do CPC e, o mais fundamental de tudo,

56

determinou, de forma enfática, a segregação entre Contabilidade para fins de

Demonstrações Contábeis e Contabilidade para fins Fiscais. (FIPECAFI, 2010, p.20)

Com a conversão das demonstrações contábeis de BR-GAAP para IFRS,

em função da adoção dos pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC a partir da

publicação da Lei nº 11.638/07, algumas destas normas impactaram as

demonstrações contábeis das empresas, de uma forma geral, como observado no

estudo feito pela Ernst & Young e demonstrado no Quadro 5.

Norma CPC Número de

diferenças

Impacto sobre o

lucro de 2008

Redução ao valor recuperável de ativos 01 7 (6,84%)

Efeito das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis

02 18 (9,62%)

Demonstração dos Fluxos de Caixa 03 N/A N/A

Ativos Intangíveis 04 14 (0,03%)

Divulgação sobre Partes Relacionadas 05 N/A N/A

Operações de Arrendamento Mercantil 06 16 (1,16%)

Subvenção e Assistência Governamentais 07 12 1,31%

Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários

08 7 0,08%

Demonstração do Valor Adicionado 09 N/A N/A

Pagamentos Baseados em Ação 10 16 (0,23%)

Contratos de Seguros 11 N/A N/A

Ajuste a Valor Presente 12 22 0,12%

Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 13 N/A N/A

Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação

14 28 (2,53%)

Outros 46 (0,86%)

Total 186 (19,76%)

Quadro 5 – Resultado da pesquisa “Observações na Im plementação da Lei nº 11.638/07”

Fonte: Ernst & Young (2009)

57

Esta pesquisa foi feita em 2009, pela empresa de auditoria Ernst & Young.

Este trabalho teve como objetivo analisar o impacto da adoção do IFRS pelas

empresas brasileiras. Foram consideradas as demonstrações financeiras publicadas

no final do ano fiscal de 2008, que teve como data de transição o dia 1º de janeiro de

2006, 2007 ou 2008 e levou em consideração os 14 pronunciamentos emitidos até

então pelo CPC. A amostra contemplou 40 empresas classificadas entre as 100

maiores empresas por capitalização de mercado com ações na Bolsa de Valores de

São Paulo (BOVESPA).

Para a seleção das empresas foi adotado o seguinte critério:

• Companhias de capital aberto com ações negociadas na BOVESPA

em janeiro de 2009 e identificadas como integrantes do grupo das cem maiores por

capitalização de mercado.

• Companhias que apresentaram conciliações para lucro e patrimônio

líquido para o exercício encerrado em 2008.

Esta pesquisa identificou 186 itens de conciliação distribuídos em dez áreas

da contabilidade. Um total de 28 diferenças referentes a instrumentos financeiros

(CPC 14) foram registradas por 24 das 40 companhias pesquisadas, o que coloca

essa categoria como a que mais registrou diferenças, seguida por ajuste a valor

presente (CPC 12) e efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de

demonstrações contábeis (CPC 02).

O pronunciamento com maior impacto sobre o lucro de 2008 foi o CPC 02.

Das empresas pesquisadas, 14 reconheceram um ajuste, com redução no lucro de

R$ 8 bilhões (9,6%). O segundo maior impacto sobre o lucro foi gerado pelo CPC

01, apesar de ter afetado apenas sete das 40 empresas. Isso demonstra que,

apesar de raro, um ajuste de impairment geralmente tem valor expressivo. O total

dos ajustes das sete companhias resultou em redução do lucro líquido de R$ 5,7

bilhões (6,8%), uma média de mais de R$ 800 milhões por companhia que registrou

ajuste de impairment.

O Quadro 6 apresenta as principais diferenças entre o “antigo” BR-GAAP e

as mudanças ocasionadas pela adoção do IFRS no Brasil de acordo com a Lei nº

11.638/07.

58

Antes Depois

Publicação da DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos).

Publicação da DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa).

As companhias fechadas com patrimônio líquido não superior a R$ 1 milhão eram desobrigadas de publicar a DOAR.

As companhias fechadas com patrimônio líquido inferior a R$ 2 milhões são desobrigadas a publicar a DFC.

A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) não era exigida.

DVA (Demonstração do Valor Adicionado) exigida para as companhias abertas.

A escrituração contábil era efetuada de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos e pela legislação comercial, podendo registra nos livros comerciais ou em livros auxiliares os ajustes decorrentes da legislação tributária ou de legislação específica sobre a atividade da sociedade.

A escrituração contábil é efetuada de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. Eventuais alterações oriundas da legislação tributária ou legislações especiais devem ser mantidas em livros auxiliares sem prejuízo às práticas contábeis que serão adotadas.

A CVM expedia normas contábeis de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos.

A CVM deve expedir normas contábeis em consonância com os padrões internacionais de contabilidade (IFRS - International Financial Reporting Standards).

Não havia obrigatoriedade de aplicação, pelas companhias fechadas, das normas e resoluções da CVM.

As companhias fechadas podem optar por observar as normas contábeis emanadas da CVM.

Os efeitos de ajustes contábeis (com algumas exceções previstas na legislação tributária) eram considerados na base de incidência dos impostos.

Os efeitos de ajustes contábeis decorrentes da mudança de norma contábil não podem, ser considerados na base de incidência dos impostos.

O ativo permanente era dividido em: investimentos. Ativo imobilizado e ativo diferido.

O grupo de ativo permanente foi extinto e os novos grupamentos são: investimentos, imobilizado e intangível.

O patrimônio líquido era dividido em: capital social, reservas de capital, reserva de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados.

O patrimônio líquido deve ser divido em: capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.

Os prêmios recebidos na emissão de debêntures, bem como as doações e as subvenções para investimento, podiam ser registrados como reserva de capital.

Os prêmios recebidos na emissão de debêntures, bem como as doações e subvenções para investimentos devem integrar o resultado do exercício.

Aumentos de valores nos saldos de ativos eram registrados como reserva de reavaliação, no patrimônio líquido.

Aumentos ou diminuições de valores nos saldos de ativos e passivos decorrentes de avaliações a preço de mercado devem ser registrados na conta de ajustes de avaliação patrimonial, no patrimônio líquido.

59

Os ativos eram avaliados pelo seu custo ou pelos seus valores de mercado, dos dois o menor, sempre deduzido de provisões para perdas, amortização, depreciação ou exaustão.

Os ativos devem ser avaliados pelo custo ou mercado, dos dois o menor, sempre deduzido de provisões para perdas. Para rubricas específicas, é aceita a contabilização pelo valor de mercado.Para os ativos de longo prazo, devem ser efetuados ajustes a valor presente. O produto de operações com instrumentos financeiros deve ser registrado em consonância com as regras especificadas da lei. Periodicamente, a entidade deve avaliar a recuperação dos valores dos ativos imobilizado, intangível e diferido e, sempre que necessário, devem ser ajustados aos seus valores de realização.

Os passivos eram avaliados de forma conservadora e acrescidos de todos os encargos, juros, multas, correções e variações cambiais cabíveis.

Os passivos serão avaliados de forma conservadora, acrescido de todos os encargos, juros, multas, correções e variações cambiais cabíveis. Os passivos de longo prazo serão ajustados ao seu valor presente e aos saldos de curto prazo, quando houver efeito relevante.

Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, os saldos vertidos podiam ser registrados pelos valores contábeis.

Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, a CVM determinará os critérios contábeis a ser praticados.

As controladas deviam ser avaliadas pelo método de equivalência patrimonial.

As controladas, sociedade que fazem parte do mesmo grupo que estejam sob controle comum, devem ser avaliadas pelo método de equivalência patrimonial deviam ser avaliadas pelo método de equivalência patrimonial.

As companhias abertas eram obrigadas a publicar as suas demonstrações contábeis devidamente auditadas. As companhias fechadas eram obrigadas a publicar suas demonstrações contábeis.

As companhias abertas são obrigadas a publicar as suas demonstrações contábeis devidamente auditadas. As companhias fechadas são obrigadas a publicar suas demonstrações contábeis. As empresas (ou grupo de empresas sob controle comum) enquadradas como sociedade de grande porte, ou seja, com receita bruta anual superior a R$ 300 milhões ou ativo superior a R$ 240 milhões, mesmo que não constituídas como sociedade opor ações, estão obrigadas a observar as práticas contábeis previstas na lei ou na CVM, incluindo a auditoria de suas demonstrações contábeis.

CPC. A CVM, o BACEN e demais órgãos e agências reguladoras podem celebrar convênio com órgãos técnicos de contabilidade no intuito de emitir normas contábeis. Apesar de o seu nome não estar escrito na lei, o órgão que esta desempenhando a função de emitir normas contábeis em consonância com os IFRS e em convênio com a CVM e o CFC é o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis).

Quadro 6 − Guia para as Demonstrações Contábeis – 2009-2010

Fonte: BDO (2010)

60

O Quadro 7 apresenta, de forma resumida, os principais artigos da Lei nº

6.404/76 que sofreram alguma alteração com a promulgação da Lei nº 11.638/07.

Tema Artigos da Lei nº 6.404/76

(Alterados)

Artigos da Lei nº

11.638/07

Demonstrações financeiras 176 1º

Escrituração mercantil 177 1º

Balanço patrimonial 178, 179 1º

Critérios de avaliação do ativo 183 1º

Critérios de avaliação do passivo 184 1º

Demonstrações do resultado do exercício

187 1º

Reserva de incentivos fiscais 195 A 1º

Reserva de lucros a realizar 197 1º

Transformação, incorporação, fusão e cisão

226 1º

Avaliação de investimentos 248 1º

Reserva de reavaliação 178, 182 6º

Quadro 7 – Artigos da Lei nº 6.404/76 alterados pel a Lei nº 11.638/07.

Fonte: Elaborado pelo Autor.

O Capítulo II, que segue, apresenta a Análise das Demonstrações Contábeis

com foco na seleção dos indicadores para análise de balanços das empresas do

setor de transportes aéreos.

CAPÍTULO II − ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis são peças importantes no processo de tomada

de decisão e avaliação de empresas por diversos usuários, tais como investidores,

financiadores de longo prazo, credores de curto prazo, fornecedores, clientes, entre

tantos outros e é tão importante e antiga quanto à própria contabilidade.

“A necessidade de analisar demonstrações contábeis é pelo menos tão

antiga quanto à própria origem de tais peças (IUDÍCIBUS, 2007, p.1)”.

Segundo Iudícibus (2006, p.22):

A função fundamental da contabilidade (...) tem permanecido inalterada desde seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de informação que têm procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstrativos financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões econômicas.

De acordo com Brigham et al (2001, p.97):

Do ponto de vista de um investidor, prever o futuro é tudo o que a análise de demonstrações financeiras objetiva, enquanto do ponto de vista dos gestores, a análise de demonstrações financeiras, é útil para ajudar a antecipar condições futuras e, mais importante, como um ponto de partida para planejar medidas que afetarão o curso futuro dos eventos.

A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis

fornecidas pelas empresas, “a posição econômico-financeira atual, as causas que

determinaram a evolução apresentada e as tendências futuras”. Em outras palavras,

“pela análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada,

presente e futura (projetada) de uma empresa”. (ASSAF NETO, 2010, p.35).

Para Martins (IOB 26/2005, p.1), a análise de balanços tem o objetivo geral

de: “[...] formar uma ideia sobre o desempenho da empresa durante um certo

período e [...] extrair informações que ajudem, complementarmente a outras, a

efetuar projeções sobre o futuro dessa entidade”.

18

Iudícibus (2009, p. 5) define a análise de balanços como uma “arte de saber

extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos

relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o

caso”. Na opinião do autor é esperado, mas não uma verdade absoluta, que dois

profissionais com a mesma experiência em análise de balanços cheguem a

conclusões idênticas, com base em um mesmo conjunto de dados.

Os indicadores econômico-financeiros são utilizados na análise de balanço

como uma importante ferramenta de decisão, na avaliação da posição financeira

atual e futura (projetada) de uma empresa.

“A análise de balanços encontra seu ponto mais importante no cálculo e

avaliação do significado de quocientes, relacionando, principalmente, itens e grupos

do Balanço e da Demonstração do Resultado”. (IUDÍCIBUS, 2009, p.89).

Entretanto, estes indicadores são fundamentados em dados contábeis

obtidos por meio das demonstrações contábeis como: Balanço Patrimonial,

Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Estes indicadores são criticados por alguns autores por não considerarem o custo do

capital próprio, ou seja, o retorno que os investidores exigem para investir na

empresa.

Neste cenário surgem as medidas de desempenho econômico que

trabalham com o conceito de custo total investido na empresa, ou seja, o custo do

capital de terceiros e o custo do capital próprio.

Dentre essas medidas de desempenho a mais conhecida e utilizada é o

lucro residual e o valor econômico adicionado ou Economic Value Added (EVA®);

este se diferencia do primeiro por considerar na sua formulação os ajustes

contábeis.

Nesse trabalho, o objetivo não é o de analisar financeiramente a empresa e

concluir sobre seu desempenho operacional. O objetivo central deste tema é

analisar, de forma comparativa, se a adoção das IFRS poderia causar algum

impacto nos indicadores econômico-financeiros tradicionais e no EVA®, antes e

depois da adoção das IFRS.

Todavia, o trabalho de análise financeira, tem algumas limitações,

provocadas por diversos fatores. Neste trabalho devemos considerar que uma

análise financeira realizada por um administrador de dentro da empresa, certamente

será mais precisa do que uma análise preparada por alguém de fora da empresa.

19

Essa análise de indicadores não conta com a participação de nenhum

membro das empresas objeto deste estudo de caso, logo, é possível que existam

algumas imprecisões ou até mesmo distorções.

2.1. Seleção dos Indicadores para Análise de Balanç os das Empresas do Setor de Transportes Aéreos

É importante acrescentar, segundo Assaf Neto (2010, p.42) que a análise de

balanços:

É fundamentalmente comparativa, ou seja, determinado índice, quando avaliado isoladamente, não produz informações suficientes para uma correta conclusão. É indispensável que se conheça como evoluiu esse resultado nos últimos anos e em que nível ele se situa em relação aos concorrentes e aos padrões o mercado.

Na concepção de Braga (1989, p.153) os índices mais conhecidos nos

meios profissionais “procedem a uma classificação que visa facilitar a interpretação

conjunta de grandes grupos de informações. São eles: situação financeira, gestão

dos recursos, rentabilidade e avaliação das ações”.

De acordo com Martins (2005) uma boa análise de balanços, não necessita

de grandes quantidades de indicadores nem tampouco de índices complexos.

É comum, [...] vermos alguns textos que se preocupam muito mais com uma quantidade infindável de “índices” do que com a análise critica da capacidade de dizer de cada um deles. Normalmente uma pequena quantidade desses indicadores é suficiente para a extração das conclusões mais relevantes. Na verdade, pode-se afirmar que, quanto mais indicadores se utilizar, a partir de mais ou menos uma dúzia deles, maior poderá ser o risco de perder o conjunto de vista e de se fixar em detalhes sem tanta importância. (MARTINS, IOB 26/2005, p.2)

Para Assaf Neto (2010, p.40):

A análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes objetivos consoantes com os interesses de seus vários usuários, ou pessoas físicas ou jurídicas, que apresentam algum tipo de relacionamentos com a empresa. Nesse processo de avaliação, cada usuário procurará detalhes específicos e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. Os usuários mais

20

importantes da análise de balanços de uma empresa são os fornecedores, clientes, intermediários financeiros, acionistas, concorrentes, governo e seus próprios administradores.

De acordo com Braga (1989, p.153) os índices mais conhecidos nos meios

profissionais procedem a uma classificação que visa facilitar a interpretação conjunta

de grandes grupos de informações, são eles:

• Liquidez.

• Estrutura de Capital ou Endividamento.

• Rentabilidade.

Neste trabalho fez-se a opção por escolher os indicadores comumente

utilizados pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Cívil-Brasil), publicados

anualmente no anuário do transporte aéreo, os quais podem ser enquadrados dentro

dos grupos mencionados acima.

2.1.1. Indicadores de Liquidez

“Os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira de uma

empresa frente a seus diversos compromissos financeiros”. (ASSAF NETO, 2010,

p.163).

1. Liquidez Imediata

DisponívelPassivo Circulante

=Liquidez imediata

De acordo com Assaf Neto este índice revela a porcentagem das dívidas em

curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente. Esse

21

quociente é geralmente baixo, pelo pouco interesse das empresas em manter

recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade.

“Este quociente já teve uma importância maior, quando a existência de

mercado financeiro e de capitais era restrita”. (IUDÍCIBUS, 2009, p.91).

2. Liquidez Seca

Passivo Circulante=Liquidez seca

Ativo Circulante - Estoques - Despesas Antecipadas

Este indicador demonstra a porcentagem das dívidas em curto prazo, em

condições de serem saldadas mediante a utilização de itens monetários de maior

liquidez do ativo circulante. Essencialmente, a liquidez seca determina a capacidade

de curto prazo de pagamento da empresa mediante a utilização das contas do

“disponível e valores a receber”.

De acordo com Brigham et al (2001, p.98):

Os estoques são, tipicamente, o menos liquido dos ativos circulantes de uma empresa e, portanto, aqueles nos quais os prejuízos têm mais probabilidade de ocorrer na hipótese de uma liquidação. Portanto, uma medida da habilidade da empresa em pagar suas obrigações de curto prazo, sem recorrer à venda de seus estoques, é importante.

3. Liquidez Corrente

Ativo CirculantePassivo Circulante

=Liquidez corrente

Este indicador é um dos mais divulgados, por envolver saldos realizáveis de

liquidez mais imediatos e compromissos inferiores ao período contábil. O tempo

22

analisado fica relativamente menor, portanto, através deste índice analisa-se a

capacidade de honrar compromissos de curto prazo. (BRAGA, 1989, p.154).

“Quanto maior a liquidez corrente, mais alta a capacidade da empresa em

financiar suas atividades de capital de giro”. (ASSAF NETO, 2010, p.164).

“É um índice muito divulgado e frequentemente considerado como o melhor

indicador da situação de liquidez da empresa”. (IUDÍCIBUS, 2009, p.91)

Em outras palavras, representa quantas vezes o Ativo Circulante

corresponde ao Passivo Circulante, representa, portanto, a posição do Capital

Circulante Líquido (CCL) em um determinado momento.

Se:

LC > 1,0

LC = 1,0

LC < 1,0

Significa que o CCL é:

Positivo

Nulo

Negativo

4. Liquidez Geral

Ativo Circulante + Realizável a Longo PrazoPassivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

=Liquidez geral

Segundo Assaf Neto (2010, p.164) esse indicador “revela a liquidez, tanto

em curto prazo como em longo prazo. Este índice também é utilizado como uma

medida de segurança financeira da empresa em longo prazo, revelando a sua

capacidade de saldar todos seus compromissos”.

Marion (2009, p.78) também alerta que as divergentes datas de recebimento

e de pagamento tendem a acentuar-se, ou seja, “o recebimento do Ativo pode

23

divergir consideravelmente do pagamento do Passivo, e isto, sem dúvida empobrece

o indicador”.

2.1.2. Indicadores de Endividamento

1. Grau de Endividamento

Exigível TotalExigível Total + Patrimônio Líquido

=Grau de endividamento

Este indicador também é conhecido como Debt Ratio, de grande relevância relaciona o Exigível Total (Capitais de Terceiros) com os fundos totais providos por capitais próprios e capitais de terceiros. Também significa qual a porcentagem do ativo total financiada com recursos de terceiros. (IUDÍCIBUS, 2009, p.95).

De acordo com Ross et al (2002, p.83) este índice “leva em consideração

todos os tipos de dividas de diferentes prazos e de todos os fornecedores”. Quanto

menor ou próximo de zero, menor será a divida perante terceiros.

2. Participação do Capital de Terceiros

Exigível TotalPatrimônio Líquido

=Participação do Capital de Terceiros

“Este indicador é um dos mais utilizados para retratar o posicionamento das

empresas com relação aos capitais de terceiros”. (IUDÍCIBUS, 2009, p.95)

Do ponto de vista financeiro, quanto maior esse índice, menor a liberdade

nas decisões financeiras da empresa, ou seja, maior é a sua dependência de

terceiros. Do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a

24

empresa trabalhar com capitais de terceiros, se a remuneração paga a esses

capitais for menor do que o lucro conseguido com a sua aplicação nos negócios.

Aqui se têm algumas variáveis importantes para a análise da participação do

capital de terceiros:

a) Geração de recursos: uma empresa capaz de gerar recursos para

pagar dívidas tem mais capacidade de endividar-se.

b) Liquidez: se uma empresa aplica os recursos emprestados no Ativo

Permanente terá maior dificuldade de honrar seus compromissos, casa haja

necessidade de recuperá-los em curto prazo.

c) Renovação: do sucesso em renovar empréstimos pode depender a

continuidade de uma empresa.

3. Composição do Endividamento ou Participação das Dívidas de Curto

Prazo sobre o Endividamento Total

Passivo CirculanteExigível Total

=Composição do Endividamento

“Este indicador representa a composição do endividamento total ou qual a

parcela que se vence em curto prazo no endividamento total”. (IUDÍCIBUS, 2009,

p.95)

2.1.3. Indicadores de Rentabilidade

“Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais

investidos, isto é, quanto rendeu os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito

econômico da empresa”. (MATARAZZO, 1998, p.181).

25

1. Margem Líquida

Lucro LíquidoVendas Líquidas

=Margem Líquida

“A margem líquida revela o percentual da receita operacional líquida que

sobrou, após serem deduzidas todas as despesas e computados todos os

resultados não operacionais, a provisão para o imposto de renda e as participações

estatutárias”. (BRAGA, 1989, p.164).

2. Giro do Ativo

Receita LíquidasAtivo Total Médio

=Giro do Ativo Total

“Este indicador expressa quantas vezes o ativo “girou” ou se renovou pelas

vendas. Quanto maior o “giro” do ativo pelas vendas, maiores as chances de cobrir

as despesas com uma boa margem de lucro”. (IUDÍCIBUS, 2009, p.100).

3. Retorno sobre o Investimento ou Return on Invest ment

Lucro Operacional LíquidoInvestimento

=ROI

Este indicador identifica a capacidade de geração de riqueza da empresa; representa a razão entre o resultado líquido e o capital total investido. Este método de análise de desempenho tem sido denominado Sistema Du-Pont de análise financeira e tem tido grande aceitação mundial. (IUDÍCIBUS, 2009, p.106)

26

4. Retorno sobre Patrimônio Líquido

Lucro LíquidoPatrimônio Líquido - Lucro Líquido

=RSPL

“O retorno sobre o patrimônio líquido representa a taxa de rentabilidade

auferida pelo capital próprio da empresa, sendo dimensionado pela relação entre o

lucro líquido e o patrimônio líquido, excluído o lucro líquido do próprio exercício”.

(ASSAF NETO, 2003, p.209).

2.1.4. Outros Indicadores

1. EBITDA – Earnings Before Interests, Taxes, Depre ciation and

Amortization

O EBITDA tornou-se uma medida bastante popular, especialmente na

comunidade de analistas. Muitos analistas de Nova York, Londres e outros centros

financeiros baseiam suas recomendações de compra e venda de ações em múltiplos

preço/EBITDA. Uma vez que o EBITDA incorpora o EBIT; ele serve como um

componente do lucro residual, mas também é utilizado como uma ligação à

mensuração do fluxo de caixa. Uma de suas vantagens é o fato de ele controlar as

diferenças em políticas de depreciação entre empresas, facilitando,

presumivelmente, aspectos de comparabilidade. (YOUNG et al, 2003, p.392)

Por sua vez, o EBIT é uma medida popular de mensuração do desempenho

de divisões. Uma das razões para isto é que ela mensura apenas a performance

operacional, ignorando custos financeiros e tributários. (YOUNG et al, 2003, p.391)

De acordo com Iudícibus (2009, p.238):

Este indicador vem sendo analisado desde a década de 70 nos EUA e mais recentemente no Brasil, principalmente após a redução da inflação e aquecimento do mercado financeiro. O EBITDA é uma medida essencialmente operacional, desconsidera os efeitos dos resultados financeiros, assim revelando o potencial da empresa para a geração de caixa operacional.

27

Já para Assaf Neto (2010, p.196):

O EBITDA equivale ao conceito de fluxo de caixa operacional da empresa, apurado antes do cálculo do imposto de renda. Parte das receitas consideradas no EBITDA pode não ter sido recebida, assim como parte das despesas incorridas pode ainda estar pendente de pagamento. Logo, essa medida financeira não representa o volume monetário efetivo de caixa, sendo interpretada de forma melhor como um indicador do potencial de geração de caixa proveniente de ativos operacionais.

Reconciliação do EBITDA: Lucro Operacional(+) Depreciação

(+/-) Amortização de ágio ou deságio(+) Outras amortizações(-) Despesas não recorrentes(=) EBITDA

Quadro 8 – Reconciliação do EBITDA

Fonte: Iudícibus (2009, p.239)

2. EVA® - Economic Value Added

Ao longo da última década tem-se desenvolvido medidas de desempenho

ligadas ao gerenciamento baseado em valor, com o objetivo de remunerar de forma

adequada o capital investido pelo acionista. Essas medidas são oferecidas por

diferentes consultorias e entre elas as mais conhecidas são: o Economic Value

Added (EVA®) da Stern Stewart, o Cash Flow Return on Investment (CFROI) da Holt

Value e o Cash Value Added (CVA) da Boston Consulting Group (BROWN, 2006).

Dessas medidas o Economic Value Added tem recebido grande atenção

tanto na imprensa quanto na literatura acadêmica. Basso, Alves e Nakamura (2002,

p.1) afirmam que o EVA® é uma das medidas de desempenho mais discutidas no

meio acadêmico e adotadas pelas empresas.

Com a publicação do artigo The Real Key to Create Wealth, por Shawn

Tully, na revista Fortune, em setembro de 1993, o EVA® se tornou amplamente

difundido como “[...] a mais recente e empolgante medida do sucesso corporativo”.

(CHEN; DODD, 1997, p.318; BIDDLE; BOWEN; WALLACE, 1997, p.302)

28

Por ora, embora seja um conceito amplamente utilizado nos dias de hoje, o

EVA® tem sido objeto de vários estudos com o intuito de testar empiricamente a sua

importância como os de BIDDLE; BOWEN; WALLACE (1997); CHEN; DODD (1997),

BAO; BAO (1998); KLEIMAN (1999); TURVEY et al. (2000); FELTHAM et al. (2004)

entre outros) tem verificado a efetividade do EVA® comparando-o com outras

medidas contábeis tradicionais na avaliação do retorno de ações de empresas.

Os resultados desses estudos alternam-se, sendo que alguns indicam a

superioridade do EVA® na correlação com o retorno das ações entre eles o de Chen

e Dodd (1997), o de Kleiman (1999) e o de Feltham et al.(2004) e o de Silveira et al,

(2004) este último por sua vez realizado no mercado de ações brasileiro; e outros

estudos apontam para uma fraca ou nenhuma relação do EVA® com o retorno das

ações entre eles o de Biddle, Bowen e Wallace (1997), o de Turvey et al.(2000) e o

de Fargio, Desel e Degner (2000).

O conceito de valor adicionado, embora tenha sido muito mais divulgado e

utilizado nos últimos anos é um conceito antigo. Conceitos semelhantes ao do EVA®

já foram trabalhados anteriormente: renda ou lucro residual foi introduzido por Alfred

Marshall em 1890; lucros anormais, por Feltham e Ohlson em 1995; lucro excessivo,

por Caminig em 1929 e Prunreich em no final da década de 1930; renda excessiva

por Kay em 1976 e Pearsnell no inicio da década de 80; entre outros (BIDDLE et al,

(1997, p.303); CARVALHO ( 2000, p.2).

De acordo com Young et al (2003, p.21):

As ideias por trás do EVA® não são novas. O EVA® é essencialmente uma reembalagem de princípios fundamentais de finanças corporativas e de gestão financeira que são conhecidos de longa data. Mesmo assim, o EVA® é uma inovação – importante, registre-se, uma vez que tornou a moderna teoria de finanças (e suas implicações gerenciais) mais acessíveis aos administradores corporativos com pouco conhecimento de finanças ou que achavam que nunca precisariam conhecer dessa área.

“O conceito de valor adicionado propriamente dito passou a ser mais

discutido no inicio dos anos 60, quando Joel Stern e G. Bennett Stewart III, nos

Estados Unidos, conduziram estudos sobre o lucro residual”. (CARVALHO, 2000,

p.02)

Em 1992, a Stewart & Co., empresa de consultoria de Joel Stern e G.Bennett Stewart III, desenvolveu uma marca variante do lucro

29

residual, o EVA® , Economic Value Added ou valor econômico adicionado, que seria usado em substituição dos lucros ou do fluxo de caixa operacional como medida de desempenho das empresas (BIDDLE, 1997, p.302)

Segundo Stewart III (2005, p. 132):

O EVA é receita residual, ou os lucros operacionais menos o custo pelo uso do capital. Tendo-o como uma medida de desempenho, uma empresa é, com efeito, cobrada pelos investidores pelo uso do capital mediante uma linha de crédito que paga juros a uma taxa c*.

Para Stewart III (1994, p.118), “[...] EVA® é a medida de lucro residual que

subtrai o custo do capital do lucro operacional gerado nos negócios.”

Segundo Damodaran (2004, p.659), o conceito de EVA® é:

[...] o valor econômico adicionado (EVA®) é uma medida do superávit em moeda criado por um investimento ou uma carteira de investimento. Ele é calculado como o produto do retorno extra obtido sobre um investimento ou investimentos e o capital aplicado nesse investimento ou investimentos.

Ainda de acordo com Damodaran (1997, p.38):

O EVA® é uma extensão simples da regra do valor presente liquido (NPV – Net Present Value) que é a fórmula matemático-financeira de se determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros especifica, menos o custo do investimento inicial. Fundamentalmente, é o cálculo do valor presente dos fluxos de caixa futuros a um custo inicial.

O EVA® é muito mais que uma simples medida de desempenho, é a

estrutura para um sistema completo de gerência financeira e remuneração variável

que pode orientar cada decisão tomada por uma empresa. (EHRBAR, 1999).

Assaf Neto (2003, p.92), por sua vez, colocou:

[...] foi definido que uma empresa agrega valor econômico quando for capaz de produzir um retorno operacional maior que o custo de suas fontes de capital. Esse excedente de remuneração expressa um acréscimo de riqueza dos proprietários, que promove a valorização de mercado da empresa.

30

Copeland et al (1946, p.145) definiram: “[...] lucro econômico é o spread

entre o retorno do capital investido e o custo total do capital multiplicado pela soma

do capital investido”.

A partir das definições citadas é possível afirmar que EVA® é todo o retorno

gerado pelo investimento em ativos, que supera o custo total deste investimento. O

EVA® difere de outras medidas de desempenho contábeis tradicionais como o ROI

(Return on Investments ou Retorno sobre Investimento), ROA (Return on Assets ou

Retorno sobre os Ativos), ROE (Return on Equity ou Retorno sobre o Patrimônio

Líquido), por considerarem somente o custo do capital de terceiros, enquanto o

EVA® considera o custo total, ou seja, o custo do capital de terceiro e o custo do

capital próprio.

De acordo com Pettit et al (2001, p.02):

As medidas que visam simplesmente o lucro podem levar a investimentos equivocados. Ao ignorar o retorno exigido pelos investidores, projetos com retorno positivo (mas não adequado, no sentido de ignorar o retorno do investidor) podem melhorar as medidas de produtividade, como os lucros ou o ROI, mas podem estar destruindo valor.

Para Copeland et al (2002, p.135):

A capacidade de geração de fluxo de caixa de uma empresa e, portanto sua capacidade de criação de valor é movida pelo crescimento no longo prazo e pelos retornos obtidos pela empresa sobre o capital investido em relação ao custo do seu capital.

Em relação aos cálculos o EVA® pode ser mensurado por diferentes

fórmulas algébricas. Neste trabalho são apresentadas quatro formas de se obter o

valor do EVA®.

“O EVA® pode ser obtido a partir do spread entre a taxa de retorno do

capital e o seu custo médio ponderado de todo o capital, multiplicado pelo capital

investido, conforme demonstrado na equação 1”. (ASSAF NETO 2003, p.94).

Equação 1:

EVA® = (Taxa de Retorno do Capital - Custo do Capital) x Capital Investido

31

Uma forma de cálculo alternativa apresentada por autores como Assaf Neto

(2003, p.95), Ehrbar (1999, p.2) e O’ Byrne (1999, p.92) pode ser obtido utilizando se

o lucro operacional após o imposto de renda (NOPAT), o WACC (Custo Médio

Ponderado de Capital) e o capital investido, conforme demonstrado na equação 2.

EVA® = NOPAT - (WACC* x Capital Investido)

*Também conhecido como CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital)

Equação 2:

“O EVA® também pode ser obtido por meio do lucro líquido, do patrimônio

líquido e do custo do capital próprio (Ke)”, conforme a equação 3” (ASSAF NETO et

al, 2002, p.33)

EVA® = Lucro Líquido - (Ke x Patrimônio Líquido)

Equação 3:

Outra forma de “se obter o EVA® é adicionando ao lucro líquido as

despesas financeiras líquidas do beneficio fiscal”, conforme demonstrado na

equação 4 (SILVEIRA et al, 2004).

EVA = [Lucro Líquido + (Despesas Financeiras x (1-IR))] - (WACC x Capital)

Equação 4:

Como citado no inicio deste capítulo, o EVA®, além de ser utilizado como

uma medida de desempenho ligada ao gerenciamento baseado em valor faz parte

do modelo de gestão conhecido como Value Based Management (VBM) ou Gestão

Baseada em Valor.

De acordo com Rocha (2004), “a gestão baseada em valor é um sistema de

gerenciamento que orienta o processo de tomada de decisão com base na geração

de valor”. Por outro lado, Perez e Martins (2004, p.02) acrescentam que o VBM tem

como fundamento “a implantação de estratégias de negócios e a adoção de

32

estratégias de investimentos e financiamento que permitam aumentar o valor

patrimonial dos proprietários das empresas”.

Damodaran (1997, p.426) cita que o valor de mercado de uma empresa traz

em si expectativas de EVA® futuro e que para empresas que são consideradas

como tendo boas oportunidades de crescimento e das quais se espera o anúncio do

aumento do EVA®, o valor de mercado diminuirá se o EVA® deixar de atender as

expectativas.

Apesar dessas formas de cálculos alternativos se utilizarem de informações

contábeis, o EVA® se diferencia dos demais indicadores contábeis tradicionais em

dois fatores.

O primeiro deles é que essa medida considera o custo de capital próprio em

sua apuração nesse sentido Ehrbar (1999, p.1) afirma que o EVA® é uma medida de

desempenho empresarial que se diferencia da maioria das demais por incluir uma

“cobrança sobre o lucro pelo custo de todo capital que uma empresa utiliza”.

O segundo diferencial é o mais importante dessa medida na visão de

autores como Machuga, Pfeiffer Jr., e Verma (2002, p.62) e Keef e Roush (2003,

p.246) pelo fato de que no cálculo do EVA® consideram-se ajustes sobre os

números contábeis tradicionais.

A seguir discutimos, com mais detalhes, estes dois fatores considerados

como importantes diferenciais.

2.2. Custo de Capital

Como comentado anteriormente o EVA® diferencia-se das medidas

contábeis tradicionais por considerar no seu cálculo o custo total, ou seja, o custo do

capital próprio e o custo do capital de terceiros. Neste capítulo fazemos uma breve

abordagem da definição do custo do capital, de terceiros e próprio.

O custo de capital de qualquer investimento seja em um projeto, em uma

nova divisão ou em uma empresa como um todo, é a taxa de retorno que o provedor

de capital espera receber se o seu dinheiro for investido em outro projeto, ativo ou

empresa de risco semelhante. Em outras palavras, o custo do capital é um custo de

33

oportunidade. (YOUNG et al, 2003, p.147). Temos basicamente dois tipos de custo

de capital: próprio ou de terceiros.

De acordo com Martins (2006, p.142), capital também pode ser definido,

como recursos propriamente ditos, tais como capital de giro, capital fixo ou capital

humano e recursos deduzidos de determinadas fontes de financiamento, tais como

capital circulante líquido e patrimônio líquido.

De acordo com Gitman (2002, p.384):

O custo do capital é estimado num dado momento e reflete o custo médio futuro dos fundos por um longo prazo, com base nas melhores informações disponíveis. Esse enfoque é coerente com a utilização do custo de capital para decisões de investimentos financeiros a longo prazo.

Portanto, o uso do custo do capital, pode servir como uma taxa de referência

para as decisões de aceitar ou rejeitar um determinado projeto, investimento ou

financiamento, eliminando as alternativas que representam maior risco para a

empresa e retornos incapazes de gerar valor para a empresa.

2.2.1. Custo de Capital de Terceiros

Podemos definir o custo de capital de terceiros como sendo o custo oneroso

da empresa, proveniente de empréstimos e financiamentos de terceiros.

Estes recursos financeiros de terceiros podem ser calculados com base no

retorno esperado dos títulos em seu vencimento. Os juros pagos pelo uso deste

capital, ao contrário dos dividendos são para fins de imposto de renda, considerados

como despesas dedutíveis e usuais nas atividades empresariais. Desta forma, o

custo do capital de terceiros deve ser sempre apresentado líquido dos efeitos

tributários, como apresentado na equação 5 a seguir:

Ki = x (1 - T)

Equação 5:

Onde:

34

Ki = custo do capital de terceiros após os impostos;

Kd = custo do capital de terceiros antes dos impostos;

T = alíquota do imposto de renda e contribuição social.

2.2.2. Custo do Capital Próprio

Em termos econômicos, o custo de capital da empresa é um custo de

oportunidade e representa a taxa de retorno da melhor proposta de investimento

disponível de forma alternativa à proposta em consideração, de risco similar. Para o

acionista é o retorno da melhor oportunidade de investimento abandonada para a

decisão de investir na empresa. É o principio da substituição, indicando que nenhum

investidor tomaria a decisão de aplicar em determinado ativo se identificasse outro

mais atraente (substituto). (ASSAF NETO, 2003)

De acordo com Nascimento (1998, p.196):

O custo do capital próprio é o custo de oportunidade do investidor, pois representa a expectativa de retorno do capital que ele possui, e é o parâmetro que utilizará para decidir-se entre aplicar seu capital na empresa ou em outras oportunidades de negócios.

Segundo Martins (2001, p.188), o custo de oportunidade é fundamentado na

teoria econômica, na qual os agentes econômicos, ao investirem seus recursos, têm

de decidir entre várias oportunidades diferentes de investimento que apresentam

características de retorno, prazo e risco variadas.

Martins (2001, p.188):

O custo de oportunidade significa o quanto alguém deixou de ganhar por ter adotado uma alternativa em vez de outra, ou seja, se alguém escolheu investir em uma fábrica de giz, deixando de construir um supermercado, que era a segunda melhor alternativa existente na época, diz-se que o custo de oportunidade é o quanto se deixou de ganhar por não se construir o supermercado. Assim, o lucro da decisão pelo investimento na fábrica é o quanto ela produzir de resultado depois de deduzido o lucro que teria sido obtido pelo investimento no supermercado.

35

De acordo com Assaf Neto (2003, p.165):

[...] uma empresa, ao avaliar um projeto de investimento, deve considerar como custo de oportunidade a taxa de retorno que deixa de receber por não ter aplicado os recursos em alternativa possível de investimento.

[...] O custo total de capital equivale aos retornos exigidos pelos credores da empresa (instituições financeiras, debenturistas, etc.) e por seus proprietários. Identifica o retorno que a empresa deve auferir em seus investimentos de maneira a remunerar suas fontes de financiamento. (ASSAF NETO, 2010, p.237)

Diante do exposto percebe-se que o custo de oportunidade é muito

subjetivo, o que prejudica a sua adoção como uma taxa de retorno do capital

próprio.

Sem dúvida, a determinação do custo do capital próprio, é um dos assuntos

mais polêmicos nos meios acadêmicos e empresariais, em especial no Brasil devido

a sua dificuldade de ser calculado e mensurado de forma apropriada.

Neste sentido, Martins (1996, p.432) escreveu:

Essa figura do custo do capital próprio é também de grande valia, utilidade e efetivo uso no dia-a-dia, mas difícil, como já dissemos de ser praticado, principalmente no Brasil, onde as bolsas não são fonte adequada para o seu levantamento, pelo pequeno número de empresas com ações efetivamente negociadas e pelo fato de os controles acionários dessas empresas estarem nas mãos de alguns investidores que não negociam essas ações nesse mercado. Assim, o preço atribuído pelo mercado acionário às ações que estão sendo negociadas não reflete o Custo do Capital Próprio de maneira completa, mas apenas o de alguns poucos acionistas, na maioria dos casos; pior ainda, em grande parte por acionistas que nem direito a voto têm, por se tratar de ações preferenciais sem essa prerrogativa.

Todavia, de acordo com alguns autores como Assaf Neto (2003) e

Damodaran (2004) a metodologia mais difundida para o cálculo do custo do capital

próprio é o Modelo de Precificação de Ativos ou Capital Asset Pricing Model

(CAPM), desenvolvido no inicio dos anos 60, por dois americanos, William Sharpe,

da Universidade de Stanford e John Lintner, da Universidade de Harvard, a partir de

contribuições anteriores de James Tobin e Harry Markowitz à teoria de finanças.

Sharpe e Lintner conseguiram provar matematicamente que, em uma

situação de equilíbrio, existe uma relação linear entre o excesso de retorno de um

36

investimento e o excesso de retorno do mercado como um todo, ou seja,

conceitualmente podemos definir o Beta (ß), como sendo o índice de correlação

entre os retornos do ativo e o retorno do mercado. Os autores chamaram essa

relação de beta (ß), cuja equação esta demonstrada na equação abaixo:

Equação 6:

β = (Rp - Rf)(Rm - Rf)

Onde:

Rp – é a taxa de retorno do investimento, também conhecida como taxa de

atratividade mínima;

Rm – é a taxa média de retorno do mercado; e

Rf – é a taxa de retorno de um investimento livre de risco.

Os economistas financeiros frequentemente argumentam que o retorno

esperado do mercado é igual à taxa livre de risco mais alguma compensação pelo

risco inerente a carteira de mercado. Observa-se que a equação do beta (β),

considera duas taxas de referência: a primeira é o retorno ou rendimento de um

titulo livre de risco; e a segunda o excesso de retorno do mercado, ou seja, o beta

(β) considera o fator risco, a taxa livre de risco e o prêmio por risco da carteira de

mercado, em outras palavras o beta (β) é a relação entre a variação da rentabilidade

de uma empresa ou ativo e a variação da rentabilidade média do mercado. Por

definição o beta (β) do mercado é igual a 1. Quando a empresa possui um beta (β)

maior do que 1, ela é mais excedente ao risco e, num ambiente de crescimento, seu

ganho é maior do que a média; numa situação inversa, quando o beta (β) é menor

do que 1 significa que a empresa é mais conservadora ao risco e,

consequentemente, terá menos oportunidades de ganhos do que a média das outras

empresas num ambiente de crescimento e a recíproca é verdadeira.

Resolvendo a equação acima do beta (β), obtemos a seguinte equação 7 do

CAPM:

37

Equação 7:

Rp = Rf + β x [(Rm - Rf)]

Nessa equação, o Rp representa o custo do capital próprio. O beta (β)

representa o risco que é comum a todas as empresas, não podendo ser eliminado

pela diversificação, ou seja, uma medida de risco não diversificável. Por último, o

(Rm – Rf), representa o prêmio pelo risco de mercado, ou seja, o quanto investidor

deseja receber por correr maior ou menor risco. (ASSAF NETO, 2003).

De acordo com Assaf Neto (2003) o risco total de um ativo pode ser avaliado

em duas partes: sistemático e diversificável. A parcela do risco sistemático é

determinada por fatores conjunturais e de mercado que atingem todas as empresas.

Esse risco permanece na carteira independente da diversificação, sendo relevante

para todo investidor. Exemplos de risco sistemático são: crise cambial, crise política,

guerras, inflação, etc.

Por outro lado, o risco diversificável é aquele que pode ser eliminado pela

diversificação. Esse risco não deve preocupar o investidor diversificado, sendo

identificado apenas no contexto especifico da empresa. Um investidor diversificado

deve exigir remuneração apenas do risco sistemático incorrido. Exemplo de risco

diversificável: endividamento, concorrência, greves, etc. (ASSAF NETO, 2003).

Todavia, em função da alta volatilidade dos índices financeiros do mercado

brasileiro, Assaf Neto (2010) e Damodaran (2004, p.176) sugerem a utilização do

modelo CAPM com base no mercado americano. No modelo CAPM com base no

mercado americano, o prêmio pelo risco do mercado americano é adicionado ao

prêmio pelo risco país ajustado (risco soberano) da economia brasileira, conforme

demonstrado na equação 8:

Equação 8:

Rp = Rf + βl x [(Rm - Rf) + α Brasil]

Como demonstrado na equação acima, o prêmio pelo risco (α Brasil) pago

pelo título brasileiro (Capitalization Bonds) em relação ao título do Tesouro

Americano (Treasury Bonds) é o spread de risco de default, ou seja, o risco-país.

38

Por meio dessa expressão, o investidor define uma taxa de retorno exigida

superior ao que apuraria em um mercado de risco mínimo, como é o caso do

mercado norte-americano. O retorno adicional esperado é a remuneração pelo risco-

país, conforme mensurado por α Brasil. O cálculo do prêmio pelo risco país ajustado

esta demonstrado no Quadro 9.

Prêmio pelo risco país

=Spread de risco

de default do país(x)

Volatilidade adicional do mercado brasileiro

Quadro 9 – Cálculo do spread de risco de default. Fonte: Elaborado pelo autor.

A taxa livre de risco é geralmente calculada como uma média das taxas de

juros históricas dos títulos públicos. Todavia, esses títulos emitidos pelo governo, no

caso brasileiro, não são efetivamente aceitos como livre de riscos pelos mercados

financeiros. No Brasil, a taxa de juros considerada como sem risco é a taxa de juro

SELIC formada nas negociações com títulos públicos, por meio do Sistema Especial

de Liquidação e Custódia – SELIC. Todavia, o uso da média histórica no Brasil fica

prejudicado, em função da grande dispersão, conforme demonstrado no

comportamento da taxa SELIC demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1 – Comportamento da SELIC: 1987 – 2010.

Ano Taxa SELIC

(% a.a)

Ano Taxa SELIC

(% a.a)

Ano Taxa SELIC

(% a.a)

2010 9% 2002 23% 1994 53%

2009 10% 2001 19% 1993 4.010%

2008 12% 2000 16% 1992 1.724%

2007 11% 1999 18% 1991 2.494%

2006 14% 1998 31% 1990 1.238%

39

2005 18% 1997 39% 1989 51.664%

2004 10% 1996 23% 1988 1.962%

2003 8% 1995 41% 1987 365%

Fonte: Banco Central do Brasil: séries temporais.

Conforme a Tabela 1, podemos observar a enorme variação da taxa de juro

SELIC, nas últimas décadas, variando de um mínimo de 16,16% em 2000 até um

máximo de 51.664% em 1989. Diante disso, é bastante questionável o uso da taxa

média de juro SELIC em modelos de avaliação para qualquer intervalo de tempo

considerado, apesar de esta média ser obtida pelas taxas de cada período.

De acordo com Assaf Neto (2003) a taxa livre de risco utilizada no cálculo do

custo do capital próprio é melhor mensurada tendo-se como referência as taxas de

juros pagas pelos melhores títulos de dívida do mundo.

Nesse Benchmark destacam-se os papéis emitidos pelo Tesouro do

Governo dos Estados Unidos, considerados como de risco zero. Essas taxas são

adotadas no cálculo do custo do capital, mesmo que a empresa em avaliação não se

localiza no país, ou ainda, não pertença a capitais norte-americanos. O eventual

risco de inadimplemento (default risk), inserido nos juros pagos pelos títulos

brasileiros, não deve ser considerado nessa taxa de risco; esse risco é melhor

definido no cômputo do prêmio pelo risco de mercado do país, considerado na

formulação do retorno esperado do modelo do CAPM.

Desta forma, neste trabalho, para efeito de cálculo do custo do capital

próprio, foi utilizado o modelo CAPM sugerido por Assaf Neto (2010). O risco-país e

a volatilidade adicional do mercado brasileiro foram calculados tomando como base

o comportamento de séries históricas que compreendem o período de 1995 a 2002

e para o período a partir de 2003 foi projetado uma perpetuidade, conforme

indicadores encontrados em Assaf Neto (2003). O prêmio pelo risco do mercado é

composto pelo coeficiente βl (beta) alavancado setorial, como demonstra a equação

9 que segue:

40

Equação 9:

βl = βu x [1 + (P/PL) x (1 - IR)

Nessa equação, o βl representa o risco com a participação do capital de

terceiros, ou seja, representa o beta alavancado setorial. O βu representa o beta

desalavancado, ou seja, o coeficiente beta sem a participação do capital de

terceiros. Por fim, o P/PL é o quociente entre passivo oneroso e o patrimônio líquido,

e (1-IR) é o beneficio fiscal.

De acordo com Ross et al (2002), o uso do beta setorial é mais preciso,

porque considera no seu cálculo o setor em que a empresa atua. Dessa forma, o

beta setorial é mais preciso, porque o erro na estimativa de uma carteira de títulos

tende a ser menor do que na estimativa do beta de uma única ação.

2.3. Custo Médio Ponderado de Capital ( WACC – Weighted Average Cost of Capital )

Existem varias fontes de obtenção de recursos financeiros para uma

empresa e podemos citar como as principais: empréstimos e financiamentos,

emissão de debêntures e ações, retenção de lucros, entre outros.

Essas modalidades de obtenção de recursos apresentam riscos e encargos

diferentes uns dos outros, sendo necessário o seu acompanhamento objetivando a

busca de uma combinação entre custo de capital de terceiros e custo de capital

próprio que otimize o custo de capital da empresa.

Uma vez que temos diferentes formas de se financiar uma empresa, isto

implica em termos riscos distintos para os investidores, logo, os custos para a

empresa emitente dos títulos de dívida também são diferentes.

Conforme Young et al, (2003, p.148), o custo de capital de uma empresa

não é função somente do custo de remuneração dos capitais de terceiros e próprio,

mas também do volume de cada uma dessas fontes na estrutura de capital da

empresa. Essa relação está incorporada no Custo Médio Ponderado de Capital,

popularmente conhecido como WACC. O WACC é calculado da seguinte forma:

41

WACC =(dívida com credores/financiamento total) x (custo da dívida junto a

credores) x (1 - T) + (dívida com os acionistas/financiamento total) x (custo do capital dos acionistas)

No qual o financiamento total é a soma do valor de mercado dos títulos de

dívidas emitidas contra terceiros e contra os acionistas, e T é a alíquota de imposto

de renda e contribuição social aplicada à empresa.

De acordo com Gitman (2002, p.395) “o custo médio ponderado de capital

reflete o futuro custo médio esperado de fundos da empresa em longo prazo”.

2.4. NOPAT – Net Operating Profit After Taxes

O NOPAT representa o lucro operacional das empresas depois do ajuste

dos impostos para o regime de caixa, medindo a produtividade do capital

empregado, independentemente do método de financiamento.

De acordo com Stewart III (2005, p.97), ”a partir de uma perspectiva mais

operacional, o NOPAT é quase que literalmente, o lucro operacional líquido após

impostos”.

O NOPAT pode ser calculado subtraindo-se do lucro operacional a despesa

dos impostos sobre o lucro e o benefício fiscal sobre a despesa financeira. Desse

modo, o valor da despesa fiscal refletida no NOPAT se baseia apenas no lucro

operacional (incluindo a receita financeira que é equivalente a multiplicar-se a

alíquota global do imposto pela soma do lucro operacional com a receita financeira.

(YOUNG et al, 2003, p.377).

De acordo com Iudícibus (2010, p.231) o NOPAT pode ser representado da

seguinte maneira:

Receita Líquidas(-) Custos e Despesas Operacionais(=) Lucro Operacional antes do Impostos(-) Impostos (liquidos do efeito de juros do capital de terceiros)(=) NOPAT (Lucro Operacional Líquido após Impostos)

42

Neste trabalho foi feita opção pela fórmula utilizada por Young et al (2003,

p.376), conforme demonstrado a seguir:

NOPAT = (Lucro Operacional (Ebit) + Receita Financeira) x (1-IR)

No capítulo que segue mostramos a metodologia do estudo de caso, os

procedimentos de coleta de dados, a descrição dos testes feitos nas empresas de

transporte aéreo listadas no nível 2 de governança corporativa da bolsa de valores

de São Paulo.

Também são apresentadas as Principais Normas Internacionais que afetaram

os Indicadores Econômico-Financeiros das Empresas de Transportes Aéreos, no

caso: IAS 16 – Ativo Imobilizado; IAS 12 – Tributos sobre o Lucro; IAS 37 – Provisões,

Passivos Contingentes e Ativos Contingentes; e a IAS 23 – Custos dos Empréstimos.

43

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO LISTADAS NA BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO.

Este capítulo apresenta as conceituações exigidas para a pesquisa, bem

como todos os procedimentos realizados neste estudo de caso múltiplo.

3.1. Metodologia de Pesquisa

Silva e Menezes (2000) afirmam que uma pesquisa pode ser definida como

um conjunto de ações, que visam encontrar solução para um problema.

Para Gil (1999, p.49), a pesquisa é um “procedimento racional e sistemático

que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos”. A

pesquisa tem como objetivo fundamental descobrir respostas para problemas

mediante o emprego de procedimentos científicos, na busca do progresso da

ciência. Seu desenvolvimento tende a ser bastante formalizado e generalizado,

objetivando a construção de teorias e leis.

De acordo com Yin (2003, p.1-18), existem três classificações possíveis para

desenvolvimento de uma pesquisa:

• Pesquisa exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema, por intermédio de levantamento bibliográfico ou entrevistas. Esse tipo de pesquisa pode estar apoiado em estudos bibliográficos ou de caso;

• Pesquisa descritiva: nesse modelo, os fatos são observados,

registrados, analisados, e interpretados sem a interferência do pesquisador;

• Pesquisa explicativa: além de registrar, analisar e interpretar os

fenômenos estudados, também se preocupa primordialmente com a identificação dos fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, isto é, suas causas.

Para o desenvolvimento deste trabalho foi adotado como estratégia de

investigação a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e de campo baseada

44

em procedimentos exploratórios, sujeitos à comprovação a partir da observação de

casos concretos. Esta pesquisa foi feita na forma de um estudo de caso múltiplo.

De acordo com Yin (2005, p.32), “um estudo de caso é uma investigação

empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida

real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente definidos”.

Ainda segundo Yin (2001, p.19):

Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo ‘como’ e ‘por que’, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Pode-se complementar esses estudos de casos “explanatórios” com dois outros tipos – estudos ‘explanatórios’ e ‘descritivos’.

Um estudo de caso exploratório consiste, segundo Yin (2005) em:

a) Uma tradução precisa dos fatos do caso.

b) A consideração de explicações alternativas destes fatos.

c) Uma conclusão baseada naquela explicação que parece ser a mais

congruente com os fatos.

Yin (2001, p.32, 33, 35), define tecnicamente o estudo de caso da seguinte

maneira:

a) Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente

quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.

b) A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente

única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados e,

como resultado, baseia-se em varias fontes de evidências. Os dados precisam

convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do

desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise

de dados.

c) O estudo de caso pode incluir e, ao mesmo tempo, estar limitado às

evidências quantitativas.

45

d) A estratégia de estudo de caso não deve ser confundida com “pesquisa

qualitativa”.

e) O estudo de caso, como outras estratégias de pesquisa, representa

uma maneira de se investigar um tópico empírico seguindo-se um conjunto de

procedimentos pré-especificados.

Questões do tipo “como” e “por que” são mais explanatórias e, muito

provavelmente, levarão ao estudo de caso como estratégia de pesquisa a ser

adotada. Conforme Yin (2001, p.27):

O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular acontecimentos relevantes. O estudo de caso conta com muita das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta e série sistemática de entrevistas.

O Quadro 10 ilustra a forma de questão que pode definir a estratégia de

pesquisa, bem como a exigência sobre eventos comportamentais, e se o fenômeno

objeto do estudo se trata de acontecimento contemporâneo.

Estratégia Forma de questão

de pesquisa

Exige controle

sobre eventos

comportamentais?

Focaliza

acontecimentos

contemporâneos?

Experimento Como, por que Sim Sim

Levantamento Quem, o que, onde,

quantos, quanto

Não Sim

Análise de arquivos Quem, o que, onde,

quantos, quanto

Não Sim/Não

Pesquisa histórica Como, por que Não Não

Estudo de casos Como, por que Não Sim

Quadro 10 – Situações relevantes para diferentes es tratégias de pesquisa. Fonte: Yin (2001, p.24)

De acordo com Stake (2001), o método de estudo de caso permite que seja

analisada uma situação na qual não se possam fazer interferências no sentido de

46

manipular comportamentos relevantes; de acordo com este método os dados são

coletados a partir de múltiplas fontes, todas baseadas em relatos, documentos ou

observações; isto significa que podem ser utilizadas inclusive evidências (dados) de

natureza quantitativa que estejam catalogadas. O método do estudo de caso é

bastante amplo, pois permite que o fenômeno seja estudado com base em situações

contemporâneas, que estejam acontecendo, ou em situações passadas, que já

ocorreram e que sejam importantes para a compreensão das questões de pesquisa

colocadas.

Desta forma, pode-se afirmar que estudos de casos são descrições

complexas de uma realidade que envolve um grande conjunto de dados. Assim

sendo, um estudo de caso é mais indicado para aumentar a compreensão de um

fenômeno do que para delimitá-lo. (STAKE, 2001)

Segundo Gil (1991), o estudo de caso pode ser definido como um conjunto

de dados que descrevem uma fase ou totalidade de um processo social de uma

unidade, em suas várias relações internas e suas fixações culturais, quer seja essa

unidade uma pessoa, uma família, um profissional, uma instituição social, uma

comunidade, quer seja uma nação.

De acordo com Figueiredo e Souza (2005), o estudo de caso pode ser

definido como uma análise profunda e exaustiva de fatos, situações ou objetos, de

maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.

A metodologia do estudo de caso como ferramenta de pesquisa, permite a

compreensão de eventos da vida real e pode contribuir de forma significativa para o

estudo e compreensão de fenômenos como processos organizacionais e

administrativos. O método do estudo de caso pode ser utilizado para situações de

estudo de um único caso bem como para situações de estudo de casos múltiplos.

De acordo com a visão de Yin (2005) com o estudo de casos múltiplos as

chances de se fazer um bom estudo de caso serão melhores do que usando o

formato de caso único, pois com esse formato podemos tanto avaliar o caso de

replicação direta como avaliar casos de situações diferentes.

3.2. Estudo de Caso Múltiplo

47

O estudo de caso múltiplo é mais indicado quando se quer comparar, por

exemplo, estratégias operacionais entre diferentes empresas do mesmo setor.

Casos de situações semelhantes permitem uma base para a generalização. Por

outro lado, os casos que retratam situações diferentes reforçam os contrastes e

fortalecem a validade das evidências encontradas.

Resumindo, a justificativa para os projetos de casos múltiplos deriva,

diretamente, de seu entendimento das replicações literais e teóricas. O projeto de

casos múltiplos mais simples seria a seleção de dois ou mais casos considerados

replicações literais, como um conjunto de casos com resultados exemplares em

relação a algumas questões de avaliação, como “como e por que uma determinada

intervenção foi implementada sem sobressaltos”. (YIN, 2010, p.83)

Yin (2001, p.68) afirma em relação aos estudos de casos múltiplos que estes

costumam ser mais convincentes.

Ainda de acordo com Yin (2001, p.68-70) uma das chaves para se construir

um estudo de caso múltiplo bem sucedido é que este obedeça a uma lógica de

replicação, e não a da amostragem. Yin afirma que:

[...] os estudos de caso, em geral, não devem ser utilizados para avaliar a incidência de fenômenos [...] um estudo de caso teria que tratar tanto do fenômeno de interesse quanto de seu contexto, produzindo um grande número de variáveis potencialmente relevantes.

Há quatro tipos de estudo de caso possíveis: o caso único com enfoque

holístico, o caso único com enfoque incorporado, o caso múltiplo com enfoque

holístico e por fim, o caso múltiplo com enfoque incorporado. (YIN, 2005).

Para Yin (2005, p.30), “o objetivo do estudo de caso, como experimento não

representa uma amostragem e, ao fazer isso, seu objetivo é expandir e generalizar

teorias e não enumerar frequências”.

Considerando-se que o objetivo desta pesquisa é identificar quais os

principais impactos da adoção do IFRS pela primeira vez, ou seja, quando da

adoção do IFRS por estas empresas em relação à norma local, fizemos opção por

uma pesquisa empírica do tipo estudo de caso múltiplo.

3.3. Etapas do Estudo de Caso Múltiplo

48

De acordo com Yin (2005), os estudos de caso possuem três etapas, a

saber:

a) Definição e Planejamento:

• Escolha do caso: com o objetivo de investigar e analisar a questão

problema da pesquisa é selecionado o caso de estudo.

• Definição da unidade de análise: uma vez selecionado o caso a ser

estudado, é definida a unidade de análise.

• Elaboração do protocolo do estudo de caso: o protocolo é desenvolvido

para a coleta de dados para o estudo.

b) Preparação, coleta e análise de dados:

• Realização de entrevistas: com base nas questões apontadas no

protocolo para o estudo de caso são realizadas entrevistas para o levantamento de

informações.

• Elaboração de relatório preliminar: a partir das informações obtidas nas

entrevistas, um relatório preliminar do caso é elaborado para análise detalhada.

c) Análise das informações e conclusões:

• Análise das informações, a partir do relatório preliminar elaborado; é uma

análise detalhada do resultado das entrevistas feitas.

• Elaboração das conclusões e registro das observações feitas em

decorrência da análise dos resultados obtidos.

3.4. Protocolo para a Pesquisa

49

O protocolo é mais que um questionário ou um instrumento. Em primeiro

lugar, o protocolo contém o instrumento mas, também, contém os procedimentos e

as regras gerais a serem seguidas no uso do protocolo. Em segundo lugar, o

protocolo é dirigido a um grupo inteiramente diferente do grupo do questionário de

levantamento. Em terceiro lugar, ter um protocolo de estudo de caso é desejável sob

todas as circunstâncias, mas é essencial se você estiver realizando um estudo de

casos múltiplos. (YIN, 2010, p.106)

Ainda na visão de Yin (2010, p.106), “o protocolo é uma maneira importante

de aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e se destina a orientar

o investigador na realização da coleta de dados”. Portanto, o protocolo é um guia

prático e seguro para a condução do estudo de caso e deve conter, pelo menos, as

seguintes seções:

• Visão geral do projeto de estudo de caso.

• Procedimento de campo para coleta de dados.

• Questões do estudo de caso.

• Guia para o relatório de estudo de caso.

O protocolo do estudo de caso é de extrema importância para lembrar ao

pesquisador o tema de estudo de caso, além de forçá-lo a antecipar vários

problemas, inclusive o modo como os relatórios do estudo de caso devem ser

contemplados.

De acordo com Gil (2002, p.140), ”o protocolo constituiu no documento que

não apenas contém o instrumento de coleta de dados, mas também define a

conduta a ser adotada para a sua aplicação”.

Com o objetivo de demonstrar, de forma clara e transparente, as etapas, os

procedimentos, os passos e as regras gerais a serem seguidos para a elaboração

desta pesquisa, estruturamos um protocolo para o referido estudo, que se encontra

demonstrado nos itens que seguem.

3.4.1. Visão Geral do Projeto de Estudo

50

A visão geral deve cobrir a informação antecedente sobre o projeto, as

questões substantivas sendo investigadas e as leituras relevantes sobre as

questões. (YIN, 2010, p.109)

Desta forma, este tópico deve permitir ao pesquisador manter-se em direção

aos objetivos propostos e remeter o mesmo ao cenário em que este ocorrerá. Assim

sendo, considerando-se que o objetivo desta pesquisa é avaliar se houve ou não

impacto nos indicadores das empresas objeto de estudo em decorrência da adoção

do IFRS, o processo de estudo deve permitir os seguintes conhecimentos:

1. Conhecer quais foram os impactos da adoção do IFRS nos indicadores

econômico-financeiros (quantitativos) e na medida do possível quais os impactos na

organização como um todo (qualitativos).

2. Conhecer quais as principais normas que geraram impactos para as

empresas objeto do estudo na adoção do IFRS, e suas diferenças em relação às

normas brasileiras, por meio de levantamento bibliográfico na literatura nacional e

internacional.

3.4.2. Procedimentos de Campo para Coleta de Dados

De acordo com Yin (2010, p.124-127), a coleta de dados para condução de

um estudo de caso pode basear-se em muitas fontes de evidências. O autor sugere

três princípios concernentes ao processo de coleta de dados, que são fundamentais

para ajudar o pesquisador a tratar dos problemas de validade e confiabilidade do

estudo de caso, quais sejam:

a) O uso de múltiplas fontes de evidência, não apenas uma.

b) A criação de um banco de dados para o estudo de caso.

c) A manutenção de um encadeamento de evidências.

De acordo com o exposto, para o desenvolvimento desta pesquisa o

pesquisador:

51

a) Utilizou-se e várias fontes de dados, tais como: levantamento

bibliográfico, entrevista semi-estruturada, e levantamento de dados nos relatórios

emitidos pelas empresas analisadas.

b) Criou-se um banco de dados com o objetivo especifico de documentar e

organizar os dados coletados para o estudo de caso. Além disso, foi feito a

separação entre este banco de dados e o relatório do estudo proposto, permitindo

desta forma, que todos os dados coletados possam ser verificados no

desenvolvimento desta pesquisa.

c) Conforme orientação de Yin (2005, p.133), procurou-se manter um

encadeamento lógico de evidências, através de citações de documentos,

entrevistas, entre outros. As evidências foram consistentes com as questões

constantes do protocolo do estudo de caso e com os procedimentos específicos.

Com o objetivo de obter mais informações acerca do possível impacto da

adoção do IFRS na organização como um todo, foi feita entrevista semi-estruturada

com os responsáveis pela implementação do IFRS nas empresas objeto do estudo.

3.4.3. Procedimentos Aplicados para a Pesquisa Docu mental

De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p.174), a pesquisa documental é

realizada utilizando-se de documentos, escritos ou não, constituindo o que se

denomina de fontes primárias. Para a realização desta pesquisa foram utilizados os

dados referentes aos balanços patrimoniais, notas explicativas e relatórios de

auditoria, disponíveis nos sites das empresas analisadas referente ao ano de

adoção do IFRS pela primeira vez, ou seja, 31 de dezembro de 2007.

3.4.4. Procedimentos Aplicados para o Levantamento Bibliográfico

52

De acordo com Figueiredo e Souza (2005, p.17), a pesquisa bibliográfica ou

fonte secundaria abrange toda a bibliografia já publicada relacionada ao tema em

estudo, desde livros, jornais, revistas, monografias, dissertações, teses, incluindo

outras fontes como eventos científicos, debates, meios de comunicação (televisão,

rádio, vídeos, filmes, etc.).

Para Lakatos e Marconi (1989, p.45), a pesquisa bibliográfica pode ser

considerada como o passo inicial de toda pesquisa cientifica. Neste trabalho foi

levantada toda a bibliografia nacional e estrangeira disponível sobre o assunto, bem

como teses de doutorado, dissertações, livros, artigos, entre outros. Também foram

utilizadas como fonte de pesquisa as instituições emissoras de normativos contábeis

como o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), IBRACON, International

Accounting Standards Board (IASB) e Financial Accounting Standards Board

(FASB).

3.4.5. Procedimentos Aplicados para a Realização da s Entrevistas

Para Yin (2010, p.133) uma das fontes mais importantes de informação para

o estudo de caso é a entrevista.

A entrevista é o meio pelo qual o pesquisador, através do contato direto com

o entrevistado busca, por meio de perguntas extrair o máximo de informações e

dados para a pesquisa.

De acordo com Hair et al.(2006) podem ser estruturadas e semi-

estruturadas. A primeira utiliza-se uma sequência de perguntas pré-determinadas

feitas pelo entrevistador. Já a segunda o pesquisador fica livre para acompanhar a

resposta a uma pergunta e, de acordo com as respostas, formular novos

questionamentos com o intuito de explorar ainda mais o assunto em questão.

A presente pesquisa de campo baseou-se em entrevistas com os gestores

responsáveis pela implantação do IFRS nas empresas objeto do estudo de caso.

Tais entrevistas foram elaboradas de forma semi-estruturadas, visando obter dos

gestores suas percepções acerca do novo normativo contábil, bem como entender

as dificuldades, e quais os principais impactos na organização como um todo.

53

3.4.6. Procedimentos Aplicados para a Realização do Questionário

De acordo com Gil (1999), o questionário é a técnica de investigação

composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por

escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opinião, crenças,

sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, etc.

Ainda segundo Gil (1999), os questionários podem ser constituídos de duas

formas: questões fechadas e questões abertas. Nas perguntas fechadas, o

pesquisador estabelece alternativas para que a pessoa que irá responder possa

escolher uma ou mais opções, enquanto que nas perguntas abertas, a pessoa que

irá responder tem total liberdade de resposta.

Para atender aos objetivos desta pesquisa foi elaborado um questionário

organizado com perguntas fechadas e abertas. Este questionário foi dividido em

duas partes: as perguntas fechadas com o intuito de entender alguns aspectos mais

específicos da adoção do IFRS e as perguntas abertas com o intuito de entender os

aspectos mais qualitativos e as percepções dos gestores na adoção do IFRS.

O questionário serviu como roteiro para as indagações realizadas nas

entrevistas do estudo de caso.

3.4.7. Procedimentos Aplicados para Análise e Inter pretação dos Dados

Foram utilizadas as entrevistas e a análise documental, como procedimentos

para analisar e interpretar os dados coletados. Estes procedimentos foram pontos-

chave para avaliar os impactos da adoção do IFRS nos indicadores econômico-

financeiros e na estrutura organizacional das empresas estudadas.

3.4.8. Questões do Estudo

54

Yin (2010, p. 113) recomenda que cada questão deva vir acompanhada por

uma lista de fontes prováveis de evidências, e complementa afirmando que o

caminho entre as questões de pesquisa e as prováveis fontes de evidência é muito

útil na coleta de dados.

Em outras palavras, este é o núcleo do protocolo do estudo de caso. Estas

questões devem servir de guia para que o pesquisador mantenha-se na direção

correta à medida que a coleta de dados avança. Desta forma, para atingir os

objetivos propostos por esta pesquisa foi estabelecida uma questão problema que

foi apresentada na introdução deste trabalho.

3.4.9. Guia para o Relatório do Estudo de Caso

Yin (2005, p.102) sugere que um esquema básico do relatório do estudo

faça parte do protocolo. Desta forma, o relatório do estudo foi planejado de forma a

atender as exigências impostas por uma publicação acadêmica. Para atender as

estas exigências foi elaborado um projeto apresentando o problema, as questões

envolvidas e os objetivos da pesquisa junto às empresas analisadas.

3.5. Apresentação das Companhias Pesquisadas

As empresas de transporte aéreo, objeto desta pesquisa, são aqui

apresentadas individualmente e de forma resumida. As informações foram obtidas

nos sites das referidas companhias.

3.5.1. GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A.

55

A GOL Linhas aéreas foi criada em 2001 com base na missão de popularizar

e democratizar o transporte aéreo no Brasil e na América do Sul. Sua estratégia está

voltada para o crescimento rentável, resultante de uma estrutura de baixo custo e

alta qualidade no atendimento ao cliente, o que permite oferecer tarifas reduzidas e,

consequentemente, uma opção de transporte acessível a todos.

A GOL Linhas aéreas já transportou mais de 130 milhões de passageiros

desde o início de suas atividades. Com cinco fortes marcas − GOL, Varig, Smiles,

Voe Fácil e GOLLOG − a Companhia alcançou mais de 40% de participação de

mercado.

Para a construção dessa história de conquistas e crescimento, a companhia

conta com aproximadamente 17.963 mil colaboradores e uma frota operacional

jovem, moderna e padronizada de 122 aeronaves Boeing 737, as mais seguras e

confortáveis da classe, para operar cerca de 900 vôos diários para 52 destinos que

conectam as mais importantes cidades do Brasil e os 13 principais mercados

internacionais da América do Sul.

O alcance de sua missão e a expansão de seus negócios foram fortalecidos

com a aquisição da VRG Linhas Aéreas S.A. em 2007, que permitiu o incremento da

capilaridade operacional da GOL, além do aumento de presença em destinos

estratégicos que concentram a maior parte dos passageiros que viajam a negócios.

As ações da Companhia são negociadas na Bolsa de Nova Iorque (New

York Exchange – NYSE) e na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA).

A Companhia adota as Práticas Diferenciadas de Governança Corporativa

Nível 2 da BOVESPA e integra os índices de Ações com Governança Corporativa

Diferenciada – IGC e de Ações com Tag Along Diferenciado – ITAG, criados para

diferenciar as empresas que se comprometem a adotar práticas diferenciadas de

governança corporativa.

A seguir apresentamos a Missão e a Visão da Cia:

• Missão: Aproximar pessoas com segurança e inteligência.

• Visão: Ser a melhor empresa para viajar, trabalhar e investir.

A companhia adotou as normas internacionais de contabilidade (IFRS) pela

primeira vez em suas demonstrações contábeis consolidadas no exercício findo em

56

31 de dezembro de 2008, que incluiu, comparativamente, as demonstrações

financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2007. Para efeito deste estudo

e de acordo com a IFRS 1 foi considerada como data de transição das normas locais

para as normas internacionais a data de 31 de dezembro de 2007. Nesta data de

transição foi possível comparar o impacto da adoção do IFRS nos indicadores

econômico-financeiros, pois temos o balanço em BR-GAAP e em IFRS e os ajustes

de convergência de norma local para internacional.

3.5.2. TAM Linhas Aéreas S.A.

A TAM – Táxi Aéreo Marília – surgiu em 1961, a partir da união de dez

jovens pilotos de monomotores. Na época, eles faziam o transporte de cargas e de

passageiros entre o Paraná e os Estados de São Paulo e do Mato Grosso.

Em 1971, o comandante Rolim Adolfo Amaro (1942-2001), que já havia

trabalhado na companhia em seus primeiros anos de funcionamento, foi convidado

por Orlando Chesini Ometto (1922-1988), do Grupo Ometto, para ser sócio

minoritário da empresa, com 33% das ações. No ano seguinte, o piloto adquiriu

metade das ações da TAM e assumiu a direção da empresa.

O ano de 1976 marcou o surgimento da TAM – Transportes Aéreos

Regionais, que deu origem à empresa conhecida hoje como TAM Linhas Aéreas.

Rolim detinha 67% do capital da nova empresa, com atendimento voltado para o

interior de São Paulo, Paraná e Mato Grosso.

O volume total de passageiros domésticos transportados pela TAM em 2008

foi de 25,6 milhões de pessoas, um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior.

No mercado internacional foram 4,5 milhões de passageiros transportados, um

crescimento de 22,4% em relação a 2007. A taxa de ocupação acumulada ao final

do ano nos voos domésticos foi 68,1%, e a dos voos internacionais atingiu, no

mesmo período, 75,5%.

Em dezembro de 2009, a TAM S.A., holding controladora da TAM Linhas

Aéreas, formalizou a aquisição da “Pantanal Linhas Aéreas”, empresa de aviação

que atendia cidades de densidade populacional média nos Estados de São Paulo,

Minas Gerais e Paraná a partir do Aeroporto de Congonhas (SP). A aquisição da

57

Pantanal, oficializada em março de 2010, teve grande valor estratégico e refletiu a

confiança da TAM no crescimento da economia brasileira nos próximos anos.

A empresa encerrou o ano de 2010 com uma frota de 132 aviões, um market

share acumulado de 45,6% no mercado doméstico e de 86,5% entre as companhias

brasileiras que operam voos internacionais. Transportaram, ao longo do ano, 30,4

milhões de passageiros.

A Companhia adota as Práticas Diferenciadas de Governança Corporativa

Nível 2 da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) e integra os índices de Ações

com Governança Corporativa Diferenciada (IGC).

A seguir apresentamos a Missão e a Visão da Cia:

• Missão: ser a companhia aérea preferida das pessoas, com alegria,

criatividade, respeito e responsabilidade.

• Visão: trabalhar com o espírito de servir faz as pessoas mais felizes.

A companhia adotou as normas internacionais de contabilidade (IFRS) pela

primeira vez em suas demonstrações contábeis consolidadas no exercício findo em

31 de dezembro de 2008, que incluiu, comparativamente, as demonstrações

financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2007. Para efeito deste estudo

e de acordo com a IFRS 1 foi considerada como data de transição das normas locais

para as normas internacionais a data de 31 de dezembro de 2007. Nesta data de

transição foi possível comparar o impacto da adoção do IFRS nos indicadores

econômico-financeiros, pois temos o balanço em BR-GAAP e em IFRS e os ajustes

de convergência de norma local para internacional.

3.6. Análise dos Impactos Quantitativos da Adoção d o IFRS

Para atender os objetivos da pesquisa foi necessário identificar e separar,

para cada empresa, a demonstração contábil que correspondia ao primeiro balanço

patrimonial em IFRS, ou seja, determinar o balanço patrimonial referente ao primeiro

ano de adoção das IFRS (First-Time Adoption), por meio do qual se descobririam as

reconciliações feitas em função da mudança de norma local para o IFRS.

58

Após a seleção dos dados das empresas objeto do estudo foram obtidas as

fontes de dados constituídas por demonstrações contábeis, relatório da

administração e notas explicativas, para a elaboração dos balanços patrimoniais

antes e depois da adoção do IFRS 1.

Por fim, foram feitos os cálculos dos indicadores econômico-financeiros para

cada uma destas demonstrações contábeis.

Na próxima seção são apresentados os indicadores econômico-financeiros

das empresas objeto de estudo, obtidos por meio das demonstrações contábeis

referentes ao exercício de 2007, quando da adoção da IFRS 1 separados por

empresas, sendo:

3.6.1. GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A

Tabela 2 – Indicadores Econômico-Financeiros − GOL

INDICADORES BRGAAP IFRS SITUAÇÃO

Liquidez imediata 0,42 0,23 DiminuiuLiquidez seca 1,30 1,13 DiminuiuLiquidez corrente 1,40 1,21 DiminuiuLiquidez geral 1,08 0,79 DiminuiuGrau de endividamento 0,58 0,68 AumentouParticipação do Capital de Terceiros 1,39 2,13 AumentouComposição do Endividamento 0,65 0,49 DiminuiuMargem Líquida 0,05 0,03 DiminuiuGiro do Ativo 0,86 0,66 DiminuiuROI (0,01) (0,00) AumentouRSPL 0,13 0,08 Diminuiu

Balanço Patrimonial em 31/12/2007 - (IFRS 1)

Font

e: Adaptado das Demonstrações Contábeis publicadas nos sites da BOVESPA e da GOL

Tabela 3 – Impacto da Adoção do IFRS no EBITDA – GO L

59

BRGAAP IFRS Variação

EBITDA 30.029 72.413 42.384

Reconciliação do EBITDA em 31/12/2007 - (IFRS 1)

Fonte: Adaptado das Demonstrações Contábeis publicadas nos sites da BOVESPA e da GOL.

Tabela 4 – Impacto da Adoção do IFRS no EVA® (não a justado) − GOL

BRGAAP IFRS Variação

EVA (45.363) (9.142) 36.221

Cálculo do EVA® (NÃO AJUSTADO) em 31/12/2007 - (IFR S 1)

Fonte: Adaptado das Demonstrações Contábeis publicadas nos sites da BOVESPA e da GOL

3.6.2. TAM Linhas Aéreas S.A

Tabela 5 – Indicadores Econômico-Financeiros – TAM

INDICADORES BRGAAP IFRS VARIAÇÃO

Liquidez imediata 0,03 0,42 AumentouLiquidez seca 1,59 1,40 DiminuiuLiquidez corrente 1,65 1,45 DiminuiuLiquidez geral 1,15 0,65 DiminuiuGrau de endividamento 0,75 0,80 AumentouParticipação do Capital de Terceiros 3,04 3,97 AumentouComposição do Endividamento 0,60 0,39 DiminuiuMargem Líquida 0,02 0,06 AumentouGiro do Ativo 1,35 0,82 DiminuiuROI 0,04 0,08 AumentouRSPL 0,10 0,35 Aumentou

Balanço Patrimonial em 31/12/2007 - (IFRS 1)

Fonte: Adaptado das Demonstrações Contábeis publicadas nos sites da BOVESPA e da TAM

Tabela 6 – Impacto da Adoção do IFRS no EBITDA – TAM

60

BRGAAP IFRS Variação

EBITDA 333.467 1.080.764 747.297

Reconciliação do EBITDA em 31/12/2007 - (IFRS 1)

Fonte: Adaptado das Demonstrações Contábeis publicadas nos sites da BOVESPA e da TAM.

Tabela 7 – Impacto da Adoção do IFRS no EVA® (não a justado) − TAM

BRGAAP IFRS Variação

EVA 135.532 750.672 615.140

Cálculo do EVA® (NÃO AJUSTADO) em 31/12/2007 - (IFR S 1)

Fonte: Adaptado das Demonstrações Contábeis publicadas nos sites da BOVESPA e da TAM

3.6.3. Comparação dos Impactos entre as Empresas

Na Tabela 8, que segue, comparamos os impactos quantitativos da adoção

do IFRS nos indicadores econômico-financeiros entre as empresas GOL e TAM, e

analisamos se estes impactos são semelhantes ou se são diferentes.

Tabela 8 – Comparação do impacto da adoção do IFRS entre as empresas GOL e TAM

Balanço Patrimonial em 31/12/2007 - (IFRS 1)

INDICADORES BRGAAP IFRS VARIAÇÃO (%) BRGAAP IFRS VARIAÇÃO (%)

Liquidez imediata 0,42 0,23 -45% 0,03 0,42 1398%Liquidez seca 1,30 1,13 -13% 1,59 1,40 -12%Liquidez corrente 1,40 1,21 -13% 1,65 1,45 -12%Liquidez geral 1,08 0,79 -27% 1,15 0,65 -43%Grau de endividamento 0,58 0,68 17% 0,75 0,80 6%Participação do Capital de Terceiros 1,39 2,13 53% 3,04 3,97 31%Composição do Endividamento 0,65 0,49 -25% 0,60 0,39 -36%Margem Líquida 0,05 0,03 -37% 0,02 0,06 278%Giro do Ativo 0,86 0,66 -23% 1,35 0,82 -39%ROI (0,01) (0,00) -87% 0,04 0,08 107%RSPL 0,13 0,08 -40% 0,10 0,35 247%

GOL TAM

Fonte: Elaborado pelo autor.

A observação dos índices calculados na Tabela 8 demonstra que o cálculo

dos índices econômico-financeiros de uma mesma companhia, preparados em uma

mesma data-base, no entanto, de acordo com o IFRS apresentam resultados

significativamente diferentes. Percebe-se que existe uma forte semelhança entre os

indicadores que sofreram alteração em decorrência da adoção do IFRS por ambas

as empresas. Isto se deve ao fato de o mercado aéreo ser altamente regulamentado

e as práticas contábeis serem quase as mesmas praticadas por ambas as

empresas.

Tabela 9 – Comparação do impacto da adoção do IFRS entre as empresas GOL e TAM (Outros Indicadores)

Balanço Patrimonial em 31/12/2007 - (IFRS 1)

OUTROS INDICADORES BRGAAP IFRS VARIAÇÃO (%) BRGAAP IFRS VA RIAÇÃO (%)

EBITDA 30.029 72.413 141% 333.467 1.080.764 224%EVA (45.363) (9.142) -80% 135.532 750.672 454%

GOL TAM

Fonte: Elaborado pelo autor.

A observação dos índices calculados na Tabela 9 demonstra que houve

impactos significativos em ambas as empresas quando da adoção do IFRS pela

primeira vez. Estes impactos foram causados, principalmente, pela reclassificação

de certas despesas como depreciação e gastos de manutenção com aeronaves que,

de acordo com a norma em BR-GAAP tinham sido classificadas como despesas e

no caso do IFRS estas despesas devem ser capitalizadas e amortizadas ou

depreciadas de acordo com a vida útil do bem.

Os ajustes que afetaram o EBITDA e o EVA® são provenientes dos ajustes

feitos no Patrimônio Líquido da empresa, em decorrência da ativação de despesas

consideradas como operacionais e, principalmente, em função do Imposto de Renda

Diferido sobre as diferenças temporárias (ajustes de alteração da norma local para

as IFRS). Estes ajustes estão detalhados no capítulo seguinte.

107

3.7. Principais Normas que Afetaram os Indicadores Econômico-Financeiros

A fim de averiguar os principais motivos das variações dos índices, foram

estudadas mais detalhadamente as variações nos grupos de contas envolvidos em

seu cálculo e quais as principais normas que afetaram estes indicadores, bem como

a posição patrimonial da empresa.

3.7.1. Indicadores de Liquidez

1. Liquidez Imediata

DisponívelPassivo Circulante

=Liquidez imediata

Tabela 10 – Liquidez imediata

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 916.164 573.121 -37% 2.192.524 2.496.200 14%Tam 75.294 1.268.524 1585% 2.669.911 3.003.166 12%

DISPONÍVEL PASSIVO CIRCULANTE

De acordo com a Tabela 10 podemos concluir que a variação do indicador de

liquidez imediata deve-se, em maior parte, as alterações nos grupos de conta do

disponível composto pelas contas de caixa e equivalentes de caixa.

Na Tabela 11 apresentamos as principais normas contábeis em IFRS que

afetaram este indicador.

108

Tabela 11 – Principais normas IFRS que impactaram o índice de liquidez imediata.

EMPRESA NORMAS IFRS

GOL IFRS 7 – Instrumentos financeiros

TAM IFRS 7 – Instrumentos financeiros

Estes ajustes foram realizados para registrar os ativos financeiros de

instrumentos derivativos e títulos disponíveis para venda a valor justo, conforme

requerido pelo IFRS.

2. Liquidez Seca

Passivo Circulante=Liquidez seca

Ativo Circulante - Estoques - Despesas Antecipadas

Tabela 12 – Liquidez Seca

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 2.852.150 2.814.892 -1% 2.192.524 2.496.200 14%Tam 4.246.811 4.202.370 -1% 2.669.911 3.003.166 12%

ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUE - DESPESAS ANTECIPADAS PASSIVO CIRCULANTE

De acordo com a Tabela 12 podemos concluir que a variação do indicador de

liquidez seca deve-se, em maior parte, as alterações nos grupos de conta do

passivo circulante.

Na Tabela 13 apresentamos as principais normas contábeis em IFRS que

afetaram este indicador.

109

Tabela 13 – Principais normas IFRS que impactaram o índice de liquidez seca.

EMPRESA NORMAS IFRS

GOL IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes

TAM IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes

Estes ajustes estão relacionados ao aumento nas obrigações decorrentes do

passivo de milhas valorizadas como custo incremental em BR-GAAP e estimadas a

valor justo em IFRS. Em relação aos ajustes do ativo imobilizado, as empresas

registraram obrigações decorrentes de condições contratuais de devolução de

aeronaves classificadas sob a modalidade de arrendamento operacional, as quais

são lançadas como despesas em BR-GAAP no momento do pagamento.

3. Liquidez Corrente

Ativo CirculantePassivo Circulante

=Liquidez corrente

Tabela 14 – Liquidez

Corrente

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 3.067.927 3.024.818 -1% 2.192.524 2.496.200 14%Tam 4.408.556 4.364.115 -1% 2.669.911 3.003.166 12%

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

110

De acordo com a Tabela 14 podemos concluir que a variação do indicador de

liquidez corrente deve-se, em maior parte, as alterações nos grupos de conta do

passivo circulante.

No que se refere às normas IFRS que impactaram este indicador, aplica-se o

mesmo entendimento mencionado na tabela anterior.

4. Liquidez Geral

Ativo Circulante + Realizável a Longo PrazoPassivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

=Liquidez geral

Tabela 15 – Liquidez Geral

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 3.628.558 4.047.094 12% 3.353.836 5.093.964 52%Tam 5.117.294 5.048.807 -1% 4.446.029 7.763.681 75%

ATIVO CIRCULANTE + ATIVO DE LONGO PRAZO

PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO DE LONGO PRAZO

De acordo com a Tabela 15 podemos concluir que a variação do indicador de

liquidez geral deve-se, em maior parte, as alterações nos grupos de conta do

passivo de longo prazo (não circulante).

111

Tabela 16 – Principais normas IFRS que impactaram o índice de liquidez geral

Estes ajustes foram realizados para registrar os custos de empréstimos

diretamente relacionados aos bens de ativo fixo, e para registrar as obrigações

decorrentes de condições contratuais de devolução de aeronaves classificadas sob

a modalidade de arrendamento operacional. Também foram feitos ajustes

decorrentes de mudanças nos impostos diferidos ativos e passivos da Companhia,

resultantes dos efeitos fiscais decorrentes dos ajustes de práticas contábeis

realizados em IFRS.

3.7.2. Indicadores de Endividamento

1. Grau de Endividamento

Exigível TotalExigível Total + Patrimônio Líquido

=Grau de endividamento

EMPRESA NORMAS IFRS

GOL IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes

TAM IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes

112

Tabela 17 – Grau de Endividamento

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 3.353.836 5.093.964 52% 5.764.828 7.486.412 30%Tam 4.446.029 7.763.681 75% 5.909.550 9.717.714 64%

EXIGÍVEL TOTAL EXIGÍVEL TOTAL + PL

De acordo com a Tabela 17 podemos concluir que a variação do indicador de

grau de endividamento deve-se, em maior parte, as alterações nos grupos de

conta do exigível total, já que no patrimônio líquido são registradas as contrapartidas

dos ajustes de abertura.

No que se refere às normas IFRS que impactaram este indicador, aplica-se o

mesmo entendimento mencionado na tabela anterior.

2. Participação do Capital de Terceiros

Exigível TotalPatrimônio Líquido

=Participação do Capital de Terceiros

Tabela 18 – Participação de Capital de Terceiros

113

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 3.353.836 5.093.964 52% 2.410.992 2.392.448 -1%Tam 4.446.029 7.763.681 75% 1.463.521 1.954.033 34%

EXIGÍVEL TOTAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO

De acordo com a Tabela 18 podemos concluir que a variação do indicador de

participação de capital de terceiros deve-se, em maior parte, as alterações nos

grupos de conta do exigível total.

No que se refere às normas IFRS que impactaram este indicador, aplica-se o

mesmo entendimento mencionado na tabela anterior.

3. Composição do Endividamento ou Participação das Dívidas de Curto

Prazo sobre o Endividamento Total

Passivo CirculanteExigível Total

=Composição do Endividamento

Tabela 19 – Composição do Endividamento

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 2.192.524 2.496.200 14% 3.353.836 5.093.964 52%Tam 2.669.911 3.003.166 12% 4.446.029 7.763.681 75%

PASSIVO CIRCULANTE EXIGÍVEL TOTAL

De acordo com a Tabela 19 podemos concluir que a variação do indicador de

composição do endividamento deve-se, em maior parte, as alterações nos grupos

de conta do exigível total, já que por sua vez este contempla em sua fórmula o grupo

do passivo circulante. Todavia, analisamos os grupos de forma separada e podemos

114

observar que os ajustes de IFRS feitos no passivo não circulante são mais

relevantes dos que os feitos no passivo circulante.

Tabela 20 – Principais normas IFRS que impactaram o índice de composição do endividamento

EMPRESA NORMAS IFRS

GOL IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes, IAS 23 – Custos dos

Empréstimos

TAM IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes, IAS 23 – Custos dos

Empréstimos

Estes ajustes foram realizados para registrar os custos de empréstimos

diretamente relacionados aos bens de ativo fixo, ajustes de créditos diferidos e de

impostos diferidos resultantes dos efeitos fiscais decorrentes dos ajustes de práticas

contábeis realizados em IFRS.

3.7.3. Indicadores de Rentabilidade

1. Margem Líquida

Lucro LíquidoVendas Líquidas

=Margem Líquida

Tabela 21 – Margem Líquida

115

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 268.527 167.288 -38% 4.967.262 4.940.984 -1%Tam 134.014 506.710 278% 7.984.529 7.984.529 0%

LUCRO LÍQUIDO VENDAS LÍQUIDAS

De acordo com a Tabela 21 podemos concluir que a variação do indicador

de margem líquida deve-se, em maior parte, às alterações no lucro líquido. Estas

alterações ocorreram principalmente nas contas de despesas operacionais

(despesas de arrendamento mercantil e depreciação das aeronaves) e no grupo

financeiro (custos com empréstimos). Conforme mencionado anteriormente estes

ajustes foram realizados para registrar as aeronaves classificadas sob a modalidade

de arrendamento financeiro, os custos de manutenção pesada, os depósitos de

reserva de manutenção de aeronaves e os custos de empréstimos diretamente

relacionados aos bens de ativo fixo. Além disso, temos o efeito fiscal do imposto de

renda diferido sobre estes ajustes.

Tabela 22 – Principais normas IFRS que impactaram o índice de margem líquida

EMPRESA NORMAS IFRS

GOL IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes, IAS 23 – Custos dos

Empréstimos

TAM IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes, IAS 23 – Custos dos

Empréstimos

2. Giro do Ativo

116

Receita LíquidasAtivo Total Médio

=Giro do Ativo Total

Tabela 23 – Giro do Ativo

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 4.967.262 4.940.984 -1% 5.764.828 7.486.412 30%Tam 7.984.529 7.984.529 0% 5.909.550 9.717.714 64%

VENDAS LÍQUIDAS ATIVO TOTAL MÉDIO

De acordo com a Tabela 23 podemos concluir que a variação do indicador

de giro do ativo deve-se, em maior parte, as alterações no grupo do ativo das

empresas analisadas. Estas alterações ocorreram principalmente nas contas de:

• Caixas e equivalentes de caixa.

• Outros ativos financeiros.

• Imposto de renda diferido ativo.

• Imobilizado.

Tabela 24 – Principais normas IFRS que impactaram o índice de giro do ativo

EMPRESA NORMAS IFRS

GOL IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes, IAS 23 – Custos dos

Empréstimos

TAM IAS 16 – Ativo Imobilizado, IAS 37 –

117

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes, IAS 23 – Custos dos

Empréstimos

3. Retorno sobre o Investimento ou Return on Invest ment

Lucro Operacional LíquidoInvestimento

=ROI

Tabela 25 – Retorno sobre o Investimento

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 60.224- 9.865- -84% 5.764.828 7.486.412 30%Tam 220.646 751.448 241% 5.909.550 9.717.714 64%

LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO INVESTIMENTO

De acordo com a Tabela 25 podemos concluir que a variação do indicador

de retorno sobre o investimento deve-se, em maior parte, às alterações no lucro

líquido das empresas analisadas. Conforme mencionado anteriormente estas

alterações ocorreram principalmente nas contas de:

• Despesas operacionais (despesas de arrendamento mercantil e

depreciação das aeronaves).

• Custos com empréstimos.

• Imposto de renda diferido.

118

4. Retorno sobre Patrimônio Líquido

Lucro LíquidoPatrimônio Líquido - Lucro Líquido

=RSPL

Tabela 26 – Retorno sobre o Patrimônio Líquido

EMPRESA BRGAAP IFRSVARIAÇÃO

(%)BRGAAP IFRS

VARIAÇÃO (%)

Gol 268.527 167.288 -38% 2.142.465 2.225.160 4%Tam 134.014 506.710 278% 1.329.507 1.447.323 9%

LUCRO LÍQUIDOPATRIMÔNIO LÍQUIDO - LUCRO

LÍQUIDO

Aqui cabem os mesmos comentários aplicados ao índice anterior.

De forma geral, podemos observar e concluir que as principais normas que

afetaram o resultado e a posição patrimonial da empresa foram:

• IAS 16 – Ativo Imobilizado.

• IAS 12 – Tributos sobre o Lucro.

• IAS 37 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.

• IAS 23 – Custos dos Empréstimos.

No capítulo que segue apresentamos a Análise de algumas Normas que

Impactaram os Indicadores Econômico-Financeiros.

119

CAPÍTULO IV − ANÁLISE DAS PRINCIPAIS NORMAS QUE IMPACTARAM OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS

A seguir apresentamos um breve resumo sobre cada uma das normas que

impactaram as demonstrações financeiras das empresas objeto deste estudo, bem

como quais as principais diferenças entre as normas internacionais de contabilidade

e as normas locais, neste caso o CPC 27 – ativo imobilizado. Para a elaboração

destas análises foram considerados os materiais publicados pela Deloitte (IFRS ao

seu alcance – 2010), as normas emitidas pelo IASB e os pronunciamentos emitidos

pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

4.1. IAS 16 – Property, Plant and Equipment

A IAS 16 tem por objetivo estabelecer o tratamento contábil para ativos

imobilizados, bem como a divulgação das mutações nesse investimento e das

informações que permitam o entendimento e a análise desse grupo de contas. Os

principais pontos a serem considerados na contabilização dos ativos imobilizados

são o reconhecimento dos ativos, a determinação dos seus valores contábeis e os

valores de depreciação e as perdas por desvalorização a serem reconhecidas em

relação aos mesmos.

120

Ativos imobilizados são itens tangíveis utilizáveis por mais de um ano e que

são detidos para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para

aluguel ou para fins administrativos.

Os Itens do imobilizado são registrados como ativos, sempre que for

provável que os benefícios econômicos futuros a eles associados serão auferidos

pela entidade, e o seu custo avaliado com segurança.

Um item do ativo imobilizado classificado para reconhecimento como um

ativo deve ser mensurado pelo seu custo. O custo de um item de ativo imobilizado é

equivalente ao preço à vista na data do reconhecimento. Se o prazo de pagamento

excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o equivalente preço à vista e

o total dos pagamentos deve ser reconhecida como despesa com juros durante o

prazo do pagamento.

São também adicionados no custo inicial todos os gastos incrementais e

necessários para colocar o imobilizado em condições de funcionamento, como

transporte, tributos, montagem, testes etc. até que ele esteja em condições de

efetivo uso. Compõe, ainda, o custo inicial, o valor estimado dos gastos previstos

para desmontagem, remoção e restauração do local onde é instalado. Não faz parte

do custo os gastos com realocação, ociosidade mesmo que no uso inicial, gastos

com abertura de nova instalação ou introdução de novo produto, gastos

administrativos e outros custos indiretos etc.

Após a aquisição do imobilizado, o IAS 16 permite a escolha do modelo de

contabilização que pode ser:

• Modelo de custo: o ativo é registrado ao custo menos depreciação

acumulada e perda de valor recuperável.

• Modelo de reavaliação: o ativo é registrado pelo valor reavaliado,

equivalente ao valor justo na data de reavaliação menos depreciação e perda de

valor recuperável posteriores.

De acordo com o modelo de reavaliação, as reavaliações são realizadas

regularmente. Todos os itens de uma determinada categoria são reavaliados. Os

acréscimos de reavaliação são creditados ao patrimônio líquido e os decréscimos de

reavaliação são primeiro alocados à reserva de reavaliação no patrimônio líquido

121

relacionado ao ativo específico, sendo que os eventuais excedentes são alocados

ao resultado.

Por outro lado, quando o ativo reavaliado é alienado, a reserva de

reavaliação no patrimônio líquido é mantida neste grupo, não sendo levada ao

resultado e os componentes de um ativo com padrões de benefícios divergentes

devem ser depreciados separadamente.

Com relação à depreciação, o valor depreciável do ativo deve ser apropriado

de forma sistemática ao longo de sua vida útil estimada (pelo período de tempo ou

número de unidades produzidas), sendo necessária a revisão periódica da vida útil,

pelo menos a cada exercício e, se sofre alterações deve ser tratado como mudança

de estimativa contábil.

Anualmente deve ser feita a revisão da vida útil do ativo imobilizado e o teste

de recuperabilidade (Impairment) de acordo com o IAS 36. Caso a transação de um

item do imobilizado (por exemplo, uma aeronave) exija vistorias significativas

regulares, o seu custo é registrado no valor contábil do ativo a cada vistoria, se os

critérios de reconhecimento forem atendidos.

4.1.1. Principais Diferenças entre a IAS 16 – Property, Plant and Equipment e o CPC 27 – Ativo Imobilizado

A principal diferença na aplicação da IAS 16 e do CPC 27 no Brasil se

configura na determinação da vida útil e nos valores residuais dos itens do ativo

imobilizado, No Brasil historicamente, a prática utilizada pelas entidades foi

considerar as taxas definidas pela legislação tributária. Outro ponto relevante de

discrepância entre a norma brasileira e a norma internacional foi a proibição imposta

pela Lei nº 11.638/07 da possibilidade de reavaliação do ativo imobilizado. Em seu

parágrafo 29, o CPC 27, determina que:

Quando a opção pelo método de reavaliação for permitida por lei, a entidade deve optar pelo método de custo do item 30 ou pelo método de reavaliação do item 31 como sua política contábil e deve aplicar essa política a uma classe inteira de ativos imobilizados.

122

Desta forma, a Lei nº 11.638/07 eliminou a possibilidade de as empresas

efetuarem a reavaliação do ativo imobilizado, impedindo essa opção permitida pela

norma contábil criando, consequentemente, uma diferença entre nas normas

brasileiras e internacionais.

4.2. IAS 12 – Income Taxes

A IAS 12 tem por objetivo prescrever o tratamento contábil para os tributos

sobre o lucro. Para fins do Pronunciamento, o termo tributo sobre o lucro inclui todos

os impostos e contribuições nacionais e estrangeiros que são baseados em lucros

tributáveis. O termo tributo sobre o lucro, também inclui impostos, tais como os

retidos na fonte, que são devidos pela própria entidade, por uma controlada,

coligada ou empreendimento conjunto nas quais participe.

Os tributos relativos a períodos correntes e anteriores devem, na medida em

que não estejam pagos, ser reconhecidos como passivo. Se o valor pago for

superior ao valor devido, o excesso deve ser reconhecido como ativo. O benefício

referente a um prejuízo fiscal, que pode ser compensado para recuperar o tributo

corrente de um período anterior, deve ser reconhecido como ativo. Nesse caso, a

entidade reconhecerá, quando for provável, que o benefício fluirá para a entidade,

podendo ser medido de forma confiável.

Um passivo fiscal diferido deve ser reconhecido para todas as diferenças

temporárias tributáveis, exceto o passivo fiscal diferido que advenha de:

• Reconhecimento inicial de ágio derivado de expectativa de rentabilidade

futura (goodwill).

• Reconhecimento inicial de ativo ou passivo em transação que: (a) não é

combinação de negócios, (b) no momento da transação, não afeta nem o lucro

contábil nem o lucro tributável (prejuízo fiscal).

Um ativo fiscal diferido será reconhecido para todas as diferenças temporárias

dedutíveis, inclusive as advindas dos investimentos em subsidiárias, filiais e

associadas, bem como em interesses em empreendimentos conjuntos, na medida

123

em que seja provável a existência de lucro tributável contra o qual a diferença

temporária dedutível possa ser utilizada. Isto, a não ser que o ativo fiscal diferido

surja do reconhecimento inicial de ativo ou passivo em uma transação que: (a) não é

combinação de negócios, (b) no momento da transação, não afeta nem o lucro

contábil nem o lucro tributável (prejuízo fiscal).

4.2.1. Principais Diferenças entre a IAS 12 – Income Taxes e o CPC 32 – Tributos sobre o Lucro

As principais diferenças entre a norma internacional (IAS 12) e a norma local

(CPC 32), referem-se a alguns aspectos específicos, dentre as quais se destacam a

divulgação e as exceções mencionadas na IAS 12, as quais não existem na norma

brasileira como, por exemplo, reconhecimento inicial de um ativo, imposto de renda

diferido sobre o ágio e ausência de tratamento a ser dado sobre as diferenças

temporárias de lucros não distribuídos de subsidiarias no exterior. É importante

salientar que o CPC 32 possui muito mais similaridades do que diferenças em

relação a IAS 12.

4.3. IAS 37 – Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets

A IAS 37 tem por objetivo assegurar a aplicação de critérios de

reconhecimento e bases de mensuração apropriada a provisões, passivos

contingentes e ativos contingentes, bem como a divulgação de informações

suficientes nas notas explicativas às demonstrações financeiras, para permitir que

os usuários entendam a sua natureza, tempestividade e valor.

Uma provisão somente é reconhecida quando há uma obrigação legal ou não

formalizada como resultado de eventos passados; é provável que ocorra uma saída

de recursos, sendo possível ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.

O valor reconhecido como uma provisão deve ser a melhor estimativa do

desembolso exigido para liquidar a obrigação presente na data do balanço. A melhor

estimativa do desembolso exigido para liquidar a obrigação presente é o valor que

124

uma entidade racionalmente pagaria para liquidar a obrigação na data do balanço ou

para transferi-la para terceiros nesse momento.

As provisões devem ser revisadas ao final de cada período de divulgação e

ajustadas para refletir as mudanças de estimativas. As provisões são utilizadas

somente para os fins originalmente previstos e, como exemplos, podemos citar

provisões para reestruturação, garantias, reembolsos e restauração de áreas.

Um passivo contingente é originado quando:

a) existe uma obrigação possível a ser confirmada por um evento futuro,

resultante de eventos passados e que está além do controle da entidade;

b) existe uma obrigação presente, mas provavelmente não irá exigir, uma

saída de recursos;

c) uma estimativa confiável do montante de uma obrigação presente não pode

ser feita.

Em relação aos aspectos de reconhecimento e divulgação, um passivo

contingente exige apenas sua divulgação em nota explicativa. Caso a possibilidade

de saída de recursos seja remota, não há divulgação.

Um ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e

cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência, ou não-ocorrência, de um

ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob o controle da entidade. Uma

entidade não deve reconhecer um ativo contingente. Porém, quando a realização do

ganho é praticamente certa, então o ativo relacionado não é um ativo contingente e

o seu reconhecimento é adequado.

4.3.1. Principais Diferenças entre a IAS 37 – Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets e o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

Atualmente, com a adoção do CPC 25 a partir de 2010, não existem

diferenças entre as normas brasileiras e internacionais. Ambas, possuem o mesmo

objetivo: definir os critérios de reconhecimento e bases de mensuração aplicáveis a

provisões, passivos e ativos contingentes, bem como definir as regras de

divulgação.

125

4.4. IAS 23 – Borrowing Costs

A IAS 23 tem por objetivo definir o tratamento contábil para custos de

empréstimos. Os custos de empréstimos são despesas de juros de todas as formas

de empréstimos, inclusive mútuos, e outros custos que a entidade incorre em função

da aquisição de empréstimo de recursos, conforme consta do Pronunciamento

Técnico CPC 08 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores

Mobiliários.

Os custos de empréstimos, que são diretamente atribuídos à aquisição, à

construção ou à produção de ativos qualificáveis para a sua capitalização devem ser

capitalizados e formam parte do custo de tais ativos. Os outros custos de

empréstimos são reconhecidos como despesas.

De acordo com o CPC 20, na medida em que a entidade toma emprestados

recursos, especificamente com o propósito de obter um ativo qualificável, deve

determinar o montante de custos dos empréstimos elegíveis para capitalização

como sendo aquele incorrido sobre esses empréstimos durante o período

necessário para completar a aquisição, a construção ou a produção do ativo, menos

qualquer receita financeira derivada da aplicação temporária desses recursos.

A entidade deve iniciar a capitalização dos custos dos empréstimos como

parte do custo do ativo qualificável na data em que as seguintes condições

estiverem satisfeitas: gastos com a obtenção do ativo estão sendo incorridos, custos

dos empréstimos também estão sendo incorridos e estão iniciadas atividades

necessárias ao preparo do ativo para seu uso ou venda pretendido.

A entidade deve deixar de capitalizar definitivamente os custos de

empréstimos quando, substancialmente, todas as atividades necessárias para

preparar o ativo qualificável para seu uso ou venda pretendidos estiverem

completas.

4.4.1. Principais Diferenças entre a IAS 23 – Borrowing Costs e o CPC 20 – Custos de Empréstimos

126

Com a adoção do CPC 20, não existem praticamente diferenças entre as

normas brasileiras e internacionais. As diferenças entre ambas as normas estão

mais voltadas à forma (texto) do que ao conteúdo (conceito). Por exemplo: para o

CPC 20, bem como para a IAS 23, um ativo qualificável é “o ativo que

necessariamente leva tempo substancial para ficar pronto para o uso ou venda”. De

acordo com a atual norma brasileira, classificam-se como ativos qualificáveis

aqueles integrantes do ativo imobilizado ou destinados à formação de estoques de

longa maturação.

4.5. Análise dos Impactos Qualitativos da Adoção do IFRS decorrentes das respostas do Questionário e das Ent revistas.

Nesta seção são analisados os impactos da adoção do IFRS na organização

como um todo. Para alcançar este objetivo, foram feitas entrevistas semi-

estruturadas com os gestores das empresas, com base num roteiro prévio, e por

questões de confidencialidade, seus dados serão mantidos em sigilo.

As áreas mais afetadas com a adoção do IFRS de acordo com a nossa

pesquisa foram:

• Contabilidade e Controladoria.

• Tecnologia da Informação.

• Tesouraria.

• Jurídico.

A seguir descrevemos, de forma resumida, os principais impactos da adoção

do IFRS em cada uma das áreas mencionadas acima.

4.5.1. Contabilidade e Controladoria

127

A contabilidade e a controladoria são as áreas que sofreram a maior

quantidade de impactos durante o processo de adoção do IFRS. Estes impactos de

acordo com as informações obtidas nas entrevistas referem-se, principalmente, a

mudanças nas políticas contábeis, no que tange aos aspectos de evidenciação e

mensuração dos eventos econômico-financeiros.

Podemos observar que a elaboração das Demonstrações Financeiras e

Notas Explicativas tiveram uma mudança substancial. O nível de divulgação das

informações da companhia em IFRS é muito superior em relação à norma local,

sendo que para alcançar este objetivo foram necessários grandes investimentos em

treinamento dos profissionais envolvidos na elaboração e preparação das

Demonstrações Financeiras, bem como treinamentos de profissionais de outras

áreas como tesouraria e jurídico, que são responsáveis por fornecerem informações

que são divulgadas ao mercado.

A transição para o IFRS não inclui somente a mudança das políticas

contábeis e maior transparência e qualidade na divulgação das informações

financeiras da empresa. Este processo tem impacto em toda a organização,

incluindo os sistemas de informação para preparação das demonstrações

financeiras, controles internos, impostos, tesouraria, gerenciamento de caixa,

jurídico, entre outros.

Essa transição de norma local para as IFRS requer mudanças que envolvem

funcionários, processos e sistemas, treinamentos e aquisição de conhecimento.

Todavia, se este processo for devidamente planejado e administrado, ele poderá

trazer melhorias substanciais no desempenho das funções financeiras, nos controles

internos e nas divulgações das informações da companhia como um todo.

4.5.2. Tecnologia da Informação

A adoção do IFRS exigiu uma mudança no plano de contas contábil das

empresas analisadas, com o objetivo de garantir que as informações pertinentes

fossem devidamente apropriadas. Isso incluiu uma mudança nos processos de

consolidação corporativa.

128

As mudanças nas políticas contábeis geraram impactos significativos nos

sistemas financeiros (tesouraria) e na infraestrutura necessária para a elaboração de

relatórios das empresas analisadas.

Essas mudanças exigem alguns ajustes nas interfaces existentes e nos

bancos de dados subjacentes para incorporar dados específicos para suportar a

prestação de informações financeiras conforme requerido pelo IFRS.

4.5.3. Tesouraria

A adoção do IFRS exigiu uma mudança na forma de elaboração e

divulgação de informações de natureza financeira, que vão além das fronteiras do

Balanço Patrimonial e das Demonstrações do Resultado. Muitas informações são

requeridas para fins de divulgação de acordo com a IFRS 7 – Instrumentos

Financeiros. Isto fez com que as empresas aperfeiçoassem e criassem melhorias

nos seus processos internos a fim de gerar informações necessárias para a

publicação das Demonstrações Financeiras.

Também foram feitas avaliações abrangentes de risco, incluindo riscos de

divulgação, riscos de controles e quais as ações a serem tomadas de forma a

reduzir os riscos identificados, melhorando os controles e a geração de informações

financeiras para a tomada de decisão por parte dos investidores das empresas

analisadas.

4.5.4. Jurídico

A adoção do IFRS trouxe alguns impactos nos contratos da empresa, em

especial, contratos com fornecedores, clientes e de dívidas. Alguns desses contratos

sofreram modificações quando contabilizados de acordo com o IFRS, em especial

os contratos de arrendamento mercantil financeiro que − embora em sua forma

sejam contratos de arrendamento operacional referentes à aquisição das aeronaves

− na essência são tratados como um financiamento, devendo ser contabilizados

como ativo imobilizado.

129

Além disso, tendo em vista a melhoria da divulgação sobre os processos

cíveis, fiscais e judiciais conforme requerido pela IAS 37, criou se melhorias nos

processos de monitoramento e acompanhamento destes processos.

4.5.5. Outros Impactos

A adoção do IFRS gerou mudanças organizacionais que exigem

planejamento, comunicação e capacitação dos profissionais da empresa como um

todo. Dentro da área de Recursos Humanos, podemos observar grandes impactos

em relação à conscientização da empresa quanto ao novo padrão contábil e a

avaliação de quais os profissionais e qual tipo de programa de treinamento e

aprendizado se faz necessário.

O treinamento para aquisição de conhecimento sobre o IFRS não deve ficar

restrito à área de contabilidade, mas deve ser estendido a outros funcionários de

diversos departamentos.

A conversão para o IFRS também gerou a necessidade de comunicar os

ajustes e as principais mudanças de políticas contábeis para as partes externas e

internas, como por exemplo, o conselho de administração, acionistas, credores e

analistas, entre outros.

Podemos observar que os impactos gerados quando da adoção das IFRS

são muitos e envolvem aspectos quantitativos e qualitativos. Faz-se necessário um

estudo de todas as áreas envolvidas e os impactos nos processos internos destas

áreas, para que o processo de adoção seja conduzido da melhor forma possível.

Seguem-se as considerações finais, a sugestão para trabalhos futuros e a

limitação da pesquisa.

130

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a globalização da economia mundial tornou-se evidente a necessidade

de criação de um padrão de relatórios financeiros, que permita ao investidor e

usuários das informações contábeis o acompanhamento e a comparabilidades das

demonstrações financeiras de subsidiárias e empresas de diversos países, listadas

nas bolsas de valores.

A Contabilidade, por sua vez e dentro deste contexto, tem papel de destaque

na condução deste processo de globalização dos mercados de capitais, pois permite

ao investidor acompanhar a rentabilidade de seus investimentos e comparar as

informações de relatórios financeiros de diferentes empresas no mundo todo. Com

isso, houve por parte dos usuários da contabilidade e dos investidores do mercado

de capitais, uma maior exigência de informações com mais qualidade em termos de

divulgação (disclosure) das políticas contábeis adotadas.

Como resposta da Contabilidade a esta pressão externa surgiram as IFRS,

com o propósito de transformar e padronizar as melhores práticas contábeis no

mundo todo.

Um avanço importantíssimo neste processo de convergência das normas

internacionais de contabilidade se deu com a permissão da SEC, para que as

empresas listadas nas bolsas de valores americanas arquivassem, a partir de 2007,

131

as suas demonstrações financeiras em IFRS, sem a necessidade de uma

reconciliação para os US GAAP.

Atualmente, os EUA estão trabalhando em conjunto com o IASB para uma

conversão integral das normas em US GAAP e as IFRS. Este processo deve ser

concluído a partir de 2013.

No Brasil este processo se intensificou com a criação do Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC), e com uma série de outras ações como a

criação do Nível 2 e Novo Mercado de Governança Corporativa da BOVESPA,

emissão pela Instrução CVM nº 457 de 2007 e, por fim, a publicação da Lei nº

11.638 do mesmo ano.

Este estudo demonstrou que a mudança das práticas contábeis − de norma

local para norma internacional − deve aprimorar o nível de divulgação das

informações constantes das demonstrações financeiras, em especial as informações

necessárias aos investidores da companhia.

Também foram identificadas as principais alterações nos indicadores

econômico-financeiros provenientes da adoção do IFRS, as principais normas IFRS,

além do “como” e “por que” estas normas afetaram estes indicadores, quando da

adoção pela primeira vez das IFRS.

Assim sendo, esta pesquisa, buscou identificar quais os impactos da adoção

das normas internacionais de contabilidade (IFRS) pela primeira vez (First-Time

Adoption) nas demonstrações financeiras das empresas do setor de transportes

aéreos com ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), bem como

analisar se houve mudança significativa nos indicadores econômico-financeiros

antes e depois da adoção do IFRS.

Por outro lado, como desdobramento natural destas questões de “se” e

“como”, procuramos identificar o “por que” estes indicadores foram afetados,

analisando quais as principais normas e quais as contas contábeis e/ou os principias

grupos de contas que sofreram impactos para entendermos como ocorreram estas

variações.

Consideramos que esta pesquisa, sob a forma de estudo de casos múltiplo

teve o seu objetivo atendido e respondida a questão central, para isto tivemos que

bem compreender as práticas contábeis brasileiras e internacionais, suas principais

132

diferenças, as mudanças ocorridas com esta adoção e os principais impactos que

esta nova norma trouxe para as empresas analisadas como um todo.

Para alcançar estes objetivos foram calculados os indicadores econômico-

financeiros para as duas empresas objeto deste estudo de duas formas distintas: a

primeira considerando as demonstrações contábeis publicadas em norma local (BR-

GAAP – Brazilian Generally Accouting Principles), e a segunda com base nas

primeiras demonstrações contábeis em IFRS (International Financial Reporting

Standards), quando da adoção do IFRS 1 (First-Time Adoption).

Do mesmo modo, foram feitas entrevistas com os gestores responsáveis

pela implementação do IFRS nestas empresas, a fim de entendermos melhor como

este processo afeta a companhia, não só em termos monetários, mas principalmente

em termos de processos e de como as áreas destas empresas foram afetadas.

Identificamos uma variação significativa nos principias indicadores

econômico-financeiros, bem como no EBITDA e no EVA®, principalmente em função

de mudanças de práticas contábeis. As principais diferenças entre as normas que

afetaram estes indicadores envolvem os aspectos de reconhecimento e mensuração

de uma determinada operação, levando em consideração dados subjetivos como,

por exemplo, o principio da essência sobre a forma na contabilização de aeronaves

como ativos imobilizados, antes tratados como despesas operacionais.

Além disso, como observado no estudo de caso, também ocorreram

mudanças significativas em termos estruturais e organizacionais em toda a empresa,

envolvendo, principalmente, a necessidade de aquisição de conhecimento,

treinamento de funcionários, mudanças e aperfeiçoamentos dos controles internos e

processos, voltados para a geração e divulgação de informações com uma riqueza

maior de detalhes que não são encontradas na norma local.

Este estudo constatou a necessidade de se preparar para a adoção do

IFRS. Para tanto, se faz necessário o conhecimento das normas em IFRS e suas

principais diferenças em relação aos CPCs que, em muitos casos, não são

diferenças significativas, mas que podem resultar em grandes impactos para a

organização como um todo.

É evidente que o papel do contador neste processo de convergência é de

extrema importância, sendo este o principal articulador das análises dos impactos

destas normas não só nas demonstrações financeiras, mas em toda a organização.

133

A adoção do IFRS como observado ao longo desta pesquisa é um processo

gradativo e que envolvem profissionais de diversas áreas como, Recursos

Humanos, Jurídico, Tecnologia da Informação, Contabilidade e Controladoria,

Financeiro e Auditoria entre outros. Também não podemos deixar de reforçar a

necessidade de aquisição de conhecimento, por meio de estudos das normas e pelo

conjunto de políticas contábeis que melhor demonstra a posição financeira e

econômica da empresa, bem como reflete a posição da administração da empresa

na condução do seus negócios.

Os impactos que as empresas GOL e TAM sofreram foram muito parecidos,

em decorrência da adoção das novas normas. Isto se deve ao fato de ambas, por

pertencerem ao mesmo segmento de negócio, possuir um conjunto de políticas

contábeis muito parecidos, sendo que as diferenças em termos de valores absolutos

entre uma empresa e outra se deve aos aspectos de condução dos negócios,

tamanho, etc., não sendo ocasionados em função de diferenças de práticas

contábeis.

Por fim, espera-se que este estudo de casos múltiplos tenha contribuído com

o estudo dos principais impactos da adoção das IFRS, bem como despertado a

importância de se estudar não só os impactos quantitativos como podemos observar

nos indicadores econômico-financeiros, mas também os impactos de natureza

qualitativa que afetaram as organizações objeto deste estudo.

Finalmente, reforçamos a necessidade de se acompanhar as mudanças

provenientes da adoção do IFRS, e a aqueles que estão envolvidos diretamente ou

indiretamente na preparação de informações financeiras a necessidade de adaptar a

essa nova realidade.

134

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Devido à complexidade do tema, sugerimos aos estudiosos da ciência

contábil e usuários das informações contábeis a necessidade de se estudar os

aspectos qualitativos que envolvem a adoção das normas internacionais de

contabilidade, como processos e controles internos com o objetivo de gerar

informação de qualidade para a tomada de decisão. Além disso, sugerimos estudos

complementares de outros setores da economia, bem como analises mais

abrangentes que considerem outros indicadores de avaliação do desempenho

empresarial, considerados, no nosso entendimento, de grande valia para a

academia.

135

LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Esta pesquisa está restrita ao setor de transportes aéreos com ações

listadas no nível 2 de Governança Corporativa e que adotaram o IFRS para fins de

publicação de suas demonstrações contábeis.

Foi elaborada a pesquisa a partir de dados obtidos, por meio da

reconciliação entre norma local e IFRS, quando da adoção do IFRS 1. Todavia, a

IFRS 1, como vista anteriormente, permite a isenção de algumas normas, não sendo

obrigatório o cumprimento de todas as IFRS na primeira publicação, sendo que as

empresas objeto deste estudo não cumpriram, na íntegra, a adoção do IFRS, tendo

observado a permissão destas isenções.

Apesar das limitações apresentadas entendemos a contribuição desta

dissertação ao evidenciar o impacto da adoção do IFRS nos indicadores econômico-

financeiros, provocando, igualmente, impactos relevantes nestes indicadores e no

resultado das empresas estudadas.

Outra contribuição resultante desta pesquisa e também fator limitador da

pesquisa é o de alertar aos estudiosos da ciência contábil e usuários das

informações contábeis para a importância de serem adotados indicadores que

possam mediar à geração de valor para o acionista, investidores e demais

interessados em adquirir ações de uma determinada empresa.

136

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144

APÊNDICES

APÊNDICE I – CARTA DE APRESENTAÇÃO

Prezado, Estou realizando o meu mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais no Programa

de Pós-Graduação Stricto Sensu da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –

PUCSP, sob orientação do professor Doutor Sérgio de Iudícibus. Desenvolvo a

minha pesquisa sob o título: IMPACTO DA ADOÇÃO DAS IFRS ( INTERNATIONAL

FINANCIAL REPORTING STANDARDS) EM INDICADORES ECONÔMICO-

FINANCEIROS. UM ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO DE EMPRESAS DO SETOR

DE TRANSPORTES AÉREOS LISTADAS NA BOLSA DE VALORES DE SÃO

PAULO (TÍTULO PROVISÓRIO).

A seguir apresento um resumo sobre a pesquisa que estou realizando para a

conclusão da minha dissertação.

Resumo:

145

A adoção crescente das normas internacionais de contabilidade (IFRS) é o reflexo

das mudanças ocorridas nas últimas duas décadas, no processo de globalização da

economia e do desenvolvimento dos mercados internacionais. Em função do

aumento da demanda por informações, que permitam ao investidor estrangeiro

comparar o resultado dos seus investimentos entre empresas de diferentes países e

diferentes normas, se fez necessário a adoção de um padrão único de contabilidade

aceito mundialmente. O IASB (International Accounting Standard Board) ficou

responsável pela elaboração de normas internacionais que já estão em processo de

convergência em mais de 100 países em todo o mundo.

No Brasil com a publicação da Lei nº 11.638/07, vigorando a partir de 31 de

dezembro de 2007 e, posteriormente, com as alterações emanadas da Lei nº

11.941/09, deu-se um importante passo no processo de convergência de suas

normas com os padrões internacionais, por meio da criação do Comitê de

Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão responsável pela emissão de

pronunciamentos contábeis em consonância com as IFRS. A IFRS 1, denominada

(First-Time Adoption) refere se aos requisitos a serem observados no primeiro

exercício em que a empresa publica as suas demonstrações financeiras, em norma

contábil local e em IFRS. Com esta justificativa, este estudo tem por objetivo verificar

se no ramo de transporte aéreo, com a primeira adoção das normas internacionais

IFRS 1 (First-Time Adoption), houve mudanças significativas, nos principais

indicadores econômico-financeiros e quais os impactos da adoção do IFRS para a

organização como um todo.

Neste sentido para a realização desta pesquisa e análise dos impactos da adoção

dos IFRS (CPC), além da pesquisa bibliográfica gostaria de realizar esta entrevista,

que sem dúvida será uma preciosa fonte de dados. Necessitaria no máximo 1 hora

ou 2 horas de sua atenção para o preenchimento de um questionário.

Desde já agradeço pela colaboração e pela atenção dispensada.

Atenciosamente,

146

Luiz Henrique Valério

APÊNDICE II – MODELO DO QUESTIONÁRIO

Este questionário foi construído com duas divisões, de modo que seja

possível obtermos informações acerca dos entrevistados e informações sobre a

adoção do IFRS, como segue:

• Parte I: para conhecermos o perfil dos pesquisados.

• Parte II: para conhecermos os impactos qualitativos quando da adoção do

IFRS pela primeira vez na organização com um todo.

PARTE I

Este questionário foi elaborado de forma acadêmica para complementar a Dissertação de Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais, cujo tema é: “ IMPACTO DA ADOÇÃO DAS IFRS (INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS) EM INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS. UM ESTUDO DE CAS O MÚLTIPLO EM EMPRESAS DO SETOR DE TRANSPORTE AÉREO LISTADAS N A BOLSA DE VALORES DE SÃO PAULO.

A identidade dos participantes será preservada, sendo analisado o conjunto

das respostas para a compilação dos resultados.

147

Sua colaboração e participação neste processo são fundamentais para a

conclusão deste trabalho.

PERFIL DO PESQUISADO

1. Qual seu cargo nessa Entidade, idade e gênero? __________________________________________________________

2. Qual sua formação acadêmica? Possui alguma especialização? __________________________________________________________

3. Há quanto tempo trabalha nesta empresa? Há quanto tempo está neste cargo? __________________________________________________________

4. Qual a sua experiência com as normas internacionais de contabilidade - IFRS? __________________________________________________________

5. Quais os principais projetos você já desenvolveu na sua carreira profissional? __________________________________________________________

PARTE 2 IMPACTOS DA ADOÇÃO DO IFRS (LEI Nº 11.638/07) Este questionário foi estruturado de modo a abranger o maior número possível de informações qualitativas a respeito do impacto da adoção do IFRS (CPC) na organização como um todo. Contém 19 questões e esta divido em duas partes. PARTE 1: INFORMAÇÕES GERAIS 1. As pessoas responsáveis pelo departamento de con tabilidade/controladoria estavam familiarizadas com as novas normas contábei s (IFRS/CPC)?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( )

Comentários adicionais:

148

2. A empresa elaborou um treinamento em IFRS consid erando-se todos os membros do conselho de administração e os funcionár ios envolvidos nos processos de relatórios financeiros?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( ), quais?

Comentários adicionais: 3. A organização adotou o IFRS, por exigência da Le i nº 11.638/07 ou por outros motivos? Como a organização está lidando com essas obrigações?

a) Sim ( ) b) Não ( )

Comentários adicionais: 5. A nova norma contábil ajuda a organização a aume ntar a eficácia dos procedimentos de elaboração dos relatórios financei ros?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( )

Comentários adicionais: 6. Quais são os principais custos de implementação do IFRS? Resposta: 7. Quanto tempo a empresa precisou para se adaptar ao novo padrão? Resposta: 8. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela e mpresa na adoção das IFRS? Resposta:

149

9. A administração desenvolveu uma política de divu lgação de IFRS com o objetivo de fornecer informações claras e transpare ntes em relação ao plano de transição para o IFRS e suas implicações nos rel atórios financeiros, incluindo informações a serem disponibilizadas no s ite da empresa, ou outro meio de comunicação? Resposta: 10. Quais as principais áreas da Cia. que foram afe tadas pela adoção do IFRS? Resposta: PARTE 2: INFORMAÇÕES POR ÁREAS Área: Jurídico – Contratos. 11. Quando da adoção do IFRS pela primeira vez, hou ve algum impacto nos contratos (fornecedores, clientes, dívidas, etc.) d a Cia?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( ), quais?

Comentários adicionais: Área: Fiscal – Impostos. 12. Os impactos sobre os impostos correntes e futur os, decorrentes da conversão para o IFRS (nos valores e nas divulgaçõe s) foram adequadamente avaliados e alinhados com as estratégias fiscais da empresa?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( ), quais?

Comentários adicionais: Área: Fiscal – Impostos. 13. Quais os principais impactos da adoção do CPC 3 2 – Tributos sobre o lucro? Resposta: Área: Infraestrutura de Sistemas de tecnologia (TI)

150

14. Os sistemas de TI da empresa, que apoiam os pro cessos financeiros, foram revisados com o objetivo de identificar quaisquer m odificações necessárias para sua transição para o IFRS (por exemplo, divulg ação de informações adicionais requeridas por outros pronunciamentos co ntábeis)?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( ), quais?

Comentários adicionais: 15. Houve a necessidade de mudança de planos de con tas e/ou criação de um novo plano de contas para fins de consolidação das Demonstrações Financeiras em IFRS?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( )

Comentários adicionais: Área: Infraestrutura de Sistemas de tecnologia (TI) 16. A administração desenvolveu um plano de transiç ão para o IFRS contemplando um cronograma detalhado e a definição clara de responsabilidades?

a) Sim ( ) b) Não ( )

Comentários adicionais: 17. Os sistemas de controles internos da empresa fo ram revisados com o objetivo de identificar quaisquer modificações nece ssárias para sua transição para o IFRS (por exemplo, informações adicionais fo rnecidas por outros departamentos não financeiros)?

a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Em parte ( ), quais?

151

Comentários adicionais: 18. As diferenças contábeis entre BRGAAP e o IFRS f oram levantadas, documentadas, quantificadas e avaliadas com o objet ivo de implementar novas práticas contábeis e demonstrações financeira s em IFRS, bem como de identificar os eventuais impactos futuros nos resul tados e no patrimônio líquido da empresa?

a) Sim ( ) b) Não ( )

Comentários adicionais: 19. A empresa hoje entende que o IFRS melhorou os a spectos contábeis de divulgação (disclosure), mensuração e avaliação de seus resultados em relação ao BRGAAP?

a) Sim ( ) b) Não ( )

Comentários adicionais:

152

APÊNDICE III – RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO

IMPACTOS DA ADOÇÃO DO IFRS (LEI Nº 11.638/07) RESPONDENTES 1 E 2 – EMPRESA 1 Este questionário foi estruturado de modo a abranger o maior número possível de informações qualitativas a respeito do impacto da adoção do IFRS (CPC) na organização como um todo. Contém 19 questões e esta divido em duas partes. PARTE 1: INFORMAÇÕES GERAIS 1. As pessoas responsáveis pelo departamento de con tabilidade/controladoria estavam familiarizadas com as novas normas contábei s (IFRS/CPC)?

d) Sim ( ) e) Não (X) f) Em parte ( )

Comentários adicionais: Não, a maioria das pessoas tomou contato com IFRS por meio de leitura dos pronunciamentos contábeis, mas dado à sofisticação de algumas normas em vista da simplicidade da contabilidade ensinada nas universidades atualmente, mesmo com a leitura do material,

153

muitas dúvidas ou falta de entendimento permanecem para a maior parte do time. 2. A empresa elaborou um treinamento em IFRS consid erando-se todos os membros do conselho de administração e os funcionár ios envolvidos nos processos de relatórios financeiros?

d) Sim ( ) e) Não ( ) f) Em parte (X), quais?

Comentários adicionais: A empresa optou por contratar profissionais com experiência em implantação de IFRS em outras empresas (meu caso e de outro gerente da área de controladoria). Para a alta administração, foi feito um plano de treinamento voltado para atender as necessidades mais estratégicas. 3. A organização adotou o IFRS, por exigência da Le i nº 11.638/07 ou por outros motivos? Como a organização está lidando com essas obrigações?

c) Sim ( ) d) Não (X)

Comentários adicionais: A empresa por ser de capital aberto, já trabalhava com o USGAAP e entendeu que seria melhor adotar a norma internacional desde o início da publicação da Lei nº 11.638/07. 5. A nova norma contábil ajuda a organização a aume ntar a eficácia dos procedimentos de elaboração dos relatórios financei ros?

d) Sim (X) e) Não ( ) f) Em parte ( )

Comentários adicionais: Sim, entendemos que a nova norma apresenta de forma mais racional e econômica, os dados da empresa, fugindo das especificidades antes existentes na norma brasileira que trazia distorções às DFs, tornando difícil a comparabilidade com as DFs de empresas do mesmo negócio fora do país. 6. Quais são os principais custos de implementação do IFRS? Resposta: treinamento do time, contratação de profissionais com treinamento e experiência, adaptação de certos controles internos e criação de novos controles (em certos casos, isso implica em uma mudança de cultura) e com a auditoria para revisão dos julgamentos aplicados nas interpretações das normas. 7. Quanto tempo a empresa precisou para se adaptar ao novo padrão? Resposta: Desde o início a empresa adotou o USGAAP além das normas brasileiras, isso facilitou o processo de mudança para o IFRS, dado que no nosso

154

caso, não havia praticamente ajuste do US GAAP para o IFRS, então digamos que a experiência com a aplicação do US GAAP já serviu de base para a mudança. 8. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela e mpresa na adoção das IFRS? Resposta: Adaptação de alguns controles internos, principalmente na tesouraria e na área de contratos e TI, incluindo algum treinamento para os não contadores que trabalham nessas áreas (treinamento ministrado internamente). Discussão quanto às premissas e julgamentos com a auditoria externa. 9. A administração desenvolveu uma política de divu lgação de IFRS com o objetivo de fornecer informações claras e transpare ntes em relação ao plano de transição para o IFRS e suas implicações nos rel atórios financeiros, incluindo informações a serem disponibilizadas no s ite da empresa, ou outro meio de comunicação? Resposta: Sim, a divulgação das informações foi feita através do site da companhia e através de comunicados oficiais ao mercado, através de nossa área de RI (Relações com Investidores) 10. Quais as principais áreas da Cia. que foram afe tadas pela adoção do IFRS? Resposta: Controladoria e Contabilidade, Tesouraria, Jurídico e Contratos. PARTE 2: INFORMAÇÕES POR ÁREAS Área: Jurídico – Contratos. 11. Quando da adoção do IFRS pela primeira vez, hou ve algum impacto nos contratos (fornecedores, clientes, dívidas, etc) da Cia?

d) Sim (X) e) Não ( ) f) Em parte ( ), quais?

Comentários adicionais: Houveram impactos em função da classificação dos contratos ligados ao financeiro. Área: Fiscal – Impostos. 12. Os impactos sobre os impostos correntes e futur os decorrentes da conversão para o IFRS (nos valores e nas divulgaçõe s) foram adequadamente avaliados e alinhados com as estratégias fiscais da empresa?

d) Sim (X) e) Não ( ) f) Em parte ( ), quais?

155

Comentários adicionais: Sim, os impactos foram analisados e discutidos com a administração antes de serem feitos os ajustes na contabilidade. Área: Fiscal – Impostos. 13. Quais os principais impactos da adoção do CPC 3 2 – Tributos sobre o lucro? Resposta: No nosso caso, não houve impactos significativos, exceto os lançamentos de imposto de renda diferido por conta dos ajustes de natureza temporária em função da mudança de norma local para IFRS. Área: Infraestrutura de Sistemas de tecnologia (TI) 14. Os sistemas de TI da empresa, que apoiam os pro cessos financeiros, foram revisados com o objetivo de identificar quaisquer m odificações necessárias para sua transição para o IFRS (por exemplo, divulg ação de informações adicionais requeridas por outros pronunciamentos co ntábeis)?

d) Sim ( ) e) Não ( ) f) Em parte (X), quais?

Comentários adicionais: Algumas necessidades de customizações no ERP da empresa foram necessárias, e criação de ferramentas para tesouraria a fim de obter e preparar informações para as DFs. 15. Houve a necessidade de mudança de planos de con tas e/ou criação de um novo plano de contas para fins de consolidação das Demonstrações Financeiras em IFRS?

d) Sim ( ) e) Não ( ) f) Em parte (X)

Comentários adicionais: Na verdade apenas a criação de algumas contas contábeis específicas do negócio de aviação e não previstas inicialmente quando da adoção do US GAAP. Área: Infraestrutura de Sistemas de tecnologia (TI) 16. A administração desenvolveu um plano de transiç ão para o IFRS contemplando um cronograma detalhado e a definição clara de responsabilidades?

c) Sim ( ) d) Não (X)

Comentários adicionais: Basicamente a contratação de 2 profissionais com

156

experiência em IFRS. 17. Os sistemas de controles internos da empresa fo ram revisados com o objetivo de identificar quaisquer modificações nece ssárias para sua transição para o IFRS (por exemplo, informações adicionais fo rnecidas por outros departamentos não financeiros)?

d) Sim ( ) e) Não ( ) f) Em parte (X), quais?

Comentários adicionais: Essa revisão foi realizada pelos 2 profissionais anteriormente mencionados e sem uma forte estruturação. Baseada na experiência e demanda na execução e preparação das DFs. 18. As diferenças contábeis entre BRGAAP e o IFRS f oram levantadas, documentadas, quantificadas e avaliadas com o objet ivo de implementar novas práticas contábeis e demonstrações financeira s em IFRS, bem como de identificar os eventuais impactos futuros nos resul tados e no patrimônio líquido da empresa?

c) Sim (X) d) Não ( ) e) Falta algo aqui?

Comentários adicionais: Sim, todos os impactos foram documentados, analisados e divulgados para o mercado através de nota explicativa as DFS. 19. A empresa hoje entende que o IFRS melhorou os a spectos contábeis de divulgação (disclosure), mensuração e avaliação de seus resultados em relação ao BRGAAP?

c) Sim (X) d) Não ( )

Comentários adicionais: Sem dúvida, o IFRS melhorou os processos de controles internos e de divulgação de informações de natureza qualitativa, permitindo que as suas demonstrações financeiras sejam analisadas e comparadas com quaisquer outras do setor aéreo no Brasil e no mundo.

157

APÊNDICE IV – RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO

IMPACTOS DA ADOÇÃO DO IFRS (LEI Nº 11.638/07) RESPONDENTES 3 E 4 – EMPRESA 2 Este questionário foi estruturado de modo a abranger o maior número possível de informações qualitativas a respeito do impacto da adoção do IFRS (CPC) na organização como um todo. Contém 19 questões e esta divido em duas partes. PARTE 1: INFORMAÇÕES GERAIS 1. As pessoas responsáveis pelo departamento de con tabilidade/controladoria estavam familiarizadas com as novas normas contábei s (IFRS/CPC)?

g) Sim ( ) h) Não (X) i) Em parte ( )

Comentários adicionais: Não, muitos profissionais da área tomaram conhecimento da norma por meio de leitura dos pronunciamentos contábeis,

158

exceto os profissionais que foram contratados para a implementação da norma. 2. A empresa elaborou um treinamento em IFRS consid erando-se todos os membros do conselho de administração e os funcionár ios envolvidos nos processos de relatórios financeiros?

g) Sim ( ) h) Não ( ) i) Em parte (X), quais?

Comentários adicionais: A empresa optou por contratar profissionais com experiência em implementação de IFRS de outras empresas. A alta administração e os demais funcionários estão recebendo treinamentos com empresas especializadas. 3. A organização adotou o IFRS, por exigência da Le i nº 11.638/07 ou por outros motivos? Como a organização está lidando com essas obrigações?

e) Sim ( ) f) Não (X)

Comentários adicionais: A empresa é uma empresa de capital aberto aqui no Brasil e nos EUA, por conta disso a empresa já trabalhava com o USGAAP e entendeu que seria melhor por questões de custos e com a 11.638/07 adotar a norma internacional. 5. A nova norma contábil ajuda a organização a aume ntar a eficácia dos procedimentos de elaboração dos relatórios financei ros?

g) Sim (X) h) Não ( ) i) Em parte ( )

Comentários adicionais: Sim, entendemos que a nova norma permite comparabilidade com as DFs de empresas do mesmo negócio fora do país e a apresenta de forma mais racional e econômica, os dados da empresa. 6. Quais são os principais custos de implementação do IFRS? Resposta: treinamento da equipe, contratação de profissionais de mercado com experiência em IFRS, adaptação e criação de certos controles internos, gastos com auditoria e consultoria, além dos gastos de publicação. 7. Quanto tempo a empresa precisou para se adaptar ao novo padrão? Resposta: quando foi publicada a lei 11.638/07, a empresa já trabalhava com o USGAAP além das normas brasileiras, isso facilitou o processo de mudança para o IFRS.

159

8. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela e mpresa na adoção das IFRS? Resposta: Criação e adaptação de alguns controles internos, principalmente na tesouraria, TI e na área de jurídico envolvendo contratos. Treinamento para os não contadores que trabalham nessas áreas (treinamento ministrado internamente). Discussão quanto às políticas contábeis e aplicação de julgamentos com a auditoria externa. 9. A administração desenvolveu uma política de divu lgação de IFRS com o objetivo de fornecer informações claras e transpare ntes em relação ao plano de transição para o IFRS e suas implicações nos rel atórios financeiros, incluindo informações a serem disponibilizadas no s ite da empresa, ou outro meio de comunicação? Resposta: Sim, as divulgações foram feitas em meios de comunicação como site da companhia e jornais. Entendemos que a transição não gerará nenhum ajuste em relação ao que os investidores recebem de informações financeiras, todavia os ajustes da adoção foram informados ao mercado. 10. Quais as principais áreas da Cia. que foram afe tadas pela adoção do IFRS? Resposta: Controladoria e Contabilidade, Tesouraria, Jurídico e TI. PARTE 2: INFORMAÇÕES POR ÁREAS Área: Jurídico – Contratos. 11. Quando da adoção do IFRS pela primeira vez, hou ve algum impacto nos contratos (fornecedores, clientes, dívidas, etc) da Cia?

g) Sim (X) h) Não ( ) i) Em parte ( ), quais?

Comentários adicionais: Sim, houve impactos em relação aos contratos com entidades financeiras em relação a classificação como arrendamento mercantil financeiro e arrendamento mercantil operacional. Área: Fiscal – Impostos. 12. Os impactos sobre os impostos correntes e futur os decorrentes da conversão para o IFRS (nos valores e nas divulgaçõe s) foram adequadamente avaliados e alinhados com as estratégias fiscais da empresa?

g) Sim (X)

160

h) Não ( ) i) Em parte ( ), quais?

Comentários adicionais: O cálculo foi feito considerando as novas regras e sobre todos os ajustes decorrentes da conversão para IFRS foram calculados impostos diferidos e validados com o departamento fiscal e com a auditoria. Área: Fiscal – Impostos. 13. Quais os principais impactos da adoção do CPC 3 2 – Tributos sobre o lucro? Resposta: Não houve impactos significativos. Os impactos foram provenientes dos ajustes de conversão. Área: Infraestrutura de Sistemas de tecnologia (TI) 14. Os sistemas de TI da empresa, que apóiam os pro cessos financeiros, foram revisados com o objetivo de identificar quaisquer m odificações necessárias para sua transição para o IFRS (por exemplo, divulg ação de informações adicionais requeridas por outros pronunciamentos co ntábeis)?

g) Sim ( ) h) Não ( ) i) Em parte (X), quais?

Comentários adicionais: Necessidades de customizações no ERP da empresa, alteração de planos de contas, criação de ferramentas para tesouraria a fim de obter e preparar informações para as DFs e jurídico (contingências) 15. Houve a necessidade de mudança de planos de con tas e/ou criação de um novo plano de contas para fins de consolidação das Demonstrações Financeiras em IFRS?

g) Sim ( ) h) Não ( ) i) Em parte (X)

Comentários adicionais: De fato foram necessárias apenas a criação de algumas contas contábeis específicas do negócio de aviação e não previstas inicialmente na norma local. Área: Infraestrutura de Sistemas de tecnologia (TI)

161

16. A administração desenvolveu um plano de transiç ão para o IFRS contemplando um cronograma detalhado e a definição clara de responsabilidades?

e) Sim ( ) f) Não (X)

Comentários adicionais: A empresa contratou funcionários com conhecimento na implementação do IFRS, além disso contou com a participação de consultores especializados em IFRS. 17. Os sistemas de controles internos da empresa fo ram revisados com o objetivo de identificar quaisquer modificações nece ssárias para sua transição para o IFRS (por exemplo, informações adicionais fo rnecidas por outros departamentos não financeiros)?

g) Sim ( X ) h) Não ( ) i) Em parte (), quais?

Comentários adicionais: Com o auxilio de uma consultoria especializada em diagnósticos de IFRS e junto com a área de “compliance” da empresa foram criados novos processos e controles com vistas a atender a necessidade de divulgação de informações. 18. As diferenças contábeis entre BRGAAP e o IFRS f oram levantadas, documentadas, quantificadas e avaliadas com o objet ivo de implementar novas práticas contábeis e demonstrações financeira s em IFRS, bem como de identificar os eventuais impactos futuros nos resul tados e no patrimônio líquido da empresa?

f) Sim (X) g) Não ( )

Comentários adicionais: Sim, a empresa elaborou um diagnóstico de IFRS, onde foram mapeados todos os processos e diferenças entre as normas aplicáveis a empresa. Também foram feitas analises de documentos, etc. 19. A empresa hoje entende que o IFRS melhorou os a spectos contábeis de divulgação (disclosure), mensuração e avaliação de seus resultados em relação ao BRGAAP?

162

e) Sim (X) f) Não ( )

Comentários adicionais: Sim, o IFRS proporcionou um aumento no número de informações divulgadas pela companhia, bem como melhorou os processos de controle interno.

APÊNDICE V – FÓRMULAS DA GOL

CÁLCULO DO EBITDA - GOL em 31/12/2007. BRGAAP IFRS VARIAÇÃO Resultado operacional (60.224) (9.865) 50.359 (+) Ajustes: Depreciação (90.253) (62.548) 27.705 (=) EBITDA (150.477) (72.413) 78.064

CÁLCULO DO NOPAT - GOL em 31/12/2007.

163

BRGAAP IFRS (+) Lucro operacional (EBIT) (60.224) (9.865) (+) Receita financeira 288.282 293.333 228.058 283.468 x (1-(34)) 66% 66% NOPAT 150.518 187.089 Ke = Rf + (Rm - Rf) x beta Dados: Beta alavancado 1,06 Rf (taxa livre de risco) - T-BOND 4,26% Rm (Risco de mercado) 5,51% Beta ajustado risco Brasil 0,891 Ke 5,59%

CALCULO DO WACC - GOL em 31/12/2007. BRGAAP IFRS

Capital de terceiros (P/(P+PL) 0,44

0,52

Capital próprio (PL/(P+PL) 0,56

0,48 Custo do capital de terceiros Kd 5% 4%

Patrimônio Líquido PL 2.410.992

2.392.448

Passivo (Financiamento) P 1.890.234

2.606.259

Capital Investido 4.301.226

4.998.707 Custo do capital próprio Ke 5,59% 5,59% WACC (%) 4,55% 4%

Despesas financeiras (140.559)

(143.739) (1-IR) 66% Fórmula: WACC = Ke [(PL/(P+PL))] + Kd x (1-IR) x [P /(P+PL)] Kd = Despesas financeiras x (1-IR)/Passivo - divida total

164

CÁLCULO DO EVA - GOL em 31/12/2007. EVA = NOPAT - (WACC X Capital Investido) BRGAAP IFRS NOPAT 150.518 187.089 WACC 4,55% 3,93% Capital Investido 4.301.226 4.998.707 EVA (45.363) (9.142)

APÊNDICE VI – FÓRMULAS DA TAM CÁLCULO DO EBITDA - TAM em 31/12/2007. BRGAAP IFRS VARIAÇÃO Resultado operacional 220.646 751.448 530.802 (+) Ajustes: (+) Depreciação 115.455 329.316 213.861 (-) Resultado financeiro 2.634 318.922 316.288 (=) EBITDA 333.467 1.080.764 747.297

CÁLCULO DO NOPAT - TAM em 31/12/2007. BRGAAP IFRS

165

(+) Lucro operacional (EBIT) 220.646 751.448 (+) Receita financeira 388.790 1.076.986 609.436 1.828.434 x (1-(34)) 66% 66% NOPAT 402.228 1.206.766

CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO - TAM em 31/12/2007. Ke = Rf + (Rm - Rf) x beta Dados: Beta alavancado 1,06 Rf (taxa livre de risco) - T-BOND 4,26% Rm (Risco de mercado) 5,51% Beta ajustado 0,891 Ke 5,59%

CALCULO DO WACC - TAM em 31/12/2007 BRGAAP IFRS Capital de terceiros (P/(P+PL) 0,31 0,70 Capital próprio (PL/(P+PL) 0,69 0,30 Custo do capital de terceiros Kd 43% 11%

Patrimônio Líquido PL 1.463.521

1.954.033

Passivo (Financiamento) P 654.925

4.583.539

Capital Investido 2.118.446

6.537.572 Custo do capital próprio Ke 5,59% 5,59% WACC (%) 12,59% 7%

Despesas financeiras (424.606)

(796.514) (1-IR) 66% Fórmula: WACC = Ke [(PL/(P+PL))] + Kd x (1-IR) x [P /(P+PL)] Kd = Despesas financeiras x (1-IR)/Passivo - divida total

166

CÁLCULO DO EVA - TAM em 31/12/2007.

EVA = NOPAT - (WACC X Capital Investido)

BRGAAP IFRS

NOPAT 402.228 1.206.766

WACC 12,59% 6,98%

Capital Investido 2.118.446 6.537.572

EVA 135.532 750.672

EVA NEGATIVO - DESTROI VALOR

EVA POSITIVO - GERA VALOR ANEXOS ANEXO I – BALANÇO PATRIMONIAL CONSOLIDADO E DRE (TA M)

Reconciliação entre BRGAAP e IFRS na data de transi ção - 31 de dezembro de 2007.

Notas BR GAAP AJUSTES DE IFRS IFRS

Ativo não-circulante

Imobilizado, líquido (b) 795.430 264.889 1.060.319 Software (f) - 15.103 15.103 Outros ativos não-circulantes

Investimentos (f) 2.281 (2.281) - Depósitos (c) 133.590 263.650 397.240 Imposto de renda diferido (h) 23.466 73.451 96.917

167

Outros ativos não-circulantes (f) 63.820 (13.136) 50.684

Total de outros ativos não-circulantes

223.157 321.684 544.841

Total de ativos não-circulantes

1.018.587 601.676 1.620.263

Ativo circulante

Outros ativos circulantes 182.817 - 182.817 Despesas antecipadas 64.496 - 64.496 Impostos a compensar e a recuperar (h) 73.451 (73.451) -

Estoques 75.165 - 75.165 Contas a receber 659.306 - 659.306 Outros ativos financeiros (e) 1.006.356 419.013 1.425.369 Caixa e equivalentes de caixa (e) 699.990 (412.526) 287.464

Total de ativos circulantes

2.761.581 (66.964) 2.694.617

Total de ativos 3.780.168 534.712 4.314.880

168

Passivo e patrimônio líquido

Notas BR GAAP AJUSTES DE IFRS IFRS

Patrimônio líquido 2.067.959 101.199 2.169.158

Passivo não-circulante

Empréstimos de longo prazo (b) 735.168 180.142 915.310 Créditos diferidos (b) 51.168 51.168 Impostos diferidos (h) 65.133 65.133 Provisões 5.715 5.715 Outros passivos não-circulantes 23.998 23.998

Total do passivo não-circulante 764.881 296.443 1.061.324

Passivo circulante

Empréstimos de curto prazo (b) 132.501 18.429 150.930 Fornecedores 124.110 124.110 Salários, encargos e benefícios 87.821 87.821 Tarifas aeroportuárias 39.217 39.217 Transportes a executar 335.268 335.268 Provisões (b) 44.897 111.462 156.359 Impostos correntes a pagar 100.177 100.177 Créditos diferidos (b) 7.179 7.179 Outros passivos circulantes 83.337 83.337 Total do passivo circulante 947.328 137.070 1.084.398

Total do passivo e patrimônio líquido 3.780.168 534.712 4.314.880

169

Reconciliação entre BRGAAP e IFRS na data de transi ção - 31 de dezembro de 2007. Notas BR GAAP AJUSTES DE

IFRS IFRS

Receita operacional Transporte de passageiros e Transporte de cargas e outros

4.566.691 4.566.691

(a) / (d) 400.571 (26.278) 374.293 Total da receita operacional 4.967.262 (26.278) 4.940.984 Custos e despesas operacionais

Pessoal (g) (794.439) (4.905) (799.344) Combustível de aviação (1.898.840) - (1.898.840) Arrendamento mercantil de aeronaves (b) (558.625) 32.840 (525.785) Arrendamento Suplementar (c) (68.554) 68.554 - Seguro de aeronaves (44.646) - (44.646) Vendas e publicidade (367.866) - (367.866) Tarifas aeroportuárias (273.655) - (273.655) Prestação de serviços (348.732) - (348.732) Material de manutenção e reparo (b) (318.917) (20.364) (339.281) Depreciação (b) / (f) (90.253) 27.705 (62.548) Outras despesas operacionais (f) (262.959) (7.463) (270.422)

Total de despesas operacionais (5.027.486) 96.367 (4.931.119) Resultado operacional (60.224) 70.089 (9.865) Custos financeiros e outras receitas (despesas)

Receita de juros (despesa) (b) (162.715) (19.903) (182.618) Juros capitalizados (b) 22.156 16.723 38.879 Total de custos financeiros (140.559) (3.180) (143.739) Variação cambial (perda) (b) 61.037 104.193 165.230 Juros e rendimentos (e) 288.282 5.051 293.333 Outras receitas (despesas), líquidas (c) / (e) (102.562) (21.244) (123.806)

Total de outras receitas 106.198 84.820 191.018 Resultados não-operacionais (b) (34.354) 34.354 - Lucro (prejuízo) antes do imposto de renda 11.620 189.269 200.883 Despesa de imposto de renda (benefício) (h) 256.907 (290.502) (33.595) Lucro (prejuízo) líquido do exercício de operações em continuidade atribuído a participação do controlador

268.527 (101.233) 167.288

170

ANEXO II – PRINCIPAIS GRUPOS DO BALANÇO PATRIMONIAL CONSOLIDADO E DRE (TAM)

Reconciliação entre BRGAAP e IFRS na data de transi ção - 31 de dezembro de 2007.

BRGAAP AJUSTE DE IFRS IFRS

Ativo: Disponível 75.294 1.193.230 1.268.524 Estoques 161.745 - 161.745 Ativo Circulante 4.408.556 (44.441) 4.364.115 Ativo Não-Circulante 1.500.994 3.852.605 5.353.599 Ativo - longo prazo 708.738 (24.046) 684.692 Ativo Total 5.909.550 3.808.164 9.717.714 Passivo: Passivo circulante 2.669.911 333.255 3.003.166 Passivo Não-Circulante 3.239.639 3.474.909 6.714.548 Passivo - longo prazo 1.776.118 2.984.397 4.760.515 Passivo Total 5.909.550 3.808.164 9.717.714 Financiamento 654.925 3.928.614 4.583.539 Patrimônio Líquido: 1.463.521 490.512 1.954.033 Resultado: Vendas Líquidas 7.984.529 - 7.984.529 Custo (5.750.475) 240.302 (5.510.173) Lucro Operacional 220.646 530.802 751.448 Depreciação (115.455) (213.861) (329.316) Despesas Financeiras (424.606) (371.908) (796.514) Receita Financeira 388.790 688.196 1.076.986 Resultado Financeiro 2.634 316.288 318.922 Lucro Líquido 134.014 372.696 506.710 FONTE: Elaborado pelo autor com base nas demonstrações financeiras publicadas em 31/12/2008 e no formulário 20F arquivado em 30 de junho de 2009. Tal relatório encontra-se disponível em no site da TAM em Relações com Investidores (www.tam.com.br/ri) e no site da SEC (www.sec.gov).