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IMPACTO DO TOMBAMENTO NA PRODUTIVIDADE DE DIFERENTES VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SAMIRA DOMINGUES CARLIN Engenheira Agrônoma Campinas Estado de São Paulo Fevereiro de 2005

IMPACTO DO TOMBAMENTO NA PRODUTIVIDADE DE … · total de colmos por hectare em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento

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IMPACTO DO TOMBAMENTO NA PRODUTIVIDADE DE DIFERENTES

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR

SAMIRA DOMINGUES CARLIN Engenheira Agrônoma

Campinas

Estado de São Paulo

Fevereiro de 2005

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C194i Carlin, Samira Domingues Impacto do tombamento na produtividade de diferentes variedades de cana-de-açúcar./ Samira Domingues Carlin. Campinas: Instituto Agronômico, 2005. 72 fls.: il. Orientadora: Dra. Raffaella Rossetto Co-orientador: Dr. Marcelo de Almeida Silva Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Produção Agrícola) – Instituto Agronômico de Campinas

1.Saccharum spp. 2. hábito de crescimento 3. biometria 4. qualidade da matéria prima 5. qualidade do caldo 6. brotão I. Rossetto, Raffaella II. Silva, Marcelo de Almeida III. Instituto Agronômico de Campinas IV.Título

CDD – 633.61

3

SAMIRA DOMINGUES CARLIN

IMPACTO DO TOMBAMENTO NA PRODUTIVIDADE DE DIFERENTES

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

graduação, em Agricultura Tropical e

Subtropical, Área de Concentração em

Tecnologia da Produção Agrícola do Instituto

Agronômico, como requisito parcial à obtenção

do título de Mestre

Orientadora: Drª. Raffaella Rossetto

Co-orientador: Dr. Marcelo de Almeida Silva

Campinas

Estado de São Paulo

Fevereiro de 2005

4

Aos meus pais, Sérgio e Rita e ao meu irmão Marcelo por

todo amor, carinho, incentivo e confiança em mim

depositado e principalmente por terem me ensinado a

nunca desistir dos meus sonhos;

DEDICO

Ao Luiz Felipe,

pelo seu amor e companheirismo

durante todos esses anos;

OFEREÇO

5

AGRADECIMENTOS

- Agradeço primeiramente a DEUS por toda força, coragem e determinação e pela satisfação da missão cumprida; - À PqC. Drª. Raffaella Rossetto, pela orientação, colaboração e principalmente pela oportunidade deste desafio;

- Ao PqC. Dr. Marcelo de Almeida Silva, pela co-orientação, amizade, dedicação e profissionalismo que levarei como ensinamento para o resto da vida; - Aos Pesquisadores e Agrônomos do Programa Cana IAC; - A todos os funcionários, estagiários e amigos da APTA Regional Centro Oeste, em especial, Valdir Lotti, Marcos Alexandre Aparecido Pereira, Ezequiel Rodrigues de Souza e Sr. Geraldo Del Casale que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho; - Ao prof. Dilermando Perecin (FCAV/UNESP) pela colaboração com os dados estatísticos; - À Srª. Iraneuda Cardinalli, bibliotecária da Copersucar, pelas referências bibliográficas; - À ASSOCICANA e seus funcionários pela realização das análises tecnológicas; - À Pós-Graduação do IAC, em especial a Angelina, a Célia e a Lígia pela atenção e dedicação durante todo o curso;

- Aos amigos da Pós-graduação, Andréa, Trícia, Solange, Marquito, André, Danilo e Bruno, pela força e amizade durante todo este período; - À CAPES pelo auxílio financeiro com a bolsa de estudo; - À FAPESP pelo suporte financeiro com o projeto de pesquisa.

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“Quem vence a si mesmo é um verdadeiro herói”. Autor desconhecido

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CARLIN, Samira D. Impacto do tombamento na produtividade de diferentes variedades de cana-de-açúcar. 2005. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Instituto Agronômico.

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivos obter resultados sobre os danos causados pelo tombamento e o aparecimento de brotões na produtividade e na qualidade da matéria prima de diferentes variedades. O experimento foi instalado e conduzido na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Jaú (SP), da APTA Regional Centro Oeste (DDD/APTA/SAA), no ano agrícola 2003/2004. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 4 x 2 (quatro variedades e dois manejos de condução da cultura, onde as variedades que formaram as parcelas dos tratamentos eretos foram tutoradas e as demais tiveram seu hábito de crescimento natural) com quatro repetições, onde as quatro variedades (IAC91-2218, ereta; IAC86-2210, semidecumbente; RB835486 e SP80-1842 consideradas decumbentes) foram comparadas entre e dentro delas. A avaliação dos tratamentos foi realizada aos 5, 50, 95, 140 e 185 dias após o tombamento (DAT), o qual ocorreu em Fevereiro de 2004. Foram avaliados: a produtividade (acúmulo de massa da cana-de-açúcar por hectare e acúmulo de massa de sacarose por hectare); os atributos biométricos (comprimento, diâmetro e massa de colmos, produção de brotões, número de internódios e número de perfilhos) e as características de qualidades tecnológicas (pol da cana, pureza, fibra, açúcares redutores da cana e açúcares totais recuperáveis). Pôde-se concluir que o tombamento favoreceu os atributos biométricos dos 50 aos 185 dias. Os atributos tecnológicos não foram afetados pelo tutoramento nas variedades decumbentes. A produtividade de cana e de açúcar foi afetada positivamente pelo tombamento em todas as variedades estudadas. Palavras-chave: Saccharum spp., hábito de crescimento, biometria, qualidade da matéria prima, qualidade do caldo e brotão.

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CARLIN, Samira D. Impacto do tombamento na produtividade de diferentes variedades de cana-de-açúcar. 2005. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Instituto Agronômico.

ABSTRACT

The present work had as objective to obtain results of the damages caused by lodging and suckers appearance in productivity and quality of different sugarcane varieties. The experimental field was carried out from March/2003 to September/2004 at Jau Development and Research Station (DDD/APTA/SAA), established in Jau city, state of São Paulo. The experimental outline used was blocks at random in factorial scheme 4 x 2 (4 varieties and 2 growing habit management) with 4 replications. The main treatments were 4 varieties (IAC91-2218, erect; IAC86-2210, semi-lodging; RB835486 and SP80-1842, lodging) with 2 different growing habit. The second treatment were erect plants (staked) and lodging plants (natural growing). The evaluation of the treatment was accomplished at 5, 50, 95, 140 and 185 days after lodging (DAL) of plots, and it occurred in February/2004. The attributes evaluated were: cane and sugar productivity (accumulation of mass of the sugarcane for hectare and accumulation of sucrose mass for hectare); biometrics attributes (length, diameter and mass of stalks, suckers production, internodes number and tillerings number) and technological attributes (pol cane, purity, fiber, reducers sugars cane and total recoverable sugars). It could be concluded that lodging affected the biometric attributes from 50 to 185 days. The technological attributes of pol cane and total recoverable sugars were affected by lodging and varieties at 185 (DAL). The cane and sugar productivity were affected positively by lodging in all of the studied varieties. Key-words: Saccharum spp., growing habit, stalk dimensions, raw material quality, juice quality, sucker.

9

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1. Dados climáticos (precipitação e temperatura média) observados

durante o período de realização do experimento. Jaú - SP. Safra

2003/2004..............................................................................................

23

Figura 2. Parcela tutorada.....................................................................................

27

Figura 3. Parcela de uma variedade decumbente com desenvolvimento natural (sem tutoramento).................................................................................

28

Figura 4. Parcela tutorada ao lado de uma não tutorada (observar brotões)..................................................................................................

28

10

LISTA DE TABELAS Tabela 1. Valores médios dos atributos físico-químicos do solo da área utilizada em

Jaú (SP)..................................................................................................................21 Tabela 2. Esquema de análise de variância utilizado para características de qualidades

tecnológicas (Pol, Pureza, Fibra, ARC e ATR), biométricas (comprimento, diâmetro, massa dos colmos, massa dos brotões, número de internódios e perfilhamento) e de produtividade (TCH e TPH).....................................................7

Tabela 3. Valores médios do Comprimento de colmos em função das variedades de

cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ........................................................................................................9

Tabela 4. Valores médios do Diâmetro de colmos em função das variedades de cana-

de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ......................................................................................................11

Tabela 5. Valores médios de Número de internódios em função das variedades de

cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ......................................................................................................13

Tabela 6. Valores médios de Número de colmos em 1 metro em função das variedades

de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ......................................................................................14

Tabela 7. Valores médios de Número de brotões em 1 metro em função das variedades

de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ......................................................................................16

Tabela 8. Valores médios de % do número de brotões em relação ao número de colmos

em 1 metro em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .............................18

Tabela 9. Valores médios de Massa de colmos em 1 metro em função das variedades

de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ......................................................................................20

Tabela 10. Valores médios de Massa de brotões em 1 metro em função das variedades

de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ................................................................................................22

11

Tabela 11. Valores médios de % da massa de brotões em relação à massa de colmos em 1 metro em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .............................24

Tabela 12. Valores médios de Número total de colmos por hectare em função das

variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.................................................................................26

Tabela 13. Valores médios de Número total de brotões por hectare em função das

variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. ..........................................................................................27

Tabela 14. Valores médios de % do número total de brotões em relação ao número

total de colmos por hectare em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .......................................................................................................................30

Tabela 15. Valores médios de Fibra em função das variedades de cana-de-açúcar

mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .......................................................................................................................32

Tabela 16. Valores médios de Pureza em função das variedades de cana-de-açúcar

mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .......................................................................................................................33

Tabela 17. Valores médios de Pol em função das variedades de cana-de-açúcar

mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .......................................................................................................................34

Tabela 18. Valores médios de ATR em função das variedades de cana-de-açúcar

mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .......................................................................................................................37

Tabela 19. Valores médios de ARC em função das variedades de cana-de-açúcar

mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT. .......................................................................................................................38

Tabela 20. Valores médios de produtividade de colmos de cana (t/ha) e de

produtividade de açúcar (tPol/ha) em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural,

12

não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) no período de safra de 2004 e suas respectivas porcentagens.....................................................................40

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................1

2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................3

2.1 A Importância da Cana-de-açúcar no Brasil.....................................................................3

2.2 Crescimento e Desenvolvimento da Cana-de-açúcar .......................................................4

2.3 Perfilhamento da Cana-de-açúcar.....................................................................................6

2.4 Maturação da Cana-de-açúcar ..........................................................................................8

2.5 Interferência do Tombamento e dos Brotões..................................................................10

2.5.1 Atributos biométricos e produtividade......................................................................11

2.5.2 Atributos tecnológicos e produtividade ....................................................................13

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................21

3.1 Localização e Caracterização da Área Experimental .....................................................21

3.2 Características Gerais do Experimento.............................................................................2

3.2.1 Instalação do experimento ..........................................................................................2

3.2.2 Caracterização das variedades ....................................................................................2

3.3 Método Experimental .......................................................................................................3

3.4 Delineamento Experimental e Análises Estatísticas.........................................................4

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................................8

4.1 Atributos Biométricos.......................................................................................................8

4.1.1 Comprimento de colmos .............................................................................................8

4.1.2 Diâmetro de colmos ..................................................................................................10

4.1.3 Número de internódios..............................................................................................12

4.1.4 Número de colmos ....................................................................................................13

4.1.5 Número de brotões....................................................................................................15

4.1.6 Porcentagem de brotões ............................................................................................17

4.1.7 Massa de colmos .......................................................................................................19

4.1.8 Massa de brotões.......................................................................................................20

4.1.9 Porcentagem da massa de brotões.............................................................................23

4.1.10 Número total de colmos ..........................................................................................25

4.1.11 Número total de brotões..........................................................................................27

4.1.12 Porcentagem do número total de brotões................................................................29

4.2 Atributos Tecnológicos...................................................................................................31

4.2.1 Fibra ..........................................................................................................................31

14

4.2.2 Pureza........................................................................................................................32

4.2.3 Pol .............................................................................................................................34

4.2.4 Açúcares totais recuperáveis.....................................................................................36

4.2.5 Açúcares redutores....................................................................................................37

4.3 Produtividade de Colmos e de Açúcar............................................................................40

5 CONCLUSÕES....................................................................................................................43

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................44

1

1 INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar tem sido cultivada no Brasil desde 1532. Atualmente assume

grande importância econômica, social e ambiental, pelas grandes áreas plantadas, por gerar

matéria prima como base para as agroindústrias do açúcar, álcool e aguardente, além de

representar para o nosso país uma fonte de grande geração de empregos e renda no meio rural.

Vários fatores influenciam na produtividade da cana-de-açúcar. Um fator de grande

importância para esta cultura que tem despertado interesse por parte de produtores e

pesquisadores, devido aos danos causados à cultura, é o tombamento das plantas.

O tombamento pode ser considerado a queda das plantas em decorrência de

características varietais; fenômenos ambientais, como fortes ventos; algum tipo de deficiência

nos colmos ou raízes; ou pelo peso dos colmos. Os colmos tombados são classificados como

aqueles deslocados mais do que 60-70º da vertical.

Segundo Arizono et al. (1998), a cultura canavieira passa por um momento de

grandes mudanças, uma das quais é a substituição da colheita manual pela mecânica. Isso

acarreta profundas alterações de manejo da cultura e as novas variedades têm de ser

selecionadas sob essa nova ótica, buscando aquelas com hábito de crescimento ereto

resistentes ao tombamento. Contudo, de acordo com Landell et al. (1999), como o

desenvolvimento de uma variedade leva em torno de 10 a 15 anos, ainda não foi possível

implantar essa prática para plantio comercial. Dessa forma, produtores vêm utilizando

2

variedades já existentes que mesmo com hábitos decumbentes apresentam elevada

produtividade, alto teor de sacarose, precocidade, resistência às principais doenças,

fechamento rápido da entrelinha, boa brotação de soqueira sob a palha e muitas outras

variáveis; sem priorizar as de hábito de crescimento ereto.

O tombamento induz o aparecimento de brotões, cujo comportamento é similar ao de

uma cana jovem, com pouco armazenamento de açúcar. Ao serem colhidos juntamente com a

cana madura, esses brotões tendem a diminuir a qualidade da matéria prima, por apresentarem

baixo teor de sacarose e elevado teor de açúcares redutores.

A grande maioria das referências encontradas na literatura sobre este assunto é

proveniente da Austrália e Colômbia. No Brasil, também enfrentamos sérios problemas

decorrentes desses dois fatores na cultura da cana-de-açúcar, porém o problema foi pouco

estudado nas nossas condições.

Portanto, o presente trabalho teve por objetivos obter resultados sobre os danos

causados pelo tombamento e o aparecimento de brotões na produtividade e na qualidade da

matéria prima de diversas variedades.

Foram avaliados: a produtividade (acúmulo de massa da cana-de-açúcar por hectare e

acúmulo de massa de sacarose por hectare); os atributos biométricos (comprimento, diâmetro

e massa de colmos, produção de brotões, número de internódios e número de perfilhos) e as

características de qualidades tecnológicas (Pol da cana, pureza, fibra, açúcares redutores da

cana e açúcares totais recuperáveis).

3

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Importância da Cana-de-açúcar no Brasil

A cana-de-açúcar é uma das principais culturas agrícolas do país apresentando uma

área colhida estimada em 5,4 milhões de hectares com produções anuais de 360 milhões de

toneladas de colmos, que após beneficiamento resultam em aproximadamente 25,0 milhões de

toneladas de açúcar e 14,8 bilhões de litros de álcool. A agroindústria canavieira no Brasil

movimenta cerca de R$ 12,7 bilhões por ano com faturamentos diretos e indiretos, o que

corresponde a 2,3% do PIB brasileiro. Considerando-se a produção de açúcar e álcool, o

Brasil destaca-se por apresentar tecnologia bastante avançada quando comparada com os

demais países produtores e seus custos de produção são os menores observados no mundo

(UNICA, 2000 e 2004).

No Estado de São Paulo, a produção de cana-de-açúcar registrada no levantamento

de Janeiro de 2005 foi de 229,0 milhões de toneladas, 10,4% superior a da safra anterior, em

conseqüência da estabilidade da produtividade agrícola, em uma área de 3,4 milhões de

hectares (CANAVIEIRO PAULISTA, 2005). A região de Jaú é tradicionalmente produtora de

cana-de-açúcar. Mais da metade da área cultivada é ocupada com esta cultura, a qual emprega

a maior parte da mão-de-obra rural.

O setor sucroalcooleiro faz do Brasil o maior produtor mundial de açúcar de cana e o

único país do mundo a implantar em larga escala um combustível alternativo aos derivados do

4

petróleo. O álcool é reconhecido mundialmente pelas suas vantagens ambientais, sociais e

econômicas, e alguns países do primeiro mundo já estão interessados nessa tecnologia.

Entretanto, apesar dos fatores positivos, hoje o Brasil enfrenta um sério problema de impacto

ambiental causado pela queima prévia da cana, fator este que facilita a colheita manual. De

acordo com Campanhão (2003), a prática da queimada prévia à colheita está sendo eliminada

gradativamente, implicando em significativas transformações no sistema de produção

canavieiro. A principal mudança tem sido no sistema de colheita, passando de manual para

mecanizada.

2.2 Crescimento e Desenvolvimento da Cana-de-açúcar

O crescimento da cana-de-açúcar é governado pelas potencialidades genéticas,

variedades, épocas de plantio, tipos de mudas, além das condições ambientais durante todo o

ciclo (BARBIERI e VILLA NOVA, 1977; BACCHI, 1983). Cock (2000) afirma que o

crescimento e o desenvolvimento da cultura consistem basicamente de órgãos vegetais,

colmos e raízes, não apresentando períodos críticos de desenvolvimento tal como as anteses

em culturas de cereais quando um pequeno estresse pode causar desastrosas reduções na

produção. Em um período de desenvolvimento final de número de colmos (importante

determinante para a capacidade de produção) a área foliar é produzida com pouca acumulação

simultânea de açúcar nos colmos. Contudo, logo que a maturação dos colmos é iniciada há

uma acumulação simultânea de açúcar e uma manutenção e desenvolvimento da capacidade

fotossintética. Fauconier e Bassereau (1975) completam que a cana no seu estágio máximo de

desenvolvimento apresenta área foliar que corresponde, aproximadamente a 7 vezes a área do

solo ocupada, conferindo, portanto à cultura, alta capacidade fotossintética e grande

capacidade de troca de substâncias (água, nutrientes e gases) com a atmosfera.

5

Provavelmente a alta capacidade produtiva da cultura em regiões tropicais esteja

relacionada com sua eficiência fotossintética em condições de temperaturas mais altas.

Camargo (1970) observou que a cana cultivada em pleno sol apresentou colmos mais

grossos, mais curtos, as folhas mais largas e verdes e o perfilhamento mais intenso.

Aumentando a temperatura acima de 20º C ocorre aumento no comprimento, diâmetro e

número de internódios (PLANALSUCAR, 1986). Magalhães (1987) cita que dos fatores

ambientais, a temperatura é, provavelmente, o de maior significância para o desempenho da

cultura. A temperatura ótima situa-se entre 22 a 30ºC, sendo que nessas condições a cultura

apresenta seu máximo crescimento.

Alexander (1973) menciona que as plantas de cana-de-açúcar retardam seu ritmo de

crescimento para o acúmulo de mais açúcar em condições naturais específicas de combinação

da temperatura ambiente e umidade do solo.

Em linhas gerais, pode se plantar cana durante todo o ano. A decisão de quando

plantar é função de vários fatores, tais como: disponibilidade de água, produtividade esperada,

época de corte prevista, variedade a ser utilizada, disponibilidade de mudas, fator

edafoclimático limitante ao desenvolvimento da cultura e outros.

Para o estado de São Paulo há duas épocas distintas para o plantio da cana, segundo

Casagrande (1991) são elas: plantio de cana-de-ano e meio, plantada de janeiro ao início de

abril, com uma taxa de crescimento restrita, nula ou mesmo negativa, em função das

condições climáticas de maio a setembro; havendo boas condições de precipitação, a fase de

maior desenvolvimento da cultura se processa principalmente de outubro a abril, com pico

6

máximo de crescimento de dezembro a abril. Esta é a principal época de plantio nas usinas e

destilarias. Entretanto, a cana-de-ano é plantada normalmente de setembro a outubro, com seu

máximo desenvolvimento entre os meses de novembro a abril, diminuindo após esse mês

devido às condições climáticas adversas, com possibilidade de colheita dependendo da

variedade, a partir de junho. A cana-de-ano tem sido muito empregada para o plantio das

áreas que são planejadas para corte no final de safra.

2.3 Perfilhamento da Cana-de-açúcar

Perfilhamento consiste na formação de vários colmos a partir de uma única planta. É

um dos fatores mais importantes dentro da cultura da cana-de-açúcar, pois é ele que determina

o número de colmos para a produção açucareira (CAMARGO, 1970). Segundo Casagrande

(1991), o modo de perfilhamento pode variar de variedade para variedade, dependendo das

características genéticas de cada uma.

Coleti et al. (1987) e Graziano (1988) observaram que a população de colmos por

unidade de área é conseqüência de combinações adotadas para o espaçamento entre linhas e a

densidade de gemas distribuídas por metro de sulco. Desta maneira, após o máximo

perfilhamento, os canaviais apresentam, em média, 12 a 16 colmos em idade de corte por

metro linear.

A época de plantio e a época do corte da cana planta ou das soqueiras, associadas à

maturação das variedades, influi no perfilhamento e no número final de colmos

industrializáveis (CÂMARA, 1993).

7

Soares et al. (2004) constataram que durante a fase de pleno crescimento, foi comum

a redução do número de perfilhos devido à competição por fotoassimilados e água, contudo,

com a retomada da época das chuvas, a partir de outubro, houve recuperação do

armazenamento de água no solo, e o número de perfilhos na área irrigada e de sequeiro se

igualou, mantendo esse comportamento até o final do ciclo.

A cana-de-açúcar por ser uma cultura com metabolismo fotossintético C4, possui alta

eficiência na utilização da luz. A radiação solar favorece todos os estágios de seu

desenvolvimento (LUCCHESI, 2001). Essa eficiência, também pode ser devido às condições

edafoclimáticas do local de cultivo, do estado nutricional da planta e, principalmente, da

variedade cultivada (HUNSIGI, 1993). Porém, a falta de luz pode causar um impacto

significativo sobre o crescimento, produtividade e qualidade da cana-de-açúcar. Christoffoleti

(1986) ainda completa que plantas de cana-de-açúcar provenientes de casa de vegetação com

56 dias de idade e plantadas no campo, sob condições de baixa luminosidade, tiveram

praticamente todos os seus perfilhos mortos. Porém, quando plantadas em condições normais

de luminosidade, tiveram um processo normal de perfilhamento.

Segundo Camargo (1970) o perfilhamento aumenta com a temperatura, até cerca de

30˚C, e, em condições de baixa temperatura, por ocasião do perfilhamento, deve-se plantar

bem raso, para que o aumento da luminosidade contrabalance os efeitos da baixa temperatura.

A fase de perfilhamento termina quando ocorre uma estabilização e os colmos

começam a crescer (IRVINE, 1983). Muitos dos pequenos perfilhos morrem e o número total

de colmos é reduzido para aproximadamente 50% dos colmos emitidos (BULL e

GLAZSIOU, 1975). Os autores fazem lembrar que embora a redução no número de perfilhos

8

possa ser grande, o índice de área foliar perdido é insignificante em termos de

desenvolvimento.

De acordo com Dillewijin (1952), o número final de colmos numa touceira é fixado

por uma característica particular da planta. Prado (1988), em estudo realizado com três

variedades plantadas em julho, observou que as variedades atingiram o número máximo de

perfilhos por metro aos cinco meses de idade e a estabilidade desse número aos oito meses.

2.4 Maturação da Cana-de-açúcar

A maturação é uma característica inerente à planta, podendo ser estimulada por

fatores ambientais e de manejo.

Fernandes (1982) definiu a maturação da cana-de-açúcar como sendo um processo

fisiológico que envolve a síntese dos açúcares nas folhas, translocação dos produtos formados

e estocagem da sacarose no colmo. Para Castro (1999), a maturação é um dos aspectos mais

importantes na produção da cana-de-açúcar, e que as características varietais são de

importância no processo de acúmulo de sacarose que é executado as custas de energia.

Segundo Deuber (1988) a maturação da cana-de-açúcar pode ser considerada sob três

diferentes pontos de vista: botânico, fisiológico e econômico. Botanicamente, a cana-de-

açúcar está madura após a emissão de flores e formação de sementes que possam dar origem a

novas plantas. Levando em conta a reprodução vegetativa, a que se usa na prática, a

maturação pode ser considerada muito mais cedo no ciclo, quando as gemas já estão em

condições de dar origem a novas plantas. Fisiologicamente, a maturação é alcançada quando

9

os colmos atingem o seu potencial de armazenamento de sacarose, ou seja, o ponto de

máximo acúmulo de sacarose possível. No seu ciclo, a cana-de-açúcar atinge totalmente a

maturação botânica antes de atingir a fisiológica. Isso significa que as sementes podem já

estar caindo da flecha e o acúmulo de sacarose continua se processando ainda por um período,

em geral, de um a dois meses. Economicamente, isto é, sob a perspectiva da prática

agronômica, a cana é considerada madura, ou em condições de ser industrializada, a partir do

momento em que apresentar um teor de sacarose, em geral, acima de um valor mínimo do

peso do colmo. Na região Sudeste do Brasil, o processo de maturação da cana-de-açúcar

ocorre naturalmente no início do mês de maio, atingindo seu clímax no mês de outubro. As

condições climáticas aí existentes, com gradativa queda da temperatura e a diminuição das

precipitações, até seca total no meio do ano, são as determinantes neste processo.

Fernandes (1982; 1985) afirma que, durante a maturação, a cana-de-açúcar armazena

a sacarose a partir da base para o topo. Portanto, no início da safra, o terço basal do colmo

mostra um teor mais elevado de sacarose do que o terço médio, e este maior do que o terço

apical. À medida que a maturação progride, o teor de sacarose tende a se igualar nas diversas

partes do colmo.

Segundo Almeida (1943), a variedade desempenha papel importante no processo de

maturação, pois as diversas variedades apresentam pontos de maturação diferentes, mesmo

quando submetidas aos mesmos fatores edafoclimáticos.

As variedades são classificadas na prática, em função do estágio de maturação, em

precoces, médias e tardias, respectivamente, variedades que atingem um teor satisfatório de

sacarose para a industrialização no início (Maio/Junho), meio (Julho/Agosto) e fim da safra

10

(Setembro/Novembro), sem a preocupação de estabelecer o período de teor máximo de

sacarose. Assim, as variedades precoces seriam processadas no início da safra, as médias no

meio e as tardias no final (NOVAES e STUPIELLO, 1974).

O processo de maturação da cana-de-açúcar tem sido estudado em diversos países, e

é de fundamental importância conhecer o comportamento de seus atributos no caldo durante o

desenvolvimento da planta, dada sua relação com a experimentação agronômica, avaliação

rotineira do estágio de maturação ou pagamento da cana pelo teor de sacarose (CAPUTO,

2003).

2.5 Interferência do Tombamento e dos Brotões

Avaliações de tombamento são geralmente baseadas em escala visual ou em

porcentagem de colmos tombados, os quais descrevem as proporções de tombamento em

função do tempo (AMAYA et al., 2000).

Breaux (1971), que usou uma escala visual para avaliar progênies vindas de

cruzamentos biparentais, verificou que sob condições moderadas de tombamento, a seleção de

resistência dessa característica foi eficiente e não houve efeitos negativos do tombamento na

produção de cana e na qualidade do caldo. Contudo, sob condições de ventos e chuvas fortes,

a seleção foi ineficiente, e o tombamento que teve efeito na produção de cana foi

correlacionado com a altura e o peso dos colmos.

11

2.5.1 Atributos biométricos e produtividade

De acordo com Landell e Silva (1995), os parâmetros biométricos permitem a

estimativa de produtividade agrícola. Consideram-se como componentes da produtividade da

cana-de-açúcar o diâmetro e comprimento dos colmos, o número de colmos por área

(associado à capacidade de perfilhamento) e a densidade do colmo. Todos eles são caracteres

governados geneticamente que, porém, estão sujeitos à influência ambiental (Skinner, 1967).

Caputo (2003), com o objetivo de comparar o efeito do tutoramento nas variedades

de cana-de-açúcar IAC91-5155, RB835486 e SP87-344, sobre suas características biométricas

e de produtividade de colmos, implantou um experimento, com 2 tipos de manejo: tutorado e

não tutorado. Observou que o tombamento proporcionou uma grande seqüência de impactos

negativos na cultura. No atributo comprimento de colmos houve diferença para a variedade de

hábito ereto IAC91-5155 nas parcelas não-tutoradas somente aos 260 e 300 dias após o

tombamento. Entretanto, para as variedades decumbentes essas diferenças foram observadas

na maioria das épocas de avaliação comprovando que onde as variedades foram tutoradas o

comprimento dos colmos foi maior do que nas não tutoradas. Para o atributo diâmetro de

colmos, não houve diferenças significativas entre variedades e tipos de manejo em todo o

período avaliado. Nos atributos número de internódios e massa de 10 colmos foram

observadas diferenças significativas apenas para as variedades decumbentes apresentando-se

maiores nos tratamentos tutorados no decorrer de todo o período amostrado. Verificou-se

também que no momento da colheita, 300 dias após o tombamento, o tratamento tutorado

produziu significativamente maior quantidade de colmos do que o não tutorado, de 12,8% na

variedade RB835486 e de 20,4% na SP87-344.

12

Segundo Bonnett et al. (1999), comparações entre as emergências dos brotões

realizadas em cana planta e soqueiras mostraram que os brotões têm uma morfologia diferente

de folhas e colmos. Estes apresentam colmos curtos e com diâmetros mais largos na base, e

suas folhas são mais largas do que nos colmos principais em idade similar. As médias dos

diâmetros variam de 3,17 cm para colmos adultos e de 3,58 cm para brotões, sendo

significativamente diferentes.

É economicamente inviável separar os brotões dos demais colmos durantes as

operações de colheita. Para as usinas, esses rebentos aumentam a quantidade de material

colhido, transportado e processado visando à produção de açúcar e álcool, mas a qualidade

inferior da matéria prima pode reduzir os lucros.

Jackson et al. (2000), através de trabalho realizado com o intuito de verificar a

interferência dos brotões na produtividade de diferentes variedades de cana-de-açúcar

assumiram 3 classes de variedades sujeitas ao aparecimento de brotões, sendo estas

classificadas em leves, médias e intensas. O peso dos brotões em relação à produção de cana

foi de 5%, 15% e 25% no total de cana produzida para as três classes respectivamente.

Berding e Hurney (2000) observaram que os brotões aumentaram a produção da

cultura perto de 26,3%. O peso dos brotões na colheita final, em todas as variedades e

experimentos variou de 10,7 a 20,0%. Para Bonnett et al. (1999), os brotões contribuem de 3,0

a 30,0% no peso do material colhido.

Bonnett et al. (2001), em trabalho realizado na Austrália, com o objetivo de estudar

os estímulos ambientais responsáveis pelo aparecimento e morfologia dos brotões observaram

13

que o número de brotões aumentou ao máximo alguns meses após o plantio (dos 318 aos 429

dias após o plantio), de 1,9 para 7,0 por metro linear, enquanto que o número de colmos

adultos permaneceu relativamente constante, 13,8 para 13,4 por metro linear no mesmo

período.

2.5.2 Atributos tecnológicos e produtividade

A qualidade da cana-de-açúcar como matéria prima industrial pode ser definida por

uma série de características intrínsecas da própria planta, alteradas pelos manejos agrícola e

industrial, que definem seu potencial para produção de açúcar e álcool. Sob os aspectos

tecnológicos, os colmos são constituídos de caldo e de fibra (FERNANDES, 2003).

Para Stupiello (1987), a qualidade da cana-de-açúcar depende de um grupo de

atributos e não se deve apenas considerar como um sinônimo do conteúdo de sacarose, ainda

que seja o parâmetro mais importante. Alguns dos diversos atributos considerados para

indicar a qualidade são: Pol da cana, Pol do caldo, brix do caldo, açúcares redutores, pureza

aparente e fibra da cana.

De acordo com Lopes (1986), Pol é a quantidade em peso de sacarose em 100 ml de

solução, medida pelo desvio ótico provocado pela solução, no plano de uma luz polarizada. O

índice Pol da cana sofre influência do teor de fibra da cana (STUPIELLO, 1987).

Brix, segundo Fernandes (2003), é o parâmetro mais utilizado na indústria do açúcar

e do álcool. Estritamente, expressa a porcentagem aparente de sólidos solúveis contidos em

uma solução açucarada impura.

14

Para o julgamento do estágio de maturação da cana com relação ao brix, o valor ideal

para considerá-la madura é de no mínimo 18,0% e durante todo o decorrer da safra

(FERNANDES, 1985).

Segundo Lopes (1986), pureza é a relação entre o teor de sacarose de uma solução

(porcentagem de sacarose dissolvida) e o teor total de açúcares, expresso em %. Pode ser

definida como sendo a fração percentual de sacarose nos sólidos totais de uma solução

açucarada. Fernandes (1985) ainda completa que os valores de pureza do caldo ideais para

considerar a cana-de-açúcar madura são de 80,0 e 85,0% para o início e decorrer da safra,

respectivamente.

Fibra é a porção do colmo da cana-de-açúcar insolúvel em água, incluindo toda a

matéria estranha que acompanha os colmos (LOPES, 1986; GRAVOIS e MILLIGAN, 1992).

A quantidade de fibra na cana-de-açúcar tem influência direta no processo de moagem, pois

se tem que uma porcentagem de fibra muito alta significa uma baixa quantidade de caldo

extraído e, conseqüentemente, baixa produção de açúcar. Por outro lado, como a fibra é

utilizada para a produção de energia na queima das caldeiras, uma porcentagem muito baixa

requer um custo de energia mais elevado no processo (GRAVOIS e MILLIGAN, 1992).

Além da sacarose, têm-se na cana os açúcares redutores (AR), que segundo

Fernandes (2003) é o termo empregado para designar os açúcares glicose e frutose,

principalmente. Porcentagens altas de açúcares redutores indicam baixa maturação. No

processo industrial são produtos precursores de cor, isto é, participam de reações que

aumentam a cor do açúcar, depreciando a qualidade do produto. Durante a maturação da cana-

de-açúcar, à medida que o teor de sacarose se eleva os açúcares redutores decrescem de quase

15

2% para valores abaixo de 0,5% entre Março – Abril e Setembro – Outubro no Hemisfério

Sul, podendo chegar a valores de 0,2%.

Entre os fatores que afetam direta e indiretamente os atributos tecnológicos e a

produtividade da cana-de-açúcar temos: o tombamento e os brotões.

De acordo com Jackson et al. (2000), resistência ao tombamento pode ser definida

como sendo a capacidade que uma variedade tem de ficar ereta durante todo seu ciclo de vida

até a colheita. Este fator pode ocorrer de diferentes formas podendo variar entre e dentro das

variedades. Caputo (2003) ainda completa que o tombamento pode ser influenciado por

fatores como nutrição, tipo e umidade do solo, além do efeito do vento. Segundo o autor,

pouco tem sido encontrado na literatura sobre os efeitos do tombamento na produtividade

agrícola e tecnológica da cana-de-açúcar, provavelmente por ser um assunto que despertou

interesse de investigação há pouco tempo, talvez, porque atualmente tem se buscado melhorar

o rendimento da colheita mecanizada.

Para Hurney e Berding (2000), condições ambientais e variedades influenciam a

produção de cana-de-açúcar. Egan (1993) ainda completa que áreas com elevada fertilidade

de solo e relativamente boa disponibilidade de água favorecem altas produções de cana e

açúcar. Segundo Egan, esses fatores contribuem significativamente para o tombamento da

cultura. Bom crescimento vegetativo, geralmente eleva a proporção de tombamento no

período de colheita, que diminui em muito a eficiência do corte (LUNA et al., 1993) e do

transporte da cana (YANG et al., 1987), desse modo, aumentando a quantidade de impurezas

no processo de moagem, diminuindo a eficiência na extração e com isso, induzindo grande

perda de sacarose (CENICAÑA, 1982). Além disso, com o tombamento da cana, novos

16

colmos e raízes são emitidos resultando numa maior redução de açúcar, diminuindo a

sacarose nos colmos (CENICAÑA, 1982; FOGLIATA e MORIN, 1975; SCANDALIARIS e

MURO, 1981).

Este fenômeno tem um impacto negativo na produção de açúcar em regiões tropicais

canavieiras na Colômbia, onde esta característica está aumentando através de níveis elevados

de produção da cultura (AMAYA et al., 2000). De acordo com o autor, o impacto do

tombamento no teor de açúcar aumentou a quantidade de impurezas no caldo, enquanto que o

teor de fibra se manteve constante.

Segundo Singh et al. (2000), em trabalho realizado na Austrália (1997-1999), foram

implantados 3 experimentos com 3 diferentes tratamentos: tombamento natural, tutoramento

(não tombada) e colheita tardia (em dezembro). Pôde ser observado que o tombamento

proporcionou uma grande seqüência de impactos negativos no crescimento da cultura,

acúmulo de sacarose e produção de açúcar, em todos os experimentos. Houve diminuição

significativa da Pol imediatamente após o tombamento, enquanto os efeitos negativos na

produção de cana e açúcar foram presentes e sustentados completamente por todo o período,

depois do tombamento. No final da colheita, observou-se que o tratamento tutorado produziu

significativamente mais cana do que o tombado, de 11 - 19% em todos os experimentos, e que

a cana tutorada aumentou sua produção de açúcar de 15 - 35% na colheita final. Os autores

também observaram que dependendo da velocidade, natureza, extensão e freqüência de

tombamentos, ocorreram diferentes quantias de colmos mortos ao longo do período e como

conseqüência uma redução de peso seco e conteúdo de açúcar acumulado. Contudo, para

Caputo (2003), em trabalho realizado recentemente no Brasil (2001-2002), com o objetivo de

avaliar o tombamento em 3 variedades de cana-de-açúcar IAC91-5155, indicada como padrão

17

por possuir porte ereto, e as RB835486 e SP87-344, consideradas decumbentes; observou,

quanto suas características tecnológicas e de produtividade de açúcar, que o tombamento

diminuiu significativamente nas variedades decumbentes os atributos tecnológicos de Pol da

cana, brix da cana, pureza da cana e ATR, até 180 dias após o tombamento. Foi observado no

momento da colheita, isto é, 300 dias após o tombamento, um aumento na produtividade de

açúcar nas parcelas tutoradas variando de 10,5% para a RB835486 e de 22,8% para a SP87-

344.

Perdas diretas como resultado do tombamento para produtores em termos de

produção de cana e açúcar podem variar com o tempo de duração, extensão do tombamento e

tamanho das áreas cultivadas (SINGH et al., 1999). Entretanto, perdas indiretas como custos

extras na colheita, efeito de impurezas na Pol e custos na moagem podem também, ser

consideráveis (CROOK et al., 1999; KENT et al., 1999). Além disso, Singh et al. (2000)

observou que perdas de touceiras por arranquio durante a colheita da cana tombada podem

reduzir o potencial de produção da cultura de soqueiras subseqüentes. Resultados em

diferentes ambientes indicam o tombamento como o maior restritor de altas produções,

principalmente nos trópicos úmidos. O autor, ainda completa que o tombamento reduziu a Pol

cerca de 1,2 unidade, em média, devido a deteriorização e morte de colmos.

Os efeitos negativos do tombamento, de acordo com Hurney e Berding (2000)

podem ser reduzidos se o tempo entre a ocorrência do tombamento e da colheita for

minimizado.

Singh et al. (2000) relataram que a redução do tombamento pode ser conseguida

selecionando variedades resistentes ou direcionando os cruzamentos em programas de

18

melhoramento. Completou que podem ser possíveis índices combinados de seleção de

resistência ao tombamento com outros caracteres economicamente importantes, como a

produção de cana.

Dadas essas circunstâncias, variedades com resistência ao tombamento são muito

desejadas, apesar do tombamento ser uma característica altamente influenciada pelo ambiente

(CENICAÑA, 1992; SALAZAR, 1992), o que significa existir uma necessidade de maior

precisão metodológica garantindo uma maior repetibilidade de materiais eretos selecionados

em estágio inicial de seleção.

As características de Pol e produção de colmos de cana, geralmente recebem o

máximo de atenção na maioria dos estágios de seleção dos programas de melhoramento de

cana-de-açúcar na Austrália. Entretanto, de acordo com Amaya et al. (2000), com a

introdução da colheita de cana crua, outras características também passaram a ser observadas

nos programas de melhoramento.

Segundo Jackson et al. (2000), são três as características que podem variar entre e

dentro das variedades afetando a produção de cana e açúcar. São elas: tombamento, tendência

a brotões e aumento de impurezas. Essas características têm uma elevada importância

econômica.

Leslie e Wilson (1996) relataram que o declínio no conteúdo de açúcar nos últimos

seis anos nos trópicos úmidos está relacionado com o aumento de impurezas e brotões na cana

fornecida às usinas da região norte de Queensland, Austrália. Esta mudança na composição da

19

cultura está associada a mudanças climáticas, resultado de episódios úmidos marcantes

durante a colheita e recordes de produção da cultura nesse período.

Segundo Bonnett et al. (2001), brotões são colmos produzidos por brotações

prematuras de touceiras que se desenvolvem depois que a população dos colmos principais já

tenha sido estabelecida. Apresentam conteúdo relativamente alto de água, teores baixos de

sacarose por serem imaturos e acabam sendo colhidos juntamente com os colmos principais.

Ainda, segundo os autores, o nível de aparecimento dos brotões depende do genótipo, fatores

ambientais e possivelmente da maturação dos colmos.

Esses brotos têm sido um problema economicamente importante na produção de

açúcar na Austrália, principalmente nos trópicos úmidos. Em cana de ano, os brotões têm sido

apontados como responsáveis pela diminuição do teor de sacarose do material colhido através

da redução de sacarose dos colmos principais para favorecer seu crescimento. O nível de

redução no conteúdo de sacarose da cana colhida devido à presença dos brotões depende do

conteúdo de sacarose dos brotões e da proporção de brotões no material colhido. Em regiões

onde o crescimento dos brotões ocorre por um longo período, em dois anos o conteúdo de

sacarose dos brotões pode atingir níveis iguais aos dos colmos principais (HUGHES e

MUCHOW, 2000).

Ivin e Doyle (2000) avaliaram brotões e colmos maduros de 4 variedades colhidas e

descobriram que os brotões tiveram em média pol de 1,3 comparado com 14,7 dos colmos

maduros.

20

Bonnett et al. (2001) pesquisaram o conteúdo de açúcar dos internódios em colmos

com e sem brotões junto a eles. Houve significativamente menos sacarose nos internódios dos

colmos maduros com brotões adjacentes, como observado nas variedades Q138 e Q152.

Enquanto o declínio de pol tem sido atribuído, em parte, a presença dos brotões,

existe uma escassez de dados quantitativos quanto ao conteúdo desses brotos na cana colhida

nos trópicos úmidos (BERDING e HURNEY, 2000). Segundo Ivin e Doyle (2000), brotões

apresentam 10% do nível de Pol, 78% do nível de fibra e uma redução intensa no conteúdo de

açúcar por cinzas produzidas comparados aos colmos maduros.

Berding e Hurney (2000), com o objetivo de avaliar o impacto dos brotões e do

tombamento na produtividade de 3 variedades de cana-de-açúcar, Q117, Q120 e Q138, que

diferiam em produção e potencial de açúcar, implantaram em 1997, na Austrália, 3

experimentos em 3 diferentes tipos de solo. Todas as variedades foram susceptíveis ao

tombamento sem restrição ao tipo de solo. As três variedades apresentaram uma elevada

tendência à emissão de brotões, principalmente sob a cultura fechada, com a Q138 sendo a

mais acentuada. A Pol dos colmos maduros foi reduzida cerca de 1,0 unidade para cada 10%

de aumento no número de brotões da cultura, que resultou em impacto negativo em

rentabilidade. Segundo os autores, variedades australianas têm uma forte tendência ao

aparecimento de brotões, mas o tombamento não pode ser considerado um pré-requisito para

a iniciação desses brotos, embora possa estimular o seu crescimento.

21

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização e Caracterização da Área Experimental

O experimento foi instalado e conduzido na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento

de Jaú (SP), da APTA Regional Centro Oeste (DDD/APTA/SAA), localizada nas

coordenadas de 22º17’ latitude Sul e 48º37’ longitude Oeste, a uma altitude de 580 m.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 1, o solo caracteriza-se como um

Latossolo Vermelho distrófico (PRADO, 2003), textura média, com muita areia fina e

apreciável quantidade de areia grossa, profundo, poroso, derivado do retrabalhamento do

basalto influenciado pelo arenito com teores baixos de Fe2 O3 (7%) e pouca atração magnética.

Apresentam topografia plana e drenada (MENK e COELHO, 2000).

Tabela 1.Valores médios dos atributos físico-químicos do solo da área utilizada em Jaú (SP).

Prof. pH MO P K H Al Ca Mg SB CTC V Argila Silte Areia

grossa

Areia

fina

cm % mg.cm-3 -------------------cmolc.dm-3 -------------------- --------------------%------------------

0-20 5,0 3,5 16 0,23 4,0 0,5 2,2 0,7 3,13 7,63 41 44,2

1,88 25,41 28,51

20-40 4,3 1,7 9 0,08 2,9 1,0 1,8 0,5 2,38 6,28 38 47,6 4,25 23,18 24,99

80-100 5,1 1,3 6 0,02 1,6 0,6 0,8 0,2 1,02 3,22 32 60,55 5,49 15,76 18,20 Local da análise: Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo Ltda. Sertãozinho – SP, 2003.

O clima predominante da região é Aw (Köppen), com clima seco definido,

temperatura média anual de 21,6˚C, umidade média máxima de 77% em Fevereiro e média

22

mínima de 49% em Agosto. A precipitação pluviométrica média anual é de 1.509 mm,

contabilizada no período de 1995 a 2004.

As temperaturas máximas e mínimas do período de Março de 2003 a Setembro de

2004, juntamente com as precipitações mensais estão apresentadas na Figura 1. Esse período

compreende desde a implantação até a colheita do experimento. No dia 25 de Fevereiro de

2004 houve uma precipitação de 86,5 mm com ventos de 52,0 km/h sentido Sul.

23

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Mar/03

Abr/03

Mai/03

Jun/03

Jul/03

Ago/03

Set/03

Out/03

Nov/03

Dez/03

Jan/04

Fev/04

Mar/04

Abr/04

Mai/04

Jun/04

Jul/04

Ago/04

Set/04

CH

UV

AS

(mm

)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

T (º

C)

CHUVAS (mm) CHUVAS (mm) 5 anos T (ºC) Máx.T (ºC) Máx. 5 anos T (ºC) Mín. T (ºC) Mín. 5 anos

Figura 1- Dados climáticos (precipitação e temperatura média) observados durante o período de realização do experimento. Jaú – SP. Safra 2003/2004.

3.2 Características Gerais do Experimento

3.2.1 Instalação do experimento

O plantio foi realizado em 05 de Março de 2003 e conduzido até 03 de Setembro de

2004. As parcelas constituíram-se de 9 sulcos de 10 m de comprimento, com espaçamento de

1,5 m entre si, perfazendo uma área útil total de 135 m2. A adubação de plantio foi de 400

kg/ha do adubo formulado 4-14-8. Para o controle de pragas de solo foi aplicado no sulco,

antes do plantio 170 g de Regent + 2,5 l de Furadan em 50 l de água na área útil.

Para o controle de plantas daninhas foram aplicados após o plantio 2,1 l de Herbipak

+ 2,1 l de Diuron + 1,0 l de MSMA em 300 l de água na área útil. A fim de evitar o

tombamento das touceiras, as plantas que compõem as parcelas dos tratamentos eretos foram

tutoradas em Janeiro de 2004 com mourões de eucalipto de 2,8 m de comprimento, espaçados

dentro da linha a cada 2,5 m. As touceiras foram mantidas eretas através de arames

entrelaçados a 0,90 e 1,80 m de distância do solo.

3.2.2 Caracterização das variedades

Foram utilizadas 4 variedades: IAC91-2218, indicada como padrão por possuir

hábito ereto, resistência ao tombamento e baixa tendência ao aparecimento de brotões. Região

de adaptação: Ribeirão Preto, Jaú, Piracicaba, Mococa e Pindorama (LANDELL et al., 2004);

IAC86-2210, de hábito de crescimento semidecumbente, moderadamente resistente ao

tombamento e média tendência ao aparecimento de brotões (LANDELL et al., 1997);

RB835486 e SP80-1842, consideradas decumbentes com elevada tendência ao tombamento e

ao aparecimento de brotões (UFSCar, 1998; BOLETIM TÉCNICO COPERSUCAR, 1993).

3.3 Método Experimental

Cinco dias após ter ocorrido o tombamento das parcelas não tutoradas, 1º de Março

de 2004, iniciou-se a coleta das amostras e suas respectivas análises biométricas e

tecnológicas, estabelecendo-se o intervalo de aproximadamente 45 dias entre as demais

amostragens e análises, portanto adotando-se as seguintes épocas: 5, 50, 95, 140 e 185 dias

após o tombamento (DAT), que ocorreram nas datas de 1º de Março, 15 de Abril, 1º de Junho,

19 de Julho e 3 de Setembro de 2004, respectivamente. Em cada parcela foi colhido um feixe

de colmos através de um gabarito de 1 m de comprimento, aleatoriamente nas cinco linhas

centrais, consideradas como parcela útil.

Para a medida de comprimento, cada colmo foi medido da base até a inserção da

folha +3, através de uma fita métrica. O diâmetro foi medido através de um paquímetro na

altura de 1/3 do comprimento do colmo da base para a ponta (LANDELL e SILVA, 1995).

Em cada colmo foi contado o número de internódios. Em seguida o feixe foi amarrado e

obtida sua massa numa balança. Primeiro, a massa foi tomada de todo o feixe e depois foram

retirados de cada amostra os brotões, que são colmos com alturas maiores de 30 cm e menores

do que os colmos principais (HURNEY e BERDING, 2000), normalmente com diâmetro

superior ao dos adultos (BONNETT et al., 1999) que foram avaliados separadamente para se

obter a proporção desses brotos no total de cana produzida e na qualidade do caldo. A

contagem dos perfilhos da parcela útil foi feita após todas as amostragens, adicionando-se o

número de colmos retirados com o gabarito, e na colheita final do experimento, nesse caso

adicionando-se os perfilhos retirados durante as amostragens.

Em cada amostragem, os mesmos feixes retirados para biometria foram

encaminhados ao laboratório da Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú

(ASSOCICANA) para análise tecnológica, através do sistema Consecana (2003), para

obtenção dos dados de Pol da cana, pureza aparente do caldo, fibra da cana, açúcares

redutores da cana (ARC) e o açúcar total recuperável (ATR).

A produtividade de cana-de-açúcar (TCH), dada pela massa de cana (t/ha), foi feita

no momento da colheita do ensaio, obtendo-se a massa das parcelas através de célula de

carga, e adicionando-se a massa dos feixes retirados durante as amostragens. A produtividade

de açúcar (TPH) foi feita através do produto entre a TCH e a Pol da cana correspondente de

cada parcela.

3.4 Delineamento Experimental e Análises Estatísticas

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial

4 x 2 (quatro variedades e dois manejos de condução da cultura, onde as plantas que

compõem as parcelas dos tratamentos eretos foram tutoradas e as demais tiveram seu hábito

de crescimento natural) com quatro repetições, onde as quatro variedades foram comparadas

entre e dentro delas.

Os tratamentos corresponderam à manutenção das parcelas eretas através do

tutoramento (T) e parcelas com hábito de crescimento natural, ou seja, não tutoradas (NT),

Figuras 2, 3 e 4.

Figura 2. Parcela tutorada

.

Figura 3. Parcela de uma variedade decumbente com desenvolvimento natural (sem

tutoramento).

Figura 4. Parcela tutorada ao lado de uma não tutorada (observar brotões).

Dessa forma, seguiu-se o esquema de análise de variância apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Esquema de análise de variância utilizado para características de qualidades

tecnológicas (Pol, pureza, fibra, ARC e ATR), biométricas (comprimento, diâmetro, massa dos colmos, massa dos brotões, número de internódios e perfilhamento) e de produtividade (TCH e TPH).

Causas de Variação G.L.

Variedade (V) 3

Manejo (M) 1

Interação V x M 3

Tratamento 7

Blocos 3

Resíduo 21

Total 31

Os dados que apresentaram valores iguais a zero foram transformados pela expressão

matemática 0,1+x . As médias utilizadas nas Tabelas são as originais, no entanto, a

comparação entre elas está relacionada com a análise estatística dos dados transformados. O

pacote estatístico utilizado foi o Estat, aplicando-se o teste de Tukey ao nível de 5% de

probabilidade, para a comparação entre médias.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tombamento das plantas que compõem as parcelas não tutoradas (NT) ocorreu em

25 de Fevereiro de 2004 após período de fortes chuvas e ventos.

4.1 Atributos Biométricos

4.1.1 Comprimento de colmos

De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, observou-se diferença no

comprimento de colmos para variedades em todas as épocas estudadas.

O fator tombamento apresentou diferenças no comprimento de colmos aos 50 DAT

das parcelas, no entanto, na interação variedade x manejo não houve diferença em nenhum

dos períodos avaliados.

Na variedade ereta IAC91-2218 os valores de comprimento de colmos não

apresentaram diferenças entre os dois manejos, tutorado e não tutorado. Contudo, nas demais

variedades observou-se que, apesar de não apresentarem valores estatisticamente diferentes,

houve uma tendência de maior crescimento para o tratamento tombado na maioria das épocas

estudadas. Nas parcelas não tutoradas, a cana tombada foi induzida a aumentar, provocando

com isso o alongamento dos colmos, provavelmente, devido às mudanças hormonais

promovidas pelas auxinas (TAIZ e ZEIGER, 2004), fazendo com que o comprimento dessas

plantas ficasse maior do que aquelas mantidas eretas através do tutoramento, que por sua vez,

pode ter impedido com que essas plantas atingissem a interceptação de luz.

Tabela 3. Valores médios do Comprimento de colmos em função das variedades de cana-de-

açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Comprimento de colmos

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

----------------------------------------- cm ----------------------------------------

IAC91-2218 (T) 158,42 191,44 222,25 230,18 229,45

IAC91-2218 (NT) 155,07 205,21 219,00 230,19 241,44

Médias 156,75 C 198,33 B 220,61 C 230,19 C 235,45 C

IAC86-2210 (T) 170,64 200,85 241,37 264,10 278,78

IAC86-2210 (NT) 193,47 232,40 243,26 273,02 250,71

Médias 182,06 AB 216,62 B 242,32 BC 268,56 B 264,75 B

RB835486 (T) 172,78 203,36 250,00 254,26 259,50

RB835486 (NT) 166,12 222,31 263,60 267,87 279,25

Médias 169,45 BC 212,84 B 256,80 B 261,07 B 269,37 B

SP80-1842 (T) 190,55 245,45 287,00 308,32 301,04

SP80-1842 (NT) 205,14 251,80 305,40 316,00 313,63

Médias 197,85 A 248,62 A 296,51 A 312,14 A 307,33 A

Médias (T) 173,10 a 210,27 b 250,31 a 264,21 a 267,20 a

Médias (NT) 179,95 a 227,93 a 257,81 a 271,76 a 271,26 a

C.V. das parcelas 9,41 6,18 8,87 6,94 7,06

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Esses resultados opõem-se aos encontrados por Caputo (2003), onde as touceiras

mantidas eretas das variedades decumbentes apresentaram valores de comprimento de colmos

maiores que das touceiras não tutoradas na maioria das avaliações realizadas.

Este fato também pode estar relacionado com a alta incidência de chuvas e

temperatura favorável (FIGURA 1) durante a fase de maior desenvolvimento da cultura, pois

segundo Casagrande (1991), havendo boas condições de precipitação, o pico máximo de

desenvolvimento se processa de Dezembro a Abril.

Para Caputo (2003), a razão dessa diferença pode ter ocorrido devido às altas

temperaturas apresentadas no período de Agosto a Novembro de 2002, já que a precipitação

acumulada do mês de Agosto (69,8 mm), não é freqüente para o período, e podem ter

favorecido o crescimento dos colmos nas parcelas mantidas eretas, visto que no final do ciclo

as parcelas não tutoradas dessa variedade já apresentavam algum tombamento.

4.1.2 Diâmetro de colmos

Conforme os dados obtidos para diâmetro de colmos, Tabela 4, houve efeito entre

variedades em todos os períodos avaliados. O fator tombamento pouco afetou o diâmetro, tal

efeito foi observado apenas aos 50 DAT das parcelas.

Houve diferença na interação variedade x manejo aos 140 dias. A variedade

RB835486 apresentou diferenças de médias entre tratamentos, sendo superiores para o não

tutorado. Esses resultados contrapõem com aqueles apresentados por Caputo (2003), que não

encontrou diferenças significativas nos diâmetros de colmos entre variedades e tipo de manejo

em todo o período avaliado.

Tabela 4. Valores médios do Diâmetro de colmos em função das variedades de cana-de-

açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Diâmetro de colmos

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

------------------------------------------ cm -----------------------------------------

IAC91-2218 (T) 2,22 2,58 2,43 2,50 2,55

IAC91-2218 (NT) 2,18 2,56 2,52 2,57 2,56

Médias 2,20 B 2,57 B 2,47 B 2,54 B 2,56 B

IAC86-2210 (T) 2,26 2,50 2,52 2,58 2,55

IAC86-2210 (NT) 2,35 2,74 2,66 2,69 2,67

Médias 2,30 B 2,62 B 2,59 B 2,64 B 2,61 B

RB835486 (T) 2,66 2,90 3,03 3,05 b 2,88

RB835486 (NT) 2,65 3,22 2,92 3,20 a 3,00

Médias 2,65 A 3,06 A 2,96 A 3,12 A 2,94 A

SP80-1842 (T) 2,28 2,52 2,55 2,72 2,75

SP80-1842 (NT) 2,18 2,66 2,74 2,60 2,74

Médias 2,23 B 2,59 B 2,65 B 2,66 B 2,74 B

Médias (T) 2,35 a 2,62 b 2,63 a 2,71 a 2,68 a

Médias (NT) 2,34 a 2,80 a 2,71 a 2,76 a 2,74 a

C.V. das parcelas 4,99 5,92 4,87 3,27 5,09

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Para esses resultados não é atribuída nenhuma significância prática nessas

observações, pois as medidas de diâmetro foram realizadas em seções onde o crescimento já

estava completo. Essas observações concordam com as encontradas por Silva e Caputo

(2005).

4.1.3 Número de internódios

Pelos resultados apresentados na Tabela 5, houve diferença do número de internódios

entre variedades aos 5 e 95 DAT das parcelas.

O fator tombamento foi observado apenas aos 50 dias, visto que nesse período

ocorreu significativa interferência climática, como mostra a Figura 1, fazendo com que o

aumento do comprimento de colmos, discutido anteriormente no item 4.1.1, ocorresse mais

em função do aumento do número de internódios dos tratamentos não tutorados do que do

comprimento de internódios. Entretanto, para Caputo (2003) foram observadas diferenças

significativas apenas para as variedades decumbentes apresentando-se maiores nos

tratamentos tutorados no decorrer de todo o período amostrado.

Tabela 5. Valores médios de Número de internódios em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Número de internódios

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

IAC91-2218 (T) 14,79 18,19 20,09 21,34 24,26

IAC91-2218 (NT) 15,49 18,60 20,32 20,93 24,83

Médias 15,14 B 18,40 A 20,20 B 21,13 A 24,54 A

IAC86-2210 (T) 15,97 17,97 22,15 23,35 26,05

IAC86-2210 (NT) 18,17 20,68 22,23 23,83 25,02

Médias 17,07 A 19,33 A 22,20 AB 23,59 A 25,54 A

RB835486 (T) 15,82 17,86 23,25 23,83 26,15

RB835486 (NT) 14,40 20,36 22,90 25,04 26,96

Médias 15,11 B 19,11 A 23,07 AB 24,43 A 26,55 A

SP80-1842 (T) 16,21 19,16 23,59 24,26 26,80

SP80-1842 (NT) 16,67 19,83 24,33 23,00 25,92

Médias 16,44 AB 19,50 A 23,96 A 23,63 A 26,36 A

Médias (T) 15,70 a 18,30 b 22,27 a 23,19 a 25,81 a

Médias (NT) 16,18 a 19,87 a 22,44 a 23,20 a 25,68 a

C.V. das parcelas 7,90 8,45 9,65 10,51 7,45

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

4.1.4 Número de colmos

De acordo com os resultados obtidos para número de colmos em 1 metro, Tabela 6,

houve diferença entre variedades em todo o período avaliado. Isto pode ter ocorrido, pois

segundo Casagrande (1991), o modo de perfilhamento e conseqüente número de colmos

podem variar de variedade para variedade, dependendo das características genéticas de cada

uma. Essas observações concordam com as de Dillewijin (1952) o qual afirmou que o número

final de colmos numa touceira é fixado por uma característica particular da planta.

Tabela 6. Valores médios de Número de colmos em 1 metro em função das variedades de

cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Número de colmos/m

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

IAC91-2218 (T) 14,25 13,25 14,50 12,00 13,75

IAC91-2218 (NT) 15,25 14,75 16,25 12,50 13,25

Médias 14,75 A 14,00 A 15,38 A 12,25 C 13,50 A

IAC86-2210 (T) 13,75 12,75 12,75 15,00 11,75

IAC86-2210 (NT) 13,25 14,25 13,75 15,50 14,25

Médias 13,50 A 13,50 AB 13,25 B 15,25 A 13,00 A

RB835486 (T) 10,75 14,50 a 11,50 12,75 11,25

RB835486 (NT) 10,50 9,00 b 11,75 12,00 13,25

Médias 10,63 B 11,75 B 11,63 B 12,38 BC 12,25 AB

SP80-1842 (T) 12,75 11,00 11,00 13,25 10,75

SP80-1842 (NT) 13,50 12,75 12,50 17,00 11,25

Médias 13,13 A 11,88 B 11,75 B 15,13 AB 11,00 B

Médias (T) 12,88 a 12,88 a 12,44 b 13,25 a 11,88 b

Médias (NT) 13,13 a 12,69 a 13,56 a 14,25 a 13,00 a

C.V. das parcelas 11,60 10,41 11,51 14,78 11,15

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Para o tratamento manejo, as diferenças foram observadas apenas aos 95 e 185 DAT

das parcelas, no entanto, Singh et al. (2000), em experimento realizado na Austrália,

observaram que dependendo da velocidade, natureza, extensão e freqüência de tombamentos,

ocorreram diferentes quantias de colmos mortos alterando o número de colmos na parcela, ao

longo de todo o período avaliado.

A interação variedade x manejo foi significativa indicando diferenças de médias

entre variedades após o tombamento das parcelas, apenas aos 50 dias.

A variedade decumbente RB835486 apresentou mais colmos no tratamento tutorado

quando comparado ao não tutorado, resultado este que pode ter sido em decorrência de fatores

climáticos (FIGURA 1), pois de acordo com a Ata da reunião do Grupo Fitotécnico, em

Outubro de 2004, o ano agrícola da safra 03/04 não foi bom para a RB835486 que apresentou

elevado índice de infecção da doença fúngica Ferrugem (Puccinia melanocephala),

provocando a morte significativa de perfilhos. Apesar deste atributo não ter sido avaliado no

decorrer deste trabalho, em condições normais de precipitação e temperatura, a doença já está

controlada no mês de Março, entretanto como neste ano ocorreu um período prolongado de

chuvas e temperaturas elevadas, esta se estendeu durante todo o período de avaliação.

4.1.5 Número de brotões

Conforme se observa na Tabela 7, para número de brotões obtidos em 1 metro linear

houve diferenças de variedades em todas as épocas estudadas.

O número de brotões é uma característica varietal. Entretanto, em função do

tombamento, verificou-se um aumento no número de brotões em todas as variedades. Esse

aumento ocorreu principalmente entre 50 e 95 dias após o tombamento.

Tabela 7. Valores médios de Número de brotões em 1 metro em função das variedades de

cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Número de brotões/m

Dias após o tombamento Tratamentos

5* 50 95 140 185*

IAC91-2218 (T) 0,00 1,50 2,25 2,50 0,75

IAC91-2218 (NT) 0,00 1,75 3,25 3,00 1,50

Médias 0,00 C 1,63 B 2,75 C 2,75 C 1,13 B

IAC86-2210 (T) 4,25 2,75 4,25 4,50 2,00

IAC86-2210 (NT) 2,75 4,00 5,50 5,75 3,25

Médias 3,50 A 3,38 A 4,88 A 5,13 A 2,63 A

RB835486 (T) 1,50 3,25 2,75 3,50 1,00

RB835486 (NT) 2,25 3,75 4,25 3,25 2,50

Médias 1,88 AB 3,50 A 3,50 BC 3,38 BC 1,75 AB

SP80-1842 (T) 1,50 2,75 2,75 3,50 1,75

SP80-1842 (NT) 1,50 4,25 4,50 5,25 3,50

Médias 1,50 BC 3,50 A 3,63 B 4,38 AB 2,63 A

Médias (T) 1,81 a 2,56 b 3,00 b 3,50 b 1,38 b

Médias (NT) 1,72 a 3,44 a 4,38 a 4,31 a 2,69 a

C.V das parcelas 25,77 25,72 15,52 26,15 12,42

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

*Análise estatística realizada com dados transformados pela expressão matemática 0,1+x .

Para a variedade ereta IAC91-2218 o número de brotões aumentou dos 360 aos 495

dias após o plantio, passando de zero para aproximadamente 2,75 por metro linear. Na

variedade semidecumbente IAC86-2210 esse número variou de 3,38 a 5,13 por metro linear

no mesmo período. Nas variedades decumbentes, RB835486 e SP80-1842, o número de

brotões por metro linear passou de 1,88 para 3,50 e de 1,50 para 4,38, respectivamente. Esses

resultados concordam com aqueles observados por Bonnett et al. (2001), onde o nível de

aparecimento de brotões depende do genótipo, fatores ambientais e da maturação dos colmos.

Ainda, segundo os autores, em trabalho realizado na Austrália, foi observado que o número

desses brotos aumentou ao máximo dos 318 aos 429 dias após o plantio, passando de 1,9 para

7,0 por metro linear, enquanto que o número de colmos adultos permaneceu relativamente

constante no mesmo período.

O efeito do tombamento foi significativo durante todo o período avaliado, exceto aos

5 DAT. Em todas as épocas ocorreu maior incidência de brotões no tratamento tombado.

Esses resultados coincidem com os encontrados por Hurney e Berding (2000), na Austrália

em 1997, onde todas as variedades estudadas foram susceptíveis ao tombamento e

apresentaram uma elevada tendência ao aparecimento desses brotos, apesar de que o

tombamento não pode ser considerado um pré-requisito para o surgimento desses rebentos,

embora estimule o seu crescimento.

4.1.6 Porcentagem de brotões

Para o atributo % do número de brotões em relação ao número de colmos em 1 metro

houve diferença de variedades, conforme Tabela 8, após o tombamento das parcelas em todas

as épocas estudadas, enquanto no tratamento manejo essas diferenças foram observadas

apenas aos 50, 95 e 185 dias.

Tabela 8. Valores médios de % do número de brotões em relação ao número de colmos em 1

metro em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Brotões

Dias após o tombamento Tratamentos

5* 50 95 140 185*

--------------------------------------------- % -------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 0,00 11,15 15,64 20,75 4,91

IAC91-2218 (NT) 0,00 11,82 20,04 23,78 11,24

Médias 0,00 C 11,48 B 17,84 C 22,27 B 8,08 C

IAC86-2210 (T) 29,71 21,70 33,42 30,28 17,05

IAC86-2210 (NT) 19,81 28,09 39,94 37,26 23,05

Médias 24,76 A 24,90 A 36,68 A 33,77 A 20,05 AB

RB835486 (T) 13,86 22,54 24,05 28,36 8,90

RB835486 (NT) 21,59 42,30 36,20 27,03 19,02

Médias 17,73 A 32,42 A 30,13 B 27,70 AB 13,96 BC

SP80-1842 (T) 11,13 25,00 24,32 26,30 16,21

SP80-1842 (NT) 10,71 33,63 36,62 31,14 31,44

Médias 10,92 B 29,31 A 30,47 B 28,72 AB 23,83 A

Médias (T) 13,68 a 20,10 b 24,36 b 26,42 a 11,77 b

Médias (NT) 13,03 a 28,96 a 33,20 a 29,80 a 21,19 a

C.V das parcelas 19,81 26,48 13,66 28,54 15,12

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

*Análise estatística realizada com dados transformados pela expressão matemática 0,1+x .

Em todas as épocas houve maior incidência de brotões em relação aos colmos

adultos na cana tombada. Este fato pode estar relacionado a fatores já mencionados no item

4.1.5, onde os fatores ambientais merecem destaque.

Conforme observado na Figura 1, o período compreendido dos 50 aos 95 DAT foi

marcado por um elevado índice de precipitação, o que não é normal durante esses meses,

podendo ter estimulado o aparecimento e concentração desses rebentos tardios nesta época,

visto que a cana tombada tende a emitir novos brotos e raízes. Entretanto, durante o período

de seca o aparecimento desses brotos não interferiram significativamente entre manejos no

número de colmos adultos, apesar do número de brotões ter continuado a crescer, no entanto

aos 185 DAT a diferença de médias na porcentagem desses brotos voltou a aparecer. O

aparecimento desses brotos ao longo das parcelas se deu de maneira desuniforme, provocando

com isso uma alta variabilidade dos dados, como pode ser observado pelos elevados valores

dos coeficientes de variação no decorrer das épocas e principalmente aos 140 DAT, tornando

a análise inconsistente.

4.1.7 Massa de colmos

Conforme se observa na Tabela 9, para o atributo massa de colmos em 1 metro linear

houve diferença de variedades nos períodos amostrados em 95, 140 e 185 DAT, no entanto,

não houve diferenças significativas para o fator manejo em nenhuma das épocas estudadas.

Para a interação variedade x manejo verificou-se diferença de médias apenas aos 50

DAT das parcelas.

Tabela 9. Valores médios de Massa de colmos em 1 metro em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Massa de colmos

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

-------------------------------------------- kg ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 14,88 13,65 b 15,83 13,90 15,29

IAC91-2218 (NT) 15,70 15,88 a 16,93 15,93 14,85

Médias 15,29 A 14,76 A 16,38 B 14,91 B 15,07 B

IAC86-2210 (T) 16,03 14,22 b 20,35 27,60 16,60

IAC86-2210 (NT) 15,55 17,13 a 19,08 24,93 17,00

Médias 15,79 A 15,67 A 19,71 A 26,26 A 16,80 AB

RB835486 (T) 13,00 18,18 a 21,68 23,40 17,55

RB835486 (NT) 12,63 14,15 b 21,40 23,06 19,20

Médias 12,81 A 16,16 A 21,54 A 23,21 A 18,38 A

SP80-1842 (T) 14,38 15,63 16,03 24,85 17,93

SP80-1842 (NT) 13,78 16,73 16,85 27,95 18,68

Médias 14,08 A 16,18 A 16,44 B 26,40 A 18,30 A

Médias (T) 14,57 a 15,42 a 18,47 a 22,44 a 16,84 a

Médias (NT) 14,41 a 15,97 a 18,56 a 22,96 a 17,43 a

C.V das parcelas 15,53 8,34 11,34 11,99 12,70

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Foi observado que na variedade ereta (IAC91-2218) e na semidecumbente (IAC86-

2210) os valores das médias de massa de colmos em 1 metro aos 50 DAT foram superiores no

tratamento não tutorado quando comparadas ao tutorado, provavelmente correlacionado com

o comprimento dos colmos, visto que os valores desse atributo foram maiores nessas parcelas.

Para a variedade decumbente (RB835486) os valores médios foram maiores nos

tratamentos aos 50 DAT nas parcelas que foram tutoradas, resultado este que pode estar

relacionado com a morte de perfilhos, fato já mencionado no item 4.1.4, e a presença de

brotões novos, neste caso provocando perda de massa nas parcelas tombadas.

4.1.8 Massa de brotões

De acordo com os dados apresentados na Tabela 10, houve diferenças de variedades

para massa de brotões em 1 metro em todos os períodos avaliados após o tombamento.

No tratamento manejo houve diferenças aos 50, 95 e 185 DAT, sendo que em todas

as épocas ocorreu maior produção de brotões no tratamento tombado. Esses resultados

mostram que os brotões apresentaram maior massa e quantidade de água na cana tombada e

que a interferência do número de brotões sobre a cana adulta pode estar relacionado com a sua

massa. No entanto, apesar dos resultados não significativos, aos 140 DAT das parcelas houve

uma tendência maior do atributo massa de brotões para o tratamento tutorado, quando

comparado ao não tutorado, com elevado coeficiente de variação (32%), mostrando diferenças

de variabilidade dos atributos massa de brotões, seja pelas diferenças entre variedades, seja

pelas diferenças entre os sistemas de manejo ou entre as épocas de amostragens.

Na interação variedade x manejo ocorreu diferença apenas aos 50 DAT das parcelas.

A variedade semidecumbente IAC86-2210 apresentou maior produção de brotões em massa

por metro linear na cana tombada.

Tabela 10. Valores médios de Massa de brotões em 1 metro em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Massa de brotões

Dias após o tombamento Tratamentos

5* 50 95 140 185*

-------------------------------------------- kg ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 0,00 1,95 2,90 2,38 1,09

IAC91-2218 (NT) 0,00 2,56 4,00 3,28 1,75

Médias 0,00 C 2,26 B 3,45 B 2,83 B 1,42 B

IAC86-2210 (T) 4,25 2,14 b 6,30 8,55 2,83

IAC86-2210 (NT) 3,25 5,00 a 6,80 6,35 1,99

Médias 3,75 A 3,57 A 6,55 A 7,45 A 2,41 AB

RB835486 (T) 2,00 4,55 5,48 5,45 1,30

RB835486 (NT) 3,50 4,90 7,68 4,90 2,63

Médias 2,75 AB 4,73 A 6,58 A 5,18 AB 1,97 AB

SP80-1842 (T) 1,50 3,58 5,23 7,43 2,31

SP80-1842 (NT) 1,75 4,33 6,60 5,23 4,06

Médias 1,63 B 3,95 A 5,91 A 6,33 A 3,19 A

Médias (T) 1,94 a 3,05 b 4,98 b 5,95 a 1,89 b

Médias (NT) 2,13 a 4,20 a 6,27 a 4,94 a 2,61 a

C.V. das parcelas 24,03 22,96 15,96 32,25 16,22

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

*Análise estatística realizada com dados transformados pela expressão matemática 0,1+x .

4.1.9 Porcentagem da massa de brotões

Para o tratamento variedade, segundo dados da Tabela 11, houve diferenças de

médias para % da massa de brotões em relação à massa dos colmos em 1 metro apenas nas

primeiras avaliações após o tombamento das parcelas, ocorrendo o mesmo para o fator

tombamento, exceto aos 5 dias, com maior % de interferência da produção de brotões na cana

tombada.

A % da massa de brotões em relação à massa total de cana foi muito elevada,

chegando a 22% nas parcelas não tutoradas, no entanto, não houve grande interferência desses

fatores aos atributos de qualidade da matéria prima da cana-de-açúcar, como verificado nos

itens 4.2.1, 4.2.2, 4.2.3, 4.2.4 e 4.2.5. Esses resultados concordam com aqueles apresentados

por Jackson et al. (2000), onde a interferência da massa de brotões no total de cana produzida

foi de média a intensa, variando de 5 a 25%. Berding e Hurney (2000) também observaram

que os brotões aumentaram a produção da cultura perto de 26,3%. O peso dos brotões na

colheita final, em todas as variedades e experimentos variou de 10,7 a 20,0%. Para Bonnett et

al. (1999), os brotões chegaram a contribuir de 3,0 a 30,0% no peso do material colhido.

Acredita-se que esses resultados estejam mais relacionados às características

genéticas das variedades estudadas do que aos tipos de manejos escolhidos, tutorado e não

tutorado, pois mesmo as plantas das variedades decumbentes submetidas ao tutoramento não

se diferenciaram significativamente das não tutoradas em nenhuma das épocas estudadas,

contribuindo assim de forma intensa na interferência da massa de brotões em relação ao total

de cana produzida.

Tabela 11. Valores médios de % da massa de brotões em relação à massa de colmos em 1 metro em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Brotões

Dias após o tombamento Tratamentos

5* 50 95 140 185*

-------------------------------------------- % ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 0,00 14,22 18,49 17,30 6,58

IAC91-2218 (NT) 0,00 16,65 23,65 20,60 11,64

Médias 0,00 B 15,43 C 21,07 B 18,95 A 9,11 A

IAC86-2210 (T) 26,21 15,12 31,07 30,79 16,53

IAC86-2210 (NT) 19,64 29,03 36,35 25,51 11,63

Médias 22,93 A 22,08 B 33,71 A 28,15 A 14,08 A

RB835486 (T) 15,07 25,07 25,6 23,45 7,22

RB835486 (NT) 29,11 34,83 35,98 21,98 13,78

Médias 22,09 A 29,95 A 30,78 A 22,71 A 10,50 A

SP80-1842 (T) 10,19 22,89 32,81 29,70 13,10

SP80-1842 (NT) 12,49 25,70 39,31 18,83 21,99

Médias 11,34 A 24,29 AB 36,06 A 24,26 A 17,55 A

Médias (T) 12,87 a 19,32 b 26,99 b 25,31 a 10,86 a

Médias (NT) 15,31 a 26,55 a 33,82 a 21,73 a 14,76 a

C.V. das parcelas 24,10 20,74 18,95 33,11 15,59

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

*Análise estatística realizada com dados transformados pela expressão matemática 0,1+x

4.1.10 Número total de colmos

Conforme se observa na tabela 12, para o atributo número total de colmos por

hectare houve diferença de variedades em todas as épocas estudadas. Este fato já foi discutido

no item 4.1.4.

O fator tombamento apresentou diferenças aos 50, 95 e 185 DAT das parcelas, no

entanto, em todas as épocas avaliadas o número total de colmos foi maior no tratamento

tombado, mesmo naquelas que não se diferenciaram estatisticamente.

Para a interação variedade x manejo verificou-se diferença de médias apenas aos 140

DAT das parcelas.

Na variedade ereta IAC91-2218 os valores das médias do número total de colmos por

hectare foram maiores no tratamento não tutorado quando comparado ao tutorado, e apesar

desta variedade apresentar hábito de crescimento ereto, nas parcelas em que ela tombou

devido principalmente a fatores climáticos, pois de acordo com Skiner (1967) todos esses

atributos são governados geneticamente, porém sujeitos a influência ambiental, ocorreu maior

brotação dando origem a novos perfilhos.

Para a variedade decumbente RB835486 ocorreu o inverso, resultado este que pode

ser explicado da mesma forma que para número de colmos em 1 metro (item 4.1.4).

Tabela 12. Valores médios de Número total de colmos por hectare em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Número total de colmos

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

IAC91-2218 (T) 83297,92 71898,20 66765,00 63531,75 b 50598,74

IAC91-2218 (NT) 78198,05 78764,70 79098,02 71564,88 a 55631,94

Médias 80747,99 A 75331,45 A 72931,51 A 67548,32 A 53115,34 A

IAC86-2210 (T) 59965,17 54631,97 50232,08 44498,89 43598,91

IAC86-2210 (NT) 62331,78 66365,00 56531,92 45232,20 44598,89

Médias 61148,48 B 60498,49 B 53382,00 C 44865,55 C 44098,90 C

RB835486 (T) 51098,72 43898,90 44732,22 44398,89 a 39699,01

RB835486 (NT) 52432,02 51532,05 50665,40 33999,15 b 43832,24

Médias 51765,37 C 47715,48 C 47698,81 C 39199,02 C 41765,63 C

SP80-1842 (T) 63565,08 55765,27 56298,59 51098,72 45332,20

SP80-1842 (NT) 65265,04 69131,61 64865,05 55165,29 51365,38

Médias 64415,06 B 62448,44 B 60581,82 B 53132,01 B 48348,80 AB

Médias (T) 64481,72 a 56548,59 b 54506,97 b 50882,06 a 44807,22 b

Médias (NT) 64556,72 a 66448,34 a 62790,10 a 51490,38 a 48857,11 a

C.V. das parcelas 8,01 8,55 8,07 9,31 9,69

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

4.1.11 Número total de brotões

Os valores das médias do número total de brotões por hectare encontram-se na

Tabela 13, em que foi constatado diferenças de variedades em todas as épocas avaliadas,

sendo aos 5 DAT significativo a 5%.

O efeito do tombamento interferiu neste atributo em todas os períodos amostrados,

exceto aos 5 DAT das parcelas. Em todas as épocas ocorreu maior incidência de brotões no

tratamento tombado. Esses resultados assemelham-se aos encontrados por Hurney e Berding

(2000), citados anteriormente no item 4.1.5.

Na interação variedade x manejo não houve diferença em nenhuma das avaliações

realizadas após o tombamento das parcelas, exceto aos 95 dias.

Para a variedade ereta IAC91-2218 não houve diferenças de médias entre os dois

manejos estudados, apesar da superioridade do número de brotões em valores absolutos nas

parcelas não tutoradas.

Para as demais variedades houve diferenças de médias, sendo maior o número de

brotões por hectare na cana tombada quando comparado a não tombada, no entanto, esse

aumento foi particular para cada variedade, sendo na SP80-1842 o mais representativo, com

aumento de 56,7% nas parcelas não tutoradas.

Tabela 13. Valores médios de Número total de brotões por hectare em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Número total de brotões

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

IAC91-2218 (T) 5199,87 3933,24 3466,58 2533,27 2899,93

IAC91-2218 (NT) 6233,18 6499,84 3733,24 3333,25 3399,91

Médias 5716,53 B 5216,54 C 3599,91 B 2933,26 AB 3149,92 B

IAC86-2210 (T) 7999,80 7299,82 4533,22 b 3066,59 3133,26

IAC86-2210 (NT) 6833,16 10899,73 5599,86 a 3199,92 4233,23

Médias 7416,48 A 9099,78 A 5066,54 A 3133,26 A 3683,25 AB

RB835486 (T) 6566,50 5566,53 4333,23 b 2166,61 3033,26

RB835486 (NT) 6899,83 8233,13 5733,19 a 2933,26 4033,23

Médias 6733,17 AB 6899,83 B 5033,21 A 2549,94 B 3533,25 AB

SP80-1842 (T) 6333,18 5199,87 3933,24 b 2599,94 3433,25

SP80-1842 (NT) 6099,85 10099,75 6166,52 a 3099,92 4799,88

Médias 6216,52 AB 7649,81 AB 5049,88 A 2849,93 AB 4116,57 A

Médias (T) 6524,84 a 5499,87 b 4066,57 b 2591,60 b 3124,93 b

Médias (NT) 6516,51 a 8933,11 a 5308,20 a 3141,59 a 4116,56 a

C.V. das parcelas 14,39 16,65 12,22 14,10 12,75

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Esses resultados mostram que o tratamento não tutorado das plantas influenciou

significativamente no aumento do número de brotões por hectare, mas não na produção final

de cana.

4.1.12 Porcentagem do número total de brotões

Verifica-se, de acordo com os dados da Tabela 14, que houve diferenças de

variedades para o atributo % do número total de brotões em relação ao número total de

colmos por hectare em todo período avaliado após o tombamento das parcelas.

Para o tratamento manejo as diferenças de médias foram observadas em todas as

épocas estudadas, exceto aos 5 DAT. Em todo o período ocorreu maior incidência de brotões

sobre os colmos adultos na cana não tutorada.

Na interação variedade x manejo houve diferença de médias aos 95 e 140 DAT das

parcelas.

A variedade ereta IAC91-2218 e a semidecumbente IAC86-2210 apesar de não

apresentarem diferenças significativas de médias entre manejos em nenhuma das épocas

indicadas, aos 140 DAT das parcelas houve maior interferência da % do número de brotões

em relação ao total de colmos por hectares, em valores absolutos, para a cana não tutorada, no

entanto, a variedade decumbente RB835486 apresentou diferenças de manejo aos 95 e 140

DAT, sendo maior a interferência do número de brotões em relação à cana adulta nas parcelas

tombadas na 3ª avaliação.

Para a variedade decumbente SP80-1842 houve diferença entre manejos apenas aos

95 DAT das parcelas, sendo maior a interferência da quantidade de brotões em relação à cana

adulta no tratamento não tutorado.

Tabela 14. Valores médios de % do número total de brotões em relação ao número total de colmos por hectare em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Brotões

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

-------------------------------------------- % ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 6,24 5,47 5,19 3,99 5,73

IAC91-2218 (NT) 7,97 8,25 4,72 4,66 6,11

Médias 7,11 C 6,86 C 4,96 D 4,33 C 5,92 B

IAC86-2210 (T) 13,34 13,36 9,02 6,89 7,19

IAC86-2210 (NT) 10,96 16,42 9,91 7,07 9,49

Médias 12,13 A 14,89 A 9,47 B 6,98 A 8,34 A

RB835486 (T) 12,85 12,68 9,69 b 4,88 b 7,64

RB835486 (NT) 13,16 15,98 11,32 a 8,63 a 9,20

Médias 13,00 A 14,33 A 10,51 A 6,76 A 8,42 A

SP80-1842 (T) 9,96 9,32 6,99 b 5,09 7,57

SP80-1842 (NT) 9,35 14,61 9,51 a 5,62 9,34

Médias 9,66 B 11,97 B 8,25 C 5,36 B 8,46 A

Médias (T) 10,60 a 10,21 b 7,72 b 5,21 b 7,03 b

Médias (NT) 10,36 a 13,82 a 8,87 a 6,50 a 8,54 a

C.V. das parcelas 15,47 14,16 7,74 11,81 11,66

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

4.2 Atributos Tecnológicos

4.2.1 Fibra

Os valores médios obtidos para fibra, nas cinco épocas avaliadas, em função dos

tratamentos, são apresentados na Tabela 15.

Conforme observado, houve diferença entre variedades em todas as épocas

amostradas, exceto aos 185 DAT. A variação no teor de fibra entre variedades é uma

característica genética. Quanto maior o teor de sacarose das variedades, característica que tem

sido baseada pelos programas de melhoramento, menor o teor de fibra apresentado por elas.

Não houve diferença entre manejo em nenhuma das épocas estudadas, exceto aos 95

DAT, mas devido à diferença ter sido mínima, pode ter ocorrido algum erro experimental.

Estes resultados concordam com os encontrados por Caputo (2003) no Brasil e por

Amaya et al. (2000) na Colômbia, onde o teor de fibra se manteve constante durante todo o

período avaliado.

Tabela 15. Valores médios de Fibra em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Fibra

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

-------------------------------------------- % ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 11,24 11,43 12,18 11,68 12,46

IAC91-2218 (NT) 11,78 11,58 11,70 11,40 12,92

Médias 11,51 B 11,51 B 11,93 B 11,54 C 12,69 A

IAC86-2210 (T) 11,93 11,64 12,24 11,65 12,47

IAC86-2210 (NT) 12,12 11,64 11,70 11,71 12,17

Médias 12,03 B 11,64 AB 11,96 B 11,68 BC 12,32 A

RB835486 (T) 12,26 11,70 12,03 12,00 13,63

RB835486 (NT) 11,91 12,00 12,11 12,02 12,45

Médias 12,08 B 11,83 AB 12,07 B 12,01 AB 13,04 A

SP80-1842 (T) 12,97 12,44 12,96 12,42 13,13

SP80-1842 (NT) 12,79 12,25 12,57 12,36 12,86

Médias 12,88 A 12,34 A 12,76 A 12,40 A 13,00 A

Médias (T) 12,10 a 11,80 a 12,35 a 11,94 a 12,92 a

Médias (NT) 12,15 a 11,86 a 12,01 b 11,87 a 12,60 a

C.V. das parcelas 3,65 4,48 3,27 2,62 5,40

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

4.2.2 Pureza

De acordo com os dados obtidos para pureza do caldo, Tabela 16, houve diferença

entre variedades apenas aos 185 DAT, concordando com Caputo (2003), onde o efeito de

variedades em seu experimento foi significativo apenas aos 180 DAT.

Tabela 16. Valores médios de Pureza em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Pureza

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

-------------------------------------------- % ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 80,36 83,83 88,88 91,31 92,35

IAC91-2218 (NT) 82,84 85,40 89,04 92,52 93,08

Médias 81,60 A 84,61 A 88,96 A 91,93 A 92,71 A

IAC86-2210 (T) 79,82 86,54 90,47 93,79 93,22

IAC86-2210 (NT) 84,10 86,26 90,44 93,93 92,39

Médias 81,96 A 86,40 A 90,45 A 93,86 A 92,80 A

RB835486 (T) 81,92 84,95 90,07 90,18 93,30

RB835486 (NT) 79,00 85,77 89,64 92,87 93,13

Médias 80,44 A 85,36 A 89,86 A 91,52 A 93,21 A

SP80-1842 (T) 80,00 84,26 88,93 92,04 90,92

SP80-1842 (NT) 78,64 85,63 89,72 94,00 91,86

Médias 79,31 A 84,95 A 89,33 A 93,02 A 91,40 B

Médias (T) 80,52 a 84,89 a 89,60 a 91,83 a 92,45 a

Médias (NT) 81,14 a 85,76 a 89,71 a 93,34 a 92,61 a

C.V. das parcelas 5,01 2,70 1,73 2,89 0,92

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Neste período, a SP80-1842 apresentou teor de pureza inferior as demais variedades

estudadas, mas segundo Fernandes (1985) esses valores estão dentro dos ideais para

considerar a cana-de-açúcar madura. A pureza indica a porcentagem de sacarose em relação

ao total de açúcares acumulados pela cana-de-açúcar. É um indicativo da maturação da cana.

4.2.3 Pol

Pelos resultados apresentados na Tabela 17, observa-se que houve diferença de Pol

entre variedades após o tombamento das parcelas aos 50, 95 e 185 dias, indicando que as

variedades utilizadas tiveram comportamentos diferentes quanto a esse atributo de maturação

no período avaliado. A IAC86-2210, considerada uma variedade precoce, apresentou maiores

teores de Pol já nas primeiras avaliações.

Não houve diferença de Pol no tratamento manejo, no entanto, segundo CENICAÑA

(1982), Fogliata e Morin (1975), Scandaliaris e Muro (1981), com o tombamento da cana,

novos colmos e raízes são emitidos resultando na redução do teor de sacarose nos colmos.

Para Singh et al. (2000), que implantaram 3 experimentos com 3 diferentes tratamentos

durante 3 anos consecutivos (1997-1999), na Austrália, o tombamento proporcionou uma

grande seqüência de impactos negativos no acúmulo de sacarose e produção de açúcar. Houve

diminuição significativa de Pol imediatamente após o tombamento devido a deteriorização e

morte de colmos.

Caputo (2003) também pôde observar em experimento no Brasil, que o tombamento

afetou significativamente a Pol da cana nas variedades decumbentes até 180 DAT.

Na interação variedade x manejo os efeitos foram significativos apenas aos 185 DAT

das parcelas.

O fator tombamento afetou a Pol somente dentro de variedades. Observou-se que na

variedade IAC91-2218 (ereta), a Pol da cana foi inferior no tratamento tutorado em relação ao

não tutorado. Entretanto, para Caputo (2003) que estudou a variedade IAC91-5155 (ereta), a

Pol não diferenciou estatisticamente aos 180 DAT quando comparada entre os dois manejos.

Tabela 17. Valores médios de Pol em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas

eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

Pol

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

-------------------------------------------- % ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 9,50 11,49 13,24 15,30 17,10 b

IAC91-2218 (NT) 10,20 11,23 13,11 15,45 17,93 a

Médias 9,85 A 11,36 B 13,17 C 15,37 A 17,52 C

IAC86-2210 (T) 10,00 12,25 14,72 16,14 18,26 a

IAC86-2210 (NT) 10,81 12,33 14,43 16,00 17,60 b

Médias 10,40 A 12,30 A 14,58 A 16,06 A 17,92 BC

RB835486 (T) 10,40 11,43 14,00 15,30 18,40

RB835486 (NT) 9,70 11,53 13,96 15,81 18,56

Médias 10,05 A 11,48 B 13,98 AB 15,55 A 18,48 A

SP80-1842 (T) 9,51 11,39 13,56 15,50 18,40

SP80-1842 (NT) 9,71 10,96 13,83 16,36 17,98

Médias 9,61 A 11,17 B 13,70 BC 15,93 A 18,19 AB

Médias (T) 9,85 a 11,64 a 13,88 a 15,55 a 18,04 a

Médias (NT) 10,11 a 11,51 a 13,83 a 15,90 a 18,01 a

C.V. das parcelas 9,97 4,68 4,12 3,87 2,18

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Este fato pode ter ocorrido, principalmente devido a fatores climáticos que

interferiram de forma clara e precisa na maturação dessa variedade (IAC91-2218), conforme

dados apresentados na Figura 1, no período compreendido entre o final de Abril e Julho de

2004. Nessa época ocorreu um elevado índice de precipitação, proporcionando alta umidade

no solo e com isso prejudicando o acúmulo de sacarose. Segundo Deuber (1988), na região

Sudeste do Brasil, as condições climáticas, com gradativa queda da temperatura e seca total

no meio do ano, são as determinantes para o processo de maturação.

Para a variedade IAC86-2210, considerada semidecumbente, a Pol da cana foi maior

no tratamento tutorado, diferenciando do não tutorado.

Nas variedades decumbentes RB835486 e SP80-1842 não houve diferença entre

manejos em nenhuma das épocas estudadas. Esses resultados opõem-se aos encontrados por

Caputo (2003) que apesar de apresentar metodologia semelhante, embora em anos diferentes,

observou que nas variedades decumbentes RB835486 e SP87-344 a Pol da cana foi maior nos

tratamentos tutorados, diferenciando significativamente dos não tutorados, nas três primeiras

avaliações.

4.2.4 Açúcares totais recuperáveis

As médias comparativas de açúcares totais recuperáveis – ATR encontram-se na

Tabela 18, em que foi constatado efeito entre variedades aos 50, 95 e 185 DAT, concordando

com Caputo (2003) que observou efeito significativo de variedades aos 100 e 180 dias e que

essas diferenças se prolongaram até a colheita, 300 DAT das parcelas.

Tabela 18. Valores médios de ATR em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

ATR

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

------------------------------------------- kg/t -----------------------------------------

IAC91-2218 (T) 94,65 112,15 127,05 145,45 161,94 b

IAC91-2218 (NT) 100,38 111,10 125,88 146,59 169,46 a

Médias 97,51 A 111,63 B 126,46 B 146,02 A 165,70 B

IAC86-2210 (T) 99,11 118,55 137,92 152,70 172,42 a

IAC86-2210 (NT) 106,20 119,31 137,77 153,47 166,46 b

Médias 102,65 A 118,93 A 137,84 A 153,10 A 169,44 AB

RB835486 (T) 102,51 111,22 133,71 145,67 173,67

RB835486 (NT) 96,83 111,96 133,53 149,80 175,21

Médias 99,67 A 111,60 B 133,62 A 147,73 A 174,44 A

SP80-1842 (T) 94,66 111,02 129,79 147,12 174,26

SP80-1842 (NT) 96,92 104,29 132,25 154,57 170,17

Médias 95,80 A 107,65 B 131,01 AB 150,85 A 172,22 A

Médias (T) 97,73 a 113,23 a 132,11 a 147,73 a 170,57 a

Médias (NT) 100,10 a 111,67 a 132,36 a 151,11 a 170,32 a

C.V. das parcelas 8,35 3,97 3,76 3,51 2,11

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

O fator tombamento não afetou o ATR em nenhuma das avaliações realizadas

durante o experimento, no entanto, Caputo (2003) observou diferenças nas primeiras

avaliações realizadas até 180 DAT.

Na interação variedade x manejo houve diferenças de ATR aos 185 dias, enquanto

para Caputo (2003) esse efeito foi constatado apenas aos 140 DAT.

Pôde ser, novamente, observado que a variedade IAC91-2218 (ereta) apresentou

valores mais baixos de ATR nos tratamentos tutorados em relação aos não tutorados, e que na

variedade semidecumbente ocorreu o inverso, seguindo a mesma tendência de Pol % cana,

visto que a fórmula usada para o cálculo de ATR baseia-se na Pol e em Açúcares Redutores

(FERNANDES, 2003).

Não houve diferenças entre manejos dentro das variedades decumbentes RB835486 e

SP80-1842, discordando dos resultados encontrados por Caputo (2003) que observou

diferenças significativas em todas as avaliações, exceto aos 300 DAT, para a SP87-344, e

apenas aos 140 e 180 dias na RB835486, sendo que em todas as épocas os valores de ATR

foram maiores na cana tutorada.

4.2.5 Açúcares redutores

Os valores médios obtidos para açúcares redutores da cana – ARC, nas cinco épocas

avaliadas, em função dos tratamentos, são apresentados na Tabela 19.

Houve diferença de ARC entre variedades, após o tombamento das parcelas, somente

aos 185 dias. Isto pode ter ocorrido, pois o ARC é inversamente proporcional a Pol e neste

período algumas variedades já atingiram um teor satisfatório de sacarose em épocas diferentes

e outras ainda vão atingir, provocando esta diferença significativa entre as variedades.

Tabela 19. Valores médios de ARC em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) aos 5, 50, 95, 140 e 185 DAT.

ARC

Dias após o tombamento Tratamentos

5 50 95 140 185

-------------------------------------------- % ------------------------------------------

IAC91-2218 (T) 0,76 0,65 0,50 0,43 0,40

IAC91-2218 (NT) 0,68 0,61 0,50 0,40 0,37

Médias 0,72 A 0,63 A 0,50 A 0,42 A 0,39 B

IAC86-2210 (T) 0,77 0,57 0,45 0,36 0,37

IAC86-2210 (NT) 0,64 0,58 0,46 0,36 0,40

Médias 0,70 A 0,58 A 0,46 A 0,36 A 0,39 B

RB835486 (T) 0,70 0,62 0,47 0,46 0,36

RB835486 (NT) 0,80 0,60 0,48 0,39 0,38

Médias 0,75 A 0,60 A 0,47 A 0,43 A 0,37 B

SP80-1842 (T) 0,75 0,63 0,50 0,41 0,43

SP80-1842 (NT) 0,79 0,60 0,47 0,35 0,41

Médias 0,77 A 0,61 A 0,48 A 0,38 A 0,42 A

Médias (T) 0,74 a 0,62 a 0,48 a 0,42 a 0,40 a

Médias (NT) 0,72 a 0,60 a 0,48 a 0,37 a 0,39 a

C.V. das parcelas 16,62 11,39 9,74 19,87 6,03

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

O fator tombamento não afetou o ARC em nenhuma das épocas amostradas durante

o experimento.

4.3 Produtividade de Colmos e de Açúcar

De acordo com os dados apresentados na Tabela 20 para produtividade de cana e de

açúcar foi constatado que houve diferença de variedades e de manejo como efeito dos

tratamentos estudados.

Ocorreu maior produtividade de cana e de açúcar com aumento de 5,6% e 5,4%,

respectivamente, para os tratamentos não tutorados, ou seja, na cana tombada. No entanto,

para Caputo (2003), em trabalho realizado no Brasil, durante a safra 2001/2002, para as

variedades decumbentes observou-se que no final da colheita, 300 DAT, o tratamento

tutorado produziu significativamente maior quantidade de colmos do que o tombado, 12,8%

na RB835486 e de 20,4% na SP87-344 e na produção de açúcar obteve um aumento de 10,5%

e de 22,8%, respectivamente, com o tutoramento.

Resultados semelhantes aos de Caputo (2003) foram constatados por Singh et al.

(2000), em um trabalho realizado na Austrália, que indicaram o tombamento como o maior

restritor de altas produções, pois no final da colheita observou-se que o tratamento tutorado

produziu significativamente mais cana do que o tombado, de 11 a 19%, e que a cana tutorada

aumentou sua produção de açúcar de 15 a 35% na colheita final.

Esses resultados estão relacionados aos atributos biométricos comprimento de

colmos, número de colmos e número de brotões que também foram superiores nas parcelas

não tutoradas e favoreceram a produtividade final de cana e, conseqüentemente, a

produtividade final de açúcar, uma vez que esses atributos biométricos, mais o diâmetro dos

colmos, formam os componentes da produção final agrícola (LANDELL e SILVA, 1995).

Tabela 20. Valores médios de produtividade de colmos de cana (t/ha) e de produtividade de açúcar (tPol/ha) em função das variedades de cana-de-açúcar mantidas eretas, tutoradas (T), e com hábito de crescimento natural, não tutorada (NT) e coeficiente de variação (CV%) no período de safra de 2004 e suas respectivas porcentagens.

Tratamentos Colmos Pol

(t/ha) % (t/ha) %

IAC91-2218 (T) 108,84 100,99 18,60 96,62

IAC91-2218 (NT) 107,77 100,00 19,25 100,00

Média 108,31 B 18,93 B

IAC86-2210 (T) 103,76 86,92 18,94 90,36

IAC86-2210 (NT) 119,37 100,00 20,96 100,00

Média 111,57 AB 19,95 AB

RB835486 (T) 103,17 93,01 18,99 92,27

RB835486 (NT) 110,92 100,00 20,58 100,00

Média 107,05 B 19,79 B

SP80-1842 (T) 116,21 91,35 21,37 93,36

SP80-1842 (NT) 127,21 100,00 22,89 100,00

Média 121,71 A 22,13 A

Médias (T) 107,99 b 92,84 19,48 b 93,12

Médias (NT) 116,32 a 100,00 20,92 a 100,00

C.V. das parcelas 7,99 8,24

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem estatisticamente entre variedades e as seguidas de letras minúsculas iguais não diferem entre manejo, pelo teste de Tukey a 5%.

Quando o tombamento ocorre tardiamente, entre a segunda quinzena de Março e a

primeira quinzena de Abril, a produtividade pode não sofrer grandes alterações,

principalmente se a cana já havia atingido seu máximo acúmulo de massa, e a colheita ocorre

logo na seqüência.

Por outro lado, quando o tombamento acontece bem antes da fase de colheita, a cana

tenta se reerguer, devido aos efeitos fisiológicos da auxina, ocorrendo então mudanças

hormonais (TAIZ e ZEIGER, 2004), de tal forma que ela se comporta como uma planta

jovem, com alto estímulo ao crescimento. Este fato também pode estar relacionado com o

manejo das variedades, ou seja, a tentativa do tutoramento das plantas decumbentes e

semidecumbentes pode ter afetado a fisiologia dessas variedades, que contém em seu código

genético a predisposição para o tombamento, e conseqüentemente trazendo prejuízo na

produção e qualidade da matéria prima.

5 CONCLUSÕES

Após a análise e interpretação dos dados obtidos e considerando o ambiente de

produção em que o trabalho foi desenvolvido, pôde-se concluir que:

- Os atributos biométricos foram favorecidos pelo tombamento devido ao ano da safra

2003/04 ter sido atípico com chuvas no período.

- Os atributos tecnológicos não foram afetados pelo tutoramento nas variedades decumbentes

nas épocas estudadas.

- O tombamento favoreceu a emissão de brotões.

- O tombamento afetou positivamente a produtividade agrícola das variedades

semidecumbente e decumbentes.

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