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Nota Técnica n. Impactos dos Inc ˆ endios Relacionados ao Desmatamento na Amaz ˆ onia Brasileira Sobre Sa ´ ude * Andr ´ e Albuquerque Sant’Anna e Rudi Rocha Introduc ¸˜ ao Este relatório tem como objetivo avaliar as correlações entre os incêndios relacionados ao desmatamento na Amazônia brasileira e os resultados de saúde, especial- mente doenças respiratórias. Discutimos a metodologia utilizada e, na sequência, apresentamos os principais re- sultados, assim como estimativas agregadas dos efeitos da poluição do ar relacionada às queimadas e ao desma- tamento sobre a saúde na Amazônia brasileira. Para os fins deste relatório, sobre os municípios do Bioma Amazônia, dentro das fronteiras do Brasil, excluindo os municípios pertencentes à Amazônia Legal brasileira que não fazem parte do Bioma Amazônia. Dados e Metodologia Resultados de sa ´ ude O Brasil tem um sistema de saúde universal (Sistema Único de Saúde, SUS), que oferece serviços de saúde a todos os brasileiros. Obtivemos do Datasus/Ministério da Saúde dados administrativos sobre os resultados de saúde. O Datasus reúne dados sobre internações hospi- talares (SIH/Datasus) cobertas pelo SUS, incluindo infor- mações sobre o município de residência e a data de in- ternação do paciente, bem como a causa da internação, o número de dias em que a pessoa permanece hospitali- zada, custos, dentre outras variáveis. Também utilizamos o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/Datasus) para obter dados de mortalidade em nível individual. Para este projeto, coletamos dados mensais e calculamos ta- xas de hospitalização e mortalidade para cada um dos municípios do Bioma Amazônia, de janeiro de a de- zembro de . Seguindo a literatura sobre os efeitos da qualidade do ar e da saúde, nos concentramos em doen- ças respiratórias [] []. Com relação à estrutura etária da população mais afetada, He et al. [] argumentam que os idosos na China sofrem mais com a poluição do ar relacionada à queima de pa- lha. Rangel e Vogl [] se concentram na saúde infantil em um estudo sobre os efeitos das queimadas agrícolas no es- tado de São Paulo, Brasil. Jacobsen et al. [] estudam os efeitos de material particulado dos incêndios sazonais na saúde das crianças em idade escolar na Amazônia brasi- leira. Portanto, nosso foco será em recém-nascidos ( a * Esta Nota Técnica é parte de contribuição do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) ao relatório elaborado em conjunto pelo IEPS, Instituto de Pesquisa Ambiental para a Amazônia (IPAM) e Human Rights Watch. Professor visitante na Universidade Federal Fluminense. ano de idade), crianças entre e anos de idade e pessoas com mais de anos de idade. Em relação às variáveis de saúde, procuramos padronizar os dados para facilitar as comparações entre os municí- pios e em diferentes momentos do tempo. Como não há dados mensais relativos ao tamanho da população com estratificação etária, os resultados de saúde serão expres- sos pelo número mensal de internações/. habitan- tes totais por município. Utilizamos a mesma abordagem para as taxas de internações hospitalares por grupos etá- rios específicos. Na medida em que a distribuição etá- ria da população não varie substancialmente no período sore o qual a nossa análise se concentra, em particular sob alta frequência dos dados, esta limitação não deverá afe- tar nossas estimativas. Desmatamento, Queimadas e Poluic ¸˜ ao do Ar Os dados mensais sobre desmatamento e focos de quei- madas por município utilizados neste projeto foram reu- nidos pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), uma instituição parceira neste projeto. O IPAM ob- teve e analisou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) sobre desmatamento e focos de incêndio. Os dados são estruturados em um painel em nível munici- pal, com uma estrutura mensal. Os dados sobre desmatamento são baseados no DETER- B, sistema que apresenta alertas periódicos de desmata- mento. Esses dados foram agregados por mês, de agosto de a dezembro de . Sua principal diferença em relação aos dados do sistema anterior - DETER - é a resolu- ção espacial, que aumentou de m para m, ao adicio- nar outros satélites ao produto diário MODIS. Além disso, o DETER-B traz diferentes classes que indicam distúrbios na vegetação nativa, como mineração, extração de ma- deira, degradação da floresta pelo fogo e desmatamento (corte de floresta). Para fins deste estudo, consideramos apenas as classes associadas ao desmatamento. Os da- dos do DETER-B oferecem uma boa perspectiva das ten- dências de desmatamento, uma vez que apresentam in- formações diárias que podem ser agregadas por mês ou ano. Os dados sobre queimadas medem especificamente o nú- mero de focos de incêndio ativos coletados pelo satélite de referência utilizado pelo INPE para monitorar a dinâ- mica espacial e temporal dos incêndios florestais no Bra- sil. Estes dados são baseados no sensor MODIS a bordo do satélite Aqua. Estes dados se correlacionam com a área Os dados do DETER estão disponíveis no site do INPE, acesso em jun. ). Aug. of

Impactos dos Incendios Relacionados ao Desmatamento ......o DETER-B traz diferentes classes que indicam distúrbios na vegetação nativa, como mineração, extração de ma- deira,

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Nota Técnica n. 11

Impactos dos Incendios Relacionados ao Desmatamento naAmazonia Brasileira Sobre Saude∗

Andre Albuquerque Sant’Anna†e Rudi Rocha

IntroducaoEste relatório tem como objetivo avaliar as correlaçõesentre os incêndios relacionados ao desmatamento naAmazônia brasileira e os resultados de saúde, especial-mente doenças respiratórias. Discutimos a metodologiautilizada e, na sequência, apresentamos os principais re-sultados, assim como estimativas agregadas dos efeitosda poluição do ar relacionada às queimadas e ao desma-tamentosobrea saúdenaAmazôniabrasileira. Paraos finsdeste relatório, sobre os municípios do Bioma Amazônia,dentro das fronteiras do Brasil, excluindo os municípiospertencentes à Amazônia Legal brasileira que não fazemparte do Bioma Amazônia.

Dados e Metodologia

Resultados de saude

O Brasil tem um sistema de saúde universal (SistemaÚnico de Saúde, SUS), que oferece serviços de saúde atodos os brasileiros. Obtivemos do Datasus/Ministérioda Saúde dados administrativos sobre os resultados desaúde. O Datasus reúne dados sobre internações hospi-talares (SIH/Datasus) cobertas pelo SUS, incluindo infor-mações sobre o município de residência e a data de in-ternação do paciente, bem como a causa da internação,o número de dias em que a pessoa permanece hospitali-zada, custos, dentre outras variáveis. Também utilizamosoSistemade Informação sobreMortalidade (SIM/Datasus)para obter dados demortalidade emnível individual. Paraeste projeto, coletamos dados mensais e calculamos ta-xas de hospitalização emortalidade para cada umdos 546municípios do Bioma Amazônia, de janeiro de 2010 a de-zembro de 2019. Seguindo a literatura sobre os efeitos daqualidade do ar e da saúde, nos concentramos em doen-ças respiratórias [1] [2].

Comrelaçãoàestrutura etária dapopulaçãomais afetada,He et al. [2] argumentam que os idosos na China sofremmais com a poluição do ar relacionada à queima de pa-lha. Rangel e Vogl [3] se concentram na saúde infantil emumestudosobreosefeitosdasqueimadasagrícolasnoes-tado de São Paulo, Brasil. Jacobsen et al. [4] estudam osefeitos de material particulado dos incêndios sazonais nasaúde das crianças em idade escolar na Amazônia brasi-leira. Portanto, nosso foco será em recém-nascidos (0 a 1

∗Esta Nota Técnica é parte de contribuição do Instituto de Estudospara Políticas de Saúde (IEPS) ao relatório elaborado em conjunto peloIEPS, Instituto de Pesquisa Ambiental para a Amazônia (IPAM) e HumanRights Watch.†Professor visitante na Universidade Federal Fluminense.

ano de idade), crianças entre 1 e 5 anos de idade e pessoascommais de 60 anos de idade.

Em relação às variáveis de saúde, procuramos padronizaros dados para facilitar as comparações entre os municí-pios e em diferentes momentos do tempo. Como não hádados mensais relativos ao tamanho da população comestratificação etária, os resultados de saúde serão expres-sos pelo númeromensal de internações/100.000 habitan-tes totais por município. Utilizamos a mesma abordagempara as taxas de internações hospitalares por grupos etá-rios específicos. Na medida em que a distribuição etá-ria da população não varie substancialmente no períodosoreoqual a nossa análise se concentra, emparticular sobalta frequência dos dados, esta limitação não deverá afe-tar nossas estimativas.

Desmatamento, Queimadas e Poluicao do ArOs dados mensais sobre desmatamento e focos de quei-madas por município utilizados neste projeto foram reu-nidos pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia(IPAM), uma instituição parceira neste projeto. O IPAM ob-teve e analisou dados do Instituto Nacional de PesquisasEspaciais (INPE) sobredesmatamento e focosde incêndio.Os dados são estruturados emumpainel emnívelmunici-pal, com uma estrutura mensal.

Os dados sobre desmatamento são baseados no DETER-B, sistema que apresenta alertas periódicos de desmata-mento. Esses dados foram agregados por mês, de agostode 2016 a dezembro de 2019. Sua principal diferença emrelação aos dados do sistemaanterior - DETER - é a resolu-ção espacial, que aumentoude 250mpara 60m, ao adicio-nar outros satélites ao produto diário MODIS. Além disso,o DETER-B traz diferentes classes que indicam distúrbiosna vegetação nativa, como mineração, extração de ma-deira, degradação da floresta pelo fogo e desmatamento(corte de floresta). Para fins deste estudo, consideramosapenas as classes associadas ao desmatamento.1 Os da-dos do DETER-B oferecem uma boa perspectiva das ten-dências de desmatamento, uma vez que apresentam in-formações diárias que podem ser agregadas por mês ouano.

Os dados sobre queimadasmedemespecificamente o nú-mero de focos de incêndio ativos coletados pelo satélitede referência utilizado pelo INPE para monitorar a dinâ-mica espacial e temporal dos incêndios florestais no Bra-sil. Estes dados são baseados no sensor MODIS a bordodo satélite Aqua. Estes dados se correlacionamcomaárea

1Os dados do DETER estão disponíveis no site do INPE, acesso em 18jun. 2020).

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queimada e são um indicador confiável de tendências deatividade do fogo ao longo do tempo.2

Dados mensais sobre a poluição do ar em nível municipalforam obtidos do Sistema de Informações Ambientais In-tegradas à Saúde (SISAM). Utilizamos principalmente da-dos sobre PM2,5, mas analisaremos outros poluentes tam-bém relevantes, como CO, SO2, NO2 e O3.3. Por fim, inclui-remos dados sobre precipitação, umidade relativa do ar etemperatura comovariáveisde controle emnossas regres-sões. Esses dados são extraídos do INPE. A Tabela A.1, noanexo, apresenta estatísticas descritivas sobre cada variá-vel, bem como sua fonte. Todas as variáveis estão ao níveldo município e sãomensais.

MetodologiaNesta Nota Técnica, realizamos uma análise estatísticapara avaliar a correlaçãoentre apoluiçãodoar e indicado-res de saúde na Amazônia brasileira. Idealmente, o nossoobjetivo consiste em estimar uma relação causal entresaúde e poluição do ar emmodelos de regressão. Utiliza-mos controles para algumas variáveis observáveis, comotemperatura, pluviosidade e umidade, e variáveis não ob-serváveis específicas de cada município que não variamno tempo. Este desenho metodológico, baseado em da-dos em painel, elimina também a influência de efeitos deconfundimento da sazonalidade e choques climáticos co-muns a todos osmuncípios. Entretanto,mesmoapós con-trolar para essas variáveis, determinar a causalidade é umdesafio, devido ao viés causado por variáveis omitidas.Um provável fator de endogeneidade é a associação en-tre queimadas e atividade econômica, que pode afetar osresultados de saúde através de outros canais. Como nãohá dados econômicos mensais disponíveis em nível mu-nicipal sobre atividade econômica, acrescentaremos ten-dências municipais para controlar para tendências espe-cíficas que possam estar relacionadas à renda, bem comoa os efeitos de mais longo-prazo de políticas de saúde es-pecíficas em cadamunicípio.

Nossa hipótese principal é de que a poluição do ar, relaci-onada às queimadas, em um determinado município po-deria levar a um aumento das hospitalizações e damorta-lidade devida a doenças respiratórias. Para testar tal hipó-tese, mais especificamente, utilizamos a estrutura de da-dos em painel, que nos permite controlar para variáveisnão observáveis dos municípios (fixas no tempo) e cho-ques mensais comuns a todos os municípios, incluindoefeitos fixos municipais e mensais por ano. Portanto,nosso modelo de referência a ser estimado é:

Ymt = β0 +β1 ∗AirPol lut ionmt + γ ∗ Xmt +λm +αt + εmt

Onde Ymt é uma variável quemede saúde, seja taxa de in-ternações ou taxa de mortalidade. AirPol lut ionmt é uma

2Os dados estão disponíveis no site do INPE (acesso em 18 jun. 2020).3http://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/sisam/v2/

dados/download/

variável quemedea concentraçãodeumdeterminadopo-luente (PM2,5, CO, NO2 e SO2) no município m durante omês t. O coeficiente β1 é nosso parâmetro de interesse erecupera a correlação condicional às nossas variáveis decontrole. Xmt é um vetor de covariáveis que também po-demafetar os resultados de saúde. Essas variáveis de con-trole são a precipitação média, a temperatura média e aumidade média mensal no município. O termo αt é umefeito fixo de tempo, que captura choques a cadamês/anocomuns a todos osmunicípios, enquantoλm é o efeito fixomunicipal, que captura os efeitos de variáveis não obser-váveis e invariantes no tempo. O termo de erro domodeloé εmt .

Tendencias em Condicoes Respi-ratoriasCom relação às doenças respiratórias, as hospitalizaçõesno Bioma Amazônia seguem um padrão sazonal, quechega aomáximo por volta demaio, mês quemarca o iní-cio da estação mais seca da Amazônia. A Figura 1 mostraas internações relacionadas a doenças respiratórias de ja-neiro de 2010 a dezembro de 2019.

Figura 1. Internações relacionadas a doenças respira-tórias no bioma amazônico

Fonte: DATASUS

Emgeral, percebe-se uma tendência decrescente nas hos-pitalizações devidas a doenças respiratórias na Amazônia.No entanto, esta tendência alcançou certa estabilidade apartir de 2015.

Na Amazônia brasileira, a concentração de poluentesestá principalmente relacionada a incêndios de desmata-mento [5]. É por isso que podemos observar um pico naconcentração atmosférica de poluentes, como PM2,5, deagosto a outubro. A Figura 2 mostra o padrão de concen-traçãodePM2,5, enquantoaFigura3mostraa série tempo-ral de focosde incêndioativosnoBiomaAmazônia. A linhahorizontal na Figura 2 representa o limite de qualidade doar estabelecido pela Organização Mundial da Saúde paraumamédia de 24h.

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Figura 2. Média de concentração de PM2,5 no biomaamazônico

Fonte: INPE

Na Figura 3, observamos as tendências, de 2016 a 2019, defocos de incêndio ativos na região. O período de conta-gem de queimadas reflete o mesmo período de dados doDETER-B. Existe um claro padrão sazonal onde os incên-dios começampor volta de julho e duramaté setembro decada ano.

Figura 3. Focos de incêndio ativos nobiomaamazônico

Fonte: IPAM, com base em dados do INPE/BDqueimadas

Além dos focos de incêndio, observamos também as ten-dências em relação ao desmatamento. Comomostra a Fi-gura 4, há um claro pico de desmatamento de julho de2019 a setembro de 2019 que não encontra paralelo nosanos anteriores. O aumento do desmatamento em 2019nos ajuda a entender a extensão dos problemas recentesassociados à fumaça dos incêndios.

ResultadosPoluicao do Ar, Incendios e DesmatamentoAmaioria das áreas desmatadas na Amazônia é queimadapara limpar a terra, em preparação para atividades de pe-cuária, agricultura emineração [6]. A biomassa queimada

Figura 4. Desmatamento (km2/mês) no bioma amazô-nico

Fonte: INPE

gera muitos poluentes, como CO2, CO, NOx e materialparticulado (especialmente PM2,5)[7]. Como argumentamBarcellos et al. [8], o material particulado pode percor-rer centenas de quilômetros, espalhando a poluição atémesmo para regiões não diretamente afetadas pelo des-matamento.

Emúltima instância, os impactos dos incêndios relaciona-dos ao desmatamento na Amazônia na saúde podem sersentidos longe de seus focos. Portanto, ao avaliar os im-pactos na saúde, a principal variável independente a serutilizada neste relatório é a concentração dematerial par-ticulado nomunicípio, que tem impactos significativos nasaúde humana [9]. Os efeitos de incêndios florestais sãotão expressivos quemereceram até um documento orien-tador produzido pela Organização Mundial da Saúde [10].

A Tabela A.2, no anexo, mostra a relação entre a concen-tração de diferentes poluentes e as atividades de incêndioe desmatamento. Todos os poluentes têmumacorrelaçãopositiva entre sua concentração na atmosfera e os incên-dios relacionados com o desmatamento.

Saude e Poluicao do Ar

HospitalizacaoA Tabela 1 mostra a relação entre as taxas de hospitali-zação devidas a doenças respiratórias e a média mensalde concentração de PM2,5µg/m3. Nas colunas (1)-(3), avariável dependente é a taxa geral de hospitalização (por100.000 habitantes) devida a doenças respiratórias. Nacoluna (4), avaliamos os efeitos sobre o número de dias dehospitalização. Das colunas (1) a (3), estimamosoefeitodonível de concentração de PM2,5 nas taxas de hospitaliza-ção, controlando para efeitos fixos municipais e os efeitosfixosmês amês (coluna (1)); covariáveis climáticas (coluna(2)) e uma tendência específica municipal (coluna (3)).

Os resultados apontam para uma relação positiva entre apoluição do ar e as taxas de hospitalização. A partir da co-

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Tabela 1. Taxas de hospitalização devida a doenças respiratórias e poluição do ar ambiente

(1) (2) (3) (4)VARIÁVEIS Hosp. Rate Resp. Hosp. Rate Resp. Hosp. Rate Resp. #Days of Hosp.

PM2,5 0.026* 0.053*** 0.046*** 0.070**(0.013) (0.013) (0.012) (0.033)

Observations 65,520 65,520 65,520 65,520R-squared 0.502 0.503 0.598 0.931Municipality FE Y Y Y YMonth by Year FE Y Y Y YWeather variables N Y Y YMunicipality Trend N N Y YNumber of municipalities 546 546 546 546Mean of Dep. Var. 61.90 61.90 61.90 106.9

Nota: A tabela informa as estimativas de MQO com efeitos fixosmunicipais emensais por ano. Nas colunas (1)-(3), a variável dependente é a taxa de hospitalização (por 100.000 habitantes) devido a doença respiratória. Nacoluna (4), a variável dependente é o número total de dias de hospitalização mensal devido a doença respira-tória. Desvios padrão robustos entre parênteses. *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1. Fonte: Elaboração Própria.

luna (3), um aumento de um desvio padrão (17,88) nos ní-veis de poluição está associado a um aumento de 0,82 nataxa de hospitalização, ou 1,33% da média da variável de-pendente. Um desvio padrão na concentração de PM2,5 éigual a um aumento da média total (16,42) para a médiaem setembro, mês em que os níveis de poluição estão emseu ponto mais alto (34,33). Com relação ao número dedias de hospitalização, um aumento de um desvio padrãoem nossamedida de poluição do ar está associado amais1,25 dia no hospital, ou 1,17% do númeromédio de dias dehospitalização.

Na Tabela 1, nos concentramos nos efeitos de materialparticulado. Como argumentado por Chan [11], os ris-cos à saúde provenientes de material particulado (tantoPM10 quanto PM2,5) estão especialmente bem documen-tados. Isto porque omaterial particulado fino pode pene-trar profundamente no pulmão. Entretanto, outros polu-entes também trazem riscos à saúde [12]. Na Tabela A.3do anexo, analisamos os efeitos de CO, NO2 e SO2 sobredoenças respiratórias. Estimamos amesma especificaçãoque na coluna (3) da Tabela 1, e encontramos um padrãosemelhante ao observado para PM2,5.

Um ponto importante levantado por Gra�-Zivin e Neidell[13] é que a poluição pode ter efeitos não lineares sobre asaúde. Assim, estimamos uma regressão que captura efei-tos não lineares ao examinar comoas taxas dehospitaliza-çãovariamdeacordocomos limitesdasDiretrizesdeQua-lidade do Ar daOrganizaçãoMundial da Saúde [14]. Segui-mos o procedimento proposto por Currie et al. [15], queutilizaram as Normas Nacionais de Qualidade do Ar dosEstados Unidos. A Figura A.1, no anexo, mostra os coefici-entes estimados para os limites propostos pela OMS [14].Os resultados estimados apontam para uma relação nãolinear, onde apenas meses com poluição média acima dointerim target 1 da OMS apresentam uma relação estatisti-camente significativa com internações hospitalares. Esteresultadosignificaquequandoapoluiçãodoarestáacima

de 75µg/m3 (namédia de 24 horas), a taxa de hospitaliza-ção devida a doenças respiratórias é 8,7 por 100.000 pes-soasmais alta emcomparação comadiretriz dequalidadedo ar da OMS para PM2,5. Isto também pode ser interpre-tado comoumaumento de 14,8%em relação à taxamédiade hospitalização em2019 devido a doenças respiratórias.

Hospitalizacao e Saude Por Faixa EtariaA Tabela 2 apresenta estimativas de hospitalização devidoa doenças respiratórias por grupos etários. A faixa etáriana coluna (1) compreende crianças commenos de umanode idade. A coluna (2) apresenta estimativas de hospitali-zação para crianças com mais de um ano de idade e me-nos de seis anos de idade.4 Na coluna (3), a faixa etária éde crianças entre seis e catorze anos de idade.5 Por fim, nacoluna (4), reportamos estimativas para taxa de hospitali-zação entre aqueles commais de 60 anos de idade.6

Os resultados da Tabela 2 seguem como esperado e ob-servado na literatura. Tanto crianças como idosos sofremcom doenças respiratórias à medida que a poluição doar aumenta. Entretanto, entre as crianças, os efeitos sãosentidos apenas entre aquelas com menos de um ano deidade. Usando o coeficientes estimado da coluna (1), umdesvio padrão na poluição do ar ambiente está relacio-nadoaumaumentode 1,5%nas taxasmédiasdehospitali-zaçãodebebês. Amesmaavaliaçãoparaos idosos implicaum aumento relacionado de 3,0% nas taxas de hospitali-zação.

4Rodrigues et al. [16] analisam a distribuição da hospitalização pordoenças respiratórias em crianças commenos de 5 anos de idade no es-tado de Rondônia. Carmo et al. [17] também se concentram sobre crian-ças commenos de 5 anos de idade em Alta Floresta, MT.

5Jacobson et al. [4] descrevem os efeitos da poluição do ar causadapelos incêndios na Amazônia brasileira em crianças entre 6 e 15 anos deidade que vivem nomunicípio de Tangará da Serra, MT.

6Carmo et al. [17] discutem os problemas respiratórios relacionadosa incêndios ematerial particulado entre pessoas commais de 64 anos deidade.

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Tabela 2. Taxas de hospitalização devida a doenças respiratórias e poluição do ar ambiente

(1) (2) (3) (4)VARIÁVEIS [0y-1y] (1y-5y] [6y-14y] >60y

PM2,5 0.011** -0.002 -0.001 0.023***(0.004) (0.003) (0.003) (0.005)

Observations 64,296 64,296 64,296 64,296R-squared 0.397 0.433 0.412 0.397Municipality FE Y Y Y YMonth by Year FE Y Y Y YWeather variables Y Y Y YMunicipality Trend Y Y Y YNumber of municipalities 546 546 546 546Mean of Dep. Var. 13.37 9.917 6.915 13.72

Nota: A tabela informa as estimativas MQO com efeitos fixos municipais,meses por ano e tendências municipais. A variável dependente é a taxade hospitalização (por 100.000 habitantes) devido a doença respiratória.Desvios padrão robustos entre parênteses. *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1.Fonte: Elaboração Própria.

Tabela 3. Taxas demortalidade devido a doenças respiratórias e poluição do ar ambiente

(1) (2) (3)VARIÁVEIS Mort. Rate Resp. Mort. Rate Resp. Mort. Rate Resp.

PM2,5 0.000 0.000 -0.000(0.001) (0.001) (0.001)

Observations 58,944 58,944 58,944R-squared 0.066 0.066 0.081Municipality FE Y Y YMonth by Year FE Y Y YWeather variables N Y YMunicipality Trend N N YNumber of municipalities 546 546 546Mean of Dep. Var. 2.844 2.844 2.844

Obs: A tabela informa as estimativas MQO com efeitos fixosmunicipais emensais por ano.A variável dependente é a taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) devido a doen-ças respiratórias. Desvios padrão robustos entre parênteses. *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1.Fonte: Elaboração Própria.

MortalidadeNesta subseção, estimamos a correlação entre as taxas demortalidade e a poluição do ar. As taxas de mortalidadesão representadas como o número de mortes relaciona-das a uma fonte específica dividido pela população total(mortes por 100.000 habitantes). A Tabela 3 apresenta osresultados dasmortes relacionadas com doenças respira-tórias.

Emgeral, parece quenão existe, condicional a efeitos fixose controles, uma correlação de curto prazo entre mortali-dade devida a condições respiratórias e poluição do ar naregião. Estes resultados parecem ser gerais: mesmo emdiferentes faixas etárias, o coeficiente estimado é estatis-ticamente não significativo (resultados na Tabela A.4, noanexo).

Discussao dos resultados

Este relatório analisou taxas de hospitalização e de mor-talidade relacionadas à poluição do ar no Bioma Amazô-nia. Nossos resultados mostram uma relação estatistica-mente significativa entre hospitalizações devidas a doen-ças respiratórias e a concentração dematerial particuladono ar. É importante que os formuladores de políticas com-preendam o alcance do impacto na saúde pública na re-gião amazônica e a pressão que a poluição do ar exercesobre sua precária infraestrutura sanitária, para formularmedidas preventivas e proativas de proteção para as co-munidades afetadas e, particularmente, para os gruposvulneráveis. Assim, surgem questões naturais como, porexemplo, quantas pessoas foram hospitalizadas em 2019devido à diminuição da qualidade do ar relacionada a in-cêndios e à extensão do desmatamento na Amazônia bra-

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Tabela 4. Estimativas de hospitalizações absolutas devido a doenças respiratórias ligadas ao aumento da poluiçãodo ar ambiente por incêndios relacionados ao desmatamento no bioma Amazônia brasileiro

Mês(ano 2019)

Número total dehospitalizaçõesem excessoatribuíveis aincêndios

relacionados aodesmatamento

Número totalmédio deinternações(2016-2018)

Número total deinternações debebês (0-1 ano de

idade)

Número total deinternações depessoas idosas(60 anos oumais)

Janeiro 148 9.311 31 75

Fevereiro 143 9.646 30 76

Março 154 13.652 33 82

Abril 148 14.650 32 82

Maio 122 15.120 26 67

Junho 109 13.465 23 59

Julho 141 11.335 30 67

Agosto 232 10.314 49 103

Setembro 288 9.898 61 134

Outubro 242 10.202 52 113

Novembro 255 9.498 54 119

Dezembro 213 8.744 45 104

TOTAL 2.195 135.835 467 1.080

sileira? Qual foi o custo para o sistema de saúde pública?

Nesta seção, abordaremos estas questões, com base nasestimativas apresentadas na seção anterior. Primeira-mente, tomamos os valores previstos de poluição do ar,com base nas estimativas da Tabela 1, coluna (3). Em se-guida, aplicamos estes valores para avaliar quantas pes-soas foramhospitalizadasem2019devidoàdiminuiçãodaqualidade do ar relacionada ao desmatamento e aos in-cêndios, com base nas estimativas da Tabela 1. Em outraspalavras, comparamos o número de internações hospita-lares em 2019 relacionadas à poluição do ar por incêndiosedesmatamento comumcontrafactual dedesmatamentozero eausênciade incêndios. Os resultados sãoagregadose usamos a população de cada município para ter núme-ros gerais para o total de internações em 2019 relaciona-das com incêndios e desmatamento daquele ano.

Em 2019, estimamos que houve um total de 2.195 hospi-talizações (com um intervalo de confiança de 95% entre1.098 e 3.291) devido a doenças respiratórias relaciona-das à poluição do ar gerada por incêndios relacionadosao desmatamento. Isto levou a um total de 6.698 dias dehospitalização (comum intervalo de confiançade 95%en-tre 1.292 e 12.105 dias). Em 2019, o custo médio das hospi-talizações registrado no SIH por doenças respiratórias naAmazônia brasileira foi de R$ 858,15 (USD 217,50) por hos-pitalização, que aplicamos às 2.195 hospitalizações. As-sim, o valor dos reembolsos feitos pelo governo federal foi

de R$ 1,88 milhão (USD 477.551). Entretanto, como des-tacado por Américo e Rocha [18], os governos estaduaise municipais também acrescentam fundos às transferên-cias federais, numa proporção que se aproxima de 2:1. As-sim, aplicando esta proporção, estimamos que os custostotais associadosàshospitalizaçõesdevidasaos incêndiosrelacionados ao desmatamento foram de R$ 5,64milhões(USD 1,4 milhão).

Para o mesmo ano, durante o período de junho-outubroque abrange a estação seca na Amazônia [19], estimamosque houve um total de 1.012 internações (com um inter-valo de confiança de 95% entre 506 e 1.517) devido a do-enças respiratórias associadas à poluição do ar por incên-dios relacionados ao desmatamento. Isto levou a um to-tal de 3.021 dias de hospitalização (com um intervalo deconfiança de 95% entre 583 e 5.460 dias). O custo para oSUSentre junho eoutubro de 2019 resultante de hospitali-zações devido a doenças respiratórias associadas a incên-dios relacionados ao desmatamento foi de R$ 2,6milhões(USD 660.000).

O notável pico nos focos de incêndio emagosto de 2019 foiacompanhado por um aumento do número de hospitali-zações em excesso relacionadas à poluição do ar. As hos-pitalizaçõesdevidasadoenças respiratóriasassociadasaoaumento da poluição do ar devido aos incêndios relacio-nados ao desmatamento aumentaram 65% entre julho eagosto, o mês em que os incêndios atingiram seu pico. O

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Nota Técnica n. 11

peso da poluição do ar entre as faixas etárias mostra queas crianças e as pessoas mais velhas foram as mais afe-tadas. Em 2019, houve 467 internações de bebês de 0 a1 ano de idade (comum intervalo de confiança de 95%en-tre 109 e 824) e 1.080 internações de idosos de 60 anos oumais (com um intervalo de confiança de 95% entre 608 e1.552) devido a doenças respiratórias ligadas ao aumentoda poluição do ar relacionada às queimadas associadasao desmatamento. No período referente somente à esta-ção seca, entre junho e outubro, houve 215 internações debebês e 47 de pessoas idosas. A soma dessas duas faixasetárias representa 70% do total de hospitalizações devidoa doenças respiratórias relacionadas às queimadas e aodesmatamento em 2019.

Em conclusão, nossas estimativas mostram um efeito im-portante de incêndios e desmatamento em 2019 sobrehospitalizações devidas a doenças respiratórias. Em2020,com maiores taxas de desmatamento e, por conseguinte,um maior risco de incêndios, bem como com o efeito de-vastador da COVID-19 na região amazônica, há um receiojustificável de uma séria ameaça à população da Amazô-nia brasileira e ao seu sistema público de saúde.

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[4] Ludmilla da Silva Viana Jacobson, Sandra de Souza Hacon,Hermano Albuquerque de Castro, Eliane Ignotti, Paulo Ar-taxo, Paulo Hilário Nascimento Saldiva, and Antonio CarlosMonteiro Ponce de Leon. Acute e�ects of particulate mat-ter and black carbon from seasonal fires on peak expiratoryflow of schoolchildren in the brazilian amazon. PLOS ONE,9(8):1–14, 08 2014.

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[8] Christovam Barcellos, Diego Xavier, Sandra Hacon, PauloArtaxo, Renata Gracie, Monica Magalhães, Vanderlei Matos,

Antônio Miguel Monteiro, and Patrícia Feitosa. Queimadasna amazônia e seus impactos na saúde: A incidência de do-enças respiratórias no sul da amazônia aumentou significa-tivamente nos últimos meses.

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Instituto de Estudos para Políticas de Saúde

Sant’Anna, A.A.; Rocha, R. (2020). Impactosdos IncêndiosRelaci-onados ao Desmatamento na Amazônia Brasileira Sobre Saúde.Nota Técnica n.11. IEPS: São Paulo.

www.ieps.org.br+55 11 4550-2556

[email protected]

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Anexo

Tabela A.1 – Estatísticas Descritivas

Variável Média Des. Pad. Min Max Obs Período Fonte

Tx de Hosp. – resp. (per

100,000 hab.) 61.90 68.12 0 1471.47 65,520 Jan 2010 – Dez 2019 DATASUS

Tx de Mort. resp. (por

100,000 hab.) 2.84 5.19 0 96.18 58,944 Jan/2010 – Dez/2018 DATASUS

PM2.5 (g/m3) 16.38 17.88 2.6 657.71 65,520 Jan/2010 – Dez/2019 INPE

Focos de Incêndio 14.07 70.26 0 35577 24,336 Jan/2016 – Dez/2019 INPE

Desmatamento (em

km2) 0.89 4.56 0 178.64 22,386 Ago/2016-Dez/2019 INPE

Tabela A.2 – Correlação entre focos de incêndio ativos, desmatamento e poluição do ar

ambiente

(1) (2) (3) (4)

VARIAVEIS Ln_PM2.5 Ln_CO Ln_SO2 Ln_NO2

Ln(focos de incêncio) 0.151*** 0.126*** 0.064*** 0.109***

(0.007) (0.005) (0.004) (0.005) Ln(Desmatamento) 0.022*** 0.014*** 0.005*** 0.010***

(0.003) (0.002) (0.001) (0.002)

Precipitação 0.032*** 0.027*** 0.005*** 0.012***

(0.002) (0.001) (0.001) (0.001)

Temperatura 0.104*** 0.113*** 0.098*** 0.100***

(0.007) (0.007) (0.007) (0.008)

Observations 22,386 15,834 15,834 15,834

R-squared 0.591 0.781 0.744 0.677

Municipality FE Y Y Y Y

Month by Year FE Y Y Y Y

Municipality Trend Y Y Y Y

Number of municipalities

546 546 546 546

Mean 2.704 4.975 0.306 0.431 Obs: A tabela informa as estimativas dos mínimos quadrados ordinários com efeitos fixos municipais,

meses por ano e tendências municipais. Desvios padrão robustos entre parênteses. *** p<0.01, **

p<0.05, * p<0.1. Fonte: elaboração própria.

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Tabela A.3 - Taxas de hospitalização devido a doenças respiratórias e outros poluentes

(1) (2) (4) VARIAVEIS Hosp. Rate Resp. Hosp. Rate Resp. Hosp. Rate Resp.

CO 0.008***

(0.002)

NO2 1.088*** (0.235) SO2 1.555*** (0.377)

Observations 58,944 58,944 58,940

R-squared 0.609 0.609 0.609 Municipality FE Y Y Y Month by Year FE Y Y Y

Weather variables Y Y Y

Municipality Trend Y Y Y

Number of municipalities 546 546 546 Mean 62.83 62.83 62.83

Notes: A tabela informa as estimativas MQO com efeitos fixos municipais, meses por ano e tendências

municipais. A variável dependente é a taxa de hospitalização (por 100.000 habitantes) devido a

doença respiratória. Erros padrão robustos entre parênteses. *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1. Fonte:

elaboração própria

Tabela A.4 - Taxas de mortalidade devido a doenças respiratórias e poluição do ar

ambiente, entre grupos etários

(1) (3) (5) VARIAVEIS [0-1yr) [1-5yr] >60yr

PM2.5 -0.000 -0.000 -0.001 (0.000) (0.000) (0.001)

Observations 58,728 56,568 58,944

R-squared 0.066 0.032 0.081 Municipality FE Y Y Y Month by Year FE Y Y Y Weather variables Y Y Y

Municipality Trend Y Y Y

Number of municipalities 544 524 546 Mean 0.174 0.0924 2.016

Obs: Tabela informa as estimativas MQO com efeitos fixos municipais e mensais por ano. A variável

dependente é a taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) devido a doenças respiratórias. Erros

padrão robustos entre parênteses. *** p<0.01, ** p<0.05, * p<0.1. Fonte: elaboração própria.

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Figura A.1 – Coeficientes estimados para as Diretrizes de Qualidade do Ar da

Organização Mundial da Saúde (2006) limiares de concentração de PM 2,5 em média de

24 horas

Fonte: elaboração própria.

-50

510

15

WHO IT 3 WHO IT 2 WHO IT 1 Above WHO IT 1