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2 IMPACTOS SOBRE O MEIO FÍSICO
CLIMA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
A ORLA COSTEIRA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO: IMPACTOS
DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE O MEIO
ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR E REDEFINIÇÃO DA LINHA DE COSTA NA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
A ORLA COSTEIRA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO IMPACTOS DAS
MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE O MEIO FÍSICO
Dieter Muehe (IGEO/UFRJ) | Paulo C. C. Rosman (COPPE/UFRJ)
Características gerais
A evolução da orla costeira no Brasil e, em particular no Rio de Janeiro, foi condicionada pelas oscila‐
ções do nível do mar desde a penúltima transgressão, há 120.000 anos, quando o nível do mar se
encontrava cerca de 8 m acima do nível atual. Uma nova transgressão, associada à elevação do nível
do mar após o último evento glacial atingiu, cerca de 5.600 anos atrás, uma altura entre 3 e 4 m aci‐
ma do nível atual para decrescer, com algumas oscilações, ao nível atual. Como consequência destes
dois eventos transgressivos, e associados aos mesmos, foram construídos dois cordões litorâneos ou
barreiras arenosas, as mais antigas e mais interiorizadas, com altura entre 8 m e 14 m e as mais re‐
centes, com cerca de 5 a 7 m de altura, em cujo flanco oceânico se desenvolveram as praias atuais.
Estas barreiras, verdadeiros diques, formam a estrutura que, de um lado, representa uma proteção e
, de outro, uma vulnerabilidade da zona costeira. Esta se caracteriza pela existência de baixadas e
zonas embrejadas, à retaguarda das barreiras, e pelo bloqueio da drenagem vinda dos maciços cos‐
teiros, impedindo desta forma a chegada de sedimentos ao mar. Conseqüentemente as áreas baixas
de antigas lagunas colmatadas, como também os terraços ou planícies fluvio‐marinhas, já represen‐
tam hoje áreas de risco devido à proximidade, e mesmo ao afloramento, do lençol freático e conse‐
qüente dificuldade de drenagem. Por outro lado, a ausência de aporte de sedimentos continentais
para a plataforma continental representa um risco potencial para a estabilidade das praias oceânicas
e sua capacidade de ajuste a uma elevação do nível do mar, considerando que a principal fonte dos
sedimentos ‐ a plataforma continental ‐ tende, por esgotamento, a deixar de ser fonte supridora para
a manutenção do balanço sedimentar.
Em resumo, a vulnerabilidade física, da zona costeira do município e região metropolitana do Rio de
Janeiro, a uma elevação do nível do mar, se caracteriza pelos riscos de erosão costeira e principal‐
mente pelos de inundação intensificados pela recorrência de eventos extremos como ressacas, ven‐
tos fortes e chuvas intensas.
No que tange à erosão costeira, a vulnerabilidade aumenta com o grau de exposição às ondas. Pode‐
se afirmar que o simples aumento estático do nível do mar não provoca erosão e que esta é uma
função da movimentação da água por ondas e correntes. Assim, há necessidade de distinguir ambi‐
entes distintos de exposição. A orla, portanto pode ser classificada com exposta, semiexposta e abri‐
gada.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 77
A orla exposta é a diretamente voltada para o oceano aberto. Neste sentido, as praias oceânicas da
região metropolitana se apresentam extremamente vulneráveis considerando sua orientação dire‐
tamente voltada para a incidência de ondas de tempestade e seu déficit potencial de sedimentos.
Sua capacidade de ajuste, por retrogradação, a uma elevação do nível do mar, nas praias urbanas é
quase inexistente devido à fixação da pós‐praia por muros e pela proximidade da frente urbanizada e
ainda, localmente, pela proximidade de encostas cristalinas do maciço costeiro. Nas orlas costeiras
em processo de urbanização, principalmente na região metropolitana a leste de Niterói, a proximi‐
dade das construções em relação à praia representa um risco potencial que pode ser minimizado
com a adoção de faixas de não edificação. As exceções estão constituídas pelas praias do Recreio dos
Bandeirantes, Grumari e parte da Marambaia no município do Rio de Janeiro, onde o espaço à reta‐
guarda, não urbanizado, permite um ajuste por retrogradação.
As orlas semi‐expostas e abrigadas se localizam no interior das baías de Guanabara e Sepetiba e na
orla das lagunas. Estas, dependendo da orientação e da pista do vento, podem ser mais ou menos
afetadas por ação de ondas e correntes, apresentando a Baía de Guanabara áreas mais expostas
quando da penetração de ondas oceânicas de Sudeste, direcionadas para a enseada da Glória e de
Sudoeste, direcionadas para as praias de Boa Viagem, Flechas e Icaraí em Niterói (Figura ).
Em suma, para os diversos cenários de elevação do nível do mar as praias oceânicas urbanas, devido
à sua “fixação” com muros, ficam impedidas de se ajustar por meio de retrogradação e tenderão a
perder areia, efeito acelerado pelo refluxo das ondas nos obstáculos impermeáveis representados
pelos mesmos muros. Já as praias oceânicas não urbanizadas e não confinadas na pós‐praia por obs‐
táculos rígidos poderão se ajustar através de um processo combinado de erosão e transposição nu‐
ma amplitude de recuo da ordem de algumas dezenas e metros, dependentes da declividade do fun‐
do marinho adjacente e da amplitude de elevação do nível do mar.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 78
Figura :. Classificação da orla da Baía de Guanabara e praias oceânicas urbanizadas do Rio de Janeiro e Niterói. Fonte Muehe et al. 2006.
Efeitos mais negativos que a de uma elevação do nível do mar que a prevista para a erosão da orla se
farão sentir na elevação do nível freático, na inundação das zonas baixas e conseqüentemente no
bloqueio do escoamento de canais e rios das baixadas cuja drenagem mal consegue se ajustar ao
nível do mar atual, gerando enchentes em condições de chuvas fortes em situação de preamar de
sizígia. Em outras palavras, qualquer um dos cenários de elevação do nível do mar trará problemas
idênticos, porém espacialmente ampliados e com diferentes números de pessoas atingidas.
Principais efeitos das mudanças climáticas na zona costeira1
Em forma sintetizada, os principais efeitos esperados com as mudanças climáticas em zonas costeiras
são discutidos nesta seção, com exemplos focados na área metropolitana do Rio de Janeiro. Os prin‐
cipais efeitos esperados são:
Elevação do Nível Médio do Mar (NMM), como conseqüência dos efeitos termoestérico e eustático
(longo prazo) ou meteorológicos (transientes de curto prazo).
1 Partes desta seção são adaptações de Rosman, P. C. C et alii. (2007) e (2009).
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 79
Aumento de extremos climáticos, i.e., períodos de secas mais prolongados e eventos de
tempestades com mais ventos e chuvas de maior intensidade.
Possível mudança nas direções de propagação das ondas devido a alterações na circulação
atmosférica, semelhante ao que já acontece em eventos de El Niño.
Como se discute a seguir, tais efeitos ocorrem em sinergia gerando conseqüências cumulativas e não
de modo isolado.
As intervenções recomendadas demandam ações preparatórios do Estado, já que muitas necessitam
de dados ambientais não disponíveis para dimensionamento efetivo das intervenções. Além disso,
algumas intervenções implicam em realocação de pessoas, o que sempre gera dificuldades políticas e
sociais.
Conseqüências de cada efeito isoladamente e de forma cumulativa – sinergia de efeitos
Discute‐se nesta seção as principais conseqüências de cada um dos efeitos listados acima as conse‐
qüências diretas decorrentes isoladamente de cada efeito, e as conseqüências cumulativas devido à
sinergia entre os efeitos.
Conseqüências na zona costeira devido à Elevação do Nível Médio do Mar
A elevação do NMM é um efeito persistente, isto é, define um novo nível base para as variações cícli‐
cas do nível do mar geradas por marés e efeitos meteorológicos. As estimativas atuais para a taxa
média de subida do nível do mar, em termos globais, são da ordem de meio centímetro por ano, o
que resultaria para o final do século, em uma sobrelevação de 0,5 m em relação ao NMM atual.
Entretanto, para ações locais em nível de engenharia, o que realmente importa é a variação do nível
médio relativo do mar. A taxa de variação do nível médio relativo do mar resulta da soma da taxa de
variação do nível médio do mar com a taxa de variação do nível do terreno. Para isso, é necessário
que ambos os níveis sejam medidos em relação a um mesmo Referencial de Nível (RN) confiável e
fixo, e.g., o datum do IBGE.
Para ações governamentais é fundamental conhecer a taxa de variação do nível médio relativo do
mar, pois especialmente em regiões sedimentares geologicamente recentes, como é o caso das bai‐
xadas lagunares e de baías, ocorrem significativas alterações nos níveis dos terrenos marginais ao
longo dos anos. Por exemplo, se em determinada região estiver ocorrendo uma subsidência (abai‐
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 80
xamento) do terreno na taxa de 0,5 cm/ano, a taxa de subida do nível médio relativo do mar na regi‐
ão seria de 1,0 cm/ano.
As principais conseqüências da elevação do nível médio relativo do mar são:
Tendência de translação das praias e cordões de dunas em direção a terra.
Onde houver ruas e avenidas na retro‐praia haverá diminuição das faixas de areia e potencial
risco de ataque de ondas diretamente nas benfeitorias públicas, como ilustra o esquema na
Figura 1.
Recuo das linhas de orla em regiões de baixadas de lagoas costeiras e baías, em função da
subida do nível médio relativo da água. Nestes locais, é provável que a taxa de elevação do
nível médio do mar seja superior à média, visto que se trata de regiões sedimentares geolo‐
gicamente recentes, cujos terrenos tendem a sofrer subsidências. Portanto, potencialmente
o problema é mais grave.
Problemas de macro‐drenagem em águas interiores, especialmente em zonas urbanas situa‐
das em baixadas de baías e lagoas costeiras aumentando a tendência de alagamentos. As á‐
guas fluem de cotas mais altas para cotas mais baixas e a velocidade do escoamento depen‐
de do desnível. Com a subida do nível médio relativo diminuem os desníveis, diminuindo a
declividade relativa e conseqüentemente a velocidade dos escoamentos.
Aumento da profundidade média de lagoas costeiras e baías. Isso efetivamente representa
um efeito de rejuvenescimento, em contraposição ao envelhecimento representado pelo as‐
soreamento.
Aumento da intrusão salina em zonas estuarinas levando a causar aumento ou diminuição de
manguezais, em função da disponibilidade de áreas de expansão, e, mais para montante, po‐
tencial problema de captação de água salobra em locais que hoje captam água doce.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 81
Perfil atual
Nível Médio do Mar - Atual
Nível Médio do Mar +50cmPerfil com NMM +50cm
Recuo da linha de costa
Figura 1. Esquema de recuo de linha de costa em decorrência de elevação do nível médio do mar.
Conseqüências na zona costeira devido ao aumento de extremos climáticos
As conseqüências na zona costeira do Aumento dos Extremos Climáticos são transientes ou cíclicas,
pois variam ao longo das estações do ano. Aumento de extremos climáticos significa secas mais lon‐
gas e ocorrências de chuvas de tempestade mais intensas e freqüentes. No mar, a maior intensidade
de tempestades tenderá a aumentar a altura das ondas e das marés meteorológicas. Tais efeitos se
sobrepõem à elevação do nível médio relativo do mar. A Figura 2 mostra evidências claras da ten‐
dência de aumento na magnitude das marés meteorológicas.
Figura 2: Evidências da tendência de aumento da magnitude de marés meteorológicas na Baía de Guanabara, RJ. Os valores indicados
representam diferenças entre níveis de maré medidos e níveis de maré previstos. Tais diferenças são basicamente devido às marés meteoro‐
lógicas. (NEVES, S.C., 1992).
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 82
As principais conseqüências na zona costeira em função do aumento dos extremos climáticos são:
Com tempestades mais intensas no mar, as ondas ficam mais altas e as marés meteorológi‐cas mais elevadas. Portanto, onde houver ruas e avenidas na retro‐praia haverá sérios pro‐blemas de erosão e possível destruição de muros, ruas e avenidas devido à diminuição das faixas de areia. A
Figura 3 mostra os efeitos de maré meteorológica no Estado do Rio de Janeiro, ocasionando
variação do nível médio do mar ao longo dos dias. Fica evidente que as magnitudes das ma‐
rés meteorológicas chegam a ser da mesma ordem de grandeza das variações usuais de ma‐
ré.
Mais secas causam diminuição da vazão dos rios, tal efeito associado à subida do nível médio
relativo do mar, e eventualmente somado a efeitos de marés meteorológicas mais altas, ten‐
de a aumentar a intrusão salina em regiões estuarinas causando incremento de manguezais
e potencial problema de captação de água salobra em locais que hoje captam água doce.
Freqüentemente marés meteorológicas estão associadas às passagens de frentes frias, que
por vezes trazem chuvas intensas. Portanto, a soma dos efeitos de subida do nível médio re‐
lativo do mar com eventos de marés meteorológicas mais elevadas e chuvas intensas irá oca‐
sionar sérios problemas de macrodrenagem em zonas urbanas situadas em baixadas de baías
e lagoas costeiras, com alagamentos e inundações crescentes.
0
Gráfico cedido pelo Prof. Carlos Eduardo Parente Ribeiro Área de Engenharia Costeira - PENO-COPPE/UFRJ
Figura 3. Registro de maré meteorológica no Estado do Rio de Janeiro. A linha vermelha representa níveis previstos de maré astronômica. A
linha azul retrata os níveis reais medidos, que englobam os efeitos de maré astronômica e maré meteorológica. As linhas pontilhas marcam
os níveis médios do mar previstos e medidos ao longo dos dias. A maré meteorológica se caracteriza pela variação do nível médio diário,
i.e., a diferença entre a linha pontilhada azul e a linha pontilhada vermelha.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 83
Conseqüências na zona costeira devido a mudanças no clima de ondas
Entenda‐se por mudanças no clima de ondas, em uma dada localidade, a alteração das estatísticas
pertinentes à direção de propagação, ao período e à altura das ondas incidentes. As conseqüências
na zona costeira devido a mudanças no clima de ondas são persistentes. Embora o clima de ondas
mude ao longo do ano, refletindo os ventos típicos de cada estação, as mudanças aqui tratadas são
referidas a efeitos mais persistentes. As principais conseqüências de tais efeitos são:
Tendência de realinhamento de linhas de praia, buscando novos arcos de equilíbrio em fun‐
ção das novas direções dominantes de propagação das ondas que atingem a praia, Figura 4.
Por se tratarem de efeitos persistentes, o novo alinhamento de equilíbrio poderá trazer sé‐
rios problemas em arcos de praia em zonas urbanas, tais como as praias oceânicas do Rio de
Janeiro, Niterói e adjacências.
As praias são formações sedimentares muito dinâmicas que, continuamente, tendem a se realinhar
em função do clima de ondas que as atinge. A tendência do alinhamento da orla é sempre ficar per‐
pendicular à direção de propagação das ondas dominantes do clima de ondas vigente.
Para facilitar o entendimento do mecanismo de realinhamento das praias exemplifica‐se com o caso
da praia do Arpoador‐Ipanema‐Leblon que é alinhada com o eixo Leste‐Oeste, (Figura 4). Um obser‐
vador na praia de Ipanema, olhando para o mar, está olhando para Sul. As ondas típicas de bom
tempo, na sua maior parte, vêm do quadrante Sudeste (SE), ou seja, pela esquerda do observador.
Em contraste, usualmente as ondas de tempestade, ou ressacas, vêm predominantemente pela direi‐
ta do observador, do quadrante Sudoeste (SW). Entretanto, vale lembrar que também ocorrem on‐
das de bom tempo vindas de SW, bem como ressacas vindas de SE.
Ondas do quadrante Sudeste (SE) transportam areia em direção ao Leblon. Como tal clima de ondas
é reinante e dominante na Primavera e Verão, a resultante do transporte de sedimentos é para o
Leblon. Assim, no fim do Verão, a tendência é o Arpoador estar deficitário de areia e o Leblon supe‐
ravitário. Opostamente, no Outono e Inverno há maior ocorrência e dominância de ressacas, que
usualmente provêm do quadrante Sudoeste (SW), o clima dominante passa a ser de ondas de SW.
Ondas desta direção transportam areia em direção ao Arpoador. Assim, ao final do Inverno, o Arpoa‐
dor tende a estar superavitário de areia e o Leblon deficitário.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 84
Em todos os meses ocorrem ondas de ambos os quadrantes. Mas, na Primavera e Verão, predomina
o bom tempo e as ressacas são menos intensas e menos freqüentes. Contrariamente, no Outo‐
no/Inverno, embora o bom tempo também seja mais freqüente que o mau tempo, ocorrem muito
mais ressacas, e estas são mais intensas, do que na Primavera/Verão. Estatisticamente, levantou‐se
que desde a década de 50, mais de 70% das ressacas fortes o bastante para ser notícia de jornal o‐
correram no Outono/Inverno, sendo cerca de 30% no Outono e de 40% no Inverno.
Evidentemente, não há um equilíbrio perfeito ano a ano no volume de areia que é transportado de
um lado para o outro e vice‐versa. Há anos nos quais a resultante favorece o Leblon e há anos em
que o Arpoador é favorecido. Entretanto, em períodos mais longos, digamos 5 anos, o equilíbrio pre‐
valece, caso contrário ou o Leblon ou o Arpoador não existiria como praia. Mas, vez por outra ocor‐
rem fenômenos naturais que causam um forte desequilíbrio. Em anos de El Niño fortes, a circulação
atmosférica alterada muda os ventos e conseqüentemente o clima de ondas. Na praia do Arpoador‐
Ipanema‐Leblon, em anos de El Niño forte, as ressacas entram mais de Sul e SE ao invés do mais usu‐
al que é de Sul e SW. A conseqüência é o desequilíbrio no balanço do transporte de sedimentos, cau‐
sando um grande acúmulo no Leblon e déficit no Arpoador, como indica a linha pontilhada na Figura
4. Como conseqüência de mudanças climáticas, um efeito similar pode deixar de ser episódico e tor‐
nar‐se persistente. Evidentemente, as conseqüências seriam graves.
Típica tendência de realinhamento do litoral devido a mudanças de direção de propagação das ondas em anos de El Niño fortes. Efeitos similares podem ocor-rer como conseqüência de mudanças climáticas.
Figura 4: Exemplo de arco de praia em zona urbana – praia do Arpoador‐Ipanema‐Leblon. Destaca‐se a típica tendência de realinhamento
do litoral devido a mudanças de direção de propagação das ondas em anos de El Niño forte. Efeitos similares podem ocorrer como conse‐
qüência de mudanças climáticas.
As praias, além de serem ótimos locais de lazer em épocas de bom tempo, são as melhores estrutu‐
ras existentes para proteção do litoral. Nada dissipa de modo mais eficiente a energia das ondas de
uma ressaca do que uma praia. Essa dissipação ocorre basicamente através de dois mecanismos. O
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 85
primeiro está na arrebentação das ondas causada pelas profundidades decrescentes em direção ao
litoral, como ocorre defronte a praias. O segundo está na existência de grande quantidade de areia
para ser transportada pelas correntes e turbulências geradas na zona de arrebentação das ondas.
Tanto a turbulência na arrebentação quanto o transporte de areia são mecanismos extremamente
eficientes para dissipação da energia das ondas.
Entretanto, em zonas urbanas, uma praia que, em condições naturais, havia sido livre e dissipativa,
se torna restrita e refletiva, se o estoque de areia for limitado e as ondas começarem a atingir estru‐
turas na retro‐praia. A arrebentação de ondas sobre estruturas urbanas leva, invariavelmente, a de‐
sastres.
Em zonas urbanas o efeito de subida do nível médio relativo do mar, efetivamente, reduz o estoque
de areia útil entre as estruturas urbanas na retro‐praia e linha de orla, (Figura 1). Em situações de
marés meteorológicas a redução do estoque efetivo é ainda maior. Portanto, fica evidente a sinergia
entre os diversos efeitos de mudanças climáticas.
Ações de engenharia para prevenção e remediação
Discute‐se nesta seção, em caráter geral, ações que devem nortear intervenções de engenharia para
prevenção, mitigação e remediação das consequências dos efeitos das mudanças climáticas em zo‐
nas costeiras. Basicamente dois grupos de intervenções são primordiais:
Ações em praias oceânicas de zonas costeiras urbanizadas, para prevenir e mitigar conse‐
qüências futuras e até mesmo remediar situações atuais. O que se quer evitar são os pro‐
blemas de erosão de praias, diminuição do estoque de areia e risco de sérios danos a benfei‐
torias urbanas como calçadas, avenidas, ruas e moradias.
Ações em áreas costeiras de baixadas de baías e sistemas lagunares, de modo a prevenir e
mitigar conseqüências futuras e até mesmo remediar situações atuais, relacionadas à cres‐
cente probabilidade de aumento de freqüência e magnitude de alagamentos e inundações.
Ações preventivas em praias oceânicas de zonas costeiras urbanizadas
Nas praias oceânicas em áreas urbanas ou com estruturas na retro‐praia, sempre que possível, a
melhor solução é aumentar o estoque de areia, ou no jargão técnico, de engordamento de praia. O
esquema da Figura 5 ilustra o resultado esperado com o aumento de estoque. Na figura sugere‐se
um aumento da largura da praia, afastando a linha de costa das estruturas urbanas e a criação de um
campo de dunas como reserva estratégica.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 86
O custo de tal tipo de intervenção é muito baixo em face aos benefícios. Os principais benefícios são
o de manter e até melhorar as condições para o turismo e laser, além de prover o estoque de areia
necessário para evitar os transtornos que decorreriam das mudanças climáticas. Se nada for feito, as
conseqüências de elevação do NMM, em sinergia com ressacas e marés meteorológicas mais inten‐
sas, inexoravelmente acarretará em episódios de destruição de calçadas e avenidas de forma cres‐
cente, chegando a inviabilizar áreas residenciais defronte a praias.
Em praias ainda com urbanização leve, será provavelmente mais econômico retroceder as benfeito‐
rias públicas como estradas, do que engordar as praias.
Perfil atual
Perfil projetado
~100m
Berma
Duna
Nível Médio do Mar - AtualNível Médio do Mar +50cm
Perfil com NMM +50cm
Perfil atual
Perfil projetado
~100m
Berma
Duna
Nível Médio do Mar - Atual
Perfil com NMM +50cm
Nível Médio do Mar +50cm
Figura 5: O perfil azul indica uma possível intervenção de aumento de estoque de areia em uma praia oceânica em zona costeira urbaniza‐
da, como na área da praia do Arpoador.
Em zonas costeiras que vierem a ser urbanizadas no futuro, é imperativo respeitar uma maior distân‐
cia em relação à linha de orla e, em nenhuma hipótese, ocupar ou aprisionar a primeira linha de du‐
nas sob avenidas ou calçadas. Basicamente, este é o erro em quase todas as cidades costeiras. Nas
praias do município do Rio de Janeiro, por exemplo, avenidas e calçadas estão construídas sobre o
primeiro cordão de dunas, efetivamente retirando a areia das dunas do estoque estratégico para
proteção da praia e do litoral. Na imagem da Figura 4 tal efeito é especialmente notável nas regiões
do Arpoador e do Leblon.
Em locais onde as praias são muito extensas, e.g. praia da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, pode ser
necessário segmentar a praia criando enseadas para viabilizar a estabilidade do engordamento de
praia, como exemplifica a Figura 6.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 87
Figura 6. Possível solução para possibilitar o aumento do estoque de areia em praias urbanas muito extensas. No exemplo a praia da barra
da Tijuca no Recreio foi segmentada por guia‐correntes ligando a Lagoa de Marapendi ao mar. Além de viabilizar o engordamento indicado,
criou‐se uma condição para melhoria da qualidade das águas na Lagoa. No caso, outra abertura mais a leste seria necessária, para criar
outra enseada.
Finalmente, vale ressaltar que obras de aumento de estoque de areia, i.e., engordamento de praia,
podem ter validade de décadas, vide Copacabana. Porém há casos em que intervenções de reposição
de areia são necessárias, em geral, não mais que uma vez por década.
Ações preventivas em baixadas de baías e sistemas lagunares
De longe, as intervenções em áreas costeiras urbanizadas em baixadas de baías e sistemas lagunares
são as mais complexas sob o ponto de vista social e político, por envolverem a realocação de pessoas
e rearranjo de zonas de cidades. Tais ações efetivamente irão demandar planos diretores municipais
a serem seguidos por décadas. É muito provável que haja necessidade de uma ação coordenadora e
fomentadora do Estado para viabilizar as intervenções.
Em regiões costeiras urbanizadas em baixadas de lagoas costeiras e baías, sempre que possível, deve‐
se iniciar o processo de transferência das pessoas para outras áreas e o desfazimento da urbanização
nas áreas de depressões naturais, mais vulneráveis a alagamentos, ou que passarão a ter crescentes
problemas de inundação.
Com o desfazimento da urbanização, as áreas desocupadas devem ser rapidamente transformadas
em parques ou áreas de recreação para uso da população. Tais áreas passariam a funcionar como
zonas estratégicas de amortecimento e acumulação de água, potenciais piscinões naturais, mitigando
efeitos que de outra forma ocorreriam mais intensamente em áreas vizinhas. Isto é, terão uso como
parque e área de lazer em condições de bom tempo, mas tais áreas serão eventualmente alagadas e
inundadas em situações de marés altas e grandes chuvas. A drenagem urbana das áreas vizinhas
aproveitará tais áreas para despejo de suas águas em situações de necessidade.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 88
Em regiões propensas a alagamentos crescentes nos quais seja muito difícil a transferência da popu‐
lação e o desfazimento da urbanização, há que se projetar sistemas de diques e comportas. Entretan‐
to, dado o alto custo e as dificuldades operacionais de tais sistemas, devem ser restringidos a casos
excepcionais.
Muitas das regiões mais vulneráveis a alagamentos e inundações são conhecidas pelas prefeituras
locais. Entretanto, a demarcação precisa de tais regiões demanda levantamentos topográficos com
altimetria detalhada, pelo menos entre as cotas do NMM e a cota +2,5m. Nesta faixa de cotas, as
linhas de nível devem ser definidas no mínimo a cada 0,5m.
Considerando que a maioria das áreas propensas a inundações e alagamentos é ocupada por popula‐
ção de baixa renda, com urbanização muito precária, esta pode ser uma oportunidade para solucio‐
nar dois problemas. Primeiro, resgatar a dignidade desta população com projetos de urbanização e
moradia adequados, melhorando a qualidade de vida no município. Segundo, criando condições es‐
tratégicas para desenvolvimento do município e enfrentamento dos desafios a serem postos pelas
mudanças climáticas.
No que concerne ao potencial problema de captação de água salobra, decorrente da maior intrusão
salina devido à subida persistente do NMM, e ainda mais em eventos transientes, porém sinérgicos,
de marés meteorológicas, deve‐se prever a realocação dos pontos de captação. Evidentemente, de‐
vem mudar para montante, os pontos de captação que passarem a captar água salobra.
O dimensionamento de tais intervenções demandará conhecimento de topo‐hidrografia de baías,
sistemas lagunares e trechos estuarinos de rios afluentes. A Figura 7 exemplifica um tipo de informa‐
ção que se pode obter com modelagem computacional para auxílio a projetos de engenharia e plane‐
jamento urbano de cidades em baixadas. Para utilização de modelos é imprescindível dispor‐se de
dados atualizados de batimetria e contornos de margens. A carência de tais dados em sistemas lagu‐
nares e rios de baixada é muito grande.
O exemplo da Baía de Guanabara na Figura 7 mostra que efeitos da subida do NMM não são lineares
no interior dos corpos de água. Gráficos de nível de maré similares aos apresentados podem ser fei‐
tos prontamente para outros pontos da Baía e ao longo dos rios afluentes. Repare que na previsão
feita para 2100, considerou‐se a ocorrência de assoreamento na Baía de Guanabara. A consideração
feita quanto ao modo de assoreamento foi expedita, objetivando meramente exemplificar um dos
estudos que podem ser feitos através de modelagem computacional.
O que se apresenta como exemplo na Figura 7, pode ser efetivado para outras baías, sistemas lagu‐
nares e estuários do Estado, permitindo avaliar potenciais níveis de inundação em diferentes cená‐
rios. Dada a complexidade de tal empreitada e as especificidades de cada corpo de água, tal tarefa
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 89
excede em muito o escopo deste relatório. De modo a se viabilizar tais estudos, será necessário de‐
senvolver um programa de trabalho com objetivos bem definidos, incorporando campanhas de le‐
vantamento de dados.
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 400000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
672479 677479 682479 687479 692479 697479 702479
7450772
7455772
7460772
7465772
7470772
7475772
7480772
7485772
7490772
(UTM)
(UTM)
Rio São João de Meriti
Rio Sarapuí
Rio Iguaçú
REDUC
CTA
Rio Estrela
Ilha do Governador
0
1
2
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Profundidades (m)__ RN = NMM‐2001 __
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 400000
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
672479 677479 682479 687479 692479 697479 702479
7450772
7455772
7460772
7465772
7470772
7475772
7480772
7485772
7490772
(UTM)
(UTM)
Rio São João de Meriti
Rio Sarapuí
Rio Iguaçú
REDUC
CTA
Rio Estrela
Ilha do Governador
0
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5
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15
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25
30
35
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Profundidades (m)__ RN = NMM‐2001 __
Batimetria em 2100
Batimetria em 2001 Figura 7. Estimativa de efeitos da subida do nível médio do mar nas marés na Baía de Guanabara. O gráfico acima mostra previsões de
variação dos níveis de maré na região da foz do Rio Iguaçú. Os mapas mostram estimativas de mudanças de batimetria decorrentes de
assoreamentos prováveis. Em ambos as batimetrias são referidas ao NMM de 2001. Nota‐se que devido a efeitos dinâmicos, a variação
efetiva nos níveis de maré no fundo da baía pode ser até 10% superior à variação do nível médio do mar.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 90
Diagnóstico da vulnerabilidade da orla oceânica metropolitana do Rio de Janeiro
Nesta seção apresenta‐se um diagnóstico da vulnerabilidade da orla da zona metropolitana da cidade
do Rio de Janeiro subdividida em três segmentos:
1. De Ponta Negra e Niterói.
2. Da Barra da Baía de Guanabara à Praia de Grumari.
3. Da Barra de Guaratiba à Restinga da Marambaia.
Vulnerabilidade da orla entre Ponta Negra a Niterói
O litoral entre Ponta Negra e Niterói é formado por extensas praias associadas a cordões arenosos,
de orientação Leste‐Oeste diretamente expostas a tempestades vindas do sul. O aporte de sedimen‐
tos continentais é completamente impedido pela presença dos cordões litorâneos em cuja retaguar‐
da se desenvolveram lagunas para as quais convergem os pequenos cursos de água que drenam o
flanco oceânico do maciço costeiro.
A orientação do litoral, como em todo o segmento da região oceânica metropolitana, dispõe as prai‐
as à ação frontal de ondas de tempestade, resultando em máxima exposição a eventos extremos. A
urbanização é densa e mais ou menos contínua na orla de Niterói e descontínua no município de
Maricá com concentrações na extremidade oeste de Itaipuaçu, Barra de Maricá e Ponta Negra (Fig.
2).
Figura 8. Urbanização da orla costeira de Itaipuaçu, em primeiro plano, seguido pelas praias de Itaipu, Camboinhas e Piratininga. No fundo
a barra da Baía de Guanabara. Observar que em Itaipuaçu a urbanização da primeira barreira arenosa, entre a praia e o canal, é ainda
esparsa. (Foto Dieter Muehe).
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 91
O primeiro mapeamento com indicação de segmentos costeiros segundo o grau de vulnerabilidade à
erosão foi apresentado em 1989 (Muehe & Corrêa 1989) para as praias de Guaratiba e Itaipuaçu, no
Município de Maricá (Figura 9) e Piratiniga, Camboinhas, Itaipu e Itacoatiara, em Niterói (Figura 10).
Figura 9. Classificação da vulnerabilidade da linha de costa entre a Praia de Itaipuaçu e Ponta Negra, extremidade oeste da orla oceânica
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Figura 10. Classificação da vulnerabilidade das praias oceânicas de Niterói
Trabalhos subseqüentes (Lins‐de‐Barros 2005; Muehe et al.; 2006; Silva et al. 2008a), assim como
relatos em jornais, confirmaram o incremento da erosão nas áreas identificadas como de risco.
Não obstante os claros indícios de erosão e vulnerabilidade costeira, a comparação de perfis topográ‐
ficos, ao longo da costa entre Niterói e Cabo Frio indica que, apesar das amplas variações na largura e
volume dos perfis de praia, a linha de costa na interseção da face da praia com o nível médio do mar,
não apresentou, ao longo das quase quatro últimas décadas, tendência de migração ou modificação
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 92
do estoque de sedimentos (Muehe 2011). A comparação entre duas tempestades excepcionais mos‐
trou resultados divergentes, com efeitos erosivos severos e acumulação simultânea de sedimentos
na formação de um banco na antepraia associados a uma das tempestades e, na outra, efeitos erosi‐
vos pequenos, que se limitaram à praia e parte do flanco oceânico das dunas frontais, com ligeiro
ganho de sedimentos quando consideradas as dunas frontais como um todo. Isto sugere que tem‐
pestades excepcionais produzem erosão, mas podem também ser responsáveis pela recomposição
do estoque de areias a partir de remobilização de sedimentos da plataforma continental interna em
direção à costa e conseqüente reequilíbrio do balanço sedimentar. Isto se aplica especialmente ao
litoral entre a Marambaia e o Cabo Frio cuja plataforma continental interna apresenta espessa cober‐
tura de areias quartzosas.
A ressaca de maior intensidade, com ondas altas, fortes ventos e maré de sizígia, ocorreu em maio de
2001 e deixou vestígios de sua passagem ao longo de toda a orla costeira, com recuo da escapa da
pós‐praia da ordem de um decâmetro ou um pouco mais. Este recuo tem sido interpretado como um
indicador da tendência erosiva de toda a orla. Esta, no entanto, voltou à sua posição anterior, se
considerarmos a posição média de interseção da face praial com o nível médio do mar. Os pontos
mais críticos de erosão, mesmo que não ativos, representam pois um sinal de alerta sobre a necessi‐
dade de manter a faixa de amortecimento de acordo com as normas do Projeto Orla cuja largura
mínima foi definida considerando uma elevação do nível do mar da ordem de 1 m (Muehe, 2001;
2004).
Segue um retrospecto do que ocorreu ao longo de cada um dos trechos da orla de Ponta Negra a
Niterói.
Entre a Ponta Negra e a Barra de Maricá a erosão foi intensa incluindo perda parcial ou total de resi‐
dências devido à construção das mesmas muito próximas ao limite da barreira arenosa com a praia
(Figura 11). Após a tempestade os moradores cujas casas ainda continuavam sob risco passaram a
implantar, na praia, um conjunto de defesas, de eficácia duvidosa, que variavam desde a construção
de um simples muro, defronte à casa, até o enterramento de estruturas de suporte como manilhas,
estacas e outras supostas “defesas”. Os prejuízos foram avaliados como sendo da ordem de
R$200.000/km, sendo que ¾ correspondentes aos casos de perda total e o resto a gastos com re‐
construção, somando‐se a isto ainda a subseqente desvalorização temporária dos imóveis (Lins‐de‐
Barros 2005).
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 93
Figura 11 Barra de Maricá, logo após a tempestade de maio de 2001,mostrando a proximidade das casas à praia resultado do não estabe‐
lecimento de uma faixa de amortecimento. (Foto Dieter Muehe)
A recuperação da praia após a tempestade parece ter sido total, não havendo evidência de uma ten‐
dência de recuo da linha de costa ao comparar perfis topográficos transversais em quase quatro dé‐
cadas de estudo (Figura 12).
0 50 100 150 200 250Distância (m)
-1012345
Cot
a(m
)
15.02.197302.05.200414.12.200404.10.2010
Barra de Maricá
Figura 12. À esquerda superposição de perfis transversais à barreira arenosa levantados em 1973, 2004 e 2010, indicando a não retrogra‐
dação da linha de costa e à direita, foto de outubro de 2010, mostrando a recuperação da berma de tempestade, área vegetada, e da praia.
(Foto Dieter Muehe).
Ao longo de toda essa orla a frente de urbanização se inicia quase que em contato com a praia en‐
contrando‐se extremante vulnerável, tanto a eventos extremos quanto ao ajustamento da costa a
uma elevação do nível do mar (Figura 13). A implantação da faixa de amortecimento, proposta no
Projeto Orla para novas construções, representa assim uma ação a ser concretizada.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 94
Figura 13: Frente de urbanização entre Barra de Maricá e Ponta Negra (ImagemGoogle Earth).
Na praia de Itaipuaçu, a urbanização se expandiu principalmente sobre a barreira arenosa mais inte‐
riorizada, enquanto a barreira frontal, que apresenta claros sinais de transposição por ondas e des‐
truição da estrada de barro construída em seu topo, apresenta uma ocupação ainda incipiente e es‐
pacialmente descontínua (Figura 14).
Apesar dos nítidos sinais de instabilidade geomorfológica há controvérsias se esses sinais represen‐
tam um processo de recuo da linha de costa ou apenas uma resposta dinâmica, conforme ressaltado
por Silva et al. (2008a) para o setor oeste da praia de Itaipuaçu, caracterizada por retrogradação, da
ordem de 13m, transposição da barreira por ondas (overwash) e ampla variabilidade do perfil praial.
O fato é que o capeamento de barro da estrada, construída sobre a barreira arenosa, se apresenta
em grande parte destruído dando lugar ao substrato de areia grossa original, impedindo o trânsito de
automóveis (Figura 15).
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 95
Figura 14. Segmento da praia de Itaipuaçu mostrando a baixa ocupação da barreia arenosa frontal, entre a praia e o canal, e a ocupação
mais densa da barreira interiorizada, formada durante a penúltima transgressão marinha, quando o nível do mar esteve cerca de 6 a 10 m
mais elevado que o nível atual (Suguio et al.2005).
Figura 15: Praia de Itaipuaçu. Depósitos de transposição de ondas e destruição do pavimento da estrada. (Foto Dieter Muehe).
Não obstante a aparente vulnerabilidade, caracterizada por depósitos de leques de transposição, os
mesmos não representam uma tendência recente, podendo ser observados em fotos do final da
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 96
década de 1940 expostos em um restaurante em Itaipuaçu e reproduzido do acervo da Comércio e
Indústria Atlântico S/A ‐COMINAT (Figura 16).
Figura 16. Foto de Itaipuaçu do final da década de 1940, mostrando a ocorrência de leques de transposição. Fonte acervo da COMINAT.
Entre as praias oceânicas de Niterói, principalmente Itaipu, Piratininga e Itacoatiara, apenas a praia
de Piratininga tem mostrado o efeito de tempestades extremas, devido à destruição, em duas ocasi‐
ões, de um muro de proteção, construído dentro do perfil dinâmica da praia (Figura 17).
-20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Distância (m)
012345678
Cot
a(m
)
11.02.197409.08.200220.08.200227.08.200206.09.200213.09.2002
Praia de Piratininga - Niterói - RJ
Figura 17: Praia de Piratininga. Destruição de muro após ressaca de 2003. À direita superposição de perfis antes e após a construção do
muro, mostrando a manutenção da largura da praia. (Foto Dieter Muehe).
Na Figura 18é apresentada uma classificação das praias e dos segmentos sob risco de erosão.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 97
Figura 18: Classificação das praias e indicação dos segmentos com evidências de erosão da região metropolitana do Rio de Janeiro a leste
da Baía de Guanabara. Fonte Muehe et al. 2006
A vulnerabilidade da orla da barra da Baía de Guanabara à Praia de Grumari
A orla oceânica urbanizada do Município do Rio de Janeiro compreende os arcos das praias Verme‐
lha, Leme‐Copacabana, Leblon‐Ipanema, Vidigal, Barra da Tijuca‐Recreio dos Bandeirantes e Grumari.
Com exceção de grande parte do Recreio dos Bandeirantes, o que há de comum é a limitação das
pós‐praia com muros o que impede o ajuste a uma elevação do nível do mar. Ajuste também impe‐
dido pela proximidade de casas e prédios. Assim sendo, a proteção da orla terá que ocorrer por meio
de recuperação artificial das praias, obras de engenharia ou uma combinação dessas e outras solu‐
ções. A orientação dos arcos praiais em equilíbrio dinâmico com as direções das ondas de tempesta‐
de e de tempo bom provoca desequilíbrios ocasionais levando à perda ocasional de sedimentos em
uma das extremidades da praia e acumulação no outro, como mostra o exemplo das praias de Ipa‐
nema e Leblon, discutido na seção 0. Este equilíbrio dinâmico poderá ser rompido em caso de altera‐
ção significativa do clima de ondas, tanto em termo de direções de incidência das mesmas quanto
por aumento de freqüência e intensidade de tempestades.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 98
O agravamento de problemas atuais como o bloqueio de canais de drenagem por ação da elevação
do nível do mar, seja por empilhamento durante ressacas (Figura 19) seja pelo aumento do nível do
mar, tenderá a aumentar a incidência de enchentes.
Figura 19: Propagação de ondas ao longo do canal do Jardim de Alah (limite entre as praias de Ipanema e Leblon) durante maré baixa. Foto
Cláudio Neves.
No Recreio dos Bandeirantes o segmento central da orla, defronte à Lagoa de Marapendi, não é ur‐
banizada, ao contrário das duas extremidades incluindo a praia de Grumari e a Barra da Tijuca, cf.
Figura 20 à esquerda. A tendência de ocupação das áreas baixas à retaguarda da barreira arenosa
representa um risco potencial, pois estas áreas já apresentam hoje dificuldade de drenagem, como
se vê na Figura 20 à direita.
Figura 20.: Urbanização ao longo da Barra da Tijuca com segmento central não ocupado, e ocupação de áreas de baixada na região oeste
do Recreio dos Bandeirantes. (Foto Dieter Muehe).
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 99
Uma classificação das praias e dos pontos de risco à erosão é representada na Figura 21.
Figura 21: Classificação das praias expostas e indicação dos segmentos com evidências de erosão da região metropolitana do Rio de Janei‐
ro. Fonte Muehe et al. 2006
A vulnerabilidade da orla entre Barra de Guaratiba e Restinga da Marambaia
Com exceção de pequeno segmento urbanizado na Barra de Guaratiba, o resto desse trecho da orla é
dominado pela Restinga da Marambaia, extensa e estreita barreira arenosa defronte à Baía de Sepe‐
tiba (Figura 22).
Por constituir no seu segmento oriental a Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba, além de,
em toda extensão, estar reservada a exercícios militares, a restinga não se apresenta urbanizada. Sua
principal vulnerabilidade consiste na possibilidade de ruptura por uma combinação de deflação (blow
out) e transposição das ondas (Figura 23‐esq.), principalmente no segmento central da restinga onda
a largura da barreira é muito estreita, um estreitamento acentuado pela erosão do reverso da restin‐
ga em contato com a baía (Figura 23‐dir.). Esta ruptura poderá permitir a propagação ocasional de
ondas para o interior da baía em direção à região portuária.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 100
Figura 22: Classificação das praias e indicação dos segmentos com evidências de erosão da Restinga da Marambaia e orla da Baía de Sepe‐
tiba. Fonte Muehe et al. 2006
Figura 23: Restinga da Marambaia: À esquerda blow out como facilitador da transposição de ondas do oceano para a baía. À direita,
erosão no flanco da restinga voltado para a baía de Sepetiba. Fotos Dieter Muehe.
Medidas recomendáveis e considerações finais sobre intervenções
Aspectos práticos de intervenções de engenharia foram discutidos na seção 0. Entretanto, uma ques‐
tão que se coloca é até onde pode ou deve uma Prefeitura intervir no processo de ocupação partindo
de cenários de mudanças climáticas e oceanográficas que, para os aumentos maiores do nível do
mar, beiram à especulação.
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 101
O cenário mais pessimista de elevação do nível do mar, previsto no último relatório do IPCC de 2007,
é de apenas 48 cm até o ano 2100. É pouca elevação e bastante tempo. Porém, discute‐se mais re‐
centemente sobre a possibilidade de elevação do NMM de 1,0m, como considerado no exemplo da
Figura 7. Dependendo de variáveis desconhecidas este cenário poderá mudar caso se intensifique o
desgelo na Groenlândia e na Antártica. Não há consenso quanto ao grau de probabilidade de ocor‐
rência destes eventos.
Mais importante que a elevação do nível do mar, a médio prazo, são as esperadas alteração do clima,
que poderá se tornar mais seco ou resultar numa estação de estiagem mais prolongada associada à
alteração e possível incremento na intensidade de chuvas que levará a um aumento do escoamento
superficial, deposição de sedimentos nas baixadas, enchentes e deslizamentos. Para os processos
costeiros o incremento de freqüência e intensidade de tempestades extremas assim como uma alte‐
ração no clima de ondas tem efeito em termos de erosão e transporte de sedimentos e no próprio
balanço de sedimentos.
Intervenções e projetos de engenharia demandam dados efetivos. Em se tratando de variáveis ambi‐
entais, há a necessidade de séries temporais por décadas para aumento de confiabilidade e seguran‐
ça em projetos e tomadas de decisão. Como os dados efetivos necessários inexistem ou são de curta
duração, para a avaliação de tendências de mudanças climáticas e de regime de ondas, passa a ser
fundamental a obtenção de dados que permitam a identificação destas tendências. Para este fim o
estabelecimento e integração de uma rede permanente de monitoramento de variáveis meteoroló‐
gicas e oceanográficas, concebida para o fim específico de identificação de alterações no clima, é um
passo fundamental para que dentro de algumas décadas se possa ter uma visão mais clara das ten‐
dências o que permitirá então determinar com mais seguranças as medidas a serem tomadas.
No que tange às praias a solução, em caso de erosão, será sua recuperação por aterro e por uma
combinação de aterro e obras de engenharia, como discutido na seção 0. Para este fim deverão ser
efetuados mapeamentos do recobrimento sedimentar da plataforma continental para identificação
de areias de granulometria adequada e sua cubagem. No caso das praias próximas a embocadura da
Baía de Guanabara pode ser uma boa fonte de empréstimo de areias de variadas granulometrias.
Para uma ação mais imediata seria importante inibir a expansão da ocupação em áreas que já se
encontram sob risco pela proximidade do lençol freático e de ocorrência de enchentes como nas
baixadas da Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Sepetiba.
Convém também incrementar, com muito vigor, o plantio de árvores nas ruas da cidade e o reflores‐
tamento das regiões desflorestadas para a melhoria do clima urbano, da estética da paisagem e re‐
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 102
dução dos efeitos de eventos extremos e consequente diminuição da erosão e assoreamento de rios
e canais de drenagem.
A reciclagem e treinamento de professores de Geografia e Biologia com enfoque nas alterações cli‐
máticas e suas conseqüências é outra estratégia muito importante a ser efetivada para a conscienti‐
zação e preparação da próxima geração.
De acordo com os resultados do Grupo III do IPCC (e.g. IPCC, 1994; IOC/UNESCO, 1999), as possíveis
respostas às mudanças climáticas na zona costeira dividem‐se em três categorias: proteção, acomo‐
dação e recuo. No caso de zonas fortemente urbanizadas ou com utilização industrial bem definida
(por exemplo, portos), justificam‐se as soluções de engenharia de maior vulto. Em regiões mediana‐
mente ocupadas, existe em geral possibilidade de se acomodar novos usos (por exemplo, transfor‐
mar áreas vulneráveis em parques ou criar ambientes para aqüicultura), mas principalmente é possí‐
vel planejar com antecipação usos futuros do espaço costeiro através de projetos de zoneamento.
Finalmente, existem situações onde não há nada a fazer ou que os custos de realocação de casas e
benfeitorias sejam econômica e ambientalmente mais recomendáveis, inclusive em benefício da
segurança da população.
No Estado do Rio de Janeiro, encontram‐se atualmente em curso essas três categorias de resposta,
ou podem ser citados exemplos no passado que ilustram a proteção (e.g. praia de Copacabana), a
acomodação (e.g. criação de reservas ou parques costeiros) e o recuo (e.g. pontal de Atafona).
A ocupação urbana do Rio de Janeiro vem se expandindo de modo contínuo, numa faixa que se es‐
tende desde Macaé até Mangaratiba. Pode‐se antecipar, até 2100, a formação de uma megacidade
(IOC/UNESCO, 1999), com problemas relacionados aos usos de recursos hídricos e minerais, à polui‐
ção atmosférica, à manutenção de ecossistemas costeiros e à proteção das benfeitorias urbanas ou
instalações industriais. Esta é a megacidade que enfrentará os possíveis efeitos das mudanças climá‐
ticas, demandando o encaminhamento de soluções técnicas e políticas.
Ao contrário de muitos países que já enfrentam situações críticas relacionadas ao nível do mar e a
vulnerabilidade a fenômenos climáticos, o Estado do Rio de Janeiro situa‐se em condição relativa‐
mente confortável. Acredita‐se que as mudanças que ocorrerão nos próximos 30 anos sejam decisi‐
vas para a prospecção até 2100. Portanto há tempo para se instalar um programa sério de monito‐
ramento ambiental, que garanta a escolha adequada e o projeto bem fundamentado das soluções de
engenharia a serem adotadas no futuro. De acordo com o estudo elaborado para o U.S. Federal E‐
mergency Management Agency (HOWARD, 2005), uma lista de dez quesitos foi elaborada para orien‐
tação das agências de seguro quanto à proteção contra inundações costeiras. Esta lista de ações po‐
MEGACIDADES, VULNERABILIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO | 103
deria seguramente ser adotada pelo Estado do Rio de Janeiro quanto à mitigação das vulnerabilida‐
des em face de mudanças climáticas. Os itens considerados são os seguintes:
Determinação do nível médio do mar e de ambientes costeiros.
Procedimentos de projeto e de avaliação das estruturas costeiras.
Cálculo acurado das transformações sofridas pelas ondas por efeito batimétrico.
Avaliação da erosão induzida por marés meteorológicas.
Cálculo do espraiamento das ondas (alcance das ondas em situação de ressaca).
Cálculo do efeito dinâmico das ondas sobre o nível médio do mar.
Cálculo do galgamento das ondas em estruturas costeiras.
Avaliação permanente das alturas das ondas.
Mapeamento das zonas de risco ao longo da costa.
Mapeamento das dunas frontais
Um detalhamento dos diversos itens listados está disponível em Rosman et alli (2009).
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