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1 IMPÉRIO CAROLÍNGIO Cap. 1 A conquista de Roma, em 476, pelos germânicos levou a uma nova crise religiosa, já que os invasores tentaram impor sua religião politeísta aos cristãos. Outro problema foi a constante violência, uma vez que depois da queda do Império, os vários reinos germânicos que ocuparam a região, passaram a brigar entre si. Apesar da ameaça, a Igreja católica fortaleceu seus laços com os fiéis. Numa situação de caos e desintegração das instituições políticas, os membros da Igreja acabaram oferecendo abrigo, cuidando dos feridos e distribuindo alimentos. Muitos preferiram abandonar as cidades e buscar refugio no campo, o que levou a um processo de ruralização da sociedade européia ocidental. Dentre os povos germânicos o que mais se destacou foi o dos francos. No ano de 495 o rei franco Clóvis, da dinastia merovíngia, se converteu ao cristianismo, o que deu a ele o apoio da Igreja no enfrentamento de outros reinos. Essa aliança acabou garantindo a sobrevivência do cristianismo. O principal rei franco foi Carlos Magno, da dinastia carolíngia, que governou entre 768 e 814, formando o que ficou conhecido como Império Carolíngio, ao conquistar as regiões que hoje correspondem a França, Bélgica, Holanda, Alemanha, norte da Itália e parte da Espanha. Carlos Magno foi sucedido por seu filho Luís, cuja morte deu início a um processo de desagregação do império. Os netos de Carlos Magno, Luís, Lotário e Carlos iniciam uma guerra pelo controle do trono que terminou com a divisão do território franco entre os três. FEUDALISMO - Cap. 1 Definição organização política, econômica, social e cultural da Europa Ocidental, durante a Idade Média. Organização Política O rei não tinha poder de fato, sua posição era baseada na tradição. O senhor feudal, grande proprietários de terra, exercia poderes absolutos em seus domínios: administrava as terras, aplicava a justiça, elaborava as leis, fabricava moedas e tinha um exército particular. Organização Econômica A agricultura era a principal atividade econômica. O comércio limitava-se à troca de mercadorias, o uso de moedas era bastante restrito e limitava-se aos senhores feudais. A produção era realizada em grandes propriedades chamadas feudos. Esses feudos eram auto-suficientes, ou seja, produziam tudo o que era necessário para a sobrevivência dos moradores. A mão-de-obra utilizada era a dos servos, que não eram escravos, porque não podiam ser vendidos, mas não eram assalariados. Para permanecer nas terras do senhor feudal, o servo tinha que cumprir uma série de obrigações: Talha trabalhavam 3 dias por semana no manso (terra) servil e tinha que entregar a maior parte da produção para o senhor feudal;

IMPÉRIO CAROLÍNGIO Cap. 1 - colegiocetec.com.br · VIII quando, um após outro, os governadores das diversas províncias passaram a negar ajuda ao governo central. As rivalidades,

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IMPÉRIO CAROLÍNGIO – Cap. 1

A conquista de Roma, em 476, pelos germânicos levou a uma nova crise religiosa, já

que os invasores tentaram impor sua religião politeísta aos cristãos. Outro problema foi

a constante violência, uma vez que depois da queda do Império, os vários reinos

germânicos que ocuparam a região, passaram a brigar entre si.

Apesar da ameaça, a Igreja católica fortaleceu seus laços com os fiéis. Numa situação

de caos e desintegração das instituições políticas, os membros da Igreja acabaram

oferecendo abrigo, cuidando dos feridos e distribuindo alimentos. Muitos preferiram

abandonar as cidades e buscar refugio no campo, o que levou a um processo de

ruralização da sociedade européia ocidental.

Dentre os povos germânicos o que mais se destacou foi o dos francos. No ano de 495

o rei franco Clóvis, da dinastia merovíngia, se converteu ao cristianismo, o que deu a ele

o apoio da Igreja no enfrentamento de outros reinos. Essa aliança acabou garantindo a

sobrevivência do cristianismo.

O principal rei franco foi Carlos Magno, da dinastia carolíngia, que governou entre

768 e 814, formando o que ficou conhecido como Império Carolíngio, ao conquistar as

regiões que hoje correspondem a França, Bélgica, Holanda, Alemanha, norte da Itália e

parte da Espanha.

Carlos Magno foi sucedido por seu filho Luís, cuja morte deu início a um processo

de desagregação do império. Os netos de Carlos Magno, Luís, Lotário e Carlos iniciam

uma guerra pelo controle do trono que terminou com a divisão do território franco entre

os três.

FEUDALISMO - Cap. 1

Definição – organização política, econômica, social e cultural da Europa Ocidental,

durante a Idade Média.

Organização Política

O rei não tinha poder de fato, sua posição era baseada na tradição. O senhor feudal,

grande proprietários de terra, exercia poderes absolutos em seus domínios: administrava

as terras, aplicava a justiça, elaborava as leis, fabricava moedas e tinha um exército

particular.

Organização Econômica

A agricultura era a principal atividade econômica. O comércio limitava-se à troca de

mercadorias, o uso de moedas era bastante restrito e limitava-se aos senhores feudais.

A produção era realizada em grandes propriedades chamadas feudos. Esses feudos

eram auto-suficientes, ou seja, produziam tudo o que era necessário para a

sobrevivência dos moradores.

A mão-de-obra utilizada era a dos servos, que não eram escravos, porque não podiam

ser vendidos, mas não eram assalariados. Para permanecer nas terras do senhor feudal, o

servo tinha que cumprir uma série de obrigações:

Talha – trabalhavam 3 dias por semana no manso (terra) servil e tinha que

entregar a maior parte da produção para o senhor feudal;

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Corvéia – trabalhavam 3 dias por semana no manso senhorial e a produção

era totalmente entregue ao dono da terra;

Banalidades – os servos pagavam, com produtos, pelo uso das instalações do

feudo: moinho, fornos, destilaria.

Organização Social

A sociedade era dividida em Estados e não havia mobilidade social:

1° Estado – clero – membros da Igreja

2° Estado – nobreza – senhores feudais e familiares

3° Estado – servos e camponeses livres.

Entre a nobreza existia a relação de vassalagem, entre o suserano e o vassalo:

Suserano – senhor feudal que necessitava de um exército para proteger suas

propriedades;

Vassalo – filho do senhor feudal, sem direito à herança, que presta serviços

militares ao senhor feudal, como cavaleiro, em troca de um feudo.

A CULTURA MEDIEVAL E O PODER DA IGREJA

Durante o feudalismo, a Igreja católica era a instituição mais poderosa da Europa

Ocidental. Vários fatores explicam esse poder:

A maior parte da população alfabetizada era composta pelo clero. Dessa forma,

toda a cultura letrada era produzida pela Igreja, o que dava margem à manipulações e

direcionamentos. A maior parte dos livros retratava a vida dos santos e a filosofia cristã;

A Igreja era a maior proprietária de terras das Europa Ocidental. 2/3 de todos os

feudos pertenciam à Igreja que, também obtinha recursos com a venda de relíquias

religiosas, muitas vezes falsas, e com a cobrança de indulgências. As indulgências eram

a venda para o perdão dos pecados;

A Igreja católica era a representante de Deus na Terra, por isso, contestá-la era ir

de encontro ao próprio Deus.

Durante a Idade Média foi criado o Tribunal do Santo Ofício ou Tribunal da

Inquisição, cuja função era julgar os acusados de heresia. Heresia eram crimes

cometidos contra a Igreja, o acusado de heresia era chamado de herege. O tribunal fazia

intenso de uso de torturas para obter confissões.

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O IMPÉRIO ÁRABE – Cap. 2

Por volta do ano 600, a península Arábica era habitada por tribos que viviam do

pastoreio. A região é desértica e desprovida de água e vegetação, o que dificulta o

desenvolvimento agrícola.

As cidades eram pólos comerciais, já que a localização da península transformava-a

em rota de ligação entre o Oriente e o Ocidente.

Os árabes eram politeístas. Cada tribo tinha suas divindades e cultos particulares. As

divindades estavam reunidas na Caaba, um santuário de forma cúbica que ficava na

cidade de Meca, cuja riqueza estava ligada as peregrinações religiosas.

A história da região começou a mudar com o surgimento do Islamismo, religião

criada pelo comerciante Maomé.

A religião islâmica ou muçulmana acredita na existência de um único Deus, Alá;

prega a imortalidade da alma e estabelece uma série de preceitos morais: orar cinco

vezes ao dia voltado para Meca; dar esmolas; não consumir bebidas alcoólicas nem

comer carne de porco; jejuar no mês de Ramadã e descansar as sextas-feiras, ir pelo

menos uma vez na vida à Meca.

No entanto, o princípio que possibilitou a expansão territorial islâmica foi a noção de

Guerra Santa, ou seja, os islâmicos tem o dever de espalhar, por meio de conquistas

territoriais, a sua fé e converter os infiéis ao culto de um só Deus. Os mulçumanos

crêem que os que morrem combatendo pela fé islâmica têm assegurado o paraíso. Isso

explica o empenho demonstrado pelos árabes em todas as suas conquistas.

Além da questão religiosa, a expansão árabe foi motivada pela necessidade de obter

terras para o cultivo agrícola e a possibilidade de expandir o comércio.

No entanto, antes da expansão territorial, Maomé teve que enfrentar a resistência dos

comerciantes de Meca que não aceitavam a nova religião, temendo a decadência

comercial da cidade. Depois de inúmeros conflitos, Maomé conseguiu impor o

Islamismo a toda a península e a Caaba passou a ser o templo sagrado da nova religião.

Após a morte de Maomé, em 632, seus sucessores iniciam a conquista de vastos

territórios, incluindo a Síria, a Pérsia (Irã), o Turquestão, o norte da África, incluindo o

Egito e grande parte da Península Ibérica (Portugal e Espanha).

O Império Islâmico entrou em decadência a partir do séc. VIII quando, um após

outro, os governadores das diversas províncias passaram a negar ajuda ao governo

central.

As rivalidades, o fanatismo e as ambições pessoais dos diversos califas (chefes

locais) levaram às guerras civis e a desagregação do Império.

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ÁFRICA – Cap. 3

GANA – 300 – 1240

Formação de um império, a partir da conquista de povos vizinhos;

Comércio com os árabes – influência islâmica;

Primeiro Estado islâmico da Costa Ocidental da África;

Principais atividades econômicas: agricultura, criação de animais e mineração

de ouro, negociado com os árabes.

MALI – 1240- 1464

Revolta contra Gana levou à formação de um novo império;

Manutenção do Islamismo e comércio com os árabes;

Estabelecimento de contratos escritos e transações à crédito.

SONGHAI – 1464 – 1492

Revolta contra Mali – aprofundamento das influências árabes, com a formulação

de uma Constituição por doutores da lei islâmica;

A arquitetura e a literatura também foram influenciadas pelo islamismo.

Comércio – As cidades de Timbuktu e Jemme se tornaram os maiores centros

comerciais do mundo árabe;

Reforma administrativa – fim dos privilégios da nobreza;

Conflitos entre reis e nobres;

Decadência do Império a partir das invasões marroquina e portuguesa.

REINOS IORUBAS – COSTA OCIDENTAL

Cidades-Estados – principal Ifé – artesanato de cobre e bronze; comércio com os

árabes;

Manutenção da cultura local;

A religião era politeísta. O rei, Obá, tinha poderes divinos e era auxiliado pelo

babalaô, uma mistura de adivinho, conselheiro e cobrador de impostos.

Segundo a lenda, O orixá-rei, Odudua, criador da Terra e ancestral de todos os

homens, teria enviado seu filho, o príncipe Oranian para a região de Benin, lá ele teria

engravidado uma princesa que deu a luz ao primeiro rei de Benin.

REINOS DO SUL E NE

CONGO – SÉC. XV

Formação de um império a partir da conquista de outros reinos

As principais atividades eram a agricultura e a criação de animais. A riqueza

era medida pelo número de cabeças de gado possuído. A posse da terra era

coletiva e a sociedade estava organizada num sistema de clãs.

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ZIMBÁBUE – SÉC. IX – XIII

No ano 900 foi construída a Grande Zimbábue, capital do reino, onde estava

localizado o palácio real;

Dedicavam-se a agricultura, pecuária e mineração. Comercializavam cobre,

ouro e marfim com o Oriente, principalmente árabes.

AXUM E ETIÓPIA – NE

Reinos cristãos;

A maioria da população era formada por pequenos agricultores que

cultivavam algodão, café, trigo, cevada e tef (grão);

Os camponeses pagavam impostos e realizavam trabalhos obrigatórios para a

nobreza e o clero.

CHINA – Cap. 4

Até 1800 a.C. a China era formada por pequenos reinos que foram unificados num

longo processo, dando origem a dinastia Han (206 a.C – 220 d.C.).

Após o fim dessa dinastia a China viveu outro longo período de descentralização, até

que no séc. V, os reinos do norte foram reunificados sob o comando da dinastia Sui

(588 – 604). No entanto, derrotas militares e rebeliões de nobres levaram à formação de

uma nova dinastia, a Tang, que reinou de 618 a 907. Sob a dinastia Tang os reinos do

sul foram incorporados, unificando o território chinês.

Organização Administrativa

Criação de escolas para a formação de funcionários públicos;

Criação de um conjunto de leis – Código Tang;

Concurso para a admissão de funcionários públicos – leitura e escrita,

matemática e contabilidade;

Inconformismo dos chefes locais que perderam poder para os funcionários

públicos. Foram contidos pelo fortalecimento de chefes militares locais

RELIGIÃO

Durante o período de descentralização política, os monges budistas se fortaleceram

assumindo tarefas como a educação, a saúde pública e a assistência social.

Para conter o crescente poder dos monges budistas, a dinastia Tang tomou uma série

de medidas: mandou derreter os sinos e estátuas de mosteiros, alegando falta de metais

para cunhar moedas; foram confiscadas as terras e os bens dos religiosos; os monges

perderam a isenção de impostos e muitos mosteiros foram transformados em prédios

públicos.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA

A maior parte da população era formada por camponeses que trabalhavam nas terras

dos grandes proprietários. Encontramos ainda os trabalhadores pobres das cidades;

funcionários públicos; e comerciantes.

A principal atividade econômica era a agricultura, com destaque para a produção de

arroz. Uma reforma agrária, durante a dinastia Tang, possibilitou o aumento da

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produção, gerando excedentes para a exportação. Além disso, houve incentivos às

manufaturas, com o desenvolvimento de novas técnicas, como a de produção de

porcelana que passou a ser tão procurada quanto a seda.

Em 906 o último imperador Tang foi derrubado por uma série de rebeliões de

camponeses, atingidos por uma série de secas que destruiu a produção agrícola e

revoltados com a cobrança de impostos. Outro problema foi a rebelião de chefes locais

contra o poder central.

A China focou quase sessenta anos sem um poder centralizado até que, em 960, um

dos chefes militares reunificou os reinos e fundou a dinastia Song. Em 1127 a China

sofreu com invasões de povos vindos do norte da Ásia, assim, o reino dos Song ficou

restrito à região sul.

A dinastia Song reorganizou a administração do reino e passou a centralizar a

economia. Nesse período a indústria têxtil, a fabricação de papel e de porcelana se

destacou. O desenvolvimento de embarcações e da bússola facilitou o comércio

exterior.

No início do século XIII, os mongóis, sob a liderança de Gengis Kan, conquistaram

áreas do norte da China. Em 1279, Kublai Kan, neto de Gengis, finalizou o processo de

conquista, dominando toda a China, fundando uma dinastia estrangeira, conhecida como

Yuan.

JAPÃO - Cap. 4

Não se sabe ao certo a origem dos primeiros habitantes do Japão. Acredita-se que os

primeiros registros sobre imperadores são fundamentados em mitos.

O que se percebe entre os séculos V e VI é uma forte influência chinesa com a

adoção da escrita ideográfica e da filosofia de Confúcio.

Por volta do século IX surgiu no Japão a figura do Samurai, guerreiros que

dedicavam a vida a seus senhores. Inicialmente eram pequenos proprietários de terras

ou administradores de propriedades. Com o tempo, eles se tornaram funcionários

imperiais e passaram a administrar as aldeias camponesas e a coletar impostos.

A partir do século XI, o poder imperial entra em declínio, marcado pelos violentos

conflitos entre os chefes dos clãs. Surge assim o sistema de xogunato, que sobreviveu

até 1867.

Por esse sistema um líder local controlava os grandes proprietários rurais de uma

determinada região, os chamados daimios, responsáveis pela administração, justiça,

impostos, obras públicas e defesa dos grandes territórios.

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A CRISE DO FEUDALISMO - Cap. 5

AS CRUZADAS

Definição – expedições militares, convocadas pelo papa, com o objetivo

de conquistar a Palestina, especialmente Jerusalém (Terra Santa) que estava sob

domínio dos turcos, que eram islâmicos.

A primeira Cruzada durou de 1096 a 1099 e conseguiu conquistar Jerusalém. No

entanto, os turcos, que foram surpreendidos, se reorganizaram e reconquistaram a

cidade. A partir daí, as cruzadas subseqüentes não atingiram o objetivo.

Além da motivação religiosa as cruzadas foram motivadas pela intenção do papa de

reunir os cristãos do ocidente e do oriente sob seu comando, a busca da nobreza pelas

riquezas do oriente e a tentativa dos servos de fugir da vida miserável que levavam.

Além da superioridade militar dos turcos; a falta de organização; as disputas entre os

nobres pelo comando das expedições e o abandono do objetivo principal, explicam o

fracasso desse movimento.

Apesar de não atingir seu objetivo, as Cruzadas possibilitaram aos europeus

retomarem a navegação do mar Mediterrâneo sob controle dos árabes e reativarem o

comércio com o Oriente, centralizado na cidade de Constantinopla.

Esse fato, aparentemente, colateral provocou uma série de transformações

econômicas que levaria a desagregação do Feudalismo.

O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO - Cap. 5

Por volta do ano 1000, o sistema feudal já tinha mudado bastante. O comércio tinha

se intensificado. As cidades começavam a renascer.

O fator decisivo para essas mudanças, como já vimos, foram as Cruzadas, pois

contribuíram para o restabelecimento das relações entre o Ocidente e o Oriente e para a

abertura do mar Mediterrâneo.

O modo de vida dos comerciantes não se baseava na agricultura e na propriedade da

terra, mas no comércio e no dinheiro. De maneira geral, utilizavam como rotas

comerciais terrestres as antigas estradas romanas. Os mais ricos deslocavam-se a cavalo,

mas a maioria viajava a pé. Transportavam os seus bens em caravanas, por razões de

segurança.

Ao longo das rotas comerciais realizavam-se grandes feiras. A media em que o

comércio se expandia, iam surgindo cidades nos locais das feiras, que eram chamadas

de burgos.

Nas cidades também se instalaram oficinas de artesãos: sapateiros, ourives, ferreiros,

oleiros, carpinteiros etc.

Esse novo grupo social, formado por comerciantes, artesãos e, mais tarde,

banqueiros, formavam uma nova classe social, chamada de burguesia.

Essas transformações passaram a gerar conflitos entre os senhores feudais e a

burguesia, como as cidades se situavam em terras pertencentes aos feudos, os nobres

exigiam o pagamento de impostos por parte dos seus moradores. Além disso, muitos

servos começaram a fugir para as cidades, transformando-se em trabalhadores

assalariados. Os senhores feudais exigiam a volta dos camponeses para os feudos.

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Para enfrentar os senhores feudais os mercadores se uniram para formar seu próprio

exército e lutar pela independência das cidades. Outra solução era a compra da liberdade

junto aos grandes proprietários. Ficou estabelecido, também, que o servo que não fosse

reclamado pelo seu senhor ao longo de sete anos, seria um homem livre.

Além das transformações sociais e econômicas, a crise do século XIV foi

fundamental para a desarticulação do feudalismo: a fome, a peste, as guerras e as

revoltas populares levaram ao colapso do sistema.

RENASCIMENTO CULTURAL – Cap. 6

Definição – movimento cultural característico da Europa, entre os séculos XIV e XVI,

que rompeu com a cultura da Idade Média, marcada pelo controle da Igreja Católica;

Características:

Valorização da cultura greco-romana, onde os europeus buscavam inspiração

tanto nas artes, quanto na filosofia;

A Europa abandona a concepção teocentrista, onde Deus é o centro de todas as

coisas, e adota o antropocentrismo, o homem passa a ser o centro das

preocupações artísticas e cientificas dos renascentistas;

Mudança na concepção do mundo. Na Idade Média o guerreiro era o exemplo a

ser seguido, com o Renascimento, o homem passa a ter outras preocupações.

Alem da guerra, e se interessa por artes, ciência, literatura; o homem passa a ter

uma formação global;

Valorização da razão. Durante a Idade Média os fenômenos humanos e naturais

eram explicados como vontade de Deus, já na Idade moderna busca-se explicar

o mundo através da ciência, com o uso da razão e do experimentalismo.

REFORMA PROTESTANTE – Cap. 7

Definição – Durante a Idade Moderna, a Igreja católica viveu a pior crise da sua

história, com a perda de milhares de fiéis para outras religiões cristãs que

surgiram nesse período. O conjunto dessas religiões é chamado de protestante.

CAUSAS:

Religiosas – A corrupção da Igreja, que se preocupava mais com

questões materiais do que com questões espirituais. A principal critica

era contra a venda das indulgências, ou seja, o perdão para os pecados.

Além disso, havia, no interior do clero, um debate filosófico que opunha duas

posições: o livre arbítrio x destino traçado por Deus;

Econômicas – os reis que aderiram à Reforma Protestante passaram a

confiscaras propriedades da Igreja, que se tornariam do Estado;

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Muitos burgueses não aceitavam a condenação feita pela Igreja de atividades como

os empréstimos a juros e os abusivos lucros comerciais;

Sociais – como grande proprietária de terras, a Igreja explorava o

trabalho de milhares de camponeses, ainda sob o regime de servidão.

Dessa forma, ocorrem inúmeras rebeliões.

Políticas – com o fortalecimento do poder nas mãos dos reis. Muitos não

aceitam mais a interferência da Igreja em assuntos internos e externos;

Culturais – o desenvolvimento científico, característico do

Renascimento, contesta uma serie de afirmações feitas pela Igreja

católica, o que abre a possibilidade de contestação da Igreja como

representante de Deus.

Principais momentos da reforma:

1520 -> Lutero -> Alemanha ->Luteranismo

1536 -> Calvino -> Suíça -> Calvinismo

1534 -> Henrique VIII -> Inglaterra -> Anglicanismo

CONTRA-REFORMA

Definição – serie de medidas tomadas peça Igreja católica para conter a Reforma

Protestante.

Principais medidas:

Convocação do Concilio de Trento – reunião dos principais membros do clero

para a busca de soluções para a crise;

Criação de seminários para melhorar a formação do clero;

Criação do Index – lista de livros proibidos para os católicos;

Reafirmação dos dogmas católicos;

Criação da Cia de Jesus – Jesuítas – com a missão de espalhar o catolicismo

pelos outros continentes;

Intensificação das ações da Inquisição nos países que permaneceram católicos

(Itália, Espanha, Portugal e França).

AS MONARQUIAS NACIONAIS – Cap. 8

Os burgueses sentiam-se prejudicados pelo sistema feudal, além dos impostos

cobrados pelos senhores feudais, a variedade de moedas, pesos e mediadas e leis

atrapalhava a expansão comercial.

Além disso, havia muita confusão e insegurança. Os exércitos feudais saqueavam as

cidades, pilhavam, destruíam e roubavam. Para resolver esses problemas,

definitivamente, era necessário um poder centralizado.

Assim, os burgueses passaram a se aliar aos reis, financiando exércitos nacionais

para combater os exércitos feudais. Com a centralização do poder haveria a unificação

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de impostos, pesos e medidas, moedas e leis, o que facilitaria o desenvolvimento

comercial.

ABSOLUTISMO MONÁRQUICO – Cap. 8

Definição – sistema de governo característico da Europa ocidental entre os séc. XV e

XVIII.

Características – Os reis concentravam em suas mãos todos os poderes; faziam leis,

aplicavam a justiça, criavam e arrecadavam impostos, mantinham um exército

permanente, nomeavam funcionários, estabeleciam monopólios econômicos, etc. Não

havia liberdade religiosa, os reis estabeleciam a religião oficial do Estado. A oposição

era perseguida com violência, sem que houvesse liberdade de expressão.

Fatores que possibilitaram o Absolutismo

Expansão comercial e marítima – o desenvolvimento do comercio e as grandes

navegações fortaleceram as economias européias, controladas pelos reis, que

lucravam com a cobrança de impostos. Além disso, fortaleceu a burguesia,

classe social que apoiou os reis na luta contra os senhores feudais;

Renascimento – A visão racionalista, característica do renascimento fortaleceu

o poder político do rei e enfraqueceu o poder da Igreja;

Reforma Protestante – Tornou possível a passagem de bens da Igreja católica

para as mãos de vários reis. Além disso, muitos reis tornaram-se chefes das

Igrejas de seus Estados. Essa redução do poder papal aumentou o poder real.

Teoria do direito divino dos reis – De acordo com essa teoria, os reis recebiam

o poder diretamente de Deus e só a Ele deviam prestar contas de seus atos. A

pessoa do rei é sagrada e se opor a ele é cometer sacrilégio (pecar contra Deus)

MERCANTILISMO- Cap. 8

Durante a Idade Moderna os países europeus mediam a riqueza de uma nação pela

quantidade de ouro e prata possuídos, esse princípio era chamado de metalismo.

Para atingir a meta de acumular metais preciosos, os países europeus adotaram uma

política econômica chamada de mercantilismo.

As principais medidas mercantilistas eram:

Manutenção de uma balança de comércio favorável;

Adoção de uma política protecionista, com o aumento das taxas alfandegárias;

Desenvolvimento de uma marinha mercante e de guerra;

Adoção do pacto colonial na relação com as colônias

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O Pacto Colonial

Para garantir a transferência de riquezas das colônias para as metrópoles os países

europeus estabeleceram uma série de regras, as principais eram: o monopólio comercial

e a proibição de desenvolvimento de manufaturas nas colônias.

Dessa forma, as colônias enviavam para as metrópoles gêneros tropicais, matérias

primas e metais preciosos e recebiam escravos e produtos manufaturados.

AS GRANDES NAVEGAÇÕES – Cap. 9

A partir do séc. XV, os países europeus iniciam a conquista de territórios na América,

Ásia e África, num movimento que ficou conhecido como Grandes Navegações ou

Expansão Marítima e Comercial. Foi nesse contexto que os portugueses chegaram ao

Brasil em 1500. As Grandes Navegações foram causadas pelos seguintes fatores:

* Necessidade de obter novos mercados fornecedores de produtos agrícolas;

* Necessidade de aumento dos mercados consumidores de manufaturados;

* O esgotamento das minas de ouro e prata na Europa, levando à busca desses metais em

outras partes do mundo;

* A busca de um novo caminho para as Índias, importante fonte fornecedora de especiarias.

* O progresso da ciência que permitiu a navegação do oceano Atlântico, com o

aperfeiçoamento ou invenções de uma série de instrumentos náuticos, como a bússola e a

caravela.

As Grandes Navegações foram iniciadas pelos portugueses que passaram a buscar um

novo caminho para as Índias contornando a África. O primeiro navegador a realizar essa

viagem foi Vasco da Gama, em 1498.

Os portugueses iniciam as grandes navegações porque foram o primeiro país da Europa

onde foi articulada uma aliança entre o rei e a burguesia (grandes comerciantes, banqueiros e

donos de manufaturas). Essa aliança estabeleceu que o rei de Portugal organizaria a

expansão marítima enquanto a burguesia financiaria o empreendimento; os lucros seriam

divididos. Além disso, os portugueses tinham uma posição geográfica privilegiada, voltada para

o oceano Atlântico e um grande desenvolvimento científico.

Os espanhóis também tentaram chegar as Índias dando a volta ao mundo. Com isso, em

1492 Cristóvão Colombo chegou a América acreditando ter chegado às Índias.

Vale lembrar que, no século XV, os europeus tinham um conhecimento restrito do

mundo, para eles os continentes limitavam-se a Europa, norte da África e parte da Ásia.

Com a chegada de Colombo à América, Portugal e Espanha iniciam uma disputa pela

posse do continente americano que resultou, em 1494, na assinatura do Tratado de Tordesilhas,

dividindo entre esses países as terras descobertas ou por serem encontradas.

A partir desse acordo, Pedro Álvares Cabral recebe do rei de Portugal a missão de tomar

posse das terras ao sul da América em nome de Portugal. Dessa forma, Cabral chegou a Porto

Seguro (BA) em 22 de abril de 1500.

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Conseqüências das Grandes Navegações

deslocamento do eixo da atividade comercial do mar Mediterrâneo para o

oceano Atlântico;

popularização do uso das especiarias; mudanças de hábitos alimentares, com a

inclusão de produtos como a batata, o milho, a mandioca, o ananás e o cacau, levados

da América para o continente europeu;

mudança na concepção de mundo (fim da crença de que a terra era plana, de

que existiam sereias, monstros marinhos nos oceanos);

ampliação do conhecimento da astronomia (descobrem-se as constelações

do hemisfério sul e abre-se o caminho para a teoria heliocêntrica, ou seja, a de que a

Terra gira em torno do Sol);

propagação da cultura européia para os outros continentes (inclusive o

cristianismo);

povoamento e exploração das terras encontradas;

grande concentração de metais preciosos na Europa ocidental;

submissão das populações americanas, asiáticas e africanas à escravidão e

trabalhos compulsórios.

POVOS PRÉ-COLOMBIANOS – Cap. 10

Maias

México e América Central

Escrita, matemática, astronomia e arquitetura (pirâmides)

Monarquia / cidades-estados

Politeístas /sacrifícios humano

Diferenças sociais

Astecas

México

Escrita, medicina, astrologia e arquitetura (pirâmides)

Agricultura /chinampas (ilhas artificiais)

Monarquia teocrática –Imperador

Domínio de povos locais / diferenças sociais

Politeístas / sacrifícios humanos

Incas

Oeste da América do Sul/ Andes

Não tinham escrita

Matemática, medicina, arquitetura, artesanato

Agricultura (andinos/cultivo em degraus)

Monarquia teocrática/ Imperador

Domínio dos povos locais/ diferenças sociais

Politeístas/ sacrifícios humanos

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Esquadra de Cabral:

- Saída - 9 de março de 1500

- Chegada – 22 de abril de 1500

- 44 dias de viagem

- 13 embarcações / 1350 pessoas

Brasil pré-Cabral – 6 milhões de habitantes

Portugal em 1500 – 1.350.000 de habitantes

Hoje – 50 grupos indígenas sem contato com o homem branco

A ESCRAVIDÃO INDÍGENA NA AMÉRICA ESPANHOLA – Cap. 11

Mita e Encomienda

Como a Igreja católica proibia a escravidão indígena, os espanhóis adotaram outras

formas de exploração dessa mão-de-obra, que disfarçavam o caráter escravista.

Mita -trabalho obrigatório periódico que já era utilizado entre os indígenas antes da

chegada dos espanhóis. De tempos em tempos, as várias tribos eram obrigadas a fornecer

um certo número de trabalhadores, chamados mitayos, principalmente para o serviço nas

minas.

Encomienda - Cada colono espanhol (encomendero) recebia sob sua tutela um certo número de índios,

que explorava impiedosamente a pretexto de cristianozá-los;

O PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530) – Cap. 12

Nos primeiros trinta anos da chegada dos portugueses ao Brasil não houve a

colonização de fato, já que não ocorreu a ocupação do território, nem o

desenvolvimento de uma atividade econômica. Isso aconteceu porque os portugueses

não encontraram ouro, num primeiro momento, e porque estavam mais interessados em

explorar sua lucrativa colônia nas Índias.

Dessa forma, a presença portuguesa limitou-se às expedições de exploração e

guarda-costas. Nesse período houve a exploração do pau-brasil, com a ajuda dos índios,

que trocavam a madeira por uma série de produtos como colares, espelhos e roupas. A

essa troca de mercadorias chamamos escambo.

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O PERÍODO COLONIAL (1530 - 1822) – Cap. 12

A partir de 1530 os portugueses passam a efetivamente colonizar o Brasil. Isso

ocorre porque sua colônia nas Índias é tomada pelos ingleses, assim, é necessário

desenvolver uma atividade econômica na colônia que compense o lucro perdido com a

exploração de especiarias. Além disso, temiam perder o território para os franceses que,

constantemente, invadiam a região.

Para colonizar o Brasil os portugueses escolhem a produção de cana-de-açúcar.

Por ser um produto tropical, a cana não pode ser produzida na Europa, assim, o açúcar

era um produto muito procurado e caro, dando a possibilidade de grandes lucros.

O açúcar foi produzido, principalmente no Nordeste do Brasil, porque essa região

tinha o clima adequado, quente e úmido, solo massapé e era o ponto da colônia mais

próximo dos mercados consumidores europeus.

Para incentivar a vinda de colonos para o Brasil, o rei de Portugal criou o sistema

de capitanias hereditárias. Assim, o Brasil foi dividido em quinze faixas de terras

doadas aos portugueses que deveriam desenvolver a produção de açúcar com recursos

próprios. A capitania era hereditária porque passava de pai para filho.

Esse sistema fracassou porque os portugueses que receberam as terras não tinham

dinheiro para iniciar a produção de açúcar, devido a enorme distância entre Brasil e

Portugal e aos constantes ataques indígenas. A maior parte dos donatários (aquele que

recebe uma capitania) sequer chegou a vir para o Brasil. Apenas duas capitanias

progrediram, Pernambuco e São Vicente.

Diante desse fracasso, o rei português criou o governo-geral. Por esse sistema, o

Brasil passaria a ter um governador, representante do rei na colônia, que criaria

condições para que os portugueses viessem para o Brasil produzir açúcar. Era função do

governador-geral: combater os índios; organizar o tráfico de escravos; emprestar

dinheiro para os produtores de cana; aplicar a justiça; disseminar o catolicismo na

colônia, através da catequese dos índios.

A CANA DE AÇÚCAR – Cap. 13

O fabrico do açúcar era feito nos engenhos. No começo, a palavra engenho

designava apenas as instalações onde era produzido o açúcar. Depois a palavra passou a

ser usada para englobar toda a propriedade, desde as terras cultivadas até as instalações

em que se produzia o açúcar.

No engenho encontramos: casa grande- onde vivia o proprietário com sua família;

senzala - onde ficavam os escravos; canavial; roças de alimentos; capela - onde eram

realizadas as cerimônias religiosas; casas de empregados livres; curral; casas de

engenho - onde o açúcar era produzido.

A cana depois de cortada era carregada para a moenda, onde era esmagada. O

caldo era levado para a caldeira, onde fervia até ficar bem grosso, como uma pasta. Esta

pasta era transferida para a casa de purgar, onde era fabricada a rapadura que era

exportada para a Europa.

Além do açúcar, os portugueses desenvolveram a produção de algodão e fumo

para a exportação e da mandioca para o consumo interno.

A ESCRAVIDÃO AFRICANA – Cap. 13

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A escravidão era praticada por vários povos africanos. O escravo era o prisioneiro de

guerra e o seu número era pequeno. A partir do século XV o europeu estabelece uma

nova forma de escravidão com consequências trágicas. O escravo passou a ser uma

mercadoria a ser comercializada nas colônias, principalmente na América, garantindo

grandes lucros para os mercadores e governos europeus. Outro aspecto importante, a

escravidão passou a ser definida pela cor da pele, com o estabelecimento de teorias

racistas de superioridade do homem branco.

O tráfico negreiro contou com a cooperação dos reinos africanos do litoral que

capturavam nativos do interior que eram vendidos ao traficante europeu, em troca de

produtos como armas, aguardente e açúcar.

Muitos grupos africanos resistiram à escravidão, por volta do século XVI houve a

revolta dos jagas que atacaram os reinos do litoral que cooperavam com os europeus.

Outra forma de resistência foi a formação dos quilombos.

É importante salientar que o uso da mão-de-obra escrava africana foi definido,

exclusivamente, pelos lucros obtidos com o tráfico negreiro, ou seja, seu sentido era o

econômico, justificado pelas teorias racistas de superioridade da raça branca. Estimasse

que doze milhões de pessoas tenham sido retiradas da África entre os séculos XVI e

XIXCom a implementação da produção de açúcar, começam a chegar ao Brasil os

primeiros escravos de origem africana. Na verdade, o que determinou a escolha da

escravidão africana era o alto lucro obtido com o comércio de homens e mulheres

realizado pelos europeus. O tráfico de escravos foi, durante séculos, uma das atividades

mais lucrativas do comércio internacional, com entrepostos na África sendo duramente

disputados pelas principais potências européias. Muitas guerras ocorreram pela disputa

do controle dos entrepostos.

Para conseguir os escravos, os comerciantes utilizavam diversos métodos. Eles

organizavam verdadeiras caçadas: entravam nas aldeias, perseguiam e prendiam seus

habitantes. Às vezes, os próprios chefes das tribos vendiam membros de seu grupo em

troca de tecidos, armas, jóias, tabaco, algodão, aguardente e outras mercadorias; outras

vezes, vendiam prisioneiros de guerra. Nesse caso, os próprios traficantes se

encarregavam de provocar guerras entre as tribos para depois comprar os prisioneiros.

A viagem até a América era trágica. Navios superlotados, alimentação precária,

centenas de escravos amontoados nos porões dos navios sem a mínima condição de

higiene. Os índices de mortalidade eram altíssimos. Muitos morriam por causa do

banzo, depressão provocada pelas condições da travessia.

Quando chegavam ao Brasil, os escravos eram colocados à venda em mercados.

Ficavam à mostra, em exposição, e eram examinados minuciosamente pelos

interessados. O escravo era tratado como se fosse uma mercadoria.

Os escravos começavam o trabalho ao raiar do dia e só paravam ao escurecer. Quase

não tinham descanso; em muitos engenhos, aos domingos, cultivavam pequenos

roçados para seu próprio sustento. Seu principal alimento era a mandioca.

Nos engenhos de açúcar, as condições de trabalho eram extremamente duras, tanto

nos canaviais quanto nas moendas e nas caldeiras. Essas condições somadas à

alimentação insuficiente e de péssima qualidade e aos constantes castigos físicos faziam

com que o tempo de vida produtiva de um escravo não passasse de dez anos. A

expectativa de vida era de cerca de 35 anos.

Os escravos viviam e trabalhavam vigiados pelos capatazes ou feitores. Quando

fugiam, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que recebiam certa quantia por

escravo capturado e devolvido ao senhor.

O castigo físico fazia parte do cotidiano da escravidão. Havia vários tipos de

castigos. Os principais eram:

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O tronco – os escravos eram presos pelas pernas em pequenas aberturas

existentes entre duas vigas de madeira; ficavam horas e, às vezes, dias

imobilizados, o que provocava inchaço das pernas, formigamento e fortes

dores;

Bacalhau – espécie de chicote de couro cru, que rasgava a pele; muitas vezes

os feitores passavam sal nos ferimentos, tornando a dor ainda maior;

Vira-mundo – instrumento de ferro que prendia pés e mãos;

Gargalheira – colar de ferro com várias hastes em forma de gancho.

.CONFLITOS CULTURAIS

Chegando à propriedade produtoras de açúcar, os africanos eram forçados a

abandonar grande parte de seus costumes e a adotar os hábitos impostos pelo seu dono.

Entretanto, eles conseguiram manter muitas das suas tradições: danças, palavras de sua

língua, religião, etc.

Em geral, o que acontecia era:

Em lugar dos alimentos com os quais estavam acostumados na África, os

escravos se alimentavam com a comida que o senhor lhes dava;

Em lugar de sua língua nativa, eram obrigados a aprender a língua geral,

que tinha forte influência das línguas indígenas;

Em lugar dos antigos hábitos de trabalho, o escravo era controlado pelo

feitor, que o castigava por qualquer falta;

Em lugar do padrão de moradia africana a vida coletiva da senzala: uma

habitação sem divisões, abafada, quase sem janelas;

Em lugar de suas religiões africanas, a religião católica, com missas,

batizados, casamentos e outros rituais impostos pelo padre-capelão do engenho.

OS ESCRAVOS RESISTEM – Cap.13

A exploração, as perdas da liberdade e de parte da cultura levaram muitos africanos a

resistir à escravidão: fugindo, assassinando feitores e senhores, cometendo suicídio,

fazendo abortos.

Muitas vezes, após fugirem, reuniam-se em comunidades chamadas quilombos.

No período colonial, a maior parte deles organizou-se no Nordeste, local de maior

concentração de escravos devido à produção de cana-de-açúcar.

Nos quilombos, os africanos falavam sua própria língua, seguiam as leis de suas

terras de origem, faziam suas festas, praticavam sua religião, etc.

Os habitantes dos quilombos eram chamados quilombolas. Eles cultivavam os

alimentos de que precisavam. Tinham pequenas oficinas onde faziam roupas, móveis e

instrumentos de trabalho. A vida nos quilombos não era fácil, pois as comunidades

estavam sempre sujeitas aos ataques das expedições enviadas pelos senhores de

engenho e pelo governo. Por isso, a maior parte dos quilombos teve vida curta; alguns,

entretanto, conseguiram resistir por décadas.

Dentre os quilombos mais conhecidos, destacam-se os da serra da Barriga, situada

entre nos atuais estados de Alagoas e Pernambuco. Eram cerca de dez quilombos,

unidos sob o nome de Palmares, que resistiram durante todo século XVII aos ataques do

governo e dos senhores de escravos. Palmares chegou a ter entre 20 e 30 mil habitantes

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em 1671, Macaco, o principal dos quilombos, chegou a ter 1 500 casas. Seu líder mais

importante foi Zumbi.

As autoridades coloniais desencadearam uma verdadeira guerra contra o quilombo

dos Palmares. Essa guerra foi uma das mais importantes do período colonial. De 1644,

quando aconteceu o primeiro ataque, até 1695, quando Zumbi foi morto, Palmares foi

atacado mais de trinta vezes.

Diante das constantes derrotas, o governador de Pernambuco contratou o bandeirante

paulista Domingos Jorge Velho.

Depois de dois ataques, a maioria da população de Palmares estava morta. Zumbi,

embora ferido, conseguiu fugir. Durante quase dois anos continuou organizando os

escravos da região e atacando os senhores de engenho e as forças do governo.

No final de 1695, um companheiro de Zumbi foi capturado e torturado até revelar o

esconderijo do líder. Atacado de surpresa, Zumbi lutou até morrer. Era o dia 20 de

novembro.

A cabeça de Zumbi foi cortada e levada para Recife. O governo mandou que fosse

colocada no alto de um poste, onde deveria ficar até se decompor, para servir de

exemplo.

A SOCIEDADE COLONIAL – Cap 13

A sociedade brasileira, surgida com a colonização portuguesa, tinha as seguintes

características:

Patriarcal – o homem mais velho, o patriarca, exercia um poder total sobre

todos os outros habitantes da propriedade, desde seus parentes mais próximos

até os escravos.

Os casamentos não eram feitos por escolha individual. A escolha era feita

pelos pais e não levava em conta a afetividade. Eram outros interesses que

prevaleciam, principalmente os de parentesco, a fim de que as fortunas, por meio

de heranças, ficassem entre poucas famílias. Por isso eram comuns os

casamentos entre primos e entre tios e sobrinhas. Depois do casamento o casal

passava a morar na casa do pai da moça ou do moço. O filho mais velho tinha

autoridade sobre os mais novos, que o tratavam com respeito e podiam ser por

ele castigados. Era uma espécie de preparação para substituir o pai, quando este

morresse.

As mulheres praticamente não tinham poder. O único papel reservado a elas

era o de esposa e mãe. Casavam-se muito cedo, por volta dos 17 anos de idade,

em geral com pessoas escolhidas pelo pai. Tanto as casadas como as solteiras

viviam no interior da casa-grande, saindo poucas vezes. Em geral, não eram

alfabetizadas.

É importante destacar que a família patriarcal era o modelo considerado ideal para a

elite colonial. Entretanto, existiam outras organizações familiares entre a população

formada por escravos e pessoas livres. Por exemplo, muitas mulheres pobres eram

chefes de família e responsáveis pelo seu sustento.

Miscigenação – a mistura de raças foi uma característica da sociedade

colonial, muitas, vezes, sob o signo da violência, o branco europeu, o negro

africano e o índio americano se misturaram. Surgiu, então, um país de mestiços:

branco + negro = mulato; branco + índio = caboclo ou mameluco; negro + índio

= cafuzo;

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Rural – a maior parte da população vivia no campo, em torno de

atividades como a produção de açúcar, fumo, algodão ou pecuária. As cidades

eram em número reduzido e se concentravam no litoral, com funções portuárias;

Aristocrata – os grandes proprietários controlavam o poder político nas

cidades, apenas eles tinham o direito de votar e serem eleitos vereadores;

Racista – a cor da pele definia a posição social, ser branco significava

ser um homem livre, o negro era escravo. A maior parte da população era

formada por escravos. No topo da sociedade estavam os grandes proprietários e

grandes comerciantes. Havia um pequeno número de trabalhadores livres e

assalariados constituía uma camada intermediária, mas sem poder político.

É importante notar que, na região das minas, que se desenvolveu a partir do final do

século XVII, organizou-se uma sociedade mais urbana que rural, o número de escravos

libertos era bem maior que no campo e havia uma camada intermediária mais

consistente, com funcionários públicos, soldados, comerciantes, pequenos mineradores

e tropeiros (responsáveis pelo transporte de mercadorias entre diferentes regiões da

colônia).

INVASÃO HOLANDESA – Cap. 13

1580 – 1640 - União Ibérica – o rei da Espanha, Filipe II, ocupa o trono de

Portugal e afasta a Holanda da sociedade que mantinha com Portugal, para a

produção do açúcar.

Invasão da Bahia – 1624/25

Invasão de Pernambuco: 1630/1654

- Criação da Companhia das Índias Ocidentais;

- Nomeação de Maurício de Nassau governador de PE:

Mandou restaurar a cidade de Olinda;

Protegeu as artes;

Construiu a cidade a cidade Maurícia;

Construiu pontes, hospitais, asilos de órfãos em Recife.

1642 – Medidas tomadas pela Cia das Índias provocou a revolta dos senhores

de engenho:

Tentou forçar os senhores de engenho a aumentar a produção de açúcar;

Passou a cobrar dívidas atrasadas e a confiscar as propriedades de quem

não pagava;

Aumentou os impostos.

Insurreição Pernambucana – com a ajuda dos portugueses, que reconquistaram sua

independência da Espanha, os senhores de engenho expulsaram os holandeses de PE.

- Os holandeses vão produzir açúcar nas Antilhas.

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