Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    1/10

    Eric H

    Cline

    Mark W Graham

    Universidade George Washington Faculdade

    de

    Grove City

    IMPRIOS

    NTI OS

    Da Mesopotmia Origem do

    Isl

    raduo

    Getulio Schanoski

    }r

    M R S

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    2/10

    C P T U L O

    l

    P R E L D I O E R D O S N T I G O S I M P R I O S

    Co m

    machados

    de

    bronze

    e u

    conquistei

    A Lenda de Sargo de

    Acdia

    Qual a relao entre ideologia, econom ia,

    fora

    m ilitar e pol-

    tica (para o q ue usaremos neste livro as letras IEMP) no surgi-

    mento do urbanismo e das cidades-estados?

    Que relaes de comrcio, diplomticas e polticas entre os di-

    versos tipos e estgios de integrao e consolidao existiram

    alm do nvel da cidade-estado?

    Como surgiram os primeiros imprios da histria?

    A

    Era dos Antigos Imprios, aquela sucesso amplamente inin-

    terrupta de imprios que se estendeu do sculoVIII a.C. at o

    sculo VIII d.C.,

    no

    surgiu

    ex

    nihilo

    do

    nada. Quando

    a era

    se

    iniciou,

    um longo histrico de cidades-estados, reinos e at mesmo

    alguns impriosj haviam estabelecidoseucurso - umahistria rica

    com

    quase

    o

    dobro

    da Era dos

    Antigos Imprios

    em si.

    Antes disso,

    houYe

    u m

    perodo indefinido

    e

    muitas vezes mais longo

    d e

    colonizao

    humana pr-histrica .

    A Era dos Antigos Imprios foi construda so-

    br e

    alicerces

    muito antigos.

    Um a

    srie

    de

    mudanassignificativas,

    que se

    iniciaram

    p or

    volta

    de

    4000

    a.C.,prenunciou um anovaera da

    histria humana. Padres

    de

    povoamentomudavam, conformeascidades-estados- cidades politica-

    mente

    independentes

    e

    suas

    terrasadjacentesdo

    interior

    - tornavam-se

    importantescentros

    de

    populaes

    densasede realizaescr iat ivasse m

    P R K L U I O

    E R D O S

    ANTIGOS

    I M P R I O S

    precedentes.

    Po r

    volta

    de

    3000

    a.C.,

    essas

    mudanas fizeram

    surgir

    o

    que os eruditos chamam de Idade do Bronze,que se estende atpouco

    tempo aps 1200 a.C. O comrcio e as relaes diplomticas come-

    aram a emergir entre lugares distantes, formando redes e imprios

    bastante estveis, mas que tambm acabaram provocando batalhas e

    guerras.

    O s

    primeiros exrcitos foramreu nidos, levados

    a

    guerrear

    so b

    o

    com ando de reis constitudos de seu direito divino.

    Entre

    a serasd e crescimento, consolidao e integrao, o mundo

    viveu

    longos perodos de quase sculos de fragmentao, retrao e

    colapso, conhecidos como eras sombrias pelo fato de terem produzido

    pouqussimos registros escritos e monumentos. Esse perodo no foi

    um a marcha inexorvel de progresso, mas apenas cumulativa. Com

    cada perodo de recuperao, algumas cidades-estados alcanavam

    um a escala maior em termos do tamanho de suas reas, populaes e

    monumen tos consolidados. O perodo final de retrao que se iniciou

    nosculo XII

    a.C.,

    um perodo de mais de 300 anos normalmente co-

    nhecidocomo a Baixa

    Idade

    Mdia ou Idade das T revas, indicou o fim

    da Era doBronze. A recuperao poltica e cultural iniciada na Baixa

    IdadeMdia marcou o verdadeiro com eo da Era dos Antigos Imprios.

    O

    S U R G I M E N T O

    DOIMPRIO

    Nossa histria comea no Oriente Prximo, uma grande regio

    antiga que vai desde a costa leste do m ar Egeu e central da Prsia at a

    parte central norte de Anatlia e sul do Egito

    (fig.

    1.1). Quase todos os

    imprios antigos comearam nesse ponto, muitos deles se estendendo

    at

    lugares muito alm dessa regio. Os poucos que de fato no se ori-

    ginaram no O riente Prximo acabaram incluindo pores importantes

    dessa rea. Muitos

    m ilnios

    mais tarde, nossa histria termina no

    centro

    daregio, quase exatamente no mesmo local onde com eou.

    Quatro sees ou arenas amplas constituam o Oriente Prximo.

    A

    Mesopotmia,

    a

    Terraentre

    osRios - o

    T igre

    e oEufrates-,

    pode

    ser chamada de seu epicentro. O urbanismo comeou ali e, por sua vez,

    impriosmais antigos surgiram a partir dessa regio em particular mais

    do

    que em qualquer ou tra. Ao noroeste ficava a Anatlia, parte daatual

    Turquia, que, embora tenha gerado somente um imprio, continuou

    sendo umimportante cruzamentoe

    campo

    de

    batalha

    ao

    longo

    de

    todo

    .o m u n d oantigo. Ao

    sudoes te

    f i c a v a o Egito, aregio mais unificada e

    estvel de todas, estabelecida ao longo do Rio Ni l o . Sua longa e rica

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    3/10

    32

    I M P K I O S A N T I G O S

    histria incluiu

    diversas

    fasesde imprio.Ao

    oeste

    da

    Mesopotmia

    ficavao Levante, as margens orientais do M ar Mediterrneo e as regies

    adjacentes.

    Essa rea no produziu nenhum grande

    imprio,

    mas, ao

    contrrio, diversos reinos menores que geralmente se viam no caminho

    direto

    deimpriosem expanso. Duranteoprimeiro

    milnio

    da Era do

    Bronze, essas quatro regies se desenvolveram de modo relativamente

    isolado. Depois disso, foram integradas de forma mais

    unificada

    po r

    meiodo comrcio, diplomaciae conquista.

    Duas outras regies

    foram

    integradas de modo temporrio pelos de-

    senvolvimentos e padres do O riente Prximo, um a delas logo no incio

    de nossa histria e a outra muito tempo depois. A poro oeste do mar

    Egeu,o Reino Mecnicodo continenteda G rcia, em especial, seguiu

    os ritmos do O riente Prximo durante os ltimos 300 anos da Era do

    Bronze. Com o fim desse reino, o lado oeste do Mar Egeu passou a trilhar

    seu prprio cam inho por vrios sculos. A A rbia, na verdade localizada

    no

    meio

    da

    arena

    do

    O riente Prximo,

    representouum

    papel

    importante

    somente por um breve perodo, no fim de nosso estudo.

    N o O riente Prximo, os humanos se estabeleceram em trs zonas

    climticas. A populao m ais densa ficava localizada nas plancies cos-

    teiras e ribeirinhas, o cenrio predominante da

    histria

    da

    A ntiguidade.

    O s rios eram lugares geralmente hostis e imprev isveis que necessita-

    vam de um trabalho de engenharia de larga escala antes que uma colo-

    nizao humana extensa pudesse existir ali. Descries mais antigas de

    partes

    do

    Oriente Prximo

    como o Crescente Frtil costumam ocultar

    esse fato. A segunda zona, as bases das cadeias montanhosas, abrigou

    algumas das colonizaes humanas mais antigas na regio e tinha um cer-

    rado e vida animal abundantes, embora tivesse um menor potencial para a

    agricultura. Mudanas de populaes das regies montanhosas para as

    plancies foram muito comuns

    e

    necessrias

    no s

    primeiros estgios

    da

    histria do homem , como veremos. A s montanhas e os desertos repre-

    sentam

    as

    zonas climticas mais marginais,

    co m

    populaes humanas

    extremamente escassas. A s montanhas, por sua vez, abrigavam os deu-

    ses, segundo

    os

    povos antigos dessas regies.

    Comecemos pela Revoluo Urbana, uma alterao demogrfica

    fundamental

    que ocorreu na Mesopotmia entre 4000 e 3000 a.C. De

    certo modo, o termo

    revoluo

    um tanto

    forte,

    pois as mudanas

    aconteceram

    a o

    longo

    do

    curso

    de um

    milnio.

    N a

    forma

    de uma

    reorga-

    nizao bsica de colonizao

    humana,

    porm, o termo se encaixa bem.

    Esse foi o tempo do

    nascimento

    c crescimento da

    cidade-estado

    como

    a

    forma

    bsica

    de

    poltica. U m t i m o exemplo Uruk, cuja populao

    foi es t imada cm

    a p r o x i m a d a m e n te 1.500 pessoas

    logo aps

    4000 a.C.

    P R E L D I O E R D O S A N T I G O SI M P R I O S

    33

    Mapa da Idade do ronze

    e 20 mil em 3000 a.C. A s cidades-estados tinham hierarquias sociais

    bastante

    claras desde o incio: nobreza (em diversos nveis), plebeus,

    escravos e assim por diante.

    Para auxiliar

    a

    populao crescente, havia novas

    tcnicas e

    tecno-

    logiasprontas capazes de aumentar a produtividade agrcola em at dez

    vezes.

    A irrigao e as represas, a inveno do arado e o uso da

    fora

    animal

    estavam entre as principais inovaes da produo de alimentos.

    Um aquesto semelhante do

    ovo

    e da galinha para os

    eruditos

    est

    em

    tentar descobrir se esses avanos tecnolgicos geraram ou, na rea-

    lidade, foram

    gerados pelos desenvolvimentos polticos ocorridos

    na s

    cidades-estados. Isto , ser que os desafios da produo de alimentos

    ao

    longo dos rios mais hostis e geralmente imprevisveis exigiram sis-

    temasehierarquias polticas para tornar possvel su ahabitao,o u ser

    qu e

    as

    hierarquias polticas cada

    v ez

    mais coerentes proporcionaram

    a

    omisso c a liderana qu e tornaram possveiso s avanos tecnolgicos?

    A l t i m a

    proposio parece ser

    mais

    consensual entre os estudiosos

    no decorrer das l t i m a s dcadas, embora muitos atualmente

    suspeitem

    de

    q u e esse e n i g m a possa

    m u i l o bem ser uma

    dicotomia falsa.

    O q u e

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    4/10

    34

    I M P R I O S A N T K M S

    as mudanas sem dvida representaram, em todos os casos, foi uma

    srie de respostas humanas bem-sucedidas e criativas aos desafios de

    um

    ambiente

    ba stante instvel.

    Essas alteraes polticas e tecnolgicas originaram a Era do

    Bronze, que resultou de toda uma juno de mud anas sociais.Ideolo-

    gia, economia,

    fora

    militar e poltica foram entrelaados de uma s vez

    no mesmo pano de

    fundo

    da cidade-estado, como podem os ver em suas

    principais caractersticas: arquitetura monumental, escrita, permanente

    hierarquia de classes, exrcitos e guerras d e larga escala. Apesar de mui-

    to teis, listas como essas no so completas, sendo que poucas pessoas

    as consideram como a condio

    sine qua non

    coletiva da

    civilizao .

    D em aneira tradicional, o desenvolvimento da escrita foi considerado o

    ponto de partida para a histria humana (em oposio

    pr-histria ).

    Essa uma m edida to boa quanto qualquer outra, desde que observe-

    mos suas limitaes. Houve ,

    afinal

    de contas, ao menos um imprio na

    histria sem um sistema de escrita (os inas na Amrica do Sul).

    A ideologia religiosa e a poltica estiveram entrelaadas de modo

    inextricvel desde os primrdios quepodemser traados em suas origens.

    Como disse uma vez um famoso antroplogo, a realeza em toda a parte e

    em todo o tempo sem pre foi, de certo modo, um m inistriosagrado .11O

    exemplomais bvio dissofoi amonarquia sacra, qu ecaracterizou todas

    asentidades polticas do Oriente Prximo. O rei era um m ediador entre os

    humanos e os deuses, independentemente de ser ele mesmo visto como

    um deus ou, o que era maisfrequente,como o sacerdote-rei ou represen-

    tante dos deuses. O rei regia a cidade-estado, realizava diversas funes

    religiosas vitais e pessoalmente comandava seu exrcito em uma batalha

    contra cidades-estados vizinhas. Todo um grupo de sacerdotes operava

    como secretrios

    d o

    sistema religioso

    d a

    cidade-estado.

    Se os sistemas religiosos surgiram primeiramente como um meio

    de controle social

    ou

    poltico

    (ou

    ambos)

    -

    comoafirmamm uitos erudi-

    to s

    - uma

    questo

    de

    imensa controvrsia;

    aforma

    como

    ela

    pode

    ser

    respondida, ento, est tanto

    em sua

    interpretao

    de

    evidncias quanto

    em no ssas prprias pressuposies. Os templos e os zigurates dom ina-

    ram a linha do horizonte das cidades-estados da Me sopotmia. Ao lado

    de uma pletora de divindades men ores, cada cidade-estado reverenciava

    um nico deussuperior

    q ue

    diziam residir

    no

    pico

    d o

    zigurate.

    O

    zigu-

    rate provavelmente

    t inha

    a

    forma

    de uma

    montanha para fazer

    com que

    os deuses se sentissem em casa cm suas novasmoradas nas

    plancies

    r ibe i r inhas

    (fig. 1 . 2 ) .

    M.

    l i .

    li. l

    .vans-h

    i l c h a r d . Social

    Anlliro m o^y

    an d

    Ollicr /:\.vmv>

    ((

    ileiu-oi

    %

    :

    l

    ixv P ress,

    I W > 2 ) , 2 1 0 .

    1 U K L D i o A E R A

    D O S

    A V T K O S

    I M P R I O S

    A

    fonte

    dom inante de riqueza eram os impostos ou os tributos dos

    bens agrcolas produzidos nas reas do interior, geralmente em um raio

    de seis

    a dez ou 20

    quilmetros

    do

    centro

    da

    cidade-estado.

    O

    proces-

    so provavelmente retratado no

    famoso

    conto de aventura do Oriente

    Prximo A Epopeia de Gilgamesh, apesar de ter sido escrito sculos

    mais tarde. Em um determinado momento, a deusa Ishtar promete a

    Gilgamesh,

    o

    lder

    de

    Uruk,

    que a

    renda

    das

    montanhas

    e da

    plancie

    eles [isto, ossditos]deverotrazer como

    tributo .

    12 Oexcedente eco-

    nmico geralmenteera

    destinado

    aosmonumentos religiosospolticos,

    qu esetornarammaisbemelaboradoscom ariqueza cad avezmaior- a

    economia e a poltica, assim como a poltica e a ideologia, estavam

    profundamente integradas.

    O s

    templos eram quase sempre

    os

    principais

    centros de distribuio econmica.

    A questo de quem de

    fato

    era dono da terra mais complexa.

    Pesquisas recentesmostram

    que no

    existiu

    u m

    sistema nico

    po r

    toda

    a

    Mesopotmia ao longo dos tempos, mas uma mistura diversa em que

    ostemplos, palciose atmesmoosindivduos particulares eram

    donos

    de

    terras. Ao seu tempo, os reis passaram a tomar

    posse

    ou controlar a

    maior

    parte das propriedades, se no todas, e a oferec-las emforma de

    concesses para estimular

    e

    garantir

    a

    lealdade.

    Modelos de comrcio surgiram muito cedo, de modo ainda mais

    importante

    na

    produo

    de

    bronze.

    O

    bronze

    er a

    usado para e sculturas,

    objetosdomsticos e armas. Era uma liga, composta de cobre misturado

    com outros materiais, geralmente estanho, em uma proporo de

    7:1

    a

    10 :

    l (ou seja, de sete a dez vezes de cobre p ara o estanho). A p roduo

    de bronze dependia totalmente do comrcio de longa distncia porque

    os materiais eram relativamente escassos

    no

    Oriente Prximo

    e

    tinham

    de

    ser coletados de diversas fontes diferentes. O fim dessas redes de

    comrcio seria capaz de encerrar de forma

    definitiva

    a Era do Bronze.

    Mudanas pequenas, apesar de decisivas, na consolidao econ-

    mica

    e poltica, alm dos nveis das cidades-estados, provavelmente so

    anterioresao incio da Idade do B ronze. Elas primeiramente atingiram

    unidades territoriais e culturais mais amplas: o sul da Mesopotmia,

    coletivamente conhecido como Sumria,

    foi a

    primeiraregio;logo

    e m

    seguida

    veio o n orte da M esopotmia. A consolidaoveioinicialmente

    por

    meio do comrcio e da aliana e, ento, pela conquista, que fez

    nascerem

    o s

    primeiros,apesar

    d e

    breves,

    imprios

    do

    mundo.

    1 2 . James li.

    Pr i l cha id ,

    ed.

    / / / <

    Ancicnt

    Ncar

    Easl.

    Volume l:

    Anlhology ofTexts

    an d

    Pic-

    urcs (Pr ince lon ,

    N . I :

    P i nur l o i i

    lI n i v e r s i l y

    Press,

    ll)5H), 51 ; a

    par t i r

    de ento eitado

    como

    Pr i tehard A N i r .

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    5/10

    I M P I O S

    A N riGos

    1.2. Templo zigurate Agargouf Iraque. Biblioteca de Imagens: DeA Picture

    Library/Recurso de Arte N Y.

    A prim eira cons olidao geral pode ser traada a Uruk, no sul da

    Mesopotmia, entre 3500 e 3000 a.C. Por intermdio de

    fortes

    alianas,

    Uruk passou a estabelecer e co mandar uma imensa cadeia de comrcio.

    A pesar disso, U ruk, na realidade, jamais controlou as questes polticas

    internas das cidades-estados em seu circuito, nunca tendo conquistado

    grandes territrios, embora parea ter estabelecido colnias bastante

    amplas. Parece que as elites de outras cidades-estados se beneficiarem

    imensamente de sua incorporao na rede de comrcio de Uruk. Em-

    bora

    n o

    tenha sido

    u m

    conglomerado imperialista,

    o

    local

    se m

    dvida

    preparou o cenrio para outros tipos de consolidao que se seguiram.

    Pouco tempo depois, segundo alguns estudiosos

    do

    Oriente Pr-

    ximo, o Kengir, ou Liga da Sumria (2900-2300 a.C.), trouxe uma uni-

    ficao

    ainda maior.

    A s

    evidncias

    s o

    imprecisas

    e

    indiretas,

    mas ela

    provavelmente comeou como uma ampla associao de comrcio e se

    transformou

    em uma

    liga poltica

    e

    religiosa,

    be m

    como

    um a

    liga mili-

    tar e de defesa formal. O centro da Liga ficava em Nippur, um impor-

    tante centro religiosono no rte da Sumria. Pode muito bem ter existido

    um a

    srie

    d e u n i es e

    l igas igualmente efmeras, embora

    as

    evidncias

    disponveis no sejam to claras .

    A conquis ta m i l i t a r c a consolidao poltica foram resultadosdessa

    ccntral i / ao.

    H a v i a um a

    e n o r m e b arre i ra

    a ser

    t ran s p os t a , porm,

    antes

    P R E L D I O

    E R A D O S A N T I G O S I M P R I O S

    qu e

    o verdadeiro imprio pudesse surgir. Da mesma maneira que a ideo-

    logia religiosa passaria, com o tempo, a ser um ingrediente

    fundamental

    dos antigos imprios, veremos em diversos momentos que, a princpio,

    ela foi, na

    realidade,

    um obstculo. Cada uma das cidades-estados da

    Mesopotmia afirmava

    ter

    sido fundada

    por uma

    divindade diferente,

    qu econtinuava sendo seu d eus principal. A expanso e a

    unificao

    eram

    desafios iguais para o mandato divino das cidades-estados que eram con-

    quistadas e das que conquistavam. Com o tempo, as tradies que favore-

    ciam

    uma expanso mais ampla em nome de uma determinada divindade

    surgiam, unindo de modo

    definitivo

    a ideologia religiosa e sua conquista.

    A primeira gr ande consolidao militar e poltica conhecida foi

    realizada por Lugalzagesi (r. c. 2400 a.C.), um lder da cidade-estado

    de Umma. Ele conquistou e subordinou as cidades-estados vizinhas de

    Ur , Uruk e Lagash para criar aquilo que alguns consideram o primei-

    ro imprio sum rio. A ssim com o aconteceu com a maioria dos reis do

    Oriente Prximo que conquistaram tempos depois, algumas pessoas

    provavelmente exageraram a verdade um pouco mais em um a dedicat-

    ri aque declarava suas conquistas:

    Quando para Lugalzagesi, rei de Uruk, rei da terra, sacerdote de An, "pro-

    feta"

    de N isaba (...) [os deuses] Enlil, o rei dos campos, concedera a realeza

    da

    Terra, tornara a Terra obediente a ele, lanara todos o s pases aos seus

    p se os subjugaradonascerao pr do sol - naquela poca,ele percorreu

    o

    caminho

    do Mar

    Infer ior (Golfo Prsico), atravs

    do

    Tigre

    e

    Eufrates,

    at o

    M ar

    Superior (Mediterrneo)

    e

    Enlil

    n o

    permitira

    q ue

    ningum

    se

    opusesse

    a ele do nascer ao pr do sol.13

    Observe como

    Enlil lhe

    oferece suas conquistas

    - um

    sinal

    das

    tradies ideolgicas da construo dos imprios que estava por vir.

    Contudo, ele obviamente

    ofende

    outro deus no processo, e uma maldi-

    o consequente fo ipronunciada contra ele.

    O

    homem

    de

    Umma [Lugalzagesi],

    por ter

    destrudo Lagash, pecou contra

    Ningirsu Que a mo que ele uso u contra ele (isto , o deus Ni ngir su) seja

    decepada 14

    A ssim como a maioria dessas primeiras conquistas, o imprio pro-

    vavelmente

    quase no se estendeu alm de seu

    fundador.

    1 3 Vasc

    I n s c r i p t i o n o f

    L uga l -Z ages i" , c i t ao de J . N ichol asPostgate, Early Mesopot

    mia: Socicty andKconomya t fhe DawnofHistory (L on don: R out l cdge, 1992) , T ext o 2: 3.

    14. li .

    So l l b e r g e r ,

    Corpus

    ds

    inscrip tions royales j)rsargoniques

    de Lagash:

    Ukg. 16

    ( i a i f v i i , 1956), c i l a c n o i l e A m l i c K u h r t ,

    Th e

    AncientNear

    Kast c.

    .1000 330li.

    ('.,

    vol . l

    ( l . o i u l o n :

    R o u l l a l f - f ,

    1994),

    43 .

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    6/10

    38

    I M P R I O S A N T I G O S

    O

    norte

    da

    Mesopotmia logo seguiria

    o

    modelo sumrio

    de

    con-

    solidao, chegando at mesmo alm dele. Assim como o sul de Uruk,

    a cidade-estado de Kish comeou a firmar

    influncia

    e a se estabelecer

    comolocalimportante

    por

    meio

    das

    redes

    de

    comrcio.

    Um

    conquista-

    dor chamado Sargo usurpou o trono de Kish e o expandiu por todas as

    regies norte e sul da Mesopotmia desde sua nova capital na Acdia,

    superando o prprio Lugalzagesi. Como Sargo uniu a maior parte da

    Mesopotmia e estendeu sua regncia at partes do Levante, ele geral-

    mente se orgulha de ocupar o lugar de primeiro construtor de imprios

    da histria. De suas dedicatrias e tambm as de seu neto, Naram-Sin,

    responsvel por trazer o imprio ao seu apogeu, podemos ver um novo

    tipo de liderana surgindo: a realeza herica, que viria a caracterizar a

    maioria do s antigos imprios futuros. Naram-Sin,d emaneira especfi-

    ca, deu incio antiga realeza herica:

    Naram-Sin, oForte, rei daAcdia,quando os quatro cantos(do Universo)

    juntos

    se

    mostraram hostis,

    ele

    permaneceu vitorioso

    nas

    nove batalhas

    em

    um

    nico ano por causa do amor que Ishtar tinha por ele, e aprisionou aque-

    les

    reis

    que se

    ergueram contra ele.

    Por ter

    conseguido preservar

    s ua

    cidade

    no

    tempo

    d a

    crise,

    [o s

    habitantes

    de] sua

    cidade perguntaram

    po r

    Ishtar

    em

    Eanna, deEnlil emNippur, deDagane mTuttul,d eNinhursagemKesh, de

    Enki

    emEridu,de Sin em Ur, deShamash emSippare deNergalemKutha,

    que elefosseo deu s de sua cidade Acdia, e eles construram um tem plo em

    sua homenagem no meio da

    Acdia.

    15

    Reis mais antigos da Mesopotmia geralmente se descreviam

    como reis

    pastores .

    Eles estimavam seu povo de uma forma pater-

    nalista, sendo que sua autoridade era garantida por sua confirmao

    dos padres tradicionais de justia. O rei herico, ao contrrio, recebia

    e mantinha suaposio com base nos mritos e realizaes pessoais,

    conquistas geralmente consideradas supremas entre eles. Um Rei da

    Terra ou Rei dos Quatro

    Cantos

    dominava por intermdio de uma

    aristocracia guerreira. Com Sargo e Naram-Sin, vemos uma tendncia

    bvia nadireode umpoder maior com riqueza e sofisticao. Esse

    domnio foi proclamado na arquitetura, em relevos e esculturas,

    cuja

    criao alcanou nveis impressionantes

    de

    excelncia

    com

    Sargo

    e

    Naram-Sin(fig. 1.3). Entretanto, depois de Naram-Sin, o imprio en trou

    em declnio e, mais uma vez, uma era de cidades-estados desconectadas

    tomoucontad aMesopotmia.

    15.

    Waltcr Farhcr, Die Vergtt

    i c hung N a r m Sins ,Orienalia

    52

    (1 9 83 ) , 67-72, ci tao

    de Mar Va u

    de

    Mieroop,

    A Iliston

    < >

    flic

    Ancicnt Ni ur East

    ca .

    3000 32.

    H . C

    ( M a l d c n ,

    MA : W i i f k w e l l . 2004) , M .

    P K L L D I O

    A E R A D O S

    A N T K J O S I M P R I O S

    39

    1.3. Epitfio

    de

    pedra

    da

    Vitria

    de

    Naram-Sin. Erich

    Lessing/Recurso de

    Arte NY.

    Alguns sculos mais tarde, c. 2100 a.C., o principal momen-

    to seguinte de consolidao, mais uma vez de breve durao, teve

    incio

    na cidade-estado de Ur. O lder de Ur, Ur-Nammu, assumiu o

    controle tanto da Surnria quanto da Acdia, diretamente invocando

    um passado distante de unificao. Esse um modelo que veremos

    co m

    frequncia neste estudo: para construir

    a

    legitimidade,

    futuros

    imperadores geralmente se apresentavam, ou a seus reinos (ou a am-

    bos), como os restauradores de dias gloriosos de antigamente. Mais

    de um milnio depois, os imprios neoassrios e neobabilnicos pas-

    sariam a se

    molda r

    segundo os

    re inos

    d a

    Idade

    do

    Bronze, erguendo

    at mesmo,de modo in tenc iona l ,t emplos

    e

    palcios dire tamente

    no s

    locais das

    ru n as

    de es t ru tu ra s da Era do Bronze. Aproximadamente

    1.600

    anos

    mai s

    ta rde, Sargfio, um dos maiores reisneoass r ios , iria

    i n c lu s iv e ado l a r

    se u

    nome. No

    m u i t o temp o

    aps a morte do

    f i l h o

    de

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    7/10

    I M P R I O S

    N T I C O S

    41

    Ur-Nammu, porm seu imprio se curvou con forme os governantes

    locais declararam sua autonomia.

    Pouco mais de um sculo depois, dois reis contemporneos recons-

    tituram politicamente as duas regies daMesopotmia.

    Shamshi-Adad

    (r.

    1814-1781 a.C.), afirmando descendncia da dinastia acadiana de Sar-

    go, conquistou o norte da Mesopotmia. Hamurbi (r. 1792-1750 a.C.),

    descendente de uma linhagem de nmades ocidentais conhecidos como

    amorreus, uniu uma confederao livre de cidades-estados das regies sul

    e

    central

    d a

    Mesopotmia

    e

    governou

    a

    Babilnia, antes

    uma

    provncia

    do

    imprio de Ur-N amm u. Apesar de tudo, os imprios que esses dois reis

    construram

    mal conseguiram sobreviver aos seus fundad ores; j o nome

    de Ham urbi ainda vive pelofato de ele ter promulgado um famoso cdigo

    de

    leis - cuja maior parte sebaseava emexemplos anteriores. Outra era, que

    durou um sculo, veio em seguida. Dela surgiu uma era muito importante

    esem precedentes deintegrao e

    consolidao

    que se estendeu por cerca

    de 300 anos, conhecida como o Final da Idade do Bronze.

    Conforme

    cidades-estados, ligas e imprios nasciam e eram derru-

    bados

    na

    Mesopotmia,

    o

    Egito estava construindo

    u m

    reino poderoso

    ao sudoeste. s margens do Nilo, um rio geralmente m ais previsvel e

    hospitaleiro do que o Tigre ou o

    Eufrates,

    o Egito tambm se

    beneficiou

    das inovaes tecnolgicas que troux eram m aior eficincia e produtivi-

    dade agrcola. Desde

    o

    incio,

    o

    Egito surgiu

    de uma

    forma mais uni-

    ficada do que a Mesopotmia. No existiam cidades-estados no Egito,

    mas sim dois reinos iniciais que, logo nos primrdios, se unificaram

    para form ar o reino do Egito. Mais tarde, durante perodos de crises, o

    Egito acabou se dividindo e se fragmentand o, mas ali a desunio conti-

    nuava sendo a exceo e no a regra.

    Em algum momento por volta de

    3000 a.C.,

    enquanto a Idade do

    Bronze nascia na Mesopotmia, um lder quase lendrio chamado Narmer

    (o u

    Mens), por meio da fora, unificou os dois reinos. O Alto e o Bai-

    xo Egito (pense

    ao

    contrrio, conform e

    o

    Ni lo

    flui - o

    Alto Egito

    fica

    ao sul e o Baixo Egito ao norte). A unio se manteve forte desde o

    incio, centralizada ao redor da capital em Mnfis (Fig. l .4). A histria

    do Egito tradicionalmente contada po r dinastias; esse perodo inicial

    conhecido com o o Perodo Dinstico Inicial . E possvel que algumas

    importantes mudanas durante esse perodo - naarquitetura e nosele-

    mentos decorativos,porexemplo - tenham sido inspiradas diretamente

    no

    modelo

    de

    U ruk , d i fundido pelas l igaes

    do

    comrcio durante

    o

    quarto

    m i l n io

    a .C.

    Um longo perodo de

    prosperidade,

    paz e isolamento poltico quase

    absoluto

    se

    seguiu

    com a

    Ibrmao

    do

    Velho Reino

    (2715-2134

    a.C.).

    4 Paleta

    de

    N armer. Werner Forman/Recurso

    d e

    Arte N

    Y.

    Esse perodo geralmente chamado de Era da Pirmide, pois durante

    essa poca esses famosos monumentos do mundo antigo foram criados.

    O

    rei , ou ofara, estavanocentro do reino

    unificado

    - umdeus, um re-

    gentepoltico, um m ediador d ivino, ele personificava o padro d e justia

    e do Cosmos que os egpcios conheciam como m a at (a deusa Maet).

    As pirmides nos oferecem um exemplo claro do poder da imagem

    e do local de a rquitetura monum ental em reinos fortes: ideologia, eco-

    nomia

    e poltica

    c aminh am

    junta s de maneira evidente nesse perodo. A

    imagst ica real que era

    v is ta

    nesses monumen tos aprimorou a ideia da

    mitologia do re i

    d i v in o

    e o m i t o do Estado unificado. A pr imeira pir-

    mide f o i const ru da po r vo l ta de 2700 a.C . e representa o primeiro uso

    m o n u m e n t a l

    de pedras na h i s t r i a do m un d o . Os l deres c os a rqui te tos

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    8/10

    P R E L D I O E R A D O S A N i IG O S

    I M P R I O S 51

    comunicao entre os principais elementos e entre os mais importantes

    centros e as cidades-estados menores, seus

    vassalos.

    As cartas, gravadas

    em paletas de argila durvel, foram preservadas em diversos arquivos

    po r todo o O riente Prximo. Um a indicao de poder relativo sempre

    aparece de maneira clara nas cartas assim que so estabelecidos; as

    principais potncias normalmente se dirigem umas s outras

    como

    ir-

    mos

    e as de menor poder, assim tambm como as cidades-estados,

    como servos .

    O

    arquivo descoberto

    em

    Tell el-A marna, Egito,

    fo i

    especialmente

    til na elucidao dessa era. O fara

    A khenaton/Am enhotep

    IV (r. 1350-

    1333

    a.C.) construiu uma nova capital imperial em A khenaton ou Tell

    el-Amarna,

    baseada

    em

    parte

    em uma

    converso

    religiosabizarra. Ao

    afirmar queA t on ,o disco solar,era o deus superior - se no o nico

    deus

    -, ele

    construiu A khenaton como

    uma

    capital isolada

    e um

    templo

    ao ar livre para seu deus. O local (assim como sua refo rma religiosa) foi

    abandonado logo aps sua morte e permaneceu assim preservando um a

    rica coleo de intercmbios diplomticos a partir da metade do sculo

    XIV A proximadamente 350 paletas de argila documentam as relaes

    polticas do Egito, sendo que a maior parte com diversas cidades-estados

    subordinadas do Levante. Esses registros se referem ao fara como um

    senhor divino e mostram uma evidente forma de submisso. A s cartas so

    bastante formalistas, com um padro evidente de servilismo em destaque:

    A o rei , meu senhor, o deus Sol dos cus. A ssim, Zatatna, prncipe de A ccho

    [A cre], vosso servo,

    o

    servo

    do

    rei,

    e a

    terra [sob] seus dois ps,

    o

    cho

    qu e

    ele pisa.

    A os dois ps do rei, meu senhor, o deus S ol dos cus, sete vezes,

    sete vezes eu caio, tanto passvel quanto passivo. Que o rei, meu senhor,

    oua

    a

    palavra

    que seu

    servo [Zir]damyashda

    tirou

    deBiryawaza.17

    Quase

    40 das

    paletas

    so dos

    GrandesReis

    e

    mostram

    as

    outras

    principais potncias relacionadas ao Egito. A linguagem dessas cartas

    aquela usada por irmos e amigos. Em uma carta do rei de Mitanni ao

    fara do Egito:

    D iga a

    N i m m u r ey a ,

    rei do Egito,m eu

    irmo,

    m eu

    genro,

    quemeu amo e

    quem

    me am a; Tushratta, rei de Mitanni, que te ama, seu sogro, diz: Tudo est bem

    comigo.

    Q ue

    tudo esteja

    bem com

    voc.

    Q ue

    tudo esteja

    bem em sua

    casa .

    18

    En to , a carta prossegueco m u m pedi do formal.

    f -

    17. P r i t c h a r d , A N

    l

    i, 2 6 2 - 2 6 3.

    IX

    W i l l i a m

    l .

    M o r a i ) ,

    / / / < nuinin Lctlirs

    ( B a l l i m o i r :

    J o l m s l l o p k i n s l

    1 W 2 ) ,

    6 1 - 6 2 .

    1.10.

    Akhena ton Nefertiti e seus filhos abenoados por Aton. Werner Forman/

    Recurso de Arte NY.

    A linguagem da maioria das cartas apresenta os Grandes Rei s

    como lderes coletivos de uma nica comunidade internacional maior

    (alguns a descrevem como a linguagem de uma

    grande

    famlia ).

    A lianas matrimoniais, trocas depresentes e pedidos de ouro e outros

    materiais preciosos predominam na s cartas deiguais.A s cartas do svas-

    salos

    geralmente so de pedidos afveis de

    ajuda

    ou relatos detalhados

    a respeito de outras cidades-estados ereinos.

    CO L A P SO D O SI ST EMA IN T E R N A C I O N A L

    Por razes bastante discutidas

    po r

    eruditos, esse perodo impres-

    sionante de integrao, expanso e poltica da fora foi interrompido de

    maneira

    abrupt a. D a m esm aforma que, de repente, todo o sistema surgiu

    no

    scul o X V a.C'., ele se de s m a nte lou quase po r completo no incio

    do sculo X I I A integrao

    poltica

    e

    comercial

    garantia qu e grandes

    potncias

    se

    formassem

    e fossem de s m e m br a da s m ai s ou

    m e nos

    ao

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    9/10

    I M P R I O S

    A N T I G O S

    mesmo tempo.

    Obras

    monumentais de arquitetura, o comrcio de longa

    distncia, alianas polticas, a expanso demogrfica e a alfabetizao

    entraram em declnio ou deixaram de existir de forma bastante repentina

    na maioria das regies. A riqueza caiu de forma drstica,

    como

    vemos nas

    tumbas e nos objetos funerais. O O riente Prximo voltou a contar com

    o

    modelo

    j ultrapassado de cidades-estados de pequena

    escala durante

    aquilo que os eruditos chamam de Idade das Trevas.

    O s estudiosos chegaram a propor trs principais tipos de expli-

    caes: invases externas, conflitos sociais internos e catstrofes na-

    turais ou ambientais. Todos esses trs aparecem em fontes disponveis

    e, portanto,

    o

    consenso

    atual

    entre

    os

    eruditos

    tem

    sido

    o de

    aceitar

    explicaes de causas m ltiplas, em vez de procurar uma nica causa.

    Os invasores

    mais famosos- apesarde noseremosnicos- eramos

    misteriosos Povos do Mar, que invadiram o Mediterrneo oriental, o

    Egito e o Egeu. Podemos ter uma noo a seu respeito no registro do

    fara

    egpcio Ramss III (r. 1184-1153 a.C.) de seubem-sucedido, e

    bastante breve, esforo de o bstruir sua mar:

    O s

    pases estrangeiros armaram

    u ma

    conspirao

    em

    suas ilhas. Todas

    de uma

    s vez, as terras foram retiradas e espalhadas na disputa. Terra alguma podia

    ser

    salva diante

    de

    seus ataques, desde

    os Hatti

    [hititas], Kode, Carquemish,

    A rzawa e

    A lashiya [Chipre?],

    q ue

    foram interceptados

    em [um momento] Um

    acampamento [foi montado] em algum lugar em A mor. Eles arrasaram se u

    povo e sua terra era como se nunca tivesse existido. Eles estavam se apro-

    ximando do Egito, enquanto as chamas eram preparadas diante deles. Sua

    confederao

    eram

    os filisteus,

    Tjeker, Shekelesh, Denye(n)

    e

    Weshesh, terras

    unidas. Eles puseram suas mos e seus coraes confiantes e fervorosos sobre

    as terras at o circundar da terra. Nossosplanos sero bem-sucedidos "19

    O desfecho do reino de Ramss II I nos oferece um exemplo per-

    feito da interseo dos trs tipos de causas. Depois de, com sucesso,

    afastar um grupo de Povos do Mar

    ( eles

    foram arrastados, confinados

    e prostrados na praia, mortos e amontoados dos ps s cabeas"),

    20

    el e voltou para casa para enfrentar a fome no Egito e foi, finalmente,

    assassinado

    em uma conspirao no palcio. O s sacerdotes de A mon,

    ento, formaram um estado teocrtico fraco em Tebas durante a Idade

    das Trevas que estava por vir.

    O imprio hitita entraria em declnio ao longo do curso de algu-

    mas dcadas aps 1200 a.C., provavelmente sob a invaso dos Povos

    do Mar, almde uma diviso interna- reas perifricas extirpadasdo

    19

    Pritchard, ANK,

    X 5

    20.

    1 ritdmrcl,

    ANIi, 1X 6

    P I I E L U I O

    E R A D O S A N T K W S

    I M P R I O S

    53

    reino, rompendo seus juramentos e, assim, con tribuindo para diminuir

    o fluxo de riqueza do centro, levando tambm u ma importante presena

    militar(fig. 1.11).A o mesmo tempo, os assrios e os babilnios estavam

    lutando

    contra os arameus do deserto.

    N o entanto,

    ne m

    tudo

    er a

    sombra

    e

    escurido. Pesquisas arqueo-

    lgicas

    recentes mostram

    que algumas reas, na verdade, prosperaram

    durante a Idade da s

    Trevas.

    Cidades-estados menores, po r exemplo,

    conseguiam desfrutar de uma nova sensao de autonomia e liberdade

    em relao

    ao s

    reinos maiores que,

    o ano

    inteiro,

    os

    tornava subser-

    vientes em sua posio de vassalos. A lguns lugares, como, por exem-

    p l o

    partesdo Chipre, na realidade, tiveram um perodo de crescimento

    nessa poca.

    U m a

    srie

    de

    reinos menores, conhecidos como

    os

    neo-

    -hititas, continuou a

    praticar

    a

    cultura hitita

    na

    A natlia

    e no

    norte

    da

    Sria. N o O riente Prximo, o declnio foi comparativamente menor, j

    que a deciso foi se mudar para o leste do Eufrates.

    Em alguns poucos casos famosos, as privaes relativas da Ida-

    de das Trevas foraram os humanos a inovar de algumas formas mais

    abrangentes e influentes, o que os obrigou a deixar sua rotina de tran-

    quilidade. O ferro comeou a se espalhar durante esse perodo por uma

    razobastante prtica. Conhecido duranteaIdadedoBronze peloshiti-

    tas

    e tambm po r outros povos, o material era usado som ente com p ro-

    psitosdecorativos. N ingu m ainda havia desenvolvidoum atecnologia

    para a produo de ferramen tas e armas de grande utilidade. O bronze,

    naturalmente,era o m etal de preferncia, embora fosse mais leve, mais

    caro emais difcil de sertrabalhado.O ferro,a ocontrrio, er afacilmen-

    te

    encontrado

    em

    todo

    o

    O riente Prximo

    e,

    diferentemente

    d o

    bronze,

    sua produo no dependia de redes de comrcio de grande escala.

    Tecnologias

    necessrias para

    a

    fundio

    do

    ferro foram desenvolvidas

    no s sculos XII e XI, chegando inclusive a produzir ao. O produto era

    m ui t o

    mais resistente do que obronze epodi as ertotalmente produzido

    de fornia local e com um custo muito mais acessvele , evidentemente,

    o perodo aps o colapso da Idade do Bronze geralmente cham ado de

    a

    "I dade doFerro .

    O desaparecimento ou a retrao extrema dos sistemas de escrita

    durant eaIda ded asTrevas tambm es timulouodesenvolvimentode uma

    das invenes mais significativasdahistria- oalfabeto. A ssim comoo

    ferro, a

    ideia

    do alf ab e to j existia no perodo anterior, mas ele no era

    m u i t o usado.

    S eu

    p r i m e i r o us o importante e extensivo foi

    realizado pelos

    fencios (c omo ser d is cu tid o no

    C a p t u l o

    3), um povo do Levante. O

    alf ab e to era um sisk-m;i

    m a i s s i m p l e s

    do que a

    e s c r i t a c u n c i for m e

    da

  • 7/24/2019 Imperios Antigos, Da Mesopotamia a Origem Do Isla (30-40 e 51-5)

    10/10

    I M P R I O S

    N T K O S

    P R E L D I O

    E R D O S A N T I G O S

    I M P R I O S

    1.11. Guerreiros

    lut ndo

    bordo

    de navios: batalha naval contraosPovosdo

    a r Erich Lessing/Recurso de Arte NY.

    Mesopotm ia e os hierglifos do Egito e podia ser aprendido com um

    treinamento menor e uma infraestrutura educacional muito mais prti-

    ca o que o tornava adequado a um perodo de colonizaes de menor

    escala. Seu us o logo se espalhou muito alm do s fencios em especial

    no O cidente. A ssim como no incio de nossa histria um desafio bsico

    exigiu

    uma profunda criatividade.

    A ps o hiato da Idade das Trevas antigos imprios posteriores

    continuaramacrescer- crescer cadavezmais- muito alm do que

    aconteceu na I dade do Bronze. A sntese de ideologia economia fora

    militar e poltica fica muito m ais explcita e evidente por meio de uma

    abundncia comparativa

    d efontes

    visuais

    e

    escritas alm

    de seu

    material

    arqueolgico. Os modos de resistncia e reao ao imperialismo e

    expanso se tornaro extensivamente documentados e ao que

    tudo indica muito mais variados. Contudo

    os

    padres bsicos

    de

    controle

    e

    d o m n i o

    por um

    g r u p o

    em

    relao

    a

    outros parecem

    co ns idcr a ve lm cntc

    s e m e lha nte s . S e isso aconteceu

    p r i n c i p a l m e n t e

    cm

    funode

    exemplos deliberados tirados

    de

    im p r io s passados

    -

    como

    a maioria dos imprios subsequentes demo nstra de modo explcito

    - ou pelo fato do imperialismoser um resultado inevitvelda vida

    ur bana uma

    questo

    que se

    esconde logo abaixo

    da

    superfcie

    de

    todo

    este estudo.