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WALÉRIO GERSZEWSKI IMPLANTAÇÃO DE CÉLULAS DE MONTAGEM UTILIZANDO MOCK-UPS JOINVILLE - SC 2007

IMPLANTAÇÃO DE CÉLULAS DE MONTAGEM … · Front Picking –Ato de Pegar de peças quando é feito pela parte frontal. Flow Rack

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WALÉRIO GERSZEWSKI

IMPLANTAÇÃO DE CÉLULAS DE MONTAGEM UTILIZANDO

MOCK-UPS

JOINVILLE - SC

2007

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGIAS – CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E

SISTEMAS

WALÉRIO GERSZEWSKI

IMPLANTAÇÃO DE CÉLULAS DE MONTAGEM

UTILIZANDO MOCK-UPS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentadoao Curso de Engenharia de Produção eSistemas da Universidade do Estado de SantaCatarina – UDESC – como requisito parcialpara obtenção de Bacharelado em Engenharia:Habilitação de Produção e Sistemas.

Orientador: Regis Kovacs Scalice

Joinville - SC

2007

Walério Gerszewski

Implantação de Células de Montagem utilizando Mock-ups

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção e

Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC – como requisito para

obtenção de Bacharelado em Engenharia: Habilitação de Produção e Sistemas.

BANCA EXAMINADORA:

Orientador:

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Regis Kovacs Scalice

UDESC - CCT

Membro:

__________________________________________________________________

Prof. Dr. Adalberto José Tavares Vieira

UDESC - CCT

Membro:

__________________________________________________________________

Prof. Dr. Evandro Bittencourt

UDESC – CCT

Joinville/SC: 09 de novembro de 2007.

Dedico este trabalho aos meus pais emretribuição ao apoio que sempre me deram.

I

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus amigos Adelmo, Arlindo, Diogo, Henriciulan, Tobias e André, e a

todos os demais pelo apoio e companheirismo durante o período de faculdade.

Ao Elton que me ajudou a coletar os dados para a execução desse trabalho.

E ao professor Regis apoio dado durante a realização desse trabalho.

II

RESUMO

Devido à alta competitividade das indústrias no cenário internacional se faz necessário

a escolha de um sistema de manufatura que mais se adeqüe a seus objetivos de produção.

Dentro desse contexto a empresa deve se adaptar rapidamente às necessidades do mercado,

devem ser estabelecidas normas para prevenção de acidentes, a sua repetitividade deve levar

ao mínimo de defeitos, os recursos devem ser otimizados e o usuário deve ser capaz de

entender e desempenhar suas atividades com facilidade. Assim surge a Manufatura Celular,

com a finalidade de se adequar a forma de produção ao mercado atual visando uma maior

flexibilidade, qualidade e redução de desperdícios. Este trabalho tem por objetivo fazer um

estudo da Manufatura Celular e apresentar as vantagens perante outros modos de produção,

bem como os casos que ela é indicada. Foi desenvolvido um estudo de caso na empresa

Schulz, onde foi feita uma mudança de um layout de duas linhas que montavam compressores

de ar para uma única célula de montagem. Foi realizada uma simulação através de modelos

em tamanho real, chamada mock up. Essa pesquisa foi feita com a colaboração de colegas de

trabalho e do estudo bibliográfico a respeito desse tema. Os principais objetivos do projeto

desenvolvido na empresa eram a redução dos desperdícios, adequação ao tempo TAKT dos

produtos e aumento de flexibilidade, os quais ela conseguiu atingir.

PALAVRAS-CHAVE: Manufatura celular, TAKT e flexibilidade.

III

GLOSSÁRIO

Layout - Distribuição física dos equipamentos em determinado espaço.

Front Picking –Ato de Pegar de peças quando é feito pela parte frontal.

Flow Rack – Sistema de abastecimento onde se usam prateleiras deslizantes para o

abastecimento de caixas.

Backup – Recurso utilizado como reserva caso o principal tenha algum tipo de problema

Lean – Também chamado de Lean Manufacturing ou Manufatura Enxuta. Visa a eliminação

contínua dos desperdícios.

Setup – Tempo de troca de ferramentas.

Mix – Variedade de produtos fabricados por uma empresa.

Andom – Sistema de sinalização que é acionado toda vez que há algum problema no processo

produtivo.

Tempo de máquina (TM) – Tempo de processamento gasto pelas máquinas.

Tempo de Ciclo (TC) – Tempo necessário para que uma unidade seja produzida.

Poka yoke – Dispositivos de segurança a prova de erros.

Programa 5 S – Metodologia que visa a mudança de atitude das pessoas. Os passos

recomendados são: Senso de utilização, organização, limpeza, saúde e autodisciplina.

Buffer – Estoque intermediário que visa absorver problemas e variações na produção.

TAKT – Tempo necessário por unidade produzida para que a instituição consiga atender seus

pedidos de venda.

Mock-up – Técnica de simulação através da utilização de réplicas em escala 1/1.

Kanban – São cartões que sinalizam a necessidade de abastecimento ou movimentação de

materiais.

DNA – Técnica de eliminação de atividades em um processo, onde o D significa

desnecessário, N não agrega valor e A agrega valor.

IV

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Arranjo Físico por Processo......................................................................................................................5Figura 2.2 – Seqüência de processos na manufatura do papel .....................................................................7Figura 2.3 – Posição do processo no volume contínuo.......................................................................................8Figura 2.4 (a) – Casos mais indicados para cada tipo de Layout. 2.4 (b) –Zonas de transiçãoentre um Layout e outro................................................................................................................................................................9Figura 2.5 – Pequena Célula operada com quatro máquinas e um operador....................................11Figura 2.6 – Foco da Célula de Trabalho, o plano de Produto-Processo.............................................12Figura 2.7 – Células em Linha Reta..................................................................................................................................15Figura 2.8 – Células em Serpentina..................................................................................................................................16Figura 2.9 – Célula em U.........................................................................................................................................................17Figura 2.10 (a) – Célula com 3 operadores 2.10 (b) – Célula com 3 operadores............................18Figura 2.11 – Célula em U Inverso....................................................................................................................................19Figura 2.12 – Distribuição ruim do trabalho...............................................................................................................20Figura 2.13 – Distribuição melhor do trabalho.........................................................................................................20Figura 2.14 – Análise do Fluxo de Produção.............................................................................................................24Figura 2.15 – Mock up.................................................................................................................................................................26Figura 2.16 – Versões com um operador a mais e um a menos...................................................................28Figura 2.17 – Quadro de multifuncionalidade.......................................................................................................... 28Figura 2.18 – Funcionamento do Front Picking......................................................................................................29Figura 2.19 – Balanceamento de Linhas........................................................................................................................31Figura 2.20 – Um exemplo de como uma Célula de Manufatura trabalha...........................................32Figura 2.21 – Células ligadas com Estoques de Segurança.............................................................................36Figura 2.22 – Exemplo de Célula Manual para usinagem de uma família de peças.....................36Figura 4.1 – Empresa Schulz em 1963...........................................................................................................................41Figura 4.2 – Vista aérea da empresa................................................................................................................................42Figura 4.3 – Foto do Mock up a partir do lado de entrada e saída da Célula....................................51Figura 4.4 – Foto do Mock up a partir do lado de transferência da Célula.......................................52Figura 4.5 – Foto da linha de montagem ML de compressores de ar antes da implantação daCélula de Montagem.....................................................................................................................................................................56Figura 4.6 – Vista superior da Linha ML....................................................................................................................57Figura 4.7 – Flow Rack de abastecimento dos blocos.......................................................................................61Figura 4.8 – Célula de Montagem com dois operadores trabalhando....................................................62Figura 4.9 – Célula de Montagem sem operadores..............................................................................................63Figura 4.10 – Vista a partir da mesa de roletes para abastecimento dos reservatórios e tubospara abastecimento de peças de tamanho pequeno................................................................................................64Figura 4.11 – Plataforma pneumática..............................................................................................................................65Figura 4.12 – Plataforma pneumática elevada..........................................................................................................66Figura 4.13 – Caixas de abastecimento em seu respectivo Flow Rack.................................................67Figura 4.14 – Tubos de abastecimento e mesa de roletes para abastecimento dereservatórios.......................................................................................................................................................................................68Figura 4.15 – Célula em fase de projeto.......................................................................................................................69Figura 4.16 – Primeira versão do projeto da Célula............................................................................................70

V

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Vantagens e limitações do Layout em Linha.................................................................................7Tabela 2.2 – Vantagens e desvantagens dos tipos básicos de Arranjo Físico....................................10Tabela 2.3 (a) – Uso da Análise do Fluxo de Produção aleatória. 2.3 (b) – Máquinasagrupadas por semelhança de processo...........................................................................................................................13Tabela 2.4 (a) – Um exemplo de como uma Célula de Manufatura trabalha (legendas)...........32Tabela 2.4 (b) – Um exemplo de como uma Célula de Manufatura trabalha (tempos)..............32

VI

LISTA DE FÓRMULAS

Fórmula 1 – TAKT..........................................................................................................................................................................27Fórmula 2 – Quantidade de Operadores..........................................................................................................................27Fórmula 3 – Tempo de Máquina...........................................................................................................................................33Fórmula 4 – Tempo de Ciclo...................................................................................................................................................33Fórmula 5 – Demanda Diária de Peças............................................................................................................................33Fórmula 6 – Relação entre Velocidade de Corte e Vida da ferramenta..................................................33

VII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA............................................................................................21.2 OBJETIVO GERAL.............................................................................................................21.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................................21.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................................................21.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...........................................................................................31.6 METODOLOGIA.................................................................................................................31.7 ESTRUTURA DO TRABALHO..........................................................................................3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................4

2.1 ARRANJO FÍSICO..............................................................................................................42.1.1 Arranjo Físico por Processo...............................................................................................42.1.2 Arranjo Físico por Produto ................................................................................................62.1.3 Arranjo Físico Posicional .................................................................................................72.1.4 Arranjo Celular ..................................................................................................................82.1.5 Volume - Variedade e tipo de Arranjo Físico....................................................................82.2 CÉLULA DE MANUFATURA..........................................................................................112.2.1 Tecnologia de Grupo .......................................................................................................132.2.2 Tipos de Layout Celular...................................................................................................152.2.3 Como funciona uma Célula de Montagem ......................................................................202.2.4 Como funciona a Célula de Manufatura ..........................................................................212.2.5 Elaboração do Processo de Produção da Célula ..............................................................232.2.6 Planejamento da Célula ...................................................................................................252.2.7 Verificação do projeto de Manufatura Celular ................................................................262.2.8 Utilização das máquinas ..................................................................................................292.2.9 Balanceamento da Célula de máquinas ...........................................................................302.2.10 Backup de Célula e Célula de uma máquina..................................................................342.2.11 Flexibilidade no projeto de Célula.................................................................................342.2.12 Células Interligadas .......................................................................................................352.2.13 Células Piloto.................................................................................................................372.2.14 Funcionamento contínuo ...............................................................................................382.2.15 Benefícios ......................................................................................................................382.2.16 Limitações......................................................................................................................39

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ....................................................................................40

3.1 PROBLEMA.......................................................................................................................403.2 PESQUISA E METODOLOGIA.......................................................................................403.3 FASES DA PESQUISA..................................................................................................... 40

4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................41

4.1 A empresa............................................................................................................................414.2 UMA VISÃO GERAL DO PROCESSO NA LINHA DE MONTAGEM ...........................434.3 OPORTUNIDADES DE MELHORIA IDENTIFICADAS ..............................................434.4 PROCEDIMENTOS DE MELHORIA..............................................................................44

VIII

4.5 INFORMAÇÕES SOBRE O TEMA..................................................................................444.6 DESENVOLVIMENTO DA CÉLULA.............................................................................444.6.1 As Principais dificuldades ocorridas durante o projeto e implantação ............................454.6.2 Análise do desenvolvimento da célula ............................................................................454.6.3 Mock up............................................................................................................................514.7 ANÁLISE DA CONFIGURAÇÃO DA CÉLULA............................................................544.8 AVALIAÇÃO GERAL DO PROCESSO..............................................................................584.8.1 Pontos positivos ...............................................................................................................594.8.2 Pontos negativos ..............................................................................................................604.8.3 Pontos que necessitam de melhorias................................................................................614.9 RESULTADOS...................................................................................................................62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................74

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NO TRABALHO.......................................76

ANEXO 2 – TABELA DE ELEMENTOS E TEMPOS ......................................................80

ANEXO 3 – FOLHA DE BALANCEAMENTO..................................................................81

ANEXO 4 – LAYOUT DA CÉLULA DE MONTAGEM....................................................81

1

1 INTRODUÇÃO

O sistema de manufatura vem sofrendo constantes mudanças devido a várias

tendências de mercado. Então, as empresas têm buscado formas de se produzir uma variedade

de produtos maior, consequentemente devem ser feitas adaptações de modo que a produção

seja em menor escala. Seguindo, é importante que o consumidor receba esse produto acabado

no menor tempo possível, antes que ele se torne obsoleto. Além disso, o preço do produto não

é mais determinado pelas leis de oferta e demanda, mas sim pelo preço que o consumidor está

disposto a pagar, então os custos dos materiais, energia e movimentação devem ser reduzidos

ao máximo. Também, o consumidor tem exigido cada vez mais exatidão e precisão nos

produtos que está disposto a adquirir.

Para que todas essas exigências sejam atendidas o sistema deve ser capaz de produzir

com qualidade superior, custo unitário reduzido e prazos de entrega mais rápidos. Ele deve ser

projetado para ser flexível, confiável e o mais simples possível. Melhorias contínuas devem

fazer parte rotina para atender a esses consumidores cada vez mais exigentes.

Algumas medidas devem ser tomadas para que essas condições possam ser atendidas.

O arranjo físico pode contribuir significativamente quanto a redução de desperdícios

relacionados à forma de melhorar a movimentação de materiais e pessoas. É uma forma de

racionalização dos recursos existentes visando aumentar a produtividade.

As tarefas devem ser focadas tanto num nível macro, procurando aperfeiçoar a relação

entre os processos, quanto num nível micro, onde se estuda as relações entre as atividades

pertencentes a um mesmo processo. É nesse contexto que surgem as Células de Manufatura

ou de Montagem, para organizar a produção de forma a se obter os melhores ganhos através

da otimização das relações específicas em cada etapa de um mesmo processo. As Células

visam atender da melhor maneira possível às necessidades do mercado comentadas

anteriormente.

2

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O tema deste trabalho é a implantação de células de montagem numa empresa do ramo

de fabricação de compressores de ar. Um modelo de simulação de baixo custo será utilizado,

o mock up. O layout celular está de acordo com as tendências do mercado em se projetar

modos de produção que sejam flexíveis para se adequarem rapidamente à dinâmica do

mercado.

1.2 OBJETIVO GERAL

Estudar a aplicação da célula de montagem, utilizando um mínimo de investimentos e

o máximo de recursos já existentes na empresa, bem como identificar seus impactos no

sistema produtivo.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Redução dos desperdícios no processo;

Melhorias ergonômicas e de segurança no trabalho;

Aumento de produtividade;

Redução dos deslocamentos;

Melhorias na organização dos postos de trabalho;

Redução dos estoques intermediários;

Aumento da flexibilidade na produção;

Criação de um sistema de abastecimento padronizado.

1.4 JUSTIFICATIVA

O trabalho de mudança para célula será feito na linha de montagem Moto-Alumínio e

Odontológico, selecionadas pela necessidade de redução de mão-de-obra. Também

influenciou o fato da empresa estar implantando o sistema de manufatura enxuta, que visa

uma melhor adequação da produção ao mercado e a seus colaboradores.

Portanto, este trabalho será importante para identificação das mudanças na passagem

de linha para célula, podendo estes resultados ser utilizados como referência em outras

aplicações que seguem essa filosofia de redução de desperdícios.

3

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esse trabalho se limita ao estudo das melhorias aplicáveis nas células de produção.

Isso envolve desde aspectos logísticos, processos, engenharia, qualidade, manutenção,

ergonomia até segurança. Será dado um enfoque maior as atividades relacionadas ao setor de

processos por ser o foco do trabalho.

1.6 METODOLOGIA

Essa pesquisa pode ser considerada como descritiva, relacionado aos seus objetivos,

que é feita na forma de observações, e estudo de caso, relacionado aos procedimentos

técnicos, com o intuito de se conhecer detalhadamente o objeto de estudo.

Na primeira parte do trabalho será feito um levantamento bibliográfico com

explanações importantes sobre conceitos a fim de se atingir o objetivo proposto. Enquanto

que na segunda parte serão obtidos os dados práticos bem como será feita uma análise dos

resultados conseguidos.

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

No primeiro capítulo serão apresentados o objetivo geral e específicos, a justificativa

do trabalho, a delimitação e a metodologia aplicada no trabalho.

No segundo capítulo será feita uma revisão bibliográfica a respeito do tema com o

objetivo de informar sobre o assunto e fundamentar o que será proposto em capítulos que

virão a seguir.

O terceiro capítulo define o tipo de pesquisa que será aplicada neste trabalho.

O quarto capítulo abrange o estudo de caso de como foi feita a mudança proposta.

Finalmente, o quinto capítulo apresenta as considerações finais e as referências

bibliográficas utilizadas na pesquisa.

4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ARRANJO FÍSICO

Conforme Martins e Laugeni (1998), o arranjo físico é uma das características mais

visíveis da forma de produção porque determina sua aparência influenciando a maneira que os

insumos irão seguir na operação.

Esses autores ainda citam algumas razões para elucidar a importância na seleção do

tipo de arranjo físico:

Mudar de arranjo físico é uma atividade trabalhosa e de longa duração por

causa das características dos recursos transformadores. Por isso, sua execução pode ser difícil

e cara, razão pela qual muitos gerentes relutam em fazê-la com freqüência;

Fazer um rearranjo físico pode causar alterações na quantidade produzida

levando a insatisfação do cliente;

Um arranjo mal elaborado pode aumentar os estoques de materiais, criar filas

nos processos produtivos, aumentar o tempo de processamento da matéria-prima, causar perda

de flexibilidade nas operações e um conseqüente aumento nos custos.

Segundo Tompkins (1996) o planejamento do arranjo físico de uma empresa é

determinado pela forma como os recursos serão dispostos e quanto à distribuição dos centros

de trabalho. As modificações no arranjo têm como principal objetivo reduzir a movimentação

diminuindo os custos de produção.

O conceito de processo de produção e de arranjo físico tem uma diferença sutil.

Enquanto o arranjo é a manifestação física de um tipo de processo, o processo tem uma

abordagem mais geral para a organização das atividades. (Martins e Laugeni, 1998).

2.1.1 Arranjo Físico por Processo

Segundo Harmon e Peterson (1991), o arranjo físico por processo, ou funcional, se

caracteriza pela concentração de um mesmo tipo de máquina em um mesmo setor.

No exemplo da figura 2.1 podemos ver que os tornos estão todos reunidos em um

departamento e assim por diante.

5

Figura 2.1 – Arranjo Físico por Processo.Fonte: Tubino, 1999 – pg 46.

Os argumentos usados para a utilização desse método, segundo os autores, são:

O agrupamento de máquinas de mesmo tipo visa minimizar a complexidade das

tarefas porque elas serão executadas por especialistas na função;

A semelhança das máquinas simplifica a organização das mesmas em ambientes

com espaço restrito;

Muitas máquinas se destinam a um único tipo de operação, não sendo necessário o

agrupamento com outras máquinas.

Harmon e Peterson (1991) também apresentam as desvantagens desse tipo de

organização:

As peças costumam se deslocar com certa periodicidade de uma máquina para a

outra conforme uma fila de programação de trabalhos. Então um trabalho terá que esperar a

finalização de várias outras operações para que possa seguir para a próxima etapa do

processo, gerando assim grandes estoques intermediários e um aumento no tempo de

produção pelo fato de se ficar esperando um período até a formação de certas quantidades

para ir para a fase seguinte;

Dificuldade na redução do tempo de setup de peças que poderiam ser preparadas

de forma semelhante;

Ociosidade dos operários durante o processamento das operações;

Aumento no custo de movimentação de materiais pelo fato das peças percorrerem

distâncias maiores;

6

Baixa satisfação e motivação dos operários por realizarem atividades rotineiras e

muito especializadas.

Martins e Laugeni (1998) conceituam o arranjo físico por processo como sendo aquele

onde os recursos são mantidos próximos de modo que o produto deva fluir passando por cada

processo até sua finalização.

Os mesmos autores exemplificam o arranjo físico por processo a seguir:

Hospitais – alguns processos como os raios-x são necessários a um grande número

de pacientes e normalmente se concentram em um determinado setor do hospital;

Indústria de motores de aviões – certos processos estão em um mesmo local por

necessitarem de alguns recursos comuns, como o de tratamento térmico que precisa de um

sistema de exaustão para a fumaça;

Supermercado – alguns processos, se mantidos próximos, facilitam a execução do

serviço, como é o caso dos enlatados, que se mantidos agrupados tornam a reposição mais

eficiente.

2.1.2 Arranjo Físico por Produto

Martins e Laugeni (1998) consideram o arranjo físico por produto como aquele no

qual cada produto coincide com a seqüência de processos que ele necessita. Esse tipo de

arranjo pode ser chamado de arranjo físico por “fluxo” ou em “linha”. É um arranjo fácil de

ser controlado e muito previsível.

Esses autores dão exemplos de arranjo físico por produto como:

Montagem de automóveis – os mesmos modelos seguem uma mesma seqüência de

processos;

Programas de vacinação em massa – a burocracia referente à vacinação é igual

para todos os pacientes;

Restaurantes self-service – A seqüência: entrada, prato principal e sobremesa é

igual para todos os clientes.

A figura 2.2 mostra os processos de manufatura do papel que passa pelo cozimento,

limpeza, refinamento, mistura, alinhamento, rolos de pressão, secagem e embobinamento,

caracterizando um arranjo físico por produto.

7

Figura 2.2 – Sequência de processos na manufatura do papel.Fonte: Martins, 1998 – pg 209.

Tompkins (1996) avalia as vantagens e desvantagens desse tipo de processo na tabela

2.1.

Vantagens Limitações

Simplicidade, lógica e um fluxo direto como

resultado

Parada de máquinas resulta numa interrupção da

linha

Pouco trabalho em processo e redução do

inventário sendo processado

Mudanças no design do produto tornam o layout

obsoleto

O tempo total de produção por unidade é baixo As estações de trabalho mais lentas são as que

limitam o trabalho da linha de produção

A movimentação de material é reduzida Necessidade de uma supervisão geral

Não exige muita habilidade dos trabalhadores Resulta geralmente em altos investimentos em

equipamentos

Resulta num controle simples da produção Equipamentos para fins específicos precisam ser

utilizados

Tabela 2.1 – Vantagens e limitações do Layout em Linha.Fonte: Silva, Tbuosi, Buosi e Oliveira apud Tompkins, 1996.

2.1.3 Arranjo Físico Posicional

Martins e Laugeni (1998) afirmam que esse tipo de arranjo físico é uma contradição se

comparado aos demais porque, ao invés dos insumos fluírem na operação, quem têm que se

deslocar são os equipamentos. Isso ocorre porque os produtos que estão sendo manufaturados

podem ter dimensões que dificultam o transporte, ou ainda, o estado do mesmo é desfavorável

ao deslocamento por estar em um estado frágil, por exemplo:

A construção de uma rodovia – é muito grande para ser removida;

8

Cirurgia do coração – o paciente está em um estado muito frágil para ser

movimentado;

Restaurante de alta classe – os clientes não ficariam satisfeitos se tivessem que se

deslocar para se servir.

2.1.4 Arranjo Celular

Células de Manufatura são arranjos de pessoas, máquinas, materiais e métodos com os

processos colocados em seqüência, fluxo contínuo, de forma flexível e sem desperdícios

(Lean Consultores, 2007).

Esse tipo de layout é o foco do trabalho e será abordado com maior profundidade no

capítulo 2.2.

2.1.5 Volume - Variedade e tipo de Arranjo Físico

A figura 2.3 mostra a relação entre a variedade de produtos e o tipo de arranjo físico

mais indicado para cada situação.

Figura 2.3 – Posição do processo no volume contínuo.Fonte:Martins e Laugeni, 1998 – pg 213.

Ao observar esse gráfico conclui-se que quanto mais baixa for a variedade de produtos

maior a tendência de se produzir segundo o modelo de arranjo físico por produto. Em

contrapartida, quanto mais baixo for o fluxo regular, mais indicado é que se opte por um

arranjo físico posicional. Fluxos com quantidades maiores são mais complexos de serem

9

analisados porque deve ser combinada a necessidade de um fluxo regular com a variedade de

produção (Martins e Laugeni, 1998).

A decisão de optar por um ou outro tipo de arranjo físico se dá pelo bom entendimento

das vantagens e desvantagens de cada tipo de arranjo, continuam os mesmo autores.

Pode ser observada a relação entre o custo e o volume na figura 2.4 (a) e (b).

Figura 2.4 (a) Casos mais indicados para cada tipo de Layout. 2.4 (b) Zonas de transição entre um Layout eoutro.Fonte: Martins e Laugeni, 1998 – pg 214.

Outros fatores que são destacados por Martins e Laugeni (1998) para se estabelecer

um arranjo físico é o custo fixo e o variável. Para um arranjo posicional os custos fixos são

relativamente baixos, em compensação os variáveis são altos. Os custos fixos tendem a

aumentar quando estamos migrando para o arranjo por produto, enquanto que os variáveis

tendem a diminuir. Deve-se diminuir o intervalo de incerteza em relação ao investimento

necessário porque quanto maior esse for, mais opções de arranjo teremos. Ao fazer isso ficará

mais claro qual tipo de arranjo que será o mais indicado, aumentado as chances de sucesso de

sua implantação.

A tabela 2.2 mostra as vantagens e desvantagens de cada um dos arranjos físicos

citados anteriormente.

10

Vantagens Desvantagens

Posicional Flexibilidade muito alta de

mix e produto.

Produto ou cliente não

movido ou perturbado.

Alta variedade de tarefas para

a mão-de-obra.

Custo unitário muito alto.

Programação de espaço ou

atividades pode ser

complexa.

Pode significar muita

movimentação de

equipamentos e mão-de-

obra.

Processo Alta flexibilidade de mix e

produto.

Relativamente robusto em

caso de interrupção de etapas.

Supervisão de equipamento e

instalações relativamente

fáceis.

Baixa utilização de

recursos.

Pode ter alto estoque em

processo ou filas de

clientes.

Fluxo complexo pode ser

difícil de se controlar.

Celular Pode dar um bom equilíbrio

entre custo e flexibilidade

para operações com variedade

relativamente alta.

Atravessamento rápido.

Trabalho em grupo pode

resultar em melhor

motivação.

Talvez seja caro

reconfigurar o arranjo físico

atual.

Possibilidade de requerer

capacidade adicional.

Pode reduzir níveis de

utilização de recursos.

Produto Baixos custos unitários para

altos volumes.

Dá oportunidade para

especialização de

equipamento.

Movimentação conveniente

de clientes e materiais.

Pode ter baixa flexibilidade

de mix.

Não muito robusto contra

interrupções.

Trabalho pode ser repetitivo

Tabela 2.2 – Vantagens e desvantagens dos tipos básicos de Arranjo Físico.Fonte: Martins e Laugeni, 1998 – pg 214

11

2.1 CÉLULA DE MANUFATURA

Segundo Martins e Laugeni (1998), célula de manufatura é um arranjo físico em que

os recursos a serem transformados são pré-selecionados para se destinarem a uma parte

específica do processo de transformação de um produto no qual os recursos transformadores,

para atender a suas necessidades, estão todos localizados.

As células de manufatura são unidades de trabalho pequenas onde várias operações

são realizadas e geralmente são compostas de várias máquinas de forma compacta e

seqüencial segundo os processos de transformação. Ainda, poucos operadores participam da

produção desses produtos (Lee, 1998).

Um exemplo de célula de manufatura é a figura 2.5. Observa-se o sentido que o

operador segue para operar as máquinas de maneira seqüenciada desde a saída até a entrada

do material.

Figura 2.5 – Pequena Célula operada com quatro máquinas e um operador.Fonte: Black, 1998 – pg 64.

Exemplos de células de manufatura, conforme Martins e Laugeni (1998):

Algumas empresas que fabricam computadores – a montagem de alguns tipos de

peças pode necessitar de requisitos especiais por terem altos padrões de qualidade;

12

Área para produtos específicos em supermercados – produtos alimentícios que

alguns clientes buscam na hora do almoço estão normalmente localizados próximos uns dos

outros para que o consumidor não precise buscar pelo mercado inteiro;

Maternidade em um hospital – os bebês necessitam de cuidados em comum e

possivelmente não necessitarão de outras áreas do hospital.

Lee (1998) classifica as células segundo o foco na operação:

Célula dedicada – possui processos múltiplos e seqüenciais. Destinam-se a um

único tipo de produto com pequenas alterações;

Célula de Tecnologia de Grupo (TG) – produz uma família de produtos com

processos semelhantes, mas não necessariamente idênticos;

Célula funcional – usam um único processo muitas vezes com uma grande

variedade de produtos distintos;

Célula de projeto – usam diversos processos. Não têm foco no produto nem no

processo.

A figura 2.6 representa um gráfico relacionando o número de processos com o

número de produtos.

Figura 2.6 – Foco da Célula de Trabalho, o plano de Produto-Processo.Fonte: Lee, 1998 – pg 113.

13

2.2.1 Tecnologia de Grupo

Conforme Tubino (1999), a idéia de agrupar peças com similaridade geométrica

surgiu a partir do desenvolvimento da Tecnologia de Grupo desenvolvida pelo engenheiro

russo Mitrofanov com a finalidade de produzir várias peças em uma mesma máquina.

Segundo Lorini (1993), a Tecnologia de Grupo é que define a solução de problemas

baseada nas semelhanças a fim de se obter vantagens operacionais e econômicas.

Os métodos para a definição de famílias para serem processadas em células podem ser

divididos em quatro grupos (Lorini, 1993):

Inspeção visual – É um método simples e rápido para se identificar famílias de itens,

mas limita-se a experiência do analista e ao número de itens que podem ser manuseados

fisicamente;

Análise do fluxo de produção (PFA) - Os itens são agrupados pela semelhança do

fluxo de produção independente de suas características dimensionais. Para se fazer essa

classificação usa-se uma matriz com índices 0 (se a peça não passa pela máquina respectiva)

ou 1 (se a peça não passa pela máquina respectiva). Depois desse passo as linhas e colunas

são permutadas para se poderem encontrar itens que podem ser fabricados em uma mesma

seqüência de máquinas;

A análise do fluxo de produção pode ser feita conforme exemplo da tabela 2.3.

Tabela 2.3 (a) Uso da Análise do Fluxo de Produção aleatória. 2.3 (b) Máquinas agrupadas por semelhança deprocesso.Fonte: Adaptado de Martins e Laugeni, 1998 – pg 227.

No exemplo de Martins e Laugeni (1998) acima foram consideradas 8 famílias de

produtos. Estão assinalados os componentes que devem ser processados em suas máquinas

correspondentes. No primeiro caso elas estão dispostas segundo a ordem natural, no segundo

caso estão ordenadas seguindo a diagonal da matriz. Tiramos conclusão do segundo caso que

A B

1 2 3 4 5 6 7 8 3 6 8 5 2 4 1 71 X X 4 X X X2 X X X 1 X X Célula A3 X X X 6 X X Célula B4 X X X 3 X X X5 X X X 8 X X6 X X 2 X X X7 X X 5 Célula C X X X8 X X X 7 X X

Familias de Comp

Máq

uina

s

Máq

uina

s

Familias de Comp

14

as máquinas podem ser dispostas para se formar 3 células de manufatura. Mais soluções

podem ser encontradas para se otimizar o processo produtivo:

Outra máquina igual à máquina 3 poderia ser adquirida e destinada à célula A, mas

isso acarretaria em um investimento para comprar a nova máquina;

Componentes da família 8 poderiam ser enviados para a célula B depois de terem

sido processados na célula A. Essa solução evita a compra de uma nova máquina, mas não

está de acordo com os princípios de simplificação do arranjo celular;

Se existem vários problemas como esse, pode ser desenvolvida uma célula de

remanescentes que seria de acordo com o tipo de arranjo físico por processo. Novamente, essa

alternativa não estaria de acordo com os ideais do arranjo celular.

Classificação por código – Visa a codificação de itens por características do projeto,

processo ou ambos, quando itens com códigos em comum são fabricados por uma mesma

seqüência de máquinas. É muito utilizada quando se usam softwares de CAD, CAE, CAM,

CIM e CAPP;

Slack, Chambers e Johnston (2002) afirmam que cada parte do produto tem um código

que descreve as características físicas da peça como: tamanho, forma ou volume.

Segundo os mesmos autores, as vantagens da codificação são:

Os roteiros de fabricação ficam mais claros. Uma família de produtos simplificará

a análise do processo;

O número de partes pode ser armazenado em um banco de dados e acessado para

comparar com as peças que já existem;

Peças similares podem ser feitas numa mesma célula.

Reconhecimento de padrões – busca a similaridade através de algumas características

geométricas ou tecnológicas padrão. Emprega funções analíticas e sistemas de ponderação

conforme se queira dar mais importância à determinada característica.

Tubino (1999) sugere o método da análise do fluxo da produção como sendo o mais

indicado. Harmon e Peterson (1991) citam experiências da Andersen Consulting em mais de

400 fábricas mostrando que não é preciso codificar as peças para reuní-las em células. Usando

a matriz de processos têm-se uma maior rapidez.

15

2.2.2 Tipos de Layout Celular

Segundo Lee (1998), o layout celular pode ser dividido em:

Células em linha reta – Foi o modelo que se baseou Henry Ford para organizar o fluxo

de materiais, onde um grande número de pessoas trabalhava em operações de curto tempo.

A figura 2.7 mostra como pode ser uma célula em linha reta.

Figura 2.7 – Células em Linha Reta.Fonte: Lee, 1998 – pg 153.

Características:

Múltiplos pontos de entrada de materiais;

Fluxo de materiais eficaz;

Distâncias reduzidas;

Equilíbrio de pessoal difícil;

Pouca flexibilidade;

Pouca comunicação;

Layout macro difícil.

Células em S – São normalmente linhas mais longas que têm essa configuração para se

adaptar ao edifício em que estão alocadas. Permite uma melhor comunicação e uma redução

no espaço físico

16

A figura 2.8 indica o fluxo que o trabalho segue ao ser processado.

Figura 2.8 – Células em Serpentina.Fonte: Lee, 1998 – pg 154.

Características:

Várias entradas;

Fluxo de materiais eficaz;

Distâncias reduzidas entre zonas;

Equilíbrio fácil;

Boa flexibilidade;

Boa comunicação;

Layout macro fácil;

Acomoda muitos processos.

Células em U – São altamente flexíveis. De acordo com a mudança na demanda pode-

se rearranjar o número de pessoas. Existe certa dificuldade quanto ao fluxo de materiais

porque este tem que ser levado ao interior da célula. A eficiência fica prejudicada quando o

tamanho do U aumenta porque a comunicação entre os empregados diminui e também fica

mais difícil para os operadores se ajudarem nesse caso;

17

A seguir, na figura 2. 9, pode-se ver como é o layout de uma célula em U.

Figura 2.9 – Célula em U.Fonte: Lee, 1998 – pg 155.

Características:

Grande flexibilidade de pessoal;

Equilíbrio fácil;

Boa comunicação;

Bom fluxo de materiais;

Distâncias reduzidas;

Um único ponto de entrada de materiais;

Bom feedback da qualidade;

Operadores com múltiplas habilidades

Tubino (1999) cita algumas vantagens da célula em U:

Manutenção de um ritmo de produção: Como os postos de trabalhos estarão

próximos um do outro, um único operador poderá ser responsável pela operação de várias

máquinas. Esse operador será quem vai ditar o tempo de produção ao retirar a peça de uma

máquina na qual o trabalho já foi executado e posteriormente colocá-la na próxima até a

última máquina da célula;

Flexibilidade na capacidade de produção: Pode ocorrer uma variação no número

de trabalhadores conforme a necessidade;

18

As células proporcionam certa flexibilidade conforme é mostrado na figura 2.10 (a) e

(b).

Figura 2.10 (a) – Célula com 3 operadores 2.11 (b) – Célula com 3 operadores.Fonte: Tubino, 1999 – pg 54.

Figura 2.11 (a):

Demanda de 240 peças.

Tempo de ciclo = 2 minutos por unidade.

Operador 1 responsável pelas máquinas: 1, 6 e 7.

Operador 2 responsável pelas máquinas: 2, 3, 4 e 5.

Figura 2.11 (b):

Demanda de 320 peças.

Tempo de ciclo = 1,5 minutos por unidade.

Operador 1 responsável pelas máquinas: 1 e 7.

Operador 2 responsável pelas máquinas: 2 e 6.

Operador 3 responsável pelas máquinas: 3, 4 e 5.

Manutenção do padrão individual de operação: Ritmo da produção será

determinado pelo número de operadores na célula e não pelo nível de atividade deles. O

operador fará sua atividade na velocidade que sempre faz, não terá que acelerar ou reduzir a

velocidade de suas atividades. Isso gera um padrão de ritmo individual de trabalho que será

levado em consideração ao se estabelecer o tempo de ciclo. Um eventual problema na célula

19

poderá ser resolvido com a ajuda mútua entre os indivíduos de modo a compensar perdas no

processo produtivo;

Facilidade em adequar o layout às instalações: Esse formato de célula pode ser

reduzido ou aumentado de acordo com as necessidades do momento, evitando assim que

novas instalações tenham que ser construídas.

Células em U invertido – é uma variação do layout em U, porém menos flexível.

A célula em U inverso funciona conforme a figura 2.11.

Figura 2.11 – Célula em U Inverso.Fonte: Lee, 1998 – pg 155.

Características:

Boa comunicação;

Bom fluxo de materiais;

Distâncias reduzidas;

Múltiplos pontos de entrada de materiais.

Na figura 2.12, Harmon e Peterson (1991) mostram um exemplo de como se planejar

as operações dos operários. Nesse caso os trabalhadores estão de costas um para o outro,

desenvolvendo atividades seqüenciais. Dessa forma o operador desperdiçará tempo e terá que

se deslocar mais ao ir de um lado a outro da célula.

20

Figura 2.12 – Distribuição ruim do trabalho.Fonte: Harmon e Peterson, 1991 – pg 176.

O trabalho na célula pode ser otimizado segundo figura 2.13.

Figura 2.13 – Distribuição melhor do trabalho.Fonte: Harmon e Peterson, 1991 – pg 177.

Nesse caso os operadores estão trabalhando com máquinas mais próximas, então o

deslocamento para ir de uma máquina à outra será menor.

2.2.3 Como funciona uma Célula de Montagem

Segundo Black (1998), a principal diferença entre células de manufatura e de

montagem é que nas células de montagem os operadores têm que estar presente enquanto está

se realizando a tarefa porque os processos são geralmente totalmente manuais. Segundo ele,

uma célula pode ser operada por um único operador quando a procura esta baixa e por até 8

trabalhadores quando está alta. Os operadores usam um sistema de luzes, chamado Andom,

para avisar quando têm problemas que podem atrasar o fluxo de produção, nesse caso

amarelas. Ainda, se esse problema pode parar o funcionamento da produção são acionadas

luzes vermelhas. Assim que o problema é resolvido os operadores voltam a trabalhar e a luz é

21

apagada. Esses problemas são registrados para que um programa de melhoria contínua seja

implantado.

Tubino (1999) ressalta a importância de técnicas motivacionais em células de

montagem porque os processos dependem em grande parte dos operadores, e as empresas

geralmente se preocupam com investimentos em equipamentos deixando o trabalhador em

segundo plano. Ele também destaca a importância da utilização de amortecedores (buffers)

entre as células, bem como o esforço em se reduzi-los, ou até eliminá-los no decorrer do

tempo, porque esses amortecedores são responsáveis por um aumento no estoque e no espaço

físico, fazendo com que os processos se tornem mais burocráticos. O ideal, para o autor, é que

um operador passe diretamente um produto ao próximo operador.

Tubino (1999) cita algumas vantagens de se trabalhar com vários produtos

pertencentes a uma mesma família, como:

Redução do espaço físico: ao se reunir os produtos em famílias teremos uma

redução nos buffers porque grande parte dos componentes será o mesmo;

Ritmo regular da produção: evita-se formação de grandes estoques porque

trabalhamos com o valor médio de produção, que pode ser compensando por outro produto;

Redução dos defeitos: exige uma maior atenção dos operadores, devido à

variabilidade e quebra da monotonia, bem como estimula a polivalência;

Segurança e flexibilidade: com a montagem de células mistas pode-se transferir a

produção de um item de uma célula para a outra caso aconteça algum problema. Isso significa

que pode haver mais de uma célula para um mesmo produto.

2.2.4 Como funciona a Célula de Manufatura

Severiano (1999) descreve a célula de manufatura como uma minifábrica porque ela

contém os processos necessários para a transformação da matéria-prima em produto acabado.

Existem outras funções que essa célula faz, como serviços de manutenção, conservação,

controle de qualidade e outros que podem ser comparados a uma fábrica.

Segundo Monden apud Serveriano (1999) as células de produção podem ser divididas

em dois tipos: as células dirigidas e as não dirigidas.

As dirigidas têm operadores treinados para fabricação de diferentes produtos, assim a

célula pode ser adaptada ao número de operadores que a variação da produção determinar.

22

As células não dirigidas são aquelas que são basicamente automatizadas com um ou

nenhum operador. Essas por sua vez podem ser divididas em dois grupos: as células

automatizadas fixas e as flexíveis.

As células automatizadas fixas são aquelas feitas para lotes grandes, que geralmente

possuem correias transportadoras que são programadas para levar as máquinas diferentes, mas

que estas tenham um tempo padrão de execução.

As células automatizadas flexíveis apresentam dois tipos: a célula robótica e o sistema

flexível de manufatura (FMS). A célula robótica tem poucas máquinas e o robô é que

transporta de uma máquina para a outra, geralmente em forma circular. O FMS geralmente

tem forma retangular e uma correia que transporta o produto de uma máquina para outra.

Harmon e Peterson (1991) ainda comentam outros tipos de configuração como:

Semicélulas e subfábricas diversificadas.

Há diferenças entre as células e as semicélulas. As semicélulas têm o processo das

peças em seqüências diferentes, já na célula o sequenciamento é o mesmo.

Conseqüentemente, o estoque e a área de armazenagem das semicélulas é maior. Acontece

também que uma máquina ainda pode estar sendo usada para concluir outra peça e existe uma

na espera.

Também existem as subfábricas diversificadas que são organizadas obedecendo um

fluxo lógico, mas têm características gerenciáveis diferentes, por exemplo, uma subfábrica

para produtos terrestres e outra para produtos náuticos. São indicadas quando:

Peças com grande variedade de seqüências operacionais tornando impraticável a

formação de uma célula;

O número de peças usinadas é muito grande e o volume muito baixo, gerando uma

quantidade muito grande de operações;

Falta de tempo e recursos financeiros para se criar células.

Existem algumas formas de se identificar a necessidade da criação de células de

manufatura. Se alguns dos itens abaixo ocorrerem significa que as células devem ser criadas:

(Lean Consultores, 2007):

Estoque não controlado entre máquinas;

Produção irregular, imprevisível;

Excesso de área;

1 operador por máquina;

23

Operações fora de ciclo;

O operador 1 tem que deixar o posto a cada 25 peças para alimentar a dobradeira,

por exemplo;

Os operadores buscam peças trazidas em paletes para próximo da “célula”.

2.2.5 Elaboração do Processo de Produção da Célula

Segundo Lee (1998), a elaboração do processo de produção da célula força uma

análise crítica em relação ao tipo, tamanho, capacidade do equipamento, de forma a eliminar

aquilo que não agrega valor ao produto.

Uma análise do fluxo de produção se faz necessário de forma a otimizar os processos,

isso é mostrado na figura 2.14.

24

Figura 2.14 – Análise do Fluxo de Produção.Fonte: Adaptado de Lee, 1998 – pg 129.

O bloco 1 escolhe os equipamentos necessários ao processo;

O bloco 2 é onde os elementos que não agregam valor são eliminados;

Selec. Processo/Equip. Preliminar

1

Estimar Tempode Pessoal

5

Estimar Tempode Equipamento

4

Estimas Tempode Preparação

3

Aperfeiçoar oProcesso

2

Calcular Equip. ePessoal Necessário

7

Estimar Tempode Processo

6

OutrosProcessos

Disponíveis10

FamíliasParecemViáveis

9

Selec. Tamanhode Lote Externo

8

25

Os blocos de 3 a 6 estimam o tempo de preparação de máquina, equipamentos,

processos e tempo de pessoal;

O bloco 7 usa estimativas de tempo para calcular os equipamentos e o número de

pessoas para cada processo;

O bloco 8 calcula a quantidade de produtos que foram produzidos depois de uma

mudança de máquina ou preparação na fábrica;

O bloco 9 analisa se a alternativa é viável, caso não seja o bloco 10 analisará se

existem outras soluções para o problema.

2.2.6 Planejamento da Célula

Conforme Hales, Andersen e Fillmore (1996), devem se seguidos seis passos no

planejamento de células de manufatura:

1. Orientar o projeto: organização, objetivos, melhorias desejadas e escopo do projeto.

Outros assuntos devem ser discutidos nessa fase do projeto como: restrições de tempo,

manutenção, métodos de contabilidade, treinamento e equipamentos;

2. Classificar as partes: classificação das partes que pertencem e as que não pertencem

à célula com base no tipo de material, tolerância de qualidade, tamanho, peso, formato e risco

de avaria. Também deve ser discutido o volume da demanda, seqüência de processos, serviços

necessários aos equipamentos e tempos de processamento;

3. Analisar o processo: são analisadas quantas máquinas, pessoas e estações de

trabalho serão necessárias para que seja produzida a demanda necessária. Visa minimizar as

atividades que não agregam valor ao produto. É nessa fase que é feito o balanceamento da

linha;

4. Adequar as células: o layout deve incluir os equipamentos operacionais, fluxo de

materiais, procedimentos de suporte à célula e treinamento de pessoal para que a célula possa

funcionar. As partes da célula devem ser capazes de serem visualizadas como bancadas, áreas

de inspeção, lixo, terminais de computador, etc;

5. Selecionar o melhor plano: seleção através da análise dos custos operacionais como:

custo da mão-de-obra, manutenção, retrabalho, inventário, etc. Mas as decisões geralmente

são tomadas com base em aspectos intangíveis como: flexibilidade, tempo de resposta à

demanda, facilidade de supervisão, facilidade de manuseamento de materiais e utilização do

chão de fábrica;

26

6. Detalhar e implementar o plano: nessa etapa deve estar definida a posição de

trabalho do operador, a localização das ferramentas, equipamentos manuais e contenedores,

pontos de conexão, pontos de acesso aos painéis e maquinários, e posição da iluminação.

Pode-se desenvolver um mock up. Este consiste em uma simulação em tamanho real feita de

papelão, madeira, metal leve ou tubos plásticos. É uma maneira simples de envolver os

trabalhadores e de conseguir resultados bem detalhados. Através do mock up podem ser

descobertos detalhes que seriam dispendiosos de serem alterados posteriormente no projeto,

por isso é utilizado como um método de fácil visualização e baixo custo devido a substituição

de programas computacionais por um ambiente em 3 dimensões;

A figura 2.15 mostra uma das formas de se fazer um mock up através de armações

metálicas simulando o espaço que a célula ocupará.

Figura 2.15 – Mock up.Fonte: Hales, Andersen e Fillmore, 1996.

2.2.7 Verificação do projeto de Manufatura Celular

Quando se está planejando um sistema de manufatura celular devem ser respondidas

as seguintes perguntas (Lean Consultores):

1. Escolhemos os produtos certos?

Os produtos devem ser semelhantes;

O conteúdo de trabalho não deve variar mais do que 30%;

Idealmente o TAKT deve ser entre 10 segundos e 5 minutos ;

27

Considerar sempre a flexibilidade.

2. Qual é o TAKT? (ritmo do mercado)

TAKT = Tempo Efetivo de Trabalho no Intervalo [1]Demanda do Cliente no Intervalo

Obs.: Não confundir com tempo de ciclo (TC) que é o tempo para produzir uma

unidade. Se o TC for maior que o TAKT não será possível atender à demanda. Se o

TC for muito menor que o TAKT haverá muitos desperdícios.

3. O equipamento consegue manter o TAKT?

Deve-se evitar que os operadores esperem nas máquinas. O TC deve ser o mais

próximo possível do TAKT.

4. De quanta automação precisamos?

5. Quais são os elementos de trabalho? (menor incremento de trabalho que poderia

ser movido para o outro operador)

6. Qual é o tempo real para cada elemento?

Cronometrar os tempos reais no chão de fábrica;

Cronometrar cada elemento de trabalho separadamente 10 vezes cada um;

Escolher um operador típico;

Separar o tempo homem do tempo máquina;

Não usar a média dos tempos coletados, uso o menor tempo sustentável.

7. Quantos operadores precisamos?

Quantidade de operadores = Conteúdo de trabalho [2]TAKT

8. Como reagir as flutuações da demanda?

Absorver com o estoque nivelador;

Realizar horas extras;

Alterar o número de operadores na célula;

28

Preparar sempre versões da célula com “um a mais” e “um a menos”, conforme

apresentado na figura 2.16;

Figura 2.16 – Versões com um operador a mais e um a menos.Fonte: Lean Institute Brasil, 2007.

Fazer um quadro de multifuncionalidade, que é evidenciado na figura 2.17.

Figura 2.17 – Quadro de multifuncionalidade.Fonte: Lean Institute Brasil, 2007.

9. Como deveria ser o layout?

Deve-se estudar a utilização de front picking, de acordo com a figura 2.18;

29

Figura 2.18 – Funcionamento do Front Picking.Fonte: Lean Institute Brasil, 2007.

Sistema Lean recomenda sempre trabalhar em pé;

Reduzir os desperdícios devido aos deslocamentos;

Manter o estoque no mínimo possível e constante;

Remover obstáculos ao deslocamento dentro da célula;

Manter um operador experiente no primeiro e no último processo;

Eliminar superfícies onde poderiam se acumular estoques;

Racionalizar o movimento do material (uso de gravidade, não permitir retornos e

não permitir contra-fluxos);

Racionalizar o uso das ferramentas (usar ferramentas dedicadas, manter

ferramentas ao alcance das mãos e balancins);

Usar prateleiras deslizantes, flow racks;

Estudar o uso de kits para abastecimento.

10. Como sustentar e melhorar?

2.2.8 Utilização das máquinas

Harmon e Peterson (1991) destacam alguns mitos que devem ser evitados ao se

analisar a capacidade de produção das máquinas:

30

Mito 1 - Os tempos de processamento das máquinas numa célula podem ser

equilibrados. Na realidade, a taxa de utilização das máquinas deve ser significativamente

inferior a 100 %;

Mito 2 - A capacidade das máquinas pode ser plenamente utilizada. Isso não é

verdade porque elas têm velocidades e tempos de máquina diferentes;

Mito 3 - A carga de longo prazo das máquinas pode ser prevista. As indústrias não

têm como prever com exatidão as variações na demanda, por isso produz-se muitas vezes em

excesso ou em menor quantidade que o necessário;

O que tem acontecido na prática é o seguinte (Harmon e Peterson, 1991):

Grande parte das máquinas excede em capacidade as necessidades reais;

Máquinas são utilizadas depois de estarem plenamente depreciadas;

Os fabricantes variam as quantidades a serem produzidas devido à sazonalidade

dos produtos, tendências do mercado, etc.

Algumas observações devem ser seguidas ao se projetar células, segundo os mesmo

autores:

Projetar células de forma que seja possível a adição de outras máquinas, caso haja

um aumento na demanda;

Analisar a possibilidade de criar células em duplicata;

Dividir a carga da célula destinando parte da carga para outra célula.

2.2.9 Balanceamento da Célula de máquinas

Harmon e Peterson (1991) comentam que no sistema de manufatura celular já não é

interessante mensurar as atividades individuais, sendo que o sistema é determinado pelo

operador mais lento. Cada operário deve trabalhar o quanto for capaz e não somente aquilo

que está sob sua responsabilidade.

31

A figura 2.19 é um exemplo de um balanceamento de uma forma simplificada de cinco

máquinas e seus respectivos tempos.

Figura 2.19 – Balanceamento de Linhas.Fonte: Harmon e Peterson, 1991 – pg 175.

Nesse caso, considerando que um operador só pode manejar um número inteiro de

máquinas, o primeiro operador ficaria responsável pelas máquinas 1 e 2, e o segundo operador

pelas 3, 4 e 5. Haveria uma diferença de 8 segundos no trabalho de um indivíduo se

comparado ao outro. Assim, a melhor alternativa seria o compartilhamento da máquina 3 no

primeiro processamento, e no segundo o compartilhamento da máquina 2.

Segundo Lee (1998) o uso do tempo ocioso pessoa-máquina pode contribuir com

aumentos significativos na produtividade, e quanto maior o processo, maiores serão os ganhos

devido à minimização da ociosidade.

Lee (1998) também cita 3 custos como sendo os principais responsáveis para se definir

um lote externo: custo de preparação da máquina, custos de estoque e custos da peça. Por

exemplo, se o custo de preparação de uma máquina leva 2 horas, a US$10,00 por hora. Então

US$ 20,00 seriam divididos na pela quantidade de unidades processadas. Se forem 100

unidades então teríamos que somar US$ 0,20 por unidade. Mas isso não significa que teremos

que aumentar os lotes infinitamente para diluir os custos de preparação da máquina porque

com lotes maiores teremos estoques maiores, o que gera diminuição no capital de giro e várias

outras despesas.

Ao selecionar um tamanho de lote externo devemos considerar vários fatores (Lee,

1998):

Grande parte das empresas usa tamanhos de lotes muito acima do ideal;

Devemos utilizar regras que tenham significado sob o custo;

Analisar os sistemas contábeis minuciosamente;

Considerar o valor e os efeitos da redução do tempo de preparação de máquina.

32

Um exemplo de célula com seus tempos de operação é mostrado na figura 2.20.

Figura 2.20 – Um exemplo de como uma Célula de Manufatura trabalha.Fonte: Black, 1998 – pg 99.

LegendaFP Furadeira de pressãoT TornoFH Fresadeira horizontalFV Fresadora verticalTabela 2.4 (a) – Um exemplo de como uma Célula de Manufatura trabalha (legendas).Fonte: Adaptado de Black, 1998 – pg 99.

Sequência nome da operação Tempo Manual Tempo Caminhando TM - Máquina1 fresagem de topo 12´´ 5´´ 30´´2 fazer furação 15´´ 5´´ 20´´3 furo de torno 13´´ 5´´- 8´´ 180´´4 fresar faces 12´´ 8´´- 5´´ 20´´5 fresar rebaixos 13´´ 7´´ 30´´6 inspeção final 10´´ 5´´

75+35=110´´ 75´´ 35´´ 280´´Tabela 2.4 (b) – Um exemplo de como uma Célula de Manufatura trabalha (tempos).Fonte: Adaptado de Black, 1998 – pg 99.

O tempo de ciclo TC desse caso é de 110 segundos, que é a soma do tempo que o

operador usa na máquina mais o tempo caminhando de uma à outra. O tempo total de

máquina para uma peça é de 280 segundos. Desses, 180 segundos são para a terceira

operação. O tempo de máquina TM deve ser sempre menor que o tempo de ciclo. Então, para

reduzir o tempo de máquina da terceira operação teremos que duplicar a célula. (Black, 1998)

33

O tempo de máquina é calculado da seguinte forma:

TM = C + tolerância [3]abastecimento x rpm

O tempo de ciclo é calculado segundo a seguinte fórmula:

TC = horas em um turno x número de turnos [4]demanda diária por peças

Onde,

demanda diária de peças = demanda mensal_______ [5]número de dias em um mês

A velocidade e o abastecimento da máquina podem ser reduzidos com a finalidade de

aumentar a vida útil da ferramenta de corte segundo a fórmula a seguir:

VT^n = C [6]

V = velocidade de corte

T = vida da ferramenta

n e C = constantes empíricas

O que podemos concluir é que para uma pequena diminuição na velocidade de corte

conseguiremos um grande aumento na vida da ferramenta. Com isso, teremos um processo

com menos chances de quebra ou de produzir peças defeituosas.

Schonberger apud Tubino (1999) descreve o problema de se utilizar equipamentos

com capacidade muito acima da demanda chamando-o de “ciclo da super máquina”, que é:

Devido a um incremento na demanda pode-se aumentar a capacidade produtiva;

A empresa procura adquirir equipamentos que sejam capazes de satisfazer a

demanda para os próximos 3 a 5 anos;

A indústria subutiliza a máquina durante os primeiros 3 a 5 anos;

Após alguns anos a demanda atinge o previsto e a máquina é utilizada na sua

capacidade total, tendo pouco tempo para a manutenção;

Devido à baixa confiabilidade e a diminuição da capacidade produtiva a empresa

resolve substituir essa máquina por uma nova, e o ciclo recomeça.

Shingo apud Tubino (1999) explica a seguinte situação. Muitas empresas tendem a

utilizar a capacidade máxima de suas máquinas, mesmo que não haja um aumento na

34

demanda. Não se leva em consideração que os equipamentos, mesmo que contabilmente

depreciados, poderão gerar lucro, e que os custos gerados pela mão-de-obra ociosa geralmente

são maiores que o custo de depreciação.

Então devemos evitar o uso das “supermáquinas” porque com elas o nivelamento da

produção fica difícil de acontecer. É preferível trabalhar com máquinas menores e com custo

mais baixo, assim podemos planejar melhor o crescimento da capacidade produtiva e usar de

células duplicadas, que servem também como segurança caso haja um problema com uma

delas, ou ainda, um produto de uma mesma família pode ser fabricado por uma ou ambas as

células de acordo com a demanda (Tubino, 1999).

2.2.10 Backup de Célula e Célula de uma máquina

Harmon e Peterson (1991) discorrem sobre a importância de se usar backup de células

para se compensar os desequilíbrios causados principalmente por quebras de máquinas e

variações na demanda. Podem existir 2 células independentes, que produzam algumas peças

distintas, mas produzem um grupo de peças em comum, o que serve para balancear a carga

das células. Caso uma delas não consiga produzir a quantidade necessária, a outra irá ajudá-la

a atingir essa meta fabricando os produtos que ambas podem executar. Isso evita a

necessidade de se prever com exatidão a demandas futuras e também que se tenha que confiar

em demasia nos cálculos de tempos padrões.

Os autores também ressaltam a vantagem de se utilizar células de uma máquina. Ao

usar uma máquina para fazer certa atividade os operadores terão mais facilidade em fazer o

seu setup porque não terão que se preocupar com detalhes, como as variações que existem

entre máquinas supostamente iguais, assim reduzindo no tempo de setup também. Isso leva a

uma maior padronização, a especialização do operador e a uma melhoria na qualidade dos

produtos. Como alternativa poderiam ser destinados produtos feitos de um mesmo material a

mesma célula.

2.2.11 Flexibilidade no projeto de Célula

Para ser flexível, um projeto tem que conseguir se adaptar facilmente às dinâmica do

projeto de produto a fim de colocar um produto rapidamente no mercado ou atender às

mudanças que um cliente possa requisitar (Black, 1998).

35

O autor afirma que existem várias alternativas caso o tempo de máquina (TM) seja

maior que o tempo de ciclo (TC):

O processo que tem o TM alto é duplicado;

O processo é acelerado. Não é o ideal porque pode haver uma diminuição na

qualidade da peça e também um maior desgaste das máquinas;

Utilização de horas extras;

Transferência de operações para máquinas com maior tempo disponível;

O produto é reprojetado.

Ou ainda, a célula é duplicada e conseqüentemente sua capacidade é mais do que

duplicada porque podemos eliminar alguns setups, já que as atividades serão divididas.

Black (1998) ainda salienta que os layouts atuais seguem modelos diferentes dos que

eram projetados há alguns anos. Agora os arranjos de máquinas são constantemente

modificados visando uma otimização dos recursos, redução dos tempos, estoques, etc. Os

equipamentos atuais não são mais fixados no chão, eles devem estar livres para que novas

otimizações possam ser feitas.

2.2.12 Células Interligadas

Segundo Black (1998), as células interligadas são compostas de máquinas

automatizadas que não necessitam de acompanhamento para seu funcionamento, desligando

automaticamente depois que as peças são processadas. Podem ser ligadas umas às outras

diretamente ou indiretamente através de kanban. O uso de desacopladores entre as células,

que é o aparelho que segura a peça entre processos, faz com que o operador possa caminhar

no sentido oposto ao fluxo das peças. Os desacopladores são colocados entre as máquinas

para aumentar a flexibilidade, controle de qualidade, de produção e de processo da célula.

O fluxo de peças dentro da célula se dá pelo movimento de uma de cada vez. Assim,

podemos eliminar as filas no processo, diminui o manuseio de material e o espaço destinado

aos estoques. Deve haver uma maior preocupação para prevenção de paradas devido a

quebras (Black, 1998).

36

Na figura 2.21 pode-se observar como as células podem ser interligadas.

Figura 2.21 – Células ligadas com Estoques de Segurança.Fonte: Black, 1998 – pg 107.

Dessa figura podemos entender a importância de um estoque mínimo de ligação, para

se prevenir contra paradas inesperadas, e também que o fluxo de informação que se dá por

kanbans.

Black (1998) explica sucintamente o funcionamento das células da seguinte forma.

Em uma célula de 5 máquinas onde o operador esteja caminhando no sentido oposto ao fluxo

do material, depois de produzida uma peça surge a necessidade de se alimentar a última

máquina, então o operador pega uma peça que está no desacoplador da máquina 4 e coloca na

máquina 5 para ser processada. Depois a máquina 4 deve ser alimentada, então coloca-se uma

peça que foi produzida pela máquina 3 para se processada na máquina 4, e assim por diante.

As células são indicadas para famílias de peças, como é mostrado na figura 2.22.

Figura 2.22 – Exemplo de Célula Manual para usinagem de uma família de peças.Fonte: Black, 1991 – pg 110.

37

As células funcionam com trabalhadores de múltiplas habilidades porque devem ser

capazes de operar diferentes máquinas e ainda realizar inspeção e manutenção. A opinião

desses trabalhadores deve ter grande importância ao se implantar uma célula porque suas

opiniões podem conduzir a grandes mudanças responsáveis por resultados melhores para a

empresa (Black,1998).

Hales, Andersen e Fillmore (1996) indicam os casos em que a automatização pode ser

necessária:

A quantidade produzida é muito alta;

Muitas mudanças podem ocorrer porque a vida do produto é longa;

O trabalho é caro;

A empresa tem experiências de sucesso com sistemas automatizados;

Os processos são periculosos ou insalubres aos operadores;

Alta precisão e repetitividade são necessárias;

A tecnologia não é estável.

2.2.13 Células Piloto

Black (1998) enfatiza que algumas empresas precisam formar células piloto para

aprender como as células irão funcionar. Elas têm que entender que o grande objetivo é

utilizar ao máximo o trabalho do operador, e que este não esta mais acoplado a máquina, isso

significa dizer que poderá haver mais máquinas que trabalhadores.

Black (1998) sugere duas formas de transição para a implantação de células, primeira:

Achar a máquina principal e chamar todas as peças que vão para essa máquina de

família. Depois, mover todas as máquinas para próximo dessa máquina;

Construir uma célula de peças que tem características parecidas;

Projetar uma célula de peças que tem processos em comum;

Construir uma célula de peças visando eliminar os tempos mais longos;

Projetar um sistema de células interligadas de montagem final, submontagem,

peças, componentes e fornecedores.

Outro método:

Usar kanbans para puxar os processos;

Reduzir os estoques continuamente;

38

Reduzir o número de carrinhos e suas capacidades;

Aproximar as máquinas;

Se a qualidade já estiver alta, manutenção controlada, setups curtos, pode-se

colocar as máquinas uma ao lado da outra;

Diminuir o tamanho do lote para um e eliminar os carrinhos.

2.2.14 Funcionamento contínuo

Conforme Harmon e Peterson (1991), a manutenção tem papel essencial no sistema de

produção através de células. Mas normalmente não se dá muita importância a essas paradas

devido:

Os tempos de parada costumam ser menores porque os trabalhadores já têm

percepção para saber se uma máquina poderá parar ou não;

Muitas máquinas raramente param;

O efeito multiplicador é pequeno devido ao baixo número de máquinas;

Muitas vezes existem outras células que podem fazer o mesmo trabalho.

2.2.15 Benefícios

Segundo Slack, Chambers e Johston (2002):

Diminuem as distâncias, consequentemente reduzem os custos e também o número

de contenedores;

Na maioria dos casos, diminuem as distâncias percorridas pelos operadores;

Alimentação feita por gravidade na entrada e saída, simplificando os dispositivos;

Capacidade flexível da célula onde um operador pode trabalhar com várias

máquinas, e se necessário pode-se aumentar a quantidade de operadores conforme a

demanda até que se chegue a um operador por máquina;

Dispositivos de alarme de fácil percepção, como os sonoros e visuais;

O fato dos trabalhadores estarem pertos uns dos outros facilita a comunicação

entre eles, bem como a colaboração em caso de problemas;

Distâncias pequenas facilitam o deslocamento para o retrabalho;

Não formam corredores que dão passagem a pessoas e ao material, o que

geralmente contribui para a desatenção e em conseqüência acidentes e quedas na

produtividade;

39

Ajudam na distribuição das ferramentas, bem como do trabalho;

Tornam as ligações com outras células mais fáceis;

Reduzem os setups por torná-los mais simples;

Reduzem o tempo de treinamento;

Roteiros simplificados com a produção mais rápida e menos estoques;

Trabalhadores especializados aumentam o nível de qualidade;

Maior facilidade de implantar a automação;

Independem do tamanho da fábrica para sua implantação;

Grande redução de custos sem grandes investimentos.

2.2.16 Limitações

Segundo os mesmos autores:

O capital de investimento poderá ter que ser dobrado, até porque o backup de

células é necessário muitas vezes;

A utilização das máquinas pode ser menor;

Problemas de eficiência no balanceamento devido à flexibilidade.

Black (1998) ainda salienta alguns problemas que podem surgir na conversão de um

tipo de sistema de produção para as células:

Essa alteração tem grandes conseqüências na empresa e requer uma mudança de

atitude dos trabalhadores porque eles terão mais autonomia para resolver os

problemas;

As empresas têm a tendência de investir em mudança de produto comprando

novos equipamentos, mas não no processo de forma a poder melhorar a produtividade

de suas máquinas atuais;

Medo do desconhecido. Investimento que às vezes têm um longo prazo para dar

retorno aliado à dúvida dos gestores leva a não mudança;

As decisões não podem ser somente baseadas no lucro. Os prazos de entrega,

melhoria da qualidade e confiabilidade também são fatores a serem considerados;

Resistência da média gerência que teme perder sua posição na empresa;

As sugestões que forem viáveis devem ser implantadas e as pessoas que foram

responsáveis pelas idéias devem ser recompensadas.

40

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 PROBLEMA

Segundo Oliveira (1998), problema é um fato ou fenômeno que ainda não possui

explicação, a resposta será o fruto da discussão seguindo um método de pesquisa até a

comprovação dos fatos.

No caso desse trabalho o problema é o estudo das ações tomadas para a formação de

uma célula de montagem em uma empresa do ramo de compressores de ar e suas

conseqüências.

3.2 PESQUISA E METODOLOGIA

Conforme Cervo e Bervian (1996), pesquisa é uma atividade destinada a solução de

problemas através de um método científico. Ela surge de um problema e com a utilização de

meios adequados busca-se sua solução.

Quanto à natureza, esse trabalho pode ser considerado um resumo do assunto porque é

baseado em pesquisas publicadas por especialistas no tema. Para esse tipo de pesquisa é

necessária uma atenção especial à interpretação dos fatos e idéias, utilização de metodologia

adequada e foco no tema de um ponto de vista original (Andrade, 2001).

Em relação aos objetivos gerais, a presente pesquisa pode ser classificada como

descritiva. O estudo descritivo abrange os aspectos gerais, permite ao leitor uma maior

compreensão do comportamento de vários fatores que influenciam no processo dando uma

visão abrangente de como as variáveis estão ocorrendo (Oliveira, 1998).

Cervo e Bervian (1996) comentam que a pesquisa descritiva observa, analisa e

correlaciona variáveis sem manipulá-las.

Quanto aos procedimentos técnicos que foram utilizados nesta pesquisa, ela é

considerada como estudo de caso.

3.3 FASES DA PESQUISA

A presente pesquisa foi realizada numa seqüência que facilitasse o entendimento do

estudo de caso em questão. As fases foram as seguintes:

Fase 1 – Revisão bibliográfica;

Fase 2 – Desenvolvimento da célula;

41

Fase 3 – Análise da configuração da célula desenvolvida;

Fase 4 – Avaliação geral do processo.

4 ESTUDO DE CASO

4.1 A EMPRESA

A Schulz começou suas atividades em 1963 com a razão social Heinz Schulz com a

finalidade de fundir alumínio, bronze e ferro fundido.

Figura 4.1 – Empresa Schulz em 1963.Fonte: Schulz.

Em 1972, a Schulz passou a produzir compressores de ar e atualmente é maior

empresa fabricante de compressores de ar da América Latina. É a única empresa

genuinamente nacional nesse segmento de mercado.

A Schulz S.A. é uma empresa de capital aberto com ações na Bovespa. Atualmente

ocupa uma área de 319 mil m2, desses 72.000 m2 são de áreas construídas. Cerca de 1450

colaboradores trabalham para garantir o padrão de excelência de seus produtos.

42

Figura 4.2 – Vista aérea da empresa.Fonte: Schulz.

Essa empresa também possui uma fundição nessa mesma planta, que produz

componentes para a indústria automotiva.

Os principais produtos da Schulz compressores são:

Linha de serviço e profissional – São os compressores voltados principalmente às

linhas de serviços;

Linha industrial – Na verdade fazem parte de uma linha semi-industrial;

Linha médico-odontológica – Destinam-se a fins médicos e odontológicos;

Compressores de ar alternativos de diafragma – Desenvolvido para uso doméstico;

Compressores rotativos de parafuso – Distribuidor exclusivo da LeRoi

International.

No final de 1994, a Schulz adquiriu a empresa WETZEL TECNOMECÂNICA S.A. e

hoje é responsável por aproximadamente 80% do mercador nacional de compressores de ar a

pistão.

43

4.2 UMA VISÃO GERAL DO PROCESSO NA LINHA DE MONTAGEM

O processo de montagem dos compressores de ar era feito em duas linhas de produção

com o trabalho de 10 operadores ligados diretamente a elas e outros que eram responsáveis

pelo abastecimento, manutenção e outras funções que não entravam no quadro das linhas por

se tratarem de funções relacionadas à empresa como um todo.

Os processos se caracterizam por ser extremamente manuais. Alguns equipamentos

são utilizados, como parafusadeiras e giga de teste elétrico, mas a maioria das operações são

relacionadas ao posicionamento da peça no compressor ou pela fixação da mesma. Assim, não

é necessária a explicação de todas as atividades porque a análise que está sendo feita é sob o

processo como um todo e não em relação às operações individuais, que são em grande

quantidade.

Os operadores deixam suas ferramentas em quadros de sombra, ou às vezes mais

próximas ao posto de trabalho devido a sua grande utilização. Esses quadros ficam

localizados atrás deles ou ao longo da linha.

O reservatório do compressor é colocado com o auxílio de um manipulador no começo

da linha, numa mesa de roletes, e conforme os operadores vão desenvolvendo suas tarefas o

produto é empurrado para o posto seguinte.

Basicamente dois postos são diferenciados, o teste elétrico e a embalagem. O teste

elétrico é feito em todos os produtos, e os dados são incluídos numa base de dados para o

controle da qualidade. A embalagem é feita no final da linha por um operador que se utiliza

de uma grampeadeira para formar caixas de madeira de modo a proteger o produto para a

estocagem e transporte.

Os equipamentos manuais utilizados são na sua maioria pneumáticos. Eles se

encontram suspensos e são abastecidos por tubos de ar que ficam logo à cima da linha.

O abastecimento de peças é feito através de caixas que são colocadas em prateleiras ao

longo da linha, geralmente ficam atrás do operador.

4.3 OPORTUNIDADES DE MELHORIA IDENTIFICADAS

Algumas necessidades de melhoria foram levantadas para justificar a mudança de

layout proposta, como:

44

Deixar as peças mais próximas do operador, reduzindo os deslocamentos

desnecessários;

Melhorar a ergonomia para que cada operador possa ajustar os equipamentos

conforme sua estatura;

Aumentar a produtividade por operador, reduzindo os tempos ociosos e atividades

que não agregam valor ao produto;

Melhorar a qualidade dos produtos e redução de perdas no processo;

Aumentar a flexibilidade em caso de alterações na produção;

Melhorar a comunicação na fábrica a fim de se reduzir os problemas relacionados

ao fluxo de informação;

Reduzir os estoques intermediários;

Diminuir o espaço físico ocupado pela linha;

4.4 PROCEDIMENTOS DE MELHORIA

Depois de levantadas as oportunidades de melhoria, foram discutidas os métodos que

seriam utilizados para se chegar aos objetivos propostos.

Foi sugerida a implantação da manufatura celular tendo um vista que grande parte dos

objetivos propostos poderiam ser alcançados. Em algumas fases do processo o pesquisador

pode acompanhar a implantação, mas na maior parte ele coletou as informações depois que a

implantação já tinha ocorrido.

4.5 INFORMAÇÕES SOBRE O TEMA

A revisão bibliográfica foi feita baseada em livros relacionados a layouts de produção

e outros que abrangiam áreas relacionadas à engenharia de produção, conforme já abordado

no segundo capítulo desse trabalho.

4.6 DESENVOLVIMENTO DA CÉLULA

Essa análise foi feita baseada em entrevistas com pessoas relacionadas à implantação e

funcionamento da célula, desde operadores de produção até os engenheiros responsáveis.

Dados também foram coletados na empresa em forma de planilhas, desenhos e outros com a

finalidade de se aprofundar na análise.

45

4.6.1 As Principais dificuldades ocorridas durante o projeto e implantação

Convencer o pessoal a mudar para a célula em U;

Posicionar as caixas nos postos;

Separação de kits por lote;

Alimentação de reservatório;

Balanceamento e mudança de ordem das operações;

Unificação de duas linhas de produtos com características e tamanhos diferentes. E

além disso, o abastecimento feito por somente um dos lados da célula;

Redução do número de operadores;

Imposição do layout em U pela empresa de auditoria, por isso não foram muito

estudadas outras formas de arranjo físico;

No início as peças não chegavam na hora certa, eram enviadas para o posto errado,

não eram entregues ou ainda eram trocadas;

Precisou ser feita adaptação do ferramental;

Alto gasto de tempo e mão-de-obra;

O software não estava preparado para fazer separação em forma unitária porque os

itens eram estocados em sistema de 2 caixas;

Ponto de aviso do tubo de alimentação não estava bem definido;

Com a despadronização das embalagens aumentou-se o tempo de separação;

O planejamento da célula não era feito com antecedência.

4.6.2 Análise do desenvolvimento da célula

A seguir serão expostas informações obtidas do questionário que consta no Anexo 1.

QUESTÕES FÍSICAS

Layout

O tipo de célula que foi implantado é o tipo em U. Estudou-se a possibilidade de se

curvar um dos lados para aumentar a segurança porque o último operador da linha usa uma

grampeadeira para embalar o produto final, assim em caso de acidente o grampo não atingiria

46

os outros operadores, mas não foi adotada essa configuração porque era muito improvável que

isso acontecesse. Foi escolhido o tipo em U pelo fato da célula ter um baixo nível de

automação, pensou-se na economia de espaço que poderia ocorrer e também no fato dos

operadores poderem se ajudar mutuamente.

Esse layout facilita para um operador poder auxiliar o outro caso haja necessidade.

Pensou-se na economia de espaço que também poderia ocorrer e no fato do operador que

abastece a célula também ajudar na retirada dos produtos acabados.

Quase todo tipo de material que é movimentado na fábrica é utilizado nessa célula. Na

pré-montagem são utilizados: motores e pressostatos. Na célula de montagem de blocos:

blocos e unidades compressoras. No almoxarifado: conexões, parafusos, serpentinas, correias,

protetores de correia, filtros, adesivos, fiação, mangueiras e válvulas. No depósito de

embalagens: embalagens de madeira.

Os equipamentos manuais utilizados são: parafusadeiras, chaves manuais, dispositivos

para alinhamento de motor e bloco.

Os contenedores utilizados serão: flow racks, estante para sistema duas caixas, caixas

de 7 tamanhos distintos, carrinho de abastecimento de reservatório, um carrinho para

transporte do motor e outro para abastecimento em geral. O motor e outros materiais são

puxados por uma “biga” ou carrinho rebocador que faz a rota. No começo, parte dos itens que

estavam no supermercado não tinha carrinho adequado para o transporte, depois essa

dificuldade foi superada.

Os materiais são estocados no almoxarifado e uma ou duas pessoas são responsáveis

pelo abastecimento da célula. Na célula as peças são alocadas em caixas, tubos para itens

pequenos ou ainda em cima de balsas e caixas com berços.

A quantidade de material que é armazenado na célula é de cerca de uma hora de

produção, portanto os insumos necessários à produção deverão ser suficientes para abastecer a

célula por esse tempo e não mais que isso, para se evitar estoques. Verificou-se certa

dificuldade quanto ao tempo de desembalagem, então foi proposto que os produtos fossem

levados à célula em sua grande maioria sem embalagem, ou que o fornecedor oferecesse

embalagens mais práticas ou em quantidades mais adaptadas às realidades da empresa.

Aproximadamente 16,50 m2 da célula são utilizados para a montagem e 43,50 m2 são

destinados ao abastecimento. Esse estoque está localizado no perímetro da célula. Observou-

se certa dificuldade de abastecimento devido à restrição no espaço para que ocorresse o

mesmo.

O layout da célula pode ser melhor observado no Anexo 4.

47

Serviços de suporte

As caixas vazias são colocadas na parte de cima do flow rack, então a caixa voltará à

parte de trás da prateleira (em relação aos operadores da célula) devido a um caimento, de

modo que o movimentador possa colocar essas caixas no carrinho a fim de gastar um mínimo

de tempo.

O setor de qualidade deverá fazer a calibração dos equipamentos que são utilizados no

processo, como: torquímetros, equipamentos de teste elétrico, manômetro, rotômetro e

instrumentos de medição (paquímetro).

O setor de manutenção será responsável pela manutenção preventiva e corretiva em:

instalações pneumáticas, elétricas e hidráulicas.

O setor de processos fará: as instruções de trabalho, gestão visual e calibração de

ferramentas pneumáticas.

A retirada do lixo é tercerizada. Haverá coleta seletiva na célula como acontece em

toda a empresa.

Um computador é necessário aos operadores para consultar a estrutura dos produtos e

também para que o operador possa fazer o registro dos testes que são feitos no produto.

Não há nenhum tipo de cuidado diferenciado quanto a iluminação, exaustão e

ventilação do local. Ainda, não tem abastecimento de água e o de óleo acontece através de

tubulações especiais que abastecem a fábrica inteira.

QUESTÕES DE PROCESSO

Controle de Qualidade

Todos os operadores são responsáveis pela qualidade em maior ou menor grau. A

responsabilidade maior cairá sob o inspetor da linha que faz o teste de segurança elétrica no

produto e também o teste de funcionalidade. Além dele, o líder da linha também tem

responsabilidade acentuada, faz inspeção visual nos produto, relacionada à segurança e à

funcionalidade do produto. O líder é aquele que consegue trabalhar em todos os postos da

célula dentro do tempo de ciclo.

48

É realizado controle estatístico através do registro de testes (pressão, vazão e

vazamentos), teste funcional e elétrico (corrente, tensão e de segurança elétrica).

Não há poka yoke relacionado à qualidade, somente visando maior segurança no

trabalho. Futuramente deverá haver poka yoke e andoms (com sinalização de qualidade,

abastecimento e manutenção corretiva).

Os equipamentos de controle utilizados serão: giga de testes (para o teste elétrico),

manômetro e rotômetro.

Engenharia

O desenvolvimento da engenharia da célula foi feito pelo setor de métodos e

processos.

A supervisão de montagem da base operacional é responsável pela célula, portanto

será externo à célula. Secundariamente o setor de qualidade e de processos. Os equipamentos

de abastecimento são dedicados à célula, exceto: o carrinho rebocador, os equipamentos de

manutenção, equipamentos de calibração e carrinhos de embalagem.

As ferramentas, em geral, são expostas dentro da célula em quadros de sombra, já as

pneumáticas são suspensas em balancins.

Os setups não são comuns na célula, ocorrem normalmente no tencionador de correia

e no cabeçote de uma parafusadeira especial, sendo realizado pelo próprio operador.

Gerenciamento de materiais

Cada unidade produzida será reportada no final das operações pelo líder, que faz a

leitura dos códigos de barra e inclusão dos dados no sistema, que se chama Magnus e foi

desenvolvido pela Datasul.

O PCP passa as ordens de produção para o supervisor, o líder de processo e o

almoxarife responsável pelo abastecimento da célula. Ele também dará prioridade aos pedidos

chamados de carteira, que são aqueles que já foram efetuados, posteriormente aos do estoque

nivelador, que mantém certa quantidade dos itens mais vendidos.

O balanceamento de linha foi necessário porque se pretendeu fazer uma redução de 10

para 7 operadores realizando o mesmo número de operações. Algumas operações sofreram

mudança de ordem para que isso ocorresse, outras ficaram impossibilitadas disso porque o

49

sequenciamento depende da posição do produto em relação à linha. Certas vezes o produto

fica virado para o lado oposto do operador, não sendo possíveis em certas ações.

Ao se fazer o balanceamento foram levados em consideração fatores como ergonomia

e segurança. Foi feito uma análise DNA para redução de atividades desnecessárias (limpeza,

retrabalho de usinagem, desembalagem de peças, busca de peças, etc.) e melhoria de métodos

de atividades necessárias (apanhar peça, tirar proteção do adesivo, molhar reservatório para

aplicar adesivo, testar, deslocar produto sob a linha, etc.) e atividades que agregam valor ao

produto (colocar bloco, colar adesivo, colocar parafuso, embalar produto, etc.). Os produtos a

serem produzidos nessa célula foram definidos através da comparação do TAKT e não em

suas características físicas. Uniu-se a linha odontológica e a ML. Antes era uma linha para

moto-alumínio e odontológico e outra para a linha ML. Agora a célula produz ML e

odontológico, a moto-alumínio ficou sozinha.

Se ocorrer uma mudança na demanda pode-se diminuir a quantidade de operadores e

se rebalancear a célula. O balanceamento foi planejado para um aumento ou decréscimo na

produção em que se possa aumentar ou diminuir uma pessoa no quadro. No caso de

diminuição de pessoal, pode-se deslocar esse operador para a logística enquanto a situação

não se estabiliza. A folha de balanceamento e a tabela de elementos e tempos podem ser

contatadas nos Anexos 2 e 3 desse trabalho.

Não há planejamento para uma variação no mix de produtos. O tempo de ciclo está

projetado para ficar entre 0,90 e 0,95 do tempo TAKT. Se alterar muito a demanda a produção

poderá ser feito em 2 turnos, a célula será mais automatizada ou serão feitas horas extra, etc.

Conceitualmente, o gargalo deveria ser o primeiro posto de trabalho porque é aquele que puxa

a produção, mas ocorre do teste muitas vezes ser o gargalo porque é uma função diferenciada

das demais, com procedimentos de tempo fixo no teste. Outras vezes o embalamento é o posto

mais crítico, dependendo do tipo de produto que será embalado. Não há estoque intermediário

entre os postos, mas poderá haver um compressor de buffer entre os postos 3 e 4 e também

entre o 6 e 7.

Os produtos que têm grande diferença do TAKT tanto para mais quanto para menos

foram direcionados para outra célula que faz produtos variados, de maior complexidade. Se

houver um aumento de produtividade, pode-se direcionar a produção para esta célula especial

que é capaz de produzir todos os compressores da linha odontológica, profissional e

industrial. No caso de não se conseguir produzir a quantidade almejada, as prioridades por

ordem decrescente são as seguintes: serão feitas horas-extra, poderá ser contratado mais um

operador ou a célula poderá operar em mais um turno, sendo que já existe uma equipe

50

multifuncional que poderá suprir essa necessidade. A empresa não tem a cultura de contratar

funcionários em regime temporário. Existe ainda a possibilidade de se utilizar do estoque de

segurança em caso de necessidade.

Manutenção

A manutenção será externa à célula e interna à organização. São feitas manutenção

corretiva e preventiva, a manutenção preditiva não será realizada. Ainda, não são necessários

equipamentos especiais para esses fins.

Contabilidade

Os procedimentos de contabilidade permanecerão os mesmos de antes. A célula terá o

mesmo centro de custos para os produtos odontológico e ML. O setor de custos odontológico

foi incorporado ao ML.

O controle de material da célula é feito pelo setor de logística.

Como o retrabalho é feito fora da célula ele não será reportado. O refugo deverá ser

reportado se forem rejeitadas peças com valor financeiro significativo.

QUESTÕES RELACIONADAS AO PESSOAL

Supervisão e Medidas de Desempenho

A linha terá um supervisor, abaixo dele, um líder, seguido do inspetor e dos

operadores. O líder poderá assumir qualquer posição em caso de falta, saída de um operador,

etc. Os operadores são multifuncionais e podem assumir qualquer posto de outro operador. O

inspetor tem função diferenciada necessita de cursos de habilidade e capacitação específicos.

A performance será medida a cada hora através da comparação com o tempo TAKT e

será apontada em um quadro. O tempo TAKT foi calculado em 154,3 segundos. Se a célula

não conseguir produzir de acordo como o objetivo deverão ser apuradas as causas do

insucesso. Não há medida de desempenho individual, os resultados são medidos através da

produção da equipe formada na célula.

51

Definições quanto ao trabalho

Duas posições novas serão criadas, o líder e o abastecedor. Poderá haver mais de um

abastecedor exclusivo da célula. Os operadores são treinados para trabalhar em qualquer

posição na célula.

Atualmente a rotatividade não esta sendo respeitada e não foi feita uma programação

nesse sentido. Estuda-se a possibilidade de que a rotatividade seja inicialmente feita a cada dia

e posteriormente a cada hora.

Os operadores da célula são os mesmo da antiga linha. A seleção do líder e do inspetor

foi feita pela formação técnica, já os operadores não necessitam ser técnicos para assumirem

suas funções. Futuramente não haverá diferenciação de capacitação técnica entre os

operadores e inspetores porque todos terão que ter curso técnico.

Remuneração

O líder tem maior salário que o inspetor que tem maior salário que o operador. Mas

não há diferenciação alguma para com o resto da fábrica, se for feita comparação com cargos

equivalentes. Existem os cargos de Montador I, II e III. Os operadores podem ocupar os dois

primeiros níveis, já o terceiro é destinado ao inspetor, que tem um salário maior devido a sua

maior qualificação. Quanto à bonificações, somente o PPR (Participação nos Resultados) é

oferecido pela empresa, sendo o mesmo para toda a Schulz Compressores, exceto aquelas

funções em comum entre a Schulz Automotiva e a Schulz Compressores.

4.6.3 Mock-up

Nessa fase do projeto utilizou-se um método de simulação em que foram construídos

em tamanho real objetos ainda referentes ao projeto da célula, o mock-up. Conforme

demonstrado na figura 4.3.

52

Figura 4.3 – Foto do Mock- up a partir do lado de entrada e saída da Célula.Fonte: Schulz.

Na figura 4.4 podemos observar uma das versões do mock-up que foi feita antes da

implantação da célula. Esse se método utiliza de um modelo em escala de forma a se parecer

fisicamente com o que seria projetado, com a vantagem de poder ser visto em 3 dimensões. É

uma forma de se fazer alterações antes do projeto ficar pronto a fim de minimizar os custos. É

muito usado em indústrias quando os produtos têm que ser testados. Nesse caso foi usado o

papelão, mas outros materiais podem ser utilizados.

53

Figura 4.4 – Foto do Mock- up a partir do lado de transferência da Célula.Fonte: Schulz.

Construir um mock-up em tamanho real pode ser caro e consumir bastante tempo,

especialmente quando são feitas muitas alterações em sua configuração. Em uma das versões

desse mock-up foram utilizadas peças originais para facilitar o trabalho, já que elas poderiam

ser utilizadas posteriormente. É uma forma de visualização rápida para pessoas de várias

formações. Assim, pode-se fazer um modelo mais rápido em com menos custos, somente das

partes que são mais críticas. Não foi necessária uma precisão muito grande no mock-up. As

ferramentas utilizadas foram tesouras e canetas por ser um método de fácil alteração. Em

relação aos custos de implantação, foi gasto o equivalente à mão-de-obra de duas pessoas

trabalhando por período integral por uma semana para as principais configurações.

Eventualmente foram feitas mais alterações além do período comentado.

54

4.7 ANÁLISE DA CONFIGURAÇÃO DA CÉLULA

Nessa fase da pesquisa foi feita uma análise das principais mudanças trazidas pela

célula depois de sua implantação. Isso foi feito posto a posto através de entrevista com os

operadores.

Abastecedor da Célula

O abastecedor da linha é responsável pelo suprimento de motor, bloco, pressostato,

reservatório, entre outros. Também passa o macho nas luvas para retirar as limalhas de ferro

que podem causar problemas no desempenho do produto. Essa atividade foi classificada como

desnecessária ao se fazer o DNA e tentaram eliminá-la, mas ainda estão tendo que fazer a

limpeza embora seja algo que deva ser excluído do processo. Outro problema é a limpeza dos

reservatórios, que também se faz necessária quando o produto é estocado por alguns dias para

se retirar a poeira superficial. Também é uma atividade que deveria ter sido eliminada.

Esse abastecedor, o de célula, somente desloca os blocos de um flow rack para outro.

Outro abastecedor, que é o de logística, é responsável pela alimentação do primeiro flowrack.

O abastecedor da célula também coloca base de madeira no produto e alimenta os

contenedores feitos de canos de PVC quando uma fita vermelha é girada na entrada de

alimentação do tubo. A quantidade que é colocada é de cerca de um dia de produção por se

tratar de peças pequenas e de baixo valor agregado.

Foi programada uma rota de abastecimento que deveria ocorrer a cada uma hora, mas

ela ainda não está operando. Então surgem alguns problemas porque o abastecedor de linha

não deveria ter que se deslocar para fora da célula devido a falta de peça, mas isso deve

acabar o abastecedor de logística fizer essa atividade. Ele também avisa o abastecedor de

logística para não alimentar a célula com certas peças que ainda estão em estoque.

A maior dificuldade desse operador é levantar um peso de 23kg da altura da cintura até

os ombros. Ele também tem que se deslocar para apanhar as bases de madeira porque não há

espaço disponível mais próximo dele. Algumas peças chegam individualmente e é esse

operador que tem que levá-las a outro posto para que elas sejam montadas, o que não estava

também previamente planejado para essa célula.

O abastecedor é quem monta os kits em caixas identificadas por posto de trabalho. Para

o reservatório usa-se um manipulador para movimentar as peças. Ele é quem abastece a célula

obedecendo a programação, ordenando as quantidades a serem produzidas. As prateleiras não

55

têm o mesmo dimensionamento, algumas têm espaço para uma quantidade de produção,

outras uma quantidade menor. Existem peças que mudam conforme a produção, outras não

variam conforme o produto final. As áreas relativas às prateleiras ainda não foram

demarcadas porque haverá mudança no layout.

Posto 1

A situação do posto 1 melhorou porque antes o operador tinha que levantar os blocos

desde o chão, mas ainda pode ser melhorado porque não há manipulador para posicionar os

blocos nos reservatórios, isso causa certo esforço ao operador. O mesmo acontece para fixar

uma peça ao reservatório quando ele apoia os pés em cima da mesa de roletes para melhorar

seu posicionamento.

Posto 2

O posto 2 também necessita de um manipulador porque o peso esta acima do

recomendado pela metodologia Lean.

Posto 3

O posto 3 tem a peculiaridade do operador não necessitar mais se abaixar para colocar

o adesivo no produto, ele aciona o sistema pneumático que eleva a mesa de roletes, assim o

compressor fica na altura de seus braços. Quando o torpedo, mesa de roletes que muda o

produto de uma lado a outro da célula em U, for automatizado esse posto será responsável por

acionar o envio do mesmo até o próximo posto do outro lado da célula.

Posto 4

O posto 4 atualmente é responsável por movimentar o torpedo manualmente. Com a

futura automação, esse posto será responsável por mandar novamente o torpedo ao posto

anterior para que ele seja realimentado. Quando tem algum problema no teste elétrico esse

posto fica prejudicado e com freqüência tem que parar porque não consegue enviar sua

produção adiante.

56

Posto 5

No posto 5 não é mais preciso usar vários cabos para o teste elétrico e funcional, que

opera com um só cabo para vários comandos. O painel está mais próximo e não é mais

preciso pular a linha para se deslocar, como acontecia anteriormente à célula. Houve outras

melhorias em relação à segurança e também à distância entre o computador e o operador, que

foi reduzida. Mas o operador reclama do espaço de trabalho que ficou limitado e isso o deixa

estressado.

Posto 6

Quanto ao posto 6, o sentido de movimentação dos compressores dentro da célula é o

inverso da linha, então algumas operações são mais destinadas a pessoas destras devido ao

trabalho que tem que se fazer com a mão direita.

Posto 7

O operador do posto 7 é quem embala os produtos com uma grampeadeira. Se o

produto for exportação, o tempo de embalagem é muito maior que o nacional devido à

quantidade de grampos que deve ser pregada. O operador é quem leva os produtos até o

armazém. Ele reclama que tem que levantar sozinho as placas de madeira que deveriam ser

levantadas por duas pessoas. O operador reconhece que em termos de ergonomia melhorou

muito porque ele não precisa mais se abaixar para grampear as embalagens devido a presença

de dispositivos pneumáticos. Ele também lembra que agora o trabalho é mais constante, sem

picos de trabalho, o que prejudicava no seu desempenho em absorver os produtos da linha.

Líder

O líder deve ser capaz de resolver os problemas da linha e substituir o operador em

caso de ausência . É ele quem faz o acompanhamento da produtividade através de um quadro

de gestão visual a cada hora e os problemas que ocorreram na célula. Também anota nesse

quadro o acompanhamento do programa 5 S.

57

Fotos da linha de montagem antes de ocorrer a mudança para célula, figura 4.5.

Figura 4.5 – Foto da linha de montagem ML de compressores de ar antes da implantação da Célula deMontagem.Fonte: Schulz.

A figura acima mostra como era feita a produção de compressores de uma das linhas

que agora faz parte da célula. No canto inferior esquerdo se encontra o final da linha e na

outra ponta da mesa de roletes o início. As ferramentas, equipamentos e peças ficavam nas

laterais acompanhando o sentido da linha.

58

Fotos da linha de montagem antes de ocorrer a mudança para célula, figura 4.6.

Figura 4.6 – Vista superior da Linha ML.Fonte: Schulz.

Na figura 4.6 é possível observar melhor a linha através de uma vista superior. Nota-se

que há quadro de sombras, canalização para os equipamentos pneumáticos e outros

equipamentos que acompanham a linha. É possível de se ver o espaço que ela ocupava

fisicamente no interior da fábrica. No canto esquerdo se encontra o fim da linha com as

embalagens e os compressores embalados.

4.8 AVALIAÇÃO GERAL DO PROCESSO

Nessa fase do trabalho serão abordados os pontos positivos e negativos gerais que

puderam ser concluídos no estudo da implantação e desenvolvimento da célula. E ainda, os

pontos que necessitam de melhorias.

59

4.8.1 Pontos positivos

Esses foram os benefícios trazidos pela célula:

As peças estão mais próximas às mãos dos operadores minimizando o esforço para

apanhá-las;

O operador fica mais tempo no posto de trabalho porque não precisa mais se

deslocar em busca de peças em falta;

O operador pode ajustar a altura da mesa de roletes a sua estatura física reduzindo

problemas relacionados a má postura;

Os carrinhos de abastecimento têm uma altura padrão, assim reduz-se o esforço

para mudar as peças do carrinho para as prateleiras;

Os balancins em espiral foram substituídos por outro com mangueira retrátil,

facilitando o manuseio desses equipamentos;

A produtividade por operador aumentou, embora a produtividade da célula tenha

sofrido uma leve queda na quantidade produzida devido a redução de 3

operadores;

Houve uma melhora na organização das ferramentas manuais com a colocação de

painéis de sombra. Já haviam quadros semelhantes na linha anterior, mas algumas

ferramentas não eram colocadas neles;

Os operadores não precisam se virar para apanhar ferramentas, peças ou outros

tipos de insumos;

O retrabalho diminuiu depois dessa mudança. Não se perde mais tempo com as

correções, o que é feito fora da célula;

Os operadores não empurram mais o produto para os postos seguintes de forma a

adiantar o trabalho, que deve ocorrer de maneira sincronizada. Não há espaço para

estoques intermediários;

O operador não tem mais a necessidade de trabalhar caminhando no sentido da

linha para não interromper o fluxo de trabalho. Os postos são fixos;

O local de trabalho está melhor iluminado porque foram instaladas lâmpadas

luminescentes a uma altura bem menor que a anterior;

O abastecimento melhorou, é mais constante e regular;

60

Para alguns postos seria melhor haver um espaço entre os postos para que a não

houvesse paradas nas célula devido a um mau balanceamento;

A produção passou a seguir melhor as quantidades requisitadas pelos clientes

obedecendo a um sequenciamento;

O fluxo de informações passou a ser mais rápido;

Houve uma separação de responsabilidade entre a logística e a produção;

Diminuiu-se a quantidade de caixas e estoques dentro da célula;

Melhoramento da comunicação visual através de painel;

Definição de plano de ação para cada problema ocorrido;

Há um maior espírito de equipe;

Ganhou-se espaço físico, de 120 m2 para 60m2. Embora não tenha sido tão

significativo se for considerado o espaço destinado às prateleiras;

O ambiente de trabalho ficou mais organizado;

Houve uma grande melhoria na flexibilidade, que é considerado um dos melhores

benefícios trazidos pela célula;

A mudança foi feita com um baixo custo;

Não foram necessários gastos com aquisição de ferramentas;

Não é preciso que o operador se desloque para descartar as embalagens vazias que

agora são colocadas em um flow rack.

4.8.2 Pontos negativos

Esses foram os pontos negativos trazidos pela célula:

Ainda ocorre a falta de materiais na célula por problemas de abastecimento;

Percebe-se certa dificuldade de adaptação do pessoal;

A meta está acima da capacidade atual de produção. Consegue-se produzir

atualmente cerca de 60% do que foi planejado. Ás vezes chega-se a produzir mais

do que a meta dependendo do tipo de compressor;

O dimensionamento do transporte foi feito para 24 peças por hora, como essa

quantidade não está sendo atingida há problemas de excesso no abastecimento;

Observa-se certo tempo ocioso entre alguns operadores quando há algum problema

na célula;

61

Alguns operadores reclamam que o espaço ficou um pouco reduzido;

Como a célula foi criada recentemente, os operadores não estão ainda muito bem

treinados e não há instruções de trabalho nos postos;

O gargalo é variável dependendo do produto que está sendo produzido. Às vezes é

o posto 3 ou 6, ou ainda se o produto é exportação passa a ser o posto 7 devido a

dificuldade no embalamento;

Aumentou o tempo de transbordo do recebimento até o supermercado pela falta de

padronização das embalagens;

Atualmente o abastecedor de logística tem que verificar quanto à necessidade de se

abastecer ou não dentro do tempo programado porque a quantidade produzida está

abaixo da planejanda e consequentemente o consumo de insumos.

4.8.3 Pontos que necessitam de melhorias

Existem algumas partes do processo que necessitam de melhorias, são elas:

Necessidade de automação da mesa de transferência;

Implantação de sistemas de segurança (travas, proteção no teste, etc);

Sistema de saída que exige que o líder tenha que ajudar o operador nos casos mais

críticos;

Abastecimento de alguns postos a fim de facilitar a pega;

Sistema com anteparo de proteção para a grampeadeira;

Algumas plataformas ficaram com a resistência física comprometida.

62

4.9 RESULTADOS

Os resultados obtidos nesse projeto podem ser observados nas figuras a seguir:

Foto de um flow rack desenvolvido internamente na Schulz, figura 4.7.

Figura 4.7 – Flow Rack de abastecimento dos blocos.Fonte: Schulz.

A foto acima mostra um flow rack que consiste em uma prateleira com inclinação da

parte superior para a frente de modo que o abastecimento seja feito pela parte de traseira e a

caixa deslize até a frente. A parte de baixo é feita com uma inclinação para trás para que as

caixas vazias sejam colocadas na frente e se desloquem até o final fazendo com que o

operador de logística possa abastecer e retirar as caixas vazias no mesmo local.

63

Foto da célula de montagem, figura 4.8.

Figura 4.8 – Célula de Montagem com dois operadores trabalhando.Fonte: Schulz.

Comentários dos detalhes da célula, conforme figura 4.8:

1 Distância reduzida entre os operadores ao trabalharem em lados opostos.

2 Iluminação próxima aos operadores e não no teto da fábrica melhorando a

visualização dos operadores.

3 Carrinho de abastecimento adaptado à altura das prateleiras.

1

2

3

64

Foto da célula de montagem, figura 4.9.

Figura 4.9 – Célula de Montagem sem os operadores.Fonte: Schulz.

Comentários dos detalhes da célula, segundo figura 4.9 :

1 Flow rack de abastecimento dos blocos para que as caixas deslizem em direção

aos operadores.

2 Posto onde se encontra a grampeadeira, responsável pelo abastecimento no

final da célula.

3 Flow rack com inclinação da caixa frontal para facilitar o picking frontal.

4 Travas entre as plataformas para fixação e liberação dos compressores

conforme a necessidade de produção. Funcionam através de acionamento de botão pelo

operador.

1

2

3

4

65

Foto da célula de montagem, figura 4.10.

Figura 4.10 – Vista a partir da mesa de roletes para abastecimento dos reservatórios e tubos para abastecimentode peças de tamanho pequeno.Fonte: Schulz.

Comentários dos detalhes da célula, conforme figura 4.10:

1 Abastecimento por trás da célula diferenciando o ponto de entrada e saída de

materiais na prateleira.

2 Tubos para abastecimento com sistema de elevação pneumático visando

manter a inclinação para que as peças possam deslizar até os operadores

3 Cartões de sinalização de necessidade de reposição. Na posição vermelha

indicam necessidade de abastecimento até nível demarcado.

4 Fila de espera do abastecimento dos reservatórios.

2

1

3

4

66

Foto da célula de montagem, figura 4.11.

Figura 4.11 – Plataforma pneumáticaFonte: Schulz.

A foto 4.11 identifica um sistema pneumático de elevação da plataforma de roletes

através de acionamento no pedal. Nessa foto a mesa se encontra rebaixada. A mesa pode ser

ajustada conforme a estatura do operador, bem como o trabalho a ser executado. Por exemplo,

se o operador precisar abaixar para colocar um componente, ele pode evitar essa operação

elevando a mesa, fixando ou posicionando o componente e posteriormente rebaixando a

mesma.

67

Foto da célula de montagem, figura 4.12.

Figura 4.12 – Plataforma pneumática elevada.Fonte: Schulz.

Na figura 4.12 a plataforma se encontra elevada, adaptada ao trabalho, produto e

altura do operador. Para que o compressor possa passar de um posto para o outro as mesas

precisam estar niveladas, para tal existe uma trava que bloqueia essa transferência caso elas

não estejam niveladas.

68

Foto da célula de montagem, figura 4.13.

Figura 4.13 – Caixas de abastecimento em seu respectivo Flow Rrack.Fonte: Schulz.

Na figura 4.13 observamos as caixas da prateleira inferior divididas em kits de acordo

com os produtos que estão sendo montados. As quantidades são calculadas para que o

abastecimento ocorra a cada hora e para que não ocorra falta e excesso de componentes nesse

intervalo.

69

Foto da célula de montagem, figura 4.14.

Figura 4.14 – Tubos de abastecimento e mesa de roletes para abastecimento de reservatórios.Fonte: Schulz.

Comentários dos detalhes da célula, de acordo com a figura 4.14:

1 Painel com tubos de abastecimento de peças de tamanho pequeno. Esse

abastecimento não é feito a cada hora, geralmente isso ocorre uma vez ao dia devido ao fato

desses componentes ocuparem pouco espaço e terem valor baixo.

2 Travas para contenção dos reservatórios. O acionamento é feito pelo operador

ao pressionar botão correspondente.

1

2

70

Fotos da célula de montagem em fase de testes, figura 4.15.

Figura 4.15 – Célula em fase de projeto.Fonte: Schulz.

Na figura 4.15 constatamos a montagem da célula antes dela entrar em operação com a

finalidade de observar as distâncias e de se fazer simulações de maneira flexível antes do

projeto ser concretizado. Os equipamentos e prateleiras foram somente posicionados de forma

provisória de acordo com o mock-up realizado.

71

Fotos da célula de montagem em fase de testes, figura 4.16.

Figura 4.16 - Primeira versão do projeto da Célula.Fonte: Schulz.

Na figura 4.16 observamos a primeira sugestão de layout com a rotação das mesas

laterais. Posteriormente esse dispositivo foi substituído por uma mesa de transferência com

um funcionamento chamado de torpedo, sendo que a mesa não rotaciona, é transportada

lateralmente de um lado ao outro da célula.

72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com essa pesquisa comprovaram-se alguns impactos na produção quanto a

implantação do sistema de produção com células.

A revisão bibliográfica proporcionou um maior entendimento sobre o assuntos

ressaltando as características das células, seus tipos, métodos de implantação e os casos em

que as células são mais indicadas.

O estudo de caso foi feito através de entrevista com as pessoas que participaram do

projeto e com os operadores da célula, mostrando as diferenças proporcionadas por essa

mudança no modo de produção. O método de entrevista feito às pessoas chaves do projeto

através de um questionário com perguntas específicas para a implantação das células foi

extremamente útil na extração dos dados.

A utilização do mock up foi de fundamental importância no que tange a minimização

de gastos na implantação do projeto através de um modelo de simulação de baixo custo e

fácil entendimento.

As principais dificuldade se devem ao fato do pesquisador não ter participado do

processo de implantação, somente do início do projeto. Além disso, algumas conclusões não

puderam ser totalmente efetuadas porque a célula foi implantada há pouco tempo, então

algumas atividades relacionadas a sua implantação não foram totalmente concluídas, isto

significa dizer que a célula ainda não estava funcionando da maneira pela qual ela foi

projetada.

Foi percebido que a bibliografia a respeito das células não esgota o assunto.

Geralmente os autores abordam esse tema de forma introdutória, sendo assim necessária uma

pesquisa mais apurada de maneira a se aprofundar no assunto. Isso também se deve ao fato

desse sistema de produção ser mais recente que outros e seus conceitos estão mais ligados a

fortes tendências no mercado.

Quanto aos objetivos específicos do trabalho, ficam evidenciados que foram atingidos,

como:

Foi reduzido o desperdício na célula através de análise DNA;

Os operadores relataram várias melhorias relacionadas a ergonomia e segurança no

trabalho;

73

Houve um aumento na produtividade individual se considerarmos a redução do

quadro de funcionários;

Os equipamentos e insumos do processos foram alocados mais próximos dos

operadores;

Melhorou a organização das atividades através do balanceamento das tarefas e

definição de responsabilidades;

A célula não trabalha com estoques intermediários como era feito anteriormente

com peças entre processos;

Foi identificado um aumento na flexibilidade determinada pelo TAKT e não pelo

tipo de produto;

O abastecimento é feito em horário e em quantidades programadas.

Após esse estudo concluí-se que pelos resultados gerados na instituição e os custos

envolvidos no projeto possivelmente serão implantadas novas células em outros setores da

fábrica. Devido ao seu baixo custo é o método utilizado é viável, mas deve-se dar uma

atenção especial ao tempo para desenvolvê-lo tendo em vista as inúmeras modificações que

foram realizadas no decorrer do projeto. Outra observação importante, para podermos medir

todos os resultados da mudança o projeto tem que estar totalmente concluído, o que não

aconteceu nesse caso.

Sugere-se algumas possibilidades de futuros trabalhos relacionados às células como:

estudo sobre custos de implantação de células, sistemas computacionais de simulação,

comparação entre células e outros arranjos físicos, algoritmos para formação de famílias e

codificação de peças, estudo sobre os vários tipos de layout celular, para quais tipos de

sistemas produtivos a formação de células é viável, implantação de células em empresas que

seguem a filosofia lean, entre outros.

74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HARMON, Roy L., PETERSON, Leroy D.;. Reinventando a fábrica : conceitos modernos

de produtividade aplicados na prática. Rio de Janeiro, Campus, 1991.

SILVA, Valdir Oliveira da;. Um modelo para avaliação e implantação da mudança de um

sistema de produção convencional para manufatura celular umpregando simulação

discreta. 2003. Monografia – Universidade Federal de Santa Catarina.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino;. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo:

Makron Books, 1996.

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OLIVEIRA, Silvio Luiz de ;. Tratado de Metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 1998.

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico:

elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

LEAN CONSULTORES. Workshop Logística Lean. Projeto Lean Schulz. Jan/2007.

LEAN CONSULTORES. Workshop Manufatura Celular. Projeto Lean Schulz. Jan/2007.

INTERNET: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível: <http://www.wikipedia.com.br>.

Acesso em: 15 ago. 2007.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSON, Robert; Administração da Produção. São

Paulo: Atlas, 2002.

75

MARTINS, Petronio G.; LAUGENI, Fernando P.; Administração da produção. São Paulo:

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TUBINO, Dalvio Ferrari. Sistema de Produção: A produtividade no chão de fábrica.

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LEE, Quarterman. Projeto de Instalações e do Local de trabalho. São Paulo: Imam, 1998.

HALES, H. LEE; ANDERSEN, BRUCE J. Planning Manufactoring Cells. Michigan:

Society of Manufactoring Engineers, 2002.

MUTHER, RICHARD; FILLMORE, WILLIAM E.; ROME, CHARLES P. Planning

Manufactoring Cells. Missouri: Management and Industrial Research Publications, 1996.

SILVA, VALDIR O. Um Modelo para a Avaliação e Implantação da Mudança de um

Sistema de Produção Convencional para a Manufatura Celular Empregando Simulação

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LORINI, F. J. Tecnologia de Grupo e Organização da Manufatura. Florianópolis: Editora

da UFSC, 1993.

SEVERIANO FILHO, C. Produtividade & Manufatura Avançada. João Pessoa: Edições

PPGEP, 1999.

76

ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NO TRABALHO

QUESTÕES FÍSICAS

Armazenamento

Qual o tipo de célula a ser adotado?

Que grupo ou classes de matérias devem ser movimentados? Entradas,

trabalho em processo ou saídas?

Que tipo de equipamento manual deve ser utilizado para cada parte do

processo?

Que tipo de contenedores ou unidade de transporte será utilizada?

Como os matérias serão estocados? Que equipamentos serão utilizados?

Quanto material será armazenado?

Quanto espaço será necessário para a estocagem? Onde será esse local?

Serviços de suporte

Que processos de suporte serão necessários? (esvaziar contenedores,

lixo, áreas de inspeção).

Que serviços de suporte serão necessário aos operadores? (área de

trabalho, local para reuniões, terminais de computador, impressora,

arquivamento de documentos).

Que outras recursos especiais serão necessários? (água, ventilação,

exaustão, iluminação).

QUESTÕES DE PROCESSO

Controle de qualidade

77

Quem será responsável pela qualidade? Os operadores inspecionarão o

próprio trabalho ou serão designados inspetores? De dentro ou de fora da

célula?

Que técnicas serão usadas? (controles estatísticos, visuais, a prova de

erro)

Que equipamento especial será utilizado?

Que procedimentos deverão ser incorporados no plano?

Engenharia

Que é o responsável pela engenharia? (produtos, processos, industrial,

manufatura)

Como que os mecanismos serão gerenciados? Externamente ou

internamente a célula? Que equipamentos serão compartilhados e quais

serão dedicados a célula?

Onde as ferramentas serão guardadas? Externamente ou internamente a

célula?

Quem será responsável pelo set-up? Os próprios operadores ou outras

pessoas designadas para tal fim?

Material de gerenciamento

Como a produção será reportada? Cada unidade completa ou por

operação?

Como que o reporte será contabilizado? Usando papel, código de barras

ou outro sistema eletrônico?

Como a célula será programada? Por quem?

Como os pedidos serão seqüenciados? Quem será o responsável?

balanceamento de linha será necessário?

Como será feita a adequação da célula a uma variação de produção, mix,

picos e gargalos?

Com a capacidade ociosa da máquina?

78

Com horas extra ou pessoal temporário?

Com a ajuda de outras células?

Com fabricação para estoque de segurança?

Com remanejamento e rebalanceamento dos operadores?

Manutenção

Quem será o responsável pela manutenção? Interno ou externo a

organização? Interno ou externo a célula?

Com que freqüência será feita a manutenção?

Quem será responsável pela organização? Interno ou externo a célula?

Será feita manutenção preventiva?

Os procedimentos de manutenção preventiva são apropriados?

A célula precisa de equipamento especial para reciclar lixo, óleo, refugo,

etc?

Contabilidade

Novos procedimentos de contabilidade serão utilizados? (para custos,

mão-de-obra e material)

A célula terá um centro de custos? Ou os custos serão direcionados para

operações especificas dentro da célula?

O reporte será distinto para atividade diretas e indiretas?

A célula será um local de material controlado?

Como o retrabalho e o refugo será reportado?

QUESTÕES RELACIONADAS AO PESSOAL

Supervisão e medidas de desempenho

A célula terá um supervisor ou um líder?

Como será medida a performance da célula? E para quem?

79

Definições quanto ao trabalho

Novas posições serão necessárias? Já foram definidas?

Os operadores serão especialistas ou serão treinados para trabalhar em

qualquer posição na célula?

Haverá um rodízio constante entre os operadores em relação a suas

posições?

Como serão selecionados os operadores que trabalharão na célula?

Como serão feitas a novas contratações para a célula?

Remuneração

Os operadores da célula terão a mesma remuneração do resto da fábrica?

Os operadores serão remunerados de forma diferente de acordo com suas

habilidades e treinamento?

Será oferecida alguma bonificação? Como será calculada?

ANEXO 2 – TABELA DE ELEMENTOS E TEMPOS

3

45

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

62

63

6465

66

67

B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V

Folha1/1

MáqElementos de Trabalho D N A Máx Mín Med Ciclo

- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -- - -

- -

Elementos e Tempos Dataxxxx

UnidadeCentesimal

OpTempos Observados

Tempos de Operador

ObservadorXXXXXXXXXXXXX - ESTADO PRESENTE

TAKT

Notas

Quantidadede Operadores

#DIV/0!#DIV/0!

ANEXO 3 – FOLHA DE BALANCEAMENTO

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z AA AB

E lem entos de T raba lho T em pos (s) D if O p 1 O p 2 O p 3 O p 4

T ota is - - - - - -% ###### ###### ###### ######

Fo lha deBa lanceam entoXXXXXXXXXXXXX

E S T A D O P R E S E N T EO bservador: Zape lin iD ata: X X /X X /X XFo lha: 1 /1N otas:

-0000111111

Op 1 Op 2 Op 3 Op 4

Segundos

Takt = XX s

ANEXO 4 – LAYOUT DA CÉLULA DE MONTAGEM