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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS 1 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS CENTRO CULTURAL E PARQUE URBANO DA PENHA CAMILA BONIFÁCIO BACARIN SÃO PAULO ∙ 2012 Trabalho Final de Graduação, iniciado em janeiro e finalizado em novembro de 2012, contendo todo o trabalho e estudos desenvolvidos ao longo do ano, como requisito parcial para a aprovação na disciplina. Orientadora: Profª. Dra. Claudia Virginia Stinco

Implantação de Espaços Verdes e Equipamentos na Requalificação de Vazios Urbanos

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Implantação de Espaços Verdes e Equipamentos na Requalificação de Vazios Urbanos. Monografia realizada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, orientada pela Profª. Dra. Claudia Stinco.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

CENTRO CULTURAL E PARQUE URBANO DA PENHA

CAMILA BONIFÁCIO BACARIN

SÃO PAULO ∙ 2012

Trabalho Final de Graduação, iniciado em janeiro e

finalizado em novembro de 2012, contendo todo o

trabalho e estudos desenvolvidos ao longo do ano, como

requisito parcial para a aprovação na disciplina.

Orientadora: Profª. Dra. Claudia Virginia Stinco

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Autor da vida, por ser meu eterno guia.

Aos meus pais pelo constante esforço em sempre tentar me proporcionar as melhores condições de avançar na vida.

A minha família pelo incentivo e orações.

A Bateria Arquitetura Mackenzie por me ensinar preciosos valores de união e sempre se traduzir em momentos de muita alegria e orgulho.

Aos grandes professores que encontrei durante meus anos acadêmicos, em especial a Professora Claudia Stinco por me acompanhar no

processo de desenvolvimento desse trabalho.

Aos verdadeiros amigos encontrados nessa caminhada, que concederam um significado muito maior e especial sobre o que uma

universidade representa.

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“Cidade não é problema. Cidade é solução.” Jaime Lerner.

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RESUMO

Os vazios urbanos são fenômenos contemporâneos consolidados no tecido urbano, típicos da sociedade

pós-industrial e resultantes de interesses imobiliários especulativos, circunstâncias ambientais, espaços residuais ou

mesmo de edifícios centrais abandonados. Esses espaços ociosos são vistos como uma ruptura na malha urbana

tornando-se improdutivos e ineficientes. Com base no estudo desse fenômeno, esta pesquisa adotou como

metodologia à análise dos vazios urbanos e do impacto gerado na dinâmica urbana. O estudo apoiou-se também

na preocupação da tentativa de retomar a importância dos espaços verdes e dos equipamentos culturais para o

convívio social e bem estar do homem, com o objetivo de apresentar soluções para o problema de vazios urbanos e

em conjunto, a necessidade de requalificar certas regiões da cidade. O problema apresentado trata-se da realidade

urbana paulistana – cidade foco deste estudo – na existência dos reservatórios de águas pluviais, uma categoria de

fragmento na malha urbana. A implantação de novas áreas verdes na cidade qualifica a paisagem urbana e retoma

os vazios urbanos.

Palavras-chave: espaços públicos, áreas verdes, paisagem urbana, cultura, vazios urbanos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

1. Espaços Verdes Urbanos 10

1.1. Relação homem/natureza no contexto urbano 11

1.2. Importância dos parques na organização do espaço urbano 13

1.3. Parques Urbanos 15

1.4. Transformação da paisagem natural com o crescimento da cidade de São Paulo 17

1.5. Estudo de Caso: Parc de La Villette 20

2. Vazios urbanos 23

2.1. Estudo de Caso: High Line Park 27

3. Equipamentos Culturais 32

3.1. Espaços públicos e sua importância para o convívio social 33

3.2. Estudo de Caso: Centro Cultural São Paulo 35

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SUMÁRIO

4. Projeto 38

4.1. Conceito 39

4.2. Escolha do Local 41

4.3. Contexto Urbano: Bairro da Penha 43

4.4. Referências Projetuais 46

4.5. Proposta: Intervenção Urbana 50

4.6. Proposta Arquitetônica: Centro Cultural da Penha 53

CONSIDERAÇÕES FINAIS 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66

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INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO

Em um contexto de transformações econômicas e sociais que acontecem habitualmente nas grandes cidades,

os “vazios” urbanos vêm assumindo um importante papel, vinculados à terra urbana e sua configuração espacial das

cidades. A escolha do tema de pesquisa relaciona-se com a cidade e seu planejamento, onde o conhecimento do

território se constitui numa premissa para ações consequentes de elaborações de projetos urbanos. Sendo assim, os

vazios urbanos estão diretamente relacionados com a dinâmica de crescimento das cidades, e correspondem,

muitas vezes, à falta de atenção dos agentes públicos à possíveis potencialidades espaciais desperdiçadas.

Em outro lado da pesquisa, o estudo dos espaços verdes, sua relação com o homem, origens e importância

na sociedade atual, colaboram para ressaltar a necessidade de aprimorar o espaço urbano através de ações da

gestão pública, no sentido de melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades, visto que as áreas verdes

influenciam diretamente na saúde física e mental de seus habitantes.

A problemática do trabalho se insere na questão do bairro da Penha e seus reservatórios pluviais existentes.

A área consolidou-se em uma tipologia de vazio urbano após as obras da construção da estação de metrô Penha, e

a prefeitura, aproveitando-se do extenso terreno disponível e tendo como problema as recorrentes enchentes na

região, implementou a construção dos piscinões. Porém, o entorno destes reservatórios continuam degradados e

sem uso.

O presente trabalho objetivou levantar dados para a apresentação de possíveis implementações de ações

planejadas de uso do território, de forma a deixar claro a importância de implantação de espaços verdes e

equipamentos culturais na requalificação da paisagem urbana, podendo utilizar-se de determinados “vazios” da

cidade, que possuem potencialidade para diversos usos sociais e até econômicos.

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Através deste procedimento qualitativo foram tratadas as questões pertinentes que envolveram o tema

“vazios urbanos”, optando-se para o uso de três estudos de caso, com a intenção de confrontar a literatura com a

realidade existente.

Quanto à estrutura do presente trabalho, o mesmo está organizado em quatro capítulos.

O primeiro deles compreende pesquisa sobre espaços verdes urbanos, abordando num primeiro momento a

relação entre o homem e a natureza no contexto das cidades. Posteriormente, é apresentada a definição de parques

urbanos, sua importância no contexto urbano, a transformação ocorrida ao longo do tempo na cidade de São Paulo

e o Parc de La Villette (Paris, projetado pelo arquiteto suíço Bernard Tschumi) como estudo de caso.

No segundo capítulo são tratados dos vazios urbanos e como esses estão inseridos na malha urbana e seu

relacionamento com a dinâmica da cidade, expondo como exemplo, o High Line Park, em Nova Iorque.

No terceiro capítulo é apresentado um estudo sobre equipamentos culturais, realizado não apenas para

entender o espaço físico construído, mas também visando perceber os benefícios que espaços públicos culturais

trazem para o convívio entre as pessoas. Como exemplo, estudam-se os elementos importantes existentes no

Centro Cultural São Paulo.

Posteriormente é apresentada, no capítulo quatro, a proposta de projeto arquitetônico desenvolvida, que

compõem o projeto de um parque urbano e um centro cultural, além de outros equipamentos públicos.

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1. ESPAÇOS VERDES URBANOS

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1.1. RELAÇÃO HOMEM/NATUREZA NO CONTEXTO URBANO

A presença cada vez menor de áreas verdes em centros urbanos leva à necessidade de refletir sobre a

importância ecológica da relação delicada entre homem e natureza na cidade contemporânea. Ao longo das

décadas, como consequência no processo de modernização, foi sendo estabelecida uma desarmonia entre o

homem e a vegetação, aonde esta última, na maioria das vezes, acaba sofrendo uma redução de seu espaço no

perímetro urbano das cidades.

Os avanços econômicos foram um dos causadores do rompimento do elo sustentável entre o homem e a

natureza, uma vez que a história da construção e evolução das cidades equipara-se com a história de modificação

dos ecossistemas. A natureza, por muitas vezes, tem servido apenas para dispor dos recursos naturais necessários

ao progresso do desenvolvimento capitalista atual.

O acelerado crescimento urbano vivenciado nos últimos anos fez com que os estudos dos problemas

socioambientais ganhasse destaque importante focando a transformação das cidades em lugares mais favoráveis

do ponto de vista ambiental, e consequentemente, lugares mais dignos para de viver. Além disso, o ambiente

urbano exerce influência em seus habitantes. Garnier se estende afirmando: “se o homem utiliza e molda a cidade, a

recíproca é totalmente verdadeira.” (GARNIER, 1997).

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A cidade é marcada por habitantes com diferentes modos de vida e atividades econômicas. As áreas verdes são

vítimas do sistema criado pelo próprio homem e sofrem com os problemas socioambientais devido à forma

inadequada de apropriação da natureza, como ocupação de encostas, favelização, poluição de rios, entre outros. A

ação ou omissão dos agentes públicos também acaba por interferir na degradação ambiental do espaço urbano.

A qualidade ambiental é comprometida conforme os

diferentes estágios de evolução e desenvolvimento

urbano, pois as percepções com relação à natureza vão

se modificando e provocam sensíveis mudanças no meio.

As atividades urbanas mostram os seus efeitos nocivos

para o próprio homem. As modificações climáticas,

consequência direta das modificações na natureza,

afetam diretamente a qualidade de vida nas cidades,

afastando-a da relação harmoniosa entre homem e meio

ambiente.

Imagem 01: Bryant Park, Nova Iorque. Os espaços verdes com

qualidade podem igualmente contribuir para aumentar o senso de

comunidade, identidade e de posse em espaços públicos.

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A falta de reflexão dos problemas ambientais é resultado de falhas na educação formal. A educação é um dos

fatores que contribuiria fortemente na percepção das mudanças ocorridas no ambiente. Logo, é através dela que

seria possível elevar a consciência ecológica a um ponto capaz de promover mudanças na forma de ver e sentir o

elemento verde na cidade.

1.2. IMPORTÂNCIA DOS PARQUES NA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO

O período de acentuada urbanização que as cidades brasileiras passam reflete negativamente na qualidade

de vida de seus moradores. A falta de planejamento que considere os elementos naturais presentes na

paisagem urbana é um agravante ainda maior para a situação. A qualidade de vida nas grandes cidades está

fundamentalmente atrelada à questão ambiental. As áreas verdes e os parques são elementos importantes para

o bem estar da população, pois influencia diretamente na saúde física e mental do homem.

A cidade não pode ser vista meramente como um mecanismo

físico e uma construção artificial. Esta é envolvida nos

processos vitais das pessoas que a compõe; é um produto da

natureza e particularmente da natureza humana.

(PARK, 1973)

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A sociedade, em constante transformação, tem tratado as áreas verdes públicas de diversas formas ao longo

do tempo. Podemos enumerar as vantagens das áreas verdes em três principais: a ecológica, estética e social. As

vantagens ecológicas ocorrem na medida em que os elementos naturais que compõem esses espaços

minimizam os impactos decorrentes da intensa industrialização e urbanização. A função estética se pauta na

integração entre os espaços construídos e os destinados à circulação. Por fim, as contribuições sociais estão

relacionadas à oferta de espaços de lazer e bem estar para a população.

Imagem 02: Projeto de Foster+Partners, mesclando edifícios de escritório com Parque Linear. Fonte: www.archdaily.com.br/78340

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Salientando a presença da vegetação no meio urbano, seja essa desde um canteiro central de uma avenida

até um parque, as áreas verdes caracterizam a imagem da cidade e servem como elementos de composição do

desenho urbano: conseguem organizar, definir e conter espaços.

Contudo, atualmente, o planejamento de áreas verdes públicas só é definido, muitas vezes, a partir de

espaços residuais. Esses espaços configuram-se por “sobras” de outras atividades consideradas prioritárias pelo

poder público, geralmente atividades de cunho político ou econômico. Enquanto as necessidades reais criadas

pela expansão urbana são aumentadas, os resquícios destinados às áreas verdes são reduzidos. A ação de

políticas públicas consistentes no campo urbanístico poderiam evitar os problemas que ocorrem devido às

questões acima.

1.3. PARQUES URBANOS

Os espaços livres nas áreas urbanas de um município constituem-se de praças, canteiros, jardins urbanos,

parques ou quintais. Eles podem ser públicos, privados ou ainda privados de uso coletivo. Nesses espaços,

incluem-se as áreas de lazer e áreas verdes. Nas área verdes, há a predominância de vegetação arbórea,

configurando as praças, jardins públicos e parques urbanos.

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Os parques urbanos são todos os espaços de uso público destinados ao lazer da população, cuja estrutura

morfológica é auto-suficiente, ou seja, sua configuração interna não é influenciada diretamente por nenhuma

estrutura construída em seu entorno. Além dos tipos de uso, a massa vegetal é que faz o diferencial do parque

para os outros tipos de áreas verdes, como praças e jardins.

Imagem 03: Parque da Aclimação, um dos primeiros a ser aberto em

São Paulo, em 1939. Fonte: www.sampaonline.com.br

Imagem 04: Parque do Ibirapuera, um dos maiores parques

urbanos de São Paulo, abrigando equipamentos culturais

importantes da cidade. Fonte: www.flickr.com

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As diversas categorias de espaços verdes urbanos proporcionam a aproximação do homem com a natureza.

Outro aspecto importante nas áreas verdes é a vegetação, que tem sido negligenciada no desenvolvimento das

cidades. A cobertura vegetal deve ser considerada na avaliação da qualidade ambiental em termos quantitativos,

qualitativos, como também em sua distribuição espacial no ambiente urbano.

1.4. TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM NATURAL COM O CRESCIMENTO DA CIDADE DE

SÃO PAULO

Após a apropriação do território em São Paulo, iniciou-se seu processo de ocupação. No processo de

formação das cidades, as praças e os espaços de convivência tinham importância essencial, pois grande parte da

vida pública da cidade desenvolvia-se por meio delas, seja por meio de encontros, passeio ou passagens.

Os espaços livres estruturavam-se em função do parcelamento do solo, perpendiculares à via pública, e com

quintais localizados nos fundos das residências. A prática de jardinagem se restringia aos quintais e este padrão

colonial manteve-se até o final do século XIX. Os largos foram os primeiros espaços públicos na formação e

abrigavam diversas atividades, como festas, manifestações e pequenas vendas de mercadorias. Mesmo sendo

compostos por algumas árvores de pequeno porte, não eram caracterizados como espaços arborizados.

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No século XVIII, surgiu um novo olhar para a paisagem. Os passeios e promenades começaram a surgir no

contexto urbano. Os conceitos e funções dos espaços livres urbanos começaram a evoluir ao longo das décadas,

assim como o entendimento da natureza.

De acordo com a tendência surgida na época, observada em Nova Iorque, Chicago e São Francisco, onde os

parques caracterizavam-se como soluções para a demanda cada vez maior de espaços para o lazer, São Paulo,

na década de 1970, começou a utilizar suas áreas verdes como espaços de práticas diversas de lazer, com

atividades esportivas e recreativas viabilizadas para todas as classes sociais. De acordo com Kilas (1993), os

parques urbanos responderam às demandas de equipamentos para as atividades de lazer decorrentes da

intensificação da expansão urbana e do novo ritmo urbano introduzido pela cidade industrial, em contraposição

à vida rural. São, ao mesmo tempo, espaços compensadores das massas edificadas, e uma resposta ao modo de

vida industrial e sua forma de espacialização.

Em São Paulo, a evolução dos parques esteve relacionada com a ambição da cidade em viver nos parâmetros

e modelos internacionais, transpostos para a realidade local. Nessa época, ocorreu o projeto de praças e jardins

junto com os projetos de cidade higienista feitos para São Paulo e também pelos projetos de bairros-jardins,

como Jardins e Alto da Lapa.

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O primeiro parque da cidade foi o Jardim Público (atual Parque da Luz), datado de 1825. Nesse momento,

São Paulo era envolvido por um cinturão de chácaras e sítios habitados pela classe de maior renda. Nos séculos

seguintes, os limites do núcleo urbano foram sendo rompidos gradativamente, e a cidade expandiu-se para

além dos rios Tamanduateí e Anhangabaú.

Após a Primeira Guerra Mundial, em 1914, começam as mudanças na concepção de parques em São Paulo,

com modelos de urbanização e paisagismo correspondente às tendências no Art Decó. A partir disso, houve um

processo acelerado de incorporação das chácaras e sítios à malha urbana. Os bondes são instalados nessa

época, privilegiando suas paradas para os espaços de áreas verdes, largos e praças.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1945), uma

nova concepção urbanística foi introduzida, e as

questões ambientais e de preservação de patrimônio

paisagístico passaram a ser consideradas de forma

gradual, contribuindo para revigorar as propostas de

valorização das áreas verdes nos centros urbanos e

de conservação de seus espaços naturais. Esse

período é marcado pelo crescimento vertiginoso da

população e as intervenções do poder público

buscam dar conta de sustentar um modelo de

crescimento da demanda urbana. Imagem 05: São Paulo hoje.

Fonte: www.professormarcianodantas.blogspot.com.br

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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No início dos anos 70, iniciou-se o planejamento de espaços verdes para recreação, baseado na necessidade

de oferecer equipamentos e áreas de lazer para a população, que continuava em crescimento. Além dos parques

criados pelo poder municipal, há outros criados pela iniciativa privada, como foi o caso do Parque Tenente

Siqueira Campos, que foi um parque privado por 20 anos e se tornou área municipal.

A criação de espaços verdes em São Paulo acontece hoje de diversas maneiras, como a partir do Plano

Diretor Estratégico, de projetos pontuais do poder público, ou ainda na transformação de terrenos sem uso em

praças e parques.

1.5. ESTUDO DE CASO: PARC DE LA VILLETTE

Imagens 06 e 07: Parc de La Villette. Fonte: http://fr.structurae.de

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O Parc de La Villette, localizado em Paris e projetado por Bernard Tschumi em 1982, é um ícone do

desconstrutivismo arquitetônico e uma referência mundial em parque urbano. Possui 25 hectares em área e abriga,

dentre outros equipamentos, o Museu de Tecnologia e Ciência e o Museu Cidade da Música.

No princípio, o terreno abrigava um matadouro, que com a sua transferência, fez-se um concurso para eleger

o melhor projeto arquitetônico para o local, já abandonado e inutilizado. A idéia principal era criar um parque que

representasse o século XXI.

Na mistura do natural e artificial, o conceito da

obra teve por base a Teoria do Desconstrutivismo de

Jacques Derrida que surgiu com a “Origem da

Geometria” e tem como fundamento a

desmontagem/decomposição dos elementos. A

desmontagem dos elementos visa o conhecimento, já

que o arquiteto afirma que “a arquitetura não é o

conhecimento da forma, mas sim uma forma de

conhecimento”.

Imagem 08. Fonte: www.europeantrips.org

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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No parque projetado, nota-se a presença dos “follies”, elementos que fundamentam o projeto. São 35 obras

dispostas pelo parque formando uma malha geométrica e que servem, a princípio, como pontos de referências aos

turistas. Segundo Tschumi, os pontos de referência têm a intenção de criar um vácuo desconstrutivista que possa

abolir toda e qualquer relação do passado do terreno com sua forma atual, para que os seus usuários vivenciem,

sem precedentes, uma experiência com o parque. Os follies levam as pessoas a fazerem uso de toda a área e, a

partir desse artifício, possam entender o parque como um local de descobertas pessoais, atividade e interação

dentro dos princípios da organização do arquiteto. Além disso, o parque oferece atividades que incluem oficinas,

ginásio e instalações de banho, parques

infantis, exposições, concertos, experiências

científicas, jogos e competições. À noite,

durante o verão, os campos de jogos grandes

se tornam uma sala de cinema ao ar livre para

3.000 espectadores.

Imagem 09. Fonte: www.tschumi.com

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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2. VAZIOS URBANOS

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2. VAZIOS URBANOS

Os vazios urbanos são compostos de espaços residuais, remanescentes urbanos ou áreas ociosas. Mesmo

inseridos no espaço urbano, esses não acompanham o ciclo dinâmico de funcionalidade de seu entorno. Os vazios

são fruto do interesse econômico por parte do mercado imobiliário, dependendo das circunstâncias em que são

inseridos no espaço urbano. De outra forma, eles podem ser compreendidos como descontinuidades no tecido

urbano, comprometendo sua qualidade espacial e sua vitalidade. O procedimento, para inversão de tal problema,

seria dotar a área de atividades da qual esta é carente, induzindo-a a diversos usos, como atividades econômicas, e

principalmente, sociais.

A partir dos anos de 1960, a tecnologia em rápida mudança transformou as paisagens industriais em toda a

Europa e Américas. Áreas destinadas anteriormente às atividades industriais encontraram-se em ruínas e

abandonadas. Em processo resultante disso, sobraram as estruturas inutilizadas, fruto do deslocamento das

indústrias. É preciso saber interpretar as potencialidades de cada vazio em específico numa cidade (com

construções ou não) para criar novas ocupações, para que não haja o risco de uma apropriação inadequada do

espaço urbano.

A recorrência desse tema na cidade contemporânea, bem como a evolução histórica dos vazios urbanos,

possibilitou construir conceitos e classificações mais específicas a respeito destes espaços nas cidades, hoje

configuradas como fragmentos.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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O termo “vazio urbano” é

abrangente e define, em suma,

áreas desocupadas em meio à

malha urbana consolidada. Esses

vazios podem ser divididos em

três categorias: o vazio de uso

(remanescente urbano), o vazio

físico (área ociosa) e fusão entre

os dois, que seria o espaço

residual (vide quadro ao lado).

Quadro 01: Esquema de conceitos

relacionados a vazios urbanos.

(DITTMAR, 2006).

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Na década de 80, o vazio urbano era definido como uma grande extensão de área urbana com quantidades

significativas de glebas e lotes vagos. Hoje, o conceito se expandiu, como se pode ver no quadro acima, pois

surgiram diversas tipologias de vazios na cidade contemporânea.

ESPAÇO RESIDUAL: VAZIO FÍSICO E DE USO

Os espaços residuais urbanos são aqueles desocupados ou subutilizados, caracterizados como sobras do

crescimento da cidade. Na maioria das vezes, são sobras imprevistas de terrenos públicos, constituindo fragmentos

no tecido urbano, localizados em setores valorizados, como vazios sob pontes, viadutos, orlas rodoviárias ou

ferroviárias, áreas junto a estações de trem ou metrô (o objeto projetual proposto no Capítulo 4 se debruçará neste

último caso).

Muitos dos grandes problemas urbanos ocorrem por falta de

continuidade. O vazio de uma região sem atividade ou sem

moradia pode se somar ao vazio de terrenos baldios. (...) A mistura

de funções é importante. E a continuidade do processo é

fundamental. Continuidade é vida. (LERNER, 2003)

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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2.1. ESTUDO DE CASO: HIGH LINE PARK

Imagens 10 e 11: Fotos do High Line antes e depois da implantação do parque.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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O High Line, parque urbano inaugurado em 2008 em Nova Iorque, é um dos espaços públicos mais visitados

na cidade nos últimos tempos e tem se tornado uma referência mundial pela qualidade do desenho urbano e pelo

sucesso como estratégia de renovação de uma área central degradada.

Imagens 12 e 13: Antes e Depois.

1984 2008

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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O High Line é um parque urbano linear, implantado sobre uma linha férrea elevada construída em 1930 e

posteriormente desativada, no lado oeste de Manhattan. Em 1999, diante de ameaças de empreendedores que

pretendiam demolir o elevado, um grupo de residentes da vizinhança criou uma ONG com a missão de transformar

a estrutura elevada, até então abandonada, em um espaço público com áreas verdes e passeios. Depois de três

anos, o elevado foi enfim transformado em um espaço público para circulação de pedestres, permanência e

encontros.

Imagem 14. Fonte: www.concursosdeprojeto.org

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Por volta do ano de 1847, a cidade de Nova Iorque aprovou a construção de uma linha férrea na parte baixa

de Manhattan para auxiliar no fluxo e escoamento de produtos oriundos da indústria. Devido a uma série de

acidentes entre as composições e o tráfego local, o Estado de Nova Iorque aprovou, em 1930, um projeto de

melhoria da infra-estrutura da região que incluía uma linha férrea elevada (High Line).

Devido ao crescimento do transporte rodoviário interestadual, houve uma queda no tráfego ferroviário. E no

ano de 1980 a última composição percorreu os trilhos do High Line. A via férrea acabou ficando sem uso durante os

três anos que seguiram as discussões e pendências administrativas sobre o elevado.

Para o projeto do parque foram contratados o escritório de arquitetura e paisagismo de James Corner Field

Operations, em conjunto com os arquitetos Diller Scofidio + Renfro, vencedores da competição que buscava idéias

para o novo parque. As obras deram inicio em 2006 e a seção inteira do parque foi entregue em junho de 2011.

O parque tem mais de 2 km de extensão ocupando todo o trecho sul da antiga linha ferroviária então

restaurada. Ao decorrer da via, a passagem do pedestre se mistura com a vegetação e equipamentos de lazer. Com

diversos mobiliários, o usuário é convidado a se apropriar do espaço para passagem ou permanência. O parque foi

projetado com a finalidade de unir e se fazer interagir com as pessoas.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Imagem 15. Fonte: www.concursosdeprojeto.org

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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3. EQUIPAMENTOS CULTURAIS

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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3.1. ESPAÇOS PÚBLICOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA O CONVÍVIO SOCIAL

A convivência social proporcionada pelos espaços públicos é de grande valor para se alcançar o

desenvolvimento social, e a arquitetura tem um papel fundamental na inclusão do indivíduo num contexto de

relação social, através do espaço público, que pertence à cidade e se integra com a mesma.

O espaço público pode ser compreendido como um ponto de encontro de integração da sociedade. Os

espaços devem alcançar um caráter de inclusão, que é atingido através dos espaços arquitetônicos que sugerem

relacionamentos, memórias coletivas, manifestações culturais, entre outros acontecimentos urbanos.

Uma consciência única, singular, deve ser criada na cidade a fim de

serem distinguidos e exigidos direitos e impedir que se

multipliquem as enervações no meio urbano atual. Para isso é

necessário que o individualismo, o particularismo dêem lugar à

comunidade de participação, onde interesse coletivo prevalece

sobre os interesses peculiares, permitindo ao ambiente urbano se

tornar um espaço de relacionamento humano mais flexível e

apropriado ao desenvolvimento social. (VITAL, 1977)

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Segundo Arendt (1997), o termo “público” centra-se na idéia de comum, pois o mundo é partilhado por

indivíduos que se relacionam entre si. O comum partilhado permite o acesso à diversidade e sua consequente

aceitação, proporcionando à sociedade a disponibilidade de tolerância e criatividade. Sem que se pretenda omitir

ou desconsiderar a gravidade da situação de classes e desigualdade de renda na situação atual em que se vive, é

importante constatar a possível existência e concreta de todos iguais e diferentes no mesmo espaço comum.

Os equipamentos culturais projetados

para convivência da população devem

considerar que a dinâmica do espaço

arquitetônico tem grande influência no

comportamento de um grupo de pessoas. É

necessário projetar os espaços dimensionando

os ambientes em prol da coletividade e da

convivência. Além disso, é conveniente

estabelecer uma relação de hierarquização dos

espaços de maneira psicológica, quase

imperceptível, sugerindo horizontalidade.

Imagem 16. A rua é um exemplo de espaço público na qual se dá o convívio

social. Fonte: www.espacooca.arq.br

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Deve-se ressaltar a importância da criação de equipamentos culturais que interajam com a comunidade e sua

cultura local, transformando-o num verdadeiro objeto de requalificação urbana. É necessário o espírito, para o

arquiteto, de inclusão social e identidade local.

3.2 – ESTUDO DE CASO: CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Imagens 17 e 18: Foto aérea e interna do Centro Cultural São Paulo. Fontes: www.blogvambora.com.br/roteiro-cultural-sao-

paulo-cultural-e-gratuita/ e www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/483-centros-culturais-paulistanos

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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A referência cultural mais pertinente a ser analisada é o Centro Cultural São Paulo. Projeto de Luis Benedito

Telles e Eurico Prado Lopes, inaugurado em 1982, o edifício marca a paisagem urbana na região do bairro do

Paraíso, principalmente pela sua integração com o passeio público e pela sua acomodação na topografia acidentada

do terreno. Os arquitetos projetaram o centro cultural para ser um lugar de encontros. Hoje, 30 anos depois, o

C.C.S.P. é reconhecidamente um dos mais importantes espaços de convívio, trocas, experiências culturais e exercício

da liberdade de São Paulo.

O centro cultural é o maior e mais importante centro cultural da cidade de São Paulo, com 46.500 m²

distribuídos em quatro pavimentos. O edifício transmite leveza na forma de sua cobertura, com o dinamismo de

suas passarelas e com seus jardins e áreas de convívio acolhedoras.

Esta obra foi escolhida para o estudo de caso de um equipamento cultural para a reflexão de como criar

espaços públicos realmente convidativos e acolhedores em meio ao caos da metrópole. É possível sentir-se, na

visita ao centro cultural, quase como se estivesse fora da cidade, pois todas as principais atividades do complexo

acontecem abaixo do nível da rua. Desta maneira, os arquitetos criam uma espécie de micro-clima, acolhido e

protegido pelo próprio peso de sua estrutura.

Outra característica desta obra é a estratégia da arquitetura voltada para si mesma. Apesar de estar

totalmente integrado com o âmbito urbano, possuindo até mesmo uma ligação direta com a estação Vergueiro do

Metrô, o C.C.S.P. não revela toda sua beleza e imponência a quem observa da Avenida Vergueiro ou da Avenida 23

de Maio. Só é possível fazer a leitura correta do espaço quando ele é observado de seu interior. Isso acontece

devido ao fato de estar semi-enterrado e de seus elementos arquitetônicos principais só serem vistos de dentro.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Com essa estratégia de projeto, os arquitetos foram capazes de criar um espaço que proporciona a

concentração e a introspecção, além de despertar a curiosidade de quem passa na rua.

Imagens 19 e 20: Fotos internas do C.C.S.P. Fonte: Acervo próprio.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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4. PROJETO

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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4.1. CONCEITO

Analisando a cidade de São Paulo sob o ponto de vista da distribuição de equipamentos culturais - públicos

e privados - o que se revela é uma cidade desequilibrada, em que se encontra uma baixa correspondência entre

crescimento urbano e distribuição desses equipamentos.

Até os dias atuais, o poder público não conseguiu oferecer

uma resposta a essa demanda em certas zonas da cidade, como a

zona leste e os extremos norte e sul. Esse problema é ainda maior ao

constatar-se que a maior concentração de crianças e jovens entre 10

e 19 anos em São Paulo vive entre essas regiões, praticamente

desprovidas de equipamentos. Com o agravante da dificuldade de

deslocamentos na cidade, pode-se dizer que o uso de equipamentos

culturais acaba se convertendo em privilégio das classes que se

localizam nas regiões mais centrais da cidade, no chamado centro

expandido, que atualmente é a região que concentra todas as

vantagens: população de maior renda, escolaridade, melhor sistema

de transporte e maior concentração de equipamentos. Em

contrapartida, os bairros periféricos refletem a situação inversa disso.

Mapa 01: Levantamento de equipamentos culturais públicos e privados na

Região Metropolitana de São Paulo, atualizado até 2002. (BOTELHO, 2004).

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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A existência de alguns centros culturais

complementa, de certa forma, a carência por

equipamentos, mas o número ainda é baixo com

relação ao tamanho de São Paulo. Os SESCs

(Serviço Social do Comércio) também cumprem

um papel extremamente relevante, dedicados à

cultura, lazer e prestação de serviços sociais.

Porém, a distribuição da rede também não

atende ao equilíbrio entre as regiões da cidade.

Além da questão de oferta e demanda de

equipamentos culturais em São Paulo, outro fato

é relevante no estudo do comportamento da

maior parte da população, principalmente as que

vivem nas regiões periféricas: a vida urbana,

entendida aqui como a vivência do indivíduo com

a cidade física, vem sendo reduzida ao mínimo

possível e se ligando fundamentalmente às

obrigações de trabalho, enquanto que para o

tempo livre a maioria prefere a intimidade de

Mapa 02: Distribuição espacial

dos SESCs na cidade de São Paulo.

(BOTELHO, 2004).

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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suas casas. Cada vez mais o tempo livre está ligado ao espaço doméstico e o uso da cidade relacionado ao tempo

de trabalho. Tal observação mostra a necessidade da reflexão mais atenta sobre o entrelaçamento entre a cultura e

o lazer com a cidade e sobre as várias formas de uso do tempo livre, evidenciando algumas práticas que geralmente

passam inadvertidas, como as travessias pelos espaços urbanos, as interações micro-grupais, a observação diária da

paisagem urbana e as formas e estilos do viver em uma cidade que se transforma de maneira acelerada a cada dia.

É preciso detectar novas práticas e formas de sociabilidade, novos usos do espaço público e privado e a posse de

equipamentos de natureza cultural. Pode-se assim, espelhar os diferentes públicos e seu comportamento frente a

determinadas práticas e proporcionar maior uso desses espaços pela população em seu tempo livre.

4.2. ESCOLHA DO LOCAL

A escolha da zona leste para o desenvolvimento do projeto nasceu após a reflexão dos dados e estudos

acima. A região é constatada por ser a mais escassa em áreas de lazer e equipamentos culturais de São Paulo. Os

moradores, na maioria jovem e de baixa renda familiar, dependem da própria criatividade para se divertir pela

região ou do deslocamento à outras partes da cidade em busca de alternativas.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Figura 01: Pesquisa Folha de S. Paulo indicando os dados sobre opções de lazer dos moradores do extremo leste da cidade, refletindo a

falta de oferta em equipamentos culturais, especialmente teatros, cinema e casas de espetáculos. (BARROS, 2008).

Além da questão cultural exposta anteriormente, a carência da região também existe com relação a áreas

verdes e parques. Segundo o Atlas Ambiental do Município de São Paulo, a zona leste é uma das áreas mais

urbanizadas da cidade, com vias pouco arborizadas e carência em praças e jardins residenciais. O arquiteto Paulo

Brazil, um dos responsáveis pela implantação do Parque da Integração entre São Mateus e Sapopemba, comenta

sobre o assunto dizendo que “a paisagem da zona leste é tão árida que a temperatura pode ficar até dois graus

acima da temperatura das áreas mais arborizadas da cidade”.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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4.3. CONTEXTO URBANO: BAIRRO DA PENHA

A Penha, bairro com importância histórica para a zona leste, sofreu um desenvolvimento significativo em

infraestrutura a partir de 1986, com a inauguração de sua estação de metrô. Com a população aproximada em 128

mil habitantes, distribuídos em uma área de 11,5km², e apresentando uma predominância em baixas edificações, o

bairro é caracterizado por uma densidade demográfica espraiada. (Fonte: IBGE 2010) O região permanece com

elementos que remetem ao seu passado, como seus antigos sobrados que sobrevivem em grande número, mesmo

com a transformação da área ao longo das décadas em um centro comercial importante para a zona leste.

Mapa 03: Imagem aérea da região próxima à estação Penha. (Google Earth)

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Depois da construção das estações de metrô Penha e Vila Matilde, entre 1970 e 1980, a área que serviu de

canteiro de obras ficou subutilizada por cerca de 10 anos, sem nenhum uso e tomada pela vegetação. A partir dos

anos 90, os vizinhos da estação passaram a aproveitar esse vazio urbano realizando algumas atividades esportivas e

de lazer, e aos poucos foram sendo construídas quadras, pista de caminhada e instalações sanitárias pelas

associações do bairro. O pequeno parque instalado foi chamado de “Rincão”, devido ao córrego Rincão que passa

pelo terreno. Porém, com as recorrentes enchentes do córrego, a prefeitura autorizou a construção de dois

reservatórios de águas pluviais – “piscinões” – para uso nas épocas de grande vazão de chuva.

É necessário um pequeno aprofundamento na questão dos reservatórios na cidade de São Paulo para

entender melhor o problema. O processo de urbanização descontrolada acarretou uma impermeabilização

excessiva do solo urbano, e em especial às várzeas que antes regulavam como reguladores hidrológicos. O

resultado é o problema crônico das enchentes recorrentes que atingem a cidade. Uma das soluções propostas pelo

poder público é a construção dos reservatórios de retenção e reguladores das águas pluviais. O propósito dos

piscinões é acumular água para retardar o seu lançamento na rede de rios e córregos, reduzindo o risco de

transbordamento. Atualmente, existem 39 piscinões construídos em São Paulo (FRANCO, 2007).

No caso específico da Penha, os reservatórios ocuparam praticamente toda a área do parque, mas a parte de

terreno restante continuou sendo frequentada por moradores do bairro que utilizam a pista de caminhada ao redor

do reservatório maior até hoje. O plano regional estratégico para a subprefeitura da Penha prevê, em suas diretrizes,

um Caminho Verde para o local, o que enfatiza a necessidade de gerar formas alternativas para trabalhar com a

paisagem e a macro drenagem da cidade. Além disso, a Penha quase não oferece áreas verdes para a população. É

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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necessária a implantação de mais microclimas em áreas com escassez de vegetação, para que esses ajudem com

relação à temperatura e à paisagem urbana, e também sirvam como opção de lazer para os moradores do bairro.

A existência dos reservatórios deixa o potencial do terreno muito pouco aproveitado, e juntamente com o

vazio entre a estação de metrô e o piscinão, o local mal aproveitado degrada o entorno, acarretando problemas

como o de insegurança nos arredores, marginalização, e afastamento dos moradores.

Imagem 21: Foto piscinão e o grande fragmento no tecido urbano gerado.

Imagem 22: Córrego Rincão e ao fundo, a estação de metrô Penha. Acervo próprio.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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4.4. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Para efeito de estudo e análise, foram escolhidos dois projetos de requalificação urbana que propõe uma

transformação na paisagem, envolvendo a proposta de um novo espaço verde público para a sociedade.

O projeto do Parque Linear da Prainha, em Cuiabá, mostra um problema parecido. Trata-se de uma

proposta de recriar um lugar natural substituído pelo homem em seu processo de ocupação e modernização

urbana, idealizando a descanalização e a recuperação do traçado original do córrego da Prainha, que atualmente se

encontra retificado e concretado. A reinvenção desse potencial ambiental do córrego tenta resgatar a imagem de

Cuiabá colonial do século XVIII e aponta para a necessidade humana de repensar seus espaços urbanos, propondo

um novo modelo de desenvolvimento com o meio ambiente e mais próximo do utópico conceito de

sustentabilidade mundial.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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A intervenção urbana na região do córrego busca uma requalificação que respeite o contexto, sua morfologia

e tipologia arquitetônica, e preserve os valores locais. A cidade poderia, dessa forma, reconhecer melhor a presença

dos rios e córregos e se identificar com suas potencialidades ambientais.

Imagem 23: Imagem atual do córrego da Prainha. A

ausência do Poder Público e poluição intensa da água

resultaram na marginalidade e violência local, assim os

moradores deram as costas ao lugar com seus muros altos.

Fonte: http://www.vitruvius.com.br

Figura 02: Croqui do Parque Linear da Prainha, intervindo

numa área consolidada, de intenso uso e ocupação do solo

urbano densificado. A proposta é transformadora e radical

frente à leitura urbana contemporânea da capital.

Fonte: http://www.vitruvius.com.br

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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O Parque Cantinho do Céu, intervenção realizada na orla da represa Billings em São Paulo, também abre

vista para a paisagem urbana. O projeto associou usos de recreação e lazer à preservação da margem com a

manutenção e reconstituição de espécies vegetais nativas, evitando o assoreamento da represa e promovendo a

qualidade de vida dos moradores, uma forma de desencorajar a reocupação da orla e conscientizar a comunidade

da paisagem que a envolve. Antes, essa área era ocupada por moradias precárias, que despejavam no reservatório -

que abastece parte da capital paulista e cidades do ABC - o esgoto doméstico.

Imagem 24.

Fonte: http://fotografia.folha.uol.com.br

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Imagem 25: Parque Cantinho do Céu (Boldarini Arquitetura e Urbanismo). A implantação do parque linear foi possível com a remoção de

moradias que estavam muito próximas da margem da represa, em posição que não permitia ligações com a rede de esgoto. Fonte:

http://www.arcoweb.com.br

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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4.5. PROPOSTA: INTERVENÇÃO URBANA

Para o problema encontrado na Penha, uma solução viável e interessante seria proporcionar um novo uso a

esse vazio urbano. Os vazios urbanos, debatidos no capítulo dois, propiciam múltiplas possibilidades de usos. Os

reservatórios e suas áreas perimetrais podem abrigar diversos acontecimentos durante o período do ano em que as

chuvas não são intensas, caso sua construção seja articulada com os demais planos para a cidade, conciliando entre

si as políticas de equipamento urbano e de espaços públicos da metrópole.

Após o período de reconhecimento e estudos da área, a proposta elaborada configurou-se em um parque

urbano com equipamentos culturais e recreativos ao lado da estação de metrô Penha. Na publicação “Vazios de

Água”, Franco diz que “a construção de uma rede de vazios urbanos é um fato em São Paulo que pode ser

convertido em uma oportunidade de difusão de uma nova rede de espaços públicos”.

Os vazios urbanos foram, por mais de cem anos, os

verdadeiros antecessores das áreas de lazer urbano formais, do tipo

praticado em praças ou parques. Somente com a sua diminuição e mesmo

desaparecimento, e com a escassez real de áreas para lazer das massas

menos privilegiadas, tal tipo de equipamento urbano tornou-se uma

necessidade social. MACEDO, 2003

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Dessa forma, um dos desafios do projeto foi tentar agregar a área do reservatório ao parque. Além da pista

de caminhada ao redor dele, foram criadas algumas passarelas de transposição para auxiliar no deslocamento de

uma parte do parque para a outra. Essas novas passagens criadas podem ser utilizadas também como caminho para

quem pretende atravessar o quarteirão.

Figura 03: Implantação geral do Parque e demais equipamentos. No lado esquerdo encontra-se a estação Penha e o terminal de

ônibus, e no oposto, o piscinão com as passarelas de transposição propostas.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Dentro do parque, encontram-se outros equipamentos: quadras, vestiários, playground, churrasqueiras, um

espaço de convivência coberto, e pista de caminhada. Nas proximidades da estação Penha, fica localizado o

equipamento mais importante do parque: o Centro Cultural. Sua implantação foi pensada para que se localizasse

próximo à estação, e ao mesmo tempo, ficasse conectada ao parque. Deste modo, a inserção na paisagem é a

menos agressiva possível, tornando o edifício um pano de fundo com uma relação discreta entre o bairro

predominantemente residencial e a estação de metrô e o terminal de ônibus.

Figura 04: Implantação geral do Parque e demais equipamentos. Ao fundo, o piscinão e suas passarelas de transposição.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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A intenção do projeto foi enfrentar o exercício de criar espaços públicos de qualidade, inseridos em um

contexto urbano dinâmico contendo diferentes fluxos. A característica mais particular do terreno escolhido é sua

localização entre a estação de metrô e os piscinões do Córrego Rincão,

gerando um contexto de vazio urbano e uma gama de possibilidades

para novas intervenções no local.

4.6. PROPOSTA ARQUITETÔNICA: CENTRO CULTURAL

DA PENHA

O partido adotado para o Centro Cultural, inserido na parte

oeste do parque, se fundamentou em alguns eixos regulamentadores

do projeto. O pensamento se apoiou na de um edifício com gabarito

moderado, para que não se sobressaltasse diante dos demais edifícios

do bairro, garantindo assim uma identidade com o mesmo. Baseado

no pensamento modernista, optou-se pelo conceito de

permeabilidade do térreo para o pedestre, a fim de proporcionar

múltiplos encontros entre usuários e não criar nenhuma barreira física

diante dos fluxos e passagens já realizadas anteriormente.

Figura 05: Implantação do Centro Cultural, indicando as passagens e fluxos feitos pelos pedestres, dentro e fora do edifício.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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O desenvolvimento do programa de necessidades foi

outro fator importante para a concepção do partido

arquitetônico. Foram criados seis núcleos principais que

englobam as atividades do centro cultural:

O Núcleo Social, que dispõe de equipamentos que

podem ser usados pela população em geral, sem que estejam

necessariamente matriculados nas atividades educativas. Esta

parte do programa faz a amarração do conjunto cultural com a

cota da cidade, por estar no pavimento térreo.

O Núcleo de Apresentações dispõe basicamente de um auditório, seu foyer e a parte de apoio (sanitários,

depósitos, etc). Este auditório, com capacidade para cerca de 280 pessoas, tem o intuito de ser multifuncional,

podendo abrigar tanto palestras, quanto apresentações musicais e de dança.

O Núcleo de Entretenimento consiste em duas salas de cinema, foyer, lojas, sanitários e toda a parte técnica

necessária para suporte do núcleo.

O Núcleo Artístico conta com seis salas de oficinas/ateliês dispostos no mesmo pavimento, além da sala dos

professores, e saguão de estar com café. Algumas salas de oficinas possuem divisórias de dry-wall retráteis,

podendo ser transformadas em um único espaço dependendo da atividade a ser desenvolvida. Além desses

núcleos, há também o Núcleo Administrativo e o Núcleo de Serviços, que dão apoio à parte funcional do prédio.

Figura 06: Elevação Lateral Esquerda.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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De maneira geral, os objetivos buscados no projeto através deste partido e dos núcleos apresentados são o

respeito às situações e condicionantes do entorno e a criação de alternativas ao vazio urbano existente, do qual a

população possa se apropriar a fim de promover o convívio social, e consequentemente, uma interligação clara com

o usuário e a paisagem urbana.

Figuras 07 e 08: Perspectivas externas do Parque e Centro Cultural.

A partir dessas definições, decidiu-se a construção de um volume simples, situado na borda do terreno. À

frente do Centro Cultural encontra-se uma praça rebaixada para convivência dos usuários e manifestações e

apresentações culturais ao ar livre.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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O pavimento térreo do prédio torna-se uma rede de “corredores” que conectam percursos sugerindo

diversos caminhos que ligam o parque ao restante do terreno. O térreo tem papel principal na concepção

arquitetônica do edifício. Acredita-se que um espaço voltado à criatividade precisa necessariamente ser

diversificado. Dessa forma, tão importante quanto as salas de oficina que permitem concentração e serenidade, são

os espaços destinados às exposições e instalações artísticas temporárias, que se prestam a toda liberdade que a

Arte deve estimular.

Figuras 09: Corte transversal.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Vendo o edifício em corte percebe-se que densidade não implica em monotonia, e monolito não significa

indiferença às pessoas e à paisagem. Cada andar possui sua identidade e os percursos são ricos de luz e ventilação

natural devido ao vazio criado nas lajes de todos os pavimentos e à abertura zenital na cobertura.

Figuras 10: Corte longitudinal.

O Centro Cultural foi pensado como parte integrante da cidade, um equipamento que poderá transformar

positivamente seu entorno, tirando partido desse contexto para enriquecer o cotidiano dos alunos, funcionários e

moradores do bairro, e revelando um novo olhar sobre a paisagem construindo um território fértil à criatividade. O

programa de necessidades do projeto pretende oferecer uma série de acontecimentos simultâneos para que haja a

constante ocupação do espaço.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Do parque há uma rampa que leva diretamente ao subsolo, onde se encontra o Núcleo de Apresentações. A

intenção ao projetar a rampa de acesso se deu pensando em facilitar a circulação e entrada na parte de cinemas e

apresentações no auditório, para que o indivíduo não precisasse passar pelo térreo apenas para acessar o subsolo.

No térreo, há uma grande área livre que abrigará as exposições e instalações de arte, podendo também

funcionar como oficina de criação e produção. Nesse pavimento também encontra-se uma livraria, um restaurante e

os núcleos administrativos e de serviços. No pavimento acima, está a grande biblioteca, com mais de 1000m²

contendo seu acervo, sala de projeções, sanitários, mesas de estudo e midiateca.

Figura 11: Perspectiva

Centro Cultural e praça

rebaixada.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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No último pavimento, ficam localizadas as salas de oficinas do edifício. São seis salas que abrigam atividades

diversas, algumas delas com parede retrátil para poder ser ampliada caso haja necessidade de um espaço maior

(além da sala dos professores e sanitários). Os alunos adquirem os conhecimentos em foto/vídeo, expressão

corporal e/ou musical e podem se apresentar ou expor seus trabalhos ao ar livre na praça do parque, na galeria do

térreo ou até mesmo no auditório. Ao lado do café, há uma área de estar para alunos e professores, acompanhado

de um terraço jardim para convivência entre os usuários do prédio inteiro.

Figura 12: Perspectiva externa.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Alguns elementos arquitetônicos foram utilizados como eixos reguladores do projeto, como o térreo com

sua maior parte sendo espaço livre e os vazios nas lajes com a circulação das escadas dentro deles. Optou-se

também pelo aproveitamento da luz natural por meio de uma abertura zenital. A existência desse vazio nas lajes

dos pavimentos ajusta a difusão da luz e dá continuidade visual entre os andares do edifício, reunindo todos em

uma unidade maior. Os brises metálicos permitem aberturas maiores nas paredes sem que a luz solar entre

exageradamente.

Figura 13: Perspectiva externa.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

PARQUE _________________________________________________________________________________________12.400m²

Quadras Poliesportivas 4.200m²

Playground 470m²

Vestiários 100m²

Churrasqueiras 230m²

Área de Convivência Coberta 500m²

Pista de Caminhada 6900m²

CENTRO CULTURAL ____________________________________________________________________________13.230m²

Núcleo de Apresentações ________________________________________________________________________1.000m²

Auditório 280 lugares 450m²

Camarins 65m²

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Cabines 20m²

Foyer 340m²

Apoio 70m²

Sanitários 65m²

Núcleo de Entretenimento _______________________________________________________________________700m²

2 Salas de Cinema 240m²

Cabines 15m²

Foyer 290m²

Sanitários 80m²

Lojas 70m²

Núcleo Social ___________________________________________________________________________________3.300m²

Livraria 190m²

Área de Convivência/ Exposições 860m²

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Restaurante 100 lugares 390m²

Biblioteca 1860m²

Núcleo Administrativo __________________________________________________________________________200m²

Recepção 30m²

Secretaria 40m²

Administração 35m²

Sala Reuniões 40m²

Coordenadoria Geral 30m²

Diretoria 25m²

Núcleo de Serviços ______________________________________________________________________________270m²

Vestiários 50m²

Central Segurança 20m²

Sanitários 20m²

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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Copa Funcionários 40m²

Sala de Máquinas 50m²

Depósito Geral/ Carga e Descarga 90m²

Núcleo Artístico__________________________________________________________________________________1.145m²

2 Ateliês Musicais 140m²

2 Ateliês Expressão Corporal 100m²

2 Ateliês Audiovisual 80m²

Sala Professores 60m²

Saguão 185m²

Café 100m²

Terraço 480m²

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os vazios urbanos são espaços comuns a qualquer cidade, atrelados a atividades que não são mais exercidas

naquele local. A gestão pública deve olhar para estes espaços ociosos e potencializar seu planejamento urbano a

fim de adaptá-lo às funções sociais que uma cidade deve oferecer.

Observa-se que esse tema tem sido cada vez mais estudado, fazendo parte das discussões da morfologia e

produção das cidades. A pesquisa abordou não somente a produção do espaço, suas definições e dimensões

enquanto fenômeno urbano, mas abrangeu também outros temas que estão inter-relacionados, como a inserção de

áreas verdes no tecido urbano, estabelecendo a relação com problemas de desenvolvimento da cidade e com o

processo de requalificação das áreas degradadas e possíveis vazios.

Somente através desta aproximação conceitual foi possível elaborar uma proposta de projeto para a criação

de um parque urbano na Penha, parque este que buscou se adequar à realidade do bairro. A partir dessas

definições foi possível analisar e estudar qual seria a melhor função para o “grande vazio” deixado após as obras do

metrô no local.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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O que se percebe é que o bairro, assim como a maioria da zona leste de São Paulo, enfrenta inúmeros

problemas relacionados à falta de oferta em equipamentos culturais, contrapondo-se com a realidade oposta

existente na região central, sendo bem servidas de infraestrutura e muitos tipos de equipamentos de cultura e lazer

para a população. Desta forma se confirma a necessidade de um olhar mais atento para a região.

O centro cultural proposto visou criar um novo espaço de convívio para a população no bairro e suprir a

escassez de áreas verdes e edifícios culturais na região. A questão dos fluxos respeitados no térreo convida o

usuário a conhecer o interior do edifício, e a diversidade no programa de necessidades traz um maior dinamismo

aos pavimentos. A praça em frente ao prédio complementa os espaços de permanência, atraindo quem está de

passagem em direção ao metrô. Na parte que se refere ao parque, as quadras e os espaços de convivência tentam

trazer de volta o antigo parque outrora reduzido.

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IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS

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www.flickr.com.br

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