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Descriçao da implantação de Pequenas centrais hidrelétricas
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA / AUTOMAÇÃO
ALLISON DINIZ NOCERA
LUÃ CAVALCANTE DOS SANTOS
PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DE UMA PCH E SEUS CUSTOS
Trabalho apresentado à disciplina de Geração de Energia, do curso de Engenharia Elétrica, do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), como requisito parcial para a aprovação na disciplina.
Professor: Dr. Giberto Manoel Alves
CURITIBA2015
SUMÁRIO
1 Panorama Energético Brasileiro e Mundial...............................................................2
1.1 Década de 90 – Reforma no Setor Elétrico....................................................52 O que é uma PCH?..................................................................................................6
2.1 reservatório de regularização do rio e a fio d’água............................................73 Expansão das PCH’s................................................................................................8
4 Implantação de uma PCH.........................................................................................8
4.1 Riscos na Implantação de uma PCH...............................................................124.2 Custos de uma PCH.........................................................................................13
5 Questões................................................................................................................15
6 Conclusão...............................................................................................................16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................17
1 PANORAMA ENERGÉTICO BRASILEIRO E MUNDIAL
O Brasil é um país com grande potencial hidrográfico e tem usado esse
potencial para gerar energia elétrica. Atualmente é o segundo país com maior
capacidade instalada de geração hidrelétrica no mundo, ficando atrás apenas
da China (Empresa de Pesquisa Energética - EPE, 2014). Além disso, o Brasil
está entre os 10 países que possuem a maior capacidade instalada de geração
elétrica no mundo e segundo o banco de informações de Geração
disponibilizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, o Brasil
possui 136.251.193 kW de potência instalada (ANEEL, 2015).
O consumo de energia é um dos principais indicadores do
desenvolvimento econômico e do nível de qualidade de vida (ANEEL) da
população de um país. Ele reflete as atividades dos setores industrial e
comercial, bem como a capacidade da população obter bens de maior
qualidade, ligados à rede elétrica e que aumentam o consumo de energia
elétrica.
Devido ao fato de o número de consumidores de energia elétrica crescer
a cada ano é preciso investir também em geração de energia. O gráfico abaixo
mostra o avanço do consumo total de energia elétrica (cativo e livre), bem
como o avanço da geração de energia elétrica no Brasil de 2008 até 2013.
Analisando o gráfico nota-se que de 2012 para 2013 a variação do consumo foi
de 3,38 %, enquanto da geração foi 3,17%.
2008 2009 2010 2011 2012 20130
100,000
200,000
300,000
400,000
500,000
600,000
388,
472
384,
306
415,
683
433,
034
448,
171
463,
335
463,
120
466,
158
515,
799
531,
758
552,
498
570,
025
ConsumoGeração
Figura 1: Consumo e Geração, em GWh.
Fonte: EPE, 2014.
As informações descritas acima, apesar de destacarem o Brasil no setor
energético, não mostram a crise energética pela qual o país está passando.
Segundo o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e diretor do
Centro Brasileiro de Infra Estrutura, Adriano Pires, os motivos da crise são “a
diminuição da tarifa pelo governo no momento que o custo crescia, o atraso
nas obras de geração e transmissão e por fim a falta de chuva”.
A relação entre consumo e capacidade de geração motivou a criação do
horário de ponta para certos consumidores. A grande demanda de energia
durante esse horário é um problema histórico que outros países também
enfrentam. Uma estratégia para conter esse problema e reduzir o consumo de
energia, adotada muitos anos atrás e que é utilizada até hoje, foi a adesão ao
horário de verão, o qual faz com que a iluminação das residências seja
acionada mais tarde. Porém, nos últimos anos essa estratégia não tem sido tão
eficiente quanto no passado.
Observando a tabela abaixo é possível notar que ocorreu um
decrescimento da energia armazenada muito grande ao longo dos últimos 6
anos na região Sul, cuja demanda é segunda maior do país.
Tabela 1 – Decrescimento da energia armazenada ao longo dos anos.
Data% Capacidade
Máxima11/05/201
086,87
11/05/2011
83,12
11/05/2012
46,05
11/05/2013
54,09
11/05/2014
49,13
11/05/2015
32,15
Fonte: Boletim diário da Operação, ONS.
Nesse contexto, o racionamento é frequentemente colocado em pauta e
constantes desligamentos no fornecimento de energia para alguns
consumidores, devido a grande demanda em horários de pico, são iminentes.
Uma das soluções encontradas pelo governo foi estimular o mercado para
construção de pequenas centrais hidrelétricas.
Atualmente, a disponibilidade de recursos energéticos é um dos temas
mais relevantes para o futuro da humanidade. A maior parcela do consumo
energético mundial é derivada de combustíveis Fósseis. No caso brasileiro não
é diferente. Embora as demais fontes tenham evoluído nas últimas décadas, as
fontes não renováveis ainda prevalecem:
Figura 2 – Comparativo entre fontes de energia.Fonte: Resenha Energética MME, 2011.
A figura abaixo mostra uma comparação entre as fontes de energia mais
utilizada pelo mundo juntamente com a porcentagem utilizada no Brasil.
Figura 3 – Fontes de Energia Mundo x Brasil.Fonte: MME, 2010.
O parque hidrelétrico brasileiro teve sua expansão calcada na construção
de usinas de grande porte, aproveitando o enorme potencial dos recursos
hídricos, sendo controladas por empresas estatais e monopolistas. A partir da
década de 80, com a grave crise econômica, elevada inflação, o setor elétrico
enfrentou uma crise, com certa incapacidade do estado de realizar
investimentos e gerenciar a demanda crescente com qualidade no atendimento
e manutenção de tarifas acessíveis. Clemente cita os principais motivos da
crise:
A incapacidade financeira de realizar investimentos necessários; O controle tarifário como fator de controle inflacionário; A elevação da inadimplência; O aumento das perdas técnicas e comerciais; A concorrência entre as concessionárias federais e estaduais por novas
concessões de hidrelétricas e linhas de transmissão; A degradação da gestão técnica e administrativa das empresas; O aumento da demanda de energia decorrente do aquecimento da
economia na época do plano real.
Quando se analisa a situação do mercado energético brasileiro, conclui-
se primeiramente que os investimentos em transmissão solucionaram o
problema de escassez de energia. Uma alternativa utilizada em conjunto com a
potencialização da transmissão é a geração de energia mais próxima dos
grandes centros de consumo, através de centrais de pequeno porte, com baixo
impacto ambiental, as chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH.
Essas plantas geradoras, com potência reduzida quando comparadas com
grandes aproveitamentos, tornaram-se frequentes no setor elétrico brasileiro
nos últimos anos, por se tratarem de obras de rápida execução, implementadas
em um prazo de dois anos, com custos menores (THOMÉ, 2004).
1.1 Década de 90 – Reforma no Setor Elétrico
A partir de 1990 o setor elétrico passou por uma reforma, com
privatização de algumas estatais, instituição da ANEEL e na determinação da
exploração do potencial hidráulico por meio da concorrência e leilão, tornando
acessível ao capital privado os investimentos na infraestrutura energética
brasileira.
Nesse contexto, aumenta a participação das PCHs (usina hidrelétrica de
pequeno porte, com capacidade entre 1MW e 30MW e área inferior a 3km²),
com procedimentos mais diretos de exploração, maiores incentivos
governamentais, licenciamento ambiental mais simples e atratividade
econômica. A partir do início dos anos 2000 o setor se consolida com uma
parcela importante de contribuição na produção de energia do país.
Embora lançada na década de 1980, o Programa Nacional de PCH foi
reestruturado em 90 com a reorganização do setor.
As principais mudanças destacadas por Andrade (2006, p.25), que
possibilitaram a expansão da oferta deste tipo de empreendimento, são:
A criação da figura do Produtor Independente de Energia Elétrica –
PIE, como agente gerador, totalmente exposto ao regime de mercado
livre, buscando produzir energia por sua conta e risco. Trata-se de
mecanismo de expansão da oferta;
O livre acesso aos sistemas de transmissão e distribuição, permitindo
que os geradores e os consumidores tenham total garantia para firmar
contratos, retirando, desta forma, essa barreira de entrada a novos
agentes;
O desconto (de no mínimo 50%) nas tarifas de uso dos sistemas de
transmissão e distribuição de energia elétrica, ampliada para 100%, no
caso das centrais que entrassem em operação até 2003;
A definição de uma quarta atividade (além de geração, transmissão e
distribuição) responsável pela execução de parte importante do
mercado, assumindo riscos e realizando o “hedge” dos contratos: a
Comercialização;
A isenção do pagamento da compensação financeira por área
inundada;
O lançamento do Programa de Desenvolvimento e Comercialização de
Energia Elétrica de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH-COM), da
Eletrobrás, em 1998.
2 O QUE É UMA PCH?
De acordo com a resolução nº 394 - 04-12-1998 da ANEEL - Agência
Nacional de Energia Elétrica - PCH (Pequena Central Hidrelétrica) é toda
usina hidrelétrica de pequeno porte cuja capacidade instalada seja superior a 1
MW e inferior a 30 MW. Além disso, a área do reservatório deve ser inferior a 3
km². Para entender a operação de uma PCH será definido um reservatório de
regularização do rio e a fio d’água.
2.1 reservatório de regularização do rio e a fio d’água
Nas usinas com reservatório de regularização do rio, em que o fluxo da
água utilizada para a produção de energia, ocorre acúmulo de água no
reservatório nos períodos de cheia. Durante os períodos secos, a água
acumulada, além da decorrente do fluxo natural, é utilizada para gerar energia.
Por isso, usinas com reservatórios de regularização têm como característica
importante o fato que a produção de energia é mais constante (fator de
capacidade elevado).
Nas usinas a fio d’água, o reservatório tem dimensão reduzida,
insuficiente para permitir a regularização do rio, ou seja, a produção de energia
é inconstante dependendo da variação da vazão do rio. Nos períodos de cheia,
a usina produz muita energia e nos períodos de seca a produção é bastante
reduzida. Toda a água que chega na usina é utilizada para produção de
energia, sem haver acumulação nos períodos de cheia, pois o reservatório não
tem capacidade de acúmulo. A produção de energia é inconstante e a usina
apresenta um baixo fator de capacidade.
Uma PCH típica normalmente opera a fio d'água, isto é, o reservatório
não permite a regularização do fluxo d´água. Com isso, em ocasiões de
estiagem a vazão disponível pode ser menor que a capacidade das turbinas,
causando ociosidade. Em outras situações, as vazões são maiores que a
capacidade de engolimento das máquinas, permitindo a passagem da água
pelo vertedouro.
Por esse motivo, o custo da energia elétrica produzida pelas PCHs é
maior que o de uma usina hidrelétrica de grande porte (UHE-Usina Hidrelétrica
de Energia), onde o reservatório pode ser operado de forma a diminuir a
ociosidade ou os desperdícios de água. Entretanto as PCH´s são instalações
que resultam em menores impactos ambientais e se prestam à geração
descentralizada.
Este tipo de hidrelétrica é utilizada principalmente em rios de pequeno e
médio portes que possuam desníveis significativos durante seu percurso,
gerando potência hidráulica suficiente para movimentar as turbinas.
3 EXPANSÃO DAS PCH’S
A reforma observada no setor elétrico na década de 1990 provocou uma
evolução no número de PCH’s. Em 2006, segundo o Banco de Informações de
Geração (BIG) da ANEEL, existiam 268 PCHs em operação com cerca de 1400
MW de potência instalada, correspondendo a 2,7% da potência instalada
brasileira. Além disso, em 2011 foram registrados 173 empreendimentos em
construção (1.131 MW) e outros 155 outorgados (2.255 MW) com construção
ainda não iniciada (FARIA, F.A.M, 2011). Evidenciando, assim, uma expansão
constante desde as políticas de incentivo adotadas na época.
A exploração de um potencial hidrelétrico, mesmo que de uma PCH,
está sujeita a uma série de regulamentações de ordem institucional, ambiental
e comercial, e seu processo de implantação reúne várias atividades que estão
sempre relacionadas entre si (ELETROBRÁS, 2000). O próximo tópico trata de
desdobrar os passos necessários para a implantação de uma PCH após a
revisão das normas estabelecidas.
4 IMPLANTAÇÃO DE UMA PCH
Um projeto de uma PCH bem como o seu desenvolvimento devem
seguir conforme as “Diretrizes de Estudos e Projetos de Pequenas Centrais
Hidrelétricas” da Eletrobrás (ELETROBRAS, 2000).
No “Fluxograma de Implantação de uma PCH” o primeiro passo é
realizar a estimativa do potencial hidrelétrico. De acordo com o Manual de
Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas da Eletrobrás (MME, 2007),
nessa etapa é feita a análise preliminar das características da bacia
hidrográfica, especialmente quanto aos aspectos topográficos, hidrológicos,
geológicos e ambientais, no sentido de verificar sua vocação hidroenergética.
Esta análise, exclusivamente pautada nos dados disponíveis, é feita em
escritório e permite a primeira avaliação do potencial e estimativa de custo do
aproveitamento da bacia hidrográfica e define as prioridades para a etapa
seguinte.
A segunda etapa é a do Inventário Hidrelétrico, onde caracteriza-se pela
concepção e análise de várias alternativas de divisão de queda para a bacia
hidrográfica, formadas por um conjunto de projetos, que são comparadas entre
si, visando selecionar aquela que apresente melhor equilíbrio entre os custos
de implantação, benefícios energéticos e impactos socioambientais. Nessa
etapa, deve-se determinar se o curso d’água analisado já foi inventariado ou
não. Caso afirmativo, o estudo de inventário é requisitado junto a ANEEL e é
verificada sua situação de aproveitamentos hidrelétricos (AHE’s), quanto às
características econômicas, técnicas, socioambientais e de estágio de
desenvolvimento na agência reguladora. Caso negativo, deve-se proceder à
elaboração do estudo de inventário da bacia hidrográfica visada.
A partir do inventário, a sequência propõe a realização de uma avaliação
expedita de viabilidade. É a etapa na qual são efetuados estudos mais
detalhados, para a análise da viabilidade técnica, energética, econômica e
socioambiental que levam à definição do aproveitamento ótimo que irá a leilão
de energia. Os estudos contemplam investigações de campo e compreendem o
dimensionamento do aproveitamento do reservatório e de sua área de
influência e das obras de infraestrutura locais e regionais necessárias para sua
implantação. Esta etapa incorpora análises dos usos múltiplos da água e das
interferências socioambientais. Com base nesses estudos, são preparados o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
de um empreendimento específico, tendo em vista a obtenção da Licença
Prévia (LP), junto aos órgãos ambientais.
Nesse ponto, o processo evolui para a elaboração do projeto básico,
definido nos estudos de viabilidade, é detalhado, de modo a otimizar as
características técnicas do projeto e os estudos de impacto ambiental e
obtenção da licença prévia. Nesta fase é estudada a interação entre a área de
engenharia e a de meio ambiente para a otimização do projeto, tanto do
aspecto técnico-econômico, como também socioambiental. Após a aprovação
do projeto básico na ANEEL e da obtenção da Licença de Instalação e da
Outorga, é possível passar para o detalhamento do projeto de engenharia, a
fase de construção e implantação dos programas ambientais. O passo final é a
obtenção da Licença de Operação para o comissionamento da usina.
Por fim, chega-se a fase do projeto executivo, onde todo o detalhamento
como os desenhos das obras e as montagens dos equipamentos
eletromecânicos são efetivados. Nesta etapa são tomadas todas as medidas
pertinentes à implantação do reservatório, incluindo a implementação dos
programas socioambientais, para prevenir, minorar ou compensar os danos
socioambientais, devendo ser requerida a Licença de Operação (LO).
No caso das PCHs, foram introduzidas algumas simplificações que
buscam agilizar e baratear a sequência dos estudos. Dessa forma, a etapa de
viabilidade não é exigida, não existindo concessão para este tipo de
aproveitamento (ANEEL, 2008b). Trata-se de uma outorga de autorização para
exploração do empreendimento. Além disso, as bacias hidrográficas que
possuam aproveitamentos hidrelétricos com potência instalada inferior a 50
MW podem ter seus inventários elaborados de forma simplificada desde que a
decisão seja tecnicamente embasada (ANEEL, 1998a).
Figura 4 – Fluxograma para implantação de uma PCH.Fonte: Thomé, 2004.
Atualmente, quando o curso d´água apresenta vocação típica para
Pequenas Centrais Hidrelétricas, é comum que haja mais de um interessado
em realizar o estudo de inventário. Neste caso, a seleção é feita pela ANEEL,
que examina todos os inventários apresentados e escolhe a divisão de quedas
que contemple o aproveitamento ótimo, em função das condições técnicas e
socioambientais apresentadas (ANEEL, 1998a).
Tabela 2 – Estudos para implantação de uma PCH.
Fonte: ANEEL, 2001.
4.1 Riscos na Implantação de uma PCH
A implantação de uma usina hidrelétrica é feita sob a ótica dos
custos frente aos benefícios ambientais e econômicos gerados. O
investimento em aproveitamentos hidrelétricos é associado a uma
série de riscos que devem ser avaliados pelo empreendedor durante
o processo de decisão. Estes riscos podem ser classificados da
seguinte forma, segundo Alencar e Castilho (2008):
Fase de Construção:
Risco Operacional: risco tecnológico, atraso na expropriação de
terras,
atraso na obtenção de licenças e autorizações, atrasos na conclusão
da
construção da obra, elevação dos custos, riscos de construção.
Risco Financeiro: inflação, desvalorização da moeda, aumento na
taxa de
juros, aumento dos custos do construtor contratado, insuficiência
orçamentária, falência do construtor contratado.
Risco de Força Maior: eventos naturais, “atos de príncipe”.
Risco Ambiental: risco geológico, danos ao meio ambiente,
descobertas
arqueológicas e geológicas e risco hidrológico.
Fase de Operação:
Risco Operacional: desempenho operacional (problemas com
equipamentos mecânicos, alteração do nível de energia assegurada
pela ANEEL, operação e manutenção da planta).
Risco Financeiro: inflação, desvalorização da moeda, aumento dos
juros, custos de operação e manutenção acima do orçado, aumento
das taxas de juros internacionais.
Risco Ambiental: descumprimento das normas ambientais, risco
hidrológico.
Risco Político: reações de interesse público, perda da concessão
decorrente de inadimplência, riscos institucionais.
Entretanto, deve-se adicionar a esta lista os riscos da fase
anterior à
construção. Como visto no item anterior, o empreendedor que deseja
construir uma PCH só possui o direito assegurado após a outorga de
autorização, mediante a apresentação do Projeto Básico. Assim, o
interessado deve cumprir a priori três fases distintas de investimentos
para obter o direito a explorar determinado local: estimativa do
aproveitamento, inventário hidrelétrico e projeto básico (ANDRADE,
2006).
4.2 Custos de uma PCH
Os primeiros custos de implantação de uma PCH são na fase inicial de
prospecção. O estudo de prospecção visa reduzir a possibilidade de
encaminhamento para um estudo de inventário e projeto básico com
características desfavoráveis, o que pode significar perdas monetárias e de
tempo, e maximizar o potencial de identificação e prosseguimento para projetos
atrativos. Assim, esta etapa pode ser considerada como um estudo de
viabilidade preliminar, no qual os principais problemas para as fases
posteriores são apontados.
Os principais custos desta fase são:
Contratação de técnicos para a realização dos estudos em escritório e
viagens;
Despesas de viagem (transporte, estadia, contratação de guias,
alimentação);
Aquisição de dados;
Administrativos (decorrente dos anteriores).
Bem como os custos de prospecção, os custos de Estudo de Inventário
são praticamente irrelevantes frente ao custo de implantação de uma PCH.
Pois nesta etapa é que são feitos os estudos de engenharia em que se define o
potencial hidrelétrico de uma bacia hidrográfica, mediante o estudo de divisão
de quedas e a definição prévia do aproveitamento ótimo (ANEEL, 1998).
A elaboração de um projeto de PCH envolve basicamente as seguintes áreas
de conhecimento:
Engenharia Civil: hidrologia, geotecnia, geologia, topografia, estudos
energéticos, arranjo de estruturas, hidráulica, entre outros.
Engenharia Mecânica: turbinas, geradores etc.
Engenharia Elétrica: todos os aspectos relacionados a equipamentos e
instalações elétricas, assim como a conexão à rede.
Meio Ambiente: todos os aspectos ligados aos estudos dos impactos
socioambientais (meio biótico, meio físico e meio socioeconômico) e ao
licenciamento ambiental.
De acordo com o Orçamento Padrão da Eletrobrás (OPE) os custos
associados à implantação de uma usina podem ser divididos em dois grupos:
custos diretos e indiretos.
Os custos diretos são referentes aos gastos com os seguintes itens
listados abaixo:
Aquisição de terrenos e benfeitorias, gastos com relocações e ações
socioambientais;
Estruturas e benfeitorias (Barragem, Casa de Força, Circuito de Adução,
Estruturas de Desvio, Vertedouro, entre outros órgãos anexos);
Turbinas e geradores;
Diversos equipamentos eletromecânicos;
Estradas de rodagem, de ferro, entre outros.
Os custos indiretos são definidos como:
Custos de implantação do canteiro de obras;
Custos de operação e manutenção do canteiro de obras;
Engenharia;
Administração do proprietário.
No Brasil, Bortoni et al (2010) realizaram um trabalho que analisou OPEs de
75 PCHs em diversas regiões do país. Um dos resultados ali apresentados foi
a distribuição percentual de custos divididos através dos itens da OPE e a
região do País, conforme a Tabela abaixo:
Tabela 3 – Distribuição percentual das contas das OPEs em função da região do Brasil.
Fonte: Bortoni et al, 2010.
5 QUESTÕES
5.1 O que significa PCH?
R: Pequena Central Hidrelétrica.
5.2 Cite três riscos que ocorrem durante a fase de operação de uma PCH.R: Risco Financeiro, Risco Ambiental e Risco Político.
5.3 Quais as diferenças entre usinas com reservatório de regularização do rio e a fio d’água?R: Nas usinas com reservatório de regularização do rio, em que o fluxo da água
utilizada para a produção de energia, ocorre acúmulo de água no reservatório
nos períodos de cheia. Durante os períodos secos, a água acumulada, além da
decorrente do fluxo natural, é utilizada para gerar energia. Nessa situação a
produção de energia é mais constante (fator de capacidade elevado).
Nas usinas a fio d’água, o reservatório tem dimensão reduzida,
insuficiente para permitir a regularização do rio, ou seja, a produção de energia
é inconstante dependendo da variação da vazão do rio. Nos períodos de cheia,
a usina produz muita energia e nos períodos de seca a produção é bastante
reduzida. Toda a água que chega na usina é utilizada para produção de
energia, sem haver acumulação nos períodos de cheia, pois o reservatório não
tem capacidade de acúmulo. A produção de energia é inconstante e a usina
apresenta um baixo fator de capacidade.
6 CONCLUSÃO
A partir deste trabalho é possível compreender a situação
brasileira de energia e também relacionar essa situação com a
utilização de PCH’s. Também foi possível adquirir conhecimento, que
serão utilizados em nossa carreira profissional no futuro, de como as
pequenas centrais hidrelétricas funcionam e quais os custos
relacionados ao implementá-las. Ao final do trabalho é possível
perceber que mais da metade dos custos de implantação de PCHs
está concentrado nos itens que englobam a barragem e estruturas
adutoras e turbinas e geradores e, ao contrário do que muitos
pensam, apesar de ser de pequeno porte as PCH’s acabam tendo um
custo de energia produzida maior do que uma UHE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANDRADE, J.S.O. Pequenas Centrais Hidrelétricas: Análise das causas que impedem a rápida expansão de um programa de PCH no Brasil. 2006. 88 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade de Salvador, Salvador, 2006. Disponível em: <http://tede.unifacs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=126>. Acesso em: 5 mai. 2015.
ANEEL. Energia no Brasil e no Mundo. Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Brasília, 2007. p.1-12.
_____. Capacidade de Geração do Brasil. Banco de Informações de geração – BIG. Atualizado 10 mai. 2015. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em: 13 mai. 2015.
BORTONI, E. et al. Investigação e modelos de custos de PCH. Anais VII Simpósio de Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas, São Paulo, Brasil, 11-13 maio 2010, CBDB.
CENTRAIS ELÉTRICAS DO BRASIL (ELETROBRÁS). Diretrizes de estudos
e projetos de pequenas centrais hidrelétricas. Rio de Janeiro. 2000.
EPE. Anuário Estatístico de Energia Elétrica. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/AnuarioEstatisticodeEnergiaEletrica/Forms/Anurio.aspx>. Acesso em: 11 mai. 2015.
FARIA, Felipe A. M. de. Metodologia de Prospecção de Pequenas Centrais
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<
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THOMÉ, Alexandre Domingues. Sistemática para Avaliação dos custos de construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Engenharia). Porto Alegre, 2004. Disponível em:<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/5043/000464345.pdf?sequence=1&locale=pt_BR>. Acesso em: 29 mai. 2015.