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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO ESTUDOS DE CASO: IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ERP - UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DA METODOLOGIA DE PROJECT MANAGEMENT DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO 00 GRAU DE MESTRE MARIA GABRIELA SOBRAL GIL Rio de Janeiro 2002

Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

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Este estudo procura mostrar que a adoção dessa nova tecnologia através de projetos de implantação de sistema de ERP não só mudam processos administrativos como também produtos, serviços e estruturas organizacionais e que a sua implantação se constitui em um grande projeto que envolve um número considerável de recursos e tempo das organizações.

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Page 1: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

ESTUDOS DE CASO: IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ERP - UMA ANÁLISE CRÍTICA À

LUZ DA METODOLOGIA DE PROJECT MANAGEMENT

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO 00 GRAU DE MESTRE

MARIA GABRIELA SOBRAL GIL Rio de Janeiro 2002

Page 2: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

TÍTULO

ESTUDOS DE CASO: IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS ERP - UMA ANÁLISE

CRÍTICA À LUZ DA METODOLOGIA DE PROJECT MANAGEMENT

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR:

MARIA GABRIELA SOBRAL GIL

E

APROVADO EM 26 / 11 / 2002

PE A COMISSÃO EXAMINADORA

DOUTOR EM PESQUISA OPERACION

DoUTOR EM PLANEJAMENTO

DOUTOR EM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO

Page 3: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

IV

Ao meu marido, família e amigos que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste

estudo.

Page 4: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

v

AGRADECIMENTOS

Ao professor Alexandre Linhares pela sua coragem ao ter aceito o desafio de, à distancia, me

ajudar a finalizar este trabalho e por todo o incentivo e dicas que me deu.

Ao José Paulo e à equipe da secretaria do mestrado pela ajuda que sempre me deram, sem ela,

eu não estaria escrevendo estas palavras hoje. Muito Obrigada pela ajuda.

Aos membros da banca examinadora, por participarem de um momento tão especial como

este para mim.

Ao meu marido Marcelo e à minha família querida, pelas horas que deixei de lhes dar a

atenção merecida para poder estudar e preparar este trabalho.

Ao meu amigo Ulysses pelas horas dedicadas às discussões dos fundamentos de Project

Management.

A todos aqueles não mencionados anteriormente que, de alguma maneIra, direta ou

indiretamente, contribuíram para a realização desta dissertação.

Page 5: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

VI

"Descobri como é bom chegar

quando se tem paciência.

E para se chegar a qualquer lugar,

descobri que não necessário dominar a força e sim a razão.

Descobri que acima de tudo é necessário

querer"

AmyrKlink

Page 6: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

vii

suMÁRIo Página

LISTA DE FIGURAS Xl

LISTA DE TABELAS Xll

LISTA DE TERMOS E SUAS DEFINIÇÕES Xlll

RESUMO XVI

ABSTRACT XVll

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. Contextualização do problema 1

1.2. Relevância do estudo 3

1.3. Delimitação do estudo 3

1.4. Objetivo 5

1. 5. Organização do Estudo 5

2. REFERENCIAL TEÓRICO 8

2.1. A metodologia de Project Management e os sistemas de ERP 9

2.1.1. A metodologia de Project Management 9

2.1.1.1. O que é Projeto 9

2.1.1.2. O gerenciamento de projetos e suas áreas de conhecimento 12

2.1.1.3. O processo de Project Management 19

2.1.1.4. Principais grupos envolvidos no projeto 26

2.1.2. Sistema de ERP 27

2.1.3. Um projeto de implantação de um sistema de ERP 32

2.2. Formação de Equipes e a Liderança 35

2.2.1. A formação de equipes de projeto 35

2.2.1.1. A estrutura da equipe de projeto 38

2.2.1.2. Criando uma identidade para a equipe de projeto 41

2.2.1.3. Processos motivacionais 42

Page 7: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

V111

Página

2.2.1.4. Criando uma equipe de projeto de alta performance - uma

equipe de sucesso

2.2.1.5. A tomada de decisão na equipe

2.2.1.6. Conflitos na equipe de projeto

2.2.1.7. A desmobilização da equipe

2.2.2. Liderança

2.2.2.1. Principais características da Liderança

2.2.2.2. Liderança e Poder

2.2.2.3. Diferença entre gerentes de Projetos e Líderes

2.2.2.4. A liderança como diferencial na Gestão de Projetos

2.2.2.5. Algumas competências para um Líder de Projeto

2.3. A Mudança, o Change Management e algumas considerações sobre

Cultura Organizacional

2.3.1. Identificando os fatores motivadores da Mudança

2.3.1.1.Como a mudança na estrutura organizacional vem sendo tratada

43

46

47

49

51

51

54

55

57

58

63

63

pelos estudiosos 64

2.3.2. O que é Change Management 67

2.3.2.1. Fator Mudança 68

2.3.2.2. Um projeto de mudança e o processo de Change Management 70

2.3.2.3. Identificação dos Stakeholders 71

2.3.2.4. A comunicação 73

2.3.2.5. A formação de equipe e o Change Management 75

2.3.2.6. Outras considerações sobre liderança e a formação da equipe

~~~ ~

2.3.2.7. Problemas maIS comuns encontrados em um projeto de

mudança

2.3.3. Considerações sobre a Cultura Organizacional

2.3.3.1. A Cultura de uma Organização

2.3.3.2. A Cultura e os Projetos

79

83

83

84

Page 8: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

2.3.3.3. A Cultura das Equipes de Projeto

2.3.3.4. Alguns impactos negativos da Cultura Organizacional em

projetos

3. METODOLOGIA

3.1. Introdução

3.2. Universo e Amostra

3.3. Seleção dos Sujeitos

3.4. Coleta de Dados

3.5. Tratamento dos Dados

4. DESCRIÇÃO DOS CASOS

4.1. Empresa A

4.1.1. Dados Gerais

4.1.2. Histórico da Implantação

4.1.3. Os fatores da Mudança, a seleção do Produto e as mudanças que a

Página

86

87

89

89

90

91

91

91

92

93

93

93

implantação do sistema exigiu da empresa 95

4.1.4. A Influência da Cultura da Empresa no Projeto, na Gerência e na

Equipe de Projeto 98

4.1.5. A metodologia de Formação da Equipe de Trabalho 100

4.1.6. Os Gerentes de Projeto e a Liderança 105

4.1.7. O processo de Change Management 111

4.1.8. A Finalização do Projeto 113

4.1.9. Os Resultados do Projeto 114

4.2. Empresa B 117

4.2.1. Dados Gerais 118

4.2.2. Histórico da Implantação 118

4.2.3. Os fatores da Mudança, a seleção do Produto e as mudanças que a

IX

Page 9: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

implantação do sistema exigiu da empresa

4.2.4. A Influência da Cultura da Empresa no Projeto, na Gerência e na

Equipe de Projeto

4.2.5. A metodologia de Formação da Equipe de Trabalho

4.2.6. Os Gerentes de Projeto e a Liderança

4.2.7. O processo de Change Management

4.2.8. A Finalização do Projeto

4.2.9. Os Resultados do Projeto

5. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES COLETADAS

5.1. Histórico da implantação nas duas empresas

5.2. Os fatores da mudança, a seleção do produto e as mudanças que essa

Página

120

121

122

124

128

130

131

133

133

implantação exigiu da empresa 134

5.3. Influência da cultura das empresas no projeto, na gerência e na equipe de

projeto 135

5.4. Aspectos da metodologia utilizada por cada uma das empresas na

formação das equipes de trabalho 137

5.5. O perfil dos gerentes de projeto e da alta administração, os conflitos e os

aspectos de liderança no projeto 138

5.6. O processo de Change Management - a comunicação, a integração das

equipes e o treinamento 140

5.7. Os resultados obtidos pelo projeto - o processo de finalização e os

resultados obtidos em termos de escopo, prazos e custo. 140

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 142

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 155

ANEXO - QUESTIONÁRIOS PARA ENTREVISTAS 158

x

Page 10: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

xi

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura I - Restrição Tripla 10

Figura 11 -Áreas de Atuação do Project Management 14

Figura III - Ciclo de Vida de um Projeto 20

Figura IV - Inter-relacionamento entre os grupos de processos no desenvolvimento

~~~~ M

Figura V - Sobreposição de grupos de processos dentro das fases do projeto 25

Figura VI - Processo de gerenciamento e suas funções 25

Figura VII - Visão Geral do ERP 29

Figura VIII - Estrutura Proposta para um Projeto de ERP 33

Figura IX - Processo Decisório 47

Figura X - Detalhamento da estrutura de problemas mais comuns do encerramento

de um projeto 50

Figura XI - Caráter Organizacional 66

Figura XII - Mapeamento do apoio dos Stakeholders com referência à mudança

pretendida 72

Figura XIII - Estrutura de equipe peso pesado 78

Figura XIV - Equipe do Projeto de ERP da empresa A 107

Figura XV - Equipe do Projeto de ERP da empresa B 125

Page 11: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

LISTA DE TABELAS

Tabela A - Características de Equipes de Projeto de Sucesso

Tabela B - Principais diferenças entre Gerentes e Líderes

Tabela C - Análise comparativa entre Bons e Maus Líderes

Tabela D - Principais conclusões:

Tabela E - Principais Recomendações

Página

44

56

60

142

153

Xli

Page 12: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

xiii

LISTA DE TERMOS E SUAS DEFINIÇÕES

Best Practices - Como são conhecidas as melhores práticas de negócio.

Change Management - Técnicas que permitem o gerenciamento de projetos onde o processo

de mudança e transição ocorre, objetivando reduzir resistências e comprometer os recursos

envolvidos com o sucesso do projeto.

CPD - Centro de Processamento de Dados

Empowerment - processo no qual se criam condições e habilitam-se as pessoas de todos os

níveis da empresa para assumirem responsabilidades.

ERP - São sistemas integrados de software que integram todos os processos, regras e

aplicações para automatizar toda a cadeia de suprimentos; são baseados em tecnologia que

viabiliza a atuação e controle por processos em contraponto a atuação e controles

departamentais; fornecem uma arquitetura de informações que une toda a empresa, inclusive

suas diversas plantas e países. Por integrar as informações de todas as plantas, negócios e

departamentos da empresa através de uma base contábil única. Entre outras coisas, o ERP

viabiliza análises em tempo real de diversas questões fundamentais para a gestão de uma

empresa.

Fast Tracking - Com se chama o processo em que produtos (Deliverables) de uma fase de

projeto são iniciados quando outros ainda não foram concluídos. Isto ocorre quando os riscos

envolvidos no projeto são aceitáveis

Gap 's - Como são chamadas as diferenças existentes entre o "modelo" sistêmico desejado e o

disponível. Para minimizar tais diferenças, é necessário que o projeto recorrer a programação

adicional, conhecidas como customizações.

Go Live - É como se chama o momento em que o sistema, após parametrizado e testado, é

posto em funcionamento.

Page 13: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

XIV

IT OU IT - Tecnologia de Informação

Kick Of! - Como são chamados os eventos onde se dá oficialmente por iniciado o projeto,

onde são apresentados os membros da equipe e são apresentados os objetivos do projeto.

Learning Meetings - É como são chamados os encontros de aprendizado realizados entre

todos os membros da equipe ao término do projeto (reuniões de encerramento), cujo objetivo

é avaliar permanentemente o aprendizado obtido com o mesmo.

Overheads - excesso de mão de obra.

Projetos - Um projeto pode ser entendido como uma combinação de recursos da organização

que, uma vez reunidos, permitirão a criação de algo inexistente previamente. Ele permitirá à

empresa, alcançar seus objetivos operacionais (no curto prazo), estratégicos (no longo prazo) e

organizacionais. Possuem ciclos de vida distintos e começam com uma idéia, definição do

desenho, execução e implantação.

Projetos de mudança - Projeto de mudança constitui-se em justificativas persuasivas em

favor de modificações que justifiquem seu esforço. Um projeto de mudança deverá ser claro,

conciso, articulado, lógico, bem documentado e motivador. Deve trazer um senso de urgência.

Deve incentivar as pessoal envolvidas a agir.

Project Management - Project Management são um conjunto de técnicas e processos que

permitem gerenciar Projetos. Segundo definição do Instituto de Project Management é "a arte

de dirigir e coordenar recursos humanos e financeiros".

PMI - The Project Management Institute

PMBOK - Project Management Book of Knowledge - referência bibliográfica básica para os

estudiosos de Project Management, editada e atualizada periodicamente pelo PMI,

compilando informações e dados resultados de pesquisa e pratica vivenciadas em projetos em

geral que se utilizam das técnicas de Project Management.

Page 14: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

xv

Stakeholders - Stakeholders são indivíduos ou grupos que, em algum momento durante o

ciclo de mudança de um projeto, afetarão ou serão afetados pelo processo.

Sponsor - É como é chamado o patrocinador do projeto.

Standard - tenno em inglês para a palavra padrão.

Supply Chain - tenno em inglês para o conceito de cadeia logística integrada

Team Building - Construção de um espírito de Equipe

Trade Of! - tenno em inglês para a palavra troca em português.

Page 15: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

xvi

RESUMO

Este documento constitui-se em uma dissertação de mestrado, requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresaria e Pública.

Este estudo procura mostrar que a adoção dessa nova tecnologia através de projetos de

implantação de sistema de ERP não só mudam processos administrativos como também

produtos, serviços e estruturas organizacionais e que a sua implantação se constitui em um

grande projeto que envolve um número considerável de recursos e tempo das organizações.

Este estudo procurar mostrar também que os impactos que tais projetos trazem, são mais

fortemente sentidos ou não pela organização de acordo com uma série de fatores, entre eles, a

resistência à mudança e o quanto a organização está preparada para enfrentar essas mudanças,

o medo da perda do emprego pela adoção de uma nova tecnologia, problemas com a falta de

comunicação das mudanças, questões relacionadas à cultura organizacional vigente, a falta de

envolvimento da alta administração, entre outras. Para gerenciar todas essas variáveis, as

organizações modernas adotam técnicas para garantir o sucesso da implantação dessas novas

tecnologias.

o estudo aqui proposto tem como objetivo determinar até que ponto a utilização de

metodologias e de técnicas de Project Management é o suficiente para que esses projetos

alcancem o sucesso esperado pelas organizações. A quantidade de variáveis que influenciam o

resultado de um projeto são muitas e cada uma delas possui um papel importante que deve ser

avaliado.

As conclusões desta pesquisa demonstram que o sucesso de um projeto nem sempre se resume

a atingir os objetivos inicialmente propostos, relativos ao cumprimento do prazo, escopo e

custo de um projeto, conforme define a metodologia de Project Management. Outros aspectos

considerados por essa metodologia, se melhor ou pior aplicados, também contribuem para o

sucesso ou fracasso de um projeto de implantação de um sistema de ERP sendo o seu fracasso

traduzido ou não, no cumprimento do prazo, do escopo inicialmente previsto ou no custo

inicialmente calculado. Outros aspectos que não apenas a aplicação correta da metodologia de

Project Management contribuem para os resultados alcançados pelo projeto.

Page 16: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

XVll

ABSTRACT

This document constitutes a thesis for a partial fulfillment for getting a master's degree in

Public and Business Management.

Our subject is an analysis of two case studies about ERP's system implementation and the

techniques of Project Management used as a methodology for their implementation. The study

states that the use of the Project Management methodology by itself is not enough to

guarantee the success of an ERP's system implementation. Other issues, such as the way the

organization deals with change, the Change Management methodology presented on projects,

the project team management, as well as the building of a project team is dealt within a

project affects the success ofan ERP's system implementation. AIso, some cultural features of

the organization influence the results obtained as well as leadership of its project managers.

The main results of this study are the theoretical building of the thematic support conceming

ERP' s system implementation. The use of interviews aiming at verifying the way the issues

treated in this study are dealt on ERP' s system implementation projects and how those aspects

influence positively or negatively on the success of those projects.

The conc1usions from this research show that not only the use of the Project Management

methodology is enough to guarantee the success of such projects. The success is not always

reached by meeting the initial expectations of cost, time and budget as the Project

Management methodology states primarily. Other features treated in this research also

contribute to its failure or success such as the project team building, leadership, the Change

Management techniques as well as cultural elements.

Page 17: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do problema

As organizações modernas se vêem envolvidas num ambiente dinâmico e de incertezas, onde

mudanças ocorrem diariamente em uma velocidade não antes imaginada. "As sociedades em

geral (os indivíduos, as famílias) e não apenas as organizações, têm sofrido os impactos do

vendaval de mudanças que está sendo chamado de idade da informação, terceira onda,

sociedade pós-industrial, era da comunicação, sociedade de serviços ou ainda sociedade do

conhecimento" (Freitas, 1999:30). Estar preparado para essas mudanças é o desejo da maioria

dessas organizações.

A evolução da tecnologia de informação tem contribuído significativamente, não só como um

estímulo, mas também como uma ferramenta que possibilita essa mudança, permitindo às

empresas se prepararem para um futuro de incertezas. Temos acompanhado o processo vivido

mundialmente por organizações que têm procurado, como solução para as pressões

provocadas pelas mudanças de mercado e pela concorrência, os sistema integrados de gestão

ou seja, sistemas de Enterprise Resource Planning (ERP) devido à necessidade que elas tem

de serem mais ágeis não só no acompanhamento do seu negócio, como também no

lançamento de novos produtos, na avaliação de alternativas de negócio, na incorporação de

outras empresas adquiridas e na troca de informações com seus clientes e fornecedores. Os

sistemas de ERP são uma resposta da tecnologia de informação a esses desafios. A

substituição dos antigos pacotes de software não integrados por modernos sistemas de

informação e gestão integrados, cada vez mais ocupará espaço nas estratégias das

organizações modernas. Essas substituições, na maioria das vezes, não se restringem apenas a

mudanças de tecnologia. Com elas, as organizações são levadas a mudar processos, pessoas,

estruturas e culturas. Como gerenciar simultaneamente todos esses aspectos?

A metodologia de Project Management l tem sido uma grande e importante ferramenta que

veio possibilitar e ajudar as organizações no gerenciamento dessas mudanças. O conceito de

Page 18: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

2

Project Management, de acordo com Cleland (1999), "surgiu na década de 60. Inicialmente

presente na construção civil, foi em seguida incorporado a projetos em outras áreas como, por

exemplo, na construção de armamentos militares,,2.

Inicialmente "reconhecido como uma filosofia, um processo de gerenciamento de atividades

em organizações caracterizadas por possuírem distintos ciclos de vida e que, além disso,

possuíssem um sistema de gerenciamento que se utilizasse de uma complexa matriz

organizacional,,3. A partir de 1957, outras técnicas específicas de planejamento, controle e

seqüênciamento de atividades surgiram, entre elas, destacamos o PER~, CPM5, etc. Sistemas

de informação e de controle de custos foram desenvolvidos para auxiliar no controle desses

projetos e até mesmo sistemas computacionais mais complexos passaram a ser utilizados

como ferramentas de gestão de projetos, como por exemplo, o MS Project da Microsoft.

o gerenciamento de projetos passou a ter também um papel estratégico no gerenciamento de

longo prazo e, em conjunto com outros elementos tais como estratégias funcionais, políticas,

procedimentos e planos de ação, permite que seja um elemento extremamente útil no

gerenciamento estratégico da empresa.

Atualmente, a metodologia de Project Management serve de referencial teórico para as

metodologias desenvolvidas por empresas de consultoria, especializadas na implantação de

sistemas de ERP.

1 Segundo 1. LeRoy Ward, em seu livro Project Management Terms - a working glossary, o Project Management é definido como a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades de um projeto de forma a alcançar ou superar as necessidades dos Stakeholderss e as expectativas previstas para um projeto.

2 CLELAND , David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3M• Edition. Singapore:

McGraw-Hill,1999. 3 Idem. 4 Segundo 1. LeRoy Ward, em seu livro Project Management Terms - a working glossary, PERT significa

Program Evaluation and Review Technique. Técnica orientada a eventos, em técnicas de analise de uma rede de eventos baseada em probabilidades, usadas para estimar a duração de um projeto quando existe um elevado grau de incerteza em relação à duração das atividades de um indivíduo. PERT aplica o método do caminho crítico para mensurar uma estimativa de duração das atividades.

5 Segundo J. LeRoy Ward, em seu livro Project Management Terms - a working glossary, CPM significa Criticai Path Method sendo uma técnica utilizada para prever a duração de um projeto através da análise de uma seqüência de atividades que possuem pouca flexibilidade de tempo para serem concluídas.

Page 19: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

3

1.2 Relevância do estudo

o presente estudo justifica-se a partir das seguintes constatações:

As organizações, ao optarem pela implantação de um sistema de ERP, acreditam que pelo

simples fato de selecionarem o melhor sistema disponível no mercado bem como uma

consultoria experiente que lhe dê suporte metodológico para a implantação desse sistema de

ERP, embasado em metodologia de Project Management, possuem as condições suficientes

para garantir o sucesso do projeto.

Entretanto, essas organizações se esquecem de atentar para outros fatores como, por exemplo,

se a organização está preparada para a mudança, se a metodologia de Project Management

está sendo bem empregada, se a consultoria está adotando as técnicas de Change Management

adequadas, entre outros. Fatores como esses, poderão contribuir para a obtenção de melhores

ou piores resultados quando nos referimos a um projeto de implantação de um sistema de

ERP.

Ao estudar as variáveis implícitas no Project Management, acreditamos estar contribuindo

para o aprendizado dessa técnica bem como para a melhoria dos processos de implantação de

projetos que se utilizam de alguma forma ou em algum grau, da metodologia de Project

Management.

1.3 Delimitação do estudo

As técnicas de Project Management incorporam um série de fases relacionadas ao seu

processo, organização e estrutura. O presente trabalho não pretende se aprofundar no

detalhamento de todas as fases do Project Management. As principais fases serão

apresentadas apenas para elucidar o assunto àqueles que não possuem domínio do tema.

Page 20: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

4

Nossa abordagem irá procurar atentar para questões que tem despertado grande interesse de

estudo como: Gerenciamento da Mudança, Formação de Equipes, Liderança, Change

Management, bem como aspectos relacionados a Cultura Organizacional entre outros.

Nosso estudo irá se limitar a projetos de implantação de software ERP, uma vez que este tipo

de projeto implica, na sua maioria, em mudanças no desenho organizacional e no desenho de

processos das organizações o que por si só pode provocar profundas mudanças em uma

organização. Procuremos focar igualmente, que estratégias estão sendo adotadas pelas

organizações para suavizar o processo natural de mudança que se estabelece no momento em

que a empresa implanta um sistema de ERP.

Da mesma forma, a implantação de sistemas ERP, adotada pelas organizações como um

diferencial competitivo, envolve a alteração de seus processos, políticas internas e práticas de

gestão. Ela requer um tratamento específico dentro do contexto de transformação

organizacional uma vez que alcançar o sucesso na implantação desses sistemas, lhe confere

um diferencial competitivo, uma medida de sucesso ou fracasso na estratégia da organização

Como um desses instrumentos e com o objetivo de garantir o sucesso na implantação de

sistemas de ERP, é que as organizações passaram a adotar metodologias específicas de

gerenciamento de projetos. Estas metodologias foram adaptadas por diversas empresas de

Consultoria de Empresas, constituindo-se na base metodológica para suportar a implantação

de sistemas de ERP. Embora cada uma dessas metodologias adote um nome específico, de

acordo com empresa de consultoria que a aplica, todas elas possuem uma origem comum, a

metodologia de Project Management.

Este trabalho não tem como objetivo analisar detalhadamente cada uma dessas metodologias

nem compará-las à metodologia do PMI6• Mas sendo esta a base metodológica que suporta as

demais metodologias utilizadas para a implantação de sistemas de ERP, faremos uma revisão

6 The Project Management Institute

Page 21: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

5

da bibliografia de Project Management existente de forma a permitir homogeneizar os seus

principais conceitos aos leitores deste trabalho.

1.4 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo estudar casos reais de implantação de sistemas de ERP, que

utilizaram metodologias baseadas em técnicas de Project Management, com o intuito de

melhor compreender os problemas que estariam supostamente surgindo devido às falhas na

aplicação dessas técnicas, por parte da organização. Até que ponto a utilização das técnicas de

Project Management pode ser considerado o fator determinante que permitirá garantir o

sucesso da implantação de projetos de ERP.

o presente trabalho propõe uma análise crítica dessas técnicas levando-se em consideração,

por exemplo, que fatores levam as organizações a mudar, como a Organização trata a

Mudança, como o Gerenciamento da Mudança e o Gerenciamento da Comunicação afetam

o bom andamento e o sucesso de projetos de ERP. Adicionalmente, como a Formação de

Equipes é importante para garantir o sucesso de projetos de ERP. Se a questão da Liderança é

um fator crítico de sucesso para os projetos de ERP e por fim, como a Cultura

Organizacional pode influenciar um projeto de implantação de um sistema de ERP.

Ao longo do estudo, serão discutidas outras variáveis que afetam os resultados de projetos

gerenciados com base nas técnicas de Project Management.

Serão também apresentados os beneficios qualitativos do Project Management para o sucesso

de projetos de implantação de software ERP.

1.5 Organização do Estudo

Este estudo foi desenvolvido em 6 capítulos, estruturados da seguinte forma:

Page 22: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

6

o Capítulo 1, introdutório, onde o trabalho é contextualizado. Onde os objetivos são

apresentados, seguidos da justificativa do estudo e da delimitação das suas fronteiras.

O capítulo 2 apresenta uma revisão do referencial teórico da dissertação. Esta revisão inclui os

principais fatores motivadores das mudanças dentro das organizações, uma revisão das

principais técnicas de Change Management e a importância da aplicação destas em um projeto

que envolve um elevado grau de mudança. Essa revisão aborda também os principais

conceitos de Project Management, a importância da formação das Equipes de Projeto e o fator

Liderança presente na equipe de projeto e nas características pessoais dos gestores e líderes de

projeto. A seguir, fazem-se considerações sobre a cultura dentro da organização, dentro do

projeto em si e dentro da própria equipe de projeto.

No capítulo 3, é descrita a Metodologia adotada, isto é, como o estudo foi feito, indicando o

desenho e o método da dissertação. Mais especificamente, este capítulo busca esclarecer e

justificar o método utilizado, identificar os tipos e as fontes de informações necessárias para

responder às questões da dissertação e os procedimentos para analisar as informações

coletadas.

No capítulo 4, são apresentados dois estudos de casos, relatando características e situações

ocorridas em de projetos de implantação de sistema de ERP em duas empresas. Esses casos

foram montados através de entrevistas com pessoas que tiveram uma participação ativa na

implantação desses sistemas nas 2 empresas analisadas. A empresa A é uma empresa do ramo

de papel e celulose. O sistema de ERP foi implantado nessa empresa em 1997 enquanto que a

empresa B é do setor de telecomunicações e esse mesmo sistema foi implantado em 1999.

No capítulo 5, objetiva-se a analisar as informações coletadas através desses estudos de caso,

buscando relacionar semelhanças e diferenças de padrão em cada uma dessas implantações.

Finalmente o capítulo 6 conclui e encerra o estudo, propondo recomendações para empresas

que pretendem implementar sistemas de ERP bem como trata de apontar situações e fatos que

merecem ser estudados com uma maior profundidade em pesquisas futuras.

Page 23: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

7

Seguem-se as referencias bibliográficas e um anexo contendo o questionário utilizado nas

entrevistas realizadas, base para a elaboração dos estudos de caso.

Page 24: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

8

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo são apresentadas as contribuições de alguns dos principais estudiosos acerta

dos temas relacionados. Incluímos também bibliografia de autores não diretamente

relacionados à metodologia de Project Management mas que em seus estudos relatam temas

profundamente relacionados com a abordagem que este estudo procura dar ao tema gestão de

projeto de implantação de sistemas de ERP.

o estudo dos tópicos que integram o presente trabalho estabelece um referencial teórico

fundamental para a pesquisa e consolidação dos objetivos propostos neste trabalho. Sua

construção busca fornecer a compreensão necessária para a análise dos fatores relacionados

com o sucesso ou fracasso de projetos de implantação de sistemas de ERP.

Este capítulo está estruturado em 3 seções. Na primeira seção, faremos a fundamentação

teórica deste trabalho, assente na metodologia de Project Management, e por isso iniciamos a

revisão bibliográfica por este tema. Também apresentaremos uma conceituação sobre sistema

de ERP e faremos uma breve apresentação de um típico projeto de implantação de um sistema

deERP.

Em seguida, abordaremos questões relacionadas com a formação de equipes e como esta

questão influencia no sucesso de projeto de implantação de ERP. A seguir, trataremos o tema

Liderança, como a liderança dentro do projeto, principalmente relacionada à gestão e

coordenação de projeto, funciona como um diferencial não só para a equipe como para o

projeto em si.

Em seguida, iremos rever o que a teoria nos fala sobre a mudança e a resistência que esta

enfrenta dentro das organizações, principalmente nas organizações que se encontram em

processo de implantação de um sistema de ERP juntamente com uma análise das técnicas

Change Management e como a utilização destas técnicas vai contribuir para facilitar o

processo de mudança e a comunicação interna e externa ao projeto de ERP. Faremos também

algumas considerações sobre como a Cultura Organizacional é vista pelos estudiosos do

assunto e como ela afeta o projeto de implantação de sistemas de ERP.

Page 25: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

9

2.1 A metodologia de Project Management e os sistemas de ERP

Esta seção tem como objetivo mostrar como se compõe a estrutura, organização e

operacionalização de um projeto bem como qualificar as principais fases do Project

Management. Nesta seção apresentamos também uma conceituação sobre sistemas de ERP e

apresentamos um típico projeto de implantação de um sistema de ERP.

2.1.1 A Metodologia de Project Management

2.1.1.1 O que é Projeto

De acordo com o PMBOK, um projeto é um empreendimento temporário com o objetivo de

criar um produto ou serviço único.7 Sua característica é temporária por possuir início, meio e

fim muito bem definidos e por seguir uma seqüência clara e lógica de eventos, os quais são

conduzidos por pessoas sempre respeitando os parâmetros de prazo, custo e qualidade. Estes

parâmetros também são conhecidos por "restrição tripla"s, de forma que são representados por

um triângulo conforme mostrado na Figura I - Restrição Tripla, a seguir:

7 Guia do PMBOK, © 2000 Project Management Institute - PMI 8 FRAME, J. Davidson. Gerenciando Projetos nas Organizações. 2001.

Page 26: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

10

Custo

Qualidade

Figura I - Restrição Tripla9

Qualquer variação em um desses parâmetros influenciará o outro.

Um projeto chega ao seu fim quando os objetivos propostos em sua fase de concepção são

alcançados ou no momento em que a organização identifique que os objetivos não poderão ser

atingidos por alguma razão, como por exemplo, que o projeto não está mais de acordo com as

novas necessidades ou com a estratégia da empresa. Nesse momento, o projeto é encerrado

antecipadamente.

Os projetos são desenvolvidos em todos os níveis da organização. Eles podem envolver uma

única pessoa ou centenas delas. Podem envolver uma unidade isolada ou atravessar as

fronteiras organizacionais.

Os projetos envolvem algo que nunca foi desenvolvido antes, portanto são considerados

únicos e por isso, possuem um certo grau de incerteza. Eles são utilizados para capturar uma

oportunidade em um novo produto ou serviço e para aumentar a competitividade garantindo o

futuro e a sobrevivência da organização além de ser a forma pela qual as estratégias são

implementadas.

9 Idem.

Page 27: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

11

Na fase de concepção, é fundamental a definição clara do seu objetivo de forma que os

participantes possam ter a mesma referência e somar seus esforços em uma única direção. Os

parâmetros prazo, custo e qualidade deverão servir de direcionadores permanentes durante

todo o desenvolvimento do projeto.

Atendê-los não é somente uma tarefa do gerente de projeto senão de todos os envolvidos nele.

Direcionar os esforços para que isso ocorra é fundamental. De acordo com o PMBOK IO, um

projeto se caracteriza por:

• Estar constituído por um conjunto determinado de trabalhos;

• Não ser repetitivo;

• Possuir objetivos claros e bem definidos;

• Dispor de tempo limitado;

• Dispor de orçamento fixo;

• Ser realizado por um grupo de pessoas ou uma equipe temporária que, ao final do

projeto, normalmente é liberada ou realocada em outras atividades ou diferentes

projetos.

Os objetivos do projeto devem ser claros e conhecidos assim como as alternativas devem ser

identificadas e as atividades devem ser descritas claramente. Um projeto é constituído por

uma série de tarefas. A cada tarefa são atribuídas responsabilidades para simplificar o seu

controle e assim poder se verificar, passo a passo, o cumprimento e a conclusão das tarefas

atribuídas. O resultado é um produto, serviço ou capacitação de um processo organizacional,

alinhado às necessidades operacionais da organização do ponto de vista do curto prazo e que,

se visto do ponto de vista do longo prazo, é estratégico. De acordo com o PMBOK, em

resumo, um projeto envolve:

• Tarefas

• Responsabilidades

• Orçamento (custos e tempo)

10 Guia do PMBOK, © 2000 Project Management Institute - PMI

Page 28: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

12

• Recursos: financeiros e humanos

Projetos ficaram conhecidos pelos diferentes ciclos de vida e sistemas de gerenciamento que

forneciam uma formal e legítima integração de recursos através da organização. Linhas de

comando, motivação, liderança e técnicas de controle, surgiram para suportar os projetos

dentro da estrutura organizacional.

2.1.1.2 o gerenciamento de projetos e suas áreas de conhecimento

o Instituto de Project Management ll define "Project Management como a arte de dirigir e

coordenar recursos materiais e humanos, durante o ciclo de vida de projetos, através do uso de

técnicas modernas de gestão que permitam alcançar objetivos predeterminados de escopo,

custo, tempo, qualidade e satisfação dos participantes" 12.

Gerência de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas

destinadas ao controle de ações e atividades não repetitivas, únicas e complexas dentro de um

cenário de custo, tempo e qualidade determinado. Além disso, administrar projetos significa

tomar decisões e realizar ações de planejamento, organização e execução e que possibilitam o

desenvolvimento do ciclo de vida de projeto. Cada um destes cinco processos administrativos

-project process J3, é necessário para todo o projeto ou em cada uma de suas fases.

De acordo com o PMBOK podemos destacar alguns dos beneficios do Gerenciamento de

Projetos:

• Evita surpresas durante a execução dos trabalhos;

• Permite desenvolver diferenciais competitivos e novas técnicas;

• Antecipa as situações desfavoráveis;

• Adapta os trabalhos ao mercado consumidor e ao cliente;

11 The Project Management Institute - PMI 12 Brochure, Project Management Institute, 4 campus Blvd, Newtown Square, PA 19073 13 Guia do PMBOK, © 2000 Project Management Institute - PMI

Page 29: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

13

• Agiliza as decisões;

• Aumenta o controle gerencial;

• Facilita e orienta as revisões da estrutura;

• Melhora a capacidade de adaptação;

• Otimiza a alocação de pessoas, equipamentos e materiais;

• Estrutura os custos de implantação;

• Documenta e facilita as estimativas para futuros projetos.

A utilização da metodologia de Gerenciamento de Projetos poderá ser aplicada sempre que a

empresa a julgue aplicável na consecução de sua estratégia. Projetos são para implementar

estratégias organizacionais, alcançar objetivos e contribuir para a realização da missão da

organização. A gerência de projetos está inserida em um ambiente mais amplo do que o

projeto propriamente dito, ou seja, a gerência de atividades diárias do projeto é necessária mas

não é o suficiente para alcançar o sucesso.

David I. Cleland (1999) 1\ em seus estudos, identificou que poucos livros retratavam o Project

Management como ferramenta de gestão dentro das organizações, ou seja, desde o desenho até

execução de projetos, que viabilizassem as estratégias organizacionais.

No seu livro Project Management. Strategic Design and Implementation15, o autor nos

apresenta uma conceituação moderna sobre o que seja Project Management, a qual será

utilizada como parte do referencial teórico neste trabalho. A Figura 11 - Áreas de Atuação

do Project Management demonstrada a seguir, resume as áreas de conhecimento do Project

Management e seus processos.

14 Ph.D. e professor de Engenharia da Universidade de Pittsburgh 15 (CLALAND, 1999)

Page 30: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

Scope Management

Integration Management

~

? Procurement Management

Risk

\

Project Management

/

Time Management

I Cost

Management

Quality Management

Human Resources

Management

Management Communication Management

Figura 11- Áreas de Atuação do Project Management (Cleland (1999»

14

As áreas de conhecimento da Gerência de Projetos descrevem os conhecimentos e práticas

em gestão de projetos em termos dos processos que as compõe. Estes processos foram

organizados em nove áreas de conhecimentos detalhadas a seguir:

Integration Management ou Gerência da Integração do Projeto - Descreve o processo

necessário para garantir que os vários elementos do projeto se encontram devidamente

coordenados de forma a executar a fase de planejamento, a fase de execução e o controle de

mudanças do projeto. Envolve fazer compensações entre objetivos e alternativas com o

objetivo de atingir ou superar necessidades e expectativas dentro do projeto. Os processos

principais são:

Page 31: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

15

• Desenvolvimento do plano do projeto - consiste em agregar resultados de outros

processos de planejamento e construir a documentação do projeto;

• Execução do plano do projeto - dar seqüência ao projeto de acordo com o que foi

planejado;

• Controle integrado de mudança - coordenar as mudanças através do projeto.

Uma das técnicas utilizadas, tanto para interagir vários processos quanto para medir o

desempenho, desde a iniciação até a conclusão, é a gerência de valor agregado (Earned Value

Management - EMV).

Scope Management ou Gerência do Escopo do Projeto - Descreve o processo necessário para

assegurar que o projeto inclui todas as fases e trabalho necessário para concluir o projeto de

forma satisfatória, atingindo os objetivos (escopo) propostos. Sua preocupação principal é

definir e controlar o que foi previamente definido e não agregar novos objetivos ao projeto. Os

principais processos são:

• Iniciação - consiste em autorizar o projeto ou fase em questão;

• Planejamento do escopo - desenvolver documentação do escopo para servir de base

para a tomada de decisões futuras que envolvem o projeto;

• Detalhamento do escopo - consiste em subdividir os principais subprodutos do projeto

em componentes menores e facilmente manejáveis;

• Verificação do escopo - formalização da aprovação do escopo do projeto;

• Controle de mudanças do escopo - controlar as mudanças de escopo no projeto.

Time Management ou Gerência do Prazo do Projeto - Descreve o processo necessário para

garantir que o projeto seja concluído no prazo estipulado. Os principais processos são:

• Definição das atividades - consiste em identificar as atividades específicas que devem

ser realizadas para produzir os subprodutos do projeto;

• seqüênciamento das atividades - documenta e identifica as relações de dependência

entre as atividades;

Page 32: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

16

• Estimativa da duração das atividades - estima a quantidade de períodos de trabalho

que serão necessários para a implementação de cada atividade;

• Desenvolvimento do cronograma - analisa a seqüência das atividades, sua duração, e

os requisitos de recursos para criar o cronograma do projeto;

• Controle do cronograma - controla as mudanças que se façam necessárias no

cronograma do projeto.

Cost Management ou Gerência do Custo do Projeto - A gerência do custo do projeto envolve

os processos necessários para assegurar que o projeto será concluído dentro do orçamento

aprovado, consistindo fundamentalmente nos custos dos recursos necessários à

implementação das atividades do projeto. Em muitas áreas de aplicação, prever e analisar a

perspectiva de desempenho financeiro do produto do projeto é uma atividade que é feita fora

do ambiente do projeto. Já em outras, a gerência de custo executa este trabalho. Quando as

previsões são concluídas, a gerência do custo inclui processos adicionais e diversas técnicas

de administração como previsão de retomo de investimento, fluxo de caixa, entre outras. Os

principais processos são:

• Planejamento dos recursos - determinar quais recursos e sua quantidade devem ser

aplicados para executar as tarefas do projeto;

• Estimativa de custos - estimar aproximadamente os custos dos recursos necessários

para executar as atividades do projeto;

• Orçamento dos custos - alocar as estimativas de custos globais aos itens individuais de

trabalho;

• Controle dos custos - controlar as mudanças no orçamento do projeto.

Quality Management ou Gerência da Qualidade do Projeto - Descreve o processo necessário

para garantir que as necessidades que originaram seu desenvolvimento foram atendidas. Os

principais processos são:

• Planejamento da qualidade - consiste em identificar que padrões de qualidade são

relevantes para o projeto e determinar a melhor forma de atendê-los.

Page 33: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

17

• Garantia da qualidade - proporciona a avaliação periódica do desempenho do projeto

visando assegurar a satisfação dos padrões de qualidade relevantes.

• Controle da qualidade - consiste em supervisionar os resultados do projeto

determinando se estão de acordo com os padrões de qualidade. Além disso deve-se

identificar as formas para eliminar as causas de desempenhos insatisfatórios.

Human Resources Management ou Gerência dos Recursos Humanos do Projeto - O

gerenciamento dos recursos do projeto inclui os processos necessários para tomar mais efetiva

a utilização dos recursos humanos envolvidos no projeto. Os principais processos são:

• Planejamento organizacional - identificar, documentar e designar os papéis,

responsabilidades e os relacionamentos de reporte no projeto;

• Montagem da equipe - conseguir que os recursos humanos necessários sejam

designados e trabalhem no projeto;

• Desenvolvimento da equipe - desenvolver competências individuais e de grupo para

elevar o desempenho do projeto.

Communication Management ou Gerência das Comunicações do Projeto - A gerência das

comunicações no projeto inclui os processos necessários que visam garantir a regular a

apropriada geração, coleta, disseminação, armazenamento e descarte final das informações do

projeto. Promove os relacionamentos entre a equipe, troca de idéias e informações necessárias

para obtenção do sucesso no projeto. Os principais processos são:

• Planejamento das comunicações - determina as informações e comunicações

necessárias às partes envolvidas. Define quem necessita das informações, quando

serão necessárias e como serão fornecidas;

• Distribuição das informações - consiste em tomar as informações acessíveis às partes

envolvidas no projeto;

• Relato de desempenho - coleta e dissemina as informações de desempenho. Inclui

relatórios de posicionamento, progresso do projeto e previsões;

• Encerramento administrativo - consiste em gerar, reunir e disseminar informações

para formalizar a conclusão de uma fase ou do projeto.

Page 34: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

18

Risk Management ou Gerência dos Riscos do Projeto - É um processo sistemático para

identificar, analisar e responder aos riscos do projeto. Inclui maximizar a probabilidade e

conseqüência de eventos positivos e minimizar a probabilidade de eventos adversos aos

objetivos do projeto. Os principais processos são:

• Planejamento da gerência de risco - consiste em decidir como abordar e planejar a

gerência de risco no projeto;

• Identificação dos riscos - determina os riscos prováveis do projeto e documenta suas

características;

• Análise qualitativa de riscos - analisa qualitativamente os riscos e condições para

priorizar seus efeitos nos objetivos do projeto;

• Análise quantitativa de riscos - mensura a probabilidade e impacto dos riscos e estima

suas implicações nos objetivos do projeto;

• Planejamento da resposta aos riscos - desenvolve procedimentos e técnicas para

aumentar oportunidades e para reduzir a ameaça de riscos para os objetivos do projeto;

• Controle e monitoramento de riscos - monitora os riscos residuais, identifica novos

riscos, executa os planos de redução de risco e avalia sua efetividade durante todo o

ciclo de vida do projeto.

Procurement Management ou Gerência das Aquisições do Projeto - A gerência das

aquisições do projeto inclui os processos necessários à aquisição de bens e serviços externos à

organização. Os principais processos são:

• Planejamento das aquisições - determina o que se deve contratar e quando;

• Preparação das aquisições - documenta os requerimentos do produto e identifica os

possíveis fornecedores;

• Obtenção de propostas - obtém as propostas dos fornecedores;

• Seleção de fornecedores - elege entre possíveis fornecedores;

• Administração de contratos - gerencia o relacionamento com os fornecedores;

• Encerramento do contrato - liquida o contrato incluindo a resolução de qualquer ponto

pendente.

Page 35: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

19

2.1.1.3 O processo de Project Management

Após entendermos quais são as áreas de atuação do Project Management, podemos entender

melhor o seu processo.

Para Cleland (1999), o processo de Project Management define a tônica da gerência de

projetos ou seja, a conceituação, o planejamento e a execução de um projeto, seus métodos e

políticas bem como o comprometimento dos recursos nele envolvidos. Entre o início e o seu

fim, o projeto sofre todo um desenvolvimento, estruturação, implantação e conclusão. Para

facilitar o controle gerencial do projeto, ele é dividido em várias fases proporcionando uma

melhor ligação com os processos operacionais, também conhecidos por ongoing operations.

Cleland (1999) chama essas fases de Ciclo de Vida de um projeto. Ao se elaborar o Ciclo de

Vida de um projeto, é possível prever o consumo de recursos demandados por ele, etapa por

etapa, durante todo o tempo. Permite-nos também criar um anteprojeto, um estudo de

viabilidade sobre o que se pretende desenvolver, sendo um instrumento valioso para

aprofundar idéias e conceitos a serem implementados. O Ciclo de Vida de um projeto

representa seu nascimento, desenvolvimento e consolidação até o seu encerramento conforme

demonstrado na Figura lU - Ciclo de Vida de um Projeto, a seguir:

Page 36: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

R e c u r s O

Figura IH - Ciclo de Vida de um Projeto 16

20

Cada fase é marcada pela conclusão de um ou mais produtos (deliverables). Os produtos de

uma fase normalmente são aprovados antes do início da fase seguinte. Entretanto, quando os

riscos são aceitáveis, é possível iniciar a fase subsequente antes da aprovação dos produtos da

fase precedente. Esta técnica é chamada de fas! tracking. A seguir são descritas as principais

atividades em cada fase.

A Fase I, é a fase de Concepção, a fase inicial que marca o surgimento da necessidade de

projeto pelo usuário. Ela compreende o período desde o seu nascimento até a aprovação da

proposta para a sua execução. Nessa etapa, as principais atividades são:

• Identificação de necessidades e/ou oportunidades;

• Tradução dessas necessidades e/ou oportunidades em um problema;

• Equacionamento e definição do problema;

• Análise do ambiente do problema;

• Determinação dos objetivos e metas a serem alcançados;

• Definição do gerente do projeto;

• Análise das potencialidades ou recursos disponíveis;

BIBLIOTECA MARIO HENRIQUE SIMONSE" FUNDACAO GETULIO VARGAS

Page 37: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

21

• Avaliação da viabilidade de atingimento dos objetivos;

• Estimativa dos recursos necessários;

• Elaboração da proposta e venda da idéia;

• Avaliação e seleção com base na proposta submetida;

• Decisão quanto à execução do projeto.

Para Menezes (2001) 17, na fase de concepção, as ações criadas a partir desse processo visam

dar uma visão de futuro do que se deseja obter do projeto. Desta forma quanto mais recursos

em termos de tempo, análise e planejamento forem dedicados a esta fase, maior será a

oportunidade de alcançar o êxito no futuro, além do fato de poder se planejar melhor a

formação da "equipe básica" do projeto e consequentemente promover a integração entre os

seus membros.

A Fase II é a fase de Planejamento e tem como preocupação central a estruturação e

viabilização operacional do projeto. A proposta de trabalho é detalhada por meio de um plano

de execução operacional cujas principais atividades são:

• Detalhamento das metas e objetivos a serem alcançados, com base na proposta

aprovada;

• Detalhamento das atividades e a estrutura de divisão de trabalho (WBS - Work

Breakdown Structure);

• Programação das atividades no tempo disponível e/ou necessário (através da

elaboração de Cronograma);

• Determinação dos marcos ou milestones a serem alcançados durante a

execução do projeto;

• Programação da utilização e aprovisionamento dos recursos humanos e

materiais necessários ao gerenciamento e à execução do projeto (alocação dos

recursos);

16 CLELAND (1999), David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd. Edition. Singapore: McGraw-HiII, 1999.

17 MENEZES, Luis César de Moura. Gestão de Projetos. 10 Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2001.

Page 38: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

22

• Delineamento dos procedimentos de acompanhamento e controle a serem

utilizados na implantação do projeto (inclusive controle de custos);

• Estabelecimento da estrutura orgânica formal a ser utilizada para o projeto

(formação da equipe e matriz de responsabilidades);

• Estruturação do sistema de comunicação e de decisão a ser adotado (plano de

Comunicação);

• Designação e comprometimento dos técnicos que participarão do projeto

(Atividades de Change Management);

• Treinamento dos envolvidos com o projeto.

Em linha com o que diz Cleland (1999), Menezes (2001) complementa a análise nos dizendo

que a fase de planejamento permite detalhar o escopo do projeto e ainda as atividades

seguintes incluindo custo, prazo e qualidade. Ainda é possível, nesta fase, trabalhar no

planejamento da equipe, no detalhamento dos riscos e na identificação de ações para

minimizá-los assim como no planejamento da comunicação do projeto, no plano de contratos

com fornecedores e identificação dos suprimentos requeridos para essas contratações.

Já a Fase lI!, a fase de Execução, refere à execução do trabalho propriamente dito. Quase

sempre são necessários ajustes ao longo do trabalho com o objetivo de seguir o plano inicial

no que se refere a prazos e orçamento. Nesta fase, as principais atividades são:

• Ativar a comunicação entre os membros da equipe do projeto (pondo em

prática o Plano de Comunicação e dando manutenção às atividades de Change

Management);

• Executar as etapas previstas e programas de trabalho (atividades de controle);

• Utilizar os recursos humanos e materiais, sempre que possível, dentro do que

foi programado;

• Efetuar reprogramações no projeto segundo seu status quo, adotando os planos

e programas iniciais como diretrizes mutáveis.

• Garantir a qualidade mediante avaliações regulares do desempenho geral do

projeto de acordo com os padrões de qualidade estabelecidos (Quality

Assurance);

Page 39: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

23

• Administração de contratos.

Complementando essa análise, podemos dizer que a fase de execução consiste em coordenar

pessoas e demais recursos para realizar o plano de ação simultaneamente com a fase de

controle. Nessa fase são necessárias não só habilidades técnicas mas também de

relacionamento humano, assim como o gestor do projeto deve possuir características de

liderança. Conhecer a equipe, suas necessidades e limites é muito importante. O controle é

realizado com acompanhamento das atividades, podendo-se utilizar diversas fontes: prazo,

custos, qualidade, escopo e riscos. Paralelamente, monitorar sistemas de garantia da qualidade

dos resultados e de controle do desenvolvimento do escopo são tarefas relevantes que ocorrem

durante esse período. Ao mesmo tempo, a disseminação das informações no projeto é

importante e não ocorre somente com a implementação de um Plano de Comunicação mas

também pela identificação e mapeamento do Stakeholders, com o emprego de técnicas e

feedback necessário junto à equipe de projeto, aos próprios Stakeholders e à organização

como um todo.

A Fase IV, de Conclusão, é a fase que corresponde ao término do projeto, fase visivelmente

identificada pelo desligamento gradual de pessoas e empresas envolvidas no projeto. Nesta

fase, as principais atividades que ocorrem são:

• Aceleração das atividades que não tenham sido concluídas;

• Realocação dos recursos humanos para outras atividades ou projetos;

• Elaboração da memória técnica do projeto (finalização da documentação do

projeto);

• Elaboração de relatórios e transferência dos resultados finais (Lessons

Learned);

• Emissão de avaliações globais sobre o desempenho da equipe do projeto e

resultados alcançados;

• Encerramento dos contratos.

Page 40: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

24

A fase de conclusão ou fechamento, refere-se à aceitação formal do projeto e encerramento

deste, de forma organizada, incluindo o encerramento com os fornecedores e subcontratados.

Diversas outras atividades são importantes, como por exemplo, sessões de lições aprendidas,

avaliação e documentação final do projeto.

Na Figura IV - Inter-relacionamento entre os grupos de processos no desenvolvimento

de um projeto abaixo, as setas indicam a troca de informações entre os diversos processos.

~ceP~~------

Figura IV - Inter-relacionamento entre os grupos de processos no desenvolvimento de

um projeto. I8

Além disso, esses grupos de processos não são separados ou descontínuos assim como

também não ocorrem uma única vez. Eles são formados por atividades que se sobrepõe,

ocorrendo em intensidade variável ao longo de cada projeto. A Figura V - Sobreposição de

grupos de processos dentro das fases do projeto abaixo, ilustra como os grupos de

processos se sobrepõem e variam dentro de cada uma das fases do projeto.

18 MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de Projetos. 1° Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2001.

Page 41: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

v

m e

A t i

Processos de planejamento

Processos de execuçlo

Processos de fechamento

Tempo

Figura V - Sobreposição de grupos de processos dentro das fases do projeto

(Menezes(2001»

25

A visão macroscópica do Ciclo de Vida de um projeto é muito importante pois através dela os

envolvidos podem avaliar as dimensões do projeto pretendido. Nesse contexto, as funções

demonstradas na Figura VI - Processo de gerenciamento e suas funções devem ser

analisadas ao se falar em Project Management.

Control

o;"",lIng r=!5 ManagementJ

Process

Motivation ~

Organization

Figura VI - Processo de Gerenciamento e suas funções (Cleland (1999»

Todos estes fatores são interdependentes, tanto em uma organização como na gerência de um

projeto. Durante a fase de planejamento (Planning), a organização deverá estabelecer e

determinar a missão, os objetivos, as metas e as estratégias do projeto. A organização

(Organization), refere-se aos recursos envolvidos, sejam eles humanos ou financeiros e como

esses recursos serão usados ou estarão alinhados ao projeto. A definição da autoridade

(Directing) e responsabilidades manterão o curso do projeto. A motivação (Motivation) é vista

Page 42: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

26

como o fator que permite trazer à tona o que há de melhor nas pessoas. Monitoramento,

avaliação e controle (Controlling) fornecem os meios para determinar o quanto os projetos e

as estratégias organizacionais estão sendo bem utilizadas no atingimento dos objetivos e

metas no emprego de predeterminada estratégia.

2.1.1.4 Principais grupos envolvidos no projeto

Dentre as pnnClpalS pessoas envolvidas em um projeto, Cleland (1999)19 destaca os

Stakeholders, indivíduos ou empresas envolvidas no projetos ou aqueles cujos os interesses

podem ser afetados no decorrer do projeto ou até mesmo após sua conclusão.

Têm-se também a equipe de projeto, cujo processo de formação é muito importante pois seus

membros estarão relacionando-se entre si durante o período de desenvolvimento do projeto.

Sua interação é importante para o atingimento dos objetivos. Os membros da equipe do

projeto são conhecidos como especialistas e são os responsáveis pela execução das tarefas do

projeto, na sua área de especialização técnica.

O Cliente é indivíduo ou grupo que fará uso do projeto.

Em todo projeto estão igualmente envolvidos o patrocinador do projeto ou Sponsor, indivíduo

ou grupo dentro da organização executora que provê os recursos financeiros para o projeto.

Como parte integrante do projeto, o patrocinador passa a ser um estimulador das negociações

entre as partes, incentivando o diálogo e a participação na identificação do problema e na

busca da solução. Também é responsável pela posta em prática das decisões acordadas.

O gerente do projeto é o indivíduo responsável pela condução do projeto e deverá possuir uma

visão integrada do mesmo. É o ponto focal de uma rede de comunicação entre os membros do

projeto, que pode envolver pessoas internas e externas à empresa, conhecidos como

19 CLELAND (1999), David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

Page 43: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

27

Stakeholders. Ele também é responsável por diversos elementos chave oriundos das atividades

do projeto, são eles:

• Organizar a equipe e demais recursos para suportar o objetivo do projeto, as metas e as

estratégias;

• Planejar a utilização dos recursos nas diversas fases do ciclo de vida do projeto;

• Identificar e utilizar informações relevantes para gerenciar o projeto;

• Liderar os membros da equipe do projeto;

• Conduzir avaliações periódicas dos resultados obtidos e redirecionar ou reprogramar

os recursos conforme a necessidade mantendo o projeto conforme o planejamento

inicial;

• Utilizar modernas ferramentas e técnicas de gestão visando facilitar o processo de

gerenciamento;

• Manter o usuário informado;

• Manter o proprietário do projeto informado do andamento do projeto de forma que

tenha a consciência de quanto o projeto está em conformidade com as estratégias da

organização.

O gerente funcional será responsável pode ceder os recursos ou especialistas para participarem

do projeto. Possui a responsabilidade reduzir o impacto das mudanças trazidas pelo projeto

para a empresa, redistribuindo os recursos restantes de sua área e suas respectivas atividades

aos recursos remanescente na áreas funcionais.

2.1.2 Sistemas de ERP

O conceito de ERP (Enterprise Resource Planning) passou a ser o novo paradigma que

direcionou o desenvolvimento de sistemas aplicativos. Empresas industriais e comerciais

passaram a adotar esta tecnologia tão rápido quanto possível. Lozinsky (l996io, destacou os

seguintes beneficios mais perceptíveis:

2°LOZINSKY, SERGIO, Software: Tecnologia do Negócio, Imago Editora Ltda, São Paulo, Brasil, 1996

Page 44: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

• habilidade de suportar a revisão de processos;

• maior visibilidade e controle sob a cadeia de suprimentos;

• consistência e robustez dos sistemas do ponto de vista tecnológico;

• redução dos custos diretos com tecnologia de informação.

Não existe uma única definição formal para sistemas ERP. Jones (1997)21 os define como

sistemas integrados de software que:

28

• integram todos os processos, regras e aplicações para automatizar toda a cadeia de

suprimentos;

• são baseados em tecnologia viabilizadora da atuação e controle por processos em

contraponto à atuação e controles departamentais;

• fornecem uma arquitetura de informações que une toda a empresa, inclusive suas

diversas plantas e países.

Alguns dos fatores que levam os sistema de ERP a ser um dos tópicos mais discutidos nesse

momento, independente da indústria, foram: maior competição, necessidade de incrementos

de qualidade e variedade nos produtos, bem como a redução dos tempos e dos custos de

desenvolvimento de novos aplicativos, no custo da tecnologia, na redução do volume de

pessoal (tanto em níveis gerenciais e como nos overheads).

Outro fator relevante que propiciou a migração para sistemas de ERP, foi o aumento das

fusões e aquisições observado em praticamente todas as indústrias. As empresas necessitam

de tecnologias que possibilitem rapidamente acomodar este tipo de mudança, que possam ser

rapidamente aplicadas às suas novas divisões, plantas ou negócios.

2I JONES, C., Planning Guidelines for Implementing ERP, Part 1 & 2,Gartner Group Research, Stanford, CT, USA,27/03/97

Page 45: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

Troca Eletrônica de Documentos

Processos Operacionais

Processos de Suporte

Figura VII - Visão Geral do ERP22

I

;1roca Eletrônica de Documentos

29

À medida que o tempo passa, observa-se que os sistemas de ERP incorporam maIS

características que permitem análises em tempo real, previsão de tendências e otimização de

processos, rotas de distribuição (Logística) e controles. Por integrar as informações de todas as

plantas, negócios e departamentos da empresa, através de uma base contábil única, o ERP

viabiliza análises em tempo real de diversas questões fundamentais para o negócio da

organização como a quantidade e qualidade dos produtos, dos insumos em estoque, a

satisfação dos clientes, os níveis de rentabilidade por produto e segmento de clientes, entre

outros.

Alguns sistemas de ERP permitem também a realização de simulações dessas variáveis, muito

antes do planejamento da produção ser realizado. Módulos financeiros e de planejamento

recebem informações diretamente dos módulos de manufatura, distribuição e suprimentos

permitindo que decisões sejam tomadas de modo rápido e eficiente.

Para suportar este sonho de integração, os fornecedores de software foram obrigados a valer­

se do que há de melhor em termos de tecnologia de software. Em 1994, segundo Bond

22 LOZINSKY, SERGIO, Software: Tecnologia do Negócio, Imago Editora Ltda, São Paulo, Brasil,1996

Page 46: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

30

(1996)23, as palavras de ordem eram Cliente-Servido~4 e Interface Gráfica com Usuári025

(GUI). A partir de 1995 essas tecnologias continuaram dominando o mercado e absorvendo

parte significativa dos investimentos dos produtores de software. Mas uma nova tecnologia

passou a ser o maior foco de atenção dos fornecedores deste tipo de produto: a orientação a

objeto. Fornecedores que não concentraram seus esforços em adaptar seus produtos a estas

tecnologias provavelmente não estão no mercado hoje nem estarão nos próximos anos26. A

tecnologia utilizada pelo fornecedor deve ser um fator determinante no produto de ERP a ser

utilizado por uma empresa. Provavelmente o direcionador mais claro para adoção de sistemas

de ERP tenha sido, de acordo com Bond (1996), o conceito de cadeia logística integrada

(Supply Chain). Porter (1992)27, no mesmo livro que enuncia este conceito, propõe que um

dos requisitos para se obter vantagens através da utilização desse conceito é justamente a

utilização de sistemas integrados de gestão. Porter (1992) define a cadeia logística integrada,

ou cadeia de valor, como o "instrumento que representa uma empresa através das suas

atividades estratégicas e de suporte e que é usado para compreender o comportamento dos

custos, as fontes desses custos e os potenciais de diferenciação da empresa,,28. Isto é, um

modelo que representa as atividades da empresa com a finalidade de compreender seu

relacionamento e interação e otimizá-los na busca de vantagens competitivas. De acordo com

Porter (1992), para alcançar a vantagem competitiva através deste instrumento seriam

necessários, o entendimento e difusão do conceito e estratégia de gerenciamento por processos

(atividades) em contraposição ao gerenciamento por departamentos, a revisão das formas de

acompanhamento e controle da empresa em função da nova visão - "Administração por

Processos", a revisão da estrutura organizacional para "quebrar" ou abrandar as barreiras

departamentais, a integração com fornecedores e clientes e a integração dos sistemas de

informação.

23BOND, B., ERP Market Trends: Vendors Struggle to Stay Competitive, Gartner Group Research, Stanford, CT, USA, 18/11196

24Tecnologia pela qual se torna possível conectar diversos computadores e distribuir ordenadamente as tarefas a serem realizadas entre eles. Pode-se por exemplo ter um SERVIDOR de banco de dados, ie um computador que gerencia e mantém o banco de dados, conectado a uma estação (computador) CLIENTE que tem os programas que permitem a consulta e manipulação desses dados.

250 padrão anterior para interação do usuário com os sistemas era a interface orientada a caracteres, onde o usuário compunha suas instruções e recebia suas respostas exclusivamente através de textos. A interface gráfica permite a utilização de ícones, janelas, imagens para que o usuário interaja com seus sistemas.

26BOND, obra cit. 27pORTER, Michael E., Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior, Editora

Campus, Rio de Janeiro, 1992.

Page 47: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

31

Toda cadeia logística se inicia no relacionamento com fornecedores e termina no

relacionamento com os clientes. No passado, as empresas se esforçavam por isolar os seus

clientes do seu processo de produção mantendo-os, no máximo, ao nível do seu serviço de

atendimento a clientes. Hoje as empresas, para manterem sua competitividade, buscam maior

integração com seus parceiros de negócios. Adicionalmente, a necessidade de sincronização

dos processos de suporte aos processos operacionais da empresa é um fator de incentivo à

adoção dos sistemas do ERP. Anteriormente, os executores dos processos de suporte como

contabilidade, tesouraria, planejamento financeiro, entre outros, não estavam diretamente

integrados ao processo de produção e distribuição dos produtos da empresa. Com os sistemas

ERP esses grupos passaram a ter uma visão mais ampla do processo produtivo a partir da

disponibilização de informações que antes estavam disponíveis apenas para o pessoal

"operacional". A implantação de sistema de ERP portanto, rompe barreiras departamentais e

exige freqüentemente mais mudanças do que apenas a troca de tecnologia29.

Outro fator que contribui para o sucesso das ferramentas de ERP foi a necessidade de

ferramentas adequadas para o gerenciamento da distribuição de produtos. Os sistemas de ERP

são úteis, no sentido que permitem a consideração de todos os fatores de custos, necessidades

de transporte para todas as ordens e disponibilidade de canais de distribuição. Os sistemas de

ERP permitem, por exemplo, determinar se é preferível atender pedidos a partir de estoques

existentes ou utilizando a capacidade ociosa de uma planta para produzir o pedido a partir do

zero.

Para implementar o conceito de ERP, tanto é possível adquirir os diversos componentes

(módulos) de mais de um fornecedor, escolhendo possivelmente os melhores produtos para

cada funcionalidade (contabilidade, planejamento de produção, comercialização, suprimentos,

qualidade, etc.), quanto optar por um fornecedor único, privilegiando a integração a aquisição

da melhor em cada área. Um número cada vez maior de empresas vem fazendo a segunda

opção, contratando seu sistema de ERP de um único fornecedor.

28 Idem p.33 29 KELLER, E., The Four R's ofERP, Gartner Group Research, Stanford, CT, USA, 29/11/95

Page 48: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

32

Naturalmente, decisões sobre investimentos desta natureza não se limitam a estudos

financeiros. Usualmente consideram também aspectos estratégicos e tecnológicos do negócio.

Entretanto, na maior parte das vezes, tais decisões implicam em mudanças na estrutura

organizacional e nos processos de negócio da empresa, provocando mudanças nas rotinas e,

eventualmente, na sua cultura. Nem sempre a organização está preparada para enfrentar e lidar

com essas mudanças. Atualmente, os processos de mudança "constituem uma dinâmica

própria de cada organização,,3o e costumam ser subestimados quanto à importância que a

contínua mudança nos processos têm sobre a dinâmica própria de cada Organização.

2.1.3 Um projeto de implantação de um sistema de ERP

A implantação de soluções de ERP requer o apoio de empresas especializadas de consultoria.

Essas empresas atuam não só no aporte de conhecimento técnico sobre o produto, mas

principalmente na orientação metodológica e no gerenciamento do projeto. A metodologia a

ser empregada no projeto em questão prevê que o esforço de implantação seja organizado em

sete frentes de trabalho sendo elas:

A equipe de infra-estrutura tecnológica, responsável por implantar os meios fisicos para

operação do sistema (servidores, redes, canais de comunicação, microcomputadores, etc.), os

procedimentos para sua operação, controle e manutenção e selecionará eventualmente o

software necessário para complementar a funcionalidade do sistema de ERP (ferramentas para

usuário final, por exemplo). A equipe de desenvolvimento será responsável pelo

desenvolvimento de programas de interface, conversão de dados, relatórios, adaptações e

complementos para o sistema de ERP. A equipe funcional será responsável pela realização da

revisão dos processos de negócio e da configuração do sistema de ERP. A equipe de

gerenciamento de mudança que tratará da integração do time de trabalho e da resolução de

problemas interpessoais, do plano de comunicação, da elaboração e execução do treinamento,

da revisão da estrutura organizacional, da revisão de cargos e salários e da administração de

30Mudança e Transformação Organizacional, Prof. Dra. Rosa Maria Fisher - Mudando os Paradigmas da Mudança.

Page 49: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

33

expectativas e ansiedades dos principais Stakeholders afetados pelo projeto. A equipe de

gerenciamento de riscos associados ao sistema que será responsável por identificar e gerenciar

os riscos associados às mudanças de processo sugeridas e às interfaces com outros sistemas.

Especificará e implementará os mecanismos de controle de acesso do sistema de modo a

garantir o respeito a normas de aprovação de documentos e a segregação de funções entre

funcionários. O grupo de garantia da qualidade, que acompanhará o desenvolvimento das

atividades das frentes de trabalho anteriores, comparando-as com as melhores práticas na

implantação de sistemas de ERP. Avaliará também o grau de cumprimento das tarefas e da

qualidade da documentação do projeto e acompanhará a evolução de indicadores de qualidade

do projeto, fornecendo subsídios para decisões da gerência de projeto. E por fim, a gerência de

projeto que será responsável pela gestão dos recursos do projeto de modo a concluir as tarefas

necessárias com qualidade, no prazo e no custo estimados. Garantirá também a integração e o

sincronismo das tarefas das demais equipes.

Cada uma destas frentes de trabalho serão formadas por: consultores, representantes das áreas

usuárias, representantes da área de informática e/ou representantes da sistema de ERP.

Uma estrutura tradicional de um projeto de ERP, numa fase inicial de projeto pode ser

representada pela Figura VIII - Estrutura Proposta para um Projeto de ERP, a seguir:

Infraestrutura Tecnológica

•••••

Gerência de Projeto

••• Gerência Geral e de Integração

Gerenciamento Gerenciamento Garantia da da Mudança de Riscos de Qualidade

Sistema •••• • •••• • Cliente .lnfonniüc.

• CllenCe - Usuirtos

• eo ... ultItrN

l1li 'A.

Page 50: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

34

Figura VII - Estrutura Proposta para um Projeto de ERP31

Nota: Cada quadrado colorido no gráfico representa um profissional.

Em um projeto de implantação de software, como em qualquer outro, a equipe precisa ser

capacitada para exercer suas atividades. Em um projeto de implantação de sistema de ERP, a

capacitação assume um papel ainda mais relevante. Conhecer um software da sua magnitude

exige o investimento de diversas semanas em cursos formais e muito auto-estudo. Os

consultores alocados ao projeto, por exemplo, passam por um mínimo de cinco semanas de

treinamento técnico e ao termino desse período participam de um exame de proficiência

aplicado pelo fornecedor do software para se habilitarem a participar. A isso deve-se ainda

acrescentar treinamento na localizaçã032 do software, quando é o caso, na metodologia e

ferramentas de trabalho e um período mínimo de treinamento de campo. O treinamento da

equipe do cliente é usualmente menos profundo do que o dos consultores. Deve entretanto

abordar outros aspectos que não somente o conhecimento do software, metodologia e

ferramentas: trabalho em equipe, gerência de projetos, habilidades de comunicação e técnicas

de apresentação, por exemplo.

O gerenciamento de um projeto requer que o foco interfuncional e interorganizacional seja

estabelecido dentro da organização. Tanto a liderança e a capacidade gerencial são necessárias

para a conclusão com sucesso de um projeto assim como o sucesso de um projeto está

relacionado ao atingimento dos parâmetros estabelecidos para a performance tecnológica,

custo e prazos (e devem estar alinhados com os objetivos e/ou propósitos operacionais e

estratégicos de uma organização.

31 LOZINSKY, SERGIO, Software: Tecnologia do Negócio, Imago Editora Ltda, São Paulo, Brasil, 1996 32 Também conhecido no meio como tropicalização

Page 51: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

35

2.2 Formação de Equipes e a Liderança

Entendidos os principais conceitos de Project Management, vamos agora nos aprofundar na

revisão bibliográfica de temas específicos relacionados à metodologia apresentada na seção

anterior e que irão constituir o foco da análise crítica deste estudo como a formação de

equipes e a questão da liderança.

2.2.1 A formação de equipes de projeto

Formar uma equipe para a implantação de um projeto, não é um tarefa fácil. A formação da

equipe, é um fator muito importante para garantir o sucesso de um projeto. Ela geralmente

ocorre no início do processo de planejamento do projeto. Esses recursos tendem a ser um dos

fatores mais escassos em um projeto. De acordo com Frame (1995)33, um projeto

normalmente não falha por falta do emprego de técnicas e sim por que o nível de qualificação

da equipe do projeto não era o apropriado para as necessidades desse mesmo projeto ou

porque a gerência dava instruções irrealistas para a equipe de projeto ou porque havia ainda,

falta de liderança na implantação do projeto.

Ainda segundo Frame (1995), a equipe é definida como a reunião de indivíduos que trabalham

juntos para atingir um objetivo comum e, para que eles trabalhem juntos, os esforços

individuais devem ser bem coordenados. No processo de planejamento de um projeto, em

determinado momento, é necessário "identificar e quantificar a quantidade de pessoas

necessárias para executar o projeto, suas atribuições e funções, as suas responsabilidades e os

recursos materiais necessários".34 De acordo com Valeriano (1998), antes de se iniciar a

contratação dos recursos humanos é importante, no mínimo, que as tarefas e atividades

básicas do projeto estejam definidas (fase de planejamento, de acordo com a metodologia de

Project Management) para que seja possível não só "comunicar as necessidades do projeto, as

33FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use oftime, techniques and People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, California, 1995.

Page 52: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

36

responsabilidades e a estrutura de reporte entre os membros da equipe bem como para

gerenciar a expectativa que normalmente se cria antes do início do projeto,,35

o processo de "aquisição do pessoal pode ocorrer na própria organização ou fora dela. A

maior preocupação deve ser a de obter as pessoas com os exatos requisitos necessários para o

projeto... se as pessoas pertencem à organização, o gerente do projeto deverá proceder às

negociações com seus chefes ou gerentes funcionais e com as próprias pessoas para obter o

seu consentimento e garantir a sua conseqüente participação no projeto. Nos casos em que a

organização não disponha do perfil necessário, o pessoal que irá compor a equipe deverá ser

suprido mediante contratações extemas,,36.

A pressa e pressão imposta pelo próprio projeto na escolha da equipe normalmente é

responsável pela qualidade da performance dessa mesma equipe e, o resultado da escolha de

pessoal, não necessariamente mais adequados para as tarefas a serem efetuadas, poderá

resultar na perda de qualidade do projeto.

Para Frame (1995)37, as pessoas em um projeto são o seu ativo mais importante. Ele menciona

o fato de um vice presidente de um empresa americana, da lista das 500 maiores empresas

mencionadas em edições da revista Fortune, comentar que se orgulhava da sua capacidade

para selecionar os recursos para seus projetos. Seu segredo estava no fato de sempre

selecionar aqueles profissionais que estavam mais ocupados naquele específico momento. Por

alguma razão, essas pessoas sempre conseguiam fazer as coisas acontecerem e por isso, seus

serviços eram sempre demandados para novos projetos. Colocações deste tipo nos fazem

refletir sobre a importância da seleção dos melhores recursos humanos para um projeto.

34y ALERIANO, Dalton L., Gerenciamento Estratégico e Administração de Projetos, Makron Books, São Paulo, SP,2001.

35HANS J. Thamhain em CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3,d. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

36y ALERIANO, Dalton L., Gerenciamento Estratégico e Administração de Projetos, Makron Books, São Paulo, SP,2001.

37 FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use oftime, techniques and People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, Califomia, 1995.

Page 53: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

37

Independentemente de se identificar os recursos para a equipe de projeto dentro da própria

organização ou fora dela, através de contratações, a seleção dos recursos poderá ser feita

através da análise dos Tipos Psicológicos38.

Testes desse tipo, entretanto, podem falhar por não conseguirem medir a inteligência, a

motivação ou a competência técnica dos recursos a serem selecionados. Além do mais, de

acordo com Frame (1995), não é prático confiar cegamente nesses testes para alocar os

recursos a um projeto quando muitos são os fatores - incluindo disponibilidade de pessoal e

problema políticos - que precisam ser levados em consideração ao se lecionar tal equipe.

Na impossibilidade de se encontrar o recurso perfeito para cada projeto, os gerentes de projeto

deverão utilizar uma série de ferramentas para extrair o melhor de cada um dos recursos

disponíveis, através da aplicação de métodos e ferramentas que façam a produtividade da

equipe aumentar.

De acordo com Menezes (2001 )39, existem quatro categorias básicas de profissionais que se

envolvem desde o início do projeto sendo elas: o gerente geral, o gerente funcional, o gerente

de projeto e os especialistas. Cada um deles possui um conjunto de atribuições específicas

sendo elas:

Gerente Geral, é visto como o patrocinador do projeto, cabendo a ele ser o árbitro dos

conflitos que não puderam ser solucionados pelos demais gerentes (funcionais e de projeto).

Ele incentiva o diálogo e a negociação entre as partes. Ele também pode assumir o papel de

Sponsor do projeto.

38 "Carl Yung, o famoso psicanalista suíço se interessou em categorizar as pessoas no que ele chamou de Tipos Psicológicos. Em 1923 ele publicou um trabalho descrevendo esses tipos. Seu trabalho foi melhorado com pesquisa posterior realizada por Katharine C. Bridges, que pegou a teoria Junguiana e a complementou com suas idéias. Por fim, suas idéias foram refinadas por sua filha, Isabel Brigs Myers. O resultado final foi o Indicador de Tipos Myers-Briggs, que é operacionalizado em uma série de testes psicológicos criados para determinar o tipo psicológico de uma pessoa" in FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use oftime, techniques and People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, California, 1995.

39 MENEZES, Luiz César de Moura, Gestão de Projetos, Atlas, São Paulo, SP, 2001

Page 54: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

38

Gerente do Projeto, é o responsável pela sua condução, tendo uma visão integrada do mesmo.

Procura assegurar que os recursos que irão participar de seu projeto estejam disponíveis nas

áreas funcionais e de apoio. Seu poder de influência é limitado, reservado normalmente aos

assuntos da coordenação, à integração das atividades, ao cumprimento dos prazos e ao

cumprimento dos orçamentos, requerendo dele capacidade de relacionamento interpessoal

com todas as pessoas da equipe e da organização.

Gerente Funcional, é o principal responsável pela execução das atividades de sua área

específica de conhecimento. Seu papel é o de amortecer as excessivas demandas sobre os

executantes, procurando distribuir e compartilhar os recursos existentes. Ele absorve parte das

pressões que poderiam recair sobre os seus subordinados, executantes das tarefas.

Especialistas, são aqueles encarregados de executar as tarefas do projeto na área de sua

especialidade técnica.

2.2.1.1 A estrutura da equipe de projeto

o principal objetivo na hora de se definir a estrutura da equipe de projeto é poder obter dela a

maior eficiência possível. De acordo com Menezes (2001), uma estrutura de equipe que

melhor se adapta à estrutura de projetos é a matricial. Esta estrutura é conceituada como uma

forma que permite manter as unidades funcionais, através da criação de relações horizontais

que agilizam a comunicação entre elas· Segundo ele, numa estrutura matricial, identificam-se

baixo nível de formalização, multiplicidade de comando, diversificação elevada e

comunicação horizontal, vertical e diagonal. Sua implantação exige preparo por parte das

pessoas que estarão trabalhando dentro desse tipo de desenho organizacional. Sua implantação

deve ser acompanhada de uma série de ações sobre sistemas de comunicação e sistemas de

tomada de decisão. Uma estrutura matricial também é conhecida como Matricial-Projetos (ou

matriz forte) quando, em geral, é proveniente de uma estrutura organizada por projetos em que

o gerente tem um elevado grau de poder dentro da equipe bem como sobre os gerentes

Page 55: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

39

funcionais da organização. Nessas circunstâncias, embora exista um desequilibro de poderes,

fica facilitada a obtenção de resultados para o projeto." 40

Para Frame (1995)41, projetos utilizando a estrutura matricial freqüentemente carregam em si

alguma ineficiência. Por exemplo, a falta de continuidade da equipe de projeto funciona como

um fator desmotivador da equipe, contribuindo para o aumento da falta de comprometimento

desta para com o projeto. Ele identifica também os problemas de comunicação como fatores

que geram ineficiência em um projeto por meio da burocratização das comunicações, à

medida que aumentam os canais de comunicação dentro do projeto, assim como a

comunicação também fica prejudicada pela existência de mensagens truncadas. Por último,

Frame (1995) menciona o fato desse tipo de projeto proporcionar pouca integração entre os

membros da equipe, sendo importante fomentar a criação de mecanismos que propiciem a

integração entre as partes envolvidas.

Uma forma de se estimular a equipe dentro de uma estrutura matricial é através de um sistema

de recompensas. A recompensa pode ser financeira, uma oportunidade de desenvolvimento de

carreira dentro da organização, o simples reconhecimento por um bom trabalho realizado, a

simples satisfação no emprego ou muitos outros valores pessoais tangíveis e intangíveis. Mas

as recompensas para serem verdadeiras dentro de um projeto, deverão estar baseadas em

metas e indicadores que permitam medir o grau de cumprimento dessas mesmas metas. "Nada

é capaz de atrapalhar mais o esforço da mudança organizacional do que o conflito entre os

objetos (metas) e seus indicadores"42.

Frame (1995) ressalta que o sistema de recompensas, em uma estrutura matricial, nem sempre

encoraja a equipe de projeto. Ao invés do sistema de recompensas, Frame (1995) sugere que a

implementação de outras ações como a criação do horário flexível como recompensa pelo

bom trabalho realizado e o esforço extra dedicado ao projeto. Sugere também que se faça o

reconhecimento publicamente do bom trabalho realizado por determinado membro da equipe

40 MENEZES, Luiz César de Moura, Gestão de Projetos, Atlas, São Paulo, SP, 2001 41 FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use oftime, techniques and

People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, Califomia, 1995. 42THE PRICE W ATERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for

Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995.

Page 56: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

40

e/ou que, ao término do projeto, o gerente escreva cartas de recomendação a serem enviadas

para os supervisores desses membros da equipe tão logo estes retomem a seus postos de

origem, entre outros.

Complementando a análise de Frame (1995), fazemos referência ao mencionado por Menezes

(2001) quando este diz que o sucesso da estrutura matricial em um projeto depende de fatores

intrínsecos à organização como por exemplo, características intangíveis da equipe e seus

membros das quais podemos destacar a capacidade e autoridade por parte dos membros da

equipe, da cooperação das pessoas com o projeto na quantidade certa e no momento adequado

para poder obter os melhores resultados. Da capacidade dos membros da equipe para se

adaptarem a novos grupos pois os projetos são finitos e por vezes as pessoas devem

desempenhar seus papéis em vários projetos simultaneamente. Os membros da equipe devem

também ter capacidade para desempenhar múltiplos papéis haja vista que nos projetos, dentro

de uma estrutura matricial, não são exigidos unicamente conhecimentos que lhes permitam

executar o trabalho mecanicamente mas sim fazer um balanço do trabalho realizado e avaliar

os resultados que estão sendo obtidos. Também devem ter atitude de colaboração pois a

canalização de esforços é fundamental para a obtenção de resultados para o projeto. A equipe

deve ter preferência por abrangência de tarefas pois mesmo sendo composta por especialistas,

o colaborador passa a ter que entender mais da interface de seu trabalho com a de outros

colaboradores, além ser necessário possuir experiência matricial para melhor entender a

distribuição de responsabilidades e poder entender também a autonomia que existe em uma

estrutura desse tipo. Além disso, a equipe do projeto precisa ter habilidade política, pois em

inúmeras circunstâncias são exigidas do participante, e ainda mais do gerente do projeto,

habilidades políticas na negociação de recursos e de prazos rumo à obtenção de resultados.

Deve ter capacidade para suportar ambigüidades pois existem inúmeras subordinações em

estruturas matriciais e isso provoca, especialmente nos executores, muito estresse. Ressalta-se

a capacidade de comunicação para o contato e transmissão de informações sobre o

desenvolvimento e o estado do projeto. E por fim, a liderança deve estar presente na gerência

do projeto para poder fazer o projeto acontecer por meio dessas pessoas.

Vergara (1999) entretanto alerta para o fato de que "a liderança não necessariamente precisa

ser sempre a mesma, ... , é natural que os diferentes membros da equipe assumam a liderança,

Page 57: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

41

conforme a tarefa que se lhes coloca,,43. Com esta afirmação, Vergara (1999) reforça o fato do

poder, em uma equipe, necessitar ser compartilhado para garantir a obtenção de melhores

resultados no projeto.

Vergara (1999) ressalta também a importância de se identificar nos membros da equipe,

quando se trabalha em equipes, as seguintes características: a negociação, a humildade

intelectual (reconhecimento de que é preciso aprender sempre), o comportamento ético (que

desestimula uma pessoa a guardar informações fundamentais aos processos de trabalho por

medo de perder o poder e o controle) e o estimulo para avaliar situações em conjunto com os

demais membros da equipe e a buscar formas de corrigir erros, aprender com eles e a

aperfeiçoar acertos.

2.2.1.2 Criando uma identidade para a equipe de projeto

Além de se pensar em como selecionar os membros de uma equipe de projeto, é importante

pensar de que forma se conseguirá criar uma identidade para essa equipe uma vez que ela é

constituída pelos mais distintos tipos de pessoas, com as mais variadas experiências e

conhecimentos.

o que muitas vezes une as pessoas em um projeto é a capacidade que o gerente de projeto tem

de, com sua personalidade e seu especial estilo pessoal ou da experiência que possui em

projetos anteriores, unir o grupo num objetivo comum. Dessa forma, a equipe se sentirá

honrada em trabalhar com essa pessoa.

Frame (1995)44 menciona que dar um nome ao time bem como promover encontros informais

entre os membros da equipe, é uma forma de que todos percebam que não estão trabalhando

sozinhos. Por isso é importante realizar sempre um evento de kick-off do projeto e com

freqüência realizar reuniões para revisão do status do projeto onde cada membro da equipe

43 VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 1999. 44FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use oftime, techniques and

People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, Califomia, 1995.

Page 58: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

42

possa comentar suas necessidades, problemas ocorridos, soluções adotadas, bem como entre o

grupo, poderão ser solucionados problemas que individualmente seriam mais diflceis de se

solucionar por si só.

Ter a equipe trabalhando toda junta em um local comum também facilita o processo de

identidade do grupo. Menezes (2001)45 também entende que a existência de um local de

trabalho específico para a equipe de projeto é um fator que deve ser considerado pois,

proporcionando adequado local de trabalho e dispondo de meios e modos para que a

comunicação (formal e, principalmente, a informal) seja favorecida, fará com que a equipe se

sinta bem, fazendo parte de um ambiente de franca cooperação e facilitando assim o processo

de integração da mesma. O resultado obtido quando se favorece o trabalho em equipe, será

medido através de avaliações de desempenho pessoal de cada um dos membros da equipe.

2.2.1.3 Processos motivacionais

A motivação é algo intrínseca ao ser humano e as razões que levam uma pessoa a se motivar

diferem de pessoa para pessoa. Mudanças no ambiente externo do projeto, poderão afetar a

motivação da equipe. Lidar com essas diferenças é uma habilidade que deve possuir um bom

gestor de projetos. Antes de mais nada o gestor precisa aceitar a existência dessas diferenças.

O gestor, como líder do projeto, precisa estar atento a essas mudanças dentro da equipe de

forma a reagir prontamente com ações que garantam a continuidade motivacional da equipe de

projeto.

A motivação está diretamente relacionada ao reconhecimento pelo esforço empreendido em

uma tarefa, um trabalho ou um projeto. Saber dar reconhecimento à equipe pelo trabalho

realizado ou até mesmo dar feedback durante o processo de elaboração do projeto, garante a

continuidade e a qualidade do resultado a ser obtido. É importante fazer com que as pessoas se

orgulhem daquilo que fazem. Portanto, estimular e exigir da equipe e seus membros a busca

por altos padrões qualidade, estipulando altas medidas de desempenho também os estimula a

45 MENEZES, Luiz César de Moura, Gestão de Projetos, Atlas, São Paulo, SP, 2001

Page 59: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

43

desenvolver e mostrar todo o seu potencial, funcionando como um fator motivacional para

todo o grupo.

Quando se realiza um determinado trabalho e não se recebe uma recompensa ou se é

reconhecido pelo esforço empreendido, ocorre normalmente um processo de frustração. Para

essa frustração, as pessoas criam mecanismos de defesa que vão desde mecanismos

psicológicos até químicos. Ao contrário, quando ocorre o reconhecimento, ocorre a plenitude,

a liberação de talentos, as pessoas extravasam características pessoais ocultas que não tinham

conhecimento de que as possuíam. Manter as pessoas motivadas não é tarefa fácil. Identificar

que ações ou que circunstâncias fazem com que uma pessoa ou uma equipe se mantenha

motivada, é uma tarefa e um objetivo que deve ser perseguido pelo líder do projeto.

A motivação pode vir através de uma recompensa financeira, pelo simples desejo de sentir-se

competente executando o seu trabalho, pelo fato de saber que está desenvolvendo tarefas e

atividades altamente complexas e desafiadoras, enfim, as motivações são várias e diferem de

pessoa para pessoa. As equipes de projeto são formadas por pessoas as quais são

freqüentemente retiradas das suas rotinas operacionais e levada para formar parte dessa equipe

de projeto, por um determinada período de tempo que, de acordo com a necessidade, poderá

ser curto ou longo ou podem até mesmo participar simultaneamente de vários projetos ao

mesmo tempo. Essa alternância poderá fazer com que elas não se sintam efetivamente parte da

equipe, tenham dificuldade para desenvolver um Team Building. Também poderá fazer com

que se comprometam menos com os resultados do projeto. Se isto ocorrer, irá dificultar

bastante o trabalho do gerente de projeto.

2.2.1.4 Criando uma equipe de projeto de alta performance - uma equipe de sucesso

Cleland (1999) menciona que "uma equipe de sucesso e de alta performance apresenta no seu

cerne uma série de aspectos culturais que representam um diferencial de sucesso em um

projeto. Normalmente se encontra nessas equipes um tipo de performance onde não se

sobressaem os egos, onde seus membros compartilham os mesmo interesses e onde se

Page 60: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

44

identifica uma grau de confiança muito elevado entre eles,,46. "Equipes de alta performance

devem desenvolver uma forte confiança entre os seus membros, devem confiar no próximo,

contar com o apoio de todos, confiar no constante compromisso dos demais membros da

equipe e prometer apenas o que pode ser efetivamente entregue,,47.

Thamhain(1999) 48 identifica características chave presentes em uma equipe de sucesso. Essas

características são resumidas na Tabela A - Características de Equipes de Projeto de

Sucesso apresentada a seguir:

Tabela A - Características de Equipes de Projeto de Sucesso

Características da Equipe

Alta Performance Os • membros da equipe consistentemente trabalham duro e demonstram um alto • grau de interesse, dedicação e motivação no projeto, junto a seus colegas

• Bem Organizada - Papéis e responsabilidades, autoridade • e fluxo de informação são bem definidos e entendidos por todos. Além disso, existe pouco ou nenhum conflito relacionado com os • procedimentos do projeto e sua administração

• Bem Planejada - O projeto possui objetivos claramente definidos e planos bem estabelecidos assim como, cronogramas, orçamento,. sistemas de monitoramento e reporting

• Boa Interdependência da

Características do Líder da Características dos Membros da Equipe Equipes

Deverá estar confortável com. Deverão ter a habilidade de um ambiente de incertezas rapidamente se adequar às

mudanças Deverá estar orientado à solução de problemas. Deverão ser tolerantes e ter (técnicos, administrativos, de motivação e muita energia cronograma e custos) e deve obter satisfação pela resolução. Deverão ter uma performance desses problemas consistente

Deverá ter uma postura. positiva e a habilidade de demonstrar entusiasmo e. energia

Deverá ter experiência e. conhecimento da organização, do mercado e da tecnologia envolvida no projeto assim como de princípios de gestão, • sistemas e metodologias de gestão de projetos

Deverá ter qualificações suficientes e aplicar seu conhecimento e expertise ao projeto e seus problemas

Deverão ser organizados

Possuir uma visão otimista das coisas

Estar interessados no seu desenvolvimento crescimento pessoal

e

Possuir uma vida pessoal estável

46CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd. Edition. Singapore:

McGraw-Hill, 1999. 47Idem. 48HANS J.Thamhain é professo de Administração no Bentley College em Massachusetts e é o redator do

Capítulo 17 - Trabalhando com Equipes de Projeto, em CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd

. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

Page 61: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

45

Características da Equipe Características do Líder da Equipe

Características dos Membros da Equipes

Equipe - Os membros da equipe estão comprometidos com os objetivos do projeto e metas, demonstram um elevado grau de confiança e promovem um ambiente que propicia um bom fluxo de informação e comunicação.

Fonte: J. Tuman, Jr., Success Modeling: A Technique for Building a Winning Project Team, paper apresentado no Seminário/Simpósio do Project Management Institute, Montreal, Canada, Setembro de 1986, p.97.

De acordo com Thamhain (1999t9 um fator de diferenciação para uma equipe de sucesso é o

Team Building50, sendo um processo contínuo que requer qualidades de liderança e

entendimento da organização, suas interfaces, autoridade, estruturas de poder e fatores

motivacionais, crucial em ambientes onde atividades multidisciplinares complexas requerem a

integração de qualificações de muitos especialistas funcionais bem como sustentam grupos

com diversas culturas organizacionais e valores. Antes de 1980, os estudos sobre a dinâmica

de formação de grupos de trabalho e critérios para formação de equipes de alta performance

levavam em consideração apenas o comportamento dos membros da equipe dando atenção

limitada para questões como ambiente organizacional e liderança de equipes. De lá para cá,

esses estudos se aprofundaram em questões como planejamento, treinamento, estrutura

organizacional, natureza e complexidade das tarefas e suporte da gerência sênior entre outros,

passando a serem melhor analisadas.

A criação de equipes de alta performance está intimamente ligada à capacidade dos líderes de

projeto criarem um ambiente que atenda às necessidades da equipe bem como promovam um

ambiente de trabalho e uma cultura dentro da equipe que permita a obtenção dos melhores

resultados dentro do projeto. Isto por, sua vez, vai requerer dos próprios gestores e líderes de

projeto, habilidades cada vez maiores para lidar com este tipo de situação. Eles não

necessitam apenas possuir excelentes qualidades técnicas e boa liderança mas será necessário,

49HANS J. Thamhain é professo de Administração no Bentley College em Massachusetts e é o redator do Capítulo 17 - Trabalhando com Equipes de Projeto, in CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd

• Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999. 50Espírito de equipe para Thamhain pode ser descrito como um processo onde se reúnem uma série de indivíduos

com diferentes necessidades, históricos e experiências a transformá-los em um grupo integrado, em uma força tarefa eficaz.

Page 62: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

46

por parte da organização, facilitar o ambiente organizacional adequado para gerenciar essas

equipes de forma eficiente.

Thamhain (1999) menCIOna o fato de hoje, o Team Building ser considerado por muitos

especialistas em gestão de projetos uma das mais críticas características e qualidades

necessárias para a o sucesso de um projeto, dependendo em grande parte não só do esforço

posto na montagem da equipe bem como na integração das atividades dos diversos

especialistas funcionais.

2.2.1.5 A tomada de decisão na equipe

A tomada de decisão dentro de uma equipe de projeto é algo que nem sempre fica muito claro.

As decisões em uma equipe, acabam sendo tomadas por uma série de indivíduos, acaba sendo

algo compartilhado pela própria equipe de acordo com a fase em que o projeto se encontra.

Por exemplo, o início ou não de um projeto normalmente é definido pelo Comitê Executivo

do Projeto. Já decisões durante a fase de planejamento normalmente são realizadas pelas

equipes funcionais, especialistas em temas específicos do projeto. Enquanto que, na fase de

implantação do projeto em si, a tomada de decisões está nas mãos do gerente de projeto.

Delegar responsabilidades e poder em um projeto, entretanto, tem um impacto positivo no seu

próprio andamento. Portanto, na opinião de Cleland (1999), "sempre que as decisões a serem

tomadas individualmente não gerem um impacto maior no orçamento, cronograma e na

utilização dos recursos disponíveis e além disso, se elas não criarem maiores problemas

políticos,,51, poderão ser tomadas pelos especialistas membros da equipe do projeto. Apenas

as questões mais cruciais deverão requer o envolvimento direto do gerente de projeto.

Frame (1995)52 também compartilha dessa opinião e caracteriza esse processo através da

Figura IX - Processo Decisório53 apresentada a seguir:

51CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd. Edition. Singapore:

McGraw-Hill, 1999. 52FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use of time, techniques and

People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, Califomia, 1995.

Page 63: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

2.2.1.6

Especialista da Equipe de Projeto

Haverá mudança significativa

no cronograma?

Não

Haverá mudança significativa

no orçamento?

Não

Haverão desvios significativos nas

especificações originais?

Não

A decisão em questão pode se tornar

um problema político?

Não

Tome a Decisão

Gerente do Projeto

Figura IX - Processo Decisório (Frame(1995»

Conflitos na equipe de projeto

47

Quando um grupo de pessoas se reúne em um projeto, considerando-se as características dessa

equipe - normalmente formada por pessoas das mais diversas especialidades e áreas da

organização - e do processo de sua constituição, o surgimento de conflitos é inevitável. Os

conflitos podem surgir por diversas razões, pela dificuldade de especialistas comunicarem aos

demais membros da equipe, o modo como as coisas deveriam ser feitas, pelo fato de certas

pessoas não quererem ou não gostarem de se relacionar com outras da mesma equipe por

preconceito, ou por outra razão qualquer. Lidar entretanto com esse tipo de conflito é tarefa do

gerente de projeto. "Estudos mostram que o gestor de projetos passa aproximadamente 20%

53Idem.

Page 64: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

48

do seu tempo lidando com os conflitos dentro da equipe"s4. É possível entretanto, para o

gerente de projeto, extrair algum tipo de beneficio desse conflito. Através da discussão das

causas desse conflito podem surgir formas alternativas de resolve-los e se poderá aprender de

que forma se trabalhar melhor em equipe.

De acordo com Cleland (1999), o próprio conflito ajuda a desenvolver uma cultura dentro da

equipe na qual existe uma motivação em se trabalhar juntos na busca do consenso. O conflito

por sua vez, ajuda a equipe a se acostumar com o habitual e dinâmico andamento do projeto e

com as demandas que são impostas pelos Steakholders do projeto.

Algumas das típicas causas de conflitos são, de acordo com Cleland (1999), a competição

pelos recursos disponíveis, a não compreensão dos papéis a serem desempenhados

individualmente e coletivamente pela equipe de projeto, a discordância quanto aos objetivos,

metas e estratégias do projeto bem como a quebra de etiqueta e protocolo pelos membros da

equipe. Existem também os preconceitos pessoais, éticos e morais ou atitudes que

comprometem ou quebram o bom relacionamento interpessoal. A falta de entendimento do

sistema e metodologia de gerenciamento do projeto que está sendo usada como referência para

o projeto em andamento também influencia significativamente o bom andamento deste e

potencializa o surgimento de conflitos. A não concordância ou inexistência de sistema de

recompensas e promoções para os bons resultados obtidos no projeto também gera conflitos

entre os membros da equipe. A falta ou precariedade dos canais de comunicação bem como a

falta de entendimento da estrutura matricial da organização são mais alguns dos fatores que

tipicamente propiciam o surgimento de conflitos nos projetos.

O surgimento do conflito normalmente gera frustração ou um profundo sentimento de

insegurança e insatisfação principalmente quando este não é solucionado. Quando não

resolvido, as pessoas tendem a se preocupar com os caminhos que esse conflito possa tomar.

Mesmo no momento em que uma solução para o conflito é encontrada, sempre fica um

resíduo emocional no ar pois as pessoas nem sempre conseguem esquecer ou perdoar as

54K.W. Thomas and W.H Schmidt, "A Survey of Managerial Interests with Respect to Conflict", Academy of Management Joumal, 10, 1976, pp.315-318 em CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd

• Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

Page 65: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

49

questões que levaram ao conflito. Pinto e Kharbanda (1995)55 sugerem alguns modos de

solucionar ou tratar os conflitos e eles devem ser avaliados e implementados pelo gestor do

projeto. São eles evitar o conflito ignorando as causas de sua existência permitindo que ele

continue sob circunstâncias controláveis. Não prestar atenção ao conflito, limitar a sua

interação no conflito ou apenas separar fisicamente os causadores do conflito. Deixar esfriar,

ou seja, dar tempo ao tempo até que as partes envolvidas consigam tratar o conflito de uma

forma mais racional. Confrontação através de encontros frente a frente com os envolvidos no

conflito para um "acerto de contas" ou "lavagem de roupa suja". Cada um dos métodos

acima deverá ser utilizado de acordo com a circunstância apresentadas em cada projeto. Sua

opinião é que o envolvimento da alta gerencia do projeto nestas questões não deve ser

freqüente pois normalmente ela não está inteiramente a par dos detalhes que geraram o

conflito, valendo a pena deixar a equipe, que está mais envolvida, funcionar como um

intermediador na busca da solução para esse conflito.

2.2.1.7 A desmobilização da equipe

A desmobilização da equipe consiste no retomo das pessoas às suas áreas funcionais de

origem, quando os recursos são internos à organização ou o encerramento de contratos, com a

conseqüente dispensa da equipe alocada ao projeto para que esta possa ser realocada a outros

projetos, quando os recursos são externos. Sendo tanto os recursos internos como externos,

faz parte do processo de encerramento a elaboração de relatórios de desempenho e a

comunicação ifeed back) aos membros da equipe do projeto do desempenho obtido durante o

mesmo. Esta etapa às vezes é dificil pois gera muita ansiedade e expectativa nos membros da

equipe quanto ao seu futuro e possível realocação nas áreas de origem ou em novos projetos,

devendo o gestor do projeto ser muito cauteloso e estar muito atento às reações da equipe

nesse momento. Quando o processo de encerramento ocorre em etapas, é necessário ter

cuidado adicional para que as atividades remanescentes a serem desempenhadas sejam

concluídas e para que a equipe que permanece não perca o interessa por elas.

55 JEFFREY K. Pinto e OM P. Kharbanda, "Project Management and Conflict Resolution", Project Management Joumal, Dezembro de 1995, pp. 45-54

Page 66: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

50

Outras situações que podem ocorrer segundo Cleland (1999), são a perda da identidade da

equipe, o medo pela possibilidade de não ser novamente integrado no local de origem ou a um

novo projeto, entre outras. A seguir, apresentamos na Figura X - Detalhamento da estrutura

de problemas mais comuns do encerramento de um projeto, onde Cleland (1999) resume

esses problemas.

Figura X - Detalhamento da estrutura de problemas mais comuns do encerramento de

um projeto

I

Problemas da Tenninação de Projetos

I I

I Emocionais I I Intelectuais I I Equipe I

• Medo de não ter trabalhos futuros

• Perda do interesses nas atividades remanescentes

• Perda da motivação no projeto

• Perda de identidade da equipe

• Metodologia de realocação de pessoas

• Divisão de esforços

• Seleção dos recursos a serem realocados

I Cliente I • Mudança de atitude

• Perda de interesse no projeto

• Indisponibilidade de pessoas chave

I Internos I • Identificação dos

produtos restantes a serem entregues

• Controle dos custos do projeto

• Encerramento de ordens de trabalho ou pacotes de trabalho (tarefas remanescentes)

• Recompilação da documentação do projeto

I Externos I • Acordos com o cliente

sobre produtos pendentes de serem concluidos

• Comunicação do encerramento do projeto à organização e fornecedores externos

• Fechamento das instalações fisicas do projeto

De acordo com Valeriano (1998), esse processo deve ser feito "com critério, sem traumas nem

ressentimentos a fim de não prejudicar formações futuras de equipes.,,56

Durante o processo de encerramento do projeto e desmobilização da equipe, normalmente

ocorrem os chamados learning meetings 57, ou encontros de aprendizado, como são chamadas

as reuniões que ocorrem durante o encerramento do projeto e cujo objetivo é avaliar

56 V ALERIANO, Dalton L., Gerenciamento Estratégico e Administração de Projetos, Makron Books, São Paulo, SP,2001.

57 MENEZES, Luiz César de Moura, Gestão de Projetos, Atlas, São Paulo, SP, 2001

Page 67: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

51

permanentemente o aprendizado obtido com o mesmo. Nelas são analisados os erros

cometidos, por exemplo, no gerenciamento do projeto, no cumprimento dos prazos e dos

custos do projeto, na qualidade, escopo e os riscos pelos quais passou o projeto. Também são

propostos planos de ação para a eliminação de situações insatisfatórias que tenham ocorrido

no projeto. Essas reuniões são importantes, de acordo com Menezes (200 I), para que possam

ser analisados os erros e os acertos cometidos e cada fase do projeto. Não são eventos fáceis

pois costumam haver "ataques" por parte dos membros da equipe como uma forma de defesa

para possíveis erros cometidos. Alternativamente, é possível a aplicação de questionários ao

invés de reuniões. Essas reuniões são úteis não só durante o próprio projeto como também

para evitar que se cometam os mesmo erros em projetos futuros.

2.2.2 Liderança

Até agora discutimos a formação da equipe de projeto e as responsabilidades do gerente de

projeto na gestão dessa equipe. Entretanto, o processo de montagem da equipe e do

desenvolvimento de um Team Building vai requerer do gerente do projeto capacidades que

vão além das tradicionalmente necessárias para a gestão de um projeto. Passaremos agora a

discutir como a questão da liderança influencia na gestão de pessoas e de equipes e a sua

influência nos resultados dos projetos. Como a variável Liderança irá funcionar como

diferencial de sucesso.

2.2.2.1 Principais características da Liderança

Existem uma série de definições para a palavra liderança. Entretanto, o Professor Thamhain

(1999) 58 ressaltou que, em se referindo à questão gestão de projetos, um líder precisa possuir

atributos e habilidades em 3 áreas específicas, sendo elas: relações interpessoais, qualidades

técnicas e administrativas.

58HANS J. Thamhain, "Deve1oping Project Management Skills", Project Management Joumal, September 1991, pagina 39-44.

Page 68: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

52

Enquanto alguns estudiosos tratam a questão da liderança referindo-se à figura de um líder

como um super herói, outros vêem a liderança como sendo uma questão de características

pessoais que um indivíduo possui, ou seja, características como carisma, inteligência, energia,

estilo, comprometimento, entre outras. Líderes são pessoas que possuem habilidades para

promover mudanças não só em indivíduos bem como em grupos de pessoas ou nas próprias

organizações. A característica de liderança fica mais ressaltada no momento em que as

pessoas e a organizações apresentam resistência à mudança proposta, fazendo com que seja

dada mais ênfase na liderança democrática e participativa.

De acordo com McGregor (1960)59, existem quatro características que estão diretamente

relacionadas com a questão da liderança e delas dependerá a performance alcançada pelo líder

do projeto. As características pessoais do próprio líder, as atitudes, necessidades e outras

características pessoais dos seus seguidores (membros da equipe, etc.), as próprias

características da organização como por exemplo, seus objetivos como empresa, a sua

estrutura organizacional e a natureza das tarefas a serem desenvolvidas e o ambiente social,

econômico e político no qual o projeto está inserido. Olhando por este aspecto, podemos

perceber que "a questão da liderança, não é uma questão de propriedade de um indivíduo

específico e sim uma complexa inter-relação de variáveis,,6o

Outro enfoque que pode ser dado para explicar a questão liderança, são os tipos de

comportamento dos lideres tratados pela Teoria dos Estilos de Liderança61 . Esses

comportamentos podem ser Ditatorial, Autocrático, Democrático e Laissez-faire.

O líder Ditatorial62 é aquele que consegue que o trabalho seja realizado pela pressão e pela

imposição e o medo.

O líder Autocrático é aquele que centraliza as decisões na sua pessoa, não se interessa, por

exemplo, no feedback da equipe de projeto. Embora ele possa manter uma política de portas

59DOUGLAS McGregor, the Human Side ofEnterprise, New York: McGraw-Hill, 1960 6°Idem. 61YERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 1999. 62CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd

. Edition. Singapore: McGraw-Hill,1999.

Page 69: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

53

abertas e escutar todas as opiniões da equipe, ele não as utiliza na sua tomada de decisão.

Frame (1995)63é de opinião que se formos analisar este estilo, "vendo pelo lado positivo, o

estilo autocrático é apropriado em um projeto rotineiro, de baixo risco, aonde a equipe

simplesmente tem a função de executar as tarefas exatamente como especificado ... quando

decisão rápidas são necessárias e, uma vez que os autocratas não estão preocupados em obter

o consenso da equipe nem em reunir uma quantidade suficiente de informações para basear as

suas decisões, eles mesmos podem decidir rapidamente,,64.

o líder Laissez-faire é aquele que atribui ao grupo a responsabilidade de estabelecer as suas

próprias metas e tomar as suas próprias decisões. O estilo Laissez-faire poderá ser eficaz em

um projeto onde o estado da arte impera, onde os gerentes necessitam deixar a equipe criar.

Em equipes que não podem ou não gostam de estar sob constante supervisão esse estilo

produz resultados bastante satisfatórios, entretanto esse estilo de liderança poderá ser um total

fiasco quando se requer uma rápida tomada de decisão.

O líder Democrático é aquele que descentraliza o processo decisório e "busca o input da

equipe para a tomada de decisão ... o qual aumenta o comprometimento da equipe na execução

das decisões tomadas uma vez que ela mesma participou do processo decisório".65

O estilo democrático é mais permissivo, busca consenso e participação da equipe, está mais

centrado nas pessoas enquanto que o estilo autocrático está mais centrado nas tarefas, sendo

este mais restritivo e socialmente distante. Cada uma destas características apresenta pontos

positivos e negativos. Enquanto os estilos democrático e o laissez-faire tendem a manter o

grupo coeso, eles não necessariamente garantem o aumento da produtividade enquanto o

autoritário sim. Entretanto este tende a desmotivar a equipe. Em resumo, não é uma tarefa

fácil manter um equilíbrio desses dois fatores.

63FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use of time, techniques and People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, Califomia, 1995.

64Idem. 65 FRAME, J. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use oftime, techniques and

People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, Califomia, 1995.

Page 70: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

54

Estabelecer quais devem ser as características de um verdadeiro líder em um projeto, não é

realmente uma tarefa simples, entretanto, algumas características se mostraram, ao longo do

tempo e após diversos estudiosos analisarem e compararem os estilos de liderança de diversos

gestores de projetos, reincidentes e valem a pena ser mencionadas.

São elas, por exemplo, a ambição pessoal do líder e que o leva a obter o sucesso

simultaneamente à conquista do sucesso da sua empresa, ou seja, coincidem ambos objetivos,

os da empresa e os seus objetivos pessoais. Os líderes estão presentes para suas equipes e

ninguém duvida de quem está no comando, eles escutam, debatem, e estão prontos a executar

o que tiver que ser feito para alcançar os objetivos. O verdadeiro líder identifica e premia os

vencedores, evita fazer ou tomar as coisas complexas, é justo e paciente, humano ... pois

reconhece que é líder apenas porque seus subordinados assim o permitem manter-se no papel

de líder e trabalha duro para garantir os recursos necessários para que o projeto alcance os

resultados esperados.

Em um projeto, o líder deve estar consciente e atento para o fato de que ele deverá se

relacionar não só com seus superiores bem como com seus subordinados e pares e com todo o

resto da organização. Além disso, precisa estar atento a fatores como duração do projeto,

cronograma, metas, disponibilidade de recursos, entre outros. Acima de tudo ele, como líder,

precisa ser flexível e possuir a capacidade de se adaptar a diversos cenários e circunstâncias e

principalmente deverá estar atento e perceptivo às necessidades de seus liderados uma vez que

seu comportamento e sua performance, por tabela, também afeta a equipe liderada por ele.

2.2.2.2 Liderança e Poder

Existe uma linha tênue entre liderança e poder. Segundo Vergara (1999) 66, no mundo atual,

uma nova forma de ver e lidar com o poder se faz necessária, o que implica mudanças nos

modelos mentais. O mundo atual está a exigir o compartilhamento assumido e construtivo do

66 VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 71: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

55

poder. Compartilhar poder é mais do que delegar. O gestor amplia seu poder quando libera as

pessoas para serem o que elas podem ser.

Nos dias de hoje, a palavra que mais se aproxima do conceito de compartilhamento de poder é

empowerment, um processo no qual se criam condições e habilitam-se as pessoas de todos os

níveis da empresa para assumirem responsabilidades na satisfação de seus clientes.

Compartilhar poder significa abrir-se para o diálogo.

2.2.2.3 Diferença entre gerentes de Projetos e Líderes

Frame (1995) comenta que se perguntassem a cada gerente de projeto quaIs as suas

responsabilidades, ele provavelmente responderia que são: "executar o trabalho no prazo,

dentro do orçamento e de acordo com as especificações. Mas é claro que as atribuições de um

gerente de projeto vão além disso. Ele também é responsável pelo desenvolvimento da equipe,

serve de intermediário entre a alta administração e a equipe de projeto e transmite à

organização as lições aprendidas durante o projeto,,67.

A gerencia de projeto é uma atividade muito mais ampla. Um gerente de projeto possui muito

mais atribuições e responsabilidades do que somente liderar. Já a liderar, é parte da gestão de

projetos. Por sua vez, enquanto de um gerente se espera que faça o planejamento e organize as

tarefas do projeto, garantindo a sua execução, de um líder se espera que ele faça os outros o

seguirem. "Liderança é a habilidade de persuadir o grupo a perseguir os objetivos traçados

com entusiasmo. É o fator humano que reúne o grupo e o motiva para alcançar os objetivos

estabelecidos. Atividades gerenciais são casulos adormecidos até o momento em que o poder

da motivação guia as pessoas em direção aos objetivos.,,68 Pode-se dizer que um gerente faria

as coisas bem feitas (com eficiência) enquanto um líder faria a coisa certa (com eficácia).

Entretanto, gestores de projetos não podem ser apenas gestores, eles precisam ser também

líderes.

67FRAME, 1. Davidson, Managing Project in Organizations, How to make the best use of time, techniques and People, Jossey-Bass Inc. San Francisco, California, 1995.

68KEITH Davis, Human Relations at Work, 3rd ed. New York, McGraw-Hill, 1967

Page 72: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

56

De acordo com Cleland (1999)69, podemos resumir na Tabela B - Principais diferenças

entre Gerentes e Líderes, a seguir, as principais características que diferenciam gerentes de

líderes de projetos:

Tabela B - Principais diferenças entre Gerentes e Líderes

Gerentes Colabora com o desenho, desenvolvimento e • operacionalização dos sistemas que irão suportar o projeto.

Mantém o controle sobre a eficiência e a eficácia • dos recursos utilizados no projeto e os sistemas de controle que suportam o uso desses recursos.

Desenha e executa as operações de planejamento, • organização e controle do projeto.

Preocupa-se com a eficiência no uso dos recursos • do projeto.

Líderes Encontra ou desenvolve uma visão de futuro para o projeto e a vende para a equipe de projeto e os demais Stakeholder.

Constrói uma rede de interesses com os Stakeholders, desenvolvendo estratégias que garantam o seu apoio ao projeto.

Dá o direcionamento geral ao projeto.

Promove condições necessárias à volta do projeto que motivam e garantem o comprometimento dos Stakeholders com o projeto.

• Mantém os Stakeholders informados do. Toma-se um símbolo do projeto e seus objetivos. progresso ou atraso do projeto.

• Realoca recursos onde necessário para garantir o • suporte à equipe de projeto.

• Assegura o bom funcionamento do sistema de • comunicação utilizado no projeto.

Constrói um ambiente de suporte político para o projeto entre os Stakeholders.

Mantém constante preocupação com o uso eficiente dos recursos do projeto.

• Provê monitoramento, treinamento e outros. É capaz de tomar decisões. meios que permitam o desenvolvimento individual e coletivo das competências necessárias à equipe do projeto.

• Fonte: CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd

• Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999

Nem todas as características mencionadas acima serão encontradas em um gestor de projetos

mas quantas mais dessas características ele possuir, maior probabilidade haverá de que o

projeto alcance os objetivos esperados quando da sua conclusão.

69CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd• Edition. Singapore:

McGraw-Hill, 1999.

Page 73: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

57

2.2.2.4 A liderança como diferencial na Gestão de Projetos

De acordo com Cleland (1999), o fator que impulsiona a equipe de projeto e no limite

determina qual projeto irá falhar ou irá obter sucesso, é a liderança implícita no projeto em

todos os níveis da organização. Quando um projeto está em processo de implantação, a chave

para fazer com que ele aconteça é a qualidade da sua Liderança.

Quando um líder possui uma visão ampliada do projeto, ele se antecipa identificando as

possíveis necessidades de recursos para o projeto, provê inspiração e motivação para a equipe.

Trabalha e organiza o projeto de forma a que os objetivos de tempo, escopo e custo sejam

satisfatoriamente alcançados ao término do projeto.

Warren Banis em seus estudos, identificou certas competências de liderança que fazem

substancial diferença quando identificadas em gestores de projetos. Para ele, o gerente precisa

ser capaz de gerenciar a atenção da equipe. Com isso, ele quer dizer que os lideres de sucesso

tem a capacidade de atrair a atenção da equipe em relação ao objetivo do projeto. Devem

possui a capacidade de visualizar e principalmente transmitir essa visão e envolver as pessoas

com os objetivos do projeto. O gerente de projeto precisará também ser capaz de dar um

sentido ao projeto e correlacioná-lo com os objetivos estratégicos da empresa. Isso quer dizer

dar um sentido, uma razão ao projeto. Dessa forma, não só ficará mais fácil para a

organização aceitar e "comprar" esse projeto como também para a equipe de projeto.

Confiança é outra característica que deverá estar presente nos gestores de projetos. Ele deverá

transmitir confiança pois nele também será depositada a confiança da organização bem como

a confiança da equipe de projeto. Essa confiança poderá ser transmitida através do

estabelecimento, por ele, de altas medidas de performance as quais espera que sejam atingidas

pela equipe de projeto que, estimulada, reaja a essa solicitação prontamente.

Mas acima de tudo, tanto gestor quanto equipe necessitam demonstrar estar comprometidos

com os resultados estabelecidos para o projeto. E por fim, outra característica importante dos

gestores, é ser capaz de gerenciar a si mesmos. Manter-se motivado e demonstrar motivação e

Page 74: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

58

comprometimento com os resultados do projeto é crítico. Como diz Bennis (1984) "Como

médicos incompetentes, gerentes incompetentes podem até tomar a vida pior do que ela já é,

podem fazer as pessoas ficarem doentes ... alguns gerentes provocam ataques cardíacos e crises

nervosas a si mesmos e o que é pior, nos membros de suas equipes,,7o. Erros podem ser

cometidos mas os verdadeiros líderes aprendem com eles e rapidamente recomeçam

novamente.

Como mencionado por Bennis (1984), em projetos onde são encontrados líderes, as pessoas se

sentem parte do um todo, cada uma faz diferença no sucesso do projeto ou da organização. O

aprendizado e a competência fazem a diferença, não existem erros mas sim a aceitação desses

erros e o aprendizado que se obtém através deles. As pessoas fazem parte do conjunto, como

uma grande família e o trabalho se toma excitante, estimulante, desafiador e principalmente

divertido.

2.2.2.5 Algumas competências para um Líder de Projeto

Além de todas as características já mencionadas Bennis (1984) adiciona ainda que um líder de

projeto deve entender a tecnologia envolvida no projeto. Mas a que nível de profundidade

alguns podem se perguntar, o suficiente para fazer as perguntas certas e avaliar se as respostas

dadas apresentam ou não coerência. Se um grau mais profundo de conhecimento for

necessário, o líder de projeto deverá se valer da ajuda dos especialistas que, com certeza,

fazem parte da equipe de projeto. Deverá ter conhecimento do processo de gestão ou seja, ter

conhecimentos e experiência básica em cargos de gerencia. Ter noções de planejamento,

organização de tarefas, técnicas motivacionais, direção e controle bem como a habilidade para

visualizar o contexto do sistema a ser implantado dentro da estratégia do projeto. Um projeto

é composto de um seqüênciamento de subprojetos e atividades e uma alteração, atraso ou

problema ocorrido em um desses subprojetos, irá afetar os demais. Ao identificar problemas,

o gestor de projetos precisa saber tomar decisões dentro do contexto do projeto. Necessita

saber coletar dados suficientes para poder avaliar as possíveis decisões e implementá-las.

70 WARREN Bennis, "Good Managers and Good Leaders", Across the Board, October 1984.

Page 75: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

59

Precisa saber considerar meios alternativos para atingir os objetivos do projeto e entregar

produtos que agreguem valor para os clientes, traduzidos em produtos, processos ou serviços.

Deverá sempre ter uma atitude positiva, nas horas boas e principalmente nas horas más do

projeto. Precisa saber estimular a equipe e os Stakeholders, enfim, ser o mentor da equipe, seu

professor, seu coacher. Às vezes ele acaba por fazer mais o papel de facilitador, trabalhando

focado na equipe e nos Stakeholders para alcançar os resultados.

É necessário ter habilidade para assumir riscos na gestão do projeto. Quanto mais complexo o

projeto, maior é o seu risco. É importante identificar dentro do projeto aqueles membros na

equipe capazes de avaliar e mensurar apropriadamente o risco bem como trabalhar com

especialistas em desenhar estratégias que reduzam esse risco. Deve ser persistente porém

tendo o cuidado de não gerar um abismo entre a realidade e o sonho.

Um gestor de projeto deverá possuir atributos favoráveis ao relacionamento interpessoal que o

tomem capaz de não só selecionar a equipe de projeto, bem como trabalhar com esta e os

demais Stakeholders do projeto, estabelecendo uma cultura de comprometimento, lealdade,

respeito, confiança e dedicação. Deverá ter a capacidade de trabalhar através e com pessoas,

ganhando delas a confiança e o suporte em todas as circunstâncias do projeto. Um dos fatores

que causam a maior parte das falhas dos gerentes de projeto é o fato deles não possuírem

habilidades de relacionamento interpessoal.

o sucesso de um projeto, dependente em grande grau da interatividade entre equipe de

projeto, Stakeholders e a Organização. Muitas vezes a rede de relacionamentos existente na

organização é uma variável que conta quando se necessita ter algo feito e vai muitas vezes

além da autoridade do gestor de projetos. No inicio do projeto, o líder de projeto dedica uma

boa parte do seu tempo além do planejamento, à criação de uma rede de relacionamentos,

identificando pessoas que ele entenda que possam ser úteis em algum momento do projeto

para fazer as coisas acontecerem. Estas atividades estão ligadas também a atividades de

Change Management, especificamente no mapeamento dos Stakeholders, tema que será

tratado com mais detalhes na seção 2.5.

Page 76: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

60

Por fim, a habilidade mais esperada de um gestor e líder de projetos, é a capacidade de

produzir resultados atingindo os objetivos propostos no tempo, dentro do custo e dentro do

escopo.

A pessoa que gerencia um projeto necessita ser simultaneamente, um bom líder e um bom

gerente, reunindo o maior número de características mencionada até aqui.

Cleland (1999) em seu livr07l comenta que em um encontro de gerentes seniores experientes

em gestão de projetos de uma empresa de sistemas, nove participantes foram solicitados a

escrever em palavras ou frases, as características que eles observaram em bons líderes de

projetos com os quais eles se depararam durante suas carreiras. Outros 8 desses mesmos

gerentes foram solicitados em seguida, a comentar as características observadas em maus

líderes de projetos. Os resultados dessa análise apresentamos na Tabela C - Análise

comparativa entre Bons e Maus Líderes a seguir:

Tabela C - Análise comparativa entre Bons e Maus Líderes

Bons Líderes de Projetos Maus Líderes de Projetos

• Possuem atitude positiva. • Se utilizam do cargo e da autoridade para orientar a equipe.

• Possuem interesse nos aspectos pessoais dos • membros da equipe.

• Antecipam-se aos problemas antes de que eles se • tomarem evidentes.

• Comunicam claramente a visão de futuro que o • projeto necessita alcançar e comunicam essa visão para a equipe envolvida no projeto, permitindo que esta faça contribuições para o alcance dos objetivos.

Não aceitam sugestões e/ou rejeitam sugestões não politicamente corretas.

Mudam o direcionamento do projeto e/ou o escopo pela sua própria vontade culpando os outros pelo que foi feito de errado.

Não pedem ajuda, não dão o exemplo e desconhecem os aspectos técnicos do processo.

• São também gerentes orientados a resultados. • Não parabenizam, apenas criticam. Não sabem dar os parabéns por um trabalho bem feito.

• Orientam seus subordinados no direcionamento. Não transmitem a visão de futuro e não explica o do trabalho permitindo o seu crescimento focado porque.

71CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd. Edition. Singapore:

McGraw-Hill, 1999.

Page 77: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

61

Bons Lideres de Projetos Maus Líderes de Projetos

em objetivos.

• Exercem o papel de mentor e não de mestre. • Não se posicionam com relação aos problemas quando eles surgem.

Escutam sugestões e idéias dos seus subordinados • membros da equipe.

Pedem sugestões e idéias sobre como solucionar • problemas.

Não escutam novas idéias, não sabe com o fazer críticas construtivas. Esperam a perfeição.

Estão pouco interessado nas pessoas.

• Enfatizam o trabalho em equipe. • São completamente focados na autopromoção.

• São sensíveis ao efeito que certas decisões • provocam na equipe envolvida com o projeto.

• Reconhecem as contribuições individuais e as do grupo.

• Saem do escritório e vão ao campo acompanham o projeto in loco.

• Permitem aos seus subordinados a participação em subprojetos de sua escolha.

Se comunicam com a equipe utilizado termos negativos, gritando e gesticulando.

Fonte: CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3,d. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999

Vergara (1999) em seu livro "Gestão de Pessoas"n descreve resume uma lista de ações que

um gestor pode fazer para provocar a motivação das pessoas. Curiosamente, a maioria dessas

ações estão diretamente relacionadas com as características às quais os gerentes seniores e

experientes gerentes de projeto apontaram como características dos bons lideres. Isso reforça o

fato de que procurar ter atitudes como aquelas as mencionadas pelos experientes gestores de

projetos, realmente faz uma grande diferença durante a implantação de um projeto ou na

realização de um trabalho.

Complementando o que foi mencionado anteriormente, adicionamos algumas outras

características de líderes de projeto mencionada por Vergara (1999) 73:

72 VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 1999. 73 Idem.

Page 78: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

62

• Reconhecer o trabalho realizado. Às vezes basta um simples parabéns;

• Explicitar as recompensas individuais e as grupais oferecidas pela empresa em um

processo de reconhecimento pelo esforço despendido;

• Aceitar as possibilidades e os limites das pessoas. Todos nós, indistintamente, temos

forças e fraquezas;

• Compartilhar autoridade. As pessoas tem a tendência de delegar tarefas sem compartilhar

a autoridade necessária para a sua realização, desprezando assim a força do

comprometimento embutida na autoridade. Comprometimento funciona como

cumplicidade na busca e na realização dos objetivos empresariais;

• Permitir que as pessoas errem e incentivá-las a aprenderem com os erros. A questão

crucial não é errar mas insistir no erro;

• Respeitar o tempo das pessoas;

• Educar, sobre tudo dando o exemplo. O exemplo é, indubitavelmente, a forma mais eficaz

de educar;

• Nunca constranger uma pessoa na frente da outra. Isso dói muito, humilha e fere a auto­

estima.

• Dar às pessoas o direto de expressar os seus sentimentos.

• Fazer com que o discurso corresponda a uma ação. Quando as palavras correm para um

lado e as ações para outro, o que se transmite é incoerência, desconfiança e insegurança.

Page 79: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

63

2.3 A Mudança, o Change Management e algumas considerações sobre Cultura

Organizacional

Nas seções anteriores foram apresentadas conceituações relativas a Project Management,

sistemas de ERP e foi apresentado um típico projeto de implantação de sistemas de ERP. Foi

também discutida a importância da formação da equipe de projeto e foram apresentados temas

relacionados com a questão da Liderança relacionadas aos gestores de projetos. Nesta Seção

vamos fazer uma revisão sobre a Mudança, os fundamentos da metodologia de Change

Management e faremos também algumas considerações sobre a Cultura Organizacional das

empresas e dos projetos.

2.3.1 Identificando os fatores motivadores da Mudança

A globalização e tudo o que ela trás consigo, tem provocado, não só nas sociedades como

também nas organizações modernas, grandes mudanças. As organizações têm procurado se

preparar para um novo ambiente onde a concorrência e a constante busca pela produtividade

as têm levado a dedicar grandes esforços no sentido adaptar suas estruturas organizacionais e

mecanismos de produção às novas demandas. O domínio da informação representa, cada vez

mais, uma nova forma de poder. Aquele que detém a informação, possui uma vantagem

competitiva. Para isso, as empresas se interligam, em todo o mundo, através de redes e cabos,

para dominar a informação e conquistar uma eficiência cada vez maior. A organização

moderna, ganhou uma enorme eficiência com a inovação tecnológica. A implantação de novos

sistemas de gestão como os sistemas de ERP- Enterprise Resource Planning, tomou-se uma

prática comum nas grandes organizações como variável na garantia de um diferencial

competitivo. Para as empresas serem bem sucedidas diante dessa realidade, necessitam de

sistemas de informação flexíveis, capazes de atender àquilo que o mercado determina em

tempos compatíveis com a velocidade em que o negócio muda. Esta é a justificativa para a

proliferação de sistemas de ERP a partir da década de 90. Cada vez com mais freqüência,

pacotes de software como soluções integradas são vistos pelas empresas como a resposta às

suas necessidades de informatização por diversos fatores. Dentre esses fatores, podemos

destacar a redução do tamanho e do custo da área de informática pela uniformização de

Page 80: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

64

ambientes de processamento e terceirização do desenvolvimento e manutenção de sistemas

informáticos, a descentralização do processamento das informações e da redução da

dependência do CP074.

Também, a necessidade de simplificação das funções contábeis, financeiras, fiscais,

administrativas e de confecção de relatórios gerenciais bem como a necessidade de reduzir

custos operacionais necessários e o desejo de manter os processos e gestão do negócio sob

controle bem como o abastecimento das áreas de vendas, de compras e de assistência técnica

são outros fatores que favoreceram a proliferação de sistemas de solução integrada.

Evitar duplicidades, assegurar sinergias e gerar indicadores que permitam avaliar melhor o

desempenho do negócio, assim como o desejo de padronizar procedimentos e tecnologias nas

diversas unidades de negócio da organização e de suas filiais em diversos países, pela

utilização de um mesmo sistema de informação que suportasse as operações da empresa em

todos esses locais, facilitando assim o atendimento das exigências de seus principais clientes

na troca de informações e pedidos bem como na simplificação do processo de obtenção de

informações e na utilização dos mesmos sistemas de informação que eles. E mais do que tudo,

ser pioneiro na utilização de novas tecnologias, ou aplicar tecnologia similar àquela utilizada

por seus principais concorrentes.

Esta tendência se consolidou a partir do início dos anos 90, suportada pela disponibilidade

cada vez maior de produtos desta natureza (para todos os tipos de aplicações, plataformas de

hardware e ambientes operacionais e capacidades de investimento) e pela pressão crescente

para a redução de custos, necessidade de rapidez na resposta às demandas de diversas áreas de

negócio e seus usuários e pela incorporação de Best Practices aos sistemas de informação

comercializados.

2.3.1.1 Como a mudança na estrutura organizacional vem sendo tratada pelos

estudiosos

74 CPD - Centro de Processamento de Dados

Page 81: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

65

De acordo com a Prof. Fisher (2002), a escola de administração científica (Taylor e Ford),

genericamente considerada o berço do surgimento da administração como teoria, dá um

tratamento superficial e desinteressado ao tema "Mudança Organizacional". Esta linha de

pensamento tem uma visão mecanicista, onde as peças de uma engrenagem são substituídas

ou racionalmente alteradas para apresentarem um desempenho o mais próximo possível do

esperado. Ou seja, ações de mudança consistem em alterar a configuração de processos de

trabalho com o objetivo de aumentar a sua racionalidade. Elas são tratadas como um projeto

específico.

Já a escola de Relações Humanas (Mayo ; McGregor), muda "o foco da gestão para as pessoas

e suas relações com o ambiente organizacional, contrapondo-se à visão mecanicista, tendo

sido enriquecida com o surgimento da abordagem sócio-técnica que compatibiliza os

determinantes técnicos do trabalho com a configuração das relações sociais, a qual possibilita

a criação de técnicas e métodos inovadores de gerenciamento da mudança, baseada em

conhecimentos adquiridos sobre a dinâmica dos pequenos grupos - Team Building (Escola de

Desenvolvimento Organizacional). Seu mérito está em associar o conceito de mudança ao

conceito de desenvolvimento, removendo, em parte, as características negativas - de crise e

conflito, o caos dificil de ser administrado - que o conceito carregava em sua origem,,75.

Mas foi na década de 70 e 80, que o avanço tecnológico, a competitividade e o novo

comportamento dos consumidores, fatores externos à organização, motivaram o

redirecionamento estratégico das empresas, levando-as a mudanças organizacionais, que

exerceram um papel determinante nos fatores motivadores da mudança. Esta, passou a ser

vista como uma estratégia empresarial, provocando profundas transformações organizacionais

e obrigando as organizações empresariais a reverem os seus modelos de gestão pois as

empresas deixaram de viver processos nos quais as mudanças não eram apenas lineares e

incrementais mas abrangentes e transformadoras pois não afetavam apenas algumas áreas

organizacionais mas sim os seus processos como um todo.

75 Mudança e Transformação Orghanizacional, Prof. Dra. Rosa Maria Fisher - Mudando os Paradigmas da Mudança.

Page 82: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

66

"Impressionados com a amplitude desses processos de mudança, alguns autores dos anos 70 e

80 conceituaram-nos como Mudanças de Larga Escala definindo-as como uma transformação

durável no caráter organizacional que altera significativamente a performance da

organização,,76. Quando falam deste caráter organizacional, conforme demonstrado na Figura

XI - Caráter Organizacional, os autores desta linha de pensamento estão se referindo ao que

se poderia denominar de "Características Genéticas da organização: a natureza dos produtos

ou serviços que justificam a sua existência; os processos produtivos que adotam para realizá­

los assim como os procedimentos administrativos e práticas gerenciais com que conduzem

tais atividades, a distribuição de responsabilidades, os critérios de integração, coordenação e

diferenciação com os quais determinam os padrões de relações internas; os canais de

relacionamento que estabelecem com o ambiente em que estão inseridas, com os Stakeholders

com os quais interagem e com as comunidades sociais que estão em seu entorno,,77.

Cartiter Ol1lt:m;t.llc;onlll Caracterlsticas Geneticas tia OrgallizaçiJo

I I I Produtos Processo Práticas e Serviços Produtivos Gerenciais

Atribuições e Relações com Responsabilidades Stakeholders

Figura XI - Caráter Organizacional

Considerando todos estes aspectos, constata-se que a mudança organizacional não poder ser

encarda como uma projeto isolado que ocorre esporadicamente no cotidiano organizacional.

Sendo tão abrangente, profunda e multidimensional, a mudança necessita ser conceituada,

concebida e gerenciada como um processo de transformação contínuo. A transformação

organizacional, como um dos processos organizacionais, está diretamente relacionada à

76LA WER I1I, E.E. et aI.. The Phenomenon ofLarge Scale Organizational Change. In Lawer III E.E. (org.) Large Scale Organizational Change. San Francisco. CA. Jossey-Bass Inc. 1989.

77Mudança e Transformação Organizacional, Prof. Dra. Rosa Maria Fisher - Mudando os Paradigmas da Mudança.

Page 83: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

67

dinâmica de funcionamento de uma organização bem como às suas estratégias de ação. Ela

funciona como um processo contínuo de aprimoramento de seus sistemas, processos, políticas

e práticas de gestão, entre outros e deve ser gerenciada e modelada com instrumentos que

asseguram a sua intemalização por todos os níveis e esferas da organização.

2.3.2 O que é Change Management

Com o aumento dos processos de mudança ocorridos nas empresas, a partir dos anos 90,

muito passou a se estudar sobre este tema. Da primeira onda de projetos que envolviam

mudanças de alguma forma, sejam essas mudanças de processos ou de sistemas, muito se

pode aprender sobre os erros e acertos desse processo.

De acordo com a equipe de consultores da PWC, o Change Management é o processo de

gerenciamento da transição em qualquer tipo de projeto que envolva alguma forma de

mudança, objetivando reduzir resistências e obter o maior comprometimento por parte dos

envolvidos de alguma maneira com essa mudança. A equipe de Change Management tem a

responsabilidade de captar dentro da organização e da equipe de projeto, quais as percepções

dos seus membros quanto às mudanças tratadas pelo projeto. E durante todo o período do

projeto, implementar ações e atividades que tem como objetivo reduzir as barreiras desses

indivíduos às mudanças propostas no decorrer do projeto.

Se a mudança for gerenciada, ela será implementada com mais sucesso gerando menos

desespero nos envolvidos.

o Change Management aborda as seguintes atividades durante o projeto:

• Identificar e gerenciar os Stakeholders;

• Elaborar o Plano de Comunicação;

Page 84: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

68

• Transferir habilidades e conhecimento através da implementação do Plano de

Treinamento contemplando habilidades e conhecimentos técnicos trazidos pelo projeto;

• Dar apoio e suporte à gerencia do projeto na identificação dos perfil dos recursos

necessários para o projeto, na seleção desses mesmos recursos e na integração da equipe

do projeto; e

• Acompanhar a liderança do projeto durante o seu desenvolvimento.

2.3.2.1 Fator Mudança

Nem todas as mudanças provocadas pela implantação de um projeto são facilmente aceitas

pela organização principalmente porque esses projetos alteraram a forma como cada indivíduo

está acostumado a se relacionar com o seu trabalho e as suas rotinas diárias. Alterar esse status

quo, na maior parte das vezes, provoca fortes movimentos de resistência à mudança. Os

fatores são muitos mas podemos dizer que o medo das mudança, da perda que virá com ela,

são as principais razões que geram resistência.

A equipe de Change Integration78 da Price Waterhouse79, elaborou um trabalho consolidando

uma série de observações relativas a experiências adquiridas durante a implantação de

projetos relacionadas ao processo de mudança enfrentado pelas organizações nas quais

implantou, entre outros, sistemas de ERP. Como resultado desse trabalho, codificaram uma

série de situações que se repetiam em seus projetos e que valem a pena ser analisadas e

consideradas como material de análise neste trabalho, sendo importante levá-las em

consideração quando se tiver interesse em garantir o sucesso de projetos de mudança como

por exemplo, um projeto de implementação de sistemas de ERP.

O primeiro deles diz respeito à aceitação do fato de que as empresas nos dias de hoje não são

imutáveis, a mudança é uma constante e que o fato das organizações estarem constantemente

buscando maior produtividade, faz com que internamente suas estruturas sejam

78THE PRICE W A TERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995.

79 Antes da fusão com a Coopers & Lybrand

Page 85: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

69

freqüentemente remodeladas e ajustadas às novas necessidades do negócio, modificando

assim processos e implantando novas ferramentas de trabalho e de gestão.

A preparação do terreno para a mudança se inicia buscando consenso dentro da organização.

Normalmente este processo se inicia com a alta administração e, em seguida, baixa-se para o

escalão inferior da companhia. Se a alta administração der o exemplo com o seu

comprometimento com o projeto, obter o mesmo comprometimento das demais esferas da

organização se toma uma tarefa mais fácil.

A mudança deve estar sustentada por uma gestão forte. A alta administração deverá estar

comprometida e profundamente envolvida nos projetos internos devendo dar apoio ao líder do

projeto fazendo ver ao resto da organização o quanto este ou aquele projeto é prioritário e

quanto esforço as diversas áreas da empresa deverão concentrar nessa empreitada. Deverá

procurar medir e melhorar o desempenho das áreas mais importantes da organização definindo

o escopo de atuação dessas áreas pois a mudança trazida com o projeto, fará com que seja

necessário rever o atual sistema de avaliação de desempenho da organização.

Dentro de toda organização formam-se grupos de interesse, interesses esses que nem sempre

são compartilhados por todas as áreas da organização. Se esses grupos não estiverem

comprometidos com a mudança, poderão representar um sério obstáculo para o sucesso do

projeto. É importante mapear o terreno identificando quem são esses grupos e quais os seus

motivos para apoiarem ou não o projeto para então definir uma estratégia de ação sobre esses

grupos (mapeamento dos Stakeholders).

A organização necessita não só concentrar esforços aonde o retomo for maior, bem como

precisa definir suas prioridades. Não tentar implantar simultaneamente milhares de projetos

que afetam profundamente a organização sob a pena de terem não só esses projetos mas

também a performance da organização prejudicada.

Com a implantação, por exemplo, de um projeto de ERP, áreas que antes pouco se

relacionavam entre si, passam a ser obrigadas a se comunicar pois os processos antes

executados individualmente, claramente passam a se interrelacionar fazendo com que cada

Page 86: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

70

vez mais cada uma das áreas da organização dependam umas das outras. Portanto, a

capacidade que a organização, seus altos executivos e seus multiplicadores tiverem para

aceitar a mudança, será a chave do sucesso na implantação de um sistema de ERP nessa

organização. Essa mudança precisa e deve ser gerenciada e para isso são estabelecidos

Projetos de Mudança. Se a organização deixar o cliente (interno e externo) conduzir a

mudança, se eles perceberem que a mudança trazida pelo projeto vem ao encontro das suas

necessidades, eles serão os primeiros a conduzir a própria mudança.

A comunicação feita à organização e àqueles envolvidos direta ou indiretamente com o

projeto é fundamental para que o projeto dê certo. Em um projeto de implantação de um

sistema de ERP por exemplo, a comunicação, à medida que as mudanças ocorrem, deve ser

uma constante. As mudanças que surgem com os projetos alteram o status quo da empresa,

permitindo mostrar onde estão os velhos problemas e revelar aonde podem estar as novas

soluções. Incentivar a equipe a pensar grande e a inovar, a externar suas idéias é importante.

Novas tecnologias e ferramentas de gestão requerem pessoas mais qualificadas para manuseá­

las, tirando delas o maior proveito possível portanto, investir no capital humano, desenvolver

habilidades nos recursos da organização, em todos os níveis, principalmente daqueles que

estão na linha de frente do projeto, é fundamental.

E acima de tudo, é necessário planejar a mudança detalhadamente através da elaboração de

um plano de ação detalhado, registrando as mudanças de processos, de sistemas, de pessoas e

necessidades de treinamento.

2.3.2.2 Um projeto de mudança e o processo de Change Management

o processo de Change Management é constituído por uma série de etapas começando pela

identificação das necessidades de mudança. "Um projeto de mudança é constituído

basicamente por uma justificativa poderosamente persuasiva em favor das modificações a que

Page 87: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

71

se propõe. Deve trazer consigo um senso de urgência e deve estimular as pessoas a agirem"so.

Como por exemplo, em uma organização, a identificação da necessidade da troca de sistemas

não integrados por sistemas de sistema de ERP como conseqüência da necessidade de

melhorar os processos da organização ou melhorar a produtividade. Em seguida, é necessário

preparar o terreno para uma mudança dessa magnitude. Preparar a cabeça da organização e

fazê-la ver que uma mudança como essa é necessária. "Um terreno bem preparado para a

mudança apresenta uma proposta clara e persuasiva do direcionamento estratégico juntamente

com as medidas específicas de suporte"Sl. Em paralelo à criação de uma equipe de projeto

para a implantação de um sistema de ERP, deverá se criar uma equipe de Change

Management. Essa equipe será responsável pela gestão da mudança originada pelo projeto

dentro da organização.

2.3.2.3 Identificação dos Stakeholders

o apoio dos grupos de interesse (Stakeholders) é o maior obstáculo que se entrepõe entre o

um projeto de mudança na teoria e o que efetivamente na prática está sendo implementado.

Motivar pessoas para que defendam o projeto como se fosse delas, não é uma tarefa fácil

principalmente em função do número de pessoas envolvidas no projeto e, principalmente, se

houver um histórico de fracasso em projetos ocorridos anteriormente na organização.

Identificar os Stakeholderi2, seus desejos e necessidades é uma atribuição da equipe de

Change Management e é uma condição necessária para garantir o seu compromisso com

relação à mudança trazida pelo projeto. Desta forma, na fase inicial do projeto, é importante

identificar um conjunto inicial de pessoas envolvidas no projeto (os Stakeholders), procurando

compreender como elas percebem a mudança proposta pelo projeto. Esses Stakeholders

podem ser empregados, acionistas, diretores e gerentes, eles podem ser inclusive fornecedores

SOTHE PRICE WATERHOUSE CHANGE INTEGRATION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforrning your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995.

slIdem. S2Stakeholder pode ser entendido como indivíduo ou grupo que em algum momento durante o ciclo de mudança,

afetarão ou serão afetados pelo processo de mudança (estes poderão ser entendidos como: empregados, clientes, acionistas, fornecedores e outros parceiros de negócio) in THE PRICE WATERHOUSE CHANGE

Page 88: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

72

e clientes. Será importante identificar aqueles que apostam na mudança bem como aqueles

que serão mais ou menos afetados pela mudança, pois dependendo do grau que a mudança

proposta pelo projeto venha a afetar esses Stakeholders, eles terão uma postura positiva ou

negativa para com o projeto. A equipe da PWC sugere a utilização da matriz abaixo para

mapear os Stakeholders. A lista de Stakeholders pode ser dividida em dois grandes grupos,

conforme ilustrado na Figura XII - Mapeamento do apoio dos Stakeholders com

referência à mudança pretendida, a seguir:

...... ..10_"__ AlIo p ............

Figura XII - Mapeamento do apoio dos Stakeholders com referência à mudança pretendidas3

Em primeiro lugar, é necessário entender os objetivos e características dos Stakeholders.

Existem duas classes de Stakeholders. Aqueles que apoiam a mudança e os são motivados

pela mudança. Os primeiros, poderão se transformar em agentes de mudança e irão buscar e

lutar por obter o compromisso de toda a organização. Os segundos, expressarão suas

percepções negativas, ficarão distantes e tentarão minar os projetos. Existe ainda o grupo de

pessoas que já participou de projetos semelhantes, entretanto mal executados e mal sucedidos

e que se mostram contra os demais projetos. Essas pessoas precisarão ser trabalhadas,

preparadas para aceitas o projeto.

INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995.

8\n THE PRICE W A TERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforrning your Organization)

Page 89: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

73

Será necessário identificar cada um dos Stakeholders de acordo com o alto ou baixo impacto

em que as mudanças contempladas em um projeto o afetarão e o quanto se avalia que eles o

apoiarão quanto às mudanças pretendidas pelo projeto. Como base nesse mapeamento,

deverão ser pensadas ações para trazer e comprometer esses Stakeholders com o projeto e

acompanhar os resultados e a evolução dessas ações.

À medida que o projeto avança, a equipe de projeto irá i~entificar as barreiras que

provavelmente irão interferir na velocidade e no andamento do projeto. O grau de esforço

necessário para romper essas barreiras será considerável. Quanto mais rápido se identificar

junto aos Stakeholders quais são essas barreiras, mais rapidamente o projeto irá para a frente.

Uma técnica valorizada é a de fazer pressão contínua ignorando algumas dessas barreiras.

Entretanto, é conveniente manter-se um certo limite político e de preferência, com sustentação

do patrocinador, para não criar mais resistências e barreiras na organização. A melhor forma

de garantir o apoio é envolver um executivo chave para cada processo envolvido no projeto de

forma a exercer influencia junto aos demais membros da organização.

Para que tudo isso possa surtir resultados, "o gestor de um projeto de mudança deverá

procurar estar assessorado por uma equipe altamente credenciada e respeitada dentro da

empresa, para que o acesso a esses grupos e sua influencia sobre eles possa ser considerável"s4

2.3.2.4 A comunicação

O processo de mudança deve ser difundido por toda a empresa. Desde a alta administração até

o funcionário de menor nível hierárquico. Deve ser bem comunicado, com franqueza, através

de canais formais e informais, pois um empregado não modificará seu comportamento

enquanto a administração não prometer honestamente melhorar a situação e comunicar

convincentemente que o projeto de mudança que está a caminho é parte da solução para esse

próprio indivíduo. A credibilidade é a base da comunicação eficiente devendo-se evitar a

84 THE PRICE W ATERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Pág.73

Page 90: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

74

disseminação de informações enganosas, independente de interesses políticos ou operacionais,

sob o risco de denegrir a imagem e confiança no processo de comunicação do projeto. As

melhores mensagens são simples e diretas. "É sensato avaliar o grau de confiança que os

interessados depositam nos patrocinadores e nos líderes executivos do projeto. Se a

credibilidade for baixa, a estratégia de comunicação deve ser mais voltada para o exemplo do

que para as palavras. As ações devem ser cuidadosamente selecionadas, visando sustentar a

mensagem que se pretende transmitir e demonstrar que a administração age conforme prega.

Empregados precisam sentir confiança na administração, porém, o exemplo e não as palavras

é que é a base de tudO.,,85

Nada de segredos. Na maior parte das vezes, os segredos resultam em comprometimento da

verdade e resultam na "diminuição do compromisso e da motivação do interessados".86 A

rádio corredor é uma realidade e se não for bem administrada poderá minar o projeto.

Entretanto, será possível se valer da radio corredor se através dela for transmitida a mensagem

do que a empresa está fazendo e o que pretende fazer. "Comunicação é a sombra por trás de

tudo o que se faz no processo de transformação: não é o primeiro elemento que existe na

mente de uma pessoa, mas não se pode ir a lugar nenhum sem ela. Comunicação é

fundamental na produção da mudança.,,87

Um programa de comunicação bem formulado deve dirigir-se para as preocupações das

pessoas envolvidas de alguma forma com o projeto, comunicar o progresso conseguido,

sustentando o entusiasmo das pessoas da equipe de projeto e da organização. O programa

precisa transmitir uma mensagem clara, com conteúdo e que focalize a lógica da mudança.

85 THE PRICE WATERHOUSE CHANGE INTEGRATION TEAM. Betler Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Pág. 98

86 "Um fabricante de video-games descobriu a futilidade de guardar segredos ao planejar demissões. A administração ameaçou processar qualquer membro da equipe de planejamento que deixasse vazar qualquer tipo de informação. Todas as reuniões eram encerradas com uma sessão de destruição de papéis, visando minimizar a possibilidade de exposição acidental. Quando as demissões foram finalmente anunciadas, todos ficaram boquiabertos aos saber que os empregados já sabiam de tudo havia muito tempo - incluindo detalhes, como nome e quantidade de empregados a ser demitidos! No final, a administração saiu perdendo por três motivos: causou estresse desnecessário a seus membros, perdeu credibilidade junto à força de trabalho, que se inteirou das notícias indiretamente, e qualquer beneficio relacionado à oportunidade da divulgação foi perdido." In THE PRICE WATERHOUSE CHANGE INTEGRATION TEAM. Better Change: Best Practicesfor Transformingyour Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995, Pág. 100

87 THE PRICE W ATERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995.Pág. 94

Page 91: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

75

É importante entretanto, entender que "a eficiência da comunicação está intimamente

relacionada à cultura organizacional de empresa. 88

Existem algumas qualidades para a elaboração de um plano de comunicação eficiente sendo

elas honestidade, apresentação do panorama geral juntamente com a relevância do projeto

para a organização, a adoção por parte da empresa de uma postura construtiva, a garantia de

uma consistência verbal, escrita e de comportamento e a garantia da continuidade, reforçando

constantemente o compromisso com a iniciativa de mudança.

2.3.2.5 A formação da equipe e o Change Management

A contribuição da equipe de Change Management na formação da equipe de projeto está

relacionada com o acompanhamento da definição da estrutura do projeto, da formação do

comitê gestor do projeto e no monitoramento constante do cliente dentro do comitê.

Adicionalmente, ela apoia o gestor na definição do perfil dos recursos necessários para a

equipe, procurando-os dentro da própria organização, com aderência ao perfil definido, com o

conhecimento técnico ou do negócio necessários para participar da equipe de projeto, pela

duração deste. Ela ajudará também a definir a quantidade de recursos necessária.

Em seguida, a equipe de Change Management coordena o processo de integração dos

membros selecionados à equipe do projeto. Sua participação vai desde o convite à

88 "quando uma grande fabricante de brinquedos decidiu introduzir laptops para assistir a força de vendas no desenvolvimento de pedidos planejados, vendedores muito experientes acharam que a administração estava pretendendo alterar a sua maneira de trabalhar. Para se livrar da resistência e da negatividade que provavelmente surgiram, o presidente da empresa decidiu transformar a entrega dos laptops em um evento, associando-o à feira anual de brinquedos, a exposição mais importante do setor. Os vendedores ficaram encantados com a demonstração do sistema, A participação nessa demonstração fez com que cada vendedor recebesse um botton com os dizeres: EU VI FUNCIONANDO ! Os que concordaram em experimentar a ferramenta nova e fazer a encomenda de uma unidade recebiam outro botton que dizia: ADOREI! Em muitos outros ambientes essa abordagem poderia ter parecido banal, para essa força de vendas em particular, funcionou". In THE PRICE WATERHOUSE CHANGE INTEGRATION TEAM. Better Change: Best Practicesfor Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Pág. 99

Page 92: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

76

confirmação da aderência deste perfil às necessidade iniciais, continuando com os eventos de

integração até o final do projeto.

Os eventos mais comuns realizados pela equipe de Change Management são o Kick OjJ, onde

a equipe participa do primeiro evento de integração, bem como eventos de integração

periódicos. Ela deverá participar também da fase de encerramento fazendo o acompanhamento

do desligamento da equipe de projeto.

2.3.2.6 Outras considerações sobre liderança e a formação da equipe de projeto

Embora estes temas já tenham sido bastante analisados em seções anteriores, aonde

analisamos detalhadamente cada um desses conceitos e revisamos a bibliografia existente

sobre o tema, complementamos sua análise fazendo referencia a questões comentadas

especificamente pelos especialistas em Change Management da Price Waterhouse, como

resultado de sua análise de projetos de mudança.

Em projetos de implantação de sistema de ERP, que envolvem uma grande mudança, é

necessário que os gestores possuam habilidades e experiência compatíveis com a tarefa em

questão. "A habilidade política é um requisito básico, vindo em seguida uma certa

combinação de inteligência, experiência, formação e pulso firme. Os lideres da mudança

escolhidos precisarão ser capazes de estudar as linhas de processo, ser profissionais com seu

foco bastante voltado para o cliente, ... , deverão ser capazes de perceber problemas e

oportunidades de maneira singular. Respeitarão o fato de que as decisões tomadas por eles

afetarão a sorte de toda a empresa mas sabem que esse impacto não deverá impedi-los de

tomar tal decisão nem deverá tomá-los egocêntricos" 89. Identificar, designar e conservar um

time de gerentes de primeira classe é vital - mas não menos crítico do que a estrutura da

equipe do projeto em si.

89 THE PRICE W A TERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Pág. 34.

Page 93: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

77

Desta forma, a formação da equipe deve levar em consideração a qualidade e formação do

grupo de trabalho pois "a implantação de mudanças abrangentes requer combinação de

habilidades técnicas, influencia interna, e estilos pessoais"90. Além disso, é necessário pensar

que poderá ser preciso mudar a equipe de trabalho ao longo do projeto, dependendo de

necessidades ou habilidades específicas que se façam necessárias. A própria duração do

projeto faz com que por vezes a troca seja uma questão relevante visto que normalmente esses

projetos tem duração superior a 1 ano. É comum a troca de membros da equipe de

implantação embora não seja recomendável mudanças constantes uma vez que se perde um

pouco a continuidade do projeto.

Com relação à composição dos membros da equipe, os especialistas da Price Waterhouse

comentam que ela poderá contar também com membros internos da organização desde que "a

maioria da equipe seja formada por indivíduos respeitados na organização. Consultores

podem ser úteis, mas não devem dominar o grupO,,91. A consultoria trás a experiência

adquirida em outros projetos mas a equipe interna da organização é fundamental para garantir

a aceitação do projeto e das mudanças trazidas por este dentro da organização. "Quando o

grupo é formado inteiramente por pessoas de fora, os Stakeholders tendem a perceber a

mudança como algo imposto ao invés de uma iniciativa que brotou a partir dos conhecimentos

internos e das necessidades organizacionais - e nesse caso, estão pouco propensos aceitá-Ia,,92.

A equipe formada por membros do cliente patrocinador do projeto deverá ser logo posta a

trabalhar e, de preferência, em um local novo, longe de seus antigos locais de trabalho e do

ambiente ao qual estavam acostumados. Isso fortalecerá os laços da equipe, favorecendo o

processo de integração entre os membros e diminuirá o vínculo de lealdade com a

organização, que normalmente durante o projeto tenderá a atrapalhar o andamento do trabalho

uma vez que essas pessoas não conseguem desvincular as necessidades do projeto dos

interesses da organização. Essa distância facilita o processo de implantação e estabelece o

foco nas necessidades do projeto.

90 Idem Pág. 165 91 THE PRICE WATERHOUSE CHANGE INTEGRATION TEAM. Better Change: Best Practices for

Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Pág 169 92 THE PRICE W ATERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for

Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Idem. Pág. 35

Page 94: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

78

Os membros da equipe tanto interna como externa93, deverão ser encorajados a pensar

abertamente e sugerir. Constantemente pensar "E se ... ". É importante dar a chance à equipe

de projeto de propor inovações de processos e de métodos de trabalho entre outros.

Estabelecer metas de desempenho agressivas para a equipe de projeto possibilita melhores

resultados. As pessoas se sentem mais motivadas quando se vêem diante de uma meta

desafiadora.

A equipe da Price Waterhouse propõe uma estrutura de projeto ideal para a administração de

projetos de mudança complexa e multifuncional e a chamou de "Estrutura de Equipe Peso

Pesado,,94, conforme demonstrada na Figura XIII - Estrutura de Equipe Peso Pesado, a

seguir:

Figura XIII - Estrutura da Equipe Peso Pesado 9S

Nela, o gerente de projeto "é um profissional de nível sênior, um indivíduo bem respeitado.

Essa pessoa é liberada da estrutura funcional e se reporta diretamente ao responsável pelo

projeto".96

93 Equipe externa considerada com a equipe de consultores externos. 94. Idem. Pág. 35 95 THE PRICE W ATERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for

Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Idem Pág. 170

Page 95: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

79

Outro aspecto importante na formação de equipes internas é a delegação de poderes, ou seja,

"a criação de um ambiente em que os empregados da organização, de todos os níveis, sintam

que exercem influência verdadeira sobre os padrões de qualidade e eficácia de negócios,

dentro de suas áreas de responsabilidade,,97. Todos os empregados envolvidos no processo de

mudança que participam do projeto, tem poder para influenciar na qualidade dos produtos e

processos da organização. Os membros da equipe necessitam ter este conceito claro dentro do

processo de Change Management. A delegação de poderes aos membros da equipe, por sua

vez, provoca mudanças de comportamento uma vez que o indivíduo passa a se sentir

fortalecido pela responsabilidade que lhe foi atribuída.

2.3.2.7 Problemas mais comuns encontrados em um projeto de mudança

Todo projeto precisa ter uma vós de comando da mudança, ou seja, um líder, um responsável

que tem a responsabilidade de integrar projeto e as mudanças e inseri-las na mente das

pessoas e da organização. Se essa pessoa não estiver completamente envolvida e

comprometida, o sucesso do projeto poderá estar comprometido. Essa vós de comando deve

possuir todo o suporte da alta administração.

É importante analisar também um outro aspecto, as pessoas tendem a encarar as mudanças em

nível pessoal e por essa razão resistem ainda mais a elas. É portanto necessário, o mais rápido

possível, comunicá-las das vitórias ou beneficios que estas terão acesso como resultado das

mudanças propostas. Se elas conseguirem rapidamente visualizar esse ganho, deixarão de

constituir-se numa barreira resultando assim num grande ganho para o projeto.

A falta de definição de prioridades bem como fazer de tudo uma prioridade são causas que

levam um projeto ao fracasso bem como a existência de projetos concorrentes como

Qualidade Total, Reengenharia entre outros, e a omissão da alta administração em conciliar e

integrar projetos concorrentes entre si, poderá levar ao desperdício de recursos financeiros e

humanos bem como de tempo precioso da equipe e da organização. "A energia e lealdade de

96 Idem Pág. 169 97 Idem Pág. 121

Page 96: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

80

profissionais valiosos que competem uns com os outros, com o objetivo de manter sua área de

influência e/ou seus programas, constituí-se em um desperdício. A destruição causada por

batalhas dessa natureza, pode ser tão prejudicial que nenhum outro projeto atinge o resultado

pretendido,,98.

Um participante de uma conferência realizada na Harvard Business School, sobre

"administração de Negócios em Transformação" analisou que a própria existência de esforços

múltiplos é uma problemática para a empresa, muitas vezes eles são conflitantes entre si e

confusos além de mal compreendidos pelos empregados. Neste caso, faz-se necessário um

agente de mudança experiente para priorizar as metas, racionalizar atividades e tomar

decisões, mesmo que essas decisões sejam dificeis. "Deve-se trabalhar para garantir que os

melhores recursos sejam canalizados para os melhores projetos em prol da empresa como um

todo,,99 delegando responsabilidades aos demais líderes de projetos não só para que assumam

a liderança dentro do seu campo de domínio como também na missão mais ampla de integrar

esforços.

Adicionalmente, "a omissão em formar uma equipe talentosa e diversificada que represente

todos os interesses, é a causa do fracasso de muitos projetos. Equipes eficientes na condução

da mudança devem ser formadas por conhecidos inovadores e não pessoas comuns"IOO.

Devem ter diversidade de estilo e formação mas, acima de tudo, devem ter disposição para

cooperar. Treinar essa equipe, dedicar-lhe tempo e prepará-la para que esta assuma um papel

de integrador de esforço em seus projetos bem como em outros projetos que, por ventura,

possam estar em curso na organização.

Obter o apoio de grupos de pessoas envolvidas de alguma forma com a mudança trazida pelo

projeto, é um dos principais obstáculos para o sucesso de um projeto. Os próprios

Stakeholders se desmotivam a determinada altura do projeto. Existem algumas ferramentas e

métodos, que foram identificados e desenvolvidos no decorrer de projetos que procuram

98THE PRICE WATERHOUSE CHANGE INTEGRATION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Pág. 39

99 idem Pág. 147 100 THE PRICE W ATERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for

Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995. Idem Pág. 42

Page 97: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

81

facilitar esse processo de motivação e o envolvimento dos Stakeholders. Um dos maIS

comuns, é a formação de grupos de discussão. Eles farão com que os interessados contribuam

para o processo de mudança pessoalmente. Nesse momento será possível identificar mudanças

de postura em relação ao projeto ou seja, os pró-ativos poderão se tomar à medida que o

projeto avança, em reativos e vice versa.

Foi mencionado anteriormente o problema que surge quando os envolvidos assumem uma

postura pessoal em relação às mudanças. Nesse caso, uma das possíveis soluções é

transformar o membro problemático em um multiplicador, ou seja, atribuir-lhe a

responsabilidade por mais 3 ou 4 pessoas do grupo, com a responsabilidade de que ele se

relacione com eles e divulgue o projeto de mudança, pois os indivíduos motivados, adotam

uma postura pró-ativa e geram um efeito multiplicador.

A paciência é outra ferramenta que deve estar presente em todos os projetos. Em um projeto

de mudança, é necessário dedicar tempo e atenção aos Stakeholders, eliminando neles os

possíveis focos de ansiedade que poderão surgir com o decorrer do projeto. Para evitar a

inércia, é importante manter sempre ativos os canais de comunicação. Manter as pessoas da

equipe e os multiplicadores envolvidos. Convidá-los para se engajar em tarefas do projeto, em

ações que se façam necessárias durante o processo é outra possibilidade. À medida que um

projeto de mudança avança, as pessoas experimentam algo parecido com a dinâmica da curva

de mudança. Essa curva apresenta 6 estágios pelos quais passa uma pessoa envolvida em um

processo de mudança. A primeira fase é a da Pré Conscientização, fase na qual surge a

sensação de que algo precisa ser feito mas não se sabe exatamente o quê. Em seguida, vem a

fase da Conscientização onde se identifica que as mudanças são necessárias mas ainda não se

sabe como e aonde se quer chegar. A terceira fase, a da Preocupação Pessoal, é a fase onde os

detalhes da mudança passam a ser conhecidos e é quando surge a verdadeira preocupação:

"como é que isto vai me afetar?" Em algum ponto entre o auto questionamento e a busca de

soluções, começa o processo de aceitação. A quarta fase, a de Tentativa Mental, é quando se

nota que as mudanças começam a ser percebidas como inevitáveis, quando se tenta imaginar

como a mudança pode funcionar a seu favor. A quinta fase, a das Mãos à Obra, a fase dos

Page 98: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

82

pilotos. O ponto sem retomo surge entre esta e a fase seguinte, a sexta fase, onde ocorre a

Aceitação e o novo ambiente é aceito e implantado"lOl. No início, este processo requer um

esforço maior da equipe de projeto e da equipe de Change Management. "O verdadeiro

indicador de aceitação é o momento em que as pessoas mudam o modo de realizar seus

trabalhos e os resultados mensuráveis são atingidos,,102.

No caso da perda ou redução do envolvimento e do interesse, por parte dos envolvidos no

projeto, durante a evolução, o que pode ocorrer e normalmente ocorre em projeto de maior

duração é que não se deve fingir que não houve uma queda no entusiasmo da organização ou

da própria equipe. É importante trazer novamente o Stakeholder para dentro do processo,

envolvendo-o novamente nas atividades do projeto montando novamente grupos de discussão.

Nesse momento é importante procurar saber o que os membros da equipe e da organização

acham. A equipe da PWC sugere nesse caso que se crie um "terremoto" 103 , ou seja, que se

comunique algo na empresa que faça com que as pessoas acordem para a situação atual. As

atividades de Change Management em um projeto devem ser vistas como um investimento a

longo prazo pois o retomo dessas ações poderá levar mais tempo do que o previsto para surtir

o resultado esperado não são resultados que possam facilmente ser percebidos no curtíssimo

prazo.

101 THE PRICE W ATERHOUSE CHANGE INTEGRA TION TEAM. Better Change: Best Practices for Transforming your Organization. USA: Irwin Professional Publishing, 1995.

102 Idem Pág. 86 103 Terremoto neste caso refere-se à criação de um problema maior que procure abalar o status quo e trazer

novamente as pessoas à realidade, fazendo com que elas "despertem" da situação anterior.

Page 99: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

83

2.3.3 Considerações sobre a Cultura Organizacional

Apesar do emprego de modernas técnicas de gestão de projetos e todo o enfoque dado à

questão da liderança, da formação de equipes e a questões relacionadas a Change

Management, temos observado que grande parte dos projetos de implantação de sistemas de

ERP, desde o seu boom na década de 90, não obtiveram o sucesso esperado.

Algumas das possíveis razões para tal fato possam ser a má aplicação da metodologia, ou até

mesmo o fato das próprias organizações não estarem ou não se terem preparado para a

mudança que tais implantações trazem para os processos, políticas e as práticas de gestão da

Organização como um todo. Ou até mesmo porque as consultorias contratadas para gerir o

projeto não tenham sido capazes gerenciá-lo bem. Adicionalmente, observamos que o

processo de mudança envolvido em um projeto de implantação de um sistema de ERP nem

sempre leva em consideração algo tão importante dentro de uma organização como a sua

Cultura.

Transformar e modernizar uma organização com a implantação de um sistema ERP, mesmo

utilizando as técnicas do Project Management, não garante o sucesso dessa implantação se a

própria organização não encontrar o modo mais adequado de como mudar e o que mudar.

"Este como mudar, é próprio das especificidades de cada organização e do desejo de mudança

expresso em seus objetivos estratégicos. Por isso, o como mudar passa, necessariamente, pelo

desenvolvimento das pessoas, pela capacidade que elas tenham para compreender e

internalizar os valores da mudança, transformando-os em práticas organizacionais que

concretizem o desejo de transformação" 104. Organizações mais reativas a processos de

transformação organizacional, tendem a dificultar e criar barreiras ao processo de implantação

de sistemas de ERP, influenciando diretamente no seu sucesso ou fracasso.

2.3.3.1 A Cultura de uma Organização

104 Mudança e Transformação Organizacional, Prof. Dra. Rosa Maria Fisher - Mudando os Paradigmas da Mudança.

Page 100: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

84

Como definir Cultura? Poderíamos dizer que Cultura é um conjunto de refinados

comportamentos que as pessoas possuem em sociedade. De acordo com o antropologista E. B.

Taylor (1958), "Cultura inclui uma totalidade de conhecimentos, crenças, moral, leis,

costumes e outras capacidades e hábitos adquiridos pelos indivíduos como membros de uma

sociedade,,105. Adaptando melhor esse conceito às organizações, poderíamos dizer que

Cultura é a sinergia que se estabelece no compartilhamento de idéias e crenças associadas

com o modo de vida de uma organização. De acordo com Cleland (1999), Cultura

Organizacional consiste em acordos explícitos ou implícitos compartilhados pelos membros

dessa organização, os quais são expressos em valores, crenças e padrões bem como práticas

sociais e gerenciais. A Cultura desenvolvida, e que se toma característica dessa organização,

afeta o planejamento estratégico, sua implementação e consequentemente, a gestão de projetos

dentro da organização. "É possível identificar aspectos Culturais comuns que influenciam

positiva ou negativamente a prática gerencial e a condução de questões técnicas em uma

organização, como por exemplo: o exemplo dado pelos seus líderes, as atitudes demonstradas

versus as praticadas, as competências gerenciais e profissionais de seus recursos humanos, as

características percebidas a respeito da organização, a qualidade e quantidade de recursos

disponíveis para alcançar a missão, objetivos, metas e estratégias, os padrões de comunicação,

os papéis formais e informais, entre outros" .106

A Cultura Organizacional pode ser mudada de acordo com as modificações estruturais que se

produzem na organização. Ao estabelecer a sua missão, uma organização procura refletir ou

até mesmo às vezes criar uma identidade. Essa identidade por sua vez se expressa através da

sua Cultura, sendo esta uma forma poderosa de se manter uma Empresa unida.

2.3.3.2 A Cultura e os Projetos

105 Trecho extraído de E.B. Taylor, The Origins of Culture (New York: Harper & Row, 1958) em CLALAND, David I. Project Management. Strategíc Desígn and Imp/ementatíon. 3rd

. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

106 CLALAND, David I. Project Management. Strategíc Desígn and Imp/ementatíon. 3rd. Editíon. Singapore:

McGraw-Hill,1999.

Page 101: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

85

Projetos podem falhar ou ser bem sucedidos de acordo coma a Cultura de uma organização. É

quase impossível implementar um projeto que não seja consistente com a Cultura da

organização bem como ela tem um grande impacto no sucesso de qualquer coisa que a

organização queira fazer, muito mais do que qualquer Best Practice gerencial possa dar jeito.

Tanto a Cultura da empresa como a Cultura de um projeto dentro de uma empresa, são

mutuamente interdependentes influenciando um ao outro, de acordo a fase do seu

desenvolvimento.

Cada projeto possui uma cultura distinta embora esta seja reflexo de uma cultura universal

encontrada em todos os projetos. Cleland (1999) relaciona uma série de aspectos culturais

universais encontrados em quase todos os projetos. Segundo ele, além da equipe de projeto

"possuir um propósito comum, que é a entrega dos resultados esperados do projeto em termos

de cumprimento de prazos e orçamento, de forma a garantir o alcance das estratégias

organizacionais estabelecidas, ela deve ser constituída e organizada como uma força tarefa

orientada à melhoria contínua e à inovação dos processos organizacionais, produtos e serviços

como forma de garantir a própria sobrevivência da organização"I07.

Podemos dizer então que ocorre uma mudança cultural na empresa toda a vez que forças de

mudança aparecem na organização, forças que propõe mudanças no seu status quo como por

exemplo, projetos de implantação de ERP ou projetos de reengenharia108 os quais resultam em

redução da estrutura organizacional bem como realinhamento de processos. O maior desafio

para o gerente de projetos, nestes casos, é conseguir avaliar o quanto a mudança proposta em

cada um desses projetos irá afetar ou impactar a Cultura dessa organização, facilitando dados

à alta administração para que esta possa prever as ações que irão contrabalançar esses

impactos

Adicionalmente, essas mudanças também irão afetar a equipe de projeto e, sendo assim,

também é responsabilidade do gerente de projeto avaliar de que forma o projeto irá impactar a

107CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd• Edition. Singapore:

McGraw-Hill, 1999. 108 Tradicionalmente, projetos de implantação de sistemas de ERP são precedidos ou são implementados em

paralelo com projetos de reengenharia de processos os quais preparam o terreno, através da revisão e melhoria dos processos organizacionais, para a entrada do novo sistema de ERP.

Page 102: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

86

própria equipe do projeto. Em conjunto com especialistas e demais gerentes de projeto, poderá

avaliar que tipo de orientação será necessário dar à organização (como por exemplo,

necessidades de treinamento) e à própria equipe de projeto para melhorar a adaptação às

conseqüências trazidas pelo projeto de implantação do sistema de ERP.

2.3.3.3 A Cultura das Equipes de Projeto

A equipe de projeto é formada por um grupo de pessoas advindas de várias áreas de atividade

de uma organização, com diferentes especialidades e experiências. No início do projeto existe

em comum entre elas apenas o objetivo de criar algo que ainda não existe e dessa forma, a

equipe de projeto irá necessitar criar uma cultura própria. A forma como os empregados da

empresa se associam entre si, por sua vez, poderá influenciar a cultura da equipe de projeto.

Uma vez desenvolvida a cultura na equipe de projeto, esta os manterá unidos. "A Cultura de

uma equipe de projeto é um padrão de interação social que surge do compartilhamento de

interesses, obrigações mútuas, desafios, cooperação e amizades"I09. Para melhorar cada vez

mais a cultura da equipe de projeto, de acordo com Cleland (1999), o gerente de projeto

deverá manter os membros da equipe regularmente informados sobre o status do projeto,

inclusive reportando as boas e a más notícias, com uma certa regularidade. Precisará

promover a troca de idéias, problemas, oportunidades e interesses entre os membros da

equipe, principalmente aqueles novatos no projeto, o que lhes dá uma sensação de pertencer

àquele grupo de trabalho desde o seu início. Deverá encorajar também atividades sociais como

almoços, coffee breaks e jantares entretanto, sem super envolver a equipe nessas atividades de

forma que elas não ultrapassem os limites do próprio projeto e comecem a interferir na vida

pessoal de cada membro. É bom cultivar o uso dos primeiros nomes de cada membro da

equipe ou apelidos, reduzindo as formalidades no lidar com os membros da equipe.

109 CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd. Edition. Singapore:

McGraw-HiII, 1999.

Page 103: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

87

o objetivo aqui é manter a equipe motivada e razoavelmente feliz, permitindo que as pessoas

atinjam seus objetivos pessoais e aspirações bem como os objetivos do projeto. Uma

característica entretanto que Cleland (1999) ressalta como sendo uma questão chave para a

cultura de uma equipe de projeto é a confiança, "a segurança que se sente em relação à

habilidade, integridade e o caráter das pessoas associadas com o projeto") lO. Essa confiança

não se dá apenas entre os membros da equipe mas também entre a equipe e a alta gerência

o desenvolvimento de uma Cultura na equipe, irá facilitar no processo de "criar ideais que

ajudarão a guiar o comportamento do grupo"))) e "ajudar a alinhar objetivos e metas

individuais e organizacionais,,))2

2.3.3.4 Alguns impactos negativos da Cultura Organizacional em projetos

Freqüentemente ocorrem casos onde seria melhor abandonar ou encerrar um projeto ao invés

de dar-lhe continuidade. Por exemplo, gerentes com histórias de sucesso que se recusam a

encerrar ou sugerir o encerramento ou abandono do projeto simplesmente porque estão

acostumados a vencer e simplesmente não conseguem aceitar a perda, investindo cada vez

mais tempo e recursos em projetos que estão fadados ao fracasso. Algumas das razões que

levam gerentes e/ou organizações a darem continuidade a esses projetos estão relacionadas a

questões culturais presentes tanto na cultura preexistente das equipes de projeto ou na própria

cultura da organização. Em outras circunstâncias, o projeto passa a se tomar parte da rotina da

organização e esta não consegue dá-lo por terminado ou desmobilizar a equipe envolvida no

projeto por que já se acostumou a ele.

Esses são exemplos em que a Cultura da empresa ou da equipe de projeto funcionam como

fator negativo na gerencia de projeto.

110 CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3'd. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

111 M.R.LOUIS, "Organization as Cultural Bearing Milieux", em CLALAND, David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd

. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

Page 104: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

88

112 R. HARlSSON, "Strategies for a New Age" in CLELAND (1999), David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd

. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

Page 105: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

89

3 METODOLOGIA

3.1 Introdução

o objetivo deste capítulo é documentar o desenho e os métodos da dissertação que serviram

de base para a elaboração desta pesquisa sobre Sistemas ERP - a metodologia de gestão de

projetos como fator determinante para o sucesso ou o fracasso na implantação de sistemas de

ERP, a partir de uma análise comparativa entre dois projetos de implantação de sistemas de

ERP.

Para a realização dos objetivos propostos nesta pesquisa, utilizou-se um método estruturado

em duas etapas. De acordo com a classificação proposta por Vergara (1998), esta pesquisa

pode ser classificada, quanto aos fins em:

a) Pesquisa descritiva, pois este estudo pretende expor características de projetos de

implantação de sistemas de ERP, estabelecendo uma correlação entre as características

semelhantes existentes nesses projetos através da observação das técnicas de Project

Management, utilizadas nesses projetos de implantação de software ERP, que

contribuíram para o sucesso de sua implantação. E ainda, procurará mostrar a

correlação dessas técnicas com as demais variáveis analisadas neste estudo.

b) Pesquisa explicativa, pois visa esclarecer quais os fatores que contribuíram, de alguma

forma, para o sucesso ou fracasso de projetos de implantação de sistemas de ERP.

Como por exemplo, de que forma as técnicas de Project Management utilizadas e as

demais variáveis analisadas contribuem, de alguma forma, para o sucesso ou fracasso

da implementação de projetos.

Quanto aos meios de investigação, a pesquisa pode ser classificada como pesquisa

bibliográfica e estudo de caso.

A escolha da pesquisa bibliográfica teve como objetivo levantar as contribuições atuais sobre

a metodologia de Project Management, Gestão de Pessoas, Gestão da Mudança, Liderança e

Page 106: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

90

Cultura Organizacional, entre outros, a projetos em geral bem como aos projetos de

implantação de sistemas de ERP.

Dentro da abordagem da pesquisa qualitativa, são utilizados os estudos de caso, onde, a partir

de fontes internas e levantamento feito in loco, são apresentadas informações aprofundadas

sobre as empresas participantes da amostra.

Segundo YIN (1994), para estudos de caso são especialmente importantes cinco componentes

de um projeto de pesquisa:

i) questões para um estudo, quando são necessárias respostas a perguntas do tipo:

"Qual(is)", "Como" e "Por que";

ii) suas suposições, se existirem;

iii) sua unidade de análise;

iv) a lógica que une as informações às proposições; e

v) o critério para interpretar os resultados.

YIN (1994) argumenta que o estudo de caso, apesar da sua ampla divulgação e utilização na

comunidade científica, apresenta uma série de limitações, como a possibilidade de introdução

de viés por parte do pesquisador, não haver tratamento estatístico na amostra a ser estruturada,

além de não ser possível a generalização dos resultados obtidos.

3.2 Universo e Amostra

O universo da pesquisa são dois projetos onde ocorreu a implantação de sistemas de ERP. As

empresas selecionadas são classificadas doravante de A e B. A empresa A, do setor de

telecomunicações, teve seu sistema de ERP implantado em 1999 enquanto na empresa B, uma

empresa do ramo de papel e celulose, o sistema de ERP foi implantado em 1997. Essas duas

empresas foram escolhidas para o presente estudo em função do critério de acessibilidade e

pelo fato de seus projetos de implantação terem apresentado características relevantes para o

estudo em questão.

Page 107: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

91

3.3 Seleção dos Sujeitos

Os sujeitos da pesquisa foram consultores e membros da equipe de projeto diretamente

envolvidos nos projetos de implantação do sistema de ERP nas empresas.

3.4 Coleta de Dados

O procedimento adotado para a coleta de dados foi:

a. pesquisa bibliográfica em livros, artigos, teses, dissertações, internet e periódicos

especializados; e

b. entrevistas focadas nos temas propostos, através da aplicação de um questionário contendo

perguntas estruturadas e não estruturada e abertas para que os participantes dos projetos

selecionados pudessem manifestar a sua opinião a respeito dos temas do estudo em

questão.

3.5 Tratamento dos Dados

As informações coletadas através das entrevistas, foram tratadas, organizadas e ordenadas

para facilitar a análise e interpretação dos dados. Em seguida, foram construídos estudos de

caso relativos a cada uma das implantações nas empresa A e B que permitissem ao leitor deste

estudo entender as questões identificadas em cada um dos projetos de implantação de sistemas

de ERP analisados.

Page 108: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

92

4 DESCRIÇÃO DOS CASOS

Este capítulo contém informações referentes às duas empresas selecionadas na pesquisa e

relata de que forma as questões tratadas neste estudo foram abordadas nos projetos de

implantação de sistemas de ERP das empresas A e B. Em cada um dos estudos de caso são

descritas características específicas de cada implantação e como foram abordadas nesses

projetos, questões do tipo: que motivos levaram a organização a mudar e se a escolha da

seleção do sistema foi precedida por um levantamento técnico da aderência desse sistema às

necessidades da empresa. Aborda também considerações sobre a cultura da organização bem

como o processo de seleção das equipes, não só de consultores como também da equipe de

projeto interna da empresa e do seu treinamento. Aborda a questão da liderança no grupo

gestor do projeto e temas relacionados a Change Management como a Comunicação. Por fim,

são comentados os resultados alcançados nos projetos em questão.

Nossos entrevistados são pessoas que tiveram uma participação efetiva nos projetos em ambas

empresas assim como o autor deste estudo teve participação nesses projetos de implantação de

sistemas de ERP. Na empresa A, sua participação limitou-se a o papel de usuário final do

projeto, acompanhando o processo de implantação do sistema. Na empresa B, seu papel foi de

consultor de um dos módulos implantados. Entretanto, sua participação não aconteceu até o

final do projeto tendo se limitado a apenas 30% do tempo inicial de sua duração.

Na empresa A, nossos entrevistados são um consultor interno da empresa, da área de

Tecnologia ClT) e um gerente de projeto. A metodologia de coleta de dados foi através de uma

entrevista pessoal e gravada para ambos os entrevistados.

Já na empresa B, nosso entrevistado foi o líder do módulo de finanças da equipe interna da

empresa. A metodologia de coleta dos dados foi através do envio do questionário C em Anexo)

via Internet que o entrevistado respondeu por escrito tendo utilizado o mesmo meio de envio

em virtude da distância e a pouca disponibilidade de tempo.

Ambas as entrevista ocorreram no mês de agosto de 2002.

Page 109: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

93

4.1 EMPRESAA

4.1.1 Dados Gerais

A empresa, do ramo de telecomunicações, possui filiais na Europa, Marrocos e América

Latina e se encontra entre as primeiras companhias de telefonia celular no mundo, com

operações em mais de 14 países e que representam um mercado potencial de 514 milhões de

habitantes. Ao final de Setembro de 2002 ela contava com 33,4 milhões de clientes

gestionados em todo o mundo.

Ela presta uma completa gama de serviços na área de comunicações que inclui desde telefonia

fixa à transmissão de dados e outros serviços de valor agregado bem como soluções

corporativas, acesso a Internet, serviços de CRM e conteúdo. Se considerarmos todas as suas

linhas de negócio e não apenas a de telefonia móvel, podemos dizer que esta possui mais de

80 milhões de clientes em todo o mundo. Seu número de empregados se situa em

aproximadamente 161,5 mil em todo o mundo.

No Brasil, a empresa se agrupa em 3 companhias em 5 estados. No decorrer do ano de 2001,

ela concentrou os seus esforços na expansão e modernização das redes de telefonia móvel e no

desenvolvimento de mais serviços de qualidade para seus clientes garantindo com isso um

crescimento de 5,6 milhões de cientes no final de 2001. Em 2002, seus esforços estão voltados

para um crescimento mais rentável, baseado em ações de fidelização de clientes e otimização

de seus processos operacionais.

4.1.2 Histórico da Implantação

A empresa "A" iniciou o processo de implantação do seu sistema ERP em 1999. O sistema foi

implantado nas suas 3 unidades formadas por 5 empresas espalhadas por todo território

nacional. Ela implantou os módulo de materiais, vendas, controladoria, finanças e projetos. A

Page 110: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

94

empresa de Consultoria contratada para a implantação foi a Arthur Andersen que utilizou a

metodologia de implantação de sistemas e gestão de projetos ASAP. A implantação durou

aproximadamente 7 meses tendo entrado em produção em Janeiro de 2000. A arquitetura

básica do sistema envolve 3 máquinas independentes, uma para cada unidade regional, que

fisicamente se encontram localizadas no Rio de Janeiro. A área de desenvolvimento,

responsável pela manutenção do aplicativo bem como dos novos desenvolvimento também se

encontra fisicamente localizado no Rio de Janeiro.

A utilização de uma metodologia de gestão de projetos dentro da empresa é fato recente (com

início no final de 200 I), quando a empresa passou a treinar seus usuários chave, tanto de áreas

funcionais como da área de ITI13, na metodologia PMI para ser aplicada a todos os projetos

em curso na organização. Essa metodologia também deverá ser aplicada ao projeto, que será

iniciado em breve, de migração da versão atualmente implantada do sistema de ERP para uma

versão mais recente.

No início da implantação do sistema de ERP a empresa não tinha nenhuma diretriz específica

para que fosse utilizada uma metodologia em particular, fato comum na época com grande

parte das empresas que começavam a implantar sistemas de ERP. Tendo identificado essa

carência por parte das empresas e dado a complexidade da implantação de um sistema de

ERP, a empresa fornecedora desenvolveu uma metodologia que mostrava os caminhos mais

curtos 114 para se configurar o sistema. Ela funciona como um guia para se implantar as

funcionalidades básicas do sistema, ou seja, as funcionalidades standard. Esta ferramenta não

se adapta a implantações que requeiram desenvolvimentos e customizações adicionais, mais

complexas. Portanto, a condição fundamental para utilizar essa metodologia e por própria

recomendação da empresa fornecedora, é que a empresa implante o standard do sistema de

ERP, não se distanciando muito do que lhe é oferecido nos módulos standard. Algo mais

específico que seja necessário desenvolver deverá ser desenvolvido em linguagem de

programação própria, sem que se altere muito o módulo standard. Caso a empresa opte por

113IT - Infonnation Technology, também conhecido por TI - Tecnologia da Infonnação 114Com base em fonnulários específicos, onde o usuário marcava as funcionalidades que desejava implantar, os

resultados mostravam o caminho dentro do sistema e o que precisava ser configurado para que essas funcionalidades selecionadas pudessem ser utilizadas.

Page 111: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

95

modificações que alterem a versão standard, sem o prévio conhecimento e consentimento da

empresa fornecedora, esta deixa de garantir a qualidade e as funcionalidades do produto.

4.1.3 Os fatores da Mudança, a seleção do Produto e as mudanças que a implantação

do sistema exigiu da empresa

Se as empresas nos dias de hoje optassem por desenvolver seus próprios sistemas,

principalmente sistemas do porte de um sistema de ERP, demorariam muito tempo para o

fazerl15 e teriam um custo bastante elevado. Por sua vez, desenvolver sistemas independentes

implica na construção de interfaces entre eles para interligá-los e isto era justamente o que

existia antes do surgimento dos sistemas de ERP; era esse exatamente o cenário do qual as

grandes e médias empresas procuravam distanciar-se, não só pelo alto custo de sua

manutenção como pela falta de capacidade para incorporar todas as novas funcionalidades,

novas práticas de gestão, ou seja, as Best Practices l16 que sistemas integrados de ERP

fornecem automaticamente no próprio processo de atualizações periódicas (upgrades) de

novas versões, incluídas nos pacotes.

o risco de desenvolver internamente, por sua vez, levava a empresa a não ter garantia dos

prazos de desenvolvimento desse sistema, o que elevaria consideravelmente o custo de

desenvolvimento de um sistema desse porte. Além disso, a manutenção desses sistemas

envolvia o emprego de um elevado número de funcionários específicos para essa atividade, o

que também elevava os custos operacionais da empresa.

No caso da empresa em questão, os sistema existentes anteriormente não eram integrados, o

que obrigava a empresa a realizar muitos trabalhos manuais de digitação de dados, gerando

retrabalho e requerendo um elevado volume de mão de obra para seus trabalhos rotineiros. E

115Estima_se que o desenvolvimento de um aplicativo com as funcionalidades de um sistema de ERP demande aproximadamente 5 anos para ser concluído.

116 Best Practices - Melhores Práticas

Page 112: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

96

ainda, a situação anterior não garantia a qualidade e confiabilidade dos dados imputados nos

sistema legados 117

o sistema anterior atendia em parte às necessidades da empresa, pois ele havia sofrido uma

série de adaptações para atender às suas necessidades operacionais porém, dado ao volume

crescente de operações da empresa, o custo de sua manutenção e a carência de funcionalidades

específicas que atendessem às novas necessidades do negócio que foram surgindo, ele deixou

de atender à empresa. Portanto, havia necessidade de substituir esse sistema.

o sistema escolhido para substituir o anterior foi considerado pelo entrevistado como uma boa

opção embora não tenham sido utilizadas na empresa todas as funcionalidades disponíveis que

poderiam ser implementadas 118.

Para o entrevistado, o melhor ou pior uso de sistemas dessa natureza ocorre de acordo com o

treinamento ou com o interesse que a organização desperta por esse sistema. Aproveitando o

próprio momento do projeto, a empresa aproveitou para rever seus processos, selecionar seus

melhores recursos com o perfil mais adequado para manusear esse sistema bem como passou

a investir mais na sua qualificação. Desta forma, pôde tirar mais proveito do sistema de ERP

implementado.

Conforme nos comentou o entrevistado, os fatores levados em consideração para a seleção

desse sistema foram o fato do sistema em questão já ser um sistema corporativo, ou seja, ele

era o aplicativo selecionado como diretriz corporativa, já tendo sido previamente comparado a

outras soluções diferentes pela área de sistema da holding internacional.

Entretanto, houve um estudo técnico das qualidades do sistema em dois momentos, o

primeiro, quando este foi definido como solução corporativa para o grupo e, posteriormente

no Brasil, nas Fases I e 11 do projeto local, onde se analisaram as qualidades do sistema em

117 Sistemas legados são considerados os sistema que existiam previamente à implantação do novo sistema. 118 Por exemplo, o módulo de controladoria não foi como completamente utilizado.

Page 113: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

97

relação às necessidades da empresa e se fez um Gap AnalysisJJ9• Também foram consultadas

empresas que já fossem usuárias desse sistema, bem como foram feitas visitas a essas

empresas, já usuárias do sistema, para poder avaliar o seu desempenho, além dos responsáveis

pela implantação terem participado de congressos e debates com outras empresas com

processos de implantação e características semelhantes, para comparar e trocar impressões a

respeito do produto e dos beneficios (ou não) desta solução para os seus respectivos negócios.

Os pontos que geraram mais polêmica na altura foram: a complexidade do sistema, o grau de

treinamento requerido para o manuseio do sistema pelos usuários, a qualidade do trabalho das

consultorias com pouca experiência para implantar o sistema que, na ocasião, era muito

questionável, a própria metodologia de formação da equipe de projeto era uma questão que

preocupava a organização e as empresas consultadas. Todo esforço necessário para

programação adicional ao módulo standard do sistema, a subsequente necessidade de

manutenção e, principalmente, os projetos deveriam estar restritos ao módulo standard do

sistema. Para selecionar o sistema em questão, também foram feitas apresentações de

demonstração pelo fornecedor e pela consultoria que iria implantar o sistema.

Ao ser questionado sobre a existência de um estudo/levantamento prévio, suficientemente

profundo e abrangente, relativo aos requisitos funcionais do sistema e sua aderência às

necessidades operacionais da organização, o entrevistado comentou que na prática, este tipo

de estudo acaba por ser esquecido, uma vez que a estratégia comercial do fornecedor apela

para o fato de que o sistema que a empresa está adquirindo já ser um sistema testado e

utilizado por uma série de empresas em todo o mundo, e que ele carrega em si todos os

desenvolvimentos adicionais feitos para essas empresas bem como já contempla as melhores

práticas de negócio. Sendo assim, essa apresentação acaba por dispensar, de certo modo, uma

análise mais profunda dos requisitos funcionais do sistema. Além disso, ele acaba

direcionando a implantação para a adoção de sua própria metodologia, a qual reforça a idéia

de que não é o sistema que deverá se moldar às necessidades da empresa e sim a empresa que

deverá rever os seus processos para se adequar ao sistema que, em si mesmo, já trás o que há

de melhor em termos de práticas gerenciais, tendo sido testado e aprovado por várias das

maiores e melhores organizações em todo o mundo.

119 Análise comparativa entre as necessidades da empresa e do negócio e as funcionalidades disponíveis no sistema de ERP.

Page 114: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

98

Questionado sobre a realização de um levantamento prévio dos processos da empresa e da

necessidade de readequação desses processos ao novo sistema, o entrevistado comentou que

no caso da empresa em questão, por se tratar de uma empresa muito nova, seus processos

ainda não estavam completamente definidos. Portanto, uma série de procedimentos novos

foram criados simultaneamente ao desenvolvimento do projeto, aproveitando-se inclusive as

próprias funcionalidades existentes na ferramenta bem como o fluxo de processos standard

disponível no sistema, sem que houvesse a necessidade de se fazer uma grande reengenharia

de processos. Apenas em casos muito específicos a empresa necessitou rever alguns de seus

processos para se adaptar à nova ferramenta.

4.1.4 A Influência da Cultura da Empresa no Projeto, na Gerência e na Equipe de

Projeto

Na opinião do entrevistado, ao ser questionado sobre o fato da empresa ter uma cultura

voltada para a promoção de mudanças, de estar costumada a estar na vanguarda de novos

processos de gestão, bem como na adoção de novas ferramentas tecnológicas, sua opinião foi

de que, apesar de ser uma empresa de alta tecnologia, internamente ela não primava por estar

na vanguarda de novos processos de gestão nem na adoção de novas ferramentas tecnológicas

focadas em questões gerenciais. Talvez por ser ainda uma empresa muito nova e de criação

muito recente e recém privatizada. Quando estatal, esta não recebia grandes investimentos por

parte do governo. Como empresa privatizada, à época, ainda não tinha havido tempo para a

alta administração se atentar para essas questões administrativas. A iniciativa de se implantar

um sistema de ERP foi o início do processo de busca por novas metodologias e modernas

ferramentas gerenciais. A escolha e execução desse projeto foi resultado de um processo

natural de adequação da empresa no Brasil ao padrão das demais empresas do grupo no

exterior.

Mas aos olhos dos funcionários, internamente, a cultura da empresa fica mais caracterizada

como sendo mais reativa do que pró-ativa, no que diz respeito à inovação.

Page 115: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

99

Quanto à aceitação das mudanças, por parte da organização (funcionários, gerentes e alta

administração), a opinião do entrevistado é de que em geral, em qualquer empresa, qualquer

processo de mudança como o que é promovido pela implantação de um sistema de ERP, é

sempre um pouco traumático. Ao analisar as reações de cada um desses grupos dentro da

empresa, o entrevistado nota que culturalmente a empresa reage negativamente à mudança

num primeiro momento. O pensamento dos funcionários da empresa, no início do projeto, foi

de que eles iriam perder os seus empregos, o que criou uma barreira de resistências contra o

próprio projeto. Mas com a continuidade do projeto, quando os funcionários começaram a ver

que eles estavam tendo acesso e manuseando uma nova tecnologia de vanguarda como é o

caso de sistema de ERP, percebiam que ao mesmo tempo elas também estavam se

qualificando e se valorizando como profissionais e essa resistência com o tempo foi

desaparecendo.

No caso dos gerentes, o que se percebe é que o medo está no fato de que o conhecimento que

eles haviam adquirido com os processos anteriores seria perdido pela entrada de uma nova

ferramenta. Dessa forma, a questão está mais voltada para o medo da perda do poder pela

perda do domínio da informação. A informação deixa de estar centralizada em apenas uma

cabeça. O sistema passa a dominar a informação como um todo e ela passa a estar disponível e

a ser acessível a mais pessoas dentro da organização.

A própria entrada de um sistema tão "poderoso" como um sistema de ERP, exige por sua vez,

mais qualificações do próprio gerente para poder lidar não só com a nova ferramenta como

com as dificuldades e angústias que, no início, surgem dentro da sua equipe. Isto para ele

também acaba sendo um grande desafio e, de cara, faz com que ele resista à mudança. Mas a

tendência é que com o tempo, essa resistência desapareça. Já para a alta administração, a

mudança foi vista com bons olhos. Questionado sobre se a alta administração fomenta na

organização mudanças de processos e métodos de trabalho, o entrevistado respondeu que não,

que ela não se envolve muito com o operacional. Entretanto, neste projeto, verificou-se que

apenas o Sponsor do projeto, devido às suas características pessoais, acabou tendo uma

participação mais detalhista e não a alta administração como um todo.

Page 116: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

100

Perguntado se a organização (alta administração, funcionários e gerentes) busca e propõe

mudanças como melhorias de processos, novas metodologias e ferramentas de trabalho, o

entrevistado respondeu que não existe a cultura de todos os setores e departamentos da

empresa proporem, generalizadamente, mudanças, a não ser a existência de ações isoladas de

uma ou outra diretoria e não da organização como um todo. E até mesmo essas pequenas

mudanças não são bem aproveitadas como base para mudanças maiores. Uma das falhas, na

sua opinião, é que faz falta que um usuário se dedique especificamente a identificar

constantemente oportunidades de mudança nos processos de negócio e de gestão no sistema.

Uma pessoa que esteja fora das rotinas operacionais diárias, que possa se ocupar

exclusivamente da busca e identificação de oportunidades de melhoria através de propostas de

pequenas ou grandes mudanças, sejam de procedimentos sejam de ferramentas de trabalho.

4.1.5 A metodologia de Formação da Equipe de Trabalho

A equipe de projeto na empresa foi formada por membros das áreas funcionais e da área de IT

da própria empresa e por uma equipe de consultores com as seguintes características:

especialistas em IT, especialistas em programação, especialistas em processos e um

especialista em Change Management.

A equipe formada para o projeto de implantação do sistema de ERP apresentou características

peculiares, distintas dos demais projetos empresa. Na empresa, de forma geral, os projetos

envolvem apenas usuários da área de IT. No caso da implantação do sistema de ERP, por

iniciativa da própria gerente geral do projeto e da recomendação do próprio fornecedor do

sistema de ERP é que fossem envolvidos usuários das áreas funcionais, pois se entendeu ser

impossível que em um projeto desse porte, a empresa fosse cumprir o cronograma quando o

projeto em si envolvia uma séria de mudanças que impactavam direta e profundamente as

rotinas dos usuários de áreas funcionais sem que eles mesmos tivessem uma participação

direta e efetiva no projeto. Ainda hoje, a empresa não possui a cultura de montar equipes

Page 117: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

101

multi funcionais como essa em todos os seus projetos, o que o entrevistado lamenta, em função

dos benefícios obtidos.

Com relação à escolha da Equipe de consultores, ao ser questionado sobre os fatores que

foram levados em consideração para a seleção da equipe que participou e/ou conduziu o

processo de implantação do sistema de ERP, o entrevistado respondeu que foi devido ao

relacionamento preexistente entre a Consultoria e a Organização. A consultoria selecionada já

era, na época, a consultoria da empresa em todo o mundo.

Em relação à qualidade e preparação da equipe de consultores ou staff, comentou que é de

praxe solicitar o currículo dos consultores que serão alocados ao projeto e com base nele,

analisar sua experiência anterior, por quantos projetos já passaram, em que áreas atuaram e

principais atividades executadas. Mas que na prática, isso acaba sendo muito difícil de

acontecer, pois normalmente a consultoria mistura, em uma mesma equipe, recursos mais

experientes com outros menos experientes para que estes possam aprender e treinar durante o

próprio projeto. Não ocorreu nada diferente no projeto em questão. Quanto à gerencia, o nível

foi considerado razoável.

Com relação ao fato da consultoria possuir experiência anterior em outros projetos de

implantação de sistemas de ERP, nos foi dito que sim, que já tinham implantado o sistema em

outras empresas, entretanto, em segmentos de atividades distintos.

Quanto à equipe formada por membros internos da empresas, foi comentado que houve a

preocupação em se reunir uma pessoa de cada área funcional da empresa para cada um dos

módulos a serem implantados (eram 5 empresas em 3 regiões operacionais) e mais uma

pessoa de ITl2o.

120 Particularidade da Empresa A - a área de informática, dentro da Empresa e dentro da estrutura de desenvolvimento de projetos, desempenha ainda hoje um papel de integrador das 3 empresas, principalmente no que diz respeito aos novos desenvolvimento e melhorias ou customizações que têm sido necessário fazer após a implantação do sistema, uma vez que os usuário das áreas funcionais das três empresas não tem a cultura de se comunicarem previamente para discutir um processo único ou uma solução única a ser implantada que venha a atender simultaneamente às 3 empresas. Isto ocorre na Empresa A porque dentro da área de informática existe uma equipe específica cuja responsabilidade é dar apoio à área usuária nas melhorias e modificações que se façam necessárias na ferramenta. Se essa estrutura desaparecesse, e pelo fato

Page 118: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

102

A negociação dos recursos foi feita diretamente pelo gerente do projeto com os gerentes e

diretores das áreas funcionais. Mas em alguns casos, notou-se uma certa resistência e medo

por parte da pessoa selecionada em participar do projeto. A razão identificada era o medo que

ela tinha, a incerteza do que iria ocorrer quando terminasse o projeto e ela tivesse que retomar

à área de origem após o término do projeto. O que iria acontecer com ela?

Com relação à contribuição dada pela participação de membros de áreas funcionais na equipe

de projeto, a opinião do entrevistado foi que essa participação contribuiu positivamente para o

sucesso do projeto. Mesmo que ele (recurso indicado, oriundo da área funcional) não tenha

sido a pessoa mais indicada para participar do projeto, porque nem sempre é possível trazer

para a equipe do projeto a pessoa mais indicada, com certeza ela pôde contribuir para o

projeto, dando mais confiabilidade ao que estava sendo proposto e implementado. A

credibilidade decorre do fato de que a empresa, na figura de seus empregados, percebe que

uma pessoa que depois de participar do projeto e que estará manuseando o próprio sistema,

sendo ele futuramente o próprio usuário desse sistema, não poderia estar propondo

modificações ou processos inviáveis de serem operacionalizados.

Com relação ao processo de seleção dos membros da equipe internos à organização, este foi

feito pelo responsável da área usuária. As pessoas selecionadas deveriam ser pessoas

experientes e conhecedoras do trabalho despenhado na área e que normalmente acabavam

sendo escolhido(s) o(s) melhor(es) funcionário(s) dessa área, devendo ter qualificações acima

da média para assim poder contribuir positivamente com o projeto. Desta forma os

responsáveis mostravam resistência em liberar o funcionário uma vez que eles sabiam que

iriam perder um recurso especializado. Por sua vez, como temiam também que após o término

do projeto não poderiam mais contar com aquele recurso, inicialmente demonstraram

resistência em ceder o funcionário.

de existirem 5 empresas e 3 máquinas diferentes, se perderia o controle das modificações feitas no sistema como um todo.

Page 119: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

103

A comunicação da saída desses membros das áreas funcionais à equipe em que eles estavam

inseridos foi realizada diretamente pelo Sponsor do projeto. Houve o apoio da equipe de área

de Recursos Humanos da Organização nesse momento pois havia demasiada insegurança

relativa, principalmente, ao retomo às áreas de trabalho ao término do projeto e perspectivas

futuras de existirem outras atividades ou não para eles ao término do projeto. Surgiram

também questões como a equiparação salarial com toda a equipe de projeto, uma vez que

haviam diferenças substanciais entre os salários dos recursos de informática e das áreas

funcionais envolvidas. O entrevistado manifestou sua opinião quanto à importância da

participação ativa de área de Recursos Humanos da Organização nesse processo e da definição

de um plano de ação comunicando à equipe de projeto como serão os procedimentos de

movimentação dos recursos humanos durante o projeto, entendendo também que no caso de

persistirem as dúvidas dentro da organização, seria interessante a realização de um workshop

específico para debater os temas com todos os envolvidos, não deixando que permaneçam

dúvidas a respeito do tema, no decorrer do projeto. Já a aceitação pelos demais membros do

grupo, da saída dessa pessoa para a equipe do projeto provocou, em algumas áreas, frustração

para os que ficaram.

Questionado quanto ao processo de integração entre a equipe de projeto da empresa e a equipe

de projeto da consultoria, o entrevistado nos respondeu que houve apenas um evento de Kick

Oi!'21 no início do projeto, coordenado pela equipe de Change Management, onde durante

uma tarde, fora das instalações da empresa, mais especificamente num salão de um hotel,

ocorreu um encontro de apresentação das equipes e nada mais.

Com relação à existência de equipes mistas, o entrevistado é da opinião que, de uma forma

geral, o resultado é positivo, pois a existência de um consultor externo, que trás consigo a

experiência de outros projetos, adicionada à experiência da equipe de TI, que possui um

conhecimento não só dos sistemas da empresa como o seu negócio, assim como os usuários

das áreas funcionais (que tem a responsabilidade de passar para os consultores as suas

121 Kick-Of! - Como é chamado o evento de lançamento do projeto, ou seja, quando se dá oficialmente o início do projeto.

Page 120: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

104

necessidades, que serão transmitidas para os novos processos a serem implantados com a nova

ferramenta), agrega bastante valor ao projeto de implantação do sistema de ERP.

Com relação à existência de conflitos, o entrevistado foi questionado quanto aos tipos de

conflito que ocorrem no projeto pela existência de equipes mistas. Sua resposta foi que ao

longo do projeto ocorreram conflitos. Sempre ocorrem conflitos, como por exemplo, ser

solicitado pela equipe ou gerente de projeto da empresa, a substituição de consultores que não

estão agregando valor ao projeto. O conflito também surge da cobrança, por parte da

consultoria, aos membros da equipe funcional da empresa (não tanto da equipe de IT da

empresa pois estes já possuem por natureza um sentido de autonomia em função das

características de seu trabalho) quanto ao cumprimento das tarefas do cronograma. Essa

cobrança, por sua vez, é decorrência da necessidade que a consultoria tem de cumprir prazos e

manter o projeto dentro do custo previsto.

É comum ocorrer também, por parte da equipe funcional da empresa, uma sensação de

dependência futura em relação à própria consultoria pois, em virtude do volume de atividades

que ocorrem no projeto, nem sempre a equipe funcional da empresa consegue estar atenta e

acompanhar tudo o que a consultoria faz. E um dia, a consultoria irá embora e quem ficará

para dar manutenção e continuidade no manuseio do sistema será a equipe de projeto da

empresa.

Já com relação ao fato da existência de conflitos de interesses pela existência de equipes

mistas, o entrevistado é de opinião que com certeza esse conflito existe. Normalmente os

membros da equipe das área funcionais da empresa bem como os membro TI, estão muito

preocupados com a qualidade e os detalhes do que está sendo parametrizado e planejado

enquanto os consultores estão mais preocupados em fazer uma implantação básica e rápida

para atender ao cronograma e a viabilidade financeira do projeto. Nem sempre esses objetivos

coincidem, o que gera conflitos. Embora o objetivo comum a todos eles seja concluir de forma

satisfatória do projeto, cumprindo os objetivos propostos inicialmente pelo projeto, os

caminhos a serem trilhados para se alcançarem esses objetivos nem sempre são os mesmos

para cada um dos membros da equipe.

Page 121: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

105

Em relação à forma como foram administrados os conflitos, o entrevistado nos comentou que

na maioria das vezes esses conflitos foram resolvidos internamente na equipe contando no

máximo com o apoio do líder do módulo, não sendo necessário envolver o gerente. Ele nos

disse que o que se acaba percebendo é que nesse momento, cada grupo recorre ao seu líder ou

gerente, ou seja, o grupo de pessoas da equipe funcional da empresa recorre ao responsável da

empresa enquanto que o grupo da consultoria recorre ao líder ou gerente da consultoria. E

quando a equipe de Change Management é chamada a interferir por fim, o acaba fazendo não

para buscar as causas ou as origens do problema mas sim, para dar a solução final, a

substituição do causador do conflito. Ou seja, não se envolve muito na prevenção dos

conflitos e sim, apenas em soluções rápidas e imediatas.

Na opinião do entrevistado, o fato de existirem esses conflitos, se acaba sendo benéfico ou

prejudicial ao projeto, ele entende que quando discutidos abertamente dentro da equipe, os

conflitos se mostraram benéficos pois, após serem solucionados pela própria equipe, verifica­

se uma melhora no relacionamento entre seus membros e no próprio andamento do projeto.

Mas quando não se encontra uma solução para os conflitos, ele se mostra maléfico pois vai

deteriorando o ambiente dentro do projeto e a solução final acaba por ser a eliminação does)

causador(es) do conflito.

Mesmo assim, o entrevistado é favorável à existência de equipes mistas em todos os projetos

de implantação de sistema de ERP.

4.1.6 Os Gerentes de Projeto e a Liderança

Gerentes de Projeto Externos

A equipe de gerentes externos era composta por 3 gerentes sendo um deles operacional,

participando full time do projeto e com responsabilidades mais operacionais dentro deste. O

segundo era responsável pelas atividades comerciais do projeto ou seja, acompanhamento das

necessidades adicionais de recursos e seu subsequente faturamento, responsável pela

identificação de oportunidades de venda de projetos adicionais e complementares ao projeto

Page 122: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

106

principal, etc. O terceiro gerente tinha a responsabilidade das atividades de Change

Management porém, não tinha participação full time no projeto, apenas quando necessário.

Os trabalhos eram distribuídos entre a equipe de gerentes da seguinte maneira: a gerente mais

experiente da empresa tinha como responsabilidade participar dos Comitês Executivos do

Projeto bem como participava de algumas atividades operacionais do projeto. O gerente mais

jovem tinha as responsabilidades operacionais do projeto, tinha uma participação full time

sendo ele também o canal de comunicação com os Comitês Executivos.

Entretanto, devido à enorme carga de trabalho, todas as equipes possuíam líderes que eram

chefes do projeto em seu módulo específico, o que apoiava bastante aos gerentes nas

atividades operacionais e diárias do projeto.

A formação da Equipe de Projeto é descrita na Figura XIV - Equipe do Projeto de ERP da

empresa A, a seguir:

Page 123: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

Nivel de Decisão

Nivel de Coordenação

Nivel de Execução

I

~entes da Equipe da Empresa

Figura XIV - Equipe do Projeto de ERP da empresa A

Analise do Perfil da gerencia da equipe de consultores

107

Quando questionado sobre a capacidade do gerente da consultoria se relacionar com a sua

equipe, o entrevistado respondeu que era "razoável". Ficou claro para ele que a gerência da

consultoria somente exerce algum tipo de influência sobre a sua própria equipe enquanto que,

por sua vez, a equipe da empresa apenas responde à gerência da própria empresa, não

aceitando muito bem a liderança do gerente de consultoria. Já em relação ao relacionamento

do gerente da equipe da consultoria com a média gerência da empresa (seus contrapartes), ele

mencionou que não havia um bom relacionamento, pois constantemente se observavam

reclamações de ambas as partes. Em resumo, haviam atritos. Com a alta administração da

empresa, devido ao relacionamento prévio da consultoria e com a organização, nunca foi

Page 124: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

108

observado nenhum problema, caraterizando-se assim um bom relacionamento entre a gerencia

do projeto e a alta administração da empresa.

Entretanto, com relação às suas habilidades e conhecimentos técnicos a respeito do projeto

que estava sendo implantado, o entrevistado comentou que o gerente da equipe de consultores

possuía mais experiência técnica do que necessariamente habilidades gerenciais para

administrar o projeto como um todo. Quando ocorriam dificuldades como, por exemplo,

pequenas alterações no cronograma que não impactavam no conjunto do projeto, as mesmas

terminavam por ser tratadas diretamente pela equipe. Apenas os grandes atrasos identificados

eram apresentados ao gerente, o que fazia com que ele não se envolvesse muito no dia a dia

do projeto. Quando ocorriam crises entre as equipes da empresa e os consultores, ele também

pouco se envolvia pois os problemas acabavam sendo resolvidos dentro do próprio grupo.

Ele também não era uma pessoa carismática para sua própria equipe assim como para a

empresa, embora demonstrasse interesse e comprometimento com os objetivos do projeto.

Quando queria conseguir que as tarefas fossem executadas, tendia a usar a negociação, mas às

vezes era realmente necessário usar a força e o poder que tinha como gerente para que as

tarefas fossem cumpridas.

Ele costumava delegar responsabilidades aos demais membros da equipe, mesmo porque num

projeto desse porte, na opinião do entrevistado, era impossível não se delegar

responsabilidades, pois o gerente acabava por não ser capaz de dar conta de todas as

atividades e obrigação para com o projeto.

o gerente da equipe de consultores, embora com pouca freqüência, negociava metas e prazos

para o projeto com os demais membros das equipes multifuncionais.

As necessidades de treinamento foram identificadas no início do projeto e foram ministradas.

Ao ser questionado sobre o fato do gerente premiar os resultados obtidos, o entrevistado

respondeu que este não o fazia, bem como não estava atento às necessidades e problemas

pessoais de sua equipe.

Page 125: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

109

Com relação aos canais de comunicação, o único canal formal estabelecido pela gerência da

consultoria era com sua própria equipe e com o gerente da equipe da empresa. Problemas

rotineiros identificados na equipe acabam sendo tratados ou delegado pelo próprio gerente aos

seus subordinados para que os resolvessem entre si, o que gerava desconforto para a própria

equipe que se sentia meio desamparada pelo gerente para resolver os conflitos no projeto.

Analise do Perfil da gerência de equipe da empresa

Ao ser questionado se ela demonstrava que o sucesso do projeto que ela coordenava garantiria

o seu próprio sucesso e ascensão na organização, o entrevistado respondeu positivamente.

Como haviam dois gerentes, um mais experiente e outro mais iniciante, aquele iniciante

conseguia visualizar os frutos que poderia colher de um bom trabalho realizado no projeto, o

que acabou acontecendo. Quanto ao gerente mais experiente, portanto com menos

expectativas de desenvolvimento de carreira, tal fato não impediu que também se dedicasse

com a mesma garra ao projeto. Eles escutavam as necessidades da equipe e, sempre que

possível, tentavam atender.

Entretanto, com relação ao reconhecimento e agradecimento pelos resultados obtidos pela

equipe e sua respectiva premiação e recompensas, eles eram muito frios. A premiação era

muito rara.

Ao ser questionado sobre o desenvolvimento, durante o projeto, de uma rede de

relacionamentos com as demais áreas da empresa ou para conseguir atingir os objetivos ou

completar tarefas exigidas pelo projeto, o entrevistado respondeu que sim, que foram criadas

redes de relacionamento. Sem esse bom relacionamento, algumas tarefas simplesmente não

aconteciam, principalmente no momento de se obter o comprometimento e a colaboração das

áreas funcionais da empresa.

Adicionalmente, comentou que durante o projeto criou-se um canal de comunicação com a

equipe e demais gerentes do projeto embora esses canais não tenham sido utilizados na

Page 126: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

110

solução de conflitos. Eles também acabavam delegando para a equipe algumas tarefas que se

entendia serem deles próprios, constrangendo os membros da equipe e deixando-os em uma

dificil posição frente aos outros membros da equipe da consultoria e às vezes da própria área

funcional. Às vezes, repassavam ao membro de sua equipe a responsabilidade de cobrar pelo

andamento de certas tarefas, cobrança essa que cabia a eles fazerem como gerentes de projeto.

Entretanto, eram ágeis na tomada de decisões. Estavam sempre atentos às necessidades do

projeto, demonstrando interesse e comprometimento com os objetivos gerais do mesmo.

Quando surgia um problema na equipe, não conseguiam identificar rapidamente uma solução

e implantá-la. Dessa forma, se observou a formação de pequenos grupos dentro das equipes.

Havia o grupo da equipe dos consultores e o grupo da equipe da empresa. Eventuais 'broncas'

eram dadas pelos respectivos gerentes a suas equipes enquanto que cada vez que era

necessário se discutir algum problema, eram os gerentes da consultoria e da empresa que se

falavam entre si e dessa conversa, cada um deles saía para transmitir o resultado das reuniões

para suas equipes. Ou seja, não havia muita integração entre as equipes de consultoria e da

empresa.

Como observado na equipe de gerentes dos consultores, a equipe de gerentes da empresa

também não premiava os resultados alcançados pela sua equipe.

Analise do perfil da alta administração

Quando questionamos ao entrevistado se a alta administração conseguiu transmitir à equipe a

importância do projeto para a estratégia escolhida pela organização, ele mencionou que

durante o projeto houve pouca comunicação entre a alta administração, Sponsor e

Stakeholders do projeto, com a equipe funcional. O diálogo era limitado aos gerentes do

projeto, tanto por parte da consultoria quanto por parte da organização e como mantinha

contato apenas com a gerência do projeto, não demonstrava muita preocupação

especificamente com as necessidades da equipe.

Page 127: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

111

Entretanto, a alta administração defendia o projeto junto às demais áreas da empresa afetadas

por este. Fez algumas visitas a outras empresas usuárias do sistema bem como, durante o

projeto, desenvolveu com estas uma rede de relacionamentos para obter beneficios para o

projeto.

A alta administração era também muito cobrada por mais recursos, por parte da gerência de

projeto, e quando era chamada a resolver questões específicas, atendia com prontidão sendo

bastante eficaz. Assim como os gerentes da equipe de consultores e da própria empresa, não

agradecia nem premiava ou recompensava os esforços e os resultados obtidos pela equipe.

4.1.7 O processo de Change Management

A Comunicação

No projeto da Empresa "A", a comunicação ficou a cargo da equipe de Change Management

que, adicionalmente, se envolveu também em questões ligadas a treinamento.

Quando questionado sobre a forma como as novidades em geral eram comunicadas na

organização, o entrevistado comentou que na sua opinião, elas tardavam um pouco e quando

acontecia eram utilizados canais como Intranet, Jornal Interno, etc.

Em relação ao projeto, ele comentou que a comunicação da aquisição de um novo sistema foi

feita através dos canais tradicionais da empresa e que não foi feito muito alarde.

Quanto à comunicação da formação da equipe de trabalho do projeto, comentou que esta foi

feita individualmente, de forma formal e fria, sem aproveitar a ocasião para envolver e

comprometer a equipe no projeto como um todo, com os resultados esperados. Foi também

publicada a formação da equipe no jornal da empresa. Para comunicar o andamento do

projeto(em todas as suas fases), foi criado um site na Intranet onde eram divulgadas

constantemente as informações relacionadas ao projeto bem como o andamento do mesmo,

tendo esses canais sido considerados eficientes.

Page 128: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

112

A Integração da Equipe

Como comentado anterionnente, a equipe de Change Management participou apenas do Kick­

Off do projeto, não tendo participado do processo de reintegração dos membros da equipe da

empresa às suas áreas de origem.

o Treinamento

Ao ser questionado sobre a qualidade do treinamento recebido pela equipe funcional da

empresa para operar e parametrizar o sistema a ser implantado, o entrevistado respondeu que

este foi adequado. A equipe recebeu treinamento não apenas no próprio módulo em que iria

trabalhar como também em outros módulos e outras funcionalidades para que pudessem ter

uma visão geral do sistema e assim, propor soluções integradas entre os demais módulos.

Quanto aos demais funcionários da empresa, estes receberam treinamento apenas no final do

projeto, quando nonnalmente ocorre a fase de treinamento de todos os usuários que irão

manusear o sistema específico para as atividades.

Quando questionado se foi desenvolvido e implantado um processo de treinamento periódico

na empresa para os novos funcionários ou se o treinamento era feito on the job por seus

demais colegas, o entrevistado nos contou que a empresa não implantou esse procedimento.

Nonnalmente os novos funcionários recebem um treinamento ministrado pelos próprios

colegas. Eventualmente, treinamentos adicionais podem ser solicitados por um ou outro

gerente que identifique uma necessidade especifica, nonnalmente após um processo de grande

turn over de funcionários na área. Nosso entrevistado entende que, como conseqüência, as

pessoas se acostumam a usar maio sistema e às vezes isso gera erros que tendem a se agravar

com o tempo. No caso, a empresa implantou um Help Desk para tirar dúvidas e dar

atendimento imediato aos problemas mais emergenciais. O que se verifica é que a falta de

treinamento das pessoas acaba sobrecarregando o trabalho desse Help Desk, que passa a não

Page 129: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

113

mais ser consultado esporadicamente e sim, começa a ser fonte de consulta constante devido à

carência de treinamento dentro da própria organização.

4.1.8 A Finalização do Projeto

Quanto ao acompanhamento, por parte do fornecedor e da consultoria de implantação durante

o início da utilização do software - Go Live, o entrevistado respondeu que sim, que houve

suporte no processo de Go Live . Neste momento, é importantíssimo o acompanhamento da

consultoria para garantir que os problema que possam por ventura ter passado desapercebidos

antes desse momento, possam ser corrigidos. O tempo que a consultoria permaneceu na

empresa após Go Live foi considerado suficiente.

Foi também elaborado material e documentação adequados para administrar treinamento à

organização. Entretanto, esse material não é freqüentemente utilizado pela organização.

Embora a equipe de IT, responsável pela manutenção do sistema de ERP na empresa, tenha o

cuidado de constantemente estar atualizando o material de treinamento, o mesmo não é

divulgado na organização, ficando este guardado apenas para eventual consulta.

Com relação à reintegração desses membros, após o término do projeto, à equipe anterior, nos

foi dito que houve muita ansiedade, por parte dos participantes do projeto, quanto à sua volta.

Mas de uma forma geral, no caso da empresa analisada, ao final do projeto acabam ocorrendo

diversas situações com por exemplo:

a) Alguns membros da equipe foram recebidos novamente em suas áreas de origem,

retomando às suas antigas funções só que agora, manuseando a nova ferramenta e

assumindo o papel de multiplicadores da nova tecnologia dentro de suas áreas;

b) Outros foram promovidos e/ou transferidos para outras áreas, expostos a novos

desafios profissionais;

c) Outros não quiseram retomar à área funcional. Preferiram continuar fazendo parte da

equipe de IT que passou a dar manutenção ao sistema e a implementar as melhorias

que se seguiram ao projeto original;

Page 130: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

114

d) Outros não se adaptaram e foram dispensados logo após o término do projeto ou meses

depois.

4.1.9 Os Resultados do Projeto

Escopo

Questionado quanto à proposta inicial do projeto ter sido atendida, o entrevistado entende que

sim, que a proposta era de uma implantação rápida e simples, com as funcionalidades básicas

que permitissem à empresa dar continuidade às suas atividades sem impactar no seu dia a dia.

Não foi prevista nenhuma grande customização no projeto, pois o objetivo era que fosse

realizada uma implantação, num curto espaço de tempo. E, dessa forma, os objetivos

comunicados no início do projeto foram alcançados.

Quando perguntamos se tudo o que inicialmente foi previsto fazer foi feito ou se foi deixada

alguma parte para uma fase posterior, o entrevistado respondeu que, na verdade, como a

proposta inicial era se fazer apenas o básico, os desenvolvimentos mais complexos e as

melhorias necessárias ocorreriam numa fase posterior. Normalmente, a implantação de um

sistema de ERP se divide em fases ou "ondas". No caso da empresa A, optou-se por fazer o

básico e, com as manutenções subsequentes, foram-se incluindo as melhorias necessárias e os

desenvolvimentos adicionais l22. Isso aconteceu porque não eram prioridades para o

funcionamento básico da empresa a implementação de todas as funcionalidades do sistema

selecionado. Na opinião do entrevistado, tal procedimento não foi prejudicial (nem benéfico)

ao projeto porque naquele momento não era indispensável para o funcionamento básico da

empresa a implantação de todas as funcionalidades disponíveis no sistema. Além do mais, é

importante se limitar o escopo da implantação se não ela se toma interminável.

122 Nas "ondas" seguintes poderão ser incluídos módulos como Análise de Rentabilidade, Gestão de Caixa, Recursos Humanos, etc.

Page 131: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

115

Questionamos o entrevistado quanto ao fato das mudanças nos processos da empresa e no seu

próprio negócio terem continuado a exigir que fossem feitos desenvolvimentos contínuos no

sistema, posteriores ao encerramento, e o mesmo nos respondeu que sim.

Continuam havendo pequenos novos projetos como conseqüência do primeiro projeto. Foram

incluídas novas funcionalidades, foram adicionados e integrados outros módulos, já que são

sempre identificadas necessidades de melhoria. Algo que se leva em consideração é a própria

necessidade que a empresa tem de se acostumar à nova ferramenta e aos poucos, quando

aprende a manuseá-la e já a domina melhor, passa-se a implementar novas funcionalidades.

Nos disse que as pessoas acabam ficando mais críticas e, conhecendo melhor o seu negócio,

elas passaram a exigir mais qualidade nos processos da empresa, propondo mais melhorias e

novos desenvolvimentos.

Neste momento a empresa se prepara para a migração da versão implantada em 1999 para

uma mais recente, por orientação da própria empresa fornecedora. Neste momento, as pessoas

estão mais ávidas por mudanças maiores e por isso, é preciso conter um pouco as expectativas

da empresa para não correr o risco de tornar o projeto tão complexo dificultando a sua própria

migração no prazo previsto (dead line previsto para janeiro de 2003)

Prazo

Questionado quando ao cumprimento do prazo previsto para o projeto, nosso entrevistado

comentou que foi praticamente concluído no prazo. O prazo inicial era Novembro de 1999 e

foi concluído em Janeiro de 2000. Segundo ele, dado o tamanho do projeto, se poderia dizer

que o atraso foi pequeno.

Por menor que tenha sido, ocorreu em parte devido ao grande volume de coisas que se propôs

implantar no prazo inicialmente determinado. Isso fez com que a fase de testes, muito

importante para evitar que problemas ocorram na fase de produção, fosse subestimada, não

tendo sido suficiente para fazer todos os testes integrados, o que provocou o atraso no projeto.

Page 132: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

116

Em resumo, todas as tarefas foram cumpridas, sendo o tempo requerido subestimado para

elas.

Custo

Quanto ao custo, o que se pode identificar é que não foi cumprido, em função de se ter

subestimado o custo dos equipamentos.

Page 133: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

117

4.2 EMPRESA B

4.2.1 Dados Gerais

A Empresa B é uma empresa brasileira do ramo de papel e celulose, que produz e

comercializa celulose de eucalipto branqueada e papel de imprimir e escrever. A empresa

oferece dois tipos de celulose ao mercado: standard e ECF (livre de cloro elementar). Os

papéis produzidos pela empresa são de alta qualidade com elevadas alvura e opacidade.

Fabricados, desde julho de 2000, com colagem alcalina, são oferecidos em bobinas de

dimensões industriais (com gramatura desde 56 até 110 gramas por metro quadrado) ou

cortados em folhas (folio size).

A empresa atualmente possui ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e nos

Estados Unidos por intermédio de programa ADR nível 1.

A organização atenta para a qualidade dos produtos fabricados, em sintonia com o conceito de

desenvolvimento sustentável, bem como os níveis de serviço oferecidos são atestados pela

ampla aceitação e reputação em todos os mercados e o estabelecimento de relações duradouras

com importantes clientes.

A organização é conhecida por algumas características que defende como por exemplo, a

produtividade florestal, a auto-suficiência em madeira, a geração própria de energia, a

proximidade dos plantios em relação à fábrica (distância média de 61 km), a aplicação de

modernas tecnologias e padrões internacionais de gestão da qualidade e do meio ambiente -

ISO 9002 e ISO 14001, possuindo um centro de pesquisa e desenvolvimento, com serviços

direcionados ao atendimento das necessidades dos seus clientes.

Sua unidade industrial, localizada no extremo sul do Estado da Bahia, produz celulose e papel

a partir da madeira do eucalipto, matéria-prima obtida por meio de plantios próprios. Dos 130

mil hectares de sua área total, 76 mil são reservados à cultura do eucalipto, cujo plantio está

distribuído em áreas descontínuas, em nove municípios, nos estados da Bahia e Espírito

Santo. As áreas destinadas à preservação de matas nativas e mananciais totalizam 46 mil

Page 134: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

118

hectares. Seu compromisso com a preservação ambiental está presente desde a concepção do

projeto e tem sido reconhecido internacionalmente pelas certificações e prêmios conquistados,

desde 1995, quando tomou-se a primeira empresa do setor, no mundo, a obter a certificação

pela norma inglesa BS 7750 (Environmental Management System), mantendo também um

sistema integrado de gestão da qualidade, com certificação pelas normas ISO 9002 e ISO

14001.

A empresa tem especial atenção com seus recursos humanos e dentro de seus objetivos inclui

ações de desenvolvimento e capacitação de equipes, de melhoria contínua de seus processos e

da comunicação na organização, buscando sempre ser uma empresa atrativa para se trabalhar.

Encontra-se em processo de definição de um modelo de competências a ser aplicado a todos

os níveis hierárquicos da empresa. Possui programas de treinamento e desenvolvimento,

programas de MBA para os executivos bem como realizou em 2001 seu primeiro programa de

"trainees" tendo contado com a participação de 2.500 candidatos para 8 vagas disponíveis.

4.2.2 Histórico da Implantação

A empresa B iniciou o processo de implantação do sistema ERP em Julho de 1997. Ela

implantou os módulo de materiais, vendas, controladoria, financeiro, planejamento da

produção, planejamento de materiais e recursos humanos, à exceção da folha de pagamento,

work flow e geração de relatórios e informações gerenciais A implantação durou

aproximadamente 18 meses, tendo entrado em produção em Março de 1999, incluindo um

mês de suporte pós implantação. A versão implantada já havia sido "localizada" para as

necessidades brasileiras.

A empresa B não possuía uma metodologia específica para gerenciar o projeto de implantação

do sistema ERP. Sendo assim, contou com a experiência e o apoio metodológico de uma

empresa de consultoria assim como, eventualmente, com o suporte metodológico da própria

empresa fornecedora. A metodologia utilizada foi a SAP Enable Reengineering da Ernst &

Young Consulting que se divide em 3 fases: Fase I - Planejamento e Levantamento da

Situação Atual, Fase 11 - Visão de Futuro (que contempla o Desenho e Modelagem da Visão

Page 135: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

119

de Futuro) e a Fase m - Implantação e Acompanhamento (que contempla o Suporte Pós­

implantação).

A metodologia prevê também a avaliação do risco do projeto, levando em consideração 5

tópicos. O primeiro deles refere-se à extensão do projeto (cujo grau de risco calculado foi

66%), a experiência (cujo grau de risco calculado foi 64%), a tecnologia (cujo grau de risco

calculado foi 54%), a organização do projeto (cujo grau de risco calculado foi 35%) e as

condições operacionais (cujo grau de risco calculado foi 40%). Na média, o projeto alcançou

um score de 49% de risco como um todo, sendo considerado um projeto de médio risco.

O projeto previa também o treinamento para a equipe de projeto bem como para toda a

organização que estaria manuseando a ferramenta. O treinamento era considerado um pré­

requisito para motivar os funcionários no uso efetivo do novo sistema bem como na

transferência de know-how.

Como premissas para o sucesso do projeto, era necessário um bom planejamento do mesmo, a

clara definição das responsabilidade entre os membros da equipe de projeto bem como dos

gerentes, a clara priorização das tarefas programadas no cronograma de implantação, bem

como era primordial que a equipe estivesse dedicada full-time ao projeto, não sendo aceitável

o envolvimento da equipe de funcionários chave com as atividade rotineiras da empresa.

A implantação teve como premissa a customização ZERO, restringindo as necessidades de

customização ao mínimo, permitido apenas as customizações padrão do sistema. Algo mais

específico que fosse necessário desenvolver deveria ser desenvolvido na própria linguagem de

programação do sistema para que não se alterasse muito o módulo standard. No caso das

empresas que compram o sistema optarem por modificações que alterem o sistema standard,

sem o prévio conhecimento e consentimento da empresa fornecedora, esta deixa de garantir a

qualidade e funcionalidades do produto.

O projeto previa também, dentro das atividades de Change Management, um Plano de

Comunicação detalhado para garantir a fluidez da comunicação durante o projeto.

Page 136: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

120

4.2.3 Os fatores da Mudança, a seleção do Produto e as mudanças que sua implantação

exigiu da empresa.

Ao ser questionado sobre os motivos que levaram a organização a buscar um sistema de ERP,

o entrevistado nos contou que foi a busca pela integração das informações da empresa,

buscando-se eliminar o retrabalho e garantindo uma maior agilidade e confiabilidade aos

processos da organização. Na organização, não existia sistema semelhante anteriormente. Os

sistemas legado/23 eram independentes, alguns deles inclusive, contavam com interfaces

desenvolvidas para integrá-los entre si. Esses sistemas, de acordo com o entrevistado, não

atendiam às necessidades da empresa, tanto que foram substituídos pelo novo sistema de ERP.

De acordo com o entrevistado, havia uma real necessidade de substituição do sistema anterior,

alguns sistemas já estavam muito 'retalhados' e necessitavam de uma revisão ou atualização

de versão ou ainda não atendiam plenamente às necessidades dos usuários. O custo envolvido

nesse processo estimulava a empresa a partir para um produto mais moderno, reconhecido

pelo mercado e pela concorrência como um sistema que atenderia melhor às necessidades da

organização.

Quando questionado sobre o que achava da opção pelo sistema selecionado, ele acredita que

tenha sido uma boa escolha. Para a seleção desse sistema, o entrevistado nos contou que o

fator primordial levado em consideração foi a necessidade de integração. Buscava-se a

simplificação de processos, que eliminassem o retrabalho existente dentro da organização,

dando-lhe assim maior competitividade.

Com relação à existência de um estudo prévio das qualidades do sistema, o entrevistado nos

contou que inicialmente selecionaram-se alguns sistemas de ERP e por fim, optou-se por um

deles. Foram consultadas outras empresas usuárias do sistema selecionado. Entretanto, de

acordo com o entrevistado, no segmento de negócio em questão (Papel e Celulose), já quase

todas as grandes organizações concorrentes estavam optando pelo sistema de ERP em questão

123 Sistemas Legados são aqueles sistema que existiam previamente ao sistema que se está implantando.

Page 137: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

121

como solução tecnológica portanto, suas opiniões foram consideradas na hora de se optar pelo

sistema de ERP selecionado.

Entretanto, em ralação à existência de um estudo/levantamento suficientemente profundo e

abrangente dos requisitos funcionais do sistema e da sua aderência às necessidades

operacionais da organização, o entrevistado nos respondeu que não necessariamente houve

esse estudo. O que aconteceu é que existia uma necessidade de mudança e a escolha do

sistema de ERP era uma condição para que essa mudança ocorresse já que esse ERP, no seu

bojo, trazia em si embutidas as melhores praticas de negócios em voga. Dessa forma, a

organização estava preparada para se adaptar ao novo sistema e não ao contrário. Entretanto,

foi feito um levantamento prévio dos processos em uso e da necessidade de readequação

desses processos ao novo sistema. Os processos em uso foram mapeados e, posteriormente,

foram redesenhados novos processos.

4.2.4 A Influência da Cultura da Empresa no Projeto, na Gerência e na Equipe de

Projeto

Na opinião do entrevistado, a empresa possui uma cultura de promover mudanças, e está

acostumada a estar na vanguarda de novos processos de gestão bem como na adoção de novas

ferramentas tecnológicas. Na sua opinião, a empresa está sempre em processo de mudança,

buscando sempre o que há de melhor no mercado. A organização procura envolver os

funcionário nessas mudanças uma vez que eles são sempre chamados a participar das

mudanças. Desta forma, as mudanças são encaradas como uma coisa natural, útil e necessária

dentro da organização. A alta administração fomenta na organização mudanças de processos e

métodos de trabalho assumindo um papel de patrocinadores em todas as questões de mudança

propostas pelos empregados. Por sua vez a organização, na figura de seus funcionários e

gerentes, aceita bem a implantação de novos procedimentos de trabalho e novas ferramentas

de trabalho, principalmente ferramentas tecnológicas como as de ERP. Muitas dessas

mudanças partem dos próprios donos dos processo, ou seja, das próprias áreas usuárias. A

organização busca e propõe melhorias de processos, novas metodologias e ferramentas de

trabalho pois para ela a mudança é vista como uma questão de sobrevivência.

Page 138: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

122

Mas ao ser questionado se os usuários se sentiram ameaçados pela entrada do novo sistema, o

entrevistado nos contou que sim embora esse medo tenha acabado durante o projeto.

4.2.5 A metodologia de Formação da Equipe de Trabalho

A equipe de projeto foi formada por membros das área funcionais e da área de IT da própria

empresa, conhecedores dos sistemas legados e dos processos de negócio da empresa. Esses

membros de IT também adquiriram habilidades, através de treinamentos específicos de

programação na linguagem própria do sistema para dar-lhe suporte e manutenção. A equipe de

consultores contou com profissionais com as seguintes características: especialistas em

Processos e um especialista em Change Management. Pontualmente, era envolvido um ou

outro especialista em IT.

A equipe de Change Management teve uma formação diferenciada pois contou com vários

membros de Recursos Humanos da empresa e com um consultor externo de RH, especializado

em temas como na integração de equipes, contratado especialmente pela empresa para

participar do projeto nas atividades relacionadas a Change Management. A consultoria

também disponibilizou um recurso especializado em Recursos Humanos para a formação do

grupo de Change Management.

Com relação à escolha da equipe de consultores, o entrevistado nos contou que os fatores que

foram levados em consideração na sua seleção foram a experiência prévia e a qualificação dos

profissionais da consultoria. O entrevistado considera a qualidade e preparação da equipe de

consultores um fator muito importante para o alcançe dos objetivos iniciais do projeto, caso

contrário ele pode se estender por muito tempo e cair em descrédito dentro da organização.

Entretanto, preferiu não comentar a qualidade da equipe de projeto e da gerência da empresa

de consultoria.

Com relação à experiência que a empresa de consultoria possuía em outros projetos de

implantação de sistemas de ERP, o entrevistado nos comentou que esta possuía pouca

Page 139: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

123

experiência porque na época (em 1997), haviam poucos projetos implantados ou em processo

de implantação.

A seleção dos membros da equipe internos à organização ocorreu da seguinte maneira:

"escolhemos os melhores de cada área e negociamos com os respectivos gestores a liberação

dos mesmos para o projeto. A comunicação de sua entrada na equipe foi feita com a

recomendação de que deveriam se dedicar exclusivamente a esse trabalho e que deveriam

mudar o que fosse necessário mudar, focando sempre a simplificação e otimização dos

processos". Uma vez comunicado que o mesmo participaria do projeto, suas atividades foram

repassadas para outras pessoas e ele se incorporou fisicamente, junto com os demais membros

da equipe, ao projeto para o início dos trabalhos. O entrevistado acredita que o processo de

comunicação e a transição das pessoas à equipe de projeto foi tranqüilo e que dessa forma

tenha sido satisfatório.

Com relação ao processo de aceitação pelos demais funcionários das áreas funcionais, da

saída dessa pessoa para a equipe do projeto, nos comentou que este foi tranqüilo, mesmo

porque em algum momento os demais funcionários iriam ser envolvidos no projeto e dariam a

sua parcela contribuição e ajuda para o projeto.

Em relação à equipe de projeto de TI, na sua opinião, a participação de usuários da empresa na

equipe de projeto contribuiu positivamente para o alcance dos objetivos iniciais do projeto,

sem a presença deles, o entrevistado acredita que não se teria alcançado os objetivos

inicialmente proposto para o desenho e a implementação do sistema.

Na opinião do entrevistado, a existência de equipes mistas é bastante útil, inclusive necessária

para a continuidade do processo pós implantação, através da identificação das melhorias nos

processos de negócio. Além disso, com a existência de uma equipe mista, permite que a

consultoria por um lado aporte ao projeto o conhecimento técnico do sistema e por outro, a

equipe funcional da empresa aporte ao projeto o conhecimento do negócio. É essa associação

que faz o sucesso do projeto. Na sua opinião, todos os projetos de implantação de ERP

Page 140: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

124

deveriam contar com equipes mistas. Sem isso, não há como incorporar novas

funcionalidades, mesmo que a equipe interna tenha conhecimento do sistema e consiga fazer a

implantação sozinha.

Ele alerta entretanto, que é importante levar em consideração que, para o desenvolvimento do

projeto, o primordial é ter planejamento e acompanhar o cronograma e isso é melhor

gerenciado por uma equipe de consultores externos com experiência em gestão de projetos.

Sobre se a existência de equipes mistas gerar conflitos de interesses durante o projeto, na sua

opinião é de que tal fato não deveria existir. Caso ocorra, a gerência responsável pelo projeto

deveria interferir para correção de rota do projeto. No caso do projeto em questão, ele nos

comentou que sempre que foi identificado um conflito e que houve necessidade de uma

intervenção da equipe gestora, prevaleceu o bom senso. Em casos mais drásticos, a solução foi

mudar as pessoas da equipe envolvidas no conflito.

Sobre a sua opinião quanto aos benefícios ou malefícios do surgimento de conflitos no

projeto, nos comentou que tais conflitos provocam sempre uma mudança no curso do projeto.

E as mudanças, sempre que necessárias, devem acontecer preservando sempre o objetivo

principal do projeto.

4.2.6 O Gerente de Projeto e a Liderança

A formação da Equipe de Projeto é descrita na Figura XV - Equipe do Projeto de ERP da

empresa B, a seguir:

Page 141: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

125

Nivel de Decisão

I Nivel de Coordenação

~rentes de Equipe _ da Empresa

Nivel de Execução

Figura XV - Equipe do Projeto de ERP da empresa B

Analise do Perfil da gerencia da equipe de consultores

A divisão de trabalho e das tarefas entre a equipe de Coordenação o Comitê Executivo da

equipe era a seguinte: o gerente interno cuidava das questões relacionadas a processos,

comunicação e o cumprimento do cronograma. Cuidava também para que a unidade da equipe

estivesse sempre preservada. O gerente da consultoria, por sua vez, atentava para as questões

técnicas do sistema, resolvendo problemas como, por exemplo, a não aderência do sistema às

necessidades da empresa - os gaps - e atividades ligadas ao controle geral do projeto.

O entrevistado comentou que o projeto envolvia a organização como um todo e portanto,

havia a necessidade de se manter a comunicação com os demais membros da equipe sempre.

Page 142: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

126

Entretanto, ocorre que o gerente de consultoria do projeto em questão vinha de uma outra

empresa, não tendo experiência prévia em consultoria e isso foi um pouco complicado se

relacionar com a equipe da empresa. Se não houver uma sintonia entre gerência de projeto,

equipe e gestores das áreas funcionais, o projeto perde sua importância e deixa de existir

comprometimento por parte dos gestores como um todo. Dessa fonna, o gerente do projeto

tem que ser uma pessoa fortemente agregadora.

Com relação às suas habilidades e conhecimentos técnicos a respeito do projeto que estava

sendo implantado, o entrevistado entende que ele sabia da importância do projeto e tinha

consciência de sua responsabilidade porém como era uma experiência nova para ele, o

andamento do projeto o colocava à prova a todo instante.

Com relação à sua capacidade de administrar as atividades inerentes ao projeto como

cronograma, recurso humanos e financeiros, crises entre os diversos membros da equipe e/ou

entre equipe de consultoria e da empresa, o entrevistado nos disse que de fonna geral, todas as

dificuldades inerentes ao projeto no tocante à sua administração foram solucionadas de

maneira coerente e com bastante participação dos patrocinadores, que eram os diretores da

organização.

Para ele, na maioria das vezes, o gerente do projeto da consultoria era uma pessoa carismática

para a equipe e para o cliente mas quando era obrigado a tomar decisões, a situação mudava

de figura. Demonstrava interesse e comprometimento com os objetivos do projeto e

costumava delegar responsabilidades aos demais membros da equipe. Sempre que necessário,

solicitava treinamento, embora os participantes de um projeto de implementação de ERP

estejam sempre sendo treinados pelo fato de estarem contribuindo para as mudanças na

organização.

Com relação aos canais de comunicação, comentou que a comunicação no projeto se realizava

através de reuniões específicas para tratar de questões relativas ao projeto. Nessas reuniões, as

pessoas comunicavam suas dificuldades, apreensões e davam sugestões.

Page 143: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

127

o gerente da equipe de consultores era ágil na tomada de decisões. Em um projeto, não se

pode demorar para tomar decisões, o cronograma não pára, as coisas têm que ser decididas

rapidamente, independentemente da vontade da equipe. As decisões relativas ao projeto

sempre eram tomadas em conjunto com o gerente da empresa e tinham que ser ágeis. Ao

identificar um obstáculo ou problema, este negociava os novos rumos compartilhando as

decisões com a equipe e os donos do processo.

Quando questionado quanto ao fato do gerente da equipe de consultores ter o hábito de

premiar os resultados obtidos, ele nos disse que não.

Analise do Perfil da gerência da equipe da empresa

Ao ser questionado se ele demonstrava que o sucesso do projeto que ele coordenava garantiria

o seu próprio sucesso e ascensão na organização, o entrevistado respondeu positivamente. Isso

era imprescindível para o seu sucesso. A garra, motivação e empenho são fundamentais para a

carreira profissional.

Quanto a escutar as necessidades da equipe, nos disse que isso ocoma sempre que era

possível, embora no auge do projeto as coisa tivessem ficado um pouco tumultuadas em

função das tarefas terem que ser executadas em um curto espaço de tempo. O agradecimento e

a premiação costumavam acontecer sempre que a equipe merecia. De uma maneira ou de

outra, acontecia o reconhecimento.

Sempre que necessário, desenvolveu uma rede de relacionamentos com as demais áreas da

empresa e com outras empresas para conseguir atingir os objetivos ou completar tarefas

exigidas pelo projeto. Criou um canal de comunicação com a equipe e demais gerentes do

projeto pois isso era fundamental, sem essa comunicação o projeto não atingiria seu objetivo.

Page 144: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

128

Analise do Perfil da alta administração

Quando o questionamos se a alta administração conseguiu transmitir à equipe a importância

do projeto para a estratégia escolhida pela organização, ele mencionou que sim. Além disso,

tanto a equipe do projeto como o gerente tinham um canal aberto com a alta administração.

Durante o projeto criou-se um canal de comunicação permanente com a equipe e gerentes do

projeto através da realização de reuniões periódicas para discutir-se assuntos relacionados

com o projeto.

A rede de relacionamentos com as demais área da empresa ou outras empresas para conseguir

atingir os objetivos ou completar tarefas exigidas pelo projeto também foi sempre uma

constante por parte da alta administração.

Poderíamos dizer que o projeto contou com um grande patrocínio da alta administração da

empresa. O seu apoio foi de suma importância para o sucesso do projeto. Sem isso, ficaria

quase impossível o comprometimento de todos dentro da organização. Sempre que era

solicitada, a alta administração era ágil na tomada de decisões

A alta administração sempre demonstrava preocupação com as necessidades da equipe e dos

gerentes do projeto pois tinha o maior interesse de que tudo desse certo. Na medida do

possível, lutava por mais recursos para o projeto.

Quanto a agradecer e premiar os esforços e os resultados obtidos pela equipe, nos disse que

isso é pratica comum na organização. As equipes são premiadas por resultados satisfatórios.

4.2.7 O processo de Change Management

Na Comunicação

Page 145: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

129

De acordo com o entrevistado, a comunicação na empresa se dá normalmente através do

jornal interno, por publicações específicas e ou reuniões entre empresa e funcionário, e na sua

opinião, tem funcionado satisfatoriamente. Com relação ao projeto especificamente, a

comunicação da aquisição do novo sistema se deu primeiro através de uma reunião de

diretoria com os gerentes e em seguida a notícia foi repassada para a equipe.

Durante o andamento do projeto, em todas as suas fases, a comunicação ocorreu através de

um jornal interno específico sobre o projeto ou através de reuniões com as áreas envolvidas.

Este canal foi considerado eficiente pelo entrevistado embora ele tenha sugerido outros como

a Intranet, a Internet e a participação da equipe em eventos corporativos.

o Treinamento

Sobre a qualidade do treinamento recebido pela equipe funcional para operar e parametrizar o

sistema a ser implantado o entrevistado comentou que, na sua opinião, os treinamentos

costumam ser ministrados esperando-se obter o melhor resultado para a equipe, mas nem

sempre acontecesse o melhor, ou seja, no tempo disponível para os treinamentos da equipe

funcional nem sempre se conseguem os melhores resultados. Ás vezes, o membro da equipe

não consegue absorver todo o conhecimento necessário para sozinho implantar o sistema. Por

isso, a equipe mista é sempre bem vinda.

Quanto ao fato dos demais usuários, em todas as áreas da organização afetadas pela

implantação do ERP, terem sido treinados para manusear o novo software, o entrevistado nos

comentou que estes receberam treinamento porém sempre falta muito a aprender. Quando os

usuários se deparam com as rotinas do dia-a-dia é que identificam que ainda há muito a

aprender. Por isso, é importante treinar novamente a equipe após alguns meses do sistema ter

entrado em produção. Porém, durante o projeto, foi elaborado material e documentação

adequados para administrar treinamento à Organização através de manuais de usuários, e esse

material é freqüentemente utilizado pela organização.

Page 146: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

130

Quanto ao desenvolvimento e implantação de um processo formal de treinamento periódico

na empresa, para os novos funcionários, nosso entrevistado nos comentou que o treinamento

para novos usuários é sempre ministrado pela própria área, ou seja, o seu treinamento é feito

on the job por seus demais colegas. Questionado sobre o fato desse procedimento afetar a

qualidade do trabalho e a utilização das funcionalidades do sistema, na sua opinião, o

entrevistado entende que às vezes é prejudicial, por que essa forma de transmitir o

conhecimento carrega os vícios previamente existentes na área. Mas o mesmo observa que na

prática, na maioria das vezes, tem dado certo.

o entrevistado nos disse que houve um acompanhamento dos usuários e do sistema, após a

implantação por parte da própria empresa. Entretanto, em relação à consultoria, como é

estipulado em contrato quanto tempo ela ficará no período de pós-implantação, esta não

permaneceu dando suporte por muito mais tempo.

A Integração

Durante todo o projeto, o entrevistado nos contou que para proporcionar a integração entre a

equipe de projeto da empresa e da consultoria, foram ministrados diversos cursos internos e

eventos de integração com todos os participantes.

4.2.8 A Finalização do Projeto

Com relação à volta dessas pessoas às suas funções rotineiras após a conclusão e

encerramento do projeto, o entrevistado nos contou que poucos voltaram às suas rotinas.

Alguns ficaram em TI e outros retomaram para as áreas em funções diferentes, com olhos

voltados às melhorias que deveriam ocorrer após o fim da primeira "onda" de mudanças

implementadas pelo projeto.

Page 147: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

131

Segundo o entrevistado, agora essas pessoas possuíam mais responsabilidade já que agora eles

tinham a missão de estar com os olhos voltados para a identificação de oportunidades de

melhorias contínuas dentro de suas respectivas áreas.

4.2.9 Os resultados do Projeto

Escopo

Com relação à proposta inicial do projeto ter sido atendida, o entrevistado entende que o

projeto atingiu aproximadamente 70% os resultados esperados. Não deu tempo de fazer tudo o

que foi comunicado nem foi possível implantar todas as funcionalidades do sistema. Foi

apenas possível implantar o que havia sido comunicado em termos de funcionalidades.

Foi deixada alguma coisa para se fazer após o projeto entrar em produção. Por exemplo, toda

a área florestal foi postergada porque não era possível postergar a entrada em operação.

Entretanto, ressaltou que as coisas que ficaram pendentes não prejudicaram a entrada do

sistema em operação. Na opinião do entrevistado, o atraso também aconteceu por que foram

identificadas novas oportunidades de melhoria, no decorrer do projeto, que eram impossíveis

de ser implementadas no prazo determinado para a sua conclusão. Ao ser questionado sobre

tal procedimento ter sido prejudicial ou benéfico ao projeto, na sua opinião o projeto não foi

afetado pela não inclusão de alguns processos.

Desde a conclusão do projeto, continuam havendo vários pequenos projetos pois após a

implantação foram identificadas várias oportunidades de melhoria, que foram implementadas

após o início da entrada em operação do sistema. Na opinião do entrevistado, isto ocorre

porque, na medida em que se conhece melhor as potencialidades do sistema, o escopo vai se

alterando. Porém, sua aplicabilidade acaba sendo postergada para uma fase posterior. No caso

da empresa B, foi isso que aconteceu.

Page 148: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

132

Prazo

Quanto ao cumprimento do prazo previsto para o projeto, houve atraso de 2 meses. O atraso

ocorreu em primeiro lugar devido ao fato da equipe funcional e dos próprios consultores não

conhecerem suficientemente o sistema. Em segundo lugar devido à pouca experiência da

equipe, tanto funcional como da de consultores, em projeto de implementação de sistemas de

ERP em empresas de grande porte na época. Em terceiro lugar, o atraso também foi

influenciado pelas modificações que foram ocorrendo no escopo do projeto.

Page 149: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

133

5 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES COLETADAS

o escopo deste capítulo é analisar os dois casos descritos anteriormente tendo como base o

modelo proposto na revisão bibliográfica. Objetiva-se fazer análises comparativas entre as

duas empresas pesquisadas, buscando identificar semelhanças e diferenças de padrão nas

implantações de sistemas de ERP ocorridas nessas duas empresas.

Seguindo a linha de formatação da apresentação dos estudos de caso, a análise destes dois

casos ser dará em seis partes, sendo a primeira, uma comparação entre o histórico da

implantação nas duas empresas. Em seguida, compararemos os fatores da mudança, a seleção

do produto e as mudanças que essa implantação exigiu da empresa, como a se deu a influência

da cultura das empresas no projeto, na gerência e na equipe de projeto, os aspectos da

metodologia utilizada por cada uma das empresas na formação das equipes de trabalho,

faremos uma comparação entre perfil dos gerente de projeto em cada uma delas, os conflitos e

os aspectos de liderança observados em cada uma das implantações bem como faremos uma

análise comparativa entre o perfil da alta administração em cada uma delas. Como o processo

de Change Management, ou seja, o treinamento, a comunicação e a integração das equipes foi

abordado em cada uma das empresas e por fim, os resultados obtidos pelo projeto, ou seja, o

processo de finalização e os resultados obtidos em termos de escopo, prazos e custo.

5.1 Histórico da implantação nas duas empresas

Embora as duas empresas tenham optado pelo mesmo sistema, a empresa A optou pela

implantação de uma quantidade menor de funcionalidades - módulos, do que a empresa B o

que, em termos de duração e riscos para o projeto, aumenta à medida que aumentam as

funcionalidades selecionadas para essa implantação.

A época na qual ocorreram essas implantações também é um diferencial que deve ser levado

em consideração uma vez que quanto mais cedo ocorriam as implantações mais difícil era

dispor de recursos treinados e conhecedores das funcionalidades do sistema, o que elevava

Page 150: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

134

consideravelmente o risco do projeto. Embora dois anos de diferença entre cada um dos

projetos possa parecer para os leigos pouco tempo, na prática o que se observa é que à medida

que o tempo passava, e mais projetos no Brasil iam acontecendo, mais e mais pessoas

passavam a conhecer o produto, incluindo até mesmo o próprio fornecedor do sistema, e mais

curtos se tomavam os projetos subsequentes.

Da mesma forma, as versões utilizadas em cada uma das implantações, incluíam, dependendo

da época, mais ou menos "Tropicalizações,,124 e portanto, mais aderência possuía o produto às

necessidades da empresa e menos customizações eram necessárias.

Poderíamos dizer que o tempo de duração dos projetos analisados depende diretamente da

quantidades de funcionalidades ou módulos do sistema implantados.

Outra conclusão a que se pode chegar comparando os dois casos é que as empresas não

possuíam conhecimentos nem metodologias apropriadas para a implantação de um sistema tão

amplo e complexo como esse e por isso, ambas necessitaram do apoio de uma empresa de

consultoria externa, com a metodologia, recursos e conhecimento necessários para suportar o

projeto de implantação do sistema de ERP.

Ambas tiveram como premissa para essa implantação, customização ZERO, condição

fundamental para reduzir os riscos e a complexidade do projeto.

5.2 Os fatores da mudança, a seleção do produto e as mudanças que essa implantação

exigiu da empresa

Embora os objetivos das duas empresas ao selecionar o sistema de ERP possam parecer

diferentes se comparadas as respostas dadas pelos entrevistados, por trás dessa seleção havia a

124 Tropicalizações é como ficam conhecidas as adaptações necessárias ao produto original uma vez que o sistema de ERP em questão, não teve sua origem no Brasil e adaptações a questões tributárias e processos específicos do Brasil, por exemplo, foram necessários para que o produto melhor se adaptasse às necessidades das empresas às quais era oferecido e vendido.

Page 151: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

135

necessidade principal de se reduzir custos. A escolha desse sistema especificamente, envolve

também questões e desejos intangíveis com por exemplo, a empresa B queria ter o mesmo

sistema utilizado por suas concorrentes enquanto a empresa A tinha esse sistema definido

como uma diretriz corporativa. Fato é que o sistema em questão era o sistema mais vendido e

mais comercializado na época, portanto o mais caro e de implantação mais cara, como

conseqüência do volume de recursos humanos envolvidos, da necessidade do suporte de

consultorias e dependendo das customizações necessárias, o mais arriscado e mais demorado.

Os gaps identificados entre o sistema e as necessidades da empresa, em ambos os casos,

foram resolvidos com customizações através da programação de interfaces ou

desenvolvimento de aplicativos adicionais que substituíssem ou complementassem as

necessidades adicionais da organização, utilizando, como pré-condição, a mesma linguagem

de programação do sistema. Em ambos os casos, foram as empresas que se adaptaram ao

sistema e não o sistema que se adaptou às empresas.

5.3 Influência da cultura das empresas no projeto, na gerência e na equipe de projeto

Neste aspecto, podemos observar duas atitudes completamente distintas entre as duas

empresas analisadas. A empresa A não possui tradição e cultura voltada para a mudança, o

que parece estranho se formos pensar que esta é uma empresa da área de telecomunicações,

segmento onde novos desenvolvimentos tecnológico, que envolvem um elevado grau de

mudança, são uma constante e uma premissa para o seu core business.

Já para a empresa B, a mudança fazia parte de sua cultura, do seu contexto. Ressalta-se o fato

de não só a equipe do projeto como todos os funcionários da fabrica da Bahia possuírem

histórias de motivação por terem aceitado o desafio de sair de São Paulo para estabelecer a

nova fábrica no interior da Bahia. São portanto pessoas motivadas e dispostas a inovar e a

aceitar as mudanças. E que no caso do projeto de implantação do sistema, estavam muito

motivadas com a possibilidade de mudança.

Page 152: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

136

A empresa B no projeto em questão, delegou aos membros da equipe o poder para decidir e

mudar o que fosse necessário para que se obtivessem os melhores resultados do projeto. Esta

delegação de responsabilidades os estimulou a buscar e a extrair os melhores resultados do

sistema de ERP e do projeto em si.

Entretanto, nem toda esta motivação na empresa B foi suficiente para que as pessoas

envolvidas no projeto não tivessem medo de perderem seus empregos ou suas funções dentro

da organização após a entrada em produção do novo sistema, como ocorreu na empresa A. Em

todos os casos, após a entrada em produção dessa nova ferramenta, as pessoas, tanto

funcionários quanto gerentes, acabaram por ver que, sendo ela inevitável, eles tinham agora

pela frente o desafio de dominarem esse novo conhecimento. Pois dominar esse novo

conhecimento era a garantia também da sua permanência na empresa e por isso, precisava

conhecer e desenvolver mais seus conhecimentos nessas novas funcionalidades, já que eles

não poderiam ficar para trás sob a pena de ficarem ultrapassados e de serem, futuramente,

substituídos pela própria organização. Neste momento, a equipe de Change Management tem

um papel fundamental no processo, reduzindo as expectativas das pessoas, montando um bom

plano de comunicação do projeto para a organização.

No caso da alta administração, em ambos os casos, percebemos que ela acaba tendo uma visão

mais estratégica do quanto a inovação, com a implantação do novo sistema, será benéfica para

a organização como um todo e, por isso, ela fomenta a mudança. Entretanto foi comentado

pelo entrevistado na empresa A que às vezes a alta administração não conseguiu visualizar os

impactos que a mudança proposta pelo sistema de ERP trazia para a empresa, como por

exemplo no caso da empresa A, o impacto que a implantação do módulo de Vendas, pelo fato

deste estar integrado com a área financeira, teria diretamente nas atividades da área financeira

e ela, por sua vez, deveria estar preparada para a mudança e não estava.

A organização naturalmente leva um certo tempo para se adaptar. O que acaba ocorrendo é

que depois da primeira "onda" de mudanças trazidas pelo novo sistema, é normal que em

projeto subsequentes sejam incorporadas novas funcionalidades mais específicas e complexas

que trarão mais mudanças, num ciclo contínuo.

Page 153: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

137

5.4 Aspectos da metodologia utilizada por cada uma das empresas na formação das

equipes de trabalho

Nos dois casos analisados, a equipe de projeto contou com membros internos da organização

em cada equipe. Este procedimento difere de outros tipos de projeto, como comentado pelo

entrevistado na empresa A. Mas ambos entrevistados foram da opinião de que a existência de

equipes mistas foi fundamental para os bons resultados obtidos pelos respectivos projetos.

Entretanto, na empresa A, pôde-se reparar que houve mais resistência, por parte dos gerentes

funcionais da empresa, em liberar recursos para o projeto, por medo de perder esses recursos

ou do desaparecimento de suas vagas.

Outro aspecto ressaltado pelo dois entrevistados, tanto na empresa A quanto na empresa B, foi

a volta à área de origem após o término do projeto. Do ponto de vista daqueles que deixaram

suas áreas para participar do projeto, foi identificado nos dois projetos, que houve por parte

dessas pessoas, medo de que ao término do projeto elas não mais tivessem condições de serem

recolocadas nas suas respectivas áreas ou funções anteriores. E como pôde ser observado,

houve pouca contribuição por parte da equipe de Change Management do projeto da empresa

A para reverter essa sensação nas pessoas que foram participar do projeto. O entrevistado da

empresa A deu exemplos inclusive de como essa volta acaba sendo um pouco traumática,

dando com o exemplo algumas situações como por exemplo, o medo de voltar à equipe antiga

depois de tanto tempo, das piadas relacionadas com o sistema implantado por parte daqueles

que ficaram cada vez que ocorre um erro no sistema como se o fato de ter ocorrido um erro

fosse culpa da pessoa que esteve participando no projeto. Para a pessoa que retoma à área

acaba sendo um pouco mais dificil a readaptação. Nem todas voltam como foi comentado no

estudo de caso da empresa A. Mas ambos são da opinião que, em geral, a participação em um

projeto desse porte é uma grande oportunidade para quem participa dele e depende de cada um

o resultado que pessoa poderá obter dessa participação.

Page 154: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

138

Enquanto no projeto B, não se comenta a qualidade dos recursos selecionados, no projeto A o

entrevistado mencionou que os recursos disponibilizados para o projeto não foram os

melhores disponíveis na empresa, ressaltando entretanto que mesmo assim, os resultados

foram bons.

Com relação à equipe de consultores participante do projeto, o entrevistado da empresa B

preferiu não manifestar a sua opinião quanto à qualidade destes recursos. Desta forma, o que

se pode concluir, através das opiniões manifestadas e identificadas nos dois casos analisados,

é que a equipe de consultoria possuía pouca experiência em projetos desse porte.

Com relação ao comprometimento da equipe com os resultados do projeto, o entrevistado da

empresa A comentou que esse comprometimento, por parte da equipe de consultores, nem

sempre é o mais adequado e sugeriu que uma forma de melhorar o grau de comprometimento

desses consultores seria o estabelecimento de bônus e premiações vinculados aos resultados

dos trabalho. Como comentado na revisão bibliográfica específica sobre o tema, são sugeridas

outras alternativas.

5.5 O perfil dos gerentes de projeto e da alta administração, os conflitos e os aspectos

de liderança no projeto

Foi identificada a existência de conflitos nos dois projetos. O entrevistado da empresa A fez

uma análise das razões para os conflitos entre, principalmente, a equipe funcional da empresa

e a equipe de consultoria, focando principalmente a existência de objetivos distintos entre

esses dois grupos. Os consultores necessitam otimizar o custo, o cronograma e a rentabilidade

do projeto e para isso, acabam reduzindo o escopo, ao contrário da equipe composta por

membros da empresa, que está disposta a garantir a qualidade e a manutenção do escopo,

penalizando um pouco mais a rentabilidade do projeto, principalmente se o projeto tiver para a

empresa um custo fixo não atrelado à sua duração e sim a pacotes de atividades concluídas, o

que normalmente ocorre em projeto desse tipo. A solução dos conflitos, em ambos os casos,

foi alcançada com a substituição das pessoas envolvidas no conflito.

Page 155: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

139

Por sua vez, ficou mais caracterizada a falta de características de liderança na equipe gestora

do projeto da empresa A, enquanto que a inexistência dessas mesmas características nos

gestores da empresa B passou um pouco mais desapercebida. Mas de uma forma geral, pôde­

se concluir que, nos dois casos, a equipe gestora carecia de habilidades gerenciais.

No caso da empresa A, essa carência foi um pouco minimizada pelo fato de, na formação das

equipes, cada módulo a ser implantado contar com um recurso experiente e conhecido da

organização. Para o entrevistado da empresa A, o diferencial na questão da liderança é que os

líderes das equipes de projeto venham das áreas usuárias, ou seja, que sejam pessoas

respeitadas por seu know how e experiência, e que os membro de TI dentro da equipe

funcionem, neste caso, apenas como uma equipe de suporte, que intervém nas questões mais

técnicas do sistema sempre que necessário.

Nos dois casos, observou-se que os gerentes delegavam responsabilidades aos líderes ou

responsáveis pelas equipes funcionais. Mas em ambos os casos é ressaltado o fato de que, em

função do volume de tarefas compreendidas no projeto, essa delegação era uma exigência do

próprio projeto.

Foi observado que a gerência da consultoria da empresa A não premiava ou recompensava a

equipe pelos resultados obtidos. Apenas o gerente da equipe funcional da empresa B tinha

essa atitude, reforçada pela própria cultura da empresa de premiar os resultados alcançados.

A comunicação dos líderes de projeto com o resto da equipe é identificada mais na empresa B

do que na empresa A. A equipe de projeto teve mais acesso à alta administração na empresa B

do que na empresa A, cujo acesso à alta administração estava restrito ao gerente de projeto

mais experiente. Em ambos os casos, os gerentes de projeto tinham acesso à alta

administração.

Nos dois casos, também foi formada uma rede de relacionamentos interdepartamental e entre

empresas que se encontravam em processo de implantação ou que já tinham passado por esse

processo visando melhorar não só o relacionamento entre eles e a troca de experiências como

também garantir melhores resultados para o projeto.

Page 156: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

140

5.6 O processo de Change Management - a comunicação, a integração das equipes e o

treinamento

A participação da equipe de Change Management na empresa A se limitou ao evento de Kick­

Of! do projeto e à preparação do plano de comunicação e do treinamento. Foi considerada uma

participação limitada, com pouco envolvimento nos momentos de conflito e com pouco

suporte à equipe de projeto. Conforme comentado pelo entrevistado, a participação da área de

Recursos Humanos da própria empresa por vezes substituiu a equipe de Change Management

nesse papel integrador.

Com relação à empresa B, a participação da equipe de Change Management foi mais ativa

porém assim o foi porque a área de Recursos Humanos da empresa atuou intensamente

contando inclusive com o apoio de um consultor externo, contratado por esta, nos processos e

principalmente nos eventos de integração das equipes.

Nos dois casos, ficou evidente que o processo de treinamento na empresa A se limitou àquele

realizado previamente à entrada do sistema em produção e que, embora o material tenha sido

preparado para esse momento específico, não se definiu um procedimento posterior como

rotina para a revisão dos conhecimentos do sistema através da formalização de um

treinamento periódico na empresa visando a reciclagem de seus usuários.

Nos dois casos, foram criados canais formais de comunicação dos resultados do projeto à

organização.

5.7 Os resultados obtidos pelo projeto - o processo de finalização e os resultados

obtidos em termos de escopo, prazos e custo.

Ficou evidente que nos dois casos, as empresas começaram o projeto com uma diretriz clara

de limitarem o escopo do seu projeto às funcionalidades standard do sistema como forma de

Page 157: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

141

garantir a conclusão do mesmo dentro do prazo e do custo pretendidos. Conforme já

comentamos, a diretriz dada foi customização ZERO.

Entretanto, um dos fatos comentados pelo entrevistado da empresa A com respeito à sua

opinião sobre os fatores que afetaram o resultado do projeto da empresa A, ele destacou que

este se distanciou das funcionalidades standard disponíveis no sistema, não tendo seguido a

diretriz inicial de customização ZERO, tendo sim realizado customizações em excesso.

Já no caso da empresa B, esta comentou que foi uma opção deixar de implementar certas

funcionalidades e deixar de efetuar desenvolvimentos adicionais visando garantir o

cumprimento dos prazos, deixando essas funcionalidades para serem implementadas em

projetos futuros, para não estender mais o projeto inicial.

Em ambos os casos, a falta de experiência da consultoria e da equipe de projeto foi ressaltada

como um fator que limitou o desenvolvimento e aplicação de novas funcionalidades no

projeto e foi apontado como justificativa para o fato do projeto não ter sido concluído no

prazo.

Consequentemente ambos não cumpriram o custo inicialmente previsto.

Nos dois casos, continuaram havendo novos projetos como conseqüência do primeiro projeto

onde então foram incluídas novas funcionalidades por que sempre são identificadas

necessidades de melhoria como uma conseqüência do próprio processo de implantação.

Novamente, cabe lembrar que, como restrições e limitações apresentadas neste estudo,

destacam-se a pequena amostragem, o não tratamento estatístico dos dados, a possibilidade de

introdução de viés tanto por parte do entrevistado quando do entrevistador, além de não ser

possível a generalização dos resultados obtidos. Entretanto, tais fatores limitantes não

invalidam este estudo de caráter exploratório que poderá servir como ponto de referência para

futuras implantações de sistema de ERP e estudos subsequentes, devendo constituir, portanto,

elementos encorajadores para novos estudos nesta fascinante área de gestão de projetos.

Page 158: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

142

6 CONCLUSÓESERECOMENDAÇÓES

As análises comparativas das empresas entrevistadas para os estudos de caso, escopo principal

deste estudo e apresentadas no capítulo anterior, evidenciam pontos importantes no que diz

respeito à implantação de sistemas de ERP.

o presente estudo sobre a utilização de metodologias de Project Management como um

diferencial na implantação de sistemas de ERP evidenciou que o simples fato do projeto

utilizar uma metodologia de gerenciamento de projetos, através da contratação de uma

consultoria, contratada pelo seu know how e metodologia de gestão de projeto e

conhecimentos técnicos do sistema, não garante o que ao termino do projeto, todos os

objetivos previsto inicialmente no que diz respeito ao cumprimento do prazo, escopo e custo

previstos, sejam alcançados sem que um trade of! ocorra. Os resultados obtidos ao final do

projeto de implantação do sistema de ERP são afetados por uma série de outros fatores que

estão mais ligados a questões relacionadas com as variáveis ressaltadas neste estudo como

liderança, formação de equipes, as técnicas de Change Management adotadas e os aspectos da

cultura da organização. A utilização da metodologia garante sim que o projeto chegue ao seu

final, entretanto, esses outros fatores serão o diferencial de "sucesso ou fracasso" dos projetos

de implantação de sistemas de ERP.

Desta forma, algumas conclusões podem ser tiradas deste estudo. Na Tabela D - Principais

Conclusões a seguir, relacionamos as principais conclusões obtidas neste estudo e a seguir

faremos alguns comentários e resumiremos a principais conclusões alcançadas.

Tabela D - Principais conclusões:

PRINCIPAIS CONCLUSÓES

• As empresas não possuem metodologia nem conhecimento suficientes para implantar um sistema de ERP de grande porte sozinhas;

• Algumas empresas selecionam o sistema objetivando alcançar um status na sua área de atuação;

Page 159: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

143

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Contratam consultoria por acreditar que esta possui não só uma metodologia de Gestão de Projeto adequada como também experiência em implantação desses sistemas de ERP; • Entretanto, ficou claro que quanto mais cedo ocorreram essas implantações, menos

conhecimento e experiência possuíam as empresas de consultoria assim como menores eram as Tropicalizações do sistema resultando assim em maiores atrasos e maior quantidade de problemas ocorreram nos projeto;

• Os riscos e tempo de duração do projeto aumentam à medida que aumenta a quantidade de módulos a serem implantados assim como aumentam os gap's entre as necessidades da empresa e as funcionalidades disponíveis no modulo standard devendo-se antes de se iniciar o projeto, fazer um Gap Analysis. Dependendo desse resultado, aumenta-se ou se diminui a quantidade de customizações (programações específicas adicionais). O fornecedor sugere customização ZERO para minimizar o tempo e os riscos dos projetos;

• O Gap Analysis normalmente acontece depois de contratada a consultoria, fazendo parte das atividades do projeto, quanto o preço (custo do projeto) já foi negociado bem como tempo de duração deste. Após a analise de gap 's é que será possível ter uma real noção se o projeto cumprirá o tempo e o custo planejado ou se terá que se comprometer, por exemplo, o seu escopo;

• A facilidade com que a empresa encara a mudança vaI facilitar o processo de implantação do sistema de ERP;

• A equipe se forma com Consultores (alguns experientes e outros inexperientes) e membros da empresa como forma de minimizar o abismo entre o conhecimento necessário do negócio, o tempo disponível para a implantação bem como a falta do domínio técnico do sistema a ser implantado por parte da empresa que o está implantando;

• A participação de membros internos da empresa, das áreas funcionais e especialistas no processo de negócio que está sendo implantando, permite obter melhores resultados na implantação da ferramenta, de forma mais alinhada às necessidades da empresa. Sua participação também encurta o tempo necessário para o entendimento das atividades e permite agilizar o processo de parametrização do sistema;

• Os membros da equipe interna da empresa funcionam ao mesmo tempo como multiplicadores e como "quebra-gelo" na divulgação da nova ferramenta dentro da empresa, dando mais confiabilidade ao novo sistema e processo que está sendo implantado;

• Inexperiência e desconhecimento da Consultoria interfere nos resultados do projeto;

Page 160: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

144

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

• Equipes Mistas e projetos complexos como as implantações de sistemas de ERP requerem: um gerente com características de líder, muito trabalho e a realização de atividades de Change Management (Kick Off, eventos de integração, reuniões de posicionamento e de status, treinamento, mapeamento e tratamento dos Stakeholders, etc .. );

• Tanto na seleção quanto no encerramento e retorno dos participantes às suas áreas funcionais, a participação da equipe de Change Management (RH) funciona como um facilitador do processo. Nem sempre isso ocorre;

• A saída e retorno dos membros da equipe funcional, traz insegurança ao membros internos da organização, participantes do projeto pois: não sabem se teriam de volta suas vagas, se ainda teriam espaço na empresa, se teriam equiparação salarial entre os demais membros da equipe, entre outros medos;

• A existência de um plano de comunicação ativo facilita o processo de divulgação das ações do projeto e das mudanças em curso na organização, decorrentes do próprio projeto;

• Atividades de Integração entre a equipe de consultores e a equipe funcional também facilita e melhora o relacionamento e permite obter melhores resultados no projeto;

• Se não houver bastante intervenção ou ações de Change Management sobre as equipes de consultores e as equipes funcionais nos projetos, essas equipes tendem a se distanciar entre si formando 2 grupos separados, que respondem apenas aos seus gerentes diretos, aumentando assim a probabilidade de surgimento de conflitos e comprometendo assim os resultados do projeto;

• O conflito acontece e nos casos analisados foi tratado com pouca intervenção da equipe de Change Management. A origem do conflito normalmente está na divergência de objetivos do projeto em termos de prazo x custo x qualidade (escopo). Embora todos tenham um objetivo comum: concluir o projeto com sucesso, o problema reside nos meios utilizados;

• Em relação à postura dos Gerentes de projeto:

1. a premiação e o reconhecimento pelo esforço e trabalho da equipe influencia os resultados e a dedicação desta ao projeto (o que nem sempre ocorre);

2. delegar responsabilidade e concomitantemente autoridade e "poder" à equipe funcional, garante maior cobrança em termos de qualidade dos resultados obtidos pelo projeto (como no caso da empresa B e como mencionado por Vergara 125

125 "Compartilhar autoridade. As pessoas tem a tendência de delegar tarefas sem compartilhar a autoridade necessária para a sua realização, desprezando assim a força do comprometimento embutida na autoridade.

Page 161: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

145

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

(1999), a delegação de poder permitiu a obtenção de melhores resultados na implantação do sistema de ERP);

3. a não identificação rápida dos problemas e a respectiva tomada de decisão por parte do gerente, potencializa os problemas propiciando o aumento de conflitos;

• Em relação ao perfil dos Gerentes de projeto, caracterizou-se:

1. a falta de características de liderança; 2. se apoiam na figura do especialista da área funcional, líder de módulo por ser

este uma pessoa com muito know how e respeitada na organização;

• Em relação à postura da Alta Administração:

1. possuem visão mais estratégica da importância da mudança e da implantação desse sistema mas não acompanham as mudanças no ambiente micro da empresa;

2. o maior acesso da equipe de projeto à alta administração aumenta o comprometimento e facilita a divulgação de mensagens e os objetivos do projeto;

• A inexistência de treinamento periódico para reciclagem e treinamento de novos usuários no manuseio do sistema compromete os resultados obtidos do sistema e potencializa a repetição e manutenção de erros no manuseio deste;

• Principais fatores responsáveis pelos resultados insatisfatórios nos projeto:

1. inexperiência dos consultores; 2. excesso de funcionalidades implantadas num primeiro momento; 3. grande volume de customizações (distanciamento da sugestão dada pelo próprio

fornecedor da solução: customização ZERO);

Com relação à seleção da equipes, de acordo com Frame (1995)126, um projeto falha

normalmente não pela falta do emprego de técnicas e metodologias mas sim, pela falta de

qualificação da equipe de projeto. Como mencionado, a equipe de Change Management, junto

com a gerencia do projeto, devem identificar o perfil dos recursos necessários para o projeto e

Comprometimento funciona como cumplicidade na busca e na realização dos objetivos empresariais" in VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 1999.

126 FRAME, 1. Davidson. Gerenciando Projetos nas Organizações. 2001.

Page 162: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

146

identificar dentro da organização ou fora dela, aqueles recursos que apresentem a melhor

aderência às necessidades do projeto. Pelo que foi observado nos estudos de caso, os projetos

em questão contaram com pessoas inexperientes e com pouco conhecimento do sistema que

estava sendo implantado, principalmente da consultoria. Tentou-se minimizar essa carência

através de treinamento e trazendo para o projeto, a participação de pessoas conhecedoras dos

processos da empresa onde o sistema estava sendo implantado, pessoas vistas como líderes

em suas áreas de atuação e que talvez tenha sido esse o diferencial que fez com que o projeto

não tenha fracassado logo desde o seu início. Como comentado pelos entrevistados, nem

sempre puderam ser selecionados os melhores recursos humanos, por não estarem disponíveis

mas, ainda assim, os recursos selecionados puderam contribuir para o sucesso do projeto,

dando mais confiabilidade ao que estava sendo proposto e implementado, pois seus colegas

percebiam que uma pessoa que posteriormente estaria manuseando o próprio sistema, sendo

ele o seu próprio usuário no futuro, não poderia estar propondo modificações nos processos ou

implementado funcionalidades inviáveis de serem operacionalizadas.

o perfil de especialistas em implantação de sistemas e o conhecimento metodológico, não

disponíveis na organização, foi obtido através da contratação de empresas de consultoria com

know how e experiência em projeto dessa natureza. A própria consultoria, nos dois casos

analisados, não dispunha de recursos 100% treinados, tendo formado sua equipe com pessoas

experientes e outras menos experientes, que necessitaram de um acompanhamento mais direto

por parte dos consultores mais experientes. Esta inexperiência, em muitos casos, fez com que

o cronograma ficasse comprometido, pois treinamento adicional foi necessário inclusive tendo

sido necessário enviar consultores ao estrangeiro, no caso da empresa B, para se

especializarem em funcionalidades que precisavam ser implantadas.

De forma a garantir que a equipe e seus recursos dessem o melhor de si, foi necessária muita

comunicação. Haviam reuniões periódicas de acompanhamento do projeto onde os problemas

eram apresentados, onde as soluções pudessem ser encontradas em conjunto, pois faz parte da

metodologia empregada pelas empresas de consultoria contratadas, a existência de reuniões

específicas para essas discussões.

1

Page 163: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

147

Também foi apontado por Frame (1995)127 a necessidade de existirem canais de comunicação

abertos entre a equipe e a gerência como fatores para reduzir a ineficiência em projetos. Foi

identificado que esses canais existiam nos casos analisados, tendo contribuído positivamente

para os resultados dos projetos embora nem sempre os problemas específicos de um ou outro

membro da equipe tenham podido ser sempre resolvidos.

As recompensas também são apontadas por Frame (1995)128 como uma forma de estimular a

equipe. No caso da empresa A, a inexistência de recompensas foi apontada como um fator que

desestimulou a equipe a dar o melhor de si no projeto. O estabelecimento de metas e

consequentemente de recompensas pelo seu atingimento deve ser pensado pelos gestores de

projetos como um diferencial que deve ser considerado em futuros projetos de implantação de

sistemas de ERP.

Na revisão bibliográfica, foi mencionada a importância de se criar uma identidade na equipe

de Projeto. Essa identidade é obtida com eventos de integração das equipes. Como observado

nos dois projetos, a realização desses eventos era uma responsabilidade da equipe de Change

Management. Enquanto que na empresa B esses eventos ocorreram com freqüência, na

empresa A houve apenas um evento de Kick Off. Podemos observar que as questões

relacionadas a conflitos entre os membros da equipe foi mais abordada na entrevista com a

empresa A e assim, observar que o conflito, dentro da equipe, é ressaltado sempre que existe

menos integração entre os seus membros. Projetos dessa natureza geram naturalmente

conflitos decorrentes do volume de trabalho existente, da falta de domínio de 100% das

funcionalidades disponíveis no sistema, da urgência em se cumprirem prazos e do próprio

conflito de interesses existente entre a equipe de consultores e a equipe da empresa 129. Se na

empresa A tivessem havido mais eventos de integração coordenados pela equipe de Change

Management, talvez não tivessem ocorrido tantos conflitos entre os membros da equipe de

consultores e membros das equipes funcionais como de fato ocorreu, não sendo necessária a

127 FRAME, J. Davidson. Gerenciando Projetos nas Organizações. 2001. 128 Idem.

129 Como mencionado, a equipe de consultores está mais preocupada com a rentabilidade do projeto, querendo se limitar às funcionalidade standard enquanto que a equipe funcional da empresa está mais preocupada com a qualidade e a adoção de funcionalidades mais avançadas, na tentativa de tirar melhores resultados do sistema a ser implantado

Page 164: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

148

substituição de pessoas, fator que também compromete a qualidade e continuidade do projeto

como comentado na revisão bibliográfica.

A motivação foi abordada na revisão bibliográfica como sendo algo que está diretamente

relacionado com o reconhecimento pelo esforço empreendido em uma tarefa ou um trabalho

em um projeto. Nas entrevistas, tomou-se claro que no projeto da empresa A, esse

reconhecimento não acontecia nem na equipe funcional nem na equipe de consultores. Já na

empresa B, o reconhecimento acontecia apenas por parte da gerência funcional, como parte da

cultura da própria organização, conforme foi ressaltado pelo próprio entrevistado. Nesse caso,

onde havia a prática de premiação, os resultados obtidos foram mais satisfatórios.

Uma grande preocupação ressaltada por Frame (1995)\3°, é o fato das equipes de projeto

serem formadas por pessoas as quais são freqüentemente retiradas das suas rotinas

operacionais e levadas para formar parte dessa equipe de projeto, por um determinado período

de tempo que, de acordo com a necessidade, poderá ser curto ou longo, ou podem até mesmo

participar simultaneamente de vários projetos ao mesmo tempo. Essas pessoas precisam ser

trabalhadas pela equipe de Change Management tanto no momento da retirada das áreas

funcionais como também no momento do seu retomo. E precisam da atenção especial dos

gerentes de projeto no sentido de motivá-las. Em ambos os casos, vimos que a equipe de

Change Management pouco participou do processo de retirada da pessoas das suas atividades

nas áreas de origem e na sua integração com o projeto, bem como os gerentes não primaram

pela atenção e motivação de suas equipes.

A equipe de projeto mista foi um diferencial positivo para os resultados alcançados pelos

projetos, conforme confirmado pelos entrevistados das empresas A e B.

Como ressaltado por Cleland (1999)J3J, a delegação de responsabilidades em um projeto tem

um impacto positivo no seu próprio andamento e, na sua opinião, sempre que as decisões a

serem tomadas individualmente não gerem um impacto maior no orçamento, cronograma e na

utilização dos recursos disponíveis e além disso, se elas não criarem maiores problemas

130 FRAME, 1. Davidson. Gerenciando Projetos nas Organizações. 2001.

Page 165: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

149

políticos, poderão ser tomadas pelos especialistas membros da equipe do projeto. Apenas as

questões mais cruciais deverão requerer o envolvimento direto do gerente de projeto. Desta

forma, o fato da alta administração ter delegado poderes à equipe do projeto B para buscar os

melhores resultados do projeto através da simplificação de processos internos e a adoção das

melhores praticas e processos mais aderentes às funcionalidades do sistema, fez com que

fosse possível implantar mais módulos e obter melhores resultados no projeto. Às vezes foi

até necessário conter a ansiedade de alguns de seus membros pois acabavam querendo o

impossível de ser alcançado o que por sua vez também faz aumentar os riscos no projeto.

A metodologia de Project Management ressalta a importância do processo de análise e

seleção do sistema na fase de concepção do projeto. Quando este processo não é feito com o

critério adequado, acaba sendo substituído, depois que o sistema é comprado, por um processo

análise de gaps. Nesse processo, são identificadas as diferenças entre as necessidades da

empresa e as funcionalidades disponíveis no sistema. A partir desta análise são planejados os

desenvolvimentos adicionais que necessitam ser efetuados no sistema através de

customizações. Desta forma, o projeto já se inicia com o prazo comprometido pois

normalmente a análise de gap 's é feita após a contratação do projeto à empresa de consultoria

que normalmente acaba por subestimar o prazo necessário para a implantação do sistema.

No estudo de casos tanto da empresa A quanto da empresa B, foi dito que essa análise de gaps

aconteceu em algum momento. Mesmo sendo o sistema na empresa A considerado como

corporativo, em algum momento a sua aderência às necessidades da organização foi

considerada. Entretanto, não foi feito um estudo mais profundo dos requisitos funcionais do

sistema antes de adquirir o produto no Brasil. Esse fato tomou necessário o desenvolvimento

de customizações adicionais, fazendo com que o projeto se desviasse do curso inicial.

Segundo o entrevistado, na Empresa A, a revisão de processos especificamente não se refletiu

em um verdadeiro problema para o projeto pois pelo fato da empresa não estar com seus

processos bem definidos, essa necessidade acabou por promover uma melhoria nos processos

ao invés de prejudicar o andamento dos trabalhos. Mas no caso de ser uma empresa mais

13l CLELAND (1999), David I. Project Management. Strategic Design and Implementation. 3rd. Edition. Singapore: McGraw-Hill, 1999.

Page 166: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

150

estruturada e com seus processos mais amadurecidos, a falta de análise desses requisitos

versus processos, pode prejudicar muito mais do que facilitar o processo.

Uma forma de minimizar esses efeitos é limitar o projeto à implantação das funcionalidades

standard do sistema, diretriz dada à equipe de projeto nos dois casos. Entretanto, no caso da

empresa A, nosso entrevistado confirmou que o atraso do projeto deu-se também ao fato da

empresa ter excedido a quantidade de customizações necessárias.

A partir da revisão bibliográfica, identificou-se a importância que a gerência do projeto tem

como diferencial para o sucesso de projeto de implantação de sistemas de ERP. Comparando

as características existentes nos gestores dos projetos das empresas A e B com aquelas

apontadas pelos estudiosos do tema, vemos que existe um grande abismo entre os dois.

Nossos entrevistados apontaram a pouca experiência gerencial dos gerentes do projeto, tanto

da consultoria como dos gerentes funcionais. Tal fato, acreditamos, contribuiu negativamente

para os resultados do projeto. Através da análise dos estudos de caso ficou caracterizada a

inexistência de características de liderança nos gerentes de projeto das empresas A e B.

A revisão bibliográfica da metodologia de Change Management nos explica as principais

atividades de uma equipe de Change Management em um projeto como sendo a identificação

e gerenciamento dos Stakeholders, a elaboração do plano de comunicação, a elaboração de um

plano de treinamento e o apoio à gerência do projeto na identificação do perfil, seleção e

integração desses membros bem como possui um papel importante no apoio à liderança do

projeto durante a execução do mesmo.

Observamos que a equipe de Change Management, em ambos os projetos, teve participação

na concepção tanto do plano de comunicação quanto do plano de treinamento. Apenas teve

uma participação mais efetiva nas atividades de integração de equipes na empresa Bonde

realizou mais eventos de integração, o que fez uma diferença na hora de conseguir obter os

melhores resultados da equipe de projeto bem como na solução de conflitos.

Com relação a treinamento, existem diferentes momentos em que as necessidades de

treinamento são identificadas no projeto. O primeiro destes é durante o próprio projeto,

Page 167: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

151

quando se identifica a necessidade de capacitar os membros da equipe de implantação no

manuseio da ferramenta para proceder à sua configuração. Com relação a esse tipo de

treinamento, foi identificado que eles não são suficientes para capacitar uma pessoa da área

funcional da empresa a parametrizar o sistema sozinha. Esses treinamentos apenas dão ao

membro da equipe de projeto da área funcional da empresa uma visão geral do módulo para

poder fazer contribuições de forma mais eficaz durante a parametrização do sistema. E sendo

assim, se faz mais necessária a participação de consultores experientes no projeto.

o segundo momento ocorre já no final do projeto, quando o sistema está para entrar em

produção. É quando todos os funcionários da empresa que irão manusear a ferramenta deverão

receber treinamento específico para o poder fazer. É responsabilidade da equipe de Change

Management, junto com o gerente do projeto e os gerentes das áreas funcionais da empresa,

identificar quais serão os usuários que deverão receber o treinamento e em quais módulos.

Acontece que nem sempre o usuário de determinada atividade recebe o treinamento adequado

ou seja, não se consegue identificar que tipo de treinamento é necessário para um ou outro

funcionário especificamente. Acabam por ocorrer erros na alocação de treinamento às pessoas

da empresa por falha, na hora de selecionar quem deverá ser treinado, da equipe de Change

Management ou dos próprios gerentes. Normalmente porque a alocação dos funcionários aos

treinamentos é feita por pessoas que não conhecem de ante mão o que será ensinado em cada

um desses treinamentos. Uma forma de minimizar essas falhas é fazer com que o líder de

equipe funcional de cada módulo, que conhece também as atividades de cada área, sugira essa

alocação.

E finalmente, o terceiro momento é aquele em que a equipe de Change Management prepara o

material de treinamento e deixa a empresa responsável pela sua atualização e a sua aplicação

através da implantação de um plano formal de treinamento. Neste caso, a equipe de Change

Management teve uma participação mais limitada no que diz respeito à questão do

treinamento tanto na empresa A quanto na empresa B, não tendo deixado um plano de

treinamento definido, contemplando a reciclagem periódica dos usuários do sistema através de

procedimentos formais de revisão de processos e treinamento, o que acaba comprometendo a

qualidade e os resultados a serem extraídos do sistema por parte dos usuários. A falta de

treinamento periódico nas novas funcionalidades do sistema, que vão mudando após as

Page 168: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

152

melhorias implementadas nas fases seguintes ao projeto, faz com que vícios adquiridos

anteriormente se mantenham. E que erros cometidos no manuseio do sistema pelos atuais

funcionários acabem se repetindo quando são os próprios colegas de trabalho que terminam

por dar treinamento aos novos funcionários.

No que diz respeito ao mapeamento e gerenciamento dos Stakeholders, as duas equipes de

Change Management não realizaram nenhuma atividade subsequente nesse sentido. Foi

apenas feito um mapeamento inicial e nada mais foi desenvolvido.

As probabilidades de que se obtenham melhores resultados de um projeto que envolve um

elevado grau de mudança na organização aumentam ou diminuem em função da clareza, do

compromisso compartilhado por todos, da justificativa para as modificações propostas e do

processo como essa mudança é conduzida. Após implementada a mudança e concluído o

projeto, ao olhar para trás e analisar o que foi feito, com certeza se verá que muito ainda está

por fazer, muito ainda poderia ser melhorado, que algo sempre se poderia ter feito de outra

maneira. Entretanto, às vezes, algumas funcionalidades têm que ser deixadas para fases

seguintes, quando a empresa já tem mais cultura e domínio sobre a ferramenta implantada. A

empresa tem de se acostumar à nova ferramenta e, aos poucos, quando aprende a manuseá-la e

já a domina melhor, poderá implementar novas funcionalidades, pois se insistir em

implementar cada vez mais funcionalidades na primeira onda ou fase do projeto, se não se

detiver no escopo inicialmente previsto, o projeto não será concluído nunca. Sempre existirão

novos projetos como decorrência do projeto original pois o sistema é amplo e assim o permite.

A empresa B tinha muitas expectativas com relação aos resultados e às potencialidades

disponíveis no sistemas ERP que estava sendo implantado. Entretanto, dada a inexperiência

tanto da equipe de consultores nas funcionalidades existentes como da equipe funcional,

foram deixando de lado aquelas funcionalidades mais complexas para um momento futuro,

para quando tanto os usuários estivessem mais ambientados na ferramenta, como quando

houvesse conhecimentos por parte dos especialistas nos sistemas para implantar tais

funcionalidades, passando a se deterem mais nas funcionalidades standard para não

comprometer o projeto como um todo. Suas expectativas eram altas por que sua cultura estava

voltada para aceitar e propor mudanças com mais facilidade do que a empresa A. E por isso, a

Page 169: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

153

empresa sempre exigiu muito tanto dos consultores como dos seus funcionários, participantes

do projeto, bem como uma maior dedicação e os melhores resultados. Entretanto, teve que

fazer um trade of! pois para alcançar esses objetivos teria que comprometer prazo e o custo do

projeto.

Como também comentado pelo entrevistado da empresa A, este disse que a partir do primeiro

projeto, as pessoas ficaram mais críticas e, conhecendo melhor o seu negócio, elas passaram a

exigir mais qualidade nos processos da empresa e passaram a propor mais melhorias e novos

desenvolvimentos que se sucederam à primeira onda da implantação do sistema de ERP.

A partir do que foi comentado anteriormente, é possível resumirmos na Tabela E -

Principais Recomendações a seguir, algumas recomendações importantes que poderão ser

consideradas por aqueles interessados em implantar sistemas de ERP futuramente.

Tabela E - Principais Recomendações:

PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES

• É importante dedicar tempo e ter critério na seleção da equipe (interna e de consultores), não tendo pressa na sua formação. É importante definir previamente o perfil necessário da equipe para o projeto;

• A constituição de equipes mistas minimiza a distância entre o conhecimento do negócio por parte dos consultores e o desconhecimento de metodologias de gestão de projetos e do sistema a ser implantado por parte da empresa, favorecendo os resultados a serem obtidos pelo Projeto de Implantação de sistemas de ERP;

• É importante investir na preparação da equipe (treinamento e desenvolvimento) pois ela será o futuro usuário e multiplicador do conhecimento do sistema dentro da organização;

• Investir no desenvolvimento gerencial do gerentes de projeto buscando despertar neles características de líderes;

• A delegação de poder favorece os resultados do projeto e incentiva o desenvolvimento gerencial dos líderes e da equipe;

• O estabelecimento de metas claras e o seu atingimento deverá ser compensado com recompensas durante o andamento do projeto como forma de motivar a

Page 170: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

154

PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES

equipe;

• Se o projeto não for bem planejado e se forem identificados muitos gap's após o início deste, será necessário fazer um trade off entre escopo, tempo e custo e deixar as melhorias e funcionalidade mais complexas para projetos futuros;

• É importante buscar o apoio da equipe de Change Management que possui um perfil e foco em gestão de pessoas, para esse trabalho (definição de perfil, seleção, treinamento, acompanhamento durante o projeto e devolução do membro da equipe à sua área quando do encerramento do projeto);

• O retorno dos membros da equipe interna da empresa de volta às suas áreas após o encerramento do projeto necessita de acompanhamento da equipe de Change Management, apoiada pelo RH da empresa de forma a minimizar os impactos desses membros na reincorporação às suas antigas posições ou nos novos desafios;

• Proporcionar diversos em eventos de integração entre as equipes do projeto permitirá obter melhores resultados durante o mesmo;

• Investir num bom plano de Comunicação favorece a obtenção de melhores resultados no projeto não só em relação à equipe de projeto como em relação à empresa onde o sistema está sendo implantado, minimizando as resistências para com o projeto a partir de clara comunicação das metas e objetivos a serem alcançados com o mesmo;

• A identificação dos Stakeholders ajuda a mapear as áreas de resistência à mudanças trazidas pelo projeto e permite propor ações e atividades para romper essas barreiras e envolver a organização e seus membros nas mudanças e objetivos do projeto;

Como conclusão, poderíamos dizer que a utilização da metodologia de Gestão de Projeto

garante sim que o projeto chegue ao seu final, entretanto, outros fatores com os comentados

anteriormente serão o diferencial de sucesso ou fracasso dos projetos de implantação de

sistemas de ERP.

Page 171: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

155

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1 I

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1 !

Page 174: Implantação de Siatemas Erp - Uma Análise Crítica à Luz Da Metodologia de Project Management

158

ANEXO - QUESTIONÁRIOS PARA ENTREVISTAS

Data da entrevista: _____ ,/ _____ --'/ _____ _ Horário: Início: Fim: ---------

Empresa: ________________________________ _ Nome da Pessoa Entrevistada: ---------------------------Posição do entrevisto no Projeto: _______________________ _

PERGUNTAS

I. Os motivos

Responda o que você acha sobre:

1. Que levou a organização a mudar (no sentido de buscar um sistema ERP)? 2. Existia na organização sistema semelhante anteriormente? 3. Havia necessidade da substituição do sistema anterior? 4. O que você acha da opção pelo sistema selecionado? 5. Que fatores você acha que foram levados em consideração para a seleção desse sistema

(atribuições técnicas, o fato dele possuir um nome reconhecido pelo mercado, etc .. )

11. Levantamento técnico das necessidades

Na sua opinião, você acha que:

1. Houve um estudo prévio das qualidades do sistema? 2. Foram consultadas empresas que já fossem usuárias desse sistema? 3. Qual foi a opinião manifestada por elas? Qual o feedback e quais as recomendações que elas

fizeram? 4. As opiniões dessas empresas foram consideradas na hora de se optar pelo sistema ERP? 5. Foi feito um estudo/levantamento suficientemente profundo e abrangente dos requisitos

funcionais do sistema e sua aderência às necessidades operacionais da organização? 6. Foi feito um levantamento prévio dos processos em uso e da necessidade de readequação

desses processos em vigor ao novo sistema?

Se suas respostas forem negativas, na sua opinião, de que forma você acha que esses fatores possam ter influenciado negativamente no resultado do projeto?

111. A cultura da empresa

Responda o que você acha sobre:

1. Se a sua empresa costuma estar na vanguarda de novos processos de gestão, na adoção de novas ferramentas tecnológicas?

2. A organização (funcionários, gerentes e alta administração) aceita bem as mudanças? (Se necessário, analise separadamente cada um dos 3 grupos de usuários envolvidos).

3. A alta administração fomenta na organização mudanças de processos e métodos de trabalho?

l

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159

4. A organização (funcionários e gerentes) aceitam bem a implantação de novos procedimentos de trabalho e novas ferramentas, principalmente tecnológicas como as ferramentas de ERP?

5. A organização (alta administração, funcionários e gerentes) busca e propõe melhorias de processos, novas metodologias e ferramentas de trabalho?

6. Os funcionários se sentiram ameaçados pela entrada do novo sistema?

A METODOLOGIA DE PLANEJAMENTO, FORMAÇÃO E GESTÃO DO PROJETO

IV. A escolha da Equipe de Consultores

Comente o que você acha sobre:

1. Os fatores que foram levados em consideração na seleção da equipe de consultores que participou e/ou conduziu o processo de implantação do sistema de ERP

2. A qualidade e preparação da equipe de consultores • equipe funcional (consultores)

• gerencia 3. A consultoria possuía experiência em outros projetos de implantação de sistemas de ERP?

Aproximadamente quantos?

V. A equipe de Projeto

1. Na sua opinião, como foi o processo de formação da equipe de projeto? 2. A equipe contou com membros internos à organização? 3. Caso positivo, você acha que essa participação contribuiu positiva ou negativamente para

o sucesso do proj eto? 4. Como foi o processo de seleção dos membros da equipe internos à organização? 5. Como foi a comunicação da saída desses membros à equipe em que eles estavam

inseridos? 6. E como foi o processo de aceitação dos demais membros do grupo à saída dessas pessoas

para a equipe do projeto? 7. Após o término do projeto, como foi o processo de reintegração desses membros à equipe

anterior?

Durante o projeto,

8. Como foi a integração entre a equipe de projeto do cliente e a equipe de projeto da consultoria?

9. Existiu algum "movimento formal" para a integração das equipes? 10. Qual a sua opinião a respeito dessas equipes mistas? 11. De que forma a existência de equipes mistas influencia (positiva ou negativamente) no

resultado dos projetos? 12. A existência de equipes mistas gera conflitos de interesses durante o projeto? (equipe do

cliente x equipe de consultores)? 13. Como foram administrados os conflitos? 14. Na sua opinião, de que forma esses conflitos foram benéficos ou prejudiciais ao projeto? 15. Na sua opinião, todos os projetos de implantação de ERP deveria contar com equipes

mistas?

1

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160

VI. Treinamento

Na sua opinião, comente:

1. A equipe funcional da empresa recebeu treinamento adequado para operar e parametrizar o sistema a ser implantado?

2. Os demais usuários, em todas as áreas da organização afetadas, foram treinados para manusear o novo software?

3. Houve acompanhamento por parte do fornecedor e da consultoria de implantação durante o início da utilização do software?

4. Foi elaborado material e documentação adequados para administrar treinamento à organização?

5. Esse material é freqüentemente utilizado pela organização? 6. Foi desenvolvido e implantado um processo de treinamento periódico na empresa, para os

novos funcionários ou o seu treinamento é feito on the job por seus demais colegas? 7. Em que esse procedimento afeta a qualidade do trabalho e a utilização das funcionalidades do

sistema?

VII. A Gerencia de Projetos e a Liderança

• Gerentes de Projeto Externos

Dê a sua opinião, em relação ao (s) gerente (s) de projeto, a respeito de:

1. Quantos gerentes existiam no projeto? 2. Descreve um pouco a divisão de trabalho/tarefas entre eles caso houvesse mais de um

gerente. 3. Como você via o gerente de projeto em relação à sua capacidade de se relacionar com:

• a equipe • a média gerência do cliente (seus contrapartes)? • a alta administração do cliente

4. Suas habilidade e conhecimentos técnicos a respeito do projeto que estava sendo implantado?

5. Sua capacidade de administrar as atividades inerentes ao projeto como cronograma, recurso humanos e financeiros, crises entre os diversos membros da equipe e/ou entre equipe de consultoria e cliente?

6. Ele era uma pessoa carismática para a equipe e para o cliente? 7. Demonstrava interesse e comprometimento com os objetivos do projeto? 8. Qual era o seu estilo para conseguir que as tarefas fossem executadas (pela força­

Ditatorial, pela negociação)? 9. Ele costumava delegar responsabilidades aos demais membros da equipe? 10. Negociava metas e prazos para o projeto com os demais membros das equipes

multifuncionais? 11. Premiava os resultados obtidos? 12. Lutava por mais recursos (humanos, financeiros, etc.) para o projeto?

l

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161

13. Solicitava treinamento e proporcionava o continuo desenvolvimento dos membros da equipe e subordinados através não só de treinamentos como também através da participação em outros subprojetos do seu interesse?

14. Estava atento às necessidades e problemas pessoais da equipe? 15. Durante o projeto criou um canal de comunicação com a equipe e demais gerentes do

projeto? 16. Era ágil na tomada de decisões? 17. Ao identificar um obstáculo ou problema, conseguia identificar rapidamente uma solução

e implantá-la?

Caso suas respostas tenham sido negativas, de que forma você acha que esses fatores influenciaram o projeto (negativa ou positivamente)?

• Gerentes de Projeto da empresa

1. Ele demonstrava que o sucesso do projeto que ele coordenava garantiria o seu próprio sucesso e ascensão na organização?

2. Escutava as necessidades da equipe? 3. Agradecia e premiava/recompensava os esforços e os resultados obtidos pela equipe? 4. Desenvolveu durante o projeto um rede de relacionamentos com as demais área da

empresa ou outras empresas para conseguir atingir os objetivos ou completar tarefas exigidas pelo projeto?

5. Durante o projeto criou um canal de comunicação com a equipe e demais gerentes do projeto?

6. Era ágil na tomada de decisões? 7. Demonstrava interesse e comprometimento com os objetivos do projeto? 8. Premiava os resultados obtidos? 9. Lutava por mais recursos (humanos, financeiros, etc.) para o projeto? 10. Ao identificar um obstáculo ou problema, conseguia identificar rapidamente uma solução

e implantá-la? 11. A alta administração - Stakeholders 12. Conseguia transmitir à equipe a importância do projeto para a estratégia escolhida pela

organização? 13. Defendia o projeto junto às demais áreas da empresa afetadas por este? 14. Demonstrava preocupação com as necessidades da equipe e gerentes do projeto (tanto

gerentes e equipe externa quanto à equipe interna da organização)? 15. Lutava por mais recursos para o projeto? 16. Agradecia e premiava/recompensava os esforços e os resultados obtidos pela equipe? 17. Desenvolveu durante o projeto uma rede de relacionamentos com as demais área da

empresa ou outras empresas para conseguir atingir os objetivos ou completar as tarefas exigidas pelo projeto?

18. Durante o projeto criou um canal de comunicação com a equipe e gerentes do projeto? 19. Era ágil na tomada de decisões?

VIII. A Comunicação

Na sua opinião, o que você acha:

1. Da forma como as novidades são comunicadas na organização?

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162

2. Da forma como foi comunicada na empresa a aquisição de um novo sistema? 3. Da forma como foi comunicada a formação da equipe de trabalho do projeto? 4. Da forma como foi comunicado o andamento (em todas as suas fases) do projeto? 5. Da forma como foi o processo de retomo dessa equipe às suas funções rotineiras após a

conclusão e encerramento do projeto? 6. Do formato do Canal de Comunicação utilizado pela empresa para divulgar as notícias do

projeto e o seu andamento? 7. Na sua opinião ele era eficiente? 8. O que você poderia sugerir como um bom Canal de Comunicação?

IX. O resultado

Na sua Opinião, como foram os Resultados alcançados pelo Projeto em termos de:

• Escopo 1. A proposta inicial do projeto foi atendida? 2. Os objetivos comunicados no início do projeto foram alcançados? 3. Ao concluir o projeto, tudo o que inicialmente foi previsto fazer foi feito ou foi

deixada alguma parte para uma fase posterior? 4. Na sua opinião, porquê isso aconteceu? 5. Foi prejudicial ou benéfico ao projeto? 6. Continuam havendo pequenos novos projetos como consequencia do projeto

inicial? Por que motivo? Porque ficou faltando fazer alguma coisa ou por quê uma coisa puxa a outra e se identificou ser necessário estender algumas funcionalidades do sistema e usá-las no dia a dia?

7. Na sua opinião, as mudanças nos processos da empresa e no seu próprio negócio, continuaram exigindo que fossem feitos desenvolvimentos contínuos no sistema, posteriores ao encerramento,

• Prazo 1. O projeto foi concluído no prazo? 2. Porquê (do atraso ou do cumprimento do prazo)?

• Custo 1. O projeto foi concluído dentro do custo previsto? 2. Qual o percentual de desvio entre o custo inicial e o efetivamente cumprido? 3. Porquê?