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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010

Edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Depto. EditorialJornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765)Projeto Gráfico Fernanda Berquó SpinaRevisão Zilda NascimentoAdministração e Comércio Elizabeth Cristina S. SilvaApoio Cultural Braga Produtos AdesivosImpressão Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

ASSINATURASAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

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SUmáRIO

26 COm TOdAS AS LETRASTINhA MATADO OU TINhA MORTO

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 ChICOCANSAÇO, NãO DESâNIMO

Acerca de “F. Xavier” 14 CAPAO CRISTO

6 ESTUdONECESSIDADE DE SUBLIMAÇãO

Desenvolvimento da mediunidade

9 mENSAGEmATITUDES DEFINIDAS

Entre o bem e o mal

21 REFLExãOA REVELAÇãO

Nova doutrina

18 COmPORTAmENTONA REUNIãO, qUE BIChO VOCê é?

O Espírita em ação

12 dIáLOGODIáLOgO COM DIVALDO

Assuntos importantes

10 hISTóRIAO ESPIRITISMO EM CARTA DO PRÍNCIPE

D. LUIZ DE BRAgANÇA

Comunicação

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 3assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Alma e Coração. Págs. 71 - 72. Editora

Pensamento. 1972.

EdITORIAL

Inimigos Outros

por Emmanuel / Chico Xavier

Mencionamos, com muita freqüência, que os inimigos exteriores são os piores expoentes de perturbação que operam em nosso prejuízo. Urge, porém, olhar para dentro de nós, de modo a descobrir que os adversários mais dificeis são aqueles de que não nos podemos afastar facilmente, por se nos alojarem no cerne da própria alma.

Dentre eles, os mais implacáveis são: - o egoísmo, que nos tolhe a visão espi-

ritual, impedindo vejamos as necessidades daqueles que mais amamos;

- o orgulho, que não nos permite aco-lher a luz do entendimento, arrojando-nos a permanente desequilíbrio;

- a vaidade, que nos sugere a superesti-mação do próprio valor, induzindo-nos a desprezar o merecimento dos outros;

- o desânimo, que nos impele aos pre-cipícios da inércia;

- a intemperança mental, que nos situa na indisciplina;

- o medo de sofrer, que nos subtrai as

melhores oportunidades de progresso, e tantos outros agentes nocivos que se nos instalam no Espírito, corroendo-nos a energias e depredando-nos a estabilidade mental.

Para a transformação dos adversários exteriores contamos, geralmente, com o amparo de amigos que nos ajudam a revisar relações, colaborando conosco na constituição de novos caminhos; entretan-to, para extirpar os que moram em nós, vale tão-somente o auxílio de DEUS, com o laborioso esforço de nós mesmos.

Reportando-nos aos inimigos externos, advertiu-nos JESUS que é preciso perdoar as ofensas setenta vezes sete vezes, e decer-to que para nos descartarmos dos inimigos internos — todos eles nascidos na trevas da ignorância — prometeu-nos o Senhor: “conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres”, o que equivale dizer que só estaremos a salvo de nossas calamidades interiores, através de árduo trabalho na oficina da educação.

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010ChICO

Cansaço, não desânimo.- Acerca de “F. Xavier”

por Suely Caldas Schubert

3-10-1955

“(...) Muito me conforta a informação de que foste visitado pessoalmente pelo Clóvis Tavares.

(...) Atualmente, por vezes, sinto que o cansaço me atinge. Não é o desânimo. É uma aflição que não sei precisar bem se é do corpo para a alma ou da alma para o corpo.”

Chico menciona Clóvis Tavares, seu amigo e autor do livre “Trinta Anos com Chico Xavier”.

Em seguida fala do cansaço que vem sentindo. Esclarece que não é o desânimo. Mas não tem certeza se é re-sultado do corpo que está combatido, desgastado, ou se é algo mais profun-do, como se a alma estivesse abatida pelas lutas, abatimento que então se refletiria no corpo físico. É um ins-tante de desabafo em que o médium revela a aflição que o atinge.

“(...) Aquele soneto cuja cópia me enviaste (lembro-me bem) é do Anthero de Quental. É da coleção que o José, meu irmão, distribuiu por várias publicações, colocando “F. Xavier”, no intuito de estimular-me ao “futuro literário”, como dizia ele. Escrupulosamente, registrava as produções que eu ouvia ou escrevia quase que automaticamente, sem pôr os nomes dos verdadeiros autores, que só se eviden-

ciaram plenamente aos meus sentidos de 1931 para cá, quando então as minhas dú-vidas, para minha felicidade, começaram a se extinguir para sempre. Nesse sentido, há todo um livro de versos para crianças, intitulado “Lições para Angelita”, que ouvi de João de Deus e que o José enviou à “Au-rora”, de Ignácio Bittencourt, com o nome “F. Xavier”. Foi publicado em números sucessivos, não sei bem se em 1928-1929 ou 1930. Desse livro que, no tempo, me pareceu interessante, não mais vi a cópia. Será que a gente poderia obter isso, isto é, os números de “Aurora”, na Biblioteca da FEB? Estimaria rever o mencionado trabalho que, em 1931, fiquei sabendo ser de João de Deus. (...)

Nas coleções de “Aurora”, de 1928 a 1932, há numerosos trabalhos do Espírito de João de Deus, cuja autoria somente pude reconhecer, mediunicamente, em 1931. Não conseguiríamos as coleções dos anos referidos para que eu pudesse fazer um reestudo e minuciosa vistoria? (...)”

Explicações de grande interesse, prestadas por Chico Xavier, a res-peito da fase inicial do seu trabalho mediúnico.

Por ter publicado alguns trabalhos com a assinatura de F. Xavier, algumas pessoas acusaram Chico Xavier de pas-tichador quando ele passou a colocar nos trabalhos subseqüentes a assinatu-ra de seus verdadeiros autores.

Esse período inicial foi marcado por muitas dúvidas. Chico, conforme ele mesmo narra em entrevista ao Dr. Elias Barbosa (“No Mundo de Chico Xavier”, cap. 1, IDE), desde a sua ado-lescência ouvia e via pessoas invisíveis que lhe falavam sobre vários assuntos. Ingenuamente, o menino Chico conta o fato à professora, que lhe afirma não estar ele vendo ninguém e a voz que ouvia era dele mesmo, uma voz interior. Condicionado durante anos a essas explicações forçadas, é muito natural que o moço Chico Xavier, entrando nos 20 anos de existência, alimentasse dúvidas e hesitações nesse intercâmbio espiritual.

Recebia versos, mas não colocava os nomes dos autores, por um escrú-pulo muito compreensível.

É então que José Cândido Xavier, irmão de Chico, toma a iniciativa de publicar essas páginas.

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA ChICO

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 331 - 335. Feb. 1998.

Eis a narrativa que o próprio Chico faz sobre o episódio:

“— Meu irmão José Cândido Xavier e alguns amigos de Pedro Leopoldo, como, por exemplo, Ataliba Ribeiro Vianna, achavam que as páginas deviam ser publi-cadas com meu nome, já que não traziam assinatura e essas publicações começaram no jornal espírita “Aurora”, do Rio de Janeiro, que era dirigido, nessa época, pelo nosso confrade Ignácio Bittencourt, a quem Ataliba escreveu perguntando se havia algum inconveniente em lançar as citadas páginas com meu nome. Ignácio Bittencourt respondeu que não via incon-veniente algum, desde que as produções citadas escritas por minhas mãos não trouxessem assinatura. Ninguém poderia afirmar se eram minhas ou não e que ele as publicaria não por meu nome, mas pelas idéias espíritas que elas continham. Aí começaram nossos amigos de Pedro Leopoldo a enviar essas produções para diversos setores, obedecendo ao entusiasmo pelos trabalhos nascentes da Doutrina Espírita, em nossa terra.”

Algumas publicações não espíritas também divulgaram esses trabalhos, entre 1927 e 1931: “Jornal das Moças”, do Rio; “Almanaque de Lembranças”, de Portugal, e o suplemento literário de “O Jornal”.

Ainda em resposta ao Dr. Elias Bar-bosa, Chico diz que por orientação de Emmanuel não cogita de publicar as páginas desse período por considerá-las apenas de experimentação.

Foram elas, portanto, as primeiras produções mediúnicas de Chico Xa-vier e constituíam o que se denomina de treinos psicográficos.

Em um desses “treinos”, Chico recebe a visita do luminoso Espírito Auta de Souza, que escreve o belíssimo soneto “Senhora da Amargura”, para a felicidade geral estampado no livro “Auta de Souza” (IDE). Parece ser esse

soneto a única dessas páginas publica-da pela imprensa espírita atual.

Eis como Chico narra o caso, em resposta à pergunta do Dr. Elias Barbosa:

“— Recorda, de modo particular, algu-ma produção que ficasse inesquecível em sua memória?

— Sim, recordo-me de um soneto intitu-lado “Senhora da Amargura”, que, se não me engano quanto à data, foi publicado pelo Almanaque de Lembranças, de Lis-boa, na sua edição de 1931. Eu estava em oração, certa noite, quando se aproximou de mim o Espírito de uma jovem, irra-diando intensa luz. Pediu papel e lápis e

escreveu o soneto a que me referi. Chorou tanto ao escrevê-lo que eu também comecei a chorar de emoção, sem saber, naqueles momentos, se meus olhos eram os dela ou se os olhos dela eram os meus. Mais tarde, soube, por nosso caro Emmanuel, que se tratava de Auta de Souza, a admirável poetisa do Rio Grande do Norte, desen-carnada em 1900. O soneto foi enviado a Portugal por meu irmão José, em meu nome, tendo sido a página publicada e tendo eu recebido de Lisboa uma carta de um dos colaboradores da formação do citado Almanaque, com muitos elogios ao trabalho que não me pertencia.”

Uma outra pergunta do Dr. Elias Barbosa a Chico Xavier elucida a questão da dúvida.

“— Como passou a sua mediunidade psicográfica dessa fase de indecisão para a segurança precisa?

— Isso aconteceu em 1931, quando o Espírito de Emmanuel assumiu o comando de minhas modestas faculdades. Desde ai, tudo ficou mais claro, mais firme. Ele

apareceu em minha vida mediúnica assim como alguém que viesse completar a minha visão real da vida. Tenho a idéia de que até a chegada de Emmanuel, minha tarefa mediúnica era semelhante a uma cerâmica em fase de experiências sem um técnico eficiente na direção. Depois dele, veio a orientação precisa, com o discernimento e a segurança de que eu necessitava e de que, aliás, todos nós precisávamos em Pedro Leopoldo.”

A questão da dúvida é muito na-tural no início da mediunidade. En-tretanto, muitos médiuns abandonam a tarefa exatamente por alimentarem constantes hesitações.

Somente o estudo, aliado depois prática consciente e perseverante dará ao médium condições de superar esse primeiro estágio da mediunidade.

A dúvida, achamos nós, sob certos aspectos, é inclusive bastante saudável, pois se o médium afoitamente acei-tasse, sem quaisquer hesitações, tudo o que recebe, estaria abrindo campo para uma possível fascinação.

A indecisão é normal e representa o escrúpulo do médium, que, caute-loso, examina as suas primeiras pro-duções mediúnicas. Com o tempo as dúvidas devem ser vencidas para não se tornarem prejudiciais o que não sig-nifica, porém, que o médium deixe de analisar as comunicações que recebe. A análise deve ser feita sempre e os próprios Espíritos aconselham.

A questão da dúvida é muito natural no início da mediunidade

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010ESTUdO

Necessidade de Sublimaçãopor Yvonne A. Pereira

Um estudioso da Dou-trina Espírita, muito interessado em prati-

car o melhor possível os seus ensi-namentos, escreveu-nos fazendo as seguintes perguntas:

— Qualquer pessoa pode sen-tar-se à mesa para desenvolver a mediunidade?

— É lícito aos médiuns fazerem experiências psicográficas sozinhos, em sua residência? Pois, no núcleo espírita por mim freqüentado há essa recomendação aos iniciantes, a fim de apressar o desenvolvimento mediúnico.

Sem o saber, esse amigo propôs

um tema relevante, cuja explanação poderia caber em muitas páginas. Sente-se, pelo teor das perguntas, que o missivista instintivamente re-pele o que presencia em seu núcleo de experimentações mediúnicas, onde, sem mais nem menos, há quem participe dos trabalhos no de-sejo de ser médium. Procuraremos satisfazer as interrogações o mais sucintamente possível, valendo-nos dos códigos doutrinários.

Certamente, todos têm o mes-mo direito perante Deus, e se foi dito que a mediunidade existe em gérmen na humanidade, em princípio qualquer um poderá

sentar-se a uma mesa de sessão, a fim de experimentar as próprias faculdades. Não obstante, convém meditar profundamente antes de se tomar tal resolução. A prática da mediunidade é um compromisso sério assumido com a lei de Deus e a própria consciência, e por isso jamais alguém deverá desenvolver a sua faculdade mediúnica sem antes conhecer as regras necessárias ao bom êxito da iniciativa.

Não devemos esquecer que o médium irá franquear o seu ser psíquico: a sua mente e as suas vi-brações, e até mesmo o seu corpo físico às forças ocultas da Natureza e que, desconhecendo o melindroso terreno em que se movimentará, correrá o risco de se prejudicar e ainda abalar a própria reputação da Doutrina Espírita. Daí a pru-dência e a vigilância aconselharem o candidato a fazer uma iniciação doutrinária prévia: conhecer as leis que regem o exercício da faculdade mediúnica e a sua finalidade; ava-liar a delicadeza do compromisso que assume, as responsabilidades que as atividades que virá a exercer acarretarão e até mesmo os perigos que correrá, exposto à investidas dos Espíritos desencarnados menos bons ou sofredores.

Além do mais, para que a me-diunidade apresente bons frutos, servindo aos fins traçados pelas leis

— Qualquer pessoa pode sentar-se à mesa para desenvolver a mediunidade?

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA ESTUdO

divinas, será necessário que o can-didato a esse delicado posto adote a moral exposta nos Evangelhos. De acordo com os ensinamentos cristãos, deverá ele procurar corrigir em si mesmo os pendores inferiores que ainda possua, renovando-se moral, mental e espiritualmente, a fim de conseguir o equilíbrio ne-cessário para se mostrar ao mundo como espírita cônscio das próprias responsabilidades e, acima de tudo, para atrair e merecer a proteção dos bons Espíritos e fortificar-se contra as investidas dos Espíritos pertur-badores.

Entretanto, é certo que sem tais precauções haverá médiuns, também. O próprio Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, declara não haver necessidade de iniciação para que alguém experimente as próprias faculdades. Trata-se de um dom da Natureza, ou dom de Deus, e por isso operará, mesmo desacom-panhado de virtudes, tal como os cinco sentidos da espécie humana, os quais não são apanágio apenas dos virtuosos. Kardec referiu-se, todavia, ao dom em si mesmo, para posterior-mente, realçar o valor da reforma pessoal como garantia dos bons frutos da prática mediúnica. No entanto, a observação, o trato com a mediunidade e, principalmente, a orientação provinda do Alto, através da própria faculdade, aconselham tal iniciação, de preferência nos casos em que a explosão da faculdade não se apresenta naturalmente. Se esta, porém, ocorrer, a iniciação se fará a pouco e pouco, a par da própria ação mediúnica, como geralmente acontece.

Os frutos obtidos pela mediuni-dade educada, disciplinada e bem

orientada serão sempre opimos, con-soladores, úteis à humanidade terre-na como à espiritual, seja qual for o tipo da faculdade exercida, ao passo que os da mediunidade leviana, imprudentemente praticada, onde a vaidade, a curiosidade, a negligência e a inconstância imperem, a par da irresponsabilidade, serão sempre amargos e contraproducentes até para o próprio médium, acarretando conseqüências funestas, as mais das vezes já nesta vida e, certamente,

também no Além-Túmulo. Quem sabe, até em existências futuras? Há, pois, inegáveis vantagens morais-espirituais na iniciação doutrinária antes que alguém se lance em busca do seu desenvolvimento mediúnico, com vistas a sublimar o seu precioso dom, pondo-se a serviço de Deus e do próximo já que, do contrário, a mediunidade não preencherá os verdadeiros fins para que Deus a criou.

Em que consistirá, porém, essa sublimação?

Na prática do Bem, através das próprias faculdades mediúnicas.

A tarefa de um médium, que po-derá ser elevada ao grau de missão se ele souber conduzir-se como homem e como medianeiro, é o auxílio ao próximo, encarnado ou desencar-nado, é fazer de sua faculdade fácil instrumento para os Espíritos se revelarem, instruindo os homens (os próprios obsessores e os suicidas

instruem e muito lhes devemos, pois com eles aprendemos algo sobre obsessões e as conseqüências do suicídio), estabelecendo o intercâm-bio educativo do Alto para a Terra e assim colaborando para conduzir a humanidade à compreensão e ao cultivo da Verdade.

Não será, porém, apenas escre-vendo belas páginas que o médium poderá aprimorar-se. A cura da obsessão, que recupera duas almas antagônicas, ou mais de duas, de-

volvendo-as ao caminho do Bem e da Justiça, é tão venerável, ou ainda mais, quanto o livro que reeduca o coração, fornecendo-lhe equilíbrio para a conquista do progresso, visto que através dos Evangelhos e da Codificação realizada por Allan Kardec o mesmo equilíbrio também poderá ser adquirido. Desde a prece humilde, elevada a Deus com amor, até ao mais retumbante fenômeno realizado pelos Espíritos, por seu in-termédio, poderá o médium atingir a sublimação da própria faculdade, se bem compreender a responsabili-dade assumida.

Prestar auxílio a um obsessor, a um suicida, contribuindo para sua reeducação moral-espiritual; interes-sar-se amorosamente pelos sofredo-res do Espaço, aconselhando-os men-talmente através da prece, da leitura doutrinária, abrindo o coração para protegê-los com as forças do amor; socorrer os sofredores encarnados,

Não será, porém, apenas escrevendo belas páginas que o médium poderá aprimorar-se

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010ESTUdO

Fonte:

PEREIRA, Yvonne A. À Luz do Consolador.

Págs. 136 – 141. Feb. 1998.

transformando-se no Bom Samarita-no da parábola messiânica; orientar a criança, o jovem, o desanimado, o descrente, o desesperado, com a luz da esperança que o Alto sobre ele derrama prodigamente; instruir os sedentos de compreensão, de justiça e de verdade com as alvíssaras que o céu lhe concede; socorrer, à medida das próprias forças, os pobres que nada possuem e de tudo necessitam;

distribuir os eflúvios restauradores através de um passe e assim reanimar o enfermo do corpo ou da alma; ali-viar o angustiado e consolar o triste; orar pelos amigos, pelos adversários, pelos seres amados, pela humanida-de, enfim; desdobrar-se em amor e caridade pelos semelhantes, é tudo sublimação para o médium... desde que assim proceda com humildade e sinceridade. Para suavizar-lhe a tare-

fa, que não é fácil, deu-lhe Jesus a sua Doutrina, exemplificou-a e mandou que seus seguidores a ensinassem à posteridade. Assim, é viver mais em Jesus-Cristo do que em si próprio. E por não ser fácil tal realização, será necessário iniciá-la desde cedo. A mediunidade assim entendida é fonte de alegrias espirituais, morais e até materiais, pois que desperta a sensibilidade para o gozo de tudo

quanto é belo e bom dentro da obra da Criação, é consolo e progresso, realidade e grandeza para aquele que a possui e para os que o cercam. Que, pois, medite um pouco aquele que desejar desenvolver a própria faculdade, antes de se sentar à mesa dos trabalhos mediúnicos e de fran-quear as comportas do seu dom às forças ocultas da Natureza. Quanto à segunda pergunta, o bom-senso está

a indicar que não deve ser assim. A inexperiência de um principiante, as condições, muitas vezes precárias, de um ambiente doméstico são fatores prejudiciais, que podem levar a amar-gas conseqüências as experiências mediúnicas isoladas. Em verdade, alguns médiuns assim têm procedido com bons êxitos, mas depois de se identificarem com os ensinamentos e advertências da Doutrina Espírita e certos de que possuem assistência espiritual autêntica. Mas, há também obsessões renitentes assim adquiri-das, as quais somente servem para deprimir o médium e desacreditar a mediunidade perante o público. O adepto prudente não se atirará a experiências isoladas, pois sabe que estará desafiando forças da Criação ainda mal conhecidas. A discrição, o método, a disciplina, o respeito, por assim dizer religioso, são mais aconselháveis. De outro modo, o acertado é a reunião de corações afins para a experimentação dos fenômenos, quaisquer que sejam, fazendo-se acompanhar do amor, da humildade e do silêncio, e escudados na súplica e na assistência do Alto. Médiuns já bastante experientes, com tarefas definidas, psicografam em suas residências, desacompa-nhados, só assistidos por seus Guias Espirituais. Mas, o iniciante deverá deter-se, preparando-se antes ao lado dos companheiros de ideal, para as lutas do dificil, mas glorioso inter-câmbio entre o Mundo dos Espíritos e a Terra.

O adepto prudente não se atirará a experiências isoladas, pois sabe que estará desafiando forças da Criação ainda mal conhecidas

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

Atitudes Definidaspor Vinícius

“Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha”... “Seja o teu falar: sim, sim, não, não.” (Evangelho.)

Fonte:

VINÍCIUS. Nas Pegadas do Mestre. Págs. 271

– 272. Feb. 1995.

Entre a justiça e a iniquidade, o bem e o mal, a verdade e a impostura, não há meio

termo, não há neutralidade possível, tal é a lição que tiramos daquelas pa-lavras do Mestre por excelência.

Infelizmente, poucos são aqueles que compreendem este ensinamento, e menor ajuda é o número dos que o põem em prática.

O que se vê, na generalidade dos homens, é a atitude ambígua, indefi-nida e, por conseguinte, hipócrita.

Sempre que se trata de externar opinião sobre doutrinas e fatos que afetam a sociedade, o homem vacila em dizer o que pensa e o que sente a tal respeito, uma vez que ele diverge da doutrina predominante no seu meio, uma vez que tal fato se prenda a pessoa de destaque, de influência ou prestígio.

É esse o motivo por que o erro e a maldade deitam profundas raízes no ambiente em que vivemos. Nin-guém os combate de viseira erguida, ninguém os alveja com certeiros e profícuos golpes. Faz-se crítica à surdina, em família, atendendo com cuidado ao rifão que diz: As paredes têm ouvidos.

Ou, então, usa-se, o que aliás é comum, condenar com os lábios e apoiar com os atos. O indivíduo profliga, condena, anatematiza, mas, no momento propício de desfechar o golpe, secundando a palavra com a

ação, fraqueja, agindo em completo desacordo com as teorias que tão enfaticamente enunciara.

Semelhante modo de proceder acarreta enorme responsabilidade, cujas consequências desastrosas o homem, em sua cegueira espiritual, não mede nem avalia.

Aquele que tolera a iniquidade e a impostura sem protesto peremptório, seguido da respectiva reação, é, por

isso mesmo, iníquo e impostor. O ho-mem honesto tem obrigação de reagir contra todos os males que o afetam, a ele próprio e a seus semelhantes.

Para isso não se faz mister, como alguns erroneamente supõem, recor-rer a processos violentos: basta que o homem tenha a coragem moral precisa para sustentar, em qualquer emergência, sua reprovação, sua repulsa manifesta pela palavra e prin-cipalmente pelo exemplo.

Não é no quartel nem nos pátios de ginástica, onde nos preparamos para exercer a honrosa atitude varonil: é no culto da religião verdadeira e pura; é no amanho da fé inteligente

que ilumina; é, enfim, no Evangelho de Jesus-Cristo onde encontraremos tudo que necessitamos para nossa educação moral, para a conquista da liberdade, para a aprendizagem do aperfeiçoamento, disciplinas essas que conjugam o único ideal compa-tível com as aspirações do homem racional, no bom e rigoroso sentido desse vocábulo.

Não há que tergiversar: ou somos

por Jesus, sendo pela verdade e pela justiça, sem medir pseudo-prejuísos nem atender a bastardos interesses, ou somos contra ele, sendo pela ini-quidade e pela mentira, na satisfação de nosso egoísmo.

Ou com Jesus, colaborando na sagrada obra da edificação do caráter; ou contra ele, na ignominiosa tarefa da dissolução dos costumes. Não há neutralidade admissível entre estes dois partidos.

O homem honesto tem obrigação de reagir contra todos os males que o afetam

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010hISTóRIA

O Espiritismo em Carta do Príncipe D. Luiz de Bragança

A notícia ontem divulgada do falecimento, em Cannes, do Príncipe D. Luiz de Bragança, torna oportuna a publicação da carta ao lado dirigida

pelo ilustre neto de D. Pedro II, ao Sr. Dr. Amador Bueno, conhecido advogado paulista. É, como os leitores verão, um documento interessantíssimo, revelador do espírito brilhante de D. Luiz e do seu grande amor a esta terra:

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por Allan Kardec

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA hISTóRIA

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“Vila Marie-Therése - Cannes, 6 de fevereiro de 1920 - Prezado amigo. Muito lhe agradeço a sua afetuosa carta de 28 de dezembro. Não recebi a que o Sr. me dirigiu do Rio.

Como pode pensar, li com o maior interesse tudo o que se refere ao projeto de revogação do banimento. Depois do precedente de 1907, provocado pelo nosso excelente amigo, o Conselheiro Silva Costa, parece-me que o Supremo Tribunal Federal não podia se pronunciar de outro modo. Vejamos agora o que dirá a Câmara.

É extraordinário o terror que, nesta época de democracia e de tronos derribados, ainda inspiramos aos nossos adversários.

Graças a Deus, continuo passando bastante bem, embora as melhoras, que experimentei no verão passado, não se tenham acen-tuado ultimamente. Estamos estabelecidos aqui, em casa dos meus sogros, para todo o inverno.

Cannes e toda a Riviera retomaram o seu aspecto dantes da guerra. Há um verdadeiro frenesi de divertimentos: dança-se por toda a parte, de dia e de noite; o luxo e a indecência das toilettes não conhecem mais limites. E a reação inevitável depois das tris-tezas destes últimos anos. Os que sofreram refugiam-se, alguns na religião, outros no espiritismo, que constitui, atualmente, um dos principais temas das conversas aqui, como na Inglaterra. Cada dia nos traz novos livros, mais ou menos sérios, sobre o assunto. Alguns, como o de Sir Oliver Lodge, “Raymond”, não deixam de ser bastante impressionantes.

Quanto a mim, tenho-me dedicado, sobretudo, aos estudos dos novos moldes em que vai se formando a Economia Política do XX século. A minha conclusão é que a guerra, que, nos países belige-rantes, dividiu a fortuna pública entre muitas mãos, também vai pouco a pouco igualar a importância econômica das diferentes partes do mundo. Os países ricos, que tomaram parte no conflito, como a França e mesmo a Inglaterra, vão se empobrecendo. Os que se mantiveram afastados da luta, mesmo os mais pobres, devem sair da crise enriquecidos.

Como o Sr. muito bem diz, com a destruição duma grande parte da Europa, o capital, o braço e a ciência hão de emigrar para o Novo Continente. Com tais elementos de progresso e com a subida inesperada do câmbio, o Brasil acha-se em ótimas condições para sanear as suas finanças, tomar, no concerto das nações civilizadas, o lugar que lhe compete. O Dr. Epitacio tem nas mãos lodos as trunfos necessários para realizar, no quatriênio, uma grande obra de regeneração nacional.

Aceite as mais cordiais lembranças do sempre amigo Luiz de Orleans Bragança”

O recorte é do Jornal do Commercio, de 29 de março de 1920, diz anotação a lápis, que talvez tenha sido feita pelo Dr. Souza Ribeiro, porque o Ccl. Irineu Guisolphe de Castro, por sua vez,

escreveu a tinta: “Guardado pelo Dr. Souza Ribeiro.”

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010dIáLOGO

Diálogo com

Divaldo

1.9 - Papel do dirigente Espírita

Pergunta: À vista da importância já salien-tada do Centro Espírita, como evidenciar o papel do dirigente espírita?

divaldo: é de muita relevância o papel do dirigente espírita, porque ele, de certo modo, apresenta as ansiedades da comunidade que o elege para aquela tarefa. Ele, porém, ao invés de ser o chefe da casa é o trabalhador mais devotado do grupo. é o companheiro da exemplificação, principalmente da tolerância, da compreensão e do devotamen-to para que o seu fruto seja de boa qualidade e esti-mule ao bem os neófitos, os que estão chegando e aqueles outros que já colaboraram, de modo a levar adiante os postulados que a Casa defende e que ele abraçou espontaneamente.

é de real importância o papel do dirigente espírita porque sobre ele repousam as responsa-bilidades humanas da atividade da Casa onde se encontra. Allan Kardec, e sempre Allan Kardec, é o paradigma. No livro Obras Póstumas, ele escreve mais ou menos assim, numa nota de rodapé:

“Escrevo esta nota no dia 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que me foi dada a comunicação sobre a minha missão. O Espírito de Verdade me anunciou que eu deveria experi-mentar muitas dores, muitos dissabores e muitas angústias.

“Falou-me que eu deveria carregar a cruz dos sofrimentos, sentir, na própria carne, a dilaceração e as angústias. Tudo quanto me disse, aconteceu: recebi bofetadas na face por mãos de amigos de-votados. Alguns, que freqüentavam a ‘Sociedade Espírita de Paris’, por mim fundada, beijavam-me à

frente, para mor-discar-me depois. Acusaram-me de faltas que jamais cometi, chegando-se mesmo a dizer que eu vivia do re-sultado das obras esp í r i tas . Tudo

quanto o Espírito de Verdade havia previsto acon-teceu, mas eu não desanimei. Nos momentos mais difíceis procurei elevar-me acima da humanidade através da oração e lá, de onde me encontrava, eu podia antever o futuro que me estava reservado e também o da humanidade. quanto de júbilos, de emoções felizes experimentei nestas horas! Mas o que o Espírito de Verdade não me disse foram as alegrias que chegariam até mim: ver a

Tudo quanto o Espírito de Verdade havia previsto aconteceu, mas eu não desanimei.

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA dIáLOGO

Diálogo com

Divaldo

Doutrina crescer, atender as multidões que hoje lhe aportam ao seio generoso e nobre. Ter diante de mim as massas renovadas e consolada. Oh! Isto o Espírito de Verdade não me disse.”(*)

Kardec estava, ali, na condição do dirigente da Casa Espírita que, sabendo das suas responsabi-lidades, não parava para olhar a margem, nem se detinha a olhar para trás. Tomando da charrua, somente fitava, à frente, o trabalho a desenvolver. Este é o exemplo para o dirigente espírita; mas é natural que tenhamos meca-nismos de evasão, através de justifica-tivas deste porte: “Mas Kardec era Kardec e nós somos nós”, que um dia seremos, talvez, parecidos com Allan Kar-dec. Se não começarmos agora o labor correto, não chegaremos lá. E necessário termos, na Casa Espírita, esse comportamento.

é muito comum a usança desta muleta de apoio: “Eu sou dirigente, mas ainda não sou espírita!” Então, não deve, este que assim se expressa, ser o dirigente da Casa Espírita. Seria uma atitude paradoxal. Diga-se, então: “Eu sou o dirigente da Casa Espírita, apesar de ser ainda um espírita imperfeito”. quem está trabalhando pode tornar-

se melhor, porque o Senhor não quer “a morte do pecador, mas sim a morte do pecado”. Não deseja a morte do doente, mas sim o desapareci-mento da doença. é mais positivo, quando somos pecadores e avançamos, do que se fôssemos anjos, aqui na Terra. Se o fôramos, estaríamos na condição de degredo, porque aqui não há lugar para seres angélicos.

Portanto, não há local, no mo-mento, para espí-rita perfeito. Daí, o dir igente é o companheiro que convidamos para nos representar, para nos ajudar, exercendo um pa-

pel de muito respeito e de muita importância, que nos cumpre valorizar, dando-lhe estímulos e não somente críticas ácidas.

As críticas infelizes, os adversários farão; que os amigos dêem ajuda.

Fonte:

FRANCO, Divaldo. Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas.

U.S.E. 2001.

É mais positivo, quando somos pecadores e avançamos, do que se fôssemos anjos, aqui na Terra

(*) - Obras Póstumas, de Allan Kardec, 12ª edição da FEB, págs. 254/5. A citação mantém o espírito do pensamento, não sendo, portanto, literal. (Nota de D.P.F.)

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010CAPA

O Cristo*por Therezinha Oliveira

Quantos adjetivos para nos referirmos a Jesus de Nazaré! Belas palavras tira-das de expressões evangélicas. Mas,

em verdade, que sabemos sobre Jesus? Ele foi um hebreu, portanto israelita (todos os

hebreus descendiam de um dos patriarcas desse povo, Jacó, também chamado Israel) e judeu, por ser da tribo de Judá, uma das doze que compu-nham aquele povo. E viveu há dois mil anos, na Palestina, antigo Oriente, atual Oriente Médio.

Estava entre os trinta e cinqüenta anos de idade, quando iniciou seu ministério (Lc 3:23 e Jo 8:57). Até então, vivera no oculto de uma vida comum, para que adversários do bem não impe-dissem antes do tempo sua tarefa redentora.

Nenhum outro registro ficou de sua aparência

física. De um mestre espiritual importa a essência de sua vida e não o corpo de que se revestiu.

Sem ter feito estudos especiais (Mt 13:54 e Jo 7:15), agiu e falou de modo admirável, jamais superado por ninguém. Os pontos similares e concordantes de sua vida e pregação com a dou-trina dos essênios explicam-se simplesmente por serem as verdades eternas sempre as mesmas e todos que as atinjam, que as alcancem, falarão e agirão de modo semelhante.

Tão extraordinários a vida, ensinos e feitos de Jesus que chegam a supô-lo um mito, repre-sentando o ideal de liberdade no seio do povo hebreu; dominados por outros povos, ansiavam por libertação e faziam ressurgir sempre esse anseio, apesar dos insucessos.

Jesus, doce rabi da Galiléia! Luz do mundo! Verbo que se fez carne e habitou entre nós! Pão que desceu do Céu e dá vida ao mundo! Água viva que sacia a sede de justiça e de amor! Mestre divino! Pastor de nossas almas! Cristo de Deus!

* Em Estudos Espíritas do Evangelho (Editora Allan Kardec, 2005), o leitor encontrará informações mais extensas sobre Jesus, sua vida, seus feitos e ensinos, seu julgamento, condenação e sacrifício, com a ressurreição gloriosa, e os demais temas abordados neste livro.

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA CAPA

Era rei, mas não deste mundo, como esclareceu a Pilatos

Mas, que existiu realmente, pro-va-o a excelência de sua doutrina, superando as idéias e concepções do mundo judaico de então, não obs-tante faltarem anotações históricas mais substanciais para atestá-lo.

Sua qualificação superior e sua missão sublime foram atestadas pelo Alto de modo especial, por ocasião da transfiguração. Materializados apareceram ao seu lado Moisés, que para os israelitas representava a lei, a ordenação escrita, e Elias, repre-sentando as revelações espirituais, os profetas ou médiuns, pois foi o maior deles. Depois, desapareceram e só ficou Jesus, enquanto uma voz dizia:

Este é o meu filho amado. A ele escutai. Haviam escutado e atendido a Moisés e aos profetas; com Jesus, porém, nova revelação se fazia e a humanidade recebia nova e mais aperfeiçoada ordem de ensinos. Era ele, Jesus, o Cristo, o “ungido por Deus”, para trazer ao mundo a mensagem do amor.

Seu ressurgimento em glória es-piritual, após a morte de seu corpo, e suas reiteradas manifestações a dis-cípulos e apóstolos, consolidaram neles a convicção da imortalidade e de que a justiça divina dá a cada um segundo suas obras, alentando-os para a continuidade dos labores de pregação e exemplificação da conduta cristã.

Apesar do cuidado que ele teve em demonstrar a relação das pro-fecias com seus ensinos e feitos, a maioria dos israelitas não entendeu nem aceitou a sua mensagem, por não ser o líder guerreiro e domi-nador que esperavam devesse ser o Messias. Era rei, mas não deste mundo, como esclareceu a Pilatos,

e, sim, do mundo espiritual. Espiri-tuais seriam, também, a libertação e o bem-estar que traria.

Os que tiveram “ouvidos de ou-vir” e “olhos de ver” encontraram nele o caminho da verdade e da vida, entenderam a sua doutrina e se tornaram seus discípulos, perpe-tuando na Terra, através do ensino e da exemplificação, a sua mensagem sublime e libertadora.

E Jesus continua atraindo a atenção dos pesquisadores, cris-tãos ou não, leigos e especialistas, teólogos, filósofos, historiadores... Centenas de livros foram e estão sendo escritos sobre ele e existe um estudo especial, a Cristologia, que se destina a investigar quem foi o Nazareno, seu lugar na história real e os fatos de sua existência.

Revistas conceituadas, docu-mentários e reportagens na televi-são abordam temas assim: “Jesus, quem era ele. As novas descobertas

sobre sua vida e sua época”; ou “Nos Passos de Jesus de Nazaré”; ou ainda, “Jesus, a outra face; pesquisas revelam novo Jesus e corrigem data de seu nascimento”.

Essa correção se faz necessária para que Jesus ressurja ante o nosso enten-dimento na realidade de sua natureza espiritual: nem um deus materializado nem um simples homem terreno, mas um Espírito já purificado que encarnou entre nós para se fazer o “caminho da verdade e da vida” e levar a humanidade ao encontro do Pai.

O CRISTIANISMO E OS CRISTãOS A partir da vida e dos ensinos de

Jesus, se formaram várias religiões e, nelas, muitas coisas foram acrescen-tadas: dogmas, rituais, sacerdócio, Cada qual se apegou a determinados aspectos, de modo que estão muito divididas, às vezes nem se reconhe-cem e até se hostilizam:

Catolicismo, Igreja Ortodoxa, Copta; Igrejas evangélicas, como os Luteranos, Presbiterianos, Batistas, Metodistas, o Anglicanismo, além das atuais seitas evangélicas.

Todas essas confissões religiosas se denominam cristãs e dizem que a sua religião é o Cristianismo. Do Espiritismo, dizem que não é Cristia-nismo, nem religião seria... Apenas porque não temos sacerdócio nem culto exterior. Dos espíritas, dizem: Vocês não são cristãos! Entendemos nós, porém, que cristão é quem segue o Cristo, quem procura conhe-

cer e viver a sua mensagem. Mas vocês não reconhecem a divindade de Jesus, contrapõem. De fato, entendemos que Jesus, não obstante filho dileto do Altíssimo, é criatura como nós e não criador, só Deus é o criador. Vocês querem ser iguais a Jesus, acham que são como ele! Certamente, somos da mesma natureza espiritual que Jesus, sim, senão como poderíamos segui-lo? Mas não iguais, não estamos no mesmo grau de evolução. Só esta-mos querendo nos aproximar do que Jesus já era há dois mil anos. E como

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010CAPA

a evolução dos Espíritos é incessante, Jesus deve ter evoluído ainda mais...

Mas, pelos padrões do Cristianis-mo deles, talvez até Jesus não fosse considerado cristão. Foi o que comen-tou uma reportagem da Manchete (16/10/1993): Jesus foi Cristão?, des-tacando que Jesus não se diria Deus; não adotaria imagens, altares, igrejas; nem sacramentos, como o batismo, o casamento e a eucaristia; não cobraria dízimo e não demonstraria apego às letras bíblicas.

O VERDADEIRO CRISTIANISMO A religião real do Cristo não é

uma religião formal, Jesus não fundou nenhuma religião assim.

No campo das idéias, falou de um Deus de natureza espiritual, Pai cria-dor, poderoso, mas sábio e amoroso; do reino dos céus significando a vida espiritual, verdadeira e duradoura; de nós, criaturas humanas, como filhos de Deus, seres espirituais como nosso Pai, também imortais e com faculda-de de pensar, sentir e agir; da justiça divina dando a cada um segundo suas obras, aqui ou no Além; de planos espirituais e da influência dos espíritos sobre nós, reconhecíveis como bons ou maus pelo que produzem.

Quanto a práticas, nada ensinou de culto exterior. Não combateu as que existiam, como oferendas, sacri-fícios, gesticulação, vestes nem rezas, mas não as utilizou nem recomendou. Ensinou, porém, a adoração a Deus em espírito e em verdade, ou seja, de modo espiritual e com sinceridade, traduzida em tudo que pensamos, sentimos e fazemos.

Orientando-nos quanto à con-duta a manter, recomendou, espe-cialmente:

1. Ter fé (confiança) em Deus, em Jesus, em si mesmo.

— Credes em Deus, crede também em mim.

— Por que não tendes fé? Onde está a vossa fé?

— Tudo é possível àquele que crê.

2. Viver principalmente para o que é espiritual. Não se apegar às coisas materiais, passageiras, em detrimento do que for espiritual.

3. Pedi, buscai, batei e recebereis, achareis, abrir-se- vos-á. Orar, para pedirmos o que nos seja ne-cessário e, por nós mesmos, não o possamos conseguir; orar sem ser preciso recorrer a fórmulas, palavras, posições especiais; mas fazê-lo com humildade, senso de justiça, sentimento de fraterni-dade, e perseverando nesse orar. Buscar conhecer e entender a vontade de Deus, expressa nas leis que regem a vida e os seres, para de acordo com ela agir o mais que lhe for possível. Bater com a mão do esforço na porta das oportunidades, para que se desdobrem as imensas possibilida-des ao nosso alcance e saibamos aproveitá-las em favor de nós mes-mos e dos que nos rodeiam.

4. Ajudar a todos, indistinta-mente. Assim como Deus não escolhe para ajudar, a todos oferecendo sol e chuva (mesmas oportunidades), também a todos devemos ajudar, amparando os pobres, os carentes, curando os enfermos, visitando os presos, afastando os maus espíritos que perturbam as pessoas.

5. Não esconder a luz sob o al-queire. Partilhar o conhecimento espiritual com quem quiser ouvir.

E informou-nos que o amor é o distintivo pelo qual se reconhece quem é cristão: Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros, como eu vos amei.

A mensagem de Jesus, simples na aparência, é cheia de vitalidade espiritual e capaz de reformar o mundo.

A proposta é transformar a huma-nidade, informando e convencendo intimamente a cada pessoa quanto à excelência do amor ao semelhante e da conduta digna e honesta; se entender a proposta e quiser vivê-la, a pessoa modificará a si mesma, pas-sando a influir na vida social.

O código de moral que Jesus ensinou é inatacável e de validez inalterável. Se aceito e seguido, pode realmente trazer solução para os maiores problemas da Humanida-de, pois visa anular seus grandes e básicos causadores: o materialismo e o egoísmo.

O Cristianismo contém, em sua essência, todas as verdades e conduz à espiritualização e ao amor. São de origem humana os erros que nele se enraizaram. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, “O Cristo Con-solador”, item 5)

O SANgUE DE JESUS NOS SALVA? Acreditam alguns que a hu-

manidade já está salva, pois Jesus morreu na cruz para nos salvar e seu sangue, assim derramado, nos salvou de nossos pecados. De fato, Jesus apregoou: Ninguém tem maior amor do que este de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. E ele deu a sua vida por nós, não morrendo, mas vivendo-a para nos beneficiar com

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA CAPA

seu ensino e exemplo. Ofereceu-nos a sua vida: como um pão (alimento), ensino e exemplo que deveríamos comer (assimilar), a fim de viver de acordo; como um caminho, para ser seguido, trilhado. Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sobre si a sua cruz e siga-me.

Entretanto, quantos cristãos continuam errando, agredindo, mentindo, explorando, matando... A esses, o sangue de Jesus não os salvou, porque ainda não assimila-ram o significado de sua vida, de seu ensino, e, conseqüentemente ainda não se modificaram moralmente para melhor.

Entendendo a mensagem de Jesus e procurando vivêla, nos sal-varemos:

Da ignorância que nos faz errar. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Da inércia paralisadora. Meu Pai

trabalha constantemente e eu também trabalho.

Do egoísmo limitante. Convida e estimula à generosidade. Dai e vos será dado (...) com a medida com que medirdes vos medirão a vós, medida boa e recalcada, sacudida e transbordando deitarão em vosso regaço.

Do materialismo enganoso. Bus-cai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais (que for necessário e justo) vos será acrescentado.

Do orgulho injustificado. Aquele que a si mesmo se exalta será humilhado e o que a si mesmo se humilha será exaltado.

Do ódio, do desejo de vingança.

Porque o ódio une tanto quanto o amor, mas nos une a quem não que-remos bem. Desejando nos libertar desse sentimento inferior, ensinou: Perdoai para serdes perdoados. E exem-plificou, quando, crucificado, orou: Pai, perdoa-lhes, não sabem o que fazem.

Da intolerância presunçosa. Nas muitas vezes em que esclareceu e aconselhou: Quem não é contra nós é por nós. Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco.

Não façamos de Jesus o Deus que ele não é, mas, com todo respeito e reverente admiração, reconheçamos nele “o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo”, assim afirmam os instrutores espirituais em O Livro dos Espíritos, na resposta à questão 625.

Busquemos nos aproximar desse modelo sublime. Esforcemo-nos por conhecer seus ensinos, seguir seus exemplos de vida. Combatamos as imperfeições morais que nos limi-tam a vida. Desenvolvamos virtudes e qualidades, todos as temos em potencial.

Amemos a Deus, nosso Pai! E ao próximo, nosso irmão!

Assim nos ensinou e assim fez.. Jesus, doce rabi da Galiléia! Luz

do mundo! Verbo que se fez carne e habitou

entre nós! Pão que desceu do Céu e dá vida

ao mundo! Água viva que sacia a sede de

justiça e de amor! Mestre divino! Pastor de nossas

almas! Cristo de Deus!

* Em Estudos Espíritas do Evangelho (Editora Alian Kardec, 2005), o leitor encontrará informações mais extensas sobre Jesus, sua vida, seus feitos e ensinos, seu julgamento, condenação e sacrifício, com a ressurreição gloriosa, e os demais Temas abordados neste livro.

Porque o ódio une tanto quanto o amor, mas nos une a quem não queremos bem

Fonte:

OLIVEIRA, Therezinha. Jesus - O Cristo. Págs.

5 - 14. Editora Allan Kardec. 2006.

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010COmPORTAmENTO

Na Reunião, que bicho você é?por Joseana hypólito (Campinas/SP)

Ilustrado por Carina Pauluci Vidal (Campinas/SP)

O Espírita não vive finan-ceiramente da religião; aprende que necessita

ter o seu trabalho para o sustento próprio e o da família, consagrando ao serviço do Senhor as demais

horas do dia e da noite. Por isso, o adepto do Espiritismo aprende a valorizar o tempo, a fim de realizar o maior número de tarefas em bene-fício do próximo, seja nas atividades doutrinárias ou nas assistenciais.

Por isso, convém sabermos aproveitar as horas em qualquer reu-nião, principalmente nas reuniões de planejamento das atividades.

Assim, ao coordenador com-pete:

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA COmPORTAmENTO

1) Fazer a convocação com an-tecedência de alguns dias, de ma-neira clara e objetiva, enfatizando o tema central da reuniao;

2) Destacar o horário de início e término da atividade, respeitan-do-os rigorosamente. Desagra-dável quando não cumprimos o horário, desrespeitando as outras atividades dos colaboradores;

3) Trazer a pauta pronta para que os participantes notem o apreço e respeito pelas pessoas, por meio da ordem e disciplina; coisa mais desa-gradável é comparecermos para uma reunião em que o coordenador não se preparou, está perdido e ocupan-do o nosso precioso tempo;

4) Preparar o ambiente com papel e lápis para anotações;

5) Clareza e objetividade são imprescindíveis para o bom anda-mento da tarefa.

Temos de atentar não apenas para o aspecto físico e organiza-cional, mas, sobretudo, a nossa participação na assembléia que, do ponto de vista espírita, deve ser produtiva, objetivando a coo-peração e o bem geral.

Apresentamos a “reunião dos bichos” nas páginas seguintes, pro-posta pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, como subsídio para as nossas reflexões.

Lembremo-nos que em Espiri-tismo, acima das nossas vontades, as decisões têm de revelar o que seja melhor para a maioria, em be-nefício do próprio Espiritismo.

qUE DIZ O ESPIRITISMO?

(...) é por isso que se pode considerar impossível a obtenção de coisa algu-ma, numa reunião de pessoas pouco sérias, ou não animadas de sentimentos de simpatia e benevolência. (L.M., 2ª parte, cap. 14, seção 8, item 177)

Se tomarmos cada povo em particular, poderemos, pelo caráter dominante dos habitantes, pelas suas preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais e humanitários, dizer de que ordem são os Espíritos que de preferência se reúnem no seio dele.

Partindo deste princípio, suponhamos uma reunião de homens levianos, inconseqüentes, ocupados com seus prazeres; quais serão os Espíritos que preferentemente os cercarão? Não serão de certo Espí-ritos superiores, do mesmo modo que não seriam os nossos sábios e filósofos os que iriam passar o seu tempo em semelhante lugar. Assim, onde quer que haja uma reunião de homens, há igualmente em torno deles uma assembléia oculta, que simpatiza com suas qualidades ou com seus defeitos (...) (L.M., 2ª parte, cap. 21, item 232).

Uma reunião só e verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais. (L.M., 2ª parte, cap. 29, item 327)

Numa palavra, qualquer que seja o caráter de uma reunião, haverá sempre Espíritos dispostos a secundar as tendências dos que a componham. Assim, pois, afasta-se do seu objetivo toda reunião séria em que o ensino é substituído pelo divertimento. (L.M., 2ª parte, cap. 29, item 327)

Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior homoge-neidade possível. Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis. (L.M., 2ª parte, cap. 29, item 331)

A condição absoluta de vitalidade para toda reunião ou associa-ção, qualquer que seja o seu objetivo, é a homogeneidade, isto é, a unidade de vistas, de princípios e de sentimentos, a tendência para um mesmo fim determinado, numa palavra: a comunhão de idéias. Todas as vezes que alguns homens se congregam em nome de uma idéia vaga jamais chegam a entender-se, porque cada um apreende essa idéia de maneira diferente. Toda reunião formada de elementos heterogêneos traz em si os gérmens da sua dissolução, porque se compõe de interesses divergentes, materiais, ou de amor-próprio, tendentes a fins diversos que se entrechocam e rarissimamente se mostram dispostos a fazer concessões ao interesse comum, ou mesmo à razão; que suportam a opinião da maioria, se outra coisa não lhes é possível, mas que nunca se aliam francamente. (O.P., 2ª parte, “Constituição do Espiritismo”, item VIII)

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010COmPORTAmENTO

dICAS PARA PARTICIPAR dAS REUNIÕES• Não fique parado, apático ou indiferente. Participe da reunião.• Se discordar de alguma coisa, diga. Faça-o com naturalidade, sem ênfase, com bom humor. • Não deixe sua observação para depois, fale logo que sentir necessidade de esclarecer algum

ponto obscuro ou de contribuir com a sua experiência.• Ouça, cuidadosamente o que os outros dizem, procure compreender quais os motivos que o

levam a fazer tal ou qual afirmação.• Não monopolize a discussão. Fale pouco. Fale coisas que tenham realmente importância.• Não interrompa a palavra de quem fala, espere a sua vez.• Não fuja da discussão.

CãO — Faz muito barulho por pouco

MULA — Obstinado e lento

gATO — Prefere agir depois da reunião

COELhO — Encolhe-se quando maiores aparecem

POMBO — Fica arrunhando com o companheiro do lado e só vive de par

PICA-PAU — Só sabe picar todas as idéias, interrompendo quem está falando

RATINhO— Nunca aparece, mas caminha entre todos

ZEBRA— Radical, 8 ou 80

CAMALEãO — Está de acordo com todos. Vai para onde leva o vento

PARTICIPANTES dA REUNIãO

CORUJA — Sábio, presta muita atenção no que os

outros falam

LEãO — Rei da reunião. Está certo de sua

superioridade

TIgRE — é agressivo, irônico

PAVãO — gosta de mostrar cultura e de monopolizar a

discussão

COBRA — Envenena as relações. Provoca brigas e

fica de fora

PAPAgAIO — Comenta tudo e está sempre por fora

do assunto

gIRAFA — Mudo, e seu silêncio não permite saber se ele está por dentro do

assunto mesmo

MACACO - Bagunceiro, inteligente e está sempre de

bom humor

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA REFLExãO

Como sabeis que essas mensagens vêm de fato do Além?

Posso agora, com certo desafogo, abordar um aspecto mais impessoal

desta importante questão. Aludi à constituição de uma nova doutrina. Donde nos vem ela? Vem principal-mente pela escrita automática, que a mão do médium traça, quando este a tem governada, seja pelo su-posto espírito de um ser humano já morto, como no caso de Miss Júlia Ames, seja por um suposto instru-tor invisível, como no de Stainton Moses.

Essas comunicações escritas hão sido completadas por grande número de exposições feitas pelo médium em estado de transe e

por mensagens dadas verbalmente pelos espíritos, servindo-se estes dos órgãos vocais do médium. Algumas vezes, até, têm vindo sem intermediário, falando os espíritos diretamente, como nos diversos ca-sos que o almirante Usborne Moore refere no seu livro The Voices (As Vozes). Não raro também têm sido

A Revelaçãopor Arthur Connan Doyle

reveladas a alguns círculos familia-res, por meio da mesa girante, como nos dois casos que acima relatei, tratando das minhas experiências pessoais. Outras vezes, como no caso citado por Mrs. de Morgan, têm sido transmitidas pela mão de uma criança.

Logo certamente se nos faz esta objeção: Como sabeis que essas mensagens vêm de fato do Além? Como podeis saber que o médium não escreve conscientemente, ou, admitido que isto seja improvável, que não escreve apenas, sem que de tal se aperceba, o que lhe é ditado pelo seu subconsciente? É esta uma objeção perfeitamente razoável e

que devemos ter em conta diante de qualquer caso, porquanto, se o mundo viesse a encher-se de profe-tas sem valor, cada um alardeando suas idéias acerca do novo domínio religioso e apoiando-as unicamente nas suas próprias afirmações, vol-veríamos aos obscuros tempos da fé cega.

Devemos responder que recla-mamos provas cuja autenticidade podemos testificar e que não acei-tamos asserções cuja veracidade se não possa provar. Outrora se pedia ao profeta um sinal atestador do que dizia. Era uma exigência abso-lutamente justa e que hoje também o é. Se alguém me trouxesse uma descrição da vida em qualquer ou-tro mundo, sem mais credenciais que não as suas próprias afirmações, longe de colocar esse trabalho sobre a minha mesa de estudos, atirá-lo-ia à cesta dos papéis inservíveis. A vida é por demais curta para aferirmos do valor de semelhantes produções.

Se, porém, como se deu com Stainton Moses em seus Ensinos Espiritualistas, as doutrinas apre-sentadas como vindas do Além são acompanhadas da manifestação de múltiplas faculdades anormais — e Stainton Moses foi a todos os respeitos um dos mais notáveis mé-diuns que a Inglaterra já produziu — então encaro o assunto com mais seriedade.

Igualmente, desde que Miss Júlia Ames logrou, da sua vida terrena, revelar a Stead particularidades que ele não podia conhecer e que, depois de muitas investigações, ve-

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010REFLExãO

rificou serem exatas, naturalmente qualquer pessoa se sentirá incli-nada a admitir como verdadeiras outras revelações cuja exatidão se não pode provar. Assim, também, desde que um Raymond nos pode descrever uma fotografia, da qual nenhuma cópia havia chegado à Inglaterra e que depois se verifica ser exatamente como fora descri-ta; desde que esse Raymond, por boca de estranhos, nos transmite toda sorte de detalhes da sua vida familiar, detalhes que seus parentes verificaram e atestaram ser exatos; fora despropositado dar-lhe crédito quando ele descreve o gênero de vida que tem no Além, no mo-mento mesmo em que se comunica conosco?

Ainda mais: quando Sir Arthur HilI recebe mensagens de pessoas de quem nunca ouvira falar e verifi-ca que tais mensagens são verdadei-ras em todos os seus pontos, não é justo deduzir-se que essas entidades dizem a verdade quando nos eluci-dam sobre as condições em que se encontram?

Contam-se por muitos os casos desta natureza. Apenas menciono alguns. Mas, penso que todo o sistema que eles formam, desde o fenômeno físico do simples ruído numa mesa até a mais inspirada alo-cução de um profeta, constitui um todo completo, uma cadeia cujos elos se ligam uns aos outros e que, se o extremo inferior dessa cadeia veio ter às mãos da Humanidade foi para que esta, por seus esforços e pelo uso da razão, encontrasse o

caminho a seguir até chegar à re-velação que a esperava no extremo superior.

Não mofeis do fato de lhe terem servido de início as mesas girantes ou as pranchetas a flutuarem no ar, embora esses fenômenos possam ter sido muitas vezes enganosos ou simulados. Lembremo-nos de que a queda de uma maçã nos deu a lei da gravidade; de que da panela a ferver nos veio a máquina a vapor; de que a contração da pata de uma rã abriu caminho às elucubrações e experiências que nos levaram à des-coberta da eletricidade. Do mesmo modo as grosseiras manifestações de Hydesville deram em resultado interessar pelo assunto a plêiade dos mais eminentes intelectuais daquele país, durante os últimos vinte anos, estando, a meu ver, des-tinadas a imprimir às experiências humanas o maior desenvolvimento que já o mundo presenciou.

Personalidades cujas opiniões tenho na mais alta conta, especial-mente Sir William Barrett, afirma-ram que a investigação psíquica é coisa inteiramente distinta da religião. Isso é incontestável no Sentido de que um mau indivíduo pode, no entanto, ser excelente investigador dos fenômenos psí-quicos. Mas, os resultados dessas pesquisas, as deduções que delas podemos tirar e as lições que podemos colher nos ensinam a sobrevivência da alma, a natureza dessa sobrevivência e como o nosso proceder neste mundo a influencia. Se isto é coisa distinta de religião,

confesso que não compreendo bem a distinção. Para mim, é religião, é a essência mesma da religião.

Não quer, entretanto, dizer que esses resultados virão necessaria-mente a cristalizar-se numa nova religião. Pessoalmente confio que tal não se dará. Já nos achamos sobejamente divididos. Antes, vejo neles a grande força unificadora, a única coisa provável em conexão com qualquer das religiões, cristã ou não, formando uma sólida base comum sobre a qual cada uma delas, admitido que o deva fazer, erija um sistema particular em cor-respondência com os vários tipos de mentalidades.

Efetivamente, as raças meridio-nais preferirão sempre, em oposi-ção às do Norte, o que seja menos austero; as do Oeste serão sempre mais analistas do que as do Leste. Ninguém poderá conduzir todas a uma perfeita igualdade de nível. Todavia, se forem aceitas as amplas premissas que o ensinamento vindo do Além nos oferece, a Humanida-de terá avançado grandemente para a paz religiosa e para a unidade.

Logo, porém, esta outra questão se nos apresenta: De que maneira atuará o Espiritismo sobre as an-tigas religiões existentes e sobre os diferentes sistemas filosóficos que têm influenciado as ações dos homens. A resposta é que só a uma dessas religiões ou filosofias a nova revelação será absolutamente fatal: ao Materialismo. Não digo isto com espírito de hostilidade aos mate-rialistas, que, como coletividade

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É lei da vida que o que não se adapta perece

organizada, são tão sérios e morais como qualquer outra classe. Porém, é manifesto que, se o espírito pode viver sem a matéria, desaparece a base mesma do materialismo, acarretando o desmoronamento de todas as suas teorias.

Pelo que toca às outras crenças, forçoso será admitir que a aceitação do ensino que nos vem do Além modificaria profundamente o Cristianismo convencional. Essas modificações, entretanto, não se fariam no sentido de contradição, mas no de explicação e desenvol-vimento. Aquele ensino corrigiria as graves dissensões que sempre chocaram a razão dos pensadores, confirmando e tornando absoluta-mente certo o fato da continuação da vida após a morte, fundamento de todas as religiões. Confirmaria as desgraçadas conseqüências do pecado, mas mostrando que elas não são eternas. Confirmaria a exis-tência de seres superiores, até aqui

chamados anjos, e a de uma hie-rarquia ascendente acima de nós, na qual tem seu lugar o espírito do Cristo, colocado a uma altura do infinito a que associamos sempre a idéia de onipotência, ou seja, de Deus. Confirmaria, enfim, a idéia de um céu e de um estado penal transitório, correspondendo mais

ao purgatório do que ao inferno. Assim, a nova revelação, na

maioria de seus pontos essenciais, não se apresenta como destruidora das velhas crenças. Ela, pois, seria recebida pelos fiéis, realmente fer-vorosos, de todas os credos, antes como uma aliada poderosa, do que como um perigoso inimigo engen-drado pelo diabo.

Examinemos, por outro lado, os pontos em que o Cristianismo deverá ser modificado pela nova revelação.

Antes de tudo direi uma coisa, óbvia para muitos, que, no entanto, muito a deploram: o Cristianismo tem que evolver ou perecer. É lei da vida que o que não se adapta perece. O Cristianismo já deferiu demais a sua transformação; defe-riu-a tanto que as suas igrejas já se acham meio vazias; que as mulheres lhe constituem o principal susten-táculo; que, assim, de um lado, os membros mais instruídos da coleti-

vidade humana, como, de outro, os mais pobres, quer na cidade, quer no campo, se separaram completa-mente dela. Procuremos descobrir a razão deste estado de coisas. Ele é patente em todas as seitas do Cristianismo. Deriva, portanto, de alguma profunda causa comum.

As gentes se afastam porque

francamente não podem ter por verdadeiros os fatos tais como lhes são apresentados. Semelhante coisa lhes ofende igualmente a razão e o senso da justiça. Ninguém, com efeito, pode vislumbrar justiça num sacrifício feito em substituição, nem num Deus cuja clemência só por esse meio se consiga. Sobretudo muitos há que não logram compre-ender o que signifiquem expressões como “remissão do pecado”, “puri-ficação pelo sangue do Cordeiro” e outras.

Enquanto perdurou a questão da queda do homem, havia pelo menos, para tais frases, uma certa explicação. Desde que, porém, ficou demonstrado que jamais o homem caiu; desde que, graças ao progresso da ciência, se nos tornou possível reconstituir a nossa ascen-dência ancestral e, passando pelo homem das cavernas e pelo homem nômade, remontar às épocas som-brias e distantes em que o macaco-homem evolveu lentamente para o homem-macado; se lançamos um olhar retrospectivo sobre essa longa sucessão da vida verificamos que ela se vai sempre desdobrando passo a passo, sem que encontremos nunca qualquer prova de queda. Ora, se queda nunca houve, a que ficam reduzidas as doutrinas da expiação, da redenção, do pecado original? Numa palavra, que resta de uma grande parte da filosofia mística do Cristianismo?

Dado que aquelas doutrinas tivessem sido tão racionais em si mesmas, quanto presentemente são

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absurdas, elas estariam, apesar de tudo, em oposição aos fatos.

Acresce que muito exagero houve, ao que parece, com relação á morte do Cristo. Morrer alguém por uma idéia não é fato fora do comum. Todas as religiões tiveram seus mártires. Constantemente morrem homens pelas suas convic-ções. Milhares de nossos mancebos estão fazendo isso, neste momento, em França. Daí vem que a morte do Cristo, sublime, aliás, como a descreve o Evangelho, assumiu uma importância injustificada, como se constituísse fenômeno singular sacrificar-se um homem pela reali-zação de uma reforma.

No meu entender, à morte do Cristo se atribuiu excessivo valor, ao passo que muito pouco se tem dado à sua vida. Entretanto, nesta é que se encontram a verdadeira grandeza e a verdadeira lição. Mesmo imperfeitamente descrita como o é, foi uma vida onde ne-nhum traço se descobre que não seja admirável; uma vida plena de tolerância para com todos, de suave caridade, de ampla moderação, de serena coragem; vida sempre vota-da ao progresso e aberta a todas as idéias novas; vida sem nenhuma nota de azedume contra as idéias que ele realmente suplantava, se bem manifestasse justificado des-gosto ante a estreiteza de espírito e a tartufice dos que as defendiam. Particularmente notável era nele a agudeza com que penetrava o espírito mesmo da religião, pondo de lado os textos e as fórmulas. Não

há exemplo de igual bom senso, nem de tanta simpatia para com os fracos. Em verdade, sua vida foi a mais maravilhosa de quantas se conhecem, o que não se dá com a sua morte, que, não obstante, forma o ponto central da religião cristã.

Consideremos agora quanta luz os nossos guias espirituais hão lan-çado sobre a questão do Cristianis-mo. Lá no Além as opiniões não são absolutamente uniformes, como o são aqui na terra. Contudo, se se lê um certo número de comunicações sobre esse assunto, vê-se que tudo se reduz a isto: Juntamente com os nossos mortos, há muitos espíritos mais elevados, variando entre eles os graus de elevação. Chamemos-lhes “anjos” e nos teremos aproximado da antiga concepção religiosa.

Acima de todos esses espíritos se acha o maior Espírito que eles conhecem e que não é Deus, pois que Deus, sendo infinito, não lhes está ao alcance da percepção. É o espírito mais próximo de Deus e que, até certo ponto, o representa: o Espírito do Cristo. A Terra é o objeto de toda a sua solicitude. Ele a ela baixou numa época de grande depravação, numa época em que o mundo era quase tão perverso quanto agora, a fim de dar o exem-plo de uma vida ideal. Em seguida, voltou morada celestial que lhe é própria, tendo legado aos homens ensinamentos que ainda por vezes são postos em prática. Eis a história do Cristo, conforme a narram os espíritos. Nela nada há de expiação, nem de redenção. Encerra, porém,

a meu ver, um sistema perfeitamen-te racional e realizável.

Se esta maneira de conceber o Cristianismo fosse geralmente aceita, tendo a corroborá-la a certeza e a demonstração que nos vêm do outro mundo pela Nova Revelação, então possuiríamos uma crença que unificaria todas as igrejas, que estaria de acordo com a ciência, que desafiaria todos os ataques e susten-taria indefinidamente a fé cristã. A razão e a fé se reconciliariam finalmente; todos nos livraríamos de um pesadelo atroz e reinaria a paz espiritual.

Não entrevejo a consecução desses resultados por efeito de uma conquista rápida ou de uma violenta revolução. Eles advirão por meio de uma penetração pacífica, do mesmo modo que certas idéias abstrusas, qual, por exemplo, a de um inferno eterno, se vão lentamente apagan-do, já nos tempos que correm. Mas, é quando a alma humana se acha trabalhada e torturada pela dor que se devem espalhar as sementes da verdade. Se assim fizemos, destes dias em que vivemos despontará no futuro uma abundante colheita espiritual.

Quando leio o Novo Testamento com o conhecimento que tenho do Espiritismo, fico profundamente convencido de que os ensinos do Cristo, sob vários pontos de vista muito importantes, a Igreja primi-tiva os perdeu, de sorte que não chegaram até nós. Todas as alusões, que ele encerra, à possibilidade de triunfar-se da morte, nada signifi-

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Fonte:

DOYLE, Arthur Connan. A Nova Revelação.

Págs. 70 - 93. Editora Feb. 2008.

“Aqui ele não fez milagres porque o povo carecia de fé.”

cam, ao que me parece, na atual filosofia cristã. Entretanto, para os que já viram alguma coisa, ainda que obscuramente, através do véu que nos encobre o mundo invisível; para os que já tocaram, ainda que ligeiramente, as mãos que se nos estendem do Além, para esses a morte já foi vencida.

Quando ele nos fala de fenôme-nos que se nos tornaram familiares, tais como as levitações, as línguas de fogo, as ventanias, os dons es-pirituais, em suma — de milagres, reconhecemos que o fato capital entre todos, o da continuidade da vida e da comunicação com os mortos, era plenamente conhecido naquela época. Lá se nos deparam ditos como este: “Aqui ele não fez milagres porque o povo carecia de fé.” Isto não está de perfeito acordo com a lei psíquica que conhecemos? Noutro ponto lemos que o Cristo, tendo sido tocado pela hemorroíssa, exclamou: “Quem me tocou? Sinto

que de mim saiu uma virtude.” Pu-dera ele ter dito mais claramente o que um médium curador diria hoje, apenas empregando a palavra “po-der” em lugar do termo “virtude”?

Mais ainda. Quando lemos: “Experimentai os espíritos, para saberdes se eles são de Deus”, não encontramos aí o aviso que hoje

daríamos ao neófito que quisesse tomar parte numa sessão?

Excessivamente vasta é esta questão para que me seja possível mais do que esflorá-la. Creio, no entanto, que este assunto, que as igrejas cristãs mais rigoristas presentemente atacam com tanto furor, constitui realmente o ensino básico do próprio Cristianismo. Aos que quiserem ir mais longe nesta ordem de idéias, recomendo muito a leitura do livro do doutor Abraham Wallace, Jesus de Nazaré, caso não esteja esgotada a edição dessa valiosa obrinha. Seu autor de-monstra, de modo convincente que os milagres do Cristo estavam todos no campo de ação da lei psíquica, como a compreendemos hoje, e se conformavam, ainda nas menores particularidades, com os princípios precisos dessa lei.

Dois exemplos já foram citados. Muitos outros são apontados no opúsculo a que me refiro. O que

me convenceu da veracidade da tese sustentada nele foi que, se a aprecia-mos de conformidade com aquela lei, a história da materialização dos dois profetas, no monte, se nos pa-tenteia extraordinariamente exata. Há primeiramente a notar que Jesus escolheu para o acompanharem a Pedro, Tiago e João, os mesmos que

formavam o círculo psíquico na oca-sião em que o morto foi chamado de novo à vida e que, provavelmen-te, do grupo dos discípulos, eram os mais apropriados ao fenômeno. Houve depois a preferência pelo ar puro da montanha, a sonolência que atacou os três médiuns, a trans-figuração, as vestes resplandecentes, a nuvem, as palavras: “Construamos três tabernáculos”, que também se podem ler: “Construamos três tendas ou gabinetes”, meio ideal de se produzirem as materializações pela concentração dos poderes psíquicos.

Tudo isto compõe uma teoria muito sólida da natureza dos proces-sos. Quanto ao mais, os dons que S. Paulo indica como de necessidade que o discípulo cristão reúna, em si, são idênticos aos que um médium poderoso deve possuir, compreen-didas as faculdades de profetizar, de curar, de operar milagres (ou fenômenos físicos), de clarividência e outros. (I Epístola aos Coríntios, XII, 8, 11.)

A primitiva igreja cristã viveu sa-turada de Espiritismo e não parece que tenha atendido às proibições do Velho Testamento, as quais objeti-vavam reservar esses poderes para uso e proveito do clero.

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FidelidadESPÍRITA |Setembro 2010

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 77. Editora Moderna.

São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo Martins

COm TOdAS AS LETRAS

Tinha matado ou tinha morto?

Nestes tempos em que o noticiário policial ocupa espaço considerável nas páginas dos jornais, você pode ler e achar estra-

nhas construções como estas: O ladrão tinha matado o comparsa, mas foi morto pela polícia. / Os detentos que tinham prendido o carcereiro na cela foram presos ao pular o muro da cadeia. Afinal, por que matado e morto ou prendido e preso?

Há uma série de verbos na língua portuguesa, chamados abundantes, que têm duas ou mais formas equivalentes. E isso ocorre principalmente no parti-cípio. Assim, existem matado e morto, prendido e preso. Agora, você sabe quando recorrer a uma ou a outra?

A regra é simples. Com os auxiliares ter e haver, usa-se o particípio regular. E com ser e estar, o irregu-lar. Veja os exemplos: Tinha (havia) matado, foi (estava) morto. / Tinha (havia) prendido, foi (estava) preso.

Veja mais alguns exemplos: Tinha (havia) ganhado, foi (estava) ganho. / Tinha (havia) gastado, foi (estava) gasto. / Tinha (havia) suspendido, foi (estava) suspenso. / Tinha (havia) acendido, foi (estava) aceso. / Tinha (havia) imprinido, foi (estava) impresso.

Com os verbos ter e haver (voz ativa), o particípio não varia; já com ser (voz passiva) e estar (introduz adjetivo), ele se flexiona: Eles tinham expressado suas opiniões. Suas opiniões foram expressas. / Os bombeiros

haviam salvado os náufragos. Os náufragos estavam salvos.

Finalmente, lembre-se: atualmente já se admi-te o uso de gasto, ganho e pago tanto com ter e haver como com ser e estar Assim: Tinha gastado (ou gasto), ganhado (ou ganho) e pagado (ou pago) muito dinheiro.

USE PEGO Só COM OS AMIgOS

Como os gramáticos condenam a forma pego (mesmo que bons escritores tenham lançado mão dela), procure limitá-la à lin-guagem coloquial. Veja como substituí-la na norma culta da língua: Foi apanhado (e não pego) em flagrante. /Foi pegado (e não pego) com a boca na botija.

Cuidado, porém, com particípios ab-solutamente inexistentes, caso de “chego” (de chegar), “trago” (de trazer) e “falo” (de falar). Se quer mostrar respeito pelo idioma, fuja deles.

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Setembro 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

“Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal.”Jesus. (Mateus, 5:39.)

Resistência ao Mal

Emmanuel Chico XavierVinha de Luz

Os expoentes da má-fé costumam interpretar falsa-mente as palavras do Mestre, com relação à resistência ao mal.

Não determinava Jesus que os aprendizes se entre-gassem, inermes, às correntes destruidoras.

Aconselhava a que nenhum discípulo retribuísse violência por violência.

Enfrentar a crueldade com armas semelhantes seria perpetuar o ódio e a desregrada ambição no mundo.

O bem é o único dissolvente do mal, em todos os setores, revelando forças diferentes.

Em razão disso, a atitude requisitada pelo crime jamais será a indiferença e, sim, a do bem ativo, enér-gico, renovador, vigilante e operoso.

Em todas as épocas, os homens perpetraram erros graves, tentando reprimir a maldade, filha da igno-rância, com a maldade, filha do cálculo. E as medidas infelizes, grande número de vezes, foram concretizadas em nome do próprio Cristo.

Guerras, revoluções, assassínios, perseguições foram movimentados pelo homem, que assim presume cooperar com o Céu. No entanto, os empreendimentos sombrios nada mais fizeram que acentuar a catástrofe da separação e da discórdia. Semelhantes revides sempre constituem pruridos de hegemonia indébita do sectarismo pernicioso nos partidos políticos, nas escolas filosóficas e nas seitas religiosas, mas nunca determinação de Jesus.

Reconhecendo, antecipadamente, que a miopia espiritual das criaturas lhe desfiguraria as palavras, o Mestre reforçou a conceituação, asseverando: “Eu, porém, vos digo...”

O plano inferior adota padrões de resistência, reclamando “olho por olho, dente por dente”...

Jesus, todavia, nos aconselha a defesa do perdão setenta vezes sete, em cada ofensa, com a bondade diligente, transformadora e sem-fim.

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Centro de Estudos Espíritas“Nosso Lar”

R. Prof. Luís Silvério, 120Vl. Marieta - Campinas/SP

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Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

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