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Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Exatas
Departamento de Química
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA APLICADA
Maringá, Fevereiro de 2001.
Dissertação apresentada por Marcos Hiroiuqui Kunita ao Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada do Departamento de Química do Centro de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Maringá, como parte dos Requisitos para obtenção do título de Mestre em Química Aplicada.
Orientador: Prof. Dr. Adley Forti Rubira
IMPREGNAÇÃO DE SUPERFÍCIE DE POLÍMEROS
COM SULFETO DE COBRE PARA A OBTENÇÃO DE
COMPÓSITOS COM BAIXA RESISTÊNCIA ELÉTRICA
I
AGRADECIMENTOS
Ao Pai Criador de Todas as Coisas do Céu e da Terra... Ao Professor Adley Forti Rubira, pela orientação valiosa e segura, pelo apoio incondicional, amizade, paciência, atenção, dedicação, ajuda, confiança e pela vasta e rica bibliografia a mim oferecida; À Universidade Estadual de Maringá, em especial ao Departamento de Química, pela oportunidade; À CAPES pela concessão da bolsa de Estudos; Aos Professores Edvani Curti Muniz e Gentil José Vidotti pela contribuição nas discussões durante o transcorrer deste trabalho, pela amizade e apoio; Ao Professor Renato Cardoso Nery do departamento de Física da UEM, pela amizade, atenção, e auxílio prestados na montagem dos gráficos de espectroscopia de fotoelétrons; Ao Professor Larry Taylor, do Virginia Tech, VA, USA, pela realização dos espectros de fotoelétrons; Ao Eduardo Radovanovic, pelas micrografias de varredura e força atômica, ao Emerson Girotto pelo auxílio e análises de resistividade elétrica com eletrodo de quatro pontas e também pela amizade de ambos. Ao amigo Odair P. Ferreira, pelo auxílio em artigos, análises e, a amizade e o companheirismo. Ao Professor Eduardo Toledo pela amizade e apoio; Aos amigos Andrélson, Sandro, Vitor e Expedito, pela disposição e dedicação; Aos amigos Washington, Mário e Rosi, Leila, César, Rogério, Altair, pelo apoio; Aos colegas de laboratório Janaína, Aline, Alberto, Fernanda, Risoleta, Rafael, Roberto, Juliana, Silvana, pela amizade e companheirismo; Ao Claudemir e à Cristina, secretários do departamento, e ao professor Ernani, pela disposição, dedicação e amizade; Ã todos os professores e funcionários do Departamento de Química da UEM que, de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
II
Este trabalho é dedicado a Deus, aos meus pais, à minha irmãzinha e à minha
namorada Grace.
Sumário
III
SUMÁRIO
ÍNDICE DE ABREVIATURAS ................................................................................. V
ÍNDICE DE FIGURAS ..............................................................................................VI
ÍNDICE DE TABELAS............................................................................................ XII
RESUMO..................................................................................................................XIV
ABSTRACT............................................................................................................... XV
I - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
I.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ...................................................................................... 1 I.2. POLÍMEROS SINTÉTICOS........................................................................................ 2
I.2.i. Polietileno....................................................................................................... 2 I.2.ii. Polisulfona .................................................................................................... 3
I.3. COMPÓSITOS ......................................................................................................... 4 I.3.i.Obtenção de Compósitos................................................................................. 5
I.4.SULFETO DE COBRE ............................................................................................... 6 I.5.INFRAVERMELHO ................................................................................................... 8 I.6.ÂNGULO DE CONTATO ......................................................................................... 10 I.7. ESPECTROSCOPIA POR FOTOELÉTRONS DE RAIOS-X (XPS)................................ 12 I.8. MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA.................................................................... 13 I.9. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA ..................................................... 14 I.10. ANÁLISES TÉRMICAS......................................................................................... 15
I.10.i. Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC).......................................... 15 I.10.ii. Análises Termogravimétricas.................................................................... 17
I.11. RESISTIVIDADE ELÉTRICA................................................................................. 18 III.2.viii. Difração de Raios-X .............................................................................. 20
II - OBJETIVOS........................................................................................................ 23
III – MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 24
III.1. MATERIAIS ....................................................................................................... 24 III.2. MÉTODOS ......................................................................................................... 25
III.2.i. Pré-tratamento dos Filmes de PEBD e PSf............................................... 25 III.2.i.1. Pré-tratamento dos Filmes de PEBD .................................................. 25
III.2.i.1.1. Oxidação ...................................................................................... 25 III.2.i.1.2. Enxertia........................................................................................ 26
III.2.i.2. Pré-tratamento dos Filmes de PSf ...................................................... 27 III.2.ii. Obtenção dos compósitos PEBD/CuS e PSf/CuS..................................... 27
III.3. ANÁLISE DO MATERIAL OBTIDO ...................................................................... 28 III.3.i. Caracterização dos polímeros pré-tratados.............................................. 28 III.3.ii. Caracterização dos compósitos obtidos................................................... 29
Sumário
IV
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 31
IV.1. ANÁLISE POR ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA ................................... 31 IV.1.i. Análise dos Filmes de PEBD Oxidados..................................................... 31 IV.1.ii Análise dos Filmes de PEBD Enxertados.................................................. 33 IV.1.iii Análise dos filmes de PSf ...................................................................... 35
IV.2. MEDIDAS DE ÂNGULO DE CONTATO ................................................................ 35 Ângulo de Contato .................................................................................... 36
IV.3. MONITORAMENTO DA VARIAÇÃO DE MASSA .................................................. 37 IV.4. RESISTIVIDADE ELÉTRICA................................................................................ 41 IV.5. ANÁLISES TÉRMICAS........................................................................................ 43
IV.5.i. Análise Termogravimétrica ....................................................................... 43 IV.5.i.1. Análise Termogravimétrica - PEBD Oxidado ................................... 43
IV.5.i.2. Análise Termogravimétrica - PEBD Enxertado............................. 45 IV.5.i.3. Análise Termogravimétrica - PSf................................................... 47
IV.5.ii. Calorimetria Diferencial de Varredura.................................................... 48 IV.5.ii.1. DSC – PEBD Oxidado ...................................................................... 48 IV.5.ii.2. DSC – PEBD Enxertado ................................................................... 49 IV.5.ii.3. DSC – PSf ......................................................................................... 50
IV.6. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA .................................................. 51 IV.6.1. MEV – Compósitos do PEBD Oxidado .................................................... 51 IV.6.2. MEV – Compósitos do PEBD Enxertado ................................................. 55 IV.6.3. MEV – Compósitos da PSf........................................................................ 56
IV.7. MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA ................................................................. 58 IV.8. DIFRAÇÃO DE RAIOS-X .................................................................................... 69 IV.9. ESPECTROSCOPIA DE FOTOELÉTRONS.............................................................. 74
IV.9.i. XPS - PSf.................................................................................................... 74 IV.9.ii. XPS – PEBD Oxidado .............................................................................. 80
V – APLICAÇÕES .................................................................................................... 85
VI – CONCLUSÕES................................................................................................. 87
VII – PERSPECTIVAS............................................................................................ 88
VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS.......................................................... 89
Índice de Abreviaturas
V
ÍNDICE DE ABREVIATURAS
AES Espectroscopia Auger
AFM Microscopia de Força Atômica
Ar+ Íon Argônio
ATR Reflexão Total Atenuada
CuS Sulfeto de Cobre
CuSO4.5H2O Sulfato de Cobre Pentahidratado
DPE 4,4’-Oxidianilina
DSC Calorimetria Diferencial de Varredura
FTIR Infravermelho com Transformada de Fourier
IV Infravermelho
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
Na2S2O3.5H2O Tiossulfato de Sódio
PEBD Polietileno de Baixa Densidade
PEBDenx Polietileno de Baixa Densidade Enxertado
PEBDoxi Polietileno de Baixa Densidade Oxidado
PSf Polisulfona
Tg Temperatura de Transição Vítrea
TGA Análises Termogravimétricas
XPS/ESCA Espectroscopia de Fotoelétrons de Raios-X
XRD Difração de Raios-X
Índice de Figuras
VI
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 3
Unidade Repetitiva da Polisulfona.
Figura 2 11
Representação esquemática da medida de ângulo de contato[].
Figura 3 12
Ilustração do processo de fotoionização de um elétron.
Figura 4 16
Diagrama esquemático do aparelho de DSC.
Figura 5 19
Arranjo para o método de quatro pontas.
Figura 6 26
Reações envolvidas no processo de enxertia.
Figura 7 28
Esquema utilizado para a impregnação do sulfeto de cobre sobre a superfície dos filmes.
Figura 8 31
Espectros na região do infravermelho de filmes de: ( A ) PEBD virgem; ( B ) PEBD oxidado.
Figura 9 32
Espectros de FTIR-ATR de (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (C) PEBD oxidado/trat. NaOH 1 mol.L-1.
Figura 10 34
Espectro de FTIR de: (A) polietileno virgem; (B) polietileno enxertado com
anidrido maleico; (C) após a hidrólise de (B); (D) após cloração de (C); (E)
após imersão em trietanolamina de (D).
Figura 11 35
Índice de Figuras
VII
Espectros de FTIR-ATR de (A) PSf virgem e (B) PSf pré-tratada.
Figura 12 40
Variação de massa depositada de CuS em função do número de imersão na solução precursora para os compósitos (A) PEBDoxi/CuS e (B) PSf/CuS.
Figura 13 43
Curvas de termogravimetria (TGA) de filmes de: (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (Ce) compósito PEBDoxi/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Figura 14 44
Derivada das curvas de TG referentes à: (A) filmes de PEBD virgem; (B) filmes de PEBD oxidado e ( C ) compósito PEBDoxi/CuS.
Figura 15 45
Curvas de TG de: (A) PEBD virgem e (B) compósito PEBDenx/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Figura 16 46
Derivada das curvas de TG do : (A) filme de PEBD virgem e (B) compósito PEBDenx/CuS.
Figura 17 47
Curva de TG de: (A) PSf Virgem e (B) Compósito PSf/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Figura 18 48
Derivada das curvas de TG do : (A) filme de PSf virgem e (B) compósito PSf/CuS.
Figura 19 49
Termogramas dos filmes de: (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (C)
compósito PEBD/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à
20cm3/min.
Figura 20 50
Índice de Figuras
VIII
Termogramas dos filmes de: (A) PEBD virgem e (B) compósito PEBD/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Figura 21 51
Curvas de DSC dos filmes de: (A) PSf virgem e (B) compósito PSf/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Figura 22 52
Micrografias Eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 02 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
Figura 23 53
Micrografias eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 04 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
Figura 24 54
Micrografias eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 06 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
Figura 25 54
Micrografias eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 08 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
Figura 26 55
Micrografias eletrônicas do compósito PEBDenx/CuS com duas imersões
na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) Aumento de 5.000 vezes e
(B) aumento de 50.000 vezes.
Figura 27 56
Micrografias eletrônicas do compósito PSf/CuS com duas imersões na
solução precursora do sulfeto de cobre: (A) Aumento de 15.000 vezes e
(B) aumento de 50.000 vezes.
Índice de Figuras
IX
Figura 28 59
(A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do filme de PEBD virgem
(50x50μm) e (B) aumento de 5 vezes (10x10μm).
Figura 29 60
(A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito PEBDoxi/CuS com 02 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto
de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes
(10x10μm).
Figura 30 61
(A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito PEBDoxi/CuS com 04 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto
de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes
(10x10μm).
Figura 31 62
(A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito PEBDoxi/CuS com 06 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto
de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes
(10x10μm).
Figura 32 63
(A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito
PEBDoxi/CuS com 08 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto
de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes
(10x10μm).
Figura 33 65
Mapeamento da topografia da superfície dos filmes de PEBD e dos
compósitos PEBDoxi/CuS em área de 10x10μm.
Figura 34 66
Mapeamento da topografia da superfície dos filmes de PEBD e dos
compósitos PEBDoxi/CuS em área de 50x50μm.
Figura 35 67
Índice de Figuras
X
Micrografia Eletrônica de Varredura com aumento de 2000 vezes do
compósito PEBDoxi/CuS preparado por 05 imersões na solução
precursora do sulfeto de cobre.
Figura 36 68
Perfil topográfico do filme de PEBD virgem e dos compósitos obtidos em
resolução de 50x50 μm.
Figura 37 69
Perfil topográfico do filme de PEBD virgem e dos compósitos obtidos em
resolução de 10x10 μm.
Figura 38 70
Difração de raios-X de (A) PSf virgem e (B) compósito PSf/CuS com 03 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto.
Figura 39 71
Difração de raios-X de (A) PEBD virgem, (B) compósito PEBD/CuS com 02 etapas e (C) compósito PEBD/CuS com 03 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto.
Figura 40 71
Espectros de Raios-X do PEBD virgem, dos compósitos PEBDoxi/CuS com 02, 04, 06 e 08 imersões na solução precursora e do sulfeto de cobre puro.
Figura 41 73
Difratograma do compósito PEBDoxi/CuS 08: (A) plano de difração (102) e (B) plano de difração (110) do CuS.
Figura 42 75
Espectros de XPS de (A) PSf Virgem e (B) PSf pré-tratada com 4,4’-Oxidianilina (DPE).
Figura 43 77
Espectros de XPS do (A) compósito PSf/CuS e (B) compósito PSf/CuS
após 10 minutos de exposição aos íons Ar+.
Índice de Figuras
XI
Figura 44 78
Espectros de XPS do cobre no compósito PSf/CuS (A) antes e (B) após
10 minutos de exposição aos íons Ar+.
Figura 45 78
Espectros de XPS do enxôfre no compósito PSf/CuS (A) antes e (B) após
10 minutos de exposição aos íons Ar+.
Figura 46 79
Perfil de profundidade, obtido por AES, para o compósito PSf/CuS.
Figura 47 81
Espectros de XPS de (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (C)
compósito PEBD/CuS com 02 etapas de imersão na solução precursora.
Figura 48 82
Espectro de XPS do elemento carbono referente a (A) PEBD virgem e (B)
PEBD oxidado.
Figura 49 83
Espectro de XPS do elemento oxigênio referente a (A) PEBD virgem e (B)
PEBD oxidado.
Figura 50 85
Dispositivo utilizado para aplicações de pulsos elétricos.
Figura 51 86
Eletrodos do compósito PEBD/CuS aplicado no braço/antebraço (A) e no
tórax (B).
Índice de Tabelas
XII
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 01 21
Fator de correção C3.
Tabela 02 36
Ângulo de Contato dos filmes virgens e pré-tratados, utilizando água como
solvente e temperatura de 250C.
Tabela 03 38
Variação da massa dos compósitos de PEBD/CuS em função do número
de imersões na solução precursora do sulfeto de cobre.
Tabela 04 39
Variação de massa dos compósitos de PSf/CuS em função do número de
imersões na solução precursora do sulfeto de cobre.
Tabela 05 42
Medidas de resistividade elétrica dos compósitos PEBDoxi/CuS,
PEBDenx/CuS e PSf/CuS.
Tabela 06 73
Tamanho médio dos cristais de CuS em função do número de imersões
na solução precursora.
Tabela 07 75
Concentração atômica percentual dos elementos da PSf virgem e PSf pré-
tratada, determinada por análise de XPS.
Tabela 08 77
Concentração atômica percentual dos elementos do compósito PSf/CuS
antes e após 10 minutos de exposição ao bombardeio de íons Ar+.
Índice de Tabelas
XIII
Tabela 09 82
Concentração atômica percentual dos elementos do PEBD virgem,
oxidado e do compósito PEBD/CuS.
Resumo
XIV
RESUMO
A modificação de superfícies de polímeros tem sido utilizada para obter uma
melhor interação entre o polímero orgânico e o material inorgânico. A incorporação
de sulfeto de cobre em polímeros mostrou que o tratamento com modificadores foi
necessário para a aderência do sulfeto de cobre na matriz polimérica. O objetivo
deste trabalho foi a síntese, caracterização e aplicação de compósitos de
polímero/CuS eletricamente condutores com ênfase em polietileno de baixa
densidade (PEBD) e polisulfona (PSf).
A resistividade foi medida em compósitos de sulfeto de cobre depositado em
polisulfona e polietileno de baixa densidade e foram obtidos valores da ordem de
1,2×10-3ohm.m para os compósitos de PSf/CuS e valores no intervalo de 2,8×10-2 a
8,5×10-4ohm.m para os compósitos PEBD/CuS.
A composição da superfície foi analisada por espectroscopia de fotoelétrons
(XPS). A presença dos picos de S (2p) e Cu (2p) nos espectros de XPS dos
compósitos polímeros/CuS demonstraram a incorporação de sulfeto de cobre na
superfície do polímero. As micrografias obtidas por microscopia eletrônica de
varredura e as imagens obtidas por microscopia de força atômica mostraram uma
distribuição homogênea do CuS depositado, o que com certeza contribui para a
baixa resistividade elétrica dos compósitos.
A análise das curvas obtidas por termogravimetria (TGA) e calorimetria
diferencial de varredura (DSC) revelam importante perda de estabilidade térmica e
variação da temperatura de transição vítrea por incorporação do CuS na superfície
do polímero.
Filmes do compósito PEBD/CuS foram testados na forma de eletrodos para
aplicação na área terapêutica. Pulsos elétricos emitidos são transmitidos ao receptor
através dos compósitos. A maleabilidade da matriz polimérica permite a fácil
adaptação às diferentes formas de receptores.
Abstract
XV
ABSTRACT
The modification of polymer surfaces has been utilized in order to obtain better
interaction between organic polymer and inorganic material. The incorporation of
copper sulfide in polymers showed that the treatment with modifiers is necessary for
adherency of copper sulfide on polymeric matrix. The aims of this work were the
synthesis, characterization and application of electrically conductive polymer/CuS
composites with emphasis in the low density polyethylene (LDPE) and polysulfone
(PSf).
The electrical resistance was measured in composites of copper sulfide
deposited on polisulfone and LDPE and was found to be in order of 1.2x10-3ohm.m
for PSf/CuS composites and 2.8x10-2 at 8.5x10-4ohm.m for LDPE/CuS composites.
The surface composition was analyzed by X-ray photoelectron spectroscopy
(XPS). The presence of S (2p) and Cu (2p) peaks in the XPS spectra demonstrated
the copper sulfide deposition. The microphotographs from scanning electron
microscopy and the images of atomic force microscopy show an homogeneous CuS
distribuction, which supports the lower electrical resistance of the composites.
The analysis of the curves obtained from thermogravimetry (TGA) and
differential scanning calorimetry (DSC) revealed a negligible lost in the polymer
stability and changing the glass transition temperature by incorporation of CuS.
LDPE/CuS composites films were used as electrodes for application in
therapeutic area. Electrical pulse emitted are transmitted to the receptor through of
the composites. The maleability of the polymeric matrix allows the easy adaptation on
the differents forms of receptors.
Introdução
1
I - INTRODUÇÃO
I.1. Considerações Gerais
Moléculas de alta massa molar, denominados polímeros, existem desde os
tempos mais remotos, atuando através de todos os estágios da civilização, como
componentes fundamentais dos alimentos, agasalhos e habitação. São
caracterizados pela repetição múltipla de uma ou mais espécies de átomos ou
grupos de átomos, conhecidas como unidades constitucionais ou monômeros[1].
A repetição pode atingir grandes valores e, estas macromoléculas ganham
características próprias, gerais, muito mais dominantes que as características que
decorrem da natureza química dos átomos que as constituem ou dos grupamentos
funcionais presentes. Estas propriedades decorrem de interações envolvendo
segmentos da mesma macromolécula ou de outras; a forma e o comprimento das
ramificações presentes na cadeia macromolecular têm papel importante[1,2].
Os conceitos de polímero e macromolécula têm muita semelhança, sendo que
o primeiro termo, criado por Berzelius, em 1832, em contraposição a isômero, para
designar compostos de massas molares múltiplas, ou de mesma massa molar,
respectivamente. A denominação polímero vem do grego – “muitas partes”- e é
indefinido, no sentido de que o menor comprimento ou tamanho de molécula não é
especificado.
O termo “macromoléculas”, engloba um sentido amplo e geral que envolve os
polímeros e também, compostos de elevada massa molar cuja complexidade das
moléculas constituintes é a responsável pelo seu tamanho[1,3].
Historicamente, o despertar do interesse na produção de polímeros sintéticos,
data das primeiras décadas do século passado e hoje há uma grande produção e
aplicação dos mesmos.
Introdução
2
I.2. Polímeros Sintéticos
O rápido crescimento na produção dos polímeros se deve principalmente ao
crescimento da população mundial e a substituição dos materiais convencionais.
Atualmente, o consumo de polímeros em diferentes setores tem aumentado. Por
exemplo, um automóvel moderno contém aproximadamente 150 kg de sua massa
constituído de plásticos, e isto não inclui pintura, a borracha dos pneus e os
estofados. Além desse exemplo, podemos citar que as novas aeronaves incorporam
grandes quantidades de polímeros e de compósitos baseados em polímeros[4].
A utilização dos materiais poliméricos está ligada às propriedades mecânicas
que, por sua vez, dependem da constituição química, massa molar, grau de ligações
intermoleculares e cristalinidade. O uso dos polímeros pode ser limitado, por
exemplo, em situações de aplicações nas quais as características de superfície têm
papel preponderante, tais como adesão, resistência elétrica, molhabilidade,
permeabilidade, adsorsão de pigmentos, etc.[5,6].
A classificação dos polímeros sintéticos pode ser feita sob alguns aspectos,
como por exemplo: 1) em relação aos grupos funcionais presentes; 2) quanto ao
comportamento frente à temperatura, (termoplásticos ou termofixos); 3) quanto ao
estado físico e 4) quanto ao grau de cristalinidade (cristalinos, semi-cristalinos e
amorfos) que varia muito para cada material e têm influência nas propriedades
mecânicas do polímero[7].
Quanto às propriedades elétricas, a maioria dos polímeros podem ser
considerados isolantes, mas apenas quando comparados aos condutores comuns,
como os metais[8]. Polímeros eletricamente condutores (CEP) são objetos de intensa
investigação por muitos grupos de pesquisadores. CEP conhecidos tais como,
polianilina (PANI), polipirrol (PPy) e politiofeno (PT) apresentam propriedades
mecânicas pobres, são insolúveis, não fundíveis e não são processáveis[9].
I.2.i. Polietileno
Existem diferentes processos de obtenção do polietileno. Dependendo do
método de síntese pode-se obter entre outros, o Polietileno de Baixa Densidade
(PEBD) e o Polietileno de Alta Densidade (PEAD). O PEBD é sintetizado em
Introdução
3
processo que envolve alta pressão e temperatura, enquanto que o PEAD é
sintetizado em processo de baixa pressão e temperatura[10]. Devido aos diferentes
processos de preparação, existem, a nível de estrutura molecular, diferenças nas
ramificações e no grau de insaturação das cadeias dos materiais obtidos.
A presença de ramificação reduz a capacidade das cadeias para o
empacotamento orientado, ou seja, para a formação de cristais. Portanto, os
polietilenos mais ramificados são menos densos, menos cristalinos, apresentam
menor resistência mecânica, são mais flexíveis e mais permeáveis a vapores e
gases. O PEBD tem um grau de cristalinidade em torno de 50 a 60% e o ponto de
fusão entre 104 a 1200C, enquanto que o PEAD tem cristalinidade entre 70 a 90% e
o ponto de fusão varia de 136 a 1380C[11].
O polietileno é um sólido orgânico de alto peso molecular e quimicamente
inerte. À temperatura ambiente não há nenhum solvente para o mesmo, mas
solubiliza-se à altas temperaturas em solventes como benzeno, tetracloreto de
carbono, xileno e tolueno. A faixa de temperatura de solubilização é de 60 a 800C
para os materiais comerciais. O PE apresenta ainda uma grande resistência à ácidos
e álcalis[12].
I.2.ii. Polisulfona
A polisulfona (PSf) é um material com grande aplicação industrial, devido às
suas propriedades, tais como resistência à temperaturas elevadas, baixa
inflamabilidade e alta performance como termoplástico de engenharia. Este material
possui propriedades elétricas que permanecem inalteradas em temperaturas
próximas a sua temperatura de transição vítrea (160 a 1900C). Estes aspectos são
resultantes da estrutura molecular da polisulfona, que possui grupos diaril sulfona
primários (fig.01).
C
CH3
CH3
O S
O
O
O
n
Figura 1: Unidade Repetitiva da Polisulfona.
Introdução
4
Este polímero é resistente à hidrólise, a soluções ácidas e meios alcalinos,
pois as cadeias conectadas ao anel benzênico são hidroliticamente estáveis.
Aplicações eletro-eletrônicas deste polímero incluem conectores, disjuntores e
capacitores, além disso são utilizados em equipamento de processamento na
indústria química principalmente como tubulações resistentes à corrosão[13,14].
Na literatura são relatados vários trabalhos utilizando a polisulfona na forma
de membranas. A polisulfona é modificada primeiramente pela sulfonação do
material com ácido clorosulfônico e, posteriormente trocando os grupamentos
sulfona por aminas[15,16]. A aplicabilidade, é devido à membrana de polisulfona
possuir excelente estabilidade química, térmica, mecânica e biológica, o que torna
possível trabalhar em largas faixas de temperatura (acima de 800C) e pH.
I.3. Compósitos
Os compósitos representam uma classe de importância particular dentro do
grupo das misturas poliméricas imiscíveis. De uma forma bastante abrangente,
pode-se dizer que os compósitos são materiais heterogêneos, multifásicos, podendo
ser ou não poliméricos. Nos compósitos, o componente descontínuo dá a principal
resistência ao esforço (componente estrutural), e o componente contínuo, é o meio
de transferência desse esforço (componente matricial). Esses componentes não se
dissolvem ou se descaracterizam completamente; apesar disso, atuam
sinergisticamente, e as propriedades do conjunto são superiores às observadas em
cada componente. A interface entre eles tem influência dominante sobre as suas
características. Os compósitos são, em geral, empregados como materiais de
engenharia, formados por elementos de reforço em grau variável de ordenação, que
se distribuem em uma matriz flexível.
O componente estrutural pode ser um material orgânico ou inorgânico
(metálico ou cerâmico), de forma regular ou irregular, fibroso (tecido ou não tecido)
ou pulverulento (esférico ou cristalino), com os fragmentos achatados (como flocos)
ou como fibras cristalinas muito curtas, de dimensões quase moleculares.
O componente matricial é quase sempre um polímero orgânico macio ou
duro, termoplástico ou termorrígido. O papel da matriz é manter a orientação das
fibras e seu espaçamento, transmitir as forças de cisalhamento entre as camadas de
Introdução
5
fibras (para que o compósito resista a dobras e a torções) e proteger a fibra de
danos superficiais.
Quanto à interface, de importância fundamental nos compósitos, devem ser
lembradas as considerações já anteriormente feitas. É comum modificar a interface
através do tratamento do componente estrutural com um agente compatibilizante.
Por exemplo, fibras de vidro são tratadas usualmente com silanos, para melhor
compatibilização com as matrizes de poliéster ou resina epoxídica[17].
O termo compósito também tem sido usado por alguns autores para designar
materiais obtidos à partir da mistura de polímeros, seja através da polimerização de
monômeros sorvidos em matrizes poliméricas, através da mistura de polímeros
fundidos ou ainda através da mistura de polímeros em um solvente comum, seguida
da evaporação do mesmo[18].
I.3.i.Obtenção de Compósitos
No desenvolvimento dos compósitos, muitas vezes, há a necessidade da
modificação de ao menos um dos componentes para que haja a compatibilização e
conseqüente interação entre componente matricial e componente estrutural.
Encontram-se na literatura, inúmeros trabalhos voltados às modificações das
propriedades físicas e químicas de materiais, principalmente de polímeros[19,20]. Em
alguns casos, deseja-se manter as propriedades intrínsecas do polímero,
modificando apenas as propriedades da superfície. É o caso de Oster e
colaboradores[21], que enxertaram fotoquimicamente poliacrilamida na superfície de
polietileno, tornando-a hidrofílica, possibilitando o uso de tintas à base de água para
estampar o material. Com este mesmo intuito, Rubira e colaboradores[22], realizaram
modificações na superfície de Kapton® para a incorporação de sulfeto metálico.
Os tratamentos empregados para a modificação da superfícies dos polímeros
diferenciam-se em função de qual aplicação se destina, podendo atuar sobre a
morfologia, alterando grupos existentes na superfície (através de reações térmicas,
radiolíticas ou químicas) ou ainda, através da incorporação de materiais adequados
sobre esta superfície[23,24].
Desta forma, com a superfície do polímero adequadamente modificada, é
possível uma deposição de outros tipos de materiais, como exemplo, os sulfetos
Introdução
6
metálicos. Assim é possível obter um material que reúne as propriedades elétricas
dos sulfetos juntamente com as características, tais como flexibilidade e
moldabilidade da maioria dos polímeros[25,26,27,28,29].
I.4.Sulfeto de Cobre
O sulfeto de cobre se destaca pela sua baixa resistência elétrica. Sulfeto de
cobre gerado na forma coloidal apresenta carga elétrica negativa e pode, se gerado
“in situ”, ser incorporado em superfície polimérica contendo grupos que apresentam,
sob determinadas condições, cargas positivas[30].
Yamamoto e colaboradores[26] observaram que aquecendo uma solução
aquosa de sulfato de cobre e tiossulfato de sódio é possível obter sulfeto de cobre.
Reação similar na presença de Poli(tereftalato de etileno), PET, tratado com solução
metanólica de Poli(etileno-imina), PEI, produz filmes de PET coberto com sulfeto de
cobre com diferentes resistências superficiais. Os autores observaram que para a
aderência do sulfeto de cobre ser efetiva é necessário o pré-tratamento do PET.
Este pré-tratamento pode ser feito ainda com outros compostos, tais como
compostos derivados de silício ou com poliuretanas. Os filmes de PET com sulfeto
de cobre depositado apresentaram valores de resistências da ordem de 20-100 ohm.
Sulfeto de cobre em pó, obtido da reação de cloreto de cobre (II) e tiouréia, foi
utilizado por Hu e colaboradores[27] para preparar compósitos poli(ácido
acrílico)/CuS. Para isto, o CuS em pó foi aquecido por 1 hora à 1500C e em seguida,
disperso em solução aquosa de poli(ácido acrílico). A solução foi espalhada em
placas de vidro e, com a evaporação do solvente, os autores observaram a
formação do compósito. O polímero, com o depósito de sulfeto de cobre, sofre uma
transição, passando de isolante para condutor. Os autores verificaram que a
intensidade da transição depende da fração em peso de ambos os componentes
(CuS e poli(ácido acrílico). O compósito obtido foi utilizado em controladores
solares[27].
Em um outro trabalho, Hu e colaboradores[28] utilizaram o processo acima
descrito para depositar sulfeto de cobre em superfície de Poli(metacrilato de metila)
(PMMA). Estudos da variação da resistência dos filmes em função do tempo de
deposição, tempo e temperatura de recozimento mostraram um valor mínimo para
resistência elétrica de 24 ohm. Este valor foi obtido para PMMA com CuS depositado
Introdução
7
por 6 horas a 260C e recozido a 1250C por 30 minutos. Esses compósitos
apresentaram transmissão ótica comparada às observadas em filmes de CuS
depositados em substrato de vidro e podem ser usados como filtros seletivos para
radiação solar. Trabalho na mesma linha de obtenção de filtros utilizando placas de
vidro foi desenvolvido por Nascu e colaboradores[31].
Grijalva e colaboradores[32] prepararam sulfetos de cobre a partir de
etilenodiamino de cobre (II) e tiouréia em solução alcalina, a diferentes temperaturas.
O CuS preparado a 100C apresentou-se amorfo, enquanto o produto da síntese a
300C foi cristalino. Quando as reações foram conduzidas com um filme polimérico
imerso na solução, filmes de CuS foram formados sobre a superfície do substrato.
Os materiais obtidos, apresentaram-se eletrocondutivos e transparentes.
Sulfeto de cobre tem sido usado também como carga em fibras de nailon afim
de diminuir desgaste do mesmo[29]. Encontrou-se que 35% em volume de CuS era a
quantidade mais efetiva para reduzir o desgaste do nailon. Os autores verificaram
que o desgaste de nailon aumenta com a rugosidade da superfície, enquanto que,
se o material com a carga de CuS, isto não ocorre.
O sulfeto de cobre também pode ser usado em aplicações eletroquímicas,
onde novos microeletrodos seletivos para íons cobre foram desenvolvidos. O sensor
de sulfeto de cobre cristalino é embutido em uma membrana polimérica, a qual é
depositada em um eletrodo de microdisco de platina[33].
Um trabalho digno de nota é o desenvolvido por Strizhak[34]. Trata-se da
síntese de filmes fractais de CuS a partir da reação de oxidação de ácido ascórbico
por oxigênio na presença de íons HS-, azul de metileno e um composto de
coordenação de cobre. Esses filmes fractais de CuS foram utilizados para montar
eletrodos seletivos a cobre (II). Os resultados foram interpretados em termos de
dimensão fractal.
Quiao e colaboradores[35] produziram nanocristais semi condutores de sulfeto
de cobre e sulfeto de chumbo por radiação γ. Estes materiais foram preparados à
temperatura ambiente em um sistema etanólico, tendo sido usado o dissulfeto de
carbono como fonte de sulfeto e, como fontes de íons metálicos, o acetato de
chumbo e cloreto de cobre. Quando suspensões coloidais foram irradiadas,
observou-se que aumentando-se a dose de irradiação ocorre um aumento no
tamanho das partículas e consequente precipitação.
Introdução
8
Foi reportada[36] a obtenção de sulfeto de cobre pelo método SILAR
(Sucessiva Adsorção e Reação de Camadas Iônicas), onde é possível ter um
controle do crescimento das camadas em função dos precursores iônicos. Este
método é descrito como sendo composto por 04 etapas consecutivas: i) O substrato
é imerso em uma solução precursora de cátions – uma solução aquosa de um sal
solúvel do cátion do composto a ser crescido. Durante esta etapa, os cátions são
adsorvidos no substrato ii) o substrato é lavado com água deionizada altamente
purificada. Através deste processo o excesso de cátions que não estão
quimicamente adsorvidos são extraídos; iii) o substrato é agora imerso em uma
solução precursora de ânions – uma solução aquosa de sal do ânion do composto a
ser crescido. Os ânions reagem com os cátions adsorvidos e formam o composto
sólido desejado; iv) o substrato é finalmente lavado novamente com água deionizada
altamente purificada e o excesso de íons da camada de difusão são retirados. Pela
repetição destes processos, filmes finos podem ser depositados em um meio
controlado.
I.5.Infravermelho
A radiação infravermelha corresponde à parte do espectro eletromagnético
situada entre as regiões do visível e microondas[37] (a região do infravermelho médio
se localiza na faixa entre 4000 a 400 cm-1). A espectroscopia infravermelha é
utilizada para uma conveniente informação estrutural da amostra, ou seja, na
detecção de moléculas de um composto. Porém, só interagem com esta radiação,
distorções vibracionais da molécula com uma correspondente variação no momento
dipolar, ou melhor, a molécula será ativa se apresentar momento dipolar[38,39,40].
A análise realizada por um espectrofotômetro infravermelho dispersivo é um
registro da interação da radiação infravermelha com a amostra analisada. O
aparelho mede as freqüências às quais esta absorve radiação descrevendo o sinal
obtido em um gráfico bi-dimensional. Neste gráfico, têm-se a resposta da variação
na intensidade da radiação versus o número de onda (número de onda é o inverso
do comprimento de onda). A intensidade é tratada em termos de absorbância. A
Introdução
9
quantia de luz absorvida por uma amostra ou ainda, em Transmitância percentual,
que é a porcentagem de luz transmitida pela amostra.
Esta técnica é muito utilizada para caracterização de polímeros por exemplo,
para a determinação de conteúdos amorfos, monitoramento de reações envolvendo
oxidação, degradação, enxertia e outros[41,42,43,44].
A vantagem de um instrumento de FT-IR é que este adquire um
interferograma em poucos segundos, podendo assim, coletar dezenas de
interferogramas da amostra em um pequeno intervalo de tempo. Isto leva à
diminuição da razão sinal-ruído o que permite a obtencão de espectros mais
precisos[45,4647].
Diversos trabalhos têm sido realizados utilizando a técnica de espectroscopia
na região do infravermelho como ferramenta para o monitoramento de experimentos
envolvendo matrizes poliméricas. Por exemplo, Gaspar e colaboradores,[42]
modificaram quimicamente a superfície de polipropileno para posteriormente
depositar sulfeto de cobre. As etapas envolvidas no processo de modificação foram
acompanhadas por espectroscopia infravermelha com acessório de ATR (reflexão
total atenuada). Os autores observaram que no tratamento com NaOH, da superfície
previamente oxidada, esta apresentava uma melhor aderência do sulfeto depositado.
A resistência elétrica dos compósitos obtidos, variou de 10 a 200 ohms.
Konar e colaboradores[48] utilizaram a técnica de infravermelho para avaliar a
quantia de grupos silano e maleato de dibutila (DBM) enxertados em polietileno de
baixa densidade. A absorbância referente ao estiramento da carbonila do maleato na
região de 1738 cm-1 foi usada para determinar o grau de enxertia no polímero (razão
DBM enxertado em mmol por 100 gramas de produto). A absorbância referente ao
estiramento do grupo (⎯Si⎯O⎯C) em 1090 cm-1 foi utilizada para estimar
quantitativamente o grau de enxertia do silano.
Evanson e colaboradores[49] utilizaram a espectroscopia infravermelha com
transformada de Fourier com os acessórios de fotoacústica (FTIR-PAS) e também
reflexão total atenuada (FTIR-ATR) para a caracterização de interações entre
dioctilsulfocuccinato de sódio e copolímero acrilato de etila / ácido metacrílico
(SDOSS/EA/MAA) em filmes de látex e nas interfaces, filme – ar e filme – substrato.
Na técnica de (ATR) a radiação é refletida internamente na interface entre um
prisma e a amostra. Durante a reflexão a radiação penetra com certa profundidade
Introdução
10
na amostra e, nos comprimentos de onda em que ocorre a absorção pela amostra, o
feixe é atenuado.
I.6.Ângulo de Contato
O caráter heterogêneo de uma superfície sólida é de fundamental importância
nas propriedades de sólidos como, por exemplo, molhabilidade.
A molhabilidade de uma superfície sólida depende da energia livre superficial
que, sob a forma de tensão superficial, é definida como:
nPTAG
,,⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛∂∂
=γ
onde γ é a tensão superficial, G é a energia livre e A é a área superficial.
A medida da tensão superficial de um sólido contra ar ou líquido não pode ser
feita experimentalmente porém, o trabalho de adesão de um sólido-líquido, WSL,
pode ser medido facilmente. Define-se como trabalho de adesão o trabalho
necessário para separar um líquido de um sólido, utilizando-se uma força contrária
às forças adesivas entre sólido e líquido. É expresso pela equação de Dupré[50]:
SLLASASLW γγγ −+= (01)
onde,
γSA e γSL, são tensão superficial do sólido contra o ar e o líquido, respectivamente, e
γLA, é a tensão superficial do líquido.
Por outro lado, se existe equilíbrio mecânico em um sistema constituído por
uma gota de um líquido sobre uma superfície sólida, o ângulo que o líquido forma
com a superfície sólida é definido como ângulo de contato.
Introdução
11
Figura 2: Representação esquemática da medida de ângulo de contato[51].
Existem diversas técnicas para se medir o ângulo de contato de um líquido
sobre uma superfície, uma das mais simples é a obtenção indireta da medida de
uma gota presa pela base (gota séssil) (figura 02).
Na figura 02, θ representa o ângulo de contato entre o líquido e a superfície
sólida. Nas condições de equilíbrio, obtém-se a equação[52]:
θγγγ cosLASLSA += (02)
substituindo-se (02) em (01), tem-se:
( )θγ cos1 += LASLW (03)
Esta equação foi deduzida por Young[52]. Ela relaciona o ângulo de contato
com a força de adesão líquido-sólido. A molhabilidade de uma superfície sólida é,
portanto, caracterizada em termos de ângulos de contato e, conseqüentemente, em
adesões relativas entre sólido-líquido e do líquido para com ele mesmo. Mais
especificamente, a medida de ângulo de contato com água é um método quantitativo
de medição da polaridade de uma superfície sólida. Admite-se que uma superfície
sólida está completamente molhada quando θ = 00 e, que um líquido não molha esta
superfície quando θ > 900 [53,54].
Na química de polímeros, esta técnica é utilizada para observar possíveis
modificações de superfície em função do tratamento empregado. Costa e
colaboradores[47], por exemplo, utilizaram medidas de ângulo de contato para
observar a modificação da superfície de polietileno de baixa densidade (PEBD)
tratado com permanganato de potássio. Eles observaram que as superfícies
modificadas têm maior interação com a água e, consequentemente, apresentam
menor ângulo de contato.
Introdução
12
I.7. Espectroscopia por Fotoelétrons de Raios-X (XPS)
Esta é uma técnica de análise espectroscópica, também conhecida como
ESCA (Espectroscopia de Elétrons para Análise Química), que envolve análise da
superfície de materiais. Baseia-se no fenômeno de ionização de um sólido produzido
por incidência de fótons. Na fotoionização, são produzidos elétrons com valores
baixos de energia cinética; estes elétrons são produzidos, detectados e contados,
em um espectrômetro ESCA.
A energia de ligação de um elétron pode ser determinada medindo-se a sua
energia cinética e conhecendo-se a energia da radiação ionizante utilizada, já que a
energia cinética do elétron (Ec) é essencialmente a diferença entre a energia do
fóton incidente (hν) e a energia de ligação (Eb) do elétron, sendo que esta equivale
ao potencial de ionização do orbital envolvido. A energia de ligação é característica
do elemento do qual o elétron é ejetado. A figura 03 ilustra um esquema do processo
XPS, a equação de fotoionização e a energia cinética do elétron ejetado[55].
Figura 3: Ilustração do processo de fotoionização de um elétron.
A técnica de XPS fornece informações sobre a natureza das ligações
químicas em um sólido e pode ser utilizada com todos os elementos, exceto H e He.
É uma técnica quantitativa, podendo chegar a estimativas da composição da
superfície, sem calibração, em torno de 30% do seu valor real. Em sistemas bem
calibrados, o desvio relativo das medidas é usualmente de ± 5%. Além da análise
elementar, o XPS fornece outras informações através do efeito do “deslocamento
Introdução
13
químico” produzido por mudanças no ambiente químico de um átomo em uma
molécula e, portanto, uma variação de ligação do elétron.
Muitas propriedades químicas, físicas, elétricas e mecânicas, importantes
dependem da estrutura, ligação e morfologia de pouco mais que poucos ângstrons
da superfície dos polímeros. A técnica de espectroscopia de elétrons para análises
químicas (ESCA), o qual pode diferenciar superfície e substrato destes materiais, é
algo de considerável importância em análises de polímeros[56].
A técnica de XPS têm sido utilizada para investigar interações de metais
depositados sobre a superfície de matrizes poliméricas[57]; modificação da superfície
de substratos poliméricos por enxertia[48], entre outros. Stewart e colaboradores[58]
estudaram as diferentes interações das interfaces formadas durante a cura da
poliimida PMDA/ODA em substratos de ouro, cromo e cobre. A maior interação do
cobre com a poliimida em comparação à interação da mesma com ouro é analisada
e discutida pelos autores, em termos da intensidade da energia de ligação do
polímero curado sobre o substrato.
I.8. Microscopia de Força Atômica
Microscopia de Força Atômica (AFM), é uma técnica precursora da linha de
Microscopia de Varredura por Força (SFM)[59] e faz parte de uma família de técnicas
de microscopia conhecidas como Microscopia de Varredura por Sonda (SPM), cuja
precursora é a Microscopia de Varredura por Tunelamento (STM)[60]. A técnica AFM
surgiu como um análogo da STM, uma vez que esta apresentava uma limitação
limitada apenas a materiais condutores e semi-condutores.
O Microscópio de Força Atômica, o primeiro da linha do SFM, abrange
aplicações simples, desde o estudo da morfologia da superfície dos polímeros até o
exame das características morfológicas, estruturais e moleculares de propriedades
em escala nanométrica. É possível obter imagens com aumentos de várias dezenas
de milhões de vezes, com a vantagem de ter a mesma resolução nas três
dimensões comparados com os microscópios eletrônicos comerciais que
possibilitam aumento de no máximo algumas centenas de milhares de vezes.
Introdução
14
Dentre as aplicações do AFM para o estudo de polímeros se destacam:
moforlogia da superfície, nanoestrutura, empacotamento e conformação das
cadeias, distribuição de fases por topografia ou por diferença em módulo de
elasticidade, nanoidentificação, estudo de mecanismos de desgaste, porosidade,
rugosidade, mapeamento da distribuição de cargas elétricas, perfil de força de
interação química específica, entre outras.
Os trabalhos envolvendo estudos de modificação em superfície de polímeros
monitorados por AFM têm crescido significativamente[61-6263]. Gupta e
colaboradores[64] trataram a superfície de poli(tereftalato de etileno) (PET) por
plasma. Um aumento na rugosidade do material foi detectado por medidas de AFM.
I.9. Microscopia Eletrônica de Varredura
O princípio da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)[65] é que um feixe
de elétrons emitidos de um filamento é acelerado por uma voltagem, comumente na
faixa de 1-30kV, e direcionado a uma coluna ótica eletrônica, consistindo de duas ou
três lentes magnéticas. Essas lentes produzem um feixe fino de elétrons e os
dirigem sobre a superfície da amostra. Dois pares de placas de deflexão, colocados
antes das lentes finais, fazem com que o feixe de elétrons colimado rastreie toda a
superfície da amostra. Este feixe produz na amostra vários fenômenos, dos quais a
emissão de elétrons secundários é o mais comumente usado[50]. O sinal de um
detector de elétrons secundários modula a área formadora da imagem na tela de um
tubo de raios catódicos, o qual é varrido em sincronização com o feixe de elétrons
colimado. Cada ponto da área formadora da imagem sobre o tubo de raios catódicos
corresponde a um ponto sobre a superfície da amostra, e o brilho da imagem em
cada ponto varia de acordo com a intensidade de produção de elétrons secundários
a partir do correspondente ponto sobre a superfície.
Este tipo de investigação morfológica é utilizada para obter informações
diretas sobre o formato das partículas[66], morfologia[47] e textura do material[67].
Em trabalhos recentes, a técnica de MEV foi utilizada para observar
características dos compósitos como interações interfaciais, podendo-se, com isto
estimar a quantia limite de mistura dos componentes[68,69] e ainda, monitorar fraturas
quando estes materiais são submetidos à testes de flexibilidade[70].
Introdução
15
I.10. Análises Térmicas
Análises térmicas envolvem um grupo de técnicas onde as propriedades
térmicas da amostra são investigadas em função da temperatura ou tempo. O
programa de temperatura aplicado consiste de uma seqüência de segmentos onde a
amostra é aquecida ou resfriada em uma velocidade constante ou mantida em uma
temperatura constante[71].
As vantagens do uso de análises térmicas em relação aos demais métodos
analíticos são: i) a amostra pode ser estudada em uma larga faixa de temperatura; ii)
diversos tipos de amostra (sólidos, líquidos ou na forma gel) podem ser
acondicionados usando uma variedade de recipientes; iii) são requeridos pequenas
quantias de amostra (0,1 μg – 10 mg); iv) a atmosfera na vizinhança da amostra
pode ser padronizada; v) o tempo requerido para completar uma análise pode ser
estipulado para alguns minutos ou algumas horas[72].
Em análises de polímeros, esta técnica compreende o estudo de diversas
transições térmicas, uma vez que estas, são acompanhadas de mudanças no
volume ou entalpia da amostra.
As principais técnicas de análise térmica são a Calorimetria Diferencial de
Varredura (DSC), Análise Termogravimétrica (TGA), Análise Termomecânica (TMA)
e Análise Dinâmico-mecânica (DMA).
I.10.i. Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)
A calorimetria diferencial de varredura (ou calorimetria diferencial
exploratória), é uma técnica que envolve a análise da variação de entalpia de uma
amostra em função da temperatura ou tempo. Nessa modalidade, de análise
térmica, um recipiente (que não sofra reação com o material de análise) com a
amostra é colocada no centro de um forno sobre uma plataforma de aquecimento,
ao lado de outro recipiente vazio. Este é chamado de recipiente de referência (o
material do qual é feito o recipiente, não deve sofrer transição térmica na faixa de
Introdução
16
temperatura estipulada para estudar a amostra). Os materiais do qual estes
recipientes são fabricados, geralmente são o ouro, a prata, o cobre e o alumínio[72].
Ambos os recipientes são submetidos a taxas de aquecimento programados,
juntamente com o conjunto de termopares fixados (figura 04).
Figura 4: Diagrama esquemático do aparelho de DSC.
O conjunto de termopares, são acoplados da seguinte forma: i) na base do
recipiente com a amostra e na base do recipiente da referência; ii) na placa e sob o
recipiente da amostra[72]. Através deste conjunto de termopares, é possível registrar
as variações de fluxo de calor na placa. Sempre que a amostra passar por uma
transição de fase exotérmica ou endotérmica, a energia será emitida ou absorvida
pela amostra, alterando o fluxo de calor através da placa sob a amostra.
Desta forma, curvas de dH/dt em função do tempo são registradas pelo
aparelho e transições de fase como transição vítrea (Tg), cristalização, fusão, perda
de solvente, entre outras, podem ser observadas.
A transição vítrea (Tg) corresponde à uma transição de segunda ordem
caracterizada pelo aumento na mobilidade das cadeias de polímeros amorfos ou
semi-cristalinos. Esta transição provoca mudanças em algumas propriedades físicas
do polímero, tais como: densidade, calor específico, módulos mecânicos, etc[72].
Badr e colaboradores[73], utilizaram DSC para investigar o efeito da radiação
gama nas propriedades térmicas e estrutura cristalina de PEBD. Eles observaram
que a temperatura de fusão dos filmes do material diminuíam linearmente com o
aumento na dosagem de irradiação.
Introdução
17
Liao e colaboradores[74], investigaram por DSC, fibras de polipropileno tingidas
pelo processo de tingimento utilizando CO2 supercrítico. As análises indicaram que a
estrutura da fibra não foi danificada quando o material foi submetido ao processo de
tingimento a 1000C.
I.10.ii. Análises Termogravimétricas
É uma técnica utilizada para determinar a estabilidade térmica do material,
obtendo-se a temperatura na qual este perde um determinado percentual de massa.
As curvas de TG são registradas através de uma termobalança composta por uma
microbalança eletrônica, um forno, um programador de temperatura e um
instrumento para registrar simultaneamente esses dados.
Uma curva de TG de um material polimérico, compreende as seguintes
etapas de perda de massa: 1) voláteis (solventes, monômeros residuais); 2)
decomposição polimérica; - mudança de atmosfera – 3) pirólise do carbono (negro
de fumo ou fibra de carbono) e 4) resíduos[72].
Dentre as técnicas de análise térmica, a termogravimetria (TG),
provavelmente é a que apresenta maior número de variáveis, devido à natureza
dinâmica da variação de massa da amostra. Basicamente, os parâmetros que
influenciam esses resultados são atribuídos a fatores instrumentais e relacionados
com as características da amostra[75].
Os fatores instrumentais (da termobalança) são devidos a: i) razão de
aquecimento; ii) a atmosfera do forno, iii) composição do porta-amostra e iv) a
geometria do porta-amostra e do forno. As características da amostra são devidas à
quantidade de amostra, solubilidade dos gases libertados na amostra, natureza da
amostra e condutividade térmica.
Dos fatores acima, o efeito da razão de aquecimento nas curvas TG é o mais
amplamente estudado. Geralmente, à medida que se aumenta a velocidade de
aquecimento, há um deslocamento da temperatura de decomposição para valores
mais elevados. A detecção de compostos intermediários a partir das curvas TG
também depende da velocidade de aquecimento, bem como a natureza da
amostra[76].
Introdução
18
A técnica de TG, para investigar a estabilidade térmica de diversos tipos de
polímeros, bem como seus derivados, tem sido utilizada por vários pesquisadores.
George e colaboradores[77] utilizaram a técnica de TG para investigar a estabilidade
térmica de compósitos de polietileno / fibra de abacaxi. Inicialmente a fibra foi tratada
para se obter a adesão interfacial entre esta e a matriz de polietileno. A análise
térmica do compósito revelou que a fibra degrada antes da matriz polimérica.
Recentemente a análise termogravimétrica tem sido utilizada para analisar a
estabilidade térmica de blendas poliméricas. Krupa e colaboradores[78] prepararam
blendas de polietileno linear de baixa densidade com cera de parafina em várias
proporções. Eles avaliaram a estabilidade térmica da blenda reticulada e não
reticulada, em junção com a dependência da concentração de agente reticulante
(peróxido de dicumula) e de parafina. Correlações entre estabilidade térmica e
densidade de reticulação (caracterizada em termos de porção gel) não foi
observada. A estabilidade térmica das blendas em atmosfera de ar sintético é muito
menor do que em relação à atmosfera de nitrogênio e, esta também diminui com o
aumento na proporção de cera.
Tem ocorrido grandes avanços neste tipo de análise. Alguns grupos de
pesquisa têm utilizado equipamentos de termogravimetria acoplados a um outro
aparelho para realização de análises simultâneas. Cochez e colaboradores[79] por
exemplo, utilizaram um aparelho de TGA acoplado em linha à um espectrofotômetro
de infravermelho com transformada de Fourier para análise de gases. Este conjunto
de técnicas foi utilizado para avaliar a estabilidade térmica do poli(metil metacrilato)
(PMMA) em comparação com copolímero do metil metacrilato (MMA) / MMA
funcionalizado com moléculas contendo fósforo (fosfatos e fosfonatos). Os autores
observaram que, com a funcionalização do material, introduz estágios de altas
temperaturas de degradação (acima de 7500C) e, durante este processo, não foi
observado a liberação de moléculas do monômero (MMA), em contraste com o
PMMA.
I.11. Resistividade Elétrica
A resistência elétrica (R) é uma grandeza física que expressa o “impedimento”
sofrido pelos elétrons ao atravessarem de um ponto a outro em um determinado
Introdução
19
material. Porém, existe uma outra grandeza com um nome muito parecido, a
“resistividade”. A resistividade (ρ) é uma grandeza que também está relacionada a
um impedimento sofrido pelos elétrons, porém leva-se em consideração as
dimensões geométricas deste material.
Muitas vezes, a resolução do multímetro pode não ser suficiente para medir a
corrente em materiais que possuam uma alta resistência. Por isso é usado o método
da sonda 4 pontas. A figura 06 mostra um esboço do arranjo para medidas por este
método.
sss
Área de contato coma Amostra
Pontas da Sonda
Amostra
Figura 5: Arranjo para o método de quatro pontas.
Considerando que a amostra em análise apresente uma espessura espessura
(w) muito menor que distância (s) entre as pontas da sonda (w << s). A equação
utilizada para se obter a resistividade da amostra é:
3CBwi
V=ρ
onde:
V é o pontencial (volts); i é a corrente (ampéres); w é a espessura da amostra
(metros); B é uma constante (π / ln2 ≅ 4,53); C3 é o fator de correção da tabela 01 e
ρ é a resistividade (Ω.m).
Introdução
20
O fator de correção C3 é obtido mediante o cálculo da razão entre a
espessura da amostra (w) e a constante (s) das pontas (que é referente à distância
entre estas). O valor encontrado desta razão é extrapolado a um valor no qual este é
o correspondente C3.
Tabela 1: Fator de correção C3.
w/s Fator de correção C3 w/s Fator de correção C3
0,4 0,9995 1,0 0,9214
0,5 0,9974 1,1111 0,8907
0,5555 0,9948 1,25 0,8490
0,6250 0,9898 1,4286 0,7938
0,7143 0,9798 1,6666 0,7225
0,8333 0,9600 2,0 0,6336
Com os dados de w/s, obtém-se os valores de C3 correspondentes.
Aplicando-se na equação anterior, obtém-se o valor da resistividade do material
analisado.
O método da sonda quatro pontas foi desenvolvido baseando-se em uma
teoria chamada “método das imagens”. Esta teoria leva em consideração os
gradientes de potencial propagados pelo material quando este é colocado em
contato com as sondas e também que o contato entre a amostra-ponta é entendido
como se fosse uma carga pontual. Por isso, é importante observar também que todo
o desenvolvimento matemático e teórico considera que a área de contato entre as
pontas da sonda e a amostra é desprezível[80-8182].
III.2.viii. Difração de Raios-X
Raios-X são ondas eletromagnéticas na ordem de poucos ângstrons de
comprimento. Se incidirmos um feixe de tais ondas sobre um cristal ocorre difração,
e um número de raios difratados aparece em adição ao feixe primário. Os átomos e
moléculas de um cristal estão arranjadas em estruturas ordenadas de tal maneira
que as celas unitárias têm a mesma ordem de comprimento de onda de raios-X.
Introdução
21
A difração de uma radiação incidente em um cristal ocorre somente se a
condição expressa na equação de Bragg for satisfeita: 2.d.senθ = nλ, onde d é a
distância interplanar, θ é o ângulo de incidência dos raios sobre o plano, n é um
inteiro e λ é o comprimento de onda dos raios-X.
Desde que o ângulo de incidência do raio sobre o plano é igual ao ângulo de
sua reflexão a partir do plano, o ângulo entre o raio incidente e o raio difratado é
igual a 2θ. Dessa maneira, pode ser considerado que a cada raio difratado é gerado
por um conjunto de planos paralelos e aparece somente se o sistema de planos
estiver em uma posição de reflexão.
Quando a amostra tem uma estrutura não periódica ou se o retículo for
suficientemente perturbado, os diagramas de difração de raios-X não serão limitados
a pontos, manchas ou linhas, mas conterão regiões mais ou menos extensas de
espalhamento chamados de halos ou halo-amorfos[83].
Em trabalho desenvolvido por Grozdanov e Najdoski[84], quatro espécies de
sulfeto de cobre de diferentes composições químicas (Cu2S, Cu1,8S, Cu1,4S e CuS)
foram quimicamente depositados. Tiossulfato de cobre em meio ácido foi usado em
poliéster e substratos metálicos. Todos os filmes exibiram alta condutividade elétrica.
A forma CuS nos filmes foi a que apresentou maior condutividade e sua estrutura foi
determinada por difração de raios-X (XRD). A condutividade nos demais filmes
obtidos decaía à medida em que a fase tornava-se mais rica em cobre (I) (Cu2S).
Introdução
22
Objetivos
23
II - OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo a preparação de compósitos
polímero/sulfeto de cobre com baixa resistência elétrica, estudando as diferentes
variáveis envolvidas no processo de deposição do sulfeto como:
- Modificar a superfície do Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) por
processo de oxidação e por processo de enxertia.
Desenvolver e adequar processos de modificação da superfície da
Polisulfona.
Adequar o processo de deposição do sulfeto de cobre para a sua
incorporação na superfície dos polímeros pré-tratados.
Comparar a estabilidade térmica do polímero virgem, do pré-tratado e do
compósito.
Avaliar as propriedades elétricas dos compósitos obtidos, por análise de
resistividade elétrica em eletrodo de quatro pontas;
Estudar a aplicabilidade do compósito obtido.
Materiais e Métodos
24
III – MATERIAIS E MÉTODOS
III.1. Materiais
O Polietileno de Baixa Densidade utilizado neste trabalho, foi cedido pela
Poliolefinas já na forma de filme com aproximadamente 100 μm de espessura. Os
filmes foram cortados em tamanho de 3 x 4 cm, lavados com detergente, água e
etanol. Após, foram secos em estufa com ventilação à temperatura de 600C por 2
horas e posteriormente, acondicionados em dessecador à vácuo.
A polisulfona utilizada, foi a fornecida pela Aldrich, catálogo n0 18.244-3, na
forma de grânulos com massa molar de 22.000u e densidade de 1,240 g/cm3. A PSf
foi solubilizada em 1,2-dicloroetano (1,2-C2H4Cl2), na proporção de 1,5 gramas para
10 mililitros de solvente. Um determinado volume de solução para obter filmes com
espessura final de aproximadamente 100 μm, foi espalhado em placa de petry e
deixado a pressão e temperatura ambientes. Posteriormente à secagem, o polímero
foi colocado em forno com ventilação à 600C por 4 horas e o acondicionamento foi
feito em dessecador à vácuo. Os filmes de PSf foram cortados em tamanho de 3 x 4
cm.
Na preparação do sulfeto de cobre, os precursores utilizados foram o sulfato
de cobre penta hidratado (CuSO4.5H2O) e tiossulfato de sódio (Na2S2O3) ambos da
MERK usados como recebidos.
Todos os reagentes e solventes utilizados, foram de grau analítico.
Materiais e Métodos
25
III.2. Métodos
III.2.i. Pré-tratamento dos Filmes de PEBD e PSf
III.2.i.1. Pré-tratamento dos Filmes de PEBD
III.2.i.1.1. Oxidação
Filmes de PEBD foram imersos em solução de KMnO4 0,1mol.L-1 / HCl
0,2mol.L-1 por 8 horas, à 80°C. Após este período, os filmes foram retirados da
solução, lavados e posteriormente secos em estufa à 500C. Os filmes apresentaram
a superfície recoberta por uma camada superficial escura de dióxido de
manganês[47,85], gerado pela reação de decomposição do KMnO4, evidenciada pela
seguinte reação:
KMnO4 + 8 HCl 2 MnO2 + 2 KCl + 3 Cl2 + 4 H2O
O dióxido de manganês aderido à superfície dos filmes de PEBD foi retirado
mediante imersão dos filmes em solução de HCl 1,0 mol.L-1 por 10 minutos à
temperatura ambiente. A reação à seguir ilustra a reação do dióxido de manganês
com HCl[86]:
MnO2 + 4HCl MnCl2 + 2H2O + Cl2
Posteriormente, procedeu-se a extensiva lavagem dos filmes com água
destilada, secagem em forno com ventilação à temperatura de 600C por 2 horas e
posteriormente, acondicionamento em dessecador à vácuo.
Materiais e Métodos
26
III.2.i.1.2. Enxertia
O processo de enxertia dos filmes de PEBD[87-88899091], consistiu inicialmente
na imersão em solução de anidrido maleico (4,0g) em anidrido acético (80mL),
utilizando peróxido de benzoíla (0,22g) como iniciador. A reação foi promovida à
1000C, sob agitação por um período de 6 horas.
Em seguida, os filmes foram submetidos à extração com acetona em aparelho
soxhlet, por 18 horas, para a retirada de monômeros residuais e posteriormente
hidrolisados à 1000C por 5 horas.
A etapa posterior foi a imersão em solução a 2% em volume de pentacloreto
de antimônio em tetracloreto de carbono, por 24 horas à 350C, sob agitação.
Seguiu-se imersões em i) trietanolamina e ii) ácido fosfórico, sob agitação,
ambas por 24 horas à temperatura ambiente.
A representação de todo o processo é ilustrado na figura 06.
PEBD + Peróxido de Benzoíla
Anidrido Acético
H2C CH2
CO
C
OO
PEBD HC CH
CO
C
OO
n1)
nPEBD HC CH
CO
C
OO
+ H2O PEBD HC CH2
CO OH
n2)
nPEBD HC CH2
CO OH
+ SbCl5
Tetracloreto de Carbono
PEBD HC CH2
CO Cl
n3)
nPEBD HC CH2
CO N (C2H4OH)2
+ N(C2H4OH)3PEBD HC CH2
CO Cl
n4)
nPEBD HC CH2
CO N+ (C2H4OH)2
H +PEBD HC CH2
CO N (C2H4OH)2
n5)
Figura 6: Reações envolvidas no processo de enxertia.
Materiais e Métodos
27
Antes do início de cada uma das etapas envolvidas no processo de enxertia,
as amostras foram secas em estufa por 6 horas à 500C.
III.2.i.2. Pré-tratamento dos Filmes de PSf
O pré-tratamento dos filmes de PSf foi realizado mediante imersão dos
mesmos em solução de permanganato de potássio (KMnO4) 0,2mol.L-1 / ácido
clorídrico (HCl) 0,4mol.L-1 / 4,4'-oxidianilina (DPE) 0,075 mol.L-1. No preparo da
solução descrita, o seguinte procedimento é necessário: i) adiciona-se 1,02g de
DPE, em pequenas quantidades à 25 mL de uma solução de HCl 1,0 mol.L-1; ii) após
a total solubilização da DPE em HCl, adiciona-se 35 mL de solução de KMnO4 0,4
mol.L-1 para se obter as concentrações especificadas.
A reação se processou por 2 horas à 800C. Posteriormente à reação, os
filmes foram lavados com água destilada em abundância e secos em forno com
ventilação à 600C por 2 horas e posteriormente, acondicionamento em dessecador à
vácuo.
A polisulfona, após o pré-tratamento, apresentou coloração castanha em sua
superfície, diferenciando-a do material virgem.
III.2.ii. Obtenção dos compósitos PEBD/CuS e PSf/CuS
Os filmes de polietileno oxidado (PEBDoxi), polietileno enxertado (PEBDenx) e
polisulfona pré-tratada (PSfpré-trat) foram imersos em solução aquosa de CuSO4.5H2O
/ Na2S2O3.5H2O 0,1 mol.L-1, tendo o pH inicial da solução, ajustado para 2,5 com
ácido fosfórico (H3PO4) concentrado[26].
A reação se processou em reator de vidro de corpo duplo, onde a temperatura
da reação foi mantida constante por passagem de água termostatizada entre as
paredes interna e externa deste reator (fig.07).
Materiais e Métodos
28
Figura 7: Esquema utilizado para a impregnação do sulfeto de cobre sobre a superfície dos filmes.
A solução precursora do sulfeto, juntamente com o material polimérico
devidamente pré-tratado, foi mantida sob constante agitação por 2 horas à
temperatura de 800C.
III.3. Análise do Material Obtido
III.3.i. Caracterização dos polímeros pré-tratados
i – Espectroscopia na região do Infravermelho, monitorando a funcionalização
da superfície do PEBD com Espectrofotômetro Bomem FT-IR para caracterizar a
funcionalização da superfície do PEBD.
ii – Medidas de Ângulo de Contato com Tantec Contact Angle Meter - modelo
Cam-Micro, para verificar a alteração das propriedades de superfície, como
molhabilidade para a PSf e o PEBD.
Materiais e Métodos
29
iii – Análise por Calorimetria Diferencial de Varredura utilizando Shimadzu
modelo DSC-50, para verificar alteração das propriedades térmicas do polímero, em
função do pré-tratamento empregado.
iv – Análise por Termogravimetria com aparelho Shimadzu modelo TGA-50,
para verificar a estabilidade térmica dos materiais pré-tratados.
v – Análise da composição da superfície dos filmes de PSf pré-tratados,
utilizando espectroscopia de Fotoelétrons (XPS), equipamento da Perkin –Elmer PHI
5300, ânodo de magnésio (Kα = 1253,6 eV) a 400W (15KeV, 30mA).
vi – Análise das características morfológicas em escala nanométrica dos
filmes de PEBD pré-tratados por Microscopia de Força Atômica: Equipamento
Topometrix-Discoverer TMX 2010.
III.3.ii. Caracterização dos compósitos obtidos
i - Análise de resistência elétrica à temperatura ambiente com equipamento
Minipa, consistindo de fonte, eletrômetro, multímetro e sonda 4 pontas.
ii - Avaliação das propriedades térmicas dos compósitos obtidos, em relação
aos materiais originais por calorimetria diferencial de varredura (DSC) com aparelho
Shimadzu DSC-50.
iii – Análise por Termogravimetria para verificar a estabilidade térmica dos
materiais pré-tratados com aparelho Shimadzu modelo TGA-50.
iv - Análise da morfologia da superfície dos compósitos por microscopia
eletrônica de varredura (MEV), equipamento Philips 420.
v – Análise da composição da superfície utilizando espectroscopia de
Fotoelétrons (XPS), equipamento da Perkin –Elmer PHI 5300, ânodo de magnésio
(Kα = 1253,6 eV) a 400W (15KeV, 30mA).
Materiais e Métodos
30
vi - Controle da variação da massa dos compósitos, com balança analítica
Denver AA-200DS (precisão de ± 0,00001g), em função do número de imersões na
solução precursora do sulfeto de cobre.
vii – Análise das características morfológicas dos compósitos PEBD/CuS em
escala nanométrica, por Microscopia de Força Atômica utilizando Equipamento
Topometrix-Discoverer TMX 2010.
Resultados e Discussão
31
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO
IV.1. Análise por Espectroscopia Infravermelha
IV.1.i. Análise dos Filmes de PEBD Oxidados
Para a incorporação do sulfeto metálico na superfície polimérica, há a
necessidade da prévia modificação da superfície[92-939495] pois, em testes
preliminares, observou-se problemas relacionados com adesão. Estas modificações
foram monitoradas através de espectroscopia na região do infravermelho.
A figura 08 ilustra o espectro de infravermelho do PEBD original e pré-tratado
em solução de KMnO4 / HCl 0,1 e 0,2 mol.L-1 respectivamente, por tempo de 8 horas
à 800C. É possível observar as principais modificações envolvidas no pré-tratamento
dos filmes de PEBD.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
615cm-1
( B )
( A )
1720cm-1
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBD Oxidado
Tran
smitâ
ncia
( u.
a. )
Número de Onda ( cm-1 )
Figura 8: Espectros na região do infravermelho de filmes de: ( A ) PEBD virgem; ( B ) PEBD oxidado. Após o tratamento dos filmes de PEBD é evidenciado o aparecimento de
novos picos. Na atribuição destas, foi caracterizado um pico composto da
sobreposição de vibrações de dois grupamentos, sendo estes, o carbonílico (C O)
Resultados e Discussão
32
em aproximadamente 1710 cm-1 e carboxílico ( COOH) em aproximadamente 1724
cm-1 [40]. Estas novas bandas de absorção observadas no infravermelho (1720 e 615
cm-1), realçam a modificação da superfície do PEBD por oxidação (figura 08-(B)). O
surgimento do pico em torno de 615cm-1, característico de estiramento (C⎯Cl)[38-39],
está presente devido à etapa de oxidação, onde foi utilizado KMnO4/HCl. Estudos
anteriores, demonstraram a variação na intensidade deste pico em relação às
variáveis, concentração da solução de KMnO4/HCl, tempo e temperatura[96].
Para a incorporação do sulfeto metálico em PEBD é necessária somente a
etapa de oxidação da superfície dos filmes como pré-tratamento.
Os filmes de PEBD pré-tratados foram imersos em solução aquosa de NaOH
1,0 mol.L-1, por 6 horas à 800C, para se estimar a percentagem relativa de
grupamentos carboxila na superfície do material. A figura 09 ilustra o
acompanhamento das etapas utilizadas no tratamento dos filmes de PEBD, através
de espectroscopia na região do infravermelho – modalidade ATR.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
616 cm-1
1647 cm-1
1716 cm-1
1715 cm-1
( C )
( B )
( A )
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBD Oxidado( C ) PEBD Oxidado, trat. NaOH
ABS.
(Uni
dade
Arb
itrár
ia)
Número de Onda ( cm-1 )
Figura 9: Espectros de FTIR-ATR de (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (C) PEBD oxidado/trat. NaOH 1 mol.L-1.
A técnica FTIR-ATR foi utilizada neste estudo com a finalidade de verificar
alterações referentes à superfície do material. Nota-se que o pico em
aproximadamente 1715 cm-1 na figura 09-(B) é similar ao pico em 1720 cm-1, da
Resultados e Discussão
33
figura 08-(B), o qual refere-se à grupos provenientes da oxidação da superfície do
material. O pico em aproximadamente 616 cm-1, referente à (C⎯Cl), deste mesmo
espectro, indica que o tratamento com NaOH não altera a concentração de cloro na
superfície do material.
Na figura 09-(C), observa-se a diminuição da banda na região de 1715 cm-1,
quando comparado à mesma região da figura 09-(B). A quantia restante, referente à
este pico, em atribuições, é caracterizado como sendo de grupamentos carbonila (de
cetonas e aldeídos). O surgimento de um pico na região de aproximadamente 1647
cm-1, é atribuído ao grupamento carboxilato ( COO-). Através de cálculos de área
relativa, obteve-se valores percentuais de aproximadamente 55% para o intervalo
correspondente ao pico de 1647 cm-1 e, aproximadamente 45% para o intervalo
correspondente à 1715 cm-1.
Os valores percentuais das áreas relativas apresentam-se em boa
concordância com dados da literatura, onde são relatados valores de
aproximadamente 60% para grupamentos carboxila e 40% para grupamentos
carbonila (aldeído e cetona)[97].
IV.1.ii Análise dos Filmes de PEBD Enxertados
Os filmes de PEBD tiveram sua superfície modificada pelo processo de
enxertia. Neste processo é realizada a introdução de grupos funcionais adequados
na superfície do material polimérico.
As etapas envolvidas no processo de enxertia consistem de i) maleinização, ii)
hidrólise, iii) cloração, iv) aminação. Estas etapas foram acompanhadas por
espectroscopia na região do infravermelho (fig. 10).
As amostras, após a reação com anidrido maleico e extração em acetona,
apresentaram aumentos de massa com variações entre 0,83.10-5 e 2,5.10-5 g/cm2.
Resultados e Discussão
34
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
-20
0
20
40
60
80
753 cm-1
1596 cm-11707 cm-1
540 cm-1
3332 cm -1
( E )
( D )
( C )
( B )
( A )Tr
ansm
itânc
ia (
u.a.
)
Número de onda ( cm -1 )
Figura 10: Espectro de FTIR de: (A) polietileno virgem; (B) polietileno enxertado com anidrido maleico; (C) após a hidrólise de (B); (D) após cloração de (C); (E) após imersão em trietanolamina de (D).
Após a etapa de enxertia com anidrido maleico, (figura 10-(B)), o espectro
obtido, quando comparado ao do filme virgem (figura 10-(A)), apresentou a formação
de picos característicos de estiramento (C O) de anidrido (~1782, ~1741 e ~1712
cm-1) e de estiramento de (C O) de anidrido cíclico[38] em 1184 cm-1, o que indica a
formação de poli(anidrido maleico).
Após hidrólise (figura 10-(C)), observa-se apenas o pico de estiramento
carbonílico de ácido (~1719 cm-1), além do desaparecimento do pico de anidrido em
1184 cm-1, o que evidencia a hidrólise do poli(anidrido maleico) a poli(ácido maleico).
Na figura 10-(D), no qual o espectro representa o filme após a etapa de cloração
com SbCl5/CCl4, observa-se a presença de picos de estiramento (C⎯Cl) em 753 cm-
1 e 540 cm-1. Este espectro apresenta ainda pico referente ao de estiramento (C=C)
em ~1596 cm-1, evidenciando que o pentacloreto de antimônio (ácido de Lewis),
provoca insaturação na cadeia poli(anidrido maleico), como afirmado por outros
autores[98-99100101]. Observa-se ainda um pico referente ao estiramento carbonílico
em 1710 cm-1. O deslocamento observado para este pico foi atribuído à presença
das insaturações na cadeia que através da conjugação, segundo a lei de Hooke, faz
com que este tipo de vibração absorva em regiões de menor número de onda.
Resultados e Discussão
35
No tratamento com trietanolamina, pode-se observar no espectro referente à
figura 10-(E), o pico de (N⎯H) em aproximadamente 3332 cm-1. O pico de
estiramento (C=O) e (C=C) permanecem em ~1596 e 1707 cm-1, sendo que ambos
os picos de estiramento (C⎯Cl) desapareceram. Pode-se observar também o
aparecimento de um pico de estiramento (C⎯N) de amina terciária[102] em ~1191cm-
1, o que comprova a incorporação de grupos amida na superfície do polietileno de
baixa densidade.
IV.1.iii Análise dos filmes de PSf
O pré-tratamento dos filmes de PSf foi acompanhado por espectroscopia na
região do infravermelho, utilizando-se da técnica de ATR como ilustrado na figura 11.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
( A ) PSf Virgem ( B ) PSf pré-tratada
Tran
smitâ
ncia
( u.
a )
Número de Onda ( cm-1 )
Figura 11: Espectros de FTIR-ATR de (A) PSf virgem e (B) PSf pré-tratada. Não foi possível observar modificações significativas, no pré-tratamento dos
filmes de PSf, detectáveis pela técnica empregada.
IV.2. Medidas de Ângulo de Contato
Resultados e Discussão
36
Os filmes de PEBD e PSf, após terem suas superfícies pré-tratadas,
apresentaram alterações quanto à molhabilidade da superfície. Medidas
comparativas de ângulo de contato foram realizadas nos filmes pré-tratados, e nos
filmes originais, sendo mostradas na tabela 02.
Tabela 2: Ângulo de Contato dos filmes virgens e pré-tratados, utilizando água como solvente e temperatura de 250C.
Filmes Ângulo de Contato
( θ 0 )
Tensão Superficial
( dina/cm )
PSf virgem 85 ± 2 35
PSf pré-tratada 72 ± 2 44
PEBD virgem 90 ± 3 32
PEBD oxidado 72 ± 2 44
PEBD oxidado/trat. NaOH 70 ± 2 46
PEBD enxertado 76 ± 3 42
Para os filmes poliméricos pré-tratados, os dados da tabela 02 evidenciam
variações nos ângulos de contato e conseqüente alteração na tensão superficial.
Para a PSf virgem, foi encontrado ângulo de contato de 850 e, após o pré-
tratamento, houve uma diminuição para 720. Os filmes de PEBD virgens
apresentaram ângulo de contato de 900 e, após oxidação da superfície do polímero,
o ângulo medido foi de 720. O pré-tratamento introduz grupamentos polares na
superfície do filme, há um aumento na energia superficial e, como conseqüência,
observa-se um aumento na molhabilidade dos filmes. Este fato pode ser
correlacionado com os dados obtidos dos espectros da região do infravermelho dos
filmes de PEBD. Tomando-se o valor do ângulo de contato dos filmes de PEBD
enxertados (760) e, relacionando este, por exemplo, com o surgimento dos picos
referentes à (N⎯H) e (C⎯N), no espectro de infravermelho da figura 10-(E), é
possível postular uma maior interação da superfície polimérica com o solvente. Esta
interação deve-se à incorporação dos grupamentos amina já citados. Portanto,
pode-se afirmar, baseando-se nas análises dos espectros de infravermelho e valores
do ângulo de contato, que há uma modificação na superfície do polímero e uma
alteração nas propriedades de superfície, como por exemplo a molhabilidade.
Resultados e Discussão
37
IV.3. Monitoramento da Variação de Massa
A reação de obtenção do sulfeto de cobre a partir de soluções de
CuSO4.5H2O e Na2S2O3.5H2O, sob determinadas condições de pH, temperatura e
tempo de reação, produz sulfeto de cobre na forma de pó de coloração preto
azulada[26]. As superfícies dos filmes poliméricos modificadas como descrito
anteriormente são adequadas para a impregnação de determinadas substâncias,
como por exemplo, o sulfeto de cobre.
Os filmes de PEBD e PSf pré-tratados, quando imersos na solução precursora
do sulfeto, apresentaram a coloração azulada em suas superfícies.
Na caracterização dos compósitos, avaliou-se a variação de massa do sulfeto
de cobre depositado sobre a superfície do polímero. A variação da massa dos filmes
de PEBDoxi, em função do número de imersões na solução precursora do sulfeto
metálico é ilustrada na tabela 03.
Observa-se pela tabela 03, que na primeira imersão dos filmes pré-tratados
na solução precursora, ocorre a interação da superfície orgânica, com o sulfeto
inorgânico, e há um ganho de 0,41.10-4g em massa por cm2 de filme devido ao
material depositado. Na segunda imersão do material na solução precursora, o
incremento de massa de sulfeto depositado foi de 1,31.10-4g por cm2 de filme. Isto
representa aproximadamente 3 vezes a massa obtida na primeira imersão. Isto se
deve provavelmente ao depósito ocorrer sobre o sulfeto de cobre anteriormente
depositado e não mais sobre a superfície do polímero modificado.
Tabela 3: Variação da massa dos compósitos de PEBD/CuS em função do número de imersões na solução precursora do sulfeto de cobre.
Compósito PEBD/CuS Massa de CuS Depositada
Resultados e Discussão
38
Número de Imersões (Massa / Área)
(g/cm2).(10-4)*
(Massa / Área)n / (Massa /
Área)n-1
1 0,41 ± 0,1x10-4
2 1,31 ± 0,1x10-4 3,2
3 1,83 ± 0,1x10-4 1,4
4 2,81 ± 0,1x10-4 1,5
5 4,23 ± 0,1x10-4 1,5
6 5,72 ± 0,1x10-4 1,4
Cálculo da variação de massa em relação ao filme pré-tratado sem depósito de CuS. n = número de imersões
Observa-se que a quantidade de sulfeto depositado sobre o material à partir
da terceira imersão é menos acentuada do que na segunda imersão mas a razão
entre as massas depositadas em uma imersão com a imersão anterior continua
constante com as sucessivas imersões.
Os valores da variação de massa obtidos para cada imersão na solução
precursora, na obtenção dos compósitos PSf/CuS, estão representados na tabela
04.
Tabela 4: Variação da massa dos compósitos de PSf/CuS em função do número de imersões na solução precursora do sulfeto de cobre, a temperatura ambiente.
Compósito PSf/CuS Massa Aderida
Resultados e Discussão
39
Número de Imersões (Massa / Área)
(g/cm2).(10-4)*
(Massa / Área)n / (Massa /
Área)n-1
1 0,72 ± 0,1x10-4
2 1,44 ± 0,1x10-4 2,0
3 2,22 ± 0,1x10-4 1,5
4 2,96 ± 0,1x10-4 1,3
5 3,80 ± 0,1x10-4 1,3
6 4,56 ± 0,1x10-4 1,2
Cálculo da variação de massa em relação ao filme pré-tratado sem depósito de CuS. n = número de imersões
Observa-se, pela tabela 04, que o aumento de massa depositada na
superfície da matriz de PSf é mais acentuado na primeira imersão, quando
comparadas às demais imersões. Aumentando-se o número de imersões na solução
precursora do sulfeto de cobre, a razão das massas para cada imersão diminui de
2,0 para 1,2.
Graficando-se os aumentos de massa para os compósitos (PEBDoxi/CuS e
PSf/CuS), verifica-se um maior aumento de massa para o compósito PEBDoxi/CuS
(fig. 12), quando comparado ao PSf/CuS. Nota-se que a tendência no ganho de
massa para o PEBDoxi/CuS torna-se mais acentuada a partir da terceira imersão.
Resultados e Discussão
40
0 1 2 3 4 5 6
0
2
4
6
8
10
12
14
( B )
( A )
( A ) Compósito PEBD/CuS
( B ) Compósito PSf/CuSVa
riaçã
o de
Mas
sa (N
orm
aliz
ada)
Número de Imersões
Figura 12: Variação de massa depositada de CuS em função do número de imersão na solução precursora para os compósitos (A) PEBDoxi/CuS e (B) PSf/CuS.
O depósito de massa sobre a superfície do compósito PSf/CuS é menos
acentuado, em relação ao compósito de polietileno. Porém, o PSf/CuS apresenta
uma dependência linear da variação de massa com o número de imersões.
Avaliando-se apenas os dados das medidas de ângulo de contato (tabela 02),
esperaria-se que ambos os substratos poliméricos apresentassem similares ganhos
de massa devido ao depósito de sulfeto de cobre semelhantes, pois ambos
apresentam valores de energia superficial muito próximos. Este fato não ocorre,
provavelmente devido ao tipo de substrato envolvido e a forma de interação dos
mesmos com as partículas coloidais do sulfeto.
Em química de colóides, o crescimento das partículas usualmente ocorre via
o mecanismo de “Ostwald ripening”[35,103]. Esta teoria retrata o processo pelo qual
partículas maiores em uma dispersão coloidal crescem em tamanho, pelo consumo
de pequenas partículas, devido a diferença no potencial químico entre estas. Em
uma suspensão polidispersa, as pequenas partículas tendem a se dissolver e re-
precipitar junto às de maior tamanho, resultando com isso, um aumento no tamanho
médio das partículas com o tempo, porém diminuindo o número de partículas[104-105].
Resultados e Discussão
41
Este fato associado ao ganho de massa dos compósitos, leva-nos a supor
que há um aumento no tamanho médio das partículas depositadas sobre a matriz
polimérica, em função do número de imersões na solução precursora.
IV.4. Resistividade Elétrica
Após a imersão na solução precursora do sulfeto de cobre, os filmes de
PEBDoxi, PEBDenx e PSf pré-tratada apresentaram coloração azulada, caracterizando
a presença de CuS já identificado em trabalho anterior[23].
Na tabela 05 são apresentados os resultados das medidas de resistividade
elétrica efetuada nos compósitos à temperatura ambiente.
A medida de resistividade dos compósitos apresentou variação com o número
de imersões na solução precursora do sulfeto e como conseqüência, uma
dependência com a massa depositada. Os compósitos de PEBDoxi/CuS
apresentaram variação de resistividade elétrica entre 2,9x10-4 e 8,5x10-4 ohm.m com
duas e oito etapas de imersão respectivamente. O compósito PEBDenx/CuS
apresentou variação na resistividade entre 7,6x10-2 e 0,76x10-2 ohm.m com uma e
duas imersões respectivamente. O compósito PEBDenx/CuS, apresentou menor
diminuição de resistividade do que o PEBDoxi/CuS entre a primeira e a segunda
imersão na solução precursora do sulfeto de cobre.
Tabela 5: Medidas de resistividade elétrica dos compósitos PEBDoxi/CuS, PEBDenx/CuS e PSf/CuS, a temperatura ambiente.
Resultados e Discussão
42
Filmes No de Deposições Res. Elétrica
(Ω.m)
Cond.
Elétrica
(S.m-1)
Polímeros Virgens -- >109 >10-9
Pol. Pré-tratados -- >109 >10-9
PSf/CuS 1 1,3.10-3 ± 0,1x10-3 7,7.102
PSf/CuS 2 1,2.10-3 ± 0,1x10-3 8,3.102
PEBDenx/CuS 1 7,6.10-2 ± 0,1x10-2 1,3.101
PEBDenx/CuS 2 7,6.10-3 ± 0,1x10-3 1,3.102
PEBDoxi/CuS 1 >103 >10-3
PEBDoxi/CuS 2 2,9.10-2 ± 0,1x10-2 3,5.101
PEBDoxi/CuS 3 2,8.10-2 ± 0,1x10-2 3,6.101
PEBDoxi/CuS 4 3,7.10-3 ± 0,1x10-3 2,7.102
PEBDoxi/CuS 5 2,1.10-3 ± 0,1x10-3 4,8.102
PEBDoxi/CuS 6 9,1.10-4 ± 0,1x10-4 1,1.103
PEBDoxi/CuS 7 9,0.10-4 ± 0,1x10-4 1,1.103
PEBDoxi/CuS 8 8,5.10-4 ± 0,1x10-4 1,2.103
Os compósitos de PSf/CuS apresentaram valores de resistividade elétrica
variando entre 1,3x10-3 e 1,2x10-3 ohm.m com uma e duas imersões na solução
precursora respectivamente.
Observa-se que o melhor valor de condutividade elétrica é obtido para o
compósito PSf/CuS, quando compara-se todos os compósitos obtidos. Com apenas
uma etapa de imersão na solução precursora, é possível obter para este compósito,
valor de condutividade elétrica equivalente à do compósito PEBDoxi/CuS obtido com
cinco ou seis etapas de imersão.
É possível observar que quando se prepara o compósito PSf/CuS em
condições semelhantes ao PEBD/CuS, a resistividade elétrica é menor, apesar do
PE/CuS apresentar uma massa maior. Isto provavelmente está relacionada a melhor
uniformidade de distribuição de particulados na superfície do material.
Resultados e Discussão
43
IV.5. Análises Térmicas
IV.5.i. Análise Termogravimétrica
IV.5.i.1. Análise Termogravimétrica - PEBD Oxidado
A temperatura de decomposição observada na curva de TG ilustrada na figura
13 mostra que a diferença não é acentuada entre o filme de PEBD virgem (T =
4260C), o PEBD oxidado (T = 4400C) e o compósito obtido do polímero oxidado (T =
4310C).
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
0
20
40
60
80
100
( C )( B )
( A )
4310C
4400C
4260C
3350C
( A ) PEBD Virgem ( B ) PEBD Oxidado ( C ) Compósito PEBD/CuS
Perc
enta
gem
de
Mas
sa
Temperatura ( 0C )
Figura 13: Curvas de termogravimetria (TGA) de filmes de: (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (Ce) compósito PEBDoxi/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
O compósito PEBDoxi/CuS apresenta, a nível de 10% de perda de massa
(figura 13-(C)), uma estabilidade térmica superior ao polímero virgem. Isto se deve,
provavelmente à maior estabilização conferida pelo sulfeto de cobre ao compósito
formado. Porém, este apresenta em comparação com o material virgem, o início de
perda de massa em uma temperatura inferior devido provavelmente ao material
Resultados e Discussão
44
polimérico de baixa massa molar que estava aderido ao depósito de CuS, ou mesmo
resíduo de precursor do sulfeto obtido.
Graficando-se os valores referentes às derivadas das curvas de TG (figura
14) dos respectivos filmes, obtém-se os valores dos pontos máximos de cada pico o
qual equivale à temperatura de degradação máxima (Tmáx)[79].
0 100 200 300 400 500 600 700 800
482 0C
480 0C477 0C
( C )
( B )
( A )
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBD Oxidado( C ) PEBD/CuS 2 Imersões
DTG
(Un
idad
e Ar
bitr
ária
)
Temperatura ( 0C )
Figura 14: Derivada das curvas de TG referentes à: (A) filmes de PEBD virgem; (B) filmes de PEBD oxidado e ( C ) compósito PEBDoxi/CuS.
Observa-se na figura 14, um deslocamento dos picos de Tmáx para o PEBDoxi
e o compósito PEBDoxi/CuS, em relação ao PEBD virgem. Esta variação pode estar
associada a uma relação entre estabilidade térmica e as interações dos
componentes do compósito[106]. No polímero pré-tratado, provavelmente há uma
maior interação intermolecular devido a funcionalização. Com a funcionalização da
superfície do polímero (PEBD) forma-se compostos carboxilatos como evidenciado
nos espectros IV (figuras 08 e 09). Estes compostos estão ligados a partes do
polímero submetido ao processo de oxidação, os quais sofrem degradação em
temperaturas mais baixas. Isto justifica o fato da perda de massa iniciar em 3350C.
Resultados e Discussão
45
Análises termogravimétricas foram realizadas para os compósitos
PEBDoxi/CuS com 04, 06 e 08 imersões na solução precursora e estes apresentaram
valores de temperatura máxima de degradação, semelhantes ao compósito com 02
imersões na solução precursora do sulfeto de cobre.
IV.5.i.2. Análise Termogravimétrica - PEBD Enxertado
No PEBD enxertado a perda de massa do material se dá em temperaturas
inferiores às do material virgem (figura 15).
0 100 200 300 400 500 600 700-20
0
20
40
60
80
1001230C
( B )( A )
3970C
4280C
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBDenx / CuS
Perc
enta
gem
de
Mas
sa
Temperatura ( 0C )
Figura 15: Curvas de TG de: (A) PEBD virgem e (B) compósito PEBDenx/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Pelo termograma da figura 15-(B), avaliando-se à nível de 10% de perda de
massa, o compósito PEBDenx/CuS obtido apresenta perda de massa em temperatura
inferior (3970C) ao PEBD virgem (4290C). Este declínio inicial de massa pode ser
atribuído provavelmente à perda de materiais fisicamente adsorvidos no processo de
maleinização.
Resultados e Discussão
46
A curva referente ao compósito PEBDenx/CuS (figura 15-(B)) apresenta desvio
em aproximadamente 1230C, representando perda de massa. Isto, deve-se
provavelmente a substâncias remanescentes do processo de enxertia e também
pode ser atribuída a água adsorvida no CuS.
A figura 16, referente às derivadas das curvas de TG do (A) PEBD virgem e
(B) compósito PEBDenx/CuS da figura 15, ilustra um deslocamento do pico da
temperatura de degradação máxima do compósito formado.
0 100 200 300 400 500 600 700
480 0C
470 0C
( B )
( A )
( A ) PEBD Virgem( B ) Compósito PEBD enx / CuS
DTG
(Un
idad
e Ar
bitr
ária
)
Temperatura ( 0C )
Figura 16: Derivada das curvas de TG do : (A) filme de PEBD virgem e (B) compósito PEBDenx/CuS.
Como mencionado, o Tmáx referente ao compósito PEBDenx/CuS (figura 16-
(B)) apresenta-se deslocado para temperaturas superiores (4800C), quando
comparado ao filme polimérico original (4700C). Por comparação das temperaturas
de degradação máxima (Tmáx) do polímero virgem com o material obtido, verifica-se
que o processo de enxertia e de preparo do compósito, aumenta a estabilidade
térmica do material.
Resultados e Discussão
47
IV.5.i.3. Análise Termogravimétrica - PSf
As curvas de TG obtidas para o filme de PSf virgem (figura 17-(A)) e para o
compósito PSf/CuS (figura 17-(C)), apresentam variações relativamente pequenas
relacionadas à perda de massa e estabilidade térmica (figura 17). A curva de TG da
figura 17-(B), referente à PSf em pellet, apresenta comportamento diferenciado. Não
é apresentado o desvio em aproximadamente 1560C como apresentado pelo filme e
o compósito.
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
20
30
40
50
60
70
80
90
100
156 0C
521 0C
( C )
490 0C
480 0C
( B )
( A )
( A ) PSf Virgem em filme( B ) PSf Virgem em Pellet( C ) Compósito PSf/CuS 2 Imersões
Perc
enta
gem
de
Mas
sa
Temperatura ( 0C )
Figura 17: Curva de TG de: (A) PSf Virgem e (B) Compósito PSf/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
O primeiro desvio da linha base em aproximadamente 1560C, referente à
perda de massa do filme de PSf virgem e do compósito PSf/CuS, pode ser atribuído
à perda de solvente residual, uma vez que a curva referente ao polímero não
submetido a dissolução em solvente (PSf em pellet), não mostra tal comportamento.
Quando compara-se o comportamento dos filmes de PSf virgem e o
compósito, observa-se que este último apresenta um deslocamento para
temperaturas superiores (4900C) à nível de 10% de perda de massa.
Resultados e Discussão
48
Partindo-se da polisulfona em filme como substrato na obtenção do compósito
há, comparativamente, um pequeno aumento na estabilidade térmica, o que é
melhor observado pela derivada das curvas de TG (figura 18).
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
535 0C
( C )
522 0C
520 0C
( B )
( A )
( A ) PSf Virgem em filme( B ) PSf Virgem em Pellet( C ) Compósito PSf /CuS 2 Imersões
DTG
(Uni
dade
Arb
itrár
ia)
Temperatura ( 0C )
Figura 18: Derivada das curvas de TG do : (A) filme de PSf virgem e (B) compósito PSf/CuS.
Através da derivada da curva de TG do compósito obtido, é possível verificar
que o tratamento empregado para a modificação do filme e a impregnação do sulfeto
metálico sobre esta superfície, não afetam a estabilidade térmica do filme do
material.
IV.5.ii. Calorimetria Diferencial de Varredura
IV.5.ii.1. DSC – PEBD Oxidado
Resultados e Discussão
49
O pico de fusão, referente à curva de DSC para o compósito PEBDoxi/CuS,
não apresenta variação, quando comparado ao pico do filme polimérico virgem (fig.
19).
0 25 50 75 100 125 150 175 200
endo 111 0C
110 0C
111 0C
( C )
( A )
( B )
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBD Oxidado( C ) Compósito PEBD/CuS
mW
Temperatura ( 0C)
Figura 19: Termogramas dos filmes de: (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (C) compósito PEBD/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Observa-se uma pequena variação do pico referente à temperatura de fusão
para o PEBD oxidado, em relação ao polímero virgem e o compósito do qual está
dentro do erro experimental. Nessa etapa pode haver a formação de compostos com
menor massa molar e, consequente degradação das cadeias o que ocasiona uma
diminuição relativa no valor do pico de fusão[98].
IV.5.ii.2. DSC – PEBD Enxertado
O compósito PEBDenx/CuS analisado por DSC (figura 20-(B)) apresenta uma
alteração na temperatura de fusão, quando relaciona-se este com a curva observada
na figura 20-(A), referente ao polímero virgem.
Resultados e Discussão
50
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5En
do
( B )
( A ) 113 ºC
115 ºC
mW
Temperatura (ºC)
Figura 20: Termogramas dos filmes de: (A) PEBD virgem e (B) compósito PEBD/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
Comparando-se ambos os termogramas, observa-se um pequeno
deslocamento no valor do pico de fusão de aproximadamente 20C para temperaturas
mais baixas. Isto provavelmente é devido ao processo de enxertia, onde são
gerados grupos reativos na superfície do filme de PEBD. Estes grupos reativos,
provavelmente desorganizam e/ou diminuem a estrutura lamelar da parte cristalina
do material, o que leva a um deslocamento no pico de fusão[78] para valores mais
baixos. Além disso, no pico de fusão do composto pode ser observado um ombro em
aproximadamente 1050C supostamente devido à formação de lamelas com
diferentes espessuras.
IV.5.ii.3. DSC – PSf
Resultados e Discussão
51
Análises de DSC realizadas nos filmes de Polisulfona virgem e no compósito
PSf/CuS mostram variações na temperatura de transição vítrea (Tg) do material (fig.
21).
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300
( B )
( A )
175 0C
184 0C
Endo
( A ) Filme de PSf Virgem( B ) Filme do Compósito PSf/CuS
mW
Temperatura ( 0C )
Figura 21: Curvas de DSC dos filmes de: (A) PSf virgem e (B) compósito PSf/CuS. Taxa de aquecimento de 100C/min e fluxo de N2 à 20cm3/min.
O compósito PSf/CuS obtido apresentou aumento na temperatura de
aproximadamente 90C em relação ao material virgem. A este dado pode-se associar
a diminuição da mobilidade das cadeias de polisulfona, comparadas à do filme
virgem, ou seja, o compósito formado induz uma maior rigidez do material.
IV.6. Microscopia Eletrônica de Varredura
IV.6.1. MEV – Compósitos do PEBD Oxidado
Resultados e Discussão
52
Na figura 21 podem ser visualizadas as MEVs da superfície do compósito
PEBDoxi/CuS obtido com 02 imersões. Na (figura 22-(A)) pode ser visualizada uma
base formada por aglomerados de partículas com uma boa continuidade. Isto pode
ser melhor observado na figura 22-(B), com um aumento de 30.000 vezes, onde é
possível verificar uma certa irregularidade desta superfície mas com uma formação
contínua de partículas.
( A ) ( B )
Figura 22: Micrografias Eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 02 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
Os compósitos de PEBDoxi/CuS, preparados com diferentes etapas de
deposição, foram analisados por microscopia eletrônica de varredura. As figuras 23,
24 e 25 são referentes aos compósitos com 04, 06 e 08 imersões na solução
precursora do sulfeto de cobre.
Na figura 23 são apresentadas as micrografias da superfície do compósito
PEBDoxi/CuS obtidos com 04 imersões. Pode-se visualizar regiões de crescimento
de aglomerados de partículas, perpendicular ao plano da superfície (figura 23-(A)).
Com um aumento de 30.000 vezes é possível verificar um crescimento adicional dos
aglomerados sobre a camada anterior com uma boa continuidade de partículas.
Resultados e Discussão
53
( A ) ( B )
Figura 23: Micrografias eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 04 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
A formação e crescimento de partículas relativamente uniformes está em boa
concordância com o aumento de condutividade de 7,6 vezes quando compara-se a
condutividade elétrica do compósito obtido com 04 imersões com a do compósito
obtido com 02 imersões. Relacionando este valor com as micrografias obtidas, pode-
se associar com formação e crescimento de partículas relativamente uniformes.
Micrografias do compósito PEBDoxi/CuS obtido com 06 etapas de imersão são
apresentadas na figura 24. Observa-se a formação e crescimento de aglomerados
de partículas na forma de bastonetes sobre uma camada anterior. Pode-se observar
que neste crescimento toda a superfície é tomada por estes pequenos agregados.
Pode-se observar também que o depósito provavelmente não é suficiente para a
formação de uma boa continuidade do material crescido como um todo.
Resultados e Discussão
54
( A ) ( B )
Figura 24: Micrografias eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 06 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
( A ) ( B )
Figura 25: Micrografias eletrônicas do compósito PEBDoxi/CuS com 08 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) aumento de 10.000 vezes e (B) aumento de 30.000 vezes.
A superfície do compósito PEBDoxi/CuS obtido com 08 etapas de imersão na
solução precursora é representada pelas micrografias na figura 25. Pode-se
observar a formação de regiões com boa aglomeração, representando uma maior
uniformidade de aglomeração de partículas.
Resultados e Discussão
55
Comparando-se as micrografias da figura 25-(B) com a figura 24-(B) pode-se
observar uma maior continuidade do material formado na figura 25-(B), mas não há
comparativamente uma variação acentuada em relação à diminuição da resistividade
elétrica. É postulado que a parte interna do sulfeto de cobre depositado, para ambos
os compósitos apresenta-se com boa uniformidade e continuidade, o que leva a uma
baixa resistência elétrica.
IV.6.2. MEV – Compósitos do PEBD Enxertado
A caracterização morfológica dos compósitos PEBDenx/CuS foi realizada para
observar a forma e distribuição das partículas na superfície do filme polimérico
enxertado (figura 26).
( A ) ( B )
Figura 26: Micrografias eletrônicas do compósito PEBDenx/CuS com duas imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) Aumento de 5.000 vezes e (B) aumento de 50.000 vezes.
Pela micrografia da figura 26-(B), observa-se uma formação de camadas de
partículas, em algumas regiões, mais compactas e conseqüentemente com maior
continuidade do que em relação ao compósito PEBDoxi/CuS. Porém, quando é
tomada a análise dos materiais como um todo, observa-se maior variação para o
compósito PEBDenx/CuS, em relação à distribuição das partículas sobre a superfície.
Do mesmo modo em que se observa regiões compactas, entre estas existem falhas
de aglomeração de partículas. Esta análise pode ser relacionada com a maior
Resultados e Discussão
56
resistividade elétrica apresentada quando compara-se os compósitos PEBDenx/CuS
com PEBDoxi/CuS.
IV.6.3. MEV – Compósitos da PSf
Análises morfológicas do compósito PSf/CuS com 02 imersões na solução
precursora foram realizadas a fim de se verificar a distribuição dos particulados de
sulfeto sobre a matriz polimérica.
( A ) ( B )
Figura 27: Micrografias eletrônicas do compósito PSf/CuS com duas imersões na solução precursora do sulfeto de cobre: (A) Aumento de 15.000 vezes e (B) aumento de 50.000 vezes.
Através da micrografia do compósito PSf/CuS (figura 27-(A)), pode-se
observar a diferença de deposição de partículas em relação aos demais compósitos.
Na superfície deste compósito não são evidenciados o crescimento e a formação de
fases contínuas de aglomerados de partículas como nos compósitos PEBD/CuS
obtidos nas mesmas condições. Analisando a figura 27-(B) e comparando-se com as
micrografias dos compósitos envolvendo a matriz de polietileno, é possível inferir
que para este tipo de compósito há uma maior tendência de formação de uma
quantidade maior de partículas menores do que o crescimento de aglomerados. Isto
leva a uma maior continuidade de sulfeto depositado e conseqüente aumento da
condutividade elétrica do compósito.
Resultados e Discussão
57
Resultados e Discussão
58
IV.7. Microscopia de Força Atômica
A morfologia da superfície do PEBD virgem e dos compósitos PEBDoxi/CuS
com diferentes números de imersões na solução precursora do sulfeto de cobre,
foram analisadas por microscopia de força atômica (AFM).
Na figura 28-(A) pode ser visualizada a superfície do PEBD virgem, a qual
apresenta duas regiões (partes mais claras) com maior intensidade no sinal. Estas
regiões representam partes do material com grupamentos de maior interação com a
sonda do microscópio mas, de uma forma geral, a superfície é bem uniforme. Esta
uniformidade pode ser verificada quando obtemos imagens de AFM com aumento de
5 vezes (figura 28-(B)). A superfície do polímero apresenta-se com variações nas
intensidades nas várias regiões.
( A )
Resultados e Discussão
59
( B )
Figura 28: (A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do filme de PEBD virgem (50x50μm) e (B) aumento de 5 vezes (10x10μm).
Pela análise das variações, é possível observar distribuição contínua de
rugosidade na superfície deste filme.
Nas figuras 29, 30, 31 e 32, são ilustrados os perfis topográficos dos
compósitos com PEBDoxi/CuS obtidos com 2, 4, 6 e 8 etapas de imersão na solução
precursora do sulfeto metálico respectivamente. Observa-se diferentes tipos de
arranjos, variando-se o número de imersões do polímero na solução precursora do
sulfeto de cobre.
Resultados e Discussão
60
( A )
( B )
Figura 29: (A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito PEBDoxi/CuS com 02 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes (10x10μm).
Resultados e Discussão
61
( A )
( B )
Figura 30: (A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito PEBDoxi/CuS com 04 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes (10x10μm).
Resultados e Discussão
62
( A )
( B )
Figura 31: (A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito PEBDoxi/CuS com 06 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes (10x10μm).
Resultados e Discussão
63
( A )
( B )
Figura 32: (A) Imagens de Microscopia de Força Atômica do compósito PEBDoxi/CuS com 08 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto de cobre (50x50μm) e (B) amostra (A) com aumento de 5 vezes (10x10μm).
Observa-se na figura 29-(A) que a superfície apresenta modificações quanto à
rugosidade quando comparada à superfície do polímero virgem. É observado o
Resultados e Discussão
64
crescimento de materiais particulados sobre a superfície do polímero modificado de
forma regular, o que pode ser correlacionado com as micrografias eletrônicas de
varredura na figura 22.
Essa tendência de formação dos aglomerados é melhor visualizada quando
comparamos as figuras 28-(B), e 29-(B). Esse crescimento de aglomerados de
partículas deveria ser intensificado com o aumento do número de imersões. Este fato
é melhor elucidado quando compara-se com a figura 30.
Nas figura 30-(A) e (B), que se refere ao compósito PEBDoxi/CuS com 04
imersões na solução precursora, observa-se uma rugosidade devido aos
aglomerados, comparativamente mais acentuada que as observadas no polímero
virgem e no compósito com 02 imersões. A figura 30-(B), apresenta uma variação no
eixo z (representado aqui, tomando-se o plano referente à superfície do material
como xy), o qual é perpendicular ao plano representado pela superfície do
compósito, de aproximadamente 744 nm. Quando comparado à superfície do filme
virgem, esta variação é da ordem de aproximadamente 604 nm.
Variações positivas superiores, no eixo z são observadas para os compósitos
obtidos com 06 e 08 imersões.
Na figura 31-(A) referente ao compósito formado por 06 imersões na solução
precursora apresenta uma acentuada variação no perfil topográfico. Ampliando-se a
região em aproximadamente 4 vezes (figura 31-(B)), observa-se uma forma de
constituição de aglomerados homogeneamente distribuídos na superfície.
Nas imagens de AFM (figura 32) para o compósito PEBDoxi/CuS, submetido à
oito imersões na solução precursora pode-se visualizar que a morfologia do material
depositado na superfície se torna irregular, podendo ser relacionada com a figura 29
ou 30 item - (B), diferenciando-se pela forma de distribuição de cargas. Na figura 32-
(B) é observada uma morfologia de superfície contendo aglomerados equivalente à
um formato globular, o que podemos relacionar a uma maior continuidade formada
pelas partículas.
Os compósitos obtidos com diferentes números de imersões na solução
precursora, não apresentam uma tendência definida em termos de crescimento de
partículas em aglomerados já existentes ou formando novos agregados,
representada pelo deslocamento do eixo z. Isto é melhor visualizado nas figuras 33 e
34. A figura 33, representa uma aglomeração de partículas com uma tendência
oscilatória.
Resultados e Discussão
65
0 500 1000 1500 2000 2500
0
20
40
60
80
100
( D )( E )( C ) ( B )( A )
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBD/CuS 2 Imersões( C ) PEBD/CuS 4 Imersões( D ) PEBD/CuS 6 Imersões( E ) PEBD/CuS 8 Imersões
Raz
ão d
e C
ompo
rtam
ento
( %
)
Nível Z ( nm )
Figura 33: Mapeamento da topografia da superfície dos filmes de PEBD e dos compósitos PEBDoxi/CuS em área de 10x10μm.
A variação do eixo z (figura 33), provavelmente deve-se ao fato de que à
medida em que se deposita sulfeto de cobre sobre a superfície do material, há a
formação de uma camada com relativa uniformidade. O deslocamento referente ao
eixo Z, citado anteriormente, pode ser melhor visualizado na figura 34. Este é a
representação, com um maior aumento da imagem da superfície dos materiais.
Resultados e Discussão
66
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
0
20
40
60
80
100
( E )( D )
( C )
( B )
( A )
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBD/CuS 2 Imersões( C ) PEBD/CuS 4 Imersões( D ) PEBD/CuS 6 Imersões( E ) PEBD/CuS 8 Imersões
Raz
ão d
e co
mpo
rtam
ento
( %
)
Nível Z ( nm )
Figura 34: Mapeamento da topografia da superfície dos filmes de PEBD e dos compósitos PEBDoxi/CuS em área de 50x50μm.
Analisando as curvas da figura 34, observa-se que a curva (B) referente ao
compósito PEBDoxi/CuS preparado por 2 imersões na solução precursora do sulfeto
metálico apresenta um deslocamento no nível Z de aproximadamente 3500nm com
altura média (50%) dos agregados de 1760nm. Quando realiza-se 2 imersões
adicionais à este compósito (curva (C)), nota-se que, comparado ao compósito
anterior (curva (B)), o deslocamento no nível Z é negativo. O mesmo ocorre quando
se compara as curvas (D) e (E) da figura 34. O compósito com 06 imersões na
solução precursora, apresenta deslocamento no nível Z superior mas a altura média
dos aglomerados é inferior (1700nm) quando comparada a do compósito de 08
imersões (2100nm).
Como complemento, é possível salientar que primeiramente há um
crescimento das partículas nos aglomerados e, em seguida, com as próximas etapas
de imersão do compósito na solução precursora do sulfeto de cobre há o
preenchimento de falhas entre o material crescido.
Pelas análises de AFM e baseando-se na teoria de “Ostwald ripening”, o
crescimento do sulfeto de cobre na superfície do material polimérico pode ser
Resultados e Discussão
67
representado pelos seguintes passos: i) primeiramente há a formação do particulado
sobre a superfície do polímero; ii) a partir dessa etapa há um crescimento destes
particulados. Estas etapas podem ser visualizadas na figura 35.
Figura 35: Micrografia Eletrônica de Varredura com aumento de 2000 vezes do compósito PEBDoxi/CuS preparado por 05 imersões na solução precursora do sulfeto de cobre.
Na seqüência ocorre iii) a expansão destes particulados em todas as direções
até que a superfície esteja preenchida; iv) há a formação de novos aglomerados,
agora sobre a superfície da primeira camada depositada e v) há o crescimento
destes novos particulados com certa regularidade em todas as direções até o
preenchimento dos espaços desta nova camada, e assim sucessivamente. Esta
seqüência de etapas, pode ser melhor visualizada nas figuras 36 e 37, através do
gráfico tridimensional do perfil topográfico das amostras.
Resultados e Discussão
68
10 20 30 40 50
PEBD/CuS 08PEBD/CuS 06
PEBD/CuS 04PEBD/CuS 02
PE Virgem
Distância Analisada ( μm)
Per
fil d
as C
amad
as
Figura 36: Perfil topográfico do filme de PEBD virgem e dos compósitos obtidos em resolução de 50x50 μm.
Associando o perfil dos aglomerados (figuras 36 e 37) e o mapeamento da
morfologia (figuras 33 e 34) da superfície dos compósitos é possível postular
continuidade de crescimento dos aglomerados com a disponibilidade da camada
superficial. Isto apresenta-se em concordância com os dados de condutividade
apresentados na tabela 05, onde pode ser observada uma maior variação na
resistividade elétrica para os compósitos com 02 e 04 imersões.
Resultados e Discussão
69
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
PEBD/CuS 08PEBD/CuS 06
PEBD/CuS 04
PE VirgemPEBD/CuS 02
Distância Analisada ( μm)
Per
fil d
as C
amad
as
Figura 37: Perfil topográfico do filme de PEBD virgem e dos compósitos obtidos em resolução de 10x10 μm.
Para os compósitos PEBDoxi/CuS com 06 e 08 imersões observa-se uma
pequena variação na resistividade elétrica, em oposição à: i) maior variação no perfil
topográfico (figs. 36 e 37), ii) diferenças na formação dos aglomerados de partículas
(figs. 24 e 25) e iii) maior deslocamento no nível Z. Analisando estes dados podemos
atribuir esta pequena variação na resistividade elétrica a uma distribuição dos
particulados de forma homogênea e contínua nas camadas mais internas de CuS.
IV.8. Difração de Raios-X
Na figura 38 é mostrado os difratogramas de raio-X das amostras de PSf e do
compósito PSf/CuS. Como pode ser visualizado temos influência da matriz
polimérica nos sinais do sulfeto de cobre o que torna prematura atribuir para este
compósito os sinais a CuS.
Resultados e Discussão
70
10 20 30 40 50 60 70
( A ) PSf Virgem ( B ) Compósito PSf/CuS 03
inte
nsid
ade
( u. a
. )
2 θ ( graus )
Figura 38: Difração de raios-X de (A) PSf virgem e (B) compósito PSf/CuS com 03 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto.
Os compósitos PEBDoxi/CuS foram monitorados por difração de raios-X para
acompanhamento das possíveis alterações em cristalinidade com o aumento do
número de imersões na solução precursora do sulfeto (figura 39).
25 30 35 40 45 50
( A ) PEBD Virgem ( B ) Compósito PEBDoxi/CuS 02 ( C ) Compósito PEBDoxi/CuS 03
Inte
nsid
ade
( u. a
. )
2 θ ( graus )
Resultados e Discussão
71
Figura 39: Difração de raios-X de (A) PEBD virgem, (B) compósito PEBD/CuS com 02 etapas e (C) compósito PEBD/CuS com 03 etapas de imersão na solução precursora do sulfeto.
No entanto, como pode ser visualizado na figura 39, os picos correspondentes
ao sulfeto de cobre podem ser melhor atribuídos para as amostras de PEBD e dos
compósitos PEBDoxi/CuS com 02 e 03 etapas de imersão. Após a comparação com
o padrão JCPDS-ICDD* o material depositado pode ser identificado como covelita
policristalina (CuS)[107].
A figura 40 ilustra os principais planos de difração do polímero, dos
compósitos PEBDoxi/CuS e do sulfeto de cobre puro.
25 30 35 40 45 50
( 1 1 0 )( 1 0 2 )
( C ) Compósito PEBDoxi/CuS 04
( D ) Compósito PEBDoxi/CuS 06
( F ) CuS
( E ) Compósito PEBDoxi/CuS 08
( B ) Compósito PEBDoxi/CuS 02
( A ) PEBD Virgem
Inte
nsid
ade
( u. a
. )
2 θ (graus)
Figura 40: Espectros de Raios-X do PEBD virgem, dos compósitos PEBDoxi/CuS com 02, 04, 06 e 08 imersões na solução precursora e do sulfeto de cobre puro.
* Joint Committe on Powder Diffraction Standars – International Centre for Diffraction Data
Resultados e Discussão
72
Nas análises de difração de raios-X (XRD) foi observado que as intensidades
tornam-se mais fortes à medida que aumentamos o número de imersões na solução
precursora em que o compósito foi submetido.
Em relação aos planos reportados, (102) e (110)[36], referentes ao sulfeto de
cobre (figura 40-(F)), é observado que, quanto maior o número de imersões, maior é
a intensidade destes, nos compósitos. Observa-se que as reflexões referentes aos
planos (102) e (110), para o compósito referente à figura 40-(B), não são intensas e
começam a se intensificar no compósito da figura 40-(C) e as reflexões no compósito
PEBDoxi/CuS 08 já são bem intensas.
Dessa forma é possível estimar o tamanho médio dos cristalitos fazendo-se
uso da equação de Scherrer[83] (equação 01), usando as reflexões (110) e (102)
observadas nos compósitos obtidos em função do número de imersões na solução
precursora.
θβλτ
τ cos..K
= (01)
onde, τ é o tamanho médio dos cristalitos; K é uma constante de forma ( ~0,9); λ =
2.dh,k,l.senθ; βτ é a largura da linha de difração à meia intensidade máxima.
Para avaliar a tamanho médio dos cristalitos de sulfeto de cobre, fez-se
necessário a separação dos picos (102) e (110) de difração do sulfeto de cobre. Na
figura 41, como exemplo, destacamos o difratograma do compósito PEBDoxi/CuS 08
e a separação acima citada.
Resultados e Discussão
73
25 30 35 40 45 50
PEBDoxi/CuS 08
( A ) ( 1 0 2 ) CuS ( B ) ( 1 1 0 ) CuS
Inte
nsid
ade
2 θ ( graus )
Figura 41: Difratograma do compósito PEBDoxi/CuS 08: (A) plano de difração (102) e (B) plano de difração (110) do CuS.
Na tabela 06 é apresentado o tamanho médio dos cristalitos para o compósito
PEBDoxi/CuS com 04, 06 e 08 imersões. Utilizando a equação de Scherrer verifica-
se que o tamanho médio dos cristais varia em função do número de imersões na
solução precursora do sulfeto de cobre.
Tabela 6: Tamanho médio dos cristais de CuS em função do número de imersões na solução precursora.
Planos Cristalinos Compósitos
( 1 0 2 ) τ / (Å) ( 1 1 0 ) τ / (Å)
PEBDoxi/CuS 04 188 230
PEBDoxi/CuS 06 212 263
PEBDoxi/CuS 08 219 307
Resultados e Discussão
74
Relacionando-se os tamanhos médios dos cristais, referentes a cada pico de
difração, observa-se um aumento em função do número de reações de deposição do
sulfeto sobre a superfície do polímero. Por exemplo, tratando-se do pico referente ao
plano (110), observa-se que este apresenta o tamanho médio de cristais variando de
230Å, no PEBDoxi/CuS 04 até 307Å, no compósito PEBDoxi/CuS 08. Para o pico
referente ao plano (102), tem-se um tamanho médio que varia de 188Å, no
PEBDoxi/CuS 04 para 219Å para o compósito PEBDoxi/CuS 08.
É possível relacionar os dados observados por XRD com o aumento de
massa observado nos compósitos (tabela 03). À medida em que aumenta a
deposição do sulfeto de cobre sobre o polímero, o material resultante se torna mais
contínuo, ou seja, mais compacto. Isto pode ser correlacionado com o aumento no
tamanho das partículas de CuS. Esta suposição pode ser melhor entendida
observando-se o perfil topográfico obtido das imagens de força atômica dos
compósitos em relação ao crescimento de cristais de sulfeto de cobre, onde
observamos a presença de uma camada espessa e bem distribuída quando
comparamos as figuras 31-(B) com 29-(B).
Estes dados também podem ser correlacionados com os dados de MEV. Uma
maior homogeneidade e continuidade das partículas, em função do número de
imersões, pode ser observada quando são comparadas as figuras 22 com a 25 e,
dessa forma, o crescimento das partículas, formando grãos maiores, produzem
aumento em algumas reflexões detectadas por XRD.
Disso, é possível supor, com maior segurança, que o crescimento do sulfeto
de cobre sobre a superfície da matriz polimérica segue o mecanismo de “Ostwald
ripening” e que os compósitos se tornam mais condutores com o aumento do
número de imersões, o que está em boa concordância com os dados da literatura
onde é mostrado que CuS mais cristalino tem uma menor resistividade
elétrica[26,32,33,36,83].
IV.9. Espectroscopia de Fotoelétrons
IV.9.i. XPS - PSf
Resultados e Discussão
75
A composição da superfície da polisulfona virgem (figura 42-(A)) e da
polisulfona pré-tratada com 4,4’-Oxidianilina (DPE) (figura 42-(B)), foram analisadas
por epesctroscopia de fotoelétrons de raios-X.
Figura 42: Espectros de XPS de (A) PSf Virgem e (B) PSf pré-tratada com 4,4’-Oxidianilina (DPE).
Comparando os dois espectros, o aparecimento do nitrogênio com energia de
ligação em aproximadamente 400 eV pode ser verificada na figura 42-(B). Esta
informação não é visualizada no espectro da PSf original.
As percentagens atômicas de cada elemento analisado por XPS, para a
polisulfona virgem e pré-tratada são apresentadas na tabela 07. Cálculos de
percentagem relativa de cada elemento também foram efetuadas, baseando-se na
unidade repetitiva do polímero (figura 01).
Tabela 7: Concentração atômica percentual dos elementos da PSf virgem e PSf pré-tratada, determinada por análise de XPS.
ElementoPSf virgem PSf pré-tratada
Resultados e Discussão
76
Previsto Medido Previsto Medido
C 1s 84,4 85,7 83,0 76,1
O 1s 12,5 11,6 10,6 18,6
N 1s - - 4,3 4,9
S 2p 3,1 2,7 2,1 0,4
Analisando-se os dados obtidos para a PSf virgem, não observa-se diferenças
significativas dos valores previstos para os medidos. Para a polisulfona pré-tratada,
quando relacionamos os dados previstos (unidade repetitiva da PSf com o DPE) com
os valores medidos, há um aumento relativo para o nitrogênio e oxigênio. Isto se
deve provavelmente às diferentes interações e arranjos preferenciais do composto
(DPE) com a matriz polimérica.
A composição da superfície dos compostos de PSf (figura 43) foi analisada
por XPS. Comparando a figura 43 com a figura 42-(B) podemos constatar a
presença de cobre.
Para verificar se a distribuição dos elementos e suas interações, a superfície
do filme foi exposta ao bombardeio com íons Ar+ durante 10 minutos (~ 5Å/min).
Resultados e Discussão
77
Figura 43: Espectros de XPS do (A) compósito PSf/CuS e (B) compósito PSf/CuS após 10 minutos de exposição aos íons Ar+.
A figura 43-(A) representa o espectro de XPS correspondente à superfície de
compósito Psf/CuS e a figura 43-(B) representa a superfície do mesmo compósito
após 10 minutos de bombardeio com íons Ar+. Comparando a figura 43-(A) com a
43(B), pode ser visualizado um aumento no sinal de cobre em aproximadamente 930
eV.
As percentagens atômicas para cada elemento do compósito são
apresentadas na tabela 08.
Tabela 8: Concentração atômica percentual dos elementos do compósito PSf/CuS antes e após 10 minutos de exposição ao bombardeio com íons Ar+.
Elemento PSf/CuS PSf/CuS
(10 min Ar+ )
C 1s 52,73 27,33
O 1s 33,07 37,46
N 1s 2,32 -
Cu 2p 9,24 24,99
S 2p 2,64 10,22
Os espectros de XPS dos elementos cobre e enxofre presentes no compósito
PSf/CuS antes (A) e após 10 minutos de exposição (B) podem ser visualizados,
respectivamente, nas figuras 44 e 45.
Resultados e Discussão
78
Figura 44: Espectros de XPS do cobre no compósito PSf/CuS (A) antes e (B) após 10 minutos de exposição aos íons Ar+.
Figura 45: Espectros de XPS do enxôfre no compósito PSf/CuS (A) antes e (B) após 10 minutos de exposição aos íons Ar+.
Comparando o espectro do cobre (figura 44) com o espectro do enxofre
(figura 45) obtidos para o compósito antes (A) e após (B) exposição aos íons Ar+,
Resultados e Discussão
79
podemos verificar o desaparecimento do pico do enxofre a 168,6 eV, atribuído a
espécies sulfato ou sulfona, e ainda uma melhor definição do pico de enxofre a
162,5 eV, atribuído a sulfeto[29,108] Ao mesmo tempo, uma definição nos picos satélite
do cobre pode ser observada, sugerindo uma menor intermistura com outras
espécies e uma maior concentração de enxofre e cobre numa sub-superfície em
oposição a verdadeira superfície (tabela 08).
Medidas de perfil de profundidade utilizando espectroscopia Auger em
conjunto com bombardeio por íons Ar+, foram utilizados para um ganho adicional no
conhecimento com respeito à distribuição dos elementos ao longo da camada de
sulfeto de cobre depositada. Na figura 46 é mostrado o perfil de profundidade para o
compósito PSf/CuS obtido com 02 imersões na solução precursora do sulfeto de
cobre. Uma concentração de cobre e enxofre significativa e constante pode ser
visualizada tanto nas camadas superficiais quanto até aproximadamente 0,5
mícrons. A uma profundidade de aproximadamente 0,75 mícrons as concentrações
de cobre e enxofre diminuem, enquanto que a concentração do carbono aumenta.
Esta profundidade representa o final da camada correspondente ao sulfeto de cobre.
Figura 46: Perfil de profundidade, obtido por AES, para o compósito PSf/CuS.
Resultados e Discussão
80
Os dados de AES e de XPS obtidos após o bombardeio com íons Ar+,
associados aos dados de perfil topográfico obtidas por AFM, nos permite postular
que o sulfeto de cobre formado em camadas mais internas é responsável pela boa
condutividade elétrica apresentada pelo compósito.
IV.9.ii. XPS – PEBD Oxidado
Na figura 47 são apresentados os espectros de XPS do PEBD virgem, PEBD
oxidado e do compósito PEBD/CuS com 02 etapas de imersão na solução
precursora.
Observa-se no polietileno tratado a presença do pico referente ao cloro, em
aproximadamente 200 eV (figura 47-(B)), que não existe no polietileno virgem.
Resultados e Discussão
81
1000 800 600 400 200 0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
( A )
( B )
( C )C LM
M
O K
VV
Cu2p
1Cu
2p3
O K
VV
Cl2s
Cu L
MM
C1s
N1s
Cl2p
S2s
S2p
Cu3p
O2s
O2s
C LM
M
C KL
LC
KLL
C KL
L
O1s
O1s
O1s
( A ) PEBD Virgem( B ) PEBD Oxidado( C ) Compósito PEBD/CuS
N(E
)/E
Binding Energy ( eV )
Figura 47: Espectros de XPS de (A) PEBD virgem; (B) PEBD oxidado e (C) compósito PEBD/CuS com 02 etapas de imersão na solução precursora.
Pode-se também constatar a presença dos picos de cobre e enxofre no
compósito (figura 47-(C)). Estes picos são provenientes do sulfeto de cobre
depositado no PEBD pré-tratado, uma vez que o PEBD não possui cobre e enxofre
em sua constituição.
Nas figuras 48 e 49 são apresentados os espectros XPS dos elementos
carbono (1s) e oxigênio (1s) do PEBD virgem e oxidado.
Como pode ser visualizado na figura 48 existe um aumento das espécies de
carbono “parcialmente oxidado” (286,2 e 288,2 eV) quando comparamos os
espectros de PEBD virgem e oxidado. O alargamento da banda de oxigênio,
observado na figura 49 está de acordo com o aumento das espécies de carbono
parcialmente oxidado conforme descrito acima. Estes dados estão em boa
concordância com os dados obtidos dos espectros de infravermelho, onde foi
mostrado o aparecimento da banda de carbonila quando foi efetuada a oxidação do
PEBD.
Resultados e Discussão
82
300 298 296 294 292 290 288 286 284 282 2800
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
288.
2
286.
2
284.6 ( A ) PEBD Virgem ( B ) PEBD Oxidado
N(E
)/E
Binding Energy ( eV )
Figura 48: Espectro de XPS do elemento carbono referente a (A) PEBD virgem e (B) PEBD oxidado.
544 542 540 538 536 534 532 530 528 526-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
( A ) PEBD Virgem ( B ) PEBD Oxidado
N(E
)/E
Binding Energy ( eV )
Resultados e Discussão
83
Figura 49: Espectro de XPS do elemento oxigênio referente a (A) PEBD virgem e (B) PEBD oxidado.
A percentagem atômica dos elementos da superfície do PEBD virgem, PEBD
oxidado e do compósito PEBD/CuS são apresentados na tabela 09.
Tabela 9: Concentração atômica percentual dos elementos do PEBD virgem, oxidado e do compósito PEBD/CuS.
Elemento PEBD Virgem PEBD Oxidado Compósito PEBD/CuS
C 1s 96,1 80,1 56,6
O 1s 3,9 6,0 17,7
S 2p - - 14,9
Cl 2p - 13,9 2,3
Cu 2p - - 8,5
A percentagem de carbono no polímero oxidado diminui em aproximadamente
17%, quando comparado ao virgem. O aparecimento do cloro e aumento da
concentração de oxigênio é devido à oxidação do polietileno com KMnO4/HCl. Esta
modificação do PEBD com o aparecimento de grupos na superfície também foi
verificada por IV (figuras 08 e 09).
Em relação ao compósito obtido, a quantidade de carbono diminui em
aproximadamente 41%. Isto é devido ao depósito de CuS na matriz polimérica.
Resultados e Discussão
84
Aplicações
85
V – APLICAÇÕES
Os compósitos PEBD/CuS apresentaram, como já discutido, uma
condutividade elétrica da ordem de 1,2.103 S.m-1, de acordo com as condições de
preparo. Os compósitos apresentaram também uma boa estabilidade térmica e o
sulfeto de cobre depositado não apresenta desprendimento da superfície do
polietileno. Estes compósitos foram testados como eletrodos em aparelho utilizado
para tratamento com descargas elétricas. O esquema da figura 50 ilustra o aparelho
e o eletrodo montado a base de PEBD/CuS.
Figura 50: Dispositivo utilizado para aplicações de pulsos elétricos.
Os testes foram realizados no laboratório de química da Universidade
Estadual de Maringá, com aparelho comercial.
Uma das vantagens dos compósitos é a grande maleabilidade da matriz
polimérica o que permite a fácil adaptação do eletrodo a diferentes tipos de
receptores. Nas figuras 51-(A) e (B) são mostrados dois tipos de adaptação, uma no
braço/antebraço e no tórax, respectivamente.
Aplicações
86
(A) (B)
Figura 51: Eletrodos do compósito PEBD/CuS aplicado no braço/antebraço (A) e no tórax (B).
Foram feitas várias medidas de aplicação de pulsos elétricos e a resposta do
compósito foi similar à resposta obtida com os eletrodos do aparelho comercial.
Testes de durabilidade bem como testes de irritabilidade necessitam ser feitos para
verificar a viabilidade comercial do mesmo.
Conclusões
87
VI – CONCLUSÕES
Compósitos polímero/sulfeto de cobre podem ser obtidos, gerando-se o
sulfeto de cobre por reação “in situ”.
O processo de pré-tratamento da superfície dos materiais poliméricos é de
fundamental importância para que se consiga depositar o material inorgânico. Este
tratamento prévio é significativo, pois promove alteração no ângulo de contato do
polímero, mas não afeta o substrato polimérico.
A teoria de “Ostwald ripening” pode ser aplicada ao crescimento das
partículas de sulfeto de cobre sobre as matrizes poliméricas estudadas e, a forma e
crescimento destas, depende do substrato.
No exame morfológico dos compósitos constatou-se um recobrimento total do
filme polimérico com uma camada uniforme de cristalitos de sulfeto de cobre. O
tamanho médio dos cristais, determinados por XRD, nos compósitos PEBD/CuS
variou em função do número de imersão na solução precursora.
A partir de pré-tratamento adequado da superfície polimérica, é possível obter
um material compósito com baixa resistência elétrica, mantendo as características
inerentes ao polímero e às propriedades do sulfeto metálico inalteradas.
Perspectivas
88
VII – PERSPECTIVAS
- Realização de testes com os compósitos obtidos para estudar a
possibilidade de viabilizar comercialmente suas aplicações como
eletrodos em aparelho utilizado para tratamento com descargas elétricas.
- Estudar a estabilidade destes compósitos em condições de
temperatura e umidade excessiva.
- Dar prosseguimento nesta linha de pesquisa, empregando
outros polímeros e outros sulfetos metálicos, com a finalidade de
correlacionar estrutura e propriedades destes novos compósitos.
Referências Bibliográficas
89
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