Imprensa amazonense no início do século XX: aportes para um estudo das interseções entre literatura e periodismo

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    Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoX Congresso de Cincias da Comunicao na Regio Norte Boa Vista RR 1 a 3 de junho 2011

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    Imprensa amazonense no incio do sculo XX: aportes para um estudo das

    intersees entre literatura e periodismo1

    Luiza Elayne AZEVEDO2Gilmar Simo CORREIA3

    Rosiel do Nascimento MENDONA4

    Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM

    Resumo

    Uma vez que estudar a histria da imprensa compreender uma parte da prpriadinmica da sociedade, este artigo tem o objetivo de propor discusses tericas iniciaisque sirvam de aporte para o desenvolvimento da pesquisa Literatura e informao naimprensa amazonense do incio do sculo XX , que vai analisar folhas da imprensa doAmazonas que veiculavam contedos literrios e noticiosos. As publicaes a seremanalisadas so: O Atheniense (1907), O Vesvio (1909) e O Combate (1915).

    Palavras-chave: histria da imprensa; Amazonas; literatura, periodismo.

    Introduo

    Este artigo a parte inicial do projeto de pesquisa que se prope investigar a imprensa

    amazonense do incio do sculo XX, atravs da anlise de jornais que circularam em

    Manaus nesse perodo especfico e que tinham como proposta editorial a veiculao de

    contedos literrios e noticiosos.

    De modo a privilegiar a discusso dos aspectos essenciais formao de umpanorama histrico e contextualizado da imprensa amazonense nas dcadas iniciais do

    sculo XX (e nos anos imediatamente anteriores), optou-se por dividir o estudo em duas

    partes: esta primeira, que a priori vai revisar temas importantes para o desenvolvimento

    terico da pesquisa, e uma segunda (a ser publicada), focada nas anlises a posteriori do

    material colhido junto aos acervos hemerogrficos do Laboratrio de Histria da

    Imprensa do Amazonas (LHIA) e do Museu Amaznico.

    Ao pesquisador da Comunicao que pretende fazer uma abordagem histrica

    em seu trabalho, Romancini (2007) recomenda que exponha com mxima clareza a

    1 Trabalho apresentado no IJ 1 Jornalismo do X Congresso de Cincias da Comunicao na Regio Norte realizadode 1 a 3 de junho de 2011.2 Doutora em Cincias Ambientais, professora do Departamento de Comunicao Social da UFAM e lder do Grupode Estudos e Pesquisas em Comunicao Social (GEPECS), email: [email protected] de Graduao 3. semestre do Curso de Comunicao Social Relaes Pblicas da UFAM, bolsista doPET de Comunicao e colaborador do GEPECS, email: [email protected]. 4 Estudante de Graduao 7. semestre do Curso de Comunicao Social - Jornalismo da UFAM, egresso do PET deComunicao e colaborador do GEPECS, email: [email protected].

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    origem das suas fontes, possibilitando, a quem julgar necessrio, consultas posteriores.

    Diante disto, julgamos como necessidade premente a definio do fator gerador da

    nossa pesquisa, ou a problemtica construda para o estudo (ROMANCINI, 2007, p.

    40).

    A pesquisa surge do contato inicial com a obra Cem anos de Imprensa noAmazonas (1851-1950) , editada em 1990, fruto do projeto coordenado pelo Prof Jos

    Ribamar Bessa Freire, que em 1978, junto a uma equipe de alunos da ento

    Universidade do Amazonas (UA), deu incio catalogao dos jornais publicados no

    Amazonas no perodo de um sculo. J naquela poca se sentia as dificuldades de

    interpretao da histria da imprensa amazonense a partir desse material, devido

    principalmente precariedade dos instrumentos de pesquisa, quer seja pela dificuldade

    de acesso aos acervos, quer seja pelo pssimo estado de conservao dos mesmos

    situao no muito diferente da encontrada hoje.Em meio a informaes de periodicidade, formato, e expediente, ao longo da

    obra v-se surgir frequentemente referncias a folhas que traziam no subttulo

    expresses como orgam noticioso, literrio e crtico , jornal noticioso, literrio e

    poltico ou peridico noticioso e literrio , entre outras variantes. O subttulo, como

    se depreende, revela muito do que os redatores pretendiam com a publicao, ou seja,

    era a expresso da sua linha editorial. A ocorrncia de peridicos que publicavam

    contedo noticioso e literrio acabou por suscitar questionamentos: de que forma se

    trabalhava esses dois tipos de informao na poca? O que justificava a existncia de

    jornais de notcia e literatura? Que importncia esses contedos tinham no contexto da

    sociedade amazonense do incio do sculo XX?

    A partir dessas instigaes, que contriburam para a delimitao dos objetivos da

    pesquisa, foram pr-selecionadas trs folhas para anlise, obedecendo principalmente ao

    critrio de acessibilidade para consulta: O Atheniense (1907), O Vesvio (1909) e O

    Combate (1915).

    O lugar da Imprensa na Histria

    A Comunicao, atravs das particularidades da imprensa e dos diferentes tipos de

    mdia, constitui-se hoje como um legtimo campo de interseo com a pesquisa de

    cunho histrico. Lene (2010) acena com uma explicao para esse relacionamento

    profcuo entre imprensa e Histria: se, por um lado, a Histria pode mostrar as

    diferenas entre o que foi e o que , o jornal impresso, e os meios de comunicao em

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    geral, concorreram para o delineamento de um modelo de sociabilidade compartilhado

    ainda hoje. Portanto, apesar da consolidao de um paradigma digital como o que temos

    vivenciado nos ltimos anos, e apesar da ameaa lanada por esse paradigma contra

    os formatos miditicos tradicionais, a autora acredita que os jornais impressos tm se

    convertido cada vez mais em lugares de memria, verdadeiros redutos da histria social.Por esse motivo, debruar-se sobre folhas de jornal muitas vezes uma

    necessidade que se impe ao pesquisador, quer seja da Histria ou da Comunicao,

    uma vez que a mdia tem a capacidade de centralizar os fatos, acontecimentos e

    discursos que esto/estiveram em curso na sociedade, tornando-se, portanto, importantes

    fontes de informao e consulta no processo de (re)construo da Histria.

    De acordo com Lene (2010), a mdia trabalha quotidianamente com a dialtica

    fundamental da memria, lembrana e esquecimento (p. 5), diagnstico que se reflete

    no escopo da teoria comunicacional do agendamento, ou seja, do poder que a mdia temde pautar os assuntos do dia e, consequentemente, pautar a sociedade. A partir da,

    pode-se atribuir imprensa um papel legitimador, na medida em que ela confere maior

    ou menor importncia a um determinado assunto ou debate.

    Nesse sentido, Ribeiro acrescenta que

    o resgate do jornalismo como fonte histrica deve-se mudanado estatuto do fato histrico. Quando se admite que ele produzidoe no dado, o mais importante deixa de ser o fato em si e passa aser a forma pela qual os sujeitos tomam conscincia dele e o

    relatam, assumindo certas posies (apud LENE, 2010, p. 9).

    Para Romancini (2007), essa condio faz com que os jornalistas tenham, por vezes,

    papel importante e ao mesmo tempo polmico na elaborao da chamada histria

    imediata (p. 24).

    Pelo fato de revelar dimenses do vivido, que se manifestam a partir de sua

    forma e de seu contedo (LENE, 2010, p. 8) que a imprensa se configura como um

    suporte importante s pesquisas documentais, podendo transparecer diversos aspectos

    culturais de uma sociedade, a partir de um determinado recorte histrico.

    Abelle poque chega aos Trpicos

    No perodo de 1890 a 1910, Manaus, capital do Amazonas, viveu um intenso

    desenvolvimento econmico proporcionado pela produo gumfera, ento um produto

    cuja demanda era internacional e que alimentou durante certo tempo a indstria de

    automveis norte-americana. O ciclo da borracha marcou o incio de um processo

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    acelerado de urbanizao e crescimento demogrfico no Amazonas, bem como de uma

    srie de transformaes na esfera sociocultural.

    Diante dessa situao econmica promissora, a principal preocupao do poder

    pblico da poca de transio entre os sculos XIX e XX passou a ser a adequao do

    espao urbano ao projeto de desenvolvimento capitalista imposto pelo ciclo da borracha.At ento, a imagem que se tinha de Manaus estava cristalizada nos relatos dos

    viajantes e intelectuais que haviam passado pela regio amaznica nas dcadas

    anteriores: um lugarejo tacanho sem maiores pretenses de sofisticao (DIAS, 2007).

    O Amazonas j era uma Provncia do Imprio autnoma desde 1850, e o boom

    da borracha coincidiu com a Proclamao da Repblica, em 1889, quando a antiga

    Provncia foi elevada categoria de Estado da Federao. A partir da, com o objetivo

    de reorganizar a cidade de Manaus e deix-la aparentemente mais receptiva entrada do

    capital internacional, empreendeu-se uma srie de reformas estruturais no espaourbano e de embelezamento de ruas e edifcios que marcaram a belle poque

    amazonense, especialmente durante o governo de Eduardo Ribeiro. Sobe a belle poque

    paulistana, Cruz (2000) afirma:

    novas formas de sociabilidade pareciam se impor, jornais erevistas projetavam sobre a cidade as demandas de diferentesgrupos sociais e davam visibilidade a um processo acelerado deocupao/inveno dos espaos pblicos da metrpole emformao (p. 20).

    Em Manaus, construes como o Teatro Amazonas, no mbito cultural, e o

    Palcio da Justia, no mbito da afirmao dos poderes institudos, figuram como cones

    desse perodo ureo. No foi por menos que a cidade passou a ser conhecida como a

    Paris dos Trpicos. Conforme salienta Souza (2008), criou-se um clima de excessiva

    alegria e vitalidade consumidora .

    Dessa forma, o Estado comeou a interferir na dinmica da cidade na tentativa

    de adequar os costumes dos seus habitantes aos padres de uma elite estrangeira que

    fazia girar a economia local. Assim, foram sendo editadas vrias normas de condutacomo o Cdigo de Posturas Municipal e o Regulamento para Veculos na Capital. Alm

    disso, havia a preocupao por parte das autoridades com a questo sanitria, o que

    proporcionou a organizao da coleta de lixo na cidade e o incio da construo de uma

    rede de esgotos.

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    estruturao colonial (PINHEIRO, 2001, p. 30). Esse conjunto de fatores contribuiu

    para que, inicialmente, o domnio da leitura e escrita ficasse restrito a uma elite branca.

    Na poca em que ainda era uma comarca ligada ao Gro-Par, a realidade da

    educao no Amazonas j no era das melhores; mas foi principalmente aps a sua

    elevao categoria de Provncia, em 1850, com o incio da hegemonia da lnguaportuguesa, que as autoridades locais passaram a se empenhar com maior afinco na

    estruturao de um sistema de instruo pblica que acompanhasse os avanos

    educacionais empreendidos nacionalmente. A instruo pblica passou a ser o caminho

    para a insero da populao local (mo-de-obra adaptada ) no seio da sociedade.

    Apesar da criao de escolas e educandrios na capital e no interior, o estado

    contava com poucos professores qualificados que pudessem ensinar as primeiras letras

    aos habitantes. De acordo com o recenseamento geral da Repblica de 1890 (DIAS,

    2007), Manaus possua 38.720 habitantes, dos quais 30.910 no sabiam ler e escrever, oequivalente a 79,82% da populao.

    Alm disso, o projeto educacional desenvolvido na Provncia foi de negao da

    cultura indgena e de combate ao cio, restringindo-se a uma espcie de adestramento

    que s contribua para o perpetuamento das relaes coloniais de subordinao.

    Segundo Pinheiro (2001), na base do insucesso educacional da Provncia est o imenso

    fosso cultural que separava os diversos povos indgenas do mundo hierarquizado,

    impositivo e violento dos colonos brancos (p. 35).

    Outro obstculo no processo de escolarizao formal dos colonos era a sua forte

    tradio de oralidade herdada das culturas indgenas e nordestinas (j nas ltimas

    dcadas do sculo XIX). Nesse sentido, o Nheengatu, a lngua geral, contribuiu para o

    fortalecimento de um sistema comunicativo todo baseado na linguagem falada.

    Pinheiro (2001) registra que a partir de 1870 houve uma tendncia de aumento

    da populao letrada e, consequentemente, do pblico leitor como reflexo do

    surgimento das primeiras instituies ligadas s prticas da leitura. Exemplo disso est

    na lei que em 1871 criou em Manaus uma sala de leitura com acervo de cerca de 1.200

    livros. A partir da foram surgindo outras iniciativas individuais e coletivas no sentido

    de disseminar o hbito da leitura entre os amazonenses. Mas o primeiro grande cone da

    cultura letrada na Provncia s viria a surgir em 1883, com a inaugurao da Biblioteca

    Pblica, de acervo superior a 5.000 volumes e mais de cem visitas ms. A respeito

    disso, Monteiro (1976) salienta: certamente que veio abrir considervel oportunidade

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    de expanso s tendncias intelectivas tristemente inativas, despertar vocaes

    caboclas, apoiar inclinaes manifestadas... (p. 32).

    Essas transformaes culturais j so resultado do novo momento vivido na

    sociedade amazonense de ento, com o crescimento da economia impulsionado pela

    exportao da borracha, o que Monteiro (1976) caracteriza como um dos cicloseconmicos influitivos na cultura e literatura pelos quais o Amazonas passou.

    Apesar de nessa poca o Estado carecer de casas tipogrficas e profissionais

    especializados no ofcio da impresso, Pinheiro (2001) entende que o surgimento da

    imprensa no Amazonas foi o principal instrumento de difuso e dinamizao da cultura

    letrada no contexto regional (p. 50), tendo mantido uma relao peculiar com a

    tradio de oralidade que at ento dominava as formas de comunicao locais:

    Desta forma, menos que destruda e alijada pela introduo daescrita, a oralidade, mesmo que questionada e pressionada pela culturaletrada, tende a se manter viva e atuante, se infiltrando em todos osespaos do social, inclusive no interior da prpria escrita, que muitasvezes teve que lhe fazer concesses para poder se legitimar no interiorde tais contextos (p. 55).

    Partindo desse pressuposto, tem-se que a rpida expanso da imprensa no

    contexto amaznico, j nas dcadas finais do sculo XIX, se deve em certa medida pela

    insero que a cultura letrada empreendeu pelo universo da oralidade amaznica,

    abrindo caminho para a proliferao e utilizao de novas linguagens na imprensa,

    como o humor e a charge.

    Imprensa no Amazonas

    Por meio da sua tese de doutoramento em Histria intitulada Folhas do Norte ,

    Pinheiro (2001) nos fornece uma ampla viso dos perodos iniciais da imprensa no

    Amazonas. A autora afirma que o processo de editorao jornalstica no Estado ganhou

    impulso na virada do sculo XIX para o XX, num momento de efervescncia cultural

    partilhada com outras regies do pas. Dados de levantamento iniciado por Faria e

    Souza revelam que em 1890, fase inicial do ciclo da borracha, 8 jornais eram editados

    no Amazonas, enquanto que em 1901 esse nmero havia saltado para 26.

    No entanto, o surgimento da imprensa no Amazonas remonta ao ano de 1851,

    aps a criao da Provncia em 5 de setembro do ano anterior. O Cinco de Setembro5 foi

    5 Seu primeiro nmero circulou a 3 de maio de 1851, tendo por diretor proprietrio o tenente Manoel daSilva Ramos, tipgrafo, natural do Par, que foi convidado por Tenreiro Aranha [primeiro presidente da

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    a primeira folha a entrar em circulao, tendo seu nome alterado posteriormente para

    Estrella do Amazonas6. A linha editorial desta primeira publicao era marcada por um

    tom oficial, em conformidade com o discurso da nova cpula administrativa e poltica

    que aqui se tinha instalado o jornalismo ulico de Freire (1990). Quase trinta anos

    antes, O Paraense (1822) havia sido o primeiro jornal editado e impresso em Belm,por iniciativa de Felipe Patroni. Em direo oposta ao Cinco de Setembro, este

    peridico apresentava um discurso crtico e revolucionrio fortemente influenciado pelo

    movimento vintista portugus (FERNANDES, 2010).

    At ento, as principais dificuldades que vinham emperrando o surgimento da

    produo peridica no Amazonas eram de ordem estrutural e tcnica: de um lado, havia

    o isolamento geogrfico e a baixa escolarizao servindo como obstculo para a

    consolidao da lngua portuguesa; de outro, a escassez de mo-de-obra especializada

    no trabalho grfico, a falta de equipamentos e de matrias-primas, que eram reflexodireto de uma economia local inexpressiva.

    Portanto, em um contexto socioeconmico em que o livro era tido como artigo

    de importao, a criao do Cinco de Setembro assinalou para o surgimento de

    inmeros outros peridicos, conforme atesta Pinheiro (2001):

    o nvel tcnico relativamente mais modesto dos processos deeditorao animaram pequenos grupos letrados a se lanarem na arena jornalstica [...] o grosso da publicao peridica amazonense aindarecaa sobre as pequenas folhas algo improvisadas (p. 62).

    Na tentativa de sistematizar esse processo, a autora identifica trs momentos-chave no

    desenvolvimento da imprensa amazonense:

    O momento embrionrio (1851-1880), que compreende os trinta primeirosanos aps o surgimento do Cinco de Setembro. Nesse perodo, 46 folhas

    entraram em circulao, apesar da m qualidade grfica e de outros fatores

    que contribuam para sua efemeridade;

    O boom do periodismo, a partir de 1880, em que se buscou ampliar aqualidade das publicaes, havendo ampla adeso de grupos de intelectuais

    Provncia] para montar a primeira oficina tipogrfica de Manaus... Aps 8 meses de circulao [...]mudou o nome paraEstrella do Amazonas (FREIRE, 1990, p. 57).6 Divulga atos administrativos do Imprio e do governo local. Noticia acontecimentos da corte e dasprovncias. Publica avisos de leiles da Fazenda Provincial, alteraes contratuais de estabelecimentoscomerciais da cidade e vilas, e sobre o movimento do porto (FREIRE, 1990, p. 91).

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    massa produtora dos jornais. Essas pessoas enxergavam na imprensa um

    veculo propcio ao debate poltico, expresso e intercmbio de idias;

    A retrao, a partir do incio da dcada de 1920, que coincidiu com a criseda economia gumfera. A essa altura, a imprensa havia passado por

    profundas transformaes, com a consolidao do jornal enquanto estruturaempresarial, com grandes tiragens e custo elevado de produo.

    Sodr (1999) salienta que a passagem do sculo [...] assinala, no Brasil, a

    transio da pequena grande imprensa. Os pequenos jornais [...] cedem lugar s

    empresas jornalsticas, com estrutura especifica, dotadas de equipamento grfico... (p.

    275). De acordo com Pinheiro (2001), esse foi o momento em que a experimentao e

    o amadorismo (grficos e editoriais) comeavam a ser confrontados seriamente por

    uma gerao de jornalistas profissionais (p. 83). A historiadora registra que, por umaquesto de estilo, ao longo das duas primeiras dcadas do sculo XX, pelo fato de serem

    adeptas de uma linguagem coloquial e por vezes debochada, as pequenas folhas

    amazonenses passaram a enfrentar resistncia por parte de pessoas que defendiam um

    jornalismo restrito norma culta da burguesia. Afinal,

    no ambiente da metrpole em formao, a imprensa peridicaapresenta-se como foco fundamental de formulao, discusso earticulao de concepes... [Enquanto que] a pequena imprensa de

    folhas e revistas aproxima o jornalismo do cotidiano da vida urbana(CRUZ, 2000, p. 71).

    A seguir, apresentaremos as principais caractersticas que marcaram a imprensa

    no Amazonas de outrora.

    Peculiaridades da imprensa amazonense

    Ao contrrio de Sodr (1999), que se utiliza de um recorte historiogrfico e cronolgico

    para explicar a imprensa no Brasil, Freire (1990) delimita cinco grandes linhas do

    periodismo nacional com base em diferentes concepes de jornalismo, mas comcaractersticas e linguagem comuns. Segundo ele, tem-se: o jornalismo ulico, o

    panfletrio, o literrio, o poltico e o informativo, cada tipo dominando certo perodo da

    Histria, mas coexistindo a certa altura com os demais em diversos formatos.

    Conforme registra Freire (1990), em certos momentos, o desenvolvimento da

    imprensa amazonense sofreu influncia dessas cinco grandes linhas, apesar das

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    peculiaridades regionais. Portanto, como se viu anteriormente, a fase inicial do

    periodismo no Amazonas corresponde ao jornalismo ulico (o que no impede o seu

    aparecimento em outras pocas), dedicado publicao dos atos do governo da

    Provncia e do Imprio. Nessa linha, publicaes de edio nica como Dr. Fileto Pires

    (1897) e Silverio Jos Nery (1900) eram editadas em homenagem a autoridades efiguras pblicas.

    Marcada por jornais anarco-sindicalistas e pasquins moralistas, a imprensa

    panfletria se aproxima conceitualmente da imprensa operria na medida em que esses

    tipos de publicao comearam a dar vazo a discursos alheios aos oficias,

    reivindicaes trabalhistas e denncias sociais. Segundo Pinheiro (2001), o surgimento

    de uma imprensa operria no Amazonas est amplamente relacionado ao aumento de

    trabalhadores grficos em Manaus a partir do boom da imprensa no final do sculo XIX.

    Na sociedade de ento, os grficos eram considerados, por suas habilidades de leitura eescrita inerentes ao ofcio, uma elite entre os trabalhadores, cujo trabalho era o mais

    intelectual dos ofcios manuais (FERREIRA apud PINHEIRO, 2001, p. 131).

    Exemplos de jornalismo operrio oriundos da classe grfica so o Gutenberg (1891) eA

    Lucta Social (1914).

    Implcita ou explicitamente, o jornalismo de cunho poltico j estava diludo

    nessas publicaes. Exemplo disso era o alinhamento do Gutenberg (1891) ao discurso

    republicano e sua defesa da educao pblica e laica. Alm disso, como registra

    Pinheiro (2001), em pocas de crise poltica, os jornais oposicionistas eram presas

    fceis da truculncia situacionista (p. 144). Alm desses, havia os jornais partidrios,

    como O Socialista (1936), do Partido Socialista do Amazonas, e oDiario do Amazonas

    (1873), do Partido Republicano Federal, destinados veiculao de posicionamentos

    ideolgicos.

    Freire (1990) tambm destaca a existncia de dois tipos de imprensa

    caracterizados como jornalismo do interior e jornalismo das colnias estrangeiras,

    apesar de em nenhum dos casos ter ocorrido, como ele salienta, inovaes na linguagem

    ou a busca por uma produo informativa prxima s feies modernas do jornalismo.

    Assim, no caso do jornalismo do interior, o seu desenvolvimento se deu nas sedes dos

    municpios em cujas regies se concentravam a produo de borracha, como os rios

    Acre, Juru, Madeira e Purus. Porm, tambm havia espao nessas folhas para

    informaes de interesse da comunidade, como reivindicaes para as reas de sade,

    educao e agricultura. Em se tratando das folhas produzidas no mbito das colnias

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    estrangeiras, destacam-se as editadas por italianos, srio-libaneses, espanhis, ingleses e

    portugueses, de forma a atender aos interesses dessas populaes estabelecidas na

    Amaznia. Freire (1990) aponta que a maioria desses jornais era escrita nas lnguas de

    origem.

    Por sua vez, as folhas produzidas no mbito de escolas, liceus e centrosacadmicos, como o Ginsio Amazonense, refletiam a preocupao dos estudantes com

    questes literrias e at polticas, no se restringindo aos assuntos de interesse local,

    muitos deles tendo sido confeccionados de forma manuscrita (FREIRE, 1990). Essas

    publicaes serviam como verdadeiros espaos de maturao intelectual de integrantes

    da classe estudantil engajada que mais tarde viriam a figurar entre os grandes nomes da

    sociedade amazonense, quer seja por sua contribuio poltica ou literria. Alm disso,

    fazer jornal escolar passa a constituir um exerccio de aprimoramento das formas de

    escrita (CRUZ, 2000, p. 99).Outra espcie de jornalismo bastante praticado no Amazonas foi o de natureza

    diversional, nos quais temos: o escandaloso e bisbilhoteiro adepto da crtica de

    costumes e at mesmo da fofoca, e o de linguagem humorstica, popular e debochada

    que no deixou de ser notado por Pinheiro (2001). Em sua maioria, essas publicaes

    eram assinadas por pseudnimos, uma atitude defensiva por parte dos seus redatores,

    uma vez que em suas pginas se faziam crticas ferrenhas a figuras do cenrio poltico e

    de reparties pblicas, alm de alfinetarem membros de famlias notrias de

    Manaus. Esse tipo de imprensa vai atravessar todo o chamado perodo ureo da

    borracha, convivendo lado a lado com o jornalismo poltico ou a imprensa de opinio...

    (FREIRE, 1990, p. 20). Pinheiro (2001) assinala:

    as folhas de humor distanciavam-se da linguagem mais formalizadados grandes jornais, trocando-a pelo discurso direto, objetivo ecoloquial. Parecendo falar a lngua do povo [...] o jornal de humorprojetava, no pblico leitor, uma imagem de independncia que ojornal empresa no conseguia consolidar... (p. 174).

    Nesse tipo de imprensa destacam-se o uso de charges e caricaturas para retratarsituaes cotidianas ou exemplificar um determinado tema, sinais que indicam a

    introduo da linguagem visual nas pginas dos jornais.

    Imprensa: uma seara intelectual

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    A exemplo de outras regies do Brasil e apesar de no se constituir a regra, foi

    expressiva a presena de intelectuais, acadmicos e literatos no seio da produo

    jornalstica amazonense. Como salienta Pinheiro (2001), foi nas pginas da imprensa

    local que a intelectualidade amazonense da virada do sculo ganhou visibilidade e

    respeitabilidade no interior da sociedade local (p. 99), uma vez que, ao contrrio dolivro, artigo de pouca acessibilidade poca, o jornal conseguia atingir um pblico mais

    amplo.

    Porm, mesmo com a consolidao da cultura letrada e o progresso da economia

    da borracha, os integrantes dessas elites intelectuais, escritores e poetas frequentemente

    se queixavam do marasmo esterilizante da provncia . Alm disso, o fato de a

    produo intelectual amazonense do incio do sculo XX ter se dado principalmente nas

    folhas dos jornais era, para autores como Pricles Moraes, a causa da pouca projeo

    dos intelectuais do Amazonas no cenrio nacional. Conforme averigua Pinheiro (2001),nas antologias produzidas sobre o perodo, comum que seus autores lamentem o fato

    de a produo literria de seus biografados ter ficado dispersa ou perdida nas pginas

    da imprensa local (p. 113). Monteiro acrescenta que

    a grande maioria dos letrados deixou, pelos jornais, suficiente cpiade material para uma avaliao mais justa. No somente romances emfolhetins, mas artigos de crtica literria e teatral, polmicasestrondosas, desaforos, picuinhas, anedotas... (apud PINHEIRO,2001, p. 114).

    Apesar desses fatores, os intelectuais amazonenses procuravam se articular

    internamente, quer seja atravs da criao de pequenos ncleos de produo e discusso

    literria (muitas vezes motivo de divergncias e desentendimentos que tambm

    ganhavam seu lugar na imprensa), quer seja por meio da organizao de saraus ou

    conferncias que traziam para Manaus expoentes da literatura nacional, uma forma de

    intercambiar produes e referncias e de manter contato com o que estava sendo feito

    nos grandes centros culturais como Rio de Janeiro e So Paulo. Pode-se dizer que o

    pice dessas articulaes culminou com a criao da Academia Amazonense de Letras,em 1918.

    Imprensa e literatura

    interessante notarmos a proximidade que a imprensa de um modo geral manteve com

    a literatura em determinados perodos da Histria, criando novas narrativas e

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    modificando as relaes entre produtor e produto. A esse respeito, Romero diria: no

    Brasil, mais ainda do que noutros pases, a literatura conduz ao jornalismo e este

    poltica que [...] exige que seus adeptos sejam oradores (apud SODR, 1999, p. 184).

    Numa avaliao da produo cultural no Brasil Imprio, Sodr (1999) afirma que esta

    era realmente a poca dos homens de letras fazendo imprensa (p. 192).Podemos destacar, a partir de Gomes (2008), uma tendncia surgida na metade

    do sculo XIX que dotou a imprensa de uma caracterstica literrio-independente na

    medida em que a sociedade civil passou a ter uma dinmica cultural prpria e os nveis

    de alfabetizao comearam a despontar. Nesse ritmo, as dcadas finais do sculo XIX

    tambm coincidiram com uma ampla produo intelectual: ...as letras se revestiram de

    uma dignidade e de um prestgio talvez sem precedentes entre ns (PEREIRA apud

    SODR, 1999, p. 289).

    Os homens de letras se inseriam no periodismo, principalmente, em busca de umpossvel retorno financeiro e da projeo e reconhecimento no alcanados atravs do

    livro. No mbito nacional, Machado de Assis, Jos de Alencar, Gonalves Dias,

    Joaquim Manoel de Macedo e Manuel Antnio de Almeida foram alguns dos nomes

    que desenvolveram seu trabalho intelectual e literrio nas pginas dos jornais, por meio

    da publicao de crticas, artigos e folhetins. Segundo Gomes (2008), as crnicas desse

    perodo j sinalizavam o jornalismo cultural (p. 54).

    Cruz (2000) chama a ateno para a diversificao de contedos e para o

    surgimento de sees culturais nos almanaques7 de So Paulo, o que contribuiu para o

    aparecimento do Almanach Litterrio Paulista, em 1876, trazendo em seu escopo

    pequenos romances, lendas, poesias, charadas e informaes cientficas com o objetivo

    de ampliar seu pblico leitor a partir de novas temticas. Em suas pginas foram

    testados novos contedos e forma de contar que, mais tarde, seriam amplamente

    adotados pelas pequenas folhas literrias... (p. 86). Segundo a autora, as pequenas

    folhas culturais se constituam como espao de liberdade criativa para os grupos

    letrados tradicionais, uma vez que estas publicaes estavam parte dos controles e

    compromissos assumidos por proprietrios e editores da imprensa diria (p. 90). Alm

    disso,

    7 Tradio na cultura letrada europia, os almanaques eram publicaes de interesse da administraopblica, comrcio e indstrias que traziam informaes sobre importaes/exportaes, impostos/taxas,atos administrativos e estatsticas da provncia. Eram publicados no Rio de Janeiro desde o incio dosculo XIX (CRUZ, 2000).

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    os contedos explicitamente literrios [...] emergem como forma

    privilegiada para amenizar contedos considerados mais ridos edesinteressantes das publicaes. Colocar um soneto ao lado de umartigo de fundo, usar versos como epgrafes, quadrinhas populares,fazer reclames em poesia, inserir sonetos entre sees mais pesadasso estratgias largamente usadas por essas publicaes (CRUZ,2000, p. 109).

    Acima de tudo, essa conjuno entre periodismo e literatura revela a inexistncia

    de uma linguagem e identidade prprias dentro do jornalismo que se fazia naquela

    poca, panorama que em muito difere das caractersticas encontradas na produo

    jornalstica atual, herana norte-americana: o conceito de pirmide invertida como norte

    para a construo textual, a busca pela objetividade e imparcialidade, dentre outros.

    Sodr (1999) exemplifica: o noticirio era redigido de forma difcil, empolada. O

    jornalismo feito ainda por literatos confundido com literatura... (p. 283).O autor credita consolidao das relaes capitalistas na sociedade a causa para

    o desaparecimento gradual do esprito bomio-literrio, com o qual eram incompatveis,

    e seu conseqente reflexo na imprensa, que passa por mudanas progressivas: primeiro,

    com o declnio do folhetim; em seguida, pela introduo de novos gneros textuais e o

    destaque para temas antes considerados secundrios, como os fatos policiais e

    esportivos:

    aos homens de letras, a imprensa impe, agora, que escrevam menoscolaboraes assinadas sobre assuntos de interesse restrito do que oesforo para se colocarem em condies de redigir objetivamentereportagens, entrevistas, notcias (p. 297).

    o incio da separao entre jornalismo e literatura, a definio dos limites de cada

    rea, ou o que Cruz (2000) chama de rearticulao da cultura impressa (p. 147) provocada

    pelo surgimento do jornal-empresa. As colaboraes literrias, alis, comeam a ser separadas

    [...] constituem matria parte, pois o jornal no pretende mais ser, todo ele, literrio (SODR,

    1999, 297). A partir da, ocorre uma migrao dos literatos para as revistas ilustradas, cuja

    caracterstica marcante era o uso de fotografias.

    Concluso

    Ao longo do artigo, foram discutidos tpicos importantes para a ambientao da

    pesquisa proposta. Acredita-se que um resgate histrico da sociedade e da imprensa no

    Amazonas fornea o suporte necessrio para a anlise da insero da literatura no

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    periodismo local. Uma vez que esta no foi uma tendncia indita, tendo sido

    identificada em toda a imprensa nacional, espera-se encontrar as especificidades da

    imprensa literria amazonense no que tange s suas caractersticas editoriais, ao dilogo

    com o seu pblico e a sociedade, afinal, todo o processo de elaborao e transmisso

    das mensagens pelo comunicador deve refletir as experincias culturais do pblicoreceptor (MELO apud GOMES, 2008, p. 55).

    No entanto, preciso frisar que as caractersticas da imprensa amazonense aqui

    abordadas no apareceram nas folhas de maneira isolada. Eventualmente, um ou mais

    estilos, formatos e linguagens conviveram ao mesmo tempo, disputando espao no

    ambiente de circulao da cultura letrada, alm da ateno e interesse dos leitores.

    Referncias

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